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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA, SELEÇÃO SIMULTÂNEA DE
CARACTERES MÚLTIPLOS EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) E
DESEMPENHO FISIOLÓGICO DE CULTIVARES DE BANANEIRA
LAURO SARAIVA LESSA
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA
FEVEREIRO DE 2007
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AVALIAÇÃO AGRONÔMICA, SELEÇÃO SIMULTÂNEA DE
CARACTERES MÚLTIPLOS EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) E
DESEMPENHO FISIOLÓGICO DE CULTIVARES DE BANANEIRA
LAURO SARAIVA LESSA
Engenheiro Agrônomo
Universidade Federal do Acre, 2005
Dissertação submetida à Câmara de Ensino de
Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia como requisito
parcial para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Agrárias, Área de Concentração:
Fitotecnia.
Orientador: Dr. Carlos Alberto da Silva Ledo
Co-orientador: Dr. Sebastião de Oliveira e Silva
Co-orientador: Dr. Clóvis Pereira Peixoto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA – 2007
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FICHA CATALOGRÁFICA
L638 Lessa, Lauro Saraiva
Avaliação agronômica, seleção simultânea de
caracteres múltiplos em híbridos diplóides (AA) e
desempenho fisiológico de cultivares de bananeira / Lauro
Saraiva Lessa. – Cruz das Almas, BA, 2007.
83 f. : il., tab.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto da Silva Ledo
Dissertação (Mestrado) Centro de Ciências Agrárias,
Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, 2007.
1. Banana melhoramento. 2. Banana aspectos
fisiológicos I. Universidade Federal do Recôncavo da Bahia,
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. II.
Título
CDD 20ed. 634.772
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Dr. Carlos Alberto da Silva Ledo
EMBRAPA – Mandioca e Fruticultura Tropical / UFRB
(Orientador)
______________________________
Dr. Vanderlei da Silva Santos
EMBRAPA – Mandioca e Fruticultura Tropical
______________________________
Dr. Clóvis Pereira Peixoto
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Dissertação homologada pelo Colegiado de Curso de Mestrado em Ciências
Agrárias em ...............................................................................................................
Conferindo o Grau de Mestre em Ciências Agrárias em ..........................................
A Deus, nosso G
A
D
U
,
que nos inspira e nos dá
força para galgarmos nosso caminho com segurança.
A meus pais, Sebastião Lessa e Giseles Lessa,
pela confiança, pelos ensinamentos, pela criação
e principalmente, pela formação do meu caráter.
OFEREÇO
Aos meus avós Teófilo Lessa (in memorian) e Nair Lessa,
Manuel Saraiva (in memorian) e Francisca Saraiva,
a meus irmãos Teófilo, Marcus e Samayra e
a todos meus tios e primos.
A todos aqueles que acreditaram
e ainda acreditam em mim, e àqueles
que indiretamente contribuíram para minha formação.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Carlos Ledo, pela amizade, ajuda, amparo, conselhos e
principalmente pelos ensinamentos os quais nunca irei esquecer.
Ao Dr. Sebastião de Oliveira e Silva, pela confiança, ajuda, ensinamentos e por
disponibilizar todos os recursos para a elaboração deste trabalho.
Ao grande Ir
e amigo Dr. Clóvis Pereira Peixoto, pela ajuda e orientações
prestadas no decorrer dos estudos.
Aos meus grandes amigos e irmãos Leônidas Tavares, lia Tavares e sua
filhinha linda Júlia, pela amizade, pelo acolhimento, são tantas coisas que não
cabem aqui.
A Bruna Sobral por tudo.
A todos os integrantes do setor de tratos culturais da Embrapa Mandioca e
Fruticultura Tropical, pela ajuda e colaboração no decorrer das avaliações.
A Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical pela liberação do campo
experimental para instalação do experimento.
Ao meu grande amigo Tico pelo amparo e amizade.
A todo corpo docente do curso de Pós-Graduação em Ciências Agrárias, por todo
ensinamento prestado;
A todos os amigos que fiz na turma de 2005 do mestrado, o tantos que não
cabem aqui, há eles o muito obrigado pelo companheirismo;
A todo o pessoal de campo da Embrapa que sempre estiveram de e a ordem
para ajudar no que fosse preciso;
A todos aqueles que sempre se puseram de prontidão para ajudar no que fosse
necessário.
A todos vocês, os meus mais profundos agradecimentos.
SUMÁRIO
RESUMO i
ABSTRACT ii
INTRODUÇÃO 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9
Capítulo 1
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) DE
BANANEIRA 11
Capítulo 2
CORRELAÇÃO ENTRE O NÚMERO DE FRUTOS E OS
CARACTERES DA PLANTA EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA)
DE BANANEIRA 32
Capítulo 3
SELEÇÃO SIMULTÂNEA DE CARACTERES MÚLTIPLOS
COM BASE NO ÍNDICE DE SELEÇÃO EM HÍBRIDOS
DIPLÓIDES (AA) DE BANANEIRA 47
Capítulo 4
DESEMPENHO FISIOLÓGICO DE CULTIVARES DE
BANANEIRA DURANTE A FASE DE VIVEIRO 66
CONSIDERAÇÕES FINAIS 83
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA, SELEÇÃO SIMULTÂNEA DE CARACTERES
MÚLTIPLOS EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) E DESEMPENHO FISIOLÓGICO
DE CULTIVARES DE BANANEIRA
Autor: Lauro Saraiva Lessa
Orientador: D.Sc. Carlos Alberto da Silva Ledo
Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar caracteres agronômicos, fazer
estudos de correlação e utilizar metodologias de índice de seleção em híbridos
diplóides (AA), além de avaliar o desempenho fisiológico de cultivares de
bananeira por meio da análise de crescimento de plantas. Ambos os experimentos
foram conduzidos na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, situada em Cruz
das Almas BA. No primeiro, em blocos casualizados com quatro repetições,
foram avaliados 22 caracteres agronômicos em 11 híbridos diplóides (AA) de
bananeira (4279-06, TH03-01, 8987-01, 0323-03, 1318-01, 0116-01, 8694-20,
1304-06, 9179-03, 4223-06 e SH32-63). Após a tabulação, os dados foram
submetidos à análise de variância e procedeu-se a correlação linear entre os
caracteres avaliados. De posse das médias efetuou-se a aplicação dos índices:
multiplicativo, soma de classificação e da distância genótipo-ideótipo, para dez
caracteres simultaneamente. No outro experimento, em delineamento inteiramente
casualizado, avaliou-se o comportamento fisiológico de três cultivares de
bananeira (Grande Naine, Prata Anã e Terrinha) durante cinco fases de
desenvolvimento (30, 60, 90, 120 e 150 dias após o plantio). Os dados foram
submetidos à análise de variância e sobre as médias das fases de
desenvolvimento aplicou-se análise de regressão. No primeiro caso, a alta
variabilidade existente entre os materiais permite a seleção de diplóides (AA) para
utilização em programas de melhoramento da cultura. As correlações entre o
número de frutos e os caracteres estudados, variaram entre os genótipos. Os dois
primeiros índices de seleção foram adequados para a classificação de híbridos
diplóides de bananeira. E por último constatou-se que os índices fisiológicos de
crescimento constituem ferramentas apropriadas para identificar e comparar o
desenvolvimento vegetal das diferentes cultivares.
Palavras-chave: Musa spp, variabilidade, melhoramento, índice de seleção,
análise de crescimento.
i
AGRONOMICAL EVALUATION, SIMLULTANEOUS SELECTION OF MULTIPLE
CHARACTERISTICS IN (AA) DIPLOID HYBRIDS AND PHYSIOLOGICAL
PERFORMANCE OF BANANA CULTIVARS
Author: Lauro Saraiva Lessa
Advisor: D.Sc. Carlos Alberto da Silva Ledo
Abstract The objective of the present work was to evaluate agronomical
characteristics, carry out correlation studies and use selection indices
methodologies in (AA) diploid hybrids and evaluate the physiological performance
of banana cultivars by growth analysis of plants. Both experiments were carried out
at Embrapa Cassava and Tropical Fruits, located in Cruz das Almas-BA. In the
first experiment, in randomized blocks and four repetitions, 22 agronomical
characteristics and 11 (AA) diploid banana hybrids (4279-06, TH03-01, 8987-01,
0323-03, 1318-01, 0116-01, 8694-20, 1304-06, 9179-03, 4223-06 and SH32-63)
were evaluated. Data was submitted to the analysis of variance and linear
correlation between the characteristics evaluated. Once the averages were
obtained the application of the following indices was carried out for ten
characteristics simultaneously: multiplicative, classification of sum and idiotype-
genotype. In the other experiment, in complete randomized design, the
physiological behavior of three banana cultivars (Grande Naine, Prata Anã and
Terrinha) were evaluated during five phases of development (30, 60, 90, 120 and
150 days after planting). The data was submitted to the analysis of variance and
for the average of the developmental phases the regression analysis was applied.
In the first case, the high variability between the materials permits the selection of
(AA) diploids for use in breeding programs of the crop. The correlations between
the number of fruits and the characteristics studied, varied between genotypes.
The first two selection indices were adequate for classifying the banana diploid
hybrids. It was observed that the growth physiological indices are appropriate
tools for indicating and comparing plant development of the different cultivars.
Key words: Musa spp, variability, breeding, selection indices, growth analysis.
ii
INTRODUÇÃO
a) Aspectos gerais da bananicultura
A cultura da banana assume importância social e econômica em mais de
80 países, principalmente por pequenos agricultores (SILVA et al., 2002). O Brasil
atualmente é o segundo maior produtor mundial da cultura, com 6,7 milhões de
toneladas em 2005 (9,02 % da produção mundial), com uma área cultivada de
494,46 mil hectares (11,09 % de toda a área cultivada). Em termos de produção,
nosso país perde apenas para a Índia, com 16,8 milhões de toneladas,
representando 22,64 % da produção mundial (FAO, 2007).
No Brasil, a cultura é a segunda de maior importância, perdendo apenas
para a laranja. No entanto, seu apelo social é de grande relevância, quando
comparada com outras fruteiras. É a cultura mais explorada em termos de
pequena propriedade rural. Daí a sua importância social, como fixadora de mão-
de-obra no campo e fonte de renda contínua para o pequeno agricultor (SILVA et
al., 2002).
Mesmo sendo um dos maiores produtores mundiais de banana, as
exportações brasileiras o irrisórias, quando comparadas com as de outros
países produtores, como Equador, que detém 8,22% da produção mundial (FAO,
2007). Essa baixa exportação se deve à baixa qualidade dos frutos resultantes do
cultivo sem tecnologia, onde não são executadas as práticas culturais e de pós-
colheita; à utilização de cultivares de baixa qualidade genética, susceptíveis a
pragas e doenças; à falta de planejamento estratégico ao manejo inadequado dos
frutos durante o processo de desenvolvimento da cultura (SILVA et al., 2002).
Além disso, doenças como as sigatokas amarela e negra e o Mal-do-Panamá
(presentes no Brasil), podem ocasionar perdas de 100 % do bananal.
Diante disto, o melhoramento genético de bananeira conduzido nos
principais centros de pesquisa do mundo, baseiam-se principalmente na produção
de tetraplóides (AAAB) superiores, obtidos a partir do cruzamento de diplóides
(AA) melhorados com variedades cultivadas (triplóides AAB) dos tipos Prata e
Maçã. Tem como objetivo desenvolver variedades resistentes a doenças, pragas
e nematóides, reduzindo o porte e o ciclo da cultura e aumentando a
produtividade (SILVA et al., 2003).
Para se obterem essas plantas superiores (Tetraplóide AAAB), o
requisito sico é a ocorrência de variabilidade (SHEPHERD, 1992; DANTAS et
al., 1999; SILVA et al., 2002). A avaliação e caracterização de bancos ativos de
germoplasma (BAG) vêm contribuindo para o aumento desta variabilidade (SILVA
et al., 2002). No Brasil, a Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical possui um
BAG de Bananeira com 400 acessos, com genótipos selvagens e melhorados, em
fase de avaliação, resultantes de coletas nacionais e internacionais.
b) Melhoramento genético da bananeira
O inicio do melhoramento genético da bananeira data do final da década
de 1920, em Honduras, Trinidad e Jamaica, com o objetivo de criar cultivares
resistentes à murcha de Fusarium (Mal-do-Panamá), tendo seu primeiro híbrido
tetraplóide (AAAA) obtido no início dacada de 1930 (SHEPHERD, 1992). Esse
híbrido foi oriundo do cruzamento de uma cultivar triplóide (Gros Michel AAA)
com um diplóide (AA) selvagem. Tal sistema de hibridação ainda é
universalmente utilizado, com resultados satisfatórios.
Porém, o que dificulta o melhoramento convencional (cruzamentos) é a
ausência de sementes nas cultivares de banana, o que pode ser devido à
inexistência de pólen viável e/ou de polinizadores naturais eficientes
(SHEPHERD, 1992). As cultivares que não produzem sementes quando
polinizadas ou aquelas que produzem em pequena quantidade podem ser tanto
diplóides quanto triplóides, onde a ausência desta característica está relacionada
à intensa seleção agronômica, sendo um reflexo do processo de domesticação da
espécie (SHEPHERD, et al., 1992; DANTAS et al., 1999; SILVA et al., 2002). Para
a superação deste obstáculo, métodos não convencionais de melhoramento m
sendo utilizados, tais como, indução de mutação, hibridação somática e
duplicação do número de cromossomos dos diplóides (GANRY, 1993).
No melhoramento genético da bananeira, os genótipos diplóides (AA),
deverão contribuir com resistência às diversas doenças existentes e com outras
características desejáveis (SHEPHERD, 1992; DANTAS et al., 1999). Assim, o
objetivo do melhoramento do germoplasma AA é concentrar, em um único
genótipo, o maior número possível de características favoráveis (SILVA et al.,
1998; DANTAS et al., 1999; SILVA et al., 2002).
Em cruzamentos convencionais, o pólen (diplóide) contribui com
implantação de características adicionais, sem provocar outras alterações. Desta
maneira, o híbrido apresentará, sempre, as características do parental feminino,
inclusive aquelas relacionadas ao paladar do fruto (SILVA et al., 1998; DANTAS
et al., 1999; SILVA et al., 2002).
Como resultado de cruzamentos entre variedades cultivadas e diplóides
melhorados, diversos híbridos foram gerados. Tais genótipos foram e estão sendo
avaliados e caracterizados em diversas regiões do País. Atualmente, diversos
genótipos, oriundos desses cruzamentos, foram lançados como cultivares,
tendo como característica principal resistência às Sigatokas (amarela e negra) e
ao Mal-do-Panamá, além de ciclo reduzido, porte razoável, com mais de 100
frutos por cacho e boa aceitação pelos consumidores.
c) Seleção de híbridos superiores de bananeira
Todos os centros de pesquisa em bananicultura no mundo baseiam-se no
melhoramento de diplóides (AA), uma vez que os triplóides apresentam limitações
de esterilidade (ROWER, 1999). Porém, os critérios de seleção podem ocasionar
perdas de materiais que à primeira vista o inferiores, no entanto, podem
apresentar outras características interessantes do ponto de vista do
melhoramento.
Com a obtenção de uma população melhorada de bananeira, o passo
seguinte é a avaliação e depois a seleção. A seleção em tandem tem sido
utilizada no melhoramento genético de bananeira, consistindo em melhorar uma
característica até atingir um nível satisfatório, sendo o processo repetido
subseqüentemente para os demais caracteres, em outras gerações, visando à
obtenção de uma população melhorada.
Contudo, selecionar progênies superiores não é fácil, uma vez que os
caracteres de importância, em sua maioria quantitativos, apresentam
comportamento complexo, por serem influenciados pelo ambiente e estarem
correlacionados, de tal forma que a seleção em um provoca uma série de
mudanças em outros (COSTA et al., 2004). Para Cruz e Regazzi (2001), a
seleção baseada em poucos caracteres, mostra-se inadequada, conduzindo a um
produto final superior apenas em relação aos caracteres selecionados.
Esse fato vem sendo estudado, e os pesquisadores vêm desenvolvendo
metodologias, que permitam ganhos, simultaneamente, em vários caracteres
importantes no melhoramento. Dentre as metodologias, a mais conhecida é o
índice de seleção (CRUZ, 1990).
O índice de seleção constitui-se num caráter adicional, estabelecido pela
combinação ótima de vários caracteres, que permite efetuar, com eficiência, a
seleção simultânea de caracteres múltiplos (CRUZ e REGAZZI, 2001).
Várias são as metodologias de índice de seleção disponíveis na literatura,
dentre as quais se diferenciam em função da utilização de componentes
genéticos (variância e covariância genotípica e fenotípica e herdabilidade), da
ponderação por pesos econômicos (índices paramétricos e o-paramétricos) e
da interpretação dos resultados.
d) Fatores ecológicos que afetam a bananeira
A banana é uma planta que se desenvolve bem em climas úmidos e
quentes, característico das regiões tropicais. Ela apresenta um crescimento
contínuo, e a inflorescência aparece quando cessa a produção de folhas e raízes.
Sua velocidade de crescimento é impressionante, e seu vigor vegetativo
acontece em condições ecológicas propícias.
d.1) Altitude:
As variações de altitude modificam de forma muito pronunciada o hábito de
crescimento da cultura. Essas alterações de altura são fatores decisivos no ciclo
biológico da cultura; por exemplo, nas ilhas Canárias, a cada 100 metros de
altitude, o ciclo biológico da cultura se prolonga em 45 dias, e na Jamaica a cada
70 metros de altitude as plantas prolongam seu ciclo por mais 76 dias (SOTO
BALLESTERO, 1992).
As plantas de banana mostram um comportamento botânico e fisiológico
diferente para as diferentes altitudes, fazendo com que muitas vezes torne-se
difícil determinar com exatidão as características taxonômicas de determinado
clone ou cultivar.
Estudos realizados por Alves et al. (1999) e Moreira (1999), mostram que
em regiões tropicais com altitude de 0 a 300 metros, o ciclo da bananeira varia de
8 a 10 meses, enquanto que em regiões de altitude de 900 metros, o ciclo foi de
18 meses, o que pode ser atribuído à diminuição da temperatura à medida que se
aumenta a altitude.
d.2) Umidade Relativa:
A planta de banana, devido a suas estruturas botânicas, é bastante
exigente quanto à disponibilidade de umidade no solo. As regiões onde a umidade
média anual situa-se acima de 80 % são as mais favoráveis à bananicultura
(ALVES et al., 1999).
Para Moreira (1999), a umidade relativa alta acelera a emissão das folhas,
prolongando sua longevidade, favorecendo o lançamento da inflorescência e
uniformiza a coloração do fruto, no entanto estas mesmas condições são
favoráveis ao surgimento do Mal da Sigatoka (Negra e Amarela).
Para o controle do Mal da Sigatoka, os bananicultores escolhem regiões
com umidade relativa de cerca de 60 %. Nestas condições, a incidência e
sobrevivência do fungo ficam comprometidas, uma vez que ele exige umidades
altas; porém esta baixa umidade pode deixar as folhas coriáceas, diminuindo a
vida útil da planta (ALVES et al., 1999; MOREIRA, 1999).
d.3) Temperatura:
A temperatura tem efeito preponderante no desenvolvimento e crescimento
da bananeira que requer temperaturas relativamente altas, que variam entre os 21
e 29,5 °C, com temperatura média de 27 °C. Sendo que sua mínima absoluta é de
15,6 °C e sua máxima de 37,8 °C. Exposição a temperaturas maiores ou menores
causa a deterioração e lentidão no desenvolvimento e outros danos no fruto
(SOTO BALLESTERO, 1992). Em geral, a bananeira tem limites térmicos muito
estreitos, tanto em climas secos, como em climas úmidos. A 30 °C o crescimento
da planta é máximo; a 34 °C começa a diminuir, e é pequeno durante a noite,
quando as temperaturas são mais amenas.
Para Alves et al. (1999), a temperatura ótima para o desenvolvimento da
banana é de 28 °C, com mínimas não inferiores a 18 °C e máximas não
superiores a 34 °C. Segundo Moreira (1999), a temperatura também é de suma
importância para os bananicultores quanto ao surgimento de moléstias, as quais
sua velocidade de crescimento varia em função da temperatura.
d.4) Ventos:
Para Moreira (1999), o vento é um dos fatores climáticos mais importantes,
podendo causar desde pequenos danos até a destruição do bananal. Ventos
secos provocam transpiração excessiva e pido déficit hídrico dos limbos
foliares, enquanto os ventos frios prejudicam sensivelmente a planta. Entretanto,
o fendilhamento das folhas não é sério quando as velocidades são inferiores a 20
– 30 km.h
-1
.
A maioria dos clones cultivados tolera ventos de até 40 km.h
-1
(MOREIRA
1999). Velocidades entre 40 e 55 km.h
-1
ocasionam em danos moderados, com
eventuais tombamentos e quebraduras do pseudocaule, e outros danos, a
depender da idade da planta, do tipo de clone, do estado de desenvolvimento e
do tamanho da planta (SOTO BALLESTERO, 1992).
No Brasil, os ventos não são fortes, e não atingem velocidades altas, nem
provocam danos tão relevantes, como tem ocorrido nas principais zonas
exportadoras (Colômbia, América Central, Caribe e Filipinas), onde freqüência
de furacões (MOREIRA, 1999).
d.5) Luminosidade:
A bananeira requer alta luminosidade. Para Soto Ballestero (1992), a área
foliar, o ângulo e a forma da folha influem bastante no aproveitamento da luz. Por
sua vez, a superposição das folhas causa problemas na captação de luz pelas
plantas, sobretudo quando a intensidade luminosa é baixa, quer seja por
nebulosidade ou pelo excesso de plantas por unidade de área. Os pseudocaules
de plantas sombreadas se alongam, que os filhos buscam a luz,
dessincronizando-se o crescimento com o desenvolvimento dos sistemas foliar e
radicular, com conseqüências graves no tamanho e na qualidade dos frutos
(SOTO BALLESTERO, 1992; ALVES et al., 1999). A ausência total ou parcial de
luz não interrompe a saída de folhas, mas sim o desenvolvimento, pois os limbos
ficam embranquecidos e as bainhas se alargam muito.
A atividade fotossintética, em medições feitas na superfície inferior da
folha, onde os estômatos são mais abundantes, aumenta rapidamente quando a
radiação solar está entre 2.000 e 10.000 lux (horas de luz por ano) e é mais lenta
quando se encontra entre 10.000 e 30.000 lux. Valores inferiores a 1.000 lux são
insuficientes para que a planta tenha um bom desenvolvimento, e quando
demasiadamente altos, podem provocar a queima das folhas, principalmente
quando estas se encontram na fase de cartucho ou recém-abertas. Da mesma
forma, a inflorescência pode ser também prejudicada pelo mesmo fator (SOTO
BALLESTERO, 1992; ALVES et al., 1999; MOREIRA, 1999).
e) Transpiração
A transpiração das folhas da bananeira, por sua elevada área foliar e
distribuição estomática, é muito alta, e é possivelmente maior em clones
pequenos do que nos altos, como conseqüência do maior volume foliar ativo. Em
estudos realizados em Israel, determinou-se que o consumo de água a pleno sol
é da ordem de 40 a 50 mg dm
-2
minutos
-1
, quando as folhas e os estômatos estão
abertos. No entanto, a transpiração é menor em folhas mais velhas ou folhas
sombreadas. Quando a umidade relativa é alta, o índice de transpiração é
acompanhado por um índice de igual absorção de água, quando as folhas estão
totalmente estendidas (SOTO BALLESTERO, 1992).
f) Crescimento e desenvolvimento
Os mecanismos de crescimento e desenvolvimento de plantas controlam o
desempenho das diferentes cultivares e são condicionados pelas características
genéticas intrínsecas e pelos fatores ambientais. Do ambiente provêm os
ingredientes necessários aos processos fisiológicos, mas fatores internos de cada
planta é que ditam o padrão de utilização dos recursos ambientais disponíveis
(PEIXOTO, 1998; PEREIRA & MACHADO, 1987), sendo o crescimento um
aumento irreversível do tamanho e que resulta em aumento da massa, forma,
superfície, volume ou unidades estruturais (REIS & MÜLLER, 1979).
O crescimento e desenvolvimento de plantas de bananeira são medidos
por meio da quantidade de massa seca acumulada na planta. Com exceção da
água, a massa seca consiste em tudo que se encontra na planta, incluindo
carboidratos, proteínas, óleos e nutrientes (PEIXOTO, 1998). Na prática, o
crescimento e desenvolvimento de mudas de bananeira, resultam da interação
entre o potencial genético da cultivar e o ambiente ao qual ela está submetida, de
modo, quando mudanças no ambiente, também no desenvolvimento da
planta.
A boa produtividade dos bananais fundamenta-se no sucesso do
estabelecimento das plantas no campo, sendo esta uma função direta do manejo
racional das mudas utilizadas e da sua qualidade, permitindo a obtenção de
lavouras adequadas para determinadas áreas. Dessa forma, o conhecimento do
desempenho da cultura torna-se uma ferramenta que favorece a utilização de
insumos que possibilitem condições para que ela expresse plenamente o seu
potencial produtivo.
Este trabalho teve como objetivo avaliar caracteres agronômicos e
classificar simultaneamente por meio de características múltiplas, híbridos
diplóides (AA) de bananeira, além de avaliar o desempenho fisiológico de
cultivares de bananeira, por meio de análise de crescimento de plantas, com base
nas seguintes hipóteses:
(i) A existência de variabilidade genética na classe de diplóide (AA) permite
a caracterização e avaliação de plantas;
(ii) A utilização do índice de seleção permite a classificação simultânea de
plantas com o maior número de caracteres favoráveis;
(iii) A análise de crescimento permite a constatação de desenvolvimento
fisiológico diferenciado entre cultivares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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CRUZ, C.D. Aplicação de algumas cnicas multivariadas no melhoramento
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SOTO BALLESTERO, M. Banana: Cultivo e Comercialización. San José.
Litografia y Imprensa, 1992. p. 170-204.
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) DE BANANEIRA
1
1
Artigo a ser submetido ao corpo editorial do periódico científico Pesquisa
Agropecuária Brasileira.
AVALIAÇÃO AGRONÔMICA EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) DE BANANEIRA
Resumo Objetivou-se avaliar características agronômicas em híbridos diplóides
(AA) de bananeira. No experimento, conduzido no campo experimental da
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em blocos casualizados com quatro
repetições, foram avaliados 11 híbridos diplóides (AA) de bananeira (4279-06,
TH03-01, 8987-01, 0323-03, 1318-01, 0116-01, 8694-20, 1304-06, 9179-03, 4223-
06 e SH32-6). Os dados dos caracteres agronômicos avaliados foram submetidos
à análise de variância e as médias dos genótipos foram agrupadas pelo teste de
Scott & Knott a 5% de probabilidade. O genótipo SH32-63 apresentou valores
favoráveis para número de pencas por cacho,mero de frutos por cacho e baixa
incidência de sigatoka-amarela na floração, além de menor número de dias da
emissão do cacho à colheita, maior peso da segunda penca e comprimento de
fruto acima de 10 cm. O híbrido 0323-03 apresentou a maior retenção de folhas
vivas na colheita do cacho, e também, a menor nota para incidência de sigatoka-
amarela na colheita. A alta variabilidade encontrada com a avaliação dos híbridos
permite a seleção de diplóides (AA) com potencial para utilização em programas
de melhoramento da cultura.
Palavras-chave: Musa spp, melhoramento, variabilidade.
AGRONOMICAL EVALUATION OF (AA) BANANA DIPLOID HYBRIDS
Abstract The objective of the present work was to characterized agronomical
characteristics in (AA) banana diploid hybrids. The experiment was carried out at
the experimental field at Embrapa Cassava and Tropical Fruits in randomized
blocks with four repetitions and 11 (AA) banana diploid hybrids were evaluated:
(4279-06, TH03-01, 8987-01, 0323-03, 1318-01, 0116-01, 8694-20, 1304-06,
9179-03, 4223-06 and SH32-6). Data of the agronomical characteristics evaluated
were submitted to the analysis of variance and the averages of the genotypes
grouped by the Scott & Knott test at 5% of probability. The SH32-63 genotype
presented favorable values for number of hands per bunch, number of fruits per
bunch, low yellow-sigatoka incidence during flowering and also lower number of
days until bunch emission at harvest, greater weight of second hand and fruit
length greater than 10 cm. The 0323-03 hybrid presented greater live leaf retention
during bunch harvest and also the lowest score for yellow-sigatoka during harvest.
The high variability encountered enables the selection of (AA) diploids with
potential use in breeding programs of this crop.
Key words: Musa spp, breeding, variability.
INTRODUÇÃO
A banana é considerada mundialmente um importante alimento, em razão
da sua composição química e conteúdo em vitaminas e minerais, principalmente
potássio (DONATO, 2003). Nosso país atualmente é o segundo maior produtor da
cultura, com 6,7 milhões de toneladas em 2005 e com uma área cultivada de
494,46 mil hectares. Em termos de produção, o Brasil perde apenas para a Índia,
com 16,8 milhões de toneladas (FAO, 2007).
No Brasil, a cultura é a segunda de maior importância, perdendo apenas
para a laranja. No entanto, seu apelo social é de grande relevância, quando
comparada com outras fruteiras. É a cultura mais explorada em termos de
pequena propriedade rural. Daí que vêm sua importância social, como fixadora de
mão-de-obra no campo e fonte de renda contínua para o pequeno agricultor.
Mesmo sendo um dos maiores produtores mundiais, as exportações
brasileiras são irrisórias quando comparadas com outros países produtores, como
Equador (maior exportador mundial da cultura). O baixo volume de exportação
está diretamente relacionado com a falta de técnicas adequadas para o cultivo e,
principalmente, a problemas fitossanitários, como doenças e pragas, que podem
ocasionar em perdas de até 100 % da lavoura (SILVA et al., 2002a).
A falta de variedades comerciais de banana que sejam produtivas, com
porte adequado, resistentes às principais pragas e doenças e adaptadas a
diferentes ecossistemas, constituem-se em fatores limitantes da cultura, sendo
uma estratégia para a solução deste problema o desenvolvimento de cultivares
mediante programas de melhoramento genético da cultura, bem como sua
avaliação e caracterização em áreas de produção, quando são comparadas as
cultivares tradicionais (SILVA et al., 2002b; DONATO et al., 2006).
Na tentativa de sanar a falta de cultivares geneticamente superiores, nos
últimos anos, diversos programas de melhoramento genético da bananeira,
lançaram cultivares com características agronômicas superiores àquelas em uso
atualmente, com o intuito de substituí-las ao longo do tempo. Esses genótipos, em
sua maioria, são tetraplóides (AAAB), oriundos de cruzamentos entre variedades
comerciais (triplóides - AAB) e diplóides melhorados (AA).
Em bananeira, a variabilidade genética importante localiza-se nos
genótipos do grupo AA e nas diversas formas selvagens da espécie M.
acuminata, a qual abrange sete subespécies, algumas ainda não bem definidas e
cada uma com a sua própria distribuição na Ásia e Oceania. As diferenças
morfológicas são tão acentuadas que, se não fosse a facilidade de se obterem
híbridos férteis entre estas subespécies, seria possível classificá-las como
espécies distintas (SILVA et al., 2002b). As cultivares AA também apresentam
uma grande diversidade morfológica, sendo muitas estéreis ou pouco férteis
(SHEPHERD et al., 1986).
As avaliações de caracteres agronômicos em diplóides de bananeira, são
de grande importância para o conhecimento do comportamento das plantas até a
fase de colheita. Com base nisso, o melhorista poderá selecionar híbridos
promissores, para posteriores cruzamentos e obtenção de cultivares comerciais
(AAB ou AAAB).
Diante disto, esse trabalho teve como objetivo avaliar caracteres
agronômicos em diplóides (AA) melhorados de bananeira.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas BA, situada a 12°40’19’’
de Latitude Sul e 39°06’22’’ de Longitude Oeste, tendo 220 m de altitude. O clima
é tropical quente e úmido, Aw a Am, segundo a classificação de Köppen, com
temperaturas dias anuais de 24,5° C e umidade relativa de 80 %. Na Tabela 1
encontram-se os valores de temperatura média, precipitação e umidade relativa,
referentes ao ano de 2005.
O experimento foi instalado em um Latossolo amarelo distrófico, bem
drenado, profundo, de textura média e de médios teores de argila. As adubações
foram realizadas conforme recomendações de Alves e Oliveira (1999), e com
base na análise de solo (Tabela 2).
Tabela 1. Temperatura média, precipitação e umidade relativa do ano de 2005.
Meses Temperatura média
(
o
C)
Precipitação
(mm)
Umidade Relativa
(%)
Janeiro 26,6 75,4 73
Fevereiro 26 86,8 79
Março 26,2 87,3 76
Abril 25 124,7 86
Maio 24,27 89,7 85
Junho 22,7 227,6 89,2
Julho 21,7 191,4 84,5
Agosto 22,2 111,3 83
Setembro 23,4 57,4 79
Outubro 24,1 15,6 76
Novembro 24,8 147,4 77
Dezembro 25,3 50,7 76
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2006.
Tabela 2. Análise química do solo do experimento na profundidade de 0 – 20 cm*.
pH P K Ca Mg Ca + Mg Al Na H + Al S CTC V MO
(CaCl
2
) mg dm
-3
cmol
c
dm
-3
% g dm
-3
5,7 4,0 0,41 2,4 1,0 3,4 0,2 0,18 2,86 3,99 6,85 58 9,72
* Laboratório de Análises Químicas de Solo da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.
Foram avaliados em um ciclo de produção 11 diplóides (AA) melhorados
de bananeira, dos quais 10 foram desenvolvidos na Embrapa Mandioca e
Fruticultura Tropical (Tabela 3). Os genótipos foram dispostos em blocos
casualizados com quatro repetições. Cada parcela constituiu-se de seis plantas,
espaçadas 2,5 m na linha e 2,5 m na entrelinha, tendo como bordadura externa a
cultivar Pacovan.
Tabela 3. Códigos dos híbridos diplóides (AA) utilizados no experimento e seus
respectivos genótipos parentais.
Híbridos
Diplóides**
Grupo
Genômico
Parentais
4279-06 AA
M53 x 2803 (Tuu Gia x Calcutta)
TH03-01 AA
Terrinha x Calcutta
8987-01 AA
1318-01 (Malaccensis FHIA x Sinwobogi) x 0338-01(Calcutta x Heva)
0323-03 AA
Calcutta (M. acuminata spp. burmannica) x Cultivar sem nome
1318-01 AA
Malaccensis FHIA x Sinwobogi
0116-01 AA
Borneo x Guyod
8694-20 AA
0337-02 (Calcutta x Galeo) x SH32-63
1304-06 AA
Malaccensis x Madang (Musa acuminata spp. banksii)
9179-03 AA
0116-01 (Borneo x Guyod)x 2803 (Tuu Gia x Calcutta)
4223-06 AA
M53 x Cultivar sem nome n
o
2
SH32-63 AA
Híbrido selecionado em Honduras
** Os dois primeiros números referem-se ao genitor feminino, os dois seguintes ao genitor
masculino e os dois últimos ao número da seleção.
Avaliaram-se os seguintes caracteres:
- Altura de plantas (ALT - m): medida realizada no momento da emissão do
cacho, com o auxílio de uma régua de 2,10 m de altura, posicionada desde o nível
do solo até o ponto de saída do engaço.
- Diâmetro do pseudocaule (DPC - cm): medida realizada no momento da
emissão do cacho, com o auxílio de um paquímetro de madeira posicionado a 30
cm do solo.
- Número de filhos na floração (NFI): contou-se o número de mudas produzidas
na época de florescimento.
- mero de folhas na floração (NFF): número de folhas vivas presentes nas
plantas na época de florescimento, considerando-se como funcional a folha que
possuísse 50 % ou mais de seu limbo verde.
- Número de dias do plantio à emissão do cacho (CPE - dias): anotou-se para
cada planta útil da parcela, a data do dia da antese da primeira penca do cacho, o
que possibilitou calcular o número de dias do plantio ao florescimento.
- Presença de pólen (POL): Aos 70 dias após a data de floração do cacho,
classificou-se o volume de pólen produzido e adotou-se a seguinte escala: 1
ausente; 2 – pequena quantidade; 3 – média quantidade; 4 – abundante.
- Número de pencas (NPE): 70 dias após a data de floração, procedeu-se a
contagem do número de pencas por cacho de cada planta na parcela útil.
- Número de frutos (NFR): no momento da colheita procedeu-se a contagem
individual dos frutos nos cachos.
- Sigatoka-amarela na emergência (SAE): avaliou-se a presença de sigatoka-
amarela na emissão do cacho de cada planta da parcela útil. Para isso, utilizou-se
da escala de notas (STOVER, 1972), onde: 0 - Planta sem sintomas; 1 -
Pequenas lesões nas folhas velhas; 2 - Lesões de cerca de 50% das folhas
velhas; 3 - Lesão em praticamente todas as folhas velhas; 4 - Folhas velhas muito
atacadas; 5 - Folhas velhas muito atacadas e alguns sinais de lesões nas folhas
novas; 6 - Folhas velhas muito atacadas e poucas lesões nas folhas novas; 7 -
Folhas velhas muito atacadas e 50 % das folhas novas com lesões; 8 - Folhas
velhas muito atacadas e mais de 50 % das folhas novas com lesões; 9 - Folhas
velhas muito atacadas e lesões em todas as folhas novas; 10 - Folhas velhas e
novas muito atacadas.
- Número de folhas na colheita (NFC): no momento da colheita, procedeu-se a
contagem do número de folhas de cada planta, na parcela útil.
- Sigatoka-amarela na Colheita (SAC): no momento da colheita procedeu-se a
avaliação da presença de sigatoka-amarela. Para isso, utilizou-se a seguinte
escala de notas (STOVER, 1972): 0 - Planta sem sintomas; 1 - Pequenas lesões
nas folhas velhas; 2 - Lesões de cerca de 50% das folhas velhas; 3 - Lesão em
praticamente todas as folhas velhas; 4 - Folhas velhas muito atacadas; 5 - Folhas
velhas muito atacadas e alguns sinais de lesões nas folhas novas; 6 - Folhas
velhas muito atacadas e poucas lesões nas folhas novas; 7 - Folhas velhas muito
atacadas e 50 % das folhas novas com lesões; 8 - Folhas velhas muito atacadas
e mais de 50 % das folhas novas com lesões; 9 - Folhas velhas muito atacadas e
lesões em todas as folhas novas; 10 - Folhas velhas e novas muito atacadas.
- Número de dias da emissão do cacho à colheita, (CEC dias): período
compreendido entre a emissão do cacho e a colheita, obtido pela diferença entre
o intervalo do plantio à colheita e do plantio ao florescimento.
- Peso da segunda penca (PSP – g): Medida de qualidade dos frutos da segunda
penca (considerada referência), realizada com o auxílio de uma balança digital.
- Fragilidade do pedicelo (FPE): a resistência do fruto em se desligar do pedicelo
foi classificada como: 1 – frágil; 2 – pouco frágil; 3 – não frágil.
- Comprimento do fruto (CMF - cm): procedeu-se a mensuração do comprimento
médio dos frutos com o auxílio de uma fita métrica. Neste caso, avaliou-se
somente o comprimento do fruto sem pedicelo.
- Diâmetro do fruto (DMF mm): medida realizada no fruto central da fileira
externa de frutos da segunda penca, utilizando-se paquímetro;
- Comprimento do pedicelo (CMP mm): foi medido com o auxílio de um
paquímetro.
- Diâmetro do pedicelo (DMP mm): medida realizada com o auxílio de um
paquímetro.
- Presença de sementes (SEM): medida realizada de acordo com a seguinte
classificação: 1 ausente (SEM = 0); 2 pouco (1 < SEM < 10); 3 médio ( 11 <
SEM < 20); 4 – abundante (SEM > 21).
- Comprimento do engaço (CEG - cm): a distância da saída da inflorescência no
pseudocaule até a inserção da primeira penca no cacho.
- Diâmetro do engaço (DEN - mm): Foi medido, no sentido longitudinal, com o
auxílio de um paquímetro na metade da distância entre a saída da inflorescência
no pseudocaule e a inserção da primeira penca.
- Peso da ráquis (PRAQ - g): após a despenca do cacho, foi pesada a ráquis
(engaço + ráquis), com a utilização de balança de precisão.
Com o término das avaliações, os dados foram tabulados e submetidos à
análise de variância, por meio do programa estatístico SISVAR (FERREIRA,
2000). As médias foram agrupadas conforme o teste de Scott & Knott (1974), a 5
% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram observadas diferenças significativas para as variáveis altura de
planta, diâmetro do pseudocaule, número de filhos na floração, número de folhas
na floração, número de dias do plantio à emergência do cacho, presença de
pólen, número de pencas, número de frutos, comprimento do fruto, escala de
severidade de sigatoka-amarela, peso da segunda penca, diâmetro do fruto,
comprimento do pedicelo, diâmetro do pedicelo, presença de semente,
comprimento do engaço e peso das pencas. Os coeficientes de variação,
situaram-se entre 4,72 % (ALT) e 22,86 % (CMP), (Tabelas 4 e 5).
Por outro lado, o diâmetro do engaço não apresentou diferença
significativa conforme o teste F da análise de variância (P > 0,05). Com seu
coeficiente de variação de 8,09 % (Tabela 5).
Para a altura de plantas, pode-se observar a formação de cinco grupos. Os
genótipos 4223-06 e SH32-63 apresentam as maiores alturas, 2,64 m e 2,54 m,
respectivamente (Tabela 4). O segundo grupo apresentou apenas o genótipo
1304-06 (2,35 m). o terceiro grupo formado pelos genótipos 0323-03, 0116-01
e 1318-01, apresentaram alturas intermediárias de 2,22 m, 2,13 m e 2,11 m,
respectivamente. Este caráter é muito importante no melhoramento da cultura,
pois influi na densidade de plantio, no manejo e consequentemente, na produção
(BELALCÁZAR CARVAJAL, 1991; ALVES & OLIVEIRA, 1999; SILVA et al.,
2002a; DONATO, 2003).
Vale ressaltar que os dados deste trabalho referem-se ao primeiro ciclo da
cultura, sendo este não apropriado para analisar o porte de plantas, pois a
estabilidade é atingida posteriormente, normalmente no quarto ciclo (SOTO
BALLESTERO, 1992). Silva et al. (2002b) e Leite et al. (2003), avaliando
diferentes cultivares de bananeira em quatro ciclos de produção, observaram
estabilidade para este caráter a partir do terceiro ciclo. Por outro lado, os avanços
tecnológicos concernentes à densidade de plantio têm permitido considerar o ciclo
da bananeira como anual, fazendo com que o caráter altura no primeiro ciclo seja
considerado (BELALCÁZAR CARVAJAL, 1991).
Com relação ao diâmetro do pseudocaule, observa-se a formação de três
grupos. O genótipo SH32-63 apresentou o maior diâmetro (19,69 cm). Por outro
lado, os genótipos TH03-01, 8987-01 e 0116-01, apresentaram os menores
valores para diâmetro (Tabela 4).
Este caráter é importante no melhoramento genética da bananeira, estando
relacionada ao vigor, a resistência à quebra do pseudocaule, refletindo a
capacidade de sustentação do cacho. Genótipos que apresentam maior diâmetro
de pseudocaule são menos susceptíveis ao tombamento (SILVA et al., 1999;
SILVA et al., 2002b; DONATO, 2003).
Para o número de filhos na floração, observou-se a formação de quatro
grupos. O híbrido diplóide 0323-03 (8,18) apresentou a maior quantidade de filhos
na floração, enquanto que o segundo grupo foi formado apenas pelo genótipo
4223-06. o terceiro grupo, formado pelos genótipos 4279-06, TH03-01, 1318-
01, 0116-01, 8694-20, 1304-06, 9179-03 e SH32-63, o número de filhos na
floração variou de 5,22 (1304-06) a 3,76 (4279-06), conforme a Tabela 4.
Quanto ao número de folhas no florescimento (NFF) destacaram-se os
genótipos TH03-01 (12,47 folhas), 8987-01 (11,93 folhas), 1318-01 (12,03 folhas),
9179-03 (11,28 folhas). O outro grupo foi formado pelos genótipos 0323-03,
SH32-63, 0116-01, 8694-20, 4223-06, 4279-06 e 1304-06, com número de folhas
variando de 10,92 (0323-03) a 9,33 (1304-06) (Tabela 4). Matos et al. (2001),
avaliando híbridos diplóides (AA), em Waldeck, Costa Rica, observaram número
de folhas variando de 12,9 (híbridos 0116-01 e 4223-03) a 9,2 (SH33-62).
Segundo Soto Ballestero (1992), este caráter é um descritor importante na
avaliação de genótipos, pois influencia diretamente no desenvolvimento do cacho.
Plantas de bananeira necessitam, no nimo, de oito folhas para a boa formação
do cacho, e como pode ser visto na Tabela 4, todos os genótipos avaliados
obtiveram número de folhas superior a este. O número de folhas na floração está
relacionado à área foliar para a captação da radiação durante o desenvolvimento
do fruto. (MOREIRA, 1999).
Para o número de dias do plantio à emergência do cacho, houve a
formação de dois grupos (Tabela 4). Os genótipos 4223-06 e SH32-63 foram os
maiores ciclos, com 412 dias e 409,02 dias, respectivamente. Plantas que
apresentam ciclo demorado, não são interessantes para o melhoramento, pois
prolongam a colheita dos cachos (SILVA et al., 2002a). O outro grupo foi formado
pelos genótipos 4279-06 (360,46 dias), TH03-01 (301,11 dias), 8987-01 (339,80
dias), 0323-03 (355,75 dias), 1318-01 (334,96 dias), 0116-01 (341,28 dias), 8694-
20 (318,85 dias), 1304-06 (346,39 dias) e 9179-03 (328,58 dias).
Matos et al. (2001), em Waldeck, observou ciclo de híbridos diplóides (AA)
de bananeira, variando de 164,1 dias (4223-06) a 355,6 dias (SH32-63). Vale
ressaltar que a precipitação anual em Waldeck, no período do experimento (2000
- 2001) foi de 5.622,9 mm, enquanto que em Cruz das Almas - BA, no período
deste experimento (2005 - 2006), a precipitação foi de 1.319 mm
(1)
. Segundo
Soto Ballestero (1992), Alves & Oliveira (1999) e Moreira (1999), a planta de
(1)
Dados fornecidos pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em 2006.
bananeira necessita de muita água durante seu ciclo para o crescimento inicial e
desenvolvimento rápido.
Para presença de pólen, houve a formação de dois grupos, em que os
genótipos 8987-01, 1318-01, 0116-01, 1304-06, 4223-06 e SH32-63,
apresentaram as maiores quantidades, com notas variando de 3,79 (SH32-63) a
3,00 (1304-06). os genótipos 4279-06, TH03-01, 0323-03, 8694-20 e 9179-03,
obtiveram as menores notas (Tabela 4).
Quanto ao número de pencas observa-se a formação de três grupos
(Tabela 4). Destacando-se dos demais, SH32-63 foi o híbrido que apresentou o
maior número de pencas por cacho (11,18). Os híbridos 0116-01 (9,16) e 1304-06
(8,97), formaram o grupo intermediário, tendo os demais híbridos classificados em
um terceiro grupo, cujos números de pencas variaram 6,98 (9179-03) a 5,43
(4279-06). Entretanto, Matos et al. (2001), trabalhando com os híbridos 0116-01,
1304-06, 4223-06 e SH32-63, não observaram diferença significativa entre os
genótipos, para este caráter.
Segundo Flores (2000) e Silva et al. (2006), este caráter é de grande
interesse para o produtor e de importância fundamental para o melhoramento
genético da bananeira, uma vez que a penca constitui-se na unidade comercial,
além do que, um aumento no número de pencas pode acarretar em elevação no
peso do cacho, caráter que expressa a produtividade do genótipo.
O híbrido SH32-63 obteve o maior número de frutos por cacho (192,66). Os
híbridos 0116-01 (148,79) e 1304-06 (155,33), foram classificados no segundo
grupo, enquanto que o híbrido 9179-03 (127,39) foi classificado no terceiro grupo
(Tabela 4). Estudos realizados por Matos et al. (2001), observaram que os mesmo
genótipos obtiveram número de frutos variando de 226,8 (SH32-63) a 160,7
(4223-06). Por outro lado, os híbridos 4279-06, 8987-01, 0323-03, 1318-01, 8694-
20 e 4223-06, formaram o quarto grupo e o híbrido TH03-01 obteve a menor
quantidade de frutos por cacho (63,66). Observa-se que os genótipos
pertencentes aos três primeiros grupos, obtiveram valores superiores a 120 frutos,
o que é importante na escolha de um genótipo superior. Segundo Jaramillo (1982)
e Silva et al. (1999), o número de frutos é fundamental na determinação do
tamanho e do peso do cacho, revelando importância no melhoramento genético e
está diretamente relacionado com o número de pencas.
O caráter de resistência à sigatoka-amarela na emergência do cacho
(SAE), embora tenha havido a formação de dois grupos, observa-se baixo grau de
incidência da doença, tendo a média geral de 3,08 (lesão nas folhas velhas). Os
genótipos SH32-63 e 4223-06 apresentaram a menor incidência da doença a a
floração, ao passo que na colheita, o genótipo SH32-63, não apresentou folhas
vivas (Tabela 4). As possíveis causas para a falta de folhas na colheita do
genótipo SH32-63, seria o menor tempo de vida das folhas (LIMA et al., 2005),
logo que, a planta ao lançar o cacho, demanda suas reservas nutricionais para o
enchimento dos frutos (SOTO BALLESTERO, 1992; ALVES et al., 1999), o que
pode ser atribuído também, a fatores climáticos adversos, ou mesmo uma
suscetibilidade à sigatoka-amarela.
Por outro lado, os híbridos 8987-01, 0323-03, 1318-01 e 4223-06,
apresentaram as maiores quantidades de folhas vivas na colheita, porém, esses
mesmos genótipos, a exceção do diplóide 0323-03, apresentaram as maiores
notas para a incidência de sigatoka-amarela na colheita (Tabela 4), indicando que
tais genótipos tenham maior retenção de folhas vivas (LIMA et al., 2005).
Oliveira (2006), avaliando genótipos de bananeira, observou diminuição da
incidência de sigatoka-amarela na floração e na colheita do primeiro para o
terceiro ciclo. Uma das razões para a menor incidência da doença, seria o
sombreamento dos perfilhos que crescem e se desenvolvem sob a copa da
planta-mãe. Cordeiro e Matos (2000), afirmam que plantas sombreadas
apresentam pouca ou nenhuma doença. As razões podem ser devido à redução
ou não formação de orvalho, importante fator no processo de infecção e, ainda,
redução na incidência de luz, que também é importante no desenvolvimento dos
sintomas da doença.
No número de dias da emissão do cacho à colheita houve a formação de
dois grupos. Os genótipos 0323-03, 1304-06, 4223-06 e SH32-63 obtiveram os
menores ciclos, variando de 125,33 dias (SH32-63) a 141, 33 dias (1304-06).
o outro grupo formado pelos híbridos 4279-06, TH03-01, 8987-01, 1318-01,
0116-01, 8694-20 e 9179-03 apresentaram ciclos de 145,33 dias (8987-01) a
170,33 dias (9179-03) (Tabela 5). Matos et al. (2001), verificou que o número de
dias da emissão do cacho à colheita variou de 115,6 dias (SH32-63) a 142,1 dias
(0116-01). Este caráter, segundo Moreira (1999) e Donato (2003), é bastante
dependente das condições climáticas da região como temperatura, luminosidade,
umidade e precipitação para o bom desenvolvimento da planta.
Para o peso da segunda penca (PSP), houve a formação de três grupos,
como pode ser visto na Tabela 5. Os genótipos 1318-01 (977,0 g), 4223-06
(1000,0 g) e SH32-63 (1112,33 g), apresentaram os maiores pesos para este
caráter. O outro grupo foi formado pelos genótipos 4279-06, TH03-01, 0323-03 e
8694-20, com peso médio variando de 877,67 g (0323-03) a 711,25 (8694-20).
o terceiro grupo é formado pelos híbridos 1304-06, 8987-01, 0116-01 e 9179-03.
Segundo Moreira (1999), este caráter é considerado padrão para a análise
de uma série de caracteres como: determinação do ponto de colheita, peso médio
do fruto, comprimento e diâmetro do fruto, além do teor de sólidos solúveis, açúcar
e acidez. Dentro de uma mesma cultivar ou mesmo variedade, observa-se
relações constantes entre diferentes pencas. Assim, foi observado que em
Cavendish, o peso médio dos frutos da última penca representa entre 65 % e 70 %
do peso dos frutos da segunda penca, reduzindo-se à medida que aumenta o
número de pencas (JARAMILLO, 1982).
O pedicelo é a estrutura que liga o fruto à coroa da ráquis feminina, de
modo que esta característica avalia a resistência do fruto ao despencamento
natural. Frutos que soltam-se facilmente da coroa da ráquis feminina apresentam
maior susceptibilidade ao despencamento. Para a característica fragilidade do
pedicelo (FPE), observa-se haver a formação de dois grupos, onde o híbrido 0323-
03 obteve nota 1,0 (Frágil) (Tabela 5). Pereira et al. (2004), afirmam que, embora
as cultivares lançadas nos últimos anos, seja resistente a sigatoka-negra
(considerada a principal doença da cultura) e de boas características agronômicas,
sua expansão está limitada pela alta susceptibilidade à queda natural e pela alta
perecibilidade dos frutos.
Em relação ao comprimento do fruto, houve a formação de dois grupos
(Tabela 5). Os genótipos TH03-01 (12,75 cm), 1318-01 (12,81 cm), 4223-06
(11,73 cm) e SH32-63 (11,50 cm), apresentaram os maiores comprimentos,
pertencendo ao mesmo grupo. Matos et al. (2001), constataram resultados
promissores, com relação a comprimento do fruto, para os mesmos híbridos. o
outro grupo, formado pelos híbridos 4279-06, 8987-01, 0323-03, 0116-01, 8694-
20, 1304-06 e 9179-03, obtiveram comprimentos variando entre 11,14 cm (1304-
06) a 9,46 cm (9179-03).
Nota-se que no primeiro grupo, todos os genótipos apresentaram
comprimento do fruto superior a dez centímetros, o que é favorável no processo
de seleção de bridos diplóides, sendo uma característica importante para
classificação de qualidade e rendimento dos frutos. Estudos realizados por
Jaramillo (1982), observaram que o comprimento do fruto está fortemente
correlacionado com o peso do cacho e com o número de frutos por cacho.
Quanto ao diâmetro do fruto, observa-se a formação de dois grupos, em
que os genótipos 4279-06, TH03-01, 8987-01, 0323-03, 1318-01 e SH32-63,
obtiveram os maiores diâmetros, estando no mesmo grupo (Tabela 5). O outro
grupo foi formado pelos híbridos 0116-01, 8694-20, 1304-06, 9179-03 e 4223-06,
em que o diâmetro dos frutos variou de 23,25 mm (8694-20) a 22,00 mm (4223-
06).
O diâmetro do fruto, para alguns produtores, é indicador do ponto de
colheita e de classificação dos frutos quanto à qualidade (JARAMILLO, 1982;
SOTO BALLESTERO, 1992; MOREIRA, 1999; CERQUEIRA et al., 2002; LIMA et
al., 2005). Em áreas comerciais mais exigentes, o diâmetro do fruto possui uma
grande importância, uma vez que frutos muito delgados não apresentam valor
comercial (FLORES, 2000; DONATO, 2003).
O caráter comprimento do pedicelo apresentou formação de três grupos
onde o genótipo SH32-63 apresentou o maior comprimento (21,67 mm). os
genótipos 4279-06, TH03-01, 8987-01, 0323-03 e 9179-03, apresentaram os
menores comprimentos do pedicelo (Tabela 5). O genótipo que apresentou o
maior comprimento do pedicelo (SH32-63), obteve o maior valor de diâmetro do
pedicelo (9,33 mm), juntamente com os híbridos TH03-01 (10,25 mm), 8987-01
(10,33 mm), 1318-01 (9,50 mm) e 8694-20 (9,50 mm) (Tabela 5).
Estudos de correlação entre a variável comprimento do pedicelo e
fragilidade ao despencamento dos frutos, entre o diâmetro do pedicelo e
fragilidade ao despencamento dos frutos, não apresentaram efeitos significativos,
o que revela não haver relação linear direta entre estas características e a
suscetibilidade ao despencamento dos frutos. Borges et al. (1998), conclui que o
despencamento é uma desordem de origem genética.
Quanto à presença de sementes, pode-se observar que houve pouca
variação (CV < 10 %) e o teste de Scott & Knott (P < 0,05) detectou quatro grupos,
onde os genótipos 9179-03, 0116-01, 1304-06 e 8987-01 produziram as maiores
quantidades de sementes (Tabela 5). Por outro lado, os híbridos 1318-01 e 4223-
06 produziram valores intermediários, ficando no segundo grupo na classificação
do teste. os diplóides 4279-06 e SH32-63 apresentaram os menores valores
para este caráter.
O híbrido SH32-63, que obteve a maior quantidade de pólen, apresentou a
menor quantidade de sementes. As possíveis causas para o baixo número de
sementes neste híbrido, seria a incompatibilidade do grão de pólen com a flor
feminina ou mesmo a inviabilidade do pólen.
Em relação ao comprimento do engaço, observou-se a formação de dois
grupos onde o primeiro grupo, formado pelos genótipos 8694-20, SH32-63, 9179-
03, 1318-01 e 8987-01, o comprimento variou de 37,33 cm (8987-01) a 48,00 cm
(SH32-63). No segundo grupo, a variação de comprimento do engaço foi de 21,75
mm (4279-06) a 34,33 mm (1304-06), para os genótipos 1304-06, 0323-03, 0116-
01, 4223-06, TH03-01 e 4279-06. Segundo Carvalho (1995), existe uma ampla
variabilidade entre genótipos com relação ao comprimento do engaço, o que pode
vir de grande importância para a caracterização de novos materiais. No caráter
diâmetro do engaço não houve diferenciação entre grupos, embora este caráter
tenha variado de 36,33 mm (8987-01) a 46,33 mm (SH32-63) (Tabela 5).
Houve formação de três grupos para o caráter peso do ráquis (Tabela 5),
em que o genótipo SH32-63 apresentou o maior peso (1000,0 g), enquanto que os
híbridos 4279-06 (450,0 g), TH03-01 (500,50 g), 0323-03 (444,33 g), 0116-01
(555,67 g) e 9179-03 (300,0 g), apresentaram as menores dias. A participação
do peso da ráquis no peso do cacho varia dentro dos genótipos (DONATO, 2003).
CONCLUSÕES
A alta variabilidade encontrada entre os materiais permite a seleção de
diplóides (AA) promissores que podem ser utilizados em programas de
melhoramento genético da cultura da bananeira.
O genótipo SH32-63 apresentou valores favoráveis para número de pencas
por cacho, número de frutos por cacho e baixa incidência de sigatoka-amarela na
floração, menor número de dias da emissão do cacho à colheita, maior peso da
segunda penca e comprimento de fruto acima de 10 cm, e devido, a
incompatibilidade do grão de pólen com flor feminina e/ou sua inviabilidade, este
híbrido apresenta potencial para utilização em programas de melhoramento, como
progenitor feminino.
O híbrido 0323-03 mesmo contendo menos de 100 frutos, em média,
apresenta potencial para a utilização em programas de melhoramento genético,
como parental masculino, devido a maior retenção de folhas vivas na colheita do
cacho, e também, a menor nota para incidência de sigatoka-amarela na colheita.
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CAPÍTULO 2
CORRELAÇÃO FENOTÍPICA EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) DE
BANANEIRA
1
1
Artigo a ser submetido ao conselho editorial do periódico científico Ciência e
Agrotecnologia.
CORRELAÇÃO FENOTÍPICA EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) DE BANANEIRA
Resumo Neste trabalho objetivou-se estimar correlações fenotípicas entre o
número de frutos por cacho e os caracteres da planta em híbridos diplóides (AA)
de bananeira. No experimento, conduzido na Embrapa Mandioca e Fruticultura
Tropical, em blocos casualizados com quatro repetições, foram avaliados 11
híbridos diplóides (AA) de bananeira. Os caracteres avaliados foram: altura de
plantas, diâmetro do pseudocaule, número de filhos, número de folhas na
floração, ciclo do plantio a emissão do cacho, presença de pólen, peso do cacho e
da ráquis, sigatoka-amarela na emissão do cacho, número de folhas na colheita,
sigatoka-amarela na colheita do cacho, número de dias da emissão à colheita,
comprimento e diâmetro do engaço, peso da segunda penca, número de pencas
e de frutos por cacho, fragilidade do pedicelo, comprimento e diâmetro do fruto e
comprimento do pedicelo além de presença de semente. Após a tabulação,
procederam-se estudos de correlação entre o número de frutos e os demais
caracteres da planta. Estas correlações variaram entre os genótipos, assim, foi
observado que as associações entre o número de frutos os caracteres vegetativos
da planta, foram, de forma geral, não-significativas. Já as relações entre o número
de frutos por cacho e os outros caracteres produtivos, foram predominantemente,
significativas.
Palavras-chave: Musa spp./ variabilidade/ melhoramento.
PHENOTYPIC CORRELATION IN (AA) BANANA DIPLOID HYBRIDS
Abstract The objective of the present work was to estimate the phenotypic
correlations between the number of fruits per bunch and plant characteristics in
banana (AA) diploid hybrids. The experiment was carried out at Embrapa Cassava
and Tropical Fruits in randomized blocks with four repetitions and 11 (AA) banana
diploid hybrids were evaluated. The following characteristics were evaluated:
plant height, pseudostem diameter, number of suckers, number of leaves during
flowering, plant cycle until emission of bunch, presence of pollen, bunch and
rachis weight, yellow-sigatoka at bunch emission, number of leaves at harvest,
yellow-sigatoka at bunch harvest, number of days from emission to harvest, length
and diameter of stem, weight of second hand, number of hands and fruits per
bunch, pedicellum fragility, length and diameter of fruit and length of pedicellum
and presence of seeds. Correlation studies between the number of fruits and the
other plant characteristics were carried out. These correlations varied between
genotypes, therefore, it was observed that the associations between number of
fruits and vegetative characteristics of plants were, in general, non-significant.
However, the relationships between the number of fruits per bunch and the other
production characteristics were predominantly significant.
Key words: Musa spp./ variability/ breeding.
INTRODUÇÃO
Um dos grandes problemas da bananicultura mundial é a falta de cultivares
que sejam produtivas, com porte adequado, resistentes as principais doenças e
pragas, além de adaptadas a diferentes ecossistemas. A estratégia mais utilizada
para a solução deste problema, está no desenvolvimento de novos genótipos,
obtidos em programas de melhoramento genético da cultura, bem como, a sua
avaliação e caracterização em áreas de produção (SILVA et al., 2000).
Para se obter esses genótipos o requisito básico é explorar a variabilidade
disponível no germoplasma da cultura (SHEPHERD, 1992; DANTAS et al., 1999;
SILVA et al., 2002). A avaliação e caracterização de bancos ativos de
germoplasma (BAG) vêm contribuindo para o aumento do uso desta variabilidade
(SILVA et al., 2002). Em bananeira, a variabilidade genética mais importante
localiza-se nos genótipos do grupo AA e nas diversas formas selvagens da
espécie M. acuminata (SHEPHERD, 1992). Para maior conhecimento dos
diplóides, é importante que seja feita uma avaliação de caracteres agronômicos
de forma a se informar sobre o comportamento das plantas até a fase de colheita.
Com base nisso, o melhorista poderá selecionar híbridos promissores, para
posteriores cruzamentos e obtenção de cultivares comerciais resistentes à
doença.
O estudo das correlações entre os caracteres observados, são atribuídos a
fatores genéticos e ambientais, e estimadas com o propósito de mensurar a
alteração em um caráter quando se altera outro. Ao determinar a magnitude e a
significância das associações entre descritores fenotípicos, utilizado para a
seleção de indivíduos em trabalhos de avaliação, pode-se discriminar quais
influenciam na produção (VENCOVSKY e BARRIGA, 1992).
A correlação, cuja descrição numérica é adimensional, pode assumir
valores positivos e negativos, quando as variáveis variam em proporção direta ou
inversa respectivamente (RIBEIRO JÚNIOR, 2001).
Atributos morfológicos que exerçam efeitos na produção podem ser
definidos por meio das correlações entre caracteres do desenvolvimento
vegetativo e caracteres do cacho em bananeira (SIQUEIRA, 1984). Desta forma,
foi observado que a produtividade em bananeira (peso de cacho por área) é
função da quantidade de frutos e do peso médio dos frutos da planta. O número
de frutos está estreitamente relacionado com o número de pencas (TURNER,
1980; JARAMILLO, 1982; CARVALHO, 1995; DONATO, 2006)
Assim, este trabalho objetivou estimar correlações entre o número de frutos
por cacho e os caracteres da planta, observados do florescimento à colheita, em
híbridos diplóides (AA) de bananeira.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas BA, situada a 12°40’19’’
de Latitude Sul e 39°06’22’’ de Longitude Oeste, tendo 220 m de altitude. O clima
é tropical quente e úmido, Aw a Am, segundo a classificação de Köppen, com
temperaturas médias anuais de 24,5° C e umidade relativa de 80 %. O
experimento foi instalado em um Latossolo amarelo distrófico, bem drenado,
profundo, de textura média e de médios teores de argila. As adubações foram
realizadas de acordo com as recomendações para a cultura (ALVES et al., 1999)
e com base na análise de solo.
Foram avaliados em um ciclo de produção 11 diplóides (AA) melhorados
de bananeira, dos quais 10 foram desenvolvidos na Embrapa Mandioca e
Fruticultura Tropical (Tabela 1). Os genótipos foram dispostos em blocos
casualizados com quatro repetições. Cada parcela constituiu-se de seis plantas,
espaçadas 2,5 m x 2,5 m tendo como bordadura externa a cultivar Pacovan.
Tabela 1. Códigos dos híbridos diplóides (AA) utilizados no experimento e seus
respectivos genótipos parentais.
Híbridos
Diplóides**
Grupo
Genômico
Parentais
4279-06 AA
M53 x 2803 (Tuu Gia x Calcutta)
TH03-01 AA
Terrinha x Calcutta
8987-01 AA
1318-01 (Malaccensis FHIA x Sinwobogi) x 0338-01(Calcutta x Heva)
0323-03 AA
Calcutta (M. acuminata spp. burmannica) x Cultivar sem nome
1318-01 AA
Malaccensis FHIA x Sinwobogi
0116-01 AA
Borneo x Guyod
8694-20 AA
0337-02 (Calcutta x Galeo) x SH32-63
1304-06 AA
Malaccensis x Madang (Musa acuminata spp. banksii)
9179-03 AA
0116-01 (Borneo x Guyod)x 2803 (Tuu Gia x Calcutta)
4223-06 AA
M53 x Cultivar sem nome n
o
2
SH32-63 AA
Híbrido selecionado em Honduras
** Os dois primeiros números referem-se ao genitor feminino, os dois seguintes ao genitor
masculino e os dois últimos ao número da seleção.
Avaliaram-se os seguintes caracteres: altura de plantas (ALT m);
diâmetro do pseudocaule (DPC cm); número de filhos na floração (NFI); número
de folhas na floração (NFF); número de dias do plantio ao florescimento
emergência (CPE dias); presença de pólen (POL); peso do cacho (PCA kg);
peso da quis (PRQ g); sigatoka-amarela na emissão do cacho (SAE),
segundo a escala de notas de Stover (1972); número de folhas na colheita (NFC);
sigatoka-amarela na colheita do cacho (SAC), segundo a escala de notas de
Stover (1972); número de dias da emissão do cacho a colheita (CEC dias);
comprimento do engaço (CEG g); diâmetro do engaço (DEN g); peso da
segunda penca (PSP g); número de pencas por cacho (NPE); fragilidade do
pedicelo (FPE), de acordo com a seguinte escala de notas: 1 frágil, 2 pouco
frágil, e 3 não frágil; comprimento do fruto (CMF cm); diâmetro do fruto (DMF
cm); comprimento do pedicelo (CMP mm); diâmetro do pedicelo (DMP mm),
e presença de sementes (SEM), de acordo com a seguinte escala: 1 ausente
(SEM = 0); 2pouco (1 < SEM < 10); 3 – médio ( 11 < SEM < 20); 4 – abundante
(SEM > 21).
Para cada genótipo, foram estimadas as correlações lineares, referentes às
associações entre o número de frutos (NFR) e os 21 demais caracteres, com
base no coeficiente de correlação de Pearson (GOMES, 1985), utilizando-se o
programa estatístico SAS versão 9.1 (SAS INSTITUTE INC. 2002 – 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As associações entre número de frutos e altura das plantas para a maioria
dos genótipos foram não-significativas. Esta associação mostrou-se significativa e
positiva, nos híbridos 8987-01 e 4223-06, o que significa que o número de frutos
variou forma direta com o porte da planta para estes genótipos (Tabela 2).
Correlação linear, significativa e positiva para esta relação, porém de baixa
magnitude, foi observada por Lima Neto et al. (2003). Donato et al. (2006),
encontrou relação linear, significativa e negativa para esta associação. Deve-se
considerar que os trabalhos anteriores foram efetuados com triplóides e
tetraplóides.
Semelhante ao ocorrido na altura de plantas, as relação das do diâmetro do
pseudocaule, do número de filhos e de folhas na floração com omero de frutos,
foram predominantemente não-significativas (Tabela 2) para a maioria dos
diplóides. No entanto, correlação significativa entre estes caracteres e o número
de frutos foram observada em dois genótipos, no 9179-03 a qual foi negativa para
o diâmetro do pseudocaule e positiva para número de filhos positiva para número
de folhas no 0323-03. Estudos de correlação entre os caracteres vegetativos
estudadas em alguns trabalhos (HOLDER e CUMBS, 1982; SIQUEIRA 1984;
FERNANDEZ CALDAS et al. 1977), o diâmetro do pseudocaule, seguido do
número de folhas no florescimento, foram que mais se correlacionaram com o
caráter produção.
A associação entre o número de frutos e o número de dias do plantio a
emissão do cacho, apresentaram, para todos os genótipos, estimativas de
correlação não-significativas (Tabela 2). No entanto, estimativas de correlação
significativas e de alta magnitude, porém negativo, para esta associação foram
observadas por Donato et al. (2006).
Na maioria dos genótipos a associação entre número de frutos e presença
de pólen, apresentou correlações não-significativas (Tabela 2). Relação linear,
positiva e de alta magnitude entre estes caracteres e número de frutos foi observa
nos genótipos TH03-01, 1318-01 e SH32-63. Por outro lado, esta mesma
associação apresentou relação linear e negativa no genótipo 1304-06.
De uma forma o esperada observou-se correlação positiva entre o
número de frutos por cacho e peso do cacho apenas nos genótipos 8987-01 e o
8694-20 (Tabela 2). Muito menos esperado, foi a associação significativa e
negativa entre esses caracteres no genótipo 1304-06. Para os genótipos 4279-06,
TH03-01, 0323-03, 1318-01, 0116-01, 9179-03, 4223-06 e SH32-63, esta relação
apresentou estimativas, significativas, de alta magnitude e de forma direta,
confirmando os dados de Lima Neto et al. (2003). Embora o caráter peso do cacho
seja uma característica de pouca relevância na avaliação de diplóides de
bananeira, o estudo de correlações deste caráter com demais caracteres de
importância no melhoramento, serviria de ferramenta adicional para a seleção de
plantas diplóides superiores.
A maioria dos valores encontrados para a associação entre o número de
frutos por cacho e o peso da ráquis, foram estatisticamente significativas,
negativas e elevadas (Tabela 2). Os híbridos TH03-01, 8987-01, 4223-06 e SH32-
63, apresentaram estimativas não-significativas para esta relação. Estes dados
estão de acordo que o observado por Donato et al. (2006) para esta correlação.
A associação número de frutos por cacho e Sigatoka-amarela na emissão
do cacho mostrou-se não-significativa nos genótipos TH03-01, 8987-01, 0323-03,
1304-06, 9179-03 e 4223-06. A mesma relação, apresentou significância, de forma
direta, para os genótipos 4279-06, 1318-01, 8694-20 e SH32-63 (Tabela 2). Para
estes genótipos, a presença do patógeno durante seu ciclo vegetativo, não afetou
na produção de frutos por cacho. No entanto, para o genótipo 0116-01, esta
associação mostrou-se significativa e negativa. Quanto à associação entre número
de frutos por cacho e número folhas vivas na colheita, observaram-se relação,
predominantemente, não-significativa para a maioria dos genótipos (Tabela 2).
Porém, os genótipos 1318-01, 9179-03 e SH32-63, apresentaram relação linear,
significativa e positiva para a correlação entre estes caracteres, demonstrando
que, o número de frutos por cacho, tende a aumentar quanto maior for o número
de folhas vivas na colheita (LIMA NETO et al., 2003). Observou-se relação linear
de alta magnitude, significativa e negativa, para a associação entre número de
frutos por cacho e Sigatoka-amarela na colheita, para os genótipos 4279-06, 0323-
03, 1318-01 e 8694-20 (Tabela 2). O genótipo SH32-63 apresentou relação linear,
significativa e positiva para esta associação, implicando que a sigatoka-amarela na
colheita do cacho, não influenciou no número de frutos deste genótipo.
Apesar da sigatoka-amarela afetar a eficiência da folha em realizar a
fotossíntese, a produção de frutos depende não só deste fator, mas principalmente
do número de folhas. Segundo Soto Ballestero (1992), a plantas de bananeira
necessita, no mínimo, de oito folhas para a boa formação do cacho. Lima et al.,
(2005), afirma que o enchimento do fruto está diretamente correlacionado com o
número de folhas na colheita.
As associações entre número de frutos por cacho e número de dias da
emissão do cacho à colheita foram, em sua maioria, negativas e não-significativas.
Correlações significativas e negativas, de alta magnitude, ocorreram nos genótipos
1318-01, 1304-06 e SH32-63, confirmando os resultados de Donato et al. (2006),
para esta relação.
No comprimento do engaço, observou-se a predominância de estimativas
não-significativas, quando este caráter está relacionado ao número de frutos
(Tabela 3). Resultados semelhantes foram observados por Fernandez Caldas et
al. (1977), Lima Neto et al. (2003) e Donato et al. (2006). Estimativas significativas,
positivas e de média magnitude, para esta associação, foram observados nos
genótipos 4279-06, 0116-01 e 1304-06.
Estimativas significativas, de alta magnitude e negativa foram observadas
para a associação entre número de frutos por cacho e diâmetro do engaço (Tabela
3), confirmando os resultados de Lima Neto et al. (2003). Por outro lado, os
híbridos TH03-01, 8987-01 e 4223-06, apresentaram estimativas não-significativa,
para esta associação.
A associação entre mero de frutos e peso da segunda penca foram,
predominantemente, significativas, de alta magnitude e negativa, para a maioria
dos genótipos, o que significa que o número de frutos variou de forma inversa ao
peso da segunda penca (Tabela 3). Estimativas não-significativas, para esta
relação, foram observadas nos genótipos TH03-01, 1304-06, 4223-06 e SH32-63.
Semelhante aos resultados observados em vários trabalhos (LOSSOIS,
1963; HOLDER e CUMBS, 1982; LIMA NETO et al., 2003 e DONATO et al., 2006),
a associação entre o número de frutos por cacho e o número de pencas,
apresentou-se relação linear, positiva e de alta magnitude para a maioria dos
genótipos (Tabela 3). Por outro lado, o híbrido 1304-06, apresentou correlação
linear negativa para esta associação, fato este, está relacionado à natureza
genética da planta.
A relação entre o número de frutos por cacho e a fragilidade do pedicelo,
apresentou predominância de estimativas positiva e altas. Neste caso, a
fragilidade ao despencamento dos frutos, estaria relacionada de forma direta com
o número de frutos para a maioria dos genótipos (Tabela 3). o híbrido 1304-06,
apresentou correlação negativa e significativa para esta associação, e os
genótipos TH03-01, 8987-01 e 4223-06, apresentaram relação não-significativas
para esta, associação.
A correlação entre o número de frutos por cacho e o comprimento do fruto,
revelou associações positivas, de alta magnitude para os genótipos 4279-06,
0323-03, 1318-01, 0116-01, 8694-20, 9179-03 e SH32-63 (Tabela 3). Resultados
semelhantes foram observados por Pádua (1978) e Siqueira (1984). os
genótipos TH03-01, 8987-01, 1304-06 e 4223-06, apresentaram estimativas não-
significativas para esta relação.
A relação entre o número de frutos por cacho e o diâmetro do fruto,
apresentou estimativas, significativas, de alta magnitude, embora, negativas, para
a maioria dos genótipos (Tabela 3). O híbrido 1304-06, apresentou relação
significativa e positiva para esta associação, e os genótipos TH03-01, 8987-01,
4223-06 e SH32-63, apresentaram valores não-significativo.
O comprimento do pedicelo mostrou menor relação com o número de
frutos por cacho, que o diâmetro do pedicelo. Isso pode ser observado nas
estimativas de ambos os caracteres, em que no comprimento do pedicelo
apresentou predominância de valores não-significativos, e o diâmetro, de
estimativas significativas, embora, negativa (Tabela 3).
Os genótipos 4279-06, 0116-01, 8694-20 e SH32-63, apresentaram
estimativas significativas para a associação entre número de frutos por cacho e
presença de sementes. Entretanto, o híbrido 0116-01, apresentou valor negativo
para esta associação. Os demais genótipos apresentaram estimativas não-
significativas para esta associação (Tabela 3).
CONCLUSÀO
As correlações entre o número de frutos e os demais caracteres estudados,
variaram entre os genótipos. As associações entre o número de frutos e os
caracteres vegetativos da planta, foram, de forma geral, não-significativas. As
relações entre o número de frutos por cacho e os caracteres produtivos e do
cacho, foram predominantemente, significativas.
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CAPÍTULO 3
SELEÇÃO SIMULTÂNEA DE CARACTERES MÚLTIPLOS COM BASE NO
ÍNDICE DE SELEÇÃO EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) DE BANANEIRA
1
1
Artigo a ser submetido a comitê editorial do periódico científico Ciência e
Agrotecnologia.
SELEÇÃO SIMULTÂNEA DE CARACTERES MÚLTIPLOS COM BASE NO
ÍNDICE DE SELEÇÃO EM HÍBRIDOS DIPLÓIDES (AA) DE BANANEIRA
Resumo Objetivou-se avaliar metodologias de índice de seleção não-
paramétrico, para classificar híbridos diplóides (AA) de bananeira. No
experimento, conduzido na Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, estudaram-
se 11 diplóides de bananeira, no delineamento de blocos casualizados com
quatro repetições. Avaliou-se a altura de planta, o diâmetro do pseudocaule,
número de filhos na floração, número de folhas na floração, ciclo da planta do
plantio à emissão do cacho, presença de pólen, número de pencas, número de
frutos, comprimento do fruto e resistência à sigatoka amarela. Após a análise de
variância as médias foram submetidas ao teste de Scott & Knott e aos índices:
multiplicativo, soma de postos e a distância genótipo-ideótipo. O brido SH32-63
apresentou caracteres favoráveis, que o classificaram como primeiro nos índices
multiplicativo e de soma de postos. O híbrido 1318-01 (segundo na classificação
de ambos os índices), apresenta a maior nota quanto à infecção por sigatoka,
sendo este um fator limitante para a utilização dos índices. O híbrido 8694-20 foi o
mais próximo do ideótipo na classificação geral, porém, sua nota de infecção da
doença (sigatoka amarela) é alta. Os índices multiplicativo e de soma de postos
são adequados para a classificação de híbridos diplóides de bananeira.
Palavras-chave: Musa spp, variabilidade, índice de seleção.
SIMULTANEOUS SELCTION OF MULTIPLE CHARACTERISTICS BASED IN
SELECTION INDICES IN (AA) BANANA DIPLOID HYBRIDS
Abstract The objective of the present work was to evaluate non-parametric
selection indices methodologies in order to classify (AA) banana diploid hybrids. In
the experiment, carried out at Embrapa Cassava and Tropical Fruits, 11 banana
diploids were studied in randomized block design with four repetitions. The
following characteristics were evaluated: plant height, pseudostem diameter,
number of suckers at flowering, number of leaves at flowering, plant cycle from
planting to emission of bunch, presence of pollen, number of hands, number of
fruits, fruit length and yellow-sigatoka resistance. After the analysis of variance the
averages were submitted to the Scott & Knott test and to the following indices:
multiplicative, classification of sum and ideotype-genotype. The SH32-63 hybrid
presented favorable characteristics which classified it as first in the multiplicative
indices and classification of sum. The 1318-01 hybrid (second in the classification
for both indices), presents the greatest score regarding sigatoka infection,
whereas this factor is considered limiting for using the indices. The 8694-20
hybrid was the closest to the ideotype in the general classification, however, its
score for disease infection (yellow-sigatoka) is high. The multiplicative indices and
classification of sum were adequate for classifying the banana diploid hybrids.
Key words: Musa spp, variability, selection indices.
INTRODUÇÃO
O melhoramento genético da bananeira no Brasil vem proporcionando o
surgimento de novas variedades que são resistentes às doenças, apresentam boa
produtividade e aceitação pelos consumidores. Esses genótipos são tetraplóides
(AAAB), oriundos de cruzamentos entre variedades comerciais (triplóides - AAB) e
diplóides (AA) (SILVA et al., 2002).
A importância dos diplóides (AA) de bananeira resulta da presença de
características favoráveis de interesse agronômico, como resistência a doenças.
Todavia, os acessos disponíveis, sejam selvagens ou melhoradas, em geral
apresentam deficiências, como falta de partenocarpia, poucas pencas, dedos
demasiadamente pequenos, suscetibilidade a uma ou outra doença, e porte muito
elevado (SHEPHERD et al., 1992). Diante disso, faz-se necessário a seleção de
genótipos diplóides com características favoráveis para o maior número de
caracteres da planta.
Os grandes centros de pesquisa em bananeira no mundo baseiam-se no
melhoramento da classe de diplóides (AA), uma vez que os triplóides apresentam
limitações de esterilidade (ROWER, 1999). Porém, os critérios de seleção podem
resultar em perdas de materiais que à primeira vista são inferiores, no entanto,
podem apresentar características importantes do ponto de vista do melhoramento.
Diante de tal dificuldade, pesquisadores desenvolveram metodologias
alternativas que permitem a obtenção de ganhos favoráveis, analisando
simultaneamente vários caracteres. Nos programas de melhoramento genético,
geralmente, avaliam-se diversas características com a finalidade de praticar
seleção para todas elas simultaneamente. Entre os métodos de seleção que o
reconhecidamente apropriados para seleção simultânea de dois ou mais
caracteres estão à seleção independente, a seleção em tandem e a utilização de
índices.
A seleção em tandem é utilizada para selecionar genótipos superiores de
bananeira. Neste método, toma-se como base uma característica, melhorando-a
até atingir níveis satisfatórios. Esse processo se repete para outras características
em outras gerações. Contudo, selecionar progênies superiores não é fácil, uma
vez que os caracteres de importância, em sua maioria quantitativos, apresentam
comportamento complexo, por serem influenciados pelo ambiente e estarem inter-
relacionados, de tal forma que a seleção de um provoca uma série de mudanças
em outros (CARVALHO,1995; COSTA et al., 2004).
o índice de seleção constitui-se num caráter adicional, estabelecido por
meio da combinação ótima de vários caracteres, que permite efetuar de maneira
eficiente a seleção simultânea de caracteresltiplos (CRUZ e REGAZZI, 2001),
tendo como objetivo, melhorar o valor genotípico da população sob seleção, ou
seja, um conjunto de caracteres favoráveis.
Porém uma das grandes dificuldades para a utilização dos índices de
seleção é a necessidade de se estabelecerem pesos econômicos relativos a cada
caráter (PESEK e BAKER, 1969). Tais índices são chamados de paramétricos.
Para tanto, os índices não-paramétricos, não necessitam de pesos econômicos,
tendo em vista a simples classificação dos genótipos (GARCIA e SOUZA
JUNIOR, 1999).
Elston (1963) propôs um índice multiplicativo que considera todos os
caracteres com o mesmo peso econômico. Tal índice, por não necessitar de
estimativa de parâmetros genéticos, e não pressupor a existência de um valor
genotípico populacional a ser melhorado, adapta-se tanto a programas de seleção
recorrente, como a etapas finais dos programas de melhoramento (GARCIA,
1998).
Mulamba & Mock (1978), propuseram um índice que classifica os
genótipos para cada caráter. Após isso, soma-se o número de ordem que os
genótipos apresentam, em cada caráter. Neste caso, quanto menor o valor da
soma, melhor é o genótipo. Em função de suas propriedades pode ser aplicado
nas etapas finais dos programas de melhoramento.
o índice baseado nas distâncias genótipo-ideótipo, proposta por
Schawarzbach (1972) e apresentada por Wrick e Weber (1986), utiliza-se a
medida das distâncias euclidiana ou de Mahalanobis. Neste índice, mensuram-se
os valores fenotípicos do ideótipo (de acordo com o melhorista). Após isso,
efetuam-se estudos de dissimilaridade. Os genótipos que apresentarem menores
valores na matriz, com relação ao ideótipo, são selecionados.
Portanto, este trabalho objetivou avaliar metodologias de índice de seleção
não-paramétrico, para classificar híbridos diplóides (AA) de bananeira, para
facilitar a seleção e aumentar o aproveitamento da variabilidade existente em
programas de melhoramento da cultura.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no campo experimental da Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das Almas BA. A cidade está situada
a 12°40’19’’ de Latitude Sul e 39°06’22’’ de Longitude Oeste de Greenwich, tendo
220 m de altitude. O clima é tropical quente e úmido, Aw a Am, segundo a
classificação de Köppen, com temperaturas médias anuais de 24,5° C e umidade
relativa de 80 %.
O solo do experimento é um Latossolo amarelo distrófico, bem drenado,
profundo, de textura média e de médios teores de argila. As adubações foram
realizadas a cada seis meses conforme a recomendação de adubação com base
na análise de solo (ALVES e OLIVEIRA., 1999).
Avaliou-se em um ciclo de produção 11 híbridos diplóides (AA) de
bananeira (4279-06, TH03-01, 8987-01, 0323-03, 1318-01, 0116-01, 8694-20,
1304-06, 9179-03, 4223-06, SH32-63). Os genótipos estavam dispostos em
blocos casualizados com quatro repetições. Cada parcela útil constituía-se de seis
plantas, espaçadas 2,5 m na linha e 2,5 m na entrelinha. Tendo como bordadura
externa a cultivar Pacovan.
Avaliaram-se durante o primeiro ciclo da cultura, os seguintes caracteres:
altura de plantas (ALT - m); diâmetro do pseudocaule (DPC - cm); número de
filhos na floração (NFI); número de folhas na floração (NFF); ciclo da planta do
plantio a emissão (CPE dias); presença de pólen (POL); número de pencas
(NPE); número de frutos (NFR); comprimento do fruto (CMF - cm); e nota para a
incidência de sigatoka amarela (SAM).
Com o término das avaliações, os dados foram tabulados e submetidos à
análise de variância e ao teste de Scott & Knott (1974) a 5 % de probabilidade,
por meio do programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). Em seguida, as
médias foram submetidas aos seguintes índices:
a) Índice multiplicativo (ELSTON, 1963):
=
==
n
i
nniim
kpkpkpkpLog
1
2211
))...()(()(I
, em que:
I
m
= índice de Elston;
p
i
= valor fenotípico do caráter;
k
i
= limite inferior do caráter:
1n
i)(maxp'i)n(minp'
ki
=
, onde:
n = número de genótipos.
b) Índice de soma de postos (MULAMBA & MOCK, 1978):
=
ijj
nI
, em que:
I
j
= índice para o genótipo j;
n
ij
= número de classificação da variável i para o genótipo j.
c) Índice da distância genótipo–ideótipo:
=
=
n
i
IjjI
ZD
1
)(
, em que:
D
iI
= distância euclidiana do genótipo i ao genótipo ideal I;
j
Ijij
Ij
xx
Z
σ
=
, onde:
Z
Ij
= observação estandardizada do caráter j ao ideótipo I;
x
I
= valor fenotípico do ideótipo I para o caráter j;
x
i
= valor fenotípico do genótipo i, para o caráter j;
j
σ
= variância do caráter j.
O ideótipo foi mensurado com base em características impostas como
critério de seleção definidos por: altura de plantas = 2,50 m; diâmetro do
pseudocaule = 15,0 cm; número de filhos = 3,0; número de folhas na floração =
10; ciclo do plantio a emergência = 270 dias; nota atribuída a presença de pólen =
4; número de pencas = 6; número de frutos = 100, e nota de sigatoka amarela =
1.
Para os índices multiplicativo e da distância genótipo–ideótipo, houve a
necessidade de calcular os valores recíprocos dos caracteres de altura de plantas
2
(ALT), ciclo do plantio a emergência (CPE) e resistência a sigatoka amarela, com
base na escala de notas (SAM), pois seus menores valores serem de interesse.
Após a aplicação de todos os passos para cada índice, efetuou-se a
classificação dos genótipos, com base nas recomendações de Garcia (1998) e
Santos (2005), procedendo-se, ainda, estudos de correlação entre os índices,
utilizando-se o programa estatístico SAS versão 9.1 (Sas Institute Inc. 2002
2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em todos os caracteres os tratamentos (híbridos diplóides) apresentaram
diferenças significativas ao nível de 1 % de probabilidade, segundo o teste F,
indicando a existência de variabilidade entre os híbridos, o que é essencial para
se efetuar a seleção de diplóides (AA) superiores (SILVA et al., 2002).
Os coeficientes de variação experimental foram os seguintes: 4,72 %
(ALT); 5,05 % (DPC); 21,73 % (NFI); 10,68 % (NF); 8,08 % (CPE); 17,15 %
(POL); 8,16 % (NPE); 9,86 % (NFR); 9,92 % (CMF) e 14,86 % (SAM). Valores de
coeficientes de variação semelhantes foram encontrados por Donato (2003),
trabalhando com 13 genótipos de bananeira em Guanambi – BA.
No calculo do índice multiplicativo de Elston (1963), todos os passos para o
seu calculo foram seguidos, conforme Garcia (1998) e Granate et al. (2002). Este
índice não requer a obtenção de estimativas de parâmetros genéticos e nem
supõe a existência de um valor genotípico populacional a ser melhorado. Fato
este, que permitiu a sua aplicação com a finalidade de classificar os híbridos
diplóides, em que o genótipo superior na classificação, apresenta o maior valor no
índice.
Com o emprego desse índice, os valores de I
m
são as únicas informações
que o melhorista terá a disposição para classificar os genótipos, impossibilitando
estudar o que ocorreu com cada caráter individualmente. Seguindo sugestões de
Garcia (1998), os valores dos índices foram agrupados aos dados originais
(Tabela 1), permitindo visualizar o que realmente ocorreu.
Examinando a classificação dos indivíduos com base no índice, observa-se
que os cinco primeiros genótipos (SH32-63, 1318-01, 0116-01, 1304-06 e 8694-
20) apresentaram valores elevados de k
i
- p
i
na maioria dos caracteres
estudados. Por exemplo, o híbrido de Honduras (SH32-63), primeiro de acordo
com o índice, obteve classificações de 1°, 5°, 10°, 1°, 1°, 1°, e para as
variáveis de diâmetro do pseudocaule (DPC), número de folhas (NF), ciclo do
plantio à emissão do cacho (CPE), presença de pólen (POL), número de pencas
(NPE), número de frutos (NFR), comprimento do fruto (CMF) e resistência à
sigatoka amarela de acordo com a escala de nota (SAM), respectivamente
(Tabela 1). Nota-se que para os caracteres de grande importância no
melhoramento da cultura (Resistência a sigatoka amarela, número de pencas e
número de frutos), este híbrido apresentou classificação superior aos demais,
como pode ser observado nos dados originais (Tabela 1). Na prática,
Classificações de k
i
- p
i
semelhantes ao híbrido anterior, foram obtidos
pelo genótipo 1318-01, segundo na classificação do índice multiplicativo. No
entanto, este genótipo apresentou a maior nota para o caráter resistência a
sigatoka amarela, sendo este um fator limitante ao uso do índice.
Ao observamos o caráter altura de plantas (ALT), verifica-se que o primeiro
na classificação dek
i
- p
i
foi o híbrido 8694-20 (1,09), seguido do genótipo 8987-
01, conforme a Tabela 1. Na classificação do índice, estes genótipos obtiveram a
quinta e sexta colocação, respectivamente. O primeiro na classificação do índice,
obteve a 10° colocação para o caráter altura de plantas, embora seja uma
característica relevante para o melhoramento, apresenta menor importância que
resistência a doenças e produtividade.
Garcia & Souza Júnior (1999), afirmaram que haveria a necessidade de
ponderação por pesos neste índice, para que as características tivessem pesos
diferentes, de acordo com sua importância. Granate et al. (2002), trabalhando
com predição de ganhos genéticos utilizando diferentes índices de seleção, em
milho pipoca CMS-43, concluram que o índice multiplicativo estimou ganhos
semelhantes aos índices propostos por Pesek & Baker (1969), e Smith (1936) e
Hazel (1943).
Garcia (1998), afirma que outro ponto a ser levado em consideração são as
reais diferenças entre as médias de cada variável, que o índice não prevê a
realização de testes de comparações múltiplas, ou seja, as diferenças entre as
médias observadas nos fenótipos em cada variável, podem não ser
estatisticamente significativas e, usando o índice diretamente sobre elas, pode-se
ocorrer o erro de considerar como diferentes médias que, na verdade, são
estatisticamente iguais. Tal fato poderia ocasionar em interpretação de
resultados em processos de seleção de cultivares.
Porém, este trabalho não tem como finalidade a seleção de cultivares para
lançamento comercial (fase final de programas de melhoramento genético),
assim, a adoção de testes de agrupamento de médias não é um problema crucial,
uma vez que os genótipos relacionados serão cruzados entre si ou com outros
genótipos, para a obtenção de uma população com o maior número de caracteres
favoráveis.
O índice proposto por Mulamba & Mock (1978), foi obtido somando-se
todos os valores de classificação para cada caráter de cada genótipo. Para
facilitar a interpretação dos resultados, optou-se por apresentar os dados originais
juntamente com a classificação do genótipo em cada caráter.
A utilização deste índice é simples, não necessitando sequer ajustar as
unidades das variáveis, como no caso do índice multiplicativo. Como não são
usados valores fenotípicos diretamente e sim um número associado a cada um
deles, é evidente que a variância é a mesma para todas as variáveis, evitando a
transformação (GARCIA, 1998).
Semelhante ao índice de Elston (1963), este não requer pesos econômicos
que diferenciariam os caracteres de maior importância dos demais. Neste caso, o
genótipo que obtiver o menor valor no índice é o superior.
Pode-se observar que o híbrido SH32-63, que apresentou a melhor
classificação para resistência à sigatoka amarela com base em seu valor
fenotípico, foi o mesmo que apresentou maior número de frutos (1°), maior
número de pencas (1°), maior quantidade de pólen presente (1°) e o maior
diâmetro de pseudocaule (1°). Tais caracteres influenciaram de forma decisiva na
classificação de I
j
desse híbrido (Tabela 2), sendo esta classificação igual ao
resultado obtido no índice multiplicativo.
Por outro lado, este mesmo genótipo apresentou classificação inferior a
outros para os caracteres altura de plantas (10°), número de filhos na floração
(8°), número de folhas na floração (6°) e ciclo do plantio à emissão do cacho
(10°), como pode ser visto na Tabela 2. No entanto, tais características são
menos importantes quando comparadas com produtividade e resistência a
doenças.
Segundo Garcia (1998), o desconhecimento das reais diferenças entre as
médias, pode levar a interpretações errôneas na seleção de cultivares. Porém,
essas diferenças não são relevantes, uma vez que estes genótipos serão
cruzados entre si ou com outros genótipos.
O genótipo 1318-01, segundo na classificação do índice, obteve a 11°
classificação para o caráter resistência à sigatoka amarela, porém esse genótipo,
por apresentar porte médio, ter acima de dez folhas, ciclo curto e comprimento de
fruto acima de 10 cm, poderia ser utilizado em programas de obtenção de
cultivares de bananeira, uma vez que ele seria cruzado com outros genótipos.
Para o lculo da distância do genótipo ao ideótipo, foi utilizado o índice
das distâncias, proposta por Schwarzbach (1972), citado por Wricke & Weber
(1986). Foram calculadas as distâncias euclidianas entre o genótipo i e o genótipo
ideal I. Semelhante aos demais índices, não se utilizou pesos atribuídos a
qualquer caráter, embora isso seja possível neste índice, o que é uma vantagem
sobre o índice multiplicativo e de soma de classificação (GARCIA, 1998).
Conforme o resultado de D
Ii
, observou-se que o genótipo 8694-20 foi o
mais próximo do ideótipo (Tabela 3), contrariando os resultados obtidos nos
demais índices. Isso ocorreu devido à maior proximidade dos caracteres de altura
de plantas, número de filhos na floração, número de folhas na floração, ciclo do
plantio a emissão do cacho, número de pencas, número de frutos e comprimento
dos frutos, com os caracteres atribuídos ao genótipo ideal, comparação a qual,
não ocorre no cálculo dos demais índices.
Porém, quando se observa o caráter resistência à sigatoka-amarela (de
grande interesse para o melhoramento), nota-se que os híbridos que
apresentaram os melhores valores fenotípicos para a variável, foram classificados
com base no D
Ii
em 10° (nota = 2,04), (nota = 2,05), (nota = 3,00) e (nota
= 3,04), genótipos SH32-63, 4223-06, 8987-01 e 4279-06, respectivamente. A
falta de pesos que ponderem os caracteres de importância econômica e no
melhoramento pode ocasionar em problemas semelhantes, como os observados
por Garcia (1998).
Como menciona Carvalho (1995) e Costa et al. (2004), selecionar
progênies para uma característica, pode resultar em modificações indesejáveis
em outras. Tais fatos, além de estarem ligados a natureza genética da planta,
estão sendo fortemente influenciados pelo ambiente, sendo assim, a seleção de
um caráter modifica outro. Porém, a grande vantagem do índice é classificar
genótipos com base em muitos caracteres, no entanto, tais resultados, no
processo final dos programas de melhoramento (selecionar e recomendar plantas
superiores), podem não ser os esperados pelo melhorista. Por outro lado, sua
utilização para a seleção de genótipos com potencial para cruzamento com outros
genótipos, como é o caso deste trabalho, poderia contribuir com o aumento de
híbridos, com maior número de características agronômicas favoráveis.
Observando as estimativas de correlações entre os índices, verifica-se
haver uma associação alta, porém negativa, entre os índices multiplicativo e o de
soma de classificação, com r = -0,8743**. O índice baseado nas distâncias, não
apresentou relação linear significativa com os demais índices.
O fato dos índices multiplicativo e de soma de classificação apresentar
correlação alta está no fato que os genótipos, em ambos os índices, obtiveram
classificações semelhante, e negativa porque o índice multiplicativo toma os
maiores valores e o índice de soma de classificação, os menores valores.
CONCLUSÕES
Os índices multiplicativo de Elston (1963) e de soma de classificação de
Mulamba & Mock (1978), foram de grande eficiência na classificação de bridos
diplóides de bananeira.
O índice da distância genótipo-ideótipo apresenta limitação quanto à
seleção de híbridos diplóides de bananeira, no entanto, por permitir a ponderação
por pesos atribuídos aos caracteres, tal deficiência poderia ser sanada.
O híbrido SH32-63, por apresentar o maior número de caracteres
favoráveis, apresenta a melhor classificação segundo o índice multiplicativo e de
soma de classificação.
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CAPÍTULO 4
DESEMPENHO FISIOLÓGICO DE CULTIVARES DE BANANEIRA DURANTE A
FASE DE CRESCIMENTO INICIAL
1
1
Artigo ajustado e submetido ao comitê editorial do periódico científico Magistra.
DESEMPENHO FISIOLÓGICO DE CULTIVARES DE BANANEIRA DURANTE A
FASE DE CRESCIMENTO INICAL
Resumo Com a finalidade de avaliar o crescimento de mudas de bananeira das
cultivares Prata Anã, Grande Naine e Terrinha, instalou-se um experimento no
viveiro de produção de mudas da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, no
delineamento inteiramente casualizado com três tratamentos e cinco repetições.
Foram avaliadas aos 30, 60, 90, 120 e 150 dias após o transplantio, as seguintes
características: altura de plantas, diâmetro do pseudocaule, número de folhas,
área foliar, massa seca das folhas, massa seca do pseudocaule, massa seca da
raiz, taxa de crescimento absoluto, taxa de crescimento relativo, taxa assimilatória
líquida e razão de área foliar. A cultivar Terrinha, devido à maior sensibilidade da
plantas às condições do experimento, apresentou desempenho inferior às demais.
A cultivar Grande Naine apresenta maior velocidade de crescimento inicial, com
maior acúmulo de massa seca total (35,11g) que a Prata Anã (28,54g) aos 150
dias após o transplantio. Os índices fisiológicos de crescimento constituem
ferramentas apropriadas para identificar e comparar o desenvolvimento vegetal
das diferentes cultivares.
Palavras-chave: Musa spp, análise de crescimento, desenvolvimento.
PHYSIOLOGICAL PERFORMANCE OF BANANA CULTIVARS DURING
INITIAL GROWTH PHASE
Abstract With the objective of evaluating banana plantlets from the Prata Anã,
Grande Naine and Terrinha cultivars an experiment was carried out in the plantlet
nursery at Embrapa Cassava and Tropical Fruits in complete random design with
three treatments and five replications. The following characteristics were
evaluated 30, 60 90, 120 and 150 days after planting: Plant height, pseudostem
diameter, number of leaves, leaf area, leaf dry matter, pseudostem dry matter, root
dry matter, absolute growth ratio, relative growth ratio, net assimilation and leaf
area ratio. The Terrinha cultivar presented lower performance when compared to
the other cultivars due to its greater sensitivity in regard to experimental
conditions. The Grande Naine cultivar presented greater initial growth speed with
greater total dry matter accumulation (35.11g) compared to Prata Anã (28.54g) at
150 after planting. The physiological growth indexes are considered as adequate
tools for the identification and comparison of plant performance of different
cultivars.
Key words: Musa spp, growth analysis, development.
INTRODUÇÃO
O Brasil, atualmente, ocupa a posição de segundo maior produtor mundial
de banana (6,7 milhões de toneladas em 2005), perdendo apenas para a Índia,
maior produtor mundial, com 16,8 milhões de toneladas em 2005 (FAO, 2006).
Embora seja uma cultura de grande expressão no mundo, a bananeira
apresenta poucos estudos sobre sua fenologia; assim trabalhos que visem à
caracterização das diferentes fases de desenvolvimento da planta, poderão
contribuir para o melhor conhecimento da fruteira. Uma das ferramentas bastante
utilizadas por fisiologistas de plantas para estudar o seu desenvolvimento são as
medidas de análise de crescimento, sendo esta uma resultante das interações da
planta com o ambiente (PEIXOTO et al., 2002).
A partir das medidas de análise de crescimento (massa seca dos órgãos
constituintes da planta), podem-se obter índices sobre o desempenho fisiológico
do vegetal a intervalos regulares, sem a necessidade de laboratórios e/ou
equipamentos sofisticados (PEIXOTO, 1998; BENINCASA, 2003; LIMA, 2006).
Esses índices fisiológicos envolvidos e determinados na análise de
crescimento indicam a capacidade de o sistema assimilatório (fonte) das plantas
em sintetizar e alocar a matéria orgânica nos diversos órgãos (drenos) que
dependem da fotossíntese, respiração e translocação de fotoassimilados dos
sítios de fixação aos locais de utilização ou de armazenamento (FONTES et al.,
2005). Portanto, a análise de crescimento, juntamente com os índices fisiológicos,
expressa as condições morfofisiológicas da planta e quantifica a produção líquida,
derivada do processo fotossintético. Esse desempenho é influenciado pelos
fatores bióticos e abióticos (LARCHER, 1995).
Do ponto de vista agronômico, a análise de crescimento e
conseqüentemente, os índices fisiológicos, atendem aos interessados em
conhecer diferenças funcionais e estruturais entre cultivares de uma mesma
espécie, de forma a selecioná-las para melhor atender aos objetivos ou mesmo
utilizar este estudo no processo de seleção de cultivares sob diferentes condições
ambientais e de condições de cultivo (HUNT, 1990; PEIXOTO, 1998).
Com o objetivo de disponibilizar informações que possibilitem a
comparação com outros materiais, contribuindo em programas de melhoramento
da cultura, este trabalho avaliou o crescimento e o comportamento fisiológicos de
diferentes cultivares de bananeira, por meio de índices que quantificam o
desenvolvimento cultura, durante a fase inicial de crescimento em viveiro.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no viveiro de produção de mudas da Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, em Cruz das AlmasBahia, no período de Maio
a Outubro de 2006.
Foram utilizadas mudas de três genótipos de bananeira, advindas da
aclimatação, Prata Anã (AAB), Grande Naine (AAA) e Terrinha (AAB). As mudas
foram postas em sacos de polietileno de dimensões 30 cm x 25 cm, contendo
terra vegetal.
Os genótipos foram dispostos em três parcelas, cada uma com 25 plantas.
As plantas foram avaliadas em cinco fases de desenvolvimento (30, 60, 90, 120 e
150 dias após o transplantio). Foi adotado o delineamento inteiramente
casualizado com três tratamentos e cinco repetições, no esquema de parcelas
subdivididas no tempo.
Em cada fase de desenvolvimento realizaram-se análises destrutivas das
plantas, nas quais avaliou-se a altura de planta (cm), o diâmetro do pseudocaule
(mm), o número de folhas, a área foliar (dm
2
, por meio da massa seca de 10
discos), a massa seca das folhas (g), do pseudocaule (g) e da raiz (g). Com base
na área foliar e no acúmulo de matéria seca, foram determinados os seguintes
índices fisiológicos:
a) taxa de crescimento absoluto (TCA): , em
que
a diferença entre W
2
e W
1
, a variação da massa seca total entre dois períodos e a
diferença entre T
2
e T
1
, a variação de tempo entre dois períodos;
= g dia
-1
12
12
TT
WW
TCA
=
b) taxa de crescimento relativo (TCR): , em
que
a diferença entre LnW
2
e LnW
1
, a variação do logaritmo neperiano da massa seca
entre dois períodos e T
1
e T
2
a variação de tempo entre os períodos;
c) razão de área foliar (RAF): , em que L é a área
foliar e
W, a massa seca total da planta;
d) taxa assimilatória líquida (TAL): ,
em
que a diferença entre LnL
2
e LnL
1
é a variação do logaritmo neperiano da área
foliar entre dois períodos; a diferença entre W
2
e W
1
, a variação da massa seca
entre dois períodos e a diferença entre T
2
e T
1
,
a variação de tempo entre os
períodos.
Os dados foram tabulados e submetidos à análise de variância, utilizando o
programa estatístico SAS, versão 9.1 (SAS INSTITUTE INC. 2002 - 2003). As
médias das cultivares foram comparadas por meio do teste de tukey a 5% de
probabilidade, e para as médias das fases de desenvolvimento foram ajustadas
equações de regressão linear. Quando a interação foi significativa, procedeu-se o
desdobramento das cultivares em função do tempo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados da análise de variância para as variáveis estudadas o
apresentados na Tabela 1. A interação cultivares x época, foi significativa a 1%,
segundo o teste F, para as características de altura de planta (ALT), diâmetro do
pseudocaule (DPC), área foliar (AF), massa seca das folhas (MSF), massa seca
do pseudocaule (MSP) e massa seca total (MST), e não significativas para o
número de folhas (NF), e a massa seca da raiz (MSR).
A média das cultivares não diferiram estatisticamente (P > 0,05) para as
variáveis altura de planta, diâmetro do pseudocaule, número de folhas, massa
= g g
-1
dia
-1
12
12
TT
LnwLnw
TCR
=
= dm
2
g
-1
W
L
RAF
=
= g dm
2
dia
-1
)()(
)()(
1212
1212
TTxLL
LnLLnLxWW
TAL
=
seca do pseudocaule e massa seca da raiz. No entanto, as cultivares diferiram ao
nível de 5 % de probabilidade, para área foliar e massa seca das folhas e total.
Isso mostra que inicialmente os genótipos apresentaram crescimento similar,
diferenciando-se no decorrer do tempo.
A amplitude do coeficiente de variação (CV) foi de 11,87 % (ALT) a 44,92
% (MSP), como pode ser visto na Tabela 1. Neves et al. (2002), realizando
medidas de crescimento em diplóides de bananeira, observou CV variando entre
31,19% (altura de plantas) a 3,82 % (peso seco da raiz). Lima (2006), realizando
medidas de crescimento em dois genótipos de mamão (Golden e Tainung n. 1),
encontrou CV variando entre 18,42 % (diâmetro do caule) a 108,24 % (massa
seca da raiz). Resultados semelhantes foram encontrados Peixoto (1998), Alves
et al. (2003) e Gonçalves (2004), trabalhando com soja, plantas de aguapé
(Eichhornia crassipes) e amendoim, respectivamente.
Na Figura 1 (A, B, C, D, E, F, G e H), encontram-se dados relacionados
respectivamente à altura de planta (ALT), diâmetro do pseudocaule (DPC), área
foliar (AF), mero de folhas (NF), massa seca das folhas (MSF), massa seca do
pseudocaule (MSP), massa seca da raiz (MSR) e massa seca total (MST), de
mudas de bananeira, das cultivares Prata Anã (AAB), Grande Naine (AAA) e
Terrinha (AAB).
As curvas foram estimadas de acordo com a equação que melhor explicou
a variação existente entre as características, em função dos dias após o
transplantio. Na Tabela 2, encontram-se as equações de regressão.
Em relação às variáveis altura de plantas (Figura 1 A) e diâmetro do
pseudocaule (Figura 1B), o crescimento é exponencial para as cultivares Prata
Anã e Grande Naine, sendo as curvas bastante semelhantes. A cultivar Terrinha,
em ambos os caracteres, apresenta um crescimento inicial praticamente
constante, até os 60 dias, decaindo a partir de então. Uma das possíveis causas
desse decréscimo seria a maior sensibilidade das mudas ao transplantio,
refletindo-se nas demais variáveis estudadas, conforme mostra a Figura 1.
Quanto à área foliar, a sua determinação serve de base para estimação de
diversos índices fisiológicos, observou-se que as cultivares Prata Anã e Grande
Naine, mostraram um aumento contínuo no crescimento (Figura 1C). No entanto,
esta apresentou um incremento de 28,9 % na área foliar, em relação àquela.
Neste caso, nota-se um crescimento exponencial lento aos 90 dias após o
transplantio (DAT), semelhante ao que ocorreu no acúmulo de massa seca,
apresentando maiores diferenças a partir dos 120 dias após o transplantio. Por
outro lado, a cultivar Terrinha apresentou desempenho inferior, mantendo a área
foliar praticamente constante ao longo dos 120 dias após o transplantio. Na Figura
1D, observa-se que o número de folhas foi crescente com o passar do tempo.
As cultivares Prata Anã e Grande Naine, apresentaram acúmulo de massa
seca das folhas, massa seca do pseudocaule, massa seca da raiz e massa seca
total, semelhantes durante todo o período de avaliação, demonstrados na Figura
1 (E, F, G e H). Dados de crescimento semelhantes foram obtidos por Lima
(2006), trabalhando com dois genótipos de mamão. Esse crescimento contínuo é
reflexo do acúmulo de fitomassa durante a fase de desenvolvimento da planta
(PEIXOTO, 1998; HUNT et al., 2002; BENINCASA, 2003).
Figura 1. Curvas polinomiais para as características altura de planta (ALT 1A),
diâmetro do pseudocaule (DPC 1B), área foliar (AF 1C), número de
folhas (NF 1D), massa seca das folhas (MSF 1E), massa seca do
pseudocaule (MSP 1F), massa seca da raiz (MSR 1G) e massa seca
total (MST 1H), em mudas das cultivares de bananeira Prata Anã,
Grande Naine e Terrinha.
DPC
0
5
10
15
20
25
30
35
40
30 60 90 120 150
mm
Prata Anã
Grande Naine
Terrinha
ALT
11
14
17
20
23
26
29
30 60 90 120 150
cm
Prata Anã
Grande Naine
Terrinha
AF
0
5
10
15
20
25
30
35
40
30 60 90 120 150
dm
2
Prata A
Grande Naine
Terrinha
NF
0
3
6
9
12
30 60 90 120 150
NF
MSP
0
5
10
15
20
30 60 90 120 150
g
Prata A
Grande Naine
Terrinha
MST
3
8
13
18
23
28
33
38
30 60 90 120 150
g
Prata A
Grande Naine
Terrinha
MSF
0
3
6
9
12
15
30 60 90 120 150
g
Prata A
Grande Naine
Terrinha
MSR
0
1
2
3
4
5
6
30 60 90 120 150
g
Prata Anã (AAB) Grande Naine (AAA) Terrinha (AAB)
DAT
A
B
C D
E
F
G
H
DAT
= 0,0342x – 0,0726
R
2
= 0,93**
= 0,0005x
2
– 0,0635x + 8,348
R
2
= 0,87**
Tabela 2. Equações de regressão para as características altura de planta (ALT),
diâmetro do pseudocaule (DPC), área foliar (AF), massa seca das folhas
(MSF), massa seca do pseudocaule (MSP), massa seca da raiz (MSR) e
massa seca total (MST), em mudas das cultivares de bananeira Prata
Anã, Grande Naine e Terrinha.
Variável
Equações de Regressão
Prata Anã Grande Naine Terrinha
ALT
y
ˆ
= 0,0003x
2
+ 0,07x + 10,33
R
2
= 0,99**
y
ˆ
= 0,0009x
2
– 0,01x + 11,36
R
2
= 0,97**
y
ˆ
= -0,0009x
2
+ 0,18x + 7,75
R
2
= 0,98**
DAP
y
ˆ
= 0,0006x
2
+ 0,08x + 11,37
R
2
= 0,99**
y
ˆ
= 0,001x
2
– 0,009x + 14,52
R
2
= 0,97**
y
ˆ
= -0,0041x
2
+ 0,57x – 1,96
R
2
= 0,87**
AF
y
ˆ
= 0,0006x
2
+ 0,06x + 1,78
R
2
= 0,89**
y
ˆ
= 0,001x
2
+ 0,08x + 0,84
R
2
= 0,89**
y
ˆ
= -0,0003x
2
+ 0,08x + 1,6
R
2
= 0,94**
MSF
y
ˆ
= 0,0003x
2
+ 0,02x + 0,52
R
2
= 0,99**
y
ˆ
= 0,0006x
2
– 0,01x + 1,32
R
2
= 0,98**
y
ˆ
= -0,0003x
2
+ 0,05x – 0,51
R
2
= 0,86**
MSP
y
ˆ
= 0,0003x
2
+ 0,04x – 0,70
R
2
= 0,99**
y
ˆ
= 0,0008x
2
– 0,003x + 0,42
R
2
= 0,98**
y
ˆ
= -0,0011x
2
+ 0,18x – 4,06
R
2
= 0,65**
MST
y
ˆ
= 0,0009x
2
+ 0,04x + 1,51
R
2
= 0,99**
y
ˆ
= 0,0017x
2
– 0,03x + 3,15
R
2
= 0,97**
y
ˆ
= -0,0007x
2
+ 0,13x – 0,98
R
2
= 0,99**
** Significativo a 1 % de probabilidade pelo teste F.
Na Tabela 3 encontram-se os valores dos quadrados médios (QM),
referentes aos índices fisiológicos taxa de crescimento absoluto (TCA), taxa de
crescimento relativo (TCR), taxa assimilatória líquida (TAL) e razão de área foliar
(RAF), de mudas de duas cultivares de bananeira avaliadas aos 30, 60, 90, 120 e
150 dias após o transplantio (DAT). Neste caso, devido ao baixo desempenho da
cultivar Terrinha, optou-se por comparar apenas as cultivares Prata Anã e Grande
Naine.
Tabela 3. Resumo do quadro da análise de variância para os índices fisiológicos
taxa de crescimento absoluto (TCA), taxa de crescimento relativo
(TCR), taxa assimilatória líquida (TAL) e razão de área foliar (RAF), em
três cultivares de bananeira durante a fase inicial de crescimento.
FV
QM
GL TCA
(g dia
-1
)
TCR
(g g dia
-1
)
TAL
(g dm
2
dia
-1
)
RAF
(dm
2
dia
-1
)
Cultivares 1 0,0209
ns
0,000012
ns
0,000006
ns
0,5342
ns
Erro (a) 8 0,0149 0,000038 0,000048 0,2571
Época 4 0,2038** 0,00107** 0,000852** 0,5467**
Cultivares x Época 4 0,0174
ns
0,000060
ns
0,000033
ns
0,0302
ns
Erro (b) 32 0,0137 0,000066 0,000062 0,071
Média 0,1858 0,01452 0,0136 1,11872
CV (%) 62,98 56,07 57,99 23,82
ns
: não significativo.
** Significativo a 1 %, segundo o teste F.
Nota-se que embora não tenha havido diferença significativa na interação
cultivares x época (Tabela 3), o desenvolvimento das cultivares ao longo do
período estudado, apresentaram ritmo de crescimento diferenciado,
provavelmente devido à constituição genética dos materiais, que apesar de
pertencerem à mesma espécie, apresentam comportamentos distintos (Figura 2).
Inicialmente, ambas cultivares estudadas apresentaram TCA
semelhantes (até 60 DAT), no entanto, no segundo período de crescimento (60 a
90 DAT), a cultivar Prata Anã (0,1581 g dia
-1
) superou em 31,31 % a cultivar
Grande Naine (0,1204 g dia
-1
). Porém no período subseqüente de avaliação (90 a
120 DAT), esta segunda, saltou para 0,4630 g dia
-1
superando em 62,4 % a
cultivar Prata Anã (0,2851 g dia
-1
) (Figura 2 A). A este aumento da cultivar Grande
Naine atribui-se ao porte mais robusto da planta e a sua maior área foliar. A partir
dos 120 dias após o transplantio (DAT), verifica-se um decréscimo na TCA de
ambas as cultivares. O crescimento cumulativo ao longo dos 150 dias de
avaliação foi de 75,14 % e 105,17 %, para as cultivares Prata Anã e Grande
Naine, respectivamente.
Embora a taxa de crescimento absoluto indique a velocidade de
crescimento da planta, para os fisiologistas é mais interessante expressar a taxa
de crescimento, segundo uma base comum, sendo esta, o próprio peso da planta
(PEIXOTO et al., 2002). Para isso estima-se a taxa de crescimento relativo (TCR),
que conceitualmente a análise de crescimento estabelece que a taxa de
crescimento de uma planta ou de qualquer órgão desta é uma função do tamanho
inicial (BENINCASA, 2003). Para Silva et al. (2005), TCR é o aumento em gramas
de fitomassa por unidade de material presente num período de observação.
A cultivar Prata Anã, teve seu ponto de máxima em 0,0271 g g
-1
dia
-1
(60
DAT) decaindo drasticamente para 0,0099 g g
-1
dia
-1
ao longo de 150 dias (Figura
2 B). Dados semelhantes foram obtidos por Lima (2006), trabalhando com dois
genótipos de mamoeiro. Essa diminuição era de se esperar, tendo em vista que
qualquer incremento em peso, altura ou área foliar ao longo de um determinado
período está diretamente relacionado ao tamanho alcançado no período anterior
(PEIXOTO, 1998; BENINCASA, 2003).
Quando se observa a cultivar Grande Naine, nota-se uma variação muito
acentuada ao longo do tempo (Figura 2 B). Aos 60 dias após o transplantio (DAT),
a muda apresenta acúmulo de 0,0265 g g
-1
dia
-1
, decaindo para 0,0123 g g
-1
dia
-1
(90 DAT). Em seguida, apresenta uma elevação para 0,0261 g g
-1
dia
-1
aos 120
dias após o transplantio (DAT), o que representa um aumento de 112,2 % durante
o intervalo de 90 a 120 DAT, decaindo até o final do período de observação para
0,0099 g g
-1
dia
-1
(150 DAT).
Esses dados diferem dos obtidos por Peixoto (1998), Benincasa (2003),
Silva et al. (2005), que observaram uma diminuição na TCR ao longo de todo o
período de crescimento, trabalhando com culturas da soja, sorgo e capim
brachiaria, respectivamente. A bananeira é uma cultura semi-perene, ou seja, de
ciclo mais demorado, havendo períodos nos quais a velocidade de crescimento
de algumas cultivares diminui, de acordo com as condições de cultivo. Essa
variação na TCR pode ser explicada pela TCA, onde no período compreendido
entre 90 e 120 DAT, a ‘Grande Naine’ apresentou um pico de crescimento
exponencial. De 120 a 150 dias, sua velocidade de crescimento diminui e neste
caso, a tendência é acumular menos gramas de massa por grama de matéria
seca ao dia (Figura 2).
Segundo Peixoto (1998), a TCR varia ao longo do ciclo vegetal, pois
depende de dois outros fatores de crescimento: área foliar útil para a fotossíntese
ou razão de área foliar (RAF), e da taxa assimilatória líquida (TAL), que é a taxa
fotossintética bruta, menos a respiração e, neste caso, também a fotorrespiração.
71
Figura 2. Taxa de Crescimento Absoluto (TCA g dia
-1
; A) e taxa de crescimento
relativo (TCR g g dia
-1
; B) de mudas de cv. Prata Anã e cv. Grande
Naine de bananeira.
A taxa assimilatória líquida (TAL) expressa a taxa de fotossíntese líquida
ou a matéria seca produzida por unidade de área foliar por unidade de tempo, ou
o incremento de matéria seca (MS) por unidade de área foliar (AF) existente na
planta, assumindo que tanto a AF como MS, aumentam exponencialmente
(PEIXOTO, 1998; BENINCASA, 2003; SILVA et al., 2005).
Na Figura 3 (A e B), encontram-se, respectivamente, dados referentes à
taxa assimilatória líquida (TAL) e razão de área foliar (RAF) de mudas das
cultivares Prata Anã e Grande Naine. Em ambas as cultivares, a partir dos 60 dias
após o transplantio, quando a planta acelera seu crescimento, aumentando,
inclusive a área foliar, o sombreamento tuo leva a uma diminuição dos níveis
fotossintéticos, diminuindo a TAL aos 90 dias após o transplantio (DAT). Efeitos
semelhantes foram observados por Peixoto (1998), Azevedo Neto et al. (2004),
Lima et al. (2005) e Lima (2006), trabalhando com soja, milho, feijão e mamão,
respectivamente.
A cultivar Prata Anã retoma moderadamente o crescimento da TAL até os
120 dias após o transplantio (DAT), quando volta a cair. cultivar Grande Naine
apresenta aumento exponencial desta taxa até os 120 DAT, também diminuindo
até aos 150 DAT (Figura 3 A). Uma das possíveis explicações para esta variação
pode ser a redução na velocidade de emissão de folhas dessas cultivares,
reduzindo o autossombreamento e aumentando conseqüentemente a
interceptação da radiação luminosa pelas folhas, elevando a taxa fotossintética e
compensando a respiração neste período (BENINCASA, 2003), sendo esta mais
evidente na cultivar Grande Naine.
TCA
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
30 60 90 120 150
DAT
g dia
-1
Prata A Grande Naine
TCR
0
0.005
0.01
0.015
0.02
0.025
0.03
30 60 90 120 150
DAT
g g dia
-1
Prata Anã Grande Naine
A
B
A razão da área foliar (RAF), Figura 3 B, pode ser entendida como a
fração da matéria seca retida e não exportada das folhas para o resto da planta
(PEREZ e FANTI, 1999). Segundo Benincasa (2003), é um componente
morfofisiológico, sendo o quociente entre a área foliar (que responde pela
interceptação luminosa e absorção de CO
2
) e a massa seca total da planta, ou
seja, é a área foliar que está sendo usada pela planta para produzir matéria seca.
Observa-se que em ambas as cultivares, a RAF máxima ocorreu aos 30
DAT, sendo de 1,38 dm
2
g
-1
e 1,40 dm
2
g
-1
, para ‘Prata Anã’ e ‘Grande Naine’,
respectivamente (Figura 3 B), decaindo a partir de então, chegando a 0,83 dm
2
g
-1
(Prata Anã) e 0,95 dm
2
g
-1
(Grande Naine), aos 150 dias após o transplantio
(DAT). Esse declínio ocorre devido ao incremento da área foliar, que provoca o
autossombreamento, enquanto a planta cresce, diminuindo a área
fotossinteticamente ativa, com redução da RAF. Resultados semelhantes foram
obtidos por Peixoto (1998), trabalhando com soja em diversas densidades de
transplantio, Perez e Fanti (1999), com leucena em solos de cerrado e Lima
(2006), com dois genótipos de mamoeiro.
Figura 3. Taxa assimilatória líquida (A g dm
2
dia
-1
) e Razão de área foliar (B
dm
2
g
-1
) de mudas de bananeira, cultivar Prata Anã e Grande Naine.
TAL
-
0.0050
0.0100
0.0150
0.0200
0.0250
30 60 90 120 150
DAP
g.dm
-2
.dia
-1
Prata A Gande Naine
RAF
0
0.5
1
1.5
2
30 60 90 120 150
DAP
dm
2
.g
-1
Prata Anã Grande Naine
A
B
CONCLUSÕES
A cultivar Terrinha (Grupo Terra AAB), devido à maior sensibilidade ao
estresse de transplantio, apresenta crescimento inferior na fase de muda em
viveiro.
A cultivar Grande Naine (Grupo Cavendish AAA) apresenta maior
velocidade de crescimento inicial, com maior acúmulo de massa seca total que a
Prata Anã (Grupo Prata – AAB) aos 150 dias após o transplantio.
Os índices fisiológicos de crescimento (taxa de crescimento absoluto,
taxa de crescimento relativo, taxa assimilatória líquida e razão de área foliar), são
ferramentas eficientes na comparação de diferentes genótipos de bananeira
durante a fase inicial de crescimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Viçosa – MG. v. 21, p.27-35, 2003.
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BENINCASA, M.M.P. Análise de crescimento de plantas (noções básicas).
Jaboticabal. FUNEP. 2003. 42p.
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GONÇALVES, J.A. Arranjo espacial no crescimento e rendimento de
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Dissertação (Mestrado em Ciências Agrárias) Centro de Ciências Agrárias e
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HUNT, R. Basic growth analysis. London: Unwin Hyman, 1990. 112 p.
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LARCHER, W. Physiological plant ecology. New York, Springer-Verlag, 1995,
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NEVES, T.S.; SILVA, S.O.; OLIVEIRA, R.P. Desenvolvimento in vitro de plântulas
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PEIXOTO, C.P. Análise de crescimento de três cultivares de soja em três
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PEIXOTO, C.P.; CAMARA, G.M.S.; MARTINS, M.C.; MARCHIORI, L.F.S. Efeitos
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PEREZ, S.C.J.G; FANTI, S.C. Crescimento e resistência a seca de leucena em
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SILVA, S.O.; ALVES, E.J.; LIMA, M.B.; SILVEIRA, J.R.S. Revisão sobre o
melhoramento genético da bananeira. In: BRUCKNER, C.H. (Org).
Melhoramento de fruteiras tropicais. Viçosa – MG, 2002, v. 1, p. 101 – 157.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação das diversas características nos bridos diplóides (AA),
possibilitou na identificação de grupos com potencial para utilização em
programas de melhoramento da cultura.
Em termos gerais, as correlações entre o número de frutos e os demais
caracteres, foram positivas. Os resultados obtidos com este estudo podem ser de
grande ajuda para o melhorista, na identificação de blocos de ligação gênica em
diplóides, uma vez que alguns caracteres estão fortemente correlacionados a
outros.
Quanto ao índice, sua vantagem é selecionar genótipos, onde o
pesquisador poder incluir quaisquer caracteres ou parâmetros que desejar para
classificar os genótipos. Por não exigirem parâmetros genéticos, os índices não-
paramétricos, podem ser utilizados na classificação de híbridos diplóides (AA) de
bananeira. Os índices multiplicativo de Elston (1963) e o índice de soma de
classificação de Mulamba & Mock (1978), foram eficientes, classificando o
genótipo SH32-63, em primeiro.
Quanto aos índices fisiológicos que medem o crescimento de plantas, sua
utilização possibilitou na comparação do desempenho inicial de plantas de
bananeira, onde, mesmo pertencendo à mesma espécie, apresentam crescimento
diferenciado, tendo, portanto, exigências diferenciadas e em períodos
diferenciados, durante a fase inicial de crescimento.
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