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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA
(Ricinus communis L.) PARA FINS DE MELHORAMENTO
GENÉTICO NO RECÔNCAVO BAIANO
HENRIQUE FORTES BAHIA
CRUZ DAS ALMAS – BAHIA
MAIO – 2007
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AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA
(Ricinus communis L.) PARA FINS DE MELHORAMENTO
GENÉTICO NO RECÔNCAVO BAIANO
HENRIQUE FORTES BAHIA
Engenheiro Agrônomo
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia, 2007.
Dissertação submetida à Câmara de Ensino de Pós-
Graduação e Pesquisa da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia como requisito parcial para
obtenção do Grau de Mestre em Ciências Agrárias,
Área de Concentração: Fitotecnia.
Orientador: Prof
a
. Dr
a
. Simone Alves Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
MESTRADO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CRUZ DAS ALMAS - BAHIA - 2007
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FICHA CATALOGRÁFICA
B151 Bahia, Henrique Fortes
Avaliação e seleção de genótipos de mamoneira (Ricinus
communis L.) / Henrique Fortes Bahia. - Cruz das Almas, BA, 2007.
66 f. : il., tab.
Orientador: Prof. Dra. Simone Alves Silva
Dissertação (Mestrado) Centro de Ciências Agrárias,
Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, 2007.
1. Mamona - cultivares. I.Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia, Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas.
II. Título.
CDD 20ed. 631
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________
Prof
a
. Dr
a
. Simone Alves Silva
Núcleo de Melhoramento Genético e Biotecnologia – NBIO/UFRB
(Orientadora)
_______________________________________
Profª. Drª. Luzimar Gonzaga Fernandez
Laboratório de Estudos em Meio Ambiente – LEMA/UCSal
Universidade Federal da Bahia
_______________________________________
Prof. Dr. Clóvis Pereira Peixoto
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas – UFRB
Dissertação homologada pelo Colegiado de Curso de Mestrado em Ciências
Agrárias em ...................................................................................................................
Conferindo o Grau de Mestre em Ciências Agrárias em ...............................................
A minha família.
A família Machado.
DEDICO
À Nilza Lima Fortes,
minha avó, madrinha,
mãe e muito mais.
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
À minha avozinha, pelo carinho e dedicação durante toda vida.
Aos meus familiares, em especial a minha mãe, Angélica, pelo apoio e
compreensão.
À minha segunda família, Dr. Artur, D. Carminha, Carolina, Daniela, Pedro e
especialmente meu grande amor, Júlia.
À orientadora e amiga, Prof
a
. Simone, pela confiança durante todos os anos em que
trabalhamos juntos.
A todos do NBIO, pela amizade e ajuda nas avaliações.
À família Lemiana, especialmente a Prof
a
. Luzimar, por ter me acolhido de braços
abertos no laboratório.
A UFRB e ao Programa de Pós-Graduação, por proporcionar condições de trabalho.
Aos funcionários Lima, Eliana, Antônio, Humberto, Sida, Til, Nissi e todos os outros
cujo nome o recordo neste momento, mas que de uma forma ou de outra
colaboraram com essa conquista.
A EBDA de Itaberaba e seus pesquisadores, pela liberação das sementes e
orientações para a condução do experimento.
Aos colegas do mestrado, Marcinho, Emanuela, Carolzinha, Luciano, Lauro, os
meninos da UESC e todos os outros.
Um agradecimento especial ao amigo Geógenes, alguém que pude contar sempre e
que muito me ensinou.
Aos novos irmãos Filipe, Danilo, Túlio, Tiago, Marcelo, Michel e João.
A FAPESB, pelo apoio financeiro e pela bolsa de concedida.
Ao BNB, pelo apoio financeiro.
Finalmente, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para realização deste
trabalho.
SUMÁRIO
Página
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO ...........................................................................................
Origem........................................................................................................
Taxonomia..................................................................................................
Ecofisiologia................................................................................................
Morfologia...................................................................................................
O Agronegócio da Mamona........................................................................
A Cadeia Produtiva da Mamona.................................................................
O Melhoramento Genético da Mamona no Brasil.......................................
01
01
02
02
04
07
09
11
CAPÍTULO 1
COMPETIÇÃO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (Ricinus communis
L.) NO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, RECÔNCAVO
BAIANO.......................................................................................................
22
CAPÍTULO 2
DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM CULTIVARES DE MAMONEIRA
(Ricinus communis L.) NAS CONDIÇÕES DE AMBIENTE DO
RECÔNCAVO BAIANO..............................................................................
42
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................
58
AVALIAÇÃO E SELEÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA (Ricinus communis
L.) PARA FINS DE MELHORAMENTO GENÉTICO NO RECÔNCAVO BAIANO
Autor: Henrique Fortes Bahia
Orientadora: Drª. Simone Alves Silva
RESUMO: Ao iniciar um programa de melhoramento de plantas necessidade de
avaliar os recursos genéticos que serão utilizados a fim de selecionar aqueles de
melhor desempenho local e também os mais divergentes. Estes indivíduos quando
utilizados como genitores poderão originar populações como ampla base genética,
de maneira que a seleção poderá atuar, e assim, poderão ser obtidos ganhos
genéticos nos sucessivos ciclos de seleção. Diante do exposto, este trabalho
objetivou avaliar genótipos de mamoneira através de ensaio de competição de
cultivares e do estudo da divergência genética, visando subsidiar o Programa de
Melhoramento Genético da Mamoneira para o Recôncavo Baiano, e desta forma,
contribuir com o Programa de Biodiesel da Bahia Probiodiesel Bahia. As cultivares
utilizadas foram as BRS 149 Nordestina, BRS 188 Paraguaçu, EBDA MPA-17,
Mirante 10 e Sipeal 28. O estudo preliminar constatou que o cultivo da mamoneira é
viável na região, e que a seleção de cultivares de altura média, com maior peso de
frutos e de sementes por racemo é um importante critério para se obter genótipos
mais produtivos. A cultivar Mirante 10 obteve o menor desempenho médio
(467,11kgha
-1
), enquanto a Sipeal 28 apresentou o melhor comportamento na
maioria dos caracteres avaliados, a exemplo do rendimento (1.347,33kgha
-1
). A
estatística multivariada revelou a formação de quatro grupos, ou seja, existência de
divergência genética entre os genótipos, sendo que a cultivar mais divergente,
Mirante-10, não é recomendada para hibridação em virtude do baixo desempenho
apresentado. Combinações promissoras são esperadas entre Sipeal 28 X BRS 188
Paraguaçu e Sipeal 28 X EBDA MPA-17, em virtude da maior dissimilaridade
apresentada e do melhor desempenho médio destes genótipos na região do
Recôncavo Baiano.
Palavras – chave: competição de cultivares, divergência genética, mamona.
GENOTYPES EVALUATION AND SELECTION OF CASTOR BEAN (Ricinus
communis L.) FOR IMPROVEMENT GENETIC OF THE RECÔNCAVO BAIANO
REGION
Author: Henrique Fortes Bahia
Adviser: Drª. Simone Alves Silva
ABSTRACT: When initiating a program of improvement of plants has necessity to
evaluate the genetic resources that will be used in order to select those of better local
behavior and more divergent. These individuals when used as genitors will be able to
originate populations as ample genetic base, thus the selection will be able to act,
and thus, genetic profits in the successive cycles of selection will be gotten. The
objective this work was to evaluate castor bean genotypes, through assay of
competition to be cultivated and of the study of the genetic divergence, aiming at to
subsidize the Program of Genetic Improvement of the Castor bean from Recôncavo
Baiano Region, as well as, to contribute with the Program of Biodiesel from Bahia
Probiodiesel Bahia. The cultivars used was BRS 149 Nordestina, BRS 188
Paraguaçu, EBDA MPA-17, Mirante 10 and Sipeal 28. The preliminary study it
evidenced that the culture of the castor bean is viable in the region, and that the
election to cultivate of average height, with considerable fruits weight and seeds for
raceme is an important criterion to get more productive genotypes. Cultivar Mirante
10 it presented low adaptation (467.11kgha
-1
), while Sipeal 28 got optimum average
performance cultivating evaluated amongst them (1,347.33kgha
-1
). The multivariate
statistics it disclosed the formation of four groups, that is, existence of genetic
divergence between the genotypes. The cultivar more divergent it was the Mirante
10, this is however not recommended for hybridization due to its low performance.
Promising combinations are waited between the Sipeal 28 X BRS 188 Paraguaçu
and Sipeal 28 X EBDA MPA-17, due of the high presented dissimilarities and
optimum average performance of these genotypes in the Recôncavo Baiano Region.
Key words: cultivars competition, genetic divergence, castor bean.
1
INTRODUÇÃO
Origem
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta cuja origem é bastante
discutida, que existem relatos em épocas longínquas do seu cultivo na Ásia e na
África. Além disso, a diversificação de um grande número de variedades da planta,
encontradas tanto no continente africano, como no asiático, impossibilita qualquer
tentativa em se estabelecer uma procedência efetiva (Chierice e Claro Neto, 2001).
Segundo Amorim Neto et al. (2001a) o vegetal tem, possivelmente, a Índia como
centro de origem, entretanto Beltrão et al. (2001) descrevem a planta como de
origem africana, da antiga Abissínia, onde era cultivada desde tempos remotos e
onde suas sementes foram encontradas em urnas funerárias de múmias,
principalmente sacerdotes egípcios, há mais de 4.000 anos, prova da antiguidade da
planta e da veneração desses povos por ela (Rodrigues et al., 2002).
Introduzida no Brasil durante a colonização portuguesa, por ocasião da vinda
dos escravos africanos (Mazzani, 1983; Beltrão, 2004), a mamoneira é encontrada
vegetando desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia (Amorim Neto et al., 2001a),
apresentando inúmeras sinonímias, a exemplo de rícino, palma-christi, palma-de-
cristo, carrapateira, bafureira, figueira do inferno, enxerida, regateira, entre outras
(Beltrão et al., 2001; Rodrigues et al., 2002).
É uma planta explorada comercialmente entre as latitudes 4N e 40°S,
principalmente, devido a sua grande capacidade de adaptação às diferentes
condições de ambiente, além das diversas possibilidades de uso do óleo extraído
das sementes, seu principal produto (Savy Filho e Banzatto, 1993).
2
Taxonomia
A mamoneira pertence à família Euphorbiaceae e ao gênero Ricinus,
entretanto apresenta taxonomia complexa havendo divergências quanto a sua
classificação.
Além das cultivares ou variedades agronômicas e híbridos, Popova e Moshkin
(1986) agruparam os tipos em seis subespécies e 25 variedades botânicas (varietas)
com base na variabilidade existente na espécie. Segundo Savy Filho (1999) o
gênero Ricinus é considerado monotípico, sendo reconhecidas as subespécies R.
sinensis, R. zanzibarensis, R. persicus e R. africanus, as quais englobam 25
variedades botânicas, todas compatíveis entre si com número de cromossomos
2n=2 e n=20. Todas as variedades botânicas apresentam n=10, possivelmente um
poliplóide natural, entretanto algumas barreiras genéticas impedem o cruzamento
entre algumas variedades (Weiss, 1983, apud Beltrão et al., 2001).
Ecofisiologia
A mamoneira é uma planta xerófila de grande complexidade morfofisiológica,
pois possui metabolismo fotossintético C
3
com elevada taxa de fotorrespiração,
apesar de ser heliófila e apresentar reação fotoperiódica acima de 12 horas/dia
(Beltrão et al., 2003a).
A planta apresenta comportamento diferenciado em relação ao ciclo, podendo
ser anual, semiperene ou perene. Segundo Mazzani (1983) quando as condições
ambientais são favoráveis, principalmente umidade e temperatura, a mamoneira é
uma planta perene. Para Savy Filho (1999) pode-se encontrar variedades anuais ou
semiperenes, a depender principalmente do porte do vegetal.
A mamoneira possui crescimento do tipo indeterminado, no sentido da
emissão de inflorescências de várias ordens e idades fisiológicas. A organogênese
apresenta 12 diferentes estádios de desenvolvimento, considerando desde a
germinação à completa maturidade de cada cacho, sendo que a duração de cada
estádio depende da cultivar e do ambiente, em especial da temperatura e da
precipitação pluvial (Beltrão, 2003). A Figura 1 ilustra alguns estádios de
desenvolvimento da planta, a exemplo da germinação e emissão dos racemos.
3
Figura 1. Ilustração mostrando alguns estádios de desenvolvimento
da mamoneira.
Fontes: A Yaroslavskaya, 1986, citado por Azevedo et al., 2001; B
Arquivo da Embrapa, 2005 (Modificado pelo autor para melhor visualização).
Em regiões semi-áridas a taxa de crescimento da raiz é maior que da parte
aérea, o que demonstra que a planta primeiro fortalece o seu sistema de fixação e
de absorção para que possa suportar o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo.
Isso acontece em menor grau nas áreas onde a precipitação atinge níveis razoáveis
(Savy Filho, 1999).
A germinação da mamoneira é epígea (Figuras 1 e 2), podendo ser
influenciada por fatores como temperatura, características físicas do solo, umidade,
profundidade de plantio e disponibilidade de oxigênio. Baixas temperaturas ou falta
de oxigênio tornam o processo de germinação lento, podendo demorar até 18 dias
entre o plantio e a emergência das plântulas (Beltrão et al., 2001). A textura e
estrutura do solo podem também dificultar a movimentação, como foi constatado por
Rocha (1986), que semeando em profundidade relativamente grande (10cm), obteve
maior percentagem de emergência com sementes pequenas.
De acordo com Severino et al. (2004) a primeira fase visível do processo de
germinação é o aparecimento da raiz primária que rompe o tegumento nas
proximidades da carúncula, posiciona-se para baixo e inicia o crescimento em
profundidade, dando origem à raiz principal. Em seguida, forma-se um eixo caulinar
curvo que puxa a semente até a superfície do solo e toma a posição vertical quando
a semente já está suspensa (Figura 2). A quebra do tegumento para que as folhas
cotiledonares sejam expostas pode ocorrer ainda dentro do solo ou depois que a
semente atinge a superfície.
Racemo imaturo
Gema
Racemo 3
0
Racemo 2
0
Inflorescência primária
Racemo imaturo
Gema
Racemo 3
0
Racemo 2
0
Inflorescência primária
A B
4
Figura 2. Em (A) observa-se o desenho esquemático
apresentando a carúncula e a rafe da semente de mamona
e em (B) o processo de germinação e emergência da
mamoneira.
Fonte: Severino et al., 2004.
Morfologia
Por ser uma espécie polimórfica, a mamoneira apresenta grande variabilidade
em diversas características, como hábito de crescimento, cor das folhas e do caule,
tamanho, cor e teor de óleo das sementes, etc. Pode-se, portanto, encontrar tipos
botânicos de porte baixo ou arbóreo, ciclo anual ou semiperene, com folhas e caule
verde, vermelho ou rosa, com presença ou não de cera no caule, com frutos inermes
ou com espinhos, deiscentes ou indeiscentes, com sementes de diversos tamanhos,
colorações e diferentes teores de óleo (Mazzani, 1983; Savy Filho, 1999; Weiss,
1983 apud Beltrão et al., 2001;).
O sistema radicular é, no geral, vigoroso, do tipo pivotante, profundo, com
desenvolvimento de poucas raízes laterais, porém de aspecto robusto, assumindo
forma do sistema radicular dos pequenos arbustos. Há forte emissão de radicelas ao
longo das raízes, com grande área de absorção de umidade e nutrientes do solo
(Savy Filho, 1999).
O caule é geniculado, espesso e ramificado, terminando com uma
inflorescência do tipo racemo. Apresenta s bem definidos, com cicatrizes foliares
proeminentes e variação na cor, presença de cera e rugosidade. A haste principal
cresce de forma vertical, sem ramificação, até o surgimento da primeira
inflorescência, denominada cacho principal ou racemo primário (Beltrão et al., 2001).
De acordo com Mazzani (1983) as folhas são simples, grandes, com largura
do limbo variando entre 10 e 40cm, podendo chegar a 60cm no comprimento maior.
A
B
5
São do tipo digitolobadas, denticuladas e com pecíolos longos. Em geral,
apresentam de sete a nove lóbulos em cada folha, sendo que na base de cada folha
há dois pares de glândulas (Prata, 1969; Beltrão et al., 2001).
A planta é considerada do tipo misto quanto ao sistema reprodutivo,
ocorrendo tanto a autofecundação, como fecundação cruzada, com taxas de
alogamia variando com o seu porte. Em mamoneira de porte anão (até 1,5m) ou
médio (2,0m), a taxa de fecundação cruzada é de aproximadamente 25%. Para as
de porte alto (acima de 2,5m), esta taxa atinge aproximadamente 40%. Estes índices
podem ser afetados pelo tipo de ramificação, aberta ou fechada (Savy Filho, 1999).
O florescimento da mamoneira é chamado botanicamente de simpodial, ou
seja, o aparecimento das inflorescências -se seqüencialmente, com determinado
intervalo entre as inflorescências primária e terciária etc., de acordo com o padrão
de desenvolvimento da ramificação da planta. A planta é monóica, ou seja, a
inflorescência da mamoneira (Figura 3) é composta de uma ráquis em que são
distribuídas cimas dicásicas, sendo as da parte superior femininas e as inferiores
masculinas. As flores masculinas expelem o pólen pela deiscência das anteras, que
se com violenta explosão. O pólen arremessado é arrastado pelas correntes
aéreas para as flores femininas da mesma planta ou para as inflorescências de
outras plantas, procedendo-se à polinização, que é, portanto, predominantemente
anemófila (Savy Filho, 1999).
Figura 3. Inflorescências da mamoneira.
Fontes: A – www.cati.sp.gov.br, 2007; B – Arquivo do NBIO/
UFRB, 2006.
A B
6
O cacho ou racemo, que é a infrutescência (Figura 4), tem conformação
cônica, cilíndrica ou esférica, e comprimento variando de 10 a 80cm (Prata, 1969).
O fruto da mamoneira (Figura 4) é uma cápsula tricoca, podendo ser de quatro
tipos: muito papilado, pouco papilado, inerme liso ou inerme rugoso (Graner e
Godoy Júnior, 1967, apud Beltrão et al., 2001). Quanto ao grau de deiscência, pode
ser indeiscente, semi-deiscente ou deiscente. De acordo com Mazzani (1983), a
variabilidade dos frutos se manifesta na cor, na cerosidade, na forma, no tamanho,
na deiscência, na caducidade e na presença ou ausência de papilas acúleos
vulgarmente chamados de espinhos.
Figura 4. Fruto (A), infrutescência (B) e sementes de
mamoneira (C).
Fonte: Arquivo do NBIO/ UFRB, 2006.
A semente da mamoneira (Figura 4) é o óvulo da flor fertilizado. Estas variam
quanto à cor, forma, tamanho, peso, proporção do tegumento, presença ou ausência
de carúncula e maior ou menor aderência ao tegumento (Mazzani, 1983). O
tegumento externo da semente é representado pela casca, dura e quebradiça, tendo
ainda uma película interna fina envolvendo o albúmen, que por sua vez é branco,
compacto e rico em óleo (Ribeiro Filho, 1966).
Para Lago et al. (1979) as sementes de mamona apresentam dormência, e
esta diminui com o armazenamento, tornando-se praticamente nula após nove
meses, independente da cultivar. Carvalho et al. (2005) observaram que as
sementes de mamona toleram condições de armazenamento em bancos de
semente por menor tempo que as sementes ortodoxas devido, provavelmente, ao
alto conteúdo lipídico.
A
B
C
7
Figura 5. Esquema da semente da mamoneira. A – Vista
externa, B Corte longitudinal de perfil, C – Corte longitudinal
frontal.
Fonte: Beltrão et al., 2001
O óleo da mamona tem 90% de ácido graxo ricinoléico, uma das poucas
ocorrências naturais que se aproximam de um composto tão puro e uniforme. As
características do ácido ricinoléico são conferidas pela sua estrutura química, com
grupo hidroxila no carbono 12 e dupla ligação, sendo a única fonte comercial com
esta singularidade. O grupo hidroxila confere ao composto a estabilidade e a alta
viscosidade, mantida em larga faixa de temperatura, ao contrário dos demais óleos
vegetais, que perdem viscosidade em altas temperaturas e se solidificam em baixas,
possuindo também estabilidade à oxidação (Savy Filho, 1999).
O Agronegócio da Mamona
O óleo é o produto mais importante e o principal objetivo daqueles que
exploram a cultura da mamona; seu teor na semente varia de 35% a 55%, sendo o
padrão comercial 44% (Freire et al., 2006). Nos tempos primórdios, o óleo era
utilizado para geração de luz (energia) e para fins medicinais (purgativo e ungüento
para as moléstias das articulações, inflamações em geral, dor de ouvido e
assaduras). Nas décadas de 70 e 80, a mamona ganhou destaque pela
possibilidade de utilização como substituto dos derivados do petróleo. A partir desse
período, foram descobertas inúmeras aplicações industriais para o óleo de mamona:
revestimentos protetores (tintas e vernizes) impermeabilizantes de superfície, fluidos
hidráulicos, cosméticos, lubrificantes para aviões e naves espaciais, vidros à prova
A B C
8
de bala, cabos de fibra óptica, lentes de contato, plastificantes e plásticos, etc
(Freitas e Fredo, 2005).
Com a industrialização da mamona obtém-se como subproduto a torta, que
usada como adubo apresenta a capacidade de restauração de terras esgotadas
(Santos et al., 2001) e ainda a característica de repelência a insetos e nematóides,
importante para a agricultura, principalmente a orgânica. Quando desintoxicada a
torta também pode ser utilizada na alimentação animal, entretanto, por ser um
processo de custo elevado, ainda é pouco utilizada para este fim. Mas o só o óleo
e a torta têm aplicações, as folhas servem de alimento para o bicho da seda e gado
bovino; a haste fornece celulose para a fabricação de papel e serve de matéria-
prima para a produção de tecidos grosseiros (Azevedo et al., 2001).
O uso de óleo de mamona para produção de biodiesel, um sucedâneo do
diesel, é uma das alternativas brasileiras para redução da importação de derivados
de petróleo e da emissão de poluentes, a exemplo de gases que provocam vários
impactos ambientais, incluindo o efeito estufa. Os principais fatores para o interesse
brasileiro e regional no uso deste novo biocombustível estão relacionados com os
aumentos contínuos do preço do petróleo e de seus derivados e as vantagens na
mitigação de emissões de CO
2
. Além disso, possibilidade de captar recursos
internacionais através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL ou Clean
Development Mechanism CDM) do Protocolo de Quioto, ou do mercado
internacional de créditos de carbono (Holanda, 2004).
Vale salientar que a criação desta demanda para o óleo de mamona i
contribuir com a estratégia governamental de criar oportunidades sócio-econômicas
para a região nordestina, através de benefícios sociais decorrentes do alto índice de
geração de emprego por capital investido, culminando com a valorização do campo
e a promoção do trabalhador rural. De acordo com Santos et al. (2005) a produção
agrícola desconcentra renda mais intensamente que a extração de petróleo ou gás,
podendo tornar o Brasil um paradigma mundial de como enfrentar três grandes
desafios do século XXI, com uma única política pública: através do incentivo à
agricultura de energia, enfrentar os desafios da produção de energia sustentável, da
proteção ambiental e da geração de emprego e renda, com distribuição mais
eqüitativa.
9
O agronegócio da mamona para fins energéticos (Figura 6) pode minimizar a
miséria rural nordestina, onde mais de dois milhões de famílias convivem com a
fome, que em um hectare de mamona é possível produzir mais de 1.000 litros de
biodiesel por ano (O Biodiesel e a Inclusão Social, 2003).
FIGURA 6. O agronegócio da mamona para fins energéticos.
Fonte: O
Biodiesel e a Inclusão Social, 2003
A Cadeia Produtiva da Mamona
O Brasil foi o maior produtor mundial de mamona, atualmente ocupa o
terceiro lugar, sendo superado pela Índia e pela China. A produção estimada na
safra de 2006/07 foi de 152,3 mil toneladas, numa área de 209,1 mil hectares. A
região Nordeste é responsável por 97,5% da área plantada com a cultura no país e
por 94,8% da produção nacional de sementes, destacando-se a Bahia com 78% da
produção nacional (CONAB, 2007).
Segundo Carvalho (2005) a maioria dos cultivos é realizada por agricultores
familiares, que detêm mais de 80% da área plantada. A colheita escalonada ocupa
mão-de-obra por longos períodos e propicia aos produtores, com a venda das suas
bagas, os recursos necessários para a compra de outros produtos de fundamental
importância para sua sobrevivência.
Apesar da ampla tradição do cultivo desta oleaginosa na região Nordeste do
país, a cadeia produtiva ainda sofre com a desorganização. A carência em
BAGAS
TORTA FIBRAS DE SEDA
EXTRAÇÃO DE
ÓLEO
PRODUÇÃO
DE BIODIESEL
ÓLEO
VARIADOS
PROCESSOS
QUÍMICOS
METANOL
OU ETANOL
BIODIESEL
GLICERINA
FOLHAS
LAVOURA
DE MAMONA
CULTIVO DO
BICHO DE SEDA
FRUTICULTURA
E
HORTICULTURA
FRUTAS E
VERDURAS
(Produtos “Bio”)
MÃO DE OBRA
E INSUMOS
BAGAS
TORTA FIBRAS DE SEDA
EXTRAÇÃO DE
ÓLEO
PRODUÇÃO
DE BIODIESEL
ÓLEO
VARIADOS
PROCESSOS
QUÍMICOS
METANOL
OU ETANOL
BIODIESEL
GLICERINA
FOLHAS
LAVOURA
DE MAMONA
CULTIVO DO
BICHO DE SEDA
FRUTICULTURA
E
HORTICULTURA
FRUTAS E
VERDURAS
(Produtos “Bio”)
MÃO DE OBRA
E INSUMOS
BAGAS
TORTA FIBRAS DE SEDA
EXTRAÇÃO DE
ÓLEO
PRODUÇÃO
DE BIODIESEL
ÓLEO
VARIADOS
PROCESSOS
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METANOL
OU ETANOL
BIODIESEL
GLICERINA
BAGAS
TORTA FIBRAS DE SEDA
EXTRAÇÃO DE
ÓLEO
PRODUÇÃO
DE BIODIESEL
ÓLEO
VARIADOS
PROCESSOS
QUÍMICOS
METANOL
OU ETANOL
BIODIESEL
GLICERINA
BAGAS
TORTA FIBRAS DE SEDA
EXTRAÇÃO DE
ÓLEO
PRODUÇÃO
DE BIODIESEL
ÓLEO
VARIADOS
PROCESSOS
QUÍMICOS
METANOL
OU ETANOL
BIODIESEL
GLICERINA
FOLHAS
LAVOURA
DE MAMONA
CULTIVO DO
BICHO DE SEDA
FRUTICULTURA
E
HORTICULTURA
FRUTAS E
VERDURAS
(Produtos “Bio”)
MÃO DE OBRA
E INSUMOS
FOLHAS
LAVOURA
DE MAMONA
CULTIVO DO
BICHO DE SEDA
FRUTICULTURA
E
HORTICULTURA
FRUTAS E
VERDURAS
(Produtos “Bio”)
MÃO DE OBRA
E INSUMOS
10
assistência técnica e de cooperativas e/ou associações, aliada à inexistência de
entidades que representem ou apóiem os produtores no momento da
comercialização, diminui consideravelmente a receita dos trabalhadores,
principalmente devido à ão dos atravessadores. Segundo Santos et al. (2001) a
situação melhorou após o Protocolo da Mamona, feito pelo Governo do Estado da
Bahia, Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária SEAGRI, Banco do
Nordeste S.A. e pela Indústria Bom Brasil Óleo de Mamona, quando a indústria
passou a comprar diretamente do produtor e das associações, apesar de não
extinguir a figura do intermediário.
Cultivada em quase todos os municípios do semi-árido Baiano em sistema de
consórcio com milho, feijão-comum, feijão-de-corda, melancia, abóbora, dentre
outras culturas de interesse, a mamoneira é considerada pelos agricultores como um
seguro em anos de seca, pois suportam veranicos superiores a 30 dias, com
redução do rendimento, dependendo da fase fenológica da cultura, mas dificilmente
com perda total da lavoura (Carvalho, 2005).
Embora a mamona seja de grande importância econômica para o País, a
maior parte do seu cultivo ainda é realizado com sementes dos próprios produtores,
o que acarreta alto grau de heterogeneidade e grande diversidade de tipos locais.
Em virtude da pouca utilização de sementes selecionadas ocorrem, na maioria das
grandes regiões produtoras, baixa produtividade, bem como a queda do valor
industrial e econômico das sementes, alto nível de suscetibilidade às principais
pragas e doenças e várias características agronômicas indesejáveis (Freire et al.,
2001).
Apesar das cultivares obtidas e distribuídas pelos programas de
melhoramento do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), do antigo IPEAL
(Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Leste) e da Embrapa
Algodão, a exploração desta cultura na Bahia vem sendo realizada em bases
bastante rudimentares (Freire et al., 2001). Crisóstomo et al. (1975) relatam que,
apesar da importância da produção baiana, a mesma não é em função da
produtividade, e sim devido às extensas áreas cultivadas, além da ecologia favorável
da cultura. Dados da CONAB (2007), revelam que a produtividade na Bahia é
extremamente baixa, visto que o rendimento médio dos últimos cinco anos foi de
11
730,1kgha
-1
, bem inferior, por exemplo, a média da Região Sudeste para o mesmo
período (1.377kgha
-1
).
Melhoramento Genético da Mamona no Brasil
A mamoneira ainda é pouco trabalhada do ponto de vista do melhoramento
genético, fato este que abre grandes perspectivas para a obtenção de cultivares que
possam incrementar sua produtividade de bagas, aumentar o teor de óleo por
unidade de área e permitir a identificação de fontes de resistência às doenças,
que apresenta ampla variabilidade genética, ainda pouco explorada (Carvalho,
2005).
O melhoramento da mamoneira teve início na década de 30 no IAC, em São
Paulo. A contribuição deste órgão para o melhoramento da espécie foi enorme,
tendo lançado cultivares como a Zanzibar, Sanguínea, IAC 38, Campinas, Guarani,
IAC 80 e IAC 226 (Savy Filho, 1999; Freire et al., 2001; Myczkowski, 2003; Beltrão,
2004).
Na Bahia, o melhoramento da cultura começou na década de 60 pelo IPEAL,
localizado em Cruz das Almas. A partir da década de 70 passou a ser conduzido
pela Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia EPABA, até esta ser
transformada no Centro de Mandioca e Fruticultura da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A partir da década de 80 o melhoramento da
mamoneira no Estado passou a ser conduzido pela Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola EBDA, com sede no município de Itaberaba. Durante
todo o período de pesquisa foram desenvolvidas e lançadas várias cultivares, dentre
as quais: Sipeal 1, Sipeal 2, Sipeal 3, Sipeal 4, Sipeal 5, Sipeal 6, Sipeal 7, Sipeal 9,
Sipeal 13, Sipeal 19, Sipeal 25, Sipeal 28 e Epaba 2 (Savy Filho, 1999; Freire et al.,
2001; Myczkowski, 2003; Beltrão, 2004).
Na década de 90 a Embrapa concentrou os trabalhos de pesquisa e
experimentação da cultura da mamoneira no Centro Nacional de Pesquisas do
Algodão (CNPA), localizado em Campina Grande-PB, com enfoque maior para
germoplasmas adaptados ao semi-árido do Nordeste, desenvolvendo linhagens
como a CNPA M. SM
4
e CNPA M. 90-210, lançadas como cultivares, quais sejam:
BRS 188 Paraguaçu e BRS 149 Nordestina, respectivamente (Savy Filho, 1999;
Freire et al., 2001).
12
Outras instituições nacionais também trabalharam no melhoramento da
mamoneira como a UFV (Universidade Federal de Viçosa), a ESALQ-USP (Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”), o IPA (Empresa Pernambucana de
Pesquisa Agropecuária), a EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas
Gerais) e a antiga EPACE (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Ceará). Apesar
de o lançarem cultivares, participaram ativamente das redes de competição de
cultivares de portes anão, médio e alto, que culminou com o lançamento das BRS
149 Nordestina e BRS 188 Paraguaçu, lançadas pela Embrapa em 1998 e 1999,
respectivamente, para toda a área zoneada para a mamona no Nordeste e norte de
Minas Gerais (Beltrão, 2004).
Em 2005, o Núcleo de Melhoramento Genético e Biotecnologia NBIO,
localizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia, no município de Cruz das Almas, deu início ao
Programa de Melhoramento Genético da Mamoneira para o Recôncavo Baiano. O
Programa conta com o apoio financeiro do Banco do Nordeste (BNB), da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB) e do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e com a parceria da EBDA e do
Laboratório de Estudos em Meio Ambiente (LEMA/UCSal).
Após anos de pesquisa e experimentação com a cultura da mamoneira em
São Paulo, atendendo as particularidades dos produtores, Savy Filho (1999)
estabeleceu como o tipo ideal para a mamoneira parâmetros como: porte baixo, alto
potencial produtivo, resistência/tolerância as principais doenças, frutos indeiscentes
no campo e sementes de tamanho médio, uniformes e com alto teor de óleo.
De acordo com Freire et al. (2001), independente da região produtora, o
melhoramento da cultura da mamoneira no Brasil deverá atender aos seguintes
objetivos:
Aumento da produtividade
É um objetivo comum a todas as regiões produtoras do País. Visa à obtenção
de genótipos com produtividades superiores àquelas apresentadas pelas cultivares
atualmente em distribuição.
A mamoneira tem potencial para produzir mais de 10.000kgha
-1
, pois
produziu mais de 8.500kgha
-1
de sementes (bagas) com cultivares de porte baixo,
13
em regime de irrigação com fertilização e controle total de plantas daninhas, pragas
e sem a incidência de doenças (Ribeiro Filho, 1966).
As cultivares mais produtivas desenvolvidas para a região do semi-árido,
apresentam potencial produtivo de 1.500kgha
-1
de sementes em regime de sequeiro
e acima de 5.000kgha
-1
com irrigação, como é o caso das cultivares BRS 149
Nordestina e BRS 188 Paraguaçu (Beltrão et al., 2003b).
O IAC desenvolveu cultivares com potencial produtivo de até 5.070kgha
-1
para
o Estado de o Paulo
,
como é o caso da IAC-226 que tem rendimento médio de
2.680kgha
-1
. As cultivares IAC-80 e IAC-2028 apresentam amplitude de
produtividade de 1.500 a 4.000kgha
-1
e 1.500 a 5.000kgha
-1
, respectivamente (Savy
Filho, 2007).
Precocidade
A capacidade de se adaptar a curto período de chuva é importante para
região Nordeste do País onde ocorre baixa e irregular precipitação pluvial, bem
como para o Cerrado onde a mamoneira é plantada como segunda cultura
(safrinha).
As cultivares lançadas pela Embrapa apresentam ambas ciclo variando entre
230 e 250 dias. Das cultivares liberadas comercialmente, a Campinas e a Guarani,
lançadas pelo IAC, são as mais precoces, apresentando ciclo dio de 145 e 180
dias, respectivamente (Beltrão, 2004). Um dos desafios atuais é desenvolver
cultivares que apresentem ciclo inferior a 140 dias (Savy Filho, 2007).
Porte da planta
Cultivares de porte alto e médio são mais apropriadas para a região Nordeste,
visto que são mais adaptados ao semi-árido, por apresentarem sistema radicular
mais profundo e desenvolvido. Nesse caso a planta apresenta ciclo bianual ou até
mesmo perene.
Muitos produtores adotam um tipo de manejo no qual as plantas são
decotadas (corte da haste principal a uma altura de 30 a 50 cm do solo) no final da
colheita, rebrotando no ano seguinte, com o surgimento das primeiras chuvas. Em
outros casos, não procedem ao corte das plantas, deixando-as intactas. Com a
chegada do período chuvoso, essas plantas iniciam um novo ciclo de florescimento
14
e frutificação. Esse tipo de manejo, se por um lado, contribui para tornar a produção
mais estável, em relação ao clima, por outro lado pode agravar os problemas
fitossanitários pelo aumento das fontes de inóculo das principais pragas e patógenos
que atacam a cultura (Carvalho, 2005). Crisóstomo e Sampaio (1975), durante
quatro anos avaliaram as práticas culturais (com decote, sem decote e novo plantio),
no município de Iraquara Ba, e observaram que a prática ‘com decote’ foi a mais
adequada, sendo que o novo plantio mostrou-se inadequado para a cultivar Sete
Canadas, uma das mais utilizadas na região.
A obtenção de cultivares de porte baixo e anão é apropriada para a
agricultura tecnificada. Esse sistema se caracteriza pelo uso de insumos, sobretudo
os mais modernos, como fertilizantes inorgânicos concentrados, herbicidas e
inseticidas, e mecanização das atividades como a colheita, por exemplo. Neste caso
as plantas comportam-se como anuais, são mais precoces e respondem melhor aos
insumos agrícolas (Savy Filho, 1999).
Grau de deiscência do fruto
A utilização de cultivares com frutos semideiscentes ou indeiscentes permite a
realização de uma ou de poucas colheitas, concorrendo, deste modo, para a
diminuição dos custos de produção.
A obtenção de cultivares com frutos semideiscentes para região Nordeste
evita perdas antes e durante a colheita, que é feita manualmente. para outras
regiões onde a colheita é mecanizada e o beneficiamento é realizado por máquinas
descascadoras, o melhoramento deve ser direcionado para obtenção de genótipos
que apresentem frutos indeiscentes.
Teor de óleo na semente
O aumento no percentual de óleo nas sementes das cultivares atualmente em
distribuição é um objetivo comum a todas as regiões produtores de mamona no
País. As sementes de mamoneira importadas da Índia apresentam teores de óleo
entre 50% a 54%, devendo estes valores, portanto, serem utilizados como referência
para atingir as metas de elevação do teor de óleo da mamoneira no Brasil, que se
encontra variando entre 46% e 48% (Beltrão, 2004; Savy Filho 2007).
15
Resistência às doenças e pragas
As podridões da raiz e do caule, causadas pelos fungos Macrophomina
phaseolina e Botrydiplodia theobromae, respectivamente, a murcha-de-fusarium,
causada por Fusarium oxysporum f. sp. Ricini, e o mofo-cinzento, causado por
Amphobotrys ricini, juntamente com a cigarrinha, Agallia sp. e Thalesa citrina,
constituem as principais doenças e pragas que ocorrem nas mais importantes
regiões produtoras de mamona do País.
O mofo-cinzento constitui-se em um sério problema para a cultura,
principalmente onde as condições climáticas são favoráveis ao seu desenvolvimento
e disseminação. Alguns trabalhos evidenciaram que algumas cultivares toleram
mais que outras a doença, dependendo de características como: densidade de
acúleos, tipo de cacho (mais ou menos compacto) e conformação da planta (Milani
et al., 2006).
Para a região do Recôncavo Baiano, além dos objetivos citados por Freire et
al. (2001), o programa de melhoramento da mamoneira deve priorizar a tolerância
da cultura a baixas altitudes, que a região encontra-se fora da área zoneada que
recomenda plantios em altitudes acima de 300m (Amorim Neto et al., 2001b).
A variabilidade observada entre as características botânicas e agronômicas
da mamoneira pode ser importante fonte de genes, entretanto a caracterização e
avaliação de cultivares são essenciais para se estabelecer diferenças ou
semelhanças entre elas. A observação e o registro dos caracteres fenotípicos e
fisiológicos fornecem os elementos para avaliação e uso dos materiais nos
cruzamentos e autofecundações (Figueirêdo Neto et al., 2004).
A obtenção de variabilidade genética é essencial nos programas de
melhoramento, entretanto a escolha dos genitores para exploração da diversidade
deve ser feita da maneira que se introduza a maior freqüência de genes desejáveis.
Os genótipos que deverão ser utilizados necessitam possuir características
agronômicas satisfatórias e serem divergentes para possibilitar uma maior
recombinação entre os cruzamentos e obter novas constituições genéticas
superiores. Para agregar o maior número de caracteres superiores é preciso ainda
analisar como os caracteres estão correlacionados entre si, pois desta forma, pode-
se avaliar o quanto da alteração de um caráter afeta os demais no decurso da
seleção.
16
Os parentais para cruzamento e/ou retrocruzamento são selecionados com
base na região alvo do programa e nos seus objetivos: produtividade, adaptação,
resistência a pragas e doenças, etc. Segundo Moreira et al. (1994), os estudos sobre
a diversidade genética nas coleções de germoplasma podem ser realizados a partir
de caracteres morfológicos de natureza qualitativa ou quantitativa. A informação
quanto à diversidade e à divergência genética é essencial para o uso racional dos
recursos genéticos (Loarce et al., 1996).
Devido a grande variabilidade existente dentro da espécie, por meio do
melhoramento genético, possibilidade de obtenção e distribuição de cultivares de
mamoneira mais produtivas, precoces, com porte adequado para colheita mecânica
e alto teor de óleo (Freire et al., 2001).
O presente trabalho teve como objetivo avaliar genótipos de mamoneira
através de ensaio de competição de cultivares e do estudo da divergência genética,
visando subsidiar o Programa de Melhoramento Genético da Mamoneira para o
Recôncavo Baiano, e desta forma, contribuir com o Programa de Biodiesel da Bahia
– Probiodiesel Bahia.
17
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CAPÍTULO 1
COMPETIÇÃO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (
Ricinus communis
L.) NO
MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, RECÔNCAVO BAIANO
1
__________________________________________________________________
1
Artigo ajustado e submetido ao Comitê Editorial do periódico científico Revista Brasileira de
Oleaginosa e Fibrosas.
23
COMPETIÇÃO DE CULTIVARES DE MAMONEIRA (
Ricinus communis
L.) NO
MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS, RECÔNCAVO BAIANO
RESUMO
Este trabalho objetivou avaliar cultivares de mamoneira em Cruz das Almas,
Recôncavo Baiano, através dos caracteres adaptativos, dos componentes de
produção da planta e produtividade. O município apresenta altitude média de
220m e solo do tipo Latossolo Amarelo Álico Coeso, de textura argilosa e relevo
plano. As médias anuais de pluviosidade e temperatura são de 1.170mm e 24,1ºC,
respectivamente. O experimento foi constituído de cinco tratamentos, referentes
às cultivares BRS 188 Paraguaçu, BRS 149 Nordestina, EBDA-MPA 17, Sipeal 28
e Mirante 10 e cinco repetições, em blocos casualizados. Os dados foram
submetidos à análise de variância, análise de correlação linear de Pearson e as
médias ordenadas segundo o teste de Scott e Knott (=0,05). Os resultados
permitiram concluir que a seleção de cultivares de altura média, com maior peso
de frutos e de sementes por racemo é um importante critério para obtenção de
genótipos mais produtivos no Recôncavo Baiano. O cultivo da mamoneira no
município foi considerado viável, sendo que a cultivar Mirante 10 obteve o menor
desempenho dio (467,11kgha
-1
), enquanto a Sipeal 28 apresentou o melhor
comportamento (1.347,33kgha
-1
), mostrando-se promissora em sua utilização no
Programa de Melhoramento Genético da Mamoneira para o Recôncavo Baiano.
Palavras – chave:
potencial produtivo, correlação, Recôncavo Baiano.
24
CULTIVARS COMPETITION OF CASTOR BEAN (
Ricinus communis
L.) IN
CRUZ DAS ALMAS CITY, RECONCAVO BAIANO REGION
ABSTRACT
This work aimed to evaluate cultivars of castor bean in Cruz das Almas,
Recôncavo Baiano region, through the adaptive characters, of the components of
production of the plant and productivity. The city presents average altitude of
220m, the ground is classified as Yellow Lotosol Alico cohecion texture clay sandy
loam and plain relief, and the annual averages of rainfall and temperature of
1.170mm and 24,1ºC, respectively. The experiment was constituted of five
treatments, with cultivars BRS 188 Paraguaçu, BRS 149 Nordestina, EBDA-MPA
17, Sipeal 28 and Mirante 10, and five repetitions, in randomized blocks design.
The data had been submitted to the variance analysis, Pearson’s linear correlation
and the average values has been commanded according to Scott and Knott test
(=0,05). The selection to cultivars of average height, fruits weight and seeds for
raceme is important to attainment for more productive genotypes. About the
average productivity, the culture of the castor bean is considered viable in the
region. The cultivar Mirante 10 presented low adaptation, with production
467.11kg.ha
-1
, while Sipeal 28 got optimum average (1,347.33kg.ha
-1
), shows
potential in its use in the Genetic Improvement Program of Castor Bean for
Recôncavo Baiano Region.
Key – word:
productive potential, correlation, Recôncavo Baiano region.
25
INTRODUÇÃO
A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma planta cuja dispersão e
adaptação às diferentes regiões do mundo dificulta a identificação de sua origem,
sendo encontrada vegetando bem em países tropicais, subtropicais e até mesmo
temperados, sendo muito variável no hábito e na aparência (Grieve, 2007).
O óleo extraído das sementes desta euforbiácea, óleo de rícino, possui uma
enorme versatilidade química no ramo industrial, podendo ser utilizado em rotas
de síntese para uma grande quantidade de produtos, com aplicação na área de
cosméticos, lubrificantes, polímeros, entre outros, podendo ser também substituto
do petróleo na ntese de produtos, como no caso do biodiesel que substitui o
diesel mineral (Chierice e Claro Neto, 2001).
A Bahia é o maior produtor nacional de mamona, sendo que a maioria de
seu cultivo é realizada por agricultores familiares, representando mais de 80 % da
área plantada (Carvalho, 2005). Entretanto, a deficiência de assistência aos
produtores gera problemas envolvendo a falta de sementes certificadas, carência
de associações e cooperativas, comercializações com vários níveis de
intermediários etc., e conseqüentemente, baixas produtividades e rendimentos
financeiros ínfimos. Segundo Beltrão e Cardoso (2004) a mamoneira tem potencial
para produzir mais de 10.000kgha
-1
, entretanto, dados da CONAB (2007) revelam
que a produtividade média nos últimos cinco anos no Brasil é de
aproximadamente 745kgha
-1
.
Apesar das cultivares lançadas para a região do Nordeste, como a Sipeal
04, Sipeal 28, BRS 188 Paraguaçu e BRS 149 Nordestina, a cultura ainda é pouco
trabalhada, o que abre perspectivas para obtenção de novas cultivares, que a
espécie apresenta ampla variabilidade genética, ainda pouco explorada (Carvalho,
2005).
Independente da região de cultivo, Freire et al. (2001) destacam que o
melhoramento da mamoneira no Brasil deve atender aos seguintes objetivos:
aumento da produtividade, precocidade, porte adequado, frutos semideiscentes ou
indeiscentes, elevado teor de óleo na semente e resistência às principais doenças
e pragas.
26
Embora se trate de uma planta rústica, a mamoneira é susceptível a várias
doenças, dentre elas o mofo cinzento, causado pelo fungo Amphobotrys ricini
(Buchw.) Hennebert. Esta doença se destaca em função da rápida e completa
destruição dos cachos das plantas. Seu desenvolvimento depende principalmente
de condições favoráveis de umidade e temperatura, principalmente em regiões
onde o período de floração e frutificação coincide com alta umidade relativa e
temperaturas em torno de 2C (Vidal et al., 2005; Milani et al., 2006a).
Uma demanda atual do melhoramento genético da mamoneira inclui a
adaptação de genótipos a regiões de baixas altitudes, permitindo a inclusão
sustentável de muitos municípios onde o cultivo não é recomendado pelo risco de
baixas produtividades (Severino et al., 2006). Segundo Beltrão et al. (2002) a
altitude ideal para que a planta expresse seu potencial produtivo está na faixa de
300 a 1.500m de altitude. Carvalho (2005) relata que altitudes abaixo de 300m, a
mamoneira tende a ficar mais vegetativa e apresenta, por vezes, abortamento de
flores e até reversão sexual.
A escolha dos parentais que serão utilizados em programas de hibridação
para possibilitar a formação de progênies superiores, representa uma atividade
indispensável que exige critérios e esforço do melhorista (Ramalho et al., 2003). A
caracterização e avaliação dos recursos genéticos utilizados nos programas de
melhoramento genético são de extrema relevância, haja vista a importância do
conhecimento dos materiais que serão trabalhados.
Para avaliação dos genótipos na prática, adotam-se descritores que
envolvem três tipos de dados: dados de passaporte – informações básicas sobre a
origem e o tipo do acesso; caracterização e avaliações preliminares
caracterização morfológica básica, envolvendo caracteres qualitativos e
quantitativos; e caracterização e avaliações complementares avaliações de
outros caráteres de interesse do melhorista (Nóbrega et al., 2001).
Caracteres como número de frutos por parcela, número de frutos por planta,
número de racemo por planta e o peso de sementes, por exemplo, constituem
componentes principais da produtividade da mamoneira. O rendimento da planta
apresenta ainda estreita correlação com o comprimento efetivo do racemo, o qual
se dispõe os frutos (Savy Filho, 1999).
27
O conhecimento das correlações entre os caracteres agronômicos é
extremamente útil no melhoramento genético da mamoneira, servindo de
subsídios para o estabelecimento de critérios de seleção, visando principalmente o
aumento da produtividade da cultura (Freire et al., 2001). O número de internódios
do caule é uma característica varietal que determina a inserção do racemo
primário. A estatura de planta é um caráter que apresenta correlação positiva com
o número de internódios dos ramos laterais, assim como está positivamente
correlacionada com o número de racemos por planta e o número de frutos por
plantas. (Savy Filho, 1999; Freire et al., 2001).
A importância da correlação entre caracteres no melhoramento genético
reside no fato de se poder avaliar o quanto da alteração de um caráter pode afetar
os demais no decurso da seleção. Segundo Vilarinho (2001) a prática de seleção
em um caráter pode alterar a média de todos os outros com as quais é
correlacionado geneticamente, causando efeito indireto de seleção em tais
caracteres. Isso assume importância relevante, uma vez que o melhorista está
interessado na melhoria de um conjunto de caracteres (Cruz e Regazzi, 2001).
Em virtude da falta de informações sobre o comportamento de cultivares de
mamoneira em regiões de baixas altitudes, este trabalho teve por objetivo avaliar
cultivares de mamoneira no Recôncavo Baiano, através de caracteres adaptativos,
dos componentes de produção da planta e produtividade, como também, analisar
as correlações existentes entre as características avaliadas, visando o
melhoramento genético da espécie para a região.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e
Biológicas (CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cruz
das Almas, entre os meses de abril de 2006 e fevereiro de 2007. O município está
situado na região fisiográfica do Recôncavo Baiano, apresentando as
coordenadas geográficas de 12º 40’ 19” latitude sul, 39º 06’ 23” de longitude oeste
de Greenwich e altitude média de 220m. O clima é do tipo subúmido, com
pluviosidade média anual de 1.170mm, com variações entre 900 e 1.300mm,
sendo os meses de março a agosto os mais chuvosos e de setembro a fevereiro
28
os mais secos. A temperatura média anual é de 24,1ºC e o solo é classificado
como Latossolo Amarelo Álico Coeso, de textura argilosa e relevo plano (Ribeiro
et al., 1995).
As sementes de mamoneira utilizadas (Figura 1) foram obtidas pela
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), na Estação
Experimental de Iraquara BA. Estas foram colhidas em janeiro de 2005,
beneficiadas e armazenadas em sacos de alinhagem na Estação Experimental de
Itaberaba – BA (EBDA) até o plantio no campo experimental do CCAAB.
Figura 1.
Sementes de mamoneira utilizadas no ensaio de competição de
cultivares. A Sipeal 28; B EBDA MPA-17; C Mirante 10; D BRS 149
Nordestina; E – BRS 188 Paraguaçu. Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, 2006.
A correção do solo foi efetuada seguindo recomendações da análise de
fertilidade química, sendo aplicados 1.000kgha
-1
de calcário dolomítico, 60kgha
-1
de N (20kgha
-1
plantio e 40kgha
-1
em cobertura), 80kgha
-1
de P
2
O
5
e 40kgha
-1
de
K
2
O. O controle de ervas daninhas foi realizado com capina manual e não foram
utilizados inseticidas nem fungicidas para combater a lagarta-rosca (Agrotis
ipsilon) e o mofo cinzento (A. ricini) respectivamente, observados durante a
condução do experimento (Figura 2).
Figura 2.
Fotos do experimento no Campo Experimental do CCAAB/UFRB.
Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, 2006.
A
B
C
D
E
29
O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com cinco repetições
e cinco tratamentos, constituídos pelas cultivares BRS 149 Nordestina, BRS 188
Paraguaçu, EBDA MPA-17, Mirante 10 e Sipeal 28. Cada parcela teve as
dimensões 12,0m x 15,0m, com as linhas laterais constituindo as bordaduras, e a
área útil abrangendo as dimensões de 9,0m x 10,0m. O espaçamento entre fileiras
foi de 3,0m e entre covas de 1,0m, resultando em cinco fileiras com 12 covas e 30
covas na área útil do experimento. Foram semeadas três sementes por cova e o
desbaste foi realizado aos 25 dias após o plantio, deixando uma planta por cova.
Foram analisados os caracteres florescimento do racemo primário (FLO),
estande final (EST), número de racemos emitidos por planta (NRE), número de
racemos colhidos por planta (NR), número de racemos abortados por planta
(NRA), altura de caule (AC), estatura de planta (EP), diâmetro de caule (DC),
comprimento dio de internódios do caule (CMIC), número de internódios do
caule (NIC), comprimento efetivo (útil) de racemo (CER), comprimento de racemo
(CR), comprimento de racemo sem enchimento (CRSE), peso de racemo (PR),
peso de frutos por racemo (PFR), peso de sementes por racemo (PSR), número
de frutos por racemo (NFR), número de sementes por racemo (NSR), peso de
frutos por planta (PFPL), peso de frutos por parcela (PFP), peso de sementes por
planta (PSPL), peso de sementes por parcela (PSP) e potencial produtivo de
sementes (PP).
Os caracteres FLO, AC, CMIC, NIC, DC, EP, CER e PP foram avaliados de
acordo com descritores utilizados pela Embrapa Algodão, descritos por Freire et
al. (2001). Para avaliar NR, NRE e o NRA foram realizadas contagens periódicas
durante todo ciclo da cultura. Para estas aferições, foi considerado racemo
abortado aquele que não apresentou frutos ou encontrava-se deformado ou mal-
formado com número de frutos inferior a três. Visando estudar o potencial de
enchimento do racemo, foram aferidos CR e CRSE. Estes caracteres, mais CER,
PR, PFR, PSR e NFR foram realizados nos três primeiros racemos de cada planta
e em 10 plantas ao acaso, utilizando régua e balança digital de precisão. O EST
foi determinado contando-se o número de plantas vivas aptas para colheita. Foram
realizadas colheitas periódicas a fim de se evitar perdas com deiscência de
algumas cultivares, entretanto, a colheita final foi efetuada no mesmo período para
todas as cultivares. Os racemos colhidos tiveram os frutos retirados e pesados
30
para determinação do PFP. O PFPL foi determinado pela razão entre o PFP e o
EST. Após secagem ao sol em terreiro, as sementes que não foram removidas
dos frutos por deiscência, foram retiradas através de batidas em sacos de
alinhagem e as que ainda apresentavam casca aderida, extraídas com alicate de
poda manualmente. As sementes foram pesadas para determinação do PSP e a
partir deste o PP foi mensurado em função do número de covas da área útil e
tamanho da área útil. O PSPL foi determinado pela razão entre PSP e EST.
Os dados foram submetidos à análise de variância, análise de correlação
linear de Pearson e os valores médios foram ordenados segundo o teste de Scott
e Knott, ao nível de 5% de probabilidade ( = 0,05). As análises foram conduzidas
com auxílio dos programas Genes (2001) e SAS System (2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise de variância dos caracteres adaptativos houve
diferença significativa para os caráteres FLO, NRE, NRA, AC, EP, DC, CMIC e
NIC (Tabela 1), apresentando variação entre os genótipos, significativo a 5% de
probabilidade de erro, indicativo de necessidade de avaliação das médias
separadamente em cada genótipo, permitindo a sua comparação pelo teste de
Scott Knott (Tabela 4).
Tabela 1.
Análise de variância do florescimento do racemo primário (FLO),
estande final (EST), número de racemos emitidos por planta (NRE), número de
racemos abortados por planta (NRA), altura de caule (AC), estatura de planta
(EP), diâmetro de caule (DC), comprimento médio de internódios do caule (CMIC)
e número de internódios do caule (NIC). Cruz das Almas, Recôncavo Baiano,
2007.
Q.M.
Fontes de
Variação
G.L.
FLO EST NRE NRA
AC
(cm)
EP
(m)
DC
(mm)
CMIC
(cm)
NIC
Bloco 4 2,16 21,04 20,37 7,86 44,53 0,04 12,35 0,25 2,21
Genótipo 4 78,16** 37,64 166,66**
225,38**
514,48**
0,22* 148,03**
0,69* 23,35**
Resíduo 16 0,41 21,215
18,69 3,63 28,81 0,05 26,09 0,2 0,92
CV
(%)
1,33 26,41 18,82 22,88 9,51 11,33 10,62 10,17
7,12
Média 48,08 17,44 22,98 8,32 56,41 2,07 48,1 4,37 13,48
* Significativo ao vel de 5% de probabilidade pelo teste F; ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade
pelo teste F.
31
Com relação aos componentes de produção NR, CER, CR, CRSE, PR,
PFR, PSR, NFR e NSR a análise de variância permitiu identificar variabilidade
entre os genótipos (Tabela 2), indicando a presença de diferenças significativas a
5% de probabilidade e confirmação desta variância na Tabela 4 através da
comparação de médias pelo teste Scott Knott.
Tabela 2.
Análise de variância do número de racemos por planta (NR),
comprimento efetivo de racemo (CER), comprimento de racemo (CR),
comprimento de racemo sem enchimento (CRSE), peso de racemo (PR), peso de
frutos por racemo (PFR), peso de sementes por racemo (PSR), número de frutos
por racemo (NFR) e número de sementes por racemo (NSR). Cruz das Almas,
Recôncavo Baiano, 2007.
Q.M.
Fontes de
Variação
G.L.
NR
CER
(cm)
CR
(cm)
CRSE
(cm)
PR
(g)
PFR
(g)
PSR
(g)
NFR NSR
Bloco 4 10,25
1,54 1,39 0,76 31,83 15,57 16,27 2,95 16,44
Genótipo 4 79,8**
11,28*
25,09**
3* 5141,91**
4233,19**
1688,98**
233,6**
1618,4**
Resíduo 16 13,22
3,75 4,71 0,97 210,6 143,32 61,31 14,88 124,98
CV
(%)
24,81
11,06
9,32 17,02
17,21 16,06 16,61 14,57 15,39
Média 14,65
17,53
23,3 5,78 84,34 74,54 47,13 26,46 72,64
* Significativo ao vel de 5% de probabilidade pelo teste F; ** Significativo ao nível de 1% de probabilidade
pelo teste F.
A Tabela 3 apresenta a análise de variância dos componentes finais de
produção e produtividade (PFPL, PFP, PSPL, PSP e PP), também demonstrando
diferenças significativas ao nível de 1% de probabilidade de erro.
Tabela 3.
Análise de variância do peso de frutos por planta (PFPL), peso
de frutos por parcela (PFP), peso de sementes por planta (PSPL), peso de
sementes por parcela (PSP) e potencial produtivo de sementes (PP). Cruz
das Almas, Recôncavo Baiano, 2007.
Q.M.
Fontes de
Variação
G.L.
PFPL
(Kg)
PFP
(Kg)
PSPL
(Kg)
PSP
(Kg)
PP
(
Kgha
-1
)
Bloco 4 0,03 20,59 0,01 4,77 58.891,5
Genótipo 4 0,57** 177,95** 0,11** 43,36** 535.316,48**
Resíduo 16 0,06 29,87 0,02 7,95 98.096,2
CV
(%)
25,36 32,24 25,09 31,36 31,36
Média 0,98 16,95 0,52 8,99 998,62
** Significativo ao nível de 1% de probabilidade pelo teste F.
32
Em todas as análises de variância (Tabelas 1, 2 e 3) o coeficiente de
variação foi satisfatório, indicando eficiente controle no efeito de ambiente,
permitindo obter maior confiabilidade nos dados avaliados. Dentre os caracteres
estudados apenas o estande final (EST) não apresentou diferença significativa
pelo teste F ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 1).
Foi observado um intenso ataque de mofo cinzento no decorrer do
experimento. Apesar do fungo atacar outras partes da planta, Milani et al. (2006a)
ressaltam que este afeta principalmente inflorescências e cachos. Na Tabela 4
observa-se que as cultivares Sipeal 28 e EBDA MPA-17 apresentaram os
menores números de racemos abortados (1,84 e 3,84, respectivamente),
demonstrando maior tolerância ao mofo cinzento. Nesta avaliação, a cultivar
Mirante 10 destacou-se negativamente, apresentando um índice muito alto de
cachos abortados (19,12), evidenciando pouca tolerância à doença. Os dois
melhores genótipos nesta avaliação também apresentaram número de racemos
emitidos inferior às demais cultivares, o que demonstra forte correlação entre
esses dois caracteres, constatado na Tabela 5 (r=0,72). Segundo Lima e Soares
(1990), citado por Milani et al. (2006a), a presença e distribuição dos acúleos
influenciam o desenvolvimento da doença, sendo as cultivares com poucos
acúleos mais tolerantes ao fungo. Estes autores também constataram que a
Sipeal 28 estava entre os genótipos mais resistentes a este fitopatógeno.
O porte do vegetal é uma das características morfológicas mais importantes
para a mamoneira, pois tem influência direta na tecnologia de produção da
cultivar. Azevedo et al. (1997) descreveram que até 1,80m a planta é considerada
anã. Em geral, planta de porte médio ou alto, tem maior rusticidade, adequando-se
ao baixo nível de tecnologia (Freire et al. 2001; Savy Filho, 1999).
Verifica-se na Tabela 4 que a única cultivar considerada anã foi a Mirante
10 (1,79m), enquanto a maior estatura foi observada na Sipeal 28 (2,34m).
Ferreira et al. (2006) observaram uma altura média de 1,55m na cultivar Mirante
10, em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia. Segundo Cartaxo et al. (2004) as
cultivares BRS 188 Paraguaçu e BRS 149 Nordestina, após serem testadas em
ensaios de competição durante três anos em vários municípios dos estados da
Paraíba, Pernambuco e Bahia, apresentaram estatura média de 1,60m e 1,80m,
respectivamente. Costa et al. (2006), no município de Areia PB, observaram
33
estatura média de 2,32m e 2,50m na BRS 188 Paraguaçu e BRS 149 Nordestina,
respectivamente, mais próximo dos valores observados no Recôncavo Baiano.
A utilização do caráter número de racemo por planta é recomendada por
Freire et al. (2001) quando se deseja selecionar cultivares mais produtivas. A BRS
188 Paraguaçu apresentou o melhor desempenho neste caráter, entretanto só foi
estatisticamente superior as cultivares EBDA MPA-17 e Mirante 10 (Tabela 4).
Tabela 4.
Médias das características agronômicas de cinco cultivares de
mamoneira. Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, 2007.
BRS 149
Nordestina
BRS 188
Paraguaçu
EBDA
MPA-17
Mirante 10
Sipeal 28
FLO
(dias)
49,60 b 47,00 d 48,60 c 42,20 e 53,00 a
EST 14,40 a 18,60 a 20,20 a 14,60 a 19,40 a
NRE 23,62 a 28,10 a 15,20 b 28,68 a 19,28 b
NR 16,10 a 18,80 a 11,36 b 9,56 b 17,44 a
NRA 7,52 b 9,30 b 3,84 c 19,12 a 1,84 c
AC
(cm)
58,76 b 57,42 b 66,65 a 39,42 c 59,81 b
EP
(m)
1,95 b 2,20 a 2,08 a 1,79 b 2,34 a
DC
(mm)
52,04 a 49,48 a 49,86 a 38,53 b 50,63 a
CMIC
(cm)
3,93 b 4,19 b 4,81 a 4,21 b 4,69 a
NIC 15,76 a 14,14 b 14,26 b 9,96 c 13,26 b
CER
(cm)
18,01 a 14,86 b 18,50 a 18,14 a 18,12 a
CR
(cm)
24,14 a 19,40 b 25,14 a 23,94 a 23,90 a
CRSE
(cm)
6,13 a 4,54 b 6,64 a 5,80 a 5,78 a
PR
(g)
96,16 a 92,77 a 97,50 a 27,80 b 107,44 a
PFR
(g)
82,80 a 82,06 a 84,73 a 24,00 b 99,11 a
PSR
(g)
49,52 b 52,37 b 54,44 b 15,64 c 63,66 a
NFR 25,48 c 24,58 c 36,02 a 17,26 d 28,98 b
NSR 71,94 c 67,58 c 97,04 a 47,52 d 79,14 b
PFPL
(kg)
1,32 a 1,01 a 0,92 a 0,45 b 1,20 a
PFP
(kg)
18,50 a 18,02 a 18,87 a 6,78 b 22,58 a
PSPL
(kg)
0,62 a 0,57 a 0,48 a 0,28 b 0,65 a
PSP
(kg)
8,72 a 10,11 a 9,78 a 4,20 b 12,13 a
PP
(kgha
-1
)
968,89 a 1.123,33 a 1.086,44 a 467,11 b 1.347,33 a
* FLO: florescimento do racemo primário; EST: estande final; NRE: número de racemos emitidos por
planta; NR: número de racemos por planta; NRA: número de racemos abortados por planta; AC: altura
de caule; EP: estatura de planta; DC: diâmetro de caule; CMIC: comprimento médio de internódios do
caule; NIC: número de internódios do caule; CER: comprimento efetivo de racemo; CR: comprimento de
racemo; CRSE: comprimento de racemo sem enchimento; PR: peso de racemo; PFR: peso de frutos por
racemo; PSR: peso de sementes por racemo; NFR: número de frutos por racemo; NSR: número de
sementes por racemo; PFPL: peso de frutos por planta; PFP: peso de frutos por parcela; PSPL: peso de
sementes por planta; PSP: peso de sementes por parcela; PP: potencial produtivo de sementes; Valores
seguidos da mesma letra na horizontal pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott e Knott a 5% de
probabilidade.
34
A cultivar EBDA MPA-17 apresentou os melhores parâmetros para os
caracteres comprimento do racemo (25,14cm), comprimento efetivo do racemo
(18,50cm) e comprimento do racemo sem enchimento (6,64cm). Entretanto estes
resultados diferiram estatisticamente da BRS 188 Paraguaçu, que obteve
19,40cm, 14,86cm e 4,54cm, respectivamente. Costa et al. (2006) observaram
uma média de 12,0cm para a cultivar BRS 188 Paraguaçu e 8,0cm para a cultivar
Mirante 10 para o caráter comprimento efetivo do racemo quando utilizou o
espaçamento de 2,0m X 1,0m. Em Irecê BA, Milani et al. (2006b) observaram
que a média de todos os tratamentos para este mesmo caráter foi de 22,43cm,
superior ao observado em nosso estudo (17,53cm).
A EBDA MPA-17 apresentou maiores número de frutos por racemo e
número de sementes por racemo, enquanto a BRS 149 Nordestina obteve maior
peso de frutos por planta. Todavia, a cultivar que obteve os melhores resultados
na maioria dos caracteres de produção foi a Sipeal 28. A superioridade deste
genótipo foi constatada no peso de racemo por planta, peso de frutos por racemo,
peso de sementes por racemo, peso de frutos por parcela, peso de sementes por
planta, peso de sementes por parcela e no potencial produtivo de sementes, onde
obteve um rendimento médio de 1.347,33kgha
-1
(Tabela 4).
Segundo Beltrão (2004) a cultivar Sipeal 28 foi o melhor resultado dos
trabalhos de melhoramento genético com a cultura na Bahia, que foram iniciados
na década de 60, em Cruz das Almas, pelo antigo Instituto Agropecuário do Leste
IPEAL, conduzidos posteriormente pela Empresa de Pesquisa Agropecuária da
Bahia EPABA e Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola EBDA,
respectivamente. Por ter tido seu melhoramento iniciado nesta região, isto
explique em parte o bom comportamento deste genótipo, pois o ambiente exerce
influência sobre potencial genético.
A Sipeal 28 apresenta porte médio, caule roxo sem cera, frutos deiscentes,
sementes de cor preta, floração do primeiro cacho com 55 dias, teor de óleo nas
sementes de 47,3% e produtividade media em condições de sequeiro de
1.300kgha
-1
de bagas (sementes descascadas) (Beltrão, 2004).
O rendimento de 1.500kgha
-1
em cultivo de sequeiro é considerado
adequado para a mamona no semi-árido nordestino, sendo este valor referência
para as duas cultivares desenvolvidas pela Embrapa Algodão (BRS 188
35
Paraguaçu e BRS 149 Nordestina) para esta região (Cartaxo et al., 2004). Melo et
al. (2004), avaliando genótipos de mamoneira em baixa altitude, obtiveram
produtividades variando de 654 a 1.210kgha
-1
, com dia de 896,33kgha
-1
.
Severino et al. (2006), analisando dez genótipos de mamoneira em três
localidades sob altitudes de 60m, 140m e 280m, observaram rendimentos
variando de 499,7kgha
-1
a 2.583,9kgha
-1
, com média de 1.402,491kgha
-1
.
Levando em consideração a média de produtividade obtida nos trabalhos
realizados sob baixas altitudes e o rendimento médio nos últimos cinco anos no
Estado, 730,1kgha
-1
(CONAB, 2007), a produtividade média de 998,62kgha
-1
,
observada entre os genótipos na região do Recôncavo Baiano é considerada
satisfatória.
A cultivar Mirante 10 apresentou o menor período de floração do primeiro
racemo (Tabela 4). Segundo Savy Filho (1999) este caráter está correlacionado
positivamente com a maturação dos frutos e com a precocidade, entretanto como
todas as cultivares apresentaram ciclos semelhantes e a colheita final foi efetuada
no mesmo período, não houve possibilidade de definir qual foi a mais precoce. Em
contrapartida, na análise de correlação de Pearson (Tabela 5) verifica-se forte
correlação positiva entre o florescimento e a maioria dos caracteres de produção,
a exemplo do peso de racemo (r=0,84), peso de frutos por racemo (r=0,86) e peso
de sementes por racemo (r=0,86), evidenciando que as plantas que mais
demoraram a florescer foram também as mais produtivas.
Verifica-se ainda na Tabela 5 moderada correlação positiva entre o
florescimento e os caracteres adaptativos altura de caule (r=0,69), estatura de
planta (r=0,51), diâmetro do caule (r=0,59) e número de internódios do caule
(r=0,57) e elevada correlação negativa entre o florescimento e o número de
racemos abortados por planta (r=-0,86), um indicativo de que as plantas que
primeiro floresceram foram mais susceptíveis ao mofo cinzento.
A taxa de sobrevivência de plantas (EST) esteve correlacionado
positivamente com a estatura da planta (r=0,60) e com o potencial produtivo da
cultura (r=0,68).
36
Tabela 5. Coeficientes de correlação de Pearson entre características agronômicas avaliadas em cinco cultivares de
mamoneira. Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, 2007.
FLO
NRE NR NRA CER
CR CRSE
PR PFR PSR NFR NSR AC EP DC CMIC
NIC EST PFP PFPL
PP PSPL
FLO _
NRE -0,52 _
NR 0,43 0,41 _
NRA -0,86 0,72 -0,34 _
CER 0,10 -0,44 -0,36 -0,18 _
CR 0,14 -0,48 -0,40 -0,19 0,92 _
CRSE
0,16 -0,33 -0,29 -0,12 0,34 0,68 _
PR 0,84 -0,45 0,53 -0,86 0,11 0,13 0,13 _
PFR 0,86 -0,46 0,52 -0,88 0,09 0,12 0,11 1,00 _
PSR 0,86 -0,43 0,57 -0,87 0,07 0,10 0,11 0,98 0,98 _
NFR 0,61 -0,72 0,06 -0,79 0,41 0,46 0,35 0,78 0,77 0,78 _
NSR 0,61 -0,69 0,10 -0,79 0,43 0,47 0,34 0,80 0,78 0,80 0,99 _
AC 0,69 -0,45 0,35 -0,72 -0,05 0,01 0,12 0,75 0,73 0,75 0,68 0,68 _
EP 0,51 -0,03 0,64 -0,52 -0,04 -0,09 -0,13 0,54 0,56 0,61 0,34 0,37 0,58 _
DC 0,59 -0,04 0,74 -0,60 -0,11 -0,01 0,19 0,74 0,72 0,73 0,47 0,51 0,65 0,59 _
CMIC 0,28 -0,07 0,18 -0,20 -0,08 0,01 0,18 0,19 0,19 0,28 0,29 0,27 0,53 0,50 0,26 _
NIC 0,57 -0,45 0,27 -0,67 0,00 0,02 0,04 0,72 0,69 0,62 0,51 0,54 0,68 0,22 0,56 -0,24 _
EST 0,30 -0,19 0,20 -0,35 0,11 0,07 -0,04 0,40 0,39 0,43 0,45 0,45 0,41 0,60 0,27 0,50 0,00 _
PFP 0,70 -0,23 0,60 -0,69 0,05 0,04 -0,01 0,77 0,77 0,77 0,56 0,59 0,61 0,71 0,72 0,30 0,43 0,65 _
PFPL 0,68 -0,16 0,59 -0,61 -0,05 -0,03 0,02 0,68 0,68 0,66 0,36 0,39 0,46 0,29 0,69 -0,08 0,61 -0,09 0,67 _
PP 0,66 -0,21 0,59 -0,66 0,03 -0,02 -0,09 0,73 0,74 0,74 0,53 0,55 0,59 0,75 0,65 0,32 0,38 0,68 0,98 0,61 _
PSPL 0,66 -0,12 0,62 -0,59 -0,09 -0,10 -0,07 0,65 0,66 0,64 0,31 0,34 0,43 0,35 0,64 -0,05 0,54 -0,08 0,66 0,97 0,65 _
FLO: florescimento do racemo primário; NRE: número de racemos emitidos por planta; NR: número de racemos por planta; NRA: número de racemos abortados por planta; CER:
comprimento efetivo de racemo; CR: comprimento de racemo; CRSE: comprimento de racemo sem enchimento; PR: peso de racemo; PFR: peso de frutos por racemo; PSR: peso de
sementes por racemo; NFR: número de frutos por racemo; NSR: número de sementes por racemo; AC: altura de caule; EP: estatura de planta; DC: diâmetro de caule; CMIC:
comprimento médio de internódios do caule; NIC: número de internódios do caule; EST: estande de plantas; PFP: peso de frutos por parcela; PFPL: peso de frutos por planta; PP:
potencial produtivo de sementes; PSPL: peso de sementes por planta.
37
Segundo Savy Filho (1999) o número de internódios do caule e o
comprimento médio de internódios do caule determinam a altura do caule. Na
Tabela 5 observa-se que a altura do caule além de correlacionar-se positivamente
com o número de internódios (68%) e comprimento médio de internódios do caule
(53%), se correlaciona positivamente com o diâmetro do caule (65%).
O diâmetro do caule e a altura do caule apresentaram correlação positiva com
o potencial produtivo (65% e 59%, respectivamente). Entretanto, a estatura da planta
está mais estreitamente correlacionada com o potencial produtivo da cultura (75%).
Estes resultados estão em consonância com aqueles obtidos por Bhatt e Reddy
(1981), Moshkin (1986) e Lima e Santos (1998). A estatura da planta apresenta
ainda correlação entre os caracteres diâmetro do caule, altura do caule e
comprimento médio de internódios (59%, 58% e 50%, respectivamente).
O número de racemo por planta e o número de frutos por planta o os
caracteres que apresentam maior influência no rendimento final da cultura (Savy
Filho, 1999; Freire et al., 2001; Melo et al., 2004). Entretanto as correlações
observadas entre estes caracteres e o rendimento foram de 59% e 53%,
respectivamente. Dos componentes de produção da planta, aqueles que mais se
correlacionaram positivamente com o potencial produtivo foram peso de fruto por
racemo (r=0,74), peso de sementes por racemo (r=0,74) e peso de racemo (r=0,73).
CONCLUSÕES
A seleção de cultivares de altura média, de modo que não dificulte a colheita, que
apresente maior peso de frutos e de sementes por racemo, é um importante
critério para obtenção de genótipos mais produtivos em Cruz das Almas – BA;
A cultivar Mirante 10 apresentou baixa produtividade e pouca adaptabilidade às
condições ambientais da região, entretanto terá utilidade prática em estudos
fitopatológicos específicos para o mofo-cinzento, em virtude da forte
suscetibilidade apresentada a doença;
Apesar do Recôncavo Baiano não apresentar municípios zoneados para a
cultura, do ponto de vista produtivo, o cultivo da mamoneira é considerado viável
na região, entretanto novos ensaios estão sendo realizados para verificar a
estabilidade dos genótipos utilizados neste estudo;
38
A Sipeal 28 apresentou o melhor desempenho dentre as cultivares avaliadas,
destacando a influência do ambiente na expressão do potencial genético e
viabilizando a utilização deste genótipo no Programa de Melhoramento Genético
da Mamoneira para o Recôncavo Baiano.
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CAPÍTULO 2
DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM CULTIVARES DE MAMONEIRA (
Ricinus
communis
L.) NAS CONDIÇÕES DE AMBIENTE DO RECÔNCAVO BAIANO
1
__________________________________________________________________
1
Artigo ajustado e submetido ao Comitê Editorial do periódico científico Pesquisa Agropecuária
Brasileira.
43
DIVERGÊNCIA GENÉTICA EM CULTIVARES DE MAMONEIRA (
Ricinus
communis
L.) NAS CONDIÇÕES DE AMBIENTE DO RECÔNCAVO BAIANO
RESUMO
No melhoramento de plantas o estudo da divergência genética viabiliza o
conhecimento das melhores combinações híbridas e a formação de populações com
ampla base genética, proporcionando maior ganho genético nos ciclos de seleção.
Visando subsidiar o Programa de Melhoramento Genético da Mamoneira para o
Recôncavo Baiano, este trabalho objetivou avaliar a divergência genética entre
cultivares de mamoneira, a partir dos caracteres adaptativos, dos componentes de
produção e do rendimento das cultivares. O delineamento utilizado foi em blocos
casualizados, com cinco tratamentos e cinco repetições. Os dados foram
submetidos à análise de variância, ordenados pelo teste de Scott & Knott (=0,05) e
as variáveis canônicas foram obtidas a partir da análise multivariada, onde utilizou-
se análise de agrupamento e análise dos componentes principais para determinação
da divergência genética. Houve a formação de quatro grupos, ou seja, contatou-se
existência de divergência genética entre os genótipos, sendo que a cultivar mais
divergente, Mirante-10, não é recomendada para hibridação em virtude do baixo
desempenho apresentado. Combinações promissoras são esperadas entre Sipeal
28 X BRS 188 Paraguaçu e Sipeal 28 X EBDA MPA-17, em virtude da maior
dissimilaridade apresentada e do melhor desempenho médio destes genótipos na
região do Recôncavo Baiano.
Palavras – chave:
Estatística multivariada, dissimilaridade, Euphorbiaceae.
44
GENETIC DIVERGENCE IN CASTOR BEAN CULTIVARS (
Ricinus communis
L.)
UNDER CONDITIONS OF THE RECÔNCAVO BAIANO REGION
ABSTRACT
In the genetic improvement of plants the study of the genetic divergence it makes
possible the knowledge of the good hybrid combinations and the formation of
populations with ample genetic base, providing greater genetic gain could be gotten
in the cycles of selection. This work objectified to evaluate the genetic divergence
between castor bean cultivars, to maximize the Genetic Improvement Program of this
culture in the Recôncavo Baiano Region. The adaptative traits and the yield
components had been evaluated cultivars them. The experiment was carried in a
randomized blocks design with five treatments and five replications. The data had
been submitted to the variance analysis and the average values had been
commanded according to Scott and Knott test (=0,05). The canonical variables had
been gotten from the multivariate analysis and the genetic divergence was
determined using cluster analysis and principal components analysis. There was a
formation of four groups, being that to cultivate more divergent, Mirante-10, is not
recommended for hybridization due presented overhead. Promising combinations are
between Sipeal 28 X BRS 188 Paraguaçu and Sipeal 28 X EBDA MPA-17, due to
the dissimilarity and the best average performance of these genotypes in the
Recôncavo Baiano Region.
Key – word:
Multivariate statistics, dissimilarity, Euphorbiaceae.
45
INTRODUÇÃO
A mamoneira é cultivada tradicionalmente em quase toda a Bahia,
principalmente por pequenos agricultores, que utilizam sistema de consórcio com
outras culturas, a exemplo do milho e do feijão. A planta reveste-se de grande
importância para o Estado por ser rústica, resistente à seca e geradora de renda e
ocupação.
De elevado potencial energético e com inúmeras utilidades, o óleo extraído
das sementes da mamoneira é considerado uma das alternativas do governo
brasileiro para a produção de biodiesel. Apesar de sua importância sócio-econômica,
a espécie apresenta poucas cultivares melhoradas para o Nordeste, embora
apresente ampla variabilidade genética e seu melhoramento para a Região advenha
desde a década de 60.
Segundo Carvalho (2005), por ser pouco trabalhada do ponto de vista do
melhoramento genético, existe grandes perspectivas para obtenção de cultivares
que possam incrementar sua produtividade, aumentar o teor de óleo das sementes e
permitir a identificação de fontes de resistência as principais pragas e doenças da
cultura, já que sua diversidade é ainda pouco explorada.
Nos programas de melhoramento de plantas, a informação quanto à
diversidade e à divergência genética é essencial para o uso racional dos recursos
genéticos (Loarce et al., 1996). De acordo com Moreira et al. (1994) os estudos
sobre a diversidade genética nas coleções de germoplasma podem ser realizados a
partir de caracteres morfológicos de natureza qualitativa ou quantitativa.
Para avaliar a divergência genética o utilizadas técnicas de análises
multivariadas, dentre elas, estão à análise dos componentes principais e de
variáveis canônicas, cuja escolha baseia-se na precisão desejada pelo pesquisador,
na facilidade da análise e na forma como os dados foram obtidos. A avaliação da
dissimilaridade ou similaridade é realizada através de análises biométricas, com
base na quantificação da heterose, ou por processos baseados nas diferenças
morfológicas, fisiológicas e agronômicas dos genitores, sendo que uma das mais
empregadas é a distância euclidiana (Cruz e Regazzi, 2001).
De acordo com Cruz (1990) a análise dos componentes principais permite
maior simplificação nos cálculos estatísticos e interpretação dos resultados em
46
relação aos demais métodos alternativos, à medida que poucos componentes são
suficientes para explicar a variação existente, principalmente nos casos em que o
número de indivíduos é relativamente grande. A técnica de componentes principais
permite o estudo com médias amostrais ou com dados de experimentos sem
repetições.
A importância da diversidade genética para o melhoramento reside no fato de
que cruzamentos envolvendo genitores geneticamente diferentes são os mais
convenientes para produzir alto efeito heterótico e também, maior variabilidade
genética em gerações segregantes (Rao et al., 1981). A avaliação da divergência
genética nas populações permite identificar os indivíduos mais divergentes,
viabilizando o conhecimento das melhores combinações híbridas, auxiliando o
melhorista na seleção de combinações mais promissoras e favoráveis aos
cruzamentos (Falconer, 1987).
A divergência genética é um dos mais importantes parâmetros avaliados por
melhoristas de plantas no início do programa de melhoramento, principalmente
quando o objetivo é obter segregantes transgressivos. Desta forma, em um
programa de melhoramento a escolha dos parentais é um ponto de fundamental
importância para obter populações com ampla base genética, onde a seleção natural
e/ou artificial possa atuar (Cruz et al., 1983).
A certificação de variabilidade com base na divergência genética é uma
estratégia bastante utilizada em um programa de melhoramento. Entretanto, a
avaliação da divergência genética como critério de escolha de genitores nos
programas de melhoramento genético da mamoneira tem sido pouco realizado,
como exemplo cita-se o trabalho de Figueiredo Neto et al. (2004) e Costa et al.
(2006).
O uso da divergência genética viabiliza a identificação de genitores para a
formação de populações com ampla variabilidade genética, proporcionando maior
ganho genético nos ciclos sucessivos de seleção. Diante do exposto, visando
subsidiar o Programa de Melhoramento Genético da Mamoneira para o Recôncavo
Baiano, este trabalho objetivou avaliar a divergência genética entre cultivares de
mamoneira, a partir dos caracteres adaptativos, dos componentes de produção e do
rendimento das cultivares.
47
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e
Biológicas (CCAAB) da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Cruz das
Almas, entre os meses de abril de 2006 e fevereiro de 2007. O município está
situado na região fisiográfica do Recôncavo Baiano, apresentando as coordenadas
geográficas de 1 40’ 19” latitude sul, 39º 06’ 23” de longitude oeste de Greenwich
e altitude média de 220m. O clima é do tipo subúmido, com pluviosidade dia
anual de 1.170mm, com variações entre 900 e 1.300mm, sendo os meses de março
a agosto os mais chuvosos e de setembro a fevereiro os mais secos. A temperatura
média anual é de 24,1ºC e o solo é classificado como Latossolo Amarelo Álico
Coeso, de textura argilosa e relevo plano (Ribeiro et al., 1995).
As sementes de mamona utilizadas neste trabalho foram obtidas pela
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), na Estação
Experimental de Iraquara BA. Estas foram colhidas em janeiro de 2005,
beneficiadas e armazenadas em sacos de alinhagem na Estação Experimental de
Itaberaba – BA (EBDA) até o plantio no campo experimental do CCAAB.
A correção do solo foi efetuada seguindo recomendações da análise de
fertilidade química, sendo aplicados 1.000kgha
-1
de calcário dolomítico, 60kha
-1
de N
(20kgha
-1
plantio e 40kgha
-1
em cobertura), 80kgha
-1
de P
2
O
5
e 40kha
-1
de K
2
O. O
controle de ervas daninhas foi realizado com capina manual e não foram utilizados
inseticidas nem fungicidas para combater a lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) e o mofo
cinzento (A. ricini) respectivamente, observados durante a condução do
experimento.
O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso, com cinco repetições e
cinco tratamentos, constituídos pelas cultivares BRS 149 Nordestina, BRS 188
Paraguaçu, EBDA MPA-17, Mirante 10 e Sipeal 28. Cada parcela teve as dimensões
12,0m x 15,0m, com as linhas laterais constituindo as bordaduras, e a área útil
abrangendo as dimensões de 9,0m x 10,0m. O espaçamento entre fileiras foi de
3,0m e entre covas de 1,0m, resultando em cinco fileiras com 12 covas e 30 covas
na área útil do experimento. Foram semeadas três sementes por cova e o desbaste
foi realizado aos 25 dias após o plantio, deixando uma planta por cova.
48
Foram analisados os caracteres florescimento do racemo primário (FLO),
estande final (EST), número de racemos emitidos por planta (NRE), número de
racemos colhidos por planta (NR), número de racemos abortados por planta (NRA),
altura de caule (AC), estatura de planta (EP), diâmetro de caule (DC), comprimento
médio de internódios do caule (CMIC), número de internódios do caule (NIC),
comprimento efetivo (útil) de racemo (CER), comprimento de racemo (CR),
comprimento de racemo sem enchimento (CRSE), peso de racemo (PR), peso de
frutos por racemo (PFR), peso de sementes por racemo (PSR), número de frutos por
racemo (NFR), número de sementes por racemo (NSR), peso de frutos por planta
(PFPL), peso de frutos por parcela (PFP), peso de sementes por planta (PSPL),
peso de sementes por parcela (PSP) e potencial produtivo de sementes (PP).
Os caracteres FLO, AC, CMIC, NIC, DC, EP, CER e PP foram avaliados de
acordo com descritores utilizados pela Embrapa Algodão, descritos por Freire et al.
(2001). Para avaliar NR, NRE e o NRA foram realizadas contagens periódicas
durante todo ciclo da cultura. Para estas aferições, foi considerado racemo abortado
aquele que não apresentou frutos ou encontrava-se deformado ou mal-formado com
número de frutos inferior a três. Visando estudar o potencial de enchimento do
racemo, foram aferidos CR e CRSE. Estes caracteres, mais CER, PR, PFR, PSR e
NFR foram realizados nos três primeiros racemos de cada planta e em 10 plantas ao
acaso, utilizando régua e balança digital de precisão. O EST foi determinado
contando-se o número de plantas vivas aptas para colheita. Foram realizadas
colheitas periódicas a fim de se evitar perdas com deiscência de algumas cultivares,
entretanto, a colheita final foi efetuada no mesmo período para todas as cultivares.
Os racemos colhidos tiveram os frutos retirados e pesados para determinação do
PFP. O PFPL foi determinado pela razão entre o PFP e o EST. Após secagem ao
sol em terreiro, as sementes que não foram removidas dos frutos por deiscência,
foram retiradas através de batidas em sacos de alinhagem e as que ainda
apresentavam casca aderida, extraídas com alicate de poda manualmente. As
sementes foram pesadas para determinação do PSP e a partir deste o PP foi
mensurado em função do número de covas da área útil e tamanho da área útil. O
PSPL foi determinado pela razão entre PSP e EST.
Os dados inicialmente foram submetidos à análise de variância para avaliação
da presença de variabilidade genética entre as cultivares, e em seguida os valores
49
médios foram ordenados segundo o teste de Scott e Knott, ao nível de 5% de
probabilidade ( = 0,05). Estas análises foram conduzidas pelo programa SAS
System (2001).
As variáveis canônicas foram obtidas a partir da análise multivariada e a
divergência genética foi então determinada utilizando as técnicas de análise de
agrupamento e análise de componentes principais. Para a análise de agrupamento
foi utilizada a distância euclidiana como medida de dissimilaridade e no processo de
agrupamento utilizou-se o método UPGMA. Estas análises estatísticas foram
realizadas pelo programa Statistica (2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a análise de variância houve diferença significativa para a
maioria dos caracteres, a exceção do estande final (EST), apresentando variação
entre os genótipos, indicando a necessidade de avaliação das médias
separadamente em cada genótipo e sua comparação pelo teste de Scott Knott.
Nesta análise (Tabela 1) observa-se que as médias somente não diferem
significativamente para o estande final, confirmando os resultados obtidos pelo teste
F, sinalizando, a princípio, existência de divergência genética entre as cultivares. O
coeficiente de variação foi satisfatório em todos os caracteres, sugerindo eficiente
controle do efeito de ambiente e conseqüentemente, maior confiabilidade nos dados.
Houve a formação de pelo menos dois grupos pelo teste de Scott Knott em
quase todos os caracteres avaliados (Tabela 1). O número de racemos abortados, a
altura do caule, o número de internódios do caule e o peso de sementes por racemo
foram representados por três grupos. Observa-se ainda a formação de quatro
grupos para os caracteres número de frutos por racemo e o número de sementes
por racemo. No entanto, assim como observaram Costa et al.. (2006), o início do
florescimento foi o caráter que apresentou o maior número de grupos, confirmando
com o obtido neste estudo, onde verificou-se cinco grupos, sendo este o maior
número possível.
50
Tabela 1.
Médias das características agronômicas de cinco cultivares de
mamoneira. Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, 2007.
BRS 149
Nordestina
BRS 188
Paraguaçu
EBDA
MPA-17
Mirante 10 Sipeal 28 C.V.
(%)
FLO
(dias)
49,60 b 47,00 d 48,60 c 42,20 e 53,00 a
1,33
EST 14,40 a 18,60 a 20,20 a 14,60 a 19,40 a
26,41
NRE 23,62 a 28,10 a 15,20 b 28,68 a 19,28 b
18,82
NR 16,10 a 18,80 a 11,36 b 9,56 b 17,44 a
24,81
NRA 7,52 b 9,30 b 3,84 c 19,12 a 1,84 c
22,88
AC
(cm)
58,76 b 57,42 b 66,65 a 39,42 c 59,81 b
9,51
EP
(m)
1,95 b 2,20 a 2,08 a 1,79 b 2,34 a
11,33
DC
(mm)
52,04 a 49,48 a 49,86 a 38,53 b 50,63 a
10,62
CMIC
(cm)
3,93 b 4,19 b 4,81 a 4,21 b 4,69 a
10,17
NIC 15,76 a 14,14 b 14,26 b 9,96 c 13,26 b
7,12
CER
(cm)
18,01 a 14,86 b 18,50 a 18,14 a 18,12 a
11,06
CR
(cm)
24,14 a 19,40 b 25,14 a 23,94 a 23,90 a
9,32
CRSE
(cm)
6,13 a 4,54 b 6,64 a 5,80 a 5,78 a
17,02
PR
(g)
96,16 a 92,77 a 97,50 a 27,80 b 107,44 a
17,21
PFR
(g)
82,80 a 82,06 a 84,73 a 24,00 b 99,11 a
16,06
PSR
(g)
49,52 b 52,37 b 54,44 b 15,64 c 63,66 a
16,61
NFR 25,48 c 24,58 c 36,02 a 17,26 d 28,98 b
14,57
NSR 71,94 c 67,58 c 97,04 a 47,52 d 79,14 b
15,39
PFPL
(Kg)
1,32 a 1,01 a 0,92 a 0,45 b 1,20 a
25,36
PFP
(Kg)
18,50 a 18,02 a 18,87 a 6,78 b 22,58 a
32,24
PSPL
(Kg)
0,62 a 0,57 a 0,48 a 0,28 b 0,65 a
25,09
PSP
(Kg)
8,72 a 10,11 a 9,78 a 4,20 b 12,13 a
31,36
PP (
Kgha
-1
)
968,89 a 1.123,33 a 1.086,44 a 467,11 b 1.347,33 a
31,36
FLO: florescimento do racemo primário; EST: estande final; NRE: número de racemos emitidos por planta; NR:
número de racemos por planta; NRA: mero de racemos abortados por planta; AC: altura de caule; EP:
estatura de planta; DC: diâmetro de caule; CMIC: comprimento médio de internódios do caule; NIC: número de
internódios do caule; CER: comprimento efetivo de racemo; CR: comprimento de racemo; CRSE: comprimento
de racemo sem enchimento; PR: peso de racemo; PFR: peso de frutos por racemo; PSR: peso de sementes por
racemo; NFR: número de frutos por racemo; NSR: número de sementes por racemo; PFPL: peso de frutos por
planta; PFP: peso de frutos por parcela; PSPL: peso de sementes por planta; PSP: peso de sementes por
parcela; PP: potencial produtivo de sementes; Valores seguidos da mesma letra na horizontal pertencem ao
mesmo grupo pelo teste de Scott e Knott a 5 % de probabilidade.
51
A diversidade constatada entre os genótipos foi observada preliminarmente
nos caracteres coloração, tamanho e forma da semente (Figura 1), sendo inclusive,
facilmente visualizada nas sementes utilizadas para este estudo.
Figura 1.
Variabilidade em termos de tamanho, coloração e forma das sementes
utilizadas no experimento. A Sipeal 28; B EBDA MPA-17; C Mirante 10; D
BRS 149 Nordestina; E BRS 188 Paraguaçu. Cruz das Almas, Recôncavo
Baiano, 2006.
A cultivar Sipeal 28 obteve os melhores desempenhos em quase todos os
componentes de produção: peso de racemo por planta, peso de frutos por racemo,
peso de sementes por racemo, peso de frutos por parcela, peso de sementes por
planta, peso de sementes por parcela e potencial produtivo de sementes. Em
contrapartida, a cultivar Mirante 10 demonstrou pouca adaptação
à região,
visualizado em seu baixo potencial produtivo, assim como, no elevado número de
racemos abortados.
Não obstante, a análise isolada de caracteres pode conduzir escolhas
deficitárias, decorrentes da não inclusão de efeitos de correlação entre os diferentes
caracteres de natureza quantitativa, devido sua complexa base genética e maior
sensibilidade aos efeitos de ambiente. Desta forma, a análise simultânea de
variáveis leva a uma melhor avaliação e interpretação de todo o fenômeno biológico
que determina o comportamento de cada genótipo (Costa, 2006). Nesse contexto, a
utilização da análise de componentes principais permite reduzir a dimensionalidade
do conjunto de variáveis originais, com um nimo de perda de informações e
aplicar técnicas de agrupamento que permitem visualizar a dispersão gráfica em
espaços bidimensional ou tridimensional de fácil interpretação geométrica (Cruz et
al., 2004).
A
B
C
D
E
52
Tabela 2.
Autovetores associados a cada variável e variância total e
acumulada obtidos na análise de componentes principais de cinco genótipos
de mamoneira. Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, 2007.
Variáveis CP 1 CP 2 CP 3 CP 4
FLO -0,2380 -0,0221 -0,1122 -0,3535
NRE 0,1787 0,3260 -0,0451 -0,0277
NR -0,1655 0,3392 -0,0561 -0,1668
NRA 0,2522 0,0785 -0,0054 0,0754
CER 0,0157 -0,4070 -0,2146 -0,3396
CR 0,0023 -0,4205 -0,2245 -0,2217
CRSE -0,0238 -0,4270 -0,2333 0,0174
PR -0,2541 0,0411 -0,0638 0,0581
PFR -0,2550 0,0455 -0,0350 -0,0156
PSR -0,2555 0,0387 0,0230 -0,0301
NFR -0,2107 -0,2164 0,1016 0,2982
NSR -0,2156 -0,2073 0,0635 0,2988
AC -0,2401 -0,0769 -0,0135 0,3280
AP -0,2142 0,1100 0,2857 -0,2838
DC -0,2407 0,0618 -0,1955 0,1536
CMIC -0,1156 -0,2752 0,4429 -0,1362
NIC -0,2010 0,0731 -0,3177 0,4059
EST -0,1782 -0,0729 0,4765 0,1047
PFP -0,2549 0,0338 -0,0320 -0,0823
PFPL -0,2163 0,1067 -0,3273 -0,0891
PSP -0,2489 0,0651 0,1042 -0,1337
REND -0,2489 0,0651 0,1042 -0,1337
PSPL -0,2263 0,1516 -0,1929 -0,1918
Variância total
(%)
66,0067 20,8797 9,2434 3,8702
Variância acumulada
(%)
66,0067 86,8865 96,1298 100,0000
O primeiro componente principal explicou 66,01% da variância total e
representa um contraste entre número de racemos abortados (NRA) e o peso de
sementes por racemo (PSR), peso de frutos por racemo (PFR), peso de frutos por
parcela (PFP), peso de racemo (PR), uma vez que essa variáveis apresentam os
maiores coeficientes de ponderação, com sinais contrários (Tabela 2). O segundo
componente principal explicou 20,88% e encontra-se negativamente relacionado aos
caracteres comprimento efetivo do racemo (CER), comprimento do racemo (CR) e
comprimento do racemo sem enchimento (CRSE).
As duas primeiras variáveis canônicas explicaram 86,89% da variação total
acumulada. Este valor é considerado satisfatório, pois os componentes principais
explicaram mais de 80% da variância contida no conjunto de caracteres analisados
(Cruz , 1990; Ferreira, 1996; Cruz et al., 2004), viabilizando o agrupamento entre as
53
cultivares e a construção de uma dispersão em função da diversidade observada
(Figuras 2 e 3).
Figura 2.
Dendrograma de dissimilaridade entre cinco genótipos de
mamoneira. Cruz das Almas, Recôncavo Baiano, 2007.
A utilização da distância euclidiana como medida de dissimilaridade
possibilitou a formação de quatro grupos (Figura 2). O grupo I foi representado pelas
cultivares BRS 188 Paraguaçu e EBDA MPA-17, o grupo II pela BRS 149
Nordestina, o grupo III pela Sipeal 28 e o grupo IV pela cultivar Mirante 10.
A maior distância foi observada entre a Mirante 10 e as cultivares EBDA MPA-
17 e BRS 188 Paraguaçu, ou seja, geneticamente a maior divergência está entre o
genótipo do grupo IV e os genótipos do grupo I. Portanto os melhores resultados
seriam esperados da combinação entre os indivíduos destes dois grupos.
Entretanto, verifica-se que a Mirante 10 apresentou baixo desempenho produtivo e
pouca adaptabilidade, e segundo Abreu at al. (1999) sua utilização como genitor é
desaconselhável que as melhores combinações devem envolver indivíduos
I
II
III
IV
54
divergentes, mas de elevada performance. Resultados semelhantes foram obtidos
por Costa et al. (2006).
A combinação entre os indivíduos do grupo I com o genótipo do grupo II,
assim como deste genótipo com o indivíduo do grupo III poderá gerar resultados
satisfatórios. Entretanto, os melhores resultados devem ser alcançados de
combinações entre a Sipeal 28 e as cultivares BRS 188 Paraguaçu e EBDA MPA-
17, por apresentarem maior distância euclidiana e, conseqüentemente, menor
similaridade (Figura 2), além de obterem os maiores rendimentos e melhores
desempenhos dentre os componentes de produção e caracteres adaptativos (Tabela
1).
Nordestina
Paraguaçu
EBDA MPA-17
Mirante 10
Sipeal 28
-8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10
CP 1: 66.01%
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
CP 2: 20.88%
Figura 3
. Dispersão gráfica dos escores de cinco genótipos de
mamona em relação aos componentes principais 1 e 2, avaliadas
no município de Cruz das Bahia, Recôncavo Baiano, em 2006.
Na Figura 3 encontra-se a dispersão gráfica dos dados referentes aos
caracteres avaliados nas seis cultivares. Os escores foram plotados em espaço
bidimensional, com a distância desses pontos proporcional ao grau de
dissimilaridade entre os genótipos. A retenção de mais de 80% da variância total dos
dados originais, pelas duas variáveis canônicas possibilitou a transposição da
55
divergência genética do espaço p-dimensional (p = 23) para o bidimensional, com
grau de distorção desprezível, através da dispersão gráfica pelo método de UPGMA.
A distribuição das cultivares no gráfico de dispersão (Figura 3) confirmou a
maior distância observada entre a Mirante 10 e as demais cultivares, assim como
permitiu identificar a maior divergência genética entre a Sipeal 28 e as cultivares
BRS Paraguaçu e EBDA MPA-17, ratificando os resultados das análises anteriores.
CONCLUSÕES
Verifica-se divergência genética entre as cultivares avaliadas;
A cultivar mais divergente, Mirante-10, não é recomendada para hibridação para
formar populações segregantes, em razão de seu baixo desempenho médio;
Combinações promissoras são esperadas entre Sipeal 28 X BRS 188 Paraguaçu
e Sipeal 28 X EBDA MPA-17, em virtude da maior dissimilaridade apresentada e
do melhor desempenho médio destes genótipos na região do Recôncavo Baiano.
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STATSOFT.
STATISTICA
(data analysis software system), version 6. 2001
58
CONSIDERÕES FINAIS
A mamoneira é uma cultura de grande importância para o Estado da Bahia,
maior produtor nacional desta oleaginosa, por fixar mão de obra no campo e gerar
renda extra aos agricultores que a cultivam geralmente em consorciação com feijão
ou milho. O perigo de perda total da lavoura quando esta euforbiácea é utilizada é
mínimo, que a planta suporta longos períodos de estiagem, constituindo-se como
um seguro em anos de seca.
Cultivada em sua maioria por agricultores familiares, o muitos os entraves
na cadeia produtiva da mamona, a exemplo cita-se a falta de assistência técnica, a
mistura varietal utilizada nos plantios e a presença marcante de atravessadores.
Além disso, muitos municípios onde a agricultura é predominantemente familiar,
como Cruz das Almas, encontram-se fora da área zoneada para cultura, ou seja,
não existe cultivares apropriadas para estes locais, sob o risco de baixas
produtividades, muito embora o melhoramento da espécie no Estado tenha
começado neste município.
A planta apresenta grande variabilidade genética, mas pouco trabalhada do
ponto de vista do melhoramento genético. As produtividades observadas encontram-
se ainda muito aquém do esperado. Além disso, doenças como o mofo-cinzento e a
murcha do Fusarium são capazes de causar grandes estragos nas lavouras. Diante
disso, torna - se visível à necessidade de obtenção de novas cultivares ajustadas as
condições de baixas altitudes, mais produtivas, com maior teor nas sementes,
tolerantes as principais doenças e/ou pragas, dentre outras características
importantes.
Em qualquer programa de melhoramento é indispensável à avaliação inicial
dos recursos genéticos que serão utilizados para hibridações, selecionando-se
aqueles de melhor comportamento local e também os mais divergentes. As
melhores combinações poderão originar populações com ampla base genética, e
59
conseqüentemente, serão obtidos ganhos genéticos nos consecutivos ciclos de
seleção.
No presente trabalho foi observado o melhor desempenho médio da cultivar
Sipeal 28, genótipo cujo melhoramento deu-se a princípio na região do Recôncavo
Baiano, destacando a influência do ambiente na expressão do potencial genético.
Com exceção da cultivar Mirante 10, este genótipo apresentou a maior
dissimilaridade entre as cultivares EBDA MPA-17 e BRS 188 Paraguaçu, que
também obtiveram desempenhos médios razoáveis. Desta forma, a combinação da
Sipeal 28 com estes indivíduos propiciarão melhor exploração da variabilidade
gerada.
A Mirante 10, apesar de ter sido a mais divergente das cultivares avaliadas,
apresentou pouca adaptabilidade e baixa produtividade, desaconselhando seu uso
em hibridações. Entretanto, terá utilidade prática em estudos fitopatológicos
específicos para o mofo cinzento, que demonstrou forte suscetibilidade a esta
doença.
Diante da importância do conhecimento das correlações, permitindo identificar
possíveis modificações que ocorrem em um determinado caráter em função da
seleção praticada em outro correlacionado a ele, a seleção de cultivares de altura
média, de modo que não dificulte a colheita, que apresente maior peso de frutos por
racemo e maior peso de sementes por racemo, é um importante critério para
obtenção de genótipos mais produtivos, que estes caracteres estiveram
fortemente e positivamente correlacionados com o potencial produtivo.
O cultivo da mamoneira no Recôncavo Baiano foi considerado viável, apesar
da região não apresentar municípios zoneados para a cultura. Essa viabilidade
deve-se a produtividade média obtida entre as cultivares, que foi superior a média
nacional.
As informações obtidas neste estudo proporcionarão um incremento da
produtividade da cultura na Bahia, indicando as cultivares mais propícias atualmente
para a região, assim como, dará suporte ao ‘Programa de Melhoramento Genético
da Mamoneira (Ricinus communis L.) para a Região do Recôncavo Baiano’,
contribuindo indiretamente com o Programa de Biodiesel do Estado.
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