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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS, AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
AVALIAÇÃO DA SILAGEM ÁCIDA DO RESÍDUO DO CAMARÃO
BRANCO (Litopenaeus vannamei) COMO FONTE PROTÉICA NA
ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus)
CAROLINA NUNES COSTA
CRUZ DAS ALMAS-BA
FEVEREIRO- 2007
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AVALIAÇÃO DA SILAGEM ÁCIDA DO RESÍDUO DO CAMARÃO
BRANCO (Litopenaeus vannamei) COMO FONTE PROTÉICA NA
ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus)
CAROLINA NUNES COSTA
Engenheira Agrônoma
Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia, 2005
Dissertação submetida à Câmara de Ensino de
Pós-Graduação e Pesquisa da Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia como requisito
parcial para obtenção do Grau de Mestre em
Ciências Agrárias, Área de Concentração:
Produção Animal.
ORIENTADOR: PROF. DR. LEANDRO PORTZ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CRUZ DAS ALMAS – BAHIA - 2007
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FICHA CATALOGRÁFICA
C837 Costa, Carolina Nunes
Avaliação da silagem ácida do resíduo do camarão
branco (Litopenaeus vannamei) como fonte protéica na
alimentação. da Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) /
Carolina Nunes Costa.- Cruz das Almas, BA, 2007.
_45 f. : il., tab.
Orientador: Leandro Portz
Dissertação (Mestrado) Centro de Ciências Agrárias,
Ambientais e Biológicas, Universidade Federal do Recôncavo
da Bahia, 2007.
1. Tilápia do Nilo - alimentação 2. Resíduo de camarão
aproveitamento 3. Resíduo de camarão - silagem.
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Centro de
Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas. II. Título
CDD 20ed. 639.3
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________
Prof. Dr. Leandro Portz
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas – UFRB
(Orientador)
_______________________________
Prof. Dr. Luís Gustavo Tavares Braga
Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais - UESC
_______________________________
Dra. Mariana Cutolo Araújo
Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas –UFRB
Dissertação homologada pelo Colegiado de Curso de Mestrado em Ciências
Agrárias em............................................................................................................
Conferindo o grau de Mestre em Ciências Agrárias em .......................................
“Tropeçar e cair no mau caminho é apenas uma fraqueza temporária. Não pense
que está completamente perdido. O próprio solo em que você caiu pode ser
usado como apoio para que se levante novamente, se você aprender com suas
experiências.”
Paramahansa Yogananda
“Digno de admiração é aquele que, tendo tropeçado ao dar o primeiro passo,
levanta-se e segue em frente.”
Carlos Fox
DEDICO
Aos meus pais
e meu bisavô Isaac Nunes (I.M.)
Grande responsável pelo meu interesse às Ciências Agrárias
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, por ter me concedido essa dádiva de chegar até
aqui, me fornecer forças nos momentos difíceis, não me deixar desistir e me
proteger sempre.
Aos meus pais que sempre me incentivaram e me apoiaram em todos os
sentidos.
Ao meu irmão Mauricio que mesmo distante, torceu muito por mim e me deu
apoio e força para continuar lutando.
À minha família que sempre me apoiou e que esteve sempre torcendo pela
minha vitória.
Às minhas avós Naná e Noemi exemplos de coragem e sabedoria.
À minha madrinha que sempre esteve bem presente em minha vida.
À família Bomfim, que me adotou e me ajudou muito durante todo esse tempo,
em especial Thiago, que me deu suporte durante todo o tempo e me amparou nos
momentos mais difíceis sempre com paciência e dedicação.
Ao meu orientador Dr. Leandro Portz por me apresentar à Aqüicultura, pela
confiança depositada e por todo o aprendizado.
Aos meus amigos que estiveram sempre torcendo por mim durante todo o
momento, além da força, compreensão e atenção dispensada.
À minha República, ex-casa das seis mulheres, pela alegria contagiante
sempre, em especial a Luciana e Emília pelo apoio incondicional sempre.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pela bolsa concedida.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio
financeiro à minha pesquisa.
À empresa Bahia Pesca S.A. pela grande contribuição em minha pesquisa, em
especial ao técnico Rogenaldo de Brito Chagas e o gerente José Roberto.
À empresa de alimentos Vitaly Foods pela doação dos ingredientes
responsáveis pela formulação das rações.
À empresa Aquavale no nome do Engenheiro de Pesca José Carlos, pela
doação dos alevinos utilizados no experimento.
À Profª. Drª. Janice Druzian pela orientação e grande colaboração nas
análises dos resultados.
Ao Dr. Hamilton Hisano pela orientação e amizade dispensada durante todo o
trabalho.
À equipe do Lapesca (Laboratório de Cromatografia Aplicada e Pescado da
Faculdade de Farmácia da UFBA), Bruna Machado, Carolina Oliveira, Cristiane
Viegas, Denis Diniz, Fabio Sanches, Jaff Ribeiro, Lorena Fraga, Luciana Tosta,
Viviane Duran, Railda, Roselene, Tatiana Barreto.
A todos os professores da antiga Escola de Agronomia, principalmente aos do
nosso antigo Departamento de Zootecnia, onde convivi a maior parte do tempo, e
que torceram por mim, Adson, Ana Maria, Benedito Costa, Gabriel Jorge, Evani
Strada, Maria Vidal, Maria do Carmo, Samuel Nunes, Soraya Jaegger, Ricardo
Abreu que muito contribuiu para realização deste trabalho e aos orientadores que
me incentivaram na pesquisa, Grimaldo Jorge Carvalho e Maria Vanderly Andréa.
Ao Núcleo em Estudos em Aqüicultura (NEPA) da UFRB, os professores Carla
Macedo, Clovis Pereira, Marcelo Tesser, Mariana Araújo e Soraia Fonteles pelo
apoio, incentivo e amizade sempre.
Aos professores Francisco Fadigas e Ricardo Cardoso por cederem seus
respectivos laboratórios para execução de parte do trabalho.
Ao Prof. Dr.Carlos Alberto da Silva Ledo grande responsável pelo meu
conhecimento na estatística.
Aos estagiários do NEPA pela amizade e dedicação a essa pesquisa, Baden
Bell, Bárbara Campos, Daniel Botto, Fabio Santos, Fulvio Melo, Luciana
Rodrigues, Marcy Conde, Paula e Vanine.
Ao Núcleo de Engenharia Água e Solo da UFRB (NEAS), professores Áureo
Silva, Cláudia Bloisi, Francisco Adriano, Vital Paz, à Roberta e Thomas pela
imensa atenção e contribuição.
Ao MSc. Ricardo Borghesi, doutorando da ESALQ-USP, que muito colaborou
com este trabalho.
À Profª. Dra. Marília Oetterer pela atenção dispensada.
Aos funcionários da Universidade, que sempre colaboraram de alguma forma
com a realização do meu trabalho, Aida Maia, Sidinha, Biro, Manoel, José Bastos,
Ailton, Aristáquio, Brás, Boi, Rosilda, Railda, Hilza, Geraldo, Nete, Diógenes,
Wilson, José Raimundo, Bomfim, Benedita, Til, Dona Elza.
Aos meus colegas de mestrado, em especial André, Gean, Geógenes,
Emanoela, Mario, e Rogenaldo.
SUMÁRIO
Página
RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÂO ........................
...................................................................
01
Capítulo 1
PRODUÇÃO DA SILAGEM ÁCIDA DO RESÍDUO DO CAMARÃO
Litopenaeus vannamei : COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DE ÁCIDOS
GRAXOS.....................................................................................................
09
Capítulo 2
UTILIZAÇÃO DA SILAGEM ÁCIDA DO RESÍDUO DO CAMARÃO
Litopenaeus vannamei NA ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA DO NILO
(Oreochromis
niloticus)....................................................................................................
30
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................
45
AVALIAÇÃO DA SILAGEM ÁCIDA DO RESÍDUO DO CAMARÃO BRANCO
(Litopenaeus vannamei) COMO FONTE PROTÉICA NA ALIMENTAÇÃO DA
TILÁPIA DO NILO (Oreochromis niloticus)
Autor: Carolina Nunes Costa
Orientador: Prof. Dr. Leandro Portz
RESUMO: objetivou-se produzir silagem ácida de resíduos do camarão
Litopenaeus vannamei e avaliar o valor nutricional estudando a viabilidade da
utilização para a alimentação animal. Para produção da silagem foi acrescentada
mistura ácida (propiônico e fórmico - 1:1) em 3% do volume ao resíduo do
camarão. O produto final foi monitorado durante 40 dias e foram realizadas
análises da composição centesimal e de ácidos graxos nos tratamentos (0, 5, 10
15, 23, 30 e 40) dias. A proteína bruta apresentou acréscimo progressivo nos
tratamentos e o melhor tratamento foi com 30 dias. A silagem apresentou
concentração de ácidos graxos poliinsaturados de 40,14% em seu total. Esta
comprovou ser eficiente na conservação do resíduo de camarão, não alterando
sua composição nutricional e podendo ser utilizada como fonte protéica
alternativa na nutrição animal. Com o objetivo de reduzir os custos na alimentação
de tilápias do Nilo, foram formuladas dietas isoprotéicas (30%) e isoenergéticas
(3.200 kcal/kg), utilizando a silagem ácida de resíduo de camarão como fonte
protéica em cinco níveis (0%, 4%, 8%, 12% e 16%) de inclusão. Foram avaliados
os parâmetros desempenho e composição centesimal do tecido muscular em
alevinos de tilápia (7,00 ± 0,05 g) alimentados três vezes por dia, durante 60 dias
até a saciedade. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 5
tratamentos e 4 repetições. Em sistema de recirculação de água fechado, com 20
tanques e 10 alevinos por tanque. Não houve diferença significativa (P>0,05) para
consumo alimentar nos diferentes tratamentos. A palatabilidade entre as rações
não foi afetada. Níveis de até 12% de inclusão de silagem obtiveram resultados
410,64%; 10,31%; 1,09g/g; 191,66g/g; 2,71% para ganho de peso, taxa de
eficiência protéica, conversão alimentar, retenção protéica e taxa de crescimento
específico, respectivamente. Não houve diferença significativa na composição
centesimal do tecido muscular e relação hepato-somática dos peixes alimentados
com as diferentes dietas (P>0,05). A silagem ácida do resíduo de camarão pode
ser utilizada em a12% da fração protéica em rações para tilápia do Nilo sem
perdas no desempenho e composição centesimal do tecido muscular.
Palavras chave: ácidos graxos, aqüicultura, proteína, resíduo de camarão
branco, silagem, tilápia do Nilo.
EVALUATED OF ACID SILAGE OF SHRIMP WASTE (Litopenaeus
vannamei) ON PROTEIN SOURCE OF NILE TILAPIA (Oreochromis
niloticus) FEED.
ABSTRACT: The objective was estimating the proximate and fatty acid
composition of the acid silage of the shrimp waste Litopenaeus vannamei
during 40
th
days of conservation period. The study was conducted in triplicate
and dry matter, crude protein, ash, crude lipid, fatty acid composition, no-protein
nitrogen was determined. The crude protein presented a progressive increment
and better results after 23 days of conservation. The silage presented high
concentrations of poliinsaturated fatty acids. The acid silage proved to be an
efficient method in the conservation of the shrimp waste, not altering nutritional
composition and could be used as a source alternative protein in the animal
nutrition area. With the objective of reducing the costs of Nile tilapia feeding,
iso-nitrogenous (30%) and iso-energetic (3,200 kcal/kg) diets were formulated
using acid silage of shrimp waste as protein source at five levels (0%, 4%, 8%,
12% and 16%). Growth performance and proximal composition parameters of
the muscular tissue were evaluated in tilápia (7,00 ± 0,05 g) feed three times a
day until satiation, during sixty days. The experiment was accomplished in a
completely randomized design with 5 treatments and 4 repetitions in a closed
recirculation water system. The feed consumption was not significant different
(P>0.05). Palatability among diets was not affected. Levels up to 12% of silage
inclusion (T4) resulted in satisfactory results 410.64%; 10.31%; 1.09g/g;
191.66g/g; 2.71% for weight gain, protein efficiency rate, feed conversion,
protein retention and specific growth rate, respectively. There were not
significant differences in the proximate composition of the muscular tissue and
hepato-somatic index for the fish fed with the different diets (P>0.05). The acid
silage of shrimp waste can be used up to 12% of the protein in Nile tilapia feeds
without losses in growth performance and proximate composition of the
muscular tissue.
Keywords: aquaculture, fatty acids, Nile tilapia, protein, shrimp waste, silage.
INTRODUÇÃO
A aqüicultura é uma das atividades zootécnicas que vem se destacando
no Brasil como alternativa econômica para o setor agropecuário, sendo
propícia ao aproveitamento de áreas improdutivas, transformando e elevando a
potencialidade e a produtividade. Junto ao avanço da atividade, o processo de
industrialização de pescado cresce de forma constante com o surgimento de
indústrias de beneficiamento. Esse avanço visa o aprimoramento no processo
de obtenção de diferentes apresentações do pescado ao mercado consumidor
(Oliveira et al., 2006).
Esse aumento da produção aqüícola, aliado a baixa disponibilidade,
qualidade e elevado custo da farinha de peixe, aumentam a demanda por
fontes protéicas alternativas de boa qualidade, na formulação de rações. A
substituição de fontes protéicas tradicionais por fontes alternativas visa dar
subsídio à formulação com mínimo custo que atendam as exigências
nutricionais, pois os organismos aquáticos necessitam de grande quantidade
de proteína, principalmente na fase inicial do crescimento (Boscolo, 2003).
Resultados recentes demonstraram a possibilidade da utilização da silagem
(ácida, biológica e enzimática) como ingrediente protéico em rações
balanceadas para peixes, como substituto parcial da farinha de peixe
(Borghesi, 2004). A silagem de resíduo de pescado pode ser destinada
também à produção de ração de diferentes classes animais como suínos,
ovinos, bovinos e aves domésticas, por possuir alto valor nutricional, fonte de
proteína de alta qualidade e minerais, (Haard et al., 1985; Signor et al., 2005).
A silagem de resíduo do pescado é rica em ácidos graxos de alta qualidade
e valor biológico, podendo ser produzida a partir de espécies subutilizadas na
piscicultura, fauna acompanhante de pesca marítima, descartes da
comercialização de pescado e resíduos de indústrias de processamento. Estes
produtos são considerados matérias-primas de baixo valor econômico e,
quando não utilizados, causam problemas ao meio ambiente trazendo
prejuízos ecológicos, sanitários e econômicos (Vidotti et al., 2002).
Entre as vantagens da produção da silagem em relação à farinha de peixe,
pode-se citar que sua produção é virtualmente independente de escala, a
tecnologia é simples, mesmo para produção em grandes quantidades, o capital
gasto é pequeno, os efluentes e odores são reduzidos, não é necessário
armazenamento refrigerado do produto, o processo é rápido e o produto pode
ser utilizado de forma imediata (Beerli et al., 2004).
O processamento de silagem não é recente, sendo desenvolvido em 1920,
por A.I. Virttanen, utilizando ácidos clorídrico e sulfúrico para conservação de
forragens. Em 1936, na Suécia, foram iniciados os primeiros experimentos com
peixes utilizando ácido clorídrico, sulfúrico, açúcares e ácido rmico (Tatterson
et al., 1974).
O princípio envolvido na manufatura da silagem é o de que vários ácidos ou
misturas de ácidos possam ser utilizados de forma simples e segura.
Entretanto, quando silagens são produzidas utilizando-se ácidos inorgânicos, o
pH deve permanecer ao redor de 2,0 para evitar o crescimento bacteriano,
sendo necessário neutralizar o produto antes que seja usado com propósitos
alimentares (Sales, 1995; Raa e Gildberg, 1982).
A combinação dos ácidos orgânicos propiônico e fórmico leva a não
necessidade da neutralização, devido ao poder de estabilização desses ácidos
no pH da biomassa. A mistura de ácidos fórmico e propiônico tem sido
recomendada. Na preparação de silagem química, a escolha do agente de
preservação deverá ocorrer entre os ácidos mineral, orgânicos ou a mistura de
minerais e orgânicos. Alguns, como o fórmico, são geralmente de maior custo
do que os ácidos minerais comuns, a exemplo do ácido sulfúrico, mas
produzem silagens que não são muito ácidas e que não necessitam
neutralização antes do uso (Oetterer, 2002).
A ação bactericida do ácido também deve ser considerada. Os ácidos
orgânicos o amplamente utilizados na indústria de alimentos como aditivos e
agentes de processamento. Estes são adicionados para controlar a
alcalinidade de muitos produtos podendo agir como tampões ou simplesmente
como agentes neutralizantes. Além de poderem atuar desde agentes
antimicrobiais até antioxidantes, como conservantes (Fiorucci et al., 2002).
A silagem de pescado se constitui em produto líquido preservado pela ação
de ácidos ou por fermentação microbiana induzida por carboidratos e pode ser
feita a partir do pescado inteiro ou do material residual deste. A liquefação
deste material ocorre pela atividade das enzimas proteolíticas naturalmente
presentes nos peixes e/ou adicionadas (Oetterer, 2002). As enzimas presentes
na matéria-prima separam a proteína e a liquefazem, enquanto o ácido previne
a ação dos microrganismos (Oliveira et al, 2006).
A silagem feita a partir do resíduo de pescado pode ser uma fonte de
proteína de alta qualidade e minerais para a alimentação animal (Oliveira et al,
2006). A utilização desta silagem como substituto de ingredientes protéicos em
rações para organismos aquáticos surge como alternativa para diminuir os
custos com a alimentação e consequentemente os custos de produção do
pescado além de solucionar os problemas de ordem sanitária e ambiental
causados pela falta de destino adequado dos resíduos gerados pela indústria
do pescado (Cavalheiro et al, 2007; Fagbenro e Jauncey, 1995; Plascencia-
Jatomea et al., 2002; Vidotti, 2001; Vidotti et al, 2003).
A carcinicultura brasileira vem crescendo desde a década de 70, quando
foram implantados os primeiros cultivos de camarão marinho em sistema
extensivo. Nos últimos anos verificou-se crescimento na produção deste
pescado no Brasil, registrando um incremento de 829% entre 1998 2002.
Junto com essa intensificação da produção e mais o processamento do
camarão ocorreram problemas de ordem sanitária e ambiental em relação ao
destino do resíduo gerado pela indústria camaroneira (Amaral et al., 2003). A
alternativa sustentável e viável seria transformar os resíduos de pescado em
ensilados para utilização em dietas para organismos aquáticos (Zeoula et al.,
2003).
O resíduo da indústria de exportação do camarão é considerado abundante
material e fonte de proteína de boa qualidade para alimentação de peixes
(Cavalheiro et al., 2007). Segundo Shirai et al. (2001) a silagem de resíduo de
camarão é um eficiente método de preservação, permitindo a conservação de
quitina e de pigmentos associados. Gildberg e Stenberg (2001) destacaram o
alto teor de quitina em resíduos de camarão e descreveram procedimentos
técnicos para extração deste polímero.
A quitina é um dos mais abundantes amino polissacarídeos naturais
presentes na carapaça dos crustáceos. As principais fontes comerciais da
quitina são os resíduos de camarão, lagosta e siri. O camarão apresenta em
média 7% de quitina (Weska et al, 2005). Este polímero pode aumentar a
atividade do sistema imunológico de peixes marinhos, e seu uso como imuno-
estimulante tem sido estudado com especial consideração ao papel protetor
(Esteban et al., 2001). Isto também foi verificado em peixes e camarões por
Sakai (1999).
Em experimentos realizados com tilápia do Nilo, Plascencia-Jatomea et al.
(2002), demonstraram que o hidrolisado da cabeça de camarão é uma
alternativa promissora como fonte protéica, aumentando o crescimento dos
peixes alimentados com dietas com níveis de inclusão de até 15 %, além de
serem muito consumidas pelos peixes.
A tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) é um dos peixes mais cultivados na
aqüicultura brasileira, podendo a espécie ser excelente alternativa para criação
em viveiros, tanques, lagos (Sales, 1995). A tilápia é bastante rústica, possui
crescimento rápido, além de apresentar excelente textura e sabor, tendo boa
aceitação no mercado consumidor, a tornando uma espécie de grande
interesse para a piscicultura nacional (Hayashi et al, 1999).
As tilápias aproveitam bem os carboidratos como fonte de energia,
permitindo assim maior economia da proteína nas rações em relação a outras
espécies cultiváveis. Geralmente estas apresentam exigência em ácidos
graxos n-6 (ou linoléico – C 18:2 n6, LA) (Kubitza, 2000).
Os ácidos graxos são os principais componentes dos lipídios leos e
gorduras). Os ácidos graxos essenciais, em analogia aos aminoácidos
essenciais, são aqueles que os animais não sintetizam ou o fazem em
quantidades insuficientes e, portanto, devem ser obtidos ou fornecidos a partir
da dieta. As exigências em ácidos graxos essenciais são bastante distintas
entre os peixes de clima frio - temperado e os tropicais (Kubitza, 1997; 2000).
Os peixes são constituintes importantes na dieta humana e possuem a
maior reserva de ácidos graxos poliinsaturados, especialmente os da família
eicosapentanóico (EPA) e o docosahexanóico (DHA) da série n-3. As
pesquisas científicas com esses ácidos graxos m-se intensificado por
estarem envolvidos na prevenção e cura de doenças, principalmente
cardiovasculares e inflamatórias em humanos ( Brum et al., 2002).
As concentrações de ácidos graxos poliinsaturados (AGPI) n-3 na carcaça
de peixes, variam de acordo com a espécie e dependem especialmente da
dieta consumida por estes (Furuya et al., 2006; Visentainer, 2003).
Objetivou-se com este trabalho avaliar a composição química e teor de
ácidos graxos da silagem ácida resíduos do camarão Litopenaeus vannamei,
analisando no período de conservação de 40 dias, bem como testar a silagem
de camarão como possível ingrediente protéico alternativo em rações para
tilápia do Nilo, minimizando custos da produção e possíveis impactos
ambientais causados pelos resíduos da indústria camaroneira.
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CAPÍTULO 1
SILAGEM ÁCIDA DE RESÍDUO DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei:
COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DE ÁCIDOS GRAXOS
_______________________________________________________________
1
Artigo submetido ao Comitê Editorial do periódico científico
Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias – Lisboa – Portugal
SILAGEM ÁCIDA DE RESÍDUO DO CAMARÃO BRANCO Litopenaeus
vannamei:
COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E DE ÁCIDOS GRAXOS
Autor: Carolina Nunes Costa
Orientador: Prof. Dr. Leandro Portz
RESUMO
Objetivou-se realizar o monitoramento da composição centesimal e de ácidos
graxos da silagem ácida de resíduos provenientes do processamento do
camarão branco Litopenaeus vannamei ao longo do tempo (0, 5, 10, 15, T5-23,
30 e 40) dias. O experimento foi conduzido em triplicata e determinado os
teores de matéria seca, proteína bruta, cinzas, lipídio bruto, composição de
ácidos graxos e nitrogênio não protéico. A proteína bruta apresentou acréscimo
progressivo, alcançando aumento na porcentagem dos resultados após 23 dias
de conservação. A melhor relação nitrogênio não-protéico: proteína bruta no
tempo de 30 dias A silagem apresentou concentrações dos ácidos graxos
poliinsaturados EPA e DHA, respectivamente 6,54% e 9.79% . A silagem ácida
comprovou ser método eficiente na conservação do resíduo de camarão,
havendo aumento no teor da composição nutricional, podendo ser utilizada
como uma fonte protéica alternativa na nutrição animal.
Palavras-chave: ácidos graxos, composição centesimal, resíduo de camarão,
silagem ácida.
ACID SILAGE OF SHRIMP WASTE WHITE Litopenaeus vannamei:
PROXIMATE AND FATTY ACID COMPOSITION
Author: Carolina Nunes Costa
Adviser: Dsc. Leandro Portz
ABSTRACT
The aim of this study was to estimate the proximate and fatty acid composition
of the acid silage of shrimp waste white Litopenaeus vannamei in the
throughout the time (0, 5, 10, 15, 23, 30 e 40) days. The study was conducted
in triplicate and dry matter, crude protein, ash, crude lipid, fatty acid
composition, non-protein nitrogen was determined. The crude protein showed
progressive increment and reaching in percentage of results after 23 days of
conservation. The best relation non-protein nitrogen: crude protein in the time of
30 days. The silage presented poliinsaturated EPA and DHA fatty acids,
respectively 6.54% and 9.79%. The acid silage proved to be an efficient method
for shrimp waste conservation, having increase in the text of nutritional
composition and could be used as an alternative source of protein for animal
nutrition.
Keywords: acid silage, fatty acids, proximate composition, shrimp waste.
INTRODUÇÃO
O termo resíduo refere-se a todo subproduto e sobra do processamento de
alimentos de valor econômico relativamente baixo (Morales-Ulloa, 1994).
Descartes da comercialização do pescado e resíduos da indústria do
processamento, quando descartados, podem se transformar em fontes
poluidoras causadoras de problemas ambientais trazendo prejuízos ecológicos,
sanitários e econômicos, sendo necessário o aperfeiçoamento de sistemas de
aplicação e gerenciamento destes resíduos (Nunes, 1999; Vidotti et al, 2002).
Grande parte da tecnologia conhecida para a utilização e processamento do
resíduo oriundo da indústria do pescado não demonstra ser economicamente
atrativa, em vista do elevado custo do investimento inicial. Os aterros sanitários
e lagoas de tratamento de efluentes não são alternativas recomendáveis, devido
ao odor desagradável e poluição do lençol freático (Lustosa Neto, 1994).
O processo de industrialização de peixes tem crescido com o aparecimento
das indústrias de beneficiamento. No entanto, grandes quantidades de peixes
são desperdiçadas durante a captura, comercialização e processos industriais,
chegando a 65% da matéria prima (Boscolo et al., 2001).
Segundo Oetterer (2002), resíduos sólidos de peixe, camarão e bivalves
podem ser aproveitados como ingredientes alternativos para ração de peixes,
especialmente na aqüicultura, visando encontrar alternativa de proteína animal,
que a captura de pescado e produção da farinha de peixe oriunda dessa
captura encontram-se em declínio.
No caso dos crustáceos, a cabeça do camarão Litopenaeus vannamei
representa aproximadamente 33% do seu peso vivo, e é descartado pelas
indústrias de processamento como material residual. Atualmente, este resíduo
se apresenta como grave problema ambiental, como potencial poluente. No
Brasil, no ano de 2000, cabeças de camarão da espécie Litopenaeus vannamei
constituíram aproximadamente 8.250 “t”, de uma produção nacional total de
25.000 toneladas de camarão (Nunes, 2001).
Uma alternativa sustentável e viável seria a transformação do resíduo em
silagem para utilização em dietas para organismos aquáticos e outros animais
domésticos, como ruminantes (Zeoula et al., 2003).
A silagem aparece como um produto líquido produzido a partir de restos da
indústria do camarão, ao qual são adicionados ácidos, enzimas ou bactérias
produtoras de ácido láctico, como forma simples e de baixo custo para
conservação do resíduo do camarão, (Tatterson, 1974). O processo para a
obtenção do ensilado é simples, prático e econômico, não exigindo
equipamentos e procedimentos custosos, como os empregados na produção
de farinha de peixe (Oetterer et al., 2001).
Segundo Vidotti et al. (2002) a silagem de pescado é produto com alto teor
protéico, rico em ácidos graxos e de alto valor biológico na nutrição animal,
podendo ser produzida a partir de espécies subutilizadas na piscicultura, fauna
acompanhante de pesca marítima, descartes da comercialização de pescado e
resíduos de indústrias de processamento.
Para melhoria da qualidade da silagem, o aproveitamento e processamento
do resíduo deve ser feito de forma imediata, ou seja, assim que estes são
separados das mesas processadoras, os camarões devem ser
homogeneizados e a mistura de ácido adequado acrescentada (Oetterer,
2002). Este procedimento é de extrema importância, pois as condições da
matéria-prima utilizada para a elaboração da silagem estão diretamente
relacionadas com a qualidade do produto final (FAO, 2003a).
Disney et al. (1977), relatam que a combinação do ácido mineral e o ácido
fórmico (combinando assim um baixo pH com uma ação bactericida) promoveu
um econômico e eficiente tratamento ácido. Várias concentrações do ácido
fórmico e níveis de pH foram testados e os níveis requeridos dependeram das
espécies de peixes e das condições de produção. A ação bactericida do ácido
deve ser considerada. No caso de se utilizar a proporção 1:1, fórmico
propiônico e adição de 3% do volume/peso à biomassa, a silagem que se
obtém é estável, com aroma acidificado (Arruda, 2004; Kompiang, 1981).
Muitos estudos citam que a silagem de pescado pode apresentar elevado
potencial para a utilização como fonte protéica na aqüicultura, devido à sua
semelhança com a matéria-prima, fornecendo proteínas de boa qualidade, alta
digestibilidade e baixo custo (Fagbenro e Jauncey, 1995; Heras et al., 1994;
Honczaryk e Maeda,1998; Vidotti, 2001; Vidotti et al., 2003). Fagbenro e Bello-
Olusoji (1997) afirmaram que a silagem de camarão apresentou perfil
nutricional adequado e grande potencial como fonte protéica alternativa e de
ácidos graxos essenciais em dietas para peixes.
Estudos mais recentes demonstram que a utilização da farinha de
crustáceos apresenta compostos que podem atuar como imuno-estimulantes e
fatores de crescimento. Gildberg e Stenberg (2001) destacaram o alto teor de
quitina em resíduos de camarão. A quitosana e a quitina têm muitas aplicações
na medicina, na agricultura e na aqüicultura. Na aqüicultura, é usado como
imuno-estimulante e conferiu proteção imune em trabalhos com salmonídeos
desafiados a agentes bacterianos (Anderson e Siwicki, 1994; Sakai, 1999;
Gopalakannan e Arul, 2006; Esteban, et al., 2001).
Em estudo com Litopenaeus monodon, Williams et al. (2005) encontraram
evidências da presença de fatores de crescimento não identificado em farinhas
de crustáceos e concluíram que este fator pode ser originário de proteína
insolúvel. Segundo Shirai et al., (2001), a silagem do resíduo de camarão foi
eficiente como método de preservação da proteína, quitina, pigmentos e
enzimas.
Os ácidos graxos essenciais funcionam como componentes dos
fosfolipídios em todas as biomembranas e como precursores para os
eicosanoides que cumprem várias funções metabólicas (Kubitza, 2000; NRC,
1993). Os ácidos alfa-linolênico 18:3 n-3, LNA e linoléico (18:2 n-6, LA) são
considerados ácidos graxos essenciais e precursores metabólicos dos demais
ácidos da família n-3 e n-6 como os ácidos eicosapentaenóico (20:5 n-3, EPA)
e docosa-hexanóico (22:6 n-3, DHA) (Visentainer et al., 2003).
A concentração de ácidos graxos poliinsaturados da família n-6 em
espécies de água doce é geralmente alta, isto pode ser explicado pela dieta
dos peixes tropicais que, na sua maioria, são onívoros e se alimentam de
fontes ricas em ácidos graxos da família n-6. Normalmente, os peixes
carnívoros são de águas frias e temperadas e, como a série n-3 dos ácidos
graxos permite um maior grau de insaturação, melhorando a permeabilidade,
flexibilidade e fluidez das membranas em baixas temperaturas, é natural que
acumulem uma maior quantidade destes compostos nos seus tecidos (Portz,
2001).
A família dos ácidos n-3 é atribuída uma grande importância nutricional,
especialmente aos ácidos LNA, EPA e DHA. Os peixes são importantes
constituintes da dieta humana e possuem a maior reserva de ácidos graxos
poliinsaturados, especialmente o EPA e o DHA da família n-3. Assim inúmeras
pesquisas surgiram relacionando a ingestão dos ácidos graxos n-3 e a
diminuição de colesteremicas e consequentemente, menor incidência de
doenças cardiovasculares em humanos (Brum et al, 2002; Visentainer et al.,
2003; Visentainer et al., 2005).
Objetivou-se avaliar a silagem ácida dos resíduos do camarão branco
(Litopenaeus vannamei), em sua composição química e o seu teor de ácidos
graxos, analisando o período de conservação ao longo de 40 dias.
MATERIAL E MÉTODOS
1. Matéria-prima
Foram utilizados como matéria-prima para obtenção da silagem ácida,
resíduos do camarão Litopenaues vannamei "in natura", oriundos da Estação
Experimental de Maricultura da empresa BAHIA PESCA S.A. localizada no
distrito de Acupe, Santo Amaro, Bahia. Foram constituídos de cabeças e
acabamento do produto final.
Após o processamento do camarão, o resíduo foi imediatamente triturado e
homogeneizado em moedor elétrico modelo PSEE -10, CV de 1.1/4 e levado
para o Laboratório de Pescado e Cromatografia Aplicada da Faculdade de
Farmácia da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia., onde foram
realizadas as análises químicas e elaboração da silagem.
2. Silagem
A matéria-prima após processada foi pesada e distribuída em três béqueres
de 2L, hermeticamente fechados, contendo 1,2 kg de resíduos. A cada
recipiente foi adicionado a cada recipiente o antioxidante BHT
(hidroxibutilanisol), dissolvido em álcool etílico na concentração de 0,02 g/100
g. A mistura de ácidos (propiônico a 100 % e fórmico a 80 %, na proporção
1:1), foi diluída em uma relação de 3 % do volume da solução ácida para a
massa do resíduo. A solução de ácidos e o antioxidante foram acrescentados
gradativamente, sob constante revolvimento com bastão de vidro até total
homogeneização da mistura.
Os béqueres foram mantidos sob a temperatura de 28 ± 2 ºC, sob
fermentação natural, durante o período de 40 dias. O pH foi medido
diariamente com o auxílio do pHmetro digital. Essas foram homogeneizadas
diariamente, e nos intervalos 0, 5, 10, 15, 23, 30, 40 dias, foram coletadas
amostras para posteriores análises.
3. Determinação da composição centesimal
Os métodos para realização das análises seguiram recomendações da
AOAC (1980). A proteína bruta (PB) foi determinada utilizando o método de
Kjeldahl, por determinação de nitrogênio total. O nitrogênio o-protéico (NNP)
foi determinado pelo todo de Becker et al. (1940), no qual o nitrogênio
protéico é precipitado com ácido tricloroacético a 10 % e o nitrogênio não-
protéico depositado no sobrenadante após repouso e filtração, e determinado
pelo procedimento de micro-Kjeldahl. O teor de cinzas foi determinado
utilizando mufla à 600ºC, seguindo metodologia da AOAC (1980). A extração
de lipídio foi realizada pelo método de Bligh-Dyer (1959), seguindo metodologia
da AOAC (1980). O teor de umidade foi determinado utilizando estufa comum,
seguindo metodologia da AOAC (1980).
3.1 Determinação de cálcio e fósforo
As análises de cálcio e fósforo foram realizadas apenas nas amostras que
apresentaram melhor resultado. O teor de cálcio foi determinado por
espectrofotometria de absorção atômica (plasma) e o teor de fósforo foi
determinado através do método colorimétrico. As análises foram feitas de
acordo com AOAC (1980).
3.2 Determinação dos Ácidos Graxos
A determinação do perfil de ácidos graxos da silagem do resíduo do
camarão foi realizada nas amostras que apresentaram o melhor resultado em
relação ao tempo. O lipídio bruto (LB) foi extraído pelo método Bligh e Dyer
(1959), e posteriormente, esterificados, segundo metodologia da AOAC (1980),
para determinação do perfil de ácidos graxos. Após este procedimento, os
lipídios extraídos foram injetados em cromatógrafo gasoso, CP- 3800 Varian
(CG - FID), coluna WAX 25 mm x 0,25 mm x 0,2 µm, com fluxo de 1,3 ml/min
de hélio, detector e injetor à temperatura de 280 ºC em três rampas (150 ºC por
16 min, aquecendo até 180 ºC em 2 ºC / min, e totalizando em 90 minutos de
corrida.
4. Análise Estatística
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANAVA), em seguida
submetidos ao teste de comparação de dia Scott Knott (P<0,05), pelo
aplicativo Sisvar (2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A coloração castanho-avermelhada da silagem ácida do resíduo do
camarão foi semelhante à silagem de resíduo de tilápia encontrada por Oliveira
et al. (2006), isto, provavelmente, está associada à concentração de
astaxantina oriunda de carotenóide presente na composição dos crustáceos.
O pH manteve-se estável em torno de 4,0 durante todo o período de
armazenagem, o aroma foi de odor ácido característico, sendo esse fator
originado pela própria escolha dos ácidos (fórmico e propiônico) como também
relatado por Oetterer, (2002).
A composição centesimal da silagem ácida de resíduo de camarão está
apresentada na tabela 1. A proteína bruta aumentou gradativamente durante
todo o período de conservação, não apresentando diferença estatística a partir
do 23º dia.
Tabela 1 - Composição químico-bromatológica da silagem ácida de resíduo do
camarão Litopenaeus vannamei durante diferentes períodos de estocagem.
(g/100g de matéria seca)
Tratamentos por
Dias
Matéria Seca Proteína Bruta
Cinzas
Lipídio Bruto
0
20,15 a
62,28 c
14,79 a
11,41 a
5
20,20 a
66,14 b
14,06a
13,86 a
10
20,72 a
64,96 b
13,75 a
11,05 a
15
20,42 a
66,36 b
13,71 a
11,07 a
23
20,61 a
69,19 a
13,97 a
10,97 a
30
20,37 a
73,10 a
13,40 a
11,68 a
40
20,80 a
71,54 a
13,70 a
11,88 a
Erro padrão
ANAVA (Pr>Fc)
0,23
0,3515
0,23
0,0001
0,05
0,0731
0,24
0,67
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0,05)
A partir do 5º dia foi observado aumento gradativo da característica
liquefeita da biomassa, até se tornar uma mistura com apresentação líquido-
pastosa. Esta característica física também foi observada por Borghesi (2004) e
Arruda (2004) em experimentos de produção da silagem a partir do resíduo de
pescado. Segundo Oetterer (2002), a liquefação ocorre pelo aumento das
atividades das enzimas proteolíticas naturalmente presentes nos pescados ou
quando são adicionados aditivos para o processo de elaboração da silagem.
Foi observado o aumento no teor de nitrogênio não-protéico até os 40 dias
(figura 1), isto pode ser explicado pelo aumento da hidrólise das proteínas por
enzimas proteolíticas durante o processo de ensilagem, tornando o material
mais solúvel. Esses resultados corroboram com o relatado por Gao et al.
(1992); Lo et al. (1993); Oetterer (2002) em experimentos realizados com
ensilado de resíduo da indústria da salmonicultura. Oliveira et al. (2006),
observaram que a ação de proteases endógenas presentes nos tecidos de
tilápia, e conseqüente aumento da solubilização da proteína bruta. Estes
valores no 1º e 30º dia foram de 39,08% e 48,30%, respectivamente.
Figura 1. Relação nitrogênio não-protéico (NNP) e proteína bruta (PB), médias
seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente (P>0,05).
O tratamento da silagem com 30 dias de fermentação apresentou maior
valor biológico (nutricional), por caracterizar a maior relação entre o teor de PB
e o valor de NNP (figura 1).
Os valores de PB verificados neste trabalho foram superiores aos
encontrados na literatura, 43,38 g/100 g PB em 30 dias de ensilado com
camarão Macrobrachium vollenhovenii (Fagbenro (1996); 32,26 g/100 g em 15
dias de ensilado com Litopenaeus spp. (Plascencia-Jatomea et al. (2002);
49,44 g/100 g em 60 horas de ensilado com Litopenaeus spp. (Cavalheiro et al.
(2007) e (Cira et al. 2002), também com silagem de camarão Litopenaeus spp.
com 90 dias, encontraram resultado de 45,4 g/100 g confirmando com os
resultados do trabalho, o tempo de ensilagem pode ser um fator que interfere
no teor de PB.
6,2
6,4
6,6
6,8
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
T1-0 T2-5 T3-10 T4-15 T5-23 T6-30 T7-40
Tratamento - Dias
Nitronio Não Protéico (%)
56,0
58,0
60,0
62,0
64,0
66,0
68,0
70,0
72,0
74,0
Proteína Bruta (%)
NNP PB
c
b
b
b
a
a
a
e
d
d
d
b
c
a
Esses valores mais baixos também foram verificados com silagem de
peixes. Arruda (2004) e Borghesi (2004) encontraram os valores 59,27 e 54,25
g/100g, respectivamente, em experimentos realizados com silagem ácida de
tilápia, no período de 30 dias. Vidotti et al. (2003), 59,6 g/100 g em silagem
fermentada de peixe marinho; 42,09 g/100 g em silagem fermentada de peixe
fresco e 35,84 g/100 g em silagem fermentada de resíduo de tilápia,
respectivamente.
Os resultados obtidos para as análises de matéria seca, cinzas e lipídio
bruto não apresentaram diferença significativa (P>0,05). Os valores
encontrados para LB aproximaram-se aos valores encontrados por Fagbenro
(1996), variando entre 10,02; 10,86; 10,41; 12,45; 12,54 g/100g no tempo de
armazenagem 0, 30, 60, 90 e 180 dias, respectivamente em experimento
realizado com silagem biológica de cabeça de camarão, utilizando-se melaço
de cana como fonte de carboidrato na fermentação. Contudo, o teor de LB
(figura1) encontrado foi superior ao encontrado por Plascencia-Jatomea (2002),
1,5 g/100 g em silagem de camarão. No entanto, dados encontrados com
silagem ácida de descartes de peixes de água doce, de resíduos de tilápia e de
descartes de peixes marinhos por Vidotti et al. (2002) variaram 29,43; 34,68;
9,99 g/ 100 g, respectivamente, em relação ao tipo de silagem, foram
superiores aos valores encontrados no presente trabalho. Por outro lado
Borghesi (2004) em experimentos com silagem ácida de tilápia, observou
teores de LB 12,45 g/100 g. Segundo Oliveira et al. (2006), o conteúdo de LB
na matéria prima e na silagem é considerado importante parâmetro para avaliar
a qualidade do produto, onde silagens com alto teor de lipídios podem
apresentar rancidez, considerada indesejável ao produto.
Os teores de cinzas da silagem nos diferentes tempos de conservação
foram próximos aos valores encontrados por Cavalheiro et al. (2007) e
Fagbenro e Bello-Olusoji (1997), de 12,3 e 10,3 g/100 g. Enquanto que os
valores encontrados por Plascencia-Jatomea et al. (2002) e Fagbenro (1996),
17,65 e 16,56g/100g, respectivamente, foram superiores aos valores
encontrados nesta pesquisa.
Os valores encontrados para cálcio e fósforo foram respectivamente 0,95
%; 1,03 %, sendo superiores aos encontrados em silagem de cabeça de
camarão por Cavalheiro et al. (2007) 0,45 %; 0,04 % de cálcio e de fósforo,
respectivamente.
A silagem ácida de resíduo de camarão apresentou um total de 33 ácidos
graxos (tabela 2). O ácido palmítico (C 16:0) apresentou maior concentração,
21,45 %. Resultado semelhante foi encontrado em estudo realizado por Furuya
et al. (2006), com camarão de água doce Macrobrachium amazonicum, inteiro,
com identificação de 36 diferentes de ácidos graxos, sendo o ácido palmítico o
mais freqüente com 18,2 % do total.
Tabela 2 Identificação e quantificação da composição de ácidos graxos da
silagem ácida de resíduo do camarão Litopenaeus vannamei no período de
fermentação de 30 dias
Ácidos graxos (%) ± desvio padrão
Tempo retenção (min)
Ácidos graxos
Padrão de ácidos
graxos
Silagem
T6-30 dias
1,303
C 4:0
6,56 0,12 ± 0,02
1,382
C 6:0
2,99 0,12 ± 0,02
-
C 8:0
3,38 -
2,178
C 10:0
3,68 0,10 ± 0,01
2,321
C 11:0
1,86 0,25 ± 0,02
3,445
C 12:0
3,81 0,04
4,609
C 13:0
1,97 0,25 ± 0,02
6,427
C 14:0
4,02 1,43 ± 0,19
7,710
C 14:1ω5
2,01 -
9,144
C 15:0
2,02 1,43 ± 0,07
11,090
C 15:1
2,12 -
13,443
C 16:0
6,14 21,45 ± 0,78
14,562
C 16:1ω7
2,02 3,32 ± 0,12
18,985
C 17:0
1,48 1,67 ± 0,02
20,062
C 17: 1ω5
2,20 0,86 ± 0,1
24,451
C 18:0
4,16 6,51 ± 0,03
25,312
C 18: 1ω9 cis
4,58 15,16 ± 0,01
25,607
C 18: 1ω9 trans
2,15 3,40 ± 0,04
27,533
C 18: 2ω6 cis
2,02 18,04 ± 0,23
27,718
C 18: 2ω6 trans
1,96 0,07 ± 0,01
28,784
C 18: 3ω6
1,73 0,10 ± 0,00
30,391
C 18: 3ω3
1,72 1,14 ± 0,01
34,095
C 20:0
4,07 0,45 ± 0,01
34,964
C 20: 1ω9
2,31 1,30 ± 0,05
37,823
C 20: 2ω6
2,03 1,24 ± 0,05
39,527
C 20: 3ω6
1,87 0,12 ± 0,02
40,537
C 21:0
2,07 0,10 ± 0,01
41,101
C 20: 4ω6
1,49 2,93 ± 0,10
42,545
C 20:3 ω3
1,88 0,17 ± 0,01
46,682
C 20:5 ω3 (EPA)
1,46 6,54 ± 0,26
49,313
C 22:0
4,18 0,68 ± 0,02
50,886
C 22: 1ω9
2,28 0,31 ± 0,02
56,262
C 22: 2ω6
2,08 -
59,341
C 23:0
2,05 0,16 ± 0,00
64,140
C 24:0
4,14 0,32 ± 0,00
64,445
C 22:6 ω3 (DHA)
1,10 9,79 ± 0,53
64,917
C 24: 1ω9
2,39 0,43 ± 0,01
TOTAL 100 100
A silagem ácida de resíduo de camarão é rica em ácidos graxos
monoinsaturados e poliinsaturados (tabela 3), valores estes superiores a
concentração de ácidos graxos saturados. Conforme relatado por Brum et al.
(2002), a concentração de ácidos graxos saturados estaria dentro da faixa
adequada para nutrição animal.
Tabela 3 – Somatório em % de diferentes séries de ácidos graxos totais da
silagem ácida de resíduo de camarão T6-30
Grupos de ácidos graxos
Silagem
Saturados 35,08
Monoinsaturados 24,78
Poliinsaturados 40,14
n– 3 17,60
n– 6 22,50
n– 9 20,60
n3/n6 0,78
EPA 6,54
DHA
9,79
EPA + DHA
16,33
EPA/DHA 0,67
Foram encontrados níveis elevados de ácido linoléico (C 18:2n-6cis, LA),
ácido oléico (C 18:1n-9 cis), EPA (C 20:5n3) e DHA (C 22:6 n-3). Os valores
dos ácidos linoléico e DHA foram superiores quando comparados aos
encontrados por Zeoula et al. (2003), 3,49 e 0,11%, respectivamente, em
trabalhos com silagem ácida de resíduos de tilápias onde não foi detectado
concentrações de EPA.
O alto teor de ácidos graxos insaturados presente na silagem do camarão
estudado é originário do próprio hábito alimentar da espécie Litopenaeus
vannamei, onde os ácidos graxos são produzidos pelas algas marinhas e
transferidos posteriormente, via cadeia alimentar, pelos zooplanctons.
Organismos aquáticos marinhos possuem maior teor de ácidos graxos
insaturados do que animais de água doce (Martino e Takahashi, 2001). Tais
concentrações, principalmente de EPA e DHA, neste resíduo podem contribuir
no possível acúmulo de ácidos graxos na carcaça de peixes de água doce
quando suplementados na ração (Martino et al., 2002), tal fato poderia trazer
benefícios à saúde humana no consumo de pescado cultivados e alimentados
com a silagem do resíduo de camarão.
CONCLUSÃO GERAL
O presente estudo demonstrou que a silagem ácida pode ser eficiente
forma de conservação do resíduo de camarão em um período de até 40 dias,
sendo o período de 30 dias a melhor relação entre o NNP x PB, podendo ser
utilizada como uma fonte protéica alternativa na nutrição animal.
Além da silagem do resíduo de camarão possuir fonte protéica de alto valor
biológico, considerando a composição lipídica, esta pode contribuir de forma
expressiva na exigência dos ácidos graxos essenciais. Concluindo que a
silagem pode ser utilizada em rações para a aqüicultura, diante da composição
nutricional. A elaboração da silagem é cil, pida e independe de material e
procedimentos de alto custo.
AGRADECIMENTOS
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior pela
concessão da bolsa de estudos. À Fundação de Amparo à Pesquisa pelo
recurso financeiro. A empresa BAHIA PESCA S.A. no fornecimento da matéria
prima e apoios prestados.
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CAPÍTULO 2
UTILIZAÇÃO DA SILAGEM ÁCIDA DO RESÍDUO DO CAMARÃO
Litopenaeus vannamei NA ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA DO NILO
(Oreochromis niloticus)
_______________________________________________________________
1
Artigo a ser submetido ao Comitê Editorial do periódico científico
Pesquisa Agropecuária Brasileira
UTILIZAÇÃO DA SILAGEM ÁCIDA DO RESÍDUO DO CAMARÃO BRANCO
Litopenaeus vannamei NA ALIMENTAÇÃO DA TILÁPIA DO NILO
(Oreochromis niloticus)
RESUMO - Com o objetivo de reduzir os custos na alimentação de tilápias do
Nilo, foram formuladas dietas isoprotéicas (30%) e isoenergéticas (3.200
kcal/kg) utilizando a silagem ácida de resíduo de camarão branco como fonte
protéica em cinco níveis (0%, 4%, 8%, 12% e 16%) de inclusão. Foram
avaliados parâmetros desempenho e composição centesimal do tecido
muscular em alevinos de tilápia (7,00 ± 0,05 g) alimentados três vezes por dia,
durante sessenta dias a a saciedade. O experimento foi realizado em um
delineamento inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 4 repetições em
um sistema de recirculação de água fechado. Não houve diferença significativa
(P>0,05) para consumo alimentar, nos diferentes tratamentos. A palatabilidade
entre as rações não foi afetada. Níveis de até 12% de inclusão de silagem
obtiveram resultados 410,64%; 10,31%; 1,09g/g; 191,66g/g; 2,71% para ganho
de peso, taxa de eficiência protéica, conversão alimentar, retenção protéica e
taxa de crescimento específico, respectivamente. o houve diferença
significativa na composição centesimal do tecido muscular e relação hepato-
somática dos peixes alimentados com as diferentes dietas (P>0,05). A silagem
ácida do resíduo de camarão pode ser utilizada em até 12% da fração protéica
em rações para tilápia do Nilo sem perdas no desempenho e composição
centesimal do tecido muscular.
Palavras-chave: alimentação, camarão branco, proteína, silagem, tilápia do
Nilo.
USE OF SILAGE ACID OF SHRIMP WASTE WHITE Litopenaeus vannamei
IN the FEEDING OF NILE TILAPIA (Oreochromis niloticus)
ABSTRACT -
With the objective of reducing the costs of nile tilapia feeding, iso-
nitrogenous (30%) and iso-energetic (3,200 kcal/kg) diets were formulated
using acid silage of shrimp waste as protein source at five levels (0%, 4%, 8%,
12% and 16%). Growth performance and proximal composition parameters of
the muscular tissue were evaluated in tilápia (7,00 ± 0,05 g) feed three times a
day until satiation, during sixty days. The experiment was accomplished in a
completely randomized design with 5 treatments and 4 repetitions in a closed
recirculation water system. The feed consumption was not significant different
(P>0,05). Palatability among diets was not affected. Levels up to 12% of silage
inclusion resulted in good satisfactory results 410.64%; 10.31%; 1.09g/g;
191.66g/g; 2.71% for weight gain, protein efficiency rate, feed conversion,
protein retention and specific growth
rate, respectively. There were not significant differences in the proximate
composition of the muscular tissue and hepato-somatic index for the fish fed
with the different diets (P>0.05). The acid silage of shrimp waste can be used
up to 12% of the protein in Nile tilapia feeds without losses in growth
performance and proximate composition of the muscular tissue
Keywords: feeding, Nile tilapia, protein, shrimp waste white, silage.
INTRODUÇÃO
O processo de industrialização do pescado tem crescido com o
aparecimento de indústrias de beneficiamento. No entanto, grandes
quantidades destes são desperdiçadas durante a captura, comercialização e
processos industriais, chegando a 65% da matéria prima (Boscolo et al., 2001).
Resíduos sólidos de peixe, de camarão e de bivalve podem ser aproveitados
como ingredientes para ração em aqüicultura, visando substituir a farinha de
peixe tradicional e introduzir a silagem como um novo produto no mercado
(Oetterer, 2002).
No caso do camarão marinho, a cabeça representa aproximadamente 33%
do seu peso corporal, sendo descartado como material residual. Atualmente,
este representa grave problema ambiental, como potencial poluente (Nunes,
2001). A cabeça do camarão é um resíduo abundante e com importante valor
econômico como fonte de proteína (Cavalheiro et al., 2007).
No Brasil, somente no ano de 2000, cabeças de camarão da espécie
Litopenaeus vannamei constituíram aproximadamente 8.250 “t”, da produção
nacional total de 25.000 “t” de camarão (Nunes, 2001). Uma alternativa
sustentável e viável seria transformar o resíduo desse camarão em silagem
para utilização em dietas para organismos aquáticos.
Muitos autores relataram que a silagem de pescado de modo geral, tem
elevado potencial na aqüicultura para alimentação de peixes, devido à
semelhança com a matéria-prima, fornecendo proteína de boa qualidade, alta
digestibilidade e baixo custo (Fagbenro e Jauncey,1995 a; Vidotti, 2001; Vidotti
et al., 2003).
Estudos pioneiros com o aproveitamento de resíduo de pescado foram
realizados por Espindola Filho (1997, 1998), visando à obtenção de silagens
mistas para fins de uso como fertilizante e fonte protéica na alimentação de
peixes. Devido ao caráter prático de sua aplicabilidade, estas pesquisas vêm
sendo divulgadas no Brasil em vários setores da indústria (Espindola Filho e
Oetterer, 1998).
O cultivo intensivo de tilápias demanda o uso de rações balanceadas e
nutricionalmente completas, o que pode representar entre 65 e 75% dos custos
totais de sua produção, nas quais o nutriente mais importante e mais oneroso
na dieta é sempre a proteína (Rodriguez-Serna et al., 1996; Wu et al., 1995).
No sentido de identificar fontes protéicas alternativas, várias pesquisas estão
sendo realizadas, visando reduzir os custos com alimentação (Jackson et al.,
1982; Balogun e Fagbenro, 1995; Portz e Cyrino, 2003) e possíveis substitutos
para a farinha de peixe (New e Csavas, 1995),
Trabalhos avaliando o efeito da inclusão de silagem biológica de resíduo de
pescado no desempenho de alevinos de tilápia Sales et al., (2002) concluíram
que a adição de até 30% da silagem biológica favorece alto ganho de peso.
Fagbenro e Bello-Olusoji (1997) testaram o ensilado fermentado de cabeça
de Macrobrachium vollenhovenni em rações para “catfish” (Ictalurus punetatus)
e apontaram em coeficientes de digestibilidade aparente para matéria seca,
proteína bruta, lipídio bruto e aminoácidos essenciais valores superiores a
70%, concluindo que o ensilado possui alto potencial como ingrediente na dieta
de peixes onívoros.
Plascencia-Jatomea et al. (2002) e Cavalheiro et al. (2007) avaliaram o
hidrolisado protéico de silagem de cabeça de camarão Penaeus spp. em
rações para tilápia do Nilo e concluíram que este pode ser uma fonte
alternativa promissora de proteína para a alimentação da tilápia.
Produtores de tilápia e a indústria do pescado demonstram interesse em
investimentos de sistemas sustentáveis, porém ainda existem poucas
informações sobre o aproveitamento do resíduo da indústria camaroneira na
aqüicultura. O objetivo foi avaliar a silagem de camarão branco (Litopenaeus
vannamei) como um possível substituto da fonte protéica em rações para tilápia
do Nilo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Nutrição de Peixes do
Núcleo de Estudos em Pesca e Aqüicultura (NEPA), do Centro de Ciências
Agrárias, Biológicas e Ambientais da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia, Cruz das Almas, Bahia.
O laboratório foi equipado com 20 tanques de polietileno (100L) em sistema
fechado de recirculação de água (com troca total a cada 3 horas), com filtro
biológico e aeração forçada por difusores.
A iluminação do ambiente foi controlada por 7 lâmpadas de halogênio de 80
watts e fotoperíodo de 12L:12E. Diariamente foram aferidos os parâmetros
temperatura, pH, oxigênio dissolvido, amônia total e alcalinidade total.
Foram formuladas cinco rações isoprotéicas (30%) e isoenergéticas
(3.200Kcal/Kg) com diferentes níveis de inclusão de silagem do resíduo do
camarão branco (Litopenaeus vannamei) (0%, 4%, 8%, 12% e 16%). As
formulações seguiram as recomendações segundo Kubitza, (2000) e Pezzato
et al. (2002), para a fase de cultivo da espécie.
Tabela 1 Ingredientes, composição e custo das rações com diferentes níveis
de inclusão de silagem do resíduo do camarão.
Níveis de Inclusão (%)
Ingredientes
T1 T2 T3 T4 T5
Custo
(U$/ton)
Silagem de Camarão 0 4,00 8,00 12,00 16,00
115,10
Farelo de Soja
66,00 60,37 54,58 48,80 43,15 161,60
Farelo de Milho
16,48 18,68 20,28 23,30 25,83 79,20
Farelo de Trigo
8,40 8,40 8,58 8,40 8,40 70,40
DL – Metionina (98%)
0,40 0,36 0,32 0,28 0,25 2.583,60
Cloreto de Colina
0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 1.193,80
Fosfato Bicálcico
4,00 4,00 4,00 4,00 4,00 89,00
Mistura Vitamínica
1
0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 4.724,00
Mistura Mineral
2
0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 4.136,20
Óleo de Soja
4,30 3,70 3,32 2,60 1,90 754,40
BHT(antioxidante)
0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 29.268,00
Custo Formulação (U$/ton)
3
196,12 187,79 180,55 171,60 163,04
*
Composição em Nutrientes
Energia Digestível
(Kcal/g)
3201,10 3199,07 3201,95 3201,40 3201,10
Proteína Digestível (%)
30,02 30,05 30,00 30,00 30,05
Fibra Bruta (%)
4,98 4,96 4,40 4,91 4,90
Lipídio Bruto (%)
6,02 5,88 6,00 5,70 5,47
1
Composição da mistura vitamínica /Kg: Vitamina A 6000 UI, Colina–54,2 mg, Vitamina D3– 2250 UI,
Niacina 30 mg, Biotina 2 mg, Vitamina B12 20 mcg, Vitamina C- 192,5 mg, Vitamina E 75mg,
vitamina K3- 3mg, Ácido pantotênico –30 mg, Ácido fólico 3 mg, Piridoxina 8 mg, Riboflavina 10
mg, Tiamina – 5 mg, Antioxidante- 1,98 mg.
2
Composição da mistura mineral/Kg: Selenio 0,4 mg, Cobre 15 mg, Zinco 150 mg, Manganês 60
mg, Iodo – 4,5 mg, Cobalto – 2 mg, Ferro –100 mg.
3
Base de cálculo U$ 1,00=R$ 2,05
*Cálculos realizados com base nos valores de energia e proteína digestível dos seguintes alimentos:
farelo de soja, glúten de milho, milho e farelo de trigo (Pezzato et al., 2002). Valores analisados de,
extrato etéreo (10,97%) da silagem de camarão. Valores calculados de fibra bruta (Cavalheiro et al.,
2007); energia digestível e proteína digestível (Fagbenro e Bello-Olusoji, 1997). Os valores fornecidos
em relação à composição dos nutrientes foram baseados em cálculos realizados.
Para a produção da silagem foi utilizado o resíduo do camarão Litopenaeus
vannamei "in natura" como matéria-prima, sendo adicionados ácidos propiônico
(100%) e fórmico (80%), na proporção de 1:1, em 3% do volume/peso. A
concentração de 0,02 g/100 g do BHT (butil-hidroxi-tolueno) foi utilizada como
antioxidante. A mistura foi homogeneizada gradativamente com o auxílio de
espátula e mantida em temperatura ambiente. A acidez foi controlada em pH
4,0 com auxílio de pHmetro digital.
Na formulação, a silagem ácida foi misturada na forma úmida aos
ingredientes previamente triturados (0,5 mm). As rações foram peletizadas em
grânulos de diâmetro de 1,5 mm e posteriormente, secas em estufa com
circulação forçada de ar a 60ºC por 24 h. Como controle, uma amostra de cada
ração foi submetida à análise bromatológica.
Para o experimento foram utilizados 200 alevinos revertidos de tilápia
nilótica de 7 ± 0,5 g de peso vivo. Os peixes foram previamente anestesiados
com benzocaína 0,3%, pesados em balança “semi-analítica” precisão de (0,001
g) e aleatoriamente distribuídos nas parcelas na quantidade de 10 indivíduos
por tanque, em delineamento experimental inteiramente casualizado, com 4
repetições.
Os peixes foram alimentados diariamente três vezes ao dia (8, 13 e 17 h)
durante um período de 60 dias. Os grânulos da ração foram fornecidos até a
saciedade aparente. O consumo de alimento foi medido a cada três dias em
“semi-analítica” precisão de (0,001 g).
No início do experimento foram amostrados 10 peixes e no final todos os
peixes após jejum de 24h, foram sacrificados por overdose em benzocaína.
Para análise da composição centesimal do tecido muscular destes, foram
retiradas amostras do tecido muscular da região dorsal e armazenados em
congelador a (-18ºC). Para realização da análise hepato-somática, 4 peixes de
cada tratamento foram pesados e os respectivos órgãos (fígado) pesados
individualmente.
As análises da composição centesimal dos tecidos musculares dos peixes
foram realizadas no Laboratório de Pescado e Cromatografia Aplicada da
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia. A
determinação da umidade seguiu o método de secagem em estufa comum com
circulação forçada de ar à 105ºC, seguindo a metodologia da AOAC (1980). O
teor de proteína bruta foi determinado pelo método de Kjeldahl, por
determinação de nitrogênio total, seguindo a metodologia da AOAC (1980). O
teor de cinzas foi determinado utilizando mufla à 600ºC, seguindo a
metodologia da AOAC (1980). A extração de lipídio foi realizada pelo todo
de Bligh-Dyer (1959), seguindo a metodologia da AOAC (1980).
Os parâmetros de desempenho foram avaliados segundo recomendações
de Erfanullah e Jafri (1999), Hung et al. (1989), Moore et al. (1988), Takeuchi
(1988) para os seguintes parâmetros:
Ganho de peso – GP (%)
GP = (peso corporal final – peso corporal inicial / peso corporal inicial) x 100
Ganho de peso absoluto – GPa (g)
GPa = (peso corporal final – peso corporal inicial)
Conversão alimentar - CA (kg / kg)
CA (kg / kg) = alimento ingerido / ganho de peso
Taxa de eficiência protéica - TEP (%)
TEP = ganho de peso (g) / proteína na dieta (g)
Taxa de crescimento específico - TCE (%)
TCE=100 [(ln peso corporal final – ln peso corporal inicial) / dias experimentais]
Retenção protéica - RP (g/g)
RP = [(peso corporal final*proteína corporal final) (peso corporal
inicial*proteína corporal inicial)/total de proteína ingerida]*100
Relação hepato-somática – RHS (%)
RHS = (peso do fígado/ peso do peixe)*100.
Os valores do desempenho e da composição centesimal do tecido muscular
foram submetidos à análise de variância (ANAVA) e em seguida submetidos ao
teste de comparação de médias Tukey com significância de 5%, pelo aplicativo
Sisvar (2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros de qualidade da água analisados permaneceram normais
e dentro das condições para o crescimento da espécie em todos os
tratamentos, segundo recomendações de Kubitza, (2000). pH 7,53 ± 0,50;
alcalinidade 12,92 ± 7,00 mg CaCO
3
; amônia total 1,92 ± 0,8 mg/L; oxigênio
dissolvido 6,76 ± 0,5 mg/L e temperatura 25,2 ± 3,00 ºC. A taxa de
sobrevivência geral durante o experimento foi de 98%.
Os valores médios dos parâmetros do desempenho estão apresentados
na tabela 2. Não houve diferença significativa no consumo alimentar entre os
diferentes tratamentos (P>0,05), ou seja, não foi observada diferença quanto à
palatabilidade em relação às diferentes dietas pelos peixes.
Tabela 2 Tabela com médias para os parâmetros de desempenho: Consumo
alimentar (C), ganho de peso (GP), ganho de peso absoluto (GPa), conversão
alimentar (CA), taxa de eficiência protéica (TEP), taxa de crescimento
específico (TCE) e retenção de proteína (RP) de tilápia do Nilo alimentados
com rações suplementadas com silagem de resíduo do camarão branco
(Litopenaeus vannamei)
Dietas
Consumo
(g)
GP
(%)
GPa
(g)
CA
(g/g)
TEP
(%)
TCE
(%)
RP
(g/g)
0%
394,36 a 548,35 a 399,54 a 1,02 ab 13,32 a 3,09 a 258,29 a
4%
363,69 a 552,41 a 413,72 a 0,88 a 13,79 a 3,12 a 250,39 a
8%
394,11 a 492,52 ab 363,72 ab 1,08 ab 12,12 ab 2,96 a 235,87 ab
12%
334,22 a 410,64 ab 309,14 ab 1,09 ab 10,31 ab 2,71 ab 191,66 ab
16%
291,01 a 315,24 b 234,41 b 1,32 b 7,81 b 2,34 b 152,85 b
Erro padrão
ANAVA
(
Pr>Fc)
24,62
0,0549
43,28
0,0066
30,18
0,0046
0,096
0,0466
1,006
0,0046
0,13
0,0042
21,71
0,0176
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Os parâmetros de ganho de peso, conversão alimentar, taxa de
eficiência protéica, taxa de crescimento específico e retenção protéica
apresentaram diferença significativa (P<0,05).
Embora os animais dos tratamentos 0 e 4% terem apresentado melhores
valores aos demais tratamentos, não houve diferença estatística (P>0,05) em
relação aos 8% e 12% de inclusão de silagem.
No entanto, Plascencia-Jatomea et al. (2002), estudando a silagem de
camarão Litopenaeus spp. em 6 níveis de inclusão na dieta de tilápias do Nilo
(0, 5, 10, 15, 20, 25 e 30%), verificaram que a dieta contendo 10% de inclusão
de silagem apresentou melhores resultados 616%; 1,5%; 1,9 g/g e 1,9% para
GP, TCE; CA e TEP, respectivamente.
Contudo, a dieta contendo 16% de silagem de camarão demonstrou
resultados de desempenho inferiores às demais dietas.
Plascencia-Jatomea et al. (2002), concluíram que níveis de inclusão de
até 20% não afetaram o desempenho e crescimento do peixe. Tal fato pode ser
explicado pela maior quantidade de proteína na forma de quitina na ração
deste tratamento. Segundo Shiau e Yu (1999), a suplementação de quitina em
dietas de tilápias, diminui o crescimento de peixe devido à baixa digestibilidade
deste produto.
Além disso, Signor et al. (2005) verificaram que a silagem de resíduos
de tilápia com a30% de inclusão na dieta da própria tilápia não prejudicou a
sobrevivência, porém, o desempenho foi afetado, concluindo que altos
percentuais de inclusão de silagem podem prejudicar o desempenho em
experimentos conduzidos com este peixe.
Os mesmos autores recomendam a inclusão parcial de outras fontes
protéicas, visando melhor balanceamento das rações quando a silagem do
resíduo de tilápia é utilizada.
Fagbenro & Bello-Olusoji (1997) testaram o ensilado fermentado de
cabeça de camarão Macrobrachium vollenhovenni como substituto de 15% do
total da fonte protéica de rações para “catfish” e obtiveram digestibilidade para
matéria seca, proteína e energia superior a 70% neste material.
Os valores da composição centesimal do tecido muscular estão
apresentados na tabela 3. Os resultados de umidade, proteína bruta foram
superiores aos valores de 73,80 e 15,81% encontrados por Cavalheiro et al.
(2007), em tilápias, utilizando 10% de inclusão de silagem de camarão
Litopenaeus spp., enquanto valores de 3,91 e 5,18%, para cinzas e para lipídio
bruto, respectivamente, foram superiores aos resultados encontrados nesse
trabalho.
Tabela 3 - Composição centesimal do tecido muscular das tilápias alimentadas
com diferentes níveis de inclusão de silagem.
Dietas
Umidade Proteína Cinzas Lipídio Bruto
0%
80,61±0,69a 19,29±1,14a 1,17±0,07a 1,37±0,19a
4%
80,18±1,10a 18,41±0,83a 1,17±0,05a 1,24±0,25ab
8%
79,72±0,62a 19,50±0,28a 1,22±0,06a 0,99±0,42ab
12%
80,23±1,05a 18,84±0,89a 1,15±0,21a 0,79±0,21b
16%
79,32±0,42a 19,58±0,41a 1,27±0,06a 0,79±0,14b
Erro padrão
0,41 0,39 0,07 0,13
ANAVA (Pr>Fc)
0,260 0,225 0,740 0,020
*
Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey (P>0,05)
Não houve diferença significativa (P>0,05) para relação hepato-somática
(tabela 4), não havendo assim sinais de aumento de depósito energético na
forma de glicogênio hepático nos diferentes níveis de inclusão de silagem.
Portz, (2001) acredita que isto pode ser explicado devido às rações serem
isoprotéicas e isoenergéticas.
Tabela 4 - Relação Hepato-Somática (RHS) das tilápias alimentadas com as
diferentes dietas.
Dietas
Tratamentos
RHS
T1 - 0%
1,74a
T2 -4%
1,06a
T3 - 8%
1,18a
T4 - 12%
1,48a
T5 - 16%
1,35a
Erro padrão
ANAVA (Pr>Fc)
0,21
0,24
*Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey (P>0,05)
CONCLUSÃO GERAL
A silagem ácida do resíduo do camarão Litopenaeus vannamei pode ser
utilizada como fonte protéica alternativa em dietas para tilápia do Nilo em níveis
de até 12% sem maiores perdas no desempenho e composição do tecido
muscular, reduzindo assim os custos de produção da ração e minimizando
problemas ambientais gerados pelo descarte desse material.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A silagem de camarão é uma forma viável de conservação e uso do resíduo
da indústria do beneficiamento do camarão Litopenaeus vannamei para a
alimentação de peixes. Sendo possível sua conservação da silagem durante
até 40 dias.
Os resultados apresentados nesse estudo para proteína bruta foram
superiores a outros estudos realizados com silagem de camarão (Litopenaeus
e Macrobrachium) e silagem de peixe, sendo próximo às exigências da
alimentação de peixes.
Os resultados de ácidos graxos insaturados e principalmente os de EPA,
DHA e LA foram bem expressivos após 30 dias de fermentação da silagem
ácida.
A inclusão de a12% com silagem de camarão Litopenaeus vannamei na
alimentação da tilápia, apresentou resultado eficaz em relação ao desempenho
dos peixes, apresentando uma rica fonte protéica, podendo ser utilizada como
alternativa na nutrição de peixes.
A produção da silagem ácida do resíduo da indústria do processamento do
camarão poderia ajudar a resolver questões ambientais gerados pela falta de
destino aos descartes, além de reduzir os custos na aqüicultura.
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