Download PDF
ads:
*Continua
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Fernandes Figueira
Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher
ADESÃO AO MÉTODO DE AUTOCOLETA PARA RASTREIO DE LESÕES
PRECURSORAS DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
Autora: Rebecca Guimarães de Oliveira
Rio de Janeiro, Março de 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Fernandes Figueira
Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher
ADESÃO AO MÉTODO DE AUTOCOLETA PARA RASTREIO DE LESÕES
PRECURSORAS DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO
Rebecca Guimarães de Oliveira
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À COORDENAÇÃO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DA
MULHER DO INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA COMO
PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À OBTENÇÃO
DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS NA ÁREA DA
SAÚDE DA CRIANÇA E DA MULHER.
Orientador: Dr. Fábio Bastos Russomano
Rio de Janeiro, Março de 2008
ads:
iii
Ao meu marido Vinicius,
pelo exemplo de profissional e incentivo.
À Carolina, nossa filha, que está a caminho.
iv
Ao meu pai José Antônio por estar sempre ao meu lado.
À minha mãe Ruth que, com certeza, está sempre me iluminando.
v
Agradecimentos
De todas as pessoas importantes que contribuíram para realização deste trabalho,
gostaria de agradecer, em especial, às mulheres da comunidade do Morro dos Macacos
que tão gentilmente me receberam em suas casas e deram vida a essa pesquisa.
Ao meu orientador, Professor Fábio Russomano, não só pela disponibilidade e
generosidade com que dividiu comigo momentos de intenso trabalho, mas por ser
sempre um exemplo de disciplina e competência como profissional e ser humano.
À Professora Maria José de Camargo, pelas contribuições sempre tão
pertinentes e por estar sempre me mostrando novas perspectivas dentro da pesquisa e da
assistência clínica.
À Professora Kátia Silveira da Silva, por nunca desistir de nos fazer
compreender a arte da epidemiologia de forma tão generosa.
À Professora Marise Rabelo pela atenção e contribuição dada na finalização
desse trabalho.
Aos professores da Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher do
Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ) por me apontarem os primeiros e preciosos
passos para que esse trabalho fosse realizado.
A todos os Membros da Secretaria Acadêmica da Pós-Graduação em Saúde da
Criança e da Mulher do Instituto Fernandes Figueira (FIOCRUZ) por todas as
contribuições e orientações fornecidas de forma tão eficiente.
Aos profissionais do Posto de Saúde Parque Vila Isabel, não só pela agradável
receptividade, mas pela fundamental contribuição durante a realização do trabalho de
campo dessa pesquisa. Gostaria de destacar minha gratidão aos agentes de saúde e aos
agentes ambientais que, tão incansavelmente, me acompanharam durante as exaustivas
visitas domiciliares na comunidade do Morro dos Macacos.
vi
À Digene do Brasil Ltda e todos os seus colaboradores pela preciosa
contribuição para que esse trabalho se tornasse possível.
À toda equipe do Sistema Integrado de Tecnologia em Citopatologia (SITEC)
que tão prontamente atendeu à todas as nossas solicitações.
A Luis Cláudio Calvert, pela disposição e competência com que elaborou o
folheto explicativo utilizado durante o trabalho de campo.
Às Professoras Maria Helena Ruzany, Stella Taquette e Zilah Meirelles, não só
por terem me apresentado a importância da pesquisa científica, mas por toda
contribuição dada à minha formação profissional.
À Doutora Margareth Avena, pelas horas roubadas de trabalho que me foram
permitidas e todo apoio.
À Euza Borges, por ter tornado possível minha convivência na comunidade do
Morro dos Macacos e por sua grande amizade.
Aos amigos da turma de mestrado/2006, por todas as contribuições ao longo da
construção desse trabalho. Em particular Andréa Cytryn, Fernanda Rangel e Patrícia
Frankel pelos grandes momentos vividos ao longo dessa jornada.
vii
Resumo
A citologia convencional apresenta importantes limitações em relação a sua
sensibilidade e cobertura populacional, o que limita a maior redução das taxas de
mortalidade por câncer de colo do útero. Por estas razões, métodos diagnósticos
moleculares como a Captura Híbrida têm sido apontados como possíveis substitutos ou
complementos do rastreio primário do câncer cervical. O objetivo desse estudo foi
investigar a adesão de uma população feminina, residente da comunidade do Morro dos
Macacos, Vila Isabel, Rio de Janeiro, ao método da autocoleta da Captura Híbrida em
comparação ao método da citologia oncótica cervical. Realizamos um ensaio clínico
controlado randomizado no qual mulheres recrutadas através de visitas domiciliares
foram aleatoriamente alocadas para autocoleta da CH (51%) ou para realização da
citologia (49%). Nossa amostra foi constituída por 100 mulheres e verificamos que a
adesão entre as pacientes que receberam o kit da autocoleta da CH foi
significativamente maior do que a adesão entre as pacientes convidadas para realizar a
citologia (68,6% e 32,7% respectivamente; p < 0,001). Os dados aqui apresentados
apontam a autocoleta da CH como uma possibilidade de atingir mulheres resistentes ou
que têm dificuldade de acesso aos programas de rastreio do câncer do colo do útero
baseados na citologia.
Palavras chave: neoplasias do colo do útero; aderências; teste de Papanicolaou;
sondas DNA HPV.
viii
Abstract
The Pap smears has major limitations on its sensitivity and coverage, which limits the
greatest reduction in mortality rates of cervical cancer. For these reasons,
molecular
diagnostic methods such as Hybrid Capture have been mentioned as possible substitutes
or additions of primary screening of cervical cancer. The aim of the present
investigation was to examine the adhesion of a female population, living in the
community of the Morro dos Macacos, Vila Isabel, Rio de Janeiro, for self-collection of
specimens for Hybrid Capture compared to the Pap smear. We performed a randomized
controlled clinical trial in which women were recruited through home visits and
randomly allocated to self-collection samples (51%) or for the Pap smear (49%). A
hundred women participated and the adhesion between the patients who were allocated
to self-collection was significantly higher than among patients invited to be submitted
Pap smear (68.8% and 32.7% respectively; p < 0.001). Our findings suggest the self-
collection of specimens for Hybrid Capture can be an opportunity to reach women who
are resistant or have difficulty of access to cervical cancer prevention programs based
on cytology.
Key words: cancer of the cervix; adherence; Papanicolaou test; HPV-DNA probes.
ix
Lista de Abreviaturas
CH – Captura Híbrida
DNA – Ácido Desoxirribonucleico
DST – Doença Sexualmente Transmissível
EUA – Estados Unidos da América
FDA – Food and Drug Administration
HPV – Papiloma Vírus Humano
HSIL - Lesão Intra-epitelial Escamosa de Alto Grau
IARC – International Agency For Research on Cancer
IC – Intervalo de Confiança
IFF – Instituto Fernandes Figueira
INCA – Instituto Nacional de Câncer
MS – Ministério da Saúde
NNT – Número Necessário para Tratar
NIC – Neoplasia Intra-Epitelial Cervical
OMS – Organização Mundial de Saúde
PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PNAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher
PROVOC – Programa de Vocação Científica
PS – Posto de Saúde
PSF – Programa de Saúde da Família
RJ – Rio de Janeiro
SITEC – Sistema Integrado de Tecnologia em Citopatologia
SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde
x
SUS – Sistema Único de Saúde
xi
Sumário
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1
2. JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 4
3. OBJETIVOS ............................................................................................................... 8
3.1 - O
BJETIVO GERAL .........................................................................................................8
3.2 - O
BJETIVOS ESPECÍFICOS ..............................................................................................8
4. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 9
4.1 – PAPILOMAVIRUS HUMANO E O CÂNCER DE COLO DO ÚTERO........................................... 9
4.2 – EXAME DE PAPANICOLAOU ........................................................................................10
4.3 – C
APTURA HÍBRIDA.....................................................................................................13
4.4 – AUTOCOLETA DA CAPTURA HÍBRIDA ..........................................................................16
5. HIPÓTESE................................................................................................................ 19
6. MATERIAIS E MÉTODO ...................................................................................... 20
6.1 – D
ESENHO DO ESTUDO ...............................................................................................20
6.2 – P
OPULAÇÃO DO ESTUDO............................................................................................20
6.3 – E
QUIPE DE PESQUISA DE CAMPO ................................................................................20
6.4 – P
ESQUISA DE CAMPO.................................................................................................21
6.5 – C
ÁLCULO DO TAMANHO AMOSTRAL.............................................................................21
6.6 – C
RITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................................21
6.7 – C
RITÉRIOS DE EXCLUSÃO ...........................................................................................22
6.8 – R
ANDOMIZAÇÃO E RECRUTAMENTO............................................................................22
6.9 – I
NTERVENÇÃO............................................................................................................24
6.10 – D
ESFECHO ..............................................................................................................28
6.11 – R
ESULTADO DOS EXAMES ......................................................................................... 28
6.12 – A
NÁLISE DOS DADOS................................................................................................31
6.13 - VARIÁVEIS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS E DE HISTÓRIA......................................................31
7. ASPECTOS ÉTICOS............................................................................................... 36
7.1 – RELAÇÃO RISCO-BENEFÍCIO ......................................................................................36
7.2 – R
ESPONSABILIDADE DA PESQUISADORA, DA INSTITUIÇÃO E DO PATROCINADOR ..........36
7.3 – I
NFRA-ESTRUTURA NECESSÁRIA E CONCORDÂNCIA DA INSTITUIÇÃO ............................37
7.4 – ORÇAMENTO FINANCEIRO E REMUNERAÇÃO DA PESQUISADORA ................................. 37
7.5 - P
ROPRIEDADE DAS INFORMAÇÕES ..............................................................................38
7.6 – CARACTERÍSTICA DA POPULAÇÃO...............................................................................38
7.7 – T
ERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ...................................................39
7.8 – M
ATERIAL COLETADO................................................................................................ 39
7.9 – P
ACIENTES QUE SE RECUSARAM A PARTICIPAR DO ENSAIO CLÍNICO ..............................40
8. RESULTADOS......................................................................................................... 40
9. DISCUSSÃO ............................................................................................................. 47
10. CONCLUSÃO......................................................................................................... 52
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 53
12. APÊNDICES........................................................................................................... 61
xii
A
PÊNDICE I – LISTA DE ALOCAÇÃO DE MULHERES RECRUTADAS, CONSTRUÍDA A PARTIR DE
MÉTODO DE RANDOMIZAÇÃO EM BLOCOS DE QUATRO POSIÇÕES
...........................................61
A
PÊNDICE II – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO.....................................62
A
PÊNDICE III – MANUAL DE CAMPO...................................................................................64
A
PÊNDICE IV – QUESTIONÁRIO – CARACTERÍSTICAS SÓCIO-ECONÔMICAS E CLÍNICAS .........69
13. ANEXOS ................................................................................................................. 71
ANEXO I – REGISTRO FOTOGRÁFICO DO TRABALHO DE CAMPO.............................................71
A
NEXO II – KIT PARA AUTOCOLETA DA CAPTURA HÍBRIDA. ...................................................72
A
NEXO III – FOLHETO EXPLICATIVO PARA REALIZAÇÃO DA AUTOCOLETA DA CH .................. 73
ANEXO IV – DEMONSTRAÇÃO DE AUTOCOLETA DE CH. .......................................................74
A
NEXO V – PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA PREFEITURA MUNICIPAL DO
RIO DE JANEIRO..................................................................................................................75
1
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, estima-se que ocorrerão 466.730 casos novos de câncer no ano de
2008, sendo que 18.680 serão representados pelo câncer de colo do útero. Este é o
segundo câncer mais freqüente, excluindo o de pele do tipo não melanoma, sendo
superado apenas pelo câncer de mama, com um risco estimado de 19 casos a cada
100.000 mulheres brasileiras. No mundo, o câncer de colo do útero também é a segunda
neoplasia mais comum entre a população feminina e apresenta cerca de 500 mil casos
novos por ano, sendo responsável pelo óbito de aproximadamente 230 mil mulheres a
cada ano (MS/INCA, 2008). Estes dados refletem a prevalência dos fatores de risco e,
principalmente, a falta ou deficiência dos programas de prevenção dessa neoplasia.
A infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) já foi reconhecida, em conjunto
com outros co-fatores, como o principal fator etiológico do câncer de colo do útero, uma
vez que este vírus é encontrado em mais de 90% de todos os casos de câncer cervical
invasor (IARC, 1995).
Diferente da maioria das outras neoplasias, já existe um exame eficaz para o
rastreamento do câncer de colo do útero e seus precursores: o teste de Papanicolaou
(citologia oncótica cervical), capaz de detectar as lesões precursoras e o câncer cervical.
Estas lesões e o câncer em estágios iniciais, quando detectados e tratados, apresentam
alto percentual de cura. Estas características levaram à redução em até 80% da
incidência do câncer cervical nos locais que apresentam adequados programas de
rastreio baseados na citologia com boa cobertura populacional e sistema de referência e
tratamento eficaz das lesões precursoras (Mandelblatt et al., 2002). No entanto, a
maioria dos casos de câncer cervical (60%) ainda está associada com a ausência ou
deficiência de rastreio populacional (Sawaya et al., 1999).
2
Apesar do exame de Papanicolaou ter sido responsável pela redução mundial da
incidência e da mortalidade do câncer de colo do útero, é um método diagnóstico que
apresenta importantes limitações, principalmente em relação à sua sensibilidade e
cobertura populacional.
Quanto à sua cobertura, está diretamente relacionada a limitações de recursos,
mas também, dificuldades de aceitação do método. Segundo dados do Instituto Nacional
de Câncer (INCA), 30% da população feminina brasileira encontra-se excluída do
programa de rastreio do câncer cervical, apesar do aumento da oferta de exames
preventivos na rede básica de saúde (MS/INCA, 2008). Paralelamente a isso, observa-se
ainda que o maior número de mulheres brasileiras que realizam o exame de
Papanicolaou está abaixo de 35 anos de idade, enquanto o risco para o câncer de colo
aumenta a partir dessa idade (MS/PNAISM, 2001).
As limitações de sensibilidade e de cobertura populacional do exame de
Papanicolaou têm levado a pesquisas de novos métodos diagnósticos para
complementar ou mesmo para substituir este teste no rastreio primário do câncer
cervical. O conhecimento da alta prevalência de alguns tipos de HPV no câncer cervical
e em suas lesões precursoras tem levado à propostas de uso de testes de detecção do
DNA deste vírus no diagnóstico precoce destas lesões cervicais (Clavel et al., 2001
apud Gontijo et al., 2005). Diversos estudos têm mostrado o bom desempenho do
exame de Captura Híbrida tipo II, com uma sensibilidade maior que 90% para a
identificação de lesões intra-epiteliais de alto grau do colo do útero (Cuzick, 2002).
Em contraste com a citologia, que sofre uma avaliação subjetiva e apresenta
limitada reprodutibilidade, a Captura Híbrida é um teste padronizado e fornece uma
análise quantitativa de DNA de muitos tipos deste vírus presentes na amostra (Kuhn et
al., 2000).
3
Outra vantagem do exame de Captura Híbrida é a possibilidade de autocoleta
dos espécimes (Mandelblatt et al., 2002). Esta estratégia pode contribuir para o aumento
da cobertura populacional em regiões de difícil acesso aos serviços de saúde, assim
como para a inclusão no programa de rastreio do câncer cervical de mulheres resistentes
ao exame citológico por questões sócio-culturais. Entre essas questões destacam-se a
relutância para submeterem-se ao exame pélvico e a proibição de sua realização por
parte dos parceiros masculinos (Lazcano et al., 1999).
Alguns autores têm demonstrado equivalência no desempenho diagnóstico deste
teste quando realizado em material obtido por autocoleta àquele obtido por profissionais
de saúde (Dannecker et al., 2004 ; Wright et al., 2000). O ensaio clínico realizado por
Harper et al. (1999), envolvendo mulheres que compareciam para cuidados de rotina ou
colposcopia em uma clínica ginecológica da Filadélfia, mostrou um índice de
concordância de aproximadamente 80-90% entre a autocoleta da Captura Híbrida e a
amostra colhida pelo profissional de saúde.
Neste estudo pretendemos avaliar a adesão à autocoleta da Captura Híbrida por
mulheres residentes em área com dificuldade de acesso ao rastreio das lesões
precursoras do câncer de colo do útero.
4
2. JUSTIFICATIVA
Apesar do câncer de colo do útero apresentar um dos mais altos potenciais de
cura, chegando a 100%, quando diagnosticado e tratado em estágios iniciais ou em fases
precursoras, ainda é uma importante causa de morte por câncer, mantendo uma taxa
padronizada de mortalidade de 5/100.000 mulheres brasileiras nas últimas duas décadas.
Logo, essa neoplasia continua a ser um grave problema de saúde pública em nosso país.
Apesar da tecnologia para seu diagnóstico precoce estar disponível há pelo menos cinco
décadas, segundo informações disponibilizadas pelos Registros Hospitalares de Câncer,
no Brasil, o diagnóstico desse tipo de neoplasia é realizado nas fases mais avançadas da
doença (estádios III e IV) em cerca de 50% dos casos (MS/INCA, 2008). A proposta de
um programa de rastreamento efetivo consiste em diagnosticar e tratar o câncer em
estágios iniciais e suas lesões precursoras (Saslow et al., 2002).
Acreditamos que um programa de rastreio que elimine a necessidade de exame
pélvico, como a autocoleta da Captura Híbrida, ofereça a possibilidade de alcançar com
sucesso as mulheres excluídas dos programas de rastreio atuais, baseados no exame de
Papanicolaou, por resistirem a este tipo de avaliação ou por terem dificuldades de
acesso aos serviços de saúde. O estudo realizado por Wikström et al. (2007) envolvendo
183 mulheres suecas que estavam excluídas dos programas de rastreio do câncer de colo
do útero há mais de seis anos avaliou as atitudes de mulheres resistentes a esses
programas diante da possibilidade de autocoleta do teste DNA-HPV a ser realizado em
suas respectivas casas. Cinqüenta e oito por cento das participantes realizaram a
autocoleta, demonstrando que essa pode ser uma estratégia para aumentar a cobertura
populacional do rastreio do câncer de colo do útero entre mulheres que se recusam a
aderir ao método da citologia convencional.
5
A literatura científica é muito escassa
1
sobre a aceitabilidade de métodos
diagnósticos por autocoleta e não encontramos estudos nacionais sobre a adesão em
relação a esse teste.
Um trabalho realizado por Anhang et al. (2005) com o objetivo de avaliar a
aceitabilidade da autocoleta da Captura Híbrida II e avaliar se o uso da autocoleta
poderia aumentar a participação no rastreio regular do câncer de colo uterino entre as
mulheres mais resistentes, incluiu 172 mulheres recrutadas em quatro clínicas públicas
de NovaYork, com 25 anos de idade ou mais e sem história de terem realizado citologia
no último ano. Antes de se submeterem aos testes diagnósticos recebiam informações
sobre as características clínicas da infecção pelo HPV e sua associação com câncer
cervical. Em seguida as pacientes receberam o kit para autocoleta e, após sua realização,
foram encaminhadas a exame pélvico para coleta da Captura Híbrida por profissional de
saúde. Questionadas sobre que exames preferiam, 32% declaram preferir a autocoleta
do teste DNA-HPV. No entanto a maioria das mulheres, apesar de não preferir esta
estratégia, relatou que “não havia nada que elas não gostassem em relação a autocoleta”.
Entre essas pacientes que preferiram o exame citopatológico, a maioria justificou essa
escolha pelo fato de não se sentirem seguras em relação a terem realizado a autocoleta
corretamente. Os autores acreditam que seria necessário intensificar as atividades
educacionais relacionadas a realização da autocoleta para que as usuárias se sentissem
mais seguras quanto a eficácia do exame.
Nos últimos anos tem sido concluída uma série de trabalhos cujos objetivos
consistem em avaliar o desempenho da autocoleta da Captura Híbrida como método de
1
A busca de trabalhos científicos relacionados ao tema autocoleta da captura híbrida para rastreio de
lesões precursoras do câncer do colo do útero na base de artigos LILACS, MEDLINE pelo PubMmed e na
base da biblioteca Cochrane identificou 38 artigos utilizando os seguintes descritores: aderência, sondas
DNA HPV, teste de Papanicolaou e câncer de colo do útero. As demais referências bibliográficas foram
acessadas através do portal Periódicos Capes.
6
rastreio primário do câncer de colo do útero, bem como compará-la ao exame de
Papanicolaou. Dentre eles destacamos o estudo transversal realizado por Wright et al.
(2000) na África do Sul, que pretendia determinar se a autocoleta do teste DNA-HPV
poderia ser usada como rastreio de doença cervical em mulheres com 35 anos ou mais.
Este estudo envolveu mulheres negras, entre 35-65 anos, moradoras de um pequeno
povoado próximo à Cidade do Cabo. A autocoleta da Captura Híbrida apresentou
sensibilidade similar à da citologia convencional: 66,1% e 67,9%, respectivamente, na
identificação de lesões de alto grau e câncer cervical. No entanto, a sensibilidade do
exame da Captura Híbrida colhida pelo clínico foi superior a obtida por autocoleta
(83,9%). Uma crítica a este estudo é a possibilidade de viés de seleção, pois a população
de origem apresentava alto risco para lesões de alto grau e câncer, o que tende a
melhorar o desempenho diagnóstico de qualquer teste de rastreio para estas doenças.
Todavia, esta limitação não impede a comparação entre os testes já que influenciou
ambos os grupos e é possível inferir que as medidas de desempenho diagnóstico obtidas
se apliquem a outras populações com prevalência similar de doença.
Um estudo transversal realizado pelo INCA entre 2001-2002, envolvendo 1.777
mulheres de 25-59 anos de idade, moradoras do município do Rio de Janeiro, comparou
o desempenho do teste de Captura Híbrida II para o DNA do HPV, colhido por
profissional de saúde e pela própria paciente, com a citologia em meio líquido
DNACITOLIQ e a citologia convencional, na detecção precoce do câncer do colo do
útero ou suas lesões precursoras. A Captura Híbrida colhida pelo clínico apresentou
maior sensibilidade (91,4%) para o diagnóstico dessas alterações em comparação à
autocoleta (77,1%), no entanto esta última estratégia mostrou-se discretamente superior
à citologia convencional (71,4%). Já em relação à especificidade, a citologia
7
convencional destacou-se como superior a todas as demais estratégias (Girianelli et al.,
2004).
Estes dados nos permitem sugerir que, em locais onde o rastreio citológico por
profissional de saúde não está rotineiramente disponível, a autocoleta pode ser usada
com esse objetivo.
8
3. OBJETIVOS
3.1 - Objetivo Geral
Investigar a adesão da população feminina, residente de uma comunidade de
baixo poder aquisitivo no Rio de Janeiro, ao método da autocoleta da Captura Híbrida
do vírus HPV em comparação ao método da citologia oncótica cervical.
3.2 - Objetivos Específicos
1. Comparar a freqüência de exames realizados por autocoleta com os obtidos
por citologia convencional.
2. Medir a freqüência de exames de Captura Híbrida realizados por autocoleta
que se encontram em condições adequadas de análise.
9
4. REFERENCIAL TEÓRICO
4.1 – Papilomavirus humano e o câncer de colo do útero
O Papilomavirus humano (HPV) faz parte da família Papovaviridae e, como
citado anteriormente, já foi identificado como a principal causa do câncer de colo do
útero. Este vírus está associado a diversas manifestações clínicas: condilomas genitais,
papilomas laríngeos e outras neoplasias do trato genital inferior (Prendiville et al.,
2003).
Já foram identificados diferentes tipos de HPV, os quais são divididos em dois
grupos principais: os de baixo risco oncogênico (6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72 e
81) e os de alto risco oncogênico (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e
82) (Munoz et al., 2003).
Inúmeros estudos sobre a história natural do vírus HPV já mostraram claramente
que a infecção por esse vírus precede o desenvolvimento do câncer cervical por muitos
anos e confirmaram que a transmissão sexual é a sua forma de contaminação
predominante (Bosch et al., 2002).
A infecção pelo HPV é mais freqüentemente diagnosticada através de alterações
celulares específicas que podem ser identificadas através do exame de Papanicolaou
(Koutsky, 1997). Outra forma de determinar a presença deste vírus em nosso organismo
é através das recentes técnicas de hibridização molecular, capazes de identificar o DNA
do HPV, bem como especificar o tipo viral presente (Wallin et al., 1999). A Captura
Híbrida é um exemplo de método diagnóstico molecular como veremos mais adiante.
Na maioria da população, a infecção pelo HPV é transitória e apresenta
resolução espontânea. Segundo um estudo prospectivo realizado por Ho et al. (1998), a
infecção por esse vírus tem duração média de 8 meses e, após 12 meses da incidência da
infecção, 70% das mulheres já não estavam infectadas. No entanto, as mulheres
10
infectadas por tipos virais de alto risco, principalmente as com idade mais avançada,
apresentaram maior prevalência de infecções persistentes. Estas apresentaram maior
associação com o desenvolvimento de lesões intra-epiteliais de alto grau e câncer.
Um estudo prospectivo realizado por Nobbenhuis et al. (1999) apontou para o
fato de que as mulheres infectadas por HPV de alto risco oncogênico têm risco de
progressão clínica somente enquanto essa infecção persistir.
O câncer de colo do útero está associado com os tipos virais de alto risco, alta
carga viral e sua persistência e integração no genoma da célula cervical hospedeira (Ho
et al., 1998). Este processo resulta em alterações genéticas, provocadas pela presença do
HPV, nas células epiteliais do colo uterino, as quais adquirem multiplicação
descontrolada. Esta neoplasia é precedida por lesões precursoras
2
, as quais podem ser
identificadas e tratadas antes que se tornem malignas (Prendiville et al., 2003).
Quando o câncer de colo do útero é detectado em estágios iniciais, a taxa de
sobrevivência pós-tratamento adequado é de 92% e a taxa de cura de suas lesões
precursoras chega a 100% (Saslow et al., 2002).
4.2 – Exame de Papanicolaou
As taxas de mortalidade por câncer do colo do útero sofreram uma redução
drástica nas últimas três décadas com o início da realização do exame de Papanicolaou,
uma vez que possibilitou o diagnóstico dessa neoplasia em estágios iniciais, bem como
de suas lesões precursoras (Ries et al., 2004).
Acredita-se que a falência dos programas de rastreio citológicos do câncer
cervical se deve a muitos fatores, incluindo as altas taxas de resultados falsos negativos
da citologia convencional e principalmente pelo sub-rastreio da população de risco.
2
Neoplasias intra-epiteliais cervicais (NIC), as quais podem ser classificadas em três categorias de acordo
com a magnitude da desestruturação da arquitetura celular: NIC 1 e NIC 2 e 3 (Richard RM, 1973).
11
Na literatura encontramos grande variabilidade nas estimativas de sensibilidade
e especificidade deste exame. De acordo com a meta-análise realizada por Fahey et al.
(1995) a citologia apresenta uma sensibilidade média de 58% (variação de 11% a 99%)
e uma especificidade média de 68% (variação de 14% a 97%). Já a meta-análise
realizada por Nanda et al. (2000), revelou que o exame de Papanicolaou apresenta uma
taxa de 25-50% de falso-negativos. Outro estudo revelou que quase dois terços de todas
as amostras falso-negativas ocorrem por amostra inadequada ou insatisfatória (Gay et
al., 1985). No entanto, no estado do Rio de Janeiro, o laboratório do Sistema Integrado
de Tecnologia em Citopatologia
3
(SITEC) identificou menos de 1% de amostras
insatisfatórias entre os exames analisados a cada ano, nos últimos três anos (MS/INCA,
2008).
A sensibilidade do exame citopatológico é limitada por uma série de fatores,
incluindo a necessidade de um profissional bem treinado tanto para realizar
adequadamente a coleta da amostra cervical, como para preparar as lâminas que serão
avaliadas. Problemas com a amostra são os principais comprometedores da
sensibilidade da citologia, uma vez que muitas vezes ela não inclui as células anormais
existentes no colo uterino avaliado. Somado a isso, há os problemas de interpretação da
amostra, onde muitas vezes o profissional responsável não consegue identificar as
poucas células anormais existentes no meio de mais de 100.000 células normais que, em
média, compõem um esfregaço. A inflamação também se destaca como importante
limitador da colpocitologia. Adicionalmente, em áreas tropicais como o Brasil, há altas
taxas de amostras inflamatórias que comprometem significativamente o diagnóstico das
neoplasias intra-epiteliais cervicais (Cuzick, 2002).
3
Laboratório de citopatologia do Instituto Nacional de Câncer (INCA), que analisa em torno de 290.000
citologias realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) por ano, no Rio de Janeiro..
12
Entre os anos 2002 e 2003 foi realizado um inquérito domiciliar pelo Ministério
da Saúde (MS/INCA, 2004), com a colaboração da Secretaria de Vigilância em Saúde
(SVS) e das Secretarias de Estado de Saúde em 15 capitais brasileiras e no Distrito
Federal. Este levantamento pretendia estimar a magnitude da exposição a
comportamentos e fatores de risco para doenças e agravos não transmissíveis, do acesso
a exames de detecção precoce de câncer de mama e colo do útero e de agravos
selecionados (morbidade referida). A população de estudo consistiu em uma amostra de
indivíduos de 15 anos ou mais de idade, residentes nas capitais selecionadas
previamente. Os resultados desse trabalho mostraram que a cobertura populacional
alegada do exame de Papanicolaou variava entre 74% e 93% nas áreas avaliadas. No
Rio de Janeiro a cobertura alegada deste exame durante esse período foi de 84%, sendo
que apenas 33% desses exames teriam sido realizados na rede do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2003, mostraram que a
cobertura do exame citopatológico foi de 68,7% em mulheres acima de 24 anos, sendo
que 20,8% das mulheres nesta faixa etária nunca tinham sido submetidas ao exame.
Como em qualquer inquérito, estes altos percentuais podem ser resultado de viés
de informação, isto é, estarem maiores do que a realidade devido a uma possível
tendência das mulheres entrevistadas responderem positivamente à esta questão, numa
tentativa de mostrarem-se mais responsáveis com seus cuidados relacionados à saúde do
que o real. Percentuais de cobertura desta magnitude são semelhantes aos dos países
desenvolvidos, onde a incidência do câncer de colo é bem menor.
Além desta possibilidade, acredita-se que a estabilidade dos indicadores de
incidência e mortalidade por câncer de colo em nosso meio se deva não por oferta
13
restrita de exames citológicos nas unidades primárias de atendimento, mas por ações
ineficazes no sentido de incorporar aos programas de rastreio as mulheres
constantemente resistentes, que se constituem nas de maior risco para doença. Acredita-
se que a população feminina que realiza rotineiramente o exame de Papanicolaou seja
constituída por mulheres já incluídas nos programas de rastreio, o que é sugerido pelo
fato de, ao longo dos últimos dez anos, ter ocorrido uma redução progressiva no número
de lesões cervicais identificadas. A falha no seguimento das mulheres que apresentam
diagnósticos citológicos de lesões precursoras do câncer de colo do útero também
contribui para a ausência de impacto nos indicadores de mortalidade (PNAD, 2005).
Janerich et al. (1995) realizaram um estudo sobre a história de rastreio do câncer
de colo do útero, em uma população definida e com diagnóstico prévio desta neoplasia
(481 casos), para determinar como sua detecção precoce poderia ser melhorada.
Observaram que mais da metade dos casos de neoplasia ocorreram entre mulheres que
nunca haviam realizado o exame de Papanicolaou ou o tinham feito há mais de cinco
anos. De acordo com estudo prévio que demonstrou maior freqüência do câncer cervical
em mulheres com mais de 30 anos de idade (Cuzick, 1995), também foi observada uma
diferença de quase 20 anos entre a média de idade das pacientes acometidas que tinham
rastreio realizado regularmente (43 anos) e a média de idade das que nunca tinham
realizado o exame de Papanicolaou (65 anos). Estes dados apontam para a necessidade
de maiores esforços para incluir as mulheres mais idosas nos programas de rastreio.
4.3 – Captura Híbrida
O método da Captura Híbrida (CH) baseia-se em uma hibridização molecular
convencional capaz de identificar 18 tipos do vírus. Diferentes tipos de sondas não
radioativas de ácidos ribonucléicos ou desoxirribonucléicos são colocadas a reagir com
14
amostras desnaturadas que contêm o DNA pesquisado com sondas homólogas a
genótipos de HPV que podem ser de dois tipos.
Tipo I (CH I): sondas para identificar cinco tipos de baixo risco oncogênico (6,
11, 42, 43, 44);
Tipo II (CH II): sondas para identificar 13 tipos de alto risco oncogênico (16, 18,
31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68).
Destaca-se o teste de CH II para detecção do DNA-HPV de alto risco
oncogênico, capaz de identificar as pacientes com maior risco de apresentarem
carcinoma e seus precursores. Este teste DNA-HPV também fornece uma medida semi-
quantitativa para carga viral e tem sua leitura totalmente automatizada (Santos et al.,
2003).
Estudos têm mostrado que a sensibilidade do teste de CH II é superior à do
exame de Papanicolaou na identificação do câncer cervical e de seus precursores.
Cuzick et al. (2003) realizaram um ensaio clínico randomizado com o objetivo
de comparar a taxa de detecção de lesões intra-epiteliais de alto grau e o valor preditivo
positivo do teste DNA-HPV e da colpocitologia. Desejavam ainda determinar a melhor
estratégia de manejo para mulheres HPV positivas. A inclusão das pacientes foi
realizada em cinco centros de saúde do Reino Unido, aos quais elas compareciam para
rastreio cervical de rotina. Neste momento eram convidadas a participar do estudo desde
que tivessem entre 30 e 60 anos de idade, não apresentassem citologias anormais nos
últimos três anos e que nunca tivessem sido tratadas para neoplasias intra-epiteliais
cervicais (NIC). As 10.358 mulheres incluídas foram distribuídas aleatoriamente para
colposcopia imediata ou para controle com teste DNA-HPV e colpocitologia em 6 e 12
meses. Os resultados demonstraram que o teste DNA-HPV apresentou sensibilidade
superior à do exame de Papanicolaou em relação ao diagnóstico de lesões intra-
15
epiteliais de alto grau e câncer cervical (97,1% e 76,6%, respectivamente). No entanto, a
citologia convencional apresentou maior especificidade do que a Captura Híbrida em
relação aos mesmos diagnósticos (95,8% e 93,3%, respectivamente). Achados
semelhantes foram alcançados pelo ensaio clínico randomizado realizado por Mayrand
et al. (2007), no Canadá, envolvendo mulheres de 30 a 69 anos, no qual, em relação as
lesões intra-epiteliais cervicais de alto grau, a sensibilidade da citologia foi
significativamente menor que a sensibilidade do teste DNA-HPV (55,4% versus 94,6%,
respectivamente; p = 0,01). Já a especificidade da citologia foi discretamente maior que
a do teste DNA-HPV (96,8% versus 94,1%, respectivamente; p < 0,001). O valor
preditivo negativo foi alto em ambos os testes (99%).
Todavia para que um teste tão sensível como o da Captura Híbrida seja custo-
efetivo como rastreio primário da neoplasia cervical, é preciso que se desenvolva um
controle eficiente para o manejo de mulheres com resultados positivos para tipos de
HPV de alto risco oncogênico, uma vez que a alta taxa de falso-positivos aumentaria
indevidamente o número de referências para avaliação colposcópica. Uma proposta que
compensaria este aumento de sensibilidade em uma nova abordagem para o rastreio
cervical, consistiria apenas no teste DNA-HPV como diagnóstico primário e seria
utilizado o exame de Papanicolaou para as mulheres com aquele primeiro positivo para
tipos virais de alto risco. Já as mulheres com teste DNA-HPV negativo, retornariam ao
rastreio de rotina, com intervalo de 3-5 anos (Cuzick et al., 2003). Simultaneamente, o
custo-efetividade dos testes DNA-HPV pode ser melhorado através da economia na
infra-estrutura necessária, uma vez que os custos com treinamento de profissionais de
saúde, de laboratório e com equipamentos fixos para sua realização seriam inferiores em
relação à colpocitologia, que impõe a necessidade de treinamento de citotécnicos e
16
citopatologistas, além do indispensável controle de qualidade laboratorial (Mandelblatt,
2002).
Desde o ano de 2000, o Food and Drug Administration (FDA) já havia aprovado
o uso da Captura Híbrida II para mulheres com citologia anormal e em 2003, este exame
também passou a ser autorizado em associação com a citologia para o rastreamento
primário de câncer cervical em mulheres com 30 anos ou mais de idade (FDA, 2003).
4.4 – Autocoleta da Captura Híbrida
Estudos demonstraram que o exame da Captura Híbrida, quando realizado pela
própria paciente (autocoleta), tem uma sensibilidade para detecção de lesões de alto
grau e câncer invasor de colo uterino equivalente ou até superior que a da citologia
convencional (Hillemanns et al., 1999; Wright et al., 2000).
A autocoleta da Captura Híbrida ainda oferece a vantagem de não requerer a
realização do exame especular vaginal e conseqüentemente reduz o desconforto que
pode fazer com que ocorra uma repulsa ao rastreio do câncer cervical entre mulheres
que têm acesso aos serviços de assistência médica (Dannecker et al., 2004).
Em Morelos, segundo menor estado do México, Flores et al. (2003) realizaram
um estudo transversal para comparar a Captura Híbrida realizada por autocoleta e pelo
clínico com o exame citopatológico. A amostra foi composta de 7.732 mulheres entre
20-80 anos que foram convidadas a participar do estudo durante visita a uma das 23
unidades de saúde locais responsáveis pelo rastreamento do câncer de colo uterino.
Mais uma vez a autocoleta da Captura Híbrida mostrou-se superior em termos de
sensibilidade ao exame de Papanicolaou para identificação de lesões de alto grau e
câncer (Quadro 1). As mulheres mexicanas afirmaram como dificuldades para realizar o
exame citológico o desconforto gerado pelo exame pélvico, proibição do parceiro
masculino, experiência prévia negativa, ou ainda, por falta de conhecimento sobre a
17
importância do teste, limitação financeira e longo tempo de espera para realizá-lo e para
obter o resultado. Estes fatores podem explicar a baixa cobertura populacional do
programa de rastreio daquela região.
Quadro 1. Sensibilidade e especificidade das tecnologias de rastreamento do câncer
cervical no estudo realizado por Flores et al., 2003.
Método de detecção de HSIL*/
Câncer
Sensibilidade Especificidade
Captura Híbrida (autocoleta) 71,3% 89,9%
Captura Híbrida (colhida pelo
clínico)
93,1% 91,8%
Papanicolaou 59,4% 98,3%
*HSIL – Lesão intra-epitelial escamosa de alto grau.
Um estudo brasileiro realizado por Holanda et al. (2006) no Ceará, incluindo
mulheres sexualmente ativas de 15 a 70 anos, que dentre seus objetivos pretendia
comparar o desempenho diagnóstico da Captura Híbrida II realizada por autocoleta e
pelo ginecologista, também demonstrou que as duas estratégias são comparáveis no
rastreio de lesão intra-epitelial de alto grau do colo uterino. A autocoleta apresentou
sensibilidade semelhante ao exame colhido pelo ginecologista no diagnóstico dessas
lesões (88,9%). Já em relação à especificidade, a amostra obtida pelo ginecologista foi
superior (72%) em relação a amostra obtida por autocoleta (66,7%).
A autocoleta pode ser realizada com um kit fornecido à paciente, idêntico ao
utilizado por profissionais de saúde, composto por escovinha estéril com extremidade
em forma de cone e cabo longo (15 cm) e um tubo coletor (Anexo II), sem necessidade
de nenhum tipo de preparo prévio. A paciente deve ser orientada a introduzir a
18
escovinha na vagina até a extremidade de seus dedos encostarem-se à vulva e em
seguida, realizar um movimento de rotação para esquerda e outro para direita.
Finalmente este dispositivo é colocado no tubo coletor. Este material coletado é estável
à temperatura ambiente por até 15 dias (Dzuba et al., 2002).
19
5. HIPÓTESE
A adesão à autocoleta da Captura Híbrida é duas vezes maior do que a adesão à
coleta de esfregaço colpocervical por ginecologista.
20
6. MATERIAIS E MÉTODO
6.1 – Desenho do Estudo
Ensaio clínico controlado randomizado.
6.2 – População do estudo
O estudo envolveu mulheres residentes no Morro dos Macacos, Vila Isabel – RJ,
área onde constata-se dificuldade de acesso ao rastreio do câncer de colo do útero, uma
vez que o posto de saúde existente no interior desta comunidade (Posto de Saúde Parque
Vila Isabel) não oferece esse tipo de assistência. Mais precisamente foram incluídas as
mulheres cujas residências encontravam-se nas áreas de atuação do Programa de Saúde
da Família (PSF) nesta comunidade.
6.3 – Equipe de pesquisa de campo
A equipe de pesquisa de campo foi composta por cinco integrantes. Uma
pesquisadora principal
4
(mestranda) e quatro auxiliares de pesquisa: duas participantes
do Programa de Vocação Científica
5
(PROVOC), uma acadêmica de medicina, bolsista
do Programa de Iniciação Científica
6
(PIBIC) e um agente comunitário do posto de
saúde local
7
que nos acompanhou durante as visitas domiciliares. Além destes, um
colaborador ficou responsável por informar a alocação de pacientes conforme descrito
adiante.
4
Médica ginecologista-obstetra.
5
Este programa da Fundação Oswaldo Cruz destina-se à inserção de jovens do ensino médio em
atividades de iniciação à pesquisa.
6
PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica, cujo foco é promover ênfase
científica a estudantes universitários e com isso fornecer um retorno aos bolsistas na sua formação
despertando vocação científica e incentivando na preparação para ingressar na pós-graduação.
7
Posto de Saúde Parque Vila Isabel, onde atuam profissionais de saúde do Programa de Saúde da
Família.
21
6.4 – Pesquisa de Campo
A pesquisa de campo consistiu nas visitas domiciliares, através das quais se
realizou o recrutamento das participantes do estudo no período de agosto a dezembro de
2007, na realização dos exames de Papanicolaou, realizados no posto de saúde local, e
no recolhimento dos kits de autocoleta da Captura Híbrida, também entregues no posto
de saúde local pelas mulheres alocadas para esta modalidade.
As visitas domiciliares foram realizadas pela pesquisadora principal,
acompanhada de um agente comunitário local e pelas alunas do PROVOC.
Os exames de Papanicolaou foram realizados pela pesquisadora principal e pela
acadêmica de medicina, a qual foi adequadamente treinada e supervisionada pela
primeira.
6.5 – Cálculo do tamanho amostral
Para esta finalidade, consideramos os achados de aceitabilidade descritos no
estudo de Dzuba et al. (2002). Naquela oportunidade, 68% dos sujeitos do estudo
declararam preferir a autocoleta enquanto 32% optaram pela citologia.
Estes dados levaram à hipótese de que a adesão seria duas vezes maior no grupo
da autocoleta e, com isto, seriam necessárias 44 mulheres em cada grupo. Este cálculo
foi realizado admitindo-se um nível de confiança de 95% e um poder de 80%. Estes
cálculos foram realizados através do aplicativo Epi-Info versão 6.04d.
Optamos por aumentar o tamanho amostral em torno de 15% com o objetivo de
prevenir perda de poder estatístico devido à não adesão em ambos os grupos.
6.6 – Critérios de inclusão
Foram incluídas mulheres:
Com 25 a 59 anos de idade
22
Não grávidas
Que tinha realizado sua última citologia há mais de 1 ano
Que soubessem ler.
6.7 – Critérios de exclusão
Foram excluídas mulheres:
Que realizaram o exame durante o período menstrual
Histerectomizadas
Que tinham ou tiveram diagnóstico de câncer de colo do útero ou
de seus precursores
Que declararam algum estado de supressão imune crônica (por
exemplo, mulheres infectadas pelo HIV e submetidas a
transplantes ou em uso de imunossupressor).
Mulheres integrantes da equipe de trabalho do posto de saúde
local.
6.8 – Randomização e Recrutamento
Devido ao pequeno tamanho amostral, com o objetivo de obtermos metade da
amostra para cada grupo de estudo, optamos por realizar uma randomização em blocos,
numa sistemática recomendada por Pocock (1983, pág. 76-77). Assim, foram
considerados seis blocos com 4 possibilidades de alocação, como abaixo (Quadro 2),
onde “A” representa alocação para autocoleta de Captura Híbrida e “B”, alocação para
coleta de esfregaço colpocervical por ginecologista (método tradicional – controle).
23
Quadro 2 – Exposição dos seis possíveis blocos de randomização utilizados.
Bloco Configuração
1 AABB
2 ABAB
3 BBAA
4 BABA
5 ABBA
6 BAAB
A seguir, foi consultada uma lista de números randômicos (Pocock, pág. 74,
Tabela 5.2) a partir de um ponto inicial selecionado aleatoriamente (11
a
linha e 7
a
coluna - valor 3), caminhando para a direita. Assim, encontrado um dos valores de 1 a 6,
foi definido o bloco correspondente para alocação. O valor seguinte definiu o bloco
seguinte e assim por diante até serem definidos 27 blocos de 4 possibilidades de
alocação, totalizando 108 alocações possíveis. Os valores 7, 8, 9 e 0 foram desprezados,
passando ao valor seguinte quando encontrados. Esta sistemática forneceu a lista de
alocação existente no Apêndice I.
A pesquisadora principal, responsável por incluir as pacientes no ensaio, não
participou do processo de formação da lista de randomização, assim como não teve
acesso a este documento, a fim de que não fosse possível para a equipe de campo
predizer, em algum momento, qual a alocação da próxima mulher a ser incluída. Sackett
et al. (2003) recomenda este cuidado para que os integrantes da pesquisa responsáveis
pela inclusão de pacientes não sejam capazes de, conscientemente ou não, selecionar
mulheres para um ou outro grupo em função de sua maior chance de adesão e, assim,
distorcer o equilíbrio entre os grupos de comparação buscado com a alocação aleatória.
A lista de alocação foi entregue a um colaborador que não participou do estudo,
que era contatado por telefone celular no momento em que cada nova mulher era
incluída. Após registro dos dados de identificação (nome completo, data de nascimento
e idade), este colaborador informava à pesquisadora qual alocação definida pela lista
24
previamente preparada. Em nenhuma hipótese a alocação era informada antes do
registro de inclusão da mulher e nunca foi informada qual a próxima alocação.
6.9 – Intervenção
O recrutamento das pacientes foi realizado através de visitas domiciliares nas
áreas de assistência do PSF dentro da comunidade (Anexo I). Assim que a equipe de
pesquisa de campo chegava a um determinado domicílio, era verificada a existência de
uma mulher que preenchesse os critérios de inclusão. Quando no mesmo domicílio
havia mais de uma mulher que preenchesse esses critérios, selecionávamos a mais idosa
com limite máximo de idade de 59 anos. No caso de não haver mulheres que
preenchessem os critérios de inclusão, a equipe visitava a residência seguinte até
encontrar uma mulher que satisfizesse estas condições.
Na entrevista inicial, após as devidas apresentações da equipe presente, eram
esclarecidas a razão da visita, a importância do rastreio do câncer cervical e de seus
precursores e a existência dos dois exames (citologia e autocoleta da Captura Híbrida)
como possibilidade de rastreio dessa neoplasia, com suas respectivas características. Em
seguida era realizado o convite para participar do estudo. Após resposta afirmativa,
leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice II), era
feito o contato com o colaborador que informava a alocação, conforme mencionado
acima.
As mulheres excluídas foram orientadas quanto ao motivo de exclusão e as que,
em qualquer momento da inclusão, se recusaram a participar, receberam informação
adicional sobre a importância da prevenção do câncer de colo e de como fazê-la de
forma convencional. Os procedimentos de campo foram especificados em um Manual
de Campo (Apêndice III), disponível e de conhecimento da equipe que realizava estas
25
atividades. Na Figura 1 fazemos um resumo do fluxo de procedimentos para inclusão no
estudo e alocação.
26
Visita domiciliar
Existe moradora elegível
para o estudo?
Esclarecimentos sobre o
objetivo da visita
Visita ao domicílio seguinte
Aceitou participar e
assinou TCLE
Contato com colaborador para
conhecer alocação
Informada alocação, orientada
quanto ao procedimento e
prazos
Sim
Não
Sim
Inclusão no estudo
Não
Material de
autocoleta para CH entregue ou
comparecimento no Posto de
Saúde para colher esfregaço
colpocervical em 1 semana?
Adesão
Não adesão
Não
Sim
Figura 1 – Fluxograma simplificado do estudo
8
.
8
Um Fluxograma detalhado encontra-se no Manual de Procedimentos (Apêndice III).
27
As mulheres incluídas responderam a um questionário (Apêndice IV) que
procurou identificar suas características sócio-econômicas e clínicas. A seguir,
procedemos da seguinte forma:
Grupo 1: A mulher alocada para este grupo recebeu o kit da autocoleta da
Captura Híbrida II
9
(Anexo II), fornecido pelo fabricante
10
especificamente para este
estudo. Neste momento, a mulher obteve as instruções necessárias para realizar
adequadamente a coleta do material em si própria e um folheto explicativo referente a
este procedimento (Anexo III). Estas orientações para autocoleta do espécime vaginal
foram feitas com o auxílio de um modelo representando o aparelho genital feminino
externo e interno (Anexo IV). A participante alocada neste grupo de pesquisa foi
informada sobre o prazo máximo de uma semana para entregar o kit com o material
colhido, no posto de saúde local, assim como as condições adequadas de
armazenamento até sua entrega.
Grupo 2: A mulher alocada para este grupo foi convidada a comparecer ao posto
de saúde local, em dias pré-determinados (foram oferecidas duas opções de dias da
semana e em turnos diferentes), para que fosse realizada a coleta do material para o
exame de Papanicolaou. A participante foi informada do prazo máximo de uma semana
para comparecer ao posto de saúde.
O material colhido para realização dos exames de Papanicolaou foi encaminhado
ao SITEC
11
, para processamento e análise.
Numa fase inicial foram recrutadas 10% do tamanho amostral calculado para
essa pesquisa. A partir desta experiência, tivemos a oportunidade de adequar o fluxo de
9
Kit UCM® - Universal Collection M\edium, que preserva a estrutura do DNA, do RNA e das proteínas
celulares.
10
Digene do Brasil LTDA.
11
SITEC – Sistema Integrado de Tecnologia em Citopatologia. Trata-se do laboratório de citopatologia
do INCA, responsável pela emissão dos laudos citológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) no estado
do Rio de Janeiro, um laboratório de referência.
28
procedimentos e registros de campo, bem como avaliar a aceitabilidade das visitas
domiciliares por parte das moradoras da comunidade selecionadas para o estudo.
Durante essa fase, ajustamos as rotinas de procedimentos do trabalho de campo de
forma que elas foram executadas de modo idêntico no restante da amostra do ensaio
clínico.
6.10 – Desfecho
No Grupo 1, foi considerada como tendo adesão as pacientes que entregaram o
exame dentro do prazo máximo estipulado (1 semana). As demais foram consideradas
como não tendo adesão.
No Grupo 2, foi considerada como tendo adesão a paciente que compareceu ao
posto de saúde local e realizou o exame de Papanicolaou, dentro do prazo máximo
determinado (1 semana).
As pacientes que realizaram o exame de autocoleta ou que compareceram ao
posto de saúde local para realização do exame de Papanicolaou após o prazo máximo
pré-determinado tiveram seus exames realizados e analisados, no entanto, foram
consideradas como casos de não-adesão.
6.11 – Resultado dos exames
Os resultados dos exames foram entregues pessoalmente a cada paciente, pela
pesquisadora principal, através de comunicado prévio para comparecer ao posto de
saúde local. Este comunicado foi feito por contato telefônico ou busca ativa realizada
pelos agentes comunitários.
Quando necessário, a paciente foi encaminhada ao Setor de Patologia Cervical
do Departamento de Ginecologia do Instituto Fernandes Figueira (IFF) para
investigação e tratamento, conforme a seguir.
29
Pacientes que tiverem Captura Híbrida positiva para HPV de alto risco
oncogênico foram submetidas à coleta da citologia convencional, realizada pela
pesquisadora principal. Nos casos de citologia alterada, a paciente foi encaminhada ao
serviço de Patologia Cervical do IFF, para realização de colposcopia. Já as pacientes
deste grupo, que tiveram Captura Híbrida positiva para DNA-HPV oncogênico, mas
apresentaram citologia negativa foram orientadas quanto ao fato de serem portadoras de
um fator de risco para o câncer cervical e da necessidade de repetir o rastreio citológico
em intervalo de um ano, conforme recomendado por Wright et al.(2007).
As pacientes do Grupo 2 que apresentaram o exame de Papanicolaou positivo
para lesões precursoras do câncer de colo do útero foram encaminhadas ao IFF para
diagnóstico e tratamento, caso indicado.
As pacientes que apresentaram resultados negativos dos exames realizados
foram incentivadas a manterem-se incluídas em programas de rastreio do câncer
cervical.
As mulheres que realizaram os exames após o prazo máximo estipulado também
tiveram acesso aos resultados e seguimento necessários (Figura 2).
O material obtido por autocoleta foi também utilizado para preparação de uma
lâmina de citologia que foi examinada pelo SITEC para verificação da existência de
células vaginais ou cervicais. A presença destas células apontou para autocoleta
adequada.
30
Captura Híbrida com material
adequado?
Presença de DNA-HPV
oncogênico?
Coleta de colpocitologia
Colpocitologia alterada?
Colposcopia
Rastreio habitual
Seguimento citológico por 2
anos
Sim
Não
Sim
o
Sim
o
Material de
autocoleta para CH entregue ou
comparecimento no Posto de Saúde
para colher esfregaço colpocervical em
1 semana?
Adesão Não adesão
Não
Sim
Informado aos agentes de
saúde locais para futuro busca
ativa para realização do método
de rastreio convencional do
câncer de colo do útero.
CH
Recomendações do MS
Papanicolaou
Figura 2 – Fluxograma de seguimento após resultados de exames ou para pacientes não
aderentes.
31
6.12 – Análise dos Dados
O banco de dados do ensaio clínico foi criado através do programa Epi-Info
versão 3.3.2, no qual foram digitados os dados obtidos através dos questionários
aplicados nas participantes do estudo. A análise dos dados foi realizada no programa
SPSS, no qual foi checada a consistência das respostas contidas no questionário e
investigou-se as características associadas à não adesão aos respectivos métodos
diagnósticos. Testou-se o nível significância das associações através do teste qui-
quadrado e foram calculados os intervalos de confiança de 95% das medidas de
associação utilizadas.
6.13 - Variáveis Sócio-demográficas e de história
A seguir descrevemos as variáveis sócio-demográficas e de história clínica que
foram utilizadas na análise de possíveis fatores para não adesão. Algumas foram
recategorizadas em faixas ou grupos para efeito de análise como variáveis dicotômicas.
Idade. A variável idade foi categorizada em duas faixas etárias, de 25-49 anos e
50-59 anos. Esta estratificação foi realizada baseada na idade média da menopausa.
Apesar da idade em que esse processo se inicia sofrer grandes variações, há quase um
consenso de que a idade reprodutiva da mulher se encerra aos 49 anos (Faúndez et al.,
2000). Acreditamos que as mulheres em idade reprodutiva representam a maior parte
das mulheres que se encontram incluídas nos programas de rastreio do câncer de colo do
útero, muito em função dos cuidados relacionados ao pré-natal. Segundo o Inquérito
Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e
Agravos Não Transmissíveis realizado pelo Ministério da Saúde (2003), em relação à
faixa etária das mulheres brasileiras que fizeram pelo menos um exame de Papanicolaou
nos últimos três anos, na cidade do Rio de Janeiro, a que apresentou menor cobertura foi
a compreendida entre 50 – 59 anos.
32
Cor da pele. Estudos que objetivavam analisar os possíveis motivos de não
adesão ao método tradicional de rastreio do câncer de colo do útero demonstraram que,
de modo geral, as mulheres de cor branca se submetem mais ao exame de Papanicolaou
do que as mulheres das demais etnias (Harlan et al., 1991 e Hayward et al., 1988). A
variável cor da pele foi recodificada, passando a apresentar duas possibilidades: branca
e outras.
Estado Civil. Optamos por analisar esta variável agrupando todas as
participantes que relataram algumas das possíveis relações afetivas apontadas no
questionário, em mulheres com parceiro e as que não tinham, naquele momento,
nenhum relacionamento estável, em mulheres sem parceiro. Acreditamos que, na
população investigada, o que pode interferir na adesão aos possíveis métodos de rastreio
do câncer de colo do útero é o fato da paciente ter ou não um relacionamento estável.
Alguns estudos relataram que alguns parceiros impedem as mulheres de se submeterem
ao exame ginecológico convencional (Flores et al., 2003), enquanto outros já apontaram
o fato da mulher ser solteira como um fator associado à não adesão ao exame de
Papanicolaou (Nascimento et al., 1996).
Escolaridade. Segundo o Inquérito Domiciliar realizado pelo Ministério da
Saúde em 15 capitais brasileiras e Distrito Federal, entre 2002 e 2003, incluindo
mulheres de 25 a 69 anos, o relato da realização do exame de citologia esteve associado
positivamente ao grau de escolaridade dessa população. O Rio de Janeiro, em relação à
realização de pelo menos uma citologia nos últimos três anos anteriores à pesquisa, foi
uma das cidades onde se observou diferença estatisticamente significativa entre as
mulheres que apresentavam o ensino fundamental incompleto (70,6%) e as com ensino
fundamental completo (82,2%). Baseado nessas informações, a variável escolaridade foi
33
categorizada, separando em mulheres com até 8 anos de escolaridade e com mais de 8
anos.
Renda Familiar. Durante as análises estatísticas desta variável, foi construído
um histograma para avaliação da distribuição de freqüências a ela relacionada.
Observada uma distribuição normal, utilizamos o valor médio de R$ 678,50 como ponto
de corte. Assim, a variável renda familiar foi recodificada, sendo dividida em até um
salário mínimo e meio e maior que um salário mínimo e meio.
Nº de pessoas por cômodo. Para encontrarmos um ponto de corte para esta
variável, também foi construído um histograma. Como este também apresentou uma
distribuição normal, utilizamos o valor médio, de três pessoas por cômodo em cada
residência visitada durante a pesquisa como ponto de corte.
Sexarca. Esta variável foi categorizada estratificando mulheres que iniciaram a
vida sexual até 19 anos de idade e as que o fizeram com mais de 19 anos. O ponto de
corte foi baseado na definição de adolescência, período compreendido entre 10 e 19
anos de idade, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS). Acredita-
se que quanto mais jovem as mulheres iniciam sua vida sexual, mais expostas estarão às
doenças sexualmente ativas, pois a negociação sexual em relação ao uso de preservativo
é particularmente difícil nessa fase da vida. No Brasil, o preservativo é muito pouco
utilizado, principalmente entre os jovens. Segundo dados do Ministério da Saúde, os
mais baixos índices de uso (em torno de 0,2 a 1,4%) se encontram na faixa etária de 15
a 19 anos. Mulheres que iniciam a vida sexual na adolescência tornam-se um grupo
vulnerável e que tem, de modo geral, maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde
para cuidados preventivos como a realização do exame de Papanicolaou (Pinho et al.,
2003).
34
Método contraceptivo. A análise desta variável foi realizada reagrupando as
respostas em duas possibilidades: Laqueadura tubária e outras. Isto foi realizado porque
acreditamos que mulheres que adotaram método contraceptivo definitivo como a
laqueadura tubária, tendem a procurar menos os serviços de atendimento ginecológico
e, conseqüentemente, têm maior probabilidade de estarem excluídas dos programas de
rastreio do câncer de colo do útero.
Número de parceiros com os quais teve relação sexual no último ano. Esta
variável foi categorizada, incluindo mulheres com até um parceiro sexual e mulheres
com dois ou mais parceiros. Segundo um estudo transversal incluindo 2.300 mulheres
que buscaram rastreamento para o câncer cervical entre fevereiro de 2002 e março de
2003 em São Paulo e Campinas, no Estado de São Paulo, as mulheres com relato de
dois ou mais parceiros sexuais apresentaram maior chance de infecção pelo HPV de alto
risco quando comparadas a mulheres monogâmicas (Rama et al., 2008).
Há quantos anos não faz preventivo. A análise dessa variável foi realizada
através de sua recategorização, na qual estabelecemos dois grupos: mulheres que
realizaram a última citologia até três anos antes do momento da entrevista e as mulheres
que o fizeram há mais de três anos. Esse ponto de corte foi determinado a partir da
recomendação do Ministério da Saúde que, assim como a Organização Mundial da
Saúde, recomenda que o teste de Papanicolaou seja realizado a cada três anos em
mulheres entre 25 e 59 anos de idade, após dois exames anuais negativos.
Além da busca de fatores relacionados a não adesão, questionamos o principal
motivo para não ter feito o preventivo há pelo menos um ano. Esta variável admitia
respostas abertas e as possibilidades foram agrupadas em categorias, em função de
dificuldades relacionadas aos recursos locais de assistência à saúde (dificuldades do
posto de saúde: dificuldade para marcar consulta, demora do resultado, troca freqüente
35
de profissional, entre outras) ou dificuldades pessoais (desconhecimento sobre
importância do rastreio, experiência prévia negativa, falta de tempo, medo e vergonha).
36
7. ASPECTOS ÉTICOS
7.1 – Relação Risco-Benefício
Este estudo não ofereceu riscos para as participantes porque não envolveu
nenhum procedimento sujeito a complicações clínicas. Um dos grupos realizou a
autocoleta do teste DNA-HPV (Captura Híbrida II) após receber orientações de como
fazê-la, por investigadores devidamente treinados. O segundo grupo foi submetido ao
exame de Papanicolaou, realizado por profissional devidamente qualificado (médica-
ginecologista e acadêmica de medicina sob supervisão constante da primeira). Em cada
grupo foi oferecido o respectivo método diagnóstico com as devidas informações
quanto à sua importância e finalidade e as participantes tiveram autonomia para decidir
sobre realizá-los ou não sem nenhum tipo de imposição ou incentivo de qualquer
natureza.
Na comunidade em que o estudo foi realizado não havia, até o momento de
nossa investigação, qualquer programa de rastreio primário do câncer de colo do útero
e, com isso, apresentava baixa cobertura citológica. A realização deste estudo
representou ganho para as pacientes incluídas na medida em que disponibilizou duas
alternativas de rastreio.
7.2 – Responsabilidade da Pesquisadora, da Instituição e do Patrocinador
A pesquisadora foi responsável pela realização da pesquisa de campo e manteve
o compromisso de não divulgar os nomes das pacientes, mantendo o sigilo e a ética
profissional.
O seguimento das pacientes com resultados positivos está sendo realizado no
Departamento de Ginecologia do IFF – Setor de Patologia Cervical.
37
7.3 – Infra-estrutura Necessária e Concordância da Instituição
A fase de recrutamento das pacientes foi realizada através de visitas domiciliares
realizadas na comunidade do Morro dos Macacos, sempre em presença de um agente
comunitário que nos auxiliou na orientação geográfica. O transporte que garantiu o
acesso à comunidade foi de responsabilidade da pesquisadora.
A obtenção de espécimes para o exame de Papanicolaou foi feita no posto de
saúde local, no qual o Programa de Saúde da Família (PSF) já está atuando na
assistência de outras especialidades clínicas e que apresenta toda infra-estrutura física
necessária para esta atividade. A análise dessas amostras foi realizada pelo SITEC
conforme abordado na seção de Materiais e Método. Já o kit da autocoleta da captura
híbrida foi entregue no domicílio de cada paciente pela equipe de pesquisa de campo e
não exigiu nenhuma infra-estrutura adicional.
O envio das amostras colhidas para os respectivos laboratórios responsáveis
pelas análises também foi de responsabilidade da pesquisadora.
A pesquisadora assegura que a pesquisa foi iniciada somente após a aprovação
do Comitê de Ética em Pesquisa da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro (Anexo V).
7.4 – Orçamento Financeiro e Remuneração da Pesquisadora
Este estudo contou com quatro importantes financiadores:
1. A Digene do Brasil LTDA, fornecedor da CH II. Além de fornecer os kits de
autocoleta que foram distribuídos para as integrantes do Grupo 1 do ensaio clínico e
realizar a análise destes exames, forneceu lâminas de citologia preparadas a partir do
material obtido por autocoleta.
2. O laboratório de citopatologia do INCA, o SITEC, que foi responsável pelas
análises dos exames de Papanicolaou realizados e pela verificação de coleta adequada
da Captura Híbrida.
38
3. O Instituto Fernandes Figueira (IFF) onde, quando indicado, está sendo
realizado o seguimento das participantes após conhecimento do resultado de seus
respectivos exames e que forneceu o material descartável para coleta de citologia, com
recursos do Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher.
Também contou com a colaboração do município do Rio de Janeiro, através dos
integrantes do Programa de Saúde da Família (PSF) baseados no Posto de Saúde
Parque Vila Isabel, que colaboraram com a pesquisa de campo.
As despesas inerentes à realização do trabalho de campo da pesquisa e à busca
ativa das pacientes para fornecimento dos resultados dos exames realizados foram
arcadas pela pesquisadora, enquanto que os procedimentos realizados durante o
seguimento das pacientes com resultados positivos fazem parte da rotina do Setor de
Patologia Cervical – Departamento de Ginecologia – IFF e, em conseqüência, os custos
assistenciais serão arcados pela Instituição e remunerados pelo Sistema Único de Saúde
(SUS). Todas as despesas que não estavam incluídas na rotina assistencial do Serviço,
por exemplo, fotocópias, revisões, análises, etc., foram arcadas pela pesquisadora.
Os exames de CH II foram realizados gratuitamente pela Digene do Brasil Ltda.
e os exames citopatológicos pelo SITEC.
7.5 - Propriedade das Informações
Declara-se que os resultados encontrados tornar-se-ão públicos, após o término
da pesquisa, admitindo que os resultados obtidos possam ser utilizados e publicados em
anais de congressos, revistas, periódicos, dissertações, teses, livros, aulas, seminários,
etc.
7.6 – Característica da População
A pesquisa não incluiu indivíduos vulneráveis. A amostra foi composta por
mulheres maiores de idade, com capacidade de compreensão preservada e que residem
39
na comunidade do Morro dos Macacos – Rio de Janeiro. Acreditamos tratar de uma
população de baixa cobertura citológica e conseqüentemente de alto risco para câncer
cervical e seus precursores.
7.7 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
As pacientes que preencheram os critérios de inclusão e aceitaram participar da
pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo II),
fornecido pela pesquisadora no momento do recrutamento.
Este documento foi lido pela pesquisadora junto à participante, sendo
esclarecidas todas as eventuais dúvidas. Duas vias foram assinadas pela paciente, sendo
uma entregue a ela e a segunda ficou de posse da pesquisadora.
7.8 – Material Coletado
Os kits de autocoleta que foram entregues no posto de saúde do Morro dos
Macacos pelas participantes do Grupo 1 que realizaram o exame, assim como os frascos
contendo as lâminas contendo os esfregaços para exame citológico (exame de
Papanicolaou) realizada nas pacientes do Grupo 2, foram respectivamente recebidos e
manejados por um dos auxiliares de pesquisa que acondicionou cada tubo de coleta em
sacos plásticos individuais. Estes foram imediatamente identificados com o nome da
participante, endereço, data de nascimento e data da entrega ou realização do respectivo
exame. Em seguida esse material foi armazenado em recipiente próprio, adequadamente
protegido do excesso de temperatura e da manipulação por estranhos à pesquisa.
Finalmente, a pesquisadora responsável realizou o envio desse material aos respectivos
laboratórios responsáveis pelas análises. Não foram guardados espécimes para análises
diferentes das aqui descritas.
40
7.9 – Pacientes que se recusaram a participar do ensaio clínico
As pacientes que se recusaram a participar do estudo, apesar de estarem
excluídas dos programas de rastreio do câncer de colo do útero há mais de um ano e as
pacientes que, apesar de incluídas no ensaio clínico, não aderiram ao método
diagnóstico oferecido, tiveram seu nomes informados aos agentes comunitários
responsáveis pelas respectivas áreas de moradia para que futuramente tivessem
reforçadas as orientações em relação a importância da prevenção do câncer de colo do
útero.
8. RESULTADOS
O ensaio clínico incluiu 101 mulheres e apenas uma participante, previamente
alocada no Grupo 1, foi excluída por pertencer à equipe de agentes comunitários do
posto de saúde existente no interior da comunidade visitada, no qual foram colhidos os
espécimes para exame citopatológico neste estudo. Quatro mulheres recusaram o
convite para participar do estudo, apesar de estarem excluídas dos programas de rastreio
do câncer de colo do útero há mais de um ano
. O Grupo 1 (Autocoleta da Captura
Híbrida) foi constituído por 51 participantes e o Grupo 2 (Citologia) por 49 (Fluxograma
3).
41
105 participantes elegíveis
Randomizadas = 101
1 paciente excluída
(Grupo 1)
Grupo 1: Autocoleta da CH
n = 51
Pacientes analisadas = 51
Grupo 2: Citologia
n = 49
Pacientes analisadas = 49
Adesão = 35 (68,6%)
Não adesão = 16
(31,4%)
Adesão =16
(32,7%)
Não Adesão =33
(67,3%)%)
Todas as amostras continham
células vaginais
4 pacientes recusaram o convite
Figura 3 – Fluxograma de Resultados
As características sócio-econômicas e hábitos e as características clínicas da
população de estudo encontram-se descritas por grupo de alocação na Tabela 1 e 2,
respectivamente.
A população total do estudo apresentou média de idade de 41 anos (Desvio
padrão (DP) de 9,78 e 9,32 nos Grupos 1 e 2, respectivamente) , 73% possuíam cor de
pele não branca, a média de anos de estudo dessas mulheres foi de cinco anos (DP
correspondente a 3,29 no Grupo 1 e 2,89 no Grupo 2) e a média de renda familiar de R$
660,70 (DP de R$279,46 no Grupo 1 e de R$469,13 no Grupo 2). Todos os domicílios
42
visitados eram providos de saneamento básico. Quanto à participação nos programas de
rastreio do câncer de colo do útero, 30% das mulheres incluídas no estudo informaram
não ter realizado citologia há mais de três anos.
Tabela 1. Distribuição das características sócio-demográficas e hábitos das mulheres
com 25 a 59 anos, residentes na comunidade do Morro dos Macacos – Vila Isabel. Rio
de Janeiro - 2008
Características
CH
(n=51)
n (%)
Citologia
(n=49)
n (%)
p-valor
Idade (anos)
0,727
25 – 49 41 (80) 38 (78)
50 – 59 10 (20) 11 (22)
Cor da pele
0,729
Branca 13 (26) 14 (29)
Parda 19 (37) 14 (29)
Amarela 1 (2) 2 (4)
Preta 18 (35) 19 (38)
Estado Civil
0,250
União Estável/Casada 32 (63) 36 (74)
Separada 12 (23) 2 (4)
Solteira 5 (10) 8 (16)
Viúva 2 (4) 3 (6)
Anos de Estudo (8 anos ou mais)
0,669
0-8 41 (80) 41 (84)
> 8 10 (20) 8 (16)
Vínculo Empregatício
0,209
Sim 24 (47) 17 (35)
Não 27 (53) 32 (65)
43
Tabela 1. Distribuição das características sócio-demográficas e hábitos das mulheres
com 25 a 59 anos, residentes na comunidade do Morro dos Macacos – Vila Isabel. Rio
de Janeiro – 2008 (continuação).
Características
CH
(n=51)
n (%)
Citologia
(n=49)
n (%)
p-valor
Renda Familiar (em SM)
0,562
1,5 SM
30 (59) 26 (53)
> 1,5 SM 21 (41) 23 (47)
Principal impedimento para realizar
citologia
Dificuldade no Posto de Saúde
Desconhece importância
Experiência negativa
16 (31)
4 (8)
3 (6)
18 (37)
9 (18)
2 (4)
0,468
||
Falta de tempo 14 (27) 7 (14)
Medo 4 (8) 4 (9)
Vergonha
10 (20)
9 (18)
Ingesta de álcool
0,045
Sim 15 (29) 24 (49)
Não 36 (71) 25 (51)
Tabagismo
0,436
Sim 15 (29) 18 (37)
Não 36 (71) 31 (63)
Uso de Drogas Ilícitas
0,073
Sim 0 (0) 3 (6)
Não 51 (100) 46 (94)
Abreviações: CH - Captura Híbrida; SM - salário mínimo(R$415,00); PS - Posto de Saúde.
Qui-quadrado
Branca x Outras
Com Parceiro x Sem Parceiro
||
Dificuldade PS x Outras
44
Tabela 2. Distribuição das características clínicas das mulheres com 25 a 59 anos,
residentes na comunidade do Morro dos macacos – Vila Isabel. Rio de Janeiro – 2008.
Características
CH
(n=51)
n (%)
Citologia
(n=49)
n (%)
p-valor
Paridade
0,313
2
24 (47) 28 (57)
> 2 27 (53) 21 (43)
Nº de Filhos vivos - Média (DP) 2,9 (1,87) 2,5 (1,47)
0,898
Sexarca
0,368
19
39 (76) 41 (84)
> 19 12 (24) 8 (16)
Contracepção
0,891
Sim 35 (69) 33 (67)
Não 16 (31) 16 (33)
Método Contraceptivo
0,115
§
Camisinha 6 (12) 7 (14)
D.I.U 1 (2) 0 (0)
Hormonal 8 (16) 14 (29)
Laqueadura Tubária 20 (39) 12 (24)
Nenhum 16 (31) 16 (33)
Uso de Camisinha
0,722
Sim 13 (25) 11 (22)
Não 38 (75) 38 (78)
Nº de parceiros no último ano
0,325
2
50 (98) 49 (100)
> 2 1 (2) 0 (0,0)
DST
0,355
Sim 6 (12) 9 (18)
Não 45 (88) 40 (82)
45
Tabela 2. Distribuição das características clínicas das mulheres com 25 a 59 anos,
residentes na comunidade do Morro dos macacos – Vila Isabel. Rio de Janeiro – 2008.
(continuação)
Características
CH
(n=51)
n (%)
Citologia
(n=49)
n (%)
p-valor
Última Citologia (anos) – n (%)
1-3
>3
36 (71)
15 (29)
34 (69)
15 (31)
0,896
Abreviações: CH – Captura Híbrida; DP - Desvio Padrão; DST – Doença Sexualmente Transmissível
§
Laqueadura Tubária x Outras
Os dados do estudo revelaram que houve uma diferença estatisticamente
significativa entre a adesão das pacientes aos diferentes métodos de rastreio oferecidos
nos dois grupos de estudo, conforme demonstrado na Tabela 2. A adesão entre as
pacientes que receberam o kit da autocoleta da Captura Híbrida (Grupo 1) foi
aproximadamente duas vezes maior do que a adesão entre as pacientes convidadas para
realizarem a citologia (Grupo 2). O risco de uma paciente aderir à autocoleta da Captura
Híbrida é duas vezes maior do que o risco de adesão à citologia (Risco relativo = 2,15;
IC 95% 1,37 – 3,37).
Tabela 3. Distribuição de pacientes segundo alocação no estudo e desfecho (IFF, 2008).
Adesão
Grupo de alocação (n) (%) IC 95% p-valor
Citologia 16 32,7 19,5-45,8
0,000321
Captura Híbrida 35 68,6 55,9-81,4
*Qui-quadrado (Epi-INFO v.6.04d). Risco Relativo de não adesão entre pacientes alocadas para Citologia
frente às alocadas para Autocoleta de CH = 2,15 (IC 95% 1,37-3,37).
46
Em outra forma de expressar este resultado, calculamos o Número Necessário para
Tratar (NNT) aplicado à adesão. Este indicador, em nosso estudo, foi de 2,8 (IC 95%
1,8-5,7) e significa que devemos oferecer a autocoleta da Captura Híbrida a 2,8
mulheres para evitar que uma mulher não tenha adesão a esta estratégia diagnóstica, em
uma semana.
Foi verificado que todas as amostras obtidas por autocoleta da Captura Híbrida,
continham células escamosas (vaginais) e algumas delas ainda apresentaram células
originadas do epitélio glandular (quatro amostras) e metaplásico (seis amostras), o que
nos permite inferir que todos os espécimes foram colhidos de forma adequada pelas
participantes do ensaio clínico.
Na busca de possíveis fatores que pudessem estar confundindo a relação entre a
alocação e o desfecho e desviando este resultado
12
, identificamos as características
sócio-demográficas e clínicas da população de estudo que tiveram distribuição desigual
entre os dois grupos de alocação, aceitando erro alfa de até 20% (p 0,2). Assim,
apenas as variáveis método contraceptivo, ingesta de álcool e uso de drogas ilícitas
foram identificadas como possivelmente associadas à alocação e, assim, poderiam ser
confundidores entre a alocação e o desfecho (adesão). A seguir, buscamos associação
entre estas variáveis e o desfecho, de forma bivariada (Tabela 3). Nesta análise, apenas
o uso de drogas ilícitas apresentou-se associada de forma estatisticamente significativa à
não adesão (p = 0,073), podendo ser um confundidor entre a alocação e este fator de
estudo.
12
Fatores associados ao desfecho e à alocação de forma independente sem se constituírem como
intermediários causais (Weinberg, 1993).
47
Tabela 4. Distribuição de possíveis confundidores em relação ao desfecho (IFF, 2008).
Características
Adesão
(n=51)
Não adesão
(n=49)
p-valor
Uso de álcool – n (%) 19 (48,7) 20 (51,3) 0,715
*
Uso de drogas ilícitas – n (%) 0 3 (100,0) 0,073*
Método contraceptivo definitivo – n (%) 16 (50,0) 16 (50,0) 0,891
*
*
Qui-quadrado.
Na tentativa de comprovar a existência de confundimento em relação uso de
drogas ilícitas e o desfecho do estudo, isto é, que usuárias de drogas ilícitas poderiam ter
adesão diferente a um dos métodos oferecidos e, assim, influenciar o resultado,
tentamos calcular o risco relativo ajustado da relação alocação-desfecho, considerando a
presença e a ausência desta variável (Kleinbaum et al., 1982). Todavia, este cálculo não
foi possível devido ao pequeno número de pacientes que responderam positivamente a
este questionamento. Isto nos impede de afirmar que o uso de drogas ilícitas constitui
um fator de confundimento entre o grupo de alocação e a não-adesão, embora
conceitualmente este fator não possa ser desconsiderado.
9. DISCUSSÃO
Em nosso ensaio clínico observamos uma diferença estatisticamente
significativa entre a adesão das pacientes aos dois métodos de rastreio oferecidos. A
adesão entre as pacientes que receberam o kit da autocoleta da Captura Híbrida (68,6%)
foi duas vezes maior do que a adesão entre as pacientes convidadas para realizarem a
citologia (32,7%). Esses dados estão de acordo com os achados do estudo randomizado
com base populacional realizado no México por Dzuba et al. (2002) com 1069
mulheres, de 20 anos ou mais, o qual demonstrou aceitabilidade ao Papanicolaou de
48
19,5%, e para autocoleta de 21,7%. Quando questionadas em relação à preferência, 68%
das mulheres optaram pela autocoleta e somente 32% declararam preferir a citologia. As
razões alegadas pela maior preferência pela autocoleta consistiram em ser um exame
mais confortável (71%) e menos embaraçoso (55,3%).
O ensaio clínico realizado foi constituído por uma população de mulheres de
maioria não branca, baixa escolaridade e baixo nível sócio-econômico, moradora em
uma comunidade que acreditamos tratar-se de uma área de baixa cobertura citológica
por não existir um programa de rastreio do câncer de colo do útero organizado à sua
disposição. Segundo Nascimento et al. (1996) todos esses fatores estão associados à não
adesão das mulheres brasileiras aos programas de rastreio do câncer de colo do útero
baseados na citologia convencional.
De fato, a cobertura do exame de Papanicolaou na população incluída em nosso
estudo foi semelhante às relatadas em estudos nacionais, o que nos permite sugerir uma
semelhança em relação à população de outras regiões em termos de dificuldades para a
realização da colpocitologia. Considerando que o Ministério da Saúde brasileiro, assim
como a Organização Mundial de Saúde (OMS), recomenda que após dois exames
citopatológicos normais com intervalo de um ano este exame pode ser realizado a cada
três anos, 30% das mulheres que fizeram parte de nossa amostra estavam excluídas dos
programas de rastreio por terem afirmado que não realizaram citologia há pelo menos
três anos.
Este dado de cobertura populacional é compatível com o observado na Pesquisa
Mundial de Saúde, realizada em 71 países pela OMS em 2003. No Brasil, foram
entrevistados cinco mil brasileiros com idade acima de 18 anos, residentes em 188
municípios. Esta pesquisa mostrou que 34% das mulheres de 18 a 69 anos estavam
49
excluídas do programa de rastreio do câncer de colo do útero baseado no exame de
Papanicolaou nos três anos anteriores ao inquérito.
As mulheres participantes de nosso estudo estavam excluídas dos programas de
rastreio do câncer de colo do útero há mais de um ano, sendo que 66% delas
informaram não ter realizado o exame de Papanicolaou por dificuldades pessoais (por
desconhecer importância do exame, experiência prévia negativa, falta de tempo, medo
ou vergonha) e as demais 34% por dificuldades relacionadas aos recursos locais de
assistência à saúde (dificuldade para marcar consulta, demora do resultado, troca
freqüente de profissional, entre outras). No entanto, apesar de cada participante
convidada para realização da citologia ter tido a facilidade da visita domiciliar através
da qual lhe foi oferecido dias e horários diversos para realização do exame e garantia de
resultado em tempo menor do que o necessário nos postos de saúde das adjacências,
apenas 32,7% dessa população compareceu ao posto de saúde local para sua realização.
O prazo máximo de apenas uma semana oferecido para comparecimento no posto de
saúde para realizar a citologia pode ter constituído uma limitação do estudo em relação
a adesão a esse método de rastreio. Estudos anteriores identificaram possíveis
explicações para a não participação das mulheres nos programas de rastreio baseados na
citologia: inconveniência do exame ginecológico, tempo e desconforto associado a esse
exame, principalmente em pacientes mais velhas (Schneider et al., 2000). O êxito no
rastreamento do câncer do colo do útero depende, acima de tudo, do estabelecimento de
políticas públicas que visem à vulnerabilidade individual, organizacional e social a que
as mulheres estão constantemente expostas. É fundamental o estabelecimento de
intervenções mais humanizadas e eqüitativas, reconhecendo e superando as questões
éticas, culturais e político-econômicas que tangenciam as políticas de prevenção e
controle do câncer cervical (Pinho et al., 2003).
50
Todas as amostras realizadas por autocoleta da Captura Híbrida foram
satisfatórias para identificação de HPV de alto risco oncogênico, uma vez que todas
apresentavam células vaginais. Brink et al. (2006) realizaram um estudo de coorte que
avaliou a sensibilidade e especificidade para detectar lesão intra-epitelial de alto grau
via detecção de HPV de alto risco oncogênico através da autocoleta de espécime
vaginal, comparado ao raspado cervical obtido pelo ginecologista. Foram recrutadas 96
mulheres, das quais 64 haviam sido referidas para o ginecologista para realização de
biópsia dirigida por colposcopia devido à citologia anormal, momento em que foram
convidadas para a pesquisa. As demais 32 eram voluntárias de saúde. Os resultados
dessa investigação mostraram que amostras obtidas por autocoleta são altamente
representativas da presença de HPV de alto risco na cervix e que a sensibilidade do teste
HPV para detecção das lesões de alto grau é igual tanto para as amostras obtidas por
autocoleta como para a amostra obtida do canal endocervical pelo médico. A provável
explicação para essa boa concordância é a presença de partículas virais ou fragmentos
do DNA viral na vagina devido a exfoliação de células infectadas do colo do útero. Não
se descarta a possibilidade de que o próprio epitélio vaginal esteja infectado pelo HPV.
Esses dados apontam para a viabilidade da autocoleta como forma de identificar as
mulheres infectadas por HPV de alto risco oncogênico e, conseqüentemente, as de
maior risco para desenvolver câncer de colo do útero.
As variáveis método contraceptivo, ingesta de álcool e uso de drogas ilícitas,
presentes no questionário aplicado em todas as participantes, foram apontadas como
possíveis confundidoras entre a alocação e o desfecho (adesão) do ensaio clínico por
estarem distribuídas de forma desigual entre os grupos de alocação. No entanto, apenas
a variável uso de drogas ilícitas apresentou associação estatisticamente significativa à
não adesão, e não foi possível comprovar a existência de confundimento por não ter
51
sido possível calcular o Risco Relativo de não adesão ajustado para esta variável devido
ao pequeno número de pacientes que confirmaram ter esse comportamento.
Essas variáveis já foram apontadas em outros estudos como possíveis fatores
capazes de influenciar a adesão a métodos de rastreio do câncer cervical. Dias-da-Costa
et al. (2003) realizaram um estudo transversal envolvendo a população feminina de 20-
69 anos residente na zona urbana da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul, e concluíram
que mulheres de baixa renda familiar e inseridas em classes sociais mais baixas, nas
quais é freqüente a ausência de vínculo empregatício, têm probabilidade muito maior de
não realizarem exames preventivos de câncer de colo do útero. Wilcox et al. (1993)
examinaram a taxa de realização, nos últimos doze meses anteriores ao seu estudo, de
exame de Papanicolaou ou exame pélvico, exame clínico das mamas e aferição de
pressão arterial entre 8.450 mulheres de 15 a 44 anos e moradoras dos Estados Unidos.
Estes autores observaram que o fato da mulher estar freqüentando serviço de
planejamento familiar (odds ratio = 13,6) ou estar fazendo uso de contraceptivo oral
(odds ratio = 2,5) são fatores preditores para realização do exame de Papanicolaou ou
exame pélvico.
Ogilvie et al. (2007) realizaram um estudo populacional para comparar a taxa de
participação nos programas de rastreio do câncer cervical entre a população de baixo
nível sócio-econômico e o restante da população canadense. Foram incluidas mulheres
canadenses sexualmente ativas, com mais de 16 anos e moradoras de rua ou com
moradia instável, que eram envolvidas com comércio sexual ou que tinham história de
abuso de álcool ou droga. Dentre os métodos de rastreio do câncer cervical, estavam
incluídos a autocoleta de espécime vaginal para teste DNA-HPV e citologia
convencional,. Também compararam a freqüência do exame de Papanicolaou realizado
previamente entre estas duas populações. Comparadas com a população geral ,
52
significativamente mais participantes do grupo de estudo nunca fizeram exame de
Papanicolaou (8,3% versus 13,9, respectivamente; p < 0,05), no entanto, todas essas
mulheres realizaram a autocoleta de espécime vaginal para teste DNA-HPV. Isto sugere
que o método de autocoleta é um meio viável para atingir mulheres que não realizam
rastreio do câncer cervical de rotina.
10. CONCLUSÃO
De acordo com nossos resultados, mulheres residentes em uma comunidade
carente do Rio de Janeiro, que estavam há mais de um ano excluídas dos programas de
rastreio primário de câncer do colo do útero, apresentaram adesão duas vezes maior ao
método de autocoleta da captura híbrida em comparação ao método da citologia
convencional. Esta grande aceitabilidade em relação à autocoleta da Captura Híbrida
confirma a viabilidade desse instrumento de rastreio, principalmente em áreas onde não
está garantida a realização do exame de Papanicolaou de rotina ou que as mulheres são
resistentes a sua realização por questões culturais ou por dificuldades institucionais.
Todos os exames de Captura Híbrida realizados por autocoleta encontravam-se
em condições de análise quanto à investigação de presença viral, demonstrando ser uma
estratégia confiável para identificar mulheres com maior risco de apresentarem câncer
do colo do útero.
Não foi possível demonstrar quais fatores sócio-econômicos e clínicos estão
relacionados à não adesão aos métodos de rastreio do câncer cervical devido ao
tamanho amostral insuficiente.
53
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Altman DG, Schulz KF, Moher David, Egger Matthias E, Davidoff F, Elbourne D,
et al. The Revised COSORT statement for reporting randomized trials: Explanation
and elaboration. Annals of Internal Medicine 2001; 134(8): 663-694.
Anhang R, Nelson JA, Telerant R, Chiasson MA, Wright TC. Acceptsbility of self-
collection of specimens for HPV DNA Testing in an urban population. Journal of
Women´s Health 2005; 14(8): 721-728.
Bosch FX, Lorincz A, Munoz N, Meijer CJLM, Shah KV. The causal relation
between human papillomavirus and cervical cancer. Journal of Clinical Pathology
2002; 55: 244-265.
Brasil. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Nacional por
Amostragem de Domicílios. Disponível em:
www.ibge.gov.br (acesso em 30/11/2007).
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Inquérito domiciliar sobre
comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não
transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003. Rio de Janeiro:
INCA, 2004. Disponível em: http://www.inca.gov.br/publicacoes/
publicacao_inquerito22_06.pdf (acesso em 20/07/2006).
Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer: http://www.inca.gov.br,
acessado em 02/01/2008.
Brasil. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher – Princípios e Diretrizes. Brasília – DF, 2001.
Brasil. Ministério da Saúde. Preservativo masculino. Secretaria de Assistência à
Saúde. Programa Nacional de DST e AIDS, Brasília, 1997.
54
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Instituto Nacional do
Câncer (INCA). Viva Mulher. Câncer de colo do útero: informações técno-
gerenciais, ações desenvolvidas – Rio de Janeiro: INCA; 2002.
Brink AATP, Meijer CJLM, Wiegerinck AHM, Nieboer TE, Kruitwagen RFPM,
Kemenade FV et al. High concordance of results of testing for human
papillomavirus in cervicovaginal samples collected by two methods, with
comparison of a novel self-sampling device to a conventional endocervical brush.
Journal of Clinical Microbiology 2006; 44(7): 2518-2523.
Cuzick J, Sasieni P, Davies P, Adams J, Normand C, Frater A et al. A Systematic
riview of the role of human papillomavirus testing within a cervical screening
program. Health Technology Assessment 1999; 3(14): 1-204.
Cuzick J, Szarewski A, Cubie H, Hulman G, Kitchener H, Luesley D et al.
Management of women who test positive for high-risk types of human
papillomavirus: the HART study. The Lancet 2003; 362: 1871-1876.
Cuzick J, Szarewski A, Terry G, Ho L, Hanby A, Maddox P et al. Human
papillomavirus testing in primary cervical screening. The Lancet 1995; 345: 1533-
1536.
Cuzick J. Role of HPV testing in clinical practice. Virus Research 2002; 89: 263-
269.
Dannecker C, Siebert U, Thaler CJ, Kiermeier D, Hepp H, Hillemanns P. Primary
cervical cancer screening by self-sampling of human papillomavirus DNA in
internal medicine outpatient clinics. Annals of Oncology 2004; 15: 863-869.
Dias-da-Costa JS, Olinto MTA, Gigante DP, Menezes AMB, Macedo S, Borba AT
et al. Cobertura do exame citopatológico na cidade de Pelotas, Brasil. Cadernos de
Saúde Pública 2003; 19(1): 191-197.
55
Dzuba IG, Díaz Y, Allen B, Leonard YF, Ponce ECL, Shah KV et al. The
acceptability of self-collected samples for HPV testing vs. The Pap Test as
alternatives in cervical cancer screening. Journal of Women´s Health & Gender-
Based Medicine 2002; 11: 265-275.
Fahey MT, Irwig L, Macaskill P. Meta-analysis of pap test accuracy. American
Journal of Epidemiology 1995; 141(7): 680-689.
Faúndez A, Parpinelli M, Cecatti JG. Mortalidade de mulheres em idade fértil em
Campinas, São Paulo (1985-1994). Cadernos de Saúde Pública 2000; 16(3):671-
679.
FDA. FDA Approves Expanded Use of HPV Test. P03-26. March 31, 2003.
Disponível em: http://www.fda.gov/bbs/topics/NEWS/2003/NEW00890.html
(acesso em 20/07/2006).
Flores Y, Bishai D, Lazcano E, Shah K; Lörincz A, Hernandez M et al. Improving
cervical cancer screening in Mexico: Results from the Morelos HPV Study. Revista
de Salud Publica de Mexico 2003; 45 (3): 388-398.
Gay JD, Donaldson LD, Goellner JR. False-negative results in cervical cytologic
studies. Acta Cytologica 1985; 29: 1043-1046.
Girianelli VR, Thuler LCS, Szklo M, Donato A, Zardo LMG, Lozana JA et al.
Comparação do desempenho do teste de captura híbrida II para HPV, citologia em
meio líquido e citologia convencional na detecção precoce do câncer do colo do
útero e de suas lesões precursoras no Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de
Cancerologia 2004; 50(3): 225-226.
Gontijo RC, Derchain SFM, Montemor EBL, Sarian LOZ, Serra MMP, Zeferino
LC, Syrjanen KJ. Citologia oncológica, captura de híbridos II e inspeção visual no
56
rastreamento de lesões cervicais. Rio de Janeiro: Cadernos de Saúde Pública 2005;
21(1): 141-149.
Harlan LC, Bernstein AB, Kessler LG. Cervical Cancer Screening: Who is Not
Screened and Why? American Journal of Public Health 1991; 81: 885-890.
Harper DM, Hildesheim A, Cobb JL, Greenberg M, Vaught J, Lorincz AT et al.
Collection Devices for Human Papillomavirus. The Journal of Family Practice
1999; 48(7): 531-535.
Hayward RA, Shapiro MF, Freeman HE, Corey CR. Who gets screened for cervical
and breast cancer? Results from a New National Survey. Archives of Internal
Medicine 1988; 148: 1177-1181.
Hillemanns P, Kimming R, Hüttemann CD, Thaler CJ. Screening for cervical
neoplasia by self-assessment for human papillomavirus DNA. The Lancet 1999;
354(4): 1970.
Ho GYF, Bierman R, Beardsley L, Chang CJ, Burk RD. Natural history of
cervicovaginal papillomavirus infection in young women. The New England Journal
of Medicine 1998; 338: 423-428.
Holanda F, Castelo A, Veras TMCW, Almeida FML, Lins MZ, Dores GB. Primary
screening for cervical cancer through self sampling. International Journal of
Gynecology and Obstetrics 2006; 95: 179-184.
IARC Working Group on the Evaluation of Carcinogenic Risks to Humans, 1995.
Human Papillomaviruses. IARC Monographs; 64:83-86.
Janerich DT, Hadjimichael O, Schwarz PE, Lowell DM, Meigs JW, Merino MJ et
al. The screening histories of women with invasive cervical cancer, Connecticut.
American Journal of Public Health 1995; 85: 791-794.
57
Koutsky L. Epidemiology of genital human papillomavirus infection. The American
Journal of Medicine 1997; 102(5): 3-8.
Kuhn L, Denny L, Pollack A, Lorincz A, Richart RM, Wright TC. Human
papillomavirus DNA testing for cervical cancer screening in low-resource settings.
Journal of the American Medical Association 2000; 92(10): 818-825.
Lazcano Ponce EC, Castro R, Allen B, Nájera P, Alonso de Ruíz P, Ávila MH.
Barriers to early detection of cervical-uterine cancer in Mexico. Journal of Women
Health 1999; 8: 399-409.
Mandelblatt JS, Lawrence WF, Gaffikin L, Limpahayom KK, Lumbiganon P,
Warakamin S et al. Costs and benefits of different strategies to screen for cervical
cancer in less-developed countries. Journal of the National Cancer Institute 2002;
94(19): 1469-1483.
Mandelblatt JS, Lawrence WF, Womack SM, Jacobson D, Yi Bin, Hwang Y et al.
Benefits and costs of using HPV testing to screen for cervical cancer. Journal of the
American Medical Association 2002; 287(18): 2372-2381.
Mayrand MH, Franco ED, Rodrigues I, Walter SD, Hanley J, Ferenczy A et al.
Human papillomavirus DNA versus Papanicolaou screening tests for cervical
cancer. The New England Journal of Medicine 2007; 357: 1579-1588.
Medronho RA, Carvalho DM; Bloch KV; Luiz RR; Werneck GL. Epidemiologia.
São Paulo: Atheneu; 2006.
Munoz N, Bosch FX, Sanjose S, Herrero R, Castellsague X, Shah KV et al.
Epidemiologic classification of human papillomavirus types associated with cervical
cancer. The New England Journal of Medicine 2003; 348: 518-527.
Nanda K, Mc Crory DC, Myers ER, Bastian LA, Hasselblad V, Hickey JD, Matchar
DB. Accuracy of the Papanicolaou Test in screening for and follow up of cervical
58
cytologic abnormalities: A Systematic Review. Annals of Internal Medicine 2000;
132: 810-819.
Nascimento CM, Eluf-Neto J, Rego RA. Pap test coverage in São Paulo
municipality and characteristics of the women tested. Bulletin of the Pan American
Health Organization 1996; 30: 302-312.
Nobbenhuis MAE, Walboomers JMM, Helmerhorst TJM, Rozendaal L, Remmink
AJ, Risse EKJ et al. Relation of human papillomavirus status to cervical lesions and
consequences for cervical-cancer screening: a prospective study. The Lancet 1999;
354: 20-25.
Ogilvie G, Krajden M, Maginley J, Isaac-Renton J, Hislop G, Elwood-Martin R et
al. Feasibility of self-collection of specimens for human papillomavirus testing in
hard-to-reach women. Canadian Medical Association 2007; 177: 480-483.
Pinho AA, França IJ. Prevenção do câncer de colo do útero: Um método teórico
para analisar o acesso e a utilização do teste de Papanicolaou. Revista Brasileira de
Saúde Materno Infantil 2003; 3(1): 95-112.
Pocock SJ. Clinical Trials: A Pratical Approach. London: Reprinted; 1993.
Prendiville W, Ritter J, Tatti S, Twiggs L, editors. Colposcopy. Management
Options. Spain: Saunders; 2003.
Rama CH, Martins CMR, Derchain SFM, Langatto AF, Gontijo RC, Sarian LOZ et
al. Prevalência do HPV em mulheres rastreadas para o câncer cervical. Revista de
Saúde Pública 2008; 42(1): 123-130.
Richard RM. Cervical intraepithelial neoplasia. Pathology Annuaire 1973; 8:301-
328.
59
Ries LAG, Harkins D, Krapcho M, Mariotto A, Miller BA, Feuer EJ et al. SEER
cancer statistics review, 1975-2004. Bethesda, MD: National Cancer Institute, 2004.
seer.cancer.gov/csr/1975_2004.
Sackett DL, Straus SE, Richardson WS, Rosenberg W, Haynes RB. Medicina
Baseada em Evidências. Prática e ensino. Brasil - Porto Alegre: Artmed; 2003.
Santos ALF, Derchain SFM, Calvert EB, Martins MR, Dufloth RM, Martinez EZ.
Desempenho do exame colpocitológico com revisão por diferentes observadores e
da captura híbrida II no diagnóstico da neoplasia intra-epitelial cervical graus 2 e 3.
Cadernos de Saúde Pública 2003; 19(4): 1029-1037.
Saslow D, Runowicz C, Solomon D, Moscicki AB, Smith RA, Eyre HJ, Cohen C.
American Cancer Society guideline for the early detection of cervical neoplasia and
cancer. CA: A Cancer Journal for Clinicians 2002; 52: 342-362.
Sawaya GF, Grimes DA. New technologies in cervical cytology screening: A Word
of Caution. Obstetrics & Gynecology 1999; 94(2): 307-310.
Schneider A, Hoyer H, Lotz B, Leistritza S, Kühne-Heid R, Nindl I et al. Screening
for high-grade cervical intra-epithelial neoplasia and cancer by testing for high-risk
HPV, routine cytology or colposcopy. Journal of the National Cancer Institute 2000;
89: 529-534.
Wallin KL, Wiklund F, Angström T, Bergman F, Stendahl U, Wadell G et al. Type-
specific persistence of human papillomavirus DNA before the development of
invasive cervical cancer. The New England Journal of Medicine 1999; 341: 1633-
1637.
Weinberg CR, 1993. Toward a clearer definition of Counfounding. Am J Epidemiol
137(1):1-8.
60
Wikström I, Stenvall H, Wilander E. Attitudes to self-sampling of vaginal smear for
human papillomavirus analysis among women not attending organized cytological
screening. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica 2007; 86(6): 720-725.
Wilcox LS, Mosher WD. Factors associated with obtaining health screening among
women of reproductive age. Public Health Reports 1993; 108: 76-86.
Wright TC, Denny L, Kuhn L, Pollack A, Lorincz A. HPV DNA Testing of
collected vaginal samples compared with cytologic screening to detect cervical
cancer. American Medial Association 2000; 283(1): 81-86.
61
12. APÊNDICES
Apêndice I – Lista de Alocação de mulheres recrutadas, construída a partir de
método de randomização em blocos de quatro posições.
Ordem dos
blocos
Blocos
sorteados
Alocação
mulheres*
1 BBAA B
B
A
A
2 ABAB A
B
A
B
3 ABBA A
B
B
A
4 BABA B
A
B
A
5 BBAA B
B
A
A
6 ABAB A
B
A
B
7 ABBA A
B
B
A
8 BBAA B
B
A
A
9 BBAA B
B
A
A
Ordem dos
blocos
Blocos
sorteados
Alocação
mulheres*
10 ABBA A
B
B
A
11 BAAB B
A
A
B
12 BBAA B
B
A
A
13 ABBA A
B
B
A
14 ABAB A
B
A
B
15 ABAB A
B
A
B
16 AABB A
A
B
B
17 BABA B
A
B
A
18 ABBA A
B
B
A
Ordem dos
blocos
Blocos
sorteados
Alocação
mulheres*
19 BBAA B
B
A
A
20 BABA B
A
B
A
21 BBAA B
B
A
A
22 BAAB B
A
A
B
23 ABBA A
B
B
A
24 BBAA B
B
A
A
25 BBAA B
B
A
A
26 AABB A
A
B
B
27 ABBA A
B
B
A
*A = Autocoleta para Captura Híbrida; B = Coleta de esfregaço colpocervical.
62
Apêndice II – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Fernandes Figueira
Projeto de pesquisa: Adesão ao método de autocoleta para o rastreio de lesões precursoras do câncer do
colo do útero.
Pesquisadora Responsável: Dra. Rebecca Guimarães de Oliveira (tel.:9767-5732; e-mail:
Orientador de pesquisa: Dr. Fábio Russomano (Serviço de Patologia Cervical:2554-1727; e-mail:
Instituição responsável pela pesquisa: Instituto Fernandes Figueira.
Endereço: Av. Rui Barbosa 716 – Serviço de Patologia Cervical – Flamengo – Rio de Janeiro.
Tel: 2554 – 1700 (Dept° de Ginecologia)
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – SMS/RJ: 2503-2024 e 2503-2026.
Endereço: Rua Afonso Cavalcante 455 sala 701 - Cidade Nova - RJ; e-mail: cepsm[email protected]
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Nome:______________________________________________________________
Prezada senhora,
Convidamos a senhora para participar de nossa pesquisa.
Pedimos que leia as informações e, caso concorde em participar, assine no final deste
documento:
1) A pesquisa que iremos realizar vai comparar dois grupos de mulheres. As
mulheres de um grupo serão convidadas para ir ao posto de saúde que existe
dentro da comunidade para fazer o exame de preventivo. No outro grupo, cada
mulher receberá um material para colher em si mesma um exame chamado
captura híbrida, após explicarmos como ela deve fazer. Este exame é colhido de
uma forma parecida com a aplicação de um creme vaginal,.
2) Os dois exames (preventivo e captura híbrida) são formas de procurar as doenças
que vêm antes do câncer do colo do útero, que quando são achadas, muitas vezes
podem ser curadas e evitar que a mulher tenha esse tipo de câncer.
3) No fim do trabalho iremos identificar qual dos dois exames a maior parte das
mulheres preferiu fazer.
4) Se você concordar em participar do estudo, um sorteio vai determinar de que
grupo você fará parte, do grupo que vai colher o exame da captura híbrida em si
mesma ou do grupo que vai ser chamado para o médico colher o preventivo no
posto de saúde. Depois que este sorteio for feito, você não poderá trocar de
grupo.
63
5) Nenhum dos dois exames prejudica a sua saúde.
6) Você não gastará nada em exames médicos e assim que o resultado do seu
exame estiver pronto a senhora será informada. Se der algum resultado alterado,
a senhora terá garantido o acompanhamento e tratamento necessário no Instituto
Fernandes Figueira (Serviço de Ginecologia)- FIOCRUZ.
7) É garantido o segredo sobre o seu nome quando os resultados dos exames forem
ditos na pesquisa.
8) Você pode desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem que isso
prejudique seus cuidados de saúde.
9) Autorizo que seja armazenado o material biológico obtido durante essa pesquisa
e que o mesmo seja usado em pesquisas clínicas futuras.
Declaro que recebi todas as informações sobre o trabalho, entendi o que significam e
desejo participar
.
Rio de Janeiro,____/____/____.
Assinatura da paciente
______________________________________________________________________
Assinatura da pesquisadora
64
Apêndice III – Manual de Campo
III.1 – Instruções de Preenchimento do Questionário
[A1] Número experimental: identificação da paciente no ensaio clínico.
[A2] Dia, mês e ano em que o preenchimento do questionário foi aplicado.
[A3] Grupo de estudo ao qual a respectiva participante foi aleatoriamente alocada:
Grupo1: Autocoleta da captura híbrida
Grupo 2: Convite para realizar o exame de Papanicolaou no posto de saúde local
da comunidade.
[A4] Nome e sobrenomes completos da participante, de acordo com documento de
identificação oficial.
[A5] Endereço completo da residência visitada, com nome da rua, número da casa e
todos os demais complementos possíveis (travessa, lote e etc.).
[A6] Anotar todos os números de contato da participante, incluindo telefone residencial
e do trabalho, assim como, outros que existam (vizinhos, parceiros...).
[A7] Data de nascimento que consta no documento de identidade ou qualquer outra
documentação oficialmente válida.
[A8] O entrevistador deve perguntar a participante em qual das cinco categorias ela
classifica sua cor de pele, uma vez que para fins demográficos, no Brasil, a atual
classificação racial do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) baseia-se
na autodeclaração. Esta deve estar restrita a cinco itens: branca, preta, parda, amarela e
indígena (IBGE, 2007).
[A9] Solteira: as mulheres que mesmo que tenham um parceiro afetivo, este não viva
com ela no mesmo domicílio como se fossem casados.
65
União estável: as mulheres que relatarem que têm uma convivência pública,
duradoura e contínua com um parceiro afetivo que vive com ela no mesmo domicílio
como se fossem oficialmente casados.
Casada: as mulheres que forem oficialmente casadas com o parceiro afetivo que
vive com ela no mesmo domicílio.
Separada: a mulher que não vive mais no mesmo domicílio que o indivíduo com
quem ela ainda é oficialmente casada.
Divorciada: a mulher que é judicialmente separada do indivíduo com que já foi
casada um dia.
Viúva: as mulheres que relatarem que o homem com quem eram casadas ou tinham
uma união estável faleceu e não apresentam nenhuma das demais formas de
relacionamento citadas até o momento da entrevista.
[A10] Número de anos escolares concluídos.
[A11] Sim: mulheres que têm carteira assinada.
Não: mulheres que não têm nenhuma atividade profissional ou as que têm mas
não possuem carteira assinada.
[A12] Somatório dos salários dos indivíduos que contribuem para as despesas do
domicílio. Preencher de acordo com o valor do salário mínimo no estado de Rio de
Janeiro (R$ 410,00).
[B1] Número de cômodos para dormir.
[B2] Número de pessoas que regularmente habitam o domicílio.
[B3] Sim: quando há abastecimento de água potável e disposição de esgoto.
Não: quando não há abastecimento de água potável e/ou não há disposição de
esgoto.
[C1] Idade em que a mulher menstruou pela primeira vez.
66
[C2] G: número de vezes que já engravidou, mesmo que não tenha tido o filho ou que
este tenha falecido por algum motivo.
[C3] P: número de partos (normais e cesáreos) que já teve na vida mesmo que a
criança não tenha sobrevivido.
[C4] A: número de abortos que já apresentou (espontâneos e provocados).
[C5] PN: número de partos normais que a mulher já teve até o momento da entrevista.
[C6] PC: número de partos cesáreos que a mulher já teve até o momento da entrevista.
[C7] Número de filhos vivos que a mulher tem no momento da entrevista, incluindo os
que não moram com ela.
[C8] Primeiro dia da sua última menstruação.
[C9] Idade que a mulher apresentava na primeira gestação, mesmo que não tenha tido a
criança.
[C10] Idade em que a mulher teve a primeira relação sexual.
[C11] Sim: quando a participante está fazendo uso regular de algum método
contraceptivo naquele momento.
Não: quando ela está fazendo uso irregular de algum método ou não está usando
nenhum ou ainda quando estiver fazendo “tabelinha”.
[C11A] Só considerar como resposta positiva quando a mulher afirmar que usa
camisinha em todas as relações sexuais.
[C12] Só preencher se a resposta na questão C11 for sim. Descrever se é: método
hormonal (pílula, injetáveis), camisinha (feminina ou masculina), diafragma, DIU ou
laqueadura tubária (LT).
[C13] Tempo que está usando continuamente o método contraceptivo (em dias).
[C14] Número de parceiros diferentes que teve relação sexual no último ano.
67
[C15] Considerar positiva somente as doenças sexualmente transmissíveis (DST) que
foram identificadas por algum profissional de saúde capacitado (enfermeiro ou médico).
[C16] Considerar desde o último ano em que a mulher realizou a citologia e foi buscar o
respectivo resultado.
[C17] Considerar o principal motivo, para ela, que a impediu de fazer o preventivo no(s)
último(s) ano(s).
[D1] Ingesta de álcool: ingestão de qualquer bebida alcoólica.
[D2] Tabagismo: consumo de cigarro
[D3] Drogas ilícitas: consumo de qualquer droga proibida por lei (maconha, cocaína,
etc.)
68
III.2 – Fluxograma do Trabalho de Campo
Visita domiciliar
Há mulher elegível
morando no domicílio?
Optar pela mais idosa (dentro
da faixa etária pré-
determinada)
Visitar domicílio seguinte
Aceitou participar e
assinou TCLE?
Contato telefônico com
colaborador para registro de
nome, data de nascimento e
idade e conhecer alocação
Sim
Sim
Inclusão no estudo
Mais de uma mulher
morando no domicílio?
Sim
Não
1) Apresentar o grupo de pesquisa
2) Apresentar objetivo da pesquisa
3) Informar sobre métodos de rastreio do
câncer de colo do útero que serão propostos,
com suas caractesticas para a paciente
4) Informar sobre a epidemiologia do câncer
cervical e de suas lesões precursoras
5) Informar sobre a importância do rastreio
dessas patologias e taxas de cura
Preenche os critérios de
inclusão?
Sim
Não
Informação do grupo ao qual
foi alocada.
Preenchimento do
Questionário de
características sócio-
econômicas e clínicas
Grupo 2 - Citologia
- Reforçar importância do rastreio do câncer de colo
uterino;
- Informar sobre a utilidade do exame de
Papanicolaou;
- Determinar dias da semana, horários, possíveis e
prazo permitido (1 semana) para comparecimento ao
posto de saúde para realização do exame de
Papanicolaou pelo médico integrante da pesquisa
(pesquisadora).
Grupo 1 - Autocoleta de CH
- Reforçar importância do rastreio do
câncer de colo uterino;
- Informar sobre a utilidade da captura
híbrida;
- Explicar como realizar a autocoleta da
captura híbrida e quanto ao
armazenamento do material colhido;
- Entregar folheto explicativo ilustrado
sobre a autocoleta;
- Determinar o local (posto de saúde local)
e prazo permitido (1 semana) para
entrega do material coletado.
69
Apêndice IV – Questionário – Características Sócio-Econômicas e Clínicas
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Instituto Fernandes Figueira
[A1]N°:______ [A2]Data da entrevista:___/___/___ [A3]Grupo_____
[A4]Nome:___________________________________________________________
[A5]Endereço:____________________________________________________________
[A6]Telefone de contato:___________________________________________
[A7]Data de nascimento:___/___/___
[A8]Cor da pele: ( ) branca ( ) preta ( ) parda ( )amarela ( )indígena
[A9]Estado Civil: ( ) Solteira
( ) União estável / Casada
( ) Separada / Divorciada
( ) Viúva
[A10]Escolaridade:_____ anos completos de escolaridade.
[A11]Vínculo empregatício: ( ) Sim ( ) Não
[A12]Renda familiar:R$_________
[B1]N° de cômodos: ______
[B2]N° de pessoas que moram na casa: ____
[B3]Saneamento Básico: ( ) Sim ( ) Não
[C1]Menarca:__________ [C2] G___[C3]P___[C4]A___ [C5]PN___[C6]PC___
[C7]Filhos vivos____
[C8]DUM:___/___/___ [C9]Idade na primeira gestação:______
[C10]Sexarca:__________
[C11]Método contraceptivo: ( ) Sim ( ) Não
[C12]Qual:_________________[C13]Tempo de uso:____________
[C11A] Usa camisinha durante as relações sexuais? ( ) sim ( ) não
[C14]Número de parceiros com os quais teve relação sexual no último ano:_____
[C15] DST: ( ) Nenhuma ( ) Herpes genital
( ) Condiloma (verruga) ( ) Sífilis
( ) Gonorréia
[C16] Há quantos anos não faz preventivo? _____________
[C17] Se não fez, qual o principal motivo para n
ão ter feito?
70
[D1]Ingesta de álcool: ( ) Sim ( ) Não Quantos dias na semana?____
[D2]Tabagismo: ( ) Sim ( ) Não Quantos cigarros por dia?:____
[D3]Drogas ilícitas: ( ) Sim ( ) Não Quantos dias na semana?:____
71
13. ANEXOS
Anexo I – Registro fotográfico do trabalho de campo
Imagem 1 – Acesso aos domicílios
no Morro dos Macacos.
Imagens 2 e 3 - Visita Domiciliar - Paciente alocada para autocoleta da CH.
72
Anexo II – Kit para autocoleta da captura híbrida.
Imagens 4 e 5 - Kit para coleta de CH.
73
Anexo III – Folheto explicativo
13
para realização da autocoleta da CH
Frente Verso
13
Material idealizado pela pesquisadora e elaborado por profissional contratado.
74
Anexo IV – Demonstração de autocoleta de CH.
Imagem 6 – Demonstração da técnica de autocoleta de CH
utilizando um modelo de genitália feminina.
75
Anexo V – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Prefeitura Municipal do
Rio de Janeiro
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo