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haver ainda suficiente bibliografia para sustentar o referencial teórico aqui
necessário, utilizamos, muitas vezes, a literatura relativa à pesquisa
Etnomatemática, que busca dar conta da pluralidade de conhecimentos matemáticos
com os mesmos desdobramentos acima mencionados.
Embora o conhecimento seja gerado individualmente, a partir de
informações recebidas da realidade, no encontro com o outro se dão
fenômeno da comunicação, talvez a característica que mais distingue a
espécie humana das demais espécies. Via comunicação, as informações
captadas por um indivíduo são enriquecidas pelas informações captadas
pelo outro. O conhecimento gerado pelo indivíduo, que é resultado do
processamento da totalidade das informações disponíveis, é, também via
comunicação, compartilhado, ao menos, parcialmente, com o outro. Isto se
estende, obviamente, a outros e ao grupo. Isso se estende, obviamente, a
outros e ao grupo. Assim, desenvolve-se o conhecimento compartilhado
pelo grupo .(D’AMBROSIO, 2002, p. 32).
Etnomatemática é um novo campo de pesquisa que tem mostrado grandes e
importantes implicações do cenário da Educação Matemática. As preocupações
socioculturais e de uma metodologia qualitativa no âmbito das ciências exatas são o
destaque do programa Etnomatemática, diz D’Ambrosio, 1990.
D’Ambrosio, em 1984, apresenta a Etnomatemática como uma nova área
qualitativa de pesquisa no segmento da Educação Matemática no Quinto Congresso
Internacional de Educação Matemática, que se realizou em Adelaide, Austrália, mas
o termo Etnomatemática, vem de antes, como relata Santos:
O termo ‘Etnomatemática’ foi criado em 1975, pelo matemático
brasileiro Ubiratan D’ambrósio para designar “a arte ou técnica (techné =
tica) de explicar, de entender, de se desempenhar na realidade (matema),
dentro de um contexto cultural próprio (etno)”
31
(D’AMBRÓSIO, 1993) isto
é, seria “a união de todas as formas de produção e transmissão de
conhecimento ligado aos processos de contagem, medição, ordenação,
inferência e modos de raciocinar de grupos culturalmente
identificados”
32
(MTETWA, 1992). Mas já naquela altura, D’Ambrósio terá
utilizado o prefixo etno com um significado mais amplo do que o restrito à
etnia, incluindo também qualquer grupo cultural identificável, tais como
grupos sindicais e profissionais, crianças de uma certa faixa etária, etc., e a
memória cultural, códigos, símbolos, mitos e até maneiras específicas de
raciocinar e inferir presentes na Matemática praticada por categorias
profissionais específicas, em particular pelos matemáticos, a Matemática
escolar, a Matemática presente nas brincadeiras infantis e a Matemática
praticada pelas mulheres e homens para atender às suas necessidades de
sobrevivência
33
(KNIJNIK, 1996) SANTOS, 2002.