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safra de talentos (RIBEIRO, 2000). Deve-se frisar, no entanto, que a acessibilidade à
produção cinematográfica aumentará quanto maior for a importância relativa dos
“custos com película” no orçamento do projeto.
Mas a redução de custos com a captação digital não advém somente da
eliminação dos gastos com película, mas também do ganho de produtividade
decorrente do aumento da agilidade e da segurança nas filmagens, otimizando o
cronograma de produção. Isso fica claro no seguinte depoimento de Diler Trindade,
diretor da produtora Diler & Associados, que acredita que filmar em digital ainda é
mais caro, considerando-se toda a produção:
“Quando você faz um filme em película, só o diretor de
fotografia está olhando. Ele vê por um monitor de baixa qualidade,
que é um video assist, que não vale nada! Na verdade, sendo
rigoroso, nem o próprio diretor de fotografia está vendo, porque a
câmera é paralax. Quer dizer, ele não está vendo o que está
filmando. A gente vai saber depois, quando revelar o filme, se ficou
bom! Você tem que deixar o set montado, para ver se o filme valeu.
Ah... se valeu, desmonta o set. É uma loucura. E se ficou ruim, se
perdeu um negativo, se “velou” o negativo, você tem que refilmar
tudo outra vez. Agora, com o HD é o seguinte: você primeiro tem um
monitor grande, um monitor de 1 m
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praticamente, onde você fica
vendo o que você está captando na hora. Então ficam ali o diretor de
fotografia, o diretor do filme, o diretor de arte e o produtor. Ficam os
quatro sentados, olhando a captação. Captou, ‘valeu para você,
para você? Valeu para todo mundo? Ok’. O próximo passo é montar,
vai para a montagem. O processo é imediato. A gente termina o
filme e quando você acabou, desmonta o set, porque acabou! E vai
para montagem. Então você filma em 4 semanas, rigorosamente e,
na quinta semana, o filme está montado. Você vai filmando e vai
montando. (...) Então, na quinta semana, o filme está montado, é
muito rápido! E você tem uma segurança absoluta do que você está
fazendo, porque você está vendo na hora o que está captando.
Então, você tem o ganho com segurança e com rapidez que
compensam o custo mais alto. A gente acredita até que, no futuro, o
custo poderá ser menor” (SILVA, 2005).
Esse ganho de agilidade é fundamental para a Diler & Associados, que
parece ter adotado a captação digital na maioria de seus filmes recentes para ser
coerente com seu compromisso estratégico de atingir uma elevada meta anual de
produções. É importante notar, no depoimento de Diler, que o ganho associado à
captação digital só é possível porque a finalização, em sua produtora, também é
realizada em digital.