Ainda assim, reduzir a formalidade hierárquica em favor de um melhor fluxo de
trabalho é um esforço coletivo de toda empresa, se estendendo inclusive para as
empresas parceiras.
Quando a gente tomou a decisão de pegar a gestão direta, [...] muitas
pessoas [que] trabalhavam em empresas parceiras eles chegaram com
medo, um respeito quase que medo. E realmente muito medo de se
aproximar do chefe. Porque era uma cultura que tinha na empresa inteira
que lá era capataz. O pessoal mesmo não fala nada, é capataz. Então
temos feito um trabalho, café da manhã juntos, reuniões semanais para que
eles percam esse medo e tragam a informação para aqui. E também
valorizar o trabalho deles, um trabalho importante. Não é só cortar e religar,
a gente quer saber como o cliente está percebendo isso. Qual é a sua
sugestão? A gente está fazendo bem o trabalho? A gente está distribuindo
bem o trabalho? Porque eles sabem quem está fazendo bem e quem está
fazendo mal. Então, acho muito importante ganhar a confiança deles e não
deixar que esse respeito exagerado afaste funcionário. Tive uma grande
dificuldade com esse pessoal da empreiteira, era realmente bicho do mato,
e tive que fazer um esforço para que tentar me aproximar mais dessas
pessoas. (MG3)
A gente tem muita liberdade. As pessoas que chegam ao cargo de diretor,
de gerente, de líder, são pessoas que tem que ter essa abertura para estar
sempre conversando com as pessoas, tirar aquela barreira do cara que está
lá. Eu até costumo falar com o cara que a gente não tem que ser chefe,
para mim é muito ruim, prefiro a gente trabalhar mesmo com autoridade.
Autoridade, que eu digo, não é “faz que eu mando”. Não, “a gente precisa
fazer isso aqui por isso, isso e isso”, as pessoas entendem e fazem. Então,
a empresa não tem essa cultura, muito pelo contrário, tem que ter, dar essa
liberdade, estar sempre conversando, sempre procurando sentar com as
pessoas para ter um feedback. [...]. Quando a gente incentiva e conversa e
tem esse tipo de contato. (MG7)
Muitos entendem o nível de informalidade suficiente para a realização de um
bom trabalho, especialmente se comparado com a situação no período pré-
privatização.
Hoje a gente saiu da extremamente verticalizada, no passado, a gente
tinha, as camadas eram bem segregadas. Existia, por exemplo, um respeito,
uma idolatria à Alta Administração. Eu digo até a nível de processos,
denúncias, departamentos. Acho que isso é dificultava a obtenção de
resultados pela empresa antiga. Hoje a gente está com uma estrutura
horizontal, hoje se tem uma relação muito curta agora entre o funcionário
normal técnico com a alta direção dele e tudo mais. Respeito sim, existe,
pela função que cada um exerce, mas tem uma liberdade bem acentuada.
(MG19)
Eu acho que esse mundo de hierarquia, ele existe. Mas não como uma
coisa imperativa. Acho que para tomar decisões, para poder apoiar algumas
decisões mais complicadas. Mas o respeito eu acho que é simplesmente
respeito, não é uma subordinação. Hoje eu acho que a visão de
subordinação ela não é tão existente, não é tão forte. É uma questão de
respeito, como apoio para que você possa desenvolver o seu trabalho em
algum ponto que, de repente, você não conseguiu. Está fora um pouquinho
da sua fronteira. Então a gente teria um superior para poder dar esse apoio.