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PUCRS
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
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Faculdade de Engenharia
Faculdade de Física
Faculdade de Química
PGETEMA
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CAPTURA DE DIÓXIDO DE
CARBONO POR ABSORÇÃO QUÍMICA VISANDO A APLICAÇÃO EM
TERMELÉTRICAS A CARVÃO NO BRASIL
LETÍCIA AZAMBUJA DOS SANTOS LICKS
ENGENHEIRA QUÍMICA
DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
MESTRE EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS
Porto Alegre
Março, 2008
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PUCRS
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
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Faculdade de Engenharia
Faculdade de Física
Faculdade de Química
PGETEMA
AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE CAPTURA DE DIÓXIDO DE
CARBONO POR ABSORÇÃO QUÍMICA, VISANDO A APLICAÇÃO EM
TERMELÉTRICAS A CARVÃO NO BRASIL
LETÍCIA AZAMBUJA DOS SANTOS LICKS
Engenheira Química
ORIENTADOR: PROF. DR. MARÇAL PIRES
Dissertação realizada no Programa de
Pós-Graduação em Engenharia e
Tecnologia de Materiais (PGETEMA) da
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, como parte dos requisitos
para a obtenção do título de Mestre em
Engenharia e Tecnologia de Materiais.
Trabalho vinculado ao Projeto 12 – CEPAC - PUCRS
Porto Alegre
Março, 2008
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BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof. Dr. Marçal Pires
Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
________________________________________
Prof. Dr.Rosane Ligabue
Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
________________________________________
Prof. Dr. Carla Azevedo
Faculdade de Química
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
__________________________________________
Dr. Miriam Cooper da Silva
Centro de Excelência em Tecnologias Avançadas
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
4
Não basta ensinar ao homem uma
especialidade, porque se tornará
assim uma máquina utilizável e
não uma personalidade. É
necessário que adquira um
sentimento, senso prático daquilo
que vale a pena ser empreendido,
daquilo que é belo, do que é
moralmente correto.
Albert Einstein.
DEDICATÓRIA
Pela ajuda incessante, paciência, incentivo e carinho sempre dedicado a mim
neste período, ofereço este trabalho ao meu grande amor, Fábio Rodrigo Licks. Além
de todo este amor, ele me deu o maior presente da minha vida. A Pietra. Amor
obrigado por tudo.
Dedico também a toda a minha família (vovozinha, vovozinho, tiozinho,
tiazinha, meus queridos avós, Bentinho e Brisa) que me apoiou não só neste período,
mas desde a minha graduação. Pessoal eu amo vocês.
AGRADECIMENTOS
A todas as pessoas, que de uma maneira ou de outra fizeram parte do
desenvolvimento desta dissertação.
Ao professor Marçal Pires pela orientação, paciência, incentivo e
oportunidade de aprendizado profissional e pessoal desde a graduação.
Às professoras Rosane Ligabue, Carla Azevedo e a Dr
a.
Miriam Cooper pela
participação na banca examinadora deste trabalho.
Ao Eng. Francisco Porto da empresa CGTEE pelo auxílio e gentileza na
busca de informações.
À Quím. Rita Tissot, Eng. Alexandre Thiele e sua equipe da empresa
TRACTEBEL ENERGIA pela gentileza e fornecimento de dados técnicos do complexo
Jorge Lacerda.
Ao CEPAC/Petrobrás e a PUCRS pela bolsa concedida para a realização
deste trabalho.
Aos colegas do CNTL e do LQAmb principalmente ao mestrando Alexandre
Paprocki pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho.
A todos os amigos que entenderam minhas ausências e meu mau humor em
alguns dias.
A minha mãe e ao Fábio pela ajuda e incentivo eterno.
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.........................................................................................5
AGRADECIMENTOS ...............................................................................6
SUMÁRIO.................................................................................................7
LISTA DE FIGURAS...............................................................................10
LISTA DE TABELAS..............................................................................11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................12
RESUMO................................................................................................14
ABSTRACT............................................................................................15
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................16
2 OBJETIVOS ........................................................................................18
2.1 Objetivos Específicos.......................................................................................18
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................19
3.1 Efeito Estufa ......................................................................................................19
3.1.1 Dióxido de Carbono ...................................................................................21
3.1.2 Emissões de Carbono................................................................................22
3.1.3 Inventários de emissões no Brasil..............................................................24
3.2 Carvão Fóssil.....................................................................................................24
3.2.1 Carvão Fóssil brasileiro..............................................................................26
3.2.2 Uso energético do carvão brasileiro...........................................................29
3.2.3 Estimativa do consumo energético mundial de carvão para a geração de
energia ......................................................................................................................31
3.3 Sistemas de combustão e gaseificação do carvão........................................32
3.3.1 Combustão pulverizada .............................................................................32
3.3.2 Combustão de Leito Fluidizado (FBC) .......................................................34
3.3.3 Gaseificação Integrada com Ciclo Combinado (IGCC)..............................35
3.4 Seqüestro de carbono.......................................................................................36
3.4.1 Estocagem de Carbono .............................................................................37
3.4.2 Estocagem em reservatórios geológicos ...................................................38
8
3.4.2.1 Camadas de Carvão (Coalbed)........................................................38
3.4.2.2 Reservatórios ativos de óleo (EOR).................................................39
3.4.2.3 Aqüíferos salinos profundos.............................................................39
3.4.2.4 Oceanos...........................................................................................39
3.4.3 Formas alternativas de seqüestro..............................................................40
3.4.3.1 Fertilização dos Oceanos.................................................................40
3.4.3.2 Agricultura........................................................................................40
3.5 Captura de CO
2
..................................................................................................41
3.5.1 Métodos de Captura...................................................................................42
3.5.1.1 Sistemas de membrana ...................................................................42
3.5.1.2 Destilação Criogênica ......................................................................43
3.5.1.3 Adsorção..........................................................................................44
3.5.1.4 Absorção..........................................................................................45
3.6 Absorção Química.............................................................................................47
3.7 Estimativa de custos envolvidos no CCS.......................................................51
4 ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE CO
2
PELA QUEIMA DE CARVÃO
PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA ........................................................53
4.1 Metodologia para o cálculo de emissões a partir da combustão de carvão
no Brasil...................................................................................................................53
4.1.1 Estimativa dos parâmetros utilizados nos cálculos de emissão de carbono54
4.1.2 Cálculo da emissão de Carbono ................................................................55
4.1.3 Cálculos específicos para Termelétricas....................................................57
4.1.3.1 Cálculo da energia de entrada (input)..............................................57
4.1.3.2 Cálculo de emissões........................................................................58
4.1.3.3 Estimativa de eficiência e fatores de emissão .................................59
4.2 Emissões de carbono .......................................................................................59
5 COMPOSIÇÃO CARACTERISTICA DOS GASES DE CHAMINÉ DAS
TERMELÉTRICAS BRASILEIRAS ........................................................64
5.1 Efeito dos gases e das condições combustão sobre o solvente de absorção
64
5.1.1 Fatores que interferem no processo de captura de CO
2
por absorção
química......................................................................................................................65
5.1.1.1 SOx..................................................................................................65
9
5.1.1.2 NOx..................................................................................................66
5.1.1.3 Cinzas volantes (leves)....................................................................67
5.1.1.4 Temperatura dos Gases de combustão...........................................68
5.1.1.5 Fuligem ............................................................................................68
5.1.1.6 Oxigênio...........................................................................................68
5.2 Padrões de emissão brasileiros para processos de combustão de carvão 69
5.3 Composição dos gases de chaminé em termelétricas a carvão no Brasil...71
5.4 Análise dos parâmetros de emissões reais e os padrões de emissão para a
captura .....................................................................................................................74
6 PROPOSTA DE UM SISTEMA DE CAPTURA PARA UMA USINA
TERMELÉTRICA BRASILEIRA.............................................................75
6.1 Aplicação do método de captura em uma usina térmica a carvão...............75
6.2 Avaliação de áreas para o seqüestro de carbono no sul do Brasil ..............76
6.2.1 Rio Grande do Sul......................................................................................77
6.2.1.1 Região de Candiota: ........................................................................77
6.2.1.2 Região metropolitana:......................................................................78
6.2.2 Santa Catarina ...........................................................................................79
6.2.2.1 Região de Criciúma:.........................................................................79
6.3 Simulação de um sistema de captura pós-combustão em uma termelétrica
brasileira ..................................................................................................................79
6.3.1 Escolha da localização apropriada para o sistema do seqüestro de CO
2
..80
6.3.2 Detalhamento da adaptação do sistema para o input no sistema de captura
de CO
2
por absorção química ...................................................................................81
7 CONCLUSÕES....................................................................................86
8 REFERÊNCIAS ...................................................................................88
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1. Triângulo do desenvolvimento sustentável. ............................................16
Figura 3.1. Representação esquemática do efeito estufa. ........................................19
Figura 3.2. Contribuição dos gases ao efeito estufa. ................................................21
Figura 3.1. Principais bacias Carboníferas do Brasil.................................................27
Figura 3.2. Estrutura da Oferta Interna de Energia Elétrica, Brasil 2005...................29
Figura 3.3. Usina Termelétrica Presidente Médici – Candiota – RS..........................30
Figura 3.4. Sistema de combustão pulverizada.........................................................33
Figura 3.5. Sistema de combustão pulverizada subcrítica 500MW...........................33
Figura 3.6. Sistema IGCC. ........................................................................................36
Figura 3.7. Opções para estocagem de CO
2
.............................................................38
Figura 3.8. Tecnologias de captura de CO
2
. .............................................................42
Figura 3.9. Separação com Membrana. ....................................................................43
Figura 4.1. Fator de emissão de carbono por MWh e eficiência na geração de
energia das usinas termelétricas brasileiras a carvão em 2002.............63
Figura 6.1. Sistema simplificado de combustão pulverizada com captura de CO
2
por absorção química – sistema Retrofit. ...............................................75
Figura 6.2. Requisitos para seqüestro de CO
2
em carvão. .......................................77
Figura 6.3. Fluxograma simplificado de equipamentos de uma usina termelétrica
com o sistema de captura de CO
2
..........................................................83
Figura 6.4. Fluxograma de tomadas de decisões para a implementação de um
sistema de captura de CO
2
. ...................................................................84
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 Composição básica da atmosfera terrestre. ............................................20
Tabela 3.2. Estimativa de emissões mundiais de CO
2
..............................................23
Tabela 3.3. Classificação Norte-Americana do Carvão Fóssil...................................25
Tabela 3.4. Classificação de alguns carvões do Rio Grande do Sul e de Santa
Catarina..................................................................................................28
Tabela 3.5. Usinas termelétricas brasileiras..............................................................29
Tabela 3.6. Principais tecnologias de combustão de carvão.....................................36
Tabela 3.7. Principais Aminas utilizadas nos processos de absorção de CO
2
..........50
Tabela 4.1. Dados de caracterização dos principais carvões energéticos
brasileiros conforme diferentes fontes de informação. ...........................56
Tabela 4.2. Emissão de carbono por usinas termelétricas e fontes industriais que
utilizam carvão como combustível primário referentes ao ano de 2002. 60
Tabela 5.1. Limites de emissão de poluentes atmosféricos pela combustão de
carvão segundo legislações federal (CONAMA) e estaduais
(CONSEMA, SEMA) no Brasil................................................................71
Tabela 5.2. Emissão de poluentes atmosféricos pelas Unidades do Complexo
Termelétrico Jorge Lacerda no ano de 1997..........................................72
Tabela 5.3. Emissão de poluentes atmosféricos pelas Unidades do Complexo
Termelétrico Jorge Lacerda no ano de 2007..........................................73
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ASTM Sociedade Americana para Testes e Materiais, do inglês American
Society for Testing and Materials
BEN Balanço Energético Nacional
BIRD Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
CBI Candiota Banco Inferior
CBS Candiota Banco Superior
CBM Metano nas Camadas de Carvão, do Inglês Coalbed Methane
CE Carvão energético
CEF Fatores de Emissão de Carbono, do Inglês Carbon Emission Factors
CEPAC Centro de Excelência em Pesquisa sobre o Armazenamento de Carbono
para Indústria do Petróleo
CCP Projeto de Captura de Carbono, do inglês Carbon Capture Project
CCS Processos de Captura e Estocagem de Carbono, do inglês Carbon
Capture and Storage Processes
CE Carvão Energético
CGTEE Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica
CH
4
Metano
CNUMAD Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CO
2
Dióxido de Carbono
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COS Sulfureto de Carbonilo
CRM Companhia Riograndense de Mineração
CS
2
Dissulfureto de Carbono
DEA Dietanolamina
DOE Departamento de Energia do Governo dos Estados Unidos, do inglês
Department of Energy
dscf Pé cúbico de padrão seco
EUA Estados Unidos da América
IEA Agência Internacional de Energia, do inglês International Energy Agency
IGCC Gaseificação Integrada com Ciclo Combinado, do Inglês Integrated
Gasification Combined Cycle
INETI Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação
IPCC Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, do inglês
Intergovernmental Panel on Climate Change
FBC Combustão em Leito Fluidizado, do inglês Fluidised bed combustion
FGD Dessulfurização da corrente de gás, do inglês Flue gas desulphurisation
JICA Agência de Cooperação Internacional do Japão, do inglês Japan
International Cooperation Agency
MCT Ministério de Ciência e Tecnologia
MDL Mecanismos de Desenvolvimento Limpo
MEA Monoetanolamina
MMA Ministério do Meio Ambiente
MHI Mitsubishi Heavy Industries
MIT Instituto de tecnologia de Massachusetts, do inglês Massachussetts
13
Institute of Tecnology
MP Material Particulado
MME Ministério de Minas e Energia
NO
2
Dióxido de Nitrogênio
OECD Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, do inglês
Organization for Economic Cooperation and Development
PC Combustão pulverizada do carvão, do inglês Pulverized Coal Combustion
PCI Poder Calorífico Inferior
PCS Poder Calorífico Superior
PIB Produto Interno Bruto
ppm(v) Parte por milhão em unidades volumétricas
SCR Redução Catalítica Seletiva, do inglês Selective Catalitic Reduction
SEMA Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – Estado do Paraná
SO
2
Dióxido de enxofre
SO
3
Trióxido de enxofre
RS Rio Grande do Sul
tep Toneladas Equivalentes de Petróleo
UTLA Usina Termelétrica Jorge Lacerda A
UTLB Usina Termelétrica Jorge Lacerda B
ULTC Usina Termelétrica Jorge Lacerda C
14
RESUMO
LICKS, Letícia. Avaliação do processo de captura de dióxido de carbono por
absorção química visando a aplicação em termelétricas a carvão no Brasil. Porto
Alegre. 2008. Dissertação. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia
de Materiais, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL.
Muitos são os esforços de diversos países em desenvolver tecnologias
consideradas limpas para que o impacto ambiental das atividades desenvolvidas seja
o menor possível. Neste contexto, o presente trabalho pretende contribuir avaliando a
metodologia de captura do dióxido de carbono (CO
2
) por absorção química em usinas
térmicas a carvão fóssil, verificando as potencialidades de aplicação no Brasil com o
objetivo de mitigar as emissões antropogênicas deste gás, é um dos responsáveis
pelo efeito estufa. Para isto, foi proposta uma metodologia para o cálculo de
emissões. Foi realizado um levantamento das potencias áreas para o seqüestro de
CO
2
, bem como um estudo da técnica de captura de CO
2
por absorção química e das
demais técnicas. A partir disto verificou-se que os níveis de poluentes contidos nos
gases de combustão são superiores aos indicados para o sistema de captura (SOx
1ppm; NOx 20 ppm e cinzas volantes 15 mg/Nm
3
). O Brasil possui como área
potencial para a realização do seqüestro de CO
2
a região sul do estado de Santa
Catarina, que possui o maior complexo termelétrico da América Latina. Este complexo
emite cerca de 940 GgC.ano
-1
, que corresponde a 52% das emissões de carbono pela
combustão de carvão no Brasil. A região possui áreas potenciais para o
armazenamento geológico. A técnica de captura a ser indicada de acordo com as
condições de processo das termelétricas brasileiras é a absorção química, sendo que
adaptações no sistema de combustão existente serão imprescindíveis para a adoção
desta técnica.
Palavras-Chaves: Absorção Química; Captura de CO
2
; Seqüestro de CO
2
; Emissões
de Carbono; Carvão.
15
ABSTRACT
LICKS, Letícia. Process evaluation of carbon dioxide capture by chemical
absorption, focusing the implementation in Coal-fired Power Plant on Brazil.
Porto Alegre. 2008. Dissertation. Pos-Graduation Program in Materials Engineering
and Technology, PONTIFICAL CATHOLIC UNIVERSITY OF RIO GRANDE DO SUL.
Many are the efforts of several countries to develop cleaner technologies
which are utilized for minimizing the environmental impacts. In this context, the present
work aims to evaluate the Carbon Dioxide (CO
2
) capture by chemical absorption
process into Brazilian coal-fired power plants. It also pretends to verify the mitigation of
this anthropogenic gas emission, which is one of the most important gases responsible
for greenhouse effect. For this reason, calculation methodology of emissions was
proposed. A survey of potential areas of CO
2
sequestration as well as the state-of-art
of the CO
2
capture by chemical absorption and other techniques were studied. It was
found that the levels of pollutants contained in the combustion gases are higher than
those accepted for the capture system (SOx 1ppm; 20 ppm NOx and fly ash 15
mg/Nm
3
). The region has potential areas for geological storage, in Brazil, is the
southern Santa Catarina State. In this region, is located the largest coal-fired power
plant of Latin America. This power plant is responsible for 940 GgC.ano
-1
emission,
which corresponds to 52% of carbon emissions by coal-fired power plant in Brazil. In
function of that, this region is suitable for CO
2
sequestration. The capture’s system
indicated for Brazilians Power Plants is chemical absorption process. However, some
adaptation must be done in the current combustion process so that the proposed
technical can be used.
Key-words: Chemical Absorption; CO
2
Capture; CO
2
Sequestration; Carbon
Emissions; Coal.
16
1 INTRODUÇÃO
O termo “desenvolvimento sustentável”, proferido na Comissão Mundial de
Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987, pela ex-primeira-ministra da Noruega,
Gro Harlem Brundtland, diz respeito à "satisfazer as necessidades presentes, sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias
necessidades", ou seja, usar de forma racional e eficiente os recursos de forma a não
ocorrer sua extinção.
Os pilares do desenvolvimento sustentável estão fundamentados no
desenvolvimento econômico, ambiental e social. Quando o triângulo (Figura 1.1) está
equilibrado, o desenvolvimento pode ser dito sustentável.
Figura 1.1. Triângulo do desenvolvimento sustentável.
Com a idéia de sustentabilidade, entram em cena outros conceitos como, por
exemplo o de ecoeficiência. Existem diversas formas de conceituar ecoeficiência, mas
o conceito principal refere-se a produzir de forma eficiente, sem agredir o meio
ambiente.
Neste sentido, o desenvolvimento industrial sem levar em conta a
ecoeficiência, pode ocasionar grande impacto no meio ambiente, principalmente no
clima. O efeito estufa, chuva ácida, smog, entre outros, são causados principalmente
pelas emissões de poluentes antropogênicos.
Social
Desenvolvimento
Ambiental
Econômico
17
Uma das grandes preocupações mundiais referentes ao meio ambiente e ao
desenvolvimento sustentável está relacionada às emissões de carbono, pois a matriz
energética mundial depende do carvão e do petróleo. Neste contexto, a utilização
racional de combustíveis fósseis e, conseqüente, redução na emissão de CO
2
se
torna um tema atual e de grande importância, de modo que a emissão deste gás
contribui significativamente no agravamento das características do efeito estufa.
Países da Europa, Estados Unidos da América, Canadá e outros que
dependem basicamente da energia gerada em termelétricas vêm desenvolvendo
projetos para o controle dos gases causadores do efeito estufa. E mesmo o Brasil,
apesar de não contribuir de forma significativa com as emissões de carbono está
preocupado com os efeitos destas emissões.
O Brasil vem se destacando em questões relacionadas ao desenvolvimento
sustentável. Em 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CNUMAD), também chamada Rio 92 ou Eco 92, realizada no Rio
de Janeiro, foi aprovada pela comunidade internacional a Agenda 21, que traduz em
ações o conceito de desenvolvimento sustentável (BRASIL, [2006c]). A Eco 92 foi um
dos eventos que deram origem ao tratado internacional que visa a redução das
emissões dos gases do efeito estufa, o Protocolo de Kyoto. Novamente o Brasil se
destaca propondo a criação dos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) para
constituir este tratado.
Segundo o capítulo 34 da Agenda 21, “As tecnologias ambientalmente
saudáveis, no contexto da poluição, são "tecnologias de processos e produtos" que
geram pouco ou nenhum resíduo, para a prevenção da poluição. Também
compreendem tecnologias de "etapa final" para o tratamento da poluição depois que
esta foi produzida”. Ou seja, tecnologias que reduzam ou evitem a degradação
ambiental são ditas “Tecnologias Limpas” (BRASIL, [2006d]).
É neste contexto que o presente trabalho pretende contribuir avaliando a
metodologia de captura do dióxido de carbono (CO
2
) por absorção química em usinas
térmicas a carvão fóssil e verificando as potencialidades de aplicação no Brasil com o
objetivo de mitigar as emissões antropogênicas deste gás, que possui um impacto
direto nos efeitos do efeito estufa.
Este trabalho está integrado ao Centro de Excelência em Pesquisa sobre o
Armazenamento de Carbono para a Indústria do Petróleo – Petrobrás/PUCRS.
18
2 OBJETIVOS
A proposta deste trabalho é a avaliação da técnica de captura do dióxido de
carbono (CO
2
) por absorção química em sistemas de pós-combustão. Como a
captura só é viável para grandes fontes emissoras de carbono, serão utilizadas como
base de estudo, as usinas térmicas a carvão fóssil do Brasil.
2.1 Objetivos Específicos
Avaliar a possibilidade de aplicação do processo de captura de CO
2
por
absorção química em sistemas de pós-combustão para as termelétricas a carvão do
Brasil.
Propor uma metodologia detalhada para cálculos de emissão de CO
2
,
específica para as termelétricas a carvão, visando subsidiar Inventários de emissão
brasileiros.
Verificar a influência da composição e das condições dos gases que entram
no sistema de absorção sobre o solvente utilizado. Realizar um estudo sobre a
composição real dos gases de saída de chaminé, bem como dos padrões de emissão
brasileiros.
Após o desenvolvimento do estudo, se viável, pretende-se propor, um sistema
de captura de CO
2
às usinas térmicas a carvão do Brasil. Ao final do trabalho
pretende-se apresentar de forma qualitativa, dados que sintetizem as principais
etapas para a implementação da técnica de captura de CO
2
em uma determinada
localidade.
19
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Efeito Estufa
O Efeito Estufa é um fenômeno natural em que gases atuam sobre os raios
infravermelhos refletidos pela superfície da Terra, reenviando-os de volta para ela,
mantendo assim uma temperatura estável no planeta. O fenômeno é semelhante ao
ocorrido em uma estufa, que mantém o calor preso dentro de um ambiente específico.
Daí o nome de "efeito estufa".
A Figura 3.1 exemplifica o mecanismo de funcionamento do efeito estufa.
Uma parte dos raios do sol que irradiam a Terra é absorvida e transformada em calor,
outra parte deles é refletida pela superfície da terra de volta para o espaço.
Figura 3.1. Representação esquemática do efeito estufa.
Fonte: BIODIESELBR ONLINE, [2006].
%
%
20
Alguns dos gases presentes na atmosfera responsáveis pelo fenômeno do
Efeito Estufa são o vapor d'água, o dióxido de carbono, óxido nitroso (N
2
O) e o
metano (CH
4
). Estes gases são capazes de reter as radiações infravermelhas na
atmosfera e sem eles a radiação solar se dissiparia no espaço e o planeta seria cerca
de 30°C mais frio. A Tabela 3.1 exibe a composição básica da atmosfera terrestre
onde se observa que os gases CO
2
e o CH
4
apresentam-se em baixas concentrações.
Tabela 3.1 Composição básica da atmosfera terrestre.
Elementos % Volume
Nitrogênio
Oxigênio
Vapor d’água
Argônio
Dióxido de Carbono
Néon
Hélio
Metano
78,1%
21%
0 - 4%
0,93%
± 0,3%
0.002%
0,0005%
0,0002%
Fonte: ROCCO, [2006].
Segundo Ramos (2001), o Efeito Estufa é importante para a vida terrestre,
pois impede o escape, à noite, do calor absorvido pela Terra durante o dia. Porém a
intensificação deste fenômeno pode se tornar prejudicial para a vida no Planeta. Este
efeito é intensificado pela liberação excessiva de gases do efeito estufa,
especialmente pelo dióxido de carbono, que é produzido com a queima de
combustíveis fósseis, sobretudo petróleo e carvão.
Os principais gases responsáveis pelo Efeito Estufa estão apresentados na
Figura 3.2, pode-se verificar que o CO
2
contribui com cerca de 60% para este
fenômeno.
Segundo estudos de Graedel e Allenby (1995), citados por Ramos (2001), a
intensificação do Efeito Estufa pode causar um aumento de dois a cinco graus na
temperatura média do planeta até o ano de 2050. Com isto, uma elevação de até 45
cm na altura dos oceanos é prevista até 2070, devido à expansão térmica dos
oceanos e ao derretimento de geleiras.
21
Figura 3.2. Contribuição dos gases ao efeito estufa.
Fonte: EMBRAPA, [2006].
Para Barros (2001), o aquecimento global do planeta pode significar o
desaparecimento de alguns países insulares e de cidades litorâneas. As regiões hoje
cobertas por florestas ficarão mais sujeitas a incêndios de grandes proporções e
poderão virar desertos. O aquecimento global terá conseqüências desastrosas,
principalmente, para países menos desenvolvidos, que embora não sejam os grandes
responsáveis pelo agravamento do efeito estufa, não possuem recursos e tecnologia
para enfrentar as adversidades geradas pelas mudanças climáticas.
Conforme Leite (1999), mesmo que ocorra uma transição sem sobressaltos
para uma matriz energética baseada no gás natural, em 50 anos, ou para o trinômio
sol/ventos/hidrogênio, em 100 anos, o CO
2
já emitido vai continuar afetando o clima
por muitas décadas.
3.1.1 Dióxido de Carbono
O Dióxido de Carbono é o principal gás associado ao efeito estufa, conforme
exibido na Figura 3.2. O CO
2
é produzido naturalmente através da respiração, pela
decomposição de plantas e animais e pelas queimadas naturais em florestas.
Além destas, possui também fontes antropogênicas (produzidas pelo Homem)
como: queima de combustíveis fósseis (derivados de petróleo e carvão), mudanças
na cobertura vegetal (como o desflorestamento), queima de biomassa.
Conforme comentado anteriormente o aumento da concentração do CO
2
tem
como conseqüência mais direta o aumento da temperatura média do planeta, cerca
22
de 0,4% ao ano. Este aumento se deve principalmente à utilização crescente de
combustíveis fósseis, principalmente no que se refere ao carvão, que atualmente é o
principal responsável pela emissão de CO
2
na atmosfera.
Devido à contribuição do CO
2
no aquecimento global, tornasse cada vez mais
importante a realização de estudos para a remoção do gás carbônico da atmosfera,
conhecidos como seqüestro de carbono, que estão relacionados à captura, transporte
e estocagem deste gás.
3.1.2 Emissões de Carbono
Uma das grandes preocupações mundiais referentes ao meio ambiente está
relacionada com as emissões de carbono à atmosfera. Entra em cena a necessidade
de desenvolvimento de tecnologias limpas e estudos de redução ou mitigação do
impacto do uso de combustíveis fósseis.
A matriz energética de muitos países é baseada na queima de combustíveis
fósseis destacando-se o carvão de origem fóssil intensamente usado na geração de
energia. Em todo o mundo, mais de 4 bilhões de toneladas de carvão são consumidos
anualmente como combustíveis em usinas térmicas (CIENTEC, 2006).
Atualmente 80 % da demanda de energia mundial são advindas de
combustíveis fósseis: Carvão (25%), gás natural (21%), petróleo (34%). Nos Estados
Unidos cerca de 50% da eletricidade é gerada a partir de usinas termelétricas a
carvão, onde cada usina possui em média uma capacidade de geração de energia de
500 MW. Uma termelétrica com estas características é capaz de gerar cerca de 3
milhões de toneladas por ano de Dióxido de Carbono (CO
2
). Os EUA produzem
aproximadamente 1,5 bilhões de toneladas por ano de CO
2
a partir das termelétricas
a carvão (MIT, 2007).
Segundo dados do BIRD, os Estados Unidos é o país que mais emite carbono
à atmosfera, equivalendo a 24% do total de gases emitidos. Economias em expansão
como China e Índia aumentaram nos últimos anos em 33% e 57% a emissão de
gases, respectivamente. A China e a União Européia são responsáveis,
respectivamente, por cerca de 15% e 10% do total mundial de gases emitidos. Os
países em desenvolvimento também produzem cada vez mais gás carbônico, sendo
atualmente responsáveis por aproximadamente dois terços da emissão total
(COMPET, 2006).
23
Apesar de o Brasil possuir uma matriz energética “limpa”, baseada no uso da
hidroeletricidade e de biocombustíveis, a utilização de combustíveis fósseis (gás
natural, derivados de petróleo e carvão mineral) deve aumentar nas próximas
décadas (BRASIL, [2007]). Dentre as fontes não renováveis de energia, o carvão
merece destaque especial devido às grandes reservas existentes no país (32x10
9
t;
BRASIL, 2006) e ao incremento da geração termelétrica de eletricidade utilizando
esse combustível, prevista pelo governo federal para os próximos anos (BRASIL,
[2007]).
O Brasil, apesar de não ser um país que contribua significativamente com as
emissões de carbono, integra a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima, devido a isto foram assumidos compromissos de estudos que
visam reduzir os efeitos negativos sobre o clima de diversas atividades, incluindo as
referentes à produção e uso da energia (CONSOLIDAÇÃO ..., 2006).
A Tabela 3.2 exibe uma estimativa de emissões mundiais de CO
2
. É estimado
que em 2030 o Brasil tenha dobrado as emissões de carbono comparadas ao ano de
2000.
Tabela 3.2. Estimativa de emissões mundiais de CO
2
.
1971 2000 % 2030 %
América do Norte 4.769 6.535 29 9.075 24
EUA + Canadá 4.672 6.175 27 8.327 22
União Européia 3.015 3.146 14 3.829 10
Japão/Aústria/Nova Zelândia 900 1.513 7 1.701 4
Europa do Leste 2.281 2.488 11 3.646 10
Rússia - 1.492 7 2.241 6
Países em desenvolvimento 2.018 7.782 34 18.118 47
China 812 3.052 13 6.718 18
Índia 203 937 4 2.280 6
Brasil 91 303 1 760 2
Oriente Médio 122 978 4 1.879 5
África 266 676 3 1.874 5
Outros 524 1.836 8 4.607 12
Mundo 13.654 22.639 38.161
Mega toneladas equivalentes de CO
2
(Mt = 1 bilhão t)
Fonte: MEUNIER, 2005 apud PIRES, 2006.
24
3.1.3 Inventários de emissões no Brasil
O Primeiro Inventário Nacional de Emissão de Carbono produzido pelo
Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT (BRASIL, 2002) apresenta dados referentes
aos anos de 1990-1994 utilizando metodologia recomendada pelo Intergovernmental
Panel on Climate Change – IPCC. Estes tipos de inventários normalmente são de
difícil validação, pois necessitam de diversas informações que nem sempre são bem
quantificadas, gerando algumas imprecisões. No que concerne à emissão pela
queima de carvão, várias simplificações foram adotadas em função da dificuldade de
obtenção de dados específicos para as condições do país. Cabe salientar que o
carvão brasileiro apresenta características bastante singulares, tendo elevados teores
de cinzas e baixo poder calorífico, fatores importantes na quantificação do CO
2
gerado durante os processos de combustão.
Entretanto, a quantificação das emissões de CO
2
, apesar de não ser uma
atividade fácil, é de extrema importância, pois está relacionada à nossa
responsabilidade perante o desenvolvimento sustentável mundial. Para a
implementação de uma metodologia correta de inventário é necessário ter em mente
que os dados utilizados devem ser validados e os resultados obtidos serem de
interesse e que atendam as legislações ambientais (XAVIER, 2004).
Neste contexto, cabe destacar o esforço de muitas empresas brasileiras que
estão tentando se enquadrar em projetos de mecanismos de desenvolvimento limpo,
cujas metodologias necessitam estimativas precisas do carbono emitido em nível
nacional (IPCC, 2007).
3.2 Carvão Fóssil
Segundo a ISO 11760 de 2005, citada por SOUSA; SILVA; RODRIGUES,
(2006a), carvão fóssil é uma rocha sedimentar carbonácea fundamentalmente
derivada de restos vegetais, com matéria mineral associada correspondendo a um
teor em cinzas (base seca) inferior ou igual a 50%.
Por não apresentar uma composição uniforme o carvão não pode ser
representado por uma fórmula química (XAVIER, 2004). Ao longo do tempo de
formação do carvão ocorrem alterações físicas e químicas que proporcionam um
enriquecimento relativo em carbono, pela perda de constituintes voláteis da matéria
25
orgânica. Este processo denomina-se carbonização (INETI, 2006). Estas alterações
atingem graus diferentes devido à decomposição bioquímica por ação de bactérias,
calor e da pressão. A partir destas diferenças é possível fazer a classificação do
carvão que é dita como o Rank do carvão.
A Tabela 3.3 exibe a classificação do carvão segundo a American National
Standards Institute – ASTM. Esta classificação é importante não só para determinar o
uso industrial do carvão, mas também na determinação da viabilidade da utilização
das camadas de carvão como reservatórios geológicos para o seqüestro de CO
2
.
Tabela 3.3. Classificação Norte-Americana do Carvão Fóssil.
Carbono
Fixo (%)
Matéria
Volátil (%)
Poder Calorífico
(Btu/lb)
Classe Grupo
< > <
1 - Meta antracito 98 - - 2 - -
2 – Antracito 92 98 2 8 - -
I - Antracito
3 – Semi-Antracito 86 92 8 14 - -
1 - Carvão Betuminoso Baixo
Volátil
78 86 14 22 - -
2 - Carvão Betuminoso Médio
Volátil
69 78 22 31 - -
3 - Carvão Betuminoso Alto
Volátil A
- 69 31 - 14.000 -
4 - Carvão Betuminoso Alto
Volátil B
- - - - 13.000 14.000
11.500 13.000
II - Betuminoso
5 - Carvão Betuminoso Alto
Volátil C
- - - -
10.500 11.500
1 - Carvão Sub-Betuminoso A - - - - 10.500 11.500
2 - Carvão Sub-Betuminoso B - - - - 9.500 10.000
III – Sub-
Betuminoso
3 - Carvão Sub-Betuminoso C - - - - 8.300 9.500
1 – Linhito A - - - - 6.300 8.300
IV - Linhito
2 – Linhito B - - - - - 6.300
Fonte: ASTM, 1996.
A ASTM classifica os carvões pelo Rank, onde são avaliadas algumas
propriedades como o poder calorífico, material volátil e carbono fixo. A partir desta
classificação o carvão é divido em 4 classes: linhito, betuminoso, sub-betuminoso e
antracito. Estas classes ainda são divididas em alguns grupos, de acordo com
propriedades do carvão.
O antracito corresponde à última variedade de carvão surgida no processo de
carbonização e caracteriza-se pelo alto teor de carbono fixo, baixo teor de compostos
voláteis conforme explicitado na Tabela 3.3. Tem como características a cor negra
brilhante, rigidez e dificuldade com que se queima, dada sua pobreza em elementos
26
inflamáveis. É usado como redutor em metalurgia, na fabricação de eletrodos e de
grafita artificial. Uma de suas principais vantagens consiste em proporcionar chama
pura, sem nenhuma fuligem (BORBA, 2001).
Os carvões betuminosos e sub-betuminosos também são conhecidos como
hulha. A hulha é composta de carbono, restos vegetais parcialmente conservados,
elementos voláteis, detritos minerais e água. É empregada tanto como combustível
quanto como redutor de óxidos de ferro e, graças a suas impurezas, na síntese de
milhares de substâncias de uso industrial (BORBA, 2001).
O carvão classificado como linhito possui poder calorífico inferior as demais
classes de carvão. É utilizado na siderurgia, como redutor, graças a sua capacidade
de ceder oxigênio para a combustão, como matéria-prima na carboquímica (CARVÃO
MINERAL, [2007]).
3.2.1 Carvão Fóssil brasileiro
Os principais depósitos de carvão brasileiros estão situados nos estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (GOMES et al., 1998). A maior jazida de
carvão brasileira está situada na região de Candiota, no estado do Rio Grande do Sul.
A Figura 3.1 exibe as principais bacias carboníferas do Brasil.
Os jazimentos brasileiros mais importantes denominam-se, de Sudoeste para
Nordeste, Candiota, Capané, Iruí, Leão, Charqueadas, Morungava/Chico Lomã, Santa
Terezinha e a jazida Sul-Catarinense (GOMES et al., 1998). O Rio Grande do Sul
possui 89,2% das reservas de carvão mineral nacional, um total de 28,802 milhões de
toneladas.
A profundidade das camadas das jazidas varia de nula até cerca de 1.200 m.
Na jazida Santa Terezinha tem-se coberturas mínimas ao redor de 500 m, indo até
valores máximos por volta de 800 m.
27
Figura 3.1. Principais bacias Carboníferas do Brasil.
Fonte: SOUSA; SILVA; RODRIGUES, 2006b.
A jazida de Candiota é a maior do país, com cerca de 40% dos recursos totais
conhecidos. A área corresponde a cerca de 2 mil quilômetros quadrados e possui 23
camadas. A camada mais importante corresponde a de Candiota que é bipartida em
dois bancos, Candiota Banco Superior - CBS e Candiota Banco Inferior – CBI
(SÜFFERT, 1997); possui 4,5 m e atualmente é a única camada em lavra.
O carvão da jazida de Candiota apresenta altos teores de cinzas (cerca de
50%) e a matéria orgânica está misturada com o material mineral presente no carvão
(SILVA; KALKREUTH, 2005). A mineração é realizada a céu aberto, em
profundidades de até 50 metros. A Companhia Riograndense de Mineração - CRM
vem minerando nessa região o carvão que tem como sua principal utilização na forma
bruta a geração de eletricidade pela Usina Termelétrica Presidente Médici. A
produção atual está em torno de 1,7 milhões de toneladas de carvão por ano. Com a
implantação da Fase C desta usina (ou Candiota III), a produção da mina quase
duplicará (CRM, 2007).
As jazidas do Sul Catarinense são as mais exploradas devido às propriedades
coqueificáveis do carvão da camada de barro branco (GOMES et al., 1998) e o
consumo nas usinas termelétricas. Neste depósito ocorrem de 10 camadas de
28
carvão, mas apenas duas têm importância econômica. Os recursos totais da jazida
atingem 4.288 x 10
6
t, dos quais mais de 70% nas camadas de Barro Branco (1.323 x
10
6
t) e Bonito (1.843 x 10
6
t). As coberturas vão de camadas aflorantes até mais de
800 m (GOMES, 1998).
Os carvões brasileiros, em função de suas características, são utilizados
basicamente para a geração de energia através da combustão. A Tabela 3.4 mostra a
classificação dos carvões de algumas jazidas brasileiras conforme a ASTM e alguns
parâmetros dos carvões brasileiros.
Tabela 3.4. Classificação de alguns carvões do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.
Jazida Camada Umidade
%
Cinzas
%, bs
Matéria
Volátil
%, bsic
Poder
Calorífico
cal/g
Classificação
Superior 12,00 11,90 37,80 3208*
Candiota
1
Inferior 15,20 7,60 40,80 3416*
Capané
1
Capanezinho 17,43 5,52 34,40 6800**
Irui
1
Superior 8,20 9,40 36,10 -
Leão
1
Superior 7,35 6,55 37,70 6000***
MB 6,60 14,00 36,70* 6579**
I1F 10,20 17,50 36,20* 6829**
Charqueadas
2
I2B 14,80 19,20 41,90* 5930**
Sub-betuminoso A
Superior 5,50 8,80 37,30 -
Média 9,50 7,70 37,30 -
Faxinal
1
Inferior 5,60 2,30 37,30 -
Betuminoso alto volátil
C/B
M1 - - - -
M2 - - - -
Morungava
1
M3 - - - -
Betuminoso alto volátil
B
CL2 1,79 4,90 42,50
CL4 1,75 7,50 37,50 -
Chico Lomã
1
CL6 1,53 21,50 45,30 -
Betuminoso alto volátil
B/A
Sta. Terezinha
a
ST4 0,70
a
15,40
a
36,60
a
- Betuminoso alto volátil
A
Barro Branco 0,70 12,70 37,60 8635
Sta. Catarina
Irapuá 1,10 11,20 37,50 -
Betuminoso alto volátil
A
*base seca (bs); **base seca isenta de cinzas (bsic); ***20% de cinzas;
a
carvão flutuado em líquido 1,50
1
Laboratório de Análises de Carvão UFRGS;
2
Nahuys, 1967 (carvão flutuado em líquido 1,50)
Fonte: SOUSA; SILVA; RODRIGUES, 2006b.
Segundo o Rank, o carvão brasileiro está classificado entre sub-betuminoso
A, com poder calorífico baixo, como, por exemplo, 3.028 cal/g em Candiota, e
Betuminoso alto volátil A, carvão de melhor qualidade com alto poder calorífico, em
torno de 8.635 cal/g, localizado em Santa Catarina.
29
3.2.2 Uso energético do carvão brasileiro
Segundo dados obtidos através do Balanço Energético Nacional (BRASIL,
2006), o carvão representa 6,4 % da oferta de energia do Brasil em 2005, dado que
envolve o carvão metalúrgico e o energético. A oferta interna de energia elétrica a
partir do carvão para o mesmo período é de 1,6%. A Figura 3.2 representa a oferta de
energia elétrica interna no Brasil com ano base de 2005.
Figura 3.2. Estrutura da Oferta Interna de Energia Elétrica, Brasil 2005.
Fonte: BRASIL, 2006b.
Atualmente no Brasil existem sete usinas térmicas a carvão, a exceção da
usina de São Jerônimo, todas as usinas termelétricas utilizam a técnica de combustão
pulverizada. A Tabela 3.5 exibe as usinas brasileiras com suas respectivas potências,
proprietários e localização.
Tabela 3.5. Usinas termelétricas brasileiras.
Usina Potência (MW) Proprietários Municípios – Estados
Charqueadas 72 Tractebel Energia S/A Charqueadas - RS
Figueira 20 Copel Geração S/A Figueira – PR
Complexo Jorge Lacerda 857 Tractebel Energia S/A Capivari Baixo – SC
Presidente Médici A/B 446 CGTEE Candiota – RS
São Jerônimo 20 CGTEE São Jerônimo – RS
Total 1.415
Fonte: ANEEL (Banco de Informações de Geração), citado por BRASIL (2006b).
30
No Rio Grande do Sul, a Usina de Candiota possui potência instalada de 446
MW. A usina foi construída em duas etapas: fase A (inaugurada em 1974, composta
de duas unidades de 63 MW) e a fase B (inaugurada em 1986, composta de duas
unidades de 160 MW).
A usina encontra-se em fase de ampliação onde será construída a Fase C da
usina, que será conhecida como Candiota III. A ampliação prevê o aumento da
capacidade produtiva em cerca de 100% (CGTEE, [2005]). A Figura 3.3 exibe uma
fotografia da usina Presidente Médici.
Figura 3.3. Usina Termelétrica Presidente Médici – Candiota – RS.
Fonte: CGTEE, ([2005]).
Em Santa Catarina está situado o Complexo Jorge Lacerda, que possui uma
capacidade instalada de 857 MW, produzindo anualmente cerca de 854,78 GWh de
energia (TRACTEBEL ENERGIA, [2007a]) que é composto por três usinas térmicas:
-Jorge Lacerda A (UTLA): composta pelas unidades 1, 2, 3 e 4, possuindo
uma capacidade para a geração de energia de 232 MW.
31
-Jorge Lacerda B (UTLB): composta pelas unidades 5 e 6, que possuem cerca
de 30 anos e uma capacidade de geração de energia em cerca de 125MW por
unidade.
-Jorge Lacerda C (UTLC): é a usina mais moderna atualmente no Brasil
(unidade 7), tendo sido inaugurada no ano de 1997, com capacidade de geração de
363 MW de energia.
3.2.3 Estimativa do consumo energético mundial de carvão para a
geração de energia
O BEN (2007) baseado em documentos disponibilizados pelo Departamento
de Energia do Governo dos Estados Unidos - DOE apresentou dados sobre a
evolução mundial de energia para o período de 1970 a 2030. Os dados foram
agrupados entre os países membros da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico - OECD e os não membros da OECD. Segundo os
dados, a demanda mundial de energia (Oferta Interna de Energia), chega a
701,6x10
15
BTU, ou 17.681 milhões tep (tonelada equivalente de petróleo) em 2030,
apresentando taxa média de crescimento de 1,8% a.a., igual a taxa do período
histórico 1990-2004.
A previsão para os países membros da OECD é de 1,2% a.a., contra um valor
histórico de 1,4% a.a., enquanto para os países não-OECD a previsão é de 2,8% a.a.
até 2030, contra um valor histórico de 2,3% a.a. entre 1990 e 2004.
O Brasil poderá atingir um consumo de energia de 430,9 milhões de tep em
2030, com taxa de crescimento de 3,2% a.a.. No entanto, a intensidade energética
mundial, medida pela relação entre a demanda de energia e o PIB, decresce de 0,21
tep/1000 US$ 2000, considerando conceito de paridade de poder de compra) para
0,11 tep/1000 US$ em 2030, ou seja, uma redução de 2,2% a.a. no período projetado,
percentual que representa um maior esforço de racionalização do uso de energia em
relação ao período 1990-2004, quando a redução da intensidade energética foi de
1,5% a.a..
32
3.3 Sistemas de combustão e gaseificação do carvão
Atualmente existem três tipos de tecnologias de combustão de carvão
consideradas eficientes: Pulverizada (PC); em Leito Fluidizado (FBC) e a
Gaseificação Integrada com Ciclo Combinado (IGCC). Estas tecnologias estão
disponibilizadas em escalas comerciais e de pesquisa e desenvolvimento (MME,
2006a). Durante a combustão do carvão ocorre a emissão de alguns poluentes como:
cinzas volantes, SOx, NOx entre outros. Para evitar a emissão acima dos limites
impostos pela legislação destes poluentes à atmosfera, as usinas devem adotar
sistemas de controle para o abatimento dos poluentes atmosféricos.
3.3.1 Combustão pulverizada
No Brasil, a maioria das termelétricas a carvão utiliza o sistema de combustão
pulverizada (Pulverized Coal - PC) para a geração de energia. Neste sistema o carvão
é moído na forma de um pó (diâmetro da partícula < 7 μm) e juntamente com um fluxo
de ar é queimado para fazer o aquecimento de uma caldeira que produzirá vapor em
alta pressão.
Este vapor alimentará uma turbina que está acoplada a um gerador que
transformará a energia mecânica em energia elétrica. O vapor de pressão baixa que
sai da turbina de vapor é condensado e bombeado novamente à caldeira. O
funcionamento do ciclo de energia do fluido (vapor) para a conversão da energia
térmica do combustível à energia elétrica útil segue o que é chamado o ciclo de
Rankine (XAVIER, 2004).
Os gases emitidos na queima do carvão poderão passar por um sistema de
remoção de particulados e lavagem de gases. Estes gases após o tratamento serão
liberados para a atmosfera e apresentam em sua composição níveis de CO
2
entre
13% - 15% em volume (SEKAR, 2005).
A Figura 3.4 exemplifica o sistema PC acoplado com um sistema de remoção
de particulados e gases ácidos, mas sem a captura de CO
2
.
33
Figura 3.4. Sistema de combustão pulverizada.
Fonte: Adaptado de SEKAR, 2005.
Neste tipo de combustão existem tecnologias de vapor subcrítico, supercrítico
ou ultra-supercríticos. As operações subcríticas referem-se a processos onde a
pressão de vapor é aproximada de 22 MPa (± 217 atm) e temperaturas em torno de
550ºC. A eficiência do processo com este tipo de operação varia entre 33 e 37%,
dependendo também do tipo de carvão e dos parâmetros de operação (MIT, 2007). A
Figura 3.5 mostra um exemplo de uma termelétrica americana que opera em
condições subcríticas.
Figura 3.5. Sistema de combustão pulverizada subcrítica 500MW.
FONTE: MIT, 2007.
O sistema exibido na Figura 4.5 mostra que o sistema queima 208.000 kg/h
de carvão e requer cerca de 2,5 milhões de quilogramas de ar combustível. O controle
de emissões é realizado fazendo a remoção de 99,9% dos materiais particulados,
Caldeira
Vapor
su
p
era
q
uecido
Limpeza dos
Gases
-remoção de
particulados (99,9%)
-NOx (90%)
-SO
2
(>99%)
Turbina a Vapor
Gerador
Entrada de Ar
2450.000 kg/h
Entrada de Carvão
208.000 kg/h
Energia Elétrica
500 MW
Cinzas Leves e resíduos
Gás de Chaminé
2770.000 kg/h
55ºC, 0,10 MPa
Cal
34
90% de NOx e cerca de 99% de SO
2
. A pressão e a temperatura do vapor
superaquecido são 16,5 MPa e 540°C, respectivamente. Com estas condições o
processo terá uma eficiência aproximada de 34,3%. O carvão produzirá cerca de
22.800 kg/h de cinzas. O processo de limpeza do gás gera cerca de 41.000 kg/h de
resíduos sólidos.
Os sistemas supercríticos são sistemas onde um fluido supercrítico é
expandido através de uma turbina de vapor com estágios de alta pressão gerando
assim mais eletricidade. A eficiência deste processo varia de 37 a 40%, dependendo
também dos tipos de carvões e dos parâmetros do processo. Segundo MIT (2007), o
estado-da-arte para sistemas supercríticos envolve pressões cerca de 24,3 MPa e
565°C, resultando em uma eficiência aproximada de 38%.
Os sistemas ultra-supercríticos operam em temperaturas e pressões ainda
mais elevadas que os sistemas supercríticos, cerca de 700 -720°C e 36.5 à 38.5 MPa
respectivamente. Nestes sistemas a eficiência do processo que utiliza carvão tipo
betuminoso pode chegar à 46%. Para as condições deste tipo de operação, novos
materiais estão sendo pesquisados e desenvolvidos (MIT, 2007). Destaca-se que
para cada tipo de carvão é exigido um determinado tipo de material.
O sistema sugerido por MIT (2007) para uma termelétrica com capacidade de
geração de 500 MW que utiliza a combustão pulverizada com operações e condições
supercríticas ou ultra-críticas é similar ao subcrítico. A diferença está apenas nas
condições do processo e nos materiais utilizados na construção da usina.
As termelétricas brasileiras operam em condições subcríticas com pressões
de vapor bem inferiores ao sistema americano indicado como subcrítico, no entanto,
as temperaturas ficam próximas às indicadas. A UTLC opera com pressão de vapor
superaquecido aproximada de 1,7 kPa e com temperatura de vapor de 538°C
(TRACTEBEL ENERGIA, [2007a]) .
3.3.2 Combustão de Leito Fluidizado (FBC)
Tecnologia comercialmente disponível, realizada em temperaturas inferiores à
de combustão convencional, que utiliza partículas calcárias para a remoção de SOx
em seu leito. A técnica consiste na queima de carvão ou outro combustível com
granulometria inferior a 8mm em um leito fluidizado pela injeção de ar a uma
35
velocidade tal que mantenha o leito e o combustível em permanente movimento
(XAVIER,2004).
Neste sistema ocorre um intenso contato entre combustível e ar de
combustão propiciando altos coeficientes de troca térmica. A operação ocorre em
temperaturas na faixa de 850 - 900ºC. Sendo assim, uma combustão com alta
eficiência e baixa emissão de poluentes (MAGRINI et al., 2001).
Com esta tecnologia é possível reduzir a concentração de SOx e de NOx,
sem perdas de eficiência térmica. A captura de SOx é feita na própria caldeira através
da injeção de cal na caldeira. Uma das vantagens da aplicação desta tecnologia é
possibilidade de utilizar carvão de baixa qualidade, com baixo índice de emissões,
sendo, portanto, adequada também a sistemas de incineração (BRASIL, 2005). Como
desvantagem principal está a grande quantidade de cinzas geradas, principalmente
em relação ao carvão brasileiro.
3.3.3 Gaseificação Integrada com Ciclo Combinado (IGCC)
A IGCC é uma tecnologia considerada a tendência das novas Tecnologias
Limpas para o uso do Carvão (clean coal technologies), (MME, 2006a). O IGCC é
constituído de um ciclo combinado onde dois ou mais ciclos termodinâmicos estão
presentes em uma mesma planta (NETO, 2001).
Neste sistema o carvão reage com os vapores provenientes dos gases
obtidos dentro do processo, originando um gás combustível sintético composto
principalmente por monóxido de carbono e hidrogênio (BRASIL, 2005).
Este gás passa por um processo de retirada de enxofre (XAVIER, 2004), após
é queimado em turbinas a gás para gerar energia. Este ciclo térmico é conhecido
como ciclo de Brayton (SEKAR, 2005). Após a geração de energia os gases de
exaustão são conectados a outro ciclo térmico para uma nova geração de energia. Os
ciclos combinados podem aumentar a eficiência do sistema para até 60%. A Figura
3.6 exibe um esquema simplificado do funcionamento do sistema IGCC.
36
Figura 3.6. Sistema IGCC.
Fonte: Adaptado de SEKAR, 2005.
Estes sistemas permitem incrementar a eficiência pelo uso do calor residual
do gás, para produzir vapor para mover uma turbina de vapor adicional na turbina de
gás (DE LUCA, 2001). O processo possibilita também a remoção de cerca de 95% de
enxofre e a captura de nitrogênio (XAVIER, 2004).
A Tabela 3.6 resume as principais tecnologias de combustão eficiente do
carvão. Os sistemas de leito fluidizado e IGCC, dentro de seu processamento, são
capazes de reduzir as emissões de SOx e NOx, no entanto, são tecnologias atuais
que estão sendo testadas e aplicadas principalmente em projetos pilotos (SEKAR,
2005), além disto, seu custo ainda é superior ao da Combustão pulverizada.
Tabela 3.6. Principais tecnologias de combustão de carvão.
Redução nas emissões %
Tecnologia Situação Eficiência de
Conversão
Custo de
capital
(US$/kW)
SOx NOx
Combustão
Pulverizada
Comercial 38 – 47% 1300 - 1500 - -
Combustão em leito
fluidizado
Comercial/
demonstrado
34 – 45% 1450 - 1700 90 – 99 60 – 70
Gaseificação
Integrada
P&D/demonstrado 40 – 60% 1450 - 1900 92 – 95 92 - 99
Fonte: Baseado nos dados de MME, (2006a).
3.4 Seqüestro de carbono
O seqüestro de carbono pode ser definido como a captura e a estocagem
segura de carbono que de outra forma seria emitido e permaneceria na atmosfera. Ou
seja, é o processo de remoção de CO
2
da atmosfera ou a prevenção pela captura na
Ar
Unidade de
Separação de Ar
Gaseificação
Ar
O
2
Carvão Gás sintético
Gás Limpo
Turbina a gás
N
2
Ar
Energia Elétrica
HRSG (geradores de
vapor baseados na
recuperação de calor)
Sistemas de
turbina a vapor
Energia Elétrica
Vapor água
Gás com CO
2
vapor
37
fonte de emissão. Esses processos são indicados na literatura internacional como
Carbon Capture and Storage Processes (CCS) e essa abreviatura será utilizada ao
longo do texto.
O CCS envolve na realidade três processos seqüenciais distintos:
1) Captura do CO
2
contido nos gases de combustão emitidos durante a
geração de eletricidade, processos industriais ou o processamento de combustíveis;
2) Transporte do CO
2
capturado em dutos (gás/líquido) ou em tanques;
3) Estocagem de CO
2
em reservatórios geológicos como: subsolo em
aqüíferos salinos profundos, reservatórios esgotados de gás e óleo ou em jazidas não
mineradas de carvão.
Todos esses três processos têm sido utilizados há várias décadas, não com o
propósito de estocar CO
2
, necessitando, portanto, de aperfeiçoamentos e adaptações
para essa nova aplicação.
Existem diversas formas de realizar o seqüestro de CO
2
, no entanto para
ser considerado uma alternativa eficaz devem ser atendidos os seguintes aspectos:
- Ser efetivo e economicamente competitivo;
- Ter estabilidade e longo tempo de estocagem;
- Ser benéfico ao meio ambiente.
Para ser economicamente viável, a captura de CO
2
deve ser realizada em
locais que contenham fontes emissoras expressivas de dióxido de carbono à
atmosfera. As maiores fontes de CO
2
estão relacionadas à utilização de combustíveis
fósseis como o carvão na geração de energia elétrica. No entanto, algumas atividades
industriais são fontes potenciais de emissão deste gás ao meio ambiente, como por
exemplo, na produção da uréia.
3.4.1 Estocagem de Carbono
O CO
2
pode ser armazenado em reservatórios de óleo e gás depletados,
camadas de carvão, formações salinas profundas, oceanos, aqüíferos, florestas, e em
reservatórios ativos de óleo (EOR).
38
Um dos aspectos importantes a serem considerados é o período de
estocagem de carbono, que deve exceder o período estimado de máxima utilização
dos combustíveis fósseis, de forma que, se o CO
2
re-emergir na atmosfera isto deve
ocorrer após o pico previsto para a concentração de CO
2
na atmosfera (cerca de 50
anos). A Figura 3.7 exibe algumas opções de estocagem de CO
2
.
Figura 3.7. Opções para estocagem de CO
2
.
Fonte: Adaptado de WALLACE, [2000].
3.4.2 Estocagem em reservatórios geológicos
3.4.2.1 Camadas de Carvão (Coalbed)
Neste tipo de sistema o CO
2
é injetado em minas de carvão, podendo realizar-
se conjuntamente à recuperação do gás metano. Os gases presentes nas camadas
de carvão são chamados na literatura internacional de Coalbed Methane (CBM),
sendo um gás natural, gerado e/ou armazenado em carvão in situ e composto
principalmente de gases combustíveis no qual o metano é predominante. Por efetuar
a recuperação do metano, este processo proporciona benefícios econômicos,
amenizando os custos de implementação da captura de CO
2
. Para que a captura seja
eficiente, as minas de carvão devem apresentar certas características que serão
comentadas posteriormente neste trabalho.
Coalbeds
camadas de
Carvão
Reservatório de gás e
óleos
Aqüíferos salinos profundos
Centrais Termelétricas com
a captura de CO
2
Oceanos
Transporte
Trans
p
orte
39
3.4.2.2 Reservatórios ativos de óleo (EOR)
EOR é a prática de injetar o gás CO
2
em reservatórios de óleo subterrâneos
esgotados a fim de deslocar e recuperar maior quantidade de óleo do que
normalmente seria possível. Nestas formações à altas pressões, o CO
2
e o óleo
tornam-se completamente miscíveis, conduzindo à recuperação altamente eficiente
do óleo. Injetar CO
2
em reservatórios de óleo poderá aumentar o rendimento da
produção de óleo, trazendo benefícios econômicos, o que acarretará na redução dos
custos de implementação do sistema de captura.
3.4.2.3 Aqüíferos salinos profundos
Os aqüíferos salinos profundos têm em sua composição basicamente águas
salinas e rochas impermeáveis, que se dentro de determinados limites de temperatura
e pressão poderiam armazenar CO
2
, o qual poderia ser injetado diretamente nos
aqüíferos (CIRES, [2006]). Em algumas formações, o CO
2
pode reagir com alguns
minerais na água ocorrendo a formação de carbonatos, tornando-se rochas
permanentes (WALLACE, [2000]).
3.4.2.4 Oceanos
Estão sendo realizadas pesquisas para saber a viabilidade de injetar CO
2
em
altas profundidades no oceano. Ainda não existem conclusões expressivas a respeito
da integridade deste tipo de estocagem. Existem modelos computacionais que
sugerem que cerca de 80% do CO
2
injetado em profundidades de 3000 metros
podem ser conservados por mais de 500 anos. O CO
2
injetado na forma líquida em
profundidades superiores a 3000 metros pode ser conservado por mais tempo
(WALLACE, [2000]).
40
3.4.3 Formas alternativas de seqüestro
3.4.3.1 Fertilização dos Oceanos
O fitoplâncton marinho é a base de produção da matéria orgânica no mar e
constitui o ponto de partida de todas as cadeias alimentares. O fitoplâncton consegue
fixar cerca de 45 Giga toneladas de carbono orgânico por ano (CIRES, [2006]). Um
dos nutrientes necessários para o crescimento do fitoplâncton é o ferro, desta forma,
existem estudos para fazer uma fertilização com ferro dos oceanos, aumentando
assim a produtividade dos fitoplâctons e conseqüentemente utilizá-los como forma de
seqüestro de carbono.
Entretanto, os impactos das injeções de CO
2
para ecossistemas marinhos em
grandes áreas oceânicas, a longo prazo, ainda são desconhecidos (ESTADÃO,
[2006]).
3.4.3.2 Agricultura
O solo é a maior reserva de carbono do sistema terrestre, perdendo apenas
para os oceanos. No entanto, as queimadas das florestas e a retirada incorreta da
vegetação para as práticas de agricultura, ocasionam perdas significativas de carbono
através da exposição ao ar da matéria orgânica do solo. Além disso, a retirada da
cobertura vegetal e o manejo incorreto podem ocasionar a perda do solo por erosão.
Para evitar a erosão do solo é realizado o sistema de plantio direto que se
caracteriza pela ausência de revolvimento do solo e cobertura de pelo menos 30% de
sua superfície com resíduos vegetais (SILVA; RANGEL; GUILHERME, [2006]). Esta
atividade contribui para a agregação do carbono no solo, podendo ser considerada
uma prática de seqüestro do carbono atmosférico.
Outro fator importante é a redução do tempo de cultivo, que pode impedir a
perda de matéria orgânica do solo e diminuir as emissões ocasionadas pela
agricultura.
Entretanto, para que no futuro se considere as práticas do campo como uma
forma de seqüestro de carbono, ainda é necessária a realização de estudos mais
aprofundados.
41
3.5 Captura de CO
2
Em princípio, o CO
2
pode ser capturado em qualquer instalação que use
combustíveis fósseis ou biomassa, desde que a escala de emissões seja grande o
suficiente. Na prática, somente três áreas são interessantes: a geração de eletricidade
(incluindo co-geração), processos industriais e processamento de combustíveis.
Emissões de outras fontes (transporte, agricultura, serviços e residencial) são muito
dispersas tornando a captura inviável.
Medidas alternativas tais como aumento de eficiência energética, uso de
energias renováveis, e maior uso de hidrogênio (produzido em plantas centralizadas e
dotadas de tecnologias de captura de CO
2
) podem ser melhores opções para esses
setores.
Como a produção de energia é responsável por 29% das emissões globais de
CO
2
, a captura de carbono nas plantas de geração de eletricidade que utilizam
combustíveis fósseis se apresenta inicialmente como o mais promissor setor para a
aplicação dessas tecnologias de captura. Em menor extensão, o CO
2
também pode
ser capturado durante a produção de ferro, aço, cimento, produtos químicos e papel,
e ainda no refino de óleo, processamento do gás natural e produção de combustíveis
sintéticos (tais como hidrogênio e no transporte de combustíveis líquidos produzidos a
partir de gás, carvão e biomassa).
O CO
2
pode ser capturado antes ou depois da combustão, usando
diferentes tecnologias existentes e emergentes. Nos processos convencionais, o CO
2
é capturado a partir dos gases produzidos durante a combustão (captura pós-
combustão). Também é possível converter combustíveis hidrocarbonetos em CO
2
e
hidrogênio, remover o CO
2
da corrente gasosa e utilizar o hidrogênio como
combustível limpo (captura pré-combustão).
Na geração de eletricidade a captura de CO
2
é mais eficiente quando
utilizada em combinação com plantas de alta eficiência em larga escala. Para centrais
térmicas a carvão, o IGCC associado a tecnologias de absorção física para captura
de CO
2
no estágio de pré-combustão é considerado promissor. A queima de carvão
em sistemas supercríticos ou ultra-supercríticos associada às tecnologias de captura
pós-combustão ou vários tipos de oxyfueling (substituição do ar combustível por
oxigênio) podem tornar-se alternativas possíveis (IEA, 2004).
42
3.5.1 Métodos de Captura
Os métodos mais comumente utilizados para a captura de CO
2
são:
separação por membranas, destilação criogênica, adsorção, absorção química e
física.
A Figura 3.8 exibe de forma resumida os métodos mais conhecidos de
captura e suas técnicas utilizadas, os quais serão discutidos posteriormente:
Figura 3.8. Tecnologias de captura de CO
2
.
3.5.1.1 Sistemas de membrana
As membranas são estruturas porosas ou semi-porosas, através das quais
algumas espécies químicas penetram mais facilmente do que outras. A separação de
gases por membrana ocorre a partir das interações físicas ou químicas entre o gás e
a membrana, fazendo com que alguns componentes do gás passem através da
membrana mais rapidamente do que outros. A Figura 3.9 exibe um esboço geral do
funcionamento do sistema de separação por membrana.
43
Figura 3.9. Separação com Membrana.
Fonte: Adaptado de IPCC, 2005.
A seletividade da membrana está diretamente relacionada com o tipo de
material que a compõe. O fluxo de gás que passa através da membrana é dirigido,
geralmente, pela diferença da pressão existente na membrana. Conseqüentemente,
para este tipo de separação são utilizadas correntes de ar em alta pressão. Existem
diversos tipos de matérias permeáveis de origem polimérica, metálica ou cerâmica
que podem ser aplicadas em sistemas de captação do CO
2
. Estas membranas são
utilizadas para separar preferencialmente H
2
de gás combustível, CO
2
de processos
com altas vazões ou O
2
do ar, o que facilita a formação de um fluxo altamente
concentrado do CO
2
.
Para a utilização deste sistema é necessária a realização de múltiplos
estágios e/ou reciclo das correntes de gás, o que torna o sistema complexo, pois
existe um elevado consumo de energia e conseqüentemente ocorre a elevação dos
custos.
3.5.1.2 Destilação Criogênica
Processo no qual o fluxo de gás é liquefeito passando por uma série de
compressores onde posteriormente será realizada uma refrigeração a baixa
temperatura, onde possa ocorrer a separação por destilação. O CO
2
líquido resultante
pode então ser removido.
Processo extensamente utilizado comercialmente para a purificação de CO
2
de fluxos de gás que contenham altas concentrações de CO
2
(> 50%) (GUPTA;
COYLE; THAMBIMUTHU, 2003). O processo de refrigeração envolve uma grande
quantidade de energia, não sendo viável a aplicação deste sistema a grandes escalas
44
industriais. A aplicação deste sistema é indicada a gases de alta pressão e
concentração, por isso é mais indicado a sistemas de pré-combustão e oxyfuel
(sistemas onde o combustível é o oxigênio).
3.5.1.3 Adsorção
A adsorção é o processo de concentração de substâncias gasosas ou líquidas
em um sólido. Chama-se de adsorvato a substância que é adsorvida e adsorvente ou
substrato o material sólido que retém o adsorvato.
O processo de adsorção ocorre devido às forças intermoleculares entre o
CO
2
de um determinado fluxo de gás com uma superfície de um material que permite
a separação por adsorção. A seletividade de adsorção dos gases está diretamente
relacionada com a temperatura do sistema, pressão parcial do gás, forças de
superfície, tamanho dos poros do adsorvente.
A superfície adsorvente é composta por moléculas com grandes poros
como, por exemplo, carbono ativado e zeolitas e estão normalmente dispostas em
formas compactas, como uma esponja (packet bed) de partículas esféricas.
O processo de adsorção opera com ciclo repetido de dois estágios:
1) O gás entra no sistema e passa nos packet bed que adsorvem o CO
2
e
permitem que os outros gases continuem a passar;
2) Quando o packet bed está totalmente preenchido de CO
2
o gás continua a
ser alimentado para outros packet bed vazios. Os packet bed completos vão
para a etapa de regeneração para recuperar o CO
2
adsorvido.
Existem três tipos de adsorção aplicáveis para este tipo de captura:
- Adsorção por troca de pressão (PSA) – o adsorvente é regenerado pela
redução de pressão.
- Adsorção por troca de temperatura (TSA) - o adsorvente é regenerado com
o aumento de temperatura.
- Adsorção por troca elétrica (ESA) - a regeneração do adsorvente é
realizada passando uma corrente elétrica de baixa voltagem no adsorvente.
45
Além destas técnicas, existem estudos em escala de bancada e piloto da
combinação das técnicas TSA e PSA, conhecida como PSTA (GUPTA; COYLE;
THAMBIMUTHU, 2003). A ESA ainda não é utilizada comercialmente, no entanto,
existe interesse neste estudo visto que o consumo de energia é menor quando
comparado às outras técnicas.
Os processos de adsorção ainda não são considerados atrativos para a
separação em grande escala do CO
2
, pois existe um limite de capacidade e
seletividade dos adsorventes de CO
2
. Entretanto, este processo pode ser bem
sucedido quando utilizado em combinação com outras tecnologias de captação
(ESRU, 2003).
3.5.1.4 Absorção
A absorção é o processo de concentração de uma substância líquida ou
gasosa em um solvente líquido. No sistema de captura, o CO
2
é retido em um
determinado solvente. A absorção pode ser um fenômeno puramente físico ou pode
envolver a solubilização do componente em um solvente seguida por uma reação com
um ou mais constituintes do solvente.
Os processos de absorção química são tecnologias conhecidas. Um exemplo
é a gaseificação de refrigerantes, chamada de processo de carbonatação. A
recuperação do CO
2
pode ser realizada em correntes onde a pressão parcial do gás é
baixa e o solvente pode ser recuperado em uma outra coluna e recirculado no
processo. Para a separação do CO
2
da corrente gasosa é necessário o fornecimento
de energia, já que há a necessidade de reverter uma reação química, o que pode
ocasionar o aumento dos custos do processo. A absorção química será melhor
discutida no item 3.6.
No processo de absorção física os solventes possuem afinidades físicas e são
comumente chamados na literatura como solventes físicos. Segundo Neves (2007),
utiliza-se a absorção física em correntes gasosas que apresentam elevadas pressões
parciais de CO
2
, por esta condição favorecem a absorção física. Neste processo
apenas um vaso de flash é necessário para a separação do CO
2
do solvente.
Na absorção física as partículas absorvidas estabelecem interações do tipo
Van der Waals, que apesar de serem interações de longo alcance, são fracas, não
46
formam ligações químicas e estão geralmente associadas a pequenas entalpias de
absorção.
As técnicas desenvolvidas para a absorção física são similares as de
absorção química, sendo um processo utilizado na separação do CO
2
em gás natural
e indústrias químicas. A capacidade do solvente absorver o gás é função da pressão
parcial, seguindo a lei de Henry (para misturas de gases ideais). Obtendo-se desta
forma, uma dependência linear da concentração na fase líquida com a pressão parcial
do gás.
Normalmente os solventes físicos são estáveis tendo uma boa capacidade de
absorção de CO
2
e uma baixa capacidade para a remoção de outros constituintes
primários do fluxo de gás. Sua origem é preferencialmente orgânica, eles devem ter
alto ponto de fusão e baixa pressão de vapor a temperatura ambiente. Além disso,
devem possuir baixa viscosidade, baixa ou moderada higroscopicidade e serem
pouco corrosivos.
A vantagem da utilização destes solventes é que o CO
2
pode ser separado
por uma torre de absorção (stripper) somente com a redução da pressão, utilizando
pouca energia. O custo de operação é menor quando comparado à absorção química.
No entanto, a capacidade de absorção do solvente é inferior aos solventes químicos,
fazendo com que a taxa de circulação do solvente seja bem inferior, obtendo assim
custos superiores à absorção química (GUPTA; COYLE; THAMBIMUTHU, 2003). O
Quadro 3.1 compara resumidamente os solventes físicos e químicos:
Quadro 3.1. Comparação entre solventes físicos e químicos para a absorção do CO
2
.
Solventes Físicos Solventes Químicos
Capacidade proporcional à pressão parcial
do CO
2
Capacidade independente da pressão parcial do CO
2
Baixo calor de absorção Alto calor de absorção
Dessorção por flash Necessita de calor para a dessorção
Dificuldade de remover o CO
2
completamente
Reduz a baixos níveis o teor de CO
2
em correntes
gasosas
Fonte: Neves, 2007.
47
3.6 Absorção Química
A absorção química vem sendo extensamente usada para a retirada de CO
2
de correntes gasosas em processos industriais. Desde 1929 já existiam plantas
industriais que utilizavam a monoetanolamina (MEA) para capturar CO
2
. Apesar de
ser um processo relativamente caro, os processos de absorção podem ser lucrativos
devido à possibilidade de comercialização do CO
2
capturado.
A absorção química refere-se aos processos onde um gás é absorvido em um
solvente líquido pela formação de um composto quimicamente ligado. Quando
utilizado em usinas térmicas para capturar CO
2
em sistemas de pós-combustão de
CO
2
, o gás de combustão é borbulhado através do solvente em uma coluna
absorvente empacotada. Em seguida o solvente passa através de um regenerador
onde o CO
2
absorvido é expulso (stripped) do solvente utilizando vapor em contra-
corrente a 100 - 120C. O vapor d´água condensa, originando um fluxo de CO
2
de alta
concentração (>99%), que pode ser comprimido para utilização comercial ou
estocagem. O solvente pobre é refrigerado a 40 – 65 °C e reciclado na coluna
absorvente (HERZOG; GOLOMB, 2004).
Segundo Neves (2007), a absorção química também pode ser dividida em
duas categorias: a primeira refere-se aos processos de soluções aquosas de
alcanolaminas, onde soluções de aminas relativamente concentradas são
empregadas durante a absorção; uma segunda categoria é formada por processos
que usam soluções de carbonato de potássio, com técnica e equipamentos
semelhantes aos utilizados nos processos com soluções de aminas.
Soluções de carbonatos têm sido extensamente usadas na produção de
amônia devido à sua baixa exigência de energia para regeneração do absorvente. No
entanto, como a concentração do CO
2
na corrente de gás não é suficientemente alta,
faz-se necessário outro método complementar para “limpeza” final semelhante às
soluções de MEA. Para minimizar este problema foram desenvolvidos aditivos que
aumentaram a capacidade de absorção e diminuírem a corrosão.
Iniciou-se utilizando ativadores arsênicos que são altamente tóxicos, mudando
mais tarde para ativadores baseados em glicerina, os quais são menos tóxicos.
Segundo CULLINANE (2005), os solventes considerados mais efetivos são as aminas
aquosas e os carbonatos de potássio conhecidos como hotpot. Existem uma grande
variedade de alcanolaminas utilizadas como absorvente, algumas inclusive são
48
especialmente desenvolvidas para esta finalidade. No entanto, a amina mais utilizada
em processos com pressões parciais mais baixas para captura de CO
2
é a MEA. Por
esta razão, a absorção de CO
2
por MEA (C
2
H
4
OHNH
2
) foi estudada com mais
intensidade, abordando aspectos como transferência de massa, termodinâmica,
corrosão e degradação de aminas. A reação principal do processo é:
(3.1)
Durante o processo de absorção a reação segue da esquerda para a direita
enquanto na regeneração a reação inversa ocorre. O resfriamento e o aquecimento
do solvente, o bombeamento e a compressão requerem energia do ciclo térmico da
usina, diminuindo a eficiência térmica do sistema.
A principal vantagem deste tipo de solvente é que podem alcançar baixos
níveis de gás carbônico residual com uma instalação simples e relativamente barata.
A principal desvantagem deste tipo de solução é a formação de carbamato em vez de
carbonato (NEVES, 2007). Os carbamatos ou uretanos são um grupo de compostos
orgânicos que compartilham de um mesmo grupo funcional, cuja estrutura é
NH(CO)O
-
.
Os carbamatos são ésteres do ácido carbâmico, NH
2
COOH, um composto
instável, e são altamente corrosivos, sendo esse problema acentuado nas partes mais
quentes da unidade. Este fato conduziu ao uso de aminas que formem produtos
menos estáveis com gás carbônico, como a dietanolamina (DEA). Devido a isto, o
desenvolvimento tecnológico de processos de MEA tem sido relacionado aos aditivos
que diminuam seu comportamento corrosivo.
O mecanismo das reações do CO
2
com as aminas é bastante complexo não
sendo de fácil compreensão. As reações do CO
2
podem ser representadas pelas
Equações 3.2 a 3.4 (ASTARITA et. al apud NEVES, 2007), nas quais as aminas são
representadas por RNH
2
:
Formação do Carbamato:
CO
2
+ 2RNH
2
Æ RNHCOO
-
+ RNH
+
3
(3.2)
49
Formação do Bicarbonato:
CO
2
+ RNH
2
+ H
2
O Æ RNH
+
3
+ HCO
-
3
(3.3)
Reversão do Carbamato:
RNHCOO
-
+ CO
2
+ 2H
2
O Æ RNH
+
3
+ 2HCO
-
3
(3.4)
Nestas reações, um dos parâmetros mais importantes a considerar é a
estabilidade do íon carbamato formado (RNHCOO
-
), onde R no caso da MEA é o
radical HO–CH
2
CH
2
–. Esta estabilidade é responsável pela alta energia necessária
para a regeneração da MEA, com liberação do CO
2
absorvido e, em última instância,
pelo alto consumo de energia do processo. Nestes termos, a entalpia da reação é um
parâmetro importantíssimo que traduz esta necessidade de energia.
Segundo Neves (2007), a reação de formação do carbamato (Equação 3.2)
tem sido bastante estudada. Acredita-se que seu mecanismo dá-se em duas etapas,
apresentadas nas Equações 3.5 e 3.6, sendo que a determinante (lenta), (Equação
3.5) é a formação do zwitterion (RN
+
H
2
COO
-
). A formação do bicarbonato (Equação
3.3) pode ser explicitada apenas pela Equação 3.7. No entanto, a cinética de
formação do bicarbonato em presença de MEA sugere ainda que mais de um
mecanismo está envolvido (Equação 3.5).
CO
2
+ RNH
2
ÆRN
+
H
2
COO
(3.5)
RN
+
H
2
COO
-
+ RNH
2
Æ RNHCOO
-
+ RNH
3
-
(3.6)
CO
2
+ OH
-
Æ HCO
3
-
(3.7)
A principal evidência experimental para a existência desta reação é o fato de
se obter a absorção de CO
2
em MEA em relações molares CO
2
/MEA superiores a 0,5,
que é a relação estequiométrica máxima estabelecida pela Equação 3.2 (Neves,
2007).
Existe uma grande variedade de tipos de aminas que podem ser utilizadas
nos processos de absorção de CO
2
(CULLINANE, 2005). As aminas mais comumente
utilizadas neste processo estão apresentadas na Tabela 3.7.
As aminas são compostos em que um ou mais grupos alquilo ou arilo estão
ligados a um átomo de Nitrogênio. De acordo com as ligações as aminas podem ser
50
primárias: (RNH
2
), secundárias: (R
1
R
2
NH) ou terciárias: (R
1
R
2
R
3
N). Em operações
onde a pressão é atmosférica, a MEA (amina primária) é melhor empregada como
solvente, devido sua maior afinidade com o CO
2
que as demais aminas.
Tabela 3.7. Principais Aminas utilizadas nos processos de absorção de CO
2
.
Classe Nome (Abreviação) Estrutura
Monoetanolamina (MEA)
Amina Primária
Diglycolamina® (DGA)
Dietanolamina (DEA)
Amina Secundária
Diisopropanolamina (DIPA)
Trietonolamina (TEA)
Metildietonolamina (MDEA)
Amina Terciária
Isobutanolamina® (AMP)
Fonte: CULLINANE, 2005.
A escolha do solvente a ser utilizado no sistema de absorção é uma etapa
importante na aplicação da técnica de captura, pois o custo de implementação do
sistema mais significante está relacionado com a energia requerida para a
regeneração do solvente, que equivale a 49% do custo total (CULLINANE, 2005).
A energia de regeneração pode ser estimada basicamente pelas propriedades
dos solventes como a capacidade de absorção, calor de absorção e a taxa de
absorção.
A capacidade de absorção é definida como a quantidade de CO
2
absorvida
por unidade do solvente. A capacidade de absorção define a concentração total de
CO
2
que está dentro das pressões parciais de equilíbrio, refletindo nas características
do equilíbrio líquido-vapor do solvente. Uma alta capacidade significa que o CO
2
pode
ser absorvido com uma determinada energia.
Quando o CO
2
reage com o solvente de absorção ocorre à liberação de calor.
Uma quantidade de calor deve ser aplicada para inverter a reação e para remover o
CO
2
da solução após a absorção.
Melhorar a taxa de absorção do CO
2
em um solvente tem um impacto direto
no processo. Uma taxa de absorção mais elevada permite a redução do fluxo do
51
solvente ou uma redução na altura da coluna, ocorrendo uma economia referente ao
tempo que o solvente leva para passar, à diminuição da pressão, e ao calor latente.
Um solvente com as suas propriedades modificadas para ser aplicado na
captura do CO
2
pode resultar em economias significativas da energia. O desempenho
de solventes potenciais deve ser comparado e selecionado de acordo com as
melhorias feitas nas propriedades acima mencionadas.
A MEA é um solvente geralmente utilizado, porém muitos aditivos estão sendo
estudados para melhorar seu desempenho. Alguns solventes como o carbonato de
potássio apresentam menor calor de regeneração e maior razão de absorção de CO
2
,
no entanto, aspectos como a resistência à degradação, corrosão e volatilidade são
inferiores ou ainda não estão com a eficiência totalmente comprovada em relação as
aminas (NEVES, 2007).
3.7 Estimativa de custos envolvidos no CCS
A Agência Internacional de Energia (IEA), em 2004, apresentou um extenso
relatório indicando que os futuros custos da captura, transporte e estocagem de CO
2
dependem de quais tecnologias serão utilizadas, como será aplicada, com que
velocidade os custos caíram em função dos resultados de P&D (inovação) e preço
dos combustíveis.
Como a aplicação da captura requer o uso de mais energia, repercutindo em
uma maior produção de CO
2
, o custo da mitigação por tonelada de CO
2
emitido é
maior do que o custo da captura e estocagem. Os custos envolvidos na captura
podem ser expressos basicamente pela grande perda de eficiência energética do
processo. Se forem adotados sistemas para aumentar a eficiência das usinas, a
diferença entre os dois custos diminuirá com o aumento da eficiência energética na
captura.
No estágio atual do conhecimento, o custo total da CCS pode variar de US$
50 - 100 por tonelada de CO
2
(IEA, 2004). Esses valores podem cair
significativamente no futuro, chegando a US$ 25 - 50 por tonelada de CO
2
em 2030
(IEA, 2004).
O custo da CCS pode ser dividido no custo individual dos processos envolvido
(captura, transporte e estocagem). As estimativas correntes de sistemas de captura
em larga escala (incluindo a pressurização de CO
2
) estão em torno de US$ 25-50 por
52
tonelada de CO
2
. Se os ganhos futuros em eficiência forem levados em conta, o custo
cai para US$ 10 - 25/ t CO
2
para plantas a carvão e US$ 10 - 25/ t CO
2
para plantas a
gás, nos próximos 25 anos.
No transporte de CO
2
, o custo dos dutos depende fortemente dos volumes
transportados e, em menor escala, nas distâncias envolvidas. Em grande escala,
estima-se o custo de US$ 1 - 5/ t CO
2
por 100 km. Se o CO
2
for transportado em
tanques (navios/trens) o custo cai para US$ 15 - 25/ t CO
2
para distância de 5.000
km.
O custo de estocagem de CO
2
depende de sua localização e do método de
injeção escolhido. Em geral, US$ 1 - 2/ t CO
2
, custo marginal comparado à captura e
transporte. Os ganhos pelo aumento da produção de óleo (até US$ 55/ t CO
2
) e
metano podem pagar todos os custos do CCS. Entretanto, esses potenciais são muito
variados e não são aplicáveis à maioria dos projetos CCS. Ainda existem os custos
associados ao monitoramento e verificação dos locais de estocagem. No entanto,
estes custos são bastante inferiores aos demais custos envolvidos (IEA, 2004).
Apesar dos custos envolvidos, a utilização racional dos processos CCS
permitirá o uso de combustíveis fósseis com a concomitante redução das emissões
de CO
2
e, consequentemente, mitigando os efeitos das mudanças climáticas.
53
4 ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE CO
2
PELA QUEIMA DE CARVÃO
PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA
4.1 Metodologia para o cálculo de emissões a partir da combustão de carvão
no Brasil
Uma das grandes dificuldades da realização de inventários de emissão de
carbono diz respeito à disponibilidade e à qualidade dos dados necessários para os
cálculos. Como a quantificação destes dados é imprescindível para a tomada de
decisão referente à implementação de um sistema de captura de CO
2
, foi proposta
uma metodologia para os cálculos de emissões que contemple de forma mais ampla a
quantidade de carbono (ou CO
2
) emitido na atmosfera.
Para a realização destes cálculos foram utilizadas diversas fontes de dados
referentes às quantidades de combustíveis, primários (carvão) e secundários (óleo
combustível e diesel), bem como às características desses combustíveis (umidade,
poder calorífico inferior (PCI), teor de carbono, coeficientes de emissão). Além desses
parâmetros gerais, para as usinas termelétricas foram também utilizados dados
referentes à energia gerada e ao custo dos combustíveis, obtidos junto à Eletrobrás
(2007).
Também foi realizado um levantamento detalhado do consumo dos carvões
energéticos pelos principais consumidores (termelétricas e indústrias) referente ao
ano de 2002, período mais recente para o qual se tem dados detalhados e oficiais. Os
resultados obtidos são comparados com a metodologia utilizada pelos Inventários de
emissões oficiais brasileiros realizados pelo MCT (BRASIL, 2002). A eficiência do
processo de queima utilizado é feita para cada uma das usinas termelétricas
estudadas. A emissão de carbono a partir de termelétricas a carvão calculada será
comparada com a metodologia do IPCC (2007) que foi utilizada por uma empresa de
MDL brasileira.
54
A emissão de CO
2
por fontes industriais é importante, pois algumas indústrias
também utilizam a combustão carvão para a geração de energia. A comparação com
as usinas termelétricas torna-se essencial na etapa de determinação da fonte
emissora.
O consumo das fontes industriais é estimado a partir dos dados do Balanço
Energético Nacional (2003) e de trabalhos realizados pela Organização Economia e
Energia, que realiza estudos relacionados à energia em parceria com órgãos públicos
como os Ministérios de Minas e Energia (MME) e de Ciência e Tecnologia (MCT).
Dados atualizados relacionados às características do carvão foram obtidos por Pires
(2004) junto às empresas consumidoras e produtoras de carvão. Na ausência de
dados específicos foram utilizados os dados de enquadramento de alguns carvões
energéticos (CE) conforme classificação do DNPM (MÜLLER et al., 1987).
O procedimento geral de cálculo seguiu a metodologia indicada para a
construção de inventários nacionais dos gases responsáveis pelo efeito estufa,
recomendado pelo IPCC (2000).
4.1.1 Estimativa dos parâmetros utilizados nos cálculos de emissão de
carbono
A metodologia proposta adotou algumas premissas importantes para efeito do
cálculo das emissões que serão discutidas no decorrer deste item. Segundo as
recomendações IPCC (2000) a quantidade de todos os combustíveis consumida deve
ser convertida de suas unidades originais (t, m
3
, kg, etc...) em unidade de energia
(Terajoule). Para essa conversão utilizando o Poder Calorífico Inferior (PCI) do
carvão, normalmente expresso em base seca, é a quantidade consumida (toneladas)
que deve também estar expressa em base seca.
O poder calorífico do combustível (quantidade de calor em unidades de
energia que é liberada de um quilograma de combustível) utilizado nos cálculos é o
Poder Calorífico Inferior que corresponde aos processos de troca térmica que
efetivamente ocorrem durante a combustão. Quando somente o Poder Calorífico
Superior (PCS) for conhecido, o IPCC (2000) recomenda utilizar um fator de
conversão para combustíveis sólidos, como o carvão (PCI = 0,95 x PCS). Segundo
Pires (2004), para os carvões nacionais, a conversão sugerida pelo IPCC pode trazer
55
erros significativos. Esse autor sugeriu a utilização da seguinte expressão empírica
para a estimativa do PCI a partir dos valores de PCS:
0,220,977.PCSPCI = (4.1)
A relação dada pela equação (4.1) foi obtida de maneira experimental por
Pires (2004), levando em consideração os diferentes tipos de carvão (95 amostras
estudadas dos carvões brasileiros), o que torna os cálculos de emissão mais
próximos do real (PIRES, 2004).
Na metodologia adotada no inventário brasileiro de emissões do MCT
(BRASIL, 2002), os cálculos foram realizados utilizando valores de consumo de
carvão em base úmida. Essa simplificação pode ocasionar erros significativos, pois o
carvão utilizado para fins energéticos possui teores de umidade variados, podendo
chegar a 20% (MÜLLER et al., 1987). Por isso, para a realização dos cálculos de
emissão, é necessária a conversão do consumo de carvão em base úmida (bu) para
base seca (bs) que pode ser facilmente realizada, desde que conhecido o teor de
umidade da amostra (ASTM, 1996).
4.1.2 Cálculo da emissão de Carbono
As estimativas de emissão de dióxido de carbono pela queima de carvão
geralmente são expressas a partir de Fatores de Emissão de Carbono (Carbon
Emission Factors - CEF). Os CEFs representam a relação entre a quantidade de
Carbono (ou CO
2
) emitida por unidade de massa de carvão queimado ou por
quantidade de energia utilizada ou gerada por essa queima (PIRES, 2004). No
inventário nacional, os cálculos de emissão foram realizados utilizando o CEF fixo
igual a 25,8 Gg C/TJ, valor recomendado pelo IPCC (2000) para carvões sub-
betuminosos quando não são conhecidos os valores específicos para os carvões
utilizados. Neste trabalho serão utilizado os CEFs calculados experimentalmente no
trabalho de PIRES (2004) para os principais carvões energéticos nacionais, que estão
contidos na Tabela 4.1.
Além dos CEFs, a Tabela 4.1 apresenta dados de caracterização dos carvões
nacionais, como os teores de umidade, de carbono, PCI e PCS, em relação às
diferentes fontes de informação. O carvão é classificado de acordo com o tipo de
56
utilização e PCS (MÜLLER, 1987). O teor de cinzas é também apresentado como
parâmetro auxiliar de verificação da qualidade dos carvões nacionais. Quanto maior o
teor de cinzas menores o teor de carbono e poder calorífico do combustível. Portanto,
maiores quantidades de carvão de baixa qualidade devem ser utilizadas para gerar a
mesma quantidade de energia, o que também afeta a eficiência da combustão e
assim por diante.
Tabela 4.1. Dados de caracterização dos principais carvões energéticos brasileiros conforme
diferentes fontes de informação.
Carvão
Cinzas
(%, bs)
Umidade
(%)
C
(%,bs)
PCS
(kcal/kg, bs)
PCI
(kcal/kg, bs)
CEF
(GgC/TJ)
Fonte a a b b a c b d b e b
CE3100 57 15 14,12 34,5 2.950 3.100 3.074 2.945 3.003 25,8 25,32
CE3300 54 17 15,89 37,6 3.150 3.300 3.096 3.135 3.025 25,8 25,07
CE3700 47 15 14 36,4 3.700 3.700 3.750 3.515 3.664 25,8 25,32
CE4200 40 19 15 45,5 4.200 4.200 3.960 3.990 3.869 25,8 24,73
CE4500 43 10 7,06 47,1 4.500 4.500 4.600 4.275 4.494 25,8 24,65
CE4700 35 19 49,6 4.700 4.700 4.186 4.465 4.090 25,8 24,59
CE5200 35 10 4 53,7 5.200 5.200 5.249 4.940 5.128 25,8 24,59
CE5900 22 20 5.900 5.996 5.600 5.935 25,8 24,41
CE6000 25 15 61,6 5.700 6.000 6.075 5.700 5.935 25,8 24,22
*C – teor de carbono orgânico elementar, PCS e PCI – Poder calorífico superior e inferior,
respectivamente. CEF – Coeficientes de emissão de carbono.
Fonte: – a: MÜLLER et al. (1987); -b: PIRES, (2004); -c: BRASIL (2003); -d: BRASIL, 2006b; -e:
BRASIL, 2002.
No processo de queima existe uma fração de carvão que não é oxidada. O
IPCC (2000) indica que a fração oxidada é de aproximadamente 98% para
combustíveis sólidos. Esse valor médio proposto certamente não deve ser atingido
por usinas termelétricas de tecnologia defasada ou que utilizam carvões de baixa
qualidade, como é o caso de algumas usinas brasileiras. Entretanto, como ainda não
existem muitos estudos para a determinação experimental deste valor, este trabalho
adotará a recomendação do IPCC (2000).
O cálculo de emissão de carbono (equação 4.2), expresso geralmente em Gg
C por ano, é realizado pelo produto entre a energia contida no combustível (TJ) pelo
CEF, específico para cada tipo de carvão, dividido pela fração oxidada, com as
devidas mudanças de unidades.
57
1000.φ
(TJ)
.PCI
)
1
(TC.TJ
CEF
)
1
C.ano (Gg
Emissão
=
(4.2)
Onde ϕ corresponde às frações oxidadas do carvão, igual a 0,98.
Para expressar os resultados em CO
2
ao invés de carbono (C), realiza-se
apenas a conversão por meio das massas atômicas moleculares respectivas (44 e
12).
4.1.3 Cálculos específicos para Termelétricas
4.1.3.1 Cálculo da energia de entrada (input)
As emissões de carbono ou CO
2
gerados em termelétricas estão relacionadas
não somente com a emissão pela queima do carvão, mas também com a emissão
pela queima de combustíveis secundários, como óleos combustíveis e diesel,
utilizados para dar inicio ao processo de queima.
A energia que entra (input) no sistema é determinada pela relação direta entre
o consumo de combustível e seu poder calorífico inferior. Quando se refere ao carvão
o consumo deve ser utilizado em base seca. Já os óleos combustíveis e diesel não
possuem variações significativas em sua composição, não contendo teores
significativos de umidade Seu poder calorífico não sofre oscilações significativas. O
PCI do óleo combustível e do diesel são 41,34 e 42,49 MJ/kg, respectivamente (IPCC,
2000). No entanto, é necessário atentar-se às transformações de unidades. A energia
total no sistema é obtida pela soma das entradas individuais de energia dos
combustíveis utilizados (equação 4.3):
)ÓleoDiesel(Carvão
(Total)
energia Input
++= (4.3)
A quantidade de energia que entra (input) no sistema de queima das
termelétricas a partir do carvão é determinada a partir da equação 4.4:
58
3
10
kg
J
6
10
(t).PCI
(bs)
consumo
(TJ)
energia (Input Carvão
=)
(4.4)
O consumo de óleo diesel é obtido em 10
3
L (ELETROBRÁS, 2007) e o óleo
combustível em toneladas. A quantidade de energia que entra no sistema de queima
a partir do diesel é dada pela equação 4.5:
6
10
kg
J
6
10
.42,49
L
kg
L).0,852
3
consumo(10
)
(TJ)
energia (Input iesel
D
= (4.5)
Aonde 0,852 kg.L
-1
equivale a densidade do diesel.
Analogamente a quantidade de energia que entra no sistema de queima a
partir do óleo combustível é dada pela equação 4.6:
6
10
kg
J
6
10
4.1000.41,3consumo(t)
)
(TJ)
energia (Input leo
Ó
= (4.6)
Para relacionar a energia que entra no sistema com a energia que sai (
output)
é necessário realizar a conversão da energia de Terajoule para Megawatt-hora
(MWh). Para isto, foi utilizada a relação adotada internacionalmente, a qual o Balanço
Energético Nacional, já utiliza desde 2003, que indica que 1 kWh corresponde a 860
cal (BRASIL, 2006b).
4.1.3.2 Cálculo de emissões
O cálculo de emissões de carbono para as termelétricas (Gg C/ano) é obtido
pelo somatório das emissões de cada combustível utilizado. As emissões advindas da
queima do diesel e do óleo combustível são obtidas de maneira similar a do carvão,
descrito pela equação 4.2. No entanto, como as propriedades dos óleos não sofrem
grandes variações serão utilizado para o cálculo de emissões os valores dos CEFs,
59
indicados pelo IPCC (2000), de 21,1 tC/TJ para o óleo combustível e 20,2 tC/TJ para
o diesel. Para esses óleos a fração oxidada na reação de combustão corresponde a
99% (IPCC, 2000).
4.1.3.3 Estimativa de eficiência e fatores de emissão
A eficiência das termelétricas está diretamente relacionada com a quantidade
de carvão queimada em relação à quantidade de energia gerada, bem como ao tipo
de carvão utilizado na queima. Um carvão com maior poder calorífico consegue gerar
mais energia do que um carvão com poder calorífico menor. A eficiência pode ser
obtida de acordo com a equação 4.7:
100
Gerada Energia
consumida Energia
(%) ficiênciaE ×= (4.7)
Para verificar a eficiência dessas usinas em termos de emissão de carbono
pode-se calcular fatores de emissão de carbono, ou seja, a quantidade de carbono ou
CO
2
emitidos no processo de combustão em relação à energia gerada. A quantidade
de energia gerada foi obtida junto a Eletrobrás (2007). O fator de emissão utilizado
nesse trabalho foi calculado de acordo com a equação 4.8:
(MWh) Gerada Energia
2
tCO ou C) (Gg C de total Emissão
emissão Fator =
(4.8)
4.2 Emissões de carbono
A Tabela 4.2 exibe o consumo de carvão energético em bases úmida e seca,
o
input total de energia (carvão, óleos diesel e combustível) e a emissão de carbono
pelas termelétricas e por fontes industriais no Brasil, que utilizaram carvão como
combustível primário, no ano de 2002.
Tabela 4.2. Emissão de carbono por usinas termelétricas e fontes industriais que utilizam carvão como combustível primário referentes ao ano de 2002.
a
– O complexo Jorge Lacerda é constituído por três sistemas geradores (UTLA, UTLB e UTLC);
b
- Corresponde ao somatório da energia fornecida por
todos os combustíveis utilizados (carvão+óleo combustível+diesel) ;
c
- Estimativa efetuada seguindo a metodologia utilizada no 1º Inventário (2002);
d
Classificado de acordo com o tipo, Carvão e Energético (CE) juntamente com o seu poder calorífico superior teórico;
e
– a umidade de cada carvão, bem
como os demais parâmetros de qualidade, foram utilizados para os cálculos (MÜLLER et al., 1987; ECONOMIA ..., 2007),
f
–somatório das emissões de
outras fontes industriais, calculadas por tipo de carvão energético consumido.
Fonte: MÜLLER et al.(1987); ECONOMIA... (2007); BRASIL (2002).
Fonte Emissoras Carvão Input Energia Emissão Carbono
Nome UF Proprietário Capacidade Tipo
d
Umidade
e
Consumo Total (carvão+Oleos)
b
Este trabalho
Metod.
Oficial
c
Instalada
(%) (t/ano, b.s.) TJ (PCI) (%) (Gg C/ano) (Gg C/ano)
(MW) carvão
%
emissão
Candiota RS CGTEE 446 CE3300 15,89 1.385.936 18.326 95,8 447 25 576
Termochar RS Tractebel 72 CE3100 14,12 313.139 3.964 99,3 98 5 120
São Jerônimo RS CGTEE 20 CE4200 15,00 69.335 1.123 100,0 27 2 36
Jorge Lacerda
a
SC Tractebel 857 CE4500 7,06 2.058.405 38.925 99,6 940 52 1.055
UTLA 232 CE4500 7,06 546.434 10.416 98,9 251 15 280
ULTB 262 CE4500 7,06 908.009 17.152 99,8 414 25 466
UTLC 363 CE4500 7,06 603.961 11.375 100,0 275 17 310
Figueira PR Copel 20 CE6000 15,00 43.809 1.092 100,0 26 1 33
Subtotal Térmicas 1415 3.870.625 63.430 94,7 1.538 86 1.819
Sub-total Outros
f
var. 563,12 10.407 100,0 256 14 325
Total 4.433.745 73.837 98,6 1.794 100 2.144
A partir da metodologia adotada neste trabalho, constata-se que no Brasil,
foram emitidos 1.794 Gg C/ano a partir da queima de carvão em 2002, sendo que
destes, 86% são decorrentes das usinas termelétricas. O restante (256 Gg C/ano) é
emitido através de outros processos industriais, destacando-se o setor petroquímico e
de celulose no RS. Destaca-se a emissão do Complexo Jorge Lacerda que contribui
com 52% das emissões brasileiras pela combustão de carvão fóssil. Esse percentual
elevado era esperado, pois Jorge Lacerda é atualmente o maior complexo
termelétrico a carvão da América Latina, totalizando 857MW de capacidade instalada.
A usina de Candiota destaca-se como a segunda maior fonte, com 25% do
total de emissões. Esta contribuição é devida não só as quantidades significativas
consumidas (1.385.936 t/ano) de carvão de baixo poder calorífico (CE3300), mas
também ao volume significativo de diesel e óleo combustível usados. De fato,
Candiota é a usina que apresenta o maior percentual de combustíveis secundários
(4,2% do input de energia) no processo de combustão.
A usina da cidade de Figueira no Paraná é a termelétrica que possui o menor
percentual de emissão, 1% do total. Isto ocorre devido a pequena capacidade de
geração (20 MW) e a utilização de um carvão de melhor qualidade (CE6000), com
maior poder calorífico e baixo percentual de umidade. As outras duas usinas gaúchas
(Charqueadas e São Jerônimo) emitem juntas os restantes 7% do carbono lançados à
atmosfera.
Através dos dados da Tabela 4.2 também se observa que ocorre em
determinados casos diferenças significativas (médias - 20%) nos resultados de
emissão entre a metodologia proposta e a metodologia do MCT (BRASIL, 2002).
Cabe salientar que no 1º Inventário de emissões (2002) foram calculadas as emissões
correspondentes aos anos de 1990 a 1994 e que os dados apresentados na Tabela
4.2 foram estimados nesse trabalho utilizando a metodologia proposta no 1º
inventário.
A maior diferença verificada nas emissões de 2002 (-23%) corresponde aos
cálculos para a termelétrica de São Jerônimo (RS). Os valores superestimados pela
metodologia do 1º inventário se devem a diversos fatores. Na metodologia proposta
no presente trabalho foi considerado o valor de emissão dos combustíveis primários e
também dos secundários, além do teor de umidade; já nos cálculos do Inventário do
MCT os combustíveis secundários e o teor de umidade do carvão não foram
considerados. Como algumas usinas não utilizam apenas o carvão na combustão,
62
62
mas também os óleos combustíveis e diesel para gerar energia, isto pode acarretar
erros significativos.
Conforme citado anteriormente, a usina de Candiota utiliza no processo de
queima 95,8% de carvão, o restante são combustíveis secundários. Pela metodologia
proposta, caso não fossem considerados os combustíveis secundários, a diferença
entre os valores encontrados e os da metodologia MCT seria em torno de -23%.
Esses valores estão acima das imprecisões dos dados brutos (quantidades e
composição dos combustíveis, fatores de emissão entre outros) utilizados. Os erros
obtidos a partir da metodologia do 1º inventário podem ser atribuídos principalmente a
desconsideração do teor de umidade do carvão, ao uso de CEFs genéricos (valores
médios para carvões sub-betuminosos estrangeiros), bem como a valores de PCI
calculados de forma pouco precisa e baseados em PCS bastante diferentes dos
valores experimentais (PIRES,2004).
A Figura 4.1 exibe a relação entre a emissão de carbono (expressa em tCO
2
por MWh de energia produzida) com a eficiência energética dos processos de
combustão das usinas termelétricas brasileiras, a partir de metodologias propostas
por este trabalho e da literatura
Ecoinvest, Ecoenergy and Ecosecurities, (IPCC,
2007). O estudo de literatura foi realizado por uma empresa nacional, utilizando dados
brasileiros do sistema interligado Sul-Sudeste de geração de energia elétrica, visando
participação em projetos de MDL (IPCC, 2007).
Comparando as metodologias utilizadas pela empresa para projeto de MDL e
a utilizada neste trabalho é possível verificar que a quantidade de emissão é distinta
para a maioria das usinas térmicas, sendo similares apenas nas usinas de Candiota e
Termochar no Rio Grande do Sul. Nas usinas de São Jerônimo e Figueira, as
quantidades de carbono foram maiores pelos cálculos deste trabalho as demais foram
inferiores da calculada pelos dados de literatura. As discrepâncias devem ter ocorrido
pelo uso indevido de coeficientes de emissão não apropriados nos dados de literatura
aos carvões nacionais.
63
Figura 4.1. Fator de emissão de carbono por MWh e eficiência na geração de energia das usinas
termelétricas brasileiras a carvão em 2002.
Quanto à eficiência energética, o complexo Jorge Lacerda apresentou os
melhores resultados com as maiores eficiências (37%), tendo sido calculada para a
unidade C do complexo Jorge Lacerda, última unidade construída, possuindo
processos e controles mais modernos. Na média (32%), as quatro unidades do
complexo ainda estão além das usinas mais eficientes estrangeiras (>40%), porém a
diferença com as usinas nacionais de pior desempenho é significativa. A usina de São
Jerônimo possui uma eficiência inferior a 15%, e seu fator de emissão corresponde a
2,171 tCO
2
/MWh, maior fator de emissão de carbono entre as usinas brasileiras. A
segunda usina com menor eficiência, consequentemente com um fator de emissão
alto é a usina Figueira, que tem sua eficiência em torno de 19% e seu fator de
emissão é 1,670 tCO
2
/MWh. Já a usina de Candiota possui uma eficiência média de
25,3% e a sua emissão está em torno de 1,277 tCO
2
/MWh de energia gerada,
enquanto Charqueadas apresenta eficiência e emissão intermediárias (22% e 1,502
tCO
2
/MWh).
De maneira geral, esses resultados indicam que as usinas mais eficientes são
aquelas que utilizam tecnologia mais modernas e carvão de melhor qualidade.
Adotadas as premissas do processo de captura verifica-se que a Unidade 7 do
Complexo Jorge Lacerda poderia ser indicada para um processo
retrofit de captura de
CO
2
, visto possuir maior eficiência que as demais usinas.
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
2,4
Candiota Termochar São Jerônimo Jorge
Lacerda
JL I e II JL III JL IV Figueira
Usinas
Fator Emissão (t CO
2
/MWh)
0
10
20
30
40
Eficiencia (%)
Emissão Carbono
Emissão Carbono (Projeto de MDL)
Eficiência
64
5 COMPOSIÇÃO CARACTERISTICA DOS GASES DE CHAMINÉ DAS
TERMELÉTRICAS BRASILEIRAS
5.1 Efeito dos gases e das condições combustão sobre o solvente de
absorção
Os processos de combustão que utilizam carvão para a geração de energia
ocorrem normalmente com excesso de ar, que ocasiona a geração de gases de
combustão, também conhecidos como gases de exaustão ou gases de chaminé.
A composição destes gases varia de acordo com a eficiência de combustão e
também pelas características do carvão queimado e dos processos de controle
utilizados. Quando a combustão é completa a composição dos gases, em geral, é
constituída de CO
2
, SO
2
, H
2
O, N
2
, O
2
(VLASSOV, 2001) e uma quantidade de cinzas
volantes que são arrastadas junto com os gases de combustão, também conhecidas
como cinzas leves.
Um dos grandes problemas para a escolha do método de captura a ser
adotado por uma termelétrica está relacionado com a influência dos gases de
combustão no processo de captura.
Conforme descrito no item 3.6, no processo de captura por absorção química,
o gás oriundo da combustão passa por torres absorvedoras em contato com um
solvente que retira o CO
2
do fluxo de gás. Este solvente deve ser seletivo, de maneira
a capturar o CO
2
, e econômico, devendo ser viável e vantajosa sua utilização.
Desta forma, o solvente não deve ser contaminado ou degradado pela ação
de outros componentes presentes nos gases de exaustão. Algumas termelétricas
estrangeiras mais modernas utilizam tecnologias de dessulfurização da corrente de
gás (FGD –
Flue gas desulphurisation) e processos de redução catalítica seletiva
(SCR –
Selective Catalytic Reduction) para a redução de SOx e NOx,
respectivamente, no fluxo dos gases de saída da chaminé (DAVISON, 2006). Para o
65
controle de emissões de particulados a maioria das termelétricas utiliza Precipitadores
Eletrostáticos.
O processo Econamine FG da Flúor Daniel foi escolhido pelo IEA/CCP como
estado-da-arte para a captura de CO
2
de emissões industriais gasosas. Este processo
utiliza uma solução de MEA com inibidor de corrosão como reagente para a absorção
química do CO
2
. Outro processo utilizado foi desenvolvido pela Mitsubishi Heavy
Industries (MHI) que utiliza aminas com impedimento espacial como solvente para a
absorção de CO
2
(NEVES, 2007).
Os gases provenientes da combustão, em determinadas condições podem
reagir com o solvente utilizado causando sua degradação. Segundo Astarita, Savage
e Bisio (1983), a MEA reage com alguns gases tais como CO
2
, COS, CS
2
, SO
2
e SO
3
que podem ser gerados em um processo de queima de carvão, formando produtos de
degradação. De acordo com Neves (2007), os processos de degradação em gases
oriundos da combustão permanecem mal compreendidos e por esta razão é
necessário um estudo específico da composição dos gases para a determinação dos
processos de controle de emissão necessários à implementação do sistema de
captura por absorção química.
5.1.1 Fatores que interferem no processo de captura de CO
2
por
absorção química
5.1.1.1 SOx
O Carvão desde sua origem apresenta teores de enxofre que estão
associados a diferentes minerais e macerais. O enxofre ligado à matriz orgânica
apresenta-se na forma de tioésteres, tiofenos e mercaptanos, já o enxofre inorgânico
encontra-se principalmente na forma de pirita (PIRES, 1990). Durante a combustão,
todas as formas de enxofre contidas no carvão são transformadas em óxidos de
enxofre, conhecidos como SOx.
Estes óxidos são formados por cerca de 99% de SO
2
e o restante de SO
3
.
Como a oxidação do SO
2
a SO
3
é muito pequena, nas condições de combustão,
pode-se expressar todo o SOx formado como SO
2
(PIRES, 1990). No entanto, cerca
de 15% do enxofre contido no carvão capturado pelas cinzas volantes e incrustações
66
da caldeira transformam-se em sulfatos, diminuindo assim, a quantidade de SOx
emitido à atmosfera.
Estes gases reagem irreversivelmente com a MEA, produzindo sais
corrosivos. Para não ocorrer perda do solvente, no processo Econamine FG a
concentração de SOx na corrente de gás utilizada deve ser inferior a 10 ppm(v) (26
mg/Nm
3
) em combustão com 6% de O
2
e no processo MHI de 1 ppm(v) (3 mg/Nm
3
).
Estas concentrações são bem inferiores às concentrações reais destes componentes
na corrente de gás de exaustão de termelétricas a carvão, mas podem ser obtidas a
partir de tecnologias de FGD. A implementação de uma unidade de FGD é utilizada
para reduzir SOx a níveis muito baixos (entre 0,01 a 0,03 ppm(v), 6% de O
2
), o que
minimiza a degradação do solvente pela reação com os SOx (IEA, 2007).
A dessulfurização com cal virgem reduz em cerca de 90 – 95% dos SOx. Para
obter concentrações em torno de10 ppm(v) de SO
2
é necessário utilizar um agente
neutralizante alcalino, soda cáustica ou carbonato de sódio, em um lavador de gases
(
spray scrubber). Quando a emissão gasosa for superior a 10 ppm(v) torna-se
economicamente interessante instalar uma lavadora de gases de SO
2
do que permitir
as prováveis perdas no solvente.
No Brasil, atualmente, nenhuma termelétrica a carvão para a geração de
energia possui sistema de abatimento de SOx.
5.1.1.2 NOx
O termo NOx representa o somatório das concentrações dos óxidos NO
2
e
NO. Sua formação durante a combustão do carvão não é totalmente compreendida,
no entanto, dois mecanismos são propostos: a) através da fixação do nitrogênio do ar
(NOx-térmico) e b) através da conversão do nitrogênio contido no carvão (NOx-
combustível).
Alguns autores citam como principal fonte de emissão de NOx a oxidação do
nitrogênio contido no carvão (HARDING et. al. apud PIRES, 1990). Segundo Pires
(1990), dados coletados de diferentes fontes concluíram que entre 60% – 90% do
NOx emitido advêm do NOx-combustível.
Em altas temperaturas, as moléculas de oxigênio se dissociam em átomos
muito reativos que reagem rapidamente com as moléculas de nitrogênio formando os
NOx-térmico. Quanto mais elevada for a temperatura do processo e quanto maior for
67
o volume de excesso de ar empregado, maiores serão os valores de emissão do NOx.
Os NOx podem causar a corrosão nos equipamentos e degradação da amina.
Dentre os NOx, o NO
2
é o mais prejudicial, pois reage com a água formando
HNO
3
que reage com as aminas, formando um sal termicamente estável. O controle
da emissão destes gases pode ser realizado pela regulagem da temperatura das
chamas nos fornos e caldeiras.
O processo da MHI indica que os NOx provocam reações de degradação no
solvente havendo a necessidade de reduzir as concentrações de NOx por tratamento
catalítico a valores inferiores a 400 ppm(v) (750 mg/Nm
3
). Ainda, segundo Esber III
(2006), as concentrações aceitáveis de NOx não devem ser superiores a 20 ppm(v)
(38 mg/Nm
3
). A inclusão do processo de redução catalítica na combustão de carvão
reduz a concentração de NO
2
em cerca de 5 ppm(v) (10 mg/Nm
3
) (6% de O
2
), valor
que está dentro dos limites aceitáveis para o processo de absorção de CO
2
que utiliza
aminas como solvente. A redução catalítica utiliza uréia ou amônia para reduzir NOx à
NO
2
.
5.1.1.3 Cinzas volantes (leves)
Durante a combustão do carvão são geradas grandes quantidades de cinzas
volantes que são carreadas pelos gases de exaustão à atmosfera. Estas cinzas
podem provocar a formação de espuma nas torres absorvedoras e regeneradoras,
incrustação, erosão e corrosão nos equipamentos.
Com base em processos industriais, para a realização do processo de captura
por absorção química a carga de cinzas em suspensão deve ser reduzida a valores
inferiores a 0,39 mg/dscf
(aproximadamente 15 mg/Nm
3
), representando uma
eficiência do sistema de remoção de 99,7 % (NEVES, 2007).
Para o controle destas cinzas os equipamentos mais utilizado são o filtro
manga e precipitadores eletrostáticos. No Brasil, todas as centrais termelétricas
utilizam precipitadores eletrostáticos para a coleta das cinzas volantes (PIRES,1990).
Esta remoção também pode ser realizada a partir da lavadora de gases (FGD)
utilizada para a remoção de SO
2
.
68
5.1.1.4 Temperatura dos Gases de combustão
Altas temperaturas podem provocar a degradação do solvente e diminuir a
eficiência da absorção. Para o sistema de captura, o fluxo de gás deve ser resfriado à
50°C antes de entrar na torre absorvedora. Esse resfriamento pode ser realizado pelo
lavador de gases ou por resfriamento de contato direto com a água (
quench).
5.1.1.5 Fuligem
A fuligem pode ser gerada por influência do carvão incombusto e também
pela queima de óleo combustível pesado. Conforme descrito no item 4.1.3.1, algumas
termelétricas não queimam apenas carvão, mas também combustíveis secundários,
como o óleo combustível e o óleo diesel. Esta fuligem pode estabilizar-se na forma de
névoa, acima da zona de absorção de CO
2
, sem ser capturada pela zona de lavagem
com água. Por isso, deve ser instalado um eliminador de névoa especial na torre
absorvedora para a captura de partículas de tamanho micrométrico (NEVES, 2007).
5.1.1.6 Oxigênio
O Oxigênio em excesso utilizado na queima pode causar a corrosão e a
degradação do solvente, principalmente as etanolaminas (MEA, DEA). De acordo com
processo de combustão a concentração de oxigênio varia podendo chegar, por
exemplo, a 16 % aproximadamente na usina de Candiota (JICA, 1996). Na literatura
utilizada por este trabalho não foi constatado um limite especifico para o O
2
no
processo de captura por absorção química. No entanto, os limites estabelecidos como
padrões de emissão aceitos ao processo são calculados para uma combustão com
6% de excesso de O
2
.
O Quadro 5.1 exibe de maneira resumida os limites, a influencia e o tipo de
tratamento para alguns parâmetros e condições do processo que podem influenciar
diretamente no processo de absorção.
69
Quadro 5.1. Limites, influencia e tipo de tratamento para alguns parâmetros e condições do processo
para a adoção do processo de captura.
Fatores Limites Problema Tratamento
SOx 1- 10 ppm Reage com a MEA,
produzindo sais corrosivos
Sistema FGD (lavadora de
gases)
NOx 20 - 400 ppm NO
2
+ H
2
O Æ HNO
3
que
reage com as aminas
formando um sal
termicamente estável
Sistema FGD
Inclusão de um sistema de
redução catalítica
Cinzas
Volantes
15 mg.Nm
-3
Formação de espuma nas
torres absorvedoras
Sistema FGD
Precipitadores eletrostáticos
que tenham eficiências
superiores à 99,7%
Temperatura
< 50°C
Degradação do solvente e
menor eficiência de
absorção.
Sistema FGD
Resfriamento por contato
direto com água.
Oxigênio 6% de O
2
em excesso Corrosão e degradação do
solvente.
Fuligem Formação de uma névoa
acima da zona de
absorção.
Eliminador de Névoa
especial na torre de
absorção para partículas de
tamanho micrométrico.
5.2 Padrões de emissão brasileiros para processos de combustão de carvão
Para considerar possíveis instalações de processos de captura de CO
2
em
outras termelétricas como a Fase C de Candiota, torna-se importante o conhecimento
dos padrões de emissão permissíveis pela legislação brasileira. Os padrões de
emissão são os limites máximos de emissão permissíveis a serem lançados à
70
atmosfera por fontes potencialmente poluidoras. Estes podem ser expressos em
forma de concentração gravimétrica (mg/Nm
3
) aonde se refere às condições 1013
mbar, 0°C e base seca. A concentração medida pode ser expressa pela condição
referencial de oxigênio, o que permite estabelecer padrões de emissão independentes
do tipo de fonte fixa utilizada na combustão. Esta relação pode ser determinada de
acordo com a equação 5.1 (PARANÁ, 2007):
M
M
R
R
.C
O21
O21
C
=
(5.1)
onde:
CR: concentração do poluente corrigida para condições referenciais em
mg/Nm
3
ou ppm(v)
OR: concentração referencial de Oxigênio em % por volume
OM: concentração medida de Oxigênio em % por volume
CM: concentração medida em mg/Nm
3
ou ppm(v)
Os padrões de emissão brasileiros para atividades que envolvam combustão
externa utilizando como combustível carvão mineral são determinados pela Resolução
Conama nº 008 de 1990. Esta resolução trata apenas de partículas totais, SO e SO
2.
Entretanto, os padrões poderão ser definidos caso a caso no processo de
licenciamento, de acordo com os estudos ambientais desenvolvidos, podendo variar
de região para região e de projeto para projeto. No entanto, a tendência é a de fixação
de padrões na ordem de 400 mg/Nm
3
para SOx e NOx e de 50 à 80 mg/Nm
3
para
material particulado (PORTO, 2007).
No Rio Grande do Sul, o Conselho Estadual de Meio Ambiente – CONSEMA
está criando uma resolução que irá contemplar os padrões de emissão para o Estado.
Essa resolução trará os limites máximos permitidos para termelétricas com potência
térmica nominal inferior ou igual a 70MW são: 50 mg/Nm
3
para materiais particulados,
400 mg/Nm
3
para NOx como NO
2
e 400 mg/Nm
3
para SOx como SO
2
e para
potências térmicas superiores a 70 MW são: 50 mg/Nm
3
para materiais particulados,
200 mg/Nm
3
para NOx como NO
2
e 400 mg/Nm
3
para SOx como SO
2
.
O Estado do Paraná criou uma resolução específica para o controle da
qualidade do ar. A resolução SEMA nº 054 de 2006 determina os parâmetros de
71
emissão de SOx, NOx, CO e Material particulado total para a combustão de carvão. A
resolução mostra a tendência atual para as novas termelétricas. A Tabela 5.1 mostra
um resumo das legislações brasileira e estaduais.
Tabela 5.1. Limites de emissão de poluentes atmosféricos pela combustão de carvão segundo
legislações federal (CONAMA) e estaduais (CONSEMA, SEMA) no Brasil.
Potência CONAMA (1990)
a
CONSEMA-RS(2008)
b
SEMA-PR(2006)
c
MW MP SOx MP SOx NOx MP SOx NOx
g/10
6
kcal g/10
6
kcal mg/Nm
3
mg/Nm
3
mg/Nm
3
mg/Nm
3
mg/Nm
3
mg/Nm
3
10 a 50 250 3.000 500
< 70 1.500 5.000 50 400 400
50 a 100 250 1.300 500
>70 800 2.000 50 400 200
>100 60 1.300 400
Obs.: MP representa o material particulado, SOx expresso como SO
2
e NOx expresso como NO
2
;
Valores corrigidos para 6% de O
2
.
a - valores para as Áreas II e III, para MP e SOx.
b - proposta de resolução CONSEMA-RS.
c – Resolução SEMA- PR.
Fonte: Adaptado de PARANÁ ([2007]); RS (2008); BRASIL (1990).
Ao comparar a resolução que está sendo estuda pelo CONSEMA-RS em
relação a SEMA-PR, é possível verificar que os padrões de emissão do Rio Grande
do Sul serão mais restritivos que os do estado do Paraná. Conforme verificado no
item 5.1, mesmo os limites de emissão estipulados pelo CONSEMA-RS ainda são
muito superiores aos recomendados para o sistema de captura.
5.3 Composição dos gases de chaminé em termelétricas a carvão no Brasil
No Brasil existem poucas referências relativas aos gases da saída de
chaminé. Para a verificação destes dados foi utilizado o relatório elaborado pela
Japan International Cooperation Agency - JICA que refere-se às condições de
chaminé das usinas térmicas a carvão brasileiras no ano de 1996. Apesar de ser uma
referência antiga, se apresenta ainda como uma referência válida, pois foi o maior
levantamento de dados realizado para o setor.
72
Também foram consultados diretamente dados junto ao Complexo Jorge
Lacerda. A Tabela 5.2 exibe valores de emissão do complexo Jorge Lacerda. Para a
unidade 7 são apresentados valores estimados no relatório visto que esta unidade
não encontrava-se em funcionamento na época da realização do relatório JICA As
termelétricas brasileiras possuem para o controle dos gases de saída apenas
precipitadores eletrostáticos com até 99% de eficiência, no entanto esta eficiência não
foi constatada pelos resultados apresentados no relatório (JICA, 1996).
Tabela 5.2. Emissão de poluentes atmosféricos pelas Unidades do Complexo Termelétrico Jorge
Lacerda no ano de 1997.
Obs.: Em itálico, valores que ultrapassam os padrões de emissão segundo as legislações (Tab. 5.1).
a - Considerando 6% de O
2
.
b - NI – Não Informado.
c - valores estimados pelo relatório JICA.
Fonte: JICA, 1996.
A concentração de SOx e NOx dos gases de chaminé também são superiores
ao recomendado para um sistema de captura de CO
2
por absorção química, o que
torna necessário medidas de redução destes compostos nos gases de chaminé.
A Tabela 5.3 exibe os valores de emissão apresentados em um relatório da
Jorge Lacerda entregue à Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina
– FATMA no ano 2007. Apesar destes dados representarem um mês específico de
emissão do complexo, torna-se possível comparar os valores atuais com os
determinados pelo relatório JICA.
Unidad
e
MP SOx NOx
Potência
MW
mg/Nm
3a
g/10
6
kcal mg/Nm
3a
g/10
6
kcal ppm mg/Nm
3a
g/10
6
kcal ppm
1 50 608 1.228 5.104 11.243 1950 528 746 281
2 50
309
725
4.973 12.860
1900
495
835 263
3 66
768 6.101 4.659 9.864
1780
373
579 198
4 66 232 12.128 4.476 9.179 1710 602 761 320
5 125 758 1.737 4.555 11.755 1740 759 1.737 403
6 125
131
232
4.371 12.410
1670
753
927 400
7
c
350
960
NI
b
5.533
NI
b
2114
966
NI
b
513
73
Tabela 5.3. Emissão de poluentes atmosféricos pelas Unidades do Complexo Termelétrico Jorge
Lacerda no ano de 2007.
Obs.: Em itálico valores que ultrapassam os padrões de emissão segundo a legislação (Tab. 5.1).
a - Calculado a partir da equação 5.1 considerando 6% de O
2
.
b - NI – Não Informado.
Fonte: TRACTEBEL ENERGIA, 2007a e b.
Ao comparar as emissões dos gases de chaminé no ano de 1997 às atuais
percebe-se que não houve um aumento significativo na concentração de SOx e NOx,
mas demonstra que o processo utilizado ainda não passou por uma modernização
para a redução de emissões destes poluentes. Apesar disto, a quantidade de SOx
emitida em relação ao carvão utilizado no processo de combustão diminuiu, podendo
significar a utilização de carvão com melhor qualidade.
A concentração de material particulado também aumentou, com exceção das
unidades 6 e 3, que apresentaram uma redução expressiva em torno de 70% e 95%.
Assim como o SOx, a quantidade de material particulado emitido em relação ao
carvão consumido diminuiu. Este fato também pode estar relacionado com a
utilização de um carvão com menor teor de cinzas.
Os valores de emissão estimados pelo relatório JICA para a unidade 7 foram
superestimados para as concentrações de Material Particulado (cerca de 95%). A
emissões de SOx e NOx estão próximas às projetadas em 1997.
Quando comparados aos padrões de emissão, verifica-se que a concentração
de Material Particulado atualmente obedece a legislação CONAMA de 1990. No
entanto, a concentração de SOx é superior ao limite máximo permitido, mostrando a
necessidade de adaptação de um sistema de limpeza de gases.
Unidad
e
MP SOx NOx
Potência
MW
mg/Nm
3a
g/10
6
kcal mg/Nm
3a
g/10
6
kcal ppm mg/Nm
3a
g/10
6
kcal ppm
1 50 567 872 5.816 7.954 2222 856 763 455
2 50
435
674
6.233 9.494
2381
899
892 478
3 66 41 63
5.625 8.390
2149
702
682 373
4 66 352 NI
b
5.320 NI
b
2032 853 NI
b
453
5 125 1.395 349 5.130 7.161 1960 1.090 991 579
6 125 42 57
5.171 7.608
1976
1.188
1.139 632
7 350 55 77 5.711 7.554 2182 916 790 487
74
Em relação às legislações estaduais, as concentrações de SOx são
superiores aos limites estabelecidos, chegando a ser 15 vezes maior que o permitido
pelo CONSEMA. As concentrações de NOx também são superiores aos limites da
SEMA-PR e do CONSEMA-RS. As emissões de materiais particulados, com exceção
das unidades 4 e 5, estão todas dentro dos padrões estabelecidos pelo SEMA-PR.
Pela resolução do CONSEMA-RS, apenas as unidades 3 e 6 enquadram-se nos
limites de emissão.
Outro parâmetro importante a ser analisado é a temperatura de saída dos
gases da chaminé. No Complexo Jorge Lacerda as temperaturas atuais apresentam
variação entre 136 – 189°C. Nessa gama de temperatura verifica-se a necessidade de
realizar-se um resfriamento dos gases antes de entrarem no processo de captura.
5.4 Análise dos parâmetros de emissões reais e os padrões de emissão para
a captura
De acordo com os valores de emissão dos gases de chaminé, bem como com
as legislações brasileiras existentes, atualmente verifica-se que para a implementação
do sistema de captura é necessário a adoção de equipamentos limpeza dos gases de
chaminé e de resfriamento para adequar o processo a um sistema de absorção de
CO
2
. No entanto, como as termelétricas a carvão do Brasil não possuem um sistema
de FGD, só é possível realizar a análise de quais equipamentos serão necessários
após a implementação deste sistema. O FGD deve ser incluído no processo antes da
adoção da captura e ele é capaz de reduzir, além das concentrações de SOx, as
concentrações de NOx, Material particulado e também alterar a temperatura final dos
gases de exaustão.
A unidade 7 do complexo Jorge Lacerda, apesar de apresentar concentrações
elevadas de SOx, NOx e Material Particulado, possui capacidade de geração superior
às demais unidades. Isso a torna mais eficiente e, conseqüentemente, uma usina com
potencial a adotar a técnica de captura de CO
2
. A eficiência e os cálculos de emissão
já foram discutidos com mais detalhe no capítulo 4.
75
6 PROPOSTA DE UM SISTEMA DE CAPTURA PARA UMA USINA
TERMELÉTRICA BRASILEIRA
6.1 Aplicação do método de captura em uma usina térmica a carvão
Um dos aspectos mais importantes na implementação de um sistema de
captura é o custo envolvido em todo o sistema. Atualmente a captura diminui o
rendimento energético das plantas industriais, visto que é necessário o consumo de
energia para o funcionamento do sistema de captura de CO
2
.
Um sistema que está sendo testado em diversos países para a captura de
CO
2
em termelétricas de combustão pulverizada já existentes, é a absorção química
por aminas. O esquema, representado pela Figura 6.1, é conhecido como
Retrofit,
pois o sistema de captura é acoplado a uma usina já instalada.
Figura 6.1. Sistema simplificado de combustão pulverizada com captura de CO
2
por absorção
química – sistema Retrofit.
Fonte: Adaptado de SEKAR, 2005.
76
O sistema de captura é adicionado no fluxo dos gases que seriam enviados à
atmosfera após a realização da remoção do material particulado e dos gases ácidos.
Como observado pela Figura 6.1, para a regeneração do solvente é necessária à
utilização da energia, que antes seria enviada diretamente para o gerador. Assim,
ocorre a necessidade de geração de mais energia para manter a eficiência do
processo.
Segundo pesquisa realizada por ESBER III (2006), uma termelétrica que
opere em condições subcríticas, com uma eficiência de 34,3%, após a implementação
do sistema de captura ela terá uma eficiência de 25,1%, ou seja, perderá
aproximadamente 9% de eficiência.
Sistemas de combustão pulverizada quando acoplados a uma caldeira em
condições supercríticas minimizam significativamente o custo com a captura de CO
2
,
em relação a termelétricas que trabalham em sistemas subcríticos simples com baixa
eficiência (IEA, 2007).
6.2 Avaliação de áreas para o seqüestro de carbono no sul do Brasil
Existem dois pontos fundamentais para a escolha da área a ser realizado o
seqüestro de carbono:
1) As fontes emissoras devem ter grandes concentrações de carbono a serem
captados e posteriormente estocados.
2) O local de captura deve ser próximo ao de armazenamento. Isto facilitará o
transporte, o que será menos oneroso, tornando o processo viável.
O armazenamento de CO
2
em carvão fóssil é um dos métodos mais
promissores das várias alternativas de seqüestros geológicos atualmente investigados
(OBERZINER; SOARES; MOREIRA, 2005). Segundo Sousa; Silva; Rodrigues
(2006c), para a estocagem de CO
2
a mina deve ser subterrânea, com, no mínimo,
400 metros de profundidade. A Figura 6.2 exibe resumidamente os critérios para a
estocagem geológica em carvão do CO
2
. Estes aspectos devem ser analisados
criteriosamente para que se constate o potencial de seqüestro real de uma
determinada jazida de carvão. Esta análise está fora do escopo deste trabalho, visto
77
Estrutura Geológica Capacidade de adsorção
Potencial de Seqüestro de
Carbono
Geotérmica
Hidrodinâmica
Estratigrafia
Qualidade do carvão
que o objetivo é a analise de uma técnica de captura de CO
2
a partir das usinas
termelétricas brasileiras. Pretende-se apenas indicar uma área potencial para futuros
estudos geológicos.
Figura 6.2. Requisitos para seqüestro de CO
2
em carvão.
Fonte: Adaptado de SOUSA; SILVA; RODRIGUES, 2006c.
No Brasil, as áreas potenciais para a estocagem geológica do CO
2
em
camadas de carvão, bem como as áreas de aplicação da técnica de captura,
localizam-se na região sul. O carvão brasileiro, conforme anteriormente comentado,
está distribuído geograficamente na região sul.
6.2.1 Rio Grande do Sul
6.2.1.1 Região de Candiota:
No município de Candiota, RS, localizado a 400 km de Porto Alegre, está
situada a Usina Termelétrica Presidente Médici – Candiota II, que possui capacidade
instalada de 446 MW. Conforme descrito no item 3.2.2 a usina de Candiota encontra-
se em fase de ampliação onde será construída a Fase C. Esta ampliação prevê o
aumento da capacidade produtiva em cerca de 100%.
Como descrito no item 3.2.1 Candiota abriga a maior jazida de carvão do país
possuindo reservas de 1.363 x10
6
toneladas de carvão mineral, e produz cerca de
1,7x10
6
toneladas de carvão ao ano (TEIXEIRA; PIRES, 2002). No entanto, a mina de
Candiota não tem a profundidade necessária para a estocagem de CO
2
, havendo a
78
necessidade de transporte para posterior armazenamento. Com isto, ocorre o
aumento dos custos envolvidos.
Além da termelétrica existem duas empresas cimenteiras, que a partir de seus
processos produtivos também contribuem para as emissões de CO
2
.
Segundo reportagem do Jornal Zero Hora (2007), novos caminhos para a
geração de energia estão sendo criados. Além da Fase C de Candiota, as
termelétricas Seival e Seival II, com empreendimentos da Tractebel Energia e a MPX,
respectivamente, estão sendo projetadas para futura utilização.
A Seival tem previsão de início das obras para o ano de 2008, onde possuirá
uma capacidade de geração de 500 MW sendo que 68% desta geração já está
vendida ao Uruguai. A Seival II terá capacidade de geração de 600 MW, sendo a
previsão do início das obras para 2009 com conclusão para 2014. Seus consumidores
serão o mercado interno e consumidores livres como as indústrias ou outros
estabelecimentos que possuam demandas de energia superiores a 3 MW.
6.2.1.2 Região metropolitana:
As fontes mais prováveis desta região são as usinas de Charqueadas, São
Jerônimo e Jacuí I que se encontra em fase de construção. Além disto, existem
algumas indústrias de grande porte que geram grandes quantidades de CO
2
devido a
utilização de caldeira a carvão e a gás. Alguns exemplos são:
A Compania Petroquímica do Sul – Copesul, empresa de grande porte
localizada no Pólo Petroquímico de Triunfo. Seus produtos são as matérias-primas
para as indústrias de 2ª geração do complexo, e o mercado brasileiro e externo.
A Refinaria Alberto Pasqualini – Refap S/A e a Aracruz Celulose, também são
indústrias que emitem quantidades significativas de CO
2
.
Um dos locais passíveis para a utilização como depósito geológico de CO
2
seria a Mina de Chico Lomã. Esta mina tem uma área de 1200 km
2
, com sete
camadas (GOMES et al., 1998), tendo carvão a 600 metros de profundidade (BUNSE,
1984).
79
6.2.2 Santa Catarina
6.2.2.1 Região de Criciúma:
A fonte de emissão de carbono mais importante é o complexo Jorge Lacerda,
localizado na região de Capivari de Baixo localizada a cerca de 63 km de Criciúma
(MAPA...,[2007]). Conforme descrito no item 3.2.2 o complexo possui uma capacidade
instalada de 857 MW, produzindo anualmente cerca de 854,78 GWh de energia, e
atualmente é a maior termelétrica América Latina.
No sul do estado de Santa Catarina existem diversas jazidas. Os recursos
totais destas jazidas atingem 4.288x10
6
toneladas, que possuem profundidade de até
800 metros (GOMES et al., 1998). Adaptar o sistema de captura em um local onde há
a possibilidade de estoque de CO
2
é uma vantagem, pois reduz o custo de transporte.
6.3 Simulação de um sistema de captura pós-combustão em uma termelétrica
brasileira
A partir do estudo realizado é possível fazer uma proposta teórica de um
sistema de captura de CO
2
para as usinas termelétricas brasileiras.
Para as usinas novas que ainda estão na fase de projeto a melhor alternativa
é estudar detalhadamente o processo de combustão. Operações em condições
supercríticas trariam maior eficiência ao processo, o que no futuro ocasionaria
menores custos com processos de captura.
Sistemas de captura de pré-combustão como o IGCC são alternativas a
serem estudadas, visto sua prevenção na geração de gases provenientes da
combustão. Conforme verificado no item 3.3.3 a tecnologia de Gaseificação Integrada
com Ciclo Combinado é considerada a alternativa mais adequada para novos
processos, visto sua maior eficiência de conversão de energia e a maior redução na
emissão de SOx e NOx.
Tecnologias como
Oxyfuel que utilizam apenas o oxigênio na hora da queima
também merecem estudos mais detalhados para a verificação de sua implementação.
Este tipo de tecnologia reduz, assim como o IGCC, previamente, a concentração de
gases poluentes emitidos após a combustão.
80
Para sistemas retrofit, ou seja, para usinas já projetadas ou em
funcionamento, o sistema de captura de CO
2
que mais se adapta às condições reais
dos processos de combustão das termelétricas brasileiras é a captura de CO
2
por
absorção química. Neste sistema o solvente que comprovadamente possui melhor
desempenho em pressões e temperatura similar aos sistemas termelétricos
brasileiros é a MEA.
6.3.1 Escolha da localização apropriada para o sistema do seqüestro de
CO
2
A Usina de Candiota é uma fonte emissora potencial de CO
2
visto sua grande
capacidade de geração de energia e também seu projeto de ampliação. No entanto,
sua eficiência de geração é cerca de 25%, o que ainda seria reduzida no processo de
captura. Sua localização não permite o armazenamento geológico de CO
2
, o que
impossibilita o seqüestro de carbono conforme os requisitos básicos necessários para
a implementação deste sistema.
Outra fonte emissora potencial é o Complexo Jorge Lacerda. A Unidade 7 do
Complexo é a termelétrica brasileira mais atual possuindo maior eficiência energética
(cerca de 37%). Esta eficiência se aproxima as termelétricas estrangeiras que estão
projetando os processos de captura, o que significa que a perda da eficiência estaria
próxima aos processos existentes atualmente. Sua localização favorece o
armazenamento geológico de CO
2
, pois conforme descrito no item 6.2.2.1, na sua
região existem jazidas com profundidades de 800 metros, o que tornaria possível este
armazenamento.
Uma outra questão importante é a capacidade de geração. Todas as
literaturas encontradas levam em consideração uma usina termelétrica com
capacidade de geração de 500 MW. Para sistemas subcríticos estas termelétricas
apresentam eficiências em torno de 35%. Apesar da UTLC possuir uma capacidade
de geração inferior a 500 MW (363MW), ela faz parte de um complexo de usinas que
totalizam 857 MW, e ainda possui as demais características necessárias para o
sistema de captura. No que se refere aos custos, como sua geração é menor,
equipamentos menores serão necessários para a implementação de um sistema de
captura.
81
6.3.2 Detalhamento da adaptação do sistema para o input no sistema de
captura de CO
2
por absorção química
Para a utilização da unidade 7 do Complexo Jorge Lacerda como base para a
implementação do sistema de captura, faz-se necessário algumas adaptações em seu
sistema atual, que serão discutidas neste item.
A escolha do sistema de captura por absorção química se deve ao fato das
condições do processo (pressão, vazão entre outros) serem próprias para este tipo de
sistema. A escolha da MEA como solvente se dá, pois nestas condições ele
apresenta um desempenho até o momento estudado, superior aos demais solventes
para as condições do processo (ver item 6.3).
As concentrações de SOx e NOx são superiores aos limites suportados no
processo de captura. Para a redução a concentrações aceitáveis de SOx e NOx faz-
se necessário a utilização de tecnologias de dessulfurização de gás (FGD), como uma
lavagem de gases. Ainda para chegar a concentrações mais baixas de NOx também
podem ser adotados processos de redução catalítica seletiva (SCR), no entanto,
como estes processos possuem custos elevados, então após a inclusão do sistema
FGD, deve ser realizado um estudo detalhado de sua real necessidade.
A temperatura dos gases que saem da chaminé da UTLC, conforme
informações obtidas junto a Tractebel, ficam em torno de 150°C. Como já visto no
item 5.1.4, o fluxo de gás deve ser resfriado à 50°C para entrar no sistema de captura
a temperatura. Para isto, faz-se necessário a aquisição de um equipamento que
reduza a temperatura. Segundo a literatura consultada, o próprio lavador de gases
inserido para a redução de SOx e NOx é também responsável pela redução de
temperatura. Ainda pode ser realizado o resfriamento através de um trocador de calor
tubular com contato direto com o fluxo de água. Para verificar com exatidão o
equipamento necessário é importante um estudo direcionado, caso haja interesse da
usina implementar o sistema de captura.
Para a redução de materiais particulados as usinas brasileiras já utilizam
precipitadores eletrostáticos com eficiência em torno de 98%. Esta eficiência não foi
observada nos estudos da JICA em 1996, o que torna necessário um estudo real da
eficiência dos precipitadores eletrostáticos. Com a inclusão de um sistema FGD para
a redução dos gases emitidos seria necessário um novo estudo para verificar se a
82
eficiência atual dos precipitadores eletrostáticos já seria suficiente para reduzir as
concentrações dos materiais particulados a valores adequados ao sistema de captura
Além das adaptações necessárias do sistema de combustão, ainda é
necessário a aquisição do sistema de captura. Este sistema envolve diversos
equipamentos como torre de absorção, torre de regeneração do solvente, bombas,
compressor, filtros, trocador de calor, tanque de estocagem, tubos e conexões
adequados e etc.
O Fluxograma apresentado na Figura 6.3 mostra um esquema básico do
sistema de combustão acoplado ao sistema de captura. Neste fluxograma são
exibidos os equipamentos necessários para a realização deste processo de acordo
com o processo de absorção sugerido por ESBER III (2006), bem como os sistemas
que deverão ser estudados para verificar a real necessidade e adaptação.
Todos os equipamentos sugeridos devem ser analisados futuramente de
acordo com as condições reais do processo no momento da implementação do
sistema. A quantidade de bombas e compressores irá alterar de acordo com as
condições com que o gás entrará no sistema de captura.
83
Figura 6.3. Fluxograma simplificado de equipamentos de uma usina termelétrica com o sistema de
captura de CO
2
.
84
Para a implementação de um sistema de captura, muitas etapas devem ser
executadas. Para sintetizar estas etapas, este trabalho apresenta uma proposta
teórica e simplificada de um fluxograma de tomadas de decisões (Figura 6.4) que
resume as etapas que devem ser cumpridas para que seja avaliada corretamente a
adaptação do sistema de captura para termelétricas já existentes.
Figura 6.4. Fluxograma de tomadas de decisões para a implementação de um sistema de captura de
CO
2
.
85
Cada etapa apresentada irá envolver uma série de atividades. A pesquisa
realizada por este trabalho está inserida em diversas etapas do fluxograma. A partir
da pesquisa pode-se concluir que existe um local potencial para o seqüestro de
carbono. A técnica de captura a ser utilizada até este momento é por absorção
química utilizando como solvente a MEA. Adaptações ao sistema de combustão serão
necessárias, pois na remoção de gases é indispensável uma técnica de FGD para
reduzir as concentrações dos gases. Após esta implementação, deve ser realizado
um estudo para análise da real necessidade de outros equipamentos, para só então
passar ao estudo da técnica de captura. Análises mais criteriosas junto às
termelétricas são imprescindíveis para concluir se o processo de captura é realmente
viável.
86
7 CONCLUSÕES
Como foi verificado, a combustão de carvão para a geração de energia é uma
atividade potencialmente emissora de carbono à atmosfera. Para o ano de 2002, a
emissão de carbono atmosférica calculada pela metodologia proposta por este
trabalho foi de 1.794 Gg C/ano enquanto a calculada utilizando a metodologia oficial
dos inventários de emissão brasileiros foi de 2.144 Gg C/ano.
Esta diferença (aproximadamente 20%) é significativa e deve-se
principalmente pela não utilização de critérios mais específicos do carvão brasileiro
para o cálculo de emissões pela metodologia oficial. As emissões calculadas neste
trabalho também apresentaram diferença da metodologia adotada pela empresa de
MDL, que seguiu as orientações do IPCC. Estas diferenças mostram que tais
arredondamentos podem causar alterações na linha de base de projetos de MDL.
Para saber o quanto é necessário reduzir a emissão para chegar a limites mínimos de
CO
2
emitidos, deverão ser adotadas metodologias mais precisas para os cálculos de
emissões.
Usinas que estão em fase de projeto devem procurar inserir em sua planta
sistemas mais eficientes na remoção de poluentes dos gases de combustão. A
utilização de precipitadores eletrostáticos mais eficientes acrescido de um sistema
para a limpeza de gases é uma alternativa interessante para o controle de emissões.
Termelétricas que ainda não foram projetadas, devem analisar o sistema a
ser adotado para a geração de energia. Tecnologias como a Gaseificação Integrada
com Ciclos Combinados (IGCC) estão sendo indicadas, pois a emissão dos gases
poluentes é reduzida. Além disto, a eficiência do processo é superior ao sistema de
combustão pulverizada.
As usinas térmicas brasileiras em sua maioria são muito antigas, existindo
usinas com mais de 50 anos de funcionamento (JICA, 1996). Modernizar os sistemas
de combustão para que seja possível aumentar a eficiência do processo e
87
conseqüentemente reduzir as emissões de CO
2
e outros gases como SOx e NOx é
uma alternativa para manter de forma sustentável o funcionamento destas usinas.
Não é possível indicar atualmente qual a melhor tecnologia a ser aplicada na
captura de CO
2
e acredita-se que várias serão utilizadas no futuro. Para as
termelétricas a carvão do Brasil, de acordo com a pesquisa realizada, foi verificado
que a sistema de captura que se adapta às condições reais dos processos é a
captura por absorção química utilizando a MEA como solvente. A partir dos critérios
do sistema de captura, bem como os do seqüestro de carbono, foi constatado que a
Unidade 7 do Complexo Jorge Lacerda poderia adaptar um sistema
retrofit de
captura.
Para isto são necessárias adaptações ou mudanças no sistema de combustão
atual. Como é premissa do processo de captura, a usina deverá incluir em sua planta
um sistema FGD para a remoção de gases, como o SOx. A partir deste sistema se
iniciaria uma análise para ver a necessidade de outros equipamentos para a
adaptação em níveis aceitáveis de NOx, Material Particulado, temperatura.
As concentrações de NOx, SOx e Material Particulado contidos nos gases de
chaminé são muito superiores às indicadas para o sistema de captura o que indica
que possivelmente será necessário a inclusão de outros equipamentos para a
remoção destes compostos até o limite aceito para o sistema de captura.
Além disto, os padrões de emissões brasileiros para as termelétricas a carvão
ainda estão sendo discutidos, mas já pode ser verificado que estes limites serão bem
superiores aos indicados para o sistema de captura de CO
2
. Significa dizer que para
as usinas adotarem o sistema terão de ir além da legislação em termos de redução de
emissões de SOx, NOx e Material Particulado. Este esforço deve ser analisado com
cautela em um estudo detalhado sobre a viabilidade econômica deste projeto.
88
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