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O atleta é o profissional do esporte, e seu desempenho se evidencia em um
espetáculo, que no mundo moderno e com a globalização, passa a ser transmitido em áudio e
vídeo para os mais dispersos cantos do planeta.
Bracht (2005, p.34) evidencia uma “derivação lógica: se esporte de alto rendimento
é trabalho, e trabalho na sociedade capitalista é trabalho alienado, então alienação também é o
que acontece no esporte de alto rendimento”. Portanto, o esporte de alto rendimento utilizado
como conteúdo nas aulas de Educação Física das escolas pode tornar-se uma escolha
perigosa, por estar associado as elites, à discriminação, à exclusão e à rígida disciplina.
Os esportes podem ensinar a dominar melhor o corpo, a potencializá-lo para as
disputas de imagens, cuja importância atual é inegável. Que se pense aqui na
esportivização da sociedade contemporânea, representada, ademais, por outras
formas de expressão, igualmente competitivas, como a pornografia ou como as
técnicas de embelezamento (cirurgias, treinamentos em academias, prescrições
dietéticas, aplicações químicas sobre a pele), para percebermos o quanto, no
contemporâneo, as imagens corporais são importantes como portadoras de
identidades (VAZ, 2003, p. 7-8).
Essa identidade é concebida na formação da ordem simbólica e inconsciente de cada
sujeito, evidenciada em culturas presentes com a falsa ilusão de que o esporte ou os padrões
estéticos representativamente garantem um corpo saudável. Caso garantissem, os atletas não
morreriam em seus campos de treinamento ou em competições esportivas.
No esporte, o corpo é o instrumento técnico por excelência, assim como este deve
potencializar o domínio sobre a natureza, da mesma forma o corpo, em si mesmo,
deve ser expressão da natureza dominada, o que pode ser verificado, com certa
facilidade, tanto nas estruturas do treinamento corporal, seja no esporte de
rendimento ou, mais recentemente, nas academias de ginástica e musculação, seja
no ensino de técnicas e práticas corporais na escola (BASSANI; VAZ, 2003, p. 19).
A manipulação do corpo acontece para expressar a dominação representativa e
veiculada conforme o objetivo de cada sujeito, confirmando-o perante as demais pessoas do
convívio sociocultural. Para que seja objetivado, o corpo sofre transformações com técnicas
diversas e que podem danificá-lo.
Observam-se nos dias atuais, os adeptos das academias de ginástica, já que:
Como sabemos, a Educação do Corpo teve e continua tendo uma forte motivação
higienizadora. Para que se constate isso basta entrar em qualquer academia de
ginástica, onde sobressai um sem-número de novas estratégias de ocupação do
tempo disponível, vinculando as atividades à ‘qualidade de vida’. Trata-se, ainda,
de reunir um conjunto de atividades adaptativas, pelas quais a fortificação do corpo
tende a compor primordialmente o capital simbólico, a imagem, e menos a
capacidade direta de trabalho corporal. Ganham força, então, os processos de