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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
APLICAÇÃO DO BSC NA GESTÃO DA TPM – ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA
DE PROCESSO
Dissertação submetida à
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
para a obtenção do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA
EDUARDO BIASOTTO
Florianópolis, setembro de 2006.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
APLICAÇÃO DO BSC NA GESTÃO DA TPM – ESTUDO DE CASO EM INDÚSTRIA
DE PROCESSO
EDUARDO BIASOTTO
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA
ESPECIALIDADE ENGENHARIA MECÂNICA
sendo aprovada em sua forma final.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________
Abelardo A. de Queiroz, Ph.D.
PPGEM-UFSC
_________________________________
Jonny Carlos da Silva, Dr. Eng.
PPGEM-UFSC
_________________________________
Prof. Osmar Possamai, Dr. Eng.
PPGEP-UFSC
_________________________________
Acires Dias, Dr. Eng.
Orientador
_________________________________
André Ogliari, Dr. Eng.
Co
-
Orientador
_______________________________________
Fernando Cabral, Ph.D.
Coordenador do Curso
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“Manutenção é isto:
Quando tudo vai bem, ninguém lembra que existe,
Quando algo vai mal, dizem que não existe,
Quando é para gastar, dizem que não é preciso que exista,
Porém quando realmente não existe, todos concordam que deveria existir”.
Autor Desconhecido
A
GRADECIMENTOS
O desenvolvimento desta dissertação tornou-se possível com a colaboração e o
empenho de colaboradores e instituições. Destes, quero fazer um agradecimento especial:
Ao Prof. Dr. Acires Dias, orientador deste trabalho, pela sua motivação e dedicação.
Ao Prof. Dr. André Ogliari, co-orientador deste trabalho, por sua visão sistemática e
precisa na elaboração desta dissertação.
Ao Prof. Dr. José
A. Bellini da Cunha Neto, ex-coordenador do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Mecânica (POSMEC) por firmar o convênio com a empresa
Klabin Papéis Monte Alegre (KPMA) para realização deste projeto de mestrado.
Aos amigos e colegas do NEDIP (Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Produtos)
pela motivação e contribuições na apresentação deste trabalho.
A empresa Klabin Papéis Monte Alegre (KPMA) por fornecer os subsídios e as
dependências de sua unidade em Telêmaco Borba – PR para o desenvolvimento da pesquisa.
Aos colaboradores do departamento da manutenção, em especial ao Engenheiro
Mecânico Pedro Osni Barbosa, coordenador do PPMA (Planejamento e Programação da
Manutenção), pelas discussões do tema e pela sua orientação no ambiente fabril.
S
UMÁRIO
L
ISTA DE
F
IGURAS
....................................................................................................................
VIII
L
ISTA DE
Q
UADROS
.....................................................................................................................
X
L
ISTA DE
A
BREVIATURAS
...........................................................................................................
XI
R
ESUMO
....................................................................................................................................
XII
A
BSTRACT
................................................................................................................................
XIII
C
APÍTULO
1
I
NTRODUÇÃO
........................................................................................................1
1.1 Justificativa do tema ........................................................................................................3
1.2 Objetivos..........................................................................................................................4
1.2.1 Objetivo geral...........................................................................................................4
1.2.2 Objetivos específicos ...............................................................................................5
1.3. Metodologia....................................................................................................................5
1.3.1. Método de pesquisa.................................................................................................5
1.3.2. Método de trabalho .................................................................................................6
1.3.3. Avaliação da proposta.............................................................................................7
1.4. Estrutura do trabalho.......................................................................................................7
1.5. Delimitações ...................................................................................................................8
C
APÍTULO
2
-
GESTÃO
DA
MANUTENÇÃO.........................................................................10
2.1. O gerenciamento da manutenção..................................................................................10
2.2. Planejamento estratégico na manutenção .....................................................................13
2.2.1. Gestão estratégica da manutenção ........................................................................15
2.3. Sistemas de gestão de manutenção...............................................................................22
2.4. A manutenção de classe mundial..................................................................................27
2.5. A manutenção classe mundial e a TPM........................................................................32
2.5.1. Origem da TPM ....................................................................................................37
2.5.2. O sistema de gestão TPM......................................................................................40
2.5.3. Eficiência global do equipamento.........................................................................44
2.5.4. Prêmio de excelência em TPM .............................................................................45
2.6. Comentários..................................................................................................................46
C
APÍTULO
3
INDICADORES
DE
DESEMPENHO
PARA
A
GESTÃO
DA
MANUTENÇÃO
..................................................................................................................................................47
3.1. Sistemas de medição para o desempenho da gestão.....................................................47
3.1.1. Sistemas de medição.............................................................................................47
3.1.2. Indicadores de desempenho ..................................................................................49
3.2. Indicadores de desempenho para o gerenciamento da manutenção .............................51
3.2.1. Indicadores de desempenho para o gerenciamento estratégico da manutenção ...54
3.2.2. Indicadores técnicos..............................................................................................55
3.2.3. Indicadores financeiros .........................................................................................57
3.3. O Balanced Scorecard..................................................................................................59
3.3.1. Os componentes do BSC.......................................................................................61
3.3.2. O BSC como sistema de gestão ............................................................................63
3.4. O BSC no gerenciamento da manutenção ....................................................................66
3.4.1. A perspectiva financeira........................................................................................70
3.4.2. A perspectiva dos clientes.....................................................................................71
3.4.3. A perspectiva dos processos internos....................................................................71
3.4.4. A perspectiva de aprendizagem organizacional....................................................72
3.4.5. Metodologia para implantação do BSC na manutenção.......................................73
3.5. BSC & TPM..................................................................................................................76
3.6. Comentários..................................................................................................................77
C
APÍTULO
4
GESTÃO
DA
MANUTENÇÃO
NA
KLABIN..................................................79
4.1. Descrição da empresa ...................................................................................................79
4.1.1 Histórico.................................................................................................................79
4.2. A gestão da manutenção na KLABIN ..........................................................................80
4.3. O Processo de manutenção da KLABIN ......................................................................85
4.3.1. O Planejamento e o controle da manutenção na KLABIN...................................86
4.4. A implantação da TPM na KLABIN............................................................................88
4.4.1. Objetivo do programa ...........................................................................................88
4.4.2. A estrutura do programa........................................................................................90
4.4.3. As fases do programa............................................................................................93
4.4.4. O pilar da Manutenção Planejada .........................................................................94
4.4.5. Resultados obtidos com o pilar da Manutenção Planejada...................................98
4.5. Comentários................................................................................................................102
C
APÍTULO
5
MODELO
PARA
APLICAÇÃO
DO
BSC
NO
PILAR
DA
MANUTENÇÃO
PLANEJADA.........................................................................................................................103
5.1. Ambiente TPM para implantação do BSC .................................................................103
5.1.1. Primeira fase: Estratégia .....................................................................................106
5.1.2. Segunda fase: Objetivos Estratégicos .................................................................110
5.1.3. Terceira fase: Indicadores...................................................................................115
5.1.4. Quarta Fase: Implantação....................................................................................126
5.2. A gestão do Pilar da Manutenção Planejada a partir do BSC.....................................127
5.3. Processo de avaliação do modelo ...............................................................................131
5.4. Comentários................................................................................................................133
CAPITULO
6
CONCLUSÕES............................................................................................135
6.1. Considerações finais ...................................................................................................135
6.2. Sugestão para trabalhos futuros..................................................................................137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................139
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................146
ANEXO
1
E
MPRESAS DA
A
MÉRICA DO SUL PREMIADAS PELO
JIPM....................................148
ANEXO
2
-
O
PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CELULOSE E PAPEL
...........................................149
ANEXO
3
S
ISTEMA DE LAÇAMENTO E ENCERRAMENTO DOS
TIM
S
......................................150
ANEXO
4
C
RONOGRAMA DE
I
MPLANTAÇÃO DO
P
ROGRAMA SUPERAR
................................151
ANEXO
5
A
TIVIDADES COMPARTILHADAS ENTRE O
P
ILAR DA
M
ANUTENÇÃO
P
LANEJADA E
DA
M
ANUTENÇÃO
A
UTÔNOMA
................................................................................................152
ANEXO
6
I
NDICADORES DE
D
ESEMPENHO DO
P
ROGRAMA
S
UPERAR
..................................153
ANEXO
7
R
OAD
M
AP DO
P
ILAR DA
M
ANUTENÇÃO
P
LANEJADA
..........................................154
ANEXO
8
S
OFTWARES CERTIFICADOS PELO
BSC.................................................................155
APÊNDICE
A
QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO
.....................................................................156
L
ISTA DE
F
IGURAS
Figura 1.1 – Metodologia do trabalho........................................................................................7
Figura 2.1 - Função Manutenção na Empresa. (FONTE: Chedas Sampaio, 2001)..................11
Figura 2.2 – Ciclo de vida e fatores que afetam o custo de manutenção segundo a
Terotecnologia. (Fonte: KELLY & HARRIS, 1980).......................................................18
Figura 2.3 – Síntese de Disponibilidade e Confiabilidade (VINADÉ, 2003). .........................19
Figura 2.4 – Modelo de estratégia para manutenção (Fonte: CAMPBELL, 1995)..................22
Figura 2.5 – Os elementos da ECM. (Fonte: PUN et al., 2002)...............................................26
Figura 2.6 – Caminho da evolução para a Manufatura de Classe Mundial. (Fonte:
AHLMANN, 2002) ..........................................................................................................29
Figura 2.7 – Progresso para a Manutenção de Classe Mundial. (Fonte: AHLMANN, 2002) .30
Figura 2.8 – Pirâmide da manutenção. (Fonte: WIREMAN, 1998).........................................32
Figura 2.9 - Funções para suportar o desenvolvimento de novos produtos (YAMASHINA
2000).................................................................................................................................33
Figura 2.10 – Evolução da TPM (YAMASHINA 2000) .........................................................34
Figura 2.11 - Fatores para determinação do OEE (Fonte: adaptado de JIPM, 2002, p.2,
NAKAJIMA, 1989, p.25).................................................................................................44
Figura 3.1 – Papéis da medição (Adaptado de Sink e Tuttle, 1993, p. 147-157).....................48
Figura 3.2 – Estratégia de Gestão de Indicadores (Adaptado AMENDOLA, 2005). ..............55
Figura 3.3 – Relação entre os indicadores técnicos (adaptado de AMENDOLA 2005)..........57
Figura 3.4 – A estrutura do sistema de indicadores do Balanced Scorecard. (Adaptado de
KAPLAN e NORTON, 1997, p.10.)................................................................................60
Figura 3.5 – Componentes e terminologia do Balanced Scorecard (BSCOL, 2000)...............62
Figura 3.6 - Mudança de um sistema de controle gerencial para um sistema gerencial
estratégico (Fonte: adaptado de KAPLAN e NORTON 2001, p.36.)..............................64
Figura 3.7 – Loop duplo de gestão da estratégia (BSCOL, 2000)............................................65
Figura 3.8 – Processo de gerenciamento estratégico do desempenho da manutenção (TSANG
1998).................................................................................................................................67
Figura 3.9 – Processo de Implantação do BSC (AMENDOLA 2005).....................................68
Figura 3.10 – Painel de Controle de Indicadores (Adaptado AMENDOLA 2005) .................69
Figura 3.11 – O Scorecard da Manutenção (AHLMANN, 2002)............................................70
Figura 3.12. Fases de Implantação do BSC (adaptado de AMENDOLA, 2004).....................74
Figura 3.13 – Cronograma típico para o Balanced Scorecard (Kaplan & Norton, 1997)........75
Figura 4.1 – Organização do departamento da manutenção (Fonte: KPMA 2005) .................80
Figura 4.2 – Fluxograma do processo de manutenção (Fonte: KPMA 2005)..........................85
Figura 4.3 - Fluxograma do planejamento e programação da manutenção (Fonte: KPMA
2005).................................................................................................................................88
Figura 4.4 – Estrutura do Programa SUPERAR (Fonte: KPMA 2005)...................................90
Figura 4.5 – Pilares do Programa SUPERAR (Fonte: KPMA 2005).......................................91
Figura 4.6 – Fases do Programa SUPERAR (Fonte: KPMA 2005).........................................93
Figura 4.7 – Envolvimento da produção na manutenção planejada (Fonte: KPMA 2005)......94
Figura 4.8 – Passos da implantação do Pilar da Manutenção Planejada (Fonte KPMA 2005)97
Figura 4.9 – Disponibilidade da planta (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005) ................99
Figura 4.10 – Número de quebra de máquinas por mês (Fonte: Programa Superar – KPMA
2005).................................................................................................................................99
Figura 4.11 – MDT das máquinas de papel (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005) .......100
Figura 4.12 – Custo de peças em estoque (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005)..........100
Figura 4.13 – Custo de manutenção por unidade produzida (Fonte: Programa Superar –
KPMA 2005) ..................................................................................................................100
Figura 4.14 – Custo de manutenção (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005)...................101
Figura 5.1 – Perfil do Pilar da Manutenção Planejada (Programa SUPERAR, 2005)...........103
Figura 5.2 – Proposta de aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada....................104
Figura 5.3 - Dinâmica do BSC para a manutenção (adaptado de Kaplan e Norton, 1997)....108
Figura 5.4 – Mapa da estratégia de atuação do Pilar da Manutenção Planejada....................110
Figura 5.5 – Mapa estratégico dos objetivos do Pilar da Manutenção Planejada ..................113
Figura 5.6 – Mapa estratégico dos indicadores do Pilar da Manutenção Planejada...............119
Figura 5.7 – Comparação do sistema de gestão atual com o sistema de gestão estratégico do
BSC.................................................................................................................................128
Figura 5.8 – Loop duplo do Pilar da Manutenção Planejada..................................................130
L
ISTA DE
Q
UADROS
Quadro 2.1 – Evolução da Manutenção no Japão (Fonte: NAKAJIMA, 1989, p.11 ).............38
Quadro 2.2 – As quatro gerações do TPM (Fonte: PALMEIRA, 2002, p.92 )........................39
Quadro 2.3 – Resultados mensuráveis passíveis de obtenção com a TPM (Fonte: adaptado de
NAKAJIMA, 1989)..........................................................................................................40
Quadro 2.4 – As 12 etapas para implantação da TPM (Fonte: adaptado de NAKAJIMA, 1989)
..........................................................................................................................................42
Quadro 3.1 – Níveis de medidas de desempenho da manutenção (Adaptado de TSANG 1999)
..........................................................................................................................................52
Quadro 3.2 - Indicadores técnicos versus financeiros (AMENDOLA 2005) ..........................59
Quadro 4.1 – Indicadores de desempenho Pilar da Manutenção Planejada (Fonte: KPMA
2005).................................................................................................................................95
Quadro 4.2 – Fases de implantação do Pilar da Manutenção Planejada (Fonte: KPMA 2005)
..........................................................................................................................................96
Quadro 5.1. Objetivos Estratégicos do Pilar da Manutenção Planejada ................................112
Quadro 5.2. Indicadores do Pilar da Manutenção Planejada relacionados aos objetivos
estratégicos .....................................................................................................................116
Quadro 5.3 – Descrição dos indicadores (Fonte KPMA).......................................................117
Quadro 5.4 – BSC para a gestão da manutenção TPM com metas e iniciativas estratégicas 125
Quadro 5.5 – Respostas do questionário de avaliação do modelo do BSC para o Pilar da
Manutenção Planejada....................................................................................................132
L
ISTA DE
A
BREVIATURAS
ABRAMAN......................................................................Associação Brasileira de Manutenção
BSC...............................................................................................................Balanced Scorecard
BSCOL..................................................................................Balanced Scorecard Collaborative
CBM…………………………………………………………….Condition-Based Maintenance
CEP...........................................................................................Controle Estatístico do Processo
ECM ..................................................................................Effectiveness-Centered Maintenance
EVA.........................................................................................................Economic Value Added
FU......................................................................................................................Foco na Unidade
FMEA……………………………......…........……..………Failure Mode and Effects Analysis
FTA................................................................................................................Fault Tree Analysis
GIGA...................................................................................Grupo Interno de Gestão Autônoma
GIMP............................................................................Grupo Interno de Manutenção Planejada
GQT.................................................................................................Gestão pela Qualidade Total
IPC.....................................................................................Indústria de Processamento Contínuo
JIPM………………………………………………….Japanese Institute of Plant Maintenance
JIPE……………………………………………………Japanese Institute of Plant Engineering
JIT.............................................................................................................................Just-in-Time
KPI…………………………………………………………………Key Performance Indicator
LCC .....................................................................................................................Life-Cycle Cost
LCP ...................................................................................................................Life-Cycle Profit
MCC............................................................................Manutenção Centrada em Confiabilidade
MDT...................................................................................................................Mean Downtime
MPT.................................................................................................Manutenção Produtiva Total
MRP..........................................................................................Material Requirements Planning
MTBF.............................................................................................Mean Time Between Failures
MTTF……………………………………………………………………….Mean Time To Fail
MTTR.........................................................................................................Mean Time to Repair
OEE…………………………………………………………..Overall Equipment Effectiveness
PDCA................................................................................................Plan – Do – Check - Action
PM..........................................................................................................Preventive Maintenance
RA....................................................................................................................Retorno de Ativos
RBI.............................................................................................................Risk Based Inspection
RBM .....................................................................................................Risk Based Maintenance
RCM .......................................................................................Reliability-centered Maintenance
ROCE……………………………………………………….…Return On Capital Employment
ROI……………………………………………………………………….Return On Investment
SMM ..................................................................................Strategic Maintenance Management
SAP………………………………….Systems, Applications and Products for Data Processing
TBM………………………………………………………………….Time Based Maintenance
TFG......................................................................................................Taxa de Freqüência Geral
TIM......................................................................................................Time Interno de Melhoria
TPM..............................................................................................Total Productive Maintenance
TQC...........................................................................................................Total Quality Concept
TQMain..............................................................................................Total Quality Maintenance
TQM..................................................................................................Total Quality Management
VR……………………………………………………………………………….Virtual Reality
VP………………………………………………………………………….Virtual Prototyping
WCM...............................................................................................World-Class Manufacturing
R
ESUMO
Com o processo de globalização, as empresas brasileiras passaram por um período de grandes
mudanças para se enquadrarem na nova ordem econômica mundial. Esse processo de
mudança tem implicações diretas na postura das organizações. Dentro deste contexto, surge a
World Class Manufacturing (WCM) ou Manufatura de Classe Mundial, que se caracteriza
pela alta disponibilidade e flexibilidade dos meios de produção. Para o alcance desse estágio
na manufatura, a manutenção industrial é um elemento chave, que, adaptada ao ambiente de
competição globalizado, caracteriza o que se chama de Manutenção de Classe Mundial. Este
trabalho apresenta uma revisão dos principais sistemas de gestão de manutenção disponíveis
no mercado e descreve o sistema de gestão TPM (Total Productive Maintenance) ou
Manutenção Produtiva Total com o sistema de gestão fundamental na busca pela classe
mundial nos processos de manutenção. E propõe um modelo de aplicação da metodologia de
gestão estratégica do Balanced Scorecard (BSC) para auxiliar no gerenciamento do Pilar da
Manutenção Planejada, o pilar responsável pela gestão da manutenção no programa TPM
adotado por uma importante indústria de processamento contínuo do ramo de celulose e
papel. Esta metodologia permite alinhar os indicadores de desempenho à estratégia proposta
para o pilar (visão, missão e objetivos) nas perspectivas de finanças, clientes, processo interno
e aprendizado e crescimento; e demonstra as relações de dependência (causa-efeito) entre os
indicadores adotados pelo pilar num mapa estratégico, no intuito de auxiliar na tomada de
decisão das devidas ações de melhoria (iniciativas estratégicas) que a função manutenção
deve realizar. O BSC estimula a constante re-alimentação da estratégia, promovendo a
melhoria contínua e mostrando-se a evolução natural no gerenciamento da função manutenção
que busca atingir e manter o padrão de classe mundial em seus resultados.
Palavras-chave: Gestão da Manutenção, Manufatura Classe Mundial, Manutenção Produtiva
Total, Indicadores de Desempenho, Balanced Scorecard.
A
BSTRACT
Most Brazilian Companies used to participate in a restricted market that was not so
demanding. Due to the globalization process that takes place in some companies here in
Brazil, these companies underwent through a period of big changes in order to fit themselves
in the new worldwide economic order. This process of change has direct impacts on the
organizations’ posture. Within this context, a World Class Manufacturing (WCM) arises,
which is characterized by its high production means availability and flexibility. In order to
achieve this developed stage on manufacturing, industrial maintenance is a key element,
which adapted to the global competition environment, characterizes World Class
Maintenance. This work presents a review of the main available maintenance management
systems on the market and describes the TPM (Total Productive Maintenance) management
system as the fundamental management system searching for the world class in maintenance
processes. And purposes an application model to Balanced Scorecard (BSC) strategic
management methodology in order to assist Planned Maintenance Pillar, which is responsible
for the maintenance management in the TPM program, once adopted by a important company
of continuous process in pulp and paper branch in Brazil. This methodology allows aligning
the performance indicators with the proposal strategy for the pillar (vision, mission and
objectives) in perspectives of financial, clients, internal process and learning and growing
perspectives. Besides, it shows the dependency relationship (cause-effect) among the
indicators adopted by the pillar in a strategic map, intending to support the decision for better
actions (strategic initiatives) that the maintenance function must carry out. BSC stimulates the
constant feedback of strategy, promoting the continuous improvement and showing a natural
evolution in maintenance function management, which looks for reaching and sustain the
world class pattern on its results.
Key-words: Maintenance Management, World Class Manufacturing, Total Productive
Maintenance, Performance Indicators, Balanced Scorecard.
Capítulo 1 – Introdução 1
C
A P Í T U L O
1
I
N T R O D U Ç Ã O
Com a abertura do mercado brasileiro e aumento da pressão competitiva, as
organizações têm buscado incessantemente a melhoria de desempenho de seus processos
produtivos. Os clientes tornaram-se mais exigentes e passaram a direcionar as ações das
empresas: controle de custos, melhoria da qualidade e o aumento da produtividade tornaram-
se fatores críticos de competitividade, exigindo investimentos em tecnologia, automação,
controle de processos e capacitação das pessoas.
Para alcançar níveis elevados de competitividade é fundamental o investimento
tecnológico em equipamentos e o desenvolvimento de um modelo consistente de gestão que
venha compatibilizar de forma estratégica, as ações dos integrantes da empresa na busca de
um desenvolvimento contínuo de melhoria dos processos e produtos. A Manufatura de Classe
Mundial ou World Class Manufacturing (WCM), conceito originalmente introduzido por
Hayes and Wheelwright
(1984),
caracteriza-se como uma gestão abrangente que busca
garantir a excelência de processo e produtos pela redução das perdas e estabilidade do
processo. É caracterizada, entre outras coisas, por se superar nos quesitos qualidade e
tecnologia (WIREMAN, 1990; CHIAVENATO, 1999).
Para que o alcance e a superação das metas estabelecidas pela produção sejam
viabilizados é fundamental, entre outras coisas, que os recursos e meios de produção estejam
disponíveis, em atendimento ao planejamento operacional realizado, com alto nível de
confiabilidade (PUN et al., 2002). A manutenção industrial torna-se assim, uma das
atividades de apoio à produção chave neste processo, ainda que nem sempre lembrada. Ela
afeta diretamente a capacidade e habilidade dos processos produtivos das empresas de
responderem rápida e eficazmente às demandas do mercado. A manutenção industrial deve
ser adaptada ao ambiente de competição global. Para tanto, apresenta-se a Manutenção de
Classe Mundial (MCM) definida por Wireman (1990), como sendo aquela capaz de atender
satisfatoriamente as necessidades dos sistemas produtivos em uma economia globalizada.
Num sistema de gestão WCM os objetivos da manutenção e da produção são
compatibilizados e harmonizados, pois a manutenção tem um papel decisivo para eliminar
perdas, assegurar o funcionamento ininterrupto do processo aumentando a confiabilidade dos
equipamentos e estabilidade das variáveis do processo com custos otimizados. Vários
sistemas de gestão da manutenção foram desenvolvidos para suportar as empresas nesta
direção.
Capítulo 1 – Introdução 2
Destacam-se a RCM (Reliability-Centered Maintenance, ou Manutenção Centrada em
Confiabilidade - MCC), TPM (Total Productive Maintenance, ou Manutenção Produtiva
Total - MPT) e RBI (Risk-Based Inspection, ou Inspeção Baseada no Risco - IBR), com o
objetivo de reduzir os custos de manutenção e melhorar a confiabilidade. De uma forma geral,
segundo Yamashina (2000), Murthy et al., (2002) e Dunn (1999) os resultados têm sido
positivos para as empresas que implementaram tais processos.
Segundo Hirilaus Xenos (1998), a manutenção deve ter um escopo muito mais
abrangente do que simplesmente manter as condições originais dos equipamentos. Muitas
vezes, somente manter estas condições é insuficiente e a introdução de melhorias que visam
aumentar a produtividade também deve fazer parte do trabalho dos departamentos de
manutenção.
Segundo Kardec e Nascif (2002), a nova postura da manutenção é fruto dos desafios
que se apresentam para as empresas neste novo cenário de economia globalizada e altamente
competitiva, onde as mudanças se sucedem em alta velocidade e a manutenção como uma das
atividades fundamentais do processo produtivo, precisa ser um agente pró-ativo. Isto é, na
visão atual deve-se atuar preventivamente e as equipes devem estar qualificadas e equipadas
para evitarem falhas e não apenas corrigi-las. Esta mudança estratégica da manutenção tem
reflexo direto no resultado da empresa.
Tsang (1998) argumenta que considerar a manutenção como uma questão puramente
tática é equivocada. A manutenção também tem uma dimensão estratégica, abrangendo
assuntos como o projeto das instalações e seus programas de manutenção, aprimoramento do
conhecimento e das habilidades da força de trabalho, e desenvolvimento de ferramentas para
realizar o serviço da manutenção.
Hendry (1998), Tsang (1998), Bond (1999), Liyanage & Kumar (2003), Dunn (2003)
declaram que a performance classe mundial da função manutenção também depende de
métricas que podem ser obtidas por meio de processo de benchmanrking. Para tal, a adoção de
um sistema de indicadores de desempenho ligado à estratégia da organização torna-se
essencial para atingir a excelência nos processos da manutenção.
Os indicadores de desempenho devem ser posicionados num contexto estratégico
demonstrando como eles influenciam no trabalho das pessoas. Peters e Waterman (1982)
apud Tsang (1998) explicam esta afirmação de maneira sucinta: “O que é medido é feito”.
O padrão das decisões e ações dentro da organização define a estratégia na prática. Deste
modo, os indicadores de desempenho não devem ser considerados puramente como um meio
Capítulo 1 – Introdução 3
de prover informação para a tomada de decisão no gerenciamento e controle da manutenção,
eles podem também servir como uma ferramenta motivacional direcionada às decisões e às
ações coerentes com a estratégia adotada pela organização para a manutenção.
1.1 Justificativa do tema
Dentre os fatores competitivos a serem atendidos pela WCM, destacam-se como
normalmente presentes o baixo custo, qualidade alta e entrega confiável, o que determina,
automaticamente, os objetivos estratégicos a serem priorizados pela maioria das organizações,
quais sejam: custo, qualidade e confiabilidade. Dada à estreita relação da atividade com estes
objetivos estratégicos, os citados desafios permanentes da produção acabam sendo os próprios
desafios da atividade de manutenção. Como conseqüência, a adoção de estratégias funcionais
de manutenção adequadas, alinhadas a indicadores de desempenho estratégicos que mostrem
como obter o custo efetivo sem comprometimento da segurança e da confiabilidade
operacional da planta, passa a ser de fundamental importância para a organização.
Yamashina (2000) demonstra em estudo realizado na manufatura japonesa que a
adoção do sistema de gestão da manutenção TPM, associado ao sistema de produção JIT (Just
in Time), integrado ao sistema de gestão da qualidade TQM (Total Quality Management)
fornece o caminho para atingir o conceito WCM nos processos e produtos.
Tsung (1998) justifica que o sucesso atual das organizações que realizam uma
manutenção de classe mundial se deve à adoção de um sistema estratégico revolucionário.
Uma organização da manutenção que desenvolve a capacidade de aprender será capaz de
identificar uma estratégia emergente a partir das necessidades do cliente, da experimentação e
da avaliação dos resultados.
Considerando a relevância da manutenção nas WCM, como discutido anteriormente, a
complexidade dos sistemas e equipamentos utilizados numa indústria de alta tecnologia e o
elevado risco presente para pessoas, meio-ambiente e para as próprias instalações, é de vital
importância a adoção de um sistema de gerenciamento dotado de indicadores de desempenho
estratégicos que monitorem as instalações físicas disponíveis e os recursos aplicados para este
fim, no cumprimento da visão, missão e metas propostas para a organização da manutenção.
O Balanced Scorecard (BSC) promove uma visão balanceada dos indicadores de
desempenho em torno de quatro perspectivas: finanças, cliente, processo interno, e
aprendizagem e crescimento. Segundo Kaplan eNorton (1996) apud Tsang (2002) gerentes
frequentemente acham a estratégia muito abstrata para guiá-los nas decisões do dia-a-dia.
Capítulo 1 – Introdução 4
Utilizando o BSC a estratégia é traduzida em algo mais tangível e operável objetivos de
longo prazo relacionados às medidas de desempenho, suas metas, e plano de ação.
O BSC apresenta-se como uma ferramenta de comunicação focada nos fatores
importantes da manutenção no sucesso do negócio da empresa. Ela permite uma avaliação
holística da performance da unidade e a protege contra sub-otimização porque todos os
indicadores de desempenho que coletivamente determinam a performance total da
manutenção são monitorados (TSANG, 2002).
Conforme Martins e Laugeni (1998), os processos produtivos das empresas dependem
muito da confiabilidade e disponibilidade de seus equipamentos e instalações, podendo uma
instalação bem mantida significar expressiva vantagem competitiva sobre a concorrência.
Exige-se, portanto, dentro deste enfoque, cada vez mais atenção e esforço para a melhoria dos
processos de manutenção.
Considerando a função estratégica da manutenção para o sucesso da empresa,
principalmente na indústria de processo contínuo onde o custo de paradas é elevado;
atentando a inabilidade da gestão da manutenção promovida pelo programa TPM em
visualizar o desempenho da manutenção como um todo, por tratar os indicadores financeiros e
de performance de forma desintegrada; e com o intuito de acelerar o processo gerencial e
facilitar a identificação de pontos críticos, identifica-se a necessidade da adoção de uma
ferramenta de gestão estratégica para aperfeiçoar o processo de manutenção que busca
enquadrar-se nos padrões de excelência da manufatura de classe mundial. Neste contexto
adota-se a metodologia de gestão estratégica do Balanced Scorecard a qual trata de forma
integrada suas quatro perspectivas (finanças, clientes, processo interno e aprendizagem)
proporcionando abranger todos os aspectos do negócio da manutenção, além de sua aplicação
ter obtido excelentes resultados desde sua divulgação em 1992 por Kaplan e Norton.
Ao mesmo tempo em que se constata no cenário mundial certa diversidade de
metodologias e de programas de gestão de manutenção (alguns deles bem sucedidos), depara-
se, em âmbito nacional, com literatura restrita e escassa para suporte na implementação de um
sistema similar, ou mesmo, para o aprofundamento do estudo sobre o tema.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo principal deste trabalho é apresentar a aplicação da metodologia de gestão
estratégica do BSC no Pilar da Manutenção Planejada, o pilar responsável pela gestão da
Capítulo 1 – Introdução 5
manutenção no programa TPM adotado em uma empresa de processo continuo do ramo de
celulose e papel. Promovendo o gerenciamento estratégico da manutenção baseado nos
indicadores de desempenho de um programa de gestão classe mundial como é a TPM e que
poderá ser utilizada diretamente ou como referência para um programa próprio de
manutenção a ser desenvolvido por outra empresa.
1.2.2 Objetivos específicos
Além do objetivo geral, este trabalho:
Conceitua o processo de gestão da manutenção como função vital na indústria
de processo;
Discuti a importância do gerenciamento estratégico da função manutenção para
o sucesso da empresa;
Analisa o que existe disponível no mercado em termos de filosofias gerenciais
e programas de gestão de manutenção em uso na indústria e publicados na literatura
que propõe ferramentas para organizar e aperfeiçoar o processo de manutenção;
Define o sistema de gestão da manutenção de classe mundial como sistema
capaz de suprir as necessidades da manufatura classe mundial;
Demonstra a função do sistema de gestão Total Productive Maintenance
(TPM) como programa fundamental na busca do conceito classe mundial;
Discute a importância dos indicadores de desempenho no gerenciamento
estratégico da manutenção destacando a metodologia do Balanced Scorecard
desenvolvido por Kaplan e Norton (1992) para orientação destes indicadores;
Descreve a gestão da manutenção da Klabin Papéis Monte Alegre (KPMA)
unidade do grupo Klabin S.A. em Telêmaco Borba-PR, destacando a atuação do Pilar
da Manutenção Planejada responsável pela gestão da manutenção no programa TPM
adotado pela empresa, o qual servirá de cenário para a aplicação do BSC para
gerenciar estrategicamente a manutenção da empresa;
1.3. Metodologia
1.3.1. Método de pesquisa
Adotar-se-á o estudo de caso como metodologia desta dissertação, pela sua adequação
ao estudo de comportamentos organizacionais. Será estabelecido previamente um conjunto de
proposições teóricas, que auxiliam na identificação dos elementos que compõem um sistema
Capítulo 1 – Introdução 6
de gerenciamento de manutenção. A seguir, se apresentado como cenário o sistema de
gestão TPM adotado na Klabin Papéis Monte Alegre (KPMA) empresa brasileira do
segmento de processamento de celulose e papel onde foi realizado o estudo de caso,
finalizando com a proposição da metodologia do BSC para auxiliar no gerenciamento da
manutenção da empresa em estudo.
1.3.2. Método de trabalho
A metodologia para elaboração desta dissertação, representada na Figura 1.1, inicia
identificando-se os fundamentos de um sistema de gestão de manutenção, realiza-se uma
revisão bibliográfica atualizada sobre o tema gestão da manutenção, a importância do
planejamento estratégico na manutenção e os diversos sistemas de gestão da manutenção
encontrados na literatura que possa servir como um referencial teórico no desenvolvimento de
trabalhos similares. A partir da revisão define-se o sistema de gestão da manutenção de classe
mundial e a adoção da TPM como modelo de gestão ideal para atingir conceito WCM devido
ao seu alto nível organizacional e ao ambiente motivador promovido pelo programa.
Destaca-se neste trabalho também a importância dos indicadores de desempenho no
gerenciamento da manutenção e a utilização da ferramenta de gestão estratégia do Balanced
Scorecard introduzida por Kaplan e Norton (1992) para gerenciar estes indicadores.
Como cenário descreve-se o sistema de gestão TPM adotado por uma empresa do
segmento de celulose e papel, focando-se no Pilar da Manutenção Planejada, o pilar
responsável pela função manutenção e os indicadores de desempenho utilizados por ele.
Como principal contribuição deste trabalho apresenta-se um modelo de aplicação da
metodologia BSC nos indicadores de desempenho da manutenção utilizados pela empresa em
estudo, relatando os passos necessários para a implantação do BSC, demonstrando as
vantagens em adotar uma ferramenta estratégica no gerenciamento dos indicadores em busca
da melhoria contínua.
Capítulo 1 – Introdução 7
Figura 1.1 – Metodologia do trabalho
1.3.3. Avaliação da proposta
Para validar a proposta de aplicação da metodologia do BSC para auxiliar a gestão do
Pilar da Manutenção Planejada e orientá-lo conforme a estratégia proposta para ele no
programa TPM, utilizou-se um questionário elaborado a partir da metodologia proposta por
Perez (2003) e Romano (2003) aplicado aos membros da equipe do Pilar da Manutenção
Planejada do programa SUPERAR de implantação da TPM na Klabin Papéis Monte Alegre
(KPMA) unidade de Telêmaco Borba PR. O propósito do questionário é avaliar a
sensibilidade da proposta por parte dos membros do pilar no que tange aos benéficos desta
metodologia para a gestão do pilar, a necessidade a facilidade de adoção da proposta.
O procedimento para validar a proposta constituiu-se de uma apresentação onde é
inserido o embasamento teórico dos conceitos abordados na dissertação enfatizando-se o
conteúdo apresentado no Capítulo 5, onde é exposto o modelo para aplicação da metodologia
do BSC no cenário do sistema de gestão da manutenção TPM vivido pela empresa estudada.
Seguido da apresentação aplicou-se o questionário para avaliar o entendimento da proposta
por parte da equipe do pilar.
1.4. Estrutura do trabalho
O presente trabalho está dividido em seis capítulos, seguindo o método de trabalho
proposto na Figura 1.1, cujos conteúdos são apresentados a seguir:
No segundo capítulo, apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre o tema gestão de
manutenção, destacando a importância do planejamento estratégico de uma empresa, a
relevância das atividades de apoio na consecução dos objetivos empresariais, em especial da
ESTUDO DO CASO (KLABIN)
APRESENTAÇÃO DOS CONCEITOS
(Revisão Bibliográfica)
2. GESTÃO DA
MANUTENÇÃO
Definição
Planejamento
estratégico
Sistemas de gestão
Manutenção Classe
Mundial
TPM
3.
INDICADORES DE
DESEMPENHO PARA
GESTÃO DA
MANUTENÇÃO
Definição
Indicadores de desempen
ho
para Gestão da Manutenção
BSC
BSC para gestão da
manutenção
MODELO PROPOSTO
4. GESTÃO DA
MANUTENÇÃO
NA KLABIN
(TPM)
5. APLICAÇÃO DO BSC
NA GESTÃO DA
MANUTENÇÃO KLABIN
1. INTRODUÇÃO
6. CONCLUSÕES
Capítulo 1 – Introdução 8
atividade de manutenção industrial. Apresenta-se, também, uma revisão dos sistemas de
gerenciamento de manutenção em uso nas indústrias ao longo dos últimos anos destacando o
sistema de gestão da manutenção com ênfase na manufatura de classe mundial (WCM)
baseada na TPM (Total Productive Maintenance).
No terceiro capítulo apresenta-se um estudo sobre os sistemas de medição de
desempenho para gestão em especial a teoria do Balanced Scorecard (BSC) e sua aplicação
no gerenciamento da manutenção.
No quarto capítulo, apresenta-se a organização do departamento da manutenção da
empresa onde foi feito o estudo de caso, a KLABIN S.A. unidade situada na Fazenda Monte
Alegre em Telêmaco Borba-PR. Apresentam-se as subdivisões do departamento, o processo
de manutenção e seu planejamento e controle. Será relatado o processo de implantação do
sistema de gestão TPM na empresa, a estrutura e objetivos do programa, as fases de
implantação e as mudanças na organização.
No quinto capítulo demonstra-se a aplicação da metodologia BSC na estrutura de
indicadores de desempenho do sistema de gestão TPM adotado na empresa, restringindo-se ao
Pilar de Manutenção Planejada, pilar responsável pela função manutenção na TPM, assim
como a avaliação da proposta com os membros do pilar.
No sexto capítulo, será feito uma apreciação final das práticas gerenciais exploradas na
pesquisa e serão apresentadas as conclusões deste trabalho. Serão também apreciadas as
vantagens na adoção de uma metodologia de gestão estratégica na manutenção e, por fim,
serão apresentadas sugestões para trabalhos futuros, complementares ao presente
desenvolvimento.
1.5. Delimitações
O modelo enfoca a gestão da manutenção TPM da unidade da Klabin S.A. em
Telêmaco Borba, Paraná (KPMA) onde foi realizado o estudo de caso e, portanto, considera
somente a estratégia adotada pelo Pilar da Manutenção Planejada (missão, visão e objetivos) e
os indicadores de desempenho adotados por ele.
O modelo não será aplicado aos demais pilares do programa SUPERAR de
implantação da TPM na empresa.
Os dados foram coletados durante todo ano de 2005, período em que o autor
acompanhou o funcionamento da gerência da manutenção nas dependências da empresa, em
Capítulo 1 – Introdução 9
especial o processo de implantação do programa TPM, durante o horário comercial de
funcionamento da unidade.
De modo a garantir o sigilo das informações internas da empresa na qual será
desenvolvido o projeto, alguns dados de desempenho utilizados ao longo do trabalho serão
apresentados na forma de percentuais, sem que haja qualquer comprometimento da qualidade
das considerações e conclusões finais deste trabalho.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 10
C
A P Í T U L O
2
-
GESTÃO
DA
MANUTENÇÃO
2.1. O gerenciamento da manutenção
Segundo Blanchard (1995), o gerenciamento da manutenção refere-se à aplicação do
apropriado planejamento, organização, pessoal, implantação do programa e métodos de
controle para a atividade da manutenção. Isto se aplica tanto ao gerenciamento do
departamento da manutenção em uma fábrica, quanto ao gerenciamento de uma atividade de
suporte à manutenção responsável por garantir que o sistema que está sendo utilizado pelo
cliente seja efetivamente e eficientemente mantido em seu ciclo de vida programado.
Atividades específicas incluem a descrição de tarefas a serem cumpridas, a identificação das
responsabilidades da organização, o desenvolvimento de uma estrutura de trabalho (work
breakdown structure), a projeção dos custos, programa de inspeção, relatórios, etc.
Para Sampaio (2001) a função manutenção é na sua essência constituída por ações
técnicas (intervenções corretivas e preventivas) e ações de gestão com pesos relativos
dependentes da dimensão da empresa, como representado na Figura 2.1. Em relação às ações
de gestão, assumem particular importância as diferentes formas de organização, dependentes
dos seguintes fatores:
i. Dimensão da empresa (organização);
ii. Tipo de atividade da empresa;
iii. Tecnologia utilizada;
iv. Tipo e qualidade dos equipamentos;
v. Grau de dispersão geográfica das organizações;
vi. Outras atividades de responsabilidade da manutenção (distribuição de energia,
gestão de estoques, segurança, etc).
Onde, em geral empresas com dimensões maiores, ou seja, plantas com uma estrutura
fabril maior, necessitam de mais ações gerencias.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 11
Figura 2.1 - Função Manutenção na Empresa. (FONTE: Chedas Sampaio, 2001)
Sampaio (2001) define ainda que a gestão da função manutenção envolve as seguintes
funções:
i. Métodos: normativo interno, gestão técnica do material, preparação de
trabalhos, assistência técnica, acompanhamento das condições dos
equipamentos, análise dos resultados da manutenção;
ii. Planejamento: definição de prioridades, preparação e programação de
trabalhos, fiscalização e controle do planejamento;
iii. Execução: programação diária dos trabalhos, realização dos trabalhos;
As referidas funções implicam nas seguintes atividades:
i. Organização: normas internas, relatório de equipamentos, codificação
funcional e de armazém, manuais técnicos;
ii. Novas aquisições e alterações: especificações técnicas de seleção, cadernos
de encargos, recepção;
iii. Planejamento: planos de manutenção, preparação e programação de trabalhos;
iv. Execução: realização dos trabalhos;
v. Controle orçamental: controle de custos;
vi. Gestão de materiais: gestão de estoques, gestão de quebras, conservação,
descarte; e
vii. Gestão de pessoal: organizar, motivar, formar.
Dimensão da empresa
AÇÕES TÉCNICAS
AÇÕES GERENCIAIS
Ações
tomadas
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 12
Sampaio (2001) define a gestão de manutenção como: “Os equipamentos produtivos
estão normalmente a cargo da produção que os opera e que é responsável pelos custos
respectivos (operação/ manutenção/amortização). Quando a manutenção vai atuar nos
equipamentos estabelece-se uma prestação de serviços desta função à produção. Desenvolve-
se assim naturalmente um relacionamento entre ambas do tipo fornecedor de serviços-
cliente”.
Esta relação de fornecedor de serviços-cliente setomada como base para elaborar
um conjunto de indicadores de desempenho para monitorar a gestão da função manutenção
baseada na metodologia de gestão estratégica do Balanced Scorecard (BSC), assunto que será
abordado nos Capítulos 3 e 5.
Segundo Wireman (1990), os objetivos e metas típicas no gerenciamento da
manutenção são:
i. Maximização da produção ao menor custo e padrões ótimos de qualidade e
segurança;
ii. Identificação e implementação da redução de custos;
iii. Registros precisos relacionados com os serviços de manutenção;
iv. Disponibilidade de informações detalhadas sobre custos de manutenção;
v. Otimização dos recursos de manutenção;
vi. Otimização de capital ao longo da vida dos equipamentos;
vii. Minimização do uso de energia; e
viii. Minimização de estoques disponíveis.
A estrutura organizacional necessária e o desempenho satisfatório da função
manutenção em uma indústria de produção contínua (IPC) como a de celulose e papel está
sempre em constante evolução. O paradigma ultrapassado que a boa manutenção é aquela que
executa um bom reparo, evoluiu para um novo conceito de que uma boa manutenção é aquela
que consegue evitar ao máximo as perdas não planejadas.
Numa IPC, configuram-se como permanentes desafios o constante incremento da
confiabilidade e disponibilidade das plantas, redução de custos e medidas de proteção aos
trabalhadores e meio ambiente. Quanto à importância da continuidade operacional, cabe
salientar as significativas perdas econômicas decorrentes da interrupção do processamento de
determinadas unidades, além do comprometimento do plano de produção e dos contratos
assumidos com os clientes externos. Mesmo em paradas rápidas de unidades de
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 13
processamento contínuo, tempos muito longos acabam sendo gastos até que se atinja a
especificação dos produtos acabados.
Palmer (1999) afirma que o propósito da manutenção é garantir a confiabilidade da
planta industrial. Segundo este autor, as empresas devem dar ênfase à aplicação de
equipamentos industriais que precisem cada vez menos de atenção. Ainda é seu ponto de vista
que este enfoque deve ser preferido em relação à busca de ser eficiente e reativo na execução
das tarefas de reparo em equipamentos no estado de falha. Neste sentido, o procedimento para
a busca da manutenção eficaz compreenderia dois aspectos:
1. A integração da manutenção com a engenharia de processo na seleção e
aplicação dos equipamentos.
2. Já com os equipamentos montados e operando, deve-se buscar a manutenção
pró-ativa, ou seja, agindo antes da quebra ocorrer por meio das manutenções
preventiva e preditiva e das modificações de projeto.
A função manutenção sendo desenvolvida de forma eficaz, para Palmer (1999),
contribui para o crescimento da confiabilidade na capacidade da planta estar disponível
quando demandada e, desta forma, para a redução dos custos totais de produção.
Cabe destacar que o adequado projeto dos fluxos do processo de manutenção e o
tratamento das interfaces existentes, sustentados por uma atmosfera de envolvimento e pró-
atividade o os fatores chaves para o sucesso do sistema de gestão. Reforça-se, com isso, o
papel chave das pessoas e dos relacionamentos humanos neste, assim como em qualquer outro
sistema de gerenciamento. Qualquer gestão, seja simples ou complexa, somente é bem
sucedida se realizada por pessoas e equipes engajadas. Também é importante que as
lideranças da organização promovam o claro entendimento dos processos, mantenham a
motivação e forneçam orientação permanente aos participantes, num clima de confiança e
cooperação. A compreensão e o gerenciamento dos fundamentos e de suas múltiplas relações
por todos dentro da organização, em especial por parte daqueles diretamente envolvidos no
processo de manutenção, são cruciais para que o sistema alcance pleno sucesso.
2.2. Planejamento estratégico na manutenção
O planejamento constitui-se hoje num componente essencial em qualquer tipo de
organização ou atividade. Empresas utilizam o planejamento como uma função administrativa
para estabelecer objetivos de médio e longo prazo e traçar planos para atingí-los da forma
mais eficaz possível.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 14
De acordo com Chiavenato (1999), o planejamento pode estar voltado para assegurar a
continuidade de uma situação atual, pode estar voltado para a inovação ou melhoria de um
comportamento ou ainda estar voltado para as contingências futuras, com um sentido mais
preventivo. O planejamento deve ser contínuo e permanente e, se possível, abranger o maior
número de pessoas em sua elaboração e implementação. Deve ser, portanto, contínuo e
participativo.
O planejamento pode ser bastante simplificado, assim como muito complexo e
extremamente elaborado. Sabe-se que, quanto mais sistemático, racional, visível,
compreendido e aceito por toda a corporação, mais ele cumprirá seu objetivo principal de
promover o desenvolvimento e crescimento sustentável da organização como um todo.
Segundo Slack et al. (1999) e Chiavenato (1999), de uma maneira simplificada, pode-
se identificar três níveis de planejamento dentro de uma organização:
Planejamento Estratégico, mais genérico e sintético, que posiciona a
corporação em seu ambiente global, econômico, político e social. Estabelece as
diretrizes gerais para orientação da corporação como um todo;
Planejamento Tático, menos genérico e mais detalhado, que estabelece a
missão e os objetivos individuais de cada unidade de negócio, dentro de seu
ambiente de mercado; e
Planejamento Operacional, mais detalhado e analítico, que traduz o
planejamento tático, dentro da especificidade de cada função ou atividade, e
estabelece a melhor forma de organizar os recursos para apoiá-lo.
Segundo Moreira (1996), o planejamento estratégico desenvolvido no nível
institucional define a filosofia básica da organização no que tange às suas atividades, orienta
quanto aos produtos e/ou serviços a serem oferecidos e trata do planejamento para a aquisição
e alocação dos recursos críticos, como tecnologia e pessoal, tanto para implementar os planos,
quanto para avaliar os seus impactos.
Para o adequado desempenho de funções vitais de uma organização, em atendimento
ao preconizado em seu planejamento estratégico, é necessário seu desdobramento ao longo de
toda a estrutura organizacional, considerando-se os três veis, estratégico, tático e
operacional, estabelecendo-se no longo, médio e curto prazo, a forma como os diversos
fundamentos contribuirão para atingir os objetivos estabelecidos pela organização.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 15
Considerando sua relevante importância numa IPC, a função manutenção deve, por
conseguinte, definir sua própria estratégia, visão e missão, bem como estabelecer seus
objetivos e planos de ação (táticos e operacionais), orientados e alinhados com o
planejamento estratégico da organização.
Kaplan e Norton (1992) desenvolveram um sistema de gestão estratégica, baseado em
indicadores de desempenho, batizado de Balance Scorecard (BSC). Este visa traduzir a
missão e a estratégia de uma unidade de negócios em objetivos e metas tangíveis a todos os
níveis da organização, refletindo o equilíbrio entre objetivos de curto e longo prazo, entre
medidas financeiras e o-financeiras, entre indicadores de tendência e ocorrências e entre as
perspectivas internas e externas do desempenho.
As perspectivas de agrupamento de competências de gestão fornecem a interligação do
estratégico com o operacional. Isto porque a disponibilidade de inúmeras metodologias para
medição e melhoria da performance em determinados sub-processos específicos da
manutenção ou até a mesma como um todo, sugere que analise-se seus insumos de forma
estruturada em níveis hierárquicos de relacionamento que, segundo Wireman (1998), devem
estar de acordo com sua importância para todo o desempenho da organização.
2.2.1. Gestão estratégica da manutenção
Hendry (1998), Tsang (1998), Bond (1999), Liyanage e Kumar (2003), Dunn (2003)
destacam a importância estratégica da manutenção tanto para o processo produtivo quanto
para o sucesso da organização como um todo, como por exemplo: aspectos relacionados à
confiabilidade das instalações, qualidade dos produtos, custo/lucro para o ciclo de vida dos
ativos (LCC – Life-cycle cost e LCP – Life-cycle profit) e integração com as demais atividades
da organização, entre outros. A função estratégica da manutenção é uma atividade vista hoje
como crítica para a lucratividade da empresa, tendo sido tratada, no passado, como um “mal
necessário” (SHERWIN, 2000).
Slack (1999) comenta sobre os benefícios que a gerência de produção experimenta
como decorrência do desempenho satisfatório das atividades de manutenção nos
equipamentos e instalações:
i. Segurança melhorada, na medida em que o comportamento das instalações é
mais previsível, oferecendo menor risco para as operações;
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 16
ii. Confiabilidade aumentada, pois conduz a menores tempos perdidos de
produção e menos tempo gasto em consertos;
iii. Maior qualidade, considerando que equipamentos bem conservados permitem
padrões de qualidade elevada, com baixa variância;
iv. Custos de operação mais baixos, como conseqüência das vantagens
anteriormente citadas; e
v. Tempo de vida mais longo pela preservação dos equipamentos.
Campbell (1995) considera que muitas organizações “sofrem” por negligenciarem
elementos essenciais para o sucesso, como por exemplo, a manutenção industrial. Destaca
ainda que a manutenção industrial tem a função de manter os ativos físicos nas suas melhores
condições, de modo a garantir a capacidade de produzir e prover bens e serviços. Permite
desta forma, a expansão da capacidade do processo produtivo, proporciona a satisfação dos
consumidores, mantém o processo produtivo em regime controlado e seguro, e mantém sob
controle os riscos para o meio ambiente e segurança das pessoas.
A manutenção tem influência direta sobre a lucratividade da empresa. Os ganhos
decorrentes do adequado gerenciamento da manutenção, traduzidos na forma de aumento da
confiabilidade dos equipamentos, redução dos custos e melhoria da qualidade dos produtos
associados à atuação da manutenção, podem proporcionar preços mais competitivos e
conquista de mercados. Os ganhos potenciais podem ser bastante expressivos, o que numa
economia altamente competitiva, não deve ser desprezado. Por outro lado, deficiências de
atuação da manutenção podem colocar em risco a competitividade da empresa, e, por
conseguinte, a sua sobrevivência (XENOS, 1998; MURTHY et al., 2002).
Monchy (1989) afirma que a importância dos serviços de manutenção dentro de uma
organização depende em muito do tipo de indústria e da criticidade dos seus ativos para a
continuidade e segurança do processo produtivo, e apresenta a seguinte classificação:
i. Fundamental, para o setor de energia e aeronáutico;
ii. Importante, para as IPCs; e
iii. Secundária, para parques de materiais heterogêneos (produtos seriados) com
custos baixos para paradas.
Ainda segundo Monchy (1989), a crescente importância da manutenção deve-se a
vários fatores, dentre os quais se destacam:
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 17
i. Automatização dos equipamentos de produção, mais compactos, complexos e
de uso mais intensivo;
ii. Equipamentos mais onerosos e com tempos de amortização mais curtos;
iii. Tempos de não disponibilidade das máquinas, mais críticos para as empresas;
iv. Restrições de segurança que são impostas a materiais mais críticos; e
v. Economia esperada de uma manutenção mais racional.
Pinto e Xavier (1998), Sherwin (2000), destacam a importância da integração eficaz da
manutenção com o processo produtivo, contribuindo para a excelência empresarial. Os
autores vêem a manutenção como uma função estratégica que pode contribuir para o
faturamento e lucratividade da empresa, para a segurança das instalações e pessoas e para a
preservação do meio ambiente. Consideram que o sucesso de um empreendimento, que busca
ser caracterizado pela sua disponibilidade e confiabilidade, depende da correta realização das
fases de projeto, fabricação, instalação, operação e manutenção. Em todas essas fases, a
função manutenção pode desempenhar papel decisivo, com suas contribuições e influências.
Ao mesmo tempo, a correta realização dessas fases pode afetar decisivamente o desempenho
da função manutenção. Daí a importância de um processo integrado, com avaliação
permanente das contribuições e influências sobre a manutenção.
A terotecnologia, segundo Monchy (1989), uma combinação de management
(gerência), de economia e de engineering(tecnologia), foi considerada como o primeiro
conjunto de práticas de gerenciamento de manutenção a destacar a importância da análise
integrada do custo do ciclo de vida dos equipamentos (KELLY & HARRIS, 1980;
SHERWIN, 2000). Por meio da representação da Figura 2.2, Kelly e Harris (1980) explicam
como a terotecnologia demonstra que o nível de manutenção requerido por um equipamento
em seu estágio operacional é afetado por fatores presentes em estágios anteriores de seu ciclo
de vida. Os autores destacam também o papel da manutenção e operação sobre os estágios
anteriores, pela integração de profissionais destas duas áreas, com suas percepções e
sugestões, por ocasião da especificação, projeto, instalação e condicionamento de partida.
Salientam ainda o potencial de ganho quando o processo de aprendizagem vivenciado por
ocasião do uso dos equipamentos é utilizado como feedback” para novos projetos, ou mesmo
no aperfeiçoamento das instalações existentes, possibilitando atuação preventiva para
correção de deficiências observadas e vivenciadas.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 18
Figura 2.2 – Ciclo de vida e fatores que afetam o custo de manutenção segundo a Terotecnologia.
(Fonte: KELLY & HARRIS, 1980)
De acordo com Monchy (1989), a manutenção deve iniciar-se na fase de concepção
de uma máquina: as características de mantenabilidade, confiabilidade e disponibilidade e
durabilidade são determinadas nesta fase. Onde a manutenção, através do conceito de
engenharia simultânea, não assessora como também se integra à equipe, tanto nas tarefas
de projeto, quanto na especificação de compras e qualquer outra atividade que envolve a
produção.
Por fim, deve-se providenciar a capacitação das equipes de manutenção, organização
da documentação, cadastro e suprimento de sobressalentes, e procedimentos de manutenção.
Vinadé (2003) sintetizou as tarefas da manutenção ao longo do processo de projeto a
partir das correlações entre confiabilidade e mantenabilidade para obter disponibilidade,
abordada por Dias (1996), e também nas correlações e entre eficiência e qualidade para obter
produtividade, conforme Santos et al. (1999), na forma representada na figura 2.3.
Especificação
Partida
Projeto
Operação
Fabricação
(instalação)
Substituição
Participação Operacio
nal
Desempenho
Confiabilidade
Mantenabilidade
Sistemas de apoio
Detecção de
deficiências no
projeto
Detecção de
deficiências no
projeto
Otimização da
manutenção
Otimização da
operação
Desgaste
Obsolescência
Período de Aprendizagem
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 19
VIDA (x)
Sistema Reparável
Tempo de bom
funcionamento
Tempo de
recolocação
CONFIABILIDADE
Probabilidade de
bom Funcionamento
MANTENABILIDADE
Probabilidade de
Recolocação
ProduçãoEnergia
ReparoFalha
+M
+C
EFICIÊNCIA
Produzir um efeito
suficientemente
satisfatório com o
máximo
aproveitamento de
energia
QUALIDADE
Aumento da exatidão
com diminuição da
variabilidade da
saída do sistema
+D
DISPONIBILIDADE
Probabilidade de uso
Efetivo
Tarefas de
manutenção para
manter Eficiência e
Qualidade
PRODUTIVIDADE
Função da
disponibilidade,
qualidade e eficiência
+E
+
η
Figura 2.3 – Síntese de Disponibilidade e Confiabilidade (VINADÉ, 2003).
Pinto e Xavier (1998) comentam sobre a importância do esforço da manutenção, e de
toda a organização, para redução da demanda de serviços, obtida na melhoria da qualidade
dos serviços e da operação, na resolução de problemas crônicos e na simplificação ou na
eliminação de serviços desnecessários. Os autores registram que a redução da demanda de
serviços provoca entre outros resultados, a melhora da confiabilidade, do nível de segurança e
da redução dos custos.
Pinto e Xavier (p. 16) sugerem um novo conceito que caracteriza bem as modernas
funções da manutenção:
"Garantir a disponibilidade da função dos equipamentos e instalações de modo a
atender a um processo de produção e a preservação do meio ambiente, com confiabilidade,
segurança e custo adequados".
Projeto
Conceitual
Projeto
Preliminar
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 20
Santos et al (1999) e Vinadé (2003) enfatizam ainda que para sistemas de produção
contínua das IPCs, mais importante que o critério de disponibilidade é garantir a
produtividade da planta com aumento da eficiência e qualidade dos sistemas.
Segundo dados da Associação Brasileira de Manutenção ABRAMAN (2005), em
relatório apresentado no 20º Congresso Brasileiro de Manutenção, o custo anual de
manutenção em 2004 foi US$ 24.81 bilhões, o que representou 4,10 % do PIB brasileiro. No
mesmo relatório, destaca-se o índice de indisponibilidade operacional das empresas
brasileiras, decorrente de problemas de manutenção, tendo alcançado o percentual de 5,80%.
Estes dados dão uma idéia do potencial de ganho a ser alcançado com o adequado
gerenciamento das atividades de manutenção.
Segundo Wireman (1990), o custo das empresas americanas com manutenção no ano
de 1990 aproximou-se de US$ 600 bilhões. Alarmante é o fato que, deste total, um terço é
considerado custo desnecessário ou perdas. Das estatísticas apresentadas pelo autor,
destacam-se algumas mais importantes:
i. Em média, do tempo total gasto pelas equipes de manutenção, somente 25 a
50% são usados efetivamente na execução das tarefas;
ii. Somente 1/3 das empresas utilizam planejamento das atividades de
manutenção;
iii. Somente 1/3 das empresas utilizam controle dos trabalhos de manutenção por
meio de algum sistema de ordens de trabalho. Destas, somente 1/3 organizam
este sistema, levando em conta prioridades e permitindo decisões lógicas
baseadas nas reais necessidades da empresa;
iv. Somente 10% das empresas realizam análise das falhas dos equipamentos;
v. Falta de gestão de materiais que podem representar 20 a 70% dos custos de
manutenção; e
vi. Na maioria das vezes, o custo de manutenção é calculado pela simples soma do
custo dos serviços e materiais aplicados. O custo da perda de produção
associado à falha de equipamentos é da ordem de quatro vezes o custo dos
reparos, podendo chegar, em alguns casos a 15 vezes.
Ainda com relação ao aspecto econômico Campbell (1995) destaca que os elementos
que mais afetam a composição dos custos de manutenção são:
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 21
i. Qualificação do pessoal para o atendimento das necessidades específicas das
instalações;
ii. Níveis ótimos de inventários de sobressalentes e materiais de consumo;
iii. Suporte técnico adequado de engenharia de manutenção;
iv. Organização adequada;
v. Política de terceirização.
Finalmente, Tsang (2002) apresenta o que denominou de dimensões estratégicas para
o gerenciamento de manutenção. O autor considera que o desempenho diferenciado da
manutenção nestas dimensões pode qualificar a organização para os desafios dos tempos
atuais. São quatro as estratégias, todas afetadas diretamente por outros dois fatores críticos: o
fator humano e o fluxo de informações. As estratégias são:
i. Opções de fornecimento do serviço, onde são discutidas questões como pessoal
próprio na manutenção, terceirização de serviços (riscos e formas de
administração do risco) e desenvolvimento de uma rede de fornecedores
externos;
ii. Estrutura organizacional e do trabalho, onde são apreciadas questões como
localização e especialização das equipes de trabalho, organização do trabalho,
relações com a operação;
iii. Metodologia de manutenção, quando são estudadas e escolhidas as táticas de
manutenção; e
iv. Sistemas de suporte, capazes de dar sustentação para a implantação das
ferramentas apresentadas, destacando-se elementos como motivação,
envolvimento e autonomia dos trabalhadores, processo de comunicação e
relações humanas, educação e treinamento, recompensa e reconhecimento,
medição de desempenho e sistema de gestão da informação.
De posse de todas estas informações relacionadas com a importância da manutenção
industrial para o processo produtivo e, de uma maneira mais ampla, para o sucesso
empresarial da organização, a atividade em pauta deve ser projetada e organizada
considerando efetivamente seu papel estratégico dentro da corporação. Para construção da
estratégia de manutenção, pode-se, por exemplo, seguir o modelo tradicional (CAMPBELL,
1995), idêntico ao desenvolvido para a formulação de estratégia de produção de manufatura
(SLACK et al., 1999), apresentado na Figura 2.4.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 22
Figura 2.4 – Modelo de estratégia para manutenção (Fonte: CAMPBELL, 1995)
Deve-se, antes de tudo, levar em conta no estabelecimento dos objetivos-chave da
manutenção as necessidades dos consumidores, dos clientes e dos acionistas, integrados aos
objetivos da produção. Deve-se considerar que, assim como outras ferramentas do negócio, a
estratégia estabelecida deve ser flexível, ajustando-se às mudanças contextuais da corporação,
sempre que necessário.
2.3. Sistemas de gestão de manutenção
O gerenciamento do serviço de manutenção deve assegurar a otimização do conjunto
de equipamentos de uma planta, a partir do domínio de três fatores (MONCHY, 1989):
i. Econômico: menores custos, economia de energia etc;
ii. Humano: condições de trabalho, segurança, ergonomia, saúde etc;
iii. Técnico: disponibilidade e durabilidade das máquinas.
Diferença do
Desempenho
Missão
Princípios e
Diretrizes
Táticas
Situação dos
Ativos
Estratégia do
Negócio
Objetivos Globais para
Engenharia e Manutenção
Vetores do
Desempenho
Visão
Estado Atual
Conceitos
Arranjos
Organizacionais
Educação e
Qualificação
Sistemas e
Procedimentos
Métodos
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 23
Existe uma vasta literatura propondo inúmeros sistemas de gestão da manutenção,
todos procurando atender a estes três domínios, cada qual, entretanto, destacando um ou outro
aspecto. Sherwin (2000), por exemplo, faz considerações e comparações sobre alguns dos
mais importantes sistemas de gerenciamento de manutenção, levando em conta o momento
histórico em que foram concebidos e as expectativas organizacionais em relação à função
manutenção. Mostra que existe uma estreita relação entre todos. Os sistemas apreciados são:
Modelo terotecnológico básico, desenvolvido pelo governo inglês, considerado
como o primeiro sistema a destacar a importância do custo do ciclo de vida dos equipamentos
(Life-cycle cost, LCC);
Modelo terotecnológico avançado, incorporando recursos de tecnologia da
informação e com enfoque na lucratividade do ciclo de vida dos equipamentos (Lifecycle
profit, LCP);
Modelo de Eindhoven, que descreve a manutenção como um conjunto de atividades
e funções inter-relacionadas. Destaca-se por ter tratado a manutenção de forma integrada com
outras atividades do processo produtivo e por ter trazido à luz questões relevantes como a
engenharia de manutenção, planejamento e programação de manutenção;
Total Quality Maintenance (TQMain), ou Manutenção com Qualidade Total,
baseada nos princípios da qualidade total, em especial no ciclo PDCA, proposto por Deming.
Destaca o combate aos custos, representado pelas seis grandes perdas salientadas no TPM
(Total Productive Maintenance), e pela proposição da adoção da manutenção preditiva (ou
sob-condição);
Modelo ou filosofia proposta por Anthony Kelly, composto por um conjunto de
idéias e elementos que, conforme Sherwin (2000) poderiam ter sido originadas das propostas
da terotecnologia, do TPM ou do RCM, não fosse o fato de seu trabalho ser anterior a estas
propostas. Teria sido o primeiro a associar os conceitos propostos por Deming e Juran de
qualidade total às atividades de manutenção;
Total Productive Maintenance (TPM) ou Manutenção Produtiva Total, considerada
como um programa de gestão de equipamentos, implementado no nível de toda corporação,
que enfatiza o envolvimento dos operadores com a manutenção dos equipamentos e a
melhoria contínua, combinando técnicas de manutenção preventiva e preditiva com conceitos
da qualidade total. Sua implantação exige uma grande mudança cultural em que os operadores
são encorajados a participar das atividades de manutenção, a partir do envolvimento no
desenvolvimento e execução dos planos de manutenção. Uma das chaves do sucesso do TPM
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 24
é o desenvolvimento do senso de propriedade. O programa, concebido por Nakajima em
1988, foi originalmente lançado na indústria japonesa que adotava o sistema Just-In-Time
(JIT), com o propósito de combater as perdas devido às quebras das máquinas. Mais adiante
este programa será descrito em maiores detalhes na sua estrutura e em como ele contribui para
o sucesso da implantação da manufatura de classe mundial; e
Reliability-centered maintenance (RCM), ou Manutenção Centrada na
Confiabilidade (MCC), projetada para selecionar, reforçar e melhorar os programas de
manutenção preventiva, tanto do ponto de vista da predição, chamado de preditiva e quanto
nas atividades para detectar falhas nos equipamentos ou subsistemas redundantes ou reserva,
que vem sendo chamada de detectiva. Essa metodologia foi concebida originalmente para
aplicação na indústria aeronáutica. Posteriormente foi adaptada para as demais indústrias.
Apesar do reconhecido sucesso na implementação destes programas em algumas
empresas, em especial no caso do TPM e RCM, é importante lembrar que ocorrem também
experiências mal sucedidas. Na literatura são encontradas críticas (SHERWIN, 2000;
MURTHY et al., 2002; PINTELON et al., 1999; IDHAMMAR, 2003) à proposição destes
sistemas, principalmente por parte de consultorias, como pacotes completos que trazem a
solução de todos os problemas do gerenciamento da manutenção.
De acordo com Bloch apud Chang (1998), o RCM nem sempre é a melhor opção,
destacando que, na indústria americana, em torno de 60% daqueles que implantaram esta
metodologia a abandonaram após 1 a 2 anos. O autor considera que a implantação do RCM
consome muitos recursos e que existem alternativas mais simples e econômicas a serem
primeiramente usadas na solução da maioria dos problemas de manutenção. Myers apud
Chang (1998) aponta que a principal razão para fracassos na implantação do RCM é a falta de
envolvimento e participação efetiva dos usuários finais (manutenção e operação) na
concepção e desenvolvimento do projeto, o que resulta na falta de comprometimento com o
programa como um todo. Sherwin (2000) aponta inúmeros erros conceituais na proposta do
RCM e afirma que o sistema é incompleto sob ponto de vista de um sistema de manutenção.
Martin apud Chang (1998) afirma que os casos de insucesso na implantação do TPM
estão relacionados com a desconfiança dos trabalhadores sobre os verdadeiros objetivos do
programa. Alguns deles passam a perceber, como meta do programa, a redução da força de
trabalho e não o desenvolvimento da manutenção autônoma, o que, realmente, ocorre em
algumas empresas onde o programa e seus objetivos são mal entendidos pela administração.
ROUP (1999) afirma que a maior dificuldade na implantação do TPM na indústria americana
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 25
está relacionada com o conceito de utilização de times de manutenção, por considerar que a
cultura naquele país é bastante diferente da cultura de cooperação social que prevalece no
Japão. De fato, inúmeras dificuldades relacionadas à credibilidade dos empregados com
relação aos propósitos da organização, ao processo de comunicação e à superação de
resistências às mudanças precisam ser consideradas e equacionadas por ocasião do
planejamento e implantação do TPM (YAMASHINA, 2000).
Outra metodologia surgida recentemente foi a Risk-Based Maintenance
(RBM), ou
Manutenção Baseada no Risco (STARR & BISSEL, 2002). Trata-se de um método
quantitativo para avaliar as necessidades de manutenção. É freqüentemente usado como
ferramenta de decisão para paradas de manutenção. O objetivo é otimizar o retorno financeiro
das manutenções relacionadas em fazer ou não fazer a manutenção. Avalia-se o retorno
financeiro, a probabilidade da falha e a severidade da conseqüência se a falha ocorrer, para
então tomar a decisão.
Pun et al. (2002), apresentam a proposta da Effectiveness-Centred Maintenance
(ECM), ou Manutenção Centrada na Eficácia. Os autores, após realizarem uma comparação
entre as principais táticas de manutenção como Manutenção Pró-Ativa, TPM, Manutenção
Centrada no Lucro, RCM, entre outras, propõem um sistema de gestão que incorpora vários
tipos de sistemas vigentes nas organizações, como TQMain, TPM e RCM. Sua
implementação acontece a partir de quatro fases distintas, descritas a seguir e representadas na
Figura 2.5:
i. Participação e treinamento de pessoal, para assuntos como Housekeeping”,
TPM e RCM;
ii. Diagnóstico para melhoria da qualidade, por meio de auditoria e investigação
das não conformidades detectadas;
iii. Desenvolvimento da estratégia de manutenção, com aplicação da ferramenta
RCM e TPM; e
iv. Implantação do plano de ação obtido a partir do item anterior e medição de
desempenho e resultados obtidos.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 26
Figura 2.5 – Os elementos da ECM. (Fonte: PUN et al., 2002)
Outra proposta de sistema de gerenciamento de manutenção é o Strategic
Maintenance Management (SMM), ou Gerenciamento Estratégico da Manutenção,
apresentado originalmente por um grupo de pesquisadores da Universidade de Queensland,
Austrália (MURTHY et al., 2002). Este sistema é apresentado como uma alternativa de gestão
de manutenção para resolução de algumas limitações do TPM e do RCM. Na visão dos
autores, a ferramenta proposta, contrariamente às duas citadas, pode ser considerada como um
sistema de gestão de longo prazo. Ele equaciona a questão da terceirização e seus efeitos
sobre a manutenção, e leva em conta a necessidade de otimização da manutenção sob a
perspectiva do negócio, considerando, além do aspecto técnico, as questões operacionais e
comerciais, dentro de uma estrutura integrada.
Comprovada a importância do planejamento para o um sistema de gerenciamento da
manutenção moderno percebe-se que estes, em geral, evoluíram a partir da união de técnicas e
ferramentas utilizadas em sistemas mais antigos com exigências da nova ordem econômica
mundial e técnicas de gestão autônoma e melhoria contínua oriundas da TPM. Como proposta
de um sistema completo de gerenciamento de manutenção, surge idealizada por Wireman
(1990), a Manutenção de Classe Mundial. O sistema foi organizado para minimizar e
combater os custos da falta de eficácia da manutenção e dos próprios sistemas de apoio,
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 27
constituindo-se desta forma, em valiosa contribuição para o potencial competitivo dos
produtos fabricados pela empresa.
2.4. A manutenção de classe mundial
Hayes e Wheewright em 1984 desenvolveram o conceito da World Class
Manufacturing (WCM), ou Manufatura de Classe Mundial. Para Flynn et al (1999), este novo
paradigma foi construído baseado em uma profunda análise das práticas implementadas por
empresas japonesas e alemãs, bem como empresas norte americanas, as quais apresentavam
desempenho notável em suas indústrias. Daí vem o termo Manufatura de Classe Mundial.
Hayes e Wheewright (1984) apud Flynn et al (1999), em seu estudo encontraram muitos
pontos em comum entre estas empresas de sucesso e sumarizaram estes pontos em seis
princípios:
i. Melhoria na capacidade e nas competências da força de trabalho;
ii. Competência técnica e gerencial.
iii. Competição através da qualidade;
iv. Participação (envolvimento) da força de trabalho;
v. Desenvolvimento de máquinas únicas (difíceis de serem copiadas) com ênfase
na manutenção;
vi. Melhoria contínua incremental.
A WCM caracteriza-se por se superar nos quesitos qualidade, tecnologia e atitude para
a competição. Trata-se de organizações produtivas que apresentam alto grau de
competitividade em sua área de atuação e habilitam a corporação para a concorrência em
qualquer mercado internacional (WIREMAN, 1990)
Outros autores, mais recentemente, desenvolveram suas próprias definições sobre
WCM, muitas delas construídas sobre novas práticas gerenciais tais como a Gestão da
Qualidade Total (TQM) e o Just in Time (JIT).
Um modelo completo dos desafios que a indústria deve enfrentar para chegar ao
conceito WCM foi definido por Ahlmann (2002) na Figura 2.6, em quatro passos, partindo do
caos à excelência utilizando-se de um conjunto de medidas eficazes em relação aos benefícios
monetários imediatos e seu tempo de desenvolvimento. Medidas que incluem a manutenção e
a disponibilidade para uma manufatura de classe mundial, e conceitos de qualidade total
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 28
(TQC – Total Quality Concept) implementados a partir de princípios como treinamento
contínuo e melhoria contínua (Kaizen).
Controle: o primeiro passo tático para guiar a produção e obter um panorama geral é a
utilização das conhecidas ferramentas MRP (Material Requirements Planning) até a
implantação da TPM, que descritas desta maneira a lógica parece ser simples e atingível, mas
o tempo consumido e a problemática estão na implementação a qual requer extraordinária
dedicação da gestão e motivação pessoal.
Simplificação: O segundo passo começa com focar a empresa no custo do ciclo de
vida (LCC- life-cicle cost), para criar grandes volumes por família de produtos e então utilizar
a curva de aprendizagem. Isto servirá como pré-requisito para o passo três, a automação do
processo.
Automação: a automação flexível, a qual é mais bem desenvolvida dentro de um
planejamento corporativo, é construída de acordo com a economia de escopo intimamente
ligado as estratégias de negócio e de produção, incluindo o lucro do ciclo de vida (LCP- life-
cicle profit), realidade virtual (VR–virtual reality) e prototipagem virtual (VP– virtual
prototyping). A eficiência no custo é adquirida pela manufatura enxuta (lean manufacturing),
otimização dos custos indiretos e da administração, ao mesmo tempo em que a visão de lucro
em curto prazo é substituída pela de longo prazo em valor agregado, valor agregado ao
consumidor e economia integrada.
Classe Mundial: para alcançar a classe mundial, o passo quatro deve envolver a
drástica redução do lead time tanto no ciclo de desenvolvimento de produto quanto na venda
do produto. O que é possível através do aumento da disponibilidade e da transição de
planejamento seqüencial para passos modulados paralelamente, induzindo a redução no tempo
de desenvolvimento de anos para meses e até mesmo semanas. O Balanced Scorecard (BSC),
em substituição às medidas tradicionais com uma única visão financeira, é então introduzido
com sua visão balanceada fundamentada nas suas quatro perspectivas (finanças, cliente,
processo interno e aprendizagem).
Ahlmann (2002) declara que o fluxo monetário diminuirá no início do programa.
Contudo, se a gestão se mantiver forte para prosseguir, o fluxo monetário aumentará
assegurando crescentes lucros em longo prazo, frequentemente impossíveis de serem
ultrapassados pelos competidores.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 29
Figura 2.6 – Caminho da evolução para a Manufatura de Classe Mundial. (Fonte: AHLMANN, 2002)
Tendências competitivas têm conduzido as indústrias a reconsiderarem o impacto e a
importância no incremento da disponibilidade e na utilização do equipamento, na crescente
utilização de recursos e na produtividade da manutenção, e no aumento da qualidade e
responsabilidade dos serviços de manutenção para que seja alcançado o estado de manufatura
de classe mundial.
As conseqüências da ausência da manutenção afetam tanto clientes, investidores,
pessoal, sociedade e Estado, além da própria competitividade da empresa (BLANCO, 1996).
A necessidade de estabelecer parâmetros como um meio de comparação (benchmarking) entre
as empresas na busca de ocupar espaço entre as melhores do mundo, introduziu a expressão
Manutenção Classe Mundial.
Questões básicas analisam as práticas e a confiabilidade da manutenção em uma
organização, traduzindo em índices e comparando-os com índices de companhias
reconhecidamente líderes no contexto mundial. O Instituto Marshall (2001) destaca que são
necessárias cinco dimensões para a obtenção deste índice: gerenciamento de recursos,
gerenciamento da informação, procedimentos de análise e de manutenção, planejamento e
Classe
Mundial
Caos
Controle
Automação
*
Economia de
Integração
* Menor Ciclo
de
Desenv.
& Entrega
* Aumento do
Valor Agregado
* LCP
* Balanced
Scorecard
Tempo de Desenv.
Benefícios($)
Manufatura de Classe Mundial
Simplificação
*
Curva de
Aprendizagem
* Economia
de Escopo
* Lean
Manufacturing
* Engenharia
Simultânea
* TQM VR
* LCC VP
*
Foco na
Fábrica
* Economia
de Escala
*Grupos de
Tecnologia
Modulares
* TPM
* MRP
* TQC
* JIT
* KAIZEN
* FU
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 30
programação, e facilidades à manutenção. É o primeiro passo para integrar as ações e
identificar as áreas de oportunidade para melhorias nos processos fornecendo uma visão da
estrutura, relacionamentos, processos e pessoas relativas às boas práticas da manutenção.
Ahlmann (2002) destaca que o progresso para a manutenção de classe mundial
depende da transição da manutenção passiva, baseada em ações corretivas, para uma
performance pró-ativa paralela a mudança do fluxo produtivo e a atividade de pequenos
grupos descentralizados. Ahlmann ilustra na Figura 2.7. o progresso para manutenção de
classe mundial através de seis níveis para o desenvolvimento da manutenção pró-ativa, dos
quais a maioria das companhias alcança o terceiro nível com adoção de planos de manutenção
preventiva, e não percebe que mais três níveis para tornar-se uma manufatura de classe
mundial. Onde os próximos níveis representam a implantação de um sistema de gestão
responsivo na manutenção, como o programa TPM, realização de atividades de análise e
melhoria nas fases de projeto representando uma manutenção ativa e, por fim, mais do que
ativa e sim pró-ativa, é a definição de medidas atuais de competitividade para a expansão de
mercado da empresa através de medidas de mantenabilidade e confiabilidade.
Figura 2.7 – Progresso para a Manutenção de Classe Mundial. (Fonte: AHLMANN, 2002)
Orientado
a falhar
Mentalidade de
apagar incêndio
Da Corretiva
à Preventiva
Organização
Integrada ao
Trabalho - TPM
Atividades de
Análise e Melhoria.
Disponibilidade
e Performance
Modelo Acidental
Modelo de Alta Qualidade & Performance
Classe
Mundial
Hierarquia
Controlada
Reativa
Fluxo Orientado
Foco no Consumidor
Responsiva
Ativa
Pró-ativa
2
3
4
5
6
1
Desenvolvimento da Manuten
ç
ão Pr
ó
-
ativa
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 31
Wireman (1990) no livro Manutenção de Classe Mundial propõe um sistema
completo para o gerenciamento da manutenção. O sistema foi organizado para minimizar e
combater os custos da falta de eficácia da manutenção e dos próprios sistemas de apoio,
constituindo-se desta forma, em valiosa contribuição para o potencial competitivo dos
produtos fabricados pela empresa. A base originalmente proposta como da excelência em
manutenção era constituída de oito aspectos, considerados críticos, onde se podiam detectar
grandes potenciais para melhoria. Estes aspectos são:
i. Aspectos Organizacionais da Manutenção;
ii. Programas de Treinamento;
iii. Ordem de Serviço;
iv. Planejamento e Programação;
v. Manutenção Preventiva;
vi. Compras e Estoques;
vii. Relatórios Gerenciais;
viii. Automação na Manutenção.
Como citado anteriormente, o modelo de organização da manutenção depende de
cada organização e deve ser influenciado pelas metas e objetivos por ela estabelecidos. O
gerenciamento da manutenção visa, entretanto, garantir que a organização estabelecida, com
sua estrutura e recursos, alcance essas metas e objetivos.
Posteriormente, Wireman (1998) revisa sua proposta original e incorpora outros temas
que considera comporem um conjunto fundamental para o gerenciamento da manutenção,
como por exemplo, um sistema de gerenciamento de manutenção computadorizado,
envolvimento operacional, RCM, TPM e melhoria contínua, entre outros. O autor também
sugere a organização hierárquica dos temas acima, conforme ilustra a Figura 2.8, onde a base
é a Manutenção Preventiva.
Percebe-se que o autor faz uso das metodologias RCM e TPM para formar o conjunto
final. Evidenciam-se, assim, as colocações de Sherwin (2000), que considera essas
metodologias não completas, sob o ponto de vista de sistemas de manutenção, mas sim,
complementares, integrantes de um sistema maior.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 32
Figura 2.8 – Pirâmide da manutenção. (Fonte: WIREMAN, 1998)
2.5. A manutenção classe mundial e a TPM
A Manutenção Produtiva Total ou Total Productive Maintenance (TPM) é um sistema
de gestão abrangente, que busca a eliminação contínua das perdas, obtendo assim a evolução
permanente da estrutura empresarial, pelo constante aperfeiçoamento das pessoas, dos meios
de produção e da qualidade dos produtos e serviços.
Esta metodologia tem sido tão bem sucedida nas fábricas em que foi implantada que,
ao longo dos anos, os conceitos do TPM passaram a ser aplicados a todos os setores da
empresa, incluindo as atividades de melhoria da qualidade, segurança e cuidados ambientais,
projetos de máquinas, equipamentos e produtos, trabalho administrativo e muitos outros.
Yamashina (2000) através de um estudo detalhado da estratégia da manufatura
japonesa concluiu que o primeiro passo para a WCM ou manufatura de classe mundial é a
implantação bem sucedida da TPM.
No corrente clima de maturidade da economia, o mercado possui uma demanda
altamente variável. Do ponto de vista da manufatura, este clima gera três condições
desfavoráveis: demanda diversificada, grande dificuldade de prever a demanda, e curto ciclo
de vida dos produtos. Assim, o aumento do poder de competitividade das empresas depende
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 33
da velocidade com que estas obtêm informações do mercado, e do criativo avanço da
engenharia para desenvolver produtos novos e atrativos e estabelecer um apropriado processo
de produção e distribuição. Particularmente na manufatura, isto requer qualidade na gestão,
preço competitivo, variedade de produtos e precisão na entrega. Estas premissas demandam
excelentes práticas na manutenção de modo que as máquinas e o processo estejam disponíveis
sempre que necessário e produzindo com o nível de qualidade requerida. Boas práticas na
manutenção são essenciais para manufatura de classe mundial. Este é o papel da TPM.
As indústrias de manufatura somente podem manter competitividade internacional
repetindo o ciclo de desenvolver novas tecnologias, fazer inovações tecnológicas e criar novos
mercados.
Assim, pensando na produção como o iceberg da Figura 2.9, Yamashina (2000) define
as quatro funções básicas que uma empresa classe mundial deve suportar para o
desenvolvimento de novos produtos. Produtos inovadores e diversificados, os quais são vistos
pelos consumidores nas lojas, são visíveis no topo. Abaixo da linha d’água está a infra-
estrutura necessária, em ordem decrescente, de fazer pesquisa, produzir tecnologia e, bem no
fundo, a base na qual tudo flutua o treinamento e capacitação do chão de fábrica. Sem a
existência de tal infra-estrutura, a produção rápida e eficiente de novos e atraentes produtos
não ocorrerá.
Figura 2.9 - Funções para suportar o desenvolvimento de novos produtos (YAMASHINA 2000)
Infra-estrutura
Classe Mundial
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 34
Em outras palavras os requisitos básicos a uma WCM são:
- Ser excepcional em pesquisa e desenvolvimento, engenharia de produção,
promover capacitação e treinamento ao nível do chão de fábrica envolvendo boas práticas na
manutenção, e
2° - Integrar estes requisitos como um sistema.
Yamashina (2000) demonstra na Figura 2.10 como a TPM se desenvolveu ao longo
dos anos para suprir as necessidades que emergiram da manufatura. Frequentemente
entendida como manutenção autônoma no ocidente, a TPM hoje visa ser integrada a infra-
estrutura mostrada na Figura 2.9. Por causa disso, ela é frequentemente referenciada como
Total Productive Manufacturing, ou Manufatura Produtiva Total ou até Total Productive
Management ou Gestão Produtiva Total.
Figura 2.10 – Evolução da TPM (YAMASHINA 2000)
A maior razão para a corrente popularidade da TPM como o sistema de gestão para
integrar os requisitos de uma WCM é devido ao benefício de qualquer atividade tornar-se
mais visível e tangível ao mais baixo nível da estrutura mostrada na Figura 2.9. Segundo
Yamashina (2000) muitas WCM japonesas relatam melhoras significativas na qualidade dos
produtos, eficiência na operação, e lucratividade com a TPM. No total, 954 plantas no Japão
Redução
de
custo
brica
limpa
Automação
Engenharia Simultânea
TPM no escritório
Segurança/higiene e ambiente de trabalho
Qualidade na manutenção
Programa de gestão antecipada do equipamento
Manutenção Planejada
Educação
e
Tre
inamento
Manutenção Autônoma
Melhoria da eficácia do equipamento
5S
Ano
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 35
haviam recebido o prêmio TPM do instituto JIPM até 1998. A magnitude das melhorias é
surpreendente: melhoria na qualidade acima de 100%, redução de quebras em 99% e lucros de
milhões. Poucos outros programas permitem tais oportunidades.
A TQM, por exemplo, no processo de desenvolvimento de novos produtos, ao integrar
as quatro áreas da infra-estrutura mostrada na Figura 2.9 prioridade as áreas de nível mais
elevado (1.Pesquisa Aplicada e 2.Tecnologia na Produção).
Para tornar-se uma manufatura de classe mundial, a organização em si precisa ser
ativa. Segundo Yamashina (2000) do ponto de vista da competência, qualquer organização
pode ser dividida nos cinco níveis seguintes:
Nível 1. Pessoas negarem que há problemas ou não quererem vê-los.
Nível 2. Pessoas admitirem que problemas mas acharem desculpas por não serem
capazes de resolvê-los.
Nível 3. Pessoas aceitarem o fato que problemas mas serem incapazes de resolvê-
los por não saberem como atacá-los.
Nível 4. Pessoas querendo visualizar problemas potenciais e para isto tentar visualizá-
los. Atacando-os através do aprendizado de métodos apropriados.
Nível 5. Pessoas saberem seus problemas, métodos pra resolvê-los e como envolver a
todos para resolvê-los. Estando prontos para atacar qualquer problema e mudar sua
organização se for necessário após resolvido o problema.
Focando-se no fortalecimento das duas últimas funções da Figura 2.9, capacitação e
detalhamento ao nível de chão de fábrica, a TPM tenta elevar o nível da organização do mais
baixo nível até o mais alto, vislumbrando o quinto nível.
Isto requer mudanças definitivas na cultura da organização. A meta é criar um
ambiente para aceitar mudanças e fazer melhorias contínuas. Geralmente, a meta pode ser
atingida:
i. Com líderes e gestores competentes;
ii. Investimento em pessoas por meio da educação e capacitação; e
iii. Capacitação e incentivo às pessoas sob supervisão para obterem resultado,
fornecendo suporte e liberdade em termos de tempo, recursos, etc.
Os objetivos da TPM, segundo (NAKAJIMA, 1989), visam o aumento da
confiabilidade dos equipamentos, a eliminação das quebras e melhorias do índice de
disponibilidade das máquinas, assegurando-se o fluxo contínuo do processo e a garantia de
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 36
qualidade dos produtos pelo gerenciamento integrado dos homens e das máquinas, para a
melhoria da produtividade industrial e, consequentemente, para o aumento da lucratividade e
a competitividade.
Em outras palavras, a TPM significa a preparação, criação e desenvolvimento das
pessoas e da organização, tornando-as aptas para conduzir as fábricas do futuro, cada vez
mais automatizadas. Para Yamashita (1995), o objetivo da TPM é a melhoria estrutural da
empresa pela melhoria das pessoas e dos equipamentos.
Segundo Nakasato (1994), a TPM passou a ter uma nova definição (TPM em toda
empresa) onde, TPM significa:
i. Ter como objetivo a estruturação da organização que busque os limites do
rendimento do sistema produtivo (sistema global);
ii. Criar um sistema fundamentado na prevenção de todos os tipos de perdas como
“acidente zero” e “falha/quebra zero”, considerando-se todo o ciclo de vida do
sistema produtivo;
iii. Envolver todos os departamentos além da produção, como desenvolvimento
comercial, administrativo, etc.;
iv. Ter a participação de todos, desde a alta direção até os funcionários da base;
v. Alcançar a “perda zero”, por meio das atividades de pequenos grupos
sobrepostos;
A valorização dos trabalhadores que participam da implementação do TPM pode ser
percebida na satisfação ao verem seus rostos estampados nos quadros de atividades das áreas,
ao lado de mensagens de agradecimento e reconhecimento e ao lado de gráficos que mostram
os resultados de seus esforços e participação (WIREMAN, 2000, p.6).
A implantação da TPM criará eventualmente um excesso de pessoal e
consequentemente realocação de pessoal. Contudo a estrutura das companhias, nas quais a
implementação da TPM foi bem sucedida, seguiu gradualmente para o padrão classe mundial.
O fato de iniciar suas atividades junto aos equipamentos criou um entendimento errado
de que a TPM era simplesmente uma forma de melhorar a manutenção dos equipamentos. No
Brasil, a TPM ainda é vista por muitas empresas como sendo apenas mais uma ferramenta que
pode, de alguma maneira, melhorar o desempenho do seu setor de manutenção.
Poucas são as
empresas que abriram os olhos para o real significado desse poderoso sistema de gestão.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 37
2.5.1. Origem da TPM
Com o final da Segunda Guerra mundial, as empresas japonesas obrigadas pela
necessidade urgente e por metas governamentais agressivas de reconstrução do país,
tornaram-se fiéis seguidoras das técnicas americanas de gestão e de produção. A partir de
1950 deixaram de utilizar somente a política de Manutenção Corretiva de Emergência e
deram início a implementação dos conceitos de Manutenção Preventiva baseada no tempo,
aos quais se agregaram posteriormente os conceitos de Manutenção do Sistema de Produção,
de Manutenção Corretiva de Melhorias, de Prevenção da Manutenção e de Manutenção
Produtiva que buscavam a maximização da capacidade produtiva dos equipamentos
(NAKAJIMA, 1989).
Até 1970, a aplicação desses conceitos era basicamente uma atribuição do
departamento de manutenção e não vinha atendendo de maneira efetiva aos objetivos de zero
quebra e zero defeito da indústria japonesa (SHIROSE, 1989, p.16).
Em 1971, o envolvimento de todos os níveis da organização, o apoio da alta gerência e
as atividades de pequenos grupos de operadores originaram a Manutenção Produtiva Total,
mais conhecida como TPM (Total Productive Maintenance), aplicada pela primeira vez pela
empresa Nippondenso, um dos principais fornecedores japoneses de componentes elétricos
para a Toyota Car Company, sob a liderança do Instituto Japonês de Engenharia de Planta
(JIPE - Japanese Institute of Plant Engineering) na figura de Seiichi Nakajima. O JIPE foi o
precursor do Instituto Japonês de Manutenção de Plantas (JIPM -Japanese Institute of Plant
Maintenance), o órgão máximo de disseminação do TPM no mundo (PALMEIRA, 2002). O
Quadro 2.1 resume a evolução da manutenção preventiva no Japão.
Somente em meados dos anos 80, surgiram os primeiros livros e artigos sobre TPM,
escritos por Seiichi Nakajima e por outros autores japoneses e americanos. O primeiro
congresso mundial de TPM aconteceu nos Estados Unidos em 1990 (ROBERTS, 1997, p.2).
A partir também dos anos 80, os pequenos grupos de operadores puderam incorporar
às suas atividades de TPM, as técnicas de manutenção preditiva que marcavam o início da era
da manutenção baseada não mais no tempo de uso do equipamento, mas sim na sua condição.
Desde seu nascimento em 1971 o TPM segue uma evolução constante que pode ser
dividida em quatro gerações (PALMEIRA, 2002. p.88-91 e JIPM, 2002, p.2 ).
No início do TPM as ações para maximização da eficiência global dos equipamentos
focavam apenas as perdas por falhas e em geral eram tomadas pelos departamentos
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 38
relacionados diretamente ao equipamento. Esse período pode ser denominado a primeira
geração do TPM.
Quadro 2.1 – Evolução da Manutenção no Japão (Fonte: NAKAJIMA, 1989, p.11 )
A segunda geração do TPM se inicia na década de 80, período em que o objetivo de
maximização da eficiência passa a ser buscado por meio da eliminação das seis principais
perdas nos equipamentos divididas em: perda por quebra ou falha, perda por preparação e
ajuste, perda por operação em vazio e pequenas paradas, perda por velocidade reduzida, perda
por defeitos no processo e perda no início da produção.
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 39
No final da década de 80 e início da década de 90 surge a terceira geração do TPM,
cujo foco para maximização da eficiência deixa de ser somente o equipamento e passa a ser o
sistema de produção. A maximização da eficiência passa a ser buscada então por meio da
eliminação de dezesseis grandes perdas divididas em:
Oito perdas ligadas aos equipamentos: por quebra ou falha, por instalação e
ajustes, por mudanças de dispositivos de controle e ferramentas, por início de
produção, por pequenas paradas e inatividade, por velocidade reduzida, por
defeitos e re-trabalhos e perda por tempo ocioso;
Cinco perdas ligadas às pessoas: falha na administração, perda por
mobilidade operacional, perda por organização da linha, perda por logística e
perda por medições e ajustes;
Três perdas ligadas aos recursos físicos de produção: perda por falha e troca
de matrizes, ferramentas e gabaritos, perda por falha de energia e perda de
tecnologia.
A quarta geração do TPM que se inicia a partir de 1999, considera que o envolvimento
de toda a organização na eliminação das perdas, redução dos custos e maximização da
eficiência ainda é limitado. Essa geração contempla uma visão mais estratégica de
gerenciamento e o envolvimento também de setores como comercial, de pesquisa e
desenvolvimento de produtos, para eliminação de 20 grandes perdas divididas entre
processos, inventários, distribuição e compras. O Quadro 2.2 mostra um resumo das quatro
gerações do TPM.
Quadro 2.2 – As quatro gerações do TPM (Fonte: PALMEIRA, 2002, p.92 )
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 40
Benefícios não mensuráveis podem ser atribuídos à implementação do TPM, tais como
uma maior interação da organização, melhoria no ambiente de trabalho, desenvolvimento
intelectual, motivação e autoconfiança dos empregados (NAKASATO, 1994, p1.9 e
PALMEIRA, 2002, p.214). Porém, é por meio de resultados mensuráveis que se observa, de
forma mais efetiva, os benefícios passíveis de serem obtidos com a implementação do TPM.
Esses resultados podem se divididos em seis grandes grupos representados pela sigla
PQCDSM e estão mostrados no Quadro 2.3.
Quadro 2.3 – Resultados mensuráveis passíveis de obtenção com a TPM (Fonte: adaptado de
NAKAJIMA, 1989)
2.5.2. O sistema de gestão TPM
De acordo com JIPM (1997), a estrutura básica da TPM contempla: 8 pilares, 4 fases
divididas em 12 etapas que serão descritos na seqüência:
Embora cada empresa, em função se sua cultura, tenha suas peculiaridades para a
implementação da TPM, existem alguns princípios que são básicos para todas elas e que são
denominados os pilares de sustentação da TPM (NAKAJIMA, 1989, p.42, JIPM, 2002, p.2 e
PALMEIRA, 2002, p.113).
1. Pilar da melhoria focada ou específica: utiliza-se do conceito de manutenção
corretiva de melhorias para atuar nas perdas crônicas relacionadas aos
equipamentos;
2. Pilar da manutenção autônoma: baseia-se no treinamento teórico e prático
recebidos pelos trabalhadores focado no espírito de trabalho em equipe para a
melhoria contínua das rotinas de produção e manutenção;
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 41
3. Manutenção planejada: refere-se às rotinas de manutenção preventiva
baseadas no tempo ou na condição do equipamento, visando a melhoria
contínua da disponibilidade e confiabilidade além da redução dos custos de
manutenção;
4. Treinamento e educação: refere-se à aplicação de capacitação técnica e
comportamental para liderança, a flexibilidade e a autonomia das equipes.
5. Gestão antecipada: baseia-se nos conceitos de prevenção da manutenção onde
todo o histórico de equipamentos anteriores ou similares é utilizado desde o
projeto afim de que se construam equipamentos com índices mais adequados
de confiabilidade e mantenabilidade;
6. Manutenção da qualidade: refere-se à interação da confiabilidade dos
equipamentos com a qualidade dos produtos e capacidade de atendimento a
demanda;
7. Segurança, saúde e meio ambiente: dependente da atuação dos demais
pilares, esse pilar tem o enfoque na melhoria contínua das condições de
trabalho e na redução dos riscos de segurança e ambiental.
8. Melhoria dos processos administrativos: também conhecido como TPM de
escritório (TPM Office), utiliza-se dos conceitos de organização e eliminação
de desperdícios nas rotinas administrativas, que de alguma maneira acabam
interferindo na eficiência dos equipamentos produtivos e processos.
Segundo Nakajima (1989) para que a TPM seja implementada com sucesso e alcance
os resultados esperados, se faz necessário cumprir 12 etapas descritas no Quadro 2.4.
Por ser a TPM uma filosofia que transforma as organizações e que também depende
do aprendizado, da motivação e amadurecimento intelectual dos envolvidos, em geral as suas
12 etapas requerem aproximadamente 3 anos para a implementação e podem ser agrupadas
em quatro fases (NAKAJIMA, 1989, p. 45-46):
1a fase: Preparação que corresponde a obtenção de um ambiente propício para o início
da implementação, onde se busca a conscientização e o comprometimento de toda a
organização através do lançamento do programa 5S que será descrito mais adiante;
2a fase: Introdução onde ocorre o lançamento do projeto. As atividades relacionadas
ao lançamento devem servir como elemento motivador para toda a organização;
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 42
Quadro 2.4 – As 12 etapas para implantação da TPM (Fonte: adaptado de NAKAJIMA, 1989)
3a fase: Implantação, onde todas as atividades relacionadas à melhoria da eficiência
global dos equipamentos (OEE – Overall Equipment Effectiveness) são postas em marcha;
4a fase: Consolidação, onde a manutenção dos resultados obtidos durante a
implementação passa a ser o grande desafio, incluindo a candidatura ao prêmio de excelência
do JIPM.
O envolvimento dos funcionários com a implementação da TPM e o
comprometimento com a manutenção dos níveis de excelência alcançados podem ser
observados pelo gerenciamento dos 5S’s na fábrica. Ao entenderem a natureza das falhas e os
princípios de funcionamento dos equipamentos os operadores deixam de praticar os 5S’s
somente nas áreas de mais fácil aplicação como, por exemplo, nos corredores e armários e
passam a aplicá-los também nas partes mais complexas e menos visíveis dos equipamentos
onde a contaminação e a falta de limpeza geralmente atuam como aceleradores das falhas
(XENOS, 1998, p.297).
Fases Etapas
1. Anúncio da alta direção da decisão de implantar TPM
2. Campanha para introdução e esclarecimento iniciais
3. Estruturação do orgão encarregado da implementação
4. Definição da potica básica e metas a serem alcançadas
5. Elaboração do plano diretor de implementação
Fase Inicial
6. Início das atividades
7. Implementação de melhorias nas máquinas e
equipamentos
8. Estruturação da Manutenção Autônoma
9. Estruturação do setor de Manutenção e condução da
manutenção planejada
10. Educação e treinamento para melhoria das habilidades
do Pessoal da produção e de Manutenção
11.Estrutura da gestão de equipamentos na fase inicial de
funcionamento
Fase de Consolidação
12. Consolidação do TPM e incremento do nível de
performace
Fase Preparatória
Fase de Implementação
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 43
Os cinco conhecidos S’s são: Seiri (organização), Seiton (arrumação), Seiso,
(limpeza), Seiketsu (limpeza pessoal ou padronização) e Shitsuke (disciplina).
1. Seiri (organização): consiste em distinguir itens necessários e desnecessários
com base no grau de necessidade, que determinará onde o item deverá ser
guardado ou deverá ser descartado. Itens raramente utilizados serão aqueles
com freqüência maior que seis meses. Os utilizados ocasionalmente têm
freqüência de uso entre dois e seis meses e os utilizados freqüentemente podem
ser divididos entre uso horário até diário ou semanal (TAKAHASHI, 1993,
p.127).
2. Seiton (arrumação): consiste em definir a forma e identificação da
armazenagem bem como a quantidade e a distância do ponto de uso. Fatores
como freqüência de uso, tamanho, peso e custo do item influem nessa
definição.
3. Seiso (limpeza): limpar significa muito mais do que melhorar o aspecto visual
de um equipamento ou ambiente. Significa preservar as funções do
equipamento e eliminar riscos de acidente ou de perda da qualidade.
Eliminação das fontes de contaminação, a utilização de cores claras e
harmoniosas e o revezamento nas tarefas de limpeza, contribuem para a
motivação e manutenção desse senso.
4. Seiketsu (limpeza pessoal ou padronização): a ênfase na padronização, no
cuidado e asseio com uniformes, com ferramentas e com os objetos e utensílios
utilizados no setor de trabalho é o ponto marcante desse senso.
5. Shitsuke (disciplina): esse conceito prega a educação, obediência às regras de
trabalho, principalmente no que se refere a organização e segurança. É uma
mudança de conduta que assegura a manutenção dos demais sensos
implementados.
Um sexto S foi apontado na implementação do TPM na unidade de Nishio, Japão, da
empresa Aisin Seiki Co, uma planta de usinagem e montagem de bombas d’agua automotivas.
A possibilidade de seus operários participarem com opiniões e ações para melhoria do
ambiente de trabalho e da eficiência global, os motivou de tal maneira, que passaram a
comparecer em dias de descanso na fábrica para a reconstrução de suas áreas de trabalho. A
essa atitude se denominou Shikkari Yarou que pode ser traduzido como “Vamos prosseguir
coesos e com passos firmes” (NAKAJIMA, 1989, p.6).
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 44
2.5.3. Eficiência global do equipamento
As perdas abordadas pelo TPM, apresentadas no item 2.5.1 da presente dissertação,
afetam diretamente a eficiência dos equipamentos ou dos sistemas de produção por meio de
três fatores principais que são a disponibilidade do equipamento, a performance operacional e
a qualidade dos produtos.
Conforme mostrado na Figura 2.11, a multiplicação desses três fatores na forma
percentual determina o índice de Eficiência Global do Equipamento, representado pela sigla
OEE do inglês Overall Equipment Effectiveness.
Esse índice é mundialmente usado para medir os resultados obtidos com a implantação
da TPM (JIPM, 2002, p.2, NAKAJIMA, 1989, p.25).
Figura 2.11 - Fatores para determinação do OEE (Fonte: adaptado de JIPM, 2002, p.2, NAKAJIMA,
1989, p.25)
Índice de disponibilidade: expressa a relação percentual entre o tempo em que o
equipamento operou e o tempo que deveria ter operado, conforme Equação 3.1:
Onde :
Tempo total programado: tempo de carga programado para o equipamento,
com base no tempo teórico de ciclo e na demanda de produção.
Paradas planejadas: tempo programado para descanso, almoço, reuniões,
treinamentos, manutenção planejada.
Eq. 2.1
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 45
Paradas não planejadas: tempo gasto com paradas inesperadas, como por
exemplo, manutenção de emergência, aquecimento no início de produção,
troca de modelos, troca ou ajustes de ferramentas.
Índice de performance operacional: é a relação percentual entre o tempo de ciclo
real do equipamento quando o mesmo está em operação e o tempo teórico de ciclo
normalmente determinado pela engenharia industrial, conforme Equação 2.2. Esse índice é
normalmente afetado por reduções intencionais na velocidade de operação dos equipamentos,
por pequenas paradas não registradas, por espera de algum recurso faltante, por bloqueio
causado por algum outro recurso à frente no fluxo de produção.
Índice de qualidade do produto: expressa a capacidade de fazer o produto
corretamente na primeira vez. Relaciona percentualmente, a quantidade de peças refugadas e
re-trabalhadas com a quantidade total de peças produzidas, conforme Equação 2.3:
2.5.4. Prêmio de excelência em TPM
Desde 1971 o JIPM vem premiando empresas dentro e fora do Japão que apresentam
excelência na implementação e sustentação da TPM. Nessa avaliação é considerada a
efetividade de aspectos práticos relacionados aos meios produtivos, tais como: padronização,
sistematização, administração, melhoria da qualidade e da produtividade, redução de custos,
eliminação de desperdícios, aumento da confiabilidade dos equipamentos, segurança das
pessoas e do meio ambiente (NAKAJIMA, 1989, p.4).
O JIPM divide a premiação de excelência em TPM nas seguintes categorias (JIPM,
2002, p.3):
Eq. 2.2
Eq. 2.3
Capítulo 2 – Gestão da Manutenção 46
Por classe mundial em resultados
Especial para resultados em TPM
Excelência e consistência na continuidade do TPM (primeira categoria)
Excelência em TPM (primeira categoria)
Excelência e consistência na continuidade do TPM (segunda categoria)
Excelência em TPM (segunda categoria)
A primeira empresa a conquistar o prêmio de excelência foi a Nippondenso, pioneira
na implementação do TPM (NAKAJIMA, 1989, p.2). Na América do Sul diversas empresas
já tiveram seu reconhecimento por parte do JIPM conforme mostrado no ANEXO 1.
2.6. Comentários
Neste capítulo descreve-se o processo de gestão da manutenção e a importância do
planejamento estratégico para orientar a gestão na busca pela excelência em seus processos.
Dentre os vários sistemas de gestão disponíveis na literatura ou em uso na indústria define-se
o sistema de gestão da manutenção de classe mundial para obter-se a excelência nos processos
da manutenção e atender a exigência das empresas conceituadas como World Class
Manufacturing. Este sistema ideal compõe-se dos vários sistemas citados, demonstrando que
estes são complementares e não concorrentes, e a adoção de cada um depende das
particularidades de cada empresa. Neste contexto destaca-se o sistema gestão TPM, com sua
abrangência e filosofia voltada à capacitação e organização, como sistema fundamental na
busca pela classe mundial nos resultados da manutenção.
A empresa Klabin Papéis Monte Alegre - KPMA, unidade situada em Telêmaco
Borba PR está implantando o sistema de gestão TPM para obtenção do prêmio JIPM de
classe mundial em resultados. O programa TPM adotado pela empresa, batizado de Programa
SUPERAR será abordado em maiores detalhes no Capítulo 4 desta dissertação.
No capítulo seguinte será apreciado o tema indicadores de desempenho e sua
importância para a gestão da manutenção. O capítulo abordará também a ferramenta de gestão
estratégica por meio de indicadores, o Balanced Scorecard (BSC) e sua abordagem para a
função manutenção. A partir destes conceitos será apresentado no Capítulo 5 um modelo para
aplicação do BSC ao Pilar da Manutenção Planejada responsável pela função manutenção no
programa TPM da KPMA.
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 47
C
A P Í T U L O
3
INDICADORES
DE
DESEMPE NHO
PARA
A
GESTÃO
DA
MANUTENÇÃO
3.1. Sistemas de medição para o desempenho da gestão
Em decorrência das pidas e recentes mudanças em face da globalização e da
necessidade das organizações em atingir o conceito de empresa classe mundial, a literatura
especializada e as empresas têm procurado as melhores técnicas para o controle e a avaliação
de seus processos, implantados a partir de seus planos estratégicos, buscando um diferencial
competitivo para assegurar o sucesso das organizações. Neste sentido, tem havido consenso
em que um dos fatores chaves para o gerenciamento é a medição.
3.1.1. Sistemas de medição
Em qualquer planejamento organizacional, o sistema de medição, também chamado de
sistema de avaliação ou de acompanhamento de desempenho, deve estar presente, pois sem
medição não avaliação e sem avaliação não há planejamento e sem planejamento não há
gerenciamento.
O primeiro passo para a validação de uma medida, é que ela deve estar medindo o que
é necessário, de acordo com os objetivos da organização, e para que isto ocorra deve-se é
saber o que deve estar sendo medido de acordo com os objetivos da organização (FITZ-ENZ,
2002).
Uma vez adquirida, por parte da organização, a consciência da própria realidade no
contexto onde está inserida e, posteriormente, elaborados os objetivos a serem alcançados, dá-
se início a implementação da estratégia.
É necessário, portanto, que se monitore o progresso alcançado desta estratégia
comparando e avaliando os parâmetros que apontam o desempenho ao longo do tempo.
Segundo Kaplan e Norton (1997), as empresas que conseguem traduzir a estratégia em
sistemas de mensuração, têm muito mais probabilidades de executar sua estratégia porque
conseguem transmiti-la em objetivos e metas.
Ainda segundo estes mesmos autores (1997, p. 283-284), “a distinção entre um
sistema de indicadores e um sistema gerencial é sutil, porém crucial”. O sistema de
indicadores deve ser utilizado para se alcançar uma meta ainda mais importante. Enquanto
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 48
que um sistema gerencial deve permitir aos executivos, tanto a implementação como a
obtenção do feedback de sua estratégia.
Sink e Tuttle (1993) consideram os papéis da medição, apresentados na Figura 3.1,
como uma cadeia que contribui para a gestão das organizações em geral.
Figura 3.1 – Papéis da medição (Adaptado de Sink e Tuttle, 1993, p. 147-157).
O emprego e as finalidades dos sistemas de medição foram se modificando ao longo
do tempo, resultando em uma evolução benéfica, não só para aqueles que executam as tarefas,
ou seja, os trabalhadores, como também, para aqueles que gerenciam e, em última análise,
para as organizações.
Sink e Tuttle (1993) relacionam os seguintes paradigmas como agentes de dificuldade
à implantação dos sistemas de medição:
i. A medição é ameaçadora;
ii. A precisão é essencial à medição útil;
iii. Enfoque em um único indicador;
iv. Ênfase excessiva em produtividade da mão de obra;
v. Os padrões funcionam como teto para a performance;
vi. As medidas subjetivas não são confiáveis.
GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES
PAPÉIS DA
MEDIÇÃO
A medição como
dispositivo de
controle
A medição como ferramenta de
melhoria
A melhoria como
impulsionador da
medição
A medição como ferramenta
para assegurar que a estratégia
seja implantada
A medição como
sistema de apoio
gerencial
A medição como
impulsionador da melhoria
da produtividade
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 49
A tarefa de gerenciar o desempenho estratégico torna-se ainda mais complexa, quando
existe uma predominância de capacidades e ativos intangíveis na unidade ou organização. Ou
ainda, quando existe uma predominância de atividades intelectuais e criativas no processo
produtivo da unidade ou organização. Nestes casos, tem-se a impressão de que as medidas
obtidas no processo de implantação de um sistema de medição serão subjetivas e, portanto,
não confiáveis.
Neste sentido, é importante considerar o paradigma apontado por Sink e Tuttle (1993),
sobre a não confiabilidade das medidas subjetivas. Pois, segundo estes autores confunde-se
não objetividade com não confiabilidade, e acrescentam: “a tecnologia de medição associada
a atitudes e percepções está bem desenvolvida e pode levar a uma medida confiável e lida.
Este tem sido o domínio da psicologia industrial por várias décadas”.
O sistema de medição da produtividade das unidades organizacionais e da organização
como um todo, pode ser um instrumento efetivo de gestão quando, além de utilizado para
medição e melhoria da produtividade, também for empregado para o acompanhamento da
consecução dos objetivos estratégicos da organização.
Para que isto ocorra, a medida da produtividade deve ser gerada por objetivos e
indicadores, que estejam alinhados com os objetivos estratégicos estabelecidos pela
organização, tornando-se, assim, consistente.
Para ser eficaz, qualquer sistema de medição de produtividade necessita de avaliação.
E esta avaliação deve ser prontamente entendida, simples de se implementar, fácil de se
administrar e a um custo-benefício que compense. Para tudo isto há, no entanto, que se dispor
de indicadores, como será visto a seguir.
3.1.2. Indicadores de desempenho
A precisão dos sistemas de medição depende da estruturação dos indicadores
empregados. Eles permitem acompanhar a divulgação dos resultados das atividades
realizadas, dos recursos empregados, da quantificação das melhorias implementadas e da
comparação do desempenho das atividades da empresa em relação as existentes em empresas
de seu ramo e de outros ramos. Esta comunicação deve ser facilmente compreendida por
qualquer pessoa dentro e fora da organização, demonstrada por meio de relatórios e gráficos.
Os indicadores possibilitam o estabelecimento de referências quanto ao cumprimento
de metas e o seu desdobramento na organização, bem como a análise crítica do desempenho
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 50
organizacional, para as tomadas de decisões. E o seu acompanhamento, deve permitir
visualizar níveis, tendências e comparações (TAKASHINA & FLORES, 1996).
Em decorrência do grande número de definições do termo indicador, faz-se necessário,
além de buscar uma definição abrangente, também diferenciar o termo indicador do termo
medida. Para Moreira (2002, p. 15), medida é “um atributo, qualitativo ou quantitativo, usado
para verificar ou avaliar algum produto por meio de comparação com um padrão (grandeza de
referência)”, enquanto que indicador é “o resultado de uma ou mais medidas que tornam
possível a compreensão da evolução do que se pretende avaliar a partir dos limites
(referências ou metas) estabelecidos”.
Cabe ainda ressaltar que na classificação dos tipos de indicadores Moreira (2002) os
classifica em:
i. Indicadores qualitativos - indicando um juízo de valor e pode contar com um
critério sim ou não, passa ou não passa, aceita ou rejeita;
ii. Indicadores quantitativos que relatam um processo empresarial a partir da
coleta de valores numéricos representativos do processo considerado.
Uma das etapas importantes na implantação dos sistemas de medição é a geração dos
indicadores. Este processo deve possuir critérios norteadores, evitando medições
inexpressivas, de difícil entendimento e a um custo elevado.
Para evitar estes inconvenientes, Takashina e Flores (1996), apontam para alguns
critérios norteadores na geração de um indicador, tais como:
i. Critério da seletividade ou importância, que procura captar uma característica
chave do produto ou do processo;
ii. O critério da simplicidade e clareza, que facilita a compreensão e aplicação em
diversos níveis da organização, numa linguagem acessível;
iii. O critério da abrangência, que torna o indicador suficientemente
representativo, inclusive em termos estatísticos, do produto ou do processo a
que se refere;
iv. O critério da rastreabilidade e acessibilidade, que permite o registro e a
adequada manutenção e disponibilidade dos dados, resultados e memórias de
cálculo, incluindo os responsáveis envolvidos. Este critério é essencial à
pesquisa dos fatores que afetam o indicador;
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 51
v. O critério da comparabilidade, que facilita a comparação com referências
apropriadas, tais como o melhor concorrente, a média do ramo e o referencial
de excelência;
vi. O critério da estabilidade e rapidez de disponibilidade, que leva a uma
condição perene. Gerado com base em procedimentos padronizados,
incorporados às atividades dos executantes, este critério permite fazer uma
previsão do resultado quando o processo está sob controle;
vii. O critério do baixo custo de obtenção, que procura utilizar unidades
adimensionais ou dimensionais simples, tais como proporção ou percentual,
unidade de tempo, taxa de variação, relação entre dois fatores etc.
3.2. Indicadores de desempenho para o gerenciamento da manutenção
Arts e Mann (1995) apud Tsang (1999) classificam as decisões da manutenção em três
categorias: estratégica, tática e operacional. Decisões estratégicas da manutenção são feitas na
seleção de opções de projeto para um sistema de gestão ou para o desenvolvimento de um
produto, ou na planta e maquinário que deve ser adquiridos compatíveis com a estratégia de
negócio da organização. Decisões táticas da manutenção estão relacionadas à formulação de
políticas para o uso efetivo e eficiente dos recursos disponíveis. Decisões operacionais são
tomadas para adquirir um alto nível de eficácia e eficiência nas atividades da manutenção.
Muitos indicadores para o desempenho da manutenção discutidos na literatura foram
desenvolvidos para dar suporte às decisões operacionais. Armitage e Jardine (1968) apud
Tsang (1999) apontam que estes indicadores, na melhor das hipóteses, sinalizam que alguma
ação deve ser tomada. Quando a eficiência está na utilização de regras para tomada de decisão
compatível com os objetivos da organização, de maneira que as ações possam ser tomadas
com base nos valores dos indicadores.
Para facilitar a detecção de tendências na variação do nível das atividades, ou para
comparação com a operação de outras organizações é freqüente o uso de índices como
indicadores de desempenho da manutenção. Campbell (1995) classifica os indicadores de
desempenho para manutenção, mais comumente usados, em três categorias baseadas nos
seguintes focos:
i. Indicadores de desempenho do equipamento: disponibilidade,
confiabilidade, eficácia global do equipamento (OEE);
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 52
ii. Indicadores de desempenho do custo: suporte a operação e manutenção e
custo de materiais;
iii. Indicadores de desempenho do processo: razão do trabalho planejado e não
planejado, grau de programação;
Em muitos casos, estes indicadores são utilizados pelas seguintes razões:
i. Estes indicadores foram usados pela organização no passado;
ii. Alguns deles são usados por benchmarking com outras organizações;
iii. Os dados requeridos são fáceis de coletar; ou
iv. Alguns deles são designados pelo regulamento da corporativa da empresa.
Contudo, o impacto por trás destes indicadores não é frequentemente considerado
quando os resultados são interpretados.
Dwight (1994) apud Tsang (1999) propõe classificar os indicadores de desempenho
em uma hierarquia de acordo com suas conseqüências implícitas no sistema de manutenção
do negócio. Existem cinco níveis na hierarquia, indicando o progresso nos fatores de sucesso
do negócio que são controlados ou influenciados pela manutenção. Alguns detalhes desta
classificação são mostrados na Quadro 3.1.
Quadro 3.1 – Níveis de medidas de desempenho da manutenção (Adaptado de TSANG 1999)
Nivel Indicadores Típicos Conseqüências
Impacto da ação da manutenção em paradas,
qualidade, rendimento e custos futuros da
manutenção são desprezados
Custos de mantenção são controláveis dentro do
período contábil
Impacto das ações de manutenção na qualidade,
rendimento e custos futuros da manutenção são
desprezados
Custos de mantenção e de paradas o controláveis
dentro do periodo contábil
Impacto da manutenção no negócio é controlável
dentro do período contábil
Somente os eventos ocorridos agora ocorrerão no
futuro
Sistema de excelência implica na melhor
performance possível
As estratégias e técnicas utilizadas são efetivadas
Projeções para demandas futuras e obsolescência
são apuradas
Valor base de medida
Custos diretos da Manutenção
2. Prejuizos e impacto do custo na
performance
Custo direto da Manutenção
(Tempo despendido) X $/hs
Custos de Manutenção, Utilização,
Disponibilidade, Confiabilidade, OEE
3. Medidas instantâneas de eficácia
4 . Auditoria do sistema
Relação de trabalho planejado/não
planejado, comparação das ações
tomadas com a estratégia, tendências de
backlog
, % de manutenção induzida,
falhas e auditoria da manutenção.
1. Impacto na linha de produção
5. Medidas de performance
relacionadas ao Tempo
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 53
As medidas do quinto nível reconhecem que perdas incluem depreciação de recursos
de ativos fixos, o valor do qual depende a demanda futura, inovações tecnológicas, e a
conveniência de várias ações da manutenção. Elas também permitem que as ações da
manutenção sejam julgadas a respeito de fatores como a vida do equipamento, processo ou
produto.
A aplicação de indicadores de desempenho na análise da função manutenção
possibilita a obtenção dos parâmetros de produtividade da organização. A estruturação do
conjunto de indicadores para monitoramento deve ser desenvolvida visando a interligação
entre os níveis hierárquicos da mesma. Wireman (1998) classifica os indicadores de
desempenho em cinco níveis, para monitorar-se efetivamente o desempenho da função
manutenção. Estes são:
a) Indicadores corporativos
b) Indicadores de desempenho financeiro
c) Indicadores de eficiência e eficácia produtiva
d) Indicadores de desempenho tático
e) Indicadores de desempenho funcional
Para análise da produtividade na função manutenção industrial, o conjunto de
indicadores deve ser analisado em diferentes níveis. E a partir desta estruturação em níveis,
forma-se um sistema com a dimensão interna, relativa à eficiência na aplicação dos insumos,
e externa, relativa à eficácia desta forma de aplicação de recursos traduzida em resultados
satisfatórios.
A manutenção é uma função de suporte essencial na cadeia de valores das
organizações. Segundo Dwight (1994) apud Tsang (1999) ela contribui para o sucesso do
negócio da organização e pode ser analisada como uma função de quatro variáveis:
i. O custo da ação;
ii. O efeito da parada causada pela necessidade de manutenção;
iii. O efeito no desempenho do equipamento entre as ações da manutenção; e
iv. A capacidade de a ação afetar a vida do ativo.
Uma avaliação da situação com respeito a estas dimensões determina as ações de
manutenção apropriadas que afetarão a linha de produção. Esta análise, em troca, determinará
as medidas relevantes de desempenho que deverão ser usadas. Por exemplo, quando uma
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 54
companhia excede a capacidade de produção, as paradas terão pouca correlação com o
sucesso. Neste caso, qualquer medida relacionada a paradas não será apropriada.
Ainda que estas quatro variáveis descrevam o impacto da manutenção ao nível do
equipamento, outros indicadores que medem o desempenho do sistema de manutenção devem
ser implantados. Estas medidas de desempenho do sistema são tipicamente projetadas para
detectar se o trabalho planejado tem sido executado e completado no tempo certo, ou para
rastrear os recursos consumidos pelo sistema. Novamente, estas medidas somente são
apropriadas se elas tiverem uma relação causa-efeito com desempenho do negócio.
As atividades de manutenção determinam as opções futuras disponíveis para satisfazer
a demanda. A disponibilidade em lidar com eventos incertos, como as quebras de
equipamento, são também influenciadas pelas decisões do gerenciamento da manutenção.
Com base nestas características Dwight (1995) apud Tsang (1999) identifica as seguintes
perdas de desempenho comumente encontradas na indústria:
i. O conceito de risco não é utilizado;
ii. O foco está no imediato em lugar da necessidade global;
iii. As medidas não são relacionadas às necessidades do negócio.
3.2.1. Indicadores de desempenho para o gerenciamento estratégico da manutenção
As medidas de diagnóstico comumente utilizadas determinam se os vários aspectos
das operações de manutenção estão sob controle ou favoráveis em comparação as medidas
padrão (SIMONS,1995 apud TSANG, 2002). Assim, elas são usadas amplamente para dar
suporte no controle das operações e por motivo de benchmarkting. Uma análise retrospectiva
e introspectiva destas medidas demonstra que estas são inapropriadas para prover uma
avaliação holística do desempenho da manutenção. Além disso, elas não fornecem
informações para prever os valores futuros para promover o sucesso da organização. Para
tanto, são necessários indicadores de desempenho que correspondam às estratégias da função
manutenção. Estes são conhecidos como indicadores estratégicos.
Para Amendola (2005) hoje em dia, na prática, os gestores têm que pensar na
manutenção de ativos como um negócio e não mais como um gasto para a empresa. Esta
transformação que está ocorrendo no mundo da manutenção de fato está indicando a
necessidade de uma melhora substancial e sustentável dos resultados operacionais e
financeiros das empresas, o que tem levado a progressiva busca e aplicação de novas e mais
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 55
eficientes técnicas e práticas gerenciais de planejamento e medição do desempenho do
negócio.
Esta visão integrada do negócio permite as organizações da manutenção tomar
decisões, darem seguimento e estabelecer planos de ação para poder alcançar o objetivo da
empresa. Segundo Amendola (2005) a gestão da manutenção através de indicadores técnicos e
financeiros na organização, ou por sua sigla em inglês KPI (Key Performance Indicator), é a
representação gráfica da situação na manutenção, como demonstrado na Figura 3.2. Onde a
contabilidade periódica no negócio, os eventos operacionais da planta e a gestão dos ativos
gerenciada minuto a minuto estão correlacionadas a gestão da manutenção na sua totalidade.
Os indicadores técnicos e financeiros permitem identificar quais são as estratégias que
se devem seguir para alcançar a visão da empresa, por exemplo, quanto a um alto desempenho
ou para expressar estratégias relacionadas com objetivos específicos.
Entre os elementos que surgem desta evolução está a orientação para uma visão
sistêmica da importância do negócio da manutenção, identificando os papéis e necessidades
de cada um dos atores envolvidos (stakeholders), o que leva à reorientação dos meios de
avaliação de resultado e a definição de estratégias de indicadores técnicos e econômicos para
medir a rentabilidade do negócio.
Figura 3.2 – Estratégia de Gestão de Indicadores (Adaptado AMENDOLA, 2005).
3.2.2. Indicadores técnicos
Os indicadores técnicos estão relacionados com a qualidade da gestão da manutenção.
Permitem ver o comportamento operacional das instalações, sistemas, equipamentos e
dispositivos, além de medir a qualidade dos trabalhos e o grau de cumprimento dos planos de
manutenção. Amendola (2005) cita os Índices de classe mundial” utilizados em vários países
Gestã
o do
Negócio
Gestão da Planta
Gestão de
Ativos
Gestão da
Manutenção
Eventos Operacionais
Minuto a Minuto
Segundo a
Segundo
Contabilidade Periódica
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 56
como os principais indicadores técnicos. Atualmente, a manutenção possui seis índices
considerados de classe mundial que avaliam o desempenho da manutenção. Os demais são
relacionados com mão de obra, custos e gestão de equipamentos, conforme afirma Tavares
(1999). São eles:
Tempo Médio até a Falha ou Mean Time To Fail (MTTF): este indicador mede o
tempo que o equipamento é capaz de operar em plena capacidade sem interrupções dentro do
período considerado; constitui um indicador indireto de confiabilidade do equipamento ou
sistema. O MTTF também é conhecido como “Tempo Meio de Operação” ou “Tempo Médio
Até a Falha”.
Tempo Médio até o Reparo ou Mean Time to Repair (MTTR): é a medida do
tempo necessário para reparo de um equipamento ou sistema. Este indicador mede a
efetividade em restituir a unidade em condições ótimas de operação uma vez que esta se
encontra fora de serviço por falha, dentro de um determinado período. O MTTR é um
parâmetro de medição associado à mantenabilidade, descreve a execução da manutenção. A
mantenabilidade é definida como a probabilidade de restabelecer o equipamento as condições
operativas em certo tempo utilizando procedimentos prescritos. Esta propriedade é uma
função de fatores do projeto do equipamento como acessibilidade, modularidade,
padronização e facilidade de diagnóstico. Para um dado projeto, se os reparos são realizados
por pessoal qualificado e com ferramentas, documentos e procedimentos prescritos, o tempo
de reparo dependerá da natureza da falha e das características do projeto.
Tempo Médio Entre Falhas ou Mean Time Between Failures (MTBF): indica o
intervalo de tempo mais provável entre o início da operação e o aparecimento da falha;
descreve o tempo médio transcorrido até a chegada do evento “falha”. Quanto maior seu
valor, maior é a confiabilidade no equipamento. O MTBF constitui um dos parâmetros mais
importantes utilizados no estudo da confiabilidade, e por esta razão deve ser tomado como o
indicador que mais representa o comportamento de um equipamento. Assim, para determinar
o valor deste indicador, deverá ser utilizado o histórico deste equipamento armazenado no
sistema de informação desde o inicio de sua operação. A Figura 4.4 mostra a relação entre os
indicadores técnicos apresentados;
Disponibilidade: é a função que permite estimar de forma global a porcentagem total
de tempo que se pode esperar que um equipamento esteja disponível para cumprir a função
pela qual foi destinado. Através do estudo dos fatores que influenciam sobre a
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 57
disponibilidade, o MTTF e o MTTR, é possível para gerência avaliar as alternativas de ação
para obter os aumentos necessários de disponibilidade.
Utilização: também chamada de fator de serviço, mede o tempo efetivo de operação
de um ativo durante um período determinado;
Confiabilidade: é a probabilidade de que um equipamento cumpra uma missão
específica sob condições de uso determinadas, em período determinado. O estudo de
confiabilidade é o estudo das falhas de um equipamento ou componente. Quando se tem um
equipamento sem falha, diz-se que este equipamento é 100% confiável ou que tem uma
probabilidade de sobrevivência igual a 1. Ao realizar uma análise de confiabilidade em um
equipamento ou sistema, obtemos uma informação valiosa acerca das condições do mesmo,
ou seja, probabilidade de falha, MTTF, e a etapa da vida em que se encontra o equipamento.
Figura 3.3 – Relação entre os indicadores técnicos (adaptado de AMENDOLA 2005)
3.2.3. Indicadores financeiros
Segundo Amendola (2005) a tendência atual é considerar os indicadores financeiros
no desempenho do negócio da manutenção. Para criar valor futuro é importante investir não
somente nas áreas tradicionais de desenvolvimento de novas instalações ou novos
equipamentos como também na manutenção dos ativos existentes, o que leva a contemplar a
implementação de indicadores econômicos na gestão dos ativos da manutenção.
Falha Falha
Tempo Médio Entre
Falhas (MTBF)
Tempo Médio
até a
Falha (MTTF)
Tempo Médio
até o
Reparo (MTTR)
Tão bom
quanto
novo
Tão bom
quanto
novo
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 58
Valor Econômico Agregado ou Economic Value Added (EVA): é o produto obtido
pela diferença entre a rentabilidade dos ativos e o custo do financiamento ou do capital
requerido para possuir estes ativos. É uma das melhores medidas de criação de valor
financeiro em uma empresa, pois uma empresa agrega valor quando os ganhos obtidos
superam todos os custos, incluindo o custo de capital. Representando definitivamente a
lucratividade produzida por uma empresa em um período determinado e indica a eficiência
com que esta tem manejado todos os ativos operacionais;
Retorno sobre Investimento ou Return On Investment (ROI): é um valor estimado
do benefício (“retorno”) sobre o dinheiro gasto (“investimento”) em uma alternativa em
particular, e consiste em determinar os benefícios, calcular os custos e resumir os resultados;
Retorno de Ativos (RA): é o número de vezes que se recupera o investimento uma
vez executadas as vendas;
Retorno sobre Capital Empregado ou Return On Capital Employment (ROCE): é
calculado expressando a rentabilidade antes do pagamento de impostos e juros como uma
proporção do total de capital empregado no negócio. Este indicador representa uma
perspectiva global do estado financeiro do negócio, oferece um ponto de partida para uma
análise do desempenho do negócio, e serve como parâmetro para comparar o desempenho
global do mesmo.
Os indicadores financeiros têm o objetivo de analisar os indicadores técnicos dos
equipamentos e estabelecer as áreas onde os ganhos podem ser melhorados com as ações da
manutenção e onde as despesas podem ser diminuídas e assim, ter o uso do capital otimizado.
Amendola (2005) demonstra no Quadro 3.2 a relação de impacto dos indicadores financeiros
nos indicadores técnicos, demonstrando que o aumento da disponibilidade e confiabilidade
(MTBF) da planta resultam em maior retorno financeiro (EVA, ROI, ROCE, RA). Baseado
nestes indicadores pode-se realizar uma análise de sensibilidade para determinar quais
iniciativas gerariam maior retorno sobre os investimentos.
A necessidade atual de investimento nos ativos da manutenção para uma maior
sustentabilidade e estabilidade dos resultados operacionais e financeiros das empresas tem
levado estas a uma progressiva busca e aplicação de novas e mais eficientes técnicas e
práticas gerenciais de planejamento e medição de desempenho do negócio. Estas ferramentas
devem permitir, por um lado, identificar qual a estratégia que deve ser seguida para alcançar a
visão da empresa (um alto desempenho), e por outro, expressar esta estratégia em objetivos
específicos cujo valor seja mensurável através de um conjunto de indicadores de desempenho
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 59
técnico-ecônomicos em um processo de transformação para adaptarem-se as exigências de
mercado e a desafios que surgiram em médio prazo.
Quadro 3.2 - Indicadores técnicos versus financeiros (AMENDOLA 2005)
Amendola (2004) considera que esta evolução orientará para uma visão mais sistêmica
do negócio da manutenção, identificando as regras e necessidades de cada um dos ativos
envolvidos (stakeholders), o que envolve a reorientação dos esquemas de avaliação de
resultados e definições de estratégias de indicadores técnicos e financeiros para medir a
rentabilidade do negócio. Para tanto Amendola (2004),
Tsang e Brown (1998), Ahlmann
(1999), Liyanage e Kumar (2003), Dunn (2003), Ellingsen et al., (2002) entre outros sugerem
a metodologia do Balanced Scorecard (BSC) que visa integrar a estratégia e a evolução do
desempenho do negócio da manutenção. Sua aplicação tem obtido excelentes resultados desde
sua divulgação em 1992 por seus dois autores Robert Kaplan e David Norton.
3.3. O Balanced Scorecard
Kaplan e Norton (1997) definem o Balanced Scorecard (BSC) como um novo
instrumento que integra as medidas derivadas da estratégia. Sem menosprezar as medidas
financeiras do desempenho passado, ele incorpora os vetores do desempenho financeiro
futuro. Esses vetores, que abrangem as perspectivas do cliente, dos processos internos e do
aprendizado e crescimento, nascem de um esforço consciente e rigoroso de tradução da
estratégia organizacional em objetivos e medidas tangíveis. Esta abordagem fica evidenciada
na Figura 3.4.
DISPONIBILIDADE
MTTR
UTILIZAÇÃO
CONFIABILIDADE
MTBF
CAPACIDADE
EFETIVA
EVA
RA
ROI
ROCE
CUSTO DE
MANUT /
UNIDADE
PRODUZIDA
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 60
Conforme se verifica na Figura 3.4, o BSC coloca no centro a visão e a estratégia da
empresa e não o controle. Da mesma forma, os indicadores não controlam, mas também se
destinam a congregar as pessoas em busca da visão geral, induzindo a empresa a olhar e a
movimentar-se para frente ao invés de para trás, ou seja, o BSC deve ser utilizado como um
sistema de comunicação, informação e aprendizagem, não como um sistema de controle.
Em virtude da complexidade do gerenciamento das organizações de hoje, Kaplan e
Norton (2000a, p.119) lembram a importância de os gerentes terem condições de visualizar o
desempenho da empresa sob as quatro importantes perspectivas e obterem respostas a quatro
questões básicas:
a) como somos vistos por nossos clientes? (dimensão do cliente);
b) em que devemos ser os melhores? (dimensão interna);
c) como atingir a visão, mantendo o potencial de crescer e inovar? (dimensão do
aprendizado e crescimento);
d) como somos vistos por nossos acionistas? (dimensão financeira).
Figura 3.4 – A estrutura do sistema de indicadores do Balanced Scorecard. (Adaptado de KAPLAN e
NORTON, 1997, p.10.)
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 61
Na perspectiva clientes, busca-se definir em qual mercado e segmento de
consumidores que as unidades de negócios irão competir. Após esta etapa, identificam-se as
medidas de desempenho referentes aos segmentos alvos estabelecidos.
Na perspectiva dos processos internos, as medidas são escolhidas de maneira à
alavancar a excelência nos processos que são críticos para atingir a estratégia estabelecida.
Na perspectiva do aprendizado e crescimento busca-se estabelecer a infra-estrutura
necessária para suportar os objetivos elaborados pelos processos internos. Entre os elementos
que compõem o aprendizado e crescimento organizacional estão as capacidades dos
funcionários, as capacidades dos sistemas de informação e o alinhamento dos procedimentos e
rotinas organizacionais.
Dentro da perspectiva financeira, os objetivos financeiros representam a meta de
longo prazo da empresa: gerar retornos superiores em relação ao capital investido nas
unidades de negócios. A partir deles, todos os objetivos e medidas das outras perspectivas do
scorecard deverão estar relacionadas à consecução de um ou mais objetivos desta perspectiva.
Toda medida selecionada para um scorecard deve fazer parte de uma cadeia de relações de
causa e efeito que termina com objetivos financeiros e, representa um tema estratégico para a
unidade de negócios.
3.3.1. Os componentes do BSC
De acordo com a lógica estabelecida pelo método, um Balanced Scorecard deve
possuir os componentes representados na Figura 3.5 para o caso de uma companhia aérea, os
quais são descritos a seguir:
Objetivos estratégicos: implica a tradução da visão de futuro em objetivos
organizados em relação de causa e efeito, de forma clara (mapa estratégico ou mapa
da estratégia). O mapa da estratégia auxilia a fazer com que todos os indivíduos na
organização entendam a estratégia e como transformar ativos intangíveis em
resultados tangíveis (KAPLAN & NORTON, 2000b).
Os mapas estratégicos, na verdade, retratam a dinâmica oferecida pelo BSC. Como
Neves e Palmeira Filho (2002) afirmaram, a ferramenta utiliza-se do mesmo conceito de
perspectivas do BSC, às quais os objetivos estratégicos são devidamente relacionados: O
mapa estratégico fornece uma representação visual dos objetivos estratégicos de uma
organização, bem como as relações de causa e efeito entre eles”.
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 62
Figura 3.5 – Componentes e terminologia do Balanced Scorecard (BSCOL, 2000)
Segundo Kaplan e Norton (2000b) os mapas estratégicos propiciam uma melhor
visualização das conexões estabelecidas pelos movimentos de causa e efeito do BSC. Essa
ferramenta auxiliar é uma representação gráfica das conexões que interligam os objetivos
estratégicos de cada perspectiva e demonstra como os ativos intangíveis das perspectivas da
base impulsionam as melhorias de desempenho nas perspectivas superiores.
Indicadores chave de desempenho: como será medido e acompanhado o sucesso de
cada objetivo. Kaplan e Norton (1997) destacam que um bom balanced scorecard
deve ser uma combinação adequada de resultados (indicadores de ocorrências) com
impulsionadores de desempenho (indicadores de tendências) ajustados à estratégia.
Enquanto os indicadores de ocorrência mostram o desempenho das ações passadas, os
indicadores de tendência indicam os prováveis resultados futuros. Os autores fazem as
seguintes sugestões na elaboração dos indicadores:
Refinar a descrição dos objetivos estratégicos, de acordo, com as intenções
expressas pelas métricas de atuação;
Para cada objetivo identificar o indicador ou indicadores que melhor se captam
e comunicam a intenção do objetivo;
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 63
Para cada indicador proposto, identificar as fontes das informações necessárias
e as ações que podem se necessárias para tornar essas informações acessíveis;
Para cada perspectiva, identificar as relações críticas entre os indicadores dessa
perspectiva, bem como entre ela e as outras perspectivas do scorecard. Tentar
identificar de que maneira cada medida influencia a outra.
Estabelecimento de metas ao longo do tempo: trata-se do nível de desempenho
esperado ou a taxa de melhoria necessária para cada indicador. As metas estratégicas
deverão ser “quebradas” ao longo do tempo, permitindo uma evolução do desempenho
relacionado ao objetivo estratégico.
Planos de ação e projetos estratégicos: associados às metas dispostas ao longo do
tempo, planos de ação e projetos deverão ser estabelecidos a fim de viabilizar seu
alcance. Trata-se de “ações de intervenção” para fazer com que as metas sejam
alcançadas.
3.3.2. O BSC como sistema de gestão
Uma vez que o balanced scorecard não é direcionado apenas à tomada de decisão e
nem sempre contempla todos os componentes de um sistema, parece mais adequado
classificá-lo como uma ferramenta de gestão. Por isso, adotou-se a seguinte definição com
insumos extraídos de Kaplan e Norton (1997:24-25; 44):
“O balanced scorecard é uma ferramenta que materializa a visão e a estratégia da
empresa por meio de um mapa coerente com objetivos e medidas de desempenho,
organizados segundo quatro perspectivas diferentes: financeira, do cliente, dos processos
internos e do aprendizado e crescimento. Tais medidas devem ser interligadas para
comunicar um pequeno número de temas estratégicos amplos, como o crescimento da
empresa, a redução de riscos ou o aumento de produtividade.”
Na Figura 3.6 Kaplan e Norton (2001) traçam um paralelo onde se pode visualizar a
diferença entre um sistema de controle gerencial tradicional orientado a um referencial
financeiro e um sistema gerencial estratégico formatado através do uso da ferramenta do BSC.
Os processos para obtenção do BSC são descritos a seguir:
O processo de tradução da visão busca a obtenção de um consenso sobre a
estratégia e visão da empresa. Nesta fase são desenvolvidas as quatro perspectivas.
Primeiramente, definem-se a perspectiva financeira e a do cliente. Após isto,
busca-se determinar as medidas para a perspectiva dos processos internos para atender as duas
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 64
anteriores. Por último, as metas de aprendizado e crescimento são estabelecidas para produzir
melhorias substanciais para os processos internos, clientes e acionistas.
Figura 3.6 - Mudança de um sistema de controle gerencial para um sistema gerencial estratégico
(Fonte: adaptado de KAPLAN e NORTON 2001, p.36.)
O processo de comunicação visa difundir a estratégia por toda a empresa e
alinhar os objetivos dos departamentos e indivíduos em função dela. Ao fim deste processo,
todas as pessoas da empresa devem possuir uma clara visão das metas em longo prazo, bem
como da estratégia adequada para atingi-las.
O processo de planejamento do negócio busca quantificar os resultados
pretendidos em longo prazo; identificar mecanismos e fornecer recursos para que os
resultados sejam alcançados e estabelecer referenciais de curto prazo para as medidas
financeiras e não-financeiras do BSC.
O processo de feedback e aprendizado permite que o nível executivo,
comparando as metas de desempenho desejadas com os resultados obtidos, possa receber um
feedback sobre a sua estratégia e testar as hipóteses em que ela se baseia. Para Kaplan e
Norton (1997, p.18), "este mecanismo de feedback é importante não só para saber se o que foi
planejado está sendo executado, mas também saber se estratégia planejada continua sendo
viável e bem sucedida. Os processos de tradução da visão, comunicação e planejamento do
negócio são críticos para a implementação estratégica. Porém, o processo de feedback e
aprendizagem assume um papel fundamental neste ambiente em constante transformação,
pois permite rever a estratégia, confrontando-a com as novas oportunidades e ameaças que
surgem, e adaptando-as ou estabelecendo novos objetivos."
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 65
Para que o BSC reflita as estratégias da organização, é fundamental que as quatro
perspectivas reflitam as relações de causa e efeito existentes entre elas. Isso porque a
estratégia é um conjunto de hipóteses sobre causa e efeito.
O BSC complementa as medidas financeiras relativas ao desempenho passado com
medidas de vetores de alavancagem do desempenho futuro. A sua adoção permite:
i. O esclarecimento e tradução da visão e da estratégia organizacional;
ii. Comunicação e associação de objetivos e medidas estratégicas;
iii. Planejamento, estabelecimento de metas e alinhamento de iniciativas
estratégicas;
iv. Melhoria do feedback e do aprendizado estratégico.
Para a organização ser bem-sucedida na adoção do balanced scorecard é necessário
implementar um processo de gerenciamento da estratégia. Trata-se do que se chama de
“processo de loop duplo” que integra o gerenciamento tático (orçamentos financeiros e
avaliações mensais) e o gerenciamento estratégico em um único processo ininterrupto e
contínuo (
Figura 3.7
). Em face da existência anterior de qualquer processo de gestão da
estratégia, a organização pode desenvolver sua própria abordagem. Durante a implementação,
emergem três importantes temas (KAPLAN & NORTON, 2000a: 24-26):
Figura 3.7 – Loop duplo de gestão da estratégia (BSCOL, 2000).
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 66
Primeiro, a organização começará a conectar a estratégia ao processo orçamentário. O
BSC fornece os critérios para a avaliação dos investimentos e iniciativas potenciais.
O segundo passo, e também o mais importante, é a implementação de reuniões
gerenciais simples para a avaliação da estratégia. Agendar reuniões gerenciais mensais ou
trimestrais para discutir o balanced scorecard, de modo que um amplo espectro de gerentes
comece a participar da estratégia. Sistemas de feedback devem ser implementados para
respaldar o processo. De início, os sistemas podem se destinar a atender às necessidades da
equipe executiva. Mas muitas organizações dão um passo adiante, com a criação de relatórios
abertos, tornando os resultados do desempenho disponíveis para todos na organização. Com
base no princípio de que “a estratégia é tarefa de todos”, a empresa capacita “todas as
pessoas”, proporcionando a todos os empregados o conhecimento necessário à execução do
respectivo trabalho.
Finalmente, evolui-se para um processo de aprendizado e adaptação da estratégia. Os
balanced scorecards iniciais representam hipóteses sobre a estratégia e as melhores
estimativas na formulação das ações que resultam no sucesso financeiro de longo prazo. O
processo de desenvolvimento do BSC ajuda a explicitar as relações de causa e efeito nas
hipóteses estratégicas. À medida que se implementa o scorecard e os sistemas de feedback
reportam o progresso, a organização tem condições de testar as hipóteses da estratégia. De
evento isolado, a estratégia se converteu em processo contínuo.
3.4. O BSC no gerenciamento da manutenção
A abordagem do BSC segundo Tsang (1999) define uma estrutura holística para
estabelecer um sistema de gerenciamento estratégico do desempenho da corporação ou
unidade de negócio. Quando a abordagem é aplicada para gerenciar o desempenho das
operações da manutenção, o processo deve envolver os seguintes passos (ver Figura 3.8):
1 Formular a estratégia para a operação da manutenção - opções de estratégia
como desenvolver a capacidade interna, terceirizar a manutenção, capacitar operadores para
manutenção autônoma, desenvolver uma equipe de manutenção multidisciplinar, e
implementar a Manutenção Baseada na Condição ou Condition-Based Maintenance (CBM)
são considerações e decisões feitas através de um processo participativo.
2 Operacionalizar a estratégia - a estratégia da manutenção é traduzida em
objetivos de longo prazo. Os relevantes indicadores chaves de desempenho ou Key
Performance Indicators (KPIs) são incluídos no BSC e então identificados e suas metas são
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 67
estabelecidas. Supondo a terceirização da manutenção e reparo de equipamentos comuns e
genéricos, TSANG exemplifica os KPIs e metas relacionadas a este objetivo estratégico
como:”terceirizar 20% do trabalho da manutenção” e “reduzir 30% dos custos da
manutenção”. O primeiro indicador pertence a perspectiva do “Processo Interno” e o segundo
a perspectiva de “Finanças”. Para adquirir um alinhamento vertical, estes objetivos, KPIs e
metas são desdobrados em metas individuais e por equipes.
3 Desenvolvimentos de planos de ação - estes são os meios para atingir as metas
estabelecidas no passo “2”. Para atingir as metas dos trabalhos terceirizados descritos no
exemplo acima a companhia deve decidir por desenvolver habilidades nas seguintes três áreas
necessárias para o processo de terceirização: negociação de contrato, gestão de contratos, e a
capacidade de capitalizar as oportunidades surgidas de inovações tecnológicas e de mudanças
no ambiente competitivo da manutenção. Estes planos de ação devem também abranger
qualquer mudança necessária na infra-estrutura de suporte da organização, como a estrutura
de trabalho, sistema de gestão de informação, recompensa e reconhecimento, mecanismos de
alocação de recursos, etc.
4 Revisões periódicas do desempenho e da estratégia o progresso feito com os
objetivos estratégicos conhecidos são fixados e a relação de causa entre as medidas é validada
em intervalos definidos. O resultado da revisão pode indicar a necessidade de formular novos
objetivos estratégicos, modificação nos planos de ação e revisão dos indicadores.
Figura 3.8 – Processo de gerenciamento estratégico do desempenho da manutenção (TSANG 1998)
De forma semelhante Amendola (2005) esboça o plano de implementação do BSC na
gestão da manutenção na Figura 3.9 partindo da visão e aonde se pretende chegar com ela.
Posteriormente se estabelece os planos de ação, os objetivos e o impacto financeiro para
atingir as metas da visão. Neste passo o especificadas as práticas ou iniciativas específicas
que serão implementadas e como. O pessoal é informado sobre a visão e os planos. São
Estratégia
Corporativa
Objetivos da
Manutenção
Implementação
do Plano
Plano de Ação
Operacionalizar
a
Estratégia
Estratégia da
Manutenção
Indicadores de
Desempenho
Revisão
Periódica
Mudanças na
Estrutura e Infra-
estrutura
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 68
definidos os indicadores para estabelecer metas concretas e para monitorar o progresso. São
identificados os recursos e pessoas responsáveis para acometer ações específicas e o tempo
para atingi-las. O avanço será revisado periodicamente e informado a toda organização.
Figura 3.9 – Processo de Implantação do BSC (AMENDOLA 2005)
Cabe ressaltar que a revisão periódica possibilita redesenhar e inovar os processos e
atividades aproveitando as oportunidades latentes da melhoria contínua e da reengenharia do
processo para cumprir as expectativas do cliente, otimizar custos, melhorar a eficiência do
processo e fazer uso adequado dos ativos. Esta atividade de análise deve ser reforçada e
comunicada a partir do estabelecimento de objetivos e indicadores, os quais devem enfatizar
as atividades de permanente renovação e melhoramento dos processos.
A implantação deve ser documentada incorporando todos os planos estratégicos da
manutenção, procedimentos, indicadores, inventários, contratos, gestão de recursos humanos
e outros aspectos relevantes na gestão dos processos de trabalho, tecnologia e especialidades.
Segundo Amendola a vantagem primordial está em considerar as quatro perspectivas
simultaneamente e as relações entre elas, e desta forma possibilitar estabelecer uma cadeia
causa-efeito que permite tomar as iniciativas necessárias em cada nível. A ligação das quatro
perspectivas constitui o que se chama de Balanced Scorecard fornecendo, segundo analogia
proposta pelos seus próprios autores Kaplan e Norton, um “painel de controle” da corporação
como representado na Figura 3.10.
VISÃO
IMPLANTAÇÃO E
CONTROLE
ANÁLISE DA
ESTRATÉGIA
PLANO DE AÇÃO
INDICADORES E
RECURSOS
IMPLEMENTAÇÃO
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 69
Figura 3.10 – Painel de Controle de Indicadores (Adaptado AMENDOLA 2005)
Ahlmann (2002) desenvolve um modelo do BSC para as operações da manutenção, o
Scorecard da manutenção, representando na Figura 3.11, onde ele exemplifica as inter-
relações de causa e efeito dos quatro perspectivas do BSC com a manutenção demonstrando
que é possível calcular a influência do custo e do rendimento no volume e no preço para em
fim obter a margem de lucro final da firma. A estratégia eficaz da manutenção é desenvolvida
com a eficiência interna dando suporte a eficácia externa. O aumentando da eficiência da
manutenção resulta no aumento da produção e da capacidade de cumprir as exigências de
qualidade do consumidor. Esta qualidade aumentada constituirá parte importante na estratégia
de mercado garantindo uma grande fatia do mercado e eventualmente o alto preço dos
produtos.
De forma objetiva as perspectivas do BSC podem ser enquadradas na gestão da
manutenção da seguinte forma:
Finanças: indicadores relativos à economia e ao custo dos serviços;
Clientes: desempenho e condições da planta, os clientes internos da manutenção;
Processo Interno: eficiência da operação do departamento da manutenção e avaliação
dos serviços;
Aprendizado e Crescimento
: eficiência na gestão de equipe própria e contratada;
Tarefas
da
Manutenção
Ge
rência
da
Manutenção
Indicadores
de Desempenho
MTTR ROI MTBF ROCE
(U) (D)
Custos
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 70
Figura 3.11 – O Scorecard da Manutenção (AHLMANN, 2002)
Nos próximos itens é feita uma discussão mais detalhada das perspectivas do BSC
para a gestão da manutenção.
3.4.1. A perspectiva financeira
A perspectiva financeira tem como objetivo responder as expectativas dos acionistas.
Esta perspectiva está particularmente centrada na geração de valor para o acionista, com altos
índices de rendimento e garantias de crescimento e manutenção do negócio. É necessário
definir objetivos e indicadores que permitam responder as expectativas do acionista em
relação aos parâmetros financeiros de: rentabilidade, crescimento, valor ao acionista.
Amendola (2004) sugere indicadores típicos da economia para esta perspectiva como o Valor
Econômico Agregado (VEA), Retorno sobre Capital Empregado (ROCE), Retorno de Ativos
(RA) e Retorno sobre Investimento (ROI).
Dunn (2003) re-examina o BSC do ponto de vista do processo da manutenção onde
esta perspectiva se enquadra da seguinte forma: os acionistas estão interessados no
desempenho financeiro e nos riscos. Consequentemente as medidas que devem ser
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 71
desenvolvidas aqui devem incluir medidas de custo e integridade dos ativos. Ou seja,
indicadores para medir os gastos associados à gestão da manutenção, assim como sua
distribuição e se estes estão orientados a melhorar a eficiência da empresa.
3.4.2. A perspectiva dos clientes
Dunn (2003) referindo-se à produção como cliente da manutenção enfatiza que se
deve considerar o processo de manutenção da perspectiva da produção. “O que eles
procuram?” Neste caso, desejam-se medidas físicas do processo da manutenção. Estas podem
incluir medidas como disponibilidade de equipamentos, confiabilidade de equipamentos,
produtividade/eficiência, qualidade da produção, etc. Elas podem corresponder também a
medidas de tempo de resposta às quebras e qualidade do trabalho da manutenção.
Da mesma forma Amendola (2004) sugere, para esta área, indicadores de eficiência
que permitam ver o comportamento operacional das instalações, sistemas, equipamentos e
dispositivos, além de medirem a qualidade dos trabalhos e grau de cumprimento dos planos de
manutenção. Os indicadores tradicionais da manutenção como Tempo Médio Entre Falhas
(MTBF), Tempo Médio Para Reparo (MTTR), disponibilidade, utilização e confiabilidade são
indicados nesta perspectiva.
Amendola destaca ainda que a geração de lucro dependerá em grande parte dos
objetivos traçados para esta perspectiva e consequentemente a “geração de valor” que será
refletida na perspectiva financeira. A satisfação dos clientes estará subordinada a proposta de
valor que a organização ou empresa os estabelece. Esta proposta de valor cobre basicamente,
o espectro de expectativas compostas por: precisão, qualidade, tempo, função, imagem e
relacionamento. Os indicadores típicos deste segmento incluem: encargos em acordos de
serviço, reclamações resultantes do total de reclamações operacionais, satisfação do cliente e
gestão da qualidade.
Indicadores de confiabilidade humana que determinam os aspectos de segurança nos
trabalhos de manutenção podem ser inclusos nesta área como o índice de freqüência total e
parcial e o índice de severidade
3.4.3. A perspectiva dos processos internos
Nesta perspectiva se identificam os objetivos e indicadores estratégicos associados aos
processos chaves da organização ou empresa, de cujo êxito depende a satisfação das
expectativas de clientes e acionistas.
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 72
Usualmente esta perspectiva se desenvolve logo após definidos os objetivos e
indicadores das perspectivas financeiras e dos clientes. Esta seqüência acompanha o
alinhamento e identificação das atividades e processos chaves, e permite estabelecer os
objetivos que garantem a satisfação dos clientes, acionistas e sócios.
Para Dunn (2003) neste caso, o interesse é medir o desempenho dos processos chaves
internos da manutenção o qual lida com altos níveis de desempenho aos olhos dos acionistas e
clientes (produção). Por exemplo, pode-se desejar medir a proporção de trabalho que foram
realizados dos quais foram eficientemente planejados e programados previamente, ou medir a
produtividade dos operadores, a ocorrência de atrasos devido à natureza do trabalho, ou o
número de falhas imprevistas. O livro de Terry Wireman Developing Performance
Indicators for Managing Maintenance(1998), contém uma lista de mais de 80 indicadores
de desempenho para a manutenção que podem ser úteis nesta perspectiva. Para seleção destas
medidas Dunn (2003) sugere avaliar sua relevância, confiabilidade, entendimento,
disponibilidade de dados, oportunidades e controlabilidade.
Os indicadores desta perspectiva, longe de serem genéricos, devem manifestar a
natureza mista dos processos próprios da empresa ou organização. Contudo, para efeito de
referência alguns indicadores de caráter genérico associados aos processos internos estão
relacionados ao tempo de ciclo do processo, custo unitário por atividade, níveis de produção,
custos de falha, custos de re-trabalho, gestão da eficácia, planejamento, gestão de estoques,
gestão de compras, gestão de contratos, manutenção preventiva e tecnologia da informação.
3.4.4. A perspectiva de aprendizagem organizacional
A quarta perspectiva se refere aos objetivos e indicadores que servem como
plataforma ou motor para o desempenho futuro da empresa na gestão da manutenção de
ativos, e refletem sua capacidade para adaptar-se a novas realidades de mudar e melhorar.
Estas capacidades estão fundamentadas nas competências essenciais no negócio da
manutenção, que incluem as competências de seu pessoal, uso da tecnologia como
impulsionador, a disponibilidade de informação estratégica que assegure a oportuna tomada
de decisão e a criação de um clima cultural próprio que propicie as ações transformadoras do
negócio.
As considerações desta perspectiva dentro do BSC reforçam a importância de investir
no negócio da manutenção para criar valor futuro, e não somente nas áreas tradicionais de
desenvolvimento de novas instalações e novos equipamentos, que sem dúvida são
importantes, mas que hoje em dia, por si só, não dão resposta às novas realidades dos
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 73
negócios. Alguns indicadores típicos desta perspectiva incluem os relacionados à tecnologia
da informação, satisfação pessoal, liderança, desenvolvimento de competências
(treinamentos), contratação de pessoal especializado, aplicação de tecnologias e tomada de
decisão.
Para esta perspectiva em geral utiliza-se medidas de eficiência na gestão de equipe
própria e contratada, onde a medida de horas de treinamento é a mais comumente empregada.
Dunn (2003) considera esta perspectiva muito específica de cada empresa e pouco relevante
para benchmarking. No caso de uma empresa que adota um sistema de gestão de manutenção
baseado na filosofia da TPM onde a gestão autônoma e a garantia de qualidade dos serviços
são as bases para o sucesso esta perspectiva mostra-se fundamental para o desempenho do
processo de manutenção.
3.4.5. Metodologia para implantação do BSC na manutenção
Segundo Amendola (2004) o marco metodológico introduzido pelos autores Robert
Kaplan e David Norton, pode ser expresso, para efeitos de sua implantação, no que se
denomina de “Modelo das Quatro Fases”. Esta seqüência de projeto e implantação foi
adotada por diversas empresas e poderá ser utilizada com grande êxito na manutenção,
segundo as pesquisas realizadas por Amendola. O modelo assegura a compreensão das bases
conceituais da metodologia do BSC por parte dos atores que a compreende do corpo
operacional ao executivo da empresa.
A seqüência assegura que se capturem e traduzam a um sistema de medição ou sistema
de indicadores, os objetivos estratégicos da organização, sobre uma variedade de situações
estratégicas e operacionais de utilidade universal perante a diversidade das organizações a
qual este modelo é aplicável. A Figura 3.12 ilustra a seqüência do processo das Quatro
Fases” para a implantação do BSC na manutenção proposto por Amendola.
Kaplan & Norton (1997) indicam que por melhor que seja o processo de
implementação de estratégias ele precisa ser um processo vivo, pois as mudanças ambientais
que afetam a competição precisam forçar uma reavaliação das opções estratégicas e por outro
lado se faz necessário à aferição da eficácia das estratégias implementadas em relação aos
objetivos estratégicos, levando à necessidade de controle ou realimentação do sistema.
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 74
Figura 3.12. Fases de Implantação do BSC (adaptado de AMENDOLA, 2004).
A metodologia pode ter suas variâncias dependendo da complexidade do
departamento da manutenção da empresa, sua dinâmica organizacional e sua comunicação
com as outras áreas da empresa. Em alguns casos, o envolvimento da diretoria pode acelerar o
processo, proporcionando a integração das atividades a serem executadas em cada uma das
fases que compõe este processo de implantação. O que corresponde às palavras dos seus
criadores: - “Sem o apoio e a participação ativa dos altos executivos, o Balanced Scorecard
não deve ser iniciado. Sem a liderança e o comprometimento da cúpula, o fracasso será
inevitável”. (KAPLAN & NORTON, pp. 308,1997).
Kaplan e Norton (1997) estimam que um projeto típico para construção do Scorecard
pode durar dezesseis semanas (ver plano na Figura 3.13), sem, no entanto se ter todo o tempo
ocupado com as atividades do Scorecard em si. O cronograma em geral acaba sendo
determinado pela disponibilidade dos executivos para entrevistas, workshops e reuniões de
subgrupos. Neste caso se as pessoas estiverem totalmente disponíveis para o projeto, o que
quase sempre é improvável, o cronograma pode ser reduzido. No entanto não é uma boa
prática encurtar muito o prazo de realização dos trabalhos, para que entre um evento e outro
haja um prazo de maturação das idéias, análise das propostas, reflexão sobre a estrutura
P
R
O
D
U
T
O
S
-
Missão
-Visão
- Fatores
críticos de
sucesso
- Mapa
estratégico
preliminar
-
Plano de ação
para detalhes
pendências
- Agendamento
Gerencial com o
BSC
- Desdobramento
na organização
- Automatização
-
Objetivos
estratégicos
-Mapa
estratégico
dos objetivos
-
Indicadores
estratégicos
-Metas por
indicador
- Mapa
estratégico
detalhado
- Iniciativas
estratégicas
F
A
S
E
FASE 1
Estratégia
FASE 2
Objetivos
FASE 4
Implantação
FASE 3
Indicadores
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 75
evolutiva do Balanced Scorecard e a estratégia, o sistema de informações e, o mais
importante, os processos gerenciais que ele representará.
A participação e envolvimento do líder do projeto são fundamentais para o bom
andamento e cumprimento do cronograma, ainda mais no início dos trabalhos, devendo, no
entanto, ser reduzida à medida que os demais membros da equipe e a própria alta
administração forem adquirindo mais responsabilidades pelo desenvolvimento do Scorecard.
Kaplan e Norton (1997) observam que este cronograma pressupõe que a unidade de
negócios tenha formulado sua estratégia e teve acesso a pesquisas de mercado e de clientes
para orientar as decisões relativas à segmentação de mercados e às propostas de valor a serem
apresentadas aos clientes em segmentos específicos. Se a unidade de negócios tiver que
realizar uma análise estratégica de seu setor para poder fazer opções fundamentais de
estratégias de mercado, produto e tecnologia, ou se tiver que realizar pesquisas de mercado
mais detalhadas, o cronograma deverá ser estendido pelo tempo exigido por essas tarefas.
Figura 3.13 – Cronograma típico para o Balanced Scorecard (Kaplan & Norton, 1997).
1.
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10.
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7.
3.
4.
5.
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 76
3.5. BSC & TPM
Nas organizações que praticam a TPM, as rotinas de serviço e as inspeções periódicas
do equipamento são feitas pelo operador da máquina, enquanto que as revisões e maiores
reparos ficam a cargo da unidade de manutenção. Tsang (1998) enfatiza que o comportamento
dos empregados é influenciado em grande parte pelo sistema de medição de desempenho. Por
essa razão é desejável que o sistema esteja ligado à estratégia da organização a fim de
conseguir o máximo impacto, pois a atuação do operador será avaliada por um indicador, o
qual estará relacionado à estratégia da manutenção na empresa.
Tsang (2002) aponta que o BSC surge como meio para superar a inabilidade da OEE
em prover uma avaliação holística do desempenho da organização da manutenção como um
todo e na sua falta de medida de representação de valor futuro, devido a OEE ser uma medida
focada no equipamento. Tsang comenta que medidas genéricas como a OEE são usadas para
feedback e controle de algumas tarefas operacionais, mas não são necessariamente úteis em
avaliar o crescimento a longo prazo. A OEE e o BSC podem ser combinados em situação
onde se busca criação de valor e as limitações financeiras são moderadas.
Segundo a pesquisa de Mcadam e Bailie (2002) a TPM não é vista por contribuir
significantemente para a estratégia, apesar de trazer à tona a conscientização da necessidade
de organização e ordem, que são muito evidenciadas. Atualmente a TPM é associada a
medidas de atraso operacionais básicos e falta de medidas de desenvolvimento de liderança o
que diminui sua reputação como apoio à mudança estratégica. Apesar de não estar ligada
diretamente aos objetivos estratégicos Mcadam e Bailie apontam a TPM como a melhor
estratégia para otimizar os custos de produção.
Uma vez definidos os objetivos de manutenção compatíveis com o posicionamento
estratégico da empresa torna-se necessário criar instrumentos que permitam avaliar em que
ponto eles estão em relação à meta a ser cumprida ou, pelo contrário, se estão indicando
desvios que obrigam a tomar ações corretivas. A razão de ser desta necessidade é o fato de os
objetivos, pelo seu caráter mais geral, não possuírem a precisão e rapidez de resposta que
permitam que o gestor seja alertado a tempo de tomar medidas antes que os desvios sejam de
recuperação difícil ou mesmo impossível.
A filosofia de classe mundial implica na implantação de metodologias e ferramentas
específicas que propiciam a obtenção de resultados rápidos, ótimos e duradouros. Por isso a
necessidade de introduzirem-se metodologias como a do BSC para balancear os indicadores
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 77
técnicos e financeiros que permitam obter benefícios do negócio da manutenção. Com
atenção aos pontos estratégicos da gestão negócio, para atingir a posição de “classe mundial”,
Amendola (2005) recomenda que as ações devam dirigir-se a:
i. Reforçar a atenção na implantação das boas práticas e planos de manutenção;
ii. Fortalecer o treinamento dos analistas da manutenção para garantir o manejo e
aproveitamento ótimo dos dados;
iii. Direcionar os esforços dos especialistas na execução de diagnósticos
unificados das instalações, fortalecendo as equipes de trabalho;
iv. Reforçar os processos de execução da manutenção, gestão de paradas da
planta, tanto do ponto de vista do planejamento como da gerência.
Portanto, o gerenciamento da manutenção moderna deve estar sempre direcionado aos
princípios e objetivos da empresa, buscando estar sempre focado aos novos métodos e
ferramentas que possam auxiliá-lo no gerenciamento. O homem da manutenção deve estar
sempre buscando o aperfeiçoamento continuo focado na política da empresa.
Conforme Pinto e Xavier (2001), a condução moderna da manutenção como negócio,
requer uma mudança profunda de mentalidade e de postura e a gerência deve estar sustentada
por uma visão de futuro e regida por modernos processos de gestão para satisfação plena de
seus clientes.
3.6. Comentários
Neste capítulo descreve-se a importância da utilização de um sistema de medição
baseado em indicadores para medir o desempenho da gestão da manutenção. Mas, mais
importante que a utilização de indicadores, é a utilização de uma ferramenta estratégica como
o BSC para orientar estes indicadores de acordo com a visão e missão estabelecidos para a
função da manutenção na empresa.
O BSC permite monitorar o desempenho da gestão de forma balanceada, ou seja,
considerando-se não o custo final da manutenção na perspectiva de finanças, mas também
sua atuação perante o seu cliente, a produção da fábrica, os seus processos internos, onde se
avalia a organização do departamento da manutenção e ainda consideram-se as atitudes de
aprendizado e crescimento com a realização de treinamentos e adoção de novas e melhores
práticas na manutenção para proporcionar um ciclo de melhoria contínua na gestão.
Capítulo 3 – Indicadores de Desempenho para a Gestão da Manutenção 78
O ciclo de melhoria contínua caracteriza a manutenção de classe mundial, que além de
adotar um sistema de gestão abrangente como a TPM deve monitorar seu desempenho de
forma integrada e balanceada em relação aos aspectos técnicos e de custo para identificar os
pontos de melhoria.
A vantagem primordial da implantação dos BSC é que este não circunscreve somente
uma perspectiva, mas sim considera as quatro perspectivas simultaneamente identificando a
relação entre elas, possibilitando uma relação causa-efeito que permite tomar as iniciativas
necessárias em cada nível. Visualizando que a redução dos custos da manutenção (finanças)
deve-se a uma organização com manutenção planejada (processo interno), a qual necessita de
capacitação e modernização (aprendizado e crescimento) para atender as necessidades da
fábrica (cliente).
O uso adequado deste sistema de indicadores permite selecionar de forma otimizada:
rotinas de manutenção e inspeção, níveis de inventário, gestão e otimização de orçamentos e
propostas técnicas. Considerando-se de forma objetiva o impacto dos distintos modos de falha
sobre as operações, a produção, a segurança e o ambiente; auxiliando na redução dos custos
de produção e maximizando o valor do ciclo de vida e desta maneira aumentando os ganhos
da empresa.
A escolha dos indicadores pode ser feita com base na experiência e nos
conhecimentos dos responsáveis pela atividade de manutenção na empresa. O processo de
estabelecimento de objetivos e a escolha dos indicadores mais adequados é, normalmente, um
processo longo, feito de tentativas e correções, até se atingir a perfeição desejada.
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 79
C
A P Í T U L O
4
GESTÃO
DA
MANUTENÇÃO
NA
KLABIN
4.1. Descrição da empresa
4.1.1 Histórico
A Klabin é a maior empresa integrada de Celulose, Papel e Produtos de Papel da
América Latina. Com mais de 200 mil hectares de florestas plantadas de pinus e
eucaliptos na região Sul, além de abastecer as fábricas de celulose, permite ainda que os
excedentes de toras sejam comercializados em serrarias e laminadoras.
A Klabin Irmãos & Cia. foi estabelecida em 1899, na cidade de São Paulo, pelas
famílias Klabin e Lafer. Na época, a empresa importava e comercializava artigos para
escritórios e tipografia. Em 1903, a empresa arrendou uma pequena fábrica de papel
iniciando a produção de folhas para impressão. Em 1909, constituiu sua própria fábrica,
a Companhia Fabricadora de Papel, e nos anos 20, figurava entre as maiores fábricas
de papel no país.
Em 1934 fundou uma nova subsidiária, a Klabin do Paraná, primeira fábrica
integrada de celulose e papel no país, em 1947 iniciou a produção de papéis de imprensa
e papéis para embalagem. A necessidade de se obter matéria prima local levou a Klabin
a desenvolver uma base florestal com capacidade suficiente para suprir a fábrica. O
primeiro projeto de reflorestamento da Klabin teve início nos anos 40, inicialmente com
Araucária e depois com pinus e eucalipto.
Na área fabril, a Klabin conquistou o reconhecimento da indústria pela
introdução de modernas tecnologias, como as caldeiras de recuperação, integradas a
processos que aumentaram significativamente a produtividade e a proteção ambiental.
Nas décadas seguintes a Klabin consolidou sua liderança e expandiu seus mercados,
fundando e adquirindo outras empresas. Nos anos 70 avançou firmemente sobre o
segmento de embalagens, produzindo caixas de papelão ondulado, sacos e envelopes até
se tornar a maior fabricante integrada de celulose, papel e produtos de papel da América
Latina.
Atualmente é o maior fabricante Brasileiro de Kraftliner e papel cartão; e o
maior exportador de papel de embalagens. O setor de papel cartão é a expressão da alta
tecnologia da Klabin, voltada para o desenvolvimento de produtos de maior valor
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 80
agregado. A Klabin conta com cinco fábricas de papéis cartões, sendo que a principal
unidade está localizada em Monte Alegre no Paraná. As cinco fábricas produzem 1,2
milhão de toneladas de papéis e cartões ao ano. Deste volume, aproximadamente 400mil
toneladas são exportadas. Este desempenho faz a empresa o maior fabricante brasileiro
e o maior exportador de papel de embalagens do País.
No ANEXO 2 está exposto um fluxograma com as principais fases do processo
de fabricação de celulose e papel.
4.2. A gestão da manutenção na KLABIN
A manutenção é representada administrativamente pela gerência de manutenção,
subordinada à diretoria industrial da empresa. Esta gerência está dividida em áreas
(departamentos) que atendem às diversas necessidades das instalações industriais,
conforme organograma mostrado no Figura 4.1.
Figura 4.1 – Organização do departamento da manutenção (Fonte: KPMA 2005)
Engenharia de Projetos e Montagens (EPMO): esta área é responsável pelo
desenvolvimento, gerenciamento e fiscalização de novos projetos de expansão, que
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 81
envolvem as especialidades de mecânica, elétrica, automação e instrumentação. Está
dividida em:
Projetos: executa pequenos projetos de melhorias e gerencia a
implantação de novos projetos de ampliação da fábrica;
Montagem: área responsável pelo acompanhamento e fiscalização das
obras de montagem mecânica, elétrica, automação e instrumentação de
novas instalações industriais.
Engenharia de Manutenção (EMAN): esta área é responsável por detectar as
falhas dos equipamentos mecânicos e elétricos em estado incipiente, ou seja, com
antecedência suficiente para que o problema seja corrigido antes que a falha ocorra.
Também é responsável pela melhoria da manutenção e pela eliminação de problemas
crônicos e repetitivos. Está dividida em:
Inspeção preventiva: responsável pela inspeção nos equipamentos
mecânicos e elétricos utilizando os sinais externos apresentados pelos
equipamentos antes de sua efetiva falha, como ruídos, aquecimentos,
vazamentos, aspectos visuais e cheiros característicos. Também é
conhecida como inspeção sensitiva, pelo fato de utilizar os sentidos
humanos como forma de inspeção, ou seja, o tato, a visão, o olfato e a
audição.
Inspeção preditiva: Utiliza equipamentos sofisticados para detectar
possíveis falhas ainda em estado incipiente, mesmo antes dos
equipamentos apresentarem sinais externos de algum problema potencial.
Na Klabin são utilizados aparelhos para análise de vibração, espectros de
freqüência de elementos rotativos, inspeção por ultra-sonografia, controle
de temperatura em instalações elétricas por termográfica, balanceamento
dinâmico de equipamentos, entre outros.
Engenharia de confiabilidade: Estuda os problemas crônicos de
manutenção e executa melhorias ou atualização nos equipamentos de
modo que se tornem cada vez mais confiáveis e disponíveis para o
processo produtivo.
Documentação técnica: é responsável pelo registro, guarda e
manutenção dos documentos técnicos da empresa, tanto em meio
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 82
eletrônico quanto físico, como desenhos e manuais de instalação e de
manutenção, que são utilizados no planejamento e na execução da
manutenção.
Manutenção de Automação, Elétrica e Instrumentação (MAEI): executa os
serviços de manutenção de automação, elétrica e instrumentação que são planejados
pelo PPMA. Da mesma forma que a MMCA, a MAEI atua em toda a área fabril. Está
dividida em:
Automação: responsável pela manutenção dos equipamentos eletrônicos
e de software de controle de processo;
Elétrica: responsável pela manutenção dos equipamentos elétricos e dos
sistemas de distribuição de energia;
Instrumentação: responsável pela manutenção dos aparelhos de
instrumentação, tais como válvulas automáticas de controle de processo,
aparelhos de medição de nível, fluxo, pressão e gramatura, entre outros;
Oficina elétrica: responsável pela revisão dos equipamentos elétricos,
como motores e transformadores, cujo serviço não pode ser realizado no
campo.
Manutenção Mecânica Central (MMCA): esta área executa os serviços de
manutenção mecânica que foram planejados e programados pelo PPMA. Abrange toda a
área fabril, de modo que os funcionários possam atuar em qualquer parte da planta onde
se faz necessário a execução de serviços, garantindo uma alta mobilidade e
produtividade da equipe. Está dividida em:
Manutenção central: responsável pela execução no campo dos serviços
mecânicos planejados para toda a planta fabril. Também coordena a
montagem dos andaimes necessários à execução da manutenção e os
serviços de isolamento térmico nas linhas de vapor e de outros líquidos
que trabalham com temperatura acima da ambiente;
Manutenção em turnos: equipe que trabalha em sistema de
revezamento, composta por quatro turmas em três horários rotativos. É
responsável pela manutenção corretiva de toda a fábrica fora do
expediente administrativo, atendendo os órgãos produtivos à noite, nos
finais de semana e nos feriados. Durante o expediente administrativo as
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 83
equipes de revezamento apóiam as equipes da manutenção central e da
oficina mecânica;
Oficina mecânica: responsável pela revisão dos equipamentos
mecânicos que não podem ser desmontados ou verificados no campo;
Retífica de rolos: executa a manutenção e a retífica dos revestimentos de
todos os rolos das máquinas de papel;
Transporte interno: equipe de apoio à manutenção, responsável pelo
transporte dos equipamentos de grande porte que serão revisados ou
substituídos;
Equipamentos móveis: oficina responsável pela manutenção das
empilhadeiras utilizadas no embarque de bobinas e dos motores
estacionários de combustão interna que acionam equipamentos vitais à
fábrica nos casos de falta de energia elétrica, como a bomba do sistema
de combate a incêndios.
Planejamento e Programação da Manutenção (PPMA): nesta área são
recebidas todas as solicitações de manutenção das especialidades de civil, mecânica,
elétrica, automação e instrumentação, que depois de analisadas são planejadas e
programadas para a execução levando-se em consideração os recursos disponíveis, as
prioridades dos serviços, as criticidades dos equipamentos e os programas de paradas
das instalações do processo produtivo. Está dividida em:
Planejamento e programação da manutenção: tem como atividade
principal planejar e programar os serviços de manutenção de todas as
especialidades, pela alocação dos recursos e informações, no tempo
adequado e custo otimizado;
Cadastro: Atualiza os cadastros dos equipamentos instalados na área
fabril e os que se encontram armazenados como reserva. Inclui os novos
equipamentos adquiridos através dos projetos de expansão ou melhoria
da manutenção, e exclui os equipamentos obsoletos e desativados,
mantendo uma relação atualizada de componentes sobressalentes
utilizados na manutenção das máquinas e instalações.
Grupos de área: É formada por seis equipes de manutenção, tendo em
cada equipe um supervisor de manutenção, subordinado à estrutura da
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 84
manutenção (do PPMA), e um número mínimo de funcionários das
especialidades de mecânica, elétrica e instrumentação, subordinados aos
órgãos de operação, que tem como missão principal manter as áreas
produtivas em pleno funcionamento, agindo corretivamente em caso de
falhas consumadas que interrompam ou prejudiquem a qualidade ou a
produção. As equipes têm esta estrutura matricial para que haja uma
perfeita integração entre as áreas de operação e de manutenção. Cada
equipe é responsável pela manutenção de uma parte da fábrica, dividida
da seguinte forma:
Área de preparo de madeira;
Área de fibras e fabricação de celulose;
Área de recuperação e utilidades;
Área de papéis Kraftliner;
Área de papeis de impressão; e
Área de papéis cartão.
Manutenção Civil (MACI): executa os serviços de conservação industrial das
instalações prediais e de pequenas obras de construção civil. Está dividida em:
Civil: responsável pela conservação das instalações prediais;
Pintura: responsável pela manutenção da pintura das plantas industriais
da fábrica;
Obras civis: responsável pela execução de pequenas obras civis e pela
fiscalização e acompanhamento de obras relacionadas a projetos de
ampliação e melhorias;
Vias e pátios: responsável pela conservação das ruas e dos ramais
ferroviários instalados no interior da fábrica.
Área de Almoxarifado (ALMO): é responsável pela inspeção de recebimento,
controle, armazenagem e distribuição de toda a matéria prima necessária à fabricação de
celulose e papel, bem como dos diversos materiais de consumo e de sobressalentes
necessários ao funcionamento da fábrica e de sua manutenção. Também é responsável
pelo Depósito das Manutenções (DEMA), cuja principal finalidade é a guarda e o
controle dos equipamentos reservas dos instalados nas plantas produtivas.
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 85
4.3. O Processo de manutenção da KLABIN
Para garantir a disponibilidade e confiabilidade da planta no processo de
manutenção da Klabin, Figura 4.2, as manutenções corretivas emergências,
programadas e preventivas passam pelo PPMA (Planejamento e Programação da
Manutenção), já as manutenções preditivas e os projetos de melhoria são realizados pela
EMAN (Engenharia de Manutenção).
As manutenções são requisitadas ao PPMA pela oficina elétrica/ automação/
instrumentação (MAEI), oficina mecânica central (MMCA) e a área de manutenção
civil (MACI). O PPMA então envia as ordens de manutenção às áreas operacionais
subdivididas em: equipes de manutenção elétrica/automação/instrumentação (E/A/I),
equipe de manutenção mecânica/operação (M/O) e equipes de manutenção civil para
execução das diversas atividades. As equipes de montagem assessoram o EMAN em
seus projetos. Paralelamente o almoxarifado é utilizado conforme as necessidades do
PPMA e EMAN.
Figura 4.2 – Fluxograma do processo de manutenção (Fonte: KPMA 2005).
Areas Operacionais
Preventiva Preditiva
Projetos
e Melhorias
Corretiva
Emergencial
Corretiva
Programada
PPMA
MAEI
EMAN
MMCA
Equipes
de Áreas
Central de
E/A/I
Central de
M/O
Central de
Civil e Apoio
MACI
Equipes de
Montagem
Disponibilidade
e Confiabilidade
Almoxarifado
Sobressalentes
Equipamentos
PPMA
EMAN
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 86
4.3.1. O Planejamento e o controle da manutenção na KLABIN
Definido o processo geral e manutenção da empresa aqui destaca-se o processo
de planejamento e o controle da manutenção realizado pelo PPMA Planejamento e
Programação da Manutenção. Esta área se reporta à Gerência da Manutenção (GMA),
que está ligada à Diretoria Industrial. Atua em todo o âmbito fabril, recebendo as
solicitações de manutenção para todas as especialidades: mecânica, elétrica, automação,
instrumentação e civil. Planeja tanto os serviços que serão executados com as plantas
em funcionamento como os que serão realizados durante as paradas programadas das
instalações.
O número de equipamentos desta fábrica chega próximo dos 13.500, sendo
5.500 equipamentos mecânicos, como bombas, redutores e agitadores, e 8.000 elétricos,
principalmente motores, disjuntores e transformadores, dos quais cerca de 20% são
reservas. Além disto, há diversas empilhadeiras, inúmeras válvulas, quilômetros de
tubulações, transportadores, vasos de pressão, tanques e silos de armazenagem, linhas
de transmissão, chaves e painéis de comando, instrumentos automáticos de controle,
aparelhos eletrônicos e automatizados, e as plantas maiores como as máquinas de papel,
caldeiras, turbo geradores, cozinhadores, branqueamento, forno de cal, entre muitos
outros. Todos necessitam de uma boa manutenção para estarem disponíveis para o
processo produtivo, razão pela qual é necessário um forte esquema de inspeção,
monitoramento e de manutenção. Todo esse processo é viabilizado e facilitado pela área
de Planejamento e Programação da Manutenção.
O Planejamento e o Controle da Manutenção devem seguir o objetivo geral da
manutenção que é “garantir a máxima disponibilidade e confiabilidade dos
equipamentos, dentro de um custo aceitável“. Para alcançar este objetivo geral, lança
mão dos seguintes objetivos específicos:
Maximizar a produção com o menor custo e a mais alta qualidade sem
infringir normas de segurança ou causar danos ao meio ambiente;
Promover a eficácia das paradas programadas, otimizando a utilização de
recursos próprios e alocando outros necessários;
Evitar o não atendimento, ou atendimento com baixa qualidade, de
serviços essenciais de manutenção causados pela falta de informação
prévia;
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 87
Aumentar a integração entre as áreas de operação e manutenção da
fábrica.
Trabalhar com manutenção 100% planejada, priorizando as manutenções
preditivas e preventivas;
Estabelecer a logística adequada para a aquisição de materiais, peças e
serviços e administrar as compras da manutenção;
Manter registros de manutenção dos equipamentos;
Conhecer a matriz de custos da manutenção bem como custos gerais da
empresa, principalmente os custos da produção parada;
Conhecer antecipadamente os recursos;
Buscar constantemente a otimização dos processos de manutenção,
simplificando atividades, reduzindo custos e aumentando a
produtividade;
Em virtude das emergências que surgem nas áreas produtivas, nem todo serviço
de manutenção é planejado. As falhas ocorrem porque os problemas não foram
detectados durante a inspeção dos equipamentos, e muitas delas ocasionam um distúrbio
no processo, interrompendo-o, prejudicando a qualidade dos produtos ou expondo as
pessoas e o meio ambiente a riscos de acidentes. Nessas circunstâncias a manutenção
deve agir com rapidez para corrigir os desvios, mesmo que não existam ações
predefinidas. Entretanto, todo o serviço de emergência deve ser analisado para descobrir
suas causas e orientar a tomada de ações que visem reduzir a possibilidade de que
ocorra novamente. A Figura 4.3, a seguir, mostra o fluxo de serviços planejados e não
planejados e as responsabilidades pela execução e análise dos serviços.
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 88
Figura 4.3 - Fluxograma do planejamento e programação da manutenção (Fonte: KPMA 2005)
4.4. A implantação da TPM na KLABIN
O processo de implantação da TPM (Total Produtive Maintenance) na Klabin
foi impulsionado pela necessidade de competitividade em veis de excelência mundial
e da mesma forma para consolidar um modelo de gestão que fosse disseminado em toda
a organização, baseando-se em metodologia de resolução de problemas, trabalho em
equipe e melhoria contínua.
Procurando canalizar e alinhar as pessoas e ações em uma direção comum, o
processo de implantação da TPM na empresa foi nomeado de programa SUPERAR,
designação esta que por si procura estabelecer o principal objetivo do programa
que é ultrapassar limites e aumentar a competitividade.
4.4.1. Objetivo do programa
O objetivo do programa é buscar a superação contínua, via a disseminação de
ferramentas e processos de resolução em equipes de trabalhos, ratificado pelo principal
ativo de um processo de melhoria, que são as pessoas.
Necessidade de Manutenção
Existe uma ação
definida?
É um serviço
urgente?
É um serviço
Urgente?
A ação definida
resolve o
problema?
É um
Problema?
Execução da manutenção
pelas Áreas de Apoio
Retornar informação sobre
os serviços executados
Análise da manutenção cor-
retiva pela EMAN e PPMA
PPMA deve analisar, plane-
jar e programar a execução
MAEI, MMCA, MACI
Executar conforme planej.
Análise da manutenção
pelas Áreas de Apoio
EMAN deve estudar e
definir uma ação eficaz
Definir uma ação
corretiva
Alimentar o Histórico
do equipamento
Novo procedimento
s
ss
s
s
N
N
N
N
N
Necessidade de Manutenção
Existe uma ação
definida?
É um serviço
urgente?
É um serviço
Urgente?
A ação definida
resolve o
problema?
É um
Problema?
Execução da manutenção
pelas Áreas de Apoio
Retornar informação sobre
os serviços executados
Análise da manutenção cor-
retiva pela EMAN e PPMA
PPMA deve analisar, plane-
jar e programar a execução
MAEI, MMCA, MACI
Executar conforme planej.
Análise da manutenção
pelas Áreas de Apoio
EMAN deve estudar e
definir uma ação eficaz
Definir uma ação
corretiva
Alimentar o Histórico
do equipamento
Novo procedimento
s
ss
s
s
N
N
N
N
N
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 89
O Programa Superar está integrado à Política de Sustentabilidade da empresa,
devendo estar alinhado ao posicionamento estratégico, conforme abaixo colocado:
“A Klabin S.A. é uma empresa que produz madeira, papéis e cartões para
embalagem, embalagens de papelão ondulado e sacos. Atua nos mercados interno e
externo e se fundamenta nos seguintes princípios de sustentabilidade para todas as
atividades relativas aos seus produtos e serviços:
1. Buscar a qualidade competitiva, visando à melhoria sustentada dos seus
resultados, aperfeiçoando continuamente os processos, produtos e
serviços, para atender às expectativas dos clientes, colaboradores,
acionistas, comunidade e fornecedores.
2. Assegurar o suprimento de madeira plantada para as suas unidades
industriais, de forma sustentada, sem agredir os ecossistemas naturais
associados.
3. Praticar e promover a reciclagem de fibras celulósicas em sua cadeia
produtiva.
4. Evitar e prevenir a poluição através da redução dos impactos ambientais
relacionados a efluentes dricos, resíduos sólidos e emissões
atmosféricas.
5. Promover o crescimento pessoal e profissional dos seus colaboradores e
a busca da melhoria contínua das condições de trabalho, saúde e
segurança.
6. Praticar a responsabilidade social com foco nas comunidades onde atua.
7. Atender à legislação e normas aplicáveis ao produto, meio ambiente,
saúde e segurança.”
Visão do Programa SUPERAR na KPMA:
“Garantir a excelência de processos e produtos através do envolvimento e
valorização das pessoas”.
Missão do Programa SUPERAR na KPMA:
“Implantar a metodologia TPM para desenvolver a cultura de melhoria
contínua e transformar a KPMA numa empresa de classe mundial”.
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 90
4.4.2. A estrutura do programa
A estrutura do programa SUPERAR (Figura 4.4) na KPMA é composta de uma
coordenação que tem a função de coordenar a implementação dos conceitos e a
filosofia do programa, alinhar a visão e a missão do programa em relação ao
posicionamento estratégico da organização.
Um comitê diretivo que tem como objetivo garantir o plano de implementação
do programa através das atividades de disponibilizar recursos, atuar nos pontos críticos,
motivar as pessoas, reconhecer as pessoas, definir objetivos e fazer auditoria dos pilares.
Figura 4.4 – Estrutura do Programa SUPERAR (Fonte: KPMA 2005)
Times Internos de Melhoria (TIMs) que são os grupos multifuncionais
estruturados a partir das necessidades de melhorias identificadas a partir das perdas
definidas nas OEEs. Os times têm a duração de até quatro meses e funcionam aplicando
roteiros específicos e ferramentas de diagnósticos. Os times são treinados e monitorados
dentro dos objetivos e metas propostos por cada pilar. O fluxograma representando
lançamento e encerramento dos TIMs encontra-se no ANEXO 3.
Os Grupos Internos de Gestão Autônoma (GIGAs) cujo principais objetivos
são aprimorar as habilidades das pessoas na sua interação com o equipamento e manter
os ganhos obtidos pelos TIMs através do cumprimento dos padrões operacionais.
Os Pilares representados na Figura 4.5 formam a estrutura de sustentação do
programa SUPERAR e são constituídos por especialistas em atividades específicas
(saúde e segurança, qualidade, manutenção, fluxo produtivo, custos, etc) responsáveis
TIMs + GIGAs
TIMs + GIGAs
C
C
o
o
o
o
r
r
d
d
e
e
n
n
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o
Comitê
Comitê
Diretivo
Diretivo
Redução
Redução
de Perdas
de Perdas
Pilares
Pilares
TIMs + GIGAs
TIMs + GIGAs
C
C
o
o
o
o
r
r
d
d
e
e
n
n
a
a
ç
ç
ã
ã
o
o
Comitê
Comitê
Diretivo
Diretivo
Redução
Redução
de Perdas
de Perdas
Pilares
Pilares
Pilares
Pilares
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 91
por atingir as metas da organização propostos pelo programa. Os pilares têm a função
de realizar o desdobramento via OEE dos principais indicadores relacionados às suas
especialidades e identificar os pontos que necessitam de melhoria, para que então, sejam
formados os Times Internos de Melhorias (TIMs).
Figura 4.5 – Pilares do Programa SUPERAR (Fonte: KPMA 2005)
As Atividades de cada pilar envolvem:
Melhoria Focada: tem a função de reduzir os custos operacionais com a
eliminação das perdas da mão-de-obra e das máquinas; satisfazer a demanda solicitada
pelo cliente e melhorar a flexibilidade; reduzir os gargalos dos processos produtivos; e
aumentar a eficácia global dos equipamentos.
Qualidade Progressiva: tem a função de estruturar um sistema para a qualidade
que permita:
Reduzir as perdas por qualidade, aumentando a taxa de qualidade da OEE.
Reduzir as reclamações de clientes aumentando a satisfação pelo desempenho de
nossos produtos.
Reduzir os desperdícios de matérias primas, avaliando e colocando esforços em
processos com consumo excessivo.
Reduzir a variabilidade dos processos, através da implementação do controle
estatístico do processo (CEP).
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 92
Avaliar os indicadores chave para garantia da qualidade, visando identificar
oportunidades de ganho.
Gestão Autônoma: responsável por resgatar as melhores práticas operacionais,
assegurando a sustentação dos resultados conquistados; promover a gestão autônoma
nos equipamentos e processos das áreas; e estimular o engrandecimento humano através
da multiplicação de conhecimento junto aos funcionários da empresa.
Manutenção Planejada: tem a função de aumentar a taxa de disponibilidade
das instalações; reduzir o custo de manutenção; e aumentar a confiabilidade das
instalações. Esse pilar semais bem explanado no próximo item. E no Capítulo 5 será
demonstrada a abordagem do BSC para auxiliar no gerenciamento deste pilar, foco
principal desta dissertação.
Gestão do Fluxo Produtivo: tem como objetivos otimizar o fluxo na cadeia
produtiva; garantir o atendimento desejado pelo cliente; regularizar os fluxos de
materiais no processo produtivo; e reduzir o estoque de produto acabado.
Meio Ambiente: pretende assegurar o atendimento às legislações de meio
ambiente, reduzindo os riscos de impacto ambiental rumo ao ambiente classe mundial
de zero emissão e fortificando a imagem da empresa perante seus colaboradores.
Educação e Treinamento: objetiva desenvolver no pessoal conhecimento
(pensar) e habilidades (fazer) com objetivo de reduzir as perdas no processo; fornecer os
recursos prévios e as ferramentas de apoio aos projetos; apoiar na identificação do
capital intelectual, potencial, carreira de trabalho, necessários aos projetos da empresa; e
formar e manter a disseminação da base de conhecimento para sustentar o programa
SUPERAR.
Gestão do Fluxo de Informações: é o pilar encarregado de agilizar, padronizar
e melhorar o fluxo de informações, buscar maior transparência e qualidade nas
informações; eliminar duplicidade de informações; reduzir re-trabalhos; e melhorar as
condições de trabalho nos escritórios.
Custos: define o modelo de gestão com indicadores e metas para os custos da
empresa baseado nas 16 grandes perdas e define os critérios de cálculo.
Segurança e Saúde: é responsável por reduzir e prevenir os acidentes de
trabalho e melhorar as condições ergonômicas de trabalho.
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 93
4.4.3. As fases do programa
O programa foi dividido em 4 fases (Figura 4.6), sendo :
Fase 1 Levantamento de dados: onde foram definidos os indicadores chaves
de qualidade e produtividade, base para os desdobramentos tanto de pilares quanto de
times de melhoria compondo o plano mestre (master plan);
Fase 2 Piloto: grupos pilotos na estrutura gerencial e de coordenação foram
definidos em função de desdobramentos de OEEs, com objetivo de disseminar
conceitos e verificar as principais dificuldades na implementação da metodologia e
conscientização do nível gerencial;
Fase 3 Expansão horizontal: nesta fase, foram introduzidos os pilares, que
dão suporte ao programa através das especialidades já comentadas na estrutura do
Superar. Além de expansão dos times de melhorias.
Fase 4 – Estabilização: com a disseminação dos conceitos e metodologias,
busca-se ratificar o processo de melhoria contínua, via um processo de conscientização
individual, ao ponto de espontaneamente o corpo de funcionários buscarem por si
mesmos, através de atuação autônoma a manutenção produtiva total.
Figura 4.6 – Fases do Programa SUPERAR (Fonte: KPMA 2005)
Como passo inicial decidiu-se formar 12 especialistas em “Melhoria Contínua”
ou Process Kaizen Engineer (PKE) nos módulos de manutenção, qualidade, engenharia
industrial e gestão de operações.
6 meses
6 meses
18 meses
18 meses
Piloto Expansión Estabilización
12 meses
12 meses
4 meses
4 meses
12 meses
12 meses
Piloto Exp.Horizontal Estabilização
18 meses
18 meses
Conseguir o envolvimento
de toda a sociedade
Def. Master Plan
Treinamentos
OEE e Deployments
(Volume e Qualidade)
Def. maiores perdas
Def. Projetos Piloto
Kick off
Projetos
piloto
Alta Gerência
Gerência
intermediária
Grupos
autônomos
Operadores
como líderes
Introdução
dos pilares e
Projetos Melhoria
Levantamento
de Dados
2 meses
2 meses
6 meses
6 meses
18 meses
18 meses
Piloto Expansión Estabilización
12 meses
12 meses
4 meses
4 meses
12 meses
12 meses
Piloto Exp.Horizontal Estabilização
18 meses
18 meses
Conseguir o envolvimento
de toda a sociedade
Def. Master Plan
Treinamentos
OEE e Deployments
(Volume e Qualidade)
Def. maiores perdas
Def. Projetos Piloto
Kick off
Projetos
piloto
Alta Gerência
Gerência
intermediária
Grupos
autônomos
Operadores
como líderes
Introdução
dos pilares e
Projetos Melhoria
Levantamento
de Dados
2 meses
2 meses
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 94
Para o lançamento dos projetos pilotos, na fase do Programa, foram treinadas
13 pessoas no cálculo da OEE (Eficácia Global dos Equipamentos), e através deste
índice, foi possível identificar as principais oportunidades de ganhos.
O cronograma de implantação do programa é encontrado no ANEXO 4.
4.4.4. O pilar da Manutenção Planejada
Seguindo o plano de Implantação da TPM foi criado o Pilar de Manutenção
Planejada que busca otimizar o processo gerencial da manutenção estabelecendo
políticas, métodos, padronização de atividades, eliminando pontos fracos, capacitando
as pessoas. A manutenção planejada prevê o envolvimento do pessoal da produção no
controle das máquinas (Figura 4.7).
Figura 4.7 – Envolvimento da produção na manutenção planejada (Fonte: KPMA 2005)
Para compor o Pilar de Manutenção Planejada foram escolhidas 12 pessoas
sendo 1 representante da operação e 11 da manutenção. Os representantes da
manutenção são de diferentes áreas e especialidades. Sendo 3 representantes da
Engenharia de Manutenção, 3 do Planejamento de Manutenção, 2 Supervisores de área,
1 Oficina mecânica central, 1 do Almoxarifado, 1 consultor do SAP (Systems,
Applications and Products for Data Processing) o software de gerenciamento da
manutenção utilizado pela empresa. As especialidades são mecânica, elétrica,
instrumentação e automação.
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 95
A atuação do Pilar da Manutenção Planejada é voltada para os critérios de:
i. Disponibilidade: reduzir as quebras de máquinas e equipamentos;
reduzir o tempo parado ou MDT (mean downtime) e MTTR; e reduzir
paradas programadas;
ii. Confiabilidade: aumentar MTBF; e prevenir quebras de máquinas e
equipamentos;
iii. Melhoria sistêmica: definir a política ideal de manutenção; sistema de
análise de quebras; suporte ao pilar de Gestão Autônoma; e suporte ao
pilar de Qualidade Progressiva;
iv. Custos: reduzir desperdício de material; reduzir estoque de peças; e
eliminar re-trabalhos;
v. Consumo de Energia: otimizar o consumo; e reduzir as perdas;
vi. Pessoas: Desenvolver competências (operadores e mantenedores); e
reduzir a TFG (Taxa de Freqüência Geral) de acidentes na manutenção.
Para monitorar a atuação do pilar foram inicialmente sugeridos os indicadores de
desempenho demonstrados no Quadro 4.1.
Quadro 4.1 – Indicadores de desempenho Pilar da Manutenção Planejada (Fonte: KPMA 2005)
O pilar Manutenção Planejada permite incrementar o desempenho da instalação,
reduzir os custos de manutenção através da eliminação das paradas imprevistas e do
desenvolvimento de um sistema de manutenção planejada eficaz em termos de custos,
1. Custo de Manutenção
. Percentual sobre o realizado do ano base (2002) %
. Custo específico R$/ton
2. Taxa de Disponibilidade da Manutenção (OEE - Fabril) %
3. Número mensal de quebras por máquina Quebras/Máq.
4. MDT (tempo médio de parada) da planta Horas
5. MTBF (tempo médio entre falhas)
. MTBF da planta Dias
. MTBF do local de instalação - consulta no SAP Dias
6. Tempo médio de permanência das peças reposição no estoque anos
7. Consumo Específico de Energia
. Energia Elétrica MWh/t
. Vapor Gcal/t
INDICADORES DO PILAR MANUTENÇÃO PLANEJADA UNIDADE
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 96
envolvimento do pessoal de produção, enriquecimento das competências e adoção de
sistemas profissionais de organização da manutenção. Tudo isto, é obtido através de um
programa dividido em quatro fases, ver Quadro 4.2.
Quadro 4.2 – Fases de implantação do Pilar da Manutenção Planejada (Fonte: KPMA 2005)
As fases foram articuladas em seis passos (Figura 4.8) realizáveis num prazo
médio de três anos e seis meses.
Para por em prática a implantação do pilar foi elaborado um plano mestre e a
criação dos Grupos Internos de Manutenção Planejada (GIMPs) cuja função básica era:
i. Conhecer a metodologia da Manutenção Planejada;
ii. Criar o plano mestre da área;
iii. Aplicar a metodologia de acordo com o plano mestre;
iv. Desenvolver e aplicar as implementações/padrões estabelecidos pelo
Pilar da Manutenção Planejada;
v. Funcionar como suporte imediato à Gestão Autônoma.
Integração com a G.A.
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 97
Figura 4.8 – Passos da implantação do Pilar da Manutenção Planejada (Fonte KPMA 2005)
A atuação do sistema de manutenção planejada realiza mudanças de políticas,
ferramentas e procedimentos que garantem a melhor eficácia nas atividades da
manutenção como:
i. Realização de uma estrutura de manutenção planejada e de gestão
quotidiana (análise das quebras);
ii. Gestão da lubrificação;
iii. Gestão das peças de reposição;
iv. Gestão dos custos de manutenção;
v. Desenvolvimento da gestão preditiva;
vi. Aperfeiçoamento da tecnologia e das competências de manutenção.
Segundo o instituto JIPM os requisitos para o Pilar da Manutenção Planejada
atingir o nível classe mundial em seus resultados, o que corresponde ao primeiro nível
da premiação do instituto(citado no item 2.5.4 do Capítulo 2), baseiam-se nos seguintes
critérios:
Manutenção autônoma e planejada são claramente definidas. Ambas operam
com responsabilidade compartilhada;
1
AVALIAR OS EQUIPAMENTOS E
ENTENDER A SITUAÇÃO ATUAL
1. Atualizar a lista das máquinas
2. Classificar as máquinas (ABC)
3. Definir os níveis de criticidade
4. Definir os objetivos da manutenção
2
RESTAURAR O DETERIORAMENTO E
MELHORAR OS PONTOS FRACOS
1. Restabelecer as condições básicas das máquinas
2. Expansão horizontal das soluções para outras máquinas
e equipamentos
3. Análise piloto das quebras
4. Melhorar os pontos fracos das máquinas
5. Auditoria do comitê de promoção para melhorar o meio
ambiente
6. Treinar os Manutentores
7. Suporte a Manutenção Autônoma
3
INSTITUIR UM SISTEMA DE GESTÃO
DAS INFORMAÇÕES
1. Analise sistemática das quebras
2. Instituir um sistema de gestão das
informações
3. Preparar os dados para inspeção
4. Projetar e implementar o sistema de gestão
das peças de reposição
4
INSTITUIR UM SISTEMA DE
MANUTENÇÃO PERIÓDICA
1. Métodos e planos de manutenção periódica
2. Desenvolver um sistema de MP de alta visibilidade
3. Melhorar o sistema de MP através de FMECA e RCM
5
INSTITUIR UM SISTEMA DE
MANUTENÇÃO PREDITIVA
1. Definir as tecnologias de manutenção
preditiva
2. Selecionar máquinas e peças, definir
operadores e funções
3. Desenvolver tecnologias de diagnóstico
4. Definir o plano de manutenção preditiva
5. Treinar os manutentores
6. Gerenciar o plano de manutenção
preventiva
6
AVALIAR O SISTEMA DE
MANUTENÇÃO PROGRAMADA
1. Elaborar e implementar um sistema de controle do
orçamento e relatórios
2. Deployment (estratificação) dos Custos de Manutenção
3.
Definir BMM (Best machine mantenance)
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 98
Manutenção Baseada no Tempo (Time-Based Maintenance TBM) e
Manutenção Baseada na Condição (Condition-Based Maintenace CBM) estão
sendo usadas seletivamente;
Técnicas de manutenção especializada, tais como reparo, inspeção, controle
de lubrificação e técnicas de análises de quebra estão em nível satisfatório;
Confiança no equipamento, manutenção e taxa de utilização estão
disponíveis quantitativamente;
Manutenção corretiva é almejada e feedback é realizado pelo projeto MP;
Peças sobressalentes, moldes, gabarito, fixação, equipamento de medição, de
desenho, etc, estão arquivados como dados que são utilizados adequadamente;
Controle de informação de manutenção está sendo sistematizado;
Técnicas adequadas para diagnóstico do equipamento (ishikawa, FMEA,
RCM) estão sendo colocadas em pratica e apresentam excelentes resultados;
Custo da manutenção está sendo orçado e controlado adequadamente.
4.4.5. Resultados obtidos com o pilar da Manutenção Planejada
As mudanças culturais causadas pela implantação do programa TPM na empresa
em relação ao gerenciamento da manutenção pelo Pilar da Manutenção Planejada
baseiam-se no conhecimento adquirido, capacitação de pessoal, e o estudo dos
equipamentos, onde, em uma avaliação feita pela equipe do Pilar, chegaram-se as
seguintes conclusões:
O importante é não procurar um culpado, mas encontrar as causas do problema e
implantar medidas para erradicar os modos de falha;
Não encarar a manutenção unicamente como um grupo de suporte e gerador de
custos, mas como um grupo capaz de manter as instalações industriais na
condição ideal de operação, permitindo a companhia alcançar o volume e
qualidade de produção, aumentando o ciclo de vida das máquinas, reduzindo
custos e, consequentemente, aumentando o nível de competitividade da
companhia;
A implantação dos grupos de manutenção autônoma é fundamental para o
sucesso da manutenção planejada.
Programa Superar KPMA
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN 99
Desde o início da implantação da TPM em 2002 até 2005 registrou-se um
aumento na disponibilidade da planta (Figura 4.9), redução do número de quebras
mensais nas máquinas piloto (Figura 4.10), redução do MDT (mean downtime) nas
máquinas piloto (Figura 4.11), redução no estoque de peças de reposição (Figura 4.12),
redução dos custos de manutenção por unidade produzida (Figura 4.13). Observa-se
também que os custos totais de manutenção (Figura 4.14) aumentaram justamente pelo
investimento na implantação do programa, os quais deverão tornar-se competitivos após
o término do período de implantação da TPM, ou seja, após a fase de estabilização,
como demonstrado no item 4.4.3 deste capítulo.
Figura 4.9 – Disponibilidade da planta (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005)
Figura 4.10 – Número de quebra de máquinas por mês (Fonte: Programa Superar – KPMA
2005)
97, 8
97, 5
97, 7
97, 8
90%
92%
94%
96%
98%
100%
2002
2003
2004
Atual 2005
DISPONIBLIADE DA PLANTA
Aumento
de 0,35%
desde 2002
DISPONIBILIDADE DA PLANTA
5, 2
5, 9
5, 7
7, 3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
2002
2003
20
04
Atual
2005
QUEBRA DE MÁQUINAS POR MÊS
Diminuição de 10, 5%
desde 2002
Número de quebras
Média
das
máquinas
de
papel
12%
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN
100
Figura 4.11 – MDT das máquinas de papel (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005)
Figura 4.12 – Custo de peças em estoque (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005)
Figura 4.13 – Custo de manutenção por unidade produzida (Fonte: Programa Superar – KPMA
2005)
1,7
2,0
1,8
1,9
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2,0
2,1
2002 2003 2004
Atual 2005
HORAS
MDT DAS MÁQUINAS DE PAPEL
Diminuição de 15 %
desde 2002
93
100
95
96
80%
85%
90%
95%
100%
105%
2002
2003
2004
Atual 2005
R$
ESTOQUE DE PEÇAS DE REPOSIÇÃO
Diminuição
de 6,7 %
desde 2002
61, 95
78, 70
68, 82
80, 59
40
50
60
70
80
90
2002
2003
2004
Atual 2005
CUSTO DE MANUTENÇÃO
POR UNIDADE PRODUZIDA
R$/t
Diminuição de 21%
desde 2002
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN
101
Figura 4.14 – Custo de manutenção (Fonte: Programa Superar – KPMA 2005)
Os próximos desafios na implantação do Pilar da Manutenção Planejada
incluem:
Desenvolver, fortalecer e dar suporte aos GIMPs, descritos no item
4.4.4 deste capítulo;
Transferir as atividades de lubrificação, inspeção e TBM
1
(
Time Based
Maintenance
) para os grupos de manutenção autônoma;
Estabelecer um sistema para análise e melhora do MDT;
Desenvolver um sistema de informação para a manutenção;
Otimizar as atividades de TBM e CBM
2
(
Condition Based Maintenance
)
e medir os resultados de forma eficiente;
Utilizar ferramentas avançadas como análises em FMEA (
Failure Mode
and Effects Analysis)
, RCM (Reliability Centered Maintenance) e FTA
(
Fault Tree Analysis
) para resolver problemas complexos e prevenir
quebras.
1
TBM – Time Based Maintenance ou manutenção baseada no tempo refere-se às intervenções
preventivas por inspeções periódicas de partes elétricas, mecânicas e automação.
2
CBM - Condition Based Maintenance ou manutenção baseada na condição refere-se às intervenções
preditivas por monitoramento da condição da parte elétrica, mecânica e automação.
103
100
88
103
60%
80%
100%
120%
2002
2003
2004 Atual
2005
CUSTOS DE MANUTEÃO
R$
Aumento de
2,7 %
desde
2002
Capítulo 4 – Gestão da Manutenção na KLABIN
102
4.5. Comentários
Neste capítulo descreveu-se a situação da manutenção na unidade fabril da
KLABIN S.A. em Telêmaco Borba, no Paraná, conhecida como KPMA – Klabin Papéis
Monte Alegre. Enfocando-se o processo de implantação do sistema de gestão TPM
adotado pela empresa para enquadrar-se nos padrões classe mundial. O processo de
implantação está na fase de estabilização e a empresa busca o prêmio classe mundial em
resultados fornecido pelo JIPM.
Enfoque especial foi dado ao processo de implantação do Pilar de Manutenção
Planejada, responsável pela gestão da manutenção no programa TPM, ressaltando o
aprendizado e os resultados obtidos até a atualidade e os desafios futuros do programa.
Apesar do pilar seguir uma metodologia muito bem estruturada, utilizando-se de
indicadores voltados para o resultado da planta, estes se apresentam de forma
desordenada, não permitindo que o gestor visualize o impacto de um indicador no outro.
Desta forma a estratégia fica voltada ao valor máximo de cada indicador os quais podem
muitas vezes estar deficientes devido à atuação de outros indicadores da área,
dificultando ao gestor perceber onde agir para corrigir as deficiências de seu
departamento e alçar novos desafios para manter-se atualizado. Para tanto, se percebe a
necessidade de orientar estes indicadores de forma integra às metas e objetivos do pilar,
visualizar as inter-relações entre os indicadores de desempenho utilizados, auxiliando a
gerencia da manutenção nas tomadas de decisão para orientar de forma estratégica a
evolução da gestão da manutenção para atingir e manter-se o padrão de classe mundial.
No próximo capítulo será proposta a utilização da metodologia do BSC para
auxiliar na gestão estratégica da manutenção, utilizando-se das informações do Pilar da
Manutenção Planejada do programa SUPERAR implantado na Klabin. Essa abordagem
pretende ilustrar como o BSC pode auxiliar no planejamento estratégico da manutenção
de uma empresa que adota a metodologia TPM, representado o próximo passo rumo ao
conceito WCM.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
103
C
A P Í T U L O
5
MODELO
PARA
APLICAÇÃO
DO
BSC
NO
PILAR
DA
MANUTENÇÃO
PLANEJADA
5.1. Ambiente TPM para implantação do BSC
O gerenciamento da manutenção realizado pelo Pilar de Manutenção Planejada
pratica o planejamento tático e operacional citados por Slack
et al.
(1999) e
Chiavenato (1999) e descritos no item 2.2 do Capítulo 2.
Tático
por que fornece a
missão e os objetivos principais da manutenção dentro da visão do programa
SUPERAR com foco no orçamento e em relatórios gerenciais representados pelo
indicador de custo de manutenção (ver ANEXO 6); e
operacional
, pois definem os
pontos chaves onde a manutenção deve atuar para atingir seus objetivos como
demonstrado no perfil do Pilar da Manutenção Planejada na Figura 5.1.
Figura 5.1 – Perfil do Pilar da Manutenção Planejada (Programa SUPERAR, 2005)
MISSÃO
Aumentar a disponibilidade e a confiabilidade das
máquinas e instalações com segurança e custos
adequados
Engajar
Funcionários
Adquirir o
Prêmio
TPM
Desenvolver
KPIs
OBJETIVOS PRINCIPAIS
Controlar e reduzir os custos de manutenção;
Reduzir, eliminar e prevenir as quebras das
máquinas;
Dar suporte ao sistema para garantia da qualidade;
Implementar um sistema de manutenção planejada;
Dar suporte aos grupos de Gestão Autônoma
PONTOS-CHAVE
Custos:
Reduzir desperdício material
Reduzir estoque peças
Eliminar re
-
trabalhos
Disponibilidade:
Reduzir as quebras
Reduzir o MDT e MTTR
Reduzir Paradas Programadas
Pessoas:
Desenvolver competências
(operadores e mantenedores)
Reduzir acidentes
ocupacionais
Melhoria Sistêmica:
Política Ideal de Manutenção
Sistema de análise de quebras
Suporte a Manutenção Autônoma
Suporte ao Sistema de Qualidade
Confiabilidade:
Aumentar o MTBF
Prevenir quebras
RCM/FMEA
Consumo de Energia:
Otimizar o consumo de
energia
Reduzir as perdas
VISÃO DO PROGRAMA SUPERAR
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
104
A proposta deste trabalho, esboçada na Figura 5.2, visa demonstrar como a
ferramenta de gestão estratégica do BSC pode ser aplicada ao gerenciamento do Pilar da
Manutenção Planejada, o pilar responsável pela gestão da manutenção no programa
TPM, para auxiliá-lo na busca pela classe mundial em seus resultados.
Figura 5.2 – Proposta de aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
O
gerenciamento tático
praticado pelo pilar se baseia no orçamento anual da
manutenção e nas avaliações mensais, onde o foco fica voltado para a perspectiva
financeira e a estratégia (visão e missão) trabalha em curto prazo, pois permanece
estática após definida. Segundo a definição de Ahlmann (2002) citada no item 2.4 do
Capítulo 4, após consolidar um alto nível organizacional como o programa de TPM, a
organização em seu último estágio de evolução para atingir o conceito de classe
CLIENTES
APRENDIZAGEM
ECRESCIMENTO
PROCESSOS
INTERNOS
FINANÇAS
ESTRATÉGIA
Manutenção
Planejada
CICLO DE
APRENDIZAGEM
ESTRATÉGICA
Resultados
Comunicação
coma a
gerência da
manutenção
Feedback
Reunião da
equipe do Pilar
para
testar
hipóteses
Consultoria
Externa
Fornecedores
Benchmark
PLANEJ. ESTRATÉGICO
Atualizar a
estratégia
Reduzir Custos
1. Custo de manutenção realizado
sobre o realizado do ano base (2003)
+ IGP-DI
%
Reduzir Custos 2. Custo específico de manutenção R$/ton
Otimizar o consumo de energia
3 .Consumo específico de energia
elétrica
MWh/t
Otimizar o consumo de energia 4. Consumo específico de vapor Gcal/t
Aumentar Disp onibilidade
5. Taxa de disponibilidade da
manutenção (OEE - Fabril)
%
Aumentar Disp onibilidade 6. MDT das plantas Horas
Aumentar Confiabilidade 7. MTBF das plantas Dias
Aumentar Confiabilidade 8. MTBF do local de instalação Dias
Politicas de Manutenção
(Reduzir estoque peças)
9. Tempo médio de permanência das
peças de reposição em estoque
anos
Análise de Quebras
(Reduzir Quebras)
10. Número mensal de quebras por
máquina
Quebras
Máq.
Desenvolver competências
(operadores e mantenedores)
11. Treinamento
horas de
treiname nto/
funcionário/ano
Reduzir acidentes ocupacionais 12. TFG -Taxa de Frequência Geral índice
5. Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
PROCESSO
INTERNO
4. Implementar um sistema de
manutenção planejada
APRENDIZAGEM
E CRESCIMENTO
FINANÇAS
CLIENTES
Melhor BSC OBJETIVOS ESTATÉGICOSFATORES DE SUCESSO INDICADOR Unidade
1. Controlar e reduzir os
custos da manutenção
2. Reduzir, eliminar e previnir
as
quebras de máquinas
3. Dar suporte a garantia de
qualidade
SCORECARD
Loop de controle operacional
Ações de manutenção
conforme as prioridades
observadas no BSC
Avaliar
prioridades/Al
ocar recursos
Diálogo
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
105
mundial deve
substituir a visão unicamente financeira pelas perspectivas
balanceadas fornecidas pelo BSC.
Com a introdução do
gerenciamento estratégico
promovido pela BSC, a visão,
missão e objetivos serão alinhados aos
indicadores de desempenho
do pilar nas suas
quatro perspectivas (finanças, clientes, processo interno, aprendizagem e crescimento)
permitindo gerenciar não o desempenho da função manutenção, mas também avaliar
a estratégia adotada por ele de forma contínua. Este alinhamento no gerenciamento do
pilar permiti alçar novos rumos de acordo com as necessidades que surgirão por
motivos de custo, desempenho,
benckmarking
além das premiações oferecidas pelo
JIPM comentadas no item 2.5.4 do Capítulo 2 desta dissertação.
O gerenciamento através dos indicadores de desempenho do pilar na
metodologia do BSC permite:
Tornar os objetivos e metas tangíveis a todos os níveis da organização,
pois os indicadores estão alinhados a estratégia da manutenção;
Refletir o equilíbrio dos objetivos (relação causa-efeito) entre medidas
financeiras e não-financeiras;
Visualizar onde cada ação de manutenção tomada através do desempenho
dos indicadores, que como será visto corresponde às
iniciativas estratégicas
, i
impactar na estratégia proposta para o pilar (missão, visão e objetivos) de forma
que a gestão tenha um
feedback
da estratégia;
Projetar modificações no processo de gestão do pilar para atingir seus
objetivos e metas ou até mesmo alterar a estratégia para atingir um maior
desempenho da função manutenção devido a novas necessidades ou
benchmarking
, num ciclo de melhoria contínua, como será visto através do
loop-
duplo
estratégico, já comentado no item 3.3.2.
Desta maneira o BSC agrega o gerenciamento estratégico ao processo de gestão
do pilar para orientar de forma mais ampla e completa a função manutenção tanto no
programa de TPM como na busca contínua da excelência em seu processo
caracterizando a manutenção de classe mundial.
A abordagem do BSC para promover o gerenciamento estratégico da
manutenção da empresa partirá das definições de missão, visão e objetivos definidos
para o Pilar de Manutenção Planejada, demonstrados no perfil da Figura 5.1,
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
106
relacionados aos indicadores de desempenho do pilar mencionados no Quadro 4.1 do
item 4.4.4. do Capítulo 4 desta dissertação, do programa TPM da Klabin Papéis Monte
Alegre (KPMA), batizado de programa SUPERAR como descrito no capítulo anterior.
Com o objetivo de adaptar a metodologia do BSC em uma organização da
manutenção fundamentada no sistema de gestão TPM adota-se a metodologia das
Quatro Fases
descrita no item 3.4.5 do Capítulo 3. Esta metodologia baseada nos
trabalhos de Amendola (2004), o qual em vários artigos publicados enfatiza a perfeita
adequação do BSC para gerenciar a função manutenção, mostra simples e objetiva,
tornando possível ao autor demonstrar a aplicação do BSC ao cenário do Pilar da
Manutenção Planejada, traduzindo a estratégia proposta para o pilar e apontando as
contribuições desta metodologia para aperfeiçoar a gestão da manutenção TPM na
empresa.
5.1.1. Primeira fase: Estratégia
A definição da estratégia constitui-se na definição da
visão
da empresa,
missão
da organização da manutenção na empresa e identificação dos
fatores críticos
para o
sucesso da missão.
A empresa precisa ser norteada em todos os seus níveis para uma
Visão
de
futuro que dirá para onde se quer ir e o que se pretende alcançar. Para tal, a
Visão
deve
ser desenvolvida por lideres e não seguidores, ser positiva e inspiradora, abrangente e ao
mesmo tempo detalhada para que todos na organização saibam como contribuir e
participar o que no caso do programa SUPERAR de implantação da TPM na empresa
foi definido como:
A declaração da
Missão
descreve a razão de ser da organização de manutenção
na empresa, aqui representada pelo pilar da Manutenção Planejada do programa TPM,
sua função e os tipos de atividades em que deve concentrar suas atuações futuras. As
atividades que concentram a
Missão
do Pilar da Manutenção Planejada são:
Visão
Engajar funcionários, desenvolver KPIs, adquirir o Premio TPM.”
Programa Superar KPMA
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
107
As declarações da
Visão
e da
Missão
são igualmente importantes em todos os
níveis da organização, dos funcionários do departamento aos gerentes da área,
considerando questões de desenvolvimento pessoal e organizacional, como também de
planejamento das iniciativas estratégicas.
A seguir é apresentada na Figura 5.3 a
dinâmica do BSC
segundo seus autores
Klapan e Norton, onde são feitos os questionamentos a partir de quatro perspectivas:
finanças
,
clientes
,
processo interno
e
aprendizagem e crescimento
para identificar os
fatores críticos de sucesso
no cumprimento da missão estabelecida para a gestão do
pilar. Estas quatro perspectivas formarão a base do BSC onde todo processo de tradução
da estratégia do pilar, demonstrada na Figura 5.1, será baseada. A dinâmica está em
obter respostas para as seguintes perguntas:
Para cumprir nossa missão qual o resultado financeiro que a organização da
manutenção deve apresentar aos seus acionistas? (
perspectiva de finanças
);
Para atingir o resultado financeiro que requisitos da operação/produção devemos
atender? (
perspectiva do cliente
da manutenção
);
Para atender aos nossos clientes e acionistas em quais processos de manutenção
devemos ser excelentes? (
perspectiva dos processos internos
);
Para atingir as nossas metas como a organização da manutenção poderá aprender
e inovar? (
perspectiva de aprendizagem e crescimento
);
Missão
“Aumentar a disponibilidade e a confiabilidade das máquinas e
instalações com segurança e custos adequados.”
Programa Superar KPMA
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
108
Figura 5.3 - Dinâmica do BSC para a manutenção (adaptado de Kaplan e Norton, 1997)
Os
fatores críticos de sucesso
descrevem a
Missão
do Pilar da Manutenção
Planejada sob a ótica das quatro perspectivas do BSC para atingir a
Visão
do programa
SUPERAR. Estes fatores correspondem aos objetivos principais (apresentados na
Figura 5.1) definidos para que o pilar obtenha sucesso na sua implantação, os quais
visam:
FINANÇAS
PROCESSO INTERNO
CLIENTES
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
Para atingir as nossas metas como a
organização da manutenção poderá
aprender e inovar?
Para atender aos nossos clientes e
acionistas em quais processos de
manutenção devemos ser excelentes?
Para atingir o resultado financeiro
que requisitos da operação/produção
devemos atender?
Para cumprir nossa missão que
resultado financeiro devemos
apresentar aos nossos acionistas?
VISÃO & MISSÃO
Fatores Críticos de Sucesso
“1. Controlar e reduzir os custos de manutenção;
2. Reduzir, eliminar e prevenir as quebras das máquinas;
3. Dar suporte ao sistema para garantia da qualidade;
4. Implementar um sistema de manutenção planejada;
5. Dar suporte aos grupos de Gestão Autônoma.”
Programa Superar KPMA
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
109
Uma vez identificados os fatores críticos de sucesso deve-se fazer uma análise
de causa-efeito, a qual requer cuidado no considerar possíveis conflitos entre áreas,
assim como alguma sinergia. Em outras palavras, esta análise causa-efeito determina se
os fatores críticos de sucesso são ou não mutuamente encorajadores para
atingirem-se a missão do pilar.
Na lógica do BSC
a estratégia é um conjunto de hipóteses sobre causas e efeitos,
onde esta relação pode ser expressa por uma seqüência de afirmativas do tipo “se-então”
(KAPLAN e NORTON, 1997). A estrutura gica oferecida pela ferramenta deixa claro
que para “toda ação uma reação”, as quais terão impacto no desempenho da
organização e comprometerão ou impulsionarão a implementação de suas estratégias.
Ou seja, a ferramenta trabalha sobre uma relação explícita de causa e efeito que
permeia todas as perspectivas – entre medidas de resultado e vetores de desempenho.
Adaptando-se os fatores críticos de sucesso definidos pelo Pilar da Manutenção
Planejada para a função da manutenção nas quatro perspectivas estratégicas do BSC
pode ser estabelecido, com base na dinâmica do BSC apresentada na Figura 5.4, um
mapa da estratégia de atuação
do Pilar para atingir a
Visão
e
Missão
propostas pelo
programa, como demonstrado na Figura 5.4.
Deste mapa estratégico preliminar é possível visualizar ordenadamente que o
controle e a redução dos custos da manutenção (
finanças
) ocorrerão através da redução,
eliminação e prevenção da quebra das máquinas conjuntamente com um sistema de
garantia de qualidade nos serviços prestados à operação (
clientes
), o que será possível
com a adoção de um sistema de manutenção planejada no departamento da manutenção
(
processo interno
), o qual dependerá da capacitação dos grupos de gestão autônoma
(
aprendizagem e crescimento
), o pessoal responsável pela operação e manutenção da
fábrica. Com esta relação percebe-se que o fator de suporte a gestão autônoma, que visa
o treinamento e a capacitação dos funcionários, caracteriza-se como a
força motriz
para
que o pilar da manutenção planejada obtenha sucesso nas outras perspectivas do BSC.
Com a identificação dos fatores críticos de sucesso, e o entendimento das
relações de causa, o próximo passo envolve identificar apropriadamente os objetivos
estratégicos que demonstram
onde
a manutenção deve atuar para obter sucesso.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
110
Figura 5.4 – Mapa da estratégia de atuação do Pilar da Manutenção Planejada
5.1.2. Segunda fase: Objetivos Estratégicos
Dando continuidade ao processo de tradução da estratégia, nesta etapa identifica-
se onde o Pilar da manutenção Planejada deve atuar para obter sucesso na
Missão
.
Portanto nesta fase, seguindo a metodologia proposta por Amendola (2004), são
identificados
os objetivos estratégicos
, a partir de um desdobramento dos fatores
críticos de sucesso propostos na etapa anterior.
Os objetivos estratégicos referem-se aos pontos chave de atuação do Pilar da
Manutenção Planejada, demonstrados na Figura 5.1 e comentados no item 4.4.4 do
Capítulo 4 desta dissertação, os quais se baseiam nas características de disponibilidade,
confiabilidade, custos, consumo de energia, melhoria sistêmica e pessoas. Agora os
pontos chave de atuação do pilar identificam-se como objetivos relacionados à
estratégia, demonstrando especificamente onde a gestão do pilar deve atuar para obter
sucesso na estratégia.
FINANÇAS
PROCESSO INTERNO
CLIENTE
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
Implantar um sistema de
Manutenção Planejada
Reduzir, eliminar e prevenir
as Quebras das Máquinas
Dar suporte ao sistema para
Garantia da Qualidade
Controlar e reduzir os
Custos de Manutenção
VISÃO & MISSÃO
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
111
Para visualizar a inter-relação dos objetivos estratégicos elabora-se, com base no
mapa de atuação do pilar da Figura 5.4, o
mapa estratégico dos objetivos do Pilar da
Manutenção Planejada
disposto na Figura 5.5. Este mapa representa as relações de
dependência, ou relação de causa e efeito na definição de Kaplan e Norton, entre os
objetivos estratégicos de cada fator critico de sucesso apresentado na Figura 5.4, nas
quatro perspectivas do BSC para cumprir a estratégia proposta para o pilar (visão
missão e fatores críticos de sucesso).
O mapa fornece o gerenciamento estratégico à gestão do pilar, tornando possível
visualizar o caminho para o cumprimento de sua visão e missão. Fato que não é
percebido com o gerenciamento tático-operacional realizado originalmente pelo Pilar da
Manutenção Planejada, o qual aponta a missão, visão e objetivos de forma independente
sem relação de causa.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
112
Quadro 5.1. Objetivos Estratégicos do Pilar da Manutenção Planejada
PERSPECTIVAS
DO BSC
FATORES CRÍTICOS DE
SUCESSO
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS DO PILAR
DA MANUTENÇÃO PLANEJADA
Custos:
Reduzir desperdício material
Reduzir estoque peças
Eliminar re-trabalhos
FINANÇAS
1.Controlar e reduzir os custos
de manutenção
Consumo de Energia:
Otimizar o consumo de energia
Reduzir as perdas
Disponibilidade:
Reduzir as quebras
Reduzir o MDT e MTTR
Reduzir Paradas Programadas
CLIENTE
2. Reduzir, eliminar e prevenir
as quebras das máquinas.
3. Dar suporte ao sistema para
garantia da qualidade
Confiabilidade:
Aumentar o MTBF
Prevenir quebras (RCM/FMEA)
PROCESSO
INTERNO
4. Implementar um sistema de
manutenção planejada
Melhoria Sistêmica:
Potica Ideal de Manutenção
Sistema de análise de quebras
APRENDIZAGEM
E CRESCIMENTO
5. Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
Pessoas:
Desenvolver competências
(operadores e mantenedores)
Reduzir acidentes ocupacionais
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 113
Figura 5.5 – Mapa estratégico dos objetivos do Pilar da Manutenção Planejada
Dar suporte ao sistema para
Garantia da Qualidade
.
Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
FINANÇAS
Controlar e reduzir os
Custos de Manutenção
PROCESSO INTER
NO
Implementar um sistema de
Manutenção Planejada
CLIENTES
Reduzir, eliminar e prevenir as
Quebras das M
áquinas.
Confiabilidade
Consumo de Energia
Custos
Reduzir desperdício
material
Reduzir estoque
de peças
Eliminar re-
trabalhos
Reduzir as perdas
Otimizar o consumo
de energia
Aumentar o
MTBF
Prevenir
quebras
RCM/FMEA
Disponibilidade
Reduzir o
MDT e MTTR
Reduzir as
quebras
Reduzir Paradas
Programadas
Melhoria Sistêmica
Política Ideal de
Manutenção
Sistema de análise de
quebras
Pessoas
Reduzir acidentes
ocupacionais
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
VISÃO E MISSÃO
FATORES CRITICOS DE SUCESSO
Desenvolver competências
(operadores e mantenedores)
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
114
Do mapa estratégico dos objetivos do pilar da Figura 5.5, originado dos
fatores
críticos de sucesso
do pilar, podem-se visualizar as relações de dependência entre os
objetivos estratégicos como comentado a seguir:
A interação do Pilar da Manutenção Planejada com o Pilar da Gestão
Autônoma,
que está descrita em maiores detalhes no ANEXO 5 desta dissertação, é o
fator crítico de sucesso que suporta a perspectiva de
aprendizagem e crescimento
do
BSC a qual visa desenvolver a competência dos operadores e mantenedores por meio de
treinamentos em análise de falhas e políticas de manutenção
(processo interno)
e
redução de acidentes ocupacionais
.
O
processo interno
tem como fator crítico de sucesso implementar um
sistema
de manutenção planejada
estabelecendo políticas de manutenção relacionadas à
manutenção preventiva (condicionada e baseada no tempo), planos de lubrificação,
gestão de estoques e de sistema de informação da manutenção
para
reduzir quebras,
reduzir MDT e MTTR e reduzir as paradas programadas e assim aumentar a
disponibilidade
das máquinas para o
cliente
da manutenção, à operação, dando
suporte ao
s
istema de garantia de qualidade
nos serviços da manutenção. O sistema
de análise de falhas prevê o desdobramento e registro das falhas, elaborar uma ficha de
análise de falhas e a utilização de ferramentas como RCM e FMEA para aumentar o
MTBF
e consequentemente à
confiabilidade
das instalações cumprindo com o fator
crítico de sucesso de
reduzir, eliminar e prevenir as quebras das máquinas
para o
cliente
.
A condição da planta para sua operação caracteriza o
cliente
da manutenção que
deseja obter disponibilidade, confiabilidade e qualidade nos serviços da manutenção das
máquinas. Estes objetivos estratégicos vão impactar diretamente no desempenho
financeiro da manutenção para os acionistas da empresa através da perspectiva de
finanças
do BSC cujo fator crítico de sucesso é
controlar e reduzir os custos de
manutenção
através dos objetivos estratégicos de redução dos custos, redução de
desperdício de material, redução de estoques e de re-trabalhos além da redução de
perdas no consumo de energia e sua otimização.
Com a lógica do BSC demonstrada no Quadro 5.1 e no mapa estratégico da
Figura 5.5 fica visível que o desempenho financeiro da manutenção ansiado pelo
acionista da empresa (
perspectiva de finanças
) depende não só das condições da planta
(
perspectiva do cliente
) como do planejamento e organização da manutenção
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
115
(
perspectiva
do
processo interno
) e da correta capacitação dos operadores e
mantenedores (
perspectiva de aprendizagem e crescimento
). As perspectivas do BSC
também se relacionam entre si, como será visto no mapa estratégico dos indicadores de
desempenho do pilar no próximo item.
5.1.3. Terceira fase: Indicadores
Seguindo a metodologia proposta por Amendola, na terceira fase são
identificados os
indicadores de desempenho
para medir o progresso no cumprimento
dos objetivos estratégicos assim como o estabelecimento de suas metas.
Os indicadores selecionados para medir a evolução do Pilar de Manutenção
Planejada estão relacionados no Quadro 5.2. com as perspectivas do BSC, os fatores
críticos de sucesso e os objetivos estratégicos do pilar.
A seguir, no Quadro 5.3 é feita uma descrição de cada indicador e sua forma de
cálculo. O quadro mostra também as áreas responsáveis pela medição de cada indicador
do Pilar da Manutenção Planejada, que em sua maioria correspondem às áreas da
gerência da manutenção (GMA) e suas subáreas já descritas no item 4.2 desta
dissertação, e a freqüência de medição de cada indicador. Alguns indicadores
apresentam algumas particularidades:
O indicador
custo de manutenção realizado sobre o realizado do ano
base (2002) + IGP-DI
compara o custo de manutenção atual com o realizado
no de 2002 quando se deu inicio ao processo de implantação do programa de
TPM na empresa, como demonstrado no ANEXO 4. Este indicador é utilizado
para representar o desempenho do Pilar da Manutenção Planejada na avaliação
geral do programa TPM na empresa, demonstrando o foco do sistema de gestão
atual do pilar (
tático
) que baseia-se na perspectiva financeira.
O indicador de “
treinamento
” é monitorado pelos responsáveis pelo
Pilar de Educação e Treinamento, comentado no item 4.4.2 desta dissertação, no
programa de TPM o qual trabalha em parceira com o Pilar de Manutenção
planejada;
O indicador de
TFG Taxa de Freqüência Geral de acidentes
é
monitorado em parceria com o pilar de Segurança e Saúde Ocupacional (item
4.4.2).
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 116
Quadro 5.2. Indicadores do Pilar da Manutenção Planejada relacionados aos objetivos estratégicos
Custos
Custo de manutenção realizado sobre o
realizado do ano base (2002) + IGP-DI
%
Custos
Custo específico de manuteão R$/ton
Otimizar o consumo de energia (
Consumo de energia
) Consumo espefico de energia elétrica MWh/t
Otimizar o consumo de energia (
Consumo de energia
) Consumo espefico de vapor Gcal/t
Reduzir paradas programadas (
Disponibilidade
)
Taxa de disponibilidade da manutenção
(OEE - Fabril)
%
Reduzir MDT (
Disponibilidade
) MDT das plantas Horas
Prevenir quebras (
Confiabilidade
) MTBF das plantas Dias
Aumentar MTBF(
Confiabilidade
) MTBF do local de instalação Dias
Politica Ideal de Manuteão (
Melhoria sismica
)
Tempo médio de permanência das pas
de reposição em estoque
anos
Sistema de Análise de Quebras (
Melhoria Sismica
) Número mensal de quebras por máquina
Quebras
Máq.
Desenvolver competências (
Pessoas
) Treinamento
horas de
treinamento/
funcionário/ano
Reduzir acidentes ocupacionais (
Pessoas
) TFG -Taxa de Frequência Geral índice
5. Dar suporte aos grupos de
Geso
Autônoma
PROCESSO
INTERNO
4. Implementar um sistema de
manuteão planejada
APRENDIZAGEM
E CRESCIMENTO
FINANÇAS
CLIENTES
BSC OBJETIVO ESTRAGICOFATOR CRÍTICO DE SUCESSO INDICADOR Unidade
1. Controlar e reduzir os
custos da
manuteão
2. Reduzir, eliminar e previnir as
quebras dequinas
3. Dar suporte a
garantia de qualidade
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 117
Quadro 5.3 – Descrição dos indicadores (Fonte KPMA)
Custo de manutenção realizado sobre o
realizado do ano base (2002) + IGP-DI
Custo realizado total de manutenção em R$, inclusive parada geral sobre o custo total realizado do ano de 2002
(inicio da implantação do Pilar) corrigido pelo indexador IGP-DI
Custo realizado x 100
Custo realiz. 2002 + IGP-DI
1
% MMCA
até o dia 10 de
cada mês
Custo específico de manutenção
Custo realizado total de manutenção em R$, inclusive parada geral sobre o volume de produção líquida da
fábrica em toneladas.
Custo realizado
Produção líquida
R$/ton MMCA
até o dia 10 de
cada mês
Consumo específico de energia elétrica
Total de energia elétrica, consumida no processo, em MWh, dividida pela produção líquida da área, em
toneladas
Consumo Energia Elétrica
Produção líquida
MWh/t GUF/PPMA
até o dia 05 de
cada mês
Consumo específico de vapor
Consumo de vapor, (baixa-pressão-4,0 kgf/cm2 e média- pressão-12,5 kgf/cm2), descontado o retorno de
condensado, em Gcal dividido pela produção líquida da área em toneladas
Cons. vapor - retorno condensado
Produção líquida
Gcal/t GUF/PPMA
até o dia 05 de
cada mês
Taxa de disponibilidade da manutenção
(OEE - Fabril)
Soma dos tempos de parada para intervenção da manutenção, programadas ou não, sobre o tempo solar,
excluindo os tempos da Parada Geral.
Soma tempos parada - PG x 100
Tempo solar - PG
% EMAN
até o dia 10 de
cada mês
MDT das planta
Média dos tempos de parada da planta para intervenção de manutenção, considerando as paradas não
programadas e de emergência, exceto paradas programadas e parada geral.
Soma tempos de parada
de paradas
Horas PPMA
até o dia 10 de
cada mês
MTBF da planta
Tempo médio em dias entre as paradas da planta por problemas de manutenção (quebras), considerando as
paradas de emergência e as paradas não programadas. As paradas programadas, conforme planejamento
anual, e as manutenções por oportunidade não afetam esse indicador
Dias em funcionamento
de paradas - 1
Dias PPMA
até o dia 10 de
cada mês
MTBF do local de instalação
Tempo médio entre as intervenções da manutenção no local de instalação, considerando as quebras e as
intervenções decorrentes do monitoramento por condição (CBM), independente se executado ou não em
paradas programadas da planta, em quaisquer dos equipamentos,
componentes ou acessórios que interrompam
a função operativa. As intervenções da manutenção baseada no tempo (TBM), inclusive lubrificação, não afetam
esse indicador.
Dias em funcionamento
de intervenções - 1
Dias PPMA/GTI
Automático no
SAP
2
Tempo médio de permanência das
peças de reposição em estoque
Valor total do estoque em R$ dividido pelo valor do material consumido nos últimos 12 meses
Valor total do estoque
Consumo dos últimos 12 meses
anos ALMO/PPMA
até o dia 05 de
cada mês
Número mensal de quebras por
máquina
Número de quebras ocorridas no mês sobre o número de máquinas analisadas.
Qtde quebras mês
Número de Máquinas
Quebras
Máq.
PPMA
até o dia 10 de
cada mês
Treinamento
horas de treinamento realizadas por cada funcionário durante o ano, administradas em conjunto com o Pilar de
Educação e Treinamento.
Horas de Treinamento / Funcionário
horas de
treinamento/
funcionário/ano
Pilar ET
3
até o dia 10 de
cada mês
TFG -Taxa de Frequência Geral
o TFG, indicador gerenciado em conjunto com o Pilar de Segurança e Saúde Ocupacional, é na verdade a soma
dos acidentes Com Perda de Tempo (CPT) (com afastamento) e Sem Perda de Tempo (SPT) (sem
afastamento), ocorridos com funcionários da empresa. Para o cálculo da TFG são somados os acidentes da
fábrica + florestal, bem como computado as horas homens trabalhadas(HHT), inclusive horas extras.
N.ºde acidentes (CPT + SPT) x 1.000.000 índice
Pilar SS
4
até o dia 10 de
cada mês
2. Responsável do Pilar de Eduação e Treinamento
3. Responsável do Pilar de Segurança e Saúde
2. SAP (
System Anwendungen Product in der Dateenverarbeitung ), software de gerenciamento da fábrica
INDICADOR UNIDADEDESCRIÇÃO LCULO RESPONSÁVEL
1. IGP-DI: Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna - Os índices Gerais de Preços registram a inflação de preços desde matérias primas agrícolas e industriais até bens e serviços finais.
Os IGP´s são compostos pelos índices IPA (índice de preços por atacado), o IPC (índice de preços ao consumidor) e o INCC (índice nacional de custos da construção), com ponderações de 60%, 30% e 10% respectivamente(Fonte: www.fgv.br).
ATUALIZAÇÃO
HHT
Ano
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada
118
Em análise do Quadro 5.2 pode-se observar que os indicadores utilizados
atualmente pelo Pilar da Manutenção Planejada, por vezes, referem-se a mais de um
objetivo estratégico
, como no caso do indicador de
tempo médio de permanência
das peças de reposição em estoque”
que se refere tanto a
política de manutenção
de
gestão de estoques no sistema de manutenção planejada (fator crítico de sucesso) da
perspectiva de
processo interno
, como indica a
redução de peças de reposição
para
reduzir e controlar os custos da manutenção na perspectiva de
finanças
.
O outro indicador do processo interno
numero mensal de quebras por
máquina
se refere tanto ao sucesso na adoção de um
sistema de análise de quebras
como também indica a confiabilidade da planta no objetivo de
prevenir quebras
(clientes). Assim como ocorre também nos indicadores de
MDT
das plantas
” e
MTBF
das plantas
” que medem o sucesso da gestão do pilar nos objetivos de
reduzir
quebras
(disponibilidade) e
prevenir quebras
(confiabilidade) ambos na perspectiva
de clientes destacando-se que a dependência entre estes indicadores conhecida da
definição de disponibilidade dos sistemas
3
.
Por outro lado alguns objetivos estratégicos do pilar como
reduzir desperdício
de material
e
eliminar re-trabalhos
(finanças) não são contemplados diretamente por
um indicador, os quais são avaliados pelos indicadores de custos, redução de acidentes
ocupacionais e treinamentos. Como citado por Kaplan e Norton (1997), para que BSC
reflita as estratégias da organização, é fundamental que as quatro perspectivas reflitam
as relações de causa e efeito existentes entre elas. Isto porque
a estratégia é um
conjunto de hipóteses sobre causa e efeito.
Para esclarecer justamente esta
interdisciplinaridade dos indicadores, como recomendado por Kaplan e Norton (1997) e
Amendola (2004), elabora-se agora, baseado no mapa estratégico dos objetivos da
Figura 5.5, o
mapa estratégico dos indicadores do Pilar de Manutenção Planejada
na Figura 5.6, para demonstrar tanto o alinhamento dos indicadores com a estratégia do
pilar, ou seja, a visão, missão, fatores críticos de sucesso e objetivos estratégicos nas
perspectivas do BSC, como também suas inter-relações.
3
A Disponibilidade representa o percentual do tempo em que um determinado item ficou à disposição do
órgão de operação para desempenhar sua atividade. Seu cálculo pode ser de duas maneiras, sendo a
primeira como sendo a razão entre o tempo calendário total (Tempo Total), menos o tempo de
manutenção (Tempo Manut.), dividido pelo tempo calendário total, como utilizado aqui no indicador de
“taxa de disponibilidade da manutenção (OEE-Fabril)”, ou como sendo o MTBF, indicador de
confiabilidade (ver item 3.2.2 desta dissertação), dividido pelo MTBF somado ao MTTR (
MDT) como
demonstrado na equação (TAVARES, 1999):
100*
MTTR
MTBF
MTBF
DISP
+
=
.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 119
Figura 5.6 – Mapa estratégico dos indicadores do Pilar da Manutenção Planejada
Dar suporte ao sistema para
Garantia da Qualidade
Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
FINANÇAS
Controlar e reduzir os Custos de Manutenção
PROCESSO INTERNO
Implementar um sistema de Manutenção Planejada
CLIENTES
Reduzir, eliminar e prevenir as
Quebras das Máquinas
Confiabilidade
Consumo de Energia
Custos
Custo específico de
manutenção
Custo de manutenção
realizado sobre o realizado do
ano base (2003) + IGP-DI
Consumo específico
de energia elétrica
Consumo
e
specífico de vapor
Disponibilidade
Melhoria Sistêmica
OBJETIVOS ESTRATÉGICOS
VISÃO E MISSÃO
Pessoas
MDT da planta
MTBF do local de
instalação
MTBF das plantas
Tempo médio de permanência
no estoque
Número mensal de
quebras por máquina
Treinamento
TFG – Taxa de Freqüência
Geral de acidentes
Taxa de Disponibilidade da
Manutenção (OEE Fabril)
FATORES CRITICOS DE SUCESSO
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 120
As setas do mapa estratégico da Figura 5.6 demonstram a relação de causa-efeito
entre os indicadores, com a principal função de auxiliar a gestão do pilar na definição
das devidas
iniciativas estratégicas
para cumprir os objetivos estratégicos do pilar,
como proposto a seguir a partir dos
indicadores de aprendizagem e crescimento
:
Treinamento
- este indicador cujo objetivo estratégico é desenvolver a
competência dos operadores e manutentores mostra-se a base da evolução dos
indicadores, pois além de sua relação direta com a melhoria sistêmica no
desenvolvimento de políticas de gestão de estoques e prevenção de quebras, seu alto
desempenho impactará nos outros indicadores do pilar da seguinte forma:
Maior treinamento dos funcionários na operação das máquinas e
utilização de equipamentos de reduzem o índice de acidentes (
TFG
);
aumentam o
MTBF do local de instalação
; e
consequentemente
aumentam a disponibilidade (
OEE e MDT
) das máquinas, reduzindo
os
custos de manutenção
.
Treinamento em técnicas para prevenção de quebras como RCM,
FMEA e CBM diminuem o
numero mensal de quebras por
máquina
; consequentemente
aumentam
o
MTBF da planta
;
aumentam a disponibilidade (
OEE e MDT
), e reduzem os
custos de
manutenção
;
Constatação da eficiência do treinamento no equipamento com a
diminuição do
MTBF no local de instalação
; para conseqüente
aumento da disponibilidade e redução de custos;
Estas relações de impacto, ou causa e efeito, esclarecem as
iniciativas
estratégicas
que a gestão do pilar deve tomar para atingir suas metas. A necessidade de
treinamento diminui conforme a experiência adquirida pelos operadores. Em 2002,
inicio do programa de TPM, eram praticadas 10,6 horas de treinamento/
funcionário/ano; a meta para o ano de 2006 prevê 7,0 horas de treinamento/
funcionário/ano devido à fase de estabilização do programa.
Segundo a meta do instituto JIPM para atingir a classe mundial nos resultados do
pilar, o treinamento deve ser contínuo baseado nos resultados e necessidades para
melhorar o nível do serviço e diminuir os tempos de inspeção, o que prevê um valor
estável para este indicador, assim como seu impacto nos outros indicadores.
TFG -
a Taxa de Freqüência Geral de acidentes terá impacto nos indicadores de:
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 121
Disponibilidade na manutenção, a OEE e o MDT, devido a perdas de
tempo com falta de mão-de-obra e no tempo de intervenção da
manutenção, diminuindo a disponibilidade das instalações; e
Aumento nos custos de manutenção tanto pela indisponibilidade da
planta como pela necessidade de mão-de-obra extra, re-trabalhos e
passiveis danos aos ativos;
A iniciativa para reduzir este índice está em realizar treinamentos dos
operadores, utilização de equipamentos de segurança, sinalização e eliminação de
pontos críticos. A meta classe mundial para este indicador prevê zero acidente.
Nos
indicadores de processo interno
o objetivo é medir o processo de melhoria
sistêmica dentro de um sistema de manutenção planejada para reduzir quebras e garantir
a qualidade dos serviços da manutenção para seu cliente a produção. Dos indicadores
utilizados por esta perspectiva fazem-se as seguintes relações:
Número mensal de quebras por máquina -
está diretamente ligado à qualidade
dos serviços da manutenção. Maior número de quebras resulta em:
Menor disponibilidade (
OEE e MDT
) e confiabilidade (
MTBF
) das
instalações
Resultando em maior custo de manutenção.
O pilar pretende reduzir este indicador de 5,9 para 4,0 quebras por máquina/ mês
com o desdobramento e registro das quebras e análise de quebras (FMEA e RCM). A
meta proposta pelo JIPM para uma gestão classe mundial do pilar exige o
desdobramento das quebras em nível de componentes e modos de falha, mini-projetos
conduzidos pelos operadores, proporção das quebras eliminadas por ocorrência maior
que 90%.
Tempo médio de peças em estoque: influencia na:
Disponibilidade das instalações (OEE e MDT) através da
disponibilidade de peças em estoque para agilizar o serviço da
manutenção;
Redução dos custos da manutenção, com a compra de peças baseada
na confiabilidade (MTBF) das instalações.
A meta de reduzir o tempo médio de permanência das peças em estoque para
0,95 anos está baseada no sistema de gestão de estoques e na obtenção de peças de
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 122
reposição de acordo com o MTBF. A meta JIPM se baseia na obtenção de peças de
acordo com as condições do equipamento (CBM).
Os
indicadores dos clientes
da manutenção demonstram claramente o desejo da
produção, ou seja, reduzir, eliminar e prevenir quebras com qualidade nos serviços.
Estes indicadores são os de maior influência nos custos da manutenção, pois
demonstram as perdas ocorridas por falta de disponibilidade e confiabilidade das
instalações. Os seguintes comentários podem ser feitos a cada um deles:
5. Taxa de Disponibilidade das Instalações (OEE):
é o principal indicador da
metodologia TPM e também o principal indicador para o cliente da manutenção, pois
revela o quanto à planta está disponível com qualidade operacional e de produto devido
a intervenção da manutenção;
O pilar pretende atingir a meta de 97,5% de disponibilidade com planos de
lubrificação, TBM, CBM. A meta JIPM para a classe mundial nos relutados do pilar da
manutenção planejada prevê utilização de sistema de lubrificação automático com
mínima intervenção humana, retorno de informação eficiente para reduzir tempo de
intervenção, planos baseados em RCM/FMEA.
MDT da planta
influencia o custo da manutenção no gasto com serviços e
conseqüentes perdas de produção devido ao tempo de atuação da manutenção.
Para reduzir este indicador a 1,8 horas de tempo parado, a iniciativa do pilar está
em registrar o MDT subdivido em etapas (ex: tempo de intervenção, tempo de
diagnóstico). A meta do JIPM está em desenvolver o know how para cada etapa do
MDT aplicado constantemente.
MTBF da planta -
indicador de confiabilidade da planta onde se observa a
qualidade do processo interno na redução do número de quebras de quinas. Maior
MTBF significa maior disponibilidade (OEE e MDT) e consequentemente redução dos
custos de manutenção.
A utilização de técnicas como FMEA e RCM promovem o aumento do tempo
médio entre falhas de 4,94 para 6,5 dias. A meta JIPM prevê a utilização deste índice
para definir contramedidas em quebras potenciais focando custos mínimos.
MTBF do local de instalação:
demonstram as intervenções no mesmo local de
instalação principalmente devido ao monitoramento por vibração, temperatura e
lubrificação pela CBM - Condition Based Maintenance, demonstrando o sucesso das
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 123
políticas de manutenção definidas no sistema de manutenção planejada do processo
interno. Está relacionado também ao indicador de treinamento na eficiência do
treinamento dos operadores na máquina para reduzir falhas locais de operação.
As metas para este índice são as mesmas do indicador do MTBF das plantas.
Os
indicadores da perspectiva de finanças
resultam do desempenho de todas
as outras perspectivas do BSC, mais diretamente das medidas de disponibilidade (OEE
e MDT e confiabilidade (MTBF) das instalações na perspectiva dos clientes. Ao mesmo
tempo, a imposição sobre estes indicadores no sentido de redução de custos pode
impactar em todos os outros indicadores para adequação da inciativa tomada,
demonstrando a importância do feedback dado por estes indicadores no ciclo de
melhoria contínua.
Custo de manutenção realizado sobre o realizado no ano base (2002) +
IGP-DI -
mede a evolução dos custos desde a implantação da TPM no ano base de
2002, que nas fases iniciais identifica um aumento devido aos gastos com o programa.
As iniciativas estratégicas para este indicador atingir a meta de 112,91% do
custo realizado comparado ao de 2002 reflete o desempenho dos indicadores de clientes,
processo interno e aprendizagem. A meta proposta pelo JIPM indica a utilização de
sistema pra controle de orçamento e relatórios gerenciais.
Custo específico da manutenção -
relaciona o custo da manutenção em relação
à quantidade de papel produzido É provavelmente o indicador mais visível perante a
gerência estando diretamente ligado à disponibilidade (OEE) da planta.
A meta de R$ 80,88 por tonelada de papel produzida é atingida com as mesmas
iniciativas do indicador anterior.
Consumo específico de energia elétrica -
demonstra o rendimento da fábrica
no consumo de energia elétrica. Influencia nos custos da manutenção e dependente da
disponibilidade a planta (OEE), ou seja, maior disponibilidade significa maior consumo
de energia;
Pretende-se reduzir o consumo de energia para 1,05 MWh/t através de
iniciativas como medições mensais, eliminação de perdas, análise de resultados e
análise do consumo por máquinas.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 124
Consumo específico de vapor
demonstra o consumo de vapor por tonelada
produzida pela área como definido no Quadro 5.3 onde a sua influência e as
iniciativas pra sua otimização são idênticas ao consumo de energia.
As
iniciativas estratégicas
apresentadas aqui, a partir da análise das relações de
causa e efeito demonstradas no mapa estratégico da Figura 5.6, culminam com o road
map do Pilar da Manutenção Planejada exposto no ANEXO 7 desta dissertação,
validando as iniciativas propostas.
Para completar o BSC para a gestão da manutenção TPM realizada pelo Pilar da
Manutenção Planejada, elabora-se o Quadro 5.4, onde são expostos nas quatro
perspectivas do BSC: os objetivos estratégicos do pilar; os indicadores para avaliar o
sucesso no cumprimento destes objetivos; as metas de cada indicador, aqui
demonstradas desde o início da implantação da TPM na empresa em 2002 até o previsto
para o ano de 2006; as iniciativas estratégicas para atingir as metas propostas para cada
indicador do pilar; e os critérios, ou metas, propostos pelo JIPM para o pilar da
Manutenção Planejada atingir o nível classe mundial em resultados, expostos no road
map ANEXO 7 desta dissertação, os quais não se baseiam em números específicos e
sim no nível de organização do pilar.
Agora o gerenciamento do pilar pode ser realizado a partir de seus indicadores
de desempenho como prevê a metodologia do BSC, visando não a reduzir os
indicadores de custos (finanças), como o foco do gerenciamento atual, mas
reconhecendo que esta redução dependerá dos índices de disponibilidade e
confiabilidade da planta (clientes), que por sua vez depende da redução do número de
quebras (processo interno), o que é possível através do treinamento dos operadores e
mantenedores (aprendizagem e crescimento). Desta forma toda a iniciativa estratégica
tomada para atingir as metas propostas estará associada a um indicador, que por sua vez
estará associado à estratégia da pilar de maneira balanceada nas quatro perspectivas do
BSC.
Deste alinhamento resulta o gerenciamento estratégico do Pilar da Manutenção
Planejada do programa de TPM o objetivo principal desta dissertação.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 125
Quadro 5.4 – BSC para a gestão da manutenção TPM com metas e iniciativas estratégicas
2002 2006
Reduzir Custos
Custo de manutenção realizado sobre o
realizado do ano base (2002) + IGP-DI
% 100 112,91
Melhorar desempenho dos indicadores de
CLIENTES, PROCESSO INTERNO, E
APREDIZAGEM.
Controle de Orçamento e Relatórios
Gerenciais
Reduzir Custos Custo específico de manutenção R$/ton 78,7 80,88
Melhorar desempenho dos indicadores de
CLIENTES, PROCESSO INTERNO, E
APREDIZAGEM.
Controle de Orçamento e Relatórios
Gerenciais
Otimizar o consumo de energia Consumo específico de energia elétrica MWh/t 1,3 1,05
Medir consumo mensalmente, eliminação de
perdas, análise dos resultados, análise do
consumo por máquinas.
Alcançar e manter o consumo otimizado
Otimizar o consumo de energia Consumo específico de vapor Gcal/t 2,61 2,61
Medir consumo mensalmente, eliminação de
perdas, análise dos resultados, análise do
consumo por máquinas.
Alcançar e manter o consumo otimizado
Aumentar Disponibilidade
Taxa de disponibilidade da manutenção
(OEE - Fabril)
% 97,2 97,5
Planos de Lubrificação, TBM - Manutenção
Baseada no Tempo
Sistema de lubrificação automático com
mínima intervenção humana, retorno de
informação eficiente para reduzir tempo
de intervenção, planos baseados em
RCM/FMECA
Aumentar Disponibilidade MDT das plantas Horas 2 1,8
Registro do MDT subdividido por etapas (ex.:
tempo de intervenção, tempo de diagóstico)
Know How desenvolvido para cada etapa
do MDT sendo aplicado constantemente
Aumentar Confiabilidade MTBF das plantas Dias 4,94 6,5 Manutenção Preditiva, RCM/FMECA
Eficentemente usados para definir contra-
medidas para quebras reais e
potenciais.Continuamente atilizadas
focando os custos mínimos
Aumentar Confiabilidade MTBF do local de instalação Dias 4,94 6,5 Manutenção Preditiva, RCM/FMECA
Eficentemente usados para definir contra-
medidas para quebras reais e
potenciais.Continuamente utilizadas
focando os custos mínimos
Politicas de Manutenção
(Reduzir estoque peças)
Tempo médio de permanência das peças
de reposição em estoque
anos 1,4 0,95
Sistema de gestão de estoque, obtenção de
peças de reposição baseadas no MTBF
Obtenção das peças de reposição
baseadas nas condições dos
equipamentos
Análise de Quebras (Reduzir
Quebras)
Número mensal de quebras por máquina
Quebras
Máq.
5,9 4
Desdobramento e registro das quebras, projeto
de redução de quebras, análise das quebras
Desdobramento das quebras em nivel de
componentes e modos de falha,
miniprojetos conduzidos por operadores,
proporção das quebras eliminadas X
ocorrências > 90
Desenvolver competências
(operadores e mantenedores)
Treinamento
horas de
treinamento/
funcionário/an
o
10,6 7
Planos de treinamento completos com análise
de resultados
Treinamento contínuo baseado nos
resultados e necessidades para melhorar
o nível do serviço e diminuir os tempos
de inspeção
Reduzir acidentes ocupacionais TFG -Taxa de Frequência Geral índice 4 0
Treinamento de operadores, equipamentos de
segurança, sinalização, eliminação de pontos
criticos
Zero Perdas
PROCESSO
INTERNO
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
CLIENTES
BSC
Critérios JIPM para o Pilar da
Manutenção Planejada
FINANÇAS
Unidade
OBJETIVOS ESTATÉGICOS DO
PLIAR
INDICADOR INICIATIVAS ESTRATÉGICAS
MÉDIA
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 126
5.1.4. Quarta Fase: Implantação
Apesar do objetivo deste trabalho ser demonstrar a utilização da metodologia do
BSC para auxiliar na gestão da manutenção TPM realizada pelo Pilar da Manutenção
Planejada da empresa em estudo, e não efetivamente implementá-lo, destaca-se que
nesta fase é instituído o chamado
ciclo de aprendizagem estratégica
(KAPLAN &
NORTON, 2000a), o qual é constituído das seguintes atividades:
Reuniões para testar hipóteses:
onde a equipe do pilar deve incluir nas suas
reuniões revisões periódicas dos objetivos e iniciativas para:
Receber o feedback da sua situação atual em relação à estratégia proposta
para o pilar (visão, missão e objetivos);
Propor novas iniciativas estratégicas para atingir as metas propostas para
cada indicador e pelos critérios do instituto JIPM; avaliar necessidades de
fornecedores, consultoria externa ou por motivos de benchmarking.
Possivelmente reavaliar a estratégia (nova visão, missão e objetivos) para
alçar novos desafios ou suprir as mudanças que surgirão por necessidade de
redução de custo, aumento de disponibilidade da planta, etc.
Comunicação com a gerência:
organizar reuniões mensais para informar a alta
gerência da evolução obtida com a implantação do BSC;
Feedback:
Re-alimentação da estratégia num processo de melhoria contínua, o
que representa uma das maiores contribuições da metodologia do BSC à TPM.
A metodologia das
Quatro Fases
fases proposta por Amendola (2004) pre
ainda as atividades de:
Divulgação:
de forma top-down, ou seja, partindo da alta gerência até atingir a
totalidade dos funcionários;
Desdobramento na organização:
democratização dos indicadores por toda
organização, através de workshops e exposição de scorecards e mapas estratégicos.
Automatização:
customização de um software de gestão para armazenar dados
e monitorar o desempenho dos indicadores a partir da lógica do BSC. Diversas
empresas provedoras de softwares desenvolveram módulos de seus sistemas de business
intelligence de acordo com a lógica do BSC como demostrado no ANEXO 8.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 127
5.2. A gestão do Pilar da Manutenção Planejada a partir do BSC
Como descrito no item 5.1 deste capítulo, a gestão do pilar pratica o
gerenciamento tático-operacional
, partindo da visão do programa SUPERAR,
estabelece a missão e os pontos chaves para atuação da manutenção. Onde o foco gira
em torno da perspectiva financeira de controle do orçamento e de relatórios gerenciais
representados pelos indicadores de custo de manutenção. O
gerenciamento estratégico
do BSC, como apresentado neste capítulo, traduz a estratégia proposta para o pilar, em
objetivos estratégicos vinculados aos indicadores de desempenho, onde a gestão está
focada não nos indicadores de custos da manutenção (finanças) como também nos
clientes da manutenção, no processo interno, e na perspectiva de aprendizagem e
crescimento. Esta comparação fica claramente visível na Figura 5.7 em analogia à
Figura 3.6 de Kaplan e Norton apresentada no item 3.3.2 do Capítulo 3 desta
dissertação.
A grande vantagem operacional do BSC se através do processo de
loop
duplo de gestão da estratégia
”, comentado no item 3.3.2 desta dissertação, pois integra
o
gerenciamento tático
(perspectiva financeira)
ao
gerenciamento estratégico
das
perspectivas do BSC,
em um único processo ininterrupto e contínuo, como demonstra
na Figura 5.8 baseada na Figura 3.7 do item 3.3.2 do Capítulo 3. Desta forma o
gerenciamento do pilar é realizado da seguinte maneira:
Planejamento estratégico:
partindo da visão do programa Superar e
estabelecida a missão do Pilar da Manutenção Planejada, identifica-se, baseado os
objetivos principais da missão do pilar (Figura 5.1), os fatores críticos de sucesso para
cumprir a missão nas quatro perspectivas do BSC demonstrando a relação de causa e
efeito (Figura 5.4). Ou seja, o foco da estratégia é tirado unicamente da perspectiva
financeira;
Mapa estratégico e o Balanced Scorecard:
do planejamento estratégico avalia-
se as metas propostas para cada indicador de desempenho, os quais agora estão
vinculados à estratégia do pilar pelos objetivos estratégicos (Quadro 5.2); do mapa
estratégico dos indicadores (Figura 5.6) observa-se o impacto do desempenho de cada
indicador um no outro, para então sugerir as devidas iniciativas estratégicas para
cumprir as metas de cada indicador (Quadro 5.4), o que significa cumprir a estratégia.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 128
Figura 5.7 – Comparação do sistema de gestão atual com o sistema de gestão estratégico do
BSC
Controle de Orçamento e
Relatórios Gerenciais
Revisão e
Reorientação nas
reuniões do pilar
OBJETIVOS PRINCIPAIS
&
PONTOS CHAVE
Iniciativas de acordo com o
Road map do Pilar e as metas
de cada indicador
INCIATIVAS ESTRATÉGICAS
Comunicação
e
Conexão
TRADUÇÃO DA VISÃO
FINA
N
ÇAS
PROCESSO INTERNO
CLIENTES
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
Para atingir as nossas metas como a
organização da manutenção poderá aprender
e inovar
?
Para atender aos nossos clientes e acionistas
em quais processos de manutenção devemos
ser excelentes?
Para atingir o resultado financeiro que
requisitos da operação/produção
devemos atender?
Para cumprir nossa missão que
resultado financeiro devemos
apresentar aos nossos acionistas?
VISÃO & MISSÃO
FINA
N
ÇAS
PROCESSO INTERNO
CLIENTES
APRENDIZAGEM E
CRESCIMENTO
Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
Dar suporte ao sistema para
Garantia da Qualidade
Reduzir, eliminar e prevenir
as Quebras das Máquinas
Controlar e reduzir os
Custos de Manutenção
VISÃO & MISSÃO
MISSÃO
MISSÃO
Feedback e
Aprendizado
PLANTA
JIPM
Benchmark
Comunicar a
gerência
Feedback
Testar
HIPÓTESES
Ciclo de
aprendizagem
estratégica
BALANCED SCORECARD
Reduzir Custos
1. Custo de manutenção realizado
sobre o realizado do ano base (2003)
+ IGP-DI
%
Reduzir Custos 2. Custo específico de manutenção R$/ton
Otimizar o consumo de energia
3 .Consumo específico de energia
elétrica
MWh/t
Otimizar o consumo de energia 4. Consumo específico de vapor Gcal/t
Aumentar Disponibilidade
5. Taxa de disponibilidade da
manutenção (OEE - Fabril)
%
Aumentar Disponibilidade 6. MDT das plantas Horas
Aumentar Confiabilidade 7. MTBF das plantas Dias
Aumentar Confiabilidade 8. MTBF do local de instalação Dias
Politicas de Manutenção
(Reduzir estoque peças)
9. Tempodio de permanência das
peças de reposição em estoque
anos
Análise de Quebras
(Reduzir Quebras)
10.mero mensal de quebras por
quina
Quebras
q.
Desenvolver competências
(operadores e mantenedores)
11. Treinamento
horas de
treinamento/
funcionário/ano
Reduzir acidentes ocupacionais 12. TFG -Taxa de Frequência Geral índice
5. Dar suporte aos grupos de
Gestão Autônoma
PROCESSO
INTERNO
4. Implementar um sistema de
manutenção planejada
APRENDIZAGEM
E CRESCIMENTO
FINAAS
CLIENTES
Melhor BSC OBJETIVOS ESTAGICOSFATORES DE SUCESSO INDICADOR Unidade
1. Controlar e reduzir os
custos da manuteão
2. Reduzir, eliminar e previnir
as
quebras de máquinas
3. Dar suporte a
garantia de
qualidade
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 129
Como por exemplo:
o aumento da disponibilidade da planta pelo indicador da
OEE, clientes, depende de um alto índice de confiabilidade da planta (MTBF da planta),
confiabilidade refletida pelo baixo número mensal de quebras por máquina (processo
interno) o qual depende de treinamento em análise de falhas da perspectiva de
aprendizado e crescimento. Ou seja, a iniciativa estratégia está em treinar os operadores
e mantenedores, aumentando o índice de treinamento, na operação da máquina e na
análise das quebras, o que aumentará a confiabilidade da planta (MTBF) e
consequentemente aumentará o índice de disponibilidade da OEE, resultando em menos
paradas de planta e consequentemente na redução dos indicadores de custos de
manutenção (finanças).
Esta iniciativa estratégica vai de encontro ao objetivo estratégico de aumentar a
disponibilidade (
reduzir quebras, reduzir MDT e reduzir paradas
), objetivo este
traduzido do fator crítico de sucesso
reduzir,
eliminar e prevenir quebra das
máquinas”
da missão do pilar, ou seja,
aumentar a disponibilidade e a
confiabilidade das máquinas e instalações com segurança e custos adequados
.
Loop de controle operacional:
correspondem às ações da manutenção, ou
iniciativas estratégicas no contexto BSC, definidas a partir da análise das metas
propostas para cada indicador e do mapa estratégico. Os
resultados
das iniciativas são
então atualizados no BSC.
Ciclo de aprendizagem estratégica:
ao mesmo tempo em que o BSC é
atualizado, o pilar deve promover reuniões para testar novas
hipóteses
, tanto
para
solucionar problemas com resultados insatisfatórios com as iniciativas tomadas, por
novas necessidades encontradas na planta, medidas para suprir os critérios do JIPM
(Quadro 5.4), ou mesmo por pesquisa de benckmarking. Destas reuniões pode surgir a
necessidade de alterar a estratégia na busca por melhores resultados ou simplesmente
por mudança de foco, o que é provável após um período de anos. Isto demonstra outra
grande vantagem do gerenciamento estratégico: trabalho em longo prazo, pois a gestão
está moldada a suportar as possíveis mudanças para comportar o alto nível de
desempenho exigido pela manufatura de classe mundial e consequentemente para o
desempenho da manutenção. Devido à magnitude das decisões ocorridas nas reuniões
deve haver uma constante
comunicação com a gerência da manutenção
. Por fim as
decisões devem re-alimentar a estratégia (
feedback
) tanto para o acompanhamento
desta, na necessidade de alterá-la num ciclo de melhoria contínua.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 130
Figura 5.8 – Loop duplo do Pilar da Manutenção Planejada
Resultados
Diálogo
Comunicação
coma a gerência
da manutenção
Feedback
Fechamento do
ciclo
Reunião da
equipe do Pilar
para testar
HIPÓTESES
Necessidades
da planta
Critérios
JIPM
Benchmarking
Atualizar a
estratégia
Avaliar
prioridades/Alocar
recursos
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
Loop de controle operacional – INICIATIVAS ESTRATÉGICAS
MAPA
ESTRATÉGICO
BALANCED SCORECARD
CICLO DE
APRENDIZAGEM
ESTRATÉGICA
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 131
5.3. Processo de avaliação do modelo
O processo de avaliação do modelo foi realizado por meio de apresentação da
proposta aos membros do Pilar da Manutenção Planejada responsáveis por gerir a
função manutenção no programa SUPERAR de implantação da TPM na planta de
processamento de papel e celulose da Klabin Papéis Paraná (KPMA) localizada na
cidade de Telêmaco Borba no Paraná.
Na apresentação foi contextualizada a busca pela manutenção de classe mundial
para suportar as exigências da manufatura habilitada à concorrência global; a adoção do
programa TPM como sistema de gestão fundamental para este propósito, destacando o
programa SUPERAR adotado pela empresa; seguida da exposição do modelo para
aplicação do BSC no gerenciamento do Pilar da Manutenção Planejada para promover o
gerenciamento estratégico da manutenção produtiva total e auxiliando-a na busca pela
classe mundial nos resultados da manutenção.
Seguida a apresentação foi entregue um questionário de avaliação do modelo
com 10 perguntas, exposto no APÊNDICE A, a cada um dos 8 membros do pilar
presentes, para sua avaliação quanto ao modelo proposto em relação aos critérios de
escopo(Q1), exatidão(Q2), profundidade(Q3), clareza (Q4), capacidade(Q5),
adaptação(Q6), consistência(Q7), completeza(Q8) e necessidade(Q9). Para as primeiras
9 perguntas foi estabelecido um conjunto de cinco respostas possíveis, as quais foram
atribuídas os seguintes pesos (ROMANO 2003):
0 (zero): sem resposta (peso mínimo).
1 (um): não atende ao critério.
2 (dois): atende em poucos aspectos ao critério.
3 (três): atende parcialmente ao critério.
4 (quatro): atende em muitos aspectos ao critério.
5 (cinco): atende totalmente ao critério (peso máximo).
As respostas do questionário coletadas estão expostas no Quadro 5.5 a seguir:
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 132
Quadro 5.5 – Respostas do questionário de avaliação do modelo do BSC para o Pilar da
Manutenção Planejada
Em análise as respostas do questionário percebe-se que a
questão 4
referente à
clareza do modelo em relação à seqüência de fases para alinhar a estratégia aos
indicadores do pilar obteve o conceito mais baixo (3,625) comprovando a frase citada
por KAPLAN E NORTON (1996) apud TSANG (2002) de que - os gestores
consideram a estratégia muito abstrata para guiá-los no dia-dia -, ou seja, demonstra a
dificuldade em vincular a estratégia (missão e visão) aos indicadores de desempenho.
Segundo comentário de um dos membros do pilar:
O BSC é uma ferramenta muito complexa, mas muito importante para o
planejamento estratégico e como nós tratamos do Pilar da Manutenção Planejada,
envolve planejamento e a necessidade de um caminho para atingir os nossos objetivos”.
os quesitos de profundidade do modelo quanto ao nível de detalhamento nos
aspectos do pilar (Q3) e capacidade em orientar a gestão nas devidas ações de melhoria
(Q5) obtiveram a conceituação mais alta (4,375) demonstrando a eficiência do trabalho
de pesquisa junto aos aspectos do pilar para elaboração do modelo e sua eficiência para
auxiliar a gestão do pilar, fato que também reflete o bom desempenho na Q9 (4,25)
quanto à necessidade da adoção do BSC para contribuir no processo de gestão da
manutenção realizado pelo pilar.
A média geral das primeiras 9 questões do questionário (4,07) demonstra que o
modelo apresentado atende satisfatoriamente às necessidades da equipe do pilar e pode
servir de base para a adoção efetiva do BSC num próximo passo de evolução do
processo de gestão do pilar rumo a manutenção de classe mundial.
Na questão 10 quando perguntados sobre a recomendação da adoção do BSC
para gerenciamento da manutenção realizado pelo pilar os membros foram unânimes em
recomendá-la, porém 2 membros enfatizaram a necessidade de automatizar as inter-
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 133
relações dos indicadores demonstradas no mapa estratégico por meio da adoção ou
elaboração de um software que utilize a lógica do BSC (ver ANEXO 8). Como
comentado a seguir:
Devido à dificuldade de medir os indicadores seria importante desenvolver
uma ferramenta para automatizar a inter-relação dos indicadores
Há necessidade do desenvolvimento de ferramentas para o balanceamento
entre os indicadores de desempenho
5.4. Comentários
Neste capítulo foi realizou-se a aplicação da metodologia do Balanced
Scorecard para promover o gerenciamento estratégico do Pilar da Manutenção
Planejada do programa TPM adotado na empresa Klabin Pápeis Monte Alegre
KPMA. Onde, através da metodologia proposta por Amendola, traduziu-se a missão do
Pilar da Manutenção Planejada, a partir da visão do Programa SUPERAR, em estratégia
alinhada aos indicadores já utilizados pelo próprio pilar.
O BSC promove uma visão integrada dos indicadores de desempenho com a
estratégia do pilar, demonstra as inter-relações dos indicadores através do mapa
estratégico e promovendo uma análise não focada em redução de custos e metas
isoladas de cada indicador, como no sistema tradicional, mas atenta ao impacto da
performance das outras perspectivas no custo e no cumprimento da visão e missão
estabelecidas para o pilar.
Da análise do BSC percebe-se que o pilar possui 15 objetivos estratégicos
relacionados a 12 indicadores de desempenho. Onde, por exemplo, o objetivo de
eliminar re-trabalhos
e
reduzir desperdício de material
são avaliados pelos
indicadores de custo, o que demonstra uma análise indireta do desempenho do pilar em
relação a estes objetivos. Ou seja, da abordagem do BSC é possível visualizar a carência
de indicadores mais específicos que correspondam à estratégia proposta para o pilar. Da
mesma forma a adoção do indicador
MTTR
(mean time to repair) para avaliar o tempo
médio que a equipe leva para realizar o reparo nas ocorrências forneceria um valor mais
preciso da eficiência desta equipe, situação atualmente avaliada pelo indicador
MDT
(mean downtime) que corresponde ao tempo total de indisponibilidade da planta por
intervenção da manutenção.
Capítulo 5 – Modelo para Aplicação do BSC no Pilar da Manutenção Planejada 134
Em relação às ocorrências ainda, constata-se a necessidade de utilizarem-se
indicadores que avaliem o
fluxo de informação
do sistema utilizado para informar as
chamadas e o
tempo de resposta no atendimento
, correspondendo ao fator crítico de
sucesso de implantar um sistema de manutenção planejada na perspectiva do processo
interno do BSC, cumprindo o objetivo estratégico de adotarem-se políticas idéias de
manutenção.
O gerenciamento estratégico através do chamado
loop duplo
do BSC
proporciona uma constante reavaliação da estratégia da manutenção e das ações
tomadas num ciclo de melhoria contínua, correspondendo a maior contribuição da
metodologia BSC a gestão TPM na busca pelo conceito classe mundial, conceito que
não se caracteriza como um ideal estável nos processos, mas constantemente passível de
otimização.
A implantação do BSC para orientar a gestão da manutenção realizada pelo
pilar, como demonstrado no item 5.1.4, não necessita de nenhuma mudança estrutural
na organização da empresa, pois haveria necessidade somente de acrescentar a visão
holística promovida pelas perspectivas do BSC às reuniões praticadas pela equipe do
pilar.
O questionário aplicado aos membros do pilar para avaliar sua percepção em
relação ao modelo de aplicação do BSC ao Pilar da Manutenção Planejada identificou
uma opinião positiva da equipe tanto quanto ao nível de detalhamento da modelo em
relação aos aspectos do pilar quanto sua capacidade em orientar a gestão nas devidas
ações de melhoria. Refletindo a necessidade da adoção desta metodologia para orientar
a gestão da manutenção TPM adotada pela empresa rumo à manutenção de classe
mundial.
Capítulo 6 – Conclusões 135
CAPITULO
6
CONCLUSÕES
6.1. Considerações finais
Como apresentado no capitulo inicial, o objetivo principal desta dissertação foi
apresentar um modelo para a aplicação da metodologia do Balanced Scorecard (BSC)
para promover gerenciamento estratégico à gestão da manutenção realizada pelo Pilar
da Manutenção Planejada no programa SUPERAR de implantação da TPM (Total
Productive Maintenance) na Klabin Papéis Paraná (KPMA) como forma de realizar
uma manutenção classe mundial que corresponda ao nível de exigência em processos e
produtos da Manufatura de Classe Mundial ou World Class Manufacturing (WCM).
A ferramenta do BSC permitiu orientar a gestão do pilar a sua estratégia. O pilar
possuía uma estratégia (missão, visão e objetivos), mas esta não estava alinhada aos
indicadores de desempenho. Com este alinhamento e a inter-relação dos indicadores
(causa-efeito) nas quatro perspectivas balanceadas do BSC (finanças, clientes, processo
interno e aprendizado e crescimento) é possível justificar os indicadores de custos, pois
todo indicador impactará direta ou indiretamente na perspectiva financeira, além de
permitir identificar os processos de manutenção passíveis de otimização (iniciativas
estratégicas) pelo desempenho dos indicadores de cada área (perspectiva). E
principalmente verificar se a estratégia proposta inicialmente está sendo cumprida, pois
todo indicador estará alinhado à missão do pilar e consequentemente à missão da
manutenção na organização, processo este realizado de forma contínua (loop duplo
estratégico).
Entre os objetivos gerais desta dissertação foi
conceituada a gestão da
manutenção
como aquela responsável pelas atividades da manutenção enfatizando sua
função estratégica entre os processos da organização ao contribuir para a segurança das
instalações e pessoas, preservação do meio ambiente e conseqüente lucratividade da
empresa, refletindo a necessidade de haver um
planejamento estratégico
para um
sistema de gestão da manutenção que busca atingir a classe mundial em seus resultados.
Dentre os
sistemas de gestão da manutenção referenciados
, a procura por um
sistema de gestão da manutenção de classe mundial
traduz-se na adoção gradual dos
Capítulo 6 – Conclusões 136
vários sistemas apresentados, demonstrando que estes não são concorrentes, mas
complementares pelas suas características singulares.
O
sistema de gestão TPM
, originário da união das técnicas JIT (Just in Time) e
TQM (Total Quality Management), por suas características de promover organização,
através da técnica dos 5s, capacitação, por meio da gestão autônoma e gestão do
equipamento com a OEE, apresenta-se como a sistema fundamental na construção do
modelo classe mundial. Este sistema é frequentemente complementado por técnicas
como RCM (Reliability Centered Maintenance) para o estudo aprofundado da
confiabilidade dos equipamentos, RBM (Risk Based Maintenance) para gerenciar
incertezas, evoluindo para BCM (Business Centred Maintenance) ao tratar do negocio
da manutenção. Desta evolução surge a necessidade de adotarem-se métricas que podem
ser obtidas por meio do processo de benchmanrking. Para tal, a adoção de um sistema
de
indicadores de desempenho ligado à estratégia da manutenção
torna-se essencial
para atingir a excelência em seus processos.
Neste contexto, o
BSC
apresenta-se como uma evolução natural na busca pela
classe mundial nos processos de manutenção. Permite relacionar a missão, a visão e
objetivos da manutenção aos seus indicadores de desempenho nas suas quatro
perspectivas demonstrando o impacto de suas variações na atuação da manutenção,
formulando desta maneira um gerenciamento estratégico para a manutenção. Enfatiza
ainda, na perspectiva de aprendizagem e conhecimento, que o treinamento dos
colaboradores em novas técnicas e a constante busca pelo benchmarking nos seus
processos transforma a estratégia em melhoria contínua.
Os
indicadores
representam à ação do mantenedor, pois demonstram o quanto a
fábrica está disponível e confiável devido à ação da manutenção. O valor de cada
indicador e sua relação causa e efeito, demonstrada no mapa estratégico, auxiliam o
gestor na tomada de decisão ao tornar visível que o desempenho de um determinado
indicador pode afetar o custo ou a performance da planta. Porém, estas relações muitas
vezes demonstram-se complexas exigindo do gestor experiência e visão global do
processo.
O foco do BSC está na aprendizagem que a organização da manutenção terá de
seus processos, ocasionando benefícios em longo prazo, o que pode resultar em
resistência das empresas na sua adoção. No caso do
programa SUPERAR de
implantação da TPM
na Klabin Papéis Paraná demonstrado nesta dissertação, o qual
Capítulo 6 – Conclusões 137
foi adotado pela necessidade de competitividade em níveis de excelência mundial e para
consolidar um modelo de gestão que fosse disseminado em toda a organização,
baseando-se em metodologia de resolução de problemas, trabalho em equipe e melhoria
contínua se mostra o ambiente ideal para a aplicação do BSC.
Como apresentado no
modelo para aplicação do BSC no gerenciamento da
manutenção realizado pelo Pilar da Manutenção Planejada
não necessidade de
nenhuma mudança estrutural na organização para a adoção desta metodologia e sim a
mudança do foco estritamente financeiro para as perspectivas balanceadas do BSC. Fato
bem interpretado pela equipe do pilar, que, por meio do questionário de avaliação
aplicado para obter a sensibilidade dos membros da equipe perante a proposta,
demonstrou-se favorecida na constatação da eficiência do BSC em orientar
estrategicamente a gestão da manutenção produtiva total realizada por ela na empresa.
Da análise geral dos conceitos abordados nesta dissertação conclui-se que a
evolução para o conceito classe mundial tanto na manufatura quanto no processo de
manutenção ocorre inicialmente com a adoção de técnicas modernas na produção
(MRP, JIT e TQC), passando por programas de motivação organizacional (TPM), a
automatização dos processos da empresa seja na adoção de técnicas de lean
manufacuring, engenharia simultânea até a utilização de realidade virtual, onde em
ultimo estágio é otimizado o próprio sistema de gestão, o que justifica a adoção do BSC
para promover uma gestão da
manutenção de classe mundial
.
6.2. Sugestão para trabalhos futuros
Considerando-se a complexidade em estabelecer as relações de causa e efeito
entre os indicadores utilizados, recomenda-se a constante reavaliação destas inter-
relações e principalmente a incorporação de indicadores econômicos como EVA, ROI,
ROCE, sugeridos por AMENDOLA (2004), para que todas as ações de manutenção,
aqui traduzidas por seus indicadores, possam ser expressas em valor econômico
agregado, retorno sobre investimento ou retorno sobre capital empregado. Suprindo a
necessidade atual de tratar a manutenção como um negócio independente na empresa.
A principal evolução deste trabalho consiste na formulação matemática das
relações de causa e efeito entre os indicadores de desempenho, como citado por Santos,
B. (2002), para operacionalizar o BSC permitindo ao gestor obter uma resposta
numérica das oscilações dos indicadores, estabelecerem comparações com os valores
Capítulo 6 – Conclusões 138
passados e simular novas estratégias. Idéia que também foi constatada e sugerida no
processo de avaliação do modelo proposto por esta dissertação para o gerenciamento da
manutenção da empresa estudada (ver item anterior).
Neste contexto deve-se considerar a dinâmica dos sistemas (System Dynamics)
conceito introduzido por Jay Forrester em 1961 e sugerido ao BSC por Richmond
(2001). O emprego da dinâmica dos sistemas no contexto da modelagem da estratégia
permite que os construtores da estratégia possam desenvolver um modelo coletivo que
opere a interdependência dinâmica das variáveis estratégicas. Busca-se, assim, viabilizar
a idéia que consiste em desenvolver e comunicar um mapa estratégico com uma
representação dinâmica (objetivos e indicadores com conexões causa-efeito circulares,
ou seja, não unidirecionais) e multidimensional (objetivos e indicadores nas várias
dimensões do negócio), que incorpore a
dimensão do
tempo
pelos atrasos (delays).
Bibliografia 139
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, New York:
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World class maintenance management
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148
ANE XO
1
E
M P RE S A S D A
A
M É RI CA D O S U L P R E M I A D A S P E L O
JIPM
Fonte: MORAES (2004).
ANO EMPRESA
Prêmio de Excelência 1
a
Categoria
1996
Pirelli Cabos - Cerquilho (BR) Pirelli Pneus - Sto André (BR)
1998
Pirelli Pneus - Campinas (BR)
Unilever - Valinhos (BR)
Unilever - Anastácio (BR)
Unilever - Carrascal (Chile)
1999 COPENE - Camaçari (BR)
2000
Unilever - Vinhedo (BR)
Unilever - Indaiatuba (BR)
Unilever Best Foods - Valinhos (BR)
Eletronorte - Mato Grosso (BR)
2001
Eletronorte - Maranhão (BR)
Eletronorte - Tocantins (BR)
Eletronorte - Pará (BR)
Eletronorte - Tucuruí (BR)
Unilever - Vespasiano (BR)
Bresler - San Bernardo (Chile)
Unilever - Tortuguitas (Argentina)
Unilever - Rosário (Argentina)
Unilever - Avellaneda (Argentina)
2002
Eletronorte - Porto velho (BR)
Eletronorte - Macapá (BR)
Votocel - Sorocaba (BR)
Yamaha - Guarulhos (BR)
Yamaha - Manaus (BR)
Prêmio de Excelência e Consistência 1a Categoria
2001 Unilever - Valinhos (BR)
2002
Unilever - Vinhedo (BR)
Unilever - Indaiatuba (BR)
Unilever - Carrascal (Chile)
Unilever - Gualleguaychú (Argentina)
149
ANE XO
2
-
O
P R O C E S S O D E F A B R I C A Ç Ã O D E C E L U L OS E E P A PE L
Fonte: KPMA (2005).
Fluxograma do Processo de Fabricação de PapelFluxograma do Processo de Fabricação de Papel
Floresta
Preparo de
Madeira
Celulose
Lavagem
Estocagem
Preparo
de Massa
Formação
Secagem
Rebobinamento
Embalagem
Armazenamento
Expedição
Branqueamento
Máquina de Papel
Digestores
Recuperação
Subprodutos
Forno de Cal
Pátio de Madeira
Floresta
Preparo de
Madeira
Celulose
Lavagem
Estocagem
Preparo
de Massa
Formação
Secagem
Rebobinamento
Embalagem
Armazenamento
Expedição
Branqueamento
Máquina de Papel
Recuperação
Subprodutos
Caldeira Recuperação
Pátio de Madeira
Evaporação
Caustificação
Utilidades
Caldeiras de Força
Geradores (Turbinas)
Tratamento Água
Tratamento de Efluentes
150
ANE XO
3
S
I S T E M A DE L A Ç A ME N T O E E N C E R R A M E N T O D O S
TIM
S
Fonte: KPMA (2005)
Sistema de Lançamento de TIMs
SGK: MTPS – 003 - Criação de Times Internos de Melhoria
Analisar
Desdobramentos
Selecionar
os principais
problemas
Problema
está bem focado e
delimitado
Apresentar ao
coordenador da
área em questão
Coordenador
validou?
Apresentar ao
Comitê
Diretivo
Comitê validou
Criar TIM
Escolha do roteiro e
composição do TIM
SIM
NÃO
SIM
SIM
NÃO
NÃO
1
1
1
Sistema de Lançamento de TIMs
SGK: MTPS – 003 - Criação de Times Internos de Melhoria
Analisar
Desdobramentos
Selecionar
os principais
problemas
Problema
está bem focado e
delimitado
Apresentar ao
coordenador da
área em questão
Coordenador
validou?
Apresentar ao
Comitê
Diretivo
Comitê validou
Criar TIM
Escolha do roteiro e
composição do TIM
SIM
NÃO
SIM
SIM
NÃO
NÃO
1
1
1
Sistema de Encerramento de TIMs
Fazer
apresentação
(Após 4 meses)
Transferir gr
Transferir gr
á
á
fico de
fico de
acompanhamento e plano
acompanhamento e plano
de a
de a
ç
ç
ão para o tabelão da
ão para o tabelão da
m
m
á
á
quina
quina
Quatro meses de trabalho
Terminou
Terminou
plano de
plano de
a
a
ç
ç
ão
ão
Iniciar a reunião de
Iniciar a reunião de
acompanhamento
acompanhamento
Durante as reuniões de
acompanhamento, assegurar a
implementação de todos os
padrões e ações necessárias.
Atingimento
Atingimento
da meta
da meta
>=90%
>=90%
SIM
NÃO
Terminar plano de ação
(3meses)
NÃO
Encerrar TIM
sem sucesso
Encerrar TIM com
sucesso
Entregar o trabalho ao
Coordenador da área.
Encaminhar para:
Rotinas de Lubrificação – MMCA
Rotinas de inspeção (manutenção) – EMAN
Planos de Manutenção - PPMA
Rotinas de limpeza (operação) - KANBAN
Rotinas de inspeção (operação) - KANBAN
Fisicamente as LUPs
podem ser disponibilizadas
nos tabelões Kanban,
tabelões de máquina ou
pedestais.
As rotinas de manutenção
devem ser cadastradas no
SAP.
SIM
SGK: MTPS – 005 - Encerramento de Times Internos de Melhoria
Sistema de Encerramento de TIMs
Fazer
apresentação
(Após 4 meses)
Transferir gr
Transferir gr
á
á
fico de
fico de
acompanhamento e plano
acompanhamento e plano
de a
de a
ç
ç
ão para o tabelão da
ão para o tabelão da
m
m
á
á
quina
quina
Quatro meses de trabalho
Terminou
Terminou
plano de
plano de
a
a
ç
ç
ão
ão
Iniciar a reunião de
Iniciar a reunião de
acompanhamento
acompanhamento
Durante as reuniões de
acompanhamento, assegurar a
implementação de todos os
padrões e ações necessárias.
Atingimento
Atingimento
da meta
da meta
>=90%
>=90%
SIM
NÃO
Terminar plano de ação
(3meses)
NÃO
Encerrar TIM
sem sucesso
Encerrar TIM com
sucesso
Entregar o trabalho ao
Coordenador da área.
Encaminhar para:
Rotinas de Lubrificação – MMCA
Rotinas de inspeção (manutenção) – EMAN
Planos de Manutenção - PPMA
Rotinas de limpeza (operação) - KANBAN
Rotinas de inspeção (operação) - KANBAN
Fisicamente as LUPs
podem ser disponibilizadas
nos tabelões Kanban,
tabelões de máquina ou
pedestais.
As rotinas de manutenção
devem ser cadastradas no
SAP.
SIM
SGK: MTPS – 005 - Encerramento de Times Internos de Melhoria
151
ANE XO
4
C
R O NO G R A M A D E
I
M P L AN T A Ç Ã O D O
P
R O GR A M A
S U P E R A R
Fonte: KPMA (2005)
Curso PKE I
Curso PKE I
PILOTO
PILOTO
1
1
ª
ª
ONDA
ONDA
MELHORIA FOCADA
MELHORIA FOCADA
QUALIDADE PROGRESSIVA
QUALIDADE PROGRESSIVA
GESTÃO AUTONOMA
GESTÃO AUTONOMA
EDUCA
EDUCA
Ç
Ç
ÃO E TREINAMENTO
ÃO E TREINAMENTO
MANUTEN
MANUTEN
Ç
Ç
ÃO PLANEJADA
ÃO PLANEJADA
2
2
ª
ª
ONDA
ONDA
GESTÃO DO FLUXO PRODUTIVO
GESTÃO DO FLUXO PRODUTIVO
SA
SA
Ú
Ú
DE E SEGURAN
DE E SEGURAN
Ç
Ç
A
A
-
-
MEIO AMBIENTE
MEIO AMBIENTE
3
3
ª
ª
ONDA
ONDA
Curso PKE II
Curso PKE II
GESTÃO DO FLUXO DA INFORMA
GESTÃO DO FLUXO DA INFORMA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
4
4
ª
ª
ONDA
ONDA
Inicio
oficial do
Programa
SUPERAR
TIMs
TIMs
PILARES
PILARES
2004
200320022001 2005
J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
PR
PR
Ó
Ó
XIMOS
XIMOS
PASSOS
PASSOS
CUSTOS
CUSTOS
5
5
ª
ª
ONDA
ONDA
Curso PKE III
Curso PKE III
GIGA
GIGA
-
-
MP6
MP6
GESTÃO DI
GESTÃO DI
Á
Á
RIA
RIA
Curso PKE I
Curso PKE I
PILOTO
PILOTO
1
1
ª
ª
ONDA
ONDA
MELHORIA FOCADA
MELHORIA FOCADA
QUALIDADE PROGRESSIVA
QUALIDADE PROGRESSIVA
GESTÃO AUTONOMA
GESTÃO AUTONOMA
EDUCA
EDUCA
Ç
Ç
ÃO E TREINAMENTO
ÃO E TREINAMENTO
MANUTEN
MANUTEN
Ç
Ç
ÃO PLANEJADA
ÃO PLANEJADA
2
2
ª
ª
ONDA
ONDA
GESTÃO DO FLUXO PRODUTIVO
GESTÃO DO FLUXO PRODUTIVO
SA
SA
Ú
Ú
DE E SEGURAN
DE E SEGURAN
Ç
Ç
A
A
-
-
MEIO AMBIENTE
MEIO AMBIENTE
3
3
ª
ª
ONDA
ONDA
Curso PKE II
Curso PKE II
GESTÃO DO FLUXO DA INFORMA
GESTÃO DO FLUXO DA INFORMA
Ç
Ç
ÃO
ÃO
4
4
ª
ª
ONDA
ONDA
Inicio
oficial do
Programa
SUPERAR
Inicio
oficial do
Programa
SUPERAR
TIMs
TIMs
PILARES
PILARES
2004
200320022001 2005
J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
2004
200320022001 2005
J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D
PR
PR
Ó
Ó
XIMOS
XIMOS
PASSOS
PASSOS
CUSTOS
CUSTOS
5
5
ª
ª
ONDA
ONDA
Curso PKE III
Curso PKE III
GIGA
GIGA
-
-
MP6
MP6
GESTÃO DI
GESTÃO DI
Á
Á
RIA
RIA
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ANE XO
5
A
T I V ID AD E S C O M P A R TI L H A D A S E N T RE O
P
I L A R D A
M
A N U T E N Ç Ã O
P
L A N E J A D A E D A
M
A N U T E N Ç Ã O
A
U T Ô NO M A
Fonte: KPMA (2005)
153
ANE XO
6
I
N D I CA D O R E S D E
D
E S E M P E N H O D O
P
R O GR A M A
S
U P ER AR
Fonte: KPMA (2005)
154
ANE XO
7
R
O A D
M
A P D O
P
I L AR DA
M
A N UT E N Ç Ã O
P
L A N E J AD A
Fonte: KPMA (2005)
Área Nível 1 nível 2 nível 3 nível 4 nível 5
Desdobramento e registro das quebras
As quebras não são registradas
Existe uma definição de quebras e elas são
registradas por máquina (em número e
tempo)
As quebras são registradas por máquina,
área e componente
As quebras são registradas por máquina,
área, componente e modo de falha
Deployments por máquina, componente e
nível de modo de falha. As áreas críticas
são destacadas
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Projetos de redução de quebras
Não há projetos de redução de quebras
Projetos Pilotos conduzidos pela
Administração alcançam resultados em 6
meses
Projetos Pilotos conduzidos pela
Administração alcançam resultados em 3
meses
Técnicas específicas são aplicadas,
baseadas na natureza das quebras.
Resultados alcançados em 6 semanas.
Miniprojetos conduzidos pelos operadores
com duração de 6 semanas.
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Análise das Quebras
Não há análises > 60% das quebras são analisadas
> 95% quebras analisadas
> 50% com análise de 5 porquês e contra-
medidas identificadas
> 99% analisadas
> 80% identif. contra-med
> 80% contra-med aplicad.
> 50% efetivas
Proporção das quebras eliminadas vs.
ocorrências > 90%
Extensão Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Suporte a Manutenção Autônoma Não há suporte Suporte para remover as etiquetas
Componentes críticos são identificados e os
meios de inspecioná-
los são passados para
os operadores
Operadores são treinados para remover as
etiquetas
O suporte é dado através do treinamento
dos operadores para reduzir
constantemente os tempos de inspeção
Extensão Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Plano de Lubrificação
Não há plano
Lubrificação feita nos pontos já conhecidos
de acordo com um plano
Lubrificação executada em todos os
pontos. Gestão a vista e operações
padronizadas
Lubrificação baseada nas condições do
equipamento e realizada pelos operadores
da produção
Sistemas Automatizados.
Mínima intervenção humana
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
TBM - Manutenção Baseada no Tempo
GERENCIAMENTO
Não há programa Existe um programa mas não é seguido
Existe um plano visual (ex.:
cambam/cartões T)
Necessidades de execução são evidentes
Existem retornos de informações que são
periodicamente usados para reduzir a
freqüência e o tempo de intervenção
Melhoria Contínua da qualidade e custos
Extensão Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
TBM - Manutenção Baseada no Tempo
QUALIDADE DO PROGRAMA
Não há programa Planos baseados na experiência
Planos baseados nos manuais do
fabricante e RCM/FMECA
Planos totalmente baseados em FMECA &
RCM. Periodicamente atualizados
Planos revisados freqüentemente,
baseados nos resultados com envolvimento
máximo da produção
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
RCM/FMECA
Não são usados
Aplicados somente nos principais modos de
falha
Aplicados corretamente com análise de
custo e benefícios, mas as contra-medidas
definidas são ineficientes
Contra-medidas efetivas identificadas,
aplicadas somente para quebras reais e
periodicamente atualizadas
Eficientemente usados p/ definir contra-
medidas p/ quebras reais e potenciais.
Continuamente atualizadas focando custos
mínimos
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Administração das ferramentas e
equipamentos
Ferramentas e equipamentos necessários
não estão disponíveis
Ferramentas e equipamentos disponíveis,
mas difícil de localizar
Ferramentas e equipamentos estão em
ordem e são controlados por pessoal
selecionado
Ferramentas e equipamentos são
armazenadas em áreas específicas
Prontamente disponível nas máquinas.
Nível de serviço 100%
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Manutenção Preditiva Não é executada
Principais ferramentas definidas e usadas
ocasionalmente.
Resultados mostrados não
estão claros
Todas ferramentas aplicáveis estão
identificadas. Master Plan criado, mas não
é seguido ou o custo não é efetivo.
Plano seguido e custos efetivos, mas os
resultados não são efetivamente
aproveitados
Análise efetiva dos resultados com
melhoria contínua da qualidade e custo.
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Suporte para a Manutenção da
Qualidade
Não há suporte
Pontos Q identificados, mas não foram
encontradas as contra-medidas apropriadas
Contra-medidas definidas, mas o programa
de trabalho não está sendo totalmente
seguido
O programa de trabalho é seguido com
melhoria contínua baseada nos resultados
Zero defeitos associados a máquina com
um mínimo de tempo para
checks/inspeções
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Sistema de Informações da Manutenção Não existe Existe, mas faltam informações e detalhes
Bem detalhado para os parâmetro de
manutenção.
Auxilia na análise das quebras
Completa análise de custos por
componente resultando em reduzidos
tempos de intervenção da manutenção
Dá suporte para a atualização do programa
de manutenção planejada
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Gestão das peças de reposição
Não há controle dos depósitos/armazéns.
Existem muito materiais obsoletos
Controle preciso das peças nos depósitos.
Tempo de procura < 30"
Sistema de Gestão de Estoque. Definição
de ROP (ponto de re-ordem) e EOQ (qtde
lote econômico) baseado no consumo
Obtenção das peças de reposição
baseadas no MTBF
Obtenção das peças de reposição
baseadas nas condições dos equipamentos
Extensão
0% das peças < 25% das peças 25%-50% das peças 50%-75% das peças > 75% das peças
Redução do Tempo Médio das Paradas
(MDT)
MDT não registrado MDT global registrado
MDT registrado e com o tempo sub-dividido
por etapas (ex.: tempo de intervenção,
tempo de diagnóstico)
Projetos para redução do MDT atacando
cada etapa isoladamente
Know how desenvolvido para cada etapa
do MDT sendo aplicado constantemente
Extensão
Uma área piloto Todas as áreas pilotos < 50% máq. categoria A 100% A + < 50% Cat B Todas Máquinas A & B
Treinamento da Manutenção
Necessidades não identificadas
Necessidades identificadas, mas não há
plano de treinamento
Plano de treinamento individual baseado
nas lacunas de habilidades necessárias
Planos de treinamento completos com
análises dos resultados
Treinamento contínuo baseado nos
resultados e necessidades para melhorar o
nível de serviço
Extensão
0% das técnicas < 25% das técnicas 25%-50% das técnicas 50%-75% das técnicas > 75% das técnicas
Controle de Orçamento e Relatórios
Gerenciais
Não existe Existe, mas faltam informações e detalhes
Dividido por Mão-de-Obra, Materiais e
Terceiros, mas não é usado de forma
efetiva
Info também divididas por tipo de
manutenção (reparos das quebras, manut.
planejada, melhoramento da manut.)
Usado efetivamente no controle contínuo e
otimização dos custos
Extensão Nível de planta Nível de departamento Nível de Máquina Nível de Componente
Consumo de Energia
Consumo medido mensalmente
Plano de ação para redução do consumo
através da eliminação das perdas
Programa de trabalho conduzido com
análise dos resultados
Análise dos consumos otimizados de
energia das máquinas (0 perdas)
Consumo otimizado de energia alcançado e
mantido
Extensão
Nível de planta Nível de departamento Nível de Máquina Nível de Componente
155
ANE XO
8
S
O F TW A R E S C E R T I F I C A D OS P E L O
BSC
Fonte: BSCOL (2005)
156
APÊNDICE
A
Q U E S T I O NÁ RI O D E A V A L I A Ç Ã O
157
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