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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
CARACTERIZAÇÃO DE FONTES SONORAS E APLICAÇÃO NA
AURALIZAÇÃO DE AMBIENTES
Dissertação submetida à
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
para a obtenção do grau de
MESTRE EM ENGENHARIA MECÂNICA
MARCELO SANTOS PORTELA
Florianópolis, fevereiro de 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ENGENHARIA MECÂNICA
CARACTERIZAÇÃO DE FONTES SONORAS E APLICAÇÃO NA
AURALIZAÇÃO DE AMBIENTES
MARCELO SANTOS PORTELA
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de
MESTRE EM ENGENHARIA
ESPECIALIDADE ENGENHARIA MECÂNICA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO VIBRAÇÕES E ACÚSTICA
sendo aprovada em sua forma final.
______________________________________
Prof. Arcanjo Lenzi, Ph.D. - Orientador
_______________________________________________
Prof. Fernando Cabral, Ph.D. - Coordenador do Curso
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Roberto Jordan, Dr.Eng. - Presidente
__________________________________________
Prof
a
. Elvira Barros Viveiros da Silva, Dr.Eng.
____________________________________________
Prof. Márcio Henrique de Avelar Gomes, Dr.Eng.
“Quem conhece o segredo dos sons
conhece o mistério da totalidade do universo”.
Hazrat Inayat Khan.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho não teria sido possível sem a ajuda, dedicação e orientação de uma série
de pessoas.
À minha família, por continuar sendo essa base sólida e segura onde posso sempre
tomar impulso para novas etapas da vida.
À carinhosa e paciente namorada Gabriela, que forneceu, mesmo que à distância, a
energia fundamental para a motivação de meu esmero nessa dissertação.
Ao “Chefe”, Professor Arcanjo Lenzi, pelo total apoio e confiança que ao longo desses
dois anos me proporcionou um ambiente de trabalho excepcionalmente agradável e acolhedor.
Ao mestre Paru, por todas as dicas e pelo suporte em todo o aparato construído.
A toda a equipe do LVA, pelas inúmeras vezes que compareceram carregando alguma
placa de madeira pesada, fechando a câmara anecóica ou simplesmente jogando uma
“bolinha”.
Ao chileno José, pelos muitos conselhos e por disponibilizar o sistema de gravação
intra-auricular e à Mônica, sua esposa, pelos esclarecimentos quanto à análise estatística dos
resultados.
Aos companheiros de sala, Marcos, Luís e Fabilson, pelos momentos descontraídos e
pelo apoio nas dificuldades.
Aos engenheiros Stephan Paul e Eric Brandão, pelo auxílio nas gravações, na análise
dos resultados e pela detalhada revisão deste documento.
A todas as outras pessoas que participaram nos ensaios de avaliação subjetiva.
Ao pesquisador Márcio Avelar, por disponibilizar o programa de simulação acústica
de salas e por estar sempre disponível para discutir sobre auralização.
Essas pessoas fantásticas apareceram no meu caminho e me passaram, com muita
paciência, ensinamentos teóricos e práticos que estão fazendo parte de minha formação como
profissional e como ser humano. Sou muito grato a todos!
Fundamental também foi o apoio de algumas empresas e instituições.
Ao programa de pós-graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal de
Santa Catarina, principalmente aos professores, por possibilitarem esse aprendizado.
Ao CNPQ, pelo apoio financeiro.
À Smarttech, por disponibilizar o programa RAYNOISE durante o período de
pesquisa.
À Embraco, pelo empréstimo do manequim, usado nas gravações biaurais.
À Electrolux, por ceder o aparelho condicionador de ar para os estudos.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................i
LISTA DE TABELAS ...............................................................................................................v
SIMBOLOGIA..........................................................................................................................vi
RESUMO .................................................................................................................................vii
ABSTRACT ............................................................................................................................viii
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO................................................................................................1
1.1. OBJETIVOS DO TRABALHO..................................................................................................................... 2
1.1.1. Gerais .............................................................................................................................................. 2
1.1.2. Específicos.......................................................................................................................................2
1.2. CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS .................................................................................................................. 2
CAPÍTULO 2 - CONCEITOS BÁSICOS..................................................................................4
2.1. CAMPOS SONOROS................................................................................................................................. 4
2.2. EQUAÇÃO DA ONDA .............................................................................................................................. 5
2.3. PROCESSAMENTO DIGITAL DE SINAIS .................................................................................................... 6
2.3.1. Convolução...................................................................................................................................... 6
2.3.2. Convolução no domínio da freqüência............................................................................................9
2.3.3. Sistemas lineares e resposta impulsiva............................................................................................ 9
2.4. TECNOLOGIA BIAURAL........................................................................................................................ 12
2.4.1. Funções de transferência relacionadas à cabeça – HRTFs .......................................................... 13
2.4.2. Técnicas de gravação.................................................................................................................... 15
2.4.3. Reprodução via fones de ouvido.................................................................................................... 15
CAPÍTULO 3 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................................17
3.1. AURALIZAÇÃO ....................................................................................................................................17
3.1.1. Modelagem do meio de propagação sonora.............................................................................18
3.1.2. O Método das Fontes Virtuais (FV).......................................................................................... 19
3.1.3. Método de Traçado de Raios (TR)............................................................................................21
3.1.4. Método Híbrido ou Método de Traçado de Pirâmides (RN).....................................................22
3.1.5. Obtenção da resposta impulsiva biaural e apresentação do resultado ....................................24
3.2. CARACTERIZAÇÃO DE FONTES SONORAS ............................................................................................ 25
3.2.1. Geração Sonora........................................................................................................................25
3.2.2. Direcionalidade ........................................................................................................................ 25
3.2.3. Modelos de direcionalidade em programas de simulação........................................................ 26
3.3. PARÂMETROS DE COMPARAÇÃO..........................................................................................................27
CAPÍTULO 4 - CARACTERIZAÇÃO DE FONTES SONORAS .........................................29
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA FONTE.............................................................................................................. 29
4.2. CONSTRUÇÃO DA PAREDE REFLETORA (BAFFLE) ................................................................................. 30
4.3. MEDIÇÃO DA PRESSÃO SONORA .......................................................................................................... 32
4.4. DIAGRAMAS DE DIRECIONALIDADE..................................................................................................... 37
4.4.1. Direcionalidade do aparelho de ar-condicionado.................................................................... 37
4.4.2. Direcionalidade da voz............................................................................................................. 40
4.4.3. Direcionalidade do violão ........................................................................................................43
CAPÍTULO 5 - CADEIA DE GRAVAÇÃO E REPRODUÇÃO ...........................................46
5.1. GRAVAÇÕES DE CANAL ÚNICO ............................................................................................................ 46
5.2. GRAVAÇÕES BIAURAIS ........................................................................................................................ 49
5.3. REPRODUÇÃO VIA FONES DE OUVIDO ..................................................................................................51
5.4. O APARELHO DE AR-CONDICIONADO ................................................................................................... 52
5.4.1. A gravação da referência .............................................................................................................. 52
CAPÍTULO 6 - TÉCNICAS DE MODELAGEM E SIMULAÇÃO.......................................55
6.1. SIMULAÇÃO DO AMBIENTE.................................................................................................................. 55
6.2. ACÚSTICA GEOMÉTRICA...................................................................................................................... 55
6.3. O PROGRAMA RAYNOISE ................................................................................................................. 56
6.3.1. Caracterização de fontes sonoras .................................................................................................57
6.3.2. Resposta impulsiva biaural............................................................................................................ 57
6.3.3. Auralização....................................................................................................................................58
6.3.4. Interface gráfica............................................................................................................................58
6.4. O PROGRAMA MÓDULOS.................................................................................................................. 59
6.5. SALA DE REUNIÕES DO LVA ............................................................................................................... 61
6.6. POSIÇÕES DE FONTE E RECEPTOR ........................................................................................................ 63
6.7. CONSIDERAÇÕES SOBRE O APARELHO DE AR-CONDICIONADO............................................................. 64
CAPÍTULO 7 - ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................................65
7.1. ANÁLISE SUBJETIVA............................................................................................................................ 65
7.1.1. Análise dos resultados................................................................................................................... 66
7.1.2. Dados ordinais.......................................................................................................................... 67
7.1.3. Dados intervalares.................................................................................................................... 71
7.1.4. Comentários feitos pelos participantes..................................................................................... 74
7.2. ANÁLISE OBJETIVA.............................................................................................................................. 75
7.3. COMPARAÇÃO DO VOLUME PERCEPTÍVEL ........................................................................................... 81
CAPÍTULO 8 - CONCLUSÕES..............................................................................................83
Sugestões para trabalhos futuros................................................................................................................. 84
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................85
APÊNDICES ............................................................................................................................89
APÊNDICE A - DESCRIÇÃO DA CONSTRUÇÃO DA PAREDE REFLETORA (BAFFLE)............................................. 90
APÊNDICE B - DADOS DA GEOMETRIA DA SALA (COORDENADAS CARTESIANAS) ........................................... 91
APÊNDICE C - DADOS DA GEOMETRIA DA SALA (ELEMENTOS E MATERIAIS).................................................. 92
APÊNDICE D - HISTOGRAMAS DADOS INTERVALARES ................................................................................. 94
APÊNDICE E - ESPECTROGRAMAS ................................................................................................................ 101
APÊNDICE F - CONTEÚDO DO CD................................................................................................................. 103
APÊNDICE G - FORMULÁRIO PARA RESPOSTAS DA COMPARAÇÃO SUBJETIVA DE SONS ................................ 105
i
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Interior de uma câmara anecóica............................................................................5
Figura 2.2 - Exemplo de convolução entre dois sinais retangulares (a) e (b), com duração T1 e
T2, gerando em (c) um sinal y(t).........................................................................................8
Figura 2.3 – Resposta Impulsiva aplicada a um Sistema Linear Invariante no Tempo. ..........11
Figura 2.4 – Sistema de coordenadas polares...........................................................................13
Figura 2.5 – HRTFs medidas para diferentes pessoas..............................................................14
Figura 2.6 – Manequim (dummy head) instrumentado com microfones nos ouvidos. ............15
Figura 2.7 – Comparação da audição direta versus a cadeia de gravação e reprodução..........16
Figura 3.1 – Simplificação da cadeia de processamento do sinal na auralização. ...................18
Figura 3.2 - Ilustração simplificada do princípio do Método de Fontes Virtuais.....................19
Figura 3.3 – Teste de visibilidade para Fontes Virtuais. ..........................................................20
Figura 3.4 – Ilustração em 2D do traçado de um raio. .............................................................21
Figura 3.5 – Fonte sonora emitindo um feixe piramidal. .........................................................22
Figura 3.6 – Traçado de Pirâmides: fonte original espelhada na superfície, resultando na
imagem que representa o ápice da pirâmide refletida. .....................................................23
Figura 3.7 – Discretização da frente de onda através das bases triangulares das pirâmides....23
Figura 3.8 – Fala cruzada (cross-talk) decorrente da reprodução via alto-falantes..................25
Figura 4.1 – Modelo simplificado das placas da parede refletora montadas dentro da câmara
semi-anecóica. À esquerda, a vista isométrica e, na direita a vista superior....................30
Figura 4.2 – Ilustração do projeto da estrutura do baffle..........................................................31
Figura 4.3 – Estrutura da parede refletora (baffle), com o aparelho condicionador de ar
instalado, a referência de ângulo horizontal no chão e o sistema arco-haste-microfone
montado. ...........................................................................................................................32
Figura 4.4 - Representação da posição 13 de microfone..........................................................33
Figura 4.5 – Diagrama angular horizontal de referência com prumo.......................................34
Figura 4.6 - Representação do ponto 15° vertical - 90° horizontal. .........................................35
Figura 4.7 - Vista lateral do aparato. ........................................................................................35
Figura 4.8 – Ilustração do equipamento utilizado. ...................................................................36
Figura 4.9 – Equipamento de medição no interior da câmara..................................................36
Figura 4.10 - Direções convencionadas no diagramas do ar-condicionado. ............................38
Figura 4.11 – Diagramas polares de direcionalidade do aparelho de ar-condicionado, para as
bandas de freqüência de 125Hz e 250Hz..........................................................................38
ii
Figura 4.12 – Diagramas polares de direcionalidade do aparelho de ar-condicionado, para as
bandas de freqüência de 500Hz e 1kHz............................................................................39
Figura 4.13 – Diagramas polares de direcionalidade do aparelho de ar-condicionado, para as
bandas de freqüência de 2kHz e 4kHz..............................................................................39
Figura 4.14 – Balão de direcionalidade (por interpolação) do aparelho de ar-condicionado,
para a freqüência de 1kHz. ...............................................................................................40
Figura 4.15 – Convenções de direção para a voz humana........................................................41
Figura 4.16 – Diagramas polares de direcionalidade da voz humana, para as bandas de
freqüência de 125Hz e 250Hz. .........................................................................................41
Figura 4.17 – Diagramas polares de direcionalidade da voz humana, para as bandas de
freqüência de 500Hz e 1kHz. ...........................................................................................42
Figura 4.18 – Diagramas polares de direcionalidade da voz humana, para as bandas de
freqüência de 2kHz e 4kHz. .............................................................................................42
Figura 4.19 – Balão de direcionalidade (por interpolação) da voz humana, para a freqüência
de 4kHz.............................................................................................................................43
Figura 4.20 – Representação das direções convencionadas para os diagramas do violão. ......43
Figura 4.21 – Diagramas polares de direcionalidade do violão, para as bandas de freqüência
de 125Hz e 250Hz. ...........................................................................................................44
Figura 4.22 – Diagramas polares de direcionalidade do violão, para as bandas de freqüência
de 2kHz e 4kHz. ...............................................................................................................44
Figura 4.23 - Balão de direcionalidade (por interpolação) do violão para a freqüência de
4kHz. ................................................................................................................................45
Figura 5.1 – Microfone de campo livre montado no interior da câmara..................................46
Figura 5.4 – Microfone posicionado a 1 m da fonte sonora para as gravações anecóicas do ar-
condicionado.....................................................................................................................48
Figura 5.5 – Gravação do violão em câmara semi-anecóica, com microfone a 1m de distância.
..........................................................................................................................................49
Figura 5.6 – Gravação da voz em câmara semi-anecóica, com microfone a 3m de distância. 49
Figura 5.7 – Manequim (dummy head) para gravação biaural.................................................50
Figura 5.8 – Aparato de gravação biaural do violão na sala de reuniões. ................................50
Figura 5.9 – Aparato de gravação biaural da voz na sala de reuniões......................................51
Figura 5.10 – Ouvinte com fones de ouvido, respondendo ao questionário subjetivo interativo.
..........................................................................................................................................52
Figura 5.11 – Mini-microfones inseridos no canal auditivo de uma pessoa para uma gravação
intra-auricular. ..................................................................................................................53
iii
Figura 5.12 - Dodecaedro Omnidirecional...............................................................................53
Figura 5.13 - Ilustração do equipamento utilizado nas gravações biaurais de referência do ar-
condicionado.....................................................................................................................54
Figura 5.14 - Equipamento montado na sala de reuniões para as gravações biaurais..............54
Figura 6.1 – Vista do modelo geométrico da sala no programa RAYNOISE..........................59
Figura 6.2 - Ilustração da sala de reuniões no LVA-UFSC......................................................61
Figura 6.3 - Vista superior das posições de fonte e receptor para o violão..............................63
Figura 6.4 - Vista superior das posições de fonte e receptor para a voz. .................................63
Figura 6.5 - Vista superior das posições de fonte e receptor para o aparelho de ar-
condicionado.....................................................................................................................64
Figura 7.1 – Escala de linha para ordenamento dos sons em relação à referência (R).............65
Figura 7.2 – Exemplo do resultado do ensaio subjetivo, com o ordenamento dos sons em
relação à referência (R) marcado na escala de linha. .......................................................66
Figura 7.3 – Resultado da análise dos resultados dos dados ordinais para o critério localização
do violão e da voz.............................................................................................................67
Figura 7.4 – Resultado da análise geral dos resultados dos dados ordinais para o parâmetro
localização........................................................................................................................68
Figura 7.5 – Resultado da análise dos resultados dos dados ordinais para o critério
reverberação do violão e da voz. .....................................................................................68
Figura 7.6 – Resultado da análise geral dos resultados dos dados ordinais para o parâmetro
reverberação.....................................................................................................................69
Figura 7.7 – Resultado da análise dos resultados dos dados ordinais para o critério timbre do
violão e da voz..................................................................................................................69
Figura 7.8 – Resultado da análise geral dos resultados dos dados ordinais para o parâmetro
timbre................................................................................................................................69
Figura 7.9 – Classificação geral para o parâmetro Localização conforme dados ordinais. .....71
Figura 7.10 – Classificação geral para o parâmetro Reverberação conforme dados ordinais..71
Figura 7.11 - Histograma para o parâmetro Reverberação da fonte voz - Método FV............72
Figura 7.12 - Histograma para o parâmetro Localização da fonte violão - Método RN..........72
Figura 7.13 – Reclassificação para o parâmetro Localização em função da análise dos dados
intervalares. ......................................................................................................................74
Figura 7.14 – Reclassificação para o parâmetro Reverberação em função da análise dos dados
intervalares. ......................................................................................................................74
Figura 7.15 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de
referência. .........................................................................................................................76
iv
Figura 7.16 - Espectros FFT dos resultados do canal direito das simulações e do som de
referência. .........................................................................................................................77
Figura 7.17 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de
referência para as bandas de 63, 125 e 250 Hz.................................................................78
Figura 7.18 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de
referência, para as bandas de 500, 1000 e 2000 Hz..........................................................79
Figura 7.19 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de
referência, para as bandas de 4000, 8000 e 16000 Hz......................................................80
Figura 7.20 – Curvas de loudness específico para os resultados das simulações, em bandas de
terço de oitava...................................................................................................................82
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 – Nível de pressão sonora do ruído de fundo medido no interior da câmara semi-
anecóica. ...........................................................................................................................47
Tabela 6.1 - Coeficientes de absorção usados na simulação computacional, em bandas de
oitava. ...............................................................................................................................62
Tabela 6.2 - Coordenadas cartesianas em metros das posições de fonte e receptor.................64
Tabela 7.1 – Verificação de diferenças significativas em dados ordinais................................70
Tabela 7.2 – Medianas obtidas das distribuições de dados para os três parâmetros. ...............73
Tabela 7.3 – Verificação de diferenças significativas em dados intervalares. .........................73
Tabela 7.4 – Valores globais para loudness e níveis de pressão sonora dos resultados das
simulações. .......................................................................................................................82
vi
SIMBOLOGIA
Alfabeto Latino:
T
60
Tempo de reverberação [s]
c Velocidade do som no ar [m/s]
V Volume da sala [m
3
]
S Área de superfície interna da sala [m
2
]
f Freqüência [Hz]
T
1
Duração do sinal retangular x(t) [s]
T
2
Duração do sinal retangular h(t) [s]
Q Fator de direcionalidade
I Intensidade medida da fonte sonora em determinada direção [W/m
2
]
I
re
Intensidade de referência, correspondente à emissão em campo livre [W/m
2
]
D
i
Índice de direcionalidade
k Número de onda, dado por ω/c
Alfabeto Grego:
α Coeficiente de absorção sonora do material em uma dada freqüência
ω Freqüência angular [rad/s]
λ Comprimento de onda [m]
υ Ângulo de elevação na HRTF (zenith) [grau]
φ Ângulo de rotação na HRTF (azimuth) [grau]
Funções:
δ(t) Delta ou Delta de Dirac
x(t) Função de entrada do sistema linear invariante no tempo
y(t) Função de saída do sistema linear invariante no tempo
h(t) Resposta impulsiva do sistema linear invariante no tempo
X(ω) Transformada de Fourier da função x(t)
Y(ω) Transformada de Fourier da função y(t)
H(ω) Transformada de Fourier da função h(t)
vii
RESUMO
O objetivo da auralização é proporcionar ao ouvinte uma impressão de como uma
fonte soa dentro de um ambiente, mesmo que esse ambiente não exista fisicamente. Existem
hoje disponíveis alguns métodos pelos quais é possível modelar o campo acústico associado a
uma posição em relação a uma fonte sonora dentro de uma sala. Neste trabalho, os métodos
geométricos de modelagem conhecidos como Fontes Virtuais, Traçado de Raios e Traçado de
Pirâmides foram utilizados separadamente e seus resultados audíveis foram comparados a um
som de referência. Esta referência consiste em uma gravação biaural da fonte feita dentro de
uma sala existente, em igual posição considerada na simulação. As fontes sonoras estudadas
foram: um aparelho de ar-condicionado, um violão e a voz humana. A sala considerada foi
uma sala de reuniões.
Os métodos de Fontes Virtuais e Traçado de Raios foram aplicados nas simulações
através de um programa em desenvolvimento chamado MÓDULOS, enquanto o programa
comercial de simulação RAYNOISE foi utilizado para aplicar o método de Traçado de
Pirâmides. A comparação dos resultados foi realizada por meio de duas diferentes
abordagens: comparação subjetiva e análise espectral.
Os resultados permitiram avaliar as vantagens e desvantagens de cada método, bem
como identificar as possíveis fontes de incertezas dentro da cadeia de análise que envolve
gravação, modelagem computacional, processamento digital de sinais e reprodução via fones
de ouvido.
viii
ABSTRACT
The objective of the auralization process is to provide an impression to the listener of
how a sound source inside a room would sound like, even if this room doesn't exist.
Nowadays there are some methods available by which it is possible to model the acoustic
field related to known source and receptor positions inside the room. In this work, the
geometric modeling methods known as Image Source Method, Ray-Tracing Method and
Beam-Tracing Method were applied and the audible results were compared to a reference
sound. This reference is a binaural recording taken inside the real room, in the exact position
considered in the simulation. The studied sound sources were: the air-conditioner noise, an
acoustic guitar and the human voice. The considered enclosed space was a meeting room.
The Image Source Method and Ray-Tracing Method were applied through
MODULOS, software in development, while the Beam-Tracing Method was applied through
LMS RAYNOISE software. The comparison of the results was accomplished through two
different approaches: subjective comparison and frequency analysis.
Finally, it was possible to evaluate the main advantages and disadvantages of each
method, and to identify the possible sources of uncertainties concerning the whole analysis
chain, that involves recording, modeling, digital signal processing and reproduction via
headphones.
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
O comportamento do som no interior de um ambiente é um fator importante tanto para
o projetista de salas ou equipamentos quanto para o cidadão comum que compra ou usufrui do
resultado do projeto. No caso de um produto acoplado a uma sala, como é o caso de um
condicionador de ar, o efeito acústico somado à vibração estrutural, considerando o
posicionamento e as características da fonte de ruído dentro da sala, são elementos que podem
ser estudados através da simulação acústica, conhecida como auralização. O mesmo pode ser
aplicado à previsão do campo acústico resultante de um instrumento musical ou da própria
voz humana.
É fato que, tanto entre técnicos da indústria quanto entre responsáveis por salas de
audição crítica (engenheiros de áudio, operadores de mesa de som), ou mesmo entre músicos,
ainda falta orientação quanto ao comportamento acústico do som produzido nos diferentes
ambientes. O mesmo se aplica aos projetistas das salas. Alguns projetos arquitetônicos
esteticamente elaborados e ousados não apresentam o devido cuidado em relação à acústica.
Essa orientação normalmente é feita por especialistas, engenheiros acústicos que, por sua vez,
se utilizam de parâmetros acústicos numéricos para representar objetivamente grandezas
acústicas envolvidas, tais como T
60
, IACC, etc. Mas a comunicação entre o engenheiro, o
músico e o arquiteto nem sempre se dá de maneira satisfatória, pois os termos usados são
muito específicos, de difícil compreensão e a qualidade subjetiva do som depende de
variáveis inter-relacionadas.
Dessa forma, fica evidente a importância de usarem-se meios de comunicação que
todos os interessados entendam, tal como uma semântica adequada. Porém, o uso da
semântica também gera certos obstáculos, já que engenheiros usam termos técnicos como
reverberação, clareza, modulação que, em geral, o leigo não conhece ou interpreta de forma
diferente.
É, portanto, necessária outra solução, que aproveite os sentidos que todos os
envolvidos têm em comum, como a audição. A auralização proporciona ao ouvinte uma
impressão de como uma fonte soa dentro de um ambiente, mesmo que este não exista
fisicamente. Essa ferramenta já é viável hoje, sendo uma das melhores formas de
demonstração de conceitos em acústica e uma maneira efetiva de avaliar soluções previstas
para qualidade sonora de produtos bem como o desempenho de salas de audição crítica.
2
Por definição, auralização é o processo de representar de forma audível, através de
modelagem física ou matemática, o campo sonoro de uma fonte em um espaço, de forma a
simular a experiência auditiva em uma determinada posição no ambiente modelado.
O resultado da modelagem é um filtro biaural que pode ser aplicado ao sinal da fonte
por meio da convolução. Este sinal deve ser obtido previamente em uma condição livre de
reflexão, para não conter a influência do ambiente de gravação. O resultado da convolução é
um sinal biaural que pode ser apresentado através de fones de ouvido ou via alto-falantes.
Caso se opte por alto-falantes, é preciso cancelar a fala cruzada (cross-talk) entre os canais.
Os fones de ouvido oferecem diversas vantagens, sendo a principal delas a separação total dos
canais.
1.1. Objetivos do trabalho
1.1.1. Gerais
Apresentar os conceitos e ferramentas utilizadas no processo da auralização, bem
como identificar as dificuldades e limitações de cada etapa envolvida.
1.1.2. Específicos
Simular, através da auralização, fontes sonoras dentro de uma sala de geometria
simples, utilizando três diferentes métodos: Traçado de Raios, Fontes Virtuais e Traçado de
Pirâmides. Comparar os resultados desses métodos de auralização com gravações das mesmas
fontes dentro do ambiente real, por meio de análise subjetiva e objetiva. As fontes sonoras
utilizadas foram: um aparelho de ar-condicionado, a voz humana e o violão.
1.2. Conteúdo dos capítulos
CAPÍTULO 2 - são revisados os conceitos que compõem a base teórica do processo
de auralização.
CAPÍTULO 3 - são referenciados os atuais estados da literatura relacionada aos
assuntos utilizados como fundamentos para esta dissertação de mestrado.
3
CAPÍTULO 4 - são expostos os métodos utilizados para medir a direcionalidade de
uma fonte sonora, no caso deste trabalho, um aparelho de ar-condicionado. Também são
apresentados os diagramas de direcionalidade para dois outros tipos de fontes sonoras (voz e
violão). Finalmente, é discutido o conceito dos modelos de direcionalidade incluído nos
algoritmos de simulação.
CAPÍTULO 5 - são discutidos os métodos utilizados para todas as gravações e
reproduções realizadas ao longo do trabalho.
CAPÍTULO 6 - são discutidos os métodos e programas utilizados na simulação dos
elementos que compõem o sistema em estudo: fonte, meio e receptor. Também é apresentada
a sala considerada em todas as simulações e as configurações fonte-receptor adotadas para as
três distintas fontes sonoras consideradas.
CAPÍTULO 7 - é dividido em duas partes. Inicialmente é apresentada a metodologia
utilizada para a avaliação subjetiva dos resultados dos diferentes métodos de auralização para
voz e violão. Depois são demonstrados os resultados das comparações objetivas relativas à
auralização do ruído do aparelho de ar-condicionado. As últimas baseiam-se na análise
espectral.
CAPÍTULO 8 - são apresentadas as conclusões sobre os resultados do trabalho de
forma geral. Também são feitas sugestões para trabalhos futuros.
4
CAPÍTULO 2
CONCEITOS BÁSICOS
Neste capítulo são revisados alguns conceitos que compõem a base teórica do processo
de auralização.
2.1. Campos sonoros
Um campo sonoro é uma zona do espaço onde existem ondas sonoras, sendo definido
pela pressão sonora e pela velocidade das partículas [HENRIQUE, 2002]. São esses
parâmetros e a relação de fase entre eles que descrevem o comportamento das ondas sonoras
no tempo e no espaço. O termo campo sonoro descreve a interação das ondas sonoras com o
meio ambiente. A sua natureza depende da radiação da fonte sonora, da distância à fonte e dos
obstáculos no percurso das ondas.
Um campo livre é um campo sonoro em que as ondas sonoras se propagam em todas
as direções sem obstáculos, não havendo reflexão, difração, refração ou difusão. Uma vez que
não há obstáculos nem reflexões, é evidente que um campo sonoro livre não pode apresentar
fenômenos de ressonância. Um ambiente que se possa considerar verdadeiramente um campo
livre é praticamente impossível de obter, sendo a câmara anecóica
1
a melhor aproximação
técnica, uma vez que quase não existe reflexão ou, dito de outro modo, a absorção sonora
pelas superfícies internas do espaço é praticamente total. Também se usa a designação campo
direto como sinônimo de campo livre, porque neste só existe som direto.
Num espaço fechado comum existe som direto e som reverberante. O som
reverberante resulta das reflexões nas superfícies internes desse ambiente, gerando um campo
denominado campo reverberante.
Num campo difuso existe a mesma pressão sonora média em todos os pontos e a
radiação sonora faz-se de modo idêntico em todas as direções (campo difuso e campo
reverberante são muitas vezes considerados sinônimos). Para ter um campo difuso relativo às
freqüências graves, uma sala deve ser bastante grande, pois as baixas freqüências têm grande
comprimento de onda. A freqüência acima da qual existe campo difuso pode ser determinada
através da equação desenvolvida por Schröeder em 1965 [KUTTRUFF, 1991], como segue:
1
Sala especialmente projetada para o teste de equipamentos sonoros, microfones e alto-falantes, em teoria absolutamente isenta de
reverberações. Essa característica é obtida pelo uso de material acústico absorvente em forma de cunhas. Ver Figura 2.1.
5
60
2000
T
f
V
=
[Hz]
(2.1)
onde T
60
é o tempo de reverberação (s) e V é o volume da sala (m
3
).
Figura12.1 – Interior de uma câmara anecóica [SALFORD].
2.2. Equação da onda
As equações de onda que regem os fenômenos de propagação em acústica derivam das
equações da mecânica dos fluidos. Como grande parte dos fenômenos acústicos envolve
pequenas perturbações, é possível fazer simplificações que resultam em equações
linearizadas, a partir das quais se deduz, para o campo de pressão, a equação da onda plana se
propagando ao longo do eixo x [KUTTRUFF, 1991]:
2
2
22
2
1
t
p
cx
p
=
(2.2)
onde p = p(x,t).
A representação complexa da solução harmônica para a Equação (2.2) é dada por:
6
)()( kxtjkxtj
ee
+
+=
ωω
BAp
(2.3)
onde k é o número de onda dado por ω/c. As constantes complexas A e B são usadas para
adaptar essa solução às condições de contorno.
Teoricamente uma resposta impulsiva entre uma fonte e um receptor pode ser obtida
através da solução da equação de onda, porém o procedimento analítico exige um esforço
considerável. Assim, outros métodos de modelagem são usados para evitar esta dificuldade
(vide Capítulo 3, item 3.1).
2.3. Processamento digital de sinais
O processamento de sinais consiste na análise e/ou modificação de sinais de forma a
extrair informações dos mesmos e/ou torná-los mais apropriados para alguma aplicação
específica. Pode ser realizado de forma analógica ou digital. Existem diversas técnicas
computacionais que podem ser utilizadas diretamente em um sistema baseado no IBM-PC
padrão, sem a necessidade do uso de equipamentos de hardware específicos como os DSPs e
microcontroladores. As transformadas matemáticas como a de Fourier e Wavelets são
exemplos desse tipo de processamento.
Com o crescente avanço da tecnologia digital e da capacidade de processamento dos
computadores, a manipulação dos sinais de áudio, por intermédio do processamento digital, se
tornou corriqueira e até mesmo necessária às demandas atuais.
Quando se pretende implantar um sistema de auralização que possa ser utilizado em
um computador pessoal, as teorias e técnicas de processamento de sinais discretos no tempo
passam a orientar os resultados da acústica e da psicoacústica em direção à realização virtual
de ambientes e eventos auditivos.
2.3.1. Convolução
A convolução é uma das operações mais utilizadas no processamento digital de sinais.
Um exemplo seria a implementação de um filtro digital, normalmente efetuada através da
convolução direta do sinal de entrada com a resposta impulsiva do filtro. Ao estimar o
conteúdo espectral de um sinal, a operação básica da autocorrelação é simplesmente a
convolução do sinal com uma versão dele mesmo, porém invertida no tempo
7
[SOKOLNIHOFF e REDHEFFER, 1958]. Na auralização, o resultado é obtido através da
convolução do filtro resultante da modelagem com um som gravado da fonte sonora.
Teoricamente, a transformada de Laplace do produto de convolução entre duas
funções f e g é igual ao produto das transformadas de Laplace das duas funções.
Demonstrando matematicamente, a partir das definições da transformada de Laplace e
do produto de convolução, obtém-se:
{}
-
00
() (- ) dd
t
st
L
fg frgtre rt
=
∫∫
(2.4)
A integral em r pode ser estendida até infinito ao multiplicá-la por uma função degrau
unitário que anule o trecho desde o tempo t até infinito:
{}
-
00
() (-)( ) dd
t
st
L
fg frgtrutre rt
=
∫∫
(2.5)
Trocando a ordem dos dois operadores integrais, obtém-se:
{}
-
00
() (-)( ) d d
t
st
Lf g fr gtrut re t r
=
∫∫
(2.6)
O termo entre colchetes é a transformada de Laplace da função g, deslocada em t:
(-)( )gt rut r
(2.7)
Pode-se observar que é igual à transformada de Laplace de g, multiplicada pela
exponencial de -sr. Assim, se obtém o resultado:
{}
0
() () d
sr
L
fg Gs fre r
=
(2.8)
Esse resultado é igual ao produto das transformadas de Laplace das duas funções,
como se pretendia demonstrar:
8
{}
() ()Lf g FsGs =
(2.9)
O teorema anterior também implica que a transformada inversa de Laplace de um
produto de funções é igual ao produto de convolução entre as transformadas inversas das duas
funções. O teorema de convolução é útil no cálculo de transformadas inversas de funções
complicadas que possam ser escritas como o produto entre funções simples. O produto de
convolução entre funções verifica a propriedade comutativa, associativa e distributiva em
relação à soma de funções.
Vendo de outra forma, também se pode definir a convolução da seguinte forma: “A
transformada de Fourier de duas funções convoluídas no domínio do tempo é igual ao produto
das transformadas das duas funções no domínio de Fourier”.
A convolução de dois sinais retangulares está exemplificada na Figura 2.2.
Figura22.2 - Exemplo de convolução entre dois sinais retangulares (a) e (b), com duração T1 e T2, gerando em
(c) um sinal y(t).
9
2.3.2. Convolução no domínio da freqüência
Somente para sistemas lineares e invariantes no tempo (SLITs), abordados no item
2.3.3 deste capítulo, a operação de convolução no domínio do tempo equivale à multiplicação
no domínio da freqüência. Sendo assim é possível calcular a transformada de Fourier dos
sinais, realizar a multiplicação entre elas e retornar ao domínio do tempo, através da
transformada inversa de Fourier. Tal transformada pode ser implementada de duas formas.
Uma delas é a forma tradicional de realizar a transformada rápida de Fourier, do inglês fast
Fourier transform, FFT [OPPENHEIM e SCHAFER, 1999]. A outra maneira, chamada de
FTTW [FRIGO e JOHNSON, 2005], consiste em uma biblioteca para linguagem C e
representa uma forma bastante eficiente de implementação da transformada de Fourier.
2.3.3. Sistemas lineares e resposta impulsiva
Um sistema físico ideal é definido como um sistema fisicamente realizável, que
apresenta estabilidade, linearidade e parâmetros de valor constante. Tais sistemas possuem
propriedades importantes para uma análise linear, pois suas características podem ser
identificadas experimentalmente a partir da relação entre sinais de estímulo (entradas) e de
resposta (saídas) medidos sobre o sistema [SOKOLNIHOFF e REDHEFFER, 1958].
Considerando um sistema linear e invariante no tempo (SLIT), uma das soluções para
a análise do sistema, a partir da equação diferencial que rege o seu comportamento, é a
Transformada de Fourier, cuja função é mudar o domínio dos dados, do tempo para a
freqüência. É um recurso interessante, em virtude da manipulação matemática no domínio da
freqüência ser mais simples.
A Transformada de Fourier X(ω) de um sinal x(t) é definida por:
() () d
j
t
X
x
te t
ω
ω
+
−∞
=
(2.10)
Para retornar ao domínio do tempo, utiliza-se a Transformada Inversa de Fourier,
definida por:
1
() ( ) d
2
jt
xt X e
ω
ωω
π
+
−∞
=
(2.11)
10
Somente é possível realizar a Transformada de Fourier de uma função f(x) sob a
condição de existir o limite finito dado pela Equação (2.12) [KREYSZIG, 1993]:
()d
f
xx
+
−∞
(2.12)
Cabe ressaltar que a utilidade da Transformada de Fourier é fundamentada no fato de
que o sistema analisado é linear e invariante no tempo (SLIT), porque as exponenciais são
autofunções dos operadores diferenciais lineares com coeficientes constantes.
Representam-se entrada e saída de sinais no domínio da freqüência de um sistema
linear e invariante no tempo (SLIT) por:
)(
ω
X
)(
ω
Y
Conhecido o sinal de entrada x(t) e o sinal de saída y(t), pode-se determinar a Função
de Resposta em Freqüência (FRF) do sistema, H(ω), a partir de:
() () ()YHXωωω=
()
()
()
Y
H
X
ω
ω
ω
=
(2.13)
Entretanto, para que a FRF represente a descrição completa das características do
sistema, é necessário que o sinal de excitação possua todas as componentes de freqüência.
Idealmente, isso é obtido através da função Delta ou Delta de Dirac, δ(t), definida por:
)(lim)(
0
tft
e
=
ε
δ
(2.14)
onde: 0,
p
ara |t| ε>
( )
e
f
t =
1
, 0
2
para t
ε
=
SLIT
11
A função Delta de Dirac possui as seguintes propriedades:
() d 1ttδ
+
−∞
=
(2.15)
( ) 0 , 0ttδ =
(2.16)
() ( - ) d ( )
f
ttat faδ
+
−∞
=
(2.17)
As características da função Delta de Dirac são que sua área é igual a 1, sua amplitude
tende para infinito e seu tempo de duração para zero, e que em todas as freqüências sua
transformada tem amplitude igual a 1. A resposta h(t) de um sistema a uma excitação Delta é
conhecida como Resposta Impulsiva e é representada pela Figura 2.3.
Figura32.3 – Resposta Impulsiva aplicada a um Sistema Linear Invariante no Tempo.
Conhecida H(ω), pode-se calcular h(t) através da Transformada Inversa de Fourier.
Feito isto, é possível utilizar a convolução para determinar a resposta para uma excitação
qualquer. A convolução de dois sinais x(t) e y(t) é dada por:
0
() ()*() ()( )d () () ()yt xt ht x ht Y H Xωωωτττ
==−⇒=
(2.18)
onde o sinal * indica a convolução dos sinais.
h(t)
h(t)
t
δ(t)
δ
(
t
)
t
SLIT
12
O limite inferior de integração é zero em razão da causalidade, dado que um sistema
fisicamente realizável não pode produzir uma saída antes que um sinal seja aplicado em sua
entrada. A estabilidade do sistema limita a saída a sinais finitos para todos sinais de entrada
finitos.
O sistema será invariante no tempo se seus parâmetros tiverem valor constante. Assim,
a resposta do sistema h(t) será constante para qualquer valor de tempo.
Dado que um sistema produza as saídas y
1
(t) e y
2
(t) para as entradas x
1
(t) e x
2
(t),
respectivamente, esse sistema será linear caso apresente as propriedades de aditividade e
homogeneidade, ou seja, para a entrada c(x
1
(t) + x
2
(t)) fornecer a resposta cy
1
(t) e cy
2
(t), sendo
c uma constante qualquer.
2.4. Tecnologia biaural
É desejável em medições que um sensor ou sistema de aquisição de dados não
interferira no fenômeno a ser registrado. As orelhas, receptores acústicos no homem, ficam
em lados opostos da cabeça. Isto certamente influi no fenômeno de percepção sonora. E tudo
soa muito bem, tridimensional e preciso espacialmente. Os sinais assim modificados são
chamados de sinais biaurais ou biauriculares. Nestes termos, o "bi" do latim, significa dois ou
duas vezes.
A técnica de gravação biaural usa dois microfones da mesma forma que em uma
gravação estéreo convencional, porém são posicionados dentro das orelhas, separados por
aproximadamente quinze centímetros em direções opostas, apontando ao longo do eixo
invisível que transpassa a cabeça.
O termo tecnologia biaural se refere ao conjunto de técnicas de gravação e reprodução
das pressões sonoras que ocorrem nos tímpanos para tentar ao máximo recriar um evento
auditivo sem que haja diferenças de localização espacial e timbre entre o que foi gravado e o
que será reproduzido. Esses sinais, que são coletados nas membranas timpânicas, e que
possuem todas as informações espaciais e espectrais de uma imagem sonora, são
denominados de sinais biaurais [FERNANDES JÚNIOR, 2005].
As transformações que ocorrem em um sinal de uma fonte sonora podem ser mais bem
representadas e analisadas pelo par de respostas impulsivas relacionadas à cabeça (Head
Related Impulse Responses - HRIR). Os respectivos espectros dessas respostas impulsivas são
denominados Funções de Transferência Relacionadas à Cabeça (Head Related Transfer
Functions - HRTF) [BLAUERT, 1997].
13
2.4.1. Funções de transferência relacionadas à cabeça – HRTFs
Considere uma fonte sonora que proporciona uma pressão acústica, medida num ponto
de referência, identificada por p
1
(t). Se um ouvinte passa a ocupar um lugar nesse espaço de
tal forma que o centro do eixo imaginário que transpassa a cabeça através das duas orelhas
(origem do sistema referencial) seja o ponto onde foi tomada a pressão p
1
(t), pode-se escrever
as seguintes funções de transferência de campo livre através das Equações (2.19), (2.20) e
(2.21):
4
1
( ) pressão sonora no tímpano
( ) pressão sonora no centro da cabeça com o ouvinte ausente
P
P
ω
ω
=
(2.19)
3
1
()
pressão sonora na entrada do canal auditivo
( ) pressão sonora no centro da cabeça com o ouvinte ausente
P
P
ω
ω
=
(2.20)
2
1
( ) pressão sonora na entrada do canal bloqueado
( ) pressão sonora no centro da cabeça com o ouvinte ausente
P
P
ω
ω
=
(2.21)
Essas funções de transferência dependem do ângulo de incidência (Figura 2.4) e da
distância até a fonte sonora.
Figura42.4 – Sistema de coordenadas polares.
14
Jens Blauert (1997) indica que se a distância até a fonte sonora for maior que 3m a
onda incidente já pode ser considerada como plana e que, assim, as HRTF anteriores tornam-
se quase independentes da distância da fonte.
Nas HRTFs, é de extrema importância a relação entre direção de incidência e a
variação destas funções de transferência, representadas pelas Equações (2.19), (2.20) e (2.21),
para diferentes pontos de coleta no canal auditivo. A partir da entrada do conduto, a
propagação sonora passa a ser unidimensional. Isto quer dizer que ela se torna independente
da direção e da distância da fonte sonora [BLAUERT, 1997][MØLLER, 1992], considerando
que a fonte não é uma fonte próxima.
A maior variação das HRTFs se dá a partir de 200Hz. A cabeça, o torso e os ombros
começam a interferir de maneira significativa nas freqüências médias (até aproximadamente
1,5 kHz) e o pavilhão auricular, em conjunto com a cavum conchae, distorcem as freqüências
mais altas (a partir de aproximadamente 2 kHz) [PAUL, 2008].
Dependendo da pessoa em que se fazem as medições, as diferenças entre as HRTFs
podem ser consideráveis, como mostra a Figura 2.5, onde P1, P2, P3 e P4 representam as
curvas de HRTF de diferentes pessoas. Esse fato pode trazer alguns problemas quando se
realizam gravações através de manequins para fazer posteriormente a reprodução para um
ouvinte, ou mesmo gravações utilizando o canal auditivo de outras pessoas. O resultado perde
precisão em localização espacial e realismo, quando escutado por outra pessoa.
Figura52.5 – HRTFs medidas para diferentes pessoas [VORLÄNDER, 2005].
15
Existem algumas bases de dados de HRTFs publicadas, disponibilizadas em páginas
na internet [KEMAR][IRCAM][AUDIS][CIPIC].
2.4.2. Técnicas de gravação
A gravação biaural pode ser realizada através do sistema que utiliza pessoas ou por
outro que trabalha com modelos parciais de pessoas, os manequins [PAUL, 2008]. O método
utilizado nesse estudo foi o manequim, ilustrado na Figura 2.6. Os manequins são imitações
parciais do sistema auditivo e de algumas outras partes do ser humano que têm influência no
som. O som é captado por dois microfones posicionados dentro de modelos de ouvidos.
Figura62.6 – Manequim (dummy head) instrumentado com microfones nos ouvidos.
2.4.3. Reprodução via fones de ouvido
O objetivo final da auralização é a reprodução, principalmente via fones de ouvido,
devido à sua flexibilidade de uso em relação aos ambientes e à destinação dos sinais
pertinentes a cada orelha. Os fones de ouvido oferecem diversas vantagens tais como a
separação total dos canais. É necessária uma equalização referente à cadeia de dispositivos
percorrida pelo áudio biaural, a fim de tirar as distorções lineares introduzidas, principalmente
pelos fones, permitindo uma reprodução mais fiel dos sinais. Assim, é possível recriar a
impressão sonora que um ouvinte experimentaria se estivesse em situação real (audição
direta). O processo de audição direta de um sinal por um ouvinte e a audição do mesmo sinal
gravado com um manequim e reproduzido via fones de ouvido após a equalização é ilustrado
pela Figura 2.7. Essa equalização só é possível de ser aplicada ao sinal após o levantamento
da função de transferência do fone de ouvido [FONSECA et al., 2006].
16
Figura72.7 – Comparação da audição direta versus a cadeia de gravação e reprodução.
17
CAPÍTULO 3
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo são referenciados os atuais estados da literatura relacionada aos
assuntos utilizados como fundamentos para esta dissertação de mestrado.
3.1. Auralização
Não é novidade a idéia de fazer com que seja possível ouvir uma fonte sonora, em
campo livre ou em um ambiente fechado, antes mesmo de sua construção [ALLEN e
BERKLEY, 1979][LEHNERT e BLAUERT, 1989][KULOWSKI, 1985]. No entanto, ainda
hoje, muitos técnicos que lidam com acústica precisam terminar as obras ou reformas nas
salas para poder conhecer o resultado do projeto acústico. Modelos em escala têm sido pouco
utilizados, por serem complexos, caros e pouco precisos.
Por definição, auralização é o processo de “renderizar” de forma audível, através de
modelagem física ou matemática, o campo sonoro de uma fonte em um espaço, de forma a
simular a experiência auditiva em uma determinada posição no espaço modelado
[KUTTRUFF, 1993]. Atualmente, o crescente avanço na capacidade de processamento nos
computadores tem dado aos acústicos uma poderosa ferramenta de simulação de projetos de
salas de audição crítica, mas, também, aplicável a outros projetos, tais como isolamento
contra ruído, por exemplo.
A simulação da resposta impulsiva do ambiente pode ser feita através de métodos
geométricos, que são baseados na acústica geométrica [FARIA, 2005]. Os programas de
simulação se utilizam desses métodos para simular o comportamento acústico de um ambiente
fechado.
De posse da resposta impulsiva da sala, considerando as possíveis angulações de
incidência do som sobre o receptor, é realizado o processamento da resposta impulsiva biaural
do campo acústico para uma determinada posição e orientação do ouvinte. O resultado dessa
modelagem é um filtro ao qual pode ser aplicado um sinal anecóico (gravado em câmara
anecóica), por meio da convolução. Neste trabalho, este sinal anecóico foi previamente
gravado usando-se a fonte em estudo como referência. O resultado final pode ser apresentado
através de fones de ouvido ou via alto-falantes (com o devido processamento, para cancelar o
sinal repetido no ouvido oposto). O esquema apresentado na Figura 3.1 ilustra de maneira
resumida as etapas da auralização.
18
Figura83.1 – Simplificação da cadeia de processamento do sinal na auralização.
3.1.1. Modelagem do meio de propagação sonora
A modelagem do meio é feita, na realidade, através da modelagem da propagação do
som no ar e de suas interações com as superfícies (teto, piso, paredes e objetos internos que
tenham dimensões relevantes em comparação com os comprimentos de onda do campo
sonoro). Considerando uma posição fixa para a fonte e o receptor, se a temperatura e a
umidade relativa do ar se mantiverem constantes e se não houver correntes de ar, pode-se
considerar o campo acústico de um ambiente como sendo um sistema linear invariante no
tempo (SLIT), e sua caracterização pode ser feita através de sua resposta impulsiva [XIANG e
BLAUERT, 1993]. Essa função pode ser obtida por meio de algoritmos usados para a
determinação do histórico de todas as reflexões da fonte até o ouvinte. Matematicamente, a
propagação sonora pode ser descrita pela equação de onda ou equação de Helmholtz
[KINSLER et al., 1982]. É possível obter teoricamente uma resposta impulsiva entre uma
fonte e um receptor por intermédio da solução da equação de onda, mas, analiticamente, já
seria muito trabalhoso, mesmo para um caso simples. Assim, outros métodos de modelagem
são usados para agilizar o procedimento. Este trabalho utilizou os métodos geométricos de
simulação.
Os métodos geométricos, baseados na acústica geométrica, são: o método do Traçado
de Raios, o método das Imagens Virtuais da Fonte e o método do Traçado de Pirâmides.
PRODUTO
(Objeto sonoro acoplado
a um ambiente
)
Modelagem
computacional
Gravação anecóica da
fonte real
Resposta
impulsiva
Convolu
ç
ão
Reprodução biaural
Banco de dados
HRTF
AMBIENTE
OUVINTE
PRODUTO
Filtro de
direcionalidade
FONTE
19
3.1.2. O Método das Fontes Virtuais (FV)
Pode-se descrever o Método das Fontes Virtuais (FV) através de uma simples analogia
com um problema óptico, onde consideram-se todas as paredes de uma sala como sendo
espelhos [ALLEN e BERKLEY, 1979]. É possível encontrar as posições das imagens da
fonte, com relação a cada parede, através de relações geométricas. Sendo assim, um
observador pode ver, além de imagens refletidas da fonte, outras geradas pela nova reflexão
das imagens refletidas, em relação ao prolongamento das superfícies reais. As segundas são
denominadas imagens de primeira ordem e as demais são imagens de ordens superiores
(segunda, terceira e assim por diante).
O espelhamento de fontes virtuais é feito com o objetivo de rastrear os caminhos de
reflexão do som da fonte sonora até o receptor [GOMES, 2007]. Esse conceito pode ser
demonstrado facilmente por uma figura bidimensional de um problema que trata de uma sala
retangular. Esta contém uma fonte sonora esférica (omnidirecional) e um receptor (ouvinte),
como mostra a Figura 3.2.
Figura93.2 - Ilustração simplificada do princípio do Método de Fontes Virtuais.
Inicia-se construindo as imagens espelhadas de primeira ordem da fonte sonora em
relação a todas as paredes. Pelo cálculo dos pontos de interseção do raio emitido pela fonte
com cada parede, é possível projetar os caminhos de reflexão de primeira ordem. Da mesma
forma procede-se para encontrar os caminhos das reflexões de segunda ordem, eliminando a
20
parede em que a fonte secundária foi espelhada por último. Esse procedimento continua até
certa ordem predeterminada de fontes virtuais. O método pode ser aplicado para a avaliação
de regime permanente, quando se quer avaliar o nível de pressão sonora [BALLESTEROS,
1991], ou transitório, quando se quer avaliar a resposta impulsiva [GIBBS e JONES, 1972],
que é o caso estudado neste trabalho.
Em salas de geometria regular não há necessidade de se realizar testes de visibilidade.
O exemplo ilustrado na Figura 3.3 mostra que o receptor R1 pode ser alcançado pela reflexão
de primeira ordem sobre a parede 1, enquanto o receptor R2 não consegue. Em outras
palavras, R1 é visível por S1 enquanto R2 não é. Isso significa que para todos os pontos de
interseção calculados, deve-se checar se estão dentro dos limites físicos reais. Para o caso do
teste de visibilidade, utiliza-se o algoritmo descrito em BORISH (1984).
Figura103.3 – Teste de visibilidade para Fontes Virtuais.
Devido aos testes de visibilidade, o Método de Fontes Virtuais demanda um tempo
computacional bastante longo, especialmente quando o problema envolve uma grande
quantidade de superfícies ou quando a absorção sonora média das superfícies é baixa, pois
aumenta consideravelmente o número de fontes virtuais a serem consideradas. Há um
procedimento para acelerar o processo [VORLÄNDER, 1989], no qual consiste em pré-
determinar as fontes virtuais visíveis a partir da aplicação do Método do Traçado de Raios.
Para isso, o que se deve fazer é armazenar em uma lista os índices das superfícies refletoras
na história de um raio que atinge o receptor.
O módulo independente de Fontes Virtuais utilizado neste trabalho realiza o teste de
visibilidade tradicional.
S
1
S
R
2
R
1
t
(
s
)
21
3.1.3. Método de Traçado de Raios (TR)
No Método de Traçado de Raios assume-se que a energia emitida pela fonte sonora é
distribuída em um número discreto de raios sonoros. Cada raio tem energia inicial igual à
energia total da fonte dividida pelo número de raios. O raio se propaga pela sala à velocidade
do som e incide sobre as superfícies (paredes, piso, teto e elementos internos), refletindo-se
conforme a lei da reflexão especular, conforme ilustra a Figura 3.4. O nível de energia de cada
raio decai a cada reflexão por meio da absorção sonora das superfícies e vai perdendo
progressivamente, também, energia pela absorção no ar. Quando o nível de energia chega ao
limite definido pelo usuário, o raio é abandonado e o próximo é traçado [KULOWSKI, 1985].
Para calcular a energia sonora que chega em diferentes pontos de uma sala, são
definidas células receptoras com volumes finitos. Cada raio acústico é checado para verificar
se atingiu o receptor. O número de raios que atravessa o volume do receptor bem como a
contribuição de energia desses raios fornece uma medida do nível de pressão sonora na
região.
Figura113.4 – Ilustração em 2D do traçado de um raio.
Quando é necessário registrar ecogramas
2
, deve-se proceder como descrito a seguir. A
contribuição energética de cada um dos vários raios em certo receptor é adicionada dentro de
intervalos de tempo prescritos, resultando em um histograma. Contudo, por causa do efeito da
média temporal e do forte caráter aleatório dos tempos de chegada dos raios, o histograma
será apenas uma representação aproximada do real.
2
Um ecograma representa as amplitudes de energia sonora das sucessivas frentes de onda que partem da fonte sonora e chegam a um
determinado receptor, como uma função do tempo.
22
O algoritmo para o método de Traçado de Raios é baseado em operações com vetores.
Para a rotina principal do programa deve-se conhecer:
- os vértices das superfícies,
- os vetores normais aos planos que descrevem a geometria da sala,
- as coordenadas que indicam a posição da fonte sonora,
- as coordenadas que indicam a posição do receptor,
- o vetor que indica a direção inicial de propagação de cada raio;
- os coeficientes de absorção sonora e de espalhamento das superfícies modeladas.
3.1.4. Método Híbrido ou Método de Traçado de Pirâmides (RN)
No Método de Traçado de Pirâmides, ao invés de raios, como no Método de Traçado
de Raios, são usados feixes no formato de pirâmides para representar a onda acústica
[FUNKHOUSER et al., 1998][LEWERS, 1993], como ilustram as Figuras 3.5 e 3.6.
Figura123.5 – Fonte sonora emitindo um feixe piramidal [FARINA, 1995].
23
Figura133.6 – Traçado de Pirâmides: fonte original espelhada na superfície, resultando na imagem que representa
o ápice da pirâmide refletida.
Cada feixe, ao encontrar uma superfície interna da sala, cria uma interseção, a partir da
qual haverá uma reflexão, representada por uma pirâmide, cujo ápice é dado pelo
espelhamento do ápice do feixe original sobre a superfície. A base triangular de cada feixe,
usada para discretizar a frente de onda, ilustrada pela Figura 3.7, traz a vantagem de não
causar sobreposição nas bordas e de cobrir todo o espaço de direções a partir da fonte sonora.
Para que um feixe seja detectado pelo receptor, basta que o detector pontual esteja entre os
planos que definem a pirâmide.
Figura143.7 – Discretização da frente de onda através das bases triangulares das pirâmides.
O método possui uma vantagem sobre o Método das Fontes Virtuais, pois como cada
região do espaço coberta por um feixe representa todos os pontos para os quais uma imagem
da fonte está visível, as fontes virtuais de ordens mais elevadas só serão consideradas para os
24
polígonos que são interceptados pelo feixe. Isso reduz forma significativa o número de fontes
virtuais a serem consideradas.
O Método de Traçado de Pirâmides pode ser considerado um Método Híbrido, por
combinar alguns conceitos vantajosos dos dois métodos citados anteriormente em um só
algoritmo. O programa RAYNOISE se baseia no Método de Traçado de Pirâmides e no
Método de Traçado de Cones para simular o comportamento acústico de um ambiente
fechado. Para mais detalhes, consultar RAYNOISE User Manual. Somente foi utilizado neste
trabalho, dentro do programa RAYNOISE, o Método de Traçado de Pirâmides.
É importante diferenciar a utilização do termo “híbrido”, pois há autores que têm
utilizado esse termo para denominar uma outra forma de combinação do Método do Traçado
de Raios com o Método das Fontes Virtuais. Nesses casos, o Método do Traçado de Raios é
usado para pré-selecionar fontes virtuais “audíveis” e acelerar a simulação feita através do
Método das Fontes Virtuais; calcular o trecho final da resposta impulsiva e calcular o trecho
inicial desta, referente às reflexões que ocorrem de forma difusa. O Método das Fontes
Virtuais é então usado somente para calcular o trecho inicial da Resposta Impulsiva, por ser
mais preciso na determinação da distribuição das primeiras reflexões. Existem outras formas
de implementação de métodos geométricos [TENENBAUM et al., 2006][MEDRADO e
TENENBAUM, 2002][ALARCÃO, 2005].
3.1.5. Obtenção da resposta impulsiva biaural e apresentação do resultado
De posse da resposta impulsiva da sala, considerando as possíveis angulações de
incidência do som sobre o receptor, são escolhidas, de um banco de dados, as funções de
transferência relacionadas à cabeça (HRTFs) para determinar a resposta impulsiva biaural.
Esse resultado refere-se a somente uma determinada posição e orientação do ouvinte.
O resultado dessa modelagem é um filtro biaural que pode ser aplicado ao sinal
anecóico da fonte por meio da convolução. Esse sinal deve ser obtido previamente em uma
condição livre de reflexão, para não conter a influência do ambiente de gravação. O resultado
da convolução é um conjunto de sinais biaurais que pode ser apresentado através de fones de
ouvido ou via alto-falantes. Caso se opte por alto-falantes, é preciso cancelar a fala cruzada
(cross-talk) entre os canais, conforme ilustra a Figura 3.8, para evitar que o sinal destinado ao
ouvido esquerdo chegue ao ouvido direito e vice-versa. Os fones de ouvido oferecem diversas
vantagens tais como a separação total dos canais. É necessária a equalização referente à
cadeia de dispositivos percorrida pelo sinal de áudio, tanto para fones de ouvido como para
alto-falantes.
25
Figura153.8 – Fala cruzada (cross-talk) decorrente da reprodução via alto-falantes.
3.2. Caracterização de Fontes Sonoras
3.2.1. Geração Sonora
A geração de um sinal digital de áudio pode ser feita por gravação ou através de
síntese. No primeiro caso o sinal deve ser gravado em condições anecóicas, para que possa ser
adicionado a ele posteriormente as respectivas reflexões. O sinal gravado precisa apresentar
uma alta relação sinal-ruído (SNR – signal-to-noise ratio) a fim de evitar resultados
indesejáveis no ambiente virtual. Também deve ser gravado como um sinal mono, pois as
fontes sonoras são normalmente tratadas como fontes pontuais em relação ao modelo do
ambiente. Contudo, ao invés de gravado, o sinal da fonte pode ser sintetizado. O modelo
físico da fonte sonora é uma aproximação que permite ajustar os parâmetros de uma forma
fisicamente previsível [SMITH, 1996]. Quando comparado a um som gravado, o sintetizado
demanda menos dados a serem manipulados, mas ao custo de um aumento significativo no
processamento computacional.
3.2.2. Direcionalidade
A maioria das fontes sonoras não radia igualmente em todas as direções, nem apresenta as
características de monopolos. O seu comportamento é direcional por diversas razões: forma e
tamanho da fonte sonora; impedância de radiação; modos vibratórios da superfície do
radiador; reação do meio fluido na superfície do radiador [HENRIQUE, 2002].
A caracterização dos radiadores complexos é efetuada experimentalmente, medindo a
pressão sonora a uma distância fixa da fonte sonora. Efetuando-se as medições em várias
direções, obtém-se um traçado denominado diagrama
de direcionalidade da fonte.
26
Freqüentemente a direcionalidade das fontes sonoras varia com a freqüência, pelo que se
deverá traçar diferentes diagramas para freqüências típicas.
A direcionalidade das fontes é, também, caracterizada pelo fator de direcionalidade,
representado pela Equação (2.21), ou pelo índice de direcionalidade, representado pela
Equação (2.23). O fator de direcionalidade representa a relação entre a intensidade sonora à
distância r na direção de uma fonte e a intensidade sonora média em todas as direções. A
expressão do fator de direcionalidade, Q, é dada por:
re
I
I
Q
=
(2.21)
onde I é a intensidade medida a determinada distância da fonte, na direção em que a
direcionalidade é especificada [W.m
-2
] e I
re
é a intensidade de referência, correspondente à
emissão em campo livre, representado pela Equação 2.22.
2
4
r
P
I
re
π
=
[W/m
2
]
(2.22)
O índice de direcionalidade é dado por:
10log
i
re
I
D
I
⎛⎞
=
⎝⎠
[dB]
(2.23)
3.2.3. Modelos de direcionalidade em programas de simulação
Os modelos de direcionalidade podem ser implementados através de duas
aproximações: filtragem direcional e um conjunto de fontes elementares. Podem ser usados
modelos de direcionalidade para voz humana [HUOPANIEMI, KETTUNEN e RAHKONEN,
1999] ou para instrumentos musicais ou alto-falantes [MEYER, 1978]. Quando o padrão de
radiação de uma fonte sonora não é satisfatório para uma aproximação de fonte pontual como
é, por exemplo, o caso de um clarinete, podem ser usadas várias fontes pontuais
simultaneamente. Se os filtros para a auralização serão usados em aplicações em tempo-real,
algumas simplificações devem ser consideradas [HUOPANIEMI et al., 1994].
27
Fundamentado nas propriedades físicas do ambiente, a distribuição espacial de fontes
espelhadas é computada na etapa de modelagem do campo acústico. O próximo passo
consiste na distribuição de fontes pontuais, baseado no conceito de fontes sonoras virtuais
[KUTTRUFF, 1993]. Além do som direto, uma gama de reflexões chegará ao ouvinte devido
à presença de superfícies refletoras; estas reflexões vêm de direções diferentes, com tempos
de chegada e formas espectrais diferentes. O campo sonoro proveniente das superfícies
refletoras é considerado em termos de uma "nuvem" de fontes sonoras virtuais que cercam o
receptor na ausência de qualquer superfície. Para obter o sinal da fonte virtual, a cada fonte
pontual é associado um filtro linear - isso modela o efeito da propagação média e das
superfícies refletoras, como também a influência da direcionalidade da fonte primária
[KORTCHMAR, 2000].
3.3. Parâmetros de comparação
A qualidade dos resultados de cada um dos métodos de auralização foi medida por
meio de um procedimento de avaliação subjetiva. A técnica escolhida foi a comparação dos
resultados da auralização com a gravação biaural de referência, utilizando como instrumento
psicométrico uma escala em linha conforme proposto por LEITE e PAUL (2006).
O participante, após escutar a referência e cada som gerado por um dos três métodos,
deveria posicionar na escala os sons em relação à referência. De uma lista maior de
parâmetros foram escolhidos três, de mais fácil compreensão para sujeitos leigos, a saber:
Timbre - definido pela Associação Americana de Normas (ASA) em 1960, como “atributo
da sensação auditiva pelo qual um ouvinte pode julgar que dois sons apresentados de forma
semelhante apresentam diferenças, tendo o mesmo loudness
3
”. É a qualidade dada a um
som pelas nuances que fazem, por exemplo, uma voz distinguir-se de outra. O Timbre
descreve, entre outras coisas, o equilíbrio entre as freqüências baixas, médias e altas, mas se
apresenta bastante difícil de descrever em termos subjetivos.
Localização
– regra pela qual a posição de um evento audível é relacionada a um atributo
específico de um evento sonoro. Isso leva à pergunta: de onde exatamente um determinado
som parece vir [BLAUERT, 1997]. A habilidade de localizar subjetivamente uma fonte
3
Loudness – não é simplesmente intensidade sonora. Trata-se de um termo subjetivo que descreve a capacidade da percepção do ouvido
humano e correlaciona-se com o volume sonoro percebido [LEITE e PAUL, 2006].
28
sonora é uma tarefa complexa que pode depender da direção, largura e distância aparente da
fonte e das características de reverberação do ambiente em que o ouvinte está inserido, mas
também do tipo de som que a fonte emite.
Reverberação - O tempo de reverberação é definido como o tempo necessário para que o
nível de energia sonora decaia de 60dB (1/1000) após ter sido interrompida a fonte sonora
[ISO 3382, 1997]. Na prática, parte da sensação acústica de espaço que um ouvinte
experimenta numa sala é resultado da reverberação e é essa sensação que acaba sendo
avaliada pelo ouvinte
. Sabine
4
determinou empiricamente a relação entre o tempo de
reverberação (T
60
), volume e a área de absorção da sala.
60
0,161V
T
A
=
(2.24)
onde:
V = volume da sala (m
3
)
A = S α
S = área de superfície (m
2
)
α = coeficiente de absorção do material em uma dada freqüência
4
Há cerca de um século, a avaliação acústica de ambientes era apoiada somente em conceitos subjetivos determinados quase sempre por
músicos. Até que Wallace C. Sabine, pioneiro no estudo formal da acústica de salas, inicia suas pesquisas a partir de um ponto de vista físico
e objetivo, levantando características construtivas da própria sala relacionadas ao complexo sonoro formado nela. A partir daí iniciou-se a
busca por parâmetros objetivos efetivamente importantes para caracterizar a acústica de uma sala.
29
CAPÍTULO 4
CARACTERIZAÇÃO DE FONTES SONORAS
Neste capítulo são expostos os métodos utilizados para medir a direcionalidade de uma
fonte sonora, no caso deste trabalho, um aparelho de ar-condicionado. Também são
apresentados os diagramas de direcionalidade para dois outros tipos de fontes sonoras, voz e
violão. Finalmente, é discutido o conceito dos modelos de direcionalidade incluído nos
algoritmos de simulação.
4.1. Caracterização da fonte
A modelagem da fonte sonora e sua aplicação na auralização implicam em dois
desafios: a gravação anecóica do som e a modelagem da fonte sonora na simulação acústica
do ambiente.
Normalmente as gravações anecóicas são feitas com um único microfone,
posicionando-o à frente da fonte. O controle da distância do microfone também requer
bastante cuidado. A maioria das fontes naturais contém componentes sonoras de campo
próximo. Logo uma gravação com um microfone muito próximo soará antinatural quando
usado para auralização de uma distância um pouco maior da fonte.
Para a determinação da direcionalidade, uma maneira de se captar o som radiado pela
fonte em direções diferentes é realizar medições ao redor e sobre a fonte com microfones em
posições diferentes, registrando a informação espacial da radiação da fonte para diferentes
bandas. Assim, ficarão determinadas assimetrias e mudanças na radiação para diferentes
bandas de freqüência. Nesse trabalho, foi utilizada a resolução em bandas de oitava, porque
um dos programas utilizados para os casos de simulação, referentes ao Método de Traçado de
Pirâmides (RAYNOISE), somente permitem a entrada de dados com esta resolução,
considerando as bandas de 125 a 8000 Hz.
Já se encontravam disponíveis dados sobre a direcionalidade de duas das três fontes
sonoras estudadas: violão e a voz humana [PTB]. No entanto, era necessário caracterizar a
direcionalidade do aparelho condicionador de ar.
Foi preparado então um esquema para a medição das características direcionais da
radiação sonora do aparelho condicionador de ar, utilizando 145 posições de microfone,
distribuídas em uma semi-esfera formada pela revolução de um arco. Os sinais gravados
30
foram filtrados em bandas de oitava de 125 a 8000 Hz. Finalmente, foi calculada a
direcionalidade média para cada banda de oitava.
As medições de direcionalidade e gravações anecóicas foram realizadas na câmara
semi-anecóica do Laboratório de Vibrações e Acústica, LVA, da UFSC, utilizando um
microfone de equalização de campo livre (microfone capacitivo de ½ polegada). O
procedimento da construção do aparato (parede refletora e suporte para microfone) e da
medição da pressão sonora nos 145 pontos determinados é descrito a seguir.
4.2. Construção da parede refletora (baffle)
As medições dos pontos em torno do condicionador de ar precisavam ser realizadas
em condições próximas das quais esse tipo de aparelho funciona normalmente. Sendo assim, é
necessário que o aparelho seja instalado em uma superfície refletora (similar a uma parede),
que isole o ruído da parte traseira do aparelho, como uma espécie de barreira (baffle) infinita.
A estrutura foi montada em um dos cantos da câmara semi-anecóica, a fim de
proporcionar a absorção do ruído da parte traseira do aparelho condicionador de ar, que ficaria
confinado no espaço formado entre a estrutura montada e as duas paredes, o teto e o chão. A
Figura 4.1 ilustra o posicionamento do aparato dentro da câmara.
Figura164.1 – Modelo simplificado das placas da parede refletora montadas dentro da câmara semi-anecóica. À
esquerda, a vista isométrica e, na direita a vista superior.
No entanto, o objetivo dessa fase do estudo era avaliar a direcionalidade do ruído
proveniente do aparelho, desconsiderando o ruído proveniente da vibração da parede em
virtude do contato mecânico com a fonte. Logo, a estrutura que suporta o ar-condicionado,
posicionada na parte traseira da parede, não deve apresentar pontos de contato mecânico com
nenhuma parte da parede refletora. Foi utilizada, então, uma camada de espuma de
poliuretano para fazer a vedação do espaço de folga entre as duas estruturas. O resultado
31
esperado dessa solução é isolar boa parte do ruído proveniente da parte traseira do aparelho
condicionador de ar, conferindo maior confiabilidade às medições.
Para a construção da estrutura que suporta a parede refletora, levou-se em
consideração que a mesma deveria ter boa resistência mecânica devido à elevada massa que
suporta. A estrutura de suporte do condicionador de ar, em forma de mesa, seguiu o mesmo
procedimento. Optou-se por barras de aço de perfil retangular, tubular, popularmente
conhecidas por metalon. A Figura 4.2 ilustra o projeto da montagem, em duas vistas distintas.
A Figura 4.3 mostra uma foto do aparato já construído. Detalhes do material utilizado na
construção da parede refletora e da instalação do aparelho de ar-condicionado na estrutura são
apresentados no Apêndice A.
Figura174.2 – Ilustração do projeto da estrutura do baffle.
32
Figura184.3 – Estrutura da parede refletora (baffle), com o aparelho condicionador de ar instalado, a referência de
ângulo horizontal no chão e o sistema arco-haste-microfone montado.
4.3. Medição da pressão sonora
A tarefa de extrair dados complexos de fontes sonoras para uso em auralizações não é
trivial. Vários itens devem ser levados em consideração, como:
As bandas de freqüência de interesse;
A distância entre a fonte sonora e o microfone;
A precisão necessária para o posicionamento do microfone;
A estabilidade do ambiente e da cadeia de medição.
Por mais que seja desejável uma análise em freqüência em banda estreita, foram feitas
medições considerando bandas de oitava por duas razões principais: o programa de simulação
comercial disponível, RAYNOISE, trabalha com tabelas que relacionam características com
bandas de oitava somente e a quantidade de dados a serem analisados seria
superdimensionada, visto que o objetivo do trabalho não se encerra somente em
caracterização de fontes sonoras.
Os formatos de dados mais usados hoje em dia para caracterização de fontes sonoras
trabalham com resolução de 10 graus, tanto para o plano horizontal como para o vertical. No
entanto, uma resolução de 15 graus é perfeitamente aceitável para fontes simples com simetria
axial. O algoritmo utilizado pelos programas de simulação em geral se baseia no método de
33
fontes equivalentes, onde o somatório das fontes virtuais fornece então uma estimativa da
pressão resultante para cada direção. Uma resolução baixa só funcionaria para baixas
freqüências, onde a direcionalidade varia lentamente.
O método de harmônicos esféricos é outra maneira de caracterizar a direcionalidade e
já motivou várias pesquisas, como por exemplo, a de James Angus [AES]. Também há
referências sobre harmônicos esféricos relacionados a Ambisonics [SHARMONIC]
[AMBISONICS][MATHWORLD]. No Brasil, outras instituições também estão conduzindo
pesquisas nessa área [AUDIENCE].
As medições do campo sonoro ao redor do aparelho condicionador de ar foram feitas
câmara semi-anecóica, com um único microfone, posicionado na extremidade de uma haste
que se desloca ao longo de um arco móvel operado manualmente, que combina rotações
horizontais e verticais para cobrir uma área hemisférica.
O aparelho condicionador de ar foi posicionado no centro do arco. Para cobrir todo o
campo sonoro de interesse, o microfone foi passado a cada medição por posições com
incrementos de 15 graus (horizontal e vertical). As 13 posições horizontais foram
representadas por letras de A a M e as 13 posições verticais numeradas de 1 a 13. Essa
denominação foi necessária para organizar melhor os dados na plataforma de aquisição Pulse
Labshop
©
.
Considerando que as posições 1 e 13 são centrais e não sofrem rotação horizontal,
foram medidas no total 145 posições de microfone. A Figura 4.4 ilustra a posição 13.
Figura194.4 - Representação da posição 13 de microfone.
34
Para o controle da posição no plano vertical foram feitas marcações na própria
estrutura do arco. Já a posição no plano horizontal foi controlada por um prumo (peso
pendurado por uma corda) tendo como referência um diagrama de angulação posicionado na
base do aparato, que se encontrava forrada por espuma de poliuretano. O diagrama é
demonstrado na Figura 4.5. A precisão desse procedimento para o posicionamento do
microfone no plano horizontal depende do alinhamento do ponto que sustenta o prumo com o
ponto em que se encontra a cápsula do microfone. O ajuste é feito manualmente e está sujeito
a erros de paralaxe.
Figura204.5 – Diagrama angular horizontal de referência com prumo.
Existem diferentes campos acústicos relacionados à distância da fonte sonora, sendo
que se as medições forem realizadas muito próximas da fonte, o nível de pressão sonora pode
variar significativamente com uma pequena mudança de posição. A região onde isto ocorre é
chamada campo próximo, definido como o campo que compreende as regiões situadas a
menos do comprimento de onda da freqüência mais baixa considerada ou, alternativamente, a
menos do dobro da maior dimensão da fonte sonora. Na prática, o campo seguro para se fazer
medições situa-se entre o campo próximo e o reverberante (se houver), e é conhecido como
campo afastado (far-field). Em câmara semi-anecóica, não havendo campo reverberante,
considera-se todo o campo entre o campo próximo e as proximidades das cunhas
absorvedoras como far-field. Esse campo tem propriedades próximas ao do campo livre e é
caracterizado pelo fato do nível de pressão sonora decair 6 dB para cada duplicação de
distância a partir da fonte, considerando uma fonte pontual. Tal teste foi realizado e verificou-
se que o posicionamento do microfone na haste do aparato satisfazia aos requisitos. O campo
afastado também pode ser calculado através da Equação 4.1 [GERGES, 2000], como segue:
35
l > [maior comprimento de onda] ou [2
X (maior dimensão da fonte)] (4.1)
sendo l a distância entre a fonte sonora e o ponto de medição.
O teste de repetibilidade para o procedimento de medição foi realizado pela
comparação de dados de pressão sonora do ruído feitas ao longo do tempo. As diferenças
encontradas por banda de freqüência foram menores que 1 dB exceto nas posições
correspondentes a 0° vertical - 90° horizontal, 15° vertical - 90° horizontal (Figura 4.6), 245°
vertical - 90° horizontal, 0° vertical - 270° horizontal, 15° vertical - 270° horizontal e 245°
vertical - 270° horizontal que são posições muito próximas dos limites laterais do baffle e sem
muita importância na prática, visto que na simulação representarão pontos quase tangentes à
parede da sala.
Figura214.6 - Representação do ponto 15° vertical - 90° horizontal.
As medições foram realizadas durante os períodos em que o compressor do aparelho
condicionador de ar estava acionado, pois esta é uma contribuição importante para o nível
global. O aparelho foi posicionado na estrutura de forma similar à fixação de um aparelho
comum na parede, com um avanço de 10 cm a partir da superfície, como mostra a Figura 4.7.
Figura224.7 - Vista lateral do aparato.
36
O ponto central do painel do aparelho foi considerado o ponto central da esfera
resultante da revolução completa do arco que suporta o microfone em relação ao eixo z
(vertical).
A velocidade do fluxo de saída de ar foi mantida no máximo (posição II), pois o ruído
de escoamento de ar contribui bastante para o nível global de ruído do aparelho. O
condicionador de ar possui dois controles de direção de vento, que foram mantidos a 45 graus
durante todas as medições. A influência do vento no nível de pressão sonora captado pelos
microfones em algumas posições, principalmente as situadas à frente da saída de ar, foi
reduzida através da utilização de um protetor de vento acoplado ao equipamento de medição,
que não interfere de forma significativa no nível de pressão sonora medido. Foram gravadas
amostras para comparação e os resultados comprovaram a eficiência da proteção de espuma.
Os equipamentos usados para as medições foram um microfone de equalização de
campo livre da Brüel & Kjaer (microfone capacitivo de ½ polegada), uma plataforma de
aquisição de dados Brüel & Kjaer PULSE associada a um microcomputador. Este aparato é
apresentado na Figura 4.8 (equipamento) e Figura 4.9 (montagem no interior da câmara).
Figura234.8 – Ilustração do equipamento utilizado.
Figura244.9 – Equipamento de medição no interior da câmara.
37
Os arquivos de saída, com os pontos de medição analisados, possuem o formato de
texto. Uma rotina foi gerada para calcular o nível de pressão sonora e expressar os dados em
decibéis, por ser o formato de leitura do programa de simulação RAYNOISE, único dos
programas estudados neste trabalho que permite a entrada dos dados da direcionalidade da
fonte sonora. O programa de simulação considera, tanto para o eixo vertical como para o
horizontal, ponto a ponto do diagrama, uma atenuação relativa ao valor de referência de 0 dB.
Esse valor de referência é atribuído ao valor do ponto central do diagrama.
4.4. Diagramas de direcionalidade
Neste item serão apresentados os diagramas de direcionalidade das fontes sonoras
estudadas. Uma versão demo do programa CATT [CATT-ACOUSTIC] permite criar
diagramas de direcionalidade no formato texto SD0 (resolução de 15 graus) e SD1 (resolução
de 10 graus). Esse programa foi utilizado somente para a visualização gráfica dos diagramas.
Para a simulação feita no programa RAYNOISE, a direcionalidade medida do ar-
condicionado e a direcionalidade do violão e da voz, disponibilizadas na página eletrônica do
Physikalisch-Technische Bundesanstalt [PTB], foram inseridas através da interface do próprio
programa.
4.4.1. Direcionalidade do aparelho de ar-condicionado
Os dados de pressão sonora do aparelho de ar-condicionado foram processados de
forma que seus valores puderam ser usados para criar um arquivo no formato SD0-TXT. A
parte do diagrama relativa à traseira do aparelho de ar condicionado (parte de trás do baffle)
foi fixado em -50 dB, para representar o funcionamento do aparelho fixado em uma parede,
onde a parte traseira não contribui para o nível global de emissão sonora.
O método usado para medir os pontos com 15 graus de resolução, para caracterizar a
direcionalidade do condicionador de ar, extrapola a quantidade de pontos necessários para o
formato SD0, já que este não permite a entrada de dados para uma base completa, mas na
verdade realiza uma interpolação polar entre os eixos principais (horizontal e vertical). Para
usar o formato SD1 (maior resolução), é necessária a medição dos pontos em resolução de 10
graus.
A Figura 4.10 ilustra as direções adotadas nos diagramas e, nas Figuras 4.11 a 4.14,
são apresentados diagramas de direcionalidade para o aparelho de ar-condicionado medido.
38
Figura254.10 - Direções convencionadas no diagramas do ar-condicionado.
Figura264.11 – Diagramas polares de direcionalidade do aparelho de ar-condicionado, para as bandas de
freqüência de 125Hz e 250Hz. Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
39
Figura274.12 – Diagramas polares de direcionalidade do aparelho de ar-condicionado, para as bandas de
freqüência de 500Hz e 1kHz. Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
Figura284.13 – Diagramas polares de direcionalidade do aparelho de ar-condicionado, para as bandas de
freqüência de 2kHz e 4kHz. Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
40
Figura294.14 – Balão de direcionalidade (por interpolação) do aparelho de ar-condicionado, para a freqüência de
1kHz.
Como pode ser visto através das figuras, a fonte sonora estudada (condicionador de ar)
não apresentou variações significativas na direcionalidade, mesmo para freqüências mais
altas. Para estudar um pouco mais o efeito da direcionalidade, foram escolhidas duas outras
fontes: a voz humana e o violão. Sendo assim, foram feitas gravações em câmara semi-
anecóica e utilizadas informações de direcionalidade de violão e de voz já disponíveis [PTB].
Depois, foi feita a conversão para o formato padrão de direcionalidade do RAYNOISE. Cabe
lembrar que o outro programa estudado (MÓDULOS) não possui entrada de dados de
direcionalidade da fonte sonora.
4.4.2. Direcionalidade da voz
É necessário questionar se há diferenças nos padrões de direcionalidade de diferentes
níveis de conversação. Segundo a pesquisa realizada por CHU e WARNOCK (2001),
nenhuma diferença significativa foi observada entre níveis normais e níveis altos. Em relação
a idiomas diferentes, a média resultante para a língua francesa é comparável à da língua
inglesa. Finalmente em relação às diferenças entre a voz masculina e feminina, não há
diferença significativa entre os padrões de direcionalidade, embora os conteúdos espectrais
sejam diferentes. A Figura 4.15 ilustra as convenções utilizadas para a voz. Nas Figuras 4.16 a
4.19, são apresentados diagramas de direcionalidade para a voz humana.
41
Figura304.15 – Convenções de direção para a voz humana.
Figura314.16 – Diagramas polares de direcionalidade da voz humana, para as bandas de freqüência de 125Hz e
250Hz. Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
42
Figura324.17 – Diagramas polares de direcionalidade da voz humana, para as bandas de freqüência de 500Hz e
1kHz. Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
Figura334.18 – Diagramas polares de direcionalidade da voz humana, para as bandas de freqüência de 2kHz e
4kHz. Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
43
Figura344.19 – Balão de direcionalidade (por interpolação) da voz humana, para a freqüência de 4kHz.
4.4.3. Direcionalidade do violão
A seguir, são apresentados diagramas de direcionalidade, em bandas de oitava, para o
violão. Estes dados foram obtidos em um banco de dados publicado [PTB] e visualizados a
partir da versão demo do CATT. A Figura 4.20 ilustra as convenções utilizadas para a voz.
Nas figuras 4.21 a 4.23, são apresentados diagramas de direcionalidade para o violão.
Figura354.20 – Representação das direções convencionadas para os diagramas do violão.
44
Figura364.21 – Diagramas polares de direcionalidade do violão, para as bandas de freqüência de 125Hz e 250Hz.
Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
Figura
374.22 – Diagramas polares de direcionalidade do violão, para as bandas de freqüência de 2kHz e 4kHz.
Cor vermelha – Plano horizontal; Cor azul – Plano vertical.
45
Figura384.23 - Balão de direcionalidade (por interpolação) do violão para a freqüência de 4kHz.
46
CAPÍTULO 5
CADEIA DE GRAVAÇÃO E REPRODUÇÃO
As gravações anecóicas são fundamentais para o processo de auralização, em sua etapa
final. As gravações biaurais foram utilizadas como referência na validação dos resultados das
simulações, através da reprodução via fones de ouvido. Neste capítulo são discutidos os
métodos utilizados para todas as gravações e reproduções realizadas ao longo do trabalho.
5.1. Gravações de canal único
Quando ouvimos um som na vida real, trata-se de uma combinação inseparável do
som produzido pela fonte sonora e as influências do ambiente em que fonte e ouvinte se
encontram. O que se obtém ao se cancelarem as influências referentes às reflexões que
ocorrem dentro de um ambiente é um som “seco”. É possível fazer gravações dessa forma e
um arquivo de áudio sem reverberação é bastante útil para avaliarem-se precisamente as
características acústicas de uma sala através de simulação.
Gravações deste tipo são realizadas em câmara anecóica e são denominadas gravações
anecóicas ou gravações secas. As câmaras anecóicas são salas isentas de reverberação, pelo
menos teoricamente. Essa característica é obtida pelo uso de material de absorção sonora nas
superfícies para a absorção das reflexões, só permitindo o som direto entre a fonte sonora e o
receptor (por exemplo, um microfone). A Figura 5.1 mostra um exemplo de um microfone
montado em um tripé, ao lado das cunhas de material absorvedor que revestem a parede da
câmara.
Figura395.1 – Microfone de campo livre montado no interior da câmara.
47
No entanto, pela necessidade de um solo suficientemente rígido para a locomoção das
pessoas e fixação dos equipamentos, algumas câmaras possuem o piso de concreto. A esse
tipo de câmara se dá o nome de semi-anecóica.
Apesar de não serem efetivamente “anecóicas”, por terem sido feitas na câmara semi-
anecóica disponível, serão denominadas dessa forma para facilitar a nomenclatura,
esclarecendo que tratam-se de sons sem reverberação. Estes sons de canal único serviram de
“matéria-prima” para as auralizações realizadas. As gravações anecóicas deste trabalho foram
realizadas na câmara semi-anecóica do Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC.
Os equipamentos usados para as gravações anecóicas foram um microfone com
equalização de campo livre da Brüel & Kjaer (microfone capacitivo de ½ polegada),
conectado a uma plataforma de aquisição de dados Brüel & Kjaer PULSE associada a um
microcomputador.
As fontes sonoras gravadas
5
foram: um violão, a voz humana e um aparelho de ar-
condicionado. Foram gravadas amostras dos sons de cada fonte sonora separadamente,
utilizando um microfone localizado a 1 metro à frente da fonte sonora. Cada amostra gravada
possui entre 10 e 20 segundos. Utilizou-se uma taxa de amostragem de 44100 amostras por
segundo. Como o microfone foi calibrado antes de todas as gravações, os níveis de pressão
sonora obtidos nessas gravações podem ser posteriormente reproduzidos.
O ruído de fundo medido na câmara, no mesmo ponto onde foi feita a gravação da voz
e do violão, é apresentado em bandas de oitava na Tabela 5.1.
Tabela15.1 – Nível de pressão sonora do ruído de fundo medido no interior da câmara semi-anecóica.
Banda (Hz) NPS [dB]
63 31,7
125 27,8
250 23,8
500 31,2
1000 28,1
2000 27,9
4000 29,5
8000 29,3
5
O violão de sete cordas foi fabricado pelo Luthier Rogério dos Santos (RJ), a voz utilizada foi a do aluno de pós-graduação Marcelo Portela
e o aparelho de ar-condicionado foi gentilmente cedido pela empresa ELECTROLUX para esta pesquisa.
48
Primeiramente, aproveitou-se a montagem da estrutura do ar-condicionado (ver
Capítulo 4, Seção 4.2) para realizar as gravações em condições próximas de seu
funcionamento usual. Como o ruído da fonte é de característica estacionária, a fonte foi
mantida em operação e foram registradas amostras de seu ruído somente dentro dos períodos
em que o compressor se encontrava em operação. Esta etapa é ilustrada pela Figura 5.4.
Figura405.4 – Microfone posicionado a 1 m da fonte sonora para as gravações anecóicas do ar-condicionado.
As gravações anecóicas e os níveis medidos relativos ao aparelho de ar condicionado
foram utilizados também por outros pesquisadores no estudo das diferenças entre as funções
de transferência relacionadas à cabeça entre crianças e adultos, no Instituto de Acústica
Técnica, na Universidade de Aachen, que resultou em um artigo, apresentado no International
Symposium on Room Acoustics [FELS, SCHRÖDER e VORLÄNDER, 2007].
Para as gravações das fontes não-estacionárias, que dependiam de uma sincronização
entre a execução do som e o acionamento do equipamento para a gravação, foi necessária a
ajuda de uma pessoa para operar o computador enquanto outra executava o instrumento
musical ou lia o texto proposto, como ilustram as Figuras 5.5 e 5.6.
49
Figura415.5 – Gravação do violão em câmara semi-anecóica, com microfone a 1m de distância.
Figura425.6 – Gravação da voz em câmara semi-anecóica, com microfone a 3m de distância.
5.2. Gravações biaurais
Existem dois métodos principais de gravação biaural, o sistema de gravação com
pessoas e o que utiliza modelos parciais de pessoas, os manequins. O método utilizado nessa
etapa do estudo foi o manequim, apresentado na Figura 5.7. Os manequins são imitações
parciais do homem, sobretudo do sistema auditivo e de algumas outras partes importantes que
têm influência no som. No lugar dos ouvidos há simulações dos pavilhões auditivos e aí se
encontram microfones de campo de pressão, geralmente capacitivos.
Usualmente os manequins também são chamados de cabeça artificial (artificial head
ou dummy head), o que na verdade não é a denominação correta, já que os manequins
possuem também outros elementos que têm influência no campo sonoro, como os ombros e o
50
tronco. Portanto, uma denominação mais adequada seria simplesmente a de manequim ou
simulador de cabeça e tronco (HATS – head and torso simulator).
Figura435.7 – Manequim (dummy head) para gravação biaural.
O manequim foi posicionado em duas configurações distintas dentro de uma sala de
reuniões (detalhados no Capítulo 6, na seção 6.6), sendo que para cada uma delas foi gravado
o som do violão e da voz, totalizando quatro gravações. O som do violão consistiu em uma
seqüência simples de acordes e a voz realizou a leitura de um pequeno trecho do livro
Budapeste, de Chico Buarque. As Figuras 5.8 e 5.9 ilustram o processo.
Figura445.8 – Aparato de gravação biaural do violão na sala de reuniões.
51
Figura455.9 – Aparato de gravação biaural da voz na sala de reuniões.
O produto final de cada gravação é um arquivo de áudio biaural em formato .wav,
contendo todas as características proporcionadas pela influência do manequim sobre o som.
5.3. Reprodução via fones de ouvido
O objetivo final da auralização é a reprodução, principalmente via fones de ouvido,
devido à sua flexibilidade de uso em relação aos ambientes e à destinação dos sinais
pertinentes a cada orelha. Para uma reprodução mais exata, seria necessária uma equalização
referente à cadeia de dispositivos percorrida pelo áudio biaural. Como os resultados seriam
comparados de forma relativa a uma referência, sendo todos os sinais reproduzidos através do
mesmo equipamento, esta etapa não foi realizada.
Foram utilizados nas comparações biaurais fones de ouvido do modelo Sennheiser HD
580 conectados a um PC. Devem-se observar as diferenças entre os canais direito e esquerdo,
pois a colocação imprópria dos fones pode alterar significativamente a cena auditiva biaural
apresentada aos participantes da avaliação subjetiva (Capítulo 7). A Figura 5.10 demonstra o
questionário sendo aplicado a uma ouvinte através de fones de ouvido.
52
Figura465.10 – Ouvinte com fones de ouvido, respondendo ao questionário subjetivo interativo.
5.4. O aparelho de ar-condicionado
Não houve a oportunidade de instalação física do aparelho de ar-condicionado em
estudo na sala de reuniões. A sala já possuía outro sistema de ar-condicionado (split) e não
poderia ser alterada fisicamente. Desta forma, não foi gravado o som de referência com a
fonte instalada em situação real, conforme foi realizado com a voz e o violão. No entanto, sem
tal referência, não seria possível avaliar os métodos utilizados na auralização dessa fonte no
ambiente simulado. Para contornar o problema, decidiu-se aproveitar uma característica muito
importante da própria fonte, descoberta na etapa de caracterização de fontes sonoras (Capítulo
4, item 4.4.1): sua isotropia no hemisfério radiado. O som do ar-condicionado gravado em
câmara anecóica foi então reproduzido através de uma fonte eletroacústica omnidirecional,
dentro da sala real, na exata posição onde seria instalado em uma situação normal. Nessas
circunstâncias, a proximidade da parede obstrui a radiação em um dos hemisférios. Essa
posição de fonte também foi utilizada dentro do modelo geométrico da sala para a simulação
da mesma. A proposta desta etapa foi simular a presença do condicionador de ar dentro da
sala real para a gravação do som de referência por meio de fonte eletroacústica.
5.4.1. A gravação da referência
A gravação foi realizada através de tecnologia biaural, dessa vez, usando um sistema
de gravação intra-auricular, na própria pessoa. Foram utilizados mini-microfones de eletreto
posicionados dentro dos canais auditivos, fixados com silicone, como mostra a Figura 5.11.
Este sistema foi escolhido para se avaliar a possibilidade da utilização desse tipo de
equipamento para as gravações biaurais de referência. Os mini-microfones representam uma
solução mais flexível e de custo inferior ao manequim.
53
Figura475.11 – Mini-microfones inseridos no canal auditivo de uma pessoa para uma gravação intra-auricular.
A fonte eletroacústica, representada na Figura 5.12, é composta por 12 alto-falantes de
4 polegadas, que garantem uma resposta em freqüência aproximadamente plana na faixa de
100 Hz a 15 kHz. Ela possui impedância nominal de 5,3 Ohms, potência RMS de 300 W e
conector do tipo Mono Phone Plug (P10). A característica mais importante desse tipo de fonte
dodecaédrica é irradiar um campo sonoro praticamente uniforme em todas as direções. Mais
detalhes sobre a fonte eletroacústica podem ser encontrados no trabalho realizado por Portela
[PORTELA, 2006].
Figura485.12 - Dodecaedro Omnidirecional [PORTELA, 2006]
Os equipamentos usados para as gravações foram: um par de mini-microfones de
eletreto, pré-amplificados por um sistema projetado para este trabalho, conectado a uma
plataforma de aquisição de dados Brüel & Kjaer PULSE associada a um microcomputador e a
fonte sonora. Para a reprodução do sinal, foi utilizado um amplificador de potência do modelo
2706, da Brüel & Kjaer. Este aparato é ilustrado na Figura 5.13 e demonstrado na Figura 5.14
(interior da sala).
54
Figura495.13 - Ilustração do equipamento utilizado nas gravações biaurais de referência do ar-condicionado.
Figura505.14 - Equipamento montado na sala de reuniões para as gravações biaurais.
Os dados obtidos foram sinais de áudio estéreo, em formato .wav. Esses sinais foram
usados para a avaliação dos métodos aplicados na auralização do aparelho condicionador de
ar na sala de reuniões como sinais de referência. Os resultados das comparações são
apresentados no Capítulo 7, item 7.2.
55
CAPÍTULO 6
TÉCNICAS DE MODELAGEM E SIMULAÇÃO
Neste capítulo são discutidos os métodos e programas utilizados na simulação dos
elementos que compõem o sistema em estudo: fonte, meio, receptor. Também é apresentada a
sala considerada em todas as simulações e as configurações fonte-receptor adotadas para as
três distintas fontes sonoras consideradas.
6.1. Simulação do ambiente
O ambiente foi simulado através do programa RAYNOISE e os resultados foram
comparados com os de um programa de simulação de salas que está em desenvolvimento.
Detalhes de seu algoritmo podem ser encontrados em GOMES (2007). O programa é
composto de três módulos: Simulação por Fontes Virtuais, Simulação por Traçado de Raios e
Módulo de Convolução. O resultado de cada um dos dois primeiros módulos (de simulação)
pôde ser convoluído com um som anecóico através do terceiro módulo. Este último realiza um
algoritmo de convolução específico para a auralização das salas simuladas. Apesar de ainda
não ter sido registrado comercialmente, ao longo dessa dissertação o programa será chamado
de “MÓDULOS”.
Este capítulo discute os métodos usados para realizar a simulação acústica das fontes
sonoras propostas. A aplicação desses métodos requer uma modelagem geométrica da sala,
tanto para o método de traçado de raios quanto para as fontes virtuais ou o método híbrido. Os
resultados são reportados no Capítulo 6.
6.2. Acústica geométrica
A simulação do ambiente é feita através de métodos geométricos, que são baseados na
acústica geométrica, como visto no Capítulo 3, Item 3.1.
Em todos os programas usados a geometria é inserida através da determinação de
superfícies geradas por coordenadas cartesianas. Logo após são inseridas as descrições dos
coeficientes de absorção sonora para cada superfície gerada pela inserção das coordenadas. É
importante que os vetores normais às superfícies estejam apontando para dentro da sala para
que a simulação tenha êxito. Para isso, é preciso inserir os vértices de cada superfície no
sentido anti-horário (usando a “regra da mão direita”).
56
Há outras restrições para a definição de superfícies, a saber:
A superfície deve ser plana;
Uma superfície curva precisa ser segmentada em várias superfícies planas;
Uma superfície deve possuir três ou mais vértices;
As coordenadas dos vértices são inseridas utilizando a unidade em metros;
6.3. O programa RAYNOISE
RAYNOISE é um programa de simulação do comportamento acústico no interior de
um volume fechado. No que diz respeito à acústica de salas, as aplicações do RAYNOISE
são:
Cálculo da resposta impulsiva biaural através da convolução da resposta impulsiva
acústica da sala com um banco de dados de HRTFs,
Convolução com sinais anecóicos nos formatos .wav, .au, .aiff para a reprodução final
dos resultados.
O RAYNOISE é baseado nos princípios da acústica geométrica e, portanto, sujeito às
suas restrições. A modelagem assume que as ondas sonoras se comportam como raios, assim
como na óptica geométrica as ondas luminosas se comportam como raios luminosos. Raios
acústicos são refletidos pelas superfícies internas e perdem parte de sua energia a cada
reflexão.
A modelagem utilizada é baseada em um algoritmo híbrido que combina o método das
fontes virtuais e o método do traçado de raios, como já mencionado. O programa parte de um
modelo geométrico, que pode ser importado de qualquer programa gerador de geometrias
CAD (como o AutoCAD
©
) ou CAE (como o MSC/Patran
©
) ou pode ser gerado diretamente
na interface do programa através da inserção de coordenadas cartesianas. A geometria pode
ser alterada em qualquer momento, através de ferramentas e de uma interface gráfica que
apresenta o modelo em diversas perspectivas. As propriedades dos materiais de revestimento
podem ser atribuídas a elementos poligonais. As fontes e receptores desejados pelo usuário
também são inseridas através dessa interface.
As funcionalidades utilizadas no programa RAYNOISE neste trabalho são descritas
nos itens a seguir.
57
6.3.1. Caracterização de fontes sonoras
As características relativas à fonte sonora considerada em cada simulação são inseridas
através de uma caixa de diálogo na própria interface do programa. O programa permite
caracterizar uma fonte sonora quanto ao nível de potência sonora, por banda de freqüência;
posição dentro da sala, em coordenadas cartesianas; orientação, em relação ao eixo de
coordenadas adotado; atraso em relação a uma referência; direcionalidade.
Na determinação da direcionalidade, é importante ressaltar o formato dos arquivos que
o programa importa. É necessária a importação de dois arquivos, um para a direcionalidade
em respeito ao eixo vertical e outro para o horizontal. Os pontos nos demais planos são
calculados por interpolação dos planos principais. Cada arquivo texto com os dados da
direcionalidade possui a extensão ‘.fre’ e contém quatro colunas, onde devem constar as
informações sobre a freqüência central (em Hertz) da banda de freqüência considerada;
ângulo (em graus) em relação a um eixo principal; atenuação (em decibéis) em relação a um
valor de referência (valor a zero grau); fase (em graus) em relação a um valor de referência.
Em relação à fase mencionada, cabem alguns esclarecimentos. Uma fonte sonora pode
ser considerada coerente ou incoerente. Isto influencia as distribuições de pressão sonora
calculadas. As fontes coerentes incluem informação de fase, as fontes incoerentes não. Sinais
que contêm muitas freqüências (por exemplo, o ruído) são incoerentes. Assim, não é
necessário inserir informação sobre fase na tabela de direcionalidade, caso essa fonte não seja
considerada coerente.
Só é possível obter ângulos de fase ao comparar o sinal medido com um sinal de
referência. Segundo o atendimento ao consumidor da LMS, empresa fabricante do programa
RAYNOISE, “a referência para fase relativa é o sinal medido na direção do eixo principal. No
caso de fontes de ruído, os valores da coluna relativa à fase (no arquivo texto de
direcionalidade) devem ser considerados zero. Caso contrário, o programa pode interpretar de
forma errônea os dados”.
6.3.2. Resposta impulsiva biaural
O cálculo da resposta impulsiva biaural consiste na transformação dos dados
provenientes do ecograma/histograma em uma resposta impulsiva biaural finita (BFIR). O
resultado é amostrado em uma freqüência de amostragem definida pelo usuário e registrado
em um arquivo de som. A resposta impulsiva biaural é o âmago do processo de auralização,
58
que pode depois tornar os dados da fonte sonora audíveis dentro do contexto físico-acústico
analisado.
O cálculo biaural é feito com base na informação de chegada de todos os raios
armazenados, combinados com as Funções de Transferência Relacionados à Cabeça (HRTFs)
utilizadas pelo RAYNOISE, que provêem de um banco público de dados. A cabeça
representada por essas funções possui orientação horizontal (um eixo entre as orelhas,
paralelo ao plano XY do modelo da sala) e está sempre “olhando” para a primeira fonte sonora
definida pelo usuário. Também assume-se que o eixo Z é vertical para cima, para estabelecer a
relação esquerda-direita. Dessa forma, para fazer a rotação da cabeça do ouvinte para
diferentes direções, recomenda-se definir a primeira fonte sonora somente como uma
referência de posição, ou seja, sem potência considerável, e utilizá-la exclusivamente para
alterar as posições entre um caso e outro.
6.3.3. Auralização
Trata-se do pós-processamento biaural através da operação de convolução, que
permite a geração de dados audíveis de fontes sonoras no contexto da situação acústica que
foi simulada. Os resultados dos cálculos incluem também os ecogramas/histogramas
registrados no receptor, permitindo a análise mais detalhada da propagação do som, no
domínio do tempo e da freqüência.
Finalmente, através da escuta dos resultados audíveis da convolução da fonte sonora
com a resposta impulsiva biaural calculada, é possível a avaliação subjetiva para uma análise
acústica mais completa.
6.3.4. Interface gráfica
Para a visualização do modelo geométrico, a interface gráfica do programa permite a
rotação e aproximação das vistas. Também é possível evidenciar partes do modelo, ou agrupar
elementos em camadas, para facilitar o trabalho com materiais de revestimento. A seguir é
apresentada na Figura 6.1 uma vista da sala simulada, através do programa RAYNOISE.
59
Figura516.1 – Vista do modelo geométrico da sala no programa RAYNOISE.
6.4. O programa MÓDULOS
O programa tem como plataforma o MS-DOS e foi desenvolvido em linguagem C
[GOMES, 2007]. A estrutura do programa não apresenta restrições quanto ao número de
superfícies usadas para descrever o espaço, mas a complexidade da sala é sempre limitada
pela memória e configuração de hardware disponível, sem mencionar o tempo gasto na
simulação. O nível de detalhe dado ao modelo deve sempre estar relacionado à faixa de
freqüência considerada e à percepção das diferenças no resultado, por isso a importância de
ouvir o resultado final e comparar com uma referência.
Três módulos independentes compõem o programa, sendo dois para gerar a resposta
impulsiva biaural por métodos diferentes e o último para fazer a convolução de um som
anecóico com o resultado de cada um dos módulos anteriores.
O Módulo de Fontes Virtuais utiliza o método (FV), já exposto no Capítulo 3, para
gerar a resposta impulsiva biaural entre a fonte sonora e o ouvinte em um ambiente. Os dados
de entrada são organizados em um arquivo de texto, contendo a geometria da sala,
coeficientes de absorção sonora de cada superfície, posição e energia da fonte sonora, posição
do ouvinte, ordem das reflexões, distância máxima de uma fonte virtual, velocidade do som,
constante de atenuação no ar e freqüência de amostragem. Para mais detalhes sobre a
configuração dos parâmetros de entrada deste módulo, consultar o manual do programa
[GOMES, 2006].
60
No módulo que utiliza o Método Traçado de Raios, os dados de entrada apresentam
algumas diferenças. É necessário determinar o número de raios, o diâmetro do receptor e
coeficiente de espalhamento ou difusão para cada superfície. A difusão ou reflexão difusa é
um modelo utilizado para representar a reflexão numa superfície irregular, sendo a direção da
dispersão das ondas refletidas independente do ângulo de incidência [HENRIQUE, 2002]. O
coeficiente de espalhamento pode assumir valores entre 0, nenhuma difusão, reflexão
puramente especular, e 1, total espalhamento, com intensidade sonora distribuída
uniformemente em todas as direções. Como esse é um dado complexo que não está sendo
avaliado neste trabalho, foi usado o valor de 0,1 para o coeficiente de espalhamento (difusão)
de todas as superfícies, em todas as simulações. Este valor foi sugerido pelos desenvolvedores
do programa.
A resposta impulsiva biaural é registrada em um arquivo de texto que contém além do
histórico de todos os raios que atingiram o receptor, suas respectivas direções. Esse arquivo é
dado de entrada para o terceiro módulo, que faz a convolução da resposta impulsiva biaural
com o banco de dados de HRTFs. Essa etapa é mais rápida do que a construção da resposta
impulsiva biaural, pois consiste em apenas duas operações de convolução, para ambos os
canais.
O módulo de convolução da resposta impulsiva biaural da sala com o som anecóico
solicita inicialmente que o usuário entre com o ângulo (em graus) do observador em relação
ao eixo x. O programa lê o arquivo texto de Fontes Virtuais ou Traçado de Raios, transforma
as coordenadas cartesianas para coordenadas polares e acessa o banco de HRTFs escolhido.
Nesse ponto é necessário escolher o primeiro método de convolução (direto, direto esparso,
FFTW ou FFTP). Então é feito o cálculo de convolução biaural para se obter a resposta
impulsiva biaural. Deve-se escolher, então, o segundo método de convolução (direto, FFTW
ou FFTP) e, em seguida, fornecer o endereço (pasta e nome) do som anecóico a ser utilizado.
O programa abre o som anecóico e o convolui com a resposta impulsiva biaural, obtendo os
dados finais para os canais esquerdo e direito. Finalmente, o programa grava o arquivo final
em formato .wav.
O banco de dados de funções de transferência relacionados à cabeça, HRTFs, usado
nesta etapa do trabalho foi cedido gentilmente pelo Prof. Dr. Michael Vorländer, do Institut
für Technische Akustik da Universidade de Aachen, na Alemanha. O banco contém
informações para 936 direções.
Antes da utilização deste banco, usou-se um outro banco de dados, público,
desenvolvido pelo Media Lab do Massachussets Institute of Technology (MIT) [KEMAR]. Os
resultados não se apresentaram satisfatórios, pois as funções de transferência, que deveriam
61
ser aplicadas para dar apenas a sensação de espacialidade, causavam no sinal de áudio uma
alteração espectral significativa, fazendo o resultado soar muito diferente do esperado. A
mudança de banco de dados resolveu o problema. Deve-se ressaltar que se é feita a simulação
considerando um banco de dados de funções de transferência relacionadas à cabeça, HRTFs, e
se faz a gravação de referência com outro, por exemplo, as HRTFs do manequim usado, e os
dois não são iguais, fica difícil fazer a comparação, visto que as HRTFs apresentam
diferenças espectrais.
Uma limitação dos módulos de simulação do programa ainda é o formato de entrada
dos dados dos coeficientes de absorção sonora das superfícies internas. Cada arquivo texto de
entrada apenas permite um valor de coeficiente de absorção por superfície, ou seja, só é
possível inserir os dados de uma banda de freqüência por vez. Os resultados para cada banda
de freqüência precisam então ser combinados no final para que se obtenha a simulação
completa. Esta e outras melhorias estão sendo implantadas aos poucos no programa e estarão
habilitadas nas próximas versões.
6.5. Sala de reuniões do LVA
O ambiente estudado foi uma sala de reuniões, localizada no terceiro andar do edifício
do Laboratório de Vibrações e Acústica. O laboratório é parte do Centro Tecnológico (CTC)
do campus da Universidade Federal de Santa Catarina. A vista isométrica da sala é
apresentada na Figura 6.2.
Figura526.2 - Ilustração da sala de reuniões no LVA-UFSC.
62
O ambiente foi modelado utilizando-se 93 pontos, 64 superfícies e 10 diferentes
materiais. Os materiais utilizados são descritos na Tabela 6.1. As listagens completas das
coordenadas das superfícies e dos materiais utilizados no RAYNOISE encontram-se nos
Apêndices B e C.
Tabela26.1 - Coeficientes de absorção usados na simulação computacional, em bandas de 1/1 oitava.
Freqüência central de banda de oitava
n
o
Elemento Material 63*Hz 125 Hz 250 Hz 500 Hz 1k Hz 2k Hz 4k Hz 8k* Hz
1 Parede (2) alvenaria Pintada 0,01 0,01 0,03 0,02 0,03 0,03 0,02 0,02
2 Parede (2) gesso Pintado 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
3 Teto concreto 0,03 0,04 0,05 0,06 0,06 0,07 0,09 0,09
4 Piso cerâmica 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
5 Quadro Branco PVC 0,28 0,28 0,22 0,17 0,09 0,10 0,11 0,11
6 Mesa madeira (grande espaço embaixo) 0,40 0,40 0,30 0,20 0,17 0,15 0,10 0,10
7 Porta madeira 0,14 0,14 0,10 0,06 0,08 0,10 0,10 0,10
8 Janela vidro (3mm de espessura) 0,07 0,08 0,04 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02
9 Cadeiras assento (bem acolchoado) 0,44 0,44 0,60 0,77 0,89 0,82 0,70 0,70
10 Cadeiras (costas) acolchoado coberto por couro 0,40 0,40 0,50 0,58 0,61 0,58 0,50 0,50
* não foram encontrados nas tabelas disponíveis da literatura os valores correspondentes às bandas de freqüência
de 63 e 8000 Hz. Como a interface do programa RAYNOISE não aceita que os valores fiquem em branco, foi
repetido o valor da banda de freqüências vizinha. Logo, estes valores não têm representatividade.
Para o propósito da simulação, a geometria do ambiente e de seus componentes
internos foi simplificada, sendo desconsiderados alguns elementos constitutivos. Por exemplo,
a mesa central foi modelada sem os pés, assim como as cadeiras, que foram simplificadas pela
associação de seus encostos e assentos em áreas conjuntas.
O volume total da sala é de 55,5 m
3
(5,02 x 3,38 x 3,27 m
3
) e o tempo de reverberação
em média estimado (através de Sabine - Capítulo 3, item 3.3) para a sala é de 0,8 segundos.
Com base nesses dados é possível calcular a freqüência a partir da qual os métodos
geométricos de simulação fornecem boas aproximações. Isso ocorre quando a densidade
modal é alta o suficiente para que os modos possam ser considerados sobrepostos. Tal
freqüência é calculada de acordo com a Equação (6.1) [KUTTRUFF, 1991]:
63
60
2000
T
f
V
>
(6.1)
sendo T
60
o Tempo de Reverberação (estimado) em segundos e V o volume da sala em m
3
.
O cálculo indica a freqüência aproximada de 240 Hz. Isso significa, por exemplo, que
as simulações feitas para 125 Hz não devem ser consideradas, pois é uma banda situada
abaixo do limiar de transição, a partir do qual os resultados têm validade.
6.6. Posições de fonte e receptor
Tomando a origem do eixo de coordenadas o canto inferior direito representado na
Figura 5.6, as diferentes configurações avaliadas na simulação de duas diferentes fontes
sonoras são ilustradas pela vista superior nas figuras 6.3, 6.4 e 6.5 e as suas coordenadas são
apresentadas na Tabela 6.2.
Figura536.3 - Vista superior das posições de fonte e receptor para o violão.
Figura546.4 - Vista superior das posições de fonte e receptor para a voz.
64
Figura556.5 - Vista superior das posições de fonte e receptor para o aparelho de ar-condicionado.
Tabela36.2 - Coordenadas cartesianas em metros das posições de fonte e receptor.
Fonte Receptor
Configuração Fonte
x y z x y z
1 Violão 0,74 3,41 0,8 0,74 2,51 1,0
2 Violão 0,74 3,41 0,8 2,54 2,51 1,0
3 Voz 0,74 3,41 1,0 0,74 2,51 1,0
4 Voz 0,74 3,41 1,0 2,54 2,51 1,0
5 Ar-cond. 0,54 4,9 2,5 0,74 2,51 1,0
6 Ar-cond. 0,54 4,9 2,5 2,54 2,51 1,0
6.7. Considerações sobre o aparelho de ar-condicionado
As comparações entre os resultados das simulações foram feitas por meio de
comparações subjetivas, e serão detalhadas no Capítulo 7, item 7.1. Cabe lembrar que não
houve instalação física do aparelho de ar-condicionado na sala de reuniões, e sim uma
simulação do ruído através de uma fonte eletroacústica omnidirecional. As gravações biaurais
desse ruído foram então aplicadas como referência na análise objetiva das comparações com
os resultados da auralização do ar condicionado. Apenas os sons da voz e do violão foram
utilizados na comparação subjetiva. Os métodos usados para a validação da simulação do
ruído do aparelho de ar-condicionado foram outros e estão descritos no Capítulo 5, item 5.4.
Os resultados se encontram no Capítulo 7, item 7.2.
65
CAPÍTULO 7
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Este capítulo está dividido em duas partes. Inicialmente é apresentada a metodologia
utilizada para a avaliação subjetiva dos resultados dos diferentes métodos de auralização para
voz e violão. Depois são apresentados os resultados das comparações objetivas relativas à
auralização do ruído do ar-condicionado, baseadas na análise espectral. Cada resultado é
comentado em paralelo à sua exposição.
7.1. Análise subjetiva
A qualidade dos resultados de cada um dos métodos de auralização foi avaliada por
meio de um procedimento de avaliação subjetiva. A técnica escolhida foi a comparação dos
resultados da auralização com a gravação biauricular de referência, utilizando como
instrumento psicométrico uma escala em linha, apresentada na Figura 7.1, conforme proposto
por LEITE e PAUL (2006). O participante, após escutar a referência e cada som gerado por
um dos três métodos, deveria posicionar na escala os sons em relação à referência.
Figura567.1 – Escala de linha para ordenamento dos sons em relação à referência (R).
Foi utilizada uma combinação de questionário em papel (apresentado no Apêndice G)
com uma interface de computador (presente no CD que acompanha este trabalho). A interface
de computador proporcionou ao ouvinte um treinamento de uso da escala bem como
interfaces de demonstração do arranjo espacial e as devidas interfaces para reproduzir os sons
(referência e três sons de auralização). Assim, o ensaio era administrado pelo próprio
participante, proporcionando o tempo necessário para realização da tarefa para cada
participante.
Inicialmente foi realizado um pré-teste com 10 pessoas convidadas, a fim de testar o
procedimento de avaliação, interface e questionário, e sugerir melhorias. Nesse os sons eram
comparadas à referência de forma geral, sem estipular uma dimensão de percepção.
Terminada a avaliação, os participantes sugeriram a separação da tarefa em etapas, onde o
ouvinte daria atenção a uma dimensão de cada vez.
66
Para os ensaios, o procedimento foi alterado, fazendo com que os participantes
avaliassem os conceitos localização da fonte, reverberação e timbre separadamente para cada
fonte. Estes parâmetros estão descritos no Capítulo 3, item 3.3. O significado dos parâmetros
foi explicado por meio da interface de computador, utilizando-se exemplos sonoros, arquivos
de áudio. Logo em seguida, eram feitas as avaliações referentes ao conceito explicado.
Os sons foram representados pelas letras A, B e C, a fim de não induzir nenhuma
resposta. As letras A, B e C significam, respectivamente, o Método das Fontes Virtuais (FV),
Método Híbrido de Traçado de Pirâmide utilizado pelo RAYNOISE (RN) e Método do
Traçado de Raios (TR). Depois de marcados os três sons, a linha ficaria conforme o exemplo
ilustrado pela Figura 7.2.
Figura577.2 – Exemplo do resultado do ensaio subjetivo, com o ordenamento dos sons em relação à referência (R)
marcado na escala de linha.
Nos ensaios participaram 35 pessoas, estudantes de graduação ou pós-graduação de
diversos cursos da Universidade Federal de Santa Catarina, sendo que dez deles possuem
alguma experiência em acústica. Cada pessoa fez 12 comparações, divididas em três grupos,
um para cada parâmetro. Em cada grupo, metade dos casos tinha como referência a gravação
biaural da voz e a outra metade a gravação biaural do violão. No total foram obtidas 420
comparações.
7.1.1. Análise dos resultados
A análise dos resultados foi feita de duas formas, considerando os diferentes tipos de
dados obtidos: ordinais, que consideram somente a ordem em que os sons aparecem em
relação à semelhança com a referência; intervalares, que consideram as distâncias exatas entre
os sons marcados na linha.
Para a aplicação dos métodos estatísticos chamados paramétricos é necessário que a
distribuição dos resultados da população (da qual se tirou a amostra) obedeça à curva normal
de distribuição estatística. O método ANOVA é um exemplo bastante conhecido desse tipo de
teste. Já nos testes não-paramétricos essas suposições não são necessárias, fazendo com que se
adaptem melhor aos dados provenientes de opiniões subjetivas. Para maior esclarecimento ou
67
aprofundamento dos conceitos e métodos estatísticos usados neste trabalho, sugere-se
consultar SIEGEL (1975) ou HOWELL (1992).
Uma análise exploratória [TUKEY, 1977], utilizando diagramas em caixa, permitiu
identificar valores discrepantes. Como se trata de uma avaliação subjetiva de sons por meio de
conceitos novos para a maioria dos participantes, optou-se por não considerar na análise dos
dados os valores discrepantes univariantes identificados através dos diagramas em caixa.
As comparações 1, 3 e 4 de localização do ouvinte 8, as comparações 1, 2 e 5 de
localização do ouvinte 11 e a comparação 6 de reverberação do ouvinte 15 foram retiradas da
amostra por apresentarem valores discrepantes univariantes. Acredita-se que essas pessoas
tiveram dificuldades de avaliação para esses casos. Foram retiradas, no total, sete
comparações, das 420 consideradas inicialmente. Isso representa 1,67% dos dados, valor
baixo e aceitável.
7.1.2. Dados ordinais
Os dados ordinais deram origem aos gráficos de colunas empilhadas, que mostram a
freqüência dos postos atribuídos aos métodos. Os códigos FV, RN e TR representam
respectivamente os métodos de Fontes Virtuais, Híbrido de Traçado de Pirâmides
(RAYNOISE) e Traçado de Raios. As Figuras 7.3 a 7.8 apresentam os resultados dos dados
ordinais para os três parâmetros, considerando somente uma das fontes, violão ou voz, ou
combinando os dados para a análise geral. A parcela representada pelo número 1 na coluna de
um método refere-se à porcentagem de pessoas que julgou que tal método é o mais parecido
com a referência, enquanto a legenda 2 indica a porcentagem de pessoas que o classificou
como segundo lugar e assim por diante.
Localização:
Violão Voz
37,1
21,4
40,0
47,1
21,4
32,9
15,7
57,1
27,1
FV RN TR
3
2
1
54,3
28,6
17,1
31,4
27,1
41,4
14,3
44,3
41,4
FV RN TR
3
2
1
Figura587.3 – Resultado da análise dos resultados dos dados ordinais para o critério localização do violão e da
voz.
68
45,7
25,0
28,6
39,3
24,3
37,1
15,0
50,7
34,3
FV RN TR
3
2
1
Figura597.4 – Resultado da análise geral dos resultados dos dados ordinais para o parâmetro localização.
Analisando as classificações conforme as Figuras 7.3 e 7.4, é possível tirar as
seguintes conclusões: o método FV (Fontes Virtuais) aparece como primeiro colocado no
quesito localização para a voz enquanto que o método TR (Traçado de Raios) vence no
quesito localização para a fonte violão. Isso demonstra que o tipo de fonte sonora influi na
percepção desse parâmetro, apesar das diferenças não serem muito grandes. Sem a distinção
da fonte, o método de Fontes Virtuais é o melhor classificado pelos participantes.
Reverberação:
Violão Voz
24,3
54,3
21,4
45,7
35,7
18,6
30,0
10,0
60,0
FV RN TR
3
2
1
28,6
48,6
24,3
35,7
40,0
22,9
35,7
11,4
52,9
FV RN TR
3
2
1
Figura607.5 – Resultado da análise dos resultados dos dados ordinais para o critério reverberação do violão e da
voz.
69
26,4
51,4
22,9
40,7
37,9
20,7
32,9
10,7
56,4
FV RN TR
3
2
1
Figura617.6 – Resultado da análise geral dos resultados dos dados ordinais para o parâmetro reverberação.
Em relação à reverberação, referente às Figuras 7.5 e 7.6, o melhor método percebido
foi o RN (RAYNOISE), independente da fonte.
Timbre
Violão Voz
32,9
37,1
30,0
44,3
34,3
21,4
22,9
28,6
48,6
FV RN TR
3
2
1
27,1
37,1
35,7
44,3
27,1
27,1
28,6
35,7
37,1
FV RN TR
3
2
1
Figura627.7 – Resultado da análise dos resultados dos dados ordinais para o critério timbre do violão e da voz.
30,0
37,1
32,9
44,3
30,7
24,3
25,7
32,1
42,9
FV RN TR
3
2
1
Figura637.8 – Resultado da análise geral dos resultados dos dados ordinais para o parâmetro timbre.
70
Quanto ao timbre, cujos resultados são apresentados nas Figuras 7.7 e 7.8, o método
RN foi o melhor classificado, tanto para voz como para violão. Porém, a vantagem diante os
outros métodos é muito pequena.
Cabe avaliar se as diferenças notadas entre os métodos são estatisticamente
significativas. Para esta etapa, foi utilizado a análise dos postos e o teste de signos de
Wilcoxon (Wilcoxon-Signed Ranks Test) [WILCOXON, 1945]. Os resultados do teste são
apresentados na Tabela 7.1, onde o sinal
9 indica que as diferenças são significativas
(p=0,05).
Tabela47.1 – Verificação de diferenças significativas em dados ordinais.
Parâmetro Dados FV e RN RN e TR FV e TR
violão
9 9 8
voz
9 8 9
localização
geral
9 8 9
violão
9 9 8
voz
9 9 8
reverberação
geral
9 9 8
violão
8 8 8
voz
8 8 8
timbre
geral
8 8 8
Para a localização, não houve diferenças significativas entre FV e TR para o violão,
nem entre RN e TR para a voz e para a classificação geral. Sendo assim, podemos apresentar
os resultados de forma mais clara através do podium representado pela Figura 7.9. Não há
terceiro lugar.
Para a reverberação, também não houve diferença significativa entre FV e TR para a
disputa do segundo lugar. Sendo assim, de acordo com o julgamento dos participantes, seria
possível classificar o desempenho dos métodos quanto à Reverberação conforme a Figura
7.10.
Entre as classificações dos métodos quanto ao timbre não há diferenças
estatisticamente significativas.
71
Figura647.9 – Classificação geral para o parâmetro Localização conforme dados ordinais.
Figura657.10 – Classificação geral para o parâmetro Reverberação conforme dados ordinais.
Para confirmar os resultados da análise dos dados ordinais e para tentar chegar a uma
conclusão mais expressiva sobre a dimensão timbre, foi feita então a análise dos dados
intervalares, como segue.
7.1.3. Dados intervalares
Os dados intervalares deram origem aos histogramas
6
. Pela análise dos histogramas
obtidos, conclui-se que os dados não seguem a distribuição normal. A Figura 7.11 demonstra
um caso em que a distribuição se apresentou mais próxima da função normal, isto representa a
minoria dos dados. A maior parte dos dados tem uma distribuição bastante diferente da
normal, como exemplifica o resultado apresentado na Figura 7.12. O Apêndice D contém a
listagem completa dos histogramas gerados a partir dos dados intervalares.
6
Na estatística, um histograma é uma representação gráfica da distribuição de freqüências de uma massa de dados medidos, normalmente
um gráfico de barras verticais, em que a base de cada uma delas corresponde ao intervalo de classe e a sua altura à respectiva freqüência. A
construção de histogramas é um importante indicador da distribuição de dados, pois pode indicar se uma distribuição aproxima-se de uma
função normal, representadas pela linha escura mais forte.
72
10,08,06,04,02,00,0
intervalarA
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,914
Std. Dev. = 1,9707
N = 70
Figura
667.11 - Histograma para o parâmetro Reverberação da fonte voz - Método FV.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarB
6
5
4
3
2
1
0
Frequency
Mean = 5,098
Std. Dev. = 2,6344
N = 66
Figura
677.12 - Histograma para o parâmetro Localização da fonte violão - Método RN.
Devido à não-normalidade na distribuição dos dados intervalares, as medianas
foram calculadas e comparadas, ao invés das médias, como parâmetros de localização das
distribuições. Na Tabela 7.2, quanto menor o valor da mediana, mais próximo da referência o
método foi classificado e melhor é o seu resultado.
73
Tabela57.2 – Medianas obtidas das distribuições de dados para os três parâmetros.
Parâmetro Dados FV RN TR
violão 2,5 5 2,0
voz 2,5 4,5 4,5
localização
geral 2,5 5 3,5
violão 3,25 2 5
voz 5 4 6
reverberação
geral 4,5 3 5,5
violão 4 3 4,25
voz 5 4,5 4,5
timbre
geral 4,25 3,5 4,5
Antes de estabelecer um ranking baseado nas medianas, é preciso testar se há
diferenças significativas entre elas. Para tal, foram executadas as provas de Friedman e a
prova de Kendall-W [SIEGEL, 1975][HOWELL, 1992], considerando um nível de
significância de p=0,05. Os resultados são apresentados na Tabela 7.3, onde o sinal
9 indica
que as diferenças são significativas (p=0,05). As aspas em
9 têm o propósito de destacar os
resultados que sofreram mudança em relação à Tabela 7.1, em virtude da nova análise.
Tabela67.3 – Verificação de diferenças significativas em dados intervalares.
Parâmetro Dados FV e RN RN e TR FV e TR
violão
9 9
9
voz
9 8 9
localização
geral
9 8 9
violão
9 9 8
voz
9 9 8
reverberação
geral
9 9
9
violão
8 8 8
voz
8 8 8
timbre
geral
8 8 8
Conclui-se que existe diferença significativa entre a avaliação dos métodos FV e TR
para a localização do violão, o que não foi possível afirmar utilizando-se apenas os dados
ordinais. O mesmo aconteceu com as diferenças entre FV e TR para o parâmetro
Reverberação. A reclassificação para esses dois parâmetros é apresentada pelas Figuras 7.13 e
7.14.
74
No entanto, os sujeitos afirmaram que o ordenamento dos sons é bem mais fácil que a
atribuição de distâncias, o que resulta em dados ordinais talvez mais confiáveis que os dados
intervalares. O estudo dos dados intervalares não trouxe informações adicionais sobre a
classificação para o Timbre.
Figura687.13 – Reclassificação para o parâmetro Localização em função da análise dos dados intervalares.
Figura697.14 – Reclassificação para o parâmetro Reverberação em função da análise dos dados intervalares.
7.1.4. Comentários feitos pelos participantes
Após a finalização do questionário, cada participante foi solicitado a comentar sobre as
dificuldades de avaliação e compreensão dos conceitos envolvidos. Os comentários eram
anotados no verso do formulário de resposta. Aqueles considerados mais significativos são
transcritos a seguir:
“O timbre é mais difícil, pois a sua comparação é baseada em parâmetros menos
óbvios e de difícil memorização”.
“Um efeito influi no outro, então fica difícil prestar atenção em uma coisa de cada
vez”.
“Ótimo questionário. Só achei difícil achar diferenças nos exemplos de
reverberação”.
“Difícil distinguir reverberação para o violão”.
“É mais fácil distinguir timbre para voz”.
“Como eu ouvi primeiro a localização e as fontes continuaram a mudar de posição, a
impressão da localização ficou na memória e incomodou um pouco na avaliação dos outros
testes”.
75
“Por exemplo, quando o parâmetro é Localização, a gente tem que focar somente na
localização, não é? Porque me parece que outros aspectos mudam também”.
Sendo assim, fica claro que a elaboração de questionários para as avaliações subjetivas
dos resultados dos algoritmos de auralização precisa de mais estudo. A opinião geral dos
participantes leigos em acústica revelou, principalmente, dificuldades em se avaliar uma
característica do som enquanto outras características também variam. No entanto, a tentativa
de avaliar todos os parâmetros em conjunto, como foi feito nos pré-testes, mostrou-se também
inadequado.
7.2. Análise objetiva
Para a análise objetiva dos resultados, escolheu-se, entre as três fontes possíveis, o
aparelho de ar-condicionado por produzir um ruído estacionário (vide espectrogramas no
Apêndice E), evitando-se, assim, a variabilidade no tempo como parâmetro a ser considerado.
Além disso, o fato do som do aparelho ar-condicionado ser um ruído de banda larga
7
permitiu
avaliar o comportamento dos algoritmos em praticamente toda a faixa de freqüência audível.
Os sinais provenientes dos diferentes algoritmos de simulação e a gravação biaural foram
analisados. Cada sinal foi analisado por meio de FFT, para avaliar o efeito das simulações no
espectro dos resultados, em relação à gravação de referência. Aproveitou-se, também, para
ouvir os sons e validar se os efeitos notados nos gráficos comparativos se correlacionavam
com as diferenças notadas através da audição. Como a dimensão avaliada nesta etapa é o
“timbre”, relacionado à composição espectral, e não mais a “localização”, apenas foi
considerada uma das duas configurações simuladas, apresentadas no Capítulo 6, item 6.6. A
segunda configuração da Figura 6.5 ilustra as posições de fonte e receptor adotadas nesta
análise e as Figuras 7.15 e 7.16 apresentam as comparações das FFTs para os canais esquerdo
e direito, respectivamente, pois cada sinal biaural é sempre composto de dois canais.
Na legenda dos gráficos de FFT, “Gravação” significa o som anecóico reproduzido
através de uma fonte eletroacústica omnidirecional (dentro da sala real, na exata posição onde
é instalado em uma situação normal) e gravado através de tecnologia biaural; “Simulação”
significa o som anecóico convoluído com o resultado da modelagem acústica da sala
simulada, proveniente de um dos três métodos estudados. Além disso, é importante informar
7
Banda larga aqui se refere ao fato deste tipo de ruído ser caracterizado pela combinação simultânea e quase homogênea de componentes de
muitas freqüências, dentro de todo o espectro audível.
76
que: FV = Método de Fontes Virtuais (MÓDULOS); RN = Método Híbrido de Traçado de
Pirâmides (RAYNOISE) e TR = Método de Traçado de Raios (MÓDULOS).
Figura707.15 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de referência.
77
Figura717.16 - Espectros FFT dos resultados do canal direito das simulações e do som de referência.
A FFT foi escolhida para a análise por ser um algoritmo consagrado e por representar
para a maioria dos casos um ponto de partida para indicar outras análises a serem escolhidas.
Antes de analisar os resultados da FFT, cabe ressaltar que os resultados de análises simples,
tais como a FFT, nem sempre se correlacionam bem com a impressão auditiva, que de forma
geral não é linear. Dessa forma, pequenas diferenças no gráfico podem ter grande impacto na
audição ou vice-versa. Efeitos psicoacústicos, como o mascaramento em freqüência, tamm
não podem ser visualizados através da FFT, embora sejam perceptíveis através da audição. O
leitor deste trabalho deve, portanto estar ciente destas limitações e o autor recomenda a escuta
das faixas sonoras presentes no CD que se encontra em anexo (relativo ao Apêndice F) para
tal análise auditiva. Como a análise se baseia na comparação relativa entre os níveis e as
tendências das curvas dos espectros dos resultados, apenas é considerado um canal, o
esquerdo, por ser representativo do conjunto de resultados obtidos. O espectro será dividido
em três regiões:
Região A (Figura 7.17) = bandas de 63, 125 e 250 (Hz);
Região B (Figura 7.18) = bandas de 500, 1k e 2k (Hz);
Região C (Figura 7.19) = bandas de 4k, 8k e 16k (Hz).
78
Figura727.17 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de referência para as
bandas de 63, 125 e 250 Hz.
As curvas da Figura 7.17 devem ser consideradas apenas a partir de 250 Hz, conforme
a freqüência de corte calculada no Capítulo 5, item 5.5, a partir da qual os métodos
geométricos de simulação fornecem boas aproximações, pois a densidade modal é alta o
suficiente para que os modos possam ser considerados sobrepostos.
Nota-se que os métodos FV e TR do programa MÓDULOS apresentam um nível de 6
a 12 dB abaixo da referência, enquanto o método usado pelo RAYNOISE acompanha a
gravação, com 5 dB de diferença máxima. Este fato não se confirma na audição apenas do
canal esquerdo dos mesmos sinais, onde a impressão que se tem é que o Método de Traçado
de Raios possui mais componentes de baixa freqüência do que os outros. Porém convém não
confundir nível de pressão sonora medido com o nível percebido, pois o nível de pressão
sonora, NPS linear, não é capaz de expressar a percepção do ouvido humano.
79
Figura737.18 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de referência, para as
bandas de 500, 1000 e 2000 Hz.
Na região das médias freqüências (Figura 7.18) pode-se observar que, na maior parte
do espectro, o algoritmo do RAYNOISE estima um valor maior para o nível de pressão
sonora, enquanto os valores de NPS estimados pelos algoritmos de MÓDULOS (FV e TR) se
encontram abaixo da referência. Como a fonte sonora não foi calibrada em relação aos sinais
usados na simulação, a comparação relativa somente entre as simulações é preferível. Porém a
diferença nessa região de freqüências médias é bastante perceptível na audição, visto que os
métodos FV a TR não apresentam de forma clara o ruído associado ao compressor, mas
principalmente a componente associada ao fluxo de ar. A componente de ruído atribuída ao
compressor é mais “encorpada”, tonal e incômoda, enquanto o ruído causado pelo fluxo de ar
consiste mais em um “chiado”, que só começa a incomodar em um nível bem mais alto.
80
Figura747.19 - Espectros FFT dos resultados do canal esquerdo das simulações e do som de referência, para as
bandas de 4000, 8000 e 16000 Hz.
Em relação às altas freqüências, considerando de 4 a 8 kHz, todos os métodos
apresentam nível abaixo da referência. No entanto, o que mais se aproxima da gravação é o
Método de Fontes Virtuais, que realmente apresenta na escuta uma considerável semelhança
em relação à referência nessa faixa de freqüências. Comparando o nível de pressão sonora
entre os métodos apenas, pela falta de calibração da referência, para esta faixa de freqüências,
o método FV apresenta o nível mais baixo. Isto se correlaciona com o resultado audível, pois
é difícil notar o efeito do ruído proveniente do fluxo de ar em seu resultado.
Cabe ressaltar que não foi feita a equalização dos fones de ouvido para a reprodução
dos sons auralizados. Isto pode ter influenciado na percepção auditiva das comparações. Da
mesma forma, a resposta em freqüência da fonte sonora eletroacústica utilizada para a
reprodução do som do ar-condicionado, para a gravação de referência, deve ter influenciado
um pouco os resultados da gravação biaural, utilizada como referência.
Outra maneira de se comparar os espectros dos sons em estudo é a representação
através de espectrogramas, apresentados no Apêndice E.
Para melhor investigar quais as características psicoacústicas do ruído podem ser
relacionadas a determinadas impressões audíveis e obter equações que prevejam o resultado
81
das avaliações subjetivas a partir dessas características, existe o estudo da Qualidade Sonora
[18], que não será abordado neste trabalho.
7.3. Comparação do volume perceptível
Para mostrar a importância dos parâmetros psicoacústicos, foi realizado o cálculo de
loudness. O loudness é um modelo psicoacústico que não exprime simplesmente intensidade
sonora, mas trata-se de um termo subjetivo que descreve a capacidade da percepção do ouvido
humano. Está intimamente relacionado com a intensidade sonora, mas não podem ser
considerados equivalentes. A intensidade precisa estar relacionada à sensibilidade auditiva nas
freqüências específicas contidas no espectro sonoro. Também se deve considerar que a
resposta do ouvido para intensidade sonora crescente é uma "potência de dez" ou relação
logarítmica. Essa é uma das motivações para usar-se a escala em decibéis ao medir
intensidade sonora. Para avaliar o loudness de forma mais realística, as curvas de
sensibilidade do ouvido são relacionadas para produzir uma escala de sones para loudness.
Foi calculado o loudness conforme ZWICKER e FASTL (1999), somente para as
simulações, sem considerar a gravação de referência. Isso se deve ao fato de que, ao fazer a
gravação da referência, não foi gravado um sinal de calibração que pudesse ser usado para
garantir o nível de comparação entre os sons. No entanto, entre as simulações, por todas
haverem utilizado o mesmo som anecóico, uma comparação dessa natureza faz sentido.
Seguem, na Figura 7.20, os espectros de loudness. Os valores globais para loudness
(parametrizado para campo difuso) são apresentados na Tabela 7.4, junto com os níveis de
pressão sonora, com e sem a ponderação A.
82
Figura757.20 – Curvas de loudness específico para os resultados das simulações, em bandas de terço de oitava.
Tabela77.4 – Valores globais para loudness e níveis de pressão sonora dos resultados das simulações.
Método
Loudness
(sone GD)
NPS
(dB)
NPS
A
(dBA)
TR
86,4 99,4 85,6
FV
94,1 100,2 87,6
RN
123 99,8 94,8
Da Tabela 7.4, nota-se que o NPS linear global do resultado analisado do método
Fontes Virtuais (FV) é praticamente igual o valor do método Traçado de Pirâmides (RN), do
RAYNOISE. No entanto, ao considerar os valores para NPS
A
, que já consideram uma
ponderação, ou para o loudness, parâmetro que se correlaciona melhor com a percepção
auditiva humana, a diferença é considerável, evidenciando o fato de que a interpretação de
dados numéricos como o NPS linear pode representar de forma equivocada a qualidade do
resultado de auralização.
83
CAPÍTULO 8
CONCLUSÕES
Neste capítulo são apresentadas as conclusões sobre os resultados do trabalho de
forma geral. Também são feitas sugestões para trabalhos futuros.
O processo de simulação acústica, chamado auralização, demonstrou grande potencial
para a interpretação de dados científicos, quando esses pretendem expressar uma
compreensão mais ampla de um conceito. A audição dos resultados reduz a dificuldade em
analisar e comparar fenômenos através de uma única grandeza, ou vários parâmetros isolados.
No entanto, alguns aspectos podem comprometer a fidedignidade da simulação, como a
equalização do sinal na reprodução biaural e a utilização de diferentes funções de
transferência relacionadas à cabeça (HRTFs).
A qualidade da auralização deve ser julgada através de critérios perceptivos. Já que os
resultados são audíveis, a percepção deve ser a ferramenta usada para julgar as diferenças. No
entanto, esse julgamento também pode se dar por meio de critérios numéricos, desde que estes
estejam relacionados aos parâmetros perceptivos em questão.
As gravações biaurais se mostraram eficientes, tanto realizadas através do manequim
quanto com pessoas. É importante ressaltar que o sistema de gravação biaural intra-auricular
foi desenvolvido no Laboratório de Vibrações e Acústica da UFSC através de um projeto
simples e de baixo custo. No entanto, seus resultados puderam ser utilizados como referência
para a comparação de algoritmos de simulação acústica.
A elaboração de questionários para as comparações subjetivas precisa de mais estudo,
pois a opinião geral dos participantes leigos em acústica revelou dificuldades em se avaliar
uma característica do som enquanto outras características também variam.
Para a avaliação do parâmetro timbre, a comparação de som de violão e voz através da
audição não se mostrou suficiente na avaliação do desempenho dos algoritmos utilizados, pois
os resultados não apresentaram diferenças significativas. Dessa forma, uma análise do som do
ar-condicionado por faixas definidas de freqüência se fez necessária, para tentar obter
informações mais detalhadas sobre o parâmetro em questão. Mesmo assim, fatores
relacionados aos métodos de gravação e reprodução, como as características da fonte
eletroacústica utilizada, influíram nos resultados, principalmente no nível de pressão sonora
estimado para o som de referência.
84
Os objetivos deste trabalho, que consistem na auralização de fontes sonoras dentro de
um ambiente, por meio de diferentes métodos (Traçado de Raios, Fontes Virtuais e Traçado
de Pirâmides), seguida da comparação dos resultados com gravações das mesmas fontes
dentro do ambiente real, através de análise subjetiva e objetiva, foram concluídos com êxito.
Sugestões para trabalhos futuros
Atualmente, uma das principais limitações na técnica de auralização se encontra na
modelagem das fontes sonoras, principalmente no que se refere à direcionalidade das mesmas.
Informações detalhadas e precisas referentes à fonte sonora deveriam necessariamente ser
utilizadas em qualquer programa de simulação acústica, pois um método nunca pode
apresentar resultados de qualidade superior à dos dados de contribuição. Sugere-se o estudo
da influência da direcionalidade da fonte sonora na distribuição de som na sala se esta estiver
vazia (bastante reverberante), ou no caso de possuir muitos elementos internos, como cadeiras
acolchoadas e pessoas, sendo o tempo de reverberação consideravelmente reduzido. O
objetivo seria avaliar se a influência da direcionalidade se torna mais evidente no campo
acústico com a redução da reverberação da sala. Aconselha-se considerar o ouvinte (receptor)
posicionado próximo da fonte, recebendo principalmente o som direto, em um diferente
ângulo para cada caso.
Deve haver um esforço direcionado para a melhoria da metodologia de avaliação dos
resultados dos métodos de auralização. Sugere-se um estudo direcionado à associação de
parâmetros psicoacústicos às diferenças percebidas nos resultados. Através destes parâmetros,
seria possível estimar com maior objetividade a influência de cada etapa da auralização
(gravação, modelagem, reprodução) na qualidade do resultado.
85
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89
APÊNDICES
90
APÊNDICE A
Descrição da construção da parede refletora (baffle)
Cada uma das duas placas de MDF utilizadas possui as dimensões 1,83 m de altura por
2,75 m de largura e 0,02 m de espessura. O condicionador de ar possui dimensões 0,26 m de
altura por 0,37 m de largura e 0,58 m de comprimento (profundidade). Todas as barras foram
soldadas entre si de maneira que se obtivesse a rigidez adequada. As dimensões de cada barra
utilizada, de seção retangular, foi de 30 mm por 40 mm e espessura de 3mm.
Foram utilizadas quatro barras, formando um quadrado, para manter a estrutura segura
sobre o plano do chão. Para reforçar a estrutura, foram utilizadas duas barras dispostas nas
duas diagonais do quadrado.
Para a base, foram utilizadas, nos lados do quadrado, quatro barras de 2 m; para as
diagonais, duas barras de 2,83 m. Para a mão francesa, duas barras de 2,68 m. Para as
braçadeiras que alinham e fixam as duas placas de MDF, foram utilizadas quatro peças de
ferro chato com 1,5 m de comprimento cada. Todos os parafusos utilizados foram do tipo
M10, cabeça sextavada, com fixação por arruela e porca.
A estrutura de suporte do aparelho condicionador de ar foi montada em forma de uma
mesa, utilizando metalon de seção quadrada de 25 mm, tubular. Foram utilizadas dez barras
de 0,5 m e quatro barras de 1,68 m.
Para a saída de água do aparelho, foi instalada uma mangueira que tinha sua saída
terminada em um compartimento fechado.
91
APÊNDICE B
Dados da geometria da sala (coordenadas cartesianas)
Coordenadas de entrada dos nós do modelo geométrico das superfícies que compõem
a sala estudada. As coordenadas são dadas em metros.
x y z
1 3,28 0 0
2 3,28 0 3,38
3 3,28 3 3,38
4 3,28 3 2
5 3,28 1 2
6 3,28 1 1
7 3,28 3 1
8 3,28 3 0
9 3,28 5,02 0
10 3,28 5,02 3,38
11 2,98 5,02 3,38
12 2,98 5,02 1,95
13 0 5,02 1,95
14 0 5,02 0
15 0 5,02 3,38
16 0 0 3,38
17 0 0 0
18 0,3 0 0
19 1,2 0 0
20 1,2 0 2,15
21 0,3 0 2,15
30 2,32 1,36 0,45
31 2,77 1,36 0,45
32 2,77 3,66 0,45
33 2,32 3,66 0,45
34 2,32 1,36 0,4
35 2,77 1,36 0,4
36 2,77 3,66 0,4
37 2,32 3,66 0,4
38 0,51 3,66 0,45
39 0,51 1,36 0,45
x y z
40 0,96 1,86 0,45
41 0,96 3,66 0,45
42 0,51 3,66 0,4
43 0,51 1,36 0,4
44 0,96 1,36 0,4
45 0,96 3,66 0,4
46 2,77 1,41 0,5
47 2,77 1,41 1
48 2,77 3,61 1
49 2,77 3,61 0,5
50 2,82 1,41 0,5
51 2,82 1,41 1
52 2,82 3,61 1
53 2,82 3,61 0,5
54 0,51 3,61 0,5
55 0,51 3,61 1
56 0,51 1,41 1
57 0,51 1,41 0,5
58 0,46 3,61 0,5
59 0,46 3,61 1
60 0,46 1,41 1
61 0,46 1,41 0,5
62 1,89 4,36 0,45
63 1,39 4,36 0,45
64 1,39 3,91 0,45
65 1,89 3,91 0,45
66 1,89 4,36 0,4
67 1,39 4,36 0,4
68 1,39 3,91 0,4
69 1,89 3,91 0,4
70 1,84 4,36 0,5
x y z
71 1,84 4,36 1
72 1,44 4,36 1
73 1,44 4,36 0,5
74 1,84 4,41 0,5
75 1,84 4,41 1
76 1,44 4,41 1
77 1,44 4,41 0,5
78 1,89 1,11 0,45
79 1,39 1,11 0,45
80 1,39 0,66 0,45
81 1,89 0,66 0,45
82 1,89 1,11 0,4
83 1,39 1,11 0,4
84 1,39 0,66 0,4
85 1,89 0,66 0,4
86 1,44 0,66 0,5
87 1,44 0,66 1
88 1,84 0,66 1
89 1,84 0,66 0,5
90 1,44 0,61 0,5
91 1,44 0,61 1
92 1,84 0,61 1
93 1,84 0,61 0,5
92
APÊNDICE C
Dados da geometria da sala (elementos e materiais)
Descrição dos materiais atribuídos a cada elemento do modelo geométrico das
superfícies internas da sala. A seqüência de nós segue a ordem correta (“regra da mão
direita”) para que o vetor normal à superfície aponte para a direção adequada.
n
o
Materiais Elemento Seqüência de nós
1 Alvenaria Parede - parte em L
2 3 4 5 6 7 8 1
2 Alvenaria Parede - complemento
3 10 9 8
3 PVC Quadro branco
6 5 4 7
4 Alvenaria Parede da janela
9 10 11 12 13 14
5 Vidro Janela
11 15 13 12
6 Gesso Parede para sala vizinha
14 15 16 17
7 Gesso Parede para o corredor
19 20 21 18 17 16 2 1
8 Madeira Porta
18 21 20 19
9 Mármore Piso
1 9 14 17
10 Concreto Teto
2 16 15 10
11 Madeira Mesa - parte superior
22 23 24 25
12 Madeira Mesa - parte lateral
26 27 23 22
13 Madeira Mesa - parte lateral
27 28 24 23
14 Madeira Mesa - parte lateral
28 29 25 24
15 Madeira Mesa - parte lateral
22 25 29 26
16 Madeira Mesa - parte inferior
26 29 28 27
17 Acolchoado Assento direita cima
30 31 32 33
18 Acolchoado Assento direita lateral
30 33 37 34
19 Acolchoado Assento direita lateral
34 35 31 30
20 Acolchoado Assento direita lateral
30 34 35 31
21 Acolchoado Assento direita lateral
31 35 36 32
22 Forro Assento direita baixo
30 34 35 31
23 Acolchoado Assento esquerda cima
46 47 48 49
24 Acolchoado Assento esquerda lateral
46 49 53 50
25 Acolchoado Assento esquerda lateral
50 51 47 46
26 Acolchoado Assento esquerda lateral
46 50 51 47
27 Acolchoado Assento esquerda lateral
47 51 52 48
28 Forro Assento esquerda baixo
46 50 51 47
29 Acolchoado Encosto direita frente
46 47 48 49
93
n
o
Materiais Elemento Seqüência de nós
30 Forro couro Encosto direita costas
50 53 52 51
31 Acolchoado Encosto direita lado
51 52 48 47
32 Acolchoado Encosto direita lado
46 49 53 50
33 Acolchoado Encosto direita lado
50 51 47 46
34 Acolchoado Encosto direita lado
49 48 52 53
35 Acolchoado Encosto esquerda frente
54 55 56 57
36 Forro couro Encosto esquerda costas
58 61 60 59
37 Acolchoado Encosto esquerda lado
59 60 56 55
38 Acolchoado Encosto esquerda lado
54 57 61 58
39 Acolchoado Encosto esquerda lado
58 59 55 54
40 Acolchoado Encosto esquerda lado
57 56 60 61
41 Acolchoado Assento cabeceira D cima
62 63 64 65
42 Forro couro Assento cabeceira D baixo
66 69 68 67
43 Acolchoado Assento cabeceira D lado
67 68 64 63
44 Acolchoado Assento cabeceira D lado
62 65 69 66
45 Acolchoado Assento cabeceira D lado
66 67 63 62
46 Acolchoado Assento cabeceira D lado
65 64 68 69
47 Acolchoado Encosto cabeceira D frente
70 71 72 73
48 Forro couro Encosto cabeceira D costas
74 77 76 75
49 Acolchoado Encosto cabeceira D lado
75 76 72 71
50 Acolchoado Encosto cabeceira D lado
70 73 77 74
51 Acolchoado Encosto cabeceira D lado
74 75 71 70
52 Acolchoado Encosto cabeceira D lado
73 72 76 77
53 Acolchoado Assento cabeceira H cima
78 79 80 81
54 Forro couro Assento cabeceira H baixo
82 85 84 83
55 Acolchoado Assento cabeceira H lado
83 84 80 79
56 Acolchoado Assento cabeceira H lado
78 81 85 82
57 Acolchoado Assento cabeceira H lado
82 83 79 78
58 Acolchoado Assento cabeceira H lado
81 80 84 85
59 Acolchoado Encosto cabeceira H frente
86 87 88 89
60 Forro couro Encosto cabeceira H costas
90 93 92 91
61 Acolchoado Encosto cabeceira H lado
91 92 88 87
62 Acolchoado Encosto cabeceira H lado
86 89 93 90
63 Acolchoado Encosto cabeceira H lado
90 91 87 86
64 Acolchoado Encosto cabeceira H lado
89 88 92 93
94
APÊNDICE D
Histogramas – dados intervalares
Os dados intervalares resultantes da avaliação subjetiva dos métodos deram origem
aos histogramas. Para estimar a distribuição dos dados, são apresentadas também as curvas de
distribuição normal.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarA
15
12
9
6
3
0
Frequency
Mean = 2,788
Std. Dev. = 1,8544
N = 66
Figura D.01 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Localização da fonte violão - Método FV.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarB
6
5
4
3
2
1
0
Frequency
Mean = 5,098
Std. Dev. = 2,6344
N = 66
Figura D.02 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Localização da fonte violão - Método RN.
95
10,08,06,04,02,00,0
intervalarC
14
12
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 3,015
Std. Dev. = 2,2702
N = 66
Figura D.03 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Localização da fonte violão - Método TR.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarA
14
12
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 3,145
Std. Dev. = 2,285
N = 69
Figura D.04 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Localização da fonte voz - Método FV.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarB
7
6
5
4
3
2
1
0
Frequency
Mean = 4,848
Std. Dev. = 2,4152
N = 69
Figura D.05 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Localização da fonte voz - Método RN.
96
10,08,06,04,02,00,0
intervalarC
6
5
4
3
2
1
0
Frequency
Mean = 4,768
Std. Dev. = 2,5475
N = 69
Figura D.06 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Localização da fonte voz - Método TR.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarA
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 3,706
Std. Dev. = 1,9418
N = 68
Figura D.07 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Reverberação da fonte violão - Método FV.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarB
14
12
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 2,684
Std. Dev. = 1,6948
N = 68
Figura D.08 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Reverberação da fonte violão - Método RN.
97
10,08,06,04,02,00,0
intervalarC
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,853
Std. Dev. = 2,583
N = 68
Figura D.08 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Reverberação da fonte violão - Método TR.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarA
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,914
Std. Dev. = 1,9707
N = 70
Figura D.09 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Reverberação da fonte voz - Método FV.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarB
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,114
Std. Dev. = 2,2813
N = 70
Figura D.10 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Reverberação da fonte voz - Método RN.
98
10,08,06,04,02,00,0
intervalarC
12
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 5,514
Std. Dev. = 2,6278
N = 70
Figura D.11 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Reverberação da fonte voz - Método TR.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarA
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 3,757
Std. Dev. = 1,95
N = 70
Figura D.12 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Timbre da fonte violão - Método FV.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarB
14
12
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 3,886
Std. Dev. = 2,3237
N = 70
Figura D.13 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Timbre da fonte violão - Método RN.
99
10,08,06,04,02,00,0
intervalarC
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,464
Std. Dev. = 2,4426
N = 70
Figura D.14 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Timbre da fonte violão - Método TR.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarA
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,729
Std. Dev. = 2,0706
N = 70
Figura D.15 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Timbre da fonte voz - Método FV.
10,08,06,04,02,00,0
intervalarB
10
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,709
Std. Dev. = 2,5612
N = 70
Figura D.16 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Timbre da fonte voz - Método RN.
100
10,08,06,04,02,00,0
intervalarC
8
6
4
2
0
Frequency
Mean = 4,671
Std. Dev. = 2,3404
N = 70
Figura D.17 - Histograma dos dados intervalares para o parâmetro Timbre da fonte voz - Método TR.
101
APÊNDICE E
Espectrogramas
O espectrograma é um gráfico bidimensional do espectro do sinal analisado ao longo
do tempo, com a freqüência espectral no eixo das ordenadas, o tempo no eixo das abscissas e
a intensidade espectral denotada por gradações de cor. Corresponde aos espectros
consecutivos (transformada de Fourier) de quadros adjacentes do sinal, dispostos
verticalmente. Os espectrogramas representados pelas Figuras E.01 a E.04 referem-se ao
ruído do ar-condicionado, relativos somente à posição 2, canal esquerdo.
Figura E.01 – Espectrograma da gravação de referência.
Figura E.02 – Espectrograma do resultado do Método de Fontes Virtuais (MÓDULOS).
dB
t (s)
dB
t (s)
102
Figura E.03 – Espectrograma do resultado do Método de Traçado de Raios (MÓDULOS).
Figura E.04 – Espectrograma do resultado do Método de Traçado de Pirâmides (RAYNOISE).
t (s)
dB
t (s)
dB
103
APÊNDICE F
Conteúdo do CD
O CD que acompanha este trabalho contém 27 faixas de áudio e 3 documentos
relacionados ao estudo realizado. É recomendado ao leitor considerar as configurações de
fonte e receptor descritas e ilustradas no Capítulo 6, no item 6.6.
1.
Gravação anecóica da voz
2.
Gravação anecóica do ar-condicionado
3.
Gravação anecóica do violão
4.
Gravação biaural de referência da configuração 1 (violão)
5.
Gravação biaural de referência da configuração 2 (violão)
6.
Gravação biaural de referência da configuração 3 (voz)
7.
Gravação biaural de referência da configuração 4 (voz)
8.
Gravação biaural de referência da configuração 5 (ar-condicionado)
9.
Gravação biaural de referência da configuração 6 (ar-condicionado)
10.
Auralização da configuração 1 – Método FV (violão)
11.
Auralização da configuração 1 – Método RN (violão)
12.
Auralização da configuração 1 – Método TR (violão)
13.
Auralização da configuração 2 – Método FV (violão)
14.
Auralização da configuração 2 – Método RN (violão)
15.
Auralização da configuração 2 – Método TR (violão)
16.
Auralização da configuração 3 – Método FV (voz)
17.
Auralização da configuração 3 – Método RN (voz)
18.
Auralização da configuração 3 – Método TR (voz)
19.
Auralização da configuração 4 – Método FV (voz)
20.
Auralização da configuração 4 – Método RN (voz)
21.
Auralização da configuração 4 – Método TR (voz)
22.
Auralização da configuração 5 – Método FV (ar-condicionado)
23.
Auralização da configuração 5 – Método RN (ar-condicionado)
24.
Auralização da configuração 5 – Método TR (ar-condicionado)
25.
Auralização da configuração 6 – Método FV (ar-condicionado)
26.
Auralização da configuração 6 – Método RN (ar-condicionado)
27.
Auralização da configuração 6 – Método TR (ar-condicionado)
104
Documentos:
A.
Apresentação Powerpoint de introdução ao questionário de comparação
subjetiva;
B.
Apresentação Powerpoint – questionário de comparação subjetiva;
105
APÊNDICE G
Formulário para respostas da comparação subjetiva de sons
A qualidade dos resultados de auralização foi avaliada por meio de avaliação
subjetiva, utilizando como instrumento psicométrico uma escala em linha. O participante,
após escutar a referência e cada som gerado por um dos três métodos, Traçado de Raios,
Fontes Virtuais e Traçado de Pirâmides, deveria classificar os sons em relação à referência,
utilizando o formulário apresentado a seguir.
LOCALIZAÇÃO
Comparação 1
Comparação 2
Comparação 3
Comparação 4
REVERBERAÇÃO
Comparação 5
Comparação 6
R
R
R
R
R
R
muito parecido
muito diferente
muito parecido
muito diferente
muito parecido muito diferente
muito parecido muito diferente
muito parecido
muito diferente
muito parecido
muito diferente
106
Comparação 7
Comparação 8
TIMBRE
Comparação 9
Comparação 10
Comparação 11
Comparação 12
R
R
R
R
R
R
muito parecido muito diferente
muito parecido muito diferente
muito parecido
muito diferente
muito parecido
muito diferente
muito parecido muito diferente
muito parecido muito diferente
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