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ROGRAMA DE
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RADUAÇÃO
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A
DMINISTRAÇÃO
Eduardo Motta Silveira
A PARTICIPAÇÃO DOS ENTES
UNIVERSIDADE, INDÚSTRIA E GOVERNO EM
INCUBADORAS DE BASE TECNOLÓGICA
Dissertação de Mestrado
Florianópolis
2007
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Eduardo Motta Silveira
A PARTICIPAÇÃO DOS ENTES
UNIVERSIDADE, INDÚSTRIA E GOVERNO EM
INCUBADORAS DE BASE TECNOLÓGICA
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação
em Administração da
Universidade Federal de Santa Catarina
como requisito parcial para obtenção
do grau de Mestre em
Administração
Orientadora: Profa. Ana Maria Bencciveni Franzoni, Dra
.
Florianópolis
2007
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Eduardo Motta Silveira
A PARTICIPAÇÃO DOS ENTES
UNIVERSIDADE, INDÚSTRIA E GOVERNO EM
INCUBADORAS DE BASE TECNOLÓGICA
Esta Dissertação foi julgada e aprovada para a
obtenção do grau de Mestre em Administração no
Programa de Pós-Graduação em Administração da
Universidade Federal de Santa Catarina
.
Florianópolis, 11 de junho de 2007.
Prof. Rolf Hermann Erdmann, Dr.
Coordenador do Programa
BANCA EXAMINADORA
:
Prof. Rolf Hermann Erdmann, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
Profa. Ana Maria Bencciveni Franzoni, Dra.
Universidade Federal de Santa Catarina
Orientadora
Prof. Pedro Antônio de Melo, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
Prof. Joshua Onome Imoniana, Dr.
Universidade Metodista de São Paulo
Aos meus pais, Mauro Nogueira Rodrigues
de Mello e Marcia Rodrigues de Mello.
Família,
Uma palavra comum na pronuncia,
mas com um significado muito difícil de
compreender e fazer acontecer.
Obrigado por serem a luz, a força, o
estímulo, a luta e o exemplo de vitória que
me orientou por esse novo caminho, mas
acima de tudo, obrigado por acreditar e
confiar incondicionalmente, frente a tantas
dificuldades.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que são fundamentais em toda minha vida e que me deram condições de
abandonar São Paulo e me aventurar por Santa Catarina, vivendo, convivendo e aprendendo
muito com uma nova realidade, uma nova cultura e novas pessoas.
Ao meu irmão Danilo e minha avó Marlene, por todo apoio e todas as lições de vitórias ao longo
de nossa caminhada em família.
Ao professor Maciej John Wojciechowski, irmão, amigo, sócio, enfim, a pessoa mais iluminada e
eficiente com quem eu já tive o prazer de conviver e trabalhar.
À professora orientadora Ana Maria Bencciveni Franzoni, pela confiança e coragem de aceitar a
proposta de um assunto novo.
Ao professor Rolf Hermann Erdmann, por todo apoio e compreensão em todos os momentos,
fatores esses, fundamentais para a conclusão desse trabalho.
Aos professores Joshua Onome Imoniana e Pedro Antônio de Melo, pela pronta disposição
para colaborar com o trabalho.
Aos amigos Flávio e Dinarte por toda força, companheirismo, amizade, as longas conversas e
todas as várias lições que me ajudaram a ser um homem melhor.
Ao Dennys, André, Rômulo, Carolina, Karina, Letícia e todos os amigos e familiares que me
ajudaram e ficaram em algum lugar do globo, mas que ainda vou encontrar muito ao longo
dessa caminhada. A todos vocês, obrigado por existir e fazer parte da minha vida.
Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Administração, em especial
à Fernanda, pelo pronto atendimento e ajuda.
À Universidade Federal de Santa Catarina e ao CNPq, pela oportunidade de realizar o curso.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram no meu aprendizado e concretização deste
trabalho.
RESUMO
MOTTA, Eduardo. A participação dos entes universidade, indústria e governo em
incubadoras de base tecnológica. 129 f. Dissertação (Mestrado em Administração) –
Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2007.
Orientadora: Ana Maria Bencciveni Franzoni
Defesa: 11/06/2007
A presente dissertação aborda teorias e conceitos sobre as alianças trilaterais, entre
universidade, indústria e governo, que caracterizam o ambiente das incubadoras de base
tecnológica. No arcabouço teórico, foram estudados assuntos concernentes ao conceito,
tipologias e evolução das incubadoras, além do relacionamento interorganizacional e as
alianças trilaterais características da abordagem de hélice tríplice. Ainda, foram levantados os
papéis da universidade, indústria e governo no contexto das incubadoras de base tecnológica.
Esses temas estruturam a metodologia desenvolvida para análise da participação dos
representantes dos entes universidade, indústria e governo nas incubadoras de base
tecnológica, a partir de quatro dimensões de participação: estratégica, recursos para
incubadora, recursos para as empresas incubadas e conhecimento para incubadora e
empresas incubadas. Trata-se de um estudo de casos, com abordagem predominantemente
qualitativa. Foram definidas duas incubadoras, como sujeitos da pesquisa, a fim de obter
informações sobre as participações em estudo. De forma geral, os resultados indicam que a
participação dos representantes dos três entes é insuficiente na dimensão “recursos para
empresas incubadas”, enquanto nas outras a participação é efetivada de forma complementar.
Ainda, a partir das efetivas participações dos representantes de cada ente, podem ser
estruturadas novas relações que fortaleçam e ampliem seus papéis, a fim de fomentar
inovações e concretizar o papel da incubadora como indutora de inovação e desenvolvimento.
Palavras-chave: Alianças Trilaterais; Abordagem de Hélice Tríplice; Participação da
Universidade, Indústria e Governo nas Incubadoras de Base Tecnológica.
ABSTRACT
MOTTA, Eduardo. A participação dos entes universidade, indústria e governo em
incubadoras de base tecnológica. 129 f. Dissertação (Mestrado em Administração) –
Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2007.
Orientadora: Ana Maria Bencciveni Franzoni
Defesa: 11/06/2007
The current Masters dissertation reflects on the theories and concepts regarding trilateral
alliances amongst university, industry and government which define the operational environment
of technology incubators. The theoretical framework of this work reflects on issues regarding the
concept, typology and evolution of incubators as well as the inter-organizational relations and
the characteristics of the trilateral alliances as suggested by the Triple-Helix Framework.
Moreover, the roles of university, industry and government were discussed specifically within the
context of technology incubators. This discussion served as a foundation for the methodology
which was developed to investigate the effective participation of these three entities. The
participation was assessed according to four pre-defined dimensions: strategic, resources for
incubators, resources for incubated companies, and knowledge transfer for the incubator and
incubated companies. The research uses the “case study” approach and is of a predominantly
qualitative nature. Two incubators were the subject of the research and thus provided
information on the participation in question. Overall, the results show that participation of the
three entities in the two incubators is ineffective in the dimension of “resources for incubated
companies” whereas in the other three dimensions the participation of these entities is
complimentary to the stated objectives. Furthermore, the effective participation of the
representatives of each entity can stimulate the creation of new relations thus amplifying the
roles of these entities to foster innovations and thus consolidate the role of the technology
incubator as an inducer of innovation and development.
Key Words: Trilateral Alliances, Triple Helix Framework, Participation of University, Industry and
Government in Technology-base Incubators.
I
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Evolução dos Modelos de Incubadoras de Empresas ................... 25
Figura 2 Estrutura de Referência: Critérios de Excelência do PNQ ................... 36
Figura 3 Estrutura de Referência: Alianças Trilaterais ............................... 37
Figura 4 Contexto: Alianças como Alternativa de Fomento a Inovação ........ 50
Figura 5 Estrutura de Análise do Contexto ....................................................... 62
Figura 6 Modelo Ilustrado para Análise da Participação dos Entes .................... 63
Figura 7 Modelo Ilustrado para Análise do Contexto ........................................... 65
Figura 8 Unidade de Análise .............................................................................. 66
Figura 9 Modelo Lógico para Análise da Participação dos Entes nas
Incubadoras de base Tecnológica ............................... 67
Figura 10 Estrutura de Relações – CELTA ...................................................... 71
Figura 11 Estrutura de Relações – Softville ...................................................... 72
Figura 12 Participação da Universidade – CELTA ........................................... 76
Figura 13 Participação da Universidade – Softville ........................................... 78
Figura 14 Participação da Indústria – CELTA ....................................................... 82
Figura 15 Participação da Indústria – Softville ...................................................... 85
Figura 16 Participação do Governo – CELTA ....................................................... 88
Figura 17 Participação do Governo – Softville ....................................................... 90
Figura 18 Modelo de Conclusão – CELTA ........................................................ 99
Figura 19 Modelo de Conclusão – Softville ........................................................ 102
Figura 20 Modelo Genérico para Análise da Participação dos Entes ...................... 105
II
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Sociedade Industrial X Sociedade do Conhecimento ................... 31
Quadro 2 Papéis da Universidade, Indústria e Governo em
Incubadoras de Base Tecnológica .............................. 46
Quadro 3 PIB Municipal de Santa Catarina entre 2000 e 2004 ................... 56
Quadro 4 IDH Municipal de Santa Catarina em 2000 .......................................... 57
Quadro 5 IBTs dos Municípios de Blumenau, Florianópolis e Joinville ....... 57
Quadro 6 Dimensões da Participação X Papes Teóricos ............................... 60
Quadro 7 Modelo Dimensional Teórico para Análise da
Participação dos Entes ........................................... 62
Quadro 8 Concretização e Ampliação dos Papéis da
Universidade CELTA ........................................... 74
Quadro 9 Concretização e Ampliação dos Papéis da
Universidade Softville ........................................... 77
Quadro 10 Concretização e Ampliação dos Papéis da
Indústria CELTA ...................................................... 80
Quadro 11 Concretização e Ampliação dos Papéis da
Indústria Softville ...................................................... 83
Quadro 12 Concretização e Ampliação dos Papéis do
Governo – CELTA ...................................................... 86
Quadro 13 Concretização e Ampliação dos Papéis do
Governo Softville ...................................................... 89
Quadro 14 Modelo Integrado – CELTA ................................................................... 92
Quadro 15 Modelo Integrado – Softville ................................................................... 95
III
LISTA DE ABREVIATURAS
ANPROTEC Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
BICs Business Innovation Centers
BLUSOFT Blumenau Pólo Tecnológico de Informática
BNDES Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social
CEDIN Programa dos Centros de Desenvolvimento de Indústrias Nascentes
CELTA Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas – SC
CERTI Fundação Centro Regional de Tecnologia em Informática de Santa Catarina
CRIEM Centro de Referência em Incubação e Empreendedorismo
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CSES Centre for Strategy & Evaluation Services
EBN European Business Innovation Centers Network
EIBT Empresas Incubadas de Base Tecnológica
FAPESC Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina
IBT Incubadora de Base Tecnológica
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MIDITec Microdistrito Industrial de Base Tecnológica
MIDI Ville Incubadora de Base Tecnológica de Joinville
IV
NBIA National Business Incubation Association
NSF National Science Foundation
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
ParqTec Fundação Parque de Alta Tecnologia de São Carlos – SP
PNI Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de Empresas
ReINC Rede de Incubadoras, Pólos e Parques Tecnológicos do Rio de Janeiro
RECEPET Rede Catarinense de Entidades Promotoras de Empreendimentos Tecnológicos
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SOFTEX Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro
Softville Incubadora da Fundação Softville
UFSC Universidade Federal de Santa Catarina
UKBI United Kingdom Business Incubation
UNIDO United Nations Industrial Development Organization
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................... I
LISTA DE QUADROS ............................................................................... II
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................... III
1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 15
1.1 Origem do Trabalho ..................................................................... 15
1.2 Objetivos do Trabalho ..................................................................... 18
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................... 18
1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................... 18
1.3 Justificativa e Importância .......................................................... 19
1.4 Estrutura do Trabalho ..................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 21
2.1 Incubadoras de Empresas .......................................................... 22
2.1.1 Definição de Incubadora ..................................................................... 22
2.1.2 Origem do Movimento de Incubadoras ................................................ 23
2.1.3 O Movimento de Incubadoras Atualmente ..................................... 26
2.1.4 O Movimento de Incubadoras no Brasil ............................................... 29
2.1.5 Tipologia das Incubadoras .......................................................... 33
2.1.6 Estrutura de Referência – Alianças entre os Entes .......................... 35
2.2 As Relações entre os Entes ......................................................... 38
2.2.1 Evolução do Pensamento - O Cerne das Alianças Trilaterais .......... 38
2.2.2 Relações Interorganizacionais ......................................................... 40
2.2.3 Abordagem de Hélice Tríplice ......................................................... 43
2.3 Marco Teórico .............................................................................. 47
3 ESTUDO DE CASOS: INCUBADORAS DE
BASE TECNOLÓGICA .............................................. 52
3.1 Tipo de Pesquisa .............................................................................. 52
3.2 Questões e Proposições do Estudo .............................................. 53
3.3 Sujeitos da Pesquisa e Unidade de Análise ................................... 54
3.4 Ligação dos Dados à Proposição e
Critérios para a Interpretação dos Dados .............. 64
3.5 Limitações do Estudo .................................................................... 68
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................... 69
4.1 Caracterização dos Sujeitos da Pesquisa .................................... 69
4.1.1 Centro Empresarial para Laboração de
Tecnologias Avançadas – CELTA ......................... 69
4.1.2 Incubadora da Fundação Softville .................................... 71
4.2 Análise Vertical das Relações ......................................................... 72
4.2.1 Análise Vertical - Universidade .............................................. 73
4.2.2 Análise Vertical - Indústria ......................................................... 79
4.2.3 Análise Vertical - Governo ......................................................... 85
4.3 Análise Horizontal das Relações ............................................... 91
4.3.1 Modelos Integrados .................................................................... 92
4.4 Modelos de Análise da Participação .............................................. 98
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................... 106
5.1 Conclusões ............................................................................... 106
5.2 Recomendações para Futuros Trabalhos ..................................... 111
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 111
APÊNDICES .......................................................................................... 113
APÊNDICE A: Roteiros das Entrevistas ................................................ 119
APÊNDICE B: Planilhas Analíticas - Resultados das Entrevistas ...... 120
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Origem do Trabalho
Historicamente, após o final da Segunda Guerra Mundial, a indústria brasileira
experimentou um surto sem precedentes em termos de crescimento industrial. Esse ciclo de
investimentos se encerrou no início dos anos 1980, com os projetos do segundo Plano Nacional
de Desenvolvimento (COUTINHO e FERRAZ, 1994).
Durante a década de 1980, a economia mundial e, em particular, a economia norte-
americana passava por profundas transformações advindas de novas técnicas organizacionais
e novas tecnologias, como efeitos do processo de globalização. Nesse mesmo período, apesar
do grande desenvolvimento da indústria nacional, o Brasil sofreu significativas perdas em
competitividade, considerando seu mercado fechado e a não concorrência com outros países.
Desse modo, o déficit tecnológico foi inevitável e, conseqüentemente, sua participação no
comércio mundial foi reduzida de forma drástica (COUTINHO e FERRAZ, 1994).
Ainda na década de 1980, verificou-se um aumento no interesse por parte dos governos
de vários países em estimular a criação de micro e pequenas empresas, a fim de se adaptar ao
novo contexto. Com mudanças ocorrendo mundialmente, a indústria enfrentou sérias
dificuldades e entrou em crise. A introdução e difusão de novas tecnologias frente aos modelos
de produção em massa permitiram às pequenas empresas participar desse novo cenário. Uma
das opções mais utilizadas foi o processo de terceirização, que somado aos avanços
tecnológicos, abriram oportunidades para a criação de novas empresas (LEMOS, 1998).
Paralelamente, as maiores universidades dos Estados Unidos iniciaram programas de
empreendedorismo e geração de inovação em centros de pesquisa, envolvendo alunos e
professores no processo de transferência, para a indústria e a sociedade, dos conhecimentos e
tecnologias produzidos na academia. Isso se justifica em função da necessidade de
16
capitalização do conhecimento gerado nessas instituições e pela incorporação de uma terceira
missão: a busca das universidades pelo desenvolvimento econômico regional (LEMOS, 1998;
ARANHA et al, 2001; ALMEIDA, 2004, NOVELLI, 2006).
Diante deste cenário, verifica-se a importância de uma infra-estrutura científica,
tecnológica e administrativa de qualidade, fomentada por políticas públicas voltadas para
inovação (LEMOS, 1998). Nesse sentido, percebe-se a existência de três entes: a universidade,
a indústria e o governo, e são identificadas suas demandas no sentido de se adaptarem ao
novo contexto. Porém, as iniciativas isoladas de cada um desses entes não eram suficientes
para suprir suas demandas e a correlação entre elas propiciou a formação de alianças trilaterais
entre universidade, indústria e governo.
Na convergência de suas demandas, surge como alternativa o ambiente de inovação
propiciado pelas incubadoras de base tecnológica, já que fornecem uma estrutura física e
técnica para criação e abrigo de novas empresas, transferindo conhecimento, desenvolvendo a
localidade e gerando inovações. Neste contexto, essas incubadoras aparecem como opção
para que pequenos empreendedores iniciem suas atividades em ambientes "protegidos",
minimizando as dificuldades representadas pela falta de recursos em geral e,
conseqüentemente, reduzindo a taxa de mortalidade precoce (SANTOS, 1987; LEMOS e
MACULAN, 1999).
Apesar de se demonstrar uma iniciativa sinérgica entre organizações e seus entes, as
incubadoras passam por divergências que podem prejudicar suas relações. Nesse sentido,
Stainsack (2003) destaca a dificuldade de inserção das incubadoras na estrutura e na cultura
das organizações fornecedoras de conhecimento, bem como as diferenças na orientação e
objetivos dos entes, como fatores prejudiciais ao desenvolvimento das incubadoras.
Complementando, Imoniana e Motta (2005) verificaram em seu estudo que as empresas
residentes na incubadora buscam prolongar o período de incubação em função das facilidades
do ambiente, enquanto a incubadora objetiva a graduação rápida e sustentada de seus
17
incubados, concordando com as diretrizes de inovação e fomento ao número de pequenas
empresas na economia local. Ainda, as entidades promotoras de ciência e tecnologia tinham
uma participação reduzida no contexto da incubadora e seus mantenedores focavam em
resultados para justificar o investimento.
Embora os estudos referenciados retratem o contexto até aqui exposto, percebe-se a
carência de trabalhos que identifiquem a participação efetiva dos três entes, a partir de suas
relações nas incubadoras de base tecnológica. Considerando que a participação da
universidade, indústria e governo nessas incubadoras é desejada para alcançar inovação e
desenvolvimento, qualquer desvio entre a participação esperada e a real pode trazer efeitos
sobre as relações. Assim, resta uma lacuna teórica sobre as relações que efetivam a
participação desses representantes nas incubadoras.
Diante destes pressupostos, para conhecer a participação dos três entes nas
incubadoras, foram identificadas e analisadas as relações existentes entre os entes e a
incubadora, em dois casos no estado de Santa Catarina, investigando a concretização dos
papéis indicados para o fomento a inovações, o que caracteriza e permite conhecer a
participação efetiva dos entes no contexto das incubadoras de base tecnológica. Nesse sentido,
a problemática de estudo adotada foi:
Qual a participação da universidade, indústria e governo em incubadoras de base
tecnológica no estado de Santa Catarina?
18
1.2 Objetivos do Trabalho
1.2.1 Objetivo Geral
Conhecer a participação da universidade, indústria e governo em incubadoras de base
tecnológica no estado de Santa Catarina.
1.2.2 Objetivos Específicos
1. Identificar os parceiros envolvidos nas incubadoras, bem como reorganizações ocorridas
ao longo do tempo;
2. Investigar a participação dos representantes da universidade, indústria e governo, a
partir de suas relações com as incubadoras.
19
1.3 Justificativa e Importância
A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores –
ANPROTEC (2004, 2005, 2006) demonstrou à amplitude e o crescimento do mercado brasileiro
de incubadoras, superior a 23% ao ano, nos últimos três anos. Ainda, a associação destaca o
pouco conhecimento sobre as origens e dinâmicas de desenvolvimento desses
empreendimentos, além da necessidade de criar instrumentos eficazes para estimular o seu
crescimento (ANPROTEC, 2003).
Além disso, a incubadora é um conceito novo que não encontra em grande parte das
comunidades um entendimento perfeito de seus serviços e benefícios. Por isso, e pela
necessidade de buscar demanda de projetos e credibilidade à marca, que a divulgação de suas
atividades e objetivos é tão importante (DIEGOLI e BIZZOTTO, 2002).
A representatividade das incubadoras no mercado nacional de incubação fica
demonstrada por meio dos dados da ANPROTEC (2006). Isso se acentua sobremaneira, no
caso de Santa Catarina, em função de sua referência nacional e internacional na incubação de
empreendimentos de base tecnológica, como o caso do Centro Empresarial para Laboração de
Tecnologias Avançadas – CELTA, que, juntamente com o Parque Tecnológico de São Carlos,
foram as primeiras incubadoras a serem criadas no Brasil (ALMEIDA, 2004).
Conforme exposto na introdução do trabalho, verificou-se que a incubadora é uma
organização híbrida que integra as relações entre os entes universidade, indústria e governo, e
que seu processo de desenvolvimento sofre influências multilaterais, o que segundo Aranha et
al (2001), representa um problema complexo encontrado nessas organizações. Desse modo,
considerando que a incubadora é mais bem estruturada a partir de relações com os
representantes dos três entes, pretende-se conhecer a participação efetiva dos três entes no
processo de desenvolvimento desses ambientes de inovação.
20
Assim, este estudo objetiva difundir o conceito de incubadora para a população
acadêmica, empreendedores e sociedade em geral, além de incrementar o conhecimento
existente, conhecendo a participação dos representantes dos três entes nas relações com as
incubadoras. Na prática, pretende-se fornecer novos mecanismos de controle e gestão, já que
para estruturar relações de cooperação que fortaleçam e ampliem a participação desses entes
nas incubadoras, é fundamental visualizar os pontos deficientes dessa participação,
possibilitando reorganizações que fomentem e atendam ao papel maior da incubadora como
indutora de inovação e desenvolvimento regional.
1.4 Estrutura do Trabalho
O presente trabalho está dividido em quatro capítulos para maior clareza do seu
conteúdo conforme indicações a seguir.
O primeiro capítulo apresenta as origens da pesquisa, referenciando os trabalhos que
motivaram sua realização, bem como os indícios que direcionaram a formação dos objetivos.
Ainda, o primeiro capítulo apresenta a justificativa e importância da pesquisa, e por fim, a
estrutura do trabalho.
O segundo capítulo apresenta a fundamentação teórica que sustenta o trabalho,
ressaltando teorias e conceitos importantes, a partir das perspectivas que guiaram o estudo.
O terceiro capítulo apresenta os procedimentos metodológicos, além da metodologia
desenvolvida para conhecer a participação dos entes no ambiente das incubadoras.
O quarto capítulo apresenta os resultados obtidos e a análise dos achados.
O quinto capítulo trata das conclusões, nas quais são ressaltadas as contribuições
obtidas com a pesquisa, bem como sugestões para futuros trabalhos.
Por último, são apresentados as referências e os apêndices.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta o posicionamento dos autores sobre os temas-chave
trabalhados nesta pesquisa. A intenção é ressaltar conceitos importantes, a partir das
perspectivas que guiaram o estudo em questão. Ao longo do capítulo será apresentada a
definição de incubadoras, suas origens, tipologias, estrutura de relações, entre outros aspectos
gerais que servem de referência para análise.
O presente estudo emerge a partir do interesse em conhecer a participação efetiva dos
representantes da universidade, indústria e governo no ambiente das incubadoras de base
tecnológica.
Primeiro, a partir da literatura geral sobre incubadoras no Brasil, ressaltam-se as
pesquisas de Santos (1987), Furtado (1995), Maculan (1995), Baeta (1996), Lemos (1998),
Schlupp (2001). Para os casos internacionais, não podemos deixar de citar o trabalho de Mian
(1996) sobre incubadoras nos EUA e ainda, o relatório do Centre for Strategy & Evaluation
Services – CSES (2002) para a Comissão Européia e seus países participantes, o qual
apresenta um estudo comparativo de incubadoras na União Européia.
Dentro da perspectiva deste estudo, ressalta-se o trabalho de Almeida (2004), que
investiga as condições que favorecem a emergência e a consolidação das incubadoras, além
de questões relativas à origem dos recursos técnicos e financeiros das incubadoras, e o papel
dos entes universidade, indústria e governo nessas organizações. Na literatura internacional, as
perspectivas que apontam para ações conjuntas entre os três entes são enfatizadas
primeiramente por Sábato e Botana (1986) e, depois, como uma evolução de conceitos e
teorias, pelos trabalhos de Etzkowitz e Leydesdorff (1996, 1998, 2000, 2002).
22
2.1 Incubadoras de Empresas
Este subcapítulo define o conceito de incubadora e ressalta sua gênese, apresentando a
evolução dos conceitos e modelos de incubação, além de suas características operacionais e
estruturais. Desde o início o leitor poderá apreciar a complexidade das relações entre os entes
nas incubadoras. A intenção do autor é fornecer um fundamento evolucionário desse conceito,
para depois apresentar o contexto atual, intercalando-o com a estrutura de relações que
fomenta esses ambientes de inovação.
2.1.1 Definição de Incubadora
Atualmente, a incubadora pode ser definida como uma organização que promove a
criação e o desenvolvimento de empresas e produtos inovadores, a partir de pessoas
capacitadas por entidades como universidades, centros de pesquisa, empresas e/ou governos,
bem como a partir de conhecimentos gerados nessas entidades. Para que isso ocorra, uma
incubadora de empresas fornece aos seus incubados, em condições acessíveis e por
determinado período de tempo, um amplo espectro de condições e serviços, tais como espaço
físico numa espécie de condomínio que mantém relações com instituições de ensino superior
e/ou centros de pesquisa, acesso aos laboratórios e eventos destas entidades, suporte
compartilhado de serviços administrativos, acesso a especialistas em áreas especiais e
mecanismos que promovem a sinergia e a formação de redes com outras empresas, entidades
de ensino e pesquisa, agentes do desenvolvimento e parceiros potenciais (LEMOS, 1998;
LEMOS e MACULAN, 1999; ARANHA et al, 2001; SPOLIDORO e FISCHER, 2001;
ANPROTEC, 2002; ALMEIDA, 2004).
23
Complementando, segundo a definição da National Business Incubation Association –
NBIA (2006), a incubadora se caracteriza por desempenhar um papel de sustentação e ajuda à
sobrevivência de novos negócios, que é fundamental durante o período inicial, quando eles são
mais vulneráveis.
Ainda, o papel das incubadoras de empreendimentos só veio a ser plenamente
reconhecido na década de 1990, quando elas foram reconhecidas como atores relevantes do
desenvolvimento em âmbito mundial (SPOLIDORO e FISCHER, 2001).
2.1.2 Origem do Movimento de Incubadoras
O modelo de incubação de empresas surgiu em 1959 na cidade de Batavia, estado de
Nova Iorque (EUA), quando uma das fábricas de tecelagem da Massey Ferguson fechou,
deixando um galpão de quase 80 mil metros quadrados e uma taxa de 20% de desemprego na
região. Para reverter esse quadro negativo, uma importante família da região, os Mancuso,
resolveu adquirir a área deixada e arrendá-la a uma empresa que pudesse empregar a
população e reacender o mercado naquela região. Entretanto, a família desistiu da idéia e
decidiu, ao invés, sublocar o espaço para pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam
equipamentos e serviços como secretaria, contabilidade, vendas, marketing, entre outros, o que
reduzia os custos operacionais das empresas, aumentando sua competitividade. Dentre as
primeiras empresas hospedadas estava um aviário, que acabou conferindo ao prédio o apelido
de “incubadora” (ARANHA et al, 2001; NBIA, 2006).
Paralelamente, por iniciativa da National Science Foundation – NSF dos Estados
Unidos, as maiores universidades do país iniciaram programas de empreendedorismo e de
geração de inovação em centros de pesquisa, envolvendo alunos e professores no processo de
transferência, para a indústria e a sociedade, dos conhecimentos e tecnologias produzidos na
academia (LEMOS, 1998; ARANHA et al, 2001; ALMEIDA, 2004).
24
Dessa maneira, o sucesso do modelo tradicional de incubação e dos programas
iniciados em universidades dos Estados Unidos contribuíram simultaneamente e de formas
distintas, em função de suas origens, para a criação das primeiras incubadoras na década de
1970. Soma-se a isso o crescente interesse de investidores em financiar os empreendimentos
surgidos nesses ambientes de inovação, o que garantiu o sucesso das incubadoras (LEMOS,
1998; ALMEIDA, 2004).
Assim, percebe-se que o as incubadoras surgiram como alternativa às demandas de
diferentes entes, que na convergência de interesses iniciaram uma relação que resultou na
inovação contínua dessa forma de organização.
O processo de incubação de empresas varia bastante de incubadora para incubadora,
sendo influenciado, dentre outros aspectos, pelos objetivos almejados e pelas características da
região onde a incubadora está situada (CSES, 2002). No entanto, é necessário identificar o
processo de forma geral, para que seja possível compreender o desenvolvimento desse
movimento em diferentes partes do mundo.
Desse modo, para os casos europeus verificados pelo CSES (2002) a “evolução dos
modelos de incubadoras de empresas” na União Européia é ilustrada por meio da Figura 1
(CSES, 2002, p. 4):
25
Figura 1 – Evolução dos Modelos de Incubadoras de Empresas
Fonte: Adaptado de CSES, 2002, p. 4.
Esse modelo ilustra que a primeira geração de incubadoras, criadas na década de 1980,
oferecia essencialmente espaço físico e facilidades compartilhadas para apoiar alguns grupos
empresarias. Nos anos da década de 1990, seu uso foi reconhecido por suplementar o espaço
de trabalho com aconselhamento, aperfeiçoamento das habilidades e formação de redes para
acesso a suporte profissional e investimentos para as empresas incubadas, levando para
segunda geração de incubadoras, enquanto muitas nos países em desenvolvimento ainda
seguiam o modelo inicial. A partir de 1998, novos modelos de incubadoras surgem em paralelo,
como as “da nova economia” e as virtuais (CSES, 2002), inovando esse conceito que sofre
26
várias transformações ao longo do tempo, a fim de responder às necessidades das empresas
incubadas, por meio de novos usos, papéis e serviços (ALMEIDA, 2004).
Apesar de poucas nuances entre a vertente norte-americana e a européia para o
movimento de incubadoras de empresas, elas seguem as mesmas tendências. Como uma
evolução de seus modelos, conceitos e vertentes originais, as incubadoras se caracterizam por
formar empreendedores e empreendimentos alimentados por serviços de suporte e indivíduos
especializados, subsidiados por investimentos de naturezas diversas, com respaldo científico e
tecnológico de universidades e centros de pesquisas (ARANHA et al, 2001).
2.1.3 O Movimento de Incubadoras Atualmente
Depois de cinco décadas, a idéia de fornecer estrutura de apoio para pequenas
empresas, ou seja, a incubadora tradicional dos “Mancuso”, hoje, é utilizada para atender
diversas novas finalidades. Nesse sentido, seja para transferência de conhecimento entre
universidade e empresa ou para aumentar o nível tecnológico das empresas existentes, bem
como, para criar novos negócios ou desenvolver arranjos produtivos, a incubadora é vista
ainda, como uma estratégia eficaz de promoção do desenvolvimento regional, propiciando a
qualificação profissional, geração de emprego, renda e impostos a custos baixos, além de
fomentar a criação de redes de relacionamento com parceiros potenciais, o que também
incentivou governos e organismos de fomento econômico a apoiarem seu desenvolvimento
(ARANHA et al, 2001; ALMEIDA, 2004).
Dessa maneira, o sucesso e a evolução do movimento de incubadoras estreitaram as
relações entre os mundos econômico, institucional e intelectual, o que estimulou o crescimento
exponencial verificado ao longo dos anos.
Em números gerais, o movimento de incubadoras ocorre mundialmente e até meados de
2006 existiam cerca de 5.000 incubadoras em todos os continentes. Vale ressaltar que os
27
resultados das incubadoras são positivos e similares nos casos norte-americanos e europeus,
já que a taxa de sucesso das empresas apoiadas nos Estados Unidos gira em torno de 87%,
enquanto nos casos europeus, a taxa de sobrevivência média é de 84% (CSES, 2002; NBIA,
2006).
Segundo Aranha et al (2001), para o caso brasileiro, até 2001 ainda não existiam dados
oficiais sobre a taxa de sucesso das empresas graduadas, mas que apesar disso, os números
não seriam muito diferentes dos apresentados nos casos internacionais. Desse modo, apesar
de não-oficial, essa informação é positiva e cabível, se considerarmos que a taxa de
mortalidade das empresas brasileiras, segundo o SEBRAE, é de 70% até o terceiro ano,
enquanto as chances de sobreviver após três anos de funcionamento, com o apoio das
incubadoras, são ampliadas para quase 80% (ARANHA et al, 2001; SEBRAE, 2004).
O número de incubadoras cresceu progressivamente nas últimas décadas. No caso
norte-americano, o salto foi de 12 incubadoras no início da década de 1980, para mais de 1400
incubadoras em operação até o final do ano 2006, sendo 1.115 incubadoras nos Estados
Unidos, 191 no México e 120 no Canadá (NBIA, 2006). Para os casos europeus, verificou-se
que no Reino Unido, por exemplo, somente entre 1996 e 2006 o número de incubadoras
passou de 25 para 270 (UKBI, 2006). Ainda na Europa, foram criados centros de inovação
empresarial (Business Innovation Centers – BICs) para criação e implantação de incubadoras
de empresas e parques tecnológicos, a fim de orientar e dinamizar o movimento de incubadoras
na Comunidade Européia e, até o final de 2006, existiam 160 BICs em 21 países (EBN, 2006).
No Brasil, os números também acompanham essa expansão do movimento. Em 1986,
havia somente duas incubadoras operando no país. Dez anos depois, esse número já havia
crescido para 74 incubadoras. Até o final de 2006, o movimento teve um crescimento
exponencial e atingiu a marca de 383 incubadoras, sendo 339 em operação, 32 em implantação
e 12 em projeto (ANPROTEC, 2006). Ainda, até 2002, os números posicionavam o Brasil, em
terceiro lugar no mundo quanto ao número de incubadoras (ANPROTEC, 2002).
28
Além do crescimento considerável, o movimento de incubadoras no Brasil também se
diversificou, seguindo a tendência verificada em outros países. Existem incubadoras de
variados tipos, atuando em diversos setores e atendendo a diferentes demandas. Entre elas, as
mais comuns são as de base tecnológica, as tradicionais e as mistas. Além dessas, existem
incubadoras especializadas atuando em setores específicos, como as incubadoras virtuais, de
agronegócios, de internet, de biotecnologia, ou ainda, as incubadoras de cooperativas e de
base cultural (ALMEIDA, 2004; ANPROTEC, 2006).
Na América do Norte, até 2006, 37% das incubadoras eram de base tecnológica e 47%
de base mista, enquanto 7% eram de manufatura, 6% de serviços e 4% de outros segmentos
(NBIA, 2006). Para o caso europeu, verificou-se que no Reino Unido 64% das incubadoras
eram especializadas em áreas tecnológicas (UKBI, 2006). No Brasil, 40% das incubadoras
eram de base tecnológica, 18% apoiavam empresas de setores tradicionais e 23% eram mistas,
sendo que 62% das incubadoras de base tecnológica lidavam com empresas de informática ou
software (ANPROTEC, 2006). Essas informações indicam uma tendência mundial para novas
formas de incubação, bem como novos tipos e modelos de incubadoras, o que
consequentemente, diminui gradualmente a participação das incubadoras de base tecnológica
no mercado mundial de incubadoras, sem diminuir sua importância.
2.1.4 O Movimento de Incubadoras no Brasil
No início do movimento, as incubadoras foram organizadas em pequeno número, a partir
de alianças entre universidades e governos municipais e estaduais. Entre 1985 e 1986, duas
incubadoras são colocadas em operação, uma em São Paulo outra em Santa Catarina. No caso
paulista, especificamente na cidade de São Carlos, existiam diversas empresas de base
tecnológica e, devido ao Parque de Alta Tecnologia de São Carlos - ParqTec estar iniciando a
29
sua implantação, criou-se nessa cidade a única incubadora formada pelo Programa dos Centros
de Desenvolvimento de Indústrias Nascentes – CEDIN de 1984 (ALMEIDA, 2004).
Além do ParqTec, no ano de 1986 se originou a chamada incubadora empresarial
tecnológica, hoje conhecida como Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias
Avançadas – CELTA, como parte integrante do projeto "Parque Tecnológico de Florianópolis”,
criado pela Fundação Centro Regional de Tecnologia em Informática de Santa Catarina –
CERTI, por iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e do Governo do
Estado de Santa Catarina, como alternativa de desenvolvimento econômico para a capital
catarinense, além de aproveitar os talentos e os conhecimentos gerados nas universidades
(CAVAGNARI, 1987; ALMEIDA, 2004).
Para Maculan (1996), a alta dependência das universidades e núcleos científicos, a
escassez de recursos e as mudanças na política de Ciência e Tecnologia, na década de 1980 e
início de 1990, eram elementos que contribuíam para que as incubadoras fossem criadas em
redes de apoio.
As alianças com governos estaduais e depois com as prefeituras viabilizaram a
formação das incubadoras, em função dos governos buscarem alternativas para o
desenvolvimento econômico local e regional, em termos de políticas públicas em geral, e
também, na área de ciência e tecnologia. As incubadoras se apresentaram como um novo
instrumento para a transferência de tecnologia, aceitando a participação de outros atores,
principalmente da universidade (ETZKOWITZ, 2002). Nesse sentido, o conhecimento existente
nas universidades brasileiras, somado as dificuldades de prosseguir com a política de inovação
implantada pelo governo militar (COUTINHO e FERRAZ, 1994), abriram o caminho para as
incubadoras de base tecnológica. Desta forma, a missão educacional da universidade é
adaptada, para uma nova missão econômica e social, por meio do treinamento de indivíduos e
organizações (ETZKOWITZ, 2002).
30
Desse modo, a partir da maior participação e interação desses atores, observa-se a
evolução das incubadoras, já que não pertencem mais ao paradigma no qual foram concebidas.
As incubadoras se transformaram numa entidade do novo paradigma da “Sociedade do
Conhecimento”, caracterizada pela aceleração do progresso da ciência e da tecnologia nas
últimas décadas (SPOLIDRO e FISHER, 2001).
Nessa perspectiva, as incubadoras de empresas devem ser projetadas, implantadas e
operadas com base nesse novo paradigma ao qual pertencem, liberando-se dos conceitos
pertencentes ao paradigma da “Sociedade Industrial”. O Quadro 1 apresenta as características
das duas sociedades ressaltando o novo papel da incubadora de empresas, como uma
iniciativa que surge dentro da “Sociedade do Conhecimento”:
31
Quadro 1: Sociedade Industrial X Sociedade do Conhecimento
Sociedade Industrial Sociedade do Conhecimento
1. Antes de implantar uma
incubadora numa região, exigiam-se
extensos estudos para demonstrar a
existência de mercado para as suas
futuras possíveis empresas.
1. A velocidade da evolução da tecnologia não concede tempo
para exaustivas pesquisas de mercado. Oportunidades podem
ser perdidas enquanto as pesquisas acontecem. Assim, para
justificar uma nova incubadora, a capacidade de perceber
oportunidades de negócios num mundo mutável se tornou
mais importante do que extensos estudos.
2. A incubadora estava centrada nas
vocações naturais da região.
2. Embora respeitando as vocações locais, a incubadora
focaliza seu trabalho nas oportunidades oferecidas pela
Sociedade do Conhecimento.
3. Para ser admitida numa
incubadora, uma empresa emergente
tinha que demonstrar exaustivamente
a sua viabilidade econômica.
3. Nessa perspectiva, o critério para admitir empresas numa
incubadora é inovador, buscando oferecer oportunidade à
virtualmente todas as propostas.
4. O primeiro passo para implantar
uma incubadora era construir um
prédio.
4. Com a escassez de recursos, a construção de um prédio é
autorizada apenas se não houver alternativa de espaço em
universidades, fábricas desativadas ou prédios semelhantes.
5. O gerente de uma incubadora se
limitava a publicar editais e esperar
que os candidatos surgissem.
5. Os gerentes das incubadoras devem ser empreendedores e
capazes de identificar oportunidades de negócios para a
região, transformando-as em empresas viáveis.
6. A incubadora estava limitada a
algumas dezenas de empresas
residentes.
6. Maior o número, maior a possibilidade de haver diversidade,
fertilizações cruzadas e uma elevada taxa de criação de novos
empreendimentos dentro da própria incubadora.
7. As incubadoras costumavam
aceitar apenas os empreendimentos
ditos “de base tecnológica”.
7. Com o propósito de estimular a inovação, as incubadoras
admitem empresas que são intensivas em conteúdo
intelectual, propiciando um inédito convívio de profissionais
em áreas diversas como engenharia, biotecnologia, artes e
ciências humanas.
Fonte: Adaptado pelo autor, a partir de Spolidoro e Fisher, 2001.
O Quadro 1 indica que a análise da estrutura híbrida de uma incubadora deve começar
pelas demandas e objetivos que regem a sua concepção, além dos papéis que universidade,
indústria e governo assumem para operar e ampliar a capacidade da incubadora para inovar,
dentro das premissas básicas de uma sociedade baseada em conhecimento.
No paradigma de “Sociedade Industrial”, uma incubadora costumava atuar dentro de um
universo relativamente restrito. Dentro do paradigma da “Sociedade do Conhecimento”, a
incubadora atua em rede, por meio de sistemas cada vez mais amplos e complexos, como os
sistemas de incubação de negócios e sistemas regionais de inovação (SPOLIDORO e FISHER,
32
2001). Para Cassiolato e Lastres (1999), as tendências do processo de inovação seguem a
linha da interação, a partir da criação de arranjos industriais colaborativos que propiciam o
cruzamento e fertilização de idéias, além da maior colaboração dos centros produtores de
conhecimento com avanços científicos que apóiam o processo inovativo. Ainda segundo os
autores, a inovação é um processo de busca e aprendizado socialmente determinado e
fortemente influenciado por formatos institucionais e organizacionais específicos (CASSIOLATO
e LASTRES, 1999).
Segundo Cassiolato e Lastres (1999), a redução dos ciclos de vida dos produtos faz com
que o processo de inovação se torne cada vez mais interativo entre suas diferentes fases,
diferentes departamentos, diferentes organizações e instituições, a fim de acompanhar as
mudanças. Para Dolabela (1999), os principais pilares para inovação são mais bem
estruturados dentro do ambiente de uma incubadora, em função da convergência de facilidades
em um mesmo local para criação de empresas, integrando empreendedorismo, inovação e
desenvolvimento local.
Dessa maneira, a incubadora se tornou um dos atores essenciais na criação e
sustentação de processos inovadores para o desenvolvimento regional, já que mobiliza e
integra atores heterogêneos, além de selecionar empresas com algum potencial e abrigá-las em
sua fase inicial, auxiliando no processo empreendedor, sendo o caminho entre a criação e a
consolidação de suas empresas no mercado (DOLABELA, 1999). Esses fatores estimulam as
alianças entre as organizações representantes de cada ente para gerar inovações, o que facilita
a expansão do movimento de incubadoras.
Duas décadas depois da criação das primeiras incubadoras no Brasil, o movimento
cresceu não apenas em número, mas também, na diversidade de objetivos e na sua forma de
organização, a partir do movimento associativo liderado principalmente, pela ANPROTEC.
Atualmente, as incubadoras atendem a objetivos econômicos e sociais voltados ao
desenvolvimento dentro de um modelo de inovação (ALMEIDA, 2004).
33
O movimento de incubadoras cresce acima de 23% ao ano (ANPROTEC, 2004, 2005,
2006). Até o final de 2006, as 339 incubadoras em operação possuíam 2327 empresas
residentes e 1678 graduadas, colocando o Brasil em destaque neste movimento no cenário
mundial (ANPROTEC, 2006).
Entretanto, Rasoto (2006) descreve a realidade atual das incubadoras brasileiras como
um micro ambiente que viabiliza o empreendedorismo, mas com baixa visibilidade local e ação
voltada para dentro, demonstrando a necessidade de ampliar seu meio de ação e o número de
beneficiários, a fim de aumentar sua visibilidade e alcance, além de enfatizar o compromisso
com a inovação e o desenvolvimento. Ainda, segundo Caulliraux et al (2001, p. 9) “pôde-se
observar a inexistência, [até então], de um modelo de gestão adequado à realidade dessas
organizações, e tampouco a padronização desse modelo, que determinasse sua utilização por
todas as incubadoras e empresas. O questionamento de modelos de gestão, e de indicadores
para incubadoras e empresas nascentes, objetiva a procura da eficiência deste processo”.
Dessa maneira, percebe-se que apesar do movimento brasileiro de incubadoras
acompanhar as tendências internacionais, seu processo ainda é latente e deve ser identificado
em todos os aspectos, a fim de ampliar o conhecimento e fornecer maior visibilidade no mundo
acadêmico, industrial e empresarial, além da sociedade em geral.
2.1.5 Tipologia das Incubadoras
Segundo a ANPROTEC (2006) as incubadoras de empresas são organizadas de acordo
com seu estágio de instituição e sua classificação. Quanto ao estágio de instituição, são
definidas como incubadoras em projeto, em implantação ou em operação; quanto à
classificação, as incubadoras podem ser: de base tecnológica, de setor tradicional, mista e
outras.
34
As incubadoras de base tecnológica abrigam, principalmente, empresas cujos principais
produtos resultem de pesquisas científicas, principalmente com alto grau de inovação e que
possam ser comercializáveis em mercados para os quais a tecnologia representa um alto valor
agregado (LEMOS, 1998). Dentre os principais negócios vinculados às incubadoras de base
tecnológica, destacam-se os relacionados às áreas de informática, biotecnologia e química fina
(ANPROTEC, 2006).
As incubadoras tradicionais abrigam empresas ligadas aos setores com tecnologia já
amplamente difundida, mas com potencial de agregar valor aos seus produtos, processos e
serviços, por meio da inovação e do aumento de seu nível tecnológico (MAEHLER, 2005).
As incubadoras mistas abrigam empresas de base tecnológica e tradicional. Já no caso
das incubadoras classificadas, pela ANPROTEC, como “outras”, podem ser citadas as
incubadoras de agronegócios, de cooperativas e virtuais, além das novas espécies de
incubadoras que atendem a empreendimentos artísticos, culturais e sociais (ALMEIDA, 2004).
Segundo a ANPROTEC (2006) no Brasil, 40% das incubadoras são de base tecnológica;
18% são tradicionais, 23% são mistas e 19% pertencem a outras categorias, como culturais,
sociais, agroindustriais, de serviços e de cooperativas, demonstrando uma gradual redução na
participação das incubadoras tradicionais e de base tecnológica, em função do crescimento da
participação de incubadoras mistas e de novas modalidades de incubação, tendência essa que
poderá se acentuar nos próximos anos.
Já no caso das empresas vinculadas às incubadoras, elas são classificadas em:
associada, incubada e graduada (ANPROTEC, 2006), sendo que:
A empresa associada é aquela que mantém vinculo com a incubadora, mas está
instalada fora dela;
A empresa incubada é aquela que utiliza as unidades de incubação, ou seja, reside e
ocupa o espaço da incubadora;
35
A empresa graduada é aquela que cumpriu o período de incubação, deixando o
ambiente da incubadora para atuar no mercado a partir de suas próprias instalações.
2.1.6 Estrutura de Referência – Alianças entre os Entes
Este subcapítulo apresenta o conceito de estrutura de referência, definindo a perspectiva
de análise que será utilizada para desenvolver o estudo, conhecendo a participação dos entes
nas relações com as incubadoras.
De acordo com o dicionário Aurélio (1997), estrutura é algo constituído de partes
distintas, organizadas e que se relacionam, e referência é aquilo que se “refere”, conta ou relata
a relação que existe entre certas coisas. Dessa maneira, entende-se por estrutura de referência
das relações em incubadoras de base tecnológica, o conjunto de elementos relevantes para
representação desse fenômeno (LIMA, 2004).
Um exemplo genérico de estrutura de referência é definido pelos critérios para o Prêmio
Nacional da Qualidade – PNQ, da Fundação Nacional da Qualidade – FNQ. Inspirado no
Malcolm Baldrige National Quality Award dos Estados Unidos, o PNQ foi instituído no Brasil em
1991 e possuí oito critérios de excelência que "reproduzem as melhores práticas de gestão
conhecidas no mundo" (FNQ, 2006, p.12). Além disso, esses critérios são de aplicabilidade
genérica, valem para qualquer tipo de organização e não estão associados a ferramentas ou
técnicas. Sua estrutura e critérios podem ser visualizados na Figura 2.
É importante observar que a estrutura de referência é uma importante ferramenta para a
criação de indicadores relevantes, e também, pode ser utilizada para orientar estudos
comparativos e o compartilhamento das melhores práticas nas incubadoras.
36
Figura 2 - Estrutura de Referência: Critérios de Excelência do PNQ
Fonte: Fundação Nacional da Qualidade, 2006.
Para identificar a estrutura de referência para análise das relações entre os entes nas
incubadoras, é necessário conhecer, de maneira geral, os representantes desses entes, que
viabilizam esse ambiente de inovação. Segundo Almeida (2004), no contexto das incubadoras
de base tecnológica, o papel das universidades é o mais representativo e entre os atores que a
representam se encontram as próprias universidades, centros de pesquisa, centros
universitários, faculdades, escolas técnicas e outros fornecedores de conhecimento. No caso
dos representantes da indústria, encontram-se empresas de apoio, empresas graduadas,
empresas multinacionais, entre outras empresas, associações e sindicatos. No caso do ente
governo, a maioria das incubadoras está ligada a prefeituras municipais e em menor escala a
fundações e instituições vinculadas aos governos federal e estadual.
Conhecidos de forma genérica os representantes dos três entes, verifica-se que as
incubadoras são beneficiadas por suas relações nesses ambientes de inovação. Ainda, as
37
incubadoras favorecem uma maior liberdade de ação, dinamizando as relações entre
universidade, indústria e governo. Segundo Almeida (2004) a particularidade das incubadoras
facilita a convergência de objetivos e interesses de diversos atores e, nesses casos, permitem a
formação de alianças trilaterais, emergentes da interação e sobreposição desses entes. Desse
modo, a estrutura de referência para analisar essas alianças é ilustrada na Figura 3.
Figura 3 – Estrutura de Referência: Alianças Trilaterais
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Almeida, 2004.
38
2.2 As Relações entre os Entes
Este subcapítulo trata dos principais conceitos para abordar as relações entre as
organizações representantes de cada ente, que teoricamente, é uma característica comum das
incubadoras de base tecnológica, por meio das alianças entre universidade, indústria e governo
para a geração de inovações e desenvolvimento.
2.2.1 Evolução do Pensamento - O Cerne das Alianças Trilaterais
Ao longo das últimas quatro décadas do século XX, buscaram-se alternativas para o
desenvolvimento científico e tecnológico dos países. Antes disso, o objetivo das políticas
industriais era fomentar as relações entre governo e indústria, a fim de liderar o processo de
desenvolvimento, a partir de mecanismos de fomento como diminuição de impostos e/ou
condições mais favoráveis para instalação de empresas, variando de região para região
(ALMEIDA, 2004).
Em 1986, Sábato e Botana propuseram um modelo alternativo para superar o
subdesenvolvimento nos países da América Latina. Nesse modelo, o governo fomenta as
relações entre a indústria e os fornecedores de ciência e tecnologia, promovendo e
coordenando as relações entre esses dois entes, a fim viabilizar o processo de desenvolvimento
tecnológico do país. Esse modelo é representado pela figura de um “triângulo” e ficou
conhecido como “Triângulo de Sábato”, no qual as ligações entre os vértices representam as
relações existentes entre o governo, a estrutura de ciência e tecnologia e o setor industrial.
Desse modo, a coordenação das ações e relações é desenvolvida pelo governo, que ocupa o
vértice superior do triângulo, enquanto as bases são ocupadas, de um lado, pela indústria e, do
outro, pela infra-estrutura científica e tecnológica do país (FRANÇA, 2001; NOVELI, 2006).
39
Além do modelo teórico “Triângulo de Sábato”, que coloca o governo no controle das
relações, surgiram como alternativa para vários países, os chamados sistemas nacionais de
inovação. No contexto da sociedade do conhecimento, a indústria e o governo são dependentes
dos avanços em pesquisas, o que amplia o papel da universidade e possibilita que os três entes
operem em bases iguais. Por outro lado, as relações e a cooperação dos representantes de
cada ente no contexto das incubadoras, tendem a ocorrer mais fortemente, devido à
complexidade e à rapidez das mudanças técnicas (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 2000).
Nesse sentido, esses sistemas percebem o processo de inovação como um fenômeno
complexo e sistêmico, que pode ser definido como o conjunto de entes responsáveis pela
criação e adoção de inovações em um determinado país. Assim, estruturam-se políticas
públicas que enfatizam as relações entre os entes que participam do processo de criação,
difusão e aplicação do conhecimento (OCDE, 1996).
Como uma generalização e evolução dessas perspectivas, enfatizando o crescimento do
papel das universidades nessas alianças, surge, em 1996, a abordagem de hélice tríplice, de
Etzkowitz e Leydesdorf, dentro da perspectiva de sociedade baseada no conhecimento. Essa
abordagem descreve as relações entre os representantes dos mundos governamental,
industrial e acadêmico, como alternativa para o processo de inovação e desenvolvimento
(ETZKOWITZ e LEYDESDORF, 1998; WOLFFENBUTTEL, 2001).
Para introduzir a abordagem teórica utilizada como referência, faz-se necessário tratar
das relações interorganizacionais características do ambiente das incubadoras, já que as
nuances do relacionamento podem fornecer uma outra perspectiva da realidade a ser
verificada.
40
2.2.2 Relações Interorganizacionais
Compreender a lógica das organizações não é mais suficiente para garantir sua
sustentabilidade. Novas formas organizacionais permitem aos atores responder, de forma mais
eficaz, aos desafios impostos pelo novo contexto, já que os novos conhecimentos, geradores de
processos inovadores, são essenciais para se competir na nova economia. Nesse sentido, as
organizações constroem alianças para administrar as incertezas e suprir suas necessidades de
recursos, por meio da cooperação mútua para adquirir e aperfeiçoar mecanismos que possam
auxiliá-las no enfrentamento das ameaças externas (SCHMIDT e NADVI, 1999).
Nesse cenário de mudanças, com ambiente turbulento e mutável, criou-se a
necessidade de rever as configurações organizacionais e adaptá-las ao novo contexto. Um fator
organizacional influenciado diretamente pelas pressões geradas por esse cenário é o
relacionamento interorganizacional, em função das organizações serem constituídas por
múltiplas redes nas quais ocorre fluxo de bens e serviços, influências, informações e
conhecimento. No decorrer dessas relações, criam-se mecanismos para o desenvolvimento
organizacional, bem como sinergias coletivas geradas pela participação efetiva das
organizações, complementado suas potencialidades e aumentando as chances de
sobrevivência e crescimento (EBERS, 1997; SCHMIDT e NADVI, 1999; SILVA, SCHROEDER e
HOFFMAN, 2005).
Conhecer a participação efetiva dos entes nas relações com as incubadoras é uma
questão fundamental para viabilizar a inovação e o desenvolvimento. As relações
interorganizacionais vão além de trocas puramente didáticas, concebendo organizações
interdependentes (SILVA, SCHROEDER e HOFFMAN, 2005). Isso se acentua sobremaneira no
caso das incubadoras, já que é uma organização híbrida que fomenta inovação a partir das
relações entre organizações heterogêneas, o que torna as trocas mais complexas. Essa
41
complexidade se justifica, entre outros fatores, pelas diferenças de cultura, a natureza dos
objetivos visados no relacionamento e pela visão de efetividade (MAZZALI e SILVA, 2003).
Dessa maneira, nas diferenças de cultura, destaca-se a visão empresarial de curto prazo
e as diferentes origens do grupo que direciona os interesses dos envolvidos e os objetivos das
incubadoras. Sobre a natureza desses objetivos, verifica-se, por exemplo, a busca da
incubadora por relações concretas que propiciem um ambiente favorável para as empresas
incubadas, enquanto à universidade visa contribuir para a transferência do conhecimento. Na
perspectiva de efetividade, a universidade considera como medidas, o número de patentes
registradas, o número de publicações e de estudantes treinados, mas muitas vezes, esses
números não são do interesse das empresas incubadas ou das incubadoras (MAZZALI e
SILVA, 2003).
Diante desse cenário, percebe-se a complexidade das relações desde a formação dos
objetivos no ambiente das incubadoras. Segundo Marinho (1990), as relações
interorganizacionais requerem a junção de esforços e recursos por indivíduos que buscam
alcançar um ou vários objetivos. Ainda de acordo com a autora, uma organização “persegue
objetivos múltiplos, constantemente em conflito e quase nunca completamente resolvidos”
(MARINHO, 1990, p. 15).
Etzioni (1976) enfatiza que os objetivos organizacionais são sempre intencionais e a
veracidade desses objetivos pode estar relacionada com a distância entre os interesses,
apresentados e os reais, das partes envolvidas. Complementando, Robbins (1981) ressalta a
importância em observar a natureza conflitante dos objetivos como divergência entre os
objetivos declarados e os objetivos reais, ou seja, muitas vezes as realizações das
organizações não correspondem de fato aos seus objetivos declarados.
Hasenfeld (1983) sustenta que a partir do comprometimento da organização com um
conjunto de metas, a mesma deve responder por elas diante das demais organizações que a
compõem e conferem legitimidade. Todavia, Marinho (1990) ressalta que a análise empírica
42
tem demonstrado a dificuldade em identificar os propósitos de uma organização “não somente
porque os objetivos declarados quase sempre não correspondem ao que está sendo de fato
atingido, mas porque também os objetivos de uma organização não são auto-evidentes como
se pensa que eles sejam” (MARINHO, 1990, p. 08).
Quando se analisa a inserção do ente governo nas relações, percebe-se também uma
diferença de objetivos e papéis que geram divergências, já que o governo foca o
desenvolvimento e viabilidade econômica e social nas regiões e, em função de não ser este o
papel principal das incubadoras, o seu envolvimento acaba sendo reduzido (MAZZALI e SILVA,
2003; MAEHLER, 2005).
De qualquer modo, considerando o novo contexto econômico e a necessidade cada vez
maior de inovação e desenvolvimento, as relações existentes entre as incubadoras e seus
entes, se torna um importante fator no desenvolvimento das mesmas, já que os resultados
dessas relações serão responsáveis pelo direcionamento e pela manutenção de um ambiente
favorável à inovação e gestão da incubadora (MENDES e SBRAGIA, 2002).
Nesse sentido, para conhecer a participação dos três entes nas incubadoras, faz-se
necessário apresentar a abordagem de hélice tríplice que configura o ambiente no qual
universidade, indústria e governo concatenam objetivos numa alternativa comum, neste caso,
as incubadoras de base tecnológica, a fim de alcançar inovação e desenvolvimento.
2.2.3 Abordagem de Hélice Tríplice
Este subcapítulo trata dos principais conceitos que explicam a abordagem de hélice
tríplice e ressalta a sua principal tese: as alianças entre universidade, indústria e governo na
produção de inovações tecnológicas, o que permite a criação de novas formas de organização
como os ambientes propiciados pelas incubadoras de base tecnológica, justificando a escolha
dessa abordagem teórica para fundamentação da pesquisa.
43
Atualmente, percebe-se mundialmente que os resultados científicos e tecnológicos
assumem um papel fundamental no desenvolvimento econômico. Além disso, os resultados
acadêmicos passam a ser utilizados na prática, por meio de relações com a indústria e o
mercado. A rápida difusão de sofisticadas práticas produtivas faz com que a indústria participe
de forma mais direta e intensa no desenvolvimento de pesquisas, geração de conhecimentos e
nas relações com entes institucionalizados (LEYDESDORFF, 2001).
A abordagem de hélice tríplice supõe que os papéis de apoio à inovação nas
incubadoras de base tecnológica, são concretizadas por meio de um processo contínuo de
trocas e interações entre os representantes das “hélices” universidade, indústria e governo,
criando um ambiente de interação, com a sobreposição dessas instituições para produzir
estratégias, mecanismos e/ou alternativas de inovação (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998,
2000).
Para Etzkowitz (1996), esse modelo difere da abordagem tradicional de inovação, na
qual o fluxo de conhecimento ocorre em via única, partindo da pesquisa básica para a inovação.
Assim, a hélice tríplice modela uma nova forma de estruturar o conhecimento. O autor destaca
essa diferença, afirmando que o fluxo de conhecimentos na hélice tríplice é baseado numa
espiral, na qual o fluxo ocorre em todos os sentidos, com os conhecimentos fluindo entre as
hélices.
A partir das relações entre as hélices, para produção de inovações, a abordagem
considera as interligações como uma forma de identificar os problemas decorrentes das
mudanças no mundo econômico, institucional e intelectual (ETZKOWITZ, 2002). Nesse sentido,
como resultados dessas relações, criam-se organizações como as incubadoras de empresas,
escritórios de transferência de tecnologia, consultorias e outras modalidades de apoio às
empresas, ampliando seus papéis nesses ambientes, além de reinventar a universidade como
um ator de desenvolvimento, auxiliando na criação de inovações que aumentem a
competitividade das empresas (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998).
44
Ainda, essa abordagem se divide em três níveis de relações e identifica quais
representantes das hélices conseguem estabelecer relações mais consistentes ao definir uma
estratégia de inovação. Etzkowitz e Leydesdorff (1998) descrevem os níveis das relações na
abordagem de hélice tríplice:
No primeiro nível da abordagem, o governo abrange a indústria e a universidade,
assumindo a direção do relacionamento entre esses dois entes. Nesse sentido, os entes são
definidos e o relacionamento ocorre por meio de relações industriais, transferência de
tecnologia e contratos oficiais, acompanhados por transformações internas em cada uma
dessas hélices (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998);
No segundo nível da abordagem, os limites entre os entes são definidos e o
relacionamento é altamente restringido. As interações nesses relacionamentos são tratadas
como sistemas de comunicação e a partir dessas novas formas de comunicação, as hélices
influenciam umas nas outras, mesmo com a manutenção de sua independência (ETZKOWITZ e
LEYDESDORFF, 1998);
O terceiro nível da abordagem, tido como modelo por excelência da hélice
tríplice, apresenta as relações entre os três entes como alternativa para gerar conhecimentos,
estratégias e mecanismos de inovação, bem como novas formas organizacionais. Além disso,
os representantes das hélices universidade, indústria e governo, superam seus papéis
tradicionais e assumem uns dos outros (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998).
Nessa abordagem, os efeitos recursivos das relações são verificados tanto nas
organizações como na própria ciência, ou seja, os resultados das relações entre as hélices
interferem na teoria e na prática. Para o caso das incubadoras de base tecnológica, os efeitos
recursivos são percebidos no momento em que as hélices passam a assumir os seguintes
papéis:
A universidade assume tarefas empreendedoras, tais como a criação de
empresas, registro de patentes, comercialização de tecnologia, alianças para desenvolvimento
45
de pesquisa e conhecimento de mercados ou ainda, executa o papel do governo como
mediador regional da inovação (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998, 2001);
A indústria transfere o conhecimento para universidades, desenvolve pesquisa
básica, alianças estratégicas, treinamentos, entre outros (ETZKOWITZ e LEYDESDORFF,
1998, 2001), e;
O governo desenvolve novas políticas públicas que direcionem para inovação e
desenvolvimento, além de mudanças em leis e promoção de novos financiamentos
(ETZKOWITZ e LEYDESDORFF, 1998, 2001);
Assim, enquanto os papéis são assumidos e/ou trocados, outros são apenas
fortalecidos, sem que as organizações representantes das hélices desapareçam (ALMEIDA,
2004). A concretização dos papéis da universidade, indústria e governo nas relações com a
incubadora são fundamentais para a estratégia de inovação em mercados globais. Dentro desta
linha de raciocínio, as relações entre os entes são mais bem evidenciadas no contexto das
incubadoras de base tecnológica e a efetiva participação desses entes nas relações está ligada
à concretização de seus papéis, que têm um impacto direto no funcionamento das próprias,
reforçando a importância desta pesquisa (WOLFFENBUTTEL, 2001; ALMEIDA, 2004).
Desse modo, os papéis definidos, teoricamente, para cada um desses entes no contexto
das incubadoras de base tecnológica são apresentados no Quadro 2.
46
Quadro 2 – Papéis da Universidade, Indústria e Governo em Incubadoras de Base Tecnológica
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de Almeida, 2004.
47
2.3 Marco Teórico
De maneira geral, em muitos países, as relações entre governo, indústria e fornecedores
de ciência e tecnologia começam com a perspectiva de fomentar inovações e acelerar o
desenvolvimento regional. Assim, as organizações que representam esses três entes interagem
para alcançar esses objetivos comuns, a fim de se adaptar ao novo contexto de sociedade
baseada no conhecimento. Além disso, em meados da década de 1980 surge na América
Latina uma teoria que propõem uma alternativa à inovação nos países em desenvolvimento, o
“Triângulo de Sábato”. Essa teoria é ilustrada por um triângulo, a partir de uma relação trilateral
que coloca o governo no controle das relações entre os fornecedores de ciência e tecnologia e
a indústria, a fim de promover inovação e desenvolvimento.
Como uma evolução dessas linhas de pensamento, surge à abordagem de hélice
tríplice, que apresenta a universidade, a indústria e o governo numa inter-relação, na qual,
esses entes (intitulados hélices pela abordagem) influenciam e sofrem transformações internas,
sobrepondo e assumindo os papéis uns dos outros. Desse modo, no desenvolvimento dessas
relações surgem novas organizações híbridas constituídas por representantes dos três entes,
como o caso das incubadoras.
Salienta-se que o movimento de incubadoras de empresas no Brasil se desenvolveu
sobre as mesmas bases dos casos norte-americanos e europeus, como exemplos de estruturas
formadas dentro da perspectiva de inovação preconizada pela abordagem de hélice tríplice, já
que as incubadoras internalizam o relacionamento entre as três hélices, estimulando um espaço
de interação, no qual o objetivo maior é a inovação e o desenvolvimento (ETZKOWITZ e
LEYDESDORFF, 1998, 2000).
Além disso, verificou-se a necessidade de uma infra-estrutura científica e tecnológica de
qualidade, fomentada por políticas de desenvolvimento e inovação, para o surgimento de
empresas que atendam aos paradigmas da sociedade baseada no conhecimento. Somado a
48
isso, existem limitações envolvendo os empreendedores, sobretudo tecnológicos, quanto aos
recursos de informação, conhecimento, capital e estrutura, já que grande parte dos criadores
dessas empresas não possui conhecimentos gerenciais devido a sua formação e a falta de
experiência empresarial (SANTOS, 1987; LEMOS, 1998).
Neste contexto, as incubadoras aparecem como alternativa para inovação e
desenvolvimento, por meio do apoio aos novos negócios. A opção dos empreendedores para
iniciar suas atividades em ambientes "protegidos" está relacionada à perspectiva de
minimização das dificuldades representada pela falta de recursos em geral e, também, pela
redução da taxa de mortalidade precoce.
Nos casos apresentados pelo relatório do CSES (2002), 90% das empresas que
passaram por incubadoras, mantiveram-se ativas até o terceiro ano de existência. Segundo
pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE, entre as
pequenas empresas, aquelas que têm a chance de contar com o apoio da estrutura oferecida
pelas incubadoras, ampliam de menos de 44% para quase 80% as chances de sobreviver após
o terceiro ano de funcionamento (SEBRAE, 2004). Ainda, de acordo com Schlupp (2001, p. 54),
“[...] no Brasil, há diversos exemplos de empresas com tecnologia avançada que
surgiram em locais favoráveis, propiciados pela existência da infra-estrutura
científica e tecnológica, da proximidade de pólos industriais e, também, por meio
de iniciativas entre organismos de pesquisa e ensino – ou seja, de conhecimento
científico e tecnológico – órgãos de fomento, empreendedores, tendo como base,
ambientes especiais de incubadoras e parques tecnológicos”.
Dessa maneira, partindo da necessidade de adaptação ao novo contexto e auxílio aos
novos empreendedores, a estrutura favorecida pelas alianças trilaterais, características da
abordagem de hélice tríplice, são mais bem evidenciadas no contexto das incubadoras de base
tecnológica (ALMEIDA, 2004). Nesse sentido, Lemos (1998) ressalta a importância desses
49
ambientes de inovação, a partir da necessidade de viabilizar negócios para os pequenos
empreendedores, a fim de estimular o desenvolvimento e a inovação.
Desse modo, a incubadora de base tecnológica se caracteriza como uma organização
que promove a criação e o desenvolvimento de empresas e produtos inovadores a partir de
pessoas capacitadas por entidades representantes da universidade, indústria e governo, bem
como a partir de conhecimentos gerados nessas entidades. Para que isso ocorra, uma
incubadora de empresas fornece aos seus incubados, em condições acessíveis e por
determinado período de tempo, um amplo espectro de condições e serviços, tais como espaço
físico numa espécie de condomínio que mantém relações com instituições de ensino superior e
centros de pesquisa, acesso aos laboratórios e eventos dessas entidades, suporte
compartilhado de serviços administrativos, acesso a especialistas em áreas especiais e
mecanismos que promovem a sinergia e a formação de redes com outras empresas, entidades
de ensino e pesquisa, agentes do desenvolvimento e parceiros potenciais (LEMOS, 1998;
LEMOS e MACULAN, 1999; ARANHA et al, 2001; SPOLIDORO e FISCHER, 2001;
ANPROTEC, 2002; ALMEIDA, 2004).
Assim, a Figura 4 apresenta uma ilustração genérica do contexto de inovação e
desenvolvimento viabilizado pelas relações entre universidade, indústria e governo,
evidenciando-se no ambiente de interação proporcionado pelas incubadoras de base
tecnológica.
50
Figura 4 – Contexto: Alianças como Alternativa de Fomento a Inovação
Fonte: Elaborado pelo autor.
51
Isso posto, torna-se necessário identificar, nas relações das incubadoras com os
representantes dos três entes, as características que concretizam seus papéis, a fim de
fomentar o desenvolvimento e inovação. A concretização dos papéis da universidade, indústria
e governo, e os efeitos recursivos verificados no contexto de cada incubadora, a partir da
ampliação do papel de seus representantes, apontarão a efetiva participação desses entes.
Ainda, a participação dos três entes nas incubadoras é um tema emergente que deve ser
aprofundado, a fim de oferecer uma perspectiva analítica desse contexto, contribuindo na teoria
e na prática.
52
3 ESTUDO DE CASOS: INCUBADORAS DE BASE TECNOLÓGICA
Para compreender o processo de pesquisa, faz-se necessário apresentar os
procedimentos metodológicos que orientaram e definiram a base para o desenvolvimento deste
estudo.
3.1 Tipo de Pesquisa
A pesquisa tem caráter descritivo, em função do interesse em conhecer a participação
da universidade, indústria e governo nas incubadoras de base tecnológica, por meio da análise
das relações que concretizam os papéis desses entes em cada caso.
Para este estudo, foi adotado o método de pesquisa qualitativa, já que os resultados não
podem ser traduzidos em números e sua análise não depende da freqüência, mas sim, da
ausência ou presença de determinadas características (SILVA e MENEZES, 2001).
A análise da participação dos representantes dos três entes em incubadoras de base
tecnológica no estado de Santa Catarina foi desenvolvida a partir de um estudo de casos
intencionais (SILVA e MENEZES, 2001), no qual foram selecionadas duas incubadoras do
estado, dentro de um grupo formado a partir de critérios que serão apresentados mais adiante.
De acordo com Godoy (1995) o estudo de casos é uma estratégia de pesquisa utilizada
para responder questões às quais não existem muitas possibilidades de controle sobre o
fenômeno estudado e o principal objetivo é analisar o momento presente, a partir de eventos
cotidianos. Em concordância, Dias (2000) indica como característica dos estudos de casos, a
investigação dos fatos à medida que ocorrem, sem interferência do investigador, buscando
desenvolver teorias genéricas a partir de aspectos característicos do fenômeno estudado.
53
Ainda, de acordo com a autora (1995), uma das técnicas mais utilizadas nesse método é
a entrevista. Nesse tipo de estudo é interessante que "a análise esteja presente durante os
vários estágios da pesquisa, pelo confronto dos dados com questões e proposições
orientadoras do estudo..." (GODOY,1995, p. 35).
Além disso, conforme Lakatos e Marconi (2001, p. 195), “[... a entrevista] é um encontro
entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado
assunto, mediante uma conversação de natureza profissional”. Assim, para este estudo de
casos, foram desenvolvidas entrevistas estruturadas conforme o referencial teórico.
Sob o ponto de vista dos procedimentos técnicos, além de um estudo de caso, é uma
pesquisa bibliográfica que, de acordo com Gil (1999), é elaborada a partir de material já
publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e materiais disponibilizados
na internet.
Segundo Yin (1990), para utilizar o método do estudo de casos, alguns pontos devem
ser elaborados, a fim de dar sustentação e direção ao processo de investigação. Esses pontos
são: questões do estudo, proposições do estudo, unidade de análise, ligação dos dados à
proposição e, critérios para a interpretação dos dados, como segue.
3.2 Questões e Proposições do Estudo
O estudo de casos é indicado para responder questões explicativas em investigações
que tratam dos fenômenos e suas transformações ao longo do tempo, mais do que freqüências
ou incidências, em situações nas quais os eventos relevantes não podem ser manipulados.
Apesar do baixo controle, no estudo de caso é possível se fazer observações diretas e
entrevistas sistemáticas, por isso é fundamental deixar clara a natureza das questões que
direcionam todo processo de pesquisa (Yin, 1990).
54
Nesse sentido, as questões do estudo foram estruturadas e respondidas de acordo com
os objetivos estabelecidos. Desse modo, apresentam-se as questões orientadoras do estudo:
Quais parceiros atuam na incubadora, a qual ente eles pertencem e qual suas relações
com a incubadora e as empresas incubadas?
Quais relações concretizam os papéis da universidade, indústria e governo no contexto
de cada uma das incubadoras?
Qual a participação efetiva dos representantes dos três entes nos dois casos
estudados?
Ainda, salienta-se que este estudo identifica as relações existentes entre os três entes e
a incubadora, a fim de concretizar seus papéis, definindo suas efetivas participações nas
incubadoras, no sentido de alcançar inovação e desenvolvimento.
3.3 Sujeitos da Pesquisa e Unidade de Análise
Antes de apresentar os sujeitos e os critérios que os definiram, cabe relembrar o
contexto no qual esta pesquisa está pautada. Assim, justifica-se a escolha das incubadoras de
base tecnológica, em função de sua representatividade no mercado nacional de incubadoras,
além da coerência teórica apresentada anteriormente. Salienta-se a representatividade das
incubadoras de base tecnológica no mercado nacional de incubação por meio dos dados da
ANPROTEC, já que até 2006, 40% das incubadoras eram de base tecnológica (ANPROTEC,
2006). Essa representatividade se acentua sobremaneira, no caso de Santa Catarina, em
função de sua referência nacional e internacional na incubação de empreendimentos de base
tecnológica, como o caso do Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas –
CELTA (CAVAGNARI, 1987; ALMEIDA, 2004).
Ainda, segundo Almeida (2004) as relações entre universidade, indústria e governo são
mais evidentes no contexto das incubadoras de base tecnológica, já que a agregação de valor e
conhecimento aos produtos incubados é fundamental para o desenvolvimento desses
55
empreendimentos. Nesse sentido foram definidas como possíveis sujeitos desta pesquisa, ou
universo da pesquisa, as incubadoras de base tecnológica no estado de Santa Catarina.
Primeiramente, vale relembrar o conceito de incubadoras de base tecnológica, que
segundo Lemos (1998), é aquela que abriga empresas cujos principais produtos resultem de
pesquisas científicas, principalmente com alto grau de inovação e que possam ser
comercializáveis em mercados para os quais a tecnologia representa um alto valor agregado.
Desse modo, para selecionar as duas incubadoras de base tecnológica definidas como
sujeitos desta pesquisa, utilizaram-se uma série de critérios apresentados a seguir.
A partir de uma pesquisa de levantamento das incubadoras de base tecnológica
existentes no estado de Santa Catarina, realizada entre outubro e novembro de 2006, junto a
Rede Catarinense de Entidades Promotoras de Empreendimentos Tecnológicos – RECEPET
pôde-se identificar um universo de 26 incubadoras em efetivo funcionamento.
Considerando as limitações representadas pelo acesso a todas incubadoras e seus
respectivos atores, além da necessidade de selecionar sujeitos relevantes para pesquisa a
partir desse universo, foram pré-selecionadas as incubadoras a partir de sua localização,
observando a relevância de seus municípios. Esse critério se justifica em função da inexistência
de um “ranking” das incubadoras e a não viabilidade de desenvolver mecanismos de avaliação
para posicioná-las de acordo com sua relevância.
Assim, foi feito um levantamento das cidades mais representativas de Santa Catarina a
partir de dois critérios, Produto Interno bruto (PIB) e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
a fim de identificar o grupo das possíveis incubadoras a serem selecionadas para o estudo de
casos. Os dois critérios foram definidos em função de sua oposição teórica, já que o PIB é um
indicador especificamente econômico e o IDH é um indicador que contrapõe o PIB, a partir de
uma perspectiva social, cultural e política.
56
O PIB é um indicador que demonstra o resultado monetário de toda atividade produtiva
dos produtores residentes nos limites do país, estado ou município. Seus valores expressam a
magnitude das economias, permitindo medir a contribuição das mesmas para a formação de
riqueza no país. Segundo dados da Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina,
os maiores municípios do Estado são Joinville, Florianópolis e Blumenau, de acordo com o PIB
municipal relativo ao período entre os anos 2000 e 2004, conforme apresentado no Quadro 3.
Quadro 3 - PIB Municipal de Santa Catarina entre 2000 e 2004
Fonte: Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina
Além do PIB, foi adotado o indicador do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano. O IDH tem como objetivo
oferecer um contraponto ao PIB, já que pressupõem que a dimensão econômica já não é
suficiente para medir o avanço. Desse modo, devem ser consideradas outras características
sociais, culturais e políticas que influenciam na qualidade da vida humana.
No IDH são equacionados três subíndices direcionados às análises educacionais, renda
e de longevidade de uma população. O método de cálculo do IDH transforma estas três
dimensões em índices de longevidade, educação e renda, que variam entre “zero” (pior) e “um”
(melhor), e a combinação destes índices em um indicador síntese. Quanto mais próximo de
“um” o valor deste último indicador, maior será o nível de desenvolvimento humano do país ou
região. Desse modo, são apresentados no Quadro 4 os cinco primeiros municípios colocados
no ranking do estado de Santa Catarina, de acordo com o IDH de 2000.
57
Quadro 4 - IDH Municipal de Santa Catarina em 2000
Fonte: Secretaria de Estado do Planejamento de Santa Catarina
A partir da análise do Quadro 3 e a comparação com o Quadro 2, fica evidente a
relevância dos municípios de Florianópolis, Joinville e Blumenau no estado de Santa Catarina.
Ainda, para a formação do grupo de incubadoras pré-selecionadas, foi adotado como critério
que as incubadoras deveriam possuir empresas residentes e graduadas, a fim de garantir
qualquer tipo de comparação.
Desse modo, em concordância com o levantamento realizado junto a RECEPET, o
grupo de incubadoras pré-selecionadas como sujeitos da pesquisa é apresentado no Quadro 5.
Quadro 5 - IBTs dos Municípios de Blumenau, Florianópolis e Joinville
Fonte: Elaborado pelo autor, a partir de RECEPET, 2006.
58
Assim, foram realizadas indagações iniciais, buscando verificar quais incubadoras
possuem a participação de representantes heterogêneos da universidade, indústria e governo
nas suas relações, por meio das alianças trilaterais descritas pela abordagem teórica de hélice
tríplice (ALMEIDA, 2004). Isso se justifica em função da existência de incubadoras que
possuem parceiros que representam mais de um ente.
Ainda, vale ressaltar alguns pontos verificados durante a pré-seleção. Nesse sentido, de
forma geral, verificou-se que os objetivos das incubadoras de base tecnológica estudadas estão
voltados para o empreendedorismo inovador, com foco no desenvolvimento local, a partir da
geração de emprego e renda, além da retenção do capital intelectual. Porém, parece que ao
longo do tempo, o fator que motiva a manutenção da participação dos representantes dos
entes, por parte da incubadora, muda o foco, priorizando o fator financeiro.
A divulgação do papel das incubadoras ainda ocupa um universo muito restrito, o que
diminui sua visibilidade, demonstrando que o conceito ainda não é conhecido de maneira geral.
Segundo um dos gerentes entrevistados, “... existe dificuldade até mesmo para os funcionários
da incubadora em definir o que ela faz”.
Verificou-se também que, de maneira geral, as incubadoras mantém relações com
outras incubadoras e empresas graduadas, o que é fundamental para o desenvolvimento de
qualquer movimento de caráter associativo, além de se constituir como um importante canal de
informação.
A partir das relações verificadas nas incubadoras pré-selecionadas, percebeu-se uma
razoável proximidade com os representantes dos entes universidade e indústria, com uma
tendência cada vez mais próxima da abordagem de hélice tríplice. Entretanto, de maneira geral,
as relações com os representantes do governo parecem mais distantes e a formatação de uma
estrutura coerente com a abordagem de hélice tríplice ainda não parece ter sido alcançada em
todos os casos pré-selecionados.
59
Nesse sentido, para escolha dos casos estudados, procurou-se identificar a existência
de relações com representantes dos três entes, a fim de obter uma perspectiva concreta e de
acordo com a abordagem teórica. Desse modo, dentre o grupo pré-selecionado, foram
escolhidas intencionalmente duas incubadoras, CELTA e Softville, caracterizando os sujeitos da
pesquisa.
Reconhecido que a incubadora de base tecnológica integra a participação da
universidade, indústria e governo, sua análise deve ocorrer não só a partir dos depoimentos de
seus gerentes, mas também, a partir dos depoimentos dos representantes de maior relevância
de cada ente. Seus nomes e posições foram omitidos, a fim de manter o sigilo nas informações
prestadas.
De outro modo, o tempo de realização da pesquisa impossibilitou entrevistar todos os
representantes dos entes, considerando que o número de entrevistados potenciais supera os
limites temporais desta pesquisa. Assim, a metodologia de abordagem em cadeia, ou “snowball”
de Biernacki e Waldorf (1981) foi adotada. Segundo seus autores, as principais justificativas
para utilização dessa abordagem estão na maximização da qualidade das entrevistas e na
valorização do conhecimento intuitivo e prático dos entrevistados.
Por um lado, a metodologia utilizada apresenta uma técnica na qual o primeiro
entrevistado indica os próximos sucessivamente, garantindo maior qualidade nas informações
prestadas, em função do maior comprometimento gerado pela indicação. Por outro lado, a
metodologia minimiza a subjetividade do pesquisador (BIERNACKI e WALDORF, 1981). Desse
modo, foram entrevistados os gerentes das incubadoras e, a partir de suas indicações, foram
definidos e entrevistados os principais representantes da universidade, indústria e governo em
cada caso. Os roteiros das entrevistas são apresentados no Apêndice A.
A definição da unidade de análise está diretamente ligada à maneira que as questões de
estudo foram formuladas. Desse modo, as participações dos entes universidade, indústria e
governo foram conhecidas a partir das dimensões operacionais de análise dos papéis, dentro
60
de um modelo ideal criado a partir da aglomeração dos papéis indicados pela literatura, a fim de
encontrar correlatos qualitativos que demonstrem a concretização e ampliação desses papéis,
por meio do retorno a teoria e confrontação de achados que viabilizem a investigação da
questão. O Quadro 6 apresenta o cruzamento entre as dimensões e as referências literárias
utilizadas para identificação dos papéis teóricos dos três entes nas incubadoras de base
tecnológica.
Quadro 6 – Dimensões da Participação X Papéis Teóricos
Fonte: Elaborado pelo autor.
61
Visando uma melhor compreensão das quatro dimensões de análise da participação,
apresenta-se o detalhamento do que se pretende investigar em cada uma delas:
Estratégica: evidenciadas pela forma como as entidades estabelecem relações para
gestão da incubadora, foram identificadas as relações estratégicas voltadas para o apoio
e/ou aconselhamento da incubadora;
Recursos para incubadora: evidenciadas pela forma como as entidades fornecem
financiamentos e outros recursos econômico-financeiros, verificaram-se quais relações
são voltadas para o custeio da incubadora, bem como investimentos para manutenção
e/ou desenvolvimento da incubadora;
Recursos para empresas incubadas: evidenciadas pela forma como as entidades
estabelecem relações a fim de fornecer recursos em geral para as empresas incubadas,
essas relações são evidenciadas pelo fornecimento de recursos financeiros,
laboratórios, bibliotecas e outros equipamentos para as empresas. Ainda, verificou-se
nas relações, a existência de atividades e programas para acesso a recursos financeiros
e a capital de risco, além de ações para facilitar o acesso ao mercado e a contratação
de serviços das empresas incubadas.
Conhecimento para incubadora e empresas incubadas: evidenciadas pela forma como
as entidades estabelecem relações como fornecedoras de conhecimento. Essas
relações foram evidenciadas pela forma como as entidades fornecem conhecimento,
executa atividades de ensino e formação de pessoal qualificado, bem como consulta a
incubadora e/ou as empresas incubadas;
A partir dessas dimensões, pode-se conhecer a efetiva participação da universidade,
indústria e governo nas incubadoras de base tecnológica. Ainda, para confrontar os achados,
apresenta-se o modelo ideal de participação dos entes, desenvolvido a partir da literatura. O
Quadro 7 apresenta esse modelo e suas dimensões, com a aglomeração dos papéis, como
ideal teórico de análise da participação dos entes em incubadoras de base tecnológica.
62
Quadro 7 – Modelo Dimensional Teórico para Análise da Participação dos Entes
Fonte: Elaborado pelo autor.
Nesse sentido, a perspectiva pela qual a participação de cada ente foi conhecida, é
ilustrada em dois momentos, pelas Figuras 5 e 6.
Figura 5 – Estrutura de Análise do Contexto
Fonte: Elaborado pelo autor.
63
Assim, a partir das relações estruturadas pela abordagem de hélice tríplice, conforme a
Figura 5 identifica-se, a partir do centro de cada hélice, os vértices que caracterizam os papéis
definidos pela literatura para a participação dos três entes em suas relações com a incubadora.
A partir da representação do triângulo sobreposto a estrutura de relações (Figura 5), apresenta-
se a Figura 6, que funciona como uma lente de aumento, a fim de elucidar a unidade de análise.
Figura 6 – Modelo Ilustrado para Análise da Participação dos Entes
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir da Figura 6, percebe-se que a participação dos três entes na incubadora é
efetivada em termos de concretização e ampliação dos seus papéis teóricos, por meio de suas
relações com a incubadora. Desse modo, buscou-se no discurso dos entrevistados a existência
de relações e ações efetivas no sentido de atender os papéis apontados pela literatura. Desse
modo, como no exemplo da Figura 6, as dimensões da participação foram qualificadas como:
64
Efetiva (indicação na cor verde): Indica que as relações existentes concretizam
na maioria ou na totalidade os papéis atribuídos para cada dimensão, de acordo
com a literatura;
Insuficiente (indicação na cor amarela): Indica que as relações existentes
concretizam menos da metade dos papéis apontados pelo modelo teórico, e;
Inexistente (indicação na cor vermelha): Indica a inexistência de relações a fim
de concretizar os papéis definidos para a dimensão.
A seguir, apresenta-se o caminho pelo qual essa metodologia de investigação foi
desenvolvida.
3.4 Ligação dos Dados à Proposição e Critérios para a Interpretação dos Dados
Segundo Yin (1990), a ligação dos dados à proposição e os critérios para a interpretação
dos dados representam à base sobre a qual a análise será feita, relacionando-se as
informações obtidas com as proposições de pesquisa. Com relação aos critérios para
interpretação dos dados, as análises e inferências são feitas por analogia de situações e
buscam responder às questões de pesquisa.
A fundamentação teórica formulada antes do início da coleta de dados ajuda a
responder de forma incremental as questões e proposições do estudo, possibilitando a ligação
dos dados às proposições e fornecendo os critérios para a análise desses dados, ou seja, o
referencial teórico serviu de roteiro orientador do processo de pesquisa, direcionando para a
definição dos dados a serem coletados, além das estratégias de análise, possibilitando
contribuir com generalizações para a teoria maior (YIN, 1990).
Nesse sentido, a Figura 7 apresenta o modelo ilustrado para análise do contexto, que
revela a lógica utilizada para conhecer as relações que concretizam os papéis de cada ente, a
fim de conhecer suas participações nas incubadoras.
65
Figura 7 – Modelo Ilustrado para Análise do Contexto
Fonte: Elaborado pelo autor.
66
A Figura 7 ilustra que, teoricamente, as relações bilaterais e trilaterais devem concretizar
os papéis da universidade, indústria e governo em cada contexto. A literatura indica que a
concretização e ampliação dos papéis desses entes propiciam o fomento à inovação. Nesse
sentido, mantendo o foco nas relações entre os três entes, ou seja, nas relações trilaterais,
surgem alternativas comuns que atendem coletivamente suas demandas individuais, no caso
deste estudo, as incubadoras de base tecnológica. Ainda, os fluxos demonstram que as
alterações nas relações, papéis, objetivos e demandas geram efeitos recursivos em todos os
elos da cadeia. Porém, a fim de atender o objetivo geral dessa pesquisa, a metodologia
investiga a participação efetiva dos representantes desses entes, definida pelas relações que
concretizam ou ampliam seus papéis no contexto das incubadoras de base tecnológica. A
Figura 8 ilustra o foco da análise da participação dos entes nas incubadoras.
Figura 8 – Unidade de Análise
Fonte: Elaborado pelo autor.
67
A Figura 9 apresenta o modelo lógico utilizado para análise da participação da
universidade, indústria e governo nas incubadoras de base tecnológica, a partir das relações
que concretizam e ampliam seus papéis, definindo assim, sua efetiva participação em cada
contexto.
Figura 9 – Modelo Lógico para Análise da Participação dos Entes nas
Incubadoras de Base Tecnológica
Fonte: Elaborado pelo autor.
68
A partir dessa lógica de análise, as interpretações foram feitas por meio da técnica de
análise qualitativa do conteúdo das entrevistas, já que os resultados a analisar se apresentam
na forma de textos ao invés de tabelas com valores. Nesse sentido, as análises foram
desenvolvidas a partir dos papéis definidos e atribuídos para universidade, indústria e governo,
por meio da fundamentação teórica, em comparação com o modelo dimensional (com a
aglomeração dos papéis). Nesse sentido, a partir do discurso dos entrevistados, foram
identificadas as relações existentes, o que possibilitou qualificar essas relações de acordo com
o grau de concretização dos papéis (Apêndice B). Assim, as relações assumem três
classificações:
Total (indicação na cor verde): As relações que concretizam totalmente cada papel
foram identificadas a partir do discurso dos entrevistados, considerando a
positividade de posicionamento diante de cada papel. Desse modo, as relações que
concretizam totalmente cada papel foram assim qualificadas, a partir da obtenção de
respostas
afirmativas
que
indicavam
ações
efetivas
no
sentido
de
atender
cada papel.
Parcial (indicação na cor amarela): As relações que concretizam parcialmente cada
papel foram assim qualificadas em função da obtenção de respostas que indicavam
ações insuficientes ou com objetivos não relacionados diretamente ao papel, bem
como a partir das indicações, por parte dos entrevistados, da não-efetividade nas
ações para atender a algum papel.
Inexistente (indicação na cor vermelha): A inexistência de relações no sentido de
atender a um papel foi indicada em alguns casos, principalmente em função dos
papéis terem sido aglomerados, a fim de formatar o modelo teórico e verificar
quaisquer ampliações nos papéis dos representantes dos entes. Desse modo, as
relações que assumem essa classificação foram assim qualificadas, em função de
respostas negativas para ações que atendam aos papéis.
69
Ainda, esse método de análise valida e torna replicável as técnicas e os dados no
contexto acadêmico e prático das incubadoras de base tecnológica, objetivando gerar
conhecimento e novos “insight” a partir dos achados. Além disso, a análise de conteúdo permite
um aprofundamento nas entrelinhas das opiniões das pessoas, sem se restringir às palavras
expressas diretamente, mas também àquelas subentendidas na fala ou resposta de um
entrevistado (FREITAS, 2000).
3.5 Limitações do Estudo
Com relação às limitações deste estudo, vale ressaltar que a opção por um estudo de
casos não propicia uma análise generalizada da participação da universidade, indústria e
governo nas incubadoras de base tecnológica, considerando que os achados não são
representativos da totalidade do ambiente em que estão inseridos (BRUYNE, HERMAN e
SCHOUTHEETE, 1982).
Outros fatores temporais, financeiros e de acessibilidade impossibilitaram que o estudo
fosse estendido a um número maior de incubadoras e representantes dos entes. A opção pelo
estudo de casos e uma abordagem qualitativa requerem um período maior de imersão no
campo de pesquisa, em função do nível de profundidade e compreensão das particularidades
do objeto geralmente incompatível com o tempo disponível para realização, amadurecimento e
reflexão das informações obtidas com a pesquisa (RICHARDSON et al, 1989).
De qualquer maneira, mesmo com as limitações inerentes a qualquer estudo, foi
possível cumprir os objetivos inicialmente propostos por este estudo, conforme se apresenta no
tópico a seguir.
70
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para responder as questões propostas para este estudo, os dados e informações
obtidos a partir das entrevistas com os representantes dos entes serão apresentados de forma
organizada, por meio de modelos de análise. Antes de apresentar os resultados, faz-se
necessário caracterizar os sujeitos desta pesquisa.
4.1 Caracterização dos Sujeitos de Pesquisa
As incubadoras definidas como sujeitos de pesquisa foram: o Centro Empresarial para
Laboração de Tecnologias Avançadas - CELTA, e a incubadora pertencente à Fundação
Softville. A seguir, são apresentadas suas características.
4.1.1 Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas – CELTA
O CELTA é a maior incubadora da América Latina, em número de empresas e espaço
físico. Surgida em 1986, a incubadora era tida como alternativa aos anseios de
desenvolvimento da capital catarinense, viabilizando um promissor setor econômico,
aproveitando os talentos e o conhecimento gerados pela Universidade Federal de Santa
Catarina. Seu modelo foi referência para implantação de outras similares no México, Argentina
e Venezuela, além de várias em todo o Brasil.
Sua estrutura abrigava, até o início de 2007, 40 empresas de base tecnológica que
geravam cerca de 700 empregos diretos, além de juntas alcançarem um faturamento anual em
torno de R$ 40 milhões. A incubadora já colocou no mercado 43 novas empresas que, em
71
2006, faturaram R$ 780 milhões, considerado o maior volume de faturamento de
empreendimentos nascidos em incubadoras do país.
“O sucesso do CELTA está diretamente atrelado a um modelo de gerenciamento que
envolve as principais representações da sociedade” (CELTA, 2007). Sua administração é
realizada pela equipe executiva e, acima desta, está o seu conselho, que tem sua função
voltada para orientação, sendo composto por membros de entidades científicas, empresariais e
governamentais. Assim, foram identificados os entes aos quais esses membros pertencem, a
fim de definir a estrutura da incubadora conforme a abordagem teórica adotada. A identificação
dos membros e seus devidos entes é representada pela Figura 10.
Figura 10 – Estrutura de Relações - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
72
4.1.2 Incubadora da Fundação Softville
A Fundação Softville é uma iniciativa de gestão compartilhada, com o apoio de
associações de classe, entidades de ensino e os Governos Estadual e Municipal, que busca
uma formação continuada de novas empresas tecnológicas para Joinville e região,
transformando os conhecimentos dos indivíduos da localidade, em negócios. Ainda, a fundação
tem caráter técnico científico, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos.
Na sua atuação como incubadora, a Softville tem por objetivo desenvolver a estrutura
científica, tecnológica e econômica da região de Joinville, por meio do apoio na criação de
novos empreendimentos, incentivando assim a pesquisa de produtos e serviços, além da
geração de empregos especializados. Seu modelo de gestão envolve representantes dos três
entes e sua identificação é apresentada pela Figura 11.
Figura 11 – Estrutura de Relações - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
73
4.2 Análise Vertical das Relações
Para conhecer a participação dos representantes dos entes nos dois casos, foram
analisadas as relações que concretizam e ampliam os papéis de cada um deles no contexto das
incubadoras, definindo assim, sua efetiva participação. Nessa primeira etapa, as análises foram
desenvolvidas individualmente e de forma vertical para cada representante dos entes nas
incubadoras, a partir de seus papéis individuais definidos na literatura. Ainda, foram analisadas
as relações que ampliam seus papéis, a fim de fomentar inovações.
Nesse sentido, as entrevistas que guiaram essas análises foram desenvolvidas com
representantes dos três entes, a partir da indicação dos gerentes das incubadoras, conforme
metodologia de abordagem em cadeia (BIERNACKI E WALDORF, 1981). Os resultados dessas
entrevistas são apresentados no Apêndice B. Assim, é apresentada a seguir, uma análise dos
papéis dos representantes da universidade, indústria e governo nas duas incubadoras.
4.2.1 Análise Vertical – Universidade
A participação do ente universidade em relações trilaterais surgiu com a necessidade de
capitalização do conhecimento gerado nas suas instituições representantes e, em função da
ampliação de seu papel de ensino e pesquisa, para uma atuação voltada para o
desenvolvimento econômico regional (LEMOS, 1998; ARANHA et al, 2001; ALMEIDA, 2004,
NOVELLI, 2006).
Nos dois casos, as entrevistas revelaram as relações que concretizam e ampliam os
papéis dos representantes do ente universidade. Inicialmente, de acordo com a literatura, foram
estruturados os papéis dos representantes desse ente, a fim de analisar as relações dentro da
perspectiva de inovação apontada pela abordagem de hélice tríplice. A partir das respostas,
desenvolveu-se uma análise com base na concretização dos papéis individuais e, em seguida,
74
as análises assumiram uma nova perspectiva, a partir da ampliação dos papéis, aglomerando e
tomando como referência todos os papéis dos entes, apresentados pela literatura, no contexto
das incubadoras de base tecnológica.
Desse modo, em referência ao modelo de análise, apresenta-se uma síntese dos
resultados dos representantes do ente universidade nas incubadoras CELTA e Softville,
sucessivamente. Assim, a Quadro 8 apresenta as análises iniciais para o caso CELTA.
Quadro 8 – Concretização e Ampliação dos Papéis da Universidade - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
75
A partir da análise do Quadro 8, percebe-se que o representante da universidade não atende
completamente seu papel de gestor da incubadora, pois apesar de possuir uma cadeira no
conselho, as relações voltadas para gestão não concretizam o papel. Uma das possíveis
justificativas está relacionada ao “afastamento” físico entre a universidade e incubadora, já que
a impossibilidade de compartilhar o mesmo ambiente pode dificultar as relações de gestão.
Além disso, segundo o representante da universidade, depois que a incubadora saiu de dentro
da universidade, as relações ocorriam por meio de iniciativas isoladas de professores e/ou
núcleos.
Para o custeio e investimento da incubadora, não foram encontradas relações que
concretizassem o papel. Isso se justifica, em função da autosustentabilidade declarada pelo
CELTA.
No caso dos recursos para empresas incubadas, verificou-se que qualquer relação com
o segmento empresarial é dificultada por problemas de ordem jurídico-legal, o que dificulta se
não impossibilita o fornecimento de recursos financeiros e a contratação de serviços. Ainda,
verificou-se a existência de relações, na maioria informais (já que na maioria dos casos, os
empresários são ex-alunos), para disponibilização de equipamentos. Para as atividades de
acesso a recursos e a divulgação das empresas incubadas, não foram encontradas relações.
No caso da participação da universidade como fornecedora de conhecimento,
verificaram-se relações que concretizam todos os papéis, na maioria de forma informal, em
função da relação direta entre empresários (ex-alunos) e professores ou núcleos.
Não foi verificada nenhuma ampliação do papel deste representante da universidade.
A seguir, a Figura 12 apresenta sua participação efetiva no ambiente do CELTA.
76
Figura 12 – Participação da Universidade - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao analisar a Figura 12, percebe-se que a participação efetiva do representante da
universidade, no caso CELTA, é voltada para o fornecimento de conhecimento para a
incubadora e empresas incubadas, além de uma participação insuficiente na dimensão
estratégica e nos recursos para empresas incubadas. A não-participação com recursos para
incubadora, como justificado anteriormente, pode estar relacionada com a auto-suficiência da
incubadora, além das dificuldades que a universidade enfrenta em suas relações financeiras.
A seguir, apresentam-se as análises iniciais para o caso Softville, conforme o Quadro 9.
77
Quadro 9 – Concretização e Ampliação dos Papéis da Universidade - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir da análise do Quadro 9, percebe-se que o representante da universidade
concretiza seu papel de gestor da incubadora Softville, a partir de sua relação como
mantenedor da incubadora.
Para o custeio e investimento da incubadora, foi verificado que o representante da
universidade participa com um terço do investimento na incubadora.
78
No caso dos recursos para empresas incubadas, verificou-se a inexistência de relações
voltadas para o fornecimento de recursos e contratação de serviços das empresas incubadas.
Ainda, verificou-se a existência de relações informais, como a disponibilização de
equipamentos, e insuficientes, como no caso das atividades para acesso a recursos. Para as
ações de divulgação das empresas incubadas, verificou-se uma mobilização no sentido de
fornecer credibilidade, por meio da divulgação dessas empresas.
No caso da participação da universidade como fornecedora de conhecimento,
verificaram-se relações que concretizam todos os papéis.
Não foi verificada nenhuma ampliação do papel deste representante da universidade.
A seguir, a Figura 13 apresenta sua participação efetiva no ambiente da Softville.
Figura 13 – Participação da Universidade - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
79
Ao analisar a Figura 13, percebe-se a participação efetiva do representante da
universidade, no caso Softville, em três das quatro dimensões de análise da participação. A
única participação insuficiente está relacionada aos recursos para empresas incubadas.
4.2.2 Análise Vertical – Indústria
A indústria enfrentou sérias dificuldades durante a década de 1980, decorrentes das
mudanças ocorridas com a globalização. A introdução e difusão de novas tecnologias frente aos
modelos de produção em massa permitiram às pequenas empresas participar desse novo
cenário, que as integra à indústria e criam oportunidades para novas empresas (LEMOS, 1998).
A partir da introdução dos pequenos empresários tecnológicos na economia do conhecimento,
as dificuldades representadas pela falta de experiência empresarial foram percebidas. Além
disso, grande parte dos criadores dessas empresas não possui conhecimentos gerenciais,
devido a sua formação, limitando sua capacidade de inovar (SANTOS, 1987; LEMOS, 1998).
Nesse sentido, primeiro pela interferência do governo, depois pela necessidade de
terceirizar tecnologia e desenvolver pesquisa, o ente indústria sempre esteve presente nesse
contexto, mas suas trocas se tornaram mais evidentes nas alianças trilaterais, a partir do
ambiente de inovação propiciado pelas incubadoras.
Assim, a partir das entrevistas, desenvolveu-se uma análise com base na concretização
dos papéis individuais, bem como a ampliação dos papéis da indústria, aglomerando e tomando
como referência todos os papéis dos entes, apresentados pela literatura, no contexto das
incubadoras de base tecnológica.
Desse modo, em referência ao modelo de análise (Figura 9), apresenta-se uma síntese
dos resultados dos representantes da indústria nas incubadoras CELTA e Softville,
sucessivamente. Assim, o Quadro 10 apresenta as análises iniciais para o caso CELTA.
80
Quadro 10 – Concretização e Ampliação dos Papéis da Indústria - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir da análise do Quadro 10, percebe-se que o representante da indústria concretiza
seu papel de gestor da incubadora, pois além de possuir uma cadeira no conselho, as relações
se fortalecem a partir da verificação de que o apoio mútuo entre as instituições facilita o
processo de inovação e possibilita uma maior visibilidade do contexto. Segundo o representante
da indústria essas facilidades estão relacionadas à proximidade física da incubadora.
81
Para o custeio e investimento da incubadora, não foram encontradas relações que
concretizassem o papel. Novamente, a justificativa se apresenta em função da
autosustentabilidade declarada pelo CELTA.
Sobre os recursos para empresas incubadas, verificou-se no caso dos recursos
financeiros, uma participação insuficiente voltada para pós-incubação, já que oferece abrigo
para as empresas graduadas com custo reduzido. Nos casos de disponibilização de
equipamentos, ações de divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado e a
contratação de serviços das empresas incubadas, não foram encontradas relações que
concretizassem esses papéis.
No caso da sua participação como fornecedora de conhecimento, verificaram-se
relações informais, facilitadas pela proximidade física, que possibilitam uma maior interação e
transferência de conhecimentos para a incubadora e as incubadas.
Desse modo, verifica-se a concretização parcial dos papéis colocados para a indústria.
Ainda, verifica-se a ampliação do papel desse representante, a partir de atividades para acesso
a recursos financeiros, por meio do auxilio aos empreendedores no desenvolvimento de
projetos para captação de financiamentos, diagnósticos empresariais, entre outros. Além disso,
a participação desse representante como fonte de conhecimento para a incubadora e empresas
incubadas acentua-se sobremaneira, em função da ampliação de seus papéis para formação de
mão-de-obra qualificada, atividades de ensino que fortalecem a incubação e a consulta às
empresas e incubadoras.
A seguir, a Figura 14 apresenta a participação efetiva do representante da indústria no
ambiente do CELTA.
82
Figura 14 – Participação da Indústria - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao analisar a Figura 14, percebe-se a participação efetiva do representante da indústria,
no caso CELTA, na dimensão estratégica e no fornecimento de conhecimento para a
incubadora e empresas incubadas, além de uma participação insuficiente na dimensão de
recursos para empresas incubadas. A não-participação com recursos para incubadora, como
justificado anteriormente, pode estar relacionada com a auto-suficiência da incubadora.
A seguir, apresentam-se as análises iniciais para o caso Softville, conforme o Quadro
11.
83
Quadro 11 – Concretização e Ampliação dos Papéis da Indústria - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir da análise do Quadro 11, percebe-se que o representante da indústria concretiza
seu papel de gestor da incubadora, pois participa estrategicamente na gestão da incubadora.
Para o custeio e investimento da incubadora, verifica-se a participação com quinze por
cento do orçamento da incubadora.
84
No que diz respeito aos recursos para empresas incubadas, foram encontradas relações
a partir de ações de divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado, já que,
segundo o entrevistado, o acesso ao mercado é reconhecido com um dos maiores desafios de
todas as empresas. Entretanto, verificou-se a concretização de apenas um dos quatro papéis
definidos pela literatura, nessa dimensão.
No caso de seu papel como fonte de conhecimento, foram verificadas relações
insuficientes, voltadas para questões jurídico-legais de comercialização do conhecimento,
aplicação de novas tecnologias e proteção do capital intelectual.
Desse modo, a partir dos papéis colocados para a indústria, verifica-se a concretização
parcial de seus papéis. Além disso, o papel desse representante como fornecedor de
conhecimento para incubadora e empresas incubadas é ampliado, em função de suas
atividades de ensino para fortalecer a incubação e a consulta às empresas e a incubadora.
A seguir, a Figura 15 apresenta a participação efetiva do representante da indústria no
ambiente da Softville.
85
Figura 15 – Participação da Indústria – Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao analisar a Figura 15, percebe-se a participação efetiva do representante da indústria
na dimensão estratégica e no fornecimento de recursos para incubadora. Além disso, verificou-
se uma participação insuficiente na dimensão de recursos para empresas incubadas e
conhecimento para incubadora e empresas incubadas.
4.2.3 Análise Vertical – Governo
O estimulo a participação do ente governo em relações trilaterais teve início em
decorrência das profundas transformações econômicas, como efeitos do processo de
globalização. A partir da necessidade de desenvolver políticas de inovação, houve um aumento
no interesse por parte dos governos de vários países, inclusive o Brasil, em estimular a criação
de micro e pequenas empresas, a fim de se adaptar ao novo contexto (LEMOS, 1998). Nesse
86
sentido, os ambientes propiciados pelas incubadoras de base tecnológica se demonstraram
uma alternativa sustentável para a inovação e o desenvolvimento.
Desse modo, em referência ao modelo de análise (Figura 9) e a partir das entrevistas
(Apêndice B), apresenta-se uma síntese dos resultados dos representantes da indústria nas
incubadoras CELTA e Softville, sucessivamente. Assim, a Quadro 12 apresenta as análises
iniciais para o caso CELTA.
Quadro 12 – Concretização e Ampliação dos Papéis do Governo - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
87
Primeiramente, vale ressaltar que no caso CELTA, o representante do governo, indicado
pelo gerente da incubadora, pode ser observado como uma organização híbrida que representa
o governo. Nesse sentido, as análises foram desenvolvidas a partir dos papéis definidos para
organizações híbridas (ALMEIDA, 2004).
A partir da análise do Quadro 12, percebe-se que o representante do governo concretiza
seu papel de gestor da incubadora, pois segundo o entrevistado, percebe-se a necessidade do
envolvimento e atuação do governo para fomentar e direcionar os atores que vão atuar juntos
no futuro, numa perspectiva de cooperação que gere desenvolvimento e inovação.
Para o custeio e investimento da incubadora, verificam-se relações por meio do
financiamento de projetos, concretizando seu papel na incubadora.
No que diz respeito aos recursos para empresas incubadas, foram encontradas relações
a partir de ações de divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado. Entretanto,
considerando o não-atendimento do papel de contratação dos serviços das incubadas, verifica-
se a concretização parcial dos papéis, nessa dimensão.
Na sua participação como fornecedor de conhecimento, verifica-se relações
insuficientes, apresentadas a partir da intenção de prospectar negócios dentro da universidade,
a fim de estimular a criação de empresas.
Desse modo, a partir dos papéis colocados para o governo, verifica-se a concretização
parcial de seus papéis literários. Entretanto, percebe-se uma ampliação dos papéis desse
representante, a partir de uma relação relevante, mesmo que insuficiente, no fornecimento de
recursos financeiros para as empresas incubadas.
A seguir, a Figura 16 apresenta a participação efetiva do representante do governo no
contexto do CELTA.
88
Figura 16 – Participação do Governo - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ao analisar a Figura 16, percebe-se a participação efetiva do representante do governo
na dimensão estratégica e no fornecimento de recursos para incubadora. Além disso, verificou-
se uma participação insuficiente na dimensão de recursos para empresas incubadas e
conhecimento para incubadora e empresas incubadas.
A seguir, apresentam-se as análises iniciais para o caso Softville, conforme o Quadro
13.
89
Quadro 13 – Concretização e Ampliação dos Papéis do Governo - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir da análise do Quadro 13, percebe-se que o representante do governo concretiza
seu papel de gestor da incubadora, a partir de sua participação como mantenedor da
incubadora.
Para o custeio e investimento da incubadora, verifica-se a participação com quinze por
cento do orçamento da incubadora, o que concretiza seu papel.
90
No que diz respeito aos recursos para empresas incubadas, verifica-se uma relação
insuficiente no fornecimento de recursos financeiros, já que as justificativas são relacionadas
aos investimentos na incubadora, que resultam em facilidades para os incubados. Além disso,
verifica-se a inexistência de programas de acesso a capital de risco que concretizem seu papel.
Segundo a literatura, não existem papéis definidos para o governo como fornecedor de
conhecimento.
Desse modo, a partir dos papéis colocados para o governo, verifica-se a concretização
parcial de seus papéis. Entretanto, percebe-se uma ampliação do papel desse representante, a
partir de ações de divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado.
A seguir, a Figura 17 apresenta a participação efetiva do representante do governo no
ambiente da Softville.
Figura 17 – Participação do Governo - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
91
Ao analisar a Figura 17, percebe-se a participação efetiva do representante do governo
na dimensão estratégica e no fornecimento de recursos para incubadora. Além disso, verificou-
se uma participação insuficiente na dimensão de recursos para empresas incubadas e a não-
participação como fornecedor de conhecimento para incubadora e empresas incubadas.
4.3 Análise Horizontal das Relações
A concretização dos papéis dos representantes de cada um dos entes nas duas
incubadoras de base tecnológica foi conhecida individualmente e de forma vertical, a partir dos
papéis definidos pela literatura.
A análise horizontal irá apresentar a participação desses representantes para concretizar
e/ou ampliar os papéis da universidade, indústria e governo. Desse modo, serão apresentados
os modelos integrados de cada incubadora, a fim de analisar horizontalmente a
complementaridade para concretização dos papéis, definindo assim, a participação efetiva dos
representantes de cada um dos entes no contexto das incubadoras estudadas.
4.3.1 Modelos Integrados
O Quadro 14 apresenta o modelo para análise da incubadora CELTA.
92
Quadro 14 – Modelo Integrado - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir do modelo integrado para o caso CELTA, verifica-se que a dimensão
“estratégica” é definida pela participação como instituição gestora da incubadora, sendo que
esse papel é atribuído a todos os entes. Pode-se verificar a efetiva participação da indústria e
do governo nessa dimensão, enquanto a universidade possui uma participação insuficiente. De
qualquer modo, a partir da complementaridade, o papel de instituição gestora de incubadoras é
concretizado no ambiente do CELTA.
A dimensão “recursos para a incubadora” é definida pelo papel de custeio e investimento
da incubadora, sendo atribuído para todos os entes. Porém, verifica-se que apenas o governo
93
atende ao papel de investidor da incubadora, o que pode representar uma fraqueza, mas
também, evidencia a autosustentabilidade do CELTA.
Para a dimensão “recursos para empresas incubadas”, apresenta-se uma análise para
cada papel:
Fornecimento de recursos financeiros: segundo a literatura, esse papel é atribuído à
universidade e a indústria, mas verifica-se que a participação da indústria é insuficiente
e a participação da universidade é inexistente. Todavia, a ampliação do papel do
governo, por meio do atendimento, mesmo que parcial, desse papel com recursos
financeiros para as incubadas, auxilia na sua concretização de forma complementar.
Disponibilização de laboratórios, bibliotecas e outros equipamentos: esse papel é
definido para a universidade, que tem uma participação efetiva na concretização desse
papel. Não foram verificadas relações que concretizassem esse papel nos casos dos
outros entes. Porém, analisando a complementaridade, esse papel é concretizado no
contexto do CELTA.
Atividades para acesso a recursos financeiros para as empresas incubadas: esse papel
é atribuído para a universidade. Porém, verifica-se a não participação da universidade e
do governo nesse sentido. Apesar de não ser um papel atribuído para a indústria,
verifica-se sua participação na concretização desse papel. Desse modo, de forma
complementar, o papel é concretizado na incubadora.
Programas de acesso a capital de risco para as empresas incubadas: apesar de
nenhum representante atender a esse papel, verificou-se iniciativas nesse sentido, mas
o papel ainda não é atendido no contexto do CELTA.
Ações para divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado: verifica-se
que esse papel deveria ser executado pela universidade e governo. Porém, não foram
encontradas relações com os representantes desses entes. De qualquer modo, o
governo concretiza esse papel na incubadora, efetivando sua participação.
94
Contratação de serviços das empresas incubadas: observando os papéis individuais,
verifica-se que todos os entes deveriam atuar nesse sentido. De qualquer forma, o
papel não é concretizado por nenhum representante e, ainda, segundo as entrevistas,
parece haver indícios de que esse papel não deveria existir, já que representa por um
lado, uma relação protecionista com as empresas incubadas, e por outro, uma
dependência da necessidade dos representantes de cada ente, ou como disse um dos
entrevistados, “como pode haver uma relação entre nós e a empresa incubada, sendo
que os produtos gerados nessas organizações não atendem a nenhuma necessidade
de nossa organização” (representante do governo).
Para a dimensão “conhecimento para incubadora e empresas incubadas”, apresenta-se
uma análise para cada papel:
Fonte de conhecimento: segundo a literatura, esse papel pode ser atribuído para todos
os entes. Verifica-se a participação efetiva da universidade e da indústria, além de uma
participação insuficiente por parte do governo. De forma complementar, percebe-se a
concretização desse papel no contexto do CELTA.
Formação de pessoal qualificado: atribuído à universidade, esse papel é concretizado
por seu representante, além de haver uma ampliação parcial no papel da indústria para
concretização desse papel. O representante do governo não executa esse papel, mas
de forma complementar, ele é concretizado na incubadora.
Atividades de ensino que fortaleçam a incubação: da mesma forma que o papel de
formação de pessoal qualificado esse papel é atribuído e concretizado pela
universidade. Além disso, verifica-se a ampliação do papel da indústria e, de forma
complementar, o papel é concretizado no contexto da incubadora.
Consultores das empresas: da mesma forma que os dois últimos papéis apresentados,
a participação com consultas é verificada tanto na universidade quanto na indústria,
95
apesar de ser um papel atribuído apenas à universidade. Novamente, de forma
complementar, o papel é concretizado no caso CELTA.
A seguir, o Quadro 15 apresenta o modelo para análise da incubadora Softville.
Quadro 15 – Modelo Integrado - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir do modelo integrado para o caso Softville, verifica-se que a dimensão
“estratégica” é definida pela participação dos representantes como gestores da incubadora,
sendo que esse papel é atribuído a todos os entes. Pode-se verificar a efetiva participação da
universidade, indústria e governo nessa dimensão. Além disso, a partir da complementaridade,
96
verifica-se a concretização do papel que efetiva a participação desses representantes no
contexto da Softville.
A dimensão “recursos para a incubadora” é definida pelo papel de custeio e investimento
da incubadora, sendo atribuído para todos os entes. Assim, da mesma forma em que a
participação foi efetivada pelos três representantes na dimensão “estratégica” acontece com
essa dimensão, já que de forma individual e complementar o papel de custeio e investimento da
incubadora é concretizado.
Para a dimensão “recursos para empresas incubadas”, apresenta-se uma análise para
cada papel:
Fornecimento de recursos financeiros: esse papel é atribuído à universidade e a
indústria, mas verifica-se que as participações da indústria e da universidade são
inexistentes. Todavia, a ampliação do papel do governo, por meio da participação,
mesmo que insuficiente, com recursos financeiros para as incubadas, auxilia no
atendimento desse papel de forma complementar, mas sem concretizar o papel.
Disponibilização de laboratórios, bibliotecas e outros equipamentos: esse papel é
definido para a universidade e indústria, mas apenas a universidade tem uma
participação efetiva na concretização desse papel. Não foram verificadas relações que
concretizassem esse papel nos casos dos outros entes. De qualquer modo, analisando
a complementaridade, esse papel é concretizado no contexto da Softville.
Atividades para acesso a recursos financeiros para as empresas incubadas: esse papel
é atribuído à universidade, que tem uma participação insuficiente para concretizar esse
papel. Além disso, não foi verificada a ampliação do papel nos casos da indústria e
governo. Desse modo, mesmo de forma complementar, o papel não é concretizado
plenamente na incubadora.
97
Programas de acesso a capital de risco para as empresas incubadas: verifica-se que
este papel deveria ser concretizado pelo governo. De qualquer modo, esse papel não é
atendido por nenhuma representação no contexto da Softville.
Ações para divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado: verifica-se
que esse papel deveria ser executado pela universidade e a indústria, o que ocorre
plenamente. Além disso, verifica-se a ampliação, mesmo que insuficiente, do papel do
governo. Todavia, de forma complementar, esse papel é concretizado na incubadora.
Contratação de serviços das empresas incubadas: esse papel é atribuído para a
universidade e a indústria. De qualquer forma, da mesma forma como ocorreu no caso
CELTA, o papel não é concretizado por nenhum representante, demonstrando
novamente que esse papel pode estar mal definido pela literatura.
Para a dimensão “conhecimento para incubadora e empresas incubadas”, apresenta-se
uma análise para cada papel:
Fonte de conhecimento: de acordo com o contexto da Softville, esse papel é atribuído
para universidade, que concretiza o papel, e pela indústria que participa de forma
insuficiente nesse sentido. Além disso, não foi verificada a ampliação do papel do
governo nesse caso. De forma complementar, percebe-se a concretização desse papel
na incubadora.
Formação de pessoal qualificado: atribuído à universidade, esse papel é concretizado
por seu representante. Porém, não são verificadas ampliações nos papéis da indústria e
governo. Todavia, de forma complementar, o papel é concretizado na incubadora.
Atividades de ensino que fortaleçam a incubação: como na formação de pessoal
qualificado, esse papel é atribuído à universidade. Além da concretização do papel por
seu representante, verifica-se a ampliação do papel da indústria para concretizar esse
papel, que de forma complementar, é concretizado no contexto da incubadora. Não foi
verificada a ampliação do papel do governo.
98
Consultores das empresas: novamente, esse papel é atribuído apenas à universidade.
Da mesma forma que o papel anterior, verifica-se a concretização por parte do
representante da universidade e a ampliação do papel da indústria, no sentido de
atender a esse papel. De forma complementar, o papel é concretizado no caso da
Softville.
4.4 Modelos de Análise da Participação
Conforme definido na metodologia, apresenta-se nessa seção, o modelo genérico para
análise da participação dos entes nos dois casos, como resultado final deste estudo.
Desse modo, a fim de facilitar as últimas análises, apresentam-se os modelos de
conclusão para cada caso, permitindo assim, visualizar o alinhamento entre a teoria, o modelo
de análise desenvolvido e o contexto de cada incubadora.
A seguir, a Figura 18 apresenta o modelo de conclusão para o caso CELTA.
99
Figura 18 – Modelo de Conclusão - CELTA
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir do modelo ilustrado pela Figura 18, percebe-se que no caso da incubadora
CELTA, a dimensão “estratégica” da participação é efetivada pelos representantes da indústria
e governo, enquanto a universidade possui uma participação insuficiente, que pode ser
justificada em função do distanciamento entre ela e a incubadora.
A dimensão “recursos para incubadora” é efetivada somente pelo governo. A
participação inexistente tanto para universidade quanto para indústria e se justifica em função
da autosustentabilidade do CELTA.
100
Para dimensão “recursos para empresas incubadas”, verifica-se uma participação
insuficiente dos representantes dos três entes. Desse modo, cabe analisar a
complementaridade dessas relações, a fim de concretizar os papéis. Assim, de acordo com a
análise horizontal, percebe-se que:
O fornecimento de recursos financeiros é concretizado de forma complementar pela
indústria e governo.
A disponibilização de laboratórios, bibliotecas e outros equipamentos é concretizada
individualmente pela universidade.
As atividades para acesso a recursos financeiros são concretizadas individualmente pela
indústria.
As ações para divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado são
concretizadas individualmente pelo governo.
Os programas de acesso a capital de risco são inexistentes no contexto do CELTA.
Apesar de terem sido verificadas iniciativas no sentido de captar esse tipo de recurso,
são reconhecidas às dificuldades para seu acesso, conforme relatam Campos e Barbieri
(2002, p.12),
“... pode se afirmar que o Brasil ainda não encontrou o rumo certo com
respeito à atividade de capital de risco apropriada às pequenas e médias
empresas emergentes de base tecnológica. As iniciativas concretas de
investimento são ainda restritas e, com freqüência, empreendimentos de
base tecnológica acabam se inviabilizando pela falta de recursos”.
A contratação de serviços das empresas incubadas por parte dos representantes dos
entes no CELTA é inexistente. Novamente, apesar de ser definido como um papel
teórico foi verificado indícios, no discurso dos entrevistados, que questionam a validade
desse papel.
101
A dimensão “conhecimento para incubadora e empresas incubadas” é atendida de forma
insuficiente pelo governo e efetivada pela universidade e indústria. De qualquer modo, cabe
analisar complementaridade das relações, de acordo com a análise horizontal. Assim, percebe-
se que:
O fornecimento de conhecimento é concretizado individualmente pela universidade e
indústria, enquanto o governo atende parcialmente a esse papel, mas de forma
complementar.
A formação de pessoal qualificado, as atividades de ensino que fortalecem a incubação
e as consultas às organizações são concretizadas individualmente pela indústria e
universidade.
Diante desse cenário, verifica-se que a complementaridade das relações entre os
representantes dos entes na incubadora CELTA permite uma concretização quase total dos
papéis, permitindo direcionar a atenção ao fornecimento de recursos financeiros para as
empresas incubadas, sobretudo em relação aos programas de acesso a capital de risco, em
função da dificuldade e incipiência desse tipo de recurso no Brasil. A contratação de serviços
das incubadas se revelou um papel com menor possibilidade de concretização.
A seguir, a Figura 19 apresenta o modelo de conclusão para o caso Softville.
102
Figura 19 – Modelo de Conclusão - Softville
Fonte: Elaborado pelo autor.
A partir do modelo ilustrado pela Figura 19, percebe-se que no caso da incubadora
Softville, a dimensão “estratégica” da participação é efetivada pelos representantes da
universidade, indústria e governo.
A participação na dimensão “recursos para incubadora” também é efetivada pelos
representantes dos três entes.
Para dimensão “recursos para empresas incubadas”, verifica-se uma participação
insuficiente dos representantes dos três entes, da mesma forma que no caso CELTA. Desse
modo, cabe analisar a complementaridade dessas relações, a fim de concretizar os papéis.
Assim, de acordo com a análise horizontal, percebe-se que:
103
O fornecimento de recursos financeiros é atendido parcialmente pelo governo, mas não
concretiza o papel.
A disponibilização de laboratórios, bibliotecas e outros equipamentos é concretizada
individualmente pela universidade.
As atividades para acesso a recursos financeiros são atendidas parcialmente pela
universidade, sem concretizar o papel.
Da mesma forma como ocorre no CELTA, os programas de acesso a capital de risco
são inexistentes no contexto da Softville.
As ações para divulgação das empresas para facilitar o acesso ao mercado são
concretizadas individualmente pela universidade e indústria, além do papel ser atendido
parcialmente pelo governo.
A contratação de serviços das empresas incubadas por parte dos representantes dos
entes na Softville é inexistente. Novamente, como no caso CELTA, a validade desse
papel é questionada.
A dimensão “conhecimento para incubadora e empresas incubadas” é atendida de forma
insuficiente pela indústria e efetivada pela universidade. De qualquer modo, cabe analisar
complementaridade das relações, de acordo com a análise horizontal. Assim, percebe-se que:
O fornecimento de conhecimento é concretizado individualmente pela universidade,
enquanto a indústria atua parcialmente nesse sentido, mas de forma complementar.
A formação de pessoal qualificado é concretizada individualmente pela universidade.
As atividades de ensino que fortalecem a incubação são concretizadas individualmente
pela universidade e indústria.
As consultas às organizações são concretizadas individualmente pela universidade e a
indústria.
104
Diante desse cenário, verifica-se que a complementaridade das relações entre os
representantes dos entes na incubadora Softville permite uma ampla concretização dos papéis.
Porém, na mesma dimensão do CELTA, mas de forma acentuada, verifica-se uma participação
insuficiente dos entes no atendimento aos papéis de fornecedor de recursos financeiros,
atividades para acesso a recursos financeiros e programas de acesso a capital de risco para as
empresas incubadas. Ainda, a contratação de serviços das empresas incubadas não acontece,
ressaltando a duvida sobre a sua validade.
Assim, com a conclusão das análises individuais para os dois casos, apresenta-se o
modelo genérico para análise da participação dos entes, a fim de verificar elementos comuns na
participação dos entes nos dois casos. Desse modo, a Figura 20 ilustra o contexto e faz
referência a metodologia desenvolvida para análise.
Figura 20 – Modelo Genérico para Análise da Participação dos Entes
Fonte: Elaborado pelo autor.
105
Analisando a Figura 20, fica evidente a insuficiência, nos dois casos, da participação dos
entes no sentido de fornecer recursos para as empresas incubadas. Essa verificação, como dito
anteriormente, não é representativa para o universo das incubadoras de base tecnológica, mas
representa um ponto relevante de análise, a fim de ampliar as relações e o atendimento aos
papéis, a fim de potencializar o papel da incubadora, no sentido de fomentar inovações e
desenvolvimento.
A seguir, pretende-se fazer uma reflexão a respeito das suposições até aqui levantadas,
no sentido de complementar as análises.
106
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
Finalizadas a pesquisa bibliográfica, a pesquisa de campo e a análise dos resultados,
apresentam-se as conclusões finais a respeito do objetivo que norteou este trabalho, bem como
as recomendações, que representam sugestões para futuros estudos ligados às incubadoras de
base tecnológica.
5.1 Conclusões
Com a teoria estudada e os dados obtidos com os sujeitos da pesquisa, chegou-se a
algumas considerações. Conforme abordado anteriormente, esta pesquisa vem incrementar os
estudos já realizados no contexto das incubadoras de base tecnológica. A contribuição deste
estudo, em especial, é oferecer uma nova perspectiva para análise dessas organizações,
verificando a efetiva participação de seus parceiros.
Desse modo, a fim de atender o objetivo de conhecer a participação dos representantes
da universidade, indústria e governo no contexto das incubadoras, foram utilizados os
pressupostos da abordagem de hélice tríplice e, a partir dos papéis definidos pela literatura para
cada um dos entes no contexto das incubadoras de base tecnológica, foram analisadas as
relações que concretizam e ampliam seus papéis.
A partir dos dois casos estudados, verificaram-se indícios de que os papéis apontados
pela teoria não são completamente verificados na prática. O papel “programas de acesso a
capital de risco” é muito incipiente no contexto nacional (CAMPOS e BARBIERI, 2002), o que foi
confirmado durante as entrevistas. Entretanto, foram verificadas iniciativas, a partir de um
projeto de cooperação entre incubadoras, a fim de prospectar negócios e obter acesso a esse
tipo de recurso. Ainda, o papel de “contratação de serviços das empresas incubadas”, dá
margem para questionamentos a respeito do protecionismo em relação às empresas incubadas,
107
em função da verificação de que esse não deveria ser um papel, mas sim uma relação
comercial decorrente da necessidade dos representantes da incubadora.
Nesse sentido, verificado que os papéis definidos pela teoria não atendem
completamente aos achados, criam-se subsídios para a ampliação do estudo e formulação de
novos papéis que respondam a todas as necessidades das incubadoras de base tecnológica.
Isto posto, vale ressaltar que a metodologia desenvolvida para análise dos papéis e,
consequentemente, da participação dos entes é inédita e pode ser replicada para qualquer
incubadora de base tecnológica, possibilitando conhecer e redefinir os papéis individuais dos
parceiros de acordo com os objetivos e demandas de cada incubadora.
A concretização e ampliação dos papéis de cada representação na incubadora, ou seja,
a definição da participação efetiva de cada representante permite estruturar novas relações, de
forma complementar, somando os representantes que participam da incubadora, a fim de
concretizar os papéis de forma conjunta, o que estimula a cooperação e fomenta inovações.
Além disso, a metodologia torna possível identificar pontos deficientes nas relações dos entes
com a incubadora e empresas incubadas. Essa perspectiva de análise permite que a
incubadora visualize a participação efetiva de cada representante no sentido de alcançar seus
objetivos, possibilitando reorganizações que atendam ao seu papel maior de indutora de
inovação e desenvolvimento regional.
Individualmente, a metodologia permite as incubadoras alinharem os papéis de cada
parceiro de acordo com a sua realidade, além de funcionar como uma ferramenta de controle
da participação desses parceiros. De forma genérica e ampliada, a metodologia permite
redefinir na literatura, os papéis a serem desempenhados no ambiente das incubadoras de
base tecnológica, o que favorece novas análises práticas da participação de cada
representante, criando um ciclo de aprendizado e evolução literária.
108
Assim, verifica-se uma limitação deste estudo, no sentido de generalizar os achados e
definir novos papéis na literatura. Entretanto, individualmente, podem ser feitas algumas
inferências.
Primeiramente, atendendo ao primeiro objetivo específico da pesquisa, verificou-se nos
dois casos a inexistência de reorganizações nas representações envolvidas nas incubadoras.
Segundo seus gerentes, a estrutura de relações é a mesma desde a criação da incubadora.
Essa informação reforça o valor das relações preconizadas pela abordagem de hélice tríplice e,
no mínimo, indica que quaisquer divergências são resolvidas internamente entre as
representações. Todavia, houveram ocorrências de empresas incubadas abandonarem a
incubadora em função de divergências com os atores que a representam, o que cria uma
lacuna sobre as relações dos representantes das incubadoras com as empresas incubadas.
Para atender ao segundo objetivo específico desta pesquisa, no caso CELTA, verificou-
se na complementaridade das relações e papéis, que apenas a dimensão “recursos para as
empresas incubadas” não é efetivada por nenhum dos representantes dos entes. Porém, para
atender o objetivo maior deste trabalho e conhecer a participação da universidade, indústria e
governo, verificou-se que:
A universidade participa efetivamente como fornecedora de conhecimento para
incubadora e empresas incubadas, enquanto na gestão da incubadora e no
fornecimento de recursos para as empresas incubadas, sua participação é
insuficiente. No caso do fornecimento de recursos para incubadora, verificou-se
que sua participação inexiste.
A indústria participa efetivamente na gestão da incubadora e no fornecimento de
conhecimento para incubadora e empresas incubadas, enquanto sua
participação é insuficiente no fornecimento de recursos para as empresas
incubadas. No caso dos recursos para incubadora verificou-se que sua
participação é inexistente.
109
O governo tem uma participação efetiva na gestão e no fornecimento de recursos
para incubadora, enquanto sua participação é insuficiente como fonte de
recursos para as empresas incubadas e conhecimento para incubadora e
empresas incubadas.
Da mesma forma que na incubadora CELTA, no caso da Softville, apenas a dimensão
“recursos para as empresas incubadas” não é efetivada por nenhum dos representantes dos
entes. Porém, respondendo aos objetivos deste trabalho, verificou-se que na Softville:
A universidade participa de forma efetiva na gestão da incubadora e no
fornecimento de recursos para incubadora, além de participar efetivamente como
fonte de conhecimento para incubadora e empresas incubadas. Ainda, sua
participação como fonte de recursos para as empresas incubadas é insuficiente.
A indústria participa efetivamente na gestão e no fornecimento de recursos para
incubadora, enquanto sua participação é insuficiente no fornecimento de
recursos para as empresas incubadas e no conhecimento para incubadora e
empresas incubadas.
O governo tem uma participação efetiva na gestão e no fornecimento de recursos
para incubadora, enquanto sua participação é insuficiente no fornecimento de
recursos para as empresas incubadas. Ainda, verificou-se que sua participação
inexiste como fonte de conhecimento para incubadora e empresas incubadas.
Assim, os resultados e suas análise demonstram a participação, por meio de suas
dimensões, dos representantes da universidade, indústria e governo nos dois casos estudados.
Desse modo, vale ressaltar uma questão maior a respeito do apoio oferecido as empresas
incubadas, já que foi verificada uma participação insuficiente, nos dois casos, para o
fornecimento ou apoio para acesso a recursos.
Reconhecido que os modelos de incubação evoluem de acordo com as demandas
levantadas pelas empresas incubadas, as ações ainda se demonstram reativas. Salienta-se que
110
a capacidade da incubadora em se preparar e se adiantar às novas demandas, auxiliando as
empresas e mantendo-as na “onda” da inovação, é o diferencial competitivo para o
desenvolvimento de empresas inovadoras.
Para isso, fica evidente a necessidade de interações entre as diversas representações,
não só da incubadora, mas sim, de todos os interessados no diálogo de inovação. Ainda, a
aplicação de novos olhares sobre esse processo é fundamental para o desenvolvimento dos
modelos de incubação e, por isso, salienta-se a importância em atrair e captar um número
maior de indivíduos e organizações para esse diálogo, já que o processo de inovação ocorre
em todos os contextos organizacionais, não só em áreas técnicas como eletrônica, mecânica ou
informática.
Percebe-se que os objetivos das incubadoras de base tecnológica apontam muito mais
para a geração de inovações do que para o desenvolvimento de tecnologia simples e pura. Isso
se acentua sobremaneira, em função da aplicabilidade cada vez maior da tecnologia nos mais
variados setores. Por isso a ampliação do diálogo com novas áreas é tão importante e pode
resultar em novas perspectivas, novas alternativas de inovação e novos produtos inovadores.
Outra questão verificada ao longo da pesquisa esta relacionada às novas formas de
organização que ultrapassam as dimensões delimitadas pelas três hélices apontadas na
literatura. As organizações híbridas que atuam na incubadora já não podem ser vistas como
dependentes de dois ou três entes, já que são cada vez mais autônomas, possuem objetivos
que nem sempre estão de acordo com as organizações que possibilitaram sua criação e
assumem cada vez mais um papel representativo no contexto das incubadoras. Somadas a
essas organizações, existem fundações e outras entidades que passam a ter voz ativa nas
incubadoras, mas que não se enquadram nas dimensões de nenhuma das hélices da
abordagem teórica.
Desse modo, considerando o crescente aumento na autonomia das organizações
híbridas e a existência de novas formas organizacionais (que não se enquadram nas hélices)
111
atuando nas incubadoras, pode-se elaborar uma nova perspectiva teórica sobre a abordagem
de hélice tríplice, transformando o conceito, a partir da inserção de uma quarta hélice. Assim,
torna-se necessário verificar os papéis dessas organizações e dinamizá-las dentro de um novo
conceito.
Por último, a máxima apontada pelas abordagens teóricas de alianças para inovação, na
qual as representações das incubadoras devem trabalhar em conjunto, orientando e
potencializando suas participações, formulando objetivos e estratégias de forma cooperada, a
fim de competir no mercado e, gerar inovações e desenvolvimento, parece ganhar forma aos
poucos, mas ainda não representa a prática efetiva nas organizações estudadas. Assim, é
essencial estruturar relações concretas, entre todos os envolvidos no processo de incubação,
que resultem no fomento a inovação, já que se verificou que as relações encontradas muitas
vezes ficam apenas no discurso ou não saem do papel.
5.2 Recomendações para Futuros Trabalhos
A partir das verificações ao longo desse estudo, acredita-se que conhecer a participação
da universidade, indústria e governo nas incubadoras de base tecnológica é fundamental para
melhor compreender esses ambientes de inovação, além de fornecer uma nova perspectiva
sobre as relações entre organizações heterogêneas, que caracterizam esses ambientes.
Assim, a fim de empreender novos olhares sobre os papéis dos três entes e as relações
emergentes dessas alianças, acredita-se que a extensão dessa pesquisa para um universo
representativo do contexto regional, estadual ou federal, torna possível redefinir os papéis
necessários ao desenvolvimento das incubadoras, criando um ciclo de avaliação no qual os
papéis podem ser reestruturados de forma contínua, de acordo com as novas demandas
decorrentes do processo de inovação.
112
Ainda, acredita-se que outras pesquisas que investiguem as relações entre os entes,
numa perspectiva regional de inovação, possibilitem verificar novos arranjos emergentes
dessas relações, bem como reconfigurações na própria estrutura dessas organizações. Além
disso, explorar os papéis e a participação das fundações, entidades e outras formas de
organização atuantes na incubadora e que ultrapassem as dimensões das três hélices
apontadas pela teoria, permite contribuir para evolução literária.
Por fim, acredita-se que estudos relativos às incubadoras, em especial de base
tecnológica, são fundamentais para difusão desse conceito, a fim de induzir a inovação e o
desenvolvimento regional, aumentando a competitividade e a sobrevivência das organizações
numa sociedade do conhecimento.
113
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119
APÊNDICES
APÊNDICE A: Roteiros das Entrevistas
Roteiro de Entrevista – Gerente Incubadora
1. Quais representações participam da incubadora atualmente? Houve reorganizações?
2. Quais as motivações para a formação de alianças com esses representantes?
3. Quais os principais representantes da universidade, indústria e governo e que tipo de
relações à incubadora mantém com eles? Quais seus papéis na incubadora (referências
às dimensões da participação)?
4. Quais os efeitos da participação dos vários parceiros nas incubadoras (pontos positivos
e negativos)?
Roteiro de Entrevista – Representante Universidade
1. Quais as justificativas para a participação na incubadora?
2. Que tipo de relações sua entidade mantém com a incubadora e as empresas
incubadas?
3. Quais os papéis que sua organização assume dentro da incubadora? (Questionamentos
de acordo com os papéis teóricos)
Roteiro de Entrevista – Segmento Empresarial
1. Quais as justificativas para a participação na incubadora?
2. Que tipo de relações sua entidade mantém com a incubadora e as empresas
incubadas?
3. Quais os papéis que sua organização assume dentro da incubadora? (Questionamentos
de acordo com os papéis teóricos)
Roteiro de Entrevista – Representante Governo
1. Quais as justificativas para a participação na incubadora?
2. Que tipo de relações sua entidade mantém com a incubadora e as empresas
incubadas?
3. Quais os papéis que sua organização assume dentro da incubadora? (Questionamentos
de acordo com os papéis teóricos)
APÊNDICE B: Planilhas Analíticas - Resultados das Entrevistas
CELTA – ENTE UNIVERSIDADE
PLANILHA ANALITICA – RELAÇÕES x PAPÉIS
RID – RELAÇÃO IDENTIFICADA:
(SIM / NÃO)
IRP – INDICADOR - RELAÇÕES x PAPÉIS:
VERDE – RELAÇÃO CONCRETIZA O PAPEL / FOMENTA INOVAÇÃO (PARTICIPAÇÃO IDENTIFICADA)
AMARELO – RELAÇÃO CONCRETIZA PARCIALMENTE O PAPEL / DESACELERA INOVAÇÃO
VERMELHO – RELAÇÃO NÃO CONCRETIZA O PAPEL / INIBE INOVAÇÃO
PAPÉIS TEÓRICOS RID RELAÇÃO FORMAL RELAÇÃO INFORMAL IRP
Instituição gestora de incubadoras
Sim
“Não existe relação institucional formal entre a universidade e
a incubadora”.
“No início, como a incubadora foi criada dentro do ambiente
da universidade, as relações eram mais evidentes e desde
que a incubadora saiu de dentro da universidade, as relações
passaram a existir somente por meio das pessoas, a partir de
iniciativas isoladas por parte de professores ou núcleos de
pesquisa”.
“... alguns professores acompanham as empresas durante a
incubação, [a partir] de indicadores estabelecidos pelo
CELTA, com o objetivo de detectar pontos que precisem de
ajustes no direcionamento da empresa”.
Custeio e investimento das
incubadoras
Não
N/A N/A
Fornecimento de recursos
financeiros
Não
N/A
“Existiam as fundações que mediavam essas relações,
principalmente em função de questões financeiras, mas os
ministérios públicos, estadual e federal, não aceitam essa
relação, já que o dinheiro deveria entrar direto na
universidade, mas nesse caso, o governo poderia se apropriar
dos recursos”.
Disponibilização de laboratórios,
bibliotecas e outros equipamentos
Sim
N/A
“Como as relações com a incubadora não são
institucionalizadas, esses empresários vão direto para os
núcleos e laboratórios... utilizam as próprias relações [com a
universidade e] com os professores para utilizar nossos
espaços e qualquer equipamento, já que na maioria dos
casos, eles são ex-alunos”.
Atividades para acesso a recursos
financeiros para empresas
incubadas
Não
N/A N/A
Programas de acesso a capital de
risco para empresas incubadas
Não
N/A N/A
120
Ações de divulgação das empresas
para facilitar o acesso ao mercado
Não
N/A
“Sentimos uma falta de uma maior divulgação do papel de
organizações como as incubadoras e, principalmente, pelo
desconhecimento da função dessas instituições, a percepção
de oportunidades por parte do público acadêmico é dificultada
de forma geral.”
Contratação de serviços das
empresas incubadas
Não
N/A N/A
Fonte de conhecimento
Sim
N/A
“Existem convênios entre a universidade e as empresas, por
meio dos núcleos de pesquisa, mas existem dificuldades
legais que impedem outras relações formais com o segmento
empresarial.”
Formação de pessoal qualificado
Sim
“O perfil da maioria dos incubados é de jovens estudantes ou
recém-formados. A universidade está percebendo a
necessidade de formar indivíduos com espírito
empreendedor".
N/A
Atividades de ensino que fortaleçam
a incubação (ex: cursos de
empreendedorismo)
Sim
“Foi criado o projeto 'Escola de Novos Empreendedores –
ENE', com cursos básicos voltados para o empreendedorismo,
mas o projeto parou...”.
“Já existem cadeiras de empreendedorismo ao alcance de
todos os alunos.”
N/A
Consultores das empresas
Sim
N/A
“Principalmente pelo fato dos empreendedores terem saído da
universidade, as relações ocorrem diretamente com os
professores ou núcleos de pesquisa”.
N/A – Não Atende
121
CELTA – ENTE INDÚSTRIA
PLANILHA ANALITICA – RELAÇÕES x PAPÉIS
RID – RELAÇÃO IDENTIFICADA: (SIM / NÃO)
IRP – INDICADOR - RELAÇÕES x PAPÉIS:
VERDE – RELAÇÃO CONCRETIZA O PAPEL / FOMENTA INOVAÇÃO (PARTICIPAÇÃO IDENTIFICADA)
AMARELO – RELAÇÃO CONCRETIZA PARCIALMENTE O PAPEL / DESACELERA INOVAÇÃO
VERMELHO – RELAÇÃO NÃO CONCRETIZA O PAPEL / INIBE INOVAÇÃO
PAPÉIS TEÓRICOS RID RELAÇÃO FORMAL RELAÇÃO INFORMAL IRP
Instituição gestora de incubadoras
Sim
“Participamos do conselho executivo da incubadora, com
orientação e auxílio a partir de nossas experiências...”,
“A relação facilita conhecer os projetos e empresas que
surgem, a fim de facilitar a gestão interna e trocar
informações, para que não existam privilégios e sejam
identificados potenciais negócios entre empresas da região.”
“A Associação foi criada em 1986 para abrigar empresas,
como um condomínio de empresas... hoje, administra uma
incubadora e mobiliza todo setor tecnológico.”
“É necessário produzir empresas maduras de forma mais
rápida para o mercado.”
“A relação existente com a incubadora é de apoio mútuo, a fim
de facilitar a gestão, replicar melhores práticas e desenvolver
projetos conjuntos, fornecendo o apoio às novas incubadoras.”
“O objetivo principal hoje, é consolidar o pólo tecnológico,
definir as estratégias de longo prazo, a partir do levantamento
das demandas e ampliar a atuação da associação para outras
cidades como Joinville e Blumenau, estreitando o
relacionamento que era prejudicado em função de
preconceitos gerados pela localização. A proximidade e
importância dessas cidades deveriam ser utilizadas como
referência para a estruturação de novos parques e ampliação
do papel das incubadoras e empresas de tecnologia no
desenvolvimento de Santa Catarina.”
Custeio e investimento das
incubadoras
Não
N/A N/A
Fornecimento de recursos
financeiros
Sim
“... oferece estrutura com menor custo para pós-incubação...”. N/A
Disponibilização de laboratórios,
bibliotecas e outros equipamentos
Não
N/A N/A
Atividades para acesso a recursos
financeiros para empresas
incubadas
Sim
“... auxiliamos as empresas no desenvolvimento de projetos
para captação de financiamentos, diagnósticos empresariais e
outros projetos junto às empresas e empresários.”
N/A
Programas de acesso a capital de
risco para empresas incubadas
Não
N/A N/A
Ações de divulgação das empresas
para facilitar o acesso ao mercado
Não
N/A N/A
Contratação de serviços das
empresas incubadas
Não
N/A N/A
122
Fonte de conhecimento
Sim
N/A
“A informalidade das relações permite alcançar diretamente o
detentor de conhecimento, mantendo um foco direto nas
necessidades mutuas, readaptando projetos, a fim de atender
indústria e academia. As relações com a universidade federal
acontecem com o pessoal da engenharia de produção e a
parte de propriedade intelectual no direito.”
“As relações entre os parceiros são facilitadas pela
proximidade física”
“Os encontros de corredor facilitam a comunicação e a
divulgação das informações e, apesar de se demonstrar um
aspecto negativo em alguns casos, a ‘rádio corredor’ funciona
de forma eficiente”.
Formação de pessoal qualificado
Sim
“... em algumas universidades particulares, participamos da
formulação de ementas e cadeiras voltadas para o
empreendedorismo e questões relativas às deficiências
identificadas junto às empresas de tecnologia que participam
de nossa associação. Nesse sentido, o aluno quando
formado, já possui algumas qualificações técnicas essenciais
para muitas empresas da região, o que aumenta o fator
empregabilidade. No caso da universidade federal, a relação é
dificultada em função de questões normativas e políticas.”
“Estamos buscando abrir parcerias com outros cursos para
estimular e gerar nova expertise junto aos empreendedores.”
Atividades de ensino que fortaleçam
a incubação (ex: cursos de
empreendedorismo)
Sim
“... promovendo parcerias para oferecer cursos para as
empresas associadas, em função de manter as atividades de
treinamento no ambiente empresarial, oferecer aos novos
alunos a possibilidade de participar do ambiente empresarial e
construir suas redes de relacionamento com empreendedores
e empresas da localidade.”
“... auxiliamos os empresários tecnológicos, que normalmente
são formados em áreas técnicas ou engenharias, para que
possam sair de forma mais rápida para o mercado, buscando
sanar as deficiências representadas pela falta de uma
estrutura acadêmica que promova a consciência
empreendedora e facilite a incubação.”
“Estamos ampliando nosso papel em capacitação, construindo
novos espaços. O objetivo principal para capacitação desses
empreendedores é mantê-los na onda de inovações, sem
perder oportunidades e identificando as ameaças.”
Consultores das empresas
Sim
“... uma das ações mais relevantes é de dar apoio no
desenvolvimento de projetos, pois existem muitas dificuldades
representadas pela forma que os empreendedores
tecnológicos expressam suas idéias no papel. Isso acaba
fazendo com que projetos inovadores percam boas
oportunidades de financiamento, representando uma limitação
ao desenvolvimento geral do mercado.”
N/A
N/A – Não Atende
123
CELTA – ENTE GOVERNO
PLANILHA ANALITICA – RELAÇÕES x PAPÉIS
RID – RELAÇÃO IDENTIFICADA: (SIM / NÃO)
IRP – INDICADOR - RELAÇÕES x PAPÉIS:
VERDE – RELAÇÃO CONCRETIZA O PAPEL / FOMENTA INOVAÇÃO (PARTICIPAÇÃO IDENTIFICADA)
AMARELO – RELAÇÃO CONCRETIZA PARCIALMENTE O PAPEL / DESACELERA INOVAÇÃO
VERMELHO – RELAÇÃO NÃO CONCRETIZA O PAPEL / INIBE INOVAÇÃO
PAPÉIS TEÓRICOS
RID RELAÇÃO FORMAL RELAÇÃO INFORMAL IRP
Instituição gestora de incubadoras
Sim
“Nós participamos do conselho executivo da incubadora,
tendo entre os principais objetivos o desenvolvimento
tecnológico e geração de inovações, a fim de alcançar o
conceito de cidade tecnológica”.
“É essencial o envolvimento e atuação do governo para
fomentar e direcionar os atores que vão atuar juntos no futuro
para uma perspectiva de cooperação que gere
desenvolvimento e inovação”.
“Pretende-se conhecer os impactos de cada incubadora
apoiada, na geração de emprego, impostos, eficiência
operacional, produtos desenvolvidos, além do retorno
financeiro, geração de inovações e quais relações estão
sendo desenvolvidas na localidade, a fim de atender os
objetivos apresentados no projeto da incubadora.”
Custeio e investimento das
incubadoras
Sim
“O governo estadual tem um programa de fomento para
incubadoras nascentes e existentes. O orçamento depende do
repasse definido a cada quadriênio (governo), e é oferecido
por meio de chamadas públicas.”
“Existe um aumento do montante investido em incubadoras,
em função do crescimento do interesse do governo estadual
no apoio às incubadoras. Isso se justifica em função do salto
no número de incubadoras entre 2002 e 2006.”
“As relações, o envolvimento e apoio dos atores locais são
essenciais para aprovação de um projeto de incubadora.”
Fornecimento de recursos
financeiros
Não
N/A
“Apoiamos entidades publicas e privadas interessadas em
obter apoio técnico e financeiro para consolidação de
incubadoras e empresas no Estado de Santa Catarina por
meio de chamada pública.”
Disponibilização de laboratórios,
bibliotecas e outros equipamentos
Não
N/A N/A
Atividades para acesso a recursos
financeiros para empresas
incubadas
Não
N/A N/A
Programas de acesso a capital de
risco para empresas incubadas
Não
N/A N/A
Ações de divulgação das empresas
para facilitar o acesso ao mercado
Sim
“A nossa revista executa bem esse papel e, ainda, utilizamos
os meios eletrônicos para auxiliar no avanço dessas
empresas”.
N/A
Contratação de serviços das
empresas incubadas
Não
N/A N/A
124
Fonte de conhecimento
Sim
N/A
“Ampliar as relações com a academia, a partir de projetos de
prospecção de negócios dentro da universidade, a fim de
estimular a criação de empresas spin-off.”
“O maior apoio da Fundação é voltado para universidades, a
fim de transferir o conhecimento para o mercado.”
Formação de pessoal qualificado
Não
N/A N/A
Atividades de ensino que fortaleçam
a incubação (ex: cursos de
empreendedorismo)
Não
N/A N/A
Consultores das empresas
Não
N/A N/A
N/A – Não Atende
125
SOFTVILLE – ENTE UNIVERSIDADE
PLANILHA ANALITICA – RELAÇÕES x PAPÉIS
RID – RELAÇÃO IDENTIFICADA: (SIM / NÃO)
IRP – INDICADOR - RELAÇÕES x PAPÉIS:
VERDE – RELAÇÃO CONCRETIZA O PAPEL / FOMENTA INOVAÇÃO (PARTICIPAÇÃO IDENTIFICADA)
AMARELO – RELAÇÃO CONCRETIZA PARCIALMENTE O PAPEL / DESACELERA INOVAÇÃO
VERMELHO – RELAÇÃO NÃO CONCRETIZA O PAPEL / INIBE INOVAÇÃO
PAPÉIS TEÓRICOS RID RELAÇÃO FORMAL RELAÇÃO INFORMAL IRP
Instituição gestora de incubadoras
Sim
“A nossa instituição é gestora de empresas juniores e de
incubadoras de empresas, além de outras atividades voltadas
para identificar e aproveitar as oportunidades e recursos de
maneira inovadora, com foco na criação de empregos e
negócios.”
N/A
Custeio e investimento das
incubadoras
Sim
“Arcamos com um terço dos investimentos na incubadora”. N/A
Fornecimento de recursos
financeiros
Não
N/A N/A
Disponibilização de laboratórios,
bibliotecas e outros equipamentos
Sim
N/A
“Acontece algumas vezes, já que alguns dos incubados são
alunos ou ex-alunos, mas no geral, não temos nenhum
convênio com as empresas”.
Atividades para acesso a recursos
financeiros para empresas
incubadas
Sim
N/A
“Durante o ano, sempre que acontece alguma palestra nesse
sentido, estendemos o convite para a incubadora e
incubadas”.
Programas de acesso a capital de
risco para empresas incubadas
Não
N/A N/A
Ações de divulgação das empresas
para facilitar o acesso ao mercado
Sim
“Em abril de 1993 por iniciativa conjunta e com apoio da
universidade foi estabelecido o Núcleo do Programa SOFTEX
de Joinville que tem como objetivo situar o país entre os
maiores produtores de software no mundo.”
“Como a incubadora possui empresas spin-off da
universidade, os casos de sucesso são apresentados no
boletim eletrônico da universidade, com o objetivo de divulgar
as empresas”.
Contratação de serviços das
empresas incubadas
Não
N/A N/A
Fonte de conhecimento
Sim
“A universidade hoje dia ocupa um papel cada vez maior na
escala regional em termos de avanços tecnológicos.
Atualmente estamos planejando a consolidação de estudos de
viabilidade técnica, financeira e econômica de tecnologias que
tem potencial de ser comercializado”.
“Em abril de 1993 por iniciativa conjunta e com apoio da
universidade foi estabelecido o Núcleo do Programa SOFTEX
do Joinville que tem como objetivo situar o país entre os
maiores produtores de software no mundo.”
“O Grupo do PET da UDESC recebe frequentemente visitas
informais de representantes da incubadora e de empresas
incubadas durante as quais os alunos e professores do núcleo
trocam informações. Juntos eles percebem as oportunidades
de colaboração e aplicação de novos conhecimentos que são
gerados através de pesquisas desenvolvidas.”
126
Formação de pessoal qualificado
Sim
“A HMO Sistemas, foi constituída por um de nossos alunos. É
uma empresa de desenvolvimento de sistemas na área de
Gestão e Tecnologia de Informação.”
N/A
Atividades de ensino que fortaleçam
a incubação (ex: cursos de
empreendedorismo)
Sim
“Por meio da relação com a Softville, à universidade oferece
uma série de cursos, oficinas e palestras sobre
empreendedorismo e o processo de comercialização de idéias
e conhecimentos científicos e tecnológicos.”
N/A
Consultores das empresas
Sim
“Temos algumas experiências altamente positivas, nas quais
alunos e professores contribuíram na comercialização de
tecnologia resultante de pesquisas antecedentes”.
N/A
N/A – Não Atende
127
SOFTVILLE – ENTE INDÚSTRIA
PLANILHA ANALITICA – RELAÇÕES x PAPÉIS
RID – RELAÇÃO IDENTIFICADA:
(SIM / NÃO)
IRP – INDICADOR - RELAÇÕES x PAPÉIS:
VERDE – RELAÇÃO CONCRETIZA O PAPEL / FOMENTA INOVAÇÃO (PARTICIPAÇÃO IDENTIFICADA)
AMARELO – RELAÇÃO CONCRETIZA PARCIALMENTE O PAPEL / DESACELERA INOVAÇÃO
VERMELHO – RELAÇÃO NÃO CONCRETIZA O PAPEL / INIBE INOVAÇÃO
PAPÉIS TEÓRICOS
RID RELAÇÃO FORMAL RELAÇÃO INFORMAL IRP
Instituição gestora de incubadoras
Sim
“Temos representação no conselho de mantenedores e
participamos da elaboração de estratégias”
N/A
Custeio e investimento das
incubadoras
Sim
“15% do orçamento da incubadora são captados pelo
sindicato.”
N/A
Fornecimento de recursos
financeiros
Não
N/A N/A
Disponibilização de laboratórios,
bibliotecas e outros equipamentos
Não
N/A N/A
Atividades para acesso a recursos
financeiros para empresas
incubadas
Não
N/A N/A
Programas de acesso a capital de
risco para empresas incubadas
Não
N/A N/A
Ações de divulgação das empresas
para facilitar o acesso ao mercado
Sim
“Acesso a mercado é reconhecido com um dos maiores
desafios de todas as empresas, grandes ou pequenas.
Através de rodadas de negócios, eventos e missões técnicas
nós tentamos aproximar empresas e mercado.“
“O nosso papel principal não é de ser um banco de dados,
mas representar os interesses gerais e individuais de
empresas de processamento de dados e informática”.
Contratação de serviços das
empresas incubadas
Não
N/A N/A
Fonte de conhecimento
Sim
N/A
“Nossas experiências com auxílio para comercialização de
tecnologias, nos permite atender qualquer empresa quanto
aos tramites jurídicos e legais dessas negociações...”.
Formação de pessoal qualificado
Não
N/A N/A
Atividades de ensino que fortaleçam
a incubação (ex: cursos de
empreendedorismo)
Sim
“O sindicato oferece cursos de capacitação para os
empresários, com foco nos aspectos jurídicos de aplicação da
tecnologia, propriedade intelectual... tudo para atender as
dificuldades legais pra introdução e proteção de inovações”.
N/A
Consultores das empresas
Sim
“Também prestamos assessoria às empresas incubadas
sobre aspectos administrativos e jurídicos perante as
autoridades”.
“Já tivemos casos onde por meio de eventos, representantes
de empresas incubadas consultaram a nossa instituição para
verificar o aspecto jurídico na aplicação da tecnologia”.
N/A – Não Atende
128
SOFTVILLE – ENTE GOVERNO
PLANILHA ANALITICA – RELAÇÕES x PAPÉIS
RID – RELAÇÃO IDENTIFICADA:
(SIM / NÃO)
IRP – INDICADOR - RELAÇÕES x PAPÉIS:
VERDE – RELAÇÃO CONCRETIZA O PAPEL / FOMENTA INOVAÇÃO (PARTICIPAÇÃO IDENTIFICADA)
AMARELO – RELAÇÃO CONCRETIZA PARCIALMENTE O PAPEL / DESACELERA INOVAÇÃO
VERMELHO – RELAÇÃO NÃO CONCRETIZA O PAPEL / INIBE INOVAÇÃO
PAPÉIS TEÓRICOS
RID RELAÇÃO FORMAL RELAÇÃO INFORMAL IRP
Instituição gestora de incubadoras
Sim
“Atuamos como mantenedor da incubadora junto com as
outras representações.”
N/A
Custeio e investimento das
incubadoras
Sim
““... Contribuímos com 15% do orçamento da incubadora”. N/A
Fornecimento de recursos
financeiros
Sim
“A nossa participação financeira minimiza as exigências
financeiras das empresas incubadas, fornecendo para elas
vários serviços, além de espaço para se desenvolver... Não
temos programas específicos voltados ao fornecimento de
recursos para as empresas incubadas”.
N/A
Disponibilização de laboratórios,
bibliotecas e outros equipamentos
Não
N/A N/A
Atividades para acesso a recursos
financeiros para empresas
incubadas
Não
N/A N/A
Programas de acesso a capital de
risco para empresas incubadas
Não
“O acesso a capital de risco é muito escasso no Brasil. Por
enquanto o governo municipal não conseguiu atrair este tipo
de capital à região e incubadora.”
“Já temos indicações que a situação vai melhorar nos
próximos anos, mas ainda não aconteceu.”
Ações de divulgação das empresas
para facilitar o acesso ao mercado
Sim
“No passado, tentamos organizar rodadas de negócios que
sejam ligadas à expertise das empresas incubadas, mas
percebemos que as associações comerciais e industriais
podem efetuar este papel com maior desempenho.”
“Em alguns casos, quando tem interesse ‘de fora’, nós
assumimos o papel de articulação, mas nada formal”.
Contratação de serviços das
empresas incubadas
Não
N/A N/A
Fonte de conhecimento
Não
N/A N/A
Formação de pessoal qualificado
Não
N/A N/A
Atividades de ensino que fortaleçam
a incubação (ex: cursos de
empreendedorismo)
Não
N/A N/A
Consultores das empresas
Não
N/A N/A
N/A – Não Atende
129
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