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Quando declara que “as pessoas estão cada vez mais críticas porque estão
cada vez mais informadas, e elas sabem que as informações que dão são valiosas”,
o Representante Y concorda com o cenário favorável ao marketing de permissão
apresentado por Godin (2000). Porém, no tocante ao estímulo à participação do
cliente por meio de alguma forma de recompensa oferecida pela empresa, o
representante da ABEMD mostrou algumas reservas.
Vale a pena estimular [...] mas você precisa ter alguns critérios, por que, se
não tomar cuidado, muitas vezes, se o seu estímulo é exagerado, tem gente
que vai responder simplesmente para poder receber a coisa.
Eu recebo um questionário em casa e falo ‘bem, o que é que eu ganho com
isso?’ [...] O cara também quer o seu. E ele está te dando informação que
ele sabe que é valiosa para você.
Na percepção do Representante Y, o perfil de um profissional para gerenciar
as ações de marketing de permissão de uma empresa inclui conhecimentos em
marketing, estatística e uso de banco de dados, além da habilidade em lidar com
pessoas.
Tem de ser um marketeiro, não no sentido, desculpe, o publicitário de
campanha política [...]. Tem de ser alguém que entenda de marketing,
marketing no seu sentido amplo. Não o cara que só sabe fazer
comunicação. O cara tecnicamente tem que ser marketeiro, pessoalmente
tem que ser alguém que goste de pessoas. Óbvio, ele tem que saber a
técnica [...], ter algumas capacidades técnicas como entender [...] como é
que funciona a tecnologia de banco de dados. Óbvio que eu não vou ser um
programador de query, de SQL, mas eu tenho que saber como pedir isso
para o cara que vai gerar essa query, eu tenho que saber que tipo de
informação eu quero colocar para dentro do banco de dados porque eu vou
colocar aquilo que, no futuro, eu tenho a intenção de usar. Não adianta ser
só, tipo assim, ‘eu sou um generalista’. Eu tenho que ter um conhecimento
técnico porque esse troço envolve esquemas, esse negócio envolve
modelos estatísticos [...] então ele precisa ter esse tipo de formação e esse
tipo de conhecimento. Se essa formação é acadêmica ou não acadêmica, é
outra história que não vem ao caso.
O Representante Y apresentou uma definição de marketing mais voltada ao
cliente. Para ele, o marketing teria o papel de “captar e manter clientes”, sendo
“fundamentalmente uma função estratégica”. Porém, o Representante Y relata que,
nas empresas em que presta consultorias, a visão do marketing é associada a
funções táticas.
De acordo com essa perspectiva, o Representante Y entende que o marketing
é hoje praticado muito mais com finalidades comerciais do que institucionais. Essa
situação faz com que o Representante Y alerte para o risco de “comoditização” dos