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Universidade Federal do Tocantins
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia
Mestrado em Ciência Animal Tropical
Morfometria e alterações patológicas ovarianas de vacas
zebuínas criadas na Amazônia Oriental
Elaine Magalhães Ramos
Dissertação apresentada para obtenção do
título de Mestre, junto ao Programa de Pós-
graduação em Ciência Animal Tropical, da
Universidade Federal do Tocantins
Área de Concentração: Produção Animal
Orientadora: Profª Drª. Tânia V. Cavalcante
Co-Orientadora: Profa. Dra. Silvana M. M. S.
Silva
Araguaína-TO
2008
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Elaine Magalhães Ramos
Morfometria e alterações patológicas ovarianas de vacas zebuínas
criadas na Amazônia Oriental
Orientadora: Profª Drª. Tânia V. Cavalcante
Dissertação apresentada para obtenção do título
de Mestre, junto ao Programa de Pós-graduação
em Ciência Animal Tropical, da Universidade
Federal do Tocantins.
Área de concentração: Produção Animal
Araguaína - TO
2008
ii
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Morfometria e alterações patológicas ovarianas de vacas zebuínas criadas na
Amazônia Oriental
Por
Elaine Magalhães Ramos
Dissertação aprovada como requisito
parcial para obtenção do título de
Mestre, tendo sido julgado pela Banca
Examinadora formada pelos
professores:
_______________________________________________________________
Presidente: Profª. Dr
a
. Tania Vasconcelos Cavalcante, Universidade Federal do
Tocantins
_______________________________________________________________
Membro: Prof. Dr. Jael Soares Batista, Universidade Federal Rural do Semi-
Árido
_______________________________________________________________
Membro: Prof. Dr. Marcello Otake Sato, Universidade Federal do Tocantins
_______________________________________________________________
Membro: Prof
a
. Dr
a
. Francisca Elda Ferreira Dias, Universidade Federal do
Tocantins
iii
Agradecimentos
A Deus,
Meus pais: Elza Márcia e Noélcio,
Roneyjaldo,
Profª. Drª. Tânia Vasconcelos Cavalcante e
Profª. Drª. Silvana M. M. Sousa Silva,
Profª. Drª. Helciléia Dias Santos
e demais professores da UFT que colaboraram para esse trabalho.
Profª. Drª. Francisca Elda Ferreira Dias
e demais professores da pós-graduação,
Aos colegas de Mestrado,
Profª. Drª. Viviane M. Mayumi,
Coordenadora da pós-graduação em Ciência Animal Tropical
EMVZ/UFT – Araguaína-TO.
Frinorte Alimentos LTDA,
Frigorífico Boi Forte LTDA.
Obrigada!
iv
SUMÁRIO
RESUMO……………………………………………………………………………… vii
ABSTRACT………………………………………………………………………....... viii
LISTA DE TABELAS………………………………………………………………... ix
LISTA DE FIGURAS……..….…………………………………………………....... x
LISTA DE SIGLAS………………………………………………………………….. xi
1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………….. 01
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………………… 03
2.1 Aspectos morfológicos e biométricos dos ovários de bovinos……………… 03
2.2 Constituição dos ovários……………………………………………………….. 04
2.3 Função gametogênica………………………………………………………….. 05
2.4 Função hormonal………………………………………………………………... 06
2.5 Dinâmica folicular……………………………………………………………….. 07
2.6 Alterações patológicas………………………………………………………….. 07
2.6.1 Alterações do desenvolvimento……………………………………………... 08
2.6.1.1 Fusão dos ovários………………………………………………………….. 08
2.6.1.2 Ovários supranumerários e acessórios….……………………………….. 08
2.6.1.3 Agenesia……………………………………………………………………... 08
2.6.1.4 Hipoplasia ovariana………………………………………………………… 09
2.6.2 Alterações regressivas……………………………………………………….. 10
2.6.2.1 Hipotrofia…………………………………………………………………….. 10
2.6.2.2 Fibrose……………………………………………………………………….. 10
2.6.3 Cistos ovarianos…………………………………………………………........ 11
2.6.3.1 Cisto do folículo atrésico…………………………………………………… 11
2.6.3.2 Cisto do corpo lúteo………………………………………………………… 11
2.6.3.3 Cisto luteínico ou luteinizado………………………………………………. 12
2.6.3.4 Cisto folicular………………………………………………………………… 12
2.6.3.5 Cisto tubo-ovárico…………………………………………………………… 17
2.6.3.6 Cisto bursa-ovárico……………………………………………………........ 18
2.6.3.7 Hidátide de Morgani………………………………………………………… 18
2.6.3.8 Cisto paraovárico………………………………………………………........ 18
2.6.3.9 Cisto da rete ovarii………………………………………………………...... 18
2.6.3.10 Cisto de inclusão germinal……………………………………………….. 19
2.6.4 Neoplasias ovarianas…………………………………………………………. 19
2.6.4.1 Tumor das células da granulosa (TCG)………………………………….. 19
2.5.4.2 Teratoma…………………………………………………………………….. 20
2.6.4.3 Disgerminoma……………………………………………………………….. 20
2.6.5 Alterações inflamatórias ……………………………………………………… 20
2.6.6 Alterações patológicas ovarianas em bovino zebu……………………….. 21
3 REFERÊNCIAS……………………………………………………………………. 23
4 MORFOMETRIA OVARIANA DE ZEBUÍNAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL……28
RESUMO……………………………………………………………………………… 28
ABSTRACT…………………………………………………………………………… 29
4.1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………… 30
4.2 MATERIAL E MÉTODOS………………………………………………………. 31
4.2.1 Animais………………………………………………………………………… 31
4.2.2 Material coletado………………………………………………………………. 31
v
4.2.3 Análise do material……………………………………………………………. 31
4.2.4 Análise estatística…………………………………………………………….. 32
4.3 RESULTADO E DISCUSSÃO ………………………………………………… 32
4.4 CONCLUSÃO……………………………………………………………………. 36
4.5 REFERÊNCIAS………………………………………………………………….. 37
5 ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS OVARIANAS EM VACAS ZEBUÍNAS CRI-
ADAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL………………………….……………………... 39
RESUMO……………………………………………………………………………… 39
ABSTRACT…………………………………………………………………………… 40
5.1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………… 41
5.2 MATERIAL E MÉTODOS………………………………………………………. 41
5.2.1 Animais………………………………………………………………………… 41
5.2.2 Material coletado……………………………………………………………… 42
5.2.3 Análise histológica……………………………………………………………. 42
5.2.4 Análise dos dados…………………………………………………………….. 42
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO……………………………………………….. 43
5.4 CONCLUSÕES………………………………………………………………….. 50
5.5 REFERÊNCIAS………………………………………………………………….. 51
vi
RESUMO
Patologias que afetam o sistema reprodutor feminino podem
provocar grandes perdas econômicas. Devido a escassez de informações
sobre as alterações patológicas que ocorrem nos ovários de fêmeas zebuínas,
criadas na Amazônia Oriental, faz-se necessário uma pesquisa para obtenção
desses dados. Esse estudo tem como objetivo avaliação das características
morfométricas dos ovários e o diagnóstico macroscópico e histopatológico das
alterações que acometem as gônadas de fêmeas zebuínas, criadas nessa
região. Após a coleta de 311 tratos genitais de fêmeas zebuínas, em um
frigorífico de Araguaína-TO, verificou-se a presença de feto para a separação
em grupo não prenhe (G1) e prenhe (G2). Em seguida os ovários foram
identificados quanto ao lado direito (OD) e esquerdo (OE) e numerados. O
comprimento, largura, espessura, volume dos ovários e o diâmetro do maior
folículo presente em cada ovário foram mensurados e a característica dos
corpos lúteos (CL) foi avaliada. O teste de Tukey a 1% foi utilizado para a
biometria ovariana e o teste de Barlett, para o diâmetro folicular. Foi observada
diferença significativa para comprimento do ovário esquerdo (2,03 cm) de
fêmeas não prenhes (G1) com o ovário esquerdo (2,68 cm) de fêmea prenhes
(G2) e na largura dos ovários direitos (1,54 e 2,18 cm) e esquerdos (1,39 e
1,87) dos grupos (G1 e G2), respectivamente. Para volume e espessura, não
houve diferença significativa entre os ovários direito e ovários esquerdos, nem
entre os grupos G1 e G2. Na análise dos corpos lúteos (CL) foi constatado que
52% eram do tipo incluso (CL2). Para o tamanho dos folículos não houve
diferença significativa entre os grupos não prenhe e prenhe. O tamanho e a
largura dos ovários e o tipo de corpo lúteo incluso devem ser considerados
como fatores importantes quando da utilização de exame ginecológico por
palpação retal. Após análise macroscópica e histopatológica de 406 pares de
ovários verificou-se 11,82% de alterações. Alterações inflamatórias, cistos
ovarianos (de inclusão epitelial, folicular e de corpo lúteo) e hiperplasia
adenomatosa da rete ovarii foram as mais encontradas.
Palavras-chave: Amazônia Oriental, biometria, ovários, zebuínas.
vii
ABSTRACT
Pathologies that affect the female reproductor system may cause
economic loss. Since the lack of information about the pathologic alterations
that occur in ovaries of the zebu cattle, raised in the Oriental Amazonia, it’s
necessary a research to get this data. The aim of this study is the evaluation of
the morphmetric characteristics of the ovaries and the gross and histopathologic
diagnostic of the alterations that affect the gonads of the female zebu cattle,
raised in this region. After collecting 311 genitalia of zebu cows in a
slaughterhouse in Araguaína TO, the groups non pregnant (G1) and pregnant
(G2) were separated. Then the right and the left ovaries were identified and
numbered. The length, width, thickness and volume were measured and the
characteristics of the corpora lutea (CL) were evaluated. The Tukey test (1%)
was taken to the biometry of the ovaries and the Barlett’s to take the follicular
diameter. It was observed significant difference to the length (cm) of the left
ovary (2.03 cm) from non pregnant cow (G1) with the left ovary (2.68 cm) from
pregnant cows (G2), and in the width (cm) of the right ovaries (1.54 and 2.18
cm) and left ovaries (1.39 and 1.87 cm) from G1 and G2, respectively. To the
volume (mL) and thickness (cm) there weren’t significant difference between the
sides or the groups. The analysis of the corpora lutea, it was verified that 52.3%
were included. There wasn’t significant difference in the follicle’s diameter (mm)
between the non pregnant and pregnant groups. In conclusion, the size of the
ovaries and the type of corpus luteum may be considered an important factor
during the reproductive tract exam by rectal palpation. The gross and
histopathologic analysis of the ovaries showed 11.82% of alterations.
Inflamatory alterations, ovarian cysts and adenomathous hyperplasia of the rete
ovarii were the most pathologies observed in zebu cow’s ovaries.
Key-words: Biometry, Oriental Amazonia, ovaries, zebu cows
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Características morfométricas dos ovários direitos (OD) e
esquerdos (OE) em vacas zebuínas não prenhes (G1) e
prenhes (G2), coletados de um frigorífico, na Amazônia
Oriental, 2006……………………………………………………. 32
Tabela 4.2 Comprimento, largura e espessura dos ovários direito e es-
querdo de fêmeas bovinas observados por vários autores... 33
Tabela 4.3 Número de CL nos ovários direito (OD) e esquerdo (OE) de
vacas zebuínas não prenhes (G1) e prenhes (G2), coletados
de um Frigorífico, na Amazônia Oriental, 2006………………. 34
Tabela 4.4 Número e porcentagem de CL protruso e incluso nos ová -
rios direito e esquerdo de vacas zebuínas não prenhes (G1)
e prenhes (G2), coletados de um frigorífico, da Amazônia
Oriental, 2006……………………………………………………. 34
Tabela 4.5 Média e desvio padrão do diâmetro dos folículos nos ovários
direito (OD) e esquerdo (OE) de vacas zebuínas não pre -
nhes(G1) e prenhes (G2), coletados de um frigorífico, na
Amazônia Oriental, 2006……………………………………….. 35
Tabela 5.1 Alterações patológicas ovarianas em vacas zebuínas
Oriundas da Amazônia Oriental, 2006………………….. 43
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Alteração patológica macroscópica do ovário de vaca
zebuína: aderência tubo-ovárica (seta)…………………….. 44
Figura 02 - Macroscopia do ovário de vaca zebuína: cisto folicular….. 45
Figura 03 - Macroscopia do ovário de vaca zebuína: cisto folicular
(formolizado): cavidade cística……………………………… 45
Figura 04 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: cisto folicular:
cavidade cística (a); cápsula conjuntiva com células de -
generadas (b). HE. 10x 45
Figura 05 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: cisto folicular:
Cavidade cística (a); células da granulosa degeneradas
(b); cápsula conjuntiva (c). HE. 40x………………………… 45
Figura 06 - Macroscopia do ovário de vaca zebuína: cisto de corpo
lúteo…………………………………………………………… 46
Figura 07 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: cisto de corpo
lúteo – células luteínicas (a); cápsula conjuntiva (b), cavi -
dade cística (c). HE. 10x………………..………………….. 46
Figura 08 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: cisto de inclu-.
são epitelial (seta). HE. 4x…………………………………… 47
Figura 09 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: cisto de inclu-
são epitelial (seta). HE. 10x……….………………………… 47
Figura 10 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: perivasculite
cortical (seta). HE. 10x. 49
Figura 11 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: perivasculite
cortico-medular multifocal (seta). HE. 10x………………… 49
Figura 12 - Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína: hiperplasia
adenomatosa da rete ovarii – acúmulo de material acido-
fílico (seta). HE. 4x. 49
x
LISTA DE SIGLAS
ACTH – hormônio corticotrófico
AOLC – atividade ovariana luteal cíclica
CL – corpo lúteo
CL1 – Corpo lúteo protruso
CL2 – Corpo lúteo incluso
CGP – célula germinativa primordial
cm – centímetro
CV – coeficiente de variação
DOC – doença ovariana cística
FSH – hormônio folículo estimulante
g - grama
G1 – fêmeas não prenhes
G2 – fêmeas prenhes
GnRH – hormônio liberador de gonadotrofina
hCG – gonadotrofina coriônica humana
HE – hematoxilina e eosina
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LH – hormônio luteinizante
mL – mililitro
mm – milímetro
OD - ovário direito
OE – ovário esquerdo
PGF – Prostaglandina F
P4 – progesterona
V G – vesícula germinativa
xi
1 INTRODUÇÃO
A criação de animais domésticos tem papel fundamental como fator do
desenvolvimento sócio-econômico, com destaque especial para a criação de
bovinos que foram utilizados, inicialmente, como fonte de leite e carne. Com a
utilização desses animais, deu-se significativa importância aos fenômenos
reprodutivos e seus distúrbios.
Os animais podem ser acometidos por inúmeros transtornos
reprodutivos, controlados, condicionados ou predispostos por fatores extrínsecos
ou intrínsecos, como: clima, meio ambiente, intensidade da seleção genética ou
serem conseqüentes a alterações nos mecanismos fisiológicos, determinados por
enfermidades carenciais ou metabólicas, processos degenerativos e infecciosos.
Os distúrbios funcionais ou as anomalias de desenvolvimento do trato
genital ocasionam bloqueio no processo da reprodução e, uma vez ultrapassando
o limiar das condições fisiológicas, resulta em falha da fertilidade, ocasionando
subfertilidade, infertilidade ou esterilidade.
Segundo Grunert (2005), anomalias localizadas e atuantes diretamente
sobre os órgãos constituintes do trato genital, que se manifestam pela inabilidade
de concepção estão relacionadas às malformações de origem hereditária ou
congênita, caracterizadas principalmente pela ausência de estruturas anatômicas
essenciais para a reprodução como, por exemplo, agenesia e hipoplasia gonadal
ou de segmento tubular do trato genital. Hafez (2004) cita que a ausência de
ovulação e a subseqüente formação de cistos foliculares são as maiores causas
de falhas reprodutivas observadas em vacas.
Muitos problemas reprodutivos são decorrentes de patologias que
afetam, direta ou indiretamente, o sistema reprodutor feminino e, em
conseqüência, provocam grandes perdas econômicas; assim é imprescindível o
conhecimento anatômico dos órgãos da reprodução, especificamente dos ovários,
para que as possíveis alterações patológicas passam ser adequadamente
diagnosticadas e tratadas, visando diminuir o prejuízo para os criadores de gado.
Devido a escassez de informações sobre as alterações patológicas que
ocorrem nos ovários de fêmeas zebuínas, criadas na Amazônia Oriental faz-se
necessário uma pesquisa para obtenção desses dados, que servirão de subsídio
para a fisiopatologia da reprodução. Sendo assim, esse trabalho tem como
objetivo avaliar as características morfológicas de ovários e diagnosticar as
alterações patológicas macroscópicas e histológicas que acometem as gônadas
de fêmeas zebuínas, criadas nessa região.
2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Aspectos morfológicos e biométricos dos ovários de bovinos
Em mamíferos, o ovário é o sítio de armazenamento e
desenvolvimento dos oócitos formados durante a vida embrionária/fetal ou
próximo ao nascimento. Sua principal função é o uso regular destes folículos até
sua exaustão. Do estoque de folículos, somente poucos alcançam a ovulação (a
liberação do gameta feminino) enquanto a maioria destes folículos se tornarão
atrésicos. Um outro papel do ovário é a preparação do útero para acomodar o ovo
fertilizado, devido as mudanças induzidas pela transformação do folículo
ovulatório em um corpo lúteo (CL). Se a fertilização não ocorre, a regressão do
corpo lúteo (CL) é seguida de outra ovulação (DRIANCOURT et al., 1993)
As características morfológicas do ovário podem ser utilizadas para
verificar a presença de patologias, como cistos, tumores e determinar a existência
de atividade ovariana luteínica cíclica (NASCIMENTO et al., 2003)
É essencial, segundo McEntee (1990), que ambos o clínico e o
patologista saibam o tamanho normal dos folículos maduros nas rias espécies
de mamíferos domésticos porque é um dos critérios para diagnosticar um folículo
cístico.
Os ovários da vaca normalmente medem cerca de 3,5 a 4,0 cm de
comprimento e 2,5 cm de largura e têm aproximadamente 1,5 cm de espessura
em sua parte mais larga; o peso é de 15 a 20 gramas (SISSON &
GROSSMAN,1986), apresentando-se, clinicamente, do tamanho de uma avelã
ou amêndoa (NASCIMENTO et al., 2003). As espécies monotócicas (vacas,
ovelha, e égua) tem um ovário de formato ovóide a menos que um folículo ou
corpo lúteo esteja presente, então o ovário toma um formato distorcido
dependendo do tamanho da estrutura, se o folículo antal ou um corpo lúteo
completamente desenvolvido (PINEDA, 2003).
De acordo com McEntee (1990) o tamanho médio do ovário de
zebuínos (Bos indicus) é 23 X 18 mm, sendo menor que o do gado europeu (Bos
taurus). O tamanho varia de acordo com estágio de ciclo estral, estágio de
3
prenhez, idade e condições gerais do animal. O ovário direito é geralmente maior
que o esquerdo devido a maior atividade fisiológica, ovulando aproximadamente
em 60% dos ciclos estrais.
2.2 Constituição dos ovários
O ovário é constituído de duas camadas, uma externa,
parenquimatosa, que é o córtex ovariano, e outra interna, vascular, a medular. O
córtex é constituído por folículos ovarianos, corpo lúteo (dependendo da fase
reprodutiva do indivíduo) e pelo estroma de sustentação com seus vasos
sangüíneos e linfáticos. A porção externa do córtex tem uma camada de tecido
conjuntivo denso, a túnica albugínea ovariana, localizada entre a porção externa
do córtex e o epitélio germinativo. A camada medular do ovário consiste em vasos
sangüíneos e linfáticos, nervos e tecido conjuntivo de sustentação. Na porção
adjacente ao hilo, na extremidade tubárica do ovário, está localizada a rede
ovariana, ou rete ovarii, que é homóloga à rede testicular, de origem mesonéfrica
e cuja função não é bem conhecida, embora haja indícios de que esteja envolvida
na organização estrutural da gônada durante a vida embrionária e modulação da
meiose das células germinativas (NASCIMENTO & SANTOS, 2003). A rete ovarii
é constituída de três partes: a rede intraovariana, a rede conectante e uma rede
extra ovariana (McENTEE,1990).
Outros tipos celulares têm sido estudado no homem onde elas podem
estar presentes regularmente ou esporadicamente; a maioria delas têm sido
vistas em outros mamíferos, mas a identificação é difícil por falta de referências
adequadas para comparação. As células do hilo estão presentes no ovário. As
células parecem ser secretórias e a formação de tumores e hiperplasia das
células do hilo ovariano estão associadas com a masculinização, é provável que
elas secretem andrógenos (HARRISON & WEIR, 1977).
Células glandulares intersticiais ocorrem nos ovários de todas as
espécies, mas detalhes sobre elas aindas são desconhecidos. Mossmand and
Duke (1973 apud McENTEE, 1990), consideram células intersticial como um tipo
de célula glandular endócrina no ovário ou mesovário, além da teca interna
(glândula tecal) e do corpo lúteo (glândulas luteal e paraluteal). Tem-se tentado
4
dividi-las em sete tipos, baseados em sua morfologia, localização, origem celular,
destino e correlação do seu estado de diferenciação glandular com a idade e
condição reprodutiva da fêmea, sendo o tipo fetal, tecal, estromal, cordão
medular, rede, gonadal adrenal, adneural. O tipo tecal ocorre em todas as
espécies de mamíferos mas não é muito notável em artiodáctilos. Células
intersticiais são difíceis de ser encontradas em artiodáctilos (HARRISON & WEIR,
1977).
Ninhos de células de tecido semelhante a adrenocortical são raramente
encontradas no ovário, mas ilhas são freqüentemente encontradas na periferia do
ovário. Elas estão geralmente presentes na região do hilo e podem ser
distinguidas das células do hilo porque elas são encapsuladas. As lulas o
histologicamente idênticas com as células da zona glomerulosa e fasciculata de
adrenal (HARRISON & WEIR, 1977). Tecido gonadal adrenal é muito comum nas
gônadas eqüinas e ao seu redor e ocorre ocasionalmente em outras espécies de
mamíferos domésticos. Os tipos “rede” e cordões medulares de tecido glandular
intersticial ocorre em ovários de mamíferos domésticos que têm hipoplasia
ovariana severa (MOSSMAN & DUKE, 1973 apud McENTEE, 1990).
2.3 Função gametogênica
A função gametogênica resulta da interação de dois processos:
oogênese e foliculogênese.
A oogênese compreende o desenvolvimento e diferenciação das
células germinativas primordiais (CGP) da fêmea até a formação do oócito
haplóide fecundado.
As CGP têm origem extragonadal e são formadas durante o período
embrionário. Ainda na vida fetal as CGP migram para o mesênquima da crista
genital e coloniza a gônada indiferenciada. Quando, dentro do ovário, as CGP se
diferenciam em oogônias que sofrerão sucessivas mitoses e, posteriormente,
entrarão na meiose I (na fase de prófase I) e serão chamadas oócitos primários.
O núcleo oocitário, na meiose I, passará pelos estádios da prófase I até o estádio
de diplóteno ou de vesícula germinativa (VG), permanecendo neste estádio até a
puberdade.
5
Com a liberação de LH (pré-ovulatório), a meiose é retomada e o
núcleo entra em diacinese, iniciando o rompimento da vesícula germinativa (VG)
que é seguida pelas outras fases da meiose I (metáfase, anáfase e telófase),
ocorrendo a expulsão do corpúsculo polar I, resultando na formação do oócito
secundário, cujo núcleo se encontra na meiose II, chegando até a metáfase II,
onde ocorre a segunda parada da meiose. Se o oócito for fecundado, o núcleo
passará pelas outras fases da meiose II, até ocorrer a expulsão do corpúsculo
polar II, formando o oócito haplóide fecundado, marcando o fim da oogênese
(FIGUEIREDO et al., 2002).
A foliculogênese pode ser definida como o processo de formação,
crescimento e maturação folicular, iniciando com a formação do folículo primordial
e culminando com o estádio de folículo maduro, também conhecido como folículo
de De Graaf ou pré-ovulatório ou dominante (FIGUEIREDO et al., 2002).
O menor folículo possível é o folículo primordial, formado pelo oócito
rodeado por células da granulosa achatadas. Assim que se forma uma camada
completa de células da granulosa cubóides ao redor do cito, ele se torna um
intermediário em seguida um folículo primário. O aparecimento de uma segunda
camada de células da granulosa caracteriza o folículo secundário. Esses folículos
são componentes do estoque de reserva que serão usados durante a vida. Eles
estão localizados na periferia do rtex ovariano e formam a maior parte dos
folículos contidos nos ovários (>95%). Em grandes folículos secundários, o
aparecimento da zona pelúcida ao redor do oócito pode ser notado. O folículo
ovariano antral de mamíferos, tem na sua periferia, a teca externa, em seguida a
teca interna com a lâmina basal limitando-se com a granulosa; uma população
especializada de células da granulosa, chamada células do cumulus; o antrum é
cheio de um líquido de composição química semelhante a do sangue; numerosas
comunicações intercelulares através de “gap junctions” estão presentes entre as
células da teca, da granulosa e entre as células do cumulus e o oócito
(DRIANCOURT et al., 1993)
2.4 Função hormonal
O ovário produz dois principais hormônios esteróides, estradiol-17β e
progesterona.
6
O estradiol-17β é o hormônio feminino e faz parte de um grupo de
hormônios esteróides conhecidos como estrógenos. o produzidos pela teca
interna e células da granulosa do folículo ovariano, sob o controle positivo de FSH
e do LH e sob influência negativa da inibina. O principal papel biológico dos
estrógenos é a manutenção da estrutura funcional dos órgãos sexuais femininos e
o desenvolvimento das características sexuais secundárias também estão sob
seu controle. Um CL (corpo lúteo) funcional produz progesterona e ocitocina,
sendo capaz de participar no controle da expressão do estro e da subsequente
ovulação (PINEDA, 2003)
2.5 Dinâmica folicular
Sugere-se que durante o ciclo estral bovino haja duas ondas de
folículos que crescem. Alguns pesquisadores relatam que há 3 ou 4 ondas.
Outros mencionam que o desenvolvimento folicular e atresia pareciam ser
contínuos sem distinção de ondas de crescimento folicular. Recentemente, tem-se
usado ultra-sonografia para avaliação desse processo. Durante cada onda de
crescimento folicular, um grupo de folículos (normalmente 3 a 5) que medem 4 a
5 mm de diâmetro emerge e começa a crescer. Um único folículo deste grupo é
maior que os outros e se torna dominante em relação aos outros, que regridem
(PETER, 2004).
2.6 Alterações patológicas
Os transtornos da reprodução determinantes de condições de
infertilidade ou de esterilidade, em relação a suas causas e/ou etiopatogenia, são
classificados como primários e secundários (GRUNERT, 2005)
Os processos primários representam anomalias localizadas e atuantes
diretamente sobre os órgãos constituintes do trato genital, que se manifestam
pela inabilidade de concepção. As origens dessas alterações são variadas, mas
recebe maior realce aquelas relacionadas às malformações de origem hereditária
ou congênita, caracterizadas principalmente pela ausência de estruturas
anatômicas essenciais para a reprodução; por exemplo agenesia e hipoplasia
7
gonadal ou de segmento tubular do trato genital. Os transtornos secundários da
reprodução representam as inabilidades de produzir gerações, porém o animal
concebeu ou ainda tem habilidades para produzir novas gerações. Nesses casos,
na maioria das vezes, as origens da infertilidade, inicialmente, atinge órgãos de
outros sistemas e, secundariamente, ou seja, na evolução do caso clínico,
repercute sobre o trato genital, interferindo no processo normal da reprodução,
originando falha da fertilidade (GRUNERT, 2005)
2.6.1 Alterações do desenvolvimento
2.6.1.1 Fusão dos ovários
Um caso de fusão ovariana foi detalhadamente descrito em feto bovino.
A gônada consistia de uma massa triangular de tecido ovariano e associava as
outras malformações: rim único, atresia do ânus e hérnia intestinal (McENTEE,
1990).
2.6.1.2 - Ovários supranumerários e acessórios.
De acordo com Nascimento & Santos (2003) são alterações raras,
sendo mais comum em vacas. O ovário supranumerário é uma terceira gônada
distinta, separada das outras.
Segundo Wharton (1959 apud GRUNERT, 2005) os ovários acessórios
situam-se nas proximidades dos ovários com localização normal, conectando-se
com uma das outras duas gônadas, dando a impressão de se originar delas.
Ovários acessórios e supranumerários não são tão raros, devido o
grande número de relatos de tumores em tecido ovariano ectópico e que ovários
ectópicos se tornam neoplásicos mais frequentemente que os normais
(McENTEE, 1990).
2.6.1.3 - Agenesia
É uma condição hereditária e pode ser uni ou bilateral. Nesse último
caso, parte das vias genitais femininas está ausente; quando presente, é infantil
ou pouco desenvolvida (NASCIMENTO & SANTOS, 2003).
8
2.6.1.4 – Hipoplasia ovariana
Hipoplasia dos ovários ocorre em várias espécies, mas tem sido mais
estudada em bovinos. É usualmente bilateral, mas não simétrica. Os ovários
afetados são pequenos, geralmente sem folículos, mas às vezes, com cistos e
sem cicatrizes superficiais de ovulação. Microscopicamente, o estroma cortical e
os óvulos estão ausentes ou pouco desenvolvidos (CARLTON & McGAVIN, 1998)
É a anomalia mais comum relacionada ao desenvolvimento do ovário.
É uma alteração hereditária e irreversível. Pode ser uni ou bilateral, total ou
parcial. Quando a alteração é bilateral e total, o animal é estéril. Quando é
unilateral, o animal é subfértil. É importante diferenciar hipoplasia ovariana com
ovários afuncionais, que é uma condição adquirida e reversível. Em bovinos zebu,
a ocorrência de hipoplasia ovariana é, aparentemente, menor do que em taurinos
(NASCIMENTO & SANTOS, 2003).
Mendonça et al. (2006) observaram maior freqüência de hipoplasia
ovariana na gônada esquerda que se apresentava com tamanho reduzido, 19 mm
de comprimento por 7,1 mm de largura, superfície de aspecto liso, formato
fusiforme e com presença de pequenos sulcos longitudinais em sua superfície.
Durante as avaliações histológicas, a camada cortical apresentava-se
hipodesenvolvida e a medular bastante desenvovida e rica em tecido conjuntivo
fibroso e vasos sangüíneos.
A hipoplasia apresentou elevada prevalência entre as alterações
ováricas estudadas por Costa (1974).
Pimentel (1973) relatou que a hipoplasia ovariana foi diagnosticada em
9 de 20 animais do grupo experimental e que no grupo testemunha, a subnutrição
não permitiu um diagnóstico clínico diferencial entre hipoplasia e atrofia ovariana.
Na hipoplasia total o ovário era fusiforme, criptas longitudinais
irregulares na superfície e não continha folículos. Na hipoplasia parcial, a
extremidade uterina do ovário era mais freqüentemente afetada e deficiente em
folículos. Na outra extremidade, às vezes continha folículos e corpos lúteos. O
ovário com hipoplasia transicional era pequeno e de consistência firme. A
hipoplasia transicional era de difícil diagnóstico clínico e isto provavelmente
contribuiu para dificultar o controle da doença (McENTEE, 1990). É mais difícil a
identificação macroscópica de ovários com hipoplasia de transição, porque esses
9
órgãos possuem superfícies lisas, com folículos e corpos lúteos salientando-se da
superfícies, porém a principal diferença está em suas dimensões, sendo menores
que um ovário normal da mesma idade (JONES et al., 2000).
Para Settergren (1975 apud GRUNERT, 2005) hipoplasia ovariana é
uma enfermidade descrita em quase todas as espécies de animais mamíferos
domésticos, determinando importante redução na fertilidade, sendo considerada
condição hereditária, na qual os ovários apresentam desenvolvimento incompleto,
número reduzido de células germinativas e essas, quando presentes, não
demonstram excelente nível de atividade e são de qualidade duvidosa.
Cordões e folículos anovulatórios estavam presente em ovários
normais e em hipoplásicos, sendo mais numerosos em casos de hipoplasia e
relacionavam diretamente ao grau de subdesenvolvimento. Cordões medulares
apresentavam-se, freqüentemente, arranjados em ninhos de camadas circulares
de tecido conectivo que às vezes continham “células epitelióides” que também
estavam presentes no tecido conectivo ao redor da rete ovarii. A rete ovarii
ocupava uma área relativamente maior nos ovários hipoplásicos que nos ovários
normais (McENTEE, 1990)
2.6.2 – Alterações regressivas
2.6.2.1 - Hipotrofia
Resultante de inanição crônica e de doenças crônicas caquetizantes.
Vacas criadas em regime extensivo podem apresentar interrupção na atividade
ovariana cíclica durante a estação de seca devido à deficiência nutricional,
condição que é revertida após o início da estação chuvosa (NASCIMENTO &
SANTOS, 2003).
2.6.2.2 – Fibrose
Como conseqüência do acúmulo de tecido conjuntivo fibroso resultante
da degeneração do corpo lúteo e de lesões vasculares pós-parto. Sendo mais
freqüente em animais mais velhos.
10
2.6.3 – Cistos ovarianos
No gado, cistos ovarianos o geralmente definidos como estrutura
folicular de pelo menos 25 mm de diâmetro que persiste por pelo menos 10 dias,
na ausência de um corpo lúteo, e são freqüentemente classificados como
folicular, cisto luteínico ou corpo lúteo cístico, principalmente por suas
características histológicas e pela secreção de progesterona (MWAANGA, 2000).
Nascimento & Santos (2003) caracterizou 10 tipos de cistos ovarianos:
2.6.3.1 - Cisto do folículo atrésicos
São folículos que não se desenvolveram completamente e não
ovularam. O folículo atrésico se caracteriza por revelar o oócito degenerado,
células da granulosa em degeneração com citoplasma vacuolizado e luteinização
das células da teca interna.
2.6.3.2 - Cisto do corpo lúteo
Uma cavidade cística na porção central do corpo lúteo, irregular, cujo
tamanho pode variar de milímetros até mais de dois centímetros. A presença da
formação cavitária caracteriza o cisto do corpo lúteo, também conhecido como
corpo lúteo cístico.
Ocorrem, freqüentemente, em vacas, resultante da oclusão prematura
do local da ovulação, com a formação de uma cavidade no centro do corpo lúteo
em desenvolvimento. Diferem do folículo luteinizado por existir uma óbvia papila
ovulatória na superfície, e porque o tecido lúteo está habitualmente separado da
cavidade cística por uma delgada camada de tecido conjuntivo fibroso (JONES et
al., 2000)
O diâmetro do cisto de corpo lúteo geralmente é maior que um corpo
lúteo normal e uma papila de ovulação está presente, e isso diferencia o cisto de
corpo lúteo de um cisto luteinizado. Quando um cisto ocorre em um corpo lúteo de
uma vaca zebu prenhe, ele sobressai da superfície ovariana e continua a
aumentar durante a gestação. O cisto deve ser rias vezes maior que o ovário.
No gado, eles não parecem ter significado clínico. Não nenhuma relação entre
cisto de corpo lúteo e folículos císticos ou folículos luteinizados (McENTEE,
1990).
11
Corpo Lúteo cístico ocorre após ovulação do folículo e são
caracterizados por uma cavidade central; não é patológico e não afeta a
fertilidade (GARVERICK,1997). Vacas com corpo lúteo cístico têm um ciclo estral
normal (MWAANGA, 2000).
2.6.3.3 - Cisto luteínico ou luteinizado
Ocorre quando não ovulação e apresenta luteinização das células
da teca interna. Cisto luteínico geralmente tem parede mais espessa que o cisto
folicular e secreta quantidade variada de progesterona. No cisto luteínico, as
células da granulosa ou da teca ou ambas luteinizam espontaneamente e
secretam progesterona (GARVERICK,1997). Uma estrutura ovariana maior que
25 mm de diâmetro com uma parede menor que 3 mm de espessura (cisto
folicular) e com parede maior que 3 mm de espessura (cisto luteínico) na
ausência de um corpo lúteo normal (KIM et al., 2004).
2.6.3.4 - Cisto folicular
É a alteração regressiva mais comum do ovário, caracterizando-se pela
persistência de uma estrutura folicular anovulatória por período superior a 10 dias,
na ausência de corpo lúteo, e com interrupção da atividade ovariana cíclica
normal; o diâmetro ultrapassa 2,5 cm. trabalhos que revelam ser essa
alteração mais comum em vacas que tiveram problemas pós-parto, tais como
febre vitular, distocia e retenção de placenta. O comportamento da vaca com cisto
folicular é muito variável, podendo ocorrer ninfomania, anestro ou virilismo
(NASCIMENTO & SANTOS, 2003).
Para cisto folicular ovariano também pode ser usados os seguintes
termos: ovário cístico, cisto ovariano, doença ovariana cística (GARVERICK,
1997). Na revisão feita por Vanholder et al. (2005) o termo “doença ovariana
cística”, por o parecer mais apropriado, foi substituído por “folículo ovariano
cístico”, indicando que é o folículo ovariano e não outra parte do tecido ovariano
que se torna cística.
12
Doença ovariana cística (DOC) é a maior desordem reprodutiva,
afetando alta proporção de vacas leiteiras (6 30%) e significante extensão do
período pós-parto (parto até concepção) (MWAANGA, 2000)
As fêmeas afetadas podem apresentar-se com hiperplasia endometrial
cística, hidrometra, ou mucometra. Vacas com folículos císticos crônicos
terminam entrando, permanentemente, em anestro. Microscopicamente, os cistos
foliculares estão revestidos por uma camada simples ou por diversas camadas de
células da granulosa que podem ter um aspecto normal, podem estar
degeneradas, ou parcialmente luteinizadas. A teca interna está freqüentemente
espessada e pode estar parcialmente luteinizadas. Os cistos luteinizados o
contêm óvulo (JONES et al., 2000).
Vacas foram diagnosticadas com cisto ovariano por apresentar pelo
menos uma estrutura folicular maior que 20 mm em três exames ginecológicos,
sem corpo lúteo, e nenhum sinal de estro (LÓPEZ-GATIUS, 2003). Cistos
foliculares são geralmente de parede fina e secreta pouca progesterona
(GARVERICK, 1997).
Os cistos foliculares estudados por Hatipoglu et al. (2002) variaram de
2 a 4 cm e continham um líquido claro. Microscopicamente, eram limitados por 1 a
3 camadas de células da granulosa. Nenhum ovum foi visualizado em todos os
casos. Os cistos foliculares foram acompanhados por hiperplasia endometrial
glandular, mucometra, corpo lúteo cístico, cisto do ducto de Gartner e hidrometra.
Sugere-se que estas lesões possam ocorrer devido ao excesso de estrógeno
secretado pelo cisto.
Os cistos contêm um fluido seroso, claro que se apresenta de
coloração branca leitosa e gelatinosa quando fixado em formalina.
Microscopicamente, o ovum está ausente. A zona granulosa desaparece
inteiramente, a theca folliculi interna se torna fibrosa e o folículo de Graaf perde
sua forma original. Em alguns casos as células granulosas se encolhem e são
representadas por uma camada de lulas achatadas que limitam a parede mais
interna do cisto (FUJIMOTO, 1956)
Doença ovariana cística diminui a fertilidade por estender o intervalo
entre partos, diminuir a produção leiteira e aumentar a taxa de descarte
involuntário (NOAKES, 1996). É uma das mais freqüentes desordens reprodutivas
13
diagnosticadas no gado leiteiro (YÁNIZ, 2004), mas foi diagnosticada em
novilhas, vacas secas e de corte. A incidência de cisto folicular ovariano em gado
leiteiro tem sido de 5,6 a 18,8 %. Esta estimativa deve ser mais alta porque 60%
das vacas que desenvolvem degeneração ovariana cística, antes da primeira
ovulação pós-parto, se recuperam espontaneamente (PETER, 2004). A incidência
de DOC em rebanho leiteiro tem sido registrada de 5 a 30 % (CAIROLI, 2002).
Vários fatores influenciam a incidência de cisto ovariano, entre elas
estão a estação do ano, idade, nível de produção leiteira, nutrição,
hereditariedade, duração do intervalo pós-parto, estrógenos exógenos (ingerido
ou parenteral), freqüência de exame do trato reprodutivo e estresse próximo ao
parto, assim como trauma, retençao de placenta e hipocalcemia (YOUNGQUIST,
1986)
Falta de liberação ou liberação inadequada de GnRH, na hora do estro
parece ser um importante fator patológico, embora a causa exata do cisto
ovariano não está certa. Alguns fatores predisponentes incluem hereditariedade,
paridade da vaca, variação sazonal, alta produção de leite, puerpério anormal,
infecção uterina e nutrição. Contudo, fatores de risco para cistos ovarianos devem
variar entre diferentes regiões ou países devido as diferenças de manejo,
ambiental, e condições de controle de saúde do rebanho (KIM et al., 2004).
O papel da nutrição e produção do leite está inter-relacionado, pois
parte da energia da vaca está envolvida na produção leiteira, além, da
manutenção básica, deixando o animal vulnerável a distúrbios endócrinos e
metabólicos (PETER, 2004).
A melhor evidência para verificar hereditariedade dos cistos é a
redução na ocorrência destes, de 10,8 para 3 % em gado leiteiro da Suécia, de
1954 até 1977, pela eliminação de todas as vacas e filhas que desenvolviam
cistos (GARVERICK, 1997). Acredita-se que a hereditariedade desta
condição é baixa. Contudo, a DOC parece ocorrer mais freqüentemente em certas
linhagens do gado. Estudo sobre a incidência de DOC em um rebanho Gir relatou
que 60 % das vacas tinham cisto folicular e todas eram filhas de um único touro
(BEZERRA, 1981).
É possível que em rebanhos com predisposição genética para a DOC,
a seleção para aumentar produção leiteira pode aumentar a incidência da DOC
14
(PETER, 2004). Não está claro se alta produção leiteira causa mais cistos ou se
vacas produzem mais leite por causa dos cistos (GARVERICK,1997).
A administração de hormônios progestacionais sintéticos no proestro,
como freqüentemente se faz para sincronizar os ciclos para inseminação artificial,
poderia também causar cistos ovarianos (SALVETTI et al. 2004).
As despesas associadas com cistos ovarianos incluíram custos de
nutrição,dia de crescimento dos bezerros, gastos com cuidados veterinários e
descarte (KIM et al., 2004).
Sugere-se que infecções uterinas pós-parto devem estimular PGF2α e
secreção de cortisol que predispõem vacas à DOC. Além disso, endotoxinas
bacterianas liberadas no útero deve estimular a secreção do cortisol, o qual
deprime a onda pré-ovulatória de liberação de LH (PETER, 2004).
A involução uterina, avaliada clínica e ultra-sonograficamente em
vacas, é afetada significantemente por vários fatores, inclusive por cisto ovariano
que desenvolveu durante o processo de involução (HAJURKA et al., 2005).
Cistos foliculares de longa duração determinam lesões irreversíveis em
todo o sistema genital, desaconselhando-se qualquer tipo de tratamento e filhos
de vacas que tiveram cistos foliculares não devem ser usados como reprodutores,
em decorrência do risco genético da afecção (BEZERRA, 1981).
Durante a formação do cisto folicular induzida pelo tratamento com
ACTH, a onda pré-ovulatória de LH e FSH é bloqueada e a supressão da
liberação de FSH e LH deve ser causada pelo aumento na secreção de cortisol e
progesterona, e pela diminuição na secreção de 17β-estradiol (KAWATE, 2004).
Graves alterações ocorreram na pituitária de vacas com cistos
foliculares. Diminuição nos níveis plasmáticos de LH e aumento de ACTH
poderiam influenciar na patogênese do cisto folicular (BUSATO et al. 1995).
Clinicamente, a DOC está associada com anestro ou ninfomania,
dependendo do grau de luteinização dos folículos císticos e seus números.
Contudo, recentes estudos têm mostrado que cistos foliculares não estão
principalmente associados com ninfomania (0,8 %) mais anestro (34 %) devido a
baixos níveis de progesterona (<1 ng/ml), e isto deve ser devido ao baixo nível de
estrógeno liberado na circulação (MWAANGA, 2000).
15
Exames ultra-sonográficos dos ovários císticos claramente revelam que
ondas de desenvolvimento de cistos foliculares são substituídas por diferentes
ondas, e que o intervalo entre ondas é muito mais longo que em vacas normais.
Vacas com cistos foliculares têm ondas de crescimento folicular associadas com
aumento de secreção de estradiol, mas falta uma onda pré-ovulatória de LH
durante o crescimento de folículo anovulatório (TODOROKI, 2006).
Os cistos foliculares podem ser classificados histologicamente em tipo
I, em que as camadas de células da granulosa e da teca interna estão presentes;
tipo II, no qual a camada de células da teca está presente, mas células da
granulosa são escassas ou ausentes e tipo III, que tem somente as células da
teca luteinizadas (NASCIMENTO et al., 2002)
Na pesquisa realizada por Borromeo et al. (1998) pode-se confirmar
que a concentração de bGH no ovário bovino deve servir como uma ferramenta
importante para melhor caracterizar o milieu endócrino do cisto ovariano, e indica
que a concentração de bGH no plasma o é um marcador específico para
diagnóstico de degeneração cística na vaca.
Os cistos ovarianos foram identificados como estrutura de diâmetro
maior que 2,5 cm e com ausência de corpo lúteo no ovário. Foram classificados
histologicamente como 1) cisto folicular apresenta camada de células granulosa
com espessura variável e uma camada de células da teca sem luteinização; 2)
cisto luteínico o apresentava camada de células da granulosa e a camada de
células da teca estava luteinizada (BORROMEO et al. 1996).
Diagnóstico clínico de cistos tradicionalmente se baseia pelo histórico
reprodutivo da vaca e pela palpação retal de um estrutura macia, cheia de líquido
com cerca de 2,5 cm de diâmetro; Porém, o tamanho não é um critério absoluto,
pois pode ser influenciado pelo tempo. Segundo Garverick (1997), o corpo lúteo
(CL) que se desenvolve nos primeiros 5 a 7 dias após o estro geralmente exibe
características similares às do cisto, por palpação retal. Exames subseqüentes,
com intervalo de 7 a 10 dias devem ser úteis para diferenciar o desenvolvimento
de CL e de folículo anovulatório. É necessário diferenciação entre cisto folicular e
luteínico para selecionar o tratamento apropriado.
Vários tratamentos têm sido investigados. Cairoli (2002) cita que o
GnRH tem progressivamente se tornado a terapia de escolha devido ter
16
vantagens sobre o hCG, como, por exemplo, seu menor peso molecular,
nenhum efeito antigênico e menor custo farmacêutico e ainda induz uma onda de
LH, similar a da ovulação, com 2,5 a 3 h de tratamento, suficiente para induzir
luteinização do cisto ovariano e formação de um corpo lúteo sobre um ovário com
cisto ou no ovário oposto.
Segundo Todoroki (2006), injeção de GnRH ou seus análogos tem o
objetivo de induzir ovulação e/ou luteinização de folículos císticos e restaura ciclo
estral normal, e é agora o tratamento mais popular para cisto folicular.
Na maioria dos casos de folículo cístico, a inserção de PRID
(Progesterone release intravaginal device) induz estro e ovulação com 7 dias
depois do tratamento. Os resultados do estudo mostram que o uso de dispositivo
liberador de progesterona contendo uma cápsula de benzoato de estradiol induz
efeitos terapêuticos confiáveis sobre vários tipos de disfunção ovariana tais como
folículo cístico em vacas no pós-parto (KIM et al., 2005).
Progesterona por 9 dias, GnRH no dia 0 e PGF2α no dia 7, foi possível
sincronizar, com sucesso, vacas com cisto ovariano durante o período pós parto
(YÁNIZ et al., 2004). López-Gatius et al. (2001) também concluíram que vacas
leiteiras com folículos persistentes podem ser sincronizadas com sucesso e
inseminadas usando um protocolo que combina progesterona, GnRH e PGF2α.
No estudo realizado por Crane et al. (2006), os protocolos CIDR
( controlled internal drug releasing) e Ovsync foram similarmente efetivos como
estratégia terapêutica para cisto ovariano em relação à concepção e à taxa de
prenhez.
Embora o tratamento de cisto folicular em vacas com o uso de
progesterona seja uma prática comum, o mecancismo como esse medicamnto
resolve esta condição, a dose necessária e o tempo necessário para o tratamento
ainda não estão definidos (GÜMEN & WILTBANK, 2005).
2.6.3.5 – Cisto tubo-ovárico
É observado principalmente em vacas e é uma conseqüência de
aderência do infundíbulo ao ovário com subseqüente acúmulo de secreção da
mucosa tubárica. É uma condição adquirida, normalmente decorrente de
processo inflamatório. Segundo Grunert (2005), é rara mas tem um mal
17
prognóstico por levar o animal a uma subfertilidade, ou, dependendo do
comprometimento dos ovários e ovidutos, o animal pode se tornar estéril.
2.6.3.6 – Cisto bursa-ovárico
Desenvolve-se quando uma porção da fímbira adere ao ovário,
ocorrendo acúmulo de líquido proveniente da tuba uterina na bursa ovariana.
Normalmente é seqüela de processos inflamatórios da tuba uterina ou da
superfície do ovário.
2.6.3.7 - Hidátide de morgani
Originário do ducto paramesonéfrico, nos casos em que o infundíbulo
ou a tuba uterina acessórios acumulam líquido, originando formações císticas
localizadas próximo à tuba uterina.
2.6.3.8 – Cisto paraovárico
Tem localização adjascente ao ovário, é originado a partir de resquícios
embrionários mesonéfricos. Recebem denominações especiais de acordo com a
porção cranial dos túbulos mesonéfricos, são chamados de epoóforos e, a partir
das porções caudais dos túbulos mesonéfricos, são chamados paraóforos.
Cistos de epoóforo ocorrem em todas as espécies de mamíferos
domésticos e estão localizados entre o ovário e a fímbria da tuba uterina. Em
ruminantes estes cistos são geralmente pequenos (1 a 3 mm) mas podem atingir
diâmetros de 1 a 3 cm. Não evidência definitiva de que estes grandes cistos
intefiram na função ovariana. Cistos de paraoóforo raramente ocorrem em
mamífero doméstico. Estes estão localizados no ovário adjascente ao ligamento
próprio (McENTEE, 1990).
2.6.3.9 – Cisto da rete ovarii
Essas formações císticas originam-se a partir do acúmulo de secreção
na rede ovariana e subseqüente dilatação cística da mesma. Os cistos da rete
ovarii apresentam uma simples camada de epitélio cuboidal, e sua parede não
contém músculo liso.
18
2.6.3.10 – Cisto de inclusão germinal
Os cistos de inclusão germinal aparecem na superfície do ovário e se
formam por fragmentos do peritônio (epitélio germinativo), que se dobram para o
interior do córtex ovariano (NASCIMENTO & SANTOS, 2003). Para Grunert
(2005) os cistos de inclusão epitelial dos ovários foram erroneamente
denominados cistos de inclusão germinal, pois o fragmento epitelial que recobre a
superfície do ovário é uma membrana modificada do peritônio, não se tratando,
portanto, de epitélio germinativo. Esses cistos originam-se pela invaginação das
estruturas superficiais de revestimetno do ovário, ou seja, um tecido epitelial de
células cúbicas. É raro nos bovinos, mas pode ocorrer após lesões causadas pro
enucleação do corpo lúteo, ruptura de folículos ou outras manipulações
traumáicas sobre os ovários.
Esses ninhos isolados de células mesoteliais cubóides a achatadas
contiuam a secretar e formar pequenos cistos cheios de um líquido aquoso. Na
maioria das espécies, os cistos de inclusão epitelial do ovário são pequenos e não
têm significado clínico (JONES et al., 2000).
Trauma manual do ovário causado por enucleação de corpos lúteos ou
ruptura de cistos foliculares podem induzir a formação de cistos de inclusão do
epitélio superficial no gado. Exceto em éguas, os cistos são geralmente
pequenos, e não tem significado clínico. Os cistos são limitados por uma única
camada de células epiteliais cúbicas achatadas e contém um líquido claro
(McENTEE, 1990).
2.6.4 – Neoplasias ovarianas
Podem ocorrer em todas as espécies domésticas, sendo mais
freqüentes em vacas, cadelas e égua. NASCIMENTO & SANTOS (2003)
caracterizou as seguintes neoplasias:
2.6.4.1 – Tumor das células da granulosa (TCG)
É a neoplasia mais comum no ovário da vaca. Ocorre em gado de corte
mas é mais comum em gado leiteiro. O TCG pode apresentar superfície lisa ou de
aspecto nodular, podendo toda a massa neoplásica ser sólida, de coloração
19
esbranquiçada ou amarelada, ou constituir-se de várias formações sticas.
Normalmente é um tumor benigno.
2.6.4.2 – Teratoma
É uma neoplasia comum em vaca. Origina-se de células germinativas,
sendo caracterizada por composição tecidual múltipla, estranha ao ovário, como,
por exemplo, dente, tecido ósseo, pele e seus anexos, tecido adiposo. Pode ser
observado em vacas gestantes, indicando efeitos deletérios sobre a função
reprodutiva.
2.6.4.3 – Disgerminoma
É comum em animais adultos, porém pouco descrita em vacas.
2.6.5 – Alterações inflamatórias
A ooforite ou ovarite é um processo inflamatório do ovário ocasionado
por infecções localizadas que podem determinar um processo inflamatório agudo,
com a aderência dos ovários a várias estruturas orgânicas que lhes são
cirunvizinhas (GRUNERT, 2005). O herpesvírus bovino tipo 1 causa ooforite
necrótica multifocal, com as lesões mais severas localizadas no corpo lúteo. O
infiltrado inflamatório nesses casos consiste predominantmente em linfícitos nas
áreas necróticas (NASCIMETNO & SANTOS, 2003).
Summers et al. (1974, apud McEntee, 1990), observaram ooforite
intersticial em gado Brahman e Santa Gertrudis na Austrália. A lesão consistia de
linfócitos acumulados ao redor dos vasos e alguns plasmócitos na região medular
do ovários. As lesões foram observadas em 14 (73,7%) dos 19 Brahman e
Brahman mestiços inférteis de um rebanho com perdas pré-natais em todos os
estágios da gestação.
Nem todas as células inflamatórias presentes no corpo lúteo têm
significado patológico. Eosinófilos são freqüentemente observados no tecido
conjuntivo e estroma de corpos lúteos jovens ou recentemente formados, e esse
achado não é considerado patológico. Mastócitos são observados na cápsula
externa do corpo lúteo no terço médio do diestro, ao passo que macrófagos
geralmente estão presentes em corpos lúteos em regressão ou no estágio final do
20
diestro. Além disso, em condições normais uma pequena população de
macrófagos residentes no interstício ovariano ao longo de todo o ciclo estral
(NASCIMENTO & SANTOS, 2003)
Ooforite (inflamação do ovários) é rara em animais domésticos, mas é
observada com maior freqüência em vacas. Os agentes demosntrados como
causadores de ooforite são Herpesvirus bovis, H. suis, vírus Akabane,
Mycobacterium tuberculosis var. bovis, Brucella spp., Actinomyces pyogenes, e
Mycoplasma bovis. Macroscopicamente, os ovários afetados apresentam-se com
quantidades variáveis de filamentos de fibrina, tecido de granulação, e aderências
fibrosas nas superfícies serosas, que podem interferir com a ovulação ou podem
resultar na formação de cistos tuboovarianos ou da bolsa do ovário (JONES et al.,
2000).
Experimentalmente, o vírus da rinotraqueíte infecciosa dos bovinos
induz ooforite necrosante no pós-estro da vaca, pós viremia. Podem ocorrer
hemorragias no corpo amarelo e, em alguns casos, ocorre líquido espesso, turvo
e fibrinoso nos folículos. Microscopicamente, as lesões nos corpos amarelo
variam de necrose focal a infiltração de células mononucleares ou hemorragia
difusa e necrose. A maioria dos ovários afetados apresenta folículos necróticos e
uma acumulação difusa de células mononucleares no estroma (CARLTON &
McGAVIN, 1998).
2.6.6 – Alterações patológicas ovarianas em bovino zebu
Couto & Megale (1963 apud COSTA, 1974) encontraram 32 casos
(2,46 %) de alterações ováricas em 1.300 vacas azebuadas. As alterações
incluiam 5 casos (0,38 %) de aderência, 1 (0,08 %) de hematoma, 11 (0,85 %) de
fibrose, 3 (0,23 %) de teratoma e 1 (0,08 %) de abcesso.
Ainda segundo Costa (1974), os dados de exames histológicos
realizados por Machado & cols. (1964) revelaram a presença de um caso de
ooforite supurada em 16 casos de alterações ováricas. De um total de 1.360
sistemas genitais de vacas azebuadas abatidas em matadouro, Resende & cols.
(1972) encontraram seis casos (0,44 %) de cisto do corpo lúteo.
Nenhuma anomalia congênita dos ovários foi detectada por Basile
(1971), num estudo que envolveu 6.054 genitálias de vacas azebuadas .
21
Bezerra (1981) relata que os ovários examinados histologicamente
apresentaram cistos foliculares, sendo que em dez casos, os cistos coexistiam
com tumor de células luteínicas, três com tumor de células da granulosa e sete
com cistos luteinizados. De acordo com os achados de Basile (1971), as
anomalias do ovário parecem ser bastante raras nas raças de origem indiana.
22
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27
4 MORFOMETRIA OVARIANA DE ZEBUÍNAS NA AMAZÔNIA ORIENTAL
RESUMO
O conhecimento das características morfométricas dos ovários é
importante na realização e interpretação dos achados no exame ginecológico das
fêmeas bovinas. Objetivou-se estudar as características de ovários de fêmeas
zebuínas não-penhes (G1) e prenhes (G2), criadas na região da Amazônia Oriental.
Foram coletados 311 pares de ovários num frigorífico de Araguaína-TO. Em
seguida, mensurados o comprimento, largura, espessura e volume dos ovários
direitos (OD) e esquerdos (OE) e o diâmetro do maior folículo em cada ovário foram
medidos e característica dos corpos lúteos (CL) foi avaliada. Foi observada
diferença significativa para comprimento do ovário esquerdo (2,03 cm) do G1 com o
ovário esquerdo (2,68 cm) do G2 e na largura dos ovários direitos (1,54 e 2,18 cm) e
esquerdos (1,39 e 1,87 cm) dos grupos 1 e 2 respectivamente. Para volume e
espessura, não houve diferença significativa entre os lados, nem entre os grupos. A
maioria dos corpos lúteos presentes nos ovários eram do tipo incluso. Para o
tamanho dos folículos não houve diferença significativa. Conclui-se que o tamanho e
a largura do ovário e a incidência de corpo lúteo incluso devem ser considerados
como fatores importantes quando da utilização de exame ginecológico por palpação
retal.
Palavras-chave: corpo lúteo, morfometria, ovários, zebuínas.
28
OVARIAN MORPHOMETRY OF ZEBU COWS IN THE ORIENTAL AMAZONIA
ABSTRACT
The knowledge about the morphometric characteristics of the ovaries is
important to carry out and interpret the findings in the reproductive tract examination
of a cow. The aim of this research was to study the characteristics of nonpregnant
(G1) and pregnant (G2) zebu cows’ ovaries, raised in the Oriental Amazonia. Three
hundred and eleven pairs of ovaries were collected in a slaughterhouse in
Araguaína-TO. Then, the length, width, thickness and volume from the right and the
left ovaries and the diameter of the largest follicle in each ovary were measures and
the characteristics of the corpora lutea (CL) were examined. It was observed
significant difference to the length (cm) of the left ovary (2.03 cm) from G1 with the
left ovary (2.68 cm) from G2, and in the width (cm) of the right ovaries (1.54 and 2.18
cm) and left ovaries (1.39 and 1.87 cm) from groups 1 and 2, respectively. To the
volume (mL) and thickness (cm) there weren’t significant difference between the
sides or groups. The most CL were included. There wasn’t significant difference in
the follicle’s diameter (mm) between the groups. In conclusion, the size and width of
the ovaries and the incidence of included corpus luteum may be considered
important factors during the reproductive tract exam by rectal palpation.
Key-words: corpus luteum, morphometry, ovaries, zebu cow
29
4.1 INTRODUÇÃO
Os ovários são estruturas pares do sistema reprodutor feminino,
responsável pela produção de gametas e hormônios, principalmente estrógeno e
progesterona (HAFEZ & HAFEZ, 2004). Sua localização e tamanho variam entre as
espécies, e não têm relação proporcional com o tamanho corpóreo. Essas gônadas
femininas apresentam mudanças drásticas e previsíveis num curto período de
tempo, o que podem dificultar a interpretação dos achados clínicos no exame
ginecológico (NASCIMENTO et al., 2003).
Os ovários são revestidos pelo epitélio superficial, contínuo com o
mesovário. Sob o epitélio uma cápsula de tecido conjuntivo denso a tunica
albuginea avarii (BANKS, 1992).
Abaixo da albugínea, o ovário é formado por uma camada externa, o
córtex (zona parenquimatosa) e uma camada interna, a medular (zona vascular). O
córtex contém folículos, corpos lúteos, e estroma com seus vasos sanguíneos e
linfáticos. A medula é constituída por grandes vasos sanguíneos, vasos linfáticos,
nervos e tecido conjuntivo. O ovário da vaca é oval e pesa cerca de 3 a 18g.
Lamorde e Kumar (1978, apud McENTEE, 1990) reportou que a média do tamanho
dos ovários de vacas zebu (Bos indicus) é de 23 X 18 mm, o que é menor que do
gado europeu (Bos taurus). O tamanho varia de acordo com o estágio do ciclo estral,
estágio de prenhez, idade e condições gerais do animal. O ovário direito geralmente
é maior que o esquerdo devido ter maior atividade fisiológica, e ovula
aproximadamente 60% do ciclo estral.
Ovários são pontiagudos na extremidade uterina e não possuem fossa de
ovulação. Normalmente estão situados próximo ao centro da margem lateral da
entrada pélvica, cranialmente à artéria ilíaca externa, na fêmea não grávida, mas
podem estar mais cranialmente, especialmente nas vacas que passaram por
gravidez. O tamanho do ovário é afetado pelo corpo teo (SISSON & GROSSMAN,
1986).
As características morfológicas do ovário podem ser utilizadas para
verificar a presença de patologias, como cistos e tumores, determinar a existência
de atividade ovariana luteal cíclica (AOLC) e para estimar qual a provável fase do
30
ciclo, possiblilitando interferir sobre a fertilidade futura do animal (NASCIMENTO et
al., 2003).
Poucos trabalhos analisaram as características macroscópicas do corpo
lúteo (CL) de fêmeas Bos taurus indicus (NEVES et al., 2002), sendo a mais
utilizada o ultra-som. Na palpação retal, o CL, durante fase lútea, apresenta-se de
pequeno diâmetro o que torna a técnica imprecisa (PATHIRAJA et al., 1986).
A despeito de vários estudos clínicos sobre as estruturas ovarianas em
vacas, necessidade de uma caracterização da realidade regional, ressaltando o
Estado do Tocantins, como um importante exportador de carne.
O objetivo deste trabalho foi estudar as características morfométricas de
ovários de vacas zebuínas, criadas na região da Amazônia Oriental.
4.2 MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1 Animais
Os animais deste estudo foram 311 fêmeas zebuínas (Bos taurus
indicus), sendo 233 não prenhes (G1) e 78 prenhes (G2), criadas na Amazônia
Oriental, abatidas em um Frigorífico da cidade de Araguaína-TO (7º 11 28” N e 48º
12’ 26’’ O), no período de agosto a novembro de 2006.
4.2.2 Material coletado
Os tratos genitais, recuperados logo após o abate e evisceração dos
animais, foram imediatamente levados ao Laboratório de Reprodução Animal da
Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFT.
4.2.3 Análise do material
Após observação da parede do útero e a presença de feto, os ovários
foram retirados, identificados o direito (OD) e esquerdo (OE) e em seguida medidos
com auxílio de um paquímetro, verificando o comprimento (cm) no eixo maior,
largura (cm) no eixo entre o pedículo do ovário e a extremidade oposta; espessura
(cm) no eixo de 90º em relação ao eixo da largura; o volume (mL) foi obtido por meio
da imersão individual dos mesmos em proveta graduada contendo água. Observou-
se, ainda, a presença de folículos antrais e corpos lúteos (CL). O maior folículo
31
presente nos ovários direito e esquerdo foi identificado e mensurado quanto ao seu
diâmetro (mm). A área de ocupação do CL foi definida em protruso (CL1),
apresentando porção luteal acima da superfície do ovário e em Incluso (CL2)
quando a ocupação total do tecido luteal abaixo da superfície do ovário, de acordo
com Neves et al. (2002).
4.2.4 Análise estatística
A análise estatística foi realizada pelo teste de Tukey aovel de 1% para
verificar volume, largura, espessura e comprimento dos ovários. O teste de Barlett
foi utilizado para avaliação do diâmetro folicular.
4.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença significativa para os parâmetros (volume, largura,
espessura e comprimento) apresentados em fêmeas prenhes. Quanto à largura, os
OD (1,54 e 2,18 cm) e os OE (1,39 e 1,87 cm) dos dois grupos (G1 e G2),
respectivamente, mostraram diferença significativa, que também foi observada no
comprimento dos ovários esquerdos (2,03 e 2,68 cm) e na largura do OE do G1
(1,39 cm ) com o OD do G2 (2,18 cm). Em relação ao volume e espessura não
houve diferença entre os lados direito e esquerdo, nem entre os grupos (G1 e G2),
de acordo com o teste de Tukey ao nível de 1 % (Tabela 4.1). O volume ovariano
revelou um coeficiente de variação (CV) de 36,18% superior aos coeficientes para
largura, espessura e comprimento dos ovários, concordando com o que foi relatado
por CHACUR et al. (2006).
Tabela 4.1 Características morfométricas dos ovários direitos (OD) e dos ovários esquerdos (OE)
em vacas zebuínas não prenhes (G1) e prenhes (G2), coletados de um frigorífico, na
Amazônia Oriental, 2006
Ovários/Grupos Volume
(mL)
Largura
(cm)
Espessura
(cm)
Comprimento
(cm)
OD – G1 6,18±2,5
a
* 1,54±2,3
bc
1,03±2,2
a
2,36±4,2
ab
OE – G1 5,50±2,0
a
1,39±2,0
c
0, 94±2,1
a
2,03±3,9
b
OD – G2 6,45±2,1
a
2,18±3,8
a
1,02±2,0
a
2,49±4,1
ab
OE – G2 7,64±2,2
a
1,87±2,8
ab
1,07±3,5
a
2,68±5,0
a
CV
#
(%) 36,1 18,84 30,03 18,22
* Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 1% pelo teste de Tukey.
32
Na comparação de dados morfométricos ovarianos das fêmeas bovinas
criadas em outras regiões verificou-se que os valores encontrados para ovários
direito e esquerdo foram inferiores aos de Perkins et al. (1954), sem especificar a
raça. Também foram menores que o relatado por Megale & Couto (1959), para
vacas azebuadas, tanto nos ovários direitos quanto nos esquerdos. Os valores do
comprimento do ovários são menores que os observados por Pimentel (1973); em
relação à largura, os valores coincidem para o lado esquerdo, sendo maior no lado
direito. A espessura dos ovários direitos é igual, e do esquerdo é inferior. Neves et
al. (2002) encontrou valores maiores para a largura dos ovários de zebuínos da raça
Nelore; quanto aos demais parâmetros, os valores foram semelhantes. Para Chacur
et al. (2006), os dados dos ovários esquerdos e direito foram maiores. Sisson &
Grossman (1986) também apresentaram valores maiores. Sugere-se que as
medidas deste estudo para comprimento, largura e espessura possam estar
relacionados com a origem das vacas zebuínas, uma vez que o autor acima citado
descreveu medidas de vacas mestiças, azebuadas, às quais de modo geral
possuem ovários com maiores dimensões (Tabela 4.2).
Tabela 4.2 Comprimento, largura e espessura dos ovários direito e esquerdo de fêmeas bovinas
observados por vários autores.
Comprimento
OD(cm)
Comprimento
OE(cm)
Largura
OD(cm)
Largura
OE(cm)
Espessura
OD(cm)
Espessura
OE(cm)
Perkins
(1954)
3,60 3,44 2,40 2,25 1,75 1,62
Megale &
Couto
(1959)
3,01 2,81 1,57 1,49 1,85 1,72
Pimentel
(1973)
2,62±0,27 2,31±0,08 1,27±0,11 1,4±0,07 0,92±0,08 1,10±0,06
Sisson &
Grossma
n (1986)
3,5 – 4,0 3,5 – 4,0 2,5 2,5 1,5 1,5
Neves
(2002)
2,62±0,4 2,57±0,70 1,71 1,61 1,21±0,31 1,22±0,39
Chacur
(2006)
2,80 2,75 1,83 1,95 1,56 1,65
Neste
trabalho
(G1)
2,36±4,2 2,03±3,9 1,54±2,3 1,39±2,0 1,03±2,2 0,94±2,1
Neste
trabalho
(G2)
2,49±4,1 2,68±5,0 2,18±3,8 1,87±2,8 1,02±2,0 1,07±3,5
33
A maioria das gestações (61,64 %) ocorreu no corno direito, diferente do
relatado por Neves (2002) e de acordo com Megale & Couto (1959). Das 73
fêmeas prenhes, 62 (85 %) apresentavam CL ipsilateral ao corno uterino gestante.
De um total de 622 ovários, 281 (45,17 %) apresentaram corpo lúteo,
sendo 56,23 % no lado direito e 43,77 % no esquerdo, discordando com os
resultados apresentados por Chacur et al. (2006) (Tabela 4.3).
Tabela 4.3 – Número de CL nos ovários direito (OD) e esquerdo (OE) de vacas zebuínas não prenhes
(G1) e prenhes (G2), coletados de um frigorífico, na Amazônia Oriental, 2006
Corpo Lúteo OD OE Total
G1 120 83 203
G2 38 40 78
Total 158 (56,23 %) 123 (43,77 %) 281
Aparentemente durante o desenvolvimento lúteo, o tecido pode proliferar
de forma mais acentuada, extrapolando para fora do ovário e formando um ápice na
sua superfície, caracterizando o tipo protuso (CL1) ou ocupando apenas a área
interior do ovário, o que resulta no tipo incluso (CL2) (NASCIMENTO et al., 2003).
Nessa pesquisa, houve maior número de CL nos ovários direito e maior incidência
de CL incluso, discordando dos resultados apresentados por Chacur et al. (2006).
Dos CL gestacionais apresentados pelo G2 (73,1%) foram incluso (tabela 4.4). Tal
fato deve ser considerado importante para minimizar erros durante a avaliação
ginecológica, uma vez que a estrutura luteinizada pode não ser detectada por meio
da palpação retal.
Tabela 4.4 Número e porcentagem de CL protruso (CL1) e incluso (CL2) nos ovários direito (OD) e
esquerdo (OE) de vacas zebuínas não prenhes (G1) e prenhes (G2), coletados de um
frigorífico na Amazônia Oriental, 2006
Grupos (CL1) Protruso (CL2) Incluso
OD OE Total (%) OD OE Total (%)
G1 68 45 113 (55,7) 52 38 90 (44,3)
G2 11 10 21 (26,9) 27 30 57 (73,1)
Total 79 55 134 (47,7) 79 68 147 (52,3)
34
A dinâmica folicular durante a gestação inicial é semelhante à observada
durante o diestro. Com o progresso da gestação, a produção placentária de
esteróides inibe a secreção de gonadotrofinas, o que restringe o crescimento
folicular (NASCIMENTO et al. 2003). A tabela 4.5 mostra menor diâmetro folicular no
G2.
Tabela 4.5 – Média e desvio padrão do diâmetro dos folículos nos ovários direito e esquerdo de vacas
zebuínas não prenhes (G1) e prenhes (G2), coletados de um frigorífico na Amazônia
Oriental, 2006
Grupos Diâmetro folicular (mm)
OD OE
G1 10,34±3,91 10,43±3,45
G2 9,25±3,86 9,08±4,20
O diâmetro dos folículos de fêmeas não prenhes apresentados nesse
estudo são maiores que os mostrados por Chacur et al. (2006). Para Bos indicus,
não grande variação descrita quanto ao diâmetro do folículo subordinado e do
folículo dominante. Considerando duas ondas de crescimento folicular, os diâmetros
relatados foram de 11,3 e 12,1 mm, respectivamente e considerando três ondas,
verificou-se 10,4; 9,4 e 11,6 mm, nessa ordem. Contudo, o diâmetro do folículo
dominante e do folículo ovulatório em zebuínos é menor do que em taurinos
(BARUSELLI, 2007).
35
4.4 CONCLUSÃO
Para volume e espessura, o houve diferença significativa entre os
lados, nem entre os grupos. A maioria dos corpos lúteos era do tipo incluso (52,3%).
Para o tamanho dos folículos não houve diferença significativa entre os grupos não
prenhe (G1) e prenhe (G2). O tamanho e a largura do ovário e a incidência de corpo
lúteo incluso devem ser considerados como fatores importantes quando da utilização
de exame ginecológico por palpação retal.
36
4.5 REFERÊNCIAS
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38
5 ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS OVARIANAS EM VACAS ZEBUÍNAS CRIADAS
NA AMAZÔNIA ORIENTAL
RESUMO
Estudos sobre a patologia dos órgãos da reprodução em zebuínos o
raros. Essa pesquisa buscou identificar as alterações patológicas ovarianas em
vacas zebuínas criadas na Amazônia Oriental. Foram coletados, em um frigorífico de
Araguaína-TO, 406 pares de ovários, observados quanto sua posição anatômica,
antes de serem retirados do trato genital, identificados, mensurados e mantidos em
formol 10% e preparado para a microscopia. Após análise macroscópica e
histopatológica dos ovários, verificou-se 11,82% de alterações. Alterações
inflamatórias, cistos ovarianos (de inclusão epitelial, folicular e de corpo lúteo) e
hiperplasia adenomatosa da rete ovarii foram as mais freqüentes.
Palavras-chave: Amazônia Oriental, cisto, hiperplasia, ovários, patologia
39
5 OVARIAN PATHOLOGICAL ALTERATIONS IN ZEBU COWS RAISED IN THE
ORIENTAL AMAZONIA.
ABSTRACT
Studies about pathology of the reproduction organs in zebu are lack. This
research tried to identify ovarian pathological alterations in zebu cows raised in the
Oriental Amazonia. It was collected, in a slaughterhouse, 406 pairs of ovaries, which
the anatomical position was watched before removing from the genital tract,
identified, measured and kept in formol 10% to be prepared to the microscopy. After
the microscopic and histopathologic analysis of the ovaries, it was verified 11.82% of
alterations. Inflamatory alterations, ovarian cysts and adenomathous hyperplasia of
the rete ovarii were the most frequent.
Key-words: cyst, hyperplasia, Oriental Amazonia, ovaries, pathology,
40
5.1 INTRODUÇÃO
O rebanho efetivo bovino da região Norte tem aproximadamente
31.233.724 cabeças, com uma concentração de 6.093.118 destas no estado do
Tocantins (IBGE, 2008). Embora a bovinocultura seja uma atividade de expressiva
relevância sócio-econômica, na Amazônia Oriental são verificados baixos índices
reprodutivos das raças zebuínas que impõem prejuízos econômicos graves à
atividade (CAVALCANTE et al., 2000).
Os zebuínos são animais que apresentam excelente adaptação aos
trópicos, entretanto apresentam irregularidades em algumas características
reprodutivas, bem como nos ciclos estrais, as quais podem ser ocasionadas por
deficiências no manejo nutricional e sanitário (CAVALCANTE et al, 2001).
Os ovários, órgãos que desempenham funções primordiais nos eventos
reprodutivos quer seja na produção de hormônios ou mesmo de gametas, podem
ser acometidos por várias patologias que podem ser de origem infecciosa ou não-
infecciosa. Tais enfermidades podem afetar diretamente a fertilidade do rebanho de
forma temporária ou permanente.
Anormalidades no aparelho reprodutivo têm um papel importante na
criação animal por causar infertilidade ou esterilidade, levando a grandes perdas
econômicas aos criadores de gado. Para minimizar essas perdas, a incidência e a
freqüência de desordens genitais precisam ser definidas.
Não obstante, o raros os estudos realizados em fêmeas zebuínas no
campo da patologia dos órgãos da reprodução. Assim, com o intuito de acrescentar
dados à literatura, o presente trabalho buscou identificar as alterações patológicas
ovarianas de maior freqüência em vacas zebuínas criadas na Amazônia Oriental.
5.2 MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1 Animais
Os animais utilizados neste estudo foram 406 fêmeas zebuínas prenhes
(54) e não prenhes (352) da raça Nelore, oriundas da Amazônia Oriental, abatidas
41
no período de dezembro/2006 a março/2007, em um Frigorífico da Cidade de
Araguaína-TO.
5.2.2 Material coletado
O trato genital dos 406 fêmeas foi recuperado do frigorífico, logo após o
abate e evisceração, e imediatamente levados ao Laboratório de Reprodução
Animal da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do
Tocantins (UFT). Os ovários foram observados quanto a sua posição anatômica
antes de serem retirados do trato genital e identificados quanto ao lado direito (OD)
e esquerdo (OE). Anormalidades macroscópicas foram registradas. Em seguida os
ovários foram medidos com auxílio de um paquímetro, verificando o comprimento
(cm) no eixo maior, largura (cm) no eixo entre o pedículo do ovário e a extremidade
oposta; e espessura (cm) no eixo de 90° em relação ao eixo da largura; pesados (g)
individualmente. Amostras de aproximadamente 15 mm dos ovários foram cortadas
transversalmente e devidamente identificadas e armazenadas em sachês de tecido
sintético guardado em recipientes de vidro contendo formol a 10%.
5.2.3. Análise histológica
Uma vez finalizado o estudo macroscópico dos ovários, no Setor de
Patologia Animal da Universidade Federal do Piauí, fragmentos representativos
formolizados foram submetidos à rotina de preparação histológica, com inclusão em
parafina, e cortes de 5 µm devidamente processados e corados por hematoxilina-
eosina. Posteriormente, os cortes foram examinados em microscopia de luz comum
e fotografados.
5.2.4 Análise dos dados
Tendo em vista o caráter exploratório da pesquisa, não foi realizada a
análise paramétrica dos dados coletados no trabalho. Dessa forma, adotou-se uma
metodologia de análise descritiva em percentual da freqüência das alterações
macroscópicas e histológicas dos resultados obtidos (PIMENTEL GOMES, 1985).
42
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o estudo dos pares de ovários das 406 fêmeas foram
detectadas, em 48 animais (11,82%), seis tipos de alterações patológicas, que estão
sumarizadas na Tabela 5.1.
Tabela 5.1 - Alterações patológicas ovarianas em vacas zebuínas oriundas da Amazônia Oriental,
2006
Lesões ovarianas Ovário
direito
Ovário
esquerdo
Bilateral Total Incidência
(% total )
Processos inflamatórios 13 13 00 26 6,4
Hiperplasia adenomatosa
da rete ovarii
05 03 02 10 2,46
Cisto de inclusão epitelial 03 02 00 05 1,23
Cisto folicular 01 01 01 03 0,74
Cisto de corpo lúteo 03 00 00 03 0,74
Aderência tubo-ovariana 01 00 00 00 0,25
Total 25 19 03 47 11,82
A aderência tubo-ovárica foi diagnosticada em um animal (Figura 1).
Hatipoglu et al. (2002) determinaram 5,21% de desordens ovarianas e 0,81% em
ovário e tuba uterina. Dois casos com aderências acompanhadas por salpingite
crônica e parametrite, e um caso com salpingite purulenta. Cinco casos (0,38%) de
aderência, foram relatados por Megale & Couto (1963, apud Costa 1974).
Fig. 1 Alteração patológica macroscópica
do ovário de vacas zebuínas: aderência
tubo-ovárica (seta).
43
Cistos foliculares encontrados bilateralmente apresentaram,
aproximadamente, 3 cm na macroscopia, com parede parcialmente luteinizada e
caracterizando-se, histologicamente, por ausência de ovócito, de zona pelúcida e de
células da granulosa, fibrose da teca interna e luteinização parcial da parede cística.
No ovário direito (animal 79), uma estrutura cística de parede (cápsula) delgada
aproximadamente 3 cm foi observada na macroscopia (Figuras 2 e 3).
Microscopicamente, ausência de ovócito e zona pelúcida, bem como degeneração
das células da granulosa e fibrose da teca (Figuras 4 e 5).
Na pesquisa realizada por Bezerra (1981), foi possível observar que
59,33% das vacas examinadas tinham cisto folicular associado à ninfomania e que
os cistos foliculares eram múltiplos e afetavam ambas as gônadas na maioria dos
casos. Hatipoglu et al. (2002) observaram os cistos foliculares em 21 casos entre
1113 vacas e novilhas, de diferentes raças européias, sendo um, bilateralmente.
Os cistos ovarianos constituem importante causa de falhas reprodutivas
em fêmeas domésticas (NASCIMENTO & SANTOS, 2003). As causas de cistos
ovarianos ainda são desconhecidas. Parece que um componente importante desta
patogenia é a ausência ou redução da liberação de hormônio GnRH (SILVIA et al.,
2002; KANEKO et al., 2002). Outra possível causa pode ser o estresse, que os
cistos foliculares podem ser induzidos pela administração de cortisol, e este contribui
para a ausência do pico de hormônio luteinizante que é necessário para ovulação
(JONES et al., 2000).
Fig. 2 Macroscopia do ovário de vaca
zebuína: cisto folicular.
Fig. 3 Macroscopia do ovário de vaca
zebuína: cisto folicular (formolizado):
cavidade cística.
44
Macroscopicamente, os cistos ocupam a periferia, o centro ou às vezes,
quase todo o ovários. Microscopicamente, o ovum está ausente. A zona granulosa
desaparece inteiramente, a theca folliculi interna se torna fibrosa e o folículo de
Graaf perde sua forma original. Em alguns casos as células da granulosa são
representadas por uma camada de células achatadas que limitam a parede interna
do cisto (FUJIMOTO, 1956).
Nascimento & Santos (2003) definem, histologicamente, o cisto folicular
pela ausência de ovócito e de zona pelúcida, células da granulosa degeneradas,
com grande quantidade de líquido, e por lulas da teca edemaciadas e, às vezes,
com parte luteinizadas.
De acordo com Carlton & McGavin (1998), microscopicamente, a
camada de células da granulosa é mais espessa que o normal ou está em
degeneração e, com o tempo, torna-se apenas uma camada de células
achatadas, sem evidência de luteinização. A camada de células da teca
circunjacente é delgada, e as células podem tornar-se parcialmente luteinizadas. A
luteinização é mais comum quando a camada da granulosa está ausente.
O cisto folicular é a alteração regressiva mais comum do ovário
(NASCIMENTO & SANTOS, 2003). Essa patologia é uma das principais
responsáveis pela infertilidade do gado leiteiro e ocorre com uma freqüência que
pode variar de 6 a 19% (KESLER & GARVERICK, 1982) e comprometer a produção
por prolongar o intervalo entre partos e interferir na reprodução (McENTEE, 1990).
a
b
a
b
Fig. 4 Fotomicrografia do ovário de vaca
zebuína: cisto folicular: cavidade stica (a);
cápsula conjuntiva com células da granulosa
degeneradas (b). HE. 10x.
Fig. 5 Fotomicrografia do ovário de vaca
zebuína: cisto folicular: cavidade stica (a);
células da granulosa degeneradas (b);
cápsula conjuntiva (c). HE. 40x.
45
Em vacas, o aspecto mais importante dessa patologia é a sua associação com
ninfomania (NASCIMENTO & SANTOS 2003).
A degeneração ovariana cística em vacas não é uma condição
independente, mas é somente parte de duas síndromes multiglandular,
denominadas ninfomania e virilismo adrenal (FUJIMOTO, 1956).
Neste estudo, macroscopicamente, os cistos de corpo lúteo
diagnosticados em três casos (0,74%), apresentavam cavidade cística central
variando de 0,8 a 1,0 cm, sendo todos observados nos ovários direito. A cavidade
central continha material proteináceo, revestida por tecido conjuntivo e logo abaixo
células luteínicas (Figuras 6 e 7).
Os cistos de corpo lúteo possuem uma papila de ovulação e isto o
diferencia de um cisto luteinizado. Seu diâmetro total é maior que o de um corpo
lúteo normal. A massa do tecido lúteo é mais esférica do que um corpo lúteo normal,
mas não tão arredondada quanto ao do cisto luteinizado. Corpo lúteo cístico de
gestação ocorre no gado zebu, este pode ocorrer em outras espécies, entretanto.
não parecem ter significado clínico como ocorre com os bovinos (McENTEE, 1990).
Costa (1974) encontrou 12,9% de cisto de corpo lúteo, em vacas azebuadas.
No estudo realizado por Hatipoglu et al. (2002), essa foi a alteração mais
comum, totalizando 2,51 % dos achados, com cavidade cística variando de 0,5 a 3,2
cm.
Fig.6 – Macroscopia do ovário de vaca
zebuína: cisto de corpo cúteo.
Fig. 7 Fotomicrografia do ovário de vaca
zebuína: cisto de corpo lúteo - células
luteínicas (a); cápsula conjuntiva (b);
cavidade cística (c). HE. 10x.
46
Os cistos de inclusão germinal (Figuras 8 e 9), formados a partir do
epitélio germinativo, na superfície externa ovariana, vistos microscopicamente, foram
observados em três animais nos ovários direitos e em dois, nos esquerdos. Segundo
Grunert (2005), a designação correta para este tipo de alteração é cisto de inclusão
epitelial, por originarem do peritônio modificado e não do epitélio germinativo,
limitados por uma única camada de células epiteliais cúbicas a achatadas. É raro e
não tem significado clínico para bovinos, porém podem demonstrar a prática de
enucleação de cisto luteínico e ruptura de cistos foliculares ou mesmo manipulação
inadequada do trato genital ao exame ginecológico.
No trabalho realizado por Costa (1974), cistos de inclusão germinal foram
detectado em 3,6% das patologias encontradas. Esse tipo de cisto ocorre em todas
as espécies, sendo mais importante em éguas, por interferir na ovulação. As
formações císticas destroem gradativamente o parênquima ovariano. Em outras
espécies, apresentam dimensões muito reduzidas, sendo diagnosticado
microscopicamente e carecendo de importância clínica (NASCIMENTO & SANTOS,
2003).
Os processos inflamatórios ocorreram em 26 animais, variando em
perivasculite cortical, medular, córtico-medular e inflamação da cápsula. Esses
processos, constituídos por células mononucleares, principalmente linfócitos,
macrófagos, o descritos como sendo focal ou multifocal, assim como perivasculite
Fig. 8 – Fotomicrografia do ovário de vaca
zebuína: cisto de inclusão epitelial (seta).
HE. 4x.
Fig. 9 – Fotomicrografia do ovário de vaca
zebuína: cisto de inclusão epitelial (seta).
HE. 10x.
47
em pequenos e grandes vasos. Esses infiltrados inflamatórios também foram
observados nas proximidades de corpo álbicans ou folículos atrésicos.
Convém ressaltar que muitas alterações de origem traumática e
infecciosa podem provocar ooforite. No entanto, a natureza e a extensão da lesão
devem ser consideradas. Nesse aspecto, o processo inflamatório focal pode não ter
significado clínico, uma vez que pequenos aglomerados de lulas leucocitárias
auxiliam no processo de retirada de célula velhas, com defeitos ou infectadas, sem
que isso caracterize um processo inflamatório propriamente dito e são
frequentemente observados em exames histológicos de animais saudáveis, sem
nenhuma patologia aparente. Enquanto que processos inflamatórios difusos,
independentemente do agente etiológico, apresentam maior gravidade e podem
causar subfertilidade ou infertilidade devido a lesões e substituição do parênquima
ovariano por tecido conjuntivo afuncional.
Além de estarem presentes em corpos lúteos em regressão ou no estágio
final do diestro, uma pequena população de macrófagos o encontrados no
interstício ovariano, em condições normais, ao longo de todo o ciclo estral
(NASCIMENTO & SANTOS, 2003).
No ovário, apoptose folicular acontece continuamente até o final da vida
reprodutiva. A morte celular por esse processo é um fenômeno biológico. A parede
citoplasmática das células é rompida e os fragmentos (corpos apoptóticos) são
reconhecidos e fagocitados, na maioria das vezes, por células da região, e,
ocasionalmente, por macrófagos. Nesse tipo de morte não um processo
inflamátório, e quando ocorre é imperceptível (PÉREZ et al., 2005).
Fig. 10 Fotomicrografia do ovário de vaca
zebuína: perivasculite cortical (seta). HE.
10x.
Fig. 11 Fotomicrografia do ovário de vaca
zebuína: perivasculite cortico-medular
multifocal (seta). HE. 10x.
48
Hiperplasia adenomatosa da rete ovarii foi observada em 10 animais,
sendo bilaterais em dois casos. Observou-se hipertrofia e hiperplasia das células da
rete ovarii com tendência a formação de ácinos, acúmulo de material hialino
acidofílico. Em um dos casos, não foi observado folículos atrésicos ou álbicans além
de acentuada hiperplasia adenomatosa da rete ovarii externa e interna (Figura 12).
Hiperplasia de uma pequena porção da rete ovarii é frequentemente
observada em fêmeas idodas da raça Beagle (McENTEE, 1990). Hiperplasia da rete
extra-ovárica foi observada em um ovário (1,6 %) e caracterizada por proliferação
de estruturas tubular anastomosadas com aparência de ácinos ou cordões, limitadas
com epitélio cúbico e com citoplasma eosinofílico (CASSALI et al., 2000).
Macroscopicamente a alteração não é reconhecida. É uma alteração bastante
freqüente em cadelas, mas seu significado clínico não é conhecido (NASCIMENTO
& SANTOS, 2003).
Como citado por McEntee (1990), o tecido glandular intersticial do tipo
rete (rede) ocorrem em ovários de mamíferos domésticos que têm severa hipoplasia
ovariana. E, sendo a hiperplasia adenomatosa da rete ovarii encontrada, nessa
pesquisa, em alguns ovários que não apresentavam folículos ovarianos, sugere-se
que essa alteração possa estar relacionada com hipoplasia do ovário, que passaria
a ser uma das mais importantes patologias encontradas nas gônadas de vacas
zebuínas da Amazônia Oriental.
Fig. 12 – Fotomicrografia do ovário de vaca zebuína:
hiperplasia adenomatosa da rete ovarii – acúmulo de
material acidofílico (seta). HE. 4x.
49
5.4 CONCLUSÕES
Cisto foi o tipo de alteração mais encontrada nos ovarios, variando em
cisto de inclusão epitelial, cisto folicular e de corpo lúteo.
A hiperplasia adenomatosa da rete ovarii, observada neste estudo , ainda
precisa ser mais estudada.
As lulas presentes nos casos das alteraçãoes inflamatórias sugerem
aspectos fisiológicos, que as características dos ovários e demais órgãos
reprodutivos não apresentavam quaisquer alterações aparentes.
Neste estudo, foram constatadas alterações patológicas possivelmente
devido ao manejo reprodutivo inadequado que podem levar a inflamações,
infertilidade ou a esterilidade.
50
5.5 REFERÊNCIAS
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