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ROBERTA FIALHO
COMPETITIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE
CARNE SUÍNA NO PERÍODO DE 1990 A 2004
VIÇOSA
MINAS GERAIS
BRASIL
2006
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós
-
Graduação em Economia Aplicada,
para obtenção do título de
Magister
Scientiae.
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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação
e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Fialho, Roberta, 1981
-
F438c
Competitividade das exportações brasileiras de carne
2006
suína no período de 1990 a 2004 / Roberta Fialho.
Viçosa : UFV, 2006.
xiv,
94f. : il.
(algumas col.) ; 29cm.
Inclui apêndice.
Orientador: Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale.
Dissertação (mestrado)
-
Universidade Federal de Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 78
-
82.
1. Carne de porco
-
Exportação. 2. Concorrência
-
Modelos econométricos. 3. Elasticidade (Economia).
4. Comércio internacional. 5. Brasil
-
Comércio exterior.
I. Universidade Federal de Viçosa. II.Título.
CDD 22.ed. 382.4164
ads:
ROBERTA FIALHO
COMPETITIVIDADE RELATIVA DAS EXPORTAÇÕES
BRASILEIRAS DE CARNE SUÍNA NO PERÍODO DE 1990 A 2004
APROVADA: 20 de dezembro de 2006.
Patrícia Lopes Rosado
Brício dos Santos Reis
Viviani Silva
Lírio
Marília Fernandes Gomes Maciel
(Co
-
orientadora)
Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale
(Orientador)
Universidade Federal de Viçosa, como
parte das exigências do Programa de
Pós
-
Graduação em E
conomia Aplicada,
para obtenção do título de
Magister
Scientiae
ii
DEDICATÓRIA
A Deus e à Virgem Maria.
Aos meus queridos pais.
À minha Tia Licinha.
Ao meu noivo Sérgio.
À minha prima M
ônica.
Eles sempre me incentivaram e me ajudaram a conquistar este sonho.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus e à Virgem Maria, por estar sempre presente em minha vida.
Aos meus pais, pelo carinho, apóio e sacrifício a que se submeteram ao long
o
da vida. Especialmente à minha mãe, por ter sempre me apoiado em minhas
decisões.
À Tia Licinha, minha madrinha e minha conselheira, por sempre ter me
ajudado e ao Tio Zé, pela compreensão.
Ao meu noivo Sérgio, meu amor, meu grande amigo e companheir
o, por
sempre estar ao meu lado em todos os momentos.
À Mônica, minha prima e amiga, por estar sempre presente em minha vida.
Aos meus irmãos Cátia e Marcos e ao meu cunhado José Roberto, por
torcerem por mim.
À minha avó Conceição e meus tios, especia
lmente Tia Nazaré e Tia Licinha.
Aos meus amigos da UFV
-
Credi, pelo estímulo.
À minha amiga Érika Fagundes, pela amizade e pelas orações.
Aos meus amigos do mestrado Alan, Alessandro, Camila, Flaviane e
Rosangela, pela amizade.
Aos meus amigos por, me
smo distantes, terem torcido por mim: Elizabeth,
Érika Fagundes, Carina Rocha, Érica Tristão, Graziella Rocha, Adriana Piovesan,
Luciano Piovesan, Luís Ramos, Douglas Lima, José Ramos, Juliana, Henrique e
Fabrício Lopes.
iv
Aos membros da banca examinadora B
rício dos Santos Reis, Marília
Fernandes Gomes Maciel, Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale, Patrícia Lopes
Rosado e Viviane Silva Lírio, pelos comentários e pelas sugestões, que
enriqueceram este trabalho.
Ao Pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa de Su
ínos e Aves
(CNPSA/EMBRAPA) Ademir F. Girotto, pela liberação das planilhas de custo de
produção de suínos.
À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Economia Rural,
pela oportunidade oferecida e pelo suporte à execução deste trabalho.
Ao CNPq
, pelo ano de bolsa de estudos e pelo apoio financeiro, que permitiu
a continuidade dos meus estudos e a realização deste trabalho.
À Professora Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale minha orientadora.
À Professora Marília Fernandes Maciel Gomes, pelos ensi
namentos, pela
amizade e pelas inestimáveis contribuições.
À professora Fátima Marília Andrade de Carvalho conselheira deste trabalho.
Ao professora Orlando Monteiro da Silva pelas sugestões.
Aos Professores do Departamento de Economia Rural, pelos ensi
namentos,
pela atenção e pelo incentivo.
Aos funcionários do Departamento de Economia Rural, pela atenção e
presteza constantes, em especial, à Helena, à Carminha, à Luiza, à Graça, à
Tedinha, à Cida e ao Brilhante.
A todos que possam ter contribuído, de a
lguma forma, para a realização deste
trabalho; não poderia nominar a todos, mas cada um sabe seu valor que tem comigo.
v
BIOGRAFIA
ROBERTA FIALHO filha de Roberto Vicente Fialho e Maria do Carmo
Silva Fialho, nasceu em Viçosa
-
MG, em 15 de
abril de 1981.
Em 2004, obteve o título de Bacharel em Ciências Econômicas pela
Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Viçosa
-
MG.
Em janeiro de 2005 iniciou o programa de pós
-
graduação, em nível de
mestrado, em Economia Aplicada da UFV, submetendo
-
se
à defesa da dissertação
em 20 de dezembro de 2006.
vi
SUMÁRIO
página
LISTA DE TABELAS
................................
................................
..........................
VIII
LISTA DE FIG
URAS
................................
................................
...............................
X
RESUMO
................................
................................
................................
..................
XI
ABSTRACT
................................
................................
................................
..........
XIII
1. INTRODUÇÃO
................................
................................
................................
......
1
1.1.
O problema e sua importância
................................
................................
...........
3
1.2. Objetivos
................................
................................
................................
..............
8
2.
SUINOCULTURA NO CONT
EXTO
NACIONAL E INTERNACI
ONAL
.
10
2.1. Produção
................................
................................
................................
............
10
2.2. Exportação
................................
................................
................................
.........
16
2.3. Mercado consumidor
................................
................................
.........................
18
2.4. Importação
................................
................................
................................
.........
23
3. METODOLOGIA
................................
................................
................................
.
25
3. 1. Referencial teórico
................................
................................
............................
25
3.1.1. Competitividade e comércio internacional
................................
.....................
25
3.1.2. Teoria da Proteção
................................
................................
..........................
30
3.1.3. Indicadores de Competitividade
................................
................................
.....
32
3.2. Modelo Analítico
................................
................................
...............................
34
3.2.1. Posição no
Comércio Mundial
................................
................................
.......
34
3.2.2. Índice de Rentabilidade
................................
................................
..................
35
vii
3.2.3. Indicadores de Vantagem Comparativa Revelada
................................
..........
37
3.2.4. Estimativas do Modelo da Elasticidade de Substituição
................................
38
3.2.5. Modelo
Constant Market Share
................................
................................
.....
45
3.3. Fonte de Dados
................................
................................
................................
..
50
4. RESULTADOS
................................
................................
................................
....
52
4.1. Posição no Comércio Mundial
................................
................................
..........
52
4.2. Índice de Rentabilidade
................................
................................
.....................
57
4.3. Índice de Vantagem Comparativa Revelada
................................
.....................
60
4.4. Modelo de
elasticidade de substituição
................................
.............................
62
4.5. Constant Market Share (CMS)
................................
................................
..........
65
4.5.1. Período de 1990 a 1993
................................
................................
..................
65
4.5.2. Período de 1994 a 1998
................................
................................
..................
67
4.5.3. Período de 1999 a 2004
................................
................................
..................
68
4.5.4. Período de 1990 a
2004
................................
................................
.................
70
5. RESUMO E CONCLUSÕ
ES
................................
................................
...............
73
REFERÊNCIAS
................................
................................
................................
.......
78
APÊNDICE
................................
................................
................................
..............
83
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Produção brasileira de carne suína de 2002 a 2005, em mil toneladas
(equivalente carcaças)
................................
................................
...............................
15
Tabela 2
Exportações do complexo carne, em 2005
................................
.............
17
Tabela 3
Estados exportadores de carne suína em 2004
................................
.......
18
Tabela 4
Consumo mundial de carne suína (Mil ton
-
em equivalente
-
carcaça)
.
19
Tabela 5
-
Evolução do percentual médio de carne nas carcaças de suínos observado
nos frigorí
ficos de Santa Catarina
................................
................................
............
21
Tabela 6
Índice de rentabilidade das exportações de carne suína, preço de
exportação, custo de produção e produtividade, no período de 1990 a 2004
.........
57
Tabela 7
Indicador de vantagem comparativa revelada para as exportações de
carne suína do Brasil, em relação aos seus principais concorrentes
........................
61
Tabela 8
Resultado do teste de Dickey
-
Fuller Aumentado para as séries anuais de
quantidade exportada de carne suína e preço de exportação, no período de 1990 a
2004
................................
................................
................................
..........................
63
Tabela 9
Esti
mativas de elasticidade de substituição para o mercado internacional
de carne suína, 1990 a 2004
................................
................................
.....................
64
Tabela 10
Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescime
nto das exportações brasileiras de carne suína, em mil US$, 1990 a 1993
66
ix
Tabela 11
Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescimento das exportações brasi
leiras de carne suína, em mil US$, 1994 a 1998
67
Tabela 12
Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescimento das exportações brasileiras de carne suína, em
mil US$, 1999 a 2004.
69
Tabela 13
Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescimento das exportações brasileiras de carne suína, em mil US$, no período de
1990 a 2004
................................
................................
................................
..............
70
x
LISTA DE FIGURAS
página
Figura 1
Evolução das exportações de carne suína, no período de 1990 a 2005.
...
5
Figura 2
Principais exportadores mundiais de carne suína em 2004.
.....................
6
Figura 3
Principais destinos das exportações brasileiras de carne suína em 2005,
em t
oneladas.
................................
................................
................................
..............
7
Figura 4
Principais produtores mundiais de carne suína em 2004.
.......................
11
Figura 5
Evolução da produção brasileira de c
arne suína, em mil toneladas.
.......
13
Figura 6
Número de terminados/porca/ano no período de 1990 a 2004.
..............
14
Figura 7
Consumo
per
capita
carne suína (países selecionados
(kg/habitante/ano), 2004.
................................
................................
..........................
20
Figura 8
Mix da produção destinada ao mercado interno.
................................
....
22
Figura 9
Principais importadores mundiais de carne suína em 2004.
...................
24
Figura 10
Índice de posição no mercado mundial das exportações brasileiras.
....
53
Figura 11
Índice de posição no mercado mundial das exportações brasileiras de
carne suína e de seus principais concorrentes, em valor.
................................
.........
55
Figura 12
Índice de po
sição no mercado mundial das exportações brasileiras de
carne suína e de seus principais concorrentes, em quantidade.
................................
56
Figura 13
Evolução do índice de rentabilidade das exportações brasile
iras de
carne suína no período de 1990 a 2004.
................................
................................
...
58
xi
RESUMO
FIALHO, Roberta, M.Sc; Universidade Federal de Viçosa, dezembro de 2006.
Competitividade das exportações brasileiras de carne suína, no período de
1990 a 2
004
. Orientadora: Sônia Maria Leite Ribeiro do Valle. Co
-
orientadores:
Fátima Marília Andrade de Carvalho e Marília Fernandes Gomes Maciel.
O processo de abertura econômica iniciado na década de 1990 expôs a
suinocultura à competição internacional. Com
isso, este setor iniciou um processo
de reestruturação produtiva no sentido de estimular a modernização, obter ganhos
em competitividade e atender às exigências dos consumidores. A importância do
estudo da competitividade das exportações de carne suína bra
sileira refere
-
se à
crescente participação deste segmento na geração de divisas e emprego. Além disso,
no âmbito internacional, os principais países competidores adotam uma postura de
manter e ampliar suas exportações, o que pode comprometer o desempenho
c
ompetitivo do país. Considerando a crescente importância desse segmento, buscou
-
se nesta pesquisa analisar o comportamento das exportações de carne suína em
relação aos seus principais concorrentes: Canadá, Estados Unidos e União Européia,
no período de 19
90 a 2004. Na análise empírica foram aplicados o modelo de
elasticidade de substituição e o modelo de Constant Market Share, calculando
-
se
ainda o índice de posição no comércio mundial, o índice de vantagem comparativa
revelada e o índice de rentabilidade.
A análise do índice de posição indicou que o
Brasil vem aumentando sua participação no comércio mundial de carne suína em
xii
termos de valor e quantidade, em uma taxa superior à de seus principais
concorrentes. Os resultados do índice de rentabilidade aponta
ram que o país
apresenta competitividade, mas que esta tem diminuído ao longo dos anos, devido à
queda no preço de exportação, sendo, portanto, necessário aumentar a venda de
produtos com maior valor agregado. O índice de vantagem comparativa revelada
evid
enciou que o país passou a apresentar vantagens nas exportações de carne suína,
sendo que este incremento foi superior ao de seus concorrentes. Os valores
estimados para o modelo de elasticidade de substituição indicaram que os países
importadores associam
a carne suína ao seu país de origem, percebendo cada
produto como diferente quanto a sua confiabilidade. Esse indicador mostra também
que as exportações de carne suína brasileira não competem com as exportações dos
Estados Unidos, União Européia e Canadá.
A análise de Constant Market Share
identificou que a competitividade foi fundamental para a expansão da exportação
brasileira de carne suína. De acordo com os resultados, a concorrência entre Brasil e
seus principais concorrentes aumentou, e o incremento
da participação brasileira no
comércio mundial foi proporcionado pelo crescimento da competitividade. Este é
explicado por diversos fatores, como a adoção de novas tecnologias de produção,
que permitiram o aumento da produtividade, disponibilidade de soja
e milho
principal insumo utilizado na ração para suínos e ocorreu melhora do perfil genético
dos suínos. Logo, no período analisado houve aumento da competitividade da carne
suína devido às mudanças pelas quais o setor passou, o que permitiu que as
expo
rtações de carne suína brasileira tornassem fundamentais na geração de divisas
para o país e que o Brasil se tornasse grande competidor no mercado internacional.
xiii
ABSTRACT
FIALHO, Roberta, M.Sc; Universidade Federal de Viçosa, Dec
ember of 2006.
Competitiveness of the Brazilian meat swine’s exports from 1990 to 2004
.
Adviser: Sônia Maria Leite Ribeiro do Valle.
Co
-
Advisers: Fátima Marília
Andrade de Carvalho and Marília Fernandes Gomes Maciel.
The economical process of opening b
egun in the decade of 1990 it exposed
the swine chain the international competition. Therefore, this sector begun a process
of productive restructuring in order to stimulate the modernization, to obtain gain in
competitiveness and to attend the consumers'
demands. The importance of studying
of the exports competitiveness of Brazilian meat of swine refers to expanded
participation of this segment in the generation of currency and employment. In the
international ambit, the majority countries competitors adop
t posture of maintain
and increase their exports, which can harm the Brazilian’s competitiveness.
Considering importance of that segment, this research aimed to analyze the
behavior of the exports of meat swine in relation to Brazilian’s major competitors,
which ones: Canada, The United States and European Union, from 1990 to 2004.
For the empiric analysis, the models of substitution elasticity and the model of
Constant Market Share were applied; and the indicators of position index in the
world trade, the
index of revealed comparative advantage and the profitability index
were calculated. The analysis of the position index indicated that Brazil is
increasing its participation in the world trade of meat swine in terms of value and
xiv
amount, larger than rate to
the one of your major’s competitors. The results of the
profitability index show that the country presents competitiveness, but that this has
been decreasing in the period analyzed, due to the fall in the export price, being,
therefore, necessary to incre
ase the sale of products with larger value. The index of
revealed comparative advantage evidenced that the Brazil started present
advantages in the exports of meat swine, and this increment was larger than your
major’s competitors. The estimated values for
the model of substitution elasticity
show that the importers countries associate the meat of swine origin’s country. This
indicator also shows that the exports of meat Brazilian swine don't compete with the
exports of the United States, European Union and
Canada. The analysis of Constant
Market Share identified that the competitiveness was fundamental for the expansion
of the Brazilian export of meat swine. In agreement with the results the competition
between Brazil and its major’s competitors increased,
and the increment of the
Brazilian participation in the world trade was provided by the growth of the
competitiveness. This is explained by several factors, such as the adoption of new
production technologies that allowed the increasing of the productivity
, soy and
corn available
-
main input used in the ration for swine, improvement the genetic
profile of the swine. Therefore, in the analyzed period the competitiveness of the
meat swine increase of due to the changes for the which allowed the Brazilians
ex
ports of meat swine become fundamental in the generation of currency to the
country and that Brazil became great competitor in the world trade.
1
1. INTRODUÇÃO
Na década de 1990, a abertura econômica e a política de estabilização de
pre
ços a partir de 1994, com a introdução do Plano Real, promoveram mudanças
nas cadeias produtivas. Dentro desse contexto, a suinocultura brasileira vem
introduzindo significativas mudanças no campo técnico e em sua forma de
estruturação, com vistas a aument
ar a produtividade e diminuir custos de produção.
Ocorre acelerada modernização desse segmento com a utilização de modernas
tecnologias de produção, diversificação dos produtos, ampliação dos mercados e
tentativas de agregar valores na agropecuária, qualid
ade da carne. Segundo Fávero
(2003), com maior integração dos mercados o setor de produção tem sido forçado a
enquadrar
-
se na obtenção de produtos que atendam às exigências, anseios e
especificações de um consumidor que pode estar localizado a poucos quilô
metros
da área de produção ou em outro país qualquer.
Estas mudanças ocorridas no setor suinícola têm propiciado o aumento nas
exportações consequentemente tem
-
se o aumento da importância deste setor, tanto
no contexto doméstico quanto internacional. No m
ercado doméstico, essa indústria
é importante na geração de renda e emprego. No contexto internacional, a
representatividade do produto brasileiro aumentou de forma expressiva nos últimos
anos. Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor e exportador de
carne suína.
2
Apesar de ter aumentado sua participação no mercado internacional, as
exportações foram prejudicadas pela ocorrência de crises sanitárias no setor de
carnes. O surgimento de algumas doenças, como a Encefalopatia Espongiforme
Bovina ou (BSE
)
1
, nos Estados Unidos (EUA), a gripe aviária no sudeste asiático e
a febre aftosa, alteraram as exigências do consumidor, que, segundo Fávero (2003),
passou a se preocupar com as questões relativas à segurança do alimento (ausência
de resíduos físicos, qu
ímicos e biológicos). Além de tornar os consumidores mais
exigentes, os problemas de ordem sanitária trazem impactos significativos para os
exportadores, criam barreiras à importação nos mercados consumidores, oneram os
gastos públicos e privados ao exigir
em investimentos necessários à sua prevenção,
controle e erradicação. A segurança sanitária, além de adquirir maior importância na
percepção dos consumidores, tem efeitos imediatos e graves na ordem econômica.
As conseqüências da contaminação de alimentos
e de produtos agrícolas podem ser
devastadoras para as economias, fenômeno comprovado pelo gasto de cerca de US$
6 bilhões pelo Reino Unido para enfrentar e administrar os problemas decorrentes
da doença BSE (NAÇÕES UNIDAS, FAO, 2003) e pela perda de credi
bilidade que
tiveram os países asiáticos no comércio internacional de carne de frango, cujas
exportações foram substituídas pela dos países concorrentes, resultando no abate de
mais de 20 milhões de aves na Ásia, com sérios prejuízos aos avicultores e à
ec
onomia da região.
Em período mais recente ocorreu a crise de origem sanitária no setor de
carnes, devido ao surgimento da gripe do frango (
Influenza aviária
), originária dos
países asiáticos e que começou a se proliferar nos Estados Unidos e norte da
Eu
ropa. Com isso, os consumidores passaram a substituir a carne de frango por
outras fontes de origem animal.
Em 2005, o registro de febre aftosa em rebanhos bovinos nos Estados do
Amazonas, Mato Grosso do Sul e Paraná resultou no embargo de vários países à
s
carnes brasileiras, afetando negativamente o desempenho da suinocultura nacional.
Mesmo não estando diretamente relacionado aos rebanhos de suínos, a presença
dessa doença em outros animais atingiu a credibilidade do Brasil, provocando
1
Doença conhecida como “mal da vaca louca”.
3
insegurança aos co
mpradores internacionais. A restrição de maior impacto foi o
embargo da Rússia, maior compradora da nossa carne suína. Embora o embargo
tenha trazido problemas para o escoamento das exportações e afetado o mercado
interno, o impacto de tais medidas não pre
judicou o desempenho das exportações,
que obteve recorde em 2005, tanto em volume quanto em receita. Isso foi
possível porque o país conseguiu diversificar suas vendas de cortes e produtos com
maior valor agregado no mercado internacional, por ter ampli
ado suas vendas em
outros mercados, além de ter sido beneficiado pelo deslocamento do consumo de
carne de aves para a carne suína (decorrentes da gripe aviária).
Além da questão sanitária a crescente preocupação com a ingestão de
gorduras aliada a cresce
nte participação da mulher no mercado de trabalho, alterou
a percepção dos consumidores sobre qualidade dos alimentos. Segundo Silva Júnior
(2000), existe uma demanda crescente dos grandes centros importadores por carnes
saudáveis, de preparo rápido, com a
lto valor agregado e padronizado, bem como a
exigência de que o seu processo produtivo não leve a degradações ambientais.
Somam
-
se a essas exigências a preocupação com o bem
-
estar animal, a qualidade
das dietas e os ingredientes nelas contidos. Com isso, c
riou
-
se uma nova barreira ao
produto, ou seja, a exigência de qualidade.
Diante da crescente exigência dos mercados consumidores, as cadeias
industriais suinícolas tiveram que passar por mudanças para atender a essas
exigências e aumentar a competitivida
de da carne suína, pois, com a abertura
econômica, a competição tem ocorrido em nível mundial.
Como as exportações têm sido durante anos, importantes para promover o
crescimento econômico através da geração de divisas e por estimular a expansão de
setore
s direta e indiretamente ligados ao comércio internacional são importantes
estudos que analisem a competitividade das cadeias exportadoras.
1.1.
O problema e sua importância
As exportações agrícolas desempenham papel fundamental no processo de
ajustamento d
as contas externas da economia nacional. Dentre os produtos
4
agrícolas, a carne suína é um dos que, ao longo dos últimos anos, têm aumentado
sua participação na pauta de exportáveis. Assim, o aumento da competitividade
desse segmento é de grande relevância
para o desenvolvimento econômico e social
brasileiro.
A competitividade das cadeias produtivas agroindustriais é influenciada por
diversos fatores, como: preço, taxa de câmbio, custos, produtividade e rentabilidade,
entre outros. Alguns desses fatores po
dem ser alterados pelos agentes nela
envolvidos, enquanto outros estão fora do seu controle, como os fatores
macroeconômicos. Portanto, torna
-
se fundamental tornar as ações dos agentes
envolvidos na tomada de decisão mais eficientes, de modo que a competit
ividade
possa ser aumentada.
As ações dos agentes devem levar em consideração as transformações que
vêm ocorrendo no cenário internacional, devido à maior integração dos mercados,
pois estas têm ampliado as possibilidades de comércio, mas também tem ampli
ado a
concorrência entre os países. A maior abertura ao comércio permite aos
consumidores maior possibilidade de escolhas e, aos produtores, amplia o mercado
para seus produtos. Com isso, os países buscam produzir com maior eficiência,
desenvolvendo produt
os que atendam às necessidades e desejos de consumidores
que podem estar fora de seu país.
Com a ampliação da concorrência surgiram grandes desafios para as cadeias
agroindustriais, no que se refere à manutenção de suas posições de mercado. A
cadeia bras
ileira produtiva de suínos es inserida nessa nova realidade,
apresentando
-
se sensível às mudanças que influenciam a competitividade
internacional, buscando novos mercados e tentando conquistar a confiança do
consumidor moderno. Logo, para que a carne suí
na seja competitiva no mercado
doméstico e internacional de proteína animal, ela deve demonstrar atributos de
segurança, qualidade, conveniência, garantia da saúde e preço.
No contexto nacional, segundo Gomes (1992), a cadeia industrial de suínos é
de gran
de relevância não apenas pelo grande contingente de produtores envolvidos
na atividade, em sua maioria pequenos proprietários (81,7% dos suínos são criados
em propriedades de até 100 ha, e a grande maioria possui menos de 100 matrizes),
5
mas, principalmente
, pelo volume de empregos diretos e indiretos gerados pela
cadeia (mais de 2,5 milhões somente nas Regiões Sul e Sudeste), o que provoca
efeitos multiplicadores de renda e emprego em todos os setores da economia.
Em relação ao contexto internacional, as e
xportações de carne suína
aumentaram significativamente nos últimos cinco anos, principalmente entre 2000 e
2005. Na Figura 1, pode
-
se observar a evolução das exportações da carne suína no
período de 1990 a 2005.
Fonte: FAO
Elaborado pela autora.
Figura
1
Evolução das exportações de carne suína, no período de 1990 a 2005.
Em 2005, as exportações da suinocultura apresentaram recorde histórico em
volume e receita, atingindo a marca de US$ 1,123 bilhão e 579 mil toneladas,
respec
tivamente. No período de 1990 a 2005 houve crescimento das receitas a uma
taxa anual média de 25,47% . Em termos de quantidade, verificou
-
se que, em 1990,
o país exportou 12,468 mil toneladas de carne suína e em 2005, 579 mil toneladas,
um crescimento de
28,85% a.a.
No período de 1999 a 2005, o Brasil apresentou um significativo aumento
das receitas, cerca de 25,36%, com a exportações de carne suína. De acordo com
Silva (2003), a desvalorização do real diante do dólar norte
-
americano aumentou a
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
Valor (dólares)
Quantidade (toneladas)
6
competitiv
idade da carne suína brasileira no mercado internacional. No entanto, esta
desvalorização acarretou aumento dos custos, pois encareceu os insumos
importados e estimulou a exportação do milho, principal componente da ração e o
de maior peso no custo da prod
ução de suínos.
Em relação à produção de carne suína, o Brasil produziu 2,8 milhões de
toneladas em 2005. As vendas no mercado externo obtiveram recorde histórico,
somando 1,123 bilhão de dólares. Segundo dados da Associação Brasileira da
Indústria Produt
ora e Exportadora de Carne Suína (ABIPECS), em 2004 as
exportações brasileiras de carne suína representaram 12% do comércio internacional
dessa carne, enquanto os demais competidores tiveram a seguinte participação,
com: União Européia (30%), Canadá (23%),
Estados Unidos (22%) e China (8%),
como pode ser visto na Figura 2.
Estados Unidos
22%
Canadá
23%
União Européia
30%
China
8%
Brasil
12%
Outros
5%
Fonte: ABIPECS
Elaborado pela autora
Figura
2
Principais exportadores mundiais de carne suína em 2004.
Embora haja constatações da tendência de crescimento
das exportações
brasileiras de carne suína, o Brasil enfrenta restrições, de ordem sanitária, que
impendem a entrada de produtos brasileiros na União Européia. Além disso,
acrescenta
-
se a essas barreiras o fato de a ssia ter suspendido as importações do
produto oriundo do Estado de Santa Catarina
2
em 2002, devido à ocorrência da
doença de Aujeszky
3
e ao estabelecimento de cotas de importação
4
. Para compensar
2
O Acordo Bilateral assinado entre Brasil e Rússia estipula que, em caso de febre aftosa em um estado, este
permaneceria por dois anos sem poder destinar carnes ao mercado russo, e os estados circunvizinhos ficariam
bloqueados por um ano.
3
É uma doença in
fecciosa exclusiva de animais e que impõe limitações ao comércio de animais vivos ou
material genético, no entanto não exclui o intercâmbio de carnes para o consumo humano.
7
a redução das vendas para o mercado Russo, o Brasil aumentou os embarques para
os demais países i
mportadores, como forma de diminuir a dependência daquele
mercado. Essa medida permitiu diminuir a participação total das exportações russas
de 68%, em 2004, para 64% no ano de 2005.
Os principais mercados importadores da carne suína brasileira, em 2005,
foram Rússia (64%), Hong Kog (10%), Ucrânia (4%), África do Sul, (3%)
Cingapura (3%), Argentina (3%) e Uruguai (1%) . Na Figura 3 são apresentados os
principais importadores da carne suína brasileira.
Hong Kong
10%
Outros
12%
Rússia
64%
Uruguai
1%
África do Sul
3%
Argentina
3%
Cingapura
3%
Ucrânia
4%
Fonte: ABIPECS
elaborado pela autora
Figura
3
Principais destinos das exportações brasileiras de carne suína em 2005,
em toneladas.
Pode
-
se observar que o mercado importador se encontra extremamente
concentrado, pois no ano de 2004 esses países foram responsáveis pela compra d
e
80% do volume exportado pelo Brasil. Essa concentração aumenta a
vulnerabilidade das exportações no mercado mundial e, conseqüentemente, os
riscos em toda a cadeia produtiva. Estes, por sua vez, podem ser reduzidos com uma
diversificação de mercados comp
radores. Para tanto, entre outras variáveis, é
necessário que a cadeia produtiva brasileira se encontre capacitada a atender aos
atributos valorizados pelos mercados mais exigentes, especialmente aqueles
relacionados à segurança alimentar.
4
No início de 2003, passou a vigorar um sistema de cota global, imposto pelo gov
erno russo, limitando as
importações de carne suína a 337,5 mil toneladas anuais.
8
O Brasil não co
nsegue exportar para os principais mercados mundiais de
carne suína, que são: Japão, Coréia, Estados Unidos, México, Cana e países da
Europa. Isso ocorre devido à existência de barreiras comerciais, incluindo as
sanitárias relacionadas à febre aftosa.
N
o Japão, principal importador mundial, a tarifa
ad valorem
para a carne
suína é de 309,5%. Além disso, os japoneses também dificultam a entrada por
motivos sanitários. Os principais fornecedores do mercado japonês são Dinamarca,
Estados Unidos e Canadá, qu
e possuem uma participação conjunta de mais de 82%
do mercado de carne suína. Logo, para que o Brasil exporte para esse país, ele deve
realizar mudanças no sentido de atender às exigências sanitárias e firmar acordos
para que as restrições tarifárias possa
m ser diminuídas.
A febre aftosa é atualmente a principal barreira enfrentada no comércio
internacional pelo segmento exportador de carne suína. Apesar de os rebanhos
suínos o terem apresentado essa doença e sim os bovinos, o Brasil enfrenta
barreiras
no mercado internacional, isso porque a Organização Internacional de
Saúde Animal não faz diferenciação de espécies, mas avalia a doença, não
considerando que o risco em suínos é menor que em bovinos.
Considerando que as exportações de carne suína m ap
resentado
crescimento nos últimos anos e que este segmento tem enfrentado barreiras
comerciais impostas por diversos países e ainda que a pressão competitiva tem sido
crescente nesse mercado, torna
-
se relevante um estudo que analise a
competitividade das e
xportações brasileiras, comparativamente aos seus principais
concorrentes (Estados Unidos, União Européia e Canadá). Os resultados originários
deste estudo subsidiarão instituições privadas e governamentais no seu processo de
tomada de decisão
1.2. Objet
ivos
O objetivo geral deste trabalho foi analisar a competitividade das exportações
brasileiras de carne suína em relação aos principais concorrentes no mercado
internacional, no período de 1990 a 2004.
9
Especificamente, pretenderam
-
se:
a)
Determinar a part
icipação da exportação de carne suína no saldo comercial
brasileiro.
b)
Analisar as mudanças ocorridas no índice de rentabilidade e de vantagem
comparativa revelada das exportações de carne suína.
c)
Analisar a existência de competividade da carne suína brasilei
ra por país de
origem.
d)
Analisar o desempenho das exportações de carne suína brasileira, avaliando
-
se o efeito do comércio mundial, o efeito destino das exportações e o efeito
competitividade, em fase anterior e posterior ao Plano Real.
10
2.
SUINOCULT
URA NO CONTEXTO NACIONAL E INTERNACIONAL
Neste capítulo são apresentados os principais aspectos da suinocultura
mundial e brasileira, cujo conhecimento é importante para o entendimento da
evolução das exportações brasileiras de carne suína e de seus pr
incipais
concorrentes.
2.1. Produção
No cenário mundial, mais da metade da carne suína é produzida na China,
que, apesar de ser grande consumidora de carne suína, não configura entre os
maiores consumidores “per capita”. Apesar de ser grande produtor d
e carne suína ,
seu nível de exportação é quase nulo, pois o mesmo centra
-
se em atender às
exigências de consumo do próprio mercado interno. Segundo Roppa (2002), a
suinocultura chinesa é pouco tecnificada, com apenas 20% dos suínos criados em
base tecnif
icada, enquanto os 80% restantes são constituídos por raças nativas
criadas em regime familiar.
Com relação à produção dos demais países, têm
-
se a União Européia, os
Estados Unidos e o Brasil (GIROTTO; MIELE, 2006).
11
Na Figura 4 são apresentados os princip
ais produtores mundiais de carne
suína.
União Européia
23%
Estados Unidos
10%
Rússia
2%
Outros
8%
Brasil
3%
China
52%
Canadá
2%
Fonte: ABIPECS
Elaborado pela autora
Figura
4
Principais produtores mundiais de carne suína em 2004.
Os Estados Unidos são responsáveis por 10% da produção mundial de carne
suína.
Segundo Associação dos Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (2005),
esse país possui condições para aumentar sua produção, pois é um importante
produtor mundial de milho e soja, dispõe de água e áreas de plantio. Além disso,
possui um baixo custo de pr
odução (US$ 0,77 por quilo vivo, nas grandes
empresas) e possibilidades concretas para ser um dos maiores exportadores
mundiais. Umas de suas características é a concentração da produção, em que
pequenos produtores têm deixado a atividade e os mega projet
os têm aumentado sua
participação. Um dos problemas decorrentes dessa concentração é que as
megagranjas produzem grandes quantidades de dejetos, e por isso alguns estados
americanos proíbem a implantação de novos megaprojetos, com a finalidade de
preser
var seu meio ambiente e as suas fontes de água.
Em relação à suinocultura brasileira, sua produção representa 3% da
produção mundial. Esse setor passou por transformações no setor produtivo ao
longo das décadas de 1970 e 1980. No início desse período, gran
de impulso foi
dado pelo governo, por meio do crédito subsidiado, financiamento a juros baixos e
outras políticas de produção e processamento. Associado a essas políticas,
destacam
-
se as importações de pacotes tecnológicos (genética, manejo, alimentação
12
et
c.) de países desenvolvidos. Essas transformações puderam ser evidenciadas na
transformação do suíno tipo banha para o suíno tipo carne (SIMÕES, 2003).
Em meados da década de 1980, a suinocultura experimentou um período de
preços bastante favorável, em v
irtude do Plano Cruzado, que propiciou aumento na
demanda de carne suína, entretanto a oferta foi insuficiente para atendê
-
la. Para
suprir esse déficit, importou
-
se essa carne, o que fez que ocorresse redução nos
preços. Essa queda de preço obrigou os prod
utores a descartarem matrizes,
aumentando ainda mais a oferta e contribuindo para que os preços continuassem em
declínio (GOMES et al., 1992).
Na década de 1990, após a implantação do Plano Real e com a conseqüente
redução da inflação, o setor suinícola a
presentou pequeno aquecimento, mas,
segundo Rosado et al. (2002), o aumento da produção não foi acompanhado,
proporcionalmente, pelo incremento da demanda, o que provocou uma crise
momentânea no setor, a qual abrangeu todos os agentes. Essa crise foi aprof
undada
pelas repentinas altas, tanto no mercado interno quanto no mercado mundial, dos
preços dos principais insumos utilizados na suinocultura.
Em período mais recente, a produção de suínos no Brasil, depois da crise de
2002 e 2003, que implicou descarte
de matrizes, voltou a crescer em 2005. Estima
-
se que o abate tenha aumentado cerca de 3% com relação a 2004. Em 2005, chegou
-
se a cerca de 34,1 milhões de cabeças
em 2004 foram abatidas 32,9 milhões de
cabeças. Considerando as regiões, o Sul teve o maio
r volume dos animais abatidos,
56,19%. Na Região Centro
-
Oeste, observou
-
se um crescimento na participação dos
abates nacionais de 14,98%, chegando a valores próximos ao da Região Sudeste nos
últimos anos, que representam 18,32% do total (GIRROTO; MIELE, 20
06). A
e
volução da produção brasileira de carne suína pode ser visualizada na Figura 5.
13
-
500
1,000
1,500
2,000
2,500
3,000
miltoneladas
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Fonte: ABIPECS
Elaborado pela autora
Figura
5
Evolução da produção brasileira de carne suína, em mil toneladas.
Segundo Figueiredo (20
05), a auto
-
suficiência na produção de milho e soja,
para a alimentação das espécies monogástricas (aves e suínos) e para a exportação,
tem sido a grande responsável pelo aumento do volume produzido. A suinocultura
brasileira tem apresentado mudanças que p
odem ter significado importante sob as
perspectivas de crescimento da produção no país e de abertura de novos mercados.
Um fator importante foi a evolução da produtividade medida em
terminados/porca/ano; em 1990, o mero de animais terminados por matriz,
que
era de 14,20, aumentou para 20 em 2005, o que representa 40,84%.
A produtividade aumentou, passando de 14 terminados/porca/ano em 1990
para 20 terminados/porca/ano em 2004. O incremento na produtividade está
relacionado à importação de novas tecnolog
ias de produção e avanços obtidos no
setor de nutrição, que tem conseguido conhecer melhor as exigências nutricionais
dos suínos. A Figura 6 apresenta a evolução da produtividade da suinocultura
industrial, no período de 1990 a 2004, medida pelo número de
terminados/porca/ano.
Em relação às regiões produtoras, a Região Sul do Brasil detém 57,5% da
produção de carne suína. Nessa região predominam o sistema de integração e o
forte parque industrial das agroindústrias. na Região Sudoeste predomina o
suino
cultor independente.
14
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Fonte: Sadia e Embrapa
Figura
6
Número de terminados/porca/ano no período de 1990 a 2004.
A produção de suínos ocorre principalmente nas Regiões Sul e Sudeste.
Segundo Embrapa (2003), embora ainda sem g
randes reflexos na participação no
rebanho nacional, observou
-
se que, nos últimos anos, a Região Centro
-
Oeste,
especialmente os Estados de Mato Grosso e Goiás, vem apresentando alguma
expansão através de investimentos de empresas nacionais e multinacionais
. Esse
processo, no entanto, não caracteriza migração ou, mesmo, redução da atividade na
Região Sul. Os dados de desempenho da suinocultura nacional mostram que em
1990 a Região Sul participava com 45,07% do abate total de suínos no Brasil e, em
2001, sua
participação cresceu para 53,74%.
O principal estado em produção de suínos, em 2004, foi Santa Catarina, que
mantém 18,5% do efetivo nacional, seguido de Paraná com 13,4% e Rio Grande do
Sul 12,4%. Com isso, o plantel nacional de suínos chegou a 34 milhões
de
exemplares. Santa Catarina, com 6.309.041 suínos, Paraná com 4.547.895, Rio
Grande do Sul com 4.233.791, Minas Gerais com 3.792.958 e Bahia, com
1.993.461 o os maiores produtores da suinocultura brasileira (ASEMG, 2006). Os
dados da produção estadual
de carne suína em toneladas podem ser visualizados na
Tabela 1.
15
Tabela
1
Produção brasileira de carne suína de 2002 a 2005, em mil toneladas
(equivalente carcaças)
Estados
2002
2003
2004
2005
%
Rio Grande do Sul
461,74
446,7
6
431,04
459,08
16,95
Santa Catarina
687,92
640,63
630,20
658,38
24,31
Paraná
497,28
461,28
427,96
441,19
16,29
São Paulo
206,35
196,15
190,73
190,99
7,05
Minas Gerais
318,05
263,81
252,51
284,15
10,49
Mato Grosso do Sul
90,02
94,40
93,14
93,58
3,46
Mato Grosso
130,94
134,13
134,31
145,85
5,39
Goiás
118,56
129,95
135,96
152,70
5,64
Outros
316,18
329,49
324,10
281,98
10,41
Brasil
2827,00
2696,60
2620,00
2707,90
100,00
Fonte: Abipecs.
Segundo Fernandes (2005), o Estado de Minas Gerais caracteriza
-
se por
produções de ciclo completo, ou seja, por suas granjas serem formadas por cerca de
70% por produtores independentes. A atividade suinícola mineira ocupa a quarta
posição no PIB mineiro com relação aos produtos pecuários, além de gerar 15 mil
emprego
s diretos e 40 mil indiretos.
A produção de suínos enfrenta, atualmente, problemas relacionados à
preocupação com o meio ambiente. Segundo Fávero (2003), em relação às questões
ambientais, as exigências estão focadas numa produção de suínos que não provoc
a
nenhuma agressão ao ambiente
5
, mantendo
-
o o mais natural possível. Além disso,
fazem parte dessa questão o respeito à legislação ambiental, que determina, dentre
outras exigências, o atendimento de distâncias mínimas de nascentes de água,
açudes, rios, c
órregos, estradas, divisas etc; e que todos os dejetos, rejeitos animais,
resíduos e outros materiais poluentes sejam adequadamente tratados e destinados.
5
Segundo OCDE, os principais problemas ambientais associados à produção suína m a ver com a
poluição atmosférica e aquática. A poluição do ar resulta da eliminação inapro
priada do estrume de suíno. Os
nutrimentos do estrume, principalmente o nitrogênio e o fósforo, são componentes significativos na poluição,
pela agricultura, das águas de superfície, águas subterrâneas e águas marítimas, prejudicando os ecossistemas
os
corpos aquáticos também podem ser afetados pelos efluentes orgânicos e patógenos contidos no
estrume.
16
2.2. Exportação
Os principais exportadores mundiais de carne suína são os Estados Unidos a
União
Européia, Brasil e Canadá, que juntos são responsáveis mais de 85% das
exportações mundiais de carne suína.
Segundo Roppa (2006), apenas 13% da produção total de carne suína é
destinada ao mercado externo, sendo o Japão, México e Canadá os principais
de
mandantes. No entanto, o consumo interno de carne suína neste país é estável
desde 1955; logo, todo o aumento de produção neste país é função do aumento das
exportações. A suinocultura dos Estados Unidos, caracterizada por grandes
empresas que adotam alta
tecnologia e possui em grandes capitais para
investimento, no entanto esse país enfrenta sérios problemas com a regulamentação
ambiental, com ameaças legislativas em relação ao bem
-
estar dos animais e ao alto
custo da mão
-
de
-
obra.
Em relação às exportaç
ões canadenses, mais de 50% são importadas pelos
Estados Unidos da América. O Canadá investe em propagandas nos mercados
consumidores japoneses, e suas exportações são, em sua maioria, de cortes prontos,
congelados e resfriados. o Brasil tem exportado c
arcaça de baixo valor para ser
industrializado na Rússia.
Com relação as exportações do complexo carne brasileiro, em 2005, somou
US$ 7.178. 503 bilhões, sendo a participação da carne de frango de 46,31%, carne
de boi de 34,70%, de suínos de 15,65% e de p
eru de 3,34%. Em relação ao volume
exportado, a participação da carne de frango foi de 59,21%, de boi de 23,27% e a
carne suína representou 12,42% e a de peru, 2,40% de todo o volume exportado.
O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina em qua
ntidade e
valor e é o líder em participação mundial, em relação à carne de frango, em termos
de quantidade e receita. em relação à carne suína é o quarto maior produtor e
exportador mundial em quantidade e receita. Essa cadeia produtiva tem apresentado
um dos melhores desempenhos econômicos no mercado internacional, com
aumento expressivo da produção e do volume exportado. As exportações de carne
17
suína aumentaram significativamente nos últimos cinco anos, principalmente entre
2000 e 2005. A Tabela 2 apre
senta as exportações do complexo carne em 2005.
Tabela
2
Exportações do complexo carne, em 2005
Receita em
%
Volume
%
(US$ mil)
(ton)
Frango
3.324.209
46,31
2.761.966
59,21
Boi
2.419.103
33,70
1.085
.590
23,27
Suína
1.123.151
15,65
579.413
12,42
Peru
168.251
2,34
111.837
2,40
outras
143.790
2,00
125.675
2,69
Total
7.178.503
100,00
4.664.481
100,00
Fonte: ABIPECS/APEF/SECEX/ALICE.
O principal desti
no das exportações da carne suína brasileira é o mercado
interno (80%). Os outros 20% da produção total são exportados, sendo a Rússia o
principal destino. Apesar de o mercado interno ser o destino principal da produção,
as exportações não devem ser despr
ezadas, pois, segundo Braun (2003), o consumo
de carnes tem crescido em todo o mundo, e as fronteiras agrícolas da maioria dos
grandes produtores estão esgotando devido à limitação de suas áreas para a
expansão da atividade agropecuária (produção de grãos
) ou, ainda, pela falta de
áreas aptas a receber o descarte dos dejetos produzidos na suinocultura.
De acordo com Quevedo (2006), esse incremento nas exportações de carne
suína deveu
-
se à estratégia de aumento na participação do segmento de cortes
suínos n
as vendas para o exterior, ou seja, produtos com maior valor agregado,
passando a receber mais pelo produto. Aliado a esse fato, têm
-
se o abastecimento
regular e a estabilidade de preços dos grãos em 2004, o que fez que os custos de
produção ficassem estáv
eis (ANTUNES, 2006).
Os principais estados produtores e exportadores de carne suína no Brasil são
Santa Catarina, Rio grande do Sul e Paraná, que juntos exportaram mais de 80% do
total de carne suína exportada pelo Brasil em 2004. Os principais estados
ex
portadores de carne suína brasileira são listadas na Tabela 3.
18
Tabela
3
Estados exportadores de carne suína em 2004
Estados
Toneladas
Participação (%)
Santa Catarina
231.889.784
45,68
Rio Grande do Sul
126.961.056
25,01
Par
aná
64.913.693
12,79
Minas Gerais
33.075.932
6,51
Mato Grosso do Sul
28.023.491
5,52
Goiás
18.819.977
3,71
Mato Grosso
1.982.969
0,39
São Paulo
1.962.144
0,39
Outros
64.886
0,01
Total
507.693.932
100,00
Fonte: ABIPEC S.
Santa Catarina destaca
-
se como maior produtor e exportador brasileiro de
carne suína. Segundo Marques (2006), esse estado possui um parque industrial
instalado e habilitado a exportar 500 mil toneladas de carne por ano. No entanto, o
estado sofre restrições às suas exportaçõe
s para a Rússia; o mercado russo foi
responsável pela compra de quase 70% da quantidade total exportada de carne suína
em 2005, mas em 2002 as compras russas foram de 80% do montante embarcado.
Segundo Marques (2006), como a carne suína não pode ir para R
ússia ela tem que
ser distribuída no mercado interno e embarcada a outros destino, porém nenhum
tem capacidade de absorver o excedente russo, e os preços praticados por outros
mercados são bem menores em comparação com os valores acordados com aquele
país.
De acordo com dados da Abipecs (2006), enquanto os russo pagam em média
US$ 2.200 por tonelada, a carne suína catarinense é comercializada em diversos
mercados à media de US$ 1.300.
2.3. Mercado consumidor
A carne suína é a mais consumida no mundo.
Segundo dados do
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), ela representa 44% do
consumo global, contra 29% da bovina e 23% da de aves, no ano de 2004. No
Brasil, no entanto, seu consumo é baixo, representando 15% do consumo de carnes,
enquant
o o de bovinos é de 52% e de aves, 34%, em 2004. Segundo dados da
19
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o consumo
de carne suína vem aumentando significativamente nos últimos 10 anos. Nesse
período houve crescimento de 28,4% n
o consumo dessa carne, passando de 78,534
milhões de toneladas em 1995 para 100,97 milhões em 2004. Dentro desse intervalo
de tempo, a população humana cresceu 1,45%, passando de 6,256 para 6,346
bilhões de pessoas. Esse incremento na consumo de carne suín
a pode ser explicado
pelo crescimento do consumo da China, o maior mercado do mundo, que somou
46,928 milhões de toneladas em 2004.
Segundo Fávero (2003), as peculiaridades da carne suína em termos
nutricionais colocam
-
na em destaque entres as proteínas d
e origem animal. Possui
alta densidade de nutrientes, ou seja, um alto nível de nutrientes para o nível de
calorias, o que a torna excelente para uma dieta balanceada. Além disso, a carne de
suíno produzida com qualidade apresenta baixo conteúdo de caloria
s e de ácidos
graxos saturados, bem como nível de colesterol equivalente aos de outras carnes.
Os principais consumidores mundiais de carne suína são listados na Tabela 4.
Tabela
4
Consumo mundial de carne suína (
Mil ton
-
em e
quivalente
-
carcaça)
País
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005*
China
38,66
38,84
40,34
41,75
43,15
44,99
46,782
48,14
União Européia¹
16,5
16,8
17,26
16,8
16,89
17,06
20,466
20,466
Estados Unidos
8,355
8,714
8,457
8,464
8,758
8,893
8,916
8,794
CIS
(12)
3,449
3,226
3,059
3,098
3,433
3,524
3,423
3,475
Japão
2,075
2,115
2,109
2,148
2,27
2,283
2,5
2,457
Brasil
2,296
2,294
2,426
2,366
2,287
2,515
2,392
2,465
Polônia²
1,936
1,913
1,87
1,802
1,985
2,084
2,051
2,06
Vietnã
1,222
1,311
1,397
1,488
1,642
1
,785
2,002
2,188
Filipinas
953
1,014
1,045
1,097
1,371
1,38
1,421
1,375
Canadá
1,051
1,136
1,116
1,154
1,172
1,097
1,157
1,117
Outros
11,72
11,85
11,74
12,03
12,5
12,97
9,828
10,076
Total
88,22
89,21
90,82
92,19
95,46
98,58
100,94
102.61
Fonte: FAO/AB
IPECS.
* estimado.
1
até 2003, 15 membros; a partir de 2004, 25 membros.
2
a partir de 2004, incluído na União Européia.
Segundo Girotto (2005), os principais consumidores mundiais de
carne suína são os países onde a população tem tradição de consumir d
erivados de
20
suínos e cujos mercados apresentam grande variedade e qualidade do produto
ofertado, além de possuírem distribuição de renda mais equilibrada do que a
brasileira.
A China é o maior consumidor mundial de carne suína, no entanto não se
apresenta
entre os maiores consumidores “per capita” (Figura 7). O consumo nesse
país é alto devido ao grande contingente de pessoas. O Brasil é o sexto maior
mercado mundial de carne suína, tendo consumindo 2,392 mil toneladas em 2004. É
o principal produtor da Am
érica do Sul, participando com 68%, seguido do Chile
com 10%, do Equador e da Argentina com quase 4% cada. Venezuela com 3% e os
demais países sul
-
americanos representam 11% do total.
Apesar do significativo aumento no consumo de carne suína no mundo, no B
rasil
esse consumo é relativamente mais baixo, cerca de 12,2 pessoas/kg/ano. Na Figura
7, apresentam
-
se as estatísticas do consumo mundial
per capita
de carne suína, em
2004.
76
63
58
58
58
12
D
i
n
a
m
a
r
c
a
E
s
p
a
n
h
a
R
e
p
.
T
c
h
e
c
a
Á
u
s
t
r
i
a
A
l
e
m
a
n
h
a
B
r
a
s
i
l
Figura
7
Consumo
per
capita
carne suína (países
selecionados
(kg/habitante/ano), 2004.
O baixo consumo brasileiro de carne suína pode ser explicado pelos
hábitos alimentares e culturais (por exemplo, a crescente preocupação com a relação
entre a ingestão de gorduras e problemas coronários), preconce
ito, além de altos
preços praticados pelo mercado varejista. O preconceito acerca do consumo de
carne suína deve
-
se ao não conhecimento dos avanços obtidos neste setor e na
melhoria do perfil dos suínos.
21
Os suínos do passado traziam a idéia de sujeira, a
imagem de carne cheia de
gordura, mas, atualmente o avanço da genética aliado aos estudos sobre nutrição e
sanidade transformaram. A evolução do percentual de carne magra em suínos do
principal estado produtor e exportador de carne suína pode ser visualiza
da na
Tabela 5.
Tabela
5
-
Evolução do percentual médio de carne nas carcaças de suínos observado
nos frigoríficos de Santa Catarina
Ano
Percentagem de carne magra
Década 80
46,0
-
48,0
1990
-
95
49,0
-
50,0
1996
50,0
-
52,5
199
7
51,5
-
54,5
1998
52,0
-
56,0
1999
52,5
-
56,5
2000
53,0
-
57,0
Fonte: Fávero & Bellaver, 2001
Os animais ficaram com menos gordura, menos colesterol, diminuiu as
calorias e aumentaram a carne magra em mais de 20%.
Na década de 80 o percentual de ca
rne magra, ou seja, com carne com menos
gordura intramuscular, era cerca de 23% menor que a percentagem no ao de 2000.
Este aumento de carne magra pode ser explicado pelos avanços no melhoramento
genético de suínos associados à boa nutrição dos animais.
Segundo Tonietti (2006) a carne suína atualmente disponível aos
consumidores é um alimento equilibrado em sua composição e rico em vitaminas e
minerais. É um alimento nutritivo, saudável, saboroso além de ser macia. E também
destacada por ser indicada para
pessoas que possuem problemas de hipertensão
arterial
6
.
Segundo Fávero (2003), as peculiaridades da carne suína em termos
nutricionais colocam
-
na em destaque entres as proteínas de origem animal. Possui
alta densidade de nutrientes, ou seja, um alto nív
el de nutrientes para o vel de
6
A hipertensão arterial é causada pela ingestão de alimentos com alto teor de sódio, o que acarreta aumento
na quantidade de água nos líquidos extrac
elulares (sangue e tecidos entre as células) conseqüentemente
ocorre aumento da pressão arterial. Segundo Tonieti (2006), a carne suína é destacada pelo seu conteúdo de
22
calorias, o que a torna excelente para uma dieta balanceada. Além disso, a carne de
suíno produzida com qualidade apresenta baixo conteúdo de calorias e de ácidos
graxos saturados, bem como nível de colesterol equivalente a
os de outras carnes.
A maior parte da carne suína consumida no Brasil é consumida sob a forma
de produtos processados, tradicionalmente mais caros do que a
carne in natura
. Na
Figura 8, apresenta
-
se o mix da produção, destinada ao mercado interno.
Salgados
8%
Produtos
Processados
65%
Produtos
in
natura
18%
Gorduras
7%
Outros
2%
Fon
te: ABIPECS
Figura
8
Mix da produção destinada ao mercado interno.
A baixa oferta de carne
in natura
no mercado brasileiro ocorre em parte por
desinteresse das agroindústrias, que obtêm maior retorno do capital empregado com
a
venda de produtos com algum grau de industrialização. Segundo Talamini (2005),
a venda de produtos processados permite agregar valor e gerar empregos, pois causa
efeito multiplicador positivo no setor dos insumos e em setores como os de
processamento e in
dustrialização, transportes, indústria química e biológica, rações
e serviços, entre outros.
Segundo Roppa (2005) a solução para estimular o consumo de carne suína é:
1.
Aumentar a renda da população, pois, como no Brasil o consumo maior de
carne industria
lizada tem um valor de venda muito maior, o consumo de carne suína
fica limitados às classes de melhor poder aquisitivo.
cálcio e fósforo, pois apresenta mais fósforo do que cálcio. O fósforo tem a função d
e manter a normalidade
da pressão arterial.
23
2.
Melhorar as apresentações dos cortes da carne
in natura
e desenvolver
pratos semiprontos, que se adaptem ao consumidor moderno, que di
spõe de um
menor tempo para seu preparo.
3.
Certificar a origem da carne, através de órgãos idôneos, para garantir ao
consumidor que está adquirindo um produto de qualidade, originário de granjas
tecnificada e de bom padrão sanitário
4.
Quebrar os tabus contra a
carne suína, pois isso é um dos fatores mais
importantes que inibem o consumo.
5.
Divulgar os avanços de genética, nutrição e manejo em campanhas de
marketing e em palestras para a classe médica e nutricionista.
6.
Divulgar os avanços em supermercados, açougu
es e restaurantes, de tal
forma que a grande maioria da população tenha acesso às verdadeiras informações
sobre a excelente qualidade deste produto.
2.4. Importação
Japão é o maior importador mundial de carne suína, de acordo com a lei
japonesa, a imp
ortação de carnes frescas (congeladas ou refrigeradas) de suínas é
permitida dos 31 países para os demais países (incluindo o Brasil), se permite
importar carnes e vísceras termoprocessadas. Essa classificação pode ser alterada
através da comprovação
da alteração nas condições sanitárias do rebanho bovino,
pois a febre aftosa ocorreu nos rebanhos bovinos. Tal processo consiste em:
reconhecimento da modificação das condições sanitárias por parte da Organização
Internacional de Epizootias (OIE)
7
(EMBAIX
ADA DO BRASIL EM TÓQUIO,
2005).
Na Figura 9 podem ser visualizados os maiores importadores mundiais de
carne suína no ano de 2004.
7
Office International des Epizooties
Escritório Internacional de Saúde Animal
classifica doenças
animais.
24
Outros
15%
México
11%
Hong Kong
9%
Coréia do Sul
5%
Estados Unidos
14%
Rússia
14%
Japão
32%
Fonte: ABIPECS
Figura
9
Principais importadores mundiais de carne suína em 2004.
De acordo
com dados da Abipecs, a Rússia, segundo país importador
de carne suína mundial e brasileira reduziu a quantidade de carne importada devido
à adoção de um sistema de cotas que diminui em 19% suas compras no mercado
internacional. As importações autorizadas
pelo governo russo caíram de 620 mil
toneladas em 2003 para 500 mil em 2004.
Em relação às importações brasileiras, elas são insignificantes, pois, o Brasil
é um exportador líquido de carne suína.
25
3. METODOLOGIA
3. 1. Referencial teórico
3.1.1. Competitividade e comércio internacional
Existem várias teorias sobre o comércio internacional que buscam explicar
as interações comerciais entre os países. As primeiras considerações sobre
competitividade entre diferentes países foram desenvolvi
das por Adam Smith, em
1776. Segundo ele, um país deveria se especializar na produção dos bens que
conseguisse produzir ao menor custo (vantagem absoluta), sendo este medido em
horas de trabalho. No entanto, essa teoria não conseguia explicar todas as
poss
ibilidades de comércio. Com isso, surge a Teoria da Vantagem Comparativa
desenvolvida por David Ricardo. Essa teoria, por sua vez, explicava o comércio
entre nações, mesmo que estas não possuíssem vantagem absoluta na produção de
um bem, pois considerava a
s produtividades relativas do trabalho entre as nações.
De acordo com Ferraro (2003), apesar de ser uma evolução em relação à teoria de
Smith, a teoria da Vantagem Comparativa apresentava limitações, pois somente
considerava o trabalho como fator de produç
ão dos níveis de produtividade entre os
países.
26
A extensão do modelo de Ricardo está no modelo de Hecksher
-
Ohlin (H
-
O),
conhecido como “teoria das proporções dos fatores”. Esse modelo introduz o
conceito das diferenças entre países quanto à dotação de re
cursos e enfatiza que
“cada país se especializa e exporta o bem que requer utilização mais intensa de seu
fator abundante de produção”.
Com as transformações ocorridas na década de 1980 e 1990 o conceito de
competitividade foi ampliado, e atualmente a lit
eratura econômica não considera
somente as diferenças na dotação dos fatores explicativos do comércio entre os
países. Em diversos estudos, afirmam
-
se que o comércio internacional e a
competitividade de um país são também afetados por um conjunto de variáv
eis
como taxa de câmbio, preços, custos dos fatores e produtividade, entre outros.
A competitividade não advém somente da “dotação de fatores e recursos” e
dos seus preços relativos, ela resulta das estratégias empresarias deliberadas de
investimentos,
baseando
se na capacidade tecnológica endógena e sistêmica,
produzindo com eficiência e introduzindo novos produtos. Setores de uma
economia mais competitivos requerem uma combinação de fatores ligados à
capacitação da indústria, principalmente quanto à ca
pacidade tecnológica e às
estratégias econômicas do país (das empresas, indústrias) em linha com
concorrentes mundiais (COUTINHO; FERRAZ, 1993).
Segundo Fontes (1992), as vantagens competitivas refletem os fluxos
comerciais, determinados pelos custos relat
ivos de produção e num mundo sem
restrições. A competitividade reflete as diferenças no preço, os quais incorporam
várias outras variáveis que influenciam o preço de venda de um produto, como
custo de comercialização, taxa de câmbio, subsídios, impostos et
c.
Existem outras correntes que destacam a importância de políticas
macroeconômicas como determinantes da competitividade de uma nação. As
políticas macroeconômicas contribuiriam para a conquista de vantagens e aumento
de eficiência criada inicialmente em
nível microeconômico. Sob essa ótica, as
decisões de política econômica, como taxa de mbio, os subsídios e incentivos à
exportação e a política salarial são os parâmetros relevantes. Esse enfoque enfatiza,
27
portanto, a desvalorização cambial como element
o fundamental do ganho de
competitividade.
Segundo Porter (1993), os pressupostos em que se baseiam as teorias do
comércio internacional, apoiado nas vantagens comparativas em nível de fatores,
são irrealistas em alguns setores. No âmbito dessa idéia é qu
e surgiu a análise da
competitividade, que representa um conceito dinâmico, que vai além da análise do
comércio entre países, em termos da dotação de fatores, preços e custos.
A competitividade possui caráter sistêmico, sendo determinada pela
conjugação d
e vários elementos, como tecnologia disponível, os preços domésticos
dos insumos de produção, a taxa de câmbio e as taxas de paridade entre os parceiros
comerciais do país, os custos de transporte, a estrutura de incentivos, as barreiras
tarifárias e não
-
t
arifárias no país importador e a qualidade e imagem do produto.
A competitividade de uma nação também pode ser analisada através da
participação do mercado, a partir das vantagens comparativas: “ex
-
post”, que
relaciona a competitividade do país e a sua pos
ição no mercado internacional; e a
“ex
-
ante”, que é mais complexa, em que se faz uma análise dos fatores
determinantes da competitividade e a relaciona com a capacidade de competir no
longo prazo. O conceito de competitividade também pode se embasar em “co
nceitos
macros”, através de variáveis, como: taxa de mbio, os subsídios e incentivos à
exportação e a política salarial, atribuindo grande importância à desvalorização
cambial, como forma de ganhar competitividade (COUTINHO; FERRAZ, 1993).
...uma aborda
gem “ex ante” permite evidenciar a análise dos
fatores determinantes da competitividade e, assim, avaliar a
capacidade das empresas de manterem, ampliarem ou
conquistarem posições competitivas nos mercados doméstico
e internacional...
(ESTEVES FILHO, 1991:
p.8).
Para Coutinho e Ferraz (1994), os fatores que condicionam o desempenho
competitivo de uma nação podem ser subdivididos em fatores internos à empresa
(estratégia e gestão, inovação de recursos humanos), estruturais (mercado,
configuração da indústri
a e concorrência), pertinentes aos setores e complexos
industriais e de natureza sistêmica (macroeconômicos, internacionais, infra
estruturais, políticos e outros).
28
Segundo Tyson apud Jank (1996, p.12), a competitividade é a capacidade de
produzir bens e
serviços que passem no teste da competição internacional, enquanto
os cidadãos desfrutam de um padrão de vida cada vez melhor e sustentável.
Em ampla resenha sobre o assunto, Haguenauer (1989) organizou os vários
conceitos de competitividade em duas classe
s:
i)
Competitividade como desempenho
É um conceito
ex
-
post
, associa a
competitividade ao desempenho no mercado internacional, ou seja, ao desempenho
do setor externo e não considera os fatores que explicam a competitividade.
ii)
Competitividade como eficiênc
ia
Conceito
ex
-
ante
, nessa versão de
eficiência a competitividade é associada à capacidade de uma firma/indústria de
produzir bens com maior eficácia que os concorrentes no que se refere a preços,
qualidade (ou a relação preço
-
qualidade), tecnologia, sal
ários e produtividade,
estando relacionada às condições gerais ou específicas em que se realiza a produção
da firma/indústria diante da concorrência.
As novas teorias do comércio desenvolveram explicações dos padrões de
comércio e da vantagem competitiva
a partir das interações estratégicas das
empresas e dos governos. Essas teorias enfatizam a importância do
desenvolvimento tecnológico para o desenvolvimento econômico, para a
localização espacial da atividade econômica e para a competitividade internacio
nal.
A nova Teoria do Comércio Internacional apresentou avanço em relação à
teoria tradicional, desenvolvendo explicações dos padrões de comércio e da
competitividade a partir do exame das interações estratégicas das empresas e de
governos. Nesses modelos
, considera
-
se um mercado imperfeitamente competitivo,
em que oligopólios, barreiras, diferenciação de produtos, economias de escala e
tecnologia têm papel importante (NAKANO, 1994).
A competição entre os países passa a se dar pela superioridade tecnológ
ica
em que os governos estimulam e subsidiam pesquisa e desenvolvimento
tecnológico, além de controlarem a difusão das tecnologias mais importantes.
As novas teorias colocam em cheque as hipóteses fundamentais neoclássicas,
como concorrência perfeita reto
rnos constantes à escala e informação completa.
Enfatizam a competição oligopolista, economias de escala e inovação tecnológica,
29
além de incorporar o processo histórico, as instituições e as relações espaciais. A
competitividade deixa de ser explicada pel
a disponibilidade de fatores e passa a ser
vista como resultado das decisões premeditadas das corporações e das políticas,
portanto as firmas são as responsáveis pela criação da vantagem competitiva, e os
governos têm o papel de promoção das empresas nacio
nais no mercado
internacional. O fator fundamental na determinação das estratégias das empresas
multinacionais e das economias nacionais são a tecnologia e as economias de
escala, portanto a competitividade e o padrão do comércio internacional é
determinad
o pela tecnologia.
Krugman (1991) desenvolveu a teoria da vantagem competitiva no qual os
padrões de comércio e a competitividade internacional são o resultado da
especialização arbitrária baseada em rendimentos crescentes em vez das vantagens
comparativ
as (disponibilidades de fatores de produção). Segundo essa teoria, os
retornos crescentes de escala são uma das mais importantes forças que atraem os
produtores para essas regiões, o que contribui para a conformação e fortalecimento
desses sistemas e arran
jos locais de produtores concentrados.
A teoria do Comércio Estratégico desenvolvida por Krugman (1991)
modifica a teoria convencional de Hecksher
-
Ohlin ao enfatizar que firmas e os
governos podem melhorar a sua balança comercial e o seu bem
-
estar median
te a sua
atuação estratégica em mercados globais imperfeitos. O governo pode intervir em
questões de comércio internacional para obter ganhos desproporcionais, portanto os
governos devem ajudar as empresas nacionais para gerar externalidades positivas,
atr
avés do desenvolvimento tecnológico, e para transferir os lucros das filiais do
exterior para a empresa
-
matriz. Essa teoria destaca a importância da pesquisa &
desenvolvimento e economias de escala na determinação dos padrões do comércio
incorporando a con
corrência imperfeita.
Para essa teoria, a capacidade de se apropriar de ganhos oriundos da
aglomeração dos produtores é o determinante na obtenção das vantagens. A
principal razão para essa abordagem é o fato de que a concentração geográfica de
produtore
s, em uma estrutura caracterizada por concorrência imperfeita, é capaz de
proporcionar às firmas retornos crescentes de escala. Desse modo, a importância da
30
dimensão regional é justificada pelo fato de que tais externalidades são apropriadas
não no âmbito
nacional, mas sim nos níveis regional e local. Portanto os retornos
crescentes são importantes para o conjunto dos produtores e, em conseqüência, para
a análise dos determinantes do comércio internacional.
As novas teorias explicam o comércio internacion
al considerando a
competição oligopolista, ou seja
,
admitem a existência de lucros elevados nos
setores oligopólicos ou lucros extremamente obtidos por um número restrito de
firmas. A firma individual pode, portanto, adotar estratégias para aumentar seus
l
ucros e capturar um mercado maior para seus produtos. Pode atuar no mercado,
antecipando o comportamento de seus competidores de forma a conquistar parcela
maior do mercado. Isso pode ser feito através do
dumping
(vender abaixo do custo
para tirar do merca
do seus competidores) e de
preempção
(fazer grandes
investimentos para aumentar a capacidade produtiva e, assim, dificultar a entrada de
outras firmas no mercado).
3.1.2. Teoria da Proteção
Segundo Carvalho (2004), nas relações comerciais atuais o livr
e comercio é
mais exceção do que regra, o que acontece geralmente é a intervenção do governo
com o objetivo de favorecer o produtor nacional frente aos concorrentes
estrangeiros. Este processo é denominado de proteção e
-
se por meio de diversos
instrumen
tos de intervenção pública sobre o comércio exterior, denominadas
Política Comercial.
O protecionismo considera que a regulação do comércio internacional é
importante para assegurar que os mercados funcionem adequadamente. Os
defensores dessa teoria acre
ditam que as ineficiências de mercado podem impedir
ou reduzir os benefícios do comércio internacional, visando, por meio da
intervenção, direcionar o funcionamento do mercado (DIXIT & NORMAN, 1980
apud BURNQUIST & OLIVEIRA, 2005).
Segundo Baumann et al
(2004) em algumas circunstâncias a imposição de
barreiras é fruto de acordos entre o país exportadores e o país importador. Assim,
31
um país pode aceitar limitar suas vendas de determinados produtos a outro país,
como resultado de um acordo bilateral. Esses
acordos resultam em tratamentos
diferenciados entre as fontes de suprimento de determinado produto.
Os principais instrumentos da política comercial são:
1.
Tarifas
É um imposto sobre importação cobrado quando a mercadoria
entra no país. Pode ser específi
co (cobra
-
se determinado valo por unidade
importada), “ad
-
valorem” (quando o imposto é cobrado como uma porcentagem
sobre o preço) ou misto (cobra
-
se um montante por unidade importada do produto,
além de um porcentual sobre o preço).
2.
Subsídios
Como instr
umento de política comercial consiste em
pagamentos, diretos ou indiretos feitos pelo governo, para encorajar exportações ou
desencorajar importações. Este instrumento equivale a um imposto negativo e
representa, portanto, uma redução do custo para o produ
tor.
3.
Barreiras
não
-
tarifárias (BNT)
Correspondem às restrições impostas pelo
funcionamento normal da burocracia e nem sempre visam reduzir as importações.
São restrições relacionadas a regulamentos sanitários e de saúde, normas técnicas,
padrões de segur
ança, dificuldades relativas à documentação, inspeção e outras
práticas que podem dificultar ou mesmo impedir o comércio. Geralmente são
definidas no âmbito puramente administrativo. Segundo Krugmam (2005)
atualmente os governos preferem proteger as indúst
rias domésticas através de
barreiras não
-
tarifárias, por exemplo as cotas de importação (que limitam a
quantidade importada) e as restrições à exportação.
4.
Quotas de importação
São restrições quantitativas impostas sobre o
volume ou o valor das importaçõ
es. Estas podem ser fixadas em acordos entre
países ou ser resultado de decisão unilateral.
5.
Controles cambiais
Correspondem a restrições administrativas sobre
transações que envolvam divisas. Um forma de controle cambial é dificultar a
importação por me
io de licenças para compra de moeda estrangeira. Outra forma é
o emprego de taxas múltiplas de câmbio: quanto maior o interesse em proteger
determinado produto, maior a taxa de câmbio fixada para sua importação.
32
6.
Proibição de importação
É uma forma mais d
ireta de controle e pode ser
seletiva em função da mercadoria ou país de origem.
7.
Monopólio estatal
É um método antigo e bastante utilizado, em que o
próprio governo centraliza a importação de determinado produto e impede a atuação
de outros agentes nesse
mercado. Em alguns casos, delega o direito de monopólio
de importação a uma empresa específica, mediante pagamento e sob certas regras.
8.
Leis
de compras de produtos nacionais
Essas leis podem ser específicas
para compras públicas ou abranger todos os po
ssíveis interessados. Por meio desse
sistema, o governo baixa normas visando impedir a importação de determinado
produto, caso exista produção de similar nacional.
9.
Depósitos prévio de importação
Constitui
-
se em um empréstimo forçado
ao governo. Antes da
efetiva importação de determinado produto, seu valor total, ou
um porcentual dele, é recolhido por órgão do governo, normalmente o Banco
Central, e permanece retido por determinado período de tempo.
10.
Acordos voluntários de restrição às exportações
Esses
acordos, por
intermédio de negociações bilaterais, o parceiro exportador se compromete a
restringir a quantidade exportada ao mercado importador. Esses tipos de acordo
surgiram como alternativa aos governos para defender os interesses de setores
específic
os, dado que após a Segunda Guerra Mundial os compromissos
multilaterais retiraram graus de liberdade da política comercial das partes
contratantes.
Para as exportações brasileiras de carne suína, as principais barreiras são as
não
-
tarifárias e técnicas,
destacando
-
se as de natureza burocrática, quotas e os
requisitos sanitários.
3.1.3. Indicadores de Competitividade
Existem diversas metodologias para analisar a competitividade devido à
existência, na literatura econômica nacional e internacional, de d
iversos significados
desse conceito. Nesse sentido, o presente trabalho irá analisar a competitividade
com base nos indicadores de desempenho (Constant Market Share, modelo de
33
elasticidade de substituição, índice de posição no comércio mundial, índice de
v
antagem comparativa revelada) e de eficiência (índice de rentabilidade).
Os indicadores de desempenho podem ser diferenciados, segundo o grau de
agregação do objeto de estudo analisado, ou seja, pode ser abordada a
competitividade entre empresas e indúst
rias específicas ou entre países ou nações.
Outra classificação refere
-
se ao fato de o indicador estar relacionado à manifestação
da competitividade internacional ou à sua determinação. Em relação à manifestação
da competitividade, encontraram
-
se os indica
dores empresariais, setoriais e
sistêmicos. quando se refere aos seus determinantes, são considerados três tipos
de indicadores: desempenho, eficiência e capacitação.
1)
Indicadores de desempenho
: caracterizam
-
se por focalizar as formas em que a
competit
ividade internacional se manifesta. Referem
-
se, em geral, à participação do
agente estudado no mercado nacional e, principalmente, no comércio internacional.
Os indicadores de desempenho podem ser “relativos”, quando construídos tendo por
base os fluxos o
bservados no comércio; são também chamados de indicadores de
competitividade revelada (BNDES, 1992), ou absoluta, quando comparam o
desempenho do país com o de seus concorrentes.
Os indicadores absolutos
comparam o desempenho competitivo do país estudado c
om o de seus concorrentes
no comércio mundial dos produtos analisados, enquanto os relativos medem o
desempenho do setor analisado e o desempenho dos demais setores do mesmo país.
2)
Indicadores de eficiência
: estão relacionados aos fatores explicativos do
desempenho econômico de empresas, setores e países. Relacionam
-
se com a
comparação de preços e custos unitários dos bens e serviços comercializados,
incluindo a produtividade técnica e econômica no uso dos fatores de produção, de
um país com os de determi
nado conjunto de competidores internacionais.
Geralmente, os indicadores de preços e custos relativos são construídos com base
em números
-
índice, analisando
-
se a evolução das variáveis envolvidas nas
comparações internacionais (FAJNZYLBER et al., 1993).
34
3)
Indicadores de capacitação
: também relacionados aos fatores explicativos do
desempenho, estes indicadores abrangem os determinantes do sucesso competitivo
associados à incorporação de avanços tecnológicos em produtos e processos, aos
ganhos cumulativos der
ivados de formas apropriadas de organização empresarial e
de cooperação inter firma e no nível e composição dos investimentos públicos e
privados, incluindo aqueles realizados em “capital humano” (FAJNZYLBER et al.,
1993). Na medição da capacitação tecnoló
gica, utiliza
se geralmente a participação
dos gastos em P&D no produto de indústrias determinadas ou no PIB dos vários
países.
3.2. Modelo Analítico
O modelo analítico adotado neste trabalho baseou
-
se na abordagem
ex
-
ante
e
ex
-
post
, com a utilização
dos modelos de elasticidade de substituição e de Constant
Market Share. Foram calculados, ainda, os indicadores de vantagem comparativa
revelada, índice de posição no comércio mundial e índice de rentabilidade.
O modelo de Constant Market Share (CMS), índi
ce de vantagem
comparativa revelada (VCR) e índice de posição no comércio (POS) mundial são
indicadores “ex
-
post”. O modelo de elasticidade de substituição foi estimado
através do sistema de equações aparentemente não
-
relacionadas Seemingly
Unrelated Regre
ssion SUR, este modelo indica a capacidade do produto brasileiro
em substituir o similar do concorrente no mercado internacional. Esses modelos
indicadores, embora apresentem natureza distinta, é usado de forma complementar
na análise de competitividade.
3.2.1. Posição no Comércio Mundial
É um índice de desempenho desenvolvido pelo Centro de Estudos
Prospectivos de Informações Internacionais (CEPII), na França. É de caráter
absoluto e consiste na participação do saldo comercial do Brasil no mercado
mundia
l do setor de exportação da carne suína. O indicador pode ser calculado para
35
um produto ou setor, e a evolução deste indica se as exportações/importações
líquidas do país estão crescendo a taxas superiores ou inferiores às do comércio
mundial do produto.
Este índice é calculado pela equação (1):
i
ij
ij
W
M
X
POS
*
100
(1)
em que:
POS
= posição no mercado mundial;
ij
X
= valor das exportações de carne suína (
i
) do país e
m foco (
)
j
;
ij
M
= valor das importações de carne suína
i
do país em foco
j
; e
i
W
8
= valor do comércio mundial de carne suína
Quanto mais alto o seu va
lor, maior a intensidade de participação do país no
comércio internacional do produto, seja como exportador, seja como importador. Se
o indicador for positivo, o país é um exportador líquido; do contrário, é um
importador líquido.
3.2.2. Índice de Rentab
ilidade
Os indicadores de rentabilidade podem ser obtidos partindo
-
se do preço dos
produtos exportados e das funções de custos de produção. Assim, tem
-
se:
j
j
b
J
j
k
k
j
k
j
d
t
m
r
T
E
Y
W
C
P
Ir
,
,
,
,
,
,
/
(2)
em que:
i
j
Ir
= indicador de rentabili
dade da exportação do produto
i
para o mercado j;
i
j
P
= preço do produto
i
no país j;
8
Note
-
se que
j
W
se
refere
ao valor total das exportações mais as importações
mundiais de carne suína
.
36
j
t
j
b
ik
j
d
m
T
E
W
C
,
,
,
,
= custo unitário de produção e comercialização do produto
i
n
o mercado do país
j
para o exportador brasileiro
W
= dados de preços dos insumos de produção
j
Y
= quantidade produzida de
i
;
j
b
E
= taxa de câmbio;
T
= estrutura fiscal de impostos, taxas e subsídios;
r
= juros de financiamento às exportações;
m
= custos de produção até o embarque;
t
= produtividade dos fatores de produção
;
j
d
= conjunto de barreiras à venda no mercado no país j
como distância entre
osdois países e o sistema de proteção tarifária e não
-
tarifária do país j
(PINHEIRO et al., 1992).
O indicador de rentabilidade pode ser expresso:
i
j
i
j
i
j
p
C
P
Ir
(3)
em que:
j
Ir
= indicador de rentabilidade da exportação do produto i para o mercado j;
j
i
P
= preços do produto i no país j;
j
i
C
= custo unitário de produção
do produto i; e
i
p
= variação da produtividade do produto i.
1
j
Ir
o país aumentou a competitividade, com o crescimento dos preços
recebidos com a exportação maior que o acréscimo nos custos e na produtividade.
1
j
Ir
ocorre perda de competitividade
indicando que os preços recebidos com
a exportação cresceram menos que o acréscimo nos custos e na produtividade.
Uma evolução crescente do Índice de Rentabilidade traduz em ganhos de
competitivi
dade, uma vez que indica preços internacionais favoráveis e menor peso
dos custos de produção; ao contrário, se ocorrer evolução decrescente do índice,
indica perda de competitividade.
37
3.2.3. Indicadores de Vantagem Comparativa Revelada
Grande contribui
ção ao entendimento da competitividade no comércio
internacional foi dada por Balassa em 1965, citado por Fajnzylber et al. (1993), que
criou o conceito de vantagem comparativa revelada. Esse método surgiu como
proposta alternativa para identificação dos s
etores em que um país possui vantagem
comparativa na produção e, por conseguinte, na exportação.
De acordo com Carvalho (1995), esses indicadores são importantes porque
permitem definir o padrão de especialização internacional que segue a pauta de
expor
tação dos países. A noção de vantagem comparativa revelada está relacionada
a fatores estruturais do processo produtivo, sendo associado diretamente aos custos
relativos de produção.
Neste trabalho, utiliza
-
se o índice de desempenho proposto por Ballasa,
responsável pelo conceito de vantagem comparativa “revelada” (VCR), introduzido
em 1965, a partir do reconhecimento da dificuldade de quantificação dos fatores
responsáveis pelas vantagens comparativas dos países
incluindo custos relativos e
diferenças
em “fatores não ligados a preços”. Ballasa relatou que o estudo daquelas
seja feito a partir da forma em que essas vantagens são “reveladas” nos padrões do
comércio, os quais, segundo a teoria clássica, seriam determinados exclusivamente
pelas vantagens co
mparativas (FAJNZYLBER et al., 1993).
O índice de vantagem comparativa revelada é definido pela seguinte relação:
w
wj
i
ij
j
X
X
X
X
C
/
/
(4)
em que:
ij
X
representa o valor das exportações do produto
j
, pelo país
i
;
i
X
representa o valor das exportações do setor agrícola pelo país
i
;
wj
X
representa o valor das exportações mundiais do produto
j
; e
w
X
representa o valor das exportações mundiais do setor agrícola.
38
O índice
j
C
é uma razão de proporções, cujo resultado é obtido por meio da
divisão da participação das exportações do produto
j
na pauta de exportações do
país
i
pela participação do mesmo produto
j
na pauta mundial de exportações, ou
seja, seu resultado revela se determinado país possui vantagens comparativas ao
com
parar seu peso dentro da pauta exportadora com a mundial. O índice
j
C
pode
variar de zero a infinito:
Se,
1
j
C
o país possui vantagem comparativa revelada naquele produto
j
; e
Se,
1
j
C
o país possui desvantagem comparativa revelada naquele produto
j
.
3.2.4. Estimativas do Modelo da Elasticidade de Substituição
duas abordagens usuais em modelos de comércio agrícola internacional.
A primeira consist
e em assumir que os produtos sejam homogêneos e,
conseqüentemente, substitutos perfeitos. Essa pressuposição implica elasticidade de
substituição infinita entre os fornecedores e uma razão de preços constantes. A
segunda consiste em assumir que os produtos
sejam diferenciados, ou seja, o
produto importado por uma nação é diferenciado por qualidade, país de origem,
garantia de fornecimento, tradições de nguas e costumes e arranjos políticos,
institucionais e creditícios. Assim, não é necessário que existam
diferenças físicas
entre os produtos, para que a pressuposição de diferenciação de produto seja
adotada (FONTES; BARBOSA, 1991).
O modelo elasticidade
-
substituição considera que os consumidores fazem
distinção entre os produtos de acordo com o local de o
rigem. Essa distinção das
importações por origem significa que os produtos não são substitutos perfeitos, ou
seja, se qualquer um deles tiver menor preço do que os demais, isso não significa
que o país importador deixará de comprar os produtos com os preço
s mais altos.
Isso ocorre porque os consumidores não consideram apenas preço ao escolherem
determinado produto, consideram também a sua origem, estando esta relacionada à
39
credibilidade do país no comércio internacional, oue seja, esse país atende aos
padrõ
es e exigências estabelecidos.
Segundo Jonhson et al. (1979), os modelos de elasticidade de substituição
empregados nas relações básicas de demanda são adequados para lidar com bens
diferenciados pela origem, ou seja, que são vistos como produtos distinto
s pelo
mercado importador.
As estimativas da elasticidade de substituição são úteis em estudos sobre
competitividade de produtos agrícolas comercializáveis no comércio internacional,
pois permitem verificar o grau de competitividade entre pares de países
e entre
blocos econômicos (FIGUEREDO, 2004).
Um produto pode ser diferenciado, em relação aos demais no mercado, pelos
mecanismos de informação que identificam preferências do consumidor.
Geralmente, existem marcas que são vendidas ao consumidor como resul
tado de
trabalhos relacionados com publicidade e propaganda, que facilitam maior
receptividade; negociações feitas nas condições de venda, as quais proporcionam
margens de prazo e preço, entre outros; serviços de garantia oferecidos após a
venda; diferente
s localizações, onde são encontrados os produtos para consumo; e
propriedades, que, essencialmente, são fontes de atividades dos produtos (SILVA
JÚNIOR, 2000).
O modelo para produtos diferenciados por local de origem foi desenvolvido
por Armington (1969a
b), fundamentando
-
se na pressuposição de que os
consumidores internacionais classificam os mesmos bens originados em países
diferentes como produtos diferentes.
Atualmente, as empresas tentam acentuar a diferenciação de percepção
qualitativa, de forma a c
onquistar os consumidores, cuja motivação de compra não é
baseada apenas no preço.
Diversos trabalhos utilizaram o modelo de elasticidade de substituição,
dentre eles os de Fontes (1992) para a competitividade agrícola e o dos blocos
econômicos para a co
mpetitividade da soja no mercado internacional (SILVA,
1992), para o mercado internacional de suco de laranja e para o mercado de soja e
seus derivados (FIGUEREDO, 2004).
40
A abordagem da elasticidade
-
substituição se aplicada neste trabalho, com o
objetiv
o de avaliar a competitividade da carne suína brasileira em relação aos
principais países ofertantes nesse mercado.
A elasticidade
-
substituição é definida teoricamente com relação a uma única
curva de indiferença, podendo ser representada pela seguinte rel
ação:
1
2
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
/
log
/
log
/
/
/
dQ
dQ
d
Q
Q
d
Q
Q
DQ
dQ
dQ
dQ
d
Q
Q
d
(5)
= elasticidade de substituição de carne suína do país 1 em relação ao país 2.
Considerando a maximização da utilidade com restrição orçamentária,
obtém
-
se como resultado de primeir
a ordem:
2
1
1
2
p
p
dQ
dQ
(6)
Substituindo (6) na equação (5), tem
-
se a seguinte definição empírica da
elasticidade de substituição:
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
/
log
/
log
/
/
/
/
P
P
d
Q
Q
d
P
P
P
Q
d
Q
Q
Q
Q
d
(7)
Na equação (7), a elasticidade de substituição
entre os produtos ofertados
pelos países 1 e 2, em relação a um mercado importador comum, é medida pela taxa
de variação porcentual nas quantidades relativas (
2
1
/
Q
Q
) nos seus preços relativos.
Se
1
>1 (em valor absoluto) indica que os bens produzidos pelos países em
análise são substitutos próximos, isto é, grande substitubilidade entre os bens,
apontando forte competição entre os países pela participação no mercado em
questão.
Se 0<
1
<1 (em valor absoluto), ou seja, apresentar valor baixo é sinal de que
não muita substitubilidade entre as carnes suínas 1 e 2, e provavelmente os essa
41
carne diferenciada por país de origem, seja por fatores relacionados à qualidade,
seja po
r preferências ou acordos comerciais.
O procedimento econométrico para estimar as regressões foi o sistema de
equações aparentemente não
-
relacionada Seemingly Unrelated Regression (
SUR
),
por meio do pacote EVIEWS 4.0, tomando
-
se a forma logarítmica:
t
t
i
t
i
u
P
P
Q
Q
1
1
0
1
log
log
(8)
em que:
1
Q
-
quantidade anual exportada de carne suína pelo país 1 para o resto do mundo,
em toneladas;
j
Q
-
quantidade anual exportada de carne suína pelo país
j
para o resto do mundo,
em toneladas;
1
P
-
preço médio anual da carne suína exportada pelo país 1 para o resto do mundo,
em dólares por tonelada.
j
P
-
preço médio anual das exportações da
carne suína pelo país
i
para o resto do
mundo, em dólares por tonelada;
j
t
u
= erro aleatório, com distribuição normal, média zero e variância constante;
1
= coeficiente da elasticidade de sub
stituição;
0
= termo constante da regressão; e
j
= 1,....n
índice referente ao país exportador de carne suína.
Para que a equação (8) apresente resultados consistentes, as seguintes
pressuposições simplificado
ras devem ser verificadas, segundo Leamer e Stern
(1976):
(i)
uma relação inversa entre as quantidades relativas de exportação de carne
suína entre o Brasil e seus concorrentes,
(ii)
As elasticidades
-
preço, assim como as elasticidades
-
renda da demanda são
iguai
s para ambos os bens.
42
(iii)
A oferta de importação é perfeitamente elástica, isto é, os preços são exógenos
e existe demanda para os bens
1
Q
e
2
Q
.
Dada as pressuposições (i) e (ii), pode
-
se considerar que os bens com t
ais
características são bastante semelhantes, embora não sejam substitutos perfeitos,
existindo demanda para ambos no mercado importador. Outra pressuposição (iii) é
de que os países importadores são muito pequenos em relação aos mercados
exportadores, ou
seja, são tomadores de preços; logo, os preços exógenos ao
modelo. Tal pressuposição garante que a oferta de importação seja perfeitamente
elástica.
É comum estimar o modelo de elasticidade de substituição com a inclusão da
variável dependente defasada
como variável explicativa. Esse parâmetro é incluído
no modelo sob a pressuposição de que existem fatores que possam limitar a
substituição da carne suína do concorrente pela brasileira quando alterações no
preço relativo. Tais fatores são, por exemplo,
as preferências de cada mercado
consumidor/importador, as tradições nas relações comerciais entre
exportadores/importadores, intervenção governamental, acordos bilaterais etc.
Quando esse coeficiente apresenta sinal positivo, significa que a quantidade re
lativa
exportada no período
t
é influenciada positivamente pela quantidade exportada no
período
1
t
.
Neste trabalho, o modelo adotado apresenta a seguinte forma funcional:
t
t
i
t
i
t
i
u
Q
Q
P
P
Q
Q
1
1
2
1
1
0
1
log
log
log
(9)
A equação (9) fornece a elasticidade de substituição de dado país em relação
ao mercado internacional. Tem
-
se, assim, um indicativo da capacidade competitiva
dos principais países exportadores no mercado mundial de carne suína.
São testadas as se
guintes hipóteses:
43
0
H
:
0
1
a
H
:
0
1
Ou seja, existe relação inversa entre as quantidades relativas de carne suína
exportadas por dois países e respectivos preços de expor
tação. Isso significa que
redução no preço internacional do produto exportado por um país provoca aumento
de suas exportações e queda nas exportações do país concorrente,
ceteris paribus
.
Assim, elasticidades de substituição menores que zero indicam que re
dução nos
preços por parte de um país provocará o crescimento nas suas exportações e
diminuição nas quantidades exportadas de seu concorrente, ou seja, esses países
competem entre si. Isso ocorre porque o é a origem do produto que é o
determinante da elas
ticidade de substituição; logo, se não ocorre distinção por país
de origem não ocorre substituição entre os produtos, portanto
0
1
.
Quanto menor for a elasticidade de substituição, maior será o efeito
provocado pela redução (cresciment
o) relativa nos preços praticados por dado país
nas exportações de seus concorrentes.
Esse modelo permite verificar a
competitividade das exportações brasileiras de carne suína em relação aos principais
fornecedores no mercado internacional.
Outras hipóte
ses testadas são:
0
H
:
0
2
a
H
:
0
2
Ou seja,
existe relação positiva entre as quantidades relativas de carne suína
exportadas de um ano e as quantidades relativas correspondente
s ao ano anterior.
Utilizou
-
se o teste de raiz unitária para verificação da estacionariedade.
Esse teste é usado para verificar se uma série temporal é estacionária em nível ou
torna
-
se estacionária nas diferenças, isto é, se ela desenvolve aleatoriamente
no
tempo, ao redor de uma média constante e com variância finita (a qual não varia no
tempo), refletindo alguma forma de equilíbrio estável.
O teste de raiz unitária é importante, devido ao fato de que os modelos de
séries temporais têm suas propried
ades asseguradas se todas as variaveis nelas
44
contidas forem estacionárias. A utilização se séries temporais não
-
estacionárias na
análise de regressão clássica pode levar a um problema conhecido na literatura
como regressão espúria. Esta costuma apresentar
valores de
2
R
elevados. A
combinação de
2
R
elevado com baixo valor de o valor de dw acarreta em regressão
espúria. Razão porque deve ser considerada com cautela. Nesse caso, o que pode
estar ocorrendo é uma forte t
endência entre as duas séries, e o elevado
2
R
observado
entre estas é devido à presença dessa tendência e não a uma relação verdadeira entre
as duas séries (GUJARATI, 2000)
Para que uma série seja estacionária, ou seja, mantenha o compo
rtamento
estável ao longo do tempo, é necessário que ela possua as seguintes características:
(a)
E (µ
t
) = 0
(b)
V(µ
t
) = σ
2
(c)
0
,
s
t
Cov
,
0
t
Na prática, nem sempre as séries são estacionárias, uma vez que essas
características s
e alteram com o tempo.
Existem vários testes para verificar a existência de raiz unitária em séries
temporais. Neste trabalho, foi utilizado o teste de Dickey e Fuller Aumentado
(ADF) desenvolvido por Dickey e Fuller (1979). Esse teste pressupõe que os
r
esíduos o não
-
correlacionados e possui a vantagem de incluir um mero o
conhecido de defasagens da variável dependente, para captar a autocorrelação das
variáveis omitidas, que, caso contrário, estariam refletidas no termo do erro
(HARRIS, 1995).
O t
este aumentado de Dickey
-
Fuller (ADF) consiste em estimar a equação
(10) por meio do método de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO):
t
t
p
i
i
t
t
t
y
y
y
1
1
1
2
1
(10)
As hipóteses testadas são
0
, contra a hipótese alternativa
de
0
. Caso
o valor calculado (
t
calculado) seja, em módulo, maior que os valores críticos
45
tabulados por Dickey
-
Fuller (1979),
, rejeita
-
se a hipótese de que raiz unitária
e, conseqüenteme
nte, a série é estacionária, dita integrada de ordem zero
)
0
(
I
.
Caso não se rejeite a hipótese de raiz unitária, a série será não
-
estacionária, ou
integrada de ordem superior a zero. Nesse caso, deve
-
se novamente fazer o teste de
Dickey
-
Fuller, com a série em diferenças, para testar se a rie é integrada de
primeira ordem
)
1
(
I
, e assim sucessivamente.
3.2.5. Modelo
Constant Market Share
A abordagem de
Market Share
associa as mudanças nas exportações relativas
dos pa
íses competidores em dado mercado às mudanças nos preços relativos dos
produtos vendidos por aqueles países. As mudanças no comportamento das
exportações de determinados produtos são explicadas com base no crescimento do
comércio mundial total, no crescime
nto de cada mercado importador e na estrutura
de acordos internacionais de comércio.
Em estudos sobre o crescimento das exportações, são frequentemente
utilizadas análises do tipo
Constant Market Share
(CMS), pois essa técnica permite
avaliar a participa
ção de um país no fluxo mundial de comércio de determinado
produto, desagregando as tendências de crescimento das exportações de acordo com
os seus determinantes. Segundo Leamer e Stern (1976), a idéia básica do modelo
(CMS) é a de que a participação de um
país no comércio internacional permanece
constante no tempo, sendo as alterações na participação dos países e, ou, regiões no
comércio internacional explicadas pela competitividade e associadas às variações
nos preços relativos.
O modelo CMS considera o
produto homogêneo no mercado analisado,
portanto alterações no fluxo de comércio seriam explicadas pelas mudanças nos
preços relativos, dado que a participação de um país no mercado internacional é
considerada constante ao longo do tempo.
Segundo Leamer
e Stern (1976), a derivação dos componentes do modelo de
market
-
share
é feita tomando
-
se como base uma função de demanda, que expressa a
relação prevalecente em dado mercado quanto ao volume adquirido de determinada
46
commodity
em duas fontes competitivas.
Essa função pode ser expressa da seguinte
forma:
2
1
2
1
P
P
f
Q
Q
(11)
em que:
i
Q
e
i
P
2
,
1
i
representa as quantidades demandadas e o preço da
comomodity
a
parti
r da
ésima
i
fonte de oferta (ou país exportador), respectivamente.
Tal relação
pode ser reconhecida como a forma básica da elasticidade de substituição, podendo
ser alterada por meio de sua multiplicação pelos preços relativos
2
1
P
P
.
A igualdade (11), por sua vez, implica na seguinte relação:
2
1
2
1
2
2
1
1
P
P
f
P
P
Q
P
Q
P
(12)
Isso implica:
2
1
1
1
1
2
2
2
2
1
1
1
1
1
P
P
g
Q
P
Q
P
Q
P
Q
P
Q
P
(13)
Com
0
'
g
.
A equaç
ão (13) indica que a participação de mercado ou o
market
-
share
do
país 1 não se altera, a menos que os preços relativos
2
1
P
P
venham a alterar
-
se. Se
o preço relativo
2
1
P
P
aumenta, dado que
0
'
g
, a pa
rticipação relativa do país 1
no mercado tende a reduzir
-
se; caso contrário, se o preço relativo diminui a
participação relativa desse país no mercado mundial desse produto, essa
participação tende a aumentar.
Segundo Leamer e Stern (1976), essa proposiçã
o estabelece a base para
derivar a expressão da norma de participação constante. A diferença entre o
estimado crescimento das exportações, calculado a partir da participação constante,
e o seu crescimento efetivo é associada a uma mudança nos preços relati
vos. Tal
diferença é identificada como “efeito competitividade”. Assim, quando uma região
deixa de manter sua parcela no mercado mundial, o termo competitividade é
47
negativo e indica preços aumentando para a região em questão, em proporção maior
que os preç
os de seus competidores. Esse efeito residual está relacionado com
mudanças nos preços relativos, ou seja, os importadores tendem a substituir o
consumo dos bens cujos preços se elevaram pelo consumo daqueles com preços
menores, em termos relativos.
O po
rcentual da mudança que pode ser explicada pelo crescimento do
mercado global e o porcentual da alteração relacionada à estrutura e evolução dos
mercados importadores do produto exportado pelo país 1 constituem a diferença
entre o desempenho efetivo e o ca
lculado, de acordo com a pressuposição de
participação constante.
Essa técnica permite decompor o crescimento das exportações (
j
j
j
V
V
`'
)
em três componentes e avaliar a contribuição de cada um desses fatores para
explicar o crescimento da
s exportações através da seguinte identidade:
j
j
j
j
j
j
j
j
j
j
j
j
V
r
V
V
V
r
r
rV
V
V
'
'
(14)
em que:
'
j
V
valor das exportações de carne suína do país em foco para o mercado j, no
período 2;
j
V
valor das ex
portações de carne suína do país em foco para o mercado j, no
período 1;
j
j
V
V
'
crescimento efetivo do valor das exportações de carne suína do país em
foco para o mercado j;
r
=
1
'
m
m
X
X
porcentage
m de crescimento do valor das exportações de carne
suína, entre os períodos 1 e 2;
1
'
mj
mj
j
X
X
r
porcentagem de crescimento do valor das exportações mundiais
do produto
j
, para dado país, entre os períodos 1 e 2;
48
mj
X
= valor das exportações mundiais de carne suína, exceto as exportações do país
em questão, no período 1; e
'
mj
X
= valor das exportações mundiais de carne suína, para o mercado, exceto as
exportações do país em questão, no pe
ríodo 2.
A identidade (14) pode ser desagregada, por sua vez, em três componentes,
resultando na seguinte expressão:
j
j
j
j
j
j
j
j
j
j
j
V
r
V
V
V
r
r
rV
Vj
V
'
'
(15)
(
a
)
(
b
)
(
c
)
O método atribui o crescimento das exportações, favorável ou desfavorável,
ao setor exportador. O suposto é o de que mantida a parcela de exportação do país, a
variação constitui a competitividade. Ele decompõe o crescimento da particip
ação
das exportações nos fatores: crescimento do comércio internacional, composição da
pauta de exportações, destino das exportações e competitividade determinada pelo
resíduo das demais. Este, quando negativo, refere
-
se ao fracasso da manutenção do
comérc
io e, quando positivo, representa o sucesso em participar do comércio
internacional (SEREIA et al., 2002).
De acordo com a identidade acima, o crescimento das exportações de carne
suína do país em foco pode ser explicado pelos diferentes efeitos:
1)
Efeito
do crescimento do comércio mundial
n
i
j
rV
a
1
:
representa o
crescimento porcentual que seria observado caso as exportações do país crescessem
proporcionalmente ao comércio mundial. Esse efeito indica a expansão dos
mercados
-
alvo, portanto é um
fator exógeno.
49
2)
Efeito destino das exportações
n
i
j
n
i
j
j
rV
V
r
b
1
1
: representa os ganhos
(perdas), em termos da porcentagem de crescimento, em razão do fato de as funções
das exportações serem direcionadas a países que cresceram a taxas superiores
(i
nferiores) à média do mercado mundial. O efeito destino refere
-
se ao aquecimento
dos mercados
-
alvo, sendo um fator externo à nação. Esse efeito será positivo se as
exportações estiverem concentradas em mercados que experimentaram maior
dinamismo no período
analisado e, negativo, se as exportações se concentraram em
regiões estagnadas.
3)
Efeito competitividade
n
i
j
j
n
i
j
n
i
V
r
V
V
c
j
1
1
1
'
:
representa, em termos de
porcentagem de crescimento, os ganhos (perdas) em participação nos mercados de
cada país, em razão
da competitividade do produto, podendo ser em termos de
preços e, ou, custos, ou ainda, em virtude de melhorias na qualidade do produto,
processo tecnológico ou também condições dos financiamentos. Logo, esse efeito é
endógeno, pois são determinados por fa
tores internos às nações. Se um país deixar
de manter sua parcela no mercado mundial, o termo competitividade torna
-
se
negativo e indica preços aumentando para o país em questão, em proporção maior
que de seus concorrentes.
Apesar de ser amplamente util
izado em trabalhos que avaliam a
competitividade, o conceito de desempenho e o uso dos modelos do tipo
Constant
-
Market
-
Share
apresentam limitações de natureza metodológica. A principal
limitação refere
-
se ao fato de não poderem ser estabelecidas relações d
iretas de
causalidade, pois esse conceito parte de uma análise “
ex
-
post”
. No entanto, segundo
Carvalho (1995), embora tenha caráter retrospectivo, esse modelo pode embasar
inferências sobre o direcionamento do setor exportador, para mercados mais
favorávei
s.
50
3.3. Fonte de Dados
Os dados utilizados sobre exportações totais de carne suína e da agroindústria
(do Brasil, Canadá, Estados Unidos, União Européia e do mundo) foram obtidos na
FAO. No ano de 2004, foram incluídos os valores dos 10 países que passa
ram a
fazer parte da União Européia. Todos os valores de preço e exportação utilizados
em todos os indicadores foram deflacionados pelo índice de preço ao consumidor
dos Estados Unidos (CPI), o qual foi obtido no Banco Mundial.
No cálculo do modelo Conta
nt Market Share (CMS), os volumes exportados
pelo Brasil, deflacionados, foram tomados por país de destino, tendo
-
se considerado
os principais importadores da carne suína brasileira, no período de 1990 a 2004:
Argentina, Hong Kong, Rússia e Uruguai, os qua
is foram responsáveis por mais de
80% das importações de carne suína brasileira ao longo do período analisado. As
séries de quantidade exportada da carne suína, em toneladas métricas, e o valor, em
US$ 1.000,00
Free on Board
do Brasil, para cada país de de
stino selecionado foram
obtidos no MIDIC/SECEX. O período escolhido para análise corresponde a uma
fase anterior e outra posterior ao ano de 1994, data a partir da qual as políticas de
sustentação do plano de estabilização econômica (Plano Real) reduziram
as
barreiras às importações e promoveram a taxa de câmbio valorizada, expondo a
produção doméstica à concorrência internacional.
O período de 1990 a 2004 será dividido em três subperíodos, para identificar
as mudanças econômicas que influenciaram as expor
tações de carne suína. Os
subperíodos consideraram os seguintes acontecimentos econômicos:
a)
De 1990 a 1993
Período no qual se acentuou a abertura comercial e
anterior ao Plano Real.
b)
De 1994 a 1998
Período marcado pela implementação do Plano Real, no
qua
l a taxa de câmbio se manteve sobrevalorizada, desestimulando as exportações.
c)
De 1999 a 2004
Período representando crises estrangeiras que
pressionaram o mbio, provocando a desvalorização do real ocorrida em 1999, o
que resultou em benefício às exporta
ções.
51
Foram utilizados também dados relativos às importações totais de cada um
dos importadores.
Os dados referentes ao custo de produção de suínos e produtividade foram
obtidos na Embrapa Suínos e Aves. Os custos foram convertidos em dólar
americano, ut
ilizando
-
se série de taxa de câmbio divulgada pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada.
52
4. RESULTADOS
Neste tópico, apresentam
-
se os resultados e discussões do índice de posição
no comércio mundial, índice de vantagem comparativa reve
lada e de rentabilidade.
Os dois últimos índices, o de parcela de mercado constante (CMS) e o de
elasticidade de substituição foram utilizados com o intuito de agregar informações
complementares para a análise da competitividade brasileira das exportações
de
carne suína.
4.1. Posição no Comércio Mundial
Uma análise das exportações brasileiras de carne suína, quanto à posição
destas no mercado mundial, pode ser visualizada na Figura 10. Nessa figura,
observa
-
se que ocorre expressivo aumento da participaç
ão do Brasil no mercado
mundial dessa carne, reflexo do grande aumento da produção brasileira do setor e
da relativa estabilidade do consumo doméstico do produto. Além desses fatores, o
desempenho positivo das exportações de carne suína é explicado pelas i
novações
tecnológicas ocorridas nesse setor, que proporcionaram ganhos expressivos de
competitividade, e pela maior abertura comercial que proporcionou o acesso da
carne suína brasileira em outros mercados, pelo baixo custo de produção. O Brasil
53
veio aumen
tando sua participação no mercado internacional a uma taxa de 20,54%
a.a. no período analisado, em termos de valor; em quantidade exportada a taxa
média de crescimento foi de 21,89% a.a.
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Valor
Quantidade
Fonte: Resultados da pesquisa
Figura
10
Índice de posição no mercado mundial das exportações brasileiras.
O indicador posição no mercado mundial, em quantidade, cresceu à taxa
superior à de crescimento do índice, em termos de valor, ao longo do período
analisado, com tendência de aumento
nesse diferencial a partir de 1999. Este fato
mostra que a desvalorização permitiu que o país conquistasse novos mercados para
seus produtos, pois tornou a carne suína mais barata no mercado internacional, ou
seja, aumentou a competitividade.
A evolução p
ositiva em termos de valor indica que o país vendeu no mercado
mundial a preços relativamente menores que outros países exportadores. Isso pode
ser parcialmente explicado pela competitividade brasileira no mercado mundial, em
termos de custos. O Brasil pos
sui um dos menores custos mundiais na produção de
suínos, o que permitiu que o país vendesse produto a preços menores que o dos seus
concorrentes, mesmo enfrentado barreiras que aumentam o preço do produto. O
desempenho não foi melhor devido às restriçõ
es sanitárias, especialmente as
restrições relacionadas à febre aftosa, que dificultaram as exportações para diversos
países.
54
No subperíodo (1990 a 1998), anterior à desvalorização, o crescimento em
termos de valor foi de 20,46% a.a. e em quantidade, 14,9
0% a.a. Após a
desvalorização cambial de 1999 ocorreu grande distanciamento do índice, em
termos de valor e quantidade. Com relação à quantidade, o índice de posição
cresceu à taxa média de 39,50%, enquanto em termos de valor esse crescimento
médio foi da
ordem de 31,45%, entre 1999 e 2004.
Em meados do ano de 2002, o país começa a perder dinamismo no comércio
mundial de carne suína, em termos de quantidade, à taxa anual média de 5,71%. A
queda no indicador no ano de 2002 reflete a crise vivida pelo setor
nessa época, que
implicou redução nos plantéis de suínos. Isso porque em 2002 ocorreu a explosão
de oferta da produção de suínos, iniciando o ciclo de baixa de preços. Aliado a esse
fato, o milho, principal insumo da ração fornecida aos suínos, iniciou u
m ciclo de
alta, agravando a situação. A partir daí, a crise estendeu durante todo o ano de 2003
até o final do semestre de 2004. Segundo Antunes (2003), no ano de 2002
ocorreu uma conjugação de diversos fatores que fizeram como que os produtores
acumul
assem sucessivos prejuízos.
Pode
-
se observar, nas Figuras 11 e 12, que os Estados Unidos apresentaram
taxa de crescimento do índice de posição no comércio mundial de 23,10 a.a. e
6,48% a.a., respectivamente, em valor e quantidade. O valor do índice em
qu
antidade não foi significativo. Esse país desempenha papel relevante no comércio
internacional, ocupando o terceiro lugar no
ranking
mundial de produção e
exportação de carne suína, e configura como um dos principais concorrentes do
Brasil no comércio inte
rnacional. A indústria suinícola americana tem passado por
mudanças estruturais, as quais têm contribuído para o aumento da produtividade e,
conseqüentemente, para o ganho em competitividade. Segundo Mello (2006), a
indústria de carne suína americana tem c
oncentrado
com a migração de um
sistema de produção baseado em muitas propriedades com pequena escala para um
sistema com poucas unidades
grandes rebanhos e grande escala. Além disso, o
sistema de produção americano está se tornando mais especializado,
com as fases
produtivas separadas por granja, o que acarreta ganhos de eficiência.
55
A Figura 11 ilustra a evolução da posição do Brasil no comércio
internacional de carne suína em relação aos seus concorrentes, em termos de valor.
(4,00)
(2,00)
-
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
BR
CA
EUA
UE (25)
Fonte: Resultados d
a pesquisa
Figura
11
Índice de posição no mercado mundial das exportações brasileiras de
carne suína e de seus principais concorrentes, em valor.
A União Européia vem apresentando tendência de aumento na participação
no mercad
o mundial das exportações de carne suína (4,20% em termos de valor).
Já, em termos de volume, chegou a uma taxa de crescimento de 3,62%. Com a
incorporação de 10 novos integrantes, a Europa aumentou sua área agrícola, seus
plantéis, seu rebanho e a sua pro
dução. No entanto, segundo Roppa (2006) a União
Européia m tido problemas para expandir sua produção, isso porque o seu grande
tamanho causa excesso de poluição no meio ambiente e contamina as fontes de água
potável; com isso, os ecologistas m consegui
do impor limitações à expansão da
atividade suinícola. Além disso, os europeus são pressionados pelo alto custo de
produção (US$ 1,20 a 1,50 por quilo de suíno vivo), em razão da ocorrência de
enfermidades e de pressões relacionadas à questão ambiental. At
ualmente, a
conscientização ecológica e a preocupação com a origem dos alimentos tornaram
-
se
critério fundamental na escolha de qual produto consumir.
56
O Canadá apresentou taxas de crescimento de 4,89% a.a. e de 3,14% a.a.,
em valor e quantidade, respecti
vamente. A evolução do índice de posição no
mercado mundial, em quantidade, pode ser visualizada na Figura 12.
(4,00)
(2,00)
-
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Brasil
Canadá
Estados Unidos
União Européia
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura
12
Índice de posição no mercado mundial das exportações brasileiras de
carne
suína e de seus principais concorrentes, em quantidade.
Comparando as taxas médias de crescimento do índice de posição para o
Brasil e seus concorrentes, verificou
-
se que o país vem aumentando sua posição no
comércio mundial, diante dos seus concorrent
es, permanecendo atrás apenas dos
Estados Unidos, que apresentaram taxa de crescimento superior à do Brasil, em
termos de valor. O índice de posição do Brasil apresentou tendência diferente com
relação a seus principais concorrentes. O índice, em termos d
e quantidade, exibiu
taxa de crescimento superior ao índice em valor, o que indica que o produtor
precisou vender mais para obter a mesma quantia, considerando
-
se o valor do dólar
constante. Esse fato pode ser explicado pela desvalorização cambial que torn
ou a
carne suína brasileira mais barata no mercado internacional, em relação aos seus
concorrentes, e isso permitiu ao Brasil encontrar novos demandantes para suas
exportações. No entanto, o país apresentou taxa de crescimento de sua posição no
comércio mu
ndial superior à de seus concorrentes, exceto em termos de valor em
relação aos Estados Unidos.
57
A evolução do índice de desempenho calculado revelou melhoria na
participação do saldo comercial do setor exportador de carne suína brasileira diante
do comér
cio mundial do setor, durante o período de 1990 a 2004. Isso significa que,
considerando o mercado mundial de carne suinícola, o Brasil apresentou maior
crescimento de sua participação no saldo comercial global do setor.
4.2. Índice de Rentabilidade
No
cálculo do índice de rentabilidade, a produtividade da produção de carne
suína foi medida pelo número de terminados/porca/ano, e os custos em reais por
quilo de suínos foram convertidos em lar. O número de terminados foi concedido
pela Embrapa e refere
-
s
e ao estado de Santa Catarina, principal produtor e
exportador de carne suína. Os resultados do índice de rentabilidade das exportações
de carne suína, preço de exportação, custo de produção e produtividade são
apresentados na Tabela 6.
Tabela
6
Índice de rentabilidade das exportações de carne suína, preço de
exportação, custo de produção e produtividade, no período de 1990 a
2004
Período
Preço de
Custo de
Produtividade
Índice de
Exportação(US$)
Produção(US$/kg)
Rentabil
idade
1990
2.56
0,79
14.20
3,23
1991
2,56
0,77
14,70
3,18
1992
2,44
0,69
15,10
3,38
1993
2,47
0,83
16,37
2,71
1994
2,49
1,02
16,58
2,42
1995
3,29
0,84
18,21
3,51
1996
2,64
1,04
18,12
2,56
1997
2,97
0,80
18,72
3,55
1998
2,38
0,74
18,81
3,19
1999
1
,76
0,60
19,10
2,86
2000
1,54
0,60
18,00
2,84
2001
1,50
0,51
18,00
2,91
2002
1,11
0,47
18,00
2,35
2003
1,18
0,59
18,00
2,00
2004
1,58
0,71
19,00
2,07
TGC (%)
-
5,80
-
3,10
1,76
2,58
Fonte: Resultados da pesquisa.
58
Quando o índice apresenta valor super
ior a uma unidade, isso indica que o
preço de exportação cresceu à taxa superior ao aumento do custo e incremento na
produtividade.
O setor suinícola brasileiro tem enfrentado, ao longo dos anos, oscilações nos
preços reais de exportação e dos insumos util
izados na sua produção, contribuindo
para a ocorrência de variações no custo de produção e na rentabilidade do setor. A
acirrada competitividade do setor vem promovendo mudanças na estrutura
produtiva da carne suína no sentido de manter a lucratividade. Os
avanços ocorridos
no setor de nutrição, relacionado à diminuição da conversão alimentar, avanços na
genética que permitiram o aumento do porcentual de carne magra, juntamente com
avanços de outras áreas, têm sido fundamentais para o aumento da produtivida
de,
redução nos custos de produção e melhoria da qualidade da carne suína e da
competitividade do sistema de produção.
O índice de rentabilidade, durante o período analisado (1990 a 2004),
apresentou comportamento mais instável até meados de 1997 e tendên
cia de queda
a partir desse referido ano. Ao longo desse período, o índice de rentabilidade
apresentou evolução negativa à taxa anual média de 2,58% a.a. A evolução do
índice de rentabilidade é apresentada na Figura 13.
-
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Fonte: Resultados da pesquisa.
Figura
13
Evolução do índice de rentabilidade das exportações brasileiras de
carne suína no período de 1990 a 2004.
59
Apesar de ter apresentado tendência de queda de 2,58% a.a. (representado
pela linha preta na Figura 14), a ren
tabilidade das exportações de carne suína foi
favorável aos produtores, ou seja, esse índice manteve valor superior a uma
unidade, indicando que os preços recebidos pela exportação cresceram à taxa
superior ao incremento de custos e produtividade.
No pe
ríodo de 1990 a 1993 (anterior ao Plano Real), o índice de
rentabilidade das exportações de carne suína apresentou queda de 16,09%,
crescimento na produtividade de 32,46% e nos custos de 5,06%.
no período de 1994 a 1998, após o Plano Real e caracteriza
do pela
sobrevalorização cambial, o índice de rentabilidade aumentou 31,81%, em relação a
1998, enquanto o custo reduziu em 27,45%, e a produtividade aumentou em
13,44%. O mbio mantido sobrevalorizado estimulava as importações e a inflação
interna era co
ntida por meio da concorrência entre os produtos nacionais e
importados. Nesse período, a valorização do real em relação ao dólar estimulou as
importações, o que acarretou diminuição nos custos de produção devido à queda no
preço dos insumos importados. A
s importações realizadas pelo setor suinícola
permitiram redução de custos e participação de produtos internacionais de qualidade
no mercado nacional. Para os consumidores, a competitividade favorece a
multiplicidade de escolha, mais qualidade de produtos
e mais estabilidade de preço.
Outro fator que contribuiu para o aumento da rentabilidade foi o preço recebido
pelas exportações que se manteve superior ao período anterior ao Plano Real; logo,
os produtores puderam receber mais pela carne suína no mercad
o internacional.
No período de 1999 a 2004, posterior à desvalorização cambial ocorreu
diminuição na rentabilidade de 27,62%, enquanto os custos aumentaram em
18,33%, e a produtividade manteve
-
se estável. Essa queda na rentabilidade das
exportações pode t
er ocorrido em resposta à depreciação da taxa de mbio que
provocou queda nos preços de exportação no mercado mundial de carne suína e
incremento nos custos de produção. Com a desvalorização do real diante do dólar,
os exportadores passaram a receber men
os pela carne suína e tiveram seus custos
aumentados devido ao aumento do preço dos insumos importados. De acordo com
Silva (2003), a desvalorização do real perante o dólar norte
-
americano acarretou
60
aumento dos custos, pois encareceu os insumos importados
e estimulou a
exportação do milho, principal componente da ração e o de maior peso no custo de
produção de suínos.
Nesse período, as exportações de carne suína sofreram embargos
relacionados à presença de febre aftosa no rebanho de bovinos, mesmo não est
ando
diretamente relacionada ao setor suinícola, os importadores restringiram o consumo
de carne suína brasileira. Ocorreu também diminuição das exportações para a
Rússia, pois este país impôs cota de importação à carne suína implicando
diminuição da rent
abilidade, pois esse país é o que paga melhor pela carne suína.
Em síntese, no período analisado as exportações de carne suína apresentaram
competitividade em termos de rentabilidade. No entanto, esta apresentou tendência
declinante, o que pode ser explica
do pela valorização da taxa de mbio real e pelo
decréscimo nos preços de exportação, além do acréscimo nos custos em dólar de
produção.
Diante desse cenário, é necessária a adoção de políticas para aumentar a
rentabilidade das exportações de carne suína.
Entre elas, estão uma política
comercial voltada para firmar acordos comerciais com os principais importadores
mundiais para a diminuição das barreiras tarifárias e tentar conseguir superar os
problemas sanitários. São necessárias à agregação de valor e a
diversificação da
carne suína, no sentido de promover seu consumo mais sofisticadamente e, com
isso, obter melhores preços no mercado internacional.
4.3. Índice de Vantagem Comparativa Revelada
Na Tabela 7 é mostrado o comportamento das vantagens comp
arativas dos
quatro principais países exportadores e do resto do mundo na comercialização
internacional de carne suína. De acordo com os resultados apresentados nessa
figura, o Brasil não possuía vantagens comparativas no comércio internacional de
carne su
ína até o ano de 2001, exibindo índices menores que uma unidade a
aquela data.
61
Tabela
7
Indicador de vantagem comparativa revelada para as exportações de
carne suína do Brasil, em relação aos seus principais concorrentes
Bra
sil
Canadá
EUA
União
Resto
Européia
Mundo
1990
0,11
2,44
0,27
1,58
0,48
1991
0,14
1,77
0,26
1,51
0,59
1992
0,31
1,63
0,32
1,56
0,48
1993
0,37
2,05
0,40
1,50
0,55
1994
0,22
1,72
0,39
1,57
0,53
1995
0,26
1,78
0,50
1,52
0,57
1996
0,33
1,67
0,54
1,
52
0,57
1997
0,38
2,09
0,66
1,65
0,38
1998
0,48
1,77
0,80
1,62
0,34
1999
0,39
2,11
0,81
1,57
0,32
2000
0,55
2,55
0,95
1,55
0,26
2001
0,82
2,48
0,86
1,59
0,25
2002
1,18
2,76
0,89
1,48
0,29
2003
1,08
3,12
0,85
1,46
0,27
2004
1,04
2,94
0,99
1,43
0,21
TGC(%)
16,09
3,51
10,67
0,30
NS
6,87
Fonte: Resultados da pesquisa.
NS
Não
-
significativo.
No primeiro subperíodo (1990 a 1993), antes da implantação do Plano Real o
índice de vantagem comparativa revelada
VCR
cresceu à taxa anual médi
a de
55,79%; no subperíodo (1994 a 1998), após a adoção do Plano de Estabilização o
crescimento anual médio do
VCR
diminuiu para 21,40% a.a. Após a desvalorização
cambial, a partir de 1999 esse índice cresceu à taxa anual média de 23,16
% a.a. A
partir de 2002, os índices de
VCR
aumentaram significativamente, atingindo a partir
de então valores superiores a uma unidade. Analisando as taxas de crescimento
desses indicadores para todo o período de análise (1990 a 2004) c
onstatou
-
se que o
crescimento médio foi de 16,09%, indicando melhoria no desempenho das
exportações da carne suína brasileira.
O Brasil apresentou taxa geométrica de crescimento do
VCR
superior à de
seus principais concorrentes. Esse
melhor desempenho brasileiro se deveu à
diversificação das vendas no mercado internacional e à estratégia do setor de buscar
novos mercados. Atualmente, um pequeno grupo de países tem ampliado a
possibilidade de o Brasil escoar a produção a novos destinos
e, ao mesmo tempo, de
62
reduzir a dependência das importações russas.
Segundo Girotto (2006), com
relação à conquista de novos mercados o item “outros mercados” representava 7%
do volume exportado entre 1999 e 2002, alcançando 19% em 2004, com ênfase para
a África do Sul, Lituânia, Moldávia, Itália, Bulgária, Cingapura e Armênia.
Com relação aos outros países exportadores, constatou
-
se que os indicadores
de
VCR
cresceram as taxas anuais de 3,51 e 10,67% no Canadá e nos Estados
Unidos, r
espectivamente. Na União Européia, o crescimento do
VCR
não foi
significativo. Já o Resto do Mundo (RDM) não apresentou vantagem comparativa, e
a taxa de crescimento foi negativa em 6, 87% a.a., indicando diminuição das
vantagens. No ca
so dos Estados Unidos, apesar de grande participação no mercado
internacional, esse país não apresentou vantagem comparativa, com índices
estimados sempre abaixo de uma unidade. Esse fato pode ser explicado pela
existência de barreiras à expansão da ativid
ade relacionada à questão ambiental e ao
alto custo da mão
-
de
-
obra. No entanto, esse país exibiu tendência de crescimento de
10,67% a.a. o que torna claro o aumento da vantagem americana.
O Canadá e a União Européia Mundo apresentaram valor de
VCR
sempre
acima da unidade. O Brasil passou a apresentar vantagem comparativa no comércio
mundial de carne suína nos últimos três anos.
A vantagem apresentada pelo Brasil em face dos seus concorrentes reside no
fato de o país possuir grande exte
nsão territorial para o cultivo de grãos, o que
permite produzir a carne suína a baixos custos. Além disso, apresenta clima
favorável, custos baixos da terra e mão
-
de
-
obra e também tem conseguido agregar
valor à carne suína, que apresenta menos gordura i
ntramuscular, atributo muito
valorizado pelos mercados consumidores, inovações tecnológicas e redução nos
custos de produção, tendo também conseguido agregar mais valor a carne suína.
4.4. Modelo de elasticidade de substituição
Primeiramente, foi r
ealizado o teste de raiz unitária que tem como objetivo
verificar se as séries temporais em estudo são estacionárias em nível ou se tornam
estacionárias nas diferenças. Para tanto, utilizou
-
se o teste de Dickey Fuller
63
Aumentado (ADF), testando a hipótese n
ula de que a série possui raiz unitária em
cada uma das séries. Foi utilizado o critério de Akaike para se escolher o melhor
número de defasagens.
A partir dos dados reportados na Tabela 8, observa
-
se que todas as séries são
estacionárias em nível, difer
indo apenas quanto ao nível de significância.
Tabela
8
Resultado do teste de Dickey
-
Fuller Aumentado para as séries anuais de
quantidade exportada de carne suína e preço de exportação, no período
de 1990 a 2004
Série
Defasagem
Integração
Resultados
Teste ADF
Quantidade exportada do Brasil
6
I(0)
2,508293**
Quantidade exportada do Canadá
6
I(0)
4,206241***
Quantidade exportada dos EUA
6
I(0)
3,399986***
Quantidade exportada da UE
4
I(0)
4,467287***
Quantidade exportada d
o RDM
5
I(0)
6,603531***
Preço de exportação Brasil
6
I(0)
2,529600**
Preço de exportação Canadá
5
I(0)
1,794782*
Preço de exportação dos Estados Unidos
6
I(0)
33,299000***
Preço de exportação União Européia
6
I(0)
1,966021*
Preço de exportação Re
sto do Mundo
6
I(0)
2,273571**
Fonte: Dados da pesquisa.
*** Significativo a 1%, ** Significativo a 5% e * Significativo a 10%.
As séries de quantidade exportada para o Canadá, os Estados Unidos, a
União Européia e o resto do mundo e preço de exporta
ção dos Estados Unidos são
estacionárias em nível, e, portanto, a hipótese nula de raiz unitária é rejeitada, em
um nível de significância de 1%.
As séries quantidade exportada do Brasil, preço de exportação do Brasil e do
Resto do Mundo são estacionári
as, porém o nível de significância pelo qual não se
aceita a hipótese nula é de 5%. Da mesma forma, as séries de preços de exportação
do Canadá e da União Européia são estacionárias, diferindo apenas no que diz
respeito ao grau de significância pelo qual s
e rejeita a hipótese de raiz unitária
(10%, nesse caso).
Depois de realizado o teste de raiz unitária, estimou
-
se a regressão conforme
a equação (7), cujos resultados podem ser visualizados na Tabela 6. Os coeficientes
em relação aos preços relativos apr
esentaram
-
se estatisticamente não
-
significativo.
64
Esses resultados indicam que as exportações de carne suína brasileira o
competem com as exportações de carne suína dos Estados Unidos, da União
Européia e do Canadá. Isso indica que ocorre elevada diferenc
iação do produto por
país de origem e que cada país acaba exercendo poder de monopólio.
Tabela
9
Estimativas de elasticidade de substituição para o mercado internacional
de carne suína, 1990 a 2004
Concorrentes
Constante
Elasti
cidade
Quantidade
R
2
substituição
defasada
Canadá
0,2826***
0,224261
NS
0,879848***
0,99
Estados Unidos
0,3229***
0,291366
NS
0,996423***
0,95
União Européia
0,01394
NS
0,013796
NS
1,011071***
0,99
Resto do Mundo
0,02369
NS
0,004204
NS
1,027
075***
0,92
Fonte: Dados da pesquisa.
*** Significativo a 1%;* Significativo a 5%, * Significativo a 10% e
NS
Não
-
significativo.
A inclusão da variável defasada permite analisar a rigidez do mercado,
decorrente da intervenção governamental no setor.
Co
mo as importações são feitas
normalmente por agências governamentais, contratos de longo prazo tendem a
prevalecer, resultando em diferenciação por países.
Os sinais das respostas das quantidades defasadas estimadas em todas as
regressões confirmam a hipó
tese de rigidez, indicando uma relação positiva entre
quantidades exportadas de um ano em relação ao ano anterior.
Os valores não
-
significativos para a elasticidade de substituição e a presença
de rigidez de mercado indicam que a carne suína é diferencia
da por país de origem
no mercado internacional, ou seja, os importadores associam a carne suína ao seu
país de origem, sugerindo que cada país tem um produto diferente, notadamente
quanto à qualidade e à confiabilidade; logo, cada país é monopolista, no se
ntido de
que tem um produto diferente.
Logo, para que a carne suína continue a aumentar sua participação no
mercado mundial desse produto, ela deve apresentar os atributos requeridos pelos
mercados importadores. Segundo Silveira (2006), a qualidade da car
ne suína inclui
características sensoriais (aparência, cor, textura, suculência) conteúdo de nutrientes
65
(proteína, pigmentos e gordura intramuscular, principalmente); aspectos higiênicos
e sanitários e a capacidade de reter fluido durante a manipulação e p
rocessamento.
O comprometimento dessas características de qualidade resulta em prejuízo
econômico para a indústria de carne e são repassadas para o consumidor.
Segundo Teixeira (2004) a para que o setor exportador de carne consiga
manter
-
se competitivo a
atuação do governo é importante, principalmente na
inspeção rigorosa dos processos de produção e industrialização da carne, na
promoção de programas de erradicação de doenças e difusão tecnológica, no
aumento dos recursos destinados ao crédito para invest
imento, na manutenção de
uma política de taxa de câmbio que favoreça a competitividade, na redução da carga
tributária à exportação, na modernização das estradas, dos portos e no
desenvolvimento de alternativas de transporte.
4.5. Constant Market Share (C
MS)
4.5.1. Período de 1990 a 1993
No período de 1990 a 1993, antes da implementação do Plano Real e logo
após a abertura de mercado, houve aumento na participação do Brasil no mercado
internacional de carne suína. Os resultados podem ser visualizados na
Tabela 10,
em que o desempenho das exportações brasileiras de carne suína foi decomposto em
três efeitos: comércio internacional, destino das exportações e competitividade.
O Brasil apresentou aumento efetivo de 70,45%, ao conseguir aumentar suas
export
ações em US$ 76.153 mil. A taxa anual média de crescimento das
exportações foi de 5,33% no período analisado, enquanto as exportações mundiais
não apresentaram decréscimo.
De acordo com esse resultado o aumento efetivo das exportações de carne
suína bras
ileira, nos anos de 1990
-
1993, pode ser atribuído ao efeito
competitividade, já que esse valor foi positivo na ordem de 103,73%. Esse resultado
indica que o país aumentou sua participação no comércio mundial em 103,73%.
66
Tabela
10
Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescimento das exportações brasileiras de carne suína, em mil US$,
1990 a 1993
Exportações
Crescimento (%)
Exportações brasileiras de carne suína em 1993
108,092
Exportações br
asileiras de carne suína em 1990
31,939
1. Fontes de crescimento
Crescimento efetivo
76,153
100,00
Efeito do comércio mundial
(2,825)
(3,73)
Efeito destino das exportações
Efeito competitividade
78,978
103,73
2. Taxa de crescimento*
Exportações brasileiras
20,26
Exportações mundiais
1,54**
Fonte: Resultados da pesquisa.
* Taxa geométrica de crescimento.
** não
-
significativo a 10%.
O aumento da competitividade pode ser explicado pelas mudanças ocorridas
após a abertura com
ercial. Segundo Simões (2003), a abertura comercial, na década
de 1990, foi fundamental para a modernização da suinocultura, pois com o aumento
da concorrência com outros países e com outras fontes de origem animal,
principalmente a de aves e a crescente e
xigência dos consumidores, os produtores
tiveram que se modernizar e se tornar eficientes em custos e qualidade.
O processo de abertura propiciou também a importação de pacotes
tecnológicos e ampliou as possibilidades de comércio.
O efeito destino não
foi significativo, o efeito comércio mundial foi
negativo em 3,73%, mostrando que, se as exportações brasileiras tivessem crescido
à mesma taxa porcentual de crescimento do comércio mundial, ela deveria ter
diminuído em 3,73%.
O efeito competitividade
esta associado a diversos fatores e transformações
ocorridas no setor, como: importação de pacotes tecnológicos, melhoria do perfil
genético dos suínos, maior integração dos produtores e indústrias.
67
4.5.2. Período de 1994 a 1998
No período de 1994 a
1998, após a implementação do Plano Real a
utilização da âncora cambial proporcionou a estabilização de preços domésticos,
porém, em relação ao comportamento das contas externas, verificou
-
se que a
valorização cambial, decorrente dessa estratégia, resulto
u na redução das
exportações e aumento das importações totais. Em relação às exportações de carne
suína ocorreu aumento na participação do Brasil no mercado internacional,
conforme valores descritos na Tabela 11.
Tabela
11
Taxas
de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescimento das exportações brasileiras de carne suína, em mil US$,
1994 a 1998
Exportações
Crescimento %
Exportações brasileiras de carne suína em 1998
171.307
Exportações
brasileiras de carne suína em 1994
84.720
1. Fontes de Crescimento
Crescimento efetivo
86.587
100,00
Efeito do comércio mundial
(7.494)
(8,66)
Efeito destino das exportações
1.643
1,90
Efeito compet
itividade
92.438
106,76
2. Taxa de crescimento*
Exportações brasileiras
20,61
Exportações mundiais
1,89
Fonte: Resultados da pesquisa.
* Taxa geométrica de crescimento.
A taxa anual média de crescimento das exportações brasileira
s foi de 20,61%
e ocorreu decréscimo das exportações mundiais à taxa média de 1,89%. Constatou
-
se que, no período de 1994
-
1998, o crescimento efetivo das exportações de carne
suína foi de 106,76%. Esse incremento nas exportações de carne suína no mercado
internacional é explicado pela redução nos custos de produção, dado que com a
moeda valorizada estes se tornam mais baratos. A moeda valorizada estimulou as
exportações de carne suína, pois os exportadores puderam receber um preço melhor
por seu produto; l
ogo, passaram a ofertar mais no mercado internacional.
68
O efeito comércio mundial de 8,66% (negativo), indicando que, caso as
exportações brasileiras de carne suína tivessem crescido à mesma taxa porcentual
do comércio mundial, elas deveriam reduzir
-
se em
8,66%. Essa redução é um
fenômeno exógeno, indicando diminuição na demanda externa. O efeito destino
apresentou
-
se positivo (1,90%), indicando aumento na participação no mercado de
destino. Isso ocorreu devido a maior abertura comercial entre os países, o
que
permitiu a entrada da carne suína em novos mercados. No entanto, verificou
-
se
crescimento bem reduzido. No período analisado, o efeito competitividade foi o que
mais contribuiu para aumentar a taxa de crescimento das exportações brasileiras de
carne su
ína, em comparação com os outros efeitos. Ou seja, o aumento da
participação das exportações brasileiras de carne suína no mercado internacional
deveu
-
se ao aumento da competitividade da carne suína.
A implementação do Plano Real teve reflexos diretos so
bre os indicadores
macroeconômicos da economia brasileira com a utilização da âncora cambial
proporcionou a estabilização de preços domésticos através da entrada de recursos
baratos. Com isso, a suinocultura foi beneficiada com a redução dos custos de
prod
ução, o que permitiu ao país aumentar sua competitividade no mercado
internacional.
4.5.3. Período de 1999 a 2004
No período de 1999 a 2004, marcado por crises estrangeiras
9
no mercado
internacional, que resultaram em uma pressão à desvalorização cambi
al, observou
-
se que as exportações de carne suína apresentaram maior crescimento no comércio
internacional. A taxa anual média das exportações brasileiras de carne suína foi de
(41,84%) quase cinco vezes acima da taxa anual média das exportações mundiais
q
ue foi de 8,60%. Em relação ao mercado de destino, as exportações brasileiras
aumentaram sua participação em 13,04%. Constatou
-
se se que, no período, o
crescimento efetivo das exportações de carne suína deveu
-
se, principalmente, ao
efeito competitividade
(88,55%) e, em menor proporção, ao efeito mercado de
9
Crise Russa e Crise Mexicana
69
destino (13,04%). o efeito mercado comércio mundial apresentou sinal negativo
(1,87%), indicando perda na dinâmica das exportações mundiais.
Os resultados das
fontes de crescimento das exportações pod
em ser visualizados na Tabela 12.
Tabela
12
Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescimento das exportações brasileiras de carne suína, em mil US$,
1999 a 2004.
Exportações
Crescimento (%)
Exportações brasileiras de carne suína em
2004
744.277
Exportações
brasileiras
de carne suína em 1999
132.731
1. Fontes de crescimento
Crescimento efetivo
611.546
100,00
Efeito do comércio mundial
(11.741)
(1,92)
Efeito destino das exportaç
ões
81.754
13,37
Efeito competitividade
541.533
88,55
2. Taxa de crescimento*
Exportações brasileiras
41,84
Exportações mundiais
8,60
Fonte: Resultados da pesquisa.
* Taxa geométrica de crescimento.
Após a desvalorização, verificou
-
se qu
e o efeito mercado de destino tornou
-
se maior, com a ampliação do número de demandantes de carne suína no mercado
internacional. Com o câmbio favorável, o produto brasileiro ficou mais barato no
mercado internacional, tornando possível a ampliação das vend
as no comércio
internacional. Além disso, o setor produtivo passou por um processo de
reestruturação produtiva, no sentido de atender às preferências do consumidor
moderno, redução nos custos de produção e diversificação das vendas.
Segundo Abipecs (2004
), ocorreu melhoria no perfil sanitário da
suinocultura, que hoje esta entre um dos melhores do mundo, permitindo a
conquista de novos mercados. O plantel de suínos tem alimentação rigorosamente
controlada, baseada em cereais de excelência e excluídos de a
ditivos ou
reguladores. Além isso, os animais são criados em ambientes higienizados, de
forma a atender aos requisitos de conservação do meio ambiente.
70
As exportações nesse período sofreram importantes restrições relacionadas à
questão sanitária, com a
ocorrência de febre aftosa, que implicou embargo às carnes
e sofreu também com a imposição de cotas de importação pelo principal
importador. No entanto, essas restrições, embora tenham tido efeito negativo nas
exportações, não implicaram diminuição drástic
a nas exportações de carne suína.
4.5.4. Período de 1990 a 2004
O resultado da decomposição das fontes de crescimento das exportações
brasileiras indica que o efeito do comércio mundial foi desfavorável ao crescimento
das exportações brasileiras em 0
,40%, no período analisado. De acordo com o
padrão de crescimento das exportações de carne suína, o Brasil aumentou o seu
nível de participação no comércio mundial, o que determinou um efeito
competitividade positiva de 98,20% e efeito destino de 2,22%. Na
Tabela 13,
apresentam
-
se os resultados do modelo CMS, no período de 1990 a 2004.
Tabela
13
Taxas de crescimento das exportações brasileiras e mundiais e fontes de
crescimento das exportações brasileiras de carne suína, em mil
US$, no
período de 1990 a 2004
Exportações
Crescimento (%)
Exportações brasileiras de carne suína em 2004
744.277
Exportações brasileiras de carne suína em 1990
31.939
1. Fontes de crescimento
Crescimento efetivo
712.338
100,00
Efeito do co
mércio mundial
(2.825)
(0,40)
Efeito destino das exportações
15.701
2,20
Efeito competitividade
699.462
98,20
2. Taxa de crescimento*
Exportações brasileiras
21,11
Exportações mundiais
1,19
Fonte: Resultados da pesquisa.
* Taxa geométrica
de crescimento.
71
Um efeito competitividade de 98,20% indica que o país aumentou sua
participação no comércio mundial a essa taxa.
A taxa anual média das exportações brasileiras de carne suína foi de 21,11%,
enquanto a mundial não foi significativa.
O efeito destino apresentou
-
se positivo (2,22%), o que indica ganho de
participação da carne suína brasileira no mercado de destino das exportações
nacinais. Esse resultado é corroborado pela informação apresentada, em que o
item outros mercados que re
presentavam 7% do volume exportado entre 1999 e
2002 aumentou para 19% em 2004, com incremento significativo das exportações
para a África do Sul, Albânia, Angola, Antilhas Holandesas, Cingapura, Itália,
Moldávia, Lituânia e Itália.
Ao analisar o desempe
nho das exportações de carne suína ao longo do
período analisado, verificou
-
se que, após a abertura econômica e a implementação
do Plano Real, o Brasil aumentou sua participação no mercado internacional de
carne suína, em volume e parcela de mercado, devid
o à ampliação de sua
participação no mercado internacional, principalmente em razão do efeito
competitividade. O aumento da competitividade pode ser associado à modernização
do sistema produtivo, com crescente adoção de novas tecnologias e avanços no
setor
de genética, que aumentaram a produção de carne magra; e a melhoria de
produtividade, medida pelo número de terminados/porca/ano, que aumentou em
33,80%, em relação ao ano de 1990.
Outro fator importante, conforme Girroto (2005), foi a abertura de novas
áreas destinadas à produção de grãos, principalmente o Centro
-
Oeste,
concomitantemente com a melhoria da produtividade, sobretudo do milho e da soja,
principais ingredientes na composição da ração de suínos, que levou à agregação de
valor e a transformaçõ
es desses cereais em proteína animal.
Segundo Girroto (2005), a suinocultura brasileira tem
-
se modernizado e
alcançado elevados índices de produtividade, bem como tem conseguido diminuir o
tempo de engorda e a idade de abate.
Segundo Talamini (2005), a
disponibilidade e domínio da tecnologia, as
condições de clima, a produção de grãos para a alimentação dos animais, a oferta de
72
outros insumos necessários à produção, a qualidade, disponibilidade e custos da
mão
-
de
-
obra e a disponibilidade de terras tornam
a suinocultura brasileira
competitiva.
Considerando os subperíodos separadamente, pode
-
se perceber que o
incremento das exportações teve origem no aumento da competitividade. Em
síntese, os resultados das fontes de crescimento das exportações brasileiras
de carne
suína apontaram a importância de um fator endógeno, a competitividade, que se
apresentou como principal fonte de incremento das exportações no período
analisado. O efeito comércio mundial contribuiu no sentido inverso, ou seja, para o
decréscimo
das exportações. O efeito mercado de destino apresentou
-
se positivo, ou
seja, auxiliando para acelerar o crescimento das exportações em todos os períodos
analisados e elevando seu peso após a desvalorização cambial.
7
3
5. RESUMO E CONCLUSÕES
O
Brasil tem evoluído e modernizado continuamente a produção e
industrialização da carne suína. As agroindústrias exportadoras de carne suína estão
em processo de inserção internacional e possuem histórico recente de exportações.
A participação desse produt
o na pauta de exportações vem aumentando em período
recente e é o quarto maior produtor e quarto maior exportador mundial. Em termos
de produção, participa com 3%, e suas exportações representam 12% das
exportações mundiais totais.
O processo de abertura
econômica iniciado na década de 1990 expôs a
suinocultura à competição internacional. E, com isso, o setor iniciou um processo de
reestruturação produtiva, no sentido de atender às exigências dos consumidores. Os
produtores adotaram novas tecnologias de p
rodução e a genética.
Diante desse contexto, o objetivo principal desta pesquisa foi analisar a
competitividade das exportações brasileiras de carne suína em relação aos seus
principais concorrentes no mercado internacional. Assim, procurou
-
se examinar a
participação do saldo comercial brasileiro no mercado mundial de carne suína, as
mudanças ocorridas nas vantagens e rentabilidade das exportações; e o desempenho,
por meio do efeito comércio mundial, efeito destino e efeito competitividade.
74
A importânci
a deste tema na economia refere
-
se à crescente participação do
segmento exportador de carne brasileira na geração de divisas e emprego. Além
disso, no âmbito internacional os principais países competidores adotam uma
postura de manter e ampliar suas export
ações, o que pode comprometer o
desempenho competitivo do país.
O período de análise foi de 1990 a 2004, caracterizado pela acentuação do
processo de abertura econômica e implementação da política de estabilização e
crises sanitárias no setor de carne.
A metodologia baseou
-
se na abordagem ex
-
ante” e “ex
-
post”, com a
utilização dos modelos de elasticidade de substituição e de Constant Market Share.
Foram calculados, ainda, os indicadores de vantagem comparativa revelada, Índice
de posição no comércio m
undial e Índice de rentabilidade.
O conceito de vantagem comparativa revelada, posição no comércio mundial
e de Constant Market Share estão associado à abordagem de competitividade “ex
-
post”, ou seja, faz parte de um grupo de indicadores que avaliam a co
mpetitividade
à sua atual posição no comércio internacional. O índice de rentabilidade está
associado ao indicador de eficiência, um conceito “ex
-
ante”, associando a
competitividade a fatores estruturais, ou seja, a capacidade de um país produzir em
iguald
ade de condições ou de forma mais eficiente que seus concorrentes.
O indicador de competitividade de preço é medido pelo modelo de
elasticidade de substituição, sendo esta analisada pela mudança positiva nos preços
do exportador, que se reflete negativame
nte na quantidade exportada. Este modelo
foi estimado com o uso do sistema de equações aparentemente não
-
relacionados
(SUR
Seemingly Unrelated Regression). Mostrou
-
se eficiente na estimação dos
coeficientes. A estacionaridade das séries foi testada pelo
método de Dickey Fuller
-
Aumentado (FDA), utilizando
-
se o critério de informação de Akaike. A partir dos
resultados, verificou
-
se aumento na participação da carne suína brasileira no
comércio mundial. A análise dos índices de vantagem comparativa revelada,
a
posição no comércio internacional e o CMS são coerentes e se completam.
Os resultados dos indicadores apontaram que ocorre aumento na participação
da carne suína brasileira no mercado internacional, mesmo diante das barreiras
75
comerciais impostas pelos
mercados importadores. Essas barreiras representam um
problema para as exportações, mas não impediram o crescimento e aumento da
competitividade. Para continuar exportando, é necessário que os agentes envolvidos
nas atividades busquem a melhoria em seus p
rodutos, de forma a atender os
mercados consumidores, busquem também fazer acordos comerciais com outros
países, de forma a conquistar novos mercados.
Em relação ao índice de posição, este confirma o aumento da participação do
saldo comercial brasileiro
no mercado mundial de carne suína, indicando que o país
vem ampliando sua participação a taxas elevadas, inferiores apenas à dos Estados
Unidos.
O valor encontrado de vantagem comparativa confirma essa tendência de o
Brasil estar ganhando espaço, no comé
rcio mundial, relativamente aos seus
concorrentes, pois apresentou evolução positiva a taxas superiores à de seus
concorrentes e mostrou
-
se positivo após 2001. A evolução positiva desse índice
indica que o país tem conseguido ampliar sua participação nos n
egócios
internacionais.
Os valores estimados para o modelo de elasticidade de substituição e a
presença de rigidez de mercado indicam substancial diferenciação de produto por
país de origem no mercado de carnes. A presença da rigidez do mercado indica a
predominância de contratos de médios e longos prazos. a presença de
diferenciação indica que os países importadores compram associando o produto ao
país de origem. Para os importadores, a carne suína do Brasil e de seus concorrentes
são distintas em rel
ação à sua qualidade e confiabilidade.
Ao analisar o modelo de participação constante (CMS), verificou
-
se que, no
período analisado, o Brasil obteve variação positiva em suas exportações, explicada,
principalmente, pelos efeitos competitividade e destino
, sendo que aquele foi de
maior relevância. O efeito comércio mundial apresentou
-
se contrário a esse
movimento, contribuindo para o decréscimo nas exportações. No subperíodo de
1990 a 1993, o crescimento das exportações brasileiras de carne suína é explica
do,
em sua totalidade, pelo efeito competitividade, enquanto o efeito comércio mundial
atuou no sentido contrário, ou seja, para diminuir o crescimento. No sub período de
76
1994 a 1998, o efeito crescimento do comércio mundial atuou no sentido de
diminuir as
exportações e o efeito competitividade e destino (este foi bem reduzido)
foram os responsáveis pelo crescimento das exportações. No sub período de 1999 a
2004, verificou
-
se aumento na participação do efeito destino para o crescimento
das exportações, e
o efeito competitividade continuou sendo o principal
determinante do crescimento das exportações. O efeito comércio mundial
apresentou a mesma tendência encontrada nos outros sub períodos, ou seja,
contribuiu para a variação negativa das exportações de car
ne suína.
No que diz respeito ao índice de rentabilidade, este mostra que o país
apresenta competitividade na exportação de carne suína. No entanto, a evolução
deste índice indica que o país vem perdendo competitividade ao longo dos anos
devido à valoriz
ação da taxa de câmbio real e à queda no preço de exportação.
Uma grande vantagem apresentada pelo Brasil em face dos seus concorrentes
reside no fato de o país possuir grande extensão territorial para o cultivo de grãos, o
que permite produzir a carne s
uína a baixos custos, clima favorável e custos baixos
da terra e da mão
-
de
-
obra.
As alterações ocorridas no comércio mundial no ano 1990 devido a maior à
abertura econômica que ampliou a concorrência, as crises sanitárias, aumento das
aumento das exigê
ncias dos consumidores em relação às questões sanitárias e
ambientais forçaram o setor suinícola a se reestruturar. Esta reestruturação permitiu
ao setor aumentar sua participação no comercio mundial de carne suína. Com isso, a
manutenção do crescimento da
s exportações brasileiras de carne suína dependerá da
melhoria do perfil sanitário dos rebanhos de suínos, e conseqüentemente, da
qualidade da carne.
O processo de abertura econômica aumentou a concorrência e as
possibilidades de comércio, logo, como res
posta ao novo desafio o setor suinícola
passou por mudanças, tais como: melhora no perfil genético dos suínos, aumento da
qualidade da carne associada a redução do percentual de gordura, ocorreu
diminuição do tempo de engorda e adoção de novas tecnologias,
além de avanços
nos setores de manejo e nutrição.
77
Estas transformações na suinocultura brasileira implicaram em ganhos de
competitividade e consequentemente tornou possível aumentar a sua participação no
comércio mundial de carne suína tornando
-
se um do
s principais exportadores
mundiais.
Diante do exposto, pode
-
se afirmar que as exportações de carne suína
brasileira têm apresentado melhor desempenho no mercado mundial em relação aos
seus principais concorrentes.
Para que o Brasil mantenha sua partici
pação no comércio internacional de
carne suína é necessário que a Organização Internacional de Epizootias (OIE)
reconheça que o estado de Santa Catarina, principal estado exportador, é uma área
livre da febre aftosa sem vacinação, com isso os importadores
não teriam como
impor barreiras sanitárias a carne suína brasileira.
Deve
-
se adotar uma política comercial voltada para firmar acordos
comerciais com os principais importadores mundiais para a diminuição das
barreiras tarifárias e tentar conseguir supera
r os problemas sanitários, que apesar de
não estarem diretamente relacionados ao rebanho de suínos implicaram em
embargos e também dificultam o acesso da carne suína nos principais países
importadores mundiais.
Além dessas medidas é necessário melhorar a
estrutura produtiva e tratar os
dejetos de suínos para que a suinocultura alcance
status
de atividade
ecologicamente correta, que é um atributo cada vez mais valorizado pelos mercados
importadores, agregar valor e diversificar a carne suína, no sentido de
promover seu
consumo mais sofisticado e, com isso, obter melhores preços no mercado
internacional.
Quanto às dificuldades encontradas, destaca
-
se a falta de
informações
suficientes para se estimar as regressões
por país de destino e origem,
proposta
inic
ial para a realização deste trabalho.
78
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83
APÊNDICE
84
Tabela
1
A
Índice de preço ao consumidor dos Estados Unidos (Consumer Price Index)
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
CPI
76
79
81
84
86
88
91
93
95
97
100
103
104
107
110
Fonte: Banc
o Mundial.
Tabela
2
A
Exportações agrícolas, em mil dólares
BRASIL
CANADÁ
EUA
União Européia
MUNDO
1990
8.763.783
45.210.987
9.181.264
148.668.848
326.230.178
1991
7.961.699
44.630.832
9.619.024
153.755.659
329.223.462
1
992
9.095.586
48.246.795
10.925.605
169.706.973
357.978.123
1993
9.696.724
47.795.123
10.351.027
154.074.779
339.281.603
1994
12.554.708
52.331.531
11.238.972
172.685.993
389.003.682
1995
13.354.063
62.259.397
12.788.891
192.382.209
443.467.027
1996
14
.307.597
66.255.019
14.702.485
199.093.190
465.798.567
1997
16.001.809
62.544.430
15.191.571
188.785.424
457.880.154
1998
15.215.797
57.351.634
15.393.712
186.469.745
438.240.578
1999
13.824.406
52.693.727
14.679.089
184.696.147
417.198.260
2000
12.761
.342
56.480.134
15.684.949
175.222.918
411.995.703
2001
16.060.076
56.705.929
17.270.520
169.716.229
413.644.373
2002
16.725.970
55.585.786
16.474.591
189.152.314
442.288.965
2003
20.913.719
62.304.939
17.597.553
233.214.962
523.884.525
2004
27.215.102
63.893.274
20.573.961
270.973.223
604.329.383
Fonte: FAO.
* até 2003, 15 membros; a partir de 2004, foi incluído o valor das exportações dos 10 novos integrantes.
85
Tabela
3
A
Quantidade Exportada de carne suína (em mil to
neladas)
Brasil
Canadá
Estados
Unidos
União
Européia
MUNDO
1990
12.468
220.371
67.182
2.012.193
2.832.870
1991
15.415
188.018
76.636
2.152.631
3.074.229
1992
40,185
203,632
116,631
2,258,567
3,061,673
1993
43,735
210,146
129,363
2,389,979
3,228,956
1
994
33,999
205,722
149,908
2,864,460
3,788,882
1995
31,949
238,798
230,341
2,700,343
3,813,777
1996
55,735
244,979
272,222
2,786,654
4,062,116
1997
56,457
277,110
293,649
2,862,079
4,091,351
1998
72,022
289,700
357,331
3,220,900
4,454,957
1999
75,408
370,550
349,321
3,850,767
5,208,060
2000
116,005
440,903
462,195
3,579,830
5,102,654
2001
247,372
499,729
487,421
3,473,683
5,248,867
2002
449,204
586,375
475,050
3,699,116
5,806,838
2003
458.034
664.055
511.459
3.969.374
6.387.350
2004
470.967
672.45
7
666.028
4.425.824*
7.047.687
Fonte: FAO.
86
Tabela
4
A
Quantidade exportada de carne suína (em mil dólares)
Brasil
Canadá
Estados
Unidos
União Européia
MUNDO
1990
22.067
525.052
289.262
1.670.287
7.655.770
1991
28.330
426.19
5
289.178
1.801.167
8.237.294
1992
72.196
452.994
395.107
2.043.008
9.097.892
1993
82.543
484.284
435.213
2.026.844
7.738.577
1994
66.236
459.185
478.097
2.081.891
9.221.570
1995
84.092
548.901
750.595
2.050.105
10.684.989
1996
121.735
629.992
927.095
2.293.365
11.961.980
1997
141.626
734.423
958.491
2.349.818
10.605.366
1998
147.947
551.463
921.981
2.606.995
8.851.418
1999
117.045
671.556
923.600
2.676.746
9.031.300
2000
162.758
932.756
1.251.927
2.713.025
9.603.085
2001
346.401
1.124.375
1.282.9
00
2.717.377
10.874.014
2002
469.408
1.082.995
1.183.662
2.733.753
10.543.307
2003
526.576
1.282.980
1.235.897
3.004.158
12.251.897
2004
744.277
1.599.453
1.675.473
3.131.629
15.959.496
Fonte: FAO.
Tabela
5
A
Preço da carn
e suína (US$/mil t)
Brasil
Canadá
União Européia
Estados Unidos
1990
2,56
3,45
3,97
6,23
1991
2,56
3,16
3,77
5,25
1992
2,44
3,02
4,04
4,60
1993
2,47
3,02
2,88
4,41
1994
2,49
2,85
2,88
4,08
1995
3,29
2,87
3,27
4,07
1996
2,64
3,11
3,38
4,12
1997
2,9
7
3,13
2,99
3,86
1998
2,38
2,20
2,19
2,99
1999
1,76
2,06
1,84
3,00
2000
1,54
2,33
1,95
2,98
2001
1,50
2,40
2,18
2,81
2002
1,11
1,95
1,91
2,64
2003
1,18
1,99
2,07
2,48
2004
1,58
2,38
2,33
2,52
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados da FAO.
87
Tabela
6
A
Exportações de carne suína brasileira para os principais mercados de destino, em mil dólares (US$ FOB).
ARGENTINA
HONG KONG
RÚSSIA
URUGUAI
OUTROS
TOTAL
1990
20.725
274
10.940
31.939
1991
806
30.588
3
77
7.675
39.447
1992
49.334
32.629
1.408
14.672
98.044
1993
46.590
44.836
6.606
10.060
108.092
1994
25.396
44.030
8.765
6.529
84.720
1995
28.266
60.967
7.181
8.701
105.115
1996
67.344
59.879
9.213
10.716
147.152
1997
69.557
70.647
11.626
15.685
167.515
1998
70.748
80.631
25
10.109
9.794
171.307
1999
53.890
55.478
53
10.665
12.645
132.731
2000
60.673
60.698
32.374
7.548
17.742
179.034
2001
55.880
56.373
217.921
11.847
27.922
369.943
2002
11.864
48.307
392.401
6.223
37.694
496.489
2003
40.597
55.570
354.332
8.659
82.182
541.340
2004
39.967
62.066
441.740
10.749
189.755
744.277
Fonte: elaborado pela autora a partir de dados da MIDIC.
88
Tabela
7
A
Exportações mundiais de carne suína para principais m
ercados de destino das exportações brasileiras. em mil
dólares (US$ FOB).
ARGENTINA
HONG KONG
RÚSSIA
URUGUAI
OUTROS
TOTAL
1990
2.740
165.981
892
11.258.739
11.428.352
1991
22.414
172.714
1.009
11.375.523
11.571.660
1992
66.015
121.895
92.343
2.1
65
12.496.982
12.779.399
1993
74.809
93.207
323.405
5.699
9.999.282
10.496.402
1994
62.214
148.975
332.790
9.216
10.982.002
11.535.196
1995
50.278
165.686
568.510
8.514
12.443.625
13.236.613
1996
77.110
139.630
534.789
10.010
13.614.794
14.376.333
199
7
99.768
199.799
613.142
12.461
11.474.206
12.399.376
1998
96.295
243.546
805.406
10.669
9.675.009
10.830.925
1999
69.630
201.825
460.055
11.040
9.858.985
10.601.535
2000
74.055
247.971
233.934
10.815
10.800.358
11.367.133
2001
67.367
262.661
346.177
1
2.483
11.356.102
12.044.791
2002
12.852
246.731
715.680
6.975
11.523.175
12.505.413
2003
43.440
249.896
672.234
8.622
12.762.064
13.736.256
2004
45.296
294.672
625.082
11.360
15.758.733
16.735.143
Fonte: FAO.
89
Tabela
8
A
I
ndicador de vantagem comparativa revelada para as exportações
de carne suína do Brasil, em relação aos seus principais
concorrentes
BRASIL
CANADÁ
EUA
UE
RDM
1990
0,11
2,44
0,27
1,51
2,24
1991
0,14
1,77
0,26
1,56
2,38
1992
0,31
1,63
0,32
1,50
2,30
19
93
0,37
2,05
0,40
1,57
1,80
1994
0,22
1,72
0,39
1,52
1,95
1995
0,26
1,78
0,50
1,52
1,91
1996
0,33
1,67
0,54
1,65
1,85
1997
0,38
2,09
0,66
1,62
1,60
1998
0,48
1,77
0,80
1,57
1,47
1999
0,39
2,11
0,81
1,55
1,45
2000
0,55
2,55
0,95
1,59
1,26
2001
0,82
2,48
0,86
1,48
1,36
2002
1,18
2,76
0,89
1,46
1,31
2003
1,08
3,12
0,85
1,43
1,42
2004
1,04
2,94
0,99
1,51
1,51
Fonte: Resultados da pesquisa.
Tabela
9
A
Índice de posição no mercado mundial das exportações
brasileiras de c
arne suína e de seus principais concorrente, em
valor
Brasil
Canadá
EUA
UE
1990
0,13
3,21
(1,52)
5,48
1991
0,17
2,41
(1,13)
5,29
1992
0,39
2,31
0,08
3,90
1993
0,51
2,87
(0,00)
6,53
1994
0,35
2,27
0,19
10,45
1995
0,31
2,38
1,46
9,13
1996
0,50
2,39
1,87
6,57
1997
0,63
3,05
2,19
7,64
1998
0,80
2,55
2,59
6,86
1999
0,62
3,20
2,25
10,87
2000
0,82
4,21
2,72
9,04
2001
1,56
4,54
2,26
9,01
2002
2,10
4,34
2,08
8,31
2003
2,06
4,48
1,58
8,13
2004
2,28
4,33
2,08
9,61
Fonte: Resultados da pesquisa.
90
Ta
bela
10
A
Índice de posição no mercado mundial das exportações
brasileiras de carne suína e de seus principais concorrente, em
quantidade
Brasil
Canadá
EUA
UE
1990
0,18
3,80
(2,97)
6,08
1991
0,24
2,98
(2,31)
5,83
1992
0,66
3,18
(1,13)
3,52
1993
0,67
3,07
(1,22)
5,66
1994
0,45
2,55
(0,81)
10,71
1995
0,32
2,97
0,49
8,82
1996
0,70
2,75
1,12
6,23
1997
0,65
3,00
1,29
6,43
1998
0,80
2,78
1,56
6,85
1999
0,74
3,27
0,82
11,57
2000
1,14
3,95
1,39
8,53
2001
2,36
4,26
1,55
7,23
2002
3,87
4,58
0,93
8,31
2003
3,63
4,84
0,88
7,66
2004
3,44
4,46
2,12
9,46
Fonte: Resultados da pesquisa.
91
Tabela
11
A
Cálculos e resultados do modelo Constant Market Share, 1990 a 1993
MERCADO
VJ(90)
V'J(93)
XM(90)
X´M(93
)
Rj
RjVj
R*Vj
Argentina
46.590
2.740
28.220
9,30
Hong Kong
20.725
44.836
145.257
48.371
(0,67)
(13.823)
(1.833)
Rússia
323.405
0
0
Uruguai
274
6.606
617
(907)
(2,47)
(678)
(24)
Outros
10.940
10.060
11.247.799
9.989.222
(0,11)
(1.224)
(968)
Total
31.939
108.092
11.396.413
10.388.310
(0,09)
(2.825)
(2.825)
V’j (93)
108.092
Vj (90)
31.939
Crescimento efetivo
V´j(93)
Vj(90)
76.153
100,00
Efeito comércio
Mundial
R*Vj
(2.825)
(3,71)
Efeito destino
RjVj
R*Vj
Competitividade
V´j
Vj
Rj*Vj
78.978
103,71
Fonte: Resultados da pesquisa.
92
Tabela
12
A
Cálculos e resultados do modelo Constant Market Share, 1994 a 1998
MERCADO
VJ(94)
V'J(98)
XM(94)
X´M(98)
Rj
RVj
RjVj
Argentina
62,214
70,748
36,818
25,547
(0,31)
(5,503)
(19,045)
Hong Kong
44,030
80,631
104,945
162,915
0,55
(3,895)
24,322
Rússia
25
332,790
805,381
1,42
Uruguai
8,765
10,109
451
560
0,24
(775)
2,124
OUTROS
6,529
9,794
10,975,473
9,665,
216
(0,12)
(578)
(779)
TOTAL
84,720
171,307
11,450,476
10,659,618
(0,07)
(7,494)
(5,851)
V’j (98)
TOTAL
171,307
Vj (94)
TOTAL
84,720
Crescimento efetivo
V´j(98)
j(94)
86,587
100,00
Efeito comércio Mundial
R*Vj
(7,494)
(8,6
6)
Efeito destino
RjVj
R*Vj
1,643
1,90
Competitividade
V´j
-
Vj
-
Rj*Vj
92,438
106,76
Fonte: Resultados da pesquisa.
93
Tabela
13
A
Cálculos e resultados do modelo Constant Market Share, 1999 a 2004
MERCADO
VJ(99
)
V'J(04)
XM(99)
X´M(04)
Rj
RVj
RjVj
Argentina
53.890
39.967
15.740
5.328.54
(0,66)
(4.767)
35.646.119
Hong Kong
55.478
62.066
146.348
232.606.21
0,59
(4.907)
326.989.962
Rússia
53
441.740
460.002
183.341.66
(0,60)
(5)
31.834.102
Uruguai
10.665
10.7
49
374
611.10
0,63
(943)
674.471.495
OUTROS
12.645
189.755
9.846.340
15.568.978.49
0,58
(1.119)
734.930.999
TOTAL
132.731
744.277
10.468.803
15.990.866.00
0,53
(11.741)
70.012.909
V’j (04)
744.277
Vj (99)
132.731
Crescimento efet
ivo
V´j(04)
Vj(99)
611.546
100,00
Efeito comércio
Mundial
R*Vj
(11.741)
(1,92)
Efeito destino
RjVj
R*Vj
81.754
13,37
Competitividade
V´j
Vj
Rj*Vj
541.533
88,55
Fonte: Resultados da pesquisa.
94
Tabela
14
A
Cálculos e resultados do modelo Constant Market Share, 1990 a 2004
MERCADO
VJ(90)
V'J(04)
XM(90)
X´M(04)
Rj
RVj
RjVj
Argentina
39.967
2.740
5.329
0,94
Hong Kong
20.725
62.066
145.257
232.606
0,60
(1,833)
12,463
Rússia
441.740
183.342
0
0
Uruguai
274
10.749
617
611
(0,01)
(24)
(3)
OUTROS
10.940
189.755
11.247.799
15.568.978
0,38
(968)
4.203
TOTAL
31.939
744.277
11.396.413
15.990.866
0,40
(2.825)
12.876
V’j (04)
744.277
Vj (90)
31.939
Crescimento. efetivo
V´j(
04)
Vj(90)
712.338
100,00
Efeito comércio Mundial
R*Vj
(2.825)
(0,40)
Efeito destino
RjVj
R*Vj
15.701
2,20
Competitividade
V´j
Vj
Rj*Vj
699.462
98,19
Fonte: Resultados da pesquisa.
95
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