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MARCELO BRANDÃO TEIXEIRA
ESTILOS GERENCIAIS E OBJETIVOS DE PRODUTORES RURAIS
DA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO ESP
Í
RITO SANTO
Dissertação
apresentada à Universidade
Federal de Viçosa
,
exigências do Programa de s
-
Gradua
ção
em Economia Aplicada, para obtenção do
título de
Magister
Scientiae
.
VIÇOSA
MINAS GERAIS
BRASIL
200
6
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Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Teixeira, Marcelo Brandão, 1982
-
T266e
Estilos gerenciais e objetivos de produtores rurais da região
2006
Norte do Estado do Espírito Santo / Marcelo Brandão Teixeira.
Viçosa : UFV, 2006.
xiii, 6
8
f.
: il. ; 29cm.
Inclui anexo.
Orientador: Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale.
Dissertação (mestrado)
-
Universidade Federal de Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 5
5
-
6
1
.
1. Administração rural
-
Espírito Santo (E
stado). 2. Processo
decisório. 3. Capacidade executiva. 4. Gerentes. 5. Trabalhadores
rurais
-
Espírito Santo (Estado). I. Universidade Federal de Viçosa.
II.Título.
CDD 22.ed. 338.16098152
ads:
MARCELO BRANDÃO TEIXEIRA
ESTILO
S GERENCIAIS E OBJETIVOS DE PRODUTORES RURAIS
DA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO ESP
Í
RITO SANTO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de s
-
Graduação
em Economia Aplicada, para obtenção do
título d
e
Magister
Scientiae
.
APROVADA:
19
de
outubro
de 200
6
.
ii
Ao meu pai João
,
à minha mãe Rosemeri
e à minha irmã Alessandra
,
que
sempre
estiveram ao meu lado,
apoiando
-
me
desde minha infância.
iii
AGRADECIMENTO
Gos
taria de agradecer, primeiramente, a Deus, seguido por todos os
que me apoiaram nos momentos de aflição e que foram fundamentais para que
se concretizasse este trabalho.
Também agradeço:
À professora Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale, que me deu a
oportuni
dade de descobrir novas potencialidades. Desde 2003, manifestando
-
se favoravelmente aos meus objetivos e preferências, sua ajuda, monitorando
o desenvolvimento do meu estudo, foi a peça
-
chave para a conquista desta
vitória.
À
T
ia Dolores, pelo seu apoio s
olidário, afetivo e dedicado, que sempre
me incentivou, tornando possível a superação dos momentos de desânimo.
À Catarina, namorada e companheira, por ter suportado minhas
inquietudes e lamentações, tornando possíveis muitos momentos de alegria.
Aos profe
ssores João Eustáquio de Lima, pela paciência,
acessibilidade e às oportunas sugestões; Altair Dias de Moura, pela atenção e
valiosos conselhos durante as etapas do trabalho; Marcelo José Braga, pela
valiosa ajuda na resolução de problemas com análises est
atísticas; e Brício dos
Santos Reis, pela receptividade, respeito e comentários adequados.
Aos amigos Alan, Marcelo
,
Alessandro
e Vinícius (
Mato Grosso
)
,
pelo
fundamental
apoio.
iv
A todos os companheiros da pós
-
graduação
, incluindo os de outros
departamento
s
, pela amizade e pelos momentos de descontração do “FUT
600”.
Aos funcionários do Departamento de Economia Rural da Universidade
Federal de Viçosa: Carminha, Luiza, Graça, Cida, Tedinha, Brilhante e,
especialmente, a Júlio César Oliveira Sant’Anna, pela
atenção e
recomendações gentilmente oferecidas.
A todos os produtores rurais da região e pessoas que contribuíram, de
alguma forma, para o levantamento de informações: Olivério, Emir, Nilson,
Patrícia, Paulo Roberto, Leomar, Dr. Paulo, Eli e Edmilson.
A
gradeço também a inúmeras outras pessoas que, embora não ligadas
diretamente à execução deste trabalho, prestaram valorosas orações e
solidariedade e entre elas estão meus avós, tias, tios, primos, primas, pais,
irmã e amigos.
À Universidade Federal de Viç
osa, pela acolhida, desde 2000, no curso
de Agronomia e, em 2005, no mestrado.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudos, tornando possível a
realização do curso.
v
BIOGRAFIA
MARCELO BRANDÃO TEIXEIRA, filho de João Saraiva Teixeira e
Rosemer
i Brandão Saraiva, nasceu em Linhares
-
ES, em 22 de junho de 1982.
Em fevereiro de 2000, ingressou no curso de Agronomia da
Universidade Federal de Viçosa, concluindo
-
o em dezembro de 2004.
Em janeiro de 2005, iniciou o Programa de Mestrado em Economia
Apli
cada, na área de concentração em Economia e Gerenciamento do
Agronegócio, no Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de
Viçosa, defendendo tese em 19 de outubro de 2006.
Em 22 de setembro de 2006, tomou posse no cargo de Engenheiro
-
Agrônomo
, carreira de Perito Federal Agrário, no Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária
INCRA, Superintendência Regional do
Espírito Santo
SR(20).
vi
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ...........................................
..................................
viii
LISTA DE FIGURAS .............................................................................
ix
RESUMO ..............................................................................................
x
AB
STRACT ...........................................................................................
xii
1. INTRODUÇÃO ..................................................................................
1
1.1.
O
p
roblema e sua
i
mportância
............
.....................................
.
1
1.2.
Objetivos
...................................................................................
4
2.
REFERENCIAL
T
EÓRICO
..............................................................
5
2.1. G
erenciam
ento da
e
mpresa
r
ural
..........................................
...
5
2.2. H
abilidade
g
erencial
..............................................................
....
8
2.3.
Estilos
g
erenciais
...........................................................
.......
..
..
12
2.4.
Objetivos,
m
etas,
v
alores e
a
titudes de
g
erentes
r
urais
.......
.
..
.
14
3.
REFERENCIAL ANALÍTICO
........................................................
..
.
20
3.1.
Definição do
t
amanho da
a
mostra
............................
...........
..
..
.
20
vii
Página
3.2.
Fonte de
d
ados e
p
rocedimentos
m
etodológicos
.................
..
..
21
3.3.
Análise dos
d
ados
...............................................................
.
....
.
24
3.4.
Área de
e
studo
..................
..................................................
..
...
.
26
4.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
..............................................
..
......
.
29
4.1.
Perfil do
p
rodutor
.....................................................................
.
.
29
4.2.
Identificação dos
o
bjetivos do
p
rodutor
r
ural
.....................
..
....
.
31
4.2.1.
Relação entre os
o
bjetivos do
p
rodutor
r
ural e as
c
aracte
-
rísticas da
e
mpresa e do
e
mpresário
............................
..
...
.
34
4.2.2.
Identificação dos
o
bjetivos do
p
rodutor de
c
afé
Conilon
..
...
40
4.3.
Estilos
g
erenciais
................................................................
..
...
.
43
4.3.1.
Definição dos
e
stilos
.........................................................
...
43
4.3.2.
Identificação das
c
aracterísticas da
e
mpresa e do
empre
-
rio nos
e
stilos
g
erenciais
............................................
..
..
.
47
4.4.
Aperfeiçoamento da
c
apacidade
g
erencial
.......................
..
....
..
50
5.
RESUMO E CONCLUSÕES
.....
............................................
..
.......
..
52
REFERÊNCIAS
..................................................
.
...........
.....................
56
ANEXO
....................................................................................
.....
.......
63
viii
LISTA DE
TABELAS
Página
1
Variáveis psicológicas comumente utilizadas na análise da
tomada
de decisão
...................................................................
12
2
Área colhida e produção das pr
incipais culturas praticadas no
Estado do Espírito Santo, em 2003 ..........................................
26
3
Soma dos escores
para cada objetivo do produtor rural do
Norte do Espírito Santo, em 2006 ............................................
32
4
C
orrelaç
ões
entre
as características da empresa e do empre
-
sário e os objetivos dos produtores rurais do Norte do Espírito
Santo, em 2006 ........................................................................
35
5
Soma dos escores
para c
ada objetivo do produtor de café
Conilon
do Norte do Espírito Santo, em 2006 ..........................
41
6
Estilos gerenciais e escores médios para cada afirmativa do
questionário aplicado no Norte do Espírito Santo, em 2006 ....
45
7
Caracte
rísticas da empresa e do empresário de cada estilo
gerencial do Norte do Espírito Santo, em 2006 .......................
49
ix
LISTA DE FIGURAS
Página
1
Diagrama com as dimensões envolvidas no gerenciamento
da empresa rural ....
..................................................................
6
2
Organograma
da coleta de dados ............................................
22
3
Mapa do Estado do Espírito Santo ...........................................
28
4
Grau d
e escolaridade
dos produtores rurais do Norte do Espí
-
rito Santo, em 2006 ..................................................................
30
5
Principal objetivo do produtor rural do Norte do Espírito
Santo, em 2006 ...............................
.........................................
33
6
Principal objetivo do produtor de café
Conilon
do Norte do
Espírito Santo, em 2006 ...........................................................
42
7
Proporção de produtores em cada estilo gerencial
do Norte
do Espírito Santo, em 2006 ......................................................
46
8
Capacidades que os produtores do Norte do Espírito Santo
gostariam de melhorar, em 2006 .............................................
51
x
RESUMO
TEIXEIRA
,
Marcelo Brandão
,
M
.S
c
., Universidade Federal de Viçosa,
outubro
de 200
6
.
Estilos gererenciais e objetivos de produtores rurais da região
Norte do Estado do Espírito Santo
. Orientador
a
:
Sônia Maria Leite Ribeiro
do Vale
. Co
-
orientadores
: João Eustáquio de Lima e
Altair Dias de Moura
.
Neste trabalho procurou
-
se
identificar
aspectos gerenciais relacionados
à tomada de decisão dos produtores da região Norte do
E
stado do Espírito
Santo,
em
2006. Mediante abordagem psicológica, este estudo
procurou
mostrar sua importância para o entendimento dos processos envolvidos na
administração de uma propriedade rural. Para isso, foram identificados
objetivos, estilos gerenciais e características individuais das empresa
s e dos
empresários. Também fora
m definidas as principais áreas de interesse para
aperfeiçoamento da capacidade gerencial.
Esta pesquisa evidenciou que o
principal objetivo do tomador de decisão na agricultura empresarial do Norte do
E
stado é o bem
-
estar da família.
A
escolaridade foi a
variável que influenciou a
maior quantidade de questões relacionadas aos objetivos,
confirmando
a
importância desse fator para políticas públicas no meio rural. Quanto aos
estilos gerenciais, foram identificados quatro principais, sendo que o
estilo 1
refe
riu
-
se a produtores
pouco ansiosos, raramente mal humorados e que dão
maior valor ao descanso. O estilo
2
abrangeu produtores mais ansiosos, que
xi
gostam de comentar com outras pessoas sobre o que acontece em sua
propriedade e que não possuem o hábito de faz
er anotações, inclusive de
despesas e receitas.
No e
stilo
3,
constat
aram
-
se produtores mais controladores
e exigentes com subordinados, além disso, não costumam se dirigir a pessoas
desconhecidas para obter informações, preferindo basear
-
se em seus
princíp
ios para tomar decisões.
O
e
stilo
4
caracterizou
-
se
por
produtores mais
ansiosos, quando sob pressão e,
em
sua maioria, residentes na propriedade.
Em relação à capacidade gerencial, a maioria dos produtores manifestou
interesse em participar de treinamento
com intuito de aperfeiçoá
-
la, sendo que,
quanto menor a idade, maior o interesse. A preferência seria o
aperfeiçoamento mediante cursos ministrados por especialistas, abrange
ndo
questões técnicas aliadas a aspectos gerenciais, tais como o planejamento.
Es
te estudo
empenhou
-
se
na identificação dos objetivos e
dos
estilos
gerenciais predominantes, bem como suas relações com variáveis individuais
das propriedades e dos produtores rurais. Foi possível observar que os
componentes da capacidade gerencial podem f
ornecer uma descrição
importante para o aprofundamento em questões referentes à tomada de
decisão.
xii
ABSTRACT
TEIXEIRA
,
Marcelo Brandão
, M.S
c
., Universidade Federal de Viçosa,
October
200
6
.
Farmers
m
anagement
s
tyles and
o
bjectives in North
r
egi
on
of
Espírito Santo
.
Adviser:
Sônia Maria Leite Ribeiro do Vale
.
Co
-
A
dvisers
:
João Eustáquio de Lima and
Altair Dias de Moura
.
This work aimed at identify management aspects on decision making of
farmers in North Region of Espirito Santo, Brazil, in 20
06. Using a psychological
approach, this study showed its importance on farm management processes
involved understanding. For this, objectives, management styles and personal
characteristics of farmers and their farms were identified. Also, were definite
m
ain areas of interest on management capacity improvement. This research
found that family welfare is the main objective of decision makers on business
agriculture in North of Espirito Santo. Level of education was the variable that
influenced most of issue
s related to objectives, confirming its importance to
agricultural policies. About management styles, were identified four, style 1
referred to less anxious farmers, rarely being in a bad mood and valuing retire
so much. Style 2 include more anxious farmer
s, who like to share with other
people what happen on the farm and dislike keep records, including costs and
incomes. On style 3 they were more controller and demanding farmers,
besides, they don’t use to ring up strangers to find out information, sticking
at
xiii
own principles to make decisions. Style 4 characterized anxious farmers, most
of them residents on farm. About management capacity, most of farmers were
interested in improving by managerial training, the younger ones with more
interest. Most preferre
d courses given by specialists, including technical issues,
as well as managerial aspects, like planning. This study did its utmost at
identify objectives and management styles, as well as relationship with personal
variables on farmers and his farms. It
was possible to verify that management
capacity components may give important picture to investigate issues related to
decision making.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1.
O
p
roblema e sua
i
mportância
Questões relacionadas
à figura
do
tomador de decisão
têm sido motivo
de preocupação, muitos anos, por parte dos estudiosos
da
área
de
Administração Rural
, tanto no Brasil
quanto
em outros países. B
randão
(1946)
destacou
as qualidades do homem que cultiva a terra
e, s
egundo ele, um bom
administrador dever
ia ser um homem de negócios, bom mecânico, observador
da natureza, trabalhador hábil
e
am
ar
a vida rural,
assim como possuir
experiência ou cultura profissional sólida, tolerância e energia.
Portanto
, o
tomador de decisões em uma propriedade, desde
a
quela
época,
era visto como
figura de destaque no meio rural.
Entretanto, de se considerar que tais pré
-
requisitos sofreram algumas modificações ao longo dos anos.
N
uthall
(200
6
) apresentou um resumo de trabalhos recentes,
publicados em diversos países, que
discutiram as aptidões requeridas de um
bom administrador rural. Entre elas, o autor destacou as habilidades para
identificar problemas e oportunidades, observar e procurar as informações
adequadas, filtrar informações importantes, simplificar problemas co
mplexos,
lidar com adversidades, visualizar as possíveis conseqüências de suas
decisões, antecipar
-
se a despesas e agir na hora certa, bem como lidar com o
risco e a incerteza, todas essas qualidades associadas a conhecimentos e
habilidades técnicas necess
árias ao seu negócio.
2
Tais
aptidões
foram apontadas como fundamentais e têm sido
freqüentemente abordadas.
Relacionada a esses aspectos, uma
área de
estudo que vem sendo muito explorada
refere
-
se a
o comportamento
empreendedor. B
arros e
F
orte
(2004), com ba
se nas premissas da Escola da
Estratégia Empreendedora de Mintzberg, estudaram empresas do setor de
alimentação de Fortaleza
,
encontra
ndo
resultados pouco conclusivos,
do que
se
infer
e
que o fenômeno empreendedor ainda carece de maior compreensão.
A respei
to do empreendedorismo em empresas agropecuárias,
é possível
destacar o trabalho de C
ella
(2002), no qual foram identificadas várias
características atribuídas a produtores rurais bem
-
sucedidos, do ponto de vista
de consultores e dos próprios empresários.
Entre os fatores
apresentados
, o
financeiro
, que incluía, por exemplo, uma variável relacionada à existência de
sistemas de controle de despesas e receitas,
foi o mais significativo, visto
como
sinal de
sucesso no empreendimento rural
.
U
ma investigação ma
is aprofundada sobre
os aspectos gerenciais em
empresas rurais
garantiria melhores perspectivas para o futuro da
A
dministração
R
ural no Brasil. Is
s
o significa dizer que melhor entendimento do
processo
de tomada de decisão
, sobretudo no que diz respeito ao
aperfeiçoamento
da
habilidade gerencial
, poderia ser alcançado.
A capacidade gerencial
pode ser considerad
a
o
quarto fator de
produção, em adição aos tradicionais, como terra, trabalho e
capital
(ROUGOOR et al., 1998; NUTHALL, 2006)
.
Entretanto, a maior p
arte
d
os
estudos em economia agrícola
ass
um
e
produtores como simples
maximizadores de lucro e negligencia o fato de que fatores psicológicos e
s
o
cioeconômicos norteiam
seu
comportamento
(GASSON, 1973)
.
Tais
evidências dão suporte a inúmeros estudos que enf
atizam a importância da
consideração de aspectos gerenciais que abrangem múltiplas facetas, muito
além das questões técnicas (JOHNSON et al., 1961; TRIP et al., 2002;
PEREIRA et al., 2004).
Cada vez mais consideradas em estudos referentes ao assunto,
vari
áveis psicológicas podem fornecer excelente descrição dos processos
envolvidos. Nuthall (2001) revisou a habilidade gerencial de produtores rurais
baseando
-
se em aspectos psicológicos, como a inteligência e a personalidade.
Esta se constitui de diversos co
mponentes básicos (traços) que podem ser
3
denominados neurotismo, extroversão, abertura, acomodação e consciência
1
.
Esses cinco traços da personalidade representam uma estrutura universal e
fornecem rica descrição das diversas maneiras de sentir, pensar e a
gir em
diversas culturas (WILLOCK et al., 1999b). a inteligência, apesar de ser
freqüentemente considerada como importante para o gerenciamento, foi
testada raras vezes, provavelmente devido à sua natureza complexa e de difícil
mensuração (McGREGOR et a
l., 1996).
Outro assunto importante refere
-
se aos estilos gerenciais. Abordado
em diversos estudos, como os de Howard et al. (1996), Mendonça (1996) e
Brodt et al. (2005), os estilos são úteis para identificar o nível de pesquisa
necessário para cada tipo
de produtor, bem como a relevância de metodologias
a serem utilizadas. Isso é importante para o aumento da eficácia de cursos de
Administração Rural, uma vez que pode proporcionar maior adoção e impacto
de pesquisas na área.
A análise dos estilos de geren
ciamento complementa
-
se pela
consideração dos objetivos dos gerentes rurais. Alguns estudos concluíram que
a busca pelo lucro seria mais importante que a preservação da natureza,
mesmo nos casos em que se observava a consciência dos problemas
ambientais po
r parte dos produtores (WILLOCK et al., 1999b). A análise dos
principais objetivos, que direcionam as atitudes e comportamento do tomador
de decisão em propriedades rurais de determinada região, constitui
-
se numa
importante ferramenta para o desenvolviment
o de programas de
aperfeiçoamento gerencial que devem ser suficientemente flexíveis para
capacitar indivíduos para utilizarem métodos que melhor se adaptem a eles
(NUTHALL, 2001).
Tendo em vista que, no Brasil, poucos estudos
foram desenvolvidos
com o int
uito de dar suporte à elaboração de tais programas
, pretende
u
-
se
analisar a capacidade gerencial de produtores no
N
orte do Estado do Espírito
Santo. Mesmo destacando
-
se nacionalmente na produção de diversas culturas,
como café
Conilon
, maracujá, pimenta
-
do
-
reino e mamão, podem
-
se constatar
fatores limitantes ao seu desenvolvimento, uma vez que os produtores, em sua
1
Como exemplos de aspectos relacionados aos traços da personalidade podem ser
identificadas
ansiedade (neurotismo), participação (extroversão), receptividade (abertura), tolerância (acomodação) e
discussão (consciência). Para maior aprofundamento, consultar Matthews e Deary (1998).
4
maioria,
apresenta
m
deficiências no gerenciamento dos negócios
e baixa
capacidade administrativa para as principais culturas praticadas no Estad
o
(
INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA E EXTENSÃO RURAL
INCAPER
,
2006).
Is
s
o
aponta
a necessidade de aprofundamento em questões
relacionadas às variáveis psicológicas relacionadas à
tomada de decisão de
produtores rurais
. Estudos desta natureza podem ser úteis para o
desenvolvimento de programas de treinament
o gerencial eficazes.
1.2. Objetivos
Esta pesquisa objetivou caracterizar aspectos gerenciais relacionados
à tomada de decisão dos produtores rurais da região
N
orte do Estado do
Espírito Santo.
Especificamente, pretendeu
-
se:
a)
Identificar os objetivos dos
produtores;
b)
Definir os estilos gerenciais;
c)
Relacionar características individuais das propriedades e dos tomadores de
decisão com os aspectos gerenciais caracterizados; e
d)
Identificar principais áreas de interesse para aperfeiçoamento da capacidade
geren
cial.
5
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
G
erenciamento da empresa rural
K
ay
(1986), baseando
-
se em diversas fontes, definiu a administração
rural como a arte de gerenciar ou conduzir um negócio, de forma a alocar
recursos limitados em meio a diverso
s usos alternativos, segundo objetivos e
metas preestabelecidos. A esse respeito,
N
uthall
(2001
, p. 248
) apresentou a
seguinte abordagem:
a
tingir
metas/objetivos = f
(estabelecimento das
metas
/
objetivos, recursos disponíveis, ambiente, legislação, habilid
ade
gerencial)”.
Nota
-
se
, nesse texto,
que as metas
/
objetivos devem ser o alvo do
gerente rural. Em primeiro lugar, é necessário que e
sses fatores
sejam
estabelecid
o
s, ou seja, o produtor deve ter noção de onde quer chegar; para
isso, deve considerar sua s
ituação atual. Para atingir metas ou objetivos
,
é
indispensável que se analisem os recursos possíveis de serem utilizados,
assim como
o ambiente organizacional ou mesmo natural em que se insere o
empreendimento; deve
-
se
,
ainda
,
estabelecer,
a priori
, o que
é possível de
acordo com a legislação pertinente e também considerar a habilidade
gerencial, ou seja, a capacidade que a pessoa responsável pelo negócio tem
para
conduz
i
-
lo.
Nesse processo, é de fundamental importância a figura do tomador de
decisão na p
ropriedade rural. A compreensão de questões envolvidas, bem
6
como sua complexidade, podem auxiliar o alcance dos objetivos do produtor.
Para isso, devem ser considerados aspectos relacionados à sua capacidade
gerencial. Conceituada por R
ougoor
et al. (1998,
p. 262) como “possuir as
habilidades e características pessoais apropriadas, para lidar com problemas e
oportunidades no momento certo e da maneira correta”, essa capacidade
constitui fator decisivo quando se pretende estudar o gerenciamento da
empresa ru
ral. A esse respeito, na Figura 1 é apresentado um diagrama com
uma visão geral.
Fonte
:
Adaptado de R
ougoor
et al. (1998)
.
Figura 1
Diagrama com as dimensões envolvidas no gerenciamento da
empresa rural.
7
A administração da propriedade rural é
influenciada pelas incertezas
relacionadas ao ambiente em que se encontra, direcionando a maior parte das
decisões. Devido à imprevisibilidade de seu comportamento, fatores físicos
como clima, tecnologia e incidência de pragas e doenças; institucionais, co
mo
legislação tributária, trabalhista e ambiental, entre outras; sociais, como a
família e os amigos; e econômicos, como a flutuação de preços de insumos e
produtos; podem modificar a perspectiva para investimentos, receitas e
qualidade de vida, entre outr
os aspectos, influenciando as decisões.
V
ale
(1995) afirmou que o processo de
tomada de decisão constitui
questão central na administração. Para melhor entendimento, K
ay
(1986)
enumerou três funções básicas, a saber: planejamento, implementação e
controle.
A primeira função consiste, baseando
-
se em informações organizadas
que lev
a
m a diferentes formas de decisão, em encontrar soluções potenciais
para o negócio. Para isso, torna
-
se necessária uma contínua avaliação e
análise de alternativas possíveis. Um bom
planejamento permite
implementação mais segura, para isso o produtor deve adquirir e organizar os
recursos necessários e utilizá
-
los no momento e local apropriados. Uma vez
que a produção agropecuária é uma atividade sujeita a incertezas,
relacionadas ao
mercado e ao meio ambiente, por exemplo, torna
-
se
indispensável o seu controle. Isso implica identificar possíveis obstáculos, o
quanto antes, para que se possam tomar as medidas cabíveis no momento
apropriado (KAY, 1986).
Outra forma de entender ques
tões envolvidas no processo de tomada
de decisão foi oferecida por Ö
hlm
é
r
et al. (1998). Segundo esses autores, o
processo pode ser visto como uma combinação de quatro fases (detecção do
problema, definição, análise/escolha e implementação), com quatro
sub
processos (pesquisa/atenção, planejamento, avaliação/escolha e
verificação da escolha). Esses estágios deveriam ser analisados, no ambiente
administrativo, de forma interdependente.
Inerente ao gerenciamento da empresa rural, a capacidade gerencial
do toma
dor de decisões deve ser entendida segundo aspectos pessoais.
R
ougoor
et al. (1998) dividiram esses aspectos da seguinte maneira:
habilidades e capacidades, relacionadas a
os
aspectos cognitivos e intelectuais;
impulsos e motivação, relacionados aos objetiv
os/metas, valores e atitudes do
8
produtor rural; e características do tomador de decisão, como experiência,
idade e grau de escolaridade. Tais elementos refletem as particularidades
relacionadas às diversas formas de gerenciar.
Considerando que a maior par
te da literatura em Administração Rural
se baseia em abordagens econômicas, utilizando técnicas quantitativas para
calcular níveis ótimos de insumos e produtos, sob restrições pré
-
definidas,
torna
-
se necessário o aprofundamento em variáveis psicológicas e
características pessoais relacionadas à tomada de decisão de produtores
rurais, o que pode fornecer melhor entendimento do processo.
2.2.
H
abilidade
gerencial
A
literatura tem apresentado diferentes abordagens sobre a
habilidade
administrativa de produ
tores rurais
. Alguns trabalhos consideraram
-
na
tomando
como
proxy
a
eficiência técnica (ALVAREZ
;
ARIAS, 2003;
FERREIRA
;
ANDRADE, 2004), enquanto outros
,
o nível de educação
(BIERLEN
et al.
, 1999). Es
s
a diversidade pode ser justificada pela dificuldade
e
m mensurá
-
la, estando aí o maior desafio para os pesquisadores.
T
rip
et al. (2000) testaram a habilidade de previsão de preços por
produtores holandeses, e
nquanto
T
rip
et al. (2002) mensuraram habilidades
para formular metas, planejar, guardar informações
e fazer avaliações,
mediante
o
emprego de métodos próprios, que foram utilizados para analisar a
eficiência técnica de produtores de crisântemo na Holanda. Outra abordagem
diz respeito ao trabalho de V
ivan
e
S
ette
(2001), os quais consideraram
gerente hab
ilidoso “aquele que conduz seus negócios com economia, tomando
quaisquer recursos que ele tenha e fazendo
-
os ir tão longe quanto possível em
direção à obtenção daquelas metas e objetivos mais desejados”. Es
s
es últimos
enfatizaram a
eficiência
como forma de
atingir objetivos e metas.
R
ougoor
et al. (1998), analisando o tema de forma mais abrangente,
consideraram a habilidade gerencial como um dos componentes da capacidade
gerencial. Esses autores renovaram o debate sobre como medir a capacidade
de produtore
s e inferir a sua influência nos resultados do negócio. A partir de
então, vários pesquisadores despertaram para a importância da inclusão de
outros aspectos relevantes em estudos sobre eficiência.
9
W
ilson
et al. (2001) utilizaram variáveis como experiênc
ia no ramo,
assistência técnica, forma de aquisição de informações, motivações e
planejamento para explicar a variação em eficiência. Os dados técnicos,
obtidos nas fazendas, foram bem uniformes, o que facilitou o isolamento da
influência dos aspectos da t
omada de decisão. As variáveis relacionadas
aos
objetivos
, como maximização de lucro e
respeito ao
meio ambiente, tiveram
efeito positivo nos níveis de eficiência técnica; aumento
n
o tamanho da
propriedade e busca por informações foram considerados importa
ntes. Os
resultados foram úteis para mostrar que práticas relacionadas com o objetivo
de
respeitar
o meio ambiente podem, indiretamente, levar à maior eficiência
técnica.
V
ivan
e
S
ette
(2001) relacionaram o nível de eficiência e o perfil
gerencial de prop
riedades rurais, no oeste de Santa Catarina, com a
responsabilidade pela tomada de decisão e com o comportamento estratégico,
administração do tempo e uso de informações. A partir da definição de
benchmarks
e análise de sua relação com a habilidade gerenci
al,
esses
autores
detectaram que a experiência é determinante na tomada de decisão, e
não os dados gerados na propriedade. Além disso, as respostas não
caracterizaram maior habilidade gerencial entre
produtores mais eficientes,
apesar de terem apresentado
comentários mais consistentes sobre a
administração do negócio. Como se pode observar, es
s
e assunto é controverso
e exige que se estabeleçam padrões para facilitar os diversos estudos
a serem
implementados.
N
uthall
(2001)
revisou
a habilidade gerencial me
diante uma
abordagem
psicológica e relacionou, como seus principais determinantes, a personalidade,
a inteligência, a motivação, a intuição, o perfil empreendedor, a racionalidade, a
memória, o genótipo (em interação com o ambiente) e os sistemas de
proces
samento de informação (observar, aprender, guardar e reproduzir).
A personalidade
tem sido freqüentemente
considerada, de acordo com
s
eus diversos componentes (traços)
.
A
lvarez
e
N
uthall
(2002) consideraram os
traços da personalidade como variáveis anteced
entes, mediante
um
modelo
transacional, para inferir o comportamento relacionado com o uso de sistemas
de informação
computadorizados
por empresários
rurais.
A pesquisa
apontou
como resultados relevantes que os usuários de
sses
sistemas
, quando
10
comparados c
om os não
-
usuários,
apresentavam traços marcantes quanto a
extrover
são
, neurotismo
e
acomoda
ção, e gostavam muito de planejar suas
ações, sendo também muito
introspectivos
.
A inteligência, considerada outro determinante da habilidade, foi
definida por T
eix
eira
(2003
, p. 82
) como “a capacidade de orientação e
comportamento objetivo em novas situações e com dificuldades
desconhecidas”. A
ustin
et al. (1997)
,
testa
ndo
hipóteses para relacionar
inteligência
e
personalidade,
não encontraram resultados significati
vos
.
G
ardner
(1995), ao abordar a “Teoria das Inteligências Múltiplas”, explicou
que
a inteligência
se
apresenta em
múltiplas
facetas
, o que dificulta a distinção de
certas habilidades, por isso a sua mensuração tem sido um grande desafio
entre os pesquisa
dores.
Questão fundamental na dinâmica de uma empresa, a motivação de
pessoas, equipes e dos próprios gerentes também pode exercer influência nas
competências gerenciais.
Segundo T
eixeira
(2003), o
psicólogo Abraham
Maslow
foi
o criador da
Teoria das Nece
ssidades Humanas
”, sendo um dos
maiores especialistas em motivação
. Os motivos podem impulsionar a
elevação do nível da habilidade gerencial.
Entretanto,
deve
-
se ter
em mente
que eles variam de pessoa para pessoa
e o predeterminados pelas cinco
necessida
des essenciais, em ordem crescente de
prioridade
:
de auto
-
realização, auto
-
estima, reconhecimento, segurança e biofisiológicas
(BEIERLEN
et al.
, 2003).
a racionalidade pode ser vista como outro fator crucial. Um gerente
agirá irracionalmente quando sua
s principais decisões forem tomadas com
base no senso comum, ou por impulsos e emoções. Em uma região em que
produtores tiverem o hábito de desistir de seu empreendimento, em resposta à
súbita diminuição de preços do produto no mercado, por exemplo,
a
impl
antação
de programas para
o
aperfeiçoamento da habilidade gerencial
poderá encontrar sérias limitações.
Es
s
e
s programas devem objetivar
uma mudança de mentalidade.
G
ardner
(2005) teve como foco principal os agentes que conseguem mudar
mentes, mas também a
nalisou tentativas fracassadas de líderes políticos e
empresariais, intelectuais, entre outros, com base nas alavancas promotoras
(razão, pesquisa, ressonância, redescrições, recursos e recompensas, eventos
11
do mundo real e resistência). Tais abordagens pod
em dar subsídio à
elaboração de programas de aperfeiçoamento.
Nesse sentido
, alguns trabalhos foram
realizados
estrutura e suporte ao seu desenvolvimento. N
uthall
(200
6
), ao determinar as
habilidades mais importantes
para
os
produtor
es da Nova Zelândia, utilizou
escores
atribuídos por consultores e produtores rurais para classificar as
competências gerenciais. Os principais pontos críticos destacados
pelo referido
autor
foram seleção e gerenciamento de pessoas e obtenção de informaçõe
s
para uso em planejamento e gerenciamento de risco. A implementação efetiva
de planos foi também considerada como crítica. Estabeleceu a
inda
os estilos
gerenciais predominantes, enfatizando a relevância de tal determinação
,
quando se considera o desenvolv
imento de programas de aperfeiçoamento
gerencial. No estudo, ao procurar captar o que os produtores preferiam em
termos de treinamento, verificou
-
se que sistemas de tutoramento específicos,
em detrimento de auto
-
treinamento por computador ou livros, seriam
mais
interessantes.
Segundo Ö
hlm
é
r
et al. (1998), a
maioria dos estudos
e cursos
relacionados
à
tomada de decisão
de produtores
rurais na Suécia pautou
-
se
em como ela
deveria
ser feita e não na forma que
está
sendo tomada e essa
seria a maior causa da ba
ixa adoção dos métodos difundidos pelos
especialistas. Nesse sentido, os citados autores
relacionaram algumas
sugestões para o aperfeiçoamento da assistência gerencial
no país
, as quais
deveriam se
basear em estudos a respeito dos aspectos individuais dos
produtores a que se destinam
. Uma delas seria
a
maior diversificação dos
assuntos relativos à tomada de decisão em revistas e redes pessoais. Outras
sugestões seriam maior difusão de ferramentas gerenciais
, como
v
i
deotextos e
base de dados eletrônicos
e
ta
mbém a
realização de maior quantidade de
palestras,
workshops
, clubes de
marketing
e grupos de discussão,
assim
como
a
publicação de livros específicos.
M
c
K
enzie
(1978) reforçou a importância de que os programas de
aperfeiçoamento gerencial não se baseass
em em, simplesmente, aumentar a
receita nas propriedades dos participantes, mas, também, em desenvolver
suas capacidades gerenciais em um nível em que eles se sintam seguros de
que seu negócio irá continuar a crescer e se desenvolver ao longo dos anos.
12
A
habilidade de gestores rurais também apresenta implicações em
estudos sobre análise de políticas. H
appe
et al. (2005) preocuparam
-
se
em
co
ntemplar
fatores característicos do setor agrícola no desenvolvimento do
software
AgriPoliS
The Agricultural Policy
Simulator
, utilizado na modelagem
de sistemas econômicos para auxiliar exercícios de simulação. Para isso,
eles
consideraram as ações individuais de produtores, os mercados, a atividade
investidora e representações espaciais geográficas.
Na
Tabela
1
é pos
sível observar que vários
trabalhos utilizaram as
variáveis psicológicas
, como as relacionadas à habilidade gerencial,
para
estudar o gerenciamento rural.
Nota
-
se que as
variáveis referentes
aos
objetivos
/metas
, personalidade
e atitudes
têm sido as mais
utilizadas em
estudos sobre a tomada de decis
ão
na agropecuária
.
2.3. Estilos gerenciais
A
abordagem
dos diferentes tipos ou perfis de ge
ren
tes de determinada
atividade produtiva tem sido freqüentemente considerada em diversos estudos
.
Hesketh
e
Carne
iro (1980) enfatizaram a importância de su
a análise
quando se
pretende abordar o comportamento de gerentes de forma individual. Em
pesquisa desenvolvida em fábricas de produtos eletrônicos, Teodósio et al.
(199
7
) abordaram os estilos de liderança situacion
al, verifica
ndo
que as
práticas gerenciais, de forma geral, eram muito voltadas para as pessoas
(empregados).
Em áreas rurais, Nuthall (2006) identificou quatro
clusters
(grupos)
,
representativos dos estilos gerenciais na Nova Zelândia, os quais se
difere
nciaram por fatores relacionados aos traços da personalidade dos
tomadores de decisão das propriedades. Fairweather e Keating (1994)
distinguiram esses grupos segundo seus objetivos na atividade rural,
identificando, assim, o “Produtor Dedicado”, o “Estrat
egista Flexível” e o
“Guardião dos Recursos Naturais”, para os quais a distinção se baseou,
principalmente, em suas concepções a respeito do sucesso. Além disso, foi
observado que a maioria dos produtores não apresentou um único estilo.
13
Tabela
1
Variáv
eis psicológicas comumente utilizadas na análise da tomada
de decisão
Variáveis
Trabalhos
Habilidade de previsão de preços
T
rip
et al. (2000).
Metas/
o
bjetivos
G
asson
(1973), M
c
G
regor
et al. (1996), A
ustin
et al. (1998a
e 1998
b), W
illock
et al. (19
99a
e 1999
b), N
uthall
(2001), W
ilson
et al. (2001), A
lvarez
e N
uthall
(2002), T
rip
et al. (2002)
e
B
ergevoet
et al. (2004).
Atitudes
R
osenberg
e C
owen
(1990), M
c
G
regor
et al. (1996), A
ustin
et al. (1998a
e
1998
b), W
illock
et al. (1999a
e 1999
b), A
j
zen
(2001), N
uthall
(2001)
e
B
ergevoet
et al. (2004).
Valores
G
asson
(1973).
Risco
M
c
G
regor
et al. (1996), G
hadim
e P
annell
(1999)
e
N
uthall
(2001).
Adoção de inovação
G
hadim
e P
annell
(1999)
e
N
uthall
(2001).
Personalidade
M
c
G
regor
et al. (19
96), A
ustin
et al. (1997), A
ustin
et al. (1998a
e 1998
b),
R
ougoor
et al. (1998), W
illock
et al. (1999b), N
uthall
(2001), A
lvarez
e N
uthall
(2002)
e
N
uthall
(2006).
Inteligência
M
c
G
regor
et al. (1996), A
ustin
et al. (1997), A
ustin
(1998a
e 1998
b),
Ö
hl
m
é
r et
al. (1998)
e
N
uthall
(2001).
Motivação
G
asson
(1973), R
ougoor
et al. (1998), N
uthall
(2001)
e
W
ilson
et al. (2001).
Perfil empreendedor
N
uthall
(2001), B
arros
e F
orte (
2004)
e
N
uthall
(2006).
Racionalidade
R
osenberg e
C
owen
(1990)
e
N
uth
all
(2001).
Memória
N
uthall
(2001).
Sistemas de processamento de
informações
M
c
G
regor
et al. (1996), N
uthall
(2001), V
ivan
e S
ette
(2001), W
ilson
et al.
(2001), A
lvarez
e N
uthall
(2002)
e
T
rip
et al. (2002).
Comportamento estratégico
V
ivan
e
S
ette
(2001).
Administração do tempo
V
ivan
e S
ette
(2001).
Estresse
M
c
G
regor
et al. (1995)
e
M
c
G
regor
et al. (1996).
Comportamento
(
i
mplementação)
A
ustin
et al.
(1998a
e 1988
b),
Ö
hlmér
et al.
(1998), R
ougoor
et al. (1998),
W
illock
et al. (1999
b), A
lvarez
e N
uthall
(2002)
e
B
ergevoet
et al. (2004).
Planejamento
W
ilson
et al. (2001)
e
T
rip
et al. (2002).
Intenções
B
ergevoet
et al. (2004).
Responsabilidade para com a
tomada de decisão
M
c
G
regor
et al. (1996)
e
V
ivan
e S
ette
(2001).
Fonte: Elaborado pelo autor
.
14
G
rzybovski
et al. (2002) desvendaram o estilo feminino de gerência
em
empresas familiares
, o qual se mostrou arraigado de questões de sensibilidade
e preocupação com as pessoas. Convém ainda citar
um
estudo realizado po
r
V
ale
et al. (2004),
em que
os estilos gerenciais de produtores de café de Minas
Gerais foram explorados, segundo a abordagem de B
lake
e M
outon
(1984).
Entre os resultados, vale destacar a predominância do estilo denominado “9,9”,
com alta orientação para
a produção e para as pessoas, caracterizando o
gerente atento às mudanças do ambiente e versátil.
A análise dos estilos gerenciais permite identificar características
peculiares a grupos de produtores em determinada região. Isso isto pode ser
de grande v
alia, uma vez que diferentes indivíduos requerem distintas formas
de treinamento.
2.4.
O
bjetivos, metas,
valores e
atitudes
de gerentes rurais
G
asson
(1973) desenvolveu um dos primeiros estudos a respeito das
metas e valores de produtores rurais. Metas
foram definidas
pela referida
autora como
“fins ou estados nos quais o indivíduo deseja chegar ou coisas
que ele quer realizar”. O produtor age de forma a satisfazer determinadas
metas, as quais seriam os motivos da ação. Quando um produtor compra
terras,
ele
pode estar tentando satisfazer a um desejo antigo, ou seja,
aumentar o capital, expandir o negócio para estabelecer os filhos, aumentar a
produção de forma a
incrementar su
a receita, facilitar o acesso a outras partes
da propriedade ou possibilitar a i
nstalação de áreas não
-
agrícolas.
Para entender as metas dos indivíduos, torna
-
se necessário analisar
seus valores, que são conseqüências da cultura adquirida desde a infância, em
meio à família e à sociedade, de forma geral
(GASSON, 1973)
. Considerados
c
omo “propriedades permanentes do indivíduo
,
menos passíve
is
a mudanças
com o tempo e com as circunstâncias”,
os valores
podem ser justificados pela
razão, pela moral ou por julgamentos estéticos. Alguns exemplos incluem
honestidade, humanidade, sucesso, pr
ogresso, liberdade e democracia, os
quais garantem certo sentido no comportamento de uma pessoa.
A autora estabeleceu quatro valores predominantes entre produtores
rurais, a saber: econômicos (também chamados de instrumentais), como
15
maximização de receita
e expansão dos negócios; sociais, como manter
prestígio e tradições; expressivos, como orgulho da propriedade e
enfrentamento de desafios; e intrínsecos, como gosto pelo trabalho e
independência. Essa distinção tem sido recorrente em pesquisas realizadas
nessa área em várias partes do mundo.
Outro conceito
relacionado à
s abordagens anteriores refere
-
se aos
objetivos. B
ergevoet
et al. (2004
, p. 4
) definiram as metas com base na
abordagem anteriormente apresentada, ou seja, de forma generalizada,
abstrata. J
á os objetivos são apresentados como alvos mais específicos,
relacionados
ao
desempenho
econômico
, produtividade e outros aspectos do
negócio.
Segundo
W
illock
et al. (1999
b
)
,
os objetivos foram estudados sob
diferentes pontos de vista em diversos trabalho
s, variando desde investigações
sobre os valores dos produtores rurais até
metas
e objetivos específicos
. Os
domínios
mais freqüentemente considerados são
o
sucesso relacionado com
finanças e qualidade (das pastagens, culturas e do gado),
sustentabilidade
ambiental
, qualidade de vida,
status
e possibilidades de diversificação, ou seja,
a capacidade
de desenvolver ou desempenhar atividades diferenciais
por
exemplo, capacitação para outra profissão ou para outra modalidade de
empreendimento.
Segundo C
osta
e R
ehman
(1999), podem ser identificados cerca de
200 objetivos, os quais se encontram em permanente conflito. A exploração
desse assunto representa um grande desafio, principalmente quando se
trabalha com um grupo heterogêneo em nível de escolaridade ou,
muitas
vezes, sem disposição para colaborar com os pesquisadores. Ainda, deve
-
se
considerar que, mesmo em populações relativamente homogêneas, podem ser
observados objetivos bem heterogêneos (SOLANO et al., 2001).
Tendo em vista que as atitudes (no sentid
o de posição, postura) são
pontos de partida para o estabelecimento do comportamento de um produtor
rural, sua
investigação
torna
-
se de grande relevância. Entendida como “uma
disposição a responder, favorável ou desfavoravelmente, a um objeto, pessoa,
inst
ituição ou evento”, segundo K
im
e H
unter
(
1993
)
, citados por B
ergevoet
et
al. (2004), a postura pode tanto influenciar
quanto
ser influenciada pelo
comportamento de um indivíduo. Por exemplo, um cafeicultor pode decidir que
16
vender seus produtos para uma co
operativa seria menos interessante que
negociar diretamente na bolsa de valores. Es
s
a postura pode acarretar
efetivação de um contrato futuro (comportamento influenciado), ao mesmo
tempo
em
que pode ter sido influenciada por uma negociação
malsucedida, no
passado, com uma cooperativa (comportamento influenciando a atitude).
A
jzen
(2001) caracterizou a atitude como uma avaliação resumida de
um objeto ou evento, a qual pode ser expressa pelas dimensões boa/ruim,
prejudicial/benéfico, agradável
/
desagradável e
simpático/não
-
simpático.
W
illock
et al. (1999a) sugeriram que as atitudes são formadas pelo que um
indivíduo admite como verdade a respeito da ação que ele pretende executar.
Entretanto,
elas
não podem predizer o comportamento do indivíduo por si só,
v
isto que
isso
se efetuará (em conseqüência da atitude) sob determinadas
condições. Como exemplo, pode
-
se considerar um indivíduo que tenha
consciência de que a carga tributária é alta.
Tal
atitude, isoladamente, não se
traduz em comportamento, mas
,
se este
fizer parte de um grupo de protesto,
ou se uma ação vi
e
r acompanhada de certeza de resultados positivos, pode
-
se
dizer que a atitude poderá prever o comportamento.
Essas questões são freqüentemente consideradas em estudos sobre
a
tomada de decisão
. Entre
el
es, convém destacar os realizados por uma equipe
multidisciplinar de pesquisadores escoceses,
a qual
abrange
u
as áreas de
psicologia, agricultura, administração e matemática. Entre as pesquisas
desenvolvidas podem
-
se enfatizar as apresentadas em
M
c
G
regor
et al.
(1995),
M
c
G
regor
et al. (1996), A
ustin
et al.
(1998a
e 1998
b)
e
W
illock
et al. (1999a
e
1999
b)
.
Questionários próprios foram desenvolvidos para descrever as
atitudes, o
Edinburgh Farming Attitudes Scale
(EFAS)
, utilizado para avaliar os
domínios de
realização, legislação, pessimismo, abertura, risco financeiro, uso
de produtos químicos e informação a respeito de políticas. Na análise dos
objetivos, o
Edinburgh Farming Objectives Scale
(EFOS)
considera os
domínios
apresentados
anteriormente
por W
illo
ck
et al. (1999
b
). Outro modelo
refere
-
se ao
Edinburgh Farming Implementation Scale
(EFIS)
, aplicado na
descrição do comportamento orientado para o negócio e
o
meio ambiente, bem
como do comportamento típico de indivíduos mais jovens que a média
(crescente
aumento de receita, investimentos ou tamanho de propriedade nos
17
últimos cinco anos) e de gerentes sob estado de
estresse
(falta de confiança e
sensação de estar sob constante pressão).
Merecem destaque dois artigos publicados pelo referido grupo. W
illock
et al. (1999b)
forneceu
subsídio à mensuração das atitudes, objetivos e
comportamento
s
de produtores do leste escocês, relacionando
-
o
s aos traços
de personalidade. Também foi realizada uma revisão de literatura,
compreendendo trabalhos publicados entre
19
70
e
1995, a respeito das formas
utilizadas para mensurar atitudes, objetivos e comportamento, em que foram
analisados pecuaristas e agricultores com diferentes comportamentos e
valores. A pesquisa forneceu resultados satisfatórios no que diz respeito à
relação entre as variáveis, podendo
-
se inferir que a metodologia utilizada
forneceu instrumental confiável para medir os domínios das atitudes, objetivos
e comportamento
s
. Além disso, indicou que os traços de personalidade
influenciam, de forma significat
O
artigo apresentado por W
illock
et al. (1999a) analisou a tomada de
decisão de produtores escoceses em duas categorias; os de comportamento
orientado para o negócio e os voltados para o meio ambiente. Tendo em vista
que fatores não
-
econômicos afetam, consideravelmente, a tomada de decisão,
os autores se preocuparam em analisar es
s
e processo, ao testar modelos
transacionais para determinar a influência exercida pelas variáveis psicológicas
e de meio ambiente no comportamento gerencial
. As variáveis utilizadas no
modelo foram antecedentes (traços da personalidade, características do
ambiente), mediadoras (construções cognitivas) e posteriores
(comportamento).
Quanto à orientação para o negócio, os gerentes apresentaram, como
variáveis
antecedentes, a abertura e a realização (atitudes) e, como variáveis
mediadoras (objetivos), o sucesso, a qualidade de vida e o
status
.
Referente
à
orientação para o meio ambiente, o modelo foi pouco explicativo, já que apenas
a conservação do meio ambient
e foi confirmada como um objetivo, sendo a
única mediadora entre as atitudes (realização e uso de produtos químicos) e o
comportamento. O uso de
produtos químicos também exerceu influência direta
sobre
o comportamento e foi influenciado pelo tamanho da pro
priedade.
Com
base nos resultados, esses autores sugeriram que novos trabalhos
considerassem a habilidade cognitiva e os traços da personalidade, entre
18
outras características possivelmente influentes no comportamento voltado para
a conservação do meio ambi
ente.
Outras pesquisas que também consideraram os aspectos psicológicos
incluem a apresentada por M
c
G
regor
et al. (1996), que
destacaram, dentre
outros,
os seguintes fatores influentes nas decisões
: objetivos/metas, atitudes,
estresse
, otimismo, legislaç
ão, risco, autonomia, coleta de informações,
personalidade e habilidade para resolver problemas. Acrescentaram que es
s
as
não são as únicas limitações das decisões, devendo
-
se também considerar o
ambiente, o tipo de negócio, as forças de mercado, as polític
as
governamentais, os fatores financeiros,
a
idade,
o
tamanho da família e a
localização da propriedade.
Neste
trabalho
,
procurou
-
se
mostrar como tais variáveis podem ser
usadas para entender o processo da tomada de decisão em propriedades
rurais no leste
da Escócia, razão pela qual avaliaram os gestores quanto a
os
objetivos e comportamento
s
. Para avaliar o
estresse
, foi utilizado o
General
Health Questionnaire
, uma metodologia não
-
clínica que apontou baixo nível de
estresse
,
na amostra como um todo, menor
que os níveis da sociedade em
geral. Avaliaram também o grau de abertura a inovações ou adaptações feitas
pelos indivíduos, por meio de uma metodologia denominada
Kirton
Adapter/Innovator Inventory
(KAI), constata
ndo
que o método é, de fato, útil
para tra
çar o perfil inovador/adaptador dos produtores. Para testar os níveis de
inteligência, utilizaram a
s técnicas
Nart
e
Raven
,
verifica
ndo
que a maioria se
enquadrava
em um nível
próximo à média
.
Entre os
principais resultados, verificou
-
se que os
objetivos
mais
importantes foram
melhorar a qualidade
na propriedade
, conservar o ambiente
e valorizar o gerenciamento rural como seu modo de vida. Não foi encontrada
diferença significativa nos níveis de educação, abertura, consciência e
escores
d
o KAI para níveis
de média e alta inteligência, que apenas os indivíduos
classificados de baixa inteligência apresentaram níveis inferiores
estatisticamente. Os resultados, de forma geral, indicaram que a manutenção
dos recursos da propriedade, do ambiente e de seu modo
de vida fo
i
mais
importante que os objetivos de maximização de lucros e minimização de riscos.
a relação entre inteligência, comportamento e obtenção de resultados não
foi conclusiva.
19
B
ergevoet
et al. (2004) trataram da influência das metas dos
produto
res em suas atitudes, comportamento perceptível (
perceived behaviour
)
e consideração de normas subjetivas. Dessa forma, procuraram
de
mo
n
strar
que diferentes metas, objetivos e atitudes de produtores de leite são
determinantes do
s
comportamento
s
empresarial
e estratégico e irão, por isso,
resultar em diferenças em volume de negócios. Entre os principais resultados
,
tem
-
se a relação entre comportamento e metas/intenções,
a qual se mostrou
mai
or
quando afirmações a respeito de atitudes, normas sociais e contro
le de
comportamento perceptível são incluídas.
Not
ou
-
se, portanto, que diversos estudos analisaram
as variáveis
psicológicas envolvidas n
o comportamento gerencial
. de se considerar que
muito ainda pode ser alcançado, no sentido de se obter um melhor
entendimento dos processos envolvidos na tomada de decisão em empresas
rurais. Estas
apresenta
m
características específicas no que diz respeito a
legislação, localização
e
ambiente de trabalho, dentre outras, além de
enfrentar
em
uma rie de situações de
risco e incertezas peculiares, as quais
trazem conseqüências ao gerenciamento.
20
3. REFERENCIAL ANALÍTICO
3.1.
Definição do
t
amanho da
a
mostra
O tipo de amostragem utilizada foi a aleatória simples, que consiste em
selecionar alguns elementos
da população ao acaso. Para maior
homogeneidade dos aspectos gerenciais relacionados à agricultura
empresarial
2
da região, o universo amostral constituiu
-
se de tomadores de
decisão de propriedades rurais com dimensões entre 10 e 499 hectares. A
partir dess
e critério, calculou
-
se o tamanho ideal da amostra, utilizando a
fórmula para populações finitas sugerida por G
il
(2000):
q
p
N
e
N
q
p
n
2
2
2
)
1
(
(1)
em que
n
é
tamanho da amostra;
σ
,
nível de confiança escolhido, expresso em
número de desvios
-
padrão;
p
,
porcentagem com a qual o fenômeno se verifica;
q
,
porcentagem complementar (100
p);
N
,
tamanho da população; e
e
2
,
erro
máximo permitido.
2
Cabe salientar que a agricultura empresarial dif
erencia
-
se da agricultura de subsistência (mais comum
em propriedades rurais menores e pouco tecnificadas) por ser praticada em propriedades com maior
emprego de tecnologias visando à alta produtividade. Para mais detalhes, consultar Paterniani (2001).
21
Utilizando
-
se σ = 1,6, correspondente a um n
ível de confiança de 90%,
p = 50, q = 50, N = 7529 e com uma margem de
erro de 10%, o tamanho da
amostra foi de 63 questionários. O valor de p = 50 foi adotado devido à
impossibilidade de estimar a porcentagem com a qual o fenômeno se verifica e
o valor de N está de acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Ag
rária
INCRA
(2002). Vale enfatizar que esse tamanho de população se
refere ao número de propriedades rurais, uma vez que não foi possível obter o
número de produtores da região. Este fato sinaliza maior representatividade da
amostra, considerando
-
se que,
muitas vezes, um produtor pode ser tomador de
decisão em mais de uma propriedade.
3.2. Fonte de dados e procedimentos metodológicos
Os dados da presente pesquisa foram obtidos
por meio de
questionários
aplicados aos produtores.
Prevendo
-
se uma baixa
taxa de
resposta, f
oram
convidados para participar desta pesquisa um total de 161
produtores, entre os meses de maio e julho de 2006. Entretanto, devido a
problemas diversos, principalmente relacionados a não
-
devolução de
formulários, utilizou
-
se
dados ref
erentes a
63
produtores
rurais da região,
garantindo a representatividade da amostra (Figura 2).
A coleta de dados por meio de entrevistas e formulários apresenta
como grande vantagem a possibilidade de explorar todos os aspectos
pretendidos pelo pesquisad
or; além disso, podem ser realizados com poucos
recursos financeiros. Entretanto, os dados fornecidos por essas ferramentas
são imprecisos. Os produtores podem se esquecer de detalhes relevantes ou
mesmo omiti
-
los, com o intuito de passar uma boa impressão
para o
pesquisador. Segundo Rougoor et al. (1998), muitos produtores podem
apresentar dificuldades para emitir opiniões sobre si mesmo.
22
Fonte
:
Elaborado pelo autor
.
Figura 2
Organograma
da coleta de dados.
Os formulários entregues para posterior
remessa apresentaram
desvantagens em relação às entrevistas presenciais e telefônicas. Fatores tais
como a dificuldade de interpretação das questões abordadas, os diferentes
níveis de escolaridade dos produtores e a falta de interesse pela pesquisa
ocasion
aram baixa taxa de aproveitamento (12,5%, nesse caso). As entrevistas
por telefone, assim como as presenciais, apresentaram alto aproveitamento.
Neste trabalho, procurou
-
se analisar os aspectos relacionados à
capacidade gerencial dos produtores da região
N
orte do Estado do Espírito
Santo. Para isso, foram utilizados questionários que abordaram as seguintes
questões:
1.
Estilos gerenciais (traços da personalidade)
.
P
odem
ser definidos cinco
traços da personalidade de um indivíduo, segundo M
atthews
e D
eary
(199
8),
os quais o determinados pelo genótipo do indivíduo e pelo ambiente em
que vive, sendo este responsável por aproximadamente 65% dessa
23
influência. É possível que a personalidade e a inteligência possam
influenciar a habilidade gerencial, bem como o pot
encial em aperfeiçoá
-
la,
através de treinamento. Isso justifica o levantamento da auto
-
avaliação da
inteligência e dos estilos gerenciais dos produtores. Para tal avaliação, foi
utilizada a teoria dos cinco traços da personalidade, com cinco questões
rela
cionadas a cada traço. Foram apresentadas 25 questões, com a Escala
de
Likert
variando entre 1 = “nunca” e 5 = “sempre”. Como foram escritas em
termos gerenciais, é mais adequado referir
-
se a
estilos gerenciais
no lugar
de traços da personalidade (NUTHALL,
2006).
2.
Objetivos
.
Baseando em W
illock
et al.
(1999b) e em A
lvarez
e N
uthall
(2002), os domínios analisados foram a qualidade de vida, o bem
-
estar
familiar, a sustentabilidade ambiental, o sucesso nos negócios e o
status
,
entre outros objetivos específicos
. A maior parte deles foi adaptada para
condições mais adequadas aos produtores da região e que possibilitassem
melhor entendimento, uma vez que nem todos os questionários foram
desenvolvidos por meio de entrevistas. Foram apresentadas 30 questões
com Esca
la de
Likert
variando entre 1 = “sem importância nenhuma” e 5 =
“muito importante”. Ainda, foi questionado o principal objetivo considerado
pelo produtor, bem como obtido um ordenamento dos três principais.
3.
Informações relevantes foram obtidas para avaliar
se os estilos ou objetivos
apresentavam alguma relação com as características do tomador de decisão
ou da propriedade. Questionaram
-
se a sua relação com a empresa, a área
total da propriedade, a principal atividade realizada, o sexo, a idade e a
experiênc
ia como tomador de decisões, dentre outras. Ainda, foram obtidas
auto
-
avaliação da capacidade gerencial e as impressões a respeito de seu
aperfeiçoamento, as quais abrangeram preferência por programa,
predisposição a participar de treinamentos e deficiênci
as a serem corrigidas.
Para maior eficácia dos questionários, realizaram
-
se testes prévios
com cinco produtores da região, sendo úteis para identificar alguns tópicos que
deveriam ser modificados.
24
3.3. Análise dos dados
Foi utilizada a análise de cong
lomerados (
cluster
)
,
para identificar os
estilos gerenciais dos produtores rurais da região. Este estudo teve
como
objetivo reunir
,
em um grupo homogêneo
,
as observações da amostra que
sejam similares entre si, com respeito às características que nelas for
am
me
nsuradas
,
b
e
m como
separar em grupos heterogêneos os elementos
diferentes com relação às mesmas características. Com isso, obt
eve
-
se um
resumo dos dados
,
de forma a reduzir as informações de um conjunto de
“n”
indivíduos para informações sobre um novo
conjunto de
“g”
grupos, em que
“g”
é significativamente menor que
“n”
, o que possibilit
ou
a simplificação na
interpretação dos dados.
Os métodos de agrupamento podem ser classificados em hierárquicos
e não
-
hierárquicos. Nos primeiros, as observações são r
eunidas em grupos
,
e
o processo se repete até formar uma árvore de classificação satisfatória aos
objetivos da pesquisa. Eles podem ser realizados pelo todo aglomerativo,
em que, por meio de fusões sucessivas, vão sendo obtidos os grupos a
reunir, em u
m estágio final, todas as observações em um único grupo. Ou
,
ainda
,
pelo método divisivo, sendo que, nes
s
e caso, parte
-
se de um único
grupo e, por divisões sucessivas, vão sendo formados os grupos finais. os
métodos não
-
hierárquicos objetivam encontrar
um número pr
ee
stabelecido de
grupos e são mais indicados para análise de conjunto de dados de grande
porte, destacando
-
se o método das k
-
médias (M
INGOTI
, 2005).
B
arroso
e
A
rtes
(2003)
de
mo
n
straram que as principais etapas
envolvidas na aplicação de uma aná
lise de agrupamentos constituem
-
se em:
escolha do critério de
parecença
, definição do número de grupos, formação
dos grupos, validação do agrupamento e interpretação.
A escolha do critério de parecença envolve a estimação de uma
medida de similaridade o
u dissimilaridade entre os indivíduos a serem
agrupados. Nesta pesquisa
,
utilizou
-
se a
d
istância
e
uclidiana
3
.
A fórmula
da
distância entre a observação
k
e a observação
l
, num espaço n
-
dimensional, é
dada por:
3
M
étrica mais difundida para análises de agrupamentos e de maior facilidade de cálculo, conforme
Johnson e Wichern (1982), citados por Zambrano e Lima (2004).
25
n
i
l
i
ik
l
k
x
x
D
1
2
,
2
,
(
2
)
em que
D
é
distâ
ncia euclidiana;
n
,
número de variáveis
4
;
x
i,k
,
escore da
variável
i
para a observação
k
;
e
x
i,l
,
escore da variável
i
para a observação
l
.
Esse cálculo deve ser generalizado para todos os elementos da
amostra para obtenção da matriz de proximidade
, s
endo
es
s
a matriz simétrica,
com zeros na diagonal principal.
Quanto ao método utilizado para análise, foi
escolhido o “Método de Ward” (hierárquico e aglomerativo),
devido à coerência
de seus resultados em relação à amostra disponível, que exigiu como medida
de
semelhança entre as observações o quadrado da distância euclidiana
.
A definição do número de grupos é uma das dificuldades dessa
técnica. Essa decisão é feita, na maioria das vezes, arbitrariamente. Ainda
pode ser definido pelo tracejo de uma linha (“Linh
a de Fenon”) paralela ao eixo
horizontal do dendograma
,
representativo da classificação hierárquica dos
grupos. B
arroso
e A
rtes
(2003) suger
ira
m que, em seguida, seja feita a
validação do agrupamento mediante o emprego de técnicas inferenciais que
permitam
comparar amostras aleatórias de cada grupo. Por último, deve
-
se
proceder à interpretação, a qual envolve o uso de estatísticas descritivas.
Para identificar características que melhor definissem a personalidade
do produtor em cada estilo gerencial, as mé
dias de cada variável foram
comparadas mediante o teste
t
bicaudal. Segundo G
ujarati
(2000), essa
estatística objetiva utilizar os resultados da amostra para verificar a validade ou
falsidade da hipótese nula (H
0
). A decisão de rejeitá
-
la ou aceitá
-
la depe
nde do
valor calculado utilizando os dados disponíveis e comparando
-
os com o valor
de
t
tabelado. Considerando
-
se H
0
:μ = μ
0
e H
1
μ
0
, quando uma média
fosse considerada estatisticamente diferente das demais, isso significaria que
aquela característica seria inerente àquele estilo.
Também foi utilizado um procedimento para
encontrar relações entre
os
objetivos
e as c
aracterísticas da empresa e do empresário rural. Consistiu
d
a análise de correlação simples (coeficiente de
Pearson
), que pode variar no
intervalo de
1 (negativa perfeita) a +1 (positiva perfeita).
Foi considerado o
4
Sendo elas em número de 25, referentes às questões relacionadas aos estilos gerenciais (traços da
personalidade), na Parte 1 do questionário
do Anexo
.
26
teste bicaudal para a verificação dos n
íveis de significância. Para tais análises
(
cluster
, teste
t
e correlações simples) foi utilizado o
software
SPSS 11.5
.
De acordo com A
lvarez
e N
uthall
(2002), os objetivos dos produtores
foram analisados pelas freqüências (em porcentagem) de avaliação em
cada
escala (Likert) para cada objetivo. Tais freqüências foram multiplicadas por um
escore
,
considerado da seguinte maneira: “sem importância nenhuma”, com o
valor
2; “sem importância”, com o valor
1; “sem opinião”, com o valor 0;
“importante”, com o va
lor 1; e “muito importante”, com o valor 2.
3.4. Área de estudo
Com uma superfície que corresponde a 0,5% do território brasileiro, o
Espírito Santo é excelência na produção de culturas que o projetam em níveis
nacional e internacional. Na safra de 2
005/2006, o Estado foi responsável
por
66% de todo o café
C
onilo
n produzido no Brasil.
Ainda, as cul
turas d
e
mamão
(inclusive para exportação)
, maracujá e pimenta
-
do
-
reino
são destaques
,
uma
vez que
o
Estado é o
segundo produtor nacional
(
SECRETARIA DE
EST
ADO
DA
AGRICULTURA, ABASTECIMENTO, AQÜICULTURA E PESCA
DO
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO
SEAG
-
ES
, 2006b).
Na Tabela 2
,
podem ser
visualizadas a área colhida e a produção desses cultivos.
Tabela 2
Área colhida e produção das principais culturas praticadas n
o Esta
-
do do Espírito Santo,
em
2003
5
Cultivo
Área colhida (ha)
Produção (ton)
Café
Conilon
329.700
360.840
Mamão
10.480
679.235
Maracujá
2.915
72.270
Pimenta
-
do
-
reino
1.566
6.244
Fonte: SEAG
-
E
S
(2006b) e
Companhia Nacional de Abastecimento
CONAB
(2006).
5
Com exceção da produção de café
Conilon,
que se refere à safra de 2005/2006.
27
Destacando
-
se a região
N
orte do Espírito Santo, vale enfatizar suas
características favoráveis ao desenvolvimento da agropecuária, apresentando
disponibilidade abundante de recursos hídricos, boas condições das vias de
acesso, solos com boa
s características físicas e químicas para a maior parte
dos cultivos e topografia plana, o que favorece a mecanização e o manejo
.
Tais
fatores contribuíram para que a região tivesse sido o principal
alvo de políticas
públicas para a agricultura
capixaba
no
s últimos anos
.
Dentre as peculiaridades que atestam a relevância do agronegócio na
região, podem ser destacados os
m
unicípios de Sooretama, São Mateus,
Pinheiros e Jaguaré, maiores produtores nacionais de maracujá, pimenta
-
do
-
reino, mamão e café, respecti
vamente, no ano de 2003. Compreende, também,
o
m
unicípio de Linhares, apontado pela revista Exame entre os “10 Novos
Pólos do Agronegócio” em 2005, tendo exportado US$ 55 milhões em 2004, o
que representou um crescimento de 37% em relação a 2003 (SEAG
-
ES
,
200
6a
).
de se considerar o potencial da região para a agropecuária.
Entretanto, nota
-
se que os produtores, em sua maioria, apresentavam
deficiências gerenciais (INCAPER, 2006). Isso implica a necessidade de
aperfeiçoamento através de programas que seja
m suficientemente flexíveis
para se adaptarem aos diferentes objetivos e estilos gerenciais do tomador de
decisão na região. Para dar suporte ao desenvolvimento desses programas, a
área de estudo abrangeu os
m
unicípios
de
Linhares, São Mateus, Rio Bananal,
Governador Lindemberg, Aracruz e Sooretama, na região
N
orte do Estado do
Espírito Santo (Figura 3). Esses municípios foram escolhidos pelos seguintes
motivos: estão localizados na região que constitui o maior potencial para o
desenvolvimento da agropecuár
ia capixaba; e são
representativos das
principais zonas de produção d
a região
,
maior produtor
a
de café
C
onilon
do
Brasil
, além de apresentarem outras culturas relevantes nacionalmente.
28
Figura 3
Mapa
do Estado do Espírito Santo.
29
4. RESULTA
DOS E DISCUSSÃO
4.1. Perfil do produtor
A
s informações coletadas para esta pesquisa evidenciaram uma idéia
geral do perfil do produtor rural da região em estudo e de sua propriedade. Os
produtores apresentaram média de 47 anos de idade, sendo que 98% e
ram do
sexo masculino. Quanto à escolaridade, 26% apresentavam o ensino superior
completo e 28%, o ensino fundamental incompleto. Essa constatação reforçou
a importância da coleta de dados por meio de entrevistas, na maior parte dos
casos, haja vista a com
plexidade do questionário em alguns aspectos. Os
diferentes níveis de escolaridade dos produtores da região podem ser
verificados na Figura 4.
30
Fonte
:
Dados da pesquisa
.
Figura 4
Grau de escolaridade
dos produtores rurais
d
o
N
orte do Espírito
Santo,
em
2006.
O tempo médio de experiência como tomador de decisão no meio rural
era de 20 anos e dedicação de 40 horas por semana na propriedade. Essa
experiência pode contribuir para maior aversão ao risco, o que pode
representar
maior dificuldade para que o empresário implemente mudanças na
forma de administrar (GHADIM
;
PANNELL, 1999). O tamanho das
propriedades apresentava uma média de 105 hectares e, desses, 86 eram
utilizados para atividades agropecuárias. A distância média da
propriedade até
a sede do município era de 19 km.
Quanto à relação dos produtores consultados com a empresa a que se
referiam, 79% eram únicos proprietários, 11% sócios e os demais
arrendatários, parceiros (denominados “meeiros”) e gerentes, sendo que 63%
residiam fora da propriedade, característica comum na agricultura empresarial,
objeto de estudo deste trabalho. Ainda, 40% dos produtores afirmaram
trabalhar em outro ramo para obter renda extra. Cerca de 63% participavam de
alguma organização de produtor
es, e apenas 55% recebiam algum tipo de
assistência técnica, gerencial ou financeira, mesmo ocasionalmente.
28%
2%
2%
13%
21%
2%
6%
26%
Ensino fundamen
tal incompleto
Ensino médio incompleto
Ensino superior incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio completo
Ensino técnico completo
Ensino técnico agrícola completo
Ensino superior completo
31
Quando questionados em relação à principal atividade realizada na
propriedade, 60% citaram a cafeicultura (
C
onilon
), seguida da bovinocultura de
cor
te com 12,7%. Entre as atividades secundárias realizadas nas propriedades,
a bovinocultura de corte foi a mais citada, seguida das culturas de eucalipto,
maracujá, coco e mamão.
4.2. Identificação dos objetivos do produtor rural
Tendo em vista o melhor
direcionamento de diretrizes norteadoras da
assistência oferecida ao produtor rural na região, seja por entidades públicas
ou privadas, esta pesquisa visou identificar os principais objetivos que baseiam
suas atitudes. Estudos desta natureza podem contribu
ir com uma perspectiva
de desenvolvimento de relacionamento, favorecendo a criação de espaços
concretos de diálogo que priorizem o resgate cultural e o intercâmbio de
saberes.
Na busca por estabelecer a importância dada a determinadas questões
na administ
ração de suas propriedades, os produtores foram solicitados a
definir a relevância de cada item do questionário sobre objetivos, em anexo.
Representando um grupo único, os tomadores de decisão da região
consideraram, entre os objetivos menos importantes, a
s questões referentes a
entrar em concursos e disputas na área rural, seguido por evitar produzir em
excesso, ser o primeiro a adotar inovações tecnológicas e tornar
-
se um dos
melhores produtores da região (Tabela 3).
Com relação aos objetivos mais importa
ntes, destacaram
-
se os
referentes à qualidade de vida própria e de sua família. Também receberam
altos escores
os objetivos de maximização de lucros, preservação da natureza
e tempo para a família.
Essa constatação foi condizente com as impressões dos entr
evistados
quando questionados sobre seu principal objetivo na atividade rural. Entre as
prioridades apontadas, a mais citada foi o bem
-
estar da família, com 24%,
seguida do gosto pela atividade rural (15%), obtenção de lucro e alta produção,
ambas com 13%
(Figura 5). Resultado semelhante foi encontrado por Harper e
Eastman (1980), que também diagnosticaram que a família seria o principal
objetivo dos produtores, mesmo na agricultura empresarial.
32
Tabela 3
Soma dos escores
de cada objetivo do produtor rural
d
o
N
orte do
Espírito Santo,
em
2006
Afirmativas
Soma dos
escores
1
.
Cuidar da propriedade para deixar de herança para a minha família.
142,9
2
.
Continuar trabalhando com a minha fazenda, “aconteça o que acontecer”.
119,0
3
.
Ser respeitado e
admirado pelos produtores vizinhos.
66,7
4
.
Entrar e ganhar concursos e disputas na área rural.
-
34,9
5
.
Ser o primeiro a adotar novas tecnologias.
-
7,9
6
.
Ter uma vida confortável é fundamental.
147,6
7
.
Ser altamente produtivo.
144,4
8
.
P
lanejar o que fazer na semana, ou no dia, para que se possa descansar
tranqüilo.
147,6
9
.
Evitar dívidas.
125,4
10
.
Interessar
-
se por algum tipo de lazer é fundamental.
81,0
11
.
Preservar a natureza.
166,7
12
.
Usar o mínimo possível de produtos quím
icos.
120,6
13
.
Cultivar vários produtos na propriedade.
106,3
14
.
Melhorar a qualidade da produção.
152,4
15
.
Melhorar a qualidade da minha vida.
184,1
16
.
Melhorar a qualidade de vida da minha família.
182,5
17
.
Trabalhar todos os dias.
42,9
18
.
T
er tempo para a família.
160,3
19
.
Planejar para poder viajar nos feriados.
47,6
20
.
Exercer atividades de baixo risco financeiro.
131,7
21
.
Evitar produzir em excesso.
-
17,5
22
.
Deixar a propriedade, no mínimo, do jeito que estava quando comecei a
tom
ar conta.
136,5
23
.
Ter máquinas e equipamentos modernos em minha propriedade.
84,1
24
.
Ter a melhor lavoura (ou pasto e criação) possível.
149,2
25
.
Ter o máximo lucro possível.
169,8
26
.
Utilizar todos os recursos que eu tenha ao meu alcance.
154,0
27
.
Aumentar o tamanho de minha propriedade.
23,8
28
.
Ao contrair dívidas, preferir longos prazos para quitação.
58,7
29
.
Ser um dos melhores produtores da região.
1,6
30
.
Gostar de trabalhar na sua fazenda.
150,8
Fonte: Dados da pesquisa.
33
Fonte
:
Dados da pesquisa
.
Figura 5
Principal objetivo do produtor rural
d
o
N
orte do Espírito Santo,
em
2006.
Outros trabalhos, entretanto, apresentaram resultados divergentes.
M
edeiros
(199
8
), ao analisar os objetivos dos produt
ores de leite da
microrregião de Viçosa
-
MG, encontrou a obtenção de lucro como principal.
R
obinson
(1993), citado por W
illock
et al. (1999b), observou a obtenção de
lucro suficiente como prioridade. G
asson
(1973) concluiu que o gosto pela
atividade rural s
eria primordial em relação a outras questões. Esse tipo de
comparação de resultados é de difícil execução devido às diferentes maneiras
que os objetivos têm sido abordados por diversos autores.
A análise anterior referiu
-
se ao grupo como um todo, sem espec
ificar a
principal atividade realizada ou características do entrevistado ou da empresa.
Essa discriminação pode ser importante, uma vez que os objetivos podem
variar muito com a idade, grau de escolaridade e relação com a empresa, entre
outros.
13%
13%
15%
24%
6%
10%
6%
3%
10%
Pr
oduzir muito
Lucrar muito
Gosto pelo trabalho
Bem
-
estar da família
Respeitar a natureza
Tranqüilidade
"Não tem outro jeito"
Independência
Outra
34
4
.2.
1
. R
elação
e
ntre os
o
bjetivos
do produtor rural
e as
c
aracterísticas da
e
mpresa e do
e
mpresário
A administração da propriedade rural reflete as particularidades
inerentes às suas características internas, sejam elas do administrador ou da
empresa. Neste item,
procurou
-
se verificar como esses fatores interagem com
os objetivos dos produtores rurais, agrupados em domínios, visando facilitar a
discussão. Essa relação permitiu identificar algumas características que podem
estar influenciando a tomada de decisões;
dentre elas, o grau de escolaridade
foi a que apresentou a maior quantidade de
correlações significativas (Tabela
4).
Qualidade de vida
Metas pessoais e profissionais foram apontadas como conflitantes
pelos produtores entrevistados. Um gerente que consid
era fundamental uma
vida confortável muitas vezes não consegue alcançá
-
la, uma vez que a
atividade rural exige dedicação exaustiva ao tomador de decisão, impedindo,
muitas vezes, descanso apropriado, entre outros cuidados com saúde e
alimentação, por exemp
lo.
Neste domínio foram consideradas sete afirmativas. Um produtor que
atribuiu altos escores para os itens referentes à Qualidade de Vida considerou
que ter uma vida confortável, planejar o que fazer na semana, interessar
-
se por
algum tipo de lazer, melh
orar sua qualidade de vida, não trabalhar todos os
dias, planejar para poder viajar nos feriados e gostar do que faz são questões
muito
importantes.
A
relevância
dada ao planejamento da semana correlacionou
-
se
positivamente com o item relacionado ao trabal
ho fora para obter renda extra,
ou seja, produtores que trabalhavam em
outra
atividade
não deram importância
para esse item, o que pode estar prejudicando a qualidade de vida, podendo
levá
-
los a condições de
estresse
.
Estudado por M
c
Gregor et al. (1995), t
em
sido motivo de crescente preocupação, uma vez que está relacionado ao
elevado índice de suicídios entre produtores
rurais em alguns países. No Reino
Unido, por exemplo,
a taxa de suicídio entre agricultores chegou a quase o
dobro da
o
corrência na popula
ção
do país.
35
Tabela
4
C
orrelaç
ões
entre
as características da empresa e do empresário e os objetivos dos produtores rurais
d
o
N
orte do
Espírito Santo,
em
2006
O
bjetivos
6
Relação com a
empresa
Escolaridade
Experiência na
atividade rural
Dedicação ao
tr
abalho
Trabalho fora
da empresa
rural
Distância de
centros urbanos
Participação em
organização de
produtores
Local de
residência
1. Herança para família
-
0,288*
0,301*
2. Continuar na atividade rural
-
0,473**
0,391**
0,356**
8
. Planejamento da semana
0,293*
9. Evitar dívidas
-
0,371**
10. Interesse por lazer
-
0,265*
17. Trabalhar todos os dias
0,283*
0,288*
18. Tempo para a família
0,288*
21. Evitar excesso de produção
0,261*
-
0,296*
-
0,279*
22. Conservação da propriedade
-
0,292*
26. Usar todos os recursos que estiverem ao alcance
0,295*
28. Longo prazo para dívidas
-
0,287*
-
0,279*
-
0,286*
Fonte: Dados da pesquisa.
* Correlação significativa a 5% de
probabilidade
.
**
Correlação significativa a 1% de probabilidade
.
6
Foi dado um pequeno re
sumo para cada questão. Para ter acesso à afirmativa completa, consulte a Parte 2 do questionário
do A
nexo.
36
O
item “Interessar
-
se por algum tipo de lazer é fundamental” também
ap
resentou correlação
significativa
com a experiência do produtor
. Quanto
maior a experiência na atividade rural, menor a
importância dada a essa
questão, o que pode estar
prejudicando a qualidade de vida desses indivíduos.
Outro fator agravante foi notado entre esses produtores mais
experientes e os que têm maior tempo de dedicação semanal ao negócio. Foi
verificada correla
ção positiva entre esses dois itens
com a importância dada a
o
trabalhar todos os dias.
Essas questões são de extrema relevância e devem
ser analisadas com maior cautela pelas autoridades regionais.
Bem
-
estar familiar
Na vida do produtor rural, a família
tem papel fundamental. Ao mesmo
tempo
em
que constitui uma base de apoio psicológico, também representa,
em muitos casos, parte da força de trabalho na propriedade. Entretanto,
compromissos e metas familiares exercem influência considerável no rumo dos
neg
ócios. Ter tempo para a família, por exemplo, foi considerad
a
tarefa muito
difícil para muitos produtores, tendo em vista seu comprometimento em
diversas atividades, como organizações de produtores e empresas urbanas.
Neste domínio foram consideradas três
afirmativas. Um produtor que
atribuiu altos escores para os itens referentes ao bem
-
estar familiar considerou
que cuidar da propriedade para deixar de herança para a família, melhorar sua
qualidade de vida e ter tempo para ela são aspectos muito importante
s.
Foram observadas correlações positivas entre a dedicação do produtor
rural à propriedade, assim como o grau de escolaridade, com o item “Cuidar da
propriedade para deixar de herança para a família”. Esse objetivo pode estar
servindo de estímulo para um
maior dispêndio de tempo, em horas por
semana, à propriedade. Também, produtores com maior nível de instrução
tenderam a dar maior importância ao legado para as futuras gerações.
O
grau de escolaridade
também ap
resentou relação positiva com a
importância
dada à
necessida
de de destinar tempo à família. Muitos
produtores, apesar de considerarem tal questão de extrema importância,
admitiram não segui
-
la da forma como gostariam.
37
Sustentabilidade ambiental
As políticas para a agricultura mais recentes m e
mpenhado grandes
esforços em garantir a sustentabilidade ambiental. Vários projetos têm sido
implementados com o intuito de recuperar áreas de preservação permanente,
estimular a prática da agroecologia e dar destino apropriado a embalagens de
agrotóxicos,
entre outros. Muitos produtores reconheceram a importância de
tais aspectos, mas, por questões econômicas, alegaram não os colocarem em
prática.
Neste domínio foram consideradas três afirmativas. Um produtor que
atribuiu altos escores para os itens refere
ntes à Sustentabilidade Ambiental
considerou que preservar a natureza, evitar o uso de produtos químicos e
adotar práticas de conservação natural na propriedade são itens muito
importantes.
O grau de escolaridade correlacionou
-
se negativamente com a
impor
tância dada ao item “deixar a propriedade, no mínimo, do jeito que estava
quando comecei a tomar conta”.
Portanto,
quanto maior o nível de
instrução
,
menor a
importância da
da à
adoção de práticas de conservação do solo
e à
legislação ambiental, por exemplo
.
Essa constatação merece maior atenção de
órgãos governamentais responsáveis pela fiscalização e monitoramento
dessas questões.
Sucesso nos negócios
Sabe
-
se que o lucro não é a única motivação dos produtores rurais nas
diversas partes do mundo. Este fato
r foi responsável pela falha de muitos
modelos econômicos em descrever o processo de tomada de decisão na
agropecuária (WILLOCK et al., 1999b).
Este domínio refere
-
se ao aspecto financeiro, além de qualidades da
empresa e do empresário rural, compreendend
o 12 questões: “ser altamente
produtivo”; “evitar dívidas”; “cultivar vários produtos na propriedade”; “melhorar
a qualidade da produção”; “exercer atividades de baixo risco financeiro”; “evitar
produzir em excesso”; “ter quinas e equipamentos modernos e
m minha
propriedade”; “ter a melhor lavoura (ou pasto, ou criação) possível”; “ter o
máximo lucro possível”; “utilizar todos os recursos que eu tenha ao meu
38
alcance”; “aumentar o tamanho da minha propriedade”; e “ser um dos melhores
produtores da região”.
Foi observada correlação negativa entre a importância de evitar dívidas
e a distância das propriedades
até a
sede do município mais próximo.
Produtores que possuíam empresas mais próximas
a centros urbanos
apresentaram maior preocupação em não contrair déb
itos com bancos ou
particulares.
Uma explicação para esse fato pode ser devida à freqüência anual
de obtenção de renda com a cafeicultura
, praticada pela maioria dos
agricultores entrevistados
, o que sugere a necessidade de contração de
empréstimos
.
Essa q
uestão deve ser melhor investigada em estudos futuros.
Constatou
-
se, ainda, correlação positiva entre o grau de escolaridade e
a importância dada ao item
evitar produzir em excesso
, o que pode ser
desejável em algumas situações. Em uma região que passa
por um momento
de escassez e conseqüente alto custo de o
-
de
-
obra, paripasso uma
condição de baixos preços pagos aos produtos agrícolas, deve
-
se analisar
criteriosamente
antes de realizar altos investimentos, com o intuito de obter
altas produtividades.
A distância dos centros urbanos e o trabalho fora da empresa rural
apresentaram correlações negativas com o item “evitar produzir em excesso”.
A relação entre o primeiro aspecto e esse item denota a tendência a poupar
esforços, por parte de pessoas que atu
am em outro negócio.
Uma
produção
exagerada é obtida, muitas vezes, em conseqüência de gastos desnecessários
com insumos e, para a maior parte das culturas praticadas na região, vem
acompanhada de dificuldades
na
comercialização, seja por problemas de
logí
stica, ou de armazenamento, seja devido
a
os
preços
desfavoráveis obtidos
na venda
.
A outra relação carece de estudos que investiguem melhor a
questão.
Ainda, a dedicação apresentou correlação positiva com o item “utilizar
todos os recursos que eu tenha ao
alcance”, como era de se esperar.
Produtores mais empenhados nas atividades demandadas pelo seu negócio
tendem a apresentar maior interesse em ter acesso a recursos como o crédito
agrícola, máquinas emprestadas por prefeituras ou associações, entre outras
oportunidades.
39
Status
Muitas pessoas encaram a administração da empresa rural como um
estilo próprio e prazeroso de se viver. Nesta pesquisa foram observadas
diferenças marcantes nas opiniões de produtores rurais quanto à sua
identificação enquanto cate
goria importante para o progresso regional. Nota
-
se,
entre esses agricultores, a necessidade de reafirmação de princípios que os
levem à convicção de seu papel fundamental como propulsores do
desenvolvimento econômico e social da região.
Neste domínio for
am consideradas três afirmativas. Um produtor que
atribuiu altos escores para as afirmativas referentes a s
tatus
considerou que
continuar no campo, aconteça o que acontecer”, ter o respeito e admiração de
produtores vizinhos, assim como participar de conc
ursos e disputas na área
rural, são muito importantes.
A experiência na atividade e a dedicação apresentaram correlação
positiva com o item “continuar trabalhando na minha fazenda, aconteça o que
acontecer”, enquanto o
grau de escolaridade correlacionou
-
se
negativamente.
Is
s
o indica que produtores com maior nível de instrução se sentem mais
seguros para abandonar a atividade agropecuária e não dão muita importância
ao prestígio enquanto produtores rurais.
No entanto
, quanto mais ligados à
terra, seja pelo t
empo dedicado por semana, seja pelo tempo que trabalham no
ramo, mais difícil se torna abandoná
-
la.
Tal constatação reforça a importância e
pode indicar uma direção para políticas públicas voltadas a manter o homem
no campo e realçar sua auto
-
estima. Entre
elas se destacam os programas
governamentais, com o intuito de estimular a agricultura familiar, como o
PRONAF
7
, fundamentais para evitar o êxodo rural e assegurar dignidade às
famílias camponesas.
Outros objetivos específicos
Neste item foram consider
adas duas afirmativas, incluindo uma
relacionada ao perfil empreendedor, a qual questionava o protagonismo na
7
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)
é desenvolvido pelo governo
federal e objetiva fornecer auxílio financeiro
a atividades agropecuárias e não
-
agropecuárias
exploradas, mediante emprego direto da força de trabalho do produtor rural e de sua família.
40
implementação de inovações técnicas, e outra referente à preferência quanto a
prazos para a quitação de dívidas.
Apenas a segunda afirmativa corre
lacionou
-
se, significativamente, com
características do tomador de decisão. Foram observadas correlações
negativas com a participação em organizações de produtores (associações,
cooperativas ou sindicatos), o local de residência do entrevistado e sua relaç
ão
com a empresa. Nesse caso, produtores que participavam de alguma
organização, residiam na propriedade ou eram os únicos proprietários
tenderam a dar maior importância a longos prazos para quitação de débitos.
Entretanto, tais constatações são de difícil
explicação, o que implica a
necessidade de pesquisas mais específicas nesse sentido, as quais podem ser
de grande utilidade para agentes financeiros. Assim, será possível esclarecer
se existe, de fato, uma relação entre a preferência por longos ou curtos
prazos
e questões internas à empresa rural.
4
.2.
2
.
Identificação
dos
o
bjetivos do
p
rodutor de
c
afé
Conilon
Pelo fato de representarem maioria (60%) na amostra de produtores
consultados nesta pesquisa, analisaram
-
se, separadamente, os que tinham
como pri
ncipal atividade realizada na propriedade a cafeicultura. A importância
dada aos diferentes objetivos não foi muito diferente da amostra total.
Pela Tabela 5
,
pode
-
se verificar, entre os objetivos menos importantes,
as questões referentes a entrar e ganha
r concursos e disputas na área rural,
seguido por evitar produzir em excesso, ser um dos melhores produtores da
região e o pioneirismo em experimentar novas tecnologias. Observou
-
se menor
necessidade de evitar produzir em excesso, comparando
-
se à amostra t
otal, o
que pode ser explicado pelas características de pós
-
colheita e mercadológicas
do café. A produção em uma única fazenda não interfere no preço do produto,
visto que é voltado para o mercado externo. Além disso, o armazenamento do
produto o deixa men
os sujeito a perdas, em comparação com a cultura do
mamão, assim como a produção de carnes e leite, muito comum na região.
41
Tabela 5
Soma dos escores
de
cada objetivo do produtor de café
Conilon
d
o
N
orte do Espírito Santo,
em
2006
Afirmativas
Soma dos
escores
1
.
Cuidar da propriedade para deixar de herança para a minha família.
160,5
2
.
Continuar trabalhando com a minha fazenda, “aconteça o que acontecer”.
136,8
3
.
Ser respeitado e admirado pelos produtores vizinhos.
60,5
4
.
Entrar e gan
har concursos e disputas na área rural.
60,5
5
.
Ser o primeiro a adotar novas tecnologias.
-
10,5
6
.
Ter uma vida confortável é fundamental.
144,7
7
.
Ser altamente produtivo.
136,8
8
.
Planejar o que fazer na semana, ou no dia, para que se possa
descansar
tranqüilo.
144,7
9
.
Evitar dívidas.
113,2
10
.
Interessar
-
se por algum tipo de lazer é fundamental.
68,4
11
.
Preservar a natureza.
168,4
12
.
Usar, o mínimo possível, de produtos químicos.
97,4
13
.
Cultivar vários produtos na propriedade.
89,5
14
.
Melhorar a qualidade da produção.
139,5
15
.
Melhorar a qualidade da minha vida.
184,2
16
.
Melhorar a qualidade de vida da minha família.
181,6
17
.
Trabalhar todos os dias.
57,9
18
.
Ter tempo para a família.
157,9
19
.
Planejar para poder vi
ajar nos feriados.
23,7
20
.
Exercer atividades de baixo risco financeiro.
131,6
21
.
Evitar produzir em excesso.
-
34,2
22
.
Deixar a propriedade, no mínimo, do jeito que estava quando comecei a
tomar conta.
142,1
23
.
Ter máquinas e equipamentos modernos
em minha propriedade.
71,1
24
.
Ter a melhor lavoura (ou pasto e criação) possível.
155,3
25
.
Ter o máximo lucro possível.
171,1
26
.
Utilizar todos os recursos que eu tenha ao meu alcance.
150,0
27
.
Aumentar o tamanho de minha propriedade.
18,4
28
.
Ao
contrair dívidas, preferir longos prazos para quitação.
68,4
29
.
Ser um dos melhores produtores da região.
-
15,8
30
.
Gostar de trabalhar na sua fazenda.
155,3
Fonte: Dados da pesquisa.
42
Quanto aos objetivos mais importantes, observou
-
se que a quali
dade
de vida própria e da família obtiveram as maiores somas de escores, seguidas
da maximização de lucros, preservação da natureza e cuidar da propriedade
para deixar de herança para a família.
Analogamente à amostra total, quando os produtores de café
foram
solicitados a indicar seu principal objetivo na atividade rural eles confirmaram a
coerência de suas respostas. O bem
-
estar da família foi apontado como
prioridade por 27%, seguido pela tranqüilidade oferecida pela vida rural, com
14%, objetivo que p
oderia ser relacionado à qualidade de vida e que não foi
contemplado pelas afirmativas do questionário (Figura 6).
Fonte
:
Dados da pesquisa
.
Figura 6
Principal objetivo do produtor de café
Conilon
d
o
N
orte do Espírito
Santo,
em
2006.
11%
8%
11%
27%
5%
14%
8%
5%
11%
Produzir muito
Lucrar muito
Gosto pelo trabalho
Bem
-
estar d
a família
Respeitar a natureza
Tranqüilidade
"Não tem outro jeito"
Independência
Outra
43
Outro fator avaliado foi o desempenho cnico, que
pode
indica
r
as
ações necessárias a serem adotad
a
s pelos gerentes para o alcance de
melhores resultados (M
ENDONÇA
, 1
996).
Tomando a produtividade do café
como
proxy
, foi verificada a sua correlação com cada objetivo. Adotando um
nível de significância de 5%, verificou
-
se que apenas a intenção de ser
altamente produtivo correlacionou
-
se positivamente com o desempenho téc
nico
dos produtores. Esse é um importante indício de que os produtores de café da
região estejam agindo com base em seus objetivos.
Esses resultados são semelhantes aos encontrados em outros
trabalhos. B
igras
-
P
oulin
et al. (1984
-
1985), citados por R
ougoor
et al. (1998),
constataram correlação positiva entre produção de leite e ambição. T
arabla
e
D
odd
(1990) e também H
urnik
et al. (1994), citados por R
ougoor
et al. (1998),
como nesta pesquisa, não encontraram influência da satisfação com o trabalho
em índice
s de produtividade.
A análise das características do tomador de decisão, assim como as da
unidade produtiva, facilita o entendimento dos aspectos envolvidos no
estabelecimento dos objetivos dos produtores rurais da região. Entretanto,
de se considerar
que, não necessariamente, estejam agindo conforme relatado
nos questionários. Alguns estudos têm evidenciado que muitos produtores,
geralmente, não se baseiam em seus objetivos de forma clara e estruturada
para tomar decisões (WILLOCK et al., 1999b).
4.3.
Estilos gerenciais
4.3.1. Definição dos estilos
N
uthall
(2006) salientou a possibilidade de que a personalidade, assim
como a inteligência de um indivíduo, influencie sua habilidade gerencial e seu
potencial para aperfeiçoá
-
la mediante treinamento. Port
anto, torna
-
se
necessário explorar os estilos gerenciais, sob a ótica dos traços da
personalidade.
Isso posto, os dados desta pesquisa foram criteriosamente analisados
e, após considerar várias interações no processo que define a partição final,
foram enco
ntrados diversos estilos gerenciais. S
olano
et al. (2001) afirmaram
44
que são necessários muitos grupos para representar sua heterogeneidade,
mesmo em populações homogêneas. Apesar disso, a pesquisa buscou
delimitá
-
los, buscando
-
se uma representação coerente
dos grupos existentes
na comunidade rural dos municípios analisados, sendo definidos quatro
clusters
.
Como pode ser observado na Tabela 6, esses grupos (estilos)
apresentaram escores
semelhantes em muitas afirmativas, oferecendo,
portanto, uma visão ge
ral das características pessoais dos produtores
da região.
As questões de maior concordância foram:
Para a maioria das situações, você procura conhecer a opinião de várias
pessoas antes de tomar uma decisão final sobre o assunto.
Você acha que aj
uda muito discutir as situações em sua propriedade com
sua família.
Você acha muito importante que um produtor rural seja equilibrado, não se
deixando influenciar por suas emoções.
Você gosta de aprender novos métodos de produção.
Você está satisfeito com
o que está fazendo com os recursos que tem
disponível.
Você gosta muito de conversar com outras pessoas sobre agropecuária.
Você acha que ajuda muito basear
-
se em sua experiência como produtor
rural para tomar decisões.
Quando participa de encontros e reun
iões de produtores rurais, você
normalmente expõe suas idéias e faz perguntas.
Você fica muito satisfeito quando as futuras atividades estão bem
planejadas.
Você se preocupa com o que os outros pensam sobre seu jeito de
administrar o negócio.
45
Tabela 6
Estilos gerenciais e escores dios
para
cada afirmativa do
ques
-
tioná
rio
aplicado no
N
orte do Espírito Santo,
em
2006
Afirmativa
8
Estilo 1
Estilo 2
Estilo 3
Estilo 4
1. Reflexão
4,75
4,29
4,39
4,79
2. Abordar desconhecidos
4,50
4,59
3,11*
4,4
7
3. Conhecer outras opiniões
3,63
4,82
4,28
4,37
4. Discussão com família
4,00
3,88
4,17
4,37
5. Ansiedade
2,00*
4,65**
3,83
4,89**
6. Tolerância
3,63
3,59
3,22
4,32
7. Compartilhar
2,50
4,59*
3,83
3,53
8. Anotações
3,63
2,41*
3,50
3,89
9. Admiração pelo equilíbrio
4,63
4,88
4,50
4,79
10. Perda do sono
2,13
3,76
3,17
4,26
11. Gosto pelo conhecimento
5,00
4,88
4,72
4,95
12. Controle
4,25
2,53*
4,00
4,58
13. Preocupação com críticas
2,25
1,76
2,50
1,84
14. Satisfação
3,75
3,29
3,83
3,79
15. Conversar sobre agropecuária
4,63
4,82
4,61
4,84
16. Dificuldade para mudanças
2,00
3,12
2,72
3,63
17. Persistência
2,13*
3,41
4,17
3,89
18. Organizações
4,00
3,24
3,44
4,21
19. Exigência
2,75
3,12
4,44*
3,47
20. Mau humor e rudeza
1,50*
3,
35
3,28
2,84
21. Basear
-
se na experiência
4,25
3,88
4,17
4,26
22. Liberdade
2,13
3,00
1,50
2,21
23. Participação
3,38
3,18
3,17
4,00
24. Princípios
2,88
2,82
4,06*
3,11
25. Satisfação com planejamento
5,00
4,71
4,94
5,00
Fonte: Dados da pesqui
sa.
* Média significativamente diferente das demais no nível de 5% de probabilidade.
** Nesse caso, as duas médias foram significativamente diferentes das outras duas, no nível de
5% de probabilidade, e iguais ao mesmo nível.
8
Foi dado um pequeno resumo para cada questão. A afirmativa completa está na Parte 1 do questionário
do Anexo.
46
Das afirmativas apresentad
as, apenas a última não recebeu alto
escore, portanto os produtores sediados no
N
orte do Estado do Espírito Santo,
de forma geral, não se preocupavam com o que os outros pensavam sobre seu
jeito de administrar; isso significa que eles se sentiam muito inde
pendentes em
suas ações. As demais questões indicam uma postura aberta, comportamento
tal que sinaliza alta receptividade a novas tecnologias e, até mesmo, para o
aperfeiçoamento gerencial. Considerando
-
se que 46% dos entrevistados
gostariam de melhorar su
a capacidade de planejamento, um treinamento
deveria dar grande ênfase a esse aspecto.
Analisando as demais afirmativas
,
pode
-
se identificar características
marcantes em cada
cluster
.
Elas foram determinantes para estabelecer os
estilos gerenciais relacion
ados à personalidade dos produtores da região
N
orte
do Espírito Santo, conforme a seguir:
Estilo 1
Os produtores deste estilo quase nunca ficam ansiosos,
raramente estão de mau humor quando pressionados e dão maior valor ao
descanso para um bom desempenh
o no trabalho, comportamento esse
observado em 13% dos entrevistados (Figura 7).
Estilo 1
13%
Estilo 2
27%
Estilo 3
29%
Estilo 4
31%
Estilo 1
Estilo 2
Estilo 3
Estilo 4
Fonte
:
Dados da pesquisa
.
Figura 7
Proporção de produtores em cada estilo gerencial
do
N
orte do Espí
-
rito Santo,
em
2006.
47
Estilo 2
Neste estilo gerencial, encontram
-
se indivíduos muito
ansiosos e que gostam de comentar com outras pessoas a respeito de seu
sucesso e suas falhas na atividade rural. Além disso, o possuem o hábito de
anotar o que ocorre na empresa, inclusive despesas e receitas. Isso foi
observado em 2
7% dos entrevistados.
Estilo 3
Neste caso, os tomadores de decisão são mais
controladores com seus subordinados, sendo, também, muito exigentes. São
produtores que não gostam muito de se dirigir a pessoas desconhecidas para
obtenção de informações técnic
as e preferem agir da forma que consideram
correta, sem se importar com pressões contrárias, o que observado em 29%
dos entrevistados.
Estilo 4
Estes agricultores atribuíram escores
semelhantes à amostra
total para grande parte das afirmativas. Se difere
nciaram apenas por admitirem
ficar muito ansiosos quando muito serviço e pouco tempo disponível. Fato
esse verificado em 31% dos entrevistados.
Essas características dos diferentes estilos gerenciais revelados neste
estudo assemelham
-
se às identificadas
em outros trabalhos em diferentes
partes do mundo. O estilo 3 assemelha
-
se ao “Autoritário”, definido por B
lake
e
M
outon
(1984), caracterizado pelo gerente que busca resultados através do
uso do poder e da autoridade, controlando as pessoas e ditando
-
lhe
s o que
fazer. N
uthall
(2006) encontrou resultados parecidos, visto que definiu quatro
estilos gerenciais com características muito próximas aos grupos apresentados
nesta pesquisa.
4.3.2. Identificação das características da empresa e do empresário nos
e
stilos gerenciais
Foi feito um detalhamento para verificar algumas tendências, com
relação às características do produtor e da propriedade, em cada estilo
gerencial. A Tabela 7 ilustra algumas características. Para os administradores
com o estilo 1 foram
encontrados os seguintes resultados: a distância média
até a sede do município era de 17 quilômetros; a área média das propriedades,
de 112 hectares; 75% residiam fora da propriedade; a experiência média era de
21 anos e, quanto ao grau de escolaridade, 37
,5% dos entrevistados
48
concluíram o ensino superior. Os produtores desse estilo gerencial
apresentaram a maior média de idade (54,5 anos), e a maioria era proprietário
único (87,5%). Ainda, relataram a menor dedicação semanal, 32 horas.
Acrescenta
-
se que 62
,5% tinham a propriedade como única fonte de renda.
Quanto aos produtores que apresentavam o estilo 2, a distância média
de suas propriedades a a sede do município era de 17,5 quilômetros, a área
média era de 115 hectares, 59% residiam fora da propried
ade, 41%
trabalhavam fora para obter renda extra, a idade média era de 48 anos, a
experiência média de 22 anos e o tempo médio dedicado à propriedade de
43,5 horas por semana. Destacou
-
se que apenas 70,5% eram proprietários
únicos, e 41% dos entrevistados
não concluíram o ensino fundamental, fator
que pode explicar, por exemplo, a falta do hábito de anotar despesas e
receitas.
Apresentando o estilo 3, 83% eram proprietários únicos, 44%
trabalhavam fora para obter renda extra, sendo a experiência média de
18
anos, o tempo médio dedicado à propriedade de 43 horas por semana, e 39%
dos entrevistados concluíram o ensino superior. Foi destaque a área das
propriedades de 91,5 hectares e a idade, 44 anos, com as menores médias
entre os quatro estilos. Ainda, a di
stância média até a sede do município era de
21 quilômetros, e
78% residiam fora da propriedade,
os quais representavam
os maiores índices entre os grupos.
Quanto aos que possuíam o estilo 4, 79% eram proprietários únicos e a
distância média a a sede do
município era de 18,5 quilômetros, sendo a área
média das propriedades de 109 hectares, e 42% trabalhavam fora para obter
renda extra, a idade média era de 46,5 anos e a experiência média era de 19
anos, sendo o tempo dio dedicado à propriedade de 40 hor
as por semana.
Quanto ao grau de escolaridade, 31,5% não concluíram o ensino fundamental
e, ainda, 47% residiam fora da propriedade, o que representa o menor índice
entre os estilos gerenciais identificados.
49
Tabela 7
Características da empresa e do
empresário de cada estilo gerencial
d
o N
orte do Espírito Santo,
em
2006
Estilos
Relação com a
empresa
Escolaridade
Experiência na
atividade rural
(anos)
Dedicação ao
trabalho (horas
por semana)
Idade (anos)
Distância de
centros
urbanos (km)
Trabalho fora
da empresa
rural (%)
Residência na
propriedade
(%)
Área média da
propriedade
(ha)
Estilo 1
87,5% eram
proprietários únicos
37,5% concluíram o
ensino superior
21
32
54,5
17
37,5
25
112
Estilo 2
70,5% eram
proprietários únicos
41% nã
o concluíram
o ensino
fundamental
22
43,5
48
17,5
41
41
115
Estilo 3
83% eram
proprietários únicos
39% concluíram o
ensino superior
18
43
44
21
44
22
91,5
Estilo 4
79% eram
proprietários únicos
31,5% não
concluíram o ensino
fundamen
tal
19
40
46,5
18,5
42
53
109
Fonte: Dados da pesquisa.
50
4.4. Aperfeiçoamento da capacidade gerencial
Este tópico visou caracterizar as impressões dos produtores dos
municípios selecionados quanto à necessidade de melhoria de sua capacidade
gerencial. Convém enfatizar que um programa de treinamento em
administração rural deve ser suficientemente flexível para oferecer capacitação,
por meio de métodos que melhor se adaptem ao público
-
alvo.
Nesse sentido, a última parte do questionário explorou
questões mais
específicas. Apesar da alta média verificada na auto
-
avaliação da capacidade
gerencial por parte dos produtores consultados, de 7,57, variando em um
conceito de 1 a 10, 79% admitiram que se interessariam por um treinamento
para melhorar sua
capacidade gerencial. No entanto, 13% afirmaram que
talvez participariam, e o restante não teria interesse.
Quanto à forma, a maioria preferiria que fosse ministrado por
especialistas e abordasse, predominantemente, aspectos técnicos da
produção, os quais
foram apontados como os mais importantes para melhorar
a capacidade de gerenciar suas propriedades. Em segundo lugar ficou a
capacidade de planejamento, seguida pela capacidade de obtenção e
processamento de informações, e a capacidade para seleção e gere
nciamento
de funcionários (Figura 8).
Para uma análise mais detalhada das impressões dos tomadores de
decisão a respeito do aperfeiçoamento administrativo, foram calculados os
coeficientes de correlação simples entre o interesse por treinamento e as
caract
erísticas do proprietário e de sua propriedade. Assim como na pesquisa
realizada por Nuthall (2006) a idade foi a variável mais importante, com um
coeficiente de
0,334, significativo no nível de 1%, as demais não foram
significativas nem a 5%. Isto indica
que a elaboração de programas de
aperfeiçoamento da capacidade gerencial, de modo geral, deveriam levar em
consideração o fato de que os produtores enquadrados no estilo gerencial 3,
caracterizado por gerentes mais controladores e exigentes com subordinad
os,
estariam mais dispostos a participar, uma vez que apresentaram as menores
médias de idade.
51
13%
19%
42%
24%
2%
Capacidade para selão e
gerenciamento de
funcionários
Capacidade de obteão e
processamento de
informações
Conhecimento técnico
Capacidade de Planejamento
Outro (s)
Fonte
:
Dados da pesquisa
.
Figura 8
Capacidades
que os produtores
do N
orte do Espírito Santo gosta
-
riam de melhorar,
em
2006
9
.
As áreas de interesse a
pontadas nesse diagnóstico são factíveis de
adaptação às particularidades de cada caso. Vale ressaltar que algumas
impressões manifestadas por produtores podem ter sido influenciadas pela
presença do entrevistador ou por interpretação equivocada das questõ
es.
Ainda, sugere
-
se que outros assuntos sejam abordados em cursos que visem
ao aperfeiçoamento da capacidade gerencial, entre elas as relacionadas a
legislação e relacionamento com instituições ligadas ao meio rural.
9
Va
le enfatizar que os produtores poderiam apontar mais de uma capacidade que gostariam de melhorar,
e isso implica que, por exemplo, a proporção de produtores que gostariam de aperfeiçoar a capacidade
de planejamento foi maior que 24%, sendo esse número de 4
6%, na realidade.
52
5
. RESUMO E CONCLUSÕES
Ne
ste trabalho
,
procurou
-
se
analisar aspectos gerenciais relacionados
à tomada de decisão dos produtores da região
N
orte do Estado do Espírito
Santo, no ano de 2006. Mediante uma abordagem psicológica, este estudo
visou mostrar sua importância para o entendi
mento dos processos envolvidos
na administração de uma propriedade rural. Para isso, foram identificados os
objetivos, estilos gerenciais e características individuais das empresas e dos
empresários rurais.
Nesta pesquisa, evidenciou
-
se que o principal obj
etivo do tomador de
decisão na agricultura empresarial do
N
orte do
e
stado é o bem
-
estar da família.
Ainda, a escolaridade foi a variável que influenciou a maior quantidade de
questões relacionadas aos objetivos, demonstrando a importância desse fator
para
políticas públicas no meio rural. Analisando, especificamente, os
produtores que consideraram a cafeicultura como a principal atividade
realizada na propriedade, pôde
-
se verificar que a classificação dos objetivos
não apresentou grandes diferenças em relaç
ão aos resultados gerais da
análise do grupo completo estudado. Ainda, a importância dada pelo produtor
de café à obtenção de alta produtividade da lavoura correlacionou
-
se
positivamente com seu desempenho nesse item.
Quanto aos estilos gerenciais, foram
identificados quatro principais,
sendo que o estilo 1 referiu
-
se a produtores
pouco ansiosos, raramente mal
humorados e que davam maior valor ao descanso. Ainda, apresentavam maior
53
média de idade, maior proporção de proprietários únicos, menor dedicação à
empresa e tinham a atividade rural como única fonte de renda, em sua maioria.
O estilo 2 abrangeu produtores mais ansiosos, que gostavam de comentar com
outras pessoas sobre o que acontecia em sua propriedade e que não possuíam
o hábito de fazer anotações,
inclusive de despesas e receitas. Eram produtores
com nível de instrução mais baixo e, em menor proporção, proprietários únicos.
Com o estilo 3,
constataram
-
se produtores mais controladores e
exigentes com subordinados. Além disso, não costumavam se diri
gir a pessoas
desconhecidas para obter informações, preferindo basear
-
se em seus
princípios para tomar decisões. Esses agricultores eram mais jovens e
residiam, geralmente, fora de suas propriedades, sendo que elas dispunham
das menores áreas e eram as mai
s próximas dos centros urbanos. No estilo 4,
encontraram
-
se produtores mais ansiosos quando sob pressão e, na sua
maioria, residentes na propriedade.
Em relação à capacidade gerencial, a maioria dos produtores
manifestou interesse em participar de treiname
nto para aperfeiçoá
-
la, sendo
que, quanto menor a idade, maior o interesse. A preferência seria o
aperfeiçoamento mediante cursos ministrados por especialistas, os quais
deveriam abranger questões técnicas, aliadas a
os
aspectos gerenciais, como o
planejame
nto.
Este estudo
empenhou
-
se
na identificação dos
objetivos e
estilos
gerenciais predominantes
,
bem como
d
as relações com variáveis individuais
das propriedades e dos produtores rurais.
Foi possível observar que os
componentes da capacidade gerencial podem
fornecer uma descrição
importante para o aprofundamento em questões referentes à tomada de
decisão.
Na região
N
orte do Estado do Espírito Santo, algumas instituições têm
oferecido treinamento gerencial na área rural, entre elas o Instituto Capixaba de
Pes
quisa e Extensão Rural
(
INCAPER
)
, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas
(
SEBRAE
)
e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
(
SENAR
)
. Os programas dessas instituições baseiam
-
se em oferecer
conhecimentos básicos referentes ao ambiente da
empresa rural (geral,
operacional e recursos) e do processo administrativo (funções administrativas e
áreas da empresa rural). Além disso, preocupam
-
se em levar esses conceitos
54
para a prática nas propriedades dos participantes, chamando a atenção para a
im
portância da liderança, da motivação e do associativismo.
Nota
-
se que os treinamentos em administração rural na região
consideravam alguns aspectos, entre eles o socioeconômico, buscando
adaptá
-
los à realidade do indivíduo. Entretanto, muito ainda pode se
r
acrescentado nesse sentido. O presente estudo explorou os diversos objetivos
e estilos gerenciais dos produtores da região
N
orte do Espírito Santo. Uma das
principais implicações dos resultados foi que, em se tratando de treinamento,
este deveria ser ade
quadamente diversificado em formato e conteúdo, para
que se pudesse
m
contemplar os diversos tipos de produtores, quanto à sua
personalidade e seus valores.
Baseando
-
se nessa premissa e dividindo esses tipos de produtores em
grupos, talvez em estilos geren
ciais, poderiam ser desenvolvidos programas
com ênfase em estimular produtores com o estilo 3, por exemplo, a consultar
as diversas fontes de informações, tornando
-
os aptos para tomar decisões
mais acertadas. Ainda, de acordo com os objetivos relatados nas
entrevistas,
pode
-
se constatar a necessidade de elevação da auto
-
estima e de estímulo à
iniciativa por parte da maioria dos produtores rurais.
Espera
-
se que novos estudos sejam realizados e seus resultados
utilizados na elaboração de
diversas f
ormas de t
reinamento e suporte gerencial
a produtores, como cursos, palestras,
softwares,
informativos, v
i
deocursos e
outras ferramentas gerenciais porventura criadas.
D
evem ser repassados a
técnicos, consultores e extensionistas, dentre outros, para que compreendam
melhor o posicionamento dos produtores, facilitando seu trabalho e auxiliando
-
os no alcance de seus objetivos e metas.
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r
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a
ttitudes and
o
bjectives in
f
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e
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a
ttitudes,
o
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t
he
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t
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s
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q
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e
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2004.
p. 555
-
576.
ANEXO
63
ANEXO
QUESTIONÁRIO
Nome do produtor/
e
mpresa:
_____
____________________________
_______
Contato:
________________________________________________________
_______________________________________________________________
Município: _____________
_________
______
___________________________
Da
ta da entrevista:
___/___/ ___
Número do questionário: _______
64
PARTE 1
Para responder às questões de 1 a 25
,
utilize a escala abaixo e
marque, para cada afirmativa, a numeração que
REALMENTE CONDIZ COM
SUAS ATITUDES E OPINIÕES.
Por favor, não deixe nenhuma questão
em branco
1
2
3
4
5
Nunca
Quase nunca
Às vezes
Quase sempre
Sempre
Afirmativas
1
2
3
4
5
1.
Você costuma refletir muito sobre suas decisões antes de colocar em
prática.
2.
Você se sente
à
vontade para abordar pessoas desconhecidas para obter
informaçõ
es técnicas.
3.
Para a maioria das situações, você procura conhecer a opinião de várias
pessoas antes de tomar uma decisão final sobre o assunto.
4.
Você acha que ajuda muito discutir as situações em sua propriedade com
sua família (esposa, filhos,
irmãos, pais).
5.
Quando muito serviço e pouco tempo disponível, você fica muito
ansioso.
6.
Você costuma tolerar erros e acidentes que ocorram com funcionários
(inclusive diaristas).
7.
Você fala de seu sucesso e suas falhas com produtores viz
inhos.
8.
Você
anota tudo
o que ocorre na empresa.
9.
Você acha muito importante que um produtor rural seja equilibrado, o
se deixando influenciar por suas emoções.
10.
Você não dorme à noite quando toma decisões que geram muita
preocupação.
11.
Você gosta de aprender novos métodos de produção.
12.
Você costuma
anotar despesas e receitas
em sua propriedade.
13.
Você se preocupa com o que os outros pensam sobre seu jeito de
administrar o negócio.
14.
Você está satisfeito com o
que está fazendo com os recursos (terra, mão
-
de
-
obra, lavoura, pasto, animais, entre outros) que tem disponível.
15.
Você gosta muito de conversar com outras pessoas sobre agropecuária.
16.
Você tem dificuldade para fazer mudanças em sua forma de admi
nistrar,
mesmo que seja para melhor.
17.
Você consegue descansar quando termina totalmente o trabalho que
precisa ser feito.
18.
Você gosta de participar de associações ou cooperativas.
19.
Você se considera muito exigente e checa várias vezes se
tudo foi feito da
forma correta.
20.
Quando a pressão é muito grande, você fica de mau humor e rude com os
outros.
21.
Você acha que ajuda muito basear
-
se em sua experiência como produtor
rural para tomar decisões.
22.
Você costuma deixar que os empr
egados executem as atividades da
forma como quiserem.
23.
Quando participa de encontros e reuniões de produtores rurais, você
normalmente
expõe suas idéias
e
faz perguntas
.
24.
Você acha muito importante agir da forma que considera correta, não se
impo
rtando com pressões para agir de outra forma.
25.
Você fica muito satisfeito quando as futuras atividades estão bem
planejadas.
65
PARTE 2
Para responder às questões de 1 a 28, utilize a escala abaixo e
marque, para cada afirmativa, a numeração qu
e corresponde à sua opinião e
QUE REALMENTE CONDIZ COM SUAS ATITUDES E OBJETIVOS.
Por favor, não deixe nenhuma questão em branco
1
2
3
4
5
Sem nenhuma
importância
Sem
importância
Sem opinião
Importante
Muito
importante
Afirmativas
1
2
3
4
5
1.
Cuidar da
propriedade para deixar de herança para a minha
família.
2.
Continuar trabalhando com a minha fazenda, “aconteça o que
acontecer”.
3.
Ser respeitado e admirado pelos produtores vizinhos.
4.
Entrar e ganhar concursos e disputas na área rural.
5.
Ser o
primeiro
a adotar novas tecnologias, ao invés de esperar os
outros adotarem primeiro.
6.
Ter uma vida
confortável
é fundamental.
7.
Ser altamente produtivo.
8.
Planejar o que fazer na semana, ou no dia, para que se possa
descansar
tranqü
ilo.
9.
Evitar dívidas.
10.
Interessar
-
se por algum tipo de lazer é fundamental.
11.
Preservar a natureza.
12.
Usar
o mínimo possível
de produtos químicos (defensivos,
adubos, herbicidas, corretivos).
13.
Cultivar vários produtos na propriedade
.
14.
Melhorar a
qualidade
da produção.
15.
Melhorar a qualidade da
minha vida
.
16.
Melhorar a qualidade de vida da
minha família
.
17.
Trabalhar todos os dias (até sábado e domingo, pelo menos um
pouco).
18.
Ter tempo para a família.
19.
Planej
ar para poder viajar nos feriados.
20.
Exercer atividades de
baixo
risco financeiro.
21.
Evitar produzir em excesso.
22.
Deixar a propriedade,
no mínimo
, do jeito que estava quando
comecei a tomar conta.
23.
Ter máquinas e equipamentos modernos em
minha propriedade.
24.
Ter a melhor lavoura (ou pasto e criação) possível.
25.
Ter o máximo lucro possível.
26.
Utilizar todos os recursos que eu tenha ao meu alcance (ex.:
crédito agrícola, máquinas emprestadas por prefeituras, entre
outras oportuni
dades).
27.
Aumentar o tamanho de minha propriedade.
28.
Ao contrair dívidas, preferir
longos
prazos para quitação.
29.
Ser um dos melhores produtores da região.
30.
Gostar de trabalhar na sua fazenda.
66
PARTE 3
CARACTERIZAÇÃO DA PROPRIEDADE
3
.1. Qual sua relação com a empresa?
( ) proprietário
( ) sócio
( ) arrendatário
( ) parceiro (meeiro)
( ) gerente
3.2. Distância da propriedade à sede do município: _______ km
3.3. Área total da propriedade:
___________ hectares (ha)
3.4.
Área utilizada para atividades agropecuárias: __________ hectares (ha)
3.5.
Principal atividade da propriedade: ______________________________
__
3.6.
Produção na última safra (da principal atividade)
:
___________________
_
3.7.
Área utilizada para a principal atividade: __________ hectares (ha)
3.8.
Quantidade de plantas (ou animais) em produção (da principal atividade):
___________________________________________________________
3.9.
Outras atividades realizadas na prop
riedade:
______________________
_
3.10.
A empresa recebe assistência técnica, financeira ou gerencial?
(Sim
=
1
e
Não
=
2):
______
3.
10
.1.
Se sim, qual(is)?
a) Técnica: Entidade(s):
_____________________________________
b) Financeira: Entidade(s):
_____
______________________________
c) Gerencial: Entidade(s):
___________________________________
_
67
PARTE 4
CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTOR
4.1.
Sexo (Masculino = 1, Feminino = 2): _______
_______________________
4.2.
Local de
r
esidência (
N
a propriedade = 1,
F
o
ra da propriedade =2): ______
4.3. Trabalha fora da empresa para obter renda extra? (Sim = 1, Não = 2): ___
4.4.
Participa de alguma organização de produtores? (Sim = 1, Não = 2): ____
4.4.
1. Se sim, qual tipo?
a) Cooperativa
( )
b) Sindicat
o
( )
c) Associação de produtores
( )
d) Outros (Especificar): ______________________________________
_
4.5. Idade (anos): ________
4.6. Há quantos anos toma conta (principal responsável) de propriedade rural?
_________
____________________
_______________________________
4.7. Tempo dedicado à propriedade (horas por semana): __________
________
4.8.
Grau de escolaridade
Grau de
e
scolaridade
Incompleto
Completo
Ensino
f
undamental (1
.
ª a 8
.
ª série)
( )
( )
Ensino
m
édio (1
.
º ao 3
.
º ano)
( )
( )
Curso
t
écnico
( )
( )
Técnico ou tecnólogo em agropecuária
( )
( )
Superior
( )
( )
Mestrado/Doutorado
( )
( )
4.9. Numa escala de
1
a
10
, qual nota você daria para sua capacidade
administrativa?
____
4.10. Você se consi
dera:
( ) Muito inteligente
( ) Um pouco mais inteligente que a média
( ) Inteligente (na média)
( ) Um pouco menos inteligente que a média
( ) Muito menos inteligente que a média
68
PARTE 5
5.1. Você se interessaria por um treinamento para melh
orar sua capacidade
gerencial?
( )
Sim
(
)
Não
(
)
Talvez
5.2. Que tipo de programa você preferiria (marque apenas uma alternativa)?
( )
Cursos ministrados por especialistas
( )
Auto
-
treinamento por computador
( )
Livros didá
ticos
( )
Outro(s)
Se escolheu “outro(s)”, qual seria sua sugestão?
____________________
5.3. O que gostaria de melhorar (pode marcar mais de uma alternativa)?
( )
Capacidade
d
e
p
lanejamento
( )
Capacidade para seleção e gerenciamento de funcionár
ios
( )
Capacidade de obtenção e processamento de informações
( )
Conhecimento técnico
( )
Outro(s)
Se escolheu “outro(s)”, o que gostaria de melhorar?
________________
_
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