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trabalharem nas lavouras de cana-de-açúcar. Em suas terras, estes africanos eram capturados,
às vezes como prisioneiros de guerras intertribais, às vezes por caçadores especializados,
como os portugueses, que já faziam o "comércio de carne humana" bem antes do
desc obrimento do Brasil
21
e conheciam bem a região, principalmente Angola e Congo. Ao
serem capturados esses homens, mulheres e também crianças, eram embarcados nos portos de
Luanda, Mossâmedes, Benguela e no rio Ambriz. Entre os bant u, assim também denominados
os negros desta região da África, vieram muitos povos que ajudaram a construir o Brasil, entre
eles destacam-se: os angola, os cabinda, os benguela, os moçambique, os macúa, os congo. Os
bantu foram maioria em terras brasileiras até meados do século XVII, época em que ocorrem
as primeiras descobertas de mina de ouro no Brasil, dando início ao chamado ciclo do Ouro.
Com isso ocorre um deslocamento (e não um a substituição) do tráfico para a região do golfo
da Guiné, devido à crença errônea de que os sudaneses eram mais resistentes que os bantu,
considerados mais afoitos à agricultura. Na realidade esse deslocamento teve conexão com a
invasão holandesa de Luanda em 1648.
O golfo da Guiné é uma região que engloba os atuais países da Nigéria, Benin (e x-
Daomé), Gana e Togo (ex-Costa do Ouro), o litoral dessa região também era chamado de
Costa dos Escravos. Dessa região vieram povos c omo os das nações fanti, gás, ashanti, f on e
outros. Esses negros ficaram conhecidos pela alcunha de "mina", devido ao nome da fortaleza
de São Jorge da Mina
22
, local de embarque da grande maioria destes africanos para o Brasil.
Do interior desses países vieram as etnias: nagô,ijexá,ijebu,ketu,(falantesdalíngua
yorubá
23
), ha ussá (negros islamizados), tapás, kanúris, bornús e outros. Os negros sudaneses
que vieram para o Brasil eram conhecedores de algumas técnicas, o que possibilitou o
desenvolvimento de esculturas em bronze por parte dos povos provenientes da região yorubá
(na fronteira da Nigéria com o Benin). Eram também agricultores – como os bantu –,
Guiné, eram na reali dade originários de Angola e d o Congo. Isto por que, pelo menos no século XVIII, o nome
‘Guiné’ designava todo o território que vai hoje do Senegal ao Gabão, incluindo a Ilha de São Tomé (RIBEIRO,
1978 apud p. 16 LOPES, 1988, p. 3). É porque, durante certo tempo, os navios negreiros procedentes do Congo e
Angola tinham todos que primeiro ir àquela ilha pagar impost os antes de rumarem para o Brasi l (SALVADOR,
1981, p. 32 apud LOPES, 1988, p. 3) advindo daí a confusão nos livros de registro”.
21
Segundo Nei Lopes “[...] o início do c omércio escravista pelos portugueses é o ano de 1441, quando são feitas
as primeiras capturas de negros na atual Mauritânia”. ( LOPES, 1988, P. 113)
22
Forte e ponto de embarque fundado em 1482 na costa da Mina, região do golfo da G uiné.
23
“Povo sudanês que habita a região de Yorubá (Nigéria, Africa Ocidental, (que se estende, de Lagos para o
norte, até o rio Níger (Oya) e, do Daomei para leste, até a cidade de Benin. [...] Esse p ovo – que também habita
algumas cidades do Daomei (atual república Popular do Benin) e Togo – veio em grande número para o Brasil, e
na Bahia dominou s ocial e religiosame nte os outros povos escravizados, exceto os malês.
É mais comumente
chamado povo nagô, n o Brasil
. Compreende várias tribos e subtribos que têm seu próprio governante,
subordinados todos ao Oni de Ifé e ao Alafin de Oyó.
São, entre outros, os Oyó, Egbá (que inclui o Ketu),
Ijebu, Ijexá, Owó, Ekiti etc.
// Indivíduo desse povo. //
Língua (do grupo l ingüístico Kwa das línguas
sudanesas, na classificação de Westermann) f alada pelo povo iorubá
.Háváriosdialetos,sendopadrãoode
Oyó.
No Br asil é chamada língua n agô
”. (CACCIATORE, 1977, p. 154-155) ( grifos nossos)