desenharam o professor como um herói responsável pelo sucesso de seus alunos. Enfim,
foram todos esses, bem como muitos outros significados, que teceram as representações
que tenho acerca de ser professor. Dessa forma, posso dizer que sou “produzido” no meio
em que vivo, nas múltiplas interações que processo, mas, que, igualmente, também
participo da produção de significados ao colocá-los, de diferentes modos, em circulação.
Mas não trato, neste estudo, de questões tão individuais... Preocupado,
especialmente, com esses processos relacionados à produção de significados e com o modo
como essas significações têm sido apontadas como atuando na “produção”, "formação" dos
sujeitos, problemática essa que se associa especialmente ao processo conhecido como “a
virada lingüística”, escolhi trabalhar com um meio de comunicação de grande força e
circulação junto aos chamados grandes públicos, o jornal, para estudá-lo como uma
pedagogia. Isto é, para mostrar como ele vai ensinando aos públicos sobre muitas “coisas”,
ao colocar determinadas idéias em circulação, bem como ao eleger alguns assuntos e
pessoas para pôr em destaque. Apoiado nos Estudos Culturais, busquei fazer uma análise de
algumas edições do Diário Gaúcho, de Porto Alegre, tido, usualmente, como um jornal de
caráter popular. Assim, procurei indicar algumas representações e discursos postos em
circulação por esse jornal, ao destacar algumas notícias e colunas que ele publica, bem
como ao falar acerca da distribuição das suas editorias e de outros aspectos que julguei
interessantes. Detive-me, especialmente, em buscar ver como é esse “popular” que o jornal
vai configurando nas suas sucessivas edições, bem como estive atento ao modo como nele
se representa o povo e como, dessa forma, o jornal vai "ensinando" a seus leitores quais são
os gostos, as aspirações, as ações, as preocupações etc, próprias ao povo, inscrevendo,
nesse processo, esse mesmo povo, nesse universo em que o jornal os vai configurando.
Nessa leitura mais detida e analítica que fiz desse jornal, pude, então, apontar alguns
aspectos que, em primeiro lugar, me permitem afirmar que o Diário Gaúcho é um jornal
que pode ser caracterizado como popular. Destaco que, embora meu objetivo principal não
tenha sido o de comparar veículos da mídia, é importante dizer que outros jornais, como
Notícias Populares, de São Paulo, e O Dia, do Rio de Janeiro, abordam temas bastante
semelhantes aos tratados pelo DG e se dirigem praticamente ao mesmo tipo de público.
O Diário Gaúcho foi abordado, na análise que conduzi de exemplares editados entre