Download PDF
ads:
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Estudo citogenético em camundongos C57BL/6
selvagens e
knockout
para o gene da galectina-3
tratados com o carcinógeno 4NQO
Mara Ribeiro de Almeida
Uberaba-MG
Maio/2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
1
Mara Ribeiro de Almeida
Estudo citogenético em camundongos
C57BL/6 selvagens e
knockout
para o gene
da galectina-3 tratados com o carcinógeno
4NQO
Orientador: Prof. Dr. Adriano Mota Loyola
Co-orientadora: Profª. Drª. Francisca da Luz Dias
Uberaba-MG
Maio/2008
Tese apresentada ao curso de Pós-
em Patologia, área de concentração
“Pat
ologia Clínica”, da Universidade Federal
do Triângulo Mineiro, como requisito parcial
para obtenção do título de mestre.
ads:
2
“...o trabalho me assegura o salário do espírito, o aprendizado me
abre os melhores caminhos e o amor me eleva...”
(Vitor Ribeiro de Almeida)
3
Dedicatória
4
A Deus, que me iluminou guiando todos os meus passos, principalmente
nos momentos mais difíceis...
... aos meus pais, Maida e Jânio, pelo imenso amor com que me criaram.
Por serem responsáveis pela minha formação, oferecendo todas as condições,
seja financeira, moral e intelectual, que me permitiram alcançar esse objetivo.
Com todo amor e gratidão...
... aos meus irmãos, Vitor (in memorian) e Flávio, que apenas com suas
presenças me deram forças pra continuar a caminhada. Com todo carinho...
... ao meu noivo, Marcos Vinícius, por estar sempre ao meu lado me
apoiando e dando forças nos momentos mais difíceis.
5
Agradecimentos
6
Ao meu orientador, Prof. Dr. Adriano Mota Loyola, pela atenção e respeito com que sempre
me atendeu. Meus agradecimentos....
À minha co-orientadora, Profª. Dª. Francisca da Luz Dias, pelo carinho e paciência
com que sempre me ajudou e, acima de tudo, pela sua amizade. Essa conquista devo muito a
você. Muito obrigada....
Ao Prof. Dr. Paulo Rorio de Faria, meus agradecimentos pela importante
colaboração durante todo o desenvolvimento do trabalho.
Ao Prof. Dr. Valdo José Dias da Silva do Laboratório de Fisiologia do departamento de
Ciências Biológicas da UFTM, pela presteza e solicitude.
Aos funcionários do Laboratório de Genética da FMTM, Ricardo, Vera e Elaine, pela
dedicação com que sempre me ajudaram.
Aos estagiários do Laboratório de Patologia Bucal da UFU, Débora e Marcos Vinícius,
meus agradecimentos pela ajuda no tratamento e manutenção dos animais.
Às minhas amigas, Estela de Oliveira Lima e Polyanna Miranda Alves, pela ajuda no
sacrifício dos animais e pelo apoio durante todo o desenvolvimento do projeto.
À professora Drª. Beatriz Martins Tavares Murta, professora da disciplina de
Farmacologia da UFTM, pelo apoio e fornecimento de alguns materiais necessários para o
desenvolvimento do projeto.
Aos funcionários do Laboratório de Farmacologia da UFTM, Januário e Douglas, pela
ajuda na manutenção dos animais.
À professora Drª. Marly Aparecida Spadotto Balarin, chefe do laboratório de Genética
da UFTM, pela disponibilidade do laboratório.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................
13
2. REVISÃO DA LITERATURA 16
2.1 A genética do câncer................................................................................................. 16
2.2.Micronúcleo .............................................................................................................. 20
2.3.Galectina-3 ................................................................................................................
24
2.4. Carcinogênese experimental e 4-Nitroquinolina-1-oxido (4NQO) .........................
29
3. HIPÓTESE .......................................................................................................................
34
4. OBJETIVOS .....................................................................................................................
36
5. MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................................
38
5.1 Animais ..................................................................................................................... 38
5.2 Preparação e aplicação do carcinógeno..................................................................... 40
5.3 Carcinogênese lingual: Análise microscópica das alterações epiteliais.................... 41
5.4 Teste do micronúcleo em células da medula óssea de roedores................................ 43
5.5 Análise estatística ..................................................................................................... 45
6. RESULTADOS ................................................................................................................
48
6.1 Carcinogênese lingual: achados microscópicos no epitélio ......................................
48
6.2 Frequência de eritrócitos micronucleados da medula óssea......................................
52
7. DISCUSSÃO ....................................................................................................................
60
8. CONCLUSÃO ..................................................................................................................
66
RESUMO ..........................................................................................................................
68
ABSTRACT ...................................................................................................................
70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................
72
ANEXO I ........................................................................................................................... 80
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Formação do micronúcleo em células da linhagem eritrocitária..........................
20
Figura 2: Formação dos Eritrócitos Policromáticos (PCE) e Normocromáticos (NCE) na
medula óssea........................................................................................................................
21
Figura 3: Fórmula estrutural da 4-Nitroquinolina-1-Oxido ................................................
30
Figura 4: Aspecto microscópico do carcinoma epidermóide bem diferenciado observado
na língua dos animais WT e KO no período de 32 semanas. Observar a presença de
invasão (*) e de pérolas córneas (seta) no tecido neoplásico. (100X, HE) .........................
51
Figura 5: Fotomicrografia de eritrócito policromático micronucleado da medula óssea de
camundongos knockout para o gene da galectina-3 (objetiva de 125X, aumento final de
1250X) ................................................................................................................................
52
Figura 6: Fotomicrografia de eritrócitos normocromáticos (A) e policromático (B) -
contendo 1 micronúcleo- da medula óssea de camundongos C57Bl/6 selvagens (objetiva
de 100X) ..............................................................................................................................
53
Figura 7: Média do número de eritrócitos policromáticos micronucleados (MN PCE) e
eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) da medula óssea de
camundongos selvagens (WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3 tratados com
o carcinógeno 4-nitroquinolina (4 NQO) ...........................................................................
55
Figura 8: Média do número de eritrócitos policromáticos micronucleados (MN PCE) e
eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) da medula óssea de
camundongos selvagens (WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3 tratados com
o carcinógeno 4-nitroquinolina (4 NQO) ...........................................................................
57
Figura 9: Média do número de eritrócitos policromáticos micronucleados (MN PCE) e
eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) da medula óssea de
camundongos selvagens (WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3 do grupo
controle com água nos dois períodos de observação, 16 e 32 semanas .............................
58
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação histológica dos CE baseada em critérios de diferenciação
tecidual neoplásica recomendados pela Organização Mundial da Saúde, 2005 .................
43
Tabela 2: Distribuição dos tipos de lesões encontradas nos animais selvagens (WT) e
knockout (KO) de 16 e 32 semanas após tratamento com 4NQO .....................................
50
Tabela 3: Média ± desvio padrão do número de eritrócitos policromáticos
micronucleados (MN PCE), eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) e
da relação PCE/NCE em células da medula óssea de camundongos C57BL/6 selvagens
(WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3.............................................................
54
Tabela 4: Média ± desvio padrão do número de eritrócitos policromáticos
micronucleados (MN PCE), eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) e
da relação PCE/NCE em células da medula óssea de camundongos C57BL/6 selvagens
(WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3 agrupados de acordo com o tempo de
observação ..........................................................................................................................
56
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
4NQO: 4-nitroquinolina
4HAQO: 4-hidroxiaminoquinolina-1-oxido
CDK: Cinases dependentes de ciclinas
CDR: Domínios de reconhecimento de carboidrato
CE: Carcinoma epidermóide
CP-KO
16
: Animais knockout tratados com propilenoglicol por um período de observação de 16
semanas
CP-KO
32
: Animais knockout tratados com propilenoglicol durante 32 semanas de observação
CP-WT
16
: Animais selvagens tratados com propilenoglicol durante 16 semanas de observação
CP-WT
32
: Animais selvagens tratados com propilenoglicol durante 32 semanas de observação
g: grama
h: hora
H
2
O-KO
16
: Animais knockout do grupo controle, os quais receberam apenas água durante 16
semanas
H
2
O-KO
32
: Animais knockout do grupo controle, os quais receberam apenas água durante 32
semanas
H
2
O-WT
16
: Animais selvagens do grupo controle, os quais receberam apenas água durante 16
semanas
H
2
O-WT
32
: Animais selvagens do grupo controle, os quais receberam apenas água durante 32
semanas
KO: Animais knockout para o gene da galectina-3
KO
16
: Animais knockout tratados com 4NQO durante 16 semanas, sem tempo de espera
KO
32
: Animais knockout tratados com 4NQO durante 16 semanas mais 16 semanas de espera
LGALS3: Gene humano da galectina-3
ml: mililitro
11
MN: Micronúcleo
MN PCE: Eritrócito policromático micronucleado
MN NCE: Eritrócito normocromático micronucleado
NCE: Eritrócitos Normocromáticos
ORF: Fase de leitura aberta
PCE: Eritrócitos Policromáticos
PCE/NCE: Relação de eritrócitos policromáticos sobre normocromáticos
rpm: rotações por minuto
T
máx:
Tempo máximo
WT: Animais selvagens
WT
16
: Animais selvagens tratados com 4NQO durante 16 semanas de observação
WT
32
: Animais selvagens tratados com 4NQO durante 32 semanas de observação
µg: micro-grama
12
1.
1.1.
1. INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
13
1. INTRODUÇÃO
A correta duplicação do genoma, seguida da segregação dos cromossomos livres de danos
para as células filhas garante a integridade do DNA e é crucial para a saúde e longevidade de
todos os organismos. Para assegurar a fidelidade desses processos, as células respondem aos
danos genéticos pela parada do ciclo celular e induz o reparo do DNA (Levitt et al., 2007).
Para tanto, a progressão do ciclo celular está associada a ação regulatória periódica traduzida
pelos chamados pontos de controle ou checkpoints. Este mecanismo garante proteção e
integralidade estrutural a todos os componentes celulares antes que a célula passe para o
estágio seguinte (Pierce 2004). Outro mecanismo celular que monitora os danos genéticos é a
morte celular programada apoptose. Quando as células apresentam mutações
cromossômicas, danos no DNA e outras anomalias celulares normalmente elas sofrem
apoptose impedindo sua proliferação (Pierce, 2004). Defeitos nesses mecanismos levam à
perda da estabilidade genômica das células, ou seja, levam à instabilidade genética, a qual está
relacionada com diversos processos patológicos, principalmente à carcinogênese (Klein et al.,
2006).
A principal causa da transformação maligna das células é a instabilidade genômica, a qual
leva a uma série de eventos mutacionais (Lou et al., 2007). As células cancerosas são
geneticamente instáveis e a taxa elevada do crescimento celular é uma conseqüência dessa
instabilidade. Uma vasta gama de anomalias citogenéticas é vista em todos os tipos de
cânceres (Nussbaum, McInnes, Willard, 2002). O micronúcleo (MN) é o resultado de quebras
cromossômicas ou uma conseqüência de cromossomos inteiros que não se prenderam às fibras
do fuso mitótico. Estes fragmentos ou cromossomos inteiros não são incorporados ao núcleo
celular e são encapsulados em um pequeno núcleo, daí o termo MN. Assim, o MN representa
14
tanto uma alteração cromossômica estrutural como uma alteração numérica (Salvadori,
Ribeiro, Fenech, 2003). Aumento da freqüência de MN é indicativo de elevação das taxas de
mutações, ou seja, é um parâmetro que representa o aumento da instabilidade genética nas
células, o que está relacionado ao desenvolvimento de carcinomas (Carvalho et al., 2002).
A galectina-3 é uma proteína da família das lectinas que possuem em comum afinidade de
ligação por β-galactosídeos através de Domínios de Reconhecimento de Carboidratos (CDR)
(Krzeslak, Lipinska, 2004). Dependendo de sua localização celular, a galectina-3 possui
funções biológicas pleiotrópicas. No meio intracelular ela atua como uma molécula anti-
apoptótica, regula o ciclo celular e está superexpressada durante a progressão do tumor e
formação de metástases em diversas malignidades humanas. No núcleo celular está envolvida
com o splicing do RNAm e altera a expressão de diversos tipos de genes, como aqueles
envolvidos na regulação do ciclo celular (ciclinas D1 e B), nos checkpoints (retinoblastoma 1)
e no processo de apoptose (genes da família das catepsinas) (Yang, Hsu, Liu, 1996; Matarrese
et al., 2000; Takenaka, Fukumori, 2004).
Tendo em vista que a galectina-3 exerce funções regulatórias no ciclo celular atuando na
sua progressão, seu papel na carcinogênese tem sido discutido, tornando possível admitir que
ela, direta ou indiretamente poderia estar comprometida com a integridade cromossômica e,
portanto, com a estabilidade do DNA. Esta suposição estaria vinculada a sua associação com
proliferação celular quanto na função antiapoptótica. Ambos os eventos poderiam predispor a
célula a maior probabilidade de assimilar danos ao DNA. Dessa forma, a proposta deste
trabalho é investigar a existência de uma possível relação entre a galectina-3 e a instabilidade
genética das células quando expostas a agentes genotóxicos.
15
2. REVISÃO DA LITERATURA
2. REVISÃO DA LITERATURA2. REVISÃO DA LITERATURA
2. REVISÃO DA LITERATURA
16
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. A genética do câncer
As células normais de um organismo crescem, se dividem, amadurecem e morrem em
resposta a um conjunto complexo de sinais internos e externos. Uma célula normal recebe
tantos sinais estimulatórios quanto inibitórios, e seu crescimento e divisão são regulados por
um equilíbrio delicado entre essas forças. Em uma lula cancerosa, os sinais estimulatórios e
inibitórios que controlam sua divisão estão perturbados fazendo com que a célula prolifere a
uma taxa anormalmente alta. À medida que perdem sua resposta aos controles normais de
proliferação, as células cancerosas gradualmente perdem sua forma e limites regulares,
formando por fim uma massa distinta de células anormais – o tumor (Pierce, 2004).
A principal causa do câncer é a alta mudança genética, ou seja, a alta taxa de mutações no
DNA celular ou também chamada de instabilidade genética, a qual é um estado transitório ou
persistente que leva a uma série de eventos mutacionais (Lou et al., 2007). Cada célula do
organismo possui diversos genes que controlam o crescimento celular. Muitos desses genes
defeituosos podem ser transmitidos para gerações futuras, enquanto outros se acumulam em
forma de mutações resultantes de erros durante a replicação celular, muitas dessas mutações
podem resultar em neoplasias. As mutações relacionadas aos cânceres afetam diversos tipos de
genes: (1) mutações que promovem o crescimento celular pela ativação de oncogenes; (2)
mutações que diminuem a supressão do crescimento celular pela inativação dos genes
supressores tumorais; (3) mutações que resultam na deficiência ou inativação dos genes do
sistema de reparo do DNA, acumulando danos no DNA e levando à instabilidade genética da
17
célula, (4) e também pelas alterações nos genes controladores do ciclo celular (checkpoints) e
genes relacionados à apoptose (Pierce, 2004; Breivik, 2005).
A instabilidade genética parece ter duas origens distintas. A primeira é aquela que
acontece no nucleotídeo, como a substituição de pares de bases, deleções e inserções de
poucos nucleotídeos, resultando em mudanças das funções de genes únicos. A outra é aquela
na qual a instabilidade é observada no cromossomo, resultante da perda ou ganho de
cromossomos inteiros ou parte deles. Ambos os efeitos da instabilidade genética ocorrem no
fenótipo da célula tumoral aumentando a dosagem de genes que promovem o crescimento e/ou
diminuindo a dosagem de genes reguladores negativos (Klein et al., 2006).
As causas potenciais da instabilidade genética são os defeitos na maquinaria reguladora do
ciclo celular (Klein et al., 2006). Da mesma forma a taxa elevada do crescimento celular é
uma conseqüência da instabilidade genética nas células cancerosas. Muitas mutações
aumentam a perda do controle da proliferação e as células aceleram seu crescimento (Breivik,
2005). Distúrbios na mitose e mudanças quantitativas dos cromossomos são os aspectos
típicos das neoplasias malignas e são consideradas as principais forças que dirigem os
múltiplos passos da carcinogênese (Klein et al., 2006). As mudanças citogenéticas são marcos
do câncer, particularmente nos estágios mais avançados do desenvolvimento do tumor.Uma
vasta gama de anomalias citogenéticas é vista em todos os tipos de nceres (Nussbaum,
McInnes, Willard, 2002). Aberrações cromossômicas estruturais e numéricas, estão
freqüentemente correlacionadas ao desenvolvimento progressivo do tumor, à agressividade
tumoral e ao prognóstico ruim da doença (Borel et al., 2002).
A correta duplicação do genoma, seguida da segregação dos cromossomos livres de danos
para as células filhas é crucial para a saúde e longevidade de todos os organismos. Para
assegurar a fidelidade desses processos, as células respondem aos danos genéticos pela parada
18
do ciclo celular, estabilizando as forças de replicação e induzindo o reparo do DNA (Levitt et
al., 2007). Para tanto, a progressão do ciclo celular está associada à ação regulatória periódica
traduzida pelos chamados pontos de controle ou checkpoints. Este mecanismo garante
proteção e integralidade estrutural a todos os componentes celulares antes que a célula passe
para o estágio seguinte. Os checkpoints são necessários para evitar que as células com
cromossomos danificados ou ausentes se proliferem e transfiram os erros genéticos para as
células descendentes (Pierce, 2004). O controle preciso do ciclo celular em células de
mamíferos é regulado pela atividade das cinases dependentes de ciclinas (CDK1, CDK2
CDK4, CDK6) e suas enzimas ativadoras essenciais, as ciclinas (ciclinas A, B, D, E). A
atividade das cinases é dependente da abundância das ciclinas. Alterações da expressão das
cinases e ciclinas podem levar à proliferação descontrolada e pode contribuir para a
transformação maligna da célula (Kim, Zhao, 2005).
Defeitos nos mecanismos de checagem, isto é, danos nos checkpoints levam a um aumento
da proliferação celular, o que leva a célula a operar abaixo do seu controle homeostático e
assim passam através da mitose sem reparo adequado do DNA, resultando em elevado dano
genômico (Stopper et al., 2003). Células BG-1 tratadas com estradiol apresentaram aumento
significante da proliferação celular e na formação de micronúcleos (Stopper et al., 2003). A
estimulação hormonal elevou a porcentagem de células na fase S, diminuição do número de
células na fase G
2
/M e uma minoria na fase G
1
/G
0
(Stopper et al., 2003). Zhou e colaboradores
(2000) demonstraram que a cafeína suprime os checkpoints na fase G
2
/M em mamíferos,
sensibilizando as células para danos genômicos. Células de câncer de mama após estimulação
hormonal mostrou uma correlação positiva entre a taxa da proliferação celular e a formação de
micronúcleos (Fischer et al., 2001). Esses dados indicam que a elevação da instabilidade
genética pode ser causada pelo aumento da taxa de proliferação celular e dos mecanismos
19
envolvidos no processo de carcinogênese, e dessa forma a estimulação do ciclo celular pode
constituir um fator de risco (Stopper et al., 2003).
Outro mecanismo utilizado pelas células na auto-preservação aos danos ao DNA é a
apoptose que, levando a célula a morte, impede que danos permanentes ao DNA sejam
transmitidos as células descendentes. Durante o processo de carcinogênese, mutações ou
deleções podem afetar genes que regulam a apoptose, impedindo que este mecanismo atue na
proteção celular (Pierce, 2004). Defeitos na apoptose contribuem para a progressão tumoral e
expressão do fenótipo de malignidade por permitir a sobrevivência das células mutadas,
levando ao acúmulo de mutações e à instabilidade genética (Ibuki, Goto, 2004).
A ação de um conjunto de proteínas com função anti-apoptótica selecionam as células
malignas por conferir-lhes sobrevida, favorecendo sua exposição a agentes genotóxicos e a
incorporação de alterações genéticas com reflexos no fenótipo tumoral de crescimento e
agressividade (La Thangue, 2005). Muitos mecanismos celulares que monitoram os danos
genéticos têm sido identificados, direcionando as células para uma morte celular programada
quando esses danos tornam-se demasiadamente grandes. Superexpressão de proteínas anti-
apoptóticas, como a bcl-2 e bcl-x, foram encontradas em linhagens celulares de leucemia e
aumentaram a instabilidade genética em células de câncer de mama, enquanto que a expressão
de proteínas apoptóticas como Bax, Bak e Apaf-1 se encontrava diminuída no câncer de colo e
melanoma (Rampino et al.,1997; Adida et al., 2000; Soengas et al.,2001; Cory, Adams, 2002;
Mendez et al., 2005).
20
2.2. Micronúcleo
O micronúcleo (MN) se expressa em células em divisão, como resultado de quebras
cromossômicas, formando fragmentos acêntricos, ou como conseqüência de cromossomos
inteiros que não se prenderam ao fuso mitótico e dessa forma não chegam aos pólos das
células durante a mitose ou a meiose. Na telófase, estes fragmentos ou cromossomos inteiros
são encapsulados em um pequeno núcleo separado, do termo MN. Assim, o MN representa
tanto uma alteração cromossômica estrutural, como uma alteração numérica (Salvadori,
Ribeiro, Fenech, 2003).
Figura 1: Formação do micronúcleo em células da linhagem eritrocitária. Agentes genotóxicos
induzem a formação de quebras ou a não-disjunção dos cromossomos nas células e estes fragmentos,
ou cromossomo inteiro, não se prendem ao fuso de divisão e são encapsulados em um pequeno núcleo
separado. O núcleo é expulso e o MN permanece no citoplasma da célula (adaptado de Ribeiro, 2006).
DROGA
C
CC
C
I
II
I
T
TT
T
O
OO
O
C
CC
C
I
II
I
N
NN
N
E
EE
E
S
SS
S
E
EE
E
E
EE
E
X
XX
X
P
PP
P
U
UU
U
L
LL
L
S
SS
S
A
AA
A
O
OO
O
D
DD
D
O
OO
O
N
NN
N
U
UU
U
C
CC
C
L
LL
L
E
EE
E
O
OO
O
21
Durante a maturação das células da linhagem eritrocitária na medula óssea, o núcleo
principal é expelido do eritrócito nucleado, enquanto os MN ficam retidos. Estes pequenos
núcleos são analisados principalmente em eritrócitos policromáticos (PCEs, eritrócitos
jovens).
Figura 2: Formação dos Eritrócitos Policromáticos (PCE) e Normocromáticos (NCE) na
medula óssea. O eritroblasto, durante seu processo de maturação, dá origem ao eritrócito
policromático, eritrócito imaturo no qual o núcleo foi expulso, que sofre maturação transformando-se
em eritrócito normocromático (maduro) que atinge a corrente sanguínea (adaptado de Ribeiro, 2006).
E
E
R
R
I
I
T
T
R
R
Ó
Ó
C
C
I
I
T
T
O
O
P
P
O
O
L
L
I
I
C
C
R
R
O
O
M
M
Á
Á
T
T
I
I
C
C
O
O
E
E
R
R
I
I
T
T
R
R
Ó
Ó
C
C
I
I
T
T
O
O
N
N
O
O
R
R
M
M
O
O
C
C
R
R
O
O
M
M
Á
Á
T
T
I
I
C
C
O
O
2
2
4
4
h
h
(
(
1
1
d
d
i
i
a
a
)
)
MEDULA ÓSSEA
SANGUE
1
1
0
0
-
-
1
1
2
2
h
h
o
o
r
r
a
a
s
s
1
1
0
0
-
-
2
2
4
4
h
h
o
o
r
r
a
a
s
s
P
P
C
C
E
E
s
s
MACRÓFAGO
E
E
R
R
I
I
T
T
R
R
O
O
B
B
L
L
A
A
S
S
T
T
O
O
Expulsão do núcleo
PCE
NCE
22
Teste do MN:
Na técnica do MN em medula óssea de roedores a avaliação do número de células
micronucleadas é obtida através da contagem de 2000 PCE e 2000 NCE. Também é feita a
avaliação da relação PCE/NCE num total de 500 eritrócitos (Heddle, Salamone, 1981;
Titenko-Holland et al.,1997). Diminuição na proporção de eritrócitos imaturos (PCE) reflete
em uma diminuição na relação PCE/NCE, dessa forma essa relação é um parâmetro de
citotoxicidade ou depressão celular (Shahrim et al., 2006). Os MNs são tipicamente
arredondados, com diâmetro de 1/20 a 1/5 do diâmetro do eritrócito e correspondem ao que se
denomina, em hematologia, de Corpúsculos de Howell-Jolly. A taxa espontânea de eritrócitos
policromáticos é baixa e consistente, cerca de 3 micronúcleos por 1000 células analisadas
(Rabello-Gay, Rodrigues, Monteleone-Neto, 1991).
O teste do MN em medula óssea de roedores é bastante usado para a detecção de agentes
clastogênicos, que quebram cromossomos, e aneugênicos, que interferem nas fibras do fuso. O
teste se caracteriza pela observação do efeito do agente testado em PCE anucleados, que têm
vida curta, e qualquer MN encontrado representa dano cromossômico recente. Por ser de fácil
identificação e ter distribuição bem definida, os resultados obtidos com o teste in vivo do MN
fornecem fortes evidências da genotoxicidade sistêmica do composto químico avaliado sob
condições experimentais apropriadas (Salvadori, Ribeiro, Fenech, 2003).
Diversos estudos comprovaram a eficácia do teste do MN como indicador de danos
citogenéticos em células cancerígenas. Aumento da freqüência de MN é indicativo de
elevação das taxas de mutações, o que está relacionado ao desenvolvimento de carcinomas
(Carvalho et al., 2002). A medida da frequência de MN em linfócitos do sangue periférico é
extensivamente usada em epidemiologia molecular e em citogenética para avaliar a presença e
23
a extensão dos danos cromossômicos nas populações humanas expostas a agentes genotóxicos
ou com um perfil genético susceptível. A alta confiabilidade e o baixo custo da técnica
contribuem para o sucesso mundial e adoção desse biomarcador para estudos in vitro e in vivo
de danos genéticos (Bonassi et al., 2007).
O ensaio do micronúcleo tem sido amplamente usado para medir genotoxicidade tanto in
vitro quanto in vivo. O teste in vivo é especialmente relevante porque permite obter maiores
informações sobre as condições experimentais, tais como o metabolismo, a farmacocinética e
os processos de reparo do DNA. É usado primeiro para avaliar a habilidade da substância teste
para induzir danos cromossômicos estruturais ou numéricos, ambos associados com o
aparecimento e/ou progressão de tumores (Krishna, Hayashi, 2000).
Os eventos que levam à formação do MN podem ser induzidos pelo estresse oxidativo,
exposição a agentes clastogênicos ou aneugênicos, defeitos genéticos nos checkpoints do ciclo
celular e/ou nos genes de reparo do DNA e também pela deficiência de nutrientes requeridos
como co-fatores no metabolismo do DNA e na maquinaria da segregação cromossômica
(Bonassi et al., 2007). No trabalho de Levitt et al. (2007), verificaram que a expressão
reduzida do gene Hus1, gene essencial para o checkpoint do ciclo celular, resultou em
aumento da instabilidade genética, evidenciado pelo aumento de Aberrações Cromossômicas
em cultura de células de fibroblastos de ratos e também pelo aumento de células
micronucleadas do sangue periférico nos mesmos animais. Defeitos nas funções da apoptose
também contribuem para a formação de MN, como foi mostrado no trabalho de Decodier,
Cundari e Krisch-Volders (2005), onde eles verificaram que a inibição da apoptose, através da
inibição da atividade das caspases 8 e 9, aumentaram a frequência de células micronucleadas.
Todos esses eventos estão associados com o fenótipo da instabilidade cromossômica vista no
câncer.
24
2.3. Galectina-3
As galectinas são proteínas da família das lectinas animais que possuem em comum a
afinidade de ligação por β-galactosídeos, através de domínios de reconhecimento de
carboidratos (CDR), os quais são constituídos por aproximadamente 135 aminoácidos
(Krzeslak; Lipinska, 2004). Uma outra característica comum a estas proteínas é a localização
no citosol celular podendo ser secretadas através de uma via não-clássica, que é independente
do sistema do retículo de golgi e dos retículos endoplasmáticos (mecanismo chamado de
exocitose) e também podem ser transportadas para o núcleo e outros compartimentos celulares
(Krzeslak; Lipinska, 2004). Essas proteínas possuem papéis em diversos eventos biológicos
como na embriogênese, adesão, diferenciação e proliferação celulares, apoptose e como
moduladoras da resposta imune. Também estão relacionadas com vários processos patológicos
tais como doenças autoimunes, inflamações, progressão do tumor e formação de metástases,
aterosclerose e complicações diabéticas (Krzeslak; Lipinska, 2004). Em mamíferos foram
relatados 15 membros da família das galectinas, as quais são subdividas de acordo com sua
estrutura: galectinas que possuem apenas uma cadeia CDR (galectinas-1, -2, -5, -7, -10, -11, -
13, -14 e –15); galectinas que contém dois domínios CDR ligados por uma cadeia de 70
aminoácidos (galectinas-4, -6, -8, -9 e 12) e a galectina-3, que possui uma repetição não
usual de prolina e glicina ligada à sua única cadeia CDR (Chiariotti et al., 2004).
As galectinas estão distribuídas numa ampla variedade de tecidos do organismo, entretanto
algumas são mais específicas e sua expressão é modulada durante a diferenciação celular e o
desenvolvimento do organismo e tecidos e, está alterada em diferentes condições patológicas
(Liu; Rabinovich, 2005). Essas proteínas no meio extracelular se ligam a glicoconjugados
(glicoproteínas e glicolipídeos) da superfície da célula, ou da matriz extracelular, através de
25
interações lectina-carboidratos e dessa forma promovem o crescimento celular, modulam a
adesão célula-célula e célula-matriz, induzem a migração celular e a sinalização celular por
ligação cruzada aos glicoconjugados que contém β-galactosídeos e inibem a apoptose; no meio
intracelular regulam o crescimento e sobrevivência da célula. Cada membro da família das
galectinas possui funções adicionais específicas (Liu, 2005; Chiarriotti, 2004).
A presença da galectina-3 em múltiplos compartimentos celulares sugere um papel
multifuncional. Possui um domínio N-terminal, o qual contém sítios para fosforização e outros
determinantes importantes para sua secreção e que consiste de 100-150 resíduos de
aminoácidos ricos em prolina, glicina, tirosina e glutamina. O CDR está localizado na região
C-terminal da proteína e consiste de 135 resíduos de aminoácidos (Krzeslak; Lipinska, 2004).
A galectina-3 está implicada em eventos biológicos distintos em vários tipos celulares e possui
expressão elevada em células cancerosas e, tem mostrado estar envolvida no crescimento,
adesão e diferenciação celulares e também na progressão do tumor e na formação de
metástases. Evidências clínicas têm mostrado uma correlação entre a alta expressão de
galectina-3 nas células tumorais e a malignidade do câncer (Nakahara; Oka; Raz, 2005).
O gene humano da galectina-3, LGALS3, foi mapeado no cromossomo 14 (14q21-q22) e
contém seis exons e cinco introns, sendo que o tio de iniciação da transcrição situa-se no
primeiro exon e o codon de iniciação da tradução se encontra no segundo exon (Kadrofske,
Openo, Wang, 1998). A estrutura do gene humano da galectina-3, que é similar ao gene do
camundongo, possui uma forma genética não usual, a qual possui uma sequência promotora
situada dentro do segundo intron e assim produz um outro tipo de RNAm, que não o RNAm
que codifica a galectina-3. Dessa forma existe um outro gene situado dentro do gene da
galectina-3, chamado de galig. No transcrito de galig existem duas fases de leitura aberta
(ORFs) que codificam duas proteínas diferentes e desconexas da galectina-3, citogaligina e
26
mitogaligina, que ainda possuem funções desconhecidas (Raimond et al., 1997; Duneau et al.,
2005).
O padrão de expressão da galectina-3 é altamente regulado durante os processos de
inflamação, proliferação e diferenciação celulares (Sano et al., 2000). Este padrão de
expressão é também afetado pela transformação neoplásica das células e tem sido
correlacionado ao prognóstico dos pacientes, entretanto, os resultados de diversos estudos são
muito contraditórios, inclusive quando se avalia mesmo tipo histológico de tumor em
diferentes localizações (Sano et al., 2000; Shibata et al., 2005). Em tumores de tireóides,
fígado, boca, estômago e sistema nervoso central a expressão da galectina-3 encontra-se
aumentada, enquanto que em tumores de ovário, pele, útero e mama a galectina-3 encontra-se
diminuída (Sanjuán et al., 1997).
O papel da galectina-3 na transformação neoplásica e o seu potencial como marcador de
diagnóstico e prognóstico tem sido claramente demonstrado em tumores de tireóide. A
expressão dessa lectina em tumores malignos e benignos de tireóide sugeriu seu envolvimento
na transformação maligna e sua utilização como marcador para discriminar lesões benignas de
malignas da tireóide (Coli et al., 2002). Na cérvice uterina a expressão de RNAm e de
galectina-3 estavam significativamente diminuídas nas amostras de neoplasia cervical
invasiva, sugerindo que a redução da expressão dessa lectina nos tumores pode indicar
possível transformação neoplásica (Lee et al., 2006).
Dependendo de sua localização celular, a galectina-3 possui funções biológicas
pleiotrópicas. A galectina-3 extracelular media a migração, adesão e interações celulares,
enquanto que a galectina-3 intracelular inibe a apoptose e está superexpressada durante a
progressão do tumor e formação de metástases em diversas malignidades humanas, incluindo
cânceres de tireóide, cólon fígado e cérebro. Também é encontrada no cleo, como uma
27
proteína da matriz nuclear e está envolvida no splicing do pré-RNA e pode regular a expressão
de vários genes através da ativação de fatores específicos de transcrição (Yang, Hsu, Liu,
1996; Bresalier, Mazurek, Sternberg, 1998; Matarrese et al., 2000; Lin et al., 2002; Ochieng,
2004; Patterson, Wang, Wang, 2004; Takenaka, Fukumori, Raz, 2004).
Mazurek et al. (2005) reportaram que a fosforilação da galectina-3 está associada com
alterações na expressão de diversos genes e é um pré-requisito para a transformação maligna
de células de mama epiteliais. Nesse estudo, através de análises de microarray, foi
demonstrado que a galectina-3 fosforilada está relacionada com a alteração da expressão de
uma variedade de genes de diversas categorias funcionais. Muitos dos genes identificados
neste estudo têm sido associados com a transformação e proliferação celulares, como exemplo
a alteração da expressão de genes relacionados com o ciclo celular e com os checkpoints
(superexpressão de ciclinas D1 e B e retinoblastoma 1) e também de genes envolvidos com a
regulação do processo de apoptose (diminuição da expressão de genes da família das
catepsinas). Ciclina D1 regula a progressão do ciclo celular e está fortemente implicada na
carcinogênese de mama (Hinds et al., 1994). As catepsinas são da família das cisteínas
proteases que são os principais componentes do sistema proteolítico do lisossomo, que foram
recentemente identificadas como ativadoras da apoptose (através de um caminho não-caspase)
(Cirman, Oresic, Mazovec, 2004).
Diversos estudos mostraram o papel da galectina-3 na regulação do ciclo celular. Células T
Jurkat transfectadas com galectina-3 exibiram aumento do crescimento comparado com os
transfectantes controles (Yang, Hsu, Liu, 1996). Células de linhagem de câncer de mama que
expressam galectina-3 mostraram acúmulo significante na fase G
2
-M e aumento da
proliferação do ciclo celular comparado com as células controles. Em muitos casos a
regulação do crescimento celular não está conhecida. O possível papel da galectina-3 na
28
estimulação do ciclo celular e carcinogenicidade é através da alteração da expressão de vários
genes, principalmente aqueles envolvidos nos checkpoints do ciclo celular, como a
superexpressão de ciclina D1, ciclina B1 e retinoblastoma 1 (Mazurek et al., 2005).
Os membros da família das galectinas são os novos reguladores da apoptose e apenas a
galectina-3 contém o mesmo motivo de 4 aminoácidos conservado no domínio BH1 do gene
bcl-2, o motivo NWGR, o qual é crítico para a atividade anti-apoptótica do bcl-2. Dessa forma
a galectina-3 pode interagir com moléculas que regulam a apoptose através do motivo NWGR
e substituir a atividade anti-apoptótica do bcl-2 (Kim et al., 1999). A galectina-3 pode também
proteger as células contra o processo de apoptose induzido por diversos agentes através de
ações moleculares, que ainda permanecem obscuros, na membrana mitocondrial. Ela protege a
integridade mitocondrial e regula a cascata de caspases, dessa forma inibe a liberação de
citocromo c da mitocôndria e conseqüentemente inibe o processo de apoptose (Yu et al.,
2002).
Pouco é conhecido sobre o papel da galectina-3 no desenvolvimento das células mielóides
na medula óssea (Marer, 2000). A super-expressão dessa proteína nas células humanas de
leucemia levou à resistência da apoptose, indicando seu papel na inibição da morte celular
(Akahani et al., 1997). Foi demonstrado que a galectina-3 diminui a regulação de GM-CSF
dirigindo a proliferação das células na medula óssea (Krugluger et al., 1997). Marer em 2000
demonstrou que a galectina-3 está presente e altamente regulada nas células humanas
mielóides em maturação da medula óssea e também que essa proteína provavelmente pode ser
outro componente que contribui para os mecanismos de liberação das células mielóides para o
sangue periférico. Durante a diferenciação in vitro de células HL-60, modelo de célula
precursora da linhagem mielóide, em monócitos a expressão de RNAm da galectina-3
29
apresentou-se elevada, sugerindo que mudanças no padrão de expressão dessa proteína é
potencialmente importante para a diferenciação das células mielóides (Abedin et al., 2003).
Outra função importante da galectina-3 é sua atuação no processo de fagocitose realizado
pelos macrófagos, os quais possuem papel relevante nas imunidades inata e adaptativa
contribuindo para uma variedade de processos fisiológicos e patológicos através da eliminação
das células apoptóticas. Foi demonstrado que a fagocitose de eritrócitos opsonizados foi
retardada pelos macrófagos gal3
-
/
-
comparado com as células wild-type. Como a galectina-3
contribui para a fagocitose permanece ser elucidado. Evidências mostraram que a galectina-3
extracelular, que se liga à superfície de diversas células, incluindo eritrócitos, é um potente
quimioatrativo para os macrófagos, contribuindo para o recrutamento e ativação dessas células
através de mecanismos parácrinos. Enquanto que a galectina-3 intracelular contribui para a
fagocitose através do seu importante papel na homeostasia e funções dos macrófagos (Sano et
al., 2003).
2.4. Carcinogênese experimental e 4-Nitroquinolina-1-oxido (4NQO)
A 4-nitroquinolina-1-oxido (4NQO) é um carcinógeno sintético solúvel em água, derivado
da quinolina que possui uma complexa estrutura em anel (figura 1) (Kanojia, Vaidya., 2006;
Nakajima et al., 1999).
30
Figura 3: Fórmula estrutural da 4-Nitroquinolina-1-Oxido
A carcinogenicidade da 4NQO foi primeiramente reportada por Nakahara, Fukuoka e
Sugimura em 1957 e sua mutagenicidade foi relatada, em 1962, por Okabayashi. Diversos
experimentos em roedores foram feitos evidenciando a indução de vários tipos de cânceres
pela 4NQO, tais como câncer de estômago, múltiplas lesões papilomatosas, adenocarcinomas,
tumores pancreáticos e renais, hepatomas, sarcomas e câncer de pulmão (Baba, Misu,
Takayama, 1962; Mori et al., 1969; Sato, Saito, Enomoto, 1970; Hayashi, Hasegawa, 1971). A
ação carcinogênica da 4NQO é iniciada pela redução enzimática intracelular de seu grupo
nitro, sendo reduzida a 4-hidroxiaminoquinolina-1-oxido (4HAQO), metabólito carcinogênico
(Benson, 1993). A 4-nitroquinolina é um potente indutor de estresse oxidativo intracelular,
gerando espécies reativas de oxinio (ROS Reactive Oxygen Species) como os radicais
superóxidos ou peróxidos de oxigênio (Hozumi, 1969).
A 4NQO é muito usada em numerosos estudos como modelo carcinogênico em roedores
pela indução de câncer bucal, incluindo o dorso e ventre da língua, palato e esôfago. Os danos
causados pela 4NQO nas células da cavidade oral são similares aos danos impostos por outros
agentes carcinogênicos presentes no tabaco, o qual é o principal fator de risco para o
desenvolvimento do ncer bucal. Induz a formação de uma seqüência de estágios da
carcinogênese como a hiperplasia, displasia, displasia severa, carcinoma in situ e carcinoma de
N
O
NO
2
31
células escamosas orais, que são alterações histológicas similares às da carcinogênese bucal
humana (Kanojia; Vaydia, 2006). Dessa forma o modelo animal de carcinogênese induzida
pela 4-NQO, usando a via de administração oral ou por aplicação tópica, produz um espectro
de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas, sendo considerado como o modelo preferencial para o
estudo de carcinoma de células escamosas orais (Vered; Yaron; Dayan, 2005).
De um modo geral os carcinógenos químicos o agentes mutagênicos, assim como as
substâncias mutagênicas são também carcinogênicas, e a 4NQO é um exemplo de uma
substância com ambas as ações. Em muitos estudos tem sido usada como uma substância para
controle positivo em experimentos de mutagenicidade e de carcinogenicidade. As ações
mutagênicas da 4NQO incluem diversos danos no DNA tais como mutações de mudança de
pares de base, deleções, conversões de genes mitóticos, quebras cromossômicas e trocas
cromatídicas (Nagao, Sugimura, 1976). Matsushima, Kobuna e Sugimura em 1967
verificaram que a 4NQO e seus metabólitos se ligam covalentemente à molécula de DNA
formando adutos em várias posições. Experimentos in vivo sugeriram que a 4NQO reage
preferencialmente com os resíduos de guanina (Stephan; Winkle; Tinoco, 1978).
Diversos estudos foram feitos evidenciando a ão mutagênica da 4-NQO. Nakajima e
colaboradores (1999) demonstraram que a 4NQO administrada em camundongos por via
intraperitoneal ou por via oral produziu danos genéticos a nível molecular em diversos tecidos,
pela formação de bases covalentes ligadas ao DNA e a nível celular induziu o aumento da
formação de micronúcleos nas células do sangue periférico. Camundongos da linhagem ICR
receberam 4NQO por via peritoneal, o qual induziu a formação de ligações covalentes no
DNA no fígado, pulmão, trato gastrointestinal, pâncreas, rins e medula óssea e também
induziu a formação de micronúcleos nos eritrócitos policromáticos da medula óssea (Lu et al.,
1990). Em camundongos da linhagem C57BL/6 após a administração peritoneal do
32
carcinógeno 4NQO a frequência de micronúcleos em eritrócitos policromáticos da medula
óssea apresentou-se significantemente elevada (Sato, Takizawa, Inui, 1990).
33
3.
3.3.
3. HIPÓTESE
HIPÓTESEHIPÓTESE
HIPÓTESE
34
3. HIPÓTESE
Nossa hipótese é que a galectina-3 possa estar envolvida com o aumento da instabilidade
genética nas células após exposição ao carcinógeno 4NQO. Desta forma, acreditamos que os
animais selvagens apresentarão um número significativamente maior de micronúcleos
comparado aos camundongos knockout para o gene da galectina-3.
35
4.
4.4.
4. OBJETIVOS
OBJETIVOSOBJETIVOS
OBJETIVOS
36
4. OBJETIVOS
O objetivo desta investigação é identificar e avaliar o efeito genotóxico do carcinógeno
4NQO em células da medula óssea de camundongos C57BL/6 por meio da técnica de detecção
de micronúcleos (MN), bem como identificar a possível diferença neste efeito pela ausência
constitutiva do gene da galectina-3.
Os objetivos específicos são:
1. Identificar e avaliar a freqüência de MN em células de medula óssea de camundongos
C57BL/6 selvagens tratados cronicamente por via oral com o carcinógeno 4NQO,
comparativamente aos animais controles.
2. Identificar e avaliar a freqüência de MN em células de medula óssea de camundongos
C57BL/6 knockouts para o gene da galectina-3 tratados cronicamente por via oral
com o carcinógeno 4NQO, comparativamente aos animais controles.
3. Comparar a freqüência de MN entre os camundongos knockouts para o gene da
galectina-3 e selvagens da linhagem C57BL/6 submetidos aos tratamentos
mencionados nos itens 2 e 3.
37
5.
5.5.
5. MATERIAIS E MÉT
MATERIAIS E MÉTMATERIAIS E MÉT
MATERIAIS E MÉTODOS
ODOSODOS
ODOS
38
5. MATERIAIS E MÉTODOS
5.1. Animais:
Os animais foram mantidos durante todo o experimento no Centro de Bioterismo e
Experimentação Animal (CEBEA) da Universidade Federal de Uberlândia. Este experimento
seguiu todas as normas de manejo e experimentação animal preconizadas pelo Colégio
Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).
Foram formados dois grandes grupos constituídos por camundongos da linhagem
C57BL/6, assim distribuídos:
Grupo KO (knockout para o gene da galectina-3) composto por 47 camundongos
knockout para o gene da galectina-3 (linhagem C57BL/6-Sv-129 cedidos gentilmente
pelo Prof. Fu-Tong Liu do Departamento de Dermatologia da Universidade da
Califórnia - USA);
Grupo WT (wild-type, selvagens para o gene da galectina-3) composto por 51
camundongos selvagens da linhagem C57BL/6.
Em cada um dos grupos constituídos os animais eram machos, com quatro semanas de
idade, pesando entre 21-24g, mantidos em ambiente a temperatura constante de 22°C e ciclo
claro-escuro de 12h/12h. Todos os animais incluídos no estudo receberam água e ração
(Nutrilab, Mercavet, Belo Horizonte, MG, Brasil) ad libitum.
39
Posteriormente, os camundongos de cada um dos grupos especificados acima foram
divididos aleatoriamente em seis subgrupos identificados de acordo com o tempo de
tratamento e observação pré-determinados para o experimento. Foi definido como tempo de
tratamento o tempo em que o animal foi exposto a ingestão de solução carcinogênica de
4NQO; como tempo de observação foi considerado aquele transcorrido entre o início do
tratamento e a eutanásia. Desta forma, identificamos como tempo de observação de 16
semanas aquele correspondente ao término do tratamento; como tempo de observação de 32
semanas consideramos aquele correspondente a 16 semanas após o término do tratamento.
Baseado nisto, os grupos foram assim constituídos e designados:
WT
16
/KO
16
: respectivamente grupos de camundongos wild-type (WT) e knockouts
(KO) tratados com solução de 4NQO por via oral durante 16 semanas, eutanasiados
imediatamente após o término do tratamento;
CP-WT
16
/CP-KO
16
: respectivamente grupos de camundongos wild-type (WT) e
knockouts (KO) tratados com propilenoglicol durante 16 semanas, eutanasiados
imediatamente após o término do tratamento;
H
2
O-WT
16
/H
2
O-KO
16
: respectivamente grupos de camundongos wild-type (WT) e
knockouts (KO) controles que receberam apenas água durante 16 semanas,
eutanasiados imediatamente após o término do tratamento;
WT
32
/KO
32
: respectivamente grupos de camundongos wild-type (WT)e knockouts
(KO) tratados com solução de 4NQO por via oral durante 16 semanas, eutanasiados 16
semanas após o término do tratamento;
40
CP-WT
32
/CP-KO
32
: respectivamente grupos de camundongos wild-type (WT) e
knockouts (KO) tratados com propilenoglicol durante 16 semanas, eutanasiados 16
semanas após o término do tratamento;
H
2
O-WT
32
/ H
2
O-KO
32
: respectivamente grupos de camundongos wild-type(WT) e
knockouts (KO) controles que receberam apenas água durante 32 semanas;
Após o término do tratamento de cada subgrupo, obedecendo à cronologia de observação
do experimento estabelecida previamente, os animais sofreram eutanásia em câmara gida
hermeticamente fechada saturada com vapor de éter. Em seguida as línguas dos animais foram
retiradas e utilizadas para análises microscópicas e as medulas ósseas foram coletadas dos
fêmures e utilizadas para a técnica do MN.
5.2. Preparação e aplicação do carcinógeno:
Inicialmente, o carcinógeno 4NQO foi diluído em propilenoglicol na concentração de
5mg/ml e, em seguida, em água filtrada até atingir a concentração final de 100µg/ml. Ambas
as soluções foram preparadas semanalmente. Esta solução final (água-propilenoglicol-4NQO),
por sua vez, foi ofertada aos camundongos ad libitum durante todo o período de tratamento
(T
máx
=16 semanas). Após esse período (tempo de observação), os animais receberam apenas
água filtrada ad libitum até o tempo da eutanásia.
41
5.3 Carcinogênese lingual: Análise microscópica das alterações epiteliais
A análise microscópica dos tecidos linguais foi considerada parâmetro para identificarmos
a validade do modelo empregado de agressão pelo 4NQO e para a definição dos momentos
utilizados para a análise dos micronúcleos, a saber: 16 e 32 semanas. Na 16ª semana, período
representativo do término do tratamento espera-se que as alterações epiteliais flagradas sejam
não neoplásicas, traduzindo agressões ao DNA que não seriam suficientes para a expressão do
câncer; na 32ª semana, teríamos o momento de maior expressão genotípica e fenotípica desta
agressão, com o aparecimento de câncer. Para a identificação destas alterações, os seguintes
procedimentos foram desenvolvidos: imediatamente após a eutanásia dos animais retirou-se a
língua de cada camundongo. Todas as amostras foram colocadas em frascos contendo formol a
4% e fixados por, no mínimo, 24 horas.
Todos os fragmentos de língua foram submetidos ao processamento rotineiro para exame
histopatológico, obedecendo ao protocolo sucintamente descrito a seguir: desidratação,
diafanização, inclusão em parafina e recorte de secções histológicas de 4 µm de espessura, após
o qual, foram corados pela técnica da Hematoxilina & Eosina (HE). As observações
histológicas foram realizadas seguindo os critérios discriminados abaixo:
1. Hiperplasia epitelial: aumento da população celular acompanhado de aumento da espessura
do tecido epitelial lingual, sem evidência da presença de alterações celulares indicativas de
distúrbios da diferenciação.
2. Displasia epitelial e carcinoma in situ: presença de distúrbios do crescimento e da
diferenciação celular em tecido epitelial lingual, a saber: hiperplasia de células basais,
perda da estratificação normal, pleomorfismo celular, anisocitose e anisonucleose,
42
hipercromatismo nuclear, perda da polarização e de adesão de queratinócitos (acantólise),
mitoses acima da camada basal, queratinização individual de células, cones epiteliais “em
gota”, queratinização de superfície (paraqueratinizado, hiperqueratose, verrucosa e papilar).
3. Carcinomas Epidermóides (CE): presença de distúrbios do crescimento e da diferenciação
celular em tecido epitelial lingual acompanhada de invasão no tecido conjuntivo subjacente.
Para o reconhecimento das displasias, foram utilizados os critérios estabelecidos por
Lumerman et al (1995), com modificação. Todas as alterações histológicas definidas no item
dois acima foram registradas e anotadas segundo sua localização na espessura do epitélio: terço
basal, médio e superficial. Para que a displasia fosse identificada, foi necessária à observação
de, no mínimo, três das alterações descritas, a saber: hiperplasia de camada basal,
hipercromatismo e aumento do tamanho nuclear, e projeção epitelial “em gota”. Para classificar
as alterações epiteliais como Carcinoma in situ, considerou-se a presença dessas mesmas
alterações envolvendo toda a espessura do tecido epitelial.
Os carcinomas epidermóides (CEs) foram classificados segundo critérios estabelecidos
pela OMS 2005 (Barnes et al., 2005), os quais se fundamentam no grau de diferenciação
escamosa freqüentemente identificadas como graus variáveis de formação de pérolas de
queratina e, por fim, crescimento invasivo (Tabela 1).
43
Tabela 1 :Classificação histológica dos CE baseada em critérios de diferenciação
tecidual neoplásica recomendados pela Organização Mundial da Saúde, 2005.
Classificação Histológica
dos Carcinomas
Epidermóides
Descrição
Bem Diferenciado
Neoplasia que apresenta características semelhantes ao
tecido epitelial normal, mínima atividade mitótica e
grande queratinização.
Moderadamente
Diferenciado
Neoplasia que apresenta pleomorfismo nuclear e
atividade mitótica e, normalmente, pouca queratinização.
Pobremente Diferenciado
Neoplasia com predomínio de células imaturas,
numerosas mitoses típicas e atípicas e reduzida
queratinização.
Por fim, para cada grupo de animais, foram registrados os seguintes itens para análise:
1: presença ou não de displasia e Carcinoma in situ; 2: presença ou não de CEs e sua gradação
histológica. Para análise foram considerados os maiores graus das displasias e a diferenciação
predominante dos carcinomas produzidos para cada língua avaliada.
5.4. Teste do micronúcleo em células da medula óssea de roedores:
A técnica utilizada para o estudo de MN em células de medula óssea foi descrita por
Schmid (1975), com modificações, descrita a seguir:
Coleta:
44
a) Após o tratamento, os animais foram eutanasiados por eterização e as epífises
distais dos fêmures foram cortadas;
b) A medula óssea foi retirada dos fêmures, com o auxílio de uma seringa de vidro
contendo 1 ml de soro bovino fetal (temperatura ambiente), e o material foi colocado dentro de
um tubo de centrífuga contendo mais 1 ml do soro;
c) O material foi homogeneizado com o auxílio de pipeta Pasteur;
d) As células foram centrifugadas por 10 minutos a 900 rpm e uma parte do
sobrenadante (aproximadamente 1,7 ml) foi descartada;
e) O sedimento foi ressuspendido no restante do sobrenadante (em torno de 0,3
ml).
Preparo das lâminas:
a) Uma gota de suspensão da medula óssea foi colocada em uma das extremidades
de uma lâmina de vidro limpa e seca fazendo-se um esfregaço com o auxílio de uma lamínula
de vidro e a seguir as lâminas foram secas ao ar;
b) Após 24 horas as lâminas foram fixadas em metanol absoluto por 10 minutos e
secas ao ar;
c) Após 24 horas da fixação, as lâminas foram coradas com Giemsa
*
diluído em
tampão Sorensen
*
(Na
2
HPO
4
0,06M e KH
2
PO
4
0,06M pH 6,8), na proporção de 1 ml do
corante para 20 ml da solução tampão, por 10 minutos;
d) As lâminas foram lavadas em água destilada, secas ao ar e em seguida
acondicionadas na geladeira (4°C) até a análise.
*
O preparo das soluções está descrito no Anexo 1.
45
Análise citológica das lâminas
Para cada animal foram analisados 2000 eritrócitos policromáticos (PCEs) e 2000
eritrócitos normocromáticos (NCEs) e o resultado foi expresso em total de células contendo
micronúcleo. A relação PCE/NCE foi obtida contando-se 500 eritrócitos. As lâminas foram
analisadas utilizando-se microscópio de luz visível, em objetiva de imersão de 125X e ocular
de 10X, aumento final de 1250X.
A contagem dos MN foi feita seguindo os critérios descritos por Heddle; Salamone (1981)
e Titenko-Holland et al. (1997), a saber:
a) Foram consideradas para contagem apenas células íntegras apresentando forma
arredondada com citoplasma intacto;
b) as estruturas intracitoplasmáticas identificáveis como micronúcleos devem apresentar
forma arredondada, estarem no mesmo plano do citoplasma, não apresentar
refringência e, possuírem tamanho de 1/20 a 1/5 do tamanho do núcleo do leucócito.
5.5 Análise estatística:
Os dados foram analisados utilizando o programa GraphPad InStat3 (Versão 3.0,
GraphPad Software, Inc, Califórnia-Estados Unidos). Os dados foram previamente testados
para verificar se possuem distribuição normal, através do teste de Kolmogorov-Smirnov. O
tese do Qui-Quadrado foi utilizado para identificar diferenças entre proporções de carcinomas
epidermóides desenvolvidos nos grupos WT e KO nos dois períodos de observação do
experimento. Para a análise dos dados referentes aos micronúcleos, utilizamos o teste
46
paramétrico "t" de Student, para a comparação entre dois grupos, em função da normalidade
dos dados. Nos casos onde a distribuição foi não normal utilizamos o teste não-paramétrico de
Mann-Whitney, para a comparação entre dois grupos. Os resultados foram expressos em
média ± desvio padrão. As diferenças foram consideradas significativas quando a
probabilidade de rejeição de nulidade foi menor que 0,05 (P<0,05).
47
6. RESULTADOS
6. RESULTADOS 6. RESULTADOS
6. RESULTADOS
48
6. RESULTADOS
6.1 Carcinogênese lingual: achados microscópicos no epitélio
O processo de carcinogênese ocorreu nos dois grupos estudados. Além disso, foi possível
identificar múltiplas áreas no tecido epitelial lingual com alterações displásicas nos dois
períodos de observação em ambos os grupos testados, indicando que o processo de
carcinogênese foi multifocal.
Ao final do experimento, 100% dos camundongos dos grupos WT e KO de 16 e 32
semanas de observação apresentaram alterações no tecido epitelial lingual que puderam ser
reconhecidas como displasia, carcinoma in situ ou carcinoma epidermóide (CE). Na maior
parte dos casos, pode-se observar a presença de mais de um foco de alteração epitelial. Estes
dados não foram registrados que não era objetivo do presente trabalho. Para caracterização
do diagnóstico do caso (animal), considerou-se o achado que traduzisse o estágio mais
avançado da carcinogênese.
Para os grupos WT e KO observados no período de 16 semanas, o estágio mais avançado
da carcinogênese foi representado pela presença de displasia, sendo que o grupo WT
apresentou um número discretamente maior comparativamente aquele observado no grupo KO
(18 lesões vs 16 lesões). A porcentagem total de camundongos que desenvolveram displasia
em relação ao total de animais estudados em cada grupo foi maior no Grupo WT do que no
Grupo KO (63,33% vs 51,61%, respectivamente). Carcinoma in situ foi encontrado em ambos
os Grupos, sendo 1 animal no Grupo KO de 16 semanas e 1 animal em cada um dos Grupos
KO e WT de 32 semanas (Tabela 2).
49
Em relação aos CEs, evidenciou-se que o mero total desses tumores foi igual em ambos
os grupos estudados (nove lesões cada) com a maioria dos casos ocorrendo nos Grupos WT e
KO de 32 semanas (Figura 4). Contudo, a porcentagem total de animais que desenvolveram
CEs em relação ao total de animais estudados em cada grupo foi discretamente maior nos
animais do Grupo WT do que naqueles do Grupo KO (30,00% vs 29,03%, respectivamente)
(Tabela 2). Além disso, a freqüência de CEs considerando o mesmo período de 32 semanas de
observação foi maior no Grupo WT (81,81%; 9 animais) do que no Grupo KO (70,00%; 7
animais), embora esta diferença não fosse estatisticamente significativa (Teste do Qui
Quadrado, P > 0,05) (Tabela 2). Neste caso, todos os casos de CEs foram classificados
histologicamente como bem diferenciado.
Vale ressaltar ainda que no Grupo KO de 32 semanas foram observados dois casos de
papiloma de células escamosas (neoplasia epitelial benigna), enquanto que no Grupo WT de
mesma semana de observação essa lesão foi não observada. Por outro lado, os papilomas de
células escamosas foram observados em dois camundongos do Grupo KO de 16 semanas e em
apenas um animal do Grupo WT de mesma semana (Tabela 2).
50
Tabela 2: Distribuição dos tipos de lesões encontradas nos animais selvagens (WT) e knockout (KO) de 16 e 32 semanas após
tratamento com 4NQO
WT: animais selvagens
KO: animais knockout para o gene da galectina-3
WT16/KO16: grupos de animais WT e KO, respectivamente, com 16 semanas de observação; WT32/KO32: grupos de animais WT
e KO, respectivamente, com 32 semanas de observação.
Grupo WT
Grupo KO
Tipos de lesões
Subgrupos
Total (%)
Subgrupos
Total (%)
WT16 (%) WT32 (%) KO16 (%) KO32 (%)
n° de animais
19
11
30
21
10
31
Displasia 18 (94,73%) 1 (9,09%) 19 (63,33%)
16 (76,19%) 0 (0,00%) 16 (51,61%)
Carcinoma in situ 0 (0,00%) 1 (9,09%) 1 (3,33%) 1 (4,76%) 1 (10,00%) 2 (6,45%)
Carcinoma epidermóide 0 (0,00%) 9 (81,81%) 9 (30,00%) 2 (9,52%) 7 (70,00%) 9 (29,03%)
Papiloma
1 (5,26%) 0 (0,00%) 1 (3,33%) 2 (9,52%) 2 (20,00%) 4 (12,90%)
51
*
Figura 4:
Aspecto microscópico do carcinoma epidermóide bem diferenciado
observado na língua dos animais WT e KO no período de 32 semanas. Obs
ervar
a presença de invasão (*) e de pérolas córneas (seta
) no tecido neoplásico.
(100X, HE).
52
6.2 Frequência de eritrócitos micronucleados da medula óssea
Para a avaliação da frequência de células micronucleadas foram considerados apenas
eritrócitos íntegros com forma arredondada e citoplasma intacto. Foram considerados como
MNs as estruturas intracitoplasmáticas com forma arredondada que se apresentaram no
mesmo plano da célula, sem refringência e com tamanho de 1/20 a 1/5 do tamanho do núcleo
do leucócito (Figura 5). A identificação entre PCE e NCE se baseia na diferença da coloração
de cada um, sendo que os PCEs são células com coloração roxa e os NCE com coloração rosa
(Figura 6). Essa diferença nas colorações dos eritrócitos é devido à quantidade de RNAs
presentes em seu citoplasma.
Figura 5
:
Fotomicrografia de eritrócito
policromático
micronucleado da medula óssea de camundongos knockout
para o
gene da galectina-3 (objetiva de 125X, aumento final de 1250X).
53
Como mostrado na Tabela 3 e na Figura 7, tanto os animais WT quanto os KO para o gene
da galectina-3 apresentaram aumento significante (P<0,05) do número de PCE e NCE
micronucleados da medula óssea após a aplicação do carcinógeno 4-nitroquinolina. Os
animais WT do grupo controle com água apresentaram uma média de 8,88 ± 2,26 PCE
micronucleados, a qual elevou para 19,89 ± 5,19 após o tratamento com a 4NQO (Tabela 3 e
Figura 7). Nos animais KO a média do número de PCE micronucleado aumentou de 7,33 ±
2,42, no grupo controle com água, para 14,96 ± 4,31 no grupo tratado com a 4NQO (Tabela 3
e Figura 7). Em todos os grupos, exceto no grupo controle com água composto por animais
KO, o número e a frequência de NCE com micronúcleo foi estatisticamente inferior
comparado com a frequência de PCE micronucleado (Tabela 3 e Figura 7).
A
A
B
Figura 6: Fotomicrografia de eritrócitos norm
ocromáticos (A) e
policromático (B) - contendo 1 micronúcleo-
da medula óssea de
camundongos C57Bl/6 selvagens (objetiva de 100X)
54
No grupo composto por animais WT tratados com a 4NQO foi encontrado maior
quantidade de PCEs micronucleados (19,89 ± 5,19) comparado com o mesmo grupo
constituído por animais KO (14,96 ± 4,31), essa diferença foi estatisticamente significante
(P<0,05) (Tabela 2 e Figura 7). O tratamento com o carcinógeno não alterou de forma
significativa o valor da relação PCE/NCE no grupo de animais WT, mas a mesma mostrou-se
significativamente inferior nos animais KO após tratamento com a 4NQO (Tabela 3). Nos
animais KO do grupo controle com água a relação PCE/NCE (1,01 ± 0,33) mostrou-se maior
comparado aos animais WT (0,72 ± 0,18) (Tabela 3).
Tabela 3: Média ± desvio padrão do mero de eritrócitos policromáticos micronucleados
(MN PCE), eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) e da relação
PCE/NCE em células da medula óssea de camundongos C57BL/6 selvagens (WT) e
knockout (KO) para o gene da galectina-3
Foram analisados 2000 eritrócitos policromáticos (PCE) e 2000 eritrócitos normocromáticos (NCE)
para cada animal;
*
estatisticamente significante (P<0,05) o número de NCE micronucleado comparado com o número
de PCE micronucleado;
a
estatisticamente significante quando comparado com os animais KO;
b
estatisticamente significante quando comparado os grupos controles com os grupos tratados com
4NQO;
Número de células micronucleadas
Grupos n
MN PCE MN NCE PCE/NCE
WT
4NQO
29 19,89 ± 5,19
a
9,65 ± 3,43
*
0,83 ± 0,21
Controle H
2
O 9 8,88 ± 2,26
b
4,55 ± 1,13
*, b
0,72 ± 0,18
Controle propilenoglicol
13 6,07 ± 2,32
b,a
2,84 ± 1,46
*,b
0,95 ± 0,29
KO
4NQO 31 14,96 ± 4,31 9,61 ± 3,80
*
0,79 ± 0,20
Controle H
2
O 6 7,33 ± 2,42
b
5,16 ± 1,83
b
1,01 ± 0,33
b
Controle propilenoglicol
10 9,30 ± 2,71
b
5,00 ± 1,82
*,b
0,77 ± 0,22
55
Figura 7: dia do mero de eritrócitos policromáticos micronucleados (MN PCE) e
eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) da medula óssea de camundongos
selvagens (WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3 tratados com o carcinógeno 4-
nitroquinolina (4 NQO)
WT: grupo de animais WT tratado com 4NQO; KO: grupo de animais KO tratado com 4NQO; H
2
O-WT/ H
2
O-
KO: grupos controles com água de animais WT e KO, respectivamente, CP-WT/CP-KO: grupos controles de
animais WT e KO, respectivamente, tratados com propilenoglicol.
*
estatisticamente significante (P<0,05) o mero de NCE micronucleado comparado com o número de
PCE micronucleado
;
a
estatisticamente significante quando comparado com o respectivo grupo dos
animais KO;
b
estatisticamente significante quando comparado os grupos controles com os grupos
tratados com 4NQO.
Em relação aos diferentes tempos de observação (16 e 32 semanas), encontramos no
subgrupo WT16 uma dia do número de PCE micronucleado (21,68 ± 4,95)
significativamente (P<0,05) superior comparado ao subgrupo KO16 (13,85 ± 3,29). Após 32
semanas de observação a média do número de PCE micronucleado mostrou-se reduzida no
subgrupo WT32 (16,50 ± 3,89) comparado com o subgrupo WT16 (21,68 ± 4,95). Entretanto,
foi encontrado um padrão inverso nos subgrupos dos animais KO, de tal forma que no
subgrupo KO32 a média do número de PCE micronucleados (17,30 ± 5,39) foi
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
N° de células
com MN
WT H2O-WT CP-WT KO H2O-KO CP-KO
Grupos
MN PCE
MN NCE
a
*
b
b
*
b
a
*
b
*
b
b
b
b
*
56
significativamente maior que no subgrupo KO16 (13,85 ± 3,29). A média de NCE
micronucleado apresentou-se significativamente menor, em todos os subgrupos, comparada
com a média de PCE micronucleado (Tabela 4 e Figura 8).
Foi encontrada uma redução significativa (P<0,05) da relação PCE/NCE no subgrupo
WT32 (0,68 ± 0,20) comparado com o subgrupo WT16 (0,91 ± 0,17). Enquanto que no
subgrupo KO32 não houve diferença significativa dessa mesma relação quando comparado
com o subgrupo KO16 (Tabela 4). Nos subgrupos controles com água a média de PCE
micronucleado foi estatisticamente superior (P<0,05) nos subgrupos com 32 semanas de
observação, tanto nos animais KO quanto nos WT, comparado com os subgrupos com 16
semanas de observação (Figura 9).
Tabela 4: Média ± desvio padrão do número de eritrócitos policromáticos micronucleados
(MN PCE), eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) e da relação PCE/NCE
em células da medula óssea de camundongos C57BL/6 selvagens (WT) e knockout (KO) para
o gene da galectina-3 agrupados de acordo com o tempo de observação
WT16/KO16: animais WT e KO, respectivamente, tratados com a 4NQO com 16 semanas de
observação; WT32/KO32: animais WT e KO, respectivamente, tratados com a 4NQO com 32 semanas
de observação
*
estatisticamente significante (P<0,05) o número de NCE micronucleado comparado com o número de
PCE micronucleado;
a
estatisticamente significante quando comparado com os animais KO;
b
estatisticamente significante quando comparado os grupos de 32 semanas de observação com os de 16
semanas de observação;
Número de células micronucleadas
Grupos n
MN PCE MN NCE PCE/NCE
WT
WT16
19 21,68 ± 4,95
a
10,05 ± 3,65
*
0,91 ± 0,17
WT32 10 16,50 ± 3,89
b
8,90 ± 2,99
*
0,68 ± 0,20
b
KO
KO16 21 13,85 ± 3,29 9,23 ± 3,99
*
0,83 ± 0,20
KO32 10 17,30 ± 5,39
b
10,40 ± 3,40
*
0,71 ± 0,18
57
Figura 8: Média do número de eritrócitos policromáticos micronucleados (MN PCE) e
eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) da medula óssea de camundongos
selvagens (WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3 tratados com o carcinógeno 4-
nitroquinolina (4 NQO)
WT: grupo de animais selvagens tratados com 4NQO; KO: grupo de animais knockout tratado com 4NQO;
WT16/KO16: animais WT e KO, respectivamente, com 16 semanas de observação; WT32/KO32: animais WT e
KO, respectivamente, com 32 semanas de observação
*
estatisticamente significante (P<0,05) o número de NCE micronucleado comparado com o número de
PCE micronucleado;
a
estatisticamente significante quando comparado com os animais KO;
b
estatisticamente significante quando comparado os grupos de 32 semanas de observação com os de 16
semanas de observação;
0
5
10
15
20
25
N° delulas
com MN
WT 16 WT 32 KO16 KO32
Subgrupos
MN PCE
MN NCE
a
*
b
*
*
b
*
58
Figura 9: dia do mero de eritrócitos policromáticos micronucleados (MN PCE) e
eritrócitos normocromáticos micronucleados (MN NCE) da medula óssea de camundongos
selvagens (WT) e knockout (KO) para o gene da galectina-3 do grupo controle com água
nos dois períodos de observação, 16 e 32 semanas
H
2
O-WT16/H
2
O-KO16: animais WT e KO, respectivamente, controle com água com 16
semanas de observação; H
2
O-WT32/ H
2
O-KO32: animais WT e KO, respectivamente,
controle com água com 32 semanas de observação
*
estatisticamente significante (P<0,05) o número de NCE micronucleado comparado com o
número de PCE micronucleado;
a
estatisticamente significante quando comparado os grupos de 32 semanas de observação
com os de 16 semanas de observação;
0
2
4
6
8
10
12
N° de células
com MN
H2O-WT16 H2O-WT32 H2O-KO16 H2O-KO32
Subgrupos
MN PCE
MN NCE
a
*
a
59
7. DISCUSSÃO
7. DISCUSSÃO 7. DISCUSSÃO
7. DISCUSSÃO
60
7. DISCUSSÃO
A integridade do DNA é de extrema importância para a manutenção das funções celulares
normais e a perda da estabilidade genômica está relacionada com diversos processos
patológicos, principalmente relacionada com o processo da carcinogênese (Klein et al., 2006)
Existem muitos mecanismos celulares que monitoram os danos genéticos, tais como a
maquinaria de reparo do DNA, o controle dos checkpoints do ciclo celular e a morte celular
programada – apoptose (Mendez et al., 2005). Tendo em vista que a galectina-3 exerce
funções no ciclo celular, possui ação antiapoptótica, altera a expressão de diversos genes nas
células cancerígenas, interage em eventos associados à progressão e malignidade do tumor e
devido à ausência de trabalhos que relaciona o envolvimento dessa proteína com a integridade
cromossômica, torna-se relevante compreender sua influência, ou influências, nos danos no
DNA induzidos por carcinógenos. O estudo da genotoxicidade a partir de modelos animais
manipulados geneticamente permite compreender os efeitos biológicos da participação de
moléculas específicas sobre o DNA.
Ademais, é oportuno lembrar que o presente modelo foi proposto como referência para
análise, tendo em vista que alterações epiteliais displásicas bem como tumores benignos
(papilomas de células escamosas) puderam ser observados na língua destes animais na 16ª
semana. Na 32ª semana, período estabelecido para a outra observação, coincide com a
prevalência de carcinomas epidermóides. Desta forma, dois períodos se definem para a
observação: o primeiro, cujas alterações não se traduzem em câncer e um segundo em que o
conjunto das agressões genéticas se expressa como câncer. A propósito, nossos resultados
também demonstram que o modelo foi adequado aos objetivos propostos, tendo em vista que
na 16ª semana houve predomínio de displasias e na 32ª semana prevaleceram os carcinomas
61
epidermóides com maior número identificado nos animais WT (Faria, 2006; Farnworth et al.,
2008).
No presente trabalho optou-se por utilizar um modelo de agressão que empregasse um
agente comprovadamente genotóxico (4NQO) para o qual evidências de ser causador de
danos cromossômicos, portanto, ao DNA. Vale salientar, contudo, que estas evidências tem
sido identificadas em modelos que empregaram o 4NQO por via intraperitoneal.
Camundongos fêmeas da linhagem C57BL/6, 30 horas após administração peritoneal de
soluções de 4NQO em duas diferentes doses de 20 mg/Kg e 40 mg/Kg, apresentaram
freqüências elevadas de MN (44,3% e 38,1% respectivamente) em células da medula óssea
(Sato, Takizawa, Inui, 1990). O aumento da frequência de micronúcleos (MN) nas células é
indicativo da elevação das taxas de mutações por quebras e/ou perdas cromossômicas e o teste
do MN in vivo em célula de medula óssea de roedores fornece fortes evidências da
genotoxicidade sistêmica do composto químico avaliado sob condições experimentais
apropriadas (Carvalho et al., 2002; Salvadori, Ribeiro, Fenech, 2003). Os resultados deste
estudo mostraram que a 4NQO induziu aumento de MN, comparado com os grupos controles.
Dessa forma, nosso estudo demonstrou que por via oral na 1 semana de aplicação, o
carcinógeno pode ser considerado um potente agente genotóxico, com efeito sistêmico. Tanto
os animais WT quanto os KO mostraram um número de células micronucleadas maior que
aquelas identificadas nos animais controles com água e propilenoglicol.
As células respondem aos danos genéticos pela parada do ciclo celular, estabilizando as
forças de replicação e induzindo o reparo do DNA. Como também possuem a capacidade de
auto-checagem, na presença de anormalidades no DNA os mecanismos de apoptose podem
atuar na proteção tecidual, eliminando as células comprometidas (Pierce, 2004; Levitt et al.,
2007). Defeitos nesses mecanismos contribuem para a progressão tumoral e malignidade por
62
permitir a sobrevivência das células mutadas, levando ao acúmulo de mutações e à
instabilidade genética (Ibuki, Goto, 2004). Devido ao fato da galectina-3 possuir funções
relacionadas com a progressão tumoral como a alteração da regulação da expressão de
diversos genes relacionados com o câncer (principalmente genes relacionados com a regulação
do ciclo celular, como genes da ciclina D1, ciclina B e retinoblastoma 1) e também apresentar
funções de inibição da apoptose e regulação do ciclo celular (Yang, Hsu, Liu, 1996; Yu et al.,
2002; Nakahara, Raz, 2007), torna-se importante a investigação de sua influência na
integridade do DNA. No presente trabalho foi demonstrado, através do teste do micronúcleo
em células da medula óssea de camundongos tratados com o carcinógeno 4NQO, que
eritrócitos de animais selvagens apresentaram aumento dos danos no DNA comparado com
células de animais knockout para o gene da galectina-3. Esses dados sugerem que esta lectina
pode estar envolvida em fenômenos biológicos que concorrem para o aumento da instabilidade
genética, potencializadas quando da exposição a agentes carcinogênicos.
Eritrócitos policromáticos (PCE) são células que ainda estão em estágio imaturo e quando
sofrem maturação se transformam em eritrócitos normocromáticos (NCE), os quais são
lançados na corrente sanguínea. O teste do MN se caracteriza pela observação do efeito do
agente testado em eritrócitos policromáticos anucleados, que têm vida curta e qualquer
micronúcleo encontrado representa dano cromossômico recente (Salvadori, Ribeiro, Fenech,
2003). Citotoxicidade ou depressão celular na medula óssea é indicada pela diminuição na
proporção de eritrócitos imaturos (PCE), o que reflete em uma diminuição na relação
PCE/NCE (Shahrim et al., 2006). Nossos dados mostraram que o tratamento com a 4NQO
diminuiu significativamente a relação PCE/NCE nos animais knockout para o gene da
galectina-3, enquanto que nos animais selvagens essa relação não mostrou diferença
significativa após o tratamento. Esses resultados indicam que o carcinógeno foi citotóxico nos
63
animais knockout, mas não nos selvagens, sugerindo um possível papel da galectina-3 na
resistência das células expostas a agentes carcinogênicos.
Estudos demonstraram que a galectina-3 possui funções na maturação das células
mielóides da medula óssea (Krugluger et al., 1997; Marer, 2000). Os resultados deste trabalho
mostraram que a relação PCE/NCE foi superior nos grupos controles de animais knockout para
o gene da galectina-3 comparado com animais selvagens, fato que pode estar relacionado não
com o aumento da proliferação celular (aumento de eritrócitos imaturos nos knockout), mas
talvez pelo aumento da quantidade das células maduras nos animais selvagens (aumento de
NCE).
Outra função importante da galectina-3 é sua atuação no processo de fagocitose realizado
pelos macrófagos, os quais possuem papel relevante na eliminação das células apoptóticas e
danificadas. Foi demonstrado que a fagocitose de eritrócitos opsonizados foi retardada pelos
macrófagos gal3
-
/
-
comparado com as células dos animais WT. Evidências mostraram que a
galectina-3 extracelular, que se liga à superfície de diversas células, incluindo eritrócitos, é um
potente ativador e quimioatrativo para os macrófagos, além de contribuir com a homeostasia e
as funções dessas células (Sano et al., 2003). No presente estudo, evidenciou-se que no
período de observação de 32 semanas, a frequência de MN foi reduzida nos eritrócitos
policromáticos de camundongos selvagens enquanto que a mesma elevou-se nas células de
camundongos knockout para o gene da galectina-3, comparado com os respectivos grupos de
16 semanas de observação. A relação PCE/NCE, parâmetro que indica o índice de
citotoxicidade nas células (Krishma, Hayashi, 2000), mostrou-se significativamente reduzida
na 32ª semana de observação nos animais WT comparado com os mesmos animais na 16ª
semana. Por outro lado, entre os mesmos grupos de tratamento constituído por animais
knockout essa relação não apresentou diferença estatística. Tais resultados apontam para uma
64
possível contribuição da galectina-3 na diminuição da formação de células micronucleadas por
meio da eliminação das células danificadas.
A alta frequência de mutações espontâneas em camundongos mais velhos é o resultado de
um aumento na carga de danos no DNA acumulados nas células (Dass et al, 1997). Esse efeito
também foi observado no presente trabalho, onde os animais controle, que receberam apenas
água, com 32 semanas de observação apresentaram maior número de células micronucleadas
comparado com os animais de 16 semanas, tanto em animais selvagens quanto nos knockout.
Este dado analisado com os resultados observados para os animais WT mostra que o efeito da
idade não interferiu aparentemente nos efeitos genotóxicos do carcinógeno. Esta também
parece ser a interpretação mais adequada para o que ocorreu nos animais knockouts tratados,
cujo número de células micronucleadas excedeu significativamente aquele mero encontrado
para os animais controles com água e com propilenoglicol.
De acordo com os resultados obtidos nesse estudo concluímos que os animais selvagens e
knockout apresentam resposta diferenciada na formação de células micronucleadas induzidas
pelo carcinógeno 4-NQO. As células da medula óssea de camundongos WT enquanto expostas
ao agente carcinogênico apresentaram uma freqüência de MN significativamente maior
comparado aos animais KO, o que sugere a possível participação da galectina-3 nesse
fenômeno. A galectina-3 parece interferir nos fenômenos associados a assimilação dos danos
cromossomais e, desta forma, na estabilidade genética.
65
8. CONCLUSÃO
8. CONCLUSÃO8. CONCLUSÃO
8. CONCLUSÃO
66
8. CONCLUSÃO
1. A solução de 4NQO apresenta potencial genotóxico sistêmico pela capacidade de
induzir aumento na geração de micronúcleos em eritrócitos da medula óssea tanto em animais
wild-type quanto em animais knockout para o gene da galectina-3, quando administrada por
via oral;
2. O envelhecimento aumenta a susceptibilidade a geração de células micronucleadas;
3. O presente estudo revelou que animais knockout para galectina-3 quando submetidos
ao tratamento crônico via oral de solução carcinogênica apresenta menor número de
micronúcleos, o que pode indicar uma menor susceptibilidade a expressão destes danos.
67
RESUMO
RESUMORESUMO
RESUMO
68
RESUMO
O objetivo deste trabalho é identificar e avaliar o efeito genotóxico do carcinógeno
4NQO em células da medula óssea de camundongos C57BL/6 por meio da técnica de detecção
de micronúcleos, bem como identificar a possível diferença neste efeito pela ausência
constitutiva do gene da galectina-3. Camundongos C57BL/6 selvagens (WT) e knockout (KO)
para o gene da galectina-3 foram tratados por via oral durante 16 semanas com a 4NQO e
divididos em 2 subgrupos cada um, de acordo com o tempo de observação: WT
16
/KO
16
-
tratados durante 16 semanas, eutanasiados imediatamente após o término do tratamento e
WT
32
/KO
32
- tratados com 4NQO durante 16 semanas, eutanasiados 16 semanas após o
término do tratamento. Após o término do tratamento de cada subgrupo, obedecendo à
cronologia de observação do experimento estabelecida previamente, os animais sofreram
eutanásia. Em seguida as línguas foram retiras e utilizadas para análises microscópicas e a
medula óssea foi coletada dos fêmures e submetida à técnica do MN. Ao final do experimento,
100% dos camundongos dos grupos WT e KO de 16 e 32 semanas de observação
apresentaram alterações no tecido epitelial lingual que puderam ser reconhecidas como
displasia, carcinoma in situ ou carcinoma epidermóide. No grupo composto por animais WT
tratados com a 4NQO foi encontrado maior quantidade de PCEs micronucleados comparado
com o mesmo grupo constituído por animais KO, essa diferença foi estatisticamente
significante. O presente estudo revelou que animais knockout para galectina-3 quando
submetidos ao tratamento crônico via oral de solução carcinogênica apresenta menor número
de micronúcleos, o que pode indicar uma menor susceptibilidade a expressão destes danos.
69
ABSTRACT
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACT
70
ABSTRACT
The purpose of the study was to observe the possible difference of the genotoxic effect
caused by the chronic treatment with 4-nitroquinoline carcinogen (4NQO) in wild-type and
knockout mice for the galectin-3 gene. Wild-type C57BL/6 mice (WT) and knockout mice
(KO) for the galectin-3 gene were orally treated with 4NQO and killed at 16° (WT16/KO16)
and 32° week (WT32/KO32). After the treatment of each sub-group the animals had suffered
euthanasia, the tongue had been remove and used for microscopical analyses and the bone
marrow was removed of femur and submitted to micronuclei (MN) test. To the end of the
experiment, 100% of the groups WT and KO of 16 and 32 weeks had presented alterations in
the tongue epithelial tissue that could have been recognized as displasia, carcinoma in situ or
carcinoma. In the groups treated with 4NQO the number of micronucleated PCE was
significantly higher in WT when compared with the animals knockout (KO). The present
study revealed that knockout mice for galectin-3 when submitted to the chronic treatment with
carcinogen presents minor number of micronuclei, what it can indicate a lesser susceptibility
the expression of these damages.
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASREFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
72
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ABEDIN, M. J.; KASHIO, Y.; SEKI, M.; NAKAMURA, K.; HIRASHIMA, M. Potential roles of
galectins in myeloid differentiation into three different lineages. J Leukoc Biology. 73: 650-
656, 2003.
2.
ADIDA, C.; RECHER, C.; RAFFOUX, E.; DANIEL, M. T.; TAKSIN, L.; ROUSSELOT,
P.; SIGAUX, F.; DEGOS, L.; ALTIER, D. C.; DOMBRET, H. Expression and prognostic
significance of surviving in de novo acute myeloid leukaemia. Brit J Haematol. 111: 196-
203, 2000.
3.AKAHANI, S.; NANGIA-MAKKER, P.; INOHARA, H.; KIM, H. R.; RAZ, A. Galectin-3: a
novel antiapoptotic molecule with a functional BH1 (NWGR) domain of Bcl-3 family.
Cancer Res. 57: 5272-5276, 1997.
4.BABA, T.; MISU, Y.; TAKAYAMA, S. Induction of cancer of the glandular stomach in a rat: a
new form of experiment. Gann. 53: 381 – 387, 1962.
5.BARNES, L et al. Word Health Organization Classification of Tumours. Pathology and Genetics
of Head and Neck Tumours. IARC Press. Lyon, 2005.
6.BENSON, A. M. Conversion of 4-nitroquinoline-1-oxide (4NQO) to 4-hydroxyaminoquinonine-
1-oxide by a dicumarol-resistant hepatic 4NQO nitroreductase in rats and mice. Biochem
Pharmacol. 46(7):1217-1221, 1993.
7.BONASSI, S.; ZNAOR, A.; CEPPI, M.; LANDO, C.; CHANG, W. P.; HOLLAND, N.;
KIRSCH-VOLDERS, M.; ZEIGER, E.; BAN, S.; BARALE, R.; BIGATTI, P.;
BOLOGNESI, C.; CEBULSKA-WASILEWSKA, A.; FABIANOVA, E.; FUCIC, A.;
HAGMAR, L.; GORDANA, J.; MARTELLI, A.; MIGLIORE, L.; MIRKOVA, E.; SCARFI,
M.; ZIJNO, A.; NORPPA, H.; FECECH, M. An increased micronucleus frequency in
peripheral blood lymphocytes predicts the risk of cancer in humans. Carcinogenesis. 28(3):
625-631, 2007.
8.BOREL, F.; LOHEU, O. D.; LACROIX, F. B.; MARGOLIS, R. L. Multiple centrosomes arise
from tetraploidy checkpoint failure and mitotic centrosome clusters in p53 and RB pocket
protein-compromised cells. Proc Natl Acad Sci USA. 99: 9819-9824, 2002.
9.BREIVIK, J. The evolutionary origin of genetic instability in cancer development. Sem Cancer
Biol. 15: 51-60, 2005.
10.BRESALIER, R. S.; MAZUREK, N.; STERNBERG, L. R. Metastasis of human colon cancer is
altered by modifying expression of the β-galactoside-binding protein galectina-3.
Gastroenterology. 115: 287 – 296, 1998.
11.CARVALHO, M. B.; RAMIREZ, A.; GATTÁS, G. R. F.; GUEDES, A.L.; AMAR, A.;
RAPOPORT, A.; NETO, J. C. B.; CURIONI, O. A. Correlação entre a evolução clínica e a
73
freqüência de micronúcleos em células de pacientes portadores de carcinomas orais e da
orofaringe. Rev Assoc Méd Brás. 48(8): 317-322, 2002.
12.CHIARIOTTI, L.; SALVATORE, P.; FRUNZIO, R.; BRUNI, C.B. Galectin genes: Regulation
of expression. Glycoconjugate Journal. 19:441-449, 2004.
13.CIRMAN, T.; ORESIC, K.; MAZOVEC, C. D. Selective disruption os lysosomes in HeLa cells
triggers apoptosis mediated by cleavage of Bid by multiple papain-like lysosomal
cathepsins. J Biol Chem. 279: 3578-3587, 2004.
14.COLI, A.; BIGOTTI, G.; ZUCHETTI, F.; NEGRO, F.; MASSI, G. Galectin-3, a marker of well-
differentiated thyroid carcinoma, is expressed in thyroid nodules with cytological atypia.
Histopathology. 40: 80-87, 2002.
15.CORY, S.; ADAMS, J.M. The bcl2 family: regulators of the cellular life-or-death switch.
Nature Rev. 2: 647-656, 2002.
16.DASS, S. B.; ALI, S. F.; HEFLICH, R. H.; CASCIANO, D. A. Frequency of spontaneous and
induced micronuclei in the peripheral blood af aging mice. Mut Res. 381: 105-110, 19997.
17.DECODIER, I.; CUNDARI, E.; KIRSCH-VOLDERS, M. Influence of caspase activity on
micronuclei detection: a possible role for caspase-3 in micronucleation. Mutagenesis. 20(3):
173-179, 2005.
18.DUNEAU, M.; BOYER-GUITTAUT, M.; GONZALEZ, P.; CHARPENTIER, S.; NORMAND,
T.; DUBOIS, M.; RAIMOND, J.; LEGRAND, A. Galig, a novel cell death gene that
encodes a mitochondrial protein promoting cytochrome c release. Exp Cell Res. 302: 194
205, 2005.
19.FARIA, P. R. Carcinogêne bucal induzida pelo 4NQO em língua de camundongos konckout para
o gene da galectina-3. Tese de doutorado apresentada ao curso de pós-graduação da
UFTM. Uberaba/MG, pp: 11-95, 2006.
20.FARNWORTH, S. L.; HENDERSON, N. C.; MACKINNON, A. C.; ATKINSON, K. M.;
WILKINSON, T.; DHALIWAL, K.; HAYASHI K.; SIMPSON, A. J.; ROSSI, A. G.;
HASLETT, C.; SETHI, T. Galectin-3 reduces the severity of pneumococcal pneumonia by
augmenting neutrophil function. Am J Pathol. 172 (2):395-405, 2008.
21.FISCHER, W. H.; KEIWAN, A.; SCHMITT, E.; STOPPER, H. Increased formation of
micronucleus after hormonal stimulation of cell proliferation in human breast cancer cells.
Mutagenesis. 16: 209-212, 2001.
22.HAYASHI, Y.; HASEGAWA, T. Experimental pancreatic tumor in rats after intravenous
injection of 4-hydroxyaminoquinoline 1-oxide. Gann. 62(4): 329-330, 1971.
23.HEDDLE, J. A.; SALAMONE, M. F. The micronucleus assay in vivo. In: Proceedings of the
international workshop on short - term tests for chemical carcinogens. (STICH, H.;
74
SAN, R. H. C., eds). Springer - Verlag, New York, pp. 243 - 249. 1981.
24.HINDS, P. W.; DOWDY, S. F.; EATON, E. N.; ARNOLD, A.; WEINBERG, R. A. Functions of
a human cyclin gene as an oncogene. Proc Natl Acad Sci. 91: 709-713, 1994.
25.HOZUMI, M. Production of hydrogen peroxide by 4-hydroxylaminoquinoline-1-oxide. Gann.
60:83-90, 1969.
26.IBUKI, Y.; GOTO, R. Dysregulation of apoptosis by benzene metabolities and their
relationships with carcinogenesis. Biochim Biophys Acta. 1690: 11-21, 2004.
27.KADROFSKE, M. M.; OPENO, K. P.; WANG, J. L. The human LGALS3 (galectina-3) gene:
Determination of the gene structure and functional characterization of the promoter. Arch
Biochem Biophysical. 349 (1):7-20, 1998.
28.KANOJIA, D.; VAIDYA, M. M. 4-nitroquinoline-1-oxide induced experimental oral
carcinogenesis. Oral Oncol. 42:655-667, 2006.
29.KIM, H. C.; LIN, H.; BILIRAN, H.; RAZ, A. Cell cycle arrest and inhibition of anoikis by
galectina-3 in human breast epithelial cells. Cancer Res. 59: 4148-4154, 1999.
30.KIM, Y. T., ZHAO, M. Aberrant cell cycle regulation in cervical carcinoma. Yonsei Medical J.
46(5): 597-613, 2005.
31.KLEIN, A.; ZANG, K. D.; STEUDEL, W.; URBSCHAT, S. Different mechanisms of mitotic
instability in cancer cell lines. Int J Oncol. 29: 1389-1396, 2006.
32.KRISHNA, G.; HAYASHI, M. In vivo rodent micronucleus assay: protocol, conduct and data
interpretation. Mutat Res. 455: 155-166, 2000.
33.KRUGLUGER, W.; FRIGERI, L. G.; LUCAS, T.; SCHMER, M.; FORSTER, O.; LIU, F. T.;
BOLTZ NITULESCU, G. Galectin-3 inhibits granulocyte-macrophage colony-stimulating
factor (GM-CSF)-driven rat bone marrow cells proliferation and GM-CSF-induced gene
transcription. Immunology. 197: 97-109, 1997.
34.KRZESLAK, A.; LIPINSKA, A. Galectin-3 as a multifunctional protein. Cel Cel Mol Biol
Letters. 9: 305-328, 2004.
35. LA THANGUE, N. B. A mismatched role for Bcl-2. Nat Cell Biol. 7: 101-102, 2005.
36.LEE, J. W.; SONG, S.Y.; CHOL, J. J.; CHOI, C. H.; KIM, T. J.; KIM, J.; LEE, J. H.; KIM, B.
G.; BAE, D. S. Decreased galectina-3 expression during the progression of cervical
neoplásica. J Cancer Res Clin Oncology. 132: 241-247, 2006.
37.LEVITT, P. S.; ZHU, M.; CASSANO, A.; YAZINSKI, S. A.; LIU, H.; DARFLER, J.; PETERS,
R. M.; WEISS, R. S. Genome maintenance defects in cultured cells and mice following
75
partial inactivation of the essential cell cycle checkpoint gene Hus1. Mol Cell Biol. 27 (6):
2189 – 2201, 2007.
38.LIN, H. M.; PESTELL, R.; RAZ, A.; KIM, H. R. Galectin-3 enhances cyclin D1 promoter
activity through SP1 and cAMP-responsive element in human breast epithelial cells.
Oncogene. 21: 8001 – 8010, 2002.
39.LIU, F. Regulatory roles of galectins in the immune response. Allergy and Immunology.
136:385-400, 2005.
40.LIU, F.; RABINOVICH, G.A. Galectins as modulators of tumour progression. Cancer. 5: 29-41,
2005.
41.LOU, J.; HE, J.; SHENG, W.; JIN, L.; CHEN, Z.; CHEN, S.; LIN, Y.; XU, S. Investigating the
genetic instability in the peripheral lymphocytes of 36 untreated lung cancer patients with
comet assay and micronucleus assay. Mut Res. 617: 104-110, 2007.
42.LU, L. W.; BAXTER, J. R.; WANG, M.; HARPER, B. L.; TASAKA, F.; KOHDA, K. Induction
of covalent DNA modifications and micronucleated erythrocytes by 4-nitroquinoline-1-
oxide in adult and fetal mice. Cancer Res. 50:6192-6298, 1990.
43.LUMERMAN, H.; FREEDMAN, P.; KERPEL, S. Oral epithelial dysplasia and the development
of invasive squamous cell carcinoma. Oral Surgery Oral Medicine Oral Pathology Oral
Radiology Endodonties. 79 (3): 321-329, 1995.
44.MARER, N. L. Galectin-3 expression in differentiating human myeloid cells. Cell Biol Int. 24
(4): 245-251, 2000.
45.MATARRESE, P.; TINARI, N.; SEMERARO, M. L.; NATOLI, C.; IACOBELLI, S.;
MALORNI, W. Galectin-3 overexpression protects from cell damage and death by
influencing mitochondrial homeostasis. FEBS Letters. 473: 311 – 315, 2000.
46.MATSUSHIMA, T.; KOBUNA, I.; SUGIMURA, T. In vivo interaction of 4-nitroquinoline-
1oxide and its derivatives with DNA. Nature. 216:508, 1967.
47.MAZUREK, N.; SUN, Y. J.; PRICE, J. E.; RAMDAS, L.; SCHOBER, W.; NANGIA-
MAKKER, P.; BYRD, J. C.; RAZ, A.; BRESALIER, R. S. Phosphorylation of galectina-3
contributes to malignant transformation of human epithelial cells via modulation of unique
sets of genes. Cancer Res. 65: 10767-10775, 2005.
48.MENDEZ, O., FERNANDEZ, Y., PEINADO, M. A., MORENO, V., SIERRA, A. Anti-
apoptotic proteins induce non-random genetic alterations that result in selecting breast
cancer metastatic cells. Clin Exp Metastasis. 22: 297-307, 2005.
49.MORI, K.; KONDO, M.; TAMURA, M.; ICHIMURA, H.; OHTA, A. A new carcinogen, 2-
nitroquinoline: induction of lung cancer in mice. Gann. 60(5): 609-610, 1969.
76
50.NAGAO, M.; SUGIMURA, T. Molecular biology of the carcinogen, 4-nitroquinoline 1-oxide.
Adv Cancer Res. 23: 131-169, 1976.
51.NAKAHARA, W.; FUKUOKA, F.; SUGIMURA, T. Carcinogenic action of 4-nitroquinoline-N-
oxide. Gan. 48: 129-137, 1957.
52.NAKAHARA, S.; OKA, N.; RAZ, A. On the role of galectin-3 in cancer apoptosis.
Apoptosis.10: 267-275, 2005.
53.NAKAHARA, S.; RAZ, A. Regulation of cancer-related gene expression by galectina-3 and eh
molecular mechanism of its nuclear import pathway. Cancer Metastasis Rev. 26: 605-610,
2007.
54.NAKAJIMA, M.; KIKUCHI, M.; SAEKI, K.; MIYATA, Y.; TERADA, M.; KISHIDA, F.;
YAMAMMOTO, R.; FURIHATA, C.; DEAN, S. W. Mutagenicity of 4-nitroquinoline 1-
oxide in the Muta Mouse. Muta Res. 444: 321-336, 1999.
55.NUSSBAUM, R. L.; McINNES, R. R.; WILLARD, H. F. Genética e cancer. Genética Médica.
Guanabara-Koogan, 6° ed: 274-293, 2002.
56.OCHIENG, J.; FURTAK, V.; LUKYANOV, P. Extracellular functions of galectina-3.
Glycoconj J. 19: 527 – 535, 2004.
57.OKABAYASHI, T. Mutagenic activity of 4-hydroxyaminoquinoline-1-oxide. Chem Pharm
Bull. 10: 1127-1128, 1962.
58.PATTERSON, R. J.; WANG, W.; WANG, J. L. Understanding the biochemical activities of
galectina-1 and galectina-3 in the nucleus. Glycoconj J. 19: 499 – 506, 2004.
59.PIERCE, B.A. Cromossomos e reprodução celular. Genética: Um enfoque conceitual.
Guanabara-Koogan, 1° ed: 16-43, 2004.
60.RABELLO-GAY, M. N.; RODRIGUES, M. A. L. R.; MONTELEONE-NETO, R. Mutagênese,
teratogênese e carcinogênese Métodos e critérios de avaliação. Sociedade Brasileira de
Genética, pp.83-85, 1991.
61.RAIMOND, J.; ZIMONJIC, D. B.; MIGNON, C.; MATTEI, M. G.; POPESCU, N. C.;
MONSIGNY, M.; LEGRAND, A. Mapping of the galectina-3 gene (LGALS3) to human
chromosome 14 at region 14q21-q22. Mammalian Genome. 8: 706 – 707, 1997.
62.RAMPINO, N.; YAMAMOTO, H.; IONOV, Y.; LI, Y.; SAWAI, H.; REED, J. C.; PERUCHO,
M. Somatic frameshift mutations in the BAX gene in colon cancers of the micosatellite
mutator phenotype. Science. 275: 967-969, 1997.
63.RIBEIRO, L. R. Teste do micronúcleo em medula óssea de roedores in vivo. RIBEIRO, L. R.;
SALVADORI, D. M. F.; MARQUES, E. K. Mutagênese ambiental. Editora da Ulbra:
173-199, 2006.
77
64.SALVADORI, D. M. F.; RIBEIRO, L. R.; FENECH, M. Teste do micronúcleo em células
humanas in vitro. Mutagênese Ambiental. ULBRA, 1° ed:201-219, 2003.
65.SANJUÁN, X.; FERNANDEZ, P. L.; CASTELLS, A.; CASTRONOVO, V.; VAN, DEN,
BRULE, F.; LIU, F. T.; CARDESA, A.; CAMPO, E. Differential expression of galectin-3
and galectin-1 in colorectal cancer progression. Gastroenterology. 113: 1906-1915, 1997.
66.SANO, H.; HSU, D. K.; APGAR, J. R.; YU, L.; SHARMA, B. B.; KUWABARA, I.; IZUI, S.;
LIU, F. Critical role of galectin-3 in phagocytosis by macrophages. J Clin Invest. 112: 389-
397, 2003.
67.SANO, H.; HSU, D. K.; YU, L.; APGAR, J. R.; KUWABARA, I.; YAMANAKA, T.;
HIRASHIMA, M.; LIU, F. Human galectin-3 is a novel chemoattractant for monocytes and
macrophages. J Immunology. 165: 2156-2164, 2000.
68.SATO, K.; SAITO, T.; ENOMOTO, M. Development of sarcomas in mice at site of injection
with a new carcinogen, monoacetyl derivative of 4-hydroxyaminoquinoline. Jap J Exp
Med. 40(6): 475-478, 1970.
69.SATO, S.; TAKIZAWA, H.; INUI, N. A comparison of micronucleus induction in 3 mouse
strains with representative clastogens. Toxicol Letters. 52: 215-220, 1990.
70.SCHMID, W. The micronucleus test. Mutat Res., 31:9 – 15, 1975.
71.SHAHRIM, Z.; BAHARUDDIN, P. J. N. M.; YAHYA, A.; MUHAMMAD, H.; BAKAR, R. A.;
ISMAIL, Z. The in vivo rodent micronucleus assay of kacip fatimah (Labisia pumila)
extract. Trop Biomed. 23: 214-219, 2006.
72.SHIBATA, T.; NOGUCHI, T.; TAKENO, S.; TAKAHASHI, Y.; FUMOTO, S.; KAWAHARA,
K. Impact of nuclear galectin-3 expression on histological differentiation and vascular
invasion in patients with esophageal squamous cell carcinoma. Oncology Reports. 13: 235-
239, 2005.
73.SOENGAS, M. S.; CAPODIECI, P.; POLSKY, D.; MORA, J.; ESTELLER, M.; OPITZ-
ARAYA, X.; McMCOMBIE, R.; HERMAN, J.G.; GERALD, W. L.; LAZEBNIK, Y. A.;
CORDON-CARDO, C.; LOWE, S. W. Inactivation of the apoptosis effector Apaf-1 in
malignant melanoma. Nature. 409: 207-211, 2001.
74.STEPHAN, A.; WINKLE, S.; TINOCO, I. Interactions of 4-nitroquinoline-1-oxide with four
deoxyribonucleotides. Biochemistry. 17(7):1352-6, 1978.
75.STOPPER, H.; SCHMITT, E.; GREGOR, C.; MUELLER, S. O.; FISCHER, W. H. Increased
cell proliferation is associated with genomic instability: elevated micronuclei frequencies in
estradiol-treated human ovarian cancer cells. Mutagenesis. 18(3): 243-247, 2003.
76.SUZUKI, T., ITOH, S., NAKAJIMA, M., HACHIYA, N., HARA, T. Target organ and time-
course in the mutagenicity of five carcinogens in Muta Mouse: a summary report of the
78
second collaborative study of the transgenic mouse mutation assay by JEMS/MMS.
Mutation Res. 444: 259-268, 1999.
77.TAKENAKA, Y.; FUKUMORI, T.; RAZ, A. Galectin-3 and metastasis. Glycoconj J. 19: 543 –
549, 2004.
78.TITENKO - HOLLAND, N. et al. Genotoxicity of malathion in human lymphocytes assessed
using the micronucleus assay in vitro and in vivo: a study of malathion - exposed workers.
Mutat Res. 338:85 – 95, 1997.
79.VERED, M.; YARON, N.; DAYAN, D. 4NQO oral carcinogenesis: animal models, molecular
markers and future expectations. Oral Oncology. 41: 337-339, 2005.
80.YANG, R. Y.; HSU, D. K.; LIU, F. T. Expression of galectina-3 modulates T-cell growth and
apoptosis. Proc Natl Acad Sci USA. 93: 6737 – 6742, 1996.
81.YU, F.; FINLEY Jr, L. R.; RAZ, A.; KIM, H. C. Galectin-3 translocates to the perinuclear
membranes and inhibits cytochrome c release from the mitochondria. J Biol Chem. 277
(18): 15819-15827, 2002.
82.ZHOU, B. B. S.; CHATURVEDI, P.; SPRING, K.; SCOTT, S. P.; JOHANSON, R. A.;
MISHRA, R.; MATTERN, M. R.; WINKLER, J .D.; DHANNA, K. K. Caffeine abolishes
the mammalian G2/M DNA damage checkpoint by inhibiting ataxia-telangiectasia-mutated
kinase actrivity. J Biol Chem. 275:10342-10348, 2000.
79
ANEXO I
ANEXO IANEXO I
ANEXO I
80
PREPARO DAS SOLUÇÕES:
Tampão Sorensen:
Fosfato de sódio: 4,732g Na
2
HPO
4
em 500 ml de água deionizada.
Fosfato de potássio: 4,536 de K
2
HPO
4
em 500 ml de água deionizada.
Tampão sorensen: 1 parte da solução de fosfato de sódio: 1 parte do fosfato de
potássio.
Corante Giemsa:
1. Dissolver 2 g de Giemsa em 120 ml de glicerina PA a 60°C;
2. Deixar a 60°C por duas horas, agitando;
3. Deixar esfriar e adicionar 120ml de metanol PA;
4. Misturar bem;
5. Deixar saturar por pelo menos 30 dias, em local longe da luz;
6. Filtrar;
7. Armazenar em frascos escuros.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo