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MARISIA PANNIA ESPOSITO
ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE NECROSES
FOLIARES INDICADORAS DE OZÔNIO
ATMOSFÉRICO E DEFESAS
ANTIOXIDATIVAS EM FOLHAS DE
Nicotiana tabacum “Bel W3”
Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica
da Secretaria do Meio Ambiente, como parte
dos requisitos exigidos para a obtenção do título
de MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na Área de
Concentração de Plantas Vasculares em
Análises Ambientais.
SÃO PAULO
2008
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MARISIA PANNIA ESPOSITO
ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE NECROSES
FOLIARES INDICADORAS DE OZÔNIO
ATMOSFÉRICO E DEFESAS
ANTIOXIDATIVAS EM FOLHAS DE
Nicotiana tabacum “Bel W3”
Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica
da Secretaria do Meio Ambiente, como parte
dos requisitos exigidos para a obtenção do título
de MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na Área de
Concentração de Plantas Vasculares em
Análises Ambientais.
ORIENTADORA: DRA. MARISA DOMINGOS
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Ficha Catalográfica elaborada pela Seção de Biblioteca do Instituto de Botânica
Esposito, Marisia Pannia
E77e Estudo da relação entre necroses foliares indicadoras de ozônio atmosférico e
defesas antioxidativas em folhas de Nicotiana tabacum “Bel W3” / Marisia Pannia
Esposito -- São Paulo, 2008.
102 p.il.
Dissertação (Mestrado) -- Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, 2008
Bibliografia.
1. Solanaceae. 2. Tabaco. 3. Fumigação. I. Título
CDU : 582.951.4
4
Dedico esse trabalho à Maria de Lourdes, Anielo,
Breno, Marco e Sheila.
5
“The same thing that makes you live can kill you in the end”.
Neil Young
6
Agradecimentos
Ao Instituto de Botânica de São Paulo, pela oportunidade e condições de desenvolvimento de
meu projeto.
Ao pessoal da Meteorologia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas
da Universidade de São Paulo, pela cessão dos dados climáticos para execução de parte deste
projeto.
A todo pessoal da seção de Ecologia do Instituto de Botânica: alunos, estagiários,
pesquisadores e funcionários.
À Amariles, Dora, Marli e Valdenice, pela imensa ajuda dispensada aos meus experimentos,
trabalhando sempre com bom humor contagiante.
Às minhas grandes amigas, poderosas biólogas, com as quais posso contar dentro e fora do
trabalho: Jéssica Nobre, Silvinha Sant’Anna, Juliana Moreno, Andrea Nunes, Lilian
Carminitti e Luciane Fontana. Não poderia esquecer o grande amigo Maurício Lamano, que
sempre me ajudou com “forças totais” em todos experimentos.
À minha orientadora, Dra. Marisa Domingos, pela dedicação em todos momentos, pelos
ensinamentos e pelo excelente modelo profissional.
À Dra. Silvia Ribeiro de Souza, por tudo que me ensinou, pela oportunidade do estágio, por
toda paciência, por acreditar no meu desempenho científico, pelas risadas, conselhos,
palpites, pelo ótimo exemplo de profissional, enfim, há inúmeras razões para agradecê-la!!!
À Patrícia Bulbovas, por tudo que me ensinou quando entrei na seção de Ecologia e me
ensina até hoje, sempre com extrema paciência e dedicação.
À Mirian Rinaldi, por sempre me auxiliar no laboratório, fazendo com eu não o achasse um
“bicho de sete cabeças”, principalmente no início de meu projeto.
7
À minha família (mãe, pai e irmãos), que são os pilares da minha vida e às minhas irmãs-
postiças Sheila e Erica, pelos tantos e tantos anos de amizade. À mais nova e linda integrante
da família: Jéssica Cristina.
Às amigas de infância Evelin Coelho e Vanessa Malverde, com as quais posso contar
sempre, para minha sorte!
À Kelson Leandro Mendes, pois sei que onde quer que esteja, está muito orgulhoso por mim.
Aos amigos e professores da faculdade, que tenho tantas saudades!
À Márcia Thebas, pelo incrível alto astral e baladas tão necessárias para relaxar e esquecer do
trabalho! E por sempre me enviar as fotos das baladas com rapidez!
Ao meu amor, Alexandre Varisano, por me fazer tão bem e feliz, desde o momento que nos
conhecemos até hoje!
Agradeço, enfim, a todos que direta ou indiretamente fizeram este trabalho tornar-se
realidade e me fizeram uma pessoa melhor.
janeiro/2008
8
Índice
Resumo 01
Abstract 03
Capítulo I – Introdução Geral
Introdução 05
Referências bibliográficas 24
Capítulo II – Relações entre respostas antioxidativas e injúrias foliares em plantas
de Nicotiana tabacum “Bel W3” em ambiente poluído por ozônio, na cidade de São
Paulo, Brasil
Resumo 33
Abstract 34
Introdução 35
Material e Métodos 37
Resultados 45
Discussão 55
Referências bibliográficas 58
Capítulo III Respostas antioxidativas em plantas de Nicotiana tabacum “Bel W3” ao
ozônio e suas relações com danos foliares
Resumo 69
Abstract 70
Introdução 71
Material e Métodos 73
Resultados 79
Discussão 85
Referências bibliográficas 88
9
Capítulo IV – Discussão Geral
Discussão geral 94
Referências bibliográficas 98
Capítulo V – Conclusões Finais
Conclusões 100
Anexos 102
1
Resumo
O efeito tóxico do ozônio sobre os seres vivos é bastante conhecido e depende de sua
concentração atmosférica, tempo de exposição e da sensibilidade do receptor. As plantas
geralmente são muito sensíveis a esse gás, o qual é absorvido predominantemente via
estômatos, promovendo a formação de espécies reativas de oxigênio (EROs), como o ânion
superóxido (O
2
-
) e o radical hidroxila (OH
) e criando uma situação de estresse oxidativo.
As EROs são extremamente nocivas a moléculas biológicas vitais, como lipídios, proteínas e
ácidos nucléicos. A cultivar Bel W3 de Nicotiana tabacum é a planta bioindicadora sensível
mais padronizada e mais amplamente utilizada para qualificação de veis tóxicos de ozônio
em regiões de clima temperado. Diferentes estudos vêm avaliando, sob vários aspectos, seu
potencial bioindicador para a cidade de São Paulo. No presente, levantou-se a hipótese de
que as variações diárias na concentração de ozônio atmosférico e/ou nas condições
meteorológicas encontradas na cidade de são Paulo podem alterar as respostas antioxidativas
diárias e, por conseguinte, a manifestação de necroses em folhas de N. tabacum Bel W3.
Portanto, os objetivos traçados foram: a) determinar, em experimentos de campo, as relações
entre as necroses foliares e respostas antioxidativas diárias (concentração de ácido ascórbico
total - AA e atividade das enzimas superóxido dismutase - SOD e peroxidases - POD) em
plantas de tabaco em um local da cidade de São Paulo contaminado por altos níveis de
ozônio atmosférico e entre essas medidas biológicas e variações em fatores ambientais ao
longo dos períodos experimentais; b) confirmar, em câmaras de fumigação, a existência das
relações entre os mesmos indicadores de defesas antioxidativas e necroses foliares em plantas
de tabaco expostas a concentrações conhecidas de ozônio atmosférico, simulando a poluição
atmosférica de São Paulo. No estudo realizado em campo, a análise de regressão múltipla
mostrou que 63% da variação na porcentagem de injúrias foliares ao longo de todo período
experimental foi explicada por menores níveis de antioxidantes (AA e SOD) e por maiores
valores de concentração atmosférica de ozônio e temperatura do ar. no estudo realizado
2
em fumigação, a redução do conteúdo de ácido ascórbico nas plantas de N. tabacum Bel W3
expostas a concentrações crescentes de ozônio, acompanhando o aumento da área foliar
afetada por necroses, indicou claramente a sensibilidade da cultivar ao ozônio. As respostas
antioxidativas dependeram do tempo de exposição e do nível de ozônio ao qual as plantas
foram expostas, sendo mais intensas após dois dias de fumigação com 20 e 40 ppb de O
3
,
para
SOD e AA total, respectivamente, apesar de não terem sido suficientes para conter
danos celulares e a ocorrência de necroses foliares. Com tais resultados, fica evidente que N.
tabacum Bel W3 pode caracterizar os níveis de ozônio em São Paulo, porém sob baixas
concentrações de ozônio e por um período de exposição ideal que ainda precisa ser
determinado.
3
Abstract
The toxic effects of ozone on living organisms are well known and depend on ozone
concentration, time of exposure and sensitivity of the receiver. Usually the plants are very
sensitive to this gas, which is absorbed predominantly via stomata, promoting the formation
of reactive oxygen species (EROs), as anion superoxide (O
2
•-
), and hydroxyl radical (OH
)
and creating a situation of oxidative stress. The EROs are extremely harmful to biological
molecules, as lipids, proteins and nucleic acids. The sensitive cultivar Bel W3 of Nicotiana
tabacum is the most standardized and widely used for qualifying toxic levels of ozone in
regions of temperate climate. Its bioindicator potential for biomonitoring ozone in the city of
São Paulo has been evaluated in several studies. In the present, we raised the hypothesis that
variations in the concentration of atmospheric ozone and/or weather conditions in São Paulo
can promote daily antioxidative responses and, consequently, can alter the occurrence of leaf
necroses in N. tabacum Bel W3. Therefore, the goals were: a) to determine, under field
conditions, the relationship between the extent of leaf area covered by necroses and daily
antioxidative responses (concentration of ascorbic acid - AA and activity of the enzymes
superoxide dismutase - SOD and peroxidases - POD) in plants of tobacco exposed in one
site of the city of São Paulo affected by high levels of ozone and between these biological
measurements and variations in environmental factors during the experimental periods; b) to
confirm, in fumigation chambers, the existence of relations between the same indicators of
antioxidative defenses and leaf necroses in tobacco plants exposed to known concentrations
of atmospheric ozone, simulating atmospheric pollution.in São Paulo. In the field study,
multiple regression analysis showed that 63% of the variation in the percentage of leaf injury
in the whole experimental period were explained by lower levels of antioxidants (AA and
SOD) and higher values of atmospheric concentration of ozone and of air temperature. In the
fumigation study, the reduction in the content of ascorbic acid in plants of N. tabacum Bel
W3 exposed to increasing concentrations of ozone was followed by the increase in leaf area
4
affected by necroses, being a clear indication of the sensitivity of the plant to ozone. The
antioxidative responses depended on the interval of exposure time and on the level of ozone
to which the plants were exposed. More intense responses were observed after two days of
exposure to 20 and 40 ppb O
3
, for
SOD and AA, respectively, although they were not
sufficient to avoid cell injury and the occurrence of leaf necroses. We concluded that
Nicotiana tabacum Bel W3 can characterize the levels of ozone in Sao Paulo, under low
concentrations of ozone and for an interval of exposure time that still remains undetermined.
5
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO GERAL
6
A atmosfera é constituída por cinco camadas distintas, definidas com base na variação
da temperatura ao longo de sua extensão vertical desde a superfície terrestre, denominadas,
da mais externa para a mais interna, como exosfera, termosfera, mesosfera, estratosfera e
troposfera, as quais são mostradas na Figura 1 (Brasseur et al. 1999, Domingos et al. 2002,
Mackenzie 2003).
A estratosfera, em particular, que se estende por 12 a 48 km de altitude, apresenta
extrema importância para a manutenção da vida na troposfera. Nessa camada, a radiação
ultravioleta oriunda do sol, responsável por causar danos nos seres vivos, é absorvida pela
camada de ozônio (O
3
), situada nos dois terços superiores da estratosfera, aproximadamente
entre 24 e 49 km acima da superfície terrestre. Essa camada, além de proteger a vida do
planeta contra a radiação UV, também limita a intensidade luminosa na troposfera (Krupa &
Manning 1988, Mackenzie 2003).
A troposfera, a camada onde vivemos, por ser a mais baixa de todas (até
aproximadamente 12 km acima da superfície terrestre), é a mais quente e a mais densa, e
contém 90% de todo o ar da atmosfera. Logo acima há uma camada limítrofe entre a
estratosfera e a troposfera, denominada tropopausa. A distância da tropopausa em relação ao
solo varia conforme as condições climáticas da troposfera, da temperatura do ar e da latitude,
entre outros fatores. Se existe na troposfera uma agitação climática com muitas correntes de
convecção, a tropopausa tende a subir. Isto ocorre devido ao aumento do volume de ar na
troposfera, que provocará conseqüentemente o aumento da tropopausa, empurrando-a para
cima. Ao subir a tropopausa esfria, pois o ar acima dela é mais frio.
Na troposfera, os processos químicos atmosféricos são intensificados, assim como
um acúmulo de poluentes emitidos por diversas atividades antrópicas.
7
Figura 1. Diagrama mostrando os sistemas de classificação da estrutura da atmosfera
em função da pressão. (Domingos et al. 2002).
Poluente pode ser definido como qualquer substância que é adicionada na troposfera
em concentração suficientemente alta para causar efeito mensurável nos seres vivos e em
materiais (Freedman 1995). Eles podem ser emitidos por fontes naturais, como processos de
emissão vulcânica, ou por fontes antrópicas, como a frota veicular e as indústrias,
classificadas respectivamente como fontes móveis e estacionárias (Raven et al. 2007).
8
Compostos diretamente emitidos pelas fontes poluidoras, como óxidos de enxofre,
nitrogênio e carbono, material particulado, entre inúmeros outros, são referidos como
poluentes primários e aqueles formados na troposfera, a partir de reações entre poluentes
primários e constituintes naturais da atmosfera, como o ozônio e o ácido nítrico (HNO
3
), o
denominados poluentes secundários (Mayer 1999, Baird 2002, Domingos et al. 2002, Raven
et al. 2007).
três fatores que determinam o nível de poluição atmosférica: a) concentração de
poluentes adicionados no ar, b) volume de ar em que os poluentes são dispersos e c)
mecanismos de remoção dos poluentes do ar (Nebel & Wright 2000).
O smog [uma combinação de smoke (fumaça) e de fog (neblina)] fotoquímico é um
processo de formação de poluentes secundários na troposfera na presença de luz solar. Seus
precursores são principalmente provenientes das emissões de automóveis. A manifestação
mais evidente desse smog é uma neblina de tonalidade amarela-amarronzada, que se deve à
presença no ar de pequenas gotas de água contendo produtos derivados das reações
fotoquímicas. Ele apresenta com freqüência um odor desagradável devido a alguns de seus
componentes. Os produtos intermediários e finais das reações que ocorrem no smog
fotoquímico afetam a saúde humana e podem causar danos às plantas, aos animais e a alguns
materiais (Baird 2002).
Os precursores mais importantes do smog fotoquímico são os óxidos de nitrogênio e
os hidrocarbonetos, que são provenientes da queima incompleta dos combustíveis nos
motores de veículos e em outras fontes (Nebel & Wright 2000, Baird 2002), dando origem a
compostos como o ácido nítrico (HNO
3
), nitrato de peroxiacetila (PAN) e o ozônio (O
3
). Este
último tem sido, certamente, um dos poluentes mais estudados, devido a sua alta toxicidade
(Farrell 2005).
O ozônio é um gás irritante, triatômico e fracamente solúvel em água. Possui um
cheiro característico picante, e seu nome é derivado do grego Ozein, que significa “cheirar”.
9
Apresenta duplo papel. Na estratosfera, conforme mencionado anteriormente, é de suma
importância para a manutenção da vida, pois absorve os raios UV. na troposfera, ele é
altamente tóxico para os seres vivos em geral.
O ozônio pode ser formado a partir da junção do oxigênio molecular com o oxigênio
atômico na presença de um corpo receptor de energia (Kruppa & Manning 1988). Esse
oxigênio atômico pode ser oriundo da dissociação do dióxido de nitrogênio sob um
comprimento de onda de 440 nm ou da dissociação do oxigênio molecular num comprimento
de onda de 200 nm, conforme a equação abaixo:
NO
2
+ hv (< 440 nm) NO + O
O
2
+ hv (200 nm) O + O
O + O
2
+ M O
3
+ M
onde M pode ser considerado uma partícula ou gotícula de água.
Em atmosfera não poluída, o ozônio formado é consumido, de acordo com a equação
abaixo:
NO
2
+ O
2
+ hv (> 430 nm) NO + O
3
Entretanto, numa condição atmosférica poluída, o monóxido de nitrogênio (NO) pode
ser consumido por radicais orgânicos provenientes de reações químicas atmosféricas ou
mesmo por hidrocarbonetos emitidos da vegetação local, de modo que o ozônio não é
consumido e conseqüentemente é acumulado na troposfera, como demonstrado nas equações
abaixo (Seinfield 1989, Miguel 1992, Souza et al. 1997, Sillman 1999, Sawyer et al. 2000,
Manahan 2005):
R + OH
+ hv RO
2
+ H
2
O
RO
2
+ NO NO
2
+ R
Além da complexidade do sistema de reações químicas, fatores meteorológicos e
topográficos fazem com que os gases precursores emitidos sejam transportados a vários
10
locais, às vezes distantes das fontes, resultando em acúmulo de ozônio em locais distintos das
áreas onde ocorreram as emissões (Seinfeld 1986, Peñuelas et al. 1999, CETESB 2006).
A alta toxicidade do ozônio é decorrente de seu caráter oxidativo, que promove a
formação de espécies reativas de oxigênio (EROs) nos tecidos. Estas descaracterizam
moléculas vitais como lipídios, proteínas e ácidos nucléicos, levando, entre outras
conseqüências a peroxidação lipídica, oxidação dos grupos sulfidrila (-SH) e a outros
processos oxidativos de destruição (Nebel & Wright 2000, Manahan 2005, Halliwell &
Gutteridge 2007).
Com relação aos efeitos do ozônio na saúde humana, as ocorrências mais relatadas
são irritações nos olhos e nas vias respiratórias e o agravamento de doenças respiratórias pré-
existentes, como a asma. Sabe-se que a exposição repetida ao ozônio pode tornar as pessoas
mais suscetíveis a infecções respiratórias e à inflamação nos pulmões. Adultos e crianças
saudáveis também estão sujeitos aos efeitos danosos causados pelo ozônio se expostos a
níveis elevados durante a prática de exercícios físicos (WHO 1979).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda como valor ximo para um
período de 8 horas a concentração de 120 µg/m
3
(ou 60 ppb) de ozônio para a proteção da
saúde humana, recomendação esta seguida pelos países do Leste Europeu. a Polônia,
também situada no leste europeu, considera que em 30 minutos a concentração de ozônio
atmosférico não deve exceder 100 µg/m
3
, ou 50 ppb. (Godzik 1997).
No Brasil, onde também têm sido observadas elevações nas concentrações de ozônio
atmosférico nos grandes centros urbanos, fez-se necessário o estabelecimento de limites
legais que visam especialmente à proteção da saúde humana. O padrão legal (PQAR -
Padrão de Qualidade do Ar) de 160 µg/m
3
(80
ppb), para um período de uma hora, foi
estabelecido no decreto estadual 8468/76 e na Resolução CONAMA (Conselho Nacional do
Meio Ambiente) 03/90. Este tem sido diversas vezes ultrapassado na Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP), em Cubatão e no interior de São Paulo (CETESB 2006).
11
Medições efetuadas pela CETESB em seu relatório de qualidade do ar, realizado na
Operação Inverno 2006, mostraram que as concentrações de ozônio em São Paulo não
ultrapassaram o PQAR, mas também atingiram freqüentemente valores horários entre 200 a
800 µg/m
3
(100 a 400 ppb). Altas concentrações de ozônio são freqüentemente observadas
nos meses mais quentes, na primavera e no verão. Porém, têm sido observados picos de
ozônio e ultrapassagens do PQAR no período de inverno (CETESB 2006).
Ozônio é igualmente tóxico às plantas. Ele, assim como outros poluentes gasosos,
penetra na planta diretamente pelos estômatos, durante o processo de trocas gasosas, podendo
provocar efeitos fisiológicos, metabólicos, ultraestruturais e estruturais, que levam a sintomas
como cloroses e necroses em tecidos e órgãos, que podem evoluir e levar a morte do
indivíduo (Manning & Feder 1980, Larcher 2000).
Esses efeitos são, também, de natureza oxidativa, uma vez que o ozônio, após ser
absorvido pela planta através do estômato, reage rapidamente com água, o que leva à
formação das EROs na interface da parede celular e à destruição oxidativa dos lipídios e
proteínas da membrana plasmática e a produção em cadeia de outros radicais livres e demais
intermediários reativos (Mehlhorn et al. 1990, Schraudner et al. 1998, Kanofsky & Sima
2005, Pucckette et al. 2007). Toda essa situação gera o denominado estresse oxidativo. Entre
outros fatores que geram uma condição de estresse oxidativo no ambiente, além da poluição
atmosférica, incluem-se herbicidas, metais pesados, seca, calor, frio, ferimentos na planta e
alta intensidade luminosa.
No entanto, cabe lembrar que as EROs o produzidas pelas plantas em seu
metabolismo normal, como ocorre na respiração e na fotossíntese. Elas são formadas durante
certas reações redox e durante a redução incompleta do oxigênio ou oxidação da água pela
cadeia transportadora de elétrons no cloroplasto ou na mitocôndria. A formação do oxigênio
singleto (
1
O
2
) estimula subseqüentemente a produção de outras EROs, como o peróxido de
hidrogênio (H
2
O
2
), o ânions superóxido (O
2
-
), radicais hidroxila (HO
) e peridroxilas
12
(O
2
H
). Os ânions superóxido são produzidos nos cloroplastos quando os elétrons são
transferidos diretamente do Fotossistema I (PSI) para o oxigênio. Estas moléculas reativas,
especialmente HO
, são altamente destrutivas para os lipídios, ácidos nucléicos e proteínas.
No entanto, EROs como O
2
-
e H
2
O
2
são utilizados na lignificação e funcionam também
como um sinal de resposta de defesa contra infecções por patógenos (Bray et al. 2000).
Diante disso, as plantas, assim como outros seres vivos, dispõem de um sistema de
defesas antioxidativas, situado em diversos compartimentos sub-celulares, capaz de evitar
danos oxidativos de origem fisiológica. Entre as principais funções desse sistema, destacam-
se a remoção de radicais livres, a minimização na disponibilidade de pró-oxidantes como
íons ferro e cobre e a proteção de biomoléculas contra possíveis danos em suas estruturas
(Halliwell & Gutteridge 2007). De acordo com Muggli (1993), os principais componentes
desse sistema de defesas antioxidativas podem ser divididos em: a) enzimáticos, encontrados
principalmente em meio intracelular (superóxido dismutase, catalase, e glutationas
peroxidase, transferase e redutase) e b) pequenas moléculas não-enzimáticas, que podem ser
subdivididas em solúveis em água cido ascórbico, bilirrubina e glutationa) ou solúveis em
lipídios (α-tocoferol, β-caroteno e licopeno).
O ácido ascórbico (AA), em particular, é uma pequena molécula antioxidante, não
enzimática e hidrossolúvel, que executa funções metabólicas essenciais para a vida de plantas
e animais. Alguns fungos podem sintetizar ácido eritro-ascórbico, uma vitamina C análoga
com funções metabólicas similares. Entre os procariontes, somente as cianobactérias
possuem uma pequena quantidade de ácido ascórbico (Arrigoni & De Tullio 2002). O ácido
ascórbico serve como co-fator para muitas enzimas (De Tullio et al. 1999, Arrigoni & De
Tullio 2000) e contribui para a desintoxicação de espécies reativas de oxigênio (Smirnoff &
Wheeler 2000, Conklin 2001, Conklin & Barth, 2004). Essa atividade antioxidante do ácido
ascórbico está associada com sua resistência ao estresse oxidativo e longevidade em plantas e
animais. Além do mais, tem-se sugerido que os níveis endógenos de ácido ascórbico são
13
importantes na regulação do desenvolvimento da senescência e na defesa das plantas contra
patógenos (Pastori et al. 2003, Barth et al. 2004, Pavet et al. 2005). Evidências recentes
sugerem que o ácido ascórbico também desempenha papel na indução floral. Ele pode ser
encontrado no citossol, em cloroplastos, nos vacúolos e no apoplasto (Barth et al. 2006).
Segundo Smirnoff (1996), o ascorbato é o principal metabólito secundário das plantas.
Dentro do aparato fotossintético, o ácido ascórbico participa da remoção do peróxido de
hidrogênio, formado na foto-redução do Fotossistema I. Essa reação entre ácido ascórbico e
peróxido de hidrogênio é catalisada pela ascorbato peroxidase, que se encontra na divisa do
tilacóide e também pode neutralizar o peróxido de hidrogênio. Segundo Conklin & Barth
(2004), o ácido ascórbico atua como primeira linha de defesa nas plantas superiores, uma vez
que ele se encontra em grande concentração no apoplasto, apresentando dessa forma um
efeito direto na proteção contra o ozônio troposférico.
A superóxido dismutase (SOD) é uma substância enzimática que catalisa a
dismutação do radical superóxido a peróxido de hidrogênio e oxigênio. Dentro da lula, a
SOD é a primeira linha de defesa das plantas contra espécies reativas de oxigênio (Alscher &
Hess, 1993). O O
2
-
é produzido em todos locais onde a cadeia transportadora de elétrons
encontra-se presente e, portanto, a ativação do O
2
pode ocorrer em diferentes compartimentos
da célula (Elstner 1991) incluindo mitocôndrias, cloroplastos, peroxissomos, apoplasto e
citossol. Neste caso, não é de surpreender que a SOD possa ser encontrada em todos esses
compartimentos subcelulares. Embora todos compartimentos celulares possam ser sítios
possíveis de formação de O
2
-
, os cloroplastos, a mitocôndria e os peroxissomos são as
organelas nas quais a maior parte das espécies reativas de oxigênio é formada (Fridovich
1986). Três classes de SOD foram identificadas, dependendo dos metais presentes em seu
sítio ativo: cobre/zinco SOD, manganês SOD e ferro SOD. Em plantas superiores, a FeSOD
é encontrada nos plastídeos, a MnSOD na matriz mitocondrial e a Cu/Zn SOD no citossol
14
(Bannister et al. 1987). Em folhas senescentes, as atividades da SOD tendem a diminuir, ao
passo que a peroxidação lipídica tende a aumentar.
Entre as peroxidases, a ascorbato-peroxidase é uma substância enzimática que
desempenha importante papel na decomposição do peróxido de hidrogênio. Segundo Iqbal et
al. (1996), a atividade das peroxidases aumenta nas plantas à medida que ocorrem choques
mecânicos, aumento da poluição aérea e sazonalidade climática.
Essas e outras substâncias atuam em conjunto em um ciclo de defesas antioxidativas
chamado de Halliwell-Asada, conhecido também por ciclo ascorbato-glutationa (Figura 2).
Nesse ciclo esquemático, um radical superóxido é eliminado pela superóxido dismutase
numa reação que produz peróxido de hidrogênio. O peróxido de hidrogênio é consumido
através da sua conversão em oxigênio e água pela catalase ou somente em água através da
oxidação do ascorbato. O ascorbato é regenerado por meio de dois mecanismos: através da
redução enzimática do monodeidroascorbato, que ocorre nos plastídeos, ou alternativamente,
o monodeidroascorbato, que é dismutado espontaneamente em deidroascorbato, pode reagir
com a glutationa (GHS), produzindo ascorbato e glutationa oxidada (GSSH), numa reação
catalisada pela deidroascorbato redutase. A GSSH é reduzida pela glutationa redutase,
utilizando o consumo de NADPH. O oxigênio singleto e os íons hidroxila são eliminados no
ciclo da glutationa. Os danos provocados pelo oxigênio singleto e íons hidroxila podem ser
também minimizados por antioxidantes não enzimáticos, vitamina E e carotenóides (Bray et
al. 2000).
15
Figura 2. Ciclo ascorbato-glutationa (adaptado de Bray et al. 2000). APXascorbato
peroxidase; DHAR deidroascorbato redutase; GR glutationa redutase; GSHglutationa
reduzida; GSSH glutationa oxidada; SOD superóxido dismutase; MDHAR
monodeidroascorbato redutase.
Esse ciclo, na ausência de espécies reativas de oxigênio em excesso, mantém o
equilíbrio pró-oxidante/antioxidante nas células. Porém, o aumento da produção de espécies
reativas de oxigênio pelos mencionados fatores ambientais de estresse oxidativo, pode levar à
alteração desse equilíbrio, momento em que os danos oxidativos podem acontecer (Muggli
1993, Bray et al. 2000). Como mencionado anteriormente, o ozônio é um forte oxidante,
que pode levar à rápida alteração desse equilíbrio, especialmente em plantas sensíveis,
promovendo danos em nível molecular (em lipídios e ácidos graxos, proteínas, pigmentos e
Ascorbato
Monodeidroascorbato
Deidro-
ascorbato
16
ácidos nucléicos), celular (em membranas, perda da função de organelas, redução da
eficiência do metabolismo, redução da fixação do carbono, mutações, morte) e tecidual,
quando surgem injúrias visíveis na superfície da folha (Scandalios 1993).
Segundo Krupa & Manning (1988), as injúrias foliares provocadas por ozônio, em
plantas com folhas largas, surgirão primeiramente na superfície adaxial da folha e entre as
nervuras, que as células paliçádicas do mesofilo, situadas logo abaixo da epiderme
superior, são suscetíveis ao ozônio. Em coníferas e plantas com células mesofílicas
indiferenciadas, os sintomas podem ocorrer em ambas superfícies adaxial e abaxial ou
somente perto do estômato afetado por ozônio. Em muitas plantas, as injúrias provocadas por
ozônio são delimitadas nas extremidades das folhas mais jovens, tornando-se mais extensas
nas folhas maduras. Folhas ainda em expansão ou que atingiram seu tamanho máximo são
mais suscetíveis ao ozônio (Lacasse & Treshow 1976).
Como se pode observar na Figura 3, as injúrias foliares provocadas pela exposição ao
ozônio podem ser classificadas como agudas - necroses e pontuações - ou crônicas -
pigmentação, clorose e senescência prematura (Krupa et al. 2000).
17
Figura 3. Sintomas de injúria foliares provocadas por ozônio: necroses, no tabaco (a)
e no feijão (c); pontuações, na parreira (b), cerejeira (f) e choupo (g); pigmentações, no
algodão (e); cloroses, no trigo (d) e no pinheiro (h) e senescência prematura, também no
algodão (e) (Adaptado de Krupa et al. 2000).
Tais injúrias visíveis, que ocorrem nas plantas em resposta à exposição ao ozônio,
têm sido utilizadas como importante ferramenta no biomonitoramento da qualidade do ar.
parreira
feijão
tabaco
trigo
algodão
cerejeira
choupo
a
b
c
d
e
f
g
h
pinheiro
18
Segundo Klumpp (2001), o biomonitoramento pode ser conceituado como o uso de
seres vivos para a verificação e avaliação dos efeitos da poluição ambiental, seja da água, do
ar ou do solo. Os seres vivos, bioindicadores, são organismos ou comunidades de organismos
que reagem a alterações ambientais com a modificação de suas funções vitais normais e/ou
da sua composição química, permitindo assim conclusões a respeito das condições
ambientais (Arndt & Schweizer 1991). O biomonitoramento pode ser classificado como
qualitativo ou quantitativo. O biomonitoramento qualitativo é aquele baseado em decisões do
tipo sim/não, como por exemplo, a presença ou ausência de espécies, ou em atributos que
predominantemente mudam em resposta a influências ambientais. o biomonitoramento
quantitativo, que deve servir, em tese, para indicar níveis de contaminação atmosférica por
determinados poluentes, requer mais trabalho, pois envolve medidas de alguma natureza e
exige padronizações.
Existem diversas nomenclaturas para classificar as plantas utilizadas em programas de
biomonitoramento. Porém, uma das mais recentes, proposta por De Temmerman et al. (2004)
com base em extensa revisão bibliográfica, parece bastante adequada, por classificar as
plantas de acordo com o tipo de resposta bioindicadora predominante que apresentam.
Assim, de acordo com esses autores, temos: a) plantas biosensoras ou biomarcadoras, que são
aquelas que mostram danos “invisíveis”, em níveis celular, molecular, bioquímico ou
fisiológico (ex: clones de Tradescantia, que mostram alterações cromossômicas); b) plantas
bioacumuladoras, que são consideradas tolerantes, por acumularem elementos da poluição do
ar e partículas em seus tecidos (ex: Lolium multiflorum ssp. italicum cv. Lema, cultivar
acumuladora de metais pesados, enxofre, flúor); c) comunidades de plantas apontadoras, nas
quais observam-se mudanças na composição em espécies ou nas relações fitossociológicas
entre as espécies (ex: comunidades de líquens) e d) plantas bioindicadoras, que são sensíveis
e mostram sintomas visíveis, como necroses ou cloroses (ex: Nicotiana tabacum Bel W3,
bioindicadora de ozônio).
19
O biomonitoramento com plantas é considerado uma ferramenta vantajosa, pois os
métodos utilizados são efetivos para indicar a presença e, em certos casos, estimar os níveis
de poluentes aéreos e seus impactos sobre os receptores biológicos, além de permitir
monitorar riscos impostos por vários poluentes aos seres vivos.
Um programa de biomonitoramento que obteve sucesso foi o EUROBIONET (rede
européia para avaliação da qualidade do ar utilizando plantas bioindicadoras), realizado entre
2000 e 2003. Este foi coordenado por pesquisadores da Universidade de Hohenheim, na
Alemanha e envolveu 10 países europeus. As plantas bioindicadoras utilizadas foram o
choupo (Populus nigra), o clone 4430 de Tradescantia (proveniente de um híbrido entre T.
subcaulis e T. hirsutifolia), azevém (Lolium multiflorum ssp. italicum cv. Lema), couve
(Brassica oleracea achepala) e tabaco (Nicotiana tabacum Bel W3). Os objetivos desse
programa foram estabelecer o uso de plantas bioindicadoras para avaliar a qualidade do ar na
Europa e transferir conhecimentos e métodos na área de biomonitoramento para instituições
científicas e repartições públicas (Klumpp et al. 2001). Nesse programa, por exemplo, foi
possível mapear com sucesso as áreas mais e menos afetadas por ozônio nas diferentes
cidades envolvidas, independentemente de sua localização geográfica, utilizando plantas de
N. tabacum ‘Bel-W3’ (Klumpp et al. 2006).
A cultivar Bel W3 de Nicotiana tabacum é uma planta bioindicadora sensível ao
ozônio, muito utilizada em programas de biomonitoramento. Trata-se de uma espécie
herbácea dicotiledônea pertencente à família Solanaceae (Cronquist 1981). Segundo
Heggestad (1991), o início da padronização de N. tabacum ‘Bel W3’ como bioindicadora de
ozônio data de 1957, com o início de pesquisas para determinar as causas de manchas que
surgiam nas folhas das plantações de tabaco em Connecticut Valley, em determinadas épocas
do ano. Essas manchas eram inicialmente atribuídas ao clima, sendo referidas como weather
flecks. No ano seguinte, no sul da Califórnia, pesquisas científicas atribuíram ao ozônio a
responsabilidade pelo surgimento de danos foliares em parreiras. Em 1959, ainda nos Estados
20
Unidos, foi realmente constatado que o ozônio era responsável pelos danos em parreiras e
apresentavam similaridade com o tabaco. Nesse mesmo ano, diversos estudos californianos
concluíram que o ozônio também era responsável pelas manchas no tabaco. 3 cultivares
de tabaco, bem definidas quanto à sensibilidade ao ozônio: a cultivar Bel B, que é
considerada resistente; a cultivar Bel C, que é considerada intermediária e a Bel W3, a
cultivar sensível. Em 1962, a cultivar Bel W3 foi recomendada como as primeiras plantas
bioindicadoras de ozônio (Heggestad 1991).
Nicotiana tabacum Bel W3, devido a sua alta sensibilidade, manifesta sintomas
foliares visíveis rapidamente, quando exposta sob baixos níveis de contaminação atmosférica
por ozônio, os quaiso muitos característicos e facilmente quantificáveis (Heggestad 1991).
As necroses induzidas por ozônio nas folhas de N. tabacum Bel W3 têm diferentes tamanhos
e formatos, ocorrendo sempre entre as nervuras. Inicialmente, ocorre o decréscimo do
volume das células injuriadas, formando depressões na superfície foliar adaxial, com o tempo
tornam-se de cor prata a bege e então marrom clara (Figura 4). O protocolo de métodos para
utilização dessa planta em biomonitoramento, do cultivo à exposição em campo e à avaliação
das injúrias foliares, tem sido constantemente revisado e atualizado pelo VDI (Verein
Deutsher Ingenieure), órgão alemão responsável pela definição e atualização dos protocolos
relacionados ao biomonitoramento com plantas. O protocolo mais recente encontra-se
descrito em VDI 2003.
21
Figura 4. Necroses (representadas em 30%) tipicamente induzidas por ozônio em
folhas de N. tabacum Bel W3.
Neste protocolo há recomendação de que as necroses sejam mentalmente agrupadas e,
então, seja estimado o quanto da área foliar é ocupada pelas mesmas, que as estimativas
sejam sempre feitas somente para necroses típicas e que estas sejam feitas sempre pela
mesma pessoa, previamente treinada na metodologia. Assim, assume-se que erros de
quantificação durante a avaliação visual são de importância secundária em relação à variação
normal dos efeitos entre as plantas introduzidas no mesmo local.
Existem equipamentos e programas de computador capazes de calcular a área foliar
total, entretanto, a estimativa da área necrosada é mais difícil, uma vez que tais equipamentos
ou programas específicos não têm sensibilidade suficiente para identificar as diferentes
tonalidades das cloroses e necroses. Em função desse fato e da praticidade e dos bons
resultados alcançados, a estimativa visual tem sido adotada na grande maioria dos estudos em
Silvia Maria Romano Sant’Ann
a
22
que se empregam técnicas de biomonitoramento com plantas sensíveis e naqueles em que são
feitos mapeamentos em grande escala dos efeitos de poluentes atmosféricos sobre florestas
nos continentes europeu e americano, com base em sintomas foliares visíveis.
O tabaco foi amplamente utilizado para avaliação dos níveis de contaminação
atmosférica por ozônio em países de clima temperado. Peñuelas et al. (1999) e Ribas e
Peñuelas (2002 e 2003) verificaram que a porcentagem de danos foliares em plantas de
tabaco expostas na região da Catalunha (Espanha) seguiu o padrão de concentração de
ozônio. Klumpp et al. (2006), como mencionado anteriormente, expuseram o tabaco em
várias cidades européias e observaram qualitativamente, com eficiência, o impacto do ozônio
em áreas urbanas, suburbanas e rurais.
Outros estudos analisaram os efeitos do ozônio, em nível bioquímico e histoquímico
em plantas de tabaco, confirmando sua alta sensibilidade ao estresse oxidativo induzido pelo
poluente. Langebartels et al. (2002) constataram que o acúmulo de peróxido de hidrogênio
no tabaco ocorre no espaço extracelular, ao redor das lulas paliçádicas. Esses locais de
acúmulo de peróxido de hidrogênio correspondem aos locais onde ocorre morte celular em
cultivares de tabaco e tomate, gerando futuros danos. Baker et al. (2002) constataram que
células saudáveis de tabaco e de tomate apresentam depósitos extracelulares significantes de
compostos fenólicos, que atenuam a explosão oxidativa resultante de estresse, como ataques
de micróbios. Schraudener et al. (1998) fumigaram plantas de tabaco Bel W3 e Bel B e
corroboraram alguns resultados de Langebartels et al. (2002): a cultivar Bel W3 apresenta
um acúmulo de peróxido de hidrogênio, considerado o local inicial da explosão oxidativa.
No Brasil, a cultivar Bel W3 de tabaco também foi utilizada em biomonitoramento
qualitativo. Klumpp et al. (1994) e Domingos et al. (1998) estudaram a região de Cubatão,
no estado de São Paulo, e verificaram que quanto mais distantes das fontes de poluição,
maiores eram as porcentagens de danos foliares. Sant’Anna (2007), em sua tese de
doutorado, avaliou o potencial de uso de N. tabacum Bel W3 como bioindicadora de ozônio
23
na cidade de São Paulo, utilizando para isso o parâmetro de dano foliar relacionado à
concentração de ozônio atmosférico. Com esse trabalho, a autora confirmou que, nas nossas
condições atmosféricas, a planta utilizada foi eficiente para distinguir as áreas e as épocas do
ano mais e menos contaminadas por ozônio, ou seja, também para biomonitoramento
qualitativo. Porém, a variação da porcentagem de danos foliares foi pouco explicada por
variação na concentração de ozônio, fato que deveria ocorrer para que se pudesse utilizá-la
de forma padronizada para biomonitoramento quantitativo. A autora verificou que fatores
climáticos e, possivelmente, outros poluentes oxidativos presentes na atmosfera urbana de
São Paulo, ao atuarem sobre as plantas, interferem na relação entre danos foliares e veis de
ozônio na atmosfera.
Aliás, diversos autores demonstraram que as variações meteorológicas também
interferem na eficiência da resposta bioindicadora de N. tabacum Bel W3, sob condições de
clima temperado. Koppel & Sild (1995) constataram que as condições climáticas foram
importantes para explicar o efeito de ozônio sobre essa cultivar na Estônia. Antonielli et al.
(1997) e Finnan et al. (1996) afirmaram que a radiação foi fator importante para determinar
seu grau de sensibilidade em estudos realizados na Itália e Irlanda, respectivamente. Peñuelas
et al. (1999) também verificaram em seu estudo que a fitotoxicidade do ozônio, na Espanha,
varia fortemente em diferentes estações e períodos, dependendo de fatores como temperatura,
umidade e ventos, que atuam na abertura e fechamento dos estômatos.
Certamente os fatores meteorológicos afetam as trocas gasosas, regulando, também, o
fluxo de ozônio para o interior das plantas e, assim, a intensidade de necroses foliares,
conforme foi mencionado pelos citados autores e por Klumpp et al. (2006). Mas, é possível
supor também que as variações na concentração de ozônio e/ou nas condições
meteorológicas podem alterar as respostas antioxidativas diárias e, por conseguinte, a
manifestação de danos foliares em N. tabacum Bel W3. Esta foi a hipótese testada no
presente trabalho.
24
Portanto, os objetivos traçados foram:
a) Determinar, em experimentos de campo, as relações entre as necroses foliares
e respostas antioxidativas diárias (concentração de ácido ascórbico total e
atividade das enzimas superóxido dismutase e peroxidases) em plantas de
tabaco em um local da cidade de São Paulo contaminado por altos níveis de
ozônio atmosférico e entre essas medidas biológicas e variações em fatores
ambientais ao longo dos períodos experimentais;
b) Confirmar, em câmaras de fumigação, a existência das relações entre os
mesmos indicadores de defesas antioxidativas e necroses foliares em plantas
de tabaco expostas a concentrações conhecidas de ozônio atmosférico,
simulando a concentração de O
3
que ocorre na cidade de São Paulo.
Os resultados serão apresentados nos capítulos a seguir. No capítulo II, será abordado
o experimento realizado em campo e, no capítulo III, serão apresentados os resultados dos
experimentos realizados em câmaras de fumigação. Finamente, o capítulo IV será destinado
para a discussão conjunta de todos os resultados obtidos.
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Determination and evaluation of the phytotoxic effects of photooxidants. Method of the
standardized tobacco exposure. VDI 3957/6. VDI/DIN Handbuch Reinhaltung der Luft,
Vol. 1a, Beuth, Berlin.
World Health Organization (WHO). 1979. Environmental Health Criteria: Photochemical
Oxidants, Geneva.
32
CAPÍTULO II
RELAÇÕES ENTRE RESPOSTAS ANTIOXIDATIVAS E INJÚRIAS FOLIARES
EM PLANTAS DE NICOTIANA TABACUM “BEL W3” EM AMBIENTE POLUÍDO
POR OZÔNIO, NA CIDADE DE SÃO PAULO, BRASIL
33
Resumo
A poluição atmosférica causa perturbações ambientais que podem ser avaliadas
através de reações específicas mostradas por plantas bioindicadoras. A cultivar Bel W3 de
Nicotiana tabacum está entre as espécies sensíveis mais utilizadas em biomonitoramento de
ozônio atmosférico, mostrando uma relação satisfatória entre concentrações atmosféricas de
ozônio e porcentagem de área foliar necrosada. Entretanto, alguns estudos recentes realizados
por nosso grupo de pesquisa relatam que tais necroses podem ser influenciadas o somente
por ozônio como também por variações climáticas e modificadas na presença de outros
poluentes. Dessa forma, supomos que essa cultivar pode apresentar defesas antioxidativas
mais intensas quando expostas em locais poluídos da nossa cidade. Assim, objetivou-se
verificar se plantas de N. tabacum Bel W3 mostram respostas antioxidativas às variações nas
condições climáticas e de poluição de São Paulo, e se estas podem retardar o surgimento de
necroses foliares visíveis ou restringir sua progressão. Para isso, foram realizadas,
diariamente, análises espectrofotométricas de antioxidantes (ácido ascórbico total-AA,
superóxido dismutase-SOD e peroxidase-POD) e análises visuais de injúrias em folhas de
plantas de tabaco, expostas em ambiente de São Paulo poluído por ozônio por 14 dias e em
quatro períodos distintos do ano, e determinar a relação desses parâmetros biológicos com
fatores abióticos (ozônio, temperatura, umidade e radiação global). Verificou-se que 63% das
injúrias foliares puderam ser explicadas por menores níveis de antioxidantes (AA e SOD) no
momento da estimativa de área foliar ocupada pelas mesmas e por maiores valores de
concentração de ozônio e de temperatura do ar quatro dias antes dessa estimativa. Esses
resultados corroboram os de diversos estudos anteriores e demonstram que a cultivar deve ser
utilizada cautelosamente como bioindicadora de ozônio em nossas condições atmosféricas.
Palavras-chave: biomonitoramento, ozônio, Nicotiana tabacum Bel W3, antioxidantes
34
Abstract
Air pollution causes environmental disturbances that can be evaluated through
specific reactions shown by bioindicator plants. The cultivar Bel W3 of Nicotiana tabacum
has high sensitivity to atmospheric ozone (O
3
) and is among the species mostly used in
biomonitoring programs, showing a satisfactory relationship between concentration of
atmospheric ozone and percentage of injured leaf area. However, some recent studies carried
out by our research group have reported that the percentage of leaf area affected by necroses
in plants growing under the polluted atmosphere in the city of São Paulo can be influenced
by weather variations, and modified in the presence of other atmospheric pollutants.
Furthermore, we supposed that this cultivar can intensify antioxidative responses when
exposed to polluted sites in our city. Therefore, the objective of the present study was to
verify if N. tabacum Bel W3 shows antioxidative responses to variations on the climatic
conditions and on air pollution contamination in São Paulo and if these responses can retard
the appearance of leaf necroses or restrict their progression. For this reason, we performed
everyday spectrophotometric analysis of antioxidants (ascorbic acid-AA, superoxide
dismutase-SOD and peroxidase-POD) and visual analysis of injury in leaves of tobacco
plants exposed for 14 days in an area of Sao Paulo contaminated by ozone, during four
distinct periods of the year. The relationship between these biological parameters and
abiotic factors (ozone, temperature, humidity and global radiation) was also determined. We
verified that lower levels of antioxidants (AA and SOD) at the moment of injury evaluation
and by higher values of ozone concentrations and of air temperature four days before this
evaluation could explain 63% of leaf injury. These results corroborate those from several
studies previously conducted, and demonstrate that the plant should be used cautiously as
ozone bioindicator under the weather conditions observed in the city of São Paulo.
Keywords: biomonitoring, ozone, Nicotiana tabacum Bel W3, antioxidants
35
Introdução
A atmosfera da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) é fortemente afetada pelo
fenômeno urbano denominado smog fotoquímico, que é formado na troposfera por meio de
reações entre hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio (NO
x
) na presença de luz solar,
produzindo ozônio (O
3
) e outras espécies oxidantes (Souza et al. 1998). Nessa região, os
níveis de O
3
são altos o suficiente para exceder diversas vezes os padrões de qualidade do ar
de 80 ppb por 1 hora, causando sérios problemas ambientais na região (Molina & Molina
2004).
O O
3
é um forte oxidante, nocivo para as plantas (Fuhrer et al. 1997). Os efeitos
oxidativos nos processos metabólicos, fisiológicos e ultra-estruturais nas células das plantas
ocorrem devido à produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) tão logo o O
3
é
absorvido através dos estômatos (Mehlhorn et al. 1990, Schraudner et al. 1998, Pucckette et
al. 2007). Entretanto, a extensão dos danos oxidativos na planta dependerá do grau de
sensibilidade da planta ao O
3
, que é determinado, entre outros aspectos, pela eficiência de seu
sistema de defesas antioxidativas de manter o balanço pró-oxidante/antioxidante (Muggli
1993, Bray et al. 2000). As enzimas superóxido dismutase (SOD) e peroxidases (POD),
assim como o ácido ascórbico (AA) uma molécula não enzimática solúvel em água entre
outras substâncias com função antioxidativa, ao serem mobilizadas, podem eliminar ao
menos parte das EROs e/ou reparar os danos causados por elas, aumentando a resistência das
plantas às condições estressantes do ambiente poluído (Winston 1990, Bray et al. 2000,
Halliwell & Gutteridge 2007).
As alterações nos níveis de antioxidantes, que podem resultar no restabelecimento do
balanço pró-oxidante/antioxidante, são consideradas respostas precoces de plantas à
contaminação atmosférica por poluentes oxidativos e/ou às variações em fatores ambientais
naturalmente estimuladores da formação de EROs, como os climáticos, que estão envolvidos
em processos fisiológicos. Isto porque tais alterações não somente ocorrem antes da
36
observação dos distúrbios metabólicos ou fisiológicos nas células das plantas ou mesmo de
injúrias visíveis em plantas sensíveis, como também podem retardar seu surgimento ou
minimizá-los. O estresse oxidativo, assim, é caracterizado a partir do momento em que a
quebra desse balanço, induzindo a ocorrência de injúrias em células e tecidos vegetais (Faoro
& Iriti 2005).
Em tese, em espécies vegetais sensíveis ao O
3
, o balanço pró-oxidante/antioxidante é
rapidamente quebrado, culminando na morte de células ou mesmo de porções de tecido.
Conseqüentemente, ocorrem as injúrias visíveis típicas nas plantas, como necroses foliares
(Manning & Feder 1980, Larcher 2000). Em função disto, tais plantas vêm sendo utilizadas
como simples, porém eficientes bioindicadoras em programas de biomonitoramento. A
cultivar Bel W3 de Nicotiana tabacum, devido a sua extrema sensibilidade, tem sido
freqüentemente utilizada para o biomonitoramento de O
3
atmosférico em centros urbanos
europeus (Koppel & Sild 1995, Vergé et al. 2002, Klumpp et al. 2006).
Essa cultivar de tabaco foi primeiramente utilizada na região sudeste do Brasil, ao
redor do pólo industrial, mostrando habilidade em discriminar qualitativamente locais mais e
menos afetados por O
3
(Klumpp et al. 1994, Domingos et al. 1998). Entretanto, um estudo
recente e intensivo realizado na cidade de São Paulo, situada na mesma região do país,
mostrou que a porcentagem de área foliar de N. tabacum Bel W3 afetada por necroses não
estava diretamente relacionada apenas com as concentrações de ozônio atmosférico
(Sant’Anna 2007). Além disso, Souza et al. (2008) verificaram que sempre um atraso de
três a seis dias no surgimento dos primeiros danos foliares visíveis, independentemente do
nível de contaminação atmosférica por O
3
. Dessa forma, as seguintes hipóteses são
levantadas: a) variações diárias nos níveis de antioxidantes são determinantes da
porcentagem de área foliar afetada pela necrose durante a permanência de plantas de N.
tabacum Bel-W3 em ambiente poluído por ozônio; b) as respostas antioxidativas diárias e,
por conseguinte, a extensão dos danos visíveis, podem ser influenciadas por variações diárias
37
ou sazonais na concentração de O
3
e/ou nas condições meteorológicas da cidade de São
Paulo, visto que esta cultivar pode não estar bem aclimatada para o clima subtropical, o qual
caracteriza a região sudeste do Brasil. Neste estudo, objetivou-se testar essa hipótese, por
meio do estabelecimento das relações diárias entre a porcentagem de área foliar afetada por
necroses e níveis foliares de antioxidantes (AA total, SOD e POD) em plantas de N. tabacum
Bel W3 expostas por 14 dias em um local da cidade de São Paulo tipicamente afetado por O
3
atmosférico e entre essas variações diárias nas concentrações de O
3
e nas condições
meteorológicas, em diferentes períodos do ano.
Material e Métodos
Cultivo e exposição de plantas de Nicotiana tabacum Bel W3
Sementes de N. tabacum Bel W3 foram germinadas em gerbox de plástico de 100 cm
2
contendo preparado de substrato comercial Plantimax (Eucatex) e vermiculita fina, na
proporção de 3:1 (Figura 1). Após a germinação das sementes, em aproximadamente duas
semanas, as plântulas foram transplantadas para vasos plásticos, contendo o mesmo
preparado de substrato comercial. Os vasos permaneceram em casa de vegetação com ar
filtrado (Figura 2), no Instituto de Botânica, a o início de cada exposição, sobre caixas
plásticas cobertas com tela de arame galvanizado. A irrigação adequada das plantas foi
garantida por capilaridade (Figura 3), através de cordões de náilon inseridos na base dos
vasos, sendo que uma de suas extremidades esteve em contato com as raízes e a outra
extremidade permaneceu mergulhada em água de torneira contida na caixa plástica (VDI,
2003). Para uma nutrição favorável, as plantas receberam solução nutritiva preparada com
macro e micronutrientes, de acordo com protocolo proposto por Epstein (1975). As plantas
foram expostas após o desenvolvimento total da 4ª, e folhas, sendo que, após três
semanas do transplante, a folha foi marcada com barbante para facilitar a identificação de
38
tais folhas, que foram analisadas quanto ao conteúdo ou atividade das espécies antioxidativas
e à porcentagem de área foliar afetada por injúrias foliares.
Figura 1. Plântulas de N. tabacum Bel W3 desenvolvendo-se em gerbox.
Figura 2. Casa de Vegetação com ar filtrado, instalada no Instituto de Botânica (São
Paulo): ambiente utilizado para produção das plantas e como referência para as etapas
experimentais realizadas neste capítulo.
Maurício Lamano Ferreira
39
Figura 3. Irrigação das plantas de N. tabacum Bel W3 por capilaridade.
O local de exposição das plantas de N. tabacum Bel W3, assim como a mencionada
casa de vegetação, está situado em um parque estadual na região sul da cidade de São Paulo –
Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) entre os paralelos 28° 38’ 08’’S e 23° 40’
18’’S e os meridianos 46° 36’ 48’’W e 46° 38’ 00’’W e a aproximadamente 3 km de uma
importante rodovia que apresenta um tráfego veicular freqüentemente denso. O ar nessa
região é principalmente contaminado por ozônio, e seus precursores parecem ser oriundos
predominantemente de emissões biogênicas de fragmentos de floresta protegidos pelo parque
estadual e de emissões veiculares (Souza & Carvalho 2001, Monteiro et al. 2002). A cidade
de São Paulo é a maior em área e população do complexo denominado Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP), que agrega 39 municípios e ocupa 8.501 km de área, além de ser
considerada a maior região industrializada e urbanizada da América Latina (Molina &
Molina 2004). A RMSP apresenta uma topografia complexa, rodeada por montanhas que
atingem de 650 a 1.200 m de altura, condições ideais para freqüente acúmulo de poeira e
baixa dispersão de poluentes atmosféricos.
Marisa Domingos
40
O clima na RMSP é subtropical, com estação mais seca ocorrendo no inverno. As
médias de temperaturas mensais no verão e no inverno alcançam 23°C (de dezembro a
fevereiro) e 16°C (de junho a agosto), respectivamente. A estação mais chuvosa normalmente
tem início em setembro e término em março, com uma média anual de precipitação de 1.200
mm. A circulação local é dada por ventos do sudeste e nordeste, principalmente associada
com a circulação da brisa vinda do oceano Atlântico (Andrade 2004).
Vinte e oito plantas de N. tabacum Bel W3 foram expostas às condições ambientais
do local mencionado em quatro períodos distintos de catorze dias: a exposição ocorreu no
inverno (no período de 31 de agosto a 09 de setembro de 2004), a exposição ocorreu no
início da primavera (14 a 27 de outubro de 2004), a exposição ocorreu no final da
primavera (21 de novembro a 04 de dezembro); e finalmente a exposição ocorreu no final
do verão (07 a 19 de março de 2005). Durante tais períodos, as plantas foram mantidas, no
local descrito, sobre suportes construídos com base em modelo proposto por Arndt &
Schweizer (1991) (Figura 4). Além do lote de plantas exposto nas condições ambientais do
PEFI em cada período, outro lote permaneceu na casa de vegetação, que foi considerada
como local de referência, especialmente para ocorrência de injúrias foliares por possuir ar
filtrado e climatizado.
Durante cada período de exposição, a porcentagem de área afetada por necroses
típicas, as concentrações de AA e as atividades das enzimas SOD e POD foram analisadas
diariamente, nas 4ª, e folhas de duas plantas amostradas aleatoriamente em ambos os
ambientes.
41
Figura 4. Suporte para exposição das plantas de N. tabacum Bel W3 nas condições
ambientais do PEFI (adaptado de Arndt & Schweizer 1991).
Procedimentos analíticos
As necroses tipicamente induzidas por ozônio nas folhas de N. tabacum Bel W3 têm
diferentes tamanhos e formatos, ocorrendo sempre entre as nervuras. Inicialmente, são de cor
prata a bege e com o tempo tornam-se de cor marrom claro (Figura 5A). Devido ao
decréscimo do volume das células injuriadas, as necroses formam depressões na superfície
foliar, em relação aos tecidos sadios, mesmo nos estágios muito iniciais, quando a mudança
de cor ainda não ocorreu (VDI 2003).
A análise visual dos danos em plantas sensíveis é um procedimento recomendado
pelo Verein Deutscher Ingenieure (VDI), órgão alemão responsável pela definição e
atualização dos protocolos relacionados ao biomonitoramento com plantas. Por questões de
ordem prática, esse órgão recomenda que as necroses sejam mentalmente agrupadas e, então,
seja estimado o quanto da área foliar é ocupada pelas mesmas, que as estimativas sejam
Marisa Domingos
42
sempre feitas somente para necroses típicas e que estas sejam feitas sempre pela mesma
pessoa, previamente treinada no método.
A porcentagem de área foliar com danos típicos induzidos por ozônio foi expressa em
classes de 5 em 5% de área foliar danificada nas folhas número 4, 5 e 6 (Figura 5B).
Figura 5A) Necroses foliares típicas induzidas por ozônio em folhas de N. tabacum
Bel W3; 5B) Desenho ilustrando a marcação da 3ª folha mais velha, visando obter referência
da posição das 4ª, 5ª e 6ª folhas a serem analisadas.
A cada dia, todos antioxidantes foram analisados em porções das folhas não afetadas
por necroses, no momento exato da preparação dos respectivos extratos. As coletas das
folhas e a preparação dos extratos foram sempre feitas numa mesma seqüência de tempo para
evitar variações causadas por ritmos diurnos que poderiam interferir na interpretação dos
resultados. Os antioxidantes foram determinados por métodos espectrofotométricos
específicos considerando os conceitos básicos da lei de Beer (Harris, 2001). Para todas as
determinações, foram utilizados espectrofotômetro (UV-160, Shimadzu) e cubetas de quartzo
B
A
Silvia M. R. Sant’Anna www.regals.net
43
de 1cm de caminho óptico. Os métodos analíticos utilizados para as determinações das
substâncias de interesse estão descritos a seguir:
Ácido Ascórbico total (AA) - Após a avaliação dos danos visuais, as folhas (4ª, 5ª e 6ª)
foram submetidas a análises químicas para determinação de ácido ascórbico. A concentração
de ácido ascórbico foi determinada através do método sugerido por Keller & Schweizer
(1977). Cerca de 0,5 g de cada folha fresca das respectivas plantas foi triturada com uma
solução extração contendo ácido oxálico a 0,05 mol/L e EDTA (etileno diamina tetra acetato
dissódio) a 2,01. 10
-3
mol/L. Os extratos foram centrifugados por 30 minutos na velocidade
de 18.000 rpm e temperatura de 2 ºC. O sobrenadante foi armazenado em geladeira por
aproximadamente 30 minutos antes da análise. Para determinar a concentração de ácido
ascórbico, foi obtida a absorbância, em comprimento de onda λ = 520nm, de uma alíquota do
extrato contendo, como reagente cromóforo, 0,2 g/L de 2,6 diclorofenol-indofenol sal de
sódio dihidratado e de outra alíquota do mesmo extrato contendo, além do cromóforo, ácido
ascórbico 1%. A concentração de ácido ascórbico foi calculada através da diferença dessas
absorbâncias, expressa em [mg/g (ms)].
Superóxido Dismutase (SOD)A atividade da superóxido dismutase foi determinada
a seguir, em 0,35 g de folhas frescas (4ªs, 5ªs e s). Um volume de 6 mL da solução
extração, contendo tampão fosfato de potássio 50mM (pH = 7,5), EDTA (1mM), NaCl (50
mM) e ácido ascórbico (1 mM), e cerca de 1,5 g de PVP (polivinilpolipirrolidona) foi
adicionado em tubos contendo as folhas frescas e recém-pesadas, sendo os extratos obtidos
por trituração.. Estes foram centrifugados por 25 minutos na velocidade de 10.000 rpm e na
temperatura de 2ºC. O sobrenadante foi armazenado em geladeira até o momento da análise.
A atividade enzimática foi determinada espectrofotometricamente utilizando NBT (nitro blue
tetrazolium) a 4,4.10
-4
mol/L e riboflavina (vitamina B2) a 1,06.10
-3
mol/L como reagentes
cromóforos (Osswald et al. 1992). Soluções controle contendo apenas reagentes foram
mantidas no escuro enquanto soluções contendo extrato e reagentes permaneceram por 30
44
minutos expostas à luz fluorescente. Após esse período, a absorbância dos extratos foi
medida contra a absorbância das soluções controle, em comprimento de onda igual a λ =
560nm. A atividade da enzima foi determinada pela inibição da redução do NBT, expressa
em Uni/SOD/gs.
Peroxidase (POD) A atividade da peroxidase foi finalmente determinada também
em folhas frescas. Para tal, 0,3 g de folhas foram trituradas com 6 mL de solução extração
(tampão fosfato de potássio 0,1M em pH = 7,0) e cerca de 1,5 g de PVP
(polivinilpolipirrolidona). O extrato resultante foi centrifugado por 30 minutos em uma
velocidade de 18.000 rpm e temperatura igual a 2 ºC. O sobrenadante foi armazenado em
geladeira até o momento da análise. A atividade da peroxidase foi determinada
espectrofotometricamente através da medida da absorbância obtida pela reação entre a
peroxidade e p-fenilenodiamina (0,0925 mol/L), catalisada com peróxido de hidrogênio 0,3
%, em comprimento de onda igual a λ = 485nm (Klumpp et al. 1989). A atividade
enzimática foi expressa em dE/min/gs.
No presente estudo, a atividade da peroxidase começou a ser monitorada apenas na
exposição, devido à impossibilidade de armazenamento das amostras em freezer a -40°C, o
qual se encontrava danificado na época do experimento.
Vale ressaltar que todas as etapas de obtenção da concentração de AA e da
determinação da atividade dos antioxidantes enzimáticos foram realizadas em banho de gelo,
para que não ocorresse a perda dessas substâncias.
Os níveis de ozônio durante as quatro exposições foram monitorados continuamente
por um analisador de ozônio modelo Ecotech
TM
9680. Os dados contínuos de radiação
global, temperatura e umidade relativa do ar foram obtidos em estação meteorológica do
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo
(IAG/USP), também localizada no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), bairro da
Água Funda.
45
Análises Estatístcas
Diferenças estatísticas entre as exposições foram determinadas por análise de
variância (One Way ANOVA) seguida por teste de comparações de pares de Student-
Newman-Keuls.
Foram realizadas análises de regressão multivariada para determinar o quanto da
variação na extensão de área foliar afetada por danos pôde ser explicada por variações em
fatores abióticos (temperatura, umidade relativa, radiação global e ozônio) e respostas
antioxidativas (AA total, SOD, POD), e quais deles contribuem significativamente para
explicar a ocorrência de danos foliares. Essas análises foram feitas com todo o conjunto de
dados, utilizando-se os valores obtidos por planta em cada dia de análise (para danos e
antioxidantes foliares) e valores médios dos fatores abióticos quatro dias antes da tomada dos
dados biológicos. Optou-se por esse modelo, visto que foi o mais explicativo entre os
testados, nos quais relacionaram-se os dados biológicos às condições ambientais observadas
até sete dias antes da tomada dos mesmos. Essas análises multivariadas foram realizadas pelo
método Stepwise. O procedimento de ajuste de cada regressão iniciou com um modelo
saturado, com todas as variáveis presentes, removendo aquelas de menor participação para
explicar as variações nos antioxidantes e novos ajustes foram feitos. Ao final, permaneceram
somente as variáveis que contribuíram significativamente para explicar as variações nas
variáveis biológicas.
Quando necessário, os dados foram transformados para alcançar a normalidade e
variâncias iguais.
O programa estatístico SIGMA STAT 2.0 foi utilizado para todos os testes aplicados.
Resultados
O perfil médio de temperatura, umidade relativa do ar e radiação global é apresentado
na figura 6 e os valores médios desses parâmetros estão descritos na tabela 1. o perfil da
46
concentração de ozônio atmosférico e porcentagem de injúrias foliares é apresentando na
figura 7, sendo que seus valores médios estão descritos nas tabelas 1 e 2, respectivamente. Os
maiores valores de ozônio foram encontrados na e exposições, e os menores nas e
exposições. Os níveis máximos foram medidos na primavera, alcançando valores acima de
80 ppb (correspondente a 160), especialmente em setembro, durante a exposição. Além
disso, nessa exposição, picos de concentração de ozônio foram observados em contraste com
a umidade relativa do ar; por exemplo, 90 e 30 ppb de ozônio (correspondentes a 180 e 60
µg/m
3
de ozônio) foram medidos em dias com umidade relativa de 60 e 90%,
respectivamente. Também na 2ª exposição, os níveis de ozônio foram menores quando
comparados aos medidos na 1ª exposição, quando a umidade relativa era mais alta. As
oscilações ao longo das exposições na radiação global e na temperatura foram menos
evidentes do que nos níveis de ozônio. Os maiores índices de radiação global e de
temperatura foram observados na e exposição, respectivamente. Na exposição, a
umidade relativa foi significativamente mais alta do que nas demais. A temperatura foi
significativamente menor na 4ª exposição, em comparação com os valores obtidos nos
experimentos anteriores.
47
Figura 6. Perfil diário da temperatura, umidade relativa do ar e radiação global
durante as 4 exposições de N. tabacum Bel W3 no ar ambiente do Instituto de Botânica. A =
1ª exposição, B = 2ª exposição, C = 3ª exposição e D = 4ª exposição.
0,0
10,0
20,0
30,0
temperatura (
o
C)
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
umidade (%)
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
31/8
/2
0
0
4
2
/9/2
0
0
4
4
/
9
/2
0
0
4
6/9
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0
0
4
8/9
/2
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1
0
/
9
/2
0
0
4
1
2
/
9
/2
0
0
4
1
4/10/200
4
1
6/1
0
/2
0
0
4
1
8/1
0
/2
0
0
4
20
/1
0
/2
0
0
4
22
/1
0
/
2004
24
/
10/2004
26
/
10/2004
2
1/1
1
/2
0
0
4
23
/1
1
/2
0
0
4
25
/1
1
/
2004
27
/
11/2004
29/11/2004
1/
1
2
/2
0
0
4
3/
1
2/2004
7/3
/2
0
0
5
9/3
/2
005
1
1
/
3
/2
0
0
5
1
3
/
3
/2
0
0
5
15/3
/2
0
0
5
17/3
/2
005
19/3/2005
radião global (MJ/m
2
)
A
C
B
D
48
Figura 7. Perfil diário da média de concentração de ozônio atmosférico e injúrias
foliares durante as 4 exposições de N. tabacum Bel W3 no ar ambiente do Instituto de
Botânica. A = 1ª exposição, B = 2ª exposição, C = 3ª exposição e D = 4ª exposição.
Na figura 8, são apresentados os valoresdios de temperatura e de umidade relativa
medidos no local de referência (casa de vegetação), para as quatro exposições de N. tabacum,
no decorrer dos 14 dias de experimento. Tais variáveis climáticas oscilaram pouco. Em
média, a temperatura máxima foi de 25,7°C e a mínima de 21,8°C (desvio padrão + 0,92) e a
umidade relativa do ar apresentou máxima de 77,8% e mínima de 50% (desvio padrão + 7,1).
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
ozônio (ppb)
0,00
20,00
40,00
60,00
31/8
/
2004
2
/
9
/
2
0
04
4/9/2004
6
/
9
/
2
00
4
8
/
9
/
2
0
04
10/9/2004
1
2
/
9/2
004
1
4/10/2004
16/10
/
2
0
04
18
/
1
0/20
0
4
20/10/2004
22/10
/20
04
2
4/
1
0/20
0
4
26/10/2
0
04
2
1/11/2004
23/11
/
2
0
04
2
5/
1
1/20
0
4
27/11/2004
29
/
11
/20
04
1/12/2004
3
/
12
/2
004
7/3/
2
005
9
/
3
/
2
00
5
11
/
3/2
0
05
13/3/2005
1
5
/
3/2
00
5
17
/
3/2
0
05
19/3
/
2005
injúria foliar (%)
A
B
C
D
49
Figura 8. Perfil médio diário de temperatura e umidade relativa do ar obtidos nas
quatro exposições de N. tabacum em casa de vegetação, ao longo dos 14 dias de exposição.
Como o houve diferenças marcantes nos níveis de antioxidantes entre as 4
a
, 5
a
e 6
a
folhas de cada planta, estes foram apresentados como médias, tanto para plantas mantidas na
casa de vegetação como para as exposta no ambiente poluído.
Nenhum dano foliar foi observado nas folhas das plantas que permaneceram na casa
de vegetação durante as quatro exposições, demonstrando a eficácia desse local como local
de referência para danos visíveis. A média das espécies antioxidantes nas folhas dessas
plantas é apresentado na tabela 2. Nota-se que a atividade das enzimas superóxido dismutase
e peroxidase o diferiu significativamente ao longo das exposições. A concentração de
ácido ascórbico, por sua vez, foi significativamente maior nas plantas das 1
a
e 4
a
exposições.
Nas plantas mantidas fora da casa de vegetação, em todas as exposições, foram
observados danos foliares tipicamente induzidos por ozônio, conforme mostrado na figura 5.
Os primeiros sintomas típicos surgiram entre o e o dia de exposição, e foram
encontrados em todas as 4
as
folhas e em quase todas as 5
as
e 6
as
folhas s. A extensão média de
área foliar afetada por danos visíveis não diferiu significativamente entre os períodos de
exposição, como pode ser observado na tabela 2. A porcentagem média de necroses
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
0,00
15,00
30,00
45,00
60,00
75,00
90,00
T (°C) U (%)
50
observadas nas folhas das plantas expostas ao ambiente foi sempre inferior a 18%. A
porcentagem máxima de área foliar atingida por necroses foi observada na exposição
(100%), período em que a temperatura foi mais alta (23,3% em média) e os níveis de ozônio
foram menores, quando comparados com as 1ª a 3ª exposições.
Na tabela 2, também são apresentados os níveis das espécies antioxidantes,
considerando todas as plantas expostas nos períodos de exposição. A dia da concentração
de ácido ascórbico seguiu padrões similares ao ozônio: maiores valores na e exposições
e menores na 2ª e 4ª exposições. Não foi encontrada nenhuma variação na atividade média da
superóxido dismutase. Em contraste, a atividade da peroxidase na exposição foi menor do
que nas exposições 3 e 4.
O perfil diário da concentração de ácido ascórbico e da atividade das enzimas
superóxido dismutase e peroxidase nas folhas de N. tabacum Bel W3 expostas ao ar ambiente
do Instituto de Botânica é apresentado na figura 9. Pode ser observado que os níveis de ácido
ascórbico apresentam um decréscimo com o passar dos dias de exposição, enquanto a
atividade da superóxido dismutase e peroxidase pareceu não seguir a mesma tendência.
Foram encontrados picos da atividade da superóxido dismutase no início da e
exposições e final da 4ª exposição. Apenas na 2ª exposição foi observado um comportamento
similar nas atividades da superóxido dismutase e peroxidase.
51
Figura 9. Perfil médio dos antioxidantes ácido ascórbico, superóxido dismutase e
peroxidase ao longo dos 14 dias de experimento nas diferentes exposições de N. tabacum
Bel W3 no ar ambiente do Instituto de Botânica. A = exposição, B = exposição, C =
exposição e D = 4ª exposição. Peroxidase não medida na 1ª exposição.
A figura 10 apresenta a relação média entre os antioxidantes e a porcentagem de
injúrias foliares. Nota-se que, entre o 8º e o 9º dia de exposição, há um decréscimo dos níveis
de todos os antioxidantes analisados, seguido por aumento conspícuo da % de área foliar
afetada por injúrias.
0
5
10
15
20
ácid o asc ó rb ico {m g /g (m s)}
0
20
40
60
80
superóxido dis m utase (U niS O D /gs )10
2
0
20
40
60
80
31
/
8
/
200
4
2
/9
/
20
0
4
4/
9
/
20
04
6/
9
/
20
04
8/
9
/2
0
04
10
/
9
/
200
4
12
/
9
/2
00
4
14/10/
2
004
1
6/
1
0/
2
004
18
/
10
/
200
4
20/10/2004
22/10/2004
24/10/
2
004
2
6/
1
0/
20
04
21/11/200
4
23/11/2004
25/11/2004
2
7/
1
1/
2
004
29
/
11
/
20
04
1/12
/2
00
4
3/
1
2
/20
0
4
7/
3
/2
0
05
3/9/2005
3/11
/2
00
5
3/
1
3
/20
0
5
3
/
15/20
0
5
3/17
/
2005
3/19
/
200
5
pero xidase (dE/m in/gs)10
2
A
B C
D
52
Figura 10. Relação entre médias das injúrias foliares (linha pontilhada) em plantas de
N. tabacum Bel W3 e média dos antioxidantes (linha contínua) analisados ao longo dos
catorze dias de exposição.
A análise de regressão múltipla mostrou que 63,3% da variação na porcentagem de
injúrias foliares ao longo de todo o período experimental foi explicada por menores níveis de
antioxidantes (AA e SOD) no momento da estimativa de área foliar ocupada pelas mesmas e
por maiores valores de concentração de ozônio e de temperatura do ar quatro dias antes dessa
estimativa. (tabela 3).
0
10
20
30
ácido ascórbico {mg/g (ms)}
0
10
20
30
inria foliar (%)
0
10
20
30
superóxido dismutase
(UniSOD/gs)10
2
0
10
20
30
inria foliar (%)
0
10
20
30
2º 4º 6º 10º 11º 12º 13º 14º
dias de exposição
peroxidase (dE/min/gs)10
2
0
10
20
30
injúria foliar (%)
53
Tabela 1. Valores máximos e mínimos, assim como dias ± desvios padrões entre
parênteses, de temperatura, umidade relativa, ozônio e radiação global no Instituto de
Botânica, durante as 4 exposições de N. tabacum Bel-W3. Letras distintas indicam diferenças
sigificativas nos parâmetros analisados entre as exposições (p < 0,05).
Exposição
Temperatura
(
o
C)
Umidade relativa
(%)
Ozônio
(ppb)
Radiação global
(MJ/m
2
)
1
a
13,8 – 27,1
(19,0 ± 6,3) a
41,6 – 93,3
(73,6 ± 25,1) b
25,9 – 87,7
(60,5 ± 12,5) a
8,2 – 22,7
(18,4 ± 4,5) a
2
a
15,9 – 23,7
(19,2 ± 5,6) a
63,8 – 94,7
(83,9 ± 15,8) a
6,5 – 31,5
(21,1 ± 2,3) b
5,6 – 21,9
(13,1 ± 5,6) a
3
a
15,8 – 26,3
(20,4 ± 5,4) a
54,4 – 92,8
(76,6 ± 19,5) b
10,8 – 57,5
(35,0 ± 11,7) a
6,8 – 28,6
(22,1 ± 6,9) a
4
a
18,9 – 29,5
(23,3 ± 4,7) b
53,8 – 94,8
(79,1± 19,9) b
5,1 – 37,5
(21,2 ± 9,3) b
5,9 – 18,8
(13,2 ± 3,7) a
54
Tabela 2. Valores máximos e mínimos, assim como dias ± desvios padrões entre
parênteses, para danos visíveis e para os antioxidantes foliares – ácido ascórbico (AA),
superóxido dismutase (SOD) e peroxidase (POD) – em plantas de N. tabacum Bel W3
mantidas em casa de vegetação e no ambiente externo do Instituto de Botânica. Letras
distintas indicam diferenças significativas nos parâmetros analisados entre as exposições, em
cada local de estudo (p < 0,05).
Exposição
Dano foliar
(%)
AA
[mg g
-1
(MS)]
SOD
[10
2
Uni g
-1
(MS)]
POD
[10
2
E min
-1
(MS)]
Casa de Vegetação
1
a
0,0 2,5 – 19,2
(6,8 ± 2,7) a
1,6 – 159,5
(19,5 ± 19,6) a
/
2
a
0,0 0,9 – 10,8
(4,3 ± 1,8) b
2,9 – 44,7
(11,6 ± 6,9) a
1,9 – 39,4
(13,8 ± 4,7) a
3
a
0,0 0,8 – 12,4
(5,3 ± 2,6) b
2,3 – 27,1
(7,5 ± 4,4) a
1,2 – 18,3
(6,3 ± 3,5) a
4
a
0,0 2,8 – 13,8
(5,7 ± 1,8) a
1,8 – 32,7
(9,5 ± 7,0) a
1,4 – 12,1
(5,5 ± 2,4) a
Ambiente externo
1
a
0,0 – 65,0
(6,0 + 10,0) a
1,8 – 13,0
(6,6 ± 2,1) a
1,7 – 63,1
(18,2 ± 10,5) a
/
2
a
0,0 – 20,0
(2,0 + 3,0) a
1,7 – 12,1
(4,6 ± 1,8) b
3,3 – 158,0
(12,5 ± 18,8) a
3,0 – 118,8
(15,9 ± 17,7) a
3
a
0,0 – 50,0
(7,0 + 10,0) a
1,9 – 21,2
(5,9 ± 2,9) a
1,9 – 23,6
(7,8 ± 3,6) a
0,7 – 25,4
(5,8 ± 4,2) b
4
a
0,0 – 100,0
(18,0 + 23,0) a
0,9 – 15,8
(4,9 ± 2,3) b
1,0 – 144,8
(14,4 ± 20,8) a
2,3 – 38,5
(14,1 ± 8,0) a
55
Tabela 3. Análise de regressão linear utilizando o parâmetro de danos foliares como
fator dependente. Os danos puderam ser explicados em 63,3% através do aumento da
concentração de ozônio e temperatura, e decréscimo do ácido ascórbico e superóxido
dismutase.
Discussão
As respostas antioxidativas de plantas de N. tabacum Bel-W3 foram geralmente
similares, tanto nas mantidas em casa de vegetação, sob ar filtrado, quanto nas expostas no
ambiente externo do local de estudo. Este é o primeiro indicativo de que as oscilações nos
antioxidantes nas plantas mantidas nesse local poluído, onde fatores de estresse oxidativo
estavam presentes, não seriam suficientes para conter os danos foliares.
No presente estudo, o ácido ascórbico (AA) mostrou ser o antioxidante de N. tabacum
Bel W3 mais afetado pelo tempo de exposição, entre os analisados, sofrendo um decréscimo
contínuo ao longo dos dias. O ácido ascórbico funciona como um substrato para muitas
enzimas (De Tullio et al. 1999, Arrigoni & De Tullio 2000) e contribui para a neutralização
de espécies reativas de oxigênio (EROs) (Smirnoff et al. 2000, Conklin 2001, Conklin &
Barth 2004). Esta atividade antioxidante do AA está associada com a resistência ao stress
oxidativo e com a longevidade em plantas e animais. Além do mais, os níveis endógenos de
AA foram recentemente notificados como sendo importantes na regulação da senescência e
defesa das plantas contra patógenos (Pastori et al. 2003, Barth et al. 2004 e 2006, Pavet et al.
2005) e danos oxidativos resultantes de diversos poluentes (Smirnoff 1996). É sugerido que o
ascorbato presente nas paredes celulares fornece uma primeira linha de defesa contra o
Grupo Coeficiente Coef. padrão
P
O
3
0,404 0,327 0,024
temperatura 1,753 0,364 0,019
ácido ascórbico -3,931 -0,498 0,003
superóxido dismutase -0,008 -0,404 0,009
R
2
= 0,633
56
ozônio e o dióxido de enxofre (Castillo & Greppin 1988, Takahama et al. 1992, Luwe et al.
1993). Em outros estudos, a fumigação com ozônio aumentou os níveis de ascorbato e a
atividade do ciclo ascorbato-glutationa, contendoos danos provocados pela geração de EROs
(Castillo & Greppin 1988). Por outro lado, estudos feitos com mutantes deficientes em AA e
clones (Conklin et al. 1996 e 2000, Veljovic-Jovanovic et al. 2001) relacionaram as baixas
concentrações de AA no tecido da planta ao crescimento deficiente e ao aumento da
sensibilidade ao ozônio. No presente estudo, o AA apesar de aparentemente ser um dos
fatores limitantes para o surgimento de danos visíveis no início da exposição, momento em
que suas concentrações ainda estavam mais altas, parece ser um forte indicador do aumento
da sensibilidade da cultivar ao ozônio ao longo do tempo e não apenas do grau de eficiência
do sistema de defesas antioxidativas para conter os danos oxidativos. Isto porque, conforme
comprovado pela análise de regressão múltipla e claramente visualizado no gráfico da figura
10, a redução linear dos níveis de AA coincidiu com o aumento dos danos foliares durante os
dias de exposição.
Diversos estudos têm constatado que durante a adaptação ao stress oxidativo, a
atividade de superóxido dismutase (SOD) e de outras enzimas podem oscilar, dependendo da
espécie da planta e grau de desenvolvimento, para impedir o aumento de EROs, evitando
assim reações com moléculas específicas, como lipídios, proteínas e ácidos nucléicos, que
poderiam causar problemas celulares ou danos em todo organismo (Gaspar et al. 1982,
Pramanik et al. 1996, Rank 1997, Kuk et al. 2003). Assim, o papel da SOD em combater o
stress oxidativo tem sido muito bem documentado por diversos autores. Durante a adaptação
ao aumento do stress oxidativo, os níveis da SOD podem aumentar, dependendo da espécie
de planta, grau de desenvolvimento e nível da condição de stress (Decleire et al. 1984, Krupa
& Manning 1988, Pramanik et al. 1996). Além disso, condições ambientais, tais como seca,
frio e anoxia, têm mostrado correlação com a atividade da SOD. Uma extensa variabilidade
nos níveis de SOD foi encontrada por Polle & Rennenberg (1991) em diferentes clones de
57
abetos vermelhos que cresceram em câmaras fechadas fumigadas com ozônio. Assim, os
resultados desses autores tendem a sustentar a hipótese de que a SOD pode contribuir para a
resistência da planta contra poluentes atmosféricos, mas pode o ser o primeiro mecanismo
envolvido, de acordo com dados de Ranieri et al. (1994). No entanto, no presente estudo, a
análise multivariada mostrou que a atividade da SOD pode ter sido outro indicador de
sensibilidade de N. tabacum Bel-W3 ao estresse oxidativo, visto que a redução linear na
atividade dessa enzima também coincidiu com o aumento dos danos foliares.
No presente experimento, a atividade da POD não aumentou e nem teve relação
significativa com a porcentagem de área foliar afetada por danos, como esperado. As
peroxidases são consideradas as indicadoras mais sensíveis dos efeitos dos poluentes nas
plantas, mesmo na ausência de sintomas visíveis (Gaspar et al. 1982). Em abóbora, a
peroxidase tem um papel fundamental em combater o stress oxidativo causado por poluentes
(Ranieri et al. 1994).
A sazonalidade climática, principalmente temperaturas mais altas, foi também um
fator importante para explicar as variações no surgimento de danos visíveis em plantas N.
tabacum. Allen (1995), Payton et al. (2001), Yabuta et al. (2002), Yoshimura et al. (2004)
and Ding et al. (2007) igualmente constataram que a sensibilidade das plantas aos oxidantes
aumenta com o aumento da temperatura.
Possivelmente, as temperaturas mais altas registradas no período experimental do
presente estudo não foram estressantes o suficiente para causar a morte dos tecidos foliares,
contribuindo diretamente para a ocorrência das necroses foliares. Mas, nessas condições
climáticas, as taxas fotossintéticas e a respiração podem ter sido mais altas e, assim, houve
um aumento natural da produção espécies reativas de oxigênio. A relação positiva entre % de
área foliar com danos e temperatura do ar, portanto, pode ter refletido a influência da
temperatura sobre as defesas antioxidativas e estas, por sua vez, teriam controlado a
manifestação de danos oxidativos, como foi discutido. Além disso, podemos considerar
58
que o fluxo de ozônio através dos estômatos na folha e a conseqüente absorção de ozônio é
modificado por vários fatores ambientais como temperatura, umidade e velocidade do vento.
Em períodos mais favoráveis ao aumento da fotossíntese, a absorção de ozônio também será
maior (Peñuelas et al. 1999, Karlsson et al. 2004, Filella et al. 2005, Hassan 2006).
Otto & Daines (1969) constataram que a umidade influencia grandemente a resposta
da planta ao ozônio. Eles concluíram que a alta umidade encontrada na parte oriental dos
Estados Unidos poderia explicar a grande sensibilidade das plantas ao ozônio em contraste
com a umidade encontrada no sudoeste. De acordo com Wilhour (1970), a sensibilidade do
nabo ao ozônio também aumenta com a umidade relativa. Essa variável climática, ao
interferir nas trocas gasosas do mesmo modo que a temperatura, também altera as respostas
antioxidativas e o fluxo de ozônio para o interior da planta, afetando indiretamente a
intensidade de danos oxidativos (Wieser et al. 2000). Contudo, no presente estudo, a relação
entre variações na umidade relativa do ar e na extensão de danos foliares não foi
comprovada.
Finalmente, comprovou-se que ozônio esteve entre os fatores explicativos das
variações na porcentagem de danos foliares e concentração atmosférica, como observado por
diversos autores (Ball et al. 1998, Penuelas et al. 1998, Ribas & Penuelas 2003, Yuska et al.
2003, Klumpp et al. 2006, Calatayud et al. 2007), demonstrando que, sob as condições
atmosféricas de São Paulo, N. tabacum Bel-W3 poderia ser usada em biomonitoramento.
Porém, isto deve ser feito cautelosamente, tendo em vista os comentários anteriores.
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68
CAPÍTULO III
RESPOSTAS ANTIOXIDATIVAS EM PLANTAS DE NICOTIANA TABACUM “BEL
W3” AO OZÔNIO E SUAS RELAÇÕES COM DANOS FOLIARES
69
Resumo
Como constatado no capítulo II, variações diárias nos níveis de ácido ascórbico total e
na atividade de superóxido dismutase, juntamente com variações na temperatura do ar e na
contaminação atmosférica por ozônio, foram determinantes da progressão dos danos foliares
durante a permanência de plantas de N. tabacum Bel-W3 em ambiente poluído por ozônio.
Desta forma, o estudo desse capítulo teve como objetivo verificar se o ozônio, em
concentrações observadas no meio urbano de São Paulo, é de fato capaz de alterar os níveis
de respostas antioxidativas em plantas de N. tabacum Bel W3 e se tais alterações podem
interferir na ocorrência e na intensidade de necroses foliares. Escolheram-se o ácido
ascórbico e superóxido dismutase como indicadores de tais respostas. As plantas foram
expostas, por dois e quatro dias, em duas câmaras de fumigação, sendo que uma recebia ar
filtrado e a outra recebia ar filtrado acrescido de poluente em concentrações previamente
estabelecidas: 20, 40, 60 e 80 ppb de ozônio (correspondente a 40, 80, 120 e 160 µg/m
3
),
definidas em função da concentração atmosférica diária observada em experimentos de
campo. Os resultados mostram que a redução no conteúdo de ácido ascórbico nas plantas
expostas a concentrações crescentes de ozônio, ao ser acompanhada pelo aumento da
porcentagem da área foliar tomada por necroses, foi uma clara indicação da sensibilidade
dessa cultivar ao ozônio. Os resultados apontam também para a existência de respostas
bioquímicas dependentes do tempo de exposição em plantas de tabaco Bel W3 sob
fumigação de ozônio.
Palavras-chaves: Nicotiana tabacum Bel W3, ozônio, respostas antioxidativas
70
Abstract
As noted in chapter II, daily variations on the levels of ascorbic acid as well as on air
termperature and ozone concentrations determined the progression of leaf injury during the
exposure of plants of N. tabacum Bel W3 at a contaminated environment by ozone. Thus, the
study of this chapter aimed to confirm whether the ozone in concentrations observed in the
city of São Paulo, is able to change the levels of antioxidative responses in plants of N.
tabacum Bel W3 and whether such changes can interfere on the occurrence and intensity of
injury. Ascorbic acid and superoxide dismutase were chosen as indicators of such responses.
The plants were exposed in two fumigation chambers, for two and four days. One of them
received filtered air and the other received filtered air plus ozone in concentrations
previously established according to the daily atmospheric concentration observed in the field
experiments (20, 40, 60 and 80 ppb of ozone). The results show that the reduction in the
content of ascorbic acid in plants exposed to increasing concentrations of ozone was
followed by the increase of percentage of leaf area affected by necroses. This is a clear
indication of the sensitivity of this cultivar to ozone. The results also showed that the
biochemical responses in tobacco plants exposed to ozone were time dependent.
Keywords: Nicotiana tabacum Bel W3, ozone, antioxidative responses
71
Introdução
Diversos problemas ambientais têm sido causados pela poluição troposférica na
região metropolitana de São Paulo. Milhões de habitantes estão constantemente expostos a
emissões provenientes das indústrias e dos veículos. Os veículos constituem a principal fonte
de poluição atmosférica em São Paulo, o somente devido a sua grande frota e à
inexistência de controle de sua emissão de gases, como também devido ao uso de diferentes
tipos de combustível (Domingos et al. 2002). Segundo Campos et al. (1999), nossa frota
era constituída, no final do século passado, por 62%, 30% e 8% de veículos movidos pela
queima de gasool (uma mistura de gasolina e etanol), etanol puro e diesel, respectivamente,
tornando a composição da atmosfera de São Paulo peculiar.
A queima de combustível introduz compostos oxigenados na troposfera, como óxido
nítrico, aldeídos, cetonas e ácidos orgânicos, os quais são responsáveis por diversas reações
atmosféricas que produzem radicais orgânicos, peróxido de hidrogênio, nitrato de
peroxiacetila e ozônio (Monteiro et al. 2002).
Conforme comentado no capítulo anterior, os compostos fotoquímicos, como o
ozônio, são extremamente tóxicos aos organismos por causarem um aumento da produção de
espécies reativas de oxigênio (EROs) nas células, que podem afetar moléculas vitais como
proteínas, lipídios e ácidos nucléicos (Muggli 1993). Por outro lado, antioxidantes não-
enzimáticos, como o ácido ascórbico e enzimáticos, como a superóxido dismutase e as
peroxidases, podem minimizar os efeitos tóxicos das EROs (Iqbal et al. 1996). Entretanto,
em plantas sensíveis como N. tabacum Bel-W3, o balanço oxidante-antioxidante é
geralmente interrompido rapidamente (Muggli 1993). Como resultado disso, espera-se que
ocorram distúrbios metabólicos, fisiológicos e estruturais nas folhas dessas plantas sensíveis,
que podem culminar com morte celular pronunciada e, em conseqüência, com o surgimento
de necroses foliares. Tais plantas sensíveis são consideradas, assim, excelentes
bioindicadoras de poluição atmosférica (VDI 1999; De Temmerman et al. 2004).
72
Nicotiana tabacum Bel W3” tem sido utilizada para biomonitoramento de ozônio na
Europa e América do Norte (Krupa & Manning 1988, Heggestad 1991, VDI 2000), devido a
sua alta sensibilidade ao poluente, mostrando necroses em suas folhas, inquestionavelmente
associadas ao ozônio e facilmente quantificáveis ao olho nu (Horsman 1981, Peñuelas et al.
1999, Vergé et al. 2002). Klumpp et al. (2006), através de um programa de
biomonitoramento executado com sucesso em diversas cidades européias, por exemplo,
mostrou que a cultivar “Bel W3” de tabaco foi adequada para indicar locais e períodos do
ano mais e menos contaminados por ozônio. Entretanto, relações lineares fortes entre
concentrações de ozônio e porcentagem de tecido foliar coberto por necroses, uma condição
ideal para biomonitoramento quantitativo, de acordo com Arndt & Schweizer (1991), foram
encontradas somente em poucas cidades. Estes autores e outros, como Koppel & Sild (1995),
Finnan et al. (1996), Antonielli et al. (1997), Peñuelas et al. (1999) e Vergé et al. (2002),
concluíram que variações meteorológicas podem interferir na absorção de ozônio via
estômato, e assim afetar as relações lineares. Portanto, a eficiência bioindicadora de N.
tabacum “Bel W3” é fortemente dependente de condições ambientais como um todo.
Na cidade de São Paulo, situada na região sudeste do Brasil, N. tabacum “Bel W3” foi
utilizada com sucesso para o biomonitoramento qualitativo de ozônio ao redor do complexo
industrial de Cubatão (Klumpp et al. 1994) e de maneira preliminar em um local urbano da
cidade de São Paulo (Domingos et al. 2002). Entretanto, esses autores não puderam mostrar
se as injúrias foliares foram predominantemente causadas por ozônio troposférico, devido à
carência de dados de qualidade do ar. Diante disso, Sant’Anna (2007), em um estudo
posterior realizado para determinar a viabilidade dessa planta para biomonitoramento de
ozônio atmosférico na cidade de São Paulo, partiu a priori da hipótese de que N. tabacum
“Bel W3” seria eficiente para biomonitoramento quantitativo sob as condições tropicais
encontradas em São Paulo, por meio do estabelecimento de relação linear significante entre
necroses foliares e concentração de ozônio atmosférico. Entretanto, a autora rejeitou a
73
posteriori essa hipótese, visto que tal relação linear o foi comprovada e que, além de
ozônio, fatores meteorológicos e outros poluentes estão entre as variáveis determinantes da
ocorrência e da extensão de danos visíveis sobre as folhas. Por isso, com base em conceitos
bem estabelecidos, levantaram-se novas hipóteses para explicar a ausência de tais relações
lineares, parte das quais vêm sendo testadas na presente dissertação de mestrado, em
condições de campo e experimentais.
No capítulo II, comprovou-se que variações diárias nos níveis de ácido ascórbico e na
atividade de superóxido dismutase, juntamente com variações na temperatura do ar e na
contaminação atmosférica por ozônio, foram determinantes da progressão dos danos foliares
durante a permanência de plantas de N. tabacum Bel-W3 em ambiente poluído por ozônio.
O estudo contido neste capítulo teve como objetivo verificar se o ozônio, em
concentrações observadas no meio urbano de São Paulo, é de fato capaz de alterar os níveis
de respostas antioxidativas em plantas de N. tabacum Bel-W3 e se tais alterações podem
interferir na ocorrência e na intensidade de necroses foliares. Desse modo, essa etapa foi
desenvolvida em condições de laboratório.
Materiais e Métodos
Cultivo de N. tabacum “Bel W3”
O cultivo de N. tabacum “Bel W3” seguiu o mesmo protocolo (VDI 2003) descrito
no capítulo II, sendo aqui brevemente citado.
Sementes foram doadas pela Universidade de Hohenheim (Alemanha) e foram
utilizados substrato comercial Plantimax (Eucatex) e vermiculita fina, misturados na
proporção de 3:1, respectivamente. A irrigação foi mantida por capilaridade, sendo que as
mudas permaneceram em casa de vegetação com ar filtrado durante todo cultivo até o início
de cada experimento. Os experimentos eram iniciados quando as plantas apresentavam seis
74
folhas expandidas, sendo que um dia antes de cada experimento, a terceira folha mais velha
era marcada.
Sistema de fumigação
Os aparatos, os dispositivos e a instrumentação que compõem o sistema das câmaras
estão apresentados na Figura 1. Conforme descrito em detalhes por Sant’Anna (2007), o
sistema é constituído das seguintes partes distintas, a saber: aparato para purificar e
umidificar o ar; misturador, tubulação e válvulas; dispositivo gerador de ozônio e controlador
de gases; câmaras de fumigação; instrumentação para monitoramento de poluentes e
aquisição de dados (Figura 2).
O aparato para purificação do ar é composto de um compressor, seguido de filtro
secador, regulador de pressão e tubo de aço inox, contendo filtros para eliminar
contaminantes em baixas concentrações, tais como hidrocarbonetos (THC), NO, O
3
e outros.
Um nebulizador de vapor de água é inserido na tubulação de ar purificado para gerar
umidade adequada. Ainda, nessa linha de tubulação, encontram-se termopares para medir a
temperatura de bulbo seco (TBS) e bulbo úmido (TBU). É importante monitorar essas duas
categorias de temperatura para calcular a umidade resultante no sistema.
O compartimento seguinte contém dois tubos cilíndricos (75 x 350 mm),
denominados misturadores, que promovem à homogeneidade da mistura. Esses tubos são
semelhantes aos pré-reatores utilizados nos sistema de reator. Cada misturador possui
aberturas laterais que permitem introduzir gases contidos em cilindros de alta pressão, tais
como THC, NO, CO. Válvulas de segurança (VS) são acopladas aos misturadores para
reduzir a pressão no sistema quando necessário.
Medidores e controladores de vazão mássica (MV) são fixados no sistema para
conhecer as vazões de ar e do gás poluente a serem introduzidos nas maras. Um
equipamento gerador de ozônio é acoplado entre os dois misturadores. Quando o ar isento de
75
impurezas passa através do primeiro misturador, a válvula de controle (VC) se abre,
fornecendo ar ao ozonizador e permitindo, assim, ocorrer a geração de ozônio. Quando não é
necessária a geração de ozônio, esta válvula se mantém fechada.
Válvulas de controle (VC) também são introduzidas na linha de tubulação antes da
entrada dos gases nas câmaras. Estas válvulas têm a finalidade de manter o fluxo de gás
constante e igual no interior das câmaras. A pressão de entrada do gás é monitorada por meio
de dois manômetros de coluna d’água, que são instalados entre as câmaras.
As câmaras de fumigação, propriamente ditas, são fechadas, com volume de 1m
3
e
são construídas de filme de Teflon fixado em armação de aço inox. A parte inferior das
câmaras e os suportes das plantas são também constituídos de aço inox.
76
Figura 1. Esquema da configuração do sistema de câmaras, elaborado pela Dra. Silvia
Ribeiro de Souza (IBt – SP).
77
Figura 2. Fotos do sistema de fumigação: equipamentos (A e B), câmaras (C) e
lâmpadas (D), elaborado pela Dra. Silvia Maria Romano Sant’Anna (2007).
Todos os experimentos de fumigação foram conduzidos em duas câmaras, uma
câmara recebia ar filtrado e a outra, ar filtrado acrescido do poluente em concentrações
previamente estabelecidas. Durante os experimentos, estas permaneceram no interior de um
laboratório, sob iluminação artificial (em média 156 µmol.m
-2
.s
-1
por 8 horas), suprida por
lâmpadas de vapor metálico 400 W e de fluorescência 30 W TL05, que emitem luz na faixa
de 400-700 nm, simulando a faixa espectral de radiação fotossinteticamente ativa. Durante a
A
B
Monitor de O
3
Controlador de fluxo
Filtro de a
r
Caixa de luz
1ª câmara de mistura
2ª câmara de mistura
Compressor
Ozonizador
D
C
78
realização dos experimentos, as plantas foram mantidas sob condições climáticas
equivalentes ao do ambiente, onde o laboratório foi construído, não havendo controle sobre
essas variáveis. As médias de temperatura, umidade relativa do ar e radiação foram 28 + 4
°C, 88 + 6% e 156 + 8 µmol.m
-2
.s
-1
, respectivamente.
Experimentos de fumigação com ozônio
O ozônio foi produzido por um equipamento (ozonizador). Na câmara de mistura,
o ar limpo foi dividido e uma pequena parte deste passava pelo equipamento e o ozônio
produzido era homogeneizado com o ar limpo na câmara de mistura, em proporções que
variaram em função da concentração de ozônio a ser gerada, sendo, então, levado para a
câmara de fumigação. O ozônio era gerado por descarga elétrica, pela dissociação do
oxigênio contido no ar filtrado. Os níveis de ozônio no interior da câmara foram
continuamente medidos com um monitor modelo Ecotech
TM
9810B.
As concentrações de ozônio escolhidas para a fumigação em plantas de N. tabacum
foram 20, 40, 60 e 80 ppb, as quais foram definidas em função da concentração atmosférica
diária observada em experimentos de campo. Uma réplica de cada tratamento foi realizada.
Para cada experimento, foram utilizadas seis plantas de N. tabacum “Bel W3” por
câmara, sendo que três plantas eram mantidas por dois dias e as três restantes eram mantidas
por quatro dias sob fumigação com ozônio e com ar filtrado.
Avaliação da injúria foliar e procedimentos analíticos
A avaliação das injúrias foliares, realizada por Sant’Anna (2007), seguiu protocolo
proposto por VDI (2003) previamente descrito no capítulo II. Da mesma forma, a
concentração de ácido ascórbico total e atividade de superóxido dismutase também seguiram
os respectivos protocolos já descritos no capítulo II, sendo analisada por espectrofotometria,
segundo Keller & Schwager (1977) e Osswald et al. (1992), respectivamente.
79
Análise Estatística
Diferenças entre os tratamentos nos experimentos de fumigação foram determinadas
através da análise de variância (Teste F), seguida pelo teste de comparação de pares Student
Newman-Keuls. Valores dios das medidas realizadas nas plantas expostas ao mesmo
tratamento de fumigação por dois e quatro dias foram comparados pelo teste T. Quando
necessário, os dados foram transformados (log
10
ou raiz quadrada) para alcançar a
normalidade e a igualdade de variância. O software SigmaStat 2.0 foi utilizado em todos os
testes. Análises de regressão entre % de área foliar com necroses e respostas antioxidativas
foram igualmente realizadas.
Resultados
A Figura 3 apresenta o perfil médio da concentração de ácido ascórbico total ao longo
dos diferentes tratamentos de fumigação com ozônio por dois e quatro dias. A maior
concentração do antioxidante ocorreu em plantas fumigadas por dois dias com 40 ppb de
ozônio. Por outro lado, as plantas que permaneceram expostas por quatro dias a 20 e 40 ppb
de ozônio mostraram as mais baixas concentrações. A concentração do ácido ascórbico foi
significantemente menor nas plantas expostas a 40 ppb de O
3
por quatro dias do que nas
plantas fumigadas com o mesmo nível de ozônio por dois dias. A curva que melhor se
ajustou aos resultados foi a polinomial de segunda ordem ocorrida na fumigação de quatro
dias.
80
Figura 3. Valores médios da concentração de ácido ascórbico (AA) em plantas de N.
tabacum “Bel W3” fumigadas com ozônio, em diferentes concentrações, durante dois e
quatro dias. Letras diferentes indicam diferenças significativas entre os valores médios
obtidos para plantas expostas a situação controle (0) e seus respectivos níveis de ozônio (20,
40, 60 e 80 ppb), após dois e quatro dias de fumigação (p< 0,05).
A atividade da superóxido dismutase foi significantemente mais e menos intensa nas
plantas fumigadas com 20 e 60 ppb de O
3
, respectivamente, durante dois dias. Atividades
similares desta enzima foram verificadas em plantas expostas a todos os níveis de ozônio
2 dias
y = -0,6575x
2
+ 3,4017x - 0,1557
R
2
= 0,3289
0,0
2,0
4,0
6,0
AA [mg/g (ms)]
0
20 0
0
0
40 60 80
4 dias
y = 0,7482x
2
- 2,6787x + 3,7688
R
2
= 0,991
0,0
2,0
4,0
6,0
AA [mg/g (ms)]
0
20 0
0
0
40 60 80
ozônio (ppb)
a
a
a
a
a
a
a
b
a
a
a
a
a
a
a
b
81
durante dois e quatro dias e não diferiram dos valores obtidos nas plantas expostas ao ar
filtrado (figura 4). As maiores atividades da enzima superóxido dismutase foram verificadas
em plantas fumigadas com 40 ppb de ozônio durante quatro dias, quando comparadas àquelas
fumigadas por dois dias. Como ocorrido com o ácido ascórbico, a curva de maior
explicabilidade foi a polinomial de segunda ordem, porém, na fumigação de dois dias.
Figura 4. Valores médios da atividade da superóxido dismutase (SOD) em plantas de
N. tabacum “Bel W3” fumigadas com ozônio, em diferentes concentrações, durante dois e
quatro dias. Letras diferentes indicam diferenças significativas entre os valores médios
obtidos para plantas expostas a situação controle (0) e seus respectivos níveis de ozônio (20,
0
20 0
0
0
40 60 80
2 dias
y = 4,8655x
2
- 30,619x + 59,113
R
2
= 1
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
SOD [Uni/g (gs)]
0
20 0
0
0
40 60 80
4 dias
y = -1,6804x
2
+ 8,7112x + 9,6828
R
2
= 0,5335
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
SOD [Uni/g (gs)]
ozônio (
ppb)
ozônio (ppb)
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
a
82
40, 60 e 80 ppb), após dois e quatro dias de fumigação (p< 0,05).Valores de SOD divididos
por 10
2
.
As injúrias foliares foram significativamente mais intensas nas plantas expostas por
quatro dias, em relação às outras expostas por dois dias (figura 5). Entretanto, enquanto um
aumento dos níveis de ozônio foi seguido por um aumento da porcentagem de injúrias
foliares nas plantas expostas por dois dias, a maior intensidade de necroses foliares foi
alcançada em plantas mantidas em fumigação de 40 ppb de ozônio por quatro dias. Neste
caso, a exposição de 60 ou 80 ppb de O
3
não causou um aumento significativo da área foliar
afetada por necroses. Como esperado, as plantas expostas ao ar filtrado (aqui representado
por 0 ppb de ozônio) não apresentaram injúrias foliares.
As análises de regressão mostraram não haver relação linear significativa entre a
porcentagem de injúrias foliares e concentração de ozônio. O modelo que melhor explicou
essa relação, tanto nas plantas fumigadas por dois quanto nas fumigadas por quatro dias foi o
polinomial de segunda ordem (figura 5), assim como o ocorrido com o perfil dos
antioxidantes. Entretanto, observa-se que a inclinação das curvas foi distinta, mostrando uma
tendência à estabilização dos danos nas plantas mantidas sob concentrações acima de 40 ppb
por quatro dias e ao aumento crescente da área foliar afetada por necroses naquelas
fumigadas com doses superiores a essa por dois dias. Sendo assim, é possível deduzir que ao
aumentarmos a concentração de ozônio acima de 80 ppb poderemos obter um aumento de
danos foliares para as plantas expostas por dois dias, mas o mesmo não ocorrerá com as
plantas expostas por quatro dias (descrição de resultados incluída em Sant’Anna 2007).
83
Figura 5. Perfil médio das injúrias foliares nos diferentes tratamentos de fumigação
com ozônio (obtido por Sant’Anna 2007). Letras diferentes indicam diferenças significativas
entre os valores médios obtidos para plantas expostas a diferentes níveis de ozônio após dois
e quatro de fumigação (p< 0,05). Asteriscos indicam diferenças significativas entre os valores
médios obtidos após dois e quatro dias de exposição ao mesmo tratamento de ozônio.
Em se tratando da relação entre antioxidantes e injúrias foliares, observa-se nas
figuras 6 e 7, que as melhores correlações para ácido ascórbico e superóxido dismutase foram
obtidas aos dois dias de fumigação de N. tabacum com as diferentes concentrações de
ozônio. Assim como nos resultados obtidos anteriormente, o modelo que mais explicou a
relação entre antioxidantes e injúrias foliares nos dois e quatro dias de fumigação foi o
2 dias
b
b
a
a
a
y = 0,9127x
2
+ 0,8016x - 2,3333
R
2
= 0,948
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
0 20 40 60 80
ozônio (ppb)
injúrias foliares (%)
4 dias
b
b
a
*
a
a
y = -3,0952x
2
+ 30,905x - 33,889
R
2
= 0,8362
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
0 20 40 60 80
ozônio (ppb)
injúrias foliares (%)
84
polinomial de segunda ordem, mas, neste caso, os modelos mais explicativos foram
encontrados após dois dias de fumigação.
Figura 6. Relação das médias entre ácido ascórbico (AA) e injúrias foliares nos
diferentes tratamentos de fumigação de N. tabacum Bel W3 aos dois e quatro dias,
respectivamente.
2 dias
0,00
2,00
4,00
6,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
AA [mg/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
4 dias
0,00
2,00
4,00
6,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
AA [mg/g/(ms)
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
Seqüência2 Seqüência1
injúrias = -8,0*AA
2
+64,0*AA+101,0
R
2
= 0,96
injúrias = -8,0*AA
2
+59,1*AA-53,9
R
2
= 0,24
20 40 60 80
20 40 60 80
2 dias
0,00
2,00
4,00
6,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
AA [mg/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
4 dias
0,00
2,00
4,00
6,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
AA [mg/g/(ms)
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
Seqüência2 Seqüência1
injúrias = -8,0*AA
2
+64,0*AA+101,0
R
2
= 0,96
injúrias = -8,0*AA
2
+59,1*AA-53,9
R
2
= 0,24
20 40 60 80
20 40 60 80
4 dias
0,00
2,00
4,00
6,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
AA [mg/g/(ms)
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
Seqüência2 Seqüência1
injúrias = -8,0*AA
2
+64,0*AA+101,0
R
2
= 0,96
injúrias = -8,0*AA
2
+59,1*AA-53,9
R
2
= 0,24
20 40 60 80
20 40 60 80
85
Figura 7. Relação das médias entre superóxido dismutase (SOD) e injúrias foliares nos
diferentes tratamentos de fumigação de N. tabacum Bel W3 aos dois e quatro dias,
respectivamente. Dados de SOD divididos por 10
2
.
Discussão
As defesas antioxidativas encontradas nas plantas podem ser consideradas um dos
muitos fatores que interferem na resposta visual das plantas ao ozônio, ao prevenir os danos
oxidativos nas células. No presente estudo, o ácido ascórbico, entre os antioxidantes
analisados, foi o mais evidentemente modificado nas plantas de N. tabacum Bel W3
fumigadas por dois e quatro dias com 40 ppb de O
3
ou mais. A redução no conteúdo de ácido
2 dias
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
SOD [Uni/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
4 dias
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
SOD [Uni/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
Seqüência2 Seqüência1
injúrias = 0,85*SOD
2
+30,2*SOD+292
R
2
= 0,30
injúrias = 0,04*SOD
2
+1,46*SOD+6,19
R
2
= 0,67
20 40
60 80
20 40 60
80
2 dias
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
SOD [Uni/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
4 dias
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
SOD [Uni/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
Seqüência2 Seqüência1
2 dias
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
SOD [Uni/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
4 dias
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
1 2 3 4
ozônio (ppb)
SOD [Uni/g/(ms)]
0
20
40
60
injúrias foliares (%)
Seqüência2 Seqüência1
injúrias = 0,85*SOD
2
+30,2*SOD+292
R
2
= 0,30
injúrias = 0,04*SOD
2
+1,46*SOD+6,19
R
2
= 0,67
20 40
60 80
20 40 60
80
86
ascórbico nas plantas expostas a concentrações crescentes de ozônio, ao ser acompanhada
pelo aumento da porcentagem da área foliar tomada por necroses, é uma clara indicação da
sensibilidade dessa cultivar ao ozônio. Experimentos realizados por Puckette et al. (2007)
revelaram que o ácido ascórbico foi igualmente um antioxidante chave para determinação do
grau de tolerância de cultivares de Medicago truncatula à fumigação aguda com O
3
(75
nmol
-1
de O
3
por seis horas durante oito dias). Em algumas cultivares, houve aumentos
significativos em seus níveis após a fumigação com ozônio, enquanto em outras houve um
decréscimo significativo, sugerindo que diversos mecanismos fisiológicos e bioquímicos
podem governar a tolerância ou a sensibilidade das plantas ao ozônio. Outros estudos
reforçam essa hipótese. Por exemplo, plantas trangênicas de tabaco, com superexpressão de
deidroascorbato redutase, aumentam a concentração endógena de ascorbato e se tornam mais
tolerantes ao ozônio (Chen & Gallie 2005). Lee et al. (1984) reportaram um acúmulo de AA
em células de soja após exposição ao ozônio. Varshney & Rout (1998) observaram o
aumento dos níveis de ácido ascórbico em plantas resistentes e decréscimo em plantas
sensíveis de tomate. Burkey & Eason (2002), em estudo realizado com o feijão (Phaseolus
vulgaris L.), constataram que os níveis extracelulares de ácido ascórbico estão associados
com a tolerância ao ozônio. Já em 2006, em estudo realizado com espécies selvagens nativas
dos Estados Unidos, Burkey et al. concluem que as diferenças no metabolismo do ácido
ascórbico determinam o grau de sensibilidade ao ozônio.
Porém, uma relação direta entre ácido ascórbico e a sensibilidade ao ozônio nem
sempre é observada. De acordo com D’Haese et al. (2005), somente o aumento das
concentrações de ascorbato apoplástico não puderam explicar diferenças no que diz respeito
à tolerância de ozônio em clones de Trifolium. Tiwari et al. (2006), em estudo realizado com
cenoura (Dacus carota var. Pusa Kesar), constataram que o aumento do conteúdo de AA
poderia ser uma conseqüência de um substancial estresse oxidativo e não exatamente uma
indicação de tolerância ao ozônio.
87
No presente estudo, alterações na atividade da superóxido dismutase, por sua vez, não
foram respostas indicadoras claras da sensibilidade de plantas de tabaco Bel W3 ao ozônio,
especialmente após quatro dias de exposição a qualquer concentração de ozônio. A atividade
dessa enzima apresentou-se oscilatória no presente experimento de fumigação, a exemplo do
que ocorreu nos experimentos de campo (capítulo II), apesar de ser uma substância
antioxidante de suma importância para evitar a ocorrência de injúrias foliares após exposição
ao ozônio em muitas plantas. Na literatura, verifica-se que a função antioxidativa da
superóxido dismutase, medida por meio de sua atividade, é demonstrada algumas vezes e em
outras não. Schulz & Hartling (2001), em estudo de campo realizado com pinheiros em
diversas localidades da Alemanha, relataram que a atividade da enzima não se modificou
quando as plantas eram expostas à poluição provocada por dióxido de enxofre (SO
2
), óxidos
de nitrogênio (NO
x
) e O
3
. Em estudos realizados com duas cultivares de trevo (Trifolium
repens L. cv. Sonja e Trifolium pratense L. cv. Milvus), a atividade de SOD mostrou
mudanças significativas após 3 horas de fumigação a 150 nl L
-1
de O
3
em ambas cultivares
analisadas, porém, a tendência foi diferente nas duas espécies. Houve um decréscimo de
aproximadamente 27% na atividade de SOD em T. pratense e aumento de 50% nas folhas de
T. repens (Scebba et al. 2003). Já Van Camp et al. (1998) e Pitcher & Zilinskas (1996)
mostraram a importância da atividade da SOD em limitar ou prevenir o desenvolvimento das
lesões provocadas por ozônio nas plantas transgênicas de tabaco. Em trabalho realizado com
uma cultivar egípcia de batata (Solanum tuberosum L. cv. Kara), Hasan (2006) relatou que o
efeito do ozônio sobre várias enzimas antioxidantes foi inconsistente em relação a sua
indução ou degradação. No citado experimento, a atividade da SOD e da glutationa redutase
(GR) foi inibida pela ação do poluente.
No presente estudo, verificou-se também que a relação entre níveis de ácido ascórbico
e intensidade de necroses foliares ou mesmo entre esta última e variações na atividade da
SOD o foi linear. Isto sugere que outros processos fisiológicos ou bioquímicos, além
88
das respostas antioxidativas, que podem restringir a progressão das necroses foliares nas
plantas expostas ao ozônio. Sant’Anna et al. (2008) mostraram, por meio de medidas da
fluorescência da clorofila a, que o processo fotossintético, nas mesmas plantas utilizadas no
presente estudo, foi comprometido, especialmente quando foram expostas a concentrações
acima de 40 ppb de ozônio por quatro dias. Em função disso, as autoras concluíram que o
fluxo de ozônio para o interior das folhas, via estômatos, deve ter sido reduzido em plantas
expostas a concentrações acima de 40 ppb, explicando, pelo menos parcialmente, a
estabilização da % de área foliar com necroses.
Além disso, a explicabilidade dos modelos propostos entre respostas antioxidativas e
injúrias foliares foi nitidamente maior para plantas expostas ao ozônio por dois dias do que
para plantas fumigadas por quatro dias. Isto aponta para a existência de respostas
bioquímicas dependentes do tempo de exposição em plantas de tabaco Bel W3 sob
fumigação de ozônio.
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W3 tobacco (Nicotiana tabacum L.). Environmental Pollution 118: 337 – 349.
94
CAPÍTULO IV
DISCUSSÃO GERAL
95
Conforme ressaltado nos capítulos anteriores, Nicotiana tabacum “Bel W3” tem
sido utilizada com sucesso para biomonitoramento de ozônio na Europa e América do Norte
(Krupa & Manning 1988, Heggestad 1991, VDI 2000), devido a sua alta sensibilidade ao
poluente, mostrando necroses em suas folhas, inquestionavelmente associadas ao ozônio e
facilmente quantificáveis ao olho nu (Horsman 1981, Peñuelas et al. 1999, Vergé et al.
2002).
Contudo, espera-se encontrar uma forte relação linear entre concentrações
atmosféricas de ozônio e porcentagem de área foliar afetada por tais injúrias foliares, para se
alcançar, em nível regional, uma condição ideal para biomonitoramento quantitativo. Aliás,
este tem sido o maior desafio de pesquisadores que atuam nesse campo em várias partes do
mundo.
Na cidade de São Paulo, Sant’Anna (2007) e Sant’Anna et al. (2007) relataram a fraca
eficiência do tabaco Bel W3 para biomonitoramento quantitativo de ozônio, considerando a
fraca relação linear obtida entre injúrias foliares e o poluente em questão. Klumpp et al.
(2006) relataram a eficiência qualitativa de Nicotiana tabacum Bel W3 para
biomonitoramento dos níveis de ozônio atmosférico em cidades européias, sob condições de
campo. Porém esses autores comprovaram alta eficiência dessa cultivar para
biomonitoramento quantitativo apenas para algumas das cidades européias monitoradas.
Tonneijck & Bugter (1991) e Krupa et al. (1993) também concluíram que, apesar das
respostas foliares de N. tabacum Bel W3 serem utilizadas como indicador qualitativo de
poluição provocada por ozônio, se o intuito for derivar interferências quantitativas, a resposta
foliar não deve ser a única variável a ser caracterizada. Medidas espaciais e temporais
simultâneas de ozônio atmosférico e de outras variáveis ambientais, como temperatura do ar
e precipitação devem ser realizadas, assim como medidas de crescimento das plantas.
De fato, como apontado pelos autores citados anteriormente e por outros (Koppel &
Sild 1995; Finnan et al. 1996; Antonielli et al. 1997; Peñuelas et al. 1999; Vergé et al. 2002),
96
variações meteorológicas podem interferir na absorção do ozônio via estômato e então
interferir na relação entre necroses foliares e ozônio. De acordo com Krupa et al. (1993),
Munné-Bosch & Alegre (2002) e Davison et al. (2003), a resposta bioindicadora da cultivar
“Bel W3” de tabaco de ozônio pode ser afetada pelo fotoperíodo, temperatura, radiação solar,
umidade relativa, vento, déficit de pressão de vapor e concentração de dióxido de carbono, os
quais são variáveis meteorológicas que podem diminuir a absorção de ozônio, por promover
o fechamento dos estômatos.
No capítulo II, foi mostrado que variações diárias nos níveis de ácido ascórbico e na
atividade de superóxido dismutase foram, juntamente com variações na temperatura do ar e
na contaminação atmosférica por ozônio, determinantes da progressão dos danos foliares
durante a permanência de plantas de N. tabacum Bel-W3 em ambiente poluído por ozônio.
Observou-se também, sob condições de fumigação (capítulo III), que a redução no conteúdo
de ácido ascórbico nas plantas expostas a concentrações crescentes de ozônio foi
acompanhada pelo aumento da porcentagem da área foliar tomada por necroses. Portanto, as
respostas antioxidativas medidas ao longo do tempo de exposição das plantas ao ozônio, quer
sob condições de campo ou experimentais, especialmente variações nas concentrações de
ácido ascórbico, estão entre os fatores moduladores da ocorrência e progressão das necroses
foliares em função das variações nos níveis de ozônio. Sendo assim, pode-se aceitar a
hipótese levantada neste trabalho (capítulo I).
Além disso, a explicabilidade dos modelos propostos entre respostas antioxidativas e
injúrias foliares foi nitidamente maior para plantas expostas ao ozônio por dois dias do que
para plantas fumigadas por quatro dias, indicando a existência de respostas bioquímicas
dependentes do tempo de exposição das plantas de tabaco Bel W3 ao ozônio.
Diante de tais resultados, parece provável que a perda da capacidade antioxidativa nas
plantas é seguida diretamente pelo aumento da área foliar afetada por necroses,
principalmente nos primeiros dias de exposição ao ozônio. A partir desse ponto, distúrbios
97
em processos fisiológicos ou em processos de outra natureza passam a restringir de forma
mais evidente a absorção de ozônio e, consequentemente, a progressão das injúrias foliares.
Este fato talvez explique a baixa explicabilidade da regressão linear entre respostas foliares
visíveis em plantas de tabaco nos experimentos de campo, os quais foram conduzidos durante
14 dias (capítulo II).
No experimento de fumigação, foi possível observar, ainda, que as respostas
antioxidativas mais intensas aconteceram após dois dias de fumigação com 20 e 40 ppb O
3
,
para
SOD e AA, respectivamente; porém estas não foram suficientes para conter danos
celulares, visto que, nessas condições, as plantas já apresentavam necroses. Também foi
possível supor que estes distúrbios podem ser piores quando plantas de tabaco forem
expostas a concentrações superiores a 40 ppb de O
3
. Desse modo, fica evidente que a cultivar
pode ser mais apropriada para biomonitoramento em São Paulo, em situações de baixas
concentrações de ozônio, quando o protocolo proposto pelo VDI (2000) é aplicado, que,
aliás, são pouco freqüentes em muitas regiões da cidade. Sant’Anna et al. (2007), inclusive,
propuseram modelo de regressão linear e mais explicativo entre níveis de ozônio atmosférico
e % de área foliar afetada por necroses, ao incluírem no modelo apenas resultados de
exposições nas quais as concentrações de ozônio (médias para 14 dias) eram iguais ou
inferiores a 40 ppb.
Os resultados levam à necessidade de maiores estudos para estabelecer um período
ideal de exposição para biomonitoramento, pelo menos para a cidade de São Paulo.
Alternativamente, sugere-se a busca de espécies bioindicadoras nativas ou bem adaptadas às
condições ambientais da região, como fizeram Cano et al. (2007), ao determinarem a
capacidade bioindicadora de diferentes espécies de Sambucus, para a Espanha.
98
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W3 tobacco (Nicotiana tabacum L.). Environmental Pollution 118: 337 – 349.
100
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES FINAIS
101
A partir deste estudo, pode-se concluir que:
- A progressão das injúrias foliares visíveis, em plantas de Nicotiana tabacum Bel W3”
expostas em ambiente poluído por ozônio, foi mais intensa na medida em que os níveis de
antioxidantes (AA e SOD) eram menores no momento da estimativa de área foliar ocupada
pelas mesmas e com as concentrações de ozônio e temperatura do ar quatro dias antes dessa
estimativa eram mais altas;
- A redução do conteúdo de ácido ascórbico nas plantas de N. tabacum Bel W3 expostas a
concentrações crescentes de ozônio foi acompanhada do aumento da área foliar afetada por
injúrias foliares. As respostas antioxidativas dependeram do tempo de exposição e do nível
de ozônio ao qual as plantas foram expostas, sendo mais intensas após os primeiros dois dias
de fumigação com 20 e 40 ppb O
3
(3 horas por dia) para
SOD e AA, respectivamente.
- Na cidade de São Paulo, o uso desta cultivar parece ser melhor estabelecido em
concentrações de até 40 ppb de ozônio troposférico e por um período de exposição ideal que
ainda precisa ser determinado. Acima dessa concentração, seu uso pode se tornar inviável, o
que limitaria a capacidade bioindicadora da planta na nossa cidade.
102
ANEXOS
ARTIGOS ACEITOS/ENVIADOS PARA PUBLICAÇÃO
103
Relations between leaf antioxidants and necroses in plants of Nicotiana tabacum ‘Bel-
W3’ under the environmental conditions of São Paulo, SE – Brazil
(Submetido à Plant, Cell and Environment)
Marisia P. Esposito, Mauricio L. Ferreira, Silvia M.R. Sant’Anna, Marisa Domingos, Silvia
R. Souza
1
Instituto de Botânica, Seção de Ecologia, Caixa Postal 3005, 01061-970 São Paulo, SP,
Brazil
Antioxidants and necroses in N. tabacum “Bel-W3” growing in São Paulo, Brazil.
Abstract
Previous studies reported that the extent of leaf necroses in Nicotiana tabacum “Bel
W3”exposed in the city of São Paulo is influenced by weather variations. Antioxidant
responses to environmental modifications are possibly involved on this. So, this study aimed
at to evaluate if the progression of leaf necroses during plant exposure under climatic
conditions and pollution of São Paulo is modulated by daily antioxidant responses and to
determine which environmental factors mostly explain the relations between these biological
responses. Four plant exposures of 14 days each were performed. During each experiment,
three plants were daily taken to determine the accumulated percentage of leaf area affected
by necroses and antioxidant responses (concentrations of ascorbic acid-AA and activities of
superoxide dismutase-SOD and peroxidases-POD). Ozone concentrations and weather
conditions were daily monitored. Multivariate analysis established the relations among these
variables. 63% of the increasing percentage of leaf necroses in the whole period were
explained by decreasing levels of AA and SOD and by higher values of ozone concentrations
and of air temperature four days before the biological measurements. The use of N. tabacum
Bel-W3 as bioindicator can be restricted by leaf antioxidant responses to both atmospheric
contamination and weather conditions.
Key words: Nicotiana tabacum “Bel-W3”; antioxidants; leaf necroses; ozone; weather.
Introduction
1
Correspondance: S. R. Souza. phone: ++ 55 11 5073 6300; fax: ++ 55
11 5073 3678; e-mail: [email protected]
104
The atmosphere of the Metropolitan Region of São Paulo (MRSP) is strongly affected
by the urban phenomenon denominated photochemical smog, which is formed in the
troposphere by means of reactions between hydrocarbons and nitrogen oxides in the presence
of sunlight, producing ozone (O
3
) and other oxidant species (Souza et al. 1998). Nowadays,
the levels of O
3
at that region have been high enough to exceed several times the standard
limits of air quality of 80 ppb in one hour. Therefore, it is a potential agent to cause serious
environmental problems in the region (Molina & Molina 2004).
Ozone, as a strong oxidant, is generally noxious to the plants (Iriti & Faoro 2008).
The oxidative effects on ultrastructure and on physiological and metabolic processes in plant
cells are due to the production of reactive oxygen species (ROS) as soon as ozone enters
through stomata (Puckette, Weng & Mahalingam et al. 2007). Weather oscillations are also
factors of oxidative stress to plants. However, the extent of damage in plants will depend on
the efficiency of antioxidants, such as superoxide dismutase (SOD) and peroxidases (POD)
and ascorbic acid (AA), in maintaining the oxidant/antioxidant balance (Jones 2006). This
increases plant tolerance against the stressing conditions of the polluted environment
(Halliwell & Gutteridge 2007). Alterations on antioxidants are then considered early
responses of plants growing in that environment, since they may occur before physiological
or metabolic disturbances or even before the appearing of visible injury in sensitive plants
(Faoro & Iriti 2005).
Theoretically, the pro-oxidant/antioxidant balance is rapidly broken in ozone-
sensitive plants, culminating with extensive cell disturbances and death and the appearance
of typical visible injuries on leaves, such as chloroses and necroses). They have been used as
simple but efficient indicator reactions for biomonitoring purposes. The sensitive cultivar
‘Bel-W3’ of Nicotiana tabacum has been frequently used for biomonitoring ambient ozone in
European urban centers (Vergé, Chapuis & Delpoux 2002, Klumpp et al. 2006).
However, a recent study performed in the city of São Paulo, SE Brazil, showed that
the percentage of leaf area of N. tabacum ‘Bel-W3’ affected by necroses was not strictly
related to the ozone concentrations in the atmosphere (Sant’Anna et al. 2008). Besides, a
delay of three to six days in the appearance the first typical visible symptom was observed,
independently from the level of atmospheric contamination by ozone. So the following
hypothesis was raised: antioxidant responses to short-time variations on ozone concentrations
and/or on weather conditions may influence the occurrence and progression of leaf necroses
during the plant exposure under the environmental conditions of São Paulo. These hypothesis
is acceptable since this cultivar may be not well acclimated to the subtropical climate, which
characterizes the SE region of Brazil. The present study aimed at to evaluate if the
105
progression of leaf necroses during plant exposure under climatic conditions and pollution of
São Paulo is modulated by daily antioxidant responses and to determine which environmental
factors mostly explain the relations between these biological responses.
Materials and Methods
Exposure site and sampling procedures
The plant exposure site is located inside a State Park, next to a fragment of forest, at
the South region of the city of São Paulo (23
o
38’28.8’’S; 46
o
37’15.8’’W; 805 m above sea
level). It is approximately 3 Km far from a major highway with frequently heavy vehicular
traffic. The air in the region is mainly contaminated by ozone. Its precursors come
predominantly from biogenic and vehicular emissions (Souza & Carvalho 2001, Montero et
al. 2002). São Paulo is the largest city in area and in population of the Metropolitan Region
of São Paulo (MRSP), which congregates 39 municipalities, occupies 8051 Km
2
of area and
is the largest industrialized and urbanized region in Latin America (Molina & Molina 2004).
The MRSP has a complex topography surrounded by moutains ranging from 650 to 1200 m
high, ideal conditions for often trapping dust and gaseous pollutants in inversion layers,
increasing their concentrations in the air.
The climate of MRSP is subtropical with drier season during winter. Monthly average
temperatures in the summer and winter times reach 23
o
C (from December to February) and
16
o
C (from June to August) respectively. The rainiest season normally begins in September
and ends in March, with an annual average precipitation of 1200 mm. The local circulation is
given by winds from southeast and northeast, mainly associated with the Atlantic Ocean
breeze circulation (Andrade et al. 2004).
Twenty eight plants of tobacco Bel-W3 were exposed to environmental conditions of
the mentioned site in four distinct periods: 31 August to 9 September 2004, 14 to 27 October
2004, 21 November to 4 December 2004 and 7 to 19 March 2005 (referred as exposure
periods 1 to 4 from now on). The plant cultivation and field exposure system were those
recommended by VDI (2003).
During 14 days of each exposure period, the accumulated percentages of leaf area
affected by typical necroses were daily determined on the 4
th
to 6
th
oldest leaves of all
remaining plants. The concentrations of ascorbic acid (AA) and the activity of POD and
SOD, taken as antioxidant indicators, were also daily determined in the same leaves of three
of these plants sampled randomly.
106
Leaf injury assessment and analytical procedures
The percentage of leaf area affected by typical necroses was visually estimated in
classes of 5% of affected leaf area, according to VDI (2003). The results were presented as
average percentage of necroses estimated on the 4
th
to 6
th
oldest leaves.
The antioxidant indicators were determined in fresh green portions of the leaves. Both
collection of leaves and preparation of extracts always obeyed the same sequence of time in
order to avoid variations caused by diurnal.
Ascorbic acid was determined in 0.5 g of leaves, homogenized with 12 mL of EDTA-
Na2 (0.07%) and oxalic acid (0.5%). The mixture was centrifuged at 40000 g for 30 minutes
at 2 ºC. An aliquot of the supernatant was added to 2.5 mL of DCPiP (0.02%) and
absorbance was measured spectrophotometrically at 520 nm (first lecture). After the addition
of 0.05 mL of ascorbic acid (1%), a second absorbance measurement was performed. Both
absorbance measurements were used to estimate the ascorbic acid content according to Keller
& Schwager (1977). Superoxide dismutase activity was determined in 0.35 g fresh leaves,
homogenized with 12 mL of potassium phosphate buffer (50 mM pH 7.5) with EDTA-Na2 1
mM, NaCl 50 mM and ascorbic acid 1 mM, in the presence of a pinch of PVPP 2% and
centrifuged at 22000 g for 25 minutes at 2ºC. The activity of SOD was assayed by measuring
the SOD inhibition of the NBT photochemical reduction (Osswald et al. 1992). Each reaction
mixture contained 0.5 mL of EDTA-Na2 0.54 mM, 0.8 mL of potassium phosphate buffer
(0.1 M, pH 7.0), 0.5 mL of methionine 0.13 mM, 0.5 mL of NBT 0.44 mM, 0.2 mL of
riboflavin 1 mM and 0.2 mL of leaf extract. The samples were incubated for 20 minutes
under a fluorescent lamp (80 W). The absorbance of the reaction mixture was determined at
560 nm. A similar mixture lacking the leaf extract was used as control, and a dark control
mixture served as blank. The enzymatic activity was expressed, as the amount of extractable
needed to inhibit the reduction of NBT by 50%. Peroxidase activity was determined in 0.3 g
of leaves, homogenized with 12 mL potassium phosphate buffer (0.1 M, pH 7.0) in the
presence of a pinch of PVPP 2%. The homogenate was centrifuged at 40000 g for 30 minutes
at 2ºC. The peroxidases were determined in a reaction mixture of plant extracts, 0.1 M
potassium phosphate buffer (pH 5.5) and fenylendiamine (1%), to which was added an
aliquot of H2O2 (0.3%). Unspecific POD activity was measured spectrophotometrically
following the increase in absorbance (E) at 485 nm due to the formation of an H
2
O
2
-POD
complex at two different times in the linear reaction curve (Klumpp, Guderian & Kupers
1989).
107
The ozone levels during all four exposure period were continuously monitored by
EcotechTM 9680 O
3
Analyzer. Continuous data on irradiation, air temperature and relative
humidity were provided by a meteorological station of the Institute of Astronomy,
Geophysics and Atmospheric Sciences from University of São Paulo, located in the State
Park.
Statistical analysis
One Way Analyses of Variance and pair-wise comparison test of Student-Newman-
Keuls identified significant differences among the exposure experiments. . A multiple linear
regression analysis was performed in order to verify if the leaf necroses might be predicted
by daily oscillations on environmental factors variables (O
3
, air temperature, relative
humidity, irradiation) and/or on antioxidant indicators during the 14 days of exposure (data
of all four exposure periods included). The data were analyzed by means of the stepwise
backward method, which means that the analysis started with all independent variables and,
after successive new adjustments, only those that significantly contributed to explain the
variations in leaf necroses remained in the model. When necessary, data were transformed to
reach normality and equal variances. Sigma Stat 3.5 Software was used for all tests.
Results
The highest values of ozone were observed in the 1
st
and 3
rd
exposure periods, when
significantly lower relative humidity was registered. Maximum levels of ozone (above 80
ppb) were measured in spring, especially in September during the 1
st
exposure. Average
temperature was significantly lower during the last period of plant exposure than that
measured in the other periods. Average irradiation did not significantly differ among periods
(Fig. 1, Table 1).
The leaf necroses appeared between the 3
rd
and 6
th
day of exposure (Fig. 1). They
occurred in almost all 4
th
to 6
th
oldest leaves evaluated (data not shown). The leaf area
affected by necroses did not differ significantly among the exposure periods (Table 1), but
the accumulated % of necroses at the end of the 4
th
exposure was the highest (60% in
average). The average levels of AA were significantly higher during the 1
st
and 3
rd
exposure
periods than during the 2
nd
and 4
th
periods Average SOD activity did not differ among the
108
exposure periods. In contrast, POD activity decreased significantly in plants from the 3
rd
experiment (Table 2).
The AA concentrations in tobacco Bel W3 tented to decrease with time of exposure in
all experiments. Daily SOD and POD activities oscillated during plant exposure. Evident
high activity of SOD was observed in plants sampled at the beginning of 1
st
and 2
nd
and at the
end of 4
th
exposures and ofPOD at the middle of the 2
nd
exposure (Fig. 2).
The multivariate analysis established indicated that 63% of the increasing percentage
of leaf necroses in the whole period were explained by decreasing levels of AA and SOD and
by higher values of ozone concentrations and of air temperature four days before the
biological measurements (Table 3). This was the most explicative linear model, among those
proposed for other matrices of data, in which the measurements of biological parameters
were related to environmental conditions one to seven days before.
Discussion
The ascorbic acid (AA) seemed to be the most involved in the antioxidant capacity of
plants, in which could be consider as key indicator of environmental stress. Among several
functions, such as action as co-factor for many enzymes and regulation of senescence and of
pathogen attack, this antioxidant contributes to increases plant resistance against oxidative
stress by detoxifying hydrogen peroxide (Pastori et al. 2003, Conklin & Barth 2004, Barth et
al. 2004, Pavet et al. 2005, Barth, De Tullio & Conklin 2006).
Additionally, it has been suggested that ascorbic acid in the cell wall provides a first
step of defense against ozone (Baier et al. 2005). In tolerant plants ozone generally promotes
increases in AA concentrations and in the activity of enzymes of ascorbate-glutathione
(Castillo & Greppin, 1988). On the other hand, the low concentration of AA in leaves of
deficient mutants in such substance was associated to restrictions of growth and enhancement
of ozone sensitivity (Conklin et al. 2000, Veljovic-Jovanovic et al. 2001). In our study,
ascorbic acid seemed to have been one limiting factor for the appearance of visible damage
only during the first days of exposure, as also observed by Bulbovas et al. (2007) in plants of
a sensitive Brazilian cultivar of soybean. However, the decrease in its concentrations with
exposure time appeared to be a measurement of the increasing sensitivity of tobacco plants in
the monitored environment, since this effect was straightly followed by the progression of
injury.
Multivariate analysis showed that ozone levels modulate these biological responses
during plant exposure. Sant’Anna et al. (2008) also observed in fumigation experiments that
the association between realistic concentrations of ozone and leaf contents of AA and
109
necroses in plants of N. tabacum Bel W3 was time-dependent. Significant reductions in AA
were followed by evident increases in the leaf area affected by necroses in plants exposed to
over 40 ppb of ozone for four days.
Numerous studies have observed that during the adaptation to oxidative stress the
levels of SOD , POD and others enzymatic antioxidants can oscillate in plants growing in a
stressing environment, an effect that was observed in plants of N. tabacum Bel W3 during the
field experiments. This effect may depend on the plant species, stage of development and
intrinsic metabolic rhythms (Kuk et al. 2003). Increases in SOD have been generally
observed in response to ozone, as demonstrated by Scebba et al. (2003) for exemple.
However, the reduction in the activity of SOD while the concentrations of ozone as well as
the leaf visible disturbances increased may be another indication that the antioxidant system
in the plants of the present study disarranged with time. Similar result was obtained by
Calatayud & Barreno (2001) in Lycopersicon esculentum cv. Tiny Tim treated with ozone.
As supposed, ozone was not the only environmental factor to cause oscillations on the
antioxidant responses and on the progression of leaf necroses during the experimental
periods. Air temperature also interfered on these relations. For instance, the maximum
average % of leaf area affected by necroses was observed during a period (4th exposure) in
which the temperature was the highest of the whole experimental period (23.3
o
C in average),
but leaf contents of AA and the concentrations of ozone were lower, compared to the values
registered during the 1st exposure. We should consider that the ozone flux through the
stomata into the leaf may be modified by various environmental factors such as temperature
(Karlsson et al. 2004, Filella, Peñuelas & Ribas 2005, Hassan 2006). So, we may suppose
that the environmental conditions during the last field experiment should have been more
appropriate to the uptake of ozone than during the other periods, resulting in stronger
potential stress, decreased levels of AA and consequently more intense leaf necroses. Some
authors, like Payton et al. (2001) and Ding et al. (2007), also found that plants increase
sensitivity to oxidants when exposed to chilling temperatures.
Finally, a weak linear relation was observed between % of injury and atmospheric
ozone concentration as observed by several authors (e.g., Ribas & Penuelas 2003, Yuska et
al. 2003, Klumpp et al. 2006 and Calatayud et al. 2007), reinforcing the conclusion of
Sant’Anna et al. (2008) that the employment of % of leaf area affected by necroses as
indicator of ozone under atmospheric conditions of São Paulo must be carefully evaluated.
110
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115
Figures and tables
Figure 1. Daily average values of leaf injury, ozone concentration, relative humidity,
temperature and irradiation during the four exposure experiments with N. tabacum Bel W3.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
ozone (ppb) leaf injury (%)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
humidity (%) temperature C) irradiation (MJ/m2)
1
st
exposure 2
nd
exposure
3
th
exposure 4
th
exposure
116
Figure 2. Daily profile of ascorbic acid [mg g
-1
(DM)], superoxide dismutase [10
2
Uni
g
-1
(DM)] and peroxidase [10
2
E min
-1
(DM)] in leaves of N. tabacum Bel W3 during the
four exposure experiments.
0
2
4
6
8
10
ascorbic acid
0
10
20
30
40
50
60
superoxide dismutase
0
10
20
30
40
50
60
70
80
peroxidase
1
st
exposure 2
nd
exposure 3
rd
exposure 4
th
exposure
117
Table 1. Average values + standard deviations of environmental factors and of biological
parameters measured in plants of N. tabacum Bel W3, during the four periods of plant
exposure. Different letters show significant differences among exposure experiments for
each parameter analyzed (p< 0.05).
Variables 1
st
exposure
2
nd
exposure 3
rd
exposure 4
th
exposure
Environmental factors
Ozone (ppb)
60.5 + 12.5 a 21.1 + 2.3 b 35.0 + 11.7 a 21.2 + 9.3 b
Relative humidity (%)
73.6 + 25.1 b 83.9 + 15.8 a 76.6 + 19.5 b 79.1 + 19.9 a
Temperature (°C)
19.0 + 6.3 b 19.2 + 5.6 b 20.4 + 5.4 b 23.3 + 4.7 a
Irradiation (MJ/m
2
)
18.4 + 4.5 a 13.1 + 5.6 a 22.1 + 6.9 a 13.2 + 3.7 a
Biological parameters
Leaf necroses (%)
6.0 +10.0 a 2.0 + 3.0 a 7.0 + 10.0 a 18.8 + 23.0 a
AA (mg g
-1
DM)
6.6 + 2.1 a 4.6 + 1.8 b 5.9 + 2.9 a 4.9 + 2.3 b
SOD (10
2
U g
-1
DM)
18.2 + 10.5 a 12.5 + 18.8 a 7.8 + 3.6 a 14.4 + 20.8 a
POD (10
2
E min
-1
DM)
/ 15.9 + 17.1 a 5.8 + 4.2 b 14.1 + 8.0 a
/ - Data not available.
Distinct letters indicate significant differences among exposure periods for each variable
(p< 0.05).
118
Table 2. Predictive variables of leaf necroses (log
10
transformed) in plants of N. tabacum
Bel W3 during 14 days of exposure to the environmental conditions of the study site, in the
city of São Paulo.
Variables Coefficient
P
Ozone * 0.016 0.011
Temperature * 0.132
< 0.001
Ascorbic acid **
-
0.148 0.006
Superoxide dismutase **
-
0.0002 0.009
Constant = -1,245; R
2
= 0.63 (p < 0.001)
* Four days before necrosis evaluation.
** In the same day of necrosis evaluation.
119
Suitability of Nicotiana tabacum ‘Bel W3’ for biomonitoring ozone in
São Paulo, Brazil
Environmental Pollution 151 (2008) 389-394
Silvia M.R. Sant’Anna, Marisia P. Esposito, Marisa Domingos, Silvia R.
Souza
*
Instituto de Botânica, Seção de Ecologia, Caixa Postal 3005, 01061-970
São Paulo, SP, Brazil
*
Corresponding author: [email protected]; phone: ++ 55 11 5073
6300; fax: ++ 55 11 5073 3678
Capsule: Nicotiana tabacum ‘Bel W3’ is suitable for indicating low ozone
levels in Brazil
ABSTRACT
Nicotiana tabacum ‘Bel W3’ is a widely used sensitive bioindicator for
ambient ozone, but it is rarely used in tropical countries. Our goal was to
determine the suitability of this plant for biomonitoring ozone in the city of
São Paulo by evaluating the relationships between leaf necroses and ozone
under field conditions and measurements of chlorophyll a fluorescence and
antioxidants in plants exposed to different concentrations of ozone in closed
chambers. While a weak linear relationship between leaf injury and ozone
concentrations (R
2
= 0.10) was determined in the field, a strong linear
relationship was observed in the chamber experiments. Maximum leaf injury
was observed in plants submitted to 40 ppb, which coincided with a
significant decrease in fluorescence and total ascorbic acid. The relationship
between leaf damage observed in the field and ozone was improved when the
concentrations were limited to 40 ppb (R
2
= 0.28).
Key words: Ozone biomonitoring, Nicotiana tabacum ‘Bel W3’, Brazil
120
1. Introduction
Many environmental problems have been caused by tropospheric
pollution in the metropolitan area of São Paulo. The 17 million inhabitants are
constantly exposed to primary pollution emissions from industries and
vehicles. The vehicles are the main air pollution source of air pollution in São
Paulo due to their large number, the almost nonexistent control of emissions
and the use of different kinds of fuel (Domingos et al., 2002). As many as
62% of the vehicles are run on gasohol (a mixture of gasoline and ethanol),
30% on pure ethanol and 8% on diesel (Campos et al., 1999). Burned fuel
introduces oxygen compounds into the troposphere, such as nitric oxide,
aldehydes, ketones and organic acids, which are responsible for many
atmospheric reactions producing organic radicals, hydrogen peroxide,
peroxiacetil nitrate and ozone (Montero et al., 2001). Due to this, the
atmospheric contamination in São Paulo is very particular and increases the
oxidative potential of the atmosphere (Souza et al., 1999).
The photochemical compounds, such as ozone, are very toxic to
organisms due to the oxidative stress induced by the increasing production of
reactive oxygen species (ROS) in the cells (Muggli, 1993). At the same time,
non-enzymatic and enzymatic antioxidants, such as ascorbic acid and
superoxide dismutase, respectively, may control the toxic effects of ROS
(Iqbal et al., 1996). However, the oxidant-antioxidant equilibrium is rapidly
disrupted in sensitive plants, such that ROS can affect vital molecules like
proteins, lipids and nucleic acids (Muggli, 1993). As a result of rapid changes
in air pollution concentrations, metabolic, physiological, morphological and
structural reactions in these plants are expected. Plants that show
conservative, unquestionable and easily measured reactions are excellent
bioindicators of air pollution (VDI, 1999; De Temmerman et al., 2004).
Nicotiana tabacum ‘Bel W3’ has been used for biomonitoring ozone in
Europe and North America (Heggestad, 1991; Krupa and Manning, 1988;
VDI, 2000). As it is very sensitive and shows characteristic and easily
quantified ozone-induced necroses on the leaves (Horsman, 1981; Peñuelas et
al., 1999; Vergé et al., 2002). Klumpp et al. (2006) by means of a recent,
successful biomonitoring program conducted in many European cities,
showed that tobacco ‘Bel W3’ was adequate for indicating sites and periods
121
of the year more and less contaminated by ozone. However, strong linear
relations between ozone concentrations and percentage of leaf tissue covered
by necroses, an ideal condition for quantitative biomonitoring according to
Arndt and Schweizer (1991), were only found in a few numbers of cities.
These authors and others, such as Koppel & Sild (1995), Antonielli et al.
(1997), Finnan et al. (1996), Peñuelas et al. (1999) and Vergé et al. (2002),
concluded that meteorological variations may interfere with the uptake of
ozone via stomata and thus affect the linear relations. Therefore, the
bioindicator efficiency of N. tabacum ‘Bel W3’ is strongly dependent on the
environmental conditions as a whole.
In the state of São Paulo, SE-Brazil, N. tabacum Bel W3’ was
successfully used to qualitatively biomonitor ozone around the industrial
complex of Cubatão (Klumpp et al., 1994) and preliminarily in an urban site
in the city of São Paulo (Domingos et al., 2002). However, these authors
could not show if the leaf injuries were predominantly caused by tropospheric
ozone, another essential condition for biomonitoring programs employing this
sensitive plant (VDI, 2000), due to the lack of air quality data.
In the present study, we raised the general hypothesis that N. tabacum
‘Bel W3’ is as efficient for quantitative biomonitoring under the tropical
weather conditions observed in São Paulo as in European cities, as indicated
by a significant linear relation between leaf necroses and ozone
concentrations. In addition to the possible interferences of meteorological
factors on the uptake of ozone already noted by other authors, our working
hypothesis was that physiological disturbances and the action of antioxidants
restraining the toxic effects of ROS during plant exposure are other possible
causes of interference with the linear relation between leaf necroses and
ozone. Therefore, our goal was to determine (1) the relationship between
ozone and the percentage of leaf area of N. tabacum ‘Bel W3’ affected by
necroses under field conditions and (2) the physiological responses, indicated
by the measurement of chlorophyll a fluorescence and the levels of total
ascorbic acid and activity of superoxide dismutase, in plants exposed to
different concentrations of ozone for two and four days. Finally, comparing
results from both field and experimental designs, we determined the
122
suitability of N. tabacum ‘Bel W3’ for biomonitoring ozone in the city of São
Paulo.
2. Materials and Methods
Nicotiana tabacum ‘Bel W3’ plants were cultivated following the
methods proposed by VDI (2000) for both field and fumigation experiments.
The plants grew in two-liter, black pots with standard soil, in a greenhouse
with filtered air until the beginning of each exposure; suitable irrigation was
maintained by capillarity. The plants were exposed when they had six leaves.
One day before the experiment started, the third leaf was marked.
In the field experiment, six plants were exposed for 14 days in four sites
of São Paulo highly contaminated by ozone and were successively substituted
by a new lot of six plants during a period of 15 months (September 2002 to
December 2003), following methods proposed by VDI (2000). In parallel,
other lots of six plants were maintained in the greenhouse. The air pollution
and climatic conditions at these sites were monitored by the Environmental
Protection Agency of São Paulo state. Leaf-to-air vapor pressure deficit
(VPD) was estimated according to the formula proposed by Streck (2003)
using daily values of temperature and relative humidity.
Four ozone fumigation experiments were carried out in closed
chambers maintained inside a laboratory under artificial illumination
supplied by metallic vapor (400 W) and fluorescent (30 W TL05) lamps.
The experiments consisted of exposing three tobacco plants to filtered air
(FA treatment) and another three to filtered air plus ozone (FA+O
3
treatment) for two days and two other similar lots of plants to the same
treatments for four days (three hours per day in all cases). One replicate of
each treatment was performed. The ozone concentrations simulated in the
FA+O
3
treatment were 20, 40, 60 and 80 ppb, which were defined in
function of the daily atmospheric concentrations observed during the field
experiment. Ozone was generated under electrical discharge by dissociation
of oxygen contained in filtered air. The ozone levels were certified by
continuous measurements performed with a Ecotech 9810B photometric
monitor.
123
During the fumigation experiments, the mean values of temperature,
relative humidity and photon flux density were 28 ± 4
o
C, 88 ± 6% and 156 ±
8 µmol m
-2
s
-1
, respectively.
In both field and fumigation experiments, the percentages of leaf area
affected by typical ozone-induced necroses of the fourth, fifth and sixth oldest
leaves were estimated by a single operator, following the recommendations
proposed by VDI (2000). Intervals of 5% were adopted to estimate the leaf
area covered by necroses, and the results were expressed as average of the
percentages of the three leaves per plant.
After two and four days of fumigation and following a 20 minutes
adaptation to the dark, the chlorophyll a fluorescence in the same three was
determined by means of a PAM 2100 fluorometer (Walz, Germany). Values
of maximum fluorescence (F
m
) and minimum fluorescence (F
0
) were used to
calculate F
v
:F
m
ratio. The concentration of total ascorbic acid (ascorbic and
dehydro-ascorbic acids) and the activity of superoxide dismutase, indicators
of the antioxidative defense system, were photometrically analyzed according
to Keller and Schwager (1977) and Oswald et al. (1992), respectively.
Differences among treatments of the fumigation experiments were
determined by one way analysis of variance (F Test) followed by pairwise
comparison test of Student Newman Keuls. Mean values of biotic parameters
obtained in plants exposed to the same fumigation treatment for two and four
days were compared by t test. When necessary, data were transformed (log
10
or squared) to reach normality and equal variances. Linear regression analysis
showed the relationship between (1) leaf necroses and (a) mean ozone
concentrations (from 8:00 am to 8:00 pm), (b) AOT20 and (c) AOT40 per
exposure in the field experiment and between (2) all biotic parameters
measured and (a) mean and (b) total accumulated doses of ozone in the
fumigation experiment. SigmaStat 2.0 Software was used for all tests.
3. Results
The highest average ozone levels measured in the four exposure sites
in São Paulo were registered during September to December 2002 (AOT40:
12 730 ppb h) and January to March 2003 (AOT40: 9 460 ppb h), in the
124
spring and summer, respectively. The lowest average ozone concentrations
were observed from April to August 2003, corresponding to autumn
(AOT40: 2 100 ppb h) and winter (AOT40: 2 500 ppb h). Atypical low
concentrations of ozone were observed in spring 2003 (AOT40: 4 430 ppb
h). The highest daily concentrations occurred in January 2003 (Fig. 1). The
mean values of temperature, relative humidity and photon flux density
during the exposure period were 20 ± 4
o
C, 83 ± 11% and 1308 ± 219 W m
-
2
, respectively. Higher values of VPD were estimated in December 2002 and
from August to October 2003, compared to those calculated for the other
months of plant exposure. Under these conditions, higher percentages of
leaf area occupied by necroses in plants of N. tabacum ‘Bel W3’ exposed in
São Paulo were verified during spring 2002 (November-December) and
summer 2003 (February-March) (Fig. 1). Plants maintained inside the
greenhouse under filtered air never showed leaf necrosis.
In the fumigation chambers, leaf injury was significantly more intense in
the plants exposed for four days than the ones exposed for two days (Fig. 2)
and was comparable to the values observed in the plants exposed in the field
(Fig. 1). However, while increasing levels of ozone were followed by
increasing percentages of leaf injury in plants after two days of exposure, the
most intense leaf necroses were reached in plants maintained under 40 ppb of
ozone for four days. In such case, exposure to 60 ppb or to 80 ppb did not
significantly enhance the leaf area affected by necroses (Fig. 2). As expected,
the plants exposed to filtered air showed no visual injuries.
The highest content of total ascorbic acid was determined in plants
fumigated for two days with 40 ppb of ozone. On the other hand, the plants
that remained exposed for four days to 20 and 40 ppb showed the lowest leaf
concentrations. Total ascorbic acid concentration was significantly lower in
plants exposed to 40 ppb for four days than in plants fumigated with the same
level of ozone for two days (Fig. 2). SOD activity was significantly more and
less intense in plants fumigated with 20 ppb and 60 ppb, respectively, for two
days. Similar activities of this enzyme were verified in plants exposed to all
levels of ozone for four days and did not differ from the values obtained for
plants exposed to filtered air (Fig. 2). Higher activity of SOD was verified in
125
plants fumigated with 60 ppb for four days compared to plants exposed for
two days.
Lower values of F
0
and F
m
were observed in plants submitted to 40 ppb
for two days. In plants exposed for four days, F
0
was not affected by any level
of ozone, and F
m
was significantly lower only in the plants exposed to 40 and
60 ppb. The F
v
:F
m
ratio strongly decreased in the plants exposed to 40 ppb
and upwards, for both two and four days. The values of F
0
, F
m
and F
v
:F
m
ratio
were lower, especially in the plants exposed to 60 ppb for four days, than in
plants fumigated for two days (Table 1).
In the field, the determination coefficients between injuries and
ozone levels were very low, independent of the ozone pollution descriptor
used. The highest coefficient was obtained with the mean values of ozone
(Table 2), in the chamber experiments in contrast the leaf injuries were
highly explained by ozone levels. Also, in the same experiments, the linear
relationship between physiological parameters and ozone levels were high,
mainly F
v
:F
m
ratios and total ascorbic acid in plants exposed for two and
four days, respectively. The best determination coefficient as estimated
between fluorescence and ozone was obtained for two days.
4. Discussion
Although the field biomonitoring indicated that Nicotiana tabacum ‘Bel
W3’ was able to show differences in ozone contamination among the seasons
in the city of São Paulo, it is not suitable for quantifying the ozone levels,
considering the weak relationship between leaf necroses and ozone pollution.
Similar results were obtained by Klumpp et al. (2006) in European cities.
They commented that efforts to determine the relationship between ambient
ozone concentrations and leaf symptoms in tobacco and other bioindicator
plants have been attempted with variable success. In fact, as pointed by
Klumpp et al. (2006) and others (Koppel and Sild, 1995; Antonielli et al.,
1997; Finnan et al., 1996; Peñuelas et al., 1999; Vergé et al. 2002),
meteorological variations may interfere with the uptake of ozone via stomata
and then on the relationship between leaf necroses and ozone.
126
According to Krupa et al. (1993), Muné-Bosh and Alegre (2002),
Davison et al. (2003), the ozone biomonitoring using tobacco Bel W3 can
be affected by photoperiod, temperature, solar radiation, relative humidity,
wind, VPD and carbon dioxide concentrations which are parameters that can
decrease the ozone uptake because they promote the closing of the stomata.
VPD, in particular, is an important environmental factor that can affect
stomatal conductance in higher plants since it can cause water stress.
Stomata regulate their opening to avoid dehydration as VPD increases
(Streck, 2003). The stomata conductance is probably the most important
control of pollutant uptake (Krupa et al., 1993; Davison et al., 2003;
Grünhage and Jäger, 2003). This being the case, high concentrations of
ozone, mainly taken by plants through stomata, would impose lower flux of
ozone into the leaves and consequently less the damage in plants growing
under high VPD than in plants growing under low VPD. Ball et al. (1998)
confirmed this hypothesis by proving that this index was among the most
important factors to modify the effects of ambient ozone on white clover. In
the present study, higher values of VPD (0.02 - 2.22 KPa) appeared to be
obtained during the exposure period of tobacco plants in Sao Paulo, when
compared to those (0.27-1.60 KPa) found by Ball et al. (1998). Therefore,
restrictions to the occurrence of leaf symptoms would be expected in
response to high VPD during the exposure period. However, the fact that no
significant relation between leaf damage and VPD (R
2
= 0.03; p>0.05) was
found indicates that this phenomenon was not generalized. Decreases in
ozone uptake might have occurred only sporadically, such as at the
beginning of January 2003, when the highest daily levels of ozone and the
most severe VPD were registered. In addition, Streck (2003) mentioned that
stomata do not always respond to VPD. If this is the case, measurements of
ozone flux into the leaf and consequent cumulative ozone uptake would be
more precise to delimit ozone-induced effects on plants (Klumpp et al.,
2006).
Although the data from the fumigation experiments showed a stronger
linear relationship between ozone and leaf damage than that obtained in the
field, they clearly revealed that maximum physiological disturbances and
maximum percentage of leaf area affected by necroses occurred in plants
127
fumigated with 40 ppb for four days. Additionally, the intensification of the
effects on the plants seemed to be time-dependent, mainly those related to
chlorophyll a fluorescence and leaf necroses.
Chlorophyll a fluorescence, an indicator of photosynthetic efficiency
(Maxwell and Johnson, 2000), clearly showed that plants exposed for two
days were less affected by ozone than those exposed for four days. The
reduction of photochemical efficiency of PSII, shown by significantly lower
F
v
:F
m
ratios, can mainly be attributed to the decrease of maximum
fluorescence (F
m
), an effect that was evident in plants exposed to 40 and 60
ppb of ozone. Under 40 ppb for two and four days, the reduction of F
v
:F
m
could also be a consequence of the decrease of F
0
, as frequently described
by other authors, such as Maxwell and Johnson (2000), Guide et al. (2005),
Francini et al. (2007), among others. This parameter also showed that from
40 ppb of ozone and upwards the gaseous exchanges could be affected in
such a way that the pollution uptake would be restrained in longer
exposures. This might explain why ozone levels over 40 ppb did not add
any additional damage to the leaves.
However, we suggest that the antioxidative defenses could be one
more factor that interferes with the visual response in plants, preventing
oxidative cell damage. In fact, it was mainly the ascorbic acid that changed
significantly after two and four days of exposure to 40 ppb of ozone or
more. This suggests that antioxidants may also have contributed to counter
the progression of leaf necroses in plants submitted to 40 ppb or more of
ozone for four days.
Taking in account the results from the fumigation experiments, it is
possible to expect increasing physiological disturbances during the 14 days
of exposure of N. tabacum ‘Bel W3’ in the field, which could restrict ozone
uptake and be one possible explanation for the weak relationship between
leaf damage and ozone concentrations. The action of antioxidants should not
be ignored. It is also possible to suppose that these disturbances would be
worse when tobacco plants are exposed to mean ozone concentrations
higher than 40 ppb. To test these suppositions, a new regression analysis
between leaf damage and mean ozone concentrations (from 8:00 am to 8:00
pm) up to 40 ppb was performed (R
2
= 0.28; p < 0.05). Compared to the
128
results presented in Table 1, this linear relationship improved (from 10% to
28%). However, it is still not strong enough to guarantee the suitability of N.
tabacum ‘Bel W3’ for quantitative ozone biomonitoring under the
environmental conditions commonly observed in the city of São Paulo,
except possibly in regions where the ozone concentrations are less than 40
ppb.
5. Conclusions
The results showed that N. tabacum ‘Bel W3’ has potential to
adequately categorize the ozone levels in São Paulo. N. tabacum ‘Bel W3’
may be suitable for indicating low ozone concentrations, when the protocol
proposed by VDI (2000) is applied. The results point to the necessity of
further studies to establish an ideal period of exposure for biomonitoring in
the city.
Acknowledgements
This study is part of the PhD thesis and the MSc dissertation of the
first and second authors respectively. We thank Fundação do Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), for the financial support
(processes 02/04751-6), Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (CETESB), for furnishing data of air quality and climatic
conditions, and Dr. Marcos Pereira Aidar and João Godoy, for making
available the equipment for measuring the chlorophyll a fluorescence.
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VDI/DIN Handbuch Reinhaltung der Luft, Vol. 1a, Beuth-Verl.,
Berlin.
133
Table 1: Mean values of minimum (F
0
) and maximum fluorescence (F
m
) of
chlorophyll a and F
v
:F
m
ratios in plants of N. tabacum ‘Bel W3’ exposed to
ozone (n = 9). Different letters show significant differences among mean
values obtained for plants exposed to different levels of ozone for two days
or for four days (p < 0.05). * Indicates significant differences between mean
values obtained after two and four days of exposure to the same ozone
concentration.
2 days
4 days
O
3
(ppb)
F
0
F
m
F
v
:F
m
F
0
F
m
F
v
:F
m
0 382.5
a
2 271.8
b
0.832
b
380.9
a
2 272.0
a
0.832
a
20 395.7
a
2 430.7
a
0.837
a
362.7
a
2 177.3
a
0.834
a
40 264.3
b
1 420.7
e
0.809
c
324.3
a*
1 666.6
b
0.790
b
60 431.2
a
2 107.6
c
0.795
d
357.8
a*
1 476.7
c*
0.749
c*
80 381.8
a
1 855.6
d
0.791
d
347.1
a
1 801.3
ab
0.780
b
134
Table 2: Determination coefficient between ozone pollution descriptors and
biotic parameters analyzed in plants of Nicotiana tabacum ‘Bel W3’
exposed in the field (n = 198) and in fumigation chambers (n = 45).
Experiment Exposure period
O
3
descriptor Leaf injury F
v
:F
m
ratio AA SOD
Field 14 days
1
Mean 0.10* - - -
AOT20 0.06* - - -
AOT40 0.03* - - -
FA + O
3
2 days Mean 0.96* -0.90* 0.48* 0.46*
4 days Mean 0.89* -0.85* 0.74* 0.33*
1
Average concentration from 8:00 am to 8:00 pm
* p < 0.05
135
Fig.1: Mean values of daily ozone concentrations, daily vapor pressure
deficit (VPD) and percentage of leaf injury in plants of N. tabacum ‘Bel
W3’ successively exposed for fourteen days during the field study. Mean
values were calculated based on the results obtained at all four exposure
sites.
0
20
40
60
80
100
Sep-02
Oct-02
Nov-02
Dec-02
Jan-03
Feb-03
Mar-03
Apr-03
May-03
Jun-03
Jul-03
Aug-03
Sep-03
Oct-03
Nov-03
Dec-03
Ozone (ppb)
0
1
2
3
Sep-02
Oct-02
Nov-02
Dec-02
Jan-03
Feb-03
Mar-03
Apr-03
May-03
Jun-03
Jul-03
Aug-03
Sep-03
Oct-03
Nov-03
Dec-03
VPD (KPa).
0
20
40
60
Sep-02
Oct-02
Nov-02
Dec-02
Jan-03
Feb-03
Mar-03
Apr-03
May-03
Jun-03
Jul-03
Aug-03
Sep-03
Oct-03
Nov-03
Dec-03
Leaf injury (%).
136
Fig.2: Mean values of percentage of leaf injury, the amount of total ascorbic
acid (AA) and the activity of superoxide dismutase (SOD) in plants of N.
tabacum ‘Bel W3’ fumigated with different ozone concentrations for two
( ) and four ( ) days. Lowercase and capital letters indicate significant
differences among mean values obtained for plants exposed to different
levels of ozone for two days and for four days, respectively (p < 0.05).
* Indicates significant differences between mean values obtained after two
and four days of exposure to the same ozone concentration (n = 9).
d
d
c
b
a
B
B
*
A
*
A
A
0
20
40
60
0 20 40 60 80
Ozone (ppb)
Leaf injury (%).
b
e
c
a
d
A
A
A
A
A
0
10
20
30
40
0 20 40 60 80
Ozone (ppb)
SOD [10
2
U g
-1
(DM)].
a
b
a
c
c
A
B
C
C
A
0
2
4
6
8
0 20 40 60 80
Ozone (ppb)
AA [mg g
-1
(DM)].
137
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