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apresentadas na aprendizagem da língua materna, pelos alunos
da escola pública, com origem concentrada nas camadas da
população, que, em sua grande maioria, estão excluídos do
acesso aos bens materiais e culturais, produzidos na sociedade
contemporânea (OLIVEIRA, 1997, p.79).
“Uma primeira definição bastante comum do aluno vítima do fracasso
escolar se refere à não-aquisição dos conhecimentos e habilidades mínimos,
exigidos pelo programa ou currículo escolar” (CARBONELL I SEBARROJA, 1996,
p.167). Considerada por Ferreiro (1992) a mais básica de todas as necessidades
de aprendizagem, a alfabetização, com certeza, integra essas habilidades e esses
conhecimentos – mínimos – da escolarização dos alunos, o que não significa
dizer que a alfabetização se constitui num conhecimento elementar e de fácil
aquisição.
Nesse sentido, cumpre-nos destacar que concordamos com Soares (2004,
p.23), quando afirma que a alfabetização é um fenômeno de natureza complexa,
multifacetado. Contudo, lembra, ainda, Soares (2004, p.21) que “o fracasso
escolar em alfabetização não se explica, apenas, pela complexidade da natureza
do processo; caso contrário, não se justificaria a predominante incidência desse
fracasso nas crianças das classes populares”.
Igualmente, a alfabetização é determinada por fatores intra e extra
escolares, inextricavelmente relacionados (CAMPELO, 1997, p.107). Dentre os
fatores intra-escolares determinantes de uma alfabetização não exitosa, destaca-
se a condução pedagógica das atividades alfabetizadoras, pelo professor, numa
perspectiva “unidimensional”, como se fosse possível homogeneizar a sua turma.
Contrapondo-se também às concepções mecanicistas, diversos autores
(CARVALHO, 1990; 1992; SOARES, 2000) apontam que, para aprender a leitura
e a escrita de forma significativa, é necessário vivenciá-las como práticas, em
interações sociais, sendo a criança aprendiz, sujeito de seu processo de
conhecimento. Daí a importância de se discutir, estudar e refletir sobre as práticas
escolares que têm a língua escrita como objeto de ensino-aprendizagem, pois
apesar de tantos conhecimentos já produzidos, a maioria das escolas permanece
ignorando as novas concepções elaboradas sobre o tema, sobre os processos
envolvidos e suas implicações práticas, e continuam não contribuindo para que os
alunos aprendam, de fato, a ler e a escrever.
Os teóricos que nas últimas décadas têm se voltado para estudar a
problemática da alfabetização destacam que, dentre tantos fatores responsáveis