momentos, as emoções são freqüentes, muitas vezes acompanham fatos marcantes
da história de vida dos entrevistados e do entrevistador.
Dessa forma, solicitamos que falassem como foi a formação inicial e
continuada deles e sobre o processo de escolha profissional, quanto tempo
trabalhavam como professor, a idade, entre outros. Esse momento possibilitou
conversarmos sobre o processo de ensino-aprendizagem dos alunos com TDAH, o
conhecimento sobre o TDAH, as dificuldades de sua prática pedagógica e as
relações com os alunos, equipe pedagógica e as famílias dos alunos. As
informações propiciadas nesse momento possibilitaram a compreensão das
concepções que orientavam suas escolhas na prática pedagógica. Inferimos que
também foi um momento de reflexão para os professores sobre o seu trabalho.
A nossa expectativa era de favorecer um diálogo com os
entrevistados a fim de discutirmos as questões do cotidiano escolar vivenciadas por
eles. A intenção era fazer entrevistas apenas com os professores. Como bem
destaca Trivinos (1987), a coleta e análise de dados não são divisões estanques e
as hipóteses anteriores podem ser substituídas por outras, geralmente as
informações interpretadas podem originar novas buscas de dados, e até outros
caminhos. Vivenciamos essa situação e, após realizar as entrevistas com os
professores, sentimos a necessidade de conversar com a coordenação pedagógica
e os pais dos alunos com TDAH, já que os professores mostravam dúvidas quanto
ao diagnóstico dos alunos. E, também, estávamos discutindo questões do cotidiano
escolar, as quais envolviam a participação desses sujeitos.
Posteriormente, entrevistamos os pais dos alunos com TDAH, a
partir de convites feitos às famílias para uma conversa individual em dias e em
horários acessíveis às mesmas.
A escuta familiar, em quase todas as circunstâncias, uma gama de
sentimentos, tais como: culpa, desejos, frustrações, medos surgem à margem da
problemática, sobretudo, quando a problemática é o ser humano. Em nossa
pesquisa isso não foi diferente. Os conteúdos dos relatos dos pais foram analisados
e divididos em descrição do filho, relação com a família, conhecimento sobre o
TDAH, relação com a escola e interação com outras crianças.
Nessa entrevista com os pais, o nosso intuito foi de saber como se
deu o momento da descoberta sobre o TDAH pelos pais ou responsáveis pelo aluno
(a), visto que os professores mostravam dúvidas quanto ao diagnóstico dos alunos.
Durante a entrevista os pais falaram sobre a descoberta do diagnóstico dos seus
filhos; orientação dos profissionais que fazem acompanhamento específicos, o modo
como acontece a dinâmica familiar, como esta avalia o desempenho da criança na
escola, o relacionamento com os professores e demais funcionários da escola; como
percebe a interação da criança com os colegas. Além disso, era intuito também
conhecer como é o cotidiano desses alunos fora do ambiente escolar.
Ao fazer a interpretação e análise dos relatos procuramos suspender
as nossas crenças na tentativa de ouvir com atenção sem fazer julgamento dos
pressupostos apresentados pelos entrevistados, para podermos compreender o seu
pensamento em relação as situações vivenciadas na escola, conforme bem
recomenda Bohm. Para Navarro e Aragão (2004, p.115) “quando suspendemos
nossas crenças e ouvimos mais, tendemos a nos importar menos com nossas
verdades/opiniões e olhamos com mais atenção/ciência/sentido ao mundo/realidade
em nossa volta”. Portanto, nesse momento de escuta reflexiva, tentamos ouvir, sem
censurar, as idéias/concepções expostas. Procuramos dar atenção também as
vozes do nosso próprio pensamento.