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KLEBER RENAN DE SOUZA SANTOS
Biodiversidade de algas e cianobactérias de três
lagoas (“salina”, “salitrada” e “baía”) do Pantanal
da Nhecolândia, MS, Brasil
Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica da
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na Área de
Concentração de Plantas Avasculares e Fungos em
Análises Ambientais.
SÃO PAULO
2008
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KLEBER RENAN DE SOUZA SANTOS
Biodiversidade de algas e cianobactérias de três
lagoas (“salina”, “salitrada” e “baía”) do Pantanal
da Nhecolândia, MS, Brasil
Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica da
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na Área de
Concentração de Plantas Avasculares e Fungos em
Análises Ambientais.
SÃO PAULO
2008
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KLEBER RENAN DE SOUZA SANTOS
Biodiversidade de algas e cianobactérias de três
lagoas (“salina”, “salitrada” e “baía”) do Pantanal
da Nhecolândia, MS, Brasil
Dissertação apresentada ao Instituto de Botânica da
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do
título de MESTRE em BIODIVERSIDADE
VEGETAL E MEIO AMBIENTE, na Área de
Concentração de Plantas Avasculares e Fungos em
Análises Ambientais.
ORIENTADORA: DRA. CÉLIA LEITE SANT’ANNA
Ficha Catalográfica elaborada pela Seção de Biblioteca do Instituto de Botânica
Santos, Kleber Renan de Souza
S231b Biodiversidade de algas e cianobactérias de três lagoas (“salina”, “salitrada” e “baía”) do
Pantanal da Nhecolândia, MS, Brasil / Kleber Renan de Souza Santos -- São Paulo, 2008.
229 p. il.
Dissertação (Mestrado) -- Instituto de Botânica da Secretaria de Estado do Meio
Ambiente, 2008
Bibliografia.
1. Algas e cianobactérias. 2. Taxonomia. 3. Pantanal. I. Título
CDU 582.26
ii
“No dia em que eu saí de casa minha mãe me disse: filho vem cá!
Passou a mão em meus cabelos, olhou em meus olhos começou falar
Por onde você for eu sigo com meu pensamento sempre onde estiver
Em minhas orações eu vou pedir a Deus que ilumine os passos seus...
Eu sei que ela nunca compreendeu os meus motivos de sair de lá
Mas ela sabe que depois que cresce o filho vira passarinho e quer voar...
Eu bem queria continuar ali, mas o destino quis me contrariar...
E o olhar de minha mãe na porta eu deixei chorando a me abençoar...
A minha mãe naquele dia me falou do mundo como ele é
Parece que ela conhecia cada pedra que eu iria por o pé.
E sempre ao lado do meu pai da pequena cidade ela jamais saiu
Ela me disse assim: meu filho vá com Deus que este mundo inteiro é seu...”
Composição: Joel Marques
“Aquele que ama a correção ama a ciência,
mas o que detesta a reprimenda é um insensato”.
Provérbios 12, 1.
“É no Pantanal que sentimos a vida com mais amor”
José de Barros Netto
(trecho do livro A vontade natural e o Pantanal da Nhecolândia, 2001)
iii
Dedico a minha família, meus
pais Manoel e Cida e meus
irmãos Alex e Thaina, pelos
fundamentais ensinamentos e
exemplos de amor e
determinação.
Aos pantaneiros, pelo
conhecimento natural da
região.
iv
Agradecimentos
À Deus pelo fantástico mistério da vida e constante presença e proteção.
Aos meus pais Manoel Inácio dos Santos e Maria Aparecida de Souza Santos que em todos
momentos são os maiores incentivadores desta trajetória, por todo o amor compartilhado e pelas
imensas lições de vida que me orientam a cada dia.
Aos meus irmãos Alex de Souza Santos e Thaina de Souza, por todo o carinho, alegria e
brigas nos momentos em que estivemos juntos. Saibam que mesmo distantes fisicamente, sempre
estaremos reunidos pelo amor de família.
À Dra. Célia Leite Sant’Anna (“ori”), por sua dedicação e carisma durante a orientação deste
trabalho. Desde o momento do estágio, quando fui pego de surpresa com o edital de seleção do
mestrado, me incentivou e aceitou prontamente como orientadora. Pelas imensas contribuições
ficológicas durante a realização deste trabalho, que estimularam ainda mais a curiosidade pelas
algas e cianobactérias, por sua constante preocupação e disponibilidade em ajudar em qualquer
situação e pelo empenho como “mãe científica” que a revelam como uma pessoa fantástica cuja
amizade é muito valiosa.
Ao Prof. Dr. Arnaldo Yoso Sakamoto da UFMS/Campus de Três Lagoas coordenador do
projeto maior “Funcionamento Hidrológico, Físico e Biogeoquímico do Pantanal da Nhecolândia,
Mato Grosso do Sul, Brasil” (Convênio CAPES/COFECUB – Projeto 412/03: USP-PARIS VII e
UFMS), do qual o presente estudo fez parte. Pelo indispensável auxilio durante as expedições ao
Pantanal da Nhecolândia, confiança, aprendizado e amizade.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão da bolsa de mestrado através do Programa de Capacitação de Taxonomistas.
Ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente, pela
oportunidade de aprendizado e ampliação de conhecimentos. Às coordenadoras Dra. Sônia
Machado de Campos Dietrich e Dra. Solange Cristina Mazzonni Viveiros, pela dedicação na
coordenação do curso e disponibilidade em sanar dúvidas referentes à PG.
Ao Instituto de Botânica, por fornecer a infra-estrutura necessária à realização deste
trabalho.
Ao Departamento de Ciências Humanas da UFMS Campus de Três Lagoas pelo apoio
institucional durante as coletas.
Aos professores das disciplinas cursadas no Instituto de Botânica: Dr. Augusto Comas
Gonzáles, Dra. Carla Ferragut, Dr. Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, Dra. Célia Leite Sant’Anna,
Dra. Denise de Campos Bicudo, Dra. Lucina Retz de Carvalho, Dr. Jeferson Prado, Dr. Luc Ector,
v
Dra. Maria Tereza de Paiva Azevedo, Dr. Néstor Lagos e Dra. Iracema Schoenlein-Crusius, pelos
fundamentais ensinamentos científicos.
Às pesquisadoras da seção de ficologia Dra. Andréa Tucci, Dra. Célia Leite Sant’Anna, Dra.
Luciana Retz de Carvalho, Dra. Diclá Pupo Santos, Dra. Silvia Maria Pitta B. Guimarães, Dra.
Sílvia Susanne Melcher, Dra. Mutue Toyota Fujii e Dra. Nair Sumie Yokoya pelo convívio
harmonioso e disponibilidade em ajudar, valorizando o trabalho em equipe.
À Dra. Andréa Tucci (“Andréita”), por suas valiosas dicas especialmente na taxonomia das
algas verdes, pelo convívio harmonioso, por sua sincera amizade e franqueza, especialmente pelas
divertidas brincadeiras que foram fundamentais para aliviar a tensão nos momentos de alta
concentração desta etapa.
À Dra. Luciana Retz de Carvalho, por sua disponibilidade em ajudar em todos os momentos,
desde dúvidas referentes à sua especialidade, por ser a químida da seção, até a impressão de parte
da dissertação. Além de seu bom humor e exemplo de determinação.
À Silvia Susanne Melcher, pelo auxílio e dicas na problemática taxonômica de
Aphanizomenon/Anabaena, por sua presença serena e simpática que tornam o ambiente de trabalho
ainda mais agradável.
Aos pesquisadores, Dra. Denise de Campos Bicudo, Dr. Jeferson Prado e Dra. Cacilda Thais
Mercante, pela valiosa contribuição durante o exame de qualificação.
À Dra. Denise de Campo Bicudo e Dr. Carlos Eduardo de Mattos Bicudo, pelo livre acesso
às suas bibliotecas particulares de inestimável valor científico, pelo carisma, respeito e
disponibilidade em ajudar nas questões ecológicas e taxonômicas deste eterno aprendiz.
Aos funcionários da seção de ficologia Manuel Gomes da Silva (“Manú”), Neide Pozo Rios
de Souza, Neuzete Martins Oliveira (“New”) e Elizete Mitico Mitsugui (“Elis”), pela prontidão em
seus serviços, amizade e convívio harmonioso.
Aos funcionários da Seção de Ecologia do Instituto de Botânica, em especial, às técnicas de
laboratório Amarílis de Souza, Maria Auxiliadora, Marli Battaglia e Valdenice Amorim
(“Panteras”) pela simpatia, disponibilidade em ajudar e recepção sempre animada.
Aos membros do Conselho de Curso da Pós-Graduação IBt, Dra. Sônia Machado de
Campos Dietrich, Dra. Solange Cristina Mazzonni Viveiros, Dra. Iracema Schoenlein-Crusius, Dra.
Gerleni Lopes Esteves, Dra. Maria Ângela Machado de Carvalho, Dra. Silvia Maria Pitta B.
Guimarães, Dra. Maria Amélia Vitorino da Cruz Barros, Dr. Marcelo Pinto Marcelli e Dra. Rosana
Cristina Carreira pelo intenso aprendizado durante as longas e muitas vezes fervorosas reuniões em
busca da melhoria do programa no período em que fui representante dos alunos da área de Plantas
Avasculares e Fungos em Análises Ambientais (PAF).
vi
À Márcia Regina Angelo (“Marcinha”) secretária do Programa de Pós-Graduação IBt, por
sua constante simpatia, gentileza e agilidade no atendimento, sempre prestativa e dedicada as
questões da pós-graduação: parabéns Marcinha.
Aos funcionários da secretaria do Programa de Pós-Graduação IBt, Antônio Aparecido
Carlos Borges, Maria Aparecida Campos do Carmo e à estagiária Shirley Alves Amorim pelo
pronto atendimento e simpatia, sempre dispostos em ajudar.
Aos funcionários da Diretoria Administrativa IBt, D. Ilda Oliveira dos Santos, D. Maria
Aparecida Rodrigues Indrigo, D. Edelma de Oliveira, D. Maria Lourdes das Flores Gieseke e Sr.
Mauro Semaco, pela resolução sempre que possível das queixas e sugestões de melhorias para o
alojamento e simpatia no atendimento. Em especial à D. Ilda, pessoa ímpar, de tamanha bondade e
carisma, com certeza deixará saudades.
Aos funcionários da Biblioteca IBt, D. Maria Helena S. C. F. Galho, Suely Paiva de Caldas,
Jeferson Ap. de Souza e a estagiária Laís Costa da Silva, pela prontidão no atendimento e simpatia,
sempre solícitos na localização de material bibliográfico.
Aos funcionários e funcionárias da EMBRAPA/PANTANAL da Fazenda Nhumirim, por
serem sempre prestativos e atensiosos durante as coletas.
Aos pantaneiros, que muito nos ensinaram durante as coletas, pela sabedoria natural que
possuem da região e auxílio na localização de outras lagoas visitadas.
Aos estudantes e pesquisadores do Projeto Pantanal (“Funcionamento Hidrológico, Físico e
Biogeoquímico do Pantanal da Nhecolândia, Mato Grosso do Sul, Brasil”), Vitor Mateus Bacani,
Mauro Henrique Soares da Silva, Frederico dos Santos Gradella, Camila Francieli da Silva Malone,
Jaqueline Aparecida Pontes Viana, Sheila Aparecida Correia Furquim, Hermiliano Felipe Decco,
Cláudio Rodrigo Marciano, Arnaldo Yoso Sakamoto, Ary Tavares Rezende Filho, Laurent
Barbiéro, Rosely Pacheco Dias Ferreira, Débora de Oliveira, Sônia Furian e Sandra, pelo auxílio
durante as coletas, discussões científicas e pantaneiras principalmente durante as reuniões de
campo.
À minha avó Izaltina e tias Edinalva e Ivani, pelo carinho e exemplo de fé e determinação
que nos motiva a cada dia. À minha tia Ivonete, pela constante atenção e carisma, sempre disposta a
ajudar e recepcionar esse sobrinho pantaneiro e viajante.
À Fabiana Bezerra Santana (“minha linda”), por compreender a distância e superar a
saudade, valorizando cada segundo que estamos juntos. É um espetáculo você fazer parte da minha
vida.
Aos amigos de infância e de sempre, pela torcida constante e divertidos momentos de
descontração nos raríssimos encontros durante o mestrado: Rita de Cássia Ap. Rocha, Danillo dos
Santos, Maurício Cordeiro de Novais, Camila Sayuri Kayama, Lara Raquel Boscolo da Silva,
vii
Enedir dos Santos, Maisa Isabel Ribeiro Cerdan, Juliana Rensi, Juliana Polloni, Angela de Souza
Cavalcante.
À Prof
a
. Ms. Maria José Neto (UFMS Campus de Três Lagoas), pela confiança depositada
durante a orientação da monografia, por ser sempre solícita no fornecimento de material
bibliográfico, por todos os seus ensinamentos de botânica, pelo incentivo e amizade.
À Prof
a
. Dra. Maria José Alencar Vilela (UFMS Campus de Três Lagoas) pela aula-palestra
proferida dias antes da prova de seleção do mestrado IBt, que com certeza contribuiu para meu
desempenho e ingresso no programa, pelas discussões ecológicas e grandes ensinamentos durante a
graduação e amizade.
Aos funcionários e técnicos do departamento de Ciência Naturais da UFMS Campus de Três
Lagoas, em nome da Prof
a
. Ms. Maria José Neto, na época coordenadora do curso de Ciências
Biológicas, pela receptividade e atenção durante as idas para o Pantanal.
À Tatiana Araújo de Jesus pelo envio de material bibliográfico das Bibliotecas de São
Carlos, pela simpatia e amizade.
Às diatomólogas Ms. Priscila Tremarim e Dra. Thelma Alvim Veiga Ludwig, pelas dicas e
esclarecimentos sobre a taxonomia das diatomáceas durante a disciplina de atualização em
taxonomia de diatomáceas no IBt. À Priscila Tremarim, pelos e-mails respondidos com importantes
sugestões principalmente sobre a taxonomia das Aulacoseira.
À Seção de Ecologia do Instituto de Botânica, por permitir o acesso e uso de seus
laboratórios durante a oxidação das amostras de diatomáceas.
Às diatomólogas Fernanda Ferrari e Angélica Cristina Righetti da Rocha, pelo
imprescindível auxílio na identificação das diatomáceas, principalmente durante minha temporada
na seção de ecologia, pela leitura crítica da parte de diatomáceas, com importantes sugestões de
melhorias. À Angélica pela organização das pranchas principalmente de diatomáceas e ao Carlos
Eduardo Wetzel (“Cati”) pelo auxílio na oxidação das amostras.
A todo pessoal da seção de ecologia, por me receber de braços abertos e fazer parte do
“corredor dos aflitos”, compartilhando de forma harmoniosa o mesmo espaço de estudo.
A todo pessoal do Instituto de Pesca (São Paulo), principalmente ao técnico de laboratório
Luiz Evangelista, estagiário João Ost e ao pesquisador Dr. Clóvis do Carmo, pelas intensas
discussões sobre as análises de nutrientes das inesquecíveis amostras do Pantanal da Nhecolândia,
pelo divertido convívio e determinação nos trabalhos.
À Dra. Simone Loverde Oliveira (UFMT) pelo envio de material bibliográfico sobre
fitoplâncton do Pantanal, todos impressos, desde os vários artigos que publicou até sua dissertação e
tese, verdadeiros presentes!
viii
À Dra. Ermelinda De-Lamonica-Freire (UFMT) pelo envio de material bibliográfico sobre
fitoplâncton do Pantanal, por sua prontidão em responder e-mails e pela leitura crítica do
manuscrito com importantes contribuições. Conhecê-la foi um prazer enorme e sua auto-estima
pantaneira motiva todos ao redor.
À Dra. Carla Ferragut, pela leitura crítica da dissertação com importantes contribuições e
sugestões durante a defesa. Sempre entusiasmada com as novidades ecológicas e taxonômicas,
agora também com o Pantanal.
À Dra. Mariângela Menezes (Museu Nacional UFRJ) pelo envio de material bibliográfico de
Euglenophyceae, dicas e sugestões nos táxons “problemáticos” e toda atenção demonstrada.
Ao doutorando Jeferson Luizi Pereira (UNESP São José do Rio Preto) pelas valiosas
discussões e sugestões para a identificação dos táxons de Oedogonium, além do envio de material
bibliográfico.
Aos “irmãos científicos” Daniella da Silva, Rodrigo Carminatti Burbarelli, Luciano Luna,
Silvia Suzane Melcher, Lilian Mós Blois Crispino, Regina Célia Gentil e Camila Francieli da Silva
Malone pela amizade e grande força nas horas de maior apuro, principalmente durante a impressão
da dissertação. À Edna, por sua serenidade e simpatia, sempre com palavras de apoio e incentivo.
À Camila Francieli da Silva Malone, pela cobertura das pranchas à nanquim, pela sincera
amizade e grande ajuda durante a realização deste trabalho. Além das intensas discussões, que
foram sempre ricas de aprendizado.
À Daniella da Silva (“irmanja”), por toda paciência durante esses dois anos, pelo auxílio
constante e exemplo de amizade verdadeira.
À grande família de amigos-irmãos do IBt, Juçara Bordin, Sandra Vieira Costa, Fernanda
Ferrari, Camila Francieli da Silva Malone e Angélica Cristina Righetti da Rocha, sempre presentes
e que me deram grande força durante a realização deste trabalho.
À Fernanda Ferrari, Angélica Cristina Righetti da Rocha, Luciana Barbosa, Berta Lúcia
Villagra e Juçara Bordin, pelo importantíssimo auxílio na conferência e organização das referências
bibliográficas e índices.
À Sandra, por sua amizade show de bola, seu carinho e determinação. Foi uma das primeiras
que conheci quando vim para São Paulo, sempre auxiliando e descontraindo esse interiorano que
invadiu a capital. À Juçara, pela fantástica alegria, sorriso contagiante, amizade, ajuda e “puxões de
orelha”, sempre presente nas diversas ocasiões, coisa de irmãos.
À Luciana Barbosa (“Lú-mineira ou Lú-brilho”) por suas temporadas em São Paulo que são
marcadas por carisma, alegria e sincera amizade.
ix
À Ivania de Oliveira (“bahiana show de bola”), por sua oportuna vinda a São Paulo que
proporcionou grandes esclarecimentos sobre as desmídias, por sua imensa auto-estima e amizade
merece mais uma vez os meus parabéns!
À todo pessoal do alojamento pelo convívio show de bola e de grande aprendizado: Adriano
Afonso Spiellmann, Anderson Luiz do Santos, Angélica Patrícia Pavezzi Barbero, Bárbara Melissa
Oliveira Guido, Carlos Eduardo Wetzel, Cristiane de Almeida Nascimento, Daniela Vinha, Eduardo
Custódio Gasparino, Érica de Matos Stein, Fernanda Ferrari, Fernanda Luccas, Fernanda Karstedt,
Fernanda Ramlov, Fernanda Tresmondi, Gisele Areias Nóbrega, Juçara Bordin, Maria Cláudia de
Medeiros, Maria Isabel Tauil de Moura Guimarães, Milton Félix Nunes Martins, Nelson Menolli
Júnior, Patrícia Jungbluth, Priscila da Silva, Rafael Batista Louzada, Sabrina Latansio Ribeiro Aidar
e Sandra Vieira Costa.
Aos funcionários do refeitório IBt, Lusilvania Ferreira da Silva, Rhadyna Verônica de
Oliveira Tenório, Paulo Sérgio de Carvalho, Renata e Carmen pelo bom trabalho no preparo das
refeições e simpatia, que foi muito importante para a manutenção da saúde deste que aqui lhes
agradece.
Às funcionárias do Xérox IBt, Maria Ramos Pereira Oliveira, Rosalina de Mattos e Sirléia
Clementina pelo bom atendimento e simpatia.
À Irene Francisca Lucatto, pela agilidade e constante simpatia em seu trabalho, sempre
dispostas em ajudar nas horas de maior apuro, principalmente para xerocopiar algum material com
urgência.
À Maria Reni Costa, por seu imenso carisma e gentileza, por todo carinho demonstrado e
pela manutenção da limpeza do alojamento IBt, indispensável para o bem estar de todos.
Aos funcionários da limpeza IBt em nome da Sra. Josefa Neris Damasceno, pela
organização do espaço que é fundamental para o bom andamento de qualquer trabalho, pelo
convívio muito agradável e harmonioso.
Registro minhas sinceras desculpas aos nomes que não tenha mencionado e agradeço
mesmo aqueles que estão nas entrelinhas de colaboração para a conclusão desta etapa. Afinal,
agradecer é o mínimo que podemos fazer por aqueles que nos ajudam mesmo sem saber, querer ou
poder. Muito obrigado.
x
Sumário
Resumo ........................................................................................................................................... xiv
Abstract .......................................................................................................................................... xvi
Lista de tabelas ............................................................................................................................ xviii
Lista de figuras ............................................................................................................................. xxii
Lista de anexos ............................................................................................................................. xxiii
Índice remissivo dos táxons ......................................................................................................... 227
Introdução .......................................................................................................................................... 1
1 Conhecendo o Pantanal .............................................................................................................. 1
2 Algas e cianobactérias ................................................................................................................. 6
3 Algas e cianobactérias do Pantanal Brasileiro ......................................................................... 7
Objetivos ........................................................................................................................................... 10
1 Objetivo geral ............................................................................................................................ 10
2 Objetivos específicos ................................................................................................................. 10
Área de Estudo ................................................................................................................................. 11
1 Salina do Meio ........................................................................................................................... 13
2 Salitrada Campo Dora .............................................................................................................. 13
3 Baía da Sede Nhumirim ............................................................................................................ 14
Material e Métodos .......................................................................................................................... 20
1 Estação de amostragem, coleta e fixação das amostras ......................................................... 20
2 Variáveis físicas e químicas da água ....................................................................................... 20
3 Relação das amostras incluídas no levantamento florístico .................................................. 21
Estudo taxonômico ........................................................................................................................... 25
1 Observação do material ............................................................................................................ 25
2 Identificação .............................................................................................................................. 25
3 Sistemas de classificação ........................................................................................................... 27
4 Abreviações utilizadas .............................................................................................................. 27
5 Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro ..................................................................... 28
6 Organização dos táxons ............................................................................................................ 28
7 Comparação entre as floras das lagoas estudadas ................................................................. 28
Resultados e discussão ..................................................................................................................... 29
1 Tratamento taxonômico ........................................................................................................... 29
Classe Cyanobacteria (Cyanophyceae) .................................................................................. 29
Ordem Chroococcales .......................................................................................................... 30
Coelomoron Buell.............................................................................................................. 30
xi
Myxobaktron Schmidle ..................................................................................................... 31
Synechococcus Nägeli ....................................................................................................... 32
Synechocystis Sauvageau .................................................................................................. 34
Ordem Oscillatoriales .......................................................................................................... 35
Arthrospira Stizenberger ex Gomont ................................................................................ 35
Glaucospira Lagerheim ..................................................................................................... 36
Hormoscilla Anagnostidis & Komárek ............................................................................. 37
Jaaginema Anagnostidis & Komárek ............................................................................... 38
Phormidium Kützing ex Gomont ...................................................................................... 39
Planktothrix Anagnostidis & Komárek ............................................................................. 43
Pseudanabaena Lauterborn ............................................................................................... 45
Romeria Koczwara ............................................................................................................ 46
Spirulina Turpin ex Gomont.............................................................................................. 48
Ordem Nostocales ................................................................................................................ 50
Anabaenopsis (Woloszýnska) Miller ................................................................................ 50
Aphanizomenon/Anabaena .............................................................................................. 53
Calothrix C. Agardh ex Bornet & Flahault ....................................................................... 56
Classe Xantophyceae ............................................................................................................... 61
Ordem Mischococcales ........................................................................................................ 63
Centritractus Lemmermannn ............................................................................................ 63
Isthmochloron Skuja ......................................................................................................... 65
Tetraedriella Pascher ......................................................................................................... 65
Tetraplektron Fott ............................................................................................................. 66
Classe Bacillariophyceae ......................................................................................................... 69
Ordem Aulacoseirales .......................................................................................................... 70
Aulacoseira Thwaithes ...................................................................................................... 70
Ordem Eunotiales ................................................................................................................ 71
Eunotia Ehrenberg ............................................................................................................. 71
Ordem Cymbellales.................................................................................................................. 74
Gomphonema Ehrenberg ................................................................................................... 74
Ordem Naviculales ............................................................................................................... 78
Anomoeoneis Pfitzer.......................................................................................................... 78
Craticula Grunow .............................................................................................................. 79
Diadesmis Kützing ............................................................................................................. 82
Frustulia Rabenhorst ......................................................................................................... 83
xii
Luticola Mann.................................................................................................................... 83
Navicula Bory .................................................................................................................... 84
Pinnularia Ehrenberg ........................................................................................................ 87
Sellaphora Mereschkowsky .............................................................................................. 93
Ordem Bacillariales ................................................................................................................. 94
Hantzschia Grunow ........................................................................................................... 94
Nitzschia Hassall................................................................................................................ 96
Classe Cryptophyceae ............................................................................................................ 102
Ordem Cryptomonadales .................................................................................................. 102
Cryptomonas Ehrenberg .................................................................................................. 102
Pseudocryptomonas C. Bicudo & Tell ............................................................................ 104
Classe Euglenophyceae .......................................................................................................... 108
Ordem Euglenales .............................................................................................................. 108
Euglena Ehrenberg .......................................................................................................... 108
Lepocinclis Perty ............................................................................................................. 110
Phacus Dujardin .............................................................................................................. 120
Strombomonas Deflandre ................................................................................................ 128
Trachelomonas Ehrenberg .............................................................................................. 129
Classe Chlorophyceae ............................................................................................................ 141
Ordem Volvocales .............................................................................................................. 141
Eudorina Ehrenberg ........................................................................................................ 141
Ordem Chlorococcales ........................................................................................................... 143
Coelastrum Nägeli ........................................................................................................... 143
Desmodesmus An et al. ................................................................................................... 145
Dictyosphaerium Nägeli .................................................................................................. 146
Micractinium Fresenius ................................................................................................... 148
Monoraphidium Komarková-Legnerová ........................................................................ 151
Scenedesmus Meyen........................................................................................................ 151
Ordem Oedogoniales.......................................................................................................... 156
Oedogonium Link ............................................................................................................ 156
Classe Zygnematophyceae ..................................................................................................... 165
Ordem Zygnematales ..................................................................................................... 165
Ordem Desmidiales ............................................................................................................ 167
Closterium Nitzsch ex Ralfs ............................................................................................ 167
Cosmarium Corda ex Ralfs.............................................................................................. 174
xiii
Euastrum Ehrenberg ex Ralfs.......................................................................................... 182
Staurastrum Meyen ex Ralfs ........................................................................................... 184
2 Características limnológicas das três lagoas estudadas ....................................................... 192
3 Comparação da flora das três lagoas estudadas .................................................................. 192
Considerações finais.......................................................................................................................191
Referências bibliográficas..............................................................................................................195
Anexos ............................................................................................................................................ 223
xiv
RESUMO – (Biodiversidade de algas e cianobactérias de três lagoas (“salina”, “salitrada” e “baía”)
do Pantanal da Nhecolândia, MS, Brasil). A sub-região do Pantanal da Nhecolândia caracteriza-se
pela riqueza de lagoas rasas em diversos estádios sucessionais, conhecidas regionalmente como
“salinas”, “salitradas” e “baías”. Estas lagoas apresentam características limnológicas distintas,
onde o pH e a condutividade elétrica de suas águas estão entre os principais parâmetros utilizados
para diferenciá-las. As “baías” geralmente apresentam pH levemente ácido a neutro (5-7) e
condutividade elétrica variável (média 500 µS cm
-1
) sendo habitadas por plantas aquáticas
flutuantes e submersas; as “salitradas” apresentam pH 6,5-8, condutividade média superior a 1.000
μS cm
-1
, colonizadas por Characeae e plantas aquáticas; enquanto que nas “salinas” o pH é alcalino
(>8), a condutividade elevada (>3.000 µS cm
-1
) e não ocorrem plantas aquáticas. Até o momento, o
conhecimento taxonômico sobre as algas e cianobactérias que habitam estas lagoas é extremamente
escasso. São conhecidos poucos trabalhos de caráter limnológico que citam apenas listas de táxons
geralmente em nível de gênero. O presente estudo teve como objetivo contribuir para o
conhecimento taxonômico das algas e cianobactérias de três lagoas do Pantanal da Nhecolândia: 1)
Salina do Meio, 2) Salitrada Campo Dora e 3) Baía da Sede Nhumirim, localizadas na região da
fazenda Nhumirim Embrapa/Pantanal. As coletas foram realizadas em períodos de cheia e de seca
desde maio de 2004 a maio de 2007, totalizando 23 amostras. Estas foram coletadas com ou sem
rede de plâncton (20 µm de abertura de malha) e fixadas com solução de Transeau ou formol 4%.
Um total de 106 táxons foi identificado para as três lagoas, distribuídos em sete classes
taxonômicas, 16 ordens, 53 gêneros, 93 espécies e 15 variedades que não são as típicas de suas
respectivas espécies. Doze táxons não puderam ser identificados além do nível gênero. Destes,
provavelmente seis são novos para a ciência e deverão ser mais bem estudados para futura
proposição em artigo específico, a saber: de Cyanobacteria, Myxobaktron sp. e Phormidium sp.; de
Bacillariophyceae, Eunotia sp.; de Cryptophyceae, Pseudocryptomonas sp.; de Chlorophyceae,
Oedogonium sp.; e, de Zygnematophyceae, Staurastrum sp. De modo geral as Classes mais bem
representadas em relação à riqueza de espécies foram: Bacillariophyceae (23 táxons), Cyanobacteria
(22 táxons), Euglenophyceae (21 táxons), Zygnematophyceae (17 táxons) e Chlorophyceae (15
táxons). As classes com menor número de táxons foram Xantophyceae (5) e Cryptophyceae (3). A
composição ficológica de cada lagoa mostrou-se bastante particular, tanto em relação ao número de
táxons quanto aos táxons exclusivos de cada uma delas, provavelmente relacionado com as
diferenças limnológicas das mesmas. A riqueza de espécies foi claramente maior na Baía (74
táxons), seguida pela Salitrada (41 táxons), enquanto que na Salina o número de táxons foi bastante
reduzido (17) se comparado às primeiras. As classes melhor representadas na Baía foram
Euglenophyceae e Bacillariophyceae, contribuindo respectivamente com 28,4% e 27% dos táxons
identificados para esta lagoa. Na Salitrada, as Zygnematophyceae e Cyanobacteria foram as mais
xv
bem representadas, contribuindo cada uma com 24,4% dos táxons, seguida pelas Bacillariophyceae
(19,5%), Chlorophyceae (19%), Euglenophyceae (9,8%) e Xanthophyceae (4,9%). Na Salina
ocorreram apenas representantes de Cyanobacteria e Bacillariophyceae, contribuindo
respectivamente com 82,4% e 17,6% dos táxons desta lagoa. Dos 106 táxons inventariados, 100
(94,3%) são citados pela primeira vez para o Pantanal da Nhecolândia e 62 (58,5%) para o Pantanal
Brasileiro.
Palavras chave: algas e cianobactérias, taxonomia, Pantanal.
xvi
ABSTRACT – (Algae and cyanobacteria biodiversity in three lakes (“Salina”, “Salitrada” and
“Baía”) in “Pantanal da Nhecolândia, MS, Brazil.). The “Pantanal da Nhecolândia” subregion is
characterized by the richness of shallow lakes in several successional stages, regionally known as
“Baía”, “Salitrada” and “Salina”. These lakes have different limnological characteristics, where the
pH and electrical conductivity of the waters are among the main parameters applied to distinguish
them. “Baía” typically presents slightly acid to neutral pH (5-7), varied electrical conductivity
(average 500 µS cm
-1
) and are home to floating and submerged aquatic plants; “Salitrada” has pH
6,5-8, average conductivity above 1,000 μS cm
-1
, with colonies of Characeae and aquatic plants,
whereas in “Salina” the pH is alkaline (>8), the conductivity is high (>3.000 µS cm
-1
) and no
aquatic plants occur. So far the taxonomic knowledge about algae and cyanobacteria found in these
lakes is extremely small. Few known studies related to limnological aspects present lists of taxa,
generally at the genus level. The present study aimed at contributing to the taxonomic knowledge of
algae and cyanobacteria in three lakes in “Pantanal da Nhecolândia”: 1) “Salina do Meio”, 2)
“Salitrada Campo Dora” and 3) “Baía da Sede Nhumirim”, located in the region of “Nhumirim
Embrapa/Pantanal” farm. Collects were carried out in rainy and dry seasons from May 2004 to May
2007, totaling 23 samples. These were collected with or without a plankton net (20 µm) and
preserved with a Transeau solution or formol 4%. A total of 106 taxa were identified for the three
lakes, distributed in seven taxonomic classes, 16 orders, 53 genera, 93 species and 15 varieties that
are not the typical ones in their respective species. Twelve taxa could not be identified further than
at the genus level. Out of these, probably 6 are new to science and must be better studied for a
future proposition of a specific article, i.e.: on Cyanobacteria, Myxobaktron sp. and Phormidium
sp.; on Bacillariophyceae, Eunotia sp.; on Cryptophyceae, Pseudocryptomonas sp.; on
Chlorophyceae, Oedogonium sp.; and on Zygnematophyceae Staurastrum sp. In general, the classes
better represented in relation to the richness of species were: Bacillariophyceae (23 taxa),
Cyanobacteria (22 taxa), Euglenophyceae (21 taxa), Zygnematophyceae (17 taxa) and
Chlorophyceae (15 taxa). The classes with the smallest number of taxa were Xantophyceae (5) and
Cryptophyceae (3). The phycological composition of each lake was rather particular, both in terms
of the number of taxa and the exclusive taxa of each one of them, probably related to their
limnological differences. The richness of species was clearly larger in “Baía” (74 taxa), followed by
“Salitrada” (41 taxa), whereas in “Salina” the number of taxa was greatly smaller (17) compared
with the first two. The best represented classes in “Baía” were Euglenophyceae and
Bacillariophyceae, contributing respectively with 28.4% and 27% of the taxa identified in this lake.
In “Salitrada”, the Zygnematophyceae and Cyanobacteria were the best represented, contributing
each one with 24.4% of the total, followed by Bacillariophyceae (19.5%), Chlorophyceae (17%),
Euglenophyceae (9.8%) and Xanthophyceae (4.9%). In “Salina”, only representatives of
xvii
Cyanobacteria and Bacillariophyceae occurred, contributing respectively with 82.4% and 17.6% of
the taxa in this lake. Out of all the taxa registered, 100 (94,3%) are cited for the first time for
“Pantanal da Nhecolândia” and 62 (58,5%) for the Brazilian wetland.
Key words: algae and cyanobacteria, taxonomy, Pantanal.
xviii
Lista de tabelas
Tabela 1. Variáveis físicas e químicas mensuradas no momento da coleta e seus respectivos
métodos. ............................................................................................................................................. 21
Tabela 2. Distribuição geográfica de Synechocystis aquatilis Sauvageau no Pantanal Brasileiro. .. 34
Tabela 3. Principais características morfométricas de Phormidium sp. e dos táxons mais
relacionados. ...................................................................................................................................... 42
Tabela 4. Distribuição geográfica de Pseudanabaena limnetica (Lemmermannn) Komárek no
Pantanal Brasileiro. ............................................................................................................................ 45
Tabela 5. Distribuição geográfica de Spirulina subsalsa Oerdsted ex Gomont no Pantanal
Brasileiro. ........................................................................................................................................... 49
Tabela 6. Distribuição geográfica de Spirulina subtilissima Kützing ex Gomont no Pantanal
Brasileiro. ........................................................................................................................................... 50
Tabela 7. Distribuição geográfica de Anabaenopsis elenkinii Miller no Pantanal Brasileiro. .......... 52
Tabela 8. Principais características morfométricas de Aphanizomenon/Anabaena e dos táxons mais
relacionados. ...................................................................................................................................... 55
Tabela 9. Distribuição geográfica de Isthmochloron lobulatum (Nägeli) Skuja no Pantanal
Brasileiro. ........................................................................................................................................... 65
Tabela 10. Distribuição geográfica de Tetraedriella jovetii (Bourrelly) Bourrelly no Pantanal
Brasileiro. ........................................................................................................................................... 66
Tabela 11. Distribuição geográfica de Aulacoseira ambigua (Grunow) Simonsen no Pantanal
Brasileiro. ........................................................................................................................................... 70
Tabela 12. Distribuição geográfica de Eunotia bilunaris (Ehrenberg) Souza no Pantanal Brasileiro.
............................................................................................................................................................ 72
Tabela 13. Distribuição geográfica de Pinnularia acrosphaeria W. Smith no Pantanal Brasileiro. 88
Tabela 14. Características distintivas entre Pinnularia huckiae Metzeltin & Lange-Bertalot e
Pinnularia sundaensis Hustedt de acordo com Metzeltin & Lange-Bertalot (2007). ....................... 90
Tabela 15. Distribuição geográfica de Pinnularia viridis (Nitzsch) Ehrenberg var. viridis no
Pantanal Brasileiro. ............................................................................................................................ 92
Tabela 16. Distribuição geográfica de Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow no Pantanal
Brasileiro. ........................................................................................................................................... 95
Tabela 17. Distribuição geográfica de Cryptomonas brasiliensis Castro et al. no Pantanal
Brasileiro. ......................................................................................................................................... 103
Tabela 19. Distribuição geográfica de Lepocinclis acus (O. F. Müller) Marin & Melkonian ........ 111
xix
(= Euglena acus (O. F. Müller) Ehrenberg) no Pantanal Brasileiro. ............................................... 111
Tabela 20. Distribuição geográfica de Lepocinclis caudata (Cunha) Conrad no Pantanal Brasileiro.
.......................................................................................................................................................... 113
Tabela 21. Distribuição geográfica de Lepocinclis fusca (Klebs) Kosmala & Zakrys (= Euglena
spirogyra Ehrenberg var. fusca Klebs) no Pantanal Brasileiro. ....................................................... 114
Tabela 22. Distribuição geográfica de Lepocinclis ovum (Ehrenberg) Lemmermannn var. ovum no
Pantana Brasileiro. ........................................................................................................................... 115
Tabela 23. Distribuição geográfica de Lepocinclis oxyuris (Schmarda) Marin & Melkonian (=
Euglena oxyuris Schmarda) no Pantanal Brasileiro. ........................................................................ 117
Tabela 24. Distribuição geográfica de Lepocinclis salina Fritsch var. salina no Pantanal Brasileiro.
.......................................................................................................................................................... 118
Tabela 25. Distribuição geográfica de Phacus contortus Bourrelly var. contortus no Pantanal
Brasileiro. ......................................................................................................................................... 121
Tabela 27. Distribuição geográfica de Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. longicauda no
Pantanal Brasileiro. .......................................................................................................................... 124
Tabela 28, Distribuição geográfica de Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. torta no
Pantanal Brasileiro. .......................................................................................................................... 125
Tabela 30. Distribuição geográfica de Phacus pleuronectes (O.F. Müeller) Dujardin no Pantanal
Brasileiro. ......................................................................................................................................... 128
Tabela 32. Distribuição geográfica de Trachelomonas armata (Ehrenberg) Stein var. armata no
Pantanal Brasileiro. .......................................................................................................................... 130
Tabela 33. Distribuição geográfica de Trachelomonas armata (Ehrenberg) var. steinii
Lemmermannn emend. Deflandre emend. C. Bicudo & De-Lamonica-Freire no Pantanal Brasileiro.
.......................................................................................................................................................... 132
Tabela 34. Distribuição geográfica de Trachelomonas volvocina Ehrenberg var. volvocina no
Pantanal Brasileiro. .......................................................................................................................... 135
Tabela 35. Distribuição geográfica de Trachelomonas volvocinopsis Swirenko var. volvocinopsis
no Pantanal Brasileiro. ..................................................................................................................... 136
Tabela 36. Distribuição geográfica de Eudorina elegans Ehrenberg no Pantanal Brasileiro. ........ 142
Tabela 37. Distribuição geográfica de Coelastrum astroideum De Notaris no Pantanal Brasileiro.
.......................................................................................................................................................... 144
Tabela 38. Distribuição geográfica de Coelastrum microporum Nägeli no Pantanal Brasileiro. ... 145
Tabela 39. Distribuição geográfica de Dictyosphaerium elegans Bachmann no Pantanal Brasileiro.
.......................................................................................................................................................... 147
xx
Tabela 40. Distribuição geográfica de Dictyosphaerium pulchellum Wood no Pantanal Brasileiro.
.......................................................................................................................................................... 148
Tabela 41. Distribuição geográfica de Micractinium bornhemiense (Conrad) Korsikov no Pantanal
Brasileiro. ......................................................................................................................................... 149
Tabela 42. Distribuição geográfica de Micractinium pusillum Fraesenius no Pantanal Brasileiro. 150
Tabela 43. Distribuição geográfica de Monoraphidium irregulare (G. M. Smith) Kom.-Legn. no
Pantanal Brasileiro. .......................................................................................................................... 151
Tabela 44. Distribuição geográfica de Scenedesmus ecornis (Ehrenberg ex Ralfs) Chodat no
Pantanal Brasileiro. .......................................................................................................................... 155
Tabela 45. Variáveis abióticas dos locais de coleta de Oedogonium subdissimile Jao. .................. 158
Tabela 46. Distribuição geográfica de Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var. gracile no
Pantanal Brasileiro. .......................................................................................................................... 169
Tabela 47. Distribuição geográfica de Closterium moniliferum (Bory) Ehrenberg ex Ralfs var.
moniliferum f. moniliferum no Pantanal Brasileiro. ......................................................................... 171
Tabela 48. Distribuição geográfica de Closterium ralfsii Brébisson ex Ralfs var. hybridum
Rabenhorst no Pantanal Brasileiro. .................................................................................................. 172
Tabela 49. Principais caracetísticas morfológicas de Cosmarium pachydermum Lund var.
aethiopicum (West & West) West & West registradas por diferentes autores. ............................... 178
Tabela 50: Distribuição geográfica de Cosmarium porrectum Nordsted no Pantanal Brasileiro. . 180
Tabela 51: Características métricas de Cosmarium vexatum W. West var. vexatum docmumentadas
por diferentes autores. ...................................................................................................................... 182
Tabela 52: Características métricas de Euastrum spinulosum Delponte var. laticeps Borge
documentadas por diferentes autores. .............................................................................................. 183
Tabela 53: Distribuição geográfica de Staurastrum punctulatum (Brébisson) Ralfs var. punctulatum
f. punctulatum no Pantanal Brasileiro. ............................................................................................. 185
Tabela 54: Comparação das características celulares de Staurastrum sp. e táxons relacionados. .. 186
Tabela 55. Características morfométricas e contato com o sitema coalescente de três lagoas do
Pantanal da Nhecolândia. ................................................................................................................. 192
Tabela 56. Variáveis abióticas de três lagoas do Pantanal da Nhecolândia. Os valores em negrito
referem-se à média. Entre parênteses consta os valores mínimo e máximo aferidos para cada
parâmetro. ........................................................................................................................................ 192
Tabela 57. Listagem dos táxons de algas e cianobactérias com suas respectivas ocorrências em três
lagoas estudadas do Pantanal da Nhecolândia. ................................................................................ 193
xxi
Nas tabelas 58, 59, 60 e 61 são apresentados os núemoo número de táxons identificados em cada
lagoa comparando com o número e porcentagem de táxons comuns entre elas e o número e
porcentagem de táxons exclusivos em cada uma. ............................................................................ 195
Tabela 58. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns nas três lagoas estudadas do Pantanal da Nhecolândia. ...................................................... 196
Tabela 59. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns entre as lagoas Salina do Meio e Salitrada Campo Dora. ................................................... 196
Tabela 60. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns entre as lagoas Salina do Meio e Baía da Sede Nhumirim. ................................................ 196
Tabela 61. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns entre as lagoas Salitrada Campo Dora e Baía da Sede Nhumirim. ..................................... 196
Tabela 62. Índice de Similaridade de Sörensen dos táxons de algas e cianobactérias de três lagoas
do Pantanal da Nhecolândia. ............................................................................................................ 197
Tabela 63. Contribuição das Classes para a riqueza de espécies nas lagoas estudadas (em número
de espécies). ..................................................................................................................................... 197
xxii
Lista de figuras
Figura 1. O Pantanal Brasileiro e suas sub-regiões, conforme Silva & Abdon (1998) e adaptado
por Rezende-Filho (2003). ............................................................................................................... 4
Figura 2. Municípios com área no Pantanal Brasileiro, de acordo com Silva & Abdon (1998).
Área verde: planície pantaneira; área sem preenchimento: planalto. ............................................... 5
Figura 3. Vista aérea do Pantanal da Nhecolândia com seus diferentes tipos de lagoas: salinas,
salitradas e baías. Foto A.Y. Sakamoto, 2001. .............................................................................. 15
Figura 4. Localização das três lagoas estudadas no Pantanal da Nhecolândia (Modificado de
Rezende-Filho 2006). ..................................................................................................................... 16
Figura 5. a) vista aérea da lagoa Salina do Meio (abaixo) e Salitrada Campo Dora (acima). Foto:
A. Pott in Pott & Pott 2000; b) vista aérea da Baía da Sede Nhumirim. Foto: Embrapa Pantanal.
........................................................................................................................................................ 17
Figura 6. Salina do Meio: a) período de seca (28-VIII-2006); b) Período de cheia (4-V-2007). . 17
Figura 7. Salina do Meio: a) período de seca (15-X-2004), destacando a presença de aves e a
floração de cianobactérias nas margens da lagoa (foto: H. Quenol); b) período de cheia (4-V-
2007), destacando a presença do gado. .......................................................................................... 17
Figura 8. Salitrada Campo Dora no período de seca (28-VIII-2006), ocasião em que a lagoa se
encontrava totalmente seca. a) parte sul da lagoa com palmeiras carandás (Copernicia alba
Morong ex Morong & Britton); b) parte norte da lagoa com palmeiras babaçu (Orbignya oleifera
Bur.). .............................................................................................................................................. 18
Figura 9. Salitrada Campo Dora: a) vista parcial da lagoa com pequena quantidade de água,
destacando a presença de gramíneas em todo seu entorno, início do período de cheia (16-XI-
2006); b) vista parcial da lagoa no período de cheia (4-V-2007). ................................................. 18
Figura 10. Salitrada Campo Dora no período de cheia (4-V-2007), a) vista parcial com plantas
aquáticas ocupando toda área da lagoa, b) detalhe da grande quantidade de plantas aquáticas
submersas, principalmente Chara spp (Characeae), e flutuantes (Sagittaria spp.). ....................... 18
Figura 11. Baía da Sede Nhumirim no período de seca (28-VIII-2006), a) vista parcial da lagoa,
ao fundo a Sede da Fazenda Nhumirim, b) detalhe das margens da lagoa amplamente colonizadas
por cana-do-brejo (Cana glauca L.) e outras plantas aquáticas e gramíneas. ................................ 19
Figura 12. Baía da Sede Nhumirim: a) vista parcial no início do período de cheia (16-XI-2006),
b) vista parcial no período de cheia (4-V-2007). ........................................................................... 19
Figura 331. Contribuição das Classes (número de táxons) para a riqueza de espécies em três
lagoas do Pantanal da Nhecolândia (¹Salina do Meio, ²Salitrada Campo Dora e ³Baía da Sede
Nhumirim).. .................................................................................................................................. 198
xxiii
Lista de anexos
Anexo 1: Variáveis climatológicas da Nhecolândia: janeiro de 2004 a maio de 2007 ............. 222
Anexo 2: Análises químicas da água de três lagoas do Pantanal da Nhecolândia, MS, Brasil .. 223
Introdução
1. Conhecendo o Pantanal
A denominação usual de Pantanal baseia-se no fato da área ser freqüentemente inundada
pelas águas de superfície, influenciadas principalmente pelo rio Paraguai. A maioria dos autores
concorda que o termo “Pantanal” não deve ser interpretado ao pé da letra, visto que não representa
uma área permanentemente alagada semelhante a um pântano (Brasil 1982) e mesmo no período
das cheias as inundações não atingem as regiões denominadas de “cordilheiras” (Mourão et al.
1988, Mourão 1989).
O Pantanal está localizado na porção Central da América do Sul, região Centro-Oeste do
Brasil, inserido na Bacia do Alto Paraguai, entre as coordenadas 14º e 22º de latitude Sul e 53º e 59º
de longitude oeste (Fernandes 2000). Em território brasileiro ocupa 138.183 km², possuindo área
nos estados de Mato Grosso (35%) e Mato Grosso do Sul (65%), com cerca de 500 km de
comprimento e 300 km de largura (Silva & Abdon 1998, Fernandes 2000). Reconhecido como a
maior e mais complexa área úmida contínua de água doce do planeta, apresenta diversos tipos de
corpos d’água e configura-se num mosaico de ecossistemas aquáticos com rica biodiversidade
faunística e florística (Alho et al. 1988, Alho & Gonçalves 2005, Calheiros & Oliveira 1999, Junk
& Cunha 2005, Junk et al. 2006, Por 1995, Pott et al., 1999,). Sua área total abrange o Brasil,
Bolívia e Paraguai (Fernandes 2000).
O relevo da Bacia do Alto Paraguai é marcado pelo contraste entre a planície pantaneira, de
baixas altitudes (80 a 150 metros do nível do mar) e o planalto que o circunda, constituído por terras
altas (200 a 1000 metros acima do nível do mar) (Alho & Gonçalves 2005). A declividade regional
no Pantanal é praticamente inexpressiva, variando de 30 a 50 cm por quilômetro no sentido leste-
oeste e, de 3 a 15 cm por quilômetro no sentido norte-sul (Cunha & Junk 1999). Devido à baixa
declividade regional, as águas que se acumulam no período chuvoso (janeiro a março) no alto curso
do rio Paraguai, região de Cáceres (MT), levam de dois a três meses até alcançar Corumbá (MS),
quando cessou o período de chuvas (maio), o que pode ocasionar cheia no período de seca nessas
regiões baixas (Carvalho 1986).
Quanto à formação geológica, estudos indicam que o Pantanal foi formado a cerca de 65
milhões de anos quando o levantamento dos Andes causou o afundamento desta região e iniciou-se
o processo de sedimentação (Godoi-Filho 1986, Dantas 2000). Os sedimentos foram acumulados na
depressão pantaneira desde o período Quaternário. Assim, o Pantanal é uma bacia sedimentar, um
mosaico de aluviões de origem do Pleistoceno (Alho & Golçalves 2005). Portanto, os solos do
Pantanal são aluviais, arenosos (65%), hidromórficos (92%) e têm baixa fertilidade química (72%)
2
(Dantas 2000). Conforme Amaral-Filho (1986), o fato da maior parte dos solos ser hidromórfica,
reflete a deficiência de drenagem e sua tendência para inundações periódicas e prolongadas.
O clima no Pantanal apresenta temperaturas elevadas durante o ano todo e duas estações
bem contrastantes: seca no período de abril a setembro e úmida de outubro a março, esta última
representando aproximadamente 80% das chuvas anuais. A média anual das precipitações varia de
800 a 1200 mm (Fernandes 2000). A evaporação é bastante alta, superando a precipitação
pluviométrica nos meses de seca (Allem & Valls 1987). Na estação chuvosa, aproximadamente
30% da superfície do Pantanal é inundada quando as águas do rio Paraguai podem subir mais de 4
metros acima do nível da água na estação seca (Hoehne 1936, Sakamoto 1997).
A fitofisionomia da vegetação do Pantanal apresenta diversas influências biogeográficas: 1)
amazônica, pelo norte; 2) cerrados, pelo leste e centro; 3) atlântica ou paranaense, pelo sudeste e; 4)
chaco, pelo oeste e sul. Apesar desta diversidade de condições ambientais, o Pantanal mantém uma
unidade regional, determinada pela enorme extensão de planícies de declividade mínima (Adamoli
1982, 2000), onde a inundação é reconhecida como o fenômeno ecológico mais marcante,
desempenhando anualmente importante papel na ciclagem de nutrientes e disponibilidade de água
nesse ecossistema (Alho et al. 1987).
A dimensão do Pantanal, a influência de biomas visinhos distintos e a gama de variação
regional levaram os autores a tentar classifica-lo em diferentes sub-regiões ou sub-pantanais
(Adamoli 1982, Brasil 1982, Silva & Abdon 1998). De acordo com a classificação de Silva &
Abdon (1998) o Pantanal brasileiro apresenta onze sub-regiões, diferenciadas conforme seus
aspectos de inundação, relevo, solo e vegetação (Figura 1). Estes autores reconheceram 16
municípios com área na planície pantaneira (Figura 2), sete deles no estado de Mato Grosso
(ocupando 35% da área do Pantanal) e nove no estado de Mato Grosso do Sul (ocupando 65% da
área do Pantanal) (Silva & Abdon 1998).
Até recentemente, a região pantaneira constituía área de difícil penetração e escassez de
ocupação humana. Contudo, nos últimos anos, vem sendo ocupada por empresários do sul e do
sudeste que implantam na área atividades de criação de gado (Brasil 1982). A presença dominante
de áreas de campo nativo favoreceu a criação de fazendas no Pantanal, introduzindo o gado nessa
região desde 1740 (Abdon et al. 2007).
De acordo com Abdon et al. (2007), o Bioma Pantanal é ainda bastante conservado e, até o
ano de 2002, manteve sua cobertura vegetal original em 88,73% de sua área total. Apesar disso,
estes mesmos autores comentam que houve acréscimo na área desmatada comparada a estudos
anteriores de desmatamento na planície do Pantanal, o que indica uma perda gradativa de vegetação
natural por desmatamento e avanço das áreas de pastagens. Bacani (2007) em um estudo de caso
sobre uso e ocupação do solo na Fazenda Firme (Pantanal da Nhecolândia), conclui que o
3
desmatamento das áreas de cordilheiras para expansão de pastagens pode gerar alterações no
microclima local. Tais ações estariam contrariando o Código Florestal Brasileiro que considera as
áreas que circundam os corpos d’água (cordilheiras) como área de preservação ambiental.
De acordo com Dantas (2000), muitas pesquisas têm sido conduzidas no Pantanal, mas há
muitas mais necessárias para gerar, adaptar e transferir conhecimentos e tecnologias, visando ao
desenvolvimento do Pantanal de acordo com princípios conservacionistas. Apesar da importância
continental desta região e do número crescente de pesquisas que lhe são consagradas, o Pantanal
continua sendo uma região muito pouco conhecida (Por 1995). A escassez de informações sobre
este sistema torna-se preocupante à medida que suas principais alterações originam-se,
principalmente, de atividades antrópicas agressivas no planalto que o envolve, como por exemplo
os desmatamentos, expansão de monoculturas intensivas, uso de agrotóxicos, aporte de sedimentos
e mineração (Calheiros & Fonseca Jr. 1996).
A importância do Pantanal é reconhecida nacional internacionalmente. Declarado pela
Constituição Brasileira de 1988 como Patrimônio Nacional; a partir de 1993 abriga sítio Ramsar,
conferido pela Convensão Internacional de Áreas Úmidas; no ano 2000 foi declarado pela
UNESCO como Reserva Mundial da Biosfera e, em 2004, indicado pela Conferência Internacional
sobre Áreas Úmidas (7º INTELCOL – International Wetlands Conference) como área úmida de
relevante importância global.
Buscando despertar o interesse pela conservação da biodiversidade do Pantanal, uma
classificação denominada avaliação ecoregional foi desenvolvida, integrando o valor da biota com
as características físicas particularmente hidrológicas entre a região de planalto e planície (Alho &
Gonçalves 2005). Este procedimento identificou 41 áreas prioritárias para a conservação da
biodiversidade aquática dos diferentes sistemas do Pantanal, destacando-se as baías e salinas da
Nhecolândia como uma das áreas apontadas como prioritárias (ANA 2004). No entanto, conforme
indicado por Harris et al. (2005), apesar do amplo reconhecimento da importância deste
ecossistema, apenas 2,5% da área da Bacia do Alto Paraguai (BAP) está oficialmente protegida sob
a forma de unidades de conservação federais, estaduais e reservas privadas. Estes autores alertam
ainda, que algumas fisionomias únicas, como a de baías e salinas da Nhecolândia estão protegidas
de maneira deficiente.
4
Figura 1. O Pantanal Brasileiro e suas sub-regiões, conforme Silva & Abdon (1998) e adaptado por
Rezende-Filho (2003).
5
Figura 2. Municípios com área no Pantanal Brasileiro, de acordo com Silva & Abdon (1998). Área
verde: planície pantaneira; área sem preenchimento: planalto.
6
2. Algas e cianobactérias
Na base das cadeias tróficas pelágicas, as algas e cianobactérias são responsáveis por uma
parte essencial da produção primária no meio aquático tendo, geralmente, influência determinante
nos ciclos biogeoquímicos dos elementos químicos (Wetzel 1983, Padisák 2003, Wehr & Sheath
2003).
Os microorganismos fotossintetizantes que flutuam livremente nas águas doces ou
oceânicas, incluindo representantes de vários grupos de algas e cianobactérias é denominado
fitoplâncton (Reynolds 1993). As algas e cianobactérias da zona eufótica que não são diretamente
aderidas a um substrato nem são totalmente livres na coluna d’água habitam o metafíton (Stevenson
1996). De acordo Stevenson (1996), o metafíton apresenta muitas formas e pode ter origens
diversas, sendo comum a ocorrência de algas verdes filamentosas como Spirogyra, Mougeotia ou
Zygnema, que não são comumente aderidas a um substrato, mas podem estar aproximadamente
agregadas ou associadas com substratos em áreas protegidas da corrente ou entre plantas aquáticas.
Conforme Wetzel (1983) define-se como perifíton uma complexa comunidade de microorganismos
vivos ou mortos incluindo algas, cianobactérias, eubactérias, fungos entre outros organismos
aderidos a algum substrato, seja ele de origem natural ou artificial.
De acordo com Scheffer (1998), os lagos rasos (até 3 metros de profundidade) são
freqüentemente colonizados por macrófitas aquáticas. Nesses lagos ou lagoas há um elevado
número de produtores primários de pequenas dimensões como as algas e cianobactérias que
habitam tanto o plâncton ou fixas a algum substrato, ou ainda podem ocupar uma imprecisa
fronteira entre o plâncton e outras comunidades aderidas, as quais são reguladas pela intensidade
luminosa e concentração de nutrientes (Margalef 1983).
O conhecimento sobre a biodiversidade de algas e cianobactérias de águas continentais do
Brasil é desigual em relação às cinco regiões do país. É notório que nas regiões Sudeste e Sul o
conhecimento desses organismos está relativamente avançado, enquanto que nas regiões Centro-
Oeste, Norte e Nordeste muito pouco foi estudado (Barbosa et al. 1995).
Sant’Anna (1996) embora enfatizando a falta de conhecimento sobre as cianobactérias no
Brasil estimou em 800 o número de espécies citadas na literatura brasileira. A referida autora
afirmou que 166 espécies foram citadas para a região da Floresta Amazônica, 32 para a região do
Pantanal e 33 para a Mata Atlântica do estado de São Paulo. Bicudo et al. (1998) afirmaram que são
conhecidas para o estado de São Paulo 1.551 táxons de algas e cianobactérias de águas continentais.
O conhecimento das algas e cianobactérias como potencial bioindicadoras da qualidade da
água é extremamente interessante devido à rápida resposta das mesmas as mudanças ambientais
(Margalef 1983). Wetzel (1993) destacou que a composição qualitativa e quantitativa da
7
comunidade fitoplanctônica e suas variações espaciais e temporais refletem as interações entre os
componentes desta comunidade e também o efeito das variáveis ambientais sobre a mesma, sendo
influenciada principalmente pela concentração de nutrientes inorgânicos, penetração de luz,
temperatura, pH e condutividade elétrica da água.
Assim, o conhecimento da biodiversidade de algas e cianobactérias de ambientes lênticos,
somados às condições físicas e químicas da água são de fundamental importância para subsidiar
medidas de preservação e manejo desses recursos hídricos. Além disso, Senna & Magrin (2003)
destacaram a importância da “boa” identificação dos organismos fitoplanctônicos para os estudos
ecológicos.
Wilson (1992) citado por Bicudo et al. (1996), estimou em 26.900 o número de espécies de
algas descritas até aquela ocasião. Bicudo et al. (1996) comentaram que novas espécies tem sido
continuamente descritas e que o número exato de espécies existentes é desconhecido.
Conforme Bicudo et al. (1996) especial atenção deve ser dada para o conhecimento das
algas de água doce do Brasil com conseqüente publicação de chaves de identificação tanto de
perifíton como fitoplâncton.
Portanto, devido a inegável importância do papel que as algas e cianobactérias
desempenham nos ecossistemas aquáticos, estudos florísticos como o presente o trabalho, tornam-se
necessários, visando ampliar o conhecimento taxonômico desses organismos e assim, subsidiar
estudos posteriores que contribuam com o manejo e conservação dos recursos hídricos do Pantanal.
3. Algas e cianobactérias do Pantanal Brasileiro
A contribuição pioneira de material coletado na área do Pantanal no Brasil encontra-se no
trabalho de Braum (1882) intitulado “Fragment einer Monographie der Characeen”, onde são
citadas Nitella acuminata var. subglomerata A. Braum para o rio Paraguai e Chara martiana A.
Braum para Villa Marie (hoje Cáceres, em Mato Grosso-MT).
Outros trabalhos relacionados especificamente as algas verdes macroscópicas citaram táxons
de Chara spp. e Nitella spp. para baías do grande Pantanal e ambientes salobros como favorecendo
a ocorrência de tais espécies (Hoehne 1914, 1923, 1936, Hoehne & Kuhlmann 1951, Bicudo
1968ab, Bicudo 1972, Bicudo 1974, Bicudo 1977, Bicudo & Yamaoka 1978, Pott et al. 1992,
Bueno 1993, entre outros).
Com relação às microalgas, o primeiro trabalho que cita táxons para a região do Pantanal
Brasileiro é o de Bohlin (1897). Este autor estudou material coletado por Malme durante a I
Expedição Regnell ao Brasil (1892 a 1894), onde o material coletado nos municípios de Cuiabá
(MT), Aricá (MT) e Corumbá (MS) foi enviado à Suécia para estudo. A partir desse estudo, Bohlin
8
(1897) documentou 56 táxons da antiga família Protococcoideae que hoje engloba Volvocales e
Chlorococcales (De-Lamonica-Freire 1985). Outro autor que recebeu material coletado por Malme
durante a I Expedição Regnell ao Brasil (1882 a 1884) foi Borge que estudou as desmídias e
Zygnemaceae de Cuiabá, Morrinho e Corumbá, as duas primeiras em Mato Grosso e a última em
Mato Grosso do Sul (Borge 1903a, b).
De acordo com De-Lamonica-Freire (1985) nove táxons de Oedogoniaceae foram
documentados para a região de Cuiabá por Hirn (1900), e o primeiro documento exclusivo sobre
desmídias para o estado de Mato Grosso foi o de Schmidle (1901) que citou 39 táxons para aquela
região. No entanto, o material estudado por Hirn (1900) e Schmidle (1901) foi coletado
principalmente em Cuiabá e outras localidades próximas no estado de Mato Grosso, todas fora da
área da planície pantaneira.
Ainda segundo De-Lamonica-Freire (1985), a Expedição da Comissão de Linhas
Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas (Expedição Roosevelt-Rondon), realizada
em 1914, contou com a participação do botânico Frederico Carlos Hoehne. Este botânico enviou
material por ele coletado nos municípios de Cáceres, Porto do Campo, Salto da Felicidade e
Tapirapoã no estado de Mato Grosso, e em Corumbá estado de Mato Grosso do Sul para Borge.
Deste material, Borge (1925) documentou 336 táxons na planície pantaneira, distribuídos nas
classes Cyanophyceae, Chlorophyceae, Bangiophyceae, Xanthophyceae e Zygnematophyceae.
Drouet (1938) em um estudo sobre as Cyanobacteria do Brasil, registrou Gloeotrichia
natans (Hedw.) Rabenh. ex Born. & Flah., Fremyella tenera (Born. & Flah.) De Toni, Scytonema
hofmannii C. Agardh ex Born. & Flah., Lyngbya diguetii Gom. e Oscillatoria formosa Bory ex
Gom. para o município de Cáceres e Nostoc piscinale Kützing ex Bor. & Flah. para o município de
Santo Antônio de Leverger, ambos no estado de Mato Grosso.
Vale destacar que até 1938, a maioria dos trabalhos foi realizada por pesquisadores
estrangeiros e pouco se coletou no Pantanal Sul (MS). A partir desta data houve uma grande lacuna
no estudo da ficoflórula do Pantanal Brasileiro que perdurou até a década de 1980 quando
começaram a ser publicados os trabalhos feitos por autores nacionais.
O primeiro trabalho sistemático sobre taxonomia das microalgas, desenvolvido inteiramente
por autor brasileiro na área do Pantanal foi realizado por De-Lamonica-Freire (1985), em sua tese
de doutorado intitulada “Desmidioflórula da Estação Ecológica da Ilha de Taiamã, Município de
Cáceres, Mato Grosso”. De-Lamonica-Freire (1985) descreveu, ilustrou e comentou 175 táxons de
desmídias para a Ilha de Taiamã.
Os estudos de caráter taxonômico, posteriormente desenvolvido no Pantanal Norte (MT) são
os seguintes: Menezes & Fernandes (1987) sobre as Euglenophyceae de Cáceres e arredores;
Menezes & Fernandes (1989) sobre Euglenophyceae de Barra do Bugres, Cáceres, Juína e Porto
9
Esperidião; Lima (1990) e Figueiredo (1991) sobre diatomáceas (Bacillariophyceae) das ordens
Centrales e Eunotiales respectivamente de Poconé; De-Lamonica-Freire et al. (1992) sobre as
Euglenaceae de Poconé; De-Lamonica-Freire (1992a) sobre desmídias filamentosas e De-
Lamonica-Freire (1992b) sobre o gênero Xantidium e, De-Lamonica-Freire & Sant’Anna (1993)
sobre as Chlorococcales, os três últimos trabalhos para a Ilha de Taiamã; Schults (1993) sobre as
desmídias (Zygnematophyceae) do Pantanal de Poconé, e por fim; Bicudo et al. (1995) sobre as
Centrales e Eunotiales do Pantanal de Poconé.
Estudos de caráter limnológico na área do Pantanal Brasileiro com enfoque na estrutura da
comunidade fitoplanctônica e influência do pulso de inundação foram realizados a partir da década
de 1990.
No Pantanal Norte (MT), Pinto-Silva (1991) estudou os lagos Recreio e Buritizal e Lima
(1996) o lago Recreio em Barão de Melgaço.
De-Lamonica-Freire & Heckman (1996) catalogaram as espécies de algas e cianobactérias
do Pantanal Norte (MT) registrando sua ocorrência de acordo com os períodos sazonais, além de
fornecer informações ecológicas correlacionadas às condições físicas e químicas dos ambientes em
que ocorreram. Estes autores listaram 337 táxons para aquela sub-região de Barão de Melgaço,
Cáceres e Poconé.
Oliveira (1999) estudou a estrutura da comunidade fitoplanctônica na lagoa Sá Mariana em
Barão de Melgaço. Loverde-Oliveira (2005) as implicações da complexidade hidrológica sobre
padrões limnológicos na lagoa do Coqueiro no Pantanal de Poconé. Marçal (2005) realizou estudo
da variação temporal do fitoplâncton nesta mesma lagoa. Loverde-Oliveira et al. (2006) estudaram
a estrutura da comunidade fitoplanctônica da lagoa do Piau no Pantanal de Itiquira. Por fim,
Loverde-Oliveira & Huszar (2007) documentaram as respostas ecológicas do fitoplâncton ao pulso
de inundação na lagoa Sá Mariana em Barão de Melgaço (MT).
Domitrovic (2002) realizou estudo da estrutura e variação da comunidade fitoplanctônica no
Rio Paraguai e citou 298 táxons para a parte alta do rio Paraguai na área do Pantanal (incluindo MT
e MS).
No Pantanal Sul (MS), Silva (1990) estudou a composição e abundância do fitoplâncton na
Bacia do rio Miranda. Espíndola et al. (1996) estudaram a estrutura da comunidade fitoplanctônica
da lagoa Albuquerque, região de Corumbá. Com o mesmo enfoque, Silva et al. (2000) estudaram a
comunidade fitoplanctônica do rio Paraguai e Canal do Tamengo e, Oliveira & Calheiros (2000)
estudaram a influência do pulso de inundação sobre estes organismos, no rio Paraguai.
Como pode ser observado, para o Pantanal Sul (MS), não se conhece até o momento
nenhum trabalho taxonômico sistemático sobre as algas e cianobactérias desta região, exceto
aqueles mencionados anteriormente e realizados por autores estrangeiros no inicio do século
10
passado. Tais trabalhos contam com citações vagas da procedência das amostras e muitas vezes não
apresentam desenhos e/ou descrições detalhadas que nos permita comparação.
Na sub-região do Pantanal da Nhecolândia, tanto os estudos limnológicos quanto
taxonômicos são escassos. Em relação aos estudos limnológicos, destaca-se o trabalho pioneiro de
Cunha (1943) que caracterizou as lagoas típicas desta sub-região: baías e salinas.
A primeira contribuição documentada com referência a ficoflórula de lagoas do Pantanal da
Nhecolândia consta em Mourão (1989) que cita 38 táxons mais comuns encontrados em três lagoas
com diferentes características limnológicas: uma salina, uma baía e outra baía de características
intermediárias (salitrada). Santos et al. (2004) e Santos (2005) caracterizaram, em nível gênero, a
comunidade planctônica de algas e cianobactérias de seis lagoas da Nhecolândia, incluindo quatro
salinas, uma baía e uma salitrada, onde registraram 65 táxons. Por fim, Malone et al. (dados não
publicados) listaram 16 gêneros identificados em duas lagoas salinas da Fazenda Nhumirim. Todos
os referidos autores destacaram a dominância de cianobactérias nas lagoas salinas e observaram
reduzida riqueza de táxons nestas lagoas se comparado às baías e salitradas. Estes trabalhos
apresentam apenas listagem dos táxons encontrados.
Em nível específico não se conhece nenhum trabalho detalhado sobre a composição de algas
e cianobactérias das diferentes unidades da paisagem “salina”, “salitrada” e “baía” características da
Nhecolândia. Desta forma, o presente trabalho é o primeiro estudo sistemático sobre a
biodiversidade de algas e cianobactérias de lagoas salina, salitrada e baía do Pantanal da
Nhecolândia.
Objetivos
1 Objetivo geral
Contribuir para o conhecimento da biodiversidade de algas e cianobactérias de três
diferentes tipos de lagoas do Pantanal da Nhecolândia: salina, salitrada e baía.
2 Objetivos específicos
a) Identificar os táxons de algas e cianobactérias das lagoas estudadas.
b) Realizar a distribuição geográfica dos táxons identificados, na região do Pantanal
brasileiro.
c) Elaborar chaves de identificação dos táxons inventariados.
d) Comparar a riqueza de espécies das lagoas estudadas.
11
Área de Estudo
O Pantanal da Nhecolândia, sub-região do Pantanal Mato-Grossense, destaca-se como uma
região muito particular e complexa com densa rede hidrográfica. Está localizado em sua maior parte
no município de Corumbá, MS. Limita-se ao norte e ao sul, respectivamente, pelos Rios Taquari e
Negro, a leste pela escarpa da Serra de Maracajú e a oeste pelo Rio Paraguai (Alem & Valls 1987,
Fernandes et al. 1999). Com área estimada em 26.921 km
2
ocupa cerca de 19,5% da área total do
Pantanal, representando uma das maiores sub-regiões deste bioma (Silva & Abdon 1998).
Apresenta como característica geomorfológica, milhares de lagoas predominantemente circulares,
as quais de acordo com suas características limnológicas diferenciadas são denominadas
regionalmente como “baías”, “salitradas” e “salinas” (Calheiros & Oliveira, 1999). A vista aérea
desta sub-região mostra fisionomia bastante típica, caracterizada por apresentar baías, salinas,
campos limpos, bosques e savanas (Alem & Valls 1987) (Figura 3).
Na Nhecolândia ocorrem duas estações bem contrastadas: os meses de novembro a março
são caracterizados como época chuvosa, enquanto que os de abril a outubro são considerados de
seca. A temperatura média anual nesta sub-região é de 25,5 ºC e a precipitação média anual de
1.182,7 mm, chovendo em média 80 dias por ano (Soriano 1999). A Fazenda Nhumirim, onde estão
localizadas as lagoas deste estudo, apresenta segundo a classificação de Köppen, características
climáticas do tipo Awa: clima tropical de altitude, megatérmico (a temperatura média do mês mais
frio é superior a 18,0 ºC), com inverno seco e chuvas no verão (Soriano 1999). Os fatores que
determinam o caráter megatérmico do Pantanal são atribuídos à situação de continentalidade e
localização em plena faixa tropical, aliada à condição topográfica deprimida da planície (Tarifa
1986).
Fernandes et al. (1999) e Fernandes (2000) observaram através de modelagem digital de
terreno (MDT) que a Nhecolândia possui duas áreas topograficamente distintas, uma com altitudes
menores que 100 metros onde se visualizam curvas de nível mais espaçadas, sugerindo um
aplainamento maior e que corresponderia no geral à Baixa Nhecolândia. A outra área está acima dos
100 metros, onde as curvas estão mais densas e seguem em direção à Serra de Maracaju,
correspondendo a Alta Nhecolândia. De acordo com o estudo realizado por Fernandes (2007),
estima-se para Baixa Nhecolândia o total de 9.324 lagoas, 84% destas consideradas baías (7.832) e
16% consideradas salinas (1.492).
Almeida et al. (2003) realizaram estudo em 77 lagoas na região da Baixa Nhecolândia e
constataram que após as cheias, as lagoas mais rasas secam, enquanto as mais profundas, em geral
alcalinas e salinas, mantêm-se com praias de areia alva. Com a continuidade da estiagem, as lagoas
alcalinas evaporam, aumentando a salinidade e criando ambiente propício para floração de algas
12
diversas. Estes autores sugerem, de acordo com resultados de pH e condutividade elétrica (CE),
classificar as lagoas da Nhecolândia em pelo menos dois grandes grupos, as que exibem salinidade
(eventualmente salobras) e as que não exibem. Nas primeiras distinguiram ainda lagoas
hiperalcalinas (pH >8,0 e CE >5.000 μS cm
-1
) e lagoas alcalinas (pH 7-8 e CE médio superior a
1.000 μS cm
-1
). As não alcalinas teriam CE muito variada (média de 516 μS cm
-1
e pH <7,0)
representando a maioria (59) das 77 lagoas estudadas.
Esteves (1998) comenta que ecossistemas aquáticos com elevados valores de pH são
encontrados geralmente em regiões com balanço hídrico negativo (onde a precipitação é menor do
que a evaporação). O mesmo autor cita que no Brasil os açudes do Nordeste e as salinas do Pantanal
Sul-Mato-Grossense podem ser considerados como localizados em regiões com balanço hídrico
negativo.
A extensão das lagoas da Nhecolândia varia de 50 m a 2-3 km no sentido mais longo. A
profundidade é variável, mas em geral não excede 2 m (Allem & Valls 1987). De acordo com
Mourão et al. (1988) e Mourão (1989) as baías e salitradas apresentam águas ligeiramente ácidas,
pobres em eletrólitos, com densas sinúsias de macrófitas aquáticas e ocorrência de peixes, enquanto
que as salinas são alcalinas, ricas em íons sódio e potássio e não apresentam macrófitas aquáticas e
peixes.
Os moradores da região reconhecem os diferentes tipos de lagoas presentes na Nhecolândia,
e essa denominação regional (salinas, salitradas e baías) é amplamente adotada pelos diversos
autores que trabalham na área como Cunha (1943), Brum & Souza (1985), Allem & Valls (1987),
Pott et al. (1987), Mourão et al. (1988), Mourão (1989), Pott et al. (1989), Sakamoto (1997),
Sakamoto et al. (1999), Calheiros & Oliveira (1999), Pott & Pott (2000), Laurent et al. (2002),
Almeida et al. (2003), Santos et al. (2004), Medina-Junior & Rietzler (2005), Santos (2005), entre
outros.
No presente trabalho foram estudadas três lagoas consideradas representativas das diferentes
fisionomias de lagoas do Pantanal da Nhecolândia:
1) Salina do Meio (18º59’ S e 56º39’ W);
2) Salitrada Campo Dora (18º58’02” S e 56º38’59” W);
3) Baía da Sede Nhumirim (18º 59' 37" S e 56º 37' 14.80" W).
A primeira e a terceira estão localizadas na área da Fazenda Nhumirim (Embrapa Pantanal) e
a segunda localiza-se na área da Fazenda Campo Dora que faz divisa com a Fazenda Nhumirim
(Figura 4). A Fazenda Nhumirim possui 4.390 ha de área, localizada na região centro-oeste do
Pantanal da Nhecolândia (município de Corumbá, MS), onde se encontram as unidades de paisagem
representativas desta sub-região (Fernandes 2000). Somente na área da Fazenda Nhumirim ocorrem
cerca de 100 lagoas, três delas consideradas salinas (Mourão et al. 1988).
13
A caracterização geral de cada lagoa estudada é apresentada a seguir.
1. Salina do Meio
A lagoa salina do Meio representa uma típica salina do Pantanal da Nhecolândia, pois
apresenta características próprias deste grupo de lagoas, conforme documentado por diversos
autores (Almeida et al. 2003, Cunha 1943, Mourão et al. 1988, Mourão 1989, Sakamoto 1997,
Sakamoto et al. 1999, Medina-Júnior & Rietzler 2005). É uma lagoa rasa com profundidade
máxima 1,1 metros (Mourão 1989), caracterizada por sua forma quase circular, isolada das cheias
por cordilheiras (área mais elevada com vegetação de cerrado), circundada por uma faixa de areia
branca conhecida como praia e por apresentar um “anel” de palmeiras carandás (Copernicia alba
Morong ex Morong & Britton) delimitando suas margens. Em meio aos carandás ocorrem
gramíneas e nas proximidades da cordilheira dominam os caraguatás (Bromelia balansae Mez).
De acordo com Furquim (2007), os solos dos arredores da lagoa salina do Meio
caracterizam-se pela textura areia a franco-arenosa, pela ausência de estrutura e, de maneira geral
por altos valores de pH, condutividade elétrica, capacidade de troca catiônica e saturação em Na
+
(sódio).
Os elevados valores de pH (>9), condutividade elétrica (>2.000 µm Scm
-1
), salinidade (1,4 a
11,8) e a forma não ionizável da amônia, associados ao isolamento das cheias, são considerados
como fatores limitantes ao desenvolvimento de peixes, zooplâncton e plantas aquáticas nessa lagoa
(Medina-Júnior & Rietzler 2005, Mourão et al. 1988, Mourão 1989). Mesmo em épocas de seca,
esta lagoa raramente seca. Tal fato é atribuído possivelmente ao abastecimento sub-superficial da
lagoa através do lençol freático, já que as lagoas salinas situam-se num patamar mais rebaixado que
seu entorno (Sakamoto 1997, Sakamoto et al. 1999, Mourão et al. 1988, Mourão 1989). A
coloração da água varia de verde-azulado a verde-acastanhado escuro, com domínio de
cianobactérias. Florações são observadas geralmente nos períodos de seca. Diversas aves
migratórias, além do gado, freqüentam a lagoa. As figuras 5a, 6 e 7 ilustram as principais
características da lagoa Salina do Meio.
2. Salitrada Campo Dora
O formato aproximado da lagoa Salitrada Campo Dora é oitavado alongado (Figura 5a). É
uma lagoa rasa (profundidade máxima 40 cm) que apresenta características intermediárias com
relação aos valores de pH, entre a Salina do Meio e Baía da Sede Nhumirim. Nos períodos de seca o
pH atinge valores elevados, até 9,4. Na época de cheia o pH diminui, apresentando valor inferior a 7
14
(até 5,0) (Rezende-Filho 2003, Almeida et al. 2003, Brum & Souza 1985). A Salitrada Campo Dora
é considerada uma lagoa temporária, pois freqüentemente seca nos períodos de estiagem
prolongada. Apresenta curta conexão com as águas de superfície nos períodos de cheia, através de
uma área mais deprimida na porção sudoeste da lagoa (Figura 5a). Não ocorrem peixes.
Na porção sul da lagoa há presença da palmeiras carandás (Copernicia alba Morong ex
Morong & Britton) e ao norte há palmeiras babaçu (Orbignya oleifera Bur.).
As gramíneas ocorrem por toda a extensão da lagoa e atingem desde suas margens até o
início das cordilheiras. No interior da lagoa ocorrem densas quantidades de plantas aquáticas
submersas, representadas principalmente por Chara spp.(Characeae). Plantas aquáticas flutuantes
também ocorrem, porém em menor abundância visual que na Baía da Sede Nhumirim. As figuras 8,
9 e 10 ilustram as principais características da lagoa Salitrada Campo Dora.
3. Baía da Sede Nhumirim
Lagoa rasa, caracterizada pela presença de plantas aquáticas por toda sua margem,
representadas principalmente por densas concentrações de cana-do-brejo (Cana glauca L.), alface-
d’água (Pistia stratiotes L.) e água-pés (Eichhornia spp.). É uma lagoa permanente, pois nunca ou
apenas raramente seca nos períodos de seca, sendo interligada por amplos campos alagáveis,
vazantes e corixos (Figura 5b). O pH apresenta valores geralmente menores que nas lagoas salinas e
salitradas, geralmente entre 5,5 a 7,5 (Almeida et al. 2003, Brum & Souza 1985). O formato é quase
esférico, de dimensões semelhantes às da Salina do Meio. As gramíneas ocorrem por toda a
margem da lagoa, a qual não apresenta cordilheiras no seu entorno (figuras 11 e 12).
Freqüentemente são observados jacarés (Caiman crocodilus yacare) e capivaras (Hydrochoerus
hydrochaeris) nesta lagoa. Ocorrem peixes. Nas proximidades da lagoa (cerca de 100 m), no lado
sul, situa-se a Sede da Fazenda Nhumirim (Figura 5b).
15
Figura 3. Vista aérea do Pantanal da Nhecolândia com seus diferentes tipos de lagoas: salinas,
salitradas e baías. Foto A.Y. Sakamoto, 2001.
16
Figura 4. Localização das três lagoas estudadas no Pantanal da Nhecolândia (Modificado de
Rezende-Filho 2006).
17
Figura 5. a) vista aérea da lagoa Salina do Meio (abaixo) e Salitrada Campo Dora (acima). Foto: A.
Pott in Pott & Pott 2000; b) vista aérea da Baía da Sede Nhumirim. Foto: Embrapa Pantanal.
Figura 6. Salina do Meio: a) período de seca (28-VIII-2006); b) Período de cheia (4-V-2007).
Figura 7. Salina do Meio: a) período de seca (15-X-2004), destacando a presença de aves e a
floração de cianobactérias nas margens da lagoa (foto: H. Quenol); b) período de cheia (4-V-2007),
destacando a presença do gado.
a
b
a
b
a
b
18
Figura 8. Salitrada Campo Dora no período de seca (28-VIII-2006), ocasião em que a lagoa se
encontrava totalmente seca. a) parte sul da lagoa com palmeiras carandás (Copernicia alba Morong
ex Morong & Britton); b) parte norte da lagoa com palmeiras babaçu (Orbignya oleifera Bur.).
Figura 9. Salitrada Campo Dora: a) vista parcial da lagoa com pequena quantidade de água,
destacando a presença de gramíneas em todo seu entorno, início do período de cheia (16-XI-2006);
b) vista parcial da lagoa no período de cheia (4-V-2007).
Figura 10. Salitrada Campo Dora no período de cheia (4-V-2007), a) vista parcial com plantas
aquáticas ocupando toda área da lagoa, b) detalhe da grande quantidade de plantas aquáticas
submersas, principalmente Chara spp (Characeae), e flutuantes (Sagittaria spp.).
b
a
a
b
b
a
19
Figura 11. Baía da Sede Nhumirim no período de seca (28-VIII-2006), a) vista parcial da lagoa, ao
fundo a Sede da Fazenda Nhumirim, b) detalhe das margens da lagoa amplamente colonizadas por
cana-do-brejo (Cana glauca L.) e outras plantas aquáticas e gramíneas.
Figura 12. Baía da Sede Nhumirim: a) vista parcial no início do período de cheia (16-XI-2006), b)
vista parcial no período de cheia (4-V-2007).
a
b
b
a
20
Material e Métodos
1. Estação de amostragem, coleta e fixação das amostras
As amostras foram coletadas nas margens das lagoas e, em algumas ocasiões, também se
coletou na região central de cada lagoa, com ênfase na comunidade fitoplanctônica.
As coletas foram feitas utilizando-se rede de plâncton (20 µm de abertura de malha) ou
apenas a simples passagem de frasco aberto na superfície da água. O método empregado foi
escolhido em função do nível de água das lagoas: na época de seca a coleta foi efetuada geralmente
passando-se o frasco aberto na superfície da água e no período de cheia foi feita com rede de
plâncton. Neste último caso, a rede foi passada várias vezes na camada superficial da água com
arraste horizontal de aproximadamente 20 metros na região mediana/marginal das lagoas. Estas
amostras foram fixadas in situ com solução de Transeau ou formol 4% na proporção de 1:1 e
armazenadas em frasco de vidro padronizado com volume de 150 mL. Frascos de plástico opaco
foram utilizados para coleta de material sem adição de fixador, para posterior observação de
material vivo.
Nas lagoas “Baía da Sede Nhumirim” e “Salitrada Campo Dora”, as quais apresentaram
densas quantidades de plantas aquáticas flutuantes e submersas, as coletas foram realizadas em
meio a essas plantas e quando possível na região livre das mesmas. Devido a essas particularidades,
consideramos o material coletado nessas lagoas como representantes do fitoplâncton/metafíton.
Na lagoa “Salina do Meio”, que não apresenta plantas aquáticas flutuantes ou submersas,
consideramos o material coletado como representante do fitoplâncton.
No total, 23 amostras foram coletadas, abrangendo os períodos de cheia e de seca desde
maio 2004 até maio de 2007. As coletas realizadas nos meses de maio(2004), fevereiro(2005),
maio(2005), abril(2006), novembro(2006) e maio(2007) foram representativas do período de cheia
ou chuvoso. Enquanto que as coletas realizadas nos meses de agosto(2004), outubro(2004),
junho(2005), setembro(2005) e agosto(2006) foram representativas do período de seca (ver
Anexo1-Variáveis climatológicas da Nhumirim).
O posicionamento geográfico de cada lagoa foi obtido através de aparelho GPS de
navegação modelo Garmin 12.
2. Variáveis físicas e químicas da água
As variáveis físicas e químicas mensuradas no momento da coleta e os respectivos métodos
utilizados estão apresentados na tabela 1.
21
Tabela 1. Variáveis físicas e químicas mensuradas no momento da coleta e seus respectivos
métodos.
Variáveis Método
Oxigênio dissolvido (mg L
-1
) Oxímetro portátil digital - HANNA Instrumentats modelo 9145
Temperatura da água (ºC) Condutivímetro portátil digital - WTW modelo pH/Cond 340i
pH Condutivímetro portátil digital - WTW modelo pH/Cond 340i
Condutividade elétrica (µS cm
-1
) Condutivímetro portátil digital - WTW modelo pH/Cond 340i
Salinidade (ups) Condutivímetro portátil digital - WTW modelo pH/Cond 340i
Potencial redox (mV) Condutivímetro portátil digital - WTW modelo pH/Cond 340i
Transparência da água Disco de Secchi branco de 30 cm de diâmetro
3. Relação das amostras incluídas no levantamento florístico
Todas as amostras estudadas foram depositadas no acervo do Herbário Científico do Estado
“Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo” (SP) do Instituto de Botânica, em São Paulo, SP, Brasil. Um
total de 23 amostras foi analisado: 9 são da lagoa Salina do Meio, 6 da lagoa Salitrada Campo Dora
e 8 da lagoa Baía da Sede Nhumirim. A relação das mesmas segue-se em ordem numérica crescente
de seus números de acesso.
(1) SP390907 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos s.n., 10-V-2004. GPS:
18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. pH = 9,6; temperatura da água = 34,2 ºC (fitoplâncton;
preservado com Transeau).
(2) SP390908 – BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n., 03-II-2005. GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W (fitoplâncton/metafíton; preservado com
Transeau).
(3) SP390909 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa Salitrada Campo Dora, col. A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n., 14-VIII-2004. GPS: 18°58'05,2''S 56°38'58,4''W (fitoplâncton/metafíton; preservado
com Transeau).
22
(4) SP390910 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos s.n., 14-X-2004. GPS:
18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. Condutividade = 9.030 µS cm
-1
; salinidade = 5,3; pH = 9,88;
temperatura da água = 24,2 ºC; oxigênio dissolvido = 5,44 mg.L
-1
; potencial redox = 55 mV
(fitoplâncton; preservado com Transeau).
(5) SP390911 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa Salitrada Campo Dora, col. K.R.S. Santos s.n., 14-X-2004.
GPS: 18°58'05,2''S 56°38'58,4''W. Condutividade = 1.120 µS cm
-1
; salinidade = 5,3; pH =
8,2; temperatura da água = 23,1 ºC; oxigênio dissolvido = 6,0 mg.L
-1
; potencial redox = 216
mV (fitoplâncton/metafíton; preservado com Transeau).
(6) SP390912 - BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. K.R.S. Santos s.n., 15-X-2004.
GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W. pH = 7,75; temperatura da água = 23,0 ºC
(fitoplâncton/metafíton; preservado com Transeau).
(7) SP390913 - BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos s.n., 8-V-2005. GPS:
18°58'29,2''S 56°38'47,8''W – Condutividade = 5500 µS cm
-1
; salinidade = 3,1; pH = 9,04;
temperatura = 25,0 ºC; oxigênio dissolvido = 1,79 mg.L
-1
; potencial redox = -188 mV
(fitoplâncton; preservado com Transeau).
(8) SP390914 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa Salitrada Campo Dora, col. K.R.S. Santos s.n., 8-V-2005.
GPS: 18°58'05,2''S 56°38'58,4''W. Condutividade = 648 µS cm
-1
; salinidade = 0,0; pH =
5,02; temperatura da água = 23,0 ºC; oxigênio dissolvido = 4,1 mg.L
-1
; potencial redox = -
165 mV (fitoplâncton/metafíton; preservado com Transeau).
(9) SP390915 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. K.R.S. Santos s.n., 09-V-2005.
GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W. Condutividade = 807 µS cm
-1
; salinidade = 0,1; pH =
7,58; temperatura da água = 25,5 ºC; oxigênio dissolvido = 8,2 mg.L
-1
; potencial redox = -
53 mV (fitoplâncton/metafíton; preservado com Transeau).
23
(10) SP390916 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani s.n., 28-VI-
2005. GPS: 18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. Condutividade = 6850 µS cm
-1
; salinidade = 3,9;
pH = 9,85; temperatura da água = 21,7 ºC (fitoplâncton; preservado com Transeau).
(11) SP390917 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n., 25-IX-
2005. GPS: 18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. Condutividade = 19020 µS cm
-1
; salinidade = 11,8;
pH = 9,85; temperatura da água = 23,3 ºC; oxigênio dissolvido = 10 mg L
-1
; potencial redox
= -280 mV (fitoplâncton; preservado com Formol 4%).
(12) SP390918 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. K.R.S. Santos & C.F.S. Malone
s.n., 25-IX-2005. GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W. Condutividade = 1680 µS cm
-1
;
salinidade= 0,6; pH = 6,87; temperatura da água = 22,8 ºC; oxigênio dissolvido = 10 mg.L
-1
;
potencial redox = -13 mV (fitoplâncton/metafíton; preservado com Formol 4%).
(13) SP390919 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n., 22-IV-
2006. GPS: 18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. Condutividade = 2870 µS cm
-1
; salinidade = 1,4;
pH = 10,16; temperatura da água = 33,3 ºC; oxigênio dissolvido = 10 mg.L
-1
; potencial
redox = -14 mV (fitoplâncton; preservado com Formol 4%).
(14) SP390920 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa Salitrada Campo Dora, col. K.R.S. Santos s.n., 21-IV-2006.
GPS: 18°58'05,2''S 56°38'58,4''W. Condutividade = 430 µS cm
-1
; salinidade = 0,0; pH = 8,5;
temperatura da água = 28,4 ºC; oxigênio dissolvido = 8,0 mg.L
-1
; potencial redox = 200 mV
(fitoplâncton/metafíton; preservado com Formol 4%).
(15) SP390921 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. K.R.S. Santos s.n., 22-IV-2006.
GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W. Condutividade = 1453 µS cm
-1
; salinidade = 0,5; pH =
8,06; temperatura = 29,5 ºC; oxigênio dissolvido = 10 mg.L
-1
; potencial redox = -33 mV
(fitoplâncton/metafíton; preservado com Formol 4%).
24
(16) SP390922 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos s.n., 28-VIII-2006. GPS:
18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. Condutividade = 12070 µS cm
-1
; salinidade = 7,3; pH = 10,09;
temperatura da água = 24,7 ºC; potencial redox = -26 mV (fitoplâncton; preservado com
Formol 4%).
(17) SP390923 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. K.R.S. Santos s.n., 28-VIII-2006.
GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W. Condutividade = 2110 µS cm
-1
; salinidade = 0,9; pH =
7,97; temperatura = 22,1 ºC; potencial redox = -149 mV (fitoplâncton/metafíton; preservado
com Formol 4%).
(18) SP390924 - BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos s.n., 16-XI-2006. GPS:
18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. Condutividade = 4380 µS cm
-1
; salinidade = 2,3; pH = 10,4;
temperatura da água = 36,1 ºC; potencial redox = 75 mV (fitoplâncton; preservado com
Formol 4%).
(19) SP390925 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa Salitrada Campo Dora, col. K.R.S. Santos s.n., 16-XI-2006.
GPS: 18°58'05,2''S 56°38'58,4''W. Condutividade = 1852 µS cm
-1
; salinidade = 0,7; pH =
8,42; temperatura da água = 32,0 ºC; potencial redox = 155 mV (fitoplâncton/metafíton;
preservado com Formol 4%).
(20) SP390926 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. K.R.S. Santos s.n., 16-XI-2006.
GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W. Condutividade = 2020 µS cm
-1
; salinidade = 0,8; pH =
7,84; temperatura da água = 35,1 ºC; potencial redox = 83 mV (fitoplâncton/metafíton;
preservado com Formol 4%).
(21) SP390927 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Salina do Meio, col. K.R.S. Santos s.n., 4-V-2007. GPS:
18°58'29,2''S 56°38'47,8''W. Condutividade = 3890 µS cm
-1
; salinidade = 2,0; pH = 10,19;
temperatura da água = 31 ºC; potencial redox = -209 mV (fitoplâncton; preservado com
Formol 4%).
25
(22) SP390928 - BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa Salitrada Campo Dora, col. K.R.S. Santos s.n., 4-V-2007.
GPS: 18°58'05,2''S 56°38'58,4''W. Condutividade = 318 µS cm
-1
; salinidade = 0,0; pH = 7,6;
temperatura da água = 27,5 ºC; oxigênio dissolvido = 4,6 mg L
-1
; potencial redox = -53 mV
(fitoplâncton/metafíton; preservado com Formol 4%).
(23) SP390929 - BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, col. K.R.S. Santos s.n., 4-V-2007.
GPS: 18°59'03,3''S 56°37'11,4''W. Condutividade = 716 µS cm
-1
; salinidade = 0,0; pH = 7,8;
temperatura da água = 28,5 ºC; potencial redox = -149 mV (fitoplâncton/metafíton;
preservado com Formol 4%).
Estudo taxonômico
1. Observação do material
Para observação do material foi utilizado microscópio óptico binocular Zeiss modelo
Axioplan-2, com câmara clara, ocular micrometrada e sistema de epifluorescência acoplados ao
sistema óptico do microscópio. O sistema de epifluorescência foi utilizado para evidenciar a
presença de clorofila a, sendo muito útil para distinguir cianobactérias (que apresentam clorofila a)
de eubactérias (que não apresentam clorofila a). As fotografias foram realizadas com câmera digital
Sony modelo W-30 adaptadas a ocular micrometrada do microscópio. Estes procedimentos foram
realizados na Seção de Ficologia do Instituto de Botânica.
2. Identificação
A identificação dos táxons foi sempre que possível baseada no exame de amostras
populacionais, na tentativa de registrar toda a variação morfológica e métrica encontrada.
Indivíduos isolados somente foram identificados, quando suas características diacríticas estiveram
presentes e concordavam com a circunscrição específica do táxon que representava.
Para cada amostra foram preparadas no mínimo oito lâminas, a fim de observar todos os
táxons que ocorrem nessas amostras. Sempre que possível amostra viva também foi examinada,
com o propósito de observar metabolia das células (principalmente nas Euglenophyceae),
disposição dos plastos e coloração “real” dos plastos, parede celular, lórica (Trachelomonas) e
26
movimento em alguns grupos de Cyanobacteria. Ilustrações e fotografias foram providenciadas para
demonstrar o espectro de variabilidade de formas ocorrentes nas diferentes amostras populacionais
estudadas.
Para destacar a presença de mucilagem ou bainha mucilaginosa (nas cianobactérias) foram
confeccionadas lâminas com adição de corante Nanquim. Para evidenciar a presença de pirenóides
(constituído principalmente de amido) comuns nas Chlorophyceae foi utilizado solução de iodeto de
potássio contendo iodo metálico (que impregna o amido e lhe confere coloração azul bastante
escura, quase preta).
Procurou-se sempre que possível, efetuar as medidas de interesse taxonômico em 30
indivíduos de cada táxon, de modo a demonstrar a amplitude métrica na amostra populacional
estudada. As medidas de interesse taxonômico aparecem no presente texto, representadas pelos
limites métricos máximo e mínimo para cada táxon identificado. Os dados métricos considerados
discrepantes, por representarem medidas ocasionais e sem seqüência imediata com os limites
máximo e mínimo obtidos, foram incluídos entre parênteses.
Padronizamos para o comprimento celular dos representantes curvados ou lunados do
gênero Closterium (Zygnemaphyceae), a medida do comprimento real da célula e não a distância
entre os ápices. Para a largura celular ou do indivíduo, utilizamos aquela da região central que
geralmente representa a maior dimensão deste caráter. O termo diâmetro foi utilizado apenas para
os indivíduos ou células realmente esféricas.
Para o gênero Closterium (Zygnemaphyceae) a forma do ápice celular (pólos celulares) foi
padronizada segundo Bicudo & Castro (1994). O arco de curvatura, que significa o maior ângulo de
curvatura da margem dorsal do indivíduo, foi obtido através do closteriômetro conforme proposto
por Heimans (1946).
Convencionamos para o grau de curvatura os mesmos limites adotados por Bicudo & Castro
(1994), a saber:
0-60º = levemente curvados;
61-100º = moderadamente curvados;
>100º = fortemente curvados.
Para as diatomáceas, parte do material foi submetido ao processo de oxidação para remoção
da matéria orgânica e conteúdo celular, a fim de evidenciar a ornamentação da frústula (parede de
sílica), que é fundamental na identificação infragenérica deste grupo de algas. O procedimento foi
baseado no método H
2
O
2,
onde o Peróxido de Hidrogênio é utilizado como agente oxidante (CEN
2004). Conforme este procedimento, após sedimentação da amostra, uma alíquota de cerca de 10
mL do material de fundo foi transferida para um tubo de ensaio, onde foi adicionado Peróxido de
27
Hidrogênio 30%. Este material permaneceu em oxidação sob câmara aquecedora a 50 ºC durante
três dias. Em algumas amostras, dependendo da quantidade de matéria orgânica presente, dosagens
de água bidestilada foram adicionadas ao tubo de ensaio para que a amostra não secasse devido à
intensa evaporação do material reagindo com Peróxido de Hidrogênio. A seguir, usando placa de
aquecimento, depositou-se cerca de 0,5 mL da amostra oxidada sobre uma lamínula de microscopia,
de modo a provocar a evaporação do líquido a aproximadamente 60 ºC. Para montagem das lâminas
permanentes foi utilizado a resina Naphrax, cujo índice de refração é 1,87. Deste modo foram
preparadas duas lâminas de cada amostra para estudo.
A identificação taxonômica em níveis infragenéricos foi baseada em bibliografia específica
para cada grupo de algas e cianobactérias. Sempre que possível, foi consultado a obra original dos
táxons identificados para que o conceito inicial de cada um deles pudesse ser preservado e
eventualmente comparado com outros mais atuais.
3. Sistemas de classificação
O sistema de classificação adotado para todos os grupos no nível de Classe foi o de Hoek et
al. (1995).
Para as Ordens dentro de cada Classe os seguintes sistemas foram adotados: Hoek et al.
(1995) para as Chlorophyceae, Round et al. (1990) para as Bacillariophyceae (diatomáceas “senso
amplo”), Komárek & Anagnostidis (1989, 1999, 2005) para as Cyanobacteria, Hoek et al. (1995)
para as Zygnematophyceae, Ettl (1978) para as Xanthophyceae e Bourrelly (1981, 1985) para as
Cryptophyceae e Euglenophyceae.
4. Abreviações utilizadas
Alguns termos utilizados nas descrições, tabelas e comentários foram abreviados conforme a
lista que se segue.
ca. = cerca de
compr. = comprimento
diâm. = diámetro
ha = hectare
larg. = largura
lev./te = levemente
ñ.e. = não especificado
ñ.o. = não observado(s)
Rc/l = razão comprimento/largura
m = metro(s)
µm = micrômetro
28
5. Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro
Para distribuição geográfica, foram considerados além dos trabalhos taxonômicos com
descrições e/ou ilustrações dos táxons, também aqueles de cunho ecológico que apresentam apenas
listagens. Foi considerada toda a literatura publicada até dezembro de 2007, incluindo monografias
de graduação, dissertações e teses de caráter taxonômico e/ou ecológico e artigos científicos.
As sub-regiões do Pantanal Brasileiro e os municípios nele inseridos foram delimitados
conforme Silva & Abdon (1998). Estes autores delimitaram e quantificaram a planície do Pantanal
no Brasil, suas sub-regiões e a participação estadual e municipal nessa região na escala de
1:250.000 com base nos aspectos de inundação, relevo, solo e vegetação. Assim, Silva & Abdon
(1998) reconheceram onze sub-regiões no Pantanal Brasileiro, a saber: Abobral, Aquidauana, Barão
de Melgaço, Cáceres, Miranda, Nabileque, Nhecolândia, Paiaguás, Paraguai, Poconé e Porto
Murtinho (Figura 1). No estado de Mato Grosso, sete municípios foram considerados com área na
planície (Barão de Melgaço, Cáceres, Itiquira, Lambari D’ Oeste, Nossa Senhora do Livramento,
Poconé e Santo Antônio do Leverger) e, nove municípios no estado de Mato Grosso do Sul
(Aquidauana, Bodoquena, Corumbá, Coxim, Ladário, Miranda, Sonora, Porto Murtinho e Rio
Verde de Mato Grosso) como apresentado na Figura 2.
6. Organização dos táxons
Os táxons identificados estão arranjados em ordem alfabética dentro de suas respectivas
classes, que seguem também em ordem alfabética.
Cada espécie, variedade ou forma taxonômica identificada contém as seguintes informações:
a) citação à obra original; b) basiônimo (quando existente); c) descrição morfológica detalhada
incluindo as medidas celulares; d) relação do material examinado, incluindo o nome da(s) lagoa(s) e
o(s) número(s) de registro de herbário; e) condições ambientais em que foi coletado, incluindo
dados de pH, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, potencial redox e temperatura da água,
quando disponíveis; f) distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro (quando existente), incluindo
as áreas de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, bem como as sub-regiões para onde foi citado,
Cidade, local e autor da obra de referência, e; h) comentários.
7. Comparação entre as floras das lagoas estudadas
Para comparar a composição de táxons entre as três lagoas estudadas, foi aplicado o índice
de similaridade de Sörensen com base na presença-ausência de ocorrência dos táxons em cada lagoa
29
conforme a fórmula: Is = 2c/(a+b), onde “c” representa o número de táxons comuns entre duas
lagoas, “a” o número de táxons presentes em uma lagoa e “b” o número táxons presentes em outra
lagoa.
Resultados e discussão
1. Tratamento taxonômico
Classe Cyanobacteria (Cyanophyceae)
Chave de identificação dos gêneros de Cyanobacteria encontrados nas lagoas estudadas
1 Talo unicelular ou colonial............................................................................................................... 2
1 Talo filamentoso .............................................................................................................................. 5
2 Indivíduos coloniais formados por células ovais .............................................. Coelomoron
2 Indivíduos isolados, fusiformes, esféricos ou alongados ..................................................... 3
3 Células fusiformes, extremidades agudas ................................................................... Myxobaktron
3 Células cilíndricas, esféricas ou alongadas ..................................................................................... 4
4 Células alongadas .......................................................................................... Synechococcus
4 Células esféricas .............................................................................................. Synechocystis
5 Filamentos homocitados ...................................................................................................................6
5 Filamentos heterocitados ............................................................................................................... 14
6 Filamentos espiralados ......................................................................................................... 7
6 Filamentos retos ou levemente curvos ................................................................................. 9
7 Tricomas com septos evidentes, com aerótopos ............................................................. Arthrospira
7 Tricomas com septos inconspícuos, sem aerótopos ........................................................................ 8
8 Espiras não agregadas entre si ........................................................................... Glaucospira
8 Espiras agregadas entre si ou pouco distantes ........................................................ Spirulina
9 Células mais longas que largas ...................................................................................................... 10
9 Células subquadráticas ou mais curtas que largas ......................................................................... 12
10 Tricomas irregularmente curvos, curtos (em geral até 8 células) .......................... Romeria
10 Tricomas retos, longos (mais que 10 células) .................................................................. 11
11 Tricomas móveis, conteúdo celular homogêneo .................................................... Pseudanabaena
11 Tricomas imóveis, conteúdo celular geralmente com centroplasma distinto da periferia da célula
............................................................................................................................................ Jaaginema
30
12 Tricomas curtos (em geral até 8 células) ......................................................... Hormoscilla
12 Tricomas longos (mais que 10 células) ........................................................................... 13
13 Aerótopos ausentes ...................................................................................................... Phormidium
13 Aerótopos presentes ..................................................................................................... Planktothrix
14 Tricomas heteropolares, nitidamente atenuados para o ápice, heterocito basal ... Calothrix
14 Tricomas isopolares, atenuados ou não, heterocitos terminais ou intercalares ............... 15
15 Heterocitos originando-se de célula intercalar e, posteriormente, tornando-se terminais pela
quebra do tricoma, não atenuado ................................................................................... Anabaenopsis
15 Heterocitos intercalares, distribuídos mais ou menos regularmente ao longo do tricoma, tricomas
atenuados .................................................................................................. Aphanizomenon/Anabaena
Ordem Chroococcales
Coelomoron Buell
Coelomoron tropicalis Senna, Peres & Komárek
Nova Hedwigia, 67 (1-2). 1998.
Figura 13
Colônias irregularmente esféricas a alongadas, 23,9-26,1 µm compr., 17,3-18,5 µm larg.;
mucilagem difluente, incolor, visível com auxílio de corantes; células ovóides, dispostas
radialmente, um pouco distantes umas das outras, 2-3,2 µm compr., 1,3-2,5 µm larg.;
conteúdo celular verde azulado, homogêneo, sem aerótopos.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal: primeira citação.
Comentários
Coelomoron tropicalis Senna, Peres & Komárek é uma espécie descrita a partir de material
brasileiro, coletado em reservatórios do estado de São Paulo (Senna et al. 1998).
O material do Pantanal está perfeitamente de acordo com a circunscrição original da espécie
apresentada por Senna et al. (1998).
31
Táxon encontrado apenas na lagoa Salitrada Campo Dora, em uma única amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Myxobaktron Schmidle
Myxobaktron sp.
Figura 14
Células isoladas ou aos pares, alongadas e afiladas nas extremidades, 3,8-12 µm compr.,
0,7-1,5 µm larg.; envelope mucilaginoso ausente; conteúdo celular verde azulado, sem
aerótopos.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio
, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n.
(SP390917).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
O gênero Myxobaktron Schmidle é de ocorrência rara e inclui apenas três espécies que
ocorrem no plâncton estuarino de água salobra e no metafíton de água doce. Algumas espécies de
Myxobaktron foram descritas originalmente como Dactylococcopsis, que é um gênero de algas
verdes (Sant’Anna et al. 2006). Myxobaktron é um gênero mal delimitado que necessita de revisão
taxonômica (Komárek & Anagnostidis 1999).
O material estudado difere das espécies descritas do gênero principalmente em relação as
medidas celulares e hábito. A espécie mais próxima morfologicamente é Myxobaktron hirudiforme
G.S. West. No entanto em Myxobaktron hirudiforme as células são maiores (30-62 µm compr.) e
mais largas (1,8-2 µm larg.) e ocorre no metafíton de lagoas da Angola (Komárek & Anagnostidis
1999), enquanto que o material do Pantanal além das menores dimensões celulares (3,8-12 µm
compr., 0,7-1,5 µm larg.) foi encontrado no plâncton em lagoa de água salobra (Salina do Meio).
Táxon encontrado apenas na lagoa Salina do Meio em amostra fitoplanctônica no período de
seca. Nesta lagoa as condições ambientais da água no momento da coleta foram as seguintes: pH
9,85; condutividade elétrica 19.020 µS.cm
-1
; salinidade 3,9; temperatura 21,7 ºC.
32
Synechococcus Nägeli
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células retas, 2-3,4 µm comprimento ................................................... Synechococcus cf. nidulans
1 Células curvas ou sigmóides, 4,9-16,8(26,6) µm comprimento .................................. S. sigmoideus
Synechococcus cf. nidulans (E.G. Pringsheimii) Komárek
Les algues d’eau douce. 3: 119. 1970.
Basiônimo: Lauterbornia nidulans E.G. Pringsh., Arch. Mikrobiol. 63:1-6. 1968.
Figuras 15
Células isoladas ou aos pares, raramente 4 células juntas, alongadas, retas, 2-3,4 µm
compr., 1,2-2,4 µm larg.; envelope mucilaginoso ausente; conteúdo celular verde azulado,
homogêneo, sem aerótopos.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Fazenda Nhumirim, lagoa:
Salina do Meio, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n. (SP390917); 22-IV-2006, K.R.S.
Santos s.n. (SP390919); Baía da Sede Nhumirim, 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390921); 04-
05-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com Komárek & Anagnostidis (1999), Synechococcus nidulans (E.G.
Pringsheimii) Komárek ocorre no plâncton de pequenos corpos de água doce e mais raramente em
grandes lagos, às vezes em massas, sendo conhecido até aquela ocasião para regiões temperadas.
Conforme os referidos autores Synechococcus nidulans (E.G. Pringsheimii) Komárek apresenta
células com 1,5-8,5 µm compr. e 0,4-1,3(2,2) µm largura. Os exemplares estudados diferem da
literatura por ocorrerem tanto em ambiente de água doce como salobra (Salina do Meio).
O material do Pantanal assemelha-se ainda a Synechococcus elongatus (Nägeli) Nägeli. No
entanto, essa espécie ocorre em ambiente subaerofítico, solo, parede de aquários e na região
supralitorânea de lagoas, ocorrendo em zonas temperadas e tropicais (Komárek & Anagnostidis
1999). Os espécimes estudados ocorreram sempre em ambientes tipicamente aquáticos (amostras
fitoplanctônica/metafítica) e não em habitat subaéreo.
33
Táxon encontrado nas lagoas Salina do Meio e Baía da Sede Nhumirim em amostras
respectivamente fitoplanctônica e fitoplanctônica/metafítica.
Synechococcus sigmoideus (G. Moore & N. Carter) Komárek
Arch. Protistenk. 112: 363. 1970.
Basiônimo: Rhabdoderma sigmoideum G. Moore & N. Carter, Ann. Missouri Bot. Gard. 10: 398,
Taf. 21, Fig. 1. 1923.
Figuras 17-18
Células isoladas, cilíndricas, alongadas, curvas ou sigmóides, 4,9-16,8(26,6) µm compr., 1,5-
3,1 µm larg.; envelope mucilaginoso ausente; conteúdo celular verde azulado, homogêneo,
sem aerótopos.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 25-IX-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390917); 22-IV-
2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390919); Baía da Sede Nhumirim, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S.
Malone s.n. (SP390918); 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390921).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com Geitler (1932), Synechococcus sigmoideus (citado como Rhabdoderma
sigmoidea) apresenta células sigmóides, 4-13 µm compr., 2-3 µm largura; hábito planctônico e
descrito originalmente para lagos do Norte de Dakota (EUA). Geiltler (1932) reconheceu ainda
Rhabdoderma sigmoidea f. minor N. Carter com células de 5-10 µm comprimento e 1,5 µm largura.
Autores posteriores consideraram as formas propostas por Moore & Carter (1923), citado
por Geitler (1932), como representantes da variação morfométrica de Synechococcus sigmoideus
(G. Moore & N. Carter) Komárek (Komárek & Anagnostidis 1999). Assim, de acordo com
Komárek & Anagnostidis (1999), Synechococcus sigmoideus (G. Moore & N. Carter) Komárek
apresenta as seguintes dimensões celulares: 4-13 µm compr., 1,5-3 µm largura.
Delazari-Barroso et al. (2007) documentaram Synechococcus sigmoideus (G. Moore & N.
Carter) Komárek com células que variaram de 9-9,6 µm compr. e 1,7-1,9 µm largura no
reservatório Duas Bocas no estado do Espírito Santo, Brasil.
Os exemplares do Pantanal estão plenamente de acordo com a circunscrição da espécie
documentada em literatura. No entanto, apresentou comprimento celular geralmente maior (4,9-
34
16,8(26,6) µm compr.) que o limite máximo registrado até então para Synechococcus sigmoideus
(G. Moore & N. Carter) Komárek.
Táxon encontrado nas lagoas Salina do Meio e Baía da Sede Nhumirim em amostras
fitoplanctônica/metafítica no período de seca e de cheia em ambas as lagoas. Destacamos que os
exemplares com maiores dimensões celulares (até 26,6 µm compr.) foram encontrados na Baía da
Sede Nhumirim no período de cheia (Figura 18).
Synechocystis Sauvageau
Synechocystis aquatilis Sauvageau
Bull. Soc. Bot. Fr. v. 39, p. 121. 1892.
Figura 16
Células isoladas ou aos pares, arredondadas, 3,7-5,2 µm diâm.; envelope mucilaginoso
hialino ou ausente; conteúdo celular verde azulado, geralmente granuloso, sem aerótopos.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 25-IX-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390917), 22-IV-
2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390919), 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390922); Fazenda Campo
Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani s.n. (SP390909),
21-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 2.
Tabela 2. Distribuição geográfica de Synechocystis aquatilis Sauvageau no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte (MT)
Barão de Melgaço
Baía de Sá
Mariana
fitoplâncton,
água doce
Oliveira 1999
Nabileque
Lagoa do
Coqueiro
Oliveira 2005
Pantanal Sul
(MS)
Nhecolândia Salina do Meio
fitoplâncton, água
salobra
Mourão 1989
Comentários
As características morfométricas e ecológicas (plâncton e metafíton, água doce e salobra e
alta concentração de nutrientes) dos espécimes analisados estão perfeitamente de acordo com as
referidas na literatura especializada (Komárek 1976, Komárek & Anagnostidis 1999).
35
Mourão (1989) documentou a ocorrência de Synechocystis aquatilis Sauvageau e
Synechocystis aquatilis Sauvageau var. salina para a lagoa Salina do Meio. No entanto, o referido
autor não ilustrou nem descreveu os táxons identificados.
No presente estudo, Synechocystis aquatilis Sauvageau foi encontrado na lagoa Salina do
Meio em amostra fitoplanctônica e, na Salitrada Campo Dora em amostra fitoplanctônica/metafítica
tanto em períodos de cheia quanto de seca.
Ordem Oscillatoriales
Arthrospira Stizenberger ex Gomont
Arthrospira platensis (Nordstedt) Gomont
Ann. Sci. Nat. Bot. Ser. 7, 16: 247. 1892.
Basiônimo: Spirulina jenneri var. platensis Nordstedt, in Wittroch & Nordstedt, Algae aq. Dulc-
exsicc., fasc. XIV, nº 679, p.59. 1844.
Figuras 35-38
Tricomas solitários, regularmente espiralados, constritos ou não, geralmente longos, 35,5-
151(-371) µm compr., altura das espiras 16-32,4 µm, distância entre as espiras 22-40,6
µm; células geralmente mais curtas que largas a subquadráticas, algumas mais longas que
largas, 1,7-5,3(-9) µm compr., 4-7,8 µm larg., Rc/l = 0,5-1,3; células apicais
arredondadas; conteúdo celular verde azulado, granuloso; aerótopos presentes, alongados,
parietais.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n.
(SP390917), 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390922); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada
Campo Dora, 17-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390925).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com a descrição original de Arthrospira platensis (Nordsted) Gomont, os
tricomas são não atenuados ou apenas levemente atenuados para o ápice, variam de 6-8 µm de
diâmetro, altura das espiras de 26-36 µm e a distância entre as espiras pode ser de 43-57 µm. As
36
células são aproximadamente isodiamétricas, 2-6 µm de comprimento e o protoplasma é granuloso
(Gomont 1892). Por outro lado, Arthrospira platensis sensu Jeeji Bai (1999) foi descrita com
tricomas de 5-7(9,8) µm de diâmetro, gradualmente e distintivamente atenuados para os ápices,
células apicais freqüentemente subcapitadas a distintivamente captadas, mas sem caliptra.
Neste estudo, observou-se tricomas com ápice gradualmente atenuado e outros não
atenuados, células apicais arredondadas, a maioria com menor largura do que as células do centro
do tricoma, uma minoria, porém, apresentou célula apical espessada (Figura 35). Com relação aos
aerótopos, estes estiverem presentes em praticamente todos os indivíduos. Foi comum a ocorrência
de grânulos distribuídos por todo o tricoma.
Táxon encontrado na lagoa Salina do Meio nos períodos de seca e, na Salitrada Campo Dora
no início do período de cheia em amostras fitoplanctônicas.
Glaucospira Lagerheim
Glaucospira sp.
Figura 21
Tricomas solitários, curtos, regular ou irregularmente espiralados, não constritos, não
atenuados ou apenas levemente atenuados nos ápices, 17-40 µm compr., 1,2-2,0 µm diâm.;
espiras não agregadas entre si, 2,5-4 µm altura, distância entre as espiras 6-14 µm; bainha
ausente; conteúdo celular verde azulado, homogêneo, não granuloso; tricomas móveis, em
rotação nos dois sentidos.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n.
(SP390917); 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390916); 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n.
(SP390927).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Glaucospira Lagerheim é um gênero pouco conhecido e bastante problemático por não
apresentar características bem definidas (Komárek & Anagnostidis 2005).
De acordo com Komárek & Anagnostidis (2005), a maioria das populações descritas é
provavelmente eubactéria. No entanto, os mesmo autores afirmam que populações similares são
37
encontradas na natureza especialmente em condições extremas. Assim, destacam a necessária
revisão taxonômica do gênero principalmente em condições de cultura.
Os exemplares do Pantanal ocorreram apenas na lagoa Salina do Meio em amostra
fitoplanctônica nos períodos de seca e de cheia, sendo mais comuns no período de seca, ocasião em
que as condições ambientais nesta lagoa eram ainda mais extremas: pH (>9) e condutividade
elétrica (>3.800 µS.cm
-1
), muito elevados se comparados às outras lagoas estudadas.
Com auxílio da epifluorescência, observamos que o material estudado de fato é uma
cianobactéria. No entanto, nas amostras da lagoa Salina do Meio, observamos principalmente nos
períodos de seca grande quantidade de eubactérias filamentosas, pseudo-filamentosas e cocóides
(Figura 22), que muitas vezes confundem-se com cianobactérias.
A ocorrência deste táxon apenas na lagoa Salina do Meio (de condições ambientais
extremas) corrobora as observações levantadas por Komárek & Anagnostidis (2005).
Sugerem-se estudos mais detalhados deste táxon inclusive do bacterioplâncton da lagoa
Salina do Meio por constituírem importantes componentes da biota desse sistema.
Hormoscilla Anagnostidis & Komárek
Hormoscilla pringsheimii Anagnostidis & Komárek
Arch. Hydrobiol. Suppl.: 80, 1-4, p. 425, fig. 32e. 1988.
Figura 23
Tricomas solitários, cilíndricos, curtos (5-13 células), retos a levemente curvos,
constritos, 12,3-30 µm compr., 4-6,5 µm diâm.; bainha ausente ou raramente com
fina mucilagem hialina; células em forma de barril, mais curtas que largas a sub-
quadráticas, 2-4 µm compr.; conteúdo celular verde azulado, com ou sem
granulações; aerótopos geralmente presentes, alongados, preenchendo boa parte do conteúdo
celular; células apicais arredondadas.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Pantanal da Nhecolândia, Corumbá,
Fazenda Nhumirim, Salina do Meio, 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390919), 4-V-2007, K.R.S.
Santos s.n. (SP390927); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 17-XI-2006, K.R.S.
Santos s.n. (SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
38
Comentários
Hormoscilla pringsheimii Anagnostidis & Komárek foi descrita originalmente a partir de
material de cultura proveniente de Sasson 1954/1407-1, sendo a ecologia e distribuição geográfica
da espécie desconhecida até o momento (Anagnostidis & Komárek 1988).
Conforme a descrição original da espécie (Anagnostidis & Komárek 1988), os tricomas são
mais ou menos retos, verde azulados, imóveis, constritos, não granulados no septo, não atenuados
para os ápices, curtos (2-32 células), cilíndricos e com 4-6,2 µm de diâmetro. E, geral não
apresentam bainha, mas raramente pode apresentar fina mucilagem hialina, geralmente pouco
visível. As células são subcilíndricas, em forma de barril, mais curtas que largas a quase
isodiamétricas, 2-5 µm de comprimento. A célula apical é amplamente arredondada a hemisférica e
os tilacóides são mais ou menos paralelos, perifericamente arranjados, adicionalmente com espiras
esféricas de tilacóides.
Nas amostras do Pantanal, observou-se que a população analisada apresentou dimensões
celulares semelhantes ao descrito originalmente para Hormoscilla pringsheimii Anagnostidis &
Komárek. Em nosso material os aerótopos estiveram geralmente presentes, característica não
contemplada na descrição original da espécie.
As condições ambientais em que Hormoscilla pringsheimii Anagnostidis & Komárek foi
encontrada nas lagoas do Pantanal foram as seguintes: pH 8,42 a 10,19, condutividade elétrica 1852
a 3890 µS.cm
-1
, salinidade 0,8 a 2,0 e temperatura da água 28,5 a 32 ºC.
Observou-se que esta espécie ocorreu na lagoa Salitrada Campo Dora em uma única amostra
(16-XI-2006), no início do período de chuvas no Pantanal da Nhecolândia, ocasião em que os
valores de pH, temperatura, condutividade elétrica e salinidade estiveram mais elevados nesta
lagoa, de forma comparável aos valores dos mesmos parâmetros da Salina do Meio, onde a espécie
foi freqüentemente encontrada.
Jaaginema Anagnostidis & Komárek
Jaaginema subtilissimum (Kützing ex De Toni) Anagnostidis & Komárek
Arch. Hydrobiol. Suppl. v. 80, n. 1-4, Algo. Studies, v. 50-53, p. 396. 1988
Basiônimo: Oscillatoria subtilissima Kützing ex De Toni, Syll. Alg. v. 5. p. 171. 1907.
Figura 26
39
Tricomas solitários, imóveis, longos, até 300 µm compr., retos ou levemente curvos, não
atenuados, não constritos ou apenas levemente, septos translúcidos; células mais longas que
largas, 3-6 µm compr., 1,4-2 µm larg., Rc/l = 1,5-3; célula apical arredondada, não atenuada;
conteúdo celular verde azulado, às vezes com centroplasma distinto; aerótopos ausentes.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio
, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390913).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com Anagnostidis & Komárek (1988), o gênero Jaaginema Anagnostidis &
Komárek caracteriza-se por apresentar filamentos imóveis, mais ou menos flexuosos, solitários ou
emaranhados, às vezes atenuados, não capitados, sem bainha mucilaginosa; células cilíndricas, mais
longas do que largas, até 3 µm de largura (0,5-3 µm); fragmentação do tricoma em hormogônios
imóveis, sem formação de necrídios.
Jaaginema subtilissimum (Kützing ex De Toni) Anagnostidis & Komárek é praticamente
idêntica à Geitlerinema amphibium (C. Agardh) Anagnostidis. No entanto, em Jaaginema
subtilissimum (Kützing ex De Toni) os tricomas são imóveis e Geitlerinema amphibium (C.
Agardh) Anagnostidis apresenta tricomas móveis.
No material estudado não foi constatado movimento ao analisar amostras vivas. Portanto, o
presente táxon foi identificado com Jaaginema subtilissimum (Kützing ex De Toni) Anagnostidis &
Komárek de acordo com Komárek & Anagnostidis (2005).
Táxon encontrado somente na lagoa Salina do Meio em amostra fitoplanctônica, no período
de cheia.
Phormidium Kützing ex Gomont
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Tricomas com grânulos nos septos ................................................................................. P. irriguum
1 Tricomas sem grânulos nos septos .......................................................................... Phormidium. sp.
40
Phormidium irriguum (Kützing ex Gomont) Anagnostidis & Komárek
Arch. Hydrobiol. Suppl. 80, 3: 405, 1988.
Basiônimo: Oscillatoria irrigua Kützing ex Gomont
Ann. Sci. Nat., VII. Bot., 16:218, 1892.
Figuras 29-31
Tricomas solitários, retos ou levemente encurvados, longos, até 2,3 mm compr., não
constritos a levemente constritos, não atenuado para os ápices; bainha ausente; células
quadráticas a subquadráticas, 3,1-6,9 µm compr., 4,6-6 µm larg., Rc/l = 0,6-1,3; células
apicais cilíndrico-arredondadas; conteúdo celular verde azulado, com grânulos evidentes nos
septos.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923),
4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Analisando a descrição original da espécie apresentada por Gomont (1892) como
Oscillatoria irrigua, constatou-se que os espécimes estudados concordam com o descrito por este
autor nas seguintes características: tricomas retos, não atenuados para os ápices, sem constrição ou
apenas levemente constritos e células subquadráticas com grânulos no septo. Porém, em relação às
dimensões celulares o material estudado apresentou largura (4,6-6 µm) inferior ao descrito
originalmente para a espécie (6-11 µm) e comprimento celular (3,1-6,9 µm), em muitos casos
também inferiores ao descrito originalmente (4-11 µm). No material do Pantanal, observou-se
ainda, que os tricomas geralmente não apresentaram célula apical com parede espessada, diferindo
do caracterizado por Gomont (1892) como possuindo membrana da célula apical evidentemente
espessada.
Apesar das diferenças apresentadas, acreditamos que o material do Pantanal possa ser
considerado como uma variação morfológica de Phormidium irriguum (Kützing ex Gomont)
Anagnostidis & Komárek.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica,
em períodos de seca e de cheia.
41
Phormidium sp.
Figuras 39-43
Tricomas solitários, retos ou com extremidade apical curva, longos, até 3,6 mm de compr.,
levemente constritos, levemente atenuados para um ou ambos os ápices, às vezes não
atenuados; células quadráticas a mais longas que largas ou mais largas que longas, 5,7-10
µm compr., 5-8,1 µm larg., Rc/l = 0,8-1,7; células apicais cônico-arredondadas ou
arredondadas; conteúdo celular verde azulado, granuloso, às vezes com 1-2 grânulos
grosseiros por célula, raramente não granulado; fragmentação do tricoma por meio de necrídios.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923),
4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Tricomas cilíndricos, células aproximadamente isodiamétricas ou um pouco mais longas ou
mais curtas do que largas, ausência de aerótopos e fragmentação do tricoma com formação de
necrídios constituem as principais características do gênero Phormidium de acordo com os estudos
de Anagnostidis & Komárek (1988). Estas características são comuns ao nosso material e nos
permitem identificá-lo como pertencente ao gênero Phormidium.
O material analisado da Baía da Sede Nhumirim apresentou ampla variação morfológica,
principalmente no que se refere à granulação do tricoma. Observamos que os indivíduos com
grânulos maiores e mais evidentes ocorreram principalmente no período de seca (coleta
28/08/2006), enquanto que os não granulados ou com grânulos menos pronunciados (maioria)
ocorreram no período de cheia (coleta 04/05/2007).
Em alguns tricomas, uma das extremidades apresenta perda de conteúdo e septos, formando
uma célula maior (24,6-154,6 µm compr., 5-7,6 µm larg.) constituída de uma rede de filamentos
conspícuos (?) (0,5-1 µm larg.) espiralados ou irregularmente arranjados de coloração verde azul
pálido.
Na tabela 3 são apresentadas as principais características de Phormidium sp. e das espécies
mais próximas, conforme a literatura.
Alguns espécimes do presente material podem ser comparados com Phormidium formosum,
diferindo deste nas seguintes características: Phormidium formosum é descrito com tricomas
42
levemente atenuados, septos geralmente granulados e bainha fina. As dimensões celulares são as
seguintes: (2)2,5-5,6(6,2) µm compr., (3,8)4-6(6,5) µm larg., Rc/l, sendo as células normalmente
isodiamétrica até 2 vezes mais largas que longas. Esta espécie é tipicamente perifítica e bentônica
em lagos e lagoas de águas salobras ou salgadas (Komárek & Anagnostidis 2005). O material do
Pantanal apresenta dimensões celulares superiores, ápices dos tricomas muitas vezes não atenuados,
sem bainha, encontrado livre no plâncton e em meio a outras algas (metafítico), em lagoa de água
doce rica em plantas aquáticas.
Tabela 3. Principais características morfométricas de Phormidium sp. e dos táxons mais
relacionados.
Comparando os espécimes estudados com os demais táxons de Phormidium, verificou-se
que os mesmos não apresentam afinidades com nenhum deles, o que nos permite acreditar que
provavelmente trata-se de uma espécie nova para a ciência. No entanto, consideramos que serão
necessários estudos moleculares e ultra-estruturais para a precisa delimitação deste táxon.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostras
fitoplanctônica/metafíticas, em períodos de seca e de cheia.
Phormidium sp.
(presente trabalho)
Phormidium formosum
(Komárek &
Anagnostidis 2005 – pg.
421)
Phormidium hamelli
(Komárek & Anagnostidis
– pg. 450)
Tricomas
solitários, longos, retos ou
lev./te curvos
longos,
± retos
solitários ou aglomerados
Ápices
atenuados ou não lev./te atenuados não atenuados e não capitados
Constrição
lev./te constritos constritos distintivamente constrito
Forma da célula
apical
cônico-arredondadas cônico-obtusa, cônico-
arredondada ou arredondada
arredondada sem caliptra
Espessamento
célula apical
ausente (rara./te caliptra) ausente ausente
Forma células
intermediárias
Subquadráticas isodiamétricas até 2x mais
curtas que largas
-
Comprimento
célula (µm)
5,7-10 - (3)6-8(12?)
Largura (µm)
5-8,1 (3,8)4-6(6,5) (3,2)4,8-5,7(6)
Rc/l
0,8-1,7 0,5-1 0,75-1,5
Conteúdo celular
verde azulado, com ou sem
grânulos
verde azul claro, verde oliva a
verde amarelado
verde azulado
Septos
não granulados
geralmente granulados não granulados
Hábitat
planctônico e metafítico
em lagoa de água doce rica
em macrófitas
perifítico e bentônico em
águas, salobras, salinas e
poluídas com esgoto
água doce, principalmente no
litoral de águas estagnadas,
entre outras algas (Pantropical)
43
Planktothrix Anagnostidis & Komárek
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Tricomas com ápice gradativamente atenuado ............................................................... P. agardhii
1 Tricomas não atenuados ou apenas levemente nas extremidades ..................................... P. isothrix
Planktothrix agardhii (Gomont) Anagnostidis & Komárek
Arch. Hydrobiol. Suppl. 80, 1-4 (Algological Studies 50-53), pgs. 414-416. 1988.
Basiônimo: Oscillatoria agardhii Gomont
Ann. Sci. Nat., VII. Bot., 16:205, 1892.
Figura 24
Tricomas solitários, retos, longos, às vezes curvos no ápice, atenuados gradativamente em
pelo menos uma das extremidades, levemente constritos; bainha ausente; células mais largas
que longas a sub-quadráticas, 2,8-4,9 µm compr., 3,8-6,0 µm larg., Rc/l = 0,3-0,9; conteúdo
celular verde acastanhado; aerótopos alongados, distribuídos irregularmente; células apicais
cônico-arredondadas, geralmente capitadas, às vezes com caliptra.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923),
16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926), 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
A população estudada concorda com o descrito por Komárek & Komárková (2004) e
Komárek & Anagnostidis (2005) para Planktothrix agardhii (Gomont) Anagnostidis & Komárek.
Komárek & Anagnostidis (2005) comentam que Planktothrix agardhii é uma espécie
amplamente distribuída em regiões temperadas com poucos registros em regiões tropicais e ocorre
no plâncton de lagos e empoçados de água doce podendo formar florações. Atualmente, esta espécie
é freqüentemente citada como formadora de florações em reservatórios brasileiros (Sant’Anna et al.
2007, Cybis et al. 2007).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica,
em períodos de seca e de cheia.
44
Planktothrix isothrix (Skuja) Komárek & Komárková
Czech Phycology 4: 14, 2004.
Basiônimo: Oscillatoria agardhii var. isothrix Skuja
Symb. Bot. Upsal. 9(3): 49, 1948.
Figura 25
Tricomas solitários, retos, geralmente longos, às vezes levemente curvos no ápice, não ou
apenas levemente atenuados, levemente constritos; bainha ausente; células mais largas que
longas 1,6-4 µm compr., 5,7-7,1 µm larg., Rc/l = 0,3-0,6; conteúdo celular verde azulado, às
vezes com pequenos grânulos esparsos; aerótopos irregulares, concentrados no interior da
célula; células apicais cilíndrico-arredondadas.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923),
16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926), 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
A população estudada concorda com o descrito por Komárek & Komárková (2004) e
Komárek & Anagnostidis (2005) para Planktothrix isothrix quanto às dimensões celulares ((5)5,5-
10 µm larg.), ápice do tricoma (cilíndrico, não atenuado ou apenas levemente), células apicais
(cilíndricas com ápice arredondado) e coloração (verde azulada).
Com relação à constrição do tricoma, Komárek & Komárková (2004) descreve-a como
ausente nesta espécie, pois nunca são visíveis ao microscópio óptico. De acordo com Komárek &
Anagnostidis (2005), Planktothrix isothrix apresenta tricomas não ou muito levemente constritos
nos septos. Enquanto que o material do Pantanal apresentou tricomas levemente constritos. Até que
seja concluída a revisão das populações brasileiras de Planktothrix (tese de doutorado de Daniella
da Silva), consideraremos o material do Pantanal como pertencente a Planktothrix isothrix, a
despeito das diferenças em relação à constrição dos tricomas.
Komárek & Anagnostidis (2005) afirmam que Planktothrix isothrix ocorre em água doce,
primariamente bentônico, epipélico, secundariamente planctônico, solitário, freqüentemente
formando florações, distribuído mundialmente em águas estagnadas e lagos eutróficos a
hipereutrófico.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica.
45
Pseudanabaena Lauterborn
Pseudanabaena limnetica (Lemmermannn) Komárek
Acta sci. nat. Mus. Bohem. merid., 14: 161-190. 1974.
Basiônimo: Oscillatoria limnetica Lemmermannn 1900.
Figuras 27, 28
Tricomas solitários, retos ou levemente encurvados, não atenuados, constritos, móveis;
células cilíndricas, mais longas que largas, 3-8 µm compr., 1,2-1,8 µm larg., Rc/l = 2,5-6,7;
conteúdo verde-azulado, homogêneo, sem aerótopos; septos translúcidos, não granulados;
células apicais arredondadas; bainha ausente.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio
, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914); Fazenda
Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani s.n.
(SP390909).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 4.
Tabela 4. Distribuição geográfica de Pseudanabaena limnetica (Lemmermannn) Komárek no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Nabileque
Lagoa do
Coqueiro
fitoplâncton,
água doce
Oliveira 2005
Pantanal
Sul
Nhecolândia
Baía (salitrada)
do Arame
fitoplâncton, água doce
a lev./te salobra
Mourão 1989
(citado como
Oscillatoria limnetica)
Comentários
Os exemplares do Pantanal estão perfeitamente de acordo com a circunscrição de
Pseudanabaena limnetica (Lemmermannn) Komárek documentada por Komárek & Anagnostidis
(2005).
O material estudado pode ser confundido com Jaaginema subtilissimum (Kützing ex De
Toni) Anagnostidis & Komárek pelas dimensões celulares e forma do tricoma. No entanto, em
Pseudanabaena limnetica (Lemmermannn) Komárek há movimentação do tricoma e o conteúdo
celular é homogêneo, enquanto que em Jaaginema subtilissimum (Kützing ex De Toni)
46
Anagnostidis & Komárek os tricomas são imóveis e o conteúdo celular geralmente apresenta
centroplasma distinto da região periférica da célula.
Komárek & Anagnostidis (2005) comentaram que Pseudanabaena limnetica
(Lemmermannn) Komárek possui distribuição cosmopolita e ocorre em águas doces de lagos e
reservatórios artificiais, sendo freqüentemente encontrada em águas poluídas, provavelmente tanto
em regiões temperadas quanto tropicais. A espécie tem hábito primariamente bentônico e
secundariamente planctônico.
Táxon encontrado na Salina do Meio em amostra fitoplanctônica no período de cheia e, na
Salitrada Campo Dora em amostra fitoplanctônica/metafítica no período de cheia e de seca.
Romeria Koczwara
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Tricomas (1)2(3) células, 0,7-1,0 µm largura .................................................................. R. caruaru
1 Tricomas 2-12(19) células, 0,9-1,2 µm largura .............................................................. R. victoriae
Romeria caruaru Komárek et al.
Algological Studies 103 (Cyanobacterial Research 2), 9-29: pg.14. fig. 3. 2001.
Figura 19
Tricomas solitários, curtos, 6,6-15 µm compr., constritos, irregularmente curvos, raramente
retos, (1)2(3) células; células mais longas que largas, cilíndricas, 2,6-8,5 µm compr., 0,7-1,0
µm larg., Rc/l= 4-12,1; envelope mucilaginoso inconspícuo, difluente, hialino; conteúdo
celular homogêneo, verde azul claro.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 25-IX-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390917).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Romeria caruaru Komárek et al. foi recentemente descrita para um reservatório artificial
eutrófico (reservatório Tabocas) no município de Caruaru, estado de Pernambuco, Brasil (Komárek
et al. 2001). De acordo com a diagnose original, Romeria caruaru Komárek et al. é uma espécie de
47
hábito planctônico e apresenta as seguintes características principais: tricomas com 1-4(12) células
curvadas, cilíndricas, 1-12,8 µm compr., 0,7-1,0 µm largura.
De acordo com Komárek et al. (2001), Romeria caruaru Komárek et al. difere das espécies
de Aphanothece que apresentam células semelhantes, pela formação de pseudofilamentos na
primeira enquanto a segunda forma colônia. Komárek et al. (2001) comentaram ainda que as
populações de Romeria, Aphanothece e Aphanocapsa, comuns no reservatório Tabocas (PE),
provavelmente contribuíram com a toxicidade da água deste reservatório durante a tragédia de
Caruaru.
Os exemplares do Pantanal estão plenamente de acordo com a diagnose original da espécie
(Komárek et al. 2001).
Táxon encontrado somente na Salina do Meio, com poucos indivíduos, em amostra
fitoplanctônica no período de seca.
Romeria victoriae Komárek & Cronberg
Nova Hedwigia 73 (1-2): 141. Fig. 13. 2001.
Figura 20
Tricomas solitários, curtos, 12,2-38,1 µm compr., constritos, retos ou curvos, 2-12(19)
células, raramente mais; células mais longas que largas, cilíndricas, em forma de salsicha,
1,6-4 µm compr., 0,9-1,2 µm larg., Rc/l = 1,6-3,9; envelope mucilaginoso inconspícuo,
difluente, hialino; conteúdo celular homogêneo, verde azul claro.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390922), Baía da
Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); Fazenda Campo Dora, lagoa:
Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Romeria victoriae Komárek & Cronberg é uma espécie recentemente descrita para a África
tropical (Komárek & Cronberg 2001). De acordo com Komárek & Cronberg (2001), esta espécie foi
primeiramente reconhecida e publicada por Komárek & Kling (1991) para o Lago Victoria (também
na África) sob a denominação de “Pseudanabaena/Romeria sp.”.
48
A espécie foi originalmente descrita como planctônica de grandes lagos da África tropical
com as seguintes dimensões celulares: (1,2)4,5-9(13) µm compr., 0,9-1,5 µm largura. Komárek &
Cronberg (2001) afirmam que estudos recentes registraram ampla distribuição de Romeria victoriae
Komárek & Cronberg em grandes reservatórios do sudeste da África e que esta espécie
provavelmente ocorre também em outras regiões tropicais.
Os exemplares do Pantanal estão de acordo com a circunscrição original da espécie
documentada em Komárek & Cronberg (2001).
Táxon encontrado nas três lagoas estudadas, em amostra fitoplanctônica/metafítica, porém
sempre em pequeno número. Na lagoa Salina do Meio, populações um pouco mais representativas
foram encontradas no período de seca.
Spirulina Turpin ex Gomont
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Tricomas densamente espiralados, espiras tocando-se entre si em toda extensão ........... S. subsalsa
1 Tricomas frouxamente espiralados, espiras não tocando-se entre si .......................... S. subtilissima
Spirulina subsalsa Oerdsted ex Gomont
Ann. Sci. nat. Sér. 7, v. 16, p. 253. 1892.
Figuras 33, 34
Tricomas solitários, longos, até 220 µm compr., densamente espiralados, não atenuados,
não constritos, 1,8-2 µm de diâm.; espiras tocando-se em toda sua extensão, 4,6-4,8 µm
altura; conteúdo celular verde-azul claro, homogêneo ou granuloso; aerótopos ausentes.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390919); Fazenda
Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 17-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390925).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 5.
49
Tabela 5. Distribuição geográfica de Spirulina subsalsa Oerdsted ex Gomont no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire
& Heckman 1996
Pantanal Sul
Nhecolândia Salina do Meio
fitoplâncton, água
salobra
Mourão 1989
Comentários
De acordo com Werner (2002) Spirulina subsalsa Oerdsted ex Gomont é uma espécie
bastante típica e distingue-se das demais espécies do gênero por apresentar tricomas densamente
espiralados e suas espiras tocam-se em toda a extensão do tricoma. Conforme a referida autora, esta
espécie já foi citada no Brasil para água doce e salobra, ocorrendo no plâncton, metafíton e também
sobre o solo.
Komárek & Anagnostidis (2005) comentam que a espécie ocorre em biótopos marinhos,
águas salgadas e salobras, freqüentemente em águas minerais e termais, algumas vezes em água
doce.
Os exemplares do Pantanal foram semelhantes aos encontrados por Werner (2002) em
lagoas costeiras do Rio Grande do Sul e estão de acordo com a circunscrição da espécie
documentada em Komárek & Anagnostidis (2005).
Táxon encontrado nas lagoas Salina do Meio (fitoplâncton) e Salitrada Campo Dora
(fitoplâncton/metafíton) em apenas uma amostra em cada lagoa no período de cheia.
Spirulina subtilissima Kützing ex Gomont
Ann. Sci. Nat. Sér. 7, v. 16, p. 252. 1892.
Figura 29
Tricomas solitários, longos, até 100 µm compr., regularmente espiralados, não atenuados,
não constritos; espiras frouxamente arranjadas, não tocando-se entre si, 1,8-2,0 µm altura,
0,6-0,8 µm diâm., distância entre as espiras 1,8-2,2 µm; conteúdo celular verde azulado,
homogêneo não granuloso.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio
, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390916).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 6.
50
Tabela 6. Distribuição geográfica de Spirulina subtilissima Kützing ex Gomont no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Sul
(MS)
Nhecolândia Salina do Meio
fitoplâncton, água
salobra
Mourão 1989
Comentários
Identificamos a população estudada como Spirulina subtilissima Kützing ex Gomont de
acordo com Komárek & Anagnostidis (2005). Conforme estes autores, a espécie ocorre em águas
estagnadas, geralmente poluídas, doces, salobras, salinas e minerais. Apresenta geralmente hábito
perifítico, mas também pode ocorrer no plâncton. Provavelmente cosmopolita.
O material do estudado ocorreu apenas na Salina do Meio, em uma única amostra
fitoplanctônica no período de seca.
Ordem Nostocales
Anabaenopsis (Woloszýnska) Miller
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Tricomas retos a levemente curvados, sem aerótopos .............................................. A. cunningtonii
1 Tricomas curvos, raramente retos, com aerótopos .......................................................... A. elenkinii
Anabaenopsis cunningtonii Taylor
Amer. J. Botany 19; 461. Pl. 39, figs. 1-4. 1932.
Figuras 44, 45
Tricomas solitários, curtos, 8-18 células, retos a levemente curvados, constritos, não
atenuados para os ápices; envelope mucilaginoso ausente; células em forma de barril, região
de contato achatada, isodiamétricas, mais curtas que largas ou mais longas que largas, 1,9-
4,2 µm compr., 2,3-3,2 µm larg., Rc/l = 0,7-1,7; conteúdo celular homogêneo, verde-azul
claro; aerótopos ausentes; heterocitos terminais, esféricos, 2,1-2,5 µm diâm., às vezes com pré-
heterocito intercalar; acineto não observado.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
51
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Anabaenopsis cunningtonii Taylor foi descrito originalmente com as seguintes dimensões
celulares: tricomas de 110-333 µm compr.; células de 11,1-16,4 µm compr., 2,2-3,8 µm larg.;
heterocitos de 6,6-10,3 µm compr., 4,7-6,6 µm larg. (Taylor 1932).
O material do Pantanal apresenta células muito mais curtas (1,9-4,2 µm compr.) do que o
descrito originalmente para a espécie, mas, quanto a largura celular (2,3-3,2 µm larg.), a população
analisada concorda perfeitamente com o descrito por Taylor (1932).
Jeegi-Bai et al. (1977), num trabalho de revisão do gênero Anabaenopsis, estudaram
material de cultura e concluíram que o comprimento das células de Anabaenopsis cunningtonii
Taylor foi bastante variável, apresentando células desde mais curtas que largas, arredondadas até
células mais longas que largas, dependendo das concentrações dos principais elementos essenciais
no meio. Esses autores comentam ainda que a variação na largura celular não foi considerável (3-
4,6(5,4) µm) e os heterocitos eram normalmente esféricos, alguns ovais ou mais raramente
alongados.
De acordo com o exposto, apesar dos espécimes do Pantanal apresentarem dimensões
celulares inferiores ao limite mínimo descrito originalmente para a espécie, consideramos o material
estudado como Anabaenopsis cunningtonii Taylor, pois o comprimento celular é bastante variável
nesta espécie dependendo das condições ambientais (Jeegi-Bai et al. 1977). Além disso, é preciso
ficar atento às diferentes fases de divisão celular, que podem alterar o comprimento das células.
Táxon encontrado apenas na lagoa Salitrada Campo Dora no período de cheia em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Anabaenopsis elenkinii Miller
Arch. Soc. russ. Prot. 2: 125, figs. 1-5, 1923.
Figuras 46, 47
Tricomas solitários, curtos, 2-12 células, curvos, raramente retos, formando 0-1,5 volta
completa, constritos, não atenuados para os ápices; envelope mucilaginoso hialino ou
ausente; células cilíndricas, elípticas, com extremidades arredondadas, achatadas nos
pontos de contato, 4,7-9 µm compr., 3-6 µm larg., Rc/l = (1,1)1,2-2; conteúdo celular
verde-azul claro, granuloso; aerótopos presentes; heterocitos esféricos, 3-5 µm diâm.; acinetos
elípticos a arredondados, 1-2, intercalares, 8,0-9,0 µm compr., 6,4-8,0 µm larg.
52
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 10-V-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390907), 14-X-2004,
K.R.S. Santos s.n. (SP390910), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390913), 28-VI-2005, A.Y.
Sakamoto s.n. (SP390916), 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n. (SP390917), 21-IV-
2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390919), 28-VIII-20006, K.R.S. Santos s.n. (SP390922), 16-XI-2006,
K.R.S. Santos s.n. (SP390924), 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390927); Baía da Sede Nhumirim,
16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-
V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 7.
Tabela 7. Distribuição geográfica de Anabaenopsis elenkinii Miller no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Sul
Nhecolândia
Salina do
Meio
fitoplâncton, água
salobra
Mourão 1989
(citado como Anabaenopsis
cf. elenkinii)
Comentários
A taxonomia do gênero Anabaenopsis (Woloszynska) Miller foi revisada por diversos
autores. A principal característica distintiva deste gênero dos demais da família Nosctocaceae é a
origem intercalar dos heterocitos terminais. Os heterocitos desenvolvem-se a partir de duas células
adjacentes intercalares ocupando, secundariamente, posição terminal no tricoma somente após a
quebra do mesmo entre os dois heterocitos (Hindák 1988).
De acordo com a revisão do gênero realizada por Jeeji-Bai et al. (1977) e Jeeji-Bai (1980), a
partir da análise de diferentes espécies planctônicas provenientes da Hungria e Peru e, ainda de
culturas isoladas de material obtido no lago Hemmelsdorf (Alemanha), concluíram que entre as
espécies de Anabaenopsis com tricomas espiralados e constritos, apenas Anabaenopsis magma
Evans, Anabaenopsis arnoldii Aptekarj e Anabaenopsis elenkinii Miller, com suas formas
taxonômicas, são reconhecidas como boas espécies, sendo os demais táxons do gênero expressões
morfológicas de uma dessas espécies.
De acordo com Komárek & Anagnostidis (2005) e Ballot et al. (2007), Anabaenopsis
elenkinii Miller é uma espécie tropical de ambientes preferencialmente salinos e alcalinos, a qual é
freqüentemente encontrada na comunidade fitoplanctônica dos lagos salinos e alcalinos da África.
Os exemplares do Pantanal apresentaram características morfométricas semelhantes às
descritas originalmente para Anabaenopsis elenkinii Miller (células 4,6-5,7 µm larg., Rc/l = 1,25-2;
53
heterocitos, 4,6-6,7; acinetos, 9,3-12 µm compr., 8,3-10,7 µm larg.) de acordo com a revisão do
gênero apresentada por Jeeji-Bai et al. (1977, 1980).
Anabaenopsis elenkinii Miller foi citado pioneiramente para o Pantanal da Nhecolândia
(lagoa Salina do Meio) por Mourão (1989) como Anabaenopsis cf. elenkinii Miller. O referido autor
estudou três lagoas com diferentes características limnológicas na Fazenda Nhumirim e encontrou
esta espécie apenas na lagoa Salina do Meio. Santos et al. (2004) e Santos (2005) citaram o gênero
Anabaenopsis Miller como possível indicador de lagoas salinas do Pantanal da Nhecolândia ao
estudarem baías, salitradas e salinas desta região.
No presente trabalho Anabaenopsis elenkinii Miller ocorreu em todas as amostras da lagoa
Salina do Meio sendo abundante tanto nos períodos de cheia quanto de seca. Florações deste táxon
foram observadas no período de seca (outubro de 2004) e no período de cheia (maio de 2007)
associado à Craticula buderi (Hustedt) Lange-Bertalot (Bacillariophyceae). Nas lagoas Salitrada
Campo Dora e Baía da Sede Nhumirim a espécie ocorreu em apenas uma amostra com poucos
indivíduos.
O presente estudo corrobora com as observações feitas pelos referidos autores e sugere
Anabaenopsis elenkinii Miller como uma espécie comum em lagoas salinas do Pantanal da
Nhecolândia e muito rara ou até ausente na Baía e Salitrada.
Aphanizomenon/Anabaena
Aphanizomenon/Anabaena
Figuras 49-60
Tricomas solitários ou aglomerados, retos ou curvos, geralmente longos, constritos,
atenuados em pelo menos um dos ápices; envelope mucilaginoso ausente ou inconspícuo e
hialino nas células vegetativas, ao redor dos heterocitos bainha rígida, esverdeada, espessa
ca. 1,5 µm; células vegetativas cilíndricas, hemi-esféricas, subquadráticas a quadráticas, 2,5-
5,2(7) µm compr., 2,5-4,1 µm diâm., Rc/l = 0,7-1,5(2,5), células apicais geralmente hialinas
e atenuadas, não ou apenas levemente alongadas, 3,8-7 µm compr., 2,5-3,5 µm larg.;
conteúdo celular verde azulado, sem grânulos; aerótopos concentrados na região central da célula;
parede espessa, verde azulada; heterocitos oblongos, levemente alongados ou sub-esféricos 5,1-7
µm compr., 4,7-5,3 µm larg., Rc/l = (1)1,1-1,5; acinetos não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923).
54
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com Hindák (2000), historicamente a posição taxonômica dos gêneros
Aphanizomenon Morren ex Bornet & Flahault e Anabaena Bory tem sido objeto de debate.
As características principais do gênero Aphanizomenon Morren ex Bornet & Flahault, de
acordo com Komárek & Kovácik (1989), são as seguintes: tricomas com estrutura subsimétrica,
atenuados nas extremidades; células apicais alongadas, geralmente hialinas; heterocitos
subterminais solitários. O gênero Anabaena de acordo com Komárek & Anagnostidis (1989) é
caracterizado por apresentar tricomas metaméricos, heterocitos sempre intercalares, solitários que
ocorrem em intervalos mais ou menos regulares; tricomas não ou apenas muito levemente
atenuados; células apicais arredondadas ou levemente atenuadas.
Komárek & Kovácik (1989) comentam que ápices atenuados tamm ocorrem em algumas
espécies de Anabaena e afirmam que esta característica constitui-se em um caráter secundário na
taxonomia do gênero Aphanizomenon o que dificulta a delimitação precisa entre esses táxons.
Conforme observado por Melcher (2007), em trabalho de revisão dos gêneros Aphanizomenon,
Cylindrospermopsis e Raphidiopsis com base em análises morfológicas, moleculares e
toxicológicas de cepas isoladas de várias regiões do Brasil, o gênero Aphanizomenon é bastante
problemático do ponto de vista taxonômico, uma vez que também pode apresentar características
típicas do gênero Anabaena (células esféricas, estrutura metamérica do tricoma). Além disso,
Rajaniemi et al. (2005), com base nos genes rpo B e rrs, verificaram a polifilia de ambos os
gêneros, intermisturados nas árvores filogenéticas.
Komárek & Kovácik (1989), ao estudarem material da Tchecoslováquia, identificaram
quatro grupos (“a”, “b”, “c” e “d”) de espécies de Aphanizomenon.
As características dos exemplares do Pantanal se assemelham ao grupo “d”, que inclui
alguns indivíduos planctônicos de Anabaena, caracterizado por apresentar tricomas solitários, com
aerótopos, claramente afilados para os ápices, mas sem célula apical alongada. O posicionamento
deste grupo em relação a Anabaena ou Aphanizomenon permanece em aberto (Komárek & Kovácik
1989).
A ausência de acinetos na população estudada dificultou ainda mais a identificação deste
táxon. Optou-se por mantê-lo como Aphanizomenon/Anabaena até que estudos futuros com
conseqüente observação de acinetos aliados a estudos moleculares possam esclarecer o
posicionamento mais adequado deste táxon em relação aos gêneros Aphanizomenon ou Anabaena.
Além disso, há possibilidade dos exemplares do Pantanal representar um novo táxon para a ciência.
55
A tabela 8 apresenta as principais características do material analisado comparado com os
táxons mais semelhantes encontrados na literatura (* todas as medidas em µm).
Tabela 8. Principais características morfométricas de Aphanizomenon/Anabaena e dos táxons mais
relacionados.
*
Aphanizomenon/Anabaena
(presente trabalho)
Anabaena
bergii
(Hindák
2000)
Anabaena
bergii var.
minor
(Hindák
2000)
Anabaena
bergii var.
limnetica
(Hindák
2000)
Aphanizomenon
gracile
(Komárek &
Kovácik 1989)
Tricomas
solitários ou aglomerados,
retos ou curvos
solitários,
retos ou
lev./te
curvados
solitários,
retos ou
lev./te
curvados
solitários,
retos ou
lev./te
curvados
solitários, retos ou
lev./te curvados
Estrutura do
tricoma
simétrico sub-simétrico simétrico simétrico
simétrico
sub-
simétrico
sub-simétrico
Mucilagem ausente ausente ausente ausente ausente
Forma das
células
± arredondada
barril, sub-
esférica
esférica
Compr. 2,5-5,2(7) - - 2,5-6 (2,6)2,8-6,4(7,1)
Larg. (Ø) 2,5-4,1 5-7 4,2-6,5 3,5-5,5(7) (2,3)2,6-3,1(3,7)
Rc/l 0,7-1,5(2,5) - - - -
Célula
apical
cônico-arredondada - - - alongada
Compr.
célula
apical
2,5-5,2(7) - - - (3,6)4,3-6,4(7,4)
Larg. (Ø) ca. 2,8 - - - 1,7-2,1(2,8)
Rc/l 2,5 - - - -
Forma dos
heterocitos
alongado-arredondados
esférico a
amplamente
ovalados
-
-
Compr.
heterocitos
5,1-7 - 4,5-6,5 4,5-9 (3,9)7,8(9,8)
Larg. ou Ø
heterocitos
4,7-5,3 7-8 5-6,5 5-8 3,4-4,9(5,9)
Forma dos
acinetos
ñ.o.
amplamente
ovalados a
esféricos
cilíndricos,
alongados, apenas
lev./te mais largos
que o tricoma
Compr.
acinetos
ñ.o.
14-18
13-16
(13)19-32
(6,4)7,8-
14,7(16,7)
Larg. ou Ø
acinetos
ñ.o. 10-15 11-12 11-14 (2,9)3,9-5,9(6,4)
Hábitat
plâncton e metafíton
(macrófitas), água doce
descrita
para água
salobra
Mar
Cáspio e
Aral
plâncton,
lagoas e
rios de
água doce,
França
plâncton, rio
Danúbio e
reservatório
próximo de
Trebon
56
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim no período de seca, em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Calothrix C. Agardh ex Bornet & Flahault
Calothrix cf. flahaultii Frémy
Arch. de Bot., S. 5, fig. 1, 1927.
Figura 48
Tricomas longos, ca. 425 µm compr., retos ou levemente encurvados, levemente
constritos, atenuados gradativamente em direção à extremidade, porção basal quase
cilíndrica, muito levemente espessada, 5,5-5,7 µm larg. na base, 4-4,6 µm larg. na região
mediana, 2,2-3,4 µm larg. nas células terminais; ápice geralmente terminando em pêlo
hialino; células mais curtas que largas à subquadráticas na porção basal e mediana, 2-7,2
µm compr., Rc/l = 0,3-1,3, células mais longas que largas na extremidade, em forma de pêlo
hialino, 13,7-36 µm comp., Rc/l = 4-16,4; bainha mucilaginosa hialina, tênue ou até ausente;
aerótopos ausentes; heterocito basal, esférico, ca. 9 µm diâmetro.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Calothrix flahaultii Frémy foi descrito originalmente como ocorrendo em grupo de 3-9
tricomas, com heterocito basal cilíndrico alongado, e com as seguintes dimensões celulares: 5,5-6,5
µm larg. na base, 4-5 µm larg. na porção mediana, com células quadráticas até 1,5 vezes mais
longas do que largas (Geitler 1932).
O material do Pantanal apresentou heterocito basal esférico e foi encontrado isolado em
meio a espécimes de Oedogonium spp. No entanto, as demais características como, forma do
tricoma e dimensões celulares são similares ao descrito para a espécie. Assim, optou-se por manter
como Calothrix cf. flahaultii Frémy.
Táxon encontrado apenas na lagoa Salitrada Campo Dora, em uma única amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
57
1817
222120
19
13
14
15
16
Figura 13. Coelomorum tropicalis. Figura 14. Myxobaktron sp. Figura 15. Synechoccocus cf.
nidulans. Figura 16. Synechocystis aquatilis. Figuras 17-18 Synechoccocus sigmoideus. Figura
17. indivíduos menores na Salina do meio; Figura 18. indivíduos maiores na Baía da Sede
Nhumirim. Figura 19. Romeriu caruaru. Figura 20. Romeria victoriae. Figura 21. Glaucospira
sp. Figura 22. Detalhe de amostra da lagoa Salina do Meio (período de seca, 28-VIII-2006)
mostrando a ocorrência de eubactérias cocóides, pseudofilamentosas e filamentosas. Escalas
valem 10 µm.
58
23
28
24
25
26
27
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30
29
Figura 23. Hormoscilla pringsheimii. Figura 24. Planktothrix agardhii. Figura 25. Planktothrix
isothrix. Figura 26. Jaaginema subtilissimum. Figuras 27-28. Pseudanabaena limnetica. Figuras
29-31. Phormidium irriguum. Escalas valem 10 µm.
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32
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33
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Figuras 32-33. Spirulina subsalsa. Figura 34. Spiriulina subtilissima. Figuras 35-38. Arthrospira
platensis. Escalas valem 10 µm.
60
41
40
39
4342
Figuras 39-43. Phormidium sp. Figuras 39, 40 e 42. Detalhe do tricomas mostrando lulas (?)
apicais diferenciadas com estrutura (?) em forma de espiral no interior do tricoma. Figuras 40 e 43.
Detalhes da formação de necrídios (seta). Figura 40, 41. Detalhe dos tricoma afilados nas
extremidades e variação das granulações. Escalas valem 10 µm.
61
48
46
45
47
44
Figuras 44-45. Anabaenopsis cunningtonii. Figuras 46-47. Anabaenopsis elenkinii. Figura 46. A.
elenkinii: mostrando a variação morfológica dos tricomas, normalmente circulares e mais raramente
retos; Figura 47. Seta indica a região do tricoma onde ocorre formação de proheterocitos com
posterior quebra do tricoma originando heterocitos terminais. Figura 48. Calothrix cf. flahaultii .
Escalas valem 10 µm.
62
Figuras 49-60. Aphanizomenon/Anabaena. Figura 58. Tricoma inteiro mostrando a distribuição
submetamérica dos heterocitos e extremidades gradualmente afiladas. Figuras 52 a 57. Detalhe dos
tricomas mostrando as extremidades gradualmente afiladas, forma dos heterocitos e aerótopos
dispostos na área central das células. Figura 60. População emaranhada em matéria orgânica
mostrando tricomas não atenuados. Escalas valem 10 µm.
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63
Classe Xantophyceae
Chave de identificação dos gêneros de Xanthophyceae encontrados nas lagoas estudadas
1 Células alongadas, retas ou curvas, um espinho retilíneo longo em cada pólo ........... Centritractus
1 Células tetraédricas ou triangulares, um processo em cada ângulo ................................................. 2
2 Projeções angulares furcadas, situadas em um mesmo plano ........................ Isthmochloron
2 Projeções angulares cônicas ou arredondadas, situadas em planos distintos ...................... 3
3 Projeções angulares amplamente arredondadas ........................................................... Tetraedriella
3 Projeções angulares cônicas ........................................................................................ Tetraplektron
Ordem Mischococcales
Centritractus Lemmermannn
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células cilíndricas, retas ou curvas, 18-30 µm compr. (sem espinho) .................... C. belenophorus
1 Células elípticas, 12,7-13,1 µm compr. (sem espinho) .............................................. C. ellipsoideus
Centritractus belenophorus Lemmermannn
Ber. Deutsch boy. Ges. 18: 274. 1900.
Figuras 61-65
Células isoladas, cilíndricas, alongadas, retas ou curvas, 18-30 µm compr. (sem espinho), 5-7
µm larg.; pólos não afilados, acuminado-arredondados, terminados em espinho retilíneo
longo, 18-20 µm compr.; parede celular lisa; cromoplastídios 4, parietais, laminares,
transversais, não circundando internamente toda a célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 21-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
64
As características morfológicas do material analisado estão perfeitamente de acordo com o
documentado na literatura para Centritractus belenophorus Lemmermannn (Ettl 1978, Bicudo et al.
2006).
Bicudo et al. (2006) documentaram a ocorrência de indivíduos desta espécie no fitoplâncton
do lago da Ninféias (Parque Estadual da Fontes do Ipiranga) em São Paulo, os quais são bastante
semelhantes aos observados no Pantanal.
Táxon encontrado apenas na lagoa Salitrada Campo Dora em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Centritractus ellipsoideus Starmach
Fragm. Flor. et Geobot. 12. 1966.
Figuras 66-69
Células isoladas, elípticas, ápices abruptamente acuminados prolongando-se em 1 espinho
fino, reto ou curvo, célula sem espinho 12,7-13,1 µm compr., 7,3-8,3 µm larg.; espinhos
19,5-22,7 µm compr.; 3-4 cloroplastos discóides parietais, sem pirenóide.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 21-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Centritractus ellipsoideus Starmach assemelha-se morfologicamente à Diacanthos
belenophorus Korsikov (Chlorophyceae). No entanto, em Diacanthos belenophorus Korsikov o
cloroplasto é único, parietal e apresenta 1 pirenóide. Estes caracteres diferenciam a Chlorophyceae
do material estudado. Observação semelhante foi documentada por Nogueira (1991) ao registrar
Diacanthos belenophorus Korsikov para o município do Rio de Janeiro e arredores.
As características morfológicas do material do Pantanal estão perfeitamente de acordo com o
documentado para Centritractus ellipsoideus Starmach em Ettl (1978) e Nogueira & Leandro-
Rodrigues (1999).
Táxon encontrado apenas na lagoa Salitrada Campo Dora em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
65
Isthmochloron Skuja
Isthmochloron lobulatum (Nägeli) Skuja
Symb. bot. upsal. 9(3): 334. 1948
Basiônimo: Polyedrium lobulatum Nägeli, Gatt. einzell. Algen. 84. 1849.
Figura 70
Células solitárias, livres, planas, quadrangulares, 30,8-32,5 µm compr., 28,4-29,7 µm
larg.; margens laterais côncavas, ângulos estendidos em projeções bifurcadas; parede
celular lisa, incolor, relativamente delgada; cromoplastídios discóides, parietais e
numerosos.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 9.
Tabela 9. Distribuição geográfica de Isthmochloron lobulatum (Nägeli) Skuja no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Barão de Melgaço Lago do Recreio
fitoplâncton
água doce
Lima 1996
Poconé Baía do Coqueiro Marçal 2005
Comentários
Isthmochloron lobulatum (Nägeli) Skuja é uma espécie freqüentemente documentada nos
trabalhos de fitoplâncton. Facilmente reconhecida por suas células quadrangulares com projeções
bifurcadas em um único plano (Ettl 1978, Sant’Anna et al. 1989, Bittencourt-Oliveira 1997, Bovo-
Scomparin et al. 2005, Bicudo et al. 2006, Tucci et al. 2006).
O material do Pantanal apresentou características perfeitamente idênticas às documentadas
em literatura.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, no período de cheia.
Tetraedriella Pascher
66
Tetraedriella jovetii (Bourrelly) Bourrelly
Algues d’eau douce 1: 186. 1968.
Basiônimo: Pseudostaurastrum jovetii Bourrelly, Bull. Mus. 23(6): 321. 1951.
Figura 71
Células solitárias, livres, tetraédricas, projeções angulares amplamente arredondadas, 10-
11,5 µm dist. entre as extremidades; parede celular lisa, delgada; cloroplastos discóides,
numerosos, parietais.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 10.
Tabela 10. Distribuição geográfica de Tetraedriella jovetii (Bourrelly) Bourrelly no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai fitoplâncton, água doce Domitrovic 2002
Comentários
Os exemplares do Pantanal estão perfeitamente de acordo com o documentado para
Tetraedriella jovetii (Bourrelly) Bourrelly na literatura (Ettl 1978 para a França e Tchecoslováquia;
Sant’Anna et al. 1989, Nogueira & Leandro-Rodrigues 1999, Bovo-Scomparin et al. 2005, Bicudo
et al. 2006 para diversas regiões do Brasil).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplactônica/metafítica.
Tetraplektron Fott
Tetraplektron laevis (Bourrelly) Ettl
Nova Hedwigia 28(4): 561. 1977.
Basiônimo: Tetraedriella laevis Bourrelly In Bourrelly & Manguin, Algues Guadaloupe. 167.
1952.
Figuras 72, 73
67
Células solitárias, livres, tetraédricas, projeções cônicas, largas, gradualmente
afiladas para a extremidade; extremidades terminadas em espinho curto, distância
entre duas projeções 23-28µm; parede celular lisa, espessa; cloroplastos discóides,
parietais, numerosos, distribuídos até as extremidades.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Tetraplektron laevis (Bourrelly) Ettl é característico por suas células tetraédricas, com
projeções cônicas, afiladas, terminadas em espinho curto e cloroplastos discóides, numerosos
distribuídos por toda a célula (Bicudo et al. 2006). Quanto as dimensões celulares e projeções
terminadas em espinho curto, os exemplares do Pantanal assemelham-se à Tetraplektron bourrellyi
Ettl que foi documentado pela primeira vez para o Brasil por Bicudo et al. (2006). No entanto,
Tetraplektron bourrellyi Ettl apresenta 8 cloroplastos laminares, dispostos aos pares ao longo dos
processos, enquanto que Tetraplektron laevis (Bourrelly) Ettl apresenta numerosos (mais que 8)
cloroplastos, esféricos, distribuídos por todo protoplasma da célula.
Os exemplares do Pantanal ocorreram em meio a fragmentos de matéria orgânica e foram
encontrados apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica, no período
de cheia.
68
Figuras 61-65. Centritractus belenophorus. Figuras 66-69. Centritractus ellipsoideus. Figura 70.
Isthmochloron lobulatum. Figura 71. Tetraedriella jovetii. Figuras 72-73. Tetraplektron laevis.Escalasvalem
10 µm.
61
62
63
64
65
67 68 69
70
66
71 73
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69
Classe Bacillariophyceae
Chave de identificação dos gêneros de Bacillariophyceae encontrados nas lagoas estudadas
1 Frústulas cêntricas, unidas por espinhos de ligação, manto valvar ornamentado com estrias
areoladas geralmente grosseiras ........................................................................................ Aulacoseira
1 Frústulas penadas ............................................................................................................................. 2
2 Presença de estigma ............................................................................................................. 3
2 Ausência de estigma ............................................................................................................ 4
3 Valvas heteropolares ................................................................................................... Gomphonema
3 Valvas isopolares ................................................................................................................. Luticola
4 Rafe disposta em canal ........................................................................................................ 5
4 Rafe não disposta em canal .................................................................................................. 6
5 Canais da rafe dispostos paralelamente nas margens de ambas as valvas, margem fibulada
côncava .............................................................................................................................. Hantzschia
5 Canais da rafe diagonalmente opostos nas margens de ambas as valvas, margens paralelas
................................................................................................................................................ Nitzschia
6 Rafe curta, limitada às extremidades valvares .......................................................... Eunotia
6 Rafe longa, não limitada às extremidades valvares, centrais ............................................... 7
7 Rafe envolvida por costelas longitudinais conspícuas ....................................................... Frustulia
7 Rafe não envolvida por costelas longitudinais ................................................................................ 8
8 Estrias alveoladas ................................................................................................. Pinnularia
8 Estrias não alveoladas .......................................................................................................... 9
9 Estrias radiadas ao longo de toda a valva ........................................................................... Navicula
9 Estrias não radiadas ao longo de toda a valva ............................................................................... 10
10 Estrias paralelas ao longo de toda a valva, formando ângulo reto com a rafe ..... Craticula
10 Estrias radiadas a convergentes nas extremidades da valva ou irregulares ..................... 11
11 Aréolas conspícuas ..................................................................................................... Anomoeoneis
11 Aréolas inconspícuas ................................................................................................................... 12
12 Área central expandida, podendo atingir as margens da valva, nódulo central refringente
.................................................................................................................................. Diadesmis
12 Área central com estrias irregularmente encurtadas, nódulo central não refringente
................................................................................................................................. Sellaphora
70
Ordem Aulacoseirales
Aulacoseira Thwaithes
Aulacoseira ambigua (Grunow) Simonsen
Bacill., v. 2, p. 56, 1979.
Basiônimo: Melosira crenulata (Ehrenberg) Kützing var. ambigua Grunow in Van Heurck, Syn.
Diat. Belg., pl. 88, fig. 12-15, 1882.
Figuras 74-77
Frústulas cilíndricas em vista lateral, 12-13,5 µm compr., 7,7-8,7 µm larg., unidas por
espinhos de ligação curtos, marginais; manto ornamentado por estrias oblíquas em relação
ao eixo longitudinal, 16-18 estrias em 10 µm; areolação conspícua, 16-20 em 10 µm.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhecolândia, 15-X-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390912),
4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 11.
Tabela 11. Distribuição geográfica de Aulacoseira ambigua (Grunow) Simonsen no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Poconé
Alagados,
rios,
caixa de
empréstimo
fitoplâncton,
perifíton,
água doce
Lima 1990
Bicudo et al. 1995
Barão de
Melgaço
Lago Recreio
fitoplâncton,
água doce
Lima 1996
Poconé
Baía do
Coqueiro
Marçal 2005
Nabileque Oliveira 2005
Comentários
O material do Pantanal foi identificado com base em Siver et al. (2005) e Bigunas (2005).
Siver et al. (2005) a partir de material da América do Norte mencionaram para Aulacoseira
ambigua (Grunow) Simonsen valvas com 5-14 µm de compr., 4-17 µm larg. (diâmetro) e densidade
das estrias de 17-19 em 10 µm. Bigunas (2005) ao estudar material do Rio Iguaçu no litoral do
71
Paraná (Brasil)encontrou valvas que variaram de19-26,8 µm compr., 4,7-7,1 µm larg. (diâmetro),
12-20 estrias em 10 µm e 12-18 aréolas em 10 µm.
Foram encontrados poucos indivíduos deste táxon nas amostras do Pantanal, os quais não
variaram muito na sua morfologia e medidas valvares e estão de acordo com a literatura consultada.
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia e de seca.
Ordem Eunotiales
Eunotia Ehrenberg
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Estrias delicadas, 15-19 em 10 µm ........................................................................ Eunotia bilunaris
1 Estrias não delicadas, 8-9 em 10 µm ............................................................................... Eunotia sp.
Eunotia bilunaris (Ehrenberg) Souza
Bull. Jard. Bot. Nat. Belg., 67: 265, 267, fig. 13. 1999.
Basiônimo: Synedra bilunaris Ehrenberg, Phys, Abh. Akad. Wiss. Berlin, p. 87, 1831 (1832).
Figuras 92-100
Valvas lunadas, margens paralelas entre si ou quase, margem dorsal convexa, margem ventral
côncava a levemente côncava, às vezes apresentando depressão mediana, extremidades
atenuado-arredondadas, 21-93 µm compr., 3,5-4 µm larg.; nódulos terminais delicados; estrias
delicadas, paralelas a levemente radiadas em direção às extremidades, 15-19 em 10 µm.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914);
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 15-X-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390912), 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 12.
72
Tabela 12. Distribuição geográfica de Eunotia bilunaris (Ehrenberg) Souza no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Poconé
Alagados,
rios, caixas
de
empréstimo
fitoplâncton, perifíton,
água doce
Bicudo et al. 1995
Cáceres,
Poconé,
Barão de
Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de
Melgaço
fitoplâncton, metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai fitoplâncton, água doce Domitrovic 2002
Comentários
Os exemplares do Pantanal apresentaram ampla variação morfológica com relação ao
comprimento valvar e ocorrência de depressão na região mediana da margem ventral. Esta variação
morfológica está de acordo com a circunscrição e ilustrações de Eunotia bilunaris (Ehrenberg)
Souza apresentadas por Krammer & Lange-Bertalot (1991) e Metzeltin et al. (2005). Variações
morfológicas semelhantes também foram encontradas por Bigunas (2005) em material do Rio
Guaraguaçu, litoral do Paraná.
Conforme Morandi (2002) e Ferrari et al. (2007), as denominações Eunotia curvata
(Kützing) Lagerst., Eunotia lunaris (Ehr.) Grun. e Eunotia bilunaris (Ehr.) Mills são utilizadas na
literatura e as duas primeiras espécies citadas não são válidas de acordo com o Código Internacional
de Nomenclatura Botânica, pois são sinônimos heterotípicos de Eunotia bilunaris (Ehr.) Souza.
Souza & Moreira-Filho em 1999 propuseram a nova combinação Eunotia bilunaris (Ehr.) Souza
pois a combinação Eunotia bilunaris (Ehr.) Mills de Mills (1933-5) não é válida, visto que Mills
não aceitou o nome e o publicou como sinônimo de Eunotia lunaris (Ehr.) Grun. Conforme
Morandi (2002) a publicação em Krammer & Lange-Bertalot (1991) também não é válida, pois não
fizeram referência direta ao basiônimo deste táxon.
De acordo com Patrick & Reimer (1966), Eunotia bilunaris (citada como Eunotia curvata
(Kützing) Lagerst. var. curvata) ocorre em lagos rasos, córregos e rios e é amplamente distribuída
em águas ácidas e com baixo conteúdo mineral, podendo também ser encontrada em águas
levemente alcalinas.
Táxon encontrado na Baía da Sede Nhumirim nos períodos de cheia e de seca e, na Salitrada
Campo Dora apenas no período de cheia, ambas em amostras fitoplanctônica/metafíticas.
73
Eunotia sp.
Figura 101
Valvas curvadas, margem dorsal convexa a quase reta na região central, margem ventral
levemente côncava, extremidades diferenciadas do corpo valvar, atenuadas e arredondadas,
ápices arredondados, ca. 31,6 µm compr., ca. 6,5 µm larg., Rc/l = ca. 4,7; nódulos terminais
conspícuos, próximo do ápice; estrias conspícuas, indistintamente areoladas, paralelas na
região mediana, levemente radiada em direção às extremidades, 8-9 em 10 µm.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Exemplares deste táxon foram encontrados em número reduzido e ocorreram em uma única
amostra no período de cheia, na Baía da Sede Nhumirim. O número reduzido de indivíduos
registrados dificultou a identificação deste táxon.
Eunotia sp. assemelha-se morfologicamente a Eunotia inspectabilis Metzeltin & Lange-
Bertalot, táxon recentemente descrito para a Guyana, na América do Sul (Metzeltin & Lange-
Bertalot 2007). No entanto, Eunotia inspectabilis Metzeltin & Lange-Bertalot apresenta maiores
dimensões valvares (44-60 µm compr., 6,6-8,5 µm larg.), maior densidade de estrias (13-14 em 10
µm), nódulos terminais ventralmente posicionados e valvas menos curvadas que o material
estudado.
Exemplares semelhantes foram documentados por Bicca (2007) para a planície costeira do
Rio Grande do Sul e registrados como Eunotia sp 7. Estes exemplares diferenciam-se do material
documentado para o Pantanal apenas pelo maior comprimento valvar (46,8-61,2 µm) e pela maior
razão comprimento/largura valvar (6,2-7). Ainda, Metzeltin et al. (2005 – pl. 23, fig. 8) ilustraram
um espécime semelhante identificado como Eunotia spec., proveniente de amostras do Rio da Prata,
Uruguai. Os registros destes espécimes nestas diversas áreas subtropicais e tropicais e a
impossibilidade de identificação dos mesmos com alguma espécie já descrita sugerem que estes
espécimes possivelmente sejam novos para a ciência, conforme já observado por Bicca (2007).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, no período de cheia.
74
Ordem Cymbellales
Gomphonema Ehrenberg
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Valvas claviformes ............................................................................................. G. augur var. turris
1 Valvas não claviformes ................................................................................................................... 2
2 Aréolas conspícuas .............................................................................................................. 3
2 Aréolas inconspícuas ......................................................................................... G. parvulum
3 Presença de um estigma .................................................................................................... G. gracile
3 Presença de cinco estigmas ................................................................................... Gomphonema sp.
Gomphonema augur Ehrenberg var. turris (Ehrenberg) Lange-Bertalot
In Krammer e Lange-Bertalot, Biblioth. Diatomol., v. 9, p. 44, pl. 37, fig. 1-7, pl. 38, fig. 1-4, 1985.
Basiônimo: Gomphonema turris Ehrenberg, Abh. Akad, Wiss. Berl., p. 416, 1841 (1843).
Figuras 78-81
Valvas heteropolares, claviformes, a maior largura da valva na região mediana,
extremidade superior abruptamente atenuada, ápices cuneados ou rostrados, extremidade
inferior gradativamente atenuada, ápice subcapitado, (24,3) 31-48 µm compr., (5) 7,8-11,8
µm larg., Rc/l = 2,7-4,1 (4,9); estrias areoladas, paralelas a levemente radiadas a partir da
área central, mais espaçada na região mediana, 10-15 em 10 µm; aréolas arredondadas, 30-
32 em 10 µm; estigma conspícuo, localizado na base da estria mediana alongada; esterno da rafe
linear, estreito; rafe filiforme, sinuosa, extremidades proximais dilatadas em forma de gota, fletidas
para o lado do estigma.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390921); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-
2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
75
Os exemplares do Pantanal apresentaram ampla variação morfológica com relação ao
contorno valvar, à forma dos ápices (cuneados, rostrados, subcapitados) e às dimensões ((24,3) 31-
48 µm compr., (5) 7,8-11,8 µm larg.), no entanto, coincidiram entre si quanto à estrutura da rafe
(sinuosa), aréolas (30-32 em 10 µm) e padrão de estriação, estando de acordo com a população
ilustrada por Ludwig (1996).
Ludwig (1996), ao estudar material do estado de São Paulo, comentou a variabilidade
morfológica de Gomphonema augur Ehrenberg var. turris (Ehrenberg) Lange-Bertalot e sugeriu
que estudos mais detalhados sejam realizados em populações brasileiras, visto que este táxon
apresenta polimorfismo mais acentuado nas regiões tropicais e subtropicais que nas temperadas.
De acordo com Krammer & Lange-Bertalot (1986), Gomphonema augur Ehrenberg var.
turris (Ehrenberg) Lange-Bertalot diferencia-se da variedade típica por apresentar valvas mais
largas próximo da região mediana. A variedade típica apresenta valvas mais largas próximo às
extremidades.
Táxon encontrado nas lagoas Baía da Sede Nhumirim e Salitrada Campo Dora, em amostras
fitoplanctônica/metafíticas no período de cheia.
Gomphonema gracile Ehrenberg
Infusion. 217, pl. 18, fig. 3. 1838.
Figuras 82-86
Valvas levemente heteropolares, lanceoladas, naviculadas; extremidades superior e inferior
gradativamente atenuadas, ápices arredondados, 37,9-83,7 µm compr., 6,4-11,8 µm larg.,
Rc/l = 6,3-6,9; estrias areoladas, paralelas a levemente radiadas em direção às extremidades,
11-13 em 10 µm; aréolas arredondadas, 26-28 em 10 µm; estigma conspícuo, arredondado,
contínuo à estria mais alongada da área central; esterno da rafe linear, estreito; rafe sinuosa,
extremidades proximais dilatadas em forma de gota, fletidas em direção ao estigma.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 04-V/2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929); 22-
IV-2006 K.R.S. Santos s.n. (SP390921); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-
VIII-2004 A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani s.n. (SP390909); 8-V-2005 K.R.S. Santos s.n.
(SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
76
Comentário
Gomphonema gracile Ehrenberg é um táxon que apresenta ampla variabilidade morfológica,
principalmente com relação ao contorno valvar, à forma do ápice, às dimensões e ao padrão de
areolação das estrias (Ludwig 1996). Assemelha-se morfologicamente à Gomphonema affine
Kützing. Gomphonema affine, no entanto, diferencia-se por apresentar estrias mais levemente
radiadas e pontuações mais nítidas, além das extremidades apicais mais arredondadas em relação à
Gomphonema gracile Ehrenberg (Patrick & Reimer 1966). Outro táxon próximo à Gomphonema
gracile Ehrenberg é Gomphonema affinopsis Metzeltin, espécie recentemente descrita para o
Uruguai (Metzeltin et al. 2005), que assim como G. affine possui extremidade apical mais
largamente arredondada.
Os exemplares do Pantanal apresentaram grande variação morfológica. Todo o espectro de
variabilidade observada nestas populações foi considerado como representante de Gomphonema
gracile Ehrenberg por estar de acordo com as circunscrições documentadas em Ludwig (1996),
Bigunas (2005), Germain (1981), Patrick & Reimer (1966), Krammer & Lange-Bertalot (1991) e
Levkov et al. (2007).
Táxon comumente encontrado nas lagoas Baía da Sede Nhumirim e Salitrada Campo Dora
em amostras fitoplanctônicas/metafíticas.
Gomphonema parvulum (Kützing) Kützing
Spec. algar. 65. 1849.
Basiônimo: Sphenella parvula Kützing, Bacill., p. 83, pl. 30, fig. 63, 1844.
Figuras 89-91
Valvas levemente heteropolares, elípticas, lanceoladas, extremides apical e basal subcapitada
a capitada-rostrada, 15-21,4 µm compr., 5,3-5,7 µm larg., Rc/l = 3-4; estrias levemente
radiadas, 15 em 10 µm; aréolas inconspícuas; esterno da rafe linear, estreito; rafe filiforme,
reta, extremidades proximais e distais inconspícuas.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone
s.n. (SP390918).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
77
O material do Pantanal foi identificado como Gomphonema parvulum (Kützing) Kützing de
acordo com a circunscrição da espécie apresentada por Patrick & Reimer (1975) e Krammer &
Lange-Bertalot (1986).
Gomphonema parvulum (Kützing) Kützing é um táxon encontrado tanto em regiões
temperadas quanto tropicais, cujas populações apresentam ampla variabilidade morfológica. Essa
variabilidade levou muitos autores a proporem variedades e formas taxonômicas para esta espécie
(Hustedt 1930, Cleve-Euler 1955). Essas formas foram posteriormente sinonimizadas com
Gomphonema parvulum (Kützing) Kützing, visto que na maioria das populações registradas na
literatura esses táxons infra-especificos são interligadas por formas intermediárias (Patrick &
Reimer 1975).
Ferrari (2004), Ludwig (1996) e Wetzel (2006), documentaram para material brasileiro,
formas que variaram desde clavado-lanceoladas com extremidades gradativamente afiladas a
capitado-rostradas ou elípticas com extremidades distintamente capitado-rostrados. No entanto,
todas essas formas apresentaram características diagnósticas da espécie, entre as quais se destaca o
esterno da rafe estreito e distinto, área central formada pelo encurtamento de uma estria mediana em
um dos lados da valva e o estigma presente no lado oposto da estria encurtada (Patrick & Reimer
1975). As características diagnósticas desta espécie foram também observadas nos indivíduos da
área de estudo, o que permitiu confirmar a identificação do táxon.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de seca.
Gomphonema sp.
Figuras 87, 88
Valvas levemente heteropolares, lanceoladas, extremidades superior e inferior fortemente
protraídas e alongadas, bem diferenciadas da região central da valva, ápices arredondados, ca.
66,5 µm compr., ca. 10,3 µm larg., Rc/l = ca. 6,5; estrias areoladas, paralelas a levemente
radiadas em direção às extremidades, mais espaçadas entre si na região mediana, 11-12 em 10
µm; aréolas arredondadas; área central com 5 estigmas conspícuos, arredondados, três do lado
oposto ao da estria mais encurtada e dois ao lado da estria mais curta; esterno da rafe linear,
estreito; rafe filiforme, levemente sinuosa, extremidades proximais dilatadas em forma de gota,
retas ou apenas levemente fletidas em direção aos três estigmas.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
78
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Os exemplares do Pantanal apresentaram valvas heterogêneas, uma das quais grosseiramente
ornamentada (Figura 88). Formas semelhantes foram encontradas por Ludwig (1996: figs. 274-276)
em material do estado de São Paulo. Ludwig (1996) considerou o material paulista como
representante de formas esporangiais por apresentarem valvas heterogêneas, possuírem epivalva e
hipovalva mais cilíndricas e valvas mais grosseiramente ornamentadas. A referida autora registrou
pioneiramente para o Brasil a ocorrência de formas esporangiais em Gomphonema e questionou a
possibilidade do táxon documentado por Moreira em 1990 como Gomphonema dubraviscence
Pantoscek poder representar uma forma esporangial com duas valvas heterogeneamente
ornamentadas e não uma espécie (Ludwig 1996).
Optou-se por registrar o presente material como um táxon à parte até que estudos mais
detalhados possam confirmar o verdadeiro conceito de Gomphonema dubraviscence Pantoscek. No
entanto, acreditamos que o material do Pantanal represente uma forma esporangial de Gomphonema
gracile Ehrenberg, visto que ambos ocorreram conjuntamente em amostra fitoplanctônica/metafítica
da Baía da Sede Nhumirim e se assemelham nas dimensões valvares e densidade de estrias.
Ordem Naviculales
Anomoeoneis Pfitzer
Anomoeoneis sphaerophora Pfitzer
Untersuchungen uber Bau und Entwickelung der Bacillariaceen (Diatomaceen). Botanische
Abhandlungen aus dem Gebiet der Morphologie und Physiologie. Herausg. von J. Hanstein, Bonn.,
Issue: p. 77; pl. 3, fig. 10. 1871.
Figuras 120-126
Valvas elíptico-lanceoladas, extremidades rostradas, 30-51 µm compr., 11-15,4 µm larg.,
Rc/l = 2,6-3,3; superfície valvar plana curvando levemente para o manto; estrias
unisseriadas a irregulares, formadas por aréolas conspícuas, levemente radiadas a paralelas
ou irregularmente distribuídas, 17-19 em 10µm; aréolas mais espaçadas entre si dispostas
em fileira ordenada em ambos os lados do esterno da rafe; área central com aréolas
irregularmente ocluídas com efeito de “aréolas fantasmas”, às vezes expandidas até as
79
margens da valva; rafe filiforme, extremidades proximais dilatadas em poro e fletidas no mesmo
sentido, extremidades distais fletidas no sentido oposto ao das extremidades proximais.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390913), 28-VIII-
2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390922), 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390924), 4-V-2007, K.R.S.
Santos s.n. (SP390927); Baía da Sede Nhumirim, 15-X-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390912), 28-
VIII-2006, K.R.S. Santos (SP390923); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora
, 8-V-
2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914), 4-V-2007 K.R.S. Santos s.n. (SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Anomoeoneis sphaerophora Pfitzer suporta ampla faixa de salinidade e é considerada
comum em ambientes eurihalinos (Germain 1981). Germain (1981), ao estudar material da Europa
Ocidental, reconheceu duas variedades além da típica para Anomoeoneis sphaerophora Pfitzer.
Conforme o referido autor a variedade típica apresenta dimensões valvares de 40-80 µm compr.,
20-25 µm larg. e densidade das estrias de 15-17 em 10 µm; a var. sculpta O. Müller possui valvas
maiores, com até 150 µm compr. e 30 µm larg. e a var. guntheri O. Müller distingue-se da típica
pelas estrias mais grosseiras, 14-15 em 10 µm (Germain 1981).
Os exemplares do Pantanal apresentaram pouca variação morfológica quanto a forma valvar
(elíptico-lanceoladas), dimensões valvares (30-51 µm compr., 11-15,4 µm larg.) e densidade das
estrias (17-19 em 10 µm), estando de acordo com o descrito para Anomoeoneis sphaerophora
Pfitzer por Germain (1981) e Krammer & Lange-Bertalot (1986, fig. 92: 1 e 2, pg. 624). No
entanto, variaram no arranjo das aréolas, que ora apresentaram-se regulares constituindo estrias
nítidas (Figura 122, 123), ora irregulares, onduladas (Figura 120, 121).
Táxon comumente encontrado nas amostras fitoplanctônicas da Salina do Meio, porém em
número reduzido de indivíduos. Ocorreu na Salitrada Campo Dora em duas amostras no período de
cheia e, na Baía da Sede Nhumirim em duas amostras no período de seca, ambas provenientes de
amostras fitoplanctônica/metafíticas.
Craticula Grunow
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Valvas maiores, ca. 65 µm compr., ca. 20 µm larg......................................................... C. ambigua
80
1 Valvas menores, 23-40 µm compr., 5,5-7,2 µm larg. ........................................................ C. buderi
Craticula ambigua (Ehrenberg) Mann
In Round et al., The Diatoms, p. 666, 1990.
Figuras 127, 128
Valvas amplamente elíptico-lanceoladas, extremidades levemente rostradas, bem
diferenciadas do corpo principal da valva, ápices arredondados, ca. 65,6 µm compr., ca.
20,9 µm larg., Rc/l = ca. 3,1; estrias paralelas a levemente radiadas nas extremidades da
valva, ca. 18 em 10 µm; aréolas de difícil visualização; esterno da rafe linear, estreito,
conspícuo; área central reduzida; rafe filiforme, extremidades proximais retas, levemente
dilatadas em poro inconspícuo, extremidades distais levemente fletidas.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390921).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Foi encontrado apenas um indivíduo nas amostras analisadas. Apesar disso, suas
características estão plenamente de acordo com a circunscrição de Craticula ambigua (Ehrenberg)
Mann documentada por Lange-Bertalot (2001).
Lange-Bertalot (2001) comentou que Craticula ambigua (Ehrenberg) Mann foi
erroneamente registrada como sinônimo de Craticula cuspidata (Kützing) Mann devido à
semelhança morfológica entre esses dois táxons. Craticula cuspidata, no entanto, apresenta
contorno valvar mais fortemente lanceolado e extremidades valvares menos diferenciadas. Além
disso, de acordo com o autor anteriormente citado, Craticula cuspidata e Craticula ambigua
formam populações completamente separadas mesmo quando ocorrem em uma mesma amostra.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim no período de cheia, em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Craticula buderi (Hustedt) Lange-Bertalot
In Rumrich et al., Iconographia Diatomologica. Annotated Diatom Micrographs. Vol. 9.
Phytogeography-Diversity-Taxonomy. Koeltz Scientific Books, Königstein, Germany. p. 101.
2000.
81
Basiônimo: Navicula buderi Husted 1954, Ber. Deustsch. Bot. Ges. 67, p. 279, fig. 11-15.
Figuras 129-135
Valvas amplamente elípticas, elíptico-lanceoladas ou lanceoladas, 23-40 µm compr., 5,5-
7,2 µm larg., extremidades sub-capitadas, ápices arredondados; estrias paralelas ou muito
levemente radiadas por toda a valva, 20-22 em 10 µm; esterno da rafe linear, estreito; área
central pequena, elíptica ou ovalada; rafe filiforme, reta, extremidades proximais e distais
retas, poro central inconspícuo.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio,10-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390907), 25-IX-2005,
K.R.S. Santos s.n. (SP390917), 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390919), 28-VIII-2006, K.R.S.
Santos s.n. (SP390922), 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390924), 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n.
(SP390927); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 21-IV-2006, K.R.S. Santos s.n.
(SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Lange-Bertalot (2001) comentou que Craticula buderi (Hustedt) Lange-Bertalot apresenta
distribuição cosmopolita, sendo comum em águas doces com conteúdo médio a elevado de
eletrólitos, por exemplo, nascentes ricas em cálcio. A espécie apresenta ampla tolerância a níveis
elevados de trofia e ocorre freqüentemente em salinas, onde se encontra geralmente associada com
Craticula halophila (Grunow) D. G. Mann. Conforme Lange-Bertalot (2001), Craticula buderi
(Hustedt) Lange-Bertalot apresenta valvas amplamente elípticas, elíptico-lanceoladas, lanceoladas
ou linear-lanceoladas,10-40 µm compr., 5-8 µm larg., (17)19-24 estrias em 10 µm.
Os exemplares do Pantanal assemelham-se à Craticula elkab (O. Müller) Lange-Bertalot
quanto à ecologia, densidade de estrias e comprimento valvar. Esta espécie foi descrita para águas
ricas em eletrólitos, em NaCO
3
e em cloreto (hiperalcalina?), apresentando valvas de 16-35(40) µm
compr., 4-5,3 µm larg., 20-25 estrias em 10 µm (Lange-Bertalot 2001). No entanto, os espécimes do
Pantanal identificados como Craticula buderi (Hustedt) Lange-Bertalot são mais largos (5,5-7,2 µm
larg.) e possuem valvas menos lanceoladas do que Craticula elkab (O. Müller) Lange-Bertalot.
De acordo com Metcalfe, a identidade desses táxons ecologicamente e morfologicamente
similares permanece em aberto (Lange-Bertalot, 2001). No entanto, Lange-Bertalot (2001)
82
considera a largura valvar um caráter suficiente para separar Craticula buderi (Hustedt) Lange-
Bertalot (5-8 µm larg.) de Craticula elkab (O. Müller) Lange-Bertalot (4-5,3 µm larg.).
Craticula buderi (Hustedt) Lange-Bertalot ocorreu em praticamente todas as amostras
fitoplanctônicas da lagoa Salina do Meio. Foi extremamente abundante nos períodos de seca,
ocorrendo simultaneamente com Anabaenopsis elenkinii (Cyanobacteria). Esta lagoa apresenta água
salobra com elevada condutividade elétrica (>2000 µS cm
-1
) e pH (>9), considerada hiperalcalina e
de condições ambientais extremas, corroborando com o descrito na literatura para Craticula buderi
(Hustedt) Lange-Bertalot.
Na lagoa Salitrada Campo Dora o presente táxon ocorreu em apenas uma amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia, porém em número reduzido de indivíduos.
Diadesmis Kützing
Diadesmis confervacea Kützing var. confervacea
Die Kieselschaligen. Bacillarien oder Diatomeen. Nordhausen. p. 109; pl. 30, fig. 8. 1844.
Figuras 136-138
Valvas lanceoladas, extremidades atenuado-arredondadas, 9,3-17,1 µm compr., 4,3-6,4 µm
larg., Rc/l = 2,6-2,7; estrias delicadas, radiadas em toda a extensão valvar, 16-17 em 10
µm; aréolas delicadas, inconspícuas; área central circular ou retangular, ampla; esterno da
rafe linear, estreito; rafe filiforme.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone
s.n. (SP390918).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Diadesmis confervacea Kützing var. confervacea é um táxon amplamente citado na
literatura e apresenta ampla variabilidade morfológica (Schoeman & Archibald 1976, Ferrari 2004,
Bigunas 2005, Krammer & Lange-Bertalot 1986).
O material do Pantanal foi identificado como Diadesmis confervacea Kützing var.
confervacea com base em Krammer & Lange-Bertalot 1986 (citado como Navicula confervacea
(Kützing) Grunow) e Patrick & Reimer 1966.
83
Táxon encontrado em número reduzido de indivíduos, apenas na Baía da Sede Nhumirim,
em época de seca em amostras fitoplanctônica/metafíticas.
Frustulia Rabenhorst
Frustulia krammeri Lange-Bertalot e Metzeltin
In Metzeltin e Lange-Bertalot, Iconogr. Diatomol., v. 5, p. 96, 1998.
Figura 143, 144
Valvas rômbico-lanceoladas, extremidades largamente atenuado-arredondadas, ca. 120 µm
compr., ca. 23 µm larg., Rc/l = 5,2; estrias inconspícuas; esterno da rafe espessado formando
costelas; rafe filiforme, arqueada, situada entre costelas; extremidades proximais e distais da
rafe retas.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Este táxon foi identificado com base em Siver et al. (2005 - pl. 34 e 35, fig. 11, pág. 316).
Assemelha-se a Frustulia saxonica Rabenhorst, da qual direfere por esta última apresentar menores
dimensões valvares (28-75 µm compr.; 7-20 µm larg.).
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim, apenas poucos indivíduos, em época
de cheia, em amostra fitoplanctônica/metafítica.
Luticola Mann
Luticola mutica (Kützing) Mann
In Round, Crawford & Mann, The Diatoms, p. 670, 1990.
Basiônimo: Navicula mutica Kützing, Bacill., p. 93, pl. 3, fig. 32, 1844.
Figuras 139, 140
84
Valvas elípticas, extremidades arredondadas, margens convexas, ca. 23 µm compr., ca. 6,8
µm larg., Rc/l = ca. 3,4; estrias areoladas, radiadas em toda a extensão valvar, 22-24 em 10
µm; aréolas arredondadas, 24-28 em 10 µm; área central expandida lateralmente atingindo
as margens da valva e formando fáscia; esterno da rafe linear, estreito; rafe reta,
terminações proximais abruptamente curvadas para o lado oposto ao do estigma,
terminações distais curvadas para o mesmo lado; estigma esférico, conspícuo.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 03-II-2005, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani s.n.
(SP390908).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com Patrick & Reimer (1966), Luticola mutica (Kützing) Mann (citada como
Navicula mutica Kützing var. mutica) apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em águas
doces, salobras, salinas, sendo também encontrada em ambientes aerófilos. Os exemplares do
Pantanal foram identificados como Luticola mutica (Kützing) Mann com base em Siver et al.
(2005) e Krammer & Lange-Bertalot (1986). Estes autores citam dimensões valvares de 6-30 µm
compr., 4-9 µm larg. e densidade das estrias 14-20 em 10 µm.
Os exemplares do Pantanal apresentaram dimensões semelhantes às documentadas por
Ferrari (2004) e Bigunas (2005) para material paranaense.
Poucos indivíduos deste táxon foram encontrados, os quais ocorreram apenas na Baía da
Sede Nhumirim no auge do período de cheia (fevereiro 2005), em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Navicula Bory
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Aréolas conspícuas ........................................................................ N. brasiliana var. guadalupensis
1 Aréolas inconspícuas ..................................................................................................... N. microcari
85
Navicula brasiliana Cleve var. guadalupensis Manguin
In Bourrelly & Manguin, Algues d'eau douce de la Guadeloupe et dépendances, p. 66; pl. 4, fig.85.
1952.
Figuras 115-119
Valvas lanceoladas, margens convexas, extremidades atenuadas sub-rostradas, ápices
arredondado-truncados, 28,8-56 µm compr., 9-12,1 µm larg., Rc/l = 3,2-4,6; estrias
fortemente radiadas, presença de estrias mais encurtadas intercaladas com as demais na
região central da valva, 18-25 em 10 µm; aréolas conspícuas, 23-26 em 10 µm; esterno da
rafe linear a lanceolado; área central lanceolada; rafe linear, filiforme, extremidades
proximais dilatadas em forma de gota, levemente fletidas para o mesmo lado das extremidades
distais.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 22-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390921).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Navicula brasiliana var. guadalupensis Manguin foi descrita a partir de material da região
tropical: Guadalupe (América Central). De acordo com a descrição original em Bourrelly &
Manguin (1952), a var. guadalupensis Manguin difere da típica da espécie na extremidade valvar.
Em Navicula brasiliana var. guadalupensis Manguin a extremidade valvar é nitidamente atenuada
sub-rostrada, e na variedade típica da espécie a extremidade valvar é apenas levemente sub-rostrada
e arredondada.
Bourrelly & Manguin (1952) apresentam as seguintes dimensões valvares para Navicula
brasiliana var. guadalupensis Manguin: 32,5-54 µm compr., 11-13 µm larg.; 18-25 estrias em 10
µm. Conforme estes autores, a espécie é comum na América Tropical: Brasil e Equador e ocorre
como fóssil na Califórnia (EUA). Bourrelly & Manguin (1952) comentam ainda que Navicula
brasiliana var. guadalupensis Manguin provavelmente é uma forma planctônica.
Os exemplares do Pantanal estão perfeitamente de acordo com a circunscrição original da
variedade documentada em Bourrelly & Manguin (1952). Entretanto, apresentaram limítes máximo
e mínimo do comprimento valvar pouco mais amplo que o descrito originalmente para Navicula
brasiliana var. guadalupensis Manguin.
86
Metzeltin & Lange-Bertalot (1998: pg.144) propuseram a nova combinação Naviculadicta
brasiliana (Cleve) D. Metzeltin & H. Lange-Bertalot a partir de Navicula brasiliana (Cleve) Cleve
originalmente descrita por Cleve (1894). Um estudo maior em população deve ser feito, para que a
análise de mais indivíduos demonstre que a população atual trata-se de um contínuo da população
típica ou então, mantem-se como uma nova variedade e, portanto, uma nova combinação deste
táxon deve ser feito, transferindo-o para o gênero Naviculadicta.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
Navicula microcari Lange-Bertalot
Süßwasserflora von Mitteleuropa, Vol. 2/1-4. Biblioteca Diatomologica v. 27: p. 121-122; pl. 58,
fig. 1-5, Bacill. 2/4, fig. 59: 4-7. 1993.
Figuras 112-114
Valvas elíptico-lanceoladas a lanceoladas, margens convexas, extremidades obtuso-
arredondadas em forma de fenda, 21-23 µm compr., 5-5,3 µm larg., Rc/l = 4,2-4,3; estrias
fortemente radiadas a partir da área central da valva a levemente radiadas nas extremidades,
14 em 10 µm; aréolas inconspícuas; esterno da rafe linear, estreito; área central
transversalmente retangular, rodeada por estrias irregularmente mais curtas e curvas; rafe
linear, filiforme.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Salina do Meio
, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390922), 4-V-
2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390927).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Identificamos o presente material como Navicula microcari Lange-Bertalot conforme
Lange-Bertalot (2001). De acordo com este autor Navicula microcari Lange-Bertalot apresenta
valvas com 19-24 µm compr., 4,8-5,5 µm larg., 13-14 estrias em 10 µm. Esta espécie foi descrita
originalmente para água rica em eletrólitos no deserto de Nege em Israel (Lange-Bertalot 1993).
O material estudado assemelha-se morfologicamente a Navicula recens (Lange-Bertalot)
Lange-Bertalot considerando-se a amplitude de variação métrica (16-51 µm compr., 5,5-9 µm
larg.), densidade das estrias (10,5-14 em 10 µm) e ecologia (água salobra rica em eletrólitos) do
87
referido táxon (Lange-Bertalot 2001). No entanto, a forma da valva em Navicula recens (Lange-
Bertalot) Lange-Bertalot é mais arredondada (linear-lanceolada) e em Navicula microcari Lange-
Bertalot as valvas são mais claramente eliptico-lanceoladas a lanceoladas como no material do
Pantanal.
Navicula microcari (Lange-Bertalot) Lange-Bertalot foi encontrada apenas na Salina do
Meio, lagoa de água salobra, pH elevado (>9) e alta condutividade elétrica (>2000 µm S cm
-1
),
corroborando as condições ecológicas descritas originalmente para a espécie.
Pinnularia Ehrenberg
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Valvas lineares ................................................................................................................................. 2
1 Valvas não lineares .......................................................................................................................... 3
2 Esterno da rafe linear expandido ......................................................................... P. acrosphaeria
2 Esterno da rafe linear estreito ...................................................................................... P. huckiae
3 Área central formando fáscia ........................................................................................................... 4
3 Área central não forma fáscia ........................................................................... P. viridis var. viridis
4 Extremidades sub-capitadas ........................................................... P. microstauron var. rostrata
4 Extremidades atenuado-arredondadas ................................................................... Pinnularia sp.
Pinnularia acrosphaeria W. Smith var. acrosphaeria
Syn. British. Diat., v. 1, p. 58, pl. 19, fig. 183, 1853.
Figuras 152-155
Valvas lineares, intumescidas na região mediana, margens onduladas, extremidades
levemente expandidas, ápices amplamente arredondados, 54-103 µm compr., 10,6-15,2 µm
larg., Rc/l = 5,1-7; estrias alveoladas, levemente radiadas na área central a paralelas em
direção aos ápices, 11-12 em 10 µm; esterno da rafe linear expandido, granulações
irregulares difíceis de visualizar; área central não diferenciada do esterno; rafe filiforme,
levemente ondulada, extremidades proximais pouco dilatadas em forma de gota, fletidas no
mesmo sentido, extremidades distais em forma de baioneta, uma aberta e outra mais fechada.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923);
16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
88
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 13.
Tabela 13. Distribuição geográfica de Pinnularia acrosphaeria W. Smith no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002
Comentários
De acordo com Krammer (2000) Pinnularia acrosphaeria W. Smith caracteriza-se pelas
extremidades amplamente arredondadas, margens da valva retas a levemente convexas ou tri
onduladas, região mediana expandida, esterno da rafe amplo, linear com granulações irregularmente
distribuídas, medidas celulares de 30-180 µm compr., 8-20 µm larg., Rc/l = 5-8 e densidade de
estrias 9-14 em 10 µm. O referido autor reconheceu cinco variedades deste táxon, as quais foram
diferenciadas principalmente pelas medidas celulares, densidade das estrias e forma da valva. Para a
variedade típica, Krammer (2000) descreveu valvas com 60-116 µm compr., 11,5-15 µm larg. e
densidade de estrias 10-12 em 10 µm.
Metzeltin & Lange-Bertalot (2007), ao estudarem material do Pantanal no Paraguai,
comentaram que estes exemplares concordam em relação a forma valvar e densidade de estrias (11
em 10 µm) com o material tipo de Pinnularia acrosphaeria W. Smith originário da Inglaterra.
Entretanto, diferem pela menor dimensão valvar (55-63 µm compr., 11-12 µm larg.) e pelo esterno
da rafe onde as granulações estão quase que totalmente ausentes ou são muito indistintas nos
exemplares do Paraguai, enquanto que no material tipo de Pinnularia acrosphaeria W. Smith as
granulações no esterno da rafe são conspícuas. Com relação a menor dimensão valvar nos
exemplares do Paraguai, Metzeltin & Lange-Bertalot (2007) não tem certeza se essa diferença é
significativa comparada a variação do material tipo. Ainda segundo estes autores, um táxon
próximo seria Pinnularia acrosphaeria var. parva Krammer, da qual difere significativamente na
densidade das estrias, que são mais grosseiras (7,5-8,5 em 10 µm) na var. parva do que no material
do Paraguai (11 em 10 µm).
O material estudado apresentou ampla variação morfológica tanto em relação à forma
quanto às dimensões valvares. Assemelha-se aos exemplares documentados por Metzeltin & Lange-
Bertalot (2007) no Paraguai em relação ao esterno da rafe que apresentou granulações irregulares e
inconspícuas.
A amplitude de variação morfológica documentada no presente estudo (54-103 µm compr.,
10,6-15,2 µm larg.) está de acordo com a circunscrição de Pinnularia acrosphaeria W. Smith var.
acrosphaeria apresentada por Krammer (2000). No entanto, o material do Pantanal apresentou
limites métricos mínimos inferiores ao descrito pelo referido autor, o que incluiria as medidas
89
apresentadas por Metzeltin & Lange-Bertalot (2007) para o material do Paraguai (55-63 µm compr.,
11-12 µm larg.).
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim, em amostras
fitoplanctônicas/metafíticas nos períodos de cheia e de seca.
Pinnularia huckiae Metzeltin & Lange-Bertalot
In H. Lange-Bertalot (ed.), Iconographia Diatomologica, Vol. 18, pg. 204, Plate 230: 1-5. 2007.
Figuras 145-149
Valvas lineares, margens levemente onduladas a paralelas, extremidades sub-rostradas,
ápices arredondados, 98-125 µm compr., 14,2-15,3 µm larg., Rc/l=6,4-8,8; estrias alveoladas
6-7 em 10 µm, amplamente radiadas a partir da área central a paralelas e convergentes nos
ápices; esterno da rafe linear, estreito; área central elíptica; rafe filiforme, ondulada,
extremidades proximais dilatadas em forma de gota e fletidas no mesmo sentido,
extremidades distais em forma de baioneta, uma aberta e outra mais fechada.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone
s.n. (SP390918); 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Pinnularia huckiae Metzeltin & Lange-Bertalot é uma espécie recentemente descrita a partir
de material tropical proveniente de Guadalupe (Metzeltin & Lange-Bertalot 2007). Os referidos
autores comentaram que Pinnularia huckiae assemelha-se a Pinnularia sundaensis Hustedt quanto
às dimensões celulares, razão compr./larg. e densidade das estrias, diferindo desta nas
características apresentadas na tabela 14.
No material estudado foram encontrados poucos indivíduos deste táxon. Os de maiores
dimensões e valvas com margens praticamente paralelas (Figura 145) ocorreram no período de seca,
enquanto que os de menores dimensões e margens levemente onduladas (Figura 146) ocorreram no
período de cheia na Baía da Sede Nhumirim. As características morfológicas do material do
Pantanal estão quase que perfeitamente de acordo com as ilustrações e descrição de Pinnularia
huckiae apresentadas por Metzeltin & Lange-Bertalot (2007). Em relação às dimensões celulares,
um dos exemplares do Pantanal apresentou medidas (98 µm compr., 15,3 µm larg.) inferiores ao
90
limite mínimo descrito para Pinnularia huckiae (114-166 µm compr., 21-23 µm larg.), mas a
densidade e disposição das estrias (7 em 10 µm) e forma valvar é exatamente a mesma, o que nos
permite interpretar as diferenças nas medidas celulares como parte da variação métrica desta
espécie.
Tabela 14. Características distintivas entre Pinnularia huckiae Metzeltin & Lange-Bertalot e
Pinnularia sundaensis Hustedt de acordo com Metzeltin & Lange-Bertalot (2007).
Pinnularia huckiae
Metzeltin & Lange-Bertalot
Pinnularia sundaensis
Hustedt
Rafe
lateral (ondulada), poro distinto em forma de gota
complexa a semi-complexa,
poro pequeno
Esterno da
rafe
opaco, provavelmente devido a pequenas
depressões na superfície da valva
sem depressões na superfície
da valva
Estrias
mais fortemente radiadas ao redor da área central radiadas
Metzeltin & Lange-Bertalot (2007) comentaram que os táxons de Pinnularia de grandes
dimensões são encontrados em pequeno número, o que dificulta a análise de amostra populacional,
como foi o caso do presente estudo.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica,
nos períodos de seca e de cheia.
Pinnularia microstauron (Ehrenberg) Cleve var. rostrata Krammer
Diatoms of Europe 1, p. 217, pl. 51: figs 8-18. 2000.
Figura 150
Valvas linear-lanceoladas, extremidades subcapitadas, ápices arredondados, 32-33 µm
compr., 6,3-6,6 µm larg., Rc/l = 4,9-5,1; estrias alveoladas, radiadas a partir da área central a
convergentes nas extremidades, 11-12 em 10 µm; esterno da rafe linear-lanceolado, pouco
expandido na área central da valva onde as estrias são interrompidas; área central rombóide,
expandida lateralmente, formando fáscia; rafe filiforme, reta a levemente ondulada,
extremidades proximais dilatadas em forma de gota e fletidas no mesmo sentido, extremidades
distais em forma de gancho.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
91
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Pinnularia microstauron (Ehrenberg) Cleve var. rostrata Krammer pode ser comparada com
Pinnularia marchica Ilka Schönfelder var. marchica, no entanto esta última apresenta estrias mais
fortemente radiadas a partir da área central e contorno valvar com margens laterais quase paralelas
na região central. Os exemplares do Pantanal também se assemelham à Pinnularia kneuckeri
Hustedt apresentada por Lange-Bertalot et al. (2003) em uma única ilustração de material da Ilha da
Sardinia (Itália). No entanto, ao consultar a obra original deste último táxon em Hustedt (1949),
nota-se que os exemplares do Pantanal apresentam estrias mais grosseiras (11-12 em 10 µm) e
largura valvar superior (6,3-6,6 µm) ao descrito para Pinnularia kneuckeri Hustedt (17-20 estrias
em 10 µm e largura valvar entre 4-5 µm).
Este táxon foi proposto por Krammer (2000), onde a população ilustrada pelo autor é bem
variável: valvas retas a levemente onduladas, área central podendo ou não apresentar fáscia, fáscia
estreita a ampla e estrias radiadas a fortemente radiadas a partir da região central.
A variedade típica difere da variedade rostrata Krammer por apresentar dimensões valvares
maiores, as extremidades mais amplas e as estrias que podem ser radiadas a levemente radiadas a
partir da região central.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica,
no período de cheia.
Pinnularia viridis (Nitzsch) Ehrenberg var. viridis
Abh. Akad. Wiss. Berl., pl. 1 (1), fig. 7, pl. 1 (3), fig. 3, pl. 1 (4), fig. 3, pl. 2 (1), fig. 22, pl. 2 (3),
fig.1, pl. 2 (5), fig. 2, pl. 2 (6), fig. 21, pl. 3 (1), fig. 1-2, 1841 (1843).
Basiônimo: Bacillaria viridis Nitzsch, Neue Schitf. Nat. Ges. Halle, v. 3, n. 1, p. 97, pl. 6, figs. 1-3,
1817.
Figura 151
Valvas linear-elípticas, margens quase paralelas a levemente convexas, extremidades
cônico-arredondadas, 99-102 µm compr., 19-20 µm larg., Rc/ = 5,1-5,3; estrias alveoladas
radiadas na região mediana a paralelas e convergentes nas extremidades da valva, 8-9 em 10
µm; esterno da rafe linear, pouco expandido na região central da valva; área central
arredondada, não formando fáscia; rafe filiforme, ondulada, extremidades proximais
dilatadas em forma de gota e fletidas no mesmo sentido das extremidades distais.
92
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 15.
Tabela 15. Distribuição geográfica de Pinnularia viridis (Nitzsch) Ehrenberg var. viridis no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte (MT)
Cáceres,
Poconé,
Barão de
Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de
Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996
Comentários
Krammer (2000) caracterizou quatro morfotipos de Pinnularia viridis (Nitzsch) Ehrenberg
var. viridis com base em variações de medidas celulares, densidade das estrias e forma valvar.
No material do Pantanal encontramos poucos indivíduos deste táxon os quais apresentaram
valvas linear-elípticas com extremidades cônicas arredondadas, 99-102 µm compr., 19-20 µm
largura. Estas características são quase que perfeitamente idênticas as ilustrações (principalmente
figuras 187: 1-4) e descrição do “morfotipo 4” apresentado por Krammer (2000), a saber: valvas
linear-elípticas, extremidades cônicas arredondadas, 95-142 µm compr., 22-24 µm larg., 6-8 estrias
em 10 µm.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafitica,
no período de cheia.
Pinnularia sp.
Figuras 156, 157
Valvas linear-lanceoladas, extremidades atenuado-arredondadas, ápices atenuados, 49-60 µm
compr., 8,4-9 µm larg., Rc/l = 5,8-6,7; estrias alveoladas, radiadas a partir da área central a
paralelas e fortemente convergentes nas extremidades, 10-11 em 10 µm; esterno da rafe linear
estreito, amplamente expandido na área central onde as estrias são interrompidas; área central
rômbica expandida lateralmente, formando fáscia simétrica a assimétrica; rafe filiforme reta a
ondulada, extremidades proximais dilatadas em forma de gota e fletidas no mesmo sentido,
extremidades distais em forma de gancho.
93
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 25-IX-2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone
s.n. (SP390918), 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n.
(SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
O material do Pantanal é bastante semelhante à Pinnularia tagliaventiae Lange-Bertalot &
Metzeltin em relação às dimensões valvares (40-70 µm compr., 7-10 µm larg.) e densidade das
estrias (10-11 em 10 µm) do referido táxon conforme Lange-Bertalot (2003). Porém, são diferentes
no contorno valvar. Pinnularia sp. apresenta extremidades menos rostradas que Pinnularia
tagliaventiae Lange-Bertalot & Metzeltin. Além disso, os poros da região proximal da rafe estão
mais próximos um do outro em Pinnularia sp. do que em Pinnularia tagliaventiae Lange-Bertalot
& Metzeltin. Outro táxon semelhante aos exemplares do Pantanal é Pinnularia parvulissima
Krammer. No entanto as extremidades valvares em Pinnularia parvulissima Krammer são
amplamente rostradas a subcapitadas enquanto em Pinnularia sp. as extremidades valvares são
apenas levemente rostradas.
Por não encontrar na literatura consultada táxon que concorde com os exemplares
analisados, optou-se por mantê-lo em nível gênero. Estudos morfológicos e ultraestruturais mais
detalhados poderão caracterizar de forma mais detalhada o presente táxon.
Pinnularia sp. ocorreu apenas na Baía da Sede Nhumirim, tanto em períodos de cheia
quanto de seca, em amostras fitoplanctônica/metafíticas.
Sellaphora Mereschkowsky
Sellaphora pupula (Kutzing) Mereschkowsky
Ann. Mag. Nat. Hist., v. 9, ser. 7, p. 187, pr. 4, fig. 1-5, 1902.
Basiônimo Navicula pupula Kutzing, Bacillaria, p. 93, pr. 30, fig. 40, 1844.
Figuras 141, 142
94
Valvas lineares, extremidades amplamente sub-rostradas, ápices arredondados, ca. 24,3 µm
compr., ca. 7,4 µm larg., Rc/l = 3,3; estrias delicadas, fortemente radiadas a partir da área
central a levemente radiadas nas extremidades, 19 em 10 µm; área central expandida
lateralmente; esterno da rafe linear, estreito; rafe filiforme, reta, extremidades proximais
retas ou sutilmente fletidas para o mesmo lado.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora
, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
O presente material foi identificado como Sellaphora pupula (Kutzing) Mereschkowsky de
acordo com Siver et al. (2005). Esses autores apresentam para Sellaphora pupula medidas valvares
de 19-40 µm compr., 6-11 µm larg. e densidade das estrias 13-28 em 10 µm.
Siver et al. (2005) registraram Sellaphora pupula em 37 corpos d’água da América do
Norte, a maioria dos quais com águas ácidas e estado trófico variando de oligotrófico a levemente
eutrófico, alguns com compostos húmicos. Fallu et al. em 2000 registraram Sellaphora pupula
principalmente para águas levemente coloridas devido a compostos húmicos. (Siver et al. 2005).
Este táxon foi encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim no período de cheia, em
amostra fitoplanctônica/metafítica. Esta lagoa apresentou plantas aquáticas por toda a sua margem e
água com coloração avermelhada provavelmente devido a presença de compostos húmicos.
Ordem Bacillariales
Hantzschia Grunow
Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow
K. Sven. Vet. Handl., v. 17, n. 2, p. 103, 1880.
Basiônimo: Eunotia amphioxys Ehrenberg, Abh. Akad. Wiss. Berl., p. 419, pl. 1 (1), fig. 26, pl. 1
(3), fig. 6, pl. 2(1), fig. 15, pl. 3 (4), fig. 9, pl. 4 (5), fig. 7, 1841 (1843).
Figuras 102-107
95
Valvas lineares a linear-lanceoladas, 20-40(65) µm compr., 5-6,4 µm larg., Rc/l= 3,4-10;
extremidades subcapitadas; margem dorsal reta a levemente convexa; margem fibulada
levemente côncava, fíbulas marginais em geral regularmente espaçadas entre si, 6-7 em 10
µm; presença de interespaço central; estrias delicadas, paralelas a levemente radiadas em
direção às extremidades, 20-22 em 10 µm.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 3-II-2005, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani s.n.
(SP390908); 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada
Campo Dora, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 16.
Tabela 16. Distribuição geográfica de Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres,
Poconé,
Barão de
Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de
Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996
Comentários
Os indivíduos registrados neste estudo estão de acordo com a circunscrição apresentada por
Jensen (1985) para Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow. Jensen (1985) documentou valvas
de 20-100 µm compr., 5-10 µm larg., 13-20 estrias em 10 µm. O material do Pantanal difere apenas
quanto às extremidades valvares, as quais são subcapitadas nos exemplares estudados e não
capitadas como descrito por Jensen (1985). No entanto, apesar do referido autor descrever as
extremidades como capitadas, a ilustração (fig. 747, pág. 846) apresentada em sua obra mostra um
indivíduo com extremidades subcapitadas.
Esta característica foi igualmente documentada em indivíduos desta espécie encontrados
principalmente em região tropical (Metzeltin et al. 2005, Levkov et al. 2007, Metzeltin & Lange-
Bertalot 2007, Rumrich et al. 2000).
Jensen (1985) reconheceu para Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow a forma capitata
O. Müller, que se diferencia da típica pelos ápices fortemente capitados; a var. maior Grunow, cujas
dimensões variam de 100-200 µm compr., 13-15 µm larg. e os ápices são mais alongados; e a var.
vivax (Hantzsch) Grunow, cujas valvas são mais alongadas e as extremidades são mais estreitas e
alongadas.
96
Com base na literatura consultada os exemplares do Pantanal estão de acordo com a
amplitude de variação documentada para a variedade típica de Hantzschia amphioxys (Ehrenberg)
Grunow.
Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow encontra-se amplamente distribuída em águas
doces e apresenta ampla variação morfológica, provavelmente condicionada por fatores ecológicos
(Jensen 1985).
Táxon encontrado nas lagoas Baía da Sede Nhumirim e Salitrada Campo Dora, em amostras
fitoplanctônica/metafíticas em períodos de cheia e de seca.
Nitzschia Hassall
Nitzschia palea (Kützing) Wm. Smith
Syn. British. Diat., v. 2, p. 89, 1856.
Basiônimo: Synedra palea Kützing, Bacill., p. 63, fig. 27, 1844.
Figuras 108-111
Valvas linear-lanceoladas, 19-53 µm compr., 3,8-5 µm larg., Rc/l= 5-10,6; extremidades
rostrado-arredondadas a subcapitadas; margens paralelas, fíbulas marginais não eqüidistantes
entre si, 11-12 em 10 µm; estrias inconspícuas.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 15-X-2004, K.R.S. Santos (SP390912), 25-IX-
2005, K.R.S. Santos & C.F.S. Malone s.n. (SP390918), 21-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390921),
28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923), 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929); Fazenda
Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora
, 21-IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Conforme documentado por diversos autores, Nitzschia palea (Kützing) Wm. Smith é um
táxon que apresenta grande variabilidade morfológica, principalmente em relação as dimensões,
densidade das estrias e extremidades valvares (Germain 1981, Krammer & Lange-Bertalot 1988,
Rumrich et al. 2000, Ferrari 2004, Bigunas 2005, Metzeltin et al. 2005, Levkov et al. 2007,
Metzeltin & Lange-Bertalot 2007).
97
Os exemplares do Pantanal apresentaram considerável variação nas dimensões valvares,
semelhantes aos observados por Krammer & Lange-Bertalot (1988), Metzeltin & Lange-Bertalot
(2007) e Bigunas (2005).
Táxon comumente encontrado nas amostras da Baía da Sede Nhumirim em períodos de
cheia e de seca e, uma única vez na Salitrada Campo Dora no período de cheia, ambas em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
98
74
75
76
77
79
78
81
80
83
82 85
86
89
91
90
93
94
92 95 96 97 98 101
100
Figuras 74-77. Aulacoseira ambigua. Figuras 78-81. Gomphonema augur var. turris. Figuras 82-86.
Gomphonema gracile. Figuras 87-88. Gomphonema sp. Figuras 89-91. Gomphonema parvulum. Figuras 92-
100. Eunotia bilunaris. Figura 87-88. Eunotia sp. Escalas valem 10 µm.
87
88
99
84
99
Figuras 102-107. Hantzschia amphioxys. Figuras 108-111. Nitzschia palea. Figuras 112-114. Navicula
microcari. Figuras 115-119. Navicula brasiliana var. guadalupensis. Figuras 120-126. Anomoeoneis
sphaerophora. Escalas valem 10 µm.
119
117
116
115
112
113
107
105
103
104
102
125
126
123
108
109
111
110
124122120 121
118
114
106
100
134
127
137 138
128
135
Figuras 127-128. Craticula ambigua. Figuras 129-135. Craticula buderi. Figuras 136-138. Diadesmis
confervacea var. confervacea. Figuras 139-140. Luticola mutica. Figuras 141-142. Sellaphora pupula.
Figuras 143-144. Frustulia krammeri. Escalas valem 10 µm.
139
140
133
132
131
130
129
136
141
142
143 144
101
Figuras 145-149. Pinnularia huckiae. Figuras 147 e 149. Extremidades distais da valva. Figura 148. Região
central da valva. Figura 150. P. microstauron var. rostrata. Figura 151. P. viridis var. viridis. Figuras 152-
155. P. acrosphaeria var. acrosphaeria. Figuras 156-157. Pinnularia sp. Escalas valem 10 µm.
1
0
µ
m
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154 155 156 157
102
Classe Cryptophyceae
Chave de identificação dos gêneros de Cryptophyceae encontrados nas lagoas estudadas
1 Células com dois cromoplastídios dispostos ao longo da parede celular .................... Cryptomonas
2 Células com numerosos (mais que 10) cromoplastídios discóides .................. Pseudocryptomonas
Ordem Cryptomonadales
Cryptomonas Ehrenberg
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células 15,3-21,4 µm compr., pólo posterior afilado, agudo ..................................... C. brasiliensis
1 Células 37-44,4 µm compr., pólo posterior arredondado ................................................. C. curvata
Cryptomonas brasiliensis Castro, C. Bicudo & D. Bicudo
Hoehnea 18(1): 90. 1991.
Figuras 158-164
Células isoladas, em vista lateral de contorno subsigmóide, 15,3-21,4 µm compr., 8,3-11,5
µm larg., Rc/l = 1,8-1,9; margem dorsal assimétrica, amplamente convexa nos 2/3
anteriores, margem ventral uniformemente convexa; pólo anterior obliquamente truncado,
porção dorsal às vezes proeminente, formando rostro pouco evidente; pólo posterior
afilado, agudo, voltado para a face dorsal da célula; 2 flagelos subapicais de tamanhos pouco
distintos entre si, 0,5-1 vez o compr. da célula; 2 cromoplastídios laterais, verde acastanhado; 1-2
pirenóides por cromoplastídio; grãos de paramido presentes, elípticos; citofaringe geralmente
evidente, 0,2-0,4 do compr. da célula; ejectissômios globosos, inconspícuos, circundando a
citofaringe.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 17.
103
Tabela 17. Distribuição geográfica de Cryptomonas brasiliensis Castro et al. no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Sul
Paraguai
Rio Paraguai e Lago
Castelo
fitoplâncton,
água doce
Oliveira & Calheiros
2000
Rio Paraguai e Canal
do Tamengo
Silva et al. 2000
Comentários
Cryptomonas brasiliensis Castro et al. foi descrita originalmente por Castro et al. (1991) a
partir de material fitoplanctônico coletado no lago dos Cisnes (Fundação Parque Zoológico de São
Paulo) e lago das Garças (Jardim Botânico de São Paulo), ambos no Parque Estadual das Fontes do
Ipiranga na cidade de São Paulo.
De acordo com Castro et al. (1991) e Castro & Bicudo (2007), Cryptomonas brasiliensis
Castro et al. diferencia-se das demais espécies do gênero que apresentam pirenóides pela forma
celular aproximadamente sigmóide e pelo pólo posterior afilado, agudo e voltado para a face dorsal
da célula. Os referidos autores comentaram que a espécie que mais se aproxima de Cryptomonas
brasiliensis Castro et al. é Cryptomonas parapyrenoidifera Skuja, mas são suficientemente
diferentes na forma do contorno celular. Em Cryptomonas parapyrenoidifera Skuja a célula é
obovada, com pólo posterior amplamente arredondado, enquanto que em Cryptomonas brasiliensis
Castro et al. é aproximadamente sigmóide com pólo posterior afilado, agudo e voltado para a face
dorsal da célula.
Os exemplares do Pantanal foram identificados com Cryptomonas brasiliensis Castro et al.
de acordo com a descrição original da espécie (Castro et al. 1991).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
Cryptomonas curvata Ehrenberg emend. Penard
Proc. Acad. Nat. Sci. Philad. 73: 144, pl. 8, fig. 57. 1921.
Figuras 170-173
Células isoladas, em vista lateral de contorno subsigmóide, alongada, 37-44,4 µm compr.,
14-19,4 µm larg., Rc/ = 2,2-2,7; margem dorsal assimétrica, convexa a levemente
convexa nos 2/3 anteriores, margem ventral pouco convexa, quase reta; pólo anterior
obliquamente truncado, porção dorsal proeminente, formando rostro evidente; pólo
posterior arredondado, levemente afilado, voltado para a face dorsal da célula; 2 flagelos
104
subapicais de tamanhos pouco distintos entre si, ca. ½ do compr. da célula; 2 cromoplastídios
dorsiventrais, castanho escuro; pirenóides ausentes.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Menezes (1994) comenta detalhadamente as variáveis taxonômicas de Cryptomonas curvata
Ehrenberg emend. Penard com suas diversas espécies próximas, comparando-as com as respectivas
circunscrições originais. A partir do estudo de material do município do Rio de Janeiro, Menezes
(1994) registrou as seguintes dimensões celulares para Cryptomonas curvata Ehrenberg emend.
Penard: células 43-48 µm compr., 14-18 µm larg., Rc/l= 2,8; corpúsculos de Maupa 1-2. Conforme
esta autora, a descrição original da espécie em Ehrenberg 1958, traz as seguintes medidas: células
40 µm compr., 20 µm larg., Rc/l= 2; corpúsculos de Maupa 2-3.
Castro & Bicudo (2007) documentaram para o estado de São Paulo as seguintes dimensões
celulares para Cryptomonas curvata Ehrenberg emend. Penard: células 29-44 µm compr., 10,5-16
µm larg.,Rc/= 1,6-2,8; corpúsculos de Maupa 1-2. De acordo com estes autores, Cryptomonas
curvata Ehrenberg emend. Penard é morfologicamente próxima à Cryptomonas claviformis C.
Bicudo da qual é distinta, pois a última possui cromoplastídios laterais às vezes com pirenóide, pólo
posterior voltado para a face ventral da célula, razão comprimento/largura celular maior (3,3-5,8) e
o pólo celular posterior é voltado para a face dorsal da célula.
Os exemplares do Pantanal são morfologicamente semelhantes ao documentado na literatura
para Cryptomonas curvata Ehrenberg emend. Penard (Menezes 1994, Tucci et al. 2006, Castro &
Bicudo 2007). No entanto, não foram observados corpúsculos de Malpa nos indivíduos deste
estudo.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
Pseudocryptomonas C. Bicudo & Tell
105
Pseudocryptomonas sp.
Figuras 165-169
Células isoladas, em vista lateral de contorno sigmóide, 16-25,3 µm compr., 11,4-15,1
µm larg., Rc/ = 1,3-1,6(1,9); margem dorsal assimétrica, amplamente convexa, margem
ventral uniformemente convexa; pólo anterior obliquamente truncado, porção dorsal
proeminente, arredondado; pólo posterior afilado abruptamente, agudo, voltado para a
face dorsal da célula; 2 flagelos subapicais de tamanhos pouco distintos entre si, ca. ½
do compr. da célula; cromoplastídios numerosos, parietais, esféricos ou poligonais, castanhos,
ocupando praticamente todo conteúdo da célula, 1,9-3,4 µm diâm.; citofaringe evidente, 0,4-0,5 do
compr. da célula; ejectissômios globosos, em 1 camada circundando regularmente a citofaringe;
pirenóides ausentes.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação de gênero.
Comentários
O gênero Pseudocryptomonas C. Bicudo & Tell foi proposto por Bicudo & Tell (1988) a
partir de material do hidrofitotério do Jardim Botânico de São Paulo, no Parque Estadual das Fontes
do Ipiranga.
De acordo com estes autores, os numerosos cromoplastídios (mais que 10) esféricos ou mais
raramente poligonais, constituem-se na principal característica distintiva do gênero
Pseudocryptomonas C. Bicudo & Tell. Essa característica o diferencia prontamente do gênero
Cryptomonas Ehrenberg que apresenta de 1-2 cromoplastídios (Castro & Bicudo 2007). Assim, o
material estudado foi identificado com o gênero Pseudocryptomonas C. Bicudo & Tell.
Três espécies foram propostas simultaneamente com a proposição do gênero
Pseudocryptomonas por Bicudo & Tell (1988), a saber: Pseudocryptomonas americana C. Bicudo
& Tell, Pseudocryptomonas parrae C. Bicudo & Tell e Pseudocryptomonas subcylindrica C.
Bicudo & Tell, que são as únicas espécies conhecidas do gênero até o momento.
Dentre as três espécies que foram propostas, Pseudocryptomonas parrae C. Bicudo & Tell é
a que mais se assemelha aos exemplares do Pantanal nas características morfométricas e disposição
dos ejectissômios. De acordo com Castro & Bicudo (2007) Pseudocryptomonas parrae C. Bicudo
& Tell apresenta células de 14,9-25,8 µm compr., 7,6-15 µm larg. Rc/l= 1,3-1,9, com ejectissômios
106
globosos dispostos regularmente ao redor da citofaringe. No entanto, diferem do material do
Pantanal, na forma (contorno) e pólo posterior da célula.
Em Pseudocryptomonas parrae C. Bicudo & Tell as células em vista lateral apresentam
contorno oblongo a obovado e o pólo posterior é amplamente arredondado (Castro & Bicudo 2007).
Enquanto que os exemplares do Pantanal possuem células em vista lateral sigmóide e pólo posterior
afilado abruptamente, agudo, voltado para a face dorsal da célula.
Apesar de Castro & Bicudo (2007) evidenciarem a partir de análise numérica, que a forma e
disposição dos ejectissômios na citofaringe, além do comprimento e da relação
comprimento/largura celular serem os caracteres de maior peso taxonômico para separar espécies de
Pseudocryptomonas C. Bicudo & Tell, optou-se por manter o presente táxon identificado em nível
gênero por apresentar contorno celular e pólo posterior muito diferente das espécies até então
propostas em Pseudocryptomonas C. Bicudo & Tell.
Conforme Menezes & Novarino (2003), as espécies de Pseudocryptomonas (P. americana e
P. subcylindrica) propostas a partir de material do estado de São Paulo por Bicudo & Tell (1988),
não foram documentadas para outras regiões do país nem mesmo fora dele. Isto pode sugerir que
são geograficamente restritas a águas tropicais brasileiras e, possivelmente endêmicas de alguns
ecossistemas particulares (Menezes & Novarino 2003).
A ocorrência de Pseudocryptomonas no presente estudo representa a primeira citação do
gênero fora do estado de São Paulo.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
107
Figuras 158-164. Cryptomonas brasiliensis. Figuras 165-169. Pseudocryptomonas sp. Figuras 170-173.
Cryptomonas curvata. Escalas valem 10 µm.
158
159
160
161
162
163
164
170 171 173 173
165 166
167 168 169
108
Classe Euglenophyceae
Chave de identificação dos gêneros de Euglenophyceae encontrados nas lagoas estudadas
1 Células vivendo no interior de uma lórica ....................................................................................... 2
1 Células nuas, não vivendo no interior de uma lórica ....................................................................... 3
2 Lórica com processo caudal, colarinho sem delimitação precisa do restante da lórica
........................................................................................................................... Strombomonas
2 Lórica sem processo caudal, colarinho com delimitação precisa do restante da lórica
.......................................................................................................................... Trachelomonas
3 Células metabólicas (plásticas) ............................................................................................ Euglena
3 Células não metabólicas (rígidas) .................................................................................................... 4
4 Células em vista apical circulares ....................................................................... Lepocinclis
4 Células em vista apical achatadas dorsiventralmente ................................................ Phacus
Ordem Euglenales
Euglena Ehrenberg
Euglena polymorpha Dangeard
Le Botaniste, 8: 175, fig. 12. 1901.
Figuras 174-178
Células fusiformes, elípticas a obovadas, metabólicas, (32)41-54 µm compr., (15)21-
29 µm larg., Rc/l = 1,6-2,1; abertura do canal subapical; pólo anterior amplamente
arredondado ou com protuberância em forma de mamilo; pólo posterior atenuado em
extremidade pontiaguda ou cônico arredondado, geralmente formando processo
caudal cônico 6-19 µm; película plástica com estrias espiraladas; cloroplastos
numerosos, discóides, parietais com margens irregulares, 2,3-5,5 µm diâm.; duplo pirenóides
presentes; grãos de paramido elipticos; núcleo e estigma não observados; flagelo 1-1,5 vezes o
tamanho da célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926);
109
4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com Cardoso (1982) e Alves-Da-Silva (1998), Euglena polymorpha Dangeard
apresenta metabolia muito particular, contraindo-se de modo que o pólo anterior torna-se alargado,
o posterior permanece afilado (cônico), geralmente o processo caudal permanece rígido e a célula
assume a forma obovóide (forma de pião) com forte tendencia a formar esferas. O material do
Pantanal apresentou metabolia e forma celular semelhante ao documentado pelos referidos autores.
Algumas características métricas de Euglena polymorpha Dangeard são apresentadas na
tabela 18.
Tabela 18. Características métricas de Euglena polymorpha Dangeard documentadas por diferentes
autores.
Características
da célula
Santos
(presente
trabalho)
Dangeard
1901
(original)
Cardoso
1982
Tell &
Conforti
1986
Xavier
1994
Alves-
Da-Silva
1998
Compr. (µm)
41-65 80-90 56-72 57-110 45-70 79-84,2
Larg. (µm)
15-29 20-25 12-24 15-34 12,3-22 20-24
Rc/l
1,6-2,6 ~3,2-4 2,3-4,6 ~3,2 3,1-3,6 3,4-3,6
Conforme observado na tabela 18, o material do Pantanal apresenta comprimento celular
semelhante ao documentado por Xavier (1994) para material do estado de São Paulo. Em relação à
largura celular, o material estudado encaixa-se nas dimensões documentadas pelos diferentes
autores.
A presença de duplo pirenóide e a metabolia da célula de Euglena polymorpha Dangeard
documentadas no presente estudo corrobora com o documentado em literatura.
Os indivíduos de Euglena polymorpha Dangeard ocorreram na Baía da Sede Nhumirim e na
Salitrada Campo Dora, na primeira lagoa, ocorreram juntamente com representantes principalmente
de Euglenophyceae e Chlorophyceae, enquanto que na segunda, ocorreram em meio a
representantes principalmente de Zygnematophyceae (desmídias). As condições ambientais em que
foram encontrados representantes de Euglena polymorpha Dangeard nas duas lagoas foram as
seguintes: pH 7,8-8,1; condutividade elétrica 1.453–2.020 µm S.cm-¹; salinidade 0,5–0,8;
temperatura 29,5–35,1 ºC; oxigênio dissolvido ca. 10 mg.l
-
¹.
110
Lepocinclis Perty
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células com numerosos grãos de paramido, discóides, de distribuição irregular
............................................................................................................................... L. salina var. salina
1 Células com grãos de paramido em forma de bastão ou anel alongado .......................................... 2
2 Grãos de paramido 2, em forma de anel alongado, laterais, opostos ................................... 3
2 Grãos de paramido 2 a 10, em forma de bastão .................................................................. 5
3 Células ovadas a pentagonais, pólo anterior truncado ..................................................... L. truncata
3 Células oblongas ou elípticas .......................................................................................................... 4
4 Células oblongas, ca. 19 µm compr., pólo posterior mamilado ............... L. ovum var. ovum
4 Células amplamente elípticas, 45,1-51,7 µm compr., pólo posterior atenuado em processo
caudal cônico, hialino .................................................................................... L. caudata var. caudata
5 Película com estrias helicoidais ornamentada de verrugas poligonais ................................. L. fusca
5 Película não estriada ou estriada sem verrugas ............................................................................... 6
6 Células fusiformes, estrias ausentes ou longitudinais de difícil visualização ............ L. acus
6 Células cilíndricas, estrias helicoidais ................................................................... L. oxyuris
Lepocinclis acus (O. F. Müller) Marin & Melkonian
Protist, Vol. 154: 104, 2003.
Basiônimo: Vibrio acus O. F. Müller 1786, Animalc. Infus. p. 59, Tab. VIII, Figs 9, 10.
Figura 179
Célula fusiforme, porção mediana cilíndrica, 88,8-162,4 µm compr., 8,3-16,1 µm larg., Rc/l
= 7,5-12,6; abertura do canal subapical; pólo anterior estreito e truncado; pólo posterior
atenuado gradativamente em processo caudal cônico, hialino, geralmente reto, 17,2-26,9 µm
comp.; película rígida a semi-rígida, estrias longitudinais, às vezes ausentes ou muito tênues
e de difícil visualização; cloroplastos numerosos, discóides ou alongados, parietais, 1,8-2,4
µm diâm.; pirenóides ausentes; grãos de paramido 2 a 10 em forma de bastão, 14,7-20,9 µm
comp., 2,7-4,9 µm larg.; núcleo central, oblongo, 12-17 µm compr., 3-5µm larg.; estigma
alongado, geralmente inconspícuo; flagelo 9,5-20,6 µm compr.; movimento flagelar e
deslocamento reduzidos.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Fazenda Nhumirim, Pantanal da
Nhecolândia, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
111
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 19.
Tabela 19. Distribuição geográfica de Lepocinclis acus (O. F. Müller) Marin & Melkonian
(= Euglena acus (O. F. Müller) Ehrenberg) no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton
água doce
Menezes & Fernandes
1987*
Cáceres Cáceres
Menezes & Fernandes
1989*
Poconé Poconé
De-Lamonica-Freire et
al. 1992*
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996*
Barão de Melgaço Lago do Recreio
fitoplâncton,
água doce
Lima 1996*
Poconé Baía do Coqueiro
Marçal 2005*
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002*
Pantanal
Sul
Nhecolândia Baía do Arame
fitoplâncton,
água doce
Mourão 1989*
Paraguai
Rio Paraguai e
Canal do Tamengo
Silva et al. 2000*
Rio Paraguai e
Lago Castelo
Oliveira & Calheiros
2000*
*citado como Euglena acus.
Comentários
Um trabalho recente de revisão taxonômica e filogenética das Euglenophyta pigmentadas
concluiu que as espécies de Euglena que apresentam película rígida, grãos de paramido grandes e
ausência de pirenóides são mais intimamente relacionadas com o gênero Lepocinclis (Marin et al.
2003). Assim, Marin et al. (2003) propuseram a nova combinação Lepocinclis acus (O. F. Müller)
Marin & Melkonian que apresenta como sinônimo nomenclatural Euglena acus (O. F. Müller)
Ehrenberg, Euglena acutissima Lemmermann e Euglena lata Swirenko.
No presente estudo utilizou-se bibliográfica clássica para identificação do material e
posteriormente adotou-se as novas combinações propostas por Marin et al. (2003). Assim, nos
comentários é citado o nome antigo do táxon (sinônimo da atual combinação), conforme
documentado na literatura.
De acordo com Menezes (1984, 1994), Gojdics em 1953 relatou que as categorias infra-
específicas de Euglena acus (O. F. Müller) Ehrenberg apresentam circunscrições taxonômicas
duvidosas, fundamentadas na quantidade de substância de reserva, no grau de metabolia e na
intensidade das estrias da película. Ainda conforme Menezes (1994), com relação ao caráter
112
dimensão celular e a razão comprimento e largura celular, inúmeras variedades de Euglena acus
tem sido originadas: var. major Pringsheim (120-132 µm compr., 10-12µm larg., Rc/l ca. 11), var.
longissima Deflandre (180-190 µm compr., 11-12 µm larg., Rc/l ca. 16), var. rigida Hübner (105-
112 µm compr., 9-11µm larg., Rc/l ca. 10).
Através de cultivos de clones, Pringsheim (1956) demonstra a existência de grande número
de formas intermediárias distintamente constantes, as quais variavam tanto no comprimento dos
indivíduos, quanto na razão compr./larg. e nas dimensões dos cloroplastos, núcleo, estigma e
flagelo.
A população analisada concorda perfeitamente com as dimensões celulares citadas por
Menezes (1984) para Euglena acus (O. F. Müller) Ehrenberg var. acus, (91-180 µm compr., 8-14
µm larg., Rc/l = 11,4-12,9).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, no período de cheia.
Lepocinclis caudata (Cunha) Conrad var. caudata
Arch. Protistenk. 82(2): 224, fig. 27. 1934.
Basiônimo: Crumela caudata Cunha, Mems. Inst. Oswaldo Cruz 6(3): 171, pl. 24, fig. 2. 1914.
Figuras 186-187
Célula amplamente elíptica, 45,1-51,7 µm compr., 22,5-24 µm larg., Rc/l = 2-2,2;
abertura do canal subapical; pólo anterior levemente acuminado, pólo posterior
atenuado gradativamente em processo caudal cônico, hialino, 10,1-11,9 µm compr.;
película hialina, estrias levógiras de difícil visualização; cloroplastos numerosos,
discóides, 3-3,4 µm diâm.; grãos de paramido 2, em forma de anéis alongados, laterais,
opostos, 17,7-19 µm compr., 4,9-11,7 µm larg.; núcleo não observado, estigma
alongado, ca. 4 µm compr.; flagelo ca. ¼ do comprimento da célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 20.
113
Tabela 20. Distribuição geográfica de Lepocinclis caudata (Cunha) Conrad no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Poconé
Baía do
Coqueiro
fitoplâncton,
água doce
Marçal 2005
(citado como
Lepocinclis cf. caudata)
Comentários
Lepocinclis caudata (Cunha) Conrad foi descrito originalmente por Cunha em 1914, como
Crumenula caudata Cunha com base em material brasileiro procedente dos arredores de
Manguinhos, Rio de Janeiro (Menezes 1984). Menezes (1984) comenta que Lepocinclis caudata
(Cunha) Conrad assemelha-se morfologicamente a Lepocinclis elongata (Swir.) Conrad, do qual
difere pelo sentido das estrias. Na primeira espécie as estrias são levógiras, enquanto que na
segunda as estrias são dextrógiras.
O material examinado no presente estudo aproximou-se muito das características
morfológicas descritas por Menezes (1984) e Tell & Conforti (1986). De acordo com o descrito por
esses autores as dimensões celulares para Lepocinclis caudata (Cunha) Conrad var. caudata são 55-
63 µm compr., 20-27 µm larg. (Menezes 1984), e de 40-82 µm compr., 15-30 µm larg. (Tell &
Conforti 1986). Além destas características, ambos os autores descrevem e ilustram o processo
caudal cônico, os dois grãos de paramido em forma de anel alongado, parietal e a abertura do canal
subapical, semelhante ao material por nós observado na Baía da Sede.
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Lepocinclis fusca (Klebs) Kosmala & Zakrys
J. Phycol. 41: 1264. 2005.
Basiônimo: Euglena spirogyra var. fusca Klebs, Unters. Bot. Inst. Tübing. 1, 2, p. 307, Pl. 3, Fig.
13, 1883.
Figuras 180-183
Células cilíndricas, fracamente metabólicas; 121-208,8 µm compr., 22-42 µm de
largura, Rc/l = 2,9-9,2; abertura do canal subapical; pólo anterior arredondado ou
truncado; pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal cônico, hialino,
13-40 µm compr.; película rígida, estrias helicoidais, verrugas poligonais, na porção
mediana da célula triangulares, as mais polares quadráticas, alongadas ou
retangulares; cloroplastos numerosos, discóides, parietais, ca. 3 µm de diâm.; pirenóides ausentes;
grãos de paramido 2(3), em forma de bastão, um anterior e outro posterior ao núcleo, 25,8-42,3 µm
114
compr., 3,9-11 µm diâm., às vezes ausentes; estigma alongado; flagelo ca. 0,4 vezes o compr. da
célula; movimento flagelar reduzido, deslocamento lento, freqüentemente inclinando-se em arco no
sentido do processo caudal.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 21.
Tabela 21. Distribuição geográfica de Lepocinclis fusca (Klebs) Kosmala & Zakrys (= Euglena
spirogyra Ehrenberg var. fusca Klebs) no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton
água doce
Menezes & Fernandes 1987*
*citado como Euglena spirogyra var. fusca.
Comentários
A nova combinação Lepocinclis fusca (Klebs) Kosmala & Zakrys foi proposta por Kosmala
et al. (2005) juntamente com uma emenda a diagnose da espécie. De acordo com estes autores, os
sinônimos de Lepocinclis fusca (Klebs) Kosmala & Zakrys são: Euglena spirogyra var. fusca
Klebs, Euglena fusca (Klebs) Lemmermann e Euglena fusca var. minima Szabados. Adotou-se no
presente estudo, a proposta de Kosmala et al. (2005).
De acordo com Menezes (1984), a principal característica distintiva entre Euglena spirogyra
Ehrenberg var. fusca Klebs e a variedade típica da espécie é o tipo de ornamentação, que na var.
fusca Klebs apresenta-se com verrugas mais desenvolvidas, quadradas ou mais retangulares
próximas à região anterior da célula, triangulares ou trapezoidais na região mediana, e no terço
médio posterior da célula tornam-se mais angulares, alongando-se no pólo posterior, enquanto que
em Euglena spirogyra Ehrenberg var. spirogyra as verrugas são esféricas. Menezes (1984) comenta
ainda, que apesar das maiores dimensões celulares de Euglena spirogyra Ehrenberg var. fusca
Klebs, não existe um intervalo de diferença significativo quanto à Rc/l com Euglena spirogyra
Ehrenberg var. spirogyra.
Em todos os trabalhos consultados sobre Euglenophyceae os autores citam Euglena
spirogyra Ehrenberg var. fusca Klebs ocorrendo simultaneamente com a variedade típica da espécie
(Cardoso 1982, Xavier 1985, Menezes 1984, Menezes 1989, e Menezes 1994). Em nosso estudo,
porém, encontramos apenas a var. fusca Klebs, bastante característica por suas verrugas poligonais,
115
sendo às da porção mediana da célula nitidamente triangulares e nos pólos, mais quadráticas,
retangulares ou alongadas.
O material estudado foi identificado como Euglena spirogyra Ehrenberg var. fusca Klebs
conforme Pringsheim (1956), Cardoso (1982) e Menezes (1984, 1989, 1994) e, está de acordo com
a nova combinação Lepocinclis fusca (Klebs) Kosmala & Zakrys.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, no período de cheia.
Lepocinclis ovum (Ehrenberg) Lemmermannn var. ovum
Kryptogamenfl.Brandenburg, 3: 504, fig. 13. 1910.
Basiônimo: Euglena ovum Ehrenberg, Monatsber. Berl. Akad. Wiss., 1840:200. 1840.
Figura 188
Células oblongas, ovadas ou elípticas, ca. 19 µm compr., ca. 11 µm larg., Rc/l = 1,7;
abertura do canal apical; pólo anterior arredondado; pólo posterior mamilado, mamilo
curto, ca. 1,1 µm compr.; película rígida, hialina a castanho claro, estrias levógiras;
cloroplastos numerosos, discóides, parietais, ca. 1,4 µm diâm.; grãos de paramido 2, em forma de
anel alongado, laterais, opostos, ca. 9,2 µm compr., ca. 2,2 µm diâm.; estigma arredondado; flagelo
não observado.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 28-VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 22.
Tabela 22. Distribuição geográfica de Lepocinclis ovum (Ehrenberg) Lemmermannn var. ovum no
Pantana Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton
água doce
Menezes &
Fernandes 1987
Poconé Poconé
De-Lamonica-Freire
et al. 1992
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire
& Heckman 1996
Poconé Baía do Coqueiro
fitoplâncton,
água doce
Marçal 2005
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002
116
Comentários
Menezes (1994) comenta que Lepocinclis ovum (Ehrenberg) Lemmermannn possui ampla
plasticidade fenotípica e que muitas de suas categorias infra-específicas descritas até o momento,
constituem provavelmente expressões morfológicas de um único táxon.
O material examinado ocorreu apenas na Baía da Sede Nhumirim em uma única amostra no
período de seca. Identificamos o mesmo com Lepocinclis ovum (Ehrenberg) Lemmermannn var.
ovum de acordo com as descrições e sugestões de Menezes (1994) e Tell & Conforti (1986).
Lepocinclis oxyuris (Schmarda) Marin & Melkonian
Protist, Vol. 154: 104, 2003.
Basiônimo: Euglena oxyuris Schmarda, Kl. Beitr. Nat. Infus., p. 17, Tafel 1, Fig. II, 1-7. 1846.
Figuras 184-185
Células cilíndricas, às vezes com ½ torção na região mediana, fracamente metabólicas, 109-
216,7 µm compr., 19,4-34,7 µm de largura, Rc/l = 4,1-8,6; abertura do canal subapical;
pólo anterior arredondado ou obliquamente truncado; pólo posterior atenuado em processo
caudal cônico, hialino, 14,2-25,9 µm compr.; película rígida à semi-rígida, estrias
helicoidais, lisas, sem verrugas, acompanhando a torção do corpo; cloroplastos numerosos,
discóides, parietais, 2,2-4,6 µm de diâm.; pirenóides ausentes; grãos de paramido 2, em
forma de bastão, um anterior e outro posterior ao núcleo, 25,8-42,3 µm comp., 3,9-11 µm
diâm.; núcleo alongado, central, 20-28 µm comp., 7-13,2 µm diâm.; estigma não observado; flagelo
ca. 0,2 vezes o comp. da célula; movimento flagelar reduzido, deslocamento com fraca rotação,
espiralado, lento, com mudanças na forma restrita a contorções nas extremidades da célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 23.
117
Tabela 23. Distribuição geográfica de Lepocinclis oxyuris (Schmarda) Marin & Melkonian (=
Euglena oxyuris Schmarda) no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton
água doce
Menezes &
Fernandes 1987*
Menezes &
Fernandes 1989*
Poconé Poconé
De-Lamonica-Freire
et al. 1992*
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire
& Heckman 1996*
Barão de Melgaço Lago Recreio
fitoplâncton,
água doce
Lima 1996*
Poconé Baía do Coqueiro Marçal 2005*
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002*
Pantanal
Sul
Paraguai
Rio Paraguai e Canal
do Tamengo
fitoplâncton,
água doce
Silva et al. 2000*
* Euglena oxyuris Schmarda
Comentários
Adotou-se a nova combinação Lepocinclis oxyuris (Schmarda) Marin & Melkonian o qual
possui como sinônimos Euglena oxyuris Schmarda e Euglena charkowiensis Swirenko conforme
proposto por Marin et al. (2003).
De acordo com o trabalho de Németh (1980), Euglena oxyuris Schmarda var. oxyuris
apresenta duas formas taxonômicas: a forma oxyuris, com dimensões de 100-300 µm compr., 13-30
µm larg., Rc/l = ca. 9; e a forma minima, com 74-86 µm compr., 6,5-10,5 µm larg. A população
examinada no presente estudo apresentou dimensões do comprimento celular de 109-216,7 µm, ou
seja, de acordo com os limites métricos proposto por Németh (1980) para Euglena oxyuris
Schmarda var. oxyuris f. oxyuris, razão pela qual o presente material foi identificado com este
táxon.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, no período de cheia.
Lepocinclis salina Fritsch var. salina
New. Phytol. 13: 351, fig. 3, a-b, e. 1914.
Figuras 191-193
118
Células ovadas, elípticas a quase esféricas, 42,1-51,2µm compr., 31,2-41,7µm
larg., Rc/l = 1,1-1,3; pólos arredondados; poro flagelar subapical, formando
depressão oblíqua; película rígida, hialina a verde-amarelada, estrias destrógiras;
cloroplastos numerosos, discóides, parietais, ca. 2,7 µm diâm.; grãos de paramido
numerosos, discóides 2,5-4,8µm diâm. ou levemenete alongados, ca. 3 µm compr.,
2,5µm diâm.; núcleo não observado; estigma alongado a triangular, granuloso, 5-10 µm compr.,
2,8-4µm larg.; flagelo 0,5 a 1,5 vezes o comprimento da célula, movimentos circulatórios;
metabolia reduzida; cistos e estádios palmelóides não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 15-X-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390912), 16-
XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 24.
Tabela 24. Distribuição geográfica de Lepocinclis salina Fritsch var. salina no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton,
água doce
Menezes &
Fernandes 1987
Poconé Baía do Coqueiro Marçal 2005
Comentários
De acordo com Conrad (1935), citado por Menezes (1984, 1992), Lepocinclis salina Fritsch
é uma espécie facilmente reconhecida pelas estrias dextrógiras do periplasto, pela localização
subapical do canal e pelos numerosos grãos de paramido arredondados, nunca sob a forma de anéis.
Menezes (1984, 1992) e Alves-Da-Silva (1998) citando Conrad (1935) comentam que
Lepocinclis salina Fritsch assemelha-se morfologicamente a Lepocinclis texta (Duj.) Lemmermann
Emend. Conr., da qual difere pelo sentido das estrias que na última são levógiras e na primeira são
dextrógiras. Além disso, Lepocinclis texta pode apresentar vista apical elíptica, enquanto que em
Lepocinclis salina Fritsch a vista apical é arredondada.
Conforme comentou Menezes (1994), a literatura é divergente quanto à inclusão em
Lepocinclis de organismos que portam grãos de paramido numerosos e discóides, tais como
Lepocinclis salina Fritsch e Lepocinclis texta (Duj.) Lemmermann Emend. Conr. que foram
considerados por alguns autores no gênero Euglena. No entanto, adotou-se no presente trabalho os
critérios tradicionalmente aplicados ao gênero Lepocinclis de acordo com Conrad (1935) citado por
Menezes (1994), Menezes (1990), Menezes (1994) e Alves-Da-Silva (1998). Conforme estes
119
autores os caracteres diagnósticos do gênero Lepocinclis são: o sentido das estrias, o tipo de
decoração das estrias na película e a localização do poro flagelar, motivo pelo qual as populações
analisadas foram identificadas como Lepocinclis salina var. salina Fritsch.
Os exemplares do Pantanal apresentaram dimensões semelhantes às documentadas por
Alves-Da-Silva (1998) para Lepocinclis salina Fritsch provenientes de um reservatório raso no
município de Triunfo, RS. A referida autora registrou as seguintes medidas para o material do RS:
41,6-51,7 µm compr., 30,5-45,3µm larg., Rc/l = 1,1-1,6.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia e de seca.
Lepocinclis truncata Cunha
Mems. Inst. Oswaldo Cruz 6(3): 169-179. 1914.
Figuras 189-190
Células ovadas a pentagonais, 36-42,1 µm compr., 29-31,2 µm larg., Rc/l = 1,2-1,3;
pólo anterior truncado, aplanado; pólo posterior mais estreito, arredondado; película
hialina, estrias levógiras; cloroplastos numerosos, discóides, preenchendo
praticamente todo conteúdo celular, 1,2-3 µm diâm.; grãos de paramido 2, em forma
de anéis alongados, laterais, opostos, ca. 20 µm compr., ca. 15 µm larg., ca. 5 µm
diâm. Rc/l = 1,3; núcleo não observado; estigma alongado, granuloso, ca. 9,3 µm compr.; flagelo
aproximadamente do comprimento da célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Cunha (1914) descreve originalmente a espécie como Crumenula truncata Cunha, ao
estudar material coletado de um corpo d’água doce nos arredores do Instituto Oswaldo Cruz no
estado do Rio de Janeiro. No referido trabalho, o autor atribui às células dimensões de 40 µm
compr. e 28 µm larg., commembrana estriada em espiral”, não especificando qual o sentido das
estrias. No entanto, ilustra a espécie com estrias levógiras. Cunha (1914) comenta ainda que
Lepocinclis truncata pode ser considerada uma espécie freqüente, porém, ocorre sempre em
pequeno número.
120
Tell & Conforti (1986) descrevem Lepocinclis truncata Cunha com estrias dextrógiras,
porém, apresentam uma ilustração desta espécie com estrias levógiras.
No material examinado, observamos que o sentido das estrias é levógiro, apesar da
visualização da mesma ser extremamente difícil devido à intensa coloração verde grama
proporcionada pelos inúmeros cloroplastos.
De acordo com Tell & Conforti (1986) e Tell (1998), Lepocinclis truncata Cunha é
conhecido apenas para regiões quentes do Brasil, Argentina (Chaco: banhados), Bolívia e
Colômbia.
No presente estudo, Lepocinclis truncata Cunha foi encontrado somente na Baía da Sede
Nhumirim em uma única amostra (16-XI-2006), cujas condições ambientais no momento da coleta
foram: pH 7,84; condutividade elétrica 2.020 µm S.cm-¹; salinidade 0,8; temperatura 35,1 ºC,
potencial redox 83 mV.
Phacus Dujardin
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células assimétricas ................................................................................ P. contortus var. contortus
1 Células simétricas ou pouco assimétricas ........................................................................................ 2
2 Processo caudal longo, no mínimo tão longo quanto o corpo da célula .............................. 3
2 Processo caudal curto, no máximo ¼ do compr. do corpo celular ...................................... 4
3 Células 101,7-123,5 µm compr., não torcidas ou torcidas apenas na base do processo caudal
............................................................................................................... P. longicauda var. longicauda
3 Células 57,8-79,6 µm compr., torcidas 0,5-1 volta completa na região mediana
......................................................................................................................... P. longicauda var. torta
4 Células ovadas, 31-47 µm compr., película com 1-2 entrancias ................................ P. onix
4 Células arredondadas a ovadas, > 50 µm compr., película geralmente sem entrâncias ...... 5
5 Processo caudal ca. 29,3 µm comprimento ..................................................................... P. hamatus
5 Processo caudal 8,2-18,3 µm comprimento .............................................................. P. pleuronectes
Phacus contortus Bourrelly var. contortus
In Bourrelly & Maguin, Algues d’eau douce Guad. Dep., 177, pl. 22, fig. 271-272. 1952.
Figuras 194-196
121
Células assimétricas, ovadas, torcidas, margens diferentemente espessadas, a maior
alargada posteriormente, em expansão aliforme oblíqua, 42,1-49,1 µm compr., 28-
30,8 µm larg., Rc/l = 1,4-1,7; sulco do vértice ca. ½ do comprimento da célula,
abertura do canal subapical, lado ventral e dorsal sulcados, vista lateral
aproximadamente triangular, mais ou menos torcida, vista apical cuneada, bissulcada; pólo anterior
arredondado, pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal cônico, hialino, curvo, 9,6-
14,9 µm compr.; película hialina, estrias longitudinais seguindo a torção da célula; cloroplastos
numerosos, discóides ou levemente alongados, ca. 3 µm diâm.; grãos de paramido 2, dispostos um
de cada lado da célula, discóides, aproximadamente do mesmo tamanho, 9,7-11,6 µm diâm.; núcleo
não observado; estigma arredondado, ca. 2 µm diâm.; flagelo aproximadamente do comprimento da
célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 25.
Tabela 25. Distribuição geográfica de Phacus contortus Bourrelly var. contortus no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton
água doce
Menezes & Fernandes 1987
Poconé Baía do Coqueiro
fitoplâncton,
água doce
Marçal 2005
Comentários
Menezes (1994) comenta que Phacus contortus Bourrelly pertence a um complexo de
espécies juntamente com P. anomalus Fritsch & Rich, P. curvicauda Swirenko, P. Lemmermannnii
(Swirenko) Skvortzov e P. platyaulax Pochmann, cujas células se apresentam divididas em duas
porções laterais espessas, oblíquas e torcidas uma sobre a outra. A mesma autora afirmou que as
categorias específicas e infra-específicas propostas com base em diferenças de dimensões celulares
e da substância de reserva não são claramente definidas até o momento, demonstrando que
constituem espécies homogêneas e estreitamente associadas morfologicamente (Menezes 1994).
O material estudado concorda quanto às suas dimensões celulares (42,1-49,1 µm comp., 28-
30,8 µm larg., processo caudal 9,6-14,9 µm) com os registrados por Tell & Conforti (1986) para a
Argentina. De acordo com estes autores, Phacus contortus Bourrelly var. contortus apresentaram as
122
seguintes dimensões celulares: 40-52 µm comp., 24-42 µm larg., processo caudal de 6-15 µm
compr.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, no período de cheia.
Phacus hamatus Pochmann
Arch. Protistenk., 95(2) : 182, fig. 86 a-f. 1942.
Figura 208-211
Células ovadas, 60-90 µm compr., 33,2-48 µm larg., Rc/l = 1,4-2,0; vista lateral
levemente achatada, lado ventral côncavo, dorsal levemente convexo, abertura do
canal subapical; pólo anterior arredondado; pólo posterior atenuado abruptamente
em processo caudal cônico, curvo, hialino, 15-28,3 µm compr.; vista apical
copuliforme; película rígida, hialina, estrias longitudinais; cloroplastos numerosos,
discóides, parietais, 1,8-3,9(4,6) µm diâm.; grãos de paramido 1-2, discóides, centrais, 10-
15,2(22,4) µm diâm., às vezes outros menores, discóides, dispersos, ca. 3µm diâm.; estigma
arredondado, granuloso, ca. 6,3 µm diâm.; flagelo de comprimento variável, ca. 0,5 vezes o
comprimento da célula.
Material examinado: BRASIL. Mato Grosso do Sul: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia, Fazenda
Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-V-2007,
K.R.S. Santos s.n. (SP390929); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora
, 21-IV-2006,
K.R.S. Santos s.n. (SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 26.
Tabel 26: Distribuição geográfica de Phacus hamatus Pochmann no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres
Cáceres
fitoplâncton,
água doce
Menezes & Fernandes
1987
Comentários
Menezes (1994) comenta que a delimitação taxonômica entre Phacus hamatus, Phacus
pleuronectes, Phacus platalea, Phacus triqueter e Phacus orbiculares é confusa. Os caracteres
diagnósticos desses táxons em literatura são divergentes e, frequentemente, aparecem em diferentes
123
combinações. Pochmann (1942), Huber-Pestalozzi (1955) e Starmach (1983), citados por Menezes
(1994), separaram as referidas espécies pelo grau de achatamento das células, pela presença ou não
de quilha, pelo corte óptico transversal (vista apical) da célula e pela substância de reserva.
Os indivíduos analisados no presente estudo apresentaram características morfométricas
semelhantes ao documento por Menezes (1994), Pochmann (1942) e Bourrelly & Manguin (1952).
A célula ovada, o processo caudal longo, curvo em forma de gancho e a vista lateral menos
achatada em Phacus hamatus, foram as principais características que o diferenciaram de Phacus
pleuronectes, este último apresentou célula com formato ovado a sub-esférico e processo caudal
proporcionalmente mais curto.
Táxon encontrado nas lagoas Baía da Sede Nhumirim e Salitrada Campo Dora, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, nos períodos de cheia.
Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. longicauda
Hist. Nat. Zoophytes. 337, pl. 5, fig. 6 1841.
Basiônimo: Euglena longicauda Ehrenberg, Phys. Abh. K. Akad. Wiss., 1830: 83. 1830.
Figuras 197-199
Células ovada a obovadas, 101,7-123,5 µm compr., 47,5-52,1µm larg., Rc/l = 2,1-
2,4, sem torção ou às vezes torcidas 0,5 volta na base do processo caudal; lado
ventral e dorsal convexos; abertura do canal subapical; vista lateral elíptica; pólo
anterior arredondado; pólo posterior atenuado gradativamente em processo caudal,
cônico, hialino, 45,8-55 µm compr.; película hialina, estrias longitudinais seguindo
até o extremo posterior da célula; cloroplastos numerosos, discóides, 1,9-5 µm
diâm.; grãos de paramido 2, discóides, centrais, concêntricos, 4,2-25,6 µm diâm., às vezes
numerosos, menores, alongados, dispersos no citoplasma, 3,2-4,9 µm diâm.; núcleo posterior, ca.
6,5 µm diâm.; estigma alongado, ca. 4 µm compr.; flagelo 0,5-1 vez o comprimento da célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 27.
124
Tabela 27. Distribuição geográfica de Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. longicauda no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton
água doce
Menezes &
Fernandes 1987
Poconé Poconé
De-Lamonica-Freire
et al. 1992
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire
& Heckman 1996
Barão de Melgaço Lago do Recreio
fitoplâncton,
água doce
Lima 1996
Poconé Baía do Coqueiro Marçal 2005
Comentários
A separação das variedades de Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin é considerada
problemática por diversos autores (Cardoso 1982; Menezes 1984; Xavier 1985; Menezes 1994;
Alves-Da-Silva 1998).
No presente estudo, foram observados indivíduos com limites métricos de 101,7-123,5 µm
compr., 47,5-52,1 µm larg., Rc/l = 2,1-2,4 e processo caudal com 45,8-55 µm compr., os quais
foram identificados como Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. longicauda; e indivíduos
que mediram 57,8-79,6µm compr., 30,5-38,6µm larg., Rc/l = 1,7-2,3 e processo caudal 20,4-
33,5µm comp., que foram identificados como Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. torta
Lemmermannn.
Como não foi observada qualquer sobreposição de medidas entre as populações Phacus
longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. longicauda que apresentou maiores dimensões do que as de
Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. torta Lemmermannn optou-se por considerar estes
táxons como variedades distintas conforme sugerido por Menezes (1984) e Alves-Da-Silva (1998).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. torta Lemmermannn
Kryptogamenfl. Mark Brandenburg, 3: 511. 1910.
Figuras 200-203
Célula ovada a amplamente elíptica, alargada na região anterior, torcida 0,5 a 1volta
completa na região mediana, 57,8-79,6 µm compr., 30,5-38,6 µm larg., Rc/l = 1,7-2,3;
lado ventral côncavo, dorsal levemente convexo; abertura do canal subapical; pólo anterior
truncado-arredondado, pólo posterior atenuado em processo caudal cônico, hialino, 20,4-
125
33,5 µm compr., película hialina, estrias longitudinais seguindo a torção da célula, estrias
transversais entre as longitudinais; cloroplastos numerosos, discóides, 2,7-4,6 µm diâm.; grãos de
paramido 1, discóide, central, concêntrico, 5,3-13 µm diâm., às vezes numerosos, menores,
discóides, dispersos no citoplasma; núcleo não observado; estigma alongado a triangular, ca. 2,5µm
diâm.; flagelo ca. 6,8µm compr.; movimento flagelar circular, altamente metabólica, deslocamento
por rotação.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 28.
Tabela 28, Distribuição geográfica de Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. torta no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Poconé Poconé
fitoplâncton
água doce
De-Lamonica-Freire et al.
1992
Cáceres, Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres, Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996*
Poconé Baía do Coqueiro
fitoplâncton
água doce
Marçal 2005*
Pantanal
Sul
Paraguai
Rio Paraguai e
Canal do Tamengo
fitoplâncton
água doce
Silva et al. 2000*
Paraguai
Rio Paraguai e
Lago Castelo
Oliveira e Calheiros
2000*
*citado como Phacus tortus.
Comentários
Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. torta difere da variedade típica da espécie por
apresentar dimensões celulares proporcionalmente menores e por possuir de 1/2 a 1 torção completa
na região mediana da célula.
Alves-Da-Silva (1998), comenta que as populações de Phacus longicauda (Ehrenberg)
Dujardin var. torta (citado como Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. tortus) estudadas até
aquela ocasião no Brasil, apresentaram dimensões celulares que variavam de 39-118 µm compr.,
19,2-48,2 µm larg., Rc/l = 1-4. No presente estudo, os espécimes observados apresentaram
dimensões celulares (57,8-79,6 µm compr., 30,5-38,6 µm larg., Rc/l = 1,7-2,3) bastante semelhantes
às encontradas no material do Rio Grande do Sul (64,7-80,9 µm compr., 33,3-41,6 µm larg., Rc/l =
1,9-2,5) documentado por Alves-Da-Silva (1998).
126
Um trabalho recente de revisão taxonômica e filogenética das Euglenophyceae pigmentadas
(Marin et al. 2003), indica que alguns táxons atualmente classificados no gênero Phacus têm
origem polifilética. De acordo com estes autores a filogenia de Phacus sensu stricto” pode estar
bastante mal resolvida. No entanto, optou-se por utilizar os trabalhos clássicos de taxonomia das
Euglenophyceae até que estudos mais detalhados em nível morfométrico e molecular sejam
realizados incluindo material da região tropical e que possam esclarecer o posicionamento
taxonômico de um ou outro táxon.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica.
Phacus onyx Pochmann
Archiv für Protistenkunde, v. 5, n. 2, p. 121-252. 1942.
Figuras 204-207
Células ovadas a arredondadas, 31-47 µm compr., 24,7-38,3 µm larg., Rc/l = 1,2-1,3;
lado ventral côncavo, dorsal levemente convexo, abertura do canal subapical; pólo
anterior arredondado; pólo posterior atenuado abruptamente em processo caudal
cônico, curvo, hialino, 4,4-10 µm compr.; vista apical triangular; película rígida,
hialina, estrias longitudinais, margens com 1-2 entrancias; cloroplastos numerosos, discóides,
parietais, 1,6-2 µm diâm.; grãos de paramido 1-2, discóides, centrais, 4-9,6 µm diâm., às vezes
outros menores, discóides, dispersos, ca. 3µm diâm.; estigma alongado a arredondado, granuloso,
ca. 3 µm diâm.; flagelo aproximadamente do comprimento da célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 21-
IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390920).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 29.
Tabela 29. Distribuição geográfica de Phacus onyx Pochmann no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres,
Cáceres
fitoplâncton, água
doce
Menezes & Fernandes
1987
Poconé Baía do Coqueiro
fitoplâncton,
água doce
Marçal 2005
Comentários
127
Os exemplares do Pantanal estão de acordo com o descrito para Phacus onyx Pochmann em
Tell & Conforti (1986) e Menezes & Fernandes (1987). Tell & Conforti (1986) reconheceram duas
variedades de Phacus onyx Pochmann para a Argentina, a var. onyx e a var. symetrica Tell &
Zalocar, as quais foram diferenciadas pela presença ou ausência de simetria e forma e tamanho do
processo caudal. A primeira apresenta células assimétricas com processo caudal espesso e curvo,
enquanto que, a segunda possui células simétricas, com processo caudal delgado, quase reto ou
apenas levemente curvo.
No material do Pantanal foi observado um contínuo nas características de simetria e
curvatura do processo caudal. Assim, identificamos o presente material em nível específico, não
adotando as variedades aceitas por Tell & Conforti (1986). Em relação ao material documentado
por Menezes & Fernandes (1987), os exemplares do Pantanal apresentaram dimensões celulares um
pouco superiores.
Táxon encontrado nas lagoas Baía da Sede Nhumirim e Salitrada Campo Dora, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, nos períodos de cheia.
Phacus pleuronectes (O. F. Müller) Dujardin
Hist. Nat. Zoophytes. 336, pl. 5, fig. 5. 1841.
Basônimo: Cercaria pleuronectes O.F. Müller, Vermium Hist. 36. 1773.
Figura 212
Células ovadas a arredondada, 50-73 µm compr., 33-44 µm larg., Rc/l = 1,1-1,7;
vista lateral amplamente achatada, lado ventral côncavo, dorsal levemente
convexo, abertura do canal subapical; pólo anterior arredondado; pólo posterior
atenuado abruptamente em processo caudal cônico, curvo, hialino, 8,2-
18,3(29,3) µm compr.; vista apical levemente triangular; película rígida, hialina,
estrias longitudinais; cloroplastos numerosos, discóides, parietais, 1,8-3,9(4,6)
µm diâm.; grãos de paramido 1-2, discóides, centrais, 10-15,2(22,4) µm diâm., às vezes outros
menores, discóides, dispersos, ca. 3µm diâm.; estigma arredondado, granuloso, ca. 6,3µm diâm.;
flagelo de comprimento variável, ca. 0,5 vezes o comprimento da célula.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929); Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 21-
IV-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390920).
128
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 30.
Tabela 30. Distribuição geográfica de Phacus pleuronectes (O.F. Müeller) Dujardin no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire
& Heckman 1996
Comentários
Conforme comentado anteriormente (ver comentários de Phacus hamatus) a literatura relata
confusa delimitação taxonômica entre Phacus pleuronectes (O.F. Müeller) Dujardin, Phacus
orbicularis Hübner, Phacus platalea Drezepolski, Phacus triqueter (Ehrenberg) Dujardin e Phacus
hamatus Pochmann.
A literatura apresenta ampla variação morfológica e métrica para Phacus pleuronectes (O.F.
Müeller) Dujardin, com células variando de 21-80 µm compr., 12-50 µm larg. (Alves-Da-Silva
1998). Os espécimes do Pantanal encaixam-se perfeitamente nas dimensões registradas por Alves-
Da-Silva (1998).
De acordo com Alves-Da-Silva (1998), Phacus pleuronectes (O.F. Müeller) Dujardin foi
encontrado em várias localidades do território brasileiro e em inúmeros países, sendo considerado
um táxon de distribuição cosmopolita.
Táxon encontrado nas lagoas Baía da Sede Nhumirim e Salitrada Campo Dora, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, nos períodos de cheia.
Strombomonas Deflandre
Strombomonas urceolata (Stokes) Deflandre
Arch. Protistenk. 69(3): 586, fig. 70,71-73. 1930.
Basiônimo: Trachelomonas urceolata Stokes, Proc. Amer. Philos. Soc. 24: 245, fig. 4. 1887.
Figuras 213-215
Lórica amplamente elíptica-obovada, lados quase paralelos, vista apical circular, 45-65
µm compr., 24-26,6 µm larg., Rc/l = 1,9-2,4; pólo anterior atenuado gradativamente em
colarinho cilíndrico, sem delimitação precisa do restante da lórica, truncado, bordo
levemente ondulado, 5-7,5 µm compr., 4,5-5,3 µm larg.; pólo posterior atenuado
abruptamente em processo caudal cônico, levemente curvo, 10,8 µm compr.; parede
129
rígida, castanho-amarelado, lisa ou escabrosa; cloroplastos discóides, ca. 2,5 µm diâm.; pirenóides,
grãos de paramido e estigma não observados; flagelo ca. ¼ do comprimento da lórica.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 31.
Tabela 31. Distribuição geográfica de Strombomonas urceolata (Stokes) Deflandre no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton,
água doce
Menezes & Fernandes
1987
Comentários
O presente táxon foi identificado de acordo com Tell & Conforti (1986) e Menezes &
Fernandes (1987). Strombomonas urceolata (Stokes) Deflandre é característico por apresentar
processo caudal abruptamente atenuado, destacado do restante da lórica e pela lórica com margens
quase paralelas e pólo anterior geralmente curto. O material do Pantanal apresentou pólo anterior
um pouco mais que a bibliografia consultada.
Strombomonas urceolata (Stokes) Deflandre ocorreu juntamente com representantes
principalmente de Euglenophyceae e Chlorophyceae e foi encontrado apenas na Baía da Sede
Nhumirim em uma única amostra (16/XI/2006). As condições ambientais desta lagoa no momento
da coleta foram: pH 7,84; condutividade elétrica 2.020 µmS.cm-¹; salinidade 0,8; temperatura 35,1
ºC, potencial redox 83 mV.
Trachelomonas Ehrenberg
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Parede da lórica lisa ......................................................................................................................... 2
1 Parede da lórica ornamentada de espinhos ...................................................................................... 3
2 Cloroplastos 2, em escudo .......................................................... T. volvocina var. volvocina
2 Cloroplastos mais que 10, esféricos ou alongados ........ T. volvocinopsis var. volvocinopsis
3 Espinhos grosseiros, até 15 µm comprimento ................................................................................. 4
3 Espinhos curtos, no máximo 2,4 µm comprimento ......................................................................... 5
130
4 Espinhos em toda a superfície da lórica ............................................. T. armata var. armata
4 Espinhos apenas nos pólos ................................................................... T. armata var. steinii
5 Espinhos distribuídos por toda lórica, colarinho presente .......................... T. hispida var. coronata
5 Espinhos concentrados nos pólos, colarinho ausente ........................................................ T. kellogii
Trachelomonas armata (Ehrenberg) Stein var. armata
Infus., :3, pl.22, fig. 37-38. 1878.
Basiônimo: Chaetotyphla armata Ehrenberg, Phys. Mat. Abh. K. Akad. Wiss. Berlin, 1832:245.
1833.
Figuras 216-218
Lóricas elípticas a ovadas, 43,8µm comp. (sem espinho), 38,8 µm larg., Rc/l = 1,1;
pólos arredondados; poro flagelar 5-6 µm diâm.; espessamento anelar presente,
colarinho ausente; parede castanho-avermelhado claro a escuro, pontuada, espinhos
cônicos, retos ou algo curvos, distribuídos irregularmente por toda superfície da lórica,
os menores na região anterior e mediana, 1,6-5,7 µm compr., os maiores no pólo posterior, até 15
µm compr.; cloroplastos numerosos, mais de 20, discóides, algumas vezes poligonais, ca. 4,5 µm
diâm.; pirenóides presentes; estigma alongado; flagelo ½-1 vezes o compr. da lórica.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 32.
Tabela 32. Distribuição geográfica de Trachelomonas armata (Ehrenberg) Stein var. armata no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres
Cáceres e
arredores
fitoplâncton, água doce
Menezes &
Fernandes 1987
Poconé Poconé
De-Lamonica-
Freire et al. 1992
Barão de Melgaço Lago do Recreio Lima 1996
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton, metafíton
água doce
De-Lamonica-
Freire &
Heckman 1996
Poconé Baía do Coqueiro fitoplâncton, água doce Marçal 2005
Pantanal
Sul
Paraguai
Rio Paraguai e
Canal do Tamengo
fitoplâncton,
água doce
Silva et al. 2000
131
Comentários
Balech, em 1944, foi o primeiro a reconhecer que a maior parte das categorias infra-
específicas de Trachelomonas armata (Ehrenberg) Steineram apenas simples morfotipos e
considerou somente três variedades: a) var. armata, caracterizada por possuir espinhos em toda
superfície da lórica; b) var. steinii Lemmermannn, que apresenta espinhos somente nos pólos da
lórica; e c) var. nana Balech, com espinhos somente no pólo posterior da lórica (Menezes 1994).
Assim, no presente estudo encontramos representantes de Trachelomonas armata var.
armata e Trachelomonas armata var. steinii e consideramos como táxons distintos.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostras
fitoplanctônica/metafíticas.
Trachelomonas armata (Ehrenberg) var. steinii Lemmermannn emend. Deflandre emend. C.
Bicudo & De-Lamonica-Freire
Arch. Hydrobiol., 69: 64, fig. 6-14. 1993.
Figuras 219-222
Lórica regularmente ovada até amplamente ovada, mais raro elíptico-oblongas ou
subtrapeziformes, 40,6-45 µm compr. (sem espinho), 34,4-35 µm larg., Rc/ = 1,2-1,4;
pólos arredondados, às vezes com pólo posterior achatado; poro flagelar 3,7-4,9 µm
diâm.; espessamento anelar presente, colarinho ausente; parede castanho-avermelhado
claro a escuro, pontuada, espinhos menores no pólo anterior, 1-3µm comp., maiores, curvados, algo
convergentes, 4,7-9,8 µm compr. no pólo posterior; cloroplastos numerosos, mais de 15, discóides,
algumas vezes poligonais, margens irregulares, 1,2-2,3 µm diâm., pirenóides presentes; estigma
arredondado; flagelo 0,5-1,5 vezes o comprimento da lórica.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 33.
132
Tabela 33. Distribuição geográfica de Trachelomonas armata (Ehrenberg) var. steinii
Lemmermannn emend. Deflandre emend. C. Bicudo & De-Lamonica-Freire no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Norte
Poconé Poconé
fitoplâncton,
água doce
De-Lamonica-Freire
et al. 1992
Pantanal Norte-Sul
Paraguai
Rio
Paraguai
fitoplâncton, água
doce
Domitrovic 2002
Comentários
Trachelomonas armata (Ehrenberg) var. steinii Lemmermannn emend. Deflandre emend. C.
Bicudo & De-Lamonica-Freire difere da variedade típica da espécie por apresentar espinhos apenas
nos pólos da lórica (Balech 1944, citado por Menezes 1994).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostras
fitoplanctônica/metafíticas.
Trachelomonas kellogii Skvortzov emend. Deflandre
Revue gén. Bot., 38: 688, pl. 15, fig. 288, 290-294. 1926.
Figura 223
Lóricas amplamente elípticas a subesféricas, 35,4-37,3 µm compr., 29,7-32,2 µm
larg., Rc/l = 1,2; pólos arredondados, às vezes com pólo posterior levemente
achatado; poro flagelar ca. 6 µm diâm.; espessamento anelar presente, colarinho
ausente; parede castanho-amarronzado escuro, pontuda; espinhos cônicos, retos,
concentrados nos pólos, às vezes irregularmente distribuídos em toda superfície da
lórica, 1,3-2,4 µm compr.; cloroplastos numerosos, mais que 8, discóides, 2,3-3,9 µm diâm.;
pirenóides internos presentes; grãos de paramido numerosos, elípticos, 1,5-2 µm compr.; estigma
alongado, ca. 1,8-2 µm compr.; flagelo ca. 1-2 vezes o comprimento da lórica.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 15-X-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390912), 16-
XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com Alves-Da-Silva (1998), Trachelomonas kelloggii Skvortzov emend.
Deflandre assemelha-se, do ponto de vista morfológico a Trachelomonas raciborskii Wol., sendo
133
difícil a identificação de exemplares isolados das mesmas pelo fato de apresentarem sobreposição
de dimensões e padrão de decoração da parede da lórica (ambas com espinhos concentrados nos
pólos). A diferença marcante entre estas espécies consiste na forma da lórica, que em
Trachelomonas kelleggii é amplamente elíptica a subesférica, enquanto que em Trachelomonas
raciborskii é elíptica.
Os exemplares do Pantanal apresentaram dimensões celulares e forma da lórica até certo
ponto semelhantes a Trachelomonas hispida (Perty) Stein emend. Deflandre. No entanto, diferem
na forma da lórica, pirenóides e distribuição dos espinhos. Em Trachelomonas hispida a lórica é
geralmente elíptica, os cloroplastos apresentam duplo pirenóides e ocorrem espinhos cônicos e
curtos em toda superfície da lórica (Menezes 1994), enquanto que em Trachelomonas kelleggii a
lórica é emplamente elíptica a supesférica, os cloroplastos apresentam pirenóides internos (apenas
um por cloroplasto) e os espinhos concentram-se nos pólos ou se distribuem irregularmente na
superfície da lórica.
O presente material está de acordo com o documentado para Trachelomonas kelloggii em
Alves-Da-Silva (1998), Conforti (1993) e Tell & Conforti (1986).
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim em uma única amostra
fitoplanctônica/metafítica (16-XI-2006), início da estação chuvosa no Pantanal da Nhecolândia
(período de cheia). As condições ambientais desta lagoa no momento da coleta foram: pH 7,84;
condutividade elétrica 2.020 µmS cm
-
¹; salinidade 0,8; temperatura 35,1 ºC, potencial redox 83 mV.
Trachelomonas hispida (Perty) Stein emend. Deflandre var. coronata Lemmermannn
In Pascher, Süsswasserfl. Deutschl., 2(2): 150. 1913.
Figura 224
Lórica elíptica, 35,3-37,8 µm compr., 23,4-25,8µm larg., Rc/l = 1,5; pólos
amplamente arredondados, poro flagelar 3,3-5,5 µm diâm.; espessamento anelar
presente, colarinho 3,8-3,9 µm alt., 4,4-6,6 µm larg.; parede castanho-avermelhado
a castanho-esverdeado, espinhos cônicos, distribuídos homogeneamente por toda a
superfície da lórica, 1,1-1,9 µm compr.; cloroplastos numerosos, ca. 15, parietais,
discóides, alongados, 2,5-4,5µm diâm.; duplopirenóides presentes; grãos de paramido em forma de
bastão, ca. 2 µm compr.; estigma alongado; flagelo aproximadamente do tamanho da lórica.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-V-
2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
134
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Xavier (1985) comenta que conforme as ilustrações e descrições encontradas em Deflandre
(1926), Trachelomonas hispida (Perty) Stein emend. Deflandre var. coronata Lemmermannn difere
da variedade típica da espécie e da var. crenulatocollis (Maskell) Lemmermannn por apresentar a
abertura flagelar rodeada de fortes espinhos cônicos, grandes e ligados na base formando uma
coroa.
Alves-Da-Silva (1998) apresenta uma tabela comparativa das dimensões celulares de
Trachelomonas hispida (Perty) Stein emend. Deflandre var. coronata Lemmermannn registradas
para o Brasil até aquela data. Conforme o levantamento desta autora, a amplitude de variação
métrica desta variedade no Brasil é de 30-45 µm compr., 19-27,9 µm larg., Rc/l = 1,3-1,9.
O material analisado se enquadra em todos os limites métricos descritos para a variedade no
Brasil.
Trachelomonas hispida (Perty) Stein emend. Deflandre var. coronata teve sua presença
registrada somente na Baía da Sede Nhumirim em uma única amostra (16/XI/2006 - primavera),
início da estação chuvosa no Pantanal da Nhecolândia. As condições ambientais desta lagoa no
momento da coleta foram: pH 7,84; condutividade elétrica 2.020 µm S.cm-¹; salinidade 0,8;
temperatura 35,1 ºC, potencial redox 83 mV.
Trachelomonas volvocina Ehrenberg var. volvocina
Infus. 18, pl. 2,fig. 29. 1838.
Figura 225
Lórica esférica, 8,1-12,4 µm diâm.; póro flagelar ca. 1,5 µm diâm.; espessamento anelar
geralmente presente, colarinho ausente; parede marrom-acastanhada ou amarelo-
avermelhada, lisa; cloroplastos 2, em escudo, contorno irregular, ca. 7 µm compR.;
pirenóides internos presentes; grãos de paramido não observados; estigma arredondado; flagelo de
0,5 a 1,5 vezes o comprimento da lórica.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 34.
135
Tabela 34. Distribuição geográfica de Trachelomonas volvocina Ehrenberg var. volvocina no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton
água doce
Menezes &
Fernandes 1987
Poconé Baía do Coqueiro Marçal 2005
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-
Freire & Heckman
1996
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002
Pantanal Sul
Paraguai
Rio Paraguai e Lago
Castelo
fitoplâncton,
água doce
Oliveira &
Calheiros 2000
Rio Paraguai e Canal
do Tamengo
Silva et al. 2000
Comentários
Conforme a descrição de Pringsheim em 1953, Trachelomonas volvocina Ehrenberg
apresenta como características morfológicas a parede da lórica lisa ou levemente ornamentada,
embora nunca com espinhos, constituída de duas camadas, uma das quais é incolor e a outra
amarelada a acastanhada; além disso, a célula é nua, piriforme (jamais cilíndrica ou fusiforme), com
dois cloroplastos com pirenóides internos e, estigma relativamente grande. Morfologicamente,
Trachelomonas volvocina Ehrenberg assemelha-se com Trachelomonas volvocinopsis Swir. No
entanto, essas espécies podem ser diferenciadas pelos dois cloroplastos em escudo na primeira e
pelos vários cloroplastos discóides na segunda (Alves-Da-Silva 1998).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, em períodos de cheia.
Trachelomonas volvocinopsis Swirenko var. volvocinopsis
Arch. Hydrobiol. Plankt., 9: 633, pl. 19, fig. 1-3. 1914.
Figura 226
Lórica esférica, 9,3-16,7 µm diâm.; poro flagelar ca. 1,5 µm diâm.; espessamento
anelar presente, colarinho ausente; parede vermelho-acastanhada, lisa; cloroplastos
mais que 10, discóides ou alongados; pirenóides internos presentes; às vezes apresenta
grãos de paramido 1-2, em bastão, ca. 2,5 µm compr.; estigma arredondado ou algo alongado;
flagelo de 1-2 vezes o tamanho da lórica.
136
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 35.
Tabela 35. Distribuição geográfica de Trachelomonas volvocinopsis Swirenko var. volvocinopsis
no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres
fitoplâncton,
água doce
Menezes &
Fernandes 1987
Poconé Baía do Coqueiro
Marçal 2005
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-
Freire & Heckman
1996
Pantanal
Sul
Paraguai
Rio Paraguai e Canal
do Tamengo
fitoplâncton,
água doce
Silva et al.2000
Rio Paraguai e Lago
Castelo
Oliveira &
Calheiros 2000
Comentários
Conforme mencionado anteriormente, Trachelomonas volvocinopsis Swir. é
morfologicamente semelhante a Trachelomonas volvocina Ehrenberg, diferindo pelos vários
cloroplastos discóides na primeira e dois cloroplastos em escudo na segunda (Pringsheim 1953
citado por Menezes 1984).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, em períodos de cheia.
137
Figuras 174-178. Euglena polymorpha.Figura179.Lepocinclis acus (= Euglena acus). Figuras 180-183.
Lepocinclis fusca (= Euglena spirogyra var. fusca). Figuras 184-185. Lepocinclis oxyuris (= Euglena
oxyuris). Figuras 186-187. Lepocinclis caudata var. caudata. Figura 188. Lepocinclis ovum var. ovum.
Figuras 189-190. Lepocinclis truncata. Escalas valem 25 µm, com exceção das figuras 186-187 e 188, cujas
escalas valem 10 µm.
189188186
181
187
179
180
182
183
175 176 178
184 185
190
177174
138
Figuras 191-193. Lepocinclis salina var. salina. Figuras 194-196. Phacus contortus var. contortus. Figuras
197-199. Phacus longicauda var. longicauda, figuras 197 e 198 vista taxonômica, figura 199 vista lateral.
Figuras 200-203. Phacus longicauda var. torta. Escalas valem 10 µm.
200 203
196
197
198
199
193
192
191
195194
202
201
139
Figuras 204-207. Phacus onyx. Figuras 208-211. Phacus hamatus. Figura 212. Phacus pleuronectes;com
esquema da vista apical e lateral. Figuras 213-215. Strombomonas urceolata.Escalasvalem1m.
206
207
204
205
215213
208
209
214
212
211210
140
Figuras 216-218. Trachelomonas armata var. armata. Figuras 219-222. Trachelomonas armata var. steinii.
Figura 223. Trachelomonas kelloggii. Figura 224. Trachelomonas hispida var. coronata. Figuras 225.
Trachelomonas volvocina var. volvocina. Figura 226. Trachelomonas volvocinopsis var. volvocinopsis.
Escalas valem 10 µm.
216
224
219 222
218217
220 221
223 226225
141
Classe Chlorophyceae
Chave de identificação dos gêneros de Chlorophyceae encontrados nas lagoas estudadas
1 Indivíduos coloniais, com dois flagelos iguais na fase vegetativa ..................................... Eudorina
1 Indivíduos filamentosos, unicelulares ou coloniais, sem flagelos na fase vegetativa ................. .... 2
2 Indivíduos filamentosos, filamentos polarizados, células com cicatrizes apicais
............................................................................................................................... Oedogonium
2 Indivíduos unicelulares ou coloniais ................................................................................... 3
3 Indivíduos unicelulares, células fusiformes ou sigmóides ...................................... Monoraphidium
3 Indivíduos coloniais, células arredondadas ou alongadas ............................................................... 4
4 Colônias com arranjo definido (cenóbios) ........................................................................... 5
4 Colônias sem arranjo definido ............................................................................................. 7
5 Colônias arredondadas, células arranjadas em mais que um plano ................................ Coelastrum
5 Colônias planas, células arranjadas em um único plano ................................................................. 6
6 Parede celular ornamentadas com espinhos .................................................... Desmodesmus
6 Parede celular lisa ............................................................................................ Scenedesmus
7 Colônias arredondadas, formadas por células em grupos de 4, unidas entre si por fios
mucilaginosos .......................................................................................................... Dictyosphaerium
7 Colônias tetraédricas ou triangulares, formadas por células apenas agrupadas, parede celular com
setas longas (mínimo de 20 µm) ................................................................................... Micractinium
Ordem Volvocales
Eudorina Ehrenberg
Eudorina elegans Ehrenberg
Phys. Abh. K. Akad. Wiss. Berlin, 1831: 78, pl. 2, Figs. 10a-d, 1832.
Figuras 227-240
Colônias assexuadas ovaladas ou arredondadas, envoltório mucilaginoso comum
duplo, conspícuo, liso; pólo posterior das colônias geralmente truncado, às vezes
arredondado; colônias adultas, 56,3-133,8 µm compr., 53,8-115 µm larg., Rc/l=
(1)1,1-1,2; colônias filhas, 30-37,5 µm compr., 27,5-32,5 µm larg., Rc/l= 1,1-1,2;
32 células esféricas nas vistas frontal e polar, bainha de mucilagem individual
142
ausente; células adultas, 9,8-11 µm diâm., arranjadas regularmente em 5 séries paralelas distintas,
de 4-8-8-8-4 células, às vezes as células das séries intermediária alternadas entre si, dispostas
próximas à periferia do envoltório mucilaginoso nas colônias adultas, distantes nas colônias jovens;
cada célula com dois flagelos iguais, 0,2-1 vez o diâmetro da célula, os quais tocam ou quase a
margem interna da mucilagem, não emergindo para fora desta; estigma arredondado, localizado na
região anterior da célula, maior na série anterior, tamanho reduzido nas séries posteriores e
geralmente ausente na última série; divisão das células simultânea com formação de 32 colônias
filhas; cloroplasto único, poculiforme, pirenóides presentes, inconspícuos, 2-3 nas células adultas.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 36.
Tabela 36. Distribuição geográfica de Eudorina elegans Ehrenberg no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres ñ.e. Borge 1925
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002
Pantanal
Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Oliveira & Calheiros
2000
Comentários
Eudorina elegans Ehrenberg foi descrita originalmente por Ehrenberg, em 1832, como:
“colônias arredondadas ou elíptico-alargadas, envoltório mucilaginoso comum liso, com 32 células
dispostas na periferia da mucilagem” (Menezes 1994).
Menezes (1994) comenta detalhadamente a taxonomia desta espécie, destacando os
trabalhos de Rabenhorst (1868) e Goldstein (1964) como os primeiros a descreverem,
respectivamente, a disposição das células em distintas séries eqüidistantes na colônia e a presença
de pirenóides nas células de Eudorina elegans Ehrenberg
Os exemplares do Pantanal apresentaram colônias geralmente ovaladas com pólo posterior
truncado (figuras 231, 232 e 235), células adultas com dois flagelos iguais, curtos, 0,2-1 vez o
diâmetro da célula, os quais tocam ou quase a margem interna da mucilagem, às vezes emergindo
para fora desta (figuras 227, 228, 229). Quanto à forma e tamanho das células adultas, observou-se
143
que estas são esféricas e de tamanhos regularmente iguais na colônia (figuras 231, 232, 233, 235,
236 e 237). A análise de material vivo permitiu observar que as colônias adultas entraram em
reprodução assexuada (auto-esporulação), onde na maioria dos indivíduos todas as células se
dividiram de forma simultânea, com a formação de 32 colônias filhas distribuídas irregularmente no
envelope mucilaginoso comum (figuras 234, 238, 239). Esta observação difere do que foi
encontrado por Menezes (1994) ao estudar material do Rio de Janeiro. Esta autora cita uma divisão
não simultânea e conseqüentemente a presença de células filhas em diferentes estádios de
desenvolvimento. No material do Pantanal, ocorreram os dois casos, ou seja, divisão simultânea
(figuras 234, 238 e 239) e divisão não simultânea (figura 240).
Identificamos o presente material como Eudorina elegans Ehrenberg com base nas
dimensões celulares e forma das células e colônias adultas e jovens que estão de acordo com o
documentado por Huber-Pestalozzi (1961) e Menezes (1994).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
Ordem Chlorococcales
Coelastrum Nägeli
Chave para identificação dos táxons documentados
1 Cenóbios com células ovóides .................................................................................... C. astroideum
1 Cenóbios com células esféricas ................................................................................. C. microporum
Coelastrum astroideum De Notaris
Elem. Stud. Desm. ital. 80. 1867.
Figura 248
Cenóbios esféricos, 24-28 µm diâm., 8-16 células; células ovóides, unidas
diretamente por suas paredes, sem processos mucilaginosos entre si, achatadas na
região de contato, 6-9 µm compr., 6-8 µm larg.; parede celular lisa, sem
espessamento apical; espaços intercelulares quadrangulares, menores que a
largura celular; cloroplasto único, parietal, com 1 pirenóide central.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
144
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 37.
Tabela 37. Distribuição geográfica de Coelastrum astroideum De Notaris no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996
Comentários
De acordo com Comas (1996), Coelastrum astroideum é próximo a Coelastrum
pseudomicroporum em relação a forma e distribuição das células, diferindo apenas quanto a
presença ou ausência de processos mucilaginosos entre as células: presentes em Coelastrum
pseudomicroporum e ausentes em Coelastrum astroideum. O mesmo autor, ao estudar material
tanto de cultivo quanto de populações naturais provenientes de Cuba, comenta que Coelastrum
astroideum não forma apêndices de união entre suas células em nenhuma fase do ciclo de vida.
Coelastrum astroideum De Notaris assemelha-se também à Coelastrum microporum Nägeli
do qual difere pelo formato da célula. Em Coelastrum microporum Nägeli as células são esféricas e
em Coelastrum astroideum De Notaris ovaladas.
As características morfológicas do material do Pantanal estão perfeitamente de acordo com o
descrito na literatura para Coelastrum astroideum De Notaris (Komárek & Fott 1983, Sant’Anna
1984, Nogueira 1991, Comas 1996).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica.
Coelastrum microporum Nägeli
In A. Braun, Alg. unicell. 70. 1855.
Figuras 241-244
Cenóbios esféricos, 27-43,8 µm diâm., com 16-32(64) células; células esféricas,
unidas diretamente por suas paredes, sem processos mucilaginosos entre si,
achatadas na região de contato, (5,5)7,6-10,9 µm diâm.; parede celular lisa, sem
espessamento apical; espaços intercelulares retangulares, geralmente até metade do
diâmetro celular ou ausentes; cloroplasto único, parietal, com 1 pirenóide.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
145
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 38.
Tabela 38. Distribuição geográfica de Coelastrum microporum Nägeli no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Sul
ñ.e. Corumbá ñ.e. Bohlin 1897
Paraguai
Rio Paraguai e
Canal do Tamengo
fitoplâncton,
água doce
Silva et al. 2000
Paraguai Rio Paraguai fitoplâncton, água doce
Oliveira &
Calheiros 2000
Comentários
Coelastrum microporum Nägeli é caracterizado por apresentar cenóbios e células esféricas,
sem processos de união entre si. Assim, os exemplares do Pantanal estão de acordo com o descrito
na literatura especializada para este táxon (Korshikov 1953, Komárek & Fott 1983, Sant’Anna
1994, Comas 1996).
Coelastrum microporum Nägeli assemelha-se à Coelastrum astroideum De Notaris do qual
difere pelo formato da célula. Em Coelastrum astroideum De Notaris as células são ovaladas
enquanto que em Coelastrum microporum Nägeli são esféricas.
No material estudado foram observados cenóbios em auto-esporulação com multiplicação
não sincronizada entre as células. Nestes cenóbios ocorreram células filhas em diferentes estágios
de desenvolvimento (figura 244).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
Desmodesmus An et al.
Desmodesmus opoliensis var. mononensis (R. Chodat) Hegewald
Algological Studies, 96, pg. 18. 2000.
Basiônimo: Scenedesmus opoliensis var. mononensis R. Chodat.
Z. Hydrol. 3: 210, fig. 112. 1926.
Figuras 245-247
Cenóbios retos, 11,5-16,8 µm compr. (sem espinhos), 4 células dispostas
linearmente; células extremas elipsóides, pólos cônico-truncados, levemente curvos
para fora, cada um com 1 espinho longo (13,2-15,8 µm compr.), células internas
fusiformes, com ou sem dentículos (ca. 1 µm compr.); dimensões celulares 14,3-17,3
µm compr., 3,7-4,4 µm larg.; cloroplasto único, parietal, com 1 pirenóide.
146
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Os espécimes do Pantanal foram identificados com Scenedesmus opoliensis P. Richter var.
mononensis R. Chodat de acordo com a diagnose original citada por Hegewald & Silva (1988), e
também com o descrito para este mesmo táxon em Komárek & Fott (1983). Conforme a descrição
original, Scenedesmus opoliensis var. mononensis apresenta grande variabilidade na disposição e
tamanho dos espinhos das células internas, podendo estar ausentes ou apresentarem apenas
dentículos, enquanto que nas células extremas os espinhos são longos e os pólos celulares são algo
atenuados e truncados na base de inserção do espinho (Hegewald & Silva 1988).
Os exemplares do Pantanal apresentaram freqüentemente 1 dentículo nos pólos das células
internas (figura 247), mas em alguns indivíduos estes não estavam presentes (figura 246). As
células extremas apresentaram-se com características bastante estáveis, com pólos truncados na
base de inserção do espinho, conforme descrito originalmente para Scenedesmus opoliensis var.
mononensis Chodat (figuras 245-247).
Conforme An et al. (1999) e Hegewal (2000), essa espécie passou para o gênero
Desmodesmus devido à presença de espinhos nas células e, segundo a nova combinação, o nome
correto do táxon passou a ser Desmodesmus opoliensis var. mononensis (R. Chodat) Hegew.
(Hegewald 2000).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
Dictyosphaerium Nägeli
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Célula adultas ovaladas, 3,8-4,4 µm compr., 3,0-3,3 µm larg. ........................................ D. elegans
1 Células adultas esféricas, 5,3-7,5 µm diâm. ............................................................... D. pulchellum
Dictyosphaerium elegans Bachmann
Ber. Deutsch. Bot. Ges. 31: 184, 187, fig. 1. 1913.
Figura 249
147
Colônias alongadas, ovaladas ou irregulares, com (4)-8-16-32 células; células adultas
ovaladas, 3,8-4,4 µm compr., 3,0-3,3 µm larg., arranjadas em grupos de 4 células,
unidas por pedúnculos mucilaginosos; inserção do pedúnculo na região mediana da
célula; cloroplasto único, parietal, pirenóides ausentes; reprodução não observada.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 39.
Tabela 39. Distribuição geográfica de Dictyosphaerium elegans Bachmann no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres
Ilha de
Taiamã
fitoplâncton, perifíton,
água doce
De-Lamonica-Freire &
Sant’Anna 1993
Pantanal de
Poconé
Baía do
Coqueiro
fitoplâncton,
água doce
Marçal 2005
Comentários
Os exemplares do Pantanal assemelham-se a Dictyosphaerium tetrachotomum var. minutum
(Taylor) Kom. em relação às dimensões celulares e forma das células, porém em Dictyosphaerium
tetrachotomum var. minutum os pirenóides estão sempre presentes e em Dictyosphaerium elegans
Bachmann não há pirenóide (Komárek & Fott 1983).
Komárek & Fott (1983) apresenta as seguintes características para Dictyosphaerium elegans
Bachmann:colônias até 85 µm compr.; células (3,5)5-5,5 µm compr., (2)-3 µm largura, hábito
planctônico em lagos e lagoas da Europa.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica no
período de cheia.
Dictyosphaerium pulchellum Wood
Smithson. Contrib. Knowl. 19 (241): 84, pl. 10, Fig. 4. 1872.
Figura 250
Colônias arredondadas ou ovóides, com 4-8 células; células adultas esféricas, 5,3-7,5
µm diâm., arranjadas em grupos de 4 células unidas por pedúnculos mucilaginosos;
cloroplasto único, parietal, ocupando ½ da célula ou mais, 1 pirenóide; reprodução
não observada.
148
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929);
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 40.
Tabela 40. Distribuição geográfica de Dictyosphaerium pulchellum Wood no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres
lago de água de
chuva
ñ.e. Borge 1925
Ilha de Taiamã
fitoplâncton, perifíton,
água doce
De-Lamonica-Freire &
Sant’Anna 1993
Poconé
Baía do
Coqueiro
fitoplâncton, água doce Marçal 2005
Pantanal
Sul
Paraguai Rio Paraguai fitoplâncton, água doce
Oliveira & Calheiros
2000
Comentários
As características morfológicas do material do Pantanal estão perfeitamente de acordo com o
documentado em literatura para Dictyosphaerium pulchellum Wood (Komárek & Fott 1983,
Sant’Anna 1984, Comas 1996).
Táxon encontrado nas lagoas Baía da Sede Nhumirim e Salitrada Campo Dora, em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Micractinium Fresenius
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Colônias piramidais ou triangulares, células 3,5-4,5 µm diâm. ............................. M. bornhemiense
1 Colônias tetraédricas ou quadráticas, células 3,8-6,2 µm diâm. .................................... M. pusillum
149
Micractinium bornhemiense (Conrad) Korsikov
Protococcineae. 401, fig. 1-3. 405. 1953.
Basiônimo: Errerella bornhemiensis Conrad, Bull. Soc. r. bot. Belg. 52: 242, fig. 1-3. 1913.
Figuras 268-270
Colônias piramidais ou triangulares, 16-32-64 células; células esféricas, 3,5-4,5 µm
diâm.; setas 1-2, retas, delicadas, longas, 30-50 µm compr., dispostas na margem livre
das células; cloroplasto único, poculiforme com 1 pirenóide; autósporos não
observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 41.
Tabela 41. Distribuição geográfica de Micractinium bornhemiense (Conrad) Korsikov no Pantanal
Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002
Comentários
O arranjo celular nas colônias, a forma das células e as setas são características importantes
na identificação das espécies de Micractinium (Nogueira 1991).
Nos exemplares do Pantanal foi comum a ocorrência de colônias com arranjo piramidal, e
outras com arranjo tetraédrico ou quadrangular numa mesma amostra. As primeiras foram
identificadas com Micractinium bornhemiense e as segundas com Micractinium pusillum conforme
sugerido por Philipose (1967), Komárek & Fott (1983), Sant’Anna (1984) e Nogueira (1991). De
acordo com estes autores, estas espécies são bastante semelhantes entre si e em muitos casos ocorre
sobreposição de medidas celulares e do número, tamanho e disposição das setas. Portanto, o caráter
arranjo celular das colônias é o que melhor contribui para separação entre Micractinium pusillum e
Micractinium bornhemiense, o que também foi observado nos exemplares do Pantanal.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica no
período de cheia.
150
Micractinium pusillum Fraesenius
Abh. senckenb. naturforsch. Ges. 2:236, pl. 11, figs. 45-49. 1858.
Figuras 266-267
Colônias tetraédricas ou quadráticas, 8-16-32 células; células esféricas, 3,8-6,2 µm
diâm.; setas 2-5, retas, delicadas, longas (20)50-63 µm compr., dispostas na margem
livre das células; cloroplasto único, poculiforme com 1 pirenóide; autósporos não
observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 42.
Tabela 42. Distribuição geográfica de Micractinium pusillum Fraesenius no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton, água
doce
Domitrovic 2002
Pantanal Sul
Paraguai
Rio Paraguai e
Lago Castelo
fitoplâncton, água
doce
Oliveira & Calheiros 2000
Comentários
De acordo com Philipose (1967), Micractinium pusillum Fraesenius apresenta colônias
quadráticas, tetraédricas ou mais raramente piramidais, geralmente com quatro grupos de células de
forma quadrática ou piramidal, células com uma ou 2 a 5 setas finas, hialinas e longas,
freqüentemente com 30 µm comprimento podendo atingir até 60 µm. Ainda conforme Philipose
(1967), Micractinium pusillum assemelha-se à Micractinium bornhemiense (Conrad) Korsikov, do
qual difere por este apresentar colônias piramidais, com células arranjadas em quatro grupos, cada
um também piramidal, setas com até 90 µm comprimento e mais espessas na base do que as de
Micractinium pusillum.
Nas amostras do Pantanal foram encontradas populações das duas espécies. As com arranjo
piramidal das colônias foram identificadas com Micractinium bornhemiense e as com arranjo
tetraédrico ou quadrangular com Micractinium pusillum, conforme sugerido por Komárek & Fott
(1983), Sant’Anna (1984) e Nogueira (1991).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
151
Monoraphidium Komarková-Legnerová
Monoraphidium irregulare (G. M. Smith) Kom.-Legn.
In Fott, B. (ed.): Studies in Phycology, pg. 106, Pl. 19. 1969.
Basiônimo: Dactylococcopsis irregularis G. M. Smith Ark. Bot. 17, p. 6, Fig. 26-28, 1922.
Figuras 251-252
Células isoladas, fusiformes, alongadas, delgadas, às vezes cilíndricas em sua porção
mediana, sigmóides até algo espiraladas, com 1-(2) curvaturas; ápices afilados,
pontiagudos; dimensões celulares 40-48 µm compr. (dist. entre os ápices), 1,3-1,7 µm larg.;
cloroplasto único, parietal, ocupando quase toda a célula, sem pirenóide; reprodução não
observada.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 43.
Tabela 43. Distribuição geográfica de Monoraphidium irregulare (G. M. Smith) Kom.-Legn. no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Norte-
Sul
Paraguai Rio Paraguai fitoplâncton, água doce Domitrovic 2002
Comentários
Os exemplares do Pantanal estão de acordo com o descrito originalmente para
Monoraphidium irregulare (G. M. Smith) Kom.-Legn. (Komárková-Legnerová 1969).
Táxon encontrado apenas na lagoa Salitrada Campo Dora em número reduzido de
indivíduos, em uma única amostra fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Scenedesmus Meyen
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Cenóbios com 4-8 células alternadas em zigue-zague, células extremas lunadas com a face
externa côncava ou quase reta, face interna convexa; células internas fusiformes, retas, ambas as
faces convexas ....................................................................................... Scenedesmus cf. baculiformis
152
1 Cenóbios com 2-4 células paralelas em um único plano, células extremas e internas não
diferenciadas ....................................................................................................................................... 2
2 Células 10-10,7 µm compr., 4,4-4,8 µm larg., com 1 espinho curto em pólos
diagonalmente correspondentes ........................................... S. bicaudatus var. brevicaudatus
2 Células 7,8-9,4 µm compr., 2,9-4,3 µm larg., espinhos ausentes .......................... S. ecornis
Scenedesmus bicaudatus (Hansg.) R. Chodat var. brevicaudatus Hortabágyi
Borbásia 2: 8, pl. I, fig. 17, pl. II, fig. 22. 1940.
Figuras 253-256
Cenóbios retos, 2 células dispostas linearmente; células oblongas, pólos arredondados;
espinho curto (1,8-2,6 µm compr.) localizado em pólos diagonalmente
correspondentes; dimensões celulares 10-10,7 µm compr., 4,4-4,8 µm larg.;
cloroplasto único, parietal, com 1 pirenóide.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Fazenda Campo Dora, lagoa:
Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani s.n. (SP390909); 8-V-2005,
K.R.S. Santos s.n. (SP 390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
O gênero ScenedesmusMeyen foi dividido em dois gêneros (An et al. 1999): Scenedesmus e
Desmodesmus de acordo com resultados de seqüências gênicas do rDNA ITS-2, onde as espécies de
Scenedesmus com espinhos nas células extremas e/ou intermediárias do cenóbio foram transferidas
para o gênero Desmodesmus, enquanto que as que não apresentam espinhos foram mantidas como
Scenedesmus (Hegewal 2000).
Exceto para o presente táxon, adotamos para todos os demais as novas combinações dos
táxons de Scenedesmus com espinhos que foram transferidos para o gênero Desmodesmus,
conforme organizado por Hegewald (2000).
Assim o presente táxon foi identificado com Scenedesmus bicaudatus (Hansg.) R. Chodat
var. brevicaudatus Hortabágyi de acordo com Hegewald & Silva (1988). Conforme estes autores,
Scenedesmus bicaudatus (Hansg.) R. Chodat var. brevicaudatus Hortabágyi é caracterizado por
apresentar 2-4 células, com 1 espinho curto em cada célula extrema, dispostos em pólos
153
diagonalmente correspondentes. Estas características aliadas às dimensões celulares levaram-nos a
identificar os exemplares do Pantanal com o referido táxon.
Apesar de Scenedesmus bicaudatus (Hansg.) R. Chodat var. brevicaudatus Hortabágyi
possuir espinhos nas células extremas, em Hegewald (2000) não consta a nova combinação deste
táxon para o gênero Desmodesmus.
Portanto, até que seja providenciada a nova combinação de Scenedesmus bicaudatus
(Hansg.) R. Chodat var. brevicaudatus Hortabágyi adotamos este nome de acordo com a
circunscrição original documentada em Hegewald & Silva (1988).
Nos exemplares do Pantanal a observação dos espinhos ao microscópio óptico foi difícil,
devido à pequena espessura e dimensão dos mesmos (figura 240), sendo mais bem observados com
auxílio de contraste de fase (figuras 238, 239).
Táxon encontrado somente na lagoa Salitrada Campo Dora em amostra
fitoplanctônica/metafítica, períodos de seca e de cheia.
Scenedesmus cf. baculiformis Chodat
Z. Hydrol. 3: 158, fig. 48. 1926.
Figuras 257-260
Cenóbios retos, (4)-8 células, alternadas em ziguezague; células externas lunadas,
com a face externa côncava a quase reta, face interna convexa, pólos arredondado-
acuminados, levemente espessados; células internas fusiformes, retas, ambas as faces
convexas, pólos algo atenuado-arredondados; dimensões celulares 12,2-26,4 µm compr., (2,8)3,5-
8,5(9,5) µm larg.; cloroplasto único, parietal, com 1 pirenóide.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal: primeira citação.
Comentários
Scenedesmus baculiformis Chodat foi descrito originalmente por Chodat (1926), citado por
Hegewal & Silva (1988), a partir de material proveniente do Lago Victória, oeste da África. No
referido trabalho consta uma ilustração e a diagnose da espécie com as seguintes características:
cenóbios formados por 4 células alternadas assimetricamente, dispostas em ziguezague. Muitos
autores consideram este táxon próximo à Scenedesmus obliquus (Turpin) Kützing var. obliquus
154
Turpin, apresentando semelhanças também com Scenedesmus obtusus Meyen e sendo questionável
como um táxon independente (Comas 1996).
O material do Pantanal apresenta pólos das células externas levemente espessados
(capitados) semelhante à Scenedesmus bacillaris Gutw. (= S. producto-captatus). Porém, as células
internas do material estudado são diferentes, apresentando forma fusiforme, reta, com ambas as
faces convexas, pólos algo atenuados, arredondados e em Scenedesmus bacillaris não há diferenças
morfológicas entre células internas e externas.
Quanto ao número de células por cenóbios, os exemplares do Pantanal apresentaram
cenóbios principalmente com 8 células (figura 243-245), apenas alguns com 4 células (figura 242),
estes últimos aproximam-se muito bem da ilustração original de Scenedesmus baculiformis. Em
relação à disposição das células no cenóbio, observamos ampla variação, desde células tocando-se
entre si apenas pela margem interna, representando a maioria dos cenóbios (figura 243), até células
tocando-se quase que em todo seu comprimento (figura 245). Um fato interessante é que
Scenedesmus baculiformis foi descrito para ambiente tropical, Lago Victória, África e constatamos
que muitos táxons identificados para as lagoas do Pantanal da Nhecolândia são comuns aos
registrados para aquela região. Desta forma, apesar da variação do número de células por cenóbio,
acreditamos que o material do Pantanal representa uma variabilidade morfológica de Scenedesmus
baculiformis conforme a diagnose original da espécie.
Se confirmada a identificação, o presente material demonstrará que Scenedesmus
baculiformis Chodat é uma espécie válida, necessitando de ampliação na sua circunscrição.
Portanto, optamos por manter o presente material como Scenedesmus cf. baculiformis até que
estudos futuros possam melhor esclarecer o posicionamento taxonômico desta espécie.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim, em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
Scenedesmus ecornis (Ehrenberg ex Ralfs) Chodat
Z. Hydrol. 3: 170. 1926.
Basiônimo: Scenedesmus quadricaudatus var. ecornis Ehrenberg ex Ralfs.
Ann. & Mag. Nat. Hist. 15: 402, pl. XII: fig. 4 c. 1845.
Figuras 261-265
Cenóbios retos, 2-4 células linearmente dispostas; células cilíndrico-elipsoidais, parede
totalmente lisa, sem ornamentações ou espessamento apical, pólos arredondados;
dimensões celulares, 7,8-9,4 µm compr., 2,9-4,3 µm larg.; cloroplasto único, parietal,
com 1 pirenóide.
155
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (SP390909), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914); 21-IV-2006, K.R.S. Santos s.n.
(SP390920); Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 16-XI-2006, K.R.S. Santos s.n.
(SP390926).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 44.
Tabela 44. Distribuição geográfica de Scenedesmus ecornis (Ehrenberg ex Ralfs) Chodat no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Poconé Baía do Coqueiro fitoplâncton, água doce
Marçal 2005
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai fitoplâncton, água doce
Domitrovic
2002
Comentários
De acordo com a diagnose original de Scenedesmus ecornis (Ehrenberg ex Ralfs) Chodat
com base no basiônimo Scenedesmus quadricaudatus var. ecornis Ehrenberg ex Ralfs. citado por
Hegewald & Silva (1988), os “cenóbios apresentam todas as células similares e sem espinhos”, no
referido trabalho consta uma única ilustração do cenóbio com 4 células. HindáK (1990) comenta
que as características desta curta diagnose e ilustração, também podem ser encontradas em algumas
outras espécies de Scenedesmus, por exemplo, as que apresentam pólos arredondados como
Scenedesmus ellipticus e Scenedesmus bacillares. Ao estudar cepas mantidas em cultura
provenientes principalmente da Eslováquia, Hindák (1990) constatou que os exemplares de
Scenedesmus ecornis apresentaram ápices um pouco cônicos, arredondados, e alguns poucos
apresentaram pequenas verrugas.
Os exemplares do Pantanal apresentaram, na maioria dos cenóbios, 4 células iguais
dispostas linearmente (figura 264, 265), alguns indivíduos apresentaram células mais ou menos
alinhadas outros levemente desalinhadas. Os cenóbios de 2 células apresentaram formas celulares
constantes, praticamente iguais (figura 261, 262, 263). Ambos os tipos de cenóbios apresentaram
parede celular lisa, sem verrugas ou qualquer ornamentação, cloroplasto parietal e um pirenóide
geralmente localizado no centro da célula.
O presente material foi identificado com Scenedesmus ecornis com base na diagnose
original da espécie apresentada por Hegewald & Silva (1988).
Táxon encontrado nas lagoas Salitrada Campo Dora e Baía da Sede Nhumirim, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, nos períodos de cheia e de seca.
156
Ordem Oedogoniales
Oedogonium Link
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Filamentos maiores, células vegetativas 13-20 µm larg., oogônios ovalados, 72 µm compr., 55 µm
larg., poro superior, parede do oósporo escrobiculada ................................................... O. punctatum
1 Filamentos menores, células vegetativas 8,6-12,7 µm larg., oogônios obovóides, globosos ou
subglobosos, abertura em poro ou fenda transversal, parede do oósporo lisa .................................... 2
2 Oogônios obovóides a subglobosos, 29,6-33 µm compr., 28,5-32,3 µm larg., poro superior
........................................................................................................................... O. subdissimile
2 Oogônios globosos a subglobosos, 25-37 µm compr., 26-35 µm larg., abertura por fenda
transversal mediana ........................................................................................ Oedogonium sp.
Oedogonium punctatum Wittrock
Bot. Not. 1878: 142. 1878.
Figuras 276-277
Indivíduos, dióicos, macrândricos*; células vegetativas cilíndricas, filamentos
femininos 55-75 µm compr., 13-20 µm larg., filamentos masculinos 50-80(-100) µm
compr., 10-12,5 µm larg.; cloroplasto único parietal, de aspecto reticulado, pirenóides
presentes; oogônios ovalados 1-2, 72 µm compr., 55 µm larg., poro superior, parede
lisa; oósporos ovalados, 60 µm compr., 43 µm larg., parede escrobiculada; anterídios
5-10 µm compr., 10 µm larg.
*não produzem célula reprodutora masculina anã.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
O gênero Oedogonium Link ex Hirn apresenta como característica marcante a presença de
cicatrizes ou calotas apicais resultantes do processo único de divisão celular na fase vegetativa. A
157
célula basal é modificada numa estrutura de fixação que pode ser simples ou multilobada na porção
proximal (Bold & Wynne 1985).
A taxonomia infragenérica em Oedogonium está quase que em sua totalidade relacionada à
vida reprodutiva. O que torna imprescindível a observação e acompanhamento de todo processo
reprodutivo a fim de caracterizar o organismo a ser identificado (Dias 1997).
De acordo com Dias (1997) o grande número de táxons descritos para este gênero, os quais
carecem muitas vezes de uma delimitação precisa, e em muitos casos a sobreposição principalmente
de medidas entre as espécies, torna a identificação infragenérica bastante difícil ou até mesmo
inviável.
O presente táxon foi identificado como Oedogonium punctatum Wittrock de acordo com a
circunscrição apresentada em literatura (Hirn 1900, Tiffany 1937).
Os exemplares do Pantanal ocorreram apenas na lagoa Salitrada Campo Dora, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, em períodos de cheia. Os filamentos encontravam-se associados com
outras espécies de Oedogonium spp. e desmídias. As variáveis abióticas nesta lagoa foram as
seguintes: pH= 5,02–7,6; condutividade elétrica= 318–648 µS.cm
-1
; salinidade= 0,0; temperatura=
23–27,5 ºC; oxigênio dissolvido= 4,1 mg.L
-1
.
Oedogonium subdissimile Jao
Monographia Oedogonialis. Sinicae. p. 325, pl. 27: figs. 9-13. 1979.
Figura 275
Indivíduos dióicos, macrândricos; células vegetativas cilíndricas, filamentos femininos
38-58 µm compr., 8,6-11,8 µm larg.; filamentos masculinos 36-58 µm compr., 8,6-12,9
µm larg.; cloroplasto único parietal, de aspecto reticulado, pirenóides presentes;
oogônios obovóides a subglobosos, 29,6-33 µm compr., 28,5-32,3 µm larg., poro
superior, parede lisa; oósporos globosos, 23-29 µm diâm., parede lisa; anterídios 4,4-
11,1 µm compr., 11,2-13 µm larg.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914); 4-
V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
158
Oedogonium subdissimile Jao foi descrito a partir de material proveniente da China (Jao
1979 citado por Sophia et al. 2005).
A população estudada foi comum na amostra e apresentou todas as estruturas reprodutivas
imprescindíveis para sua correta identificação. Assim, o presente material foi identificado de acordo
com a circunscrição de Oedogonium subdissimile Jao documentada em literatura (Dias 1997, Novis
2003, Sophia et al. 2005).
Os exemplares do Pantanal ocorreram apenas na lagoa Salitrada Campo Dora, em amostra
fitoplanctônica/metafítica, em períodos de cheia. Os filamentos encontravam-se associados com
outras espécies de Oedogonium spp. e desmídias. As variáveis abióticas nesta lagoa foram as
seguintes: pH= 5,02–7,6; condutividade elétrica= 318–648 µS.cm
-1
; salinidade= 0,0; temperatura=
23–27,5 ºC; oxigênio dissolvido= 4,1 mg.L
-1
.
Condições ambientais semelhantes às documentadas no presente estudo foram registradas
para esta mesma espécie por Dias (1997) e Sophia et al. (2005) a partir de material brasileiro
coletado nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul respectivamente. Novis (2003)
documentou a ocorrência deste táxon para a Nova Zelândia. A tabela 44 apresenta as variáveis
abióticas da água onde Oedogonium subdissimile Jao foi registrado por diferentes autores.
Tabela 45. Variáveis abióticas dos locais de coleta de Oedogonium subdissimile Jao.
Oedogonium subdissimile Jao
Santos
(presente
trabalho)
Dias (1997)
Rio de
Janeiro
Sophia et al. (2005)
Rio Grande do Sul
Novis (2003)
Nova
Zelândia
pH
5,02–7,6 5,8 5,0 7,0-8,1
Condutividade µS cm
-1
318–648 26 10 60-150
temperatura ºC 23–27,5 19,5 22 -
Como observado na tabela, a espécie é comum em águas com pH levemente ácido, embora
também foi encontrada em pH levemente alcalino (Novis 2003). Ocorre em águas com
condutividade elétrica baixa, no entanto, no presente ocorreu em águas com valores de
condutividade elétrica significativamente maiores que o registrado por Dias (1997), Sophia et al.
(2005) e Novis (2003), a mesma observação é válida com relação à temperatura.
159
Oedogonium sp.
Figuras 271-274
Indivíduos dióicos, nanândricos* (?), idioandrospóricos
#
; células vegetativas cilíndricas,
19-50 µm compr., 9,1-12,7 µm larg.; cloroplasto único parietal, de aspecto reticulado,
pirenóides presentes; oogônios globosos a subglobosos 1-7, 25-37 µm compr., 26-35
µm larg., abertura por fenda transversal mediana, parede lisa; oósporos globosos, 23-32
µm diâm., parede lisa; anterídios 3,9-10 µm compr., 9-12 µm larg., nanândrios (?) 7,5-
9,9 µm compr., 5,5-8,5 µm larg.
*produzem célula reprodutora masculina anã (nanândrio).
#
os androsporângios ocorrem em filamentos separados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (SP390909), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914); 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n.
(SP390928); Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n.
(SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Os prováveis nanândrios observados ocorreram em poucos filamentos da população
estudada, na superfície dos oogônios (figura 271). Se confirmado a presença de nanândrios,
Oedogonium sp. assemelha-se a Oedogonium decipiens var. africanum Tiffany por ser dióico,
nanândrico e idioandrospórico. No entanto, este último táxon apresenta apenas 1-2 oogônios
(Tiffany 1937), enquanto que o material do Pantanal apresentou até 7 (figura 273).
Oedogonium decipiens var. dissimile (Hirn) Tiffany é uma variedade proposta a partir de
material brasileiro e também se assemelha aos espécimes do presente estudo. Porém, esta variedade
possui filamentos ginandrospóricos (Tiffany 1937) e os exemplares do Pantanal são
idioandrospóricos.
Estudos posteriores serão realizados para confirmação da presença ou ausência de
nanândrios neste táxon bem como as demais estruturas reprodutivas (androsporângios e anterídios)
dos filamentos masculinos.
Táxon encontrado com estrutura reprodutiva somente na Salitrada Campo Dora, em amostra
fitoplanctônica/metafítica nos períodos de cheia e de seca. Os filamentos encontravam-se
associados com outras espécies de Oedogonium spp. e desmídias. As variáveis abióticas nesta lagoa
160
nos períodos de cheia em que ocorreram foram: pH 5,02–7,6; condutividade elétrica 318–648 µS
cm
-1
; salinidade 0,0; temperatura 23–27,5 ºC; oxigênio dissolvido 4,1 mg.L
-1
. Não foram obtidas as
variáveis abióticas do período de seca que ocorreu Oedogonium sp. Ocasião em que os valores de
pH e condutividade elétrica provavelmente seriam mais elevados.
Na Baía da Sede Nhumirim ocorreram filamentos sem estruturas de reprodução em uma
única coleta no período de cheia. Estes, provavelmente são representantes de Oedogonium sp. por
apresentarem células vegetativas com medidas idênticas às documentadas para o material fértil da
Salitrada Campo Dora.
161
Figuras 227-240. Eudorina elegans. Figuras 230-233, 235-237. Colônias adultas. Figuras 234, 238-240.
Colônias em autoesporulação. Escalas valem 10 µm, com exceção das figuras 234, 238, 239 e 240 que valem
50 µm.
239
237
240
238
228
229
230
227
231 232 233
236235234
162
Figuras 241-244. Coelastrum microporum. Figuras 245-247. Desmodesmus opoliensis var. mononensis.
Figura 248. Coelastrum astroideum. Figura 249. Dictyosphaerium elegans. Figura 250. Dictyosphaerium
pulchellum. Figuras 251-252. Monoraphidium iregulare.Escalasvalem10µm.
246
245
249
241
242 243
248
250
244
252
251
247
163
Figuras 253-256. Scenedesmus bicaudatus var. brevicaudatus. Figuras 257-260. Scenedesmus cf.
baculiformis. Figuras 261-265. Scenedesmus ecornis. Figuras 266-267. Micractinium pusillum. Figuras 268-
270. Micractinium bornhemiense.Escalasvalem1m.
268
269
266
253
254
255
256
258
259
261
265
257
260
270
267
262 263 264
164
Figuras 271-274. Oedogonium sp. Figuras 275. Oedogonium subdissimile. Figuras 276-277. Oedogonium
punctatum. Escalas valem 25 µm, com excão da figura 273, cuja escala vale 100 µm.
275 277
276
271
272
273
274
165
Classe Zygnematophyceae
Chave de identificação dos gêneros de Zygnematophyceae encontrados nas lagoas estudadas
1 Indivíduos filamentosos, 1-16 cloroplastos parietais em forma de fita helicoidal ............ Spirogyra
1 Indivíduos unicelulares, 1-2 cloroplastos axiais .............................................................................. 2
2 Células alongadas, retas ou curvas, constrição mediana ausente ......................... Closterium
2 Células quadrangulares, constrição mediana evidente, constituindo duas semicélulas ....... 3
3 Vista vertical triangular, com ou sem processos ........................................................... Staurastrum
3 Vista vertical bi-angular, sem processos ......................................................................................... 4
4 Células com 1 invaginação apical mediana mais ou menos profunda ................... Euastrum
4 Células sem invaginação apical .......................................................................... Cosmarium
Ordem Zygnematales
Spirogyra Link
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células vegetativas 46-54,5 µm largura; (1)2-3 cloroplastos em espiral ................... Spirogyra sp.1
1 Células vegetativas 22-23,8 µm largura; 1 cloroplasto em espiral ............................ Spirogyra sp.2
Spirogyra sp.1
Figuras 278-279
Células vegetativas 69-195 µm compr., 46-56 µm larg., septos planos; cloroplastos 2-3,
perfazendo 2-3 voltas espiraladas, pirenóides presentes; conjugação escalariforme, tubos
formados por ambos gametângios; zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 9-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390915); 4-V-
2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
166
No gênero Spirogyra Link a reprodução sexuada ocorre sempre por conjugação anisogâmica
e pode ser lateral ou escalariforme (Hosham & McCourt 1988, citado por Dias 1997). Para a
identificação das espécies deste gênero é imprescindível dentre outras características, a observação
da fase reprodutiva e o conhecimento preciso da estrutura do zigósporo (Dias 1997).
Nos exemplares do Pantanal foram observados filamentos em conjugação escalariforme, ou
seja, conjugação entre células de dois filamentos pareados lateralmente com aparência de uma
“escada” (figura 278). Nesses exemplares a conjugação encontrava-se ainda em fase inicial e não
foi possível determinar o comportamento (feminino ou masculino) dos gametângios envolvidos no
processo, o que impossibilitou a identificação deste táxon em nível específico.
Com relação às dimensões celulares, número de cloroplastos e tipo de conjugação, o
material do Pantanal assemelha-se à Spirogyra fuellebornii Schmidle. Dias (1997), a partir de
material da Reserva Biológica de Poço das Antas no Rio de Janeiro, documentou as seguintes
características para Spirogyra fuellebornii Schmidle: “células vegetativas 66-152 µm compr., 40-
44(46,5) µm larg., septos planos; cloroplastos 3, perfazendo 1-2 voltas; conjugação escalariforme,
tubos formados por ambos gametângios; gametângios femininos cilíndricos a ligeiramente
alargados; zigósporos elipsóides, (52,5)55-80 µm compr., 39,5-43(45,5) µm larg.; mesósporo liso,
castanho-amarelado; partenósporos globosos, 33,5-42 µm diâmetro”.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim associado com outras algas verdes
filamentosas (Oedogonium spp. e Spirogyra sp.2), em amostras fitoplanctônica/metafíticas no
período de cheia.
Spirogyra sp.2
Figura 280
Células vegetativas 45,9-174 µm compr., 22-23,8 µm larg., septos planos; cloroplastos 1,
em espiral, perfazendo 1-2 voltas espiraladas, pirenóides presentes; estágio reprodutivo
não observado.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
167
Conforme comentado anteriormente para Spirogyra sp.1, é imprescindível a observação da
fase reprodutiva e conseqüente conhecimento da estrutura do zigósporo para identificar espécies de
Spirogyra Link (Dias 1997).
Nos exemplares estudados não foi observado estágio reprodutivo, portanto a identificação
foi restrita ao nível de gênero.
Comparando as características morfológicas disponíveis, o presente táxon assemelha-se à
Spirogyra communis (Hassall) Kützing documentado por Dias (1997). De acordo com a referida
autora, Spirogyra communis (Hassall) Kützing apresenta células vegetativas 140-190 µm compr.,
20-25 µm larg., septos planos; cloroplasto 1, perfazendo 2-3 voltas; conjugação escalariforme,
tubos formados por ambos gametângios; gametângios femininos cilíndricos; zigósporos elipzóides,
48-53 µm compr., 24-26(28) µm larg.; mesósporo liso, amarelado (Dias 1997).
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim associado à Spirogyra sp.1 em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Ordem Desmidiales
Closterium Nitzsch ex Ralfs
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células fortemente curvadas ............................................................................................................ 2
1 Células retas ou apenas levemente curvadas ................................................................................... 4
2 Pólos acuminados ........................................................................... C. acutum var. variabile
2 Pólos acuminado-arredondados ou arredondados ............................................................... 3
3 Margem ventral inteiramente côncava, às vezes quase reta .......................................... C. incurvum
3 Margem ventral inflada na região mediana, nunca côncava ou reta
................................................................................... C. moniliferum var. moniliferum f. moniliferum
4 Pólos truncados ou truncado-arredondados ...................................... C. ralfsi var. hybridum
4 Pólos obtuso-arredondados .................................................................................................. 5
5 Parede celular lisa .......................................................................................... C. gracile var. gracile
5 Parede celular estriada ................................................................................................ Closterium sp.
168
Closterium acutum var. variabile (Lemmermannn) Krieger
Rabenhorst’s Kryptogamen-Flora 13: 262. Pl. 13, Figs. 18-22. 1937.
Figuras 293-294
Células lunadas, maioria fortemente curvada, formas sigmóides, algumas com uma
semicélula quase reta e outra curvada, 14,7-25,6 vezes mais longas do que largas, 50-
78 µm compr., 2,9-5,0 µm larg., 150-175º arco de curvatura; margem dorsal convexa,
ventral côncava; pólos acuminados, 1,1-1,5 µm larg.; parede celular lisa, às vezes
ondulada na porção terminal da semicélula, amarelada ou verde acastanhada; cloroplasto axial, com
ou sem grânulos proeminentes, dispersos, 2-4 pirenóides por semicélula; vacúolo terminal com 1-2
grânulos trepidantes, às vezes ausentes; zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Ao observar material vivo e fixado, notamos que os últimos apresentaram cloroplastos
inteiramente lisos (figura 293), enquanto que a análise de material vivo possibilitou a observação de
grânulos proeminentes no cloroplasto (figura 294). Estas diferenças mostram a importância de
observar também material vivo. Células em conjugação foram observadas, porém sem formação de
zigósporo (figura 293).
Closterium acutum var. variabile (Lemmermann) Krieger pode ser confundido com
Closterium ceratium Perty. No entanto, em Closterium ceratium Perty os pólos são filiformes e em
Closterium acutum var. variabile (Lemmermann) Krieger acuminados.
O presente material foi identificado com Closterium acutum var. variabile (Lemmermann)
Krieger por estar de acordo com a descrição dessa espécie na literatura (Prescott et al. 1975).
Closterium acutum var. variabile (Lemmermann) Krieger ocorreu apenas na Baía da Sede
Nhumirim no período de cheia (4-V-2007) em amostra fitoplanctônica/metafítica. Foi abundante na
amostra desta lagoa, porém não ocorreu em outra data de amostragem.
169
Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var. gracile
Brit. Desm. 221. 1848.
Figuras 285-287
Células semi-retas, 24-36,5 vezes mais longas que largas, 90-150 µm compr., 3,2-4,2 µm
larg., levemente curvadas nos ápices, arco de curvatura ca. 30º; margens paralelas em mais
da metade do comprimento celular, margem dorsal levemente convexa nos ápices, margem
ventral não inflada na região mediana; pólos celulares obtuso-arredondados, 1,9-2,2 µm
larg.; parede celular lisa, incolor; cloroplasto axial, 3-5 pirenóides inconspícuos por
semicélula, dispostos em série mediana; vacúolo terminal 1-2 corpúsculos trepidantes,
geralmente ausentes; zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 46.
Tabela 46. Distribuição geográfica de Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var. gracile no
Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Cáceres ñ.e. Borge 1925
Poconé Baía do Coqueiro
fitoplâncton,
água doce
Marçal 2005
Pantanal
Norte-Sul
Paraguai Rio Paraguai
fitoplâncton,
água doce
Domitrovic 2002
Comentários
Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var. gracile é descrito como apresentando células
quase retas, margens paralelas em mais da metade do comprimento, levemente curvadas apenas nos
ápices. As células são 18-70 vezes mais longas que largas, 90-320 µm compr., 3-11 µm larg., pólos
celulares obtusos a truncados e parede celular lisa e incolor (Prescott et al. 1975, Bicudo 1969,
Bicudo & Castro 1994).
Os exemplares do Pantanal concordaram perfeitamente com as características documentadas
na literatura mencionada anteriormente.
A população estudada assemelha-se morfologicamente a outra população de Closterium,
também encontrada no presente estudo e identificada como Closterium sp. A diferença está na
170
parede celular estriada, verde acastanhada, margem ventral levemente convexa e dimensões
celulares um pouco superiores (122-207 µm compr., 5-7,6 µm larg.) em Closterium sp.
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Closterium incurvum Brébisson
Mém. Soc. imp. Sci. Nat. Cherbourg 4: 150, pl. 2, fig. 47. 1856.
Figuras 295-296
Células fortemente lunadas, 5,5-6,8 vezes mais longas que largas, fortemente curvadas,
61,3-81,8 µm compr., 10,1-13,2 µm larg., 150-155º de arco de curvatura; margem dorsal
amplamente convexa, ventral uniformemente côncava, às vezes quase reta na região
mediana; pólos acuminado-arredondados, 1,2-1,9 µm larg.; parede celular lisa, incolor
ou verde acastanhada; cloroplasto axial, 2-4 cristas longitudinais de difícil visualização,
1-3 pirenóides proeminentes por semicélula, geralmente 2; vacúolo terminal com 1-4 corpúsculos
trepidantes; zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (390909), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Alguns exemplares do Pantanal apresentaram células com a margem ventral quase reta na
região mediana (Figura 295), diferindo um pouco do encontrado na literatura que descreve
Closterium incurvum Brébisson com margem ventral inteiramente côncava (West & West 1904,
Prescott et al. 1975, Bicudo & Castro 1994, Sophia et al. 2005). No entanto, as características
métricas, tipo de pólo celular, cloroplasto e pirenóides, estão de acordo com o descrito na literatura
para essa espécie.
Táxon encontrado apenas na Salitrada Campo Dora, em amostra fitoplanctônica/metafítica
nos períodos de cheia e de seca.
Closterium moniliferum (Bory) Ehrenberg ex Ralfs var. moniliferum f. moniliferum
Brit. Desm. 166, pl. 28, fig. 3. 1848.
171
Basiônimo: Lunulina monilifera Bory, Encycl. Meth. Hist. nat. zoophyt. 2 (2): 501, pl. 3, fig. 22,
25, 27. 1824.
Figuras 291-292
Células lunadas, 6,9-7,6 vezes mais longas que largas, 264-278 µm compr., 35-37 µm
larg., fortemente curvadas, 102-112º de arco de curvatura; margem dorsal amplamente
convexa, ventral côncava, levemente inflada na região mediana, às vezes quase reta;
pólos arredondados, 4,2-6,6 µm larg.; parede celular lisa, incolor ou verde acastanhada;
cloroplasto axial, 3-5 cristas longitudinais, 2-6 pirenóides por semicélula, dispostos em
série mediana; vacúolo terminal com 1-3 corpúsculos trepidantes; zigósporos não
observados.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim
, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 47.
Tabela 47. Distribuição geográfica de Closterium moniliferum (Bory) Ehrenberg ex Ralfs var.
moniliferum f. moniliferum no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal Sul
Paraguai Corumbá ñ.e.
Borge 1903a: 80
(citado como Closterium moniliferum)
Comentários
Closterium moniliferum (Bory) Ehrenberg ex Ralfs var. moniliferum f. moniliferum é
caracterizado por suas células fortemente curvadas, margem ventral inflada na região mediana,
pólos celulares arredondados, parede celular lisa e pirenóides dispostos em série mediana (Ralfs
1848, Prescott et al. 1975, Bicudo & Castro 1994).
Morfologicamente, Closterium moniliferum (Bory) Ehrenberg ex Ralfs var. moniliferum f.
moniliferum assemelha-se à Closterium lunula (Müller) Nitzsch, diferindo deste por apresentar
dimensões celulares um pouco menores e arco de curvatura maior que Closterium lunula (Ralfs
1848).
O material descrito por Ralfs (1848), considerado a primeira publicação válida do táxon,
apresenta uma ilustração de Closterium moniliferum (Bory) Ehrenberg ex Ralfs com margem
ventral fortemente inflada na região mediana, enquanto que o material do Pantanal apresentou
margem ventral levemente inflada ou às vezes quase reta na região mediana. No entanto, os
172
exemplares estudados concordam perfeitamente com o encontrado por Bicudo & Castro (1994),
Prescott et al. (1975) e Compère (1977).
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Closterium ralfsii Brébisson ex Ralfs var. hybridum Rabenhorst
Kryptogamenflora von Sachsens, p. 174. 1863.
Figuras 288-290
Células semi-lunadas, levemente curvadas a quase retas, elíptico-alongadas, (7,3)8-18
vezes mais longas que largas, 394-824(985) µm compr., 37-63 µm larg., 23-35º de arco
de curvatura; margem dorsal convexa, ventral ligeiramente convexa à quase reta, não
inflada na região mediana; pólos truncados ou truncado-arredondados, 4-7 µm larg.;
parede celular lisa, incolor ou verde acastanhada; cloroplasto axial, 3-6 cristas
longitudinais, 2-8 pirenóides por semicélula, às vezes ausentes; vacúolo terminal com 8-
22 corpúsculos trepidantes; zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (390909), 14-X-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390911); 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 48.
Tabela 48. Distribuição geográfica de Closterium ralfsii Brébisson ex Ralfs var. hybridum
Rabenhorst no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Ilha de Taiamã plâncton
De-Lamonica-Freire
(1985)
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
Cáceres,
Poconé,
Barão de Melgaço
fitoplâncton,
metafíton
água doce
De-Lamonica-Freire &
Heckman 1996
Comentários
Closterium ralfsii Bréb. ex Ralfs var. hybridum Rabenh. apresenta diferentes formas
taxonômicas e o material estudado assemelha-se às formas hybridum e laeve, apresentando
características intermediárias entre estas duas formas. A forma hybridum apresenta dimensões um
173
pouco menores (249,6-770 µm compr., 23-55,5 µm larg.), arco de curvatura maior (25-52º) e
parede celular finamente estriada (7-12 estrias em 10 µm) (Prescott et al. 1975). Quanto a f. laeve,
esta apresenta células menores (359-520 µm compr., 33-43,5 µm larg.) e arco de curvatura (27-35º)
praticamente idêntico aos exemplares do Pantanal. No material estudado não foram observadas
células com parede estriada. Assim, considerando a falta de informações mais detalhadas sobre a
variabilidade morfométrica dessas formas, optamos pela identificação do material do Pantanal até o
nível de variedade.
Bicudo & Castro (1994) comentam enfaticamente em seu trabalho que o caráter pólo celular
é característica diagnóstica importante para a separação de táxons específicos de Closterium. A
despeito das demais características concordarem com a descrição da var. hybridum, estes autores
sugerem que os espécimes documentados por De-Lamonica-Freire (1985: 77, fig. 44-45) para Ilha
de Taiamã no Pantanal de Cáceres-MT como Closterium ralfsii Bréb. ex Ralfs var. hybridum
Rabenh., não devem ser identificados com esta variedade, pois os pólos celulares dos espécimes da
Ilha de Taiamã foram descritos como truncados-arredondados enquanto que o da variedade
hybridum é apenas truncado (Bicudo & Castro 1994).
Na amostra populacional estudada foi verificada a ocorrência de variabilidade morfológica
em relação aos pólos celulares. Encontramos indivíduos tanto com pólos truncados (figura 288)
como truncado-arredondados (figura 289, 290) cujas dimensões celulares e demais características
não nos permitiram separar estes táxons. Desta forma, para registro de distribuição geográfica,
consideramos o material documentado por De-Lamonica-Freire (1985) como Closterium ralfsii
Bréb. ex Ralfs var. hybridum Rabenh., salientando a necessidade de futura revisão nesse grupo de
Closterium.
Táxon encontrado somente na Salitrada Campo Dora em amostra fitoplanctônica/metafítica,
nos períodos de seca e de cheia.
Closterium sp.
Figuras 281-284
Células semi-retas, curvas apenas nas extremidades, 22,6-27,2 vezes mais longas que largas,
122-207 µm compr., 5-7,6 µm larg., arco de curvatura ca. 30º; margem dorsal praticamente
reta em mais da metade do compr., convexa nos ápices, margem ventral levemente convexa
na região mediana a quase reta, côncava nos ápices; pólos celulares obtuso-arredondados 1,2-
2,6 µm larg.; parede celular estriada, verde acastanhada, estrias inconspícuas, muito próximas
uma das outras, visíveis somente na região mediana da célula; cloroplasto axial, 6-12
pirenóides por semicélula, dispostos em série mediana ou irregularmente distribuídos no
174
cloroplasto; vacúolo terminal 1-2 corpúsculos trepidantes, ás vezes ausentes; zigósporos não
observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n. (SP390929).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
A população estudada assemelha-se morfologicamente à Closterium gracile Brébisson ex
Ralfs var. gracile. No entanto, Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var. gracile é caracterizado
por suas células quase retas, paralelas em mais da metade do comprimento, levemente curvadas
apenas nos ápices, sendo 18-70 vezes mais longas que largas, 90-320 µm compr., 3-11 µm larg.,
pólos celulares obtusos a truncados e parede celular lisa e incolor (Prescott et al. 1975, Bicudo
1969, Bicudo & Castro 1994). Conforme o exposto, exceto pela parede celular estriada nas células
do material estudado, este poderia ser identificado com Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var.
gracile.
Os exemplares do Pantanal poderiam também ser comparados com Closterium juncidum
Ralfs var. juncidum, mas esta espécie possui a parede celular estriada e fortemente pontuada,
acastanhada, pólos obtuso-arredondados ou arredondados-truncados e largura do pólo celular maior
(2-8 µm).
Até que estudos futuros possam confirmar se estas diferenças representam variação
morfológica de Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var. gracile ou um dos extremos
morfológicos de Closterium juncidum Ralfs var. juncidum, ou ainda se constitui um táxon novo
para a ciência, optou-se por manter o material analisado como Closterium sp.
Táxon encontrado somente na Baía da Sede Nhumirim em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Cosmarium Corda ex Ralfs
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Parede celular lisa ....................................................................................................... C. polygonum
1 Parede celular granulada ou escrobiculada ...................................................................................... 2
2 Células globosas, paredes escrobiculadas ...................... C. pachydermum var. aethiopicum
2 Células de outras formas, paredes granuladas ..................................................................... 3
175
3 Células quadráticas, margens superiores côncavas ...................................................... C. porrectum
3 Células oblongas, oblongo-elípticas ou subquadráticas, margens superiores truncadas ................. 4
4 Semicélulas oblongas ou sub-retangulares ........................ C. calcareum var. spetsbergense
4 Semicélulas trapeziformes ou piramidais ............................................................................ 5
5 Semicélulas trapeziformes ................................................................... C. formosulum var. jenkinae
5 Semicélulas piramidais .............................................................................. C. vexatum var. vexatum
Cosmarium calcareum var. spetsbergense (Borge) Förster
Inter. Rev. Ges. Hydrobiol. 57(3): 416. Pl. 1, Figs. 21, 22. 1972.
Basiônimo: Cosmarium subcostatum Nordstedt var. spetsbergense Borge, Vidensk. Skrift. Math.-
Nat. Kl. 1911: 18. Fig. 13. 1911.
Figuras 297-304
Células subquadráticas, levemente (1-1,2 vezes) mais longas que largas, 14,7-
17,4 µm compr., 14,1-16,5 µm larg., 9-10,5 µm espessura, istmo 4,2-6 µm;
constrição mediana profunda, seno fechado, linear, levemente dilatado nas
extremidades proximais; semicélula oblonga ou sub-retangular, margem lateral
convexa, amplamente arredondada, com 5-6 ondulações, margem apical
truncada em quase toda extensão, levemente ondulada, praticamente paralela com a margem basal,
ângulos arredondados; vista lateral da semicélula sub-esférica, com protuberância mediana em
ambos os lados; vista vertical elíptica, com protuberância na porção mediana em ambos os lados;
parede celular ondulada, verde amarelada, com escrobiculações por toda a célula, ornamentada na
região central da semicélula com uma verruga em forma de anel espesso, protuberante, rodeada por
9-11 verrugas menores; cloroplasto axial, 1 por semicélula, 1 pirenóide central de difícil
visualização; zigósporo globoso, ca. 15 µm diâm.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (SP390909), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914); 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n.
(SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
176
De acordo com Prescott et al. (1981), Cosmarium calcareum var. spetsbergense (Borge)
Förster difere da variedade típica na forma da semicélula. Em Cosmarium calcareum var.
spetsbergense (Borge) Förster a semicélula tem forma oblonga e as margens são mais amplamente
arredondadas, enquanto que na variedade típica a semicélula é oblongo-trapeziforme com margens
convexas a levemente truncadas próximo ao ápice.
Prescott et al (1981) apresenta as seguintes dimensões celulares para Cosmarium calcareum
var. spetsbergense (Borge) Förster: 20,5-30 µm compr., 18,5-27,5 µm lar., 12-14,5 µm espessura,
istmo 5-11 µm.
Os exemplares do Pantanal estão perfeitamente de acordo com a circunscrição deste táxon
com relação à forma, ornamentação e protuberância mediana da semicélula. No entanto,
apresentaram dimensões celulares regularmente menores que o registrado por Prescott et al. (1981).
Táxon encontrado somente na Salitrada Campo Dora, em amostra fitoplanctônica/metafítica
nos períodos de cheia e de seca.
Cosmarium formosulum var. jenkinae Rich
Ann. & Man. Nat. Hist. 10 (10): 233-262. 1932.
Figuras 305-309
Células oblongas, 1,1-1,2 vezes mais longas que largas, 21-24,6 µm compr., 17,7-
21,2 µm larg., istmo 4,1-6,7 µm; constrição mediana profunda, seno fechado,
levemente dilatado nas extremidades proximais; semicélula trapesiforme, margem
apical truncada em cerca da metade do comprimento da margem basal, margem
lateral mais fortemente convexa em direção aos ápices, ângulos basais levemente
arredondados a quase retos; vista vertical da semicélula elíptica, com protuberância na região
mediana em ambos os lados; parede celular ondulada, incolor ou verde acastanhada, ornamentada
na região central da semicélula com 2 anéis de verrugas irregularmente concêntricos, o externo com
ca. 14 verrugas, o interno com ca. 7 verrugas de difícil visualização; cloroplasto axial, 1 por
semicélula, 1 pirenóide central; zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
177
Cosmarium formosulum var. jenkinae Rich foi descrito originalmente para vários ambientes
da África do Sul (Bourrelly & Couté 1991).
Os espécimes do Pantanal assemelham-se a Cosmarium garrolense Roy & Bissett var.
garrolense f. garrolense, do qual diferem por este último não possuir ornamentação central,
enquanto que em Cosmarium formosulum var. jenkinae Rich a ornamentação está presente.
As características morfológicas e métricas dos espécimes analisados estão perfeitamente de
acordo com aquelas documentadas na literatura para Cosmarium formosulum var. jenkinae Rich
(Bourrelly & Couté 1991).
Táxon encontrado apenas na Salitrada Campo Dora no período de cheia, em amostra
fitoplanctônica/metafítica.
Cosmarium pachydermum Lundell var. aethiopicum (West & West) West & West
Monogr. 2: 140, pl. 57, Fig. 8-9 (1905).
Figuras 310-311
Células globosas, 1,1 vezes mais longas que largas, 71-73 µm compr., 63-65 µm
larg.; istmo 28-30 µm; constrição mediana profunda, seno fechado, linear,
levemente dilatado nas extremidades proximais; semicélula semicircular, ângulos
basais amplamente arredondados, margem ápical levemente truncada; semicélula
com vista lateral subcircular, vista vertical elíptica; parede celular espessa, verde
acastanhada, com escrobículos pequenos, hialinos ou esverdeados, esparsos; cloroplasto axial, 2
por semicélula, amplamente ramificados, 2 pirenóides por semicélula inconspícuos.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Nhumirim, lagoa: Baía da Sede Nhumirim, 14-X-2004, K.R.S. Santos s.n. (SP390912), 28-
VIII-2006, K.R.S. Santos s.n. (SP390923).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Conforme West & West (1905), Cosmarium pachydermum Lund. var. aethiopicum (West &
West) West & West difere da variedade típica da espécie por apresentar menor espessura (em vista
lateral), parede celular finamente escrobiculada com delicados poros entre elas. Estas mesmas
características são ressaltadas por Prescott et al. (1981). Araújo (2006) diferenciou este táxon da
178
variedade típica, principalmente pela menor relação comprimento/largura celulares (> 1,25) e pelo
seno mais amplamente aberto em Cosmarium pachydermum Lund. var. aethiopicum.
O material do Pantanal apresentou margem apical levemente truncada, semelhante ao
encontrado por Taniguchi et al. (2003) ao estudarem material da lagoa do Diogo no Estado de São
Paulo. Estes autores comentaram que esta característica não está exatamente de acordo com as
figuras e descrições da literatura. No entanto, ao consultar a descrição original deste táxon,
verificamos que as margens apicais das semicélulas do mesmo podem ser levemente retas (West &
West 1905).
Os cloroplastos axiais, ramificados e em número de dois por semicélulas encontrados nos
exemplares do Pantanal, são diferentes do comumente encontrado na literatura. No entanto, as
dimensões celulares do material analisado estão perfeitamente de acordo com a descrição original
do táxon em West & West (1905), embora sejam menores do que o encontrado por autores
nacionais como pode ser observado na tabela 48.
Tabela 49. Principais caracetísticas morfológicas de Cosmarium pachydermum Lund var.
aethiopicum (West & West) West & West registradas por diferentes autores.
De-Lamonica-Freire (1985) documentou Cosmarium pachydermum Lund var.
pachydermum para a Ilha de Taiamã no Pantanal Norte, mas não encontrou e/ou reconheceu a
variedade aethiopicum.
Táxon encontrado apenas na Baía da Sede Nhumirim em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de seca.
Cosmarium pachydermum Lund. var. aethiopicum (West & West) West & West
Santos (presente
trabalho)
Taniguchi et al.
2003
Araújo 2006
West & West
1905 (original)
Forma célula
globosa - - geral./te elíptica
Compr. (µm)
71-73 99,4 76-99 69-107
Larg. Ø (µm)
63-65 84,1 66-84 61-80
Rc/l
1,1 1,2 1,2 1,1-1,3
Istmo (µm)
28-30 45,9 38,5-46 28-33
Margem
apical
lev./te truncada lev./te truncada unifor./te convexa -
Parede celular
escrobiculada escrobiculada escrobiculada escrobiculada
Cloroplasto
axial, amplamente
ramificado, 2 por
semicélula
axial,
amplamente
ramificado
axial, ramificado,
1por semicélula
axial, ramificado
(obs.
ilustração)
Pirenóides
2 por semicélula 2 por semicélula 2 por semicélula 2 por semicélula
179
Cosmarium polygonum (Näg.) Archer var. polygonum f. polygonum
In Pritchard, Hist. Infusor., p. 732. 1861
Figuras 312-314
Células subquadráticas, 1,1-1,2 vezes mais longas que largas, 14,1-17,6 µm
compr., 11,8-15,6 µm larg.; istmo 3,2-4,6 µm; constrição mediana profunda, seno
fechado, linear, não ou muito levemente dilatado nas extremidades proximais;
semicélula hexagonal retangular, margem lateral com uma expansão mediana em
forma de mamilo arredondado, margem apical truncada, plana, ângulos basal e apical arredondados;
vista lateral da semicélula ovalada, inflada na porção mediana em ambos os lados; vista vertical da
semicélula subelíptica, com expansão cônica na região mediana em ambos os lados; parede celular
lisa, incolor ou verde acastanhada; cloroplasto axial, 1 por semicélula, 1 pirenóide central;
zigósporo em estágio de formação, subgloboso, parede lisa, 12 µm compr., 18 µm larg.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (SP390909), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914); 4-V-2007, K.R.S. Santos s.n.
(SP390928).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
O material examinado concorda perfeitamente com as dimensões celulares descritas em
Prescott et al. (1982) para Cosmarium polygonum (Näg.) Archer var. polygonum f. polygonum.
Nos exemplares do Pantanal encontramos alguns indivíduos em estágio de formação de
zigósporo, o qual se encontrou com formato subgloboso, parede celular lisa, cerca de 18 µm larg. e
12 µm compr. (figura 314).
Prescott et al. (1982) descreve os zigósporos deste táxon como globoso a subgloboso, parede
celular ondulada com 7 a 9 ondulações na periferia, com mais ou menos 26,6 µm de diâmetro.
Segundo estes autores, provavelmente Croasdale (1948, Pl. 1118, Figs. 12, 13) tenha apresentado a
primeira ilustração dos zigósporos desta espécie, mas não forneceu suas medidas.
Táxon encontrado somente na Salitrada Campo Dora, em amostra fitoplanctônica/metafítica
nos períodos de cheia e de seca.
180
Cosmarium porrectum Nordsted
Vidensk. Medd. Dansk Naturh. Foren. Kjöbenhavn, p. 207, pl.3, fig. 28. 1870.
Figuras 315-316
Células quadráticas, 60-61 µm compr., 58-61 µm larg., istmo 21-22 µm;
constrição mediana profunda, seno fechado, linear, dilatado nas extremidades
proximais; semicélula irregularmente retangular com a parte superior mais larga
que a interna, 28-31 µm compr., margem superior côncava, margens laterais
obliquamente planas a levemente côncavas, ângulos arredondados; vista vertical
oblonga; parede celular verrugosa, verde claro, verrugas distribuídas regularmente por toda a célula;
cloroplastos axiais 2 por semicélula, cada um com 1 pirenóide inconspícuo.
Material examinado: BRASIL. M
ATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora
, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Tabela 50: Distribuição geográfica de Cosmarium porrectum Nordsted no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres
lago de
água de
chuva
ñ.e. Borge 1925
Pantanal Sul
ñ.e. Corumbá ñ.e. Borge 1903a
Comentários
O material do Pantanal apresentou células regularmente quadráticas, margem superior da
semicélula côncava, 60-61 µm compr., 58-61 µm larg., características estas idênticas à descrição
original da espécie apresentada por Nordstedt (1869), ao estudar material Brasileiro proveniente do
Estado de Minas Gerais. Conforme este autor, as dimensões celulares de Cosmarium porrectum
Nordsted variam de 61-69 µm compr., 56-71 µm larg. e 25-28 µm espessura. Dimensões
semelhantes foram encontradas por Taft (1945) e Prescott et al. (1981), ambos de material oriundo
da América do Norte.
Táxon encontrado somente na Salitrada Campo Dora, em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia.
181
Cosmarium vexatum W. West var. vexatum
Jl. R. microsc. Soc., n. 1892: 727, pl. 9, fig. 33. 1892.
Figuras 317-319
Células oblongo-elípticas, 1-1,1 vezes mais longas que largas, 35,5-44,8 µm
comp., 31,8-41,6 µm larg.; istmo 8-11,2 µm; constrição mediana profunda, seno
fechado, linear, dilatado nas extremidades proximais; semicélula piramidal com
ápice truncado, aproximadamente do comprimento do istmo; margens convexas e
onduladas, ângulos arredondados; vista lateral da semicélula ovalada; vista vertical oblongo-
elíptica, com expansão arredondada na região mediana em ambos os lados; parede celular ondulada,
incolor a verde acastanhada; cloroplasto axial, 2 por semicélula, 1 pirenóides por cloroplasto;
zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (390909), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
De acordo com West & West (1908:187), citado por Lima (1982), Cosmarium vexatum W.
West var. vexatum normalmente ocorre em abundância entre outras algas. Nas amostras do
Pantanal, indivíduos deste táxon ocorreram somente na lagoa Salitrada Campo Dora, em meio a
outras algas, principalmente Staurastrum spp., Closterium spp. e Oedogonium spp. Semelhante ao
que encontramos nas amostras do Pantanal, Lima (1982) também registrou exemplares deste táxon
em meio à grande quantidade de outras desmídias, diatomáceas e Oedogonium spp., ao estudar
material proveniente de um estancado na Ilha do Fundão, município do Rio de Janeiro.
A tabela 51 apresenta os valores métricos registrados por diferentes autores para Cosmarium
vexatum W. West var. vexatum.
Conforme observado na tabela 51, os exemplares do Pantanal estão plenamente de acordo
com a amplitude métrica documentada em literatura, diferindo apenas no limite máximo do
comprimento celular, que foi um pouco superior no material estudado.
182
Tabela 51: Características métricas de Cosmarium vexatum W. West var. vexatum docmumentadas
por diferentes autores.
Táxon encontrado apenas na Salitrada Campo Dora em amostra fitoplanctônica/metafítica,
no período de cheia.
Euastrum Ehrenberg ex Ralfs
Euastrum spinulosum Delponte var. laticeps Borge
Ark. Bot. 1: 113, pl. 5, fig. 4. 1903.
Figuras 320
Células irregularmente arredondadas, ca. 1,2 vezes mais longas que largas, 52,6
µm compr., 44,3 µm larg., lobo polar ca. 15 µm larg., istmo 12,8 µm; constrição
mediana profunda, seno fechado, linear, dilatado nas extremidades proximais;
semicélula 3-lobada, aproximadamente semicirculares, base pouco mais de 2
vezes mais larga que o ápice, lobo polar com margens divergentes no sentido do
próprio ápice; incisão entre os lobos polar e lateral, de cada lado, praticamente linear, apertada;
incisão entre os lobos basal e lateral rasa e subsemicircular; face das semicélulas com 1
intumescência mediana proeminente, decorada com 2 anéis concêntricos de grânulos arredondados,
externo com 8-12, interno com 4(5) grânulos proeminentes; ângulos dos lobos basal, lateral e apical
decorados com grânulos esparsos, menores e menos proeminentes; vista lateral ovalada, ângulo
basal amplamente arredondado, apical arredondado truncado, ângulos laterais levemente
intumescidos; vista vertical elíptica, com protuberância arredondada na região central em ambos os
lados; parede celular verde a verde acastanhada, verrugosa, verrugas distribuídas por toda a célula;
cloroplasto axial, 2 por semicélula, pirenóides não observados; zigósporos não observados.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Cosmarium vexatum W. West var. vexatum
Santos
(presente trabalho)
Prescott et al.
1981
Lima
1982
Sophia et al.
2005
Compr. (µm) 35,5-44,8 41-43 30,1-32 31-35
Larg. Ø (µm) 31,8-41,6 36-38 28,1-30 24-27
Istmo (µm) 8-11,2 13,5-14 5,8-6,8 7-12
183
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
Euastrum spinulosum Delponte var. laticeps Borge foi proposto por Borge (1903) ao estudar
material brasileiro proveniente dos estados de Mato Grosso (município de Cuiabá) e Rio Grande do
Sul (município de Cachoeira). Este autor ilustrou a variedade através de três figuras: fig. 4a, 4a’ e
4a´´, onde é notável a diferença de forma entre esses indivíduos ilustrados, fato já observado por
Bicudo & Ungaretti (1986).
De acordo com Bicudo & Ungaretti (1986), Euastrum spinulosum Delponte var. laticeps
Borge difere da variedade típica da espécie por apresentar o seu lobo polar com margens
divergentes no sentido do próprio ápice, incisão entre os lobos polar e lateral, de cada lado,
praticamente linear, apertada, e sua incisão entre os lobos basal e lateral é rasa e subsemicircular.
Além disso, a decoração facial mediana da variedade laticeps é constituída de dois anéis
concêntricos de grânulos.
Os indivíduos do Pantanal assemelham-se muito ao exemplar da fig. 4a ilustrada por Borge
(1903) e ao exemplar da fig. 30 apresentada por Bicudo & Ungaretti (1986). No entanto, em relação
à ornamentação mediana da célula (apesar de menor importância taxonômica por ser variável em
amostra populacional) notamos que os exemplares do Pantanal apresentaram regularmente 2 anéis
concêntricos de grânulos na região mediana da semicélula (figura 321). Os referidos autores
ilustram e descrevem além dos 2 anéis concêntricos de grânulos a presença de um grânulo central, o
qual está ausente nos exemplares que observamos.
A tabela 52 apresenta as principais características métricas de Euastrum spinulosum
Delponte var. laticeps Borge documentadas por diferentes autores.
Tabela 52: Características métricas de Euastrum spinulosum Delponte var. laticeps Borge
documentadas por diferentes autores.
Características da Célula
Santos
(presente trabalho)
Borge 1903
(original)
Bicudo & Ungaretti
1986 (RS)
Compr. (µm) 45,7-52,6 61-67,5 54-87
Larg. máx. (µm) 37,4-44,6 48-53,5 48-74
Razão cp/l 1,1-1,2 - -
Istmo 10-12,8 13-14,5 12
Espessura (µm) 22,1-24,8 25,5-28 -
Compr. lobo polar (µm) 16-21,5 22,5-24,5 -
184
Conforme podemos observar, os exemplares do Pantanal apresentam medidas celulares um
pouco inferior aos limites métricos mínimos documentados em literatura, o que amplia a
circunscrição da variedade.
Identificamos o presente material com Euastrum spinulosum Delponte var. laticeps Borge de
acordo com a descrição original da variedade proposta por Borge (1903). Além disso, concorda
também com o material documentado por Bicudo & Ungaretti (1986).
Táxon encontrado apenas na lagoa Salitrada Campo Dora em amostra
fitoplanctônica/metafítica no período de cheia.
Staurastrum Meyen ex Ralfs
Chave para identificação dos táxons encontrados
1 Células sem processos ........................................... S. punctulatum var. punctulatum f. punctulatum
1 Células com processos ............................................................................................. Staurastrum sp.
Staurastrum punctulatum (Brébisson) Ralfs var. punctulatum f. punctulatum
Brit. Desmidieae. 33, pl. 22, fig. 1. 1848.
Figuras 323-325
Células aproximadamente quadráticas, 0,9-1,1 vezes mais longas que largas,
24,5-30 µm compr., 25,7-31,5 µm larg., istmo 5-8,1 µm; constrição mediana
profunda, seno aberto, acutangular; semicélula elíptica, margem apical e basal
convexas, ângulos laterais arredondado-acuminados; vista vertical 3-angular,
margens côncavas, ângulos arredondado-acuminados, 4-7 anéis transversais paralelos de grânulos,
anel interno descontínuo; parede celular lisa a levemente ondulada, verde claro ou acastanhada;
cloroplasto axial, 1 por semicélula, bifurcado para cada um dos ângulos na vista vertical; zigósporo
globoso, rodeado por 8 espinhos 2-furcados nos ápices, ca. 28 µm diâm. sem espinhos, ca. 42 µm
diâm. com espinhos; espinhos 7-10 µm compr.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: tabela 53.
185
Tabela 53: Distribuição geográfica de Staurastrum punctulatum (Brébisson) Ralfs var. punctulatum
f. punctulatum no Pantanal Brasileiro.
Região Sub-região Local Hábitat Referência
Pantanal
Norte
Cáceres Ilha de Taiamã
fitoplâncton,
água doce
De-Lamonica-Freire (1985)
Comentários
Staurastrum punctulatum (Brébisson) Ralfs var. punctulatum f. punctulatum assemelha-se a
Staurastrum bieneanum Rabenhorst var. bieneanum f. bieneanum quanto a sua morfologia e
medidas celulares. A diferença entre estes táxons consiste principalmente na parede celular com
séries concêntricas de grânulos no primeiro, enquanto que no segundo a parede celular é lisa ou
apresenta pontuações inconspícuas. Além disso, em vista vertical, Staurastrum punctulatum
(Brébisson) Ralfs var. punctulatum f. punctulatum apresenta células 3-angulares com margens
côncavas (figuras 294, 295), e Staurastrum bieneanum Rabenhorst var. bieneanum f. bieneanum
possui vista vertical 3-angular (raramente 4-angular) com margens retas ou levemente retusas
(Prescott et al. 1982).
O exame de amostra populacional nos permitiu observar desde células adultas, jovens, em
divisão, até zigósporos. As dimensões do zigósporo do material estudado se assemelham aquelas
documentadas por Prescott et al. (1982). Estes autores registraram a partir do estudo de material da
América do Norte as seguintes dimensões para o zigósporo de Staurastrum punctulatum
(Brébisson) Ralfs var. punctulatum f. punctulatum: 29-38 µm diâmetro sem espinhos, 42-58 µm
com espinhos.
O material do Pantanal está de acordo com a circunscrição da espécie documentada na
literatura especializada (Faustino 2006, Prescott et al. 1982).
Táxon encontrado somente na Salitrada Campo Dora em amostra fitoplanctônica/metafítica,
no período de cheia.
Staurastrum sp.
Figura 323-330
Células sem processos 1,8-2,6 vezes mais longas que largas, 22,4-28 µm compr., 10,8-
12,6 µm larg. sem processos, 27,5-39,8 µm larg. com processos, istmo 6,7-7,6 µm,
processos 12-17 µm compr.; constrição mediana profunda, seno amplamente aberto
em forma de “U”, acutangular; semicélula sem processos irregularmente retangular,
margem basal reta ou levemente convexa, apical amplamente convexa, ângulos
laterais com processos longos, porção basal dos processos divergente, ápices dispostos de forma
186
levemente convergente para a semicélula oposta, processos regularmente ondulados, 4-5(7)
ondulações convexas, conspícuas em cada processo; vista vertical 3-angular, margens regularmente
côncavas, às vezes quase retas na porção mediana, processos com (3)4-5(7) anéis concêntricos
formados por ondulações convexas, menos conspícuas que na vista taxonômica; parede celular lisa,
ondulada, esverdeada a verde acastanhada; cloroplasto axial, 1 por semicélula, bifurcado para cada
um dos ângulos na vista vertical; zigósporo globoso, rodeado por processos hialinos 2-3(4)furcados
no ápice, 45,3-49,3 µm diâm. com processos, 22,5-29,5 µm diâm. sem processos, processos 6,4-
12,8 µm compr.
Material examinado: BRASIL. MATO GROSSO DO SUL: Corumbá, Pantanal da Nhecolândia,
Fazenda Campo Dora, lagoa: Salitrada Campo Dora, 14-VIII-2004, A.Y. Sakamoto & V.M. Bacani
s.n. (SP390909), 8-V-2005, K.R.S. Santos s.n. (SP390914).
Distribuição geográfica no Pantanal Brasileiro: primeira citação.
Comentários
O exame de amostra populacional permitiu observar desde células adultas, jovens, em
divisão até zigósporos. No entanto, o material estudado não pode ser identificado com nenhuma
espécie de Staurastrum descrita. A tabela 54 apresenta as principais características do material
estudado comparado com os táxons mais relacionados.
Tabela 54: Comparação das características celulares de Staurastrum sp. e táxons relacionados.
Características da
Célula
Staurastrum sp.
(presente
trabalho)
Staurastrum
sebaldi var.
sebaldi
(In Hirano 1959,
pg. 356)
Staurastrum
sebaldi var.
gracile
(In Hirano
1959, pg. 357)
Staurastrum
petsamoense var.
petsamoense
(In Prescott et al.
1982, pg. 277)
Staurastrum
petsamoense
var. minus
(In Prescott et al.
1982, pg. 277)
Compr. (µm) 22,4-28 67-75,6(84) 29,4-31 71-84 39-43
Larg. c. proc. (µm) 27,5-39,8 67-92 39-44,8 90-111 46-57
Larg. s. proc. (µm) 10,8-12,6 - - - -
Razão c/l s. proc. 1,8-2,2(2,6) - - ~1,25 -
Compr. proc. (µm) 16,7-27,2 - - - -
Istmo (µm) 6,7-7,6 16,8-19,5 14-14,7 - -
Nº espinhos na
extremidade proc.
4 3-4 3-4 - -
Constrição mediana profunda moderada moderada profunda profunda
Parede celular lisa lisa lisa verrugosa verrugosa
Ondulações da
parede
convexa denticulada denticulada denticulada,
bidentada
denticulada,
bidentada
Vista vertical 3-angular 3-angular 3-angular 3-angular 3-angular
Margens em vista
vertical
côncava a quase
reta
- - côncava, às vezes
convexa
côncava, às
vezes convexa
Forma da
semicélula s/proc.
irregular./te
retangular
- - - subelíptica
187
Conforme observado na tabela 54, além das dimensões celulares inferiores, a principal
característica distintiva do material do Pantanal está na ornamentação da parede celular que
apresenta ondulações claramente convexas ao longo de praticamente toda margem da célula (figuras
326-329). Esta característica torna a população estudada distinta das demais espécies descritas de
Staurastrum. Ao que tudo indica, trata-se de uma espécie nova do gênero Staurastrum, cuja
descrição formal e proposição serão providenciadas em artigo específico.
Táxon encontrado apenas na Salitrada Campo Dora, em amostra fitoplanctônica/metafítica
no período de cheia e de seca.
188
Figuras 278-279. Spirogyra sp.1. Figura 278. Detalhe da conjugação escalariforme (filamentos
pareados em forma de escada”), ainda sem formação de zigósporo. Figura 279. Filamento em
estádio vegetativo mostrando a organização dos cloroplastos em espiral. Figura 280. Spirogyra
sp.2. Figura 281-284. Closterium sp. Figura 282. Detalhe do lo celular arredondado. Figura 283.
Detalhe da estriação na região central da célula. Figuras 285-287. Closterium gracile var. gracile.
Escalas valem 100 µm nas figuras 278, 279 e 280, nas demais, valem 25 µm.
285 286
278 279 280
282
281
283 284 287
189
Figuras 288-290. Closterium ralfsi var. hybridum. Figuras 288 e 289. Detalhe dos pólos celulares
truncados. Figuras 291-292. Closterium moliniferum var. moliniferum f. moliniferum. Figuras 293-
294. Closterium acutum var. variabile. Figura 293. Células em conjugação. Figura 294. Ilustração
de material vivo, mostrando grânulos no cloroplasto. Figuras 295-296. Closterium incurvum.
Escalas valem 25 µm com exceção da Figura 290 cuja escala vale 100 µm.
294
292
291
288
289
290
293 296295
190
Figuras 297-304. Cosmarium calcareum var. spetsbergense. Figuras 297, 302 e 303. vista
taxonômica, Figura 298. vista lateral, Figura 299. vista vertical, Figura 304. Células com zigósporo
recém-formado; Figura 301. Zigósporo de Cosmarium calcareum var. spetsbergense. Figuras 305-
309. Cosmarium formosulum var. jenkinae. Figuras 310-311. Cosmarium pachydermum var.
aethiopicum mostrando a parede escrobiculada, cloroplasto ramificado, com pirenóides. Figuras
312-314. Cosmarium polygonum var. polygonum f. polygonum. Figura 312. Vista apical. Figura
314. Formação de zigósporo. Escalas valem 10 µm.
305
314
299
313
308
300298297 301
303302 304
307306
309
312
310 311
191
329
Figuras 315-316. Cosmarium porrectum. Figura 315. Detalhe da ornamentação da parede celular e
cloroplastos. Figura 316. Detalhe da forma celular quadrática com pólos côncavos. Figuras 317-
319. Cosmarium vexatum var. vexatum. Figura 319. lulas ainda conectadas uma a outra após da
divisão celular, Figura 318. Zigósporo. Figuras 320-322. Euastrum spinulosum var. laticeps. Figura
322, vista lateral e vista apical. Figuras 323-325. Staurastrum punctulatum var. punctulatum f.
punctulatum. Figuras 324 e 325, vista apical mostrando o cloroplasto axial furcado em dirão às
extremidades. Figura 326-330. Staurastrum sp. Figuras 326 e 327, vistas taxonômicas e verticais.
Figura 330. Zigósporo de Staurastrum sp.. Escalas valem 10 µm.
323
324
325
328
321
326
320
327
322
319
318
317
315 316
330
192
2. Características limnológicas das três lagoas estudadas
As principais características morfométricas de cada lagoa e as variáveis abióticas estão
apresentadas nas tabelas 55 e 56, respectivamente.
Tabela 55. Características morfométricas e contato com o sitema coalescente de três lagoas do
Pantanal da Nhecolândia.
Salina do Meio Salitrada Campo
Dora
Baía da Sede
Nhumirim
Contato com o sistema
coalescente
Nunca ou
apenas
exepcionalmente
Enchentes mais
expressivas
Freqüentemente
Compr. máximo (m)
436* 500
#
~390
Larg. máxima (m)
325* 250
#
~320
Profundidade máxima (m)
1,1* 0,44 0,80
Área (ha)
10,1* 8
#
~8
*Mourão (1989)
#
Rezende-Filho (2006)
Tabela 56. Variáveis abióticas de três lagoas do Pantanal da Nhecolândia. Os valores em negrito
referem-se à média. Entre parênteses consta os valores mínimo e máximo aferidos para cada
parâmetro.
Salina do Meio
(n = 9)
Salitrada Campo
Dora (n = 6)
Baía da Sede
Nhumirim (n = 8)
pH
9,9 (9,04-10,4) 7,9 (5,02-9,42) 7,8 (7,58-8,06)
Cond. Elét. (µS/cm)
7.951 (2.870-19.020) 874 (318-1852) 1.421 (716-2.110)
Salinidade (ups)
4,6 (1,4-11,8) 0,2 (0,0-0,7) 0,5 (0,0-0,9)
Temp. água (°C)
28,2 (21,7-36,1) 27,7 (23-32) 28,1 (22,1-35,1)
O
2
D. (mg/L)
6,8 (1,8-10) 5,7(4,6-8,0) 9,1 (8,2-10)
Profundidade (cm)
33,9 (19-64) 33,3 (13-44) 32,8 (14-80)
D. Sechii (cm)
3,3 (1,2-4,0) 27 (2-44) 17,3 (5-48)
3. Comparação da flora das três lagoas estudadas
A tabela 57 apresenta a listagem dos táxons determinados com base na presença-ausência
dos mesmos nas lagoas estudadas. A tabela 58 contém o número de táxons identificados para cada
lagoa e o número de táxons exclusivos de cada uma.
193
Tabela 57. Listagem dos táxons de algas e cianobactérias com suas respectivas ocorrências em três
lagoas do Pantanal da Nhecolândia.
Salina do
Meio
Salitrada
Campo
Dora
Baía da
Sede
Nhumirim
CYANOBACTERIA (22 táxons)
Chroococcales
Coelomoron tropicalis
X
Myxobaktron sp. X
Synechococcus cf. nidulans X X
Synechococcus sigmoideus
X X
Synechocystis aquatilis
X X
Oscillatoriales
Arthrospira platensis
X X
Glaucospira sp. X
Hormoscilla pringsheimii
X X
Jaaginema subtilissimum
X
Phormidium irriguum
X
Phormidium sp. X
Planktothrix agardhii
X
Planktothrix isothrix
X
Pseudanabaena limnetica
X
Romeria caruaru
X
Romeria victoriae
X X X
Spirulina subsalsa
X X
Spirulina subtilissima
X
Nostocales
Anabaenopsis cunningtonii
X
Anabaenopsis elenkinii
X X X
Aphanizomenon/Anabaena
X
Calothrix cf. flahaultii
X
XANTOPHYCEAE (5 táxons)
Mischococcales
Centritractus belenophorus
X
Centritractus ellipsoideus
X
Isthmochloron lobulatum
X
Tetraedriella jovetii
X
Tetraplektron laevis
X
BACILLARIOPHYCEAE (23 táxons)
Aulacoseirales
Aulacoseira ambigua
X
Eunotiales
Eunotia bilunaris
X
Eunotia sp. X
Cymbellales
Gomphonema augur var. turris X X
Gomphonema gracile
X X
194
Gomphonema parvulum
X
Gomphonema sp. X
Naviculales
Anomoeoneis sphaerophora
X X X
Craticula ambigua
X
Craticula buderi
X X
Diadesmis confervacea
X
Frustulia krammeri
X
Luticola mutica
X
Navicula brasiliana var. guadalupensis X
Navicula microcari
X
Pinnularia acrosphaeria
X
Pinnularia huckiae
X
Pinnularia microstauron var. rostrata X
Pinnularia viridis
X
Pinnularia sp. X
Sellaphora pupula
X
Bacillariales
Hantzschia amphioxys
X X
Nitzschia palea
X X
CRYPTOPHYCEAE (3 táxons)
Cryptomonadales
Cryptomonas brasiliensis
X
Cryptomonas curvata
X
Pseudocryptomonas sp. X
EUGLENOPHYCEAE (21 táxons)
Euglenales
Euglena polymorpha
X X
Lepocinclis acus (= Euglena acus)
X
Lepocinclis caudata var. caudata
X
Lepocinclis fusca (= Euglena spirogyra var. fusca)
X
Lepocinclis ovum var. ovum
X
Lepocinclis oxyuris (= Euglena oxyuris)
X
Lepocinclis salina var. salina
X
Lepocinclis truncata
X
Phacus contortus
X
Phacus hamatus
X X
Phacus longicauda var. longicauda
X
Phacus longicauda var. torta
X
Phacus orbicularis
X
Phacus pleuronectes
X X
Strombomonas urceolata
X
Trachelomonas armata var. armata
X
Trachelomonas armata var. steinii
X
Trachelomonas hispida var. coronata
X
Trachelomonas kellogii
X
195
Trachelomonas volvocina var. volvocina
X
Trachelomonas volvocinopsis var. volvocinopsis
X
CHLOROPHYCEAE (15 táxons)
Volvocales
Eudorina elegans
X
Chlorococcales
Coelastrum astroideum
X
Coelastrum microporum
X
Desmodesmus opoliensis var. mononensis X
Dictyosphaerium elegans
X
Dictyosphaerium pulchellum
X X
Micractinium bornhemiense
X
Micractinium pusillum
X
Monoraphidium irregulare
X
Scenedesmus cf. baculiformis X
Scenedesmus bicaudatus var. brevicaudatus X
Scenedesmus ecornis
X X
Oedogoniales
Oedogonium punctatum
X
Oedogonium subdissimile
X
Oedogonium sp. X X
ZYGNEMATOPHYCEAE (17 táxons)
Zygnematales
Spirogyra sp.1 X
Spirogyra sp.2 X
Desmidiales
Closterium acutum var. variabile X
Closterium gracile var. gracile X
Closterium incurvum
X
Closterium moniliferum
X
Closterium ralfsi var. hybridum X
Closterium sp. X
Cosmarium calcareum var. spetsbergense X
Cosmarium formosulum var. jenkinae X
Cosmarium pachydermum var. aethiopicum X
Cosmarium polygonum
X
Cosmarium porrectum
X
Cosmarium vexatum var. vexatum X
Euastrum spinulosum var. laticeps X
Staurastrum punctulatum var. punctulatum f. punctulatum X
Staurastrum sp. X
Total geral (106 táxons) 17 41 74
Nas tabelas 59, 60 e 61 são apresentados os números de táxons identificados em cada lagoa
comparando com o número e porcentagem de táxons comuns entre elas e o número e porcentagem
de táxons exclusivos em cada uma.
196
Tabela 58. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns nas três lagoas estudadas do Pantanal da Nhecolândia.
Salina do Meio Salitra Campo Dora Baía da Sede
Nhumirim
Total de táxons 17 41 74
Táxons exclusivos 7 20 57
% táxons exclusivos 41,2% 48,8% 77%
Táxons comuns 3 3 3
% táxons comuns 17,6% 7,3% 4%
Tabela 59. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns entre as lagoas Salina do Meio e Salitrada Campo Dora.
Salina do Meio Salitra Campo Dora
Total de táxons 17 41
Táxons exclusivos 8 32
% táxons exclusivos 47% 78%
Táxons comuns 9
% táxons comuns 53% 22%
Tabela 60. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns entre as lagoas Salina do Meio e Baía da Sede Nhumirim.
Salina do Meio Baía da Sede Nhumirim
Total de táxons 17 74
Táxons exclusivos 12 69
% táxons exclusivos 70,6% 93,2%
Táxons comuns 5
% táxons comuns 29,4% 6,8%
Tabela 61. Comparação entre o total de táxons identificados e o número de táxons exclusivos e
comuns entre as lagoas Salitrada Campo Dora e Baía da Sede Nhumirim.
Salitrada Campo Dora Baía da Sede Nhumirim
Total de táxons 41 74
Táxons exclusivos 26 59
% táxons exclusivos 63,4% 79,7%
Táxons comuns 15
% táxons comuns 36,6% 20,3%
197
Os resultados comparativos da composição de táxons entre as lagoas estudadas constam na
tabela 62.
Tabela 62. Índice de Similaridade de Sörensen dos táxons de algas e cianobactérias de três lagoas
do Pantanal da Nhecolândia.
Salitrada Campo Dora Baía da Sede Nhumirim
Salina do Meio 31% 11%
Salitrada Campo Dora - 26%
O índice de similariadade aplicado simultâneamente às três lagoas indicou que apenas 4,5%
dos táxons são similares entre as mesmas.
A tabela 63 e figura 331 apresentam a contribuição das Classes para a riqueza de espécies
nas lagoas estudadas (em número de táxons).
Tabela 63. Contribuição das Classes para a riqueza de espécies nas lagoas estudadas (em número
de táxons).
Salina do
Meio
Salitrada Campo
Dora
Baía da Sede
Nhumirim
Cyanobacteria 14 10 9
Xantophyceae 2 3
Bacillariophyceae 3 8 20
Cryptophyceae 3
Euglenophyceae 4 21
Chlorophyceae 7 11
Zygnematophyceae 10 7
Total 17 41 74
198
Figura 331. Contribuição das Classes (número de táxons) para a riqueza de espécies em três lagoas
do Pantanal da Nhecolândia (¹Salina do Meio, ²Salitrada Campo Dora, ³Baía da Sede Nhumirim).
Número de táxons
199
Considerações finais
O estudo da biodiversidade de algas e cianobactérias das lagoas Salina do Meio, Salitrada
Campo Dora e Baía da Sede Nhumirim no Pantanal da Nhecolândia permitiu elaborar as seguintes
conclusões e sugestões:
1. Foram identificados 106 táxons distribuídos em sete classes taxonômicas, 16 ordens, 53
gêneros, 93 espécies e 15 variedades que não são as típicas de suas respectivas espécies.
2. As Classes mais bem representadas em relação à riqueza de táxons foram as
Bacillariophyceae (23 táxons), Cyanobacteria (22 táxons), Euglenophyceae (21 táxons),
Zygnematophyceae (17 táxons) e Chlorophyceae (15 táxons), cada uma contribuindo
respectivamente com 21,7%, 20,8%, 19,8%, 16% e 14% do total de táxons identificados.
As classes com menor riqueza de táxons foram as Xantophyceae (5) e Cryptophyceae
(3), que contribuíram respectivamente com 4,7% e 2,8% do total de táxons identificados.
3. A composição ficológica de cada lagoa mostrou-se bastante particular, tanto em relação
ao número de táxons quanto aos táxons exclusivos de cada uma delas, provavelmente
relacionado com as diferenças limnológicas das mesmas.
4. A riqueza de espécies foi claramente maior na Baía da Sede Nhumirim com 74 táxons
(69,8 % do total), seguida pela Salitrada Campo Dora com 41 (38,7% do total), enquanto
que na Salina do Meio o número de táxons foi bastante reduzido 17 (16% do total), se
comparado às primeiras.
5. Na Baía da Sede Nhumirim ocorreram representantes das sete classes documentadas. As
classes Euglenophyceae e Bacillariophyceae foram as que apresentaram o maior número
de táxons, cada uma contribuindo respectivamente com 28,4% e 27% dos táxons que
ocorreram nesta lagoa. As Chlorophyceae contribuíram com 14,9%, Cyanobacteria
12,2%, Zygnematophyceae 9,5%, e as Cryptophyceae e Xantophyceae contribuíram
cada uma com apenas 4% dos táxons desta lagoa.
6. Na Salitrada Campo Dora não ocorreram representantes de Cryptophyceae. As classes
mais bem representadas foram Zygnematophyceae e Cyanobacteria, cada uma
contribuindo com 24,4% dos táxons, seguidas por Chlorophyceae (17%) e
Bacillariophyceae (19,5%). As Euglenophyceae e Xantophyceae contribuíram
respectivamente com apenas 9,8% e 4,9% dos táxons desta lagoa.
7. Na Salina do Meio ocorreram apenas representantes de Cyanobacteria e
Bacillariophyceae, contribuindo respectivamente com 82,4% e 17,6% dos táxons desta
lagoa.
200
8. Dos 106 táxons identificados, apenas Romeria victoriae Komárek & Cronberg
(Cyanobacteria), Anabaenopsis elenkinii Miller (Cyanobacteria) e Anomoeoneis
sphaerophora Pfitzer (Bacillariophyceae) foram encontrados nas três lagoas estudadas,
correspondendo a apenas 4,5% de similaridade entre as mesmas. Além disso, os
referidos táxons foram mais comuns nas amostras da Salina do Meio e apenas
eventualmente encontrados na Salitrada Campo Dora e Baía da Sede Nhumirim.
9. Quinze táxons foram comuns entre as lagoas Salitrada Campo Dora e Baía da Sede
Nhumirim. A saber: de Cyanobacteria, a Oscillatoriales Romeria victoriae e a
Nostocales Anabaenopsis elenkinii; de Bacillariophyceae, as Cymbellales Gomphonema
augur var. turris e Gomphonema gracile, a Naviculales Anomoeoneis sphaerophora, a
Eunotiales Eunotia bilunaris e as Bacillariales Hantzschia amphioxys e Nitzschia palea;
de Euglenophyceae, as Euglenales Euglena polymorpha, Phacus pleuronectes, Phacus
onyx e Phacus hamatus; de Chlorophyceae, as Chlorococcales Dictyosphaerium
pulchellum e Scenedesmus ecornis e a Oedogoniales Oedogonium sp.
10. Nove táxons foram comuns entre as lagoas Salina do Meio e Salitrada Campo Dora. A
saber: de Cyanobacteria, a Chroococcales Synechocystis aquatilis, as Oscillatoriales
Arthrospira platensis, Hormoscilla pringsheimii, Pseuanabaena limnetica, Romeria
victoriae e Spirulina subsalsa e, a Nostocales Anabaenopsis elenkinii; de
Bacillariophyceae, as Naviculales Anomoeoneis sphaerophora e Craticula buderi.
11. Cinco táxons foram comuns entre as lagoas Salina do Meio e Baía da Sede Nhumirim. A
saber: de Cyanobacteria, as Chroococcales Synechococcus cf. nidulans e Synechococcus
sigmoideus, a Oscillatoriales Romeria victoriae e a Nostocales Anabaenopsis elenkinii;
de Bacillariophyceae, apenas a Naviculales Anomoeoneis sphaerophora Pfitzer. Destes
táxons, somente Synechococcus cf. nidulans e Synechococcus sigmoideus não ocorreram
na Salitrada Campo Dora.
12. A similaridade entre as lagoas, com base no Índice de Similaridade de Sörensen, foi
baixa, apenas 4,5% comparando as três lagoas simultâneamente. Entre as lagoas Salina
do Meio e Salitrada Campo Dora a similaridade foi de 31%; entre a Salitrada Campo
Dora e Baía da Sede Nhumirim de 26%; e, apenas 11% entre a Salina do Meio e Baía da
Sede Nhumirim. Indicando o caráter intermediário da Salitrada com relação à Baía e
Salina.
13. Os gêneros mais bem representados em número de táxons infragenéricos foram:
Lepocinclis (7), Phacus, Trachelomonas, Closterium e Cosmarium cada um com 6 e
Pinnularia com 5 táxons.
201
14. Sessenta e dois táxons foram atualmente citados pela primeira vez para o Pantanal
Brasileiro, representando 58,5% do total de táxons identificados.
15. Para o Pantanal da Nhecolândia, 100 táxons foram atualmente citados pela primeira vez,
representando 94,3% do total dos táxons identificados.
16. As Bacillariophyceae contribuíram com 30% dos táxons citados pela primeira vez para o
Pantanal Brasileiro, seguida pelas Cyanobacteria 27%, Zygnematophyceae 19,1%,
Chlorophyceae 9,5%, Euglenophyceae 6,3%, Xanthophyceae 4,8% e Cryptophyceae
3,2%.
17. Dos 23 táxons identificados de Bacillariophyceae, apenas Aulacoseira ambigua, Eunotia
bilunaris¸ Pinnularia acrosphaeria e Hantzschia amphioxys já haviam sido citadas para
o Pantanal Brasileiro. Sendo Eunotia sp., Gomphonema augur var. turris, Gomphonema
parvulum, Gomphonema gracile, Gomphonema sp., Anomoeoneis sphaerophora,
Craticula ambigua, Craticula buderi, Diadesmis confervacea, Frustulia krammeri,
Luticola mutica, Navicula brasiliana var. guadalupensis, Navicula microcari,
Pinnularia acrosphaeria, Pinnularia huckiae, Pinnularia microstauron var. rostrata,
Pinnularia viridis, Pinnularia sp., Sellaphora pupula e Nitzschia palea citadas pela
primeira vez para a região.
18. Dos 22 táxons identificados de Cyanobacteria, apenas Synechocystis aquatilis,
Pseudanabaena limnetica, Spirulina subsalsa e Spirulina subtilissima já haviam sido
citadas para o Pantanal Brasileiro. Sendo Coelomoron tropicalis, Myxobaktron sp.,
Synechococcus cf. nidulans, Synechococcus sigmoideus, Arthrospira platensis,
Glaucospira sp., Hormoscilla pringsheimii, Jaaginema subtilissimum, Phormidium
irriguum, Phormidium sp., Planktothrix agardhii, Planktothrix isothrix, Romeria
caruaru, Romeria victoriae, Anabaenopsis cunningtonii, Aphanizomenon/Anabaena e
Calothrix cf. flahaultii citados pela primeira vez para a região.
19. Dos 17 táxons identificados de Zygnematophyceae, apenas Closterium gracile var.
gracile, Closterium moniliferum, Closterium ralfsi var. hybridum, Cosmarium
porrectum e Staurastrum punctulatum var. punctulatum f. punctulatum já haviam sido
citados para o Pantanal Brasileiro. O restante, portanto, correspondendo às primeiras
citações para a região: Spirogyra sp.1, Spirogyra sp.2, Closterium acutum var. variabile,
Closterium incurvum, Closterium sp., Cosmarium calcareum var. spetsbergense,
Cosmarium formosulum var. jenkinae, Cosmarium pachydermum var. aethiopicum,
Cosmarium polygonum, Cosmarium vexatum var. vexatum, Euastrum spinulosum var
laticeps e Staurastrum sp.
202
20. Dos 15 táxons identificados de Chlorophyceae, nove já haviam sido citados para o
Pantanal Brasileiro. Sendo Desmodesmus opoliensis var. mononensis, Scenedesmus
bicaudatus var. brevicaudatus, Scenedesmus cf. baculiformis¸ Oedogonium punctatum,
Oedogonium subdissimile e Oedogonium sp. citados pela primeira vez para a região.
21. Observou-se grande quantidade de eubactérias cocóides, pseudofilamentosas e
filamentosas nas amostras da lagoa Salina do Meio principalmente nos períodos de seca.
Sugere-se que sejam desenvolvidos estudos de levantamento destes organismos devido a
sua inegável importância como constituinte da biota desta lagoa.
22. Doze táxons não puderam ser identificados além do nível gênero. Destes, provavelmente
seis são novos para a ciência e deverão ser mais bem estudados para futura proposição:
de Cyanobacteria, Myxobaktron sp. e Phormidium sp.; de Cryptophyceae,
Pseudocryptomonas sp.; de Bacillariophyceae, Eunotia sp.; de Chlorophyceae,
Oedogonium sp.; e de Zygnematophyceae Staurastrum sp.
23. Sugere-se a realização de estudo detalhado sobre as cianobactérias, em especial a
espécie Anabaenopsis ellenkinii, por formar florações na lagoa Salina do Meio.
24. As diferenças observadas na riqueza e composição dos táxons em cada lagoa sugerem
que os nomes regionalmente empregados (salina, salitrada e baía) sejam adequados
como sistema de classificação.
25. Com base na particularidade florística das lagoas estudadas, destaca-se a importância da
preservação desses sistemas (salina, salitrada e baía) para a manutenção da
biodiversidade total de algas e cianobactérias que ocorrem nas mesmas.
26. Considerando-se que mais de 94% dos táxons encontrados são referidos pela primeira
vez para a região estudada, sugere-se a continuidade dos estudos de biodiversidade de
algas e cianobactérias das diferentes lagoas do Pantanal da Nhecolândia.
203
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Anexo 1: Variáveis climatológicas da Nhecolândia: janeiro de 2004 a maio de 2007.
Os dados foram obtidos através da Estação Metereológica Nhecolândia (Fazenda Nhumirim)
Corumbá – MS. Latitude: 18º59’ S. Longitude: 56º39’ W. Altitude: 89 metros. Esta fazenda
pertence à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Pantanal). Os dados foram
fornecidos pelo Instituto Nacional de Metereologia (INMET – 7º Distrito de Metereologia), São
Paulo, SP.
Dados diários diversos coincidentes com as datas de coleta.
Datas \Parâmetros precip. temp.máx. temp.mín temp.méd. umid.relat. evap. insol.
10/05/2004
0,0 30,8 14,4 21,6 86 2,1 9,4
14/08/2004
0,0 33,6 15,0 23,3 52 13,5 10,0
14/10/2004
0,0 27,6 18,2 22,7 88 3,2 0,9
08/05/2005
0,0 24,0 14,1 19,1 69 2,1 0,0
28/06/2005
4,4 31,8 17,0 22,8 68 1,2 7,6
25/09/2005
35,4 24,6 21,0 22,2 97 8,0 0,0
21/04/2006
0,0 33,6 20,8 26,4 86 3,5 7,8
28/08/2006
13,0 25,0 18,6 20,0 94 2,0 0,0
16/11/2006
0,0 36,6 22,0 29,1 68 9,1 11,7
04/05/2007
0,0 33,4 17,0 23,8 74 7,5 10,0
Legenda: precip. = precipitação em milímetros (total diário); temp. máx. = temperatura máxima do
ar em ºC; temp. mín. = temperatura mínima do ar em ºC; temp. méd. = temperatura média do ar em
ºC; umid.relat. = % umidade relativa (média diária); evap. = evaporação em milímetros (total
diário); insol. = insolação em horas de sol (total diário).
Médias mensais de umidade relativa de janeiro de 2004 a maio de 2007 (em %).
Ano\mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2004
79 83 84 86 86 80 80 69 62 73 77 77
2005
87 83 86 80 79 82 73 66 67 78 77 81
2006
83 83 86 86 81 81 76 62 70 79 76 85
2007
87 85 79 82 80
224
Médias mensais de temperatura média do ar de janeiro de 2004 a abril de 2007 (em ºC).
Ano\mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2004
28,1 27,0 26,2 20,2 20,9 19,9 21,6 24,9 25,9 26,3 27,6
2005
27,2 27,4 26,7 25,0 23,2 22,5 19,3 22,3 22,6 27,0 27,2 27,3
2006
27,2 27,4 27,5 25,4 19,6 21,8 21,6 22,8 24,6 27,0 26,9 27,3
2007
27,5 27,3 27,6 26,4
Obs: Não há dados em fevereiro/2004 e maio/2007.
Médias mensais de temperatura mínima do ar de janeiro de 2004 a maio de 2007 (em ºC).
Ano\mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2004
22,9 22,5 21,6 21,5 16,1 15,6 14,1 13,9 17,2 20,1 20,8 22,2
2005
24,1 22,7 21,8 19,4 16,8 16,4 12,1 14,1 16,3 21,7 22,2 22,7
2006
23,0 23,0 23,5 20,6 11,8 15,5 14,7 14,8 18,1 21,9 21,1 23,5
2007
23,9 23,4 22,5 20,9 15,8
Médias mensais de temperatura máxima do ar de janeiro de 2004 a abril de 2007 (em ºC).
Ano\mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2004
34,5 34,3 32,6 25,7 29,1 28,2 32,1 34,9 33,5 33,1 33,8
2005
32,5 33,7 33,5 32,4 31,1 31,1 28,3 33,3 31,0 33,9 34,2 33,5
2006
33,3 33,3 33,3 32,1 28,6 30,9 31,6 32,9 32,9 33,5 33,8 32,6
2007
32,7 32,6 34,3 33,9
Obs: Não há dados em fevereiro/2004 e maio/2007.
Totais mensais de insolação de janeiro de 2004 a maio de 2007 (em horas de sol).
Ano\mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2004
184,4 251,9 205,3 125,4 184,4 195,4 253,8 184,3 180,3 227,5 235,1
2005
138,9 206,3 224,2 202,2 215,9 215,4 228,1 221,9 174,7 190,2 181,1 210,4
2006
156,7 197,2 181,0 194,1 235,7 208,6 253,8 253,9 184,9 201,7 202,1 136,9
2007
132,1 166,7 243,7 254,6 201,3
Obs: Não há dados em jan/04.
225
Totais mensais de evaporação de janeiro de 2004 a maio de 2007 (em milímetros).
Ano\mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2004
189,8 128,7 113,7 139,5 90,1 151,5 181,6 254,2 319,2 234,9 156,9 162,6
2005
94,3 135,6 134,9 130,0 162,8 164,9 184,6 301,7 256,0 170,2 167,1 127,7
2006
114,5 113,0 97,2 101,5 122,9 115,1 149,2 188,8 190,4 127,0 128,3 63,8
2007
68,5 80,2 145,2 131,5 137,1
Totais mensais de precipitação de janeiro de 2004 a maio de 2007 (em milímetros).
Ano\mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2004
63,4 385,8 56,2 75,5 158,7 21,9 8,0 0,5 17,0 200,0 278,0 60,4
2005
275,4 99,4 37,4 41,6 44,2 33,6 27,4 0,0 45,6 64,2 126,5 171,9
2006
162,2 165,6 152,2 54,6 52,5 2,6 14,2 16,4 31,0 112,4 183,4 209,3
2007
282,2 211,7 31,8 10,4 85,4
226
Anexo 2: Análises químicas da água de três lagoas do Pantanal da Nhecolândia, MS, Brasil
As análises foram realizadas na Unidade Laboratorial de Referência em Limnologia
(ULRL) do Instituto de Pesca, em São Paulo, SP, Brasil.
Os parâmetros e métodos utilizados estão apresentados a seguir.
Parâmetros
Método
Referência
Alcalinidade Titulométrico APHA 1998
Amônia (μg L
-1
) Colorimétrico APHA 1998
Fósforo Total-PT (μg L
-1
) Colorimétrico Valderrama 1981
Matéria orgânica (mg L-¹) Técnica gravimétrica APHA 1998
Nitrato (μg L
-1
) Colorimétrico Giné et al. 1980
Nitrito (μg L
-1
) Colorimétrico Giné et al. 1980
Nitrogênio Total-NT (μg L
-1
) Colorimétrico APHA 1998
Ortofosfato (μg L
-1
) Colorimétrico Strickland & Parsons 1960
Sílica (mg L
-1
) Colorimétrico APHA 1998
Sólidos Totais em Suspensão - STS (mg L-¹) Técnica gravimétrica APHA 1998
A seguir constam os dados obtidos para três lagoas do Pantanal da Nhecolândia.
Lagoas/datas
Parâmetros
Salina do
Meio
04/V/2007
(período de
cheia)
Salina do
Meio
28/VIII/2006
(período de
seca)
Salitrada
Campo Dora
04/V/2007
(período de
cheia)
Baía da Sede
Nhumirim
04/V/2007
(período de
cheia)
Baía da Sede
Nhumirim
28/VIII/2006
(período de
seca)
Alcalinidade (mg L
-1
) 34 109 41 40 61
Amônia (µg L
-1
) 1.097 21.016 505 2.190 4.889
Fósforo Total (µg L
-1
) 1.943 13.357 255 205 3.484
Matéria Orgânica (mg L
-1
) 33,33 0,24 0,33 2,66 0,05
Nitrato (µg L
-1
) 17,7 3.999 14,3 5,7 696
Nitrito (µg L
-1
) 6,7 393 0,5 4,4 340
Nitrogênio Total (µg L
-1
) 11.660 6.437 12.211 668 2.614
Ortofosfato (µg L
-1
) 23,5 3.496 108,6 63 699
Sílica (µg L
-1
) 34.276 12.816 31.738 20.368 2.532
STS (mg L
-1
) 317 17 1 7 626
227
Índice remissivo dos táxons
Anabaenopsis cunningtonii Taylor................................................................................................... 50
Anabaenopsis elenkinii Miller .......................................................................................................... 51
Anomoeoneis sphaerophora Pfitzer .................................................................................................. 78
Aphanizomenon/Anabaena .............................................................................................................. 53
Arthrospira platensis (Nordstedt) Gomont ....................................................................................... 35
Aulacoseira ambigua (Grunow) Simonsen ....................................................................................... 70
Calothrix cf. flahaultii Frémy ........................................................................................................... 56
Centritractus belenophorus Lemmermannn ..................................................................................... 63
Centritractus ellipsoideus Starmach ................................................................................................. 64
Closterium acutum var. variabile (Lemmermannn) Krieger .......................................................... 168
Closterium gracile Brébisson ex Ralfs var. gracile ......................................................................... 169
Closterium incurvum Brébisson ..................................................................................................... 170
Closterium moniliferum (Bory) Ehrenberg ex Ralfs var. moniliferum f. moniliferum ................ 170
Closterium ralfsii Brébisson ex Ralfs var. hybridum Rabenhorst .................................................. 172
Closterium sp. .................................................................................................................................. 173
Coelastrum astroideum De Notaris ................................................................................................. 143
Coelastrum microporum Nägeli ..................................................................................................... 144
Coelomoron tropicalis ....................................................................................................................... 30
Cosmarium calcareum var. spetsbergense (Borge) Förster ........................................................... 175
Cosmarium formosulum var. jenkinae Rich .................................................................................. 176
Cosmarium pachydermum Lundell var. aethiopicum (West & West) West & West .................... 177
Cosmarium polygonum (Näg.) Archer var. polygonum f. polygonum .......................................... 179
Cosmarium porrectum Nordsted .................................................................................................... 180
Cosmarium vexatum W. West var. vexatum .................................................................................. 181
Craticula ambigua (Ehrenberg) Mann .............................................................................................. 80
Craticula buderi (Hustedt) Lange-Bertalot ....................................................................................... 80
Cryptomonas brasiliensis Castro, C. Bicudo & D. Bicudo ............................................................. 102
Cryptomonas curvata Ehrenberg emend. Penard ............................................................................ 103
Desmodesmus opoliensis var. mononensis (R. Chodat) Hegewald ................................................ 145
Diadesmis confervacea Kützing var. confervacea ........................................................................... 82
Dictyosphaerium elegans Bachmann .............................................................................................. 146
Dictyosphaerium pulchellum Wood ............................................................................................... 147
Euastrum spinulosum Delponte var. laticeps Borge ...................................................................... 182
Eudorina elegans Ehrenberg ........................................................................................................... 141
Euglena polymorpha Dangeard ...................................................................................................... 108
Eunotia bilunaris (Ehrenberg) Souza ............................................................................................... 71
Eunotia sp. ......................................................................................................................................... 73
Frustulia krammeri Lange-Bertalot e Metzeltin............................................................................... 83
Glaucospira sp. .................................................................................................................................. 36
Gomphonema augur Ehrenberg var. turris (Ehrenberg) Lange-Bertalot ......................................... 74
Gomphonema gracile Ehrenberg ...................................................................................................... 75
Gomphonema parvulum (Kützing) Kützing ..................................................................................... 76
Gomphonema sp. ............................................................................................................................... 77
Hantzschia amphioxys (Ehrenberg) Grunow .................................................................................... 94
Hormoscilla pringsheimii Anagnostidis & Komárek ....................................................................... 37
Isthmochloron lobulatum (Nägeli) Skuja ......................................................................................... 65
Jaaginema subtilissimum (Kützing ex De Toni) Anagnostidis & Komárek .................................... 38
Lepocinclis acus (O. F. Müller) Marin & Melkonian ...................................................................... 110
Lepocinclis caudata (Cunha) Conrad var. caudata......................................................................... 112
228
Lepocinclis fusca (Klebs) Kosmala & Zakrys ................................................................................ 113
Lepocinclis ovum (Ehrenberg) Lemmermannn var. ovum .............................................................. 115
Lepocinclis oxyuris (Schmarda) Marin & Melkonian ..................................................................... 116
Lepocinclis salina Fritsch var. salina ............................................................................................. 117
Lepocinclis truncata Cunha ............................................................................................................ 119
Luticola mutica (Kützing) Mann ....................................................................................................... 83
Micractinium bornhemiense (Conrad) Korsikov ........................................................................... 149
Micractinium pusillum Fraesenius ................................................................................................. 150
Monoraphidium irregulare (G. M. Smith) Kom.-Legn. ................................................................. 151
Myxobaktron sp. ................................................................................................................................ 31
Navicula brasiliana Cleve var. guadalupensis Manguin ................................................................. 85
Navicula microcari Lange-Bertalot................................................................................................... 86
Nitzschia palea (Kützing) Wm. Smith .............................................................................................. 96
Oedogonium punctatum Wittrock .................................................................................................. 156
Oedogonium sp. .............................................................................................................................. 159
Oedogonium subdissimile Jao ......................................................................................................... 157
Phacus contortus Bourrelly var. contortus ..................................................................................... 120
Phacus hamatus Pochmann ............................................................................................................ 122
Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. longicauda ............................................................ 123
Phacus longicauda (Ehrenberg) Dujardin var. torta Lemmermannn ............................................. 124
Phacus onyx Pochmann................................................................................................................... 126
Phacus pleuronectes (O. F. Müller) Dujardin ................................................................................. 127
Phormidium irriguum (Kützing ex Gomont) Anagnostidis & Komárek ......................................... 40
Phormidium sp. ................................................................................................................................. 41
Pinnularia acrosphaeria W. Smith var. acrosphaeria ..................................................................... 87
Pinnularia huckiae Metzeltin & Lange-Bertalot .............................................................................. 89
Pinnularia microstauron (Ehrenberg) Cleve var. rostrata Krammer .............................................. 90
Pinnularia sp. .................................................................................................................................... 92
Pinnularia viridis (Nitzsch) Ehrenberg var. viridis ........................................................................... 91
Planktothrix agardhii (Gomont) Anagnostidis & Komárek ............................................................. 43
Planktothrix isothrix (Skuja) Komárek & Komárková .................................................................... 44
Pseudanabaena limnetica (Lemmermannn) Komárek ..................................................................... 45
Pseudocryptomonas sp. ................................................................................................................... 105
Romeria caruaru Komárek et al. ...................................................................................................... 46
Romeria victoriae Komárek & Cronberg .......................................................................................... 47
Scenedesmus bicaudatus (Hansg.) R. Chodat var. brevicaudatus Hortabágyi .............................. 152
Scenedesmus cf. baculiformis Chodat ............................................................................................ 153
Scenedesmus ecornis (Ehrenberg ex Ralfs) Chodat ........................................................................ 154
Spirogyra sp.1 .................................................................................................................................. 165
Spirogyra sp.2 .................................................................................................................................. 166
Spirulina subsalsa Oerdsted ex Gomont ........................................................................................... 48
Spirulina subtilissima Kützing ex Gomont ....................................................................................... 49
Staurastrum punctulatum (Brébisson) Ralfs var. punctulatum f. punctulatum ........................... 184
Staurastrum sp. ............................................................................................................................... 185
Strombomonas urceolata (Stokes) Deflandre ................................................................................. 128
Synechococcus cf. nidulans (E.G. Pringsheimii) Komárek .............................................................. 32
Synechococcus sigmoideus (G. Moore & N. Carter) Komárek ........................................................ 33
Synechocystis aquatilis Sauvageau ................................................................................................... 34
Tetraedriella jovetii (Bourrelly) Bourrelly ........................................................................................ 66
Tetraplektron laevis (Bourrelly) Ettl ................................................................................................. 66
Trachelomonas armata (Ehrenberg) Stein var. armata .................................................................. 130
229
Trachelomonas armata (Ehrenberg) var. steinii Lemmermannn emend. Deflandre emend. C.
Bicudo & De-Lamonica-Freire .................................................................................................... 131
Trachelomonas hispida (Perty) Stein emend. Deflandre var. coronata Lemmermannn ................ 133
Trachelomonas kellogii Skvortzov emend. Deflandre .................................................................... 132
Trachelomonas volvocina Ehrenberg var. volvocina ...................................................................... 134
Trachelomonas volvocinopsis Swirenko var. volvocinopsis .......................................................... 135
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