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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE BAURU
PAULO FUKASHI YAMAGUTI
Análise da técnica de fundição rápida segundo a adaptação
cervical de infra-estrutra de liga à base de Ni-Cr e expansões de
presa e térmica de quatro revestimentos
BAURU
2007
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PAULO FUKASHI YAMAGUTI
Análise da técnica de fundição rápida segundo a adaptação cervical de infra-
estrutura de liga à base de Ni-Cr e expansões de presa e térmica de quatro
revestimentos
Tese apresentada à Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de
doutor em Odontologia.
Área de concentração: Reabilitação Oral
Orientador: Prof. Dr. José Henrique Rubo
BAURU
2007
Yamaguti, Paulo Fukashi
Y14a Análise da técnica de fundição rápida segundo a
adaptão cervical de infra-estrutura de liga à base de Ni-Cr
e expansões de presa e térmica de quatro revestimentos /
Paulo Fukashi Yamaguti. -- Bauru, 2007.
96p. : il. ; 30cm.
Tese. (Doutorado) -- Faculdade de Odontologia de
Bauru. Universidade de São Paulo.
Orientador: Prof. Dr. José Henrique Rubo
Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a
reprodão total ou parcial desta tese, por processos fotocopiadores e outros
meios eletrônicos.
Assinatura:
Data:
DEDICATÓRIAS
À Siomara,
Em momento de lamentação e desânimo, sempre
esteve presente para me lembrar as milhares de
coisas maravilhosas que já aconteceram em nossas
vidas.
Aos meus pais,
Muito obrigado por me disciplinar, que me ajudou a
dizer sim a um objetivo de vida e dizer não a muitos
outros.
Ao Prof. Rubo,
A minha satisfação por ser seu orientado não
somente por suas qualificações acadêmicas, mas
principalmente por não se ufanar como muitos e
manter a sua simplicidade.
AGRADECIMENTOS
Aos colegas Luiz Gustavo, Renato, Rafael, Ayub, Jefferson, Osvaldo,
Leylha, Marly, Marinelle, Paulo, Tatiany, Ana Lúcia e Ricardo pela convivência e
colaboração durante a minha estada em Bauru.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação, área de Reabilitação Oral,
Prof. Dr. Accácio Lins do Valle, Prof. Dr. Carlos dos Reis Pereira Araújo, Prof. Dr.
Gerson Bonfante, Prof. Dr. Luiz Fernando Pegoraro, Prof. Dr. Paulo César
Rodrigues Conti, Prof. Dr. Paulo Martins Ferreira, Prof. Dr. Wellington Cardoso
Bonachela e Prof. Dr. Ricardo Marins de Carvalho.
Às funcinárias Deborah Blasca, Ana Cláudia Mattar e Valquíria Nogueira.
Aos técnicos Reivanildo Viana, Marcelo Giatti e Sidnei Martins pela
colaboração laboratorial.
Para a CAPES pela concessão da bolsa de estudo.
À Polidental por gentilmente ceder o seu laboratório e equipamentos para
aferição das expansões de presa e térmica dos revestimentos.
À Prof
a
. Dr
a
Jane Elizabeth Kraus pela revisão do texto.
Aos demais docentes do Departamento de Prótese da Faculdade de
Odontologia de Bauru - USP.
EPÍGRAFE
“Divido o mundo entre aqueles que aprendem e os que não aprendem. Há
pessoas que aprendem, que se mostram abertas ao que acontece à sua
volta, que escutam, que ouvem as lições. Quando fazem alguma coisa
idiota, não a repetem. E, quando fazem algo que funciona um pouco,
fazem ainda melhor e dando mais duro da próxima vez. A pergunta a
fazer não é se você é um sucesso ou um fracasso, mas se é um dos que
aprendem ou dos que não aprendem”
Benjamin Barber
RESUMO
Estudos recentes têm demonstrado que o aprimoramento dos
revestimentos odontológicos para o uso da técnica de fundição rápida pode ser
considerado uma realidade no seu uso diário no laboratório de prótese. Desta
forma, obtêm-se peças metálicas fundidas em menor tempo, produz-se mais em
pouco tempo e, diminuem-se os custos sem perda da qualidade. Mesmo assim,
ainda incógnitas sobre como estes revestimentos se expandem. Imagina-se que
para obter a melhor adaptação cervical é necessária a maior expansão total do
revestimento, mas alguns estudos têm demonstrado que outros fatores podem ser
determinantes para obter a melhor adaptação cervical. O objetivo deste trabalho foi
averiguar a adaptação cervical de infra-estruturas metálicas à base de Ni-Cr obtidas
com quatro revestimentos odontológicos para a técnica de fundição rápida e
analisar as expansões de presa e térmica dos mesmos. De cada revestimento
foram obtidos 10 corpos de prova. Na análise da expansão de presa e térmica
utilizou-se 3 corpos de prova de cada revestimento. Para a análise estatística,
utilizou-se o ANOVA e o Teste de Tukey. Estas análises demonstraram que o uso
do revestimento Heat Shock resultou na melhor adaptação cervical, seguido do
Flash, Bellavest SH e Micro-Fine 1700. Na expansão de presa, no período de 15
minutos após a inclusão, nenhum dos revestimentos havia completado a sua total
expansão. Na expansão térmica, dentro do forno no período de 20 minutos, todos
os revestimentos apresentaram a expansão completada dentro de 15 minutos.
Conclui-se que todos os revestimentos m o potencial a oferecer peças fundidas
com adaptação cervical adequada e que a obtenção da mesma não depende
apenas da maior expansão total, mas também do comportamento da expansão de
presa e da expansão térmica. também indícios de que a resistência à
compressão do revestimento desempenha importância considerável.
Palavras-chave: Adaptação marginal. Técnica de fundição odontológica.
Revestimento para fundição odontológica.
ABSTRACT
Analysis of accelerated casting technique in accordance with marginal
adaptation of Ni-Cr crown and curing expansion and thermal expansion of four
investments
With the improvement of dental investments for accelerated casting technique, recent
studies have demonstrated that the procedure can be considered safe for daily use in
the dental laboratory. Thus, cast pieces can be obtained in less time, the prosthetic
work as a whole can be speed up and costs are cut with no quality compromise.
Even though, there are still unanswered questions on how investments expand. It is
thought that to reach the best cervical adaptation the greatest investment total
expansion is needed, but some studies have demonstrated that other factors can be
determining. The aim of this study was to verify the cervical adaptation of nickel-
chromium crowns cast using four dental investments for the accelerated casting
technique and to analyze the curing and thermal expansion of such investments. For
each investment, ten samples were obtained. For thermal expansion analysis three
samples of each investment were used. For statistical purposes ANOVA and Tukey
tests were used. The use of Heat Shock yielded the best results of cervical
adaptation, followed by Flash, Bellavest SH and Micro-Fine 1700. For thermal
expansion, 15 minutes after investment, none of the investments had reached their
complete expansion. After 20 minutes inside the oven all investments had completed
their expansion. It was concluded that all investments tested are suitable to offer cast
pieces with adequate cervical adaptation. Adaptation depends not only of the
greatest total expansion, but also of the curing and thermal expansion. There are
indications that investment compression strength plays an important role on the
technique.
Keywords: Marginal Adaptation. Dental casting technique. Dental casting
investments.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
- FIGURAS
Figura 1 -
A) Troquel metálico com o espaçador oclusal (EO) e o
espaçador cervical (EC);
B) Esquema com as medidas do troquel metálico com o
espaçador oclusal e sem o espaçador cervical;
C) Esquema com as medidas do troquel metálico com o
espaçador oclusal e cervical ..........................................
Figura 2 -
A) Padrão metálico com os espaçadores oclusal e
cervical, a matriz tubular (MT) e o anel metálico (AM);
B) Padrão metálico fixo na matriz metálica tubular
excedendo 1,0 mm da porção oclusal;
C) Anel metálico inserido no conjunto para permitir
espaço adequado para a confecção dos padrões de
cera: espessura de 1,0 mm na cervical e 1,0 mm na
oclusal ..............................................................................
Figura 3 -
A) todo o conjunto metálico e o padrão de cera (PC)
solidificado pronto para ser removido;
B) O conjunto com o anel metálico (AM) e sem a matriz
tubular;
C) O conjunto sem a matriz tubular e o anel metálico;
D) Padrão de cera fixado ao suprue e à base formadora
de cadinho .......................................................................
Figura 4 -
Microscópio comparador .................................................
Figura 5 -
A) Conjunto das três buchas de redução B1, B2 e B3;
B) B2 conectado ao B1;
C) B3 conectado ao B2, internamente ao B1 ..................
Figura 6 -
Esquema dos encaixes das buchas B1 e B2:
A) B2 sendo encaixado no B1;
B) B2 encaixado em B1 ..................................................
Figura 7 -
Esquema do encaixe da bucha B3:
A) B3 sendo encaixado em B2 pelo bocal maior de B1;
B) B3 encaixado em B2 ..................................................
Figura 8 -
A) 4 pares de abaixador de língua de madeira mais 4
protetores adesivos de feltro sintético circular colados
no interior de B1;
B) Webcam Logitech® QuickCam® Pro 5000
desmontada;
C) Webcam encaixada no interior de B1 .........................
Figura 9 -
O conjunto de buchas com a webcam acoplada no visor do
microscópio. A imagem do microscópio era enviada, via
webcam, para o notebook Toshiba S-141 .............................
Figura 10 -
A) Padrão metálico sem os espaçadores oclusal e cervical,
e uma infra-estrutura ideal que é fruto de uma fundição
precisa, D = medida da borda oclusal do padrão metálico
até a borda da infra-estrutura ideal;
B) A borda cervical do espécime ficou aquém do ideal (D1);
em função da infra-estrutura;
C) A borda cervical do espécime ficou além do ideal (D2);
em função da sobre-expansão ..............................................
Figura 11 -
A) Sobre uma placa acrílica maior (PAM) havia um relógio
comparador fixo (RCF) em outra extremidade uma placa
acrílica T fixa (PTF). As outras três placas eram móveis
(PM);
B) Medidas de todo o conjunto anterior .................................
Figura 12 -
A) Bloco de latão para obtenção do revestimento em forma
de bastão, orifícios (O) no centro da calha;
B) Os dois blocos de latão unidos, anel metálico fechado e
anel metálico aberto para estabilizar os dois blocos;
C) Os dois blocos de latão unidos pelos anéis metálicos,
orifício (O) onde será inserida uma haste metálica;
D) Medidas da metade do bloco de latão;
E) Medidas do bloco de latão em seção transversal .............
Figura 13 -
A) Bloco metálico aberto após 20 minutos, bastão de
revestimento com o orifício no seu centro;
B) Fio do termopar inserido no orifício do bastão de
revestimento;
C) Duas extremidades do termopar: uma se abre em dois
fios que se conectava a um termômetro de resistência
elétrica; a outra com os dois fios unidos para serem
inseridos no orifício do bastão de revestimento;
D) Termômetro de resistência elétrica ..................................
Figura 14 -
A) Bastão de quartzo e tubo de quartzo;
B) Dispositivo para fixar o relógio comparador no tubo de
quartzo;
C) Dispositivo fixo no tubo de quartzo de forma que o
Indicar o está tocando levemente ..........................................
Figura 15 -
A) Painel de controle do forno;
B) Forno tubular com uma abertura no seu topo;
C) Conjunto para realizar a mensuração da expansão
térmica posicionado no interior do forno tubular ..............
65
Figura 16 -
Média de desajuste marginal (mm) entre os diferentes
revestimentos (R1 – R4) ..................................................
70
Figura 17 -
Média da expansão de presa (mm), nos primeiros 16
minutos, com os revestimentos na proporção de líquido
especial de 75% ..............................................................
72
Figura 18 -
Média da expansão térmica (mm), durante 20 minutos,
com os revestimentos na proporção de líquido especial
de 75% ............................................................................
74
Figura 19 -
Média da expansão total (mm), revestimentos (R1 R4)
na proporção de líquido especial de 75% ........................
75
- QUADRO
Quadro 1 -
Esquema das condições do experimento ........................
56
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 -
Médias das desadaptações (mm) das infra-estruturas
metálicas com diferentes revestimentos (R1 R4) usando
a técnica de fundição rápida ...............................................
69
Tabela 2 -
Análise de variância dos dados da Tabela 1 .......................
69
Tabela 3 -
Teste de Tukey para encontrar diferença significativa entre
os grupos representados por diferentes revestimentos
(R1 – R4) ............................................................................
70
Tabela 4 -
Médias das expansões de presa (mm) dos quatro tipos de
revestimentos no tempo de 2 a 16 minutos ........................
71
Tabela 5 -
Análise de variância dos dados da Tabela 4 .......................
71
Tabela 6 -
Teste de Tukey para encontrar diferenças entre grupos ....
72
Tabela 7 -
Médias das expansões térmicas dos revestimentos em
mm no tempo de 2 a 20 minutos .........................................
73
Tabela 8 -
Análise de variância dos dados da Tabela 7 .......................
73
Tabela 9 -
Expansão total dos revestimentos em mm .........................
74
Tabela 10 -
Análise de variância da Tabela 9 ........................................
75
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
25
2
REVISÃO DE LITERATURA
29
2.1
Expansões do revestimento odontológico
31
2.2
Técnica de fundição rápida
36
3
PROPOSIÇÃO
45
4
MATERIAL E MÉTODOS
49
4.1
Liga metálica
51
4.2
Revestimentos
51
4.2.1
Revestimento aglutinado por fosfato ultra-fino, isento de
Ca, para fundição em alta temperatura e fundição rápida
51
4.2.2
Revestimento aglutinado por fosfato para alta temperatura
de fusão e fundição rápida
52
4.2.3
Revestimento aglutinado por fosfato para alta
temperatura de fusão e fundição rápida
52
4.2.4
Revestimento à base de cerâmica granulada para alta
temperatura de fusão e fundição rápida
52
4.3
Troquel metálico
53
4.4
Matriz para confecção do padrão de cera
53
4.5
Padrões de cera
54
4.6
Inclusão
55
4.7
Fundição
56
4.8
Desinclusão
56
4.9
Determinação do desajuste
57
4.10
Medida da expansão de presa
60
4.11
Obtenção do bastão de revestimento para a verificação da
expansão térmica dentro do forno
62
4.12
Análise Estatística
65
5
RESULTADOS
67
5.1
Análise estatística dos desajustes marginais entre os
revestimentos
69
5.2
Análise estatística da expansão de presa dos
revestimentos
71
5.3
Análise estatística da expansão térmica dos
revestimentos
72
5.4
Análise estatística da soma da expansão de presa e
térmica dos revestimentos
74
6
DISCUSSÃO
77
7
CONCLUSÕES
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
89
APÊNDICE
95
1 INTRODUÇÃO
1 INTRODÃO
27
1 INTRODUÇÃO
A primeira divulgação da cnica de fundição odontológica ocorreu no final do
século 19. Desde estão, procurou-se formas para compensar a contração da liga
metálica e obter uma peça fundida com uma adequada adaptação cervical. A
primeira tentativa foi por intermédio da expansão de cera. Porém, verificou-se que
este método não era adequado, pois a cera não se expandia uniformemente (Scheu,
1933). A outra forma era fazer com que o revestimento se expandisse o suficiente
para compensar a contração da liga áurea fundida. Por volta de 1933, havia dois
métodos para compensar a contração da liga: a compensação térmica, na qual se
procurava uma menor expansão de presa e uma maior expansão térmica; e a
compensação higroscópica, em que a expansão de presa era maior que a térmica.
Na época, a compensação térmica foi contra-indicada pelo fato da superfície do
metal fundido apresentar-se com muitas irregularidades, que interferiam na
adaptação final. Além disso, os revestimentos à base de gesso não suportavam um
longo período dentro do forno (Scheu, 1933).
Foi por volta de 1943 que o método da compensação higroscópica prosperou,
principalmente com o advento da liga alternativa à base de quel-cromo (Ni-Cr). Foi
demonstrado, para este tipo de liga, que a melhor técnica de fundição era a que
utilizava combinação da expansão higroscópica, expansão de presa e expansão
térmica para compensar a sua alta contração de fundição (Weiss, 1977). Além disso,
o revestimento para esta liga deveria suportar a alta temperatura no interior do forno
e a alta temperatura de fundição da liga. O revestimento que surgiu foi à base de
fosfato. Este revestimento e as três formas de expansão se tornaram o padrão de
fundição odontológica para se obter infra-estruturas metálicas para prótese parcial
fixa.
Atualmente, com a melhoria das propriedades dos revestimentos fosfatados,
a expansão higroscópica não é mais um requisito necessário, sendo que, surgiram
novos tipos de revestimentos (Takahashi; Kitahara; Kubo, 2004) e uma outra técnica
de fundição (Campagni; Majchrowicz, 1991). Com esta nova técnica de fundição, a
duração do procedimento é reduzida em a¼ do tempo e ficou conhecida como
técnica de fundição rápida. Os revestimos para o seu uso o o tradicional
revestimento fosfatado, o cerâmico, o à base de alumina e o à base de zircônio
(Takahashi et al., 1990; Takahashi; Kitahara; Kubo, 2004). Este novo procedimento
1 INTRODÃO
28
tem o propósito de beneficiar o laboratório, o cirurgião dentista e o paciente. O
laboratório de prótese pode diminuir custos, aumentar a sua produtividade e
satisfazer os cirurgiões dentistas que exigem um menor tempo para entregar um
trabalho protético como nos casos de prótese sobre implantes com função imediata.
Além disso, tem-se a garantia de que a nova técnica não irá interferir de forma
negativa na interface entre a infra-estrutura metálica e o dente/implante. Os
pacientes podem ter o conforto e a satisfação de ter um tratamento odontológico
breve e sem perda da qualidade.
Os primeiros artigos que se referiam à técnica de fundição rápida não a
recomendavam ou a viam com cautela (Jones; Wilson, 1968; Campagni;
Majchrowicz, 1991; Murakam et al., 1994; Blackman, 2000; Yamaguti, 2002). Porém,
em artigos recentes, o procedimento se mostra realmente adequado para a
confecção de uma infra-estrutura metálica (Konstantoulakis et al., 1998; Schilling et
al., 1999; Zequetto, 2005; Yan; Takahashi, 2006), sendo que, também é possível o
seu uso com o procedimento da técnica da expansão higroscópica (Marchiori, 2004)
e para fundição de titânio (Yan; Takahashi, 2006).
Como os estudos demonstravam que uma grande expansão de presa
acabava interferindo na adaptação final (Scheu, 1933; Stevens; Okamoto;
Jorgensen, 1985; Papadopoulos; Axelsson, 1990; Takahashi et al., 1990), as
pesquisas começaram a focar o desenvolvimento de um revestimento com
expansão de presa nima, mas com uma expansão térmica suficiente para
compensar a contração da liga metálica (Takahashi et al., 1990; Earnshaw; Morey;
Edelman, 1997; Takahashi et al., 1999; Yan; Takahashi, 2006).
Na verdade, estaríamos voltando ao método da compensação térmica que foi
preconizada por Scheu (1933). A técnica de fundição rápida indica uma expansão de
presa mínima e uma expansão térmica suficiente para compensar a contração da
liga metálica. Entretanto, ainda não se sabe o comportamento destes revestimentos
para fundição rápida em relação à sua expansão de presa e térmica.
O intuito deste trabalho é avaliar quatro revestimentos para fundição pida,
três deles fosfatados e um cerâmico, em função da adaptação cervical de infra-
estruturas confeccionadas com uma liga à base de Ni-Cr. Outra análise a ser
realizada é a quantidade de expansão de presa desses revestimentos no tempo de
16 minutos após a sua espatulação e a expansão térmica no interior de um forno por
um período de 20 minutos.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2 REVISÃO DE LITERATURA
31
2 REVISÃO DE LITERATURA
Nesta revisão de literatura nos atemos às literaturas científicas dos últimos 20
anos e alguns artigos posteriores a este período relevantes a este trabalho. Esta
seção se dividida em dois tópicos: revisão de literatura sobre expansão do
revestimento odontológico e uma revisão de literatura sobre a técnica de fundição
rápida.
2.1 Expansão do revestimento odontológico
Veremos neste tópico que sempre houve uma busca incessante para
encontrar uma forma de se compensar a contração de fundição de determinadas
ligas metálicas. Esta procura vai desde a utilização da expansão da cera, às três
formas de expansões (higroscópica, presa e térmica), passando pela tentativa de se
eliminar alguma das formas de expansão, até os dias atuais em que indícios de
que o revestimento ideal é aquele que possa utilizar predominantemente a expansão
térmica. E o avanço nas pesquisas nessa área tem levado ao surgimento de novos
tipos de revestimentos com expansão térmica mais estável.
No início do século passado, Scheu (1933) alertava em seus estudos, para
evitar ou minimizar qualquer forma de expano através do padrão de cera, que até
então era muito utilizada. Na época em que esse autor trabalhava, havia duas
formas de compensar a contração do ouro: a técnica da compensação higroscópica
e a da compensação térmica. Apesar de o autor apregoar que o revestimento ideal
era o que apresentasse a mínima expansão de presa e a máxima expansão térmica,
isso não era possível porque o revestimento à base de gesso apresentava limitações
como obtenção de peças fundidas com maior irregularidade superficial e baixa
resistência dentro do forno. Por isso, a melhor escolha recaía nos revestimentos que
utilizavam a técnica da compensação higroscópica.
Ainda com relação ao todo de compensação higroscópica e térmica,
Suffert e Mahler (1955) estudaram quatro tipos de revestimentos para verificar as
dificuldades que poderiam ser encontradas na obtenção de peças fundidas em ouro.
Dois revestimentos eram para a técnica de compensação térmica e os outros dois
revestimentos eram utilizados para a técnica de compensação higroscópica.
2 REVISÃO DE LITERATURA
32
Verificou-se que nenhuma peça apresentava uma adaptação fiel, sendo nítida a
diferença entre as duas técnicas no quesito adaptação na região cervical e oclusal.
Os revestimentos usados para a técnica de compensação higroscópica
apresentaram os melhores resultados no quesito adaptação e rugosidade superficial.
Nestes revestimentos, porém, verificou-se uma menor expansão na região oclusal,
demonstrando que a resistência da cera é um problema pontual na expansão de
presa pelo método higroscópico. Assim, os autores acreditavam que era uma
variável importante a ser considerada. Com relação aos revestimentos de
compensação térmica, este estudo corrobora com a opinião de Scheu (1933) de
que, apesar de ocorrer uma expansão uniforme na altura cervical e oclusal, o fator
qualidade do revestimento interferiu no resultado final, ou seja, o fator rugosidade
superficial tornou significativa a adaptação final.
O surgimento da liga à base de Ni-Cr e seu uso corriqueiro em substituição a
liga áurea fez com que surgissem outros problemas relacionados à técnica de
fundição. Segundo Weiss (1977), o revestimento mais utilizado na época (Complete,
Jelenko Co.) apresentava uma expansão total de 2,4% com 100% de líquido
especial. Este valor era suficiente para uso em ligas áureas, tendo ainda a
possibilidade de poder ajustar a expansão de acordo com a quantidade de líquido
especial. No caso de utilizá-lo com Ni-Cr seria necessário um intenso ajuste interno
da infra-estrutura metálica e/ou o uso de um espaçador no troquel de gesso. Neste
caso, o uso da técnica de expansão higroscópica se tornava mandatário, pois se
saltava dos 2,4% para 3,4% de expansão total, que era necessária para compensar
a contração da liga. Naquela época, os revestimentos de compensação rmica
ficaram em segundo plano pelo fato de não atender à necessidade de se obter a
máxima expansão possível.
Devido ao uso crescente do revestimento fosfatado para fundir o Ni-Cr e da
técnica higroscópica, Stevens, Okamoto e Jorgensen (1985) investigaram a
distorção do padrão de cera e do espaço interno oco resultante da expansão de
presa e expansão higroscópica do revestimento fosfatado. Foram utilizados três
revestimentos fosfatados e nestes, três diferentes líquidos foram usados: água
destilada com 20% de glicerol, somente água destilada e líquido especial somente.
Os resultados demonstraram que o uso destes três líquidos não foi compatível para
obter uma adaptação adequada. Entretanto, apontaram que em um revestimento
com expansão de presa nula, distorções do padrão de cera poderiam ser eliminadas
2 REVISÃO DE LITERATURA
33
e uma melhor adaptação poderia ser obtida. Tendo a característica de baixa
expansão de presa, seria necessária a criação de um revestimento com expansão
térmica suficiente para compensar a contração da liga à base de Ni-Cr. Foi o
momento adequado para intensificar as pesquisas a respeito de um revestimento
que pudesse utilizar a técnica de compensação térmica com uma liga não nobre.
Como até então a técnica da compensação térmica era aplicada somente a
revestimento à base de gesso e nunca em revestimento fosfatado, Jörgensen e
Watanabe (1986) iniciaram um estudo com um novo tipo de revestimento fosfatado
da Whip Mix Corporation que apresentava uma expansão de presa quase nula e
uma expansão térmica alta. Contudo, havia dificuldades e a principal era a
resistência inicial até a temperatura de 300
0
C no forno, pois se o houvesse um
aquecimento lento ocorria a fratura do bloco de revestimento. Como era um artigo
demonstrando um teste piloto com os estudos ainda em andamento, os autores o
tinham uma conclusão definitiva ainda. Os resultados parciais, porém,
demonstravam a viabilidade do uso da cnica da compensação térmica neste
revestimento fosfatado experimental. Era apenas uma questão de tempo para
melhorá-lo e tê-lo no mercado futuramente.
No início da década de 90 iniciou-se o uso do titânio de forma corriqueira na
Odontologia, principalmente devido ao uso dos implantes osseointegráveis. Na
opção de fundir o titânio surgiram revestimentos com este propósito, geralmente à
base de magnésio, alumina, zircônio e alguns revestimentos fosfatados. O
interessante de alguns destes revestimentos é o fato de possuírem expansão de
presa baixa e alta expansão térmica. Takahashi (1990) estudou a expansão de
presa, expansão térmica e resistência à compressão de cinco revestimentos
fosfatados: rema Exakt, Ceramigold, Complete, Tai-Vest e Full-Vest. Padrões de
cera de restauração tipo mésio-oclusal-distal (MOD) foram confeccionados e a
adaptação foi verificada a partir de cinco estruturas metálicas obtidas de cada
revestimento. A melhor adaptação cervical ocorreu com os revestimentos rema
Exact, Tai-Vest e Full-Vest, os quais não apresentaram diferença significativa no
quesito adaptação. O que chamou a atenção neste trabalho é que dos três
revestimentos, o Full-Vest apresentou a maior expansão total, sendo que a
expansão de presa também foi a maior. O Tai-Vest apresentou a menor expansão
de presa e quase duas vezes menor que o Full-Vest. Os resultados demonstraram
uma correlação positiva nos revestimentos com mínima expansão de presa e maior
2 REVISÃO DE LITERATURA
34
expansão rmica, resultando em melhor adaptação cervical. Foi demonstrando
também que a máxima expansão total para obter a melhor adaptação nem sempre é
verdade. Segundo os autores, o fator expansão de presa e a conseqüente distorção
da cera contribuíram no resultado final da adaptação. Outro dado relevante obtido foi
em relação ao fator resistência à compressão: um revestimento com baixa
resistência à compressão permitiu uma contração mais uniforme da liga em relação
a um revestimento com alta resistência à compressão.
Começava a se confirmar a hipótese de que o revestimento ideal é aquele
que não somente apresente uma adequada expansão de presa e rmica, mas
também uma baixa resistência para permitir a contração uniforme da liga metálica.
Para confirmar esta hipótese, Earnshaw, Morey e Edelman (1997) estudaram os
efeitos do potencial de expansão dos revestimentos à base de fosfato e sua
resistência em relação à temperatura de fundição para confeccionar uma coroa total,
com uma liga de alto conteúdo de ouro. Foram utilizados dois revestimentos
fosfatados: Ceramigold (Whip Mix Corporation) e Ceramigold 2 (Whip Mix
Corporation), este com o propósito de apresentar uma baixa resistência à
compressão. Assemelha-se ao revestimento fosfatado experimental que Jörgensen
e Watanabe (1986) estavam desenvolvendo, com baixa expansão de presa e alta
expansão térmica. Com o revestimento Ceramigold formaram-se três grupos: 1)
100% de líquido especial, uso de camada de celulose seca e presa na bancada; 2)
75% de líquido especial, uso de camada de celulose hidratada e presa na bancada;
3) 75% de líquido especial, uso de camada de celulose hidratada e uso da técnica
de expansão higroscópica com água a 38
o
C. Com o revestimento Ceramigold 2, não
se utilizou líquido especial, mas foi utilizada camada de celulose hidratada e presa
na bancada. Os três tipos de tratamento do Ceramigold demonstraram três tipos
diferentes de expansão de presa e térmica. O tratamento 1 apresentou a menor
expansão total, sendo que a expansão térmica foi maior que a de presa e no teste
de resistência foi o que mostrou o maior valor. No tratamento 2, a expansão total foi
significantemente maior que a do tratamento 1 e a expansão de presa também foi
significantemente maior que a térmica. O valor no teste de resistência foi
significantemente menor que o do tratamento 1. No tratamento 3, a expansão total
foi a maior de todas, a expansão térmica foi nima e a expansão de presa foi
significantemente maior que no tratamento 2. O valor no teste de resistência foi
significantemente menor que o do tratamento 2. O comportamento do Ceramigold 2
2 REVISÃO DE LITERATURA
35
quanto à expansão total foi semelhante ao do tratamento 2, porém com a expansão
térmica duas vezes menor, foi o revestimento que apresentou a menor resistência à
compressão. Com relação à adaptação das peças, o fator resistência influiu no
resultado final, sendo que o Ceramigold 2 apresentou os melhores resultados, quase
duas vezes melhor que o tratamento 2. E mais uma vez o fator expansão de presa
interferiu no resultado final sendo que a maior expansão de presa indica uma pior
adaptação. Segundo os autores, a melhor adaptação deveria ser o resultado de um
revestimento com baixa resistência a compressão, baixa expansão de presa e
expansão térmica suficiente para compensar a contração da liga.
Nos testes até então realizados, a expansão do revestimento, era mensurada
a partir da superfície externa. Takahashi et al. (1999) acreditavam que teriam
resultados mais precisos se pudessem mensurar a partir da porção interna do
revestimento. Para tanto, desenvolveram um método e um aparelho que media a
expansão de presa no sentido horizontal e vertical a partir da porção oca do
revestimento. O objetivo era investigar a expansão de presa utilizando dois tipos de
consistência de cera, dura e mole, e uma resina acrílica. O uso da resina foi
justificado devido a algumas estruturas de prótese sobre implante partirem de
estruturas plásticas rígidas que suprimem a expansão de presa e que podem
interferir na expansão total e na adaptação final. Com relação às ceras, a de
consistência dura demonstrou uma expansão não uniforme horizontal entre a região
oclusal e cervical. A região cervical expandiu mais pelo fato de estar livre, diferente
da oclusal em que existe uma ponte” de um lado ao outro unindo a peça. Na cera
de consistência mole a expansão foi muito mais uniforme, mas mesmo assim, a
região oclusal apresentou restrão na expansão horizontal. As duas últimas
observações demonstraram que o fator distorção da cera é um item importante a ser
considerado. No teste com a resina não houve expansão horizontal tanto na região
oclusal como na cervical. Isto significa que a necessidade de um revestimento
com expansão térmica suficiente para compensar a contração da liga. Este trabalho
veio confirmar que a adaptação das peças muitas vezes era comprometida pela falta
de expansão na região oclusal.
Dando continuidade a seus trabalhos que visavam melhorias nos
revestimentos odontológicos, Takahashi, Kitahara e Kubo (2004) começaram a
procurar outros meios que aumentassem a expansão térmica do revestimento. Para
estes autores, a forma para se compensar a contração de uma liga metálica, a
2 REVISÃO DE LITERATURA
36
aquele momento, era através das expansões de presa e térmica. Como a expansão
de presa provoca deformações no padrão de cera, uma das soluções propostas foi
obter uma expansão de presa mínima e expansão rmica máxima. Este fator é
crítico, principalmente nos casos que se incluem padrões de resina acrílica para
estruturas de prótese sobre implante e quando o intuito é fundir o titânio. Procurando
uma alternativa à expansão térmica através da inversão de fases do quartzo e
cristobalita, os autores experimentaram acrescentar o carbeto de zircônio (ZrC) e o
nitreto de zircônio (ZrN) em um revestimento contento fosfato como material coesivo
e o zircônio como material refratário. Com esta formulação esperava-se que
ocorresse uma expansão por oxidação. Foram avaliadas a expansão de presa, a
expansão térmica, a resistência à compressão e a adaptação de coroas metálicas
de titânio. A formulação utilizada pelos autores fez com que a expansão de presa do
revestimento fosse baixa (0,02%) e o acréscimo de ZrC e ZrN fez com que
realmente ocorresse uma expansão térmica por oxidação, formando o óxido de
zircônio (ZrO
2
). Entretanto, o ZrC e ZrN apresentaram comportamentos diferentes
para se fundir o titânio, o que consequentemente interferiu na mensuração da
adaptação. Com o aumento da quantidade de ZnC na formulação ocorreu a
diminuição da sua resistência à compressão, ocasionando fraturas do revestimento
durante o processo de fundição. Com o aumento de ZrN na formulação também
ocorreu a diminuição da sua resistência, mas não o suficiente para apresentar
trincas ou fraturas durante o processo de fundição e, com uma quantidade de 7% na
composição, mostrou excelentes resultados sob o aspecto de adaptação. Os autores
puderam observar também que a compensação da contração de uma liga não
depende apenas de uma maior quantidade de expansão térmica, mas o fator
resistência à compressão também deve ser levado em conta uma vez que o
revestimento deve permitir uma contração uniforme da liga metálica durante o
esfriamento.
2.2 Técnica de fundição rápida
Neste item veremos que a técnica de fundão rápida havia sido testada
quase quarenta anos atrás. Ressurgiu no início dos anos 90 para fundir núcleos
2 REVISÃO DE LITERATURA
37
metálicos e desde então ocorreu um desenvolvimento para fundir infra-estruturas
para prótese parcial fixa e para prótese sobre implantes.
Jones e Wilson (1968) estudaram as variáveis que poderiam afetar a
expansão térmica dos revestimentos. Os revestimentos utilizados foram os
fosfatados (Complete, Multi-Vest, Widerit e Wirovest), os à base de gesso (Calsite
Inlay, Investral C, Kerr Model, Kerr Inlay e Sterling) e à base de sílica (C&J e
Hartex). Duas das variáveis foram estudadas: a taxa de aquecimento no forno, 5
o
C,
10
o
C e 20
o
C por minuto, e o tempo de espera para se levar o bloco de revestimento
ao forno depois de incluídos, uma hora ou 24 horas. Somente em dois
revestimentos, os resultados foram significativos. O Kerr Inlay e o Complete
apresentaram uma maior expansão térmica numa taxa de aquecimento de 20
o
C/min
e também uma maior expansão térmica se aguardasse 24 horas. Neste último caso,
a possível explicação seria o fato dos revestimentos apresentarem uma lenta reação
de presa pela maior quantidade de líquido misturado ao . Segundo os autores,
apesar da maior expansão térmica com taxa de aquecimento de 20
o
C/min, o
resultado deve ser visto com muita cautela, principalmente relacionado ao
revestimento à base de gesso que, pela alta expansão e acompanhada da mudança
estrutural da cristobalita, pode resultar em fissuras e trincas, o que não aconteceu
nos experimentos. Um outro teste foi realizado com os revestimentos à base de
gesso que foi levá-lo a um forno pré-aquecido a 600
o
C e imediatamente aquecido
até 750
o
C a uma taxa de 5
o
C por minuto. Este tipo de teste levou a uma diminuição
da expansão térmica de até 20%. O mesmo teste foi realizado com os revestimentos
fosfatados e houve somente uma pequena diferença em relação ao controle. Mesmo
assim, os autores não recomendaram tal procedimento por sujeitar o bloco de
revestimento a rachaduras comprometedoras.
Apesar deste estudo anterior, até o ano de 1983 não se sabia ao certo o
momento ideal para se levar o bloco de revestimento ao forno. Para verificar isso,
Stevens (1983) procurou analisar se a expansão seria afetada pelo tempo de espera
da expansão de presa (uma hora, três horas e seis horas após a inclusão) até o
momento do aquecimento no forno. No experimento, foi utilizado o revestimento
fosfatado Ceramigold (Whip-Mix Corporation). Analisou-se a expansão de presa e a
expansão rmica e o do revestimento foi misturado com um dos quatro tipos de
diluição: 100% de líquido especial, 75% de líquido especial, 50% de quido especial
e somente água destilada. A expansão térmica foi medida somente durante os
2 REVISÃO DE LITERATURA
38
120
o
C iniciais. Foi avaliado também um grupo utilizando a técnica da expansão
higroscópica com o bloco em banho-maria a 38
o
C por 45 minutos. Observou-se que
a expansão inicial diminuía na medida em que se levava mais tempo para iniciar o
aquecimento no forno e também diminuía com o aumento da diluição do líquido
especial. No grupo em que foi utilizada a técnica de expansão higroscópica, a
expansão inicial foi muito menor que a do grupo da presa em bancada que utilizou
100% de líquido especial. Neste trabalho, segundo o autor, o calor pode acelerar a
reação de presa do revestimento e consequentemente aumentar a expansão inicial.
Assim, deve haver um tempo de espera ideal para obter o máximo de expansão do
revestimento.
Com relação à taxa de aquecimento do bloco de revestimento dentro do
forno, Papadopoulos e Axelsson (1990) reeditaram este tipo de estudo por
considerarem a expansão térmica a mais importante para compensar a contração da
liga. Na época de Jones e Wilson (1968), o controle da taxa de aquecimento era
difícil e com o advento dos fornos automáticos este controle melhorou. Foi utilizado
um revestimento fosfatado (Heravest Super), uma liga áurea (Olympia) e a
adaptação verificada de peças obtida em coroas totais e MOD, conforme três
variações de aquecimento dentro do forno: A= primeira fase de aquecimento a
19
o
C/min e segunda fase de aquecimento a 10
o
C/min; B= primeira fase de
aquecimento a 5
o
C/min e segunda fase de aquecimento a 4
o
C/min; C= primeira fase
de aquecimento a 11
o
C/min e segunda fase de aquecimento a 7
o
C/min. Como a
expansão rmica ocorre devido à conversão de fase α para fase β da cristobalita e
quartzo, é importante que haja tempo de aquecimento suficiente para isso. Os
resultados demonstraram que quanto mais rápido a temperatura aumentar, maior a
dificuldade para que haja a conversão de fases. Para os autores houve indícios de
que deve haver uma velocidade de aumento de temperatura em que ocorre uma
ótima conversão de fase α para a fase β.
Muitos anos depois de Jones e Wilson (1968), Campagni e Majchrowicz
(1991)
realizaram o procedimento em que o bloco de revestimento era levado
rapidamente a um forno pré-aquecido, para fundir o núcleo intra-radicular. Iniciou-se
este procedimento com a confecção do núcleo em resina acrílica e terminou-se com
a obtenção da peça fundida, que foi concluída no período de uma hora. Os autores a
chamaram de técnica de fundição rápida. O processo convencional de fundição
demorava aproximadamente três horas. Os autores utilizaram um revestimento
2 REVISÃO DE LITERATURA
39
fosfatado (Jelenko - Dental Health Products, Armonk, N.Y.) e 50% de líquido
especial. O revestimento foi vazado num anel metálico de fundição e o tempo de
espera da presa foi de quinze minutos. A seguir, o anel foi levado a um forno pré-
aquecido a 700
o
C e mantido por 15 minutos. Na fundição utilizou-se ouro tipo III.
Concluiu-se que a técnica de fundição rápida pode ser utilizada com sucesso para
confecção de núcleos, mas foram sugeridas mais pesquisas a respeito.
Apesar de Campagni e Majchrowicz (1991) terem demonstrado a técnica de
fundição rápida, os japoneses há algum tempo realizavam experimentos com esta
técnica. havia inclusive no mercado japonês revestimento próprio para tal intento,
que o revestimento desenvolvido era à base de gesso. Murakami et al. (1994)
foram os primeiros a apresentar na literatura internacional esta técnica com
revestimento à base de gesso. Foram
avaliadas a adaptação marginal, resistência à
fratura e os aspectos superficiais das peças fundidas, utilizando três revestimentos
aglutinados por gesso próprios para fundição acelerada (Noritake Cristobalite F -
Noritake Co; Cristobalite PF Shofu Inc.; Cristoquick II GC Corp.) e um
revestimento aglutinado por gesso convencional (Cristobalite Micro GC Corp.). A
liga utilizada foi de ouro-prata-paládio (Castwell MC, GC Corp.). Nos revestimentos
de fundição rápida foram esperados 30 minutos de presa e, logo após, levados a um
forno a 700
o
C e mantidos por 30 minutos. E no revestimento convencional seguiu-se
o procedimento de fundição convencional. Segundo os autores, a fundição rápida
em tais revestimentos tornou-se possível devido ao acréscimo de quartzo em suas
formulações. Tanto é verdade que no revestimento convencional Cristobalite Micro
ocorreram fraturas quando submetido ao aquecimento rápido. Dentre os
revestimentos de fundição rápida, o Cristoquick II apresentou a expansão de presa
mais rápida, e após 60 minutos, não houve alteração na sua expansão, enquanto
nos outros dois revestimentos ocorreu expansão de presa lenta, que continuou até
120 minutos após a mistura. Foi exatamente o Cristoquick II que apresentou a
melhor adaptação em relação aos outros dois. Segundo os autores, este fato e
outros estudos têm demonstrado que quanto maior a expansão de presa e mais
rápida a sua presa, pelo menos nos trinta primeiros minutos, obtém-se uma melhor
adaptação da peça fundida.
O revestimento convencional apresentou a melhor adaptação quando
comparado ao Cristoquick II. Mesmo assim, os autores consideraram que o
desajuste de 80 micrômetros do Cristoquick II pode ser considerado aceitável
2 REVISÃO DE LITERATURA
40
clinicamente. A maior desadaptação pode estar relacionada também com a maior
rugosidade ocasionada pela fundição rápida, mas os autores também consideraram
a rugosidade obtida aceitável clinicamente. Ou seja, concluiu-se que a técnica de
fundição rápida utilizando o revestimento à base de gesso é viável.
Como houve o desenvolvimento de um revestimento à base de gesso
próprio para a fundição rápida, outras companhias começaram a pesquisar e lançar
revestimentos fosfatados para o mesmo fim. Uma das primeiras foi o PowerCast
(Whip Mix Corp.) que também apresentava uma maior quantidade de quartzo na sua
composição e foi estudada por Konstantoulakis et al. (1998). Estes autores
avaliaram a adaptação marginal e a rugosidade superficial de coroas totais obtidas
com a técnica de fundição rápida e convencional. Além do PowerCast, outros quatro
revestimentos convencionais foram incluídos no estudo: Complete (Jelenko Co.);
Ceramigold (Whip Mix Corp.); Cera Fina (Whip Mix Corp.) e Hi-Temp (Whip Mix
Corp.). Somente o PowerCast foi vazado em anel de fundição não rígido. Os outros
revestimentos foram vazados em anel metálico, com uma camada de celulose não
hidratada. A liga utilizada foi a altamente nobre (ouro-paládio). Surpreendentemente,
os resultados demonstraram que não havia diferença significativa na adaptação e
rugosidade entre os revestimentos. Os revestimentos convencionais testados não
são próprios para a fundição rápida e nem os fabricantes recomendam. Segundo os
autores, ainda não explicação científica do porquê deste sucesso relativo. O
temor de trincas ou até mesmo da explosão do bloco de revestimento dentro do
forno pré-aquecido não se confirmou. Somente no revestimento Ceramigold
ocorreram trincas no topo dos blocos, mas que não chegaram a afetar o resultado
final. Para os autores, este fato ocorreu provavelmente devido à espatulação e
inclusão terem sido realizados sob vácuo, tornando o bloco menos poroso e o
escape de gases mais difícil o que levaria a fraturas ou trincas. Entretanto, o mesmo
revestimento num teste piloto sem uso do vácuo não apresentou trincas ou fraturas.
Assim, os autores concluíram que a técnica de fundição rápida pode ser uma
alternativa para se ganhar tempo.
Um ano mais tarde, Schilling et al. (1999) questionaram os resultados de
Konstantoulakis et al. (1998), acreditando que o pequeno número de corpos de
provas poderia ter sido o responsável por não ter ocorrido diferença significativa na
adaptação das peças. Com isso, os autores realizaram o mesmo estudo, mas com
um número maior de corpos de prova e utilizaram apenas um revestimento
2 REVISÃO DE LITERATURA
41
aglutinado por fosfato (Ceramigold, WhipMix Corp.). O resultado obtido foi o mesmo
de Konstantoulakis et al. (1998): não houve diferença significante na adaptação
marginal entre a técnica de fundição convencional e a de fundição rápida. Para os
autores, a fundição rápida pode realmente ser uma alternativa que consome menos
tempo que a técnica de fundição convencional. Além do quê, à medida que o técnico
em laboratório obtiver maior experiência repetindo o procedimento, melhor será o
resultado obtido.
Blackman (2000) estudou três variáveis relacionadas à técnica de fundição
rápida: grupo I, o tempo de espera da expansão de presa foi de 15 minutos e, logo
em seguida, o anel levado a um forno a 704
o
C, com essa temperatura mantida por
15 minutos; grupo II, o tempo de espera foi de 30 minutos e, logo em seguida,
levado a um forno a 704
o
C e essa temperatura mantida por 30 minutos; grupo III, o
tempo de espera da presa foi de 60 minutos e levado ao forno em temperatura
ambiente, que foi elevada até 648
o
C em 30 minutos e mantida por 60 minutos.
Foram utilizados nesse estudo: uma plica de molar preparado para receber uma
coroa total; um revestimento fosfatado (Complete Jelenko); anel metálico forrado
com uma camada de celulose; e liga áurea Tipo III.
Após a fundição, verificou-se que, no grupo I, ocorreram três fraturas na
superfície externa da coroa, próximo ao conduto de alimentação. Este
acontecimento não foi considerado importante para julgá-las perdidas. No grupo II
não ocorreram fraturas do modelo. É provável que em relação ao grupo I, o tempo
utilizado não tenha sido suficiente para o revestimento atingir uma resistência
adequada. O autor sugere que o tempo de presa é o mais importante para prevenir a
fratura do revestimento, mas outros estudos são necessários para confirmar essa
hipótese. Os três grupos não apresentaram diferença estatisticamente significante
na adaptação marginal. Contudo, a melhor adaptação do grupo II foi considerada
inesperada e isto necessitaria de maiores investigações. Com relação à rugosidade
superficial, os grupos I e II não apresentaram diferenças estatísticas diferentes, se
comparado com o grupo III, mas o modo convencional demonstrou uma menor
rugosidade. O autor conclui que a fundição rápida pode ser realizada com sucesso e
ainda o escassas as publicações científicas a respeito dos motivos do sucesso
clínico da fundição rápida utilizando revestimento fosfatado convencional.
Intrigado com o relativo sucesso da técnica de fundição rápida e o recente
surgimento de revestimentos próprios para tal procedimento no mercado brasileiro,
2 REVISÃO DE LITERATURA
42
Yamaguti (2002) testou três revestimentos, dois para técnica de fundição rápida
(Micro-Fine 1700 e Heat Shock) e um para técnica de fundição convencional
(Termocast). O objetivo do trabalho foi verificar qual revestimento e técnica de
fundição proporcionava melhores resultados de adaptação cervical das estruturas
metálicas obtidas com liga à base de Ni-Cr. Em seus resultados, o revestimento
convencional apresentou os piores resultados de adaptação tanto na técnica de
fundição rápida como na convencional. O revestimento cerâmico Micro-Fine foi o
que apresentou os melhores resultados. Em relação à técnica de fundição, o
procedimento rápido foi o que apresentou os piores resultados nos três
revestimentos. Mesmo assim, segundo o autor, com o revestimento cerâmico Micro-
Fine 1700 é viável a utilização da técnica de fundição rápida.
Segundo Mori e Aghajani (2003), a formação de um bloco de revestimento à
base de gesso ocorre pela transformação termodinâmica ou método de calcinação
molhada e seca, designado respectivamente de α-hemidrato e β-hemidrato. Ainda
segundo os autores, dependendo da forma que se aquece o revestimento forma-se
o α-hemidrato ou o β-hemidrato, o que de certa forma pode afetar na expansão
térmica do revestimento. O intuito do trabalho dos autores foi provar a hipótese de
que o aquecimento rápido melhora a expansão rmica devido à formação do α-
hemihidrato. Formaram utilizados três revestimentos à base de gesso, dois para
fundição rápida e um para fundição convencional. Formaram-se dois grupos: uma
com a técnica de fundição rápida e outra a convencional. Com os resultados obtidos,
observou-se no gráfico da expansão térmica uma constante ascensão; não houve
um segmento demonstrando a contração do bloco de revestimento que geralmente
ocorre numa fundição convencional devido à desidratação do gesso por volta dos
100
0
C e a transição III - II do CaSO4 por volta dos 300
0
C. Observou-se também que
a expansão térmica foi maior na fundição rápida do que na convencional. Os
revestimentos à base de gesso podem ser compostos por cristobalita e/ou quartzo e
parece que o quartzo apresenta uma maior resistência à fraturas do que a
cristobalita. Foi interessante observar que o revestimento com a composição
quartzo/cristobalita apresenta uma maior expansão térmica do que quando somente
um dos componentes está presente. Segundo os autores, a maior expansão térmica
na técnica de fundição rápida parece estar relacionada à formação do α-hemidrato.
2 REVISÃO DE LITERATURA
43
Apesar da técnica de expansão higroscópica não ser utilizada rotineiramente
nos dias atuais, Marchiori (2004) procurou verificar a viabilidade desta técnica mais a
técnica de fundição rápida e ao mesmo tempo, verificar se o fator dureza da cera
poderia interferir de alguma forma no resultado final. Uma das ceras utilizadas
apresenta uma memória elástica (Galileu – Talladium) com ponto de fusão a 70
o
C. A
outra cera é própria para confecção de fresas (CNG), com ponto de fusão de 90
o
C.
Em seus resultados, na técnica convencional, não houve diferença significativa na
adaptação entre as duas ceras. na técnica de fundição rápida, os resultados
foram melhores que a cnica de fundição convenional. A cera CNG apresentou
resultados estatisticamente melhores que a cera Galileu. Segundo o autor, o uso da
técnica higroscópica é viável com a técnica de fundição pida, sem ocorrência de
trincas ou fraturas que pudessem interferir no resultado final.
Zequetto (2005) realizou um estudo comparando as técnicas de fundição
convencional e rápida utilizando cera e resina acrílica como padrões e dois
revestimentos. Um dos revestimentos era próprio para a técnica de fundição rápida
(MicroFine 1700 - Talladium) e o outro para a técnica de fundição convencional
(Termocast - Polidental). O que chama atenção neste trabalho é a observação de
que com o revestimento MicroFine 1700, na técnica de fundição convencional, a
cera apresentou um resultado estatisticamente melhor com relação à adaptação do
que com a resina acrílica. Porém, na técnica de fundição rápida, não houve
diferença significativa entre o uso do padrão de cera e o de resina acrílica e a
adaptação foi melhor que na técnica convencional. A diferença de comportamento
da cera e resina acrílica entre as duas técnicas de fundição parece indicar que o
fator expansão exerce forte influência no resultado final.
Yan e Takahashi (2006) se propuseram a estudar os efeitos de se utilizar a
técnica de fundição rápida com o titânio e o revestimento fosfatado. Foram avaliadas
as expansões de presa, expansão térmica, resistência à compressão, adaptação de
coroas metálicas totais, microdureza de Vickers e rugosidade superficial. Dois
revestimentos fosfatados foram selecionados o Tancovest e o Rematitan Plus. Na
comparação entre os revestimentos e a técnica de fundição, observou-se que na
expansão total o revestimento Tancovest apresentou a menor expansão tanto na
técnica rápida como na convencional. Sendo que este revestimento apresentou a
menor expansão de presa e a maior expansão térmica. Já no teste da compressão,
este revestimento apresentou a maior resistência à compressão a 900
0
C. Na
2 REVISÃO DE LITERATURA
44
comparação entre as técnicas de fundição não houve diferença estatisticamente
significante. Tanto no teste de microdureza e rugosidade não houve diferença
estatisticamente significante entre os revestimentos e a técnica de fundição.
Segundo os autores, pelos resultados obtidos pode-se afirmar que os revestimentos
podem ser utilizados para fundir o titânio na técnica de fundição rápida.
3 PROPOSIÇÃO
3 PROPOSIÇÃO
47
3 PROPOSIÇÃO
Estudos recentes têm demonstrado a viabilidade do uso da técnica de
fundição rápida. Devido às poucas informações na literatura a respeito do
comportamento dos revestimentos na expansão de presa e térmica, julgou-se
oportuno avaliá-los, verificando:
1) a adaptação cervical de infra-estruturas metálicas confeccionadas com
liga à base de Ni-Cr, utilizando quatro revestimentos de fundição rápida (Flash,
Bellavest SH, Heat Shock e Micro Fine 1700);
2) como os revestimentos se comportam na expansão de presa até 15
minutos após a espatulação;
3) como os revestimentos se comportam na expansão térmica dentro do
forno no período de 20 minutos;
4) qual regime de expansão é mais adequado para compensação da
contração da liga na técnica de fundição rápida.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4 MATERIAL E MÉTODOS
51
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Liga metálica
A liga utilizada na confecção das infra-estruturas metálicas possui as
seguintes características:
- Nome comercial: VeraBond II (Aalba Dent Inc.)
- Composição parcial citada pelo fabricante:
Níquel (Ni) ............................................................ 74,5%
Cromo (Cr) ........................................................... 11,5%
Molibidênio (Mo) .................................................. 3,5%
- Propriedades físicas citadas pelo fabricante:
Coeficiente de expansão, x 10
-6
psi (500
o
C)........ 14,1
Ponto de fusão
o
C ........................................ 1260-1315
4.2 Revestimentos
Utilizamos três revestimentos fosfatados e um revestimento cerâmico. Todos
os revestimentos são indicados para a técnica de fundição rápida.
4.2.1 Revestimento aglutinado por fosfato ultrafino, isento de cálcio, para
fundição em alta temperatura e fundição rápida
- Nome comercial ................ Flash (CNG)
- Expansão de presa .......... não informado
- Expansão térmica ............ 2,2 %
- Proporção ......................... 16 mL de quido / 100 g de pó
- Identificação .................... R1
4 MATERIAL E MÉTODOS
52
4.2.2 Revestimento aglutinado por fosfato para alta temperatura de fusão e
fundição rápida
- Nome comercial.............. Bellavest SH (Bego GmbH & Co.)
- Expansão Total .............. 1,4%
- Expansão térmica .......... 2,2 %
- Proporção ....................... 22,5 mL de líquido / 90 g de pó
- Identificação .................. R2
4.2.3 Revestimento aglutinado por fosfato para alta temperatura de fusão e
fundição rápida
- Nome comercial …….…....... Heat Shock (Polidental)
- Expansão de presa .............. 1,0 %
- Expansão térmica ................ 1,2 %
- Proporção ............................. 25 mL de líquido / 100 g de pó
- Identificação ........................... R3
4.2.4 Revestimento à base de cerâmica granulada para alta temperatura de
fusão e fundição rápida
- Nome comercial .................. Micro Fine 1700 (Talladium Inc. USA)
- Expansão de presa ............ 1,4%
- Expansão térmica ............. 1,8 %
- Proporção .......................... 22 mL de líquido / 90 g de pó
- Identificação ...................... R4
4 MATERIAL E MÉTODOS
53
4.3 Troquel metálico
Foi confeccionado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)
um troquel metálico em aço inoxidável (Figura 1), com as seguintes características:
- Ombro cervical de 3,0 mm, em ângulo reto com o eixo longitudinal do
troquel metálico;
- paredes axiais com expulsividade de 5
o
;
- diâmetro na face oclusal de 6,3 mm;
- diâmetro próximo ao ombro gengival de 7,0 mm;
- altura de 5 mm;
- espaçador oclusal com 1,0 mm de altura;
- espaçador cervical de 5,0 mm de altura.
Figura 1 - A) Troquel metálico com o espaçador oclusal (EO) e o espaçador
cervical (EC);
B) Esquema com as medidas do troquel metálico com o espador
oclusal e sem o espaçador cervical;
C) Esquema com as medidas do troquel melico com o espador
oclusal e cervical.
4.4 Matriz para confecção do padrão de cera
Foi confeccionada uma matriz tubular metálica para confecção do padrão de
cera. Esta matriz possibilitou introduzir o troquel metálico em seu interior (Figura 2A),
A
B
C
EO
EO
---- EO
EC
EC
4 MATERIAL E MÉTODOS
54
excedendo 1,0 mm da porção oclusal da matriz metálica (Figura 2B). Logo após a
acomodação da mesma no interior da matriz tubular, um anel metálico com
espessura de 2,0 mm foi introduzido com a altura igual a da matriz tubular (Figura
2C). A razão para a utilização dos espaçadores oclusal e cervical se dada
oportunamente no decorrer deste capítulo.
Figura 2 - A) Padrão metálico com os espaçadores oclusal e cervical, a matriz tubular (MT) e o
anel metálico (AM);
B) Padrão metálico fixo na matriz metálica tubular excedendo 1,0 mm da porção oclusal;
C) Anel metálico (AM) inserido no conjunto para permitir espaço adequado para a
confecção dos padrões de cera: espessura de 1,0 mm na cervical e 1,0 mm na oclusal.
4.5 Padrões de cera
Para se obter os padrões de cera, foi pincelada vaselina sólida no troquel
metálico e no interior da matriz tubular. Após a liquefação da cera Babinete de
consistência regular a 40
o
C, num plastificador de godiva, ela foi vertida no interior da
matriz até exceder ligeiramente a porção oclusal desta. Posteriormente, após a total
solidificação da cera, a porção oclusal foi nivelada (Figura 3B), a matriz tubular foi
removida e em seguida removida o anel metálico (Figura 3C), de modo que o
padrão de cera permanecesse sobre o troquel (Figura 3C). A seguir, o padrão de
cera era removido do troquel metálico.
O padrão de cera foi fixado no sprue (Orto Central Ribeirão Preto-SP)
com dois fios de cera na superfície oclusal, diametralmente opostas, e fixado em
AM -- - --
MT
------ MT ------
A
B
C
AM
4 MATERIAL E MÉTODOS
55
uma base formadora de cadinho, com uma cera rosa n
o
9 (Wilson-Ind. Com. Art.
Dent. Ltda.) (Figura 3D).
Figura 3 - A) Todo o conjunto metálico e o padrão de cera (PC) solidificado pronto para ser removido;
B) O conjunto com o anel metálico (AM) e sem a matriz tubular;
C) O conjunto sem a matriz tubular e o anel metálico;
D) Padrão de cera fixado ao sprue e à base formadora de cadinho.
O padrão de cera foi posicionado no anel de fundição de silicone de 60g
(Polidental) a uma distância de 6 mm da borda superior do mesmo. Antes da
inclusão, foi aplicada sobre o padrão de cera a solução redutora de tensão
superficial, Anti-Bolhas Padron (Kota Ind. Comércio Ltda) e a secagem realizada
com leve jato de ar.
4.6 Inclusão
Todos os revestimentos foram manipulados com uma diluição de 75% de
líquido especial. A manipulação com as devidas proporções dos revestimentos e as
proporções do líquido especial e água destilada está representada na Tabela 1.
Inicialmente, o líquido e dos revestimentos foram aglutinados manualmente, por
10 segundos. A seguir, utilizou-se um espatulador mecânico a cuo (Degussa),
calibrado a 25 libras por 30 segundos.
Para cada tipo de revestimento (R1, R2, R3, R4) foi utilizada a técnica de
fundição rápida. Foram realizadas 10 fundições para cada um dos revestimentos,
PC
C
AM
A
B
C
D
4 MATERIAL E MÉTODOS
56
com um padrão de cera em cada anel, totalizando 40 fundições e 40 corpos de
prova. Utilizou-se um forno automático EDG para o processo de fundição.
Quadro 1 – Esquema das condições do experimento.
Revestimento
Líquido especial
Pó/líquido
Líquido especial/água destilada
R1 (Flash)
75%
100 g/16 mL
12 mL/4 mL
R2 (Bellavest SH)
75%
100 g/25 mL
19 mL/6 mL
R3 (Heat Shock)
75%
100 g/25 mL
19 mL/6 mL
R4 (Micro Fine 1700)
75%
100 g/24 mL
18 mL/7 mL
A técnica de fundição rápida foi realizada como se segue: aguardou-se 15
minutos para a presa do revestimento, que foi levado ao forno pré-aquecido a uma
temperatura de 750
o
C. Em seguida, elevou-se a temperatura para 950
o
C. Os blocos
de revestimento foram mantidos por 20 minutos no forno até atingir a temperatura
final, quando se procedeu a fundição.
4.7 Fundição
Foram utilizadas somente ligas Verabond II novas. As recomendações do
fabricante da liga foram seguidos, utilizando-se chama de alta temperatura, com bico
de orifícios múltiplos, mistura de gases oxigênio/propano e pressão de 35 psi. O
bloco de revestimento aquecido foi posicionado na centrífuga armada com três
voltas.
4.8 Desinclusão
Logo após o resfriamento dos blocos de revestimento procedeu-se a
desinclusão. O jateamento para remoção de revestimento aderido à superfície das
4 MATERIAL E MÉTODOS
57
peças foi realizado com óxido de alumínio, com granulação de 40 µm, através do
aparelho Trijato (Odonto Larcon, Maringá-PR Brasil), sob uma pressão de 50
libras.
Não foram realizados procedimentos de usinagem para adaptação, mas as
bolhas positivas foram removidas com broca de carboneto de tungstênio n
o
2
(Carbide – SSWhite Artigos Dentários Ltda).
4.9 Determinação do desajuste
As leituras para verificação do desajuste cervical foram feitas com um
microscópio comparador digital (Mitutoyo – Mig., Co., Lft.) (Figura 4).
Figura 4 - Microscópio comparador.
Para facilitar para a realização das leituras, foi criado um dispositivo que
possibilitasse acoplar uma webcam digital ao visor do microscópio. Dessa forma, a
imagem do microscópio era enviada via webcam para o notebook. Para tanto, foram
utilizadas três buchas de redução soldável longa da marca Tigre com as seguintes
dimensões: 85x60 (B1), 60x32 (B2) e 50x25 (B3) (Figura 5A). O B2 foi conectado no
B1 (Figura 5B e Figura 6) e o B3 foi conectado ao B2 internamente ao B1 (Figura 5C
e Figura 7).
4 MATERIAL E MÉTODOS
58
Figura 5 - A) Conjunto das três buchas de redução B1, B2 e B3;
B) B2 conectado ao B1;
C) B3 conectado ao B2, internamente ao B1.
Figura 6 - Esquema dos encaixes das buchas B1 e B2:
A) B2 sendo encaixado no B1;
B) B2 encaixado em B1.
Figura 7 - Esquema do encaixe da bucha B3:
A) B3 sendo encaixado em B2 pelo bocal maior de B1;
B) B3 encaixado em B2.
No interior de B1, 4 pares de abaixador de língua de madeira mais 4
protetores adesivo de feltro sintético circulares de 20mm (Talentos Utilidades para o
Lar Ltda) foram colados para acomodar a webcam Logitech® QuickCam® Pro 5000
Camera com microfone (Figura 8).
A
B
C
B1
B2
B3
B1
------ B2
---- B1
---- B3
A
A
B
B
B1
B1
B2
B2
B3
B3
B2
B2
B1
4 MATERIAL E MÉTODOS
59
Figura 8 - A) 4 pares de abaixador de língua de madeira mais 4 protetores adesivos de
feltro sintético circular colados no interior de B1;
B) Webcam Logitech® QuickCaPro 5000 desmontada;
C) Webcam encaixada no interior de B1.
Todo o conjunto acoplado ao microscópio permite que a webcam envie a
imagem diretamente ao notebook Toshiba S-141 (Figura 9). A visualização da
imagem no notebook foi obtida com o software QuickCam 8.4.6 (Logitech).
Figura 9 O conjunto de buchas com a webcam acoplada no visor
do microscópio. A imagem do microscópio era enviada,
via webcam, para o notebook Toshiba S-141.
As infra-estruturas metálicas foram marcadas na porção oclusal,
identificando o revestimento. Logo após, ao acaso, uma peça fundida era escolhida,
posicionada no troquel metálico e realizada a aferição.
As desadaptações de cada infra-estrutura metálica foram medidas três
vezes em quatro pontos em uma região cervical previamente marcada no troquel
metálico (1, 2, 3 e 4). Primeiramente, o retículo em forma de cruz do microscópio
comparador digital foi posicionado na borda oclusal do padrão metálico. A seguir, a
A
B
C
4 MATERIAL E MÉTODOS
60
mesa micrométrica foi movimentada até que o centro do retículo se alinhasse com a
borda cervical da infra-estrutura. O espaço encontrado representa o desajuste
cervical em mm. Cada infra-estrutura foi medida 12 vezes, sendo três repetições em
cada face (1, 2, 3 e 4). Foram realizadas médias aritméticas e obtidas quatro
medidas para cada infra-estrutura. No total, foram realizadas 480 leituras para 40
infra-estruturas, sendo que após a realização das médias aritméticas, foram obtidas
160 medidas.
Dois tipos de medidas foram obtidas: uma positiva e outra negativa. Quando
era feita a mensuração de borda a borda, se a medida era maior que 5,0 mm (D) o
valor era positivo (D1 D), chamado infra-expansão (Figura 10B). Se a medida era
menor que 5,0 mm (D) o valor era negativo (D2 D), chamado de sobre-expansão
(Figura 10C). Neste caso explica-se o porquê da necessidade dos espaçadores
oclusal e cervical, pois sem os mesmos não seria possível saber o quanto a infra-
estrutura havia excedido o tamanho padrão.
Figura 10 - A) Padrão metálico sem os espaçadores oclusal e cervical, e uma infra-
estrutura ideal, fruto de uma fundição precisa, D = medida da borda oclusal do
padrão metálico até a borda da infra-estrutura ideal;
B) A borda cervical do espécime ficou aquém do ideal (D1); em função da infra-
expansão;
C) A borda cervical do espécime ficou além do ideal (D2), em função da sobre-
expansão.
4.10 Medida da expansão de presa
Para este procedimento foi utilizado um relógio comparador Digimess
(Digimess Instrumentos de Medição de Precisão) (Figura 11A). Outras quatro placas
A
B
C
Infra-expansão
Sobre-expansão
Ideal
4 MATERIAL E MÉTODOS
61
menores foram utilizadas para servir de barreira para acomodar o revestimento:
duas placas retangulares de 2,0 x 10 cm e duas placas em forma de T de 6,0 x 2,0
cm (Figura 11B). Todas estas placas apresentavam 1,0 cm de espessura. Tanto o
relógio comparador como umas das placas T localizada em outra extremidade foram
fixadas a uma placa acrílica maior de 20,0 x 17,0 cm (Figura 11A). As outras três
placas eram móveis, justamente para permitir a mensuração da expansão do
revestimento.
Figura 11 - A) Sobre uma placa acrílica maior (PAM) havia um
relógio comparador fixo (RCF) e em outra
extremidade uma placa acrílica T fixa (PTF).
As outras três placas eram móveis (PM);
B) Medidas de todo o conjunto anterior.
Com todo o conjunto montado tem-se um espaço central de 8,0 x 2,0 cm
que permitiu vazar o revestimento no local (Figura 11A). À medida que o
revestimento expandia, a placa acrílica T, encostada na ponta do relógio
comparador, movimentava-se e o relógio comparador detectava a quantidade de
movimentação. As placas acrílicas laterais eram móveis para que não ocorresse erro
na mensuração, pois, uma vez fixo as laterais, a expansão concentrar-se-ia somente
ao longo eixo proporcionando uma sobre-expansão na mensuração.
Foram realizadas três observações de expansão de presa de 16 minutos. As
medidas das expansões foram tomadas em intervalos de 1 minuto cada.
A
B
--- PTF
--- RCF
--- PM
--- PM
PM ----
PAM
4 MATERIAL E MÉTODOS
62
4.11 Obtenção do bastão de revestimento para a verificação da expansão
térmica dentro do forno
Para verificar a expansão térmica do revestimento era necessário um corpo
de prova em forma de bastão de aproximadamente 20,0 cm de comprimento. Para
isso, foi utilizada uma matriz de latão, gentilmente cedida pela Polidental, que
consiste num bloco metálico, oco no seu interior e aberto nas extremidades, dividida
em duas partes (Figura 12A). Os dois blocos são unidos através de dois anéis
metálicos nas extremidades (Figura 12C). Um dos anéis é fechado e a outra é
aberto (Figura 12B). Dessa forma, torna-se possível o vazamento do revestimento
para o interior do bloco metálico. No centro do mesmo há um orifício (Figura 12A)
para a colocação de uma haste metálica que serviu para formar um orifício no
bastão de revestimento. Este orifício acomodou dois fios condutores que, no caso de
haver diferença de temperatura, gerarão eletricidade, chamados de Termopar. Este
foi utilizado para medir a temperatura do interior do revestimento durante seu
aquecimento no forno.
Figura 12 - A) Bloco de latão para obtenção do revestimento em forma de bastão,
orifícios (O) no centro da calha;
B) Os dois blocos de latão unidos, anel metálico fechado e anel
metálico aberto para estabilizar os dois blocos;
C) Os dois blocos de latão unidos pelos anéis metálicos, orifício (O)
onde será inserida uma haste metálica;
D) Medidas da metade do bloco de latão;
E) Medidas do bloco de latão em seção transversal.
A
B
C
---- O
---- O
-- O
D
E
4 MATERIAL E MÉTODOS
63
A parte interna do bloco metálico foi lubrificada com vaselina e uma camada
de filme de PVC foi aplicada em seguida. Os blocos metálicos foram unidos e os
anéis posicionados (Figura 12C). Logo em seguida, uma haste metálica foi
introduzida no orifício no centro do bloco de latão. Isto permite a presença de um
orifício no bloco de revestimento para a acomodação do fio Termopar (Figura 13B).
O revestimento foi manipulado de acordo com a recomendação do fabricante e com
uma diluição de 75% do líquido especial. O revestimento foi vazado por uma das
embocaduras do anel com a ajuda de um vibrador (Polidental). Aguardou-se 20
minutos para liberar os anéis e abrir o bloco (Figura 13 A). Para cada revestimento
foram confeccionados três bastões.
Logo em seguida, o fio do termopar (Figura 13C) foi inserido no orifício
criado no centro do bastão de revestimento e ligado a um termômetro de resistência
elétrica que indicava a temperatura do revestimento (Figura 13D). Este
procedimento era importante para saber se realmente havia sido atingida a
temperatura mínima de 700
o
C.
Figura 13 - A) Bloco metálico aberto após 20 minutos, bastão de revestimento
com o orifício (O) no seu centro;
B) Fio do termopar inserido no orifício do bastão de revestimento;
C) Duas extremidades do termopar: uma se abre em dois fios que
se conectava a um termetro de resistência elétrica; a outra com
os dois fios unidos para serem inseridos no orifício do bastão de
revestimento;
D) Termetro de resistência elétrica.
A
B
C
D
-- O
4 MATERIAL E MÉTODOS
64
O bastão de revestimento e o fio termopar foram introduzidos em um tubo de
quartzo (Figura 14A). Em seguida, um bastão de quartzo (Figura 14A) foi inserido
sobre o bastão de revestimento no interior do tubo de quartzo e um dispositivo com
um relógio comparador Mitutoyo foi fixado no tubo de quartzo de forma que o
indicador do relógio comparador tocasse levemente o bastão de quartzo
(Figura 14C). Assim, quando o bastão de revestimento foi inserido no forno e iniciou
a sua expansão, o relógio começou a fazer a mensuração.
Figura 14 - A) Bastão de quartzo e tubo de quartzo;
B) Dispositivo para fixar o relógio comparador no tubo de quartzo;
C) Dispositivo fixo no tubo de quartzo de forma que o indicar do
relógio o estocando levemente.
Todo o conjunto montado foi inserido a um forno tubular adaptado da EDG
EDGCON P-1 a uma temperatura de 700
o
C (Figura 15). A temperatura foi medida a
cada 2 minutos até completar 15 minutos.
A
B
C
4 MATERIAL E MÉTODOS
65
Figura 15 - A) Painel de controle do forno;
B) Forno tubular com uma abertura no seu topo;
C) Conjunto para realizar a mensuração da expansão térmica
posicionado no interior do forno tubular.
4.12 Análise Estatística
Os resultados provenientes das medidas do desajuste cervical, da expansão
de presa e da expansão térmica foram submetidos à ANOVA (ANalisis Of VAriance),
que permite comparar os grupos, considerando a dispersão (Variância) dos valores
dentro de cada grupo e entre os grupos. Não ocorrendo diferença significativa entre
os grupos, essas variâncias tendem a ficar próximas.
Para a verificação de possíveis diferenças entre médias foi utilizado o Teste
de Tukey, determinando médias e medidas de dispersão (desvio padrão).
A
B
C
5 RESULTADOS
5 RESULTADOS
69
5 RESULTADOS
5.1 Análise estatística dos desajustes marginais entre os revestimentos
As médias das medidas dos desajustes de cada corpo de prova estão
mostradas na Tabela 1. A média, a variância e o teste estatístico para a Tabela 1
estão representados na Tabela 2.
.
Tabela 1 – Médias das desadaptações (mm) das infra-estruturas metálicas, com diferentes
revestimentos (R1 – R4) usando a técnica de fundiçãopida.
Revestimentos
Infra-estruturas
R1
R2
R3
R4
1
0,462
0,294
0,099
-0,412
2
0,351
0,366
0,063
-1,004
3
0,152
0,294
0,073
-1,073
4
0,236
0,312
0,238
-0,676
5
0,449
0,317
0,108
-1,131
6
0,283
0,322
0,071
-1,124
7
0,198
0,424
-0,183
-0,975
8
0,214
0,251
0,170
-0,636
9
0,296
0,240
0,100
-0,965
10
0,274
0,348
0,153
-0,887
Tabela 2 – Análise de variância dos dados da Tabela 1.
Grupos
Contagem
Soma
Média
Variância
10
2,915
0,2915
0,010567167
10
3,168
0,3168
0,002911511
10
0,892
0,0892
0,012075511
R1
R2
R3
R4
10
-8,883
-0,8883
0,056772011
Fonte de variação
SQ
gl
MQ
F
P-value
F crit
Entre grupos
9,733
3
3,244
157,628
9,29458E-21
2,867
Dentro dos grupos
0,741
36
0,021
Total
10,474
39
5 RESULTADOS
70
O valor de F observado foi muito maior que o F crítico e o valor de P foi
muito menor que 5%. Portanto, para o nível de significância de 5%, rejeitamos a
hipótese nula de que não diferença entre os grupos de revestimentos. Ou seja,
entre os grupos de revestimentos ocorreu uma diferença significativa de adaptação
marginal dos corpos de prova.
Para encontrarmos em quais grupos diferença estatisticamente
significante, utilizamos o teste de Tukey, que está representado na Tabela 3.
Tabela 3 – Teste de Tukey para encontrar diferença significativa entre os grupos representados
por diferentes revestimentos (R1 R4)
Comparação
(x1 - x2)
EP (Tukey)
q calc
q crítico
Conclusão
R1 vs R2
0,025
0,046
0,552
3,845
Médias não diferem
R1 vs R3
0,202
0,046
4,415
3,845
Médias diferem
R1 vs R4
1,180
0,046
25,630
3,845
Médias diferem
R2 vs R3
0,228
0,046
4,967
3,845
Médias diferem
R2 vs R4
1,205
0,046
26,308
3,845
Médias diferem
R3 vs R4
0,978
0,046
21,324
3,845
Médias diferem
O resultado do teste de Tukey nos revela que apenas a comparação entre
os grupos R2 vs R1 não apresenta diferença estatisticamente diferente. Nas demais,
as diferenças são significantes.
Figura 16 - Média de desajuste marginal (mm) entre os diferentes
revestimentos (R1 – R4)
5 RESULTADOS
71
5.2 Análise estatística da expansão de presa dos revestimentos
As médias das medidas de cada corpo de prova estão demonstradas a
Tabela 4. A média, variância e o teste estatístico estão representados na Tabela 5.
Tabela 4 – Média das expansões de presa (mm) dos quatro tipos de
revestimentos no tempo de 2 a 16 minutos.
Tempo
R1
R2
R3
R4
2
0,00
0,00
0,00
0,00
4
0,00
0,00
0,00
0,00
6
0,00
0,00
0,01
0,02
8
0,00
0,00
0,01
0,04
10
0,00
0,00
0,01
0,07
12
0,02
0,01
0,02
0,10
14
0,06
0,03
0,02
0,16
16
0,13
0,07
0,02
0,22
Tabela 5 – Análise de variância dos dados da Tabela 4.
Grupos
Contagem
Soma
Média
Variância
R1
8
0,21
0,03
0,00
R2
8
0,11
0,01
0,00
R3
8
0,09
0,01
0,00
R4
8
0,61
0,08
0,01
Fonte de variação
SS
df
MS
F
P-value
F crit
Entre grupos
0,02
3,00
0,01
3,14
0,04
2,95
Dentro dos grupos
0,07
28,00
0,00
Total
0,09
31,00
O valor de F observado foi maior que o F crítico e o valor de P foi menor que
5%. Portanto, para o nível de significância de 5%, rejeitamos a hipótese nula de que
não há diferença entre os grupos de revestimentos. Ou seja, entre os grupos de
revestimentos, houve uma diferença significativa na expansão de presa. Para
encontrar os grupos com esta diferença significativa, realizamos o Teste de Tukey,
que está representado na Tabela 6.
5 RESULTADOS
72
Tabela 6 – Teste de Tukey para encontrar diferenças entre grupos.
Comparação
(x1 - x2)
EP (Tukey)
q calc
q crítico
Conclusão
R1 vs R2
0,01
0,02
0,82
3,91
Médias não diferem
R1 vs R3
0,02
0,02
1,01
3,91
Médias não diferem
R1 vs R4
0,05
0,02
3,10
3,91
Médias não diferem
R2 vs R3
0,00
0,02
0,19
3,91
Médias não diferem
R2 vs R4
0,06
0,02
3,92
3,91
médias diferem
R3 vs R4
0,07
0,02
4,11
3,91
médias diferem
O Teste de Tukey revelou que ocorreu diferença significativa de expansão
de presa do R4 com o R3 e R2.
Figura 17 – Média da expansão de presa (mm), nos primeiros 16 minutos, com os
revestimentos na proporção de líquido especial de 75%.
5.3 Análise estatística da expansão térmica dos revestimentos
As médias das medidas de cada corpo de prova estão demonstradas a
Tabela 7. A média, variância e o teste estatístico estão representados na Tabela 8.
5 RESULTADOS
73
Tabela 7 – Médias das expansões térmicas dos revestimentos em
mm no tempo de 2 a 20 minutos.
Tempo
R1
R2
R3
R4
2
0,37
0,12
0,33
0,71
4
0,69
0,46
0,77
1,24
6
1,05
0,93
0,99
1,50
8
1,52
1,38
1,32
1,80
10
1,78
1,62
1,61
1,99
12
1,82
1,70
1,74
2,04
14
1,82
1,78
1,79
2,05
16
1,81
1,84
1,78
2,05
18
1,81
1,86
1,78
2,05
20
1,80
1,86
1,78
2,05
Tabela 8 – Análise de variância dos dados da Tabela 7.
Grupos
Contagem
Soma
Média
Variância
R1
10
14,47
1,45
0,30
R2
10
13,55
1,35
0,40
R3
10
13,87
1,39
0,27
R4
10
17,47
1,75
0,21
Fonte de variação
SS
df
MS
F
P-value
F crit
Entre grupos
0,97
3,00
0,32
1,09
0,37
2,87
Dentro dos grupos
10,65
36,00
0,30
Total
11,61
39,00
O valor de F observado foi menor que o F crítico e o valor de P foi maior que
5%. Portanto, para o nível de significância de 5%, aceitamos a hipótese nula de que
não há diferença entre os grupos de revestimentos. Ou seja, entre os grupos de
revestimentos, apesar de R4 ter apresentado uma maior expansão térmica, não foi
suficiente para afirmar que a diferença é estatisticamente significante em relação
aos outros revestimentos.
5 RESULTADOS
74
Figura 18 - Média da expansão térmica (mm), durante 20 minutos, com os revestimentos na
proporção de líquido especial de 75%.
5.4 Análise estatística da soma da expansão de presa e térmica dos
revestimentos
As médias das medidas de cada corpo de prova estão demonstradas a
Tabela 9. A média, variância e o teste estatístico estão representados na Tabela 10.
Tabela 9 – Expansão total dos revestimentos em mm.
R1
R2
R3
R4
Presa
0,133
0,073
0,024
0,217
Térmica
1,800
1,862
1,775
2,047
Total
1,933
1,935
1,799
2,264
5 RESULTADOS
75
Tabela 10 Análise de variância da Tabela 9.
Grupos
Contagem
Soma
Média
Variância
R1
2
1,93
0,97
1,39
R2
2
1,94
0,97
1,60
R3
2
1,80
0,90
1,53
R4
2
2,26
1,13
1,67
Fonte de variação
SS
df
MS
F
P-value
F crit
Entre grupos
0,06
3,00
0,02
0,01
1,00
6,59
Dentro dos grupos
6,20
4,00
1,55
Total
6,26
7,00
O valor de F observado foi menor que o F crítico o valor de P foi maior que
5%. Portanto, para o nível de significância de 5%, aceitamos a hipótese nula de que
não há diferença entre os grupos de revestimentos. Ou seja, entre os grupos de
revestimentos, apesar de R4 ter apresentado a maior expansão total, não foi
suficiente para afirmar que a diferença é estatisticamente significante em relação
aos outros revestimentos.
Figura 19 - Média da expansão total (mm), revestimentos (R1 – R4) na proporção de
líquido especial de 75%.
6 DISCUSSÃO
6 DISCUSSÃO
79
6 DISCUSSÃO
anos os pesquisadores vêm estudando alguma forma para melhorar a
adaptação de peças metálicas em dentes preparados e atualmente em implantes
osseointegrados. Uma delas é o controle das interferências que ocorrem devido às
expansões de presa e térmica dos revestimentos.
Nos primórdios da Odontologia moderna, utilizavam-se a compensação
higroscópica e a térmica para compensar a contração da liga áurea (Scheu, 1933). A
compensação higroscópica era o método padrão tanto para o uso em liga áurea
(Scheu, 1933; Suffert; Mahler, 1955) como em liga à base de Ni-Cr (Weiss, 1977), a
qual apresentava a expansão de presa maior que a expansão térmica. Entretanto,
observava-se que a expansão de presa interferia no resultado final pela distorção do
padrão de cera (Scheu, 1933; Suffert; Mahler, 1955; Stevens; Okamoto; Jorgensen,
1985; Takahashi et al., 1999). Dessa forma, procurou-se aprimorar o revestimento
de compensação térmica, que apresenta uma expansão de presa mínima, mas uma
expansão térmica suficiente para compensar a contração da liga metálica.
Nos últimos anos houve uma melhora destes revestimentos e o surgimento
de uma nova cnica de fundição, chamada técnica de fundição rápida, na qual se
aguarda 15 minutos para a expansão de presa e 20 a 30 minutos para proceder à
expansão térmica dentro do forno (Campagni; Majchrowicz, 1991). Vale ressaltar
que este procedimento havia sido descrito há quase quarenta anos por Jones e
Wilson (1968), que não recomendaram levar o bloco de revestimento a um forno
pré-aquecido a mais de 500
o
C.
Atualmente, isso é feito a 850
o
C com o revestimento de fundição rápida.
Neste procedimento o revestimento é levado a uma condição térmica muito rigorosa,
que poderia trazer três principais inconvenientes: 1) maior rugosidade superficial
(Suffert; Mahler, 1955), mas, os estudos de Murakami et al. (1994) e Blackman
(2000), demonstraram que a rugosidade produzida não trouxe problemas clínicos; 2)
o segundo inconveniente citado refere-se à baixa resistência para suportar o calor
(Scheu, 1933; Jorgensen; Watanabe, 1986), porém, na literatura não relatos
sobre trincas ou fraturas com o uso da técnica de fundição rápida que pudessem
interferir na adaptação final (Campagni; Majchrowicz, 1991; Murakami et al., 1994;
Konstantoulakis et al., 1998; Yamaguti, 2002) e neste trabalho não ocorreram trincas
ou fraturas nos blocos de revestimento; 3) o último se refere a uma expansão
6 DISCUSSÃO
80
térmica variável e instável (Jones; Wilson, 1968; Stevens, 1983; Papadopoulos;
Axelsson, 1990) que discutiremos posteriormente quando falarmos a respeito da
expansão térmica. E comparando a nova técnica de fundição com a técnica de
fundição convencional, os relatos mostraram a viabilidade do procedimento
(Konstantoulakis et al., 1998; Schilling et al., 1999; Zequetto, 2005; Yan; Takahashi,
2006) apesar de alguns artigos ainda exprimirem cautela (Jones; Wilson, 1968;
Campagni; Majchrowicz, 1991; Murakami et al., 1994; Blackman, 2000; Yamaguti,
2002).
Neste trabalho, no aspecto adaptação marginal, observou-se que o R3
apresentou a melhor adaptação seguido do R1, R2 e R4. Nos revestimentos R1, R2
e R3 ocorreu uma infra-expansão, ou seja, os espécimes metálicos o se
apresentaram expandidos o suficiente para que a borda cervical dos mesmos se
aproximassem do marco 0 do troquel metálico. No revestimento R4 ocorreu o
contrário, uma sobre-expansão, ou seja, os espécimes metálicos expandiram além
do necessário. Neste último caso, se houvesse um limitador de assentamento no
marco 0 do troquel metálico, teríamos um espaço na parede interna. A presença
deste espaço, se adequado, seria interessante para acomodação do cimento, mas
significaria também a presença de um desajuste horizontal tão danoso
biologicamente quanto o desajuste vertical. No caso de um implante combinado ao
uso de um UCLA calcinável e hexágono externo, a presença do espaçamento seria
interessante para uma melhor acomodação da peça fundida. Por outro lado, traria
inconveniente também, principalmente em elemento unitário, em que a peça teria
micro-movimentações que poderiam levar à fadiga do parafuso do implante ou a sua
soltura.
Em uma análise crítica dos resultados anteriores, acreditamos que todos os
revestimentos têm o potencial de apresentar uma boa adaptação cervical. Isto seria
possível pelo fato de utilizarmos uma diluição de 75% do líquido especial. Este
líquido sem a diluição, num teste piloto, apresentou uma sobre-expasão tão grande
que não possibilitou realizar a leitura do desajuste cervical. Dessa forma, para
diminuir a sobre-expansão, utilizamos 25% de água destilada e 75% de líquido
especial. Assim, foi possível realizar a leitura nos espécimes obtidos dos quatro
revestimentos. O uso da diluição é um artifício utilizado para controlar a maior ou
menor expansão térmica do revestimento (Earnshaw; Morey; Edelman, 1997).
Assim, nos nossos espécimes para melhorar a adaptação cervical, seria
6 DISCUSSÃO
81
interessante: aumentar a quantidade de líquido especial nos revestimentos R1, R2 e
R3, sendo que, nos revestimentos R1 e R2 a quantidade deveria ser maior que no
R3; e no R4, uma menor quantidade de líquido especial (Figura 16).
Somente o uso da diluição do líquido especial não deve ser considerado o
suficiente para confeccionar uma peça metálica com adaptação adequada.
Acreditamos que outros fatores podem ter importância e podem acrescentar
informações para desenvolver melhores revestimentos.
A forma como ocorre a expansão de presa e térmica é provavelmente um
dos fatores chaves para controlar a distorção do padrão de cera ou de resina
acrílica. Contudo, a literatura ainda é escassa em relação às expansões de presa e
térmica dos revestimentos de fundição rápida. Previamente a este trabalho,
tínhamos a hipótese de que a expansão de presa seria mínima devido ao tempo de
espera de 15 minutos, e este mais o tempo de espera para a expansão térmica de
20 minutos não seria suficiente para compensar a contração da liga à base de Ni-Cr.
O que reforçou esta hipótese foram os trabalhos de Murakami et al. (1994) e
Yamaguti (2002) demonstrando que a técnica de fundição convencional em todas as
situações apresentou as melhores adaptações em relação à técnica pida.
Entretanto, não confirmadas no trabalho de Marchiori (2004) e Zequetto (2005).
Possivelmente, a menor quantidade de líquido a ser misturada no dos
revestimentos de fundição rápida em relação aos revestimentos convencionais,
permite o tempo de espera de presa de 15 minutos, pois a quantidade de líquido
para evaporar é menor, a presa torna-se mais rápida e a expansão estabiliza-se
mais rapidamente (Mori; Aghajani, 2003). Este fato não ocorreu no revestimento R2,
que apresentou o início da expansão de presa mais retardada e contínua até 60
minutos (APÊNDICE A). Na literatura consultada, este tipo de expansão de presa
leva a uma distorção da cera com prejuízo na adaptação final (Murakami et al.,
1994; Takahashi et al., 1999). Devido a isso se tem o interesse por uma expansão
de presa menor, visando eliminar a variável distorção do padrão de cera.
Apesar dos revestimentos R1, R3 e R4 apresentarem a estabilização de
expansão de presa dentro de 60 minutos (APÊNDICE A), no tempo de 16 minutos,
que é o tempo que o bloco de revestimento é levado ao forno pré-aquecido, os
blocos de revestimentos estão no seu pico de expansão (Figura 17). É de supor que
parte da expansão de presa tenha sido perdida e seria necessária uma expansão
térmica maior para compensar esta perda. No momento, ainda o se sabe se esta
6 DISCUSSÃO
82
expansão de presa é perdida ou se ela ocorre dentro do forno juntamente com a
expansão térmica. A expansão de presa ocorrendo juntamente com a expansão
térmica seria interessante, pois o revestimento estando em seu pico de expansão de
presa pode desencadear uma expansão térmica muito mais efetiva, pois o bloco
estaria expandindo. Esta idéia havia sido cogitada por Stevens (1983) e necessita
de um estudo mais aprofundado. Para Yan e Takahashi (2006), na técnica de
fundição pida, a expansão de presa não exerce influência na expansão térmica,
mas observa-se neste estudo que os revestimentos utilizados já haviam atingido a
completa expansão de presa antes de serem levados ao forno.
Levar um bloco de revestimento a um forno pré-aquecido a 750
o
C, não
parece levar a uma adequada expansão rmica. Papadopoulos e Axelsson (1990)
em seus estudos já indicavam que a expansão térmica não poderia ser muito rápida,
pois a conversão α-β da cristobalita e quartzo que faz o revestimento expandir
termicamente não seria efetiva. Então, seria interessante a remoção daquele que
expande mais lentamente, neste caso a cristobalita (Takahashi et al., 1990).
Entretanto, foi demonstrado que a total eliminação da cristobalita não favorece uma
expansão térmica adequada
(Mori; Aghajani, 2003). Então, adequou-se uma
formulação com maior quantidade de quartzo em detrimento da cristobalita
(Murakami et al., 1994; Konstantoulakis et al., 1998; Mori; Aghajani, 2003).
Na avaliação da expansão térmica deste trabalho, todos os revestimentos
apresentaram a estabilização de expansão em 15 minutos e também apresentaram
a tendência de diminuir a quantidade de expansão quanto mais tempo permanecia
dentro do forno. Não foi possível observar se os revestimentos apresentavam
cristobalita e quartzo em sua formulação, uma vez que eles foram submetidos a uma
temperatura inicial de 750
o
C. Em uma avaliação de expansão térmica elevando-se a
temperatura lentamente, é possível observar dois picos de expansões: a primeira da
conversão α-β da cristobalita que ocorre a aproximadamente 250
o
C e a outra da
conversão α-β do quartzo, a aproximadamente 550
o
C.
O grande problema da conversão α-β da cristobalita e do quartzo é a sua
instabilidade à variações de temperatura, pois é uma conversão reversível. Em vista
deste inconveniente, atualmente pesquisa-se outra forma de expansão térmica
utilizando pós metálicos, que se oxidam devido ao calor (Earnshaw; Morey;
Edelman, 1997). Neste caso, a expansão é basicamente química com a formação de
6 DISCUSSÃO
83
óxido, proporcionando uma expansão irreversível (Takahashi et al., 1990). Alguns
revestimentos fosfatados como Power Mix apresentam em sua composição estes
componentes. Acredita-se que o acréscimo destes pós em um revestimento
fosfatado não seria interessante atualmente, pois, como se observou neste trabalho,
os revestimentos apresentam uma expansão adequada. Assim, o acréscimo
destes pós metálicos somente encareceriam o revestimento. Por outro lado, seria
interessante um novo tipo de revestimento que apresentasse somente expansão
química, pois teríamos um revestimento com expansão térmica mais estável em
relação ao sistema de convesão α-β da cristobalita e do quartzo. Devido às
características próprias para se fundir o titânio para as próteses sobre implantes
o desenvolvimento deste tipo de revestimento e já se encontram alguns no mercado,
porém com um custo alto (Takahashi; Kitahara; Kubo, 2004; Yan; Takahashi, 2006).
Observando a figura da expansão total, os revestimentos fosfatados R1, R2
e R3 apresentaram valores semelhantes sem diferença significativa, sendo que,
numericamente, o R3 apresentou o menor valor dentre os revestimentos. Como o
R3 apresentou uma adaptação significantemente melhor que os revestimentos R1 e
R2, pode-se supor que o que provavelmente contribuiu para isso foi a menor
expansão de presa de R3. Este resultado corrobora os de Takahashi et al. (1990),
Earnshaw et al. (1997), Takahashi et al. (1999) e Yan e Takahashi (2006) nos quais
a expansão de presa mínima tem se mostrado mais importante do que a maior
expansão total dos revestimentos. O revestimento R4 mostrou um comportamento
diferente dos demais, pois apresentou o maior valor de expansão de presa, sendo
este não significante somente em relação ao R1 e não apresentou diferença
estatisticamente significante na expansão total e na expansão térmica em relação
aos outros. Com este quadro, era esperado que pelo menos a adaptação obtida se
assemelhasse à obtida pelo revestimento R1, mas a adaptação marginal foi
significantemente muito discrepante em relação a dos outros revestimentos. Ou seja,
os espécimes obtidos apresentaram-se muito expandidos. Algumas hipóteses foram
levantadas para tentar explicar o ocorrido: diferente dos outros revestimentos que
são fosfatados, o R4 é um revestimento cerâmico e parece se comportar como os
revestimentos à base de gesso para a fundição pida. Nos revestimentos
fosfatados o ideal é uma expansão de presa mínima, mas no R4 ocorreu uma maior
expansão de presa e uma rápida expansão em um curto espaço de tempo (Figura
17). É justamente neste tipo de comportamento que os revestimentos à base de
6 DISCUSSÃO
84
gesso apresentam as melhores adaptações (Murakami et al., 1994). Neste trabalho,
indícios de que o comportamento da expansão de presa é fundamental, mas com
diferenças entre os revestimentos fosfatados e o cerâmico. Entretanto isso não
explica de forma satisfatória a grande sobre-expansão dos espécimes obtidos com o
revestimento R4.
Desde o trabalho de Jorgensen e Watanabe (1986), algumas pesquisas se
voltaram para a análise da resistência à compressão dos revestimentos
odontológicos. Acreditava-se que a baixa resistência favorecia uma contração
uniforme da liga fundida oferecendo uma peça metálica mais precisa e com melhor
adaptação marginal. Atualmente esta hipótese tem ganhado força. Pesquisas
recentes (Takahashi et al., 1990; Earnshaw; Morey; Edelman, 1997; Takahashi;
Kitahara; Kubo, 2004; Yan; Takahashi, 2006) têm demonstrado que a avaliação da
resistência do revestimento é um quesito fundamental para a avaliação do
revestimento no que se refere à obtenção de uma adaptação marginal adequada.
Em um projeto piloto, observamos que o revestimento fosfatado é mais resistente
que o cerâmico. Acredita-se que a resistência do revestimento tem uma influência
tão importante quanto o comportamento das expansões de presa e térmica.
Entretanto, esta variável não foi incluída neste trabalho e necessita de maiores
estudos.
Com este trabalho observamos que não devemos olhar somente na
quantidade da expansão, mas como ocorre a expansão de presa e térmica. Por
outro lado, ao mesmo tempo que a expansão é importante, o fator resistência dos
revestimentos também deve ser levado em consideração para obter uma adequada
adaptação marginal. Algumas questões podem ter sido esclarecidas, mas muitas
dúvidas também surgiram o que nos instiga a ainda manter as investigações a
respeito da técnica de fundição rápida.
7 CONCLUSÃO
7 CONCLUSÃO
87
7 CONCLUSÃO
Após análise dos resultados obtidos, seguindo a metodologia de trabalho
proposta, chegamos às seguintes conclusões:
1) O R3 (Heat Shock) apresentou a melhor adaptação cervical, seguido do
R1 (Flash), R2 (Bellavest SH) e R4 (Micro Fine 1700). Mesmo assim, todos os
revestimentos apresentam a capacidade de oferecer peças fundidas com liga à base
de Ni-Cr com adequada adaptação cervical;
2) No tempo de 15 minutos, nenhum dos revestimentos apresentou a
expansão de presa completa;
3) No período de 20 minutos dentro do forno, todos os revestimentos
apresentaram a expansão térmica completada em 15 minutos;
4) A mínima expansão de presa e a compensação da contração da liga
através da expansão térmica é o ideal, principalmente nos revestimentos fosfatados;
sendo que, a obtenção da máxima expansão total o deve ser o único fator a ser
considerado para obter uma adaptação cervical adequada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
91
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APÊNDICE
APÊNDICE
95
APÊNDICE A – Média da expansão de presa (mm) dentro de 60 minutos, com
os revestimentos na proporção de líquido especial de 75%
APÊNDICE B – Médias das expansões de presa (mm) dos quatro
tipos de revestimentos (R1 – R4) no tempo de 2 a 60
minutos
Tempo
R1
R2
R3
R4
2
0,00
0,00
0,00
0,00
4
0,00
0,00
0,00
0,00
6
0,00
0,00
0,01
0,02
8
0,00
0,00
0,01
0,04
10
0,00
0,00
0,01
0,07
12
0,02
0,01
0,02
0,10
14
0,06
0,03
0,02
0,16
16
0,13
0,07
0,02
0,22
18
0,24
0,14
0,04
0,26
20
0,40
0,21
0,05
0,28
22
0,57
0,29
0,08
0,30
24
0,63
0,36
0,11
0,31
26
0,68
0,47
0,13
0,32
28
0,72
0,54
0,14
0,32
30
0,73
0,60
0,14
0,32
32
0,74
0,64
0,15
0,33
34
0,75
0,68
0,16
0,33
36
0,75
0,74
0,17
0,33
38
0,76
0,79
0,18
0,34
40
0,76
0,82
0,18
0,34
42
0,77
0,87
0,18
0,34
44
0,77
0,91
0,19
0,34
46
0,77
0,93
0,19
0,34
48
0,77
0,97
0,19
0,34
50
0,77
0,99
0,19
0,35
52
0,78
1,03
0,20
0,35
54
0,78
1,05
0,20
0,35
56
0,78
1,07
0,20
0,35
58
0,78
1,11
0,21
0,35
60
0,78
1,12
0,21
0,35
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