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ALEXANDRE BRAGANÇA COELHO
A
demanda de alimentos no Brasil
,
2002/2003
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte
das exigências do
Programa de
Pós
Graduação em
Economia
Aplicada, para obtenção do título
de “Doctor S
cientiae”.
VIÇOSA
MINAS GERAIS
-
BRASIL
2006
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i
AGRADECIMENTOS
À
minha família, pelo incentivo e apoio em todos os momentos.
Ao professor Danilo Roli
m
Dias de Aguiar, pela orientação segura e
paciência com todas as dúvidas.
Ao professor
João Eustáquio de Lima, pelas sugestões e orientações que
contribuíram para tornar este trabalho muito melhor.
Ao professor James S. Eales da Purdue University, pela recepç
ão calorosa
nos E
stados Unidos
da América
e pelo auxílio constante
, não neste t
rabalho, como
também
na adaptação a um país e cultura diferentes
no período de um ano em que lá
estive.
À professora Marília Fernandes Maciel Gomes, pelos comentários e
sugestões
valiosas que contribuíram para o aperfeiçoamento deste trabalho.
Aos demais
professores do DER
UFV, pelas aulas e lições que vão
permanecer conosco por muito tempo.
Ao professor Brian W. Gould da University
of Wisconsin, pelo auxílio com
o programa econométrico utilizado neste estudo.
A
Alla Golub, colega na Purdue University,
pelo auxílio especialmente na
utilização do Programa
MatLab
.
Aos funcionários do DER, em especial, Cida, Graça, Tedinha e Carminha
,
pela
disposição alegre
para
auxiliar
.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
pelo auxílio f
inanceiro, não durante a duração do doutorado, mas também pela
bolsa concedida para o período na Purdue University.
Aos amigos e colegas da p
ós
-
graduação do Curso de Economia Aplicada,
especialmente Alexandre, Antônio José, Armando, Cida, Elaine, Marie
lce, Marivane,
Patrícia,
R
odrigo,
Rubicleis
e Silvio.
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ii
CONTEÚDO
P
ágina
LISTA DE QUADROS
................................
................................
...............................
v
LISTA DE FIGURAS
................................
................................
................................
.
v
i
LISTA DE
TABELAS
................................
................................
................................
vi
i
RESUMO
................................
................................
................................
....................
x
ABSTRACT
................................
................................
................................
................
xi
i
1
INTRODUÇÃO
................................
................................
................................
.....
1
1.1
-
O problema e sua importância
................................
................................
...
1
1.2
Hipóteses
................................
................................
................................
..
6
1.3
Objetivos
................................
................................
................................
...
6
1
.4
-
Organização do estudo
................................
................................
..............
7
2
TEORIA DA DEMANDA
................................
................................
....................
8
2.1
-
Restrição Orçamentária
................................
................................
.............
8
2.2
-
Axiomas da Escolha
................................
................................
..................
1
2
2.3
-
O Problema dos Consumidores
................................
................................
.
1
5
2.4
Dualidade
................................
................................
................................
..
1
7
2.5
-
Propriedades das funções de demanda
................................
......................
2
2
2.5.1
Integrabilidade
................................
................................
.............
2
6
2.6
-
Especifica
ndo as funções de demanda
................................
......................
2
7
2.6.1
-
A Questão da Identificação
................................
...........................
29
2.6.2
-
Formas Funcionais
................................
................................
........
29
2.6.2.1
-
Modelos
ad hoc
................................
................................
30
2.6.2.2
-
Sistemas de demanda
................................
.......................
32
2.6.2.2.1
-
Formas Funcionais flexíveis
............................
34
iii
3
-
DA TEORIA À PRÁTICA: QUESTÕES IMPORTANTES NA
ESTIMAÇ
ÃO DE EQUAÇÕES DE DEMANDA
................................
............
5
0
3.1
-
A Questão da Separabilidade e da Agregação na estimação das
funções de demanda
................................
................................
.................
5
1
3.1.1
-
O conceito de Separabilidade Fraca
................................
.............
5
1
3.1.2 Separabilidade Forte ou Aditividade das preferências
....................
5
3
3.1.3
-
Preferências Homotética
s
................................
.............................
5
6
3.1.4
-
Preferências quase
-
homotéticas
................................
....................
5
7
3.1.5
-
Agregação de Bens
................................
................................
.......
58
3.2
-
Agregação dos Consumidores
................................
................................
...
59
3.2.1
-
Agregação Linear Exata
................................
...............................
59
3.2.2
-
Agregação Não
-
Linear Exata
................................
.......................
6
2
3.2.2.1
-
Os casos PIGL e PIGLOG
................................
...............
6
4
3.3
-
Séries de tempo versus corte s
eccional em estudos de demanda
..............
68
3.4
-
A questão dos preços nas Pesquisas de Orçamentos Familiares
...............
69
3.5
-
O uso da variável despesa total ou renda
................................
...................
7
0
3.6
-
Estimação de equações de demanda no Brasil
................................
..........
7
2
3.6.1
-
Primeiros estudos de demanda
................................
......................
7
2
3.6.2
-
Est
udos utilizando dados de corte seccional
................................
.
7
3
3.6.3
-
Estudos utilizando dados de séries de tempo
................................
7
6
3.6.4
-
Estimação de sistemas de demanda e modelos derivados de
uma estrutura de preferências no Brasil
................................
.........
77
4
-
METODOLOGIA E FONTE DE DADOS
................................
............................
8
0
4.1
-
Efeito d
o uso de microdados na escolha da Metodologia
.........................
8
0
4.2
-
Método Utilizado: o Procedimento de Shonkwiler & Yen
........................
8
5
4.2.1
-
O Problema da
s prpriedades da demanda
no
Procedimento de Shonkwiler & Yen
................................
.......
9
1
4.2.2
-
A questão dos preços no Procedimento de Shonkwiler &
Yen
....
9
3
4.3
-
Dados utilizados
................................
................................
........................
9
6
4.3.1
-
Características da POF 2002/2003
................................
................
97
4.4
-
Estratégia empírica
................................
................................
....................
10
5
4.4.1
-
Produtos escolhidos
................................
................................
......
10
5
4.4.2
-
Amostra utilizada
................................
................................
..........
10
6
4.4.3
-
Descrição das variáveis utilizadas na estimação
...........................
10
6
5
-
RESULTADOS E DISCUSS
ÃO
................................
................................
...........
1
17
5.1
-
Resultados da estimação do primeiro estágio
................................
............
1
17
5.1.1
Modelo
estimado
................................
................................
..........
1
17
iv
5.1.2
-
Efeitos marginais das variáveis do primeiro estágio
....................
12
5
5.2
-
Resultados da estimação do segundo estágio
................................
............
13
6
5.3
-
Resultados utilizando a renda mensal familiar
como variável
..................
1
6
4
5.3.1
-
Cálculo das elasticidades da demanda
................................
..........
1
6
5
5.4
-
Estimativas das elasticidades
-
renda e preço para o açúcar
........................
1
8
3
5.5
-
Comparação dos resultados com outros estudos sobre demanda de
alimentos no Brasil
................................
................................
..................
1
8
5
6
-
RESUMO
E CONCLUS
ÕES
................................
................................
................
1
89
R
EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
................................
................................
........
1
9
6
ANEXO 1
................................
................................
................................
...................
2
09
ANEXO 2
................................
................................
................................
....................
21
0
ANEXO 3
................................
................................
................................
....................
2
29
v
LISTA DE QUADROS
P
ágina
4.1
-
Variáveis explicativas utilizadas no primeiro estágio de estimação
do
sistema de demanda
................................
................................
................................
..
1
07
4.2
-
Variáveis explicativas utilizadas no segundo est
ágio de estimação
do
sistema de demanda
................................
................................
................................
..
1
08
5.1
-
Variáveis explicativas utilizadas no primeiro estágio de estimação
do
sistema de demanda
................................
................................
................................
..
1
18
5.2
-
Variáveis explicativas utilizadas no segundo estágio de estimação
do
sistema de demanda
................................
................................
................................
..
1
38
vi
LISTA
DE
FIGURAS
P
ágina
2.1
-
Interseção de conjuntos fechados A (q
1
) e B(q
1
)
................................
.................
1
4
2.2
-
Curvas de Indiferença convexas em relação à origem
................................
........
1
5
2.
3
-
Curvas de Indiferença tipo Leontief
................................
................................
....
17
2.
4
-
Relação entre demanda Hicksiana, demanda Marshaliana, função de
util
idade indireta e função
dispêndio
................................
................................
.
22
3.1
-
Preferências homotéticas
................................
................................
.....................
5
7
4.1
-
Participação nas despesas de consumo monetária e não
-
monetária média
mensal familiar, por tipos de despesa
-
Brasil
-
período 2002/2003
..................
10
1
vii
LISTA DE
TABELAS
P
ágina
1.1
-
Quantidade anual per capita de alimentos adquirid
os para consumo no
domicilio
Brasil
-
1974/1996
................................
................................
............
2
1.2
-
Participação na despesa de consumo monetária e não
-
monetária média
mensal familiar, por situação do domicilio na ENDEF e na POF, segundo
o tipo de de
spesa
Brasil
-
1974/2003
................................
...............................
3
4.1
-
Freqüência de aquisição dos produtos alimentares
................................
.............
8
2
4.2
-
Parcela média do gasto total com a cesta de 18 produtos alimentares
................
8
3
4.3
-
Preços médios estaduais por produto, por unidade da federação
Brasil
2002/2003
................................
................................
................................
..........
9
4
4
.4
-
Distribuição da despesa total média mensal familiar, segundo os tipos de
despesa
Brasil
2002
-
2003
................................
................................
............
99
4.5
-
Participação na despesa de consumo monetária e o
-
monetária mensal
familiar, por tipos de despesa e segundo a situação do domicílio
Brasi
l
2002
-
2003
................................
................................
................................
.......
10
0
4.6
-
Distribuição percentual da despesa monetária e o
-
monetária mensal
familiar com alimentação, por situação do domicílio, segundo o tipo de
despesa
Brasil
2002
-
2003
................................
................................
............
10
2
4.7
-
Número de setores selecionados e domicílios esperados,
selecionados e
entrevistados, segundo as unidades da Federação
período 2002
2003
........
10
4
4.8
-
Produtos alimentares selecionados para análise e estimação de sistema de
demanda.
................................
................................
................................
............
10
6
4.9
-
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, por classes de
rend
imento monetário e não
-
monetário mensal familiar
Brasil
Período 2002
2003
................................
................................
..........................
1
09
viii
4.10
-
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, por grandes regiões
Brasil
Período 2002
2003
................................
................................
............
11
1
4.11
-
População residente, por Grandes regiões, segundo clas
ses de
rendimento monetário e não
-
monetário mensal familiar
janeiro de 2003
......
11
1
4.12
-
População residente, por Grandes regiões, segundo classes de
rendimento monetário e não
-
monetário mensal familiar
valores
relativos
janeiro de 2003
................................
................................
..................
11
2
4.13
-
Aquis
ição alimentar domiciliar per capita anual, por situação do
domicílio, segundo os produtos
Brasil
Período 2002
2003
......................
11
3
4.14
-
Freqüência de Distribuição do tamanho dos domicílios e composição
familiar para a amostra utilizada
................................
................................
........
11
4
4.15
-
Freqüência d
e distribuição do nível educacional dos responsáveis pelos
domicílios para a amostra utilizada
................................
................................
...
11
5
4.16
-
Freqüência de distribuição da variável raça dos responsáveis pelos
domicílios para a amostra utilizada
................................
................................
...
11
6
4.17
-
Freqüência de distribuição de variáv
eis escolhidas para a amostra utilizada
....
11
6
5.1
-
Resultados da estimação do primeiro estágio (decisão de aquisição do
produto), Brasil, Período 2002
-
2003
................................
...............................
12
0
5.2
-
Efeitos marginais da variável Renda
Brasil
Período 2002
-
2003
.................
1
27
5.3
-
Efeitos marg
inais das variáveis Regionais
Brasil
Período 2002
-
2003
........
1
28
5.4
-
Efeitos
marginais da variável urbana
Brasil
Período 2002
-
2003
................
13
0
5.5
-
Efeitos marginais das variáveis de nível educacional
do responsável pelo
domicílio
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
.............................
13
1
5.6
-
Efeitos marginais das variáveis de raça
Brasil
Período 2002
-
2003
............
13
2
5.7
-
Efeitos marginais da variável mulher
Brasil
Período 2002
-
2003
................
13
3
5.8
-
Efeitos marginais da variável doméstica
Brasil
Período 2002
-
2003
...........
13
4
5.9
-
Efeitos marginais da variável geladeira
Brasil
Período 2002
-
2003
............
13
5
5.10
-
Resultados da estimação do segundo estágio do procedimento de
Shonkwiler e Yen (equações de demanda), Brasil, 2002
-
2003
.......................
14
0
5.11
-
Elasticidades
-
dispêndio da demanda
Bra
sil
Período 2002
-
2003
...............
14
6
5.12
-
Elasticidades
-
preço não
-
compensadas da demanda
Brasil
Período
2002
-
2003
................................
................................
................................
...........
1
49
5.13
-
Elasticidades
-
preço compensadas da demanda
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
................................
......................
15
1
5.14
-
Relações de substitubilidade e complementarid
ade bruta entre os
produtos pesquisados
Brasil
Período 2002
2003
................................
.........
15
4
ix
5.15
-
Relações de substitubilidade e complementaridade líquida entre os
produtos pesquisados
Brasil
Período 2002
2003
................................
......
15
6
5.1
6
-
Elasticidades
-
educacionais da demanda
Brasi
l
Período 2002
-
2003
.........
1
59
5.1
7
-
Elasticidades
da demanda calculadas para a
variável presença de
geladeira
Brasil
Período 2002
2003
................................
..........................
1
6
1
5.1
8
-
Elasticidades
da demanda calculadas para a variável urbano
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
...........................
1
6
2
5.1
9
-
El
as
ticidades
-
composição familiar
da demanda
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
................................
...................
1
6
3
5.
20
-
Resultados da estimação do segundo estágio do procedimento de
Shonkwiler e Yen, utilizando a renda mens
al familiar, Brasil, 2002
-
2003
......
1
6
6
5.
21
-
Elasticidades
-
renda da dema
nda
Brasil
Período 2002
-
2003
.....................
1
69
5.2
2
-
Elasticidades
-
preço não
-
compensadas da demanda
Brasil
Período
2002
-
2003
................................
................................
................................
........
1
7
0
5.2
3
-
Elasticidades
-
preço compensadas da demanda
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
................................
...................
1
7
2
5.24
-
Relações de substitubilidade e compl
ementaridade bruta entre os
produtos pesquisados
Brasil
Período 2002
2003
................................
......
17
4
5.25
-
Relações de substitubilidade e complementaridade líquida entre os
produtos pesquisados
Brasil
Período 2002
2003
................................
......
17
6
5.2
6
-
Elasticidades da demanda para a vari
ável vel educacional do
responsável pelo domicílio
Brasil
Período 2002
-
2003
..............................
1
78
5.2
7
-
Elasticidades
da demanda calculadas para a variável presença de
geladeira
Brasil
Período 2002
2003
................................
..........................
1
79
5.2
8
-
Elasticidades
da demanda calculadas para a va
riável urbana
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
...........................
1
8
0
5.2
9
-
El
asticidades
-
composição familiar
da demanda
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
................................
...................
1
8
1
5.
30
-
Elasticidades
-
dispêndio e preço cruzadas da demanda para a açúcar,
calculadas por resíduo, para a especificação c
om gasto total
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
.......................
1
8
4
5.
31
-
Elasticidades
-
dispêndio e preço cruzadas da demanda para a açúcar,
calculadas por resíduo, para a especificação com renda
Brasil
Período 2002
-
2003
................................
................................
.......................
1
8
5
5.
32
-
Comparação das elasticidades
-
renda
entre vários estudos de demanda
............
1
8
6
5.
33
-
Comparação das elasticidades
-
preço não
-
compensadas para arroz e feijão
.....
1
88
5.3
4
-
Comparação das elasticidades
-
preço compensadas para arroz e feijão
.............
1
88
x
RESUMO
COELHO, Alexandre Bragança, D.S., Universidade F
ederal de Viçosa,
abril
2006.
A
demanda de alimentos no Brasil,
2002/2003
.
Orientador: Danilo Rolim Dias
de Aguiar. Conselheiros: João Eustáquio de Lima e
Marcelo José Braga
.
A demanda de alimentos no Brasil tem sofrido modificações importantes nas
úl
tima
s décadas
causadas por transformações estruturais, tais como aumento da
urbanização,
modificação da
composição etária
da população
,
aumento da
presença de
mulheres na força de trabalho
, entre outras.
Diante desse quadro de mudanças,
é
essencial
conhece
r o padrão de consumo das famílias de forma a se poder aperfeiçoar
as decisões do governo, dos agricultores e dos empresários do setor de processamento
e distribuição de alimentos.
Porém, quando se
examina
a literatura sobre análise de
demanda no Brasil, n
ota
se uma carência de estudos recentes que sejam, ao mesmo
tempo, abrangentes e metodologicamente rigorosos
. Dessa forma, o objetivo deste
estudo
foi
d
eterminar o padrão da demanda de alimentos no Brasil
por meio da
estimação de um sistema de demanda com
dezoito tipos de alimentos,
com base nos
dados da
Pesquisa de Orçamentos Familiares (
POF
realizada em
2002/2003
,
em todo
território nacional
,
pelo IBGE
. Esses dados permitiram
a construçã
o de preços para
cada família e a
estimação de funções de demanda
qu
e
p
ossibilitaram
captar a
heterogeneidade entre elas
.
A forma funcional utilizada nas funções de demanda
estimadas neste
trabalho
foi
o
Quadratic Almost Ideal Demand System
(QUAIDS). O
modelo QUAIDS possui a flexibilidade de curvas de Engel não
lineares e,
ao mesmo
tempo,
é
derivado de uma estrutura de preferências.
A estimação do sistema de
demanda foi feita
por meio
do Procedimento de Sh
onkwiler e Yen.
Este procedimento
utiliza dois estágios de estimação para lidar com a natureza censurada dos dados. O
pr
imeiro estágio consiste nas chamadas “equações de seleção”, que examinam os
determinantes da decisão do consumidor em consumir ou não um determinado
xi
produto. Os resultados deste estágio são utilizados para computar uma variável que é
usada como instrumento
para incorporar as variáveis latentes censuradas na estimação
do segundo estágio.
Os resultados da estimação do primeiro estágio foram, de forma
geral, de acordo com o esperado. A probabilidade de aquisição dos produtos básicos
variou negativamente com re
nda mensal familiar, enquanto as carnes, leite e demais
produtos mostraram influência positiva da renda. As variáveis regionais também
foram importantes na explicação
da
aquisição
de diversos produtos, assim como as
variáveis educacionais e as diferenças e
ntre o meio rural e urbano.
Os resultados da
estimação do segundo estágio foram um pouco mais problem
áticos do que o primeiro
.
Duas especificações foram utilizadas: a primeira com a variável gasto total e a
segunda com a renda mensal familiar. Com a primei
ra especificação, as elasticidades
dispêndio calculadas foram muito elevadas para os produtos básicos. A segunda
especificação mostrou elasticidades
renda mais compatíveis com o esperado, mas
houve um aumento não desprezível na quantidade de coeficientes n
ão
significa
tivos
.
De forma geral, levando em conta os resultados da segunda especificação, uma
predominância de bens normais na cesta pesquisada e não foi encontrado nenhum
bem inferior. Os bens superiores encontrados foram
:
carne bovina de primeira,
b
anana, queijos e leite em pó. Em relação aos preços, a maior parte dos coeficientes
não foi significa
tiva
. As elasticidades
preço diretas compensadas e não compensadas
calculadas ficaram acima do esperado, indicando respostas elásticas para produtos
básico
s com poucos substitutos.
Em relação às medidas de heterogeneidade, as
variáveis mais importantes foram a composição familiar
,
o tamanho da família
, a
presença de geladeira no domicílio
e a escolaridade do responsável pelo domicílio.
Domicílios com criança
s tenderam a apresentar maior consumo de leite, como
esperado,
e foi
encontrada
uma relação negativa entre escolaridade e consumo de
produtos básicos.
xii
ABSTRACT
COELHO, Alexandre Bragança, D.S., Universidade Federal de Viçosa,
April
2006.
Food demand
in Brazil
,
2002/2003
.
Adviser: Danilo Rolim Dias de Aguiar.
Committee members: João Eustáquio de Lima
and
Marcelo José Braga
.
Food demand in Brazil has undergone
major
changes in the last fe
w
decades
caused by structural changes
,
such as urbanization,
changes in demographics and
increase in women participation in the labor force, so
it’s
important to know
families’
consumption patterns thoroughly in order to enhance government policies and
to help
agricultur
al
and food
industry
decisio
n makers
. Neverth
eless, Brazilian literature in
demand analysis field has been
lacking studies which are rigorous and
complete.
Thus, this study objective is to estimate a demand system including eighteen food
products using POF 2002/2003 data. POF 2002/2003 is the Brazili
an household
survey and it allowed the construction of prices for each product and family and
enable
d
heterogeneity accounting.
The functional form
used
was
Quadratic Almost
Ideal Demand System
QUAIDS), which is flexible, has non
linear Engel curves and
i
t is derived from a preference
structure. The
approach to estimation was Shonkwiler
and Yen Procedure.
This is a two
step estimation procedure to deal with censored
dependent variables. Within the first step (purchase decisions), consumer decisions
determi
nants
on
whether
to
buy or not a product
are estimated.
In the second step, first
step results are used to correct the estimation. First step estimation results
were
according to expectations. Purchase probabilities of staples foods were negative
related t
o family monthly income, while meat, milk and other products showed a
positive relation.
Regional, educational and urbanization variables were also
important in the first stage.
Second stage results were
more problematic than the first
ones.
Two specificat
ions were used: the first
,
using food expenditure and the second
,
using family monthly income. In the former, staple foods expenditure elasticities were
xiii
very high. In the latter, income elasticities were more
reasonable,
although
an
increase
in the number
of
not significant
coefficients
happened at the same time.
Generally, in
the second specification, there was a predominance of normal goods and there was no
inferior good. Prime cut beef, banana, cheese and powder milk were found to be
superior goods. Comp
ensated and non compensated price elasticities were above
expect
ation
, with staple food having elastic responses. Concerning the heterogeneity
variables, family composition, family size
, refrigerator ownership
and education of
the family head were the most
important
in the system
.
Families with children
consume more milk and it was found a negative relation
between consumption
of
staple foods and education.
1
1
INTRODUÇÃO
1.1
O problema e sua importância
A demanda de alimentos no Brasil tem
sofrido modificações importantes nas
últimas décadas. Fatores como urbanização, composição etária, presença de mulheres
na força de trabalho e outras transformações estruturais influenciam o montante
despendido e a composição da cesta de alimentos consumid
a por família, impondo
novos desafios aos produtores e ao governo. Além disso, o aumento, ainda que tímido,
do grau de instrução escolar e da renda
per capita
potencializam estas transformações,
pois aumentam a consciência sobre o consumo de alimentos nutr
itivos e com menores
riscos à saúde. Diante deste quadro de mudanças, é importante conhecer o novo
padrão de consumo das famílias de forma a se poder aperfeiçoar as decisões do
governo, dos agricultores e dos empresários do setor de processamento e distrib
uição
de alimentos.
Na formulação de políticas públicas, o conhecimento adequado dos padrões de
comportamento da demanda é fundamental
(Batalha et al., 2005)
.
Neste início do
século XXI
, políticas de transferência de renda e programas de segurança aliment
ar
têm crescido em âmbito federal e estadual, sendo consideradas, por muitos, como
complementares ao processo de crescimento econômico, no sentido de diminuírem as
disparidades de renda, a miséria e a
fome no paí
s. Entretanto, para que estas políticas
seja
m formuladas corretamente, é indispensável saber como as mudanças de renda
afetarão o consumo de alimentos das famílias atingidas e como tem evoluído o
consumo dos diversos produtos nos diferentes estratos de renda. Há também que se
levar em consideração a
s disparidades regionais marcantes existentes no país, assim
2
como as diferenças entre os meios urbano e rural, ou seja, é necessário se conhecer até
que ponto os padrões de mudança na demanda de alimentos divergem entre regiões e
o efeito destas divergênci
as na disponibilidade interna de alimentos.
Outro tipo importante de política governamental que requer conhecimentos
aprofundados sobre o padrão de demanda diz respeito à questão do abastecimento e da
disponibilidade de alimentos
, uma vez que os padrões d
e consumo tendem a mudar ao
longo do tempo.
Por exemplo, t
em sido observada, nas últimas cadas, uma
diminuição do consumo
per capita
de determinados alimentos como arroz e feijão
(Hoffmann, 1995)
, em detrimento de outros
, tais
como frutas, legumes e carn
es
(Tabela 1
.1
). O conhecimento adequado das funções de demanda permite determinar
como mudanças no perfil de distribuição de renda afetam a procura por tipo de
produto alimentar, facilitando o planejamento do abastecimento interno. Além disso,
conhecendo
se corretamente a demanda, é possível indicar quais produtos deveriam
obter maior incentivo de produção de forma a garantir o abastecimento em diferentes
cenários de mudança de renda.
Tabela 1.1
Quantidade anual per capita de alimentos adquiridos para c
onsumo no
domicilio (1)
Brasil
1974/1996
Quantidade anual per capita de alimentos
adquiridos para consumo no domicilio (kg)
ENDEF
(3)
POF
(4)
POF
(4)
Produtos selecionados
1974
-
1975
1987
-
1988
1995
-
1996
Arroz Polido
31
,
571
29
,
725
26
,
483
Feijão
14
,
698
12
,
134
10
,
189
Batata
-
inglesa
13
,
415
13
,
114
9
,
218
Farinha
de
mandioca
5
,
207
4
,
679
3
,
765
Macarrão
5
,
205
4
,
274
4
,
084
Carne Bovina
16
,
161
18
,
509
20
,
8
00
Frango
24
,
249
22
,
837
22
,
679
Leite de vaca pasteurizado (2)
40
,
015
62
,
435
51
,
36
0
Alimentos prep
arados
1
,
706
1
,
376
2
,
718
Fonte: IBGE (2004
b
)
.
(1) Regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo,
Curitiba e Porto Alegre e Brasília.
(2) As quantidades foram transformadas em kg, considerando
-
se vo
lume igual a peso.
(3)
Estudo Nacional de Despesas Familiares, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
(4) Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
3
Outra fun
ção do governo que não prescinde do conhecimento dos padrões de
demanda é o controle inflacionário. O gasto com alimentação, apesar de perder
importância nas últimas cadas, ainda é o segundo mais importante na participação
das despesas das
famílias, com
20,75% do total (T
abela
1.
2).
Alé
m disso, o item
alimentação
é
o
de maior peso no orçamento para famílias da zona rural e para as de
baixa renda, notadamente nas regiões Norte e Nordeste. Segundo a Pesquisa de
Orçamentos Familiares (POF) de 2002/2003, do I
BGE, para famílias de baixa renda
(até dois salários mínimos mensais), estes gastos ainda representam 32,7% do total, ou
seja, praticamente um terço das despesas totais dessas famílias
(IBGE, 2004a)
. Por
isso, os alimentos têm peso considerável nos índices
de inflação. Assim, é de vital
importância determinar quais produtos teriam maior variação de preços diante de
eventuais choques de oferta e como as quantidades demandadas comportam
se frente
às variações de preços. Isso seria possível apenas com a corret
a formulação e
estimação de sistemas de demanda que permitissem estimações confiáveis das
elasticidades
preço.
Tabela 1.2
Participação na despesa de consumo monetária e não
monetária média
mensal familiar, por situação do domicilio na ENDEF e na POF, s
egundo o tipo de
despesa
Brasil
1974/2003
ENDEF
POF
ENDEF
POF
ENDEF
POF
1974-1975
2002-2003
1974-1975
2002-2003
1974-1975(1)
2002-2003
33,91
20,75
30,13
19,58
53,24
34,12
30,41
35,5
32,65
36,11
17,84
28,86
11,23
18,44
11,93
18,49
7,5
17,88
4,22
6,49
4,05
6,59
5,03
5,39
2,28
4,08
2,58
4,32
0,87
1,46
17,95
14,74
18,66
14,91
15,52
12,49
Educação
Outros
Alimentação
Habitação
Transportes
Assistência à
saúde
Tipos de
despesa
Situação do domicílio
Urbana
Rural
Participação na despesa de consumo monetária
e não-monetária média mensal familiar
Total
Fonte: POF (2004
b
)
.
(1) Com exceção da
s
área
s rurais
das regiões Norte e Centro
-
Oeste
.
O conhecimento dos padrões de demanda de alimentos não é, obviamente, útil
apenas ao governo.
Agricultores e empresários dos setores de processamento,
distribuição e varejo também se beneficiam de estimativas confiáveis das funções de
demanda
(Batalha et al., 2005)
. Por exemplo, é necessário saber quais produtos serão
mais atraentes em diferentes c
enários de crescimento e distribuição de renda para o
correto planejamento de investimentos. Além disso, com as funções de demanda
4
regionais, é possível determinar quais mercados mostram
se mais promissores em
termos de aumentos de demanda. As políticas de
preço também podem ser
aperfeiçoadas, segmentando
as por produto e região.
Dessa forma
, fica claro que a base de muitas das informações necessárias para
auxiliar as decisões de governo, agricultores e empresários encontra
se nos
parâmetros das funções de
demanda.
Muitos estudos procuraram
, assim,
estimar
elasticidades
-
renda e
elasticidades
preço
da demanda para alimentos no Brasil.
uma série de estudos que estimam elasticidades para um único produto
ou para uma
categoria de produtos (carnes, laticínios
etc.)
. Por exemplo, Brandt et al. (1973)
estimam elasticid
ade
preço e renda para a carne b
ovina para a cidade de Manaus
usando dados mensais para o período de janeiro de 1970 a dezembro de 1971.
Fiallos
(1982) utiliza séries temporais para calcular a equa
ção de demanda para o tomate em
São Paulo e Campinas.
Bacchi (1989)
usa uma função de demanda linear e o
conceito de separabilidade fraca para estimar funções de demanda para a carne bovina
no Brasil
usando séries anuais de 1957
87
.
Outros trabalhos pro
curaram estimar elasticidades para rios produtos ao
mesmo tempo.
Por exemplo, Furtuoso (1981) utiliza dados do Estudo Nacional de
Despesas Familiares de 1975/1975 (ENDEF 1974/75) para calcular elasticidades
-
renda da demanda para várias categorias de prod
utos alimentares, com o objetivo de
determinar o efeito de uma redistribuição de renda sobre a demanda de alimentos no
estado de São Paulo. Musgrove (1986) também utiliza dados do ENDEF 1974/75 para
estimar elasticidades
preço e renda para vários produtos
alimentares. Além disso, ele
procura mensurar o efeito do tamanho da família no consumo de alimentos.
Hoffman
(2000) usa dados da POF 1995/96 do IBGE e o modelo poligonal com três segmentos
para estimar elasticidades
renda para vários produtos alimentares.
Thomas et al.
(1991) utilizam o modelo
Almost Ideal Demand System
(AIDS) para analisar os
padrões de consumo da população brasileira usando dados do ENDEF 1974/75. A
preocupação é centrada principalmente no consumo alimentar, com produtos bastante
desagre
gados. Este trabalho procura identificar também o impacto da composição
familiar na demanda de alimentos, identificando, por exemplo, impactos diferentes
para a presença de crianças (ovos e laticínios consumidos em maior proporção) e
mulheres adultas (maio
r consumo de hortaliças).
Porém,
apesar de
existirem estudos que fornecem estimativas de elasticidades
da demanda para vários alimentos
, nota
se uma carência de
trabalhos
recentes que
5
sejam, ao mesmo tempo, abrangentes e metodologicamente rigorosos. Nas
cadas de
70 e 80, houve um grande número de estudos sobre demanda de alimentos no Brasil,
incorporando uma infinidade de formas funcionais e bases de dados
1
. Entretanto,
apesar de contribuírem para uma melhor compreensão dos padrões de consumo de
alimentos
no país através da geração de estimativas de elasticidades, grande parte
destes trabalhos não se preocupou em deduzir as funções de demanda estimadas de
uma estrutura de preferências dos consumidores, de acordo com a Teoria do
Consumidor. Assim, são neces
sários ainda estud
os de demanda que examinem esta
questão
e permitam estimativas atualizadas das funções de demanda.
Outro ponto importante
é
a escolha do tipo de dados a serem utilizados nos
estudos de demanda de alimentos. A maior parte dos estudos util
iza s
é
ries temporais,
seja pela maior disponibilidade seja pela facilidade de utilização. Entretanto, a maior
parte dos dados de s
é
ries temporais
é composta
por
dados agregados e
uma s
é
rie de
condições que devem ser observadas para que a teoria da deman
da seja aplicável na
forma agregada da mesma forma que na forma individual
(Deaton e Muellbauer,
1980a)
. Por outro lado, nos trabalhos que utilizam dados de seção cruzada, muitos não
incluem os preços, estimando curvas de Engel ao invés de funções de deman
da
(Hoffmann, 2000)
. Este procedimento pode distorcer as estimativas das elasticidades
-
renda, pois os preços certamente são diferentes para cada consumidor e
afetam
a
quantidade demandada de cada um deles de forma diferente. Assim, a hipótese usual
de preç
os iguais para todos os consumidores pode representar um grave erro de
especificação
(Cox e Wohlgenant, 1986)
.
Dessa forma, apesar do grande número de estudos sobre demanda de alimentos
no Brasil realizados nas décadas anteriores, necessidade ainda de
trabalhos que,
além de aproveitarem os dados recentemente tabulados pelo IBGE (POF 2002/2003),
incorporem preocupações metodológicas atuais e sejam, ao mesmo tempo,
abrangentes e confiáveis.
Neste trabalho, são utilizados os dados da POF 2002/2003. Esta p
esquisa, feita
em todo território nacional, permite a construção de preços para cada família e
estimação de funções de demanda que levem em conta a heterogeneidade entre elas.
Alé
m disso, a POF permite a estimação de demandas para produtos individuais, c
om
o
arroz, feijão, carne de boi
etc.
e não apenas categorias mais amplas (c
o
mo cereais,
1
Ver o capítulo 3 para uma descrição detalhada destes estudos.
6
carnes, laticínios
etc.), o que permite comparações mais
específicas
entre
elasticidades
preç
os.
A forma funcional utilizada nas funções de demanda deste trabalho
é
o
Qu
adratic Almost Ideal Demand System
(QUAIDS). Este modelo
é
uma
generalização do modelo
Almost Ideal Demand System
(AIDS), muito utilizado em
estudos de demanda de alimentos. O modelo QUAIDS possui a flexibilidade de
curvas de Engel não
lineares e, ao mesmo
tempo,
é
derivado de uma estrutura de
preferências. Como a renda varia entre as famílias
e as elasticidad
es
renda variam
para cada produto, os efeitos da renda para cada família em diferentes pontos de
distribuição de rend
a devem ser completamente capt
ado
s de forma a estimar
elasticidades compatíveis com a realidade. O modelo QUAIDS, ao adicionar um
termo quadrático do gasto total, permite esta flexibilidade e ainda garante a
integrabilidade do sistema.
1.2
Hipóteses
As hipó
teses principais do trabalh
o s
ão as seguintes:
As funções de demanda de alimentos dos consumidores brasileiros
o
derivadas de uma estrutura de
preferências, ou seja, são consistentes com a
Teoria da demanda
;
Fatores como localização, escolaridade, região, composição da família, ra
ça e
outras influenciam as funções de demanda das famílias;
Os produtos básicos (arroz, feijão, farinha de mandioca) devem possuir
elasticidad
es
pre
ç
o e renda menores que produtos como carnes, leite e frutas;
As elasticidades
renda são diferentes para cada
estrato de renda, com valores
mais altos nos menores estratos.
1.3
Objetivos
Determinar o padrão da demanda de alimentos no Brasil
neste início de século
XXI
. Especificamente, pretende
se:
Estimar um sistema de demanda derivado de uma estrutura de
pr
eferências dos consumidores brasileiros para 1
8
produtos alimentícios;
7
Determinar a resposta no consumo de alimentos de alterações da renda
e dos preços
no Brasil e em suas regiões;
Identificar as diferenças
regionais na
demanda de alimentos, assim com
as
disparidades entre meio urbano e rural.
Identificar os efeitos da escolaridade, raça, composição das famílias e
outras medidas de heterogeneidade entre os consumidores nos padrões de
demanda dos consumidores brasileiros.
1.4
Organização do estudo
Este
trabalho está organizado em seis capítulos: depois dessa introdução, o
capítulo dois apresenta uma revisão da teoria da demanda. O capítulo três apresenta as
principais questões envolvidas na estimação de equações de demanda, além de uma
revisão dos estud
os de demanda realizados no país. No capítulo quatro, a metodologia
adotada e os dados utilizados são apresentados em maior detalhe. O capítulo cinco
traz os resultados e a discussão da estimação do sistema de demanda. Por fim, o
capítulo seis apresenta as
conclusões des
t
e estudo.
8
2
TEORIA DA DEMANDA
2
2.1
Restrição Orçamentária
O
ponto de partida para
compreender a
teoria da dema
nda é a restrição
orçamentária.
É interessante notar que ela precede a discussão sobre as preferências
dos consu
midores e prescinde desta
ú
ltima para gerar propriedades como a aditividade
e
a
homogeneidade das funções de demanda. Considerando uma restrição
orçamentária linear
3
, tem
se:
x
q
p
i
n
i
i
1
,
2.
1)
em que
i
p
preço do bem i;
i
q
quantidade do bem i;
x
dispêndio
total com n bens.
O uso do sinal de igualdade pressupõe que o consumidor ir
á
sempre atingir o
limite superior do seu conjunto de possibilidades, o que implica a não
saciedade dos
2
A referência básica desse capítulo é o livro de Deaton e Muellbauer (1980a), capítulos 1 a 4.
3
Para uma
boa discussão de não
-
linearidad
es da restrição orçamentári
a e suas conseqüências, al
é
m de
outros problemas como indiv
isibilidades e incerteza, ver D
eaton e Muellbauer (1980a)
, cap. 1
.
9
consumidores. Além disso, a especificação matemática pressupõe que o
dispêndio
x é
determinado separadamente da decisão de o que adquirir.
Assumindo que as funções de demanda existem, elas podem ser expressas por:
,
x
p
g
q
i
i
n
i
,...,
1
,
2.
2)
em que
i
g
é uma forma funcional não especificada;
p
é um vetor de todos os preços
i
p
.
Todos os preços e o nível de
dispêndio
x são considerados dados pelos
consumidores. Es
ta relação representada em (
2.
2) é conhecida como Demanda
Marshaliana ou não
compensada. Substituindo (
2.
2) em (
2.
1)
, obtém
se
:
x
x
p
g
p
i
n
i
i
,
1
.
2.
3)
Essa relação requer a imposição
d
o primeiro grupo de restrições sobre as
funções de demanda. N
em todas as formas funcionais são capazes de satisfazer (
2.
3)
sem
a imposição de
restrições que não sejam muito fortes ou incompatíveis com a
realidade. Esta restrição é conhecida como Restrição de
a
ditividade. Ela significa que
as demandas Marshalianas de
vem satisfazer
à
restrição orçamentária. Ela é uma
restrição no sentido de que, dadas (n
1) demandas e a restrição orçamentária, a
enésima demanda está completamente determinada.
A Restrição de
a
ditividade pode ser expressa de algumas outras formas.
Deriva
ndo (
2.
3) em relação a x:
1
,
x
x
p
g
p
i
i
i
2.
4)
Multiplicando e dividindo o lado esquerdo de (
2.
4) por
x
q
i
:
10
1
,
i
i
i
i
i
q
x
x
x
p
g
x
q
p
2.
5)
Fazendo:
x
q
p
w
i
i
i
parcela do
dispêndio
total com o bem i;
i
i
i
q
x
x
x
p
g
e
,
elastic
ida
de
dispêndio
do bem i;
tem
se
1
i
i
i
e
w
.
2.
6)
Esta expressão é conhecida como Restrição de Engel e informa que a
R
estrição de
a
ditividade significa que a soma das elasticidades
dispêndio ponderadas
pela par
cela de
dispêndio
total do bem deve se igualar a 1.
Outra opção é
derivar (
2.
3) com respeito ao preço de determinado bem j:
0
,
j
j
i
j
i
i
q
p
x
p
g
p
2.
7)
Multiplicando (
2.
7) por
x
p
j
:
( , )
0
j j
i i
j
i j
j
q p
p g p x
p
x p x
2.
8)
Multiplicando e divid
indo o primeiro termo do lado esquerdo de (
2.
8) por q
i
:
( , )
0
j
i i i
j
i j
j i
p
p q g p x
w
x p q
0
j
ij
j
i
i
w
e
w
2.
9)
em que
ij
e
elasticidade
pre
ç
o cruzada da demanda do bem i em relação ao
preço do
bem j.
11
A equação (
2.
9) é conhecida com
o Restrição de Cournot. Ambas as restrições
,
de Engel e de Cournot
,
mostram que mudanças nos preços e no
dispêndio
total devem
causar mudanças nas quantidades adquiridas de forma que a restrição orçamentária
não seja violada. Assim, quando as parcelas de
d
ispêndio
se alteram, as elasticidades
também vão ter que se modificar para que a aditividade seja observada
4
.
Outra restrição derivada da linearidade da restrição orçamentária é a restrição
de homogeneidade. Como a restrição orçamentária
é
linearmente homo
gênea em x e
p, o vetor q pode satisfazê
la para qualquer múltiplo de p e x. Assim, multiplicando
todos os preços e o
dispêndio
total por
em (
2.
1) (
0
, chega
se a
:
x
q
p
i
i
i
x
q
p
i
i
i
x
q
p
i
i
i
, ou seja,
,
,
x
p
g
x
p
g
i
i
,
i
(
2.
10)
A expressão (
2.
10) implica que as funções de demanda são homogêneas de
grau zero nos preços e no
dispêndio
total. Ela também pode ser expressa através de
elasti
cidades. Diferenciando totalmente a demanda marshaliana
, obtém
se
:
dx
x
q
dp
p
q
dq
i
j
n
j
j
i
i
1
x
dx
q
x
x
q
p
dp
q
p
p
q
q
dq
i
i
j
j
i
j
n
j
j
i
i
i
1
x
e
p
e
q
i
j
n
j
ij
i
1
Em que o ponto sobre a variável indica uma variação percentual. Entretanto,
da condição de homogeneidade, sabe
se que
, se as mudanças percentuais de preço e
dispêndio
forem
iguais, a quantidade demandada permanece a mesma, ou seja, se
j
p
e
x
(
0
), então
0
q
. Assim:
0
1
i
n
j
ij
e
e
4
Esta constatação parece trivial, mas vai ser importante quand
o
se ex
a
minar
a adequação d
as formas
f
uncionais das funções de dema
nda, especialmente as funções de demanda log
-
log.
12
0
1
i
n
j
ij
e
e
2.
11)
O significado da restrição de homogeneidade é de que os consumidores não
têm ilusão monetária, ou seja, a unidade em que preços e
dispêndio
são medidos não
tem efeito no comportamento dos consumidores.
É importante not
ar que
todas as restrições derivadas acima não dependem das
preferências dos consumidores, mas apenas da restrição orçamentária linear.
2.2
Axiomas da Escolha
No item anterior, assumiu
se a existência de funções de demanda.
A partir de
a
gora, as fundaç
ões daquela hipótese serão construídas com o desenvolvimento do
conceito de preferências. Assim, assumindo alguns axiomas que definem como as
escolhas dos consumidores se comportam, pode
se caracterizar completamente o
problema da escolha como um problema
de maximização com restrição da função
utilidade. Os axiomas a seguir são necessários e suficientes para garantir a existência
de uma função utilidade que será escolhida para representar as preferências dos
consumidores, refletindo seu ordenamento
5
.
Estes
axiomas são definidos sob um
conjunto de escolhas; geralmente compras individuais de bens são o objeto de escolha
dos consumidores.
Os seis axiomas da escolha são
6
:
1)
Reflexividade:
Para qualquer cesta de bens q,
tem
se que
q
q.
Este axioma significa que q
ualquer cesta é tão boa quanto ela mesma. Ele é
necessário matematicamente, mas é trivial se o conjunto de escolhas é definido
corretamente.
5
Deaton e Muellbauer (1980a)
apresentam
uma boa discussão
sobre a necessidade ou não do conceito
de preferências (e utilidade) na descrição do comportamento dos consumidores. Resumidamente, a real
importân
cia do uso de preferências e do conceito de utilidade na visão deles é permitir a utilização de
uma linguagem comum para discutir o comportamento dos consumidores.
6
i
q
são vetores indicando diferentes cestas de bens e
os símbolos
e ~
significam “ao menos tão bom
quanto” e “tão bom quanto”, respectivamente.
13
2)
Completitude (ou comparabilidade):
Para qua
is
quer duas cestas q
1
e q
no conjunto de oportunidades, q
1
q
2
ou q
1
q
2
.
Este axioma afirma que quaisquer cestas podem ser comparadas. Como as
duas condições podem ocorrer simultaneamente,
neste caso
o consumidor
seria
indiferente entre elas, ou seja, q
1
~q
2
. Como o consumidor pode comparar todas as
cestas, a relação de prefe
rências é dita completa.
3)
Transitividade:
Se q
q
2
e q
q
3
, então q
q
3
.
Este axioma afirma que o consumidor é consistente e não se contradiz em suas
escolhas.
Estes três primeiros axiomas garantem o que é conhecido como pré
ordenamento ou ordenamento das
preferências. O ordenamento garante que os
consumidores são capazes de ordenar quaisquer cestas de bens e o fazem de forma
consistente. Entretanto, isto ainda não é suficiente para garantir a existência de
funções de utilidade, pois nem todo ordenamento d
e preferências pode ser
representado por uma função de utilidade
7
. Esta garantia
é
possível se não houver
descontinuidades nas preferências, pois elas impedem a construção de superfícies de
indiferença entre as cestas. É necessário distinguir entre cest
as tão boas quanto q (
q)
e cestas não
melhores que q (
q). Assim, o próximo axioma
se torna
necessário.
4)
Continuidade
: Para qualquer cesta q
1
, define
se A (q
1
) como o conjunto de
escolhas tão boas quanto q
1
e B(q
1
) como o conjunto de escolhas não melho
res que q
,
ou seja, A (q
1
)= {q | q
q
1
} e B(q
1
)= {q | q
q
1
}. O axioma afirma que A (q
1
) e B(q
1
)
são conjuntos fechados, ou seja, cont
ê
m suas próprias fronteiras para qualquer q
1
no
conjunto de oportunidades.
Este axioma impede descontinuidades e pode
se pe
rceber (
Figura
2.
1) que a
interseção de A (q
1
) e B(q
1
) constitui a curva ou superfície de indiferença.
7
Um exemplo são as preferências lexicográficas.
Ver Deaton e Muellbauer (1980a).
14
Figura 2.1
Interseção de conjuntos fechados A (q
1
) e B(q
1
.
Estes quatro axiomas são suficientes para a existência de f
unções de utilidade.
Isto significa que se V(q) é uma função utilidade, V(q
1
)
V(q
2
) e q
1
q
2
são
equivalentes. Fica claro que o conceito de utilidade aqui é apenas ordinal, e não
cardinal como os primeiros teóricos do conceito de utilidade a concebiam
8
. V
(q)
apenas ordena cestas e qualquer transformação monotônica crescente
sua
irá fornecer
o mesmo ordenamento.
O próximo axioma facilita o tratamento matemático do problema da escolha
do consumidor ao garantir que a cesta escolhida estará sempre sobre a rest
rição
orçamentária e não no interior da mesma.
5)
Não
saciedade
: A função de utilidade é não decrescente em cada um dos
seus argumentos e, para todas as cestas no conjunto de oportunidades, ela é
crescente em pelo menos um de seus argumentos: Isso garante qu
e “mais é
sempre preferível a menos”.
O conjunto dos cinco axiomas acima garante que o problema da escolha dos
consumidores é equivalente à maximização da utilidade sujeita a uma restrição
orçamentária.
O sexto e último axioma é usado geralmente para gar
antir que as condições de
segunda ordem do problema d
e maximização sejam satisfeitas.
8
Os economistas que introduziram este conceito, como Menger, Walras e outros, consideravam que o
c
onsumo
de bens
fornecia um determinado nível de prazer que poderia ser mensurado por uma função
de utilidade cardinal, como se mensura a temperatura ambiente, por exemplo. Esse conceito, se
verdadeiro, permitiria avaliar os benefícios para sociedade de qua
lquer política simplesmente somando
a variação de utilidade de todas as pessoas atingidas. Este conceito é pouco utilizado atualmente, pois
significa a imposição de restrições fortes sobre as funções de utilidade, além de parecer pouco plausível
que a sati
sfação dos consumidores possa ser mensurada desta forma.
A (q
1
)
B (q
1
)
Bem 1
Demais
bens
15
6
)
Convexidade:
Se q
1
q
2
, então para 0
λ
1, λq
1
+ (1
λ)q
2
q
2
. Este axioma
garante que A (q
1
), definido no axioma 4, é um conjunto convexo. Isto implica que as
curvas de
indiferenças o convexas em relação à origem (
Figura
2.
2) e as funções de
utilidade são quase
-
côncavas
9
.
Figura
2.2
Curvas de Indiferença convexas em relação à origem
.
2.3
O Problema dos Consumidores
Depois da defini
ção dos axiomas, o problema da escolha dos consumidores
pode agora ser definido como:
n
q
q
q
Max
,...
,
2
1
v(q
1
, q
2
,..., q
n
) sujeito a
x
q
p
i
n
i
i
1
,
(
2.
12)
em que
v(q
1
, q
2
,..., q
n
) = função de utilidade;
i
p
preço do
bem i;
i
q
quantidade do bem i;
x
dispêndio
total com n bens.
Usando vetores, pode
se escrever o problema acima como:
9
Uma função escalar f(
x
1
,x
2
,…,x
n
) das variáveis
x
1
,x
2
,…,x
n
,n
2, é quase
-
côncava se para x
1
e
x
0
tal
que f(x
1
)
f(x
0
) e
0
λ
1
, f(
λ
x
1
+ (1
-
λ)
x
0
)
f(x
0
).
q
1
q
2
λq
1
+ (1
λ)
q
2
Bem 2
Bem 1
16
q
Max
v(q) sujeito a p’q=x
,
e
m que p e q são os vetores de preços e quantida
des, respectivamente. Para se resolver
este problema, forma
se o Lagrangiano:
,
q
Max
L = v(q) + λ (x
p’q)
.
2.
13)
As condições de primeira ordem (CPO) são dadas por:
n
i
p
q
q
v
i
i
,...,
1
,
,
2.
14)
i
n
i
i
q
p
x
1
.
Este problema pode ser resolvido para muitas formas da função utilidade. A
solução deste sistema de equações f
ornece as demandas Marshalianas ou não
compensadas para cada bem:
,
x
p
g
q
i
i
n
i
,...,
1
.
2.
15)
Satisfeitas as CPO, é necessário checar também as condições de segunda
ordem (CSO) para determinar se o resultado é efetivamente
um máximo local. A
condição suficiente para um máximo com uma restrição linear é que o Hessiano
orlado seja negativo semidefinido. Esta condição será satisfeita se a função de
utilidade for estritamente quase
côncava, o que é garantido pelo axioma 6.
u
ma s
é
rie de problemas ao se tratar o problema do consumidor de forma
direta. Um deles é que os cinco primeiros axiomas do consumidor não garantem que
se possa resolver o problema de otimização com restrição com o c
á
lculo diferencial.
É
possível
, por exempl
o,
que
as preferências não s
ejam
convexas
10
, o que levaria a
demandas descontinuas
.
Outro problema observado é que não
nada nos seis
axiomas que garanta
que a função de demanda se
ja
diferenciável. Um exemplo é o
caso de funções
de utilidade
Tipo Leontie
f (
Figura
2.
3
). Esta função satisfaz
a
todos
os axiomas, mas não é diferenciável na interseção com a restrição orçamentária.
10
Na definição dos axiomas, foi ressaltado que o axioma da convexidade não
é
necessário para que o
problema da escolha dos consumidores seja definido como um problema de otimização condicionada.
17
Figura 2.
3
Curvas de Indiferença tipo Leontief
.
Todos os problemas
levantados
, conjugados ao fato
de muitas vezes as
funções
utilidade
serem intratáveis matematicamente, dificultando o c
á
lculo das
derivadas, estimulou o uso do conceito de dualidade na questão da obtenção das
funções de demanda.
2.4
Dualidade
A forma mais intuitiva de visualizar o
problema do consumidor é o da
maximização da utilidade sujeita a uma restrição orçamentária. Entretanto, ao se
utilizar a abordagem “dual”, o problema pode ser colocado como uma minimização
do custo de se obter a cesta de bens que maximizou a utilidade do
primeiro problema.
Assim:
Problema Primal
:
Max
u = v(q) sujeito a p
q = x => q
i
= g
i
(x, p).
2.
16)
U
1
Bem 1
Bem 2
18
Problema Dual
:
Min
x = p’
q sujeito a v(q) = u => q
i
= h
i
(u, p).
2.
17)
Sabe
se, através da programação matemática, que o custo mínimo do
segundo
problema é exatamente o dispêndio do primeiro problema, desde que o mesmo nível
de utilidade resolva ambos os problemas. Assim, as duas abordagens são na verdade
semelhantes, com dois diferentes conjuntos de variáveis. No problema primal, os
preços
e o
dispêndio
total são conhecidos e
a solução se dá
para a utilidade e as
quantidades, u e q, respectivamente. No problema dual, a utilidade e os preços são
conhecidos e
a solução é dada
para o
dispêndio
total e as quantidades, x e q,
respectivam
ente. As
sim, no problema primal
obtêm
se as demandas Marshalianas ou
não
compensadas,
,
x
p
g
q
i
i
, e no problema dual obtêm
se as demandas
Hicksianas ou compensadas,
,
u
p
h
q
i
i
.
O termo “compensada” diz respeito ao
fato de se calcular como
q é afetada mantendo u constante, isto é, “compensando” o
consumidor pelas variações de preço.
Como, na realidade, se está resolvendo o
mesmo problema duas vezes, as soluções devem ser iguais.
Se a solução (q
i
) de (
2.
16) for substituída de volta em
v(q)
,
o resultado é a
máxima utilidade alcançável como função dos preços e do
dispêndio
. Essa função é
conhecida com
função de utilidade indireta (f)
:
u
= v (q)
=
f(x, p)
.
2.
18)
De forma análoga, se a solução de (
2.
17)
for substituída de volta em (p
q),
o
resultado é o mínimo custo alcançável como função do nível de utilidade e dos preços.
Esta função é conhecida como função dispêndio (ou custo) (c):
x
= p. [h
i
(u, p)]
= c (u, p)
.
2.
19)
É interessante discutir algumas propriedades da função dispêndi
o:
1
c(u, p) é não
decrescente em p
, crescente em pelo menos um preço
de p
e
crescente em u. Esta propriedade é derivada do axioma da n
ã
o
saciedade. Os
consumidores devem gastar mais, dado o vetor de preços, para aumentar sua utilidade.
Além disso, aume
ntos de preços requerem aumentos de
dispêndio
para manter o nível
19
de utilidade inalterado. É bom ressaltar que a função dispêndio é n
ã
o
decrescente nos
preços, porque pode acontecer de nem todos os bens serem consumidos
.
2
c(u, p) é homogênea de grau 1 e
m p. Isso significa que
, para
θ
> 0,
c(u, θp)
=
θc(u, p), ou seja, se os pre
ços se alterarem pelo fator
θ,
o
dispêndio
também deve
se
alterar pelo fator θ para que o consumidor se mantenha na mesma curva de
indiferença.
3
c(u, p) é côncava em p. Esta pro
priedade é importante. A concavidade da
função dispêndio não depende da
quase
concavidad
e ou continuidade da função
utilidade. Ela depende apenas da minimização do
dispêndio
. Para provar isso, é
necessário que dado dois vetores de preços quaisquer, p
1
e p
2
,
e o escalar λ, 0
λ
1, e
um terceiro vetor de preços, p
3
, p
3
=λp
1
+ (1
λ)p
2
,
ter
se que
:
,
1
,
,
2
1
3
p
u
c
p
u
c
p
u
c
.
2.
20)
A expressão (
2.
20) significa que o segmento conecta
n
do a função dispêndio
avaliada em p
1
e a função dispêndio avaliada em p
2
deve
estar abaixo da função:
3
2
3
1
3
3
3
1
,
q
p
q
p
q
p
p
u
c
.
2.
21)
Entretanto, como q
3
não é a cesta que minimiza o custo quando os preços são
dados por p
1
e p
2
, sabe
se que:
3
1
1
,
q
p
p
u
c
e
3
2
2
,
q
p
p
u
c
.
2.
22)
Assim, substitui
ndo (
2.
22) em (
2.
21)
, tem
se
:
,
1
,
,
2
1
3
p
u
c
p
u
c
p
u
c
.
2.
23)
Isto prova que a função dispêndio
é
côncava. Pode
se perceber que a única
hipótese necessária foi a de minimização
do
dispêndio
. A importância desta
propriedade est
á
no fato de, como será
visto nos tópicos seguintes, a concavidade da
função dispêndio garant
ir
a chamada negatividade das funções de demanda e, assim, a
“Lei da demanda” para as demandas Hicksianas. Como foi visto no tópico anterior, há
20
uma s
é
rie de casos que impõe problemas na
derivação de funções de demanda
usando
se a maximização da utilidade sujeit
a
à
restrição orçamentária. De fato, estas
situações podem ser bastante comuns
11
e é necessário, assim, um método que permita
estimar as funções de demanda independente destes probl
emas. Usando o conceito de
dualidade,
é
possível estimar estas funções partindo da função dispêndio e da utilidade
indireta, evitando estes problemas
.
A função de utilidade indireta e a função dispêndio são inversas uma da outra.
A
função dispêndio pode
ser calculada pela inversão da função de utilidade indireta de
forma a fazer
x
uma função de
u
e
p
. Alternativamente, invertendo a função dispêndio
(fazendo
u
em função de
x
e
p
) resulta na função de utilidade indireta.
Neste ponto, dada uma função utili
dade e uma restrição orçamentária (o
problema primal), é possível achar a demanda Marshaliana (resolvendo o problema
primal), a função de utilidade indireta (substituindo a demanda marshaliana de volta
na função utilidade) e também a função dispêndio (inve
rtendo a função utilidade
indireta). Alternativamente, é possível, começando com a equação de orçamento e da
restrição da utilidade (problema dual), encontrar a demanda compensada (resolvendo
o problema dual), a função dispêndio (substituindo a demanda Hic
ksiana de volta na
equação de orçamento) e a função utilidade indireta (invertendo a função dispêndio).
Indo mais além, é possível obter a demanda Marshaliana depois de se iniciar pela
demanda Hicksiana ou da função de utilidade indireta, ou alternativamen
te, é possível
obter a demanda Hicksiana depois de se iniciar pela demanda Marshaliana ou da
função dispêndio. Para isso, é necessário usar o Lema de Shephard e a Identidade de
Roy.
O
Lema de Shephard
afirma que as derivadas parciais da função
dispêndio
c
om respeito aos preços são as demandas Hicksianas:
q
=
p)
(u,
h
p
p)
c(u,
i
i
i
.
2.
24)
Para provar (
2.
24), considere que o custo nimo de um vetor de quantidades
q
0
é a função
dispêndio (Deaton e Muellbauer, 1980a)
:
).
p
c(u,
=
)
q
.
p
(
0
0
k
0
k
n
=1
k
2.
25)
11
O caso mais comum
é
certament
e o problema de consum
o
zero de
algum bem na cesta de produtos,
principalmente quando se trabalha com pesquisas de orçamentos familiares, como no caso deste
trabalho. Neste caso, é fácil encontrar famílias que não consomem um ou mais produtos.
21
A difer
enciação de
ambos os lados da expressão acima, com respeito a p
i
,
origem ao Lema de Shephard:
.
p
)
p
c(u,
=
q
i
0
0
i
2.
26)
A equação (
2.
24) permite a obtenção da demanda hicksiana diretamente da
função
dispêndio
. Para a obtenção da demanda Marshal
iana diretamente da função de
utilidade indireta, a
Identidade de Roy
é a ferramenta apropriada. Primeiro,
substituindo a função
dispêndio
na função de utilidade indireta
e lembrando que elas
são inversas uma da outra
:
f[c(u, p), p]
u.
2.
27)
Difere
nciando a expressão acima com respeito a p
i
com u constante e usando o
Lema de Shephard:
i
i i
i i
f
p
f c f
. + =0=> = (x,p)= -
q g
f
x
p p
x
2.
28)
A última parte de (
2.
28) é a
Identidade de Roy
.
É necessário demonstrar ainda
uma forma de ir da demanda Hicksiana para a demanda Marsh
aliana e vice
versa.
Substituindo a função de utilidade indireta (
2.
18) na demanda Hicksiana
, obtém
se
a
demanda Marshaliana:
q
i
= h
i
(u, p) = h
i
[f(x, p), p] = g
i
(x, p).
2.
29)
Alternativamente, iniciando pela demanda Marshaliana, a demanda Hicksian
a
pode ser obtida pela substituição da função dispêndio na demanda Marshaliana:
q
i
= g
i
(x, p) = g
i
[c(u, p), p] = h
i
(u, p).
2.
30)
Todas as transformações possíveis são resumidas na Figura
2.4
. Como
colocado por Deaton e Muellbauer (1980
a
), a rota m
ais usada inicia
se pela função
dispêndio
[
c(u, p)
] e tem a seguinte seqüência: (1) diferenci
a
se
c(u, p)
para
se
obter
as demandas Hicksianas [
h(u, p)
]; (2)
invert
e
se
c(u, p)
para
se
obter
f(x, p)
, a função
22
de utilidade indireta; (3) Substitu
i
se
f(x, p)
em
h(u, p)
para
se
obter
em
as demandas
Marshalianas [
g(x, p)
].
Max u = v(q)
sujeito a p’
q = x
Dualidade
Min x = p’
q
sujeito a v(q) = u
resolver
resolver
substituir
c(u, p)
Demandas Marshalianas:
q
i
= g
i
(x, p)
substituir
f(x, p)
Demandas Hicksi
anas:
q
i
= h
i
(u, p).
Id. de Roy.
x
f/
p
f/
i
substituir
q
i
em
u=v(q)
L. de Shephard.
p
p)
c(u,
i
substituir
q
i
em
x=p.q
Função de Utilidade
Indireta:
u
=
f(x, p)
Inversão
Funçã
o
D
ispê
n
dio
x
= c(u, p)
Figura 2.
4
Relação entre demanda Hicksiana, demanda Marshaliana, função de utilidade
indireta e função
dispêndio
.
Fonte: Baseada nas Figuras 2.8 e 2.10 de Deaton e Muellbauer (1980
a
).
2.5
Propriedades das funções de demanda
As propriedades teóricas das funções de demanda são úteis para impor ou
testar restrições em modelos empíricos. Algumas propriedades são espec
í
ficas às
demandas Hicksianas ou Marshalianas, mas muitas podem ser transformadas para
serem aplicadas em ambas
. As propriedades de Aditividade e Homogeneidade
derivadas da restrição orçamentária linear foram discutidas nos itens anteriores
12
.
Agora, usando a função dispêndio, pode
se derivar outras importantes restrições:
12
A propried
ade da homogeneidade no caso das demandas Hicksianas é a seguinte: pelo Lema de
Shephard, sabe
-
se que h(u,p) é derivada de uma função homogênea de grau 1 nos preços, e assim, é
homogênea de grau zero nos preços, ou seja, h(u,
θ
p) = h(u,p). Usando este resultado e aplicando o
Teorema de Euler na demanda Hicksiana resulta na expresssão:
.
q
0.
=
p
h
.
p
+
...
+
p
h
.
p
+
p
h
.
p
i
n
i
n
2
i
2
1
i
1
Definindo
s
=
h
i
/
p
j
como os elementos da Matriz
de Slutsky (S) de respostas
compensadas a mudanças de preços, a equação acima torna
-
23
(a) Simetria
. As derivadas cruzadas das
demandas Hicksianas com relação
aos preços são simétricas. Portanto, para
i
≠j
:
p
p)
(u,
h
=
p
p)
(u,
h
i
j
j
i
.
2.
31)
Como
h
i
(u, p)
é o mesmo que
c(u, p) /
p
i
(Lema de Shephard) e
h
j
(u, p)
é
o mesmo que
c(u, p) /
p
j
, então
h
i
/
p
j
é igual a
2
c/
p
j
p
i
e
h
j
/
p
i
é igual
a
2
c/
p
i
p
j
. Pelo teorema de Young, se uma função é diferenciada duas vezes com
respeito às mesmas duas variáveis, a seqüência de diferenciação não importa. Além de
sua derivação lógica da função de dispêndio, a simetria é uma garantia e um teste da
consistênci
a da escolha dos consumidores (
Deaton & Muellbauer, 1980a
).
A condição de Simetria pode ser transformada para ser apresentada na forma
de elasticidades. Multiplicando ambos os lados de (
2.
31) por [(p
i
.p
j
)/(q
i
.q
j
)] e depois
de alguns ajustes
, tem
se
:
e
ij
*.w
i
= e
ji
*.w
j
.
2.
32)
e
m que
e
ij
*
é a elasticidade
preço cruzada compensada para mudanças na quantidade
do bem
i
com respeito a mudanças no preço do bem
j
,
e
ji
*
é a elasticidade
preço
cruzada compensada para mudanças na quantidade do bem
j
com resp
eito a mudanças
no preço do bem
i
e
w
i
e
w
j
o as parcelas do
dispêndio
com i e j, respectivamente.
(b) Negatividade.
A matriz S de dimensão n x n
,
construída com os elementos
h
i
/
p
j
), conhecida como matriz de
Slutsky
,
é negativa semi
definida. Isso ocorre
porque S é a matriz de derivadas segundas de c(u, p), que é uma função côncava.
As propriedades (a) e (b) juntas implicam que a Matriz de Slutsky de respostas
compensadas a mudanças de preços, com elementos s
i
j
=
h
i
/
p
j
,
seja simétrica e
negativa semi
definida. Isso significa que para qualquer vetor de dimensão n arbitrário
ξ, a forma quadr
ática
ξ’ S ξ
é
menor
ou igual a
zero (ξ’S ξ ≤ 0)
(Eales, 1997)
.
Como ξ
é
arbit
rário, a expressão
anterior deve ser
verdadeira se ξ =( 1,0, ...,0). Neste caso, ξ’ S
ξ = s
ii
0. Assim, todos os elementos da diagonal de S devem ser n
ã
o
positivos, o que
significa que um aumento do preço de um produto, com a utilidade mantida constante,
se:
0
j
ij
n
j=1
in
n
i2
2
i1
1
p
s
=
s
.
p
+
...
+
s
.
p
+
s
.
p
, que é conhecida como propriedade da
singularidade.
24
deve fazer com que a quantidade demandada para aquele bem diminua ou ao menos
permaneça constante. Essa é a “Lei da Demanda”, implicando que a demanda
Hicksiana não pode ser nunca positivamente inclinada, que a função
dispêndio
é
côncava (independente
da curvatura das curvas de indiferença). Para Negatividade,
não é suficiente ter todos os termos diagonais de S negativos. A negatividade implica
que todos os autovalores de S são não
positivos. Para a maioria dos sistemas de
d
emanda, a negatividade pode s
er checada pela escolha de um ponto dos dados,
seguida pelo cálculo de todos os elementos da matriz de Slutsky e dos autovalores da
matriz. Em seguida, basta confirmar se todos os autovalores são não
positivos. Na
realidade, este não é um teste de negativi
dade e sim uma checagem se o sistema de
demanda satisfaz a negatividade num ponto escolhido (Eales, 1997).
Um ponto a ser notado é que a simetria e
a
negatividade são ambas definidas
para as demandas Hicksianas, que dependem da utilidade (não
observada). P
ara testar
estas propriedades empiricamente, é preciso definir a Matriz de Substituição S em
termos das demandas Marshalianas. A expressão (
2.
29) mostrou como as demandas
Hicksianas podem ser transformadas nas demandas Marshalianas. Diferenciando
2.
29) e
usando o Lema de Shephard, a expressão para s
ij
surge como:
p
g
+
q
.
x
g
=
p
g
+
p
u)
c(p,
.
x
g
=
p
p)
(x,
g
=
p
h
=
s
j
i
j
i
j
i
j
i
j
i
j
i
ij
.
2.
33)
A última parte da equação (
2.
33) é conhecida como a
Equação de Slutsky
.
Todos os termos do lado direito de (
2.
33) são observáveis e iguais ao lado esquerdo
não
obser
vável. Assim, a matriz S pode ser calculada e a simetria e negatividade
podem ser testadas empiricamente.
Outra forma de olhar a equação (
2.
33) é
rearranjar os termos de forma a
se
ter:
q
.
x
p
x
g
p
p
u
h
=
p
p)
(x,
g
j
i
j
i
j
i
,
,
.
2.
34)
Assim, o efeito preço n
ã
o
compensado é
igual à soma do efeito preço
compensado (ou efeito substituição), que é a mudança da quantidade demandada
causada pela mudança de preço, mantido o nível de utilidade constante, ou
“compensando” o consumidor pela mudança de preço, e do efeito renda. É
inter
essante notar que o efeito renda é ponderado pela quantidade consumida do bem;
assim, quanto maior o nível de consumo, maior o efeito renda.
25
No caso de
j
i
na equação de Slutsky, pode
se notar que a lei da demanda
não se aplica necessar
iamente para as demandas n
ã
o
compensadas. Embora o efeito
substituição seja sempre negativo, ele pode ser acompanhado de um efeito renda
positivo
que torne
0
,
i
i
p
p
x
g
. Assim,
é
possível que haja um efeito
pre
ç
o positivo
para demandas n
ã
o
-
compe
nsadas se o bem for inferior (
0
,
x
p
x
g
i
) e for
consumido em grandes quantidades. Estes bens são conhecidos como bens de Giffen.
Usando a equação de Slutsky,
é
possível também classificar os bens como
bens complementares ou substitutos da seg
uinte forma:
Substitutos líquidos
:
0
,
j
i
p
p
u
h
;
Complementares líquidos:
0
,
j
i
p
p
u
h
;
Substitutos brutos
:
0
,
j
i
p
p
x
g
;
Complementares brutos:
0
,
j
i
p
p
x
g
.
A equação (
2.
33) pode também ser transformada em ela
sticidades:
e
ij
* = e
i
.w
j
+ e
ij
.
(
2.
35)
Alternativamente, usando (
2.
32):
).
e
e
.(
w
+
e
.
w
w
=
e
i
j
j
ji
i
j
ij
2.
36)
Assim, pelo menos três restrições que podem ser empiricamente impostas
ou testadas: Homogeneidade [equação (
2.
11)], simetria [equação (
2.
32)]
e
negatividade. A aditividade, por sua vez, é usada para recuperar as estimativas da
equação omitida. Ela não pode ser testada ou imposta.
26
2.5.1
Integrabilidade
Uma questão importante na teoria da demanda diz respeito às
circunstâncias que permitem a
obtenção das preferências partindo das funções de
demanda, um problema conhecido como a questão da integrabilidade. Em outras
palavras, dada uma função de demanda estimada empiricamente, por exemplo, é
possível determinar se esta demanda é consistente com
um sistema de preferências
?
Q
uais propriedades da demanda descritas na seção
anterior
são suficientes para
garantir que as demandas são derivadas de uma função utilidade?
Pensando em termos de utilidade direta e demandas Marshalianas, é difícil
imaginar c
omo este retorno às origens” pode ser realizado. Entretanto, formulando o
problema do consumidor em termos de minimização do dispêndio, nota
se através do
Lema de Shephard, que as funções de demanda devem permitir a integração para uma
função dispêndio
ncava e linearmente homogênea. É por essa razão que as
condições necessárias para que as funções de demanda sejam consistentes com um
sistema de preferências são conhecidas como as condições de integrabilidade.
Suponha um sistema de demandas Marshalianas
,
x
p
g
q
i
i
n
i
,...,
1
.
Usando o Lema de Shephard, sabe
se que (Deaton e Muellbauer, 1980a
:
( ( , ), )
i
i
i
c(u,p)
h(u, p)= c u p p
g
p
.
Como a integração é feita ao longo de uma curva de indiferença, a utilidade
não muda durante a integração e u aparece
apenas como uma constante de integração.
O sistema acima pode assim ser reescrito como:
( , )
i
i
c(u,p)
= c p
g
p
ou
( , ) 0
i
i
c(u,p)
c p
g
p
n
i
,...,
1
.
O sistema acima é um sistema de equações diferenciais parciais que deve ser
resolvida com
c
como
função de
p
. Entretanto, nem todo sistema de equações
diferenciais parciais tem uma solução; as condições matemáticas
13
que garantem a
existência de uma função dispêndio
c
que resolva o sistema acima para todo i,
j
são as
seguintes:
( , ) ( , )
j j
i i
j i
j i
g g
g g
g x p g x p
x p x p
,
i j
.
13
Para uma prova deste resultado, ver Hurwicz e Uzawa (1971).
27
O lado esquerdo da equação acima é a fórmula da equação de Slutsky
(equação (2.33)) ou simplesmente o termo s
ij
da matriz S, isto é, as respostas
compensadas das mudanças de preço. Assim, ela pode ser reescrita como
p
p)
(u,
h
=
p
p)
(u,
h
i
j
j
i
, que é a condição de simetria desenvolvida anteriormente. Isso
significa que a simetria da matriz de Slutsky é a condição fundamental de
integrabilidade da Teoria da Demanda (Deaton e Muellbauer, 1980a
).
Adicionalmente, para que a função r
esultante da integração seja uma função
dispêndio, ela deve ser côncava e linearmente homogênea. Isto acontecerá
automaticamente se a matriz de Slutsky for não simétrica como negativa
semidefinida e satisfaça a condição de singularidade. Dessa forma, o
círculo é
fechado: a maximização da utilidade sujeita a uma restrição orçamentária resulta em
demandas que obedecem a aditividade, são homogêneas de grau zero e tem respostas
compensadas de preço que são simétricas e negativas semidefinidas. Inversamente,
funções de demanda que obedecem a aditividade, são homogêneas de grau zero e tem
matrizes de Slustky que são simétricas e negativas semidefinidas são integráveis para
um sistema de preferências consistente com a Teoria.
Este resultado é empiricamente muito
importante porque afirma que as
propriedades discutidas na seção 2.5 não são apenas resultado da maximização da
utilidade, elas são o único resultado da maximização da utilidade. Em outros termos,
se um pesquisador estima um sistema de demanda e impõe as
restrições de
aditividade, homogeneidade, simetria e negatividade, ele está efetivamente aplicando
um ordenamento de preferências aos seus dados, sem precisar verificar se os
consumidores maximizam uma função utilidade, qual a forma funcional dessa função,
etc. Da mesma forma, se as restrições acima forem testadas para o sistema estimado e
não forem rejeitadas, pode
se dizer que existe um ordenamento de preferências
consistente com a teoria.
2.6
Especificando as funções de demanda
Antes de coletar os
dados e estimar a equação ou sistema de demanda, é
necessário definir o modelo teórico a ser utilizado. A Teoria da Demanda, resumida
28
nos itens anteriores, não fornece qualquer indicação de qual
seja
a melhor forma
funcional, indicando apenas as proprieda
des que um sistema derivado de uma
estrutura de preferências deve
ria
possuir
(Pyles, 1989)
. Cabe ao pesquisador, assim,
escolher a forma funcional que consiga descrever os dados adequadamente e, ao
mesmo tempo, seja plausível teoricamente.
Essa escolha ter
á importantes implicações
na análise empírica e, segundo Barten (1993), deve seguir os seguintes critérios: a
especificação deve ser consistente com a teoria, ser fácil de estimar, ajustar bem os
dados e apresentar um bom desempenho na previsão dos valores
futuros.
Para garantir conformidade com a teoria, poder
se
ia especificar uma função
de utilidade particular, resolver as condições de primeira ordem e derivar as demandas
a serem estimadas. Assim, todas as restrições teóricas estariam automaticamente
at
endidas. Entretanto, h
á
vários problemas com essa abordagem. Em primeiro lugar,
as demandas resultantes dessa derivação podem ser muito complicadas de estimar
devido
à
n
ã
o
linearidade nos parâmetros ou
ao número excessivo de
parâmetros a
serem estimados. O
utro problema é que muitas funções de utilidade direta possuem
restrições implícitas em sua especificação, como homoteticidade
14
, por exemplo, que
o pesquisador pode não querer impor aos seus resultados.
Para contornar essas dificuldades, são utilizadas ba
sicamente duas alternativas:
1)
Especificar as equações do sistema de demanda diretamente e
impor as restrições teóricas necessárias para garantir a
conformidade com a
t
eoria;
2)
Escolher uma forma funcional que seja uma aproximação
(geralmente de segunda ordem
) de alguma função de utilidade
indireta ou função dispêndio desconhecida e derivar as funções de
demanda impondo as restrições teóricas necessárias.
Antes de apresentar os exemplos mais importantes das duas abordagens, é
necessário discutir um importante
tópico na estimação de qualquer função de
demanda: a identificação.
14
Para a definição de homoteticidade e suas conseqüências, ver
capítulo 3.
29
2.6.1
A Questão da Identificação.
A questão da identificação diz respeito ao fato de muitas vezes não se saber se
a função de demanda estimada é realmente uma função de demanda. Este
problema
ocorre quando se utiliza
m
series de tempo, que os dados estão geralmente
agregados e os preços e quantidades são resultado da interação entre demanda e
oferta. Assim, a função de demand
a estimada será geralmente um
brido das
interações entre
oferta e demanda
15
. Para se identificar uma função de demanda, é
necessário que ela seja estável ao longo do tempo, ao mesmo tempo em que a função
de oferta se desloque, permitindo a identificação. Econometr
i
camente, isso significa
que é necessári
a
a presen
ça de uma s
é
rie de variáveis exógenas que afetem a oferta,
mas não a demanda
(Gujarati, 2004)
.
Outra questão importante é como garantir que a demanda seja estável ao longo
do tempo. Alguns fatores podem fazer com que ela se desloque, como mudança de
preços
dos bens substitutos e complementares, mudança no nível de
dispêndio
(ou
renda) e mudança nas preferências. Os dois primeiros itens geralmente o resolvidos
com a inclusão destas variáveis na equação de demanda. Entretanto, o último item é
mais complicad
o. Como incluir mudanças nas preferências na equação de demanda?
As soluções são variadas. Muitos apenas incluem a hipótese de que as preferências
não se modificam, o que pode ser plausível num curto período de tempo
.
Outros
incluem variáveis
proxy
que pr
ocuram capturar estas mudanças como, por exemplo,
mudanças na composição etária, inclusão de uma variável tendência, variáveis
dummy relacionad
as a eventos específicos, etc.
No caso deste trabalho, que utiliza uma pesquisa de orçamentos familiares
num dado
ponto no tempo, a questão da identificação e das alterações nas preferências
não são questões que levantam preocupações e que impeçam uma correta estimação
do sistema de demanda.
2.6.2
Formas Funcionais
Como foi dito no item anterior, não h
á
indicaçã
o na teoria da demanda que
informe qual a melhor forma funcional a ser escolhida para se estimar modelos de
15
Ver, por exemplo, Gujarati (2004) para uma demonstração.
30
demanda. Entretanto, é necessário escolher uma forma teoricamente plausível e que
não imponha restrições adicionais sobre as preferências dos consum
idores.
A seguir, as principais formas funcionais utilizadas nos estudos de demanda
serão examinadas
16
, começando da forma mais simples até as formas flexíveis mais
utilizadas. Na parte final, o modelo QUAIDS, utilizado neste estudo, será examinado
com mai
ores
detalhes.
2.6.2.
1
Modelos
ad hoc
a) Demandas lineares
A forma mais simples para uma função de demanda é a forma linear. Por
exemplo, para conjunto de n bens, a demanda para um bem i qualquer pode ser
representada por:
x
p
q
i
j
n
j
ij
i
i
1
,
2.
37)
em que
i
q
quantidade demandada do bem i;
j
p
preço do bem j;
x
dispêndio
total com n bens;
i
ij
i
,
,
parâmetros
.
O problema com essa forma funcional é que sua simplicid
ade impõe
obstáculos à adequação as propriedades teóricas da demanda. Para observar esse
problema em relação à aditividade, basta multiplicar (
2.
37) por p
i
:
x
p
p
p
p
q
p
i
i
j
i
n
j
ij
i
i
i
i
1
.
2.
38)
Somando (
2.
38) para todo i:
i
n
i
i
j
i
n
i
n
j
ij
i
n
i
i
i
n
i
i
p
x
p
p
p
q
p
1
1
1
1
1
.
2.
39)
16
Para facilitar o exame, apenas as variáveis preço e
dispêndio
total serão incluídas nas funções de
demanda
.
31
O l
ado esquerdo de (
2.
39)
é
igual ao
dispêndio
total x. Assim, (
2.
39) pode ser
reescrita como:
i
n
i
i
j
i
n
i
n
j
ij
i
n
i
i
p
x
p
p
p
x
1
1
1
1
.
2.
40)
Para que esta equação seja observada para todas as combinações de preços e
dispêndio
,
é
fácil ver que
é
necessário que:
;
0
1
i
n
i
i
p
2.
41)
0
1
1
j
i
n
i
n
j
ij
p
p
;
2.
42)
.
1
1
i
n
i
i
p
2.
43)
Não
é
possível, para parâmetros fixos
s
s
,
e
s
, que a
a
ditividade seja
observada para todo o conjunto de dados. Assi
m, a aditividade impõe restrições
impossíveis de serem atendidas para demandas lineares.
b) Demandas duplo
log ou log
log
Uma das especificações mais comuns nos estudos de demanda
é
a
especificação conhecida como duplo
log ou log
log. Vários estudos nas
décadas de
70 e 80 e mesmo atualmente utilizam esta especificação devido à facilidade na
obtenção das elasticidades, que são simplesmente os coeficientes estimados das
variáveis explicativas. Sua forma mais simples
é
a seguinte:
l
n
ln(
ln(
x
p
q
i
j
j
ij
i
i
,
2.
44)
e
m que as elasticidades
-
pre
ç
o são dadas por
ij
e a elasticidades
disp
ê
ndio por
i
.
Neste modelo, a homogeneidade pode ser imposta por:
0
i
j
ij
.
2.
45)
Entret
anto, a propriedade de aditividade não é observada para este modelo.
Lembrando das restrições de Engel e Cournot, tem
se:
32
1
i
i
i
e
w
;
2.
46)
0
j
ij
j
i
i
w
e
w
.
2.
47)
Pode
se notar que mudanças nas parcelas do
dispêndio
tota
l para cada produto,
w
i
, devem causar mudanças nas elasticidades para que a aditividade se mantenha.
Porém
,
como todas as elasticidades são constantes no modelo duplo
log, não é
possível impor esta restrição usando esta forma funcional
17
.
Além disso, as
ela
sticidades são constantes e assim não dependem do nível de renda das famílias.
Isso torna possível um cenário improvável em que a demanda por bens de luxo, com
elasticidade
-
renda maior do que 1, cresça indefinidamente com a renda, acabando por
exaurir o or
çamento do consumidor (Deaton e Muellbauer, 1980a). Dessa forma, o
uso deste modelo parece pouco recomendável, mesmo porque outras formas
funcionais bastante simples, mas que não apresentam estes problemas.
2.6.2.
2
Sistemas de demanda
a) Sistema de
Despesas Lineares
Considerando novamente uma especificação linear, agora num sistema de
equações de demanda, é possível impor algebricamente as restrições de aditividade,
homogeneidade e simetria para determinar o Sistema de Despesas Lineares (LES, de
Lin
ear Expenditure System
, Stone (1954)
). Para entender essa abordagem
18
, pode
se
iniciar pela equação linear:
x
p
q
i
j
j
ij
i
.
2.
48)
Esta é a mesma especificação que foi examinada no item
2.6.2.
1, subitem
a
,
(apenas sem a constante)
,
que não sat
isfaz as restrições teóricas da demanda.
Entretanto, com algumas modificações, é possível impor todas as restrições e garantir
17
A não ser que se considere um intervalo muito estreito dos dados em que
as parcelas do dispêndio
sejam constantes. Geralmente, isto não é possível para o conjunto de dados disponível.
18
O L
ES também pode ser obtido pela maximização das
funçõe
s
de u
tilidade direta de Stone
-
Geary,
k
k
k
k
q
u
sujeita à restrição orçam
entária.
33
a conformidade com a teoria. Iniciando
se pela homogeneidade, pode
se
utilizar um
modelo linear em que
as variáveis independentes
são normalizadas
pelo preço de um
bem qualquer, p
i
:
i
i
i
j
j
ij
i
p
x
p
p
q
.
2.
49)
Ou, de outra forma:
x
p
q
p
i
j
j
ij
i
i
.
2.
50)
A homogeneidade
é
assim garantida, pois aumentos iguais de preços e
dispêndio
não influenciarão as quantid
ades demandadas.
É possível demostrar que,
impondo as proprie
d
ades de simetria, aditividade e negatividade, o sistema LES é
definido como (Stone, 1954):
j
j
j
i
i
i
i
i
p
x
p
q
p
,
(2.51)
com
1
i
i
(Aditividade)
,
(2.52)
i
i
q
(negatividade)
,
1
0
i
.
Dessa forma, após a imposição de todas estas restrições, a equação original foi
transformada num sistema de demanda teoricamente plausível sem perder sua
linearidade. Este é um exemplo da altern
ativa 1 descrita na seção 2.6 de como
especificar diretamente as funções de demanda e impor as restrições teóricas para que
elas estejam de acordo com a teoria.
Apesar de não haver restrições que garantam que
0
i
, estes parâmetros s
ão
geralmente considerados como quantidades de subsistência.
Isso permite que o
dispêndio
numa função de demanda LES possa ser decomposto em 2 partes: os gastos
para manter um nível mínimo de subsistência,
i
i
p
, e um termo interpretado com
o
dispêndio
residual (
j
j
j
p
x
, o
dispêndio
feito após todos os gastos necessários
34
para manter o nível de subsistência de todos os bens sejam computados) alocado em
proporções fixas dadas por
i
. Assim:
j
j
j
i
i
i
i
i
p
x
p
q
p
,
2.
5
3)
e
m que, para qualquer bem i:
i
i
q
p
=
dispêndio
total;
i
i
p
=
dispêndio
de subsistência;
j
j
j
i
p
x
=
dispêndio
residual.
O grande problema com o LES
é
que a escolha da forma linear impõe
rest
rições adicionais que não são desejáveis numa an
á
lise empírica.
É
possível
mostrar que o LES
é
quase
homot
é
tico
19
,
é
derivado de uma função de utilidade
que
implica preferências
aditiva
s
20
, o que
impede a existência de bens inferiores ou bens
complementares
líquidos
(Deaton e Muellbauer, 1980a).
Além disso, as elasticidades
dispêndio do LES são dadas pela razão entre a parcela marginal, constante no LES, e
a parcela do orçamento gasta com o produto. Como as parcelas gastas com bens
necessários tendem a cair c
om o aumento da renda (e do dispêndio), quando a renda
cresce a correspondente elasticidade
dispêndio também cresce, indicando
paradoxalmente que quanto maior a renda, maior é o dispêndio proporcional com os
bens necessários.
2
.6.2.2.1
Formas Funcionais
flexíveis
Os itens anteriores mostraram que especificações baseadas em funções
de demandas lineares, como no caso da LES ou do modelo log
log, impõem restrições
19
Sob a ‘quase
-
homoteticidade’, as curvas de Engel são linhas retas, não necessariamente passando
pela origem. As elasticidade
-
dispêndio tendem a 1 a medida que crescem os gastos. Como será visto
nas seções seguintes, as pesquisas de orçamentos fa
miliares revelam geralmente curvas de Engel não
-
lineares.
20
As preferências são aditivas se a função utilidade pode ser escrita como:
1 1 2 2
[ ( ) ( ) ... ( )]
n n
u F v q v q v q
. Neste caso, pode
-
se provar que as elasticidades cruzadas
podem ser obtidas através da fórmula
(1 )
ij j i i
e w e e
, ou seja, são produto das elasticidades
-
dispêndio, das parcelas do orçamento e da constante
( )
j k k
k
x p
. Isto implica uma
economia grande de parâmetros na estimação, mas é baseada apenas nas hipóteses pouco real
istas
sobre as preferências.
35
n
ã
o
desej
á
veis nas preferências dos consumidores. Assim, é necessário procurar
outras formas
funcionais que apresentem poucas restrições implícitas para poder
permitir funções de demanda que se aproximem da realidade dos dados. Esta busca
levou ao desenvolvimento das formas funcionais flexíveis, como a Translog e o
modelo AIDS.
a)
Modelo Translog
O modelo Translog
, cujo nome origina
se de
Transcendental Logarithmic
Utility Functions,
foi desenvolvido por Christensen et al. (
1971,
1975) e tornou
se um
dos principais exemplos das formas funcionais flexíveis usadas nos sistemas de
demanda. A idéia por
trás das formas funcionais flexíveis é obter uma aproximação de
uma função de utilidade qualquer, ou de uma função dispêndio qualquer ou de uma
função de utilidade indireta qualquer,
por meio
de uma s
é
rie de Taylor. No caso da
Translog, considere uma funç
ão de utilidade U(q) em que q= [q
1
, q
2
,..., q
n
] é um vetor
de quantidades de n bens com preços p= [p
1
, p
2
,..., p
n
]. O problema do consumidor
pode ser colocado da seguinte maneira
por meio
do uso de uma função de utilidade
indireta.
}
'
|
max{
,
x
q
p
q
U
x
p
V
2.
5
4)
Em que V(p, x) é a função de utilidade indireta e x
é
o
dispêndio
total.
Assumindo que U(q) é monotônica crescente e estritamente quas
e
-
c
ô
ncava em q e a
função de utilidade indireta é n
ã
o
crescente e quase
convexa em p e homogênea de
grau zero
em (p, x), define
se o vetor de preços normalizados
x
p
. V(p, x) pode
então ser expressa por V(
π). Para especificar a forma funcional de V(π), Christensen
et al. (1975) especificaram uma aproximação logarítmica de segunda ordem de uma
função de utilidade indireta qualquer
por meio
de uma s
é
rie de Taylor. Dessa forma,
fazendo uma expansão em torno do ponto
]
,...,
,
[
0
0
2
0
1
0
n
:
0
0
1
1
2
0
1
0
ln
ln
ln
ln
ln
ln
ln
2
1
ln
ln
ln
ln
)]
ln[
)]
ln[
j
j
i
i
n
i
n
j
j
i
i
i
n
i
i
V
V
V
V
36
Usando o ponto
]
1
,...,
1
,
1
[
0
, a equação acima se simplifica para:
j
i
n
i
n
j
j
i
i
n
i
i
V
V
V
V
ln
ln
ln
ln
ln
2
1
ln
ln
ln
)]
(
ln[
)]
(
ln[
1
1
2
1
0
2.
5
5)
Fazendo:
0
0
)]
ln[
V
ij
j
i
V
ln
ln
ln
2
i
i
V
ln
ln
A equação (
2.
5
5) pode ser escrita como:
j
i
n
i
n
j
ij
i
n
i
i
V
ln
ln
2
1
ln
)]
(
ln[
1
1
1
0
2.
5
6)
Substituindo
x
p
i
i
, tem
se:
x
p
x
p
x
p
x
p
V
j
i
n
i
n
j
ij
i
n
i
i
ln
ln
2
1
ln
)]
,
(
ln[
1
1
1
0
2.
5
7
Aplicando a Identidade de Roy na equação acima resulta no sistema de
demanda translog:
j
i
j
j
ij
j
j
j
ij
i
i
i
x
p
x
p
x
m
p
V
p
x
p
V
x
p
w
ln
ln
ln
,
ln
ln
,
ln
,
n
j
i
,...,
1
,
2.
5
8)
em que
i
w
Parcela do
dispêndio
total despendido com bem i
Como os preços estão normalizad
os pelo
dispêndio
total, a homogeneidade é
satisfeita automaticamente. É possível mostrar que a aditividade implica que:
j
i
j
ij
w
*
2.
5
9)
37
em que
*
ij
elasticidade
pre
ç
o compensada entre os bens i e j;
i
elasticidade
disp
ê
ndio do bem i;
constante.
E a simetria implica:
ji
ij
2.
6
0)
b) O modelo AIDS
O modelo
Almost Ideal Demand System
(AIDS) foi desenvolvid
o por Deaton e
Muellbauer (1980
b
) usando u
m algoritmo para geração de sistemas de demanda. Este
algoritmo consiste nos seguintes passos:
1
Especificar uma função dispêndio que represente as preferências;
2
Diferenciar a função dispêndio com respeito aos preços a fim de
se
obter
em
demandas comp
ensadas.
3
Inverter a função dispêndio a fim de
se
obter a função de utilidade indireta;
4
Usar a função de utilidade indireta para “descompensar” as demandas,
obtendo demandas marshalianas ou n
ã
o
-
compensadas.
Deaton e Muellbauer (1980
b
) especificam a
função dispêndio como:
ln c(u, p) = (1
u) ln [a(p)] + u ln [b(p)]
,
2.
6
1)
em que
c(u, p) = função dispêndio
u= função utilidade
p= vetor de preços
38
Essa função faz parte da chamada classe PIGLOG (Price Independent
Generalized Logarithmic). Es
sa classe de funções permite a agregação consistente das
demandas individuais dos consumidores. As funções a(p) e b(p) podem ser entendidas
como os custos de subsistência e de satisfação (‘bliss’), respectivamente. Para obter
uma forma funcional flexível,
Deaton e Muellbauer
(1980
b
definiram a(p) e b(p)
como:
j
k
k
j
kj
k
k
k
0
p
p
p
+
=
a(p)
ln
ln
2
1
ln
ln
*
(2.62)
.
p
+
a(p)
=
b(p)
k
k
0
ln
ln
2.
6
3)
Assim, a função
dispêndio
do modelo
AIDS é a seguinte:
k
k
j
k
j
k
kj
k
k
k
0
p
u
p
p
p
+
=
p)
c(u,
0
*
ln
ln
2
1
ln
ln
2.
6
4)
O procedimento padrão é obter as funções de dema
nda das funções dispêndio
através do Lema de Shephard. Entretanto, Deaton e Muellbauer
(1980b)
usam uma
versão ligeiramente modificada do Lema de Shephard, diferenciando o logaritmo da
função dispêndio com respeito ao logaritmo dos preços. Esta derivação f
ornece as
parcelas de
dispêndio
(w
i
) ao invés das quantidades demandadas (q
i
). Assim, a função
de demanda Hicksiana da parcela de
dispêndio
é a seguinte:
.
p
u
p
+
=
w
k
k
0
i
j
ij
j
i
i
ln
2.
6
5)
em que:
).
+
(
2
1
=
*
ji
*
ij
ij
2.
6
6)
A determinação das demandas M
arshalianas se pela inversão da função
dispêndio e pela substituição do resultado na função de demanda Hicksiana.
Dessa
forma
, a demanda Marshaliana a ser estimada é:
ln ln
i i
ij j i
j
x
= + p
w
P
2.
6
7)
39
em que o índice de preço AIDS é definido por:
k
j
j
k
kj
k
k
k
0
p
p
p
+
=
P
ln
ln
2
1
ln
ln
2.
6
8)
Empiricamente, Deaton e Muellbauer
(1980b)
sugerem o uso do Índice de
Preços de Stone ao invés do Índice AIDS de forma a se obter um modelo linear nos
seus parâmetros. O modelo usando o Índice de Stone é conhecido como
Linear
Approx
imate Almost Ideal Demand System
(LA/AIDS). O Índice de Preço de Stone
pode ser calculado como:
.
p
w
=
P
j
j
n
j=1
*
ln
ln
2.
6
9)
Entretanto, Moschini (1995) prova que o índice de Stone não
é
invariante a
mudanças da unidade de medida de preços e quantidades
, o que pode levar a sérios
problemas de aproximação com o modelo original. Ele sugere como substitutos dos
índices de Stone outros índices, como:
Índice de Stone corrigido:
.
o
j
j
j
n
j=1
*
p
p
w
=
P
ln
ln
ln
2.
7
0)
Em que:
o
j
p
preço no período ba
se
Índice Log
linear de Laspeyres:
.
j
j
n
j=1
*
p
w
=
P
ln
ln
0
2.
7
1)
Em que:
o
j
w
parcela m
é
dia ou parcela no período base
Uma das raz
õ
es para
Deaton e Muellbauer denominarem esse sistema de AIDS
est
á
no fato de as restrições teóricas da dem
anda (Aditividade, Homogeneidade e
Simetria) dependerem apenas dos parâmetros desconhecidos e, portanto, serem fáceis
de impor ou testar. As restrições derivadas das propriedades teóricas da demanda são
as seguintes:
40
a) Aditividade
0
;
0
;
0
1
n
1
i
ij
n
i
i
i
n
=1
i
2.
7
2)
b) Homogeneidade
.
ij
n
j=1
0
2.
7
3)
c) Simetria
ji
ij
2.
7
4)
O “quase” (
almost
) do nome AIDS est
á
relacionado ao fato de a negatividade
depender dos dados, isto
é
, ser uma função das parcelas, preços e do
dis
pêndio total.
Para provar isso, é necessário desenvolver f
ó
rmulas para os termos da matriz de
Slutsky. A fórmula geral para sistemas de demanda que apresentam parcelas de
dispêndio
como variável dependente
é
a seguinte:
i
ij
j
i
j
i
j
i
ij
j
i
w
p
w
w
w
p
p
x
s
p
p
p
u
c
ln
,
2
2.
7
5)
E
m que:
ij
1 se
j
i
;
ij
0
se
j
i
.
Como essas são derivadas compensadas, para
se computar
a derivada dentro
do par
ê
ntes
e
em (
2.
7
5),
é
preciso usar a equação:
j
j
i
j
j
ij
i
i
j
p
u
p
+
=
w
0
ln
2.
7
6)
Assim:
j
j
j
i
ij
j
i
j
p
u
p
w
0
ln
2.
7
7)
Usando (
2.
6
1) e omitindo os argumentos das funções, sabe
se que:
41
a
b
a
x
u
ln
ln
ln
ln
2.
7
8)
Substituindo (
2.
7
8) em (
2.
7
7) e simplificando:
p
x
p
w
j
i
ij
j
i
ln
ln
2.
7
9)
Substitui
ndo (
2.
7
9) em (
2.
7
5):
i
ij
j
i
ij
j
i
j
i
ij
j
i
w
p
x
w
w
p
p
x
s
p
p
p
u
c
ln
,
2
2.
8
0)
Claramente,
ij
s
depende dos dados em cada ponto e assim pode ser
calculado em ca
da ponto separadamente. Dessa
rmula, fica fácil ver também porque
a propriedade da simetria r
equer apenas que
ji
ij
.
No caso do uso de s
é
ries de tempo, outra sugestão de Deaton e Muellbauer é
usar o modelo em primeira diferença, auxiliando na solução de possíveis problemas
relacionados à não
-
estacionariedade e correlação serial
. Diferenciando (
2.
6
7), tem
se:
ln
ln
ln
P
d
x
d
p
d
=
dw
i
j
ij
j
i
2.
8
1)
Como:
Q
d
P
d
q
d
w
p
d
w
x
d
j
n
j
j
j
n
j
j
ln
ln
ln
ln
ln
1
1
2.
8
2)
A equação (
2.
8
1) transforma
se em:
Q
d
p
d
=
dw
i
j
ij
j
i
ln
ln
2.
8
3)
Para estimar o modelo acima, deve
se transform
á
lo em diferenças finitas.
Assim:
42
jt
ij
n
j=1
i
+
p
+
Q
=
w
ln
ln
2.
8
4)
em que:
)
1
(
t
i
w
w
w
n
i
q
w
Q
1
ln
ln
it
= erro aleatótio
c
) O modelo Rotterdam
O modelo Rotterdam foi proposto por Theil (1965) e
Barten (196
6
). Ele é um
modelo bastante flexível
21
, possibilitando que as restrições derivadas da Teoria do
Consumidor sejam facilmente testadas. Considerando a demanda
Marsha
liana q
i
= g
i
(x, p
1
,..., p
n
) em que q
i
=quantidade demandada, x=
dispêndio
e p
i
=preço do bem i e
diferenciando sua forma logarítmica
, tem
se:
.
p
d
e
+
x
d
e
=
q
d
j
ij
n
j=1
i
i
ln
ln
ln
2.
8
5)
em que:
e
i
=elasticidades
renda
e
ij
=elasticidades
preço
Usando a equação de Slutsky com elasticidades [equação (
2.
35)]:
j
n
j
ij
j
n
j
j
i
i
p
d
e
p
d
w
x
(d
e
=
q
d
ln
ln
ln
ln
1
*
1
2.
8
6)
Em que:
*
ij
e
elasticidade
preço
compen
sada
Multiplicando a restrição acima por w
i
, resulta numa forma apropriada para
expressar as restrições de demanda:
.
n
j
j
ij
j
j
n
j=1
i
i
i
p
d
p
d
w
x
(d
=
q
d
w
1
ln
ln
ln
ln
2.
8
7)
21
Segundo Barnett
(
1979
), o modelo Rotterdam
é
uma aproximação de Taylor de um sistema de
demanda qualquer e
é
tão flexível quanto os modelos translog e AIDS.
43
em que:
.
x
q
.
p
=
e
.
w
=
i
i
i
i
i
.
x
s
.
p
.
p
=
e
.
w
=
ij
j
i
*
ij
i
ij
Outra forma possível para o modelo Rotterdam pode ser
obtida pela
diferenciação do logaritmo da restrição orçamentária
22
, gerando:
Q
d
P
d
q
d
w
p
d
w
x
d
j
n
j
j
j
n
j
j
ln
ln
ln
ln
ln
1
1
2.
8
8)
Em que
P
d
ln
é o diferencial do logaritmo do índice de preços e
Q
d
ln
é o
diferencial do índice de quantidades. Dess
a forma, substituindo a equação acima em
2.
8
7), obtém
se:
j
ij
n
j=1
i
i
i
p
d
+
dlnQ
=
q
d
w
ln
ln
2.
8
9)
As equações (
2.
8
7) e (
2.
8
9) permitem a incorporação das restrições teóricas
sobre a demanda. A soma dos parâmetros
i
é o mesmo que a condição de
Engel:
1.
=
)
x
q
.
p
(
i
i
n
=1
i
i
n
=1
i
=
A soma dos
ij
origina:
0.
=
)
e
.
w
(
+
w
=
)
e
.
w
(
+
)
e
.
w
(
w
=
]
e
.
w
+
)
w
.
e
(
w
[
ij
i
n
=1
i
j
ij
i
n
=1
i
i
i
n
=1
i
j
ij
i
j
i
i
n
=1
i
ij
n
=1
i
=
O último termo da equação acima é a condição de Cournot [equação (
2.
9)].
Assim, a condição de aditividade pode ser expressa da seguinte forma:
n
i
ij
i
n
=1
i
1
0
;
1
2.
9
0)
22
Ver Barten (1993), p.134
-
135
44
A condição de aditividade não é testável, mas a homogeneidade pode ser
testada. Somando
ij
para todo j:
).
p
.
s
(
x
p
j
ij
n
1
=
i
i
ij
n
1
=
j
e usando a condição de aditividade:
.
ij
n
j=1
0
2.
9
1)
Assim, a homogeneidad
e pode ser imposta e testada em cada equação. a
simetria, usando (
2.
32) e a definição de
γ
ij
, implica γ
ij
= γ
ji
para todo i e j. A
negatividade de S implica a negatividade de C (matriz de γ
ij
), pois γ
ij
é s
ij
multiplicada
por valores positivos (preços divididos por
dispêndio
.
Assim, o teste de negatividade
pode ser feito
em C.
A estimação da equação (
2.
8
9) requer sua transformação para diferenças
finitas.
Dessa forma
, o modelo empírico é o seguinte:
jt
ij
n
j=1
i
+
p
+
Q
=
q
w
ln
ln
ln
2.
9
2)
em que:
2
w
+
w
=
w
1)
-
i(t
)
q
q
(
=
q
q
=
q
1)
-
i(t
1)
-
1(t
ln
ln
ln
ln
it
it
n
1
=
i
q
w
=
Q
ln
ln
it
= erro aleatório
d) O modelo QUAIDS
O modelo
Quadratic Almost Ideal Demand System
(QUAIDS), desenvolvido
por Blundell et al. (1993) e Banks et al. (1997), origina
se da constatação
de
que
muitas curvas de Engel para uma s
é
rie de bens não são lineares
no logaritmo do
45
dispêndio
total (ou renda) como pressupõe
m
todos os modelos que partem da
chamada forma Working
-
Leser (
m
w
i
i
log
), como os modelos Translog e
AIDS, por exemplo. Assim, a aplicação destes modelos
a
os dados não permite captar
c
orretamente o comportamento dos consumidores ao longo de todas as faixas de
renda.
Quando se trabalha com um alto nível de desagregação de bens, como
permitem geralmente as pesquisas de orçamento familiares como a POF/IBGE, a não
linearidade das curvas de
Engel é bastante provável. A explicação está no fato de que,
neste nível de detalhamento, uma série de consumidores que o compram
determinado bem e grande parte da resposta da demanda a um aumento do dispêndio
total será dada pela entrada de novos com
pradores para o produto em questão, ou seja,
a resposta será “extensiva” além da resposta “intensiva”, representado pelo impacto
dos consumidores que já consomem o bem. Este fato auxilia na produção de curvas de
Engel não
lineares para muitos bens.
Por exe
mplo, Banks et al. (1997)
constatam que
a maior parte do
dispêndio
dos consumidores ingleses no in
í
cio da década de
19
80
não obedecem à especificação Working
-
Leser.
Dessa forma
, eles propõem o modelo
QUAIDS, que é construído especialmente para conter o mod
elo AIDS e
adicionalmente possuir um termo quadrado do logaritmo do
dispêndio
total.
Além
disso, Cranfield et al. (2003), ao comparar variar formas funcionais para sistemas de
demanda, sugerem o modelo QUAIDS como o mais adequado para estimação quando
se u
tiliza dados de
cross
section
e quando há considerável variação de preços.
Banks et al. (1997) iniciam pela generalização das preferências PIGLOG, que
são
lineares no logaritmo do
dispêndio
(
m
ln
), e que resultam em demandas em que
as p
arcelas de
dispêndio
(
i
w
) para cada bem também são lineares em
m
ln
. Assim, a
forma geral mais simples de demandas consistentes com essa generalização
é
a
seguinte:
ln
x
g
p
C
x
p
B
p
A
w
i
i
i
i
i=1,.
.., n
2.
9
3)
Em qu
e:
p
vetor de preços;
p
a
m
x
e
p
a
é
um índice de preços qualquer;
),
p
B
p
A
i
i
,
( )
i
C p
e
x
g
são funções diferenciáveis;
46
O termo
x
g
p
C
i
permite não
linearidades em m. Bens que possuem curvas
de Engel lineares terão
0
p
C
i
.
Lewbel (1991) define como rank de um sistema de demanda qualquer a
dimensão do espaço ocupado pelas suas curvas de Engel. Em outras palavras
, o rank
de um sistema de demandas é o máximo rank da matriz de coeficientes associado com
as funções da variável
dispêndio
total (ou renda). O conceito de rank é útil para
desenvolver uma taxonomia para sistemas de demanda de acordo com a forma das
curvas
de Engel
(Cranfield et al., 2003)
. Demandas com rank 1 são as mais restritivas,
sendo independentes da renda. Demandas com rank 2 permitem curvas de Engel
lineares no logaritmo do
dispêndio
, não necessariamente passando pela origem e
demandas rank 3 permi
tem curvas não
lineares no logaritmo do
dispêndio
.
O rank do sistema de demanda da equação (
2.
9
3)
é
igual ao rank da sua matriz
de coeficientes das curvas de Engel, cuja dimensão
é
(nx3), com linhas dadas por
)]
:
:
[
p
C
p
B
p
A
i
i
i
. Essa matriz tem apenas
3 colunas e assim o m
á
ximo rank
possível
é
3. Gorman
(1981) prova que o
rank de um sistema de demanda exatamente
agreg
á
vel
23
é no m
á
ximo 3. Estes sistemas são conhecidos como sistemas de
demanda de rank completo. Assim, não haveria ganho em se incluir ter
mos adicionais
de x em (
2.
9
3).
Banks et al. (1997) provam que a função de utilidade indireta compatível com
2.
9
3) seria da forma:
1
1
ln ln ( )
ln ( )
( )
m a p
V p
b p
2.
9
4)
Em que:
p
função diferenciável e homogênea de grau 0 em p.
O
termo dentro do colchete é a função de utilidade indireta de um sistema de
demanda PIGLOG, ou seja, sistemas de demanda com parcelas do
dispêndio
de cada
bem lineares no logaritmo do
dispêndio
total. o termo adicional, no caso do
23
Sistemas de demanda exatamente agre
gáveis são definidos como sistemas de demanda que são
lineares em qualquer função de m.
47
modelo AIDS,
é
nulo, o
u seja,
0
p
. No modelo QUAIDS, Banks et al. (1997)
definem
p
como:
i
n
i
i
p
p
ln
1
em que
1
i
i
2.
9
5)
Os termos a(p) e b(p) são definidos de forma semelhant
e
a
o modelo AIDS.
.
p
b(p)
k
k
Fazendo a derivação e obtendo as parcelas de
dispêndio
para cada bem, o
resultado final para o modelo QUAIDS
é
o seguinte:
2
1
ln
ln
ln
p
a
m
p
b
p
a
m
p
w
i
i
j
n
j
ij
i
i
com i =1,..., n
2.
9
7)
Pode
se notar que o modelo
AIDS é um caso particular do modelo acima,
bastando que
0
p
, como já ressaltado anteriormente. Assim, o modelo QUAIDS
preserva todas as qualidades do modelo AIDS, os seja, a flexibilidade, a facilidade de
estimação e a consistência na a
gregação dos consumidores, permitindo
adicionalmente captar de forma mais precisa os efeitos do
dispêndio
total ou da renda
nas demandas de cada produto.
Para garantir a consistência com a Teoria da Demanda, as restrições sobre os
parâmetros do modelo QUAI
DS são os seguintes:
a) Aditividade
0
,
0
;
0
;
0
1
1
n
1
i
ij
n
i
i
n
i
i
i
n
=1
i
2.
9
8)
j
k
k
j
kj
k
k
k
0
p
p
p
+
=
a(p)
ln
ln
2
1
ln
ln
2.
9
6
48
b) Homogeneidade
.
ij
n
j=1
0
2.
9
9)
c) Simetria
ji
ij
2.
1
0
0)
A negatividade deve ser checada em cada ponto, da mesma forma que no
modelo AIDS.
As ela
sticidad
es
dispêndio e preço da demanda
são calculadas diferenciando
2.
9
7) com respeito a
m
ln
e
j
p
ln
, respectivamente, para se obter
(
Banks
et al.,
1997)
:
ln
2
ln
p
a
m
p
b
m
w
i
i
i
i
2.
1
0
1)
2
ln
ln
ln
p
a
m
p
b
p
p
w
j
i
k
k
jk
j
i
ij
j
i
ij
2.
1
0
2)
As elasticidades
dispêndio
são dadas por:
1
i
i
i
e
w
2.
1
0
3)
É
fácil ver que com
0
e
0
, é possível se obter elasticidades
dispêndio
maiores do que 1 para baixos níveis de dispêndio e
elasticidades
dispêndio menores
do que 1 para altos níveis de dispêndio. Assim, com o QUAIDS, é possível que alguns
bens sejam bens de luxo para baixos níveis de
dispêndio
(renda) e bens necessários
para maiores níveis de
dispêndio
(renda), um comportament
o bastante provável para
certos alime
ntos e que não pode ser captado
por outros modelos.
As elasticidades
pre
ç
o n
ã
o
compensadas são dadas por:
ij
i
ij
ij
w
e
2.
1
0
4)
Em que:
0
ij
para
j
i
;
49
1
ij
para
j
i
.
As elasticidades
pre
ç
o compensadas podem ser calculadas através da equação
de Slutsky [equação (
2.
35)] e usadas para classificar os bens como substitutos ou
complementares.
50
3
DA TEORIA À PRÁTI
CA: QUESTÕES IMPORTANTES NA ESTIMAÇÃO
DE EQUAÇÕES DE DEMANDA
A Teoria do Consumidor, exposta no capítulo anterior, forma a base
por meio
d
a
qual se compreende as relações de demanda na economia. Seus conceitos estão
fundamentados nos pressupostos da ec
onomia neoclássica, com um agente
maximizador que aloca seus recursos de forma ótima, dada uma restrição
orçamentária. Outros pressupostos, como homogeneidade de bens, informação
perfeita, ausência de incerteza, entre outros, estão implícitos em sua deriva
ção. Apesar
das críticas e problemas existentes em cada um desses pressupostos, a Teoria do
Consumidor é, de forma geral, aceita como uma boa descrição de como agem os
consumidores sob certas condições. Entretanto, a transposição de seus conceitos e
propri
edades para a análise empírica não é uma tarefa simples, nem isenta de
problemas. uma série de dúvidas sobre a sua aplicação na estimação das equações
e sistemas de demanda, além de existirem várias questões importantes sobre
agregação, separabilidade e
outras que devem ser analisadas pelo pesquisador. Esta
transição da teoria à prática é de tal forma complexa que muitos estudos preferem
ignorar a teoria, partindo para uma análise empírica pura, baseada apenas na
mensuração ateórica das relações entre qu
antidades, preços e renda. Outros assumem
hipóteses fortes, explícitas ou o, para analisar as relações de demanda com dados
agregados, sem reconhecer o papel fundamental da heterogeneidade entre os
consumidores. Este capítulo tem o objetivo de analisar m
uitas das questões
relacionadas à estimação das equações de demanda e sua adequação à Teoria.
51
3.
1
A
Q
uestão
da Separabilidade e da A
gregação na estimação das
funções de demanda
No capítulo anterior, viu
se como a demanda por qualquer bem é uma função
d
os preços de todos os outros bens e da despesa total de acordo com a teoria do
consumidor. Entretanto, ao se estimar uma função ou sistema de demanda, é
impossível incluir os preços de todos os bens da economia, não pela
impossibilidade de obtenção de t
al informação como pelo problema de falta de graus
de liberdade para a estimação. Dessa forma, é necessário reduzir o número de bens a
serem incluídos na estimação, sem que esta redução afete a qualidade das estimativas.
Esta redução é feita geralmente
por
meio
da introdução dos conceitos de
separabilidade da demanda ou da agregação de bens examinados na estimação. Nesta
seção, as condições n
ecessárias para esta redução s
ão examinadas.
Outra questão importante é que, em muitos casos, dados individualizados
sobre as unidades de consumo não estão disponíveis e é necessário trabalhar com
dados agregados. Entretanto, as condições para agregação dos consumidores de forma
consistente com a teoria são bastante fortes e pouco compatíveis com a reali
dade.
Estas cond
ições também s
ão examinadas nesta seção.
3.
1
.1
O
conceito de S
eparabilidade
Fraca
A abordagem mais usada
na estimação de equações de demanda
é
baseada na hipótese
de
que a função utilidade é fracamente separável.
(Blackorby et
al., 1978).
O significad
o econômico da introdução do conceito de separabilidade fraca
é que as decisões dos consumidores passam a ser feitas em dois estágios. Em primeiro
lugar,
os consumidores maximizam suas funções utilidade alocando sua renda entre
grupos de produtos (
por exem
plo,
carnes, cereais,
verduras
, etc.). Num segundo
estágio, o orçamento de cada grupo seria alocado entre os bens dentro dos grupos (
por
exemplo, no grupo carnes,
carne de
frango, de boi,
suína
etc.
). Sendo
U
a função
utilidade e considerando três grupos d
e bens (G, H, I), a separabilidade fraca pode ser
representada por
(Blackorby et al., 1978)
:
U
= v(q
1
,..., q
k
,..., q
j
,... q
) = f[v
G
(q
1
,..., q
k
), v
H
(q
k+1
,..., q
j
), v
I
(q
j+1
,... q
n
)].
52
Uma conseqüência da hipótese da separabilidade fraca é que a demanda
por
um bem pode ser estimada usando apenas variáveis daquele grupo. Considerando o
bem j do grupo G:
q
j
= g
jG
(p
1
,..., p
k
, x
G
,
(3.1)
e
m que
x
G
=
orçamento gasto com bens do grupo G.
A condição necessária e suficiente para uma função ser fracamente s
eparável é
que a taxa marginal de substituição entre duas variáveis pertencentes ao mesmo grupo
seja independente do valor de qualquer outra variável pertencente a outro grupo
(Gorman, 1959)
. Esta condição pode ser descrita como:
0
k
k
k
k
ij
i
m m
n n
k
k
k
j
v
U
v
TMS
q
q q
v
U
v
q
em que
k
ij
TMS
=taxa marginal de substituição entre os bens i e j pertencentes ao
grupo k.
m
n
q
=quantidade do bem n pertencente ao grupo m.
Isso impõe restrições severas no grau de substitubilidade entre os be
ns.
Suponha que i
G e j
H, com G
≠ H. Diferenciando (3.1) com respeito a p
j
e
mantendo u constante, o único efeito deve ser
por meio
de x
G
. Assim (Deaton &
Muellbauer, 1980a):
.
i G
ij
G j
q x
s
x p
com u constante
.
j
H
ji
H i
q
x
s
x p
com u constante
(3.2)
Como
ij ji
s s
por simetria, igualando as expressões acima e dividindo:
H
G
H
j
i
j i
G
x
x
p
p
q q
x
x
com u constante.
(3.3)
53
Como o lado esquerdo da igualdade acima não env
olve i e o lado direito não
envolve j, a expressão (3.3) é independente de ambos e pode ser representada por
GH
. Assim:
j
G
GH
j H
q
x
p x
com u constante.
(3.4)
Assim, pela expressão de
ij
s
:
j
i
ij GH
q
q
s
x x
(3.5)
Em que:
G
H
GH GH
x
x
x x
(3.6)
Logo
, a substituição entre os grupos devido a mudanças de preços é
proporcional às derivadas com relação à renda. É importante salientar que a expressão
acima mostra que as quan
tidades demandadas em um grupo não são independentes
dos preços dos bens nos outros grupos ou do gasto total. Quando os preços de bens de
outros grupos se modificam, o montante do gasto total alocado para cada grupo
também irá se mo
dificar. Assim, o consum
idor irá
realocar os gastos de cada bem em
resposta a mudanças de preços relativos, pois o montante total é fixo. Como
μ
GH
é
desconhecido, é possível eliminar essa constante dividindo s
ik
por s
jk
, em que j é outro
bem pertencente a G:
.
q
x
.
x
q
=
s
s
j
i
jk
ik
(3.7)
O teste de separabilidade fraca é feito usando a restrição acima. O problema é
que todo o sistema precisa ser estimado, trazendo de volta a questão do número de
graus de liberdade. Além disso, o poder desse teste é questionável (Lewbel, 1996).
3.
1
.
2
Separabilidade
Forte ou Aditividade das preferências
Outro tipo de hipótese feita para diminuir os parâmetros das funções de
demanda é a separabilidade forte ou aditividade das preferências. Neste caso, a função
de utilidade direta é novamente form
ada por funções de utilidade para cada subgrupo,
54
mas agora eles são combinados de forma aditiva
(Houthakker, 1960)
. Assim, a
utilidade pode ser escrita como:
1 1 2 2
( ) ( ) ... ( )
N N
u F v q v q v q
(3.8)
Em que:
i
v
Função de utilidade do su
bgrupo i.
i
q
Vetor de quantidades i.
Dessa forma, sob uma transformação monotônica, a função de utilidade toma
uma forma aditiva explícita. Vale ressaltar que a exigência é que as preferências
sejam aditivas e não a função de uti
lidade. Assim, por exemplo,
exp[ ( )]
k k
k
u v q
e
( )
k k
k
u v q
são representações das mesmas preferências aditivas (Deaton e
Muellbauer, 1980a). No caso em que somente um bem em cada grupo, as
preferências são chamadas de aditivas
ou que “os gostos são independentes”. Os
termos fortemente separável” ou “bloco
aditiva” são usados quando vários bens
em cada grupo.
A aditividade se traduz no fato de que nenhum grupo ocupa um lugar especial
nas preferências dos consumidores. A tax
a marginal de substituição (TMS) entre dois
bens quaisquer é independente de todos os outros bens:
0
i
k
j
U
q
U
q
q
, .
k i j
(3.9)
Ao invés da restrição (3.5) da separabilidade fraca, com a aditividade tem
-
se:
j
i
ij
q
q
s
x x
,
i j
(3.10)
Assim,
é independente dos grupos que os bens i e j fazem parte. Esta
condição é observada para quaisquer bens i e j. A implicação prática desta condição é
que todas as el
asticidades
preço podem ser obtidas partindo das elasticidades
renda
(Deaton, 1974)
. Para provar isto, basta primeiro calcular os termos da diagonal da
55
matriz de substituição S. Lembrando da condição de homogeneidade
0
ik k
k
s p
,
tem
se:
1
1
j
i i i
ii ij j j i
i j j i
i i i
q
q q q
s s p p p
p p x x p x x
Convertendo este último termo para elasticidades usando
*
j
ij ij
i
p
e s
q
e
*
ij ij j i
e e w e
:
*
i i
ii i i i
p q
e e ee
x x
i i
ii i i i i i
p q
e e ee we
x x
(1 )
ii i i i i
e e we e
(3.11)
e
(1 )
ij j i i
e w e e
(3.12)
Em que:
x
(3.13)
Dessa forma, a obtenção das elasticidades
preço fica facilitada, principalmente
para base de dados que não apresentam informações sobre preços. Este é um dos
motivos principais porqu
e se assume a separabilidade forte, pois a economia de
parâmetros é considerável. Porém, as hipóteses em relação às preferências são muito
restritivas. De forma geral, a matriz S será negativa semidefinida apenas se
0
(de
forma qu
e
0
) e cada elasticidade
renda for positiva. Assim, impede
se a
existência de bens inferiores e permitem
se apenas relações de substituição e não de
complementaridade
(Deaton e Muellbauer, 1980a)
. Estas hipóteses são bastante
irre
alistas e um exame dos dados de qualquer pesquisa de orçamentos familiares tende
a desmenti
las. Um sistema de demanda que assume preferências aditivas é o Sistema
de
Despesas L
ineares (LES), apresentado no capítulo anterior.
56
3.
1
.
3
Preferências Homotéti
cas
Outra hipótese normalmente usada em estudos de demanda é o da
homoteticidade. As preferências são ditas homotéticas se existe uma transformação da
função utilidade que é homogênea de grau um, ou seja, sob alguma normalização da
utilidade, dobrar as q
uantidades
significa dobrar a utilidade (Deaton & Muellbauer,
1980a). Assim:
( ( ))
u F v q
( ) ( )
v q v q
(3.14)
Traçando um paralelo com a teoria da firma, as preferências são ditas
homotéticas se a utilidade pode ser “produz
ida” sob retornos constantes à escala.
Uma conseqüência da homoteticidade é que as declividades das curvas de
indiferença são constantes ao longo de um raio que passa pela origem (Figura 3.1). Se
os preços são constantes e a renda aumenta, o consumo de tod
os os bens aumenta na
mesma proporção. Isso significa que, sob homoteticidade, todos os bens têm
elasticidade
-
renda igual a um (ou curvas de Engel são lineares passando pela origem).
Outra conseqüência é que a composição do orçamento do consumidor é indepe
ndente
do gasto total ou da utilidade. Para verificar este fato, basta identificar a função
dispêndio correspondente à função de utilidade homogênea, que é dada por:
( , ) ( )
c p u ub p
(3.15)
Em que:
( , )
c p u
= função dispêndio.
( )
b p
= função linearmente homogênea e côncava em p.
Diferenciando o log da função dispêndio:
ln ( , ) ln( ( )) ln ( )
ln ln ln
i
i i i
c p u ub p b p
w
p p p
que é independente de u e do gasto
total
.
Como a hipótese de separabilidade forte exposta neste capítulo, a
h
omoteticidade impõe restrições bastante forte e irrealistas nas preferências. O fato de
as elasticidades
renda serem todas unitárias contradiz praticamente todos os estudos
57
de demanda já feitas com pesquisas de orçamentos familiares, que mostram mudanças
n
o padrão de consumo à medida que a renda aumenta.
Figura 3.1
Preferências homotéticas
.
3.
1
.
4
Preferências quase
homotéticas
Para relaxar um pouco as hipóteses pouco realistas da homoteticidade,
Gorman (1961) desenvolveu
o conceito de quase
homoteticidade. Ele difere da
homoteticidade pelo fato de que as curvas de Engel, apesar de ainda serem linhas
retas, não necessariamente precisam passar pela origem. Assim, as elasticidades
renda
(ou dispêndio) não são necessariamente
iguais a um
24
.
Uma estrutura de preferência quase
homotética pode ser obtida adicionando
um “custo fixo” para a função dispêndio das preferências homotéticas de forma que:
( , ) ( ) ( )
c p u a p ub p
(3.16)
Esta representação é conhecida como forma
polar de Gorman. a(p) pode ser
entendida como um custo de subsistência ou custo de vida quando u = 0. Um exemplo
de preferências quase
homotéticas com c(u, p) dado pela forma polar de Gorman é o
modelo LES, em que:
0
1
1
( , )
i
n
n
i i i
i
i
c p u p u p
(3.17)
24
Apesar de tenderem a um quando a renda cresce.
u
1
u
2
Bem 1
Bem 2
58
Em que:
1
( )
n
i i
i
a p p
(3.18)
0
1
( )
i
n
i
i
b p p
(3.19)
Apesar de representarem um relaxamento das hipóteses restritivas da
homoteticidade, as preferências quase
homotéticas ainda impõe restrições fortes,
principalmente por determina
rem curvas de Engel lineares. Como foi discutido no
capítulo dois, as evidências são de que as curvas de Engel são não
lineares,
principalmente para o caso de alimentos e quando se usa um alto nível de
desagregação.
3.
1
.
5
Agregação de Bens.
Uma altern
ativa utilizada para reduzir o número de produtos incluídos na
análise da demanda é a agregação de produtos em categorias mais amplas. Em muitos
casos, estão disponíveis apenas as informações sobre agregados ou existem muitos
produtos consumidos pelos cons
umidores e a agregação é a única alternativa, além da
separabilidade, para lidar com o sempre presente problema da falta de graus de
liberdade na estimação.
As duas abordagens usadas para justificar teoricamente a agregação são
o Teorema do Bem Composto e
o Teorema Generalizado do Bem Composto. O
Teorema do Bem Composto (Hicks (1936); Leontief (1936)) afirma que se os preços
de bens diferentes movem
se juntos de tal forma que a razão de preços é constante,
então estes bens podem ser tratados como um único
bem composto.
O problema com
a abordagem Hicks
-
Leontief é que suas hipóteses são praticamente impossíveis de
serem atendidas.
Em qualquer mercado, mesmo escolhendo substitutos próximos, os
preços relativos tendem a se modificar devido a choques de oferta,
alterações em
tarifas, mudanças na taxa de câmbio, etc. A construção destes agregados é, assim,
pouco realista e, por isso, essa abordagem é pouco utilizada.
Uma abordagem menos restritiva foi desenvolvida por Lewbel (1996) e é
conhecida como Teorema Gene
ralizado do Bem Composto. Este teorema relaxa
as
restrições de Hicks
-
Leontief permitindo que
os preços relativos
varie
m com o tempo,
e assume
apenas
que
as mudanças de preços relativos de bens dentro de um grupo não
59
sejam relacionadas com a taxa de inflaçã
o do grupo.
Basta, assim, ao pesquisador
testar se isto acontece com os dados de que dispõe. Se séries de tempo são utilizadas,
correlações simples podem ser utilizadas s
e os preços são estacionários; c
aso
contrário, testes de co
integração são necessários
.
3.
2
Agregação dos Consumidores
Apesar da maior disponibilidade de dados individualizados de consumo
através das pesquisas de orçamento familiar, em muitos casos ainda trabalha
se com
dados agregados de consumo, em que se dispõe apenas da quantidade c
onsumida
total, dos preços observados e outros dados agregados. No Brasil, por exemplo,
grande parte dos estudos utiliza dados agregados em séries de tempo, geralmente
anuais, para estimar as equações de demanda. No entanto, não nada na teoria do
Consum
idor exposta no Capítulo dois que assegure que as propriedades da demanda
derivadas para o consumidor individual sejam aplicáveis diretamente à demanda
agregada
(Stoker, 1993)
. Esta transição da Microeconomia do comportamento do
consumidor para a análise d
a demanda de mercado é chamada de o “problema da
agregação”. O papel da agregação é fornecer as condições necessárias para que se
possa tratar o comportamento dos consumidores como se fosse o resultado de um
único consumidor maximizador. Isto é conhecido c
omo agregação exata. Nesta seção,
as condições necessárias para que as propriedades das funções de demanda
individuais sejam mantidas pela demanda agregada serão examinadas
25
.
3.2.1
Agregação Linear Exata
Em primeiro lugar, é preciso determinar quais co
ndições são necessárias para a
existência de funções de demanda agregada de for
ma que seja possível escrever a
demanda agregada como função dos preços e do gasto total agregado. Dada a
existência da demanda agregada, é possível discutir se ela é derivada o
u não de uma
função utilidade de um “consumidor representativo”.
Algumas hipóteses iniciais são necessárias para mostrar as condições de
existência da demanda agregada. Em primeiro lugar, será assumido que os gastos
25
Esta seção está baseada em Deaton & Muellbauer (1980a), cap. 6.
60
totais de cada consumidor h, x
h
, são e
genos. Adicionalmente, assume
se que os
consumidores enfrentam os mesmos n preços para os n bens existentes. Esta hipótese
permite que se concentre apenas nas diferenças de dispêndio total entre os
consumidores para determinar as condições de agregação apr
opriadas. Assim, a
agregação exata é obtida apenas pela imposição de restrições nas c
urvas de Engel dos
consumidores
(Gorman, 1953)
Se os preços diferissem entre consumidores, as
condições para agregação exata seriam muito mais restritivas
26
.
Suponha que a
demanda para o bem i pelo consumidor h seja dada por:
( , )
h h h
i i
q g p x
(3.20)
Se há H consumidores, a demanda média é dada por:
1 2
1
1
( , , ,..., ) ( , )
H
H h h
i i i
h
q f p x x x g p x
H
para alguma função f.
(3.21)
A agregação exata é possível se se pode escrever a fun
ção de demanda média
como:
( , )
i i
q g p x
(3.22)
Em que:
x
= dispêndio total médio ou renda média.
Note que a função de demanda agregada não depende da distribuição dos
dispêndios x
h
. Assim, a realocação de
uma unidade monetária de um indivíduo para
outro deve manter a demanda de mercado inalterada. Isso pode acontecer se as
propensões marginais a consumir forem idênticas para cada consumidor, uma
suposição muito pouco realista principalmente quando se pen
sa nas diferenças no
padrão de consumo entre ricos e pobres.
Uma forma funcional que atende a esta condição é a forma polar de Gorman:
h
i
h
i
h
i
x
p
p
q
(3.23)
26
Na realidade, as pesquisas de orçamento familiares
mostram que os valores pagos pelos
consumidores diferem bastante entre si. Isso pode ser resultado de fatores como qualidade do bem,
locais de compra, custos de procura elevados, informação assimétrica, etc. Ver seção 3.5 para uma
discussão dos “preços” na
s POFs.
61
Note que
p
h
i
é indexado por h, mas não
p
i
,
ou seja,
p
i
é igual para
todos os consumidores. Se
p
h
i
ou
p
i
forem negativos, é preciso restringir x
h
de
forma a garantir que todas as demandas sejam não
negativas. Dessa forma, no
agregado, tem
se
:
x
p
p
q
i
i
i
(3.24)
Em que se assume que nenhum dos x
irá fazer com que q
i
seja negativo. Se
não se quiser impor restrições em x
h
, deve
se retirar os interceptos de (3.23) e (3.24),
de forma que
h
i
q
e
i
q
sejam proporcionais a x
h
e
x
.
A função de dispêndio correspondente à especificação das demandas acima é
dada por:
u
p
b
p
a
p
u
c
,
(3.25)
Essa também é uma forma polar de Gorman. A implicação desta função de
dispê
ndio é de que as preferências são quase
homotéticas e as curvas de Engel são
lineares e têm a mesma inclinação, ou seja, os consumidores têm a mesma propensão
marginal a consumir. Além de ser pouco plausível, esta restrição exclui
imediatamente a possibili
dade de existência de bens que somente são consumidos em
altos níveis de renda. Isso ocorre porque a redistribuição de gastos entre ricos e pobres
não pode alterar a demanda agregada e, caso existam bens consumidos apenas em
determinada faixa de renda, est
a restrição não será observada. Dessa forma, para uma
análise de demanda com alto nível de desagregação para produtos, como ocorre com a
POF do IBGE, em que existem bens diferentes consumidos por diferentes parcelas da
população, a agregação exata seria mu
ito pouco realista. Para que ela fosse possível,
seria preciso construir agregados amplos de produtos que juntassem vários bens que
fossem consumidos em todas as parcelas da população
27
.
Outro motivo pelo qual a agregação linear exata não é observada na pr
ática
relaciona
se com as diferenças observadas nas preferências entre os consumidores que
são relacionados de forma não
linear com a renda (gasto total). Como foi visto, os
interceptos da forma polar podem variar entre os consumidores e essa variação
acon
tecerá devido à influência de características como educação, idade, composição
da família, raça, etc. Parece plausível esperar que estas diferenças também sejam
27
Por exemplo, carnes ao invés de filé mignon ou vegetais ao invés de alface
62
relacionadas com a renda de forma não
linear, de forma que a igualdade entre as
respostas dos c
onsumidores seja pouco provável. Uma resposta não
linear a variações
da renda também é mais provável quanto maior o nível de desagregação dos produtos,
pois mudanças de renda causariam respostas não intensivas (variações na demanda
de quem consome) c
omo também extensivas (entrada de novos consumidores no
mercado do bem).
3.2.2
Agregação Não
-
Linear Exata
Ao invés de trabalhar com quantidades, a agregação não
linear exata inicia
se
pela agregação das parcelas orçamentárias de cada consumidor
(Muell
bauer (1975),
1976)
. Assim, a parcela de orçamento agregada média é dada por:
h
i
H
h
H
h
h
h
H
h
h
H
h
h
i
i
i
w
x
x
x
q
p
w
1
1
1
1
(3.26)
Em que:
i
w
parcela do orçamento agregada média.
i
p
preço do bem i;
h
i
q
quanti
dade demandada do bem i pelo consumidor h.
h
x
gasto total (ou renda) do consumidor h.
h
i
w
parcela orçamentária gasta no bem i pelo consumidor h.
H = número de consumidores.
Dessa forma, o padrão de demanda de
mercado é a média ponderada das
demandas individuais e não uma média aritmética simples como na agregação linear.
Os pesos são dados pela parcela de cada consumidor no gasto total de todos os
consumidores. Em geral, a parcela orçamentária média
i
w
é uma função de todos os
preços e do gasto total de cada consumidor. Uma abordagem possível seria restringir
i
w
de forma que ele dependa apenas dos preços e do gasto médio. Esta abordagem
resulta, entretanto, nas mesmas re
strições da agregação linear exata. O que se deseja é
definir um nível representativo de gastos,
0
x
, que pode ser função de todos os preços
63
e da distribuição dos gastos dos consumidores, de tal forma que as funções de
demanda agregada
reflitam o comportamento de um consumidor representativo com
nível de gasto
0
x
. Assim, se necessita a informação do nível representativo de
gastos para estimar as equações ou sistema de demanda ao invés de informações
detalhadas da
distribuição dos gastos entre consumidores, o que é significativamente
mais difícil de obter e trabalhar. Formalmente, pode
se afirmar que um consumidor
representativo existe se se pode definir uma função de utilidade
,
p
x
com uma
função
dispêndio correspondente c(u, p) de tal forma que para o nível de utilidade
,
0
0
p
x
u
, tem
se:
i
h
h
H
h
H
h
h
h
i
i
i
p
p
u
c
x
x
p
p
u
c
u
p
w
w
ln
,
ln
ln
,
ln
,
1
1
0
0
(3.27)
Em que:
,
p
u
c
h
h
= função dispêndio do consumidor h.
,
p
x
u
h
h
h
.
Essa é a condiç
ão necessária para a agregação não
linear exata. A principal
diferença para a agregação linear exata é a hipótese de que o gasto representativo é
uma função dos preços e da distribuição dos gastos entre os consumidores. Para
garantir a existência do consum
idor representativo, é necessário que a função
dispêndio para o consumidor h seja da forma:
)]
),
,
[
,
p
p
b
p
a
u
p
u
c
h
h
h
h
h
(3.28)
Em que
p
a
,
p
b
e
p
h
são funções linearmente homogêneas nos preços
e
p
h
é linearmente homogênea em
p
a
e
p
b
.
p
h
também é côncava em
p
a
e
p
b
, com
p
a
e
p
b
sendo
côncava nos preços, de tal forma que cada
função dispêndio seja côncava em algum intervalo relevante dos gastos. Agregando
todos os consumidores,
p
h
deve somar zero de tal forma que a função dispêndio
para o consumidor representativo s
eja igual a:
64
)]
),
,
[
,
0
p
b
p
a
u
p
u
c
(3.29)
Em que:
p
a
e
p
b
são as mesmas funções definidas acima.
Como u é um argumento dentro da função
, as preferências não são
necessariamente quase
h
omotéticas. Assim, (3.29) é uma generalização da função
dispêndio com a forma polar de Gorman para o caso da agregação linear e, por isso, o
nome dado à condição para a agregação não
linear é linearidade generalizada
generalized linearity
).
3.2.2.1
Os
casos PIGL e PIGLOG
Por definição, sabe
se que o nível representativo
dos gastos totais,
0
x
, será
algum ponto na distribuição de gastos de todos os consumidores. O nível exato é
determinado pelo grau de não
linearidade da curva de Eng
el e pelo vetor de preços p.
Um caso interessante é quando o nível de gastos representativo é independente dos
preços e depende da distribuição dos gastos entre os consumidores
(Muellbauer,
1975)
. Este caso é conhecido como linearidade generalizada inde
pendente do preço,
ou em inglês,
Price Independent Generalized
Linearity
(PIGL). Neste caso, as
funções dispêndio dos consumidores são dadas por:
1
]
1
[
,
h
h
h
h
h
u
p
b
u
p
a
k
p
u
c
(3.30)
Em que:
h
k
escalar que capta as diferenças ente consumidor
es
escalar.
A função dispêndio do consumidor representativo é dada por:
1
0
0
0
]
1
[
,
u
p
b
u
p
a
p
u
c
(3.31)
65
Assim, no caso PIGL, a função dispêndio representativa torna
se uma média
ponderada pela utilidade, de ordem
, entre os índices de preço a(p) e b(p). Quando
0
, a função dispêndio representativa é igual a:
ln
ln
1
,
0
0
0
p
b
u
p
a
u
p
u
c
(3.32)
A forma logarítmica acima é conhecida como PIGLOG. Exemplos de sua
aplicação são os modelos AIDS
e QUAIDS, descritos no capítulo dois, que assim
permitem a agregação não
linear exata.
O parâmetro
nas funções dispêndio acima determina a não
linearidade das
curvas de Engel e, portanto, a relação entre dispêndio representativo e m
édio
em
(Deaton & Muellbauer, 1980a)
. Se
1
, as funções de dispêndio são claramente
lineares
e as curvas de Engel também. Em geral, as curvas de Engel tomam a forma:
k
x
w
i
i
i
no caso PIGL
(3.33)
k
x
w
i
i
i
log
*
*
no caso PIGLOG
(3.34)
Em que
i
e
i
são funções apenas dos preços. Como as parcelas
orçamentárias são dadas por
x
q
p
w
i
i
i
e normalmente pensa
se em curvas de Engel
com a forma
x
f
q
p
i
i
i
, deve
se multiplicar a equação acima por x, de forma que:
k
x
q
p
i
i
i
i
1
(3.35)
Dessa forma, se
1
, as curvas de Engel são quadráticas e se
2
, as
curvas de Engel tê
m ter
mos lineares e hiperbólicos
.
O gasto representativo pode ser encontrado pela combinação das equações
(3.26) e (3.33) (assumindo também, por simplicidade, preferências idênticas entre os
consumidores de tal forma quer
k
h
=1)
(Deaton & Muellbauer, 1980a)
:
0
1
1
1
1
1
1
1
)
(
x
x
x
x
x
w
x
x
w
i
i
H
h
H
h
h
h
i
i
H
h
H
h
h
h
h
i
H
h
H
h
h
h
i
(3.36)
66
Em que o gasto representativo é dado por:
1
1
1
1
0
H
h
H
h
h
h
x
x
x
(3.37)
Essa fórmula vale apenas para o caso PIGL.
0
x
é linearmente homogênea nos
x´s de tal forma que se pode escrever:
x
k
x
0
0
(3.38
Em que
x
é o gasto médio e
0
k
combina os efeitos das curvas de Engel não
lineares com a distribuição do gasto não necessariamente igual entre os consumidores.
Para qualquer nível dado de
,
0
k
pode ser interpretado como um indicador de
dispersão dos gastos com a forma funcional controlada por
. Por exemplo, se
1
e assim as curvas de Engel são quadráticas,
0
k
é dado por:
2
2
0
1
x
k
em que
2
= variância dos gastos.
A expressão (3.38) mostra que se pode usar o nível médio dos gastos como
gasto representativo nos modelos empíricos quando as condições acima forem
atendidas
e os parâmetros estimados das variáveis de gasto forem reinterpretados.
No exemplo acima, assumiu
se a igualdade das preferências dos
consumidores. Entretanto, é provável que o grau de heterogeneidade
28
seja importante
na explicação dos padrões de demanda
e cause diferenças entre os consumidores,
mesmo que estes possuam a mesma renda. Assim, é provável que
k
h
varie
significativamente entre consumidores. Uma abordagem
possível é “deflacionar” x
por k
h
, o que equivaleria a explorar os dados em nível per cap
ita, mas criando escalas
de equivalência para captar as diferenças entre membros de cada família
consumidora
29
. Nesses casos, o nível representativo dos gastos é dado por:
28
Dado por diferenças na composição familiar, educação, idade, região de moradia, etc.
29
Para um exemplo de aplicação
de escalas de equivalência, ver Aguero & Gould (2003).
67
1
1
1
1
0
H
h
H
h
h
h
h
x
k
x
x
O problema com essa abordagem é que ela requer informaçõe
s desagregadas
sobre as características dos consumidores de forma
a
se construir o índice k
h
.
Entretanto, caso essa informação estivesse disponível, provavelmente não se estaria
usando a agregação o
linear e sim um modelo desagregado usando os dados
indi
viduais
30
. O uso da agregação vem como resposta, na maior parte, à falta de dados
disponíveis das unidades de consumo. Uma solução para a agregação que requer este
tipo de informação parece pouco aplicável.
Como as hipóteses necessárias para a agregação co
nsistente dos consumidores
são bastante
fortes, alguns pesquisadores criticam o uso do modelo do consumidor
representativo
31
. De acordo com Stoker (1993), por exemplo, os modelos que usam
agentes representativos não apresentam uma fundação firme na teoria e
conômica e
não existem condições realistas que permitam ‘forçar’ os dados agregados a se
ajustarem às restrições que são características de um problema de otimização
individual.
Ele recomenda o uso de dados individuais
nos estudos de demanda para
captar a
heterogeneidade entre consumidores, muito importante para descrever os
padrões de demanda. Caso seja necessário usar dados agregados, deve
se usar
variáveis que captem a estrutura de agregação ou fatores de agregação
32
que permitam
incluir medidas de hetero
geneidade. assim é possível aplicar as restrições sobre a
demanda prescritas pela teoria do Consumidor. A conclusão de seu artigo
-
resenha
sobre a agregação é que a aplicação, no caso de dados agregados, de restrições
apropriadas para o comportamento ind
ividual é uma prática sem qualquer fundamento
e leva a desvios que são impossíveis de medir com o uso apenas de dados agregados.
A única forma pela qual as restrições de caráter individual são consistentemente
aplicáveis aos dados agregados é através da li
gação dada por uma estrutura de
agregação apropriada.
30
Como o trabalho de Aguero & Gould (2003).
31
Ver Sonnenschein e Schafer (1982) para uma resenha destas críticas.
32
Ver Blundell et al. (1993) para um exemplo de construção de fatores de agregação.
68
3.
3
Séries de tempo versus
corte seccional
em estudos de demanda
Como foi visto no item anterior, o nível de agregação dos estudos de demanda
traz conseqüências importantes e as hipóteses subjacen
tes são geralmente pouco
realistas. A discussão do nível de agregação é praticamente a mesma discussão do uso
de series de tempo ou corte seccional (
cross
-
section
) para estimar equações de
demanda. Geralmente, o uso de séries de tempo se traduz em dados ag
regados para os
consumidores; as informações disponíveis são geralmente apenas de quantidades
totais, os preços e alguma medida de renda. Normalmente, não qualquer medida de
heterogeneidade entre consumidores como idade, raça, composição da família, etc
. No
caso de dados de corte seccional, pelo menos para as últimas décadas, existem
informações detalhadas sobre as diferenças entre consumidores que influenciam o
padrão de demanda, permitindo uma descrição individualizada de como estas
variáveis afetam a
demanda por tipo de alimento. Além disso, as pesquisas de
orçamentos familiares (POFs) permitem a estimação de sistemas de demanda e não
apenas de demandas individuais, o que parece ser mais plausível do ponto de vista da
escolha do consumidor entre várias
alternativas. O grande problema com as pesquisas
de orçamento familiares é a sua disponibilidad
e.
No Brasil, por exemplo, foram
realizadas apenas quatro POFs com abrangência nacional, a primeira apenas no ano de
1975
, conhecida como
ENDEF 1975/76
(IBGE, 1
978
). Apenas duas destas POFs
abrangeram as áreas rurais, que apesar de
incluírem
atualmente cerca de 19 % da
população, concentra grande parte da pobreza e miséria no país.
Dessa maneira, apesar de uma maior disponibilidade nas últimas décadas, o
acesso
a informações desagregadas foi sempre bastante difícil no país
33
. Isso talvez
explique o fato de a maior parte dos estudos de demanda no Brasil usar séries de
tempo, geralmente estimando equações de demanda para produtos individuais. Estes
estudos, de forma
geral, não incluem variáveis que captam as mudanças em aspectos
fundamentais para a compreensão dos padrões de demanda. Por exemplo, mudanças
no padrão demográfico (envelhecimento da população, aumento da proporção de
adolescentes, etc.) certamente têm im
pacto nos padrões de consumo. Ao omitir estas
variáveis, pode
se estar atribuindo à renda ou aos preços impactos sobre a quantidade
consumida que na realidade refletem mudanças na estrutura etária da população. Este
33
E
ste parece ser o caso também nos Estados Unidos, em que pesquisas de orçamentos familiares com
abrangência nacional também são bastante escassas.
69
problema pode estar relacionado com a om
issão de outras variáveis, como educação,
presença de mulheres na força de trabalho etc. Dados individualizados que trazem este
tipo de informação permitem captar a influência deste tipo de variáveis. Outros
exemplos podem ser levantados, como diferenças r
egionais, entre meio urbano e rural
e outros.
Em resumo, parece ser preferível, quando disponibilidade, utilizar dados
desagregados de consumidores individuais que permitem uma melhor descrição da
estrutura de demanda entre os consumidores. Neste trabal
ho, isto será possível com a
utilização da POF 2002/03, que apresenta uma rie de informações úteis à análise da
demanda de alimentos no Brasil
34
.
3.
4
A questão dos preços nas Pesquisas de Orçamentos Familiares
A variável preço é talvez a mais importa
nte na explicação da demanda de um
produto. Entretanto, no caso das
Pesquisas de Orçamentos Familiares
(POFs) seu uso
envolve uma série de controvérsias. Isso se deve principalmente porque em
praticamente todas as POFs a informação de preço pago não está d
isponível. De
forma geral, o que está disponível é a despesa total com a compra do produto e a
quantidade adquirida (em kg ou em unidades) para cada unidade de consumo. A
divisão da primeira pela a segunda resulta no que é conhecido como valor unitário
un
it value
). O problema está no fato de que, formalmente, valor unitário não ser o
mesmo que preço.
Segundo Deaton (1997)
, por exemplo, valores unitários não são o
mesmo que preços e são afetados pela escolha da qualidade assim como pelo preços
atuais que o
consumidor encontra no mercado.
Dessa forma
, a questão fundamental é
que o valor unit
ário envolve a questão da qualidade do bem adquirido. O preço de um
quilo de arroz pode ser diferente entre consumidores por refletir a qualidade do
produto comprado. Este
fato é importante, pois o atributo qualidade é certamente
parte da escolha do consumidor. Dessa forma, o valor unitário não seria exógeno
(como se assumiu que os preços eram no Capítulo dois), mas endógeno e, assim,
deveria ser explicado também pelo model
o. Isso torna a estimação da demanda mais
34
Ver o Capítulo quatro para uma descrição detalhada da POF 2002/03.
70
complexa, pois é preciso inicialmente modelar o valor unitário, ‘filtrando’ o papel da
qualidade nos valores a serem usados na equação de demanda
35
.
O fato de os preços
per se
não estarem disponíveis nas POF’s faz
com que
muitos pesquisadores ignorem esta variável e estimem curvas de Engel ao invés de
curvas de demanda
36
. O argumento é de que no curto período da pesquisa os preços
são constantes e pode
-
se estimar Curvas de Engel sem maior perda de poder
explicativo.
Entretanto, segundo Polinsky (1977), a falha em especificar os efeitos dos
preços ao se trabalhar com dados de corte seccional pode resultar em elasticidades
-
renda viesadas e enganosas. Para Cox e Wohlgenant (1986), a análise de Engel
tradicional pode ser
inapropriada se os preços não são constantes em cross
sections e
todas as evidências parecem apontar para esse fato. Assim, a omissão dos preços não
parece ser a solução adequada para estes casos.
A outra solução possível é tentar modelar o efeito qualida
de de forma a se usar
os ‘preços corrigidos pela qualidade’ nas equações de demanda. Várias correções são
possíveis neste caso
37
. O consenso parece ser que, quanto maior o vel de agregação
dos bens analisados, maior o efeito
qualidade
(Cox e Wohlgenant,
1986)
. Assim,
estudos com alto grau de desagregação são menos suscetíveis a este problema. Além
disso, segundo Cox e Wohlgenant (1986), as diferenças na estimação dos parâmetros
resultantes da falha em se corrigir os preços de dados de corte seccional para
o efeito
qualidade são pequenos para bens homogêneos.
Logo
, neste
estudo, como são
analisados 18 produtos alimentares bastante
desagregados, a variável preço
é
dada pelo valor unitário, calculado pela divisão da
despesa total com o produto pela quantidad
e adquirida para cada unidade de consumo.
3.
5
O uso da variável despesa total ou renda
Outra questão
importante nos estudos de demanda é a escolha entre a variável
renda ou despesa total para ser incluída nas equações a serem estimadas. A escolha da
variável despesa total atende a propriedade da aditividade e assim é recomendada se o
objetivo é construir um sistema de demanda derivado de uma estrutura de
preferências. Além disso, a hipótese de separabilidade fraca permite que se trabalhe
35
Ver Cox e Wohlgenant (1986) para um exe
mplo.
36
Ver Hoffman (2000).
37
Ver Cox e Wohlgenant (1986).
71
com a despes
a total em um determinado grupo de interesse
38
, desde que ele seja
separável dos demais itens da despesa.
O uso da variável renda
39
é, entretanto, mais comum nos estudos de demanda,
seja devido à predominância de estimações de demandas individuais utilizand
o séries
de tempo, onde a variável despesa total não faz muito sentido teórico, seja pela
utilidade de estimativas de elasticidade
renda para recomendações de política
econômica ou análise de cenários de crescimento econômico. Assim, se o objetivo é a
comp
aração dos valores estimados com outros estudos, mostrando a evolução dos
padrões de consumo, a variável renda é a mais indicada. No entanto, seu uso não está
isento de críticas. Além do problema da adequação teórica, outras dificuldades na
utilização d
a renda quando se trabalha com dados de pesquisas de orçamentos
familiares. Medeiros (1978), por exemplo, argumenta que as informações de
rendimento nas POF’s estão muito mais sujeitas a erros de medida e recomenda o uso
da variável despesa total. Phlips (
1974), citando argumento de Prais e Houthakker
(1971), afirma que a renda total inclui toda espécie de componentes transitórios e
assim, não seria um bom indicador da renda “normal”, como ele denomina. A despesa
total, mais estável, seria assim um melhor i
ndicador.
Neste trabalho, ambas as variáveis serão utilizadas separadamente para atender
os objetivos acima e comparar as diferenças resultantes do uso de cada uma. No caso
do uso da despesa total, definindo y como a variável renda e x
G
como a variável ga
sto
total no grupo de interesse G, a relação entre elasticidade
renda e elasticidade
-
dispêndio é dada por:
y
x
x
q
y
q
G
G
i
i
G
i
G
i
G
G
i
i
x
q
y
x
q
x
x
q
y
q
G
i
G
G
G
G
G
i
i
x
q
y
q
q
y
y
q
p
e
y
q
y
q
e
e
y
q
i
G
G
i
i
38
No caso deste trabalho, dezoito produtos alimentares.
39
Que pode ser renda disponível, renda anual
per capita
, renda bruta, ou qualquer informação de
rendimento.
72
G
G
i
i
i
e
e
q
y
y
q
G
G
i
i
e
e
e
Em que:
i
i
i
q
y
y
q
e
elasticidade
-
renda do bem i;
i
G
G
i
G
i
q
x
x
q
e
elasticidade
dispêndio do bem i;
G
G
G
q
y
y
q
e
elasticidade do gasto total no grupo G em relação à renda y.
3.
6
Estimação de equações de demanda no Brasil
inúmeros estudos de demanda no Brasil, abrangendo desde produtos
individuais, usando modelos lineares, a estudos de sistemas de demanda derivados de
uma estrutura de preferências baseada em pesquisas de orçamentos familiares. A
análise destes estudos perm
ite a compreensão de como evoluiu a estimação das
equações de demanda no país nas últimas décadas, assim como a disponibilidade de
dados. É óbvio que não se pretende aqui listar todos os estudos existentes no país, mas
esta seção procurará descrever estudo
s que representem uma amostra do tipo de
análise de demanda feita no país. Ênfase será dada, na parte final, à estimação de
sistemas de demanda, pela oportunidade de comparação posterior com os resultados
deste estudo.
3.
6.1
Primeiros estudos de demanda
Estudos abrangentes sobre a demanda no Brasil, incluindo a estimação de
equações, são relativamente recentes na história do país. A (in) disponibilidade de
dados talvez tenha sido a principal causa dessa falta de estudos. Assim, a a década
de 1960, mui
to poucas informações sobre estimativas de elasticidades
renda e preço
estão disponíveis. Em relação às pesquisas de orçamentos familiares, praticamente
todos os estudos possuíam abrangência local, e continham apenas informações de
73
determinadas parcelas da
população
40
.
Em relação às séries de tempo, pouco havia
sido ainda compilado para permitir estimações de demandas individuais.
A partir da década de 1960, com o aperfeiçoamento dos institutos de pesquisa
no país e a necessidade de atualização dos índices d
e inflação, a disponibilidade de
informações aumentou e permitiu o aparecimento de estimações de equações de
demanda de alimentos que permitiram estimar elasticidades
renda e preço de alguns
produtos. Na seqüência, alguns destes trabalhos serão apresentado
s, sendo
classificados segundo sua fonte de dados (séries de tempo ou corte seccional),
mostrando sua evolução até os dias atuais
41
.
3.
6.2
Estudos utilizando dados de
corte seccional
Em 1967, o Ministério da Agricultura (1967), usando dados de uma POF
feita
no antigo estado da Guanabara pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), estimou
elasticidades
-
renda para 12 tipos de alimentos para diferentes níveis médios de renda
per capita
. As equações continham apenas informações sobre quantidade consumida e
renda, s
em informações de preços. As maiores elasticidades
renda encontradas (acima
de 0,8) foram para carne, leite, ovos, queijo e óleo vegetal enquanto farinha de
mandioca e fubá apresentaram elasticidades muito baixas e decrescentes com a renda.
Usando os mesmo
s dados, além de POF’s locais de Recife e Porto Alegre, a
Fundação Getúl
io Vargas (1974) também calcula
elasticidades
renda para 23 produtos
alimentares e utiliz
a
projeções para o cálculo das mesmas para os anos de 1975 e
1980.
São
usadas equações individu
ais para cada produto e a forma funcional
escolhida vari
a
de produto a produto, sendo as mais usadas a forma linear, a duplo
log
e a semilog, entre outras. Dentre os produtos c
om maior elasticidade, destaca
m
se a
carne suína (0,86), e o leite (0
,
62). Dentr
e as menores, estão
mandioca (
0,03), feijão
0,03) e farinha de milho (
0,14).
Mandell (1971) utiliza os mesmos dados, além de POF’s para algumas cidades
do Nordeste, para estimar elasticidades
renda para o arroz usando formas funcionais
40
Ver anexo 1 para um exemplo da
disponibilidade de POF’s para São Paulo.
41
Grande parte destes estudos procurou estimar apenas curvas de Engel e, assim, não podem ser
formalmente caracterizados como
equações
de demanda.
Entretanto, dada à relevância, eles também
serão descritos aqui.
74
como a duplo
log
e a log
inversa. Seus resultados indicam elasticidades
renda entre
0,558 para as cidades do Nordeste e 0,127 para o estado da Guanabara.
Araújo (1970) estima
elasticidades
renda para 15 alimentos com dados de uma
POF na cidade de Vitória
ES. O interessant
e é que este estudo
procura
investigar a
influência da variável educação na demanda de alimentos. Sua conclusão, de forma
surpreendente, é que esta variável não explica o comportamento do consumo de
alimentos nessa cidade.
Castro (1972) usa
a função duplo
log para estimar elasticidades
renda para
uma série de produtos alimentares com dados de uma POF feita para a cidade de
Piraci
caba. Seus resultados permitem
concluir que as elasticidades
renda são maiores
nos menores estratos de renda e que produtos como c
arnes, verduras e legumes
apresentam elasticidades maiores do que cereais.
Perez (1973) realiza uma POF em Piracicaba e estima
elasticidades
renda para
diversas classes de renda para 19 categorias de produtos alimentares.
São
testadas
várias formas funcion
ais (linear, log
log, log
inversa, semilog,...) e uma poligonal
com ajustamento das equações às diferentes classes de renda (e diferentes
elasticidades). Entretanto, apesar de coerentes com o esperado, seus resultados
são
pouco significativos estatisticame
nte.
Barros (1975) calcula elasticidades
renda para a carne bovina usando dados
para São Luis do Maranhão. Sua conclusão é de que a carne bovina é um bem nor
mal,
com elasticidade igual a 0,
32.
Medeiros (1978) estima curvas de Engel para alimentação e educa
ção na
cidade de São Paulo usando dados da POF calculada pela Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (FIPE) nos anos de 1971/72. Ele modela a demanda através de
uma transformação Box
Cox na variável dependente (gasto na categoria) e na variável
explica
tiva (gasto total) e encontra elasticidades
-
renda decrescentes com a renda para
a alimentação.
Furtuoso (1981) utiliza dados do ENDEF 1974/75 para calcular elasticidades
-
renda da demanda para várias categorias de produtos alimentares, com o objetivo de
de
terminar o efeito de uma redistribuição de renda sobre a demanda de alimentos no
estado de São Paulo. Para a estimação das elasticidades, duas formas funcionais foram
utilizadas: log
inversa e uma poligonal. Seus resultados indicam elasticidades maiores
no
s menores estratos de renda e para categorias como frutas, ovos, leite e queijos e
carnes e pescados.
75
Rossi (1982), usando dados do ENDEF 1974/75, estima curvas de Engel para
a cidade do Rio de Janeiro usando curvas de concentração dos dispêndios dos vário
s
itens do consumo familiar.
Musgrove (1986) utiliza dados do ENDEF 1974/75 para estimar elasticidades
preço e renda para rios produtos alimentares. Além disso, ele procura mensurar o
efeito do tamanho da família no consumo de alimentos. Apesar da dispon
ibilidade de
dados, ele não utiliza um sistema de demandas; as equações são estimadas
separadamente para cada produto. Suas conclusões são de que o consumo de arroz,
macarrão, açúcar e
leite fresco são bastante preço
elásticos. Além disso, as
elasticidades
preço para a zona rural são consistentemente menores do que no meio
urbano. Quanto ao efeito do tamanho da família, para quase todos os alimentos, a
demanda per capita diminui com o aumento da família.
Hoffman (2000) usa dados da POF 1995/96 do IBGE e o m
odelo poligonal
com três segmentos para estimar elasticidades
-
renda para vários produtos alimentares.
Apesar da disponibilidade dos microdados, Hoffman prefere agregar os consumidores
em três grandes estratos de renda e não utiliza medidas de heterogeneida
de entre as
unidades de consumo. Ele também não utiliza um sistema de demanda e as equações
são estimadas separadamente. Seu nível de desagregação de produtos é bastante
elevado, o que permite estimar elasticidades para produtos como filé mignon (
i
e
1,344), queijo minas (
i
e
0,526) e cerveja (
i
e
0,619).
Bacchi e Spolador (2002) também utilizam o modelo poligonal para estimar
elasticidades
-
renda para a demanda de carne de frango no país usando dados
das POF
1987/88 e 1995/96. Seus resultados indicam que o frango é um bem normal, mas que
as partes nobres (peito e coxa) são bens superiores.
Tosta et al. (2003a) estimam elasticidades
-
renda para leite e derivado
s usando
dados da POF 1995/96 e o modelo po
ligonal com três segmentos. Com exceção do
leite fresco, considerado um bem inferior, todos os demais tipos de leite e derivados
são
considerados bens normais.
Tosta et al. (2003
b
) estimam elasticidades
-
renda para a carne suína para o
Brasil e regiões metr
opolitanas utilizando dados das POFs 1987/88 e 1995/96 e o
modelo poligonal com três segmentos. De modo geral, seus resultados para o Brasil
indicam que as carnes suínas são consideradas bens normais, com elasticidades
médias variando de 0,868 (presunto) a
0,390 (carnes com e sem osso) em 1996.
76
Santos et al. (2005) também utilizam o modelo poligonal com três segmentos
para estimar elasticidades
renda para o café torrado e moído para o Brasil e os estados
da região sudeste utilizando dados da POF 2002/2003.
Os resultados indicam que o
café é um bem normal e os consumidores do Sudeste são mais sensíveis
a
mudanças
na renda quando comparados com os consumidores do Brasil como um todo.
3.6.3
Estudos utilizando dados de
séries de tempo
Paniago
(1969) usa dad
os agregados em séries de tempo de 1946 a 1966 para
estimar a equações de demanda de alguns produtos selecionados. Para o caso do arroz,
por exemplo, sua estimativa de elasticidade
renda é de 1,276.
Serrano (1972) estima elastic
idades
preço (própria e cruz
adas) para a batatinha
usando dados semanais para o ano de 1969. Ele utiliza o modelo linear e uma função
potência para a estimação das equações e conclui que a demanda da batatinha é preço
elástica (
2,78) e que ela pode ser considerada como substituta da
cebola.
Sobral (1973) também utiliza séries de tempo para o período de 1950 a 1970 e
estima elasticidades
renda para alguns produtos alimentares. Para o caso do arroz, ela
fica entre 0,320 e 0,391 para os modelos testados em seu trabalho.
Ávila (1973) est
im
a
elasticidades
renda e preço para a carne bovina no Rio
Grande do Sul usando dados de 1947
1970. As equações
são
estimadas por Mínimos
Quadrados Ordinários (MQO) usando a especificação duplo
log. Seus resultados
mostram que a carne bovina tem deman
da in
elástica e é um bem normal;
suas
estimativas são de elasticidade
preço de curto prazo de
0,49 e de longo prazo de
0,64 e elasticidades
renda de 0,26 (curto prazo) e 0,36 (longo prazo).
Brandt et al. (1973) estima elasticid
ade
preço e renda para a carne b
ovina para
a cidade de Manaus usando dados mensais para o período de janeiro de 1970 a
dezembro de 1971. Suas conclusões são de que a demanda é preço
inelástica (
0,6) e a
carne bovina é um bem superior (2,6). O método utilizado foi o de equações
simultâne
as e as carnes de peixe e frango não tiveram influência na demanda de carne
bovina.
Seraphim (1973), utilizando dados mensais de 1969
1972 para a cidade de
Goiânia, estim
a
elasticidades
preço e renda para a carne bovina através de MQO.
Seus resultados tamb
ém indicam que a carne é um bem normal, mas apontam que a
demanda é preço
elástica no longo prazo.
77
Morimoto (1975) usa equações simultâneas para estimar elasticidades
-
renda
para o mercado de peixes em São Paulo, encontrando elasticidades significativas
ape
nas para a sardinha.
Vilas (1975), com dados anuais de 1950
70, utiliza equações lineares para
estimar equações de demanda para o arroz. Sua estimativa de elas
ticidade
renda é
muito baixa (0,
07) em comparação com outros estudos.
Lobato (1982) estima um mod
elo de equações simultâneas para a demanda de
carnes através do método de mínimos quadrados dois estágios (MQ2E) usando dados
anuais de 1960
81. Sua conclusão é que as carnes têm demandas elásticas e o mercado
possui preços interdependentes.
Fiallos (1982)
utiliza séries temporais para calcular a equação de demanda
para o tomate em São Paulo e Campinas. Ele utiliza como formas funcionais o modelo
linear e o duplo
log. Os resultados mostram elasticidades
preço pouco menores do
que um em módulo (demanda inelá
stica) para as duas especificações.
Bacchi (1989) usa uma função de demanda linear e o conceito de
separabilidade fraca para estimar funções de demanda para a carne bovina no Brasil.
Seus dados são séries anuais de 1957
87. O modelo utilizado é o de defasa
gens
distribuídas e os resultados mostram a carne bovina pouco sensível à renda
(elasticidade
renda igual a 0,30) e ao próprio preço (elasticidade
preço de curto prazo
igual a
0,48 e de longo prazo igual a
1.09).
3.
6.
4
Estimação de sistemas de demanda
e modelos derivados de uma
estrutura de preferências no Brasil
A estimação de sistemas de demanda com modelos derivados de uma estrutura
de preferências como aqueles descritos no capítulo dois é um pouco mais raro no
universo de estudos de demanda no Bra
sil. Entretanto, uma boa literatura no
país, com vários trabalhos utilizando uma série de diferentes modelos e base de dados.
As estimativas destes modelos, principalmente aqueles que apresentam alto nível de
desagregação, são importantes na compara
ção com os resultados deste estudo.
Simões e B
randt (1981), por exemplo, usa
m o modelo LES expandido para
analisar as elasticidade
-
preço e renda para categorias amplas contidas no ENDE
F
1974/75, como alimentos, fumo
etc. Apesar de os resultados serem pouc
o relevantes
78
para a comparação com este estudo, a preocupação com as propriedades da
demanda, como o critério da aditividade, que foi observado.
Vale (1983) utiliza
também o modelo LES expandido para analisar a demanda
de produtos agrícolas de fam
ílias rurais na Zona da mata de Minas Gerais.
Fernandes (1988) aplica o modelo Rotterdam para o mercado de carnes usando
dados anuais de 1961 a 1985. Seus resultados indicam, como outros estudos para o
setor, elasticidades
preço cruzadas baixas para os dif
erentes tipos de carnes (boi,
suína
e frango).
Mendes (1990) estima um sistema de equações para produtos lácteos (queijo,
iogurte e leite) usando um modelo linear diferencial. Sua série de dados é anual com
observações de 1970 a 1987 e a estimação utiliza
o modelo SUR (
Seemingly unrelated
regression
). Seus resultados mostram o leite com demanda preço
inelástica (
0,62) e
como um bem superior (1,26) e o queijo também com demanda preço
inelástica (
-
0,27) e como um bem normal (0,87);
Viana (1999) usa o mode
lo Rotterdam para analisar a demanda brasileira de
importação de cereais entre 1970
96.
Asano e Fiúza (2001) utilizam o modelo AIDS para analisar a demanda em
categorias amplas (alimentação, habitação,...) das POF’s de 1987/88 e 1995/96 do
IBGE. Apesar da
disponibilidade dos microdados, eles preferem agregar os
consumidores para 20 faixas de renda, não existindo qualquer preocupação com
medidas de heterogeneidade entre consumidores.
Thomas et al. (1991) utilizam também o modelo AIDS para analisar os
padrõ
es de consumo da população brasileira usando dados do ENDEF 1974/75. A
preocupação é centrada prin
cipalmente no consumo alimentar
. Os preços são
calculados através de valores unitários. Este trabalho procura identificar o impacto da
composição familiar na
demanda de alimentos, identificando, por exemplo, impactos
diferentes para a presença de crianças (ovos e laticínios consumidos em maior
proporção) e mulheres adultas (maior consumo de hortaliças).
Bussinger (1996) utiliza o pouco conhecido sistema de dema
nda Florida
Slutsky para analisar a demanda de alimentos no país usando dados da POF 1987/88
do IBGE. Para evitar o problema do consumo zero
42
, ele utiliza categorias amplas de
produtos (como frutas
e vegetais, pão e massa
s
etc.
). As elasticidades
preço
42
V
er capítulo quatro para maiores detalhes sobre este problema.
79
cal
culadas foram todas menores do que um (em módulo) e muito pequenas, refletindo
provavelmente o nível de agregação das categorias utilizadas. As elasticidades
renda
também foram todas menores do que um, não existindo assim bens superiores na
pesquisa.
Garci
a (1998) utiliza dados da POF de 1995/96 referentes à Região
Metropolitana de Porto Alegre para estimar um sistema de demanda de alimentos
desagregado em dez categorias amplas, usando o modelo AIDS.
Santana (1999) utiliza um modelo de equações aparentement
e n
ão
correlacionadas
para analisar um sistema de demanda de carnes no país entre os anos
de 1990 e 1997. Seus resultados mostram, de forma surpreendente, que a carne de
frango tornou
se um produto complementar das carnes bovina e su
ína no período
.
Bertass
o (2000) estima curvas de Engel para grupos de alimentos usando
dados da POF 1995/96. Entretanto, ela não utiliza um sistema de demanda derivado
de uma estrutura de preferências. A estimação é feita através de um modelo poligonal
e também pelo procedimento
de Heckman. Suas conclusões são de que os brasileiros
das Regiões Metropolitanas tendem a mesclar os padrões ‘tradicional’(que exigem
certa elaboração no domicílio, com
o arroz, feijão, legumes, etc.
) e ‘moderno’
(alimentos de fácil preparo, alimentos pron
tos, alimentação fora do domicílio) na
alimentação.
Menezes et al. (2002) utilizam o modelo QUAIDS para estimar um sistema de
demanda para 39 produtos alimentares usando dados da POF 1995/96. O vel de
desagregação dos produtos é elevado. Entretanto, iss
o é possível com a agregação
dos consumidores em 30 grupos de renda, o que traz uma série de questionamentos
como discutidos no item sobre agregação. De qualquer forma, seus resultados
mostram diferenças nos padrões de demanda entre as várias regiões
brasileiras e a
insuficiência do consumo alimentar no Brasil para as famílias de baixa renda.
Como referência final, deve
se destacar o trabalho de Aguero e Gould (2003)
que utiliza o mesmo procedimento de estimação deste estudo, o procedimento de
Shonkwi
ler e Yen (1999). Usando dados da POF 1995/96, eles procuram construir
escalas de equivalência para comparar padrões de consumo para famílias de diferentes
composições, usando dados agregados para produtos. Sua conclusão é de que o uso de
escalas de equiva
lência realmente é importante para comparar as demandas em
famílias de composição diferente.
80
4
METODOLOGIA
E FONTE DE DADOS
4.
1
Efeito do uso de microdados na escolha da Metodologia
O uso dos dados originais individuais de pesquisas de o
rçamentos familiares
(POFs), conhecidos como microdados, na estimação de equações de demanda de
alimentos permite uma melhor especificação das equações, com a
inclusão de
variáveis que capt
am a heterogeneidade entre os consumidores. Isso permite uma
melhor
descrição dos padrões de demanda dos diferentes grupos, representando uma
maior aderência dos modelos escolhidos à realidade. De acordo com Manchester
(1977), a análise do padrão de consumo das famílias
por meio
do uso de microdados
permite uma melhor est
imação dos parâmetros da equação de demanda e uma
melhora na previsão do consumo futuro em relação aos estudos que utilizam dados
agregados. Além disso, os microdados, em geral, apresentam um maior número de
observações do que qualquer série de tempo dispo
nível, auxiliando no sempre
presente problema dos graus de liberdade, dado o grande número de parâmetros a
serem estimados.
Apesar de o nível de desagregação ser vantajoso no uso de microdados, ele
não deixa de apresentar problemas que devem ser resolvidos
pelo pesquisador. O
maior destes problemas é o fato de o nível de desagregação geralmente resultar num
grande número de famílias não consumindo um produto particular. Este problema,
conhecido como Problema do Consumo Zero (PCZ), impõe uma série de restriç
ões
sobre quais métodos econométricos podem ser usados para estimar de forma correta
as equações de demanda.
81
O Problema do Consumo Zero nas pesquisas de orçamentos familiares pode
surgi
r basicamente de duas causas: baixa
freqüência de aquisições e uma solu
ção de
canto (
corner solution
) para o problema da maximização de utilidade dos
consumidores. A primeira diz respeito ao fato de que os dados das POFs são
geralmente obtidos
por meio
de entrevistas com os consumidores onde se pesquisa o
padrão de consumo du
rante um período determinado, geralmente uma semana. Isso
torna bastante provável a inclusão de consumidores que consomem um determinado
bem, mas que não adquirem o mesmo na semana da pesquisa, seja devido à existência
de estoque doméstico ou simplesmente
pela probabilidade de que o ato de aquisição
tenha ocorrido nas semanas anteriores ou irá ocorrer nas semanas posteriores.
Esses consumidores aparecem na POF como tendo consumo zero numa série de
produtos, quando na verdade o consum
o não é observado ap
enas pela baixa
freqüência das compras do consumidor. A outra causa reside no fato de que, dado o
alto nível de desagregação, o universo de produtos pesquisados numa POF é imenso e
assim é virtualmente impossível que um consumidor consuma todos os produtos
pesquisados. Dessa forma, soluções de canto para o problema da maximização da
utilidade são naturalmente observados para praticamente todos os consumidores e,
assim, o consumo zero é uma escolha das famílias dadas suas preferências e a
restrição orçamentá
ria de cada uma.
O problema da baixa
freqüência de compras representa uma séria dificuldade e
alguns estudos que procuram resolver este problema com resultados pouco
promissores
43
. Além disso, estes estudos lidam apenas com demandas individuais e
não com
sistemas de demanda. A extensão dessa metodologia para o caso de sistemas
de demanda implicaria uma série de problemas num contexto da estimação de dois
estágios, como é utilizado neste estudo. Assim, preferiu
se
não considerar o problema
da baixa
freqüên
cia de aquisições e assumiu
se que o consumo zero observado nos
dados representa uma solução de canto para o problema do consumidor.
A Tabela 4.1 apresenta os dados da proporção de domicílios que apresentaram
informações de aquisição para os produtos alime
ntares escolhidos para análise neste
estudo. Pode
se notar que apenas no caso do produto pão francês a aquisição ocorre
em mais de 50% dos domicílios, sendo que no caso da manteiga a freqüência é de
pouco mais de 5%. Produtos bastante populares como arroz
e feijão, cujo consumo é
43
Ver Gould (1992) e Blundel e Meghir (1987)
.
82
disseminado praticamente em todas as parcelas da população e em todas as regiões do
país, apresentaram baixas freqüências de aquisição, de cerca de 40 %. Parece c
laro
que o problema aqui é de baixa
freqüência de compras. Produtos c
uja freqüência de
aquisição é maior, como o pão francês, cujo ato de compra é muitas vezes diário,
apresentam números mais próximos ao que se poderia esperar em relação à proporção
de consumo. Este fato acaba distorcendo também as parcelas médias gastas co
m a
cesta de 18 produtos, em que o pão francês acaba apresentando o maior valor, com um
total de 15,46 % (Tabela 4.2).
Tabela 4.1
Freqüência de aquisição dos produtos alimentares
,
Brasil
,
2002
2003
Produtos
Proporção de domicílios que
informaram aquisiç
ão do
produto (%)
Açúcar
41,20
Arroz
44,59
Banana
27,67
Batata
21,81
Carne bovina de primeira
21,74
Carne bovina de segunda
26,82
Farinha de mandioca
22,25
Feijão
38,09
Carne de Frango
40,21
Leite em pó
17,23
Leite Flui
do
47,06
Macarrão
29,64
Manteiga
5,38
Margarina
20,70
Pão francês
63,38
Carne
suína
27,78
Queijos
15,80
Tomate
30,15
Fonte: Elaboração do autor
.
Apesar de representar um problema, que a hipótese para a estimação é de
que o cons
umo zero é uma solução de canto para o problema do consumidor, ou seja,
assume
se que o consumidor escolhe consumir zero daquele produto e
não que este é
um problema de baixa
freqüência de aquisições, preferiu
se neste trabalho continuar
83
com os dados nesse
nível de agregação. A maior parte dos estudos sobre demanda no
Brasil, como descritos no capítulo 3, lida com este problema
por meio
da agregação
dos produtos em categorias mais amplas (cereais, verduras, etc.), que diminuem
consideravelmente o problema d
o consumo zero. Outros mantêm a desagregação por
produtos, mas agregam os consumidores por faixas de renda, diminuindo também a
gravidade do problema. Pelas razões expostas no capítulo 3, essas abordagens
apresentam problemas e demandam hipóteses fortes
e pouco realistas. Preferiu
se,
assim, continuar a estimação com este nível de desagregação e analisar os resultados
encontrados, até mesmo para determinar até que ponto as estimativas encontradas são
afetadas pela baixa freqüência de aquisição/consumo do
s produtos analisados.
Tabela 4.2
Parcela média do gasto total com a cesta de 18 produtos
alimentares
,
Brasil
,
2002
2003
Produtos
Parcela Média
(%)
Açúcar
5,91
Arroz
10,33
Banana
2,66
Batata
1,62
Carne bovina de primeira
7,02
Carne bovina de
segunda
7,41
Farinha de mandioca
2,91
Feijão
6,26
Carne de Frango
11,01
Leite em pó
3,28
Leite Fluido
11,25
Macarrão
2,98
Manteiga
0,49
Margarina
1,72
Pão francês
15,46
Carne
suína
5,44
Queijos
2,56
Tomate
1,69
Fonte: Elaboração do autor
.
O
problema do consumo zero, em termos econométricos, significa que é
necessário lidar com a estimação de parâmetros num contexto de variáveis
84
dependentes censuradas. Neste caso, sabe
se que o uso de mínimos quadrados
ordinários produz estimativas viesadas e
inconsistentes
(Greene, 2000)
. Assim, outros
métodos devem ser utilizados.
No caso de demandas individuais, a estimação por Máxima Verossimilhança
do modelo Tobit pode ser utilizado. Já para sistemas de demanda, ou seja, um sistema
de equações com variáve
is dependentes limitadas, apesar de a literatura a respeito ser
considerável
44
, a estimação direta por máxima verossimilhança é extremamente
complicada, principalmente quando a censura ocorre em múltiplas equações, pois é
preciso avaliar integrais múltiplas
na função de verossimilhança (Shonkwiler & Yen,
1999). Além disso, modelos de decisão de apenas um estágio, como o Tobit, assumem
que simultaneidade na decisão de consumir e no total a ser consumido. Haines et
al. (1988) argumentam que a decisão de con
sumo de produtos alimentares deve ser
modelada como um problema de dois estágios, onde não as decisões são separadas
como os determinantes de cada um dos estágios também podem diferir.
É nesse contexto que os modelos de dois estágios para estimação de e
quações
de demanda de alimentos foram desenvolvidos e passaram a dominar a literatura nos
anos 1990. O modelo mais utilizado no período foi desenvolvido por Heien &
Wessels (1990) e utilizado originalmente para um sistema de demanda de 11
categorias de pro
dutos alimentares. Esse modelo é uma aplicação particular do
estimador de Lee (1978), que utiliza variáveis endógenas observáveis, variáveis
endógenas latentes o
observáveis com indicadores dicotômicos e variáveis
dependentes limitadas e censuradas. Lee
(1978) prova que estimadores de dois
estágios resultantes desse procedimento são assintoticamente mais eficientes que
outros estimadores de dois estágios, como o de Heckman (1978) e o de Nelson e
Ols
o
n (1978).
O primeiro estágio do Procedimento de Heien &
Wessels (HW) consiste nas
chamadas “equações de seleção”, que examinam os determinantes da decisão do
consumidor em consumir ou não um determinado produto. Assim, o Modelo Probit é
utilizado em equações para cada produto. Os resultados deste estágio são u
tilizados
para computar uma variável de seleção, a razão inversa de Mills, que é usada como
instrumento para incorporar as variáveis latentes censuradas na estimação do segundo
estágio. Este estágio pode ser estimado
por meio
do uso do modelo SUR.
Shonkwil
er
44
Ver Amemiya (1974), Lee & Pit (1986), (1987), Wales & Woodland (1983).
85
& Yen (1999) provam, entretanto, que o procedimento HW apresenta inconsistências
internas que tornam os resultados pouco confiáveis
45
. De fato, suas simulações de
Monte Carlo mostram problemas graves como reversões de sinal dos parâmetros
estimados, o qu
e pode sugerir que os resultados das aplicações utilizando a
metodologia HW são na realidade o oposto das relações que os dados indicam. Estes
problemas levaram Shonkwiler & Yen a propor um modelo de estimação de dois
estágios nos mesmos moldes de HW, po
m sem as inconsistências internas citadas
anteriormente. Este procedimento é utilizado neste trabalho para estimar o sistema de
equações de demanda para 18 produtos alimentares.
4.2
Método Utilizado: o P
rocedimento de Shonkwiler & Yen
Suponha que
se de
seja modelar a demanda de M produtos alimentícios e que
N famílias no conjunto de dado
s disponível ao pesquisador. O p
rocedimento de
Shonkwiler e Yen aborda este problema como um processo de aquisição de dois
estágios:
Primeiro
estágio
in
i
in
in
Z
d
'
*
*
*
1 se 0
0 se 0
in
in
in
d
d
d
com
M
i
,...,
1
e
N
n
,...,
1
(4.1)
Segundo
estágio
in
i
in
in
e
X
f
y
,
*
(4.2)
*
in
in
in
y
d
y
com
M
i
,...,
1
e
N
n
,...,
1
em que
45
Para maiores detalhes, ver
Shonkwiler & Yen (1999), pág. 973.
86
*
in
d
Va
iável latente representando
a diferença em utilidade entre comprar
ou não o i
ésimo produto;
in
d
Variável dicotômica observada representando se o enésimo consumidor
consome (
1
in
d
) ou não consome
0
in
d
) o i
ésimo produto.
in
Z
Vetor de variáveis exógenas que impactam a decisão do consumidor em
adquirir o produto;
i
Vetor de parâmetros da equação de decisão;
*
in
y
Variável l
atente representando a quantidade consumida de determinado
produto;
in
y
Variável dependente observada representando a quantidade consumida
de determinado produto (geralmente, parcela do gasto total com determinado
produto);
,
i
in
x
f
Forma funcional da função de demanda;
in
X
Vetor de variáveis que impactam a decisão do consumidor em quanto
adquirir do produto;
i
Vetor de parâmetros;
in
e
in
e
= err
os aleatórios.
Seguindo o resultado de Wales e Woodland (1980), Shonkwiler e Yen (1999)
assumem que
,
para cada i
,
os
termos de erro
'
in in
e
sejam distribuídos como uma
normal bivariada com
Cov
in in
e
=
i
. Dessa forma, a esperança condicional e a
esperança não
condicional da variável dependente
in
y
são dadas por:
( ' )
( | 1) ( , )
( ' )
in i
in in in i i
in i
Z
E y d f X
Z
( ) ( ' ) ( , ) ( ' )
in in i in i i in i
E y Z f X Z
em que
'
i
in
Z
= função de densidade de probabilid
ade da distribuição normal
avaliada em
i
in
Z
'
;
87
'
i
in
Z
=
função de distribuição acumulada da distribuição normal avaliada
em
i
in
Z
'
;
Baseado no resultado acima, o sistema de equações em (4.1) pode ser reescr
ito
como:
in
i
in
i
i
in
i
in
in
Z
X
f
Z
y
'
,
'
(4.3)
com
M
i
,...,
1
e
N
n
,...,
1
e
,
|
in
in
in
in
in
Z
X
y
E
y
.
Shonkwiler e Yen (1999) argumentam que este sistema pode ser estimado
usando um procedimento de dois estágios englobando todas as
observações
disponíveis, independente se o bem é consumido ou não pelo consumidor. No
primeiro estágio (Decisão de compra), estimativas
i
de
i
são obtidas usando o
Modelo Probit. Nesse caso, pode
se usar a estima
ção por Máxima Verossimilhança
(MV) para estimar os parâmetros.
As funções de Log
verosimilhanç
a podem ser
representadas por:
LLF
probit
(
,
|
n
in
i
Z
d
=
1
0
'
ln
)]
'
1
ln[
i
in
i
in
Z
Z
]
(4.4)
As estimativas
i
do primeiro estági
o são utilizadas para calcular
'
i
in
Z
e
'
i
in
Z
e estimar os parâmetros
i
e
i
no sistema:
in
i
in
i
i
in
i
in
in
Z
X
f
Z
y
'
,
'
(4.5)
M
i
,...,
1
e
N
n
,...,
1
em
que
)]
'
'
[
,
)]
'
'
[
i
in
i
in
i
i
in
i
in
i
in
in
in
Z
Z
X
f
Z
Z
e
com
0
in
E
88
}
)]
'
[
'
'
{
)}
'
,
2
'
)]
,
)]{[
'
1
[
'
2
2
2
2
i
in
i
in
i
in
i
i
in
i
i
in
i
in
i
in
i
in
i
in
in
Z
Z
Z
Z
X
f
Z
X
f
Z
Z
Var
(4.6)
in
tem a mesma distribuição assintótica de
in
. O sistema de equações do
segundo estágio representado na equaç
ão (4.5) é estimado por máxima
verossimilhança por meio de um SUR não
linear em que a função de Verossimilh
ança
para o enésimo consumidor é
a seguinte:
n
n
n
n
n
n
SUR
M
Z
X
y
LLF
1
,
'
2
1
|
|
ln
2
1
2
ln(
2
,
,
,
|
,
(4.7)
,...,
1
N
n
em que
Mat
riz (M x M) de covariância dos erros para os M produtos;
n
Vetor (M x 1) de erros das equações;
Como as estimativas do probit do primeiro estágio são consistentes, a
maximização da função de Verossimilhança acima produz também esti
mativas
consistentes. Entretanto, como
se pode notar pela expressão (4.6),
in
é
heterocedástico, o que faz com que o estimador de máxima verossimilhança no
segundo estágio seja ineficiente.
Outro problema que surge com uso das estimat
ivas
i
no segundo estágio é
que a matriz de variância
covariância do segundo estágio é incorreta. Murphy &
Topel (1985) provam que o uso de coeficientes estimados de um probit no primeiro
estágio para construção de variáveis no segund
o estágio implica que a matriz de
variância
covariância dos coeficientes do segundo estágio é viesada. Isso ocorre
porque as variáveis não
-
observadas imputadas no segundo estágio são baseadas em
estimativas do primeiro estágio, e não nos valores verdadeiro
s. A matriz de variância
-
covariância dos coeficientes do segundo estágio pode ser corrigida para lidar com esse
problema através do chamado Procedimento de Murphy & Topel: dadas as equações
univariadas do probit no primeiro passo, pode
se definir a verossi
milhança conjunta
89
das decisões discretas de compra dos M produtos,
_1
estagio
LLF
, como a soma das
funções de log
verossimilhança individuais do probit:
1
0
1
,
1
_
'
ln
)]
'
1
ln[
,
|
j
jn
j
jn
n
jn
j
M
j
jn
probit
estagio
Z
Z
Z
d
LLF
LLF
,...,
1
N
n
(4.8)
Dessa função de Verossimilhança, assu
me
se
que
a matriz (ML x ML) de
covariância dos coeficientes do
primeiro
estágio
é bloco
diagonal
:
]
,...,
,
[
,
1
2
,
1
1
,
1
1
n
V
V
V
diag
V
em que
j
V
,
1
Matriz de covariância (L x L) dos coeficientes associados ao j
ésimo
produto.
Representando
2
como a matriz de parâmetros estimados no segundo estágio
e
2
V
a matriz de covariância associada a esses coeficientes, Murphy & Topel (1985)
provam que a estimação de
2
por máxima verossimilhança n
o segundo estágio é
consistente e assintoticamente normal com matriz de covariância
*
2
V
igual a:
2
1
1
1
2
2
*
2
]
'
'
'
[
V
R
CV
C
RV
C
CV
V
V
V
(4.9)
em que
'
2
SUR
SUR
LLF
LLF
E
C
;
'
1
_
2
estagio
SUR
LLF
LLF
E
R
.
Pode
se notar que o desvio
padrão do segund
o estágio (derivado de V
2
) será
sempre menor do que o valor corrigido porque a matriz corrigida de covariância
*
2
V
tem uma matriz positiva definida adicional originária do primeiro estágio. O uso
90
da matriz corrigida
*
2
V
garante a geração de desvios
padrões corretos para os
coeficientes de
2
e assim o uso de testes de hipóteses para melhor compreensão dos
parâmetros das funções de demanda.
Para implementar o procedimento de Shonkwiler e Yen, é nece
ssário escolher
a forma funcional
,
i
in
X
f
da função de demanda. Como descrito no capitulo dois,
a forma funcional escolhida para esse estudo será o modelo QUAIDS, que permite
captar corretamente o comportamento dos consumidores ao longo de
todas as faixas
de renda. É bom lembrar que o modelo QUAIDS tem como variável dependente as
parcelas do gasto total com cada bem. Além diss
o, variáveis que procuram capt
ar a
heterogeneidade entre os consumidores
46
serão adicionadas à especificação QUAIDS.
A
ssim, introduzindo a especificação QUAIDS na equação (4.5), o sistema de
equações a ser estimado será:
2
1 1
ˆ ˆ
( ' )( ln ln ln ) ( ' )
( ) ( ) ( )
n n
i
in in i ik k ij j i i in i in
k j
m m
w Z V p Z
a p b p a p
M
i
,...,
1
e
N
n
,...,
1
(4.10)
em que
in in
in
p q
w
m
parcela do gasto total com o b
em i
para o consumidor n
;
k
V
variáveis demográficas que procuram capturar a heterogeneidade entre os
consumidores;
j
p
preço do bem
j
;
i
q
quantidad
e do bem i;
m
gasto total co
m n bens
(ou renda)
;
.
j
j
n
j=1
p
w
=
p
a
ln
ln
0
.
p
b(p)
k
k
46
Estas var
iáveis serão
definidas no item 4.4.3. Elas englobam basicamente itens como educação,
composição da família, localização, etc.
91
'
i
in
Z
= função de densidade de probabilidade da distribuição normal
avaliada em
i
in
Z
'
;
'
i
in
Z
=
função de distribuição acumulada da distribuiç
ão normal avaliada
em
i
in
Z
'
;
i
ij
i
i
i
,
,
,
,
parâmetros a serem estimados.
O programa econométrico utilizado
para a estimação
é
o GAUSS 6.0
for
Windows
, escolhido pela facilidade na manipulação de matrizes.
4.2.1
O Problema da
s
propriedades da demanda
no P
rocedimento de
Shonkwiler & Yen
Uma das propriedades derivadas da teoria da demanda no capítulo dois e
desejável em qualquer sistema de demanda é a aditividade. Entretanto, no caso do
Procedimento de
Shonkwiler & Yen
, assegurar aditividade das parcelas do gasto é um
grande problema. Isso ocorre porque a imposição das restrições usuais da aditividade
via restrição de parâmetros garante apenas a aditividade das parcelas de gasto latentes,
mas não das par
celas de gasto efetivamente observadas
(Dong et al., 2004)
. A solução
geralmente usada
47
baseada na recomendação de Pudney (1989) para garantir a
aditividade das parcelas observadas é tratar um dos bens do sistema como “bem
residual” e estimar a estrutura d
e demanda dos (n
1) bens escolhidos. Assim,
especifica
se a enésima equação como:
n
n
in
n
n
k
k
n
in
k
n
e
X
f
e
X
f
w
,
,
1
1
1
Em que:
,
i
in
X
f
forma funcional da função de demanda;
1
1
,
1
,
n
k
n
in
k
i
in
n
X
f
X
f
;
47
Ver Yen e Huang (2002).
92
1
1
n
k
k
n
e
e
Garante
se assim que
as (n
1) equações estimadas somadas com a enésima
equação agora totalizam a unidade. Dessa maneira, a função de Verossimilhança é
construída exclusivamente com as primeiras (n
1) equações. As elasticidades do
enésimo bem podem ser calculadas usando as re
strições resultantes da aditividade.
A desvantagem desta solução é que as estimativas dos parâmetros não são
invariantes ao bem escolhido como residual para fins de estimação. Além disso, não
garantia
de
que a parcela de gasto prevista do bem residual
será positiva.
Entretanto, até o momento, esta parece ser a melhor solução para garantir a
aditividade usando este procedimento. A escolha do bem residual deve ser cuidadosa,
geralmente recaindo no bem em que o pesquisador tem menor interesse
48
. No caso do
presente estudo, o bem residual é o açúcar, escolhido com base
na pequena
participação
n
os gastos dos consumidores e na
reduzida
interação com outros bens.
Em relação às demais propriedades, a existência de dois estágios de estimação
tamb
ém dificulta
a im
posição ou teste das restrições. A homogeneidade geralmente é
garantida pelo uso de preços normalizados pela renda
(Yen et al., 2002)
. Entretanto,
quando se utiliza a renda nos dois est
á
gios da estimação
,
como
ocorre
neste estudo
,
não como assegurar a h
omogeneidade dessa forma ou pela imposição de restrições
diretamente nos parâmetros.
A
imposição das restrições de simetria diretamente no
segundo estágio também
é problemática,
pois
seria necessário que a estimação do
prim
e
iro estágio fosse realizada
tamb
ém com a imposição de simetria. Assim, como
não está consolidada ainda na literatura a forma adequada de imposição destas
restrições quando se utiliza o procedimento de
Shonkwiler & Yen
(1999), no presente
estudo elas não serão impostas ou testadas
49
.
48
Geralmente, a cate
goria “outros alimentos”, muito comum nos estudos de demanda de alimentos, é
o
bem
e
scolhido
como residual
. Ver, por exemplo,
Yen e Huang (2002).
49
Aguero e Gould (2003), que também utilizam o procedimento de
Shonkwiler & Yen
(1999), também
preferem estimar seu sistema de demanda sem a imposição de restrições de simetria e homogeneidade.
93
4
.2.2
A questão dos preços no P
rocedimento de Shonkwiler & Yen
Outro problema no caso da estimação pelo
Procedimento de Shonkwiler &
Yen
diz respeito aos preços utilizados. Como toda amostra é utilizada, aqueles
consumidores que não consomem determinado
produto devem ter uma informação do
preço enfrentado de forma a se poder realizar a estimação. Entretanto, essa
informação não está geralmente disponível, e esse é o caso da POF 2002/2003.
Existem métodos que procuram estimar esses preços
por meio
de equaç
ões que
incluem como variáveis explicativas as características de cada consumidor
50
.
Entretanto, Yen et al. (2002) recomendam a utilização de médias regionais como
abordagem mais simples e efetiva para a imputação dos preços. Dessa forma, médias
estaduais d
e preços para cada produto foram calculadas e foram imputadas aos
consumidores que não apresentavam informação de consumo (Tabela 4.3).
50
Ver Erdem et al. (1998).
94
Tabela 4.3
Preços médios estaduais por produto, por unidade da federação
Brasil
2002/2003
P
reços médios estaduais (R$/kg)
Unidades da
Federação
Açúcar
Arroz
Banana
Batata
Carne bovina
de primeira
Carne bovina
de segunda
Farinha de
mandioca
Feijão
Carne de
Frango
Rondônia
1,27
1,52
1,18
1,36
5,26
3,64
1,32
2,13
3,06
Acre
1,42
1,60
0,97
1,82
4,98
3,42
1,08
2,34
3,
66
Amazonas
1,37
1,71
1,38
1,95
5,69
3,93
1,21
2,55
3,08
Roraima
1,31
1,38
1,29
2,27
6,58
4,20
1,50
2,60
3,48
Pará
1,41
1,55
1,05
1,51
5,39
3,70
0,97
2,49
3,39
Amapá
1,39
1,62
1,69
1,57
5,69
3,97
1,09
2,75
3,07
Tocantins
1,44
1,54
1,22
1,49
5,71
4,00
1,28
2,59
3,48
Maranhão
1,38
1,32
1,21
1,43
4,93
3,50
1,10
2,22
3,69
Piauí
1,31
1,34
1,28
1,35
6,03
4,00
1,00
1,99
3,55
Ceará
1,27
1,62
1,08
1,44
6,29
4,51
0,97
1,89
3,44
Rio Grande do Norte
1,26
1,71
1,03
1,23
6,77
4,46
1,12
2,19
3,64
Paraíba
1,18
1,
71
1,07
1,16
6,75
4,74
1,32
2,07
3,65
Pernambuco
1,15
1,74
1,43
1,31
5,98
4,37
1,30
2,22
3,66
Alagoas
1,11
1,66
1,40
1,19
6,02
4,14
1,25
2,04
3,46
Sergipe
1,21
1,78
1,03
1,14
6,52
4,44
1,49
2,14
3,73
Bahia
1,29
1,70
1,18
1,20
6,45
4,68
1,22
2,14
3,57
Minas Gerais
1,16
1,55
1,10
1,04
6,83
4,67
1,19
2,31
3,28
Espírito Santo
1,14
1,56
0,92
1,17
6,67
4,36
1,39
2,24
3,10
Rio de Janeiro
1,35
1,69
1,29
1,11
7,07
4,82
1,46
2,21
3,69
São Paulo
1,24
1,61
1,07
1,14
7,15
4,66
1,63
2,48
3,46
Paraná
1,18
1,55
0,
82
0,97
6,29
4,20
1,55
2,17
1,13
Santa Catarina
1,44
1,59
0,85
0,93
6,03
4,08
1,44
2,07
3,04
Rio Grande do Sul
1,50
1,57
1,00
1,03
6,27
4,18
1,51
2,14
3,10
Mato Grosso do Sul
1,29
1,46
1,22
1,29
5,94
4,13
1,59
2,32
2,97
Mato Grosso
1,34
1,34
2,29
1,50
5,76
4,07
1,94
2,33
3,33
Goiás
1,22
1,50
1,51
1,39
6,29
4,57
1,73
2,45
3,14
Distrito Federal
1,26
1,47
1,39
1,43
7,12
4,35
1,61
2,32
3,41
95
Tabela 4.3
Continuação
Preços médios estaduais (R$/kg)
Unidades da
Federação
Leite em
Leite
Fluido
Macarrã
o
Manteiga
Margarina
Pão francês
Carne
suína
Queijos
Tomate
Rondônia
10,04
0,82
4,21
6,62
5,54
3,75
4,29
7,51
1,21
Acre
9,75
1,02
4,74
8,84
6,64
3,88
5,43
8,48
1,79
Amazonas
9,80
1,30
3,36
7,61
5,33
3,34
5,48
9,12
2,04
Roraima
9,64
1,34
4,93
6,15
5,5
1
3,94
5,50
10,86
1,77
Pará
9,26
0,85
3,88
6,80
4,82
3,77
4,50
9,59
1,55
Amapá
9,30
1,76
3,92
5,80
5,18
3,67
5,07
9,45
1,67
Tocantins
10,39
0,70
4,07
5,60
5,42
4,82
5,13
6,20
1,23
Maranhão
9,28
0,85
4,38
4,94
4,87
3,21
3,70
8,90
1,07
Piauí
8,83
1,12
4
,16
5,78
4,81
3,61
4,15
8,81
1,00
Ceará
9,73
1,07
3,31
6,80
4,75
3,28
4,30
8,22
1,02
Rio Grande do Norte
9,71
1,06
3,07
7,88
5,09
3,10
3,72
9,09
0,88
Paraíba
9,30
0,99
2,98
7,28
4,57
3,03
4,22
8,41
0,84
Pernambuco
8,78
1,06
3,02
8,26
4,41
2,91
4,09
8,3
3
0,87
Alagoas
8,69
1,06
3,30
7,22
4,57
3,04
3,66
9,51
0,86
Sergipe
10,36
0,97
4,14
7,08
5,05
2,96
4,27
9,39
0,92
Bahia
9,75
0,91
3,04
9,20
4,55
3,16
4,96
11,29
0,96
Minas Gerais
11,07
0,86
3,61
7,77
5,15
3,97
4,77
7,18
0,95
Espírito Santo
11,20
0,98
3,93
8,26
5,48
4,29
4,93
9,15
0,87
Rio de Janeiro
9,95
1,29
4,53
9,32
5,58
4,07
5,50
9,99
1,05
São Paulo
9,55
1,15
4,58
6,97
5,01
3,95
5,82
10,67
1,18
Paraná
10,24
0,96
3,84
8,77
4,64
3,63
4,66
10,11
0,97
Santa Catarina
10,31
0,99
4,54
5,37
5,07
4,04
4
,69
8,39
1,06
Rio Grande do Sul
9,92
1,02
4,36
6,54
4,96
3,86
5,28
10,40
1,24
Mato Grosso do Sul
9,94
0,87
4,00
5,88
4,91
3,86
4,65
8,23
1,08
Mato Grosso
10,20
0,89
3,91
6,55
5,54
4,37
4,61
8,03
1,22
Goiás
11,02
0,83
3,80
5,78
4,65
4,49
5,16
6,47
1,12
Distrito Federal
10,99
1,11
5,19
9,28
5,28
4,35
5,64
11,18
1,10
Fonte: Elaboração do autor
a partir dos microdados do IBGE (IBGE, 2004d).
96
4.3
Dados utilizados
Nesse estudo, os dados utilizados para estimação do sistema de demanda são
originários d
os microdados
51
da Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada nos
anos de 2002 e 2003 (POF 2002/2003) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Esta pesquisa tem o objetivo de mensurar as estruturas de
consumo, dos gastos e dos rendiment
os das famílias e possibilita traçar um perfil das
condições de vida da população brasileira a partir da análise de seus orçamentos
domésticos (IBGE, 2004
a
).
A POF 2002/2003 é a quarta pesquisa realizada pelo IBGE sobre orçamentos
familiares. A primeira a
ser conduzida foi o Estudo Nacional de Despesa Familiar em
1974 e 1975 (ENDEF 1974/75) feita em todo território nacional, com exceção das
áreas rurais da região Norte e de parte do Centro
-
Oeste. Nas décadas seguintes, a POF
1987/1988 e a POF 1995/1996 for
am concebidas com o objetivo principal de atualizar
as estruturas de consumo dos índices de preços ao consumidor produzidos pelo IBGE.
Assim, elas foram realizadas apenas nas regiões metropolitanas das principais capitais
brasileiras (Belém, Fortaleza, Rec
ife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São
Paulo, Curitiba, Porto Alegre, o Município de Goiânia e o Distrito Federal).
A POF 2002/2003 apresenta algumas diferenças importantes em relação às
pesquisas anteriores. Em primeiro lugar, a pesquisa foi r
ealizada em todo o território
nacional, incluindo as áreas rurais de todas as regiões do país. O objetivo dessa
expansão foi o de captar de forma mais completa informações detalhadas sobre as
condições de vida de toda a população brasileira, especialmente
as famílias de menor
rendimento. Além disso, pela primeira vez foram consideradas as aquisições não
-
monetárias
52
na pesquisa, muito importantes especialmente nas áreas rurais. Outra
diferença foi também a inclusão de uma pesquisa sobre a opinião das família
s sobre
sua própria condição de vida
53
.
A
seguir
, as principais características da POF
2002/2003 serão resumidamente descritas
54
.
51
IBGE (2004d).
52
Segundo o IBGE (2004a),
“Despesas não
-
monetárias correspondem a tudo que é produzido,
pescado, caçado, coletado ou recebido em bens utilizados ou consumidos durante o período de
referência da pesquisa e que, pel
o menos na ultima transação, não tenham passado pelo mercado”.
53
Esta pesquisa não será objeto desse estudo.
54
Para maiores detalhes, consultar as publicações: IBGE (2004a), IBGE (2004b) e IBGE (2004c).
97
4.
3.1
Características da POF 2002/2003
a) Período de realização da pesquisa
A duração da coleta dos dados da POF 2002/200
3 foi de 12 meses,
especificamente entre julho de 2002 e junho de 2003. Além do período de coleta, foi
definido também o chamado período de referência das informações de aquisições e
rendimentos. Ele diz respeito aos períodos de observação das variáveis pa
ra cada item
da pesquisa, que variam conforme a freqüência de aquisição e os valores unitários de
cada item. Por exemplo, despesas de menor valor, como alimentos, são geralmente
realizadas com maior freqüência e exigem assim períodos de referência menores.
produtos de maior valor, como eletrodomésticos, são despesas com freqüência menor
e cuja memória das informações é preservada por um período mais longo, exigindo
assim maiores períodos de referência. Dessa forma, com o objetivo de ampliar a
capacidade
do informante para fornecer os valores das despesas e quantidades
corretamente, foram definidos quatro períodos de referência: sete dias, trinta dias,
noventa dias e doze meses, segundo os critérios de freqüência de aquisição e do nível
do valor do gasto.
As informações sobre os alimentos, objeto deste estudo, foram
coletados segundo um período de referência de sete dias. Como as entrevistas estão
distribuídas ao longo de um período de doze meses e os períodos de referência são de
até doze meses para algun
s itens da despesa e os rendimentos, as informações estão
distribuídas por um período de até vinte quatro meses. Para comparação destes
valores, sujeitas a mudanças absolutas e relativas de preços, é necessário definir uma
data referencial para que todos o
s valores sejam expressos a preços constantes de uma
determinada data. A data referencial do POF 2002/2003 foi definida como dia 15 de
janeiro de 2003 e assim todos os resultados são expressos a preços constantes deste
dia.
b) Coleta de informações
Para a
coleta de informações sobre os alimentos adquiridos pelas famílias
destinadas ao consumo domiciliar, o IBGE utilizou a chamada Cadern
eta de Despesa
Coletiva
55
, onde foram registradas diariamente e durante sete dias consecutivos, a
55
Ver modelo no Anexo 3.
98
descrição detalhada da ca
da produto adquirido, a quantidade, a unid
ade de medida, a
despesa
, o local de aquisição e a forma de obtenção do produto. As informações
destas aquisições foram fornecidas pela pessoa que administrava ou dirigia este tipo
de despesa no orçamento doméstico
. Estes valores foram posteriormente objetos de
crítica por parte dos pesquisadores do IBGE como forma de se
evitar erros de
preenchimento,
outliers
e informações que não faziam sentido
56
.
As informações sobre quantidades adquiridas e despesa permitiram a
construção de preços médios por produto, parâmetro básico para crítica e imputação
de quantidades adquiridas e não
informadas. De cerca de 820.000 aquisições
registradas de produtos alimentares, 20,3% tiveram quantidades adquiridas não
informadas ou rejeit
adas e tiveram assim a quantidade imputada,
por meio
da divisão
do valor da despesa informada pelos preços médios calculados para as quantidades
obtidas de forma direta dos questionários.
Como foi colocado anteriormente, a distribuição
das informações c
oletadas
nas entrevistas por um período de até 24 meses impôs a necessidade do tratamento do
efeito inflacionário sobre os valores de despesas e rendimentos. Para esse fim, foram
utilizados diferentes indicadores pelo IBGE, definidos em função das caracter
ísticas
dos bens e serviços e dos diversos tipos de rendimentos. Para os produtos de interesse
desse trabalho, foram utilizados as ries históricas do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo
IPCA, dos
Índices de Preços ao Consumidor Amplo regionai
s
de cada uma das 11 áreas pesquisadas pelo IBGE e das variações de preços dos
produtos acompanhados pelo Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor
do IBGE. O IPCA de cada uma das 11 regiões foi utilizado para deflacionar os dados
da respectiva U
nidade da Federação. Nas Unidades da Federação não cobertas pelo
IPCA, adotou
se o IPCA da região que mais se assemelhava aos comportamentos dos
preços dos produtos e serviços e com o padrão dos rendimentos, conforme estudos
desenvolvidos pelos pesquisador
es do IBGE utilizando os próprios dados da POF
2002/2003(IBGE, 2004
a
). Como colocado, determinou
se a data referencial como
15 de janeiro de 2003, o que definiu o ponto para o qual o deflacionamento
transformou todos os valores de despesas e rendimentos
da pesquisa.
56
Como, por exemplo, arroz e
m barra, alcatra em litros, etc.
99
c) Classificação dos gastos
O IBGE classifica os gastos das famílias em três grandes grupos: despesas
correntes, aumento do
ativo
e diminuição do
passivo
. As despesas correntes são
formad
as por dois tipos de despesas: d
espesas de consumo e
outras despesas
correntes. O primeiro subgrupo é formado pelas seguintes categorias: alimentação,
habitação, vestuário, transporte, higiene e cuidados pessoais, assistência à saúde,
educação, recreação e cultura, fumo, serviços pessoais e despesas diversa
s. As outras
despesas correntes são formadas por impostos, contribuições trabalhistas, serviços
bancários, pensões, mesadas, doações e outras.
O grupo “aumento do
ativo
” é integrado pelas seguintes despesas: aquisição de
imóvel, reforma de imóvel, e outros
investimentos.
o grupo “diminuição do passivo” é constituído pelas despesas com
pagamentos de empréstimos, carnês e prestações de imóvel.
A divisão das despesas totais nestes três grupos é mostrada na Tabela 4.4.
Pode
se notar a predominância das despe
sas correntes de consumo, com mais de 90%
das despesas totais. Nesse grupo, destacam
se as despesas de consumo, com mais de
80% das despesas totais das famílias.
Tabela 4.4
Distribuição da despesa total média mensal famili
ar, segundo os
tipos de despesa
,
Brasil
,
2002
2003
Tipo de despesa
Distribuição da
despesa total média
mensal familiar (%)
Total
100,00
Despesas correntes
93,26
De consumo
82,41
Outras
10,85
Aumento do ativo
4,76
Diminuição do passivo
1,98
Fonte: IBGE (2004
b
)
.
O
interesse deste estudo está no grupo alimentação, particularmente na
alimentação feita no domicílio. É interessante, assim, mostrar como as despesas de
consumo são divididas e qual a importância da alimentação feita no domicílio. A
100
Tabela 4.5 e a Figura 4
.1 mostram como a alimentação corresponde a 20,75 % das
despesas de consumo no Brasil, o segundo grupo mais importante, logo depois da
habitação. Em relação às despesas totais, o gasto com alimentação corresponde a
17,10 %. Entretanto, na zona rural, a ali
mentação é a despesa mais importante,
representando mais de 34 % da despesa de consumo, ou seja, mais de um terço das
despesas de consumo é gasta com alimentação. No meio urbano, a proporção gasta em
alimentação (19,58 %) é bem próxima à média nacional.
T
abela 4.5
Participação na despesa de consumo monetária e não
monetária
mensal familiar, por tipos de despesa e
segundo a situação do
domicílio,
Brasil
,
2002
2003
Participação na despesa de consumo
monetária e não
-
monetária mensal
familiar (%)
Situação do
domicílio
Tipos de despesa
Brasil
Urbana
Rural
Alimentação
20,75
19,58
34,12
Habitação
35,50
36,11
28,66
Vestuário
5,68
5,67
5,74
Transporte
18,44
18,49
17,88
Higiene e cuidados pessoais
2,17
2,17
2,14
Assistência à saúde
6,49
6,59
5,39
Educação
4
,08
4,32
1,46
Recreação e cultura
2,39
2,51
1,00
Fumo
0,70
0,68
0,83
Serviços pessoais
1,01
1,05
0,58
Despesas diversas
2,79
2,56
2,19
Fonte:IBGE (2004
b
)
elaboração do autor.
101
Figura 4.1
Participação nas despesas de consumo monetária e não
monetá
ria média
mensal familiar, por tipos
de despesa,
Brasil
,
2002
2003
20,75
35,50
5,68
18,44
2,17
6,49
4,08
2,79
1,01
0,70
2,39
Alimentação
Habitação
Vestuário
Transporte
Higiene e cuidados pessoais
Assistência à saúde
Educação
Recreação e cultura
Fumo
Serviços pessoais
Despesas diversas
Fonte: IBGE (2004b)
Dentro do item alimentação, pode
se dividir as despesas entre alimentação no
domicílio e fora dele. A Tabela 4.6 apresenta os números absol
utos e relativos
contidos na POF 2002/2003, para o Brasil e as zonas urbanas e rurais. A alimentação
no domicílio é responsável por 75,95 % dos gastos com alimentação no Brasil como
um todo. Essa categoria têm maior peso na área rural, em que representa 86
,93 % dos
gastos, contra 74,26 % dos gastos com alimentação no meio urbano. Entretanto, os
valores absolutos são bastante parecidos, refletindo a desigualdade observada nos
gastos totais.
o item alimentação fora do domicílio, como esperado, apresenta va
lores
bem mais elevados na área urbana do que na zona rural. No Brasil, como um todo, a
proporção gasta com alimentação fora do domicílio representa quase um quarto do
gasto total com este item.
102
Tabela 4.6
Distribuição percentual da despesa monetária
e não
monetária
mensal familiar com alimentação, por situação do domic
ílio, segundo o tipo de
despesa,
Brasil
,
2002
2003
Participação na despesa de consumo
monetária e não
-
monetária mensal familiar
com alimentação (%)
Situação do
domicílio
Tipos de despesa
Brasil
Urbana
Rural
Despesa com alimentação
Absoluto (R$)
304,12
311,02
265,73
Relativo (%)
100
100
100
Alimentação no domicílio
Absoluto (R$)
230,98
230,96
231,00
Relativo (%)
75,95
74,26
86,93
Alimentação fora do domicílio
Absoluto (R$)
73,14
80,06
34,73
Relativo (%)
24,05
25,74
13,07
Fonte: IBGE (2004
b
)
.
Nesse estudo, apesar da importância da alimentação fora do domicílio, apenas
o consumo de alimentos no domicílio será pesquisado. Infelizmente, as informações
do cont
eúdo adquirido fora do domicílio o disponibilizadas de forma mais
agregada
57
e também uma dificuldade em se construir os valores unitários que
funcionam como os preços na estimação. Dessa forma, os gastos fora do domicílio
não serão considerados.
d
) C
aracterísticas da Amostra
Na POF 2002/2003, adotou
se um plano amostral conglomerado em dois
estágios, com estratificação geográfica e estatística das unidades primárias de
amostragem que correspondem aos setores da base geográfica do Censo Demográfico
do
ano 2000 (IBGE, 2004
a
). As unidades secundárias foram os domicílios particulares
permanentes. Os setores foram selecionados por amostragem sistemática com
57
As categorias informadas mais importantes são: almoço e jantar. As informações de peso não são
informadas, o que impede a construção de valores unitários para construção da variável preço.
103
probabilidade proporcional ao número de domicílios no setor. Já os domicílios foram
selecionados por
amostragem aleatória simples sem reposição, dentro dos setores
selecionados. Em seguida, os setores e respectivos domicílios selecionados foram
distribuídos ao longo de doze meses da duração da pesquisa, garantindo em todos os
trimestres a coleta de infor
mações em todos os estratos geográficos e sócio
econômicos.
Cada domicílio pertencente à amostra da POF 2002/2003 representa um
determinado número de domicílios da população onde esta amostra foi selecionada.
Com isso, a cada domicílio está associado um pe
so amostral, ou fator de expansão
que, atribuído às características investigadas pela POF, permite a obtenção de
estimativas das quantidades de interesse para o universo da pesquisa.
Uma característica da POF 2002/2003 que difere das POFs anteriores está n
a
definição dos estratos estatísticos (socioeconômicos) da pesquisa. No passado, estes
estratos foram definidos com base nas informações sobre rendimentos dos Censos
Demográficos. Entretanto, para a POF 2002/2003, os dados sobre rendimentos
coletados pelo
Censo 2000 ainda não estavam disponíveis quando se deu o
planejamento da amostra e assim a variável escolhida para substituí
la foi a variável
“anos de estudo” do responsável pelo domicílio. Segundo o IBGE, as análises
realizadas indicaram que esta variáve
l é uma boa
proxy
dos rendimentos dos
responsáveis pelo domicílio.
No final, o tamanho efetivo da amostra foi de 3984 setores, com um número
esperado de 44.248 domicílios com entrevista. Contudo, prevendo a perda de
domicílios por entrevista não
realizada
por diversos motivos (recusa, imóvel fechado,
etc.) foi selecionado um número maior de domicílios por setor (cerca de 25 %), o que
acarretou que a amostra final de domicílios efetivamente entrevistados contivesse
48.470 domicílios (Tabela 4.7).
104
Tabela 4.
7
Número de setores selecionados e domicílios esperados, selecionados e
entrevistados, segundo as unidades da Federação
período 2002
2003
Número de domicílios da amostra
Unidades da
Federação
Número de setores
selecionados
Esperados
Selecionados
E
ntrevistados
Brasil
3984
44248
60911
48470
Rondônia
87
972
1338
1112
Acre
83
890
1198
960
Amazonas
87
966
1319
1075
Roraima
47
518
739
554
Pará
128
1556
2060
1666
Amapá
46
496
685
568
Tocantins
76
826
1175
933
Maranhão
186
2064
2716
2231
Piauí
1
82
1940
2643
2222
Ceará
156
1752
2510
2017
Rio Grande do Norte
132
1410
1919
1548
Paraíba
191
2030
2924
2367
Pernambuco
131
1490
2173
1674
Alagoas
252
2616
3555
2965
Sergipe
102
1086
1497
1143
Bahia
181
2206
3072
2457
Minas Gerais
240
2800
3803
300
4
Espírito Santo
192
2050
2747
2337
Rio de Janeiro
117
1280
1828
1285
São Paulo
161
1890
2646
2017
Paraná
182
2010
2799
2263
Santa Catarina
183
1950
2648
1989
Rio Grande do Sul
147
1650
2186
1850
Mato Grosso do Sul
209
2290
3171
2541
Mato Grosso
21
3
2390
3249
2355
Goiás
193
2240
3097
2356
Distrito Federal
80
880
1214
981
Fonte: IBGE (2004
a
)
.
105
4.4
Estratégia empírica
4.4.1
Produtos escolhidos
Os produtos alimentares pesquisados pela POF 2002/2003 foram classificados
segundo uma base cadast
ral pré
definida pelo IBGE. Ao longo da pesquisa,
entretanto, essa base foi sendo ampliada em função do surgimento de novos produtos
adquiridos pelas famílias ou pela incorporação de produtos regionais não incluídos no
cadastro. No final da pesquisa, esta
base apresentava 5442 descrições de produtos
alimentares, totalizando 1680 tipos de alimentos e bebidas. Obviamente, não é
possível pesquisar todos os alimentos descritos na POF neste estudo e, assim, é
necessário limitar a análise pela escolha de determin
ados produtos ou pela agregação
dos alimentos em categorias mais amplas. A opção deste trabalho é a de trabalhar com
categorias de produtos bastante desagregados, de forma a permitir que as elasticidades
estimadas descrevam com maior precisão as escolhas d
os consumidores frente a
mudanças de preços relativos e da renda. Assim, no universo de produtos alimentares
pesquisados, foram selecionados 18 produtos pela sua importância no orçamento dos
consumidores ou pelas relações de substitubilidade entre eles (Ta
bela 4.8). Como os
microdados da POF apresentam dados muito desagregados, c
om
rias subdivisões
por produto, foi necessário agregar os vários subtipos dos produtos acima de forma a
se obter as categorias desejadas
58
. Essa agregação foi obtida pela ponderaç
ão de cada
subtipo pela parcela da despesa total do subtipo no produto correspondente para cada
consumidor. Isso permite captar de forma mais realista a participação dos subtipos
mais “nobres”, especialmente no caso das carnes, em cada categoria pesquisada
.
58
Ver anexo 2 para os subtipos
agregados em cada categoria.
106
Tabela 4.8
Produtos alimentares selecionados para análise e estimação d
o
sistema de demanda
Produtos selecionados
Açúcar
Leite em pó
Arroz
Leite Fluido
Banana
Macarrão
Batata
Manteiga
Carne bovina de primeira
Margarina
Carne bovina de segunda
Pão francês
Farinha de mandioca
Carne
suína
Feijão
Queijos
Carne de Frango
Tomate
Fonte: Elaboração do autor
.
4.4.2
Amostra utilizada
Para este estudo, alguns ajustes foram feitos na amostra da POF para se iniciar
a estimação.
Em primeiro lugar
, f
oram eliminados todos os domicílios que não
apresentavam informação de rendimento (renda zero) e aqueles que não consumiram
nenhum produto alimentar no período pesquisado. A amostra assim foi reduzida para
45.365 domicílios. Posteriormente, foi realizado u
m exame detalhado nos valores das
quantidades e despesas para cada produto para identificar
outliers
que pudessem
prejudicar
a estimação do sistema de demanda. Foram identificad
a
s 309 observações
que foram descartadas, reduzindo a amostra para 45.056 domic
ílios. A seleção final
consistiu na eliminação dos consumidores que não consumiam nenhum dos 18
produtos alimentares selecionados neste estudo. No final, do total de domicílios da
POF, a amostra usada neste estudo foi de 43922 observações, com uma perda to
tal de
4548 domicílios, o que corresponde a 9,38 % do total.
4.4.3
Descrição das variáveis utilizadas na estimação
É interessante conhecer, antes da estimação dos sistemas de demanda,
a
interação das variáveis utilizadas com o consumo de alimentos e a
s características
principais da amostra. As variáveis utilizadas nos dois estágios da estimação estão
descritas nos quadros 4.1 e 4.2.
107
Quadro 4.1
Variáveis explicativas utilizadas no primeiro estágio de estimação
do
sistema de demanda
Primeiro estágio:
Variáveis explicativas:
Renda familiar mensal;
Dummy regional:
Norte;
Nordeste;
Sul;
Sudeste (será o
default
);
Centro
-
Oeste;
Dummy de situação de domicílio:
Urbano = 1;
Rural = 0.
Dummy de educação do responsável pelo domicilio:
Analfabeto
Primeiro gr
au incompleto;
Primeiro grau completo (será o
default
);
Segundo grau incompleto;
Segundo grau completo;
Superior incompleto;
Superior completo;
Dummy de raça do responsável pelo domicilio:
Negra;
Branca (será o
default
);
Amarela;
Parda;
Outra;
Dummy
captando se a responsável pelo domicílio é mulher:
Mulher = 1;
Homem = 0
Dummy captando se o domicílio tem empregada doméstica :
Possui empregada = 1;
Não possui empregada = 0;
Dummy captando se o domicílio tem geladeira:
Possui geladeira = 1;
Não possu
i geladeira = 0;
Fonte: E
laboração do autor
.
108
Quadro 4.2
Variáveis explicativas utilizadas no segundo estágio de estimação
do
sistema de demanda
Segundo estágio:
Variáveis explicativas:
Renda
familiar
mensal (ou gasto total com a cesta de 18 produtos);
Preços de cada produto;
Dummy de educação do responsável pelo domicilio:
Analfabeto (chamada de ANALFA)
Primeiro grau incompleto (chamada de PRIINC);
Primeiro grau completo (será o
default
);
Segundo grau incompleto (chamada de SEGINC);
Segundo grau com
pleto (chamada de SEGCOMP);
Superior incompleto (chamada de SUPINC);
Superior completo (chamada de SUPCOMP);
Composição familiar (número de membros com idade):
Menor que 6 anos:
Entre 6 e 12 anos;
Entre 13 e 20 anos;
Entre 21 e 59 anos;
Maior que 60 anos.
Dummy de situação de domicílio:
Urbano = 1
Rural = 0
Dummy captando se o domicílio tem geladeira:
Possui geladeira = 1;
Não possui geladeira = 0;
Fonte: E
laboração do autor
.
A inclusão desta
s variáveis, especialmente as variáveis qualitativas, permite a
captação das diferenças entre as demandas de cada família.
Na Tabela 4.9, pode
se
notar como a renda influencia o consumo dos 18 produtos da cesta escolhida. Fica
claro como o padrão de consumo é diferente entre famílias de baixa e alta renda: para
produt
os como carne de primeira, leite fluido e queijos, a relação positiva entre
quantidade consumida e renda é clara. De forma geral, para todos os tipos de carnes,
incluindo a carne bovina de segunda, a relação positiva com a renda ocorre até o
penúltimo estr
ato de renda. Já para produtos como feijão e farinha de mandioca,
observa
se que o consumo decresce com a renda. No caso do arroz e açúcar, o
109
crescimento é observado até a faixa de três salários mínimos, decrescendo a partir daí.
O leite em tem um compo
rtamento parecido, mas observa
se um crescimento na
última faixa de renda. Para batata, tomate e banana, o padrão também é de
crescimento do consumo com a renda, mas em menor grau do que no caso de leite
fluido e carnes. Manteiga, margarina e macarrão tamb
ém têm crescimento com a
renda, apesar de diferenças significativas serem encontradas apenas nos extremos da
distribuição.
Tabela 4.9
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, por classes de
rendimento monetário e não
monetário mensal f
amiliar,
B
rasil
,
2002
2003
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual (kg)
Classes de rendimento monetário e não
-
monetário mensal familiar
(em salários mínimos
1
)
Produtos
Total
Até 2 s.m.
De 2 a 3
s.m.
De 3 a 5
s.m.
De 5 a 8
s.m.
De 8 a 15
s.m.
Mais de 1
5
s. m.
Açúcar
20,429
20,521
23,266
21,852
21,387
18,966
16,217
Arroz
31,578
32,875
36,145
33,683
33,246
29,201
23,768
Banana
7,008
3,985
5,048
6,457
7,363
8,992
9,945
Batata
6,562
2,711
3,863
5,745
7,784
9,045
9,755
Carne bovina de
primeira
6,010
2,2
85
3,459
4,529
6,354
8,760
10,669
Carne bovina de
segunda
7,143
5,969
6,976
7,336
7,790
8,765
5,580
Farinha de
mandioca
7,766
14,184
13,679
8,455
5,639
3,645
2,198
Feijão
12,394
14,690
14,185
13,329
12,147
9,687
10,484
Carne de
Frango
13,419
9,969
12,3
28
13,876
14,899
15,033
13,598
Leite em pó
1,213
1,451
1,516
1,069
1,097
0,980
1,301
Leite Fluido
42,662
23,804
31,220
39,856
47,123
52,842
59,105
Macarrão
4,286
3,943
4,372
4,309
4,288
4,371
4,417
Manteiga
0,324
0,191
0,234
0,238
0,271
0,381
0,661
M
argarina
1,620
0,958
1,485
1,479
1,802
1,964
2,000
Pão francês
12,333
6,941
9,337
11,513
14,019
15,611
15,889
Carne
suína
7,227
4,116
5,023
6,915
8,727
8,627
9,391
Queijos
1,786
0,310
0,711
1,140
1,604
2,426
4,668
Tomate
5,000
2,983
4,849
4,457
4,967
5
,843
7,033
Fonte: IBGE (2004
a
) e elaboração do autor
1
Salário Mínimo equivalente a R$200,00 em 15 de janeiro de
2003
110
Em relação à amostra utilizada no estudo, o r
endimento bruto familiar mensal
médio
foi de R$ 1.525,63 e a d
espesa familiar média mensal
com a cesta de 18
produtos alimentares
foi de R$128,63, 42,30 % da despesa total com alimentos e
55,76 % do total gasto com alimentação no domicílio.
As diferenças regionais também são importantes para a estimação das
equações de demanda dos produtos alim
entares. Na Tabela 4.10, pode
se constatar
como o consumo para alguns produtos se modifica entre as regiões do país: no
Centro
Oeste, por exemplo, destaca
se o consumo de arroz, mais de 76 % maior do
que no Sul, onde o consumo é menor. No caso da farinha d
e mandioca, o consumo no
Norte e Nordeste é mais de 10 vezes maior do que nas demais regiões. O Norte
também se destaca no consumo de carne bovina
e carne de frango
, um resultado
pouco esperado dado o elevado consumo de pescado da região. O Nordeste aprese
nta
consumo geralmente inferior a média nacional; para alguns produtos, entretanto, a
região se destaca, como no consumo de feijão e açúcar. A região Sudeste, ao
contrário, tem médias de consumo superiores à média nacional para maior parte dos
produtos; em
destaque, estão pão francês e tomate. O Sul destaca
se no consumo de
leite fluido, batata e carnes em geral, em especial a carne
suína
.
É importante destacar, entretanto, que grande parte destas diferenças regionais
tem origem nas desigualdades de renda e
ntre as regiões brasileiras, isto é, a maior
concentração de pobres nas regiões Norte e Nordeste. Nas Tabelas 4.11 e 4.12, pode
-
se notar como, apesar de concentrar menos de 28% da população brasileira, a região
Nordeste abriga mais de 50 % do total naciona
l de pessoas que vivem em famílias que
ganham menos de 2 salários mínimos. Já as regiões Sudeste e Sul concentram mais de
75 % das pessoas que vivem em famílias que ganham mais de 15 salários mínimos.
No Brasil como um todo, pouco menos de 50 % das pessoas
vivem em famílias que
ganham até 5 salários mínimos, com cerca de 70 % das pessoas vivendo em famílias
que ganham até 8 salários mínimos. É importante, assim, incorporar ambas as
variáveis, renda e as dummies regionais, para captar com exatidão como estas
características influenciam o consumo dos alimentos pesquisados.
111
Tabela 4.10
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, por grandes
regiões
,
Brasil
,
Período 2002
2003
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual (kg)
Grande
s Regiões
Produtos
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro
-
Oeste
Açúcar
20,429
17,608
21,238
20,809
19,522
19,918
Arroz
31,578
32,743
30,785
32,120
24,963
44,150
Banana
7,008
7,781
5,536
7,699
8,237
4,844
Batata
6,562
2,849
2,970
8,089
12,147
3,947
Carne bovina
de
primeira
6,010
8,512
4,630
6,253
6,201
6,874
Carne bovina de
segunda
7,143
10,386
6,248
6,109
9,999
7,416
Farinha de mandioca
7,766
33,827
15,333
1,427
1,040
1,359
Feijão
12,394
10,129
17,285
11,047
9,271
10,149
Carne de Frango
13,419
16,514
12,320
12,971
15,909
11,833
Leite em pó
1,213
2,275
2,155
0,821
0,389
0,379
Leite Fluido
42,662
19,879
23,449
50,754
63,027
52,565
Macarrão
4,286
3,026
4,579
4,353
4,738
3,139
Manteiga
0,324
0,330
0,368
0,367
0,141
0,258
Margarina
1,620
1,343
1,730
1,596
1
,822
1,204
Pão francês
12,333
10,718
12,180
14,295
9,575
8,552
Carne
suína
7,227
4,698
3,843
8,354
12,373
5,845
Queijos
1,786
0,622
1,023
2,387
2,298
1,373
Tomate
5,000
3,257
4,942
5,505
4,758
4,587
Fonte: IBGE (2004
a
) e elaboração do autor
.
Tabela 4
.11
População residente, por Grandes regiões, segundo classes de
rendimento monetário e não
monetário mensal familiar
janeiro de 2003
População residente
Gra
ndes Regiões
Classes de rendimento
monetário e não
-
monetário mensal familiar
(em salários mínimos)
Brasil
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
Centro
-
Oeste
Total
175.845.964
13.656.416
49.121.848
74.957.518
25.891.789
12.218.393
Até 2 s.m.
1
26.502.399
2.744.049
14.650.375
5.563.740
1.874.213
1.670.021
De 2 a 3 s.m.
23.799.796
2.474.115
9.695.988
7.0
75.498
2.710.974
1.843.221
De 3 a 5 s.m.
37.486.902
3.408.979
10.539.193
14.588.426
6.018.967
2.931.337
De 5 a 8 s.m.
32.103.478
2.321.965
6.195.097
15.807.023
5.568.662
2.210.731
De 8 a 15 s.m.
29.697.923
1.639.720
4.755.306
15.801.691
5.656.468
1.844.
737
Mais de 15 s. m.
26.255.466
1.067.587
3.285.888
16.121.140
4.062.504
1.718.346
Fonte: IBGE (2004
a
)
1
Salário Mínimo equivalente a R$200,00 em 15 de janeiro de 2003
112
Tabela 4.12
Po
pulação residente, por Grandes R
egiões, segundo classes de
rendime
nto monetário e não
monetário mensal familiar
valores relativos
janeiro de
2003
População residente (em porcentagem do total)
Grandes Regiões
Classes de rendimento
monetário e não
-
monetário mensal
familiar (em salários
mínimos)
Brasil
Norte
Nordest
e
Sudeste
Sul
Centro
-
Oeste
Total
100,00
7,77
27,93
42,63
14,72
6,95
Até 2 s.m.
1
15,07
1,56
8,33
3,16
1,07
0,95
De 2 a 3 s.m.
13,53
1,41
5,51
4,02
1,54
1,05
De 3 a 5 s.m.
21,32
1,94
5,99
8,30
3,42
1,67
De 5 a 8 s.m.
18,26
1,32
3,52
8,99
3,17
1,26
De
8 a 15 s.m.
16,89
0,93
2,70
8,99
3,22
1,05
Mais de 15 s. m.
14,93
0,61
1,87
9,17
2,31
0,98
Fonte: IBGE (2004
a
) e elaboração do autor
1
Salário Mínimo equivalente a R$200,00 em 15 de janeiro de
2003
.
A situação do domicílio também é importante para se
entender os padrões de
demanda. A vida no meio urbano, em especial a relação com a alimentação, difere
fundamentalmente do meio rural. A existência de supermercados, uma maior
variedade de opções de alimentos, o maior acesso a informações relacionadas à s
aúde,
um menor tempo disponível para as refeições e outros fatores certamente indicam a
existência de padrões diferentes de consumo de alimentos em relação ao meio rural.
Na tabela 4.13, pode
se notar como no meio rural destacam
se o consumo de arroz,
feij
ão e farinha de mandioca, produtos básicos que também estão relacionados à
menor renda familiar no meio rural. Entretanto, outros produtos como leite fluido e
carne
suína
e até carne bovina de segunda, que não estão inversamente relacionados
com a renda, a
presentam consumo elevado na zona rural. É possível que o papel do
autoconsumo, incluído como despesa não
monetária pelo IBGE, tenha um papel de
destaque na explicação destes valores. No caso do meio urbano, destacam
se o
consumo de carne bovina de primeir
a e pão francês, esse último com consumo
praticamente 3 vezes maior do que na zona rural.
113
Tabela 4.13
Aquisição alimentar domiciliar per capita anual, por situação do
domicílio, segundo os produtos
Brasil
Período 2002
2003
Aquisição alime
ntar domiciliar per capita anual (kg)
Situação do domicílio
Produtos
Total
Urbano
Rural
Açúcar
20,429
18,664
29,010
Arroz
31,578
28,877
44,705
Banana
7,008
7,204
6,053
Batata
6,562
6,697
5,904
Carne bovina de primeira
6,010
6,417
4,034
Carne bovina de se
gunda
7,143
7,071
7,493
Farinha de mandioca
7,766
5,095
20,755
Feijão
12,394
10,235
22,889
Carne de Frango
13,419
13,454
13,241
Leite em pó
1,213
1,286
0,850
Leite Fluido
42,662
39,650
57,304
Macarrão
4,286
4,244
4,487
Manteiga
0,324
0,354
0,176
Ma
rgarina
1,620
1,751
0,982
Pão francês
12,333
13,886
4,782
Carne
suína
7,227
6,809
9,257
Queijos
1,786
1,892
1,267
Tomate
5,000
5,276
3,658
Fonte: IBGE (2004
a
) e elaboração do autor
.
Outra característica importante para a compreensão dos padrões de de
manda é
a composição familiar. O tamanho do domicílio, a presença ou não de crianças, a
influência dos adolescentes, a presença de idosos, etc. influencia no total de alimentos
adquiridos, na composição da cesta e no número de refeições feitas no domicílio
. A
Tabela 4.14 apresenta informações sobre a composição das famílias na amostra
utilizada neste estudo. Pode
se notar que o tamanho médio das famílias na amostra é
de 3,84 pessoas por domicílio; cerca de 70 % dos domicílios possui 4 ou menos
pessoas. Entr
etanto, é de se destacar que 15,12 % dos domicílios possui 6 ou mais
membros, um número bem elevado. Em relação ao número de crianças abaixo de 6
anos, mais de 35% dos domicílios possui pelo menos uma criança. Esse número é
semelhante para o caso de crianç
as entre 6 e 12 anos e a média combinada é de uma
criança com menos de 12 anos por domicílio. No caso dos adolescentes, mais de 42%
dos domicílios possui pelo menos um membro. Os idosos estão presentes em 24% dos
lares.
114
Tabela 4.14
Freqüência de d
istrib
uição do tamanho dos domicílios
em número de residentes
e composição familiar para a amostra utilizada
Tamanho do
domicilio (média =
3,84)
Número de
membros com
idade menor que 6
anos (média = 0,52)
Número de membros
com idade entre 6 e
12 anos (média =
0,48)
Número de
membros com
idade entre 12 e 20
anos (média = 0,66)
Número de
membros com
idade entre 20 e 59
anos (média =
1,86)
Número de membros
com idade mais de
60 anos (média =
0,32)
Número de
domicílios
%
Número de
domicílios
%
Número de
domicílios
%
Número de
domicílios
%
Número de
domicílios
%
Número de
domicílios
%
0
-
-
28232
64,28
28971
65,96
25347
57,71
3616
8,23
33379
76,00
1
3312
7,54
10386
23,65
10076
22,94
11038
25,13
9561
21,77
7267
16,55
2
7326
16,68
3899
8,88
3743
8,52
5261
11,98
23474
53,44
3148
7,17
3
9760
22,22
1099
2,50
959
2,18
1710
3,89
4832
11,00
118
0,27
4
10416
23,71
246
0,56
155
0,35
447
1,02
1691
3,85
8
0,02
5
6465
14,72
47
0,11
13
0,03
98
0,22
539
1,23
1
0,00
6
3131
7,13
10
0,02
5
0,01
17
0,04
148
0,34
1
0,00
7
1597
3,64
2
0,00
0
0,00
4
0,01
47
0,11
0
0,00
8+
1915
4,36
1
0,00
0
0,00
0
0,00
14
0,03
0
0,00
Total
43922
100,00
43922
100,00
43922
100,00
43922
100,00
43922
100,00
43922
100,00
Fonte:Elaboração do autor
.
115
O nível educacional é outra variável imp
ortante para se entender a demanda de
alimentos. Pessoas mais educadas teoricamente tem maior consciência d
a
co
mposição
nutricional daquilo que consomem, preferindo alimentos mais nutritivos. Infelizmente,
não foi possível a inclusão de verduras e muitos l
egumes na amostra, mas espera
se
captar o papel da educação no consumo de carnes, leite e queijos e açúcar. A Tabela
4.15 apresenta os dados do nível educacional entre os domicílios da amostra. É de se
destacar o baixo nível educacional dos responsáveis pe
los domicílios, com mais de 16%
de analfabetos e quase 75 % com, no máximo, o primeiro grau completo. Os domicílios
chefiados por graduados do ensino superior não chegam a 5% do total.
Tabela 4.15
Freqüência de distribuição do nível educacional dos resp
onsáveis
pelos domicílios para a amostra utilizada
Nível educacional do responsável
pelo domicilio
Proporção de domicílios
na amostra (%)
Analfabeto
16,22
Primeiro grau incompleto
7,13
Primeiro grau completo
51,33
Segundo grau incompleto
4,33
Segundo
grau completo
12,96
Superior incompleto
2,35
Superior completo
4,78
Ignorado ou não informado
0,91
Fonte: elaboração do autor
Em relação à variável raça, é possível a existência de especificidades culturais
que favoreçam o consumo de determinado t
ipo de alimento. Assim, incluiu
-
se a variável
raça do responsável pelo domicílio, como for
ma de capt
ar este tipo de influência. A
Tabela 4.16 apresenta a freqüência de distribuição da amostra, destacando
-
se que quase
50 % dos responsáveis declararam
se par
dos nos questionários do IBGE.
116
Tabela 4.16
Freqüência de distribuição da variável raça dos responsáveis pelos
domicílios para a amostra utilizada
Raça do responsável (pessoa de
referência) pelo domicilio
Proporção de domicílios na
amostra (%)
Branca
4
3,55
Negra
6,46
Amarela
0,41
Parda
49,03
Outra
0,55
Fonte: elaboração do autor
.
Outras variáveis incluídas na estimação procuram captar a predisposição do
consumidor em realizar mais refeições no domicilio e o tipo de refeição realizada.
Incluiu
s
e uma variável para captar a presença da mulher como chefe do domicílio,
como forma de determinar se alguma diferença significativa em relação ao
responsável masculino, que a mulher geralmente acumula a responsabilidade pelo
preparo das refeições.Out
ra variável incluída foi a presença de empregadas domésticas
no domicílio. Sua presença pode indicar maior facilidade no preparo de refeições no
domicílio. Já a variável presença de refrigerador é importante para explicar o padrão de
consumo, especialmente
nas classes mais pobres, e a escolha de determinados produtos
como leite fluido ou leite em pó. A Tabela 4.17 indica as freqüências dessas variáveis
na amostra utilizada.
Tabela 4.17
Freqüência de distribuição de variáveis escolhidas para a amostra util
izada
Características do domicilio
Proporção de domicílios na
amostra (%)
Mulher como responsável pelo domicilio
25,78
Presença de empregada doméstica
9,34
Presença de geladeira
80,96
Fonte: elaboração do autor
.
117
5
RESULTADOS E DISCUS
SÃO
Este capítulo apresenta
os resultados da estimação do sistema de demanda para
os dezoito produtos alimentares escolhidos para a análise usando o procedimento de
Shonkwiler e Yen. Ele está estruturado da seguinte forma: na seção 5.1, os resultados do
prime
iro estágio
(decisão de aquisição do produto)
são apresentados, assim como os
efeitos marginais correspondentes. Na seção 5.2, discutem
se os resultados do segundo
estágio (equações de demanda) quando se utiliza a variável gasto total como variável
explica
tiva. Analisam
se também as elasticidades das variáveis utilizadas. A seção 5.3
apresenta os resultados e elasticidades do segundo estágio quando se utiliza a renda
mensal familiar ao invés do gasto total. Na seção 5.4, são apresentados os resultados dos
c
álculos para as elasticidades do açúcar, escolhido como produto residual. Na seção 5.5,
uma comparação dos resultados com alguns estudos sobre demanda é apresentada.
5.1
Resultados
da estimação
do primeiro estágio
(decisão de aquisição do
produto)
5.
1.1 Modelo estimado
O primeiro estágio do procedimento de Shonkwiler e Yen consiste na estimação
de equações utilizando o modelo probit para cada produto alimentar. A variável
dependente é a variável binária que assume o valor 1 se o consumidor adquire o
produto
e zero
,
caso contrário. As variáveis explicativas utilizadas e suas denominações estão
descritas no Quadro 5.1.
118
Quadro 5.1
Variáveis explicativas utilizadas no primeiro estágio de estimação
do
sistema de demanda
Variáveis explicativas:
Constan
te (chamada de ONE)
Logaritmo natural da
r
enda mensal familiar (chamada de RENDA);
Dummy regional:
Norte (chamada de NORTE);
Nordeste (chamada de NORDESTE);
Sul (chamada de SUL);
Sudeste (será o
default
);
Centro
-
Oeste (chamada de CENTRO
-
O);
Dummy de sit
uação de domicílio (chamada de URBANO):
Urbano = 1;
Rural = 0.
Dummy de educação do responsável pelo domicilio:
Analfabeto (chamada de ANALFA)
Primeiro grau incompleto (chamada de PRIINC);
Primeiro grau completo (será o
default
);
Segundo grau incomplet
o (chamada de SEGINC);
Segundo grau completo (chamada de SEGCOMP);
Superior incompleto (chamada de SUPINC);
Superior completo (chamada de SUPCOMP);
Dummy de raça do responsável pelo domicilio:
Negra (chamada de NEGRA);
Branca (será o
default
);
Amarel
a (chamada de AMARELA);
Parda (chamada de PARDA);
Outra (chamada de OUTRA);
Dummy captando se a responsável pelo domicílio é mulher (chamada de MULHER):
Mulher = 1;
Homem = 0
Dummy captando se o domicílio tem empregada doméstica (chamada de DOMESTIC):
P
ossui empregada = 1;
Não possui empregada = 0;
Dummy captando se o domicílio tem geladeira (chamada de REFRIG):
Possui geladeira = 1;
Não possui geladeira = 0;
Fonte: E
laboração do autor
.
119
Os resultados para cada produto estão descritos na Tabela 5.1
59
. Po
de
se notar
que 263 dos 360 coeficientes são significativos, ou 73,06 % do total. Os sinais das
variáveis, em sua maioria, estão também de acordo com o esperado. No caso da renda,
seu aumento parece estar relacionado com uma menor probabilidade de aquisiçã
o para
arroz e açúcar. Para feijão e farinha de mandioca, os coeficientes da renda também são
negativos, porém não significativos estatisticamente. Nos demais produtos, o aumento
da renda causa aumento na probabilidade de aquisição do produto.
Em relação à
s variáveis que captam as diferenças regionais, a maior parte dos
coeficientes é significativo, indicando que diferenças regionais em relação à região
Sudeste (
default
), mesmo controlando
se para as demais variáveis. Esta é uma
conclusão importante, poi
s indica que a
probabilidade de aquisição de
determinado
produto é influenciada por fatores regionais, independente das conhecidas disparidades
regionais de renda. Por exemplo, a probabilidade de consumo de carne suína é muito
maior no Sul do que nas demai
s regiões do país. Da mesma forma, as variáveis Norte e
Nordeste têm influência positiva na probabilidade de aquisição de produtos básicos,
como arroz, feijão, farinha de mandioca, além de leite em e margarina.
A variável
Sudeste influencia positivament
e a probabilidade de consumo de pão francês e
a
variável
Centro
Oeste tem efeito positivo para arroz e leite fluido. Alguns resultados são
surpreendentes, como o coeficiente positivo para o Nordeste no caso de carne bovina de
primeira, um resultado não esp
erado dado que o consumo médio nessa região é menor
do que no Sudeste. Entretanto, como o efeito da renda é positivo para esse produto, a
conclusão parece ser que, controlado para a renda, o consumidor do Nordeste tem maior
probabilidade de adquirir, para
o consumo domiciliar, carne bovina de primeira do que
o consumidor do Sudeste. A maior freqüência de alimentação fora do domicílio no
Sudeste pode explicar também parte deste resultado.
.
59
O
software
utilizado para a estimação foi o GAUSS 6.0
for Windows
, Copyright 1984
-
2003, Aptech
Systems, Inc.
120
Tabela
5.
1
Resultados da estimação do primeiro estágio
(decisão
de aquisição do produto)
,
Brasil
,
Período 2002
2003
AÇUCAR
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
-
0,0420
0,0632
0,0365
0,0625
-
2,0868
**
0,0669
-
2,0514
**
0,0703
-
2,7039
**
0,0715
-
1,1058
**
0,0664
RENDA
-
0,0471
**
0,0082
-
0,0507
**
0,0081
0,1820
**
0,0086
0,1794
**
0,009
0,2347
**
0,0091
0,0244
**
0,0086
NORTE
0,3513
**
0,0226
0,4965
**
0,0225
0,0090
0,0241
-
0,3165
**
0,0255
0,3962
**
0,0246
0,4024
**
0,023
6
NORDESTE
0,5497
**
0,0189
0,5302
**
0,0188
0,2863
**
0,0196
-
0,0821
**
0,02
0,1290
**
0,0211
0,1280
**
0,0202
SUL
-
0,0017
0,0239
0,0714
**
0,0235
0,0525
**
0,024
0,0832
**
0,0238
-
0,0004
0,0255
0,2301
**
0,0244
CENTRO_O
-
0,0448
**
0,022
0,1031
**
0,0216
-
0,2079
**
0,0233
-
0,2861
**
0,0235
0,1181
**
0,0236
0,1679
**
0,0228
URBANO
-
0,1459
**
0,0161
-
0,0905
**
0,016
0,1392
**
0,0176
0,0593
**
0,0186
0,1083
**
0,0189
0,1073
**
0,017
ANALFA
0,1550
**
0,0276
0,0940
**
0,0273
-
0,0585
**
0,029
-
0,1812
**
0,0308
-
0,1238
**
0,0311
0,043
0,0285
PRIINC
0,1218
**
0,0238
0,1023
**
0,0234
-
0,0438
*
0,0245
-
0,0654
**
0,0253
-
0,0450
*
0,0256
0,0103
0,0244
SEGINC
-
0,0294
0,0372
-
0,0424
0,0366
-
0,0294
0,0381
-
0,0348
0,0394
0,0514
0,0391
-
0,0046
0,0379
SEGCOMP
-
0,0788
**
0,0283
-
0,1007
**
0,0279
-
0,00
5
0,0287
-
0,0218
0,0296
0,0398
0,0297
-
0,1383
**
0,0292
SUPINC
-
0,2509
**
0,049
-
0,2919
**
0,048
-
0,0417
0,0469
-
0,1035
**
0,0485
-
0,0701
**
0,0483
-
0,3170
**
0,0511
SUPCOMP
-
0,0862
**
0,0391
-
0,1880
**
0,0387
-
0,0224
0,0382
-
0,1525
**
0,0395
-
0,1011
**
0,0393
-
0,
3354
**
0,0415
NEGRA
0,0347
0,0264
0,0504
*
0,0262
-
0,1550
**
0,0286
-
0,1366
**
0,0303
-
0,1999
**
0,0312
0,1003
**
0,0274
AMARELA
-
0,0845
0,101
0,0586
0,0972
-
0,0878
0,1016
-
0,0349
0,1038
0,1892
*
0,0984
0,1261
0,0995
PARDA
0,0577
**
0,0141
0,0649
**
0,014
-
0,05
40
**
0,0148
-
0,0479
**
0,0156
-
0,0751
**
0,0156
0,0564
**
0,0148
OUTRA
-
0,1262
0,0845
-
0,2234
**
0,0841
-
0,0922
0,0901
-
0,1068
0,0984
-
0,0519
0,0934
-
0,0991
0,0901
MULHER
-
0,0881
**
0,0145
-
0,1478
**
0,0143
0,0290
*
0,015
-
0,0111
0,016
-
0,0344
**
0,0161
-
0,0698
*
*
0,0152
DOMESTIC
-
0,0427
*
0,0241
-
0,008
0,0238
0,0837
0,0237
0,0776
**
0,0247
0,1286
**
0,0241
-
0,0934
**
0,0254
REFRIG
-
0,1118
**
0,0178
-
0,1303
**
0,0177
0,1272
0,0196
0,2394
**
0,0219
0,2099
**
0,0219
0,1094
**
0,0189
Continua na pagina seguinte...
Os coefi
cientes em negrito são significativos a 5 % (**) e 10 % (*)
121
Continuação
Tabela 5.1
FARINHA
DE MAND.
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
LEITE FLUIDO
MACARRAO
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
-
1,0916
**
0,0744
-
0,3646
**
0,0634
-
1,2275
**
0,0625
-
1,9531
**
0,0781
-
0,8323
**
0,0632
-
0,8930
**
0,0647
RENDA
-
0,0137
0,0095
-
0,0034
0,0082
0,1169
**
0,0081
0,0360
**
0,0099
0,1428
**
0,0082
0,0318
**
0,0084
NORTE
1,0535
**
0,0266
0,2709
**
0,0229
0,2271
**
0,022
3
1,0723
**
0,0292
-
0,5487
**
0,0226
0,0710
**
0,0235
NORDESTE
0,8294
**
0,0236
0,5261
**
0,0191
0,2552
**
0,0185
0,9776
**
0,0263
-
0,4613
**
0,0185
0,2495
**
0,0193
SUL
-
0,2550
**
0,0356
0,0554
**
0,0241
0,0692
**
0,0229
-
0,1165
**
0,0379
0,1351
**
0,0231
0,1039
**
0,
0238
CENTRO_O
-
0,2111
**
0,0313
0,0317
0,0222
-
0,1211
**
0,0215
-
0,1597
**
0,0354
0,1247
**
0,0212
-
0,0788
**
0,0226
URBANO
-
0,1347
**
0,0181
-
0,1997
**
0,016
-
0,0238
0,016
0,2476
**
0,0208
-
0,1303
**
0,0164
0,0092
0,0166
ANALFA
0,2101
**
0,0325
0,1693
**
0,0277
-
0,0043
0,0272
-
0,1845
**
0,0337
-
0,0705
**
0,0277
-
0,0435
0,0284
PRIINC
0,1412
**
0,0291
0,1232
**
0,0239
0,0536
**
0,0232
-
0,0753
**
0,0293
0,0128
0,0236
0,0389
0,0242
SEGINC
0,0265
0,0446
-
0,0623
*
0,0375
-
0,0710
*
0,0363
-
0,0007
0,0444
-
0,0087
0,0368
0,0244
0
,0376
SEGCOMP
-
0,051
0,0348
-
0,1203
**
0,0286
-
0,1146
**
0,0276
0,0245
0,0341
-
0,0358
0,0279
-
0,0134
0,0287
SUPINC
-
0,2227
**
0,0628
-
0,3034
**
0,05
-
0,3073
**
0,0466
-
0,1806
**
0,0595
-
0,1451
**
0,046
-
0,1623
**
0,0488
SUPCOMP
-
0,1885
**
0,0515
-
0,1771
**
0,0397
-
0,2959
**
0,0377
-
0,0006
0,0471
-
0,1578
**
0,0376
-
0,0835
**
0,0392
NEGRA
0,1713
**
0,0301
0,0108
0,0265
0,0564
**
0,026
0,1187
**
0,0323
-
0,2023
**
0,0265
-
0,0723
**
0,0275
AMARELA
0,0181
0,1262
-
0,14
0,1034
-
0,0469
0,0966
-
0,0397
0,1329
-
0,3049
**
0,0957
-
0,0
99
0,1023
PARDA
0,0939
**
0,0164
0,0453
**
0,0142
0,0305
**
0,0139
0,0804
**
0,0173
-
0,1470
**
0,014
0,0028
0,0145
OUTRA
0,0039
0,0948
-
0,2391
**
0,0865
-
0,1875
**
0,0852
-
0,0764
0,1029
-
0,3111
**
0,0866
-
0,1383
0,0891
MULHER
-
0,0956
**
0,0169
-
0,1487
**
0,0146
-
0,0401
**
0,0142
0,0069
0,0174
-
0,0068
0,0144
-
0,0747
**
0,0149
DOMESTIC
-
0,1604
**
0,0297
-
0,0426
*
0,0243
-
0,0516
**
0,0234
0,001
0,0285
0,0499
**
0,0235
-
0,0176
0,0243
REFRIG
-
0,1701
**
0,0192
-
0,0860
**
0,0178
0,1132
**
0,0178
-
0,0681
**
0,0209
0,2685
**
0,0184
0,0535
**
0,0185
Continua na pagina seguinte...
Os coeficientes em negrito são significativos a 5 % (**) e 10 % (*)
122
Continuação
Tabela
5.
1
MANTEIGA
MARGARINA
PÃO FRANCES
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
-
2,8002
**
0,104
-
2,0402
**
0,0709
-
1,5373
**
0,0664
-
1,1339
**
0,0659
-
3,4975
**
0,0826
-
1,9865
**
0,0659
RENDA
0,1476
**
0,0131
0,1186
**
0,0091
0,1972
**
0,0086
0,1173
**
0,0085
0,3516
**
0,0104
0,1570
**
0,0084
NORTE
0
,1087
**
0,0334
0,1982
**
0,0259
-
0,1767
**
0,0239
-
0,4123
**
0,0238
-
0,3902
**
0,0297
0,0966
**
0,0238
NORDESTE
0,0178
0,0283
0,4473
**
0,0213
0,0308
0,0201
-
0,2527
**
0,0191
-
0,1029
**
0,0224
0,4104
**
0,0194
SUL
-
0,5461
**
0,0438
0,1757
**
0,0259
-
0,5226
**
0,0241
0,1192
**
0,0229
0,0131
0,0257
-
0,0683
**
0,0243
CENTRO_O
-
0,4802
**
0,0391
-
0,0151
0,0252
-
0,4033
**
0,0224
-
0,4005
**
0,0223
-
0,2839
**
0,0259
-
0,0277
0,0226
URBANO
0,1569
**
0,0293
0,1216
**
0,0187
0,7437
**
0,0163
-
0,0112
0,017
0,0815
**
0,0226
0,1464
**
0,017
2
ANALFA
-
0,1271
**
0,0472
-
0,1979
**
0,0309
-
0,3572
**
0,0288
-
0,0879
**
0,029
-
0,3501
**
0,0368
-
0,1107
**
0,0286
PRIINC
-
0,0094
0,0387
-
0,0332
0,0257
-
0,1642
**
0,025
0,0093
0,0244
-
0,1774
**
0,028
-
0,0254
0,0241
SEGINC
0,0845
0,0571
0,0186
0,0396
-
0,0223
0,
0392
-
0,0091
0,0381
0,0344
0,0425
0,0284
0,0373
SEGCOMP
0,0594
0,0441
-
0,0019
0,0302
0,0822
**
0,0303
-
0,0483
*
0,0289
0,1142
**
0,0316
-
0,0286
0,0284
SUPINC
0,0554
0,0685
-
0,1227
**
0,0504
-
0,1232
**
0,0501
-
0,1537
**
0,0484
0,1577
**
0,0491
-
0,0671
0,0467
SU
PCOMP
0,0521
0,0561
-
0,0904
**
0,0409
-
0,1171
**
0,0415
-
0,1611
**
0,0391
0,2190
**
0,0403
-
0,1208
**
0,0382
NEGRA
0,0734
*
0,0427
-
0,0357
0,0299
-
0,0543
**
0,0274
0,0467
*
0,0274
-
0,1661
**
0,0348
-
0,0652
**
0,0278
AMARELA
-
0,1394
0,1703
-
0,3027
**
0,1194
0,024
0,
1013
0,1085
0,0987
-
0,2356
**
0,115
0,2083
**
0,0961
PARDA
0,0324
0,023
-
0,0138
0,0157
-
0,0101
0,0148
0,0262
*
0,0148
-
0,1801
**
0,0178
-
0,0081
0,0145
OUTRA
0,0032
0,1395
-
0,2446
**
0,103
-
0,2145
**
0,0888
-
0,1730
*
0,0935
-
0,3244
**
0,1243
-
0,1796
**
0,092
MULH
ER
0,0241
0,0233
-
0,0004
0,016
0,0416
**
0,015
-
0,0713
0,0152
0,0577
**
0,0181
-
0,0513
**
0,0149
DOMESTIC
0,0823
**
0,0341
-
0,0819
**
0,0257
-
0,0633
**
0,0257
-
0,0409
*
0,0245
0,0737
**
0,0257
0,0594
**
0,0237
REFRIG
0,1161
**
0,0322
0,1896
**
0,0209
0,3547
**
0,018
2
-
0,0149
0,0191
0,2845
**
0,0291
0,2051
**
0,0192
Fonte: Dados da Pesquisa
.
123
No caso das variáveis que procuram captar o efeito do nível educacional do
responsável pelo domicílio na probabilidade de aquisição, grande parte dos coeficientes
das variáveis ‘s
egundo grau incompleto’ e ‘segundo grau completo’ não é significativo.
Isso indica que pouca diferença na probabilidade de aquisição para domicílios com
responsáveis com primeiro grau completo e segundo grau, completo ou não. Entretanto,
os coeficientes
para as variáveis ‘analfabeto’, ‘superior incompleto’ e ‘superior
completo’ são na maior parte significativos, sendo que os sinais são na maior parte
negativos. No caso de responsáveis analfabetos, são observados valores positivos para
açúcar, arroz, fari
nha de mandioca, feijão e carne bovina de segunda
(este último, com
coeficiente não significativo)
e negativos para os demais produtos. No caso de variáveis
indicativas de curso superior, co
m exceção de queijos
e manteiga (este último tem
coeficiente não s
ignificativo)
, todos os coeficientes são negativos, indicando menores
probabilidades de aquisição na comparação com lares chefiados por pes
soas com apenas
o primeiro grau
completo. A explicação para esse resultado pode estar na menor
proporção de refeições
realizadas no domicílio para aqueles com curso superior, que
causaria naturalmente uma menor probabilidade de aquisição para consumo domiciliar.
Além disso, a demanda por alimentos energéticos (arroz, açúcar, farinha de mandioca,
etc.) tende a ser maior p
ara aqueles que executam trabalhos manuais, como os
analfabetos e aqueles com primeiro grau incompleto, em relação aos trabalhadores com
maior escolaridade.
No caso da variável que capta as diferenças entre o meio urbano e rural, os
coeficientes não foram
significativos apenas para o caso do frango, macarrão e carne
suína. Em relação aos sinais dos coeficientes, os resultados foram de acordo com o
esperado, com valores negativos para os produtos mais energéticos (açúcar, arroz,
farinha de mandioca, etc.), i
ndicando maior probabi
lidade de consumo na zona rural, e
valores positivos para produtos como pão francês, carne bovina, queijos, leite em pó,
entre outros, cuja probabilidade de consumo é maior no meio urbano.
No caso de variáveis que captam a influência
da raça na probabilidade de
aquisição, 30 dos 72 coeficientes não são significativos, especialmente no caso das
variáveis ‘amarelo’ e ‘outra’. Dessa forma, na maior parte dos casos, a diferença entre
os domicílios chefiados por indivíduos que se declararam
amarelos ou de outras raças
(que não brancos, negros ou pardos) e os domicílios chefiados por brancos foi
insignificante. No caso de negros e pardos, parece haver uma influência positiva na
probabilidade de aquisição de açúcar, arroz, carne bovina de segu
nda, farinha de
124
mandioca, entre outras e negativa para leite fluido, carne bovina de primeira, banana,
batata, tomate e queijos.
No caso da variável ‘mulher’, que representa o fato d
e
o responsável pelo
domicílio ser do sexo feminino, a maior parte dos coe
ficientes é significativo e
negativo, com destaque para as carnes em geral, açúcar, arroz e feijão. No caso de leite
e derivados, a influência da mulher não é significativo, com exceção de Queijos, onde
ela exerce influência positiva. No
s
caso
s
da banana
e
pão francês
, esta variável tem
influência positiva na probabilidade de aquisição. É difícil identificar uma explicação
para o comportamento desta variável. A hipótese de que as mulheres, com maior
preocupação com a saúde do que os homens, pudessem determi
nar uma alimentação
mais rica em frutas e verduras no domicílio, não pôde ser testada adequadamente, pela
reduzida quantidade de produtos na cesta escolhida, ou seja, não se sabe se a menor
prob
abilidade de consumo apresentada
na maior parte dos produtos d
a cesta significa
efetivamente uma escolha de outros produtos não incluídos, como frutas e verduras. O
fato é que domicílios chefiados por mulheres têm menor probabilidade de aquisição dos
produtos da cesta.
As demais variáveis, doméstica e geladeira, proc
uram identificar a influência da
presença de empregada doméstica e refrigerador no domicílio, respectivamente, sobre a
probabilidade de aquisição dos alimentos. No caso da variável doméstica, os resultados
foram o oposto do esperado. A presença de empregad
a doméstica no domicílio diminui
a probabilidade de aquisição de feijão e carnes em geral, com exceção da carne bovina
de primeira. Para o arroz,
o coeficiente d
essa variável não é significativo. Apenas para
batata e tomate (e alguns outros produtos, como
leite e derivados, cuja expectativa era
nula), os valores foram positivos. A expectativa inicial era de que o fato de possuir
empregada doméstica tornasse mais provável a realização de refeições no domicílio,
pois representaria uma solução para a restrição
de tempo no preparo das mesmas, pela
presença de uma profissional responsável pela preparação
60
. A explicação pode estar no
fato de que a distância entre trabalho e residência para a maior parte das pessoas impeça
a realização de refeições no domicílio, me
smo para pessoas que possuam empregadas
domésticas. A influência negativa decorreria assim
d
a maior probabilidade de presença
de empregadas em lares onde a restrição e custo do tempo (e distância) fossem maiores.
60
Da mesma forma, mesmo que a empregada doméstica não fosse responsável pelas refeições, a
realização das demais tar
efas domésticas permitiria maior tempo para o preparo das refeições pelo
responsável.
125
No caso da variável geladeira, os resultad
os foram de acordo com o esperado,
principalmente no caso do leite. A presença de geladeira aumenta a probabilidade de
aquisição de leite fluido e diminui a probabilidade do leite em pó, um resultado
importante para explicar a razão de famílias mais pobres
geralmente consumirem um
produto relativamente mais caro como o leite em na presença de outro com as
mesmas propriedades e bem mais barato (leite fluido). A capacidade de conservação é
um fator importante para essas famílias. A presença de geladeira no
domicílio também
tem efeito positivo na probabilidade de aquisição de carnes em geral, com exceção da
carne suína, cujo efeito não é significativo. O efeito positivo também é observado para
queijos. a influência negativa é observada para produtos básic
os, como arroz, feijão,
farinha de mandioca e açúcar. O que pode estar ocorrendo é que, controlando para as
demais variáveis, a posse de geladeira permita aos domicílios substituir parte dos
produtos básicos por aqueles acima citados que necessitam de r
efrigeração.
5.1.2
Efeitos marginais
das variáveis do primeiro estágio
Para se analisar a magnitude do efeito de cada variável na probabilidade de
aquisição de cada produto alimentar, o exame dos coeficientes da Tabela
5.
1 não é o
mais indicado, pois
eles não fornecem os efeitos marginais de cada variável na
probabilidade. Para calcular os efeitos marginais, é necessário distinguir as variáveis
contínuas (apenas a renda, neste caso) e as variáveis binárias. No primeiro caso, o efeito
marginal é calcul
ado da seguinte forma:
( ).
renda i renda
EM f X
,
e
m
que
renda
EM
= efeito marginal da variável renda;
( )
i
f X
= função de densidade de probabilidade da normal padrão avaliada no
ponto
i i
I X
;
renda
= coeficiente da variável renda.
Os efeitos marginais serão calculados na média da amostra. No caso das
variáveis binárias, o efeito marginal será calculado da seguinte forma:
1/ 1 1/ 0
k
x i k i k
EM P y x P y x
,
1
26
e
m que
k
x
EM
=
efeito marginal da variável binária
k
x
;
1/ 1
i k
P y x
= probabilidade de aquisição do produto quando
1
k
x
;
1/ 0
i k
P y x
= probabilidade de aquisição do produto qua
ndo
0
k
x
.
Assim
, o efeito da variável
‘Superior’, por exemplo, é dado
pela diferença de
probabilidades de aquisição, no ponto médio da amostra, quando o responsável pelo
domicílio possui curso superior (Superior=1) e quando ele pos
sui apenas o primeiro
grau completo (default) (Superior e demais variáveis de educação iguais a zero).
Os resultados dos cálculos d
os efeitos marginais estão nas T
abelas 5.2 a 5.
9
.
Pode
se notar pelas fórmulas dos efeitos marginais que os sinais são os me
smos da
análise dos coeficientes do item anterior. Dessa forma, passa
se diretamente à análise
das magnitudes para cada variável. No caso da renda (Tabela 5.2), os efeitos na
probabilidade de aquisição são baixos. Em termos positivos, destaca
se o caso do
queijo: um aumento de uma unidade no logaritmo da renda
61
causa
um aumento de 8,81
pontos percentuais (p.p.) na probabilidade de aquisição. Carne bovina de primeira (7,37
p.p.) e pão francês (6,99 p.p.) vêm logo em seguida. Em termos negativos, arroz (
1,99
p.p.) e açúcar (
1,82 p.p.) apresentam os menores valores.
Em relação aos efeitos marginais regionais (Tabela 5.3), as magnitudes são bem
superiores às observadas para a renda. Entre os produtos básicos, o fato de o domicílio
estar nas regiões Norte e N
ordeste tem influência positiva na probabilidade de aquisição
em relação à região Sudeste. Para o caso da farinha de mandioca, um domicílio na
região Norte apresenta uma probabilidade de aquisição 29,92 pontos percentuais
superior a um domicílio do Sudeste
com as mesmas características. No caso do
Nordeste, essa diferença é de 21,65 pontos percentuais. Para o feijão, o destaque é o
Nordeste: a diferença em relação ao Sudeste chega a 19,76 pontos percentuais. Para o
arroz, o consumidor do Norte e Nordeste te
m uma probabilidade de adquirir o produto
cerca de 20 pontos percentuais maior que no caso do consumidor do Sudeste.
61
O que
significa, no ponto médio, um aumento da renda familiar mensal de R$ 1.525,63 para R$
4.147,01.
127
Tabela
5.
2
Efeitos marginais da variável Renda
,
Brasil
,
Período 2002
2003
PRODUTOS
EFEITO MARGINAL
AÇÚCAR
-
0,0182
ARROZ
-
0,0199
B
ANANA
0,0637
BATATA
0,0554
BOIPRIMEIRA
0,0737
BOISEGUNDA
0,0081
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,0036
FEIJÃO
-
0,0013
FRANGO
0,0458
LEITE EM PÓ
0,0081
LEITE FLUIDO
0,0570
MACARRÃO
0,0111
MANTEIGA
0,0164
MARGARINA
0,0351
PAO FRANCÊS
0,0699
SUÍNO
0,0405
Q
UEIJOS
0,0881
TOMATE
0,0566
Fonte: Dados da Pesquisa
.
O Norte surpreendentemente também se destaca no consumo de carnes,
especialmente a carne bovina. Em relação ao consumo de leite, Norte e Nordeste têm
comportamento semelhante: um domicílio dessas r
egiões tem maior probabilidade de
aquisição de leite em (25,05 p.p. e 21,80 p.p., respectivamente) e menor
probabilidade de aquisição de leite fluido (
21,59 p.p. e
18,24 p.p., respectivamente) do
que um domicílio com as mesmas características da regiã
o Sudeste. Esse
comportamento é o inverso no Sul e Centro
-
Oeste, onde o efeito marginal é positivo
para leite fluido e negativo para leite em pó.
Outro destaque é o efeito marginal positivo
do Nordeste no caso da banana. Isso talvez seja explicado pelo bai
xo preço dessa fruta
em relação a outras como maçã ou pêra, por exemplo, cujo consumo é mais difundido
no Sul e Sudeste.
128
Tabela 5.3
Efeitos marginais das variáveis Regionais
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
NORTE
NORDESTE
SUL
CENTRO
-
OESTE
AÇÚCAR
0
,1314
0,2102
-
0,0006
-
0,0154
ARROZ
0,1910
0,2044
0,0258
0,0375
BANANA
0,0030
0,1027
0,0178
-
0,0647
BATATA
-
0,0944
-
0,0266
0,0284
-
0,0864
BOIPRIMEIRA
0,1299
0,0387
-
0,0001
0,0353
BOISEGUNDA
0,1354
0,0396
0,0737
0,0527
FARINHA DE
MANDIOCA
0,2992
0,2165
-
0,0352
-
0,0301
FEIJÃO
0,0977
0,1976
0,0190
0,0108
FRANGO
0,0887
0,0999
0,0266
-
0,0451
LEITE EM PÓ
0,2505
0,2180
-
0,0123
-
0,0163
LEITE FLUIDO
-
0,2159
-
0,1824
0,0516
0,0477
MACARRÃO
0,0237
0,0874
0,0351
-
0,0251
MANTEIGA
0,0158
0,0024
-
0,0483
-
0,0446
MARGARINA
0,0528
0,1318
0,0464
-
0,0036
PAO FRANCÊS
-
0,0608
0,0100
-
0,1929
-
0,1460
SUÍNO
-
0,1418
-
0,0907
0,0458
-
0,1382
QUEIJOS
-
0,0927
-
0,0280
0,0037
-
0,0710
TOMATE
0,0329
0,1499
-
0,0221
-
0,0091
Fonte: Dados da Pesquisa
.
No caso do consumo carne su
ína, a probabilidade aumenta para as regiões Sul e
Sudeste em comparação com as demais regiões do país. Para pão francês, os destaques
positivos são Nordeste e Sudeste e o negativo fica com a região
Sul
. Uma surpresa é a
magnitude do efeito marginal para o
Nordeste no caso do tomate e carnes bovinas de
primeira e de segunda. Controlando para a renda e demais variáveis, um domicílio do
Nordeste tem maior probabilidade de adquirir carne de primeira (3,87 p.p.), de segunda
(3,96 p.p.) e tomate (14,99 p.p.) do
que no Sudeste.
No Centro
Oeste, a probabilidade de aquisição é, na maior parte dos casos,
inferior à região Sudeste, com destaque para o pão francês (
14
,
60
p.p.). A grande
exceção é a carne de boi de segunda, com probabilidade 5,27 pontos percentuais ma
ior
do que no Sudeste. Para a região Sul, o destaque positivo, além da carne suína, fica com
a carne bovina de segunda (7,37 p.p. maior) e margarina (4,64 p.p maior). o negativo
fica com o pão francês (
-
19,29 p.p) e manteiga (
4,83 p.p.).
129
Em relação às
diferenças entre meio urbano e rural (Tabela 5.4), destaca
se o
efeito marginal no caso do pão francês. Um domicílio do meio urbano tem
probabilidade 27,95 pontos percentuais maior de aquisição de pão francês que o mesmo
domicílio na zona rural. Esse resu
ltado era esperado, pela questão da proximidade de
pontos de venda e hábitos alimentares diferentes. Outros destaques do consumo urbano
são leite em pó, tomate, banana e carne bovina. O meio rural destaca
se nas
probabilidades de aquisição dos produtos bás
icos, em especial feijão, açúcar e arroz.
Outro destaque é o leite fluido, em que o meio rural tem probabilidade 5,19 pontos
percentuais maior do que no meio urbano. O papel da produção própria e o
autoconsumo certamente influenciam esse último resultado,
que o IBGE incluiu as
aquisições não
monetárias no total adquirido.
Tabela 5.4
Efeitos marginais da variável URBANA
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
EFEITO MARGINAL
AÇÚCAR
-
0,0567
ARROZ
-
0,0357
BANANA
0,0477
BATATA
0,0181
BOIPRIMEIRA
0,0333
BOISEGUNDA
0,0348
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,0365
FEIJÃO
-
0,0768
FRANGO
-
0,0094
LEITE EM PÓ
0,0515
LEITE FLUIDO
-
0,0519
MACARRÃO
0,0032
MANTEIGA
0,0162
MARGARINA
0,0350
PAO FRANCÊS
0,2795
SUÍNO
-
0,0039
QUEIJOS
0,0200
TOMATE
0,0518
Fonte: Dados
da Pesquisa
Em relação à educação do responsável pelo domicílio (Tabela 5.5), as
magnitudes não são tão expressivas quanto no caso das variáveis regionais, mas
130
parecem predominar em relação aos efeitos marginais da variável renda. No caso da
categoria AN
ALFA (responsável pelo domicílio analfabeto), destacam
se a menor
probabilidade de aquisição de pão francês (
12,83 p.p.) e queijos (
8,29 p.p.) e o maior
probabilidade de aquisição de feijão (6,46 p.p.) e açúcar (5,99 p.p.) em relação a
domicílios chefiad
os por indivíduos que completaram o primeiro grau. Para a categoria
PRIINC (responsável pelo domicílio com primeiro grau incompleto), o comportamento
é semelhante a ANALFA. As diferenças aparecem apenas para frango, leite fluido,
macarrão e
carne suína
, qu
e apresentam efeitos marginais pos
itivos, ao contrário de
ANALFA.
As categorias SEGINC (responsável pelo domicílio com segundo grau
incompleto) e SEGCOMP (responsável pelo domicílio com segundo grau completo),
como foi visto no item anterior, apresentam a
maior parte dos seus coeficientes não
significativos estatisticamente. Para SEGCOMP, entretanto, destacam
se os efeitos
marginais para carne bovina de segunda (
4,46 p.p.), arroz (
3,88 p.p.) e queijos (3,33
p.p.). No caso da categoria SUPINC (responsável
pelo domicílio com curso superior
incompleto), destaque para o menor probabilidade de aquisição de
frango
(
11,58 p.p.) e
arroz (
10,89 p.p.) e maior probabilidade para queijos (4,68 p.p.). De forma geral,
predominam os efeitos marginais negativos para a c
esta selecionada. O padrão se repete
no caso de SUPCOMP (responsável pelo domicílio curso superior completo). Os
destaques neste caso são a menor probabilidade no caso de carne de frango (
11,17 p.p.)
e carne bovina de segunda (
10,07 p.p.)
e
a maior proba
bilidade para
q
ueijos (6,65 p.p.).
Aliás, nessas últimas duas categorias, os efeitos marginais são positivos apenas para
queijos e manteiga, indicando que a probabilidade de aquisição é consistentemente
menor, controlando para as outras variáveis, do que e
m domicílios com responsáveis
com apenas o primeiro grau completo. Entre as razões para este resultado, a menor
freqüência de refeições no domicílio para consumidores com maior escolaridade e o
maior consumo de alimentos preparados certamente estão entre a
s mais importantes
para a compreensão deste padrão de consumo.
No caso dos efeitos marginais para as variáveis indicativas da raça do
responsável pelo domicílio (Tabela 5.6), destacam
se os impactos negativos da
categoria NEGRA no consumo de leite fluido
8,06 p.p.) e carne de boi de primeira (
6,05 p.p.) em relação a domicílios chefiados por indivíduos que se declararam brancos.
Em relação aos efeitos positivos, destacam
se a farinha de mandioca (4,60 p.p.) e carne
bovina de segunda (3,35 p.p.). Para a
categoria PARDA, o padrão de efeitos marginais é
131
semelhante, com destaque para leite fluido (
5,86 p.p.) e arroz (2,55 p.p.). Para a
categoria AMARELA, a maior parte dos efeitos marginais se origina de coeficientes
não significativos; dos poucos resultados
significativos, destacam
-
se a maior
probabilidade de aquisição de tomate (7,84 p.p.) e, surpreendentemente, de carne bovina
de primeira (6,49 p.p.). O destaque negativo foi o leite fluido (
12,09 p.p.), com
probabilidade de aquisição muito inferior do que
domicílios chefiados por brancos. Para
a categoria OUTRA, todos
o
s efeitos marginais significativos foram negativos.
Destaque novamente para o leite fluido (
12,33 p.p.) e também o feijão (
8,56 p.p.). De
forma geral, pode
se afirmar que as variáveis indi
cativas de raça parecem importantes
na explicação dos padrões de aquisição dos consumidores, mesmo controlando para as
demais variáveis. Elas refletem provavelmente heranças culturais diferentes e padrões
de consumo passados de geração a geração e ainda re
fletem certo padrão de
desigualdade, principalmente entre brancos e negros/pardos.
Tabela 5.5
Efeitos marginais das variáveis de nível educacional
do responsável pelo
domicílio
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ANALFA
PRIINC
SEGINC
SEGCOMP
SUPINC
SU
PCOMP
AÇÚCAR
0,0599
0,0468
-
0,0110
-
0,0294
-
0,0901
-
0,0321
ARROZ
0,0370
0,0403
-
0,0165
-
0,0388
-
0,1089
-
0,0715
BANANA
-
0,0206
-
0,0154
-
0,0104
-
0,0018
-
0,0147
-
0,0079
BATATA
-
0,0554
-
0,0208
-
0,0112
-
0,0070
-
0,0325
-
0,0471
BOIPRIMEIRA
-
0,0384
-
0,0143
0,
0169
0,0130
-
0,0221
-
0,0316
BOISEGUNDA
0,0147
0,0035
-
0,0016
-
0,0446
-
0,0959
-
0,1007
FARINHA DE
MANDIOCA
0,0559
0,0364
0,0065
-
0,0120
-
0,0477
-
0,0412
FEIJÃO
0,0646
0,0467
-
0,0229
-
0,0436
-
0,1049
-
0,0633
FRANGO
-
0,0017
0,0212
-
0,0277
-
0,0445
-
0,1158
-
0,
1117
LEITE EM PÓ
-
0,0404
-
0,0175
-
0,0002
0,0060
-
0,0396
-
0,0001
LEITE FLUIDO
-
0,0281
0,0051
-
0,0035
-
0,0143
-
0,0578
-
0,0628
MACARRÃO
-
0,0149
0,0136
0,0085
-
0,0046
-
0,0538
-
0,0284
MANTEIGA
-
0,0129
-
0,0010
0,0102
0,0070
0,0065
0,0061
MARGARINA
-
0,0566
-
0,0101
0,0058
-
0,0006
-
0,0361
-
0,0270
PAO FRANCÊS
-
0,1283
-
0,0564
-
0,0073
0,0262
-
0,0418
-
0,0397
SUÍNO
-
0,0301
0,0033
-
0,0032
-
0,0167
-
0,0516
-
0,0539
QUEIJOS
-
0,0829
-
0,0457
0,0097
0,0333
0,0468
0,0665
TOMATE
-
0,0396
-
0,0093
0,0105
-
0,0104
-
0,0243
-
0,0
432
Fonte: Dados da Pesquisa
.
132
Tabela 5.6
Efeitos marginais das variáveis de raça
, Brasil, Período 2002
-
2003
PRODUTOS
NEGRA
AMARELA
PARDA
OUTRA
AÇÚCAR
0,0133
-
0,0319
0,0222
-
0,0472
ARROZ
0,0198
0,0230
0,0255
-
0,0846
BANANA
-
0,0531
-
0,0306
-
0,0190
-
0,0321
BATATA
-
0,0411
-
0,0109
-
0,0149
-
0,0325
BOIPRIMEIRA
-
0,0605
0,0649
-
0,0238
-
0,0166
BOISEGUNDA
0,0335
0,0424
0,0186
-
0,0310
FARINHA DE
MANDIOCA
0,0460
0,0045
0,0244
0,0010
FEIJÃO
0,0041
-
0,0513
0,0172
-
0,0856
FRANGO
0,0221
-
0,0182
0,0119
-
0,0715
LEITE EM PÓ
0,0270
-
0,0083
0,0179
-
0,0156
LEITE FLUIDO
-
0,0806
-
0,1209
-
0,0586
-
0,1233
MACARRÃO
-
0,0247
-
0,0336
0,0010
-
0,0464
MANTEIGA
0,0084
-
0,0134
0,0036
0,0003
MARGARINA
-
0,0105
-
0,0796
-
0,0041
-
0,0660
PAO FRANCÊS
-
0,0194
0,0084
-
0,0036
-
0,0792
SUÍNO
0,0162
0,0382
0,0090
-
0,0562
QUEIJOS
-
0,0424
-
0,0581
-
0,0456
-
0,0766
TOMATE
-
0,0233
0,0784
-
0,0029
-
0,0622
Fonte: Dados da Pesquisa
.
Para o caso da variável MULHER (responsável pelo domicílio ser do sexo
feminino) (Tabela 5.7), de forma gera
l, os efeitos marginais têm magnitudes menores
que as demais variáveis. Destacam
se o impacto negativo nas probabilidades de
aquisição de arroz (
5,76 p.p.) e feijão (
5,56 p.p.), assim como as carnes em geral. Esse
resultado parece indicar uma menor proba
bilidade de refeições feitas no domicílio
quando a mulher é a responsável. Certamente, a
dificuldade
do preparo das refeições
pela mulher que trabalha fora impõe a substituição das refeições no domicílio por
alternativas fora dele
62
.
Em relação à variável
DOMESTIC (presença de empregada doméstica no
domicílio) (Tabela 5.8), as magnitudes são comparáveis à variável MULHER. Os
destaques são os impactos positivos na probabilidade de aquisição de carne bovina de
primeira (4,18 p.p.) e banana (2,98 p.p.) e negat
ivos nas probabilidades para farinha de
62
No caso das crianças, refeições em creches e escolas podem subst
ituir parte daquelas realizadas em
casa. Para os adultos, refeições no local de trabalho ou em estabelecimentos próximos podem ser
substitutos escolhidos.
133
mandioca (
3,95 p.p) e carne de boi de segunda (
3,01 p.p.). De forma geral, os
resultados mostram um impacto negativo em produtos básicos (arroz, feijão, farinha de
mandioca) e positivo em produtos mais “nobres”, co
mo queijos e carnes de primeira. A
expectativa inicial, como colocado no item anterior, era de um impacto positivo da
presença de empregada doméstica na realização de refeições no domicílio e, assim,
também nos produtos mais utilizados, como arroz e fei
jão. Os resultados, entretanto,
não confirmaram esta expectativa. Mesmo controlando para a renda, a presença de
empregada doméstica parece permitir uma diferenciação entre domicílios que favorece
o consumo de alimentos mais caros, diminuindo a probabilidad
e de aquisição para os
básicos.
Tabela 5.7
Efeitos marginais da variável
mulher
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
EFEITO MARGINAL
AÇÚCAR
-
0,0337
ARROZ
-
0,0576
BANANA
0,0102
BATATA
-
0,0034
BOIPRIMEIRA
-
0,0107
BOISEGUNDA
-
0,0228
FARINHA DE MAND
IOCA
-
0,0245
FEIJÃO
-
0,0556
FRANGO
-
0,0157
LEITE EM PÓ
0,0015
LEITE FLUIDO
-
0,0027
MACARRÃO
-
0,0258
MANTEIGA
0,0027
MARGARINA
-
0,0001
PAO FRANCÊS
0,0147
SUÍNO
-
0,0244
QUEIJOS
0,0147
TOMATE
-
0,0184
Fonte: Dados da Pesquisa
.
Finalmente, em rel
ação à variável REFRIG (presença de geladeira no domicílio)
(Tabela 5.9), destaque para o impacto na probabilidade de aquisição de pão francês
(13,12 p.p.) e leite fluido (10,64 p.p.). As carnes em geral (com exceção da carne suína)
134
e queijos também aprese
ntam impactos positivos importantes. A probabilidade de
aquisição de leite em é afetada negativamente (
1,56 p.p.), mas numa magnitude
menor que a esperada. A conclusão no caso do leite parece ser que, dada a necessidade
de refrigeração, o leite fluido
é afetado de forma mais significativa e a substituição pelo
leite em é realizada também por outras razões não
relacionadas apenas com a
refrigeração
63
.
Tabela 5.8
Efeitos marginais da variável
doméstica
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
EFEITO MAR
GINAL
AÇÚCAR
-
0,0164
ARROZ
-
0,0031
BANANA
0,0298
BATATA
0,0245
BOIPRIMEIRA
0,0418
BOISEGUNDA
-
0,0301
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,0395
FEIJÃO
-
0,0160
FRANGO
-
0,0201
LEITE EM PÓ
0,0002
LEITE FLUIDO
0,0199
MACARRÃO
-
0,0061
MANTEIGA
0,0096
MARGARINA
-
0,0236
PAO FRANCÊS
-
0,0227
SUÍNO
-
0,0140
QUEIJOS
0,0190
TOMATE
0,0217
Fonte: Dados da Pesquisa
63
Aspectos como comodidade, diferenciação de produto, presença de características especiais devem
inf
luenciar também o consumo de leite em pó.
135
Tabela 5.9
Efeitos marginais da variável
geladeira
, Brasil, Período 2002
-
2003
PRODUTOS
EFEITO MARGINAL
AÇÚCAR
-
0,0434
ARROZ
-
0,0515
BANANA
0,0436
BATATA
0,0699
BOIPRIMEIRA
0,0629
BOISEGUNDA
0,0354
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,0467
FEIJÃO
-
0,0329
FRANGO
0,0441
LEITE EM PÓ
-
0,0156
LEITE FLUIDO
0,1064
MACARRÃO
0,0185
MANTEIGA
0,0122
MARGARINA
0,0535
PAO FRANCÊS
0,1312
SUÍNO
-
0,0052
QUEIJOS
0,065
3
TOMATE
0,0717
Fonte: Dados da Pesquisa
.
Resumindo os principais resultados do primeiro estágio, tem
se
que
:
O efeito da variável renda familiar mensal
na probabilidade de aquisição
é negativo para os produtos básicos e positivos para os demais produ
tos;
diferenças regionais significativas na probabilidade de consumo entre
as regiões do país, mesmo controlando para as demais variáveis.
diferenças também entre domicílios localizados no
s
meios urbano e
rural. Na zona rural, maior probabilidade
de aquisição de produtos
básicos, mais energéticos, e também maior probabilidade de consumo de
produtos em que possibilidade de produção própria,
como o
leite
fluido.
No meio urbano, destaca
se a maior probabilidade de aquisição de
pão francês.
O nível
educacional parece estar negativamente correlacionado com a
probabilidade de aquisição dos produtos da cesta pesquisada,
especialmente para os produtos básicos.
136
diferenças significativas nas probabilidades de aquisição entre
domicílios chefiados por pes
soas que se declararam pardas e negras e os
domicílios chefiados por brancos. Essa diferença está na maior
probabilidade de consumo de produtos básicos e carne bovina de segunda
para
domicílios chefiados por pardos e negros
e maior probabilidade de
aquisiç
ão de produtos mais “nobres” (carne bovina de primeira, banana,
queijos, leite fluido)
para domicílios chefiados por brancos
.
Domicílios chefiados por mulheres têm menor probabilidade de
aquisição para consumo domiciliar de quase todos os produtos da cesta
escolhida.
A presença de empregada doméstica no domicílio teve efeito oposto ao
esperado, com um impacto negativo na probabilidade de aquisição de
produtos básicos (arroz, feijão, farinha de mandioca).
A presença de geladeira no domicílio permite aos domi
cílios substituir
parte dos produtos básicos por aqueles
que
necessitam de refrigeração,
com destaque
para o
leite fluido.
5.
2
Resultados
da estimação
do
segundo
estágio
Com os resultados do primeiro estágio, pode
se passar agora para a estimação do
sistema de demanda propriamente dito. Nesta seção, são apresentados os resultados
quando se utiliza a variável gasto total e na próxima são apresentados os resultados
quando se utiliza a renda. O sistema estimado é o seguinte:
2
1 1
ˆ ˆ
( ' )( ln ln ln ) ( ' )
( ) ( ) ( )
n n
i
in in i ik k ij j i i in i in
k j
m m
w Z V p Z
a p b p a p
i
arroz, banana,..., tomate e
n
1, 2,..., 43922)
,
(5.1)
em que
in in
in
p q
w
m
parcela do gasto total com o bem i
para o consumidor n
;
k
V
variáveis
demográficas que procuram capt
ar a
heterogeneidade entre os
consumidores;
137
j
p
preço do bem
j
;
i
q
quantidad
e do bem i;
m
gasto total com n bens
(ou renda)
;
0
ln ( ) ln
n
j j
j=1
a p = w p
;
k
k
b(p)
p
;
'
i
in
Z
= função
de densidade de probabilidade da distribuição normal
avaliada em
i
in
Z
'
;
'
i
in
Z
=
função de distribuição acumulada da distribuição normal avaliada
em
i
in
Z
'
;
i
ij
i
i
i
,
,
,
,
p
arâmetros a serem estimados.
O
software
utilizado para a estimação foi o GAUSS
6.0
for Windows
64
,
escolhido pela facilidade na manipulação de matrizes necessária
à
implementação da
correção de Murphy e Topel (1985).
Pode
se notar que a es
timação não incl
uirá o produto ‘açúcar’
, devido ao
problema da aditividade explicado no capítulo 4. As elasticidades para esse produto
serão calculadas posteriormente, usando as restrições de Engel e Cournot.
A definição das variáveis explicativas utilizadas encontra
se
no Quadro 5.2.
É
possível notar que algumas variáveis utilizadas no segundo estágio haviam sido
incluídas no primeiro
:
renda mensal familiar
na segunda especificação
, a dummy de
educação do responsável pelo domicílio, a dummy de situação de domicílio
e a dummy
de posse de geladeira. A razão para a repetição é que
as duas primeiras
variáveis
citadas
certamente
não são importantes apenas na decisão de aquisição do produto
, mas
também na definição de quanto adquirir do produto. Quanto às demais, é import
ante
definir de forma mais completa as diferenças entre o consumo de domicílios
localizados
na zona rural e urbana e o efeito da compra de geladeira no consumo total. Além disso,
também foram incluídas
no segundo estágio as variáveis de composição familiar
,
utilizadas em outros estudos
65
, e que influenciam na demanda familiar de alimentos.
64
GAUSS 6.0 for Windows, Copyright 1984
-
2003, Aptech Systems, Inc.
65
Ver, por exemplo, Thomas et al. (1991) e Yen et al. (2002)
138
Quadro 5.2
Variáveis explicativas utilizadas no segundo estágio de estimação
do
sistema de demanda
Denominação das Variáveis explicativas:
Constante (ONE);
Logaritm
o da
Renda mensal
real (RENDA)
(ou
logaritmo do
gasto total
real
(DESPESC) com a cesta de 18 produtos)
;
Logaritmo da
Renda mensal
real ao quadrado (RENDASQ)
(ou
do
gasto
total
real ao quadrado (QDESPESC) com a cesta de 18 produtos);
Preços de cada produto
(P +nome do produto, ex: PARROZ);
Dummy de educação do responsável pelo domicilio:
Analfabeto (ANALFA)
Primeiro grau incompleto (PRIINC);
Primeiro grau completo (será o
default
);
Segundo grau incompleto (SEGINC);
Segundo grau completo (SEGCOMP);
Super
ior incompleto (SUPINC);
Superior completo (SUPCOMP);
Composição familiar (número de membros com idade):
Menor que 6 anos (AGELT6):
Entre 6 e 12 anos (AGE6_12);
Entre 13 e 20 anos (AGE13_20);
Entre 21 e 59 anos (AGE21_59);
Maior que 60 anos (AGEMT60).
Dumm
y de situação de domicílio (URBANO):
Urbano = 1
Rural = 0
Dummy captando se o domicílio tem geladeira (REFRIG):
Possui geladeira = 1;
Não possui geladeira = 0;
Variável construída com resultados do primeiro estágio (GAMMA)
representando a função de densid
ade de probabilidade da distribuição normal
avaliada em
i
in
Z
'
;
139
a) Resultados utilizando o gasto total como variável
Os resultados da estimação por Máxima Verossimilhança estão descritos na
Tabela 5.10. Os desvios
padrões estão ajus
tados pela correção de Murphy e Topel,
descrita no capítulo 4. Dos 578 coeficientes estimados, 301 (52,08 %) foram
estatisticamente significativos
a 10% de nível de probabilidade
. A presença de muitos
coeficientes não
significativos era de alguma forma
esperado devido à inclusão dos
preços de todos os produtos da cesta em cada equação. De forma geral, a maior parte
dos parâmetros não significativos refere
se às variáveis de preço. Além disso, destacam
-
se pelo baixo número de parâmetros significativos as
variáveis PRIINC, SEGINC e
SEGCOMP. Quanto às variáveis de composição da família, o mais comum é que apenas
alguns sejam significativos por produto, indicando que o efeito marginal pela inclusão
de mais um membro da família é muitas vezes nulo.
Os coeficie
ntes da variável GAMMA foram significativos em 10 das 17
equações, indicando que a inclusão das variáveis do primeiro estágio foram importantes
na explicação das parcelas orçamentárias.
para as variáveis DESPESC (logaritmo do gasto total real) e QDESP
ESC
(quadrado do logaritmo do gasto total real), com exceção do produto “Margarina”, em
todas as equações pelo menos um coeficiente dos dois foi significativo em cada
equação, geralmente o coeficiente da variável DESPESC.
Em relação às variáveis URBANO e R
EFRIG, na maior parte dos casos
os
coeficientes
foram significativos (em 10 e 11 equações, respectivam
ente). No caso de
URBANO, a não
significância para o caso de tomate foi uma surpresa, dado o resultado
do primeiro estágio. Para o caso da variável REFRIG
, a surpresa foi a não
significância
para o leite em pó, carnes bovinas e manteiga, ao contrário do que se poderia esperar a
princípio. No entanto, o coeficiente foi significativo no caso do leite fluido.
Em relação aos sinais esperados e magnitude dos coe
ficientes, a análise será
feita diretamente sobre as elasticidades no próximo item.
140
Tabela
5.
1
0
Resultados da estimação do
segundo estágio
do procedimento de Shonkwiler e
Yen
(equações de demanda)
,
Brasil
,
2002
2003
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIP
RIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA
DE MAND.
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
0,2708
**
0,0489
0,1525
**
0,0522
-
0,0362
0,0487
-
1,1127
0,8502
-
0,3722
**
0,1329
0,0664
0,0643
ANALFA
0,0495
**
0,0089
-
0,008
5
0,0098
-
0,0110
*
0,0066
-
0,0856
*
0,0512
0,0558
**
0,0121
0,0122
0,0102
PRIINC
0,0228
**
0,0091
-
0,0005
0,0062
-
0,0038
0,0040
-
0,0291
0,0185
0,0106
0,0110
-
0,0005
0,0077
SEGINC
-
0,0034
0,0110
0,0040
0,0113
-
0,0088
0,0064
0,0410
0,0271
0,0006
0,0152
-
0,0223
0,0144
SEGCOMP
-
0,0307
**
0,0100
0,0128
*
0,0077
0,0007
0,0046
0,0602
*
0,0343
-
0,0468
**
0,0177
-
0,0114
0,0102
SUPINC
-
0,0388
**
0,0285
0,0168
*
0,0097
0,0062
0,0067
0,0901
*
0,0530
-
0,0678
*
0,0410
-
0,0012
0,0335
SUPCOMP
-
0,0686
**
0,0214
0,0300
**
0,0102
0,00
52
0,0053
0,0968
*
0,0550
-
0,1260
**
0,0361
-
0,0052
0,0244
AGELT6
-
0,0077
**
0,0018
0,0004
0,0023
-
0,0021
0,0018
-
0,0281
*
0,0158
-
0,0209
**
0,0040
0,0057
**
0,0012
AGE6_12
-
0,0006
**
0,0018
0,0004
0,0021
-
0,0006
0,0018
-
0,0346
*
0,0187
-
0,0097
**
0,0037
0,0158
**
0,0023
AGE13_20
-
0,0038
**
0,0016
-
0,0052
**
0,0022
-
0,0005
0,0014
-
0,0277
*
0,0148
-
0,0108
**
0,0032
0,0107
**
0,0020
AGE21_59
-
0,0139
**
0,0021
-
0,0008
0,0020
-
0,0012
0,0016
-
0,0032
0,0036
-
0,0130
**
0,0035
0,0012
0,0019
AGEMT60
-
0,0293
**
0,0037
0,0168
**
0,
0044
0,0036
0,0023
-
0,0103
0,0072
-
0,0110
**
0,0052
0,0174
**
0,0045
REFRIG
-
0,0599
**
0,0073
0,0133
*
0,0075
0,0141
*
0,0083
0,1313
0,0834
-
0,0140
0,0103
-
0,0423
**
0,0088
URBANO
0,0092
*
0,0048
-
0,0035
0,0064
0,0014
0,0048
0,0837
*
0,0477
0,0439
**
0,0109
-
0,05
50
**
0,0098
PARROZ
-
0,1561
**
0,0138
0,0042
0,0153
0,0081
0,0126
-
0,0383
0,0325
-
0,0260
0,0196
0,0772
**
0,0117
PBANANA
0,0186
**
0,0077
-
0,0299
**
0,0066
-
0,0123
**
0,0047
0,0366
0,0234
-
0,0205
*
0,0117
0,0104
*
0,0056
PBATATA
0,0498
**
0,0130
0,0100
0,0101
-
0
,0213
**
0,0044
0,0814
*
0,0474
0,0300
*
0,0170
-
0,0530
**
0,0116
PBOIPRI
-
0,0174
0,0140
-
0,0061
0,0180
-
0,0034
0,0121
0,0103
0,0138
-
0,0566
**
0,0279
-
0,0583
**
0,0151
PBOISEG
-
0,0112
0,0102
-
0,0139
0,0159
0,0046
0,0111
-
0,0444
0,0304
-
0,0986
**
0,0136
-
0,0253
**
0,0088
PFARINH
0,0358
**
0,0092
-
0,0107
0,0111
0,0367
**
0,0113
-
0,0660
*
0,0387
0,0619
**
0,0150
-
0,1288
**
0,0179
PFEIJAO
-
0,0468
**
0,0077
0,0005
0,0137
-
0,0135
0,0096
0,0130
0,0195
0,0452
**
0,0176
0,0823
**
0,0136
PFRANGO
0,0303
**
0,0095
0,0079
0,0128
-
0,0117
0,0076
0,0579
*
0,0321
0,0260
0,0166
-
0,0351
**
0,0096
PLEITEP
0,0278
**
0,0110
-
0,0237
*
0,0139
0,0157
0,0140
0,0176
0,0240
0,0162
0,0226
0,0135
*
0,0076
PLEITEF
-
0,0259
**
0,0066
0,0011
0,0076
-
0,0146
**
0,0056
-
0,0648
0,0408
-
0,0659
**
0,0120
0,0229
**
0,0060
PMACARR
0,0063
0,0058
-
0,0001
0,0078
-
0,0019
0,0064
0,0366
0,0249
0,0576
**
0,0128
-
0,0053
0,0051
PMANTEI
-
0,1538
**
0,0149
-
0,0005
0,0098
0,0057
0,0073
-
0,1106
*
0,0656
-
0,0482
**
0,0169
0,0337
**
0,0088
PMARGAR
0,0116
0,0104
0,0091
0,0141
-
0,0004
0,
0097
0,0242
0,0226
0,0320
0,0199
-
0,0463
**
0,0113
PPAOFRA
0,0645
**
0,0104
-
0,0005
0,0080
0,0112
*
0,0065
0,0577
*
0,0327
0,0055
0,0130
-
0,0047
0,0093
P
SUÍNO
0,0242
**
0,0078
-
0,0018
0,0091
-
0,0010
0,0058
0,0523
*
0,0299
0,0235
*
0,0132
-
0,0060
0,0059
PQUEIJO
-
0,0535
**
0,0108
-
0,0067
0,0091
0,0056
0,0065
0,0369
*
0,0210
0,0262
0,0160
0,1117
**
0,0241
PTOMATE
-
0,0319
**
0,0087
-
0,0197
**
0,0083
-
0,0044
0,0056
0,0414
0,0268
-
0,0102
0,0136
0,0781
**
0,0180
DESPESC
0,0310
**
0,0102
-
0,0689
**
0,0130
-
0,0156
**
0,0043
0,
1744
**
0,0851
0,1681
**
0,0283
0,0034
0,0049
QDESPESC
0,0053
**
0,0017
0,0064
**
0,0015
0,0013
*
0,0007
-
0,0018
0,0041
-
0,0224
**
0,0039
-
0,0023
**
0,0008
GAMMA
0,2148
**
0,0548
0,1332
**
0,0403
0,0631
**
0,0194
0,4724
0,3529
0,3199
**
0,0758
-
0,0106
0,0532
Conti
nua na pagina seguinte...
Os coeficientes em negrito são significativos a 5 % (**) e 10 % (*)
141
Continuação
Tabela
5.
1
0
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
LEITE FLUIDO
MACARRAO
MANTEIGA
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.
PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
0,0385
0,0473
-
0,5203
**
0,2021
-
0,1706
0,1295
0,1002
0,0785
-
0,1170
0,0932
-
0,4236
*
0,2310
ANALFA
0,0398
**
0,0084
-
0,0046
0,0117
-
0,0323
**
0,0154
0,0359
**
0,0108
-
0,0038
0,0072
-
0,0008
0,0188
PRIINC
0,0145
*
0,0074
0,0167
0,0111
-
0,0162
*
0,0094
-
0,0013
0,0069
0,0101
*
0,0061
0,0114
0,0124
SEGINC
-
0,0095
0,0122
-
0,0267
0,0283
-
0,0077
0,0100
0,0052
0,0101
0,0057
0,0079
0,0045
0,0160
SEGCOMP
-
0,0127
0,0128
-
0,0525
**
0,0177
0,0030
0,0097
-
0,0026
0,0075
0,0009
0,0090
0,0220
0,0140
S
UPINC
-
0,0040
0,0253
-
0,1465
**
0,0563
0,0228
0,0175
0,0246
0,0183
-
0,0144
0,0120
0,0514
**
0,0246
SUPCOMP
-
0,0394
**
0,0198
-
0,1176
**
0,0403
0,0157
0,0162
0,0060
0,0098
0,0013
0,0147
0,0362
*
0,0197
AGELT6
-
0,0071
**
0,0015
-
0,0190
**
0,0038
0,0695
**
0,0126
0
,0508
**
0,0051
-
0,0032
*
0,0018
-
0,0069
0,0048
AGE6_12
0,0049
**
0,0015
-
0,0064
**
0,0030
-
0,0300
**
0,0060
0,0005
0,0024
-
0,0048
**
0,0019
-
0,0038
0,0039
AGE13_20
0,0000
0,0013
0,0051
**
0,0025
-
0,0225
**
0,0047
-
0,0061
**
0,0022
-
0,0044
**
0,0019
0,0012
0,0028
AGE21_59
-
0,0037
**
0,0014
0,0136
**
0,0036
-
0,0216
**
0,0038
-
0,0130
**
0,0023
-
0,0043
**
0,0021
-
0,0031
0,0024
AGEMT60
-
0,0100
**
0,0023
0,0182
**
0,0044
-
0,0112
**
0,0040
-
0,0041
0,0032
-
0,0182
**
0,0057
-
0,0066
0,0044
REFRIG
-
0,0499
**
0,0059
0,0658
**
0,0155
0,0087
0,0106
-
0,0350
**
0,0160
0,0001
0,0049
0,0079
0,0156
URBANO
-
0,0328
**
0,0064
-
0,0142
0,0155
0,0304
**
0,0153
-
0,0556
**
0,0111
0,0087
0,0064
-
0,0048
0,0113
PARROZ
-
0,0268
**
0,0067
0,0476
**
0,0171
0,0226
0,0138
-
0,0102
0,0177
0,0325
**
0,0112
0,0127
0,
0178
PBANANA
0,0225
**
0,0079
-
0,0032
0,0096
0,0090
0,0096
-
0,0027
0,0094
-
0,0150
**
0,0067
0,0195
0,0145
PBATATA
-
0,0046
0,0109
0,0692
**
0,0199
0,0220
0,0148
-
0,0484
**
0,0168
-
0,0315
**
0,0099
0,0148
0,0154
PBOIPRI
0,0571
**
0,0130
-
0,0318
0,0204
-
0,0209
0
,0169
0,0071
0,0162
0,0169
0,0123
-
0,0313
0,0202
PBOISEG
0,0321
**
0,0100
-
0,0099
0,0164
0,0214
0,0154
0,0204
0,0137
0,0121
0,0103
-
0,0193
0,0197
PFARINH
0,0049
0,0066
-
0,0850
**
0,0221
-
0,0020
0,0116
0,0722
**
0,0207
0,0035
0,0083
0,0081
0,0141
PFEIJAO
-
0
,0411
**
0,0056
0,0089
0,0143
-
0,0076
0,0120
0,0189
0,0134
-
0,0135
0,0094
-
0,0019
0,0195
PFRANGO
0,0118
0,0086
-
0,0406
**
0,0113
0,0142
0,0110
-
0,0135
0,0106
0,0021
0,0081
0,0099
0,0134
PLEITEP
-
0,0076
0,0095
-
0,0713
**
0,0210
0,0418
**
0,0112
0,0711
**
0,018
8
-
0,0247
**
0,0113
0,0013
0,0145
PLEITEF
0,0130
**
0,0050
0,0288
**
0,0096
0,0926
**
0,0198
-
0,0674
**
0,0082
0,0203
**
0,0078
0,0335
**
0,0166
PMACARR
-
0,0512
**
0,0077
0,0142
0,0094
0,0263
**
0,0084
0,0240
**
0,0088
-
0,0362
**
0,0100
-
0,0085
0,0090
PMANTEI
0,03
16
**
0,0090
-
0,0095
0,0137
0,0128
0,0118
-
0,0144
0,0121
0,0058
0,0076
0,1228
**
0,0483
PMARGAR
-
0,0082
0,0101
0,0072
0,0156
-
0,0430
**
0,0140
0,0339
**
0,0139
-
0,0394
**
0,0134
0,0641
**
0,0303
PPAOFRA
-
0,0030
0,0086
-
0,0620
**
0,0178
-
0,0301
**
0,0104
0,0237
**
0,0096
-
0,0155
0,0099
0,0279
*
0,0149
P
SUÍNO
0,0115
*
0,0062
-
0,0454
**
0,0140
0,0055
0,0096
0,0231
**
0,0084
-
0,0083
0,0063
-
0,0099
0,0093
PQUEIJO
-
0,0232
**
0,0093
0,0244
*
0,0136
0,0374
**
0,0142
-
0,0125
0,0096
0,0086
0,0078
0,0120
0,0088
PTOMATE
-
0,0308
**
0,0091
-
0,0111
0,0118
0,0064
0,0110
0,0006
0,0098
-
0,0293
**
0,0106
-
0,0192
0,0142
DESPESC
0,0238
**
0,0069
0,1926
**
0,0367
0,0501
**
0,0160
-
0,0247
**
0,0067
-
0,0191
**
0,0074
0,0308
*
0,0176
QDESPESC
-
0,0006
0,0010
-
0,0276
**
0,0057
-
0,0063
**
0,0023
-
0,0056
*
*
0,0014
0,0055
**
0,0016
-
0,0032
0,0024
GAMMA
0,0735
*
0,0417
0,8200
**
0,1771
0,1014
0,0673
0,0472
0,0429
0,3035
**
0,0985
0,0655
0,0440
Continua na pagina seguinte...
Os coeficientes em negrito são significativos a 5 % (**) e 10 % (*)
142
Continuação
Tabela
5.
1
0
MARGARINA
PÃO FRANCES
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
-
0,0650
0,0885
0,4146
**
0,0574
-
0,3318
0,2502
0,0112
0,0548
0,1911
**
0,0453
ANALFA
-
0,0162
*
0,0098
-
0,0639
**
0,0100
0,0378
**
0,0169
-
0,0157
0,0259
-
0,0030
0,0068
PRIINC
0,0003
0,0047
-
0,0247
**
0,0059
0,0188
**
0,0095
-
0,0138
0,0089
-
0,0008
0,0056
SEGINC
0,0068
0,0069
-
0,0005
0,0073
0,0037
0,0124
-
0,0164
0,0106
0,0014
0,0077
SEGCOMP
0,0091
0,0063
0,0243
**
0,0064
-
0,00
74
0,0090
0,0022
0,0064
-
0,0006
0,0051
SUPINC
0,0111
0,0092
0,0289
**
0,0114
-
0,0324
0,0200
0,0453
**
0,0152
0,0074
0,0072
SUPCOMP
0,0022
0,0075
0,0151
*
0,0079
-
0,0318
*
0,0172
0,0566
**
0,0170
0,0113
0,0135
AGELT6
-
0,0063
**
0,0030
-
0,0002
0,0021
-
0,0110
**
0,0054
-
0,0262
**
0,0081
-
0,0063
**
0,0028
AGE6_12
-
0,0015
0,0021
0,0254
**
0,0028
-
0,0061
*
0,0036
-
0,0162
**
0,0050
-
0,0020
0,0018
AGE13_20
0,0020
0,0016
0,0264
**
0,0028
-
0,0068
**
0,0032
-
0,0132
**
0,0045
-
0,0005
0,0015
AGE21_59
-
0,0028
0,0017
0,0328
**
0,00
35
-
0,0103
**
0,0037
-
0,0205
**
0,0057
0,0026
0,0017
AGEMT60
-
0,0069
**
0,0034
0,0344
**
0,0042
-
0,0289
**
0,0099
-
0,0184
**
0,0058
-
0,0007
0,0026
REFRIG
0,0188
*
0,0098
0,0368
**
0,0170
-
0,0170
**
0,0081
-
0,0204
0,0211
0,0147
**
0,0063
URBANO
0,0180
**
0,0090
0,0
654
**
0,0119
-
0,0182
0,0144
-
0,0125
*
0,0069
-
0,0035
0,0062
PARROZ
0,0271
**
0,0132
0,0604
**
0,0133
0,0193
0,0184
0,0383
**
0,0180
-
0,0090
0,0126
PBANANA
-
0,0084
0,0066
0,0070
0,0065
-
0,0277
**
0,0131
0,0101
0,0067
0,0036
0,0051
PBATATA
-
0,0002
0,0074
0,007
4
0,0091
-
0,0838
**
0,0310
-
0,0275
**
0,0084
-
0,0124
*
0,0074
PBOIPRI
0,0129
0,0132
0,0020
0,0147
0,0600
**
0,0282
-
0,0115
0,0113
-
0,0052
0,0129
PBOISEG
0,0027
0,0099
0,0152
0,0126
0,0434
**
0,0211
0,0378
**
0,0161
-
0,0108
0,0122
PFARINH
0,0109
0,0087
0,0235
*
*
0,0110
0,0799
**
0,0356
-
0,0164
0,0132
0,0129
0,0101
PFEIJAO
-
0,0078
0,0098
-
0,0010
0,0116
0,0340
*
0,0191
-
0,0148
0,0120
0,0023
0,0110
PFRANGO
0,0075
0,0083
-
0,0195
*
0,0107
-
0,0401
**
0,0168
0,0310
**
0,0104
0,0046
0,0100
PLEITEP
-
0,0296
**
0,0129
-
0,0121
0,0114
0,0489
0,0298
-
0,0386
**
0,0168
-
0,0057
0,0105
PLEITEF
0,0285
**
0,0126
0,0414
**
0,0077
-
0,0289
**
0,0133
0,0334
**
0,0106
-
0,0096
0,0060
PMACARR
-
0,0198
**
0,0087
-
0,0149
**
0,0069
0,0424
**
0,0190
0,0136
**
0,0067
0,0017
0,0070
PMANTEI
0,0048
0,0087
0
,1015
**
0,0119
0,0346
*
0,0181
0,0503
**
0,0152
-
0,0180
*
0,0096
PMARGAR
0,0034
0,0040
-
0,0105
0,0108
0,0099
0,0160
-
0,0089
0,0107
-
0,0009
0,0115
PPAOFRA
-
0,0188
*
0,0088
-
0,0503
**
0,0066
0,0409
**
0,0191
0,0099
0,0066
-
0,0020
0,0066
P
SUÍNO
-
0,0054
0,0066
0,
0060
0,0071
-
0,1243
**
0,0449
0,0452
**
0,0129
-
0,0059
0,0076
PQUEIJO
0,0027
0,0067
-
0,0241
**
0,0084
0,0071
0,0101
-
0,0647
**
0,0186
0,0019
0,0073
PTOMATE
-
0,0177
*
0,0094
0,0034
0,0078
0,0391
**
0,0182
0,0014
0,0061
0,0180
**
0,0057
DESPESC
0,0060
0,0074
-
0,
2198
**
0,0225
0,0386
**
0,0145
0,0901
**
0,0271
-
0,0774
**
0,0175
QDESPESC
0,0004
0,0012
0,0166
**
0,0026
0,0001
0,0015
-
0,0137
**
0,0042
0,0100
**
0,0023
GAMMA
0,1229
*
0,0646
0,1623
**
0,0666
0,1446
0,1083
0,0735
0,0545
0,0540
*
0,0289
Fonte: Dados da Pesquisa
143
b)
Cálculo das elasticidades da demanda
O cálculo das elasticidades no segundo estágio é diferente para cada conjunto de
variáveis. A distinção principal deve ser feita entre o caso em que a variável aparece
apenas no segundo estágio daquele em que ela a
parece em ambos os estágios de
estimação. Nesse segundo caso, deve se levar em conta não o chamado efeito direto
(da variável em questão sobre as quantidades demandadas) como também o efeito
indireto do primeiro estágio (efeito da variável na probabilid
ade de aquisição)
66
.
No caso das elasticidades
dispêndio, em que a variável gasto total é encontrada
apenas no segundo estágio, a fórmula para as elasticidades é a seguinte (Banks et al.,
1997 e Lazaridis, 2004):
ˆ
( ' ) 2 ln
ln ( ) ( )
i i
i in i i
w
m
Z
m b p a p
,
1
i
i
i
e
w
,
em que
i
e
=elasticidade
dispêndio;
m
gasto total com n bens
.
As outras variáveis já foram definidas para a equação (5.1).
Em relação às variáveis preço, que aparecem também apenas no segundo
estágio
, as elasticidades
-
preço não compensadas são calculadas da seguinte forma:
2
ˆ
( ' ) ( ln ) ln
ln ( ) ( )
i j
i
ij in i ij i j jk k
k
j
w
m
Z p
p b p a p
,
ij
i
ij
ij
w
e
,
em que
ij
e
elasticidades
preço não
compensadas;
ln
i
i
w
m
;
0
ij
pa
ra
j
i
;
66
Ver Lazaridis (2004)
144
1
ij
para
j
i
.
As elasticidades
pre
ç
o compensadas podem ser calculadas
por meio da equação
de Slutsky com elasticidades da seguinte forma:
*
ij i j ij
e e w e
,
em que
*
ij
e
elasticidades
preço compensadas
.
As variáveis qualitativas binárias também podem ter “elasticidades” calculadas.
Apesar de não terem a mesma interpretação das variáveis contínuas, elas permitem
analisar de forma mais clara os impactos d
e cada variável na quantidade demandada em
uma relação funcional complexa (Su &Yen, 2000).
No caso das variáveis que aparecem em ambos os estágios de estimação (no
caso deste estudo, as variáveis educacionais, a variável URBANO e a variável
REFRIG), o cálc
ulo das “elasticidades” é feito da seguinte forma (Lazaridis, 2004, e
Yen et al., 2002):
,
ˆ ˆ ˆ ˆ
ˆ
( ' ). . ( ' ). . ( ' ).( ' ). .
k k k
k
i x in i x i in i ik i in i in i x
i
x
e Z w Z Z Z
w
,
em que
,
k
i x
e
= ‘elasticidade’ do bem i em relação a variável
k
x
;
'
i
in
Z
=
função de densidade de probabilidade da distribuição normal
avaliada em
i
in
Z
'
;
k
x
= coeficiente da variável
k
x
no primeiro estágio;
ˆ
i
w
= parcela orçamentária est
imada do bem i no ponto escolhido (ponto
médio);
'
i
in
Z
=
função de distribuição acumulada da distribuição normal
avaliada em
i
in
Z
'
;
ik
= coeficiente da variável
k
x
no
seg
undo
estágio.
i
= coeficiente da variável gamma;
in
Z
= vetor de variáveis do primeiro estágio;
ˆ
= vetor de coeficientes estimados no primeiro estágio;
145
i
w
= parcela orçamentária do bem i no ponto escolhido (ponto médio)
.
No caso das variáveis que aparecem apenas no segundo estágio (além dos preços
e do gasto total, apenas as variáveis de composição familiar), o primeiro e o terceiro
termo dentro dos colche
tes da fórmula
anterior
se anulam, e a elasticidade é calculada
com a fórmula:
,
ˆ
( ' ). .
k
k
i x in i ik
i
x
e Z
w
 
.
As T
abelas 5.11 a 5.19 apresentam as elasticidades calculadas com as fórmulas
acima, todas calculadas na média da am
ostra
67
. Na T
abela 5.11, estão os
resultados das
elasticidades
dispêndio. O que chama a atenção em primeiro lugar é a inexistência de
bens inferiores: todas as elasticidades são maiores do que zero. Além disso, 11 das 17
elasticidades são maiores do que um, indicando a predominância de be
ns superiores.
Dentre esses bens, destacam
se as carnes com as maiores elasticidades. A carne bovina
de primeira possui a elasticidade mais elevada: um aumento do gasto total com a cesta
de alimentos de 10% causa um aumento de 15,7% na quantidade demandada
de carne
de primeira. Seguem a carne suína (1,21), carne bovina de segunda (1,12) e frango
(1,10). A comparação destes resultados com as elasticidades apresentadas n
o estudo de
Menezes et al. (2002
), que utilizam também um alto nível de desagregação para
os
produtos e informações da POF 1995/96 mostra uma ordenação semelhante para as
carnes, apenas com a troca de posição entre frango e carne bovina de segunda. No
entanto, as elasticidades calculadas naquele trabalho foram sistematicamente menores
do que as
apresentadas na Tabela 5.11, variando de 0,67 (carne bovina de primeira) a
0,18 (carne bovina de segunda). Os resultados apresentados aqui, contudo, parecem
mais coerentes com o esperado, pois as carnes são consideradas bens superiores no país,
com exceçã
o apenas talvez da carne bovin
a de segunda. Os resultados da T
abela 5.11
mostram que até este tipo de carne é um bem superior, corroborando de certa forma as
informações de quantidade consumida do capítulo quatro
68
.
67
Não foi possível calcular os desvios padrões das elasticidad
es devido à dificuldade imposta pelo uso
conjunto de dois estágios de estimação (com variáveis incluídas em ambos os estágios de estimação) e o
modelo QUAIDS. Ver Su e Yen (2000) para um exemplo de cálculo de desvios padrões das elasticidades
com um modelo
linear.
68
Tabela 4.9, pág. 109.
146
Tabela 5.11
Elasticidades
dispêndio da
demanda
,
Brasil
,
Período 2002
2003
PRODUTOS
ELASTICIDADE
ARROZ
1,2612
BANANA
0,6533
BATATA
0,8907
BOIPRIMEIRA
1,5705
BOISEGUNDA
1,1222
FARINHA DE MANDIOCA
0,9360
FEIJÃO
1,1221
FRANGO
1,1017
LEITE EM PÓ
1,0519
LEITE FLUIDO
0,7403
MACARRÃO
1,14
17
MANTEIGA
1,1317
MARGARINA
1,1065
PAO FRANCÊS
0,4674
SUÍNO
1,2142
QUEIJOS
1,0505
TOMATE
0,6666
Fonte: Dados da Pesquisa
.
Um resultado não esperado da tabela 5.11 foram as altas elasticidades para
produtos básicos. Arroz e feijão têm elasticidade
s maiores do que um, sendo
considerados assim bens superiores. A farinha de mandioca também apresenta
elasticidade inesperadamente alta, maior que 0,9. O arroz, aliás, apresenta a segunda
maior elasticidade (1,26) de todos os 17 produtos, menor apenas que
a carne bovina de
primeira. Estes valores superam em muito as expectativas iniciais em relação a estes
produtos. Esperava
se que eles fossem considerados no máximo bens normais, com
elasticidades na faixa de 0,2 ou 0,3, com a possibilidade até de elasticid
ades negativas
(bens infe
riores). Em Menezes et al. (2002
), por exemplo, as elasticidades de arroz e
feijão foram estimadas em 0,04 e 0,05, respectivamente, enquanto a elasticidade da
mandioca foi negativa (
-
0,21). Entretanto, algumas explicações são possí
veis para esses
valores elevados. Em primeiro lugar o problema pode estar no uso da variável gasto
total ao invés da renda. Na maior parte dos trabalhos, a renda é a variável utilizada e
isso garante a discrepância dos valores: como o peso do gasto com ali
mentação em geral
decresce com a renda, ou seja, a elasticidade
-
renda da “alimentação” é menor do que
147
um, é de se esperar que as elasticidades
dispêndio sejam consistentemente maiores que
as elasticidades
renda para o mesmo conjunto de dados. Essa comparaç
ão será possível
no item 5.3, quando se utiliza a renda ao invés do gasto total na estimação.
Outra explicação pode estar relacionada à inclusão de outras variáveis que
captam os impactos que de outra maneira eram incluídas na esfera de influência da
renda
. Um exemplo o as variáveis educacionais. Como a renda é positivamente
correlacionada com a educação, e esta é negativamente correlacionada com o consumo
de alguns produtos, é de se esperar que para outros estudos que não incluam a educação,
as elasticid
ades
renda calculadas sejam menores que as calculadas aqui. De outra
maneira, controlando para a educação, é possível que o papel do gasto total seja
efetivamente maior do que o esperado inicialmente. Infelizmente, a falta de estudos de
demanda utilizando
pesquisas de orçamentos familiares e que incluam as variáveis
educacionais impede uma comparação dos valores encontrados aqui.
Outra surpresa entre as elasticidades calculadas são os valores encontrados para
o leite em pó e leite fluido. Estudos anteriores
(Hoffm
ann, 2000 e Menezes et al., 2002
)
encontraram elasticidades superiores para o leite fluido e negativas para o leite em pó,
indicando ser e
ste último um bem inferior. Na T
abela 5.11, ao contrário, o leite em é
considerado um bem superior, enquanto
o leite fluido é um bem normal. Mesmo
controlando para a educação, parece ser pouco realista este resultado no caso brasileiro.
Apesar de o leite em ser um produto relativamente mais caro que o leite fluido,
ainda uma predominância do consumo nos es
tratos mais baixos de renda causados por
hábitos alimentares e ausência de capacidade de refrigeração. A inclusão da variável
REFRIG certamente contribui para captar parte desta influência, mas é difícil considerar
o leite em pó um bem superior no Brasil.
Quanto às demais elasticidades, surpreendem os baixos valores para tomate
69
e
banana e as altas elasticidades para manteiga e margarina.
As T
abelas 5.12 e 5.13 apresentam as elasticidades
preço Marshalianas (não
compensadas) e Hicksianas (compensadas). Anal
isando as elasticidades diretas não
compensadas, observam
-
se valores negativos para todos os produtos, com exceção da
manteiga. Isso indicaria que este produto seria um bem de Giffen, em que um aumento
de preço causaria um aumento da quantidade demandada
do produto. Isso seria pouco
provável num produto com um substituto como a margarina, entre outros, e de baixa
69
Apesar de semelhante ao valor encontrado por Menezes et al. (2002).
148
participação na despesa total dos consumidores. Além disso, a manteiga não é um bem
inferio
r conforme mostram os dados da T
abela 5.11, o que é um
requerimento para um
produto ser
um bem de Giffen. Um exame da T
abela 5.13 sugere a origem do
problema. A elasticidade direta compensada no caso da manteiga é positiva, uma
violação da lei da demanda. Parece haver um problema na estimação, talvez causado
pela baixa freqüência observada na aquisição de manteiga pelos consumidores (pouco
mais de 5 %). Isso fez com que quase 95 % dos preços para a manteiga fossem
imputados através de médias regionais, o que pode ter comprometido os resultados das
elasticidad
es.
De qualquer forma, este problema está circunscrito à manteiga. Para os demais
produtos, as elasticidades diretas (compensadas e não
compensadas) foram negativas. O
que surpreende novamente são os resultados elevados para os produtos básicos: arroz,
fei
jão e farinha de mandioca têm demandas preço
elásticas, com destaque para o valor
1,79) para a elasticidade não compensada da farinha. As carnes, em comparação, têm
elasticidades menores (em módulo), variando de
1,67 (
suíno
) até
0,82 (carne bovina
de p
rimeira). Quanto aos demais produtos, a maior parte apresenta demandas elásticas.
As exceções são tomate (
0,48), pão francês (
0,88), margarina (
0,95) e leite em (
0,80). Estes valores são menores que o esperado, especialmente porque estes são
produto
s com substitutos próximos. A comparação com outros estudos é prejudicada
pelo pequeno número de trabalhos que utiliza preços na sua formulação.
149
Tabela
5.12
Elasticidades
preço não
-
compensadas da demanda
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ARROZ
BANA
NA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE
MANDIOCA
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
1,6556
0,0851
0,2095
-
0,0055
-
0,0425
0,1282
-
0,2103
0,1813
0,1072
BANANA
0,0218
-
1,2834
0,1276
-
0,2990
-
0,3233
-
0,1057
-
0,0024
-
0,1440
-
0,3100
BATATA
0,1115
-
0,1648
-
1
,3069
-
0,1083
0,0247
0,5395
-
0,1999
-
0,2317
0,2187
BOIPRIMEIRA
-
0,1277
0,1136
0,2806
-
0,8217
-
0,0925
-
0,2550
0,0348
0,3352
0,0673
BOISEGUNDA
-
0,0683
-
0,1338
0,0961
-
0,0311
-
1,2081
0,2224
0,1815
0,2825
0,1010
FARINHA DE MANDIOCA
0,4805
0,0551
-
0,3289
-
0,
3454
-
0,1362
-
1,7924
0,5120
-
0,1994
0,0903
FEIJÃO
-
0,1580
0,1288
-
0,0287
0,3900
0,2144
0,0214
-
1,2492
0,1166
-
0,0430
FRANGO
0,2190
-
0,0903
0,2503
0,1067
0,1601
-
0,3332
0,0563
-
0,9108
-
0,2210
LEITE EM PÓ
0,1061
0,0193
0,0904
-
0,0349
0,1413
-
0,0089
-
0,027
0
0,1208
-
0,8058
LEITE FLUIDO
-
0,0413
-
0,0204
-
0,2169
-
0,0465
0,0849
0,3454
0,1012
-
0,1241
0,3261
MACARRÃO
0,3120
-
0,1154
-
0,3103
0,1125
0,0429
0,0254
-
0,1542
-
0,0508
-
0,2776
MANTEIGA
0,1533
0,1917
0,1599
-
0,2800
-
0,1524
0,0901
-
0,0132
0,1850
0,0329
MA
RGARINA
0,3439
-
0,1057
-
0,0022
0,1782
0,0348
0,1339
-
0,1025
0,1060
-
0,3789
PAO FRANCÊS
0,2352
0,1079
0,0504
-
0,4659
-
0,1939
0,1681
0,0099
-
0,5483
-
0,0983
SUÍNO
0,1061
-
0,1546
-
0,4560
0,3841
0,2581
0,4224
0,1788
-
0,1643
0,2666
QUEIJOS
0,2790
0,0028
-
0,19
40
0,0910
0,4028
-
0,1057
-
0,0757
0,3849
-
0,2064
TOMATE
-
0,2369
0,2119
-
0,2068
-
0,5452
-
0,5784
0,2633
0,0084
-
0,3827
-
0,2110
Continua na pagina seguinte
...
150
Continuação
Tabela 5.12
PRODUTOS
LEITE
FLUIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO
FRANCÊS
SUÍNO
QU
EIJOS
TOMATE
ARROZ
-
0,1482
0,0579
-
0,6370
0,0614
0,2646
0,0972
-
0,2466
-
0,1294
BANANA
0,0735
-
0,0119
-
0,0402
0,0860
0,2074
-
0,0533
-
0,1408
-
0,1549
BATATA
-
0,1984
-
0,0296
0,0745
-
0,0100
0,2190
-
0,0240
0,0651
-
0,0460
BOIPRIMEIRA
-
0,2839
0,1603
-
0,3685
0,
1028
0,1209
0,1905
0,1300
0,1231
BOISEGUNDA
-
0,2737
0,2022
-
0,1467
0,1260
-
0,1773
0,1189
0,1690
-
0,1049
FARINHA DE MANDIOCA
0,1427
-
0,0380
0,2111
-
0,2866
-
0,0547
-
0,0323
0,7027
0,4724
FEIJÃO
0,0583
-
0,2959
0,1949
-
0,0429
-
0,0467
0,0718
-
0,1371
-
0,1922
FRANGO
0,0674
0,0446
0,0013
0,0399
-
0,4990
-
0,1323
0,1911
-
0,1321
LEITE EM PÓ
0,3899
0,1098
0,0644
-
0,1830
-
0,1943
0,0348
0,1860
0,0054
LEITE FLUIDO
-
1,2533
0,0702
-
0,0703
0,1356
0,1117
0,1072
-
0,0290
-
0,0017
MACARRÃO
0,2020
-
1,3446
0,0454
-
0,3961
-
0,05
26
-
0,1037
0,0347
-
0,2582
MANTEIGA
0,3620
-
0,1004
0,3811
0,7181
0,2288
-
0,0966
0,1659
-
0,2421
MARGARINA
0,3555
-
0,2460
0,0622
-
0,9535
-
0,2394
-
0,0695
0,0288
-
0,2248
PAO FRANCÊS
0,3507
-
0,1405
0,3885
-
0,0982
-
0,8850
-
0,0172
-
0,1638
0,1163
SUÍNO
-
0,1826
0,2458
0,1945
0,0619
0,1937
-
1,6731
0,0359
0,2053
QUEIJOS
0,1927
0,0735
0,3574
-
0,0517
-
0,1387
0,3310
-
1,3415
-
0,0621
TOMATE
-
0,0930
0,0432
-
0,4195
-
0,0424
0,4439
-
0,1947
-
0,1368
-
0,4870
Fonte: Dados da Pesquisa
.
151
Tabela 5.13
Elasticidades
preço com
pensadas da demanda
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE
MANDIOCA
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
1,5253
0,1187
0,2300
0,0831
0,0509
0,1649
-
0,1313
0,3201
0,1486
BANANA
0,0893
-
1,2660
0,1382
-
0,2531
-
0,2749
-
0,0867
0,0385
-
0,0721
-
0,2885
BATATA
0,2035
-
0,1411
-
1,2924
-
0,0457
0,0907
0,5654
-
0,1442
-
0,1336
0,2480
BOIPRIMEIRA
0,0346
0,1554
0,3061
-
0,7114
0,0239
-
0,2093
0,1330
0,5082
0,1189
BOISEGUNDA
0,0476
-
0,1040
0,1143
0,0477
-
1,1250
0,2550
0,2517
0,4060
0,1378
FARINHA DE MANDIOCA
0,5772
0,0800
-
0,3137
-
0,2797
-
0,0668
-
1,7652
0,5706
-
0,0963
0,1210
FEIJÃO
-
0,0420
0,1587
-
0,0105
0,4688
0,2976
0,0540
-
1,1789
0,2401
-
0,0062
FRANGO
0,3328
-
0,0609
0,2682
0,1840
0,2417
-
0,3012
0,1253
-
0,7895
-
0,1849
L
EITE EM PÓ
0,2148
0,0473
0,1075
0,0390
0,2193
0,0217
0,0389
0,2367
-
0,7712
LEITE FLUIDO
0,0352
-
0,0007
-
0,2049
0,0055
0,1398
0,3670
0,1475
-
0,0426
0,3504
MACARRÃO
0,4300
-
0,0850
-
0,2918
0,1927
0,1275
0,0586
-
0,0828
0,0749
-
0,2401
MANTEIGA
0,2702
0,2218
0,1782
-
0,2005
-
0,0685
0,1230
0,0577
0,3096
0,0701
MARGARINA
0,4582
-
0,0763
0,0157
0,2559
0,1167
0,1661
-
0,0332
0,2279
-
0,3425
PAO FRANCÊS
0,2834
0,1204
0,0580
-
0,4331
-
0,1592
0,1817
0,0391
-
0,4969
-
0,0829
SUÍNO
0,2316
-
0,1222
-
0,4362
0,4693
0,3480
0,45
78
0,2548
-
0,0306
0,3065
QUEIJOS
0,3875
0,0308
-
0,1769
0,1647
0,4807
-
0,0751
-
0,0100
0,5005
-
0,1719
TOMATE
-
0,1680
0,2296
-
0,1960
-
0,4984
-
0,5290
0,2827
0,0501
-
0,3093
-
0,1892
Continua na pagina seguinte...
152
Continuação
Tabela 5.13
PRODUTOS
LEITE FL
UIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO FRANCÊS
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
ARROZ
-
0,0064
0,0954
-
0,6308
0,0832
0,4595
0,1657
-
0,2143
-
0,1081
BANANA
0,1470
0,0075
-
0,0370
0,0973
0,3084
-
0,0178
-
0,1241
-
0,1439
BATATA
-
0,0983
-
0,0031
0,0788
0,0054
0,3567
0,0245
0,0
879
-
0,0310
BOIPRIMEIRA
-
0,1073
0,2070
-
0,3608
0,1298
0,3637
0,2759
0,1703
0,1497
BOISEGUNDA
-
0,1475
0,2356
-
0,1412
0,1453
-
0,0038
0,1800
0,1978
-
0,0860
FARINHA DE MANDIOCA
0,2479
-
0,0102
0,2157
-
0,2704
0,0899
0,0186
0,7267
0,4882
FEIJÃO
0,1845
-
0,2625
0,2004
-
0,0235
0,1267
0,1328
-
0,1083
-
0,1733
FRANGO
0,1913
0,0774
0,0067
0,0589
-
0,3287
-
0,0724
0,2193
-
0,1134
LEITE EM PÓ
0,5082
0,1411
0,0695
-
0,1649
-
0,0317
0,0920
0,2129
0,0231
LEITE FLUIDO
-
1,1701
0,0923
-
0,0666
0,1484
0,2261
0,1474
-
0,0100
0,0108
MACARRÃO
0,3304
-
1,3106
0,0510
-
0,3764
0,1238
-
0,0417
0,0640
-
0,2389
MANTEIGA
0,4893
-
0,0667
0,3866
0,7377
0,4037
-
0,0351
0,1948
-
0,2230
MARGARINA
0,4800
-
0,2130
0,0676
-
0,9344
-
0,0684
-
0,0093
0,0572
-
0,2061
PAO FRANCÊS
0,4032
-
0,1266
0,3908
-
0,0901
-
0,8128
0,0082
-
0,1519
0,1242
SUÍNO
-
0,0460
0,2819
0,2005
0,0828
0,3814
-
1,6071
0,0670
0,2258
QUEIJOS
0,3109
0,1048
0,3625
-
0,0336
0,0237
0,3881
-
1,3146
-
0,0444
TOMATE
-
0,0181
0,0631
-
0,4162
-
0,0309
0,5469
-
0,1585
-
0,1197
-
0,4757
Fonte: Dados da Pesquis
a
.
153
Quanto às elasticidades
-
preço cruzadas,
as T
abelas 5.14 e 5.15 auxiliam na
classificação dos produtos em substitutos e complementos baseada nos resultados das
tabelas 5.12 e 5.13. O
arroz, por exemplo,
é substituto (bruto e líquido) do macarrão,
pão f
rancês, batata e farinha de mandioca, fontes alternativas de carboidratos. Apresenta
ainda relações de complementaridade com o feijão (bruta e líquida), com carne bovina
(apenas bruta) e tomate (bruta e líquida). No caso do feijão, ele é substituto
(bruto
e
líquido)
da farinha de mandioca, resultado não esperado em vista das relações de
complementaridade observada entre eles, especialmente no Nordeste. Em relação a
outras fontes de proteína, o feijão é substituto das carnes e laticínios, com e
xceção do
leit
e em pó
.
No caso das carnes, carne de boi de primeira é substituta líquida de todas as
outras, com de
staque para a carne suína e frango
. A substitubilidade com a carne de boi
de
segunda é bem mais fraca
, indicando certa resistência dos consumidores em troc
ar os
cortes mais nobres pelos mais baratos.
Um resultado surpreendente
é a complementari
dade bruta e líquida entre carne
de frango e carne suína. Esse resultado, apesar de não
esperado, repete a conclusão
de
Santana (1999) que, utilizando dados agregados
, também encontra relaç
ões de
complementari
dade entre a carne de frango e a carne suína
.
A explicação desse
resultado para o consumo domiciliar é, porém, muito mais complicada, pois neste caso é
mais difícil encontrar um consumo conjunto desses dois tipos
de carnes.
No caso dos leites fluido e em pó, há a esperada relação de substitubilidade entre
eles. Um aumento (não
compensado) de 10 % no preço do leite em causa um
aumento de 3,89 % no consumo de leite fluido.
entre manteiga e margarina, também
uma relação de substitubilidade, que,
entretanto, é muito maior no caso da variação do preço da manteiga sobre a margarina
que o inverso. Isso parece indicar que os consumidores de margarina são muito mais
flexíveis na substituição, provavelmente mais pre
ocupados com a característica preço,
enquanto os consumidores de manteiga são mais relutantes na substituição.
De forma geral, pode
se dizer que as elasticidades
preço calculadas ficaram
dentro do que era esperado.
154
Tabela 5.1
4
Relações de substitubili
dade e complementaridade bruta entre os produtos pesquisados
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE M.
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
S
S
C
C
S
C
S
S
BANANA
S
-
S
C
C
C
C
C
C
BATATA
S
C
-
C
S
S
C
C
S
BOIPRIMEIRA
C
S
S
-
C
C
S
S
S
BOISEGUNDA
C
C
S
C
-
S
S
S
S
FARINHA DE MANDIOCA
S
S
C
C
C
-
S
C
S
FEIJÃO
C
S
C
S
S
S
-
S
C
FRANGO
S
C
S
S
S
C
S
-
C
LEITE EM PÓ
S
S
S
C
S
C
C
S
-
LEITE FLUIDO
C
C
C
C
S
S
S
C
S
MACARRÃO
S
C
C
S
S
S
C
C
C
MANTEIGA
S
S
S
C
C
S
C
S
S
MARGARINA
S
C
C
S
S
S
C
S
C
PAO FRANCÊS
S
S
S
C
C
S
S
C
C
SUÍNO
S
C
C
S
S
S
S
C
S
QUEIJOS
S
S
C
S
S
C
C
S
C
TOMATE
C
S
C
C
C
S
S
C
C
S= Substitutos brutos
C= Complementos brutos
Continua na pagina
seguinte...
155
Continuação
Tabela 5.14
PRODUTOS
LEITE FLUIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO FRANCÊS
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
ARROZ
C
S
C
S
S
S
C
C
BANANA
S
C
C
S
S
C
C
C
BATATA
C
C
S
C
S
C
S
C
BOIPRIMEIRA
C
S
C
S
S
S
S
S
BOISEGUNDA
C
S
C
S
C
S
S
C
FARINHA DE MANDIOCA
S
C
S
C
C
C
S
S
FEIJÃO
S
C
S
C
C
S
C
C
FRANGO
S
S
S
S
C
C
S
C
LEITE EM PÓ
S
S
S
C
C
S
S
S
LEITE FLUIDO
-
S
C
S
S
S
C
C
MACARRÃO
S
-
S
C
C
C
S
C
MANTEIGA
S
C
-
S
S
C
S
C
MARGARINA
S
C
S
-
C
C
S
C
PAO FRANCÊS
S
C
S
C
-
C
C
S
SUÍNO
C
S
S
S
S
-
S
S
QUEIJOS
S
S
S
C
C
S
-
C
TOMATE
C
S
C
C
S
C
C
-
Fonte: Dados da Pesquisa
.
S= Substitutos brutos
C= Complementos brutos
156
Tabela 5.15
Relações de substitubilidade e complementaridade líquida entre os produtos pesquisados
, Brasil, Período 2002
-
2003
PRODU
TOS
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE M.
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
S
S
S
S
S
C
S
S
BANANA
S
-
S
C
C
C
S
C
C
BATATA
S
C
-
C
S
S
C
C
S
BOIPRIMEIRA
S
S
S
-
S
C
S
S
S
BOISEGUNDA
S
C
S
S
-
S
S
S
S
FARINHA DE MANDIOCA
S
S
C
C
C
-
S
C
S
FEIJÃO
C
S
C
S
S
S
-
S
C
FRANGO
S
C
S
S
S
C
S
-
C
LEITE EM PÓ
S
S
S
S
S
S
S
S
-
LEITE FLUIDO
S
C
C
S
S
S
S
C
S
MACARRÃO
S
C
C
S
S
S
C
S
C
MANTEIGA
S
S
S
C
C
S
S
S
S
MARGARINA
S
C
S
S
S
S
C
S
C
PAO FRANCÊS
S
S
S
C
C
S
S
C
C
SUÍNO
S
C
C
S
S
S
S
C
S
QUEIJOS
S
S
C
S
S
C
C
S
C
TOMATE
C
S
C
C
C
S
S
C
C
S= Substitutos
líquidos
C= Complementos
líquidos
Continua na pagina seguinte...
157
Continuação
Tabela 5.15
PRODUTOS
LEITE FLUIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO FRANCÊS
SUÍNO
QUEIJOS
T
OMATE
ARROZ
C
S
C
S
S
S
C
C
BANANA
S
S
C
S
S
C
C
C
BATATA
C
C
S
S
S
S
S
C
BOIPRIMEIRA
C
S
C
S
S
S
S
S
BOISEGUNDA
C
S
C
S
C
S
S
C
FARINHA DE MANDIOCA
S
C
S
C
S
S
S
S
FEIJÃO
S
C
S
C
S
S
C
C
FRANGO
S
S
S
S
C
C
S
C
LEITE EM PÓ
S
S
S
C
C
S
S
S
LEITE F
LUIDO
-
S
C
S
S
S
C
S
MACARRÃO
S
-
S
C
S
C
S
C
MANTEIGA
S
C
-
S
S
C
S
C
MARGARINA
S
C
S
-
C
C
S
C
PAO FRANCÊS
S
C
S
C
-
S
C
S
SUÍNO
C
S
S
S
S
-
S
S
QUEIJOS
S
S
S
C
S
S
-
C
TOMATE
C
S
C
C
S
C
C
-
Fonte: Dados da Pesquisa
.
S= Substitutos
líqu
idos
C= Complementos
líquidos
158
A T
abela 5.1
6
apresenta as elasticidades para as variáveis educacionais incluídas
em ambos os estágios da estimação. As elasticidades calculadas são assim o somatório
tanto do efeito extensivo (impacto da variável na probab
ilidade de aquisição do produto)
quanto no efeito
intensivo
(impacto da variável na quantidade adquirida). Pode
se notar
inicialmente que a hipótese em relação aos produtos básicos de influência negativa da
maior escolaridade é observada. Essa influência i
nicia
se para domicílios com
responsáveis com segundo grau incompleto (para arroz e feijão), como era de se
esperar, que a categoria padrão (“default”) são os domicílios chefiados por pessoas
com primeiro grau completo. Para a farinha de mandioca, essa
influência inicia
se na
faixa do primeiro grau incompleto. Entretanto, cabe lembrar que no caso da farinha de
mandioca, os coeficientes das variáveis educacionais foram todos não significativos, o
que compromete a conclusão de relação negativa com a escola
ridade. Para o arroz, o
coeficiente de SEGINC não foi significativo e para o feijão, SEGINC, SEGCOMP e
SUPINC também não foram significativos. De qualquer forma, parece haver uma
relação negativa entre escolaridade e consumo de produtos básicos, o que auxi
lia um
pouco na compreensão dos resultados elevados obtidos para as elasticidades
dispêndio.
A hipótese é de que, caso se omitisse as variáveis educacionais, certamente esta
influência seria captada pelas elasticidades
dispêndio, diminuindo um pouco as
est
imativas obtidas na Tabela 5.11.
Em relação aos demais produtos, destacam
se os comportamentos opostos das
elasticidades para a carne bovina de primeira e de segunda. Para a primeira, a
quantidade demandada varia positivamente com a escolaridade, enquanto
para a
segunda o comportamento é oposto.
Para a carne suína, a escolaridade tem efeito negativo na demanda.
Isso pode ser
causado pela
maior restrição ou preconceito
ainda
existente na população contra a carne
suína, considerada menos saudável
. Na medida e
m que os consumidores mais
escolarizados têm teoricamente uma maior preocupação
com uma
alimentação saudável
,
esta percepção ou preconceito quanto à carne suína pode estar sendo captada
. Para a
carne de frango, a influência negativa também predomina, com e
xceção da categoria
PRIINC. Dessa forma, para as carnes em geral, apenas no caso da carne de primeira
observa
se influência positiva da escolaridade acima do primeiro grau completo.
159
Tabela 5.1
6
Elasticidades da demanda
para a variável nível educaciona
l do
responsável pelo domicílio
, Brasil, Período 2002
-
2003
PRODUTOS
ANALFA
PRIINC
SEGINC
SEGCOMP
SUPINC
SUPCOMP
ARROZ
0,0508
0,1085
-
0,0027
-
0,0314
-
0,0116
-
0,0239
BANANA
-
0,0270
-
0,0294
0,0005
0,0182
0,0034
0,0151
BATATA
-
0,0594
-
0,0668
-
0,0073
-
0,00
19
-
0,0006
-
0,0047
BOIPRIMEIRA
-
0,0986
-
0,1098
0,0118
0,0401
0,0033
0,0040
BOISEGUNDA
0,0393
0,0246
-
0,0001
-
0,0383
-
0,0126
-
0,0364
FARINHA DE
MANDIOCA
0,0101
-
0,0062
-
0,0060
-
0,0087
0,0002
-
0,0010
FEIJÃO
0,0573
0,0877
-
0,0043
-
0,0205
-
0,0054
-
0,0170
FRANGO
-
0,0031
0,0425
-
0,0055
-
0,0314
-
0,0158
-
0,0266
LEITE EM PÓ
-
0,0492
-
0,0702
-
0,0015
0,0045
-
0,0015
0,0032
LEITE FLUIDO
0,0281
-
0,0042
0,0011
-
0,0006
0,0032
0,0027
MACARRÃO
-
0,0257
0,1076
0,0054
-
0,0035
-
0,0139
-
0,0103
MANTEIGA
-
0,0522
0,0534
0,01
12
0,0507
0,0167
0,0254
MARGARINA
-
0,1004
-
0,0333
0,0055
0,0145
-
0,0027
-
0,0077
PAO FRANCÊS
-
0,0360
-
0,0416
0,0001
0,0121
0,0035
0,0042
SUÍNO
0,0167
0,0580
0,0004
-
0,0125
-
0,0084
-
0,0173
QUEIJOS
-
0,0520
-
0,1030
-
0,0037
0,0111
0,0093
0,0242
TOMATE
-
0,0
382
-
0,0291
0,0031
-
0,0075
0,0008
0,0011
Fonte: Dados da Pesquisa
.
Para o caso de leites e derivados, observa
se influência positiva, especialmente
em queijos e manteiga. Para leite em pó, influência positiva apenas para SEGCOMP
e SUPCOMP, enquanto pa
ra leite fluido esta influência é mais generalizada. Em relação
à margarina, observa
se comportamento oposto ao caso da
manteiga
, especialmente para
domicílios com responsáveis com curso superior. Isso pode ser causado pelas recentes
descobertas dos malefí
cios da margarina
70
em relação à manteiga, ao contrário do que se
acreditava até alguns anos atrás. Esse conhecimento específico sobre o papel das
gorduras
Trans
pode ser restrito apenas a consumidores mais escolarizados, causando o
efeito acima.
70
Especialmente causado pelas chamadas gorduras
trans
, presentes na margarina.
Ver Chiara et al.
(2002).
160
Para tomat
e e banana,
observa
se
influ
ência positiva da escolaridade
, refletindo
os benefícios desses alimentos à saúde e a presença de uma dieta mais rica em
domicílios com responsáveis mais escolarizados. O pão francês também apresenta
influência positiva, ao cont
rário do macarrão. Os resultados para batata foram todos
negativos, mas os coeficientes das variáveis de escolaridade para esse produto não
foram significativos.
A T
abela 5.1
7
apresenta os resultados das elasticidades para a variável presença
de refrigerad
or.
A presença de geladeira no domicílio, somando os efeitos extensivo e
intensivo, aumenta em 23,75 % a quantidade demandada de frango, por exemplo. Esse
valor e a maior parte dos demais encontrados na Tabela 5.17 parecem exagerados, em
especial para carn
e bovina de primeira. Uma explicação possível talvez seja que
domicílios com geladeira
tenham maior capacidade de conservação dos alimentos,
permit
indo assim
compras maiores dentro do período de pesquisa da POF (uma
semana), enquanto famílias sem geladeira
adquiram produtos (quando o fazem) em
menor quantidade e de forma mais freqüente. De qualquer forma, o
s resultados parecem
indicar que a posse de geladeira favorece a substituição de produtos básicos por carnes e
laticínios, que exigem refrigeração.
As ex
ceções são a carne suína e o surpreendente
sinal negativo do leite fluido. Esse resultado para o leite é contrário àquele do primeiro
estágio, que apontava efeito marginal positivo na possibilidade de aquisição de leite
fluido para aqueles que possuem gela
deira. O resultado do segundo estágio parece,
assim, pouco crível. para o leite em pó, o resultado foi de acordo com o esperado,
porém o coeficiente da variável REFRIG não é significativo.
161
Tabela 5.1
7
Elasticidades da demanda calculadas para a variá
vel presença de
geladeira
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ELASTICIDADE
ARROZ
-
0,3223
BANANA
0,2449
BATATA
0,3873
BOIPRIMEIRA
0,7952
BOISEGUNDA
0,0390
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,2027
FEIJÃO
-
0,2890
FRANGO
0,2375
LEITE EM PÓ
-
0,0188
LEITE FLUIDO
-
0,1677
MACARRÃO
0,1202
MANTEIGA
0,3029
MARGARINA
0,5140
PAO FRANCÊS
0,0825
SUÍNO
-
0,0890
QUEIJOS
0,0357
TOMATE
0,4965
Fonte: Dados da Pesquisa
.
A Tabela 5.18 apresenta os resultados para a variável URBANO. As
elasticidades indicam a influência
na quantidade consumida de se viver no meio urbano
em contraste com o meio rural.
Um domicílio no meio urbano com as mesmas
características do que no meio rural consome uma quantidade 27,42 % maior de leite
em
somando os efeitos extensivo e intensivo
, p
or exemplo.
a influência do
meio
rural
é marcante nos produtos básicos:
controlando para as demais variáveis,
um
domic
ílio no meio rural consome 25,
95% mais feijão do que no meio urbano.
Destacam
se
também a carne bovina de primeira
e margarina pela inf
luência positiva do
meio urbano. Ao contrário, em relação à influência negativa, destacam
se a farinha de
mandioca e o leite fluido. Esses resultados estão de acordo com o esperado e
corroboram os números mostrados no capítulo quatro
71
.
71
Tabela 4.13, pág. 113.
162
Tabela 5.1
8
Elast
icidades
da demanda calculadas para a variável urbano
Brasil
Período 2002
2003
PRODUTOS
ELASTICIDADE
ARROZ
-
0,0500
BANANA
0,0981
BATATA
0,0691
BOIPRIMEIRA
0,4391
BOISEGUNDA
0,2008
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,2585
FEIJÃO
-
0,2595
FRANGO
-
0,0492
LEI
TE EM PÓ
0,2742
LEITE FLUIDO
-
0,1732
MACARRÃO
0,0883
MANTEIGA
0,2606
MARGARINA
0,3770
PAO FRANCÊS
0,1257
SUÍNO
-
0,0873
QUEIJOS
-
0,0243
TOMATE
0,1304
Fonte: Dados da Pesquisa
.
A T
abela 5.19 apresenta os resultados para as v
ariáveis de composição
familiar e
o somatório dos efeitos
do número de membros de cada faixa etária
, correspondente à
elasticidade do tamanho da família. O que chama a atenção, em primeiro lugar, é a
influência negativa da maior parte das variáveis. De forma geral, parece que f
amílias
maiores têm consumo absoluto menor para a cesta de produtos analisados. Esse
resultado é contra
intuitivo, pois famílias maiores deveriam adquirir/consumir uma
maior quantidade de alimentos. Entretanto, é possível que em domicílios onde haja
maior
número de membros, controlando para a renda, o gasto com outros itens
(vestuário, transporte, saúde, etc.) seja maior que em domicílios menores. Isso poderia
fazer com que a quantidade total de alimentos consumidos fosse menor. Dessa forma, a
regressividad
e de um número elevado de filhos, por exemplo, seria duplo: não as
famílias mais pobres possuiriam mais filhos, como o consumo de alimentos seria menor
para a maior parte dos produtos. Outra explicação possível é a substituição nas famílias
maiores por
outros produtos não incluídos na cesta analisada. De qualquer forma, as
163
exceções foram a farinha de mandioca, pão francês, tomate, banana e frango. Arroz e
feijão, produtos básicos que se esperava que apresentassem um consumo maior com o
aumento do tamanho
da família, tiveram elasticidades totais negativas.
Tabela 5.1
9
Elasticidad
es
composição familiar
da demanda
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
AGELT6
AGE6_12
AGE13_20
AGE21_59
AGEMT60
TAMANHO
ARROZ
-
0,0167
-
0,0012
-
0,0104
-
0,1082
-
0,0389
-
0,1754
BANANA
0,0022
0,0024
-
0,0393
-
0,0181
0,0612
0,0084
BATATA
-
0,0160
-
0,0039
-
0,0053
-
0,0316
0,0169
-
0,0399
BOIPRIMEIRA
-
0,0509
-
0,0580
-
0,0639
-
0,0205
-
0,0114
-
0,2047
BOISEGUNDA
-
0,0396
-
0,0170
-
0,0261
-
0,0885
-
0,0128
-
0,1840
FARINHA DE
MANDIOCA
0,0181
0
,0471
0,0436
0,0134
0,0341
0,1563
FEIJÃO
-
0,0221
0,0140
-
0,0001
-
0,0411
-
0,0189
-
0,0682
FRANGO
-
0,0382
-
0,0120
0,0130
0,0980
0,0224
0,0832
LEITE EM PÓ
0,1555
-
0,0623
-
0,0643
-
0,1734
-
0,0154
-
0,1599
LEITE FLUIDO
0,1171
0,0010
-
0,0179
-
0,1073
-
0,0058
-
0,
0129
MACARRÃO
-
0,0170
-
0,0236
-
0,0296
-
0,0804
-
0,0584
-
0,2090
MANTEIGA
-
0,0402
-
0,0205
0,0089
-
0,0634
-
0,0235
-
0,1387
MARGARINA
-
0,0415
-
0,0094
0,0171
-
0,0673
-
0,0278
-
0,1289
PAO FRANCÊS
-
0,0006
0,0545
0,0778
0,2719
0,0486
0,4522
SUÍNO
-
0,0311
-
0,0160
-
0,0244
-
0,1045
-
0,0499
-
0,2259
QUEIJOS
-
0,0889
-
0,0509
-
0,0573
-
0,2501
-
0,0382
-
0,4854
TOMATE
-
0,0627
-
0,0186
-
0,0065
0,0936
-
0,0040
0,0018
Fonte: Dados da Pesquisa
.
Em relação à composição familiar, destaque para as elasticidades positivas do
número
de crianças abaixo de 6 anos para o leite em e abaixo de 12 anos para o leite
fluido. Assim, domicílios com crianças tendem a apresentar maior consumo de leite,
como esperado. A influência positiva da presença de crianças também é observada para
banana
, farinha de mandioca, feijão
e pão francês
estes dois últimos, apenas para
crianças de 6 a 12 anos). No outro extremo da distribuição, a presença de idosos
favorece o consumo de banana, batata, farinha de mandioca, frango e pão francês. No
caso dos adole
scentes (idade entre 13 e 20 anos), o comportamento é semelhante ao dos
adultos para a cesta analisada, com exceção da influência positiva no consumo de
manteiga e margarina e negativa no consumo de tomate.
164
5.3
Resultados utilizando
a renda mensal famil
iar
como variável
Esta seção apresenta os resultados quando se utiliza na estimação do segundo
estágio a renda mensal familiar ao invés do gasto total com a cesta de produtos.
Como
foi discutido no capítulo 3, a utilização da renda permite uma melhor com
paração dos
resultados deste estudo com outros estudos de demanda
72
. Além disso, como a
aditividade foi imposta no sistema, a falta de adequação teórica com o uso desta
variável deixa de ser relevante. Não é necessário também, quando se utiliza a renda,
imp
or a hipó
tese de separabilidade fraca como ocorre quando se utiliza a despesa total
com a cesta de alimentos pesquisada neste estudo. Em resumo, a re
-
estimação do
sistema com essa variável permite
comparar os resultados
com a primeira especificação
e
anali
sar o efeito
final
do uso de cada variável.
A T
abela 5.
20
apresenta os coeficientes estimados por Máxima Verossimilhança
para o sistema de equações de demanda. O que chama a atenção inicialmente é o menor
número de coeficientes significativos (245) em rel
ação aos resultados da Tabela 5.10,
quando se utilizou o gasto total. Este fato não necessariamente indica uma piora na
estimação por si só; é possível que a inclusão da variável renda mensal tenha deixado
outras variáveis, como as educacionais, irrelevant
es para a explicação das parcelas
orçamentárias. Entretanto, não é exatamente isto que aconteceu. Para uma série de
produtos (carne de boi de primeira, feijão, leite em pó, macarrão, margarina, pão
francês, carne suína e tomate), os coeficientes da variáve
l renda não foram
significativos, indicando que ela não é importante na explicação da demanda destes
produtos. Este fato parece pouco provável, em especial para produtos como carne de boi
de primeira, feijão, e leite em pó, cujas diferenças observadas entr
e estratos de renda são
notórias. Ao mesmo tempo, a maior parte
dos coeficientes
das variáveis educacionais
também não é significativo, o que indicaria que também não influência da
escolaridade nas demandas dos produtos, o que contradiz os resultados da
seção
anterior. Adicionalmente, um maior número de coeficientes da variável GAMMA
não
significativos, o que indicaria que as informações do primeiro estágio não seriam
importantes na explicação do segundo.
Dessa forma, os resultados da T
abela 5.
20
72
Ver seção 3.5.
165
pare
cem indicar
a princípio
uma piora na adequação do modelo quando se utiliza a
variável renda ao invés de gasto total.
5.3.1
Cálculo das elasticidades da demanda
A T
abela 5.
21
apresenta as elasticidades
renda, calculadas levando
se em conta
a presença de
sta variável em ambos os estágios de estimação. Em
comparação com a
T
abela 5.11, 10 elasticidades
mais altas e 7 mais baixas na T
abela
5.
21
. Destacam
se
as elasticidades mais baixas para os produtos básicos, em especial o arroz. Agora, todos
os básicos
são considerados bens normais e o arroz não está mais entre os produtos de
maior elasticidade.
As carnes também apresentam elasticidades mais baixas. A carne de primeira
ainda possui maior elasticidade (1,13) no grupo, mas frango e carne bovina de segunda
trocam agora de lugar, com este último apresentando uma elasticidade de 0,83. A carne
suína também apresenta uma elasticidade
-
renda menor, praticamente igualando
se a um.
Para banana, queijos e tomate, as elasticidades são maiores, com destaque para o
valo
r para banana (1,13). De forma geral, pode
se dizer que as
elasticidades
apresentadas na T
abela 5.
21
estão mais próximas do q
ue seria esperado em relação à
T
abela 5.11. Produtos básicos com elasticidades menores e carnes
,
laticínios, frutas e
legumes com e
lasticidades maiores são o que geralmente se espera em estudos de
demanda.
166
Tabela
5.
20
Resultados da estimação do
segundo estágio
do procedimento
de Shonkwiler e Yen,
ut
ilizando
a
renda mensal familiar
,
Brasi
l,
2002
2003
ARROZ
BANANA
BATATA
B
OIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA
DE MAND.
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
0,7129
**
0,0658
-
0,2000
0,1266
-
0,0152
0,0907
-
0,1459
0,5895
0,0542
0,1641
0,0075
0,0845
ANALFA
0,0358
**
0,0083
0,0029
0,0074
-
0,0088
0,0071
-
0,0494
0,0340
0,0199
0,0128
0,0107
0,0096
PRIINC
0,0193
**
0,0074
0,0039
0,0060
-
0,0030
0,0039
-
0,0113
0,0128
-
0,0053
0,0171
-
0,0014
0,0073
SEGINC
-
0,0047
0,0109
0,0041
0,0085
-
0,0088
0,0063
0,0214
0,0222
-
0,0006
0,0158
-
0,0207
0,01
46
SEGCOMP
-
0,0212
**
0,0095
0,0085
0,0068
-
0,0009
0,0043
0,0224
0,0173
-
0,0137
0,0338
-
0,0058
0,0097
SUPINC
-
0,0355
0,0282
0,0141
0,0087
0,0034
0,0067
0,0088
0,0178
0,0036
0,0429
0,0105
0,0331
SUPCOMP
-
0,0319
0,0205
0,0183
**
0,0085
-
0,0018
0,0059
0,0171
0,0172
-
0,0090
0,0340
0,0123
0,0244
AGELT6
-
0,0059
**
0,0017
-
0,0008
**
0,0022
-
0,0024
0,0018
-
0,0107
0,0076
-
0,0218
**
0,0041
0,0042
**
0,0011
AGE6_12
0,0049
**
0,0017
-
0,0025
0,0022
-
0,0012
0,0019
-
0,0175
*
0,0105
-
0,0072
**
0,0036
0,0154
**
0,0022
AGE13_20
0,0064
**
0,0016
-
0,0103
**
0,0028
-
0,0019
0,0015
-
0,0079
0,0056
-
0,0048
0,0031
0,0104
**
0,0018
AGE21_59
0,0058
**
0,0018
-
0,0091
**
0,0026
-
0,0032
*
0,0017
0,0117
*
0,0071
0,0041
0,0034
0,0023
0,0017
AGEMT60
-
0,0011
0,0028
0,0051
*
0,0029
0,0008
0,0022
0,0149
0,0100
0,0098
*
0,0052
0,0195
**
0,0039
REFRIG
-
0,0475
**
0,0066
0,0016
0,0070
0,0114
0,0089
0,0759
0,0512
-
0,0075
0,0124
-
0,0407
**
0,0088
URBANO
-
0,0085
*
0,0045
0,0041
0,0064
0,0036
0,0045
0,0145
0,0158
0,0213
**
0,0108
-
0,0544
**
0,0096
PARROZ
-
0,1563
**
0,
0143
0,0083
0,0160
0,0090
0,0126
-
0,0615
0,0403
-
0,0350
*
0,0198
0,0815
**
0,0119
PBANANA
0,0051
0,0070
-
0,0244
**
0,0062
-
0,0118
**
0,0051
0,0146
0,0142
-
0,0245
*
0,0127
0,0061
0,0055
PBATATA
0,0691
**
0,0129
0,0107
0,0094
-
0,0211
**
0,0046
0,0734
0,0456
0,007
3
0,0185
-
0,0543
**
0,0115
PBOIPRI
-
0,0388
**
0,0141
-
0,0070
**
0,0174
-
0,0048
0,0120
-
0,0027
0,0139
-
0,0281
0,0273
-
0,0594
**
0,0153
PBOISEG
-
0,0290
**
0,0106
-
0,0083
**
0,0157
0,0049
0,0110
-
0,0643
0,0429
-
0,0921
**
0,0134
-
0,0254
**
0,0087
PFARINH
0,0079
0,0
080
-
0,0143
0,0138
0,0367
**
0,0109
-
0,0869
0,0539
0,0680
**
0,0166
-
0,1310
**
0,0184
PFEIJAO
-
0,0544
**
0,0081
-
0,0035
0,0142
-
0,0143
0,0096
0,0073
0,0211
0,0451
**
0,0178
0,0838
*
0,0127
PFRANGO
0,0242
**
0,0095
0,0146
0,0138
-
0,0112
0,0076
0,0200
0,0192
0,02
41
0,0170
-
0,0308
**
0,0094
PLEITEP
0,0092
0,0110
-
0,0233
0,0146
0,0167
0,0139
-
0,0197
0,0246
0,0194
0,0229
0,0140
**
0,0074
PLEITEF
-
0,0387
**
0,0068
0,0003
0,0077
-
0,0154
**
0,0057
-
0,0555
*
0,0333
-
0,0571
**
0,0117
0,0230
**
0,0064
PMACARR
-
0,0166
**
0,0063
0,0046
0,0080
-
0,0008
0,0063
-
0,0185
0,0153
0,0540
**
0,0126
-
0,0025
0,0050
PMANTEI
-
0,1555
**
0,0152
-
0,0015
0,0100
0,0052
0,0072
-
0,1232
*
0,0721
-
0,0416
**
0,0168
0,0385
**
0,0087
PMARGAR
-
0,0033
0,0105
0,0112
0,0142
0,0001
0,0096
-
0,0247
0,0222
0,0291
0,0
200
-
0,0429
**
0,0111
PPAOFRA
0,0589
**
0,0096
-
0,0074
0,0087
0,0092
0,0064
0,0348
0,0230
0,0123
0,0132
-
0,0044
0,0089
P
SUÍNO
0,0097
0,0074
-
0,0016
0,0094
-
0,0005
0,0058
0,0191
0,0165
0,0217
0,0133
-
0,0061
0,0059
PQUEIJO
-
0,0652
**
0,0111
0,0024
0,0093
0,0
074
0,0066
0,0060
0,0133
0,0180
0,0164
0,1170
**
0,0247
PTOMATE
-
0,0249
**
0,0102
-
0,0234
**
0,0092
-
0,0043
0,0054
0,0246
0,0203
-
0,0316
**
0,0136
0,0810
**
0,0165
RENDA
-
0,0344
**
0,0144
0,0359
*
0,0199
-
0,0187
0,0127
0,0553
0,0846
0,0429
0,0333
0,0126
0,0138
RENDASQ
-
0,0002
0,0012
-
0,0016
0,0012
0,0015
*
0,0008
-
0,0008
0,0035
-
0,0060
**
0,0025
-
0,0021
**
0,0010
GAMMA
0,3598
**
0,0575
0,1595
**
0,0544
0,0673
**
0,0281
0,3013
0,3029
0,1291
*
0,0721
0,0026
0,0512
Continua na pagina seguinte...
Os coeficientes em negr
ito são significativos a 5 % (**) e 10 % (*)
167
Continuação
Tabela
5.
20
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
LEITE FLUIDO
MACARRAO
MANTEIGA
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
0,2013
**
0,0630
-
0,10
92
0,1603
0,0268
0,1356
0,3887
**
0,1424
-
0,0137
0,0817
-
0,0869
0,2199
ANALFA
0,0303
**
0,0078
0,0070
0,0098
-
0,0254
*
0,0133
0,0409
**
0,0120
-
0,0076
0,0070
-
0,0003
0,0187
PRIINC
0,0100
0,0070
0,0084
0,0084
-
0,0127
0,0089
-
0,0048
0,0078
0,0074
0,0053
0,0110
0,0128
SEGINC
-
0,0088
0,0122
-
0,0136
0,0140
-
0,0095
0,0098
0,0132
0,0110
0,0054
0,0077
0,0015
0,0166
SEGCOMP
-
0,0028
0,0120
-
0,0345
**
0,0126
-
0,0034
0,0095
0,0106
0,0084
0,0034
0,0082
0,0190
0,0143
SUPINC
0,0127
0,0246
-
0,0971
**
0,0328
0,0083
0,0153
0,
0597
**
0,0239
-
0,0076
0,0102
0,0432
**
0,0218
SUPCOMP
-
0,0043
0,0195
-
0,0619
**
0,0236
-
0,0068
0,0127
0,0421
**
0,0123
0,0083
0,0119
0,0279
0,0174
AGELT6
-
0,0075
**
0,0015
-
0,0144
**
0,0036
0,0717
**
0,0137
0,0459
**
0,0048
-
0,0029
0,0018
-
0,0063
0,0046
AGE6_1
2
0,0067
**
0,0015
-
0,0035
0,0029
-
0,0283
**
0,0059
-
0,0050
**
0,0023
-
0,0036
**
0,0018
-
0,0025
0,0037
AGE13_20
0,0041
**
0,0012
0,0042
*
0,0024
-
0,0214
**
0,0048
-
0,0108
**
0,0022
-
0,0022
0,0016
0,0030
0,0029
AGE21_59
0,0053
**
0,0014
0,0083
**
0,0028
-
0,0219
**
0
,0049
-
0,0161
**
0,0025
-
0,0010
0,0015
-
0,0006
0,0023
AGEMT60
0,0036
*
0,0022
0,0117
**
0,0044
-
0,0112
**
0,0046
-
0,0116
**
0,0033
-
0,0129
**
0,0040
-
0,0029
0,0037
REFRIG
-
0,0379
**
0,0053
0,0264
**
0,0090
0,0105
0,0105
-
0,0684
**
0,0184
0,0051
0,0047
0,0080
0,01
88
URBANO
-
0,0390
**
0,0061
-
0,0153
**
0,0064
0,0207
0,0147
-
0,0233
0,0157
0,0063
0,0056
-
0,0123
0,0135
PARROZ
-
0,0275
**
0,0067
0,0191
0,0153
0,0228
*
0,0133
0,0171
0,0182
0,0297
**
0,0104
0,0133
0,0180
PBANANA
0,0158
**
0,0075
0,0073
0,0090
-
0,0027
0,0093
0
,0108
0,0119
-
0,0182
**
0,0070
0,0142
0,0129
PBATATA
-
0,0049
0,0100
0,0520
**
0,0158
0,0101
0,0136
-
0,0148
0,0200
-
0,0335
**
0,0110
0,0111
0,0152
PBOIPRI
0,0538
**
0,0125
-
0,0145
0,0191
-
0,0212
0,0169
0,0040
0,0167
0,0148
0,0121
-
0,0334
0,0215
PBOISEG
0,027
0
**
0,0099
-
0,0060
0,0164
0,0199
0,0150
0,0232
*
0,0139
0,0097
0,0099
-
0,0224
0,0203
PFARINH
0,0001
0,0062
-
0,0466
**
0,0164
-
0,0154
0,0109
0,0390
0,0251
0,0038
0,0080
0,0073
0,0136
PFEIJAO
-
0,0433
**
0,0058
0,0129
0,0141
-
0,0105
0,0121
0,0253
*
0,0142
-
0,01
30
0,0086
-
0,0032
0,0199
PFRANGO
0,0099
0,0080
-
0,0629
**
0,0129
0,0106
0,0107
0,0138
0,0107
-
0,0027
0,0079
0,0064
0,0131
PLEITEP
-
0,0111
0,0092
-
0,0578
**
0,0188
0,0340
**
0,0095
0,0689
**
0,0198
-
0,0253
**
0,0105
-
0,0005
0,0146
PLEITEF
0,0081
*
0,0048
0,023
8
**
0,0090
0,0982
**
0,0208
-
0,0586
**
0,0078
0,0191
**
0,0076
0,0364
**
0,0169
PMACARR
-
0,0571
**
0,0081
0,0120
0,0095
0,0214
**
0,0078
0,0410
**
0,0091
-
0,0392
**
0,0096
-
0,0121
0,0095
PMANTEI
0,0323
**
0,0088
-
0,0134
0,0134
0,0134
0,0115
-
0,0101
0,0129
0,0065
0,0075
0,1205
**
0,0464
PMARGAR
-
0,0118
0,0100
0,0076
0,0155
-
0,0467
**
0,0147
0,0494
**
0,0144
-
0,0412
**
0,0129
0,0594
**
0,0291
PPAOFRA
0,0006
0,0077
-
0,0457
**
0,0139
-
0,0365
**
0,0110
0,0115
0,0094
-
0,0105
0,0076
0,0257
*
0,0134
P
SUÍNO
0,0082
0,0060
-
0,043
1
**
0,0129
0,0002
0,0093
0,0361
**
0,0090
-
0,0095
*
0,0057
-
0,0116
0,0098
PQUEIJO
-
0,0270
**
0,0091
0,0065
0,0127
0,0378
**
0,0135
0,0053
0,0098
0,0037
0,0071
0,0114
0,0088
PTOMATE
-
0,0284
**
0,0083
-
0,0107
0,0101
0,0058
0,0112
0,0008
0,0099
-
0,0261
**
0,0093
-
0,0189
0,0136
RENDA
-
0,0088
0,0139
0,0854
**
0,0301
-
0,0198
0,0204
-
0,0811
**
0,0227
-
0,0166
0,0131
-
0,0466
*
0,0246
RENDASQ
-
0,0011
0,0011
-
0,0059
**
0,0021
0,0023
0,0016
0,0028
**
0,0014
0,0009
0,0010
0,0030
*
0,0017
GAMMA
0,1070
**
0,0389
0,4091
**
0,1135
0
,0843
0,0694
-
0,1040
**
0,0488
0,2876
**
0,0835
0,0372
0,0621
Continua na pagina seguinte...
Os coeficientes em negrito são significativos a 5 % (**) e 10 % (*)
168
Continuação
Tabela
5.
20
MARGARINA
PÃO FRANCES
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
VARIÁVEL
COEF.
D.PADRÃO
C
OEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
COEF.
D.PADRÃO
ONE
0,0330
0,0928
-
0,1912
0,1168
-
0,0735
0,2939
-
0,2581
0,2561
0,0567
0,0596
ANALFA
-
0,0109
0,0090
-
0,0266
**
0,0096
0,0382
**
0,0185
-
0,0182
0,0259
0,0025
0,0056
PRIINC
0,0012
0,0048
-
0,0084
0,00
61
0,0172
*
0,0104
-
0,0151
0,0097
0,0010
0,0047
SEGINC
0,0055
0,0068
0,0060
0,0078
0,0038
0,0128
-
0,0178
*
0,0104
0,0012
0,0062
SEGCOMP
0,0082
0,0061
0,0200
**
0,0062
-
0,0037
0,0097
0,0016
0,0066
-
0,0012
0,0049
SUPINC
0,0125
0,0095
0,0544
**
0,0111
-
0,0288
0,0228
0,0362
**
0,0138
0,0121
*
0,0067
SUPCOMP
0,0037
0,0089
0,0160
**
0,0080
-
0,0219
0,0194
0,0543
**
0,0180
0,0108
0,0086
AGELT6
-
0,0055
**
0,0028
-
0,0096
**
0,0023
-
0,0078
*
0,0041
-
0,0251
**
0,0076
-
0,0077
**
0,0027
AGE6_12
-
0,0006
0,0020
0,0125
**
0,0023
-
0
,0020
0,0031
-
0,0147
**
0,0047
-
0,0038
*
0,0020
AGE13_20
0,0031
*
0,0018
0,0095
**
0,0018
-
0,0013
0,0025
-
0,0124
**
0,0041
-
0,0029
*
0,0015
AGE21_59
-
0,0016
0,0016
0,0095
**
0,0017
-
0,0038
0,0029
-
0,0196
**
0,0055
-
0,0010
0,0013
AGEMT60
-
0,0050
0,0031
-
0,0007
0
,0027
-
0,0187
**
0,0080
-
0,0159
**
0,0051
-
0,0061
**
0,0028
REFRIG
0,0145
*
0,0084
-
0,0045
0,0134
-
0,0131
0,0088
-
0,0192
0,0200
0,0057
0,0049
URBANO
0,0114
0,0108
0,0427
**
0,0141
-
0,0260
0,0192
-
0,0121
*
0,0065
-
0,0040
0,0041
PARROZ
0,0229
*
0,0125
0,0714
**
0
,0137
0,0132
0,0174
0,0394
**
0,0179
-
0,0102
0,0118
PBANANA
-
0,0097
0,0072
0,0266
**
0,0070
-
0,0247
*
0,0148
0,0067
0,0056
0,0057
0,0050
PBATATA
-
0,0028
0,0079
0,0047
0,0092
-
0,0659
**
0,0290
-
0,0303
**
0,0110
-
0,0158
**
0,0070
PBOIPRI
0,0139
0,0133
0,0110
0,
0154
0,0461
*
0,0261
-
0,0093
0,0111
-
0,0043
0,0123
PBOISEG
0,0013
0,0099
0,0362
**
0,0139
0,0322
*
0,0191
0,0332
**
0,0159
-
0,0071
0,0115
PFARINH
0,0154
0,0095
0,0586
**
0,0113
0,0695
**
0,0308
-
0,0212
0,0132
0,0206
**
0,0093
PFEIJAO
-
0,0044
0,0096
0,0044
0,01
17
0,0326
*
0,0183
-
0,0179
0,0123
0,0047
0,0106
PFRANGO
0,0016
0,0079
0,0024
0,0106
-
0,0467
**
0,0196
0,0294
**
0,0103
0,0046
0,0101
PLEITEP
-
0,0274
**
0,0127
0,0180
0,0122
0,0361
0,0263
-
0,0419
**
0,0175
-
0,0003
0,0106
PLEITEF
0,0287
**
0,0124
0,0332
**
0,007
8
-
0,0307
**
0,0141
0,0366
**
0,0122
-
0,0102
*
0,0060
PMACARR
-
0,0204
**
0,0091
0,0221
**
0,0074
0,0272
**
0,0139
0,0105
0,0065
0,0072
0,0069
PMANTEI
0,0074
0,0088
0,1002
**
0,0126
0,0302
*
0,0172
0,0507
**
0,0155
-
0,0158
*
0,0087
PMARGAR
0,0044
0,0041
0,0127
0,0
110
0,0022
0,0149
-
0,0104
0,0108
0,0031
0,0114
PPAOFRA
-
0,0125
*
0,0075
-
0,0445
**
0,0070
0,0393
**
0,0176
0,0074
0,0066
0,0030
0,0071
P
SUÍNO
-
0,0039
0,0066
0,0287
**
0,0078
-
0,1341
**
0,0493
0,0433
**
0,0121
-
0,0027
0,0079
PQUEIJO
-
0,0024
0,0067
0,0048
0,008
2
-
0,0064
0,0103
-
0,0657
**
0,0186
0,0048
0,0070
PTOMATE
-
0,0130
0,0083
0,0040
0,0081
0,0418
**
0,0186
0,0009
0,0061
0,0219
**
0,0063
RENDA
-
0,0028
0,0145
-
0,0038
0,0173
0,0203
0,0393
0,0831
*
0,0437
0,0000
0,0115
RENDASQ
0,0000
0,0010
-
0,0007
0,0011
-
0,001
4
0,0022
-
0,0042
**
0,0021
-
0,0002
0,0008
GAMMA
0,0787
0,0550
0,0544
0,0607
0,0900
0,1128
0,1120
0,0836
0,0283
0,0255
Fonte: Dados da Pesquisa
Os coeficientes em negrito são significativos a 5 % (**) e 10 % (*)
169
Tabela 5.
21
Elasticidades
renda da dema
nda
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ELASTICIDADE
ARROZ
0,8384
BANANA
1,1352
BATATA
1,0427
BOIPRIMEIRA
1,1336
BOISEGUNDA
0,8375
FARINHA DE MANDIOCA
0,8573
FEIJÃO
0,8455
FRANGO
0,9959
LEITE EM PÓ
1,0763
LEITE FLUIDO
0,8349
MACARRÃO
0,9645
M
ANTEIGA
0,9678
MARGARINA
0,9752
PAO FRANCÊS
0,9443
SUÍNO
0,9988
QUEIJOS
1,1297
TOMATE
0,9586
Fonte: Dados da Pesquisa
.
As T
abelas 5.2
2
e 5.2
3
apresentam as elasticidades
preço diretas e cruzadas não
compensadas e compensadas, respectivamente. Os va
lores são
muito semelhantes
àqueles das T
abelas 5.12 e 5.13. Novamente, destacam
se os valores elevados para as
elasticidades diretas para os produtos básicos, cujos valores indicam demandas
elásticas. Outro problema observado é o valor positivo da elas
ticidade direta,
compensada e não
compensada, para a manteiga. Quanto às elasticidades cruzadas, a
maior parte dos valores preserva os sinais e magnitudes observados, mantendo as
relações de complementaridade e substitubilidade
(Tabelas 5.2
4
e 5.2
5
.
, entretanto,
algumas mudanças importantes. Quando se utiliza a renda, as carnes de boi de primeira
e de segunda passam a ser complementos líquidos do arroz ao invés de substitutos. O
efeito
(compensado)
do preço da carne de boi de segunda na demanda da ca
rne de boi
de primeira é quase anulado (
0,0005), mas o efeito contrário mostra uma estranha
relação de complementaridade. Pão francês e margarina passam a exibir uma relação de
substitubilidade
líquida
, ao contrário do que se espera normalmente. Em resumo
, os
resultados são bem semelhantes nas duas especificações, mas
ocorrem
algumas
mudanças quando se utiliza a renda familiar mensal
ao invés do gasto total
que não
correspondem
ao que seria esperado entre os produtos investigados nesse estudo.
170
Tabela
5.2
2
Elasticidades
preço não
-
compensadas da demanda
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE
MANDIOCA
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
1,6634
0,0058
0,3004
-
0,2012
-
0,1156
0,0461
-
0,2206
0,0768
0,0474
BAN
ANA
0,0497
-
1,2134
0,0939
-
0,0053
-
0,0531
-
0,1434
-
0,0517
0,2425
-
0,2638
BATATA
0,1557
-
0,1943
-
1,2634
-
0,1191
0,0189
0,4779
-
0,1847
-
0,2382
0,2438
BOIPRIMEIRA
-
0,2001
0,0573
0,2235
-
0,9863
-
0,1962
-
0,2717
0,0156
0,0863
-
0,0670
BOISEGUNDA
-
0,1591
-
0,057
8
0,0063
-
0,0593
-
1,2790
0,2677
0,1616
0,1675
0,0523
FARINHA DE MANDIOCA
0,5992
0,0699
-
0,4309
-
0,4224
-
0,1537
-
1,9867
0,6399
-
0,1751
0,0935
FEIJÃO
-
0,1693
0,0945
-
0,0343
0,3183
0,1862
0,0144
-
1,2547
0,0657
-
0,0681
FRANGO
0,0302
0,0677
0,1682
0,0102
0,0
280
-
0,1552
0,0373
-
1,1316
-
0,2337
LEITE EM PÓ
0,1398
-
0,0344
0,0651
-
0,1412
0,0749
-
0,0912
-
0,0521
0,0048
-
0,8100
LEITE FLUIDO
0,1075
0,0029
-
0,0470
-
0,0574
0,0777
0,1674
0,1269
-
0,0310
0,3096
MACARRÃO
0,3144
-
0,2007
-
0,3243
0,1157
0,0772
0,0337
-
0,123
1
-
0,0727
-
0,2414
MANTEIGA
0,2066
0,0926
0,1540
-
0,4633
-
0,3204
0,0581
-
0,0187
-
0,0800
0,0296
MARGARINA
0,2771
-
0,1195
-
0,0330
0,1624
0,0153
0,1850
-
0,0515
0,0148
-
0,3273
PAO FRANCÊS
0,2938
0,1053
0,0179
0,0355
0,1581
0,2474
0,0238
0,0070
0,0750
SUÍNO
0,0545
-
0,1127
-
0,3438
0,2565
0,1811
0,3601
0,1632
-
0,2057
0,1771
QUEIJOS
0,1909
0,0968
-
0,2134
0,0302
0,2621
-
0,1162
-
0,1265
0,3096
-
0,2884
TOMATE
-
0,1851
0,1043
-
0,2851
-
0,0754
-
0,1186
0,3713
0,0847
0,0899
-
0,0067
171
Continuação
Tabela 5.2
2
PRODUTO
S
LEITE FLUIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO FRANCÊS
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
ARROZ
-
0,1110
-
0,0845
-
0,6601
-
0,0163
0,2697
0,0464
-
0,2969
-
0,1045
BANANA
-
0,0986
0,0399
-
0,0631
0,1153
-
0,0884
-
0,0010
0,1071
-
0,2443
BATATA
-
0,1266
0,0082
0,1183
0,0041
0,125
0
-
0,0285
0,0123
-
0,0584
BOIPRIMEIRA
-
0,2069
-
0,0548
-
0,3931
-
0,0760
0,1007
0,0605
0,0379
0,0749
BOISEGUNDA
-
0,2650
0,1688
-
0,1970
0,1009
0,0495
0,1043
0,1503
-
0,1126
FARINHA DE MANDIOCA
0,1316
-
0,0391
0,2601
-
0,3316
-
0,0304
-
0,0270
0,9599
0,6213
FEIJÃ
O
0,0684
-
0,3633
0,1902
-
0,0747
0,0152
0,0603
-
0,1497
-
0,1706
FRANGO
-
0,0056
0,0242
-
0,1024
0,0245
-
0,1708
-
0,1338
0,1195
-
0,0391
LEITE EM PÓ
0,5582
0,1253
0,0989
-
0,2429
-
0,1917
-
0,0131
0,1471
0,0297
LEITE FLUIDO
-
1,1285
0,1691
0,0018
0,2063
0,0672
0,1
420
-
0,0517
0,0065
MACARRÃO
0,2375
-
1,3838
0,0894
-
0,4097
-
0,1004
-
0,1040
-
0,0060
-
0,2594
MANTEIGA
0,5421
-
0,1033
0,4024
0,6559
0,2885
-
0,1625
-
0,0209
-
0,2072
MARGARINA
0,3514
-
0,2451
0,0913
-
0,9470
-
0,1490
-
0,0471
-
0,0330
-
0,1564
PAO FRANCÊS
0,1537
0,
0821
0,4102
0,0506
-
1,1750
0,1222
0,0224
0,0177
SUÍNO
-
0,1880
0,1325
0,1365
0,0100
0,1992
-
1,6772
-
0,0010
0,2136
QUEIJOS
0,0945
0,0447
0,2430
-
0,0673
0,0358
0,2942
-
1,2828
0,0049
TOMATE
-
0,1834
0,1246
-
0,2875
0,0545
0,0562
-
0,0441
0,0940
-
0,6096
Fonte:
Dados da Pesquisa
.
172
Tabela 5.2
3
Elasticidades
preço compensadas da demanda
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE
MANDIOCA
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
1,5768
0,0281
0,3141
-
0,1423
-
0,0535
0,07
05
-
0,1681
0,1691
0,0749
BANANA
0,1669
-
1,1832
0,1123
0,0744
0,0310
-
0,1103
0,0194
0,3675
-
0,2265
BATATA
0,2634
-
0,1666
-
1,2465
-
0,0459
0,0962
0,5082
-
0,1194
-
0,1234
0,2780
BOIPRIMEIRA
-
0,0830
0,0874
0,2419
-
0,9067
-
0,1122
-
0,2387
0,0865
0,2111
-
0,0298
BOISEGUNDA
-
0,0726
-
0,0355
0,0199
-
0,0005
-
1,2169
0,2920
0,2141
0,2598
0,0798
FARINHA DE MANDIOCA
0,6878
0,0928
-
0,4169
-
0,3622
-
0,0902
-
1,9618
0,6936
-
0,0807
0,1216
FEIJÃO
-
0,0820
0,1170
-
0,0205
0,3777
0,2488
0,0390
-
1,2018
0,1588
-
0,0404
FRANGO
0,133
1
0,0942
0,1843
0,0801
0,1018
-
0,1262
0,0996
-
1,0219
-
0,2010
LEITE EM PÓ
0,2510
-
0,0058
0,0825
-
0,0656
0,1547
-
0,0599
0,0152
0,1233
-
0,7746
LEITE FLUIDO
0,1938
0,0251
-
0,0334
0,0012
0,1396
0,1917
0,1792
0,0610
0,3370
MACARRÃO
0,4140
-
0,1750
-
0,3086
0,18
34
0,1487
0,0617
-
0,0628
0,0335
-
0,2097
MANTEIGA
0,3066
0,1183
0,1698
-
0,3953
-
0,2487
0,0862
0,0418
0,0265
0,0614
MARGARINA
0,3778
-
0,0935
-
0,0171
0,2309
0,0875
0,2134
0,0095
0,1222
-
0,2953
PAO FRANCÊS
0,3914
0,1305
0,0332
0,1018
0,2281
0,2749
0,0829
0,
1109
0,1060
SUÍNO
0,1577
-
0,0861
-
0,3276
0,3267
0,2552
0,3892
0,2258
-
0,0957
0,2099
QUEIJOS
0,3076
0,1268
-
0,1950
0,1095
0,3458
-
0,0833
-
0,0558
0,4339
-
0,2513
TOMATE
-
0,0860
0,1298
-
0,2695
-
0,0081
-
0,0476
0,3992
0,1446
0,1954
0,0248
173
Continuação
T
abela 5.2
3
PRODUTOS
LEITE FLUIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO FRANCÊS
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
ARROZ
-
0,0167
-
0,0595
-
0,6560
-
0,0018
0,3993
0,0920
-
0,2755
-
0,0903
BANANA
0,0291
0,0736
-
0,0575
0,1349
0,0870
0,0608
0,1362
-
0,2251
BATATA
-
0,0093
0,0393
0,12
34
0,0220
0,2862
0,0282
0,0390
-
0,0408
BOIPRIMEIRA
-
0,0794
-
0,0210
-
0,3876
-
0,0565
0,2759
0,1221
0,0670
0,0940
BOISEGUNDA
-
0,1708
0,1938
-
0,1928
0,1153
0,1790
0,1498
0,1718
-
0,0985
FARINHA DE MANDIOCA
0,2280
-
0,0136
0,2643
-
0,3168
0,1021
0,0197
0,9819
0
,6358
FEIJÃO
0,1635
-
0,3381
0,1944
-
0,0601
0,1459
0,1063
-
0,1281
-
0,1564
FRANGO
0,1064
0,0539
-
0,0975
0,0417
-
0,0169
-
0,0797
0,1450
-
0,0223
LEITE EM PÓ
0,6793
0,1573
0,1042
-
0,2244
-
0,0254
0,0454
0,1747
0,0478
LEITE FLUIDO
-
1,0346
0,1940
0,0059
0,2207
0,1963
0,1874
-
0,0303
0,0206
MACARRÃO
0,3460
-
1,3551
0,0941
-
0,3930
0,0486
-
0,0515
0,0187
-
0,2431
MANTEIGA
0,6509
-
0,0745
0,4071
0,6726
0,4380
-
0,1099
0,0039
-
0,1909
MARGARINA
0,4611
-
0,2161
0,0961
-
0,9302
0,0017
0,0060
-
0,0080
-
0,1399
PAO FRANCÊS
0,25
99
0,1102
0,4149
0,0669
-
1,0291
0,1735
0,0466
0,0336
SUÍNO
-
0,0757
0,1622
0,1415
0,0272
0,3536
-
1,6229
0,0246
0,2305
QUEIJOS
0,2216
0,0783
0,2485
-
0,0478
0,2104
0,3556
-
1,2539
0,0239
TOMATE
-
0,0755
0,1532
-
0,2827
0,0710
0,2044
0,0080
0,1186
-
0,5934
Fon
te: Dados da Pesquisa
.
174
Tabela 5.
2
4
Relações de substitubilidade e complementaridade bruta entre os produtos pesquisados
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE M.
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
S
S
C
C
S
C
S
S
BANANA
S
-
S
C
C
C
C
S
C
BATATA
S
C
-
C
S
S
C
C
S
BOIPRIMEIRA
C
S
S
-
C
C
S
S
C
BOISEGUNDA
C
C
S
C
-
S
S
S
S
FARINHA DE MANDIOCA
S
S
C
C
C
-
S
C
S
FEIJÃO
C
S
C
S
S
S
-
S
C
FRANGO
S
S
S
S
S
C
S
-
C
LEITE EM PÓ
S
C
S
C
S
C
C
S
-
LEITE
FLUIDO
S
S
C
C
S
S
S
C
S
MACARRÃO
S
C
C
S
S
S
C
C
C
MANTEIGA
S
S
S
C
C
S
C
C
S
MARGARINA
S
C
C
S
S
S
C
S
C
PAO FRANCÊS
S
S
S
S
S
S
S
S
S
SUÍNO
S
C
C
S
S
S
S
C
S
QUEIJOS
S
S
C
S
S
C
C
S
C
TOMATE
C
S
C
C
C
S
S
S
C
S= Substitutos brutos
C= Complement
os brutos
Continua na pagina seguinte...
175
Continuação
Tabela 5.24
PRODUTOS
LEITE
FLUIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO FRANCÊS
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
ARROZ
C
C
C
C
S
S
C
C
BANANA
C
S
C
S
C
C
S
C
BATATA
C
S
S
S
S
C
S
C
BOIPRIMEIRA
C
C
C
C
S
S
S
S
BOISEGUNDA
C
S
C
S
S
S
S
C
FARINHA DE MANDIOCA
S
C
S
C
C
C
S
S
FEIJÃO
S
C
S
C
S
S
C
C
FRANGO
C
S
C
S
C
C
S
C
LEITE EM PÓ
S
S
S
C
C
C
S
S
LEITE FLUIDO
-
S
S
S
S
S
C
S
MACARRÃO
S
-
S
C
C
C
C
C
MANTEIGA
S
C
-
S
S
C
C
C
MARGARINA
S
C
S
-
C
C
C
C
PAO FRANCÊS
S
S
S
S
-
S
S
S
SUÍNO
C
S
S
S
S
-
C
S
QUEIJOS
S
S
S
C
S
S
-
S
TOMATE
C
S
C
S
S
C
S
-
Fonte: Dados da Pesquisa
.
S= Substitutos brutos
C= Complementos brutos
176
Tabela 5.25
Relações de substitubilidade e complementaridade líquida
entre os produtos pesquisados
, Brasil, Período 2002
-
2003
PRODUTOS
ARROZ
BANANA
BATATA
BOIPRIMEIRA
BOISEGUNDA
FARINHA DE M.
FEIJÃO
FRANGO
LEITE EM PÓ
ARROZ
-
S
S
C
C
S
C
S
S
BANANA
S
-
S
S
S
C
S
S
C
BATATA
S
C
-
C
S
S
C
C
S
BOIPRIMEIRA
C
S
S
-
C
C
S
S
C
BOISEGUNDA
C
C
S
C
-
S
S
S
S
FARINHA DE MANDIOCA
S
S
C
C
C
-
S
C
S
FEIJÃO
C
S
C
S
S
S
-
S
C
FRANGO
S
S
S
S
S
C
S
-
C
LEITE EM PÓ
S
C
S
C
S
C
S
S
-
LEITE FLUIDO
S
S
C
S
S
S
S
S
S
MACARRÃO
S
C
C
S
S
S
C
S
C
MANTEIGA
S
S
S
C
C
S
S
S
S
MARGARINA
S
C
C
S
S
S
S
S
C
PAO FRANCÊS
S
S
S
S
S
S
S
S
S
SUÍNO
S
C
C
S
S
S
S
C
S
QUEIJOS
S
S
C
S
S
C
C
S
C
TOMATE
C
S
C
C
C
S
S
S
S
S= Substitutos
líquidos
C= Complementos
líquidos
Continua na pagina seguinte...
177
Continuação
Tabela 5.2
5
PRODUTOS
LEI
TE FLUIDO
MACARRÃO
MANTEIGA
MARGARINA
PAO FRANCÊS
SUÍNO
QUEIJOS
TOMATE
ARROZ
C
C
C
C
S
S
C
C
BANANA
S
S
C
S
S
S
S
C
BATATA
C
S
S
S
S
S
S
C
BOIPRIMEIRA
C
C
C
C
S
S
S
S
BOISEGUNDA
C
S
C
S
S
S
S
C
FARINHA DE MANDIOCA
S
C
S
C
S
S
S
S
FEIJÃO
S
C
S
C
S
S
C
C
FRANGO
S
S
C
S
C
C
S
C
LEITE EM PÓ
S
S
S
C
C
S
S
S
LEITE FLUIDO
-
S
S
S
S
S
C
S
MACARRÃO
S
-
S
C
S
C
S
C
MANTEIGA
S
C
-
S
S
C
S
C
MARGARINA
S
C
S
-
S
S
C
C
PAO FRANCÊS
S
S
S
S
-
S
S
S
SUÍNO
C
S
S
S
S
-
S
S
QUEIJOS
S
S
S
C
S
S
-
S
TOMATE
C
S
C
S
S
S
S
-
Fonte: Dados da Pesquisa
.
S= Substitutos
líquidos
C= Complementos
líquidos
178
A T
abela 5.2
6
apresenta as elasticidades para as variáveis educacionais. Os
resultados são novamente muito semelhantes à especificação com gasto total. A
educ
ação tem efeito negativo no consumo de produtos básicos, com exceção da farinha.
Em relação às carnes, há uma mudança para a carne de primeira. O efeito do curso
superior é agora negativo, ao contrário dos resultados quando se usa gasto total. Em
relação a
o leite em pó, uma mudança também na categoria SUPCOMP: ela agora
influencia negativamente o consumo do produto. Quanto aos demais produtos, as
elasticidades são semelhantes ao já analisado no item anterior.
Tabela 5.2
6
Elasticidades da demanda para
a variável nível educacional do
responsável pelo domicílio
, Brasil, Período 2002
-
2003
PRODUTOS
ANALFA
PRIINC
SEGINC
SEGCOMP
SUPINC
SUPCOMP
ARROZ
0,0335
0,0730
-
0,0020
-
0,0193
-
0,0076
-
0,0118
BANANA
-
0,0084
-
0,0102
0,0002
0,0116
0,0024
0,0084
BATATA
-
0
,0572
-
0,0639
-
0,0075
-
0,0051
-
0,0018
-
0,0103
BOIPRIMEIRA
-
0,0536
-
0,0497
0,0061
0,0167
-
0,0014
-
0,0033
BOISEGUNDA
0,0164
-
0,0064
-
0,0002
-
0,0183
-
0,0046
-
0,0122
FARINHA DE MANDIOCA
0,0165
0,0079
-
0,0053
-
0,0058
0,0006
0,0021
FEIJÃO
0,0442
0,0646
-
0,00
37
-
0,0105
-
0,0021
-
0,0058
FRANGO
0,0040
0,0351
-
0,0043
-
0,0272
-
0,0137
-
0,0209
LEITE EM PÓ
-
0,0423
-
0,0598
-
0,0018
0,0007
-
0,0026
-
0,0014
LEITE FLUIDO
0,0249
-
0,0082
0,0024
0,0043
0,0049
0,0059
MACARRÃO
-
0,0273
0,0803
0,0046
0,0008
-
0,0098
-
0,0043
MA
NTEIGA
-
0,0304
0,0560
0,0060
0,0386
0,0132
0,0184
MARGARINA
-
0,0655
-
0,0149
0,0041
0,0133
-
0,0001
-
0,0035
PAO FRANCÊS
-
0,0369
-
0,0449
0,0009
0,0148
0,0048
0,0017
SUÍNO
0,0241
0,0510
0,0006
-
0,0068
-
0,0061
-
0,0108
QUEIJOS
-
0,0957
-
0,1731
-
0,0030
0,0212
0,0105
0,0310
TOMATE
-
0,0039
0,0014
0,0018
-
0,0056
0,0045
0,0062
Fonte: Dados da Pesquisa
.
A T
abela 5.2
7
apresenta os resultados para as elasticidades da variável REFRIG.
Os sinais das elasticidades não se modificam em relação à outra especificação. As
magnitudes, por sua vez, são consistentemente menores, com exceção
de macarrão e
d
e
q
ueijos,
este último com aumento
mais de cinco vezes. Entre as quedas, destacam
se a
carne bovina de primeira (de 0,7952 para 0,4315)
e o
tomate (d
e
0,49 para 0,19). Leite
179
fluido e leite em continuam ambos com sinal negativo, contrário às expectativas
inicias para o primeiro produto.
Tabela 5.2
7
Elasticidades
da demanda calculadas para a variável presença de
geladeira
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ELASTICIDADE
ARROZ
-
0,2240
BANANA
0,1654
BATATA
0,3737
BOIPRIMEIRA
0,4315
BOISEGUNDA
0,0366
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,2267
FEIJÃO
-
0,2212
FRANGO
0,1439
LEITE EM PÓ
-
0,0086
LEITE FLUIDO
-
0,1596
MACARRÃO
0,1326
MANTEIGA
0,2077
MARGARINA
0,3551
PAO FRANCÊS
0,071
5
SUÍNO
-
0,0656
QUEIJOS
0,2084
TOMATE
0,1981
Fonte: Dados da Pesquisa
.
No caso da variável URBANO, a T
abela 5.2
8
apresenta os resultados das
elasticidades calculadas para essa especif
icação. Com exceção do produto q
ueijos,
novamente os
sinais não se
modificam. Para q
ueijos, o valor positivo parece mais de
acordo com o esperado. Quanto às magnitudes, novamente há uma redução significativa
de alguns produtos
, com destaque para
manteiga
, tomate e carne bovina de primeira.
Finalmente, a T
abela 5.2
9
apres
enta os resultados dos efeitos da composição
familiar na demanda da cesta de alimentos. O que se destaca inicialmente é o efeito
positivo do tamanho da família no consumo familiar no caso dos produtos básicos,
frango e carne bovina de primeira, além de pão
francês. Isso contrasta com os resultados
da outra especificação; dos produtos citados, apenas frango, farinha e pão francês
apresentavam valores positivos. Os resultados aqui parecem mais adequados à
180
expectativa inicial, indicando aumento do consumo fami
liar de produtos básicos com o
aumento do tamanho da família.
Tabela 5.2
8
Elasticidades
da demanda calculadas para a variável urbana
,
Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
ELASTICIDADE
ARROZ
-
0,0704
BANANA
0,1955
BATATA
0,0983
BOIPRIMEIRA
0,1474
BO
ISEGUNDA
0,1160
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,2800
FEIJÃO
-
0,2661
FRANGO
-
0,0586
LEITE EM PÓ
0,2284
LEITE FLUIDO
-
0,1215
MACARRÃO
0,0645
MANTEIGA
0,0701
MARGARINA
0,2406
PAO FRANCÊS
0,3256
SUÍNO
-
0,1163
QUEIJOS
0,0240
TOMATE
0,0150
Fonte: Dados da
Pesquisa
.
Em relação à composição familiar, a presença de crianças abaixo de 6 anos
continua influenciando positivamente o consumo de leite em e leite fluido. O
contraste é que a presença de crianças de 6 a 12 anos influencia negativamente o
consumo de
leite fluido, um resultado não
esperado. Em relação aos idosos, os efeitos
positivos no consumo de carne bovina e feijão diferem da outra especificação. Para os
adolescentes, sua presença agora aumenta o consumo de feijão e difere do
comportamento de memb
ros adultos pela influência negativa no consumo de carnes
bovinas, manteiga e margarina.
181
Tabela 5.2
9
Elasticidades da
composição familiar
da demanda
, Brasil, Período 2002
2003
PRODUTOS
AGELT6
AGE6_12
AGE13_20
AGE21_59
AGEMT60
TAMANHO
ARROZ
-
0,0128
0,
0098
0,0177
0,0449
-
0,0015
0,0581
BANANA
-
0,0049
-
0,0138
-
0,0779
-
0,1941
0,0184
-
0,2723
BATATA
-
0,0186
-
0,0087
-
0,0182
-
0,0866
0,0036
-
0,1285
BOIPRIMEIRA
-
0,0194
-
0,0293
-
0,0183
0,0762
0,0165
0,0257
BOISEGUNDA
-
0,0413
-
0,0126
-
0,0116
0,0276
0,0113
-
0,0
266
FARINHA DE MANDIOCA
0,0134
0,0456
0,0425
0,0269
0,0382
0,1666
FEIJÃO
-
0,0234
0,0194
0,0162
0,0593
0,0069
0,0784
FRANGO
-
0,0288
-
0,0065
0,0107
0,0597
0,0144
0,0495
LEITE EM PÓ
0,1605
-
0,0589
-
0,0610
-
0,1758
-
0,0154
-
0,1506
LEITE FLUIDO
0,1057
-
0,01
07
-
0,0318
-
0,1331
-
0,0164
-
0,0863
MACARRÃO
-
0,0153
-
0,0177
-
0,0147
-
0,0195
-
0,0415
-
0,1087
MANTEIGA
-
0,0362
-
0,0137
0,0220
-
0,0122
-
0,0104
-
0,0505
MARGARINA
-
0,0362
-
0,0035
0,0264
-
0,0379
-
0,0202
-
0,0714
PAO FRANCÊS
-
0,0222
0,0268
0,0280
0,0790
-
0,000
9
0,1107
SUÍNO
-
0,0218
-
0,0052
-
0,0048
-
0,0386
-
0,0323
-
0,1027
QUEIJOS
-
0,0851
-
0,0463
-
0,0537
-
0,2384
-
0,0330
-
0,4565
TOMATE
-
0,0768
-
0,0352
-
0,0375
-
0,0358
-
0,0378
-
0,2231
Fonte: Dados da Pesquisa
.
Depois da apresentaç
ão dos resultados das duas espe
cificações, é interessante
destacar os principais resultados encontrados
, fazendo uma comparação entre as duas
especificações
. Assim:
Os resultados das elasticidades
renda na segunda especificação foram
mais compatíveis com o esperado.
Quando se utiliza a
renda familiar
mensal, os produtos básicos apresentam elasti
cidades
renda menores e
carnes,
laticínios, frutas e legumes têm elasticidades maiores. Quando se
utiliza o gasto total, por sua vez, as elasticidades
dispêndio são muito
elevadas
, especialmente p
ara os produtos básicos.
Nas duas especificações, as elasticidades
preço são bastante elevadas.
Produtos com poucos substitutos apresentam elasticidades maiores do
que um, sendo considerados bens elásticos
. Em relação às elasticidades
-
preço cruzadas, as re
lações de substitubilidade e complementaridade
182
encontradas foram de acordo com o esperado, especialmente na primeira
especificação.
Em relação
à
variável educação do responsável pelo domicílio, os
resultados são semelhantes para as duas especificações.
uma relação
negativa entre escolaridade e consumo de produtos básicos. A diferença
mais importante entre as especificações encontra
se na carne bovina.
Quando se utiliza o gasto total, observa
se um comportamento oposto das
elasticidades para a carne bovin
a de primeira e de segunda. Para a
primeira, a quantidade demandada varia positivamente com a
escolaridade, enquanto para a segunda o comportamento é oposto.
Quando se utiliza a renda, por sua vez, uma mudança para a carne de
primeira, que apresenta ago
ra um efeito negativo do curso superior.
Os resultados para as variáveis que captam a posse de geladeira no
domicílio e a localização do domicílio (urbano ou rural) são semelhantes
nos sinais, mas as magnitudes são bem menores quando se utiliza a renda
fam
iliar mensal. Para as duas especificações, os resultados parecem
indicar que a posse de geladeira favorece a substituição de produtos
básicos por carnes e laticínios, que exigem refrigeração. As exceções são
a carne suína e o surpreendente sinal negativo p
ara leite fluido. Quanto à
localização do d
omicílio, na zona rural destaca
se o consumo dos
produtos básicos e do leite fluido, enquanto o meio urbano t
e
m influência
positiva no consumo de carne bovina de primeira, leite em e
margarina.
Os efeitos do t
amanho e composição familiar são mais adequados
quando se utiliza a renda familiar mensal. Neste caso, observa
se um
aumento do consumo familiar de produtos básicos com o aumento do
tamanho da família. Em relação à composição da família,
a presença de
cria
nças abaixo de 6 anos influencia positivamente o consumo de leite
em pó e leite fluido.
A comparação de todos os resultados apresentados at
é aqui
parecem
favorecer
o uso da renda familiar mensal ao invés do gasto total na
estimação das equações de demanda
dos alimentos escolhidos.
183
5.
4
Estimativas das elasticidades
renda e preço para o açúcar
As estimativas das elasticidades
renda e preço cruzadas para o açúcar, usado
como produto residual, podem ser calculadas usando
se as restrições de Engel e
Courn
ot, garantidas pela aditividade, como mostrado no capítulo quatro. Geralmente, o
produto residual é escolhido como o produto pelo qual se tem pouco interesse nos
valores encontrados e nas relações com os demais produtos, pois não como se
examinar os coe
ficientes das equações e a significância dos mesmos. De qualquer
forma, é interessante notar se as elasticidades calculadas por resíduo têm valores
próximos ao que se poderia esperar do produto em questão.
As T
abelas 5.
30
e 5.
31
apresentam os resultados da
s elasticidades
-
renda (ou
dispêndio) e das elasticidades cruzadas (efeito dos preços dos outros produtos na
quantidade demandada de açúcar), compensadas e não
-
compensadas para a
especificação usando gasto total e renda
,
respectivamente. As estimativas das
elasticidades
-
renda (dispêndio) parecem um pouco elevadas, em especial para a
especificação com renda. Esperava
se que o açúcar fosse um bem normal, talvez até
inferior. Em relação às elasticidades
preço cruzadas, as magnitudes ficaram dentro do
esperado.
Destaque para as relações de substitubilidade com o arroz, em especial no
caso da especificação com renda. Entre as relações de complementaridade, destaque
para a manteiga, apesar de parecer existir pouca relação entre os dois produtos em
termos de consumo
. De forma geral, os estimativas obtidas por resíduo mostraram
se
dentro do esperado, sem qualquer valor absurdo que indicasse algum problema com as
demais elasticidades.
184
Tabela 5.
30
Elasticidades
dispêndio e preço cruzadas da demanda para a açúcar,
c
alculadas por resíduo, para a especificação com gasto total
, Brasil,
Período 2002
2003
ELASTICIDADES
-
PREÇO CRUZADAS
PRODUTOS
Não
-
compensadas
compensadas
ARROZ
0,5224
0,6498
BANANA
0,7661
0,7989
BATATA
0,1409
0,1609
BOIPRIMEIRA
-
0,6967
-
0,6101
BOIS
EGUNDA
0,2727
0,3641
FARINHA DE MANDIOCA
-
0,4775
-
0,4416
FEIJÃO
-
0,2410
-
0,1638
FRANGO
0,5423
0,6780
LEITE EM PÓ
-
1,0100
-
0,9695
LEITE FLUIDO
-
0,1021
0,0366
MACARRÃO
-
0,0036
0,0331
MANTEIGA
-
1,7419
-
1,7358
MARGARINA
-
0,5821
-
0,5609
PAO FRANCÊS
0,4
581
0,6487
SUÍNO
-
0,7819
-
0,7148
QUEIJOS
-
1,7138
-
1,6822
TOMATE
1,5726
1,5935
Elasticidade
-
dispêndio
1,2330
Fonte: Dados da Pesquisa
.
185
Tabela 5.
31
Elasticidades
dispêndio e preço cruzadas da demanda para a açúcar,
calculadas por resíduo, para a
especificação com renda
, Brasil, Período
2002
2003
ELASTICIDADES
-
PREÇO CRUZADAS
PRODUTOS
não
-
compensadas
compensadas
ARROZ
1,2238
1,4199
BANANA
0,2712
0,3217
BATATA
0,2105
0,2413
BOIPRIMEIRA
0,6053
0,7386
BOISEGUNDA
0,2265
0,3672
FARINHA DE MANDI
OCA
-
0,8288
-
0,7736
FEIJÃO
-
0,0933
0,0255
FRANGO
0,7644
0,9734
LEITE EM PÓ
-
0,8091
-
0,7469
LEITE FLUIDO
-
0,7233
-
0,5097
MACARRÃO
0,0671
0,1237
MANTEIGA
-
1,1930
-
1,1837
MARGARINA
-
0,5922
-
0,5596
PAO FRANCÊS
-
1,0601
-
0,7665
SUÍNO
-
0,2289
-
0,1256
QU
EIJOS
-
1,3551
-
1,3065
TOMATE
0,1922
0,2243
Elasticidade
-
renda
1,8987
Fonte: Dados da Pesquisa
.
5.
5
Comparação dos resultados com outros estudos sobre demanda de
alimentos
no Brasil
.
É interessante, após a apresentação dos resultados, compará
los
com as
estimativas disponíveis em outros estudos semelhantes. Restringiu
se a comparação a
estudos que estimaram elasticidades para produtos desagregados como
n
este estudo e
que estimaram as equações para um conjunto de produtos ao mesmo tempo. Além disso
,
a comparação se restringiu a estudos que utilizaram as pesquisas de orçamentos
familiares do IBGE, com abrangência nacional.
A T
abela 5.
32
apresenta a comparação para as elasticidades
renda. As duas
primeiras colunas correspondem às estimativas deste est
udo, a primeira utilizando o
186
gasto total como variável e a segunda, a renda. Apesar de não representar exatamente a
elasticidade
-
renda dos outros estudos, as estimativas da primeira coluna foram incluídas
para fins de comparação. A terceira coluna apresent
a os resultados do estudo de
Menezes et al. (200
2
), que utiliza
o modelo QUAIDS, o mesmo utilizado neste estudo, e
os dados da POF 1995/96 para 39 produtos desagregados, mas agrega os consumidores
por faixas de renda. A quarta coluna apresenta os resultado
s de Hoffmann (2000) que
utiliza um modelo poligonal para estimar curvas de Engel para 38 produtos alimentares
utilizando também dados da POF 1995/96. Ele também agrega os consumidores por
faixas de renda. A última coluna apresenta
os resultados de Thomas
et al. (1991)
, que
utilizam dados do ENDEF 1974/75 para estimar elasticidades
preços e renda para vários
produtos (alimentos e outras despesas). Seus produtos são um pouco mais agregados,
mas ele estima elasticidades para arroz,
açúcar,
feijão e leite.
T
abela 5.
32
Comparação das elasticidades
renda entre vários estudos de demanda
PRODUTOS
Gasto total
Renda
Menez
es et al.
(2002
)
Hoffmann
(2000)
Thomas et
al.
(1991)
AÇÚCAR
1,2330
1,8987
0,0124
0,110
a
a
-
0,195
b
0,266
ARROZ
1,2612
0,8384
0,0466
-
0,0050
c
0
,580
BANANA
0,6533
1,1352
0,6193
nd
nd
BATATA
0,8907
1,0427
0,4647
0,2270
nd
BOIPRIMEIRA
1,5705
1,1336
0,6720
0,4420
nd
BOISEGUNDA
1,1222
0,8375
0,1854
0,0550
nd
FARINHA DE
MANDIOCA
0,9360
0,8573
-
0,2107
-
0,4000
nd
FEIJÃO
1,1221
0,8455
0,0570
-
0,0700
0,1870
FRANGO
1,1017
0,9959
0,2318
nd
nd
LEITE EM PÓ
1,0519
1,0763
-
0,1005
-
0,0740
1,0450
d
LEITE FLUIDO
0,7403
0,8349
0,4873
0,2740
e
1,0450
d
MACARRÃO
1,1417
0,9645
0,2904
0,0990
nd
MANTEIGA
1,1317
0,9678
0,5140
nd
nd
MARGARINA
1,1065
0,9752
0,3075
n
d
nd
PAO FRANCÊS
0,4674
0,9443
0,2457
0,0670
nd
SUÍNO
1,2142
0,9988
0,5558
nd
nd
QUEIJOS
1,0505
1,1297
0,9923
0,900 a 0,526
f
nd
TOMATE
0,6666
0,9586
0,4502
0,2400
nd
a
açúcar refinado
b
açúcar cristal
c
apenas arroz polido
d
estimativa para
leite
e
leite pasteurizado
f
-
queijos mussarela, prato e minas
nd
não disponível.
187
A T
abela 5.
32
mostra como as estimativas das elasticidades
renda deste estudo
são consistentemente maiores que os valores dos demais estudos. Destaque para a
diferen
ça entre as estimativas para os produtos básicos, em especial a farinha de
mandioca, que é considerado um bem inferior em dois estudos. Da mesma forma, nos
outros estudos, com exceção do leite para Thomas et al. (1991), não
bens
considerados superiores;
nesse estudo, eles predominam na primeira especificação
(gasto total) e tem boa presença na segunda (renda).
Algumas explicações podem ser tentadas para essas diferenças nas estimativas.
Esse estudo utilizou os dados da POF 2002/2003, que pela primeira
vez incluiu as áreas
rurais na sua pesquisa. Como a zona rural concentra grande parte da pobreza no país,
especialmente no Nordeste, e as famílias dos estratos mais pobres e da zona rural
tendem a apresentar elasticidades mais altas para os alimentos em c
omparação com a
zona urbana, é possível que isso se reflita nas maiores elasticidades. Além disso, a
agregação dos consumidores pela média dos estratos de renda tende a “suavizar” as
estimativas das elasticidades, e isso pode estar ocorrendo para Menezes e
t al.
(2002)
e
Hoffmann
(2000)
.
As T
abelas 5.
33
e 5.3
4
mostram a comparação entre as elasticidades
preço não
compensadas e compensadas. Infelizmente, a comparação restringe
se apenas ao estudo
de Thomas et al. (1991), único a incluir preços na sua estimaçã
o
73
. Como em Thomas et
al. (1991) a categoria leite não foi dividida entre leite em e fluido, preferiu
se fazer a
comparação apenas com os produtos arroz e feijão. Pode
se notar que, com exceção das
elasticidades diretas para o feijão, os valores são bem
discrepantes. Enquanto Thomas et
al. (1991) encontraram relações de substitubilidade entre arroz e feijão, esse estudo
conclui que eles são complementos brutos e líquidos, o que parece mais plausível
quando se analisa a dieta típica do brasileiro. Outra d
iferença marcante está na
elasticidade
preço direta do arroz. Os valores de Thomas et al.
(1991)
são mais que o
dobro dos estimados neste estudo e parecem exagerados. Os valores encontrados aqui
ainda são elevados, fazendo do arroz um bem com demanda preço
elástica, mas
parecem mais próximos do que seria esperado.
73
Mene
zes et al. (2002), apesar de afirmarem que estimaram as equações com a inclusão dos preços para
cada produto, não informam as elasticidades
-
preço nem discutem o porquê dessa exclusão.
188
Tabela 5.
33
Compara
ção das elasticidades
preço não
compensadas para arroz e feijão
PRODUTOS
ARROZ
FEIJÃO
ARROZ
-
1,6556
-
0,2103
GASTO TOTAL
FEIJÃO
-
0,1580
-
1,2492
PRODUTOS
ARROZ
FEIJÃO
ARROZ
-
1,6634
-
0,2206
RENDA
FEIJÃO
-
0,1693
-
1,2547
PRODUTOS
ARROZ
FEIJÃO
ARROZ
-
3,6180
2,4220
THOMAS et al.
(1991)
FEIJÃO
0,5300
-
1,6850
Fonte:
Elaboração do autor
Tabela 5.3
4
Comparação das elasticidades
preço compensadas para arroz e
feijão
PRODUTOS
ARROZ
FEIJÃO
ARROZ
-
1,5253
-
0,1313
GASTO TOTAL
FEIJÃO
-
0,0420
-
1,1789
PRODUTOS
ARROZ
FEIJÃO
ARROZ
-
1,5768
-
0,1681
RENDA
FEIJÃO
-
0,0820
-
1,2018
PRODUTOS
ARROZ
FEIJÃO
ARROZ
-
3,5900
2,4360
THOMAS et al.
(1991)
FEIJÃO
0,
5420
-
1,6790
Fonte:
Elaboração do autor
Em resumo, os resultados do presente estudo são bastante diferentes
das
elasticidades calculadas em outros estudos que utilizaram pesquisas de orçamentos
familiares e produtos alimentares desagregados. Essas difere
nças
devem ser
causadas
não pela escolha da forma funcional do sistema de demanda, mas também pela
inclusão de variáveis nesse trabalho que não foram utilizadas nos outros estudos, como
escolaridade do responsável pelo domicílio, composição familiar e o
utras.
189
6
RESUMO
E CONCLUS
ÕES
O objetivo deste estudo foi analisar a demanda de alimentos no Brasil
por meio
da estimação de um sistema de
equações derivado
de uma estrutura de preferências para
18 produtos. Além da preocupação com a análise
do impacto de variáveis
tradicionalmente utilizadas, como renda e preços, deu
se especial atenção ao papel das
diferenças regionais, disparidades entre o meio urbano e rural e medidas de
heterogeneidade entre as famílias pesquisadas, como grau de escolari
dade
do
responsável pelo domicílio, presença de mulher como responsável pelo domicílio, raça,
composição etária, presença de geladeira e empregada doméstica no domicílio. Dessa
forma, esse estudo permitiu determinar de forma mais completa a interação dessa
s
variáveis e seu impacto na demanda da cesta analisada.
Os dados utilizados para estimação do sistema de demanda foram originários dos
microdados da Pesquisa de Orçamentos Familiares realizada nos anos de 2002 e 2003
(POF 2002/2003) pelo Instituto Brasile
iro de Geografia e Estatística (IBGE).
A POF
tem o objetivo de mensurar as estruturas de consumo, dos gastos e dos rendimentos das
famílias e possibilita traçar um perfil das condições de vida da população brasileira a
partir da análise de seus orçamentos
domésticos.
A POF 2002/2003 apresenta algumas diferenças importantes em relação às
pesquisas anteriores realizadas pelo IBGE. Em primeiro lugar, a pesquisa foi realizada
em todo o território nacional, incluindo as áreas rurais de todas as regiões do país.
Além
disso, pela primeira vez foram consideradas as aquisições não
monetárias na pesquisa,
as quais são
muito importantes
,
especialmente nas áreas rurais.
190
O uso dos dados originais individuais da POF 2002/2003 na estimação de
equações de demanda de alime
ntos permitiu uma melhor especificação das equações,
com a in
clusão de variáveis que captar
am a heterogeneidade entre os consumidores.
Isso permitiu uma melhor
identificação
dos padrões de demanda dos diferentes grupos
.
O modelo
escolhido para representar
as funções
de demanda
n
este trabalho foi
o
Quadratic Almost Ideal Demand System
(QUAIDS). Este modelo
é
uma generalização
do modelo
Almost Ideal Demand System
(
AIDS), muito utilizado em estudos de
demanda de alimentos. O modelo QUAIDS possui a flexibilida
de de curvas de Engel
não
lineares e, ao mesmo tempo,
é
derivado de uma estrutura de preferências.
Quando
se trabalha com um alto nível de desagregação de bens, como ocorre neste estudo, a
não
linearidade das curvas de Engel é bastante provável. A explicaç
ão es no fato de
que, neste nível de detalhamento, uma série
de consumidores que não compra
determinado bem e grande parte da resposta da demanda a um aumento do gasto total
será dada pela entrada de novos compradores
d
o produto em questão
(
resposta
extensiva”
além da resposta “intensiva”, representado pelo impacto dos consumidores
que consomem o bem. Este fato
origina
curvas de Engel não
lineares para muitos
bens.
A estimação do sistema de demanda foi feita através do Pro
cedimento de
Shonkwiler
e Yen.
Este procedimento utiliza dois estágios de estimação para lidar com
a natureza censurada dos dados
, ou seja, com o fato de muitos consumidores
consumirem uma quantidade nula dos produtos.
O primeiro estágio consiste nas
chamadas equações de seleção
”, que examinam os determinantes da decisão do
consumidor em
adquirir
ou não um determinado produto. Assim, o modelo probit é
utilizado em equações para cada produto. Os resultados deste estágio são utilizados para
computar uma variável que é usada como in
strumento para incorporar as variáveis
latentes censuradas na estimação do segundo estágio. Este estágio foi estimado
por meio
do método Máxima Verossimilhança.
Os resultados da estimação do primeiro estágio foram, de forma geral, de acordo
com o esperado.
A probabilidade de aquisição dos produtos básicos variou
negativamente com renda mensal familiar, enquanto as carnes, leite e demais produtos
mostraram influência positiva da renda. A explicação
para este comportamento
é não
um maior consumo de produto
s básicos pelas famílias mais pobres como,
provavelmente,
pelo fato de
o maior número de refeições efetuadas no domicílio imp
or
uma maior aquisição desses produtos para as menores faixas de renda.
191
As variáveis regionais também foram importantes na explicaç
ão do consumo de
diversos produtos. O que chamou a atenção é que a influência regional não ficou restrita
aos produtos mais típicos, como farinha de mandioca no Norte e Nordeste ou carne
bovina no Sul do país. Esta influência foi significativa para pratica
mente todos os
produtos pesquisados, mostrando que há diferenças m
a
rcantes entre as regiões, mesmo
controlando para variáveis que naturalmente são usadas como explicação dessas
diferenças, como renda ou composição familiar. Além disso, alguns resultados po
uco
esperados foram encontrados: com a exceção da batata, carne
suína
, leite fluido, pão
francês e queijos, os coeficientes das variáveis Norte e Nordeste foram todos positivos,
indicando que o fato de o domicílio estar nessas regiões aumenta a probabilida
de de
aquisição dos demais produtos. Este resultado indica não a maior freqüência de
refeições no domicílio
n
essas regiões, como provavelmente uma dieta mais
diversificada no Sul e Sudeste em comparação com o Norte e Nordeste.
A presença da mulher como
responsável pelo domicílio também inf
luencia o
consumo das famílias.
A surpresa foi que os resultados apontam para uma menor
probabilidade de refeições feitas no domicílio quando a mulher é a responsável A
explicação para esse fato talvez seja a
dificuldad
e
do preparo das refeições pela mulher
que trabalha fora, o que impõe a substituição das refeições no domicílio por alternativas
fora dele. De qualquer forma, os resultados indicam uma probabilidade de aquisição
menor nesses domicílios para quase todos os
produtos da cesta pesquisada.
Algumas variáveis parecem ter pouca influência na explicação da demanda dos
alimentos analisados, mas ainda assim não podem ser descartadas na análise da
demanda. Entre est
a
s, destacam
se a raça do responsável e a presença de
empregada
doméstica no domicílio. Com exceção do leite fluido, a influência da raça no consumo
está concentrada nas categorias negra e parda, geralmente de forma positiva para os
produtos básicos e mais baratos e negativa em relação aos demais produtos, s
empre em
comparação com domicílios chefiados por brancos. A explicação pode ser não uma
dieta menos diversificada desses domicílios, mas também pode persistir certo padrão de
desigualdade, principalmente entre brancos e negros/pardos, mesmo controlando
para a
renda. Os padrões de aquisição são muito influenciados por fatores locacionais e a
concentração de negros e pardos em locais como favelas ou bairros da periferia com
menor atendimento de infra
-
estrutura ou comércio regular pode
m
influenciar não o
s
preços pagos, mas também o tipo de alimento adquirido.
192
Em relação à presença de empregada doméstica, a conclusão foi de
que
um
impacto negativo
na aquisição de
produtos básicos (arroz, feijão, farinha de mandioca) e
positivo em produtos mais “nobres”,
como queijos e carnes de primeira. A expectativa
inicial era de um impacto positivo da presença de empregada doméstica na realização de
refeições no domicílio e, assim, também nos produtos mais utilizados, como arroz e
feijão. Os resultados, entretanto, n
ão confirmaram esta expectativa. Mesmo controlando
para a renda, a presença de empregada doméstica parece permitir uma diferenciação
entre domicílios que favorece o consumo de alimentos mais caros, diminuindo a
probabilidade de aquisição para os básicos.
O
s resultados da estimação do segundo estágio foram um pouco mais
problemáticos do que o primeiro estágio. Duas especificações foram utilizadas: a
primeira com a variável gasto total e a segunda com a renda mensal familiar. Com a
primeira especificação, as
elasticidades
dispêndio calculadas foram muito elevadas para
os produtos básicos. A segunda especificação mostrou elasticidades
renda mais
compatíveis com o esperado, mas houve um aumento não desprezível na quantidade d
e
coeficientes não
significativos
. De
forma geral, levando em conta os resultados da
segunda especificação, uma predominância de bens normais na cesta pesquisada e
não foi encontrado nenhum bem inferior. Os bens superiores encontrados foram
:
carne
bovina de primeira, banana, queijos e leit
e em pó. Com exceção deste último, o
resultado ficou dentro das expectativas iniciais.
Em relação aos preços, a maior parte dos c
oeficientes não foi significativa
. As
elasticidades
preço diretas compensadas e não compensadas calculadas ficaram acima
do esp
erado, indicando respostas elásticas para produtos básicos com poucos
substitutos. A elasticidade direta compensada no caso da manteiga foi positiva, o que
representa uma violação da lei da demanda. Parece ter ocorrido um problema na
estimação, talvez caus
ado pela baixa freqüência observada na aquisição de manteiga
pelos consumidores (pouco mais de 5 %). Isso fez com que quase 95 % dos preços para
a manteiga fossem imputados
por meio
de médias regionais, o que pode ter
comprometido os resultados das elastic
idades. Quanto às elasticidades
preço cruzadas,
os resultados ficaram dentro do esperado, especialmente na primeira especificação. O
arroz foi substituto (bruto e líquido) do macarrão, pão francês, batata e farinha de
mandioca, fontes alternativas de carbo
idratos e complemento do feijão (bruto e líquido).
Em relação às fontes de proteína, o feijão é substituto das carnes e laticínios, com
e
xceção do leite em pó
.
193
No caso das carnes, carne de boi de primeira é substituta líquida de todas as
outras, com destaq
ue para a carne
suína
e frango. A substitubilidade com a carne de boi
de segunda é bem mais fraca, indicando certa resistência dos consumidores em trocar os
cortes mais nobres pelos mais baratos.
No caso dos leites fluido e em pó, há a esperada relação de
substitubilidade entre
eles. entre manteiga e margarina, também uma relação de substitubilidade, que,
entretanto é muito maior no caso da variação do preço da manteiga sobre a margarina
que o inverso. Isso indica que os consumidores de margarina são
muito mais flexíveis
na substituição, provavelmente mais preocupados com a característica preço, enquanto
os consumidores de manteiga são mais relutantes na substituição.
Em relação às variáveis educacionais, existe uma relação negativa entre
escolaridade
e consumo de produtos básicos. Para as carnes em geral, apenas no caso da
carne de primeira observa
se influência positiva da escolaridade acima do primeiro grau
completo e apenas na primeira especificação. O que está ocorrendo não é a maior
preocup
ação com a alimentação saudável, pois não parece haver substituição entre tipos
de carnes. Parece que o problema é novamente uma maior diversificação da dieta, não
comprovada pela limitação do número de produtos analisados, e
,
ou
,
menor consumo de
alimento
s no domicílio.
também pouca diferença no consumo dos domicílios com responsáveis com
primeiro grau completo e aqueles com até segundo grau completo. No entanto, as
diferenças causadas pela educação superior e pelo analfabetismo são incontestáveis.
Qua
nto às diferenças entre meio urbano e rural, o meio rural destaca
se no
consumo dos produtos básicos, em especial feijão, açúcar e arroz. Outros destaques são
o leite fluido,
a
carne
suína
e
o
frango, certamente influenciados pelo papel da produção
própria
e o autoconsumo na zona rural. No meio urbano destacam
se o pão francês, leite
em pó, banana e carne bovina.
Em relação à presença de refrigerador no domicílio, os resultados indicam que a
posse de geladeira favorece a substituição de produtos básicos por
carnes e laticínios,
que exigem refrigeração. Os resultados para o leite fluido foram diferentes para o
primeiro e o segundo estágio. No primeiro estágio, houve efeito marginal positivo na
possibilidade de aquisição de leite fluido para aqueles que possue
m geladeira.
O
resultado do segundo estágio
, ao contrário, foi negativo, indicando menor consumo de
leite fluido p
ara aqueles que têm geladeira.
Este último resultado parece
duvidoso
.
para o leite em pó, o resultado foi de acordo com o esperado, indican
do menor consumo
194
de leite em para aqueles que têm geladeira. Entretanto, o coeficiente da variável não
foi significa
tivo
no segundo estágio para este produto.
A composição familiar e o tamanho da família também são importantes na
explicação dos padrões
de demanda. Domicílios com crianças tendem a apresentar
maior consumo de leite, como esperado. A influência positiva da presença de crianças
também é observada para banana, farinha de mandioca, feijão e pão francês (crianças de
6 a 12 anos
para os dois últ
imos produtos
). No outro extremo da distribuição, a presença
de idosos favorece o consumo de banana, batata, farinha de mandioca, frango e pão
francês. No caso dos adolescentes (idade entre 13 e 20 anos), o comportamento é
semelhante ao dos adultos para a
cesta analisada, com exceção da influência positiva no
consumo de manteiga e margarina e negativa no consumo de tomate.
para o tamanho da família, os resultados são diferentes entre a primeira e a
segunda especificação. Na primeira especificação, os res
ultados indicaram que famílias
maiores tinham consumo absoluto menor para a cesta de produtos analisados. Esse
resultado foi inesperado, pois famílias maiores deveriam adquirir/consumir uma maior
quantidade de alimentos. na segunda especificação, houve
um efeito positivo do
tamanho da família no consumo familiar no caso dos produtos básicos, frango e carne
bovina de primeira, além de pão francês. Os resultados dessa especificação parecem
mais adequados à expectativa inicial, indicando aumento do consumo
familiar de
produtos básicos com o aumento do tamanho da família.
Pode
se destacar como principais conclusões deste estudo:
A probabilidade de aquis
ição dos produtos básicos varia
negativamente
com renda mensal familiar, enquanto as carnes, l
eite e demais
produtos
mostram
influência positiva da renda.
As variáveis regionais são importantes na explicação do consumo de
diversos produtos e não de produtos típicos de cada região, mesmo
controlando para variáveis que naturalmente são usadas como explicação
de
ssas diferenças, como renda ou composição familiar.
A especificação que utilizou a renda familiar mensal
na estimação das
equações de demanda
mostrou resultados
ma
is próximos ao esperado
do
que a
especificação que utilizou o
gasto
total
.
uma predominânc
ia de bens normais na cesta pesquisada e não foi
encontrado nenhum bem inferior.
195
Existe uma relação negativa entre escolaridade e consumo de produtos
básicos.
A posse de geladeira favorece a substituição de produtos básicos por
carnes e laticínios, que exi
gem refrigeração.
A composição familiar e o tamanho da família são importantes na
explicação dos padrões de demanda
.
Os resultados deste estudo são importantes, pois indicam o impacto das variáveis
mais relevantes no padrão de consumo alimentar das famíli
as brasileiras. As limitações
desse trabalho estão concentradas na ausência da análise da alimentação feita fora do
domicílio, que representa um quarto de todos os gastos feitos com alimentação no
Brasil. Estudos posteriores podem tentar incorporar esta
análise e determinar a
influência deste tipo de gasto na demanda total pela alimentação.
Outra vertente possível é tentar combinar a análise feita aqui com estudos sobre
a adequação nutricional da alimentação do consumidor brasileiro. Isso permitiria uma
análise não quantitativa da demanda de alimentos, mas também entender até que
ponto esta dieta é saudável e como as características e variáveis analisadas aqui
influenciam na qualidade desta alimentação.
196
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208
APÊNDICES
209
ANEXO 1
Algu
mas Informações sobre Pesquisas de Orçamentos Familiares em São
Paulo até a década de 60
Nome
da
pesquisa
Grupo amostral
Época do
Levantamento
Tamanho da
amostra
D
avis
Operários da
cidade de São
Paulo
Abril a junho de 1934
221
L
owrie
Funcionários da
limp
eza pública da
PMSP
Novembro de 1936 a
maio de 1937
428
A
raújo
Operários da
Indústria
Metalúrgica Usina
Santa Olímpia
Ltda.
1941 (meses não
especificados)
240
PMSP
Funcionários da
limpeza pública da
PMSP
1951/1952 (meses
não especificados)
300
CNBES
1
Op
erários da
Indústria têxtil,
Mecânica e
Metalúrgica
Agosto de 1952
139
FGV
População
Paulistana
Junho de 1961 a
junho de 1962.
671
DIEESE
Classe
trabalhadora da
cidade de São
Paulo
1969/1970 (meses
não especificados)
nd
Fonte: adaptado de Carmo (1996)
1
-
Comissão Nacional de Bem
-
estar social
210
ANEXO 2
Classificação e
tipos
d
e produtos
em cada categoria analisada
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
ACUCAR REFINADO
Refinado
ACUCAR TRIFILTRADO
ACUCAR CRISTAL
ACUCAR GRANU
LADO
ACUCAR CRISTALIZADO
ACUCAR TRITURADO
Cristal
ACUCAR MOIDO
ACUCAR DEMERARA
DEMERARA
ACUCAR AMARELO PRETO
ACUCAR MASCAVO
ACUCAR PRETO
Demerara
ACUCAR MASCAVADO
ACUCAR (INDETERMINADO)
ACUCAR
ACUCAR COM
UM
AÇÚCAR
Não
-
especificado
ACUCAR LIGHT
ARROZ POLIDO
ARROZ HIBRIDO
ARROZ BICA CORRIDA
ARROZ QUIRERA
ARROZ LISO
ARROZ MACERADO
ARROZ PARBOILIZADO
XEREM DE ARROZ
ARROZ PARBORIZADO
ARROZ
ARROZ AGULHA
ARROZ AGULHINHA
ARROZ BRANCO
ARROZ VERMELHO
ARROZ AMARELO
Polido
ARROZ COLONIAL
ARROZ INTEGRAL
ARROZ PILADO
Integral
ARROZ NAO POLIDO
ARROZ BENEFICIADO
ARROZ
Com casca
ARROZ COM CASCA
211
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
BANANA DE AGUA
BANANA NANICA
BANANA
DA CHINA
BANANA DE ITALIANO
BANANA MANGALO
BANANA INGLESA
BANANA TATU
BANANA PETICA
D'água
BANANA CATARINA
BANANA CHORONA
BANANA PEROA
BANANA CASCA VERDE
BANANA ACUCARINA
BANANA CAMBOTA
BANANA CATURRA
BANANA ANA
BAN
ANA (INDETERMINADA)
BANANA PRATA
BANANA ALTONA
BANANA
BANANA AMARELA
Prata
BANANA BICO VERDE
BANANA BRANCA
BANANA DE CAMBOEIRO
BANANA UMBIGO VERDE
BANANA DA PRATA
BANANA OURO
BANANA CRAVO
BANANA DOURADA
BANANA IMPERIAL
Ouro
BANANA INAJA
BANANA MARIQUINHA
BANANA PISANGO REAL
BANANA REAL
BANANA URINHO
BANANINHA
BANANA MACA
BANANA CARAPE
BANANA COCO
BANANA LEITE
Maçã
BANANA MACA PAINA
BANANA PEDRA
BANANA PERA
BANANA
MACAZINHA DA BAHIA
212
BANANA FIGO
BANANA ABOBORA
BANANA ACU
BANANA BABA DE BOI
BANANA BABONA
BANANA CACAU
BANANA CAFE
BANANA CAIXAO
BANANA CAJU
BANANA CARAMBOLA
BANANA CASADA
BANANA CASCA GROSSA
BANANA CHOCOLATE
BANANA CINZA
Figo
BANANA CORUJA
BANANA DE VELHO
BANANA JACARE
BANANA JASMIM
BANANA MENCI
BANANA MINEIRA
BANANA MURICI
BANANA PAO
BANANA PARA
BANANA PAU
BANANA RIACHAO
BANANA ROSA
BANANA
BANANA SAPA
BANANA TAJAMAIA
BANANA TANJA
BANANA TRES QUINAS
BANANA VERMELHA
MASSA DE BANANA
BANANA DA TERRA
BANANA PACOVA
BANANA PACOVEIRA
BANANA PACOBEIRA
BANANA PACOBUCU
BANANA BURITI
BANANA CHIFRE DE VACA
BANANA COMPRIDA
Da terra
BANANA
FARTA GENTE
BANANA FARTA HOMEM
BANANA FARTA VELHACO
BANANA GRANDE
BANANA GRANDE AMARELA
BANANA MARANHENSE
BANANA PACOVI
BANANA ANGOLA
PACOVA
PACOVA GRANDE
BANANA PACOVAN
213
BANANA MARMELO
BANANA MARECA
BANANA
ROXA
BANANA CAMBORI
BANANA
BANANA DAS ALMAS
BANANA MULATA
Outras
BANANA PATROQUIA
BANANA VINAGRE
BANANA SAO DOMINGOS
BANANA RAJADA
BANANA SAO TOME
BANANA CURTA
BANANA DO PARAISO
BANANA (NAO ESPECIFICADA)
BANANA PARA VIAGE
M
BATATA INGLESA
BATATA DO REINO
BATATA ROSA
BATATA PORTUGUESA
Batata
-
inglesa
BATATA INGESA ROSA
BATATINHA
BATATA
BATATA LISA
BATATA HOLANDESA
BATATA BINGE
Não
-
especificada
BATATA NAO ESPECIFICADA
CATEGORIA
SUBGRU
PO
PRODUTO
FILE MIGNON
Filé mignon
FILE SEM MIGNON
FILE COM MIGNON
MIGNON
CONTRAFILE
BOIPRIMEIRA
FILE CURTO
CHULETA COM OSSO (CONTRAFILE)
Contrafilé
FILE ESPECIAL
BISTECA DE BOI
CHULETA DE BOI
PONTA DE CHULETA
ALCATRA
PONTA DE PATINHO
MAMINHA
PICANHA
CHAPEU DE BISPO (MAMINHA)
ALCATRA BOVINA
PONTA DE ALCATRA
ALCATRA COM OSSO
Alcat
ra
MIOLO DE ALCATRA
214
CHA DE DENTRO
Chã de dentro
COXAO MOLE (CHA DE DENTRO)
COXAO DE DENTRO (CHA DE DEN
TRO)
CHA DE BOI (NAO ESPECIFICADA)
PATINHO
Patinho
CABECA DE LOMBO (CARNE DE BOI)
BOLA DO PATINHO (PATINHO)
PATINHO COM OSSO
LAGARTO REDONDO
LOMBO DOS MOCOS (LAGARTO REDONDO)
PAULISTA REDONDO
Lagarto redondo
POSTA BRANCA
LAGARTO PAULISTA (REDONDO)
TATU (LAGARTO REDONDO)
BOIPRIMEIRA
PAULISTA
LOMBO PAULISTA (CARNE DE BOI)
LAGARTO RECHEADO
LAGARTO COMUM
POSTA VERMELHA
LAGARTO PLANO
Lagarto comum
PAULISTA PLANO
COXAO DE FORA (LAGARTO COMUM)
COXAO DURO (LAGARTO COMUM)
CHA DE FORA
LAGARTO DE BOI NAO ESPECIFICADO
Carne moída
CARNE MOIDA DE PRIMEIRA
GUIZADO (CARNE MOIDA) DE PRIMEIRA
Não
-
especificada
CARNE DE BOI DE PRIMEIRA
CARNE DE BOI DE PRIMEIRA COM OSSO
215
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
ACEM
LOMBO DE BOI
AGULHA (ACEM)
Acém
ACEM COM OSSO
LOMBO DE BOI COM OSSO
AGULHA COM OSSO
PONTA DE AGULHA
MIOLO DE ACEM
MIOLO DE AGULHA
PA
PONTA DA PA
POSTA GORDA
MIOLO DA PA
PALETA
CRUZ MACHADO
PALETA COM OSSO
PA COM OSSO
MUSCULO DE BOI
MUSCULO DA PA
MUSCULO DO TRASEIRO
GARRAO
MUSCULO DO DIANTEIRO
CHAMBARIL
BOISEGUNDA
Músculo
CARNE DE P
ESCOCO
MARICA DE BOI
CARNE MARICA DE BOI
CARNE DE VAZIO (CARNE DE BOI)
VAZIO (CARNE DE BOI)
CARNE BOVINA DO VAZIO
MUSCULO COM OSSO
MUSCULO NAO ESPECIFICADO
Peito
PEITO (DE BOI)
PONTA DE PEITO
PEITO NAO ESPECIFICADO
CAPA DE FILE
FRALDINHA (CAPA DE FILE)
Capa de Filé
ABA DE FILE
CAPA DE CONTRAFILE
CAPA DE COSTELA
CAPA DE COXAO MOLE
COSTELA DE BOI
Costela
CARNE CHUPA MOLHO
MATAMBRE (CARNE DE BOI)
PONTA DE COSTELA
216
CARNE MOIDA DE
SEGUNDA
Carne Moída
GUIZADO (CARNE MOIDA) DE SEGUNDA
CARNE MOIDA DE TERCEIRA
CARNE DE BOI DE SEGUNDA
ALCATRINHA COM OSSO (DIANTEIRO DE SEGUNDA)
CARNE BOVINA COM OSSO (NAO ESPECIFICADA)
CARNE BOVINA MOIDA (NAO ESPECIFICADA)
Não
-
espe
cificada
CONTRA FILE DE SEGUNDA
BOISEGUNDA
FILE DE SEGUNDA
ALCATRINHA
JACARE (CARNE DE BOI DE SEGUNDA C/ OSSO)
CARNE DE BOI DE SEGUNDA COM OSSO
CUPIM
CUPIM DE BOI
RABADA DE BOI
RABO DE BOI
Outras
BRAJOLA
BRACHOLA
BIFE RO
LE (CRU COM INGREDIENTES)
ROLETA
CARNE BOVINA DE TERCEIRA
FARINHA DE MANDIOCA
FARINHA DE MANDIOCA CRUA
FARINHA DE MANDIOCA TORRADA
FARINHA DE MANDIOCA BIJU
FARINHA DE MANDIOCA MORENA
FARINHA DE MANDIOCA AMARELA
FARINHA DE MA
NDIOCA BRANCA
FARINHA DE
MANDIOCA
FARINHA DE MANDIOCA MISTURADA
FARINHA DE MANDIOCA COMUM
FARINHA DE COPIOBA
FARINHA DE MESA
FARINHA DE CARIMA
FARINHA DE SURUI
MASSA DE MANDIOCA
FARINHA DE AGUA
CRUERA
217
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
FEIJAO MANTEIGA
FEIJAO BICO DE OURO
FEIJAO CAETE
FEIJAO PINGO DE OURO
Feijão manteiga
FEIJAO GRAO DE OURO
FEIJAO BRANCO
FEIJAO LOUCA
FEIJAO CANARINHO
FEIJAO BOLINHA
FEIJA
O MULATINHO
FEIJAO COFELISTA
FEIJAO PAULISTA
FEIJAO MOURO
FEIJAO SESSENTA DIAS
Feijão mulatinho
FEIJAO MULATA GORDA
FEIJAO MARROM
FEIJAO MORENINHO
FEIJAO CAFE COM LEITE
FEIJAO NAGE
FEIJAO NAVEGADOR MARROM
FEIJAO CEARENCE
FEIJAO PRETO
FEIJAO ESCURINHO
FEIJÃO
FEIJAO FLORESTA NEGRA
FEIJAO BORBAO
FEIJAO QUEBRANCHO
Feijão preto
FEIJAO REBENTA NEGRO
FEIJAO DO MILHO
FEIJAO BEIRA LINHA
FEIJAO ITALIANINHO
FEIJAO BANDINHA (FEIJAO PRETO)
FEIJAO CAVALO
FEIJAO DE COR
FEIJAO FRADINHO
FEIJAO MACASSAR
FEIJAO DE CORDA
FEIJAO DE METRO
FEIJAO ORELHA DE FRADE
FEIJAO CORUJA
FEIJAO DE MOITA
FEIJAO QUARENTINHA
Feijão fradinho
FEIJAO LIGEIRO
FEIJAO CATADOR
FEIJAO MIUDO
FEI
JAO GURGUTUBA
FEIJAO GURUTUBA
FEIJAO OLHO DE CABRA
FEIJAO PENDANGA
FEIJAO PITIUBA
218
FEIJAO QUARENTA DIAS
FEIJAO BOCA PRETA
FEIJAO DE FRADE
FEIJAO DE VARA
FEIJAO OLHO PRETO
FEIJAO DO RIO
FEIJAO IBRA
FEIJAO DE RAMA
Feijão
fradinho
FEIJAO BAIANO
FEIJAO VINAGRE
FEIJAO SEMPRE VERDE
FEIJAO DE ARRANCA
FEIJAO BAJE PODRE (FEIJAO MACASSAR)
FEIJAO BARRIGUDO (FEIJAO DE METRO)
FEIJAO CANAPU
FEIJAO CAUPI
FEIJAO DA COLONIA
FEIJAO VERDE
FEIJAO PERUANO
FEI
JAO JALO
FEIJAO VERMELHO
FEIJAO MOLEQUE
Feijão jalo
FEIJAO ENCARNADO
FEIJÃO
FEIJAO GORDO
FEIJAO ENXOFRAO
FEIJAO DO SUL
FEIJAO ROXO
FEIJAO ROCHEDO
FEIJAO BICO ROXO
FEIJAO BORDO
FEIJAO BRABINHO
Feijão roxo
FEIJAO MARUMBE
F
EIJAO ROXINHO
FEIJAO ROXAO
FEIJAO ROXOTI
FEIJAO RAPE (FEIJAO ROXO)
FEIJAO ANAO (FEIJAO ROXO)
FEIJAO RAJADO
FEIJAO AMENDOIM
FEIJAO CHITA FINA
FEIJAO VERMELHO E BRANCO
FEIJAO ZEBRINHA
Feijão rajado
FEIJAO CASCA DE COCO
FE
IJAO CASCAO
FEIJAO PINTADO
FEIJAO PINTADINHO
FEIJAO RISCADINHO
FEIJAO CARNAVAL
FEIJAO GROSSO
FEIJAO CHOCOLATE
FEIJAO CARIOCA
FEIJAO RAJADINHO
FEIJAO CARIOQUINHA
219
FEIJAO PITOCO
FEIJAO DOURADINHO
FEIJAO ROSINHA
FEI
JAO MARIA ROSA
FEIJAO MOURA ROSA
FEIJAO ROSADO
FEIJAO BARROSINHO
FEIJAO GANCHEIRO
FEIJAO PAQUETA
FEIJAO ENXOFRE
FEIJÃO
FEIJAO AMARELO
Outros feijões
FEIJAO OURO
FEIJAO MINEIRO AMARELO
FEIJAO MINEIRO
FEIJAO PARDO
FEIJAO FUM
ACA
FEIJAO CHUMBINHO
FEIJAO CAFEZINHO
FEIJAO PAQUINHO
FEIJAO PACO MINEIRO
FEIJAO CAQUI
FEIJAO OPAQUINHO
FEIJAO CAFE
FEIJAO TERRINHA
FEIJAO CARA SUJA
FEIJAO OPACO
FEIJAO FIGADO DE GALINHA
FEIJAO IMPERIAL
220
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
FRANGO ABATIDO
GALINHA ABATIDA
FRANGO INTEIRO
FRANGO CAIPIRA
FRANGO CONGELADO
Frango Abatido
GALINHA CONGELADA
FRANGO TEMPERADO (CONGELADO)
GAL
INHA TEMPERADA (CONGELADA)
FRANGO RESFRIADO
GALINHA RESFRIADA
Peito
PEITO DE GALINHA OU FRANGO
FILE DE FRANGO
COXA DE GALINHA OU FRANGO
SOBRECOXA DE GALINHA OU FRANGO
Coxa
COXA E SOBRECOXA DE GALINHA OU FRANGO
COXA NAO ESPECIFICA
DA
FRANGO A PASSARINHO
COXA E ASA DE GALINHA OU FRANGO
COXA E PEITO DE GALINHA OU FRANGO
FRANGO
DORSO DE GALINHA OU FRANGO
Dorso
CARCACA DE GALINHA OU FRANGO
COSTELA E PE DE GALINHA OU FRANGO
OSSO DE GALINHA
ASA DE GALINHA OU FRA
NGO
DRUMETE (PARTE DA ASA DE GALINHA OU FRANGO)
Asa
ASA DE FRANGO
ASA DE GALINHA
ASA DE FRANGO TEMPERADO
FRANGO VIVO
GALINHA VIVA
Vivo
GALINHA EM PE
FRANGO EM PE
CARNE DE FRANGO OU GALINHA EM CONSERVA
QUITUTE DE FRANGO OU G
ALINHA
PESCOCO DE GALINHA OU FRANGO
Outras
PE DE GALINHA OU FRANGO
PE E ASA DE GALINHA OU FRANGO
SAMBIQUIRA DE GALINHA OU FRANGO
PATE DE GALINHA EMBUTIDO
PASTA DE GALINHA EMBUTIDA
PARTE DE GALINHA OU FRANGO (NAO
ESPECIFICADA)
Não
-
espe
cificado
FRANGO EM PEDACOS (NAO ESPECIFICADOS)
GALINHA EM PEDACOS (NAO ESPECIFICADOS)
CARNE DE GALINHA OU FRANGO (NAO
ESPECIFICADA)
221
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
LEITE EM PO INTEGRAL
LEITE EM PO NINHO INTEGRAL
LEITE EM PO GLORIA (INTEGRAL
)
Integral
LEITE EM PO NINHO INSTANTANEO (INTEGRAL)
LEITE EM PO NESTOGENO (2. SEMESTRE)
(INTEGRAL)
LEITE EM PO LACTOGENO (INTEGRAL)
LEITE EM PO NANON (INTEGRAL)
LEITE EM PO FRIGOR
LEITE EM PÓ
LEITE EM PO DESENGORDURADO
LEITE EM PO P
ELARGON (DESENGORDURADO)
LEITE EM PO ELEDON (DESENGORDURADO)
Desengordurado
LEITE EM PO MOCOCA (DESENGORDURADO)
LEITE EM PO DESNATADO (DESENGORDURADO)
LEITE EM PO SEMILKO (DESENGORDURADO)
LEITE EM PO NESTOGENO (1. SEMESTRE)
(DESENGORDURADO)
LEITE EM PO MOLICO (DESENGORDURADO)
LEITE EM PO PRODIETON (DESENGORDURADO)
LEITE EM PO DESNATADO
Não
-
especificado
LEITE EM PO (NAO ESPECIFICADO)
LEITE DE VACA PASTEURIZADO
LEITE TIPO B
LEITE TIPO C
LEITE ESPECIAL
LEI
TE LONGA VIDA
Pasteurizado
LEITE GLUT (LONGA VIDA)
LEITE TIPO A
LEITE DESNATADO
LEITE ESTERILIZADO
LEITE FLUIDO
LEITE INTEGRAL
LEITE PASTEURIZADO
LEITE SEMI DESNATADO
LEITE (NAO ESPECIFICADO)
LEITE DE VACA FRESCO (IN NATURA)
LEITE DA ROCA
Fresco
LEITE DE CABRA
LEITE DE BUFALA
LEITE DE JUMENTA
222
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
MACARRAO SEM OVOS
MACARRAO DE GLUTEN SEM OVOS
MACARRAO DE SEMOLA SEM OVOS
MACARRAO DE SEMOLINA SEM OV
OS
MACARRAO DE SOPA SEM OVOS
MASSA SEM OVOS
MASSA DE GLUTEN SEM OVOS
MASSA DE SEMOLA SEM OVOS
MASSA DE SEMOLINA SEM OVOS
MASSA DE SOPA SEM OVOS
TALHARIM SEM OVOS
SPAGHETTI SEM OVOS
Sem ovos
ESPAGUETE SEM OVOS
ALETRIA SEM OVOS
MIOJO
MACARRAO INSTANTANEO
MACARRAO PARAFUSO SEM OVOS
MACARRAO COM ESPINAFRE
MACARRAO COM CENOURA
MACARRAO COM MILHO
MACARRAO INTEGRAL
MACARRAO PASTEURIZADO
MACARRAO PICADO
MACARRAO PRE
-
COZIDO
MACARRAO SEM COLESTEROL
MACA
RRAO VITAMINADO
MASSA INSTANTANEA
MACARRÃO
MACARRAO COM OVOS
MACARRAO DE GLUTEN COM OVOS
MACARRAO DE SEMOLA COM OVOS
MACARRAO DE SEMOLINA COM OVOS
MACARRAO DE SOPA COM OVOS
MASSA COM OVOS
MASSA DE GLUTEN COM OVOS
MASSA DE SEMOLA C
OM OVOS
Com ovos
MASSA DE SEMOLINA COM OVOS
MASSA DE SOPA COM OVOS
TALHARIM COM OVOS
SPAGHETTI COM OVOS
ESPAGUETE COM OVOS
ALETRIA COM OVOS
MACARRAO PARAFUSO COM OVOS
MACARRAO (NAO ESPECIFICADO)
MACARRAO CASEIRO
MACARRAO CO
M SEMOLA ( NAO ESPECIFICADO)
ESPAGUETE (NAO ESPECIFICADO)
Não
-
especificado
MACARRAO PARAFUSO (NAO ESPECIFICADO)
TALHARIM (NAO ESPECIFICADO)
MASSA DE SEMOLA (NAO ESPECIFICADA)
MASSA DE SOPA (NAO ESPECIFICADA)
MASSA (NAO ESPECIFICADA)
223
CATEG
ORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
MANTEIGA COM OU SEM SAL
MANTEIGA COM SAL
MANTEIGA SEM SAL
MANTEIGA DA TERRA
MANTEIGA
MANTEIGA DE GARRAFA
MANTEIGA DE LEITE
MANTEIGA VEGETAL
MANTEIGA DE PORCO
MARGARINA VEGETAL COM OU SEM SAL
MARGARINA COM
OU SEM SAL
MARGARINA DIET COM OU SEM SAL
MARGARINA COM SAL
MARGARINA
MARGARINA DE MILHO
MARGARINA DE SOJA
MARGARINA LIGHT
MARGARINA SEM SAL
PAO FRANCES
PAO DE AGUA
PAO DE HAMBURGUER
BISNAGA
PAO DE SAL
PAO DE TRIGO
PAO
CACETINHO
PAO SUICO
PAO CARECA
PAO FILAO
PAO DE SEMOLINA
PAO BENGALA
PAO BISNAGA
BENGALA
PAO SOVADO
PAO SOVADO CABRITO
PAO SIRIO
PAO FRANCES BISNAGA
PAO DE CHA
PÃO FRANCÊS
PAO PROVENCO
PAO PROVENCAL
PAO MASSA FIN
A
PAO VITA SALGADO
PAO CARIOQUINHA
PAO PRESUNTO
PAO DE BANHA
PAO BANQUETE
PAO BAQUETE
PAO BAGUETE
PAO ARABE
PAO CARTEIRA (SALGADO)
PAO SEDA
PAO TABICA
PAO PALITO
PAO SACADURA
PAO BAIANO
PAO MANUAL
224
MINI PAO
MINI PAO FRANCES
MINI BAGUETE
PÃO FRANCÊS
MINI BENGALA
PAO MASSA GROSSA
PAO PIZZA
PAO RECHEADO (SALGADO)
PAO CIABATA
PAO CERVEJINHA
PAO DE CARA
PAO PORTUGUES
PAO SERIDO
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
CARRE DE PORCO
CHUL
ETA DE PORCO
Carré
COSTELETA DE PORCO
PALETA DE PORCO
BISTECA DE PORCO
PERNIL DE PORCO
Pernil
COXAO DE PORCO
QUARTO DE PORCO
Costela
COSTELA DE PORCO
COSTELINHA DE PORCO
LOMBO DE PORCO
LOMBINHO DE PORCO
SUÍNO
Lombo
CARNE DE PORC
O SEM OSSO (NAO ESPECIFICADA)
CARNE DE PORCO DE PRIMEIRA (NAO
ESPECIFICADA)
LOMBO DE PORCO RECHEADO E TEMPERADO
ALCATRA DE PORCO
TOUCINHO
Toucinho fresco
TOUCINHO FRESCO
TOUCINHO DE TORRESMO
PELE DE PORCO FRESCA
CARNE DE PORCO NAO ES
PECIFICADA
CARNE DE PORCO COM OSSO (NAO ESPECIFICADA)
ARRASTO DE PORCO
(VISCERAS,MIUDOS,FRISSURAS)
CARNE DE PORCO NAO ESPECIFICADA
Outras carnes suínas
com e sem osso
RABO DE PORCO
RABINHO DE PORCO
CABECA DE PORCO
ORELHA DE PORCO FRESCA
OSSO DE PORCO
OSSADA DE PORCO
MOCOTO (DE PORCO)
PORCO VIVO
NARIZ DE PORCO
PE DE PORCO FRESCO
APARA (CARNE DE PORCO)
225
LIMPEZA (CARNE DE PORCO)
BISTECA NAO ESPECIFICADA
Outras carnes suínas
com e sem osso
JOELHO DE PORCO
CARNE
DE PORCO DE SEGUNDA
MUSCULO DE PORCO
ORELHA DE PORCO NAO ESPECIFICADA
CARCACA DE PORCO
CARNE DE PORCO EM BIFE
ORELHA E PE DE PORCO
Porco Eviscerado
PORCO OU LEITAO MORTO (EVISCERADO)
LEITAO MORTO (EVISCERADO)
PORCO ABATIDO
Co
stela salgada
COSTELA DE PORCO SALGADA
SALSICHA (VAREJO)
Salsicha
SALSICHA (PACOTE)
SALSICHAO (VAREJO)
SALSICHAO (PACOTE)
PE DE PORCO SALGADO
Pé Salgado
CHISPE SALGADO
CHISPE
SUÍNO
TOUCINHO DE PORCO DEFUMADO
BACON (VAREJO)
T
OUCINHO DEFUMADO
Toucinho defumado
BACON (EMBALADO)
BACON
BACON DEFUMADO
RETALHO DE BACON
CARNE DE PORCO SALGADA
ORELHA DE PORCO SALGADA
LOMBO DE PORCO SALGADO
COPA DE PORCO SALGADA
RABO DE PORCO SALGADO
Carnes Salgadas
TOUCINHO
DE PORCO SALGADO
TOUCINHO SALGADO
CARNE SALGADAS DE FEIJOADA
MISTURA DE CARNES SALGADAS DE FEIJOADA
CARNE SALGADA NAO ESPECIFICADA
LINGUICA (VAREJO)
LINGUICA (PACOTE)
LINGUICA PARA CHURRASCO
LINGUICA (NAO ESPECIFICADA)
Lingüiça
L
INGUICA CALABREZA
LINGUICA DE PORCO
LINGUICA DEFUMADA
LINGUICA MISTA
LINGUICA TOSCANA
Paio
PAIO
CODEGUIM
226
MORTADELA
MORTADELA DE BOI
MORTADELA DE FRANGO
MORTADELA DE PORCO
MORTADELA FATIADA (NAO ESPECIFICADA
)
RETALHO DE MORTADELA
Mortadela
MORTADELA BOLONHESA
MORTADELA DE CHESTER
MORTADELA DE GALINHA
MORTADELA DE PERU
MORTADELA DEFUMADA
MORTADELA LIGHT
MORTADELA MISTA
Salame
SALAME
SUÍNO
SALAMINHO
CARNE DE PORCO EM CONS
ERVA
FIAMBRADA DE PORCO
VIANDADA DE PORCO
KITUTE DE PORCO
PRESUNTADA
QUITUTE DE PORCO
FIAMBRE
AFIAMBRADO
SALSICHA EM CONSERVA
MORTADELA EM CONSERVA
CARNE DE PORCO DEFUMADA
ORELHA DE PORCO DEFUMADA
LOMBO DE PORCO DEFUMADO
COPA DE PORCO DEFUMADA
COSTELA DE PORCO DEFUMADA
CHISPE DEFUMADO
PE DE PORCO DEFUMADO
Outras Carnes suínas
RETALHO PARA PIZZA (MISTURA DE
PRESUNTO,MORTADELA,QUEIJO,ETC.)
QUEIJO E PRESUNTO (RETALHOS PARA PIZZA)
PRESUNTO E QUEIJO (RETALH
OS PARA PIZZA)
CHOURICO
MORCELA
MORCILHA
QUEIJO DE PORCO (MORCELA)
PATE DE PRESUNTO EMBUTIDO
PASTA DE PRESUNTO EMBUTIDA
PURURUCA
PELE DE PORCO PREPARADA
227
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
QUEIJO PRATO
Prato
QUEIJO
TIPO LANCHE
QUEIJO COLONIAL
QUEIJO MUZARELLA
MUZARELLA
MUSSARELA
QUEIJO MUSSARELA
Mussarela
MUSSARELA FATIADA
RETALHO DE MUSSARELA
MUSSARELA DE BUFALA
MUSSARELA LIGHT
QUEIJO DE MINAS
QUEIJO MINAS
QUEIJO DE MANTEIGA
QU
ECHIMIA
QUEIJO DE COALHO
Minas
QUEIJO TIPO MINAS
QUEIJO MINAS CURADO
QUEIJO CANASTRA
QUEIJO DE MINAS CURADO
QUEIJO DO SERRO
QUEIJO CATIARA
QUEIJO PARMEZON
Parmesão
QUEIJO PARMEZAO
QUEIJO RALADO
Não especificado
QUEIJO (NAO ESP
ECIFICADO)
QUEIJOS
QUEIJO DO REINO
QUEIJO PALMIRA
QUEIJO CUIA
QUEIJO RICOTA
QUEIJO PROVOLONE
QUEIJO CAMEMBERT
QUEIJO ROQUEFORT
QUEIJO DE MARAJO
QUEIJO POLENGUINHO
QUEIJO FUNDIDO
QUEIJO PASTEURIZADO
QUEIJO PASTEURIZADO PO
LENGUINHO
Outros
QUEIJO DE SOJA
TOFU (QUEIJO DE SOJA)
OTOFU (QUEIJO DE SOJA)
QUEIJO DE FEIJAO SOJA
QUEIJO GORGONZOLA
OUTROS QUEIJOS
QUEIJO SUICO
QUEIJO DE TRANCA
QUEIJO CAVALO
QUEIJO TIPO GOLDA
QUEIJO QUARCK
QUEIJO TIPO Q
UARCK
QUEIJO MAASDAMER (SUICO)
QUEIJO FOL EPI (SUICO)
228
CATEGORIA
SUBGRUPO
PRODUTO
TOMATE
TOMATE PAULISTA
TOMATE MACA
TOMATE
TOMATE PERA
TOMATE JAPONES
TOMATE VERDE
TOMATE CAQUI
229
ANEXO 3
Caderneta de despesa coletiva
da
POF
2002/2003
230
231
232
233
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
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