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Com base em nossas leituras, percebemos que, para Ferreiro (1983, 1995,
2001a, 2001b, 2001c, 2003) e Freire (1983, 2005) não há uma clara distinção entre
alfabetização e letramento, pois ambos colocam em evidência o uso social da língua
escrita. Todavia, diversos autores colocam a questão do letramento como um
processo inconcluso, mais amplo que o processo de alfabetização, no qual o sujeito,
por meio de inúmeras agências — dentre elas a escola — e inúmeros eventos, vai
se apropriando do uso social da língua escrita.
Nos estudos de Tfouni (1988) é destacado que alfabetização e letramento
são processos interligados, porém dissociados em relação a sua natureza e
abrangência. Dessa forma poderíamos considerar o letramento como um processo
mais amplo, na medida que valoriza as práticas sociais, da leitura e da escrita.
Em relação ao conceito de letramento, Soares,M. (2003b, p.71) nos alerta
que “é uma variável contínua, e não discreta ou dicotômica” , o que nos faz perceber
quão tênue é a diferença entre os conceitos alfabetização e letramento. Sob o
olhar de Kleiman (1995, p. 19) vemos que letramento é “um conjunto de práticas
sociais que usam a escrita enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em
contextos específicos, para objetivos específicos.” Corroborando com Kleiman
(1995), Soares, M. (2003b, p.65-66) indica que “o letramento cobre uma vasta gama
de conhecimentos, habilidades, capacidade, valores, usos e funções sociais[...]”, e
completa afirmando que “é visto como um fenômeno cultural, um conjunto de
atividades sociais que envolvem a língua escrita, e de exigências sociais de uso da
língua escrita [...].”
Podemos observar que, por essas perspectivas a diferença entre os conceitos
de alfabetização e letramento são extremamente sutis. No sentido de clarificar essa
discussão, Durante (1988, p. 25) indica que “a alfabetização (domínio do sistema