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Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Biociências
Programa de Pós-graduação em Botânica
César Luiz Mendes Rodrigues
Corticiaceae Herter s.l. (Basidiomycota)
em morros da Região Metropolitana de
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Porto Alegre
2005
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César Luiz Mendes Rodrigues
Corticiaceae Herter s.l. (Basidiomycota)
em morros da Região Metropolitana de
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Tese apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Botânica do
Instituto de Biociências da
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, como parte dos
requisitos para obtenção do título
de Doutor em Ciências.
Orientação: Profª Drª Rosa Trinidad Guerrero
Porto Alegre
2005
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Aos meus pais
in memoriam
Ao Heitor e à Letícia
AGRADECIMENTOS
Um trabalho desta natureza não é resultado somente da atividade de seu autor.
Decorre da aglutinação de esforços diretos ou indiretos de muitas pessoas, os quais
geram quase sempre emoções e sentimentos e dissipam outros, contrastantes com a
objetividade inerente à pesquisa. É a estas pessoas, cujas participações muitas vezes
não estavam conjugadas no tempo e no espaço e às instituições que tornaram possível a
execução deste trabalho, que dedico esta página.
À Profª Drª Rosa Trinidad Guerrero, pela orientação e entusiasmo na conquista da
compreensão dos organismos que protagonizaram este trabalho.
Aos amigos Prof. Dr. João Fernando Prado e Drª Iara Maria Franceschini, pelo
equilíbrio que dissiparam minhas angústias e pelas sugestões que permeavam nossos
almoços e cafés.
Ao amigo Prof. Dr. Paulo Brack, pelo incentivo e auxílio na obtenção da bibliografia.
Aos colegas do Programa de Pós-graduação em Botânica, Adriana Guglieri, Ana
Luiza du Bocage Neta, João Marcelo Oliveira, pela colaboração nas fotos para o exame
de qualificação; Jussara Medeiros, pela partilha de idênticos anseios; Gilberto Coelho,
pela prática transmitida através da condução do trabalho conjunto e, em especial, ao Jean
Budke e ao Vagner Cortez, pelas inestimáveis idéias, sugestões e paciente colaboração.
Ao amigo Prof. Dr. Sérgio Bordignon, bacharelando Mateus Reck e colegas
Émerson Musskopf e Valdely Kinupp, pelas agradáveis companhias e valiosas fotos nas
viagens de coleta.
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Botânica, João André
Jarenkow, Luís Rios de Moura Baptista, por sugestões e identificação dos substratos,
Jorge Luiz Waechter, pelo auxílio na redação do abstract, em especial à Profª Silvia
Terezinha Sfoggia Miotto, pelos valiosos esclarecimentos taxonômicos.
À direção e colegas das escolas Jerônimo T. da Fonseca e Pref. José Linck, da
rede municipal de Gravataí, pelo tempo que me proporcionaram para a conclusão deste
trabalho, em especial ao M. Sc. Flávio Vidor, pela colaboração na preparação do exame
de qualificação.
À bibliotecária Dilma Nascente, pela correção das referências bibliográficas.
Ao Prof. Dr. Nélson Ivo Matzembacher, que abriu sua propriedade para meu
acesso ao morro São Maximiano.
À então direção do DEFAP e guardas-parque pelo auxílio nas viagens de coleta ao
morro da Grota.
À Capes, pela bolsa concedida.
À minha família sensu lato, pela minha formação e incentivo no alcance dos meus
objetivos.
À Tânia, minha esposa, por toda a sorte de apoio, incentivo e compreensão em
todas as etapas deste trabalho.
RESUMO
Corticiaceae Herter s.l. (Aphyllophorales) consiste em um grupo de fungos
com hábito semelhante. Compreende espécies degradadoras de madeira que
decompõem celulose, hemicelulose e lignina, em sua maioria apresentando
basidioma ressupinado e efuso, sistema hifal monomítico e esporos acianófilos de
parede fina. Como decompositores de matéria orgânica, estes organismos têm um
importante papel na reciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais. Neste
trabalho são estudadas as espécies de Corticiaceae s.l. As coletas consistiram de
fragmentos de ramos sobre o solo ou ainda unidos à árvore ao alcance da mão e
lascas de córtex em árvores vivas. Foram estabelecidas unidades amostrais de
30m x 30m nas encostas norte, leste, sul e oeste de quatro morros localizados na
Região Metropolitana de Porto Alegre (RS): morro São Maximiano, morro da Grota
(morros graníticos), morro Morungava e morro Sapucaia (morros areníticos). As
unidades amostrais foram visitadas ao menos uma vez por estação do ano no
período de 2001 a 2004. Foram estudadas as características da superfície himenial
dos espécimes, tais como cor e configuração e elementos microscópicos como
hifas, elementos estéreis, basídios e esporos. Foram identificadas 53 espécies
pertencentes a 24 gêneros, das quais cinco com status de affinis. Trinta e uma
espécies são novas citações para o Brasil e 6 para o Rio Grande do Sul. Duas
espécies são prováveis combinações para os gêneros Athelopsis e Galzinia e uma
espécie é inédita para o gênero Dendrothele. São apresentadas chaves para os
gêneros e espécies, descrições, ilustrações, distribuição geográfica e distribuição
por morro das espécies estudadas, além de gráficos quantitativos por estação e por
encosta. São feitas comparações entre os morros, por exposição das encostas e
por estação do ano, em relação à ocorrência das espécies. Foram identificadas 40
espécies para os morros graníticos e 34 para os morros areníticos. O morro São
Maximiano, com a mata melhor preservada, apresentou 27 espécies, seguido pelo
morro Sapucaia, com 26; morro da Grota, com 24 e morro Morungava, com 16
espécies. Considerando a exposição das encostas, os números de espécies foram
28, 22, 18 e 15 a oeste, sul, norte e leste, respectivamente. Em relação à estação
do ano, primavera, outono, verão e inverno apresentaram 26, 22, 21 e 20 espécies,
respectivamente.
ABSTRACT
Corticiaceae Herter s.l. (Aphyllophorales) is an artificial assemblage of
fungi with similar habit. Comprises wood-rotting species which decompose
cellulose, hemicelluloses and lignin, mostly presenting resupinate and effused
basidiomata, monomitic hyphal system and thin-walled, acyanophilous spores. As
decomposers of organic matter, they play an important role in nutrient recycling in
forest ecosystems. In the present survey the species of the family Corticiaceae s.l.
Herter were studied. Collections of twigs or splinters were accomplished at
sampling sites at north, east, south and west slopes of four hills located in the
metropolitan region of Porto Alegre City: São Maximiano, Grota (granitic hills),
Morungava and Sapucaia (arenitic hills). The sites were visited at least once in the
four seasons of the years 2001 to 2004. Specimens hymenial surface features such
as color and configuration were studied under stereomicroscope. Microscopic
elements such as hyphae, sterile elements, basidia and spores were analyzed
under microscope and drawn by using a drawing tube attached to the microscope.
Fifty-three species belonging to twenty-four genera were identified from which five
with the status affinis. Thirty-one species are being cited for the first time for Brazil
and six for the first time for Rio Grande do Sul. Two species are likely combinations
for genera Athelopsis and Galzinia and a species of the genus Dendrothele is
unpublished. Description, illustrations, geographical distribution of each species are
given. Comparisons between the hills, slopes orientation and seasons regarding the
occurrence of the species were carried out. Forty species were identified for granitic
hills and thirty-four for arenitic hills. São Maximiano Hill, which presents the best
preserved forest, showed 27 species, followed by Sapucaia Hill, 26; Grota Hill, 24
and Morungava Hill, 16. Considering slope orientation, the number of species were
28, 22, 18 and 15 in west, south, north and east, respectively. Considering the
season, spring, autumn, summer and winter presented 26, 22, 21 and 20 species,
respectively.
SUMÁRIO
Agradecimentos....................................................................................................................ii
Resumo................................................................................................................................iv
Abstract.................................................................................................................................v
1. Introdução........................................................................................................................1
2. Objetivos..........................................................................................................................6
3. Material e métodos..........................................................................................................7
3.1. Área estudada......................................................................................................7
3.2. Metodologia de coleta.........................................................................................10
3.3. Exame do material..............................................................................................11
3.4. Tratamento taxonômico das espécies................................................................11
3.5. Distribuição geográfica das espécies.................................................................12
3.6. Análise de distribuição........................................................................................12
4. Resultados e discussão.................................................................................................16
4.1. Espécies registradas..........................................................................................16
4.2. Número de espécies quanto à distribuição e ocorrência....................................18
4.3. Número de espécies por morro..........................................................................18
4.4. Análise da distribuição do número de espécies por estação do ano..................19
4.5. Análise da distribuição do número de espécies por exposição de
encosta...............................................................................................................19
4.6. Chave para gêneros e espécies.........................................................................25
4.7. Descrições dos gêneros e espécies...................................................................27
4.7.1
Acanthophysium (Pilát) G. Cunn. ........................................................................27
4.7.1.1 Acanthophysium cerussatum (Bres.) Boidin .....................................................27
4.7.2 Aleurobotrys Boidin .............................................................................................28
4.7.2.1 Aleurobotrys botryosus (Burt) Boidin, Lanq. et Gilles.......................................29
4.7.3 Aleurodiscus Rabenh. ex Schröt. ........................................................................30
4.7.3.1 Aleurodiscus coralloides G. Cunn. ...................................................................31
4.7.3.2 Aleurodiscus exasperatus Hjortstam et Ryvarden. ...........................................31
4.7.3.3 Aleurodiscus mirabilis (Berk. et M.A. Curtis) Höhn. ..........................................32
4.7.4 Athelopsis Oberw. ex Parmasto ..........................................................................33
4.7.4.1 Athelopsis sp ....................................................................................................34
4.7.5 Cytidia Quél. ........................................................................................................35
4.7.5.1 Cytidia crystallifera Boidin et Lanq. ..................................................................35
4.7.6 Dendrocorticium M. J. Larsen et Gilb. .................................................................36
4.7.6.1 Dendrocorticium aff. jonides (Bres. ex Brinkm.) M.J. Larsen et Gilb. ...............37
4.7.6.2 Dendrocorticium polygonioides (P. Karst.) M.J. Larsen et Gilb. .......................38
4.7.6.3 Dendrocorticium roseocarneum (Schw.) Larsen et Gilb. ..................................39
4.7.7 Dendrothele Höhn. et Litsch................................................................................40
4.7.7.1 Dendrothele aff. acerina (Pers.: Fr.) P.A. Lemke..............................................41
4.7.7.2 Dendrothele alliacea (Quél.) P.A. Lemke..........................................................42
4.7.7.3 Dendrothele asterospora Boidin et Lanq. .........................................................43
4.7.7.4 Dendrothele capitulata Boidin et Lanq. .............................................................44
4.7.7.5 Dendrothele griseocana (Bres.) Bourdot et Galzin ...........................................45
4.7.7.6 Dendrothele incrustans (P.A. Lemke) P.A. Lemke............................................45
4.7.7.7 Dendrothele mangiferae Boidin et Duhem........................................................46
4.7.7.8 Dendrothele sp., inéd. .....................................................................................47
4.7.8 Epithele Pat. ........................................................................................................48
4.7.8.1 Epithele aff. citrispora Boidin, Lanq. et Gilles....................................................49
4.7.8.2 Epithele interrupta Bres. ...................................................................................50
4.7.9 Galzinia Bourdot...................................................................................................51
4.7.9.1 Galzinia sp. .......... ............................................................................................51
4.7.10 Gloeopeniophorella Rick....................................................................................52
4.7.10.1 Gloeopeniophorella rubroflava Rick................................................................53
4.7.11 Hyphoderma Wallr. em. Donk ...........................................................................54
4.7.11.1 Hyphoderma medioburiense (Burt) Donk........................................................55
4.7.11.2 Hyphoderma rude (Bres.) Hjortstam et Ryvarden ..........................................56
4.7.11.3 Hyphoderma setigerum (Fr.) Donk..................................................................57
4.7.11.4 Hyphoderma variolosum Boidin, Lanq. et Gilles..............................................59
4.7.12 Hyphodontia J. Erikss. .......................................................................................60
4.7.12.1 Hyphodontia arguta (Fr.) J. Erikss. .................................................................62
4.7.12.2 Hyphodontia aspera (Fr.) J. Erikss. ................................................................63
4.7.12.3 Hyphodontia breviseta (P. Karst.) J. Erikss. ...................................................63
4.7.12.4 Hyphodontia crustosa (Fr.) J. Erikss. .............................................................65
4.7.12.5 Hyphodontia lanata Burds. et Nakas. .............................................................66
4.7.12.6 Hyphodontia aff. mollis Sheng H. Wu..............................................................66
4.7.12.7 Hyphodontia nespori (Bres.) J. Erikss. et Hjortstam .......................................67
4.7.12.8 Hyphodontia sambuci (Pers.) J. Erikss. ..........................................................68
4.7.13 Lopharia Kalchbr. et MacOwan ........................................................................70
4.7.13.1 Lopharia cinerascens (Schw.) G. H. Cunn. ....................................................71
4.7.14 Mycoacia Donk...................................................................................................72
4.7.14.1 Mycoacia fuscoatra (Fr.) Donk........................................................................72
4.7.15 Phanerochaete P. Karst.
..................................................................................73
4.7.15.1 Phanerochaete galactites (Bourd. et Galz.) J. Erikss. et Ryvarden.................75
4.7.15.2 Phanerochaete aff. martelliana (Bres.) J. Erikss. et Ryvarden........................76
4.7.15.3 Phanerochaete sordida (P. Karst.) J. Erikss. et Ryvarden..............................77
4.7.15.4 Phanerochaete subglobosa Sheng H. Wu......................................................78
4.7.16 Phlebiella P. Karst. ............................................................................................79
4.7.16.1 Phlebiella tullasneloidea (Höhn. et Litsch.) Oberw. ........................................80
4.7.17 Phlebiopsis Jülich...............................................................................................81
4.7.17.1 Phlebiopsis roumeguerii (Bres.) Jülich et Stalpers..........................................81
4.7.18 Radulomyces M. P. Christ.
................................................................................82
4.7.18.1 Radulomyces confluens (Fr.) M.P. Christ. ......................................................83
4.7.19 Schizopora Velen. .............................................................................................84
4.7.19.1 Schizopora paradoxa (Fr.) Donk.....................................................................85
4.7.20 Steccherinum Gray............................................................................................86
4.7.20.1 Steccherinum ochraceum (Pers. ex J.F. Gmel.: Fr.) Gray..............................87
4.7.20.2 Steccherinum subochraceum Bononi et Hjortstam.........................................88
4.7.21 Subulicystidium Parm. .......................................................................................89
4.7.21.1 Subulicystidium brachysporum (P.H.B. Talbot et V.C Green) Jülich...............90
4.7.21.2 Subulicystidium longisporum (Pat.) Parm. ......................................................91
4.7.22 Trechispora P. Karst. .........................................................................................92
4.7.22.1 Trechispora farinacea (Pers.:Fr.) Liberta.........................................................93
4.7.22.2 Trechispora mollusca (Pers.:Fr.) Liberta.........................................................94
4.7.22.3 Trechispora subsphaerospora (Litsch.) Liberta...............................................95
4.7.23 Tubulicium Oberw. .............................................................................................96
4.7.23.1 Tubulicium vermiferum (Bourd.) Oberw. ex Jülich...........................................96
4.7.24 Xenosperma Oberw. ..........................................................................................98
4.7.24.1 Xenosperma murrillii Gilb. et M. Blackw. ........................................................98
5. Conclusão e considerações finais...............................................................................152
6. Referências bibliográficas...........................................................................................154
7. Índice dos gêneros e espécies identificados...............................................................161
1. INTRODUÇÃO
Os fungos incluídos em Corticiaceae Herter (Basidiomycota) caracterizam-se por
seu hábito parcial ou totalmente ressupinado, himenóforo liso ou portando espinhos,
verrugas, dentes ou poros. Microscopicamente apresentam hifas de paredes lisas e
sistema hifal monomítico, raramente dimítico. São encontrados sobre madeira em
decomposição causando podridão branca pela degradação de celulose, hemicelulose e
lignina (Alexopoulos et al., 1996; Bettucci & Guerrero, 1971).
A família ainda é de delimitação imprecisa. Inclui gêneros anteriormente
pertencentes a Thelephoraceae, cuja característica predominante era o hábito
ressupinado não poróide. A análise de características microscópicas revelou relações
entre os gêneros que justificariam sua segregação em famílias distintas. A diversidade
morfológica das estruturas microscópicas tem levado diversos autores a adotar uma
nomenclatura especial para as mesmas. Ainda assim, vários gêneros ainda encontram-se
sem posição apropriada no sistema da família Corticiaceae. Pasmasto (1997) publicou
uma lista de 7333 nomes, dos quais 1733 são nomes legítimos e 884 são de aplicação
incerta. Devido aos problemas taxonômicos apresentados é de consenso entre os
especialistas a referência à família em sensu lato.
Atualmente, a morfologia do basidioma e de estruturas microscópicas ainda
fornecem importantes subsídios na delimitação taxonômica das espécies. Neste sentido
deve-se destacar a contribuição em 8 volumes de “The Corticiaceae of North Europe” de
Eriksson & Ryvarden (1975), Eriksson et al. (1973, 1976, 1981, 1984) e Hjortstam et al.
(1987, 1988) sobre a micobiota de Corticiaceae s. l. de países escandinavos. A coleção
constitui-se, sem dúvida, na obra mais abrangente sobre a família, fornecendo as bases
para o conhecimento da morfologia e distribuição geográfica de seus gêneros e espécies.
A partir das relações filogenéticas de fungos da ordem Aphyllophorales obtidas a
partir da análise de seqüências ITS de DNA ribossomal, aproximadamente vinte ordens
são reconhecidas por Boidin et al. (1998). As espécies de Corticiaceae aqui estudadas
encontram-se distribuídas em pelo menos sete delas.
Ainda em nível regional, ou melhor dito, binacional, cabe menção à monografia
de Cunningham (1963) sobre Thelephoraceae da Austrália e Nova Zelândia. Corticiaceae
é entendida como a subfamília Corticioideae dividida nas tribos Corticeae e Stereae.
Rattan (1977), estuda as Aphyllophorales ressupinadas da região noroeste do Himalaia
(Nepal e Índia). O autor inclui, além de chaves, descrições e ilustrações para as espécies,
uma chave para 11 famílias da ordem, entre as quais, Corticiaceae.
De âmbito estritamente nacional, menciona-se os trabalhos de Binyamini (1982)
sobre 43 espécies de Corticiaceae de Israel e a lista de Yurchenko (2003) com 281
espécies de Aphyllophorales não poróides para a Bielo-Rússia, das quais 17 espécies
estão citadas no presente trabalho.
Breitenbach & Kränzlin (1986), em obra de 2 volumes sobre fungos da Suíça,
dedicam uma seção com descrições, figuras e fotos de 178 espécies. Para auxílio na
compreensão da terminologia, é incluído um glossário, desenhos esquemáticos de
estruturas microscópicas e uma chave de identificação das espécies apresentadas.
Kotiranta & Saarenoksa (2000) incluem 31 espécies de fungos corticiáceos
pouco conhecidos ou de rara ocorrência, para a Finlândia. Esse trabalho representa uma
adição ao conhecimento reunido por Kurt Hjortstam, Karl-Henrik Larsson e Leif Ryvarden,
na obra já mencionada neste trabalho.
Wu (1990) reconhece 62 espécies das subfamílias Phlebioideae,
Phanerochaetoideae e Hyphodermoideae para Taiwan, das quais 24 são descritas e 6
combinações são propostas. Propõe o termo “camada medular” para a estrutura do
subículo e o nome “ornatocistídio” para o peculiar cistídio de Subulicystidium. As espécies
são divididas em 3 tipos de acordo com suas preferências climáticas.
Maekawa (1993 e 1994) estuda a taxonomia de 211 espécies para o Japão,
incluídas nas subfamílias Athelioideae, Botryobasidioideae, Phanerochaetoideae,
Phlebioideae, Sistotremoideae, Tubulicrinioideae, Corticioideae, Epitheleoideae,
Gloeocystidielloideae Hyphodermoideae e Peniophoroideae. O autor classifica as
espécies em seis padrões de distribuição geográfica.
Jülich (1974) faz uma revisão dos gêneros de Hyphodermoideae descrevendo
Bulbillomyces, Cylindrobasidium e Lagarobasidium. O autor reconhece, a exemplo de
vários gêneros de Corticiaceae, a inexistência de uma precisa delimitação do gênero
Hyphoderma, o que só seria possível, na medida em que boas monografias se tornassem
disponíveis.
A taxonomia de gêneros em âmbito mundial está representada pelos trabalhos
de Lemke (1964 a, b), que tratam da revisão taxonômica do gênero Aleurodiscus s.l. com
ênfase em espécies norte-americanas, constituindo-se em importante contribuição no
conhecimento da peculiar micromorfologia do gênero. No trabalho de 1964, o autor
descreve o gênero Aleurocorticium para incluir espécies de Aleurodiscus com esporos
não-amilóides, as quais, atualmente, estão no gênero Dendrothele. Este último gênero
está amplamente estudado por Boidin, Lanquetin & Duhem (1996) com material coletado
principalmente na França, África continental, Ilhas Maurício, Guadalupe e Reunião. Os
autores consideram, além dos caracteres macro e micromorfológicos, aspectos de cultura
das espécies estudadas. Discutem ainda relações entre Dendrothele com gêneros
próximos, entre os quais, Dendrocorticium e Epithele, sugerem a exclusão de 8 espécies
de Dendrothele e colocam outras 11 espécies como pertencentes ao gênero, cujo material
não foi por eles estudado.
Liberta (1973) analisa taxonomicamente 21 espécies do gênero Trechispora,
transfere seis espécies dos gêneros Corticium, Cristella, Polyporus e Poria, incluindo
descrições, ilustrações e uma chave para a determinação das espécies estudadas.
Uma revisão de espécimes de Subulicystidium com a descrição de duas novas
espécies é feita por Oberwinkler (1977). O material, de procedência africana e
venezuelana, é ilustrado e analisado com ênfase na morfologia dos esporos. Devido à
grande diversidade morfológica dessas estruturas, o autor deixa em aberto a identidade
de diversos espécimes. Duhem & Michel (2001), em estudo sobre o gênero com material
francês, descrevem uma nova espécie para aquele país, acrescentando uma chave
mundial para Subulicystidium.
Larsen & Gilbertson (1974 e 1977), com base na ontogenia do basídio,
segregam e descrevem Dendrocorticium, Dentocorticium e Laeticorticium do gênero
Laeticorticium Donk. São apresentadas dezenove espécies distribuídas entre os três
gêneros, das quais quatro são descritas como novas e uma nova combinação é proposta.
Sistemas de compatibilidade são analisados como apoio para a segregação dos gêneros.
Boidin & Lanquetin (1983) estudam os gêneros Epithele (Pat.) Pat. emend.,
Pteridomyces Jülich emend. e Vesiculomyces Hagström emend., denominados
“epitelióides”, caracterizados pela presença de projeções estéreis – “pegs”. Apesar disso,
os autores não consideram tais estruturas como um caráter válido para a circunscrição
natural do grupo. O material estudado é, predominantemente, oriundo de países africanos
equatoriais como Gabão, República Centro-Africana, Costa do Marfim e Zaire.
Langer (1994) estuda 54 espécies do gênero Hyphodontia enfocando, além de
sua morfologia, habitat, substrato e biogeografia, a ultraestrutura dos septos hifais. Pela
semelhança na estrutura do parentessoma, o autor inclui espécies do gênero Echinoporia
e de Schizopora, estabelecendo afinidades filogenéticas entre as espécies dos 3 gêneros.
Nuñez & Ryvarden (1997) publicam uma sinopse com 70 espécies do gênero
Aleurodiscus s.l. A subdivisão genérica e a chave para identificação de gêneros, incluem
Acanthophysium e Aleurobotrys, abordados no presente trabalho. Os autores concluem
que quaisquer que sejam os caracteres usados para a delimitação do gênero, terá como
resultado um sistema artificial. Burdsall (1985) publica uma monografia do gênero
Phanerochaete na qual fornece descrições, ilustrações e sinonímia de 46 espécies.
O gênero Gloeocystidiellum “sensu lato” é estudado por Boidin, Lanquetin &
Gilles (1997), através da revisão de material francês, de países africanos e da Ilha de
Guadalupe. Caracteres de cultura são fornecidos como auxílio na taxonomia das
espécies. Nesse trabalho, os autores realibilitam o gênero Gloeopeniophorella descrito
por Rick em 1934.
Nilsson et al. (2003), em estudos baseados em análise molecular das
seqüências de DNA da região ITS de ribossomos nucleares, análise morfológica e
cruzamentos, mostram diferenciação alopátrica entre nove táxons de Hyphoderma
setigerum, confirmando a segregação de H. nudicephalum Gilbertson & Blackwell e H.
subsetigerum Wu.
Entre os estudos de gêneros, em âmbito nacional destacam-se os trabalhos de
Sheng-Hua Wu como intensivas e importantes contribuições para o conhecimento de
Corticiaceae de Taiwan. Entre estes, Wu (1996) revisa o gênero Gloeocystidiellum s. l.;
Wu (1997), com a descrição de quatro novas espécies para o gênero Hyphoderma; Wu
(1998 e 2000), com a descrição de novas espécies de Phanerochaete e chaves de
identificação totalizam trinta e sete espécies deste gênero registradas para aquele país.
O conhecimento acerca da distribuição das espécies de Corticiaceae s. l. é em
grande parte acrescido pelos estudos de cunho ecológico que seguem: Lopez (1984)
registra, para o Uruguai, 50 espécies em estudo florístico e ecológico de Basidiomycetes
xilófilos realizado em plantações de Eucalyptus viminalis. Entre estas, três encontram-se
enquadradas em outras famílias de Aphyllophorales. Renvall (1995), em uma reserva
natural a nordeste da Finlândia, estudou a estrutura de uma comunidade e a dinâmica de
Basidiomycetes degradadores de madeira sobre troncos de coníferas em decomposição.
Czederpiltz (1998), no qual são quantificados os corpos frutíferos de fungos poliporóides e
corticióides em florestas manejadas no estado de Michigan, nordeste dos EUA. O autor
comenta a importância dos fungos xilófilos nos ecossistemas e prováveis perturbações
causadas às comunidades fúngicas em áreas florestais manejadas. Na Argentina,
Greslebin (2000) realizou um levantamento das Corticiaceae de Terra do Fogo,
analisando aspectos ecológicos relativos às preferências das espécies com respeito a
várias características do substrato. Determinou também 5 categorias de ocorrência em
função da freqüência de aparecimento das espécies.
Para a América do Sul, Hjortstam & Ryvarden (1997 e 2000) registram para a
Colômbia a ocorrência de 85 e 26 espécies de Aphyllophorales corticióides,
respectivamente, das quais sete novas espécies são descritas e alguns espécimes de
identificação imprecisa. No continente, destaca-se o conhecimento da micobiota da
Argentina através dos trabalhos de Gómez (1972), sobre Xenasma e gêneros afins;
Hjortstam & Ryvarden (1986), com o registro de 46 espécies de fungos corticióides para o
Parque Nacional de Iguazu; Hjortstam & Ryvarden (1985), com 43 espécies de
Corticiaceae, dentre as Aphyllophorales estudadas e Popoff (1997), no qual são
estudadas 27 espécies registradas para o nordeste argentino, principalmente nas
províncias de Misiones, Chaco e Corrientes, região de latitudes muito próximas à do local
deste trabalho.
Referências para o Brasil constam no trabalho de Hjortstam & Bononi (1986),
com a descrição de Steccherinum subochraceum, já descrito pelo padre J. Rick como
Irpex hydneus e Hjortstam & Bononi (1987) com uma lista de 51 espécies a partir de
material coletado pelos autores e outros coletores nos estados de Espírito Santo, Minas
Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.
Ressalta-se que, em vários dos trabalhos acima citados, as espécies de
Corticiaceae estão incluídas em um grupo que recebe a denominação “corticióide”, ou
mesmo fazendo parte de estudos da ordem Aphyllophorales, de modo geral.
No que concerne ao Rio Grande do Sul, o maior número de referências acerca
das espécies hoje enquadradas em Corticiaceae s.l. é de autoria do padre J. Rick., que
coletou entre 12000 e 15000 espécies de fungos (Fidalgo, 1968). Parte desse material,
hoje depositado no Herbário PACA, da Universidade do Rio dos Sinos, foi revisado por
Hjortstam & Ryvarden (1982) e por Rajchenberg (1987). Mais recentemente, Nietiedt
(1994), em sua Dissertação de Mestrado, identifica 15 espécies, das quais são citadas
quatro novas espécies para o Brasil (Nietiedt & Guerrero, 2000).
Ampliar o conhecimento da ocorrência e distribuição de Corticiaceae s.l. para o
estado e para o país, fornecendo subsídios para a melhor delimitação taxonômica das
espécies e valorização das áreas estudadas, constitui-se no objetivo deste trabalho.
2. OBJETIVOS
O estudo dos representantes da família Corticiaceae s.l. em morros da Região
Metropolitana de Porto Alegre tem como objetivos:
a) Contribuir para o conhecimento da corticiobiota no Rio Grande do Sul
através da identificação, descrição morfológica, elaboração de chaves de identificação e
ilustrações das espécies, ampliando os dados acerca da distribuição desses organismos;
b) Comparar quantitativamente entre si (I) os morros quanto à preservação da
mata, (II) as faces de exposição da encosta e (III) as estações do ano, em relação às
espécies estudadas.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Área estudada
A Região Metropolitana de Porto Alegre, situada nas regiões fisiográficas
Depressão Central e Encosta Inferior do Nordeste, é formada por 31 municípios –
Alvorada, Araricá, Arroio dos Ratos, Cachoeirinha, Campo Bom, Canoas, Capela de
Santana, Charqueadas, Dois Irmãos, Eldorado do Sul, Estância Velha, Esteio, Glorinha,
Gravataí, Guaíba, Ivoti, Montenegro, Nova Hartz, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo,
Parobé, Portão, Porto Alegre, São Leopoldo, São Jerônimo, Santo Antônio da Patrulha,
Sapiranga, Sapucaia do Sul, Taquara, Triunfo e Viamão – ocupando uma área de 6906,41
km
2
(Figura 1). A vegetação corresponde à região fitoecológica da Floresta Estacional
Semidecidual (Teixeira et al., 1986). Sua fisionomia apresenta um relevo levemente
ondulado a plano (Brack et al., 1998). As partes baixas são representadas pelas ilhas do
Delta do Guaíba, banhados e mananciais, e as partes altas são constituídas pelos morros
areníticos ao norte e nordeste e pelos morros graníticos a leste e oeste (Fundação
Zoobotânica do Rio Grande do Sul, 1976), cuja maior elevação é o Morro Santana, com
314 m. O clima, de acordo com a classificação de Köppen, é do subtipo “Cfa”, com
temperatura média anual de 19,5
o
C e índice pluviométrico de 1.300 mm anuais.
As coletas foram realizadas em quatro morros: morro da Grota, situado no
Parque Estadual de Itapuã, município de Viamão, morro São Maximiano, situado no
município de Guaíba (morros graníticos); morro Sapucaia, situado no município de
Sapucaia do Sul e morro Morungava, no município de Gravataí (morros areníticos) (Figura
1). Na escolha desses morros foram levados em conta a área de cobertura da vegetação
arbórea, o grau de conservação da floresta e a acessibilidade a pontos situados nas
encostas norte, sul, leste e oeste.
Em conjunto, a vegetação dos morros graníticos da Região Metropolitana de
Porto Alegre apresenta uma unidade fitofisionômica em conseqüência das condições
edáficas especiais da área. De modo geral, a vegetação das encostas dos morros
graníticos encontra-se bastante alterada pela queima da vegetação original (Aguiar et al.,
1986). Esses autores consideram que a vegetação florestal das encostas dos morros é
antes um produto do solo do que do clima regional.
Os morros areníticos, localizados a norte e nordeste da Região Metropolitana de
Porto Alegre, possuem ecossistemas muito particulares, altamente especializados e
estranhos à formação geral da região da Depressão Central do Rio Grande do Sul. Nessa
região situa-se a linha de avanço mais meridional de espécies tropicais e a linha mais
setentrional de elementos originários da Patagônia (Jacques et al., 1982). Os dois morros
encontram-se com sua fitofisionomia alterada pela existência em suas encostas de
propriedades particulares onde desenvolvem-se atividades agrícolas, pela extração de
madeira e pela introdução de espécies exóticas como Eucalyptus sp. e Pinus sp. Além
disso, apresentam áreas de livre acesso à população.
Em conseqüência da latitude, as encostas dos morros voltadas para o quadrante
norte apresentam-se sempre ensolaradas, enquanto que as do quadrante sul recebem
menos insolação. Por isso, as encostas voltadas para o Sul são mais úmidas e exibem
geralmente vegetação de maior porte. (Menegat et al., 1998). Uma breve descrição da
atual situação de cada morro, com alguns exemplos de espécies arbóreas – presentes
nas unidades amostrais de coleta, substratos das espécies de fungos aqui estudadas, é
dada a seguir.
Morro da Grota
O Morro da Grota está localizado à margem da Lagoa dos Patos, separado
desta por uma faixa arenosa que se estende até as dunas que iniciam a encosta sul.
Nessa faixa, a praia de Fora, instalou-se a partir de 1975 um loteamento ilegal com cerca
de 800 casas, cuja desocupação ocorreu em 1991, como parte do projeto de implantação
do Parque de Itapuã (Rio Grande do Sul, 1996), garantindo assim a sua preservação e
reconstituição da cobertura vegetal do morro. Na unidade amostral situada na encosta
norte encontram-se exemplares de Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch.,
Erythroxylum cuneifolium (Mart.) O. E. Schulz, Myrsine umbellata Mart. ex A. DC.,
Zanthoxylum rhoifolium Lam. e Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman. Na unidade da
encosta oeste (Figura 2) estão presentes Guapira opposita Vell., Pachystroma longifolium
(Nees) I. M. Johnson, Myrciaria cuspidata O. Berg, Matayba elaeagnoides Radlk. e
Myrsine umbellata Mart. ex DC. Na encosta sul cita-se Sloanea guianensis (Aubl.) Benth.,
Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke e Casearia sylvestris Sw., entre outros.
Presentes na unidade amostral da encosta leste encontram-se Zanthoxylum rhoifolium,
Dendropanax cuneatus, Vitex megapotamica (Spreng.) Moldenke e Myrciaria tenella (DC.)
Berg.
Morro São Maximiano
Localizado no município de Guaíba, à margem da rodovia BR 290, o morro São
Maximiano, em sua maior parte, integra a propriedade particular do Sr. Nélson Ivo
Matzembacher. A vegetação nativa é em parte bem preservada, sendo usada para
pastejo de algumas cabeças de gado. A encosta norte e leste são predominantemente
cobertas por campos e algumas árvores esparsas. Ao sul e a oeste, onde formam-se
córregos nas depressões, a vegetação tem maior continuidade proporcionando o
desenvolvimento de árvores de baixo ou médio porte, mas também ocorrendo elementos
de porte alto. Nestas encostas, cita-se, como exemplos, indivíduos de Ficus organensis
Miq., Eugenia rostrifolia D. Legrand, Cedrella fissilis Vell., Guapira opposita (Vell.) Reitz,
Lithrea brasiliensis Marchand, Cupania vernalis Cambess., Maytenus ilicifolia Mart. ex
Reissek, Sebastiania commersoniana (Baill.) L. B. Sm. & Downs e Ilex pseudobuxus
Reissek.
Morro Morungava
Dentre os 4 morros é o que apresenta a cobertura arbórea de menor extensão.
A mata nativa estende-se de forma contínua nas escarpas da encosta sul onde, entre o
sopé do morro e a estrada RS 020, encontram-se pequenas propriedades nas quais são
criadas algumas cabeças de gado bovino. A leste e ao norte o declive é suave, o que
favoreceu a extinção da mata e a subseqüente instalação de sítios e chácaras. A
importância deste morro já foi constatada por Jacques et al. (1982) em levantamento da
vegetação de morros areníticos da Região Metropolitana de Porto Alegre, apresentando
aproximadamente o dobro do número de espécies vegetais comparado ao morro
colocado em segundo lugar. Encontram-se na encosta sul Sebastiania commersoniana,
Nectandra rigida (Kunth) Nees, Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong,
Campomanesia xanthocarpa O. Berg, Rollinia silvatica (A. St.-Hil.) Martius, entre outras
espécies.
Morro Sapucaia
É um morro cuja vegetação encontra-se bastante alterada pela intervenção
antrópica, pois além do estabelecimento de roças em seu entorno, o fácil acesso,
principalmente pela encosta oeste, permite o ingresso de visitantes com os mais variados
interesses. Nessa encosta é freqüente a presença de detritos espalhados pelo chão. Ao
sopé da encosta oeste, a umidade das depressões permite o desenvolvimento de árvores
de grande porte como Cabralea canjerana (Vell.) Mart. São freqüentes espécimes de
Casearia sylvestris. Na encosta sul (Figura 3), menos atingida, ocorrem Jacaranda
micrantha Cham., Sorocea bonplandii (Baill.) W. C. Burger, Lanj. & Wess. Boer,
Nectandra rigida (Kunth) Nees, Forsteronia glabrescens Müll. Arg., Hirtella hebeclada
Moric. ex DC., Garcinia gardneriana (Planch. & Triana) Zappi, Annona cacans Warm.,
entre outras. Nas partes mais baixas da encosta leste encontram-se vários exemplares de
Eucalyptus sp em meio a árvores de médio a baixo porte, como resultado da intervenção
humana. Na unidade amostral aí estabelecida encontram-se, como exemplos, Guarea
macrophylla Vahl, Cupania vernalis e Allophylus guaraniticus Radlk. Formada por um
terreno íngreme com uma inclinação de aproximadamente 40º, a encosta norte é a que
possui menor cobertura arbórea. No terreno predomina uma vegetação campestre alta,
com alguns eucaliptos plantados próximos ao penhasco que leva ao topo. A mata está
situada num terreno com muitos afloramentos rochosos formando depressões ao longo da
encosta, que mantêm maior umidade, contribuindo para a vegetação arbórea que, mesmo
assim, não apresenta árvores de grande porte. Na unidade amostral estão presentes
Sebastiania schottiana (Müll. Arg.) Müll. Arg., Guarea macrophylla Vahl, Allophylus
guaraniticus e, destacando-se em número, Matayba elaeagnoides e Sebastiania
commersoniana.
3.2. Metodologia de coleta
As coletas foram feitas no período entre julho de 2001 e junho de 2004 em
excursões realizadas nas quatro estações do ano, com um mínimo de uma visita a cada
morro, por estação. Nas faces de exposição foram estabelecidas unidades amostrais de
30 m x 30 m, assim distribuídas por morro com as respectivas coordenadas:
Morro da Grota:
norte - 30º22’41.3”S, 51º01’11.8”W
sul - 30º22’59.6”S, 51º01’15.2”W
leste – 30º22’51.6”S, 51º01’05.7”W
oeste – 30º22’05.4”W, 51º01’32.5”W
Morro São Maximiano:
sul – 30º11’08.5”S, 51º22’55.2”W
oeste – 30º10’53.7”S, 51º23’10.3”W
Morro Morungava
norte – 29º50’42.1”S, 50º55’40.0”W
sul – 29º51’03.4”S, 50º55’51.5”
Morro Sapucaia
norte – 29º50’09.3”S, 51º06’20.2”W
sul – 29º50’18.2”S, 51º06’16.9”W
leste – 29º50’15.8”S, 51º06’09.6”W
oeste – 29º50’10.4”S, 51º06’28.4”W
As excursões de coleta a cada morro foram realizadas em um dia inteiro, no qual
foram percorridas todas as unidades amostrais demarcadas. A distribuição do número de
visitas às unidades amostrais por morro, estação do ano e encosta é mostrada na Tabela
1. O material coletado consistiu de pedaços de ramos caídos ou ainda fixados na árvore e
lascas do córtex ou do lenho com basidiomas localizados ao alcance da mão, que foi
acondicionado em envelopes confeccionados com folha de jornal. Foram registrados os
seguintes dados de coleta: morro, data, orientação (norte, sul, leste ou oeste) e,
ocasionalmente, o substrato.
3.3. Exame do material
Em laboratório, o material foi examinado em sua macromorfologia sob o
microscópio estereoscópico sendo feito o registro dos seguintes dados: cor do basidioma,
tipo de ornamentação do himenóforo. Para a padronização das cores foi utilizado o atlas
de Villalobos-Dominguez & Villalobos (1947).
Para o exame das estruturas microscópicas foi utilizado um microscópio óptico
Wild M11, com o emprego de KOH e corante floxina para a preparação das lâminas,
reagente de Melzer para testar a amiloidia e evidenciar ornamentações da parede dos
esporos e azul de algodão para testar cianofilia. Foram preparadas câmaras úmidas com
pequenos fragmentos para os basidiomas que, numa primeira observação, não
apresentavam basídios com esterigmas ou esporos. Foram observados e registrados as
seguintes estruturas e seus estados de caracter: tipo de sistema hifal, disposição,
espessura da parede e ornamentações das hifas; forma, dimensões e espessura da
parede de basídios e esporos e respostas a reagentes específicos. Nas citações de duas
dimensões – estruturas estéreis, basídios e esporos – a primeira medida refere-se ao
comprimento e a segunda à largura. As medições do comprimento dos basídios não
incluem os esterigmas, e a largura é tomada sua parte mais distal. A largura dos
esterigmas foi tomada na base da inserção com o basídio. As medições dos esporos não
incluem o apículo. O substrato, quando identificado, é citado junto ao espécime
examinado. O material examinado está depositado no Herbário ICN do Instituto de
Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Os espécimes com nome de
coletor destacado em negrito ainda não encontram-se incorporados.
3.4. Tratamento taxonômico das espécies
Para a determinação do material foram utilizadas as chaves e descrições de
Boidin et al. (1996), Burdsall (1985), Cunningham (1963), Eriksson & Ryvarden (1973,
1975, 1976), Eriksson, Hjortstam & Ryvarden (1978, 1981, 1984), Hjortstam, Larsson &
Ryvarden (1988), Jülich & Stalpers (1980), Langer (1994), Maekawa (1993, 1994), Wu
(1990), Nuñez & Ryvarden (1997). A nomenclatura das estruturas foi baseada em
Breitenbach & Kränzlin (1986), Cunningham (1963) e Wu (1990). O sistema de
classificação adotado – exceto pela inclusão aqui de Lopharia e Steccherinum – segue o
de Donk (1964). As descrições dos gêneros foram transcritas da literatura, nas quais
foram mantidas a estrutura e o emprego de termos tradicionais.
3.5. Distribuição geográfica das espécies
As informações sobre a distribuição geográfica das espécies foram baseadas
nos trabalhos de Eriksson & Ryvarden (1973, 1975, 1976), Eriksson, Hjortstam &
Ryvarden (1978, 1981, 1984), Hjortstam, Larsson & Ryvarden (1988), Boidin et al. (1996),
Nuñez & Ryvarden (1997), Wu (1990), Maekawa (1994), Yurchenko (2003). Não são
mencionadas para o Brasil as espécies que pela primeira vez são citadas neste trabalho.
A distribuição para o Brasil foi baseada em Hjortstam & Bononi (1987). Os estados estão
citados por sua sigla, entre parênteses.
3.6. Análise de distribuição
A partir do número de espécies identificadas, foram realizadas comparações
entre a distribuição de espécies nos respectivos morros de coleta. Posteriormente,
quantificou-se a distribuição de espécies por estação do ano, bem como entre as
encostas de exposição. A distribuição de espécies em cada morro de coleta foi avaliada
através de uma razão obtida entre o número de espécies coletado em cada morro pelo
número de espécimes coletados no respectivo morro. Através desse quociente, os quatro
morros foram comparados atribuindo-se maior equilíbrio na distribuição
indivíduos/espécies quanto menor for a razão obtida.
Figura 1 – Mapa do Rio Grande do Sul. Em destaque a Região Metropolitana de
Porto Alegre com os municípios e respectivos morros estudados: Gravataí –
morro Morungava; Guaíba – morro São Maximiano; Sapucaia do Sul – morro
Sapucaia e Viamão – morro da Grota. (Fonte: Metroplan, 2001).
FIGURA 2 (FOTO MORRO DA GROTA)
FIGURA 3 (FOTO MORRO SAPUCAIA)
MORRO Nº vis. ESTAÇÃO Nº vis. ENCOSTA Nº vis.
Grota 13 Primavera 10 Norte 8
S. Maximiano 11 Verão 12 Sul 14
Morungava 6 Outono 11 Leste 9
Sapucaia 17 Inverno 14 Oeste 16
TOTAL 47 TOTAL 47 TOTAL 47
Tabela 1 - Número de visitas de coleta às unidades amostrais por morro, por
estação do ano e por encosta.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Espécies registradas
O estudo das espécies de Corticiaceae s.l. de morros da Região Metropolitana de
Porto Alegre permitiu a identificação de 48 espécies e 5 determinadas como affinis,
enquadradas em 24 gêneros. Duas espécies são prováveis novas combinações para os
gêneros Galzinia e Athelopsis e uma espécie do gênero Dendrothele é inédita. As
espécies assinaladas em negrito são citações novas para o Brasil e as sublinhadas são
citações novas para o Rio Grande do Sul. As não destacadas já haviam sido citadas para
o Estado.
Acanthophysium cerussatum (Bres.) Boidin
Aleurobotrys botryosus (Burt) Boidin, Lanq. et Gilles
Aleurodiscus coralloides G. Cunn.
Aleurodiscus exasperatus Hjortstam et Ryvarden
Aleurodiscus mirabilis (Berk. et M. A. Curtis) Höhn.
Athelopsis sp.
Cytidia crystallifera Boidin et Lanq.
Dendrocorticium aff. jonides (Bres. ex Brinkm.) M.J. Larsen et Gilb.
Dendrocorticium polygonioides (P. Karst.) M.J. Larsen et Gilb.
Dendrocorticium roseocarneum (Schw.) M.J. Larsen et Gilb.
Dendrothele aff. acerina (Pers.: Fr.) P.A. Lemke
Dendrothele alliacea (Quél.) P.A. Lemke
Dendrothele asterospora Boidin et Lanq.
Dendrothele capitulata Boidin et Lanq.
Dendrothele griseocana (Bres.) Bourdot et Galzin
Dendrothele incrustans (P.A. Lemke) P.A. Lemke
Dendrothele mangiferae Boidin et Duhem
Dendrothele sp., inéd.
Epithele aff. citrispora Boidin, Lanq. et Gilles
Epithele interrupta Bres.
Galzinia sp.
Gloeopeniophorella rubroflava Rick
Hyphoderma medioburiense (Burt) Donk
Hyphoderma rude (Bres.) Hjortstam. et Ryvarden
Hyphoderma setigerum (Fr.) Donk
Hyphoderma variolosum Boidin, Lanq. et Gilles
Hyphodontia arguta (Fr.) J. Erikss.
Hyphodontia aspera (Fr.) J. Erikss.
Hyphodontia breviseta (P. Karst.) J. Erikss.
Hyphodontia crustosa (Fr.) J. Erikss.
Hyphodontia lanata Burds. et Nakas.
Hyphodontia aff. mollis Sheng H. Wu
Hyphodontia nespori (Bres.) J. Erikss. et Hjortstam
Hyphodontia sambuci (Pers.) J. Erikss.
Lopharia cinerascens (Schw.) G. H. Cunn.
Mycoacia fuscoatra (Fr.) Donk
Phanerochaete galactites (Bourdot et Galzin) J. Erikss. et Ryvarden
Phanerochaete aff. martelliana (Bres.) J. Erikss. et Ryvarden
Phanerochaete sordida (P. Karst.) J. Erikss. et Ryvarden
Phanerochaete subglobosa Sheng H. Wu
Phlebiella tullasneloidea (Höhn. et Litsch.) Oberw.
Phlebiopsis roumeguerii (Bres.) Jülich et Stalpers
Radulomyces confluens (Fr.) M.P. Christ.
Schizopora paradoxa (Fr.) Donk
Steccherinum ochraceum (Pers. ex J. F. Gmel.: Fr.) Gray
Steccherinum subochraceum Bononi et Hjorstam
Subulicystidium brachysporum (P.H.B. Talbot et V.C. Geen) Jülich
Subulicystidium longisporum (Pat.) Parm.
Trechispora farinacea (Pers.:Fr.) Liberta
Trechispora mollusca (Pers.:Fr.) Liberta
Trechispora subsphaerospora (Litsch.) Liberta
Tubulicium vermiferum (Bourd.) Oberw.
Xenosperma murrillii Gilb. et M. Blackw.
O expressivo número de novas citações para o Brasil indica o escasso
conhecimento da ocorrência e distribuição de suas espécies em nosso país. Vinte e uma
(40%) espécies já têm referência para o Brasil, das quais 12 são espécies citadas para o
Rio Grande do Sul por Rick, 3 espécies foram citadas por Nietiedt (1994) pela primeira
vez para o RS e 6 são espécies já têm registro para outros estados brasileiros.
A representatividade do número de espécies por gênero aqui citadas diante do
número de espécies conhecidas (Kirk et al., 2001) é informada na Tabela 2. Dentre os
gêneros, os que apresentaram o maior número de espécies foram Dendrothele e
Hyphodontia. A representatividade de Dendrothele (28,57% das espécies atualmente
conhecidas) é significativamente maior que Hyphodontia (12,5%). Três espécies de
Dendrothele descritas por Boidin et al. (1996) – D. asterospora, D. capitulata e D.
mangiferae – tiveram seu material de procedência entre os paralelos 20º N e 20º S, o que
pode indicar que estas espécies sejam de distribuição equatorial a tropical. Outros
gêneros com grande número de espécies, aqui pouco representados – Aleurodiscus,
Hyphoderma e Phanerochaete – não têm delimitação precisa (Eriksson & Ryvarden,
1975).
4.2. Número de espécies quanto à distribuição e ocorrência
As seguintes espécies são cosmopolitas: Hyphoderma setigerum, Hyphodontia
sambuci, Phanerochaete sordida, Phlebiella tullasneloidea, Radulomyces confluens,
Subulicystidium longisporum, Trechispora farinacea, T. mollusca e Tubulicium vermiferum,
compreendendo 20% do total. As espécies citadas predominantemente para países de
clima temperado perfazem 45% e os restantes 35% representam predominantemente
espécies referidas para países de clima tropical ou subtropical.
Trinta e duas espécies foram coletadas uma ou duas vezes, sendo consideradas
de rara ocorrência, dezenove espécies foram coletadas entre 3 e 10 vezes, enquadradas
como de média ocorrência, enquanto que somente duas espécies tiveram alta ocorrência,
com 13 coletas cada uma (Figura 4).
Dentre as 18 espécies que foram coletadas somente uma vez, Athelopsis sp,
Mycoacia fuscoatra e Aleurodiscus mirabilis já haviam sido citadas anteriormente para o
estado, indicando sua menor raridade em relação às outras espécies. As espécies que
ocorreram uma única vez tiveram a seguinte distribuição por morro: Morungava com 3
espécies e os demais com 5 espécies cada um. O morro Morungava manteve-se
equilibrado em relação aos demais, já que o número de viagens de coleta obedeceu
aproximadamente a mesma proporção das viagens aos morros da Grota, São Maximiano
e Sapucaia. Os números mostram a igual importância dos morros no sentido de se
constituírem em prováveis habitats de muitas espécies ainda não registradas para a
região.
4.3. Número de espécies por morro
O morro São Maximiano apresentou o maior número de espécies (Tabela 3 e 4).
Dentre os quatro morros, este é o que possui um histórico de intervenção antrópica
menos intensa. A diversidade de espécies xilófilas em um local está diretamente
relacionada com a qualidade de substratos lenhosos dimensionados pela diversidade de
diâmetros e estágios de decomposição e não somente com o total de volume de madeira
aí existente. O fato de que o volume total de fragmentos de madeira possa influenciar a
diversidade fúngica é importante porque uma grande disponibilidade de recursos por
unidade de área aumentará o número de espécies que colonizam um local, reduzindo
assim os riscos de extinção a que uma espécie possa estar exposta (Bader et al. apud
Czederpiltz, 1998). Os autores demonstraram que a riqueza de espécies fúngicas é muito
menor em florestas manejadas do que em florestas primárias. Estudos realizados em
florestas da Finlândia mostraram que, dependendo do grau de intervenção, mais de 80%
das espécies de fungos xilófilos desaparaceram devido ao manejo florestal (Renvall,
1995).
4.4. Análise da distribuição do número de espécies por estação do ano
O número de espécies encontradas em cada estação do ano está representado na
Figura 5. Outono, verão e inverno apresentaram números muito próximos de espécies
podendo ser consideradas diferenças não significativas, ao contrário da primavera com
aproximadamente 23 % de espécies a mais que a média das outras estações. Os
basidiomas de muitas espécies de fungos corticióides são relativamente lenhosos ou
rígidos devido ao seu baixo conteúdo de água. Este hábito torna a ocorrência dos
basidiomas mais regular tanto em base anual quanto sazonal (Wästerlund & Ingelög;
Renvall et al. apud Czederpiltz, 1998), quando comparada com a ocorrência da maioria
dos outros fungos. Espécies xilófilas que utilizam substratos únicos ou discretos como
fragmentos de madeira, e que não possuem outro mecanismo que não a dispersão de
esporos como meio de propagação devem produzir basidiomas que sobrevivam quando
esses esgotam ou escasseiam (Cooke & Rayner apud Czederpiltz, 1998). Este fato, em
combinação com a persistente natureza de muitas estruturas de basidiomas poliporóides
e corticióides, faz com que provavelmente, os basidiomas destas espécies possam ser
encontrados dentro de um número ilimitado de períodos de amostragem durante o ano.
Portanto, é muito provável que uma espécie possa ocorrer tanto em estações de alta de
ou de baixa umidade, ao contrário dos fungos carnosos, que são mais freqüentes no
outono.
4.5. Análise da distribuição do número de espécies por exposição de encosta
As diferenças entre os números de espécies quando é comparada a exposição das
encostas são mostradas na Figura 6. Entre as encostas leste e norte, o número de
espécies sofre um acréscimo de 20%, e entre as encostas norte e sul o número aumenta
em 22%. A diferença norte-sul se justifica pela maior disponibilidade de substratos
proporcionada por uma vegetação com maior diversidade. Esta é conseqüência de uma
maior umidade nas encostas sul que por sua vez decorrem de menor insolação (Menegat
et al., 1998, op. cit.). Na comparação entre as encostas leste e oeste o acréscimo em
número de espécies passa a ser de 86%. Já que os graus de influência antrópica entre
essas encostas, considerando os morros estudados em seu conjunto, não mostram
diferença significativa, a umidade parece ser o fator determinante na maior diversidade de
substratos lenhosos. A insolação das encostas leste e encosta oeste têm intensidades
intermediárias em relação àquelas das encostas norte e sul. Entretanto, o Sol, na sua
trajetória diária, incide pela manhã nas encostas voltadas para leste. Assim, a umidade
acumulada na forma de orvalho, por exemplo, será evaporada nas primeiras horas do dia.
Já nas encostas voltadas para oeste, em especial aquelas mais íngremes, o Sol incidirá
somente à tarde, mantendo assim, estes locais mais úmidos (Hasenack,
1
).
______________________
1
Informação pessoal fornecida pelo Prof. Heinrich Hasenack, do Departamento de Ecologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 01.06.2005.
Fonte: Kirk et al. 2001. The Dictionary of fungi.
Tabela 2. Número de espécies por gênero estudadas neste trabalho e o número de
espécies conhecidas para cada gênero.
Gênero
Nº de
espécies
neste
trabalho
Nºde
espécies
conhecidas
Acanthophysium (Pilát) G. Cunn. 1 23
Aleurobotrys Boid. 1 1
Aleurodiscus Rabenh. ex Schröt. 3 68
Athelopsis Oberw. ex Parm. 1 7
Cytidia Quél. 1 5
Dendrocorticium M. J. Larsen & Gilbertson 3 7
Dendrothele v. Höhn. & Litsch. 8 28
Epithele Pat. 2 10
Galzinia Bourd. 1 8
Gloeopeniophorella Rick 1 3
Hyphoderma Wallr. em. Donk 4 90
Hyphodontia John Erikss. 8 64
Lopharia Karchbr. & MacOwan 1 13
Mycoacia Donk 1 15
Phanerochaete Karst. 4 63
Phlebiella Karst. 1 12
Phlebiopsis Jül. 1 6
Radulomyces M. P. Christ. 1 10
Schizopora Velen. 1 4
Steccherinum S. F. Gray 2 30
Subulicystidium Parm. 2 7
Trechispora Karst. 3 46
Tubulicium Oberw. 1 7
Xenosperma Oberw. 1 4
Tabela 3. Espécies registradas por morro.
Espécie Gro Max Mor Sap
Acanthophysium cerussatum
- - - x
Aleurobotrys botryosus x - x x
Aleurodiscus coralloides x - - -
Aleurodiscus exasperatus x x - x
Aleurodiscus mirabilis - - - x
Athelopsis sp - - x -
Cytidia crystallifera - - x -
Dendrocorticium aff. jonides - - - x
Dendrocorticium polygonioides x x x x
Dendrocorticium roseocarneum x - - -
Dendrothele aff. acerina - x - -
Dendrothele alliacea - x - x
Dendrothele asterospora - - - x
Dendrothele capitulata - x - -
Dendrothele griseocana - x - -
Dendrothele incrustans x - - -
Dendrothele mangiferae - x - -
Dendrothele sp x x - x
Epithele aff. citrispora x x - x
Epithele interrupta x x - x
Galzinia sp x x - x
Gloeopeniophorella rubroflava - x x -
Hyphoderma medioburiense x - - -
Hyphoderma rude - x x x
Hyphoderma setigerum x x x x
Hyphoderma variolosum - - x -
Hyphodontia arguta x - - -
Hyphodontia aspera - x x -
Hyphodontia breviseta x - - x
Hyphodontia crustosa - x x -
Hyphodontia lanata - x - -
Hyphodontia aff. mollis x - - -
Hyphodontia nespori x - - -
Hyphodontia sambuci x x x x
Lopharia cinerascens - x - x
Mycoacia fuscoatra - - - x
Phanerochaete aff. martelliana - x x -
Phanerochaete sordida - - x -
Phanerochaete subglobosa - - - x
Phlebiella tullasneloidea - x x -
Phlebiopsis roumeguerii x - - -
Radulomyces confluens - - - x
Schizopora paradoxa - - - x
Steccherinum ochraceum - - x x
Steccherinum subochraceum - x x x
Subulicystidium brachysporum x x - -
Subulicystidium longisporum x x - -
Trechispora farinacea x - - -
Trechispora mollusca - x - -
Trechispora subsphaerospora x - - -
Tubulicium vermiferum x - - x
Xenosperma murrillii - x - x
Figura 4. Ocorrência de espécies de Corticiaceae em quatro morros da região
metropolitana de Porto Alegre, RS, Brasil.
Morro Espécimes
amostrados
Nº Espécies Razão
Maximiano
47 27 1,67
Morungava
31 16 1,82
Grota
48 24 1,92
Sapucaia
55 26 2,11
Tabela 4. Razão entre o número de espécies e o número de espécimes amostrados em
quatro morros da região metropolitana de Porto Alegre, sul do Brasil.
18
14
5
33
2
3
2
1
000
2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
uma
duas
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
Nº ocorncias
Nº spp
Figura 5. Número de espécies amostradas em estações anuais para quatro morros da
região metropolitana de Porto Alegre, sul do Brasil.
Figura 6. Número de espécies amostradas em diferentes encostas de quatro morros da
região metropolitana de Porto Alegre, sul do Brasil. (faces de exposição solar)
26
22
21
20
0
5
10
15
20
25
30
Primavera Outono Verão Inverno
Estações do ano
Nº espécies
15
18
22
28
0
5
10
15
20
25
30
Oeste Sul Norte Leste
Exposições de encosta
Nº espécies
4.6 Chave para gêneros e espécies
1 . Basidiomas sobre casca de árvores vivas, em manchas 0,3-1,0 cm de diâmetro
2 . Dendrófises (= dendrohifídios) ou cistídios presentes...................Dendrothele (pág. 40)
2’. Dendrófises e cistídios ausentes.....................................Xenosperma murrillii (pág. 98)
1’. Basidiomas sobre árvores e ramos mortos, ressupinados, efusos, não em manchas
3 . Sistema hifal dimítico
4 . Himenóforo liso..........................................................Lopharia cinerascens (pág. 71)
4’. Himenóforo poróide ou odontióide
5 .Himenóforo poróide...............................................Schizopora paradoxa (pág. 85)
5’.Himenóforo odontióide......................................................Steccherinum (pág. 86)
3’. Sistema hifal monomítico
6 . Acantófises presentes, esporos amilóides
7 . Basidiósporos lisos....................................Acanthophysium cerussatum (pág. 27)
7’. Basidiósporos ornamentados
8 . Acantófises portando vesículas (botriófises).....................................................
.......................................................................Aleurobotrys botryosus (pág. 29)
8’. Acantófises portando espinhos típicos..........................Aleurodiscus (pág. 30)
6’. Acantófises ausentes, esporos não amilóides
9 . Cistídios ausentes
10 . Dendrohifídios ausentes
11 . Basídios de repetição.................................................Galzinia sp (pág. 51)
11’. Basídios não de repetição
12 . Esporos fusiformes.........................................Athelopsis sp (pág. 34)
12’. Esporos turbinados ou elipsóides
13 . Basídio pleural, esporos 4-5 x 3-4 µm...........................................
.................................................Phlebiella tulasnelloidea (pág. 80)
13’. Basídio terminal; se pleural, então esporos 3-3,5 x 2-3 µm...........
....................................................................Trechispora (pág. 92)
10’. Dendrohifídios presentes
14 . Esporos fusiformes ou naviculares.................................Epithele (pág. 48)
14’. Esporos elipsóides
15 . Basídios clavados, com gútulas, até 50 µm em comprimento............
.......................................................Radulomyces confluens (pág. 83)
15’. Basídios com ou sem dilatação basal, sem gútulas, acima de 50
µm em comprimento
16 . Basidioma cinza-violáceo..................Cytidia cristallifera (pág. 35)
16’. Basidioma branco, creme ou rosado.............................................
.............................................................Dendrocorticium (pág. 36)
9’. Cistídios presentes
17 . Cistídios finamente subulados (ornatocistídios, liocistídios)
18 . Cistídios acima de 70 µm em comprimento, parcialmente
envolvidos por hifas e cristais. Lúmen capilar............................................
................................................................Tubulicium vermiferum (pág. 96)
18’. Cistídios até 70 µm em comprimento ornamentados somente por
cristais ou lisos. Lúmen pronunciado.................Subulicystidium (pág. 89)
17’. Cistídios cilíndricos, cônicos ou capitados
19 . Hifas sem fíbulas
20 . Esporos ornamentados. Gloeocistídios presentes..............................
.............................................Gloeopeniophorella rubroflava (pág. 53)
20’. Esporos lisos. Gloeocistídios ausentes
21 . Hifas subiculares estreitamente entretecidas...............................
................................................Phlebiopsis roumeguerii (pág. 81)
21’. Hifas subiculares frouxamente entretecidas.................................
..............................................................Phanerochaete (pág. 73)
19’. Hifas com fíbulas
22 . Basidioma castanho, acúleos ca. 1 mm em comprimento...................
..............................................................Mycoacia fuscoatra (pág. 72)
22’. Basidioma branco, ocráceo ou creme
23 . Esporos cilíndricos maiores que 7 µm em comprimento;
se elipsóides, então com várias gútulas.............................
...................................................................Hyphoderma (pág. 54)
23’. Esporos cilíndricos nunca maiores que 7 µm em
comprimento; se elipsóides, então unigutulados...........................
....................................................................Hyphodontia (pág. 60)
4.7 Descrições dos gêneros e espécies
4.7.1 Acanthophysium (Pilát) G. Cunn.
Thel. Austr. New Zeal. p. 150, 1963.
Himenóforo ressupinado, anual, efuso; superfície himenial plana, fendida ou
contínua. Contexto composto por uma camada intermediária de hifas eretas ou
entrelaçadas crescendo de uma camada basal de hifas principalmente paralelas; sistema
hifal monomítico; hifas generativas que paredes hialinas, ramificadas, septadas, com ou
sem fíbulas. Acantófises subclavadas com ápice verrucoso, coralóide quando ramificadas
e espinosas, ou botrióide. Dendrófises formadas por uma simples haste ramificada no
ápice, ramos incrustados ou não de cristais. Gloeocistídios de várias formas, com paredes
finas hialinas, Fascículos projetando-se por mais da metade de seu comprimento,
compostos por feixes de hifas hialinas. Camada himenial constituída por uma paliçada de
basídios e paráfises associadas com fascículos de acantófises, dendrófises ou
gloeocistídios. Basídios subclavados, raramente clavados, portando 2-4 esporos sobre
longos esterigmas. Esporos de formas variadas, parede lisa, ou aculeada, hialinos,
amilóides ou inamilóides.
Espécie-tipo: Acanthophysium apricans (Bourd.) G. Cunn.
Comentários: Acanthophysium é segregado de Aleurodiscus pelo himenóforo
ressupinado e, principalmente, pela estrutura do contexto (Cunningham, 1963). Nuñez &
Ryvarden (1997) o colocam dentro de Aleurodiscus s. l. Nesse trabalho, que se constitui
na mais recente monografia sobre o gênero Aleurodiscus s. l., os autores relatam a
ocorrência na espécie-tipo, também de esporos ornamentados, além dos característicos
esporos lisos, o que poderia causar dificuldades na adoção do gênero Acanthophysium.
4.7.1.1 Acanthophysium cerussatum (Bres.) Boidin
Figura 7
Bull. Soc. Mycol. France, 101:340, 1986.
Basônimo: Corticium cerussatum Bres.
Fung. Trid. II:37, 1892.
Basidioma: orbicular em manchas ca. 1 cm de largura a efuso, 50-60 µm de espessura,
liso, estreitamente aderido ao substrato, cor amarelo-creme (YYO 18 2º); margem
indiferenciada, abrupta ou afinando-se gradativamente em espessura.
Sistema hifal: monomítico, hifas de 2-3 µm, com fíbulas.
Elementos estéreis: de dois tipos: a) acantófises clavadas numerosas 35-45 x 4-8 µm,
com espinhos de 1-3 µm de comprimento restritos a 5-10 µm do ápice que se projeta
acima do nível dos basídios; b) gloeocistídios levemente moniliformes, 35-45 x 10-13 µm
na parte mais larga.
Basídios: clavados a cilíndricos, 40-50 x 8-12 µm, com 4 esterigmas.
Esporos: elipsóides a estreitamente elipsóides, lisos e de parede fina, 8-10 x 5-7 µm.
Distribuição geográfica: América: Argentina, Brasil, Canadá, Estados Unidos; Europa:
Bielo-Rússia, França.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
21.02.2002, leg. CRodrigues 522 (ICN); 18.12.2003, leg. CRodrigues 1011 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Esmeralda, Estação
Ecológica de Aracuri, 11.1995, leg. R. T. Guerrero (ICN 102397).
Comentários: Dentre as espécies de Aleurodiscus s. l. aqui tratadas, esta se distingue
por seus esporos de parede lisa. Primeira citação para o Rio Grande do Sul.
4.7.2 Aleurobotrys Boidin
Bull. Soc. Mycol. France, 101:340, 1985.
Basidiocarpo fino, resupinado; basidiósporos ornamentados; monomítico; hifas
generativas com septos simples; acantófises presentes, dendrohifídios com ramos apicais
coralóides e amilóides.
4.7.2.1 Aleurobotrys botryosus (Burt) Boidin, Lanq. et Gilles
Figura 8
Bull. Soc. Mycol. France, 101:354, 1986.
Basônimo: Aleurodiscus botryosus Burt.
Ann. Missouri Bot. Gard., 5:198, 1918.
Basidioma: adnato, em manchas de 2-5 mm de diâmetro a efuso, 200 µm em espessura,
liso, branco a palidamente rosado (SSO 19 3º); margem indiferenciada abrupta, pruinosa.
Sistema hifal: monomítico, hifas 2-3 µm, de parede fina, sem fíbulas.
Elementos estéreis: de três tipos: a) acantófises cilíndricas a clavadas, parte basal de 2-
3 µm e ápice muito ramificado com extremidades arredondadas (botriófises); b) cistídios
(gloeocistídios) ventricosos a fusiformes afinando em direção ao ápice, 55-60 x 17-24 µm;
c) dendrohifídios pouco ramificados no ápice.
Basídios: subclavados a subcilíndricos, 45 x 12 µm, com 4 esterigmas.
Esporos: ovóides a elipsóides, verrucosos, 14-16(17) x 9-11 µm, com proeminente
apículo.
Distribuição geográfica: África: Ilha da Reunião, Zaire, Zimbabue; América: Canadá,
Estados Unidos; Europa: França; Oceania: Nova Zelândia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.12.2003, leg. CRodrigues 949 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia, 21.02.2002,
leg. CRodrigues 528; Viamão, Parque Estadual de Itapuã, morro da Grota, 15.09.2003,
leg. CRodrigues 873 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Parque
Farroupilha, 08.1995, leg. R. T. Guerrero (ICN 97900); 16.02.1996, leg. R. T. Guerrero
(ICN 102421); 08.05.1996, leg. R. T. Guerrero (ICN 102505); Sapucaia do Sul, Parque
Zoológico, 09.10.1996, leg. R. T. Guerrero (ICN 102585); São Francisco de Paula,
Cascata da Ronda, 20.04.1997, leg. R. T. Guerrero (ICN 105653).
Comentários: As botriófises fortemente amilóides constituem o caráter distintivo desta
espécie em relação às outras espécies de Aleurodiscus s.l. (Nuñez & Ryvarden, 1997)
aqui citadas. Primeira citação para a América do Sul.
4.7.3 Aleurodiscus Rabenh. ex Schröt.
Cohn, Krypt.Fl. Schles. 3:429, 1888.
Frutificações de variados aspectos, cupuladas, corticióides ou stereóides; margem
variável, distintamente delimitada em algumas espécies e mais ou menos reflexa, não
diferenciada em outras; basidiósporos amilóides, lisos ou ornamentados (verrucosos ou
equinulados), pequenos a grandes (muito grandes em comparação com a maioria dos
gêneros de Corticiaceae s.l.); sistema hifal monomítico na maioria das espécies; hifas
esqueletais presentes no subículo em poucas espécies; basídios médios a grandes com 4
proeminentes esterigmas; elementos estéreis tais como acantófises, dendrohifídios e hifas
parafisóides usualmente presentes; cistídios, quando presentes, são de parede fina,
clavados a mais ou menos moniliformes ou mamilados.
Espécie-tipo: Thelephora amorpha Pers.: Fr.
Elench. fung. (Griefswald) 1: 183 (1828)
Comentários: Este gênero caracteriza-se por formar grandes basídios (maiores ou
iguais a 40 µm) em diversos níveis de altura na frutificação (catahimênio) e esporos
amilóides. Tem recebido diversas interpretações pela dificuldade de definir seus limites
(Lemke, 1963 a; Cunningham, 1963) devido à presença/ausência de ornamentação na
parede dos esporos e desenvolvimento em himênio/catahimênio. A presença de
acantófises é considerada decisiva para a delimitação do gênero (Eriksson & Ryvarden,
1973), ainda que na espécie-tipo não ocorra, conforme ressaltado por Nuñez & Ryvarden
(1997) na avaliação de alguns caracteres morfológicos.
Chave para a determinação das espécies de Aleurodiscus
1 . Hifas sem fíbulas......................................................Aleurodiscus exasperatus (pág. 31)
1’. Hifas com fíbulas
2.Gloeocistídios ausentes, esporos ovóides a elipsóides................................................
...............................................................................Aleurodiscus coralloides (pág. 31)
2’. Gloeocistídios presentes, esporos semilunados........Aleurodiscus mirabilis (pág. 32)
4.7.3.1 Aleurodiscus coralloides G. Cunn.
Figura 9
Trans. Roy. Soc. New Zeal. 84:259, 1956.
Basidioma: em manchas de 1-2 cm em diâmetro, 80-100 µm em espessura, formando
áreas efusas de ca. 1 cm de largura resultantes da coalescência das manchas, (OOY 20)
textura cretácea; margem abrupta indiferenciada.
Sistema hifal: monomítico; hifas generativas de 3-5 µm em diâmetro, com fíbulas.
Elementos estéreis: a) acantófises coralóides ramificadas no ápice e com numerosos
espinhos e protuberâncios de formato irregular, parte basal de mesmo diâmetro que as
hifas e com fíbula; b) dendrohifídios escassos e pouco ramificados; c) gloeocistídios
ausentes.
Basídios: subclavados de 80-100 x 20-25 µm, com 4 robustos e curvados esterigmas de
ca. 15 x 6 µm.
Esporos: ovais a elipsóides, 17-21 x 14-16 µm, com parede espessada apresentando
muitos espinhos em geral maiores que 2 µm de comprimento, com visível apículo.
Distribuição geográfica: Nova Zelândia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 05.10.2001, leg. CRodrigues 498 (ICN).
Comentários: Esta espécie distingue-se das demais do gênero aqui estudadas, pela
ausência de gloeocistídios. Primeira citação para o continente americano.
4.7.3.2 Aleurodiscus exasperatus Hjortstam et Ryvarden Figura 10
Mycotaxon 47: 83, 1993.
Basidioma: corticióide, adnato, 50-100 µm em espessura, em manchas confluentes, liso,
levemente pulverulento, branco-acinzentado (OOY 20) a creme (OOY 19 3º); margem
indeterminada.
Sistema hifal: monomítico; hifas de parede fina, 2-3 µm de largura, sem fíbulas.
Elementos estéreis: de três tipos: a) acantófises poucas, moderadamente ramificadas,
às vezes com excrescências ao longo da haste, portando espinhos de forma, tamanho e
posição regulares a irregulares nos 10-15 µm apicais; b) dendrohifídios numerosos,
ramificados e sinuosos, elevando-se acima do nível dos basídios; c) gloeocistídios em
geral numerosos, de parede fina, forma e comprimento variáveis, às vezes com
protuberâncias ou de aspecto moniliforme.
Basídios: clavados, grandes, 45-80 x 10-20 µm, com gotas de aspecto oleoso em seu
interior, portando 4 robustos esterigmas até 18 µm de comprimento e 6 µm de largura na
base.
Esporos: ovóides a elipsóides, 16-22 x 10-18 µm, levemente achatados em posição
adaxial, de parede fina e engrossada. Em KOH são lisos e com conteúdo de aspecto
irregular, em Melzer exibem conspícua ornamentação rugosa.
Distribuição geográfica: América: Argentina, Brasil.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
09.12.2003, leg. CRodrigues 995 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia, 21.02.2002,
leg. CRodrigues 529 (ICN); 17.04.2003, leg. CRodrigues 754 (ICN); 12.08.2003, leg.
CRodrigues 862 (ICN); 18.12.2003, leg. CRodrigues 1033 (ICN); Viamão, Parque
Estadual de Itapuã, morro da Grota, 15.09.2003, leg. CRodrigues 888 (ICN); leg.
CRodrigues 889 (ICN); leg. CRodrigues 896 (ICN); leg. CRodrigues 897 (ICN); leg.
CRodrigues 902 (ICN); leg. CRodrigues 907 (ICN); leg. CRodrigues 909 (ICN); leg.
CRodrigues 930 (ICN).
Comentários: Uma das espécies de mais alta freqüência dentre todas as estudadas
neste trabalho. Microscopicamente é similar a A. coralloides, da qual difere pela presença
de gloeocistídios e a ausência de fíbulas. Primeira citação para o Rio Grande do Sul.
4.7.3.3 Aleurodiscus mirabilis (Berk. et M. A. Curtis) Höhn. Figura 11
K. Akad. Wiss. Wien Math.-Nat. Kl. Sitzungsb 118: 818, 1909
Basônimo: Psilopeziza mirabilis Berk. & M. A. Curtis
J. Linn. Soc. Bot. 10: 364, 1868.
Basidioma: em manchas discóides pulvinadas, ca. 0,3 cm em diâmetro, isoladas a
confluentes formando áreas efusas salmão quando jovem (SO 16 6º) a ocráceo (OOS 17
7º) quando mais velho; margem determinada, reflexa, ocrácea.
Sistema hifal: monomítico; hifas 3-5 µm em diâmetro, de parede fina a engrossada, com
fíbulas.
Elementos estéreis: de dois tipos: a) acantófises clavadas, de parede grossa de 1-2 µm
em espessura, com longos e curvados espinhos de 6 µm de comprimento por 2 µm de
largura na base esparsamente distribuídos ao longo da haste, com uma fíbula basal; b)
gloeocistídios cilíndricos a clavados, poucos a abundantes, ca. 110 x 15 µm.
Basídios: clavados, 100-120 x 15-20 µm, levemente sinuosos, com 4 esterigmas até 12
µm de comprimento por 5 µm na base.
Esporos: citriformes a semilunados, 25-28 x 14-16 µm, biapiculados, de parede
engrossada, com ornamentações espinulosas.
Distribuição geográfica: Pantropical a subtropical. América: Brasil (RJ, SP, RS), Cuba,
Estados Unidos; Ásia: China, Japão, Sri Lanka; Oceania: Austrália, Nova Zelândia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
12.08.2003, leg. CRodrigues 840 (ICN).
Comentários: Espécie de fácil reconhecimento a campo pelo hábito pulvinado de cor
rosada. Os esporos grandes e de forma peculiar também são de importante caráter
diagnóstico.
4.7.4 Athelopsis Oberw. ex Parmasto
Sydowia 19: 48, 1965 ex Parmasto, Consp. syst. Cort. P.41, 1968.
Frutificações finas, peliculares (atelióides), lisas, amarelado-pálidas,
freqüentemente com manchas esverdeadas; textura muito frouxa; hifas de parede fina,
com fíbulas em todos os septos; basídio pedicelado, clavado, com 4 esterigmas; esporos
hialinos, não-amilóides, elipsóides a cilíndricos.
Comentários: Este gênero possui relação próxima a Athelia, do qual difere pelos tons
amarelados em basidiomas frescos e pelos basídios de base constrita, já que os basídios
deste estreitam gradualmente em direção à base (Eriksson & Ryvarden, 1973). Hjortstam
(1991) reduz Pteridomyces a sinônimo de Athelopsis, propõe duas novas combinações
para o gênero e publica uma chave de identificação para oito espécies de Athelopsis por
ele aceitas. Hjortstam (1998) propõe a combinação Athelopsis subgen. Pteridomyces
sem, entretanto, comentar o novo táxon.
4.7.4.1 Athelopsis sp Figura 12
Espécie-tipo: Corticium paradoxum Rick (!)
Iheringia, Botânica 4:94, 1959.
Basidioma: corticióide, efuso, branco-ocráceo (SO 19 3º) a creme (YYO 19 3º), liso,
contínuo a quebradiço em pedaços poligonais quando mais velho, 40-60 µm em
espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas de 2-3 µm em diâmetro, com fíbulas em todos os septos.
Elementos estéreis: ausentes.
Basídios: clavados, ca. 22 x 8 µm, com 4 esterigmas e uma fíbula basal.
Esporos: fusiformes, biapiculados, 9-11 x 5-6 µm, de parede fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Brasil.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, leg. CRodrigues 557 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Parque
Farroupilha, 07.1995, leg. R. T. Guerrero (ICN 97907); 08.1994, leg. R. T. Guerrero (ICN
102293); 15.09.1996, leg. R. T. Guerrero (ICN 102546); 31.03.1998, leg. R. T. Guerrero
(ICN 102707)
Comentários: A espécie Corticium paradoxum foi originalmente descrita por Rick (1959),
cujo holotipo foi revisado por Hjortstam & Ryvarden em 1982. De acordo com esses
autores, o material escasso apresenta basídios imaturos (sem esterigmas) semelhantes
aos de Athelopsis e poucos esporos que, suspeitam, seja uma contaminação. O material
por nós coletado e estudado apresenta esporos fusiformes biapiculados que estão de
acordo com a ilustração dada pelos autores, além de típicos basídios pedunculados. Esta
última característica, segundo Eriksson & Ryvarden (1973) é suficiente para sua inclusão
no gênero Athelopsis, devendo ser publicada como nova combinação.
4.7.5 Cytidia Quél.
Fl. Myc. France p. 25, 1888.
Frutificações inicialmente tuberculiformes e ressupinadas, logo soltando-se nas
margens e tornando-se cupuliformes, quando frescas e úmidas coriáceas a algo
gelatinosas, quando secas duras e quebradiças, himênio liso, vermelho escuro a
vermelho violáceo, face superior farinosa e esbranquiçada. Hifas acima de 2-3 µm de
largura, azul violáceas em sulfovanilina, aglutinadas por substâncias intehifais gelatinosas
assumindo uma textura densa, todas as hifas com fíbulas, das quais as ramificações são
principalmente originadas. Sem cistídios. Numerosos dendrohifídios, densamente
entrelaçados e formando a superfície do himênio, castanho-claros ao microscópio e azul-
violáceos em sulfovanilina.. Basídios grandes, com quatro esterigmas robustos e
curvados. Esporos grandes, alantóides, lisos, não-amilóides, não-cianófilos.
Espécie-tipo: Cytidia salicina (Fr.) Burt
Ann. Rep. of the Miss. Bot. Garden, St. Louis 11:10, 1924.
Comentários: O gênero Cytidia compartilha com Dendrocorticium M. J. Larsen et
Gilbertson os longos basídios, os grandes basidiósporos, as dendrófises e as hifas
fibuladas (Boidin & Lanquetin, 1995). Distingue-se pelo hábito em manchas de tons
violáceos com margem bem definida que se levanta do substrato (Eriksson & Ryvarden,
1975).
4.7.5.1 Cytidia crystallifera Boidin et Lanq. Figura 13
Cryptogamie, Mycol. 16(2): 86, 1995
Basidioma: em manchas discóides cinza-violáceas (R 17 1º), gelatinosas quando
frescas, de ca. 0,5 cm em diâmetro, com margem bem aderida ao substrato a livres,
reflexas quando seco; 350-550 µm em espessura; himênio formado por dendrófises e
longos e sinuosos basidíolos, rico em cristais.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, fibuladas e de parede fina.
Elementos estéreis: dendrófises abundantes de parede fina, sinuosas e encobertas por
cristais, de aproximadamente mesmo diâmetro (2-3 µm) em toda a sua extensão.
Basídios: clavados, muito longos (até 150 x 13 µm), sinuosos, com 4 esterigmas curvos
de ca. 8 x 4 µm.
Esporos: largamente elipsóides, 14-15 x 9-11 µm, lisos, de parede fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: África: Etiópia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.12.2003, leg. CRodrigues 968 (ICN).
Comentários: O basidioma em pequenas manchas violáceas, escuras, distingue
macroscopicamente esta espécie daquelas de Dendrocorticium. Microscopicamente, os
basídios são mais longos e os esporos pouco maiores, principalmente no que se refere a
Dendrocorticium aff. jonides (Bres. ex Brinkm.) Larsen et Gilbertson. Primeira citação para
o continente americano.
4.7.6 Dendrocorticium M. J. Larsen et Gilb.
Norw. J. Bot. 21, 223-226.
Basidiocarpos anuais, ressupinados, efusos; superfície himenial lisa e ondulada;
sistema hifal monomítico; hifas subiculares normalmente septadas com fíbulas e com
parede pouco engrossada; dendrohifídios presentes, com ou sem um distinto e bem
definido catahimênio; probasídios presentes e formados no subhimênio; basídios maduros
formados por crescimento metabasidial intrusivo, 4-esterigmados, 30-50 (-70) µm de
comprimento, freqüentemente projetando-se notavelmente acima do catahimênio;
basidiósporos raramente excedendo 12 µm em qualquer dimensão, subglobosos,
elipsóides, largamente ovóides, hialinos, não reativos com reagente de Melzer.
Espécie-tipo: Dendrocorticium polygonioides (Karst.) M. J. Larsen et Gilb.
Norw. Jl. Bot. 21(3): 225, 1974.
Comentários: O gênero Dendrocorticium foi segregado de Laeticorticium s.l. por Larsen &
Gilbertson (1977) com base na origem ontogenética do basídio e na morfologia de
basídios jovens (probasídios). Em Dendrocorticium a região proximal do basídio é
alargada e de parede fina e este é usualmente formado no subhimênio, ao passo que em
Laeticorticium os basídios têm a base de parede grossa e origem subicular. Espécies com
basídios mais curtos, de base não alargada (sem probasídios) e originada no himênio
foram colocadas no gênero Dentocorticium.
Chave para a determinação das espécies de Dendrocorticium
1 . Basídios até 60 µm e esporos até 10 µm, respectivamente, em
comprimento............l.............................................................................................................
..............................................................................Dendrocorticium polygonioides (pág. 38)
1’. Basídios > 60 µm e esporos > 10 µm, respectivamente, em comprimento
2 . Basidioma rosado, basídios até 80 µm em
comprimento.........................................................................................................................
............................................................................Dendrocorticium roseocarneum (pág. 39)
2’. Basidioma branco a ocráceo, basídios acima de 80 µm em
comprimento.........................................................................................................................
...................................................................................Dendrocorticium aff. jonides (pág. 37)
4.7.6.1 Dendrocorticium aff. jonides (Bres. ex Brinkm.) M.J. Larsen et Gilb. Figura
14
Norw. J. Bot. 21: 223-226. 1974.
Basônimo: Corticium jonides Bres. ex Brinkm.
Jahresber. Westfal. Prov. Ver. Wissen. Und Kunst 26: 128. 1898.
Basidioma: em manchas confluentes tornando-se efuso, ca. 250 µm em espessura,
ocráceo (OOS 19 3º), estreitamente aderido ao substrato, consistência subcerácea;
margem abrupta a estreitada gradativamente em espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, as subhimeniais de parede fina e
as subiculares, paralelas ao substrato, de parede levemente engrossada, todas com
fíbulas nos septos.
Elementos estéreis: dendrohifídios sinuosos, ramificados, com protuberâncias nas
extremidades em forma de curtas ramificações.
Basídios: tortuosos, de base alargada ovóide, muito alongado, 100-150 x 8-12 µm, com
suaves constrições e alargamentos, parede fina, com 4 esterigmas 7-10 x 3 µm.
Esporos: largamente elipsóides a ovóides ou subglobosos, 10-13 x 9-11 µm, lisos, de
parede fina.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
18.12.2003, leg. CRodrigues 1066 (ICN).
Comentários: D. jonides tem os maiores basídios dentre as sete espécies citadas por
Larsen & Gilbertson (1977). A presença de catahimênio, a posição e o formato dos
basídios enquadram nosso espécime no gênero. Não obstante, as dimensões dos
basídios e esporos são maiores que aquelas citadas na descrição da espécie, sem que
haja mesmo sobreposições. Estas divergências justificam a colocação de nosso espécime
como próximo a D. jonides. O estudo de eventuais futuras coletas poderão auxiliar numa
posição definitiva. D. jonides é registrado para Alemanha e Suécia.
4.7.6.2 Dendrocorticium polygonioides (P. Karst.) M.J. Larsen et Gilb. Figura 15
Norw. J. Bot. 21: 225, 1974.
Basônimo: Corticium polygonioides Karst.
Medd. Soc. Fauna Fl. Fenn. 6:12, 1881.
Basidioma: liso, finamente pruinoso sob a lupa, branco a ocráceo (R 19), contínuo ou, na
maioria das vezes, com fissuras, 70-100 µm em espessura; margem indeterminada,
pruinosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas do subículo 2-3 µm em diâmetro, septadas com fíbula.
Elementos estéreis: dendrohifídios de mesmo diâmetro das hifas, tortuosos, ramificados,
com curtas saliências em forma de ramificações, com fíbula basal.
Basídios: tubulares, tortuosos, com parte basal dilatada seguida de um estreitamento e
alargando-se suavemente em direção à extremidade, 40-60 x 7-9 µm, com 4 esterigmas
de até 6 x 1,5 µm.
Esporos: ovóides a estreitamente elipsóides, lisos, 7-10 x 4-6 µm, com apículo
conspícuo.
Distribuição geográfica: Ásia: Japão; Europa: Áustria, Estônia, Finlândia, Itália,
Noruega, Suécia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, leg. CRodrigues 568 (ICN); Guaíba, Morro São Maximiano, 23.03.2002,
CRodrigues 635 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia, 17.04.2003, leg. CRodrigues
738 (ICN); Viamão, Parque Estadual de Itapuã, morro da Grota, 18.03.2003, leg.
CRodrigues 616; leg. CRodrigues 619 (ICN); 15.09.2003, leg. CRodrigues 890 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 26.01.1988,
leg. Marcelo e Gustavo Campos de Azevedo (ICN 80638).
Comentários: A cor do basidioma diverge da descrição de Larsen & Gilbertson (1977), o
que pode ser atribuído às diferenças climáticas, de substrato ou do grau de dissecação,
aproximando-se mais daquela de Maekawa (1994). Microscopicamente são plenamente
concordantes os característicos basídios e os esporos, em forma e dimensões. Primeira
citação para o continente americano.
4.7.6.3 Dendrocorticium roseocarneum (Schw.) M.J. Larsen et Gilb. Figura 16
Norw. J. Bot. 24: 99-121, 1977.
Basônimo: Thelephora roseocarnea Schw.
Naturf. Gesel. Leipz. Schrift 1: 107, 1822.
Basidioma: liso, em manchas orbiculares confluentes a contínuo, castanho-rosado (OOS
17 4º), 200-300 µm em espessura; margem fina, acinzentada, pruinosa a fibrilosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro uniforme ou variável no mesmo
filamento, septadas, de parede fina, com fíbulas.
Elementos estéreis: dendrohifídios abundantes, tortuosos, ramificados, de mesmo
diâmetro das hifas, com uma fíbula basal.
Basídios: alongados, 60-70 x 9-11 µm, com dilatação basal ovóide de até 20 x 8 µm, com
4 esterigmas de ca. 8 x 2 µm.
Esporos: ovóides a largamente elipsóides, 11-12 x 7-8,5 µm, com visível apículo.
Distribuição geográfica: América: Brasil, Estados Unidos; Ásia: China, Japão.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 27.10.2003, leg. CRodrigues 932 (ICN).
Comentários: Entre as espécies do gênero, D. roseocarneum é bem caracterizada pela
cor do basidioma e pelo tamanho dos esporos. Burt, 1920 apud Larsen & Gilbertson cita
para o Brasil Stereum sendaiense como sinônimo de D. roseocarneum. Primeira citação
para o Rio Grande do Sul.
4.7.7 Dendrothele Höhn. et Litsch.
Sitzber. Kais. Akad. Wiss. Wien, Math.-naturw. Kl. 116:1 p. 820, 1907.
Basidiomas discóides a corticióides; superfície himenial branca a ocrácea ou
amarela, lisa a espinulosa; margem freqüentemente determinada, adnata ou levantada.
Em secção vertical, subhialinas ou palidamente pigmentadas, membranáceas. Sistema
hifal monomítico; hifas com ou sem fíbulas; cistídios presentes ou ausentes;
dendrohifídios numerosos, incrustados; basídios grandes, largamente cilíndricos a
clavados, com (2-)4 esterigmas; basidióporos de parede fina ou levemente engrossadas,
lisos ou verrucosos, não-amilóides.
Espécie-tipo: Dendrothele papillosa Höhn. et Litsch.
Sber. Akad. Wiss. Wien, Math.-naturw. Kl., Abt. 1 116: 820, 1907.
Comentários: Dendrothele é relacionado aos gêneros Dendrocorticium e Epithele, com
os quais compartilha algumas semelhanças. Do primeiro se separa pelo fato de crescer
sobre o córtex de árvores vivas. A delimitação do gênero se sobrepõe a Epithele através
de Dendrothele griseocana, já que os dois táxons compartilham emergências odontióides.
Boidin et al. (1996) salientam que estas, em D. griseocana, são delgadas, de origem
pouco profunda e formadas unidamente de dendrohifídios, ao passo que em Epithele
estas nascem profundamente e são formadas de hifas apertadas e paralelas. O gênero é
caracterizado pelos numerosos dendrohifídios incrustadose pelos esporos inamilóides.
Além de seu desenvolvimento sobre árvores vivas, o que é amplamente salientado por
Boidin et al. (!996), mostra-se constante o hábito em forma de manchas orbiculares, com
poucas vezes formando um basidioma contínuo.
Chave para a determinação das espécies de Dendrothele
1 . Cistídios presentes
2 . Cistídios capitados....................................................Dendrothele capitulata (pág. 44)
2’. Cistídios fusiformes ou subesféricos
3 .Esporos esféricos..............................................Dendrothele aff. acerina (pág. 41)
3’.Esporos elipsóides..................................................Dendrothele alliacea (pág. 42)
1’. Cistídios ausentes
4. Esporos asteriformes com três ou mais
projeções.............................................................................................................................
......................................................................................Dendrothele asterospora (pág. 43)
4’. Esporos esféricos, subesféricos ou lageniformes
5 . Esporos lageniformes.....................................................Dendrothele sp.(pág. 47)
5’. Esporos esféricos ou subesféricos
6. Basidioma com projeções visíveis sob a
lupa.........................................................................................................................................
..........................................................................................Dendrothele griseocana (pág. 45)
6’. Basidioma liso
7.Esporos maiores que 15 µm de
diâmetro.................................................................................................................................
..........................................................................................Dendrothele mangiferae (pág. 46)
7’. Esporos menores que 15 µm de
diâmetro..................................................................................................................................
............................................................................................Dendrothele incrustans (pág. 45)
4.7.7.1 Dendrothele aff. acerina (Pers.: Fr.) P.A. Lemke Figura 17
Persoonia, 3: 366, 1965.
Basônimo: Thelephora acerina Pers.:Fr.
Syst. Mycol., 1: 453, 1821.
Basidioma: liso, branco, farináceo, em manchas confluentes, 50-170 µm em espessura,
coberto de cristais que dificultam a visualização das hifas.
Sistema hifal: monomítico; hifas sinuosas, 1-2 µm em diâmetro, fíbulas de difícil
visualização.
Elementos estéreis: de dois tipos: a) dendrófises ramificadas, de parede fina, nuas a
levemente incrustadas; b) leptocistídios numerosos, esféricos a fusiformes, 11-14 x 10-12
µm, de parede engrossada, inclusos na trama, com um apêndice mamilar que pode
estender-se em um filamento.
Basídios: subclavados, com uma ligeira constrição na região mediana, 25-37 x 6-8 µm,
com 4 esterigmas.
Esporos: esféricos, 7-8 µm em diâmetro, lisos, de parede fina, com apículo às vezes
visível.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Guaíba, Morro São Maximiano,
13.05.2003, leg. CRodrigues 795 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Salvador do Sul,
29.05.1992, leg. R. T. Guerrero (ICN 80917); Nova Petrópolis, 06.1992, leg. R. T.
Guerrero, (ICN 80936).
Comentários: Os leptocistídios fusiformes identificam nosso material com Dendrothele
acerina, do qual difere pelos esporos esféricos. Por esta segunda característica,
assemelha-se a Dendrothele globulispora Boidin et Lanq., dentre as duas espécies de
Dendrothele com esporos esféricos citadas por Boidin et al. (1996). Os espécimes aqui
citados apresentam leptocistídios fusiformes de formato muito próximo aos ilustrados por
Boidin et al. (1996) e por Eriksson & Ryvarden (1975). A outra espécie, D. microspora
(H.S. Jacks. & P.A. Lemke) P.A. Lemke, não estudada pelos primeiros autores, não está
descrita nem ilustrada. Futuras coletas e observação de material já estudado poderão
fornecer dados para uma determinação precisa do material aqui descrito. D. acerina é
citada para Argentina, Canadá, Cuba, Estados Unidos, México, Japão e França.
4.7.7.2 Dendrothele alliacea (Quél.) P.A. Lemke Figura 18
Persoonia 3:366, 1965.
Basônimo: Corticium alliaceum Quél.
Ass. Franç. 12:505, 1883.
Basidioma: ressupinado, branco a ocráceo (O 17 3º), liso, pruinoso sob a lupa, 120-150
µm, formando manchas arredondadas de menos de 1 cm de diâmetro às vezes
confluentes.
Hifas: de largura irregular, 1-3 µm, retas, com fíbulas pouco visíveis.
Elementos estéreis: leptocistídios fusiformes numerosos de parede levemente espessa
ca. 1 µm de espessura, em geral com um prolongamento filamentoso, 20-32 x 8-12 µm;
dendrófises finas, 1-2 µm de largura, com ramificações curtas e encobertas por cristais.
Basídios: clavados, de base estreita com fíbula pouco visível, 37-42 x 6-7 µm, esterigmas
4,5-7 µm de comprimento.
Esporos: elipsóides, lisos, com parede espessa, 9-13 x 5-7 µm, às vezes mostrando um
conteúdo granular, apículo sempre visível.
Distribuição geográfica: Europa: Bielo-Rússia, França.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
09.12.2003, leg. CRodrigues 989 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia, 18.12.2003,
leg. CRodrigues 1018 (ICN).
Comentários: São notáveis nesta espécie os numerosos leptocistídios fusiformes,
também presentes em D. acerina. Não obstante, distingue-se daquela pelos esporos
elipsóides. Nosso material apresenta esporos pouco menores do que os citados por
Boidin et al. (1996) e mais próximos aos citados por Eriksson & Ryvarden (1975). Primeira
citação para o continente americano.
4.7.7.3 Dendrothele asterospora Boidin et Lanq. Figura 19
Bull. Soc. Mycol. France, 112: 94, 1996.
Basidioma: em manchas arredondadas brancas a creme (O 19 3º), esparsas, de até 0,5
cm de largura, em corte 40-50 µm, encoberto por cristais.
Sistam hifal: monomítico; hifas finas, tortuosas, 1,5 a 2,0 µm de largura, fíbulas de difícil
visualização.
Elementos estéreis: dendrófises com curtas ramificações.
Basídios: cilíndricos a urniformes, 17-21 x 7-8 µm, muitas vezes com uma projeção
mediana que pode prolongar-se em forma de hifa. Esterigmas 4, de 6-7 µm.
Esporos: asteriformes com cinco pontas, 10-16,0 µm entre extremidades opostas, de
parede fina, não amilóides.
Distribuição geográfica: África: Ilha da Reunião, República Centro-africana.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
17.04.2003, leg. CRodrigues 755 (ICN), sobre Cabralea canjerana.
Comentários: Os basídios com prolongamentos laterais lembrando pleurobasídios e os
esporos pluriapiculados assemelham este espécime a Xenosperma Oberw. (Boidin,
1996). Mas o habitat sobre árvores vivas e a presença de dendrófises a colocam
seguramente no gênero Dendrothele. Primeira citação para o continente americano.
4.7.7.4 Dendrothele capitulata Boidin et Lanq. Figura 20
Bull. Soc. Mycol. France, 112: 99, 1996.
Basidioma: em manchas brancas a salmão pálido (SO 19 6º), isoladas ou confluentes,
de consistência calcárea, frágil e quebradiça, profusamente cobertas por cristais.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, sem fíbulas.
Elementos estéreis: dendrófises de ramificação irregular; numerosos leptocistídios
capitados, 3-4 µm em diâmetro na haste e ápice esférico de 7-9 µm em diâmetro.
Basídios: utriformes com um leve estreitamento mediano, 40-50 x 8-10 µm, esterigmas 4,
de 7 µm de comprimento.
Esporos: esféricos, alguns subesféricos, 8-12,5 µm em diâmetro, de parede levemente
espessa, lisos, com apículo freqüentemente visível, não amilóides.
Distribuição geográfica: América: Guadalupe.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
30.01.2003, leg. CRodrigues 687 (ICN), sobre Luehea divaricata; 13.05.2003, leg.
CRodrigues 783 (ICN).
Comentários: Esta espécie é facilmente reconhecida pelos grandes cistídios capitados e
pelos esporos esféricos. Primeira citação para a América do Sul.
4.7.7.5 Dendrothele griseocana (Bres.) Bourdot et Galzin Figura 21
Bull. Soc. Mycol. France, 28: 354, 1912.
Basônimo: Corticium griseocanum Bres.
Fungi Trident., 2: 58, 1893.
Basidioma: branco a ocráceo (OOS 19 3º), contínuo, com papilas estéreis esparsas de
40-60 µm visíveis sob a lupa e distantes aproximadamente 100 µm entre si.
Sistema hifal: monomítico; hifas pouco distintas, tortuosas, 1-2 µm de largura, de parede
fina, fíbulas não visíveis.
Elementos estéreis: cistídios ausentes; dendrohifídios abundantes, profusamente
ramificados, cobertos por uma massa cristalina.
Basídios: clavados quando jovens, 25-30 x 6-7 µm com uma constrição mediana na
maturidade, com dois esterigmas.
Esporos: elipsóides a subesféricos, parede lisa levemente engrossada, 8,5-10 x 7-9 µm.
Distribuição geográfica: América: Canadá, Estados Unidos, México; Europa:
Dinamarca, França.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
09.12.2003, leg. CRodrigues 1003 (ICN).
Comentários: Esta espécie é descrita com basídios portadores de 2 esterigmas por
Eriksson & Ryvarden (1975) e basídios com 4 esterigmas por Lemke (1964 b), além de
caracterizada pelas projeções himeniais papilosas e pelos dendrohifídios muito
ramificados. O material aqui examinado não apresentou os órgãos cistidiais que, segundo
os primeiros autores, são encontrados na maioria dos espécimes. Primeira citação para a
América do Sul.
4.7.7.6 Dendrothele incrustans (P.A. Lemke) P.A. Lemke Figura 22
Persoonia 3:366, 1965.
Basônimo: Aleurocorticium incrustans P.A. Lemke
Canad. J. Bot., 42:739, fig. 2, 1964.
Basidioma: em manchas confluentes brancas, de 2-5 mm de largura, 50-100 µm em
espessura; margem determinada aderida.
Sistema hifal: monomítico; contexto densamente cristalino; hifas irregulares de parede
fina, 1-2 µm em diâmetro, com fíbulas.
Elementos estéreis: cistídios ausentes; dendrófises delgadas 1-3 µm de largura.
Basídios: clavados a suburniformes, de base alargada, às vezes com um leve
estreitamento mediano, 35-45 x 11-13 µm, 4 esterigmas de 11-13 µm de comprimento.
Esporos: esféricos, às vezes com gútulas, 9-12 µm de diâmetro, apículo freqüentemente
visível.
Distribuição geográfica: América
: Argentina, Canadá, Estados Unidos, Guadalupe.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, morro da Grota, 18.03.2003,
leg. CRodrigues 607 (ICN); 15.09.2003, leg. CRodrigues 882; leg. CRodrigues 894 (ICN).
Comentários: São característicos desta espécie a ausência de cistídios e,
principalmente, os grandes e esféricos esporos com apículo proeminente, estes últimos
pouco maiores que 8-11 µm, dimensões citadas por Gilbertson & Blackwell (1987).
Primeira citação para o Brasil.
4.7.7.7 Dendrothele mangiferae Boidin et Duhem Figura 23
Bull. Soc. Mycol. France, 112: 106, 1996.
Basidioma: branco, em pequenas manchas irregularmente circulares de até
aproximadamente 1 cm, 80-170 µm de espessura..
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm de largura, de orientação indefinida, com fíbula.
Elementos estéreis: dendrófises finas, 1-2 µm de largura, pouco ramificadas,
extremidades com protuberâncias em lembrando couve-flor.
Basídios: subcilíndricos irregulares, com leves reentrâncias e protuberâncias, com
conteúdo granular ou gútulas oleosas, 110-130 x 18 µm, com 4 grandes esterigmas de
25-30 x 5-6 µm; basídios jovens em geral apresentam a parede desdobrada em várias
camadas adquirindo aspecto de basídio de repetição.
Esporos: esféricos a subesféricos, 18-25 x 17-23 µm, às vezes com gútulas oleosas e
apículo proeminente, lisos em floxina e KOH, finamente espinulosos em Melzer.
Distribuição geográfica: África: Ilhas Maurício, Ilhas da Reunião.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
13.05.2003, leg. CRodrigues 791 (ICN), sobre Cedrela fissilis Vell.
Comentários: Dendrothele mangiferae exibe os maiores basídios e esporos, dentre as
espécies do gênero aqui citadas, o que a torna de fácil identificação. Primeira citação para
o continente americano.
4.7.7.8 Dendrothele sp., inéd. Figura
24
Basidioma: em manchas irregulares, de 3-7 mm de largura, de contorno arredondado, às
vezes confluentes, branco a ocráceo pálido (OOS 19 6º), 100-150 µm em espessura,
textura cretácea, quebradiço; margem indiferenciada, raramente abrupta, mais
freqüentemente afinando-se gradativamente, então pruinosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, sem fíbulas.
Elementos estéreis: dendrohifídios com últimas ramificações curtas e protuberâncias
espinulosas, 1,5-3 µm em diâmetro.
Basídios: irregularmente cilíndricos, 34-54 x 9-12 µm, de base alargada, levemente
sinuosos, com um ou dois estreitamentos em sua parte média, lisos e de parede fina, com
2 esterigmas 12-18 x 3-4 µm.
Esporos: lageniformes, 17-24 x 7-8 µm, com uma constrição mediana (4x5µm) às vezes
pronunciada, retos ou com uma curvatura, raro com uma ou 2 gútulas, de parede fina e
lisa, apículo na extremidade da maior dilatação.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
09.12.2003, leg. CRodrigues 998 (ICN), sobre Ocotea puberula (Rich.) Nees; Sapucaia do
Sul, morro Sapucaia, 18.12.2003, leg. CRodrigues 1015 (ICN); CRodrigues 1025 (ICN);
leg. CRodrigues 1031 (ICN), ; Viamão, Parque Estadual de Itapuã, morro da Grota,
27.10.2003, leg. CRodrigues 924 (ICN), sobre Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. &
A. Juss.) Radlk.; 11.06.2004, leg. CRodrigues 1081 (ICN); leg. CRodrigues 1098 (ICN).
Comentários: espécie de habitat e hábito típicos de Dendrothele, com esporos de
formato único no gênero. Observa-se o desenvolvimento incomum dos esterigmas e dos
esporos. Os primeiros inicialmente encontram-se separados, logo após unem-se pelas
extremidades, as quais originam esporos unidos ao longo de seu comprimento. Assim que
são liberados permanecem algum tempo unidos e após separam-se. Consideramos tratar-
se de uma espécie nova a ser publicada oportunamente.
4.7.8 Epithele Pat.
Ess. tax. p. 59, 1900.
Frutificações ressupinadas, de início orbiculares então confluentes e por fim efusas,
adnatas, macias a frágeis, de cor branca a branco-creme; margem determinada, sob a
lupa (50x) às vezes finamente fibrilosa; himênio liso ou portando pequenos, esparsos e
emergentes pegs de estrutura hifal estéril; hifas de parede fina, profusamente ramificadas,
com fíbulas; basídios clavados, freqüentemente levemente constritos; esporos fusiformes,
inamilóides, parede levemente corada em azul-de-aldodão.
Espécie-tipo: Epithele typhae (Fr.) Pat.
Comentários: Este nome foi inicialmente proposto por Patoulliard em 1899 como uma
seção do gênero Hypochnus, caracterizada por “emergências que atravessam o
himênio...”. Em 1900, o mesmo autor eleva Epithele em nível de gênero (Boidin &
Lanquetin, 1983). Eriksson & Ryvarden (1975) ressaltam a posição incerta do gênero e
colocam como não resolvida a importância taxonômica dos pegs hifais. O gênero inclui 13
espécies (Hjortstam, 1977). Rick (1959) registra cinco espécies para o Rio Grande do Sul.
Chave para a determinação das espécies de Epithele
1 . Dentes do basidioma caducos, esporos naviculares............Epithele interrupta (pág. 50)
1’. Dentes do basidioma perenes, esporos citriformes,
biapiculados............................................................................................................................
.............................................................................................Epithele aff. citrispora (pág. 49)
4.7.8.1 Epithele aff. citrispora Boidin, Lanq. et Gilles Figura 25
Mycotaxon, v.XVI, 2: 461-499, 1983.
Basidioma: branco, odontióide a mais raramente liso, estreitamente aderido ao substrato,
250-300 µm em espessura; emergências cônicas, 180-230 x 70-150 µm, formadas de
hifas em posição vertical, originadas na base do basidioma e desenvolvendo-se através
do himênio, ca. 5 por mm.
Sistema hifal: monomítico; hifas de parede fina, 2-3 µm em diâmetro, muito ramificadas,
com fíbulas.
Elementos estéreis: cistídios ausentes; hifas parafisóides ramificadas presentes no
himênio, entremeadas aos basídios, com extremidades levemente projetadas acima do
himênio.
Basídios: clavados, largos, 40-50 x 9-12 µm, bruscamente estreitados junto à base
fibulada, apresentando gútulas de conteúdo oleoso, com 4 esterigmas de 11-13 x 3 µm.
Esporos: citriformes, 18-23 x 9-11 µm, nitidamente biapiculados, com conteúdo em
gútulas.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
30.01.2003, leg. CRodrigues 663 (ICN); leg. CRodrigues 664 (ICN); leg. CRodrigues 681
(ICN); leg. CRodrigues 683 (ICN); 09.12.2003, leg. CRodrigues 972 (ICN).
Comentários: Os espécimes aqui citados divergem de Epithele citrispora pela ausência
de hifas de parede engrossada tanto no contexto quanto nas emergências, características
ressaltadas pela descrição e ilustrações da espécie em Boidin & Lanquetin (1983). Essa
diferença levou-nos a considerar nosso material como assemelhado à espécie, parecer
favorecido pelo idêntico formato dos esporos. E. citrispora é a única espécie do gênero
com esporos caracteristicamente biapiculados. Epithele citrispora é citada para a Costa
do Marfim e Gabão.
4.7.8.2 Epithele interrupta Bres. Figura 26
Bull. Jard. Bot. de l’État de Bruxelles 4: 25, 1914.
Basidioma: branco a creme, frágil, quebradiço, 100-250 µm em espessura; emergências
cilíndricas pouco numerosas, esparsas, 100-150 x 70-100 µm, caducas deixando uma
concavidade circular.
Sistema hifal: dimítico; hifas basais distintas, de parede fina, 2-3 µm em diâmetro, com
fíbulas, entremeadas com fíbulas de parede engrossada a totalmente sem luz; contexto
impregnado de cristais.
Elementos estéreis: cistídios ausentes; hifas parafisóides pouco numerosas entre os
basídios.
Basídios: clavados, levemente sinuosos, 33-50 x 9-12 µm, com 4 esterigmas de 8-11 x 2-
4 µm.
Esporos: naviculares, lisos, 13-19 x 6-9 µm, com conteúdo oleoso em gútulas, não
amilóides.
Distribuição geográfica: África: Zaire.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
30.01.2003, leg. CRodrigues 665 (ICN); leg. CRodrigues 666 (ICN); 09.12.2003, leg.
CRodrigues 982 (ICN); leg. CRodrigues 987 (ICN); leg. CRodrigues 990 (ICN); Sapucaia
do Sul, morro Sapucaia, 21.02.2002, leg. CRodrigues 519 (ICN); Viamão, Parque
Estadual de Itapuã, morro da Grota, 18.03.2003, leg. CRodrigues 597 (ICN); 27.10.2003,
leg. CRodrigues 913 (ICN).
Comentários: Esta espécie destaca-se sob a lupa pelas “cicatrizes” deixadas pelas
emergências caducas. Os grandes esporos fusiformes, característicos do gênero (Boidin
& Gilles, 1986 c), diferenciam-se nesta espécie pela sua forma mais alongada. Primeira
citação para o continente americano.
4.7.9 Galzinia Bourdot
Cr. Assoc. Fr. Avance. Sci. (Rouen) 45 p. 577, 1922.
Frutificações ressupinadas, finas, ceráceo-gelatinosas, quando secas pruinosas;
hifas de parede finas a engrossadas, com fíbulas; basídios apicais ou laterais originados
de hifas himeniais, constritos a urniformes, às vezes tubularmente alongados,
freqüentemente ou ocasionalmente com repetição interna; esporos alantóides, curvados,
lisos, inamilóides, freqüentemente com gotas de óleo no protoplasma.
Espécie-tipo: Galzinia pedicellata Bourdot
Comptes rendu de l'Association Française pour l'Avancement des Sciences 45: 577, 1922.
Comentários: O gênero Galzinia, descrito por Bourdot em 1922, é caracterizado por
freqüente ou ocasional repetição interna dos basídios e esporos alantóides. Devido à
presença ocasional de repetição interna, Eriksson & Ryvarden (1975), consideram o
gênero como não bem definido, sendo este caráter de pequeno valor para sua diagnose,
mas suficientemente bem delimitado pelos esporos alantóides e basídios constritos a
urniformes.
4.7.9.1 Galzinia sp. Figura 27
Basidioma: ressupinado, efuso, 50-150 µm em espessura, branco a creme (YYO 19 3º),
pruinoso quando jovem, ceráceo quando mais desenvolvido, então com fissuras que
expõem o substrato e formam segmentos poligonais; margem indeterminada, aracnóide,
reduzindo gradativamente em espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas de parede fina, 2-3 µm em diâmetro, com fíbulas em
todos os septos.
Elementos estéreis: cistídios ausentes; hifas cistidiais de parede fina, de diâmetro
irregular, localizadas entre os basídios e projetadas pouco acima do nível destes.
Basídios: urniformes, 16-17 x 5-6 µm, com uma suave constrição mediana ou com uma
projeção lateral, repetição interna bem marcada por paredes sobrepostas, com 4
esterigmas de 5-6 x 1 µm.
Esporos: levemente alantóides, elipsóides em posição frontal, 5-8 x 3-4 µm, de parede
lisa e fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Brasil (RS).
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
15.08.2001, leg. CRodrigues 448 (ICN); 13.05.2003, leg. CRodrigues 785 (ICN); Sapucaia
do Sul, morro Sapucaia, 17.04.2003, leg. CRodrigues 765 (ICN); Viamão, Parque
Estadual de Itapuã, morro da Grota, 21.01.2002, leg. CRodrigues 580 (ICN).
Comentários: Odontia matruchotioides foi descrita por Rick em 1959 sem menção da
repetição interna dos basídios. O material aqui descrito apresenta esporos alantóides e
basídios constritos a urniformes, bem como uma notável repetição interna dos basídios, o
que justificaria uma nova combinação.
4.7.10 Gloeopeniophorella Rick
Brotéria, ser. Ci. Nat., 30: 47, 1934
Basidiocarpo ressupinado, membranáceo a ceráceo, liso, de cores claras,
gloeocistídios e lamprocistídios não dextrinóides e basidiósporos ornamentados
amilóides.
Espécie-tipo: Gloeopeniophorella rubroflava Rick
Comentários: O gênero, criado por Rick em 1934 com base em material coletado em São
Leopoldo (RS), compreende duas espécies - além da espécie-tipo – a partir das novas
combinações propostas por Boidin et al. (1997). Wu (1996) incluía essas espécies no
gênero Gloeocystidiellum sensu lato Donk, não tendo em conta o gênero de Rick. Boidin
et al. (1997) reabilitaram o gênero distinguindo-o de Gloeocystidiellum sensu stricto pela
presença de metulóides.
4.7.10.1 Gloeopeniophorella rubroflava Rick Figura 28
Brotéria 3: 47, 1934.
Basidioma: ressupinado, subceráceo quando fresco, membranáceo a quase papiráceo
quando seco, branco, creme (YYO 19 6º) a creme-acinzentado, liso; margem algodonosa
a levemente filamentosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas generativas com septos simples formando subículo e
subhimênio; as hifas do subículo têm parede levemente engrossada; na camada basal as
hifas são orientadas tangencialmente e formam uma camada média de textura frouxa.
Elementos estéreis: de dois tipos: a) lamprocistídios de parede moderadamente grossa,
45-60 x 9-16 µm, ápice cônico incrustado, inclusos ou emergentes; b) gloeocistídios
numerosos, cilíndricos a moniliformes 60-110 x 5-10 µm, geralmente originados no estrato
subhimenial.
Basídios: clavados, 16-19 x 5-6 µm, de parede fina e lisa, com 4 esterigmas ca. 5-6 x 1
µm.
Esporos: largamente elipsóides a raramente subglobosos 4-6 x 3,5-5 µm, de parede fina,
lisos em KOH e minutamente verrucosos em Melzer.
Distribuição geográfica: América
: Brasil (RS).
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, leg. CRodrigues 563 (ICN); 16.06.2003, leg. CRodrigues 820 (ICN); Guaíba,
Morro São Maximiano, 13.05.2003, leg. CRodrigues 793 (ICN).
Comentários: G. rubroflava difere de sua espécie mais afim – G. laxa, de Taiwan – pela
origem subhimenial dos gloeocistídios ao invés de gloeocistídios originados no subículo.
Após 70 anos da descrição da espécie, espécimes são coletados nos municípios aqui
citados e em Santa Maria (RS), analisados e redescritos em trabalho deste e de outros
autores, a ser publicado.
4.7.11 Hyphoderma Wallr. em. Donk
Fl. Crypt. Germ. 2:576, 1833; emend. Donk, Fungus 27:13, 1957.
Frutificações ressupinadas, adnatas, em sua maioria efusas, em algumas espécies
orbiculares, finas a consideravelmente grossas (0,05-10 mm), na maioria das espécies
ceráceas quando secas e vivas, esbranquiçadas ou amareladas, himênio geralmente
contínuo, mas pode ser poroso-reticulado sob a lupa, especialmente em espécimes
jovens, liso ou tuberculado a hidnóide, engrossando com a idade; sistema hifal
monomítico, hifas em sua maioria distintas, ao menos no subículo, acima de 3-4µm de
largura, profusamente ramificadas e em todas as espécies exceto numa, com fíbulas em
todos os septos; camada basal de hifas mais ou menos horizontais presente em várias
espécies, faltando em outras; cistídios presente na maior parte das espécies, diferindo em
forma e natureza, geralmente de parede fina, projetados ou inclusos, incrustações
cristalinas podem estar ausentes, esparsas ou abundantes; várias espécies com
excreções amorfas, resinosas, hialinas, amareladas ou castanho-avermelhadas
originadas nos cistídios ou em outros órgãos hifais; basídios comparavelmente grandes,
constritos ou sinuosos, com protoplasma rico em gotas de óleo, esterigmas via de regra
grandes, mais ou menos curvados; esporos de parede fina, com freqüência grandes,
elipsóides a alantóides, com abundante óleo no protoplasma, inamiloidia ausente nos
esporos mas em raros casos presente nos basídios ou nas hifas do contexto; sem reação
à sulfovanilina; parede dos esporos sem ou com fraca coloração em azul-de-algodão.
Espécie-tipo: Hyphoderma spiculosum Wallr.
Comentários: O gênero Hyphoderma, com aproximadamente 70 espécies, é
heterogêneo e não claramente delimitado (Eriksson & Ryvarden, 1975; Maekawa, 1994).
Características auxiliares, como tamanho e forma dos basídios e esporos, podem auxiliar
na separação de outros gêneros, especialmente em relação a Hyphodontia. Wu (1990)
usa 25 µm como o comprimento crítico de basídios para separar os dois gêneros, embora,
ainda segundo o autor, existam exceções. Isto é confirmado entre as espécies dos dois
gêneros aqui apresentadas, nas quais as diferenças de tamanho dos basídios não são
nítidas. Outra distinção é feita tomando-se em conta os esporos, em geral maiores e
cilíndricos em Hyphoderma o que, também com poucas exceções, se confirma em nosso
material.
Chave para a determinação das espécies de Hyphoderma
1 . Superfície himenial com “pústulas” cristalinas............Hyphoderma variolosum (pág. 59)
1’. Superfície himenial sem “pústulas” cristalinas
2 . Cistídios septados....................................................Hyphoderma setigerum (pág. 57)
2’. Cistídios não septados
3 . Cistídios cilíndricos não mucronados.........Hyphoderma medioburiense (pág. 55)
3’. Cistídios cilíndricos mucronados e
estefanocistos.........................................................................................................................
....................................................................................................Hyphoderma rude (pág. 56)
4.7.11.1 Hyphoderma medioburiense (Burt) Donk Figura 29
Fungus 27: 15, 1957.
Basônimo: Peniophora medioburiensis Burt
Ann. Missouri Bot. Gard. 12: 328, 1925.
Basidioma: ressupinado, efuso, 130-220 µm, branco com tonalidades amarelo-creme
(YYO 19 6º), liso, com fissuras esparsas deixando à mostra as hifas da camada basal e o
substrato; margem indeterminada.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-4 µm em diâmetro, de parede fina a levemente
engrossada, com fíbulas em todos os septos, frouxamente entretecidas.
Elementos estéreis: cistídios cilíndricos, 52-75 x 7-8 µm, emergentes ca. metade de seu
comprimento acima da camada himenial, de parede fina, com uma fíbula basal.
Basídios: clavados, 27-37 x 7-8 µm, com uma ou duas constrições, levemente sinuosos,
com uma fíbula basal e 4 esterigmas.
Esporos: cilíndricos a subalantóides, 10-12 x 4-5 µm, lisos, de parede fina,
freqüentemente com numerosas gútulas, inamilóides.
Distribuição geográfica: África: Ruanda; América: Argentina, Estados Unidos; Ásia:
China, Japão; Europa
: Áustria, Bielo-Rússia, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França,
Noruega, Suécia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 27.10.2003, leg. CRodrigues 931 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Esmeralda, Estação
Ecológica de Aracuri, 03.12.1984, leg. E. Esposito (ICN 80581).
Comentários: Hyphoderma medioburiense difere de espécies próximas pelos cistídios
cilíndricos e esporos de maiores dimensões. Dentre as espécies aqui citadas, é a única
com somente um tipo de cistídio e não-septado. Não foi observada a incrustação apical
no cistídio citada por Eriksson & Ryvarden (1975) e por Galán et al. (1993) e que,
segundo estes últimos autores, é de difícil visualização por se dissolver nos meios de
montagem. Primeira citação para o Brasil.
4.7.11.2 Hyphoderma rude (Bres.) Hjortstam et Ryvarden Figura 30
Mycotaxon v. 10, 2: 275, 1980.
Basônimo: Odontia rudis Bres.
Ann. Mycol., 18: 42, 1920.
Basidioma: ressupinado, adnato, odontióide com dentes agrupados, densamente
distribuídos e de ápice fimbriado, 150-450 µm em espessura, branco quando novo a
creme-alaranjado (YYO 19 3º) quando mais velho; margem levemente diferenciada, lisa,
afinando-se gradativamente em espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas com fíbulas em todos os septos, as subhimeniais de
parede fina, 2-4 µm em diâmetro, as hifas subiculares de parede engrossada, 4-5 µm em
diâmetro; cristais abundantes no subhimênio.
Elementos estéreis: cistídios de 2 tipos: a) gloeocistídios de parede engrossada, 28-60 x
10-11 µm, alargados na base e afinando-se em direção ao ápice mucronado onde
observa-se um múcron refringente de ca. 2 µm de comprimento, inclusos ou parcialmente
emergentes; b) estefanocistos globulares no himênio, 11-15 x 9-11 µm, com um anel de
dentículos na porção mediana.
Basídios: cilíndricos a levemente clavados, 15-25 x 5-7 µm, de parede fina, com uma
fíbula basal e 4 esterigmas.
Esporos: elipsóides a subcilíndricos, 7-8 x 4-5 µm, de parede fina, com gútulas,
inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Argentina, Brasil, Hawaí; Ásia: Tailândia, Taiwan;
Europa: França.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, leg. CRodrigues 549 (ICN); leg. CRodrigues 558 (ICN); Guaíba, Morro São
Maximiano, 15.08.2001, leg. CRodrigues 442 (ICN); 03.09.2002, leg. CRodrigues 643
(ICN); 13.05.2003, leg. CRodrigues 773 (ICN); leg. CRodrigues 776 (ICN); Sapucaia do
Sul, morro Sapucaia, 17.04.2003, leg. CRodrigues 749 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Barra do Ribeiro, Horto
Florestal Barba Negra – Riocell, 25.07.1990, leg. S. A. Nietiedt 54 (ICN 97890); Bom
Jesus, 28.12.1992, leg. S. A. Nietiedt & R. T. Guerrero 166 (ICN 97889); Guaíba, sítio
Matzembacher, 03.08.1990, leg. S. A. Nietiedt & R. T. Guerrero 65 (ICN 97885); Porto
Alegre: Parque Farroupilha, 03.1992, leg. R. T. Guerrero (ICN 97887); 23.06.1992, leg. S.
A. Nietiedt & R. T. Guerrero 157 (ICN 97888); 08.1994, leg. R. T. Guerrero (ICN 102289);
Viamão: Parque Saint-Hilaire, 04.10.1991, leg. S. A. Nietiedt 120 (ICN 97886);
Comentários: Espécie bem caracterizada pelos gloeocistídios mucronados e pelos
estefanocistos. Nietiedt & Guerrero (1998) sinonimizaram H. odontiaeforme Boid. &
Berthet com base no gloeocistídio mucronado e H. crystallophorum Gilb. & Adask. pela
presença de cristais nos dentes, ambas características não citadas por Hjortstam &
Ryvarden (1984).
4.7.11.3 Hyphoderma setigerum (Fr.) Donk Figura 31
Fungus, 27: 15, 1957.
Basônimo: Thelephora setigera Fr.
Elench. Fung. 1: 208, 1828.
Basidioma: ressupinado, orbicular a mais freqüentemente confluente, branco a amarelo-
creme, liso a odontióide com pequenos dentes encimados pelos grandes cistídios, 100-
200 µm em espessura; margem atenuando-se gradativamente em espessura,
indeterminada, pruinosa ou fimbriada sob a lupa.
Sistema hifal: monomítico; hifas 3-5 µm em diâmetro, de parede fina a engrossada, com
fíbulas nos septos, frouxamente entrelaçadas no subículo, perpendicularmente orientadas
e densamente unidas no subhimênio.
Elementos estéreis: cistídios cilíndricos, de parede engrossada, 70-180 x 6-7 µm,
septados (septocistídios) e fibulados em todo o seu comprimento, nus a densamente
incrustados com cristais poligonais, ápice obtuso a nitidamente capitado, então com 10-12
µm em diâmetro.
Basídios: clavados a subclavados, 20-28 x 5-7 µm, de parede fina, com 4 esterigmas ca.
5 x 1,5 µm, com uma fíbula basal.
Esporos: estreitamente elipsóides a subalantóides, 6-9 x 3-4 µm, lisos, de parede fina,
inamilóides.
Distribuição geográfica: África: Ilhas da Reunião; América: Argentina, Brasil (SC, SP),
Estados Unidos; Ásia: Índia, Japão, Taiwan; Europa: Bielo-Rússia, Escandinávia,
Espanha, Finlândia, França.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, CRodrigues 573 (ICN); Guaíba, Morro São Maximiano, 30.01.2003,
CRodrigues 691; 13.05.2003, CRodrigues 780 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
21.09.2001, CRodrigues 453 (ICN); CRodrigues 460 (ICN); CRodrigues 462 (ICN);
12.08.2003, CRodrigues 830 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Barra do Ribeiro, Morro da
Formiga, Horto Florestal Barba Negra, Riocell, 03.09.1993, leg. R. T. Guerrero (ICN
97895); Cambará do Sul, Parque Nacional dos Aparados da Serra, 22.05.1992, leg. S. A.
Nietiedt & R. T. Guerrero 126 (ICN 97892); Nova Petrópolis, 20.07.1991, leg. S. A.
Nietiedt & R. T. Guerrero 108 (ICN 97891); 05.1994, leg. R. T. Guerrero (ICN 102288);
(ICN 102295); 06.1995, leg. R. T. Guerrero (ICN 102618); 08.1997, leg. R. T. Guerrero
(ICN 102643); Porto Alegre, Morro Santana, 10.1984, leg. CRodrigues (ICN 80582);
Parque Farroupilha, 04.1987, leg. R. T. Guerrero (ICN 80660); 06.10.1992, leg. S. A.
Nietiedt & R. T. Guerrero 158 (ICN 97894); 10.10.1994, leg. R. T. Guerrero (ICN 102386);
10.02.1996, leg. R. T. Guerrero (ICN 102414); 06.1994, leg. R. T. Guerrero (ICN 102617);;
Salvador do Sul, 26.06.1991, leg. S. A. Nietiedt & R. T. Guerrero (ICN 102769);
29.05.1992, leg. S. A. Nietiedt & R. T. Guerrero 134 (ICN 97893); São Francisco de Paula,
02.1986, leg. R. T. Guerrero (ICN 80578); Viamão, Parque Saint-Hilaire, 23.11.1994, leg.
R. T. Guerrero, (ICN 102374).
Comentários: Hyphoderma setigerum apresenta basidioma de grande variabilidade
macromorfológica, a saber, a consistência de farinácea a cartilaginosa ou flocosa, a
espessura de 0,07 a 5 mm, a superfície himenial de quase lisa a tuberculada, verrucosa a
denteada e a cor, de branco puro a ocráceo, amarelo ou com tonalidades rosadas
(Yurchenko & Zmitrovich, 2001). Segundo Galán (1993), a textura do basidiocarpo varia
muito de acordo com o estado de desenvolvimento. No que concerne à micromorfologia,
os mesmos autores, em amplo estudo sobre a espécie, destacam a variação dos
elementos de maior valor diagnóstico - o septocistídio - que pode ser ou não fibulado, cujo
ápice pode ser obtuso, capitado ou subulado. Esta variabilidade foi reconhecida por
Gilbertson & Blackwell (1988) ao descrever H. nudicephalum com base nos cistídios
capitados e incluindo-a como membro do “complexo H. setigerum”. A variação também foi
constatada em termos de polaridade por Boidin & Gilles (1991) ao mencionar espécies
heterotálicas bipolares e outras homotálicas. A diversidade morfológica se verifica no
material aqui estudado pela ocorrência tanto de cistídios tipicamente cilíndricos a
capitados, com tamanho e forma dos esporos relativamente constantes. Wu (1997)
descreve H. subsetigerum distinguindo-a por seus esporos menores e mais estreitos, com
a qual os esporos de nosso material apresentam grande concordância. Os estudos
filogenéticos de Nilsson et al. confirmam a segregação de H. nudicephalum Gilbertson &
Blackwell e H. subsetigerum Wu. A análise mais acurada de nosso material deverá
acrescentar H. nudicephalum Gilbertson & Blackwell como nova ocorrência para o Brasil.
4.7.11.4 Hyphoderma variolosum Boidin, Lanq. et Gilles Figura 32
Bull. Soc. Myc. France, 107: 143, 1991.
Basidioma: ressupinado, liso, 100-150 µm em espessura, cinza a ocráceo, apresentando
pústulas semiglobosas de 50-70 µm em diâmetro, formadas por cristais, inclusas ou semi-
inclusas; margem esbranquiçada atenuada.
Sistema hifal: monomítico; hifas do contexto 3-4 µm em diâmetro, de parede fina a
levemente engrossada (ca. 1 µm), castanho-pálidas, densamente entrelaçadas, com
fíbulas.
Elementos estéreis: de dois tipos: a) gloeocistídios cilíndricos, 50-60 x 6-8 µm, obtusos,
pouco alargados na base, de parede fina e de conteúdo homogêneo, com fíbula basal; b)
lamprocistídios cônicos a obtusos na parte distal cristalina, 33-40 x 8-10 µm, inclusos ou
emergentes, de parede grossa ca. 3 µm na base.
Basídios: subclavados, 23-34 x 6-7 µm, com 4 esterigmas 6-8 x 1-1,5 µm, com uma
fíbula basal.
Esporos: cilíndricos a levemente alantóides, 9-12 x 3-4 µm, lisos, com 1-3 gútulas,
inamilóides.
Distribuição geográfica: África: Gabão, República Centro-Africana.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, CRodrigues 543 (ICN).
Comentários: Apesar da discutível posição genérica desta espécie, atribuída à presença
de hifas castanhas densamente entremeadas, encontradas no gênero Peniophora (Boidin
et al. 1991), esses autores incluem-na em Hyphoderma pelos gloeocistídios de conteúdo
homogêneo, os esporos não vivamente coloridos e os conidióforos desenvolvidos em
cultura monospérmica do tipo Spiniger Stalp., os quais nunca são encontrados em cultura
de Peniophora. Seu reconhecimento é fácil, mesmo a olho nu, devido às pústulas
cristalinas características. Primeira citação para o continente americano.
4.7.12 Hyphodontia J. Erikss.
Symb. Bot. Ups. 16:1, 1958.
Frutificações ressupinadas, efusas, adnatas, nunca pileadas ou destacáveis,
fibrosas, suaves e facilmente compressíveis quando frescas e úmidas, mais friáveis ou
resistentes quando secas, esbranquiçadas ou pálido-ocráceas; himenóforo variando de
liso ou finamente tuberculado a odontióide com acúleos que podem ser pequenos e
cônicos, ou maiores (1-2 mm, às vezes mais) e mais ou menos cilíndricos, em uma
espécie achatado de modo irpicóide, os ápices dos acúleos apresentam projeções hifais
ou órgãos cistidiais, tornando os acúleos fimbriados ou peniciliados sob a lupa; cistídios
ou órgãos cistidiais de algum tipo sempre presente, mas variando em natureza, nos casos
mais simples dificilmente diferenciados de extremidades hifais estéreis mas
freqüentemente ocorrem conspícuos cistídios de parede grossa, de origem profunda na
textura hifal; cistídios ou cistidíolos nascidos ao nível dos basídios em algumas espécies,
em tais casos menores; as extremidades hifais estéreis, que terminam no himênio, são
quase sempre capitadas com o ápice coberto por um exsudato resinoso ou cristalino;
hifas em sua maioria acima de 3 µm de largura, de parede um pouco espessada,
profusamente ramificadas, mais ou menos cianófilas, com pequenas e conspícuas fíbulas,
nos cistídios ocorre às vezes um septo secundário sem fíbula; basídio pequeno a médio
em tamanho, subclavado a subcilíndrico, mais ou menos constritos de modo
suburniforme; esporos de parede fina, lisos, inamilóides, variando em forma mas, via de
regra, alantóides ou subgloboso-elipsóides.
Espécie-tipo: Hyphodontia pallidula (Bres.) John Eriksson
Comentários: Apesar de incluir um número de espécies relativamente grande – 54
estudadas por Langer (1994) – Hyphodontia constitui-se em um grupo natural
caracterizado por hifas de disposição frouxa com paredes levemente engrossadas,
fíbulas pequenas e bem delimitadas (Eriksson & Ryvarden, 1976). Os basídios
subclavados a suburniformes médios a pequenos são comparáveis aos de Hyphoderma,
gênero ao qual é assemelhado. Em relação aos esporos, entre as espécies aqui
estudadas, verifica-se uma afinidade em forma e tamanho, que o distingue de
Hyphoderma. Uma espécie - Hyphodontia lanata - destaca-se por seus esporos maiores
que os das outras espécies do gênero mas, ainda assim, mantendo a típica forma
elipsóide.
Chave para a determinação das espécies de Hyphodontia
1 . Cistídios capitados ausentes
2 . Cistídios subulados, basídios de repetição................Hyphodontia crustosa (pág. 65)
2’. Cistídios moniliformes ou obtusos, basídios de parede
uniestratificada........................................................................................................................
............................................................................................Hyphodontia aff. mollis (pág. 66)
1’. Cistídios capitados presentes
3 . Lagenocistídios presentes.............................................Hyphodontia arguta (pág. 62)
3’. Lagenocistídios ausentes
4 . Cistídios capitados de base alargada, hifas às vezes com
divertículos............................................................................................................................
.............................................................................................Hyphodontia sambuci (pág. 68)
4’. Cistídios capitados de base não alargada, hifas sem divertículos
5 . Esporos cilíndricos ou estreitamente
elipsóides..............................................................................................................................
...............................................................................................Hyphodontia nespori (pág. 67)
5’. Esporos amplamente elipsóides
6 . Esporos de largura superior a 5 µm...............Hyphodontia lanata (pág. 66)
6’. Esporos de largura inferior a 5 µm
7 . Cistídios moniliformes presentes..........Hyphodontia breviseta (pág. 63)
7’. Cistídios moniliformes ausentes...............Hyphodontia aspera (pág. 63)
4.7.12.1 Hyphodontia arguta (Fr.) J. Erikss. Figura 33
Symb. Bot. Ups. 16(1): 104, 1958.
Basônimo: Hydnum argutum Fr.
Syst. Mycol. 1: 424, 1821.
Basidioma: ressupinado, adnato, odontióide, 50-80 µm em espessura entre os acúleos,
cor creme (YYO 19 3º); acúleos cônicos ou de ápice obtuso, de ápice finamente
fimbriado, densamente agrupados; margem indeterminada, pruinosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, de parede fina a levemente
engrossada, todos os septos com fíbula.
Elementos estéreis: de dois tipos: a) cistídios capitados de parede lisa, 60-70 x 4-5 µm,
parcialmente projetados, de ápice esférico 11-12 µm em diâmetro, com uma fíbula basal.;
b) lagenocistídios 25-30 x 3-5 µm na parte basal não incrustada, de parede levemente
engrossada, ápice incrustado 15-18 x 6-7 µm, com uma fíbula basal.
Basídios: clavados a suburniformes, 15-20 x 4-5 µm, com uma constrição mediana, 4
esterigmas e uma fíbula basal.
Esporos: ovóides a largamente elipsóides, 4-5,5 x 3,5-4 µm, de parede fina e lisa, com
uma gútula.
Distribuição geográfica: América: Brasil, Estados Unidos; Ásia: Japão, Taiwan; Europa:
Bielo-Rússia, Dinamarca, França, Noruega, Suécia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 27.10.2003, CRodrigues 911 (ICN); CRodrigues 921 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Morro
Santana, 30.01.1985, leg. CRodrigues (ICN 80659).
Comentários: Os grandes cistídios capitados, juntamente com os lagenocistídios
destacam esta espécie das demais do gênero aqui apresentadas.
4.7.12.2 Hyphodontia aspera (Fr.) J. Erikss. Figura 34
Symb. Bot. Ups. 16(1): 104, 1958.
Basônimo: Grandinia aspera Fr.
Hym. Eur., 627. 1874.
Basidioma: ressupinado, efuso, odontióide, 50-80 µm em espessura excluindo os
acúleos, 90-160 µm incluindo os acúleos, quebradiço, com fissuras, branco-amarelado
(YYO 19 3º); margem indeterminada.
Sistema hifal: monomítico; hifas basais e subhimenia
is de parede fina a levemente engrossada, com fíbulas.
Elementos estéreis: cistídios capitados 20-30 x 3-4 µm, ápice esférico 5-6 em diâmetro,
podendo raramente apresentar um exsudato.
Basídios: clavados a suburniformes, 20-25 x 5-6, de parede fina, com 4 esterigmas e
uma fíbula basal.
Esporos: elipsóides, 4,5-6 x 3-4 µm, de parede fina, unigutulados, inamilóides.
Distribuição geográfica: Europa
: Bielo-Rússia, Dinamarca.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, CRodrigues 551 (ICN); Guaíba, Morro São Maximiano, 03.09.2002,
CRodrigues 645 (ICN); 13.05.2003, CRodrigues 794 (ICN); Sapucaia do Sul, morro
Sapucaia, 17.04.2003, CRodrigues 759 (ICN); CRodrigues 761 (ICN).
Comentários: Diferencia-se de H. arguta pelos cistídios menores e ausência de cistídios
incrustados. Primeira citação para o continente americano.
4.7.12.3 Hyphodontia breviseta (P. Karst.) J. Erikss. Figura 35
Symb. Bot. Ups. 16(1): 104, 1958.
Basônimo: Kneiffia breviseta Karst.
Hedw. 25: 232, 1886.
Basidioma: ressupinado, odontióide, 150-200 µm em espessura; acúleos irregularmente
cônicos, densamente agrupados, até 100 µm em altura, peniciliados no ápice; margem
indeterminada.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, de parede pouco engrossada até 1
µm em espessura, com fíbulas em todos os septos; hifas do ápice dos acúleos
densamente incrustadas com material cristalino.
Elementos estéreis: de dois tipos: a) cistídios capitados, 17-26 x 2-3 µm, ápice esférico
4-5 µm em diâmetro, com uma fíbula basal; b) cistídios torulosos, 40-50 µm em
comprimento por até 8 µm na parte mais larga, originados no subículo ou no subhimênio.
Basídios: cilíndricos a suburniformes, 17-20 x 3-4,5 µm, com um estreitamento mediano
e uma fíbula basal, de parede fina, 4 esterigmas ca. 3 x 1 µm.
Esporos: elipsóides, 4-6 x 3-4 µm, lisos, de parede fina, com uma gútula, inamilóides.
Distribuição geográfica: África: Ilhas Canárias; América: Canadá; Ásia: China; Europa:
Bielo-Rússia, Eslovênia, Finlândia, França, Noruega, Suécia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
17.04.2003, CRodrigues 732 (ICN); CRodrigues 739 (ICN); Viamão, Parque Estadual de
Itapuã, morro da Grota, 05.10.2001, CRodrigues 507 (ICN).
Comentários: Ao comparar material de regiões tropicais e subtropicais com material de
regiões temperadas, Langer (1994) salienta diferenças quanto ao grau de incrustação,
comprimento dos cistídios e basídios e reação cianofílica das hifas. O autor conclui que a
morfologia do material de regiões temperadas é uniforme, ao passo que existem
diferenças entre o material de regiões tropicais e subtropicais. Os cistídios moniliformes,
freqüentes em espécimes tropicais, aqui são mais irregulares e pouco freqüentes. Em 2
dos 3 espécimes estudados neste trabalho, verificou-se a presença de conídios
naviculares do hyphomycete Denticularia, também citado por Langer (1994) e ainda de
papel desconhecido junto ao basidioma de H. breviseta. Primeira citação para a América
do Sul.
4.7.12.4 Hyphodontia crustosa (Fr.) J. Erikss. Figura 36
Symb. Bot. Ups. 16(1): 104, 1958.
Basônimo: Hydnum crustosum Fr.
Syst. Mycol. 1: 419, 1821.
Basidioma: ressupinado, finamente verrucoso quando jovem, odontióide quando maduro,
50-70 µm em espessura; acúleos nitidamente cônicos, esparsamente distribuídos;
margem indeterminada, pruinosa sob a lupa.
Sistema hifal: monomítico; hifas de parede fina, 2-3 µm em diâmetro; hifas basais
frouxamente entrelaçadas, fíbulas em todos os septos.
Elementos estéreis: cistídios subulados, 20-40 x 3-5 µm, presentes no himênio e nos
acúleos, de parede fina, com uma fíbula basal.
Basídios: subcilíndricos a suburniformes, 15-20 x 4-5 µm, com uma constrição mediana,
levemente sinuosos, basídios de repetição freqüentes.
Esporos: estreitamente elipsóides, 5-7 x 3-3,5 µm, de parede lisa, com uma gútula.
Distribuição geográfica: América: Brasil, Estados Unidos; Ásia: Japão, Taiwan.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
16.06.2003, CRodrigues 812 (ICN); CRodrigues 824 (ICN); 01.12.2003, CRodrigues 962
(ICN); Guaíba, Morro São Maximiano, 13.05.2003, CRodrigues 803 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Parque
Farroupilha, 07.1995, leg. R. T. Guerrero (ICN 102412).
Comentários: Distingue-se das demais espécies do gênero aqui citadas pelos cistídios
subulados – aos quais Gilbertson & Blackwell (1987) referem-se como fusóides – e
basídios de repetição. Primeira citação para o Rio Grande do Sul.
4.7.12.5 Hyphodontia lanata Burds. et Nakas. Figura 37
Mycologia 73: 461, 1981.
Basidioma: ressupinado, efuso, odontióide, branco a amarelo-creme (OOY 19 12º)
quando maduro, 200-300 µm em espessura sem os dentes, estes desenvolvem-se a partir
do subículo atravessando o himênio, separados ou fusionados, até ca. 200 µm em altura;
margem indeterminada.
Sistema hifal: monomítico; hifas 3-5 µm em diâmetro, com fíbulas em todos os septos, as
subhimeniais de parede fina, de disposição compacta e vertical, as da camada basal de
parede grossa, frouxamente dispostas, muito ramificadas, hifas dos acúleos profusamente
incrustadas.
Elementos estéreis: cistídios capitados, 20-30 x 3-4 µm, de parede fina, ápice esférico 6-
8 µm em diâmetro.
Basídios: suburniformes com uma leve constrição mediana, 17-25 x 5-6 µm, com uma
fíbula basal e 4 esterigmas de ca. 4-1 µm.
Esporos: elipsóides a ovóides, 7-8,5 x 5-6,5 µm, lisos, de parede fina, com uma gútula.
Distribuição geográfica: América
: Brasil (SP), Estados Unidos; Ásia: Nepal, Taiwan.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
30.01.2003, CRodrigues 668 (ICN).
Comentários: Hyphodontia lanata distingue-se facilmente por seus cistídios capitados.
Os esporos de nosso material são maiores que os citados na literatura. Primeira citação
para o Rio Grande do Sul.
4.7.12.6 Hyphodontia aff. mollis Sheng H. Wu Figura 38
Acta Bot. Fenn.142: 95, 1990.
Basidioma: ressupinado, efuso, estreitamente adnato, liso à vista desarmada,
minutamente odontióide sob a lupa, 100-150 µm em espessura excluindo os acúleos,
estes irregularmente cônicos, 100-150 x 50-100 µm, de ápice fimbriado; margem
afinando-se, pruinosa a reticulada.
Sistema hifal: monomítico; hifas com fíbulas nos septos, 3-4 µm em diâmetro, as hifas
basais e subiculares de parede fina a engrossada, esparsamente incrustadas com cristais
drusiformes, hifas dos acúleos dispostas verticalmente e densamente incrustadas.
Elementos estéreis: cistídios numerosos, cilíndricos obtusos, com ápice estreitado ou
submoniliformes, 28-60 x 7-10 µm, de parede fina, não incrustados, projetados até
aproximadamente a metade de seu comprimento, com uma fíbula basal.
Basídios: subcilíndricos, 15-18 x 4-5 µm, levemente flexuosos, de parede fina, com 4
esterigmas 2x1 µm e uma fíbula basal.
Esporos: subcilíndricos a elipsóides, 5-6 x 3-3,5 µm, de parede fina e lisa, com uma
gútula.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 05.10.2001, CRodrigues 501 (ICN); CRodrigues 513 (ICN).
Comentários: Esta espécie é caracterizada pelos numerosos cistídios cilíndricos.
Cistídios capitados, muito comuns no gênero, em nossos espécimes estão ausentes.
Dentro da variação morfológica ilustrada por Langer (1994), encontram-se cistídios
moniliformes, os quais, no material aqui citado, não apresentam este aspecto de forma
tão regular. Estes cistídios não são citados ou ilustrados por Wu (1990). Outra
discrepância está nos esporos, que aqui são pouco mais longos que os citados por este
último autor (4,2-5 x 3-3,5 µm) e por Langer (1994) (4-5,5 x 3-4 µm). A basidioma é
amarelo-creme e as hifas dos acúleos são densamente incrustadas, ao passo que em H.
mollis o basidioma é rosado e as hifas são esparsamente incrustadas. Tais diferenças
justificam a posição de nosso material como próximo a esta espécie. Hyphodontia mollis
tem registro somente para Taiwan.
4.7.12.7 Hyphodontia nespori (Bres.) J. Erikss. et Hjortstam Figura 39
Cort. N. Europe, 4: 655, 1976.
Basônimo: Odontia nespori Bres.
Ann. Mycol. 18(1-3): 43, 1920.
Basidioma: ressupinado, efuso, odontióide, 10-30 µm em espessura, branco a amarelo-
creme (YYO 19 6º), subcrustoso, quebradiço em pedaços irregularmente poligonais;
acúleos cônicos distintos, fimbriados no ápice; margem indeterminada, pruinosa sob a
lupa.
Sistema hifal: monomítico; hifas 3-4 µm em diâmetro, com fíbulas em todos os septos, as
subiculares de parede levemente engrossada, as hifas do subhimênio de parede fina e
mais densamente entretecidas; hifas dos acúleos de parede pouco engrossadas,
ocasionalmente com incrustações arredondadas esparsas.
Elementos estéreis: cistídios levemente a distintamente capitados, 20-30 x 2-3 µm, de
parede fina, com uma fíbula basal, ápice 4-5 µm em diâmetro.
Basídios: suburniformes com uma constrição mediana, 15-20 x 4-5 µm, com uma fíbula
basal e 4 esterigmas ca. 4 x 1 µm.
Esporos: estreitamente elipsóides a subcilíndricos ou subalantóides, 5-6 x 3-4 µm, de
parede lisa, com 1-2 gútulas, inamilóides.
Distribuição geográfica: África: Ilhas Canárias, Quênia, Tanzânia; América: Canadá,
Estados Unidos; Ásia
: Japão, Taiwan, Turquia; Europa: Alemanha, Dinamarca, República
Tcheca, Suécia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 05.10.2001, CRodrigues 503 (ICN); 21.01.2002, CRodrigues 582 (ICN).
Comentários: À vista desarmada, o basidioma desta espécie tem hábito similar ao de
Hyphodontia crustosa. No entanto, sob a lupa, diferencia-se pela consistência cerácea, ao
passo que H. crustosa tem o basidioma pruinoso. Microscopicamente, os esporos são
muito semelhantes em forma e dimensões, mas H. nespori distingue-se pelos cistídios
capitados ao invés de subulados. Gilbertson & Blackwell (1987) diferenciam esta espécie
pelo basidioma frouxo, de textura algodonosa, os acúleos densamente agrupados e as
extremidades hifais que se projetam unidas nos ápices destes. Primeira citação para a
América do Sul.
4.7.12.8 Hyphodontia sambuci (Pers.) J. Erikss. Figura 40
Symb. Bot. Ups. 16(1): 104, 1959.
Basônimo: Corticium sambuci Pers.: Fr.
Neues Mag. Bot. 1: 111, 1794.
Basidioma: ressupinado, liso, 40-150 µm em espessura, branco-acinzentado raramente
creme (Y 19 3º), contínuo, às vezes quebradiço; margem indeterminada, pruinosa sob a
lupa.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3,5 µm em diâmetro, todos os septos com fíbulas; as
hifas subhimeniais são de parede fina, com incrustações esparsas de cristais
arredondados; hifas basais de parede levemente engrossadas, frouxamente entrelaçadas.
Elementos estéreis: cistídios de morfologia variada: subulados de diâmetro uniforme ou,
mais comumente, capitados com a base alargada até ca. 8 µm em diâmetro,
esparsamente incrustados projetando-se ca. 25 µm.
Basídios: suburniformes, 15-25 x 4-5 µm, com 4 esterigmas ca. 4 x 1 µm.
Esporos: largamente elipsóides, 5-7 x 3-5 µm, lisos, de parede fina, com uma
proeminente gútula, inamilóides.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
26.02.2003, CRodrigues 708 (ICN); 16.06.2003, CRodrigues 809 (ICN); CRodrigues 816
(ICN); CRodrigues 823 (ICN); Guaíba, Morro São Maximiano, 30.01.2003, CRodrigues
674 (ICN); 13.05.2003, CRodrigues 772 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
17.04.2003, CRodrigues 771 (ICN); CRodrigues 740 (ICN); CRodrigues 745 (ICN);
CRodrigues 760 (ICN); 12.08.2003, CRodrigues 846 (ICN); Viamão, Parque Estadual de
Itapuã, morro da Grota, 15.09.2003, CRodrigues 891 (ICN); 27.10.2003, CRodrigues 914
(ICN).
Distribuição geográfica: África: Ilhas Canárias, Ilhas da Reunião, Quênia, Tanzânia;
América: Argentina, Canadá, Estados Unidos; Ásia: China, Irã, Japão, Nepal, Taiwan;
Europa: Alemanha, Áustria, Finlândia, Itália, Iugoslávia, Itália, Suécia.
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Nonoai, 05.1996, leg. R. T.
Guerrero (ICN 102599).
Comentários: Eriksson & Ryvarden (1976) incluem esta espécie no gênero Hyphoderma
devido às hifas mais largas e de parede mais fina que as espécies de Hyphodontia e
ainda pelos basidiomas mais ceráceos e não tão fibrosos. Os autores concluem que a
variação morfológica dos cistídios e esporos, aliada à ampla distribuição geográfica, faz
desta espécie um “complexo” ao invés de um táxon homogêneo. Esta variação encontra-
se bem ilustrada em Wu (1990) com numeroso material de Taiwan. No presente estudo,
optamos por adotar a inclusão da espécie em Hyphodontia, pela semelhança das hifas e
dos esporos, com outras espécies do gênero. Maekawa (1993), tendo como basônimo
Corticium boninense S. Ito et Imai, propõe a combinação Hyphodontia boninense,
diferenciando-a de H. sambuci pela presença de “knob-like terminal branches”, que
consistem em curtas projeções de ápice arredondado originados ao longo de hifas
subiculares. Tais formações também encontram-se em vários espécimes aqui citados. Por
ora, consideramos de pouca relevância a presença de uma pequena estrutura vegetativa,
que justifique a segregação em espécies diferentes. Primeira citação para o Rio Grande
do Sul.
4.7.13 Lopharia Kalchbr. et MacOwan
Grev. 10 p. 58, 1881, emend Boid., Soc. Linn. Lyon Bull. Mens. 28:7 p. 207, 1959.
Frutificação ressupinada ou reflexa (com aspecto de Stereum), orbicular e
confluente, castanho-esverdeado, coriáceo, face superior feltrosa, mais ou menos
zonada; himênio liso, tuberculado ou venado; sistema hifal dimítico, hifas generativas de
parede fina e hifas esqueletais castanhas de parede grossa, com ou sem fíbulas; cistídio
himenial e/ou pseudocistídio apicalmente incrustado; basídio estreitamente clavado, com
4 esterigmas; esporos oblongos, lisos, de parede fina, inamilóides nem cianófilos.
Espécie-tipo: Lopharia lirellosa Kalchbr. & MacOwan = L. mirabilis (Berkl. & Br.) Pat.
Comentários: Cunningham (1963) e Rattan (1977) descrevem este gênero, para o qual
citam entre 6 a 10 espécies, como possuindo sistema hifal monomítico ou dimítico.
Eriksson & Ryvarden (1976) consideram o gênero como dimítico, conceito aqui adotado.
É um gênero cuja circunscrição carece de uma análise definitiva.
4.7.13.1 Lopharia cinerascens (Schw.) G. H. Cunn. Figura 41
Trans. of the Royal Society of New Zealand 83: 622, 1956.
Basônimo: Thelephora cinerascens Schw.
Trans. Amer. Phyl. Soc. 4: 167, 1832.
Basidioma: liso, em manchas orbiculares isoladas, às vezes confluentes, 200-250 µm em
espessura, amarelo ocráceo a amarelo-creme (YYO 19 3º) ; margem definida, às vezes
suavemente reflexa.
Sistema hifal: dimítico; hifas esqueletais 3-5 µm em diâmetro, não ramificadas, paredes
de pouco engrossadas a totalmente sem lúmen; hifas generativas de 2-5 µm em diâmetro,
ramificadas, septadas, de parede fina, sem fíbula.
Elementos estéreis: lamprocistídios cônicos a fusiformes, 90-100 x 10-12 µm na base da
parte distal incrustada, parede da metade basal sem incrustação, 2-3 µm em espessura,
inclusos ou projetados pela metade acima do himênio.
Basídios: subclavados, 45-55 x 9-12 µm, com 4 esterigmas 8-10 x 2-3 µm, curvados.
Esporos: elipsóides, 8-11 x 5-6 µm, com apículo visível, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Brasil, Estados Unidos; Ásia: Índia; Oceania:
Austrália, Nova Zelândia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
23.03.2002, CRodrigues 631 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia, 21.09.2001,
CRodrigues 491 (ICN); 12.08.2003, CRodrigues 842 (ICN); CRodrigues 865 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Salvador do Sul, 09.1997,
leg. R. T. Guerrero (ICN 102672).
Comentários: Esta espécie é com freqüência incluída em Peniophora por seus
metulóides ou em Stereum por ocasionais basidiomas pileados (Cunningham, 1963).
Caracteriza-se principalmente pelo sistema hifal dimítico, os grandes lamprocistídios e os
basidiósporos elipsóides. Primeira citação para o Rio Grande do Sul.
4.7.14 Mycoacia Donk
Medd. Nederl. Myc. Ver. 18-20 p. 150, 1931 – Acia Karst., Soc. Fauna Fl. Fenn. p. 42,
1879; Pat., Ess. taxon. P. 68, 1900. – Not Acia Schreb. (Rosaceae) in Linn., Gen. pl. ed.
8:II p. 458, 1791.
Frutificações ressupinadas, adnatas, efusas, ceráceas, consistingo de um fino
subículo portando acúleos himeniais densamente dispostos, em sua maioria 1-3 mm de
altura, cônicos ou cilíndricos, afinando-se apicalmente, em alguns casos peniciliados;
margem finamente fimbriada (sob a lupa), pruinosa ou afinando-se indeterminadamente;
sistema hifal monomítico, hifas acima de 2-3 µm de largura, de parede fina, fibuladas,
dispostas paralelamente na trama dos acúleos; cistidíolos de parede fina presentes,
apicalmente incrustados ou não; na espécie-tipo as hifas apicais são fortemente
incrustadas e podem ser consideradas como órgãos cistidiais; basídios estreitamente
clavados, dispostos em uma densa paliçada; esporos subcilíndricos, estreitamente
elipsóides ou subalantóides, inamilóides e acianófilos.
Espécie-tipo: Hydnum fuscoatrum Fr.
Comentários: A espécie-tipo apresenta estruturas cistidiais semelhantes àquelas
encontradas em Steccherinum - com 2 espécies aqui estudadas -, o que tem sido usado
como indicativo para unir os dois gêneros, mas distinguem-se por este último apresentar
sistema hifal dimítico.
4.7.14.1 Mycoacia fuscoatra (Fr.) Donk Figura 42
Medd. Nederl. Myc. Ver. 18-20: 152, 1931.
Basônimo: Hydnum fuscoatrum Fr.
Syst. Mycol. 1: 416, 1821.
Basidioma: ressupinado, adnato, efuso, ceráceo, ca. 500 µm em espessura, castanho-
amarelado (O 14 6º), hidnóide; acúleos cilíndricos, ca. 1 x 0,3, obtusos, 3-5 por mm,
margem bem definida, abrupta, lisa, amarelada a castanho-escura (O 8 3º).
Sistema hifal: monomítico; hifas de parede fina, 2-4 µm em diâmetro, com fíbulas em
todos os septos, arranjadas em paralelo nos acúleos, em cujo ápice algumas encontram-
se densamente incrustadas.
Elementos estéreis: cistídios subulados, ca. 25 x 3 µm, de parede fina, com uma fíbula
basal.
Basídios: clavados, 15-20 x 3-4 µm, com uma fíbula basal e 4 esterigmas.
Esporos: elipsóides, subcilíndricos a levemente alantóides, 4-4,5 x 2-2,5 µm, lisos, de
parede fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Brasil, Estados Unidos; Ásia: Índia, Japão; Europa:
Dinamarca.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
21.09.2001, CRodrigues 461 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Barra do Ribeiro, Morro da
Formiga, Horto Florestal Barba Negra – Riocell, 31.09.1990, leg. S. A. Nietiedt 85 (ICN
97896).
Comentários: O basidioma hidnóide, ceráceo, resistente, de cor castanho-amarelada, é
característica marcante nesta espécie. Microscopicamente, distingue-se das outras
espécies do gênero pelos cistídios subulados.
4.7.15 Phanerochaete P. Karst.
Bidr. Känn. Finl. Nat. Folk 48: 425. 1889.
Frutificações via de regra grandes e conspícuas, ressupinadas, lisas ou
tuberculadas, estreitamente aderidas ao substrato ou comumente mais ou menos
destacáveis, quando frescas e úmidas ceráceo-aquosas, quando secas membranáceas,
cor variando de branca a amarela, vermelha ou castanha; as frutificações amarelas,
alaranjadas ou vermelhas geralmente tornam-se vermelhas ou purpúreas em KOH;
subículo via de regra bem desenvolvido, freqüentemente visível na margem da frutificação
como uma zona fimbriada ou estendendo-se em rizomorfos; cistídios usualmente
numerosos e conspícuos, facilmente visíveis à lupa (50x), mas podem ser poucos ou
ausentes, gloeocistídios ausentes; sistema hifal monomítico, hifas subiculares em sua
maioria 5 µm, ou mais, em regra de parede mais ou menos espessada, ao passo que as
hifas subhimeniais sempre são de parede fina; hifas subiculares retas e paralelas com
ramificações esparsas, hifas subhimeniais profusamente ramificadas e entrelaçadas;
fíbulas ausentes na maioria dos septos, sempre ausentes na base dos basídios, com
freqüência presentes na hifas subiculares, às vezes duas ou mais no mesmo septo;
basídios estreitamente clavados, em sua maioria 4-esporados, sem fíbula basal, formando
uma densa paliçada; esporos na maioria dos casos estreitamente elipsóides, em algumas
espécies alantóides, de tamanho médio (5-7 µm de comprimento, em alguns casos
maiores), lisos, de parede fina, inamilóides, acianófilos.
Espécie-tipo: Corticium decolorans Karst.
Bidr. Känn. Finl. Nat. Folk 37: 144. 1882.
Comentários: Muitas espécies atualmente consideradas em Phanerochaete foram
originalmente descritas como espécies de Corticium “sensu lato” ou do grupo
Membranacea Bourd. & Galz. de Peniophora ou ainda do grupo Radicatae Bourd. & Galz.
de Peniophora (Burdsall, 1985). Segundo esse autor, Phanerochaete mostra similaridades
com gêneros colocados na subfamília Athelioideae Parm., especialmente com Athelia
Pers. e Athelidium Oberw., por possuir hifas subiculares simples-septadas ou nodoso-
septadas, mas sempre simples-septadas na base do basídio. As espécies aqui estudadas
caracterizam-se pela ausência de fíbulas.
Chave para a determinação das espécies de Phanerochaete
1 . Cistídios cilíndricos
2 . Esporos estreitamente elipsóides < 3,5 µm em
largura..................................................................................................................................
...................................................................................Phanerochaete galactites (pág. 75)
2’. Esporos largamente elipsóides > 3,5 µm em largura.....................................................
..................................................................................Phanerochaete subglobosa (pág. 78)
1’. Cistídios subulados ou fusiformes
3 . Cistídios subulados, esporos < 6 µm em
comprimento...........................................................................................................................
...........................................................................................Phanerochaete sordida (pág. 77)
3’. Cistídios fusiformes, esporos > 6 µm em
comprimento...........................................................................................................................
...............................................................................Phanerochaete aff. martelliana (pág. 76)
4.7.15.1 Phanerochaete galactites (Bourd. et Galz.) J. Erikss. et Ryvarden Figura 43
Cort. N. Eur. 5: 1005, 1978.
Basônimo: Corticium rhodoleucum Bourd. ssp. galactites Bourd. & Galz.
Hym. de France p. 189, 1928.
Basidioma: ressupinado, efuso, liso a finamente hirsuto sob a lupa devido aos cistídios,
60-130 µm em espessura, estreitamente aderido ao substrato; margem indeterminada,
afinando-se, pruinosa ou fibrilosa, às vezes brilhante.
Sistema hifal: monomítico; hifas sem fíbulas, as subiculares 3-4 µm em diâmetro, de
parede levemente engrossada, frouxamente dispostas, as subhimeniais de parede fina,
ocasionalmente incrustadas.
Elementos estéreis: cistídios cilíndricos, obtusos, 35-40 x 5-7 µm, de muito poucos a
profusamente presentes, parcial ou totalmente incrustados, com a metade distal projetada
acima do himênio, em sua maioria partindo-se nas preparações ao microscópio.
Basídios: subclavados, 18-25 x 4-5 µm, sem fíbula basal, com 4 esterigmas.
Esporos: estreitamente elipsóides a subcilíndricos, 5,5-7(8) x 2,5-3,5 µm, lisos, de parede
fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: Europa: França, Suécia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
09.12.2003, CRodrigues 992 (ICN); CRodrigues 994 (ICN); Sapucaia do Sul, morro
Sapucaia, 17.04.2003, CRodrigues 769 (ICN); 12.08.2003, CRodrigues 848 (ICN);
CRodrigues 852 (ICN); Viamão, Parque Estadual de Itapuã, morro da Grota, 18.03.2003,
CRodrigues 593 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Saint-
Hilaire, 27.09.1995, leg. R. T. Guerrero (ICN 97936).
Comentários: Burdsall (1985) refere-se a esta espécie como não possuindo cistídios e a
inclui no subgênero Phanericium. O critério adotado neste trabalho é o de Eriksson et al.
(1978), que amplia o conceito admitindo desde espécimes sem cistídios até
apresentando-os em número variável, o que, no segundo caso, também se verifica no
material aqui estudado. Primeira citação para o continente americano.
4.7.15.2 Phanerochaete aff. martelliana (Bres.) J. Erikss. et Ryvarden Figura 44
Cort. N. Eur. 5: 1011, 1978.
Basônimo: Corticium martellianum Bres.
Nov. Giorn. Bot. Ital. 22: 258, 1890.
Basidioma: ressupinado, efuso, liso, 60-80 µm em espessura, branco-amarelado (YYO
18 2º) com pequenas manchas castanho-claras (O 14 4º), subhimênio não diferenciado
do subículo; margem indeterminada diminuindo a espessura gradativamente.
Sistema hifal: monomítico; hifas de parede lisa, 4-5 µm em diâmetro, ramificadas, na
maioria das vezes em ângulo reto, de parede levemente engrossada, finamente
incrustadas, sem fíbulas.
Elementos estéreis: cistídios estreitamente subulados, 28-50 x 6-8 µm, de parede fina,
ocasional e esparsamente incrustados com minúsculos grânulos cristalinos.
Basídios: subclavados, 23-35 x 5-7 µm, com poucas gútulas, 4 esterigmas 5-6 x 1 µm.
Esporos: elipsóides, 7-9 x 4-6 µm, com pequenas gútulas, parede fina e lisa, inamilóides.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.12.2003, CRodrigues 951 (ICN); Guaíba, Morro São Maximiano, 09.12.2003,
CRodrigues 986 (ICN).
Comentários: Os cistídios subulados, pouco incrustados, constituem a característica
marcante em nosso material. Esta, juntamente às hifas não fibuladas, o aproximam de
Phanerochaete martelliana. As diferenças em relação a esta espécie são o contexto não
diferenciado em subhimênio e subículo e os basídios e esporos pouco menores, no limite
inferior ao comprimento citado por Eriksson et al. (1978) e Burdsall (1985). Os primeiros
autores ilustram dois espécimes com marcadas diferenças na espessura das camadas
hifais. Consideramos que o pouco material aqui estudado não permite uma posição
definitiva quanto à sua determinação. Phanerochaete martelliana é citada para Austrália,
Espanha, França, Ilhas Canárias, Irã, Itália.
4.7.15.3 Phanerochaete sordida (P. Karst.) J. Erikss. et Ryvarden Figura 45
Cort. N. Eur. 5: 1023, 1978.
Basônimo: Corticium sordidum Karst.
Med. Soc. Faun. Fl. Fenn. 9: 65, 1882.
Basidioma: ressupinado, efuso, liso, 150-700 µm em espessura, cor creme (OY 19 6º),
margem indeterminada, bem aderida, diminuindo gradativamente em espessura, com
manchas brilhantes.
Sistema hifal: monomítico; hifas 5-7 µm em diâmetro, sem fíbula, as subhimeniais de
parede fina, densamente entrelaçadas formando um espesso subhimênio, as subiculares
dispostas frouxamente, bem distintas, de parede 1-2 µm em espessura.
Elementos estéreis: cistídios (lamprocistídios) freqüentes, fusiformes, 29-45 x 9-13 µm,
de parede grossa 1-3 µm em espessura, fina ou grosseiramente incrustados na parte
distal, esta de formato cônico, inclusos ou projetados.
Basídios: clavados, 14-20 x 4-5 µm, sem fíbula basal, com 4 esterigmas.
Esporos: estreitamente elipsóides, 4,5-5 x 2-2,5 µm, de parede fina, lisa, inamilóides.
Distribuição geográfica: África: África do Sul; América: Argentina, Brasil, Canadá,
Estados Unidos, México; Ásia
: Japão, Rússia; Europa: Alemanha, Finlândia, França,
Holanda, Itália, Polônia, Noruega; Oceania
: Nova Zelândia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
26.02.2003, CRodrigues 721 (ICN); CRodrigues 724 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Canela, IBDF, 10.1995, leg.
R. T. Guerrero (ICN 102404).
Comentários: A espécie apresenta uma ampla variabilidade, tanto de caracteres
macroscópicos quanto microscópicos, conforme fartamente descritos e ilustrados por
Eriksson et al. (1978). Os autores sugerem sua segregação em 3 táxons, com base na cor
do basidioma, mas reconhecem que os vários graus de reação ao KOH e os aspectos
morfológicos dos cistídios como forma, tamanho e incrustação não tornam possível uma
separação em nível de espécie. Bases consistentes para tal segregação também não
foram evidenciadas por Burdsall (1985). Ainda, segundo Eriksson et al. (1978) e Burdsall
(1985), a espécie é bem caracterizada pelo arranjo frouxo das largas hifas subiculares, o
que também se mostrou constante em nosso material. Os dois espécimes aqui estudados
mostraram pouca diferença na espessura dos basidiomas. Contudo, diferença mais
significativa foi apresentada pelos cistídios, cujas incrustações num espécime são
formadas por grânulos maiores, ao passo que no outro, a incrustação é formada por
esparsos e diminutos grânulos. Os basídios e esporos são de menores dimensões que as
apresentadas pela literatura.
4.7.15.4 Phanerochaete subglobosa Sheng H. Wu Figura 46
Acta Bot. Fennica 142: 49, 1990.
Basidioma: liso, subceráceo, branco a creme (Y 19 3º), 100-120 µm em espessura, em
manchas orbiculares que fusionam-se; margem branca, bem definida, diminuindo
gradativamente em espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas simples-septadas 2-4 µm em diâmetro, as subiculares
distintas, mais ou menos retas e de disposição quase vertical próximo ao subhimênio,
este formado por hifas de parede levemente engrossadas, densamente dispostas.
Elementos estéreis: cistídios cilíndricos, quase subulados, obtusos, 25-60 x 4-5 µm, de
parede engrossada, minutamente e esparsamente incrustados, projetando
aproximadamente a metade de seu comprimento.
Basídios: subcilíndricos a subclavados, 25-30 x 5-6 µm, de parede lisa, sem fíbula basal,
com 4 esterigmas.
Esporos: elipsóides a subglobosos, 5-6 x 3,5-4,5 µm, freqüentemente com uma gútula,
de parede lisa e fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: Ásia: Taiwan.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
12.08.2003, CRodrigues 864 (ICN).
Comentários: Macroscopicamente Phanerochaete subglobosa distingue-se das demais
espécies do gênero aqui estudadas, pela margem bem definida. Microscopicamente
destaca-se pelos cistídios esparsamente incrustados. Wu (1990) cita a ocorrência tanto
de cistídios subulados como de cistídios cilíndricos de ápice agudo com incrustações
esparsas, estes últimos constantes e únicos em nosso material. Esta característica
diverge dos cistídios fusiformes com densa incrustação, citados por Maekawa (1993).
Primeira citação para o continente americano.
4.7.16 Phlebiella P. Karst.
Hedwigia 29:271, 1890.
Frutificações geralmente ressupinadas, efusas, estreitamente adnatas, lisas,
ceráceas a phlebióides ou subgelatinosas, às vezes compostas de cordões hifais mais ou
menos confluentes que se anastomosas e ramificam-se de modo livre, variando em cor de
esbranquiçadas azul-acinzentado a ocráceo ou castanho-âmbar, margem abrupta a
fortemente fibrilosa, freqüentemente com filamentos de crescimento radial; sistema hifal
monomítico, hifas geralmente com fíbulas, mais raramente afibuladas e então com
basídios não tipicamente pleurais, de parede fina a moderadamente engrossada,
usualmente envoltas em uma substância gelatinosa interhifal, retas ou irregularmente
infladas; cistídios ausentes na maioria das espécies, se presentes, então relativamente
pequenos, mais ou menos aparentando basídios e de parede fina; basídios usualmente
curto-cilíndricos, pleurais, 4 esterigmas, com ou, em espécies com hifas afibuladas, sem
uma fíbula basal; esporos relativamente pequenos a de tamanho médio, de paredes finas
a levemente engrossadas, lisos ou ásperos, às vezes sem verrugas no lado adaxial,
subglobosos, elipsóides, cilíndricos ou subfusiformes, inamilóides ou amilóides mas sem
reações dextrinóides ou cianofílicas.
Espécie-tipo: Phlebia vaga Fr. Syst. mycol. (Lundae) 1: 428, 1821.
Comentários: Oberwinkler (1977) restringiu Phlebiella a algumas espécies com esporos
verrucosos deixando em aberto a posição de espécies incluídas em Xenasmatella.
Eriksson et al. (1981) dividiram Phlebiella em 3 subgêneros, Phlebiella, Aphanobasidium e
Amyloxenasma sem, contudo, caracterizá-los.
4.7.16.1 Phlebiella tullasneloidea (Höhn. et Litsch.) Oberw. Figura 47
Bibl. Mycol. 61: 343, 1977.
Basônimo: Corticium tulasnelloideum Höhn. et Litsch.
Sitzber. Akad. Wiss. Wien, Math.-nat. Kl. 117: 1118, 1908.
Basidioma: ressupinado, efuso, liso, 30-50 µm, estreitamente aderido ao substrato,
ceráceo ou pruinoso, branco-acinzentado (Y 17); margem indeterminada concolorosa
com a superfície himenial, diminuindo em espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em espessura, lisas, de parede fina, fibuladas.
Elementos esteréis: ausentes.
Basídios: cilíndricos, 10-12 x 5-6 µm, pleurais, com uma fíbula basal e 4 esterigmas ca. 6
x 1 µm.
Esporos: elipsóides a subglobosos, 4-5 x 3-4 µm, verrucosos, de parede fina,
inamilóides.
Distribuição geográfica: África
: Ilhas da Reunião; América: Canadá, Colômbia, Estados
Unidos; Ásia: Irã, Japão, Nepal, Taiwan; Europa: Áustria, Dinamarca, França, Inglaterra,
Iugoslávia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
01.08.2002, CRodrigues 564 (ICN); Guaíba, Morro São Maximiano, 03.09.2002,
CRodrigues 639 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Parque
Farroupilha, 22.01.1996, leg. R. T. Guerrero (ICN 102403).
Comentários: Phlebiella tulasnelloidea é de fácil reconhecimento graças ao basidioma
acinzentado e os esporos elipsóides. É citada como Xenasmatella tulasnelloidea (v. Höhn.
et Litsch.) Oberw. por Gomez (1972) e Oberwinkler (1965). Primeira citação para o Brasil.
4.7.17 Phlebiopsis Jül.
Persoonia 10 p. 137, 1978.
Frutificações ressupinadas, adnatas ou desprendendo-se e enrolando-se nas
margens; himênio liso, tuberculado ou com projeções semelhantes a pequenos dentes;
subículo variável de bem desenvolvido ou muito escasso; sistema hifal monomítico, hifas
de parede fina na parte himenial, de parede engrossada no subículo, fíbulas ausentes na
camada himenial mas podem ocorrer no subículo; hifas densamente unidas em um firme
contexto especialmente no subhimênio, que é ceráceo em material vivo, quando seco é
crustáceo a córneo; cistídios numerosos, cônicos, abundantemente incrustados, nús na
parte basal, com parede engrossada; basídio acima de 20 µm de comprimento,
apicalmente dilatado, normalmente com 4 esterigmas, sem fíbula basal; esporos
estreitamente elipsóide-oblongos, de parede fina, lisos, inamilóides, acianófilos.
Espécie-tipo: Thelephora gigantea Fr.
Syst. Mycol. I p. 448, 1821.
Comentários: Phlebiopsis é relacionado a Phanerochaete, ao qual se assemelha pela
falta de fíbulas, exceto por aquelas de hifas subiculares. Difere deste pela consistência
mais firme em basidiomas secos. Nas preparações, em Phanerochaete os basídios são
facilmente separáveis, ao passo que em Phlebiopsis os basídios permanecem unidos
lateralmente, dificultando seu estudo. Das duas espécies do gênero, somente uma é
registrada para o Norte da Europa (Eriksson et al., 1981)
4.7.17.1 Phlebiopsis roumeguerii (Bres.) Jülich et Stalpers Figura 48
Verh. Kon. Ned. Akad. Wet. Nat. Ser. 2. 74: 190, 1980.
Basônimo: Corticium roumeguerii Bres.
Fungi Trid. 2: 36, 1892.
Basidioma: ressupinado, efuso, liso, 05-1 mm em espessura, estreitamente aderido,
branco-amarelado (OOY 19 9º), fissurado; margem determinada a indeterminada pela
gradativa redução na espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas com septos simples, 2-4 µm em diâmetro, de parede fina
a levemente engrossada, subículo indistinto; subhimênio estratificado.
Elementos estéreis: lamprocistídios fusiformes a subcilíndricos, 45-50 x 10-13 µm,
numerosos, parte apical incrustada, em geral de formato cônico, parede 2-3 µm em
espessura.
Basídios: clavados, 18-20 x 5-6 µm, com 4 esterigmas e sem fíbula basal.
Esporos: elipsóides, 4-5 x 3-3,5 µm, lisos, de parede fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: Ásia: Índia, Israel, Nepal; Europa: região mediterrânea.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 18.03.2003, CRodrigues 610 (ICN).
Comentários: Espécie caracterizada primeiramente pelo basidioma robusto e fissurado.
Ao microscópio, distingue-se pelos abundantes cistídios mais ou menos dispostos em
camadas. As dimensões das estruturas microscópicas identificam-se com aquelas citadas
por Rattan (1977), Eriksson et al. (1981) e Binyamini (1982). Primeira citação para o
continente americano.
4.7.18 Radulomyces M. P. Christ.
Dansk Bot. Arkiv 19:2 p. 230, 1960.
Frutificações ressupinadas, estreitamente adnatas, efusas, ceráceas, quando
úmidas higrófanas; himênio liso, tuberculado ou radulóide; hifas com fíbulas, em sua
maioria de parede fina ou levemente engrossada no subículo; cistídios ausentes;
elementos hifais freqüentemente presentes no himênio mas nunca verdadeiros
dendrohifídios; basídios clavados, mais ou menos sinuosos, com conspícuas gotas de
óleo, normalmente com 4 esterigmas; esporos elipsóides, subglobosos, globosos, com
protoplasma rico em óleo, lisos, de parede levemente engrossadas, inamilóides,
acianófilos.
Espécie-tipo: Thelephora confluens Fr.
Obs. Mycol. 1: 152, 1815.
Comentários: Os basidiomas higrófanos e ceráceos e a natureza do subhimênio, dos
basídios e dos esporos são características distintivas do gênero. O caráter higrófano é
determinado pela densidade da trama subhimenial, na qual os espaços interhifais enchem
de água em condições de alta umidade. A forma e a sinuosidade dos basídios é atribuída
à sua estreita união em basidiomas maduros. A estrutura do subhimênio é de importância
característica para o gênero, a qual distingue-se, por exemplo, de Hyphoderma (Eriksson
et al., 1981).
4.7.18.1 Radulomyces confluens (Fr.) M. P. Christ. Figura 49
Dansk Bot. Ark. 19: 230, 1960.
Basônimo: Thelephora confluens Fr.
Obs. Mycol. 1: 152, 1815.
Basidioma: ressupinado, liso, 100-200 µm em espessura, ceráceo, estreitamente adnato,
orbicular a confluente, ocre a amarelo-creme (YYO 19 6º); margem concolorosa com a
superfície himenial, indeterminada, reduzindo em espessura, levemente pruinosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas com fíbulas, de parede fina, as do subhimênio 2-3 µm
em diâmetro, profusamente ramificadas, as do subículo 4-5 µm em diâmetro, dispostas
paralelamente ao substrato.
Elementos estéreis: cistídios ausentes; hifas parafisóides (hifídios) não ramificados
presentes.
Basídios: clavados, 30-40 x 6-10 µm, sinuosos, com numerosas gútulas, uma fíbula basal
e 4 esterigmas.
Esporos: elipsóides a subglobosos, 7,5-9 x 6-7 µm, lisos, de parede fina, a levemente
engrossada (0,5-1 µm), com numerosas gútulas de conteúdo oleoso, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Argentina, Brasil, Colômbia, Estados Unidos; Ásia:
China, Japão, Nepal; Europa: Alemanha, Áustria, Bielo-Rússia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
18.12.2003, CRodrigues 1032 (ICN); CRodrigues 1039 (ICN); Viamão, Parque Estadual
de Itapuã, morro da Grota, 18.03.2003, CRodrigues 621 (ICN).
Comentários: O caráter higrófano do basidioma liso torna esta espécie de fácil
reconhecimento mesmo a campo. Ao microscópio distingue-se pelos basídios sinuosos e
os esporos largamente elipsóides, ambas estruturas com conteúdo em gútulas.
Breitenbach & Kränzlin (1986) citam esta espécie com pertencendo ao gênero
Cerocorticium Henn.
4.7.19 Schizopora Velen.
Ceská Houby p. 638, 1922; emend. Donk, Persoonia 5 p. 76, 1967.
Frutificações anuais ou perenes por 2-3 anos, ressupinadas ou pseudopileadas,
adnatas, efusas, e podem tornar-se grandes, de 1-5 mm de espessura, de firme
consistência, branco-amarelado-ocráceo-castanho; himenóforo variando de poróide com
poros arredondados ou angulares, freqüentemente com dissepimentos lacerado-
denticulados a mais ou menos irpicóides com dentes achatados e irregulares; margem
normalmente fracamente desenvolvida, freqüentemente ausente. Sistema hifal
normalmente dimítico, mas em alguns casos podem ocorrer poucas hifas esqueletais;
hifas generativas 2-3 µm de largura, com paredes finas a algo engrossadas, mais ou
menos ramificadas, sempre fibuladas, hifas esqueletais 2,5-4 µm de largura, retas ou
sinuosas, não ramificadas, sem septo primário; órgãos cistidiais de vários tipos,
usualmente capitados, freqüentemente com uma incrustação globular; basídio
suburniforme, com 4 esterigmas; esporos 3-6 µm de comprimento, elipsóides, hialinos, de
parede fina, lisos, inamilóides, acianófilos.
Espécie-tipo: Polyporus laciniatus Velen.
Ceské Houby, S. 638, 1922.
Comentários: O gênero é bem circunscrito, com distintivos caracteres microscópicos. O
sistema hifal é muito semelhante ao de várias espécies de Hyphodontia, com as hifas
generativas de parede levemente engrossadas, com numerosas fíbulas e ramificações em
ângulo agudo. Além disso, os cistidíolos de formato variável, principalmente os capitados,
são também comuns em Hyphodontia, recebendo a denominação de verdadeiros
cistídios. Tais caracteres em comum fazem de Schizopora um elo entre Corticiaceae e
Polyporaceae, ambas entendidas em seu sentido amplo (Ryvarden & Johansen, 1980).
Esta estreita relação entre os dois gêneros foi reiterada por estudos filogenéticos feitos
por Langer (1994) que consideraram, além de outros caracteres, o parentessoma
contínuo do doliporo dos septos hifais, presente em Hyphodontia e em várias espécies de
Schizopora.
4.7.19.1 Schizopora paradoxa (Fr.) Donk Figura 50
Persoonia 5: 76, 1967.
Basônimo: Hydnum paradoxum Fr.
Syst. Mycol. 1: 150, 1828.
Basidioma: ressupinado, poróide, até 1 mm em espessura, branco a amarelo-creme
(OOY 19 12º); poros de contorno arredondado, 110-200 µm em diâmetro, 3-6 por
milímetro, dissepimentos 50-90 µm em espessura; margem determinada, não
diferenciada, com poros rasos ou ausentes.
Sistema hifal: dimítico; hifas em sua maioria de parede fina a levemente engrossada,
com fíbulas em todos os septos, 2-3 µm em diâmetro; hifas esqueletais de parede grossa,
às vezes com lúmen quase inexistente, 3-4 µm em diâmetro; hifas das margens dos
dissepimentos incrustadas.
Elementos estéreis: cistidíolos numerosos, 15-20 µm em comprimento, ápice subulado
ou capitado, então com 3-7 µm em diâmetro.
Basídios: suburniformes, 15-20 x 4-5 µm, de parede fina, com 4 esterigmas e uma fíbula
basal.
Esporos: elipsóides a subglobosos, de parede fina, lisos, 3-4,5 x 3-4 µm, inamilóides.
Distribuição geográfica: cosmopolita. África: Ilhas Canárias; América: Brasil (RS),
Estados Unidos; Ásia: Índia, Irã; Europa: Alemanha, Bielo-Rússia, Dinamarca, Finlândia,
Inglaterra, Itália, Noruega, Romênia, Suécia; Oceania: Austrália.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
31.07.2001, CRodrigues 416 (ICN); CRodrigues 422 (ICN); Sapucaia do Sul, morro
Sapucaia, 21.02.2002, CRodrigues 541 (ICN); 17.04.2003, CRodrigues 741 (ICN);
12.08.2003, CRodrigues 843 (ICN); CRodrigues 851 (ICN); Viamão, Parque Estadual de
Itapuã, morro da Grota, 18.03.2003, CRodrigues 611 (ICN); 15.09.2003, CRodrigues 895
(ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Barra do Ribeiro,
25.07.1990, leg. S. A. Nietiedt 55 (ICN 97854); Porto Alegre, Belém Novo, 11.03.1990,
leg. M. S. Hamme 086 (ICN 97847); M. S. Hamme 087 (ICN 97848); 25.03.1990, leg. M.
S. Hamme 098 (ICN 97849); 30.07.1991, leg. S. A. Nietiedt 116 (ICN 96856); S. A.
Nietiedt 113 (ICN 97857); 21.02.1993, leg. M. S. Hamme (ICN 97859); Parque
Farroupilha, 12.02.1987, leg. R. T. Guerrero (ICN 80652); 27.03.1990, leg. R. W. Maluf 20
(ICN 97850); 16.07.1991, leg. S. A. Nietiedt & R. T. Guerrero 101 (ICN 97855); 02.1998,
leg. R. T. Guerrero (ICN 102765), sobre Bougainvillea spectabilis; São Francisco de
Paula, 20.04.1990, leg. M. S. Hamme 149 (ICN 97851); São Francisco de Paula,
25.05.1992, leg. R. T. Guerrero (ICN 97858).
Comentários: S. paradoxa mostra variações em sua morfologia relacionadas à posição
do substrato (vertical ou horizontal), idade dos basidiomas e distribuição geográfica. Com
base nestas diferenças e pela dificuldade em separar esta espécie de S. radula, à qual
mais se assemelha, Eriksson et al. (1984) referem-se a esta espécie em sentido amplo.
Caracteriza-se pelas hifas incrustadas nos dissepimentos e pelas hifas cistidiais
capitadas. O material aqui estudado mantém uniformidade com respeito às características
macro e microscópicas.
4.7.20 Steccherinum Gray
Nat. Arr. Br. Pl. 1: 651, 1821.
Frutificações ressupinadas, firmemente adnatas ou destacáveis, efusas, reflexas a
subpileadas ou pileadas, consistência membranáceo-rígida, himênio odontióide a
hidnóide, cor de creme a tons de rosa, laranja-avermelhadas ou castanhas, acúleos
distintamente cônicos ou mais raramente cilíndricos ou achatados, esparsos ou
agrupados, lisos ou com ápices fimbriados, em algumas espécies com lados verrucosos,
subículo na maioria das vezes fino, mas bem desenvolvido, esbranquiçado, amarelo-
creme ou às vezes castanho-pálido, margem filamentosa, mais pálida que a parte fértil,
freqüentemente rizomórfica com cordões hifais ocráceo-pálidos ou castanhos; sistema
hifal dimítico ou pseudodimítico, hifas generativas de parede fina, com ou sem fíbulas,
hifas esqueletais de parede espessada, sem fíbulas, caracteristicamente incrustadas nos
ápices e penetrando na camada himenial como pseudocistídios, via de regra numerosos e
de parede engrossada, em sua maioria nos acúleos, mas também no himênio liso entre
os acúleos, raramente como metulóides mais ou menos diferenciados, parte incrustada
cilíndrica ou mais raramente cônica, com ápices obtusos ou levemente pontiagudos;
basídios subclavados com 4 esterigmas e com uma fíbula basal na maioria das espécies;
esporos elipsóides a subcilíndricos, de parede fina e lisos, inamilóides, não-dextrinóides e
sem uma visível reação cianofílica.
Espécie-tipo: Hydnum ochraceum Pers.: Fr.
Comentários: O sistema hifal de Steccherinum é, em geral, considerado como dimítico,
por apresentar hifas de parede grossa, freqüentemente descritas como esqueletais. Mas
Eriksson et al. (1984) argumentam que esta é uma questão de definição, já que estas
hifas, com fíbulas ausentes ou esparsas, em algumas espécies do gênero poderiam ser
classificadas como pseudocistídios. Estes autores acrescentam que, em muitos gêneros,
a natureza das hifas não pode ser estritamente ser enquadradas como mono-, di- ou
trimítico, por serem freqüentes a existência de sistemas intermediários.
Chave para a determinação das espécies de Steccherinum
1 . Cistídios cilíndricos somente, esporos elipsóides a subglobosos 3-3,5 x 2,5-3
µm..........................................................................................................................................
.......................................................................................Steccherinum ochraceum (pág. 87)
1’. Cistídios cilíndricos e lamprocistídios, esporos globosos a subglobosos, 3-4 x 2,5-3,5
µm.............................................................................Steccherinum subochraceum (pág. 88)
4.7.20.1 Steccherinum ochraceum (Pers. ex J. F. Gmel.: Fr.) Gray Figura 51
Nat. Arrang. Br. Pl. 1: 651, 1821
Basônimo: Hydnum ochraceum Pers.: Fr.
Syst. Mycol. 1: 414, 1821.
Basidioma: ressupinado a efuso-reflexo, com os bordos frouxamente aderidos ou
revolutos, 70-200 µm em espessura, cor creme (OOY 19 9º) a ocráceo (O 18 4º),
odontióide com dentes cônicos 150-400 x 70-150 µm, de ápice fimbriado; margem
determinada, esbranquiçada.
Sistema hifal: dimítico; hifas generativas de parede fina a levemente engrossada, com
fíbula, pouco ramificadas; hifas esqueletais de parede engrossada, 2-4 µm em diàmetro,
sem fíbulas, dispostas paralelamente nos dentes.
Elementos estéreis: cistídios numerosos, cilíndricos, ca. 60-10 µm incluindo incrustação
da metade superior emergente.
Basídios: clavados, 15-20 x 5 µm, de parede fina, com uma fíbula basal e 4 esterigmas.
Esporos: elipsóides a subglobosos, 3-3,5 x 2,5-3 µm, de parede fina, lisos, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Brasil, Colômbia; Ásia: Índia; Europa: Bielo-Rússia,
Dinamarca, Finlândia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
26.02.2003, CRodrigues 707 (ICN); 16.06.2003, CRodrigues 818 (ICN); Guaíba, Morro
São Maximiano, 09.12.2003, CRodrigues 996 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
21.02.2002, CRodrigues 532 (ICN); 17.04.2003, CRodrigues 734 (ICN); CRodrigues 751
(ICN); CRodrigues 770 (ICN); 18.12.2003, CRodrigues 1022 (ICN); CRodrigues 1023
(ICN); CRodrigues 1046 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Nova Petrópolis, 05.1994,
leg. R. T. Guerrero (ICN 102607); Salvador do Sul, 26.04.1991, leg. S. A. Nietiedt & R. T.
Guerrero (ICN 97899).
Comentários: Steccherinum ochraceum se caracteriza pelo himênio odontióide e os
cistídios cilíndricos emergentes. Os esporos de nosso material são levemente maiores
que os registrados (2-3 x 1,5-2,3 µm) por Nietiedt (1994).
4.7.20.2 Steccherinum subochraceum Bononi et Hjortstam Figura 52
Mycotaxon 25(2): 467-468, 1986.
Basidioma: efuso, adnato, 70-150 µm em espessura, amarelo-creme a ocráceo (O 18
8º); dentes subcônicos a cilíndricos, obtusos, 100-300 x 50-300 µm, de ápice fimbriado.
Sistema hifal: dimítico; hifas generativas 2-3 µm em diâmetro, de parede fina, com
fíbulas, na trama dos dentes entremeadas com hifas esqueletais 3-5 µm em diâmetro,
sem fíbulas e de parede grossa.
Elementos estéreis: cistídios de dois tipos: a) cistídios himeniais comuns nos dentes,
cônicos a subcônicos, 15-30 µm na parede apical incrustada, 6-8 µm na parte basal com
parede 2-3 µm em espessura; b) pseudocistídios cilíndricos, obtusos, presentes na trama,
20-50 µm na parte apical incrustada, 4-5 µm em diâmetro na parte basal, poucos nos
dentes.
Basídios: subclavados, levemente sinuosos, 18-25 x 4-5 µm, com uma fíbula basal e 4
esterigmas.
Esporos: globosos a subglobosos, 3-4 x 2,5-3,5 µm, de parede fina e lisa, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Brasil (RS, SP).
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Gravataí, morro Morungava,
16.06.2003, CRodrigues 806 (ICN); CRodrigues 811 (ICN); CRodrigues 813 (ICN);
CRodrigues 814 (ICN); 01.12.2003, CRodrigues 967 (ICN); Guaíba, Morro São
Maximiano, 30.01.2003, CRodrigues 661 (ICN); Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
12.08.2003, CRodrigues 844 (ICN).
Comentários: A espécie foi descrita em substituição ao nome ilegítimo Irpex hydneus
Rick ex Rambo (1959), já que o holotipo não constava na descrição original.
Macroscopicamente é muito semelhante a Steccherinum ochraceum. Os dentes variam
de cônicos a, com mais freqüência, irregularmente cilíndricos. As características
microscópicas diferenciais são principalmente os cistídios himenais cônicos que não são
encontrados em S. ochraceum.
4.7.21 Subulicystidium Parm.
Consp. Syst. Cort., pp. 120-121, 1968.
Frutificações ressupinadas, efusas, macias e frouxamente unidas ao substrato,
aracnóide a algodonosa ou às vezes submembranácea, lisa mas velutinosa pelo cistídios
projetados, esbranquiçada a branco puro; margem indiferenciada, concolorosa, rizomorfos
ausentes; sistema hifal monomítico, hifas com fíbulas em todos os septos, com paredes
finas ou levemente engrossadas, profusamente incrustadas, ramificadas em ângulos mais
ou menos retos; cistídios muito numerosos, subulados, crescendo de hifas subiculares,
usualmente terminais mas em alguns casos mais ou menos em posição lateral, com
incrustações marcantes arranjadas de modo mais ou menos espiral; basídios
subclavados, mais comumente pequenos, usualmente de certo modo suburniforme, com
uma constrição mediana; esporos consideravelmente variando em tamanho e aparência,
não-amilóides.
Espécie-tipo: Hypochnus longisporus Pat.
Comentários: A incrustação dos cistídios e a forma estreitamente alongada dos esporos
fazem de Subulicystidium um gênero isolado em Corticiaceae (Eriksson et al. 1984). Além
da forma e a dimensão, também a razão comprimento-largura são diferenças ressaltadas
por Duhem & Michel (2001). Oberwinkler (1977), estudando cinco espécimes da
Venezuela, considera que a curvatura entre os esporos é uma diferença razoável usada –
pelo menos em corticiologia – para separar espécies. Identificamos, neste trabalho, duas
espécies para o gênero, com marcada diferença em forma e dimensões dos esporos.
Chave para a determinação das espécies de Subulicystidium
1 . Esporos naviculares < 9 µm em
comprimento.........................................................................................................................
................................................................................Subulicystidium brachysporum (pág. 90)
1’. Esporos aciculares > 9 µm em comprimento........Subulicystidium longisporum (pág. 91)
4.7.21.1 Subulicystidium brachysporum (P.H.B. Talbot et V.C. Green) Jülich igura 53
Basônimo: Peniophora longispora var. brachyspora Talbot & Green apud Talbot
Bothalia 7: 148, 1958.
Basidioma: ressupinado, efuso, 100-150 µm em espessura, liso, farináceo sob a lupa,
branco-acinzentado (O 18) a ocráceo (O 17 2º); margem indiferenciada e indeterminada,
pruinosa, reduzindo em espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas 3-4 µm em diâmetro, de parede fina, com fíbulas,
subículo pouco desenvolvido.
Elementos estéreis: cistídios subulados, 30-45 x 3-4 µm, de parede lisa a incrustada
com grânulos esparsos.
Basídios: utriformes a suburniformes, 15-18 x 5-6 µm, de parede fina, com 4 esterigmas
e uma fíbula basal.
Esporos: naviculares, levemente sinuosos, 7-9 x 2-3,5, de parede fina e lisa, em geral
com 2 gútulas.
Distribuição geográfica: África: África do Sul, Nigéria, Serra Leoa. América: Venezuela.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
23.03.2002, CRodrigues 632 (ICN); Viamão, Parque Estadual de Itapuã, morro da Grota,
11.06.2004, CRodrigues 1079 (ICN).
Comentários: Esta espécie era conhecida somente da África (Jülich, 1975 apud
Oberwinkler, 1977) e caracteriza-se por possuir esporos naviculares que a distingue de
Subulicystidium longisporum, cujos esporos são aciculares. Duhem & Michel (2001)
referem-se à forma dos esporos como cilíndricos ou “em banana”. Os esporos de nosso
material incluem-se nesta segunda forma, com as medidas dentro das citadas – 6,5-7,5-9-
(10) x 2-3 µm – referente ao material coletado na África. Primeira citação para o Brasil.
4.7.21.2 Subulicystidium longisporum (Pat.) Parm. Figura 53
Basônimo: Hypochnus longisporus Pat.
J. Bot. Paris 8: 221, 1894.
Basidioma: ressupinado, efuso, 100-200 µm em espessura, pruinoso a finamente hirsuto
sob a lupa; margem indiferenciada e indeterminada, reduzindo gradativamente em
espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, de paredefina a levemente
engrossada, as do subhimênio às vezes incrustadas, com fíbulas; subículo pouco
desenvolvido, ca. 30-50 µm em espessura.
Elementos estéreis: cistídios subulados numerosos, 40-60 x 3-5 µm na base, de parede
engrossada até 1 µm em espessura, lisa ou incrustadas com granulações de aspecto
retangular.
Basídios: utriformes a suburniformes, 15-18 x 5-6 µm, de parede fina, com 4 esterigmas
e uma fíbula basal.
Esporos: aciculares, 11-14 x 1,5-2,5 µm, sinuosos, de parede fina e lisa, com 3-6 gútulas.
Distribuição geográfica: América do Norte; América do Sul: Brasil; Ásia; Europa.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
30.01.2003, CRodrigues 680 (ICN); Viamão, Parque Estadual de Itapuã, morro da Grota,
21.01.2002, CRodrigues 578 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Nova Petrópolis, 05.1994,
leg. R. T. Guerrero (ICN 102626); Porto Alegre, Parque Farroupilha, 09.02.1993, leg. S. A.
Nietiedt & R. T. Guerrero (ICN 97898), sobre Dombeya wallichii; Salvador do Sul,
26.04.1991, leg. S. A. Nietiedt & R. T. Guerrero, (ICN 102770); Santa Maria do Herval,
10.03.1990, leg. R. W. Maluf, (ICN 97897).
Comentários: as dimensões e a forma fusiforme dos esporos são as principais
características que separam as espécies do gênero. Essa variabilidade está bem ilustrada
por Oberwinkler (1977) e Eriksson et al. (1984). Os espécimes aqui estudados mostraram
pouca diferença nas dimensões dos esporos.
4.7.22 Trechispora P. Karst.
Hedwigia 29:147, 1890.
Frutificações ressupinadas a dimidiadas, finas a grossas, pruinosas a aracnóides a
membranáceas, frágeis, lisas, grandinióides, odontióides ou poróides, de cores vivas;
sistema hifal monomítico ou dimítico, todos os septos com fíbulas, hifas freqüentemente
incrustadas, septos comumente ampuliformes, hifas subhimeniais usualmente de células
curtas e mais ou menos triangular em forma, hifas esqueletais cianofílicas; cistídios
simples, hifóides, raramente presentes; basídios curto-cilíndricos, cilíndricos ou mais
raramente clavados ou pedunculados, 4-esterigmados e uma fíbula basal, esporos
pequenos, usualmente com paredes engrossadas, lisos ou ornamentados, subglobosos a
elípticos, raramente alantóides, não-dextrinóides, inamilóides e não-cianofílico.
Espécie-tipo: Trechispora onusta P. Karst. (= Trechispora mollusca (Pers.:Fr.) Liberta)
Comentários: O conhecimento acerca das espécies incluídas em Trechispora e de suas
afinidades com outros gêneros relacionados provinha, até a revisão taxonômica de Liberta
(1973), de estudos florísticos. Nesse trabalho, o autor reconhece a divisão do gênero,
feita por Parmasto, em dois subgêneros: Laevispora – com esporos lisos, e Trechispora
com esporos ornamentados ou de forma irregular. Ainda segundo o autor, o critério seria
conveniente para agrupar espécies, mas não representando, na totalidade, suas relações
filogenéticas. As 3 espécies aqui estudadas enquadram-se no segundo subgênero.
Chave para a determinação das espécies de Trechispora
1 . Himenóforo liso a granular, esporos turbinados,
lisos......................................................................................................................................
................................................................................Trechispora subsphaerospora (pág. 95)
1’. Himenóforo poróide ou pruinoso a odontióide, esporos elipsóides, verrucosos
2 . Himenóforo poróide.....................................................Trechispora mollusca (pág. 94)
2’. Himenóforo pruinoso a odontióide..............................Trechispora farinacea (pág. 93)
4.7.22.1 Trechispora farinacea (Pers.:Fr.) Liberta Figura 54
Basônimo: Hydnum farinaceum Pers.
Synop. Meth. Fung., 562, 1801.
Basidioma: ressupinado, efuso, pruinoso a odontióide sob a lupa, 40-60 µm em
espessura, branco-acinzentado (Y 18) a creme (Y 19 3º); dentes curtos, cilíndricos, 30-50
x 40-50 µm, de ápice arredondado; margem indeterminada, às vezes fibrilosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas com fíbulas em todos os septos, as subiculares retas, de
parede fina, 2-3 µm em diâmetro, as hifas subhimeniais profusamente ramificadas, 4-5 µm
em diâmetro, com células curtas e infladas.
Elementos estéreis: ausentes.
Basídios: cilíndricos, levemente sinuosos, 11-17 x 4-5 µm, às vezes com uma pequena
constrição mediana, de parede fina, com uma fíbula basal e 4 esterigmas.
Esporos: largamente elipsóides a subglobosos, 3-4 x 2,5-3 µm, de parede verrucosa,
inamilóides.
Distribuição geográfica: América
: Argentina, Brasil, Colômbia; Ásia: Índia, Israel, Japão,
Nepal; Europa
: Bielo-Rússia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 11.06.2004, CRodrigues 1086; CRodrigues 1092 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Torres, Rio da Terra,
07.03.1978, leg. M. Dias (ICN 102112).
Comentários: Trechispora farinacea apresenta variação no aspecto da superfície
himenial, de lisa, flocosa a tipicamente odontióide (Maekawa, 1993; Binyamini, 1982 b). A
textura pruinosa mostrou-se uniforme nos espécimes aqui estudados. Os esporos
finamente verrucosos estão presentes também em T. mollusca.
4.7.22.2 Trechispora mollusca (Pers.:Fr.) Liberta Figura 55
Basônimo: Boletus molluscus Pers.
Synop. Meth. Fung., 547, 1801.
Basidioma: ressupinado, adnato, efuso, poróide, 400-800 µm em espessura, macio,
amarelo-creme (O 19 12º); poros arredondados a angulosos, 5-8 por mm, dissepimentos
50-80 µm em espessura; margem esbranquiçada, afinando em espessura, fibrilosa.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-4 µm em diâmetro, de parede fina, com fíbula, às
vezes incrustadas com agrupamentos de cristais.
Elementos estéreis: ausentes.
Basídios: cilíndricos, curtos, 12-15 x 6-7 µm, com uma fíbula basal e 4 esterigmas.
Esporos: elipsóides a ovóides, 3-3,5 x 2-3 µm, verrucosos, de parede fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: África: Burundi, Quênia, Zaire; América: Estados Unidos; Ásia:
China, Índia, Japão; Europa: Norte.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
13.05.2003, CRodrigues 796 (ICN).
Comentários: Macroscopicamente, de acordo com as descrições da literatura, esta
espécie mantém constante o himenóforo poróide de cor creme. No entanto, apresenta
variação na estrutura hifal, conforme ilustrado por Hjortstam et al. (1988), com hifas
isodiamétricas ou alargadas junto aos septos. O material aqui estudado inclui-se no
primeiro caso. Os basidiósporos (3,5-4,5 x 2,5-3,5 µm) têm comprimento no limite inferior
ao citado por Gilbertson & Ryvarden (1987) em material de ampla distribuição nos
Estados Unidos e dentro dos limites de material citado para o leste da África (2,5-4 x 2,5-
3) por Ryvarden & Johansen (1980). O himenóforo poróide, juntamente com os esporos
verrucosos, são caracteres que a distinguem das outras duas espécies do gênero aqui
citadas. Em estudo da morfologia de esporos e de cristais, sob microscopia eletrônica, de
espécies poróides de Trechispora, Larsson (1994) caracteriza os cristais de T. mollusca
como bipiramidais que se unem formando agregados, o que, ao microscópio óptico, não
se mostra tão evidente. Primeira citação para a América do Sul.
4.7.22.3 Trechispora subsphaerospora (Litsch.) Liberta Figura 56
Basônimo: Corticium subsphaerosporum Litsch.
in Keissler, Nat. Hist. Juan Fernandez 2: 549, 1928.
Basidioma: ressupinado, efuso, fino, 20-50 µm em espessura, frouxamente aderido ao
substrato, frágil; superfície himenial lisa a finamente granular, branca; margem
concolorosa com a superfície himenial, afinando em espessura.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, lisas, de parede fina, ramificadas,
de largura variável.
Elementos estéreis: ausentes.
Basídios: clavados a cilíndricos, curtos, 8-13 x 5-6 µm, com uma leve constrição
mediana, com uma fíbula basal e 4 esterigmas.
Esporos: triangulares a turbinados,4-6 x 3,5-5 µm, lisos, de parede fina, inamilóides.
Distribuição geográfica: América: Canadá, Estados Unidos, Chile (Ilhas Juan
Fernandez); Ásia: Japão; Europa: Bielo-Rússia, Dinamarca, República Tcheca. Rara
ocorrência ao Norte.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Viamão, Parque Estadual de Itapuã,
morro da Grota, 27.10.2003, CRodrigues 917 (ICN).
Comentários: A distinta morfologia dos esporos torna esta espécie de fácil separação de
outros membros de Trechispora. Primeira citação para o Brasil.
4.7.23 Tubulicium Oberw.
Sydowia, Ann. Mycol. ser. II 19:53, 1965.
Frutificações ressupinadas, efusas, estreitamente adnatas, finas a moderadamente
grossas, quase lisas mas intensamente híspidas pelos cistídios salientes; sistema hifal
monomítico, hifas de parede fina ou com leve engrossamento, aglutinadas no fino tecido
subicular, ramificações em ângulos mais ou menos retos, no subhimênio células mais
curtas mas ainda razoavelmente retas e de aparência uniforme, todas as hifas com
fíbulas, não-dextrinóides e inamilóides; cistídios (liocistídios) numerosos, robustos e em
sua maioria multi-radicados, de parede grossa em toda sua extensão, fortemente
incrustados e cobertos com hifas coraliformes, distintamente mais finas que outras hifas
da frutificação; basídios clavados, mais ou menos pedundulados, lisos, de parede fina, via
de regra com quatro robustos esterigmas; esporos sigmóides a vermiculares, lisos, de
parede fina, inamilóides, não-dextrinóides e sem reação cianofílica.
Espécie-tipo: Peniophora vermifera Bourd.
Comentários: O gênero é caracterizado pelo basidioma mais ou menos gelatinoso e
pelos cistídios cônicos de parede grossa. Oberwinkler (1965) reconhece 3 espécies para
o gênero, mas já na chave apresentada, separa Tubulicium clematitis pela ausência de
hifas cistidiais, a qual passa para o gênero Litschauerella Oberw. por Eriksson &
Ryvarden (1976).
4.7.23.1 Tubulicium vermiferum (Bourd.) Oberw. ex Jülich Figura 57
Persoonia 10(3): 335, 1979
Basônimo: Peniophora vermifera Bourdot
Rev. Sci. Bourb. Centr. Fr. 23(1): 13, 1910.
Basidioma: ressupinado, orbicular a efuso, 40-60 µm em espessura (sem os cistídios),
liso, mas híspido sob a lupa devido aos cistídios, branco, cinza-claro (OOY 17 2º) ou
amarelo-creme (YYO 19 3º); margem concolorosa com o restante do basidioma,
determinada, abrupta ou indeterminada.
Sistema hifal: monomítico; hifas de parede fina, 2-3 µm em diâmetro, tortuosas, com
fíbulas.
Elementos estéreis: cistídios estreitamente cônicos, 70-100 µm em comprimento e 9-15
µm em diâmetro na base multiradicada, levemente amilóides, de parede grossa até 4-6
µm em espessura, lúmen capilar, incrustado e com hifas mais finas que as do contexto e
muito ramificadas.
Basídios: subcilíndricos, 22-26 x 7-10 µm, com um estreitamento mediano, 4 esterigmas
7-8 x 2, de parede fina.
Esporos: naviculares ou vermiformes, sigmóides, 25-28 x 3-4 µm, lisos, de parede fina,
com uma das extremidades mais arredondada, conteúdo com minúsculas gútulas.
Distribuição geográfica: África: Costa do Marfim, Gabão, Ilhas da Reunião, República
Centro-Africana; Ásia
: Sri Lanka; Europa: França, Noruega, Suécia.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Sapucaia do Sul, morro Sapucaia,
18.12.2003, CRodrigues 1008 (ICN); Viamão, Parque Estadual de Itapuã, morro da Grota,
18.03.2003, CRodrigues 612 (ICN); 15.09.2003, CRodrigues 908 (ICN); 27.10.2003,
CRodrigues 933 (ICN); 11.06.2004, CRodrigues 1099 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Parque
Farroupilha, 01.03.1996, leg. R. T. Guerrero (ICN 102423).
Comentários: Os basídios terminais e esporos vermiformes caracterizam esta espécie
distinguindo-a do gênero Litschauerella. Ambos os táxons compartilham cistídios muito
semelhantes, mas neste último, os basídios são pleurais e os esporos são esféricos ou
subesféricos. A variação morfológica dos esporos está estudada por Boidin & Gilles
(1986), que propõem a criação de 2 subespécies. Primeira citação para o continente
americano.
4.7.24 Xenosperma Oberw.
Sydowia (Ann. Mycol. Seer. II) 19:45, 1965.
Frutificações formando uma inconspícua camada de, freqüentemente, não mais que 10-
30 µm de espessura estreitamente adnata ao substrato, quando seca mais ou menos
pruinosa, contínua; sistema hifal monomítico, hifas de parede fina, bastante estreitas e
tornando-se gelatinizadas, com fíbulas; cistídios ausentes; basídios pleurais, de tamanho
médio, com dois ou quatro esterigmas e com uma fíbula basal; esporos angulares, em
sua maioria tetraédricos, hialinos, com um proeminente apículo, não-dextrinóides,
inamilóides e sem reação cianofílica.
Espécie-tipo: Xenasma ludibundum Rogers & Liberta.
Comentários: Gênero bem caracterizado por basídios pleurais e pseudopiramidais, com
duas espécies encontradas na Alemanha, Dinamarca e Estados Unidos, ambas de rara
ocorrência. As outras duas espécies, Xenosperma hexagonosporum Boidin et Gilles e
Xenosperma pravum Boidin et Gilles foram descritas em 1989, sendo a última, para a Ilha
da Reunião.
4.7.24.1 Xenosperma murrillii Gilb. et M. Blackw. Figura 58
Mycotaxon 28(2): 400, 1987.
Basidioma: em pequenas manchas de contorno irregular 0,3-1,0 mm de largura, às
vezes confluentes, branco a ocráceo, 70-150 µm em espessura, frágil, quebradiço, de
consistência calcárea; margem determinada, abrupta.
Sistema hifal: monomítico; hifas 2-3 µm em diâmetro, de parede fina, com fíbulas.
Elementos estéreis: ausentes.
Basídios: pleurais, 30-40 x 9-10 µm, com uma constrição mediana, 4 esterigmas.
Esporos: asteriformes, 17-18(21) x 14-18 µm, com 5 projeções das quais uma (apículo?)
é maior que as demais e encurvada, 1 a 3 gútulas.
Distribuição geográfica: América: Estados Unidos.
Material examinado: BRASIL: Rio Grande do Sul: Guaíba, Morro São Maximiano,
15.08.2001, CRodrigues 445 (ICN), sobre Enterolobium contortisiliquum; 03.09.2002,
CRodrigues 657 (ICN); 13.05.2003, CRodrigues 802 (ICN); Sapucaia do Sul, morro
Sapucaia, 17.04.2003, CRodrigues 746 (ICN); 12.08.2003, sobre Allophyllus edulis,
CRodrigues 857 (ICN).
Comentários: Xenosperma murrillii distingue-se de X. ludibundum (D.P. Rogers et
Liberta) Oberw. ex Jülich por esta possuir basídios 2-esterigmados e esporos menores
(Oberwinkler, 1965, apud Gilbertson & Blackwell, 1987). Já os basídios de X. pravum são
6-esterigmados (Boidin & Gilles, 2000). Primeira citação para a América do Sul.
Figura 7Acanthophysium cerussatum – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 50 µm); B: acantófises, C: gloeocistídios, D: basídio, E: esporos (escala:
10 µm).
Figura 8Aleurobotrys botryosus - A: botriófise, B: dendrohifídio, C: gloeocistídios, D:
basídio, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 9Aleurodiscus coralloides – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 50
µm); B: hifa, C: acantófises, D: dendrohifídios, E: basídio, F: esporos ornamentados
em Melzer e lisos em KOH (escala: 10 µm).
Figura 10Aleurodiscus exasperatus – A: hifa, B: acantófises, C: gloeocistídios, D:
basídio, E: esporos ornamentados em Melzer e lisos em KOH (escala: 10 µm).
Figura 11Aleurodiscus mirabilis – A: hifa, B: acantófise, C: gloeocistídio, D: basídio,
E: esporos ornamentados em Melzer e lisos em KOH (escala: 10 µm).
Figura 12Athelopsis sp – A: hifas; B: basídios, B
1
: basídios imaturos, B
2
: basídio
maduro, C: esporos (escala: 10 µm).
Figura 13Cytidia cristallifera – A: hifa, B: dendrófises, C: basídio, D: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 14Dendrocorticium aff. jonides – A: hifa subicular, B: hifa subhimenial, C:
dendrohifídio, D: probasídio (basídio jovem); E: basídio, F: esporos (escala: 10 µm).
Figura 15Dendrocorticium polygonioides – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 100 µm); B: hifas subiculares, C: dendrohifídios, D: probasídio (basídio jovem),
E: basídio maduro; F: esporos (escala: 10 µm).
Figura 16Dendrocorticium roseocarneum – A: hifas subiculares, B: dendrohifídio, C:
probasídio (basídio jovem), D: basídio maduro, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 17Dendrothele aff. acerina – A: dendrohifídios, B: leptocistídios, C: basídio, D:
esporos (escala 1000: µm).
Figura 18Dendrothele alliacea – A: hifas; B: dendrohifídios; C: leptocistídios, D: basídios, E:
esporos (escala: 10 µm).
Figura 19Dendrothele asterospora – A: hifas, B: basídios jovens, C: basídios maduros, D:
esporos (escala: 10 µm).
Figura 20Dendrothele capitulata – A: hifas, B: cistídios, C: basídios, D: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 21Dendrothele griseocana – A: dendrohifídios, B: basídios, C: esporos (escala: 10 µm).
Figura 22Dendrothele incrustans – A: hifa, B: dendrohifídios, C: basídios, D: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 23Dendrothele mangiferae – A: hifa; B: dendrohifídios; C: basídio jovem com
aspecto de basídio de repetição; D: basídios maduros; E: esporo.
Figura 24Dendrothele sp. – A: hifas, B: dendrohifídios, C: basídios em
diferentes estádios de desenvolvimento, D: esporos (escala: 10 µm).
Figura 25 Epithele aff. citrispora – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 200 µm);
B: hifas; C: hifas parafisóides; D: basídio jovem, E: basídio maduro, F: esporos (escala:
10 µm).
Figura 26Epithele interrupta – A: hifas basais, B: hifas parafisóides, C: basidíolos,
D: basídios, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 27Galzinia sp – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 20 µm); B:
hifas, C: hifas com basídios jovens de repetição, D: basídios em diferentes estádios
de desenvolvimento, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 28 – Gloeopeniophorella rubroflava – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 100 µm); B: hifa, C: lamprocistídios, D: gloeocistídios, E: basídio, F: esporos
lisos em KOH e ornamentados em Melzer (escala: 10 µm).
Figura 29 – Hyphoderma medioburiense – A: hifas, B: leptocistídios, C: basídios, D:
esporos (escala: 10 µm).
Figura 30 – Hyphoderma rude – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 200
µm); B: hifas subiculares, C: hifas subhimeniais, D: gloeocistídios mucronados,
E: estefanocistos, F: basídio, G: esporos (escala: 10 µm).
Figura 31 – Hyphoderma setigerum – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 100 µm); B: hifas, C: ápices de cistídios, D: septocistídio, E: basídio, F:
esporos (escala: 10 µm).
Figura 32 – Hyphoderma variolosum – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 100 µm); B: hifas, C: lamprocistídios (metulóides), D: gloeocistídio, E:
basídio, F: esporos (escala: 10 µm).
Figura 33 – Hyphodontia arguta – A: hifas, B: leptocistídios, C: lagenocistídios, D:
basídio, E: esporos (escala: 10 µm
Figura 34 – Hyphodontia aspera – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 100
µm); B: hifa, C: cistídios, D: basídios, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 35 – Hyphodontia breviseta – A e B: basidiomas em corte longitudinal
(escala: 100 µm); C: hifas da trama, D: hifas do ápice dos acúleos, E: cistídios
capitados, F: cistídio moniliforme, G: conídios de Denticularia, H: basídio, I: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 36 – Hyphodontia crustosa – A: ápice de um acúleo, B: hifa com basídio
jovem de repetição, C: cistídios, D: basídios, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 37 – Hyphodontia lanata – A: basidioma em corte longitudinal (escala 200
µm); B: acúleo em detalhe, C: hifa, D: cistídios, E: basídio, F: esporos (escala: 10
µm).
Figura 38 – Hyphodontia aff. mollis – A: basidioma em corte longitudinal (escala:
200 µm); B: acúleo em detalhe (escala: 20 µm); C: hifas, D: cistídios, E: basídio, F:
esporos (escala: 10 µm).
Figura 39 – Hyphodontia nespori – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 200
µm); B: acúleo, C: hifas, D: cistídios, E: basídios, F: esporos (escala: 10 µm).
Figura 40 – Hyphodontia sambuci – A: detalhe de basidioma em corte
longitudinal (escala: 20 µm); B: hifas, C: cistídios, D: basídio, E: esporos (escala:
10 µm).
Figura 41 – Lopharia cinerascens – A: detalhe de basidioma em corte longitudinal
(escala: 100 µm); B: hifas, C: lamprocistídios (escala: 50 µm); D: basídio, E: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 42 – Mycoacia fuscoatra – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 2 mm);
B: detalhe do ápice de um acúleo (escala: 20 µm); C: hifa, D: cistídios, E: basídio, F:
esporos (escala: 10 µm).
Figura 43 – Phanerochaete galactites – A: basidioma em corte longitudinal (escala:
100 µm); B: hifas, C: cistídios, D: basídio, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 44 – Phanerochaete aff. martelliana – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 20 µm); B: hifa, C: cistídios, D: basídio, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 45 – Phanerochaete sordida – A: basidioma em corte longitudinal (escala:
100 µm); B: hifas, C: lamprocistídios, D: basídios, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 46Phanerochaete subglobosa – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 50 µm); B: hifa, C: cistídio em parte emergente ao nível do himênio, D:
basídio, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 47 – Phlebiella tulasnelloidea – A: hifas, B: basídios, C: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 48 – Phlebiopsis roumeguerii – A: hifas, B: lamprocistídios, C: basídios, E: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 49 – Radulomyces confluens – A: hifas, B: basídios jovens, C: basídios
maduros, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 50 – Schizopora paradoxa – A: detalhe de poros em corte transversal
(escala: 100 µm); B: hifas da trama, C: hifas das margens dos dissepimentos, D:
cistidíolos, E: basídios, F: esporos (escala: 10 µm).
Figura 51 – Steccherinum ochraceum – A: basidioma em corte longitudinal
(escala: 200 µm); B: detalhe do ápice de um acúleo (escala: 20 µm); C: hifas, D:
cistídios, E: basídio, F: esporos (escala: 10 µm).
Figura 52 – Steccherinum subochraceum – A: basidioma em corte longitudinal
(escala 200 µm); B: detalhe do ápice de um acúleo (escala: 20 µm); C: hifas, D:
cistídios, E: basídio, F: esporos (escala 10 µm).
Figura 53 – Subulicystidium spp – A: basidioma em corte longitudinal (escala: 100 µm);
B: hifa, C: cistídios, D: basídios, E: esporos de S. brachysporum, F: esporos de S.
longisporum (escala: 10 µm).
Figura 54 – Trechispora farinacea – A: basidioma em corte longitudinal (escala:
100 µm); B: hifas subiculares, C: hifas subimeniais, D: basídios, E: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 55 – Trechispora mollusca – A: basidioma em corte tangencial (escala:
200 µm); B: hifas, C: basídios, D: esporos (escala: 10 µm).
Figura 56 – Trechispora subsphaerospora – A: hifas, B: basídios, C: esporos
(escala: 10 µm).
Figura 57 – Tubulicium vermiferum – A: basidioma em corte longitudinal (escala:
100 µm); B: hifas, C: cistídio, D: basídios, E: esporos (escala: 10 µm).
Figura 58 – Xenosperma murrillii – A: hifa, B: basídios, C: esporos (escala: 10
µm).
5. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo das espécies de Corticiaceae Herter s.l. em morros da Região
Metropolitana de Porto Alegre permitiu ampliar o conhecimento acerca da sua
distribuição, morfologia e parâmetros relativos ao seu habitat. Das 53 espécies
identificadas, 32 são novas referências para o Brasil e cinco para o Rio Grande do Sul.
Duas novas combinações – Athelopsis paradoxum e Galzinia matruchotioides – e uma
espécie nova para o gênero Dendrothele deverão ser submetidas a publicação formal.
Posição conclusiva deverá ser tomada em relação às espécies determinadas como affinis
a partir de estudos que complementem sua circunscrição.
A comparação quantitativa entre os morros mostrou um maior número de espécies
em morros graníticos em relação aos morros areníticos. Esta diferença pode estar
relacionada tanto à composição florística quanto ao grau de intervenção antrópica que é
comprovadamente menor nos morros graníticos, com isso propiciando uma variedade
maior de substratos. Estes resultados corroboram o conhecimento de que florestas
primárias abrigam maior número de espécies do que aquelas que foram submetidas a
manejo florestal.
Em relação à distribuição das espécies por estação foi verificado um acréscimo de
23% em relação à média das outras estações, as quais mantiveram entre si números
muito próximos. Tal diferença pode estar relacionada à distribuição das chuvas e à
preferência das espécies a esta variável climática.
Os dados quantitativos sobre orientação e sazonalidade aqui apresentados
poderão sofrer acréscimos e alterações em sua posição relativa à medida que trabalhos
futuros em Corticiaceae sejam desenvolvidos considerando estes aspectos.
A quase totalidade dos trabalhos aqui usados na determinação e comparação das
espécies versa sobre material estrangeiro devido à escassa bibliografia acerca de
espécimes brasileiros. A delimitação de uma espécie está diretamente relacionada ao
conhecimento da variabilidade das estruturas entre espécimes de clima diverso.
Estruturas de algumas espécies apresentam variabilidade morfológica quando são
comparados indivíduos de climas tropicais e subtropicais com aqueles de clima
temperado. Essas diferenças foram atestadas por Maluf & Guerrero (1993) com culturas
de espécimes subtropicais e europeus de espécies do gênero corticióide Peniophora
submetidos a testes de interfertilidade. Por outro lado, vários corticiólogos consideram que
diferenças entre dimensões de estruturas podem justificar a separação de espécies.
Portanto, somente o desenvolvimento de estudos sobre a diversidade de fungos
corticióides, com a devida conservação de ambientes de latitudes tropicais e subtropicais,
poderão fornecer maiores informações relacionadas a sua distribuição e amplitude
morfológica de suas espécies.
O estudo da biodiversidade dos ecossistemas perde parte de seu significado se
não servir para a sobrevivência das espécies e a conseqüente manutenção de seu
equilíbrio. Em relação a presente estudo isto vale, em especial, para os morros
Morungava e Sapucaia, aos quais Rambo (1956) já se referia como verdadeiros museus
naturais.
Esperamos que o conhecimento daquilo que temos não seja no futuro, motivo para
lamentarmos o que perdemos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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7. ÍNDICE DOS GÊNEROS E ESPÉCIES IDENTIFICADOS
Acanthophysium (Pilát) G. Cunn...................................................................................29
Acanthophysium cerussatum (Bres.) Boidin................................................................ 29
Aleurobotrys Boidin........................................................................................................ 30
Aleurobotrys botryosus (Burt) Boidin, Lanq. et Gilles..................................................31
Aleurodiscus Rabenh. ex Schröt................................................................................... 32
Aleurodiscus coralloides G. Cunn. ..............................................................................33
Aleurodiscus exasperatus Hjortstam et Ryvarden........................................................... 33
Aleurodiscus mirabilis (Berk. et M. A. Curtis) Höhn. ................................................... 34
Athelopsis Oberw.ex Parmasto...................................................................................... 35
Athelopsis sp..................................................................................................................36
Cytidia Quél. ...................................................................................................................37
Cytidia crystallifera Boidin et Lanq. ................................................................................. 38
Dendrocorticium M. J. Larsen et Gilb. .............................................................................38
Dendrocorticium aff. jonides (Bres. ex Brinkm.) M.J. Larsen et Gilb. ............................. 39
Dendrocorticium polygonioides (P. Karst.) M.J. Lars. et Gilb. ........................................40
Dendrocorticium roseocarneum (Schw.) M.J. Lars. et Gilb. ........................................... 41
Dendrothele Höhn et Litsch. ....................................................................................................42
Dendrothele aff. acerina (Pers.: Fr.) P.A. Lemke.............................................................44
Dendrothele alliacea (Quél.) P.A. Lemke ........................................................................45
Dendrothele asterospora Boidin et Lanq. .......................................................................46
Dendrothele capitulata Boidin et Lanq. ........................................................................... 46
Dendrothele griseo-cana (Bres.) Bourdot et Galzin......................................................... 47
Dendrothele incrustans (P.A. Lemke) P.A. Lemke ..........................................................48
Dendrothele mangiferae Boidin et Duhem....................................................................... 49
Dendrothele sp., inéd. .....................................................................................................49
Epithele Pat. ................................................................................................................................50
Epithele aff. citrispora Boidin, Lanq. et Gilles ..................................................................51
Epithele interrupta Bres. ................................................................................................. 52
Galzinia Bourdot ..............................................................................................................53
Galzinia sp. .....................................................................................................................53
Gloeopeniophorella Rick.................................................................................................. 54
Gloeopeniophorella rubroflava Rick................................................................................. 55
Hyphoderma Wallr. em Donk...........................................................................................56
Hyphoderma medioburiense (Burt) Donk ........................................................................ 57
Hyphoderma rude (Bres.) Hjortstam et Ryvarden ........................................................... 58
Hyphoderma setigerum (Fr.) Donk .................................................................................. 60
Hyphoderma variolosum Boidin, Lanq. et Gilles.............................................................. 62
Hyphodontia J. Erikss. .....................................................................................................63
Hyphodontia arguta (Fr.) J. Erikss. ................................................................................. 64
Hyphodontia aspera (Fr.) J. Erikss. ................................................................................65
Hyphodontia breviseta (P. Karst.) J. Erikss. ...................................................................66
Hyphodontia crustosa (Fr.) J. Erikss. .............................................................................. 67
Hyphodontia lanata Burds. et Nakas. .............................................................................68
Hyphodontia aff. mollis Sheng H. Wu .............................................................................. 69
Hyphodontia nespori (Bres.) J. Erikss. et Hjortstam........................................................ 70
Hyphodontia sambuci (Pers.) J. Erikss. .......................................................................... 71
Lopharia Kalchbr. et MacOwan........................................................................................ 73
Lopharia cinerascens (Schw.) G. H. Cunn. .................................................................... 73
Mycoacia Donk ................................................................................................................74
Mycoacia fuscoatra (Fr.) Donk......................................................................................... 75
Phanerochaete P. Karst. ...........................................................................................................76
Phanerochaete galactites (Bourdot et Galzin) J. Erikss. et Ryvarden............................. 77
Phanerochaete aff. martelliana (Bres.) J. Erikss. et Ryvarden........................................ 78
Phanerochaete sordida (P. Karst.) J. Erikss. et Ryvarden .............................................. 79
Phanerochaete subglobosa Wu....................................................................................... 81
Phlebiella P. Karst. .......................................................................................................... 82
Phlebiella tullasneloidea (Höhn. et Litsch.) Oberw. ........................................................82
Phlebiopsis Jülich ............................................................................................................83
Phlebiopsis roumeguerii (Bres.) Jülich et Stalpers ..........................................................84
Radulomyces M. P. Christ. ............................................................................................. 85
Radulomyces confluens (Fr.) M. P. Christ. .....................................................................85
Schizopora Velen............................................................................................................. 86
Schizopora paradoxa (Fr.) Donk .....................................................................................87
Steccherinum Gray .......................................................................................................... 89
Steccherinum ochraceum (Pers.) Gray............................................................................90
Steccherinum subochraceum Bononi et Hjortstam..........................................................92
Subulicystidium Parmasto................................................................................................93
Subulicystidium brachysporum (Green et Talbot) Jülich ................................................. 94
Subulicystidium longisporum (Pat.) Parmasto ................................................................. 95
Trechispora P. Karst. ...................................................................................................... 96
Trechispora farinacea (Pers.:Fr.) Liberta.........................................................................97
Trechispora mollusca (Pers.:Fr.) Liberta .........................................................................98
Trechispora subsphaerospora (Litsch.) Liberta ............................................................... 99
Tubulicium Oberw. ......................................................................................................................99
Tubulicium vermiferum (Bourdot) Oberw. .......................................................................100
Xenosperma Oberw. .......................................................................................................101
Xenosperma murrillii Gilb. et M. Blackw. ........................................................................102
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