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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE PESCA E AQÜICULTURA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS PESQUEIROS E
AQÜICULTURA.
Características ambientais e das comunidades fitoplanctônicas dos
estuários dos rios Siriji e Botafogo no litoral norte de Pernambuco.
RecifePE
2005
WERUSKA DE MELO COSTA-LIMA
Orientador: Prof. Dr. William Severi.
DEPAq / UFRPE
Co-orientador: Prof
a
. Msc. Lucy
Moreira de Barros.
DEPAq / UFRPE
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Recursos
Pesqueiros e Aqüicultura da UFRPE
Departamento de Pesca e Aqüicultura,
para obtenção do título de Mestre.
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Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central – UFRPE
C837c Costa-Lima, Weruska de Melo
Características ambientais das comunidades fito-
planctônicas dos estuários dos rios Sirigi e Botafogo
no litoral norte de Pernambuco / Weruska de Melo
Costa-Lima – 2005.
76 f. : il., tabs.
Orientador: William Severi
Dissertação (Mestrado em Recursos Pesqueiros e
Aqüicultura) – Universidade Federal Rural de Pernam-
buco. Departamento de Pesca.
Referências.
CDD 636.31
1. Comunidade fitoplanctônica
2. Estuário
3. Sirigi, Rio (PE)
4. Botafogo, Rio (PE)
5. Aqüicultura
6. Pernambuco
I. Severi, William
II. Título
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
Características ambientais e das comunidades fitoplanctônicas dos
estuários dos rios Siriji e Botafogo no litoral norte de Pernambuco.
Por
WERUSKA DE MELO COSTA-LIMA
Esta dissertação foi julgada adequada para obtenção do título de:
MESTRE EM RECURSOS PESQUEIROS E AQÜICULTURA
E aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Recursos
Pesqueiros e Aqüicultura.
Prof. Alfredo Olivera Gálvez, Dr.
Coordenador do Curso.
Banca Examinadora:
Dr. William SeveriOrientador.
Dra. Maria do Carmo Figueiredo Soares – UFRPE.
Dr. Alfredo Olivera Gálvez – UFRPE.
Dra. Analbery Monteiro – Profa. Convidada – UFRPE – Membro Externo.
Suplente: Dr. Eudes de Souza Correia – UFRPE.
Dedico este trabalho:
A Deus, pela vida,
aos meus Pais, pelo incansável apoio em todas as horas,
aos meus lindos filhos: Hérique e Luiz Henrique, vocês são a força que preciso
para caminhar e ter equilíbrio,
e à minha família.
Ao Sol,
Fonte de luz que permite todo o funcionamento do Ecossistema, do qual
dependemos diretamente, e que, se não o fosse, limitaria nossa permanência
no planeta.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq, pela concessão da bolsa;
Ao Instituto do Milênio – Projeto RECOS – RS;
Ao meu Orientador, Prof. Dr. William Severi, pela confiança;
À minha Co-orientadora, mãe profissional e amiga, Profa. Msc. Lucy Moreira de
Barros, sem ela o Fitoplâncton não permaneceria em minha vida;
Aos membros da banca examinadora, titulares e suplentes, pelas críticas e
sugestões, que contribuíram para a melhoria deste trabalho;
Ao Departamento de Pesca a Aqüicultura, em nome de todos os Professores e
Funcionários, que sempre apóiam nosso crescimento;
Aos Laboratórios de Planctologia, Limnologia e Ictiologia da UFRPE, em
especial aos estagiários (as) e alunado;
Aos meus familiares, por sempre entenderem e me apoiarem nas constantes
ausências;
A todos os amigos de turma, digo, das turmas (que não são poucos), pelos
momentos de descontração e sinceridade;
A todos aqueles que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização
deste trabalho.
Sumário
Características ambientais e das comunidades fitoplanctônicas nos estuários
dos rios Siriji e Botafogo no litoral norte de Pernambuco.
Resumo ............................................................................................................. 1
Abstract ............................................................................................................. 3
Capítulo I
Caracterização hidrológica dos estuários dos rios Siriji e Botafogo no litoral
norte de Pernambuco, utilizados por empreendimentos de carcinicultura.
Resumo .............................................................................................................. 5
Abstract .............................................................................................................. 7
Introdução .......................................................................................................... 9
Material e Métodos .......................................................................................... 12
Resultados ....................................................................................................... 14
Discussão ........................................................................................................ 22
Conclusões ...................................................................................................... 28
Referências Bibliográficas ............................................................................... 29
Capítulo II
Análise da estrutura da comunidade fitoplanctônica nos estuários dos rios Siriji
e Botafogo no litoral norte de Pernambuco.
Resumo ............................................................................................................ 36
Abstract ........................................................................................................... 37
Introdução ........................................................................................................ 38
Material e Métodos .......................................................................................... 41
Resultados ....................................................................................................... 43
Discussão ........................................................................................................ 56
Conclusões ...................................................................................................... 61
Referências Bibliográficas ............................................................................... 63
Características ambientais e das comunidades fitoplanctônicas nos
estuários dos rios Siriji e Botafogo no litoral norte de Pernambuco.
Resumo
O levantamento das características físicas e químicas da água e do
fitoplâncton constitui um fator importante no zoneamento ambiental por permitir
a determinação da produtividade natural dos corpos d’água e do potencial de
aproveitamento pelo homem, além de fornecer subsídios à correta utilização
dos recursos naturais. O estuário constitui um ambiente de transição entre dois
ecossistemas adjacentes com características morfológicas e dinâmicas
especiais de instabilidade das variáveis físicas e químicas. Este ambiente
desempenha importante papel na transferência de sedimentos, água e energia
entre os sistemas fluvial e marinho além de funcionar como depósito costeiro
natural, inclusive de contaminantes, e proteger a costa no controle de
enchentes. A área de estudo localizou-se no litoral Norte do estado de
Pernambuco, incluindo os estuários Siriji e Botafogo (entre abril/03 e março/04
nos períodos de lua crescente e maré vazante). Foram coletadas amostras de
água e do fitoplâncton, as quais foram analisadas considerando os valores de
temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, pH, clorofila-a, sólidos totais
dissolvidos, nitrato, nitrito, amônia, fosfato inorgânico, fósforo total e fosfato
total. A determinação da composição fitoplanctônica foi feita através de
contagem direta, usando-se microscópio binocular. Os resultados foram
relacionados com algumas variáveis ambientais tais como: precipitação
pluviométrica, temperatura, salinidade, transparência da água e sais nutrientes.
No mar, a eutrofização causada por contaminação, por exemplo, por esgotos
domésticos ou industriais com elevada carga de nutrientes, pode propiciar o
aparecimento de florações de fitoplâncton, representadas por grupos diversos,
que levam à diminuição do oxigênio dissolvido ou liberação de toxinas
específicas. Entre as amostras dos dois estuários, os taxa ocorrentes foram os
usualmente encontrados no fitoplâncton de águas continentais. Considerando a
capacidade dos ecossistemas receptores diluir os efluentes, é provável que em
áreas costeiras com baixa produtividade, a descarga das águas eutróficas
possa, na realidade, vir a beneficiar a produtividade natural destes ambientes,
mas para isso é necessário um monitoramento constante, desde a captação
das águas para os empreendimentos até a sua saída (efluentes) ao ambiente.
Outro ponto importante a ser considerado é a adição contínua de sedimentos
que causam significantes alterações nos ecossistemas costeiros, que
aumentam muito a quantidade de nutrientes e diminuem a passagem de luz,
levando o local a um processo de eutrofização.
Abstract
Environmental characteristics of the phytoplankton communities of two
estuaries Siriji and Botafogo of the coast north of Pernambuco.
The survey of the characteristics physical-chemical of the water and
phytoplankton constitutes an important factor in the environmental zoning
allowing the determination of the natural productivity of the bodies waters, its
potential for man exploitation, besides supplying subsidies to the correct use of
its natural resources. The estuary constitutes a transition environment between
two adjacent ecosystems with morphologic and dynamic characteristics special
of instability of the physical and chemical parameters. This environment plays
important role in the transference of sediments, water and energy between the
systems fluvial and marine besides functioning as natural coastal deposit, also
contaminants, and protecting the coast in the flood control. The study area is
situated in the coast north of the state of Pernambuco, including the estuary of
the Botafogo and Siriji. During the period of study (abril/03 - mar/04 in the
periods of increasing moon and receding tide), samples of water and plankton
had been collected. The samples had been analyzed considering the values of
temperature, salinity, dissolved oxygen, pH, chlorophyll-a, totals dissolved
solids, nitrate, nitrite, ammonia, inorganic phosphate, and total phosphate. The
determination of the phytoplankton a composition was made through direct
counting, using the microscope. The results had been related with some
ambient parameters such as: precipitation, temperature, salinity, transparency
of the water and you leave nutrients. In the sea, the eutrofization caused for
contamination, for example, for domestic or industrial sewers with raised load of
nutrients, can propitiate the appearance of biddings of phytoplankton,
represented for diverse groups that take to the reduction of the dissolved
oxygen or specific toxin release. It the samples of the two estuaries, the taxa
had been usually found in phytoplankton of continental waters. Considering the
capacity of receiving ecosystems to dilute the effluent ones, it is probable that in
coastal areas with low productivity, the discharge of eutrophics waters can, in
the reality, to come to benefit the natural productivity of these environments, but
for this a constant monitorament is necessary, since the capitation of waters for
the until its exit (effluent) to the environment. Another point important to be
considered is the constant addition of sediments that cause significant
alterations in the coastal ecosystems that increase the amount of nutrients very
and diminish the light ticket, leading the place to an eutrophication process.
Capítulo I
Caracterização hidrológica dos estuários dos rios Siriji e Botafogo no
litoral norte de Pernambuco, utilizados por empreendimentos de
carcinicultura.
Resumo
Devido à degradação ambiental, os complexos estuarinos vêm sendo
afetados e, como conseqüência, podem estar com a sua produtividade
limitada. Uma provável fonte de poluição dos ecossistemas marinhos é a
aqüicultura, através de seus efluentes. O levantamento das características
físicas e químicas da água constitui um fator importante no zoneamento
ambiental por permitir a determinação da produtividade natural dos corpos
d’água e de seu potencial de aproveitamento pelo homem, além de fornecer
subsídios à correta utilização de seus recursos naturais. Durante o período
de estudo (abril/03 a março/04, nos períodos de lua crescente e maré
vazante), foram coletadas 288 amostras de água e analisados os valores de
temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, pH, clorofila-a, sólidos totais
dissolvidos, nitrato, nitrito, amônia, fosfato inorgânico, fósforo total e fosfato
total. A partir destes dados foram determinadas médias entre as estações
estudadas a cada metro de profundidade ao longo da coluna d’água em
cada estação, desde a superfície até o fundo. As variações em relação aos
quatro fatores considerados na ANOVA (período: dia e noite; mês; estações
e estuários) apenas para o período não apresentou diferença significativa
(p<0,05) para os resultados da análise de água. Considerando a capacidade
dos ecossistemas receptores diluir os efluentes, é provável que em áreas
costeiras com baixa produtividade, a descarga das águas eutróficas possa,
na realidade, vir a beneficiar a produtividade natural destes ambientes, mas
para isso é necessário um monitoramento constante, desde a captação das
águas para os empreendimentos até a sua saída (efluentes) ao ambiente.
Outro ponto importante a ser considerado é a adição contínua de
sedimentos que causam significantes alterações nos ecossistemas costeiros
e são jogados em grandes quantidades no mar pela erosão dos rios
(particulados), pela ação humana, ou pelos empreendimentos em geral, que
aumentam a quantidade de nutrientes e diminuem a passagem de luz,
levando o local a um processo de eutrofização. Neste contexto, torna-se
necessário que o poder público internalize práticas de planejamento
estratégico, realizando planos de controle, monitoramento e fiscalização de
empreendimentos voltados para o uso e exploração econômica de áreas
litorâneas e, especialmente, a definição regulatória de uso do solo, proteção
ambiental e de processos indutores de desenvolvimento sustentável.
Abstract
Hydrological characterization of two estuaries Siriji and Botafogo of the
coast north of Pernambuco used by shrimp farms.
Due to environment degradation, the estuarine complexes come being
affected, as consequence, can be with its limited productivity. A probable
source of pollution of marine ecosystems is the aqüicultura, through its effluent
ones. The survey of the physical and chemical characteristics of the water
constitutes an important factor in the ambient zoning "of allowing to the
determination of the natural productivity of the estuaries, its potential of
exploitation for the man, besides supplying subsidies to the correct use of its
natural resources. During the period of study (april/03 - mar/04, in the periods of
increasing moon and receding tide), 288 water samples had been collected and
analyzed the values of temperature, salinity, dissolved oxygen, pH, chlorophyll-
a , totals dissolved solids, nitrate, nitrite, ammonia, inorganic phosphate, and
total phosphate. Starting from these data they were certain averages among the
stations studied to each meter of depth along the column of water in each
station, from the surface to the bottom. The variations in relation to the four
factors considered in ANOVA (period: day and night; month; stations and
estuaries) just for the period it didn't present significant difference (p < 0,05) for
the results of the analysis of water. Considering the capacity of the receiving
ecosystems to dilute the effluents, it is probable that in coastal areas with low
productivity, the discharge of the eutrophic waters can, in reality, to come to
benefit the natural productivity of these adapts, but for that it is necessary a
constant monitorament, from the reception of the waters for the enterprises until
your exit (effluents) to the atmosphere. Another important point to be
considered is the constant addition of sediments that you/they cause significant
alterations in the coastal ecosystems and they are played in great amounts in
the sea for the erosion of the rivers (particulates), for the human action, or for
the enterprises in general, that increase the amount of nutrients a lot and they
decrease and a lot the light passage, taking the place to an process
eutrophication. In this context, necessary that the power public practical
internalize of strategic planning, accomplishing control plans, monitorament and
fiscalization of farms gone back to the use and economical exploration of
coastal areas and, especially, the regulatory definition for use of the soil,
environmental protection and of induced processes of sustainable development.
1. Introdução
O levantamento das características físicas e químicas da água constitui
um fator importante no zoneamento ambiental por permitir a determinação da
produtividade natural dos corpos d’água e de seu potencial de aproveitamento
pelo homem, além de fornecer subsídios à correta utilização de seus recursos
naturais. Neste aspecto‚ as águas estuarinas são normalmente consideradas
mais produtivas que as de mar aberto‚ com uma produtividade de cerca de 10 a
100 vezes maior que das águas oceânicas ou mesmo continentais (Perkins‚
1974 in Peixinho et al.‚ 1980).
A influência do aporte fluvial sobre a qualidade de água no meio marinho
adjacente determina modificações em suas características, como condutividade
elétrica‚ pH‚ concentração de nutrientes‚ etc‚ acarretando flutuações nas
populações planctônicas e na organização dos organismos de níveis tróficos
superiores (Bellan‚ 1980).
O estuário constitui um ambiente de transição entre dois ecossistemas
adjacentes com características morfológicas e dinâmicas especiais de
instabilidade dos parâmetros físicos e químicos (Cognetti e Maltagliati, 2000).
Este ambiente desempenha importante papel na transferência de sedimentos,
água e energia entre os sistemas fluvial e marinho, além de funcionar como
depósito costeiro natural, inclusive de contaminantes, e proteger a costa no
controle de enchentes (Ridgway e Shimmield, 2002; Naylor et al., 2000).
Preocupações têm sido manifestadas sobre os impactos de efluentes de
fazendas de camarão em ecossistemas aquáticos. Eutrofização e
sedimentação decorrentes dos efluentes podem levar à modificação de
habitates, perda de fauna sensitiva e degradação de valores objetivos.
Pesquisas recentes indicam que autoridades responsáveis por recursos
naturais e produtores de camarão no Brasil, Estados Unidos, Honduras,
Nicarágua e Tailândia têm programas de monitoramento para avaliarem o
impacto de efluentes nos estuários. Até a presente data, nenhuma tendência, a
longo prazo, de deterioração da qualidade da água tem sido detectada
(Chamberlain, 2003).
Efluentes de viveiros de camarão podem contribuir significativamente
com os carregamentos elevados de nutrientes em ambientes litorais. As
estimativas dos nutrientes e dos sedimentos que entram em canais costeiros
dos viveiros de camarão indicam que a maioria deste material se origina das
rações adicionadas (Machintosh & Phillips, 1992; Briggs & Funge-Smith, 1994).
O ciclo hidrológico é o agente de saneamento da terra que livra o
planeta de seus poluentes naturais e produzidos pelo homem, através do
processo de diluição. Entretanto, os dejetos tóxicos que acabam no oceano
provenientes do escoamento da superfície podem tornar-se concentrados em
níveis letais. Muitas substâncias diluídas para níveis supostamente seguros
nas correntes, lagos e mares são concentradas por atividades biológicas, que
se iniciam na base da cadeia alimentar e são levadas para os peixes e outros
organismos aquáticos (Erickson, 1992).
Devido a sua localização entre os ambientes terrestre e marinho, os
estuários têm sido convertidos em locais de desenvolvimento urbano, industrial
e recreacional (Ridgway e Shimmield, 2002).
Nos estuários, os manguezais constituem áreas preferenciais para a
instalação de sistemas de cultivo de camarão devido às características
ambientais já citadas, como tamm pela sua fisiografia e distribuição entre as
zonas tropical e subtropical, cujas latitudes são típicas da área de concorrência
das espécies cultivadas (Primavera, 1994; Páez-Ozuna, 2001). Porém, é neste
ambiente que o cultivo de camarões tem sido associado a diferentes distúrbios
ecológicos, sociais e econômicos como: poluição das águas costeiras;
eutrofização; erosão genética e perda de biodiversidade; salinização de
aqüíferos e solos; siltação; erosão costeira; marginalização das comunidades
costeiras; conflitos sociais relacionados à conversão de terras e declínio da
produção doméstica como local de alimentos (Barg, 1992; Primavera, 1994;
1997; Déb, 1998; SRAC, 1999; Cognetti e Maltagliati, 2000; Naylor et al. 2000;
Tovar et al. 2003).
Além de a matéria orgânica incrementar a demanda de oxigênio para
mineralização de seus constituintes, e também favorecer o desenvolvimento de
microorganismos, especialmente bactérias, o aumento da concentração de
nutrientes (principalmente N e P) propicia uma excessiva floração de algas,
caracterizando uma água eutrofizada.
Sólidos em suspensão aumentam a turbidez da água, diminuindo a
penetração da luz e influenciando nos processos geomorfológicos
(principalmente sedimentação), podendo resultar em alterações na dinâmica
hidrológica do sistema, em zonas anóxicas no sedimento – o qual tende a
liberar gases tóxicos, e.g. H
2
S
2
e CH
4
– e no comprometimento das
comunidades bentônicas. Produtos químicos utilizados na carcinicultura são de
crescente preocupação ambiental, por conta de sua alta toxicidade e
persistência no meio ambiente e em sistemas biológicos do recurso hídrico
receptor, podendo acarretar profundas transformações ecológicas (Pillay, 1992;
Vinatea, 1997; Boyd, 1998; Esteves, 1998; Teichert-Coddington et al., 1999,
2000; Wu, 1999 e Graslund, 2000).
Poucos trabalhos na literatura científica têm sido reportados visando
caracterizar e quantificar os impactos diretos dessa atividade sobre os
ecossistemas hídricos adjacentes podendo ser um dos motivos desta carência
o recente crescimento e, conseqüente interesse internacional. Pode-se notar
que os trabalhos encontrados geralmente se baseiam em análises dentro de
curtos espaços de tempo e em recentes e pequenas atividades de cultivo.
Entretanto, tais estudos (Trott & Alongi, 2000; Mckinon et al., 2002a, 2002b e
Mendez, 2002) detectaram aumentos de salinidade, pH, DBO, OD, clorofila-a,
bactérias, nitrito, amônia, matéria inorgânica total, sólidos suspensos e P, além
de traços de alterações na infauna em ambientes hídricos aportando efluentes
de carcinicultura.
A eutrofização, os patógenos aquáticos e os componentes xenobióticos
tóxicos são as principais ameaças de poluição aos ecossistemas costeiros. A
maioria dos recursos pesqueiros marinhos de valor econômico depende de
ambientes estuarinos, em pelo menos um estágio de seu ciclo de vida, onde
formam uma complexa e sensível cadeia alimentar, que pode ser seriamente
danificada devido a estas agressões.
A eutrofização já tem causado grandes mudanças estruturais e
funcionais em comunidades fitoplanctônicas, zooplanctônicas e ícticas em
vastas áreas. Um grande exemplo de desequilíbrio ambiental, devido a
eutrofização é o fenômeno de floração excessiva de algas tóxicas, denominado
“maré vermelha”. Alguns registros mostram grandes mortalidades, tanto de
organismos no ambiente natural quanto em sistemas de cultivo, em extensas
áreas costeiras, causadas por este fenômeno (Wu, 1999; Glibert et al., 2002;
Ronnback, 2000).
O conhecimento acerca dos impactos nas águas costeiras, gerados por
efluentes de carcinicultura e que em extensão afetam as atividades de
aqüicultura, está apenas começando (Páez-Ozuna, 2001). Geralmente, as
opiniões e avaliações sobre as alterações ambientais estão dentro de uma
perspectiva imediata, ignorando os efeitos que as múltiplas e interdependentes
variáveis podem causar ao longo de décadas e séculos (Wurts, 2000).
Devido à carência de planejamento e à falta de regulamentação
adequada, já são numerosos os exemplos de declínio da produção de camarão
e de impacto ambiental (Páez-Ozuna, 2001). Um bom exemplo, e a principal
razão para o declínio da produção asiática nos anos 80 e 90, foi identificada na
deterioração da qualidade da água e no surgimento de numerosos patógenos: a
carcinicultura é tão dependente da integridade ambiental que não poderá ter
sucesso em locais degradados ou inadequados (Fuchs et al., 1999).
Os estuários dos rios Siriji e Botafogo, no litoral norte de Pernambuco, vêm
sendo utilizados para implantação de empreendimentos de carcinicultura. Desta
forma, torna-se necessário um estudo relativo à qualidade de água nestes
ambientes o qual permite avaliar as condições atuais, e dar suporte ao
monitoramento ambiental e à gestão dos recursos naturais.
2. Material e Métodos
A área de estudo localiza-se no litoral norte do estado de Pernambuco,
nos municípios de Goiana e Itapissuma, a oeste da Ilha de Itapessoca e
noroeste da Ilha de Itamaracá, entre 07°30’ e 07°43’ S e 034°51’ e 034°53’ W
(Figura 01), incluindo o estuário do Botafogo e do Siriji (CPRH, 2001).
Figura 01: Mapa do local de coleta, com as estações demarcadas em:
A
mostras de água foram coletadas com uma garrafa de Van Dorn e
imediatamente acondicionadas em recipientes de 1 L, acomodados em isopor com
gelo (resfriados), para análises de clorofila-a (Nusch, 1998), amônia (Koroleff, 1976),
ortofosfato e fósforo total (APHA, 1995), sólidos totais suspensos, frações orgânica e
inorgânica (método gravimétrico APHA, 1995), realizadas no Laboratório de
Limnologia do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE. As concentrações de
nitrato e nitrito foram determinadas segundo Mackereth et al. (1978), e de amônia,
segundo Koroleff (1976).
A transparência da água foi estimada através do disco de Secchi. As
variáveis: temperatura, pH, salinidade e concentração de oxigênio dissolvido
foram determinadas a cada metro de profundidade ao longo da coluna d’água
em cada estação, desde a superfície até o fundo, através de um analisador
multi-parâmetro YSI modelo 556. Os dados foram anotados em planilhas
específicas para posterior tratamento estatístico.
Dados de precipitação pluviométrica foram obtidos da Secretaria de
Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Dados de amplitude
das marés para o Porto de Recife foram obtidos do Departamento de
Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil.
Foram analisadas a normalidade e a homocedasticidade dos dados,
para verificar diferenças entre os meses e estações amostrados, aplicando-se
ANOVA, segundo as recomendações de Zar (1996), mediante teste
paramétrico ou não-paramétrico, com transformação de variável (se
necessário). Para tanto foi empregado o aplicativo Statistica.
A diversidade entre período e meses foi avaliada pelo índice de
freqüência de ocorrência e abundância relativa dos gêneros de Shannon-
Weaner (Krebs, 2000).
As coletas do material hidrológico foram realizadas ao longo de seis
estações de amostragem, sendo três em cada estuário, entre os meses de abril
de 2003 e março de 2004, na primeira quinzena de cada mês, na fase lunar
crescente e em maré vazante. Foram coletadas duas amostras de água, cada
uma com 1L (superfície e fundo) em cada estação, nos horários diurno e
noturno (de acordo com o regime de marés), totalizando 24 amostras de
água/mês, e 288 amostras/ano.
As estações foram georeferenciadas através de GPS Garmin Etrex, e as
coletas realizadas com auxílio de uma lancha equipada com motor de popa
(25HP).
3. Resultados
As variações em relação aos quatro fatores analisados (período; mês;
estação e estuário) não apresentaram diferenças significativas (p<0,05) para os
resultados da análise de água apenas entre os períodos. A precipitação
pluviométrica apresentou uma variação sazonal evidente durante o período de
amostragem, tendo o mês de junho/03 sido o de maior precipitação (490,9mm)
e o mês de novembro/03 o de menor (26,4mm) (Figura 2).
Figura 2: Precipitação pluviométrica acumulada (mm) do período de
amostragem para o município de Itamaracá - PE.
A transparência da água foi, na maioria dos meses, superior a 1m. Não
foi observado ritmo cíclico definido, ressaltando-se o mês de fevereiro/04
(menos de 0,5m) com os mais baixos valores de transparência e os mais altos
valores para o mês de novembro/03 (2,05m – BF (Botafogo) e 1,58m SI
(Siriji)) para ambos os estuários (Figura 3).
Figura 3: Média da transparência do disco de Secchi por mês nos
estuários Siriji e Botafogo entre os meses de abril/2003 e março/2004.
Os dados de temperatura obtidos nos estuários nos primeiros
meses de amostragem foram semelhantes, só havendo uma ligeira queda
no mês de dezembro/2003, no estuário do Botafogo e no mês de
Meses
0
0,5
1
1,5
2
2,5
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Transparência (m)
BF SI
0
100
200
300
400
500
600
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Precipitação pluviométrica (mm)
março/2004 no estuário do Siriji (Figura 4). Contudo, ao longo das estações,
em ambos os estuários, observou-se uma correlação direta entre
temperatura e salinidade, onde houve uma pequena diferença no mês de
fevereiro/2004 ocasionadas por um maior aporte de água doce devido às
fortes chuvas durante a coleta, que não influenciou no total acumulado no
mês.
Figura 4: Variação média da temperatura da água nos estuários Siriji e
Botafogo entre os meses de abril/2003 e março/2004.
O oxigênio dissolvido, no rio Siriji, variou de 0,65mg/L no mês de
março/04 a 5,47mg/L no mês de julho/03. No Botafogo, o menor valor foi
0,75mg/L no mês de agosto/03 e o maior 6,56mg/L no mês de julho/03, todos
na estação 3 nos dois rios. No mês de março/04, os valores não foram
mensurados no Botafogo por problemas na sonda do multiparâmetro. (Figura
5).
Figura 5: Variação média do oxigênio dissolvido nos estuários Siriji e
Botafogo entre os meses de abril/2003 e março/2004.
0
1
2
3
4
5
6
7
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Oxigênio dissolvido (mg/L)
BF SI
15
20
25
30
35
40
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Temperatura (°C)
BF SI
Os valores de salinidade em quase todos os meses de amostragem
foram mais elevados no Siriji com seu maior valor no mês de dezembro/03
com 35,43 – estação 3 – noite e o menor valor no mês de fevereiro com 7,51
– estação 1 – noite. No Botafogo, o maior valor foi no mês de novembro/03
com 29,71 – estação 1 – dia e o menor foi 12,14 – estação 2 – dia. (Figura
6).
Figura 6: Variação média da salinidade nos estuários Siriji e Botafogo
entre os meses de abril/2003 e março/2004.
O pH da água oscilou entre valores próximos da neutralidade. No Siriji o
maior valor foi 9,26 no mês de agosto/03, estação 3 e o menor valor 5,56 em
janeiro/04 na estação 2. No Botafogo o maior valor foi 9,49 no mês de julho/03,
estação 3 e o menor valor 5,62 em janeiro/04 tamm na estação 2, e durante
o dia em ambos os estuários (Figura 7).
5
10
15
20
25
30
35
40
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Salinidade
BF SI
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
pH
BF SI
Figura 7: Variação média do pH nos estuários Siriji e Botafogo entre os
meses de abril/2003 e março/2004.
As concentrações de clorofila-a apresentaram um padrão de
variação semelhante nos dois estuários ao longo do período de estudo, apesar
das diferenças entre os meses. No Siriji, o maior valor registrado foi 29,01mg/L
na estação 1 – noite e o menor valor registrado foi 1,68mg/L no mês de
abril/03, estação 3 – dia. No Botafogo, o maior valor foi 331,57mg/L no mês de
fevereiro/04, estação 1 – noite e o menor valor registrado foi 2,91mg/L no mês
de dezembro/03, estação 3 – noite. (Figura 8).
Figura 8: Variação média da clorofila-a nos estuários Siriji e Botafogo
entre os meses de abril/2003 e março/2004.
As concentrações de sólidos foram mais elevadas no Siriji, exceto nos
meses de janeiro/04, com 0,047mg/L, e fevereiro/04 com 0,055mg/L (Figura 9),
podendo estar relacionado com a largura do estuário, uma vez que o Siriji é
bem mais estreito que o Botafogo e por se encontrar mais próximo ao mar,
sofrendo então maior turbidez pelo regime de marés. O maior valor foi
0,074mg/L no Siriji (estação 1 – noite) e o menor valor 0,020mg/L no mês de
setembro/03, estação 1 - dia. No Botafogo, O maior valor foi 0,064mg/L no mês
de novembro/03, nas estações 1 e 3 – dia e o menor valor foi 0,01 no mês de
novembro/03 – dia.
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
0,035
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Clorofila-a (ug/L)
BF SI
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Sólidos dissolvidos totais (mg/L)
BF SI
Figura 9: Variação dos sólidos totais dissolvidos nos estuários Siriji e
Botafogo entre os meses de abril/2003 e março/2004.
No mês de janeiro/2004, no Botafogo, os valores máximo e mínimo para
o nitrato foram, respectivamente 1366,72mg/L no mês de janeiro/04 na estação
1 – noite e 0,00mg/L causando uma diferença significativa entre o Siriji. Neste,
os valores foram, respectivamente 0,084mg/L no mês de outubro/03 na
estação 3 – noite e 77,164mg/L no mês de fevereiro/04 na estação 2 – dia
(Figura 10).
Figura 10: Variação média do nitrato (mg/L) nos estuários Siriji e
Botafogo entre os meses de abril/2003 e março/2004.
Para o Botafogo, os valores de nitrito máximo e mínimo foram,
respectivamente 3,939mg/L no mês de abril/03 nas estações 2 e 3 – dia e
0,00mg/L no mês de março/04 na estação 2 – noite. No Siriji, os valores foram,
respectivamente, 0,00mg/L no mês de dezembro/03 na estação 1 – noite e
5,66mg/L no mês de setembro/03 na estação 2 – noite. (Figura 11).
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Nitrato Log (ug/L)
BF SI
0,000
0,001
0,002
0,003
0,004
0,005
0,006
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Nitrito Log (ug/L)
BF SI
Figura 11: Variação média do nitrito nos estuários Siriji e Botafogo entre
os meses de abril/2003 e março/2004.
A concentração de amônia diferiu entre os rios, principalmente de abril a
junho/2003, de agosto a novembro/2003 e novamente em fevereiro/2004,
quando alguns valores do Botafogo representaram quase o dobro dos
registrados nas águas do Siriji. Para o Botafogo, o valor máximo foi 191,94mg/L
no mês de fevereiro/04 nas estações 1 – noite, chegando a zero nos meses de
dezembro/03 e janeiro/04. Os menores valores foram No Siriji, 169,50mg/L no
mês de setembro/03 na estação 2 – noite e chegando a zero em quase todos
os meses, exceto em setembro e outubro/03 e fevereiro e março/04 (Figura
12).
Figura 12: Variação média das concentrações de amônia nos estuários
Siriji e Botafogo entre os meses de abril/2003 e março/2004.
O fosfato inorgânico foi mais elevado na maioria dos meses, no
Botafogo, havendo apenas uma exceção: fevereiro/04. Para o Botafogo, o valor
máximo foi 29,45mg/L no mês de fevereiro/04 na estação 2 – dia, chegando a
zero no mês de setembro/03. No Siriji, os valores foram, respectivamente,
30,38mg/L no mês de fevereiro/04 na estação 3 – dia e chegando a zero nos
meses de setembro e outubro/03. (Figura 13).
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Amônia Log (ug/L)
BF SI
0,000
0,005
0,010
0,015
0,020
0,025
0,030
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Fosfato inorgânico Log (ug/L)
BF SI
Figura 13: Variação média do fosfato inorgânico nos estuários Siriji e
Botafogo entre os meses de abril/2003 e março/2004.
No Botafogo, quanto ao fosfato total, o valor máximo foi 211,48mg/L no
mês de junho/03 na estação 1 – dia, e o menor valor foi 14,54mg/L no mês de
fevereiro/04. No Siriji, os valores máximo e mínimo foram, respectivamente,
158,61mg/L no mês de abril/03 na estação 3 – noite e 15,83 no mês de
janeiro/04, estação 3 – dia. (Figura 14).
Figura 14: Variação média do fosfato total nos estuários Siriji e Botafogo
entre os meses de abril/2003 e março/2004.
O fósforo total no Botafogo teve seu valor máximo de 369,83mg/L no
mês de maio/04 na estação 2 – dia, e o menor valor foi 32,97mg/L no mês de
fevereiro/04, na estação 3 - dia. No Siriji, os valores máximo e mínimo foram,
respectivamente, 493,11mg/L no mês de maio/04 na estação 3 – dia e 38,79 no
mês de fevereiro/04, nas estações 1 e 3 – dia. (Figura 15).
Figura 15: Variação média do fósforo total nos estuários Siriji e Botafogo
entre os meses de abril/2003 e março/2004.
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Fósforo total Log (ug/L)
BF SI
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Fosfato total Log (ug/L)
BF SI
4. Discussão
No estuário do rio Botafogo, Passavante & Koening (1984) verificaram
que o menor valor de desaparecimento do disco de Secchi foi com 0,30m,
ocorrendo no mês de setembro. No presente trabalho, O valor máximo foi de
2,10m, ocorrido no mês de novembro. Comparando ao estuário do Jaguaribe,
Caheté-Neto (2003) observou que entre junho e agosto, período que
compreende a estação chuvosa, a água se mostrou menos transparente. Entre
os meses de setembro e dezembro demonstrou uma certa uniformidade e,
entre fevereiro e abril foram registrados os maiores índices de transparência.
O oxigênio dissolvido é um dos elementos mais importantes para a
manutenção da qualidade ambiental dos ecossistemas aquáticos, além de ser
um elemento essencial para a oxidação, decomposição e ciclagem da matéria
orgânica que circula nos ecossistemas. De acordo com Esteves (1988), as
principais fontes de oxigênio dissolvido para a água são a atmosfera e a
fotossíntese. Por outro lado, as perdas são atribuídas ao consumo pela
decomposição de matéria orgânica (oxidação), perdas para a atmosfera,
respiração de organismos aquáticos e oxidação de íons metálicos, como por
exemplo, o ferro e o manganês (em águas que contenham altas concentrações
destes metais). Os níveis naturais de oxigênio dissolvido dependem de fatores
físicos a exemplo da temperatura e pressão atmosférica, aspectos químicos e
atividade bioquímica do meio. Assim como a elevação da temperatura e
diminuição da pressão ocorre redução da solubilidade do oxigênio na água
(Martins & Bittencourt, 1994).
De acordo com Macedo et al. (2000), o oxigênio dissolvido é um
importante indicador de áreas poluídas, uma vez que baixas concentrações
poderão indicar uma poluição química, física ou biológica. O autor tamm
explica que teores elevados de oxinio dissolvido estão associados a valores
alcalinos de pH. Esta citação explica os resultados nos meses de julho e
agosto/2003, onde os valores de pH foram superiores a 7,0 e a taxa de
oxigênio dissolvido sofre uma queda, isto acontece simultaneamente nos dois
estuários.
No presente trabalho, a temperatura e a salinidade apresentaram uma
correlação direta para os dois estuários, confirmando Macedo & Costa (1978) e
Alves (2003) quando afirmaram que na estação seca as altas temperaturas e
altas salinidades coexistem devido à redução de água doce, através de um
fluxo menor proveniente dos rios e da chuva e que na estação chuvosa as
baixas temperaturas quase sempre coincidem com baixas salinidades, devido
ao aumento no fluxo de água.
Os perfis diários de temperatura e salinidade não sofreram diferenças
significativas entre superfície e fundo e nem entre dia e noite. O aquecimento e
o provável resfriamento aconteceram em toda a coluna d’água, podendo ser
ocasionado pelo ciclo de marés nas coletas (marés vazantes) o que pode não
ter modificado muito a temperatura devido a pouca profundidade local no
decorrer das coletas. As variações sazonais demonstraram que estas variáveis
físicas foram diretamente influenciadas pelo regime de chuvas na região.
A concentração de oxigênio dissolvido variou, com uma correspondente
taxa de saturação de 1,21 a 5,47 % e uma certa variação longitudinal e vertical‚
que pode ser atribuída a processos biológicos locais de consumo ou produção
fotossintética de oxigênio. Segundo Peixinho et al. (1980)‚ nas zonas
estuarinas tropicais e subtropicais é comum a ocorrência de processos
biológicos (fermentações) que impõem elevações temporárias na demanda
bioquímica de oxigênio.
Alves (2003) apresentou dados de oxigênio dissolvido em baixas
concentrações para o Botafogo e para o Siriji, e, associando-os com o pH
encontrado (superior a 7,0) e outras referências para o local, não há déficit de
oxigênio nesta região estuarina.
Macedo (1982) estudando o estuário do Botafogo descreveu um
evidente ciclo sazonal para a temperatura. As diferenças verticais não
ultrapassaram 1 °C, devido provavelmente, à constante mistura das águas e à
pequena profundidade do estuário, fato anteriormente demonstrado por Okuda
et al. (1960) em Barra das Jangadas – Pernambuco – Brasil e Macedo (1974) e
Cavalcanti (1976), no Canal de Santa Cruz – Pernambuco.
Macedo (1982) observou que, mesmo devido à constante influência da
água oceânica através do canal de Santa Cruz, a distribuição horizontal da
salinidade permitiu delimitar zonas mixo-oligohalinas e limnéticas em algumas
estações similares a 01 e 02 no presente estudo e mixo-eualina e mixo-
polialina nas estações similares às 03 do presente estudo.
O mesmo autor, em estudo realizado no Botafogo, observou uma
estreita relação entre as variações do oxigênio dissolvido e do pH associado
com o aumento da pressão parcial do CO
2
, relatando que este aumento é
favorável para a fotossíntese e desfavorável para a fauna.
Alves (2003) estudando os mesmos locais, constatou valores para a
clorofila-a mais baixos que os feopigmentos no infralitoral dos rios, resultando
da correlação de Pearson, que indica uma relação direta entre a concentração
de clorofila-a (matéria viva) e a concentração de feopigmentos (detritos
vegetais), ou seja, à medida que ocorre um aumento da matéria viva no
ambiente, haverá um aumento de detritos.
A determinação dos pigmentos clorofilianos é muito difundida nos
estudos de Oceanografia e Limnologia por se relacionar com a biomassa do
fitoplâncton, sua produtividade, bem como seu estado fisiológico. No entanto,
estas são relações complexas com aplicação limitada. As razões entre os
constituintes celulares variam ao longo da vida de um indivíduo, diferem de
uma espécie para outra e mudam em função das condições energéticas. Isto
foi especialmente comprovado através da análise das razões clorofila-
a/carbono orgânico (Steele & Baird, 1962).
Os pigmentos dão informações sobre o estado fisiológico de uma
comunidade fitoplanctônica na medida em que, em qualquer população em
declínio, o teor de clorofila-a diminui, enquanto seus produtos de degradação
(feopigmentos) e os carotenóides aumentam. Na fase senil, a evolão
pigmentar depende também da composição da comunidade fitoplanctônica, de
modo que a distribuição dos pigmentos representa um excelente índice do
estado fisiológico desta comunidade (Margalef, 1960).
Segundo Esteves (1988), as principais fontes de nitrogênio podem ser a
chuva, matéria orgânica e inorgânica de origem alóctone e a fixação do
nitrogênio molecular no próprio ambiente.
Caheté-Neto (2003) afirma que no rio Jaguaribe, os índices de nitrato se
mostraram sazonalmente bem distribuídos, apresentando valores mais altos
entre os meses de abril a agosto/01, onde apresentou seu pico. Nos meses
subseqüentes, apresentou um decréscimo entre setembro e outubro/01 e
março/02.
Em relação ao nitrato, os valores para os dois rios não excederam os
limites usualmente aceitos, que não deviam ultrapassar 0,005 mg/L,
representando uma toxina em potencial.
Quanto ao nitrito, Macedo & Costa (1978) registraram que algumas
estações no rio Igarassu apresentaram concentrações mínimas de 0,001µg-
at/L, em alguns meses. O máximo valor foi de 1,500µg-at/L, detectado no mês
de maio, na camada superficial da baixa-mar.
As variações do Nitrito–N não foram muito significantes, em virtude
deste nutriente ser rapidamente oxidado a Nitrato-N, o qual apresentou uma
variação bastante acentuada na maré-baixa. Estas variações foram bem mais
evidentes durante o período chuvoso, onde as águas precipitadas carreiam
uma apreciável quantidade de matéria orgânica para o estuário, fato este
tamm observado por Macedo (1982) no estuário do rio Botafogo.
Macedo et al., (2000), no Canal de Santa Cruz, puderam observar que
os valores de amônia foram mais elevados no período de verão. No período
chuvoso, o resultado foi um teor mais baixo deste nutriente no meio.
No presente trabalho, os valores de amônia também foram mais
elevados no mesmo período, fato este que pôde ser explicado pelas fortes
chuvas no mês de fevereiro ou descargas de esgotos domésticos no local. A
amônia, em concentrações a partir de 0,075mg/L, causa possíveis danos à
saúde dos que utilizam o corpo d’água, onde, a partir de 0,1 mg/L de amônia,
há risco de morte, particularmente em peixes jovens e a partir de
concentrações de 0,23 mg/L para todos os peixes.
Segundo Esteves (1988), as principais fontes naturais de fósforo
presentes em ecossistemas aquáticos são as rochas da bacia de drenagem. A
liberação do fósforo ocorre através da desagregação das rochas pela
intemperização, sendo este fósforo carreado pelo escoamento superficial,
alcançando os ecossistemas aquáticos de duas formas principais: solúvel
(menos provável) e adsorvido às argilas, sendo esta a mais importante via de
acesso aos ecossistemas aquáticos tropicais, devido à freqüência de solos
argilosos (solos antigos e muito intemperizados).
Cavalcanti et al.,(1981) no Canal de Santa Cruz, relataram que as
variações dos teores de fosfato apresentaram pequenas diferenças entre as
preamares e baixa-mares, excetuando-se alguns meses do ano, nos quais
foram superiores a 1µg-at/L. Macedo et al., (2000) acreditam que as
concentrações de fosfato neste canal sejam influenciadas diretamente pelos
transportes fluviais e pela precipitação pluviométrica, em virtude da existência
de jazidas de fosfato entre Olinda e Itamaracá. Tamm poderia estar
associada a outras atividades tais como agricultura, esgotos domésticos e os
efluentes do cultivo de camarão (Páez-Ozuna et al., 1999).
Em relação aos fosfatos, neste estudo, as concentrações mais elevadas
foram observadas coincidindo com os períodos de maiores precipitações
pluviométricas, mas que mostraram ser bastante acentuada em relação a
outros estuários, e a notável influência da carcinicultura, quanto aos valores
que se mostraram mais evidentes nas estações localizadas próximas à
desembocadura das fazendas aqüícolas.
Alves (2003), estudando meiofauna nos mesmos estuários, não
relacionou diferenças entre os dois rios ao efeito do efluente do cultivo de
camarão e aos níveis de fosfato total. O mesmo autor tamm relata que o
efluente do cultivo de camarão marinho não implicou em variação significativa
no número de táxons nem na densidade total da meiofauna, no infralitoral, que
são semelhantes aos obtidos por outros autores em áreas estuarinas tropicais.
Outro ponto importante a ser considerado é a adição constante de
sedimentos (particulados) que causam significantes alterações nos
ecossistemas costeiros e são jogados em grandes quantidades no mar pela
erosão dos rios, pela ação humana, ou pelos empreendimentos em geral, que
aumentam muito a quantidade de nutrientes e inibem a passagem de luz,
levando o local a um processo de eutrofização.
Caheté-Neto (2003) estudando o estuário do rio Jaguaribe, constatou a
forte influência da carcinicultura sobre a distribuição sazonal e espacial dos
nutrientes, interferindo sobre a dinâmica dos mesmos.
Neste contexto, torna-se extremamente necessário que o poder público
internalize crescentemente práticas de planejamento estratégico, obrigando a
realização de planos de controle, monitoramento e fiscalização de
empreendimentos voltados para o uso e exploração econômica de áreas
litorâneas e, especialmente, a definição de instrumentos regulatórios de uso do
solo, de proteção ambiental e de processos indutores de desenvolvimento
sustentável.
A legislão brasileira, com relão à fiscalização ambiental, é
satisfatória, mas, para mantermos as nossas reservas naturais, precisamos
manter a zona costeira, e isto significa reduzir o despejo de substâncias,
controlar as atividades de risco e aumentar nossos conhecimentos sobre o
ambiente aquático e os processos que regem o comportamento dos poluentes
nestes locais, como a circulação aquática, ciclos bioquímicos, relação dos
sedimentos na água, interação entre as espécies, etc.
Portanto, os ecossistemas costeiros requerem a extensão de
mecanismos legais de proteção ambiental subsidiados em estudos científicos
que covalidem estas áreas como de alta relevância ecológica especialmente
aquelas que estão submetidas atualmente a vetores de ocupação e exploração
econômica irracional.
5. Conclusões
Nos estuários estudados, o comportamento hídrico foi influenciado pela
dinâmica das marés, precipitação e variações no caudal fluvial.
Considerando a capacidade dos ecossistemas receptores diluir os
efluentes, é provável que em áreas costeiras com baixa produtividade, a
descarga das águas eutróficas possa vir a beneficiar a produtividade natural
destes ambientes, mas para isso é necessário um monitoramento constante,
desde a captação das águas para os empreendimentos até a sua saída
(efluentes) ao ambiente.
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Capítulo II
Análise da estrutura da comunidade fitoplanctônica nos estuários dos
rios Siriji e Botafogo no litoral norte de Pernambuco.
RESUMO
Foram realizados estudos quanti-qualitativos do fitoplâncton nos
estuários dos rios Siriji e Botafogo ao norte de Pernambuco. Amostras de
fitoplâncton foram recolhidas de seis estações, situando-se três em cada
estuário, durante o período de abril/03 a mar/04. A determinação da
biomassa foi feita através de contagem direta, usando microscópio binocular,
visando a determinação da composição do fitoplâncton. Os resultados foram
relacionados com algumas variáveis ambientais tais como: precipitação
pluviométrica, temperatura, salinidade, transparência da água e sais
nutrientes. As Bacillariophyta destacaram-se como o grupo mais importante,
apresentando-se com 100% de freqüência de ocorrência para os dois
estuários. Quantitativamente, o fitoplâncton apresentou valores
relativamente altos, apesar das diferenças significativas entre o período de
coleta em relão a Euglenophyta; Chlorophyta, Bacillariophyta e
Cyanobacteria aos meses de coleta, e em relação às estações e estuários
para Bacillariophyta. A composição específica do fitoplâncton foi
influenciada através do incremento de espécies marinhas e dulciaqüícolas
em função da maré, e dos períodos diurno e noturno. De uma maneira geral,
os gêneros se distribuíram uniformemente nas estações, apesar das
variações nas condições hidrológicas. No material identificado,
Coscinodiscus sp. e Chaetoceros sp. apresentaram uma freqüência de
ocorrência de 100% nos dois estuários e podem ser considerados como
característicos dos estuários em estudo. Estes gêneros podem habitar tanto
as águas costeiras como as águas oceânicas do estado de Pernambuco.
Entre as amostras dos dois estuários, os táxons ocorrentes foram aqueles
usualmente encontrados no fitoplâncton de águas continentais e costeiras.
Abstract
Analysis of community phytoplankton structure in two estuaries Siriji and
Botafogo of the coast north of Pernambuco.
Quant-qualitative studies of the phytoplankton were accomplished in two
estuaries to the north of Pernambuco: Botafogo and Siriji. These they based
on plankton samples of six stations, locating three in each river, during the
april/03 - march/04. The determination of the biomass was made through
direct count, using the microscope, seeking the determination of the
composition of the phytoplankton. The results were related with some such
environmental parameters as: precipitation, temperature, salinity,
transparency of the water and nutritious salts. Bacillariophyta stood out as
the most important group, coming with 100% of occurrence frequency for the
two rivers. The phytoplankton quantitative presented values relatively high, in
spite of presenting significant differences among the collection period in
relation to Euglenophyta; Chlorophyta, Bacillariophyta and Cyanobacteria to
the months of collection, and in relation to the stations and estuaries for
Bacillariophyta. The specific composition of the phytoplankton was influenced
through the increment of sea species and freshwaters in function of the tide,
and of the periods of the day and night. In a general, the distributed evening
in the stations, in spite of the variations in the conditions hydrological. Enter
the identified genres, Coscinodiscus sp. and Chaetoceros sp. they presented
a frequency of occurrence of 100% in the two rivers and they can be
considered as characteristic of the estuaries in study, these goods can
inhabit as much the coastal waters as the oceanic waters of the state of
Pernambuco. Among the samples of the two estuaries, the taxa currents
were the usually found in the phytoplankton of continental and coastal
waters.
1. Introdução
A preocupação em relação aos impactos ambientais causados ou
sofridos pela aqüicultura está aumentando. Existem sérias razões para que a
atividade seja ambientalmente regulamentada em seu próprio benefício, e em
favor de outras atividades. A aqüicultura não pode ser isolada do ambiente no
qual ela se insere. Seu desenvolvimento pode ser severamente limitado pela
poluição das águas, embora, paradoxalmente, ela própria cause algum grau de
poluição (Proença, 1998).
Os impactos ambientais podem ser vistos como parte de uma relação de
causa e efeito. Do ponto de vista analítico, o impacto ambiental pode ser
considerado como a diferença entre as condições ambientais que existiriam
sem esta ação (Dieffy, 1975). Uma alteração ambiental pode ser natural ou
induzida pelo homem, enquanto um efeito é uma alteração antrópica. Um
impacto inclui um julgamento do valor da significância de um efeito, a
estimativa ou o julgamento do significado e do valor do efeito ambiental, para
os receptores natural, sócio-econômico e humano (Munn, 1979). Efeito
ambiental tamm é a alteração mensurável da produtividade dos sistemas
naturais e da qualidade ambiental, resultante de uma atividade econômica
(Horberry, 1984).
Muitas vezes, podemos encontrar grandes áreas impactadas ou até
mesmo países e estados, devido ao rápido desenvolvimento econômico, sem
controle e manutenção dos recursos naturais. As conseqüências podem ser
poluição e uso incontrolado de recursos, como água e energia. Também,
podemos encontrar áreas impactadas por causa do subdesenvolvimento, que
trazem como conseqüência, a ocupação urbana indevida em áreas protegidas
e falta de saneamento básico (Tauk, 2000).
A carcinicultura marinha brasileira vem crescendo expressivamente nos
últimos anos. A produção de 7.250 toneladas em 1998 passou para 60.128
toneladas em 2002, o que representou um incremento de 829% em um
qüinqüênio (Rocha & Rodrigues, 2003). Com esse volume, o Brasil assumiu a
primeira posição do setor na América Latina. Em termos de produtividade, em
2002, o país se destacou na liderança mundial com 5.458 kg/ha/ano, resultado
da intensificação do sistema de cultivo apoiado no aperfeiçoamento de
tecnologias (Amaral et al., 2003). Porém, de um modo geral, a atividade vem
sendo desenvolvida de forma desordenada e à margem da regulamentação
legal, estabelecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA e
Conselhos Estaduais do meio Ambiente em Pernambuco, representando um
sério risco para os recursos naturais existentes nos estuários (CONAMA, 1986;
CONSEMA, 2002).
Após uma fase de acelerado crescimento da carcinicultura marinha
mundial, a degradação ambiental e a propagação de patógenos levaram os
principais países produtores a sofrer grande colapso no setor, acarretando
graves prejuízos econômicos, sociais e ambientais (Funge-Smith e Briggs,
1998; Vinatea, 1999; Kautsky et al., 2000). Porém, em países com grande
potencial para a atividade, como o Brasil e a China, a carcinicultura continua
em franca expansão (ABCC, 2002).
A carcinicultura, como qualquer outra atividade humana que visa a
produção de bens de consumo, transforma recursos naturais e produz
resíduos, sendo um problema quando destrói ou impacta manguezais, com
conseqüentes problemas ambientais e sociais. O cultivo semi-intensivo de
camarões marinhos, no Brasil, vem tendo paulatino avanço tecnológico, em
termos de desenho e manejo das fazendas (Severi, 2002).
Os valores ecológicos dos manguezais são numerosos em termos de
conservação da biodiversidade, pois representam o nicho ecológico de uma
ampla variedade de organismos marinhos e terrestres (Déb, 1998). Desta
forma, a conservação dos estuários é uma ação prioritária a ser tomada para a
garantia da viabilidade dos recursos pesqueiros, por funcionarem como
berçário natural para as formas juvenis de espécies de importância comercial
(Robertson et al., 1995).
Nascimento (2002) aborda as conseqüências ambientais da atividade,
citando que o uso excessivo das áreas com monocultivo de camarões pode
gerar problemas ambientais, os quais justificam a busca de alternativas de
locação dos empreendimentos de carcinicultura. O lançamento de efluentes
pelas fazendas de camarão pode exceder a capacidade assimilativa do corpo
receptor, resultando em comprometimento da qualidade da água para uso na
própria fazenda.
Em seu conjunto, o plâncton é de vital importância para os ecossistemas
marinhos, pois representa a base da teia alimentar pelágica nos oceanos, e
mudanças em sua composição e estrutura podem ocasionar profundas
modificações em todos os níveis tróficos. A comunidade planctônica apresenta
um caráter muito dinâmico, com elevadas táxons de reprodução e perda,
respondendo rapidamente às alterações físicas e químicas do meio aquático, e
estabelecendo complexas relações intra e interespecíficas na competição e
utilização do espaço e dos recursos (Valiela, 1995).
Variações no regime meteorológico, características geomorfológicas
regionais e impactos antropogênicos nas áreas costeiras estabelecem, em
conjunto, o regime hidrográfico particular de cada região, e,
conseqüentemente, as características taxonômicas e a dinâmica espaço-
temporal de suas comunidades planctônicas (Brandini et al., 1997).
Águas estuarinas, o plâncton tem papel fundamental: enquanto o
fitoplâncton sintetiza a matéria orgânica através da fotossíntese; o zooplâncton
serve de elo entre os produtores primários e muitos carnívoros, inclusive peixes
de interesse comercial, regulando as populações fitoplanctônicas através do
"grazing". Ambos influenciam e determinam as comunidades nectônicas e
bentônicas que têm estágio planctônico, além de atuarem na ciclagem de
nutrientes e transferirem energia de um ambiente para outro (Fonseca-
Genevois, 1994).
Entretanto, estuários com manguezais são tamm áreas de elevada
produtividade primária devido à alta concentração de nutrientes. Por outro lado,
altas concentrações de detritos podem causar pouca penetração da luz solar
nas águas estuarinas, afetando negativamente a fotossíntese (Schwamborn,
1997).
O fitoplâncton é o principal produtor primário dos ambientes aquáticos,
fixando, pela atividade fotossintética na zona eufótica, a matéria orgânica inicial
que permitirá o funcionamento da quase totalidade das teias alimentares. É
constituído por microalgas unicelulares e filamentosas, pertencentes a mais de
uma dezena de divisões, dentre as quais predominam quantitativamente:
Bacillariophyta (diatomáceas), Chlorophyta (clorofíceas), e Pyrrophyta
(dinoflagelados) além de Cyanobacteria (cianofíceas). As diatomáceas e os
dinoflagelados são encontrados tanto em regiões costeiras quanto oceânicas
(Parsons et al., 1984).
Vários grupos de pesquisas em plâncton têm-se destacado na região
Nordeste desde os anos 60, em especial no estado de Pernambuco. Datam
dessa época, os primeiros trabalhos em caráter sistemático do fitoplâncton,
como os de Eskinazi & Satô (1963); Ottmann et al., (1965) e Eskinazi-Leça
(1967; 1970).
Na costa norte de Pernambuco foi realizado estudos sobre a
composição e densidade do fitoplâncton no estuário dos rios Timbó, Botafogo e
Jaguaribe (Barros-Franca, 1980; Barros-Franca et al., 1981; 1984; Passavante
& Koening, 1986; Silva-Cunha et al., 1989; Koening & Eskinazi-Leça, 1989;
Macedo et al., 2000).
Os estuários dos rios Siriji e Botafogo, no litoral norte de Pernambuco,
vêm sendo utilizados para implantação de empreendimentos de carcinicultura.
Desta forma, torna-se necessário um estudo descritivo e ecológico das
populações fitoplanctônicas nestes ambientes permitindo avaliar as condições
atuais, e dar suporte ao monitoramento ambiental e à gestão dos recursos
naturais.
2. Material e Métodos
A área de estudo localiza-se no litoral norte do Estado de Pernambuco,
nos municípios de Goiana e Itapissuma, a oeste da Ilha de Itapessoca e
noroeste da Ilha de Itamaracá, entre 07°30’ e 07°43’ S e 034°51’ e 034°53’ W
(Figura 1), incluindo o rio Botafogo e o rio Siriji (CPRH, 2001).
Figura 1: Mapa do local de coleta com as estações demarcadas em:
Para o estudo qualitativo e quantitativo do fitoplâncton, foi utilizado o
método de contagem direta, segundo Newell & Newell (1963), realizado por
sub-amostras de 1mL, retiradas ao acaso das amostras totais (250mL), com
auxílio de pipeta Pasteur, sendo colocadas em lâminas recobertas com
lamínulas e analisadas sob microscópio binocular, num aumento de 100 a
400x. Para identificação das algas planctônicas até o nível de gênero foram
utilizadas as obras de Peragallo & Peragallo (1897 – 1908); Cupp (1943);
Prescott (1954); Bicudo & Bicudo (1970); Needhan & Needhan (1982); Strebler
& Krauter (1987); Silva-Cunha & Eskinazi-Leça (1990).
Os trabalhos foram desenvolvidos ao longo de um ciclo biológico
anual, englobando diferentes ciclos sazonais e de marés vazantes.
As coletas foram realizadas entre abril de 2003 e março de 2004, na
fase lunar crescente e em marés vazante diurna e noturna, em seis estações
de amostragem, sendo três em cada um dos rios.
As amostras de fitoplâncton foram coletadas na superfície, mediante
filtragem de 60L de água em rede cilíndrico-cônica de malha de 68µm. As
amostras foram concentradas em recipientes de 250ml e fixadas com 10% de
formol a 4% neutralizado com bórax.
A análise das diferenças na densidade entre meses e estações foi
realizada através do teste não-paramétrico de Kruskall-Wallis, tendo em vista a
inexistência de normalidade e homocedasticidade dos dados, segundo as
recomendações de Zar (1996), empregando o aplicativo Statistica.
A estrutura da comunidade foi analisada através da Riqueza (S) e índice
de diversidade de Brillouin (Krebs, 2000).
3. Resultados
Composição e Abundância
Foram analisadas 144 amostras de fitoplâncton, nas quais foram
identificados 65 gêneros, distribuídos em cinco grupos taxonômicos: as
Divisões Chlorophyta, Bacillariophyta, Euglenophyta e Phyrrophyta, e
Cyanobacteria. Foram registrados 55 gêneros no Siriji e 52 no Botafogo. A lista
apresentada a seguir contém a classificação taxonômica dos táxons
identificados, foram baseados na obra de Tomas, (1997).
Divisão CHLOROPHYTA
Classe Chlorophyceae
Ordem Volvocales
Família Volvocaceae Ehrenberg
Gênero Volvox Linnaeus, sist. nat. Ehrenberg
Ordem Chlorococcales
Família Chlorococcaceae
Gênero Chlorococcum Fries
Eremosphaera De Bary
Família Oocystaceae
Gênero Ankistrodesmus Corda.
Chlorella Beijerink.
Família Scenedesmaceae
Gênero Scenedesmus Meyen
Família Hydrodictyaceae
Gênero Pediastrum Meyen
Ordem Zygnematales
Família Zygnemataceae
Gênero Spirogyra Link
Família Desmidiaceae
Gênero Closterium Nitzsch
Staurastrum Meyen
Euastrum Ehrenberg
Closteriopsis Lemmerman
Ordem Ulotrichales
Família Ulotrichaceae
Gênero Ulothrix Kutzing
Ordem Chaetophorales
Família Chaetophoraceae
Gênero Chaetophora Schrank
Divisão EUGLENOPHYTA
Classe Euglenophyceae Schoenichen
Ordem Euglenales Engler
Família Euglenaceae Dujardim
Gênero Euglena Ehrenberg
Phacus Dujardin
Divisão PHYRROPHYTA
Classe Dinophyceae
Ordem Gymnodiales Lemmerman
Família Gymnodiaceae Lankester
Gênero Gymnodinium Stein
Ordem Goniaulacales F. J. R. Taylor
Família Ceratiaceae Lindemann
Gênero Ceratium Schranker
Ordem Peridiniales Haeckel
Família Peridiniaceae Ehrenberg
Gênero Peridinium Ehrenberg
Família Protoperidiniaceae F. J. R. Taylor
Gênero Protoperidinium Berg
Divisão BACILLARIOPHYTA SILVA
Classe Bacillariophyceae Round et al.
Sub Classe Bacillariophycidae Mann in Round et al.
Ordem Biddulphiales
Sub Ordem Coscinodiscineae
Família Thalassiosiraceae Lebour, emend Hasle
Gênero Cyclotella (Kutzing) Brébisson.
Skeletonema Greville
Família Leptocylindraceae
Gênero Lauderia Cleve
Família Melosiraceae
Gênero Melosira C. A. Agardh
Família Coscinodiscaceae Kutzing
Gênero Coscinodiscus Ehrenberg, emend. Hasle & Sims
Família Heliopeltaceae H. L. Smith
Gênero Actinoptychus Ehrenberg
Sub Ordem Rhizosoleniineae
Família Rhizosoleniaceae Petit
Gênero Rhizosolenia Ehrenberg, emend. Brightwell
Sub Ordem Biddulphiineae
Família Chaetocerotaceae Ralfs In Prichard
Gênero Chaetoceros Van Heurck, emend. Van Stosch
Bellerochea
Família Lithodesmiaceae H. & M. Peragallo, emend.
Simonsen
Gênero Ditylum J. W. Bailey ex. L. W. Bailey
Família Diatomaceae
Gênero Diatoma De Candolle
Família Biddulphiaceae
Gênero Streptotheca Srubsole,
Triceratium Ehrenberg
Odontella Agardh, Schaffer
Família Eupodiscaceae
Gênero Auliscus J. W. Bailey
Isthimia Ehrenberg
Ordem Bacillariales
Sub Ordem Fragillariineae
Família Fragilariaceae Grevelle
Gênero Asterionelopsis Round in Round et al.
Asterionella Hassal
Fragillaria Lyngbye
Grammatophora Ehrenberg
Rhabdonema Kutzing
Synedra Ehrenberg
Tabellaria Ehrenberg
Família Thalassionemataceae Round
Gênero Thalassionema Grunow in Van Heurck ex.
Mereschkowsky
Thalassiotthrix Cleve &Grunow
Ordem Monoraphidales
Família Achnanthaceae Kutzing
Gênero Cocconeis Ehrenberg
Ordem Naviculales Round et al.
Sub Ordem Naviculineae Hendey
Família Naviculaceae Kutzing
Gênero Navicula Bory De St. Vincent
Família Pleurosigmataceae
Gênero Pleurosigma W. M. Smith
Gyrosigma Hassal
Manguinea Paddock
Amphora Ehrenberg
Família Diploneidaceae
Gênero Diploneis Ehrenberg
Ordem Bacillariales Hendey, emend. Round et al.
Família Bacillariaceae Ehrenberg
Gênero Pseudonitzschia (H. Peragallo in H. & M. Peragallo) Cleve
Nitzschia Hassal
Sub Ordem Surirellinae
Família Cymbellaceae
Gênero Cymbella Agardh
Família Meridionaceae
Gênero Climacosphaenia Ehrenberg
Ordem Surirellales Main in Round
Família Surirellaceae Kutzing
Gênero Surirella Turpin
Divisão CYANOBACTERIA
Classe Cyanophyceae
Ordem Chroococcales
Família Chroococcaceae Naegeli
Gênero Aphanothece Naegeli
Chroococcus Naegeli
Gloeocapsa Kutzing
Merismopedia Meyen
Microcystis Kutzing
Ordem Oscillatoriales
Família Oscillatoriaceae (Gray) Bory
Gênero Lyngbya Agardh
Oscillatoria Vaucher
Phormidium Kutzing
Pseudoanabaena Lauterborn
Família Nostocaceae Dumorter
Gênero Anabaena Bory
Anabaenopsis Woloszynska emend. Miller
Aphanizomenon Morren
Spirulina Turpin, 1829 ex. Gom.
Cylindrospermopsis Kutzing
Em relação ao fitoplâncton total ocorrido nos dois estuários, os valores
mostraram um máximo de 495266,7 cél/L no Botafogo no mês de setembro/03
(período seco) e um mínimo de 270,39 cél/L tamm no Botafogo no mês de
abril/03 (período chuvoso). No Siriji, o máximo foi de 49885,71 cél/L no mês de
maio/03 e o mínimo de 1167,6 cél/L no mês de abril/03 (ambas em período
chuvoso), não havendo uma tendência de variação ao longo do ano, exceto no
mês de setembro/03 no Botafogo, onde houve uma diferença significativa:
Bacillariophyta P = 0,0050 (Figura 2).
Em relação aos meses, foram detectadas diferenças significativas nos
grandes grupos: para Chlorophyta (P=0,0012), Bacillariophyta (P=0,0000)
Cyanobacteria (P=0,0012) e para o total de fitoplâncton (P=0,0000).
Em relação aos estuários, apresentaram diferenças significativas para
Bacillariophyta (P=0,0050) e total de fitoplâncton (P=0,181).
Figura 2: Densidade média em cél/L nos estuários Siriji (SI) e Botafogo (BF)
entre os meses de abril/2003 e março/2004.
Tendo em vista não ter sido evidenciada diferenças significativas
entre períodos (dia e noite) e estações de coleta para os grupos, os dados
foram agrupados por estuário, cuja variação da densidade média dos diferentes
grupos taxonômicos consta na figura 3 (A e B):
Fitoplâncton - Botafogo
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
abr/03
m
ai
/03
jun/
03
jul/03
jul/03
ago/03
set/03
out/03
nov
/03
dez/03
j
an/
04
f
ev
/04
m
ar/
04
Desnsidade (cél/L)
Chlorophyta
Euglenophyta
Phyrrophyta
Baccilariophyta
Cyanobactéria
1
10
100
1000
10000
100000
1000000
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
Meses
Densidade (cél/L)
BOT SI
A
Figura3: Densidade média dos principais grupos taxonômicos ao longo dos
meses nos estuários Siriji (B) e Botafogo (A) entre os meses de abril/2003 e
março/2004.
O grupo das Bacillariophyta foi o mais representativo nos dois estuários
estudados, seguidos de Chlorophyta, Cyanobacteria, Phyrrophyta e
Euglenophyta.
Com relação ao fitoplâncton, o gênero Euglena sp. apresentou diferença
significativa (P=0,0008) em relação ao período das coletas (dia e noite).
Em relação às estações, apresentaram diferenças significativas para
Bacillariophyta (P=0,0404).
Na figura 4 (A e B) encontram-se os valores percentuais das divisões, para
os dois estuários, ressaltando os resultados mostrados nos gráficos
anteriores.
Fitoplâncton - Sirigi
1
10
100
1000
10000
100000
a
b
r
/
0
3
m
a
i
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n
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0
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l
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0
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g
o
/
0
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s
e
t
/
0
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u
t
/
0
3
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v
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0
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e
z
/
0
3
j
a
n
/
0
4
f
e
v
/
0
4
m
a
r
/
0
4
Densidade (cél/L)
Chlorophyta
Euglenophyta
Phyrrophyta
Baccilariophyta
Cyanobactéria
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
BF - Meses
Densidade média (cél/L)
Chlorophyta Euglenophyta Phyrrophyta Baccilariophyta Cyanobactéria
B
A
Figura4: Participação relativa dos grupos taxonômicos nos estuários Siriji - SI
(B) e Botafogo – BF (A) entre os meses de abril/2003 e março/2004.
Estrutura da Comunidade
Dentre a totalidade dos táxons identificados (65), 55 deles foram
registrados no Siriji e 52 no Botafogo.
Quanto à variação entre os meses, nos dois estuários, apresentaram
comportamento semelhante, com valores mais elevados em novembro e
dezembro/03 (período seco) e mais baixos em maio e junho/03 (período
chuvoso) (Figura 5).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
abr/03
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
jan/04
fev
mar
SI - Meses
Densidade média (cél/L)
Chlorophyta Euglenophyta Phyrrophyta Baccilariophyta Cyanobactéria
0
5
10
15
20
25
30
abr/03 m ai jun jul ago set out nov dez jan/04 fev mar
Meses
Riqueza (S)
BOTAFOGO ITAPESSOCA
B
Figura 5: Variação mensal da riqueza (S) nos estuários Siriji e Botafogo entre
os meses de abril/2003 e março/2004.
A variação mensal da riqueza foi diretamente proporcional à variação
mensal da diversidade observada período estudado, como apresentada nas
figuras 5 e 6.
Figura 6: Variação mensal da diversidade nos estuários Siriji e Botafogo entre
os meses de abril/2003 a março/2004.
Analisando a freqüência de ocorrência entre os dois estuários, verificou-
se uma maior diversidade referente ao Siriji no total de gêneros identificados
(Tabela 1).
Quantificação dos gêneros quanto à sua ocorrência entre as estações de
cada estuário:
Estuário
Classe *
Botafogo
%
Siriji %
Abundantes 36 – 72% 39 - 72,2%
Acessórias 14 – 20% 15 - 27,8%
Acidentais
* Abundantes >50%; 25% < Acessórias < 50% e Acidentais < 25%.
Tabela 1: Ocorrência dos gêneros identificados entre as diferentes estações de
cada estuário:
Táxons Estuário*
BF S I
Closterium sp. 33
Chlorococcum sp. 32
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
a
b
r
/
0
3
m
a
i
j
u
n
j
u
l
a
g
o
s
e
t
o
u
t
n
o
v
d
e
z
j
a
n
/
0
4
f
e
v
m
a
r
Mes es
Índice de Brillouin
BOTAFOGO
ITAPESS OCA
Ulothrix sp. 33
Volvox sp. 32
Euglena sp. 32
Asterionella sp. 33
Bellerochea sp. 32
Odontella sp. 33
Chaetoceros sp. 33
Cocconeis sp. 33
Coscinodiscus sp. 33
Gyrosigma sp. 33
Isthimia sp. 33
Melosira sp. 33
Navicula sp. 33
Nitzschia sp. 33
Pleurosigma sp. 33
Rhizosolenia sp. 33
Surirella sp. 33
Thalassionem sp. 33
Thalassiothrix sp. 33
Anabaena sp. 33
Aphanizomenon sp. 3-
Microcystys sp. 33
Pseudoanabaena sp. 33
Phacus sp. 23
Amphora sp. 23
Climacosphenia sp. 23
Diatoma sp. 23
Diploneis sp. 23
Helicotheca sp. 23
Cilindrospermopsis sp. 2-
Chroococcus sp. 23
Lyngbya sp. 2-
Oscillatoria sp. 22
Phormidium sp. 23
Euastrum sp. 2-
Staurastrum sp. 22
Ceratium sp. 2-
Peridinium sp. 2-
Protoperidinium sp. 2-
Actinoptychus sp 2-
Entomoneis sp. 2-
Cyclotella sp. 2-
Cymbella sp. 2-
Fragillaria sp. 23
Manguinea sp. 2-
Pseudonitzschia sp. 23
Tabellaria sp. 22
Anabaenopsis sp. 2-
Chaetophora sp. -3
Entomoneis sp. -3
Rhabdonema sp. -3
Grammathophora sp. -2
Triceratium sp. -2
Chlosteriopsis sp. -2
Eremosphaera sp. -2
Scenedesmus sp. -2
Spirogira sp. -2
Pediastrum sp. -2
Gymnodinium sp. -2
Actinoptychus sp. -2
Auliscus sp. -2
Cerataulus sp. -2
Lauderia sp. -2
Navicula sp. -2
Skeletonema sp. -2
Synedra sp. -2
*Ocorrência: 1. acidental, 2. acessória, 3. abundante
Em relação à riqueza (S) entre as estações de coleta no Botafogo,
observou-se que esta é maior nas estações mais próximas do Canal de Santa
Cruz, ou seja, aumenta da estação BF-01 para BF-03. No Siriji, o
comportamento foi inverso, com menor riqueza na estação próxima à foz deste
estuário (SI-03) (Figura 7).
Figura 7: Riqueza (S) entre as estações nos estuários Siriji (SI) e Botafogo (BF)
entre os meses de abril/2003 e março/2004.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
123
Estações
Riqueza (S)
SI BF
Variação da diversidade
A variação da diversidade entre as estações apresentou-se semelhante
entre os dois estuários, sendo mais elevada no Siriji que no Botafogo ao longo
de todo o período exceto em junho/03, mês no qual foi registrado o menor
índice no Siriji. A diversidade dentre as estações apresentou um padrão
semelhante ao da riqueza com variação inversa entre os dois estuários (Figura
8).
Figura 8: Diversidade (S) entre as estações nos estuários Siriji (SI) e Botafogo
(BF) entre os meses de abril/2003 e março/2004.
Entre as estações de coleta, no Siriji, observou-se que existe uma maior
diversidade nas estações mais próximas da desembocadura do rio, ou seja, a
diversidade aumentou sensivelmente da estação 1 (SI-01) para a estação 3
(SI-03). No que diz respeito à diversidade, no Botafogo, tamm existiu uma
queda da estação 1 (SI-1) para a estação 3 (SI-03). A maior diversidade no
Siriji foi de 8314,30 organismos totais no mês de maio/03 e a menor foi de
194,6 organismos no mês de abril/03.
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
123
Estões
Diversidade (H')
SI BF
4. Discussão
Macedo (1974), demonstrou que as águas do Canal de Santa cruz
apresentaram uma pequena variação das condições ambientais em relação
aos nutrientes, o que pareceu ser responsável pela ausência de um ciclo anual
acentuado do fitoplâncton.
Na região estuarina do Canal de Santa Cruz, em Itamaracá – PE,
Eskinazi-Leça et al. (1980) descreveram 75 espécies de Bacillariophyta.
Eskinazi-Leça et al (1980) estudando o estuário do rio Igarassu – PE (de
maio/73 a maio/74) descreveram 49 táxons, apresentando uma flora
diatomológica relativamente rica, demonstrando qualidades de fertilidade à
água.
Barros-Franca (1984), estudando o estuário do rio Timbó determinou
qualidades de fertilidade das águas em relação a outros estudos no Brasil,
identificando 29 espécies da flora diatomológica local.
Barros-Franca & Batista (1990) descreveram para o complexo estuarino
lagunar de Suape 72 espécies dentro de quatro grupos fitoplanctônicos, sendo
que Eskinazi-Leça e Koening (1985) identificaram 102 espécies de
diatomáceas e concluíram ser a salinidade o fator que mais influiu na
distribuição destas algas.
Eskinazi-Leça et al., (2002) através de um levantamento das espécies
para 06 estuários de Pernambuco e área da plataforma continental, relataram
388 táxons infragenéricos para o estado de Pernambuco em mais de 100
trabalhos, desde a década de 60.
Lacerda, et al., (2004) estudando o Botafogo no ano de 1996,
identificaram 87 táxons, sendo as diatomáceas mais freqüentes, ressaltando a
poluição do ecossistema e os efeitos negativos que são minimizados pela
influência marinha através de renovação periódica.
Neste trabalho, a composição específica do fitoplâncton foi influenciada
através do incremento de espécies marinhas e dulciaqüícolas em função da
variação da maré, e dos períodos diurno e noturno, nestes, não foram
encontradas diferenças significativas, exceto para Euglenophyta, embora
relativa e indiretamente ficou evidenciada a influência do fluxo d’água marinha
costeira penetrando para o interior da área. Apesar das Euglenophyta serem
espécies comumente encontradas em ambientes com certa carga poluente
(como charcos, poças, água parada) não foi verificado desequilíbrio entre os
estuários e os gêneros encontrados.
As Bacillariophyta são organismos bastante comuns nos ambientes
marinhos, principalmente em águas costeiras. Normalmente são as
responsáveis por grandes florescimentos em águas frias, porém, podem
tamm ser abundantes em águas tropicais. Frenguelli (1928) in Silva (1982)
estudou as diatomáceas do Atlântico tropical e identificou 72 espécies.
Eskinazi-Leça (1970) estudou o comportamento anual de 76 espécies.
Entretanto, no que se refere a uma separação nítida entre formas
oceânicas e neríticas planctônicas, fica difícil estabelecer limites exatos, posto
que existe um grande número de espécies que podem ser encontradas tanto
em mar aberto quanto próximo à costa, muitas delas capazes de adaptar-se a
todas as condições de temperatura e salinidade das águas marinhas Silva
(1982).
Ambos os estuários apresentaram uma boa condição fitoplanctônica no
que diz respeito à quantidade identificada em cél/L para as estações. Em
relação qualitativa, comparando o número de gêneros identificados com os
referenciados em anos anteriores, ainda prevalece um certo equilíbrio no que
se refere aos táxons encontrados, demonstrando tamm boa condição de
produtividade primária. Embora com o surgimento de Cyanobacteria e
Phyrrophyta em algumas estações, estes não foram considerados “um
problema”, pois eventos sazonais como regime pluviométrico e alterações
climáticas desfavoráveis vão sempre ocorrer, e em se tratando de ambientes
influenciados pelo regime de marés, as diluições acarretam um
desenvolvimento constante do plâncton, favorecendo seu ciclo natural, e,
conseqüentemente, sucessões ecológicas no ambiente.
Em comparação com as Bacillariophyta, as Phyrrophyta estão mais
adaptadas à vida em alto mar e mais diversificados em espécies, e em sua
maioria, são próprios de condições estáveis. A maior variedade de espécies se
encontra em águas estratificadas, com baixas concentrações de sais nutrientes
e com possíveis elevadas concentrações de diversas substâncias orgânicas de
efeito biológico (Margaleff & Vives, 1972), sendo muito útil como indicadores
biológicos de massas d’água.
Devido à sua abundância em regiões da plataforma continental, os
dinoflagelados formam parte da alimentação de vários organismos planctônicos
e, conseqüentemente, são muito importantes na transferência de energia na
rede trófica, entretanto, existem várias espécies tóxicas que, em condições
favoráveis, podem provocar as chamadas marés vermelhas, altamente
prejudiciais, porquanto causam enormes mortandades de peixes, podendo
tamm afetar diretamente a saúde do homem (Passavante, et al, 1982).
As Phyrrophyta apresentaram uma distribuição restrita a algumas
estações e períodos, não sendo encontradas em formas de colônias ou
florações específicas que permitam avaliar toxicidade ou ocorrência de “maré
vermelha” nos estuários estudados.
Queiroz, et al., (1984) demonstraram que níveis de toxicidade e “maré
vermelha” variam sazonalmente e de acordo com as condições ambientais e
combinações de fatores físico-químicos e biológicos, tais como regiões de
ressurgência, correntes, ventos, salinidade, temperatura, nutrientes, etc.
As Cyanobacteria se destacam, principalmente, em águas continentais,
ora por sua dominância no ambiente, provocando problemas de saúde pública
e de abastecimento, ora por sua importância inequívoca junto a estudos de
saprobidade, de toxidade, de fixação de nitrogênio e de sua utilização em geral
(Werner, 1988). A mesma autora, realizando estudo taxonômico na Lagoa de
Tramandaí – RS, identificou 20 táxons considerando a proporção de células em
relação aos demais grupos, constatou-se uma grande variedade, exceto sobre
as diatomáceas.
As Cyanobacteria identificadas nos estuários em estudo foram o
segundo maior grupo descrito, apenas superando as diatomáceas em
setembro/2003, no Botafogo e em maio/2003 no Siriji. Este fato pode ter
ocorrido por causa de uma queda do oxigênio dissolvido no mês de
agosto/2003, onde prevaleceu o maior florescimento destas microalgas no mês
subseqüente, e das diferenças nos níveis de nutrientes. O fósforo total teve um
maior aumento em maio/2003 nos dois estuários após um declínio em
agosto/2003, e o fosfato total que apresentou todos os níveis muito acima dos
limites estabelecidos pelos órgãos ambientais, mas apenas no mês de
setembro/2003 ficou abaixo para os dois estuários.
Entre as Cyanobacteria, ocorreram poucos indivíduos, alguns sem
estruturas reprodutivas, o que impossibilita a identificação ao nível específico,
sendo necessário maior número de amostragens. Não foram observadas
microalgas tóxicas entre os táxons identificados, deste modo, não se
evidenciando processos eutrofizantes nos estuários estudados.
Das Chlorophyta registraram-se alguns gêneros reputados como
dulciaqüícolas, o que pode ser explicado pelo aporte das águas dos rios da
região, sendo este um grupo que, apesar de sua maioria ser freqüente em
ambientes dulciaqüícolas, resistem às variações de salinidade e é amplamente
utilizada como alimento em cultivos de organismos aquáticos.
Nos estuários, apesar da salinidade média ter ficado em torno de 25
partes por mil, houve a ocorrência de vários gêneros característicos de águas
continentais, tais como Spirogyra, Euastrum, Closterium, e Fragilaria, o que
pode ter sido em função da distância entre os estuários e as estações
amostradas e em função da transparência (em média 1m). Entre as amostras
coletadas os táxons encontrados com maior freqüência foi da Divisão
Bacillariophyta (especialmente as Centrales) características de ambientes
marinhos ou estuarinos e grande parte das espécies observadas já foram
encontradas na plataforma continental de Pernambuco. As diatomáceas são
organismos aquáticos bastante encontrados em ambientes marinhos,
principalmente em águas costeiras. Os gêneros mais abundantes foram
Coscinodiscus e Chaetoceros, e outras tais como: Thalassionema sp,
Asterionella sp., Skeletonema sp., Triceratium sp., Odontella sp. e Rhizosolenia
sp. são consideradas espécies verdadeiramente planctônicas características do
plâncton marinho (Cunha & Eskinazi-Leça, 1990).
De uma maneira geral, os gêneros se distribuem uniformemente nas
estações, apesar das variações nas condições hidrológicas, entre os gêneros
identificados Coscinodiscus sp. e Chaetoceros sp. Tiveram uma freqüência de
ocorrência de 100% nos dois estuários e podem ser consideradas como
características dos estuários em estudo, estes gêneros parecem caracterizar
tanto as águas costeiras quanto as águas oceânicas do estado de
Pernambuco. Ecologicamente são gêneros considerados comuns no
fitoplâncton marinho de águas tropicais (Cupp, 1943; Hendey, 1964). Foi
observado que a salinidade influencia na distribuição das diatomáceas,
constatando o descrito por Eskinazi-Leça e Koening (1985) e Costa-Lima
(2005) no prelo.
Entre as amostras dos dois estuários, os táxons ocorrentes foram os
usualmente encontrados no fitoplâncton de águas continentais. Segundo Dias
(1987), a difícil taxonomia decorrente da grande plasticidade fenotípica que
apresentam e a problemática em sua quantificação contribuem para a
escassez de estudos mais específicos. Palmer (1977) cita Spirogyra como
habitantes típicos de lagos alcalinos. Sua ocorrência nos pontos amostrados
deve possivelmente ter sido em função da pequena profundidade, o que
permitiu o seu desprendimento do substrato e possibilitou que fossem
coletadas pela rede de plâncton. Este táxon pertence à família Zygnemataceae
considerada cosmopolita e utilizada como indicadores universais de
saprobidade e para tolerância de determinados sais minerais, freqüentemente,
de cálcio e de ferro (Dias, 1987).
Tanto o acúmulo de materiais orgânicos quanto a desoxigenação da
água têm um grande impacto sobre a fauna e a flora, pois cria uma camada
morta nas águas mais profundas (Skinner & Turekian, 1977). Um sinal típico de
poluição nas praias é o aparecimento de algas verdes - espécies que se
beneficiam do aumento de nutrientes na água – e, em ambientes com baixos
níveis de oxigenação, o aparecimento de plantas macroscópicas que induzem
grandes mortalidades de peixes e outros organismos marinhos. Tal diminuição
do oxigênio é provocada pela redução da atividade fotossintética resultante da
diminuição da penetração de luz e aumento da demanda de oxigênio pelas
bactérias, que decompõem a maior quantidade de matéria orgânica existente
(Navas-Pereira, 1994).
No mar, a eutrofização causada por contaminação, por exemplo, por
esgotos domésticos ou industriais com elevada carga de nutrientes, pode
propiciar o aparecimento de florações de fitoplâncton, representadas por
grupos diversos, inclusive dinoflagelados, causadores de maré-vermelha,
fazendo com que o mar perca sua coloração original, ficando vermelho e, às
vezes, amarelo ou marrom. Essas florações levam à diminuição do oxigênio
dissolvido e/ou liberação de toxinas específicas, onde o processo de
degradação dependerá da ação das bactérias anaeróbicas (Navas-Pereira,
1994; Skinner & Turekian, 1977).
5. Conclusões
Os rios apresentaram uma homogeneidade quanto à densidade
fitoplanctônica, apesar da alta densidade no rio Botafogo em setembro/03.
As Bacillariophyta caracterizaram o fitoplâncton nos dois estuários,
durante todo o período de coleta.
Existiu uma abundância de espécies consideradas oceânicas nos
estuários estudados, o que pode estar ligada a dois fatores importantes: a) a
pequena largura da plataforma continental, que no estado de Pernambuco
atinge apenas 20 milhas, favorecendo o transporte das espécies de um
ambiente a outro; b) a pequena profundidade local e ao regime de marés nas
coletas, que favorecem a entrada de espécies no estuário e sua conseqüente
saída na maré vazante, e que através de correntes, atingem a superfície da
água.
Ambos os estuários apresentam uma condição fitoplanctônica estável no
que diz respeito à quantidade identificada em cél/mL para as estações. Em
relações qualitativas, comparando o número de gêneros identificados com os
gêneros referenciados em anos anteriores. Nos estuários ainda prevalece um
certo equilíbrio no que se refere aos táxons encontrados, demonstrando
tamm uma boa condição de produtividade primária. Embora com o
surgimento de Cyanobacteria e Pyrrophyta em algumas estações, este
surgimento não foi considerado “um problema”, pois eventos sazonais como
regime de marés, as diluições acarretam um desenvolvimento constante do
plâncton, favorecendo seu ciclo natural, e, conseqüentemente, sucessões
ecológicas no ambiente.
Os resultados obtidos evidenciam a necessidade da continuação de
novos trabalhos ecológicos nos rios e adjacências, para que sejam detectados
efeitos não só da poluição, mas tamm dos empreendimentos aqüícolas que
vêm se expandindo na área.
6. Referências Bibliográficas
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