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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
ESTUDO QUÍMICO E DAS ATIVIDADES BIOLÓGICAS DOS
ALCALÓIDES INDÓLICOS DE Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.)
Woodson, APOCYNACEAE – (Agoniada)
CURITIBA
2008
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ii
WESLEY MAURICIO DE SOUZA
ESTUDO QUÍMICO E DAS ATIVIDADES BIOLÓGICAS DOS
ALCALÓIDES INDÓLICOS DE Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.)
Woodson, APOCYNACEAE – (Agoniada)
Tese apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Doutor, pelo Programa de
Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, do
Setor de Ciências da Saúde, da Universidade
Federal do Paraná.
Orientador: Prof. Tit. Cid Aimbiré de M. Santos.
CURITIBA
2008
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iii
NOTA BIOGRÁFICA
O autor graduou-se em Farmácia Bioquímica pela Universidade Federal do Paraná em 1998,
tendo sido Farmacêutico plantonista no Laboratório GR de Análises Clínicas e Toxicológicas
nesse mesmo ano, paralelamente concluindo as disciplinas de habilitação em Indústria. Em 2000,
iniciou o curso de Mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal do Paraná, área de Produtos Naturais, e assumiu a cadeira de Microbiologia
básica e dos Alimentos na Universidade Campus de Andrade (Uniandrade) para cursos da
Ciência da Saúde e Farmacognosia I, II e Fitoquímica pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)
para o curso de Farmácia, no qual permanece como Professor Adjunto. Atualmente também é
professor da disciplina de Toxicologia dos Produtos Naturais no Curso de Especialização em
Toxicologia do Instituto de Ensino Superior Pequeno Príncipe (IESPP). No ano de 2003, retornou
ao Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas, área de produtos naturais, nível
doutorado, onde desenvolveu pesquisa sobre as cascas de Himatanthus lancifolius, sendo os
resultados apresentados nessa tese e foram, em parte, publicados conforme abaixo:
¾ Souza, WM; Stinghen, AEM; Santos, CAM. Antimicrobial activity of alkaloidal
fraction from barks of Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson,
Apocynaceae. Fitoterapia 75(7-8):750-753, 2004 (Página 146).
¾ Rattmann, YD; Terluk, MR; Souza, WM; Santos, CAM; Biavatti, MW; Torres, LB; Vela,
SM; Rieck, L; Santos, JES; Marques, MCA. Effects of alkaloids of Himatanthus
lancifolius (Muell. Arg.) Woodson, Apocynaceae, on smooth muscle responsiveness.
J. Ethnopharmacol. 100(3):268-275, 2005 (Página 147).
¾ Baggio, CH; Otofuji, G; Torres, LB; Rieck, L; Santos, CAM; Souza, WM; Marques,
MCA; Vela, SM. Gastroprotective mechanisms of Indole Alkaloids from
Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson. Planta Med. 71(8):733-738, 2005
(Página 148).
¾ Souza, WM; Santos, CAM; Weffort-Santos, AM. Uleine inhibits human leukocyte
chemotaxis. Braz. J. Pharm. Sci. 41(sup):259, 2005 (Página 149).
¾ Souza, WM; Brehmer, F; Nakao, LS; Stinghen, AEM; Santos, CAM. Ação da uleína
sobre a produção de óxido nítrico em células RAEC e B16F10. Rev. Bras.
Farmacognosia 17(2): 191-196, 2007 (Página 150).
¾ Nardin JM; Souza,WM; Lopes, JF; Florão, A; Santos, CAM; Weffort-Santos, AM.
Effects of Himatanthus lancifolius on Human Leukocyte Chemotaxis and Their
Adhesion to Integrins. Planta Médica. Aceito para publicação, 2008.
¾ Souza, WM; Getz, J; Yared, L; Santos, CAM; Nakao, LS; Stinghen, AEM.
Preliminary
evaluation of uleine in cellular adhesion of B16F-10 melanoma cells and its
antimicrobial activity. Fitoterapia, submetido (Página 151).
iv
DEDICATÓRIA
Aos meus queridos pais, Agostinho e Maria Teresinha e a minha esposa Andréa, três anjos
inesquecíveis.
v
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Tit. Cid Aimbiré de Moraes Santos pela amizade, dedicação, competência e
liderança demonstrados diariamente.
À Profa. Almeriane Weffort Santos pela seriedade e sensatez apresentadas durante a
elaboração das etapas do trabalho.
A todos os colegas do laboratório de Farmacognosia, sem distinção, pelo convívio e
alegrias compartilhadas e em especial, a Sra. Maria do Rocio Baldon Reis pelo auxílio durante a
realização experimental, sempre disposta a ajudar e pela tolerância à bagunça.
Ao Prof. Aguinaldo Nascimento pelo auxílio nos estudos estatísticos.
Ao Departamento de Bioquímica da UFPR, na pessoa dos meus grandes amigos Sergio
Ascêncio e Ricardo Wagner, pela indispensável cooperação na obtenção dos espectros de CG-
EM e RMN.
À Profa. Lia Sumie Nakao, por ter aberto as portas de seu laboratório e ter me dado à
oportunidade do complemento desse trabalho.
Ao meu irmão Anderson Rodrigo e esposa, pelo incentivo durante a elaboração desse
trabalho.
Ao meu querido sobrinho Derek Anderson, por ser uma luz e fonte de harmonia
familiar.
A minha querida Andréa E. Marques Stinghen pelo apoio incondicional, amor e
compreensão pelas ausências.
Para que esse trabalho fosse realizado, diversas pessoas não citadas acima contribuíram
direta ou indiretamente, sendo que não me é possível citá-las nominalmente. A elas, meus mais
profundos agradecimentos.
E sem dúvida, ao Deus eterno, pela vida e oportunidade concedida.
vi
EPÍGRAFE
Pois nada há encoberto que não haja de ser manifesto, e nada se faz para ficar oculto, mas para
ser descoberto.
Marcos 4:22
vii
SUMÁRIO
NOTA BIOGRÁFICA..........................................................................................................
iii
DEDICATÓRIA....................................................................................................................
iv
AGRADECIMENTOS..........................................................................................................
v
EPIGRAFE............................................................................................................................
vi
LISTA DE ABREVIATURA, SIMBOLOS E SIGLAS.....................................................
x
LISTA DE FIGURAS...........................................................................................................
xiv
LISTA DE TABELAS...........................................................................................................
xvii
LISTA DE ESQUEMA.........................................................................................................
xix
RESUMO...............................................................................................................................
xx
ABSTRACTS.........................................................................................................................
xxi
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................
1
CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................................................................
6
POSIÇÃO SISTEMÁTICA DA ESPÉCIE.............................................................................
6
DIFERENCIAÇÃO DO GÊNERO Himatanthus e Plumeria................................................
6
DESCRIÇÃO BOTÂNICA....................................................................................................
7
PRODUTOS DO METABÓLISMO SECUNDÁRIO............................................................
10
Derivados do ácido chiquímico...............................................................................................
12
Alcalóides derivados do triptofano.........................................................................................
15
Alcalóides indólicos................................................................................................................
17
Classificação...........................................................................................................................
17
Biogênese................................................................................................................................
20
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................................
22
Constituição química, atividade farmacológica e uso popular do gênero
Himatanthus/Plumeria............................................................................................................
22
METÁSTASE.........................................................................................................................
30
INFLAMAÇÃO E RESPOSTA INFLAMATÓRIA..............................................................
32
Quimiotaxia leucocitária.........................................................................................................
35
ÓXIDO NÍTRICO...................................................................................................................
36
Síntese e inibição.....................................................................................................................
38
NO produzido pela e-NOS......................................................................................................
40
NO produzido pela i-NOS.......................................................................................................
42
OBJETIVOS..........................................................................................................................
44
OBJETIVOS GERAIS............................................................................................................
44
OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................................
44
EXPERIMENTAL................................................................................................................
45
MATERIAL BOTÂNICO......................................................................................................
45
TRIAGEM FITOQUÍMICA...................................................................................................
46
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS E CROMATOGRÁFICOS........................................
46
ISOLAMENTO QUÍMICO....................................................................................................
48
Extração de alcalóides - Método A.........................................................................................
48
Fracionamento e isolamento de alcalóides..............................................................................
50
Purificação dos alcalóides isolados.........................................................................................
52
Extração de substâncias – Método B......................................................................................
52
Hidrólise da substância B1......................................................................................................
54
viii
Redução...................................................................................................................................
54
Acetilação................................................................................................................................
54
Análise por CG-EM e RMN
13
C.............................................................................................
55
ENSAIOS FARMACOLÓGICOS..........................................................................................
55
ENSAIOS BIOLÓGICOS IN VIVO........................................................................................
56
Toxicidade aguda da FAA e substâncias isoladas...................................................................
56
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE............................................................................................
56
Preparação dos extratos...........................................................................................................
56
Avaliação da atividade pela formação do complexo fosfomolibdênico.................................
57
Ensaio fotométrico com DPPH...............................................................................................
57
Interpolação polinomial de Lagrange......................................................................................
58
MIGRAÇÃO LEUCOCITÁRIA IN VITRO...........................................................................
59
Obtenção de leucócitos humanos............................................................................................
59
Isolamento de leucócitos humanos..........................................................................................
60
Viabilidade e citotoxicidade celulares.....................................................................................
60
Substâncias isoladas como agentes quimioatractores.............................................................
61
Migração leucocitária in vitro (Quimiotaxia)..........................................................................
61
MIGRAÇÃO LEUCOCITÁRIA IN VIVO INDUZIDA POR CARRAGENINA..................
62
Animais...................................................................................................................................
62
Avaliação da potencia antiinflamatória...................................................................................
63
BIOENSAIO ANTIMICROBIANO.......................................................................................
63
DOSAGEM DE ÓXIDO NÍTRICO........................................................................................
64
Linhagens celulares.................................................................................................................
64
Cultura celular.........................................................................................................................
65
Viabilidade e citotoxicidade celulares.....................................................................................
65
Substâncias isoladas................................................................................................................
65
Dosagem..................................................................................................................................
65
TESTE DE ADESÃO CELULAR..........................................................................................
66
Linhagens celulares.................................................................................................................
66
Cultivo celular.........................................................................................................................
66
Avaliação da adesão celular in vitro.......................................................................................
67
ANÁLISES ESTATÍSTICAS.................................................................................................
68
RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................................
69
ABORDAGEM FITOQUÍMICA............................................................................................
69
ALCALÓIDES ISOLADOS...................................................................................................
72
SUBSTÂNCIA AL1...............................................................................................................
72
SUBSTÂNCIA AL2...............................................................................................................
80
SUBSTÂNCIA AL3………………………………………………………………………...
80
SUBSTÂNCIA B1..................................................................................................................
82
ATIVIDADE FARMACOLÓGICA.......................................................................................
84
Ensaios biológicos in vivo.......................................................................................................
84
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE............................................................................................
84
Ensaio da redução do complexo fosfomolibdênico.................................................................
85
Ensaio da redução do radical livre DPPH...............................................................................
88
QUIMIOTAXIA LEUCOCITÁRIA.......................................................................................
95
Teste de toxicidade..................................................................................................................
95
Teste para verificação da uleína como agente quimioatractor................................................
96
Influência da uleína na quimiotaxia leucocitária.....................................................................
98
ix
Estudo do mecanismo de ação da uleína sobre a quimiotaxia................................................
101
TESTE DA PERITONITE INDUZIDA PELA CARRAGENINA........................................
106
ENSAIO ANTIMICROBIANO..............................................................................................
109
TESTE DE ADESÃO CELULAR..........................................................................................
114
PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO.....................................................................................
119
CONCLUSÕES.....................................................................................................................
125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................
127
ANEXOS................................................................................................................................
143
x
LISTA DE ABREVIATURA, SIGLAS E SIMBOLOS
AAR
%
atividade antioxidante relativa
Abs absorvância
Ac
2
O anidrido acético
AL1 uleína
AL2 ioimbina
AL3 epi-uleína
B1 sacarose
B16F10 células melanoma de camundongos
13
C isótopo de carbono-13
CC cromatografia em coluna
CCD cromatografia em camada delgada
CG-EM cromatografia gasosa acoplada em detector massa
CI “Chemical ionization”
COSY COrrelated SpectroscopY
d dupleto
D
2
O água deuterada
DEXA dexametasona
DMSO dimetilsulfóxido
DPPH 1,1-difenil-2-picrilhidrazila
EAL extrato alcalinizado
EBA extrato bruto aquoso
EDRF fator relaxamento derivado endotélio
EI “Energy ionization”
EM espectro de massas
EPM erro padrão da média
FAA fração de alcalóides da agoniada
FC fração cloroformica
f.m fase móvel
fMLP N-formil-metionil-leucil-fenilalanina
g grama
GMPc guanosina monofosfato ciclica
h h
HPLC high performance liquid chromatography
xi
IC concentração inibitória
IC
50
concentração inibitória média
IL interleucina
IR infravermelho
IUPAC “International Union of Pure and Applied Chemistry”
kg quilograma
l litro
LPS lipopolissacaríceo
LTB
4
leucotrieno B
4
m metros
M
+
íon molecular
MCP
1
proteina quimiotractora de monócitos-1
NHA
N-hidroxi-L-arginina
NO óxido nítrico
min minuto
m/z massa do íon
NOS óxido nítrico sintase
1
H próton
RMN
1
H ressonância nuclear magnética de protons
RMN
13
C ressonância nuclear magnética de carbono-13
nm nanômetro
NO óxido nítrico
PA pressão arterial
PBS phosphate buffered saline
PMN polimorfonucleares
ppm partes por milhão
q.s.p quantidade suficiente para
RAEC células endoteliais de aorta de coelho
RANTES proteina atractora seletiva para linfócitos T e monócitos
ROS espécies reativas de oxigeno
R
f
fator de retenção
s singleto
SBF soro fetal bovino
SI “Système Internationale d’Unités”
Sol. solução
xii
t tripleto
T.A temperatura ambiente
TBA ácido tiobarbitúrico
TFA ácido trifluoracético
TMS tetrametilsilano
UV ultravioleta
v/v volume-volume
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Aspectos botânicos de H. lancifolius (Muell. Arg.) Woodson. Aspecto geral (A);
folhas (B); cascas fragmentadas (C e D); cascas moídas (D)......................................................
9
Figura 2. Etapas do processo metastático. As células tumorais multiplicam-se ativamente,
tendendo a aderir e invadir os tecidos através da secreção e ativação de enzimas proteolíticas,
tais como a matriz de metaloproteínases (MMP), atingindo os vasos linfáticos e os vasos
sanguíneos....................................................................................................................................
31
Figura 3. Eventos leucocitários na inflamação. Durante um processo inflamatório, o
s
leucócitos, primeiramente rolam, fixam-se transitoriamente e aderem-se ao endotélio vascular
,
ocorrendo, então, a diapedese seguida da migração em direção aos estímulos quimiotático
s
liberados no local da lesão.............................................................................................................
35
Figura 4. Isoformas da enzima NO sintase.................................................................................
39
Figura 5. Reação catalisada pela enzima NO-sintase.................................................................
40
Figura 6. Mecanismo de vasodilatação mediado pelo óxido nítrico (NO), em resposta a
vários estímulos. A enzima óxido nítrico sintase constitutiva (c-NOS) utiliza oxigênio
molecular e o aminoácido L-argininina para formar o NO, que ativa a guanilil ciclase nas
células da musculatura lisa vascular, aumentando o nível de monofosfato cíclico e guanosina
(cGMP), produzindo relaxamento e vasodilatação……………………………………………..
41
Figura 7. CCD do extrato aquoso acidificado (HCl 1%) revelado com reativo de Dragendorff
usando como fase móvel n-hexano: EtOAc: MeOH: dietilamina 5:4:0,8:0,2.............................
71
Figura 8. CCD das frações de alcalóides pH 10, 11, 12, 13, 14 e fração apolar revelado com
reativo de Dragendorff usando como fase móvel n-hexano: EtOAc: MeOH: dietilamina 5:4:
0,8:0,2...........................................................................................................................................
71
Figura 9. CCD da substância B1 revelado com orcinol usando como fase móvel propanol:
água 7:3 (v/v) juntamente com um padrão de sacarose ..............................................................
71
Figura 10. Cromatograma da mistura de alcalóides AL1 e AL3 apresentando tempo de
retenção próximos, com suas respectivas porcentagens de pureza (círculo), usando uma fase
móvel de acetonitrila:metanol (1:1) grau HPLC, coluna C-8, fluxo de 0,8 ml/min e
absorvância de 305 nm.................................................................................................................
73
Figura 11. Espectro de massas de AL1.......................................................................................
77
Figura 12. Espectro de RMN
13
C (400MHz) da substância B1..................................................
83
Figura 13. Espectro de RMN
13
C (400MHz) da substância B1..................................................
83
xiv
Figura14. Ensaio da capacidade antioxidante de extratos em diferentes concentrações após
redução com o complexo fosfomolibdênico. As colorações mais claras (A) são resultantes de
pouca transferência de elétrons, tornando-se mais escuras à medida que ocorre maior
transferência de elétrons (B)........................................................................................................
86
Figura 15. Representação gráfica da AAR
%
das frações alcalinizadas das cascas de H.
lancifolius (200 μg/ml) e substâncias isoladas tendo como base a atividade do ácido
ascórbico. Cada coluna representa a média±EPM da porcentagem de AAR
%
em relação ao
padrão de ácido ascórbico (n= 3-5, *P 0,001 vs ácido ascórbico – Holm-Sidak). ANOVA do
grupo (P 0,001)..........................................................................................................................
87
Figura 16. Representação de amostras mais diluídas (violetas) e mais concentradas
(amarelas) de ácido ascórbico em solução de DPPH. Os tubos demostram que a medida que o
DPPH sofre redução pelo ácido ascórbico, observa-se mudança da coloração violeta original
para uma coloração amarelada, cuja intensidade é proporcional à concentração de ácido
ascórbico utilizado medido a 518 nm..........................................................................................
88
Figura 17. Representação gráfica dos valores da IC
%
x Conc. (μg/ml) do ácido ascórbico
comparados a uma linha de tendência polinomial (vermelha).....................................................
89
Figura 18. Representação gráfica dos valores da IC
%
x Conc. (μg/ml) do ácido ascórbico
comparados com uma linha de tendência linear (vermelha)........................................................
90
Figura 19. Representação do programa utilizado para o cálculo direto da IC
50
tendo como
base de cálculo o polinômio de lagrange.....................................................................................
92
Figura 20. Efeito da uleína na atividade quimiotática de leucócitos humanos. Leucócitos de
sangue periférico (10
6
células) obtidos de voluntários sadios foram induzidos a migrar contra
um gradiente de caseína 0,5% (C) ou uleína em diferentes concentrações (3,75x10
-15
-
3,75x10
-4
mol/l), por 90 min à 37 ºC em câmara de Boyden, nos quais os compartimentos
foram separados por um filtro de policarbonato com poro de 5 μm de diâmetro. Cada coluna
representa a média±EPM do total de células recuperadas no compartimento inferior em
relação ao controle negativo (PBSs), normalizadas em 100% (n=5-6)
#
P<0,05 (teste t ou
Mann-Whitney);
*
P<0,05 em relação à caseína (teste t ou Mann-Whitney). ANOVA do
grupo (P<0,05).............................................................................................................................
97
Figura 21. Efeito da uleína sobre a quimiotaxia de leucócitos humanos induzidos pela
caseína. Leucócitos humanos obtidos de doadores sadios foram incubados por 30 min a 37
ºC, com as concentrações indicadas de uleína e induzidos a migrar contra um gradiente de
caseína 0,5% (p/v) por 90 min a 37 ºC, em câmara de Boyden. Cada coluna representa a
média±EPM da porcentagem de células migradas em relação àquelas não tratadas
(normalizada em 100%), de experimentos independentes submetidos às mesmas condições
(n=3-14), *P0,05 (ANOVA seguido de teste Holm-Sidak).......................................................
99
Figura 22. Comparação da eficiência da dexametasona (D) ou uleína (U) sobre a inibição da
quimiotaxia de leucócitos humanos estimulada por caseína (C). Leucócitos obtidos de
doadores sadios pré-tratados com dexametasona (10
-5
mol/l; n=11) ou uleína (3,75x10
-12
mol/l; n=14) foram submetidos ao ensaio de quimiotaxia induzida por caseína a 0,5%, em
xv
câmara de Boyden, por 90 min à 37 ºC. As colunas representam a MÉDIA±EPM de
leucócitos recuperados do compartimento inferior da câmara em relação à população controle
(não tratada). Comparação estatística foi realizada usando o teste t ou Holm-Sidak contra o
grupo controle – *P0,05. P 0,05 entre
#
D vs U (Holm-Sidak). ANOVA do grupo
(P 0,05)......................................................................................................................................
100
Figura 23. Efeito da morfina e naloxona sobre a quimiotaxia de leucócitos humanos
induzidos pela caseína. Leucócitos humanos obtidos de doadores sadios foram incubados por
10 min a 37 ºC, com diferentes concentrações de morfina (10
-8
– 10
-4
mol/l) ou naloxona (10
-
8
– 10
-5
mol/l) e induzidos a migrar contra um gradiente de caseína 0,5% (p/v) por 90 min a
37 ºC em câmara de Boyden. Cada coluna representa a média±EPM da porcentagem de
células migradas em relação àquelas não tratadas (controle) normalizada em 100%, de
experimentos independentes submetidos às mesmas condições (n=17-18), *P0,05 quando
comparado ao grupo controle (Holm-Sidak)...............................................................................
102
Figura 24. Efeito da uleína (U), morfina (M) e naloxona (N) sobre a quimiotaxia de
leucócitos humanos induzida por caseína. Leucócitos de doadores sadios isolados por
centrifugação foram pré-tratados com uleína (3,75x10
-12
mol/l), morfina (10
-4
mol/l) e
naloxona (10
-8
mol/l), isolados ou em associação, seguido por tratamento com morfina,
naloxona ou uleína sendo induzido a migrar contra um gradiente de caseína 0,5% (p/v) em
câmara de Boyden, por 90 min, a 37 ºC, nos quais os compartimentos foram separados por
filtros de policarbonatos com poros de 5 μm. Cada coluna representa a média±EPM das
células recuperadas no compartimento inferior em relação à população não-tratada (C),
normalizada em 100% (n=8-18). Comparação estatística foi realizada usando o teste de
Tukey ou Holm-Sidak contra o grupo controle - *P0,05; P0,05 entre **M vs N ou N+M
(Holm-Sidak); ***P0,05 entre M+U vs N ou N+M (Holm-Sidak);
#
P0,05 entre N vs N+U
ou U ou U+M ou U+N ou N+M (Holm-Sidak);
##
P0,001 entre N+U vs N+M (Holm-Sidak);
$
P0,001 entre U vs N+M (Holm-Sidak);
©
P0,001 entre U+M vs N+M (Holm-Sidak);
&
P0,001 entre U+N vs N+M (Holm-Sidak)...............................................................................
104
Figura 25. Efeito da administração intraperitoneal da dexametasona (0,5 mg/kg, i.p.) e uleína
(0,5 g/kg, i.p.) sobre a migração leucocitária para o líquido peritoneal (x10
7/
ml) induzido pela
injeção de carragenina 1%. Cada coluna representa a média±EPM das células migradas para
o líquido peritoneal (n=10), *P<0,01 quando comparados ao grupo controle; #P<0,05 quando
comparados ao grupo carrragenina (ANOVA, seguida do teste de Tukey).................................
108
Figura 26. Efeito da uleína na adesão celular de células melanoma de camundongos
(B16F10), na ausência de matriz extracelular. Células B16F10 (10
6
células/ml) obtidos de
American Type Culture Collection (cat # ATCC CRL-6475) foram induzidas a aderir na
presença de uleína, em diferentes concentrações, por 90 min à 37 ºC/5% de tensão de CO
2
.
Cada coluna representa a media±EPM da porcentagem de células aderidas e medida em
espectrofotômetro a 540 nm, em relação ao controle, normalizada em 100% (n=10), *P0,05
em relação ao controle (Holm-Sidak). ANOVA do grupo (P0,05)...........................................
114
Figura 27. Efeito da uleína na adesão celular de células endoteliais de aorta de coelho
(RAEC), na ausência de matriz extracelular. Células RAEC (10
6
células/ml) foram induzidas
a aderir na presença de uleína, em diferentes concentrações (0,01 – 100 μg/ml), por 90 min à
37 ºC/5% de tensão de CO
2
. Cada coluna representa a media±EPM da porcentagem de
xvi
células aderidas e medida em espectrofotômetro a 540 nm, em relação ao controle,
normalizada em 100% (n=5). *P0,05 em relação ao controle (Holm-Sidak). ANOVA do
grupo (P0,05).............................................................................................................................
115
Figura 28. Adesão de células melanoma B16F10 induzida pela uleína. As fotomicrografias
(100X) mostram a adesão de células B16F-10 após serem cultivadas em meio RPMI 1640
(Cultilab) suplementado com soro fetal bovino (SBF 10%), estreptomicina (10 μg/ml) e
penicilina (100 UI/ml), mantida em atmosfera de 37 ºC e 5 a 7% de tensão de CO
2
como
controle (A) e em presença de uleína na concentração de 10
-6
μg/ml (B) e 10
-1
μg/ml (C),
contrastando com a forma não aderida, esférica, da população tratada com 100 μg/ml de
uleína (D).....................................................................................................................................
117
Figura 29. Efeito da atividade aderente da uleína (10
-5
– 10
μg/ml) em células B16F10 para a
fibronectina, laminina, vitronectina e na ausência de matriz extracelular...................................
118
Figura 30. Efeito da uleína (U), lipopolissacarídeo (L) e L-NAME (N) na produção de óxido
nítrico em células endoteliais de aorta de coelho (RAEC). Células endoteliais foram tratadas
com uleína (U1-0,01; U2-0,1; U3-1; U4-10; U5-100 μg/ml), lipopolissacarideo (100 ng/ml) e
L-NAME (1 μg/ml), isolados ou em associação. Cada coluna representa a média±EPM da
quantificação do nitrito medida em espectrofotômetro a 540 nm (n=3-5), *P0,05 (ANOVA
seguido de teste de Kruskal-Wallis).............................................................................................
124
Figura 31. Efeito da uleína (U), lipopolissacarídeo (L) e L-NAME (N) na produção de óxido
nítrico em mouse melanoma cells (B16F10), American Tipical Culture Collection (cat #
ATCC CRL-6475). Células melanoma foram tratadas com uleína (U1-0,01; U2-0,1; U3-1;
U4-10; U5-100 μg/ml), lipopolissacarideo (100 ng/ml) e L-NAME (1 μg/ml), isolados e em
associação. Cada coluna representa a média±EPM da quantificação do nitrito medida em
espectrofotômetro a 540 nm (n=3-5), *P0,05 em relação ao controle (ANOVA seguido de
teste de Holm-Sidak ou Tukey)...................................................................................................
124
xvii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Enquadramento taxonômico de Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson
6
Tabela 2. Panorâmico quimico-farmacológico de espécies do gênero
Himatanthus/Plumeria.............................................................................................................
24
Tabela 3. Abordagem fitoquímica das cascas de Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.)
Woodson, Apocynaceae……………………………………………………………………..
69
Tabela 4. Determinação da IC
50
do padrão antioxidante (ácido ascórbico), frações de
alcalóides em diferentes pH e substâncias isoladas.................................................................
92
Tabela 5. Determinação da média da IC
50
com seus desvios padrões médios (%) de
frações de alcalóides com diferentes pH e substâncias isoladas utilizando três
metodologias diferentes...........................................................................................................
94
Tabela 6. Efeito de gradientes de concentração de uleína sobre leucócitos humanos em
tempos diferentes. A viabilidade é representada pela média±EPM do total de células
viáveis em relação às células não tratadas com uleína (n=3)..................................................
96
Tabela 7. Resultados da análise antimicrobiana da fração apolar, FAA pH10,11,12,13 e 14
das cascas de Himatanthus lancifolius dissolvidas em DMSO...............................................
111
Tabela 8. Resultado da análise da uleína dissolvida em DMSO contra microrganismos
gram positivos e gram negativos.............................................................................................
111
Tabela 9. Atividade antimicrobiana da FAA pH10 de Himatanthus lancifolius dissolvida
em DMSO contra patógenos gram postivo e gram negativo..............................................
112
Tabela 10. Atividade antimicrobiana da FAA pH10 de Himatanthus lancifolius dissolvida
em etanol contra patógenos gram postivo e gram negativo.....................................................
113
xviii
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1. Ciclo biossintético resumido dos metabólitos secundários.................................
11
Esquema 2. Biossíntese do ácido chiquímico........................................................................
13
Esquema 3. Origem biossintética dos aminoácidos aromáticos originando os principais
núcleos dos alcalóides.............................................................................................................
14
Esquema 4. Origem dos derivados hidroxilados simples.......................................................
16
Esquema 5. Relação biossintética das classes de alcalóides indólicos monoterpênicos.
Uma única estrutura sendo utilizada para representação de cada classe de alcalóide
indólico....................................................................................................................................
19
Esquema 6. Biossíntese dos alcalóides indólicos...................................................................
22
Esquema 7. Processo de extração, partição, isolamento e identificação dos metabólitos
secundários das cascas de H. lancifolius pelo método A........................................................
49
Esquema 8. Processo de extração, isolamento e identificação de substâncias das cascas de
H. lancifolius pelo método B...................................................................................................
53
Esquema 9. Fragmentação do espectro de massas de AL1....................................................
75
Esquema 10. Fragmentação do espectro de massas de AL1..................................................
76
xix
RESUMO
Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson, Apocynaceae, uma planta nativa das regiões de
Minas Gerais, Espirito Santo, Rio Grande do Sul, Goiás e abundantemente na Amazônia, mais
conhecida como agoniada, têm sido indicada na medicina tradicional para o tratamento de
diversas enfermidades. Este trabalho teve por finalidade contribuir com o conhecimento da
espécie através de avaliações das atividades biológicas das frações e substâncias isoladas de
Himatanthus lancifolius. Os resultados demonstraram atividade antioxidante relativa de
59,37±0,83% para a fração alcaloídica pH10, enquanto que, para a uleína, esse efeito foi de
0,59±0,09% no ensaio de redução do complexo fosfomolibdênico. No ensaio do DPPH, a fração
alcaloídica apresentou IC
50
de 196,33±8,95 μg/ml e para a uleína 6475,00±25,0 μg/ml. A uleína,
principal alcalóide isolado da fração alcaloídica, estimulou uma produção máxima de óxido
nítrico nas concentrações de 0,1 μg/ml (20,90±1,41 μM) e 1 μg/ml (41,19±0,22 μM) utilizando
células RAEC e B16F10, respectivamente, demonstrando que o efeito da uleína nas células se dá
através de estímulos nas vias de produção de óxido nítrico. Na investigação da resposta
inflamatória, os dados demonstraram que a uleína não apresentou característica quimioatractora.
Contudo, exposição de leucócitos humanos na concentração de 3,75x10
-12
mol/l de uleína
resultou em uma significante inibição da migração de PMN induzida por caseína, quando
comparado com população celular tratada com dexametasona (DEXA). Esse efeito não foi
resultante da toxicidade do alcalóide, tal como confirmado pelo teste de exclusão com azul de
Trypan. Tratamento com morfina e naloxona, isolada ou em associação, antes ou após o uso da
uleína, demonstraram bloquear parcialmente a atividade antiquimiotática, sugerindo que esses
efeitos podem ser mediados por receptores opióides. Aumento nas concentrações de uleína
estimula a adesão de células B16F10 e RAEC. A máxima atividade foi observada na concentação
de 5x10
-4
μg/ml e esse efeito pode ser produzido pela ligação da uleína nas proteínas de adesão
presentes na superfície das células. Altas concentrações de uleína não favoreceram a adesão
celular, indicando que essas apresentam condições de saturação nos receptores. Finalmente, a
uleína demostrou um largo espectro de atividade antimicrobiana in vitro para microrganismos
gram positivo e gram negativo causadores de várias patogenias humanas, inclusive MRSA e cepa
canina. Os resultados aqui apresentados mostraram alguns aspectos farmacológicos interessantes
e desconhecidos das frações e das substâncias isoladas das cascas de H. lancifolius que podem
conduzir a aplicações terapêuticas importantes.
Palavras-chave: Himatanthus lancifolius; agoniada; alcalóides indólicos; uleína; inflamação;
antioxidantes; metástase; óxido nítrico; antimicrobiano; RAEC; B16F10.
xx
ABSTRACT
Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson (Apocynaceae) formerly known as Plumeria
lancifolia, is popularly called agoniada in Brazil. The dried stem bark of this specie is commonly
used in the folk medicina to treat several illness. This work aims to contribute to the
knowlegment of the species and trhough evaluation of the biological activities of the fractions
and isolated compounds from Himatanthus lancifolius.The results demonstrated antioxidant
activity of 59.37±0.83% for the alkaloidal fraction, while for uleine the effect was of 0.59±0.09%
in the reduction of the phosphomolibdenium method. In the essay of DPPH, the alkaloidal
fraction presented IC
50
=196.33±8.90 µg/ml and for the uleine 6475.00±25.00 µg/ml. The uleine
also stimulated a maximum production of nitric oxide in the concentrations of 0.1 µg/ml
(20.90±1.41 μM) and 1 µg/ml (41.19±0.22 μM) using RAEC and B16F10 cells, respectively,
demonstrating that the effect of the uleine in the cells occurs by promoting the pathway of
production of nitric oxide and not for a scavenger effect of free radical. The investigation of
inflammatory response, in the data showed that alkaloid has no chemoatractant characteristic.
However, exposition of human leukocytes to 3.75x10
-12
mol/l uleine resulted in a significant
inhibition of the PMN migration induced by casein, when compared with the untreated cell
population or with DEXA-treated cells. This effect was not resultant of alkaloid toxicity as
confirmed by a dye exclusion test. Treatment with morphine or naloxone, singly or in association,
before or after the use of uleine, could partially block the anti-chemotactic activity suggesting
that these effects may be opioid receptors’ mediated. Results showed that low concentrations of
uleine stimulated cellular adhesion in B16F10 and RAEC cells. In addition, higher uleine
concentrations did not further increase cellular adhesion, indicating saturating conditions. Also,
uleine showed a broad-spectrum in vitro antimicrobial activity for the gram (+) and gram (-)
tested microorganisms, including MRSA and canine pathogens. The results herein presented have
revealed some interesting and unknown pharmacological aspects of compounds isolated, indole
alkaloids purified from an extract prepared from the barks H. lancifolius, which therapeutic
applications must be pursued.
Key Words: Himatanthus lancifolius; agoniada; indole alkaloids; uleine; inflammation;
antioxidant; nitric oxide; antimicrobial activity; cellular adhesion; metastasis; RAEC; B16F10.
1
INTRODUÇÃO
As plantas são fontes importantes de produtos naturais biologicamente ativos, muito dos
quais se constituem em modelos para a síntese de um grande número de fármacos. Pesquisadores
da área de produtos naturais mostram-se impressionados pelo fato desses produtos encontrados
na natureza revelarem uma gama quase que inacreditável de diversidade em termos de estrutura,
propriedades físico-químicas e biológicas (Wani, Taylor et al., 1971). Apesar do aumento dos
estudos nessa área, os dados disponíveis revelam que apenas 15 a 17% das plantas foram
estudadas quanto ao seu potencial medicinal (Soejarto, 1996).
A partir da necessidade de se conhecer mais profundamente os produtos de origem
natural e utilizá-los na terapêutica de forma correta e segura, surgiram na história da Farmácia,
várias ciências que têm como objetivo estudar as virtudes da natureza, sobretudo as plantas, em
prol do bem estar da humanidade (Costa, 1968).
A Farmacognosia, ciência tão antiga quanto a própria tradição farmacêutica, tem por
objetivo o conhecimento dos fármacos abrangendo seus aspectos botânicos, químicos e
farmacodinâmicos, apoiando-se nesses três pilares para substituir o empirismo com que as plantas
medicinais eram utilizadas pelo caráter científico (Costa, 1968).
Embora os produtos sintéticos desempenhem papel importante na terapêutica moderna, a
Farmacognosia, através do estudo contínuo das plantas medicinais tem encontrado substâncias
medicamentosas naturais usadas diariamente no tratamento de enfermidades, cuja síntese ainda
não foi obtida. Os digitálicos constituem exemplo típico desse fato. O custo elevado dos
processos de sínteses de uma série de substâncias naturais, por outro lado, faz com que elas
continuem sendo obtidas de vegetais. Outro fato digno de nota é o de certos vegetais encerrarem
conjunto de princípios ativos, cuja ação farmacodinâmica é mais conveniente do que um desses
princípios ativos isolados (Oliveira e Akisue, 1987).
2
Hoje, detêm-se muitas informações sobre as substâncias ativas das plantas e seus
mecanismos de ação, auxiliando seu uso já bastante difundido. O consumo, indo desde o caseiro
até suas utilizações nas mais modernas indústrias farmacêuticas, vem crescendo a cada dia
(Toledo, 1997). Estima-se que existam cerca de 25 a 75 mil espécies vegetais utilizadas nas
medicinas tradicionais do mundo, das quais apenas 1% são conhecidas por estudos científicos
com comprovação de seu valor terapêutico, quando administradas em seres humanos (Vicente,
1994).
Dentre as substâncias ativas a serem investigadas, parcela de interesse pode ser atribuída
ao estudo dos alcalóides, pois sabe-se que sua administração em humanos promove,
inexoravelmente, enérgica alteração fisiológica e também porque tem sido uma abundante fonte
de substâncias úteis na terapêutica (Cordell, 1981).
Desde a descrição do sal de ópio por Derosne (1803), trabalhos de Seturner (1805) sobre
o Principium somniferum e a identificação da estrutura da morfina por Robinson e Gulland
(1923), os alcalóides têm despertado grande interesse tanto para químicos, pelas suas
propriedades, como para farmacologistas, por suas ações terapêuticas e também para botânicos
por suas correlações quimiotaxonômicas. Os alcalóides podem ser definidos como sendo bases
nitrogenadas orgânicas encontradas principalmente em plantas, porém em menor extensão em
animais e microorganismo. Um ou mais átomos de nitrogênio estão presentes, sendo tipicamente
classificados como aminas primárias, secundárias ou terciárias, o que confere o caráter básico dos
alcalóides, facilitando seu isolamento e purificação. O grau de basicidade varia extensamente,
dependendo da estrutura do alcalóide e da presença e localização de outros grupos funcionais
(Dewick, 2002). Os alcalóides apresentam sempre ação farmacológica ou tóxica quando
administrado em animais (Henriques, Kerber et al., 1999).
Os alcalóides constituem-se num vasto grupo de metabólitos com grande diversidade
estrutural, comparável aos terpenóides, representando cerca de 20% das substâncias naturais
3
descritas. Esse grupo químico tem apresentado um grande impacto através dos tempos na
economia, medicina e em outros setores sociais e políticos.
Devido ao elevado número de atividade biológica atribuída aos alcalóides, estes foram
continuamente objetos de estudos. Muitos outros alcalóides foram e continuam sendo descritos e
seu uso introduzido na terapêutica, como, por exemplo, os alcalóides antitumorais isolados de
Catharanthus roseus G. Don. (Henriques, Kerber et al., 1999).
Uma classe de substâncias que possuem grande importância econômica devido às suas
atividades farmacológicas e constituída pelos alcalóides com estrutura básica do indol é o dos
alcalóides indólicos. Essas estavam entre as primeiras substâncias isoladas das plantas, mas,
devido às fórmulas químicas complexas (especialmente dos alcalóides indólicos
monoterpênicos), a determinação de suas estruturas era difícil e demorada. Podem ser citadas
como exemplo dessas substâncias a vincristina e a vimblastina, que são antineoplásicos
importantes; a ergotamina que é um importante fármaco contra a migraina; a ajmalicina, fármaco
usado em distúrbios do fluxo sanguíneo e a reserpina como agente hipotensor (Schripsema,
Dagnino et al., 1999).
Cascas de Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson, Apocynaceae, uma planta
nativa das regiões de Minas Gerais, Espirito Santo, Rio Grande do Sul, Goiás e abundantemente
na Amazônia, mais conhecida como agoniada, tem sido indicada na medicina tradicional para o
tratamento de várias doenças de pele, asma, sífilis, febre, estimulante nas contrações uterinas
auxiliando na concepção, regularizando as menstruações, corrimento vaginal e afecções
herpéticas (Correa, 1984), sendo que seu uso sem determinado intervalo de tempo pode interferir
no processo de coagulação. O nome agoniada provém do seu uso tradicional, sendo utilizada
quando as mulheres tornam-se agoniadas pelas cólicas menstruais (Corrêa, Batista et al., 1998).
Considerando que plantas da família Apocynaceae são bastante conhecidas pela
presença desses alcalóides derivados do triptofano, com núcleo indólico, e que apresentam
4
grande número de substâncias com reconhecida atividade farmacológica, desde 1992, o
Laboratório de Farmacognosia, Departamento de Farmácia da Universidade Federal do Paraná,
em trabalho conjunto com os pesquisadores do Departamento de Farmacologia dessa mesma
instituição, desenvolvem pesquisas farmacológicas e toxicológicas pré-clínicas utilizando a
fração rica em alcalóides e substâncias isoladas de Himatanthus lancifolius. A finalidade é avaliar
as ações dessa fração e substâncias isoladas sobre a musculatura lisa vascular, não vascular e
esquelética possibilitando a caracterização do mecanismo de ação das substâncias em estudo,
utilizando técnicas in vitro e in vivo. Atualmente, pelos bons resultados obtidos, esses estudos
têm sido diversificados pela equipe de trabalho, principalmente no campo da quimiotaxia
leucocitária, estudos antioxidantes, atividades antimicrobianas, teste de adesão celular e dosagem
do óxido nítrico em células RAEC e B16F10, partindo do princípio que os estudos envolvendo
Himatanthus lancifolius, como outras espécies desse gênero, foram no passado priorizados para a
sua caracterização química, sendo que as atividades biológicas têm sido raramente mencionadas
na literatura científica.
Os conhecimentos adquiridos para orientar os nossos estudos enfocando Himatanthus
lancifolius (Muell. Arg.) Woodson, Apocynaceae e relacionando-a principalmente a sua ação nos
níveis pressóricos de ratos anestesiados conduziram a resultados preliminares bastantes
satisfatórios. No estudo fitoquímico de Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson
verificou-se a presença de uma grande quantidade de alcalóides com núcleo indólico, sendo essa
espécie relatada na literatura como a única do gênero possuidora desses produtos do metabolismo
secundário. A fração de alcalóides da agoniada (FAA) revelou, através de métodos
cromatográficos, possuir vários alcalóides diferentes, dos quais quatro foram isolados e apenas
duas substâncias puderam ser identificadas através de dados espectrométricos usuais (Franca,
Brown et al., 2000).
5
A planta em estudo mostra grande potencial não somente pelo seu conteúdo em
alcalóides do grupo indol, os quais tem sido ao longo do tempo fonte de moléculas úteis na
terapêutica, mas também pela atividade hipotensora apresentada nos estudos farmacológicos
preliminares da fração de alcalóides de Himatanthus lancifolius. Com base nesses dados, faz-se
necessário realizar o isolamento e a identificação de outros alcalóides em quantidades suficientes
para possibilitar estudos mais avançados, visando o aproveitamento do potencial biológico desses
e das substâncias anteriormente isoladas.
Pelo fato dos testes preliminares apresentados no decorrer desse trabalho, serem
efetuados com a fração de alcalóides da agoniada, convencionou-se adotar a sigla FAA, tendo em
vista que as possíveis atividades dessa planta estejam ligadas à presença de alcalóides, principal
produto natural secundário encontrado nessa família.
6
CONSIDERAÇÕES GERAIS
POSIÇÃO SISTEMÁTICA DA ESPÉCIE
O enquadramento taxonômico de Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson,
segundo Cronquist (Cronquist, 1988) e Engler (Joly, 1998), encontra-se inserido na Tabela 1.
Tabela 1. Enquadramento taxonômico de Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.) Woodson.
Taxa
Segundo (Cronquist, 1988) Segundo Engler (Joly, 1998)
Divisão
Magnoliophyta Angiospermae
Classe
Magnoliatae Dicotyledoneae
Subclasse
Asteridae Sympetalae
Ordem
Gentianales Gentianales
Família
Apocynaceae Apocynaceae
Gênero
Himatanthus Himatanthus
Espécie
Himatanthus lancifolius
(Muell. Arg.) Woodson*
Himatanthus lancifolius
(Muell. Arg.) Woodson*
DIFERENCIAÇÃO DO GÊNERO Himatanthus e Plumeria
O trabalho realizado por Woodson em 1951 no Missouri Botanical Garden confirmou a
proposta de autoria de Willdenow, que previa a separação dos gêneros Plumeria e Himatanthus
(Woodson, 1951). Dessa forma, pôde ser corrigido o engano cometido por Mueller Argoviensis
que classificou como um só gênero as espécies.
*Basionimo: Plumeria lancifolia Muell. Arg
7
Fica evidente no trabalho de Woodson que Mueller Argoviensis não conhecia o sistema
que descrevia o gênero Himatanthus Wild., proposto anos antes no sistema de Roemer e Schultes.
Esta proposta foi baseada em um relatório com descrições satisfatórias gerais e específicas, da
análise entre outros de uma espécie constituída de amplas brácteas, e que foi coletado no nordeste
do Brasil.
Posteriormente o grupo do Laboratoire de Phanerogamie, Museum National D´Histoire
Naturelle, em Paris, revisou esse estudo (Plumel, 1991). Examinando todas as espécies e as
referências bibliográficas, confirmou a separação dos gêneros em questão, fornecendo
informações adicionais baseando-se na pesquisa de abundante material botânico. Ainda foi
possível distinguir 14 espécies desse gênero, entre as quais, várias espécies descritas inicialmente
por Mueller Argoviensis e reclassificadas por sinonímia por Woodson, sendo elas: H. obovatus,
H. drasticus, H. falax, H. articulatus, H. sucuuba, H. phaedaenicus, H. bracteatus, H. attenuatus,
H. semilunatus, H. phagedaenicus, H. terapotensis, H. specious, H. stenophyllus e H. lancifolius
(Coimbra, 1994).
Estudos da morfologia das folhas e das flores do gênero Himatanthus levaram a
distinção de dois subgêneros: Obovate e Lanceolate. O primeiro tem lâminas foliares oblongas ou
obovadas as quais são obtusas na base; o segundo tem lâminas foliares oblanceoladas ou
espatuladas as quais são agudas na base (Plumel, 1991).
DESCRIÇÃO BOTÂNICA
Planta conhecida popularmente como sucuuba, agoniada, quina mole, arapué ou
tapuoca. É uma árvore de até 8 m de altura, com raízes muito compridas e caule lactescente
(Figura 1-A) muito vista nas margens de estradas (terrenos semidesmatados), casca acinzentada,
8
folhas longo-grosso-pecioladas, opostas, lanceoladas, inteiras, agudas, glabras, até 25 cm de
comprimento e 3 cm de largura (Figura 1-B); apresentam florações brancas em diferentes épocas
do ano (Figura 1-A), principalmente em novembro, campanuladas, com base do tubo amarelada,
grandes, dispostas no ápice dos ramos em cimeiras de 2 ou 3; frutos folículo geminados,
fusiformes, de 9 cm contendo sementes (Correa, 1984).
As cascas apresentam-se em pedaços de forma irregular de 4, 10 ou mais centímetros de
comprimento, enrolados quase sempre em cilindros de 1 a 1,5 cm de diâmetro, ou tendo os
bordos recurvados. A espessura varia de 1 a 6 mm, conforme sejam provenientes dos ramos ou
do tronco (Figura 1-C). A superfície externa das cascas provenientes dos ramos é de cor parda
escura, com manchas pardas mais claras ou amareladas, alongadas no sentido longitudinal, e
quase lisa; sua face interna é de cor mais escura, quase preta e lisa. A sua fratura é levemente
granulosa. Sua secção transversal apresenta duas camadas de espessura desigual: uma porção
externa ou peridérmica, mais espessa e de cor parda amarelada, um pouco mais carregada no
exterior, e a parte liberiana, de cor mais escura (Santos, 1926).
9
Figura 1. Aspectos botânicos de H. lancifolius (Muell. Arg.) Woodson. Aspecto geral (A); folhas
(B); cascas fragmentadas (C e D); cascas moídas (D).
http://www.arvores.brasil.com.br/florin/agonia.htm
A
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/florin/a
g
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A
www.bio.uu.nl/.../Himatanthus%20 lancifolius.html
www.duke.edu/.../ Himatanthus%20 PN27050.
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Foto: Wesle
y
Mauricio de Souza
Foto: Wesley Mauricio de Souza
B
B
C
D
10
PRODUTOS DO METABOLISMO SECUNDÁRIO
A produção de substâncias naturais do metabólismo secundário é o resultado de
interações complexas entre biossíntese, transporte, estocagem e degradação (Wink, 1990). Cada
um desses processos, por sua vez, é governado por genes e, portanto, será influenciado por três
fatores principais: hereditariedade, ontogenia (estágio de desenvolvimento) e ambiente (Robbers,
Speedle et al., 1996). A maioria dos mecanismos que regulam tanto a biossíntese quanto a
estocagem e a degradação permanecem ainda desconhecidos.
Na maioria das células e organismos, as rotas metabólicas de síntese, degradação e
interconversão das moléculas essenciais, bem como as reações que visam a conservação de
energia, são similares (metabolismo primário ou intermediário). As rotas metabólicas das
substâncias secundárias, entretanto, não são tão gerais e talvez só sejam ativadas durante alguns
estágios particulares de crescimento e desenvolvimento ou em períodos de estresse causados por
limitações nutricionais ou ataque microbiológico (Mann, 1987).
Embora classificadas como sendo do metabolismo primário ou do secundário, as reações
bioquímicas não ocorrem independentemente em um mesmo produtor. Alterações no primeiro
podem afetar profundamente o segundo e, embora o reverso não seja verdadeiro, alguns casos em
que metabólitos secundários são convertidos em primários já foram descritos. Além disso, muitos
metabólitos secundários são formados por seqüência de reações análogas àquelas do metabolismo
primário. Portanto, a linha divisória entre metabolismo primário e secundário não é nítida
(Dewick, 2002).
A origem de todos os metabólitos secundários pode ser resumida a partir do
metabolismo da glucose (I), via dois intermediários principais, o ácido chiquímico (II) e o
11
acetato. O ácido chiquímico origina os aminoácidos aromáticos, precursores da maioria dos
metabólitos secundários aromáticos.
Alguns metabólitos secundários derivam não apenas de um desses intermediários, mas
são resultantes da combinação de uma unidade de ácido chiquímico e uma ou mais unidades de
acetato ou derivados deste, como é o caso das antraquinonas, flavonóides e dos taninos
condensados.
Além disso, os metabólitos secundários podem ser encontrados na forma livre, sendo
denominados genericamente de agliconas, ou estar ligados a uma ou mais unidades de açúcar,
formando o que se denomina de glicosídios (Esquema 1).
GLUCOSE
polissacaridios
glicosidios
ácido chiquimico
acetil - CoA
ácido corísmico
ácido gálico
taninos hidrolisáveis
triptofano fenilalanina/
tirosina
alcalóides indólicos
e quinólinicos
protoalcalóides,
alcalóides
isoquinolinicos e
benzilisoquinolinicos
ácido cinâmico
antraquinonas
flavonóides
taninos condensados
ciclo do
ácido
citrico
ornitina/
lisina
alcalóides
pirrolidinicos,
tropânicos,
pirrolizidinicos,
piperidinicos e
quinolizidinicos
via
mevalonato
terpenoides e
esteróides
condensação
ácidos graxos
acetogeninas
fenilpropanoides
ligninas, lignanas
cumarinas
Esquema 1. Ciclo biossintético resumido dos metabólitos secundários.
12
Derivados do ácido chiquímico
O ácido chiquimico (II) é formado pela condensação aldólica de dois metabólitos da
glucose: o fosfoenolpiruvato (III) e a eritrose-4-fosfato (IV) (Esquema 2). Uma vez formado, o
ácido chiquímico pode ser metabolizado em ácido corísmico (V) ou ácido gálico (VI) (Esquema
3). Como o pH prevalente na planta torna os ácidos ionizados, poder-se-ia designar esses
metabólitos como chiquimato, corismato e galato, respectivamente.
O ácido corísmico, resultante de uma molécula de ácido chiquímico e uma de
fosfoenolpiruvato, por sua vez, originam os aminoácidos aromáticos (Esquema 3), precursores de
vários tipos de alcalóides.
Essas vias biossintéticas que formam os aminoácidos aromáticos estão presentes em
plantas, fungos e bactérias, mas não são encontradas em animais. Por isso, os aminoácidos
aromáticos, fenilalanina e triptofano, são considerados nutrientes essenciais na dieta dos animais,
enquanto que a tirosina só não é considerada essencial porque pode ser formada a partir da
fenilalanina.
13
O
OH
OH
OH
glucose 6-fosfato
OH
O
OH
OH
OH
OH
HO
PO
GLUCOLISE
OHC
OH
PO
gliceraldeido 3-fosfato
HO
2
C OH
PO
ácido 3-fosfoglicérico
HO
2
C
OP
HO
2
C
O
ácido piruvico
CoAS
O
ACETIL-CoA
PO
OH
O
OH
CICLO DA PENTOSE
FOSFATO
OH
OH
HO
CO
2
H
(H
2
PO
4
-
)
2
H
2
O
NADPH
+
/H
+
NADP
+
(I)
(II)
(III)
(IV)
Esquema 2. Biossíntese do ácido chiquímico.
14
HO
OH
OH
CO
2
H
ATP
PO
OH
OH
CO
2
H
..
CO
2
HPO
H
+
ácido chiquimico 3-fosfato
PO
OH
O
CO
2
H
H
CO
2
H
H
H
OP
ácido 3-enolpiruvilchiquimico
3-fosfato sintase
1,2 - eliminação do
ácido fosfórico
-HOP
PO
OH
CO
2
H
ácido 3-enolpiruvilchiquimico
3-fosfato
-HOP
1,4 - eliminação do
ácido fosfórico
OH
H
+
ácido prefênico
O
OH
CO
2
H
4-hidroxifenil-
ácido piruvico
NAD
+
NH
2
OH
CO
2
H
L
-tirosina
PLP
O
CO
2
H
O
CO
2
H
ácido fenilpirúvico
PLP
L
-fenilalanina
OH
C
NH
2
CO
2
H
O
O
H
PLP
ácido L-arogênico
NAD
+
transaminação
OH
CO
2
H
O CO
2
H
NH
2
ácido 2-amino-2-deoxi-
isocorísmico
CO
2
H
NH
2
ácido antranílico
N
H
CO
2
H
NH
2
L
-triptofano
O CO
2
H
OH
CO
2
H
O CO
2
H
C
O
H
O
CO
2
H
O
(II)
(III)
(V)
Esquema 3. Origem biossintética dos aminoácidos aromáticos originando os principais núcleos
dos alcalóides.
15
Alcalóides derivados do triptofano (VII)
Os alcalóides indólicos são produtos naturais que contêm o núcleo do indol oxidado,
reduzido ou com um substituto equivalente, como por exemplo, oxindol, pseudoxindol,
diidroindol e o N-acilindol (Cordell, 1981). Podem ser divididos em duas classes principais:
primeiro aqueles alcalóides indólicos mais simples, os quais não apresentam uniformidade
estrutural e ocorrem amplamente distribuídas nas plantas. Apresentam a triptamina (VIII) e seus
derivados N-metil e N,N-dimetil como simples derivados hidroxilados, tais como a 5-
hidroxitriptamina (serotonina) (IX) e a psilocibina (X).
N
H
CO
2
H
NH
2
N
H
NH
2
O
OGlc
MeO
2
C
H
CHO
H
Esses são formados por uma série de reações de descarboxilação, metilação e
hidroxilação, embora as seqüências dessas reações sejam construídas de acordo com variações no
produto final e/ou organismo envolvido (Esquema 4) (Dewick, 2002).
(VII)
(VIII)
(XI)
16
N
H
CO
2
H
NH
2
N
H
NH
2
N
H
NHMe
N
H
NMe
2
N
H
NMe
2
OH
N
H
NMe
2
OP
N
H
CO
2
H
NH
2
HO
N
H
NH
2
HO
psilocina
5-hidroxi-L
-triptofano
[O]
-CO
2
-CO
2
[O]
(VII)
(VIII)
(X)
(IX)
Esquema 4. Origem dos derivados hidroxilados simples (Dewick, 2002).
Os alcalóides simples baseados no sistema β-carbolina são exemplificados pela
formação de um novo anel heterocíclico de seis membros usando o lado da cadeia de etilamina na
triptamina em um processo análogo na geração de alcalóides tetrahidroisoquinólicos.
Uma segunda classe, que constituem um dos maiores grupos de alcalóides das plantas,
são aqueles que contêm dois elementos estruturais: a triptamina (VIII), que é o produto de
descarboxilação do triptofano (VII), com núcleo do indol e um monoterpeno com o esqueleto da
secologanina (XI) (Cordell, 1981). Na prática, em todas as estruturas, uma parte da triptamina
pode ser reconhecida. O fragmento que permanece é usualmente um resíduo C
9
ou C
10
e três
principais tipos de fragmentos estruturais denominados corinanteano (XII), aspidospermano
(XIII) e ibogano (XIV) (Esquema 6-B). O fragmento C
9
ou C
10
foi demonstrado ser de origem
terpenóide e o secoiridóide secologanina foi identificado tal como um derivado terpênico, os
quais inicialmente combinam com a porção de triptamina da molécula (Dewick, 2002).
17
Alcalóides indólicos
Classificação
Os alcalóides indólicos costumam ser classificados de acordo com os sistemas de anéis
que constituem as principais partes de suas estruturas, os quais, por sua vez, podem ser
classificados de acordo com o aminoácido precursor.
Le Men e Taylor (1965) propuseram um sistema de numeração para essas substâncias
baseadas na sua biogênese sendo, hoje em dia, o sistema de numeração aceito. A numeração
baseia-se no esqueleto da ioimbina (XV).
N
H
N
H
H
H
OH
MeO
2
C
1
23
4
7
8
11
10
14
9
15
6
16
12
5
17
21
18
19
20
Esses autores distinguiram, naquela época, três classes de alcalóides indólicos
monoterpênicos.
Classe I: Corynanthé
Classe II: Iboga
Classe III: Aspidosperma
(XV)
18
Kisakurek e Hesse (1980) subdividiram os alcalóides indólicos monoterpenóides em oito
classes (classes 1 a 8). Van Beek (1984) ampliou essa classificação, adicionando mais três
classes. Foi criada uma classe para um novo arranjo de esqueleto de alcalóides indólicos
monoterpênicos (Tacamano), uma classe para os alcalóides indólicos monoterpênicos diméricos e
uma classe para todos os demais alcalóides indólicos monoterpênicos. Cada classe possui as
seguintes características:
1. C- corinanteano, unidade C-2, C-3,C-14 e ligação entre N-4 e C-21 ou unidade C-
7, C-3, C-14, ligação entre N-4 e C-21, e a função C-2 oxo.
2. D- vincosano, unidade C-2, C-3, C-14, HN-4 livre ou ligação entre N-4 e C-19 ou
entre N-4 e C-18.
3. V- valesiachotamano, unidade C-2, C-3, C14, ligação entre N-4 e C-17 ou entre N-
4 e C-22.
4. S- estricnamo, unidade C-2, C-16, C-15, ligação entre C-3 e C-7.
5. A- aspidospermatano, unidade C-2, C-16, C-15, sem ligação entre C-3 e C-7.
6. E- eburnano, unidade N-1, C-16, C-17, C-20.
7. P- plumerano, unidade C-2, C-16, C-17, C-20.
8. I- ibogano, unidade C-2, C-16, C-17, C-14 ou C-7, C-16, C-17, C-14 e a função C-
2 oxo.
9. T- tacamano, unidade N-1, C-16, C-17, C-14.
10. bis-indol
11. diversos
No esquema 5, cada classe é representada por uma única estrutura sendo indicada,
também, a relação biossintéticas entre as classes.
19
N
H
NH
2
O
OGlu
MeO
2
C
H
H
CHO
triptamina
secologanina
reação de
Mannich
N
H
NH
O
OGli
H
MeO
2
C
H
estrictosidina
N
H
N
O
H
MeO
2
C
H
H
ajmalicina
C
N
H
N
CO
2
Me
H
tabersonina
P
D
N
H
CO
2
Me
N
S
akuamicina
N
H
N
CO
2
Me
CH
2
OH
estemadenina
A
N
H
MeO
N
I
ibogaina
N
N
CO
2
Me
HO
H
vincamina
E
N
H
N
O
O
OCH
3
H
H
V
valesiachotamina
N
N
H
H
OCH
3
O
T
vimblastina
N
H
N
MeO
2
C
N
Me
N
OH
H
MeO
H
H
OAc
MeO
2
C OH
bis-indólicos
tacamina
Esquema 5. Relação biossintética das classes de alcalóides indólicos monoterpênicos. Uma única
estrutura está sendo utilizada para a representação de cada classe de alcalóide indólico.
20
A maior parte dos outros alcalóides indólicos podem ser organizados nas seguintes
classes:
1. base simples, que são derivados simples do triptofano (VII), produtos da sua desaminação,
descarboxilação, metilação e hidroxilação. Exemplos são triptamina (VIII), serotonina (IX) e
psilocibina (X).
2. β-carbolina têm como característica em comum a presença de mais um anel de seis membros,
sendo também conhecidos como alcalóides do tipo harmano. Um exemplo é o alcalóide harmina
(XVI).
3. alcalóides do esporão-do-centeio, que possuem como característica em comum a presença do
sistema de anéis denominados ergolínico (XVII).
N
H
NH
2
HO
N
H
NMe
2
OP
N
H
MeO
N
N
H
NMe
HN
H
O
OH
Biogênese
O sistema indólico é derivado do aminoácido
L-triptofano (VII), que por sua vez é
descarboxilado pela enzima triptofano-descarboxilase formando triptamina (VIII) (Esquema 6A).
A triptamina, bem como seus produtos de metilação e hidroxilação, é amplamente distribuída no
reino vegetal.
(VIII) (X) (XVI) (XVII)
21
Os alcalóides indólicos monoterpênicos são, quase sempre, produtos da condensação da
triptamina com o secoiridóide secologanina (XI) (Esquema 5), que é formado a partir do
monoterpeno pirofosfato de geranila. A condensação de triptamina (VIII) com secologanina é
catalizada pela enzima estrictosidina sintase formando estrictosidina (XVIII), um alcalóide
glicosilado (Esquema 5). Por sua vez, a eliminação da glucose presente na estrictosidina, pela
estrictosidina glucosidase, forma um produto instável, cuja estrutura ainda não foi esclarecida. A
transformação desse intermediário, através de reações ainda não bem caracterizadas, leva à
formação das várias classes dos alcalóides indólicos monoterpênicos. A partir dessa etapa, pouco
se sabe sobre os detalhes das rotas biossintéticas que levam à formação de várias substâncias e
somente algumas de grande importância farmacológica tiveram as últimas etapas da biossíntese
investigada.
Assim, os alcalóides indólicos podem ser classificados como derivados do aminoácido
triptofano (VII). Além deste, podem contribuir na estrutura final do alcalóide, unidade C
2
proveniente do piruvato ou unidades C
5
ou C
9/10
provenientes do mevalonato (Esquema 6A). Os
alcalóides indólicos mais complexos derivam de três esqueletos monoterpênicos (C
10
), formando
os tipos aspidospermano (XIII), corinano (XII) e ibogano (XIV) (Esquema 6B). Dentre os
exemplos de maior importância nesse grupo estão os alcalóides de Catharanthus roseus G. Don.
(Apocynaceae), como os dímeros vincristina e vimblastina (XIX), empregados no tratamento de
leucemia linfocítica aguda e uma variedade de neoplasma.
N
H
N
MeO
2
C
N
R
N
OH
H
MeO
H
H
OAc
MeO
2
C OH
R= Me, vimblastina
R= CHO, vincristina
(XIX)
22
N
H
CO
2
H
NH
2
N
H
NH
2
N
H
N
MeO
2
C
H
H
OH
H
N
H
N
MeO
C2 (piruvato)
C10 (mevalonato)
(A)
(B)
(VII)
(VIII)
(XVI)
(XV)
(XIII)
(XII)
(XIV)
Esquema 6. Biossíntese dos alcalóides indólicos.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Constituição química, atividades farmacológicas e uso popular do gênero
Himatanthus/Plumeria.
Muitas espécies do gênero Himatanthus, basionimo do gênero Plumeria, foram e estão
sendo estudadas com relação a sua constituição química. Com isso, várias classes químicas e
algumas substâncias de interesse medicinal foram isoladas e relatadas nos últimos anos (Tabela
2), porém muito pouco se conhece a respeito do potencial farmacológico dessas substâncias.
A variabilidade de climas e regiões no Brasil favorece o desenvolvimento de uma
incomparável biodiversidade vegetal. Dentro dela, há um grande número de plantas usadas na
medicina popular com finalidade terapêutica especifica. Por exemplo, droga como a agoniada é
amplamente utilizada pelo seu caráter empírico, mas não existem muitos relatos sobre estudos
23
científicos comprovando esses efeitos. Interessante notar, que muitos autores desconhecem o
trabalho do Laboratoire de Phanerogamie, Museum National D´Histoire Naturelle, em Paris, que
em uma ampla revisão bibliográfica, confirmou a separação dos gêneros Himatanthus e Plumeria
proposto por Woodson (1951), conforme demonstrado por Record e Hess (1949) que não
considerava distinção entre os gêneros, o que talvez justifique as escassas referências envolvendo
o gênero Himatanthus.
24
Tabela 2. Panorâmico químico-farmacológico de espécies do gênero Himatanthus/Plumeria.
Espécies Classes químicas Substâncias Atividade farmacológica Referências
Himatanthus spp
Iridóides
Triterpenóides
Esteróides
*Malaria; *Tumores; *Artrites;
*Gastrites
Atividade moluscicida; Espasmódica;
inflamatória
Ferrigni, Nelson et al.
(1976); Coppen e Cobb
(1983); Tan, Pezzuto et
al. (1991)
Coimbra (1994)
Endo, Hayashi et al.
(1994); Souza, Azevedo
et al. (1984)
Himatanthus articulata
Esteróide
Triterpenóides
estigmasterol; sitosterol; cicloartenol
α-amirina; cinamato de α-amirina; cinamato de β-
amirina; 3-β-cinamato de α-amirina; 3-β-cinamato de
β-amirina; 3-β-acetato de α-amirina; 3-β-acetato de
β-amirina; 3-β-cinamato de lupeol; 3-β-acetato de
lupeol; ácido ursólico; metilmioinositol; Ácido 1β-O-
β-D glucopiranosilplumérico; 1β-O-β-D-
glucopiranosilplumerídeo; plumericina;
isoplumericina
*sifilitico
Barreto (1998)
Ferrigni, Nelson et al.
(1976)
Van Den Berg (1982)
Himatanthus lancifolius
Iridóides
Glucosilplumerideo
*Doenças de pele; *Asma; *Sífilis;
*Estimulante das contrações uterinas
Atividade microbiana contra bactérias
gram positiva e gram negativa
Efeito gastroprotectivo nos experimentos
de indução de lesão gástrica por etanol e
redução de ácido gástrico induzido por
ligadura pilórica
Alteração na resposta da musculatura lisa
vascular e não vascular, envolvendo o
bloqueio da entrada de cálcio, mudança
Abisch e Reichsteris
(1960)
Correa (1984)
Souza, Stinghen et al.
(2004)
Baggio, De Martini
Otofuji et al. (2005)
Rattmann, Terluk et al.
(2005)
25
Alcalóides
Uleína
na usa utilização ou mobilização
Atividade anti-úlcera
Estímulos nas vias de produção de óxido
nitrico através da enzima NOS
Finau et al. (1996)
Souza, Santos et al.
(2007)
Himatanthus phageadaenica
Triterpenóides
Esteróides
Iridóides
Glucosidios
α-amirina; β-amirina, lupeol
β-sitosterol
plumericina (XXI); alamandina; isoplumericina
(XXI); ácido β−dihidroplumericinico (XXII)
plumieridio; sacarose
Ação espasmogênica em musculatura lisa
de íleo
*Anti-helmintica; *Afecções herpéticas;
*Ùlceras; *Psoríase; *Verrugas
Inibição da diurese; Aumento de
glicemia; Aumento da dor; Contrações de
musculatura esquelética
*Anti-helmintica
Vanderlei, Silva et al.
(1991)
Veloso, Nagem et al.
(1999)
Veloso, Nagem et al.
(1999)
Correa (1984)
Vanderlei e Souza Brito
(1989)
Azambuja, Campelo et
al. (1994)
Himatanthus sucuuba
Dipsídeos;
Iridóides;
Terpenóides
Iridóides
Triterpenóides
Iridóides
fulvoplumierina; plumericina; isoplumericina
lupeol acetato (XXIII); α-amirina cinamato (XXIV);
lupeol cinamato (XXV);
*Gastrite; *Hemorroida; *Anemia;
*Artrite; *Verminoses; *Câncer; Ação
antineoplásica; Antimicrobiana;
Antiflogística; Potentes fungicidas contra
Cladosporium sphaerospermum;
Atividade antiinflamatória e analgésica;
Ação inibitória para Clostridium
histolyticum e Bacterioides fragilis
*Atividade antiinflamatória; Atividade
analgésica
Inibidores da enzima monoamino-
oxidase B (MAO-B)
Persinos e Blomster
(1978); Endo, Hayashi et
al. (1994)
Perdue e Blomster
(1978); Ferrigni, Nelson
et al. (1976); De
Miranda, Silva et al.
(2000); Silva et al.
(1998b); Neto, Owens et
al. (2002); Silva,
Resende et al.
(1998)
De Miranda, Silva et al.
(2000); Silva, Resende et
al. (1998)
Endo, Hayashi et al.
(1994)
26
ácido confluêntico; ácido metilperlatólico
Baixa toxicidade reprodutiva e
teratogênica; Gastrite; Hemorroidas
Ação sobre a pressão sanguinea;
musculatura lisa; permeabilidade capilar;
Cicatrizantes
Atividade antineoplásica em diferentes
linhagens celulares
Inibição de linhagens mutantes, devido
ação no DNA de reparo
*Antitumoral; *Antifúngico;
*Antianêmico; *Vermífugo; *
Tratamento de gastrites e artrites;
*Furúnculos; *Edemas; *Laxativo
Alucinógena
Antiúlcera; Antitumoral; *Afrodisíaca
Guerra e Peters (1991)
Villegas, Fernandez et al.
(1997)
Ribeiro (1998)
Silva et al. (1998a)
Fernandes, Fernandes et
al. (2000); Di Stasi e
Hiruma Lima (2002);
Van Den Berg (1982)
Luna (1984)
Van Der Berg (1984)
Plumeria spp
Iridóides plumericina ; isoplumericina; cumarato de plumierina
*Úlceras; *Herpes; *Escabiose;
*Purgativa; *Blenorrágica;
*Antisifilítico; *Tumores; *Diarréia
Peckolt (1870); Adam,
Khoi et al. (1979);
Coppen e Cobb (1983)
Kirtikar e Basu (1935)
Plumeria alba
Triterpenóides;
Cumarinas;
Iridóides
Triterpenóides
Iridóides
ácido ursólico
fulvoplumierina; isoplumericina; plumericina; α-
amirina acetato; plumierideo (XXVI); plumierideo ρ-
cumarato (XXVII)
*Ulceras; *Herpes; *Escabiose;
*Purgativa
Rangaswani e Venkata
(1960)
Bramadhayalaselvam e
Jaffer Hussain (1997);
Rangaswani e Venkata
(1960)
Plumeria acutifolia
Iridóides
plumenosideo; 13-Deoxiplumierideo; 1-α-
plumierideo; 8-isoplumierideo; 13-O-
cafeoilplumierideo
Abe, Chen et al. (1988)
27
Plumeria bicolor
Ação inibitória para Micrococcus
pyogenes var. aureus
Osborne (1943)
Plumeria elegans
Glucosidios plumeriina Hemorragia pulmonar Githens (1949)
Plumeria lancifolia
Iridóides
Alcalóides
plumierideo
uleína; demetoxiaspidospermina
*Antiasmática; *Antisifilitica;
*Emenagoga; *Purgativa; *Conceptiva
*Febrífuga; *Emenagoga, *Purgativa
Estimulante das contrações uterinas;
*antiasmática
Atividade antiúlceras
Albers-Sconberg e
Schmid (1961)
Franca, Brown et al.
(2000)
Balbach (1974)
Coimbra, 1994
Acco, Terluk et al.
(1996)
Finau, Anguinoni et al.
(1996)
Plumeria multiflora
Iridóides
plumericina
Ativa contra fungos e bactérias gram
positiva e negativa
Ativa contra Bacillus subtilis e
Aspergilus niger
Osborne (1943); Little e
Johnstone (1950)
Florey (1949)
Plumeria obtusa
Glucosidios
Triterpenóides
Esteróides
Iridóides
Triterpenóides
Cardiotônicos
Cumarinas
plumierideo
ésteres de lupeol; lupeol; lupeol-acetato
β-sitosterol; estigmasterol; canferol
6´-O-acetilplumerideo-p-E-cumarato; 6´-O-
acetilplumerideo-p-Z-cumarato; plumerideo;
lumerideo p-Z-cumarato; plumierideo-p-E-cumarato;
obtusina; ácido obtudílico; β-amirina; ácido 3β-27-
dihidroxi-urs-12-eno; ácido 3β-hidroxi-urs-30-p-E-
hydroxycinamoil-12-em-28-oico
oleandrina
escopoletina
Adam, Khoi et al. (1979)
Schmidt, Khoi et al.
(1983)
Siddiqui, Naeed et al.
(1994); Siddiqui e
Begum (1999)
28
Plumeria rubra
Iridóides
Triterpenóides
Cardiotônicos
Flavonóides
fulvoplumierina, plumierideo
ácido 6α-hidroxi-3-epi-oleanólico (XXVIII); ácido
3α-27, dihidroxi-olean-12-eno (XXIX)
plumerubrosideo (XXX)
Antivirais
*Doenças venéreas
*Reumatismo;*Diarréia;*Blenorragia;
*Doenças venéreas; *Hanseaniase
*Coceiras
Schmid, Bickel et al.
(1952); Kardono, Tsauri
et al. (1990); (Albers-
Sconberg e Schmid
(1961)
Akhtar e Malik (1993);
Radford, Gillies et al.
(1986)
Kardono, Tsauri et al.
(1990)
Berghe, Leven et al.
(1978)
Burkill (1966)
Perry e Metzger (1980)
Frear (1948)
Plumeria sereicifolia
Alcalóides
vincubina (XX)
plumerinina
Cuellar e O´Farril (1976)
Kazmi (1989)
*Uso popular
H
N
O
O
CH
3
OO
O
O
H
R
O
H
H
H
R
1
plumericina R=H, R
1
=CH
3
isoplumericina R=CH
3,
R
1
=H
O
O
O
O
CO
2
H
H
COO
COO
H
3
CCOO
O
O
O
H
O
OH
CO
2
CH
3
O
HO
OH
OH
OH
O
O
O
H
O
CO
2
CH
3
O
HO
OH
OH
OH
COCH=CH
OH
R
4
R
3
R3=Me, R4=CO
2
H
R
3
=CO
2
H R
3
=Me
O
HH
OMe
OH
OMe
MeO
OH
O
OH
OH
OH
HOCH
2
(X) (XXI)
(
XXII
)
(XXVIII)/(XXIX)
(XXX)
(XX)
(XXIII) (XXIV) (XXV)
(XXVI)
(XXVII)
30
METÁSTASE
Células malignas possuem a habilidade de se separar do tumor primário, translocar-se
para sítios distantes e crescer como colônia secundária em uma nova localização anatômica. Esse
processo de estabelecimento do tumor secundário é conhecido como metástase (Fidler e Hart,
1982).
Metástase é processo complexo, no qual envolve uma série de passos e sofre a influência
de muitos fatores, o que é um dos maiores obstáculo no tratamento clínico (Fidler e Hart, 1982).
A transição do crescimento do tumor in situ para doença metastática avançada envolve a
habilidade das células tumorais para invadir e atravessar a barreira tecidual (Figura 2). Para
iniciar o processo, várias células tumorais penetram na membrana basal epitelial. A adesão das
células tumorais na matriz extracelular (MEC), tais como fibronectina, laminina, matrigel é
crucial para metástase (Sass, 1998; Syrigos, Harrington et al., 1999) e mostra ser obrigatória para
o sucesso da colonização nos orgãos alvos (Nicolson, 1982; Liotta, Rao et al., 1983). Esse
processo é seguido pela degradação da MEC proporcionado pela secreção e ativação de enzimas
proteolíticas, tais como a matriz de metaloproteínases (MMP) os quais degradam os componentes
da matriz extracelular, tais como colágeno tipo IV, glicoproteina e proteoglicanos. Modificações
proteolíticas da barreira da matriz são seguidas pela protusão pseudopodial e locomoção das
células tumorais. Entretanto, a mobilidade das células tumorais é também um fator importante na
metástase do câncer. Angiogênese ou o crescimento de novos vasos sanguíneos a partir dos vasos
pré-existentes é essencial para dar suporte ao crescimento e progressão, não somente por
providenciar um suplemento de sangue necessário, mas também por permitir células metastática
de adentrar a circulação (Leek, 2001; Ilson, 2002; Sauer, Deissler et al., 2002). Essa é a causa
para muitos da letalidade do câncer.
31
O aspecto mais maligno do câncer tem sido mostrar a dependência na cascata
metastática. Interrupção de alguns desses passos, por um agente, tem o potencial para inibir a
expansão maligna e pode ser usado como um agente antimetastático (Mckinnell, 1998).
Figura 2. Etapas do processo metastático. As células tumorais multiplicam-se ativamente,
tendendo aderir e invadir os tecidos através da secreção e ativação de enzimas proteolíticas, tais
como a matriz de metaloproteínases (MMP), atingindo os vasos linfáticos e os vasos sanguíneos.
Membrana basal
Libera
ç
ão de MMP
Vaso linfático
Vaso san
g
uíneo
32
INFLAMAÇÃO E RESPOSTA INFLAMATÓRIA
A inflamação é uma resposta local e específica do organismo a uma invasão por
determinado agente infeccioso, antígeno, ou ainda por dano físico, químico ou traumático, que
necessita ser regulada de forma precisa, uma vez que uma resposta deficiente ou excessiva pode
levar a morbidade e mortalidade (Tracey, 2002).
Os organismos vivos, em especial os mamíferos, possuem habilidade inata de defesa
própria contra agressões, baseada em quatro elementos: barreira externa, sistema interno
inespecífico que reage contra a agressão ou invasores, mecanismo de resposta antigênica
específica e integridade das membranas compartimentais (Davies e Hagen, 1997).
A reação fisiológica primária ante a agressão tecidual, seja ela física ou biológica, é a
inflamação. A inflamação é resposta celular e humoral de magnitude variável com repercussões
meramente locais, loco-regionais ou sistêmicas, cujo disparo é produtor de uma cascata de
eventos que envolvem complementos, cininas, fibrinolíticos e coagulantes estimulados,
juntamente com a ativação de fagócitos e células endoteliais. Mediada por diferentes
mecanismos, ela ocorre em três fases distintas, sendo elas a fase aguda, subaguda retardada e
crônica.
Essas três fases são desejáveis e importantes e podem ser consideradas benignas dentro
de padrões em que as atividades celulares e dos mediadores permanecem apropriadamente
regulados e podem ser identificados por alterações locais notáveis por sinais e sintomas (Santos
Junior, 2003).
A reação inflamatória é fenômeno estereotipado, cujos sinais rubor, tumor, calor e dor
foram primeiramente descritos por Celsius em 178 A.C. A esses, Galeno (Xu, Gonzalo et al.,
1994) adicionou a perda de função. Atualmente, sabe-se que estes sinais são expressões, na
33
mesma seqüência, da vasodilatação e aumentada permeabilidade da microcirculação
possibilitando maior oferta local de nutrientes e de oxigênio, produção energética,
extravasamento de liquido para o interstício, provocando o intumescimento e o edema, irritação
de terminais nervosos com provocação de dor, sendo conseqüências da liberação de mensageiros
fisiológicos químicos encontrados no local da lesão, particularmente, as citocinas (Silva, 1978;
Sedgwick e Willoughby, 1985).
As citocinas inflamatórias são substâncias químicas circulantes no plasma e importantes
mediadores da resposta vascular e celular desencadeadas pelo estímulo inflamatório. Dentre elas,
destacam-se as interleucinas (IL-1, IL-6 e IL-8), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), fator
cólico estimulante (CSFs) e o fator estimulador de colônias de macrófagos e granulócitos (GM-
CSF) (Springer, 1994; Springer, 1995; Cassatella, 1995).
No decorrer de um processo infeccioso ou inflamatório, os leucócitos circulantes no
sangue periférico aproximam-se da parede vascular ativados por quimiocinas e outros ativadores
químicos da inflamação. A produção e expressão desses mediadores e conseqüente migração
leucocitária, ocorre em resposta à estímulos antigênicos como bactérias, células lesadas ou
frações do complemento, onde então os leucócitos passam a ocupar uma posição mais periférica.
Em seguida, aderem-se firmemente, mas de forma transitória, ao endotélio e atravessam a parede
do vaso. Após a diapedese, continuam a migrar em direção ao foco inflamatório pelo processo de
quimiotaxia (Dekker e Segal, 2000).
Dessa forma, pelo menos três etapas estão distintamente envolvidas no desenvolver do
processo inflamatório: (1) adesão dos leucócitos ao endotélio, (2) sua passagem através do
endotélio vascular e (3) migração em direção ao estímulo quimiotático (Dekker e Segal, 2000;
Von Andrian e Mackay, 2000). A Figura 3 ilustra, de forma esquemática esses eventos.
Função crítica da inflamação é a migração de células especializadas provenientes do
sangue periférico para o tecido conjuntivo no qual se situa o foco inflamatório. Estudos recentes
34
têm demonstrado que os mecanismos moleculares que recrutam os diferentes tipos de leucócitos
para as áreas inflamadas são similares (Von Andrian e Mackay, 2000). Esses experimentos
também mostram que a adesão, a transmigração e a locomoção de leucócitos envolvem a
ativação, por ligantes específicos, de diferentes famílias de receptores presentes na superfície
dessas células e na matriz extracelular (Bokoch, 1995; Dekker e Segal, 2000).
A maioria dos receptores protéicos envolvidos na migração celular pertence à família de
receptores associados ao complexo heterotrimérico da proteína G, genericamente denominados
metabotrópicos (Rang, Dale et al., 2001), os quais respondem através de uma sucessão de
interações e desacoplamentos das subunidades protéicas α, β e γ até a associação final com uma
enzima-alvo, a qual se torna ativadora de moléculas sinalizadoras, também denominadas
mensageiros secundários (Alberts, Bray et al., 1994).
A ativação de receptor, seja qual for a sua família, ou o mecanismo de transdução por
ele desencadeado, direciona o comportamento celular e culmina no desencadeamento de uma ou
mais atividades celulares, incluindo os mecanismos observados nas respostas inflamatórias como
a mobilização de Ca
+2
intracelular (Hallett, Davies et al., 1990), rearranjo do citoesqueleto,
exocitose, indução da expressão de receptores de superfície, mudanças na adesão e agregação
(Smith, Hollers et al., 1979), indução da produção de superóxidos (Simchowitz e Spilberg, 1979;
Thelen, Dewald et al., 1993) aumento da atividade metabólica (Bokoch, 1995), quimiotaxia
(Zigmond, 1977), dentre outras como revisado recentemente por Dudez, Chanson et al. (2002).
35
Figura 3. Eventos leucocitários na inflamação. Durante o processo inflamatório, os leucócitos,
primeiramente rolam, fixam-se transitoriamente e aderem-se ao endotélio vascular, ocorrendo,
então, a diapedese seguida da migração em direção aos estímulos quimiotáticos liberados no local
da lesão.
QUIMIOTAXIA LEUCOCITÁRIA
A resposta inflamatória envolve várias etapas com o objetivo maior de recrutar
populações celulares distintas, capazes de eliminar o agente causal, com concomitante reparo do
tecido lesado. Quando esse processo torna-se exacerbado, ultrapassando os seus efeitos salutares,
há a necessidade de se usar agentes que interfiram em uma ou mais dessas etapas (Wilkinson,
1998).
Pesquisas recentes no campo de drogas antiinflamatórias estão direcionadas a favor do
desenvolvimento de substâncias potentes com melhor tolerância gastrintestinal e redução de
efeitos colaterais. Muitas plantas têm sido utilizadas na medicina tradicional não só pela sua
VCAM-1
ICAM-1
P-Seletina
E-seletina
Quimiotaxia
Ativação leucocitária
injúria
Ativação endotelial
Células endoteliais
Camada íntima
Lúmen arterial
36
eficiência em atenuar ou mesmo eliminar os efeitos indesejáveis da resposta inflamatória, mas
também pela facilidade de acesso e, principalmente, pelo seu baixo custo.
O deslocamento dos leucócitos da circulação para os tecidos é um passo essencial em
todos os tipos de resposta inflamatória. Estudos de locomoção revelam que neutrófilos,
eosinófilos, basófilos e fagócitos mononucleares exibem migração direcional sob influência de
agentes quimioatractores, embora seja necessário um gradiente de concentração para que ocorra a
migração (Lee e Foerster, 1999). Ensaios envolvendo migração de várias populações celulares,
tais como os ensaios utilizando filtros são os mais populares e os mais utilizados na identificação
de moléculas quimioatratora, porém não dá nenhuma informação sobre como essas moléculas
influenciam na velocidade e na direção do movimento celular (quimiocinese e quimiotaxia,
respectivamente) (Wilkinson, 1998).
ÓXIDO NÍTRICO
O óxido nítrico (NO) constitui uma das menores e mais simples moléculas
biossintetizadas (Morris e Billiar, 1994), considerado um radical livre, gasoso, inorgânico,
incolor (Beckman e Koppenol, 1996) é rapidamente inativado pelo oxigênio (Archer, 1993) ou
superóxido dismutase (Gryglewski, Palmer et al., 1986). Sua meia vida é curta e a especificidade
de suas reações é mínima (Nathan, 1992). O interesse pelas funções biológicas do NO foi
conseqüente ao desfecho, praticamente simultâneo, de três linhas de pesquisa, absolutamente
independentes, que culminou com um ponto comum, o envolvimento dessa molécula no processo
em questão (James, 1995).
A primeira linha de pesquisa constava da investigação do papel do endotélio vascular no
processo de relaxamento do vaso sanguíneo. Furchgott e Zawadzki (1980) concluíram que a ação
37
de alguns vasodilatadores, como a acetilcolina, era inteiramente dependente da presença do
endotélio intacto e envolvia a liberação de um fator essencial para o relaxamento vascular
(EDRF). Rapoport e Murad (1983) propuseram que o mecanismo pelo qual o EDRF causava o
relaxamento vascular era mediado pela guanosina monofosfato cíclica (GMPc). Estudos
detalhados da ação biológica nos vasos e nas plaquetas demonstraram que essa substâncias era
idêntica ao NO (Ignarro, Byrns et al., 1987; Palmer, Ferrige et al., 1987; Radomski, Palmer et al.,
1987; Moncada, Radomski et al., 1988) sendo indistinguíveis na atividade biológica, estabilidade
química e susceptibilidade à inibidores ou potencialização e que ambos tinham sua ação inibida
pela hemoglobina e por superóxido dismutase. Porém, Ignarro (1990) alegou que a forma ativa
do EDRF não era o NO, más um precursor do NO ou um tiol derivado do NO.
A segunda linha de pesquisa tratava da questão da produção de óxidos de nitrogênios
pelos mamíferos. Schmidt e Walter (1994) relataram que a quantidade eliminada dessas
substâncias excedia a quantidade ingerida. Snyder e Bredt (1992) citaram que o organismo
humano era capaz de converter nitrato (NO
3
-
) e nitrito (NO
2
-
) da dieta em nitrosaminas
carcinogênicas, após reação do NO
2
-
com aminas.
A ultima linha de pesquisa referida estava associada à investigação do mecanismo de
ação de neurotransmissores. Ferrendelli, Chang et al. (1974) demonstraram que o glutamato, um
conhecido neurotransmissor, provocava aumento de GMPc no sitema nervoso central. Miki,
Kawabe et al. (1977) demonstraram a ativação da guanilato ciclase cerebral pelo NO.
O desfecho comum dessas três linhas de pesquisa fez com que o NO passasse da
condição de molécula sem importância biológica e pouco estudada para a de um dos mais
importantes mediadores de processos intra e extracelulares, sendo escolhido como a molécula do
ano de 1992 (Gryglewski, Palmer et al., 1986).
38
Síntese e inibição
Nas células do endotélio vascular, assim como em várias outras células, a síntese do NO
resulta da oxidação de um dos dois nitrogênios guanidino da L-arginina, que é convertida em L-
citrulina. Essa reação é catalizada pela enzima NO-sintase (NOS) (Marletta, 1994; Moncada,
Palmer et al., 1991). Uma variedade de isoformas de NOS têm sido purificada, os quais podem
agrupar em duas categorias, a NOS constitutiva (c-NOS), dependente de íons Ca
+2
e calmodulina,
que está envolvida na sinalização celular, e a NOS induzível (i-NOS), produzida por macrófagos
e outras células ativadas por citocinas (Moncada, Palmer et al., 1991).
A c-NOS e a i-NOS diferem quanto ao peso molecular, à forma de ativação e à
capacidade de síntese de NO (Marletta, 1994). A isoforma constitutiva compreende a NOS
neuronal (n-NOS, tipo I), presente normalmente nos neurônios (Bredt e Snyder, 1989), e a NOS
endotelial (e-NOS, tipo III), presente nas células endoteliais vasculares (Moncada, Palmer et al.,
1991) e nas plaquetas (Radomski, Palmer et al., 1990), conforme esquematizada na Figura 4.
39
Figura 4. Isoformas da enzima NO-sintase.
A c-NOS produz pequenas quantidades de NO e sua ativação depende da interação com
a calmodulina, que por sua vez, é controlada pela concentração de Ca
+2
(Moncada, Palmer et al.,
1991). A i-NOS não é expressa sob condições normais, é induzida por citocinas e/ou endotoxinas
em uma variedade de células, incluindo macrófagos, linfócitos T, células endoteliais, miócitos,
hepatócitos, condriócitos, neutrófilos e plaquetas (Moncada, Palmer et al,1991; Marletta, 1994) e,
uma vez sintetizada, liberam quantidades maiores de NO, não sendo regulada por cálcio (Dusting
e Macdonald, 1995).
A síntese de NO, envolve duas etapas (Figura 5). Na primeira, ocorre a hidroxilação de
um dos nitrogênios guanidinos da
L-arginina (XXXI) para gerar o N-hidroxi-L-arginina (NHA)
(XXXII). Esta reação utiliza NADPH e oxigênio e, provavelmente, envolve o complexo heme da
NOS. Na segunda etapa, ocorre a conversão da NHA em
L-citrulina (XXXIII) e NO.
Óxido Nitrico Sintase (NOS)
Constitutiva Induzível
e-NOS
(tipo III)
n-NOS
(tipo I)
i-NOS
40
NOS
NADPH
O
2
H
2
NNH
2
NH
H
3
NCOO
-
+
+
H
2
NN
NH
H
3
NCOO
-
+
OH
NOS
1/2 NADPH
O
2
H
2
NO
NH
H
2
NCOO
-
+
+
N=O
.
Figura 5. Reação catalizada pela NO-sintase.
NO produzido pela e-NOS
O NO produzido pelas células endoteliais atravessa o espaço do endotélio para o músculo
liso vascular e estimula diretamente a enzima guanilil ciclase solúvel e a conseqüente formação
de cGMP intracelular (monofosfato cíclico de guanosina), resultando no relaxamento das células
da musculatura lisa vascular (Figura 6). A interação do NO com a guanilil ciclase solúvel
provoca muitos efeitos fisiológicos e patofisiológicos (Lyons, 1995).
(XXXI) (XXXIII) (XXXII)
41
Figura 6. Mecanismo de vasodilatação mediado pelo óxido nítrico (NO), em resposta a vários
estímulos. A enzima óxido nítrico sintase (NOS) utiliza oxigênio molecular e o aminoácido L-
arginina para formar o NO, que ativa a guanilil ciclase nas células da musculatura lisa vascular,
aumentando o nível de monofosfato cíclico e guanosina (cGMP), produzindo relaxamento e
vasodilatação.
Quando o cGMP está alto, o cálcio intracelular diminui, relaxando a célula e a
vasodilatação se desenvolve. A vasodilatação se mantém enquanto a difusão do NO para
musculatura lisa vascular estiver ocorrendo. Um aumento no fluxo de NO para a musculatura lisa
vascular provoca maior relaxamento celular e maior vasodilatação. Se a formação de NO
diminui, reduzindo as concentrações de cGMP celular, interrompe a defosforilação e ocorre uma
vasocontrição moderada. O efeito vasodilatador do NO parece ser mantido por estímulos físicos
do fluxo pulsátil e força de cisalhamento nas células endoteliais vasculares (Wong e Marsden,
O
2
+ L-arginina NO + L-citrulina
CÉLULA ENDOTELIAL
NOS
Guanil ciclase
GTP cGMP
CÉLULAS MUSCULAR LISA VASCULAR
RELAXAMENTO DAS
CÉLULAS MUSCULARES
LISAS VASCULARES
LÚMEN
ESTÍ
MULOS
42
1996). O NO que deixa a célula endotelial em direção à corrente sanguínea pode penetrar nas
plaquetas, especialmente nas que se encontram justapostas à parede do vaso ou nas hemáceas
(Wolin, 2000). Atualmente, está bem estabelecido que o NO resultante da e-NOS tem um papel
crucial na proteção do vaso sanguíneo. Esta ação está associada à manutenção do tônus vascular
(Nava e Luscher, 1995; Wennmalm, 1994), regulação da pressão sanguínea (Wennmalm, 1994),
prevenção da agregação plaquetária (Vasta, Meacci et al., 1995), inibição da adesão de monócitos
e neutrófilos ao endotélio vascular (Kubes, Suzuki et al., 1991), efeito antiproliferativo (Gewaltig
e Kojda, 2002) e antioxidativo (Wolin, 2000).
NO produzido pela i-NOS
O NO resultante da ativação da i-NOS possui ação citotóxica e citostática, promovendo
a destruição de microrganismos, parasitas e células tumorais. A citotoxicidade do NO resulta da
sua ação direta ou da sua reação com outras substâncias liberadas durante o processo
inflamatório. A base bioquímica para a ação direta do NO consiste na sua reação com metais
presentes nas enzimas do seu alvo (James, 1995). Desta forma, são inativadas enzimas cruciais
para o ciclo de Krebs, para a cadeia de transporte de elétrons, para a síntese de DNA e para o
mecanismo de proliferação celular.
Um aspecto a ser considerado sobre as plantas do gênero Himatanthus, uma planta
oficialmente descrita na Farmacopéia Brasileira I, é que, embora a literatura seja farta com
referência às suas constituições químicas, pouco se sabe sobre as propriedades biológicas dessa
planta e seus respectivos mecanismos de ação. Portanto, a possibilidade de se realizar estudos que
pudessem avaliar essas propriedades e relacioná-las ao seu uso popular tornou esse trabalho
bastante atraente e gratificante, haja vista que não era nosso objetivo original. O conjunto desses
43
estudos contribuirá, em parte, para o entendimento das bases cientificas pela qual essa planta é
tão utilizada na medicina tradicional, somadas ainda à possibilidade, no futuro, do
desenvolvimento de novos medicamentos de origem sintética ou semi-sintética.
44
OBJETIVOS
OBJETIVOS GERAIS
O presente trabalho objetivou o estudo dos constituintes e das atividades biológicas dos
alcalóides indólicos e substâncias isoladas das cascas de Himatanthus lancifolius (Muell. Arg.)
Woodson, Apocynaceae.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
¾
Proceder ao isolamento e elucidar a estrutura das substâncias do metabolismo
secundário (alcalóides indólicos) e/ou outros constituintes químicos;
¾
Avaliar os efeitos biológicos e o mecanismo de ação dos alcalóides isolados e
frações da agoniada em musculatura lisa vascular, não vascular e esquelética de ratos;
¾
Avaliar a toxicidade aguda da FAA e das substâncias isoladas;
¾ Avaliar a interferência dos alcalóides isolados da agoniada na migração
leucocitária (quimiotaxia) in vitro e in vivo;
¾ Avaliar in vitro a atividade antioxidante da FAA e das substâncias isoladas;
¾ Avaliar a atividade antimicrobiana da fração apolar, fração de alcalóides da
agoniada e substâncias isoladas contra patógenos humanos gram positivos e gram negativos,
incluindo cepas caninas;
¾ Mensurar a produção de óxido nítrico em células endoteliais de aorta de coelho
(RAEC) e células de melanoma de camundongo (B16F10);
¾ Avaliar a atividade das substâncias isoladas na viabilidade e na adesão celular de
células B16F10 e RAEC.
45
EXPERIMENTAL
MATERIAL BOTÂNICO
Cascas de Himatanthus lancifolius foram adquiridas no mercado formal de plantas
medicinais na região metropolitana de São Paulo (15 kg) em junho de 2002 e a identificação da
espécie foi feita através da análise farmacognóstica no próprio Laboratório de Farmacognosia da
UFPR, segundo a Farmacopéia Brasileira I, por estudos microscópicos e também por comparação
macroscópica com amostras autênticas contidas na herboteca desse mesmo laboratório. Foi
depositada amostra da droga na herboteca do Laboratório de Farmacognosia da UFPR (sem
número de registro), onde permanece como material de referência e estudo.
O material botânico adquirido foi seco em estufa a 40 ºC e triturado a pó, sendo
previamente desengordurado em aparelho de soxhlet, usando como solvente o n-hexano por 4 h,
para retirada de lipídeos e diversas outras substâncias apolares. Essa etapa foi fundamental para
evitar problemas como formação de emulsão durante o processo de partição, visto que o material
da planta contém quantidades substanciais de componentes apolares. A fração apolar foi checada
quanto à presença de alcalóides usando reativo de Dragendorff
1
. As cascas após limpas, moídas e
desengorduradas pesaram 12,6 kg.
1
Foi dissolvido 0,85 g de nitrato de bismuto básico em 10 ml de ácido acético glacial e 40 ml de água sob aquecimento. Essa
solução foi filtrada (Solução A). Foi dissolvido 8 g de iodeto de potássio em 30 ml de água (Solução B). As soluções A e B foram
misturadas na proporção de 1:1 (Solução estoque). Foi misturado 1 ml da Solução estoque com 2 ml de ácido acético glacial e 10
ml de água (Solução spray).
46
TRIAGEM FITOQUÍMICA
Para obter informações sobre os grupos de metabólitos produzidos por H. lancifolius
Apocynaceae foram feitos os testes de triagem segundo Evans (1996) e Caetano, Duarte et al.
(1996), utilizando 15 g do pó das cascas secas, moídas e desengorduradas.
MÉTODOS ESPECTROMÉTRICOS E CROMATOGRÁFICOS
Os espectros de ultravioleta (UV) foram obtidos em espectrômetro Shimadzu UV 1601
com cubetas de sílica fundida de 1 cm de espessura. Os espectros de infravermelho (IR) foram
gerados em espectrômetro Perkin Elmer P-E 1710 FT-IR em pastilhas de KBr.
Os espectros de CG-EM foram obtidos em cromatógrafo gasoso Varian Satur, modelo
2000-R com coluna capilar J & B, DB 225, 30 m, 0,25 mm, cianopropilfenilmetiloxano como
fase estacionária e cromatógrafo gasoso HP 6890 utilizando coluna capilar de fenilmetilsiloxano
como fase estacionária.
Os cromatogramas de CLAE foram obtidos em cromatógrafo Prostar 410 Autosampler,
Prostar 335 PDA, coluna C 8, com fluxo de 0,8 ml/min e absorvância de 305 nm.
As determinações dos pontos de fusão foram realizadas em microscópio adaptado com
bloco de platina de Kofler, sem correção e aparelho Buchi SMP-20 com correção.
Os espectros de RMN H
1
foram obtidos em espectrômetro Varian Inova 400 de 400
MHz e em CDCl
3
. As posições ou os centros dos multipletos são dados na escala δ com
referência ao tetrametilsilano (TMS) como padrão interno. Os espectros de RMN
13
C foram
adquiridos em espectrômetro Brucker DRX 400 de 400 MHz.
47
Os espectros de massas foram obtidos em espectrômetro Kratos Concept, usando
ionização elétrica (EI) e química (CI). As fórmulas moleculares foram determinadas a partir de
medida de massa de precisão.
A atividade ótica foi determinada em polarímetro AA-100 Optical Activity.
As cromatografias em camada delgada analítica foram feitas em placas de sílica Merck
pré-ativadas com fase estacionária sílica gel 60 F
254
visualizadas em lâmpada de UV e reveladas
em solução de sulfato cérico amoniacal
2
seguido de aquecimento a 100 ºC e reativo de
Dragendorff. Foram utilizados vários solventes como fase móvel, de diferentes polaridades e
proporções e suas relativas mobilidades foram expressas pela convenção R
f
(Wagner, 1995).
As cromatografias em coluna (21 mm x 450 mm e 4 mm x 125 mm) foram realizadas
sobre silica-gel 60G (70-230 mesh) e (230-400 mesh) Merck, usando escala eleutrópica de
solventes para fase móvel. Para cromatografias preparativas foram utilizadas placas de sílica gel
60 F
254
Merck pré-montadas em suporte de vidro, com espessura de camada de 250 μm.
Solventes e reagentes foram purificados antes do uso, por meio de métodos padrões
(Perrin, Amarego et al., 1966) e foram utilizados também solventes com grau HPLC.
Unidades e símbolos estão baseados no Système Internationale d’Unités (SI) de acordo
com a recomendação da IUPAC.
2
Solução saturada de sulfato cérico em ácido sulfúrico 10%.
48
ISOLAMENTO QUÍMICO
Extração de alcalóides - Método A
Cascas secas e pulverizadas de Himatanthus lancifolius (5 kg) previamente
desengorduradas com n-hexano (500 ml) foram maceradas por 48 h em solução aquosa de ácido
clorídrico 1% (v/v) e extraída até exaustão (30 litros), comprovada com reação negativa frente ao
reativo de Dragendorff. O macerado obtido foi filtrado em papel de filtro e concentrado em
rotaevaporador e Banho Maria até 1/5 do volume inicial (6 litros). Parte do extrato (2,5 litros) foi
fracionado em aliquotas de 500 ml e alcalinizado separadamente com carbonato de sódio, amônia
e hidróxido de sódio, obtendo gradientes crescentes de pH (10, 11, 12, 13 e 14) para as
respectivas alíquotas medido em pHmetro modelo pH 21. Para diferenciar as frações obtidas,
convencionou-se adotar as siglas FAA pH10, FAA pH11, FAA pH12, FAA pH13 e FAA pH14,
embora essas frações não apresentem esses respectivos pH para análise biológica, haja vista que
as frações foram isoladamente particionadas com clorofórmio até exaustão com reação negativa
frente ao reativo de Dragendorff e evaporada sob pressão reduzida, obtendo como resultados 4,02
g (pH10), 3,78 g (pH11), 3,64 g (pH12), 3,02 g (pH13) e 2,83 g (pH14). Essas frações foram
novamente ressuspensas em solução aquosa de ácido clorídrico 1% e biologicamente avaliadas
(Esquema 7).
O restante do extrato aquoso acidificado HCl 1% (3,5 litros) foi alcalinizado até pH10
medido em pHmetro usando carbonato de sódio e sucessivamente particionado com clorofórmio
até reação negativa frente ao reativo de Dragendorff e evaporado sob pressão reduzida, obtendo
como resultado 24,03 g de extrato. Parte dessa fração foi utilizada no fracionamento e isolamento
dos alcalóides.
49
Esquema 7. Processo de extração, partição, isolamento e identificação dos metabólitos
secundários das cascas de H. lancifolius pelo método A.
Cascas de H.
lancifolius (5 kg)
Droga
desengordurada
EBA
EAL
FC
Substâncias
isoladas
FAA
Substâncias
identificadas
Ensaios farmacológicos
Ensaios toxicológicos
Quimiotaxia leucocitária
Atividade antioxidante
Atividade antimicrobiana
Ensaios adesão
Ensaios de produção de NO
secagem e trituração
deslipidifição em Soxhlet c/ n-hexano
maceração sol. H
2
O/HCl 1%, 48 h
reação com reativo de Dragendorff
filtrado e concentrado
alcalinizado Na
2
CO
3
,
NH
4
OH, e NaOH
(pH 10,11,12,13,14)
partição c/ CHCl
3
até Dragendorff negativo
filtrado com Na
2
CO
3
e concentrado até secura
CCDp
coluna
CCD
Revelador
resuspender HCl 1%
filtrar em cápsula
evaporar (BM)
UV; IV; RMN
1
H
RMN
13
C, EM,
HPLC
Fração apolar
50
Fracionamento e isolamento dos alcalóides
Uma porção da fração de alcalóides pH10 (3 g) foi cromatografada em coluna (21 mm x
450 mm) de sílica gel 70-230 mesh (60 g) e eluída com um gradiente de hexano, hexano:tolueno,
tolueno, tolueno:diclorometano, diclorometano, diclorometano:clorofórmio, clorofórmio,
clorofórmio:acetona, acetona, acetona:etanol e etanol. Desse fracionamento foram obtidas 475
frações, que foram submetidas à CCD (fase móvel: n-hexano: acetato de etila: metanol:
dietilamina 5:4:0,8:0,2) revelada com reativo de Dragendorff e sulfato cérico amoniacal seguida
por aquecimento. As frações com mesmos perfis cromatográficos foram combinadas rendendo 33
frações denominadas U1 até U33. As frações U12 – U20 foram novamente reunidas,
cromatografadas em coluna (4 mm x 125 mm) de sílica gel 60 70-230 mesh (30 g) e eluída com
diclorometano, diclorometano:metanol e metanol rendendo 160 frações. As frações 74 a 79 foram
reunidas, o qual rendeu a fração R1D. A fração R1D foi submetida a uma placa preparativa em
sílica gel (20 cm x 20 cm) usando como fase móvel n-hexano: acetato de etila: metanol:
dietilamina (5:4:0,8:0,2) rendendo quatro manchas bem definidas, denominadas R1D1, R1D2,
R1D3 e R1D4. A fração R1D1 foi cromatografada em CCDp em sílica gel (10 g) usando como
solvente clorofórmio: metanol (99,5:0,5), onde foram obtidos 0,102 g (η=0,0035%) de uma
substância pura cristalizada denominada AL1 (R
f
0,37). Não existem quantidades suficientes das
outras manchas observadas para promover os testes espectrométricos, mas essas foram guardadas
separadamente.
Uma porção da fração de alcalóides da agoniada pH10 (5 g) foi cromatografada em
coluna de sílica gel 70-230 mesh (100 g) e eluída com um gradiente de tolueno, tolueno:
diclorometano, diclorometano, diclorometano:clorofórmio, clorofórmio, clorofórmio:acetato de
etila, acetato de etila, acetato de etila:etanol e etanol. Desse fracionamento foram obtidas 158
51
frações, que foram submetidas à CCD (fase móvel: n-hexano: acetato de etila: metanol:
dietilamina 5:4:0,8:0,2) revelada com reagente de Dragendorff e sulfato cérico amoniacal seguida
por aquecimento. As frações com mesmos perfis cromatográficos foram combinadas rendendo
treze frações denominadas FA (fração 1-15), FB (16-32), FC (33-48), FD (49-56), FE (57-70), FF
(71-80), FG (81-90), FH (91-100), FI (101-106), FJ (107-108), FK (109-118), FL (119-128) e
FM (129-158). As frações FC e FD foram reunidas, evaporadas à temperatura ambiente, onde
foram obtidos 0,2251 g (η=0,0041%) de uma substância impura. Essa substância foi submetida a
uma placa preparativa em sílica gel (20x20 cm) usando como fase móvel n-hexano: acetato de
etila: metanol: dietilamina (5:4:0,8:0,2) rendendo duas manchas bem definidas que foram
raspadas e cromatografadas em coluna de sílica gel (10 g) usando como solvente
clorofórmio:metanol (99,5:0,5), onde foram obtidos 0,1421 g (η=0,0028%) de uma substância
pura denominada AL4 (R
f
0,37) apresentando o mesmo perfil cromatográfico da substânciaaAL1
anteriormente isolada e 0,063 g (η=0,0012%) de uma outra substância denominada AL3 (R
f
0,34). Essas substâncias foram quimicamente e biologicamente avaliadas.
As frações FA-FB foram reunidas e cromatografadas em sílica gel 60 70-230 mesh (30
g) e eluída com solvente de polaridade crescente, como n-hexano, n-hexano:acetato de etila,
acetato de etila, acetato de etila:etanol e etanol rendendo 251 frações. A fração M1 (frações 24-
32) foi reunida por apresentar o mesmo perfil cromatográfico, o qual rendeu a fração M1A. A
fração M1A foi cromatografada em coluna (4 mm x 125 mm) de sílica gel 60 70-230 mesh (30 g)
e eluída com solvente de polaridade crescente de hexano, hexano:acetato de etila e acetato de
etila, rendendo 24 frações. A fração 20 foi seca à temperatura ambiente, ressuspendido com
clorofórmio e filtrado a vácuo, onde foram obtidos 0,0273 g (η = 0,0054%) de uma substância
pura denominada AL2 (R
f
0,65) e encaminhada para proceder às análises espectrométricas.
52
Uma nova coluna (4 mm x 125 mm) empacotada com sílica gel 60 70-230 mesh (30 g)
foi montada utilizando-se as frações 13-23 da fração M1, o qual foi eluída com n-hexano, n-
hexano:acetato de etila e acetato de etila rendendo 225 frações. As frações 14 a 48 foram reunidas
por apresentar cristalização e, após serem submetidas a uma placa preparativa, isolou-se 0,0675 g
(η = 0,0013%) da substância AL2 (R
f
0,65) anteriormente isolada. Essa substância foi
biologicamente avaliada.
Purificação dos alcalóides isolados
As substâncias isoladas foram submetidas à cuidadosa cromatografia em coluna,
eluindo-se com clorofórmio e metanol (99,5:0,5) e submetidos a várias recristalizações com o
mesmo eluente. As substâncias foram desidratadas em secador Abderhauden, na presença de
pentóxido de fósforo (P
2
O
5
) por 4 h e submetidas à análise espectroscópica.
Extração de substâncias - Método B
Cascas de H. lancifolius seca, moída e desengordurada (500 g) foram submetidos à
agitação mecânica constante durante 2 h em etanol (2,5 litros) e após filtração por papel de filtro
o resíduo lavado com álcool absoluto (1 litro). O extrato foi concentrado em rotaevaporador até
1,5 litros (Fração A). Essa Fração foi eluída em coluna de 6 cm de diâmetro, utilizando como fase
estacionária alumina cromatográfica, e a coluna novamente lavada com álcool absoluto (100 ml).
O percolato foi concentrado em rotaevaporador até atingir 200 ml (Fração B) e deixado na
geladeira em repouso por um período de 12 h a 4 ºC. O residuo B1 sólido formado no percolato
(2,4819 g) foi filtrado e lavado em funil de Buchner com n-hexano, clorofórmio e etanol,
53
respectivamente, e secos no Abderhauden na presença de P
2
O
5
, pesando após lavagem com os
solventes e secagem 2,1513 g (η=0,42%). A substância B1 foi encaminhada para os ensaios
espectrométricos e biológicos. O processo de extração, isolamento e identificação da substância
isolada está descrito no Esquema 8.
Esquema 8. Processo de extração, isolamento e identificação de substâncias das cascas de H.
lancifolius pelo método B.
Cascas de caule
(500 g)
Droga
desengordura
Fração A
secagem e trituração
deslipidifição em Soxhlet
agitação, filtração
lavagem com álcool absoluto
Fração B
concentração no rotaevaporador
coluna alumina cromatográfica
lavagem da coluna
concentração no rotaevaporador
resfriado overnight
Composto B1
lavagem com solventes
secagem Abderhauden com P
2
O
5
hidrólise ácida
redução
acetilação
reação de Molish
teste de solubilidade
CG-EM/RNM
Ensaios microbiológicos
Ensaios antioxidantes
54
Hidrólise ácida total da substância B1
Aproximadamente 50 mg da substância B1 foram hidrolisadas com ácido trifluoracético
(1 ml, 2 mol/l, 100 ºC, 5 h). A substância resultante foi filtrada em algodão e deixado em capela à
temperatura ambiente até evaporação do TFA (Adams e Young, 1965).
Redução
O açúcar obtido a partir da hidrólise ácida da substância B1 foi ressuspenso em água
destilada e reduzido com NaBH
4
até a solução apresentar pH 9 (2 h, 25 ºC). Os íons Na
+
presente
nas amostras, foram removidos pela permeação em resina catiônica (Lewattit S-100). As frações
obtidas foram evaporadas até secura em rotaevaporador (65 ºC) e o ácido bórico formado foi
removido pela adição de metanol na forma de borato de tetrametila, substância volátil eliminada
em rotaevaporador (40 ºC) (Wolfrom e Thompson, 1963).
Acetilação
As substâncias formadas foram tratadas com anidrido acético e piridina (1:1) em
recipientes fechados (8 h), extraídos com CHCl
3
. A piridina foi eliminada pela complexação com
o cobre. Para isto, foi utilizada uma solução 5% de CuSO
4
.5H
2
O (Wolfrom e Thompson, 1963).
55
Análise por CG-EM e RMN
13
C
Os acetatos formados foram analisados em CG-EM modelo Varian Satur 2000 R,
utilizando coluna capilar J & W, DB 225, 30 m, 0,25 mm, com filme de fase estacionária
cianopropilfenil (50%) – metilpolisiloxane. Condições analíticas: He como gás carreador,
temperatura inicial 50 ºC e final 250 ºC, rampa de aquecimento 40 ºC/min.
Os espectros de RMN
13
C da substância B1 foram adquiridos em espectrômetro Brucker
DRX 400 de 400 MHz.
ENSAIOS FARMACOLÓGICOS
Parte da fração de alcalóides da agoniada concentrada no rotaevaporador foi resuspenso
em solução de ácido clorídrico 1% e filtrado (Esquema 7). O sal formado (cloridrato) foi
utilizado para a realização dos ensaios farmacológicos. Os alcalóides isolados também foram
submetidos a esses ensaios.
Os testes farmacológicos específicos propostos e descritos a seguir, foram realizados
devido a indicações dos resultados preliminares obtidos com a fração alcaloídica da agoniada
(FAA) por Rattmann, Terluk et al. (2005).
56
ENSAIOS BIOLÓGICOS IN VIVO
Toxicidade aguda da FAA e substâncias isoladas
Foram usados camundongos albinos (20-30 g), mantidos em jejum por 18 h e água ad
libitum, divididos em cinco grupos de animais. No total de dez camundongos por grupo foram
administradas várias concentrações de FAA por via intraperitonial (0,25 a 1,5 g/kg), via oral (0,2
a 10 g/kg) e também doses das substâncias isoladas AL1 e AL2 (0,1 – 1,0 mg/g),
intraperitonialmente, resuspendido em solução de PBS 7,2. Em um grupo controle foi injetada
somente solução de PBS 7,2. Os animais ficaram sob observação durante 24 h e foi calculada a
porcentagem de mortalidade em cada grupo e os efeitos farmacológicos, avaliando as atividades
no sistema motor, tônus muscular, reflexos e efeitos dos sistemas nervoso autônomo e central.
Foi determinada a dose letal 50 (DL
50
), com limite de confiança de 95% da FAA e das
substâncias isoladas através do método de Lithfield e Wilcoxon (Agarwal, 1982).
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
Preparação dos extratos
As frações obtidas a partir das cascas desengorduradas, fração apolar e componentes
isolados, conforme esquemas 7 e 8, foram utilizadas como soluções estoques (Mensor, Menezes
et al., 2001).
57
Avaliação da atividade pela formação do complexo fosfomolibdênico
3
As frações de alcalóides obtidas (FAA), fração apolar e substâncias isoladas (Esquemas
7 e 8) (200 μg/ml, 0,3 ml) foram tratadas com solução do complexo fosfomolibdênico
previamente preparado (3 ml, 100 ºC). Depois de atingido o tempo de reação (90 min), a
absorvância foi determinada a 695 nm em um espectrofotômetro UV-VIS 1601 Shimadzu. A
absorvância das amostras foi comparada com a absorvância do padrão de ácido ascórbico nas
mesmas concentrações e condições de análise (Prieto, Pineda et al., 1999).
Os resultados foram expressos na forma de atividade antioxidante relativa (AAR
%
(ac.
ascórbico
)), e os cálculos estabelecidos foram realizados através da seguinte equação:
AAR
%
(ácido ascórbico) = Abs (amostra) – Abs (branco) x 100
Abs (ác.ascórbico) – Abs (branco)
Ensaio fotométrico com DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazila)
As frações de alcalóides da agoniada, fração apolar e os componentes isolados AL1,
AL2 e B1 foram diluídos em etanol de forma a serem obtidas soluções nas concentrações de 10,
25, 50, 125 e 250 μg/ml para a fração de alcalóides pH10; 25, 50, 125, 250 e 500 μg/ml para as
frações de alcalóides pH11, 12 e 13 e 75, 250, 500, 750 μg/ml para as substâncias isoladas AL1,
AL2 e B1. Na seqüência, as soluções obtidas (2,5 ml) foram incorporadas à solução etanólica de
DPPH (1,0 ml, 0,3 mM). O branco foi formado apenas pela mistura de etanol (1 ml) com as
soluções obtidas (2,5 ml), de modo que, para cada concentração existiu um branco. Todas as
3
Formado pela reação de solução de Na
3
PO
4
(28ml, 0,1mol/l) com solução de (NH
4
)
6
Mo
7
O
24
.4H
2
O (12ml, 0,03mol/l) e solução
de H
2
SO
4
(20ml, 3mol/l), sendo posteriormente o volume completado com H
2
O destilada para 100ml.
58
reações foram feitas em triplicata e nas mesmas condições de análise (30 min., 25 ºC). Após o
tempo de reação, as absorvâncias das amostras foram determinadas a 518 nm em um
espectrofotômetro UV-VIS 1601 Shimadzu e convertidos em porcentagem de atividade
antioxidante (IC
%
) utilizando a seguinte fórmula:
IC
%
= 100 – {[(Abs amostra – Abs branco) x 100 ]/Abs controle}.
Os resultados obtidos foram comparados com um padrão clássico de antioxidante, o
ácido ascórbico. A expressão dos resultados foi dada pela IC
50
(em μg/ml) através de três
metodologias diferenciadas, calculadas com auxílio da equação da reta interpolada com os dados
de concentração (eixo das abcissas) e IC
%
(eixo das ordenadas), sendo comparadas a uma linha
de tendência polinomial, tendência linear e através de análise de algoritmos.
Etanol e a solução amostra foram usados como branco. Solução de DPPH e etanol foram
usados como controle negativo. Os controles positivos foram aqueles usando soluções padrão
(Mensor, Menezes et al., 2001).
Interpolação polinomial de lagrange
Na análise da atividade antioxidante foi utilizado o método de interpolação de Lagrange
(Guimarães e Nascimento, 2004).
O Polinômio de Lagrange é construído a partir do seguinte princípio: considere um
conjunto de n pontos de coordenadas x e f(x), sendo que todos os x's são distintos. Podemos
construir um polinômio de grau n-1 que passe por todos esses pontos. A fórmula de Lagrange
para um polinômio de grau n seria:
59
MIGRAÇÃO LEUCOCITÁRIA IN VITRO
Os sais e reagentes utilizados nos ensaios de quimiotaxia leucocitária foram de
procedência Merck, salvo indicação contrária. Para o preparo das soluções, utilizou-se água
ultrapura, obtida pelo sistema Puritech (Permution, Curitiba-PR).
As soluções foram preparadas e em seguida esterilizadas por calor úmido (autoclavação
a 121 ºC, 30 min) ou filtração (0,22 μm – Acrodisc), sendo posteriormente armazenadas em
temperaturas apropriadas para sua conservação (temperatura ambiente, 4-8 ºC ou a –20 ºC), ao
abrigo da luz, conforme indicado.
Obtenção de leucócitos humanos
Cinco a quinze mililitros de sangue periférico de voluntários sadios, colhidos com
heparina sódica, foram usados como fonte de leucócitos humanos. As amostras foram coletadas
após compreensão e consentimento do termo aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital das
Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná, CEP/SD - Nº 039.SI003/04-01 (Anexos I e II).
A contagem total de leucócitos foi realizada em câmara de Neubauer e a diferencial em extensões
sanguíneas coradas por May-Grunwald-Giemsa (Dacie e Lewis, 1995).
60
Isolamento de leucócitos humanos
O sangue periférico total foi centrifugado inicialmente por 15 min/200 g para retirada do
plasma rico em plaquetas. Uma quantidade semelhante de PBS
4
em relação ao plasma retirado
foi incorporado a amostra e centrifugada por 25 min/800 g. A porção intermediária, rica em
leucócitos (buffy-coat), foi transferida para um tubo cônico contendo q.s.p 50 ml de solução
lisante
5
. Após homogenização, a amostra foi submetida à rotação contínua por 8 min à T.A.,
centrifugada (5 min/800 g) e o sobrenadante desprezado. Os leucócitos foram submetidos à
lavagem com PBS (2 vezes; 5 min/800 g), seguida de ressuspensão em PBSs
6
e em seguida, sua
concentração ajustada para 10
6
células/ml (Dacie e Lewis, 1995).
Viabilidade e citotoxicidade celulares
A viabilidade dos leucócitos foi observada após cada processo durante o isolamento,
assim como para avaliação de eventuais efeitos tóxicos dos reagentes utilizados. Para tanto, foi
usado o teste com azul de Trypan
7
, o qual baseia-se na habilidade que a membrana plasmática de
células viáveis possuem de excluir o corante (Merchant e Kahn, 1964). Doses crescentes de
uleína (3,75x10
-8
– 3,75x10
-4
mol/l) foram adicionadas a 10
6
células/ml. No momento da adição
(t=0) e após 3, 6 e 24 h de incubação à 37 ºC, a viabilidade das células foi observada em
4
A solução salina tamponada (PBS) foi preparada dissolvendo-se NaH
2
PO
4
.2H
2
O (150 mmol/l), Na
2
HPO
4
(150 mmol/l) e NaCl
(154 mmol/l) em água. Após ajuste do pH para 7,2 – 7,4 com solução de NaOH 1 M, procedeu-se a esterilização por autoclavação
e armazenamento a 4 – 8 ºC.
5
NH
4
Cl (80,2 g), NaHCO
3
(8,4 g) e EDTA dissódico (3,7 g) foram disolvidos em q.s.p 1 litro de água. Essa solução foi
armazenada a 4 ºC (estoque). No momento do uso, 10 ml do concentrado (estoque) foram diluidos em 90 ml de água.
6
PBS foi suplementado, em condições assépticas, na h do uso, com albumina de soro bovino (BSA) 0,25% (p/v), glucose 0,1%.
(p/v), CaCl
2
(0,9 mmol/l) e MgCl
2
(0,5 mmol/l).
7
0,4 g de azul de trypan em 100 ml de PBS.
61
hemocitômetro. Somente amostras contendo uma quantidade superior a 94% de células viáveis
foram utilizadas nos experimentos.
Substâncias isoladas como agentes quimioatractores de leucócitos
Foram realizados ensaios para verificar se a uleína nas doses de 3,75x10
-15
– 3,75x10
-4
mol/l possuíam potencial quimioatractor na suspensão padronizada de leucócitos (10
6
células/ml).
Os resultados obtidos pela contagem de células na câmara inferior de Boyden foram
normalizados em 100% em relação ao controle negativo (PBSs) e comparados com um controle
positivo de caseína 0,5% (p/v).
Migração leucocitária in vitro (quimiotaxia)
A locomoção dos leucócitos em direção à caseína
8
(quimiotaxia positiva), foi observada
em câmaras de Boyden (Colowick e Kaplan, 1999; Lee e Foerster, 1999). Para tanto, utilizou-se a
técnica essencialmente descrita por Presibella, Santos et al. (2003), onde 200 μl de caseína 0,5%
(p/v) foram adicionados ao compartimento inferior das câmaras.
Filtros de policarbonato isentos de polivinilpirrolidona (Nuclepore; Neuroprobe -
Gaitherburg), com poros de 5 μm de diâmetro e 12 μm de espessura, foram usados para separar
os compartimentos superior e inferior. O compartimento superior foi preenchido com 200 μl de
suspensão de leucócitos em PBSs (10
6
células/ml). As câmaras foram incubadas à 37 ºC por 90
8
Caseína em pó foi dissolvida em PBS (5 mg/ml) e aquecida à 56 ºC por 10 min. A solução foi, então, resfriada rapidamente à 4
ºC, centrifugada para remoção de partículas insolúveis (2500 rpm/5 min), aliquotada e armazenada à –20 ºC, sendo descongelada
apenas na h do uso.
62
minutos e o número de leucócitos que migrou ativamente para o compartimento inferior foi
estimado, com o auxílio de um hemocitômetro.
O monitoramento do movimento espontâneo dos leucócitos (controle) foi realizado de
forma similar, porém usando-se PBSs
ao invés de caseína 0,5%.
Em alguns experimentos, as suspensões de leucócitos foram previamente tratadas com
diferentes concentrações de uleína (3,75x10
-14
– 3,75x10
-6
mol/l) ou com fosfato dissódico de
dexametasona – Decadron-Prodome (10
-5
mol/l) por 30 min à 37 ºC, com sulfato de morfina –
Dimorf-Cristália (10
-4
- 10
-8
mol/l) ou com cloridrato de naloxona – Narcan-rPr (10
-5
- 10
-8
mol/l)
por 10 min à 37 ºC, isolados ou em associações. Em seguida foram lavadas duas vezes com PBS
(800 g/5 min), ressuspensas em PBSs e submetidas ao ensaio de quimiotaxia.
MIGRAÇÃO LEUCOCITÁRIA IN VIVO INDUZIDA POR CARRAGENINA
Animais
Nos experimentos foram utilizados camundongos swiss albino (n=60; 25-30 g),
provenientes do Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (CPPI-PR). Os mesmos
foram mantidos em ambiente com fotoperíodo controlado (ciclo claro escuro 12/12 h),
temperatura constante (23 ± 2 ºC), água e ração Nuvilab ad libitum e em seguida separados em
grupos de dez animais. Os experimentos foram realizados de acordo com os “Principios de
cuidados com animais de laboratório” (NIH publicação 85-23, revisado em 1985) adotado pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR).
63
Avaliação da potência antiinflamatória
Os grupos de animais foram tratados por via intraperitoneal (i.p) com PBS, uleína (0,5
g/kg) ou dexametasona (0,5 mg/kg). Decorridos 60 min dos tratamentos, foram injetados nos
animais 0,25 ml de suspensão de carragenina 1% (Carrageenan Iota Sigma). Após quatro horas os
animais foram ortotanasiados com inalação de éter e injetados 2 ml de PBS heparinizado (10
UI/ml), sendo o fluído peritoneal coletado e a amostra diluída em solução de Türk 3% (1:20). A
contagem do número de leucócitos migrados foi realizada em câmara de Neubauer. Os resultados
foram expressos como médias±EPM do número de leucócitos totais de cada grupo (x 10
7
células/ml).
BIOENSAIO ANTIMICROBIANO
As culturas bacterianas foram obtidas de cepas padrões (ATCC) e de amostras clínicas
recentemente isoladas e identificadas de humanos no laboratório do Hospital Universitário
Cajuru, Pontificia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Os testes de susceptibilidade
foram realizados usando um método padrão denominado Kirby-Bauer (NCCLS, 2002). Os
microrganismos foram viabilizados 24 h antes da realização dos testes. As suspensões bacterianas
foram feitas em solução de salina estéril
9
(0,85%) usando escala de McFarland # 0,5. As
concentrações finais de bactérias obtidas foram em torno de 1,0 - 6,0 x 10
5
UFC/ml.
As suspensões foram inoculadas em meio de Mueller Hinton (MH) usando swab de
algodão estéril. Os testes foram preparados a partir da fração apolar, frações de alcalóides da
agoniada e substâncias isoladas (Esquema 7 e 8) dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO) ou
9
NaCl (0,9 g) em água destilada (100 ml) e autoclavada.
64
etanol (EtOH) de forma a serem obtidas concentrações crescentes iguais a 31,25, 62,5, 125, 250,
500 e 1000 μg/ml e distribuidos em vários discos de papéis esterilizados com diâmetro de 6 mm.
Os discos foram secos em temperatura ambiente e colocados no ágar Mueller Hinton previamente
inoculados com suspensões bacterianas. As placas foram incubadas 37 ºC/24 h. Em seguida, as
placas foram observadas verificando a área de inibição ao redor do disco (mm), incluindo o
diâmetro do próprio disco. Todos os testes foram realizados em triplicata. Os resultados foram
comparados com discos de antibióticos padrões (cloranfenicol – 30 μg/ml, vancomicina – 30
μg/ml e ampicilina sulbactan – 30 μg/ml) bem como discos contendo os solventes DMSO e
etanol como controles negativos.
A capacidade de embebição de líquidos em cada disco, foi realizada segundo a técnica
especificada por Moura (1987), sendo obtida a capacidade máxima de 26,9 µl, porém o volume
utilizado foi de 10 µl/disco.
DOSAGEM DE ÓXIDO NÍTRICO
Linhagens celulares
Células endoteliais de aorta de coelho (rabbit aorta endhotelial cells - RAEC)
gentilmente doadas pela Dra. Helena Nader (UNIFESP) e células melanoma de camundongos
(mouse melanoma cells - B16F10) American Type Culture Collection (cat # ATCC CRL-6475),
foram cultivadas em meio apropriado e mantidas em Banco de células do NIMA (Núcleo de
Investigações Moleculares Avançadas), Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
65
Cultura celular
As células foram mantidas em meio de cultura DMEM/F12 (RAEC) e RPMI 1640
(B16F10), suplementado com 10% de soro fetal bovino, 100 U/ml de penicilina e 10 μg/ml
gentamicina. As células foram plaqueadas em placas de 96 poços na densidade de 1x10
5
células/ml, volume final de 400 µl e incubadas a 37 °C com 5% de CO
2
e atmosfera umidificada,
sendo o meio trocado a cada 48 h até confluência das células.
Viabilidade e citotoxicidade celulares
Para o teste de viabilidade celular e citotoxicidade foi usado o teste com azul de Trypan
0,4%, anteriormente mencionado no ensaio de quimiotaxia (Merchant e Kahn, 1964).
Substâncias isoladas
A partir da substância isolada AL1 (uleína) foram feitas soluções estoques de 2 mg/ml
em meio nutriente DMEM/F12 (Dulbecco's Modified Eagle's Medium) e RPMI (RPMI 1640
Medium) em condições estéreis e armazenadas à –8 ºC até o momento do uso. Em cada ensaio, a
uleína foi diluída nos respectivos meios de cultura.
Dosagem
Após os cultivos celulares atingirem confluência desejada, a uleína foi adicionada nas
concentrações de 0,01, 0,1, 1, 10 e 100 μg/ml, isoladamente ou em associação com nitro-
L-
66
arginina metil éster (L-NAME - 1 μg/ml), um inibidor da NOS. Um estimulador da NOS também
foi utilizado (LPS - 100 ng/ml). Vinte e quatro horas após a ativação, um volume de 100 μl do
sobrenadante foi retirado e a ele adicionado igual volume do reagente de Griess
10
(Green, Wagner
et al., 1982). A produção de NO foi estimada pela quantificação do metabólito estável de NO, o
nitrito. A absorvância a 540 nm foi medida em leitor de Elisa Spectra Softmax após 10 min. A
concentração de nitrito no sobrenadante foi quantificada a partir de uma curva padrão com
concentrações conhecidas de nitrito de sódio em μM.
TESTE DE ADESÃO CELULAR
Linhagens celulares
Células B16F10 (mouse melanoma cells - cat # ATCC CRL-6475) e células RAEC
(rabbit aorta endhotelial cells) foram cultivadas em meio apropriado e mantidas em Banco de
células do NIMA (Núcleo de Investigações Moleculares Avançadas), Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Cultivo celular
Células de melanoma de camundongos (B16F10) e células endoteliais de aorta de coelho
(RAEC) mantidas em tanques de nitrogênio sob temperatura de –180 ºC foram descongeladas e
cultivadas em meio RPMI 1640 (Cultilab) e meio nutriente DMEM/F12, respectivamente,
10
Sulfanilamida 1% p/v, em H
3
PO
4
5%, juntamente com alfa-naftil-etilenodiamina 0,1%v/v em água.
67
contendo soro fetal bovino (SFB 10%), estreptomicina (10 μg/ml) e penicilina (100 U/ml),
mantida em atmosfera de 37 ºC e 5% de tensão de CO
2
. Após atingirem confluência e contagem
suficiente (10
6
células/ml), células B16F10 e RAEC foram tratadas com concentrações crescentes
de uleína (10
-5
- 100 e 10
-2
- 100 μg/ml, respectivamente) e colocadas em placas de 24 poços,
sendo novamente incubadas nas mesmas condições anteriores para adesão por 90 min (Wang,
Cao et al., 2003). Para os controles foram utilizados células de melanoma de camundongos
(B16F10) em meio RPMI 1640 e células endoteliais de aorta de coelho (RAEC) em meio
nutriente DMEM/F12, sem a presença de uleína.
Em outros experimentos, o efeito da presença de matriz sobre a adesão celular foi
avaliado. Para isso, foi realizado um revestimento em placas de 96 poços utilizando proteínas de
matriz (fibronectina 15 μg/ml, laminina 15 μg/ml e vitronectina 15 μg/ml) doadas pela Prof. Dra.
Lia Sumie Nakao, Pontifícia Universidade Católica do Paraná, secas à temperatura ambiente.
Meio RPMI 1640 (20 μl) contendo 2% SFB foi utilizado para cobrir a placa a 37 ºC por 60 min,
sendo lavada com PBS (3X). Células B16F10 (10
6
células/ml) foram pré-tratadas com
concentrações crescentes de uleína (10
-5
– 10 μg/ml) por 2 h e adicionadas na placa de 96 poços e
incubadas por 90 min.
Avaliação da adesão celular in vitro
A avaliação da adesão celular nas linhagens B16F10 e RAEC foram realizadas por
método colorimétrico. As placas contendo células tratadas com uleína em diferentes
concentrações foram lavadas três vezes com solução de tampão salino fosfato pH 7,4 (PBS) para
retirada das células não aderidas, fixadas com metanol (10 min/T.A), lavadas com PBS (três
vezes) e coradas com solução de cristal violeta a 0,2% em etanol 2% (2-5 min). Posteriormente as
68
células residuais foram lavadas novamente com PBS (dez vezes) e lisadas com solução de citrato
de sódio 10
-1
mol/l e etanol (1:1) por 10 min e a absorvância do lisado foi medida por
espectrofotômetro em 540 nm. As absorvâncias das amostras foram comparadas com a do
controle na mesma condição de análise e os resultados expressos na forma de porcentagem de
adesão. Para as fotomicrografias foi utilizado um microscópio invertido Olympus BH-2.
Análises estatísticas
Os resultados foram apresentados como média±EPM, analisados usando pacote
estatístico Sigmastat® para Windows (Versão 3.5, USA) e, para a comparação entre os grupos,
foi utilizado ANOVA seguido de teste de Tukey, Holm-Sidak, Mann-Whitney ou Kruskal-
Wallis, com valores de P0,001, P0,01 e P0,05, conforme aplicado, considerados
estatisticamente significativos.
69
RESULTADOS E DISCUSSÕES
ABORDAGEM FITOQUÍMICA
O material vegetal foi identificado positivamente como sendo as cascas do caule de
Himatanthus lancifoloius (Muell. Arg.) Woodson – Apocynaceae e o resultado da abordagem
fitoquímica realizada está de acordo com os resultados divulgados por estudos
quimiotaxonômicos anteriormente realizados, onde fica evidenciada a presença principalmente de
alcalóides e outros metabólitos na espécie da familia Apocynaceae (Kisakurek e Hesse, 1980;
Kazmi, 1989; Massiot, Boumendel et al., 1992; Franca, Brown et al., 2000).
A pesquisa dos principais grupos de metabólitos das cascas de Himatanthus lancifolius,
Apocynaceae, tem seus resultados sumarizados na Tabela 3.
Tabela 3. Abordagem fitoquímica das cascas de H. lancifolius (Muell. Arg.) Woodson,
Apocynaceae.
Metabólitos Métodos Resultado
Flavonóides Reações de Shinoda; Cloreto de
alumínio
Negativo
Alcalóides Reações gerais de alcalóides (RGA)
Positivo
Glicosídeos cardiotônicos Reação de Pesez; Reação de Kedde
Levemente Positivo
Saponinas Formação de espuma Negativo
Antraquinonas livres e glicosídicas Reação de Borntrager direta;
Hidrólise ácida
Negativo
Taninos Reações clássicas: Gelatina; Acetato
de chumbo; Cloreto férrico
Positivo
Açúcares Teste de Molish
Positivo
Das classes de constituintes químicos encontradas nas cascas de H. lancifolius, a grande
maioria delas referem-se a alcalóides derivados do triptofano, que sabidamente estão presente em
plantas da familia Apocynaceae e já haviam sido citados por Cuellar e O´Farril (1976) e Robbers,
Speedle et al. (1996). Dados da literatura mostram que a tribo Alstoniae, a qual H. lancifolius
70
pertence, é uma das mais estudadas e apresenta uma diversidade muito grande de estruturas
elucidadas, basicamente esqueletos do tipo aspidospermina (Joule e Djerassi, 1964; Kisakurek e
Hesse, 1980). Em prévios estudos fitoquímicos, a literatura é farta em demonstrar os vários
iridóides presentes nas espécies do gênero Himatanthus (Kardono e Tsauri et al., 1990; Barreto,
1998). Notoriamente alguns alcalóides isolados da espécie H. lancifolius são nesse trabalho
citados pela primeira vez. Lima, Braga et al. (1999) citam que das 14 espécies que representam o
gênero Himatanthus apenas cinco já foram estudadas do ponto de vista químico e que nada foi
citado com relação à presença de alcalóides.
A presença de alcalóides ficou evidenciada pela avaliação do extrato aquoso acidificado
(HCl 1%) em cromatografia de camada delgada e revelados com reagente de Dragendorff (Figura
7), onde apresentaram pelo menos oito manchas características desses alcalóides, sendo que
quatro alcalóides de núcleo indólico já foram isolados, contudo apenas dois desses puderam ser
identificados (Franca, Brown et al., 2000).
Foi realizada uma CCD das frações de alcalóides da agoniada (FAA), reveladas com
reativo de Dragendorff (Figura 8) e sulfato cérico amoniacal, a qual demonstrou que todas essas
frações alcalinizadas com diferentes pH possuem perfil cromatográfico semelhante, e
particularmente a fração pH10 possui uma mancha cromatográfica mais intensa, representando
uma maior quantidade de alcalóides. Conforme aumenta o pH, observa-se um decréscimo da
intensidade dessas manchas pela diminuição da quantidade alcaloídica extraída. As quantidades
inferiores de manchas nas frações em relação ao extrato aquoso acidificado a 1% pode ser
justificado pela ausência de alcalóides quartenários, pois esses geralmente não são removidos
pela metodologia de extração utilizada nesse trabalho (Esquema 7). Componentes neutros e
ácidos da mistura original são removidos durante extração do solvente utilizado conforme
descrito por Cordell (1981). Os alcalóides foram obtidos por extração com clorofórmio ou acetato
71
de etila, sendo que os mesmos alcalóides foram obtidos em ambos solventes utilizados, com um
rendimento superior com o uso do clorofórmio como agente extrator.
Os extratos alcalinizados com carbonato de sódio, hidróxido de sódio e amônia não
apresentaram presença de artefatos, pois em alguns casos, a amônia na presença de alcalóides
indólicos podem dar origem a novos alcalóides não presentes na planta original.
No teste qualitativo, a planta apresentou também uma predominância de glicosidios, por
desenvolverem coloração alaranjada ao teste de Molish e confirmada através de CCD (Figura 9)
revelada com orcinol, utilizando como padrão a sacarose e a lactose.
Figura 7. CCD do extrato
aquoso acidificado (HCl
1%) revelado com reativo
de Dragendorff usando
como fase móvel n-
hexano: acetato de etila:
MeOH: dietilamina
(5:4:0,8:0,2).
Figura 8. CCD das
frações alcalinizadas pH
10, 11, 12, 13, 14 revelado
com reativo de
Dragendorff usando como
fase móvel n-hexano:
acetato de etila: MeOH:
dietilamina (5:4:0,8:0,2).
Figura 9. CCD do
composto B1 revelado com
orcinol usando como fase
móvel propanol: água (7:3
v/v) juntamente com padrão
de sacarose e lactose.
Sac Lac
72
ALCALÓIDES ISOLADOS
Substância AL1
A primeira substância AL1 foi isolada por cromatografia de camada delgada preparativa
na forma de cristais brancos (0,102 g, η=0,0035%, R
f
0,37) e por cromatografia em coluna como
uma substância amorfa de coloração acastanhada (0,2051g, η=0,0070%, R
f
0,37). A corrida
utilizando CLAE mostrou pureza da forma amorfa acastanhada de 78,2349% (Figura 10) e 100%
de pureza nos cristais brancos, usando uma fase móvel de acetonitrila:metanol (1:1) grau HPLC,
coluna C 8, com fluxo de 0,8 ml/min e absorvância de 305 nm, obtendo um tempo de retenção de
4,356 min. Esse composto na forma amorfa, monitorado por CLAE, foi submetido
posteriormente a uma placa preparativa onde isolou-se as substâncias AL1 e AL3. Nas mesmas
condições cromatográficas utilizadas, a substância AL3 apresentou tempo de retenção de 3,960
min (pureza de 21,7651%), muito próximo ao apresentado para a substância AL1. No decorrer da
análise, o espectro de RMN
1
H foi fundamental para a diferenciação dessas substâncias, uma vez
que esses alcalóides apresentam tempo de retenção muito próximo (Jacome e Oliveira, 2004).
73
Figura 10. Cromatograma da mistura de alcalóides AL1 e AL3 apresentando tempo de retenção
próximos, com suas respectivas porcentagens de pureza (círculo), usando uma fase móvel de
acetonitrila:metanol (1:1) grau HPLC, coluna C-8, fluxo de 0,8 ml/min e absorvância de 305 nm.
O espectro de UV apresentou uma banda característica em λ
max
(MeOH) 303,8 nm
característica do núcleo α-vinil indol, muito semelhante ao máximo de absorção em 309 nm
citado por Jacome e Oliveira (2004). O espectro no infravermelho evidenciou sinais em 3394
(deformação axial N-H), 2921 e 2820 (deformação axial simétrica de CH
2
), 1633 (anel
aromático) e sinais menores em 1555, 1459 (deformação angular simétrica no plano)
corroborando com o demonstrado por Sangster e Stuart (1965); Borris, Lankin et al. (1983);
Williams e Fleming (1987); Franca, Brown et al. (2000). A substância exibiu também bandas
importantes em 1733, 1310, 997, 877 e 725 cm
-1
.
5 101520253035
Minu tes
-19
0
25
50
75
100
125
150
m
Volts
3.960
4.356
File:
Channel:
Last recalc:
c:\star\data\varian\treinameto\uleina_11-05-04_12;25;10.run
1 = INTGR 1 Results
18/05/04 15:35
X:
Y:
38.8448 Minutes
-0.162 mVolts
c:\star\data\varian\treinameto\uleina_11-05-04_12;25;10.run
W
I
:
16
AL3
AL1
74
A substância cristalizada apresentou ponto de fusão entre 74 ± 4,5 ºC usando o
Alzobenzol (68 ºC), benzil (95 ºC), Acetanilida (114,5 ºC) e Fenacetina (134,5 ºC) como sais
padrões para calibração do aparelho Buchi SMP-20, corroborando com o descrito por Franca,
Brown et al. (2000). Porém, o ponto de fusão mostrou-se diferente dos valores apresentados por
Borris, Lankin et al. (1983) com ponto de fusão variando de 74-98 ºC, Jacome e Oliveira (2004)
de 78-85 ºC e Buchi e Warnhoff (1959) com valor igual a 152 ºC. Essas variações podem ser
justificadas pelo fato de que na maioria das vezes as substâncias isoladas não encontram-se
totalmente puras, apresentando uma forma amorfa não cristalizada, diferente da substância
inicialmente isolada utilizada para esse ensaio.
O espectro de massas de AL1 (Figura 11) apresentou íon molecular em m/z 267 (M
+
+1),
266 (M
+
), correspondendo a uma substância de fórmula molecular C
18
H
22
N
2
. É notado que essa
substância possui um esqueleto com dezessete carbonos, os quais contém dois carbonos a menos
do que a maioria dos outros alcalóides indólicos (Buchi e Warnhoff, 1959). Fragmentos em m/z
251 (M
+
-15) e m/z 237 (M
+
-29) indicam a presença de um grupo metila terminal (C-18/19) e
também a perda de (C
2
H
5
), respectivamente, como também o aparecimento de sinais de derivados
do carbazol (m/z 167) (XXIII) que confirmam a possibilidade da substância AL1 ser um
alcalóide do grupo indólico.
N
H
O fragmento M
+
-C
2
H
5
pode ser explicado pela localização de íon na ligação C-14/15,
que é ativada pela posição alila, e ocorrendo a quebra da ligação e perda de radical etila com
(
XXIII
)
75
formação subsequente de fragmentos com m/z 237. Alternativamente, a perda do substituinte de
C-21 com tranferência de um hidrogênio N-metil pode ocorrer a formação de m/z 181 e
subsequente perda de hidrogênio benzílico de m/z 181 ou a perda da cadeia lateral amina
formando a espécie totalmente conjugada m/z 180 (Esquema 9) corroborando com o descrito por
Manske e Rodrigo (1965).
N
H
N
CH
3
Et
14
15
N
H
MeN
-Et
N
H
HMeN
N
H
m/z 181
-C:N-CH
2
CH
2
-H
N
H
m/z 180
N
H
MeN
m/z 237
NMe
Esquema 9. Fragmentação do espectro de massas de AL1.
O importante íon m/z 209 pode ser formado por rearranjo de hidrogênio através de um
intermediário de seis membros, adicional quebra da ligação benzílica com perda de um radical
metila origina o íon m/z 194 (Esquema 10). Outros fragmentos estão presentes em m/z 180, 151,
127, 112, 98, 77, 58 e 32.
76
N
H
N
H
Me
N
H
N
N
H
HN
H
Me
H
Me
N
H
m/z 209
N
H
N
H
m/z 194
N
H
N
H
Me
-CH
2
:N-Me
N
H
m/z 223
N
H
m/z 208
-Me
-CH
3
NHCH=CH
2
Esquema 10. Fragmentação do espectro de massas de AL1.
77
Figura 11. Espectro de massas de AL1.
As melhores informações foram provenientes dos experimentos obtidos por ressonância
magnética nuclear de prótons. O espectro de RMN
1
H (400 MHz, CDCl
3
), que apresentou em δ
0,88 um triplete (J=7,4 Hz, H-18) com integração para três prótons, corresponde a um grupo
metila ligada a um metileno com sinal em δ 1,15 (J=7,4 Hz, H-19), confirmando a presença do
grupo etila na estrutura.
Um singleto com integração para três prótons aparece em δ 2,59 (N-Me), cujo
deslocamento sugere a presença de um grupo N-CH
3,
corroborando com o descrito por Jacome e
Oliveira (2004) que citam a presença desse simpleto em δ 2,30. A presença de dois singletos em
δ 5,21 (H-17a) e δ 5,59 (H-17b), com integral para um próton cada, característico de prótons em
carbono sp
2
, corresponde a presença de um grupo H
2
C=C exocíclico. Uma série de sinais na
região alifática do espectro pode ser assinalada para prótons metínicos e metilênicos. Um dupleto
(J=1,5 Hz) para um próton em δ 4,55 (H-21) pode ser assinalado para o próton do carbono que
faz ponte entre o núcleo indol e N
b
(C-21), esse por acoplamento a longa distância (J=1,5Hz)
com o hidrogênio ligado a C-15 (Williams e Fleming, 1987; Breimaier; 1993). No entanto, é
característico na região aromática do espectro o padrão para substâncias derivadas indólicos não-
78
substituídos (XXIV) um sinal correspondente a NH entre δ 8 e 9, um duplo dupleto para os
prótons H-9 e H-12 em torno de δ 7,3 e 7,5 e, abaixo do sinal do clorofórmio residual, dois
tripletos superpostos para os prótons H-10 (δ 7,18, J=7,37 Hz) e H-11 (δ 7,26, J=7,37Hz)
(Verpoorte e Schiripsema, 1991).
N
1
8
7
2
9
10
11
12
Pode-se observar que na região aromática do espectro de AL1 aparecem dois tripletos
com integração para um próton cada δ 7,1 e 7,2 (J=7,37 e 7,38 Hz, respectivamente). Um duplo
dupleto em δ 7,5 para dois prótons e um singleto largo em δ 9,0 (N-H), correspondendo ao
padrão de espectro de XXIV (Verpoorte e Schiripsema, 1991).
Outros deslocamentos importantes dos espectros de RMN
1
H estão presentes em δ 1,27
(H-14a), δ 1,8 (J=9,4 Hz, H-3a), δ 2,52 (J=8,47 Hz, H-14b), δ 2,67 (H-3b), δ 2,82 (J=1,51, H-
15), δ 2,99 (J=6,9 Hz, H-20).
Para comprovação da estrutura, o espectro de RMN
13
C de AL1 juntamente com os
dados citados na literatura foram bastante significativos (Borris, Lankin et al., 1983). A
ressonância e indicação para a uleína foi determinado para CDCl
3
em 30,21 ppm. O sinal em
11,16 ppm foi assinalado para o grupo metila C-18, cuja ressonância em campo alto é presumível
por ser o carbono mais blindado da estrutura. O sinal em 24,56 pode ser atribuído ao C-19, pois a
cadeia lateral etila está equatorial ao anel piperidínico, corroborando com o descrito por Jacome e
Oliveira (2004) atribuindo um δ 24,35 ao C-19. Assim a interação 1,3 axial é esperada ocorrer
entre o grupo etila e o próton em C-14. Isso resultaria em uma compressão estérica de C-14 e C-
20. Dessa forma, o sinal em δ 32,89 pode ser ao C-14. Deslocamentos em campo alto da
(XXIV)
79
ressonância de C-15 e C-21 são provavelmente devido a um aumento na tensão no anel
piperidinico resultante dessa interação. O deslocamento químico da metila terminal em AL1 em δ
0,88 aparece de forma blindada por encontrar-se acima do núcleo aromático. Outros
deslocamentos importantes dos espectros de RMN
13
C estão presentes em 38,3 (C-15), 42,0 (C-
20), 44,6 (N-CH3), 48,0 (C-3), 59,2 (C-21), 111,3 (C-12), 112,1 (C-7), 118,9 (C-9), 121,6 (C-
11), 123,8 (C-8) corroborando com o descrito por Borris, Lankin et al. (1983) e Jacome e
Oliveira (2004).
Investigação química da substância AL1, usando métodos espectrométricos descritos
acima e por comparação com a literatura, sugeriu que a substância da espécie Himatanthus
lancifolius, é um raro exemplo de alcalóide indólico que contém a unidade monoterpênica com
ausência de uma ponte de dois carbonos da triptamina denominado uleína (XXV) (Pelah,
Kielczewski et al., 1963; Joule e Djerassi, 1964; Ohashi, Joule et al., 1964; Budzikiewicz,
Djerassi et al., 1964; Gaskell e Joule, 1967; Borris, Lankin et al., 1983; Williams e Fleming,
1987; Verpoorte e Schiripsema, 1991; Breimaier, 1993; Franca, Brown et al., 2000). Essa
sustância foi primeiramente identificada por Schmuz, Hunzicher et al. (1957), isolada do extrato
metanólico de Aspidosperma ulei Mgf.
N
H
N
Me
1
4
5
3
1415
16
17
18
19
21
20
9
10
11
12
(+) uleína. PF: 74 ºC±4.5 (MeOH); UV max (MeOH): 305; IR bands (KBr): 3394, 2921, 1733,
1555, 1459, 725 cm
-1
; MS m/z (%): 267 (M
+
+1) 266 (M
+
), 237 (12), 233 (9), 209 (18), 194 (18),
180 (22), 91 (100), 44 (50) [calcd. For C
18
H
22
N
2
: 266,1783; found: 266,1781]; RMN
1
H (CDCl
3
,
400 MHz): δ 0.88 (3H, t, J 7.4, H-18), 1.15 (2H, quintet, J 7.4, H-19), 1.27 (1H, bs, H-14a), 1.80
(1H, bd, J 9.4, H-3a), 2.52 (1H, d, J 8.47, H-14b), 2.59 (3H,s, N-Me), 2.67 (1H, bd, H-3b), 2.82
(XXV)
80
(1H, d, J, 1.51, H-15), 2.99 (1H, bd, J 6,9, H-20), 4.55 (1H, d, J 1.51, H-21), 5.21 (1H, s, H-17a),
5.59 (1H, s, H-17b), 7.18 (1H, t, J 7.37, H-10), 7.26 (1H, t, J 7,37, H-11), 7.46 (1H, dd, J 8, 1, H-
12), 7.49 (1H, dd, J 8, 1, H-9), 9.0 (1H, bs,, N-H); RMN
13
C (CDCl
3
, 400 MHz): 11.16 (C-18),
24.56 (C-19), 32.89 (C-14), 38.38 (C-15), 42.08 (C-20), 44.66 (N-CH3), 48.09 (C-3), 59.22 (C-
21), 104.0 (C-17), 111.31 (C-12), 112.14 (C-7), 118.90 (C-9), 121.0 (C-10), 121.68 (C-11),
123.83 (C-8).
Substância AL2
A substância AL2 foi identificada por métodos espectrométricos e por comparação com
a literatura como sendo o alcalóide ioimbina (IV), já descrito por Aynilian e Farnsworth (1974),
Le Verge et al. (1992) e atualmente isolado e amplamente discutido no programa de pós-
graduação em ciências farmacêuticas da UFPR na espécie Himatanthus lancifolius (Lopes, 2007).
Substância AL3
A substância AL3 apresentou-se na forma de cristais brancos (0,089 g, η=0,0030%, R
f
0,34) e seu espectro de UV apresentou bandas em λ
max
(MeOH) 207, 307 nm. A substância
cristalizada apresentou ponto de fusão de 118±0,49 ºC e tempo de retenção de 3,960 min, usando
uma fase móvel de acetonitrila:metanol (1:1) grau HPLC, coluna C 8, com fluxo de 0,8 ml/min e
absorvância de 305 nm.
Nas substâncias AL1 e AL3, os sinais de ressonâncias para C-7, C-8, C-9, C-10, C-11 e
C-12 foram feitos por analogia com valores similares aos átomos de carbono da Catarantina
(Borris, Lankin et al., 1983).
81
De acordo com a literatura, os espectros de RMN
1
H para a uleína e epi-uleína são
semelhantes, mas diferem justamente em relação aos tripletos correspondentes aos grupos CH
3
(C-18) do grupo etila, centrados em δ 0,88 para uleína e em δ 1,03 para epi-uleína. O grupo etila
na uleína está sobre o sistema π-aromático e, portanto, espera-se para 3H-18 um sinal mais
próximo do TMS (δ 0,88), devido a proteção do sistema π, enquanto que na epi-uleína o grupo
etila está a direita e o mesmo sinal aparece em δ 1,03 (Buchi e Warnhoff, 1959), presumidamente
devido à combinação do efeito estérico do anel. Na epi-uleína a posição do grupamento etila é
axial com relação ao anel piperidínico, entretanto na uleína, ele é equatorial.
Investigação química da substância AL3, usando métodos espectrométricos descritos
acima e por comparação com a literatura, sugeriu que a substância isolada é a epi-uleína (XXVI)
(Jacome e Oliveira, 2004).
N
H
N
Me
1
4
5
3
1415
16
17
18
19
21
9
10
11
12
20
epi-uleína (XXVI). PF: 118 ºC±0.49 (MeOH); UV max (MeOH): 207, 307; MS m/z (%): 267
(M
+
+1) 266 (M
+
), 237 (12), 233 (9), 209 (18), 194 (18), 180 (22), 91 (100), 44 (50); RMN
1
H
(CDCl
3
, 400 MHz): δ 1.03 (3H, t, J 7.4, H-18), 1.22 (2H, t, J 7.4, H-19), 2.0 (2H, m, H-14), 2.30
(1H, m, H-3a), 2.70 (1H, m, H-3b), 4.15 (H,d, H-21), 4.85 (H, s, H-17), 5.30 (1H, s, H-17), 7.5
(1H, d, H-12), 8.70 (1H, s, H-1).
(XXVI)
82
Substância B1
Análise dos espectros de CG-EM e RMN
13
C da substância isolada B1, aliados aos seus
dados físicos, permitiu sugerir a estrutura do dissacarídeo sacarose (XXVII), sendo seu
isolamento já relatado em extratos vegetais como descritos por De-Bruyn e Loo (1991),
Vanderlei, Silva et al. (1991) e Barreto (1998).
CH
2
OH
H
OH
H
O
O
H
OH
H
OH
H
OH
CH
2
OH
H
O
CH
2
OH
HO
3
6
5
4
1
2
4
6
1
3
2
5
H
H
Essa substância apresentou-se como cristais rômbicos, inodoros, sabor levemente
amargo, ponto de fusão 181 -184 ºC e rotação óptica +70,30 - +71,50 º. A solubilização não foi
possível em clorofórmio, diclorometano, éter etílico, acetona, etanol e metanol, porém foi
bastante solúvel em água e dimetilsufóxido à temperatura ambiente (25 ºC).
Sinais entre
59 e 105 no espectro de RMN
13
C (Figura 12), o qual foi assinalado por
DEPT indicando a presença de um carbono anomérico não protonado em 103,3 referente ao C-2
da unidade de α-frutose e o sinal em 91,7 referente ao C-1 de α-glucose, são indicativos de um
dissacarídeo. Outros carbonos importantes puderam ser assinalados em 61,19 (C-6), 73,99 (C-5),
70,25 (C-4), 73,01 (C-3) e 71,41 (C-2). Os sinais do espectro RMN
1
H (Figura 13) revelaram a
presença de um dupleto em δ 5,4 (J=3,9 Hz), sinal característico para a sacarose referente ao
próton em carbono anomérico de C-1 do anel
-glucopiranose (Liang et al., 2006). Para
confirmar a presença da frutose na molécula, entre os sinais para cada próton, destaca-se o
singleto em δ 3,77 para 2H atribuído aos prótons em C-1.
(XXVII)
83
Figura 12. Espectro de RMN
13
C da substância B1.
Figura 13. Espectro de RMN
1
H da substância B1.
84
ATIVIDADE FARMACOLÓGICA
Ensaios biológicos in vivo
Testes iniciais desenvolvidos com a fração de alcalóides da agoniada (FAA),
administrada em camundongos via intraperitonial em doses que variam de 0,25 a 1,5 g/kg,
provocaram ptose palpebral, dificuldades respiratórias, perda da apreensão das patas, convulsões
e morte, com características dose-dependentes. A administração da FAA em doses entre 0,2 a 10
g/kg através de via oral, originou os mesmos efeitos, porém com menor intensidade e maior
período de latência. A dose letal para 50% dos animais foi de 1,3 g/kg na administração
intraperitonial e de 8,9 g/kg para a via oral. Na toxicidade aguda das substâncias isoladas uleína e
ioimbina, após administração i.p, não foram observados nenhum efeito tóxico envolvendo os
limites de dosagem utilizados (0,1-1 mg/g). Guerra e Peters (1991) demonstraram a baixa
toxicidade reprodutiva e teratogênica em ratas usando decocto das cascas de Himatanthus
sucuuba, indicando que seu consumo é seguro na espécie humana para o tratamento de gastrites e
hemorróidas. Goloni et al. (2005), corroborando com nossos resultados, demonstraram que a
ioimbina confere um caráter muito pouco tóxico a Aspidosperma subincanum Martius,
caracterizando-a praticamente como substância atóxica.
ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
Devido a facilidade das reações, eficiência metodológica, número de citações
bibliográficas e disponibilidade dos equipamentos e reagentes, no respectivo estudo, foram
utilizados o método da redução do complexo fosfomolibdênico e o da redução do radical livre
85
DPPH para determinar a atividade antioxidante in vitro das frações de alcalóides da agoniada,
fração apolar e substâncias isoladas (AL1, AL2 e B1).
Os métodos de interpolação foram também imprescindíveis para a previsão e formulação
de equações referentes aos mais diversos fenômenos. A interpolação polinomial de Lagrange é
dada pela aproximação de um conjunto de pontos tabelados por um polinômio que melhor se
adapte a distribuição desses pontos. Assim, por meio da interpolação foi possível determinar o
provável valor de uma grandeza em função da disposição de outros pontos já tabelados
anteriormente por medições experimentais.
Ensaio da redução do complexo fosfomolibdênico
Soluções das frações de alcalóides, fração apolar, substâncias AL1, AL2, B1 e padrão de
ácido ascórbico (200 μg/ml) foram submetidas a reação de oxi-redução (90 min, 100 ºC, n=3-5) e
lidas a 695 nm em um espectrofotômetro UV 1601 Shimadzu. As absorvâncias das amostras
foram comparadas com a absorvância do padrão de ácido ascórbico. O complexo
fosfomolibdênico possui uma coloração amarela, tornando-se verde a medida que se reduz
(Figura 14).
86
Figura 14. Ensaio da capacidade antioxidante de extratos em diferentes concentrações após
redução com o complexo fosfomolibdênico. As colorações mais claras (A) são resultantes de
pouca transferência de elétrons, tornando-se mais escuras à medida que ocorre maior
transferência de elétrons (B).
Para a FAA pH10 a média da AAR
%
(ácido ascórbico) foi igual a 59,37±0,55%, enquanto
que para a FAA pH11 de 48,59±2,75%, para a FAA pH12 foi de 38,70±1,18%, para a FAA pH13
de 21,52±0,61%, para a FAA pH14 de 2,74±0,01%, para a uleína de 0,59±0,06%, para a
ioimbina de 0,53±0,05% e para a sacarose de 0,018±0,001%, em relação a 100% do total de
atividade atribuída ao ácido ascórbico, conforme demonstrado na Figura 15. A fração apolar não
apresentou atividade antioxidante.
(A)
(B)
87
Figura 15. Representação gráfica da AAR
%
das frações alcalinizadas das cascas de H. lancifolius
(200 μg/ml) e substâncias isoladas tendo como base a atividade do ácido ascórbico. Cada coluna
representa a média±EPM da porcentagem de AAR
%
em relação ao padrão de ácido ascórbico (n=
3-5, *P 0,001 vs ácido ascórbico – Holm-Sidak). ANOVA do grupo (P 0,001).
A FAA pH10 apresentou maior AAR
%
em relação ao padrão de vitamina C (ácido
ascórbico) comparado as demais frações e substâncias isoladas. Estudos fitoquímicos
preliminares (Tabela 3) mostraram presença de substâncias fenólicas nas frações como os
taninos. Eles apresentam disponibilidade eletrônica capaz de reduzir o complexo
fosfomolibdênico superior ao apresentado pelos alcalóides indólicos uleína e ioimbina. Diversas
substâncias fenólicas são importantes antioxidantes, uma vez que possuem esqueleto carbônico
propício para a estabilização de radicais livres. Larrauri, Goni et al. (1996) verificaram que a
posição e o grau de hidroxilação são fatores importantes para a atividade antioxidante das
substâncias fenólicas.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
ác.
Ascórbico
pH10 pH11 pH12 pH13 pH14 uleina ioimbina sacarose
Substâncias isoladas e fraçõe
s
AAR%
*
*
*
*
*
** *
88
Na Figura 15 pode ser obervado claramente que a atividade antioxidante da FAA da
agoniada diminui de acordo com o aumento do pH, ficando menor ainda quando as amostras
testadas tratarem de componentes puros.
Ensaio da redução do radical livre 1,1-difenil-2-picrilhidrazila (DPPH)
As mesmas frações e substâncias isoladas utilizadas no ensaio da redução do complexo
fosfomolibdênico foram testadas para o ensaio da redução do DPPH. Foram usados como
controle positivo o padrão antioxidante do ácido ascórbico. O DPPH é um radical livre estável na
forma sólida, solúvel em solventes polares (etanol e/ou metanol) que possui coloração violeta
escuro, que ao reduzir, descora-se, tornando-se amarelo. A intensidade da coloração é
proporcional à concentração das substâncias presentes com potencial antioxidante (Figura 16).
Figura 16. Representação de amostras mais diluídas (violetas) e mais concentradas (amarelas) de
ácido ascórbico em solução de DPPH. Os tubos demostram que a medida que o DPPH sofre
redução pelo ácido ascórbico, observa-se mudança da coloração violeta original para uma
coloração amarelada, cuja intensidade é proporcional à concentração de ácido ascórbico utilizado
medido a 518 nm.
89
Dessa forma foi determinada a IC
50
das FAA e das substâncias isoladas AL1, AL2 e B1.
A Figura 17 mostra um ensaio da redução do DPPH, onde o padrão de ácido ascórbico foi
tomado como exemplo. Baseado nos valores da IC
%
, foram interpolados gráficos (IC
%
x Conc.
μg/ml) e através das equações das retas fornecidas foram calculados a IC
50
. O resultado
considerado é a média±EPM de todos os ensaios realizados. A mesma base de cálculos foi
aplicada para as demais IC
50
(Tabela 4).
y = -0,0038x
2
+ 1,5954x
+ 3,0677
R
2
= 0,9924
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
concentração μg/ml
IC
%
Figura 17. Representação gráfica dos valores da IC
%
x Conc. (μg/ml) do ácido ascórbico
comparados a uma linha de tendência polinomial (vermelha).
Cálculo da IC
50
do ácido ascórbico pelo método A:
Pela equação fornecida pelo gráfico da Figura 17, foi estabelecido os seguintes cálculos:
y = -0,0038x
2
+ 1,5954x + 3,0677
x = (-b ± √Δ)/2a , onde Δ = b
2
- 4ac.
sendo y= 50 (IC
50
) temos os seguintes valores para x:
x´= 387,75 μg/ml
x’’= 32,09 μg/ml
Ácido
ascórbico
Conc (μg/ml)
IC
%
0 0
5 14
10 20
20 32,8
30 48
40 58
90
Dessa forma, foi determinada a IC
50
do ácido ascórbico (32,09 μg/ml). A mesma base de
cálculos foi aplicada para todas as demais IC
50
.
Cálculo da IC
50
do ácido ascórbico pelo método B:
Com base nos valores de IC
%
, foram também interpolados gráficos (IC
%
x Conc. μg/ml)
e através das equações das retas fornecidas, comparado com uma linha de tendência linear, foram
calculados os valores da IC
50
, como mostra a Figura 18.
y = 1,4091x + 4,199
R
2
= 0,9911
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55
concentração
μ
g/ml
IC
%
Figura 18. Representação gráfica dos valores da IC
%
x Conc. (μg/ml) do ácido ascórbico
comparados com uma linha de tendência linear (vermelha).
Pela equação fornecida pelo gráfico acima, foi estabelecido os seguintes cálculos:
y = 1,4091x + 4,199
sendo y= 50 (IC
50
) temos o seguinte valor para x:
x= 32,50 μg/ml
A mesma base de cálculos foi aplicada para todas as demais IC
50
(Tabela 4).
91
Cálculo da IC
50
do ácido ascórbico pelo método C:
No estudo de projeto e análise de algoritmos, desenvolvem-se técnicas para fazer análise
de complexidades. Esta análise tem papel decisivo para o projeto de algoritmos eficientes. Muitas
vezes analisar um algoritmo não é uma tarefa fácil, pois envolve manipulações de somas,
equações de recorrência e outros cálculos matemáticos de difícil desenvolvimento. Sendo assim
os métodos numéricos podem ser uma alternativa de avaliação de complexidades de algoritmos,
especialmente nos casos em que a análise exata é difícil ou envolvam outras probabilidades.
Assim, nesse trabalho adotamos métodos de interpolações seqüenciais. Os métodos para
interpolação são imprescindíveis para a previsão e formulação de equações referentes aos mais
diversos fenômenos. A interpolação polinômio é dada pela aproximação de um conjunto de
pontos tabelados por um polinômio que melhor se adapte a distribuição desses pontos. Assim, por
meio da interpolação é possível determinar o provável valor de uma grandeza em função da
disposição de outros pontos já tabelados anteriormente por medições experimentais.
A interpolação polinomial é um processo para estimar valores de uma função f(x) para
valores de argumentos entre x0,..., xn sendo conhecidos os valores y0,...,yn.
Os métodos de interpolação substituem f(x) por uma outra função ainda mais fácil de
calcular, na maior parte das vezes polinômios; no caso mais simples, um polinômio do primeiro
grau. Os valores y0,.....,yn são substituídos na fórmula polinomial de Lagrange obtendo-se desta
forma um algoritmo para interpolar, sendo o resultado uma aproximação de f(x).
A partir do polinômio de Lagrange é possível inserir valores na formulação para
aplicação de um método de interpolação específica, quando os pontos apresentam-se
irregularmente espaçados. O cálculo da IC
50
utilizando o polinômio de Lagrange foi obtido
diretamente utilizando um programa, idealizado pelos próprios autores, conforme demonstrado
na Figura 19.
92
Figura 19. Representação do programa utilizado para o cálculo direto da IC
50
tendo como base
de cálculo o polinômio de lagrange.
Utilizando o polinômio de Lagrange, e estabelecendo o valor de y=50, o cálculo direto
da IC
50
para o ácido ascórbico é de 32,93 μg/ml. A mesma base de cálculos foi aplicada para
todas as demais IC
50
(Tabela 4).
Tabela 4. Determinação da IC
50
*
do padrão antioxidante (ácido ascórbico), frações de alcalóides
e substâncias isoladas.
ÁCIDO ASCÓRBICO (PADRÃO)
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
5 0,58
y= -0,0038x
2
+ 1,5954x + 3,0677** 0,9924 32,09±0,35
10 0,54
y=1,4091x + 4,199*** 0,9911 32,50±0,17
20 0,45
30 0,35
40 0,28
FAA pH10
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
10 3,75
y=-0,0007x
2
+ 0,3771x + 1,8695** 0,9849 196,33±8,95
25 13,44
y=0,2128x + 5,5261*** 0,9468 208,99±7,20
50 22,50
125 35,88
250 55,49
93
FAA pH11
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
25 12,99
y= -0,0003x
2
+ 0,2879x + 3,2816** 0,9948 206,86±0,48
50 18,87
y=0,1511x + 9,8143*** 0,9384 265,95±7,64
125 34,02
250 57,67
500 78,86
FAA pH12
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
25 6,99
y= -0,0001x
2
+ 0,1714x + 2,0392** 0,9953 390,86±25,78
50 11,73
y=0,105x + 5,208*** 0,9670 426,59±7,92
125 22,33
250 35,21
500 54,77
FAA pH13
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
50 1,65
y= -0,000006x
2
+ 0,0359x + 0,0795** 0,9977 2214,31±55,98
250 9,05
y=0,0302x + 0,6523*** 0,9949 1634,02±2,49
500 17,11
750 22,68
1000 30,51
SACAROSE (B1)
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
75 1,14
y= -0,00009x
2
+ 0,0428x + 0,5422** 0,9539 8404,44±15,30
250 1,40
y=0,0197x + 1,0266*** 0,9949 2485,95±8,50
500 3,05
750 4,07
ULEÍNA (AL1)
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
75 0,15
y=0,000001x
2
+ 0,0008x + 0,0319** 0,9977 6475,00±25,00
250 0,3
y=0,0018x – 0,0419*** 0,8400 27801,05±11,99
500 0,76
750 1,37
IOIMBINA (AL2)
[ ] μg/ml IC
%
Equação da reta Valor R
2
IC
50
75 0,13
y=0,0000009x
2
+ 0,0008x + 0,0121** 0,9967 7177,77±17,5
250 0,24
y=0,0015x – 0,0425*** 0,9812 33361,66±10,27
500 0,68
750 1,15
* Ensaios realizados em triplicata.
** Método A (Tendência polinomial).
*** Método B (Tendência linear).
.
Pelos gráficos apresentados de cada fração de alcalóides (FAA) e substâncias isoladas,
usando a equação dada por todos os pontos do gráfico (método A), pela equação fornecida
apenas pelos pontos lineares do gráfico (método B) e pela interpolação polinomial de Lagrange
94
(método C), foram calculadas as IC
50
(μg/ml) das frações de alcalóides e substâncias isoladas,
sumarizados na Tabela 5.
Tabela 5. Determinação da média da IC
50
±EPM
*
de frações de alcalóides com diferentes pH e
substâncias isoladas utilizando três metodologias diferentes.
Frações alcalinizadas e
substâncias isoladas
IC
50
(μg/ml)
método A
IC
50
(μg/ml)
método B
IC
50
(μg/ml)
método C
Ácido ascórbico 32,09±0,35 32,50±0,17 32,93±0,17
FAA pH 10 196,33±8,95
a
208,99±7,20
a
205,80±6,41
a
FAA pH 11 206,86±0,48
a
265,95±7,64
a
255,83±7,16
a
FAA pH 12 390,86±25,78
a
426,59±7,92
a
426,80±9,80
a
FAA pH 13 2214,31±55,98
b
1634,02±2,49
b
1643,73±4,51
b
Uleína (AL1) 6475,00±25,00
b
27801,05±11,99
b
27587,21±0,21
b
Ioimbina (AL2) 7177,77±17,50
b
33361,66±10,27
b
31309,51±0,28
b
Sacarose (B1) 8404,44±15,30
b
2485,95±8,50
b
2542,90±0,88
b
* Ensaios realizados em triplicata.(
a
) P<0,001; (
b
) P<0,05 em relação ao grupo controle do ácido ascórbico (teste t).
Como já demonstrado, quanto menor o valor determinado para a IC
50
, mais antioxidante
é a substância ou fração testada. Corroborando com o ensaio da redução do complexo
fosfomolibdênico a FAA pH 10, calculada pelos métodos A e B , mostrou-se mais ativa que as
demais frações e substâncias isoladas, porém com atividade antioxidante inferior ao padrão de
ácido ascórbico utilizado. Esse mesmo resultado, observando o método B, não reproduziu-se com
relação a sacarose que no ensaio da redução do ácido fosfomolibdênico apresentava uma
atividade antioxidante inferior a substância isolada uleína. A uleína e a ioimbina apresentaram
valores bastante discrepantes com relação ao método comparativo A e B utilizado.
Sendo assim, faz-se necessária a utilização de um novo método para comprovar qual dos
cálculos da IC
50
é mais reprodutível e confiável. Vários são os métodos que podemos utilizar para
a determinação da atividade antioxidante in vitro de extratos vegetais citados na literatura. Pela
95
interpolação de Lagrange ficou evidenciado que a uleína e a ioimbina, calculada pela
interpolação de Lagrange, mostrou-se mais compatível com o método B no qual usou-se os
pontos da curva comparando com uma linha de tendência linear. Foi verificado que as
substâncias isoladas apresentaram-se menos ativos que as frações alcalinizadas de onde foram
extraídos. De fato, observando a estrutura química dos alcalóides isolados uleína e ioimbina,
esses não apresentam características antioxidantes por apresentarem pouca disponibilidade de
elétrons na sua estrutura. As frações, por apresentarem grupos fenólicos, são muito reativos
quimicamente. Como o pKa dos fenólicos é de 9,8, nesse pH apenas 50% das substâncias
encontram-se ionizadas, sendo que parte encontra-se na forma livre, sendo solúvel no solvente
orgânico utilizado no processo de partição. À medida que as frações tornam-se mais
alcalinizadas, as substâncias fenólicas gradativamente transformam-se em sal, sendo portanto
menos solúvel no clorofórmio durante o processo de partição, o que explica o melhor rendimento
da FAA pH10 e conseguente melhor atividade antioxidante, embora essa hipótese necessite de
estudos complementares.
QUIMIOTAXIA LEUCOCITÁRIA
Teste de toxicidade
Os valores apresentados na Tabela 6 representam a média de três ensaios de toxicidade.
A viabilidade de leucócitos humanos usados nos experimentos foi superior a 93% na maioria das
doses de uleína utilizadas no decorrer das primeiras 6 h (3,75x10
-8
- 3,75x10
-5
mol/l). Somente na
dose mais elevada (3,75x10
-4
mol/l) a mesma mostrou-se significativamente tóxica para as
células. Apesar da uleína não apresentar toxicidade na maioria das doses utilizadas, muitos outros
alcalóides indólicos possuem toxicidade que envolve uma variedade de mecanismos. A parte 3-(2
96
piperidil) indólico existente no alcalóide uleína está presente também em uma grande variedade
de outros alcalóides indólicos com atividade citotóxica que apresentam diferentes tipos de
esqueletos tais como o estricnano, o aspidospermatano e o plumerano (Kisakurek, Leewenberg et
al., 1983). O potente componente citotóxico olivacina e outros alcalóides indólicos foram
relatados durante a síntese da uleína e seus derivados por Borris, Lankin et al. (1983); Jasztold-
Howorko, Croisy et al. (2004).
Tabela 6. Efeito de diferentes concentrações de uleína sobre leucócitos humanos em tempos
variados. A viabilidade é representada pela média±EPM de células tratadas viáveis em relação às
células não tratadas com uleína (n=3).
Conc.
(mol/l)
Controle 3,75x10
-8
3,75x10
-7
3,75x10
--6
3,75x10
-5
3,75x10
-4
Tempo (h)
0 3,66 x 10
6
±0,42 4,41 x 10
6
±0,07 5,6 x 10
6
±0,53 5,34 x 10
6
±0,43 3,23 x 10
6
±0,35 3,68 x 10
6
±0,48
Viabilidade 93,72±1,65 94,86±0,78 96,29±1,42 95,65±0,49 93,73±1,71 94,20±4,94
3 1,30 x 10
6
±0,13 1,08 x 10
6
±0,06 1,26 x 10
6
±0,21 1,54 x 10
6
±0,24 1,64 x 10
6
±0,08 1,24 x 10
6
±0,04
Viabilidade 94,06±1,2 94,43±0,49 91,96±0,31 93,72±0,80 95,11±0,27 76,00±0,60*
6 1,12 x 10
6
±0,08 5,40 x 10
5
±0,16 7,98 x 10
5
±0,70 1,27 x 10
6
±0,37 1,17 x 10
6
±0,09 1,16 x 10
6
±0,02
Viabilidade 93,52±0,77 93,09±1,80 92,65±3,32 93,52±1,11 94,26±1,28 57,85±2,23*
24 7,29 x 10
5
±0,08 5,54 x 10
5
±0,22 5,93 x 10
5
±0,56 1,04 x 10
6
±0,49 9,36 x 10
5
±3,22 9,88 x 10
5
±0,07
Viabilidade 85,86±0,66 84,31±5,18 88,40±1,19 89,70±6,32 89,05±1,15 39,32±1,70*
(*) P<0,005 em relação ao grupo controle (teste t).
Teste para verificação da uleína como agente quimioatractor
As substâncias capazes de induzir quimiotaxia em neutrófilos, eosinófilos, basófilos e
fagócitos mononucleares, denominadas quimioatractoras, não constituem uma classe específica
de compostos e podem ter natureza exógena ou endógena.
Dentre as muitas substâncias capazes de induzir quimiotaxia nos leucócitos,
particularmente nos PMN, pode-se citar os peptídeos bioativos. De especial interesse existe a
caseína, a fração protéica mais abundante do leite, a qual, desde a primeira demonstração do seu
97
efeito quimioatractor, vem sendo amplamente utilizada em estudos que investigam a quimiotaxia
de várias células (Solymossy, Nagy et al., 1986).
Neste trabalho, utilizou-se a câmara de Boyden como modelo experimental para avaliar
se a uleína (3,75x10
-15
- 3,75x10
-4
mol/l) poderia interferir na locomoção de leucócitos humanos,
induzindo sua migração ativamente.
Figura 20. Efeito da uleína na atividade quimiotática de leucócitos humanos. Leucócitos de
sangue periférico (10
6
células/ml) obtidos de voluntários sadios foram induzidos a migrar contra
um gradiente de caseína 0,5% (C) ou uleína em diferentes concentrações (3,75x10
-15
- 3,75x10
-4
mol/l), por 90 min à 37 ºC em câmara de Boyden, nos quais os compartimentos foram separados
por um filtro de policarbonato com poro de 5 μm de diâmetro. Cada coluna representa a
média±EPM do total de células recuperadas no compartimento inferior em relação ao controle
negativo (PBSs), normalizadas em 100% (n=5-6)
#
P<0,05 (teste t ou Mann-Whitney);
*
P<0,05
em relação à caseína (teste t ou Mann-Whitney). ANOVA do grupo (P<0,05).
Conforme demonstrado na Figura 20, valores muito próximos foram encontrados ao
recuperar células no compartimento inferior das câmaras de Boyden para quase todas as doses de
uleína testadas quando comparadas com o controle (PBSs), variando entre 4,3±7,57% e
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
uleína (3,75 x mol/l)
migração celular (%)
C 10
-
15
10
-
14
10
-
13
10
-
12
10
-
11
10
-
10
10
-
9
10
-
8
10
-
7
10
-
6
10
-
5
10
-
4
*
*
*
*
*
*
#
*
* *
*
*
*
#
98
17,2±6,9%. Em contraste, 83,3±10,5% (n=6) foram recuperadas no ensaio no qual o gradiente de
caseína 0,5% foi utilizado.
Esses resultados sugerem que a uleína por si só não apresenta atividade quimioatractora
para leucócitos humanos nas condições in vitro utilizadas nesse estudo. Somente nas
concentrações de 3,75x10
-7
e 3,75x10
-8
mol/l a uleína apresentou valores significativos quando
comparados ao controle negativo normalizado com PBSs. É relevante acrescentar que nenhuma
alteração morfológica nos leucócitos foi observada quando expostos à uleína, contrastando com a
forma polarizada assumida após contato com a caseína (Haston e Wilkinson, 1988), corroborando
com a sugestão de que a uleína, isolada de H. lancifolius não atua como agente capaz de polarizar
PMN humanos, a ponto de estimular locomoção.
Influência da uleína na quimiotaxia leucocitária
O ensaio de quimiotaxia proposto por Boyden e suas variações têm se mostrado útil
como metodologia para investigar o efeito de substâncias isoladas de plantas sobre a quimiotaxia
de leucócitos (Muller, Reiter et al. 1999; Hofbauer, Frass et al., 1999; Shen, Chou et al., 2001).
Usando sistema semelhante, investigou-se o comportamento de leucócitos humanos
obtidos de individuos sadios na quimiotaxia induzida por caseína 0,5% quando previamente
tratados, por 30 min à 37 ºC, com concentrações de 3,75x10
-14
– 3,75x10
-6
mol/l de uleína
(Figura 21).
99
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
C 1,E-14 1,E-12 1,E-10 1,E-08 1,E-06
uleina (3,75 x mol/l)
Migração celular (%)
Figura 21. Efeito da uleína sobre a quimiotaxia de leucócitos humanos induzidos pela caseína.
Leucócitos humanos obtidos de doadores sadios foram incubados por 30 min a 37 ºC, com as
concentrações indicadas de uleína e induzidos a migrar contra um gradiente de caseína 0,5%
(p/v) por 90 min a 37 ºC, em câmara de Boyden. Cada coluna representa a média±EPM da
porcentagem de células migradas em relação àquelas não tratadas (normalizada em 100%), de
experimentos independentes submetidos às mesmas condições (n=3-14), *P0,05 (ANOVA
seguido de teste Holm-Sidak).
A exposição de leucócitos humanos a diferentes concentrações de uleína resultou em
inibição da migração de PMN até a dose de 3,75x10
-12
mol/l. Na concentração de 3,75x10
-14
mol/l, 64,54±4,9% (n=3) das células migraram para o compartimento inferior da câmara e esse
valor diminuiu para 60,39±5,42% (n=8; P0,05) na concentração de 3,75x10
-12
mol/l, sendo
significativos quando comparados à população controle não tratada (Figuras 21 e 22). Assim, a
curva dose-resposta de inibição obtida para a uleína demonstrou um perfil em forma de sino
invertido (Figura 21), o que sugere a interação da uleína com receptores comuns à caseína, pois
bloqueiam a quimiotaxia de PMN por ela induzida. Além disso, nas concentrações mais elevadas
testadas, observou-se um aumento da migração celular para o compartimento inferior da câmara
de Boyden, sugerindo um efeito dessensibilizador dos receptores.
*
*
*
*
*
100
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
CDU
Migração celular (%)
Figura 22. Comparação da eficiência da dexametasona (D) ou uleína (U) sobre a inibição da
quimiotaxia de leucócitos humanos estimulada por caseína (C). Leucócitos obtidos de doadores
sadios pré-tratados com dexametasona (10
-5
mol/l; n=11) ou uleína (3,75x10
-12
mol/l; n=14)
foram submetidos ao ensaio de quimiotaxia induzida por caseína a 0,5%, em câmara de Boyden,
por 90 min à 37 ºC. As colunas representam a MÉDIA±EPM de leucócitos recuperados do
compartimento inferior da câmara em relação à população controle (não tratada). Comparação
estatística foi realizada usando o teste t ou Holm-Sidak contra o grupo controle – *P0,05.
#
P 0,05 entre D vs U (Holm-Sidak). ANOVA do grupo (P 0,05).
Como apresentado na Figura 22, efeito inibitório da DEXA pôde ser observado na
migração de PMN quando comparado à respectiva população não tratada (C) (normalizadas em
100%). A percentagem de PMN recuperados no compartimento inferior da câmara de Boyden foi
de 69,49±1,69% na dose de 10
-5
mol/l (n=11) corroborando com o descrito por Presibella, Santos
et al. (2003) que usaram a DEXA 10
-5
mol/l como referencial de modulação negativa nos ensaios
de migração.
Nossos resultados demonstraram que, como já descrito para outras substâncias
quimioatractoras de PMN como IL-8 (Yamaguchi, Hirai et al., 1994) e o fMLP (Lomas et al.,
1991), a DEXA também foi capaz de inibir, in vitro, de forma significativa, a quimiotaxia de
PMN induzida por caseína 0,5% nas condições de ensaio testadas, onde 30,51±1,69% (n=11;
#
*
*
101
P0,05) das células foram retidas no compartimento superior da câmara de Boyden confirmando
os efeitos inibitórios in vitro já reportados por Lewis e Van Epps (1983).
Nossos estudos permitiram observar que a uleína mostrou-se eficiente na inibição da
quimiotaxia de PMN induzida por caseína 0,5%, inclusive sendo superior ao padrão de DEXA
utilizado (10
-5
mol/l). Portanto, é possível que a atividade antiinflamatória atribuída a uleína
possa estar relacionada à sua capacidade de alterar os mecanismos que envolvem o recrutamento
de células envolvidas na resposta inflamatória.
Efeitos inibitórios de plantas medicinais sobre a quimiotaxia têm sido descritos para
extratos e substâncias isoladas de várias plantas. O extrato das folhas de Phylanthus emblica L.
reduziu cerca de 95% a quimiotaxia de PMN humanos induzidos por LTB4 e fMLP (Ihantola-
Vormisto, Summanen et al., 1997), enquanto que 25% de inibição foi verificado para o extrato de
Allium sativum (Hofbauer, Frass et al., 2001). Extrato de chá verde em várias concentrações
também se mostrou eficiente em inibir a quimiotaxia de PMN através de uma monocamada de
células endoteliais (Hofbauer, Frass et al., 1999).
Estudo do mecanismo de ação da uleína sobre a quimiotaxia
Os resultados de nossos estudos indicaram que a uleína isolada da agoniada apresentou
atividade inibitória sobre a quimiotaxia de PMN humanos induzida pela caseína, um peptídeo que
interage com receptores opióides, presentes na superfície de PMN (Brantl, Teschemacher et al.,
1981; Lewis e Van Epps, 1983; Makman, Bilfinger et al., 1995).
Considerando que a competição entre a caseína e a uleína por receptores presentes nos
PMN poderia colaborar para esclarecer o comportamento inibitório observado, foi realizado um
estudo para verificar a relação dessa substância com os receptores opióides.
102
O pré-tratamento de células alvo com agonista ou antagonista tem sido usado como uma
das metodologias para se evidenciar a influência de um dado receptor em mediar um efeito
(Baggiolini e Moser, 1997). Nesse contexto, decidiu-se investigar o efeito de duas substâncias
opióides sobre o comportamento migratório de leucócitos humanos no sistema experimental.
Optou-se, então, pela morfina e pela naloxona, os quais medeiam seus efeitos atuando sobre
receptores μ, δ e κ (Carr, Kim et al., 1988; Makman, Bilfinger et al., 1995).
Os efeitos do tratamento prévio de leucócitos humanos por 10 min a 37 ºC, com morfina
(10
-8
– 10
-4
mol/l) ou naloxona (10
-8
– 10
-5
mol/l), antes de serem submetidos à migração contra
um gradiente de 0,5% de caseína, estão apresentados na Figura 23.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
130
controle 1,E-04 1,E-05 1,E-06 1,E-07 1,E-08
[M]
Migração Celular (%)
Morfina Naloxone
Figura 23. Efeito da morfina e naloxona sobre a quimiotaxia de leucócitos humanos induzidos
pela caseína. Leucócitos humanos obtidos de doadores sadios foram incubados por 10 min a 37
ºC, com diferentes concentrações de morfina (10
-8
– 10
-4
mol/l) ou naloxona (10
-8
– 10
-5
mol/l) e
induzidos a migrar contra um gradiente de caseína 0,5% (p/v) por 90 min a 37 ºC em câmara de
Boyden. Cada coluna representa a média±EPM da porcentagem de células migradas em relação
àquelas não tratadas (controle) normalizada em 100%, de experimentos independentes
submetidos às mesmas condições (n=17-18), *P0,05 quando comparado ao grupo controle
(Holm-Sidak).
mol/l
*
*
*
103
Conforme demonstrado, independente do opióide utilizado, ambos apresentaram efeito
inibitório sobre a quimitoxia de leucócitos in vitro induzida por caseína, sendo as concentrações
de 10
-4
mol/l e 10
-8
mol/l de morfina e naloxona, respectivamente, as de maior efeito inibitório.
As Figuras 23-24 descrevem os resultados do pré-tratamento de leucócitos humanos com morfina
e naloxona independentemente, antes de serem induzidos a migrar contra um gradiente de
caseína. Para a morfina (10
-4
mol/l), 73,57±1,99% (n=18) dos PMN foram recuperados no
compartimento inferior do sistema quando comparado à população não tratada (controle). Para a
naloxona (10
-8
mol/l), os valores encontrados foram de 82,28±2,67% (n=17), estando de acordo
com o efeito inibitório mostrado para esses opióides usando caseína ou frequentemente outro
agente quimiotático (Marcoli, Ricevuti et al., 1988; Pasotti, Mazzone et al.,1992). Em outra série
de experimentos (Figura 24), verificou-se que 10
-8
mol/l de naloxona reverteu o efeito
antiquimiotático da morfina (10
-4
mol/l), demonstrando seu efeito antagonista clássico
(98,82±2,41%).
O pré-tratamento agonista/antagonista de células alvo tem sido usado como método para
evidenciar a influência de uma rota particular efeito-receptor (Baggiolini e Moser, 1997). O
tratamento simultâneo com os opióides mostrou-se estatisticamente significativo, demonstrando o
antagonismo da naloxona sendo capaz de reverter os efeitos da morfina (Rang, Dale et al., 2001),
diferentemente dos efeitos relatados tanto para a morfina como para a naloxona,
independentemente testadas em condições semelhantes ou usando agentes quimioatractores
diferentes da caseína, como fMLP ou soro ativado, conforme demonstrados por Marcoli, Ricevuti
et al. (1988) e Pasotti, Mazzone et al. (1992). Além disso, esses resultados são sugestivos de que
a caseína interage com os mesmos receptores opióides com os quais a morfina e a naloxona,
isoladamente, possui afinidades. De fato, a morfina é uma droga agonista clássica que parece
ligar-se especificamente a receptores opióides do subtipo μ3, enquanto a naloxona atua em pelo
104
menos três tipos de receptores, μ > δ >κ de forma seletivamente diferente (Baker e Meert, 2002).
Todos esses tipos de receptores já foram descritos na superfície de PMN (Carr, Kim et al., 1988;
Makman, Bilfinger et al., 1995).
Figura 24. Efeito da uleína (U), morfina (M) e naloxona (N) sobre a quimiotaxia de leucócitos
humanos induzida por caseína. Leucócitos de doadores sadios isolados por centrifugação foram
pré-tratados com uleína (3,75x10
-12
mol/l), morfina (10
-4
mol/l) e naloxona (10
-8
mol/l), isolados
ou em associação, seguido por tratamento com morfina, naloxona ou uleína sendo induzido a
migrar contra um gradiente de caseína 0,5% (p/v) em câmara de Boyden, por 90 min, a 37 ºC, nos
quais os compartimentos foram separados por filtros de policarbonatos com poros de 5 μm. Cada
coluna representa a média±EPM das células recuperadas no compartimento inferior em relação à
população não-tratada (C), normalizada em 100% (n=8-18). Comparação estatística foi realizada
usando o teste de Tukey ou Holm-Sidak contra o grupo controle - *P0,05; P0,05 entre **M vs
N ou N+M (Holm-Sidak); ***P0,05 entre M+U vs N ou N+M (Holm-Sidak);
#
P0,05 entre N
vs N+U ou U ou U+M ou U+N ou N+M (Holm-Sidak);
##
P0,001 entre N+U vs N+M (Holm-
Sidak);
$
P0,001 entre U vs N+M (Holm-Sidak);
©
P0,001 entre U+M vs N+M (Holm-Sidak);
&
P0,001 entre U+N vs N+M (Holm-Sidak). ANOVA do grupo (P0,05).
Para investigar a possibilidade de que o efeito inibitório na migração de PMN causado
pela uleína pudesse ser mediado via receptor opióide, numa primeira série de experimentos,
leucócitos humanos foram tratados com morfina (10
-4
mol/l) ou naloxona (10
-8
mol/l)
independentemente por 10 min a 37 ºC e subseqüentemente com uleína (3,75x10
-12
mol/l) por 30
min a 37 ºC, antes de serem submetidos ao ensaio de migração induzido pela caseína 0,5%. Na
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
C M M+U N N+U U U+M U+N N+M
migração celular (%)
**
*
***
*
#
*
##
*
$
*
©
*
&
*
105
segunda série de experimentos, alterou-se a ordem dos tratamentos, sendo os leucócitos tratados
primeiramente com uleína e, depois, com a morfina ou com naloxona.
Enquanto o tratamento com uleína mostrou uma diminuição significativa da migração de
PMN (60,39±5,42%; n=8), o tratamento prévio com a morfina ou com a naloxona levaram a uma
redução dessa atividade, quando 68,94±2,81% (n=11) e 63,30±2,29% (n=11) de PMN,
respectivamente, foram recuperados. Ao tratar os leucócitos primeiramente com uleína e, em
seguida, com morfina ou naloxona, o efeito inibitório observado foi semelhante ao obtido com a
combinação anterior, com uma porcentagem de 62,74±4,97% (n=8) e 63,36±4,74% (n=10)
respectivamente de PMN recuperados.
Nos experimentos em que os leucócitos foram primeiramente tratados com os opióides,
e em seguida, com a uleína, observou-se uma inibição de 31,06% e 36,70% para morfina e
naloxona, respectivamente, sendo superior a inibição apresentada quando os leucócitos foram
tratados somente com morfina (26,43%) ou naloxona (17,72%). No tratamento inicial de
leucócitos com uleína e, posteriormente, com os opióides, a inibição observada foi de 37,26%
para a morfina e 36,64% para naloxona, sendo bastante semelhante em relação ao tratamento
leucocitário de forma contrária, isso é, com tratamento prévio com os opióides.
Com essas duas séries de experimentos, foi possível observar que o tratamento prévio
com morfina ou naloxona parece não ter impedido que a uleína exercesse seu efeito inibitório
sobre a quimiotaxia dos PMN e vice-versa, sugerindo que o efeito dessa substância isolada na
migração dos neutrófilos possa também envolver receptores opióides, inclusive, de diferentes
tipos diferentes dos apresentados pela morfina, evidenciado pelo aumento do efeito inibidor
quando os leucócitos são primeiramente tratados com uleína e após com morfina. A uleína
também não é considerado um antagonista da morfina ou da naloxona porque não reverte o efeito
desses.
106
O conjunto de resultados apresentado nesse trabalho revelaram alguns aspectos
interessantes e desconhecidos com relação à atividade farmacológica da H. lancifolius. Embora
essa planta seja recentemente bastante estudada por causa de seus amplos e benéficos efeitos
medicinais, não há relatos referentes à forma de ação de uma das suas substâncias principais, a
uleína, sobre a atividade migratória de células que participam direta e ativamente da resposta
migratória. Quimiotaxia é um processo complexo e nenhum ensaio simples fornece toda
informação necessária, sendo recomendados outros ensaios devidos, principalmente, ao fato de
um possível envolvimento de receptores não opióides ou pela simples mudança de conformação
desses receptores, uma vez que sempre que a uleína foi adicionada ocorreu um padrão de
inibição.
O produto fitoterápico denominado Haguniada®, cuja composição contém entre outras
plantas cascas de Himatanthus lancifolius (Plumeria), são utilizados por sua ação
antiinflamatória e antiespasmódica sobre o útero, demonstrado em laboratório, justificando sua
indicação popular nas dismenorréias.
Teste da peritonite induzida por carragenina
A peritonite avalia a migração leucocitária, por meio da contagem de leucócitos
(x10
7
/ml), presentes no exsudato liberado na cavidade peritoneal, após administração da
carragenina. Na Figura 25 observa-se que o grupo que induziu a inflamação (carragenina) e sem
tratamento apresentou migração de células para o líquido peritoneal de 51,07±1,08%,
70,58±0,93% e 61,07±0,85% quando comparado aos grupos controle, dexametaxona e uleína,
respectivamente, mostrando a eficácia do agente inflamatório.
107
A uleína reduziu o número de leucócitos do exdudato da cavidade peritoneal agredida
pela carragenina em 20,43%, em relação ao controle (PBS), demonstrando assim o impedimento
da migração leucocitária, ou talvez mais provavelmente, essa substância atue apenas inibindo os
mediadores quimicos responsáveis pelo processo edematogênico, já que a dexametasona
apresentou uma redução in vivo de 39,97% (Figura 25). A uleína não apresentou diferença
significativa ao tratado com o fármaco dexametasona in vivo. O mecanismo pelo qual este
fármaco comercialmente vendido atua na ação antiinflamatória é baseado no bloqueio da enzima
fosfolipase A, responsável pela retirada do ácido araquidônico da membrana celular, para
produção de prostaglandinas, tromboxanas e leucotrienos (Rang, Dale et al., 2001). A
carragenina tem como característica produzir inflamação por liberação de prostraglandinas.
Diante do exposto não se pode afirmar que a uleína tenha o mesmo mecanismo da
dexametasona, pois a inflamação depende de vários fatores como quimiotaxia, fagocitose,
formação de ribossomos entre outros, podendo a substância isolada atuar em qualquer um destes
mecanismos. Como demonstrado nesse trabalho a uleína possui atividade antiinflamatória
podendo ou não apresentar o mesmo mecanismo dos antiinflamatórios esteroidais. A uleína (0,5
g/kg, i.p.) produziu estatisticamente uma significante inibição da migração de leucócitos para o
líquido peritoneal induzido por carragenina 1%. A uleína demonstrou também em estudos
anteriores, agir em nível de receptores opióides em leucócitos humanos sem efeitos tóxicos para
as células até a concentração de 3,75x10
-5
mol/l.
Os medicamentos antiinflamatórios esteroidais são indicados para o controle da
inflamação, como a dexametasona por reduzirem a dor, calor e o rubor. São os medicamentos de
primeira escolha no caso de doenças auto-imunes como lúpus, artrite reumatóide e psoríase,
devido atividade imunossupressora (Rang, Dale et al., 2001).
Rattmann, Terluk et al. (2005) demonstraram que doses de 25 a 50 mg/kg da fração
alcaloídica da agoniada (FAA) via oral, reduziram o edema de pata de ratos induzidos por
108
carragenina a 1%, porém não reduziram edema induzido por dextrana 1% (via intraplantar). A
dose de 100 mg/kg de FAA (via oral) não interferiu na migração leucocitária aguda em
camundongos pela administração intraperitonial de 0,1 ml/10 g de ovo albumina. Nossos
resultados abordando os alcalóides isolados dessa FAA corroboram com esses resultados
evidenciando ação antiinflamatória e analgésica, sem envolvimento de atividade anti-histamínica
da FAA.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
controle carragenina dexametasona uleina
células migradas (x10E7)
*
#
*
#
*
Figura 25. Efeito da administração intraperitoneal da dexametasona (0,5 mg/kg, i.p.) e uleína
(0,5 g/kg, i.p.) sobre a migração leucocitária para o líquido peritoneal (x10
7/
ml) induzido pela
injeção de carragenina 1%. Cada coluna representa a média±EPM das células migradas para o
líquido peritoneal (n=10), *P<0,01 quando comparados ao grupo controle; # P<0,05 quando
comparados ao grupo carrragenina (ANOVA, seguida do teste de Tukey).
De Miranda, Silva et al. (2000) demonstraram que a fração hexânica de H. sucuuba
inibiu a formação de edema de pata de rato em 35,9% em uma dose de 200 mg/kg (v.o), mas
nenhuma atividade foi observada com 100 mg/kg (v.o). Os triterpenos presentes na fração
hexânica foram identificados como lupeol acetato, α-amirina cinamato e lupeol cinamato. A
fração contendo somente cinamato inibiu o edema de pata de rato e a constrição abdominal em
50, 40 e 57,9%, respectivamente, na concentração de 100 mg/kg (v.o). Dentre todas as frações
109
estudadas, a fração contendo somente cinamatos mostrou maior atividade antiinflamatória, os
quais sugerem que essas substâncias foram as principais responsáveis pela atividade do extrato
descrita. Silva et al. (1998b) também demonstraram previamente que a FAA obtida das cascas de
H. lancifolius possuíam atividade antiinflamatória in vivo, porém não demonstraram a principal
substância responsável por essa atividade.
As atividades demonstradas pela uleína in vivo, mostraram serem capazes de exercer
efeito antiinflamatório na fase aguda do processo inflamatório, pois o desenvolvimento da
inflamação induzida por carragenina corresponde ao evento nessa mesma fase, mediada por
histamina, bradiquinina e prostraglandina, corroborando com o descrito por Vinegar, Truax et al.
(1976).
ENSAIO ANTIMICROBIANO
Constituintes polifenólicos, flavonóides, taninos, ésteres fenólicos simples entre outros,
podem desempenhar importantes atividades antimicrobianas, é o caso da quercetina, rutina,
apigenina (Basile, Sorbo et al., 2000) e remangiflavanonas A e B (Deng, Lee et al., 2000) frente a
cepas de bactérias gram positivas e gram negativas. Os alcalóides também apresentam uma vasta
atividade sobre patógenos humanos. Estudo fitoquímico revelaram a presença de alguns desses
contituintes nas cascas de Himatanthus lancifolius (Tabela 3).
Ensaios realizados a partir da fração apolar, frações de alcalóides pH10,11,12,13,14 e
substâncias isoladas (Esquema 7 e 8) dissolvidas em dimetilsulfóxido (DMSO) nas concentrações
de 31,25, 62,5, 125, 250, 500 e 1000 μg/ml mostraram considerável atividade contra patógenos
humanos gram positivo e gram negativo tais como Staphylococcus aureus, incluindo cepas
MRSA, Staphylococcus epidermides, Escherichia coli (Tabela 7). As mesmas frações não
110
demostraram nenhuma atividade contra Pseudomonas aeruginosa e Morganella morganii. A
fração de alcalóide pH10 demonstrou uma melhor atividade contra todos os microrganismos
testados. A fração apolar não demonstrou nenhuma atividade contra os mesmos microrganismos.
A uleína possui uma significante atividade contra cepas MRSA nas concentrações de 500 e 1000
μg/ml (Tabela 8). A substância (AL2) e a sacarose (B1) não apresentaram atividade contra os
mesmos microrganismos testados.
Com a finalidade de expandir os estudos referentes a atividade antimicrobiana foram
realizados testes de susceptibidade pelo método de difusão em disco, padronizado pelo
NCCLS/2002 (Kirby-Bauer), usando a fração de alcalóides livres pH10, pelo fato de ter
apresentado melhor atividade que as demais frações anteriormente testadas. Foram abordados
uma maior quantidade de patógenos humanos gram positivo e gram negativo, inclusive cepas
caninas. As culturas bacterianas foram obtidas através de cepas padrões (ATCC) e cepas
recentemente isoladas e identificadas de amostras clínicas humanas. DMSO e etanol foram
utilizados como solvente para dissolver a FAA usada no teste (pH10), para verificar se há
diferença de difusão no meio de cultura. Os resultados indicaram que a FAA pH10 é ativa contra
patógenos humanos gram positivo e gram negativo tais como S. aureus incluindo cepas MRSA,
S. epidermidis, E. faecalis, E. coli, P. mirabilis, P. agglomerans, A. baumanii e também patógeno
animal tal como S. aureus canino (Tabela 9 e 10). Não existiu diferença significativa entre os
solventes utilizados.
111
Tabela 7. Resultados da análise antimicrobiana da fração apolar, FAA pH 10,11,12,13 e 14 das
cascas de Himatanthus lancifolius dissolvidas em DMSO
a
.
Frações (pH)
Zona de inibição(mm)*
S. aureus ATCC25923
G+
31,25μg/ml 62,50μg/ml 125μg/ml 250μg/ml 500μg/ml 1000μg/ml
Vanc. Chlo.
10
- - 11 15 17 18 21 27
11
- - - 10 15 18 21 27
12
- - - - - - 21 27
13
- - - - - - 21 27
14
- - - - - - 21 27
Apolar
- - - - - - 21 27
S. aureus MRSA
G+
10
- 7 15 17 20 24 25 NT
11
- - - 12 13 17 25 NT
12
- - 9 13 16 21 25 NT
13
- - - - - - 25 NT
14
- - - - 7 16 25 NT
Apolar
- - - - - - 25 NT
S. epidermides
G+
10
9 10 13 16 20 23 24 29
11
- - - 13 17 20 24 29
12
- - - 11 13 20 24 29
13
- - - - - 7 24 29
14
- - - - 7 12 24 29
Apolar
- - - - - - 24 29
E. coli ATCC
25922
G-
A+S Chlo.
10
- - - 8 10 16 23 27
11
- - - - - 10 23 27
12
- - - - 7 10 23 27
13
- - - - - - 23 27
14
- - - - - - 23 27
Apolar
- - - - - - 23 27
a
Valores médios de três replicatas; G: Reação bacteriana ao gram; Vanc: Vancomicina (30
μg/ml); Chlo: Cloranfenicol (30 μg/ml); A+S: Ampicilina e Sulbactan (30 μg/ml ) -: sem
inibição; NT: não testado; * incluindo o diâmetro do disco (6mm).
Tabela 8. Resultado da análise da uleína dissolvida em DMSO
a
contra microrganismos gram
positivos e gram negativos.
Uleína
Zona inibição (mm)*
Microrganismos
31,25μg/ml 62,50μg/ml 125μg/ml 250μg/ml 500μg/ml 1000μg/ml
Vanc. Chlo.
E. coli ATCC 25922
G-
- - - - 8 12 NT 27
S. epidermides G+
- - 7 7 9 11 NT 19
E. faecalis ATCC29212
G+
- - - - - - NT 13
S. aureus ATCC25923
G+
- - - - - 9 NT 27
S. aureus MRSA
G+
- - 7 9 12 16 25 NT
a
Valores médios de três replicatas; G: Reação bacteriana ao gram; Vanc: Vancomicina (30
μg/ml); Chlo: Cloranfenicol (30 μg/ml); -: sem inibição; NT: não testado; * incluindo o diâmetro
do disco (6 mm).
112
Tabela 9. Atividade antimicrobiana da FAA pH 10 de Himatanthus lancifolius dissolvida em
DMSO
a
contra patógenos gram postivos e gram negativos.
Microrganismos Zona de inibição (mm)*
62,5μg/ml 125 μg/ml 250μg/ ml 500μg/ml 1000μg/ml
Chlo
S.aureus –ATCC25923 G + - 11 15 17 18 27
S.aureus – ATCC29213 G + - - 7 12 16 24
Staphylococcus aureus** G + - - 9 14 17 28
S.aureus – MRSA G + 7 15 17 20 24 25
b
E. faecalis - ATCC29212 G + - - - 10 15 29
Streptococcus pneumoniae G + - - - 9 13 25
Staphylococcus epidermides G + 10 13 16 20 23 29
K. pneumoniae - ATCC700603 G - - - - - 7 15
E. coli - ATCC352181B G - - - - 7 10
23
c
E. coli - ATCC25922 G - - - 8 10 16
23
c
P. aeruginosa - ATCC27853 G - - - - - - 13
Proteus mirabilis G - - - - - 7 30
Morganella morganii G - - - - - - -
Pantoea agglomerans G - - - - 8 13 -
Acinetobacter baumanii G - - - - 7 16 -
a
Valores médios de três replicatas; G: Reação bacteriana ao gram;
b
Vancomicina (30 μg/ml);
Chlo: Cloranfenicol (30 μg/ml);
c
Ampicilina e Sulbactan (30 μg/ml ) -: sem inibição; NT: não
testado; * incluindo o diâmetro do disco (6mm); ** cepa canina.
113
Tabela 10. Atividade antimicrobiana da FAA pH10 de Himatanthus lancifolius dissolvida em
etanol
a
contra patógenos gram positivo e gram negativo.
Microrganismos Zona de inibição (mm)*
62,5 μg/ml 125 μg/ml 250 μg/ml 500 μg/ml 1000 μg/ml
Chlo
S.aureus –ATCC25923 G + - - 10 15 16 27
S.aureus – ATCC29213 G + - - 7 10 13 24
Staphylococcus aureus** G + - - 9 14 17 28
S.aureus – MRSA G + 7 12 15 18 20 25
b
E. faecalis - ATCC29212 G + - - - 10 14 29
Streptococcus pneumoniae G + - - - 9 14 25
Staphylococcus epidermides G + - - 10 16 20 30
K.pneumoniae - ATCC700603 G - - - - - 7 15
E. coli - ATCC352181B G - - - - - 9 23
c
E. coli - ATCC25922 G - - - 7 10 15 23
c
P. aeruginosa - ATCC27853 G - - - - - - 13
Proteus mirabilis G - - - - - 7 30
Morganella morganii G - - - - - - -
Pantoea agglomerans G - - - - 8 10 -
Acinetobacter baumanii G - - - - 8 10 -
a
Valores médios de três replicatas; G: Reação bacteriana ao gram;
b
Vancomicina (30 μg/ml);
Chlo: Cloranfenicol (30 μg/ml);
c
Ampicilina e Sulbactan (30 μg/ml ) -: sem inibição; NT: não
testado; * incluindo o diâmetro do disco (6 mm); ** cepa canina.
Preparações das cascas de Himatanthus lancifolius são usadas na medicina tradicional
para o tratamento de várias doenças de pele de origem bacteriana (Correa, 1984). Esta atividade
pode ser atribuída principalmente à presença de alcalóides indólicos, principal metabólito
secundário presente nesse gênero. Atividade antimicrobiana de alcalóides isolados já havia sido
citada em trabalhos de Sohrab, Chowdhury et al. (2004) que descreveram uma moderada
atividade antibacteriana contra bactérias gram positiva e gram negativas na dose de 200 μg/disco.
114
TESTE DE ADESÃO CELULAR
Os resultados apresentados na Figura 26 demonstram aumento na adesão de células
melanoma B16F10 promovido pela maioria das concentrações de uleína testadas no ensaio (10
-5
10 μg/ml), exceto na concentração 100 μg/ml, cuja adesão foi inferior ao apresentado pelo
controle, contendo células não estimuladas. A máxima atividade foi observada em 5x10
-4
μg/ml,
representando 33,89±4,78% (n=10) acima do controle utilizado.
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0,00001 0,0005 0,001 0,01 0,1 1 10
uleína (µg/ml)
adesão celular (%)
*
*
*
*
Figura 26. Efeito da uleína na adesão celular de células melanoma de camundongos (B16F10),
na ausência de matriz extracelular. Células B16F10 (10
6
células/ml) obtidos de American Type
Culture Collection (cat # ATCC CRL-6475) foram induzidas a aderir na presença de uleína, em
diferentes concentrações, por 90 min à 37 ºC/5% de tensão de CO
2
. Cada coluna representa a
media±EPM da porcentagem de células aderidas e medida em espectrofotômetro a 540 nm, em
relação ao controle, normalizada em 100% (n=10), *P0,05 em relação ao controle (Holm-
Sidak). ANOVA do grupo (P0,05).
Nas RAEC, a adesão máxima foi observada na concentração de 0,1 μg/ml de uleína,
onde houve um aumento na adesão de 34,78±1,42% (n=5; *P=0,132), conforme demonstrado na
Figura 27, sendo que nas concentrações de 10 e 100 μg/ml a uleína não favoreceu a adesão
celular nessa linhagem celular.
100
115
Figura 27. Efeito da uleína na adesão celular de células endoteliais de aorta de coelho (RAEC),
na ausência de matriz extracelular. Células RAEC (10
6
células/ml) foram induzidas a aderir na
presença de uleína, em diferentes concentrações (0,01 – 100 μg/ml), por 90 min à 37 ºC/5% de
tensão de CO
2
. Cada coluna representa a media±EPM da porcentagem de células aderidas e
medida em espectrofotômetro a 540 nm, em relação ao controle, normalizada em 100% (n=5).
*P0,05 em relação ao controle (Holm-Sidak). ANOVA do grupo (P0,05).
Foi observado que altas concentrações de uleína não favoreceram o aumento na adesão
celular, indicando que caso haja ligação da uleína a proteínas receptoras essas apresentam-se
saturadas nessas concentrações. É importante relatar que as concentrações de uleína utilizadas
variando de 10
-5
– 100 μg/ml não foram tóxica para as células B16F10 e RAEC, tal como
avaliadas pelo ensaio de exclusão com azul de Trypan, cuja viabilidade celular apresentou-se
sempre superior a 94%.
Metástase continua sendo a maior causa de morte em pacientes com câncer. Contudo
várias drogas têm sido recomendadas para a terapia e não existem drogas disponíveis os quais
podem controlar o processo metastático. A habilidade para interferir com o processo de metástase
é, entretanto, de suma importância para a terapia do câncer. Toda combinação padrão para a
terapia metastática possui baixa eficiência, baixa razão de resposta e um grande números de
efeitos colaterais (Neta, Oppenheim et al., 1988).
-80
-70
-60
-50
-40
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
0,01 0,1 1 10 100
uleina (ug/ml)
adesão celular (%)
*
116
Células melanoma B16F10 são linhagens celulares altamente invasivas, portanto
possuem alta capacidade de aderência quando comparadas com suas linhagens parentais B16,
independente do uso de matriz extracelular, sendo extensivamente utilizadas no estudo
metastático in vivo e in vitro (Murata, Ayukawa et al., 1997).
Nossos resultados demonstraram que a uleína é uma substância que aumenta a adesão de
células melanoma de camundongos (B16F10) e células endoteliais de aorta de coelho (RAEC)
em baixas concentrações de uleína (Figura 26-28). A adesão das células de melanoma nos
componentes da matriz extracelular facilita a metástase para tecidos específicos. Wang, Cao et al.
(2003) demonstraram que o taxol e a camptotecina inibem a adesão de B16F10 para a
fibronectina e laminina. Manesh e Kuttan (2005) demonstraram naturalmente a ocorrência de alil
e fenil-isotiocianatos na inibição de células melanoma B16F10, promovendo significante redução
na formação de nódulo tumoral no pulmão. Yoshida, Fuchigami et al. (2005) informaram que o
extrato metanólico das partes aéreas de Centella asiatica inibiu in vitro o crescimento de
adenocarcinoma gástrico humano (MK-1), carcinoma uterino humano (HeLa) e células murino
melanoma (B16F10). A uleína na maior concentração testada nesse estudo (100 μg/ml) inibiu a
adesão de células em 26,81%, quando comparadas com células B16F10 não tratadas com uleína.
Nos resultados obtidos pode-se observar que mesmo as RAEC, uma linhagem não tumoral, têm
sua adesão inibida em 12,4% na concentração de 10 μg/ml de uleína, sendo essa inibição
aumentada em 68% quando utilizado uma concentração de 100 μg/ml de uleína.
117
Figura 28. Adesão de células melanoma B16F10 induzida pela uleína. As fotomicrografias
(100X) mostram a adesão de células B16F10 após serem cultivadas em meio RPMI 1640
(Cultilab) suplementado com soro fetal bovino (SBF 10%), estreptomicina (10 μg/ml) e
penicilina (100 U/ml), mantida em atmosfera de 37 ºC e 5 a 7% de tensão de CO
2
como controle
(A) e em presença de uleína na concentração de 10
-5
μg/ml (B) e 10
-1
μg/ml (C), contrastando
com a forma não aderida, esférica, da população tratada com 100 μg/ml de uleína (D).
O estímulo da adesão de células B16F10 pela uleína utilizando a fibronectina, laminina e
vitronectina são mostradas na Figura 29. Uleína 5x10
-4
μg/ml demonstrou significante efeito
estimulante (33,89±4,78%) quando comparado ao grupo controle, na ausência de matriz
extracelular. Portanto, demonstrou não possuir uma ação competitiva, sendo considerada
estimulante reversível da adesão celular para componentes da matriz extracelular, contrariando
trabalhos já demonstrados por Yamada e Kennedy (1984) para peptideos sintéticos. Na presença
A
B
C
D
50
μ
m
50
μ
m
50
μ
m
50
μ
m
118
de matrizes extracelulares, a adesão máxima ocorreu na concentração de 10
-3
μg/ml de uleína
(69,23±5,71%) para a fibronectina, 0,1 μg/ml de uleína para a laminina (63,15±8,81%) e 10
μg/ml de uleína para a vitronectina (72±1,32%). Nossos resultados demonstraram que o
revestimento da placa com laminina aumenta a adesão celular ativada pela uleína, sendo esse
efeito mais evidente em altas concentrações utilizadas. Já a adesão sobre a fibronectina é
aumentada em baixas concentrações de uleína, sendo que a partir de 0,01 μg/ml essa adesão é
inibida. De modo oposto, a vitronectina aumenta a adesão celular somente em altas concentrações
de uleína. Esses resultados sugerem que a adesão promovida por uleína pode ser modulada pelas
diferentes proteínas de adesão e suas respectivas concentrações. O responsável por mediar essas
interações e por qual mecanismo não pode ser esclarecido por esse ensaio.
0
5
1
0
1
5
2
0
2
5
3
0
3
5
4
0
4
5
5
0
5
5
6
0
6
5
7
0
7
5
8
0
0,00001 0,0005 0,001 0,01 0,1 1 10
uleina (
μ
g/ml)
Adesão (%)
ausente fibronectina laminina vitronectina
Figura 29. Efeito da atividade aderente da uleína (10
-5
– 10
μg/ml) em células B16F10 para a
fibronectina, laminina, vitronectina e na ausência de matriz extracelular
.* ** # ##
P0,05 em relação
ao controle (Holm-Sidak ou Mann-Whitney).
*
*
*
#
**
**
**
**
**
**
##
##
##
##
##
119
A uleína em concentrações menores estimula a atividade de adesão de B16F10 nas
várias matrizes extracelulares utilizadas (fibronectina, laminina e vitronectina), porém em
concentrações maiores pode reverter esse processo, como apresentado para a fibronectina, uma
importante glicoproteina de membrana. Com esses resultados preliminares, não podemos concluir
que a uleína seja um agente quimiopreventivo e que participe na importante regra de modulação
de ativação e detoxificação na carcinogênese. O perfil da atividade estimulante específica da
uleína estabelece apenas uma capacidade de estimular a adesão in vitro para baixas
concentrações, o que em tese, contribui para o processo metastático, enquanto que em altas
concentrações ocorre diminuição nessa adesão celular, interferindo em uma etapa do complexo
processo metastático. Estudos futuros são necessários para verificar a ação da uleína em outras
etapas da metástase, como a invasão, migração celular e estudo da angiogênese na tentativa de
correlacionar a interferência da uleína na formação do tumor secundário, confirmando assim o
uso empírico dessa planta em doenças de natureza tumorais pela população.
PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO
O óxido nítrico (NO) é um importante mediador citotóxico de células imunitárias, capaz
de destruir patógenos e células tumorais. Possui ainda, um papel como mensageiro/modulador em
diversos processos biológicos essenciais. No entanto o NO pode ser potencialmente tóxico
dependendo da quantidade produzida (Kuo e Schroeder, 1995). A toxicidade se faz presente
particularmente em situações de estresse oxidativo, geração de intermediários do oxigênio e
deficiência do sistema antioxidante. Dusse, Vieira et al. (2003) citam que o NO possui um papel
dúbio, às vezes benéfico, outras vezes prejudicial ao organismo. A determinação laboratorial do
NO é complexa, e a caracterização de ativadores e inibidores específicos da síntese de NO
120
constitui o novo desafio para o entendimento e o tratamento de várias doenças (Matheus,
Mantovani et al., 2003).
Entre as atividades farmacológicas detectadas em extrato de plantas, uma das mais
frequente é a atividade antiinflamatória. Tal como o óxido nítrico (NO) e as espécies reativas de
oxigênio (ROS), conhecidos mediadores liberados no processo inflamatório, a procura por extrato
de plantas ou componentes isolados com efeitos antioxidantes e inibitório da produção de NO
tem sido largamente estimulado tal como um potencial terapêutico antiinflamatório. A presença
de substâncias com atividade antioxidante tem sido também estudadas em plantas com relação
estreita entre os radicais livres e o processo de senecência ou neoplásico (Brozmanova, Vlckova
et al., 2001; Karbownik, Lewinski et al., 2001). Contudo, algumas vezes, plantas e substâncias
que estimulam a produção de NO faz-se necessária em uma série de situações, pois esse medeia
vários fenomênos relacionados com cerebelo, nervos não adrenérgicos não colinérgicos (NANC),
macrófagos, neutrófilos, rins, células epiteliais pulmonares, mucosa gastrintestinal, miocárdio e
vasorelaxamento dependente do endotélio (Gibaldi, 1993; Kiechle e Malinski, 1993; Shapira,
Kadar et al., 1994; Barrachina, Panes et al., 2001; Loscalzo, 2001).
A presença de doses crescentes de uleína adicionadas ao cultivo resultou em aumento na
produção de NO somente em algumas concentrações. Como pode ser observado nas Figuras 30-
31, a produção de NO em células endoteliais (RAEC) mostrou produção máxima na dose de 0,1
μg/ml (20,90±1,41 μΜ de nitrito) enquanto para as células B16F10 foi de 41,19±0,22 μΜ de
nitrito na concentração de 1 μg/ml de uleína. A produção de NO dependente de NOS foi testada
pela incubação de células RAEC e B16F10 com lipopolissacarídeo bacteriano (LPS, 100 ng/ml),
o qual estimulou a produção de óxido nítrico em 30,8±1,8 e 47,1±2,0 μΜ, respectivamente, e
pela inibição da produção com
L-NAME em todas as concentrações de uleína utilizadas. Para se
ter certeza de que o aumento na produção de NO não era decorrente de morte celular, teste de
121
viabilidade das células foi realizado após o ensaio e observou-se que em todas as concentrações
avaliadas a viabilidade das células sempre foi superior a 94%. As concentrações de 0,01, 10 e 100
μg/ml de uleína não favoreceram a produção de NO em células RAEC, e em células B16F10 não
houve produção significativa nas concentrações de 0,01, 0,1, 10 e 100 μg/ml, quando comparadas
ao controle contendo células não estimuladas (3,79±0,21 μΜ para RAEC e 2,48±0,05 μΜ para
B16F10). Matheus, Mantovani et al. (2003) demonstraram que células RAW 264.7 estimuladas
com lipopolissacarídeo bacteriano (100 ng/ml) e interferon-alfa (10 U/ml) produziram uma
grande quantidade de óxido nítrico (35 μΜ) quando comparadas com células não estimuladas (3
μΜ). Fushiya, Kishi et al. (1999), com resultados contrários, demonstraram a inibição da síntese
de NO em macrófagos utilizando extrato metanólico obtido das partes aéreas de Cleome
droserifolia e com substâncias isoladas de outras plantas tal como Lycium chinese (Kim, Kim et
al., 1997) e Magnolia sieboldii (Park, Jung et al., 1996). Cho, Nam et al. (2001) demonstraram
que a siringina, um glicosideo fenólico isolado de uma variedade de plantas medicinais tais como
Magnolia sieboldii e Tinospora cordifolia, não atenuou a produção de óxido nítrico e viabilidade
celular em altas concentrações.
O NO é agente oxidante e pode modular reações inflamatórias e antiinflamatórias
dependendo do tipo celular e do estimulo o qual é submetido (Adams, 1996; Cerqueira e
Yoshida, 2002). Algumas plantas que apresentam atividade antiinflamatória têm sido
reconhecidas pela sua capacidade de inibir produção de NO (Choi e Hwang, 2005) como também
pela sua capacidade de estimular a produção de NO (Heo, Lee et al., 2004). Estudos recentes
mostraram que a fração rica em alcalóides das cascas de Himatanthus lancifolius, dos quais a
uleína é o principal constituinte, é capaz de efetuar mudanças na resposta vascular e não vascular
da musculatura lisa de aorta de ratos desprovidos de endotélio produzindo relaxamento, e esse
evento pode envolver o bloqueio da entrada de cálcio, alterações na mobilização de cálcio
122
intracelular e também distúrbios na habilidade das células de usar o cálcio para eventos contráteis
(Rattmann, Terluk et al., 2005). Os resultados encontrados nesse trabalho, demonstrando que a
uleína pode aumentar a produção de NO em determinadas concentrações, descarta a sua ação no
bloqueio de cálcio nas células aqui estudadas (RAEC e B16F10), uma vez que a NO sintase é
dependente dele (Moncada, Palmer et al., 1991), podendo considerar outros mecanismos já
citados por Rattmann, Terluk et al., 2005. Mollace, Salvemini et al. (1991) citam que o NO pode
ser produzido diretamente pelas células musculares lisas, podendo regular as atividades dessas
células por mecanismo dependente da GMPc. O aumento do NO observado nesse trabalho, pode
ser devido a ação estimulante direta nas vias de produção de NO nas células RAEC e B16F10
(mouse melanoma cells), e não por ação sequestrante do radical livre, confirmado pelos
resultados dos ensaios de atividade antioxidante, o qual demonstraram a baixa atividade da uleína
nos dois métodos utilizados (redução do DPPH e redução do ácido fosfomolibdênico), não sendo
nesse caso, necessariamente dependente da presença do endotélio. Palmer, Ashton et al. (1988) e
Wu e Morris (1998) descreveram que várias outras células podem utilizar a L-arginina para
sintetizar NO, não somente células endoteliais, comprovadas pelas células tumorais B16F10 aqui
estudadas, com produção de óxido nítrico superior ao apresentado pelas células endoteliais na
concentração de 1 μg/ml. Choi e Hwang (2005) demonstraram que o NO representa uma via
principal tal como agente neurotransmissor, vasodilatador e regulador imunológico em uma
variedade de tecidos em concentrações fisiológicas. Segundo Salvemini, Wang et al. (1996), o
NO é potente vasodilatador e seu envolvimento na resposta inflamatória pode ter relação com sua
habilidade em aumentar a permeabilidade vascular e o edema através de mudanças no fluxo
sanguíneo local e do aumento na produção de prostaglandinas proinflamatórias.
O aumento da produção de NO pela uleína pode justificar o uso popular da droga
agoniada como emenagoga e em distúrbios pós-menopausa devido a atividade relaxante da
musculatura lisa pelos alcalóides de H. lancifolius. Diversos alcalóides indólicos são conhecidos
123
pelas suas atividades vasodilatadoras (Ozaki, 1990; Yuzurihara, Ikarashi et al., 2002) sugerindo
que a uleína possa também estar fazendo parte das substâncias que apresentam essa atividade.
Corrêa, Batista et al. (1998) citam que o uso contínuo da agoniada podem interferir no processo
de coagulação, o que leva-nos a sugerir uma provável ação do NO no interior das plaquetas, pois
de modo análogo ao discutido para as células musculares lisas endoteliais, o NO promove um
aumento de GMPc e consequentemente diminuição de cálcio livre. Como o cálcio livre é
essencial para o processo de ativação plaquetária, esse processo será inibido (Wolin, 2000). Para
se ter certeza de que o aumento na produção de NO não era decorrente de morte celular, teste de
viabilidade das células foi realizado após o ensaio e observou-se que em todas as concentrações
avaliadas a viabilidade das células sempre foi superior a 94%.
Embora o NO seja objeto de muitas pequisas e de grande número de publicações, ainda
existem muitas questões controversas e numerosas dúvidas que precisam ser esclarecidas, o que
também acontece com esse trabalho, como por exemplo, qual a principal enzima que participa da
via de produção de NO que são estimuladas pela uleína.
124
Figura 30. Efeito da uleína (U), lipopolissacarídeo (L) e L-NAME (N) na produção de óxido
nítrico em células endoteliais de aorta de coelho (RAEC). Células endoteliais foram tratadas com
uleína (U1-0,01; U2-0,1; U3-1; U4-10; U5-100 μg/ml), lipopolissacarideo (100 ng/ml) e L-
NAME (1 μg/ml), isolados ou em associação. Cada coluna representa a média±EPM da
quantificação do nitrito medida em espectrofotômetro a 540 nm (n=3-5). *P0,05 em relação ao
controle (ANOVA seguido de teste de Holm-Sidak).
Figura 31. Efeito da uleína (U), lipopolissacarídeo (L) e
L-NAME (N) na produção de óxido
nítrico em mouse melanoma cells (B16F10), American Tipical Culture Collection (cat # ATCC
CRL-6475). Células melanoma foram tratadas com uleína (U1-0,01; U2-0,1; U3-1; U4-10; U5-
100 μg/ml), lipopolissacarideo (100 ng/ml) e L-NAME (1 μg/ml), isolados e em associação. Cada
coluna representa a média±EPM da quantificação do nitrito medida em espectrofotômetro a 540
nm (n=3-5), *P0,05 em relação ao controle (ANOVA seguido de teste de Holm-Sidak ou
Tukey).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
C L L+N U1 U2 U3 U4 U5 U2+N U3+N U4+N
Nitrito (uM)
*
*
*
*
*
*
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
C LL+NU1U2U3U4U5U2+NU3+NU4+N
Nitrito (uM)
*
*
*
*
*
125
CONCLUSÕES
As principais conclusões obtidas nessa pesquisa foram:
¾ Isolamento e identificação de três alcalóides indólicos denominados uleína, epiuleína,
ioimbina e uma substância caracterizada como sendo a sacarose;
¾ O isolamento da uleína, principal alcalóide da FAA, contribuiu para confirmar o efeito
dessa substância na resposta da musculatura lisa vascular, não vascular e esquelética;
¾ Doses que variam de 0,25 a 1,5 g/kg de FAA administrada intraperitonialmente teve uma
DL
50
de 1,3 g/kg e doses de 0,2 a 10,0 g/kg de FAA administrada oralmente teve uma DL
50
de
8,9 g/kg. As substâncias isoladas uleína e ioimbina não apresentaram toxicidade aguda quando
administrada i.p nas doses de (0,1-1 mg/g);
¾ Uleína não atua como substância quimioatractor e na concentração de 3,75x10
-12
mol/l
demonstrou um efeito inibitório na quimiotaxia leucocitária superior ao efeito apresentado pela
dexametasona (10
-5
mol/l) utilizada como padrão. O possível mecanismo de ação da uleína na
inibição de migração leucocitária está relacionado a ação dessa substância em receptores
opióides. A uleína apresentou ausência de citotoxicidade com relação aos leucócitos até a dose de
3,75x10
-5
mol/l ;
¾ À medida que aumenta o pH da Fração Alcaloídica da Agoniada (FAA) ocorre uma
diminuição da capacidade antioxidante das frações, sendo menores ainda quando se refere às
substâncias isoladas devido a uma menor disponibilidade eletrônica capaz de reduzir os padrões
do complexo fosfomolibdênico e DPPH utilizados;
¾ Fração alcaloídica da Agoniada (FAA) e uleína apresentaram atividade antimicrobiana
contra vários patógenos gram positivo e gram negativo, inclusive cepas caninas. A uleína
126
demonstrou ser, em parte, um componente responsável pela atividade antimicrobiana contra o
Staphylococcus aureus MRSA. Fração apolar não apresentou atividade antimicrobiana;
¾ Concentração de uleína de 1 μg/ml nas células B16F10 e 0,1 μg/ml nas células RAEC
produziram 41,19 μΜ e 20,90 μΜ, respectivamente de nitrito, estimulando a produção de NO por
agir diretamente nas vias de produção e não por um efeito sequestrante dos radicais livres;
¾
Concentração de 5x10
-4
μg/ml de uleína produziram uma atividade máxima na adesão
celular em células B16F10 quando desprovido do uso de matriz. Concentração mais elevada de
uleína inibe a adesão de B16F10 somente para a fibronectina, sendo que esse mesmo perfil não é
observado para a vitronectina e laminina, o que leva-nos a hipotetizar que altas concentrações de
uleína podem inibir a adesão de células tumorais da linhagem B16, porém sem causar morte
celular.
127
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143
ANEXO I
144
145
ANEXO II
146
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
a) A proposta desse projeto é estabelecer um painel de ensaios biológicos in vitro, que
possam, de forma dinâmica, demonstrar a atividade antiinflamatória de constituintes de plantas
medicinais tradicionalmente utilizadas pela população em processos inflamatórios e,
simultaneamente, contribuir para a elucidação dos mecanismos celulares e moleculares
envolvidos.
b) Caso você participe da pesquisa, uma quantidade de sangue será destinada a separação de
leucócitos para utilização nos ensaios de migração leucocitária.
c) Para doadores voluntários, como em qualquer outro diagnóstico clínico laboratorial,
poderão ocorrer alguns desconfortos, principalmente relacionados à coleta de sangue por punção
venosa.
d) Estão garantidas todas as informações pertinentes ao projeto, antes, durante e depois do
estudo.
e) A sua participação nesse estudo é voluntária. Você tem a liberdade de recusar a participar
nesse estudo, ou se aceitar, poderá retirar seu consentimento a qualquer momento que desejar.
f) Se qualquer informação relacionada ao estudo for divulgada em relatório ou publicação,
isso será feito sob forma codificada, para que a confidencialidade do doador seja mantida.
g) Todas as despesas decorrentes da realização da pesquisa NÃO são da responsabilidade do
doador.
h) Pela sua participação no estudo, você NÃO receberá qualquer valor em dinheiro.
i) Quando os resultados forem publicados, não aparecerá seu nome e sim um código.
j) Todos os itens desse termo estão de acordo com a resolução CNS 196/96.
Eu,____________________________________________________________li o texto acima e
compreendi a natureza e objetivo do estudo do qual fui convidado a participar. Eu entendi que
sou livre para interromper minha participação no estudo a qualquer momento sem justificar
minha decisão e concordo voluntariamente em participar desse estudo.
_______________________________ _____/_____/_____ ___________________________
Assinatura do doador data Assinatura do pesquisador
147
148
149
150
151
152
Submetido à Fitoterapia
Short Report
Preliminary evaluation of uleine in cellular adhesion of B16F-10
melanoma cells and its antimicrobial activity
W. M. Souza
a
, J. Getz
b
, L. Yared
c
, C. A. M. Santos
a
, L. S. Nakao
b
,
A. E. M. Stinghen
b,c*
a
Laboratory of Pharmacognosy, Departament of Pharmacy, Universidade Federal do Paraná, Rua Pref. Lothario
Meissner, 3400, Jardim Botânico, 80210-070 Curitiba, Brazil
b
Center for Advanced Molecular Investigation, Pontificia Universidade Católica do Paraná, Rua Imaculada
Conceição, 1155, Prado Velho, 80215-901 Curitiba, Brazil
c
Centro Universitário Positivo, Núcleo de Ciências Biológicas e da saúde, Curso de Farmácia, Rua Prof. Pedro
Viriato Parigot de Souza, 5300, 81280-330 Curitiba, Brazil
____________________________________________________________________________
Abstract
Chemical investigations of an alkaloid extract from barks of Himatanthus lancifolius (Muell.
Arg.) Woodson resulted in the isolation of uleine, an indole alkaloid. Its effect on the in vitro
adhesion of murine melanoma cells (B16F-10) was tested. Results showed that increasing
concentrations of uleine stimulated cellular adhesion. The maximum activity was observed at
5x10
-4
μg/ml and this effect was mediated by uleine binding to adhesive proteins on the cell
surface. Also, uleine showed a broad-spectrum in vitro antimicrobial activity for the gram (+) and
gram (-) tested microorganisms.
Keywords: Himatanthus lancifolius; Indole alkaloid; Cellular adhesion; uleine; Antimicrobial activity
_________________________________________________________________________
1. Plant
Himatanthus lancifolius (Müell. Arg) Woodson (Apocynaceae), formerly Plumeria lancifolia,
was purchased from the surrounding areas of São Paulo, Brazil in February 2003, and was
identified according to the Brazilian Pharmacopoeia I description [1] and by macro and
microscopic comparisons with an authentic sample from the Pharmacognosy Laboratory in the
Department of Pharmacy, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Paraná, at which a voucher
specimen was deposited.
*
Corresponding author. Tel/fax: +55-41-3317-3000.
E-mail address:
[email protected] (A. E. M. Stinghen)
**
*
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