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FERNANDA BASTOS SEGATTO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE “POS
-
PRODUÇÃO” DE PIMENTA
ORNAMENTAL (
Capsicum annuum
L.) CULTIVADA EM VASO
VIÇOSA
MINAS GERAIS
BRASIL
2007
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Fisiologia Vegetal, para
obtenção do título de
Doctor Scientiae
.
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http://www.livrosgratis.com.br
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FERNANDA BASTOS SEGATTO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE “PÓS
-
PROD
UÇÃO” DE PIMENTA
ORNAMENTAL (C
apsicum annuum
L.) CULTIVADA EM VASO
APROVADA: 17 de dezembro de 2007.
_____________________________
Prof. José Geraldo Barbosa
(Co
-
Orientador)
_____________________________
Prof.
Ra
imundo Santos Barros
(Co
-
Orientador)
_____________________________
Dra. Cleide Maria Ferreira Pinto
_____________________________
Prof. Paulo José de Moraes
_____________________________
Prof. Fernando Luiz Finger
(Orientador)
Tese apresentada à Universidade
Federal de Viçosa, como parte das
exigências do Programa de Pós-
Graduação em Fisiologia Vegetal, para
obtenção do
título de
Doctor Scientiae
.
ads:
ii
Aos meus pais,
Delvi Luiz Segatto e Loreine Bastos Segatto.
Ao meu irmão
Marcelo Bastos Segatto.
Ao meu amado
Cleiton.
Dedico
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pela vida, pelo amor e pelo apoio incondicional, e carinho
superando a distância e a sau
dade, que permitindo desta foram, que este trabalho
fosse realizado. Para eles que são mais que tudo aquilo que eu conseguiria
descrever em palavras pelo restante de minha vida.
À Universidade Federal de Viçosa e ao Programa de Pós
-
graduação
em Fisiologia
Vegetal, pela valiosa oportunidade de crescimento
profissional.
Ao professor Fernando Luiz Finger,
minha gratidão pela orientação, amizade e capacidade de acolhimento generoso
e inteligente.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi
co
(CNPq) e
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-
Capes
pela concessão da bolsa de estudo.
Aos professores José Geraldo Barbosa e Raimundo dos Santos Barros
pela co
-
orientação, profissionalismo e amizade.
Aos Professores, Paulo Mora
es e Cleide Maria, pelas valiosas sugestões e pelo
profissionalismo.
Aos amigos Ana Maria, Aninha
(japinha)
, Camila, Clarice, Cuíca, Crislene,
Candinha, Eber, Fran,
Gi,
Hermes, Marialva, Ray, Virgínia, Lu Menoli, Lu Silva, Sá
e a mascotinha Larissa pela a
mizade verdadeira, pelos inúmeros momentos de
alegria e companheirismo.
iv
Ao meu colega e amigo Werner, pela paciência, apoio e pelas valiosas sugestões.
Aos colegas/ amigos da turma de 2004
Pós
-
Graduação em Fisiologia Vegetal:
Dudu, Leti, Léo Lucas, Ricardo, Lílian, Malu e Giovani, pela amizade, pelos
momentos de descontração, e cujos laços se fortaleceram durante esse período,
superando os inúmeros obstáculos na busca deste objetivo.
A todos os colegas e amigos do Laboratório de Pós
-
colheita: pela amiz
ade e
auxílio na realização dos trabalhos.
Aos estagiários Aline, Raul e Rafael pelo auxílio na realização dos
trabalhos.
Aos funcionários Geraldo, Ribeiro e Sebastião pela ajuda durante a
realização dos trabalhos.
Aos funcionários da Horta Nova pelo au
xílio nos trabalhos de campo.
Aos meus amigos distantes, que sempre estiveram presentes em todos os
momentos e que de alguma forma colaboraram.
A todas as pessoas que contribuíram para a conclusão deste trabalho, o meu
respeito e gratidão.
v
BIOGR
AFIA
FERNANDA BASTOS SEGATTO, filha de Loreine Bastos Segatto e Delvi
Luiz Segatto, nasceu na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 07 de
maio de 1977.
Em janeiro de 2002, graduou-se em Ciências Biológicas – Licenciatura
Plena, pela Universidade F
ederal de Santa Maria, Santa Maria
-
RS.
Em março de 2002, ingressou no curso de Mestrado em Agronomia Área
de concentração em Produção Vegetal, pela Universidade Federal de Santa
Maria, concluindo
-
o em 13 de fevereiro de 2004.
Ingressou no curso de Doutorado em Fisiologia Vegetal na Universidade
Viçosa em março de 2004. No dia 17 de dezembro de 2007, submeteu-se aos
exames finais de defesa de tese.
vi
SUMÁRIO
RESUMO
................................................................................................
...............
VIII
ABSTRACT
................................................................................................
..............
X
1. INTRODUÇÃO GERAL
................................................................
........................
1
1.1 Objetivos gerais
................................
................................................................
.....................
5
1.2 Objetivos específicos
................................................................................................
.............
5
2. REFERÊNCIAS BIBLI
OGRÁFICAS
................................................................
....
6
CAPITULO I
................................................................................................
.............
9
CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DOS FRUTOS DE QUATRO GENÓTIPOS
DE PIMENTA ORNAMENTAL (CAPSICUM ANNUUM L.) CULTIVADOS EM
VASO
................................................................................................
........................
9
1. INTRODUÇÃO
................................................................................................
.....
9
2. MATERIAL E MÉTODO
S
................................................................
..................
11
3. RESULTADO E DISCU
SSÃO
................................................................
...........
14
4. CONCLUSÕ
ES
................................................................................................
..
18
5. REFERÊNCIAS BIBLI
OGRÁFICAS
................................................................
..
19
CAPÍTULO II
................................................................................................
..........
21
FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE E A DURABILIDADE PÓS-
PRODUÇÃO DE PLANTAS DE PIMENTA ORNAMENTAL (
CAPSICUM
ANNUUM
L.) CULTIVADAS EM VASO DURANTE TRANSPORTE
E
COMERCIALIZAÇÃO
............................................................................................
21
1. INTRODUÇÃO
................................................................................................
...
21
2. MATERIAL E MÉTODO
S
................................................................
..................
25
2.1. Experimento 1
-
Taxa fotossintética, ponto de compensação e saturação luminoso
..........
26
2.2. Experimento 2
-
Avaliação da sensibilidade ao etileno
................................
.......................
28
2.3. Experimento 3
-
Tempo de exposição e concentração de etileno
................................
.......
30
vii
3. RESULTADOS E DISC
USSÃO
................................
................................
.........
32
3.1. Experimento 1
-
Resposta fotossintética de plantas de pimenta ornamental após simulação
parcial de transporte
................................................................................................
..................
32
3.2. Experimento 2
-
Avaliação da sensibilidade de plantas de pimenta ornamental ao etileno
.
39
3.3. Experimento 3
-
Efeito do tempo d
e exposição e concentração de etileno em plantas de
pimenta ornamental cultivadas em vaso
................................................................
....................
47
4. CONCLUSÕES
................................................................................................
..
56
5. REFERÊNCIAS BIB
LIOGRÁFICAS
................................................................
..
58
CAPÍTULO III
................................
................................
................................
.........
66
AÇÃO DO 1-MCP NA PÓS-PRODUÇÃO DE PIMENTAS ORNAMENTAIS
(
CAPSICUM ANNUUM
L.) CULTIVADAS EM VA
SO
................................
...........
66
1. INTRODUÇÃO
................................................................................................
...
66
2. MATERIAL E MÉTODO
S
................................................................
..................
69
3. RESULTADOS E DISC
US
SÃO
................................
................................
.........
71
4. CONCLUSÕES
................................................................................................
..
81
5. REFERÊNCIAS BIBLI
OGRÁFICAS
................................................................
..
82
6. CONC
LUSÕES GERAIS
................................................................
...................
87
viii
RESUMO
SEGATTO, Fernanda Bastos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, dezembro
de 2007. Avaliação da qualidade “pós-produção” de pimenta ornamental
(Capsicum annuum L.) cultivada em vaso. Orientador: Fernando Luiz
Finger. Co
-
orientadores: José Geraldo Barbosa e Raimundo Santos Barros.
Vários o os problemas encontrados na fase pós-produção que afetam a
qualidade e a vida de vaso de plantas e flores ornamentais em geral, sendo a
exposição ao etileno e as baixas irradiâncias as quais são submetidas durante o
transporte e a comercialização um dos mais importantes. Desta forma, este
trabalho teve como objetivo avaliar fatores que afetam a pós-produção de
genótipos de pimenta ornamental, espécie Capsicum annuum L., bem como,
caracterizar o conteúdo de vitamina C, TSS e o acúmulo de capsaicinóides nos
frutos. Para a avaliação dos fatores pós-produção como sensibilidade ao etileno e
os efeitos causados pela baixa irradiância durante o transporte e a
comercialização além da caracterização bioquímica, foram utilizados quatro
genótipos: acesso BGH 1039, acesso BGH 7073, cultivar Calypso e cultivar MG.
Já para avaliação da influência do tempo de exposição e concentração de etileno,
bem como a ão do 1-
MC
P utilizou-se o acesso BGH 1039 e cultivar Calypso
devido à alta sensibilidade ao etileno (verificado em experimento preliminar). Foi
verificado em todos os genótipos alto conteúdo de vitamina C e sólidos solúveis
totais. O acesso BGH 7073 apresentou alta concentração de capsaicina e
dihidrocapsaicina. Os maiores teores de capsaicina e dihidrocapsaicina foram
observados em frutos imaturos para a maioria dos genótipos estudados ocorrendo
decréscimo com o amadurecimento. A fotossíntese dos genótipos de piment
a
ornamental cultivados em vaso diminuiu consideravelmente após 48 h de escuro
e sem irrigação. Em condições de interior (8-10 µmol s
-1
m
-2
), os genótipos de
pimenta ornamental estavam sob condições de irradiância próximo ao ponto de
compensação luminoso. Os genótipos BGH 1039, BGH 7073, Calypso e MG
apresentaram diferentes níveis de sensibilidade ao etileno. As folhas dos quatro
genótipos de pimenta ornamental estudados apresentam maior sensibilidade ao
etileno que os frutos, exceto para a cultivar Calypso, a qual
não
apresentou
ix
abscisão dos frutos após aplicação de etileno, não diferindo do controle. O 1
-
MCP
reduziu a abscisão das folhas do acesso BGH 1039 e cultivar Calypso. O pré-
tratamento com 1 µL L
-1
de 1-MCP foi efetivo em bloquear a ação do etileno na
concentração de 10 µL L
-1
aplicado por 48 h, aumentando a qualidade e a
durabilidade comercial durante o transporte e a comercialização de plantas de
pimenta ornamental em vaso.
x
ABSTRACT
SEGATTO, Fernanda Bastos, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, December,
2007.
Evaluation
quality "post-production" of ornamental pepper
(Capsicum annuum L.) cultivated in po
ts
.
Adviser: Fernando Luiz Finger.
Co
-
Advisers: José Geraldo Barbosa and Raimundo
S
antos Barros
.
There are many problems found in the post-producition phase that affect
both the quality and the pot life of ornamental plants and flowers. In general,
ethylene and low irradiances that occur during both the transportation and the
marketing
are the most important factors. In this way, the goals of this work were
to evaluate factors that affect the post-production of ornamental pepper
genotyp
es, species Capsicum annuum L., and to characterize the vitamin C and
total soluble solids (TSS) contents and the accumulation of capsaicinóides in the
fruits. In order to evaluate the post-production factors, such as sensitivity to
ethylene and the effects caused by low irradiance during both the transportation
and the commercialization, in addition to the biochemical characterization, the
following four genotypes were utilized: BGH 1039 access, BGH 7073 access,
Capypso cultivar and MG cultivar. To evaluat
e the influence of the exposition time,
ethylene concentration and the action of the 1-MCP, the BGH 1039 access and
the Calypso cultivar were utilized due to their high sensitivity to ethylene
(confirmed in previous experiments). In all genotypes were found high
concentrations of both vitamin C and TSS. The BGH 7073 access showed both
high levels of capsaicina and dihidrocapsaicina. The high levels of capsaicina and
dihidrocapsaicina were observed in immature fruits and the level of these
compounds decressed as the fruits matured. The photosynthesis of the genotypes
of ornamental pepper cultived in pots decreased considerably after 48 hours under
dark and without irrigation. Under inside conditions (8-
10
µmol s
-1
m
-2
), the
genotypes of ornamental pepper were under conditions of irradiance close to the
luminous compensation point. The genotypes BGH 1039, BGH 7073, Calypso and
MG showed different levels of sensitivity to ethylene. The leaves of the four
orna
mental pepper genotypes studied showed more sensitivity to ethylene than
the fruits, except for the Calypso cultivar that did not show abscission of the fruits
xi
after the ethylene application not differing from the control. The 1
-
MCP diminished
the abscission of leaves of both BGH 1039 access and Calypso cultivar. The pre-
treatment with 1 µL L
-1
of 1-MCP was effective in blocking the action of the
ethylene that was applied during 48 hours in the concentration of 10 µL L
-1
,
increasing both the quality and the commercial life of ornamental pepper in pot
ted
during both the transportation and
m
arketing
.
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
O setor de Flores e Plantas Ornamentais vem nos últimos anos, se
destacando expressivamente no
agronegócio
brasileiro. Tal destaque se
principalmente no que tange à estrutura organizada de mercado, à diversificação
de espécies e variedades, à difusão de novas tecnologias de produção, à
profissionalização dos agentes da cadeia, bem como na sua integração (Cançado
et al., 2005). Além dos tradicionais países produtores de flores e plantas
ornam
entais como Holanda, Itália, Dinamarca e Japão; o mercado mundial está
se expandindo como um todo. Atualmente, os principais países exportadores são
a Holanda, Colômbia, Dinamarca, Itália, Israel, Bélgica, Costa Rica, Canadá, EUA,
Quênia, Alemanha, entre o
utros (Motos, 2003).
As condições de produção do Brasil, dotado de diversidade de solo e clima,
permitem o cultivo de um infinito número de espécies e conferem aos produtos
brasileiros oportunidades de abrirem espaços e de se firmarem no mercado
internaci
onal. O comércio de flores e plantas ornamentais no Brasil, que vem
crescendo em média de 20% ao ano e as perspectivas apontam para um valor de
exportação do setor em torno de 80 milhões de dólares para o ano 2007, que
representa um aumento de 515% desde 2000 (Barboza, 2005). Mesmo
apresentando excelentes resultados e ótimas perspectivas, o comercio de plantas
e flores ornamentais, ainda apresentam grande potencial a ser explorado. A
exigência do mercado consumidor por produtos de qualidade e de maior valor
agregado, juntamente com os efeitos da globalização, concorre para a
necessidade de mudança na forma em que as cadeias produtivas vêm operando
(Junqueira & Peetz, 2007).
Dentre os principais problemas que a floricultura brasileira tem que superar
está o manejo pós-colheita inadequado. Ainda faltam conhecimento e tecnologias
de colheita e principalmente, pós-colheita que visem à redução de perdas, que no
Brasil chegam atingir 40% da produção (Tagliacozzo & Castro, 2001). Assim, o
abastecimento contínuo e com qualidade, deve ser uma preocupação constante
dos produtores.
2
De modo geral, a comercialização e distribuição de flores e plantas
ornamentais ocorrem através de centrais de comercialização, onde o Estado de
São Paulo detém a maior parte (em torno de 70%), seguido pelos estados do Rio
Grande do Sul e Minas Gerais (Junqueira & Peetz, 2007). A localização da
produção, centros de distribuição e comercialização é fator importante nessa
atividade agrícola. Cerca de 90% da produção e do consumo de flores e pl
antas
ornamentais se em um raio de 500 km entre eles, dado que os custos de
transporte e distribuição de produtos altamente perecíveis como esses limitam as
distâncias para comercialização (Kras, 1999). O principal modal utilizado para
transporte de flores e plantas ornamentais dentro do país é o terrestre, já no caso
de produções destinadas a exportação, em razão da velocidade utilizada, o
transporte aéreo é o que melhor preserva a qualidade, integridade e frescor do
produto, porém seu custo é o mais elevado. Mas, tanto o transporte aéreo, como
o terrestre, apresentam problemas a serem sanados. A inexistência de câmeras
frias nos aeroportos e compartimentos de carga dos aviões, a utilização de
caminhões não climatizados, distância entre o produtor e o consumidor, o
transporte plantas e flores ornamentais conjuntamente com frutos e hortaliças
permitem o aumento da concentração de etileno, elevação da respiração, além
das más condições das rodovias do país, representam uma grande lacuna na
infra
-estrutura da cadeia para conservar os produtos adequadamente (Junqueira
& Peetz, 2005). Por isso, o transporte merece atenção especial para que
assegure a qualidade do produto até o consumidor final.
Outro fator importante que interfere na qualidade e durabilidade c
omercila
das plantas na pós-produção é a intensidade de luz as quais são submetidas
tanto dentro dos locais de venda, como na própria casa do consumidor final.
Geralmente nesses locais de interior, as plantas ficam expostas a baixas
intensidades luminosas, que variam geralmente, entre 8 a 15 µmol s
-
1
m
-2
(Gibbs
et al., 1989). Estudos indicam que baixas intensidades luminosas podem diminuir
a longevidade de flores de Crossandra (Gibbs
et al
., 1989) e aumentar a abscisão
de folhas e flores em plantas de
Capsi
cum annuum
‘Janne’ (Hoyer, 1996).
As espécies do gênero
Capsicum
possuem uma grande variabilidade
genética sendo empregadas para diferentes fins, com excelente potencial para a
comercialização como planta ornamental de vaso. A altura e forma de
3
crescimento
das plantas variam de acordo com a espécie e as condições de
cultivo. As folhas apresentam tamanhos, colorações e formatos variáveis. O fruto
destaca-se pelas múltiplas formas, tamanhos, colorações e pungências. A
coloração dos frutos maduros, geralmente, é vermelha, mas pode variar desde o
amarelo
-leitoso, amarelo-forte, alaranjado, salmão, vermelho, roxo até preto. O
formato varia entre e intra espécies, existindo frutos alongados, arredondados,
triangulares ou cônicos, campanulados ou retangulares. A fácil propagação das
sementes, tempo relativamente curto de germinação, a tolerância ao calor e
harmonia de vaso, contribuem para o sucesso na utilização destas plantas como
ornamentais (Stommel &. Bosland, 2006).
Vários são os problemas encontrados na fase de pós-produção que afetam a
qualidade e a vida de vaso de plantas ornamentais em geral, sendo a exposição
ao etileno um dos mais importantes, principalmente durante o transporte e
comercialização, onde as plantas muitas vezes são expostas a condições de
baixa luminosidade e altas temperaturas (Hoyer, 1996). O etileno é um fitormônio
produzido em baixa concentração por todas as flores e plantas. Sua função é
importante no crescimento e desenvolvimento, processo de floração,
amadurecimento de frutos e no processo de senescência. Se muito etileno no
ar circundante (gases de exaustão ou por frutas maduras), as flores e plantas
sensíveis ao etileno sofrerão murchamento, secagem do botão, epinastia,
abscisão de folhas, flores e frutos, entre outros (Woltering et al., 1996). Porém, a
concentração de etileno requerida para causar estes efeitos é dependente de
fatores como o tempo de exposição, temperatura, estádio de desenvolvimento e
sensibilidade da espécie ou variedade (Hoyer, 1996).
O mecanismo de percepção do etileno consiste na ligação a uma molécula
receptora, provavelmente uma proteína (ETR1), que possui um sítio de ligação do
fitormônio. Sua ativação se por dois possíveis passos: o próprio receptor ativa
o fitormônio ou, o que parece mais provável, uma via de sinalização formada por
mensageiros secundários vão ao núcleo da célula e induzem a expressão gênica.
Conseqüentemente, a formação de novos mRNAs e novas proteínas desencadeia
uma série de respostas inerentes ao etileno (Kluge et al., 2002). Partindo deste
princípio, o bloqueio da ligação do etileno ao seu receptor, pode reduzir a
4
produção autocatalitica e a sua ação, diminuindo e/ou retardando os efeitos na
planta.
A vida pós-colheita de muitas espécies de plantas ornamentais pode ser
prolongada pelo uso de compostos que inibem a síntese ou ação de etileno
(Serek & Reid, 1993). O aminoetoxivinilglicina (AVG), um inibidor da síntese do
etileno, é uma das alternativas para a conservação de flores e plantas
ornamentais (Serek & Sisler, 2001). Esta substância pode impedir a
transformação da S-adenosilmetionina (SAM) em 1- aminociclopropano -1- ácido
carboxílico (ACC) por inibir a atividade da enzima sintase do ACC (Yang &
Hoffman, 1984). Outra forma de controle dos efeitos do etileno é a utilização de
inibidores da ação que, no tratamento de flores, geralmente é mais eficaz do que
a dos inibidores da síntese, pois bloqueiam o efeito do etileno exógeno presente
na atmosfera de armazenamento, durante o transporte e a comercialização do
produto (Porat et al., 1995). Vários o os compostos capazes de bloquear a
ligação do etileno ao seu receptor na célula, causando inibição dos efeitos deste
hormônio, como é o caso do 2,5-norbornadieno (NBD) e do diazocyclopentadieno
(DACP), que retardaram o amadurecimento de maçãs (Blankenship & Sisler,
1989, 1993; Gong & Tian, 1998), mas por serem tóxicos não têm sido
comercialmente aceitos. O 1-metilciclopropeno (1-MCP ou C
4
H
6
) é um composto
volátil recentemente descoberto e que tem demonstrado ser um potente inibidor
da ação do etileno (Serek
et
al
., 1995). Embora o 1-MCP seja um gás, é
formulado como pó, o qual libera o ingrediente ativo quando misturado a uma
solução básica ou água. O 1-MCP retarda a senescência de flores cortadas e
plantas envasadas, quando aplicado em baixíssimas concentrações (Serek
et
al
.,
1994, 1995; Porat et
al
., 1995; Sisler
et
al
., 1996).
Em pimenta ornamental, são poucos os estudos realizados a respeito dos
fatores pós-produção que afetam a qualidade e durabilidade comercial durante
transporte,
em ambientes de baixa luminosidade, sensibilidade ao etileno, e ação
de antietilenos para o aumento da longevidade em vaso.
5
1.1 Objetivos gerais
Avaliar fatores que afetam a qualidade pós
-
produção de dois acessos e duas
cultivares de pimenta ornamental da espécie
Capsicum annuum
L.
1.2 Objetivos específicos
-
caracterizar
bioquimicamente
frutos de dois acessos e dois cultivares de pimenta
ornamental (Capsicum annuum L.) cultivadas em vaso para potencial de
consumo;
- avaliar os efeitos da exposição ao etileno durante a pós-produção das plantas
de pimenta ornamental (
Capsicum annuum
L.) cultivadas em vaso;
- a0 -0.09187 1932 7351 Tm(a)Tj0.09187 0 0 609187 8444 6377 Tm(a)Tj0.3.09187 0 (l)Tj0.09187 0 0 -0.09187 2783.09187 0 (i)Tj0.09187 0 0 -0.09187 2190.09187 0 0 609187 8444 6377 Tm(a)Tj4250.09187 0 (r)Tj( )Tj0.09187 0 0 -0.09187 2460.09187 0 0 609( )Tj0.09187 0 0 -0.09187 71j0.09187 0 (e)Tj0.09187 0 0 -0.09187 4815.09187 0 feiii d us de
6
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189, 1984.
9
CAPITULO I
CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DOS FRUTOS DE QUATRO GENÓTIPOS
DE PIMENTA ORNAMENTAL (
Capsicum annuum
L.) CULTIVADOS EM VASO
1. INTRODUÇÃO
O gênero
Capsicum
, cujos
frutos
são as
pimentas
e os
pimentões
,
constitui
-
se de plantas da família
Solanaceae
, à qual pertencem também o
tomate
e a
batata
. No Brasil, a produção de pimenta vem crescendo muito nos ultimos
anos, devido a versatilidade de suas aplicações culinárias, industriais, medicinais
e ornamentais (Bosland, 1993). Enquanto nos Estados Unidos e Europa,
pimentas ornamentais em vaso são muito populares (Bo
sland
& Votava, 1999).
No Brasil, o cultivo de pimentas ornamentais em vaso tem se expandido em
função da fácil propagação das sementes, diversidade de cores, formas,
quantidade e duração dos frutos, e, particularmente do porte anão destas plantas,
tornand
o-
as atrativas ao consumidor.
10
As substâncias reponsáveis pelo sabor picante são o
alcalóide
lipófilo
capsicina
ou
capsaicina
(8-
metil
-N-
vanilil
-6-nonenamida) e mais quatro outros
compostos relacionados, colectivamente chamados capsaicinóides. Cada um
destes compostos tem um efeito diferente na
boca
e as suas diferentes
proporções são responsáveis pelas diferentes
sensações
produzidas pelas
diferentes variedades. O grau de pungência é medido na escala de Scoville: o
pimentão verde tem um valor de zero unidades Scoville, os jalapeños, 3,000–
6,000 e os habaneros até 300,000 unidades. É na extremidade basal do
fruto
próxima ao
pedúnculo
que
a
11
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação do departamento de
Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, no período de novembro de
2005 a
Abril de 2006. Foram utilizadas sementes da espécie Capsicum annuum dos
acessos, BGH1039 e BGH 7073, procedentes do Banco de Germoplasma do
Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, e das variedades
‘Mg’ e Calypso fornecidas pela
Epamig. As sementes de pimenta foram colocadas
para germinar em bandeja de isopor contendo substrato comercial. Quando as
plantas atingiram o estádio de três pares de folhas verdadeiras, foram
transplantadas para vasos de 760 ml, 10 cm de altura e 13 cm de diâmetro da
borda. Foram realizadas fertirrigações semanais, até o início da frutificação, com
solução nutritiva contendo 150mg ml
-1
/vaso/dia de adubo comercial Ouro verde
(15
-
15
-
20 NPK + Ca, S, Mg, Zn, B, Fe e Mn).
Os frutos foram colhidos no estádio id
eal para comercialização de pimentas
pungentes, ou seja, quando atingiram a total maturação e, portanto, com a
coloração final de cada material bem definida, exceto para análise dos
capsaicinóides onde se avaliou dois estádios de amadurecimento, imaturo e
maduro (Figura1).
Figura 1 - Estádio de maturação dos frutos dos genótipos BGH 1039, BGH 7073,
Calypso e MG, submetidos à análise de capsaicinóides. I= imaturo; M=
maduro
Foram estudadas as seguintes variáveis: teor de sólidos solúveis
(TSS),
vitamina c e capsaicinóides. Os sólidos solúveis (°Brix) foram determinados em
refratômetro do tipo Abbé, e seus resultados corrigidos para 25°C, para a
determinação do teor de vitamina C (Vit C) seguiu-se a metodologia de Tillmmans
descrito pelo Instituto Adolfo Lutz (1985). A mesma consta da titulação do ácido
I
M
M
I
I
M
M
BGH 1039
BGH 7073
Calypso
MG
12
ascórbico presente no suco da fruta, utilizando-se uma solução de 2,6-
diclorofenolindofenol; usou-se uma solução de ácida (30 gramas de ácido
metafosfórico e 80 mL de ácido acético/L) como solvente e estabilizadora da
vitamina
C.
Cerca de 2 gramas de polpa do fruto fresco foram macerados em
solução ácida, esse macerado foi filtrado e titulado com solução de Tillmanns.
Para extrair os capsaicinóides (capsaicina e dihidrocapsaícina), 1 g de
maté
ria seca dos frutos foi finamente triturado e misturado a 10 mL de
metanol:água (60:40,v/v) e colocado em banho-maria por 5 horas a 60 ºC. A
mistura foi centrifugada a 4000 rpm, 15 minutos e o sobrenadante filtrado (filtro
Milipore Corp, 0.45 µm de poro e
25
mm de diâmetro). Amostras de 50 µL foram
injetadas em um Cromatógrafo de Líquidos de Alta Resolução (HPLC) equipado
com coluna C18 e as leituras realizadas com detector 280nm, de acordo com
metodologia proposta por Maillard et al., (1997), com modificaç
ões
. O tampão
para análise e separação dos capsaicinóides foi composto por metanol:
água:ácido acético (70:29:1, v/v/v), com fluxo de de 1,0 ml/min, a 20
o
C. A
identificação e concentração de capsaicinóides foram estimadas pela comparação
com o tempo de retenção e a curva de calibração (Figura 1a e 1b) com os
padrões de capsaicina e dihidrocapsaicina (Sigma, EUA).
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com
quatro repetições. Os dados de TSS e Vit C foram submetidos à análise da
v
ariância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5%
de probabilidade. Para quantificação do conteúdo de capsaicinóides foi utilizada a
média (desvio padrão) de quatro repetições.
13
y = 184,89x - 0,0376
R
2
= 0,9987
0
5
10
15
20
25
30
35
40
0 0,04 0,08 0,12 0,16 0,2 0,24
Conteúdo de dihidrocapsaicina (mg mL
-1
)
Área
Figura 1-
Curva padrão
de: a) capsaicina, b) dihidrocapsaicina.
y = 236,5x + 0,89
R
2
= 0,9965
0
10
20
30
40
50
60
0 0,04 0,08 0,12 0,16 0,2
Conteúdo de capsaicina (mg mL
-1
)
Área
b
a
14
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
O
teor de lidos solúveis totais (TSS) entre os genótipos, variou de 8,35°
Brix (genótpo BGH 7073), até 12,45° Brix (genótipo MG’), valores semelhantes
aos encontrados por Lanne
s
et al
. (2007) quando analisou 49 acessos de pimenta
da espécie
C.
chinenses
, em que o teor de sólidos solúveis variou de 6,05 a10,
25%.
Quanto maior o teor de sólidos solúveis (ou ºBrix), maior será o rendimento
industrial e menores serão os custos tanto para produção páprica, pois elas
contêm menor conteúdo de água a ser removida durante o processo de secagem,
como para produção de molho líquido (Klieber 2001). O teor de sólidos solúveis
no fruto, além de ser uma característica genética da plantas, é influenciado pela
adubação, temperatura e irrigação (Silva, 2000). Os genótipos BGH 7073 e
Calypso não apresentaram diferenças significavas entre si quanto ao teor
vitamina C (Tabela 1) com valores superiores aos demais genótipos estudados
(Tabela 1). De acordo com Carvalho (1984), o teor de vitamina C encontrado nas
pimentas supera o da laranja, com 60 mg por 100 g de polpa, se igualando a de
goiaba e de acerola.
Tabela 1 - Teor de Sólidos solúveis totais (TSS) e concentração de vitamina C
(Vit C) dos acessos BGH 1039 e BGH 7073 e das cultivares, ‘MG’ e
Calypso
Tratamentos
Vit C
(mg 100g MF
-1
)
TSS
(%)
BGH 1039
108,823 c
11,75 a
BGH 7073
179,629 a
8,35 b
Calypso
177,723 a
8,97 b
MG
136,056 b
12,45 a
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste
de Duncan, a 5% de probabilidade
.
As análises de quantificação dos capsaicinóides, a capsaicina e
dihidrocapsaicina mostram que em três dos quatro genótipos essas sub
stâncias
são encontradas em maiores quantidades nos frutos imaturos (Figura 1 e 2).
Observa
-se que ao longo do amadurecimento as concentrações de capsaicina e
15
dihidrocapsaicina diminuem na maioria dos genótipos. Estes resultados estão de
acordo com os observados por Contreras-Padilla e Yahia (1998) e Garcia et al
(2005), e mostram que a concentração de capsaicinóides em frutos de três
espécies de
Capsicum
é maior nos estádios iniciais de desenvolvimento e
decrescem com o amadurecimento. Porém, no genótipo BGH 1039 não foi
observado acréscimo no teor de capsaicinóides ao longo do amadurecimento dos
frutos (Figura 1 e 2). O genótipo BGH 7073 apresentou alta concentração de
capsaicina e dihidrocapsaicina superando os demais (Tabela 2; Figuras 1 e 2),
podendo ser usadao na indústria alimentícia. Estudos têm mostrado uma relação
inversa entre o acúmulo de capsaicinóides com a atividade da enzima peroxidase
(Contreras
-Padilla e Yahia, 1998; Garcia et al, 2005), em que o aumento da
atividade da enzima acarreta em diminuição do conteúdo de capsaicinóides,
indicando que tais enzimas atuam na oxidação dessas substâncias. Essa
conclusão é corroborada pela localização vacuolar da enzima e dos
capsaicinóides, em especial da Peroxidase B6 que oxida também alguns
precursores
destes compostos (Bernal et al., 1995). O amadurecimento acarreta
aumento na atividade destas enzimas, assim como acontece em outros frutos
durante esse processo. O aumento na atividade das peroxidases durante o
amadurecimento de frutos do gênero
Capsicum
tem sido reportado também por
outros autores (Bernal et al.,1993; Contreras-Padilla & Yahia, 1998; Garcia et al
,
2006).
As maiores concentrações de capsaicina e dihidrocapsaicina foram
observadas, tanto nos frutos imaturos como maduros no genótipo BGH 707
3
(Tabela 2; Figura 1 e 2). Elevados teores de capsaicina, vitamina C e sólidos
solúveis, assim como o reduzido tamanho de frutos são características de grande
interesse para o processamento (Lannes et al., 2007). Os genótipos além de
possuírem características ornamentais, podem ser utilizados em programas de
melhoramento com o objetivo de desenvolverem-se cultivares para
processamento, devido aos altos teores de capsaicinóides, vitamina C e TSS,
desejáveis pela indústria alimentícia para a produção de molhos e condimentos.
16
Tabela 2
-
Concentração de capsaicina (CAP), dihidrocapsaicina (DH) e a proporção CAP:DH em frutos de pimenta
Capsicum annuum
.
Imaturo
Maduro
Genótipos
CAP
(mg g MS)
DH
(mg g MS)
CAP:D
H
CAP
(mg g MS)
DH
(mg g MS)
CAP:DH
BGH 10
39
4,91±1,1
5,18±0,9
1:1,07
3,65±1,7
5,58±1,12
1:1,5
BGH 7073
15,43±4,4
13,28±4,5
1:0,9
10,31±0,16
12,36±0,39
1:1,2
Calypso
6,34±0,26
5,22±0,67
1:0,8
1,16±0,18
3,40±0,14
1:2
MG
3,20±0,14
1,
14±0,20
1:0,4
0,77±0,18
2,48±0,53
1:3,2
17
Concentração de capsaicina
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
BGH 1039 BGH 7073 'Calypso' 'MG'
Genótipo
mg g
-1
MS
Imaturo
Maduro
Figura 1 - Concentração de capsaicina em frutos de Capsicum annuum
,
acessos
BGH 1039 e BGH 7073 e cultivares, MG e Calypso. Os valores são
uma média (
desvio padr
ão) (n= 4).
Concentração de dihidrocapsaicina
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
BGH 1039 BGH 7073 'Calypso' 'MG'
Genótipo
mg g
-1
MS
Imaturo
Maduro
Figura 2 - Concentração de dihidrocapsaicina em frutos de Capsicum annuum
,
acessos BGH 1039 e BGH 7073 e cultivares, ‘MG’ e Calypso. Os
valores são uma média (±
desvio padr
ão) (n= 4).
18
4. CONCLUSÕE
S
- Todos os frutos dos genótipos de pimenta ornamental estudados, apresentam
alto conteúdo de vitamina C e sólidos solúveis totais.
- O acesso BGH 7073 mostra alta concentração de capsaicina e dihidrocapsaicina
- Os maiores teores de capsaicina e dihidrocapsaicina são observados em frutos
imaturos para a maioria dos genótipos estudados, ocorrendo decréscimo com o
amadurecimento.
- Todos os genótipos podem ser utilizados em programas de melhoramento com
intuito de obter plantas ornamentais a com altos teores de sólidos solúveis,
vitamina C e Capsaicinóides, podendo dessa forma, serem utilizados tanto para
ornamentação como processamento.
19
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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11.
21
CAPÍTULO II
FATORES QUE AFETAM A QUAL
IDADE E A DURABILIDADE PÓS
-
PRODUÇÃO DE PLANTAS DE PIMENTA ORNAMENTAL (
Capsicum annuum
L.
) CULTIVADAS EM VASO DURANTE TRANSPORTE E COMERCIALIZAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A floricultura, em seu amplo sentido, abrange o cultivo de flores e plantas
ornamentais com variados fins, que incluem desde as culturas de flores para
corte, plantas envasadas até a produção de mudas arbóreas. As condições de
produção do país, dotado de diversidade de solo e clima, permitem o cultivo de
um grande número de espécies e conferem aos produtos brasileiros
oportunidades de abrirem espaços e de se firmarem no mercado internacional
(Informe Agropecuário, 2005).
Vários são os problemas encontrados na fase de s-produção que afetam
a qualidade e a vida de vaso de plantas ornamentais em
geral, sendo a exposição
22
ao etileno um dos mais importantes. Essa exposição ocorre principalmente
durante o transporte e comercialização, onde as plantas o submetidas a várias
situações de estresse como baixa luminosidade e altas temperaturas (Hoyer,
199
6).
O transporte é um dos principais fatores que influenciam na qualidade e
longevidade das plantas. Sabe-se que no Brasil as condições de transporte de
produtos hortícolas em geral e das flores e plantas ornamentais são ainda
precárias, sendo geralmente, realizado em caminhões baú sem isolamento
térmico, sem ventilação e iluminação e, geralmente, sob condições de elevada
temperatura, sem refrigeração. Em muitos casos, flores e plantas ornamentais
são transportadas junto a hortaliças e frutos, aumentando, com isso, a
concentração de etileno no interior dos caminhões. Além disso, o tempo médio de
transporte, das principais regiões produtoras, Sul e Sudeste, via terrestre, para
abastecimento de regiões como Pará, Estados do Mato Grosso, Tocantins,
Maranhão e Piauí, pode levar de 36 a 48 horas. Mesmo com uso de caminhões
refrigerados, estes são geralmente abertos durante o trajeto, quebrando a cadeia
do frio, gerando problemas fisiológicos, como abscisão, amarelecimento e
amadurecimento das folhagens, além da ocorrência de doenças fúngicas e
bacterianas (Junqueira e Peetz, 2002).
O etileno é um fitormônio produzido em baixa concentração por todos os
órgãos da planta (Verdugo et al., 2003), e que regula uma série de processos de
desenvolvimento e está associado a resposta a estresses. O etileno age
induzindo abscisão de folhas, amadurecimento de frutos, senescência de órgãos,
germinação de sementes e crescimento de plântulas. Geralmente a taxa de
produção de etileno, pelas lulas, aumenta com a maturação, as injúrias físicas,
a incidência de doenças, o aumento da temperatura, até 35 °C, e o estresse
hídrico (Kader, 1992). Em diversas espécies ornamentais o etileno exerce
importante papel na aceleração da senescência, resultando na deterioração dos
tecidos e conseqüente redução da vida pós-colheita. A resposta do tecido vegetal
ao etileno é acompanhada pela indução autocatalítica do próprio hormônio, ou
seja, a exposição do tecido ao etileno estimula a sua própria biossíntese, devido
ao aumento das enzimas sintase do ACC e oxidase do ACC. Um dos possíveis
mecanismos que contribuem para a indução da biossíntese do etileno é a
23
mudança na receptividade do tecido ou na sensibilidade ao etileno (Altvorst &
Bovy, 1995). Conforme relataram Nowak & Rudnicki (1990), as plantas variam
quanto ao grau de sensibilidade ao etileno, de acordo com a espécie estudada. A
idade também é importante, já que se observa a existência de relação direta entre
idade da planta e sensibilidade ao etileno, e quanto mais velho o tecido, menores
ser
ão as concentrações de etileno necessárias para desencadear o processo de
senescência (Porat
et al
., 1995).
Se muito etileno no ar circundante (gases de exaustão ou produzidos
por frutas maduras), as flores e plantas sensíveis ao etileno sofrerão
murcha
mento, seca do botão, abscisão de folhas, flores e frutos, entre outros
(Woltering
et al., 1993). Porém, a concentração de etileno requerida para causar
estes efeitos é dependente de fatores como o tempo de exposição, temperatura,
estádio de desenvolvimento, sensibilidade da espécie ou variedade (Hoyer, 1996).
Outro aspecto importante tanto para produção como para pós-produção, é a
intensidade e a qualidade da luz disponível para as plantas. Açúcares e amido
são sintetizados e armazenados nas hastes, folhas e pétalas e fornecem o
carbono para abertura e manutenção das flores durante a pós-produção (Serek &
Trolle, 2000). A durabilidade e a conservação da qualidade das plantas
envasadas e de corte são geralmente limitadas pela incapacidade da manutenção
da fotossíntese sob condições de baixa luminosidade nos ambientes de interior
onde as plantas são vendidas (floriculturas, supermercados) e no interior das
casas (Serek & Trolle, 2000). A capacidade de tolerar um estresse moderado é
importante para a propagação
da espécie, em ambientes diferentes do seu habitat
natural. A manutenção da integridade do aparelho fotossintético durante o
estresse é significativo como característica de resistência, uma vez que permite
recuperação da fotossíntese após o estresse luminoso e hídrico (Liu & Dickmann,
1993).
Dentre as plantas ornamentais cultivadas em vaso, as pimentas têm-
se
destacado pela crescente e contínua aceitação pelo mercado consumidor
(Upnmoor, 2003). Em princípio, qualquer espécie de pimenta poderia ser utiliz
ada
como planta ornamental, porém as de menor porte, com frutos coloridos, eretos e
vistosos, são as mais indicadas para o plantio em vasos, devido às qualidades
estéticas, principalmente na decoração de ambientes internos (Vieira, 2002).
24
Pertencente a família das solanáceas, as espécies do gênero
Capsicum
são
conhecidas como pimentas e pimentões. O centro de origem desse nero
encontra
-se nas Américas, embora sejam atualmente cultivadas em regiões
tropicais e temperadas do planeta (Casali & Couto, 1984).
No entanto, existem poucos estudos a respeito da qualidade pós-
produção
destas plantas e o seu comportamento durante o transporte e quando
armazenadas no interior das salas comerciais. Nesse contexto, o presente
trabalho teve como objetivo avaliar a sensibilidade de plantas de pimenta
ornamental (
Capsicum annuum
L.) em vaso, a exposição ao etileno, condições de
baixa luminosidade e determinar a extensão dos efeitos causados nas plantas
durante o transporte, comercialização e na qualidade e vida pós
-
produção
.
25
2. MATERIAL E MÉTODOS
Três experimentos foram conduzidos em casa de vegetação do
Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, nos períodos de
novembro de 2005 a Abril de 2006, Janeiro a Abril de 2006 e julho de 2006 a
outubro de 2006 respectivamente (Figura 1). Em todos experimentos foram
utilizadas sementes da espécie Capsicum annuum L. as quais foram colocadas
para germinar em bandeja de isopor contendo substrato comercial. Quando as
plantas atingiram o estádio de três pares de folhas verdadeiras, foram
transplantadas para vasos de 760 mL, 10 cm de altura e 13 cm de diâmetro da
borda. Foram realizadas fertirrigações semanais, até o início da frutificação, com
solução nutritiva contendo 150 mg mL
-1
/vaso/dia de adubo comercial Ouro verde
(15
-
15
-
20 NPK + Ca, S, Mg, Zn, B, Fe e Mn).
Figura 1 - Produção pimenta ornamental em vaso. Casa de vegetação do
Departamento de Fitotecnia, UVF, MG.
26
2.1. Experimento 1 - Taxa fotossintética, ponto de compensação e saturação
lu
minoso
Foram utilizadas sementes de Capsicum annuum L., acessos BGH 1039 e
BGH 7073, procedentes do banco do Banco de Germoplasma do Departamento
de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, e das variedades MG e Calypso
fornecidas pela EPAMIG. As plantas, ao atingirem estádio comercial (com
aproximadamente 30% de frutos maduros), foram levadas p
sa
m 51rdl8u321 3936 Tm(a)Tj0.09187 0 0 -0.09187 2736 2007 3Tj0.0918119 3936 Tm(a)Tj0.09187 0 0 -0.0918609187 0 0 -0.09187 6508 3936 Tm(a)Tj79.09187 0 0 -0.09187 8118 2962 Tm(m)Tj0.09187 0 0 -b09187 8223 3611 Tm(()Tj0309187 0 0 -0.09187 2223 3936 Tm(i)Tj80.09187 0 0 -0.09187 6310 3936 Tm(e)Tj0.09187 0 0 -0.09187 2997 3936 Tm(n)Tj0.09187 0 0 -0.09187 4377 3936 Tm(t)Tj80.09187 0 0 -0.09187 3946 3611 Tm(m)Tj( )Tj/F1 2048 Tf0.09426 0 0 -0.09187 6781 1510 Tm(e)Tj0.09426 0 0 -s.09187 1857 3936 Tm(p)Tj0.09426 0 0 -0.09187 2182 3611 Tm(c)Tj0.09426 0 0 -0.09187 2795 2637 Tm(u)Tj1.09426 0 0 -0.09187 1962 3936 Tm(r)Tj0.9426 0 0 -0.09187 2226 3286 Tm(o)Tj0189426 0 0 -0.09187 2652 2962 Tm(,)Tj( )Tj4309426 0 0 -s.09187 1857 3936 Tm(p)Tj0.09426 0 0 -i.09187 2468 1510 Tm(e)Tj0.09426 0 0 -0.09187 2736 3936 Tm(m)Tj7.09426 0 0 -0.09187 2795 2637 Tm(u)Tj8 39426 0 0 -l.09187 2774 2962 Tm(p)Tj0.09426 0 0 -a.09187 2866 1510 Tm(e)Tj0.89426 0 0 -0.09187 2971 1510 Tm(n)Tj0..9426 0 0 -0.09187 3843 3936 Tm(d)Tjb
o
27
0
corresponde respiração,
1
é a A xima e
2
é um coeficiente de ajuste da
equação.
A curva de resposta de A, em relação à RFA foi realizada com 5
repetições, utilizando
-se uma planta por genótipo.
O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com cinco
repetições, uma planta por vaso e quatro tratamentos (genótipos). Os dados de
vida de prateleira foram submetidos à análise da variância (ANOVA) e as médias
comparadas pelo teste de Duncan em nível de 5% de probabilidade de erro. Os
demais dados foram submetidos ao erro padrão da média (n=5).
28
2.2. Experimento 2
-
Avaliação da sensibilidade ao etileno
Neste experimento, foi avaliada a sensibilidade ao etileno de dois acessos
e duas variedades de plantas de pimenta ornamental, os acessos, BGH1039 e
BGH 7073 provenientes do Banco de Germoplasma do Departamento de
Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, e as variedades, MG e Calypso,
fornecidas pela EPAMIG.
Ao atingirem estádio de desenvolvimento considerado adequado para
comercialização, as plantas com aproximadamente 30% de frutos maduros e
nenhuma flor, foram levadas ao laboratório de Pós-colheita do Departamento de
Fitotecnia, onde foram colocadas em câmaras de 60 L hermeticamente fechadas,
no escuro, simulando transporte. e expostas às concentrações de 0,0 e 10 µL L
-1
(10 ppm) de etileno por 48 horas (Figura 1). A simulação de transporte foi parcial,
pois, não foram analisados fatores como a vibração e a temperatura A
concentração de etileno dentro das câmaras durante o período de exposição, foi
amostrada e analisada em cromatógrafo a gás GC-14B (Shimadzu Corp., Kyoto,
Japan), com coluna Poropak N e detector de ionização de chama (FID) a cada 12
horas. As áreas de pico de etileno foram transformadas em ppm por meio de um
fator de correção obtido pela injeção de um gás padrão com 10 ppm de etileno.
Para a avaliação da qualidade e vida pós-produção, após a aplicação de
etileno, as plantas foram transferidas para o interior de uma sala para simulação
de interior ( lojas, supermercados e casa do consumidor final): com temperatura
de 25±1°C, 8-
10
µmol s
-
1
m
-
2
luz fluorescente, UR
60
-65% e irrigadas quando
necessário. Foram determinados os níveis de clorofilas e carotenóides antes e
após aplicação de etileno. A porcentagem acumulada de abscisão de folhas e
frutos e o amarelecimento das folhas foram realizadas a cada três dias a partir do
primeiro dia após tratamento, sendo encerradas quando as plantas não
apresentavam mais valor comercial (
50% de abscisão de folhas e frutos e/ou 50%
amarelecimento de folhas).
O amarelecimento das folhas após exposição ao etileno, ao lo
ngo dos dias,
foi determinado pelo medidor portátil SPAD-502 (Section. Minolta Camer Co., Ltd,
Japão), sendo analisadas folhas escolhidas aleatoriamente da base, centro e
29
ápice de cada planta, sendo realizadas 3 medições por folha, e considerada a
média das determinações. Os níveis de clorofila e de carotenóides antes e após
aplicação de etileno foram determinados pela técnica de Lichtenthaler (1987),
com modificações. As amostras foram retiradas da mina foliar, com um
perfurador de disco (5 mm de diâmetro), de 3 a 4 folhas de três regiões da planta,
base, centro e ápice, totalizando 10 discos por planta. Sob condições de baixa
luminosidade, os pigmentos foram extraídos dos tecidos foliares por maceração
em almofariz com pistilo, contendo 2 mL de acetona 80% na presença de
carbonato de cálcio. Após maceração e filtragem, o papel de filtro foi lavado com
acetona e o volume foi ajustado em um balão volumétrico de 25 mL A densidade
ótica dos filtrados foi lida em espectrofotômetro a 663, 645 e 470 nm.
Posterio
rmente, os valores das leituras de clorofila e de carotenóides foram
transformados para mg dm
-2
de clorofila no limbo foliar.
O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, em esquema
fatorial 2x4 (concentraçõesxgenótipos) com cinco repetições, em que cada
repetição foi representada por um vaso contendo uma planta. Os dados
referentes a clorofila a, b total e carotenóides foram submetidos à análise da
variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste t em nível 5% de
probabilidade de erro. A abscisão de folhas e frutos e os dados SPAD foram
submetidos ao erro padrão da média (n=5). Para os resultados de vida de
prateleira foi realizada análise da variância (ANOVA) e as médias comparadas
pelo teste Duncan em nível 5% de probabilidade.
Figura 1 -
Câmaras de 60 L nas quais as plantas foram tratadas com etileno.
30
2.3. Experimento 3
-
Tempo de exposição e concentração de etileno
Foram selecionados, para este experimento, o acesso BGH 1039 e a
variedade Calypso, por apresentaram alto nível de sensibilidade ao etileno,
demo
nstrado no experimento anterior (experimento 1). As plantas foram expostas
às concentrações de 0,0; 1 µL L
-
1
(10 ppm) e 10 µL L
-
1
(1 ppm) de etileno por 24 e
48 h. A concentração de etileno dentro das câmaras, durante o período de
exposição, foi amostrado e analisado em cromatógrafo a gás GC-14B (Shimadzu
Corp., Kyoto, Japan), com coluna Poropak Q e detector de ionização de chama
(FID) a cada 12 h. As áreas dos pico de etileno foram transformadas em ppm por
meio de um fator de correção obtido pela injeção de um gás padrão com 10 ppm
de etileno.
Para a avaliação da qualidade e vida pós-produção, após a aplicação de
etileno, as plantas foram transferidas para o interior de uma sala para simulação
de interior (supermercados, lojas e casa do consumidor final):
com temperatura de
25±1°C, 8-
10
µmol s
-
1
m
-
2
luz fluorescente, UR
60
-65% e irrigadas quando
necessário. Foram determinados os níveis de clorofilas e carotenóides antes e
após aplicação de etileno. As porcentagens acumulada de abscisão de folhas e
frutos e
o amarelecimento das folhas foram determinadas a cada três, dias a partir
do primeiro dia após tratamento, sendo encerradas quando as plantas não
apresentavam mais valor comercial (
50% de abscisão de folhas e frutos e/ou 50%
amarelecimento de folhas). As plantas controle, que não receberam tratamento
com etileno, foram divididas em dois grupos: 1) controle que permaneceu na
bancada durante todo o experimento simulando interior e 2) controle que
permaneceu na câmara durante 48 h e depois foi colocado na bancada para
simulação de interior.
O amarelecimento das folhas após exposição ao etileno, ao longo dos dias,
foi determinado com o medidor portátil SPAD-502 (Section. Minolta Camer Co.,
Ltd, Japão), sendo analisadas folhas escolhidas aleatoriamente da base, centro e
ápice de cada planta, sendo realizadas 3 medições por folha, considerando-se a
média das determinações (Figura 1)
.
31
As determinações dos níveis de clorofila e de carotenóides antes e após
aplicação de etileno foram realizadas pela técnica de Lichtenthaler (1987), com
modificações
. As amostras foram retiradas da lâmina foliar, com um perfurador de
disco (5 mm de diâmetro), de 5 a 6 folhas de três regiões da planta, base, centro
e ápice, totalizando 10 discos por planta. Sob condições de baixa luminos
idade,
os pigmentos foram extraídos dos tecidos foliares por maceração em almofariz e
pistilo, contendo 2 mL de acetona 80%, na presença de carbonato de cálcio. Após
maceração e filtragem, o papel de filtro foi lavado com acetona e o volume foi
ajustado em balão volumétrico de 25 mL A densidade ótica dos filtrados foi lida
em espectrofotômetro a 663, 645 e 470 nm. Posteriormente, os valores dos teores
de clorofila e de carotenóides foram transformados para mg dm
-2
de clorofila no
limbo foliar.
O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso, em esquema
fatorial 2x3x2 (tempo exposição x concentração x genótipo) com cinco repetições.
Os teores de clorofila a, clorofila b, clorofila total, carotenóides, foram submetidos
à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste t, em nível
5% de probabilidade de erro
.
Os demais dados foram submetidos ao erro padrão
da média (n=5). Para os resultados de vida de prateleira foram submetidos à
análise da variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo
teste de Duncan, em
nível 5% de probabilidade.
Figura 1- Escala de cores e seus valores correspondentes em unidades SPAD
em folhas de pimenta ornamental em vaso.
±70
-
60
±60
-
50
±50
-
40
±40
-
30
±30
-
20
±20
-
10
32
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Experimento 1 - Resposta fotossintética de plantas de pimenta
ornamental após simulação parcial de transporte
Foi observada uma queda drástica, em todos os genótipos, na taxa
fotossintética (A) e na condutância estomática (g
s
), uma hora após simulação
parcial de transporte (Figura 1 e 2). A queda na r
elação
C
i
/C
a
antes e após
tratamento, não acompanhou em mesmas proporções, os resultados de A e g
s
,
principalmente nos acessos BGH 1039 e BGH 7073 (Figura 1 e 2). Através destes
resultados, pode-se inferir que a redução da taxa fotossintética foi provocada não
pela limitação estomática (g
s
) (Figura 2), mas também, por limitações
não
estomáticas. Considerando-se que a concentração de CO
2
externo (C
a
) manteve-
se constante, essa diminuição na relação C
i
/C
a
deve
-se apenas a variações na
concentração interna (C
i
). Essa pequena queda de C
i
em relação à queda brusca
na taxa fotossintética pode indicar que CO
2
chegando às células do mesofilo,
que não está, entretanto, sendo fixado na fase carboxilativa, possivelmente por
danos em sua estrutura, reduzindo desta forma, a taxa fotossintética. Ao mesmo
tempo, decréscimos significantes em C
i
podem acarretar queda em A devido à
redução na concentração de CO
2
para atividade da ribulose-
1,5
-
bisfosfato
carboxilase
-
oxigenase (Rubisco) (Raschke, 1979).
Dentre os principa
is fatores do meio limitantes da fotossíntese destacam
-
se
disponibilidade de água, luminosidade e a concentração de CO
2
(Larcher, 1995).
O CO
2
é o substrato empregado na etapa química como fonte do carbono que é
incorporado em moléculas orgânicas (Taiz & Zeiger, 2004). As plantas contam,
naturalmente, com duas fontes principais de CO
2
: proveniente da atmosfera, que
penetra nas folhas através dos estômatos, e o liberado na respiração celular. No
caso de plantas submetidas a situações de estresse hídrico, temperatura, salino
ou luminoso, os estômatos se fecham e impedem a entrada do CO
2
atmosférico
limitando o processo fotossintético (Larcher, 2000).
33
0
2
4
6
8
10
12
14
BGH 1039 BGH 7073 Calypso
MG
Genótipos
A (umol CO
2
m
-2
s
-1
)
Antes transporte 48 h As transporte 48 h
Figura 1 - Taxa de fotossíntese líquida (A) de quatro genótipos de pimenta
ornamental submetidos à simulação parcial de transporte por 48 h.
As barras verticais significam o erro padrão da média (n= 5).
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
BGH 1039 BGH 7073 Calypso
MG
Getipos
g
s
(mol m
-2
s
-1
)
Antes transporte 48 h As transporte 48 h
Figura 2 - Condutância estomática (g
s
) em quatro genótipos de pimenta
ornamental submetidos à simulação parcial de transporte por 48 h.
As barras verticais s
ignificam o erro padrão da média (n=5).
34
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
BGH 1039 BGH 7073
Calypso'
MG'
Genótipos
C
i
(uL L
-1
)
Antes transporte 48h Após transporte 48h
0,000
0,200
0,400
0,600
0,800
1,000
1,200
BGH 1039 BGH 7073
Calypso
MG
Genótipos
Razão C
i /
C
a
Antes transporte 48h Após transporte 48 h
Figura 3 - (a) Concentração intercelular de CO
2
(C
i
) e (b) relação C
i
/C
a
(concentração intercelular/externa de CO
2
) em quatro genótipos de
pimenta ornamental submetidos à simulação parcial de transporte
por 4
8 h.
As barras verticais significam o erro padrão da média (n=5).
Neste trabalho, as taxas máximas de
A
em relação à RFA, indicaram
diferença na eficiência de assimilação de CO
2
(Figura
35
demais genótipos (Figuras 5 e 6). Quando a resposta fotossintética d
ecorrente
RFA começa a estabilizar
-
se e alcança a saturação aumentos posteriores no fluxo
fotômico não afetam mais as taxas fotossintéticas, chamado de ponto de
saturação luminosa (Taiz & Zeiger, 2004).
Na maioria das culturas, a fotossíntese
aumenta linearmente em resposta ao aumento da luz até intensidades de cerca
de 25% de luz plena (Silva et. al., 2001).
Acima desta intensidade, a taxa de
fotossíntese de uma dada folha é considerada limitada pela disponibilidade de
força redutora e ATP, que são fornecidos pelos processos ocorrentes nos
fotossistemas I e II, necessários para recuperar a Rubisco, substrato da
carboxilação (Austin, 1989).
A variação do ponto de saturação luminosa pode
ocorrer entre 800 a 1200 µmol m
-2
s
-1
, para plantas de ambiente abertos
e
ensolarados, e 200 a 400 µmol m
-2
s
-1
, para plantas de ambientes sombreados (
Larcher, 2000).
Não houve diferença significativa na taxa respiratória entre os genótipos
(dados não apresentados). Os genótipos apresentaram pontos de compensação
que variaram de 8,8 a 20 µmol s
-
1
m
-2
nos genótipos BGH 1039 e MG,
respectivamente (Figura 5). O ponto de compensação da luz revela em qual fluxo
de fótons ocorre o equilíbrio entre os níveis de CO
2
respirado e do CO
2
absorvido
pelas folhas. Quanto menor a taxa respiratória, menos fótons serão necessários
para atingir o ponto de compensação luminoso. (Taiz e Zeiger, 2004). Como não
houve diferença na taxa respiratória entre os genótipos, a irradiância de
compensação pode ter variado em função do genótipo ou mesmo com
a
temperatura no momento da medição da concentração de CO
2
.
36
37
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
BGH 1039
BGH7073
Calypso
MG
Genótipos
RFA(µmol m-
2
s
-1
)
Médias seguidas de mesma letra diferem pelo teste de Duncan a 5% de
probabilidade.
Figura 6 - Ponto de saturação luminoso de genótipos de pimenta ornamental em
vaso. Radiação fotossinteticamente ativa (RFA). Barras verticais
representam erro médio padrão da média (n=5).
A vida de prateleira diferiu entre os genótipos estudados (Tabela 1). A
cultivar MG, apresentou maior vida de prateleira após transporte, não diferindo do
controle, seguida pelos acessos BGH 7073 e BGH 1039 (Tabela 1). A simulação
parcial de transporte e interior, as quais as plantas foram avaliadas ao longo dos
dias, afetou a durabilidade comercial da cultivar Calypso (Tabela1). Este resultado
pode estar relacionado às condições de escuro durante a simulação de transporte
e a baixa radiação, 8-
10
µmol s
-
1
m
-
2
luz fluorescente, 25±1 °C, no interior da sala
à qual as plantas foram submetidas após tratamento, visto que a cultivar Calypso
estaria sob condições de iluminação inferior ao seu ponto de compensação
luminoso, 18 µmol s
-
1
m
-
2
(Figura 5). Esse resultado contraria a resposta
encontrada nos genótipos BGH 1039, BGH 7073 e cultivar MG, em que a vida de
prateleira não diferiu significativamente entre tratamento e controle e os pontos de
compensação foram de 8,7, 9,1 e 20 µmol s
-
1
m
-2
, respectivamente (Figura 5)
.
Pode
-se inferir que condições limitantes de luz (próximas ao ponto de
compensação), às quais os genótipos foram submetidos durante e após a
simulação de transporte, sob condições de interior, estimulou a produção de
etileno e a cultivar Calypso demonstrou maior sensibilidade. De acordo com
ab
a
b
b
38
Buchanan (2000), folhas que se tornam mais velhas, ou que são deixadas no
escuro, passam a produzir mais etileno.
O transporte de plantas ornamentais em vaso no Brasil, geralmente é
realizado em caminhões-baú, em que as plantas, dependendo da distância entre
os centros de distribuição e o varejo, permanecem no escuro, sem ventilação e
irrigação, por mais de 48 horas, comprometendo dessa forma, sua qualidade e
durabilidade comercial (Junqueira & Peetz, 2002). De acordo com Além do
transporte as plantas e flores ornamentais são na maioria das vezes, são
colocadas em condições de interior inadequadas de luminosidade (Wiliams et al
.,
2000). Durante a produção, as plantas ficam sob condições “ótimas” de
luminosidade e irrigação para seu desenvolvimento. na pós-produção, essas
condições são limitadas (Williams et al.,1999). Rosas miniatura em vaso são
produzidas com 20 h diárias de RFA de aproximadamente 120 µmol s
-
1
m
-2
, em
contraste,
durante o transporte, permanecem no escuro por um período de 4-
7
dias (Borch et al., 1996). Sob condições de interior, representadas pelas lojas,
supermercados e a casa do consumidor, as plantas são expostas, geralmente, a
12 h de iluminação em intensidades que variam de 8-10 µmol s
-
1
m
-2
, as quais
afetam a qualidade e durabilidade das mesmas (Nell e Hoyer, 1995).
Recomenda
-se, no caso da cultivar Calypso, o uso de maiores
intensidades luminosas nos locais de comercialização, que ela é eficiente sob
condições de alta RFA, saturando com aproximadamente 750 µmol s
-
1
m
-2
, e
possui um ponto de compensação luminoso de 18 µmol s
-
1
m
-
2
.
Tabela 1 -
Vida de prateleira de plantas de pimenta ornamental em vaso, acessos
BGH 1039
e BGH 1073 e cultivares Calypso e MG
Médias seguidas de letras ma
iúsculas
diferentes na
linha
e minúsculas na coluna diferem entre si,
pelo Teste de Duncan a 5% de probabilidade.
Tratamentos
BGH 1039 BGH 7073 Calypso
MG
Dias de vida prateleira (dias)
Simulação parcial de
transporte
12,8 a C
22,4 a B
4,0 a D
32,0 a A
Controle
14,4 a C
24,0 a B
8,0 b A
32,0 a A
39
3.2. Experimento 2 - Avaliação da sensibilidade de plantas de pimenta
ornamental ao etileno
Os níveis de clorofila a e total se reduziram, após a exposição a 10 µL L
-
1
etileno por 48 h em todos os genótipos (Tabela 1). A cultivar Calypso e o acesso
BGH 7073 apresentaram diferenças significativas no conteúdo de clorofila
b
antes
e após tratamento, o que não foi observado nos demais genótipos (Tabela 1). Os
genótipos estudados não apresentaram diferença significativa no conteúdo de
carotenóides após tramando com 10 µL L
-
1
de etileno por 48 h (Tabela 1).
Aplicação
de etileno acelera a degradação de clorofila tanto em folhas
destacadas como em folhas não destacadas (Khan, 2006). O etileno aumenta a
expressão de genes de enzimas responsáveis pela degradação da clorofila,
convertendo as clorofilas
a
e
b em fitol e clorofilide (Shimokawa et al., 1978;
Yamauchi
et al., 1997; Matile et al., 1999). O etileno exógeno causa
amarelecimento de folhas de alstroemeria, crisântemo, rosas em miniatura e
Poinsettia
(Hibma, 1988; Tjosvold et al.,1994; Ferrante et al., 2002). Resultados
semelhantes foram obtidos por Serek & Reid (2000), quando expuseram
variedades
de kalanchöe, Alexandra, Debbie e Nadia, cultivadas em vaso, a
concentrações de 1 µL L
-1
de etileno. O etileno pode influenciar tanto a síntese
como a degradação de carotenóides, no caso da mudança da coloração dos
frutos da cor verde para alaranjada, durante o amadurecimento, o etileno é
responsável por estimular a carotenogênese (Casas et al., 1989). Durante a
senescência de folhas de feijão, 10 µL L
-1
de etileno por 48 h induziu uma leve
síntese de carotenóides (Akhtar et al., 1999). Aplicação de etileno em plantas de
feijão selvagem (Phaseolus vulgaris) induziu a abscisão das folhas e diminuição
nos conteúdos de clorofila e carotenóides (Fang et al., 1998). Resultados
semelhantes foram observados em folhas de tomateiro mutante, em que a
aplicação de etileno induziu uma leve diminuição no conteúdo de clorofila total e
carotenóides (Akhtar
et al
., 1999). Em plantas envasadas, a perda da função foliar
reduziu a qualidade visual e a atividade fotossintética, crucial para a manutenção
e extensão da vida das f
lores e folhas (
Barbosa, 2005).
40
Tabela 1 -
Concentração de clorofila a, b, total e carotenóides em folhas de quatro
genótipos de pimenta ornamental antes e após aplicação etileno.
Tratamentos
BGH
1039
BGH
7073
Calypso
MG
Clorofila
a
Antes
2,841
3,553
5,017
4,164
Após
1,556*
2,829*
4,052*
3,139*
Clorofila b
Antes
0,501
0,961
2,021
0,740
Após
0,436
ns
0,775*
1,884*
0,677*
Clorofila Total
Antes
3,342
4,475
8,038
4,903
Após
2,094*
3,604*
5,936*
3,849*
Carotenóides
Antes
0,971
1,239
0,964
0,798
Após
0,824
ns
1,154
ns
1,129
ns
0,661
ns
*, ns, significância de 5% e não significativo, respectivamente, para as médias antes e a
pós
tratamento com etileno, de plantas de pimenta ornamental em vaso pelo teste t de Student
Os genótipos estudados apresentaram diferentes níveis de sensibilidade ao
etileno. A aplicação de 10 µL L
-
1
de etileno, por 48 h, causou maior abscisão
acumulada
de folhas (100% durante o tratamento) na cultivar Calypso, não
afetando a queda dos frutos (Figuras 1 e 2). Diferentemente, o acesso BGH 1039
apresentou uma abscisão acumulada de ± 50% de folhas e frutos a partir do
terceiro dia após aplicação do etileno (Figura 1 e 2). O acesso BGH 7073 e a
cultivar MG foram os genótipos que demonstraram menor sensibilidade ao etileno
(Figuras 1 e 2) em relação à abscisão de folhas, com
±
25% e 35%
respectivamente, após seis dias do tratamento (Figura 1). Os frutos do ace
sso
BGH 7073 foram mais sensíveis ao etileno que as folhas (Figuras 1, 2 e 3), ao
contrário do observado para cultivar MG onde a abscisão de folhas superou a dos
frutos (Figuras 1, 2 e 3). Segundo Khan (2006), a resposta ao etileno pode variar
entre ou dentre espécies, além de cada parte da planta apresentar diferentes
níveis de sensibilidade a esse hormônio. Plantas são consideradas altamente
41
sensíveis ao etileno quando apresentam senescência foliar à exposição 0,5-1 µL
L
-
1
de etileno (Abele et al., 1992). A sensibilidade para cada planta pode ser
determinada pelo uso de 10µL L
-
1
de etileno; concentrações superiores não são
encontradas naturalmente ou em ambientes fechados, portanto, plantas sensíveis
a concentrações superiores podem ser consideradas insens
íveis ao etileno (Khan,
2006).
A abscisão de folhas e frutos tem sido reportada em cultivares de
Capsicum annuum ‘Red Missile’ e ‘Jane’ (Hoyer, 1982; Hoyer, 1996), C.
frutescens
‘Hot yellow Wax’ (Beaudry e Kays, 1998). Neste trabalho, em que se
avaliou os efeitos do etileno em quatro genótipos de TTj0.09187 0 0 -0.09187 5618 8 -0.09187 66j( )Tj0.09187 0 0 -0.09187 691643429 Tm(a)Tj0.09187 0 0 -0.09187 507044429 Tm(n)Tj0.09187 0 0 -0.09187 5771 4429 Tm(a)nj0.09187 0 0 -0.09187 7254 7429 Tm(u)Tj0.09187 0 0 -0.09187 497362429 Tm(u)Tj0.09187 0 0 -0.09187 4974 4429 Tm(q)mj/F1 2048 Tf0.09187 0 0 -0.09187 1776 4429 Tm(d)Tj( )Tj0.09187 0 0 -0.09187 772184429 Tm(a)Tj0.09187 0 0 -0.09187 207886429 Tm(s)Tj( )Tj0.09187 0 0 -0.09187 638088429 Tm(f)Tj0.09187 0 0 -0.09187 298139429 Tm(o)Tj0.09187 0 0 -0.09187 618245429 Tm(l)Tj0.09187 0 0 -0.09187 398286429 Tm(s)hj0.09187 0 0 -0.09187 830794429 Tm(a)Tj0.09187 0 0 -0.09187 189 47429 Tm(s)Tj( 09187 0 0 -0.09187 853691429 Tm(d)Tj( )Tj0.1 2048 Tf0.09187 0 0 -0.09187 1752 442754m100.110Tz(41demonstraramj/F1 2048 Tf0.09187 0 0 -0.09187 1729 442754m100.1z(41Tj/F1 2048 Tf0.09187 0 0 -0.09187 8223 842754m10)Tj0.09187 0 0 -0.09187 30912442754m10)Tj( )Tj0.09187 0 0 -0.09187 37832442754m10)Tj0.09187 0 0 -0.09187 3574 410754m10 09187 0 0 -0.09187 40841542754m10 09187 0 0 -0.09187 40846442754m10 09187 0 0 -0.09187 40510742754m10 09187 0 0 -0.09187 40574 42754m10
c 09187 0 0 -0.09187 476911159 1510 09187 0 0 -0.09187 4756 4459 1510 09187 0 0 -0.09187 477710459 1510
p
p
42
Figura 1 Efeito de
10
µL L
-
1
de etileno por 48 h em plantas de pimenta
ornamental (
C. annuum
), genótipos, Calypso, MG, BGH 1039 e BGH
7073. C= controle; E= etileno.
C
E
C
E
E
E
C
C
BGH 1039
BGH 7073
Calypso
MG
43
BGH 1039
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12 15 18
21
24 27
30
Contole Etileno
BGH 7073
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12 15 18
21 24 27 30
Abscisão acumulada de folhas (%)
Calypso
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12 15 18 21 24 27 30
MG
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12 15
18
21 24 27
30
Dias após tratamento
Figura 2 - Porcentagem acumulada de abscisão de folhas de quatro genótipos de
pimenta ornamental em vaso após aplicação de 10 µL L
-
1
de etileno pelo
período de 48 h. O dia 0 (zero) é referente ao momento em que as
plantas foram retiradas das câmaras. As barras verticais significam o er
ro
padrão da média (n= 5).
44
BGH 1039
0
10
20
30
40
50
60
0 4 8
12 16 20 24 28 32
Controle Etileno
Calypso
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 4 8
12
16 20
24
28 32
Abscisão acumulada de frutos (%)
BGH 7073
0
10
20
30
40
50
0 4 8
12
16
20
24 28 32
MG
0
10
20
30
40
50
0 4 8
12 16 20 24 28 32
Dias após tratamento
Figura 3 - Porcentagem acumulada de abscisão de frutos em plantas de pimenta
ornamental em vaso após aplicação de
10 µL L
-1
de etileno pelo p
eríodo
de 48 h. O dia 0 (zero) é referente ao momento em que as plantas foram
retiradas das câmaras. As barras verticais significam o erro padrão da
média (n= 5).
45
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
BGH 1039
BGH 7073
Calypso'
MG'
Genótipos
Abscisão total de folhas (%)
Controle Etileno
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
BGH 1039 BGH 7073
Calypso
MG
Genótipos
Abscisão total de frutos (%)
Controle Etileno
Figura 4 - Porcentagem total de abscisão de folhas (a) e frutos (b) de quatro
genótipos de pimenta ornamental cultivadas em vaso após aplicação
de
10 µL L
-1
de etileno pelo período de 48 h. As barras verticais
significam o erro padrão da média (n= 5).
Não foram observadas diferenças significativas para cultivar MG, na vida
de prat
eleira, entre as plantas controle e tratadas com etileno por 48 horas (Figura
4). A abscisão de folhas e frutos para este genótipo não comprometeram a
qualidade e durabilidade comercial das mesmas. Tanto as plantas controle como
as tratadas com etileno da cultivar Calypso, apresentaram menor durabilidade
comercial quando comparados aos demais genótipos, em que as plantas controle
duraram média de 9 dias, e as tratadas com etileno 10 µL L
-
1
por 48 h, perderam
sua capacidade comercial logo após o tratamento (Figura 5), mostrando alta
sensibilidade ao etileno.
Os resultados demonstraram que todos os genótipos, exceto para os frutos
da cultivar Calypso, respondem à aplicação etileno com o aumento da abscisão
de folhas e frutos quando comparados às plantas controle (Figura 4).
Embora
a
b
46
todos os genótipos avaliados tenham respondido à presença do etileno, foram
verificadas diferenças nos níveis de sensibilidade entre eles. A partir da abscisão
das folhas, frutos e vida de prateleira, obeservou-se diferentes níveis de
sensibilidade entre os genótipos, sendo a cultivar Calypso a mais sensível,
seguidas pelos acessos BGH 1039 e BGH 7073 e a cultivar MG que apresentou
menor sensibilidade, resultado verificado, quando comparado à vida de prateleira.
A resposta ao etileno é medida pela sua ligação com receptor específico, seguido
pela ativação de uma ou mais rotas de transdução de sinal, induzindo uma
resposta celular (Woltering et al., 1994). Segundo Serek et al. (2006), o nível de
sensibilidade ao etileno nas plantas é geralmente fixado em nível de família de
plantas, mas podem existir diferenças marcantes entre e dentro de plantas de
uma mesma espécie. Ainda em espécies como Dianthus caryophyllus
,
D.
babatus
, existem cultivares dentro destas espécies que variam de insensíveis á
altamente sensíveis (Friedman et al., 2001). Essa variação na sensibilidade
também é verificada em variedades de rosas e crisântemos (Reid
et al
., 1989).
Os efeitos indesejáveis causados pela presença do etileno durante os
processos de transporte e comercialização limitam a qualidade comercial das
plantas e flores ornamentais. Devido à baixa sensibilidade da cultivar MG ao
etileno, a mesma pode ser explorada em futuros programas de melhoramento,
com objetivo de obter plantas mais duráveis.
-5
0
5
10
15
20
25
30
BGH 1039 BGH 7073 Calypso
MG
Getipos
Vida de prateleira (dias)
Controle Etileno
As médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo de Duncan a 5% de
probabilidade.
Figura 5
-
Vida de prateleira de quatro genótipos de pimenta ornamental em vaso.
a
b
a
b
a
b
b
b
a
b
a
b
a
b
b
b
47
3.3. Experimento 3
-
Efeito do tempo de exposição e concentração de etileno
em plantas
de pimenta ornamental cultivadas em vaso
As concentrações de clorofilas totais do acesso BGH 1039 e da cultivar
Calypso, diminuíram após os tratamentos com 10 µL L
-
1
por 24 h, 1 µL L
-1
, por 48
h e
10 µL L
-1
,
por 48 h (Tabelas 1 e 2). Já a concentração de carotenóides não foi
afetada por nenhum dos tratamentos tanto no acesso BGH 1039 como pra cultivar
Calypso (Tabelas 1 e 2). Observou
-
se que a exposição ao etileno por 24 h, a uma
concentração de 1µL L
-1
,
não influenciou as concentrações de clorofilas totais em
ambos os genótipos estudados (Tabelas 1 e 2). Plantas do acesso BGH tratadas
com 1 µL L
-
1
e 10 µL L
-
1
por 48 horas mostraram diminuição gradativa na
intensidade da coloração verde das folhas diferindo dos demais tratamentos
(Figura 1a). Resultados semelhantes foram obtidos por Serek & Reid (2000),
quando expuseram variedades de kalanchöe, Alexandra, Debbie e Nadia,
cultivadas em vaso, a concentrações de 1 µL L
-1
de etileno. O etileno exógeno
também causou amarelecimento de folhas de alstroemeria, cri
sântemo,
miniaturas de rosas e
Poinsettia
(Hibma, 1988; Tjosvold et al.,1994; Ferrante
et
al
., 2002). As plantas da cultivar Calypso tratadas com etileno perderam todas
suas folhas logo após o tratamento, inviabilizando as leituras SPAD (Figura 1b). A
inte
nsidade da coloração verde de ambos os genótipos não diferiu entre os
controles, bancada e câmara, apresentando uma leve queda ao longo dos dias
(Figura 1a e 1b). A aplicação de doses crescentes etileno juntamente ao aumento
no tempo de exposição levou a um maior nível de amarelecimento das folhas do
acesso BGH 1039 (Figura 1a).
48
Tabela 1 - Concentração de clorofila a, b, total e carotenóides em folhas de
pimenta ornamental acesso BGH 1039, antes e após aplicação de
etileno em diferentes concentraçõ
es e tempos de exposição
Tratamentos
24h
1ppm
24h10ppm
48h
1ppm
48h10ppm
C.
Câmara
C.
Bancada
Clorofila a
Antes
4,30
1,50
4,18
4,24
4,33
4,24
Após
3,89*
1,29*
3,20*
3,21*
4,01
ns
4,07
ns
Clorofila b
Antes
1,90
1,82
1,78
2,03
1,72
1,96
Apó
s
1,78
ns
1,38*
1,29*
1,50*
1,76
ns
1,85
ns
Clorofila Total
Antes
6,20
6,17
5,96
6,27
6,05
6,19
Após
5,67
ns
5,40*
4,49*
4,71*
5,77ns
5,92
ns
Carotenóides
Antes
0,78
0,82
0,82
0,88
0,93
0,89
Após
0,68
ns
0,95
ns
0,70
ns
0,87
ns
0,87
ns
0,93
ns
*, ns, significância de 5% e não significativo, respectivamente, para as médias antes e após
tratamento com etileno de plantas de pimenta ornamental em vaso pelo teste t de Student.
49
Tabela 2 - Concentração de clorofila a, b, total e carotenóides em folhas de
pimenta ornamental culitvar Calypso, antes e após aplicação etileno
em diferentes concentrações e tempos de exposição
Tratamentos
24h
1ppm
24h10ppm
48h
1ppm
48h10ppm
C.
Câmara
C.
Bancada
50
fisiológicos confirmam que o etileno afeta fortemente o conteúdo de clorofila,
através da indução de genes que lideram a degradação da mesma e a a
plicação
de etileno acelera a degradação de clorofila tanto em folhas destacadas como em
folhas não destacadas. O etileno promove aumento na atividade das enzimas
clorofilase e oxidases, responsáveis pela degradação da clorofila, convertendo as
clorofilas
a
e
b em fitol e clorofilide (Shimokawa et al
.,
1978; Yamauchi et al
.,
1997; Matile
et al
., 1999)
. Em plantas envasadas, a perda da função foliar reduz a
qualidade visual e a atividade fotossintética, crucial para a manutenção e
extensão da vida das flores e folhas (
Barbosa
et al
., 2005).
51
BGH 1039
0
15
30
45
60
0 1 3 6 9
12
18
Dias após tratamento
Unidades SPAD
24h 1ppm
24h10ppm
48h 1ppm
48h10ppm
control control s/c
Calypso
0
20
40
60
80
0 1 3 6 9
12
18
Dias após tratamento
Unidades SPAD
24h 1ppm
24h10ppm
48h 1ppm
48h10ppm
control control s/c
Figura 1 - Amarelecimento folhas de pimenta ornamental, acesso BGH 1039 e
cultivar Calypso após tratamento com etileno. O dia 0 (zero) refere-
se
às leituras realizadas antes dos tratamentos; o dia 1 refere-se às
leituras realizadas logo após os tratamentos. As barras verticais
significam o erro padrão da média (n= 5).
A aplicação de 10 µL L
-1
de etileno por 48 horas, causou abscisão das
folhas no acesso BGH 1039 no dia primeiro dia após o tratamento (dia 0),
diferindo dos demais tratamentos, em que a abscisão das folhas se iniciou no
terceiro dia (Figura 2a). A abscisão das folhas da cultivar Calypso foi de 100% no
dia 0 nas plantas expostas as concentrações 1 e 10 µL L
-1
, por 48 h (Figura 2b).
a
b
52
Nos demais tratamentos, a abscisão de 100% ocorreu no terceiro dia (Figura 2b).
A abscisão total das folhas em resposta a aplicação de etileno foi mais
pronunciada na cultivar Calypso com queda de 100% comparada ao acesso BGH
1039 onde a abscisão total das folhas não alcançou 60% (Figura 3).
BGH 1039
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12
15
Dias após tratamento
Abscio acumulada
de folhas (%)
24h10ppm
48h 1ppm
48h10ppm
control control s/c 24 h 1ppm
Calypso
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12 15
Dias após tratamento
Abscisão acumulada
de folhas (%)
24h10ppm
48h 1ppm
48h10ppm
c. câmara c. bancada 24 h 1ppm
Figura 2 - Abscisão total e acumulada de folhas de pimenta ornamental, acesso
BGH 1039 e cultivar Calypso após tratamento com etileno. As barras
verticais significam o erro padrão da média (n= 5).
a
b
53
0
20
40
60
80
100
120
c
o
n
t
r
o
l
s
/
c
c
o
n
t
r
o
l
2
4
h
1
p
p
m
2
4
h
1
0
p
p
m
4
8
h
1
p
p
m
4
8
h
1
0
p
p
m
Abscisão total de folhas
(%)
BGH 1039
'Calypso'
Figura 3 - Abscisão total de folhas de pimenta ornamental em vaso, acesso BGH
1039 e cultivar Calypso, após tratamento com etileno. As barras
verticais significam o erro padrão da média (n= 5)
A zona de abscisão dos frutos da cultivar Calypso não apresentou
sensibilidade ao etileno, não ocorrendo queda de frutos ao longo dos dias de
avaliação (dados não apresentados). A maior porcentagem de abscisão dos frutos
do acesso BGH 1039 ocorreu nas plantas submetidas a 10 µL L
-
1
de etileno por
48 horas, seguida pelos tratamentos,
1 µL L
-1
,
por 48 h,
10 µL L
-1
,
por 24 horas e
1
µL L
-1
, por 24 h, diferindo dos controles, câmara e bancada (Figura 3). Não houve
diferença entre os controles, mara e bancada, quanto à porcentagem de
abscisão de folhas, de ambos os genótipos (Figura 2a e 2b). A vida de prateleira
das plantas da cultivar Calypso foi reduzida em mais de 50% após todos os
tratamentos com etileno (Figura 5b). A aplicação de 10 µL L
-
1
de etileno por 48 h
diminuiu em 80% a vida de prateleira do acesso BGH 1039, diferindo dos
controles e demais tratamentos (Figura 4a). A vida de prateleira das plantas do
acesso BGH 1039 tratadas com 1 µL L
-
1
de etileno, por 24 h e 10 µL L
-1
, por 24 h,
não diferiram dos controles, câmara e bancada (Figura 5a).
54
BGH 1039
0
10
20
30
40
50
0 3 6 9
12 15 18
Dias após tratamento
Abscisão acumulada
de frutos (%)
24h 1ppm
24h10ppm
48h 1ppm
48h10ppm
c. câmara c. bancada
Figura 4 -
Abscisão acumulada de frutos de pimenta ornamental em vaso, acesso
BGH
1039, após tratamento com etileno.
As barras verticais significam
o erro padrão da média (n=5).
No acesso BGH 1039 e cultivar Calypso, o tempo de exposição ao etileno
influenciou mais que a concentração, visto que a maior abscisão de folhas
ocorreu com 48 h tanto com a aplicação de 1 como a de 10 µL L
-1
. O tempo de
exposição ao etileno, foi realmente importante, porque, com 1 µL L
-1
houve
abscisão severa das folhas, principalmente na cultivar Calypso, após 48 h,
reduzindo drasticamente a vida pós-
produção
. Estes resultados corroboram com
Hoyer (1996), em que folhas de plantas de C. annuum submetidas 0,5 µL L
-
1
de
etileno por 72 h, apresentaram maior taxa de abscisão comparada as plantas
submetidas a 5 µL L
-
1
por 24 h. Macnish et al. (2004), observou um aum
ento
gradativo de abscisão de pétalas de flores de Geraldton Waxflower, na medida
em que se aumentava o tempo de exposição ao etileno, o mesmo não sendo
verificado quando se aumentou a concentração. A exposição a altas
concentrações de etileno diminui a longevidade de Eustoma grandiflorum
(Ichimura
et al., 1998). Resultados semelhantes foram obtidos por Elgar et al
.
(2003), em que a vida de prateleira de plantas tratadas com etileno reduziu-
se em
50% comparação com a testemunha.
55
A maior abscisão das folhas controle, câmara e bancada, da cultivar Calypso
em relação ao acesso BGH 1039, pode ser devido a maior produção de etileno,
em função das condições de baixa irradiância, as quais as plantas foram
submetidas durante os dias de avaliação. Folhas que são submetidas a
tratamento de escuro produzem mais etileno (Buchanan, 2000).
BGH 1039
0
3
6
9
12
15
18
4
8
h
1
0
p
p
m
4
8
h
1
p
p
m
2
4
h
1
p
p
m
2
4
h
1
0
p
p
m
c
o
n
t
r
o
l
e
c
â
m
a
r
a
C
o
n
t
r
o
l
e
b
a
n
c
a
d
a
Vida de prateleira (dias)
c
Calypso
-3
0
3
6
9
12
15
18
4
8
h
1
0
p
p
m
4
8
h
1
p
p
m
2
4
h
1
p
p
m
2
4
h
1
0
p
p
m
c
o
n
t
r
o
l
e
c
â
m
a
r
a
C
o
n
t
r
o
l
e
b
a
n
c
a
d
a
Vida de prateleira (dias)
As médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo de Duncan em 5% de
probabilidade.
Figura 5 - Vida de prateleira das plantas de pimenta ornamental em vaso,
acesso
BGH 1039 e cultivar Calypso, após tratamento com etileno.
a
a
a
a
b
c
a
a
a a a a
a
b
56
4. CONCLUSÕES
- A fotossíntese dos genótipos estudados de pimenta ornamental em vaso é
afetada bruscamente, após 48 horas de escuro e sem irrigação.
- Condições de baixas irradiância afe
ta a vida de prateleira da cultivar Calypso.
-
Em condições de interior (8
-
10 µmol s
-
1
m
-2
), os genótipos de pimenta ornamental
em vaso estão sob condições de irradiância próxima aos seus pontos de
compensação luminosa.
- Os pontos de compensação luminosos não se relacionam com a diminuição na
vida de prateleira da cultivar Calypso.
- Os genótipos de pimenta ornamental em vaso BGH 1039, BGH 7073, Calypso e
MG apresentam diferentes níveis de sensibilidade ao etileno.
- As folhas dos genótipos de pimenta ornamental em vaso são mais sensíveis ao
etileno exógeno que os frutos.
- A exposição a 10 µL L
-
1
de etileno por 48 h não afetou a vida de prateleira da
cultivar MG, podendo com isso, ser utilizada em programas de melhoramento que
visem aumento da durabili
dade comercial de plantas de pimenta ornamental.
- As plantas de pimenta ornamental espécie C. annuum, acesso BGH 1039 e
cultivar Calypso são classificadas como altamente sensíveis ao etileno.
-
A vida de prateleira do acesso BGH 1039 é afetada pela expo
sição ao etileno às
concentrações de 1 e
10 µL L
-
1
por 48 horas.
-
A vida de prateleira da cultivar Calypso é afetada pelo etileno nas concentrações
de 1 e
10 µL L
-
1
por 24 e 48 horas.
57
- As plantas de pimenta ornamental espécie C. annuum acesso BGH 1039
e
cultivar Calypso são mais sensíveis ao tempo de exposição ao etileno do que a
concentração.
.
58
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66
CAPÍTULO III
AÇÃO DO 1
-
MCP NA PÓS
-
PRODUÇÃO DE PIMENTAS ORNAMENTAIS
(
Capsicum annuum
L.) CULTIVADAS EM VASO
1. INTRODUÇÃO
A conservação pós-colheita de muitas espécies de plantas ornamentais
pode ser prolongada pelo uso de compostos que inibem a síntese ou ação do
etileno (Serek & Reid, 1993). O etileno pode ser endógeno, sintetizado nas
células das plantas, ou exógeno, oriundo de fontes externas, como exaustão de
motores, aquecedores e frutas em amadurecimento. Embora ainda não sejam
bem conhecidos os detalhes moleculares de muitas respostas adversas do etileno,
sabe
-se que os sinais para essas respostas o intermediados pelas proteínas
receptoras de etileno, localizadas na membrana celular (Kluge, 2002).
Em razão dos efeitos diversos do etileno em grande número de espécies
de plantas, muitos deles indesejáveis, necessidade de manejar esses efeitos
67
durante a fase de pós-produção. A sensibilidade ao etileno representa importante
papel durante o transporte e comercialização de rosas envasadas em lojas,
supermer
cados e outras áreas onde o ar é comumente contaminado com esse
gás (Muller
et al
. 1998, 2000a). A necessidade de proteção química contra a ação
do etileno tem sido recomendada para muitas plantas de vaso, pois baixas
concentrações causam rápidas perdas na qualidade das mesmas (Serek & Reid,
1993; Serek
et al
. 1994).
Uma das formas de controle dos efeitos do etileno é a utilização de
inibidores da sua ação, que aplicados em flores, geralmente é mais eficaz do que
a dos inibidores da síntese, pois bloqueia o efeito do etileno da atmosfera de
armazenamento, durante o transporte e a comercialização do produto (Porat
et
al
., 1995). Vários são os compostos capazes de bloquear a ligação do etileno aos
seus receptores na célula, causando inibição dos efeitos deste hormônio, como é
o caso do 2,5-norbornadieno (NBD) e do diazocyclopentadieno (DACP), que
retardaram o amadurecimento de maçãs (Blankenship & Sisler, 1989, 1993; Gong
& Tian, 1998), mas por serem tóxicos não têm sido comercialmente aceitos.
A
pesar de o STS (Tiossulfato de prata) ser bastante efetivo em bloquear a ação do
etileno seu efeito sobre o meio ambiente tem sido criticado tanto por
ambientalistas como por autoridades fitossanitaristas, principalmente pela
permanência do cátion prata no solo e nas águas subterrâneas por períodos
prolongados, podendo passar para o sistema de água potável chegando
finalmente a ser absorvido pelos seres humanos (Nell, 1995).
Recentemente, um grupo de ciclopropenos (Ca -0.09187 6029 8649 Tm(s)Tj87 00.09187 300751 0 -0.09187 5610 8649 Tm(p)Tj0.09187 0 0 7644 7675 Tm(o)Tj0.09187 0 0 -0.09187 7t 0 7644 7675 Tm(o)Tj0.09187 0 Srs
68
ocorram (Jiang et al., 1999). O 1-metilciclopropeno (1-
MCP)
tem sido uma das
alternativas utilizadas na conservação de produtos vegetais, sendo seu efeito
depende da cultivar e estádio de maturidade do fruto no momento da aplicação
(Blankeship & Dole, 2003; Botrel et al., 2002; Golding et al., 1998; Harris et al
.,
2000; Pelayo et al., 2003). O 1-MCP inibe a ação do etileno, bloqueando seus
sítios receptores, presentes nas células vegetais. Acredita
-
se que o 1
-
MCP liga
-
se
permanentemente aos sítios receptores do etileno, das lulas vegetais no
momento da aplicação do produto, e que o retorno da sensibilidade destes
vegetais ao etileno seja devido à síntese de novos sítios receptores (Blankeship &
Dole, 2003).
O 1-MCP retarda a senescência de flores cortadas e plantas envasadas
mesmo seaplicado em baixíssimas concen
trações (Serek
et
al
., 1994, 1995; Porat
et
al
., 1995; Sisler
et
al
., 1996). Recentes estudos indicaram que o 1-MCP, além
de restringir a ação do etileno, pode reduzir sua produção e, com isso, retardar o
amadurecimento de muitos frutos climatéricos, como foi verificado em pêra
(Lelièvre
et
al
., 1997), maçã (Fan
et
al
., 1999), banana (Sisler & Serek, 1997;
Jiang
et
al
., 1999), ameixa (Abdi
et
al
., 1998), tomate (Nakatsuka
et
al
., 1997;
Sisler & Serek, 1997) e damasco (Fan
et
al
., 2000).
Em face do grande potencial de utilização do 1-MCP e da carência de estudos
no que se refere a plantas de pimenta ornamental, este trabalho teve como
objetivo avaliar a eficiência do 1-MCP em bloquear a ação do etileno e estender a
vida pós-produção de plantas de pimenta ornamental da espécie
Capsicum
annuum.
69
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em casa de vegetação do Departamento de
Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa, no período de julho a outubro de
2006. Foram utilizadas sementes do acesso BGH1039, proveniente do Banco de
Germoplasma de Horaliças (BGH) do Departamento de Fitotecnia da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da variedade ‘Calypso’, fornecida pela
Epamig, ambos pertencentes à espécie Capsicum annuum L. As sementes foram
colo
cadas para germinar em bandeja de isopor contendo substrato comercial
Plantmax. Quando as plantas atingiram o estádio de três pares de folhas
verdadeiras, foram transplantadas para vasos de 760 ml, 10 cm de altura e 13 cm
de diâmetro da borda. Foram realizadas fertirrigações semanais, ao início da
frutificação, com solução nutritiva contendo 150mg ml
-1
/vaso/dia de adubo
comercial Ouro verde (15
-
15
-
20 NPK + Ca, S, Mg, Zn, B, Fe e Mn).
As plantas desenvolvidas em casa de vegetação ao atingirem ponto de
com
ercialização (30% frutos maduros e nenhuma flor) foram levadas para uma
sala, onde foram tratadas com 1-MCP (EthylBloc 0,14% ia, Rohm and Hass
Química Ltda., São Paulo, Brasil). Os tratamentos foram realizados em câmaras
herméticas, de 60 L, onde as plantas permaneceram no escuro e sem irrigação
durante o tratamento
.
Nesse ambiente, o produto comercial foi dissolvido em água
a 50ºC, liberando o gás 1-MCP. Os tratamentos foram constituídos de: 1) controle
bancada, onde as plantas permaneceram no interior de uma sala durante todo
período de pós produção; 2) controle câmara, onde as plantas permaneceram
dentro de uma câmara por 48h; 3) 1 µL L
-1
1-
MCP por 6 h ; 4) 1 µL L
-1
1-
MCP por 6
h + 10µL L
-
1
etileno 48 h; 5) 10 µL L
-
1
etileno 48 h. Para a avaliação da qualid
ade e
vida pós-produção, após a os tratamentos, as plantas dos tratamentos 2, 3, 4, e
5,as plantas foram transferidas para o interior de uma sala para simulação de
interior ( lojas, supermercados e casa do consumidor final): com temperatura de
25±1°C, 8-
10
µmol s
-
1
m
-
2
luz fluorescente, UR
60
-65% e irrigadas quando
necessário.
Foram avaliadas, a qualidade e durabilidade comercial, como segue
seguintes parâmetros: intensidade de coloração verde das folhas, determinada
70
pelo aparelho SPAD-502 (Minolta Co. LTd), sendo analisadas folhas escolhidas
aleatoriamente da base, centro e ápice de cada planta; porcentagem de abscisão
acumulada de folhas e frutos e vida de prateleira. Todas as avaliações foram
realizadas a cada três dias após a aplicação do etileno, send
o encerradas quando
as plantas não tinham mais valor comercial (50% de abscisão de folhas e frutos
e/ou 50% amarelecimento de folhas).
As determinações dos níveis de clorofila e de carotenóides antes e após
aplicação dos tratamentos, foram realizadas com a técnica de Lichtenthaler
(1987), com modificações. As amostras foram retiradas da lâmina foliar, com um
perfurador de disco (5 mm de diâmetro), de 5 a 6 folhas de três regiões da planta,
base, centro e ápice, totalizando 10 discos por planta. Sob condições de baixa
luminosidade, os pigmentos foram extraídos dos tecidos foliares por maceração
em almofariz com pistilo, contendo 2 mL de acetona 80%, na presença de
carbonato de cálcio. Após maceração e filtragem, o papel de filtro foi lavado com
acetona e o volume foi ajustado em um balão volumétrico de 25 mL. A densidade
ótica dos filtrados foi lida em espectrofotômetro a 663, 645 e 470 nm.
Posteriormente, os valores dos teores de clorofila e de carotenóides foram
transformados para mg/dm
2
de clorofila no limb
o foliar.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao caso, em
esquema fatorial 2x5 (doses de etileno e 1
-
MCP x genótipo) com cinco repetições.
Os dados referentes a clorofila a, b, total e carotenóides foram submetidos à
análise da variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste t de Student
emnível 5% de probabilidade de erro. Os demais dados foram submetidos ao erro
padrão da média (n=5).
71
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O tratamento com etileno diminuiu o conteúdo de clorofila total para
ambos os genótipos (Tabelas 1 e 2). Resultados semelhantes foram obtidos por
Serek & Reid (2000), quando expuseram variedades de kalanchöe, Alexandra,
Debbie e Nadia, cultivadas em vaso, a concentrações de 1 µL L
-1
de etileno por
24 h. O etileno exógeno causou amarelecimento de folhas de
alstroemeria,
crisântemo, miniaturas de rosas e
Poinsettia
(Hibma, 1988; Tjosvold et al.,
1994;
Ferrante
et al., 2002). O etileno acelera a degradação de clorofila tanto em folhas
destacadas como em folhas não destacadas (Khan, 2006). O etileno promove
aumento na atividade das enzimas clorofilase e oxidases, responsáveis pela
degradação da clorofila, convertendo as clorofilas
a e
b em fitol e clorofilide
(Shimokawa
et al
., 1978; Yamauchi
et al
., 1997; Matile
et al
., 1
999).
Os tratamentos não afetaram o conteúdo de carotenóides tanto para
cultivar Calypso como para o acesso BGH 1039 (Tabelas 1 e 2). Estes resultados
contrariam os obtidos por Akhtar et al. (1999), onde a exposição de folhas de
feijão à 10 µL L
-1
de etileno por 48 h, induziu a síntese de carotenóides. Fang
et al. (1998), verificou uma diminuição nos conteúdos de clorofila e carotenóides
após a aplicação de etileno em plantas de feijão selvagem (
Phaseolus vulgaris
). O
etileno pode influenciar tanto a síntese como a degradação de carotenóides, no
caso da mudança da coloração dos frutos da cor verde para alaranjada, durante o
amadurecimento, o etileno é responsável por estimular a carotenogênese (Casas
et al
., 1989).
Tanto as plantas do acesso BGH 1039 como a cultivar Calypso tratadas
com 1-MCP não alteraram o conteúdo de clorofila total e carotenóides (Tabelas 1
e 2). A intensidade da coloração verde foi mantida ao longo dos dias de avaliação
nas plantas tratadas com 1-MCP e 1-MCP+etileno em ambos os genóti
pos
(Figura 1). Observou-se no acesso BGH 1039, que a manutenção da intensidade
da coloração verde nas plantas tratadas com 1-MCP e 1-MCP +E foi superior aos
observados nos controles, câmara e bancada (Figura 1a).
O tratamento com 1-MCP+E foi eficiente em manter a coloração
verde das folhas, superando os controles este resultado, foi verificado
72
principalmente nas plantas do acesso BGH 1039, demonstrando a eficácia desta
substância em bloquear a ação do etileno. As plantas do acesso BGH 1039 e
cultivar Calypso tratadas apenas com 1-MCP mantiveram a intensidade da
coloração verde por mais tempo que nas plantas controle.
Tabela 1
-
Concentração de clorofila
a, b
, total e carotenóides em folhas de
pimenta ornamental em vaso, acesso BGH 1039
Tratamentos
MCP
Etileno
MCP+Etileno
C. Câmara
C. Bancada
Clorofila a
Antes
6,75
6,38
6,54
6,25
6,57
Após
6,25
ns
4,76*
6,02
ns
5,66
ns
6,14
ns
Clorofila b
Antes
2,04
2,28
1,85
1,95
2,20
Após
1,75
ns
1,95
ns
1,96
ns
1,69
ns
1,93ns
Clorofila Total
Antes
8,79
8,67
8,39
8,20
8,77
Após
8,00
ns
7,06*
7,48
ns
7,35
ns
8,07
ns
Carotenóides
Antes
1,13
1,03
0,96
1,11
0,92
Após
1,28
ns
1,23
ns
0,89
ns
0,99
ns
1,09
ns
*, ns, respectivamente, significância de 5% e não significativo para as médias antes e após
tratamento de plantas de pimenta ornamental em vaso pelo teste t de Student.
73
Tabela 2 - Concentração de clorofila a, b, total e carotenóides em folhas de
pimenta ornamental em vaso, cultivar Calypso
Tratamentos
MCP
Eti
leno
MCP+Etileno
C. Câmara
C. Bancada
Clorofila a
Antes
4,02
3,89
4,44
4,47
4,28
Após
4,12
ns
3,00
ns
4,23
ns
3,97
ns
4,36
ns
Clorofila b
Antes
1,56
1,90
1,84
1,55
1,43
Após
1,20
ns
1,26*
1,82
ns
1,63
ns
1,49
ns
Clorofila Total
An
tes
5,58
5,80
6,28
6,02
5,49
Após
5,32
ns
4,20*
6,08
ns
5,60
ns
5,79
ns
Carotenóides
Antes
0,83
0,98
0,68
0,75
0,97
Após
0,81
ns
0,86
ns
0,81
ns
0,70
ns
0,88
ns
*, ns, respectivamente, significância de 5% e não significativo para as médias antes e após
tratamento de plantas de pimenta ornamental em vaso pelo teste t de Student.
74
BGH 1039
0
20
40
60
80
100
0 1 3 6 9
12 15 18
Dias após tratamento
Unidades SPAD
C bancada C câmara Etileno
1-MCP
1-MCP+E
Calypso
0
20
40
60
80
100
0 1 3 6 9
12 15
18
Dias após tratamento
Unidades SPAD
C. bancada C. câmara Etileno
1-MCP
1-MCP+E
Figura 1- Amarelecimento das folhas de pimenta ornamental, acesso BGH 1039
(a) e cultivar Calypso (b).
As barras verticais significam o err
o padrão da
média (n= 5).
Os tratamentos, 1-MCP e 1-MCP seguidos por 48 h em etileno foram
eficazes em reduzir a abscisão de folhas e frutos do acesso BGH 1039 em
comparação às plantas tratadas somente com etileno (Figuras 2 e 3). O
tratamento com 1
-
MCP
+etileno foi efetivo em diminuir a percentagem de abscisão
das folhas da cultivar Calypso (Figura 5). A cultivar Calypso não apresentou
b
a
75
abscisão dos frutos para nenhum tratamento (Figura 4). A aplicação exclusiva de
1-MCP em ambos os genótipos, diminuiu a abscisão de folhas, em comparação
aos controles e tratamento apenas com etileno (Figuras 3 e 5). Esse resultado
evidencia que, mesmo na ausência de etileno exógeno, o 1-MCP foi eficiente em
prolongar a conservação das plantas de pimenta ornamental em vaso. Em
orquídeas do gênero Cymbidium,
a aplicação de 1-MCP também estendeu
significativamente a longevidade das flores cortadas, independentemente da
presença ou não de etileno na atmosfera após o tratamento com 1
-
MCP (Heyes &
Johnston, 1998).
Em diversos estudos realizados com flores, o 1-MCP apresenta máximo
efeito em inibir a ação deletéria do etileno quando aplicado antes da exposição ao
hormônio, e o efeito benéfico diminui se o 1-MCP for aplicado em conjunto ou
após o etileno (Bankenship & Dole, 2003). Hastes de Matthiola incana tratadas
com 1 mL L
-1
de etileno por 48 h, promoveu 100% de abscisão das pétalas e
induziu epinastia das folhas. Esses efeitos foram completamente prevenidos
quando as flores foram pré-tratadas com 500 nL L
-1
de 1-MCP por 6 horas,
semelhante aos resultados obtidos com esporinha nos tratamentos contendo 1-
MCP (Celikel & Reid, 2002) e lírios orientais das espécies, “Mona Lisa” e
“Stargazer
(Elgar
et al., 1999). Trabalhos realizados flores altamente sensíveis ao
etileno como cravos, a aplicação 1-MCP na concentração 0,5 nL L
-
1
de por 24 h,
foi eficaz em bloquear o etileno (Sisler & Serek, 2001, 2003). O amarelecimento
acelerado e abscisão foliar precoce de folhas, efeitos do etileno observados em
brassicáceas são revertido com o uso de 1-MCP (Suslow & Cantwell, 2000;
Wagner
et al., 2001). Com a aplicação de 100 mg L
-1
de Ethrel, a longevidade de
esporinha foi reduzida em cerca de 69%, comparada com as inflorescências-
controle. A fumigação com 0,5 g m
-3
de 1-MCP comercialmente vendido c
omo
SmartFresh
TM
, porém, aumentou em 33% a longevidade em relação ao controle
(Santos
et al.
, 2005).
76
BGH 1039
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 3 6 9
12 15 18
Dias após tratamento
Abscisão acumulada de
frutos (%)
C câmara C bancada
1-MCP
1-MCP+etil
Etileno
BGH 1039
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
C câmara
C bancada
1-MCP 1-MCP+etil
Etileno
Tratamentos
Abbscio total de frutos (%)
Figura 2 - Abscisão acumulada (a) e total (b) de frutos de pimenta ornamental,
acesso BGH 1039 As barras verticais significam o erro padrão da
média (n=5). C câmara= controle dentro da câmara; C bancada=
controle que permaneceu na bancada.
a
b
77
BGH 1039
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12 15 18
Dias após tratamento
Abscisão acumulada
de folhas (%)
C câmara C bancada
1-MCP
1-MCP+etil Etileno
BGH 1039
0
20
40
60
80
100
C. câmara C bancada
1-MCP
1-MCP+etil Etileno
Tratamentos
Abbscisão total de folhas
(%)
Figura 3 - Abscisão acumulada (a) e total (b) de folhas de pimenta ornamental,
acesso BGH 1039. As barras verticais significam o erro padrão da
média
(n= 5). C câmara= controle dentro da câmara; C bancada=
controle que permaneceu na bancada.
Foi observado que as plantas tratadas apenas com 1-MCP, mostraram
longevidade superior as plantas controles, da bancada e da câmara, sugerindo,
com isso, que a baixa irradiância (8-10 µ mol s
-1
m
-2
) em que as plantas foram
expostas no interior da sala, induziu a produção de etileno, e que o 1-MCP foi
eficaz em inibir a ação do hormônio produzido em decorrência do estresse
luminoso
. Folhas submetidas a tratamento de escuro produzem mais etileno
(Buchanan, 2000). Em orquídeas do gênero
Cymbidium,
a aplicação de 1-
MCP
também estendeu significativamente a longevidade das flores cortadas,
b
a
78
independentemente da presença ou não de etileno na atmosfera, após o
tratamento com
1
-
MCP (Heyes & Johnston, 1998).
O pré-tratamento com 1-MCP foi eficiente em bloquear a ação do etileno,
preservando a coloração verde das folhas e diminuindo e abscisão das folhas dos
genótipos, Calypso e BGH 1039, com resultados semelhante aos exibidos
pelas
plantas controle e as tratadas exclusivamente com 1-MCP (
Figuras
2, 3 e 5).
Portanto, a aplicação de 1
-
MCP antes da exposição ao etileno, fo
i efetiva em inibir
a ação do etileno, sugerindo com isso, que durante os 18 dias após a aplicação
de 10 µL L
-1
de etileno por 48 h, não foram suficientes para que houvesse síntese
de novos sítios de ligação nem remover o 1-MCP dos mesmos, demonstrando
com
isso a alta afinidade deste composto pelo receptor do etileno. O 1-MCP liga-
se aos receptores de etileno com uma meia vida de difusão entre 7 e 12 dias,
comparado com 2 a 10 min. para o etileno (Sisler & Serek, 1997, 1999) esse
tempo de difusão, sugere que a ligação do 1-MCP ao receptor do etileno é
praticamente irreversível; porém, assim que o complexo receptor do 1-MCP é
metabolisado, o processo revertido, com a síntese de novos receptores (SereK
et
al
., 1994; Sisler e Serek, 1997). O 1-MCP utilizado tanto sozinho como
precedendo a aplicação de etileno reduziu a abscisão de folhas e frutos do
acesso BGH 1039 e das folhas da cultivar Calypso, além de manter a coloração
verde, em ambos os genótipos, por mais tempo, promovendo melhores resultados
que os cont
roles. Estes resultados demonstram que o 1
-
MCP foi realmente efetivo
em bloquear os efeitos indesejáveis causados pelo etileno e mesmo na ausência
de etileno exógeno, o 1-MCP foi eficiente em prolongar a conservação de plantas
de pimenta ornamental em vaso
.
O
1-MCP tem grande potencial no controle da atividade do etileno em pós-
produção de muitas plantas e flores ornamentais, mantendo a qualidade desses
produtos durante o armazenamento temporário, transporte, tempo de exposição
nas lojas e supermercados e nos consumidores finais. Os benefícios do uso
dessa tecnologia incluem: redução significativa de perdas dos produtos pós-
produção e pós-colheita, pela manutenção dos parâmetros de qualidade por
maior tempo de armazenamento e comercialização; possibilidade de misturar
produtos com diferentes níveis de produção e sensibilidade ao etileno; aumento
da competitividade no mercado; e expansão das oportunidades de exportação.
79
Calypso
-0,2
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 3 6 9
12 15 18
Dias após tratamento
Abscisão acumulada de
frutos (%)
C câmara
C bancada
1-MCP
1-MCP+etil
Etileno
Figura 4 -
Abscisão acumulada de frutos de pimenta ornamental, cultivar Calypso
.
C câmara= controle dentro da câmara; C bancada= controle que
permaneceu na bancada.
80
Calypso
0
20
40
60
80
100
0 3 6 9
12
15
18
Dias as tratamento
Abscisão acumulada
de folhas (%)
C câmara C bancada
1-MCP
1-MCP+etil Etileno
81
4. CONCLUSÕES
- O pré-tratamento com 1-MCP reduz a abscisão de folhas e frutos dos quatro
genótipos de pimenta ornamental cultivada em vaso expostos ao etileno.
- O pré-tratamento com 1 µL L
-1
de 1-MCP seguido da aplicação de 10 µL L
-1
de
etileno por 48 horas bloqueia a ação deste hormônio, aumentando a qualidade e a
durabilidade comercial durante transporte e comercialização de plantas de
pimenta ornamental cultivada em vaso em vaso com diferentes níveis de
produção e sensibilidade ao etileno
.
/
.
82
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87
6. CONCL
USÕES GERAIS
- Todos os frutos dos genótipos de pimenta ornamental estudados, apresentam
alto conteúdo de vitamina C e sólidos solúveis totais.
- Capsaicina e dihidrocapsaicina são encontradas em maiores quantidades em
frutos imaturos e sofrem decréscimo com o amadurecimento, na maioria dos
genótipos estudados.
- Todos os genótipos podem ser utilizados em programas de melhoramento com
intuito de obter plantas ornamentais a com altos teores de sólidos solúveis,
vitamina C e Capsaicinóides, podendo dessa forma, serem utilizados tanto para
ornamentação como processamento.
- A fotossíntese dos genótipos estudados de pimenta ornamental em vaso é
afetada bruscamente, após 48 horas de escuro e sem irrigação.
-
Em condições de interior (8
-
10 µmol s
-
1
m
-2
), os
genótipos de pimenta ornamental
em vaso estão sob condições de irradiância próxima aos seus pontos de
compensação luminosa.
- Os genótipos de pimenta ornamental em vaso BGH 1039, BGH 7073, Calypso e
MG apresentam diferentes níveis de sensibilidade ao etil
eno.
- As folhas dos genótipos de pimenta ornamental em vaso são mais sensíveis ao
etileno exógeno que os frutos.
- As plantas de pimenta ornamental espécie C. annuum, acesso BGH 1039 e
cultivar Calypso são classificadas como altamente sensíveis ao etile
no.
88
- As plantas de pimenta ornamental espécie C. annuum acesso BGH 1039 e
cultivar Calypso são mais sensíveis ao tempo de exposição ao etileno do que a
concentração.
- O pré-tratamento com 1-MCP reduz a abscisão de folhas e frutos dos quatro
genótipos d
e pimenta ornamental cultivada em vaso expostos ao etileno.
- O pré-tratamento com 1 µL L
-1
de 1-MCP seguido da aplicação de 10 µL L
-1
de
etileno por 48 horas bloqueia a ação deste hormônio, aumentando a qualidade e a
durabilidade comercial durante transporte e comercialização de plantas de
pimenta ornamental cultivada em vaso em vaso com diferentes níveis de
produção e sensibilidade ao etileno
.
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