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corporações médicas (ginecologia-obstetrícia, pediatria, médicos de família e enfermagem),
organizações da saúde suplementar, organizações do movimento social e de controle social,
hospitais e instituições de ensino superior
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. A composição do movimento não é fechada, e
outras organizações podem vir a aderir ao processo.
Antes de deflagrar o movimento, a Comissão Perinatal convidou todas as
maternidades SUS-BH a apresentar, em reunião extraordinária da Comissão, no dia 21 de
março de 2007, quais medidas para humanização da assistência ao parto estavam sendo
implementadas. Todas as maternidades SUS-BH se dispuseram a apresentar, exceto a Mater
Clínica, indicando mais uma vez a dificuldade de hospitais privados com fins lucrativos
prestadores de serviços ao SUS se submeterem ao controle social. Mas as outras
maternidades SUS também se submetem ao controle da Comissão Perinatal de maneira
diferenciada. No acompanhamento realizado junto às reuniões ordinárias da Comissão,
observou-se uma relutância do hospital universitário em aceitar que sua taxa de cesárea seja
alta. A argumentação, epidemiologicamente tautológica (“a taxa é alta porque faz pouco
parto normal”), é que a alta complexidade da atenção e os partos de risco forçam as taxas
para cima. Já que o Hospital das Clínicas não é o único serviço do SUS para o atendimento
de gestantes de risco, e como ele também está incluído no sistema de referência da mesma
forma que os outros, fica a ser explorada a questão desse argumento realmente se relacionar
com uma diferença no perfil de risco da clientela ou se o mesmo está baseado na
representação que um hospital universitário constrói de si
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. Por outro lado, outros hospitais
públicos, também com atendimento de gestante de alto risco, reconhecem que sua taxa é alta
e buscam ações para sua redução.
Após três reuniões gerais da campanha “BH pelo Parto Normal”, a Comissão
Perinatal criou quatro grupos de trabalho, na perspectiva de comprometer cada ator com sua
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A composição atual do Movimento BH pelo Parto Normal inclui: Comissão Perinatal, UNIMED-BH, Caixa de
Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (CASSI), Fundação de Seguridade Social (GEAP), Sindicato
dos Médicos de Minas Gerais, Comissão de Saúde da Câmara, Comissão de Saúde da Assembléia, Frente
Parlamentar Saúde da Mulher, Rede Feminista de Saúde, Coordenadoria Municipal de Direitos da Mulher,
Conselho Municipal de Saúde, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Pastoral da
Criança, Ministério Público, Promotoria da Infância e Juventude, Associação Hospitais de Minas Gerais,
Federação das Filantrópicas, Federação Santas Casas, Secretaria de Estado da Saúde, Agência Nacional de
Saúde, Conselho Regional de Medicina-MG, Conselho Regional de Enfermagem-MG, Associação Médica de
Minas Gerais, Academia Mineira de Pediatria, Sociedade Mineira de Pediatria, Sociedade Mineira de
Ginecologia e Obstetrícia, Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica-MG, Associação Brasileira de
Enfermagem-MG, Associação Medicina de Família e Comunidade, Universidade Federal de Minas Gerais,
Faculdade de Ciências Médicas, PUC Minas.
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Segundo relato de entrevista, no treinamento oferecido pela prefeitura em ALSO – Suporte Avançado de Vida
em Obstetrícia – o staff de todos os hospitais públicos de Belo Horizonte participou, exceto do Hospital das
Clínicas, que só enviou residente, em uma demonstração da lógica de que um Hospital Universitário só tem a
ensinar, e não a aprender.