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ATUALIZAÇÃO DA ANÁLISE DE INUNDAÇÃO INTERNA NAS SALAS DE
COMPONENTES DE SEGURANÇA DE ANGRA 1
Paulo Roberto de Souza
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS
PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA NUCLEAR.
Aprovada por:
Prof. Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo, D. Sc.
Prof. Antônio Carlos Marques Alvim, Ph.D.
Prof. Antônio José da Silva Neto, Ph.D.
Prof. José Luiz Fernandes, D. Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
FEVEREIRO DE 2005
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ii
SOUZA, PAULO ROBERTO
Atualização da Análise de Inundação
Interna nas Salas de Componentes de Se-
gurança de Angra 1 [Rio de Janeiro] 2005
XIV, 66 p. 29,7 cm (COPPE / UFRJ,
M.Sc., Engenharia Nuclear, 2005)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Análise de Inundação Interna
2. Análise da Ruptura de Tubulações
3. Análise da Freqüência de Danos ao
Equipamento
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
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iii
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo pela dedicação
demonstrada e valiosa orientação para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao Prof. Antônio Carlos Marques Alvim pelos comentários e grande
contribuição.
Aos Profs. Antônio José da Silva Neto e José Luiz Fernandes pela participação
na Banca Examinadora.
Ao corpo docente do Programa de Engenharia Nuclear da COPPE/UFRJ cujo
ensinamento foi essencial para a realização desta dissertação
Ao Eng. Maurício Rondon Mirilli, da Assessoria de Garantia da Qualidade da
ELETRONUCLEAR, por ter acreditado e me apoiado na realização deste trabalho.
Aos funcionários da COPPE/Nuclear pela prestabilidade em todos os
momentos.
Aos colegas da ELETRONUCLEAR e da COPPE/Nuclear, pelo incentivo e
cooperação.
A toda minha família, principalmente à Regina, pelo apoio e incentivo em
todos os momentos desta jornada.
A Deus pela oportunidade.
iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
ATUALIZAÇÃO DA ANÁLISE DE INUNDAÇÃO INTERNA NAS SALAS DE
COMPONENTES DE SEGURANÇA DE ANGRA 1
Paulo Roberto de Souza
Fevereiro/2005
Orientadores: Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo
Antônio Carlos Marques Alvim
Programa: Engenharia Nuclear
Este trabalho apresenta uma atualização da análise de inundação interna nas
salas de componentes de segurança de Angra 1.
A inundação interna é analisada relativamente ao potencial de falhas de causa
comum de equipamentos e ações humanas que podem resultar no início de um
acidente.
Utilizando a metodologia elaborada pelo Electric Power Research Institute
EPRI para determinação da taxa de falhas em tubulações, verificou-se a freqüência de
ruptura da tubulação do Sistema de Água de Serviço.
Realizou-se uma avaliação do tempo de inundação do compartimento
selecionado, da freqüência de danos ao equipamento devido à inundação e da freqüência
de danos ao núcleo devido à perda das bombas do Sistema de Resfriamento de
Componentes.
Os resultados encontrados mostraram um pequeno aumento no valor das
freqüências analisadas, em virtude do acréscimo do número de seções consideradas na
análise da ruptura da tubulação.
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
INTERNAL FLOODING ANALYSIS UPDATE OF ANGRA 1
SAFETY-RELATED COMPONENT ROOMS
Paulo Roberto de Souza
February/2005
Advisors: Paulo Fernando Ferreira Frutuoso e Melo
Antônio Carlos Marques Alvim
Department: Nuclear Engineering
This work presents an update of the internal flooding analysis of Angra 1
safety-related component rooms.
Internal flooding is analyzed in terms of potential failures caused jointly by
equipments and operators, which can result in the beginning of an accident.
Using the methodology developed by the Electric Power Research Institute
- EPRI, the frequency of Service Water System piping rupture was updated.
An evaluation was performed of the flooding time of the selected compartment,
of the frequency of equipment damage due to flooding, and also of the core damage
frequency due to the loss of the Component Cooling System pumps.
The results showed a small increase in the value of the analyzed
frequencies, because of the increment of the number of sections considered in the
analysis of the piping rupture.
vi
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 APRESENTAÇÃO 1
1.2 DESCRIÇÃO DO TRABALHO 3
2 ANÁLISE DE INUNDAÇÃO INTERNA DE ANGRA 1 4
2.1 INTRODUÇÃO 4
2.2 METODOLOGIA 4
2.2.1 SELEÇÃO DAS ZONAS DE INUNDAÇÃO 6
2.2.2 FONTES POTENCIAIS DE INUNDAÇÃO 9
2.2.3 SUBMERSÃO DE EQUIPAMENTOS 10
2.2.3.1 TAXAS DE VAZÃO DAS FONTES DE INUNDAÇÃO 10
2.2.3.2 CAPACIDADE DE DRENAGEM 11
2.2.3.3 VOLUMES CRÍTICOS DE INUNDAÇÃO 14
2.2.3.4 TEMPO DE ISOLAMENTO 14
2.2.3.5 FREQÜÊNCIA DO EVENTO INICIADOR DE INUNDAÇÃO
INTERNA 15
2.2.3.6 PROBABILIDADES DE ERRO HUMANO 16
2.2.4 EVENTOS DE INUNDAÇÃO CAUSADOS POR ATIVIDADE DE
MANUTENÇÃO 18
2.3 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE E INCERTEZA 19
2.3.1 ESTIMATIVA DE FALHA DO OPERADOR 20
2.4 HISTÓRICO DE EVENTOS RELACIONADOS COM A INUNDAÇÃO 20
2.5 FREQÜÊNCIAS DE DANOS AO NÚCLEO 21
3 ANÁLISE DA RUPTURA DE TUBULAÇÕES 23
vii
3.1 INTRODUÇÃO 23
3.2 METODOLOGIA 24
3.2.1 FRONTEIRAS PARA COMPONENTES DE TUBULAÇÃO 24
3.2.2 SEÇÃO DE TUBO 25
3.2.3 MODELO PARA QUANTIFICAÇÃO DA PROBABILIDADE
DE FALHA 25
3.2.4 EQUAÇÃO DA PROBABILIDADE DE FALHA 26
3.2.5 ESTIMAÇÃO DA TAXA DE FALHAS 27
3.2.6 EQUAÇÃO DA TAXA DE FALHA DE RUPTURA 28
3.2.7 PROBABILIDADE CONDICIONAL DE FALHA 28
4 ESTUDO DE CASO 33
4.1 INTRODUÇÃO 33
4.2 SISTEMA DE ÁGUA DE SERVIÇO 33
4.2.1 FUNÇÃO 33
4.2.2 BASES DE PROJETO 34
4.2.3 DESCRIÇÃO OPERACIONAL 34
4.2.4 DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 34
4.2.5 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS 35
4.3 SISTEMA DE RESFRIAMENTO DE COMPONENTES 36
4.3.1 FUNÇÃO 36
4.3.2 BASES DE PROJETO 38
4.3.3 DESCRIÇÃO OPERACIONAL 39
4.3.4 DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS 42
4.3.5 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS 44
4.4 LOCALIZAÇÃO DAS BOMBAS DO SRC E CENÁRIO 44
viii
4.5 DETERMINAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE RUPTURA DO SAS 49
4.6 DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE INUNDAÇÃO 53
4.7 DETERMINAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE DANOS
AO EQUIPAMENTO 54
4.8 QUANTIFICAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE DANOS
AO NÚCLEO 56
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 60
APÊNDICE 1 PERCENTUAIS DE FALHAS EM PONTOS
ESPECÍFICOS DA TUBULAÇÃO 63
APÊNDICE 2 PERCENTUAIS DE FALHAS EM TIPOS DE
MATERIAIS 65
APÊNDICE 3 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE FALHAS EM
TUBULAÇÕES 66
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 Planta dos Edifícios da Usina Nuclear de Angra 1 7
Figura 2 Diagrama Simplificado do SRC 37
Figura 3 Planta dos Compartimentos da Elevação –1,40 do EAN 45
Figura 4 Tubulações de Entrada e Saída do SAS na Sala dos Trocadores de
Calor do SRC, Elevação – 1,40 do EAN 46
Figura 5 Trocador de Calor do SRC, Elevação – 1,40 do EAN 47
Figura 6 Motor da Bomba CC-3B do SRC, Elevação – 1,40 do EAN 48
Figura 7 Desenho Isométrico do SAS - G&H n
o
2224-SW-1, Fl. 3, Rev.7 50
Figura 8 Desenho Isométrico Simplificado do SAS, com as Seções
da Tubulação 51
Figura 9 Árvore de Eventos – TCC 57
Figura 10 Erosão em Curva de Tubo de Aço Carbono 64
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 Probabilidade de Erro Humano (HEP) 18
Tabela 2 Freqüências de Danos ao Núcleo associadas à Inundação
Interna 22
Tabela 3 Probabilidade Condicional de Ruptura em Dimensões Equivalentes 29
Tabela 4 Taxa de Falha de Ruptura para Cada Sistema Genérico
nos Grupos 1, 2 e 3 29
Tabela 5 Porcentagem de Categorias de Causa de Falhas 31
Tabela 6 Descrição dos Equipamentos do SAS 35
Tabela 7 Descrição dos Equipamentos do SRC 43
Tabela 8 Quantificação da Freqüência de Dano ao Equipamento devido a
Inundação da Zona 1 A 55
Tabela 9 Localização das Falhas na Seção do Tubo 63
Tabela 10 Percentual de Falhas em Tipos de Materiais 65
Tabela 11 Métodos de Detecção de Falhas em Tubulação 66
xi
NOMENCLATURA
A Área [ft
2
]
AAA Água de Alimentação Auxiliar
AAP Água de Alimentação Principal
AFW Auxiliary Feedwater System
AIEA Agência Internacional de Energia Atômica
APS Análise Probabilística de Segurança
BRR Bomba de Resfriamento do Reator
BWR Boiling Water Reactor
CBG Casa de Bateria e do Gerador de Emergência
CC Component Cooling
CCM Centro de Controle de Motores
CCW Component Cooling Water System
CDF Core Damage Frequency
CW Circulation Water
DC Direct Current
EAD Edifício de Administração
EAN Edifício Auxiliar Norte
EAS Edifício Auxiliar Sul
E/C Erosion/Corrosion
ECB Edifício do Combustível
EDC Edifício de Cloração
EDE Edifício dos Geradores Diesel de Emergência
EPRI Electric Power Research Institute
xii
ERE Edifício do Reator
ESE Edifício de Segurança
ETA Estrutura da Tomada d’Água
ETG Edifício do Turbogerador
EUA Estados Unidos da América
EUD Edifício das Unidades Desmineralizadoras
FP Fire Protection
FWC Main and Auxiliary/ Emergency Feedwater and Condensate Systems
GD Gerador Diesel
gpm Galões por Minuto
H
c
Altura crítica [ft]
HEP Human Error Probability
Hr Hour
ID Internal Diameter
IF Internal Flooding
IS Injeção de Segurança
K Fator de Atrito
e Coeficiente de Ajuste
LOCA Loss of Coolant Accident
Lpm Litros por Minuto
L/R Leakage/Rupture
m Massa [kg]
MF Água de Alimentação Principal
MFW Main Feedwater System
NF Number of Failures
xiii
NPSH Net Positive Succion Head
NRC Nuclear Regulatory Commission
NUREG Nuclear Regulatory Guide
OSR Other Safety Related System
OTHER Non-Safety Related System
PDP Positive Displacement Pump
PWR Pressurized Water Reactor
Q Vazão [gpm]
RCS Reactor Coolant System
RFAS Relatório Final de Análise de Segurança
SAAA Sistema de Água de Alimentação Auxiliar
SAAP Sistema de Água de Alimentação Principal
SAPHIRE Systems Analysis Programs for Hands-On Integrated Reliability
Evaluations
SARET Sistema de Água de Refrigeração do Edifício da Turbina
SAS Sistema de Água de Serviço
SC Sala de Calibração
SCQV Sistema de Controle Químico e Volumétrico
SEC Sistema de Spray da Contenção
SIR Safety Injection and Recirculation System
SIS Sistema de Injeção de Segurança
SRC Sistema de Resfrigeração de Componentes
SRCR Sistema de Remoção de Calor Residual
SRR Sistema de Resfriamento do Reator
SS Stainless Steel
xiv
SW Service Water
T Tempo [min]
TAAA Tanque de Água de Alimentação Auxiliar
TAAR Tanque de Armazenamento de Água de Recarregamento
TCC Evento Iniciador Perda do Sistema de Refrigeração de Componentes
THERP Technique for Human Error Rate Prediction
T
Inund
Tempo de Inundação
T
Isol
Tempo de Isolamento
TSW Evento Iniciador Perda do Sistema de Água de Serviço
TIA Evento Iniciador Perda do Sistema de Ar de Instrumentos
T3 Evento Iniciador Transiente com Sistema de Conversão de Potência
V Volts
V
l
Volume [gal]
V
c
Volume crítico [gal]
Yr Year
Z Failure Rate
p Variação de pressão [psig]
ρ Densidade da água [lbm/ft
3
]
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO
A ruptura do sistema de água de circulação da Unidade 1 da Usina Nuclear
Quad Cities, EUA, ocorrida em junho de 1972, provocou a inundação rápida da sala
onde estavam localizadas as bombas de diferentes sistemas. Dentre os equipamentos
danificados pela inundação, estavam quatro bombas de água de serviço para remoção de
calor residual, duas bombas de resfriamento dos geradores diesel, quatro bombas
boosters e três bombas de transferência de condensado.
Embora o reator não tenha sido danificado, esta inundação foi expressiva em
termos de falhas em múltiplos equipamentos e sistemas.
Diversas modificações, por recomendação da Nuclear Regulatory Commission,
foram realizadas em Quad Cities e em outras usinas para aumentar a proteção contra
inundação interna e a conseqüente perda das funções de segurança [1].
Em maio de 1988 a NRC [2] estabeleceu sua política para o tratamento das
questões referentes às melhorias a serem implementadas nas usinas, e em novembro do
mesmo ano publicou o documento [3] estabelecendo as exigências para a elaboração de
Individual Plant Examination para a aferição das vulnerabilidades de cada usina, frente
a possíveis situações anormais de operação em virtude de eventos internos, que
pudessem resultar em acidentes severos.
No Brasil, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, órgão regulador da área
nuclear, com base em diretrizes da Agência Internacional de Energia Atômica e
2
considerando as resoluções da NRC, estabeleceu orientações [4] de como proceder para
a elaboração de um estudo de Análise Probabilística de Segurança para Angra 1.
Os principais propósitos do estudo de APS de Angra 1 são:
- Desenvolver uma apreciação do comportamento de Angra 1 frente a acidentes severos;
- Compreender as seqüências de acidente mais prováveis de ocorrer em Angra 1;
- Adquirir maior compreensão quantitativa das probabilidades totais de danos ao
núcleo; e
- Reduzir as probabilidades totais de danos ao núcleo em Angra 1, através da
identificação de suas vulnerabilidades e modificando, se necessário, procedimentos,
práticas operacionais e projetos de sistemas ou componentes.
Em relação à APS, os eventos iniciadores da categoria inundação têm tido
importância tanto pela natureza do evento como potencial de falha de causa comum,
quanto para suporte da reavaliação de melhorias ou alteração de rotinas operacionais.
Em destaque, os compartimentos nos quais a ocorrência de uma inundação poderia levar
à perda dos trens redundantes, comprometendo o desligamento do reator por falha de
causa comum.
A inundação interna deve ser analisada devido ao seu potencial de falhas de
causa comum de equipamentos e ações humanas, que podem resultar no início de um
acidente e por decorrência na perda de um ou mais sistemas de mitigação de acidentes.
O objetivo deste trabalho é realizar uma atualização da análise de inundação
interna nas salas de componentes de segurança de Angra 1. Selecionou-se um
compartimento específico, onde estão localizadas as bombas do Sistema de
Resfriamento de Componentes, e utilizou-se a atualização do estudo de falha em
tubulações [5].
3
Ao finalizar o trabalho, obter-se-á uma metodologia que possibilita realizar a
análise da probabilidade da ruptura de tubulação e, também, que verifica o impacto de
medidas preventivas que possam minimizar e mitigar a ocorrência de inundação em
compartimentos.
1.2 DESCRIÇÃO DO TRABALHO
O capítulo 2 descreve a metodologia adotada para realização da APS da usina
de Angra 1[6]. A análise foi realizada com base no procedimento elaborado pela AIEA
[7] para condução de análises probabilísticas de segurança, nível 1, em usinas nucleares.
Esta metodologia é uma das principais bases da abordagem probabilística e foi
parcialmente empregada. São descritas as etapas seguidas para uma APS de inundação,
com a finalidade de se determinar a freqüência de dano ao núcleo.
O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada para se determinar a freqüência
de ruptura de tubulações, que foi obtida através do estudo desenvolvido por [5].
O capítulo 4 apresenta um estudo de caso. Selecionou-se o compartimento
onde estão localizadas as bombas do Sistema de Resfriamento de Componentes e
realizou-se, através da aplicação da metodologia descrita no capítulo 3, a análise da
freqüência de ruptura da tubulação do Sistema de Água de Serviço, que percorre o
interior do compartimento e, se ocorrer, causará danos às bombas do SRC. Determinou-
se então a freqüência de danos ao equipamento e a freqüência de danos ao núcleo
devido à perda das bombas do SRC.
O capítulo 5 apresenta as conclusões e recomendações sobre a aplicação de
uma abordagem probabilística do perigo de inundação.
4
2 ANÁLISE DE INUNDAÇÃO INTERNA DE ANGRA 1
2.1 INTRODUÇÃO
De acordo com [8], eventos externos são iniciadores de acidentes que
geralmente não são considerados durante a realização de uma APS realizada para
eventos internos. Alguns eventos externos, como a ruptura de uma tubulação que ocorre
no interior da planta, e outros, como terremotos e tornados que ocorrem fora dela,
podem causar falhas tal como os eventos internos.
A APS de inundação interna da usina de Angra 1 [6], foi realizada visando
estimar a contribuição à freqüência de danos ao núcleo devido ao evento iniciador
postulado Inundação Interna, bem como avaliar os efeitos potenciais de falhas de
equipamentos devido à submersão.
Consistiu na avaliação dos eventos capazes de promover um desarme da
unidade e resultar na perda de componentes de mitigação de acidentes ou de
desligamento seguro.
Os cenários potenciais selecionados na análise consistiram daqueles resultantes
de vazamentos e rupturas de tubulações, válvulas, bombas, juntas de expansão, tanques
e trocadores de calor.
2.2 METODOLOGIA
A análise foi desenvolvida em todas as áreas da usina, com o propósito de
refinar os cenários de inundação que podem ocorrer potencialmente nos
compartimentos.
5
As áreas foram avaliadas, para excluir as que dariam uma contribuição
insignificante à freqüência de degradação do núcleo, mesmo se os todos equipamentos
ali localizados falhassem devido à inundação.
As áreas foram agrupadas em zonas de inundação, para seleção daquelas em
que, se o evento ocorrer e todos os equipamentos localizados na área ficarem
inoperantes, ocorrerá o desarme da unidade e pelo menos um equipamento de mitigação
de acidente falhará.
Buscou-se identificar as fontes potenciais de inundação e as alturas críticas
dos componentes de mitigação e realizou-se uma estimativa das taxas de vazão dos
componentes. Só se considerou que a submersão ocorreria se a fonte de inundação
tivesse uma taxa de vazão suficiente para causar acúmulo de água na sala, excedendo a
vazão de drenagem, e tivesse capacidade volumétrica suficiente para encher a sala até a
altura necessária, provocando a falha do equipamento e causando um desarme da usina.
Realizou-se também uma avaliação para verificar a possibilidade da
ocorrência de uma inundação devido às atividades de manutenção.
Para cenários envolvendo a submersão de equipamentos, foi considerada a
possibilidade do operador intervir na progressão da inundação e isolar o vazamento, ou
escoar o acúmulo da inundação para evitar um desarme da unidade, assim como a
recuperação potencial dos sistemas.
Também foi estimado o tempo disponível desde o início da inundação até o
dano do sistema de mitigação de acidente em análise.
6
2.2.1 SELEÇÃO DAS ZONAS DE INUNDAÇÃO
Realizou-se a seleção das zonas de inundação adotando-se o critério que em
cada zona deveria existir pelo menos um componente de mitigação de acidente, e se os
componentes ali localizados se tornassem inoperantes, ocorreria o desarme do reator.
A Figura 1 mostra a planta dos edifícios da Usina Nuclear de Angra 1. As
zonas de inundação selecionadas para a análise estão localizadas no Edifício Auxiliar
Norte - EAN, Edifício de Segurança - ESE, Edifício Auxiliar Sul - EAS, Edifício do
Turbogerador – ETG, Edifício dos Geradores Diesel de Emergência - EDE e Estrutura
da Tomada d’Agua - ETA.
7
ETG - Edifício do Turbogerador
EAN - Edifício Auxiliar Norte
ESE - Edifício de Segurança
EAS - Edifício Auxiliar Sul
ERE - Edifício do Reator
ECB - Edifício do Combustível
EAD - Edifício de Administração
CBG - Casa de Bateria e do Gerador de Emergência
EUD - Edifício das Unidades Desmineralizadoras
EDE - Edifício dos Geradores Diesel de Emergência
EDC - Edifício de Cloração
ETA - Estrutura da Tomada d’Água
SC - Sala de Calibração
Figura 1 – Planta dos Edifícios da Usina Nuclear de Angra 1
8
As zonas foram combinadas em cinco zonas principais, sendo distribuídas da
seguinte maneira:
- Zona 1:
Subdividida em 1A, 1B e 1C, engloba os Edifícios Auxiliar Norte, Auxiliar Sul
e de Segurança.
Nesta zona estão localizados os principais sistemas de segurança, entre eles, o
sistema de injeção de segurança, sistema de remoção do calor residual, sistema de água
de alimentação auxiliar, sistema de água de resfriamento de componentes, sistema de
spray da contenção, sistema de controle químico e volumétrico e geradores diesel de
reserva 1A e 1B.
As fontes de inundação existentes na zona 1, correspondem aos sistemas
supracitados e ao sistema de água de serviço, cuja ruptura poderá ocorrer antes da
entrada nos trocadores de calor do SRC.
- Zona 2:
Engloba as salas de cabos, do disjuntor principal, dos carregadores de baterias,
dos inversores, das baterias e das barras DC.
O cenário identificado nesta zona, consiste na ruptura da tubulação do Sistema
de Água de Proteção contra Incêndio que passa no corredor, entre as respectivas salas.
- Zona 3:
Corresponde ao Edifício da Turbina. Nesta zona, além dos sistemas
relacionados ao turbogerador, estão instalados o sistema de ar de instrumentos, os
9
barramentos de serviço de 4160V (1A1 e 1A2), as barras de 480V (1B1A e 1B2A) e os
CCMs.
Os componentes de interesse na mitigação de acidentes são as bombas de água
de alimentação principal e os compressores de ar de instrumentos. As fontes de
inundação identificadas para cenários envolvendo esta zona consistem no sistema de
água de circulação, sistema de água de resfriamento do edifício da turbina e sistema de
água de proteção contra incêndio.
- Zona 4:
Consiste das salas dos geradores diesel 3 e 4, que são componentes importantes
na mitigação de acidentes, e a fonte de inundação identificada nesta zona é o sistema de
água de serviço.
- Zona 5:
Consiste exclusivamente da tomada d'água, onde estão as bombas do sistema
de água de serviço e as salas dos transformadores de alimentação. A fonte de inundação
identificada nesta zona é o sistema de água de serviço.
2.2.2 FONTES POTENCIAIS DE INUNDAÇÃO
As fontes potenciais de inundação, assim como as alturas dos componentes de
mitigação em relação ao piso, foram identificadas nas zonas de inundação durante
inspeções realizadas no campo e através das análises das plantas da usina. Os volumes
críticos foram calculados considerando-se as informações coletadas em cada zona,
sendo subtraído o espaço ocupado por componentes, paredes e colunas de concreto.
10
Efetuou-se a análise dos vazamentos possíveis de ocorrer, devido a rupturas
das diversas tubulações existente nos compartimentos, e das rupturas das juntas
flexíveis de expansão encontradas nas linhas dos sistemas localizados no ETG - zona 3,
nos geradores diesel - zona 4 e na zona 1A.
Para os trocadores de calor consideraram-se os seguintes tipos de ruptura:
- ruptura da conexão da linha para o trocador de calor; e
- ruptura do corpo do trocador de calor.
O primeiro tipo de ruptura já está coberto na análise de ruptura de tubulações, e
as fontes de inundação identificadas são o sistema de água de circulação, sistema de
água de serviço e sistema de água de resfriamento da turbina.
O segundo tipo de ruptura não foi considerado, pois os volumes
correspondentes não causariam submersão de nenhum equipamento de segurança, por
serem inferiores aos volumes críticos das suas zonas correspondentes.
2.2.3 SUBMERSÃO DE EQUIPAMENTOS
Realizou-se uma avaliação de cenários de inundação envolvendo a submersão
de equipamentos de mitigação de acidentes, com base na importância dos componentes,
nas características das salas onde estão instalados e da presença ou não de fontes
potenciais.
2.2.3.1 TAXAS DE VAZÃO DAS FONTES DE INUNDAÇÃO
Considerou-se a taxa de vazão máxima, em alguns casos, correspondente à
capacidade máxima de descarga das bombas, obtida através das informações constantes
11
dos manuais dos equipamentos. Para as que foram calculadas utilizou-se a equação de
Bernouilli [9], dada por:
Q = A (P / ρ.K.e)
½
(2-1)
onde:
Q = Vazão (gpm);
A = Área de escoamento (ft
2
);
P = Variação de pressão (psig);
ρ = Massa específica da água (62,4 lbm/ft
3
);
K = Fator de atrito = 1,0 - através de tubulações;
= 2,5 - através de vãos de portas;
= 16 - através de drenos de piso; e
e = coeficiente de ajuste = 1,0.
De acordo com [10], quando o coeficiente de descarga é desconhecido ou
incerto, utiliza-se o valor do coeficiente de ajuste igual a 1,0, para maximizar os fluxos
computados.
2.2.3.2 CAPACIDADE DE DRENAGEM
Foram realizados dois estudos relativos à capacidade de drenagem:
- Capacidade máxima de drenagem; e
- Estudo da capacidade de drenagem das zonas de inundação.
A capacidade máxima de drenagem foi calculada somando-se a capacidade de
drenagem de cada caminho identificado, obtida a partir do nível da água igual à altura
12
crítica da sala. A altura crítica é uma estimativa conservadora da altura a partir da qual
ocorreriam danos aos componentes de mitigação.
Deve-se ressaltar que não foram consideradas as fontes de inundação que
apresentaram taxas de vazão menores do que a capacidade de drenagem.
Consideraram-se os caminhos de drenagem de seguinte maneira:
1. fluxo através de vãos nas bases das portas;
2. fluxo através de drenos e poços;
3. fluxo através de aberturas para aliviar a inundação; e
4. fluxo através de abertura de portas.
Identificaram-se os seguintes caminhos de drenagem para as zonas
selecionadas:
- Zonas 1A/1B/1C: Edifícios Auxiliares e de Segurança
Os drenos estão ligados diretamente ao tanque de drenos onde atuam as
bombas de drenos, logo, a capacidade de drenagem é determinada pela capacidade das
bombas.
- Zona 2: Sala de Cabos
Nesta região não foram identificados drenos no piso.
- Zona 3 : Edifício do Turbogerador
Os drenos instalados na zona 3 são conectados a um dos dois poços, que
possuem 4 bombas de drenos combinadas para fornecer o fluxo de drenagem. Assume-
13
se que há 2 bombas de 4 operáveis no evento de um cenário de inundação, e a
capacidade de vazão calculada das duas bombas é de 100 gpm.
- Zona 4: Edifício dos Geradores Diesel 3 e 4
As salas que compreendem a zona 4 são as salas dos geradores diesel GD3 e
GD4. O sistema de drenagem do piso para as salas dos GD consiste num poço
localizado em cada sala, os quais estão conectados a uma tubulação de drenagem de 4
polegadas. Visto que o poço é grande em comparação à tubulação à qual cada um é
conectado, a capacidade de drenagem limitante no sistema de drenagem foi considerada
igual à capacidade de fluxo da tubulação de 4 polegadas.
- Zona 5: Estrutura da Tomada d'Água
Existem drenos de piso e duas grandes aberturas no piso com tampas que
podem ser içadas manualmente, permitindo o escoamento para o mar. A capacidade de
drenagem para os drenos de pisos foi estimada calculando-se a capacidade de vazão da
própria tubulação de drenagem.
Aberturas capazes de drenar água de inundação foram identificadas nas 3 TD-
14
2.2.3.3 VOLUMES CRÍTICOS DE INUNDAÇÃO
Para a determinação do volume de acumulação de água necessário para causar
falha em equipamentos de mitigação de acidentes em cada zona de inundação,
denominado volume crítico de inundação, utilizou-se a seguinte expressão:
V
c
= A . H
c
. X (2.2)
onde :
V
c
= Volume crítico (gal);
A = Área da superfície (ft
2
);
H
c
= Altura crítica (ft);
X = Fração de vazio, que é a fração do espaço ocupado pelos equipamentos, paredes e
estruturas de sustentação.
2.2.3.4 TEMPO DE ISOLAMENTO
O tempo necessário para se evitar a submersão dos equipamentos, é obtido
basicamente pela divisão entre o volume crítico de inundação e o resultado da diferença
entre a vazão da fonte de inundação e a vazão de drenagem.
A análise de sensibilidade para a estimativa do tempo de isolamento (T
Isol
)
realizada na referência [6], teve como base os parâmetros relativos ao diâmetro da
tubulação e ao tamanho da ruptura (pequena, média e grande), e apresentou os seguintes
resultados:
• T
Isol
< 2h
15
- rupturas grandes
- rupturas médias para tubulações com diâmetro 4 polegadas
- rupturas pequenas para tubulações com diâmetro 6 polegadas
• 2 < T
Isol
< 6h
- rupturas médias para tubulações com diâmetro < 4 polegadas
- rupturas pequenas para tubulações com diâmetro entre 4 e 6 polegadas
• T
Isol
6h
- rupturas pequenas para tubulações com diâmetro < 4 polegadas
2.2.3.5 FREQÜÊNCIA DO EVENTO INICIADOR INUNDAÇÃO INTERNA
Algumas técnicas para identificação dos eventos iniciadores de uma APS de
eventos internos são descritas em [7]. A seguir, cada evento iniciador deve ser
verificado de forma a determinar se ele pode ser induzido por inundação.
Esta tarefa determina a lista de componentes usados ou relacionados na APS
em termos de seu potencial, como resultado de inundação, para causar um evento
iniciador que requeira alguma forma de controle ou ação de mitigação manual ou
automática.
Os eventos iniciadores identificados devem ser os mesmos que os incluídos na
APS para eventos internos. Entretanto, alguns eventos iniciadores da APS de eventos
internos podem ser excluídos por meio de um critério de freqüência mínima de
ocorrência. Nesses casos, deve-se levar em consideração que uma inundação pode
causar falhas mais severas do que as consideradas ou modeladas previamente. Dessa
forma, torna-se adequada a criação de um novo modelo de seqüência de eventos para
avaliação.
16
É importante observar que a verificação do potencial de eventos iniciadores
para inundação deve também incluir os efeitos dos sistemas de suporte envolvidos na
operação normal do reator.
Os eventos iniciadores que surgem desta verificação podem geralmente ser
caracterizados como um dos seguintes:
a) eventos que levam à parada controlada do reator;
b) desarme do reator iniciado pelo operador;
c) transientes que levam a um desarme automático do reator;
d) acidente com perda de refrigerante do circuito primário; e
e) eventos resultando em liberação de radioatividade do núcleo.
Na APS de Angra 1 [6], as freqüências de ruptura da tubulações foram
estimadas utilizando-se a referência [11] e consideradas como a freqüência do evento
iniciador relativa à perda dos equipamentos selecionados.
2.2.3.6 PROBABILIDADES DE ERRO HUMANO (HEP)
Estimou-se as probabilidades de erro humano utilizando-se uma avaliação
baseada em [12], que apresenta tabelas de HEP, cujos valores são considerados
probabilidades nominais. Os valores apresentados são genéricos, pois baseiam-se na
opinião de especialistas, em função de dados coletados em situações reais e simuladas,
realizadas por operadores de centrais nucleares. Cada uma das tabelas refere-se a erros
específicos, associados a atividades concretas e para cada componente da atividade
atribuem-se valores numéricos.
A consideração da influência de alguns fatores básicos sobre o desempenho
do indivíduo é a maior concessão que o THERP faz com relação à natureza humana, em
17
função da origem de erro. Fatores como experiência, nível de estresse e habilidade,
entre outros, são usados para modificar as probabilidades de erro humano.
A aplicação do THERP segue uma lógica de revisão de cada procedimento,
para identificar os passos essenciais para completar a tarefa, e verificar se há
mecanismos de recuperação, tais como verificação de vazão, posição de válvula, etc.,
nos procedimentos.
Além da recuperação, que tem o impacto de reduzir o valor de HEP, fatores
multiplicadores podem ser adotados para aumentar o valor de HEP para ações que
sejam julgadas como não executadas, sejam as mesmas pouco explícitas no
procedimento, ou então tenham que ser realizadas em ambiente de grande tensão.
As freqüências de erros em função do tempo [12] basearam-se em dados
coletados de equipes de operadores da central nuclear, que podem, em um simulador,
tratar de diferentes tipos de acidentes. Estes dados incluem o tempo empregado para
chegar ao diagnóstico correto e o número de equipes que chegaram ao diagnóstico
correto.
As probabilidades de erro humano para cada zona específica foram
consideradas para representar a falha em isolar a ruptura ou desviar a inundação antes
desta atingir a altura crítica.
A Tabela 1 fornece os critérios utilizados na referência [6] para o estudo inicial
das probabilidades de erro humano (HEP) para isolamento/recuperação de eventos de
inundação, para todas as inundações envolvendo submersão de equipamentos.
Os valores de HEP são considerados conservadores para intervalos de tempo
relativamente grandes, associados com cada HEP, pois assume-se que a detecção da
inundação seja rápida devido às seguintes razões:
18
- As bombas de drenos instaladas em zonas de inundação têm alarmes sonoros na sala
de controle;
- As bombas do SRCR, SIS e SEC, localizadas na elevação –12,05m do edifício de
segurança, possuem alarmes, e o operador numa eventual anormalidade, é instruído a se
deslocar para o local.
Tabela 1 – Probabilidade de Erro Humano (HEP)
Tempo para Diagnóstico
e Resposta
Probabilidade de Erro Humano
(HEP)
Menor que 1 hora
1,0
Entre 1 e 2 horas
0,5
De 2 a 6 horas
0,1
Maior que 6 horas
0,01
2.2.4 EVENTOS DE INUNDAÇÃO CAUSADOS POR ATIVIDADES DE
MANUTENÇÃO
Assumiu-se que a ocorrência de inundação causada por erro humano ou falha
no isolamento do componente, ocasionada por atividades de manutenção é
relativamente baixa, não sendo inserida na análise, em virtude das seguintes
considerações:
19
1- Os procedimentos requerem que o sistema seja isolado e cartões de isolamento
colocados;
2 - A manutenção não é realizada se válvulas de isolamento estiverem com vazamentos
excessivos;
3 - Quando um componente está isolado, e a atividade de manutenção está em
andamento, técnicos estão presentes na maior parte do tempo em que o sistema estiver
aberto; e
4 - Normalmente, manutenção on-line de trocadores de calor relacionados à segurança,
balanço de trocadores de calor ou bombas são feitos em curto espaço de tempo, devido
às restrições impostas pelos limites operacionais.
2.3 AVALIAÇÃO DE SENSIBILIDADE E INCERTEZAS
A análise de sensibilidade é importante para a interpretação dos resultados da
avaliação do perigo de inundação e deve ser considerada como complemento para uma
análise de incertezas. Determina a sensibilidade dos resultados da APS para as
suposições, modelos e dados de entrada.
A análise das incertezas realiza uma discussão qualitativa e medidas
quantitativas das incertezas nos resultados da avaliação do perigo de inundação. Este
esforço focaliza a avaliação de várias medidas de risco relacionado à inundação, como
por exemplo a freqüência de dano ao núcleo decorrente de uma inundação.
Existem duas principais fontes de incertezas numa avaliação do perigo de
inundação: estimativa das freqüências dos eventos iniciadores e estimativa da
probabilidade de falha do operador no isolamento ou recuperação dos equipamentos
indisponibilizados.
20
A discussão mais detalhada a respeito das fontes potenciais de incertezas num
modelo de APS e métodos usados para a propagação de incertezas no modelo, está
descrita em [13] .
2.3.1 ESTIMATIVA DE FALHA DO OPERADOR
Baseia-se principalmente na análise das alturas nas quais os equipamentos
ficam submersos, no tempo de isolamento e nas probabilidades de erro humano.
A probabilidade de erro humano necessita ser avaliada a partir de uma visão
integrada de uma cadeia de eventos completa, isto é, do início da inundação até a
ocorrência de danos à usina. Deve-se considerar o intervalo de tempo disponível para o
operador completar a tarefa, a possibilidade de eventos que possam retardar as ações, os
dispositivos de detecção, a disponibilidade de iluminação, e a adequação de
procedimentos pós-falha.
As ações operacionais podem ser examinadas para assegurar uma estimativa
mais realista da probabilidade de falha das ações consideradas no modelo de eventos
internos e para incluir a recuperação de um componente falho, se esta for possível.
Tudo isto deve ser feito dentro do intervalo de tempo disponível, como
estabelecido pelas condições de dano à usina e ao núcleo.
2.4 HISTÓRICO DE EVENTOS RELACIONADOS COM INUNDAÇÃO
Foram analisados os Relatórios de Incidentes Operacionais e os Relatórios de
Eventos Significativos da usina de Angra 1, buscando-se os eventos envolvendo
21
vazamentos devido à ruptura de tubulações, juntas, flanges, tanques e trocadores de
calor.
Desde o início da operação comercial em 1985, conforme descrito na
referência [6], apenas quatro eventos ocorreram com acúmulo de água. Todavia, estes
eventos não ocasionaram nenhum dano ou a perda de equipamentos relacionados à
segurança.
2.5 FREQÜÊNCIAS DE DANOS AO NÚCLEO
Para se obter as freqüências de danos ao núcleo associadas à inundação,
utilizou-se a freqüência de danos ao equipamento como a freqüência do evento
iniciador.
Os resultados obtidos, conforme a referência [6], são mostrados na Tabela 2.
22
Tabela 2 - Freqüências de Danos ao Núcleo Associadas à Inundação Interna
Zona de
Inundação
Equipamentos
Danificados
Fontes
Primárias /
Sistemas
Árvore
de
Eventos
Freqüência de
Danos ao
Equipamento
Freqüência
de Danos ao
Núcleo
1A
(elev.
-1,40 m)
CC-3A/3B/3C,
CC-1A/1B,
CCM-4B4
SW
TCC
9,2x10
-6
/ ano
1,26x10
-7
/
ano
1C
(elev.
-12,05 m)
Bombas SIS,
SRCR e
SEC (um trem)
AFW-4, FP-
AFW e
SW-AFW
T3
1,0x10
-5
/ ano
1,29x10
-13
/
ano
3
(elev.
+2,05 m)
Bombas FW’s e
Ar de
Instrumentos
CW, CW-36,
CW-10,
CW-2 ,
FP-2,
FP-10 e FP-
4
TIA
2,3x10
-5
/ ano
5,88x10
-9
/
ano
5
(elev.
+5,15 m)
Bombas CW-
1A/B
SW
TSW
7,7x10
-7
/ ano
1,60x10
-8
/
ano
23
3 ANÁLISE DA RUPTURA DE TUBULAÇÕES
3.1 INTRODUÇÃO
A atualização do estudo da ruptura de tubulações elaborado na referência [5],
teve como objetivo expandir a base de dados para eventos de falha de tubulação em
usinas nucleares e o uso destes dados para determinar a taxa de falhas.
O estudo incluiu a revisão detalhada de relatórios dos eventos ocorridos em
diversas usinas para identificar e categorizar os eventos de falha de tubulação.
Estes dados foram usados para calcular as taxas de falha de tubulação em
sistemas relacionados à segurança. O estudo apresenta os resultados dos cálculos destas
taxas de falha, incluindo:
- Taxa de falha genérica por seção de tubo por hora;
- Taxa de falha genérica pelo tipo de planta;
- Taxa de falha pela medida do tubo e tipo de sistema;
- Probabilidade condicional de ruptura de medidas equivalentes; e
- Fatores de correção de taxa de falha por idade da planta e causa de falha.
A quantificação dos resultados é apresentada em termos de "taxas de falhas"
para sistemas específicos e combinações de grupos de dimensões de tubos.
As primeiras estimativas de taxas de falhas de tubulações aplicáveis para
usinas nucleares foram apresentadas em [14]. Estas estimativas foram baseadas em
ocorrências de falhas em instalações nucleares e não nucleares.
Outros estudos também foram desenvolvidos para quantificação de falhas de
tubulação, conforme [15].
24
A probabilidade de falha do segmento de tubulação está relacionada a diversos
parâmetros. Entre os parâmetros utilizados diretamente para quantificar o modelo, estão
as dimensões da tubulação e o tipo do sistema.
Outros atributos tais como o material do tubo, a configuração geométrica, as
características do fluido, o número de "cotovelos", número de soldas, materiais e
processos de soldagens são importantes e também devem ser considerados.
A influência das soldas e das zonas termicamente afetadas, nas taxas de falha,
são discutidas em [16].
Os percentuais de falhas em pontos específicos da tubulação são mostrados no
Apêndice 1, os percentuais de falhas em tipos de materiais mostrados no Apêndice 2 e
os métodos de detecção de falhas em tubulação são apresentados no Apêndice 3.
3.2 METODOLOGIA
3.2.1 FRONTEIRAS PARA COMPONENTES DE TUBULAÇÃO
O primeiro passo no processo de estimação da taxa de falha, é a definição da
fronteira para os componentes da tubulação. As fronteiras para os componentes podem
ser definidas pelas soldas adjacentes da tubulação, pelo comprimento específico, pelo
sistema completo ou pelas seções da tubulação.
Este estudo foi realizado utilizando-se as seções de tubulação, pelo fato de se
ter como vantagem a possibilidade de estimar corretamente o número de seções através
da consulta aos diagramas de tubulação e também porque as outras alternativas,
referentes ao número de soldas e ao comprimento da tubulação, estão implícitas na
definição da seção do tubo.
25
3.2.2 SEÇÃO DE TUBO
A seção do tubo é o segmento de tubulação, contida entre as maiores
descontinuidades, tais como válvulas, bombas, reduções [14].
A seção do tubo possui basicamente de 10 a 100 pés de comprimento, contém
de quatro a oito soldas e pode também possuir de um a três cotovelos ou flanges, que
contribuirão com a contagem do número de soldas.
3.2.3 MODELO PARA QUANTIFICAÇÃO DA PROBABILIDADE DE FALHA
Para um intervalo de tempo especificado, as falhas de tubulação podem ser
postuladas considerando a acumulação dos efeitos de todos os defeitos existentes,
carregamentos, mecanismos de degradação, ou sob uma demanda específica ou
condições de impacto.
É possível, a princípio, modelar a freqüência da falha para o segmento de
tubulação da seguinte maneira:
=
i
φ
f
i
. p
i
+ fr (3-1)
onde:
f
i
= freqüência dos “i” tipos de eventos iniciais de falha ( / ano);
p
i
= probabilidade condicional de falha para o evento iniciador tipo “i”; e
fr = freqüência residual de falha de mecanismos que poderão causar a falha sem a
ocorrência de um evento iniciador como corrosão e fadiga ( / ano).
26
3.2.4 EQUAÇÃO DA PROBABILIDADE DE FALHA
Para aplicações envolvendo cálculos da probabilidade de falha, é necessária
uma equação que seja baseada em falhas no tempo, na qual sejam levados em conta os
efeitos acumulados dos defeitos, impactos e mecanismos de degradação no intervalo de
tempo de interesse.
A função distribuição de probabilidade F(t) é a probabilidade do componente
falhar em algum tempo durante o intervalo de tempo de 0 a t, e é escrita como:
t
= dttftF )()( (3-2)
0
Na equação:
t
))(exp()()( dttZtZtf
= (3-3)
0
f (t) é a função densidade de probabilidade [17], e Z(t) é a taxa de falha. A taxa de falha
Z(t) é a probabilidade condicional por unidade de tempo de falha entre t e t + dt. A
confiabilidade do componente é definida como a probabilidade que ele não irá falhar até
o tempo t, e é desta forma o complemento de F(t), dado por:
)](1[)( tFtR = (3-4)
Outras relações utilizadas são:
)](1/[)()( tFtftZ = (3-5)
)(/)()( tRtftZ = (3-6)
27
Além disso:
Probabilidade de falha entre t e dttfdtt )(
=
+
(3-7)
Probabilidade condicional de falha entre t e dttZdtt )(
=
+
, ou a probabilidade
de
falha ocorre em ( t ,
dtt + ).
Se )(tZ é constante com o tempo, e denotado por
Z
, então )(tF poderá ser escrito
como:
].exp[1)(
tZtF = (3-8)
tZ. para tZ. < 0,1 (3-9)
3.2.5 ESTIMAÇÃO DA TAXA DE FALHAS
A taxa de falha do componente dependente do tempo, )(
tZ , na população de
componentes idênticos, é definido por [18] como:
tntZ ({[)( =
i
) tn(
i
+ dt
i
)] / tn(
i
)} . dt
i
, para t
i
< t
t i dt
+
i
(3-10)
onde:
t
i
= intervalo de tempo
i
tn(
i
) = número de componentes operando no tempo t
i
dt
i
= intervalo diferencial de tempo
28
3.2.6 EQUAÇÃO DA TAXA DE FALHA DE RUPTURA
É assumido que a taxa de falha do componente em um específico modo de
falha no tempo t, para a população de componentes idênticos pode ser escrita em
termos de variáveis separadas como:
)(.)(
tgZavtZ = (3-11)
Onde
Zav é a taxa de falha média que depende de outros atributos e )(tg é a função
normalizada que depende somente do tempo.
3.2.7 PROBABILIDADE CONDICIONAL DE FALHA
A Tabela 3 apresenta os valores das probabilidades condicionais de ruptura,
para dimensões equivalentes de tubos, e nela é usada a seguinte definição:
- P i/j = Probabilidade condicional que a ruptura no grupo j possa ter uma área de
ruptura equivalente à do grupo i.
29
Tabela 3 - Probabilidade Condicional de Ruptura em Dimensões Equivalentes
Ruptura em Tubo Tamanho Médio ( 2" ID < 6")
Probabilidade de Falha Pequena (P1/2)
1/2
Probabilidade de Falha Média (P2/2)
1/2
Ruptura em Tubo Tamanho Grande (6" ID)
Probabilidade de Falha Pequena (P1/3)
1/4
Probabilidade de Falha Média (P2/3)
1/4
Probabilidade de Falha Grande (P3/3)
1/2
A tabela 4 apresenta as taxas de falha de ruptura para cada sistema genérico
nos grupos 1, 2 e 3, que são classificados pelas medidas dos diâmetros internos dos
tubos.
30
Tabela 4 – Taxa de Falha de Ruptura para Cada Sistema Genérico
nos Grupos 1, 2 e 3
Taxa de Falha (por seção-hora) para Cada Grupo de
Tamanho de Tubo
Nome do Grupo
de Sistemas
Grupo 1
.5" ID < 2"
Grupo2
2" ID < 6"
Grupo 3
ID 6"
BWR RCS
7,54 E-11
1,05 E-10
1,06 E-10
PWR RCS
2,13 E-10
1,70 E-11
2,87 E-11
BWR SIR
1,47 E-09
2,02 E-09
2,06 E-09
BWR OSR
8,65 E-10
2,12 E-10
6,62 E-10
BWR FWC
2,30 E-09
1,17 E-09
3,40 E-10
BWR ST
7,62 E-11
2,72 E-10
9,63 E.10
PWR SIR
1,42 E-09
1,13 E-10
1,92 E-10
PWR OSR
7,09 E-10
7,03 E-11
1,39 E-10
PWR FWC
7,39 E-10
1,17 E-09
6,40 E-10
PWR ST
3,50 E-10
9,77 E-10
8,90 E-10
PWR
6,01 E-10
3,98 E-10
5,64 E-10
BWR
8,54 E-10
4,66 E-10
8,26 E-10
A seguir são apresentadas as seguintes definições:
- Z = Taxa média de falha de ruptura dos três grupos;
- Z
i
= Taxa de falha de ruptura para a seção no grupo i, sendo i = 1,2,3;
- C
i
= Fator de correção nos grupos i = 1,2,3, que é calculado utilizando-se os
percentuais de falhas relativos a erosão/corrosão, apresentados na Tabela 5;
31
Tabela 5 - Porcentagem de Categorias de Causa de Falhas
Porcentagem de Eventos de Falhas
Categoria de
Causa
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Total
Ciclo de Fadiga
Alto/Baixo
48%
21%
9%
31%
Erosão/
Corrosão
15%
32%
53%
30%
Projeto
Fabricação
Instalação
Construção
- -
- -
- -
7%
Manutenção
Procedimento
- -
- -
- -
7%
Martelo d'água
- -
- -
- -
7%
Desconhecida
- -
- -
- -
7%
Cargas Dinâmicas
Cavitação
- -
- -
- -
4%
Outras:
Tensão
Tensão Térmica
Carga Térmica
Carga Estática
Impacto
- -
- -
- -
7%
32
- Z
small =Taxa de falha de ruptura para o sistema ou um dos subsistemas , no grupo 1,
e/ou grupo 2 e 3 com área de ruptura equivalente ao grupo 1;
- Z
medium =Taxa de falha de ruptura para o sistema ou um dos subsistemas, no grupo
2, e/ou grupo 3 com área de ruptura equivalente ao grupo 2;
- Z
large =Taxa de falha de ruptura para o sistema ou um dos subsistemas , no grupo 3,
com área de ruptura equivalente ao grupo 3; e
- n
i
= número de seções do tubo no grupo “ i “ do sistema ou subsistema, i = 1, 2, 3.
Z
i
= Z . C
i
, i = 1, 2, 3 (3-12)
As taxas de falha nos três grupos dos sistemas ou subsistemas equivalentes
podem ser escritas como:
Zs = (Z1 . n1) + (Z2 . P1/2 . n2) + (Z3 . P1/3 . n3) (3-13)
Zm = (Z2 . P2/2 . n2) + (Z3 . P2/3 . n3) (3-14)
Zl = Z3 . P3/3 . n3 (3-15)
33
4 ESTUDO DE CASO
4.1 INTRODUÇÃO
Em [19] está estabelecido que os eventos cuja contribuição para a freqüência
de dano ao núcleo seja maior ou igual a 1E – 07 / ano deverão ser avaliados.
Neste estudo de caso será realizada uma atualização da análise de inundação
interna da zona 1A, localizada na elevação – 1,40m do EAN, considerando que o valor
encontrado em [6] para a freqüência de dano ao núcleo associada à inundação na
respectiva zona foi igual a 1,26E-07 / ano.
A freqüência de dano ao equipamento foi considerada como a freqüência do
evento iniciador Inundação Interna, e corresponde à perda das três bombas do sistema
de resfriamento de componentes em virtude da inundação provocada pela ruptura da
tubulação do sistema de água de serviço.
4.2 SISTEMA DE ÁGUA DE SERVIÇO
A seguir, são apresentados para o SAS, de acordo com [20] a função, as bases
de projeto, a descrição operacional, a descrição dos equipamentos e as especificações
técnicas.
4.2.1 FUNÇÃO
O SAS possui como funções principais, fornecer água de resfriamento para:
- Trocadores de calor do sistema de refrigeração dos componentes;
34
- Trocadores de calor de água das camisas dos geradores diesel 3 e 4; e
- Trocadores de calor dos geradores diesel 1A e 1B (Ar da Combustão, Óleo
Lubrificante e Água das Camisas).
Como função secundária o sistema pode alimentar, em caso de emergência, a
sucção das bombas auxiliares de água de alimentação dos geradores de vapor.
4.2.2 BASES DE PROJETO
O Sistema de Água de Serviço é projetado para remover calor do trocador de
calor do SRC durante todas as fases de operação da unidade, inclusive durante
condições de acidente, para possibilitar o desligamento controlado da unidade.
4.2.3 DESCRIÇÃO OPERACIONAL
O SAS é constituído de dois trens, cada um com uma bomba do tipo centrífuga
vertical acionadas eletricamente que succionam de uma tomada d’água do mar, comum
ao sistema de água de circulação, sendo que a estrutura onde estão localizadas as
bombas e telas rotativas do SAS é independente fisicamente do sistema de água de
circulação. Existe ainda uma bomba
swing que pode ser alinhada a qualquer um dos
trens.
4.2.4 DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
A Tabela 6 apresenta a descrição dos equipamentos do SAS.
35
Tabela 6 – Descrição dos Equipamentos do SAS
Tipo
Centrífuga vertical de um estágio
Vazão
10.800 gpm
Bombas
de
Água de Serviço
SW - 1A / 1B / 1C
Pressão de Projeto
3,8 kg / cm
2
4.2.5 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
Para o reator atingir a criticalidade, as seguintes condições de água de serviço,
devem ser atendidas:
- Duas das três bombas de água de serviço têm que estar operáveis, recebendo
alimentação elétrica de barramentos separados, bem como as válvulas e tubulações
associadas;
- Dois trocadores de calor de resfriamento dos componentes com suas válvulas e
tubulações associadas devem estar operáveis;
Durante operações em potência, uma bomba de água de serviço ou um trocador
de calor pode estar inoperante durante 48 horas. Se decorridas 48 horas não for possível
restaurar o componente afetado, o reator terá que ser levado à condição de desligado
frio dentro das próximas 36 horas.
36
4.3 SISTEMA DE RESFRIAMENTO DE COMPONENTES
A seguir são apresentados para o SRC, de acordo com [21], a função, as bases de
projeto, a descrição operacional, a descrição dos equipamentos e as especificações
técnicas.
4.3.1 FUNÇÃO
O Sistema de Resfriamento de Componentes possui as seguintes funções:
- Remover o calor sensível e residual do Sistema de Resfriamento do Reator através dos
trocadores de calor do Sistema de Remoção de Calor Residual, durante o desligamento
da Usina;
- Resfriar o fluxo de saída para o Sistema de Controle Químico e Volumétrico durante
operações em potência;
- Remover o calor residual dos equipamentos de sistemas de segurança após um
acidente; e
- Transferir o calor removido para o Sistema de Água de Serviço, servindo como um
meio intermediário entre o Sistema de Refrigeração do Reator e o Sistema de Água de
Serviço.
A Figura 2 apresenta um diagrama simplificado do SRC.
37
Figura 2 - Diagrama Simplificado do SRC.
Tanque de
Surto
CC3A CC3C CC3B
Trocador
de Calor
do SRC
Trocador
de Calor
do SRC
Cargas
essenciais
Cargas não
essenciais
SAS SAS
38
4.3.2 BASES DE PROJETO
Os trocadores de calor e as bombas do SRC são projetados para as seguintes
funções:
- Fornecer, durante operação normal, água de resfriamento para os equipamentos
pertencentes aos circuitos de cargas essenciais e não-essenciais. Durante operação
normal, apenas uma bomba e um trocador de calor são suficientes. Um circuito de
reserva de 100% de capacidade é instalado para prevenir uma falha eventual do circuito
que estiver em serviço. Por procedimento de operação, para maior confiabilidade do
sistema, duas bombas podem estar em funcionamento durante a operação normal da
unidade;
- Fornecer, durante o resfriamento da unidade, água de resfriamento para os trocadores
de calor do SRCR para reduzir a temperatura do SRR. Para tal redução, são necessários
ambos os circuitos do SRC em operação. Se um trocador de calor do sistema estiver
fora de serviço, a taxa de resfriamento será reduzida para limitar a temperatura de
suprimento de água de resfriamento de componentes; e
- Durante a injeção de segurança e fase de recirculação, decorrentes de um LOCA, o
sistema é arranjado de tal modo que qualquer um dos circuitos de resfriamento de
componentes supra água para todos os equipamentos necessários.
As variações de volume devido à expansão ou contração, resultantes das
variações da temperatura da água, são acomodadas no tanque de surto do sistema.
Uma das três bombas e um dos dois trocadores de calor fornecidos são
normalmente operados para resfriar os vários equipamentos localizados no prédio
auxiliar e no prédio do vaso de contenção. Água de compensação é proveniente do
39
tratamento de água da usina e do tanque de água de reposição do reator. Essas duas
alimentações unem-se a um coletor comum no topo do tanque de surto.
As bases de projeto do SRC estabelecem que um trem do SRC em conjunto
com um trem do SAS mais um sistema de resfriamento da contenção de 100% de
capacidade, devem ser suficientes para remover o calor de decaimento do núcleo do
reator após um acidente da base de projeto.
O SRC deve atender aos seguintes critérios de projeto, para funcionar sob
condições de acidente, e garantir o desligamento seguro do reator:
- Atender ao critério de falha única;
- Ser operável durante perda de potência externa; e
- Não perder nenhuma função durante condições ambientais adversas.
4.3.3 DESCRIÇÃO OPERACIONAL
O sistema é fechado, com três bombas, dois trocadores de calor e um tanque
de surto. Possui dois circuitos independentes e redundantes usados no resfriamento de
cargas relacionadas com a segurança, cargas essenciais, e um terceiro circuito,
denominado circuito de serviço usado para resfriamento de cargas não-essenciais.
Cada um dos circuitos está dimensionado para satisfazer em 100 % os
requisitos de resfriamento da unidade.
Somente uma bomba ligada, CC3A ou CC3B, é capaz de suprir ambos os
circuitos de cargas essenciais e o circuito de cargas não-essenciais.
40
Os fluxos das cargas não-essenciais e dos circuitos de cargas essenciais
retornam às sucções das bombas do sistema através das válvulas de interligação
existentes na sucção.
Com a unidade em operação, a bomba que estiver desligada ficará em
prontidão com o alinhamento mecânico pronto para suprir o trocador de calor
correspondente e alimentar todas as cargas essenciais, caso seja ligada
automaticamente.
Durante a partida, o resfriamento da unidade e o recarregamento, duas bombas
e dois trocadores de calor são requeridos para funcionamento do sistema, uma vez que o
SRCR está em operação necessitando de sua fonte fria.
Os trocadores de calor do SRC são resfriados pela água proveniente do SAS
que circula através dos tubos, enquanto que a água de resfriamento dos componentes
percorre pelo lado interno da carcaça.
O tanque de surto é normalmente suspirado para a atmosfera e serve para
acomodar as expansões e contrações do sistema, resultantes das variações da
temperatura da água, assegurar o NPSH [22] para as bombas de refrigeração dos
componentes e também como um reservatório para coletar toda água proveniente de
vazamentos de qualquer um dos componentes do sistema.
A bomba reserva fica alinhada mecanica e eletricamente para o trem
correspondente à bomba que estiver em serviço e partirá automaticamente se ocorrer
fluxo muito baixo neste trem.
São as seguintes as cargas resfriadas pelos circuitos de cargas essenciais:
- Trocadores de calor do sistema de remoção de calor residual;
- Bombas de remoção de calor residual;
41
- Unidades de resfriamento do compartimento das bombas de remoção de calor residual;
- Bombas de injeção de segurança (caixa de ga
ento dse slos)l;
-Rresfridlodes o sisteamao dev(enilaeção o envoltórião de onteneçã.9 )]TJ3.54006-3232585 TD0 Tc0 Tw( )Tj0 -232715 TD0.0043 Tc-0.0070 TwSçãoase segintesoasecargase resfri daspslo circuitão de crgasenão-essencicas:( )Tj3.54006--232715 TD[(-Conjuento doevaporadlor dereciclagrem)9.1l;
42
- Resfriadores do compartimento das bombas de carregamento centrífugas;
- Resfriador dos compartimentos dos painéis de parada quente; e
- Resfriador do compartimento de penetrações de tubulações.
4.3.4 DESCRIÇÃO DOS EQUIPAMENTOS
A Tabela 7 apresenta a descrição dos equipamentos do SRC.
43
Tabela 7 – Descrição dos Equipamentos do SRC
Tanque de Surto
Capacidade
7575 litros
Quantidade
3
Tipo
Centrífuga horizontal
Bomba de Refrigeração
dos Componentes
(CC 3A, 3B, 3C)
Capacidade
32438 lpm
Tipo
Horizontal - passo simples
Água de
componentes
Circula pela carcaça
Água de serviço
Circula pelos tubos
Trocadores
de
Calor
(CC1A/1B)
Fluxo de projeto
Carcaça -33386 lpm
Tubos - 37853 lpm
44
4.3.5 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
O reator não pode ser levado à criticalidade e nem o SRR pode ser aquecido
acima da temperatura ambiente se as seguintes condições não forem satisfeitas:
- Duas das três bombas do SRC e suas tubulações e válvulas associadas estão operáveis
(as duas bombas têm que estar alimentadas por barramentos distintos); e
- Dois trocadores de calor do SRC e tubulações e válvulas associadas têm que estar
operáveis.
Durante a operação em potência, os requisitos do parágrafo anterior podem ser
modificados para permitir que um ou mais componentes estejam inoperáveis para
manutenção ou testes, desde que um trem permaneça operável. Se o sistema não for
recuperado dentro de 48 horas, o reator terá que ser levado para a condição desligado
frio dentro das próximas 36 horas.
4.4 LOCALIZAÇÃO DAS BOMBAS DO SRC E CENÁRIO
O SRC foi selecionado por ser um dos sistemas necessários para o
desligamento seguro do reator.
O cenário refere-se à ruptura da tubulação do SAS que passa através das salas
500 A/G da elevação –1,40m do EAN, onde estão localizados os trocadores de calor do
SRC, conforme a Figura 3. A inundação irá se propagar para as salas 501 A/B e
provocar a perda das bombas do SRC localizadas nas respectivas salas.
45
1 - TROCADORES DE CALOR DO SRC
2 - TANQUES DE DRENOS DO SRC
3 - BOMBAS DO SRC
4 - TANQUE DE RESINA USADA NO PRIMÁRIO
5 - TANQUE DE RESINA USADA DA PURGA DO GERADOR DE VAPOR
6 - BOMBA DE ALIMENTAÇÃO DO EVAPORADOR DE REJEITOS
7 - TANQUES DE ESPERA DE REJEITOS
8 - TANQUES DE DECAIMENTO DE GASES
9 - TROCADOR DE CALOR DA PURGA DO GERADOR DE VAPOR
10 – TANQUE DE CONDENSADO DO EVAPORADOR DE REJEITOS
11 – BOMBAS DE ÁGUA DE REPOSIÇÃO DO REATOR
12 – BOMBA DE RESINA USADA NO PRIMÁRIO
13 – BOMBA DE RESINA USADA DA PURGA DO GERADOR DE VAPOR
500 a 520 – NÚMERO DE IDENTIFICAÇÃO DAS SALAS
Figura 3 - Planta dos Compartimentos da Elevação –1,40 do EAN
46
As tubulações de entrada e saída do SAS na sala dos trocadores de calor do
SRC, elevação – 1,40m do EAN são mostradas na Figura 4. As Figuras 5 e 6 mostram,
respectivamente, o trocador de calor e o motor da bomba CC-3B do SRC, localizados
na mesma elevação.
Figura 4 – Tubulações de Entrada e Saída do SAS na Sala dos Trocadores de Calor do
SRC, elevação – 1,40 do EAN
47
Figura 5 –Trocador de Calor do SRC, Elevação – 1,40 do EAN
48
Figura 6 – Motor da Bomba CC-3B do SRC, Elevação – 1,40 do EAN
49
4.5 DETERMINAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE RUPTURA DO SAS
Para a determinação da freqüência de ruptura do SAS, realizou-se
primeiramente uma avaliação da tubulação do sistema, representada no desenho
isométrico da Figura 7, a fim de se determinar o número de seções existentes no trecho
selecionado.
50
Figura 7 - Desenho Isométrico do SAS - G&H n
o
2224-SW-1, Fl. 3, Rev.7.
51
Com base na definição de seção de tubo apresentada no item 3.2.2, considerou-
se o número de seções da tubulação do SAS igual a 8, conforme mostrado no desenho
isométrico simplificado da Figura 8.
01 a 04 – Seções da Tubulação
Figura 8 - Desenho Isométrico Simplificado do SAS, com as Seções da Tubulação
52
Para a obtenção do fator de correção correspondente aos mecanismos de falha
relativos a E/C, utilizou-se os valores apresentados na Tabela 5. De acordo com [5] a
contribuição de E/C para taxa de falha deverá ser menor que 80% em cada categoria de
medida de tubo. Desta forma, os fatores de correção denotados por C
ci
[i = 1,2,3] para
cada grupo de medidas, são obtidos da seguinte maneira:
C
c1
= 1 - 0,15 x 80% = 0,88
C
c2
= 1 - 0,32 x 80% = 0,74
C
c3
= 1 - 0,53 x 80% = 0,58
Substituindo-se os valores nas equações (3-13), (3-14) e (3-15) e
multiplicando-se por 8760 horas/ano para se obter a freqüência anual de ruptura,
teremos:
Zs = [(7,09E-10 /hr) + (7,03E-11 /hr) (1/2) + (1,39E-10 /hr) (1/4) ] x 8 x 8760 hr/ano x
x C
c1
Zs = 1,40E-10 /hr x 8 x 8760 hr/ano x 0,88
Zs = 8,63E-06 /ano
Zm = [ (7,03E-11 /hr) (1/2) + (1,39E-10 /hr) (1/4) ] x 8 x 8760 hr/ano x C
c2
Zm = 6,99E-11 /hr x 8 x 8760 hr/ano x 0,74
Zm = 3,62E-06 /ano
53
Zl = [ (1,39E-10/hr) (1/2) ] x 8 x 8760 hr/ano x C
c3
Zl = 6,95E-11 /hr x 8 x 8760 hr/ano x 0,58
Zl = 2,82E-06 /ano
4.6 DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE INUNDAÇÃO
Para se calcular o tempo de inundação, são necessários os seguintes dados:
- Vazão da bomba do SAS (Q
SAS
) = 10.800 gpm;
- Vazão da bomba de dreno (Q
D
) = 50 gpm;
- Vazão de inundação (Q
I
) = Q
SAS
-
Q
D =
10750 gpm;
- Área da sala dos trocadores de calor do SRC (A
1
) = 2.162,30 ft
2
;
- Área da sala das bombas do SRC (A
2
) = 1.312,23 ft
2
;
- Área das salas adjacentes (A
3
) = 2.532,00 ft
2
;
- Área Total (A
T
) = A
1
+ A
2
+ A
3
= 6.006,53 ft
2
;
- Altura Crítica (H
c
) = 3,3 ft;
- Fração de Vazio (X) = 0,80; e
- Volume Crítico (V
c
) = A
T
. H
c .
X . C (constante de conversão de unidades)
V
c
= 6.006,53 x 3,3 x 0.80 x 7,48 = 118.612,15 gal.
O tempo de inundação será igual a:
T
Inund
= _____Vc____ = 118.612,15
11 minutos
Q
I
10750
54
4.7 DETERMINAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE DANOS AO EQUIPAMENTO
A freqüência de danos ao equipamento foi obtida pelo somatório dos produtos
das freqüências de ruptura pequena, média e grande, pelas probabilidades de erro
humano (HEP) para as mesmas categorias.
Para as HEP foram utilizados os valores estimados no item 2.2.3.6, com base
nos tempos de isolamento adotados na APS [6] relativos à zona 1A, que foram de:
- rupturas pequenas = 86,7 minutos;
- rupturas médias = 9,2 minutos; e
- rupturas grandes = 5,2 minutos.
O resultado da freqüência de danos ao equipamento foi igual a 1.07E-05 /ano,
conforme mostrado na Tabela 8.
55
Tabela 8- Quantificação da Freqüência de Dano ao Equipamento ,
Devido à Inundação da Zona 1 A.
Zona
de
Inundação
1 A
(edifício auxiliar norte, elevação -
1,40 m)
Fontes Primárias /
Sistemas
SW
Pequena
8.63E-06 /ano
Média
3,62E-06 /ano
Freqüência
de
Ruptura
Grande
2.82E-06 /ano
Pequena
0,5
Média
1,0
Probabilidade de
Erro Humano
(HEP)
Grande
1,0
Equipamentos
Danificados
CC-3A/3B/3C,
CC-1A/1B, CCM-4B4
Freqüência de Dano
ao
Equipamento
1,07E-05 / ano
56
4.8 QUANTIFICAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE DANOS AO NÚCLEO
Para a quantificação das freqüências de danos ao núcleo associadas à
inundação, utilizou-se a árvore de eventos representada na Figura 9, onde o evento
iniciador TCC - Perda do SRC, requer o desarme do reator e a remoção do calor de
decaimento pelo lado secundário da planta, através dos sistemas de Água de
Alimentação Auxiliar ou de Água de Alimentação Principal.
Sem o suprimento de água de alimentação auxiliar e principal para os
geradores de vapor, será possível mitigar o transiente por um curto período, através da
função
Bleed and Feed no sistema primário. Isto significa a abertura de duas válvulas
de alívio do pressurizador para a função de
Bleed e a atuação do Sistema de Injeção de
Segurança de Alta Pressão para a função de
Feed.
Para um longo período a indisponibilidade do SRC não garante o sucesso da
remoção de calor de decaimento. Assim, a perda total da remoção de calor pelo lado
secundário é categorizada como uma seqüência de dano ao núcleo. A descrição
detalhada da evolução do evento é descrita em [23].
Após a definição da árvore de eventos específica para este estudo, utilizou-se o
programa SAPHIRE [24] como ferramenta de quantificação das árvores de eventos e
árvores de falhas.
Adotando-se a freqüência do evento iniciador, igual a 1,07E-05 / ano, como
sendo a freqüência de falhas do SRC e utilizando-se os dados considerados na
modelagem da APS da referência [6], obteve-se o valor da freqüência de danos ao
núcleo, quantificada na ordem de 1,47E-07 / ano.
57
TCC
RT
CH
AF
MF
Sucesso
Sucesso
Sim Dano ao Núcleo
Dano ao Núcleo
Não
ATWS
Seqüência
TCC - Evento Iniciador Perda do SRC
RT - Desligamento do Reator
CH - Injeção de Selagem pela PDP
AF - Água de Alimentação Auxiliar
MF - Água de Alimentação Principal
Figura 9 – Árvore de Eventos – TCC
58
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O estudo buscou prover um entendimento da metodologia utilizada para
realizar as estimativas da taxa de falhas em sistemas relacionados à segurança, baseado
na experiência operacional de usinas nucleares, e fornecer uma visão abrangente sobre o
tema do trabalho.
Este trabalho além de apresentar o procedimento adotado para determinar a
freqüência de falhas em tubulações, evidenciou a importância de considerar os
parâmetros e medidas preventivas que poderão ser usadas para evitá-las.
O aumento do valor da freqüência de ruptura do trecho da tubulação do sistema
analisado ocorreu, basicamente, em função do acréscimo do número de seções
consideradas na APS de Angra 1 [6].
Para a implementação de uma análise probabilística do perigo de inundação em
uma usina nucleoelétrica, é necessário que se disponha de uma APS completa, a fim de
que os eventos iniciadores e os dispositivos de segurança lógicos da usina sejam
representados, assim como o impacto de medidas mitigadoras.
Considerando-se que muitas usinas nos EUA e Europa estão tomando medidas
necessárias para que a sua renovação de licença seja estendida, em média por mais 30
anos, e que deverão continuar atingindo metas aceitáveis quanto à produção e
principalmente quanto à segurança, torna-se evidente que a implementação de uma
Análise Probabilística de Segurança, se faz cada vez mais necessária.
Entre os fatores apontados para uma possível ruptura de tubulação, está a
degradação relacionada ao envelhecimento que causa problemas de confiabilidade nos
equipamentos e materiais de usinas nucleares.
59
Os dois maiores obstáculos a uma estratégia eficiente no gerenciamento do
envelhecimento dos equipamentos são a compreensão dos principais indicadores de
degradação por envelhecimento e a implementação de uma metodologia simples e
padronizada para que se possa utilizar estes dados.
Recomenda-se a continuidade da implementação de medidas para identificação
de agravantes associados aos mecanismos de degradação tais como erosão, corrosão e
fadiga para as peças metálicas e envelhecimento de gaxetas, selos e juntas, para peças
não-metálicas.
Recomenda-se a adoção de estratégias eficientes e medidas corretivas para
conter os mecanismos de degradação, bem como as ramificações potenciais destas
degradações que possam comprometer a integridade dos componentes, tais como,
bombas, válvulas, tanques, tubulações, componentes de tubulação, estruturas e sistemas
da usina.
Recomenda-se que a aplicação da metodologia utilizada para a análise da
freqüência da ruptura de tubulações seja realizada em cada compartimento onde haja
tubulação de sistemas que, numa eventual ruptura, possam causar danos a
equipamentos relacionados à segurança. Que sejam reavaliados o número de seções
existentes, incluídos os fatores de correção necessários, e a aplicação da abordagem
seja realizada prioritariamente nos compartimentos onde os critérios de separação física
entre trens redundantes não sejam atendidos.
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] VERNA, B.J, 1981, “Nuclear Power Experience”, Vol. BWR-2, Event No. VI. F.2,
XV.13 Vol. PWR-2, Event No. VI. F.32, July.
[2] NRC, 1988, “Integration Plan for Closure of Severe Accident Issues”- SECY–88-
147, USA, Nuclear Regulatory Commission, Washington, DC.
[3] NRC, 1988, “Individual Plant Examination for Severe Accident Vulnerabilities – 10
CFR 50.54, Generic Letter 88-20, USA, Nuclear Regulatory Commission,
Washington, DC.
[4] CNEN, 1992, Diretrizes Reguladoras para um Estudo de Análise Probabilítica de
Segurança – Nota Técnica GEDRE-01/92, Comissão Nacional de Energia
Nuclear, Rio de Janeiro.
[5] EPRI, 1993, Pipe Failure Study Update, TR-102266, Research Project 3200-06,
Electric Power Research Institute, Palo Alto, Califórnia.
[6] ELETROBRÁS TERMONUCLEAR S. A., 2001, “Análise Probabilística de
Segurança”, Seção 6, Inundação Interna.
[7] IAEA, 1992, “Procedures for Conducting Probabilistic Safety Assessment for
Nuclear Power Plants (level 1)”,
Safety Series n
o
50-P-4, International Atomic
Energy Agency, Vienna.
[8] FULLWOOD, R.R., 2000,
Probabilistic Safety Assessment in the Chemical and
Nuclear Industries
, USA: Butterworf-Heinemann, 2000.
[9] CRANE, 1980, “Flow of Fuids Through Valves, Fittings, and Pipe”,
Technical
Paper
n
o
10 , CRANE Co., New York.
61
[10] LEES, F. P., 1996, Loss Prevention in the Process Industries, 2
a
Edição,
Butterworth, London.
[11] JAMALI, K. M. “A Study of Pipe Failures in U.S. Commercial Nuclear Power
Plants”, EPRI TR-100380. 1992
[12] SWAIN A. D. & GUTTMAN H. E, THERP - “Handbook of Human Reliability
Analysis with Emphasis on Nuclear Power Plant Applications”, NUREG/CR-
1278, August 1983.
[13] IAEA, 1995, “Human Reliability Analysis in Probabilistic Safety Assessment for
Nuclear Power Plants",
Safety Series n
o
50 P-10, International Atomic Energy
Agency, Vienna.
[14] NRC, 1975, “ Reactor Safety Study - An Assessment of Accidents Risks in U.S.
Commercial Nuclear Power Plants, WASH-1400, Appendices III and IV, USA,
Nuclear Regulatory Commission, Washington, DC.
[15] WRIGHT R. E, STEVERSON J. A & ZUROFF W. F., 1987, “Pipe Break
Frequency Estimation for Nuclear Power Plants”, NUREG/CR-4407, National
Engineering Lab., Idaho, USA.
[16] THOMAS H. M., 1981, "Pipe and Vessel Failure Probability". Reliability
Engineering 2, p.83
[17] MONTGOMERY, D.C. & RUNGER, G.C., 2003,
Applied Statistics and
Probability for Engineers”, 3
ª
Edição, USA.
[18] SHOOMAN M. L.,1968, “Probabilistic Reliability: An Engineering Approach”,
McGraw-Hill.
[19] NRC, 1989, “Individual Plant Examination – Submittal Guidance” NUREG 1335,
USA, Nuclear Regulatory Commission, Washington, DC.
62
[20] ELETROBRÁS TERMONUCLEAR S.A., 2000, “Sistemas Básicos de Usinas
Nucleares “, Angra 1, Sistema de Água de Serviço.
[21] NRC, 1989, “Pressurized Water Reactor Advanced Technology Manual -
Westinghouse Design and Systems Manual”,
NRC Training Course, Nuclear
Regulatory Commission, Washington, DC.
[22] MACINTYRE, A. J., 1987,
Bombas e Instalações de Bombeamento, 2
a
Edição,
Editora Guanabara
[23] ELETROBRÁS TERMONUCLEAR S. A., 2001, “Sumário Executivo do Relatório
de Análise Probabilística de Segurança de Angra 1”, Rev.1.
[24] NRC, 1988, “System Analysis Programs for Hands-on Integrated Reliability
Evaluations”, SAPHIRE for Windows, version 6.67, NUREG/CR-6166, Vols.1
to 10 , USA, Nuclear Regulatory Commission, Washington, DC.
63
APÊNDICE 1
PERCENTUAIS DE FALHAS EM PONTOS ESPECÍFICOS DA TUBULAÇÃO
A Tabela 9 mostra os pontos específicos das tubulações que apresentaram o
maior número de falhas. Pode-se observar que as falhas em joelhos de 90
0
,
corresponderam a 51%,
e as que ocorreram nas soldas a 17%.
Tabela 9 - Localização das Falhas na Seção do Tubo
Localização
% do Total de Falhas
Cotovelo
11
Flange
5
Bocal
5
Redução / Orifício
3
Joelho Reto (90
0
)
51
3
Conexão p/ Termômetro
3
Solda
17
64
A Figura 10 apresenta a erosão provocada pela água em uma curva de tubo de
aço carbono.
Figura 10– Erosão em Curva de Tubo de Aço Carbono
65
APÊNDICE 2
PERCENTUAIS DE FALHAS EM TIPOS DE MATERIAIS
A Tabela 10 mostra a tendência das falhas em tubulação, considerando-se o
material do tubo. Os tubos de aço carbono seguidos pelos tubos SS - 304 e SS - 316,
apresentaram os maiores percentuais de falha, para todas as falhas e para as somente
relativas a L/R.
Tabela 10 - Percentual de Falhas em Tipos de Materiais
Material do Tubo
% de Todas as Falhas
% de Falhas L/R
SS-304
35 27
SS-316
23 15
Outros SS
8 12
Aço Carbono/ Clad Inox.
1 2
Aço Carbono
29 39
Cobre-Níquel
0.4 1
Cromo-Níquel
1 2
Outros
3 5
66
APÊNDICE 3
MÉTODOS DE DETECÇÃO DE FALHAS EM TUBULAÇÕES
A Tabela 11 apresenta os métodos pelos quais foram detectadas falhas em
tubulações. Verifica-se que somente 2% das falhas referentes a L/R foram detectadas
através de alarmes audiovisuais e 46% através de inspeções de rotina realizadas pelas
equipes de operação.
As inspeções em serviço, realizadas através de ensaios não destrutivos,
corresponderam a 57% da descoberta dos defeitos relativos a trincas e contribuíram com
um pequeno percentual, 3%, para a descoberta das falhas referentes a L/R.
Tabela 11 - Métodos de Detecção de Falhas em Tubulação
Métodos de
Verificação
% de Todas as
Falhas
% de Trincas % de L/R
Alarme
Audiovisual
1 0 2
Inspeção
em Serviço
25 57 3
Observação
Casual
13 2 20
Funcionamento
Anormal
5 3 6
Manutenção
Preventiva
1 0 1
Inspeção
de Rotina
31 10 46
Inspeção
Especial
18 18 18
Testes
Periódicos
6 9 3
Livros Grátis
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