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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA
COMUNIDADES FÚNGICAS ENDOFÍTICA, EPIFÍTICA E RIZOSFÉRICA EM
DIFERENTES ECOSSISTEMAS
Marcia Eloisa da Silva
Orientadora: Profa. Dra. Aida Terezinha Santos Matsumura
Tese apresentada como um dos
requisitos à obtenção do Grau de
Doutor em Ciências
Porto Alegre, RS, Brasil
Março de 2006
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente tornaram possível a
realização desse trabalho, e em especial:
À professora Aida Terezinha Santos Matsumura, por sua orientaç.(p)6.55064(o)-14.0123(r)4.03329( )-120.088(s)]T48.84604(a)3401(e)-2eeeo.81401(e)-.5925(e)-3(G)-3.297917..81401(e)-.5p161.209(S)0.898 oeGeeGrof73.297917..8140480123(e)-8.303(e)-8.330 0 Td[(u)-14.[(u)-14.[nCr5728(,)23.922.9436(i)104.0123(s)-18.33011(m)17.2626( )3.2714.[nCr57 q
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iv
Ao Sr. Fábio José Hickmann, por disponibilizar sua propriedade para as coletas do
material.
Aos meus sobrinhos Thiago, Matheus e Amanda, pelo carinho e amizade
indispensáveis.
À amiga Elena Diehl, pela sua dedicação e estímulo durante todos esses anos de
convívio.
À Neila S. Richards, pela amizade e incentivo.
Aos amigos Daniel Pereira e Fernando Inácio dos Santos, pelo incentivo e
sugestões no início desse trabalho.
Ao Programa de Pós-graduação em Botânica da UFRGS, pela oportunidade.
COMUNIDADES FÚNGICAS ENDOFÍTICA, EPIFÍTICA E RIZOSFÉRICA EM
DIFERENTES ECOSSISTEMAS
1
Autora: Márcia Eloísa da Silva
Orientadora: Aida Terezinha Santos Matsumura
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de três ecossistemas sobre, a
ocorrência de fungos rizosféricos, endofíticos e epifíticos. As áreas de estudo estão
localizadas em uma propriedade rural, situada na cidade de Venâncio Aires, RS. Os fungos
endofíticos e epifíticos foram isolados de amostras de raízes de guajuvira, (Patagonula
americana L.), coletadas na mata (área 1), de uva-do-japão (Hovenia dulcis Thunb.), na área
intermediária (área 2) e de fumo ou de milho, na lavoura (área 3) e, os fungos rizosféricos
isolados de solo coletado junto as raízes dos vegetais citados. As amostras foram coletadas
nos meses de janeiro, maio, setembro e novembro de 2004 e 2005. Os fungos foram
identificados segundo características morfológicas com auxílio de chaves de identificação. As
áreas 2 e 3 foram mais similares com relação aos fungos rizosféricos e epifíticos, enquanto,
que, as áreas 1 e 2 foram mais similares com relação aos fungos endofíticos. A diversidade
dos fungos isolados das três áreas não diferiu ao longo dos dois anos de coleta. A presença de
Fusarium spp., em vegetais sem sintomas de doença indica que, as mesmas podem ser raças
avirulentas ou patógenos latentes em equilíbrio com o hospedeiro e o ambiente. A presença de
fungos antagonistas, principalmente Trichoderma spp. também, são responsáveis por esse
equilíbrio, o qual ocorre nas três áreas.
Palavra-Chaves: fungos endofíticos, fungos epifíticos, ecologia microbiana.
_________________
1
Tese de Doutorado em Ciências, Curso de Pós-Graduação em Botânica, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil, (86 p.) Março de 2006.
vi
vi
ENDOPHYTIC, EPIPHITIC AND RHIZOSPHERIC FUNGI COMMUNITIES IN
DIFFERENT ECOSYSTEMS
1
Author: Marcia Eloisa da Silva
Adviser: Aida Terezinha Santos Matsumura
ABSTRACT
The present paper aimed at assessing the effect of three ecosystems, on the occurrence
of rhizospheric, endophytic and epiphytic fungi. The study areas are located in a farm in
Venâncio Aires, Rio Grande do Sul. Samples were collected in the months of January, May,
September and November 2004 and 2005. The endophytic and epiphytic fungi were isolated
from samples of guajayvi roots (Patagonula americana L.), picked in the forest (area 1), of
Japanese raisin tree (Hovenia dulcis Thunb.), in the intermediate area (area 2), and tobacco or
corn, in the cultivated area (area 3) and rhizospheric fungi isolated from soil. The fungi were
identified according to morphological characteristics, with the help of identification keys.
Areas 2 and 3 were more alike concerning rhizospheric and epiphytic fungi; Areas 1 and 2, in
turn, were more alike concerning endophytic fungi. The diversity of the isolated fungi from
these three areas did not change during the two years of collection. The abundance of fungi
with phytopathogenic potential such as the Fusarium spp. and Macrophomina phaseolina,
mostly as endophytic in area 3 shows the influence of the host on them. The presence of
antagonistic fungi, principally Trichoderma spp. also, are responsable for this equilibrium,
which occured in the three areas.
Keywords: endophytic fungi, epiphytic fungi and microbial ecology
______________
1
Doctor Science thesis in Botany Post-Graduation Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, RS, Brasil, (86 p.) March de 2006.
vii
vii
SUMÁRIO
gina
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 1
CAPÍTULO I
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................
4
2.1. Solo ......................................................................................................... 4
2.1.1. Interações na rizosfera .................................................................. 9
2.2. Interação fungo/planta ........................................................................... 13
2.3. Fumo (Nicotiana tabacum L.) ................................................................ 19
2.3.1. Doenças fúngicas em fumo .......................................................... 20
2.3.2. Controle ........................................................................................
21
CAPÍTULO II
3.
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE COLETAS ................................... 23
CAPÍTULO III
4. OCORRÊNCIA DE FUNGOS RIZOSFÉRICOS EM TRÊS
COMUNIDADES VEGETAIS ....................................................................
26
4.1. Introdução ............................................................................................... 26
4.2. Material e Métodos ................................................................................. 30
4.2.1. Local de coleta .............................................................................. 30
4.2.2. Amostragem ................................................................................. 32
4.2.3. Isolamento de fungos filamentosos de solo rizosférico ................ 32
4.2.4. Identificão dos fungos ............................................................... 33
4.2.5. Alises físico-químicas de solo .................................................. 33
4.2.6. Alise dos dados ......................................................................... 33
4.3. Resultados e Discussão .......................................................................... 34
4.3.1. Diversidade dos fungos ................................................................ 39
4.3.2. Correlação entre fungos e variáveis abióticas .............................. 43
4.3.3. Alises físico-químicas ............................................................... 44
4.4. Considerações finais ............................................................................... 45
viii
viii
CAPÍTULO IV
5. COMUNIDADES FÚNGICAS ENDOFÍTICA E EPIFÍTICA EM
TRÊS ECOSSISTEMAS ...............................................................................
47
5.1. Introdução ............................................................................................... 47
5.1.1. Fumo (Nicotiana tabacum L.) ...................................................... 49
5.1.2. Doenças causadas por fungos e oomicetos em fumo ................... 49
5.2. Material e Métodos ................................................................................. 50
5.2.1. Local de coleta .............................................................................. 50
5.2.2. Amostragem ................................................................................. 52
5.2.3. Isolamento de fungos endofíticos e epifíticos de raízes ............... 52
5.2.4. Identificão dos fungos ............................................................... 53
5.2.5. Alise dos dados ......................................................................... 53
5.3. Resultados e Discussão ........................................................................... 54
5.3.1. Fungos endofíticos ........................................................................ 56
5.3.2. Fungos epifíticos ........................................................................... 59
5.3.3. Diversidde dos fungos endofíticos ................................................ 64
5.3.4. Diversidade dos fungos epifíticos ................................................. 64
5.3.5. Interação com fatores abióticos do solo ........................................ 69
5.4. Considerações finais ...............................................................................
70
6.
CONCLUSÃO .............................................................................................. 72
7.
SUGESTÕES ................................................................................................ 73
8.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 74
9.
APÊNDICES ................................................................................................. 81
ix
ix
RELAÇÃO DE TABELAS
Página
1. Lista florística da área 1 (mata natural). Venâncio Aires, RS. 2005 ............
24
2. Fungos rizosféricos isolados de amostras coletadas nas áreas, A1 (mata
natural), A2 (intermediária) e A3 (lavoura), durante os anos de 2004 e
2005. Venâncio Aires, RS ...........................................................................
35
3. Fungos de solo rizosférico coletados nas áreas A1 (mata nativa), A2
(vegetação intermediária) e A3 (Lavoura de fumo), durante o ano de
2004 e 2005 .................................................................................................
36
4. mero total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de
diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como
endofíticos das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3
(lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2004. ........
40
5. mero total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de
diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como
endofíticos das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3
(lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2005. ........
40
6. Comparação entre as áreas segundo o índice de diversidade de Shannon
para os fungos de solo rizosférico, isolados nas três áreas (mata, área
intermediária e lavoura) nos anos de 2004 e 2005, Venâncio Aires, RS.
41
7. Freqüência absoluta de fungos de solo rizosférico de maior ocorrência
nas áreas A1 (mata), A2 (intermediária e A3 (lavoura) isolados das
coletas de 2004 e 2005, Venâncio Aires, RS ..............................................
41
8. Fungos endofíticos e epifiticos isolados de raízes coletadas nas áreas, A1
(mata natural), A2 (intermediária) e A3 (lavoura), durante os anos de
2004 e 2005, Venâncio Aires, RS. ..............................................................
55
9. Fungos endofíticos isolados das coletados nas áreas A1 (mata nativa), A2
(vegetação intermediária) e A3 (Lavoura de fumo), durante o ano de 2004
e 2005. Venâncio Aires, RS .........................................................................
57
10. Fungos epifíticos coletados nas áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação
intermediária) e A3 (Lavoura de fumo), durante o ano de 2004 e
2005..............................................................................................................
60
11. Número total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de
diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como endofíticos
das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de
fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2004. .............................
65
12. Número total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de
diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como endofíticos
das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de
fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2005. ............................
65
13. Número total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de
diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como epifíticos
das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de
fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2004. ............................
66
14. Número total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de
diversidade de Shannon-Wiener) para os fungos isolados como epifíticos
das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de
fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2005. .............................
66
15. Comparação entre as áreas segundo o índice de diversidade de Shannon
para os fungos endofíticos e epifíticos isolados nas três áreas (mata, área
intermediária e lavoura) nos anos de 2004 e 2005. Venâncio Aires, RS ....
67
16. Freqüência absoluta de fungos endofíticos de maior ocorrência nas áreas
A1 (mata), A2 (intermediária e A3 (lavoura) isolados das coletas de 2004
e 2005. Venâncio Aires, RS ........................................................................
68
17. Freqüência absoluta de fungos epifíticos de maior ocorrência nas áreas
A1 (mata), A2 (intermediária e A3 (lavoura) isolados das coletas de 2004
e 2005. Venâncio Aires, RS.........................................................................
69
xi
xi
RELAÇÃO DE FIGURAS
Página
1. Dendrograma obtido da análise de agrupamento hierárquico (ligação
média entre grupos) utilizando as variáveis fungos rizosféricos,
isolados das áreas: A1 (mata natural), A2 (Intermediária) e A3
(lavoura) a partir das coletas de janeiro, maio, setembro e novembro
de 2004 e 2005. Distância Euclidiana. ..................................................
38
2 Dendrograma obtido da análise de agrupamento hierárquico (ligação
média entre grupos) utilizando as variáveis fungos endofíticos,
isolados das áreas: A1 (mata natural), A2 (Intermediária) e A3
(lavoura) a partir das coletas de janeiro, maio, setembro e novembro
de 2004 e 2005. Distância Euclidiana. ..................................................
58
3 Dendrograma obtido da análise de agrupamento hierárquico (ligação
média entre grupos) utilizando as variáveis fungos epifíticos, isolados
das áreas: A1 (mata natural), A2 (Intermediária) e A3 (lavoura) a
partir das coletas de janeiro, maio, setembro e novembro de 2004 e
2005. Distância Euclidiana. ...................................................................
61
xii
xii
RELAÇÃO DE APÊNDICES
gina
1. Alises Físico-químicas das amostras de solo rizosférico coletadas nas
áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação intermediária) e A3 (Lavoura de
fumo), durante o ano de 2004. Venâncio Aires, RS ....................................
82
2 Alises Físico-químicas das amostras de solo rizosférico coletadas nas
áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação intermediária) e A3 (Lavoura de
fumo), durante o ano de 2005. Venâncio Aires, RS ....................................
83
3 Coeficientes de correlação de Pearson entre a ocorrência de fungos
rizosféricos e umidade (U) pH, matéria orgânica (MO), Carbono (C)
fósforo (P), potássio (K) e cálcio (Ca) do solo das três áreas de coleta.
Venâncio Aires, RS .....................................................................................
84
4. Coeficientes de correlação de Pearson entre a ocorrência de fungos
endofíticos pH, matéria orgânica (MO), Carbono (C) fósforo (P) e
potássio (K) do solo das três áreas de coleta. Venâncio Aires, RS .............
85
5. Coeficientes de correlação de Pearson entre a ocorrência de fungos
epifíticos pH, fósforo (P), potássio (K) e lcio (Ca) do solo das três áreas
de coleta. Venâncio Aires, RS .....................................................................
85
6. Precipitação pluviomética e temperaturas médias da região em 2003, 2004
e 2005. Venâncio Aires, RS ..........................................................................
86
1. INTRODUÇÃO
A produção agrícola convencional tem contribdo em muito com o
desequilíbrio dos ecossistemas agrícolas e naturais, o intenso desmatamento para a
implantação de lavouras, os fertilizantes sintéticos, os pesticidas utilizados vêm
causando problemas à fauna, à flora, às fontes naturais de água e basicamente ao solo.
O solo, por sua vez é o habitat de grande diversidade de microrganismos,
responsáveis por inúmeras funções, que vão desde a decomposição da matéria orgânica,
2
ambiente vão auxiliar no monitoramento das condições ecológicas do sistema que es
sendo avaliado.
Segundo Bergamin Filho (1995), fitopatossistema é um subsistema de um
ecossistema caracterizado pelo parasitismo, onde o hospedeiro é uma planta. Os
fitopatossistemas dividem-se em: selvagem (patossistema vegetal selvagem), ou seja,
sem a ação do homem e fitopatossistema agrícola (patossistema vegetal agrícola), com a
interferência do homem. Para o autor, o fitopatossistema selvagem é estável e autônomo,
o fitopatossistema agrícola é um sistema quase sempre estável, porém nunca
autônomo. Os atributos do hospedeiro, do patógeno e do ambiente são responsáveis pelo
equibrio dinâmico dos referidos sistemas.
Embora existam vários estudos sobre fitopatossistemas agrícolas, os mesmos
estão direcionados basicamente a determinadas culturas, visando o controle imediato dos
fitopatógenos. Poucas o as pesquisas que buscam verificar se realmente determinados
patógenos podem agir com maior ou menor intensidade nos diferentes ecossistemas e se
a diversidade dos mesmos pode realmente ser alterada em função de modificações
introduzidas no ambiente.
O presente trabalho teve por finalidade verificar se diferentes ecossistemas
podem interferir sobre a diversidade de fungos rizosféricos, endofíticos e epifíticos e se
esta interferência pode modificar a atuação de determinados fungos sobre os vegetais
das áreas estudadas, isto é, verificar se ocorre diferenças significativas entre os
ecossistemas selvagens e os ecossistemas agrícolas estudados. Para tanto, foram
formuladas as seguintes hipóteses:
a) Áreas de agricultura intensiva favorecem a ocorrência de fungos
fitopatogênicos.
b) A freqüência dos fungos rizosféricos, endofíticos e epifíticos difere com
relação às áreas analisadas dentro de uma mesma localidade.
O objetivo geral do presente trabalho foi avaliar o efeito de diferentes
ecossistemas (área de produção agrícola, área de influência humana moderada ou
reduzida e área natural) sobre a ocorrência de fungos rizosféricos, endofíticos e
epifíticos. E os objetivos específicos foram:
3
CAPÍTULO I
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Bedendo (1995), doenças vegetais caracterizam-se pela interação
entre o hospedeiro (planta suscetível), o patógeno e o ambiente. Fatores ambientais
como clima (umidade, temperatura, luz e vento), solo (nutrientes, pH) podem
predispor plantas a ação de patógenos. Tanto os macro como os micronutrientes
podem influenciar na interação. Excesso de nitrogênio pode favorecer o patógeno
devido ao aumento da suculência em tecidos e prolongar o período vegetativo. A
deficiência do nitrogênio faz com que a planta se torne menos vigorosa e mais
suscetível a doenças. A forma de utilização do nitrogênio (amônio ou nitrato) pode
favorecer certos patógenos e ainda pode interagir com o pH do solo, fazendo com
que certas doenças em solo com nitrogênio amoniacal e pH ácido tornem-se mais
severas, enquanto que outras doenças são mais favorecidas em solo com nitrogênio
sob a forma de nitrato e pH neutro a alcalino. O fósforo pode aumentar ou diminuir a
severidade da doença, conforme a planta e o patógeno envolvidos, o excesso de
potássio desfavorece a doença. O pH ácido favorece as doenças causadas por fungos,
já o pH neutro ou levemente alcalino, favorece as doenças bacterianas.
2.1. Solo
Conforme Giller et al (1997), o solo é o habitat das plantas e de uma grande
variedade de bactérias, fungos, protozoários e animais invertebrados, os quais
contribuem para a manutenção da produtividade nos agroecossistemas. A agricultura
intensiva vem reduzindo drasticamente a biodiversidade no solo.
Segundo Kennedy & Gewin (1997), o papel dos microrganismos nas
comunidades do solo é extremamente diverso. Funções como decomposição de
matéria orgânica, ciclagem dos nutrientes, interações como micorrizas e rizóbio-
5
leguminosas, são mais pesquisadas do que a interação entre microrganismos
patogênicos e plantas.
Conforme Abawi & Widmer (2000), as características de um solo pobre
como a alta compactação, a drenagem inadequada, o baixo teor de matéria orgânica e
a baixa fertilidade aumentam a população de fungos causadores de doenças em raízes
como Fusarium, Pythium e Rhizoctonia. Os autores citam ainda a necessidade de um
manejo adequado, utilizando práticas culturais que melhorem às condões físicas e
aumentem a diversidade da biota do solo como alternativa para redução da incidência
de fitopatógenos.
Para Pankhurst et al. (1996), embora a produtividade de sistemas agrícolas
dependa da atividade dos microrganismos do solo, a biodiversidade das comunidades
microbianas do solo e seu efeito sobre a estabilidade de sistemas agrícolas são
praticamente desconhecidos. Segundo os autores, as dificuldades referem-se à
definição de grupos taxonômicos adequados e também devido à dificuldade de
cultivo de muitos microrganismos, pesquisas sobre sucessão ecológica,
decomposição de matéria orgânica, associadas a fatores abióticos do solo e efeitos
regionais, incluindo as práticas de manejo agrícola, devem ser consideradas quando
se estuda a diversidade de comunidades microbianas.
Segundo Bridge e Spooner (2001) a grande maioria dos fungos, mais de
80000, espécies vivem no solo. São encontrados atuando ativamente na degradação
de material vegetal morto, ou sob a forma inativa, como propágulos, ou em estágios
latentes presentes no solo. O conhecimento da diversidade no solo esbaseado em
observação dos corpos de frutificação presentes no ambiente ou de culturas obtidas a
partir de isolamento do solo. Existem limitações para detectar a verdadeira
diversidade do ambiente escolhido, pois alguns existem somente na forma micelial
no solo não sendo identificados, por falta dos corpos de frutificação. Apenas 17% das
espécies são cultiváveis em meios comuns. Portanto, o método clássico de
observação direta em microscopia e cultivo em placas podem levar a redução na
medida da verdadeira diversidade no ambiente.
Vijaykumar & Narasimhain (1995) avaliaram o efeito da sazonalidade sobre
a população de bactérias e fungos de solo com relação às condições físico-químicas,
num período de 12 meses. A população de fungos foi maior no mês de fevereiro e a
de bactérias foi maior no mês de outubro. Encontraram correlação positiva entre a
população de fungos e a umidade do solo, a quantidade de carbono orgânico e de
6
fósforo disponível. Ao todo 45 espécies de fungos foram isoladas. Os mais
representativos foram Alternaria sp., Aspergillus sp., Chaetomium sp., Mycothecium
sp., Penicillium sp. e Phoma sp.
Raymundo Jr. & Tauk-Tornisielo (1997) isolaram fungos filamentosos e
actinomicetos em solo de cerrado. Os autores verificaram a relação entre
profundidade, umidade, matéria orgânica, pH do solo e fatores climáticos sobre a
quantidade dos microrganismos. Os fungos filamentosos foram mais abundantes na
profundidade de 0-5 cm, os actinomicetos entre 5 e 50 cm de profundidade. Para
os autores, a concentração de microrganismos obtidos para as diferentes
profundidades mostrou a importância da camada mais superficial (5 cm) para os
fungos filamentosos, na qual existe um alto teor de matéria orgânica.
Adler & Lew (1995) verificaram a distribuição de espécies de Fusarium ao
longo de um gradiente de altitude em solos não cultivados, os quais se estendiam de
uma zona desértica subtropical próxima do nível do mar, passando por uma zona
temperada até uma zona desértica subalpina em torno de 2.300 m em Tenefife,
comparando-os com solos cultivados de Lanzarote e Palma, e dois outros das Ilhas
Canárias. Dos 5.493 isolados de Fusarium, foram identificadas 17 espécies e uma
população não descrita. As espécies mais representativas foram F. oxysporum, F.
equiseti, F. solani, F. brachygibbosum e F. flocciferum. Os fungos F. oxysporum e F.
solani ocorreram com maior freqüencia em solos cultivados do que em solos não
perturbados, o inverso ocorreu com F. brachygibbosum. A espécie F. oxysporum foi
a mais freqüente nos solos pesquisados e com maior variabilidade em relação a
fatores climáticos. F. solani, F. equiseti e F. brachygibbosum foram isolados de solos
de zonas subtropical e temperados. As espécies F. equiseti e F. brachygibbosum
predominaram em locais com menor incidência de chuvas e F. solani foi mais
freqüente em áreas úmidas ou irrigadas. Já F. flocciferum, F. acuminatum e F.
arthrosporioides predominaram em solos mais secos em zonas temperadas.
Ulacio et al. (1997) verificaram a microbiota de raízes, rizoplano, rizosfera e
solo em plantas de fumo adultas, provenientes de duas áreas distintas na Venezuela.
Isolaram alta propoão de colônias de F. solani, F. moniliforme, F. roseum,
predominando F. solani, principalmente, do rizoplano de ambas as áreas. Também
várias espécies de Aspergillus presente na rizosfera e rizoplano de ambas as áreas A
niger, A. ustus, A. terreus, A. flavus. Os fungos Sclerotium rolfsii e F. oxysporum
foram isolados das raízes enfermas provenientes de uma das áreas. Segundo os
7
autores Aspergillus spp. e Fusarium spp. m alta capacidade de colonização da
rizosfera e que as estruturas de reprodução dos mesmos são abundantes no solo.
Conforme Kornillowicz-kowalska et al. (2000), o processo de colonização
dos resíduos de tabaco por fungos de solo envolve sucessão de diferentes grupos
fisiológicos, porém pouca diversidade, predominando formas potencialmente
fitopatogênicas. Os autores testaram a introdução de material com resíduos de
horticultura em solo e de material com resíduos de tabaco. No solo onde foram
adicionados os reduos de horticultura houve maior diversidade de fungos e no solo
com introdução de resíduos da cultura de tabaco, nas primeiras cinco semanas
predominaram fungos degradadores de açúcares simples como Mucor. Após este
período houve um aumento de fungos do gênero Fusarium. Os resíduos de tabaco
foram colonizados por Mucor ramonissimus, Fusarium solani, F. oxysporum, F.
redolens e Geotrichum candidum, os quais exceto o M. ramonissimus, não foram
comuns nos restos de horticultura.
Purohit et al. (2002) relataram que os diferentes grupos funcionais que
compõem as comunidades microbianas do solo são responsáveis pela produtividade e
a saúde dos sistemas agrícolas. Os autores avaliaram durante dois anos o efeito de
duas áreas em zona árida da Índia sobre a população fúngica do solo. Eles
constataram que a biomassa fúngica foi significativamente maior em áreas com
árvores de Prosopia cineraria do que em áreas descobertas.
Para Brodie et al. (2003), o manejo de solos ácidos cultivados com
pastagens tem aumentado. Práticas que levam a diminuição da diversidade florística
com uma troca de espécies ricas de pastagens semi-naturais para espécies pobres de
comunidades dominadas principalmente por plantas perenes como azevém (Lolium
perenne) e trevo branco (Trifolium repens). Essas práticas também afetam as
comunidades microbianas, com a aplicação de fertilizantes ou calagem ocorre um
aumento no mero de bactérias e diminuição da biomassa fúngica e ainda, trocas
nas propriedades funcionais da microbiota. Em pastagens de solos ácidos, os fungos
são os maiores componentes da biomassa microbiana do solo, contribuindo
significativamente com nutrientes e rotação orgânica, incluindo proteólise,
mobilização e translocação de fósforo. Segundo os autores, a estrutura de populações
de fungos do solo de pastagens ácidas e os efeitos de parâmetros ambientais são
pouco conhecidos. A baixa diversidade de plantas está associada à baixa diversidade
de microrganismos.
8
Segundo Bailey & Lazarovits (2003), modificações nas práticas culturais
com o tempo levam ao declínio na estrutura do solo e com isto um aumento em
doenças de plantas, veiculadas pelo solo. Práticas agrícolas que incorporam resíduos
orgânicos corrigidos ao solo, considerando o tipo e a qualidade do resíduo, m
impacto direto na saúde e produtividade da planta. As práticas de manejo de solo
envolvem o tipo de cultura, a rotação, a quantidade e a qualidade de matéria orgânica
que retorna ao solo.
Para Schloter et al. (2003), interações entre a diversidade de produtores
primários (plantas) e dos decompositores (micróbios e a comunidade de mesofauna),
os dois grupos funcionais que formam a base do ecossistema tem maior
conseqüência na funcionalidade do ecossistema agrícola. Microrganismos do solo
controlam a transformação e mineralização dos compostos naturais e xenobióticos. A
microbiota do solo existe em extrema densidade e diversidade, modificando
rapidamente o rendimento energético e ativamente as trocas nas condições
ambientais. Esses consórcios microbianos possuem a habilidade para prover reservas
ambientais por ajustar a taxa de atividade; a biomassa; e a estrutura da comunidade.
Esses parâmetros são particularmente importantes na avaliação da qualidade do solo.
A atividade microbiana é regulada pelas condições nutricionais, temperatura e
disponibilidade de água e outros fatores como concentração de prótons e suprimento
de oxigênio.
Cabello e Arambarri (2002) isolaram microfungos da rizosfera de uma
floresta nativa não perturbada e de outra floresta perturbada. Cinqüenta e quatro taxa
foram isolados: 49 do solo de floresta não perturbada e 37 do solo de floresta
perturbada. Acremonium sp., Aspergillus ustus, Coemansia pectinata, Doratomyces
stemonitis, Fusarium solani, F. oxysporum, Gliocladium roseum, Humicola fuso-
atra, Metarhizium anisopliae, Mortierella sp., Penicillium lilacinum, P. frequentans,
Trichoderma harzianum, e T. koningii, mostram alta freqüência, em ambas as
florestas, perturbada e não perturbada. No solo da floresta não perturbada o índice de
biodiversidade foi 3,97 e no solo perturbado foi 3,89. O número de colônias no solo
da área não perturbada foi duas vezes maior do que na perturbada. Beauveria
bassiana, Volutella ciliata e Wardomyces inflatus foram isolados exclusivamente da
floresta não perturbada. na perturbada os fungos que apareceram exclusivamente
foram: Arthrobotrys oligospora, Cladosporium cladosporoides, Cunninghamella
elegans, Humicola grisea, e Thielavia terricola.
9
Para Atlas & Bartha (1997), a rizosfera é a camada de solo aderida às raízes
dos vegetais. O grande número de populações microbianas na rizosfera deve-se as
interações que ocorrem entre os microrganismos e as raízes das plantas, devido à
troca de nutrientes entre eles. Embora, muitas das interações que ocorrem entre
plantas e microrganismos da rizosfera sejam favoráveis a ambos, é neste local onde
se encontram também a maioria dos patógenos vegetais.
A rizosfera pode ser dividida em fases que, embora distintas, são inter-
relacionadas como: o efeito das raízes liberando compostos orgânicos, sobre os
microrganismos do solo; o efeito dos microrganismos da rizosfera na, promoção de
crescimento das plantas; a influência da rizosfera sobre os patógenos de solo e, ainda,
a atuação de microrganismos da rizosfera, na mineralização de poluentes, como
herbicidas, protegendo, assim, as plantas cultivadas dos efeitos prejudiciais dos
pesticidas. A introdução de microrganismos do solo, como Rhizobium, Frankia,
Azospirillum, fungos micorrízicos, bactérias promotoras do crescimento de plantas,
agentes de biocontrole e o estabelecimento dos mesmos na rizosfera trazem
benefícios à agricultura, pois a colonização radicular é indispensável para que o
controle biológico de pragas e fitopatógenos do solo sejam efetivos (Melo, 2000).
Para Bronick & Lal (2005), a rizosfera tem uma grande população de macro
e microrganismos que contribui na formação do carbono orgânico do solo e sua
agregação. Quimicamente as raízes aumentam a agregação por liberarem uma série
de compostos, os quais têm efeito de cimentação das partículas do solo. A biota e o
teor de produtos orgânicos contribuem para o desenvolvimento da estrutura do solo.
A estrutura do solo se refere ao tamanho, forma e arranjo de sólidos e lacunas, de
poros e a capacidade para reter e transmitir fluidos e substâncias orgânicas e
inorgânicas e a habilidade para suportar o crescimento das raízes. Raízes e hifas
podem emaranhar as partículas enquanto, reorganizam-nas e liberam compostos
orgânicos que prendem essas partículas. A estrutura do solo pode ser
significativamente modificada através de práticas de manejo e mudanças ambientais.
Práticas que aumentam a produtividade e diminuem a ruptura do solo, aumentando a
agregação e desenvolvimento estrutural.
2.1.1. Interações na rizosfera
Gonzalez Salgado et al. (1999), avaliaram a população de bactérias,
actinomicetes e fungos na rizosfera de cultivos de tomateiro e de batata tratados e
10
não tratados com Trichoderma harzianum. Não houve diferença significativa em
relação a quantidade total de bactérias e fungos rizosféricos nos cultivos tratados e
não tratados. Verificaram que houve um aumento significativo de Azotobacter, e
diminuição de actinomicetes nos cultivos tratados com T. harzianum. No cultivo de
tomate T. harzianum proporcionou um aumento da massa fresca, da altura e diâmetro
do caule.
Pandey et al. (2001) verificaram a presença de fungos como Trichoderma
pseudokoningii, T. koningii, Penicillium erythromellis, P. janthinellum, P. raistickii,
na rizosfera de arbustos de chá em várias localidades da Índia. Houve maior variação
sazonal para Penicillium spp. do que para Trichoderma spp. A população de
Trichoderma e Penicillium apresentou correlação inversa com as populações das
duas bactérias dominantes na rizosfera, Bacillus subtilis e B. mycoides. Essas
bactérias têm apresentado antagonismo aos dois fungos in vitro o que foi confirmado
in situ no referido trabalho.
As espécies de Trichoderma são numerosas e dominantes em solos
agrícolas; elas persistem e multiplicam-se na presença de raízes de plantas saudáveis.
Os mecanismos pelos quais isolados de Trichoderma atuam são: micoparasitismo
(enrolamento, penetração e dissolução da parede das hifas do patógeno por enzimas),
antibiose (produção de compostos antimicrobianos), competição por nutrientes e
espaço, promoção do crescimento de plantas (pela ausência de patógenos e
solubilização de fosfato e micronutrientes, os quais ficam disponíveis para as
plantas), tolerância ao estresse (devido ao aumento de raízes e desenvolvimento de
plantas); indução de resistência (espessamento de paredes celulares por lignificação,
formação de calose, produção de proteínas relacionadas à patogênese e fitoalexinas)
e inativação das enzimas dos patógenos (Harman, 2000; Whipps, 2001; Howell,
2003).
Para Yedidia et al. (2000), T. harzianum tem sido citado como saprófita
comum da rizosfera e tem provado ser efetivo, como agente de controle biológico,
contra uma variedade de patógenos habitantes do solo e de partes aéreas de plantas.
Várias evidências vêm mostrando que a colonização de raízes por microrganismos
não patogênicos, como as bactérias promotoras de crescimento de plantas e muitos
fungos, desencadeiam respostas de defesa nas plantas. Segundo Kubicek et al.
(2003), Trichoderma spp. são fungos de rápido crescimento, com capacidade de
utilização de diversos substratos e resistência para produtos químicos nocivos.
11
Ocorrem em vários solos como agrícola, campina, floresta, pântano salgado e solos
desérticos em todas as zonas climáticas. São decompositores de madeira, de
materiais herbáceos e necrotróficos de decompositores primários. Algumas das 35
espécies são produtoras de enzimas e antibióticos, ou utilizadas como agentes de
controle biológico. Segundo os autores, ainda não se sabe se essas propriedades são
típicas de somente poucas espécies, ou de muitas ou todas as espécies de
Trichoderma.
Thangavelu et al. (2004) isolaram Trichoderma spp. da rizosfera de
bananeira de diferentes áreas na Índia. O potencial antagonista de Trichoderma spp.
foi testado in vitro, contra Fusarium oxysporum, causador de murcha em bananeira.
O isolado Th-10 de T. harzianum foi o mais eficiente na inibição do crescimento
micelial de F. oxysporum. O isolado de T. harzianum produziu alta densidade de
propágulos em folhas secas de bananeira; esta formulação, adicionada ao solo,
controlou efetivamente a murcha de Fusarium com eficiência comparável a do
fungicida carbendazim.
Celar (2003) averiguou o papel da competição por nitrogênio nas interações
entre fungos antagonistas e fitopatogênicos. Cinco fungos fitopatogênicos foram
utilizados no experimento, três Fusarium spp. (F. solani, F. sambucinum e F.
moniliforme), Rhizoctonia solani e Sclerotinia sclerotiorum. Quatro competiram com
Trichoderma spp. (T. longibrachiatum, T. harzianum, T. viride e T. koningii).
Comparado com o fungo fitopatogênico em muitos casos o fungo antagonista usou
nitrogênio como amônia em altas taxas nos primeiros seis dias de cultivo. Após os
primeiros dias de cultivo o antagonista trocou a fonte de nitrogênio para nitrato. Em
contraste as espécies de Fusarium usaram uma quantidade de nitrato
significativamente maior do que o antagonista. R. solani, e S. sclerotiorum utilizaram
primeiro amônia e quando este ficou limitado trocaram para nitrato. Fusarium spp.
utilizaram duas fontes de nitrogênio ao mesmo tempo. Se o nitrogênio fosse
considerado como somente uma variável, Fusarium spp. teriam relativa vantagem
sobre o antagonista por ser hábil em utilizar ambas as formas do nitronio
simultaneamente.
Segundo Harman et al. (2004),
12
outros microrganismos de solo por nutrientes ou por espaço. Para os autores, os
fungos considerados competentes na rizosfera são aqueles que possuem a habilidade
de colonizar e crescer em associação com raízes de plantas, característica essa
avaliada em algumas espécies de Trichoderma.
Para Howell (2003), os mecanismos antagonistas de Trichoderma spp. são
fortemente influenciados pelo tipo de solo, temperatura e umidade bem como pela
microbiota associada.
Para Bae & Knudsen (2005), o crescimento micelial e a eficiência de
Trichoderma harzianum como agente de controle biológico podem depender das
interações com a biota do solo. Nesse sentido Roberts et al. (2005) verificaram a
ação de dois isolados de Trichoderma virens e uma coleção de isolados de bactérias
para controle dos fungos Rhizoctonia solani, Pythium ultimum e do nematóide
Meloidogyne incognita em pepino. Os isolados de T. virens foram efetivos contra R.
solani em casa de vegetação. As bactérias Burkholderia ambifaria, B. cepacia e
Serratia marcescens também foram muito efetivas contra os patógenos testados. Os
isolados de T. virens e de S. marcescens foram mais efetivos na supressão do
tombamento de pepino causado por P. ultimum em experimentos em câmara de
cultivo. Os tratamentos, utilizando os microrganismos, individualmente ou, em
combinação não foram efetivos contra M. incognita. A aplicação de um formulado
com o isolado GL21 de T. virens combinado com B. cepacia ou B. ambifaria em
sementes de pepino aumentou a supressão de R. solani em relação aos tratamentos
individuais. O efeito do tratamento com o isolado GL21 de T. virens combinado com
B. cepacia, B. ambifaria e S. marcescens em estandes de plantas foi similar, ou
melhor, do que o tratamento individual para R. solani. B. ambifaria combinada com
o isolado GL21 em sementes resultou numa significativa supressão do tombamento
causado por P. ultimum em dois dos três tratamentos utilizando esta combinação. A
população dos isolados de T. virens quando combinados com B. cepacia ou S.
marcescens foi reduzida substancialmente após 10 a 12 dias da infestação na
rizosfera de pepino. Populações do isolado de T. viride G21 foram reduzidas com a
combinação B. ambifaria. Os resultados, bem como o sistema de ensaio utilizado,
variaram com as combinações entre os microrganismos.
13
2.2. Interação fungo/planta
As associações mutualísticas, entre fungos e organismos fototróficos, são
numerosas; muitas destas associações são comuns, como os liquens e as micorrizas,
porém outras, como os endofíticos de plantas e algas, são menos conhecidas. As
interações mutualísticas são responsáveis por rias adaptações dos organismos
fototróficos para a vida na terra (Selosse & Tacon, 1998).
Os fungos podem habitar a superfície das plantas como epifíticos e também
o interior das mesmas como endofíticos. Segundo Azevedo (1998); Azevedo (1999);
Peixoto-Neto et al. (2002) e Maccheroni Jr. et al. (2004), a distinção entre
endofíticos, epifíticos e patógenos tem significado puramente didático. É difícil
estabelecer os limites para discriminar cada categoria, não existe um claro limite
entre grupos e sim um gradiente entre eles. Azevedo et al. (2000) ampliaram a
definição de microrganismos endofíticos, para microrganismos que habitam o
interior de tecidos vegetais sem causar danos ao hospedeiro e sem formar estruturas
externas visíveis.
Fungos e bactérias endofíticos vivem em mutualismo com as plantas
hospedeiras, recebendo nutrientes e produzindo compostos químicos, como enzimas,
fitohormônios, alcalóides e antibióticos, entre outros, que protegem e auxiliam a
planta em certas condições de estresse causadas por falta de água, presença de
subsncias tóxicas, ataque de patógenos ou de insetos-praga; podem ainda produzir
compostos de importância biotecnológica, como enzimas e fármacos. Todo
microrganismo que habita, por algum tempo, o interior de um vegetal, pode ser
considerado endofítico. Os fungos endofíticos podem penetrar na planta, através de
estômatos, ferimentos e produção de enzimas hidrolíticas que facilitam a colonização
Maccheroni Jr. et al. (2004).
Os microrganismos endofíticos podem se tornar patogênicos aos
hospedeiros, em condições de desequilíbrio. Diversos fungos endofíticos estão,
taxonomicamente, relacionados a fitopatógenos dos mesmos hospedeiros. Um
exemplo é o fungo endofítico Guignardia mangiferae (Sin. G. endophyllicola), o
qual é relacionado, filogeneticamente, a G. citricarpa, causador da mancha preta dos
citros. Por outro lado a mutação de um gene transformou uma linhagem patogênica
de Colletotrichum magna em uma linhagem endofítica. Dependendo da raça
fisiológica, Fusarium oxysporum pode ser isolado, como endofítico ou como
patógeno, causador de murcha em tomate. A linhagem avirulenta pode ser utilizada
14
para controlar a murcha, causada pela linhagem virulenta do F. oxysporum (Peixoto-
Neto et al., 2002). Nesse sentido, Silva & Bettiol (2005) avaliaram nove isolados de
Fusarium oxysporum não patogênicos ao tomateiro, para controle da murcha
vascular causada por F. oxysporum f. sp. lycopersici, raça 2 em pntulas de
tomateiro. Os isolados não patogênicos de F. oxysporum foram eficientes no controle
da doença causada pela raça patogênica de F. oxysporum e em manter normal o
crescimento das plântulas de tomateiro.
As espécies de Fusarium causam doenças em grande quantidade de plantas.
O fungo pode ser habitante do solo, do ar, ou de resíduos de plantas e pode ser
recuperado de qualquer parte da planta. A maioria dos isolados de F. oxysporum que
causam murcha vascular são linhagens específicas que infectam somente um
pequeno mero de hospedeiros e têm sido diferenciadas pelo termo sub-específico
de forma especial (f. sp.), por exemplo F. oxysporum f. sp. cubense é a linhagem que
causa murcha em bananeira., F. oxysporum f.sp. nicotinianae é o causador da murcha
em fumo (Summerell et al. 2003). Porém, segundo Kucharek et al.(2000), a cultura
de batata doce também é suscetível a esta forma especial, portanto, não deve ser
utilizada para rotação de cultura com o fumo.
Segundo Skovgaard et al. (2002), quarenta e nove linhagens do complexo
Fusarium oxysporum foram isoladas de duas áreas vizinhas, de cultivo de ervilha.
Trinta e nove das linhagens foram isoladas do solo e 10 de plantas de ervilha com
sintomas de podridão de raízes. Vinte e oito foram testadas para patogenicidade em
ervilha. Baseados no percentual de descoloração de raízes e da base dos caules, os
isolados foram divididos em três grupos: sete linhagens virulentas, 14 levemente
virulentas, e sete não patogênicas para ervilha. Para avaliar o parentesco genético das
49 linhagens foi feito o seqüenciamneto de genes de DNA (parte do fator de
elongação, nitrato redutase, beta tubulina) e ainda pequenas subunidades de DNAr
mitocondrial. A análise dos dados combinados produziu um grupo com três clados
fortemente associados o que pode representar espécies crípticas. Não houve
correlação entre a estrutura filogenética e a patogenicidade para ervilha segundo a
origem geográfica, e o substrato (solo ou planta) dos quais as linhagens de F.
oxysporum foram isoladas. Para os autores essa falta de correlação sugere que as
linhagens do complexo F. oxysporum causadoras de apodrecimento de raízes tenham
evoluído recentemente de um ancestral não patogênico, ou que alguns desses
isolados tenham perdido sua habilidade para causar a podridão de raízes. Os fungos
15
dos três clados foram hábeis em infectar as plantas e viver como endofíticos ou como
parasitas em seus hospedeiros.
O fungo Botryosphaeria dothidea é responsável pela seca dos ramos e pelo
cancro em várias espécies de Eucalyptus, no sul da África; no entanto, esse fungo foi
isolado com alta freqüência, como endofítico de folhas saudáveis de Eucalyptus
grandis e E. nitens, em duas regiões distintas do sul da África (Smith et al., 1996).
Também, Bettucci et al. (2004) isolaram B. dothidea, juntamente com Sphaeropsis
sapinea, e Colletotrichum gloesporioides, como endofíticos de Eucalyptus spp.,
cultivados no Uruguai.
Para Hadacek & Kraus (2002), os endofíticos utilizam carboidratos das
plantas, em baixas concentrações, e sugerem que os açúcares das plantas podem
constituir sinais que facilitam adaptações de certos fungos, como específicos de
certas plantas hospedeiras. Bettucci et al. (2004) verificaram a composição de fungos
endofíticos de ramos e folhas de Blepharocalyx salicifolius, Myrceugenia
glaucescens e Acca sellowiana (Myrtaceae-Myrtoideae), com distribuição natural,
em uma área central do Uruguai. Xylaria enteroleuca, Pestalotiopsis guepinii e
micélio estéril colonizaram tecidos dos diferentes hospedeiros. Os resultados
mostraram difereas na composição dos endofíticos, entre M. glaucescens e os
outros dois hospedeiros, sugerindo preferência pelo hospedeiro. Contrariamente B.
salicifolius e A. sellowiana foram caracterizadas pela similaridade entre a
composição de espécies. Os autores ressaltaram a necessidade de mais pesquisas no
sentido de avaliarem se preferência de alguns endofíticos por certos hospedeiros,
bem como os fatores que determinam esta característica.
Populações de microrganismos não patogênicos são encontradas nas plantas,
como epifíticas e endofíticas, tanto no filoplano, como na rizosfera (Melo, 2000).
Com relação aos fungos epifíticos, Maccheroni Jr. et al. (2004) citaram que os
mesmos habitam a superfície da planta hospedeira e podem apresentar interação
mutualística, impedindo a colonização por microrganismos patogênicos, ou ainda
produzir substâncias que evitam a herbivoria por insetos e mamíferos. Nesse tipo de
interação, o fungo também é beneficiado com os carboidratos exsudados pela planta;
no comensalismo, o fungo epifítico coloniza a superfície da planta, obtendo os
carboidratos sem produzir nada para a planta. Fungos endofíticos podem,
inicialmente, habitar a superfície da planta como epifíticos e, após algum tempo,
penetrar através de estômatos ou ferimentos. Os fungos patogênicos também podem
16
colonizar a superfície da planta e, posteriormente, causar a doença. A maioria dos
fungos são saprófitas, porém alguns são parasitas, os quais afetam o desenvolvimento
das plantas hospedeiras e podem causar a morte das mesmas. As populações
microbianas do solo, do rizoplano e do filoplano e endofíticas interagem com as
plantas. Os sistemas intensivos de produção agrícola podem causar desequilíbrio
entre essas diferentes populações, favorecendo o estabelecimento e desenvolvimento
dos fungos fitopatogênicos. Segundo Hadacek e Kraus (2002), os endofíticos
constituem porção essencial da diversidade fúngica e incluem fungos mais
especializados do que os da rizosfera e os do solo distante das raízes. a rizosfera,
comparada aos demais solos, abriga maior diversidade de fungos.
Lopez-Llorca et al. (2002) inocularam plântulas de cevada com o fungo
nematófago Verticillium chlamydosporium, e após duas semanas, o fungo havia
colonizado a rizosfera. As hifas penetraram através de apressórios nas células
epidérmicas das raízes, três semanas após a inoculação. No interior das células
epidérmicas, formou-se uma rede de hifas e houve colonização também de lulas
corticais. Reações, como produção de gotículas e calose, foram comuns, o que pode
indicar indução de defesa na planta. Os resultados também podem ter implicação no
modo de ação do fungo, contra os nematóides parasitas dessa planta.
Benhamou et al. (1997), verificaram a indução de resistência em tomateiro a
Fusarium oxysporum f. sp. radicis-lycopersici por Pythium oligandrum. Al-
Rawahi (1998) verificou em cultura dual que Pythium oligandrum impediu o
crescimento e formação de micoesclerócios de Verticillium dahlie. Segundo o autor,
em experimentos de casa de vegetação com pimenta cultivada em solo infestado por
V. dahilae houve um aumento significativo no peso de caules e frutos quando a
planta foi cultivada na presença de P. oligandrum do que na ausência.
Para Atkinson & Watson (2000), as interações benéficas, prejudiciais ou
neutras, entre raízes de plantas e microrganismos, são reguladas por uma sinalização
molecular complexa. A existência da indução microbiana para a exsudação de
plantas e a planta, exsudando em resposta à presença de microrganismos, sugere um
grau de co-evolução entre as plantas e os microrganismos do solo.
Segundo Wilberforce et al. (2003), três sítios de características físicas
similares, diferindo em manejo foram escolhidos para testar a hipótese de que
perturbação agrícola tem efeitos deletérios sobre a diversidade de fungos endofíticos
e favorece as espécies potencialmente patogênicas. As coletas foram realizadas
17
bimensalmente durante o ano de 2000. Foram isolados fungos endofíticos de raízes e
das amostras de solo foram avaliados N mineral, umidade, potencial de água e pH. O
maior mero de espécies ocorreu em julho e novembro 29 cada um, porém a
colonização média das raízes ocorreu em julho, sendo que os dois meses com menor
número de espécies foram março e janeiro, mas com alta colonização. Os fungos de
micélio estéril identificados em morfoespécies pela aparência das colônias
predominaram. Também foram isolados fungos dos gêneros Acremonium,
Cylindrocarpon, Fusarium, Penicillium e Trichoderma. Alguns gêneros foram
isolados uma vez (apenas de uma amostragem) como Absidia, Dictiosporium,
Gliomastix, Gonytrichum e Moniliella. Os resultados demonstram diferenças
quantitativas entre comunidades de fungos da raiz em relação ao manejo, com
significante correlação com as variáveis ambientais.
Santamaría & Bayman (2005) compararam comunidades de fungos
epifíticos e endofíticos de folhas de café (Coffea arabica) coletadas em seis pontos
em Porto Rico. Um total de 821 colônias foram isoladas e agrupadas em 131
morfoespécies. Os fungos que não esporularam foram reunidos em quatro grupos por
afinidade taxonômica, determinados por seqüenciamento de regiões ITS do rDNA,
sendo dois grupos formados com Xylaria, um com Botryosphaeria e outro com
Guignardia. Pestalotia e Botryosphaeria foram significantemente mais comuns
como epifíticos e Colletotrichum, Xylaria e Guinardia como endofíticos. Mais
morfoespécies ocorreram como endofíticos do que como epifíticos.
Santos et al. (2003) isolaram fungos endofíticos de Melia azedarach (córtex
de raiz, de caule de folhas e de frutos e xilema de raiz) coletadas no Brasil em 1998
(agosto estação seca) e 1999 (março estação de chuvas). Um total de 59 isolados
foram obtidos de tecidos sadios de M. azedarach. Esses isolados foram agrupados
em 18 espécies, um Coelomycete e 17 Hyfomicetes. Oito gêneros foram registrados,
com um incluído em Ascomycete (Balansia sp.) e um Basidiomycete (não
identificado) nesse total de isolados não foram incluídos os fungos de micélio estéril.
Os gêneros mais comuns foram Aspergillus e Penicillium.
Hervás et al. (1998) testaram um isolado de Bacillus subtilis, um isolado de
Fusarium oxysporum não patogênico e um isolado de Trichoderma harzianaum
aplicados sozinhos ou em conjunto em cultura de grão de bico, para controle da
murcha causada por uma raça virulenta de F. oxysporum f. sp. ciceris. Os três
microrganismos aplicados juntos foram eficientes no controle da doença comparando
18
com o controle. A combinação entre B. subtilis e T. harzianum foi eficiente no
controle da doença mas não diferiu significativamente quando os mesmos foram
aplicados separadamente. A mistura de B. subtilis e F. oxysporum não patogênico
não foi eficiente, no entanto, quando aplicados sozinhos reduziram significantemente
o desenvolvimento da doença.
Para Yedidia et al. (2000), T. harzianum tem provado ser efetivo, como
agente de controle biológico, contra uma variedade de patógenos importantes do solo
e de partes aéreas de plantas. rias evidências vêm mostrando que a colonização de
raízes por microrganismos não patógenos, como as bactérias promotoras de
crescimento de plantas e muitos fungos, desencadeiam respostas de defesa nas
plantas. Também a colonização da epiderme e de camadas externas do rtex inicia
uma rie de modificações morfogicas e bioquímicas nas plantas. As respostas de
defesa incluem indução de proteínas relacionadas à patogenese (RP), com especial
ênfase à acumulação de hidrolases nas plantas, como quitinases, e β-1,3-glucanases,
com potencial antimicrobiano; acumulação de fitoalexinas e deposição de polímeros
estruturais, como calose e lignina.
As espécies de Trichoderma são oportunistas e avirulentas para plantas nas
quais são simbiontes, e parasitas de outros fungos. Algumas linhagens permanecem,
por longo tempo, colonizando a superfície das raízes, penetram na epiderme e, em
poucas células de camadas internas. Produzem e liberam uma variedade de
compostos que induzem resistência localizada ou sistêmica nas plantas. A
colonização da rizosfera, por Trichoderma spp., promove o crescimento de raízes e
aumenta a produtividade, a resistência a estresses abióticos e a utilização de
nutrientes (Benítez et al. 2004; Harman et al. 2004; Samuels, 2006). Segundo
Benítez et al. (2004), linhagens de Trichoderma atuam ainda no controle de fungos
fitopatogênicos indiretamente por competição por nutrientes e espaço, modificações
ambientais e antibiose, ou diretamente, por mecanismos como micoparasitismo.
Esses mecanismos podem atuar juntos ou separadamente e sua importância no
processo de biocontrole depende da linhagem de Trichoderma, do fungo a ser
controlado, da planta, e das condições ambientais, incluindo disponibilidade de
nutrientes, pH, temperatura, e concentração de ferro. Para Harman et al. (2004),
espécies de Trichoderma inibem a produção ou degradam pectinases e outras
enzimas essenciais a fungos fitopatogênicos que as utilizam para penetrarem em
folhas como, por exemplo, Botrytis cinerea. Conforme os autores, o conhecimento
19
do efeito direto deste fungo sobre o crescimento e desenvolvimento de plantas é de
importância crucial para uso na agricultura e entendimento do papel de Trichoderma
nos ecossistemas naturais e manejados.
2.3. Fumo (Nicotiana tabacum L.)
Segundo Willani (2004), no Brasil o fumo é cultivado em pequenas
propriedades. Como o cultivo ocorre ano após ano, nas mesmas áreas, a rotação de
cultura tem sido insuficiente. Devido a isto, m ocorrendo um aumento na
incidência de doenças, principalmente as causadas por fungos e bactérias habitantes
de solo. Portanto, se faz necessário o manejo integrado de pragas e doenças para
mantê-las em determinado vel de equilíbrio não comprometendo a produtividade e
lucratividade.
O sistema de produção de mudas de fumo usando a tecnologia float,
constituído por bandejas de isopor, que flutuam em uma mina de água de 8 cm de
altura, previamente fertilizada, representa quase que a totalidade de mudas
atualmente produzidas. Além de eliminar o uso do Brometo de metila, na
esterilização dos canteiros, essa técnica tem propiciado muda de boa qualidade
(Massola et al., 2005).
O fumo é semeado em maio, transplantado em agosto e setembro e colhido
no período de dezembro a fevereiro. As mudas, após a semeadura levam cerca de 60
dias para atingir o tamanho necessário para o plantio, nessa fase o controle de pragas
e doenças é intensivo. As mudas são transplantadas para a lavoura, com a área
adubada. A colheita das folhas é iniciada cerca de 60 dias após o plantio. Durante
essa etapa, o crescimento deve ser monitorado e realizado o controle integrado de
pragas e doenças, a retirada das flores para melhor desenvolvimento das folhas,
aumentando, assim seu peso e qualidade (Deser, 2003).
Massola Jr. et al. (2005) os principais tipos de fumo cultivados no Brasil,
estão relacionados com a finalidade a que se destinam, sendo os mais
representativos: Estufa (Virginia e Amarelinho); Galpão (Burley, Comum, Maryland
e Dark); Oriental (Izmir, Basma e Gavurkoy); Charuto (Brasil Bahia e Sumatra),
Araparica (Araparica e suas seleções) e Corda (Tietê, Minas, Ouro de Minas e
Goiano).
Segundo Shew & Lucas (1991), as doenças que causam as maiores perdas
em todos os tipos de fumo ocorrem em todas as partes da planta e todos os estágios
20
do desenvolvimento. As doenças resultam da interação entre patógenos, fatores
ambientais e hospedeiros suscetíveis. Os patógenos do fumo incluem fungos,
bactérias, vírus, nematóides, micoplasmas e plantas parasitas. O fumo é resistente a
muitos patógenos que ocorrem na natureza. Entretanto, mais do que 50 organismos
atacam o fumo e utilizam raízes, ramos ou folhas como fonte de alimento.
2.3.1. Doenças causadas por fungos e oomicetes em fumo
Shew & Lucas (1991) citam os seguintes fungos causadores de doenças em
raízes e caules de plantas de fumo: Phytophthora parasitica Dastur var. nicotianae
(Breda de Hann); Pythium ultimum Trow var. ultimum e P. aphanidermatum (Edson)
Fitzp., Thielaviopsis basicola (Berk e Broome) Ferraris., Sclerotium rolfsii Sacc.
(teleomorfo: Athelia rolfssi (Cruzi) Tu & Kimbrough), Rhizoctonia solani Kühn
(teleomorfo: Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk), Fusarim oxysporum
Schlected. ex Fr. f.sp. nicotianae (J. Johnson) W.C. Snyder & H. N. Hans.,
Verticillium dahliae Kleb., Macrophomina phaseolina (Tassi) Goidanich, Olpidium
brassicae (Woronin) P.M. Dang. e Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary.
Segundo Willani (2004), Fusarium spp. são fungos de difícil controle em
mudas, principalmente no sistema float, onde as fontes de inóculos são o solo e a
água contaminados e a reutilização das bandejas. Na lavoura Fusarium oxysporum
f.sp. nicotinianae pode ser introduzido por mudas contaminadas. O fungo penetra no
sistema radicular por feridas, geralmente causadas por nematóides. Permanece no
solo na forma de estruturas resistentes às condições adversas e sobrevive na matéria
orgânica. Alta umidade, dias nublados ou chuvosos associados a temperaturas
elevadas favorecem esta doença. O autor destaca, ainda, patógenos como Rhizoctonia
solani ou Thanatephorus spp. (Rhizoctonia ou mancha aureolada). Pythium spp.
ocorre, geralmente, em mudas jovens junto à linha do solo, causando mancha
marrom a qual circunda o colo, causando amarelecimento, murchamento e, posterior
queda das mudas. Sclerotinia sclerotiorum (Esclerotinia ou Mofo Branco) causa
podridão mole nas mudas e na lavoura. Peronospora tabacina (Mofo Azul).
Alternaria alternata (olho de peixe). Cercospora nicotiane (cercosporiose ou olho de
rã). Amarelão doença que pode ser causada por um complexo de fungos
(Phytophthora spp., Fusarium oxysporum f.sp. nicotinianae, Rhizoctonia solani e
Pythium spp.) Doença recente e ainda pouco estudada, ocorre na forma de manchas
amareladas e é mais comum em fumo do tipo Burley, os sintomas surgem após
21
períodos úmidos e são comumente, identificados, como afogamento. Após ampliam-
se atingindo áreas consideráveis da lavoura. Com peodos de melhoria do clima,
ocorre recuperação parcial destas manchas. Posteriormente, as mesmas áreas, podem
apresentar perdas por murcha bacteriana, a qual se aproveita das raízes estarem
doentes para infectar as plantas. O transporte do solo contaminado pela água da
chuva e por implementos, dissemina a doença dentro da propriedade e entre
propriedades. O sintoma mais característico é o amarelecimento em forma de
manchas. O sistema radicular apresenta-se pouco desenvolvido, com pequena
presença de raízes secundárias, as quais geralmente estão enegrecidas e com partes
apodrecidas. É uma doença de sistema radicular e não ataca o caule. A confirmação
do agente causal somente pode ser obtida por exame laboratorial. Também foi
observado que há uma forte correlação entre solos degradados, rasos ou com baixa
capacidade de infiltração e a incidência da doença. Até o momento não foram
identificadas cultivares resistentes.
2.3.2. Controle
Segundo Bettiol & Ghini (2004), o controle do tombamento em plântulas de
fumo, causado por Pythium, Sclerotinia e Rhizoctonia era basicamente realizado com
a desinfestação dos canteiros com brometo de metila e aplicação de fungicidas à base
de mancozeb, metilaxyl e iprodione. No sistema float, foi eliminado o uso do
brometo de metila. Os fungos podem ser controlados com produtos biológicos como
o bioformulado a base de Trichoderma cultivado em arroz. O produto final é
misturado ao substrato do float na proporção de 100 g/100 Kg de substrato, volume
suficiente para completar 200 bandejas com 200 lulas. Nos canteiros, o produto é
dissolvido na água e aplicado após a semeadura. Uma aplicação é suficiente para o
controle da doença tanto no substrato, quanto nos canteiros.
Weiler (2004) testou a ão de três isolados de Trichoderma sp. em
plântulas de fumo produzidas no sistema floating e a influência de produtos a base de
iprodione e oxicloreto de cobre na sobrevivência do fungo. Constatou diferenças
significativas na altura das plântulas, diâmetro de caule, peso seco da parte aérea e
raízes e o desenvolvimento de Trichoderma sp. junto às raízes tratadas. Não houve
diferenças significativas na sobrevivência de Trichoderma sp. em mudas tratadas
com iprodione e oxicloreto de cobre. Segundo o autor, a utilização de bioformulados
22
à base de Trichoderma sp., além de favorecer o desenvolvimento de plântulas de
fumo é compatível com as práticas de manejo utilizadas na produção das mesmas.
CAPÍTULO II
3. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE COLETAS
As amostras foram coletadas de maneira sistemática em uma propriedade
rural, situada na cidade de Venâncio Aires, RS (29
o
60’63”S e 52
o
19’19”O e altitude
de 210m). O solo é do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo alumínico alissólico
PVAa 2, pertencendo a Unidade Vera Cruz (EMBRAPA CNPS, 1999). O clima
segundo a classificação de Köeppen é subtropical, Cfa2 com temperatura média
anual de 19,4
o
C e precipitação média de 1.700 mm (DNPEA 1973). A propriedade
de 5 hectares, está dividida em três áreas como segue.
Área 1, de 2 hectares, com mata nativa (destinada à reserva). A mata
apresenta-se em um estágio secundário de regeneração, tendo como espécies
predominantes no estrato arbóreo a guajuvira (Patagonula americana), o jerivá
(Syagrus romanzoffiana), o camboatá-vermelho (Cupania vernalis) e a canela-
fedorenta (Nectandra megapotamica). No estrato das arvoretas ocorrem com mais
freqüência o chal-chal (Allophylus edulis), topete-de-cardeal (Calliandra tweediei), e
os catiguás (Trichilia elegans, T. claussenii). Criciúma (Chusquea sp.), café-do-mato
(Psychotria cf. carthagenensis) e flor-de-fogo (Ruellia angustifolia) são as espécies
mais comuns no estrato arbustivo. Em meio a essas, existem alguns cipós como a
rapa-canela (Byttneria australis), cipó-escada-de-macaco (Bauhinia macrostachya) e
o esporão de galo (Celtis cf. tala) (De Marchi, 2005, comunicação pessoal).
24
Tabela 1. Lista florística da área 1 (mata natural)*. Venâncio Aires, RS. 2005
Nome Científico
Nome Popular Família Hábito**
Acalypha gracilis Müll. Arg. acalifa EUPHORBIACEAE Ab
Allophylus edulis (A. St.-Hil.) Radlk. chal-chal SAPINDACEAE Av
Bauhinia microstachya (Raddi)
Macbride
ciescada-de-
macaco
FABACEAE Li
Bauhinia forficata Link pata-de-vaca FABACEAE At
Calliandra tweediei Benth. topete-de-cardeal FABACEAE At
Casearia sylvestris Sw. chá-de-bugre SALICACEAE Av
Cayaponia sp. CUCURBITACEAE Li
Cedrela fissilis Vell. cedro MELIACEAE Av
Celtis cf. tala Gill. ex Planch. Esporão-de-galo CANNABACEAE Li
Chusquea sp. Criciúma POACEAE Ab
Cryptocarya aschersoniana Mez Canela-amarela LAURACEAE Av
Cupania vernalis Camb. Camboatá-vermelho SAPINDACEAE Av
Dalbergia variabilis Vogel Rabo-de-bugio FABACEAE Av
Dioscorea sp. Cará DIOSCOREACEAE Li
Eugenia involucrata DC. Cerejeira MYRTACEAE Av
Eugenia schuechiana Berg. Guamirim MYRTACEAE At
Eugenia uniflora Linn. Pitangueira MYRTACEAE At
Eugenia uruguayensis Camb. Batinga-vermelha MYRTACEAE At
Gymnanthes concolor (Spreng.) Müll.
Arg.
Laranjeira-do-mato EUPHORBIACEAE At
Lonchocarpus campestris Mart. ex
Benth.
Rabo-de-macaco FABACEAE At
Luehea divaricata Mart. Açoita-cavalo MALVACEAE Av
Matayba elaeagnoides Radlk. Camboatá-branco SAPINDACEAE Av
Mikania sp. Guaco ASTERACEAE Li
Nectandra megapotamica (Spreng.)
Mez.
Canela-fedorenta LAURACEAE Av
Pachystroma longifolium (Ness) I.M.
Johnston
Mata-olho EUPHORBIACEAE Av
Parapiptadenia rigida (Benth.)
Brenan
Angico FABACEAE Av
Patagonula americana Linn. Guajuvira BORAGINACEAE Av
Psychotria cf. carthagenensis Jacq. Café-do-mato RUBIACEAE Ab
Byttneria australis A. St.-Hil. Rapa-canela STERCULIACEAE Li
Ruellia angustifolia Sw. flor-de-fogo ACANTHACEAE Ab
Serjania sp. cipó-timbó SAPINDACEAE Li
Syagrus romanzoffiana (Cham.)
Glassman
Jerivá ARECACEAE Av
Trichilia claussenii C. DC. Catig MELIACEAE At
Trichilia elegans A. Juss. Catiguá-morcego MELIACEAE At
Urera baccifera (L.) Gaudich. ex
Wedd.
Urtigão URTICACEAE Ab
* De Marchi (2005)
**Av rvore, vegetal lenhoso, altura superior a 5 m); At (arvoreta, pequena árvore
de até 5 m de altura); Ab (arbusto, vegetal lenhoso com pequeno tronco, tendo de 3 a
5 m de altura ); Li (lianas, trepadeiras ou cipós), segundo Fernandes (2000).
25
Área 2, de meio hectare, adjacente à cultivada, onde predominam algumas
plantas invasoras como: leitera (Euphorbia heterophylla L.); milhã (Digitaria
horizontalis Willd.); papuã (Brachiaria plantaginea (Link) Hitchc.); corda de viola
(Ipomea grandifolia (Dammer) O’Don.); picão preto (Bidens pilosa L.); maria
pretinha (Solanum americanum Mill.); trapoeraba (Commelina benghalensis L.);
poaia-branca (Richardia brasiliensis Gomez), guanxuma (Sida rhombifolia L.),
sendo estas encontradas também na lavoura, e plantas não cultivadas como uva-do-
japão (Hovenia dulcis). As plantas invasoras foram identificadas segundo Benetti
(2004, comunicação pessoal) e Lorenzi (1994).
Área 3 de 1 hectare, destinada ao cultivo de fumo e nas entre safras milho.
Nesta área também foram encontradas as mesmas plantas invasoras da área 2, no
período de cultivo do milho. No ano de 2004 não foi plantado milho devido a
estiagem, e em 2005 o milho plantado devido a estiagem foi utilizado como pasto
para os animais. As mudas de fumo foram transplantadas em agosto com o solo
previamente adubado com 800 kg de NPK (10:16:18) e 500 kg de salitre. Na lavoura
não foram utilizados fungicidas, somente os inseticidas à base de acefato e
imidacloprid.
O fumo cultivado foi do tipo Virgínia sendo que no ano de 2004 foi
plantada a cultivar RG-8 e no ano de 2005 a cultivar K-326. As mudas foram
produzidas pelo sistema float com Trichoderma spp. adicionado ao substrato na
proporção de 2 g/kg de substrato. Os fungicidas utilizados no float foram à base de
iprodione e propineb.
CAPÍTULO III
4. OCORRÊNCIA DE FUNGOS RIZOSFÉRICOS EM TRÊS
COMUNIDADES VEGETAIS
4.1. INTRODUÇÃO
O solo é o habitat das plantas e de uma grande variedade de bactérias,
fungos, protozoários e animais invertebrados, os quais contribuem para a
manutenção da produtividade nos agroecossistemas. A agricultura intensiva vem
reduzindo, drasticamente, a biodiversidade no solo Giller et al. (1997).
Para Pankhurst et al. (1996), embora a produtividade de sistemas agrícolas
dependa da atividade dos microrganismos do solo, a biodiversidade das
comunidades microbianas do solo e seus efeitos sobre a estabilidade de sistemas
agrícolas são praticamente desconhecidos. Segundo os autores, pesquisas sobre
sucessão ecológica, decomposição de matéria orgânica, associadas a fatores
abióticos do solo e efeitos regionais, incluindo as práticas de manejo agrícola, devem
ser consideradas quando se estuda a diversidade de comunidades microbianas.
Adler & Lew (1995) verificaram a distribuição de espécies de Fusarium ao
longo de um gradiente de altitude, em solos não cultivados, os quais se estendiam de
uma zona desértica subtropical, próxima do nível do mar, passando por uma zona
temperada, até uma zona desértica subalpina, em torno de 2.300 m, em Tenefife,
comparando-os com solos cultivados de Lanzarote e Palma e, com dois outros das
Ilhas Canárias. Dos 5.493 isolados de Fusarium, foram identificadas 17 espécies e
uma população não descrita. As espécies mais representativas foram F. oxysporum,
F. equiseti, F. solani, F. brachygibbosum e F. flocciferum. Os fungos F. oxysporum
e F. solani ocorreram, com maior freqüência, em solos cultivados do que em solos
27
não perturbados; o inverso ocorreu com F. brachygibbosum. A espécie F.
oxysporum foi a mais freqüente nos solos pesquisados e com maior variabilidade em
relação a fatores climáticos. Fusarium solani, F. equiseti e F. brachygibbosum
foram isolados de solos de zonas subtropicais e temperadas. Fusarium equiseti e F.
brachygibbosum predominaram em locais com menor incidência de chuvas, F.
solani foi mais freqüente em áreas úmidas ou irrigadas. Fusarium flocciferum, F.
acuminatum e F. arthrosporioides predominaram em solos mais secos, em zonas
temperadas.
Segundo Bedendo (1995), doenças vegetais caracterizam-se pela interação
entre o hospedeiro (planta suscetível), o patógeno e o ambiente. Fatores ambientais,
como clima (umidade, temperatura, luz e vento), solo (nutrientes, pH) podem
predispor plantas à ação de patógenos. Tanto os macro como os micronutrientes
podem influenciar na interação. Excesso de nitrogênio pode favorecer o patógeno,
devido ao aumento da suculência em tecidos e, prolongar o período vegetativo. A
deficiência do nitrogênio faz com que a planta se torne menos vigorosa e mais
suscetível a doenças. A forma de utilização do nitrogênio (amônio ou nitrato) pode
favorecer certos patógenos e ainda pode interagir com o pH do solo, fazendo com
que certas doenças, em solo com nitrogênio amoniacal e pH ácido, tornem-se mais
severas, enquanto que outras doenças são mais favorecidas em solo com nitrogênio,
sob a forma de nitrato e pH neutro a alcalino. O fósforo pode aumentar ou diminuir a
severidade da doença, conforme a planta e o patógeno envolvidos, já o excesso de
potássio desfavorece a doença. O pH ácido favorece as doenças causadas por
fungos; já o pH neutro ou levemente alcalino, as doenças bacterianas.
Conforme Abawi & Widmer (2000), as caractesticas de um solo pobre,
como a alta compactação, a drenagem inadequada, o baixo teor de matéria orgânica
e a baixa fertilidade aumentam a população de fungos causadores de doenças em
raízes como Fusarium, Pythium e Rhizoctonia. Os autores citam ainda a necessidade
de um manejo adequado, utilizando práticas culturais que melhorem as condições
físicas e aumentem a diversidade da biota do solo, como alternativa para redução da
incidência de fitopatógenos. A biota do solo é o componente que mais contribui para
a qualidade e produtividade do mesmo. A atividade de microrganismos no solo
inclui a decomposição de materiais orgânicos, mineralização de nutrientes, fixação
de nitrogênio, supressão de pragas e doenças, proteção de raízes, também
parasitismo e injuria de plantas. A produção de vegetais e outros alimentos é, muitas
28
vezes, afetada por patógenos habitantes de solo, os quais requerem controle. A
incidência e a severidade das doenças de raízes é um instrumento de avaliação
indireta da saúde do solo. Todas as plantas de importância econômica podem ser
danificadas por uma ou mais doenças que limitam muito o potencial e a qualidade do
produto.
Purohit et al. (2002) relataram que os diferentes grupos funcionais que
compõem as comunidades microbianas do solo são responsáveis pela produtividade
e a saúde dos sistemas agrícolas. Os autores avaliaram, durante dois anos, o efeito de
duas áreas, em zona árida da unc310.7533(u)-0[(t)17.8382(o)-20.3227l(o)-20.3227l(o)-20.3227l8(r)32.8133(e)-16.2845(m)-2.48445( )-23a ums, ze
9
Segundo Bailey & Lazarovits (2003), práticas agrícolas como a
incorporação de resíduos orgânicos corrigidos, e compostos ricos em nitrogênio
podem reduzir as doenças veiculadas pelo solo por, liberar aleloquímicos gerados
durante a estocagem ou, por subseqüente decomposição microbiana. A supressão da
doença por introdução de conteúdos orgânicos e resíduo da colheita leva tempo, mas
os benefícios se acumulam através dos anos promovendo a estrutura e saúde do solo.
Benefícios subseqüentes podem ser obtidos com: a rotação de cultura; a escolha do
tipo de cultura para reduzir o inóculo do patógeno e, a sobrevivência do mesmo no
solo; essas práticas privam os patógenos do hospedeiro e criam condições para o
crescimento de outros microrganismos às expensas do patógeno.
Celar (2003) averiguou o papel da competição por nitrogênio, nas
interações entre fungos antagonistas e fitopatogênicos. Cinco fungos fitopatogênicos
foram utilizados no experimento, três Fusarium spp. (F. solani, F. sambucinum e F.
moniliforme), Rhizoctonia solani e Sclerotinia sclerotiorum, e quatro Trichoderma
spp. (T. longibrachiatum, T. harzianum, T. viride e T. koningii). Comparado com o
fungo fitopatogênico, em muitos casos, o fungo antagonista usou altas taxas de
nitrogênio como amônia nos primeiros seis dias de cultivo. Após os primeiros dias
de cultivo, o antagonista trocou a fonte de nitrogênio para nitrato. Em contraste,
Fusarium spp. usaram uma quantidade de nitrato significativamente maior do que o
antagonista. Rhizoctonia solani e S. sclerotiorum utilizaram primeiro amônia e,
quando este ficou limitado, trocaram para nitrato. As espécies de Fusarium
utilizaram duas fontes de nitrogênio ao mesmo tempo. Se a única variável
considerada fosse o nitrogênio, Fusarium spp. teriam relativa vantagem sobre o
antagonista por serem hábeis em utilizar ambas as formas do nitrogênio,
simultaneamente.
Cabello & Arambarri (2002) isolaram microfungos da rizosfera de uma
floresta nativa não perturbada e de outra floresta perturbada. Cinqüenta e quatro taxa
foram isolados: 49 do solo de floresta não perturbada e 37 do solo de floresta
perturbada. Acremonium sp., Aspergillus ustus, Coemansia pectinata, Doratomyces
stemonitis, Fusarium solani, F. oxysporum, Gliocladium roseum, Humicola fuso-
atra, Metarhizium anisopliae, Mortierella sp., Penicillium lilacinum, P. frequentans,
Trichoderma harzianum, e T. koningii, mostrando alta freqüência, em ambas as
florestas, perturbada e não perturbada. No solo da floresta não perturbada o índice de
biodiversidade foi 3,97 e no solo perturbado foi 3,89. O número de colônias, no solo
30
da área não perturbada, foi duas vezes maior do que na perturbada. Beauveria
bassiana, Volutella ciliata e Wardomyces inflatus foram isolados, exclusivamente,
da floresta não perturbada. , os fungos isolados exclusivamente na floresta
perturbada foram, Arthrobotrys oligospora, Cladosporium cladosporoides,
Cunninghamella elegans, Humicola grisea, e Thielavia terricola.
Ulacio et al. (1997) verificaram a microbiota de raízes, rizoplano, rizosfera
e solo em plantas de fumo adultas, provenientes de duas áreas distintas da
Venezuela. Isolaram alta proporção de colônias de Fusarium (F. solani, F.
moniliforme, F. roseum), predominando F. solani, principalmente, do rizoplano de
ambas as áreas. Também foram isoladas várias espécies de Aspergillus presentes na
rizosfera e rizoplano nas duas áreas (A niger, A.ustus, A. terreus, A. flavus).
Sclerotium rolfsii e F. oxysporum foram isolados das raízes enfermas provenientes
de uma das áreas. Segundo os autores, Aspergillus spp. e Fusarium spp., têm alta
capacidade de colonização da rizosfera e que as estruturas de reprodução dos
mesmoso abundantes no solo.
A partir das hipóteses de que áreas de agricultura intensiva favoreçam a
ocorrência de fungos fitopatogênicos e de que a freqüência dos fungos
fitopatogênicos difere com relação às áreas analisadas dentro de uma mesma
localidade, foi avaliado o efeito de diferentes ecossistemas (área de produção
agrícola, área de influência humana moderada ou reduzida e área natural) sobre a
ocorrência de fungos habitantes de solo rizosférico.
4.2. MATERIAL E MÉTODOS
4.2.1. Local de coleta
As amostras foram coletadas de maneira sistemática, em uma propriedade
rural situada na cidade de Venâncio Aires, RS (29
o
60’63”S e 52
o
19’19”O e altitude
de 210m). O solo é do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo alumínico alissólico
PVAa 2, pertencendo a Unidade Vera Cruz (EMBRAPA CNPS, 1999). A
propriedade de 5 hectares está dividida em três áreas, como segue.
Área 1, de 2 hectares, com mata nativa, destinada à reserva. A mata
apresenta-se em um estágio secundário de regeneração, tendo como espécies
predominantes no estrato arbóreo a guajuvira (Patagonula americana L.), o jerivá
(Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman), o camboatá-vermelho (Cupania
31
vernalis Camb.) e a canela-fedorenta (Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez.). No
estrato das arvoretas, ocorrem, com mais freqüência, o chal-chal (Allophylus edulis
(A. St.-Hil.) Radlk.), topete-de-cardeal (Calliandra tweediei Benth.), e os catiguás
(Trichilia elegans A. Juss. e T. claussenii C. DC.). Criciúma (Chusquea sp.), café-
do-mato (Psychotria cf. carthagenensis Jacq.) e flor-de-fogo (Ruellia angustifolia
Sw.) são as espécies mais comuns no estrato arbustivo. Em meio a essas, existem
alguns cipós como a rapa-canela (Byttneria australis A. St. Hil.), cipó-escada-de-
macaco (Bauhinia macrostachya (Raddi) Macbride) e o esporão de galo (Celtis cf.
tala Gill. ex Planch.) (De Marchi, 2005, comunicação pessoal).
Área 2, de meio hectare, adjacente à cultivada onde predominam algumas
plantas invasoras (ervas daninhas), como: leitera (Euphorbia heterophylla L.); milhã
(Digitaria horizontalis Willd.); pap (Brachiaria plantaginea (Link) Hitchc.);
corda de viola (Ipomea grandifolia (Dammer) O’Don.); picão preto (Bidens pilosa
L.); maria pretinha (Solanum americanum Mill.); trapoeraba (Commelina
benghalensis L.); poaia-branca (Richardia brasiliensis Gomez), guanxuma (Sida
rhombifolia L.) e plantas não cultivadas como uva-do-japão (Hovenia dulcis
Thunb.). As plantas invasoras foram identificadas segundo Benetti (2004,
comunicação pessoal) e Lorenzi (1994).
Área 3 de 1 hectare, a partir de 2002, destina-se ao cultivo de fumo e, nas
entre safras, de milho. Anteriormente essa área era utilizada para cultivo apenas de
milho. No ano de 2004, não foi plantado milho devido à estiagem e, em 2005, o
milho plantado, devido à estiagem, foi utilizado como pasto para os animais. As
mudas de fumo foram transplantadas em agosto, com o solo previamente, arado e
adubado com 800 kg de NPK (10:16:18) e 500 kg de salitre. Na lavoura não foram
utilizados fungicidas, somente os inseticidas a base de Acefato e Imidacloprid.
O fumo cultivado foi do tipo Virgínia, sendo que, as cultivares utilizadas
foram RG-8 em 2003 e 2004 e em 2005 a cultivar K-326, esta última resistente a
nematóides. As mudas foram produzidas pelo sistema float com Trichoderma spp.
adicionado ao substrato, na proporção de 2 g/kg de substrato. Os fungicidas
utilizados no float foram à base de iprodione e propineb. O milho cultivado na área
foi o híbrido precoce AG 122, moderadamente tolerante à fusariose, Physopella zea,
Phaeosphaeria maydis e a doenças de colmo e tolerante à Peronosclerospora
sorghi, Helminthosporium turcicum e H. maydes, Cercospora sp. e doenças de grãos
(EMBRAPA-CNPMS, 2006).
32
É importante salientar que existe um pequeno declive do solo da mata em
direção às áreas intermediária e lavoura, portanto não possibilidade de solo da
lavoura chegar até a mata com água da chuva.
4.2.2. Amostragem
As amostras foram coletadas, sistematicamente a cada 10 m, ao longo de
transectos de 30 m, em cada área. As coletas foram realizadas nos meses de janeiro
(antes do final da colheita do fumo), maio (época do cultivo de milho), setembro
(após o transplante do fumo para a lavoura) e novembro (fase adiantada do cultivo
de fumo) de 2004 e de 2005. Portanto, na primeira coleta o fumo que se encontrava
na lavoura era do cultivo de 2003. Foram coletadas, amostras de 500 g de solo junto
às raízes (rizosfera) até a profundidade de 20 cm, misturadas e dessa amostra
composta colocados 500 g em sacos plásticos, etiquetados e transportados ao
laboratório de Microbiologia Fitopatológica do Departamento de Fitossanidade da
Faculdade de Agronomia, UFRGS.
Na área de mata nativa foram coletadas amostras de solo junto às raízes de
guajuvira, na área intermediária junto às raízes de uva-do-japão e na lavoura junto às
raízes de fumo ou de milho, sendo que esse último , na coleta de maio de 2005.
4.2.3. Isolamento de fungos filamentosos de solo rizosférico
Foram pesados 10 g de cada amostra composta e homogeneizados com 90
mL de água destilada esterilizada; a partir desta suspensão, foram realizadas
diluições seriadas até 10
-3
. A partir da última diluição, foi inoculado 0,1 mL, em
placa, (cinco placas por amostra), contendo meio de cultura sólido de batata-
dextrose ágar, BDA (Batata 200 g, dextrose 20 g, ágar 15 g, pH 6). O inóculo foi
espalhado com alça de Drigalsky. As placas foram incubadas a 26±C e, após oito
dias, os fungos filamentosos foram repicados para obtenção de culturas axênicas,
para posterior identificação (Thangavelu et al., 2004).
A partir das culturas axênicas foram obtidas culturas monospóricas para os
fungos que esporularam e de fragmentos de hifas para os fungos que não
esporularam. Suspensões de esporos ou fragmentos de hifas foram semeados em
ágar-água e após 24 horas os tubos germinativos foram transferidos para placas
contendo BDA e, incubadas a 26±1º C durante oito dias Summerell et al. (2003).
33
Os fungos de micélio estéril foram inoculados nos meios V-8 (extrato de
tomate 200 mL, CaCO
3
3 g, ágar 20 g, pH 6,0), ágar de farinha de milho (farinha de
milho amarelo 60 g, ágar 15 g, pH 6,0), ágar de farinha de aveia (farinha de aveia
100 g, ágar 15 g, pH 6,0), pois segundo Fernandez (1993), fungos que não
esporulam em outros meios, freqüentemente esporulam nesses.
O restante das amostras de solo foi encaminhado ao laboratório de análises
de solo da UFRGS, para análises físico-químicas.
4.2.4. Identificação dos fungos
Os fungos foram classificados de acordo com suas características
morfogicas, como cor (segundo Rayner, 1970) e textura das colônias (conforme
Onions et al., 1981). Após, foram preparadas minas com solução de floxina
(Floxina 1 g, água destilada 100 mL). Sobre a lâmina, foi depositada uma gota da
solução de hidróxido de potássio 3 % mais uma gota da solução de floxina e, com
agulha de níquel-cromo esterilizada, foram transferidos esporos e hifas para a
lâmina, cobertos com lamínula e observados ao microscópio, no aumento 400x. Os
fungos foram identificados com auxílio de chaves (Segundo Booth 1971; Onions et
al., 1981; Gams e Bissett, 1998). As culturas axênicas dos fungos foram mantidas
em tubos, contendo BDA e conservadas em geladeira.
4.2.5. Análises físico-químicas de solo
As amostras de solo rizosférico, foram encaminhadas ao laboratório de
análises de solo da UFRGS, para a realização das análises de micro e
macronutrientes, umidade, pH, matéria orgânica e granulometria.
4.2.6. Análise dos dados
Para avaliar a similaridade entre as áreas de estudo com relação aos fungos
rizosféricos foi utilizada a análise de agrupamento hierárquico, pelo método das
ligações médias e a distância euclidiana como índice de similaridade
(dissimilaridade). E para avaliar o efeito de fatores abióticos como: umidade, pH,
matéria orgânica, nitrogênio, carbono, fósforo, potássio, e cálcio do solo foi utilizada
uma análise de correlação de Pearson. Para as duas análises citadas foi utilizando o
programa computacional SPSS 10.0.
34
A freqüência absoluta dos fungos rizosféricos de maior abundância nas três
áreas foi comparada pelo teste do qui-quadrado (χ
2
), a diversidade dos fungos de
solo rizosférico das três áreas de estudo foi avaliada através do índice de diversidade
de Shannon-Wiener, e comparados pelo Teste-t, utilizando o programa
computacional Quantan versão 1997.
O índice de Shannon-Wiener (H), combina os componentes riqueza e
uniformidade e atribui um peso maior às espécies raras, expressa a importância
relativa de cada espécie e não apenas a proporção entre espécies e indivíduos. O
índice de Shannon, como ficou consagrado, é relativamente independente do
tamanho da amostra e representa uma distribuição normal, desde que, N seja um
número inteiro (Odum, 1988 e Matos et al., 1999).
4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 2, encontram-se as características morfogicas das colônias
(textura e cor) e tipo de micélio dos fungos filamentosos isolados do solo rizosférico
das três áreas de estudo. Os fungos de micélio estéril (Mycelia sterilia) não
formaram estruturas de frutificação em nenhum dos meios de cultura utilizados
(BDA, ágar V-8, ágar de farinha de milho e ágar de farinha de aveia), portanto foram
classificados em cinco morfotipos.
35
Tabela 2 Fungos rizosféricos isolados de amostras coletadas nas áreas, A1 (mata),
A2 (intermediária) e A3 (lavoura), durante os anos de 2004 e 2005,
Venâncio Aires, RS.
Fungos Cor Textura Micélio
Fusarium oxysporum Schlecht Branco, Rosa claro, Vináceo ou
púrpura, verso branco, púrpura ou
vináceo
afeltrada Septado, hialino
Fusarium solani (Mart.) Sacc. Creme, verso creme aveludada Septado, hialino
Fusarium semitectum Berk. & Ravenel Branco, pêssego, verso pêssego afeltrada Septado, hialino
Trichoderma harzianum Rifai Verde amarelado para verde escuro
verso incolor ou amarelo
algodonosa
Septado, hialino
Trichoderma koningii Oud. Verde escuro ou azulado, verso
incolor
algodonosa
Septado, hialino
Trichoderma viride Pres. ex S.F. Verde azulado, verso amarelado Septado, hialino
Penicillium purpurogenum Stoll Verde escuro, verso púrpura aveludada Septado, hialino
Penicillium citrinum Thom Verde acinzentado, verso amarelo ou
alaranjado
aveludada Septado, hialino
P. simplicissimum (Oudemans) Thom Verde azulado, verso amarelo pálido algodonosa
Septado, hialino
Penicillium frequentans (Wehmer)
Westling
Verde claro verso amarelado aveludada Septado, hialino
Paecilomyces lilacinus (Thom) Samson Lilás acinzentada, verso bege algodonosa
Septado, hialino
Paecilomyces sp. Rosa escuro, verso amarelado aveludada Septado, hialino
Cladosporium cladosporoides (Fresen)
de Vries
Verde musgo, verso preto aveludada Septado, escuro
Aspergillus fumigatus Fresenius Verde azulado, verso verde afeltrada Septado hialino
Aspergillus niger Van Tieghem Preto, verso bege a incolor aveludada Septado hialino
Geotrichum candidum Link Branco a creme, verso branco cremosa Septado, hialino
Rhizopus stolonifer (Ehrenberg ex Fr.)
Lindner
Cinza escuro, verso cinza algodonosa
Cenocítico,
castanho
Mucor racemosus Fresenius Castanho acinzentado, verso cinza algodonosa
Cenocítico,
castanho
Mycelia sterila:
Morfotipo 1 Amarelo, verso branco aveludada Septado, hialino
Morfotipo 2 Preto úmido, verso preto aveludada Septado, escuro
Morfotipo 3 Cinza claro, verso cinza aveludada Septado, hialino
Morfotipo 5 Branco, verso branco algodonosa
Septado, hialino
Morfotipo 7 Marrom, verso bege afeltrada Septado, hialino
A freqüência absoluta dos fungos isolados nas áreas A1 (mata natural), A2
(área intermediária) e A3 (lavoura) durante o ano de 2004 e 2005 encontra-se, na
tabela 3.
36
Tabela 3 Fungos de solo rizosférico coletados nas áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação intermediária) e A3 (Lavoura de fumo), durante o
ano de 2004 e 2005. Venâncio Aires, RS
Janeiro/04 Maio/04 Setembro/04 Novembro/04
Janeiro/05 Maio/05 Setembro/05 Novembro/05
Fungo A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3
Fusarium oxysporum 9 1 2 5 0 3 4 0 2 2 3 2 2 0 20 0 0 2 2 7 26 24 4 3
Fusarium solani 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 2 3 3 0 4 12
Fusarium semitectum 2 2 0 4 1 0 10 0 0 0 0 7 0 0 0 0 0 3 0 0 8 1 0 2
Trichoderma harzianum 0 0 1 0 17 2 10 2 5 0 4 4 0 0 1 0 9 0 0 13 0 10 13 10
Trichoderma koningii 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 30 0 0 0 0 11 15 0 0 0 0 0
Trichoderma viride 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 40 0 0 0
Penicillium purpurogenum 6 70 13 2 2 0 3 5 3 0 0 0 4 0 0 26 9 2 4 7 8 0 0 0
Penicillium citrinum 13 2 2 36 10 2 10 0 14 2 0 0 0 3 1 0 0 0 15 0 0 1 1 3
P. simplicissimum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0
Penicillium frequentans 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 12 5 0 0 0 0
Paecilomyces lilacinus 12 1 0 3 0 0 1 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Paecilomyces sp. 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 0
Cladosporium cladosporoides 2 3 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 1 5 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0
Aspergillus fumigatus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 13 0 0 7 0 0 0 0 0 0
Aspergillus niger 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 3 0 0 2 0 0 0 0 0 0
Geotrichum candidum 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 12 0 0 0
Rhizopus stolonifer 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0
Mucor racemosus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0
Morfotipo 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 2 0 0 0 2 2 2
Morfotipo 2 9 3 0 1 2 0 2 0 0 1 4 0 0 4 0 20 16 3 0 0 2 0 0 0
Morfotipo 3 0 12 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 4 0 0 0 0 7 0 0 1 0 0
Morfotipo 5 1 2 0 0 2 6 0 0 0 2 2 3 0 0 5 8 0 0 15 8 8 0 0 0
Morfotipo 7 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Colônias 56 96 19 54 36 13 42 7 25 13 28 16 42 16 47 54 38 32 72 47 115 40 27 33
37
Os fungos que ocorreram com maior freqüência na área 1 foram:
Penicillium citrinum (20,6%), Fusarium oxysporum (12,9%), P. purpurogenum e
Trichoderma koningii (12,6% cada um), fungos de micélio estéril de morfotipo 2
(8,9%) e morfotipo 5 (7,0%) e ainda T. harzianum (5,4%). Na área 2 foram P.
purpurogenum (31,5%), T. harzianum (19,7%), fungo de micélio estéril de
morfotipo 2 (9,8%) e morfotipo 3 (6,4%), P. citrinum (5,4%) e F. oxysporum
(5,1%). Na área 3, F. oxysporum (20,0%), T. viride (13,3%), P. purpurogenum
(8,6%), T. harzianum (7,6%), P. citrinum e fungo de micélio estéril morfotipo 5
(7,3% cada um), F. semitectum e F. solani (6,6% e 6,0% respectivamente).
Paecilomyces lilacinus e Paecilomyces sp. não ocorreram na área 3,
enquanto que A. fumigatus e P. simplicissimum ocorreram na área 3 (em uma
coleta).
A figura 1 mostra o dendrograma relativo à similaridade das áreas segundo
as espécies de fungos isoladas. Comparando-se as três áreas, as maiores
similaridades com relação aos fungos são encontradas entre as áreas 2 e 3. Essas
áreas são adjacentes e na época do plantio de milho algumas plantas invasoras da
área intermediária (área 2) alcançam à lavoura (área 3). Para chegarem até a lavoura
os trabalhadores passam pela área 2, inclusive com os equipamentos, portanto,
podem veicular fungos de uma área a outra. A água da chuva também pode levar
solo da área 2 para a área 3, devido à declividade do terreno.
38
Figura 1 Dendrograma obtido da análise de agrupamento hierárquico (ligação média
entre grupos) utilizando as variáveis fungos rizosféricos, isolados das áreas: A1
(mata natural), A2 (Intermediária) e A3 (lavoura) a partir das coletas de janeiro,
maio, setembro e novembro de 2004 e 2005. Distância Euclidiana.
39
4.3.1. Diversidade de fungos
Nas tabelas 4 e 5, encontram-se os resultados de abundância, mero de
espécies e índice de diversidade dos fungos rizosféricos isoladas em meio BDA a
partir dos fragmentos de raízes coletadas nas três áreas de estudos.
Na área 1 (mata nativa), a maior diversidade foi observada em janeiro e
novembro de 2004, embora, tenha ocorrido dominância de Penicillium citrinum e
Paecilomyces lilacinus em janeiro de 2004, também o número de espécies, bem
como a abundância foram maiores nesse período. a menor diversidade foi
observada em janeiro e maio de 2005. Em janeiro de 2005 ocorreu dominância de
Trichoderma koningii. Em maio de 2005, ocorreu a maior dominância de
Penicillium purpurogenum e fungo de micélio estéril de morfotipo 2, sendo este mês
o que apresentou ainda, a menor riqueza de espécies. Na área 2 a maior diversidade
foi observada em novembro de 2004, onde também ocorreu o maior mero de
espécies. a menor diversidade foi observada em setembro de 2004, com a menor
abundância e menor riqueza de espécies e em janeiro de 2004, embora, tenha
apresentado a maior abundância e, riqueza de espécies, semelhante a novembro de
2004 essa área teve dominância de P. purpurogenum e do fungo de micélio estéril de
morfotipo 3. Na área 3 a maior diversidade ocorreu em setembro de 2005, embora,
tenha ocorrido dominância de Trichoderma viride, Fusarium oxysporum,
Geotrichum candidum e fungo de morfotipo 5, a mesma foi compensada pela
abundância e riqueza de espécies. Já a menor diversidade ocorreu em janeiro e
setembro de 2004, com dominância de P. purpurogenum em janeiro e P. citrinum
em setembro de 2004.
40
Tabela 4. mero total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de diversidade de Shannon-Wiener) para os fungos isolados de solo
rizosférico das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2004.
Venâncio Aires, RS
Janeiro/04 Maio/04 Setembro/04 Novembro/04
Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3
N
(n
o
total de colônias fungicas)
56 96 19 54 36 13 42 7 25 13 28 16
S
(riqueza de espécies)
9 9 5 7 7 4 8 2 5 8 9 4
H`
(diversidade de Shannon-Wiener)
2,77 1,50 1,50 1,73 2,09 1,83 2,62 0,86 1,77 2,87 3,05 1,84
Tabela 5. mero total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de diversidade de Shannon-Wiener) para os fungos isolados de solo
rizosférico das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2005.
Venâncio Aires RS
Janeiro/05 Maio/05 Setembro/05 Novembro/05
Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3
N
(n
o
total de colônias fungicas)
42 16 47 54 38 32 72 47 115 40 27 33
S
(riqueza de espécies)
7 4 8 3 4 8 8 7 10 7 7 10
H`
(diversidade de Shannon-Wiener)
1,55 1,97 2,25 1,44 1,85 2,64 2,69 2,66 2,73 1,69 2,23 2,32
41
Quando foram comparados os índices de diversidade de Shannon-Wiener
das três áreas ao longo dos dois anos de coleta, a diversidade não diferiu
significativamente no Teste-t (p=0,05) (Tabela 6). A abundância, a riqueza e a
diversidade das espécies fúngicas isoladas, no presente trabalho não sofreram a ação
da sazonalidade, o que também foi observado nos agrupamentos por similaridade.
Provavelmente os resultados obtidos se devam ao fato de que as três áreas estão
localizadas na mesma região, portanto sujeitas aos mesmos fatores climáticos como
temperatura e precipitação. No entanto, a ocorrência de Fusarium spp. e Penicillium
spp. foi influenciada pelas áreas (Tabela 7). Fusarium spp. pode ter sido
influenciado pelos tratos culturais da área 3, pois segundo Wilberforce et al. (2003),
sua distribuão é facilitada pela aração do solo.
Tabela 6. Comparação entre as áreas segundo o índice de diversidade de Shannon
para os fungos de solo rizosférico, isolados nas três áreas (mata, área
intermediária e lavoura) nos anos de 2004 e 2005, Venâncio Aires, RS.
Áreas
Índice de Shannon*
Interação Variância Teste t
A1 2,17 a A1 x A2 0,416 0,445
A2 2,02 a A1 x A3 0,288 0,223
A3 2,11 a A2 x A3 0,323 0,294
Valores seguidos de letras distintas na coluna diferem significativamente no Teste -t (α = 0,05); gl =
7
* valores médios
t
0,05; 7
= 2,36
42
Adler & Lew (1995) verificaram a distribuição de espécies de Fusarium em
solos cultivados e solos não cultivados. As espécies mais representativas foram F.
oxysporum, F. equiseti, F. solani, F. brachygibbosum e F. flocciferum. Os fungos F.
oxysporum e F. solani ocorreram com maior freqüencia em solos cultivados do que
em solos não cultivados. O fungo F. oxysporum foi o mais freqüente nos solos
pesquisados e com maior variabilidade em relação a fatores climáticos. F. solani
foi mais freqüente em áreas úmidas ou irrigadas. Os resultados obtidos pelos autores
acima citados concordam em parte com os resultados obtidos no presente trabalho,
onde F. oxysporum foi um dos fungo mais freqüentes nos solos pesquisados, porém
ocorreu também com alta freqüência no solo da mata natural. Já F. solani, teve
maior ocorrência nas áreas 2 e 3, com apenas uma ocorrência para a área 1,
concordando, assim, com os resultados obtidos pelos autores acima citados. A
dominância de Penicillium citrinum, P. purpurogenum e T. koningii no solo da mata
e de P. purpurogenum na área 2 concordam em parte com os resultados encontrados
por Pandey et al. (2001), que verificaram a dominância de fungos como T.
pseudokoningii, T. koningii, Penicillium erythromellis, P. janthinellum e P.
raistickii, na rizosfera de plantas arbustivas de chá, em várias localidades da Índia.
No presente trabalho, embora a freqüência absoluta de Trichoderma spp.
tenha sido maior na área 3, não diferiu estatisticamente entre as áreas (Tabela 7). Na
área 3 (lavoura) Trichoderma spp. vêm sendo introduzidas, anualmente através das
mudas, pois em seu trabalho Weller (2004), observou a presença do fungo junto à
rizosfera de mudas de fumo após 60 dias no float, período de transplante das
mesmas para a lavoura. A freqüência de Trichoderma spp. observada no presente
trabalho demonstrou que mesmo sendo introduzido no ambiente esse fungo se
mantém em equilíbrio com as demais espécies presentes no solo. Segundo Kubicek
et al. (2003), Trichoderma spp. é um fungo de rápido crescimento, com capacidade
de utilização de diversos substratos e resistência para produtos químicos nocivos.
Ocorre em rios solos como agrícola, campina, floresta, pântano salgado e solos
desérticos em todas as zonas climáticas. São decompositores de madeira, de
materiais herbáceos e necrotróficos de decompositores primários. Para Harman et al.
(2004), a colonização da rizosfera, por Trichoderma spp., promove o crescimento de
raízes e aumenta a produtividade, a resistência a estresses abióticos e a utilização de
nutrientes. Segundo os autores, os fungos considerados competentes na rizosfera são
43
aqueles que possuem a habilidade de colonizar e crescer em associação com raízes
de plantas, característica essa já avaliada em algumas espécies de Trichoderma.
4.3.2. Correlação entre fungos e variáveis abióticas
A dominância de Trichoderma koningii na área 1, em janeiro de 2005, teve
correlação com o maior teor de matéria orgânica, ainda durante esse mês ocorreu a
menor precipitação total (30,1 mm) e maior temperatura média (26,6
o
C). Já a
dominância de Penicillium purpurogenum e do fungo de morfotipo 2 em maio de
2005, teve correlação inversa com o pH, isto é, o m
44
4.3.3. Análises físico-químicas
A partir dos resultados obtidos no presente trabalho, pode-se verificar que,
as características físico-químicas do solo nas três áreas foram de maneira geral
favoráveis às exigências das plantas e dos microrganismos isolados do solo
rizosférico nessas áreas. Nos parágrafos abaixo foram descritas as variáveis
ambientais que apresentaram alguma correlação direta ou indireta com os fungos de
maior ocorrência no solo rizosférico.
Segundo Tomé Jr (1997), o pH do solo (pH de um extrato aquoso do solo) é
um índice que fornece o grau de acidez ou alcalinidade de um extrato aquoso do
solo. É utilizado como indicativo das condições gerais de fertilidade do solo. O
mesmo nos fornecerá indícios das condições químicas do solo. Para a classificação
de pH em água na proporção 1:1 é considerado muito baixo pH 5,0; baixo de 5,0 a
5,5; médio de 5,6 a 6,0 e alto 6,0. Valores de pH abaixo de 4,5 e acima de 7,5 no
solo, restringem bastante o crescimento das plantas, indicando pobreza em cálcio e
magnésio, altos teores de alumínio, alta fixação de fósforo no primeiro caso e
deficiência de micronutrientes e ou excesso de sais no segundo caso. No presente
trabalho o pH do solo da área 1, variou de 5,4 a 5,8 (baixo a médio), na área 2 variou
de 6,2 a 6,9 (alto) e na área 3 de 5,2 a 5,8 (baixo a dio) sendo que, em maio de
2004, o mesmo apresentou um valor de 6,2 (alto). Esses valores encontram-se dentro
da faixa favorável ao crescimento das plantas
A classificação quantitativa de matéria orgânica nos estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, os quais utilizam a unidade antiga para expressar o
teor de matéria orgânica é a seguinte: baixo: 2,5 %, médio: 2,6 a 5,0 % e alto: >
5,0 % (Tomé Jr 1997). No presente trabalho os teores de matéria orgânica na área 1,
variaram de 6,6 a 10,7 %; na área 2, de 4,4 a 7,9 % e na área 3, de 2,5 a 3,9 %.
O carbono orgânico no solo, na área 1, variou de 3,8 a 6,2, % (alto); na área
2, de 2,6 (médio) a 4,5 % (alto); na área 3, de 1,5 a 2,3 % (médio), pois segundo
Tomé Jr. (1997), a classificação quantitativa para carbono orgânico nos estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul é a seguinte: baixo 1,4 %; médio de 1,5 a 3,0
% e alto >3%.
Segundo ToJr. (1997), com relação aos teores de fósforo disponíveis
podem ser feitas somente as seguintes generalizações: a) para qualquer extrator,
textura ou cultura um teor de fósforo menor que 3 mg/dm
3
será baixo; b) para o
45
extrator Resina independente da cultura, serão baixos os teores menores que 6
mg/dm
3
e altos os maiores que 60 mg/dm
3
; c) para o extrator Mehlich, independente
do tipo de solo e da cultura teores de P menores que 3 mg/dm
3
são baixos e altos
teores acima de 30 mg/dm
3
. No presente trabalho foi utilizado o extrator Mehlich,
sendo que na área 1, os teores de P variaram de 3,3 a 6,6 mg/dm
3
(médio), na área 2
de 1,4 (baixo) a 6,3 (médio) e na área 3, de 5,1 (médio) a 37 (alto).
De acordo com Tomé Jr. (1997), os teores de potássio, cálcio e magnésio
trocáveis encontrados no presente trabalho para as três áreas de estudo estão altos.
Segundo
To Jr. (1997), não existe uma análise de solo para fornecer
índices de nitrogênio disponível para as plantas. Pode-se calcular o N total com base
no teor de matéria orgânica, sendo o teor de N = teor de matéria orgânica x 0,05,
portanto a classificação do teor de N total pode ser a mesma adotada para os teores
de matéria orgânica (porém sem valor agronômico para previsão das disponibilidade
desse nutriente para as culturas).
4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As áreas estudadas influenciaram a ocorrência de fungos rizosféricos,
principalmente de Fusarium spp., Penicillium spp. e Trichoderma spp.
Mesmo com a alta freqüência de F. oxysporum as plantas das áreas de
estudo, no presente trabalho não apresentaram sintomas de doenças causadas por
esse fungo ou por outros fitopatógenos. A colonização da rizosfera por linhagens
não patogênicas de F. oxysporum tem controlado raças patogênicas de F. oxysporum
em várias culturas (Whipps, 2001). No entanto, F. oxysporum é considerado um
patógeno oportunista, e pode vir a se tornar agressivo se ocorrer algum desequilíbrio.
Vale ressaltar ainda que, uma raça patogênica pode perder ou ganhar essa
característica por mutação, mas pode recuperar a mesma por processos naturais de
recombinação somática como heterocariose e ciclo parassexual. Ainda segundo
Azevedo (1999), por processos, mediados por elementos transponíveis, os
transposons, que conseguem transferir genes dentro e entre espécies distintas
naturalmente.
Os resultados obtidos no presente trabalho demonstram que: existe um
equilíbrio entre os fungos potencialmente patogênicos e os antagonistas nas três
áreas estudadas.
46
A presença de fungos antagonistas como Trichoderma spp. e Penicillium
spp. (produtores de antibióticos) no solo rizosférico das áreas de estudo está
relacionada ao equilíbrio encontrado nessas áreas.
CAPÍTULO IV
5. Comunidades fúngicas endofítica e epifítica em três Ecosistemas
5.1. Introdução
Os fungos podem habitar a superfície das plantas como epifíticos e também
o interior das mesma como endofíticos. Segundo Azevedo (1998); Azevedo (1999);
Peixoto-Neto et al. (2002) e Maccheroni Jr. et al. (2004), a distinção entre
endofíticos, epifíticos e patógenos tem significado puramente didático. É difícil
estabelecer os limites para discriminar cada categoria, não existe um claro limite
entre grupos e sim um gradiente entre eles. Azevedo et al. (2000) ampliaram a
definição de microrganismos endofíticos, para microrganismos que habitam o
interior de tecidos vegetais sem causar danos ao hospedeiro e sem formar estruturas
externas visíveis.
Fungos e bactérias endofíticos vivem em mutualismo com as plantas
hospedeiras, recebendo nutrientes e produzindo compostos químicos, como enzimas,
fitohormônios, alcalóides e antibióticos, entre outros, que protegem e auxiliam a
planta em certas condições de estresse causadas por falta de água, presença de
subsncias tóxicas, ataque de patógenos ou de insetos-praga; podem ainda produzir
compostos de importância biotecnológica, como enzimas e fármacos (Azevedo,
1998; Azevedo et al. 2000; Peixoto-Neto et al., 2002; Maccheroni Jr. et al., 2004).
Portanto, o conceito de microrganismos endofíticos, não se limita a posição dos
mesmos em relação aos hospedeiros mas também a função que esses
microrganismos exercem no interior do vegetal. Conforme Peixoto-Neto et al.
(2002), diversos fungos endofíticos estão, taxonomicamente, relacionados a
fitopatógenos dos mesmos hospedeiros. Um exemplo é o fungo endofítico
48
Guignardia mangiferae (Sin. G. endophyllicola), o qual é relacionado,
filogeneticamente, a G. citricarpa, causador da mancha preta dos citros. Por outro
lado, a mutação de um gene transformou uma linhagem patogênica de
Colletotrichum magna em uma linhagem endofítica. Dependendo da raça
fisiológica, Fusarium oxysporum pode ser isolado, como endofítico ou como
patógeno, causador de murcha em tomate. A linhagem avirulenta pode ser utilizada
para controlar a murcha, causada pela linhagem virulenta do F. oxysporum.
Os fungos epifíticos habitam a superfície da planta hospedeira e podem
apresentar interação mutualística, impedindo a colonização por microrganismos
patogênicos, ou ainda produzir subsncias que evitam a herbivoria por insetos e
mamíferos. Nesse tipo de interação, o fungo também é beneficiado com os
carboidratos exsudados pela planta. Fungos endofíticos podem, inicialmente, habitar
a superfície da planta como epifíticos e, após algum tempo, penetrar através de
estômatos ou ferimentos. Os fungos patogênicos também podem colonizar a
superfície da planta e, posteriormente, causar a doença. A maioria dos fungos são
saprófitas, porém alguns são parasitas, os quais afetam o desenvolvimento das
plantas hospedeiras e podem causar a morte das mesmas. As populações
microbianas do solo, do rizoplano e do filoplano e endofíticas interagem com as
plantas. Os sistemas intensivos de produção agrícola podem causar desequilíbrio
entre essas diferentes populações, favorecendo o estabelecimento e desenvolvimento
dos fungos fitopatogênicos (Maccheroni Jr. et al., 2004). Os fungos fitopatogênicos
constituem um amplo e heterogêneo grupo de microrganismos que desempenham
importante função tanto na agricultura como nas comunidades naturais de plantas.
Possuem uma grande variação em sua estratégia de vida e no modo pelo qual esses
fungos interagem com seus hospedeiros. As estratégias de interação variam de
infecções que podem levar o hospedeiro rapidamente à morte para uma discreta
lesão cujo efeito individual é limitado (Burdon & Silk, 1997). Segundo Azevedo
(1998), dependendo das condições ambientais ou interações com outros
microrganismos, isolados patogênicos podem flutuar entre a colonização endofítica e
não apresentar sintomas. Sendo assim, quando microrganismos endofíticos são
isolados, pode-se estar isolando também um patógeno latente desse hospedeiro.
49
5.1.1. Fumo (Nicotiana tabacum L.)
Segundo Willani (2004), no Brasil o fumo é cultivado em pequenas
propriedades. Como o cultivo ocorre ano após ano, nas mesmas áreas, a rotação de
cultura tem sido insuficiente no que se refere ao manejo de doenças.
O sistema de produção de mudas de fumo usando a tecnologia float,
constituído por bandejas de isopor, que flutuam em uma lâmina de água de 8 cm de
altura, previamente fertilizada, representa quase que a totalidade de mudas
atualmente produzidas. Além de eliminar o uso do Brometo de metila, na
esterilização dos canteiros, essa técnica tem propiciado mudas de boa qualidade
(Massola Jr. et al., 2005).
O fumo é semeado em maio, transplantado em agosto e setembro e colhido
no peodo de dezembro a fevereiro. As mudas, após a semeadura levam cerca de 60
dias para atingir o tamanho necessário para o plantio, nessa fase o controle de pragas
e doenças é intensivo. As mudas são transplantadas para a lavoura, com a área
adubada. A colheita das folhas é iniciada cerca de 60 dias após o plantio. Durante
essa etapa, o crescimento deve ser monitorado e realizado o controle integrado de
pragas e doenças, a retirada das flores para melhor desenvolvimento das folhas,
aumentando, assim seu peso e qualidade (Deser, 2003).
Os principais tipos de fumo cultivados no Brasil, estão relacionados com a
finalidade a que se destinam, sendo os mais representativos: Estufa (Vírginia e
Amarelinho); Galpão (Burley, Comum, Maryland e Dark); Oriental (Izmir, Basma e
Gavurkoy); Charuto (Brasil Bahia e Sumatra), Araparica (Araparica e suas seleções)
e Corda (Tietê, Minas, Ouro de Minas e Goiano) (Massola Jr. et al., 2005).
Segundo Shew & Lucas (1991), as doenças resultam da interação entre
patógenos, fatores ambientais e hospedeiros suscetíveis. Os patógenos do fumo
incluem fungos, bactérias, vírus, nematóides e micoplasmas. O fumo é resistente a
muitos patógenos que ocorrem na natureza. Entretanto, mais do que 50 organismos
atacam essa planta e utilizam raízes, ramos ou folhas como fonte de alimento.
5.1.2. Doenças causadas por fungos e oomicetos em f
50
Sacc. (teleomorfo: Athelia rolfsii (Cruzi) Tu & Kimbrough), Rhizoctonia solani
Kühn (teleomorfo: Thanatephorus cucumeris (A.B. Frank) Donk), Fusarim
oxysporum Schlected. ex Fr. f.sp. nicotianae (J. Johnson) W.C. Snyder & H. N.
Hans., Verticillium dahliae Kleb., Macrophomina phaseolina (Tassi) Goidanich,
Olpidium brassicae (Woronin) P.M. Dang. e Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de
Bary. Willani (2004) e Massola Jr. et al. (2005), destacam ainda o provável
complexo de fungos causadores do amarelão principalmente em fumo do tipo Burley
(Phytophthora spp., Fusarium oxysporum f.sp. nicotinianae, Rhizoctonia solani e
Pythium spp.).
Embora existam vários estudos sobre fitopatossistemas agrícolas, os
mesmos estão direcionados basicamente a determinadas culturas, visando o controle
imediato dos fitopatógenos. Poucas são as pesquisas que buscam verificar se
realmente determinados patógenos podem agir com maior ou menor intensidade nos
diferentes ecossistemas e se a diversidade dos mesmos pode realmente ser alterada
em função de modificações introduzidas no ambiente. O presente trabalho teve por
finalidade verificar se diferentes ecossistemas podem interferir sobre a diversidade
de fungos endofíticos e epifíticos e se esta interferência pode modificar a atuação de
determinados fungos sobre os vegetais das áreas estudadas, isso é, verificar se
ocorrem diferenças significativas entre diferentes ecossistemas (área de produção
agrícola, área de influência humana moderada ou reduzida e área naturais) sobre a
ocorrência de fungos endofíticos e epifíticos. Os resultados obtidos poderão servir
de subsídios a programas de manejo de ecossistemas agrícolas, principalmente, aos
fitopatossistemas.
5.2. MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1. Local de coleta
As amostras foram coletadas de maneira sistemática em uma propriedade
rural situada na cidade de Venâncio Aires, RS, (29
o
60’63”S e 52
o
19’19”O e altitude
de 210 m). O solo é do tipo Argissolo Vermelho-Amarelo alumínico alissólico
PVAa 2, pertencendo a Unidade Vera Cruz (EMBRAPA–CNPS, 1999). A
propriedade de 5 hectares está dividida em três áreas como segue.
Área 1, de 2 hectares, com mata nativa (destinada à reserva). A mata
apresenta-se em um estágio secundário de regeneração, tendo como espécies
51
predominantes no estrato arbóreo a guajuvira (Patagonula americana L.), o jerivá
(Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman), o camboatá-vermelho (Cupania
vernalis Camb.) e a canela-fedorenta (Nectandra megapotamica (Spreng.) Mez.). No
estrato das arvoretas ocorrem com mais freqüência o chal-chal (Allophylus edulis (A.
St.-Hil.) Radlk.), topete-de-cardeal (Calliandra tweediei Benth.), e os catiguás
(Trichilia elegans A. Juss. e T. claussenii C.D.C.). Criciúma (Chusquea sp.), café-
do-mato (Psychotria cf. carthagenensis Jacq.) e flor-de-fogo (Ruellia angustifolia
Sw.) são as espécies mais comuns no estrato arbustivo. Em meio a essas, existe
alguns cipós como a rapa-canela (Byttneria australis A.St. Hil.), cipó-escada-de-
macaco (Bauhinia macrostachya (Raddi) Macbride) e o esporão de galo (Celtis cf.
tala Gill. ex Planch.) (De March, 2005, comunicação pessoal).
Área 2, de meio hectare, adjacente à cultivada, onde predominam algumas
plantas invasoras como: leitera (Euphorbia heterophylla L.), milhã (Digitaria
horizontalis Willd.); papuã (Brachiaria plantaginea (Link) Hitchc.); corda de viola
(Ipomea grandifolia (Dammer) O’Don.); picão preto (Bidens pilosa L.); maria
pretinha (Solanum americanum Mill.); trapoeraba (Commelina benghalensis L.);
poaia-branca (Richardia brasiliensis Gomez), guanxuma (Sida rhombifolia L.),
sendo estas encontradas também na lavoura, e plantas não cultivadas como uva-do-
japão (Hovenia dulcis Thunb.). As plantas invasoras foram identificadas segundo
Benetti (2004, comunicação pessoal) e Lorenzi (1994).
Área 3 de 1 hectare, destinada ao cultivo de fumo e nas entre safras milho.
No ano de 2004 não foi plantado milho devido à estiagem, e em 2005 o milho
plantado ainda, devido à estiagem foi utilizado como pasto para os animais. As
mudas de fumo foram transplantadas em agosto com o solo previamente adubado
com 800 kg de NPK (10:16:18) e 500 kg de salitre. Na lavoura não foram utilizados
fungicidas, somente os inseticidas a base de Acefato e Imidacloprid.
O fumo cultivado foi do tipo Virgínia sendo que as cultivares utilizadas
foram RG-8 em 2003 e 2004 e em 2005 a cultivar K-326, esta última resistente a
nematóides. As mudas foram produzidas pelo sistema float com um formulado de
Trichoderma spp. adicionado ao substrato na proporção de 2 g/kg de substrato. Os
fungicidas utilizados no float foram a base de Iprodione e Propineb. O milho
cultivado na área foi o híbrido precoce AG 122, moderadamente tolerante a
fusariose, Physopella zea, Phaeosphaeria maydis e a doenças de colmo e tolerante a
52
Peronosclerospora sorghi, Helminthosporium turcicum e H. maydes, Cercospora
sp. e doenças de grãos (EMBRAPA-CNPMS, 2006).
É importante salientar que existe um pequeno declive do solo da mata em
direção às áreas intermediária e lavoura, portanto não possibilidade de solo da
lavoura chegar até a mata com água da chuva.
5.2.2. Amostragem
As amostras foram coletadas, sistematicamente a cada 10 m ao longo de
transectos de 30 m em cada área. As coletas foram realizadas no2.1742(a)3.7279(s)-11. s.2á310251(o)-20.(i)-2.1742(z)-.7279(q)-0.3-2.1742(z)-.727 8.7652(o)-0.310251(l)12703(d)3613.72
53
esporularam. Suspensões de esporos ou fragmentos de hifas foram semeados em
ágar-água e após 24 horas os tubos germinativos foram transferidos para placas
contendo BDA, as placas foram incubadas a 26±1
o
C durante oito dias. A obtenção
de culturas monospóricas é importante, pois segundo Summerell et al. (2003), é
comum isolar mais do que uma espécie de fungos de porções individuais de plantas.
Os fungos de micélio estéril foram inoculados nos meios V-8 (extrato de
tomate 200 mL, CaCO
3
3 g, ágar 20 g, pH 6,0), ágar de farinha de milho (farinha de
milho amarelo 60 g, ágar 15 g, pH 6,0), ágar de farinha de aveia (farinha de aveia
100 g, ágar 15 g, pH 6,0), pois segundo Fernandez (1993) fungos que não esporulam
em outros meios, freqüentemente esporulam nesses.
5.2.4. Identificação dos fungos
Os fungos foram classificados de acordo com suas características
morfogicas, como cor (segundo Rayner, 1970) e textura das colônias (conforme
Onions et al., 1981). Após, foram preparadas minas com solução de floxina
(Floxina 1g, água destilada 100 mL). Sobre a lâmina, foi depositada uma gota da
solução de hidróxido de potássio 3 % mais uma gota da solução de floxina e, com
agulha de niquel-cromo esterilizada, foram transferidos esporos e hifas para a
lâmina, cobertos com lamínula e observados ao microscópio, no aumento 400x. Os
fungos foram identificados com auxílio de chaves (Booth 1971; Onions et al., 1981;
Gams e Bissett, 1998). As culturas axênicas dos fungos foram mantidas em tubos,
contendo BDA e conservadas em geladeira.
5.2.5. Análise dos dados
Para avaliar a similaridade entre as áreas de estudo com relação aos fungos
endofíticos e epifíticos foi utilizada a análise de agrupamento hierárquico, pelo
método das ligações médias e a distância euclidiana como índice de similaridade
(dissimilaridade). E para avaliar o efeito de fatores abióticos como: umidade, pH,
matéria orgânica, nitrogênio, carbono, fósforo, potássio, e cálcio do solo foi utilizada
uma análise de correlação de Pearson. Para as duas análises citadas foi utilizando o
programa computacional SPSS 10.0.
A freqüência absoluta dos fungos endofíticos e epifíticos de maior
abundância nas três áreas foi comparada pelo teste do Qui-quadrado (χ
2
), a
diversidade dos fungos endofíticos e epifíticos das três áreas de estudo foi avaliada
54
através do índice de diversidade de Shannon-Wiener, e comparados pelo Teste-t,
utilizando o programa computacional Quantan versão 1997.
O índice de Shannon-Wiener (H), combina os componentes riqueza e
uniformidade e atribui um peso maior as espécies raras, expressa a importância
relativa de cada espécie e não apenas a proporção entre espécies e indivíduos. O
índice de Shannon, como ficou consagrado, é relativamente independente do
tamanho da amostra e representa uma distribuição normal, desde que, N seja um
número inteiro (Odum, 1988 e Matos et al., 1999).
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 8 encontram-se as características morfogicas das colônias
(textura e cor) e tipo de micélio dos fungos filamentosos isolados como endofíticos e
epifíticos de amostras de raízes coletadas nas três áreas de estudo. Os fungos de
micélio estéril (Mycelia sterilia) não formaram estruturas de frutificação em nenhum
dos meios de cultura utilizados (BDA, ágar V-8, ágar de farinha de milho e ágar de
farinha de aveia), portanto foram classificados em sete morfotipos.
O fungo de morfotipo 4, foi isolado como endofítico e epifítico de
fragmentos de raízes de guajuvira ou de uva-do japão e cresceu na presença dos
fragmentos dessas raízes, isso é, cresceu quando o fragmento da raiz foi
transferido junto com o inóculo da placa original para outra placa contendo meio
BDA. Nos meios ágar V-8, ágar de farinha de milho e ágar de farinha de aveia não
houve crescimento nem mesmo na presença das raízes.
55
Tabela 8. Fungos endofíticos e epifiticos isolados de raízes coletadas nas áreas, A1
(mata), A2 (intermediária) e A3 (lavoura), durante os anos de 2004 e 2005,
Venâncio Aires, RS.
Fungos Cor Textura Micélio
Fusarium oxysporum Schlecht Branco, Rosa claro, Vináceo ou
púrpura, verso branco, púrpura ou
vináceo
afeltrada Septado, hialino
Fusarium solani (Mart.) Sacc. Creme, verso creme aveludada Septado hialino
Fusarium semitectum Berk. &
Ravemi923(u296(a)-8.67184(v)-0.321368.158b54 -(m)-8.21887(e)38.9771(,)-12.0724( )-18 )]TJ/R21368(e)15.21.5661(2)-20.3227( )-50.1838.9771(,)-12.0724( )-18 i923(66(u)-0.322822(d)-0.322822(a)-8.67257(d)-0.322822(a)-8.672( )-2466.03(S)8.02983(e)15.1523(p)-0.3228248(i)-7.8989T5L)]TJ/R26 10.0800 A i]TJ368(r)7.8022ccra ou 2b4&
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56
5.3.1. Fungos endofíticos
Na tabela 9 encontram-se os fungos endofíticos isolados nos meses de
janeiro, maio, setembro e novembro de 2004 e 2005 em três áreas. Na área 1 (mata
nativa) predominaram os fungos de micélio estéril morfotipo 4 (41,2 %),
Trichoderma harzianum (17,6 %), Fusarium oxysporum, fungo de micélio estéril,
morfotipo 2 (10,2 %) e F. semitectum (8,0 %). Na área 2 (área intermediária) F.
oxysporum (21,1 %), F. semitectum (14,1 %), T. koningii (13,0 %), Macrophomina
phaseolina (13,0 %), fungos de morfotipo 4 (11,4 %) e morfotipo 2 (10,8 %). Na
área 3 (lavoura) como endofíticos, os fungos, F. oxysporum (38,2 %), M. phaseolina
(21,5 %), F. semitectum (14,6 %), T. harzianum (6,4 %) e morfotipo 3.
Fusarium solani e M. phaseolina não foram detectados na área 1 e o
morfotipo 4 não ocorreu na área 3. Penicillium chrysogenum foi isolado somente
uma vez e como endofítico na área 3.
A figura 2 mostra o dendrograma relativo à similaridade das áreas segundo
as espécies de fungos endofíticos isoladas. Comparando-se as três áreas, as maiores
similaridades são encontradas entre as áreas 1 e 2, isto é área de mata nativa e área
intermediária. Embora, a mata tenha um número maior de espécies vegetais e
distintos dos encontrados na área intermediária, essa similaridade pode ser explicada
em parte, pelo fato de que os fungos foram isolados de plantas perenes nessas áreas.
Na mata foram isolados de raízes de guajuvira e na área intermediária de raízes de
uva-do-japão. As amostras foram coletadas sempre nas mesmas plantas variando
apenas a época da coleta. Não interferência direta ou proposital do homem sobre
as plantas da área 2, as ervas daninhas, embora sejam anuais, permanecem nessa
área de um ano para o outro, isto é, suas sementes caem no solo e voltam a germinar,
completando assim seu ciclo, sem renovação genética. Já na lavoura, as amostras de
raízes foram coletas de fumo (nos diferentes estágios de desenvolvimento),
cultivares diferentes em cada ano de coleta e também em milho (maio de 2005).
Portanto, houve troca de hospedeiro vegetal.
57
Tabela 9 Fungos endoticos isolados das coletados nas áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação intermediária) e A3 (Lavoura de fumo),
durante o ano de 2004 e 2005. Venâncio Aires, RS
Janeiro/04 Maio/04 Setembro/04 Novembro/04
Janeiro/05 Maio/05 Setembro/05 Novembro/05
Fungos A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3
Fusarium oxysporum 6 6 8 2 3 13 3 4 9 1 5 13 1 2 11 2 12 8 1 0 11 4 7 16
Fusarium solani 0 0 0 0 5 0 0 4 0 0 0 1 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0 0 1
Fusarium semitectum 5 4 6 0 9 9 0 2 3 1 2 4 5 3 2 4 2 5 0 2 2 0 2 3
Trichoderma harzianum 0 2 0 3 0 0 12 5 6 4 1 0 3 4 0 11 3 6 0 0 3 0 0 0
Trichoderma koningii 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 24 0 0 0 0
Trichoderma viride 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0
Penicillium chrysogenum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 5 0 0 0
Macrophomina phaseolina 0 0 0 0 8 2 0 4 7 0 4 8 0 0 7 0 5 6 0 0 0 0 3 24
Pythium sp. 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Morfotipo 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 0 1 1 1 0 0
Morfotipo 2 0 1 0 3 0 0 5 0 2 3 9 0 4 2 0 2 6 1 0 0 5 2 2 0
Morfotipo 3 0 0 0 0 0 0 0 0 6 0 0 4 0 0 4 0 0 1 0 0 0 0 0 0
Morfotipo 4 0 0 0 10 3 0 8 2 0 4 5 0 8 1 0 1 6 0 24 0 0 22 4 0
Morfotipo 5 0 0 0 3 1 0 0 0 2 2 3 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 2 0 0
Morfotipo 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Morfotipo 7 0 0 0 2 0 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
Fragmentos 11 13 17 23 29 25 30 21 35 16 39 26 22 12 29 22 35 28 29 27 29 34 18 44
58
Figura 2 Dendrograma obtido da análise de agrupamento hierárquico (ligação média
entre grupos) utilizando as variáveis fungos endofíticos, isolados das áreas: A1
(mata natural), A2 (Intermediária) e A3 (lavoura) a partir das coletas de
janeiro, maio, setembro e novembro de 2004 e 2005. Distância Euclidiana.
59
5.3.2. Fungos epifíticos
Na tabela 10 encontram-se os fungos epifíticos (rizoplano) isolados nos
meses de janeiro, maio, setembro e novembro de 2004 e 2005 nas três áreas. Na área
1 (mata nativa) predominaram T. harzianum (22,7 %), T. koningii (14,3 %), F.
oxysporum (12,7 %), F. semitectum (10,3 %), Rhizopus stolonifer (7,3 %) e
Penicillium citrinum (7,5 %). Na área 2 (área intermediária) F. oxysporum (27,5 %),
T. harzianum (21,7%) F. semitectum (11,6 %), P. citrinum (9,3 %), R. stolonifer (7,3
%), M. phaseolina (6,9 %). Na área 3 (lavoura) F. oxysporum (25,4 %), T.
harzianum (25,1 %), F. semitectum (11,3 %), M. phaseolina (9,3 %)e morfotipo 2
(5,1 %).
Pythium sp. foi isolado de amostras da área 3, em duas coletas e na área 1
em uma coleta. Penicillium purpurogenum, Cladosporium herbarum, Aspergillus
fumigatus, A. niger, Mucor racemosus (uma ocorrência na área 2), Absidia sp. (duas
ocorrências na área 1), Pythium oligandrum (duas ocorrências na área 3 e uma na
área 2)
A figura 3 mostra o dendrograma relativo a similaridade das áreas segundo
as espécies de fungos isoladas. Comparando-se as três áreas, as maiores
similaridades com relação aos fungos epifíticos, são encontradas entre as áreas 2 e
3. Essa similaridade se deve em parte ao fato de que, as duas áreas são adjacentes e
na época do plantio de milho algumas plantas invasoras da área intermediária (área
2) alcançam a lavoura (área 3). Para chegarem até a lavoura os trabalhadores
passam pela área intermediária, inclusive com os equipamentos, portanto, podem
veicular fungos de uma área a outra. A água da chuva também pode levar solo da
área 2 para a área 3. Os fungos epifíticos, embora tenham interação com a planta,
sofrem uma maior ação do ambiente externo, do que os endofíticos, principalmente
do solo.
60
Tabela 10 Fungos epiticos coletados nas áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação intermediária) e A3 (Lavoura de fumo), durante o ano de
2004 e 2005. Venâncio Aires, RS
Janeiro/04 Maio/04 Setembro/04 Novembro/04
Janeiro/05 Maio/05 Setembro/05 Novembro/05
Fungos A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3 A1 A2 A3
Fusarium oxysporum 6 10 9 3 3 10 3 5 7 4 10 6 2 6 9 3 15 4 5 10 12 6 12 22
Fusarium solani 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0
Fusarium semitectum 2 0 0 8 10 10 0 6 3 8 2 4 5 4 5 0 4 2 1 2 4 2 2 7
Fusarium sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0
Trichoderma harzianum 12 10 4 10 0 16 10 11 10 4 4 0 7 9 6 14 11 29 0 3 10 0 8 3
Trichoderma koningii 0 0 0 0 7 3 0 0 0 0 0 6 0 0 0 0 0 0 9 0 0 27 6 0
Trichoderma viride 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 0 3 0 0 00 0 0
Penicillium purpurogenum 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 3 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Penicillium citrinum 0 2 2 10 12 3 3 6 0 2 3 0 2 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0
Cladosporium herbarum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Macrophomina phaseolina 0 0 9 0 2 1 0 0 0 0 1 3 0 0 2 0 4 2 0 2 3 0 9 11
Pythium oligandrum 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 4 0 0 0 0 0 3
Pythium sp. 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 3 0 0 0 0 0
Aspergillus fumigatus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 3 0 0 0 0 0 0
Aspergillus flavus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 1
Aspergillus niger 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Rhizopus stolonifer 3 0 0 6 10 0 0 2 0 0 0 0 4 2 3 8 5 3 0 0 0 0 0 0
Mucor racemosus 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Absidia sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0
Morfotipo 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2 2 0 0 0 6 0
Morfotipo 2 3 0 0 0 3 3 4 0 2 0 2 3 2 0 2 0 0 5 2 0 1 1 0 0
Morfotipo 3 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 2 0 0 1 0 0 0 0 0 0
Morfotipo 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11 0 0 0 0 0
Morfotipo 5 0 2 0 3 0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0
Morfotipo 7 0 3 0 0 0 0 2 1 6 0 0 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 0
Fragmentos 26 27 26 40 50 55 22 31 28 20 22 29 31 25 32 34 43 57 39 17 35 36 43 49
61
Figura 3. Dendrograma obtido da análise de agrupamento hierárquico (ligação dia entre
grupos) utilizando as variáveis fungos epifíticos, isolados das áreas: A1 (mata
natural), A2 (Intermediária) e A3 (lavoura) a partir das coletas de janeiro, maio,
setembro e novembro de 2004 e 2005. Distância Euclidiana.
62
Fusarium oxysporum predominou, principalmente na área 3, seguido de F.
semitectum Segundo Summerell et al. (2003), é comum isolar mais do que uma
espécie de Fusarium de porções individuais de plantas. Entre as espécies de
Fusarium, F. equiseti e F. semitectum são saprofíticos e podem ser considerados
invasores secundários de tecidos doentes.
No presente trabalho F. oxysporum foi isolado nas três áreas de plantas sem
sintomas de doença. Para Edel et al. (2001) os isolados de F. oxysporum não
patogênicos não podem ser distinguidos dos patogênicos somente pelas
características morfogicas e culturais, e sim através de testes de patogenicidade.
Os isolados não patogênicos têm apresentado uma similaridade genética muito alta
com os isolados patogênicos, sugerindo que eles podem derivar um do outro. Estes
resultados corroboram com os resultados obtidos por Skovgaard et al. (2002), que
avaliaram quarenta e nove linhagens de F. oxysporum, isoladas da rizosfera e de
raízes de ervilha, algumas com sintomas de apodrecimento. Os autores não
encontraram correlação entre a estrutura filogenética e a patogenicidade para ervilha
segundo a origem geográfica, e o substrato (solo ou planta) dos quais as linhagens de
F. oxysporum foram isoladas. Para os autores essa falta de correlação sugere que as
linhagens do complexo F. oxysporum causadoras de apodrecimento de raízes tenham
evoluído recentemente de um ancestral não patogênico, ou que alguns desses
isolados tenham perdido sua habilidade para causar a podridão de raízes. As
diferentes linhagens foram hábeis em infectar as plantas e viver como endofíticos ou
como parasitas em seus hospedeiros.
Segundo Willani (2004), Fusarium spp. são fungos de difícil controle em
mudas, principalmente no sistema float, onde as fontes de inóculos são o solo e a
água contaminados e bandejas reutilizadas. Na lavoura Fusarium oxysporum f.sp.
nicotinianae pode ser introduzido por mudas contaminadas.
Foi isolado também F. solani nas áreas 2 e 3 como endofíticos e epifíticos.
Segundo Ulacio et al. (1997), embora esse fungo não seja considerado um patógeno
de fumo, não se deve descartar a hipótese do mesmo vir a formar uma associação
com infecções causadas por Pythium sp., Phytophothora sp., M. phaseolina, R.
solani ou por outra espécie do gênero Fusarium. Outro fungo fitopatogênico isolado
com alta freqüência foi M. phaseolina, porém, segundo Shew & Lucas (1991) e
Massola Jr. et al. (2005), a podridão do colo em fumo causada por M. phaseolina é
severa quando ocorre em períodos de temperaturas elevadas e déficit hídrico. No
63
Brasil, segundo Massola Jr. et al. (2005), esta doença ocorre nos Estados da Paraíba
e Rio Grande do Norte, e é endêmica em regiões onde é cultivado fumo do tipo
oriental. Esse fungo, segundo Pereira et al (2005), pode causar doença também em
milho, sendo o mesmo isolado no presente trabalho como endofítico e epifítico
também de raízes de milho em maio de 2005.
Foram isolados também Pythium sp. e P. oligandrum. Pythium sp.
geralmente ataca as mudas jovens causando tombamento nos canteiros e participa da
associação com outros fungos causando o amarelão em plantas na lavoura (Willani,
2004; Massola Jr. et al. (2005). P. oligandrum é citado como micoparasita de
fitopatógenos residentes no solo como Verticillium sp., Pythyum sp. e Fusarium
(Benhamou et al., 1997, Whipps, 2001).
Conforme Pereira et al. (2005), fungos como Pythium sp., Fusarium spp. e
M. phaseolina também causam doenças em milho. Sendo a última considerada uma
doença secundária.
Trichoderma spp. (T. harzianum, T. koningii e T. viride) foram isolados
com alta freqüência, nas três áreas, principalmente como epifítico na lavoura, este
antagonista segundo Bettiol & Ghini (2004), tem controlado o tombamento em
plântulas de fumo, causado por Pythium, Sclerotinia e Rhizoctonia com o
bioformulado a base de Trichoderma cultivado em arroz. O produto final é
misturado ao substrato do float na proporção de 100 g/ 100 Kg de substrato. Nos
canteiros, o produto é dissolvido na água e aplicado após a semeadura. Uma
aplicação é suficiente para o controle da doença tanto no substrato, quanto nos
canteiros. Na lavoura avaliada no presente trabalho, as mudas foram produzidas pelo
sistema de float como descrito acima, portanto são transplantadas para a lavoura
com Trichoderma aderido as raízes e provavelmente também como endofítico das
mesmas. Essa população de Trichoderma tem se mantido na lavoura, principalmente
como epifítico.
Também foram isolados fungos do gênero Penicillium, sendo P.
chrysogenum como endofítico de fumo e P. purpurogenum e P. citrinum como
epifíticos, sendo esse último abundante nas áreas 1 e 2. Cao et al. (2002), isolaram
de raízes de bananeira (Musa acuminata) Gloesporium musae, Aspergillus sp.,
Penicillium sp. e Paecylomyces sp., os ts últimos somaram 62% dos isolados. Os
autores salientam que Aspergillus sp e Penicillium sp. são fungos freqüentemente
64
isolados do solo e produzem antibióticos que inibem o crescimento de patógenos
latentes como G. musae, Deightoniella torula e Fusarium spp. em raízes.
5.3.3. Diversidade dos fungos endofíticos
Nas tabelas 11 e 12, encontram-se os resultados de abundância, mero de
espécies e índice de diversidade dos fungos endofíticos isoladas em meio BDA a
partir dos fragmentos de raízes coletadas nas três áreas de estudos.
Na área 1 (mata nativa), a maior diversidade foi observada em novembro de
2004, e a menor em janeiro de 2004 e setembro de 2005. Em janeiro de 2004
ocorreram só duas espécies, Fusarium oxysporum e F. semitectum e em setembro de
2005, além de ocorrem só três espécies, houve dominância do fungo de morfotipo 4.
Na área 2 (intermediária) a maior diversidade foi observada em novembro de 2004, e
a menor em setembro de 2005 quando houve menor riqueza de espécies e
dominância de Trichoderma koningii. Na área 3 (lavoura), foi observada a maior
diversidade em setembro de 2004 e janeiro de 2005. Nos meses de janeiro e maio de
2004 e novembro de 2005 foram obtidos os menores índices de diversidade o
número de espécies também foi menor nesses meses, sendo que em janeiro e maio
de 2004 houve dominância de F. oxysporum e F. semitectum e em novembro de
2005 de F. oxysporum e M. phaseolina.
Á dominância de Fusarium está relacionada a períodos de alta pluviometria
ou antecedidos pela mesma. O que pode ser observado em janeiro de 2004, onde à
temperatura média foi de 25,8
o
C, sendo o mesmo, antecedido por um peodo de alta
precipitação.
5.3.4. Diversidade dos fungos epifíticos
Nas tabelas 13 e 14, encontram-se os resultados de abundância, mero de
espécies, índices de diversidade dos fungos epifíticos isoladas em meio BDA a partir
dos fragmentos de raízes coletadas nas três áreas de estudos.
65
Tabela 11. mero total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como
endoticos das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de
2004. Venâncio Aires, RS
Janeiro/04 Maio/04 Setembro/04 Novembro/04
Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3
N
(n
o
total de colônias fungicas)
11 13 17 23 29 25 30 21 35 16 29 23
S
(riqueza de espécies)
2 4 3 6 6 4 6 6 7 7 7 5
H`
(diversidade de Shannon-Wiener)
0,99 1,73 1,48 2,28 2,31 1,49 2,06 2,50 2,61 2,57 2,56 2,03
Tabela 12. mero total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como
endoticos das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de
2005. Venâncio Aires, RS
Janeiro/05 Maio/05 Setembro/05 Novembro/05
Área 1 Área 2
Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1
Área 2 Área 3 Área 1
Área 2 Área 3
N
(n
o
total de colônias fungicas)
22 12 29 22 35 28 29 27 29 34 18 44
S
(riqueza de espécies)
6 5 8 6 7 7 3 3 7 7 5 4
H`
(diversidade de Shannon-Wiener)
2,26 2,18 2,45 2,09 2,48 2,42 0,78 0,60 2,44 1,79 2,14 1,39
66
Tabela 13. Número total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de diversidade de Shannon-Wiener para os fungos isolados como
epifíticos das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2004.
Venâncio Aires, RS
Janeiro/04 Maio/04 Setembro/04 Novembro/04
Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3
N
(n
o
total de colônias fungicas)
26 27 26 40 50 55 22 31 28 20 22 29
S
(riqueza de espécies)
5 5 6 6 9 9 5 6 5 5 6 7
H`
(diversidade de Shannon-Wiener)
2,00 1,96 2,12 2,43 2,79 2,79 2,06 2,28 2,12 2,12 2,18 2,74
Tabela 14. mero total de colônias fungicas, riqueza de espécies e índice de diversidade de Shannon-Wiener) para os fungos isolados como
epifíticos das áreas A1 (Mata nativa), A2 (área intermediária e A3 (lavoura de fumo) em janeiro, maio, setembro e novembro de 2005.
Venâncio Aires, RS
Janeiro/05 Maio/05 Setembro/05 Novembro/05
Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3 Área 1 Área 2 Área 3
N
(n
o
total de colônias fungicas)
31 25 32 34 43 57 42 17 35 36 43 49
S
(riqueza de espécies)
9 7 9 7 7 11 10 4 7 4 6 7
H`
(diversidade de Shannon-Wiener)
3,01 2,40 2,86 2,35 2,44 2,56 2,98 1,61 2,39 1,11 2,43 2,19
67
A maior diversidade para os isolados epifíticos da área 1 ocorreu em janeiro
2005, e os menores índices ocorreram em novembro de 2005, nesse período houve
menor número de espécies e dominância de Trichoderma koningii. Na área 2 a maior
diversidade ocorreu em maio de 2004 e a menor em janeiro de 2004 e setembro de
2005 e também o menor número de espécies. Em janeiro de 2004 houve dominância
de F. oxysporum e T. harzianum e em setembro de 2005 dominância de F.
oxysporum. Na área 3 a maior diversidade ocorreu em janeiro de 2005 e a maior
riqueza ocorreu em maio de 2005. A menor diversidade ocorreu em janeiro e
setembro de 2004 com menor mero de espécies. Em maio de 2005 houve
dominância de T. harzianum e em novembro 2005 de F. oxysporum e M. phaseolina.
Quando foram comparados os índices de diversidade de Shannon-Wiener
das três áreas ao longo dos dois anos de coleta, a diversidade não diferiu
significativamente no Teste-t (α=0,05) (Tabela 15) tanto para o s fungos endofíticos
como para os epifíticos. Este resultado confere com o obtido por Wilbeforce et al.
(2003), quando analisaram três áreas com manejos distintos, em relação a ocorrência
de fungos endofíticos de raízes, os autores não verificaram diferença estatística
quanto à diversidade das três áreas estudadas.
Tabela 15. Comparação entre as áreas segundo o índice de diversidade de Shannon
para os fungos endofíticos e epifíticos isolados nas três áreas (mata, área
intermediária e lavoura) nos anos de 2004 e 2005, Venâncio Aires, RS.
Áreas
Índice de Shannon*
Interação Variância Teste t
Endofíticos
A1 1,85 a A1 x A2 0,41 0,65
A2 2,06 a A1 x A3 0,33 0,64
A3 2,03 a A2 x A3 0,34 - 0,081
Epifíticos
A1 2,25 a A1 x A2 0,24 - 1,51
A2 2,26 a A1 x A3 0,23 - 0,88
A3 2,47 a A2 x A3 0,11 - 1,26
Valores seguidos de letras distintas diferem significativamente no Teste -t (α = 0,05); gl = 7
* valores médios
t
0,05; 7
= 2,36
A abundância, riqueza e diversidade das espécies fúngicas isoladas, no
presente trabalho não sofreram a ão da sazonalidade, o que também foi observado
nos agrupamentos por similaridade. Provavelmente os resultados obtidos se devam
68
ao fato de que as três áreas estão localizadas na mesma região, portanto sujeitas aos
mesmos fatores climáticos como temperatura e precipitação.
No presente trabalho a abundância de Trichoderma spp. foi maior nos
isolados epifíticos (Tabelas 16 e 17), e essa abundância pode ser responsável pela
ausência de doenças nas plantas das três áreas de estudo. Para Harman et al. (2004),
as espécies de Trichoderma são oportunistas e avirulentas para plantas nas quais são
simbiontes, e parasitas de outros fungos. Algumas linhagens permanecem, por longo
tempo, colonizando a superfície das raízes, penetram na epiderme e, em poucas
células de camadas internas. Produzem e liberam uma variedade de compostos que
induzem resistência localizada ou sistêmica nas plantas. A colonização da rizosfera,
por Trichoderma spp., promove o crescimento de raízes e aumenta a produtividade,
a resistência a estresses abióticos e a utilização de nutrientes. É fungo de vida livre
que interage em ambientes como solo, raízes e folhas.
Tabela 16. Freqüência absoluta de fungos endofíticos de maior ocorrência nas áreas
A1 (mata), A2 (intermediária e A3 (lavoura) isolados das coletas de
2004 e 2005, Venâncio Aires, RS.
Fungos Área 1 Área 2 Área 3
Fusarium oxysporum 20 c 39 b 89 a
Fusarium semitectum 15 b 26 ab 34a
Trichoderma harzianum 33 a 15 b 15 b
Macrophomina phaseolina - 24 b 50 a
Morfotipo 2 19 a 20 a 8 b
Morfotipo 4 77 a 21 b -
*Fusarium spp. 35 c 74 b 129 a
*Trichoderma spp. 39 a 39 a 16 b
Números seguidos por letras distintas na linha, diferem entre si, p = 0,05, pelo teste do Χ
2
* somadas todas as espécies isoladas desses gêneros.
69
Tabela 17. Freqüência absoluta de fungos epifíticos de maior ocorrência nas áreas
A1 (mata), A2 (intermediária e A3 (lavoura) isolados das coletas de
2004 e 2005, Venâncio Aires, RS.
Fungos Área 1 Área 2 Área 3
Fusarium oxysporum 32 b 71 a 79 a
Fusarium semitectum 26 a 30 a 35 a
Trichoderma harzianum 57 a 56 a 78 a
Trichoderma koningii 36 a 13 b 9 b
Macrophomina phaseolina - 12 b 31 a
Morfotipo 2 12 ab 5 b 16a
*Fusarium spp. 58 b 102 a 117 a
*Trichoderma spp. 96 a 71 a 91 a
Números seguidos por letras distintas na linha, diferem entre si, p = 0,05, pelo teste do Χ
2
* somadas todas as espécies isoladas desses gêneros.
5.3.5. Interação com fatores abióticos do solo
Fatores como umidade, matéria orgânica, pH, fósforo, nitrogênio, potássio,
cálcio do solo, o total de fungos e ainda as espécies mais comuns de fungos
endofíticos e epifíticos foram avaliados por uma análise de coeficiente de correlação
de Pearson.
Para os fungos endofíticos na área 1, houve uma correlação inversa entre os
fungos totais e o teor de fósforo, de matéria orgânica e carbono. Fusarium
semitectum apresentou correlação inversa com o teor de fósforo e correlação positiva
com o teor de nitrogênio. Na área 2, F. semitectum e M. phaseolina apresentaram
correlação negativa com o pH e M. phaseolina apresentou correlação negativa com o
potássio. , na área 3 Pythium sp. teve correlação positiva com fósforo e potássio.
Para os fungos epifíticos, na área 1, verificou-se uma correlação inversa de
P. citrinum e F. semitectum com o teor de lcio. Na área 2, houve correlação
inversa entre o total de fungos e o pH. Fusarium semitectum apresentou correlação
inversa com fósforo e potássio. Na área 3, F. semitectum apresentou correlação
positiva com pH e inversa com potássio.
Segundo Bedendo (1995), o fósforo pode influenciar positiva ou
negativamente a severidade da doença, em função do hospedeiro e do patógeno
envolvidos. O autor cita que altas doses de fósforo podem aumentar a suscetibilidade
de plantas de fumo e de pepino aos vírus do mosaico. Entretanto, a resistência de
beterraba a Phoma, de fumo a Pseudomonas e de tomate a Fusarium é aumentada
com o excesso de fósforo. Isso pode explicar a correlação inversa de fósforo com F.
70
semitectum (área 1 como endofítico e área 2 como epifítico) e com o total de fungos
(área 1, como endofíticos), e positiva com Pythium (área 3 como endofítico) no
presente trabalho. Com relação ao nitrogênio, Bedendo (1995), cita que em geral, o
excesso do mesmo favorece a infecção e excesso de possio reduz a infecção. o
pH ácido de um modo geral favorece os fungos. Embora, no presente trabalho, os
fungos citados foram isolados como endofíticos e epifíticos de plantas sem sintomas
de doenças pode-se estabelecer um paralelo, pois a interação do endofítico-
hospedeiro assemelha-se a interação patógeno-planta e os epifíticos estão sujeitos
tanto a interferência da planta e seus exsudados como com os fatores abióticos do
solo.
5.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abundância de Fusarium, principalmente de F. oxysporum nas três áreas
e em especial na lavoura, sem causar danos aparente pode estar relacionada a certas
características desse fungo como: a) serem raças avirulentas presentes como
endofíticos e epifíticos que poderiam estar atuando em benefício da planta; b) ser um
patógeno latente, estando em equilíbrio com o restante da microbiota, endofítica e
epifítica, com o hospedeiro e ambiente.
A abundância de fungos com potencial fitopatogênico como Fusarium spp.
e Macrophomina phaseolina, principalmente como endofíticos na área 3 demonstra
a influência do hospedeiro sobre os mesmos. O fungo F. oxysporum., como foi
referido, pode ser um patógeno latente em equilíbrio com o hospedeiro e o ambiente,
portanto, a quebra desse equilíbrio pode favorecer a ocorrência da doença. Deve-se
considerar, também, que o referido fungo possa pertencer a raças não patogênicas ou
ter perdido a patogenicidade por mutação, porém a mesma pode ser recuperada
ainda por mutação, bem como por processos naturais de recombinação somática
como heterocariose, ciclo parassexual. Ainda por transposons, os quais segundo
Azevedo (1999) conseguem transferir genes dentro e entre espécies distintas
naturalmente. Uma quebra no equilíbrio pode favorecer também, espécies
consideradas como patógenos secundários como M. phaseolina, que embora não
esteja causando nenhum dano aparente, teve alta freqüencia nas áreas 2 e 3.
A presença de fungos antagonistas, principalmente Trichoderma spp. é um
dos fatores responsáveis pelo equilíbrio. Vale ressaltar que na mata natural o fungo
Trichoderma não é introduzido e, pouca possibilidade do mesmo chegar até
71
pela água da chuva, pois existe um declive no terreno da mata em direção às áreas
intermediária e lavoura.
6. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir que existe um
equilíbrio dinâmico entre os fungos antagonistas, os fungos potencialmente
fitopatogênicos e fatores ambientais nas três áreas. Especialmente, na área 3, lavoura
comprova-se o princípio do controle biológico onde temos a presença do patógeno,
do antagonista e do hospedeiro (fumo ou milho), no entanto, sem a manifestação da
doença.
7. SUSGESTÕES
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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soilborne pathogens, nematodes and root diseases of vegetable crops. Applied Soil
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Fusarium Flora in Soils of the Canary Islands. Linzer Biologische Beitraege, v.27,
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J.L.(Edit.) Ecologia microbiana. Jaguariúna, Embrapa-Cnpma, 1998, p. 117-137.
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9. APÊNDICES
82
Apêndice 1. Análises Físico-químicas das amostras de solo rizosférico coletadas nas áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação intermediária) e A3
(Lavoura de fumo), durante o ano de 2004. Venâncio Aires, RS
Janeiro/04 Maio/04 Setembro/04 Novembro/04
Parâmetros Área 1 Área 2 Área 3
Área 1 Área 2 Área 3
Área 1 Área 2 Área 3 Área 1
Área 2 Área 3
Argila % 29 35 44 38 39 50 32 28 46 44 42 51
Areia Grossa % 14 21 14 15 19 12 21 22 16 20 23 18
Areia Fina % 8 14 12 9 8 10 10 10 9 9 10 9
Silte % 49 32 30 38 34 28 37 40 29 27 25 22
Umidade % 23 15 16 24 22 21 27 22 22 22 20 16
pH (em água 1:1) 5,7 6,7 5,4 5,5 6,2 6,2 5,8 6,8 5,4 5,8 6,7 5,5
Índice SMP 5,8 6,5 5,4 5,9 6,6 5,7 6,1 6,8 5,8 6,0 6,7 5,8
P mg/dm
3
(Método de Mehlich) 6,5 10 37 3,9 1,4 5,1 2,7 2,5 6,2 6,6 4,8 8,2
K mg/dm
3
(Método de Mehlich) 316 436 602 270 359 218 237 > 400 349 347 >400 375
M.O.% (Método de digestão úmida) 10,7 4,5 2,5 8,4 6,4 3,2 7,9 6,8 3,5 8,9 7,9 3,2
C % 6,2 2,6 1,4 4,9 3,7 1,9 4,6 3,9 2,0 5,17 4,59 1,86
N% 0,5 0,2 0,1 0,42 0,32 0,16 0,4 0,3 0,2 0,45 0,39 0,16
Al
troc.
cmol
c
/dm
3
(KCl 1 mol L
-
1) 0,1 0,0 0,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0 0,0
Ca
troc.
cmol
c
/dm
3
(KCl 1 mol L
-
1) 20,0 18,9 8,9 9,9 20,8 9,9 17,8 21,3 9,5 24,3 23,8 8,7
Mg
troc.
cmol
c
/dm
3
(KCl 1 mol L
-
1) 5,9 7,3 3,0 4,1 4,3 2,9 4,0 5,0 3,3 3,5 5,4 3,0
Al + H
.
cmol
c
/dm
3
4,3 2,3 6,1 4,9 2,2 6,2 3,9 1,7 5,5 4,4 2,0 5,5
CTC cmol
c
/dm
3
31,1 29,6 19,8 28,9 28,2 19,5 26,3 29,2 19,3 33,1 32,6 16,2
SAT da CTC % Bases 86 92 68 83 92 68 85,0 94,0 71,0 87 94 69
SAT da CTC % Al 0,3 0,0 2,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1,0 0,0 0,0 0,0
Ca/Mg 3,4 2,6 3,0 4,7 4,8 3,4 4,5 4,3 2,9 7,0 4,4 2,9
Ca/K 25 17 6 28 23 18 29,0 18,0 11,0 27 17 9
Mg/k 7,0 7,0 1,9 6,0 4,7 5,0 7,0 4,2 3,7 3,9 3,8 3,1
S mg/dm
3
(CaHPO
4
500mg L
-1
de P)
5,7 8,5 7,2 9,3 7,4 7,2 6,8 5,2 5,9 6,3 6,9 8,5
Zn mg/dm
3
(com HCl 0,1 mol L
-1
) 8,3 7,9 6,6 9,5 7,2 4,8 9,4 4,2 5,5 1,2 6,3 7,1
Cu mg/dm
3
(com HCl 0,1 mol L
-1
) 0,1 2,3 5,3 0,4 1,6 4,2 0,9 1,5 5,1 0,3 1,3 5,9
B mg/dm
3
(com água quente) 0,3 0,3 0,4 1,2 0,8 0,7 0,4 0,5 0,4 0,5 0,5 0,5
Mn mg/dm
3
81 17 123 5,0 1,0 15,0 13,0 2,0 48,0 11 7 57
83
pêndice 2 Análises Físico-químicas das amostras de solo rizosférico coletadas nas áreas A1 (mata nativa), A2 (vegetação intermediária) e A3
(Lavoura de fumo), durante o ano de 2005. Venâncio Aires RS
Janeiro/05 Maio/05 Setembro/05 Novembro/05
Parâmetros
Área 1
Área 2
Área 3 Área 1 Área 2 Área 3
ÁREA
Área 2 Área 3 Área 1 Área 2
Área 3
Argila %
(método do densímetro)
44 40 53 42 43 53 36 34 48 46 42 51
Areia Grossa % 17 16 13 18 14 13 19 20 14 18 22 17
Areia Fina % 9 11 8 12 8 10 11 12 9 8 10 9
Silte % 30 33 26 28 35 24 34 34 29 28 26 23
Umidade % 30 27 24 24 21 17 41 36 30 18 18 18
PH
(em água 1:1)
5,8 6,7 5,2 5,4 6,4 5,2 5,7 6,9 5,4 5,8 6,8 5,8
Índice SMP 5,7 6,5 5,4 5,7 6,7 5,6 5,8 6,9 5,6 5,9 6,7 5,8
P mg/dm
3
(Método de Mehlich)
5,8 4,5 7,4 5,9 6,3 9,4 3,3 3,9 23,0 3,8 5,7 14,0
K mg/dm
3
(Método de Mehlich)
298 >400 354 245 >400 357 293 >400 >400 251 >400 >400
M.O.%
(digestão úmida)
9,7 6,3 3,9 7,8 4,4 2,9 6,6 6,7 2,8 8,3 6,9 3,4
C % 5,6 3,7 2,3 4,5 2,6 1,7 3,83 3,89 1,62 4,8 4,0 2,0
N% 0,5 0,3 0,1 0,4 0,2 0,1 0,33 0,33 0,14 0,42 0,35 0,17
Al
troc.
cmol
c
/dm
3
(extraído c/KCl 1 mol L
-
1)
0,0 0,0 0,4 0,0 0,0 0,4 0,0 0,0 0,5 0,0 0,0 0,0
Ca
troc.
cmol
c
/dm
3
(extraído c/KCl 1 mol L
-
1)
21,9 20,5 8,6 18,8 21,3 9,1 19,0 24,0 9,2 17,5 22,7 8,1
Mg
troc.
cmol
c
/dm
3
(extraído c/KCl 1 mol L
-
1)
4,4 4,9 3,0 4,0 5,3 3,4 4,2 5,2 3,4 4,0 4,9 2,9
Al + H
.
cmol
c
/dm
3
6,2 2,5 8,7 6,2 2,0 6,9 5,5 1,6 6,9 4,9 2,0 5,5
CTC cmol
c
/dm
3
33,3 29,1 21,3 29,6 29,8 20,4 29,5 32,7 20,7 27,1 30,8 17,7
SAT da CTC % Bases 81 91 59 79 93 66 81 95 66 82 94 69
SAT da CTC % Al 0,0 0,0 3,1 0,0 0,0 2,9 0,0 0,0 3,5
84
Apêndice 3 Coeficientes de correlação de Pearson entre a ocorrência de fungos rizosféricos e umidade (U) pH, matéria orgânica (MO),
Carbono (C) fósforo (P), potássio (K) e cálcio (Ca) do solo das três áreas de coleta.
Área 1 Área 2 Área 3
U% pH K Ca pH P K U MO C P K
Fungos totais - - - - -0,042 0,747* 0,556 0,844** -0,141 -0,132 0,264 0,069
Fusarium oxysporum -0,532 0,332 0,708* -0,194 0,604 0,250 0,122 0,878** 0,144 -0,156 0,131 -0,003
F. semitectum - - - - 0,168 -0,223 -0,322 - - - - -
Penicillium citrinum 0,165 -0,370 -0,516 -0,807* -0,734* -0,399 -0,664 - - - - -
P.urpurogenum -0,002 -0,752* -0,135 0,952 0,730 0,791* 0,726* 0,092 0,767* -0,810* 0,929* 0,803*
Morfotipo 2 -0,218 -0,713* -0,770 0,500 - - - 0,211 -0,431 -0,393 0,058 -0,044
Morfotipo5 0,731* -0,315 -0,560 0,119 - - - 0,756* 0,085 0,128 -0,109 -0,416
* significativo p = 0,05
** significativo p = 0,01
85
Apêndice 4 Coeficientes de correlação de Pearson entre a ocorrência de fungos endofíticos pH, matéria orgânica
(MO), Carbono (C) fósforo (P) e potássio (K) do solo das três áreas de coleta.
Área 1 Área 2 Área 3
MO C N P pH K P K
Fungos totais - 0,720* - 0,710* - 0,601 - 0,852**
- - - -
Fusarium oxysporum - - - - - 0,345 0,223 - -
F. se11.7617(s)8.2563(e1127358( )-1153.99(0) 1271.45563(e11273 BT13.359 70.9087 Tm[(F)8.6808)6807 BT13.359 70.9087 Tm[(F)8.6803BT13.359 70.9087 Tm[(F)8.6871(-)-0.151052( )-11.7617(0)0.273055(,)12.0348(7)0.273055(1)0.273055(0)0.273003488.2.2546.996 737.453 572(0)0.27300737.453 46.9961 1.999(-)-0(7 572(55(0)0.3( 572(55(0)-89.45 1() 572(55(09)(55(0)-89.4p15( )-11.7617(0)0.273055(,)12.0348(6)0.273055(0)0.273055(1)0.27358( )-1130.2(-)-0.151052(0786)8.10452( )]TJETQ704.996 280.453 1.99609 456.996 ref704.49 ref644.990.15105786)8.10452( )]TJETQ704.996 280.453 1.99609 456.996 ref704.49 ref644.990.15105786)8.10452( )]TJETQ704)3055(,)-11.)0.27.10452( )]TJETQ704)3055(,398.27.10452( )]TJETQ573055(1)0452T)uTQef3BT1.171704)3055(,398.27.10452( )3900452( )]TJEa9,398.27. 4f370414.66(p)0.242( )]TJd 280.452( )]TJ34(-0.151531-3628.83(-523.45 47.9961 1.99609 .2f)13.1716(í)38.12884.996 280.453 1.99609 456.9962( )-11.7617(0)0.273621151052( )-3(36 737.453 46.j14.4 TL3f)13A],799601625.45 1.9.7184(r)13a53(36 737.4786667 0 0 4.16667 0 0 cm BT/R19968.-11.76BT/R199.-11.76BT/R199.-11.76BT/R19986BT99.-15942.299.-11.76BT/R19JETQ704)3055(,398.27.5BT/R199.-11.76BT/R19JETQ704)39.-1( )-11.7617(.76BT/R19JETQ704)3055(,398.27.5BT/R199.-11.76BT/R19JETQ704)340Q704)3055(704.49 reáá 96.45 1.996092ef756.9996 1446.45 46.9961 1.99609 ref80 ref756.996 1623.45 47.9961 1.999996 1446.45 46.9961 1.453 1.99602ãn.27. 4f6 46.9961 19 12901TJ(1f756.97u8302ãn.27. 108- 12901TJ(1f756.97u8302ãn.27. 108- 12901TJ(1f756.97u8302ãn.27. 108-84s1TJ(1f756.97u8302ãn5(0)0.27337u8 1800.45 57.9961 1.99609 refq8(39.24l8-89u*12)-15.752(n)20.2588(t)-21.8376F510.45 57.9961 1.99609 )0.29.24l8-89u*12)-15.752(n)20.25881 1.98.2563(7u*12)-15.752(n)20.25881 1.98.2563(7u*12)-15.752(n)20.25881 1.98.2563(7u*12)-15.75609 456.996 ref704.49 ref1f756.97u81.94e)4.23843(a)4.23843(,398.27.]TJE109 456.9962(8(.8-896.9961 1.99609 ref804.996 9 ref830416.996 196.)-19.718.j14.4 TL39.27)-15.752(n)20.25881 1.98.2563(7u*12)-15.75.n)20.25881 162ef804.956.97u8-.453 1c51f756.973(86 196.)-19.718.j14.0280.452( )]TJ196.)-19.718.8804.956.97u8-.453 1c51f756.973(86 196.)-19.718.j14452( )]TJ079E109 45052( )3)8.53008(O)8.10511( )-2367.6079E105)-19.718.j1.718.j1.1.*n.27..11)5881 1.98.1186 196. un re.14452( )]TJ1.5(86 196.)-1941(u)0.273782(n re.14452( )]TJ1.5(86 196.)-1941(u)0.273782(n re.14452( )]ref1469 ref70)4f(u)0h6)70.29.24l8-14452( )]ref1469 ref70
86
Apêndice 6. Precipitação pluviométrica e temperaturas médias da região em 2003,
2004 e 2005. Venâncio Aires, RS
Dados de precipitação total (mm) Dados de temp. (média aritimética) ºC
Ano 2003 2004 2005 2003 2004 2005
Janeiro 123.2 46.6 30.1 26.3 25.8 26.6
Fevereiro 199.6 61.0 40.4 25.9 24.0 25.6
Março 180.2 32.6 166.7 24.2 25.1 24.8
Abril 123.1 86.5 83.7 20.3 23.2 19.9
Maio 39.2 101.9 181.2 17.1 16.1 18.4
Junho 156.5 121.7 57.0 17.0 16.3 18.2
Julho 131.3 181.7 62.1 14.6 14.0 15.4
Agosto 60.6 66.9 179.1 14.7 15.8 16.8
Setembro 52.7 205.1 201.4 16.2 19.2 15.9
Outubro 237.7 120.1 334.6 21.1 19.9 19.4
Novembro 124.5 189.5 64.6 22.7 22.3 23.3
Dezembro 236.5 61.4 69.7 23.1 24.4 24.2
Fonte: Dados FEPAGRO - Departamento de Agrometeorologia Estação Taquari
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