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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
Cochliomyia hominivorax (COQUEREL, 1858):
MEIO ALTERNATIVO PARA PRODUÇÃO DE LARVAS
E TESTES PROSPECTIVOS
ROXANA MARIA DE GUADALUPE BETTINI YARZON
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
DEZEMBRO DE 2005
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Yarzon, Roxana Maria de Guadalupe Bettini
Y29c Cochliomya hominivorax (Coquerel, 1858) : meio alternativo para
produção de larvas e testes prospectivos / Roxana Maria de Guadalupe
Bettini Yarzon. -- Campo Grande, MS, 2005.
39 f. ; 30 cm.
Orientador: Fernando Paiva.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Faculdade de Medicina Veterinária e Zooctenia.
1.Cochliomya hominivorax. 2. Calliphoridae. 3. Parasitologia veterinária.
4. Homeopatia veterinária. 5. Bovino – Doenças. I. Paiva, Fernando. II.
Título.
CDD (22) - 636.2089696
Catalogação na publicação: Divisão de Processamento Técnico da Coordenadoria de
Biblioteca Central da UFMS.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
PROGRAMA DE MESTRADO EM CIÊNCIA ANIMAL
Cochliomyia hominivorax (COQUEREL, 1858):
MEIO ALTERNATIVO PARA PRODUÇÃO DE LARVAS
E TESTES PROSPECTIVOS
ROXANA MARIA DE GUADALUPE BETTINI YARZON
Orientador Prof. Dr. Fernando Paiva
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, como requisito à
obtenção do título de Mestre em Ciência
Animal. Área de concentração: Saúde Animal
CAMPO GRANDE
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
2005
ii
“Não concordo com uma única palavra do
que esta a dizer, mas defendo
incondicionalmente o direito que lhe cabe
para o dizer”
(Voltaire)
iii
À minha querida mãe Geny, exemplo de retidão
de caráter, força de vontade, perseverança e
respeito ao próximo.
Ao meu amado filho Ben-Hur, pela paciência e
resignação com minha freqüente ausência.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao Prof Dr Fernando Paiva pela orientação e ensinamentos.
À Hilda Guimarães de Freitas pelo incentivo e apoio.
Aos Médicos Veterinários Iara, Júlia, Ma
v
SUMÁRIO
“Página”
1. INTRODUÇÃO................................................................................... 01
OBJETIVOS 02
2. REVISÃO DE LITERATURA............................................................ 03
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 07
3.1. Estabelecimento e manutenção de colônias de C. hominivorax...... 07
3.2. Avaliação de meio artificial............................................................. 08
3.3. Testes prospectivos.......................................................................... 09
3.3.1. Avaliação comparativa da eficiência entre uma formulação
homeopática e droga comercial ...................................................
09
3.3.2. Avaliação de eficácia de duas formulações homeopáticas........ 10
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 11
4.1. Estabelecimento e manutenção de colônias de C. hominivorax...... 11
4.2. Avaliação de meio artificial............................................................. 12
4.3. Testes prospectivos.......................................................................... 14
4.3.1. Avaliação comparativa da eficiência entre uma formulação
homeopática e droga comercial ...................................................
15
4.3.2. Avaliação de eficácia de duas formulações homeopáticas.......... 15
5. CONCLUSÕES.................................................................................... 17
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................. 18
7. NOTA DE PESQUISA: Cochliomyia hominivorax (COQUEREL,
1858): MEIO ALTERNATIVO PARA
PRODUÇÃO DE LARVAS.........................
24
8. ARTIGO: TESTES PROSPECTIVOS PARA TRATAMENTO DE
MIÍASES POR LARVAS DE Cochliomyia hominivorax..
33
INTRODUÇÃO
Nos sistemas de produção animal os indivíduos são expostos a uma grande variedade de
parasitoses e, dentre elas, destacam-se as miíases. Estas são caracterizadas pela invasão e
desenvolvimento de larvas de dípteros nos tecidos dos hospedeiros. As miíases podem ser:
cutâneas ou cavitárias, ulcerativas ou furunculosas, acidentais ou obrigatórias e as larvas
podem ser biontófagas, necrobiontófagas ou necrófagas, conforme os hábitos das espécies
invasoras presentes.
As miíases de maior importância econômica são as causadas pelas larvas de Cochliomyia
hominivorax, que são biontófagas e produzem lesões ulcerativas, geralmente cutâneas e de
parasitismo obrigatório. Estas lesões são denominadas vulgarmente de “bicheiras”.
A espécie C. hominivorax é uma mosca que durante o seu desenvolvimento passa pelos
estádios de ovo, larva, pupa e adulto. Os adultos realizam suas posturas nas bordas de lesões
existentes nos animais; os ovos são incubados após algumas horas e as larvas, assim que
eclodem, migram para o interior da lesão onde se desenvolvem, destruindo o tecido à sua
volta, formando as miíases. Ao término do estádio larval, os indivíduos abandonam o
hospedeiro, caindo ao solo, onde se segue o estágio de pupa. Decorridos, em média, oito dias
ocorre a emergência dos adultos. O ciclo de vida deste inseto, em condições satisfatórias, dura
em torno de 21 dias.
No Brasil, a pecuária possui expressiva importância econômica; é caracterizada como
extensiva e ocupa grandes áreas. Nestas condições, a miíase causada pela mosca C.
hominivorax destaca-se por acarretar prejuízos à produtividade dos rebanhos, principalmente
como agente nas miíases umbilicais dos bezerros recém-nascidos, bem como diminuindo a
produção leiteira e os índices de fertilidade, reduzindo a taxa de conversão alimentar e o
ganho de peso, podendo, eventualmente, levar os animais infestados à morte. Estima-se em
muitos milhões de dólares as perdas ocorridas pela queda de produtividade, pelos custos dos
medicamentos para o tratamento como também pela mão-de-obra para o manejo dos animais
susceptíveis e/ou doentes.
Esse díptero originalmente estava distribuído pelas regiões neoártica e neotropical, atualmente
restringe-se ao continente sul americano. Isto porque foi erradicado dos Estados Unidos,
México até o Panamá.
2
O processo de erradicação, adotado pelos Estados Unidos, emprega a técnica de irradiação de
pupas para esterilização dos adultos, em especial dos machos. O fundamento desta técnica se
deve ao fato das fêmeas de dípteros copularem somente uma vez e dessa forma, a liberação
em massa destes indivíduos irradiados, competindo com a população selvagem, reduzi-la-á
gradativamente, culminando com a sua erradicação.
A técnica de irradiação de pupas esteriliza ambos os sexos, mas apenas a esterilização dos
machos tem importância efetiva e constitui-se em alternativa para a solução definitiva desta
parasitose no continente norte americano. Para o seu emprego, necessitamos envidar esforços
para desenvolver formas mais econômicas e viáveis de realizá-la em nosso país. Portanto, é
preciso pesquisar processos adaptados às nossas condições para a produção em massa de
larvas, formulando meios que utilizem insumos de fácil obtenção em quantidade e custo, e
também que não contaminem o meio ambiente. E, ainda, realizar estudos que caracterizem a
população local da referida espécie.
Estas questões devem ser respondidas com o estabelecimento e manutenção de colônias em
condições de laboratório, onde se espera obter dados sobre aspectos da biologia do isolado
local de C. hominivorax e também larvas para avaliar novos meios de cultura.
Paralelamente a estes estudos, devemos testar produtos para tratamento curativo e/ou
profilático das miíases, como forma de minimizar os danos causados por este parasita.
Como ação inicial, foram estabelecidos os seguintes objetivos:
1- Estabelecer colônia de Cochliomyia hominivorax, em condições de laboratório, para
observação dos aspectos da biologia do isolado local;
2- Formular e testar meios artificiais para desenvolvimento de larvas de C. hominivorax,
como alternativa ao substrato a base de carne e sangue bovino, que sejam de baixo
custo e ambientalmente seguros;
3- J elamimedmenuros;- 1 Tf0.0011 Tw 0.72501o das miduesezespon(eios artlralelam)8(e) custo, e
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
A pecuária apresenta-se como a maior expressão econômica no Brasil, possuindo um rebanho
com mais de cento e noventa milhões de cabeças, e Mato Grosso do Sul contribui com mais
de vinte e quatro milhões desse total (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA - IBGE, 2003). Como evidência desta importância, entre novembro de 2004 e
outubro de 2005, as exportações brasileiras de carne bovina excederam em três bilhões de
dólares, representando 28,8% a mais do que o obtido entre novembro de 2003 e outubro de
2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE -
ABIEC, 2005).
Dentro deste contexto, todos os atores da cadeia de produção da carne buscam minimizar
custos para maximizar os lucros; partindo desta premissa, todos os fatores que determinam
perdas devem ser considerados e, se possível, eliminados; em especial, os agentes
patogênicos. Entre eles as miíases causadas por Cochliomyia hominivorax (Coquerel, 1858) é
uma das mais significativas.
Nos EUA, estudos feitos por Baumhover (1966) estimaram perdas anuais em 20 milhões de
dólares, na região sudeste, e em 50 a 100 milhões, na sudoeste, determinadas por miíases por
C. hominivorax.
No Brasil, as taxas de mortalidade de bezerros, de zero a doze meses de idade, na região
pantaneira, variaram de 10 a 20%, sendo as miíases uma das principais causadoras, ao lado de
picadas de cobras, ataques por onça e outras doenças (SERENO, J.; CATTO; SERENO, F.,
1996). Mais recentemente, foi estimado que os prejuízos causados pelos principais
ectoparasitas de bovinos excederiam a dois bilhões de dólares por ano e as miíases
responderiam por 150 milhões de dólares anuais (GRISI et al., 2002). Em 2003, as perdas
com couros defeituosos, no Brasil, foram de quatrocentos e vinte milhões de dólares,
determinados principalmente por miíases, bernes, mosca-do-chifre e carrapatos. Cifras ainda
maiores poderiam ser atingidas se computados 20% de perdas no peso do animal, durante a
infestação, associado ao tipo de exploração extensiva de gado, em nosso país
(COUROBUSINESS, 2003).
O parasitismo por C. hominivorax é de caráter obrigatório no período larval, sendo o principal
díptero Calliphoridae causador de miíase em animais no novo mundo, infestando
4
principalmente bovinos, caprinos, ovinos, suínos e outros incluindo silvestres. Eventualmente,
os seres humanos podem ser infestados com larvas desta mosca.
As fêmeas de C. hominivorax depositam massas de 10 a 393 ovos que aderem firmemente nos
tecidos secos ao redor das lesões, enquanto se alimentam dos exsudatos (JAMES, 1947).
Segundo Babilonia e Maki (1991), em laboratório, a ovoposição ocorre à 29,4
o
C e 78% de
umidade relativa. Doze a 24 horas, pós-postura, as larvas eclodem, dependendo da
temperatura (JAMES, 1947; BUSHLAND; HOPKINS, 1951). Em laboratório, o período de
incubação dos ovos oscila entre 12 e 14 horas à 26,6
o
C de acordo com Smith (1960).
Após a eclosão, as larvas penetram na pele, mantendo a região posterior voltada para o meio
exterior para permitir a respiração pelos espiráculos ali exixtentes. Elas são gregárias e
produzem formações em bolsas, nos tecidos invadidos, consumindo tecido muscular, vasos,
nervos e tecido conjuntivo (JAMES, 1947).
O desenvolvimento completo da larva dentro do hospedeiro varia de cinco a nove dias,
quando então ela sai para desenvolver a fase de pupa, no solo (BAUMHOVER et al., 1965
apud OLIVEIRA, 1979). Babilonia e Maki (1991) observaram melhor desenvolvimento de
larvas, em laboratório, em temperaturas entre 36.7 e 37,8
o
C, com umidade relativa a 65%.
No entanto, Smith (1960) obteve melhores índices entre 36,6 e 38.8
o
C, com umidade relativa
entre 85 e 90%. Oliveira (1980) observou que a maioria das larvas completava o seu
desenvolvimento em quatro dias à temperatura de 35
o
C e 85 e 90% de umidade relativa do
ar, no laboratório.
O estádio de pupa se estende por seis a oito dias à 26,6
o
C com umidade relativa variando
entre 70 e 80% (SMITH, 1960), mas esse período aumenta em temperaturas entre 12,3 e 17,4
o
C e 55 e 80% de umidade relativa do ar (OLIVEIRA, 1978).
Quando da emergência, os adultos copulam após três a quatro dias e aos seis, as fêmeas já
podem realizar a primeira postura (LAOKE et al., 1936 apud CRYSTAL, 1967a).
Machos e fêmeas adultas têm hábito diurno e podem voar mais de quarenta quilômetros de
distância, sobreviver, em média, quatro semanas, sob temperatura de 25
o
C e cerca de 70% de
umidade relativa do ar (LEITE, 2004). No laboratório, podem viver por 65 dias, embora no
meio ambiente não devam atingir tal longevidade (JAMES, 1947). Quando adultos de ambos
os sexos são mantidos em uma mesma população, as fêmeas vivem em média 17,6 dias e os
machos, 18,2; em colônias, com separação dos sexos, as fêmeas vivem 28,5 e os machos,
5
21,6 ou ainda mantidos isolados individualmente as fêmeas vivem 32,1 e os machos 28, 0,
(CRYSTAL, 1967b).
O ciclo completo desse díptero dura cerca de 24 dias à temperatura de 22
o
C (LECK,
CUSHING; PARIS, 1936 apud HALL. 1991) e 18 dias a 29
o
C (THOMAS; MANGAN,
1989 apud HALL, 1991).
Na década de 70, esta mosca se distribuía do sul dos Estados Unidos (EUA), México até o
norte da Argentina e sul do Brasil (JAMES, 1947). Atualmente, está erradicada nos EUA,
México, Belize, Guatemala, El Salvador e Honduras (VARGAS-TERAN, 1991; GALVIN;
WISS, 1996 apud GUIMARÃES; PAPAVERO, 1999). Também foi erradicada do norte da
África (Líbia), onde havia sido introduzida através de animais importados da América do Sul
(LINDQUIST; ABUSOWA, 1991).
Em regiões de clima tropical, com períodos secos e chuvosos distintamente caracterizados, a
incidência desse díptero é maior no período chuvoso, não obstante o problema das miíases
seja contínuo ao longo do ano, pois a mosca apresenta pouca variação sazonal no tamanho das
populações (MERCIER, BIANCHIN; WHITE, 2001).
O parasitismo por C. hominivorax, provoca alterações clínicas (MORAIS et al., 2003),
hematológicas e bioquímicas em bovinos (OLIVEIRA, 1980; SANAVRIA, 1993). No Brasil,
os bezerros são mais susceptíveis no período neonatal, quando é freqüente a postura de ovos
nas bordas do cordão umbilical ainda não cicatrizado, podendo ocorrer ainda por problemas
de parto, quando ocorre retenção de anexos fetais e por intervenções relacionadas ao manejo,
como: castração, descorna, bem como ferimentos em cerca de arame farpado. Feridas
causadas nas infestações maciças por carrapatos aumentam a susceptibilidade a este agente
parasitário. Caso o tratamento não seja realizado em tempo hábil, poderá determinar na morte
dos animais, principalmente dos jovens (GRISI et al., 2002). Desta forma, os animais
infestados por C. hominivorax precisam ser tratados e as larvas retiradas, embora em alguns
casos a extirpação mecânica das larvas seja dificultada pelo tipo de manejo adotado.
Várias formulações de uso tópico e sistêmico são utilizadas atualmente, quer seja em
compostos simples ou combinações de moléculas. O tratamento tópico sobre a lesão é feito
com formulações inseticidas em forma de ungüentos, soluções ou spray. Por sua vez, os
tratamentos sistêmicos empregam formulações injetáveis ou pour on.
Como consenso, entendemos que, independente da molécula utilizada na formulação, tais
como: organofosforados e avermectinas, não se elimina a necessidade de exames regulares
6
dos animais, uma tarefa quase impraticável nas grandes áreas de criação. Isto porque, alguns
animais podem escapar ao controle e serão expostos a infestações graves e até mesmo fatais.
Além disto, infestações aliadas à impossibilidade de acesso para tratamento dos animais
silvestres fazem com que haja manutenção do agente no ambiente, favorecendo as
reinfestações (LINDQUIST et al., 1992 apud GUIMARÃES; PAPAVERO, 1999). Frente a
esta realidade, necessita-se de meios de controle que realmente reduzam ou eliminem a
possibilidade de infestação por larvas desses dípteros.
Várias formas de controle foram tentadas, tais como: captura de alados através de armadilhas,
esterilização de machos por agentes químicos, manejo diferenciado dos animais, etc., todas
elas individualmente ou associadas, mas sem sucesso.
A forma de controle mais eficiente encontrada foi com a liberação de machos esterilizados
por radiação gama, cuja praticidade foi testada e aprovada quando da erradicação da C.
hominivorax da ilha de Curaçao, nos Estados Unidos e na América Central (BAUMHOVER
et al, 1955; GALVIN; WISS, 1996 apud GUIMARÃES; PAPAVERO, 1999). Essa prática só
é possível porque as fêmeas de C. hominivorax copulam uma só vez durante sua vida
(BUSHLAND; HOPKINS, 1951; CRYSTAL, 1967a); desta forma, toda fêmea que copular
com um macho estéril não deixará descendentes.
No entanto, para a supressão ou erradicação desses dípteros, são necessárias pesquisas locais
e/ou regionalizadas sobre a biologia e fisiologia do parasito. Medidas adicionais, que visem à
produção em massa de larvas com custo efetivo baixo, contribuirão para a obtenção de adultos
estéreis. Os principais aspectos populacionais que precisam ser estudados são: caracterização
genética das populações, avaliação do desenvolvimento das populações, desenvolvimento de
linhagens, ecologia e comportamento das populações em diversos sistemas, eficiência do
processo de liberação de machos estéreis com sistemas de atração (armadilhas) e coleta de
ovos sobre animais sentinelas (GRAHAN, 1985 apud VAN DER VLOEDT; KLASSEN,
1991).
Para a realização de todos esses estudos, inclusive a liberação de machos estéreis, é preciso
primeiro viabilizar uma grande produção de larvas e esta exige meios de cultura artificiais
para produção em massa. Um dos primeiros meios de cultura descritos foi proposto por
Grahan e Dudley, (1959) apud Oliveira (1980), que é constituído de 54% de carne magra
moída, 30% de água, 15% de sangue bovino citratado e 0,2% de formalina (sic). Outra
formulação, mais recente, é aquela que utiliza 1,2% do produto “Water Lock G-400”
7
(Poliacrilamida), utilizado como agente gelificante, 6% de sangue em pó de bovino, 3% de
leite, 3% de ovo em pó, 0,1% de formoaldeído e 86,7% de água (BABILONIA; MAKI,
1991). Taylor e Mangan, 1987, compararam uma dieta de carne, ovos e leite em pó, formalina
e água, com outra à base de sangue, ovos e leite desnatado em pó, formalina, água e Water-
Lock, tendo observado que a dieta gelificada produziu larvas e pupas de tamanho e peso igual
ou maior que a dieta de carne. Os mesmos pesquisadores, em 1988, testaram dietas com
sangue, ovos e leite em pó, formalina, água e, como agente gelificante, agar Carrageenan nas
concentrações de 0,25%; 0,37%; 0,50% e Water-Lock a 1,2%, sendo que este último
apresentou maior peso das pupas, elevada emergência de adultos e menor mortalidade.
Tanto as formulações de carne e sangue, e que utilizam agente gelificante Water Lock,
possuem limitações econômicas e ecológicas, respectivamente pelo custo elevado e pelo
impacto da poliacrilamida no meio ambiente, por tratar-se de produto não biodegradável e
tóxico (TAYLOR; MANGAN, 1987; BREWER, 1992). Desse modo, com o intuito de
contribuir com novas informações a respeito da C. hominivorax, tais como: biologia,
tratamento e controle, foi realizada uma série de pesquisas descritas a seguir.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Estabelecimento e manutenção de colônia de C. hominivorax
O estabelecimento da colônia foi executado pela coleta de larvas ou ovos em lesões
naturalmente adquiridas por bovinos, eqüinos e cães. No Laboratório de Parasitologia
Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, UFMS, em Campo Grande, MS,
as larvas e ovos foram examinados ao estereomicroscópio, para confirmação da espécie,
segundo os critérios descritos por James (1947) e Guimarães e Papavero (1999). Após a
confirmação diagnóstica, ovos e/ou larvas foram colocados na superfície do substrato
artificial (SA), formulado por Grahan e Dudley, (1959) apud Oliveira, 1980, sem formalina,
com os seguintes componentes: 54% de carne, 30% de água e 16% de sangue citratado, em
frascos cobertos com tecido tipo musseline de nylon.
Os frascos com larvas e/ou ovos foram mantidos em uma sala de seis metros quadrados sem
janelas, com sistema de exaustor de parede, porta composta por duas folhas: uma de madeira e
outra telada. Para manutenção da temperatura em torno de 28 °C e umidade relativa do ar em
8
45 - 65 %, foram utilizados ventiladores com sistema de aquecimento de 1400 Watts de
potência, um ventilador doméstico para circulação de ar e um umidificador doméstico com
capacidade para cinco litros de água. O fotoperiodismo foi mantido por duas lâmpadas a
vapor de mercúrio, e 40 watts cada, acesas manualmente por períodos de 12 horas.
Quando necessário, o substrato foi completado e, a partir do terceiro dia, os frascos foram
colocados ligeiramente inclinados em uma cuba de vidro, contendo areia lavada e seca, para
facilitar a saída das larvas do meio de cultura para o período de pupa. A cuba foi coberta com
tecido tipo musseline de nylon, para evitar contaminação por outros dípteros. Após a
transformação das larvas em pupas, a areia foi peneirada e estas, transferidas para placa de
Petri, também com areia lavada e seca.
A placa de Petri foi colocada em uma gaiola, confeccionada com cano PVC de 200 mm de
diâmetro e 50 cm de comprimento, uma das laterais foi telada e outra protegida com plástico
transparente, para melhor visualização quando do manejo dos indivíduos. Após a emergência,
os caracteres morfológicos foram conferidos segundo descrito por James (1947), Oliveira
(1980) e Guimarães e Papavero (1999).
As moscas adultas eram alimentadas com mel cristalizado, oferecido em placa de Petri
pequena, com uma gaze dobrada que serviu de apoio ao pouso e proteção contra a retenção
dos insetos neste substrato. No terceiro dia, após a emergência, incluiu-se na alimentação uma
mistura composta por duas partes de músculo moído, uma parte de fígado, uma parte de
coágulos de sangue e uma parte de água batidos no liquidificador. Todos os componentes
orgânicos eram de origem bovina. Esta mistura serviu também como meio de postura. Os
ovos recém depositados eram colocados no meio SA e reiniciou-se o processo anteriormente
descrito.
3.2. Avaliação de meio artificial
Formulou-se um meio artificial (MA) composto de: 6% de farinha de sangue bovino, 4% de
leite em pó desnatado, 2% de ovo em pó, 2% de proteína texturizada de soja, 0,625% de agar,
10% de soro bovino e 75,375% de água. Na preparação, o agar foi dissolvido em água e
levado ao fogo até atingir o ponto de ebulição. Após resfriamento adicionaram-se os outros
componentes, sendo a mistura então homogeneizada e quando atingiu consistência pastosa,
foram pesadas porções de 27 a 30 g e distribuídas em frascos de boca larga com capacidade
9
para 100 mL. A seguir, 35 larvas, entre 18 e 24 horas, provenientes de ovos depositados em
meio de carne e soro bovino, foram distribuídas na superfície do meio.
No dia seguinte, acrescentaram-se 45 a 47 g de MA e, após homogeneização, transferiu-se
toda a cultura para recipiente maior com capacidade para de 350 mL; no terceiro dia, 19 a 20
g foram adicionadas e toda a cultura transferida para um recipiente ainda maior (500 mL). No
4º dia acrescentou-se soro para umidificar o meio e manter a mesma consistência inicial,
tendo sido colocado então o recipiente com a cultura dentro de uma bandeja contendo uma
camada de areia seca. As larvas começaram a abandonar o meio no quinto dia e no sexto dia,
as larvas, que não haviam saído, foram retiradas. Todas as larvas foram transferidas para
placas contendo areia seca e colocadas dentro de gaiolas para aguardar a emergência. Com
finalidade de comparar a produção de larvas nos meios MA e SA, foram realizadas cinco
repetições com cada um, utilizando-se o mesmo número de larvas e quantidade de meio de
cultura. Ao final, foram escolhidas, ao acaso, 20 pupas de cada réplica e procedeu-se à
pesagem seis dias após o início do período deste estágio.
3.3. Testes Prospectivos
3.3.1. Avaliação comparativa da eficiência entre uma formulação homeopática e droga
comercial
O teste foi realizado em uma fazenda localizada à 20 Km de Campo Grande, com acesso pela
rodovia BR 163, no distrito de Anhanduí. Foram utilizados 40 bovinos, machos inteiros, com
idade aproximada de 24 meses, mantidos em pastagem cultivada de Brachiaria decumbens,
identificados individualmente com brincos numerados, sem exposição prévia a drogas
endo/ectoparasiticidas nos trinta dias anteriores à indução da infecção. Os animais foram
divididos em quatro lotes: o lote A como lote controle; o lote B tratado com ivermectina 1%
(Ivomec – Merial
®
) na dosagem de 200 mcg/Kg PV por via sub-cutânea; o lote C tratado
com formulação homeopática Curativa, em desenvolvimento pela indústria Real H Nutrição e
Saúde Animal, com sede na cidade de Campo Grande, e o lote D tratado com formulação
homeopática Profilática, também da Real H, ambas na dose de 10 mL/animal da formulação
por via sub-cutânea. Todos os lotes foram mantidos no mesmo piquete durante todo o
período experimental.
10
No dia -1, o lote D foi tratado; no dia 0, procedeu-se à indução das infestações em todos os
animais. Para indução da infecção com larvas de C. hominivorax, foi feita uma incisão
cutânea, após anestesia local, com cerca de 3 cm, com lâmina de bisturi, expondo o tecido
sub-cutâneo, no terço posterior da tábua do pescoço. Imediatamente, foram depositadas 20 a
30 larvas, com idade de 12 a 18 horas, eclodidas em SA, separadas no momento da indução
com auxílio de uma espátula de madeira.
No dia 2, os animais foram examinados e as lesões confirmadas para a presença de larvas, e
aqueles portadores de miíases foram tratados segundo o previsto para o lote experimental.
No dia 6, todos os animais foram examinados para verificação da presença de miíases com
larvas vivas ou outros tipos de lesões caso existentes, e os dados obtidos foram anotados e os
animais tratados com formulações convencionais sob forma de spray (Sporlam - Elanco
®
) e
ungüento (Unguento Pearson - Pearson
®
).
A eficácia dos produtos testados no tratamento e prevenção de miíases induzidas foi calculada
pela seguinte fórmula:
N° miíases dia 2 - N° miíases dia 6
% Eficácia = ------------------------------------------ x 100
N° miíases dia 2
3.3.2. Avaliação de eficácia de duas formulações homeopáticas
O experimento foi realizado na mesma propriedade do teste citado anteriormente. Foram
utilizados 45 animais, machos inteiros, com cerca de 16 meses de idade, mantidos no campo,
identificados individualmente com brincos numerados, sem exposição prévia às drogas
endo/ectoparasiticidas nos trinta dias anteriores à indução da infecção. Foram divididos em
três lotes sendo: o lote A tratado com formulação homeopática R; o lote B tratado com
formulação homeopática S, ambas as formulações injetadas por via subcutânea na dosagem de
12 mL/animal, e o lote C mantido sem tratamento.
Para indução da infecção com larvas de C. hominivorax foi adaptado um dispositivo de
inoculação constituído por seringas descartáveis com capacidade de três mL, cortadas logo
após o canhão da agulha, com o êmbolo retraído em espaço suficiente para 1,5 mL, no qual
foi colocado cerca de 0,5 mL de uma mistura de carne moída fresca macerada em gral e
11
pistilo, homogeneizada com soro e solução fisiológica, na quantidade necessária para a
obtenção de consistência pastosa. Na superfície desse substrato foram depositados 40 a 50
ovos colhidos em posturas recentes. Estes dispositivos foram mantidos na posição vertical, em
estantes de tubos de ensaio, dentro de uma B.O.D. com temperaturas entre 32 e 36
0
C e
umidade relativa em torno de 80%. Após 12-16 horas, os dispositivos foram examinados sob
estereomicroscópio, para avaliação da viabilidade do inóculo, sendo considerados viáveis e
aptos à indução aqueles com larvas ativas no substrato. A indução da infecção foi realizada
com os mesmos procedimentos do teste anterior.
No dia 2, os animais foram examinados para presença de miíases com larvas vivas ou outras
intercorrências, como por exemplo, lesões purulentas. Os animais dos lotes A e B, com lesões
ativas de C. hominivorax, foram tratados com as formulações previstas no delineamento,
ficando o lote C como controle. Ao final, no dia 6, todos os animais foram examinados para a
presença de miíases com larvas vivas que casos existentes, eram tratadas com formulações
convencionais sob forma de spray (Sporlam - Elanco
®
) e ungüento (Unguento Pearson -
Pearson
®
).
A eficácia dos produtos testados no tratamento e prevenção de miíases induzidas foi calculada
pela mesma fórmula do teste anterior.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Estabelecimento de colônia e aspectos da biologia de C. hominivorax
Inicialmente nas tentativas de estabelecimento e manutenção da colônia de C. hominivorax à
temperatura ambiente no laboratório, considerando que a temperatura média em Campo
Grande é elevada no verão, os resultados de sobrevivência, postura e desenvolvimento das
larvas foram irregulares, ocorrendo, por vezes, grande mortalidade ou até ausência de postura.
Nessas condições, obteve-se relativo sucesso no verão, porém as temperaturas oscilavam entre
24 e 40,9
0
C e a umidade relativa do ar de 45 a 85%.
O uso do insetário, com menor oscilação de temperatura e umidade, mostrou-se satisfatório.
No período de sete meses, a colônia foi mantida em temperaturas médias diárias de 29
0
C e
umidade relativa média diária em torno de 60 %. Estas condições estão próximas daquelas
empregadas por Smith (1960) que mantiveram os adultos à temperatura de 26,6
0
C e 50 a
12
60% de umidade relativa, e por Babilonia e Maki (1991), que utilizaram temperatura de 25,6
0
C e umidade relativa de 70%. O início do período de postura oscilou entre o 5º e o 7° dia,
após a emergência, o que corrobora o relato de Bushland e Hopkins (1951), que, após seis
dias da emergência as moscas estão prontas para ovoposição fértil. No entanto, Thomas
(1993) afirma que à 30
0
C a ovoposição ocorre aos quatro dias e à 22
0
C, com oito dias. O
período de incubação manteve-se entre 12 e 18 horas à semelhança dos resultados
experimentais relatados por Oliveira (1980).
Após seis dias, as larvas terminaram seu desenvolvimento e abandonaram o meio de cultura,
(BUSHLAND; HOPKINS, 1951) e o período de pupa durou de 7 – 10 dias; períodos
semelhantes a estes foram descritos por Oliveira (1980).
Para alimentação das moscas, utilizou-se mel diluído em água coberta com gaze dobrada e
também soro eqüino em recipientes separados; para este último empregaram-se pequenas
tampas de plástico furadas como superfície de pouso. No entanto, mesmo com estes
dispositivos, as moscas, ao pousarem, molharam suas asas e morreram. Modificou-se a oferta
do mel para a forma cristalizada também coberta com gaze dobrada; como fonte protéica, em
substituição ao soro, empregou-se uma mistura de consistência pastosa composta por carne,
fígado, coágulos de sangue e água. A inclusão do fígado aumentou a atração das fêmeas,
estimulando a postura de ovos. Além destes aspectos, a oferta de fonte protéica mostrou
melhor eficiência quando colocada após o terceiro dia de vida das moscas.
4.2. Avaliação de meio artificial
As tentativas para formular um Meio Artif
13
O agar foi inicialmente diluído em água fria, mas a consistência não era adequada ou mesmo
homogênea; quando diluído e aquecido a consistência adquiriu a forma desejada.
Nos resultados obtidos no presente experimento, o peso médio das pupas foi de 22,70 mg para
o MA e 48,03 mg para o SA (Tabela 1), enquanto que Taylor e Mangan (1987) verificaram
variação nos peso das pupas, que foi de 46,9 a 61,7 mg, em uma dieta à base de carne,ovos e
leite em pó, formalina e água e peso de 52,3 a 59,0 mg para uma dieta à base de sangue, ovos
em pó e leite desnatado em pó, formalina, água e Water-Lock. E os pesos médios das pupas,
relatados por Taylor e Mangan (1988), foram de 50,84 mg para a dieta contendo Water-Lock,
sendo que na dieta com agar Carrageenan à 0,25%, 0,37% e 0,50% foram respectivamente de
44,73 mg, 42,44 mg e 37,69 mg.
Tabela 1 – Comparação entre o Meio Artificial (MA) proposto e o Substrato Artificial (SA),
para a criação de larvas de C. hominivorax.
Larvas Pupas
Quantidade
de Meio
(g)
1
o
estágio
(nº)
3
o
estágio
(nº) Média
Período
Larval (dias)
Média de
Peso
(mg)
Emergência
Adultos
(dias)
MA
100 35 19,2 6 22,70 10
SA
100 35 29,4 5 48,03 9
Observou-se que a média de peso das pupas obtidas no MA foram menores do que as do SA
concluindo-se que o meio ainda necessita ser aprimorado.
Em relação aos custos das formulações, o MA apresentou valores aproximados de R$ 8,00/kg
e o SA, de R$ 6,00/Kg. Estes poderão ser reduzidos pela utilização de soro, no MA, coletados
em calhas de sangria em abatedouros, de onde também podem ser obtidos os coágulos
usados na confecção da pasta para alimentar indivíduos adultos. Desta forma, dispensa-se a
manutenção de animais doadores. A adoção de meios artificiais, sem carne, é recomendável,
pois, entre outras vantagens, há redução na emanação de odores amoniacais, característicos do
SA, que os exalam em grande quantidade. Estas emanações são desfavoráveis ao
desenvolvimento das larvas quando cultivadas em grande número, porque a decomposição do
14
meio é muito rápida e elas tentam abandonar o substrato antes de atingirem o terceiro estágio.
Tal observação confirma os relatos de Smith (1960) sobre as dietas à base de carne que
liberavam amônia tóxica para as larvas, e sendo nauseante para os manipuladores.
O agente gelificante Water-Lock é considerado, por Taylor e Mangan (1987), um produto
com várias qualidades, tais como: dar consistência ao meio facilitando o manuseio, absorver
as substâncias metabólicas do substrato e reduzir o odor emitido durante o crescimento larval.
Além destas características, Taylor, Bruce e Garcia (1991) consideram a redução dos custos
de mão-de-obra como um fator muito importante.
Porém, o uso deste produto representa a metade do valor total da dieta, por isso as tentativas
de redução dos custos passam pela adição de substâncias como o farelo de sabugo de milho e
serragem que, de acordo com Brewer (1992), podem diminuir em até 50% a utilização do
Water-Lock, sem efeitos adversos para as larvas. Deve-se considerar ainda, como fator
determinante à necessidade de substituição do Water-Lock, a sua toxicidade ao ambiente, por
ser não biodegradável e, constituir-se, ainda contaminante para fontes de água, haja vista os
procedimentos posteriores para tornar seguro o seu descarte. Babilonia e Maki (1991) citam
que os resíduos de dietas com esse produto são colocados em tanques de decantação; a água,
após nitrificação, é reutilizada no sistema e a parte sólida é enterrada em aterros sanitários.
O consumo dos substratos pelas larvas, quer seja em SA ou MA, é variável e está associado a
fatores como: temperatura, umidade do ar, características da colônia, ingredientes misturados
impropriamente, etc. Dessa forma, em certos períodos, é necessário adicionar meios de
cultura ao cultivo e em outros não, conforme descreveu Smith, (1960); Babilonia e Maki,
(1991).
4.3. Testes Prospectivos
A execução de testes prospectivos com drogas destinadas ao controle e/ou tratamento de
miíases, é uma das razões para se manter colônias deste agente em laboratório. Foram
utilizadas formulações homeopáticas em desenvolvimento pela Real H Nutrição e Saúde
Animal, indústria local, que tinha interesse em testar os produtos com desafio no campo.
Como os produtos fornecidos estão em desenvolvimento e em fase de testes experimentais,
por questões de segredo industrial, a empresa não forneceu informações sobre a composição
das formulações testadas.
15
4.3.1. Avaliação comparativa da eficiência entre uma formulação homeopática e droga
comercial
O número de miíases efetivamente instaladas no dia 2 não obteve êxito tanto quanto o número
de induções. Atribuiu-se esta baixa fixação ao processo de inoculação realizado com auxílio
de espátula de madeira para transferir cerca de 20 a 30 larvas à incisão; ao fato de o volume
de substrato carreado ser variável; pelo processo ter sido executado sem auxilio de
estereoscópio, que impediu a confirmação de larvas a serem implantadas, e pelas próprias
condições do mangueiro e demais instalações. Mesmo assim, o número de animais com lesões
permitiu uma avaliação preliminar do teste. Após seis dias da indução das miíases, o número
de lesões com larvas diminuiu nos lotes tratados e permaneceu inalterado (6/6) no lote
controle (lote A). No lote B, tratado com Ivermectina à 1%, apenas um animal (6/7)
apresentou-se sem lesão, representando 14 % de eficácia. No Lote C, tratado de forma
curativa com formulação homeopática, constatou-se ausência de lesões em 2 animais (2/5),
representando uma eficácia de 60%; no lote D, tratado profilaticamente, todos os animais
apresentaram lesões (5/5) (Tabela 2).
Tabela 2 – Comparação da eficiência entre Ivermectina a 1% e formulação homeopática, no
tratamento de miíases induzidas com larvas de Cochliomyia hominivorax.
Dose
(mL)
Lesões
Ativas
2
0
dia
Lesões
Ativas
6
0
dia
Redução
%
Ivermectina 1%
1mL/
50kg/PV
7
6
14
Homeopatia
Curativa
10mL/
animal
5
2
60
Homeopatia
Profilática
10mL/
animal
5
5
0
Controle
_
6
6
0
4.3.2. Avaliação de eficácia de duas formulações homeopáticas
16
A adoção do dispositivo de indução da infecção reduziu o volume de substrato em cada
inóculo, acelerou o processo de inoculação das larvas e mostrou ser prático, pois permitiu
maior controle da quantidade do inóculo. Além destes aspectos, o uso do dispositivo permitiu
selecionar, sob o estereomicroscópio, aqueles meios com larvas viáveis, descartando os
considerados inadequados. No entanto, o percentual de aproveitamento das preparações foi de
63%, índice considerado baixo caso o número de animais experimentais seja grande.
Este problema deverá ser solucionado quando melhor entendido o processo de eclosão das
larvas, ou mesmo por indução de eclosão por algum processo estimulador, de modo a
sincronizar a eclosão, e, assim, as larvas poderão migrar para o substrato, onde permanecerão
no meio até atingirem a idade adequada para implante nos animais experimentais.
O processo de indução das miíases apresentou número de lesões menor do que o esperado em
todos os lotes experimentais, apenas 5 em cada lote de 15 (5/15). Isto também se atribui ao
maior rigor nos critérios adotados para classificação das lesões: apenas aquelas com larvas
visíveis e aglomeradas eram consideradas ativas. Lesões apenas com sangramento, secreções
purulentas ou poucas larvas não eram consideradas ativas. Além destes aspectos, há suspeita
de que a forma da incisão possa ter contribuído para a morte das larvas; a incisão reta
colapsou os bordos facilitando o processo de cicatrização com deposição de fibrina dos
coágulos, impedindo a respiração das larvas, que morreram antes de instalarem a miíase
propriamente dita. Para contornar este problema, sugere-se a adoção de pequenas incisões
circulares que manterão a abertura aerada sem fechamento dos bordos, fato este descrito por
Oliveira et al. (1993).
Os animais do lote A, tratados com a formulação homeopática R, apresentaram uma redução
de 40% nas lesões (3/5) quando comparados ao lote B, tratados com a formulação
homeopática S, e o lote C, controle, que não apresentaram redução no número de lesões (5/5).
Estes resultados sugerem uma eficácia curativa da formulação homeopática R sobre as
miíases induzidas com larvas de C. hominivorax. (Tabela 3).
Bianchin et al (1992), testando diferentes formas de tratamento profilático para miíases
umbilicais naturalmente adquiridas, utilizaram as seguintes combinações: álcool iodado à
10%, álcool iodado à 10% com ivermectina à 1%, e apenas ivermectina à 1%; sendo que a
incidência de miíases foi de 40,7% e não foram observadas diferenças significativas entre os
tratamentos.
17
Entre as formulações de ação sistêmicas mais empregadas, a doramectina possui relatos com
100% de eficácia para a prevenção de miíases até doze dias, tanto em infestações induzidas
(OLIVEIRA, 1993 e MOYA BORJA et al, 1997a) como naturalmente adquiridas por
bezerros neonatos e vacas pós-parto (MUNIZ et al, 1995a) e, também, em castrações
(MUNIZ et al, 1995b; SANAVRIA et al 1996). Em testes de persistência de atividade com
doramectina e ivermectina, Caproni et al (1998) obtiveram eficácia de 94,6% e 43,7%,
respectivamente, com aplicação das moléculas dez dias antes da castração.
Usando ivermectina como agente profilático à instalação de miíases pós-castração em
bovinos, Usher et al, (1997) constataram que menos de 2% dos animais tratados
desenvolveram lesões. Em experimento de longa duração, Mercier, Bianchin e White (2001),
sobre a ação profilática de doramectina, abamectina e ivermectina, aplicadas 24 horas antes da
castração de machos, com finalidade de controle de miíases, obtiveram 100% de eficácia até
sete dias pós-tratamento para todas as drogas. E, considerando todo o período experimental de
28 dias, os níveis de proteção variaram, respectivamente para as drogas testadas, em 92, 85 e
69%.
Quanto ao uso de fipronil pour on, Moya Borja (1997b) relata eficácia maior que 95% na
prevenção de miíases, pós-castração de bovinos. Com esta molécula, Lima et al (2004)
registraram eficácia de 95% até 17 dias após a cirurgia.
Tabela 3 – Comparação entre as formulações homeopáticas R e S no tratamento curativo de
miíases induzidas em bovinos.
Dose
(mL)
Lesões
Ativas
2
0
dia
Lesões
Ativas
6
0
dia
Redução
%
Homeopatia
R
12mL/
animal
5
3
40
Homeopatia
S
12mL/
animal
5
5
0
Controle
-
5
5
0
Os resultados obtidos com as formulações homeopáticas sugerem alguma eficácia sobre as
miíases ulcerativas induzidas com larvas de C. hominivorax, principalmente, no tratamento
curativo.
18
5. CONCLUSÕES
O Meio Artificial (MA) testado produziu menos pupas e com menor peso do que aquelas do
Substrato Artificial (SA). No entanto, os resultados demonstram ser possível utilizar outros
meios artificiais, sem Water Lock, que permitam a produção de larvas, pupas e indivíduos
adultos viáveis. O meio artificial testado necessita ser aprimorado, tanto na composição,
quanto nos aspectos de manipulação para a recuperação de pupas mais pesadas.
A proposição e teste de um dispositivo de inoculação de larvas de C. hominivorax facilita a
indução da infecção, diminui o tempo de contenção do animal; é prático e permite maior
controle prévio da quantidade de inóculo.
Na avaliação comparativa de eficiência entre ivermectina à 1% e uma formulação
homeopática na redução de lesões de miíases por larvas de C. hominivorax, os animais
tratados com a formulação homeopática sob forma curativa apresentou maior eficácia, (60 %).
No teste de eficácias de formulações homeopáticas, a formulação R apresentou 40% de
controle. Com os resultados obtidos nos dois testes, pode-se inferir que a ação do princípio
homeopático testado na eliminação das larvas de C. hominivorax instaladas nas lesões tem
potencial promissor como alternativa para o controle desta miíase.
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http://www.fao.org/ag/AGa/AGAP/WAR/waral/u422b/u4220b0j.htm. Acesso em 23 de jun.
2004.
24
NOTA DE PESQUISA
Cochliomyia hominivorax (COQUEREL, 1858): MEIO ALTERNATIVO PARA
PRODUÇÃO DE LARVAS
Roxana M. G. B. Yarzon
1
; Fernando Paiva
2
ABSTRACT:
YARZON, R. M. G. B
1
; PAIVA, F
2
[Cochliomyia hominivorax (CoquereL,
1858): Alternative diet for rearing larval.] Screwworms due to Cochliomyia hominivorax
causes enormous economic losses to the animal industries, and despite treatment has
necessity of permanent inspection of the animals to search their lesions. The method most
efficient of control of this fly is the release of sexually sterile males. For its execution it is
necessary to produce large-scale larvae in artificial conditions, with economic medium of
culture and with components of easy acquisition. Was tested an artificial formulation with:
6% of bovine spray-dried blood, 4% of skimmed dry milk, 2% of spray-dried eggs, 2% of
soybean protein, 0.625% of agar, 10% of bovine serum and 75.375% of water. The
formulation presented good characteristics as substratum of development for the larvae,
however pupaes had presented lesser weight when compared with those produced in modified
medium of Grahan and Dudley (1959). Despite the lesser weight of pupaes, the adults had
emerged in periods equivalents; this new formulation are able to be improved in the future,
therefore its components are of easy acquisition in the Brazilian market.
KEYWORDS: Screwworms, Cochliomyia hominivorax, animal industries, artificial larval
diet.
RESUMO: Miíases causadas por Cochliomyia hominivorax causam sérios prejuízos à
pecuária, e mesmo após o tratamento há necessidade de inspeção permanente dos animais
em busca de lesões. O método mais eficaz de controle dessa mosca é a liberação de machos
estéreis. Para sua execução é necessário produzir larvas em grande escala e em condições
artificiais, com meio de cultura econômico e com componentes de fácil aquisição. Foi testado
um meio artificial formulado com: 6% de farinha de sangue bovino, 4% de leite em pó
desnatado, 2% de ovo em pó, 2% de proteína texturizada de soja, 0.625% de agar, 10% de
soro bovino e 75,375% de água. A formulação apresentou boas características como substrato
25
de desenvolvimento para as larvas, porém as pupas apresentaram peso menor quando
comparadas com aquelas produzidas em meio de Grahan and Dudley (1959), modificado.
Apesar do peso menor das pupas, os adultos emergiram em períodos equivalentes tanto no
MA como no SA; sendo esta nova formulação capaz de ser aprimorada, pois os seus
componentes são de fácil aquisição no mercado brasileiro.
Miíases, Cochliomyia hominivorax, pecuária, substrato artificial.
1
Médica Veterinária, Fiscal Estadual Agropecuário da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal de Mato Grosso do Sul.
2
Departamento de Patologia, CCBS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. [email protected]
O parasitismo por Coclhliomyia hominivorax provoca alterações clínicas (MORAIS et al.,
2003), hematológicas e bioquímicas em bovinos (OLIVEIRA, 1980; SANAVRIA, 1993). No
Brasil, os bezerros são mais susceptíveis no período neonatal, quando é freqüente a postura de
ovos nas bordas do cordão umbilical ainda não cicatrizado, podendo ocorrer ainda por
problemas de parto, quando ocorre retenção de anexos fetais e por intervenções relacionadas
ao manejo, como: castração, descorna, bem como ferimentos em cerca de arame farpado.
Feridas causadas nas infestações maciças por carrapatos também, aumentam a
susceptibilidade a este agente parasitário. Caso o tratamento não seja realizado em tempo
hábil, a infestação poderá determinar na morte dos animais, principalmente dos jovens (GRISI
et al., 2002). Por isso, os animais infestados por C. hominivorax precisam ser tratados e as
larvas devem ser retiradas, embora, em alguns casos a extirpação mecânica das larvas seja
dificultada pelo tipo de manejo adotado.
Várias formulações de uso tópico e sistêmico são utilizadas atualmente, para tratamento
destas miíases. Independente da molécula utilizada na formulação de tratamento, tais como:
organofosforados e avermectinas, não se elimina a necessidade de exames regulares dos
animais, uma tarefa quase impraticável nas grandes áreas de criação. Isto porque, alguns
animais podem escapar ao controle e serão expostos a infestações graves e até mesmo fatais.
Frente a esta realidade, necessita-se de meios de controle que realmente reduzam ou eliminem
a possibilidade de infestação por larvas desses dípteros.
A forma de controle mais eficiente até agora encontrada foi com a liberação de machos
esterilizados por radiação gama, cuja praticidade foi testada e aprovada quando da erradicação
da C. hominivorax da ilha de Curaçao, Estados Unidos e América Central (BAUMHOVER et
al, 1955; GALVIN; WISS, 1996 apud GUIMARÃES; PAPAVERO, 1999). Essa prática só é
26
possível porque as fêmeas de C. hominivorax copulam uma só vez durante sua vida
(BUSHLAND; HOPKINS, 1951; CRYSTAL, 1967); ou seja, toda fêmea que copular com um
macho estéril não deixará descendentes.
No entanto, para a supressão ou erradicação desses dípteros, são necessárias pesquisas locais
e/ou regionalizadas sobre a biologia e fisiologia do parasito. Medidas adicionais, que visem à
produção em massa de larvas com custo efetivo baixo, contribuirão para a obtenção de adultos
estéreis. Os principais aspectos populacionais que precisam ser estudados são: caracterização
genética das populações, avaliação do desenvolvimento das populações, desenvolvimento de
linhagens, ecologia e comportamento das populações em diversos sistemas, monitoração
permanente da eficiência do processo de liberação de machos estéreis com sistemas de atração
(armadilhas) e coleta de ovos sobre animais sentinelas (GRAHAN, 1985 apud VAN DER
VLOEDT; KLASSEN, 1991).
Para a realização de todos esses estudos, inclusive a liberação de machos estéreis, é preciso
uma grande produção de larvas e esta exige meios de cultura artificiais para produção em
massa. Um dos primeiros meios de cultura descritos foi proposto por Grahan e Dudley (1959)
apud Oliveira (1980) que é constituído de 54% de carne magra moída, 30% de água, 15% de
sangue bovino citratado e 0,2% de formalina (sic). Outra formulação, mais recente, é aquela
que emprega 1,2% do produto “Water Lock G-400” (Poliacrilamida), utilizado como agente
gelificante, 6% de sangue em pó de bovino, 3% de leite, 3% de ovo em pó, 0,1% de
formoaldeído e 86,7% de água (BABILONIA; MAKI, 1991). Ambas as formulações possuem
limitações econômicas e ecológicas, respectivamente pelo custo elevado e pelo impacto da
poliacrilamida no meio ambiente, por tratar-se de produto não biodegradável e tóxico
(TAYLOR; MANGAN, 1987; BREWER, 1992).
Este trabalho teve por objetivo desenvolver um meio artificial alternativo para
desenvolvimento de larvas de C. hominivorax.
Em colônia previamente estabelecida em laboratório, as larvas eram criadas em substrato a
base de carne e sangue (SA) descrito por Grahan e Dudley, 1959 apud Oliveira, 1980 com as
seguintes modificações: 54% de carne, 30% de água e 16% de sangue citratado, e sem
formalina; mantidos em frascos cobertos com tecido tipo musseline de nylon.
Os frascos com larvas e/ou ovos foram mantidos em uma sala de seis metros quadrados sem
janelas, com sistema de exaustor de parede, porta composta por duas folhas: uma de madeira e
outra telada. Para manutenção da temperatura em torno de 28 °C e umidade relativa do ar em
27
45 - 65 %, foram utilizados ventiladores com sistema de aquecimento de 1400 Watts de
potência, um ventilador doméstico para circulação de ar e um umidificador doméstico com
capacidade para cinco litros de água. O fotoperiodismo foi mantido por duas lâmpadas a
vapor, de mercúrio, e 40 watts cada, acesas manualmente por períodos de 12 horas.
Quando necessário, o substrato foi completado e, a partir do terceiro dia, os frascos foram
colocados ligeiramente inclinados em uma cuba de vidro, contendo areia lavada e seca, para
facilitar a saída das larvas do meio de cultura para pupar. A cuba foi coberta com tecido tipo
musseline de nylon para evitar contaminação por outros dípteros. Após a transformação das
larvas em pupas, a areia foi peneirada e estas, transferidas para uma placa de Petri, também
com areia lavada e seca.
A placa de Petri foi colocada em uma gaiola, confeccionada com cano PVC de 200 mm de
diâmetro e 50 cm de comprimento, uma das laterais foi telada e outra protegida com plástico
transparente, para melhor visualização quando do manejo dos indivíduos. Após a emergência
dos adultos, os caracteres morfológicos foram conferidos segundo descrito por James (1947),
Oliveira (1980) e Guimarães e Papavero (1999).
As moscas adultas foram alimentadas com mel cristalizado, oferecido em placa de Petri
pequena, com uma gaze dobrada que serviu de apoio ao pouso e proteção contra a retenção
dos insetos neste substrato. No terceiro dia, após a emergência dos adultos, incluiu-se na
alimentação uma mistura composta por duas partes de músculo moído, uma parte de fígado,
uma parte de coágulos de sangue e uma parte de água batidos no liquidificador. Todos os
componentes orgânicos eram de origem bovina. Esta mistura serviu também como de meio de
postura. Os ovos recém depositados foram colocados no meio SA e reiniciava-se o processo
anteriormente descrito.
Formulou-se um meio artificial (MA) composto de: 6% de farinha de sangue bovino, 4% de
leite em pó desnatado, 2% de ovo em pó, 2% de proteína texturizada de soja, 0,625% de agar,
10% de soro bovino e 75,375% de água. Na preparação, o agar foi dissolvido em água e
levado ao fogo até atingir o ponto de ebulição. Após resfriamento adicionaram-se os outros
componentes, a mistura era então homogeneizada e quando atingiu consistência pastosa,
foram pesadas porções de 27 a 30 g e distribuídas em frascos de boca larga com capacidade
para 100 mL. A seguir, 35 larvas, entre 18 e 24 horas, provenientes de ovos depositados em
meio de carne e soro bovino, foram distribuídas na superfície do meio.
28
No dia seguinte, acrescentaram-se 45 a 47 g de MA e, após homogeneização, transferiu-se
toda a cultura para recipiente maior com capacidade para de 350 mL; no terceiro dia, 19 a 20
g foram adicionadas e toda a cultura transferida para um recipiente ainda maior (500 mL). No
4º dia acrescentou-se soro para umidificar o meio e manter a mesma consistência inicial,
tendo sido colocado então o recipiente com a cultura dentro de uma bandeja contendo uma
camada de areia seca. As larvas começaram a abandonar o meio no quinto dia e no sexto dia,
as larvas, que não haviam saído, foram retiradas. Todas as larvas foram transferidas para
placas contendo areia seca e colocadas dentro de gaiolas para aguardar a emergência dos
adultos.
Com finalidade de comparar a produção de larvas nos meios MA e SA, foram realizadas
cinco repetições com cada um, utilizando-se o mesmo número de larvas e quantidade de meio
de cultura. Ao final, foram escolhidas, ao acaso, 20 pupas de cada réplica e procedeu-se a
pesagem seis dias após o início do período deste estágio.
As tentativas para formular um Meio Artificial (MA), com componentes disponíveis na região
e de baixo custo, consumiram várias horas de trabalho e ingredientes. Inicialmente, para
estruturar o meio, utilizou-se vermiculita expandida de granulação fina, porém a absorção da
porção líquida do meio não foi adequada e as larvas morreram, possivelmente por não
conseguirem respirar.
Ainda como elemento para estruturar o meio, empregou-se: amidos de mandioca e de milho,
farinha de milho e gelatinas; contudo, não se obtiveram os resultados desejados de
homogeneidade da mistura, e o meio, invariavelmente, apresentava sinais de putrefação com o
crescimento de fungos e bactérias contaminantes.
O agar foi, inicialmente, diluído em água fria, mas a consistência não era adequada ou mesmo
homogênea; quando diluído e aquecido a consistência apresentou-se na forma desejada.
No presente trabalho o peso médio das pupas foi de 22,70 mg no MA e 48,03 mg no SA
(Tabela 1), enquanto que Taylor e Mangan (1987) verificaram variação nos peso das pupas,
que foi de 46,9 a 61,7 mg, em uma dieta à base de carne, ovos e leite em pó, formalina e água
e peso de 52,3 a 59,0 mg para uma dieta à base de sangue, ovos em pó e leite desnatado em
pó, formalina, água e Water-Lock. E os pesos médios das pupas, relatados por Taylor e
Mangan (1988), foram de 50,84 mg para a dieta contendo Water-Lock, sendo que na dieta
com agar Carrageenan à 0,25%, 0,37% e 0,50% foram respectivamente de 44,73 mg, 42,44
mg e 37,69 mg.
29
Tabela 1 – Comparação entre o Meio Artificial (MA) proposto e o Substrato Artificial (SA),
para a criação de larvas de C. hominivorax.
Larvas Pupas
Quantidade
de Meio
(g)
1
o
estágio
(nº)
3
o
estágio
(nº) Média
Período
Larval (dias)
Média de
Peso
(mg)
Emergência
Adultos
(dias)
MA
100 35 19,2 6 22,70 10
SA
100 35 29,4 5 48,03 9
Observou-se que a média de peso das pupas obtidas no MA foram menores do que as do SA,
concluindo-se que o meio ainda necessita ser aprimorado.
Em relação ao custo das formulações, o MA apresentou valores aproximados de R$ 8,00/kg e
o SA, de R$ 6,00/Kg. Estes podem ser reduzidos pela utilização de soro, no MA, coletados
em calhas de sangria de em abatedouros, bem como os coágulos usados na confecção da
pasta para alimentar indivíduos adultos. Desta forma dispensando a manutenção de animais
doadores. A adoção de meios artificiais, sem carne, é recomendável, pois, entre outras
vantagens, a redução na emanação de odores amoniacais, característico do SA, que exala em
grande quantidade. Emanações estas, desfavoráveis ao desenvolvimento das larvas quando
cultivadas em grande número; a decomposição do meio é muito rápida e elas iniciam
movimentos para abandonar o meio antes de atingirem o terceiro estágio. Tal observação
confirma os relatos de Smith (1960) sobre as dietas a base de carne que liberavam amônia,
tóxica para as larvas e sendo nauseante para os manipuladores.
O agente gelificante Water-Lock, é considerado, por Taylor e Mangan (1987), produto com
várias qualidades tais como, dar consistência ao meio facilitando o manuseio, absorver as
substâncias metabólicas do substrato, e reduzir o odor emitido durante o crescimento larval.
Além destas características, Taylor, Bruce e Garcia (1991) consideram a redução dos custos
de mão-de-obra como um fator muito importante.
Porém, o uso deste agente representa a metade do valor total da dieta, por isso a tentativas de
redução dos custos passa pela adição de substâncias como o farelo de sabugo de milho e
serragem que, de acordo com Brewer (1992), pode diminuir em até 50% a utilização do
30
Water-Lock, sem efeitos adversos para as larvas. Deve-se considerar ainda, como fator
determinante à substituição do Water-Lock porque é um produto tóxico ao ambiente; não
biodegradável e, constituir-se, ainda contaminante para fontes de água, haja vista os
procedimentos posteriores para o seu descarte. Babilonia e Maki (1991) citam que os resíduos
de dietas com esse produto são colocados em tanques de decantação; a água após nitrificação,
é reutilizada no sistema e a parte sólida é enterrada em aterros sanitários.
O consumo dos substratos pelas larvas, quer seja em SA ou MA, é variável e está associada a
fatores como: temperatura, umidade do ar, características da colônia, ingredientes misturados
impropriamente, etc. que poderão interferir na sua utilização pelas larvas, ou seja, em certos
períodos é necessário adicionr meios de cultura ao cultivo e em outros não, conforme
descreveu Smith (1960); Babilonia e Maki (1991).
O Meio Artificial (MA) testado produziu menos pup(Warios.0ia (MA)j TdWial (MATf0.0002 Tc 0.le10 Tetituiw [(aw [adn)1(te; ntor )Tj0439079 Tc5.39981 Tw -18.94499 -Ssum)8(o nece4 Tmsemd[emdMeio Srti. Noóa podeeioo(citam[emsup(Warios.0i0 1 Tf-1.0005 T 13tm)8(ids, qu398nfor)8(os pus[(edi)8( qé5 0 Tdro e e)-61(te; n os )Tj1354005 TT*002 Tc 0.on)6a Tm(O Mis[(Water-5.880 9 Tm[w [(p1.72resíduos )]TJ1348 )]TJ0507449 Tw 10.0144 Ta01 0 T340 substite 3.175 0 m)8(e)-1stiiv8( que os resídus )]TJ229002 Tc 0.52437 Tw -19.175 -adltu osv MA, entei.27 O .7252394a Tmsemd[5mdMeiiciaadn)1(te; nå )]TJ2295. )]TJ0279.38451 Tw 75odos0.0us[(aTd, qu3com m)8loc(prin)6(noedià substip(Warios.01502 Tc 0.279.387 Tw -19.175 -quc(prinn)6aspectn)6(r)zada .lipul[(sua utilipost)-2(sturados )]Tios.018 )]TJ6.779.38451 Tw atamcmentp1.[(sua utildente, ent)8(e).725Mis0 Te341s.tários.
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2004.
33
TESTES PROSPECTIVOS PARA TRATAMENTO DE MIÍASES POR
LARVAS DE Cochliomyia hominivorax (COQUEREL, 1858)
TESTS FOR TREATMENT OF MYIASIS CAUSED BY Cochliomyia
hominivorax (COQUEREL, 1858)
YARZON, R. M. G. B
1
; PAIVA, F
2
ABSTRACT: Myiasis due to C. hominivorax causes enormous economic losses to the
animal industries, demanding permanent monitoring and treatment of the lesions on the
animals. Two comparative trials of efficiencies with artificially induced lesions with larvae
had been carried out, using bovines male with approximately two years of age and kept the
field condition. In the first test, it was used commercial formulation of Ivermectin 1% and
homeopathic formulation as curative and/or prophylactic intention; in this it was gotten
reduction of myiasis in the experimental animals, respectively in 14%, 60% and 0%. In the
second trial, only the homeopathic formulations R and S was tested, the reduction it was of
40% for formulation R; being the formulation S did not promote reduction in the lesion
numbers such as control group. The experiments had been carried out in different dates and
animals.
KEYWORDS: Screwworms, Cochliomyia hominivorax, ivermectin, myiases, homeopathy
RESUMO: Miíases causadas por C. hominivorax causam sérios prejuízos a pecuária,
exigindo permanente vigilância e tratamento das lesões nos animais. Foram executados dois
testes comparativos de eficiências com lesões induzidas artificialmente com larvas desse
díptero, em bovinos machos com aproximadamente dois anos de idade e mantidos a campo.
No primeiro teste, utilizou-se a formulação comercial Ivermectina 1% e formulação
homeopática curativa e profilática; neste obteve-se a redução das miíases, respectivamente em
14%, 60% e 0%. No segundo teste, apenas com as formulações homeopáticas R e S, a
redução foi de 40% para a formulação R; sendo que a formulação S não promoveu redução tal
qual ao grupo controle. Os experimentos foram realizados em diferentes datas e animais.
PALAVRA CHAVE: Miíase, Cochliomyia hominivorax, pecuária, ivermectina, homeopatia
1
Médica Veterinária, Fiscal Estadual Agropecuário da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal de Mato Grosso do Sul.
2
Departamento de Patologia, CCBS, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS. [email protected].br
INTRODUÇÃO
A pecuária apresenta-se como a maior expressão econômica no Brasil, possuindo um rebanho
com mais de cento e noventa milhões de cabeças, e Mato Grosso do Sul contribui com mais
de vinte e quatro milhões desse total (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
ESTATÍSTICA - IBGE, 2003). Como evidência desta importância, entre novembro de 2004 e
outubro de 2005, as exportações brasileiras de carne bovina excederam em três bilhões de
dólares (28,8%) dos dois bilhões e trezentos milhões registrados entre novembro de 2003 e
outubro de 2004 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA EXPORTADORAS DE
CARNE - ABIEC, 2005).
No Brasil, taxas de mortalidade de bezerros, de zero a doze meses de idade, na região
pantaneira, variaram de 10 a 20%, sendo as miíases uma das principais causadoras, ao lado de
picadas de cobras, ataques por onça e outras doenças (SERENO, J.; CATTO; SERENO, F.,
34
1996). Mais recentemente, foi estimado que os prejuízos causados pelos principais
ectoparasitas de bovinos excederiam a dois bilhões de dólares por ano e as miíases
responderiam por 150 milhões de dólares anuais (GRISI et al., 2002). Em 2003, as perdas
com couros defeituosos, no Brasil, foram de quatrocentos e vinte milhões de dólares,
determinados principalmente por miíases, bernes, mosca-do-chifre e carrapatos. Cifras ainda
maiores poderiam ser atingidas se forem computados 20% de perdas no peso do animal,
durante a infestação, associado ao tipo de exploração extensiva de gado, em nosso país
(COUROBUSINESS, 2003).
Entre as miíases, conhecida como “bicheiras” aquelas causadas por Cochliomyia hominivorax
(Coquerel, 1858) são mais significativas, por serem primárias.
O parasitismo por C. hominivorax é de caráter obrigatório no período larval, sendo o principal
díptero Calliphoridae causador de miíase em animais no novo mundo, infestando
principalmente bovinos, caprinos, ovinos, suínos e outros, incluindo silvestres.
Eventualmente, os seres humanos podem ser infestados com larvas desta mosca.
Muitos produtos são utilizados para o tratamento das miíases tais como os organofosforados,
que tem eficácia residual relativamente curta. Nos últimos anos foram descobertas as
avermectinas, com excelentes propriedades endectocidas, algumas moléculas deste grupo
apresentam alta eficácia nesse tipo de infestação (MOYA BORJA, 2003).
MATERIAL E MÉTODOS
Manutenção de colônia de C. hominivorax
Com a finalidade de indução de infestação foi necessário estabelecer e manter uma colônia
dessa mosca em laboratório
Testes Prospectivos
Avaliação comparativa da eficiência entre uma formulação homeopática e droga
comercial
O teste foi realizado em uma fazenda localizada à 20 Km de Campo Grande, com acesso pela
rodovia BR 163, no distrito de Anhanduí. Foram utilizados 40 bovinos, machos inteiros, com
idade aproximada de 24 meses, mantidos em pastagem cultivada de Brachiaria decumbens,
identificados individualmente com brincos numerados, sem exposição prévia a drogas
endo/ectoparasiticidas nos trinta dias anteriores à indução da infecção. Os animais foram
divididos em quatro lotes: o lote A como lote controle; o lote B tratado com ivermectina à
1% (Ivomec – Merial
®
) na dosagem de 200 mcg/Kg PV por via sub-cutânea; o lote C
tratado com formulação homeopática Curativa da empresa Real H Nutrição e Saúde Animal e
o lote D tratado com formulação homeopática Profilática, também da Real H, ambas na dose
de 10 mL/animal da formulação por via sub-cutânea. Todos os lotes foram mantidos no
mesmo piquete durante todo o período experimental.
No dia -1, o lote D foi tratado; no dia 0, procedeu-se à indução das infestações em todos os
animais. Para indução da infecção com larvas de C. hominivorax, foi feita uma incisão
cutânea, após anestesia local, com cerca de 3 cm, com lâmina de bisturi, expondo o tecido
sub-cutâneo, no terço posterior da tábua do pescoço. Imediatamente foram depositadas 20 a
30 larvas, com idade de 12 a 18 horas, eclodidas em SA, separadas no momento da indução
com auxílio de uma espátula de madeira.
35
No dia 2, os animais foram examinados e as lesões confirmadas para a presença de larvas,
aqueles portadores de miíases foram tratados segundo o previsto para o lote experimental.
No dia 6, todos os animais foram examinados para verificação da presença de miíases com
larvas vivas ou outros tipos de lesões caso existentes, os dados obtidos foram anotados e os
animais tratados com formulações convencionais sob forma de spray (Sporlam - Elanco
®
) e
ungüento (Unguento Pearson - Pearson
®
).
A eficácia dos produtos testados no tratamento e prevenção de miíases induzidas foi calculada
pela seguinte fórmula:
N° miíases dia 2 - N° miíases dia 6
% Eficácia = ------------------------------------------ x 100
N° miíases dia 2
Avaliação de eficácia de duas formulações homeopáticas
O experimento foi realizado na mesma propriedade do teste citado anteriormente. Foram
utilizados 45 animais, machos inteiros, com cerca de 16 meses de idade, mantidos no campo,
identificados individualmente com brincos numerados, sem exposição prévia às drogas
endo/ectoparasiticidas nos trinta dias anteriores à indução da infecção. Foram divididos em
três lotes sendo: o lote A tratado com formulação homeopática R; o lote B tratado com
formulação homeopática S, ambas as formulações injetadas por via subcutânea na dosagem de
12 mL/animal, e o lote C mantido sem tratamento.
Para indução da infecção com larvas de C. hominivorax foi adaptado um dispositivo de
inoculação constituído por seringas descartáveis com capacidade de três mL, cortadas logo
após o canhão da agulha, com o êmbolo retraído em espaço suficiente para 1,5 mL, no qual
foi colocado cerca de 0,5 mL de uma mistura de carne moída fresca macerada em gral e
pistilo, homogeneizada com soro e solução fisiológica, na quantidade necessária para a
obtenção de consistência pastosa. Na superfície desse substrato foram depositados 40 a 50
ovos colhidos em posturas recentes. Estes dispositivos foram mantidos na posição vertical, em
estantes de tubos de ensaio, dentro de uma B.O.D. com temperaturas entre 32 e 36
0
C e
umidade relativa em torno de 80%. Após 12-16 horas, os dispositivos foram examinados sob
estereomicroscópio, para avaliação da viabilidade do inóculo, sendo considerados viáveis e
aptos à indução aqueles com larvas ativas no substrato. A indução da infecção foi realizada
com os mesmos procedimentos do teste anterior.
No dia 2, os animais foram examinados para presença de miíases com larvas vivas ou outras
intercorrências, como por exemplo, lesões purulentas. Os animais dos lotes A e B, com lesões
ativas de C. hominivorax, foram tratados com as formulações previstas no delineamento,
ficando o lote C como controle. Ao final, no dia 6, todos os animais foram examinados para a
presença de miíases com larvas vivas que, casos existentes, eram tratadas com formulações
convencionais sob forma de spray (Sporlam - Elanco
®
) e ungüento (Unguento Pearson -
Pearson
®
).
e ungüento.
A eficácia dos produtos testados no tratamento e prevenção de miíases induzidas foi calculada
pela mesma fórmula do teste anterior.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Testes Prospectivos
36
Foram utilizadas formulações homeopáticas produzidas por indústria local que tinha interesse
em testar os produtos com desafio no campo. Como os produtos homeopáticos fornecidos
estão em desenvolvimento, fase de testes experimentais, e por razões de segredo industrial a
composição das formulações testadas não foram fornecidas pela empresa.
Avaliação comparativa da eficiência entre uma formulação homeopática e droga
comercial
O número de miíases efetivamente instaladas no dia 2 não obteve êxito tanto quanto o
número de induções. Atribuiu-se esta baixa fixação ao processo de inoculação, realizado com
auxilio de espátula de madeira para transferir cerca de 20 a 30 larvas à incisão; ao fato de o
volume de substrato carreado ser variável como também, pelo processo ter sido executado
sem auxílio de estereomicroscópio, o que impediu a confirmação do número de larvas a serem
implantadas e pelas próprias condições do mangueiro e demais instalações. Apesar destas
limitações o número de animais com lesões permitiu uma avaliação preliminar do teste.
Após seis dias da indução das miíases, o número de miíases diminuiu nos lotes tratados e
permaneceu inalterado (6/6) no lote controle (lote A). No lote B, tratado com Ivermectina à
1%, apenas um animal (6/7) apresentou-se sem lesão, representando 14 % de eficácia. No
Lote C, tratado de forma curativa com formulação homeopática, constatou-se ausência de
lesões em 2 animais (2/5), representando uma eficácia de 60%; no lote D, tratado
profilaticamente, todos os animais apresentaram lesões (5/5) (Tabela 1).
Avaliação de eficácia de duas formulações homeopáticas
A adoção do dispositivo de indução da infecção reduziu o volume de substrato em cada
inóculo, acelerou o processo de inoculação das larvas e mostrou ser prático, pois permitiu
maior controle da quantidade do inóculo permitindo a seleção de inoculos com larvas viáveis,
ao estereomicroscópio, para descarte daqueles considerados inadequados. No entanto, o
percentual de aproveitamento das preparações foi de 63%, considerado baixo quando o
número de animais para experimentação for elevado.
Este problema deverá ser solucionado quando for melhor entendido todo o processo de
eclosão dos ovos, ou mesmo quando a indução da eclosão for provocado por algum processo
estimulador, desta forma as larvas poderão migrar para o substrato e atingir a idade adequada
para implantação nos animais experimentais.
O processo de indução das miíases apresentou número de lesões menor do que o esperado em
todos os lotes experimentais, apenas cinco em cada lote (5/15). Isto também se atribui ao
maior rigor nos critérios adotados para classificação das lesões: apenas aquelas com larvas
visíveis e aglomeradas eram consideradas ativas. Lesões apenas com sangramento ou
secreções purulent9 Tw 15çdas eram coia der.o ouAlcritm de
37
homeopática S, e o lote C, controle, que não apresentaram redução no número de lesões (5/5).
Este resultado sugere uma eficácia curativa da formulação homeopática R sobre as miíases
induzidas com larvas de C. hominivorax (Tabela 2).
Bianchin et al (1992), testando diferentes formas de tratamento profilático para miíases
umbilicais naturalmente adquiridas, utilizaram as seguintes combinações: álcool iodado à
10%, álcool iodado à 10% com ivermectina à 1%, e apenas ivermectina à 1%; sendo que a
incidência de miíases foi de 40,7% e não foram observadas diferenças significativas entre os
tratamentos.
Entre as formulações de ação sistêmicas mais empregadas, a doramectina possui relatos com
100% de eficácia para a prevenção de miíases até doze dias, tanto em infestações induzidas
(OLIVEIRA, 1993; MOYA BORJA et al, 1997a) como naturalmente adquiridas por bezerros
neonatos e vacas pós-parto, (MUNIZ et al, 1995) e, também, em castrações (SANAVRIA et
al 1996). Em testes de persistência de atividade com doramectina e ivermectina, Caproni et al
(1998) obtiveram eficácia de 94,6% e 43,7%, respectivamente, com aplicação das moléculas
dez dias antes da castração.
Usando ivermectina como agente profilático à instalação de miíases pós-castração em
bovinos, Usher et al (1997) constataram que menos de 2% dos animais tratados
desenvolveram lesões. Em experimento de longa duração, Mercier et al. (2001), sobre a ação
profilática de doramectina, abamectina e ivermectina, aplicadas 24 horas antes da castração de
machos, com finalidade de controle de miíases, obtiveram 100% de eficácia até sete dias pós-
tratamento para todas as drogas. E, considerando todo o período experimental de 28 dias, os
níveis de proteção variaram, respectivamente para as drogas testadas, em 92, 85 e 69%.
Quanto ao uso de fipronil pour on, Moya Borja (1997b) relata eficácia maior que 95% na
prevenção de miíases, pós-castração de bovinos. Com esta molécula, Lima et al (2004)
registraram eficácia de 95% até 17 dias após a cirurgia.
Os resultados obtidos com as formulações homeopáticas em teste sugerem certo grau de
eficácia sobre as miíases ulcerativas induzidas com larvas de C. hominivorax, principalmente
como tratamento curativo.
Tabela 1 – Comparação da eficiência entre ivermectina a 1% e formulação homeopática, no
tratamento de miíases induzidas com larvas de Cochliomyia hominivorax.
Dose
(mL)
Lesões
Ativas
2
0
dia
Lesões
Ativas
6
0
dia
Redução
%
Ivermectina 1%
1mL / 50kg/PV
7
6
14
Homeopatia
Curativa
10mL / animal
5
2
60
Homeopatia
Profilática
10mL / animal
5
5
0
Controle
-
6
6
0
38
Tabela 2 – Comparação entre as formulações homeopáticas R e S no tratamento curativo de
miíases induzidas em bovinos.
Dose
(mL)
Lesões
Ativas
2
0
dia
Lesões
Ativas
4
0
dia
Redução
%
Homeopatia
R
12mL / animal
5
3
40
Homeopatia
S
12mL / animal
5
5
0
Controle
-
5
5
0
CONCLUSÃO
A proposição e teste de um dispositivo de inoculação de larvas de C. hominivorax facilita a
indução da infecção, diminui o tempo de contenção do animal, é prático e permite maior
controle da quantidade de inoculo ainda no laboratório.
Na avaliação comparativa de eficiência entre Ivermectina à 1%, e a Formulação Homeopática
R na redução de lesões de miíases por larvas de C. hominivorax, os animais tratados com a
Formulação Homeopática sob forma curativa apresentaram maior eficácia, 60 %. No teste
comparativo das eficácias das formulações homeopáticas, a Formulação R apresentou uma
eficácia de 40%. Os resultados obtidos nos dois testes descritos, são indicativos de que o
principio homeopático testado exerce ação na eliminação das larvas de C. hominivorax
instaladas nas lesões.
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