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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA
Estudos taxonômicos em Solanaceae lenhosas
no Rio Grande do Sul, Brasil
Autor: Edson Luís de Carvalho Soares
Orientadora: Lilian Auler Mentz
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Botânica da UFRGS,
como um dos requisitos para a obtenção do
título de Mestre em Botânica.
Porto Alegre, junho de 2006
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Soares, Edson Luís de Carvalho
Estudos taxonômicos em Solanaceae lenhosas no Rio Grande do Sul, Brasil: /
Edson Luís de Carvalho Soares – Porto Alegre: UFRGS, 2006. – 230p.: il.
Dissertação (mestrado). UFRGS. Instituto de Biociências. Departamento de
Botânica. Programa de Pós-Graduação em Botânica.
1. Plantas lenhosas. 2. Taxonomia. 3. Solanaceae.
I. Mentz, Lilian Auler II. Título.
Ilustrações: Edson Luís de Carvalho Soares
Elaboração dos mapas: Giovana Secretti Vendrúscolo
Fotografias das exsicatas: Márcia Vignoli-Silva
Auxílio na montagem das estampas: Ângelo Schneider e Rafael Trevisan
AGRADECIMENTOS
Diferentes pessoas fizeram parte da minha vida nestes últimos dois anos e cada uma delas
influenciou, ao seu modo, este trabalho. As experiências, das mais simples às mais
grandiosas, estarão eternamente presentes em minha memória, mas os agradecimentos a todos
os envolvidos serão aqui registrados.
Muitas etapas sucederão esta que por ora está sendo concluída, e embora não tenha certeza de
como serão, sei que poderei contar sempre com a força onipresente de Deus e com o apoio
incondicional da família e dos amigos. Meus sinceros agradecimentos:
A Deus, pelo equilíbrio e pela renovação constante da força.
À minha família, pelo apoio e compreensão. À minha mãe, Eloá, pelo exercício constante da
humildade e do amor. Ao meu irmão Everton, pela bondade e confiança. Aos meus irmãos,
Ariéle, Elton e Irene, pelo companheirismo, confidências e gargalhadas.
Ao amigo Vagner Cortez, pela amizade de quase uma década, pelo bom humor e pelas lições
de responsabilidade.
Aos amigos Angelo Schneider, Giovana Vendrúscolo, Márcia Vignoli-Silva e Verônica
Thode, por estarem sempre presentes, principalmente no término desta dissertação.
Aos amigos e colegas, Camila Inácio, Carla Palma, Émerson Musskopf, Luís Fernando Lima,
Francisco Caporal, Fernanda Cidade, Adriano Silvério, Cláudia Giongo, Ana Franco, Raquel
Lüdtke, Rafael Trevisan, Caroline Scherer, Adriana Guglieri, César Rodrigues, Mateus Reck,
Gilberto Coelho, Marcelo Rother, Luís Pinheiro e Daniela Fuhro, que com companheirismo e
bom humor souberam tornar os encontros ou as viagens de coleta mais agradáveis.
Uma fonte inesgotável de estímulo e confiança fez com que eu me dedicasse à Botânica, em
especial à Taxonomia. Por isso, agradeço:
A Thais Canto-Dorow e João Fernando Prado, pelo exemplo de seriedade e paixão com que
ensinam botânica.
A Renato Aquino Záchia e Sônia Eisinger, pelas oportunidades e pelo incentivo.
Aos estudantes da trigésima nona e quadragésima turmas de Biologia da UFSM, por me
ensinarem a ensinar e por me ensinarem outras formas de aprender.
Mudam os “mestres”, expande-se a visão das pequenas e também das grandes maravilhas do
mundo. O amadurecimento pessoal e profissional, necessário e inevitável, consolida-se. Não
poderia deixar de agradecer:
A João André Jarenkow, Hilda Maria Longhi-Wagner, Loreta Freitas, Tatiana Chies, Sílvia
Miotto, Luís Baptista, Lúcia Dillenburg e Paulo Oliveira, pela atualidade e pela importância
dos temas discutidos nas diferentes abordagens da Botânica.
Aos funcionários, Jair Kray, Joana Rocha, Luciano Machado, Regina Lerina, Ardiê Clavê,
Dilma Nascente e Rodrigo Braga, por estarem sempre dispostos a ajudar.
Aos curadores dos herbários, pelo empréstimo do material estudado.
Ao CNPq, pela bolsa concedida.
Do projeto à versão final deste trabalho, pude contar com a orientação e principalmente com a
amizade de uma pessoa muita especial, Lilian Auler Mentz, a quem sou eternamente grato.
Entre todo o conhecimento que compartilhamos fica principalmente a lição de que é preciso
exercer diariamente o exercício da tolerância, confiança no próximo e responsabilidade.
A todos, MUITO OBRIGADO!
SUMÁRIO
Resumo ..................................................................................................................................... 9
Abstract.................................................................................................................................... 11
Introdução geral....................................................................................................................... 13
Material e métodos .................................................................................................................. 17
Capítulo 1: Sinopse taxonômica e chave para a identificação dos gêneros de Solanaceae
ocorrentes no Rio Grande do Sul, Brasil...................................................................19
Capítulo 2: O gênero Brunfelsia L. (Solanaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil.....................61
Capítulo 3: O gênero Cestrum L. (Solanaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil........................83
Capítulo 4: Os gêneros Acnistus Schott e Vassobia Rusby (Solanaceae) no Rio Grande do Sul,
Brasil........................................................................................................................115
Capítulo 5: Os gêneros Athenaea Sendtn., Aureliana Sendtn. e Capsicum L. (Solanaceae) no
Rio Grande do Sul, Brasil........................................................................................135
Capítulo 6: As espécies de Solanum subgênero Bassovia seção Pachyphylla (= Cyphomandra
Mart. ex Sendtn./Solanaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil...................................167
Capítulo 7: Os gêneros Dyssochroma Miers e Solandra Sw. no Rio Grande do Sul, Brasil.191
Capítulo 8: Os gêneros Grabowskia Schltdl. e Lycianthes (Dunal) Hassl. (Solanaceae) no Rio
Grande do Sul, Brasil ..............................................................................................205
Considerações finais...............................................................................................................217
Referências bibliográficas ......................................................................................................219
9
RESUMO
Nas últimas décadas o conhecimento florístico e taxonômico sobre a família
Solanaceae no Rio Grande do Sul tem recebido incremento significativo de informações. Dos
gêneros com espécies nativas, Bouchetia, Calibrachoa, Nicotiana, Nierembergia, Petunia e
Solanum já foram alvo de revisões. Visando complementar o estudo desta família no Estado,
foram estudados os gêneros Acnistus, Athenaea, Aureliana, Brunfelsia, Capsicum, Cestrum,
Dyssochroma, Grabowskia, Lycianthes, Solandra e Vassobia, além das espécies do gênero
Solanum seção Pachyphylla (Cyphomandra sensu lato). Foram catalogadas 22 espécies
nativas, sendo três destas, novas citações de ocorrência. Para os onze primeiros gêneros foram
identificados 19 espécies, dos quais cinco são de ocorrência restrita (Athenaea picta,
Dyssochroma longipes, Grabowskia duplicata, Lycianthes rantonnei e Solandra grandiflora).
A seção Pachyphylla do gênero Solanum está representada por três espécies. Dessa forma,
foram atualizados os dados quali e quantitativos sobre a participação da família Solanaceae na
flora sul-riograndense. Para cada gênero e para cada táxon específico foram elaboradas
descrições, e acrescentados dados sobre fenologia, hábitat, comentários pertinentes e mapas
de ocorrência. Chaves analíticas para identificação das espécies, quando mais de uma,
também foram elaboradas. A revisão de doze herbários regionais possibilitou a elaboração de
uma sinopse taxonômica e de uma chave analítica para identificação dos gêneros presentes no
Estado. Dos 27 gêneros confirmados, 22 têm espécies nativas. O número de espécies nativas é
de 114 e o de introduzidas, cultivadas ou assilvestradas, é até o momento 26.
10
11
ABSTRACT
The floristic and taxonomic knowledge about Solanaceae in Rio Grande do Sul state
received information increments in the last decades. From all genera with native species, only
Bouchetia, Calibrachoa, Nicotiana, Nierembergia, Petunia and Solanum had already been the
target of revisions. Aiming to complement the study of the family in the cited State, the
following genera have been studied: Acnistus, Athenaea, Aureliana, Brunfelsia, Capsicum,
Cestrum, Dyssochroma, Grabowskia, Lycianthes, Solandra and Vassobia, and also the
species of the section Pachyphylla of the genus Solanum, which where traditionally part of the
genus Cyphomandra. We found 22 infrageneric and native taxa. Three of them are new
occurrence citations. For the eleven first genera we identified nineteen taxa, with five of them
of restricted occurrence (Athenaea picta, Dyssochroma longipes, Grabowskia duplicata,
Lycianthes rantonnei and Solandra grandiflora). The section Pachyphylla of Solanum is
represented by three species. We brought up to date the qualitative and quantitative data on
the participation of the Solanaceae family in the State flora. For each genus and each
infrageneric taxa we elaborate descriptions and added information about phenology, habitat
and, some commentaries and occurrence maps. Analytical keys for identification of the
infrageneric taxa, when more than one, were elaborated. The revision of twelve regional
herbaria made the elaboration of a taxonomic synopsis and an analytical key for genera
identification possible. Twenty two genera are represented by native species, from the 27
confirmed as present in the State. The native infrageneric taxa are 114 and approximately 26
are introduced, cultivated or adventitious.
12
13
INTRODUÇÃO GERAL
O estudo de Solanaceae no Rio Grande do Sul é assinalado pela publicação pioneira de
Rambo (1961). Nas últimas décadas, diversos trabalhos florísticos ou taxonômicos sobre
gêneros ou grupos de gêneros marcaram a retomada dos estudos sobre esta família no Estado.
Na década de 80 foram publicados trabalhos abordando os gêneros Cestrum L. (Guaranha,
1981), Acnistus Schott (Guaranha, 1984) e Salpichroa Miers. (1985). Stehmann (1989)
investigou o gênero Petunia (sensu lato) no Rio Grande do Sul, e mais tarde (Stehmann,
1999), revisou os limites e a circunscrição dos gêneros Petunia Juss. e Calibrachoa La Llave
et Lex., usando ferramentas morfológicas, citológicas e palinológicas. Trabalhos mais
recentes contemplaram o gênero Solanum L. (Mentz e Oliveira, 2004), num estudo
abrangendo a região sul do Brasil, e Nierembergia Ruiz et Pav., Nicotiana (Vignoli-Silva,
2004) e Bouchetia Dunal (Vignoli-Silva e Mentz, 2005), com enfoque nas espécies ocorrentes
no Rio Grande do Sul. No entanto, outros gêneros estão presentes em nossa flora e, sobre eles,
as principais fontes de informações são os trabalhos florísticos de regiões vizinhas ao Estado
[Smith e Downs (1966), para Santa Catarina e o de Cabrera (1965, 1979), para a Argentina] e
os acervos dos herbários locais. Aureliana Sendtn., Brunfelsia L., Capsicum L., Cestrum L.,
Cyphomandra Mart. ex Sendtn. e Vassobia Rusby foram mencionadas nestes trabalhos
florísticos e contam atualmente com um aporte considerável de coletas do Rio Grande do Sul.
Para os gêneros Athenaea Sendtn.,
14
conhecidas pelo aspecto ormamental e pelo seu valor na etnomedicina dos indígenas
americanos (Plowman, 1998).
A similaridade intergenérica também constitui um aspecto importante na taxonomia de
outros gêneros de Solanaceae. A frágil circunscrição, inerente às estreitas relações
intergenéricas, resulta em inúmeros equívocos. Acnistus Schott e Vassobia Rusby constituem
o primeiro exemplo, embora, estejam diretamente vinculados com o segundo exemplo, o qual
abrange Capsicum L., Athenaea Sendtn. e Aureliana Sendtn. Os avanços na intrincada
taxonomia deste grupo de gêneros estão diretamente relacionados ao esclarecimento dos
limites genéricos de Capsicum. Em 1977, o gênero Vassobia foi reabilitado (Hunziker, 1977)
e alguns anos depois foi revisado (Hunziker, 1984). Mais tarde, uma nova avaliação fez com
que uma de suas seções fosse elevada à categoria genérica (Hunziker, 2000), sendo aceitas
apenas duas espécies para Vassobia (Hunziker, 2001). Com a reabilitação de Vassobia em
1977, a taxonomia do gênero Acnistus foi parcialmente esclarecida, embora a classificação de
uma de suas duas espécies permanecesse duvidosa (Hunziker, 1979). Esta dúvida pairou até a
revisão de Hunziker (1982), na qual uma única espécie foi atribuída ao gênero Acnistus. No
final da década de 80 e início da década de 90, os gêneros Aureliana (Hunziker e Barboza,
1989) e Athenaea (Barboza e Hunziker, 1990) foram alvos de sinopses taxonômicas, sendo
representados por cinco e sete espécies, respectivamente. A elucidação dos limites destes dois
gêneros contribuiu parcialmente para a circunscrição do gênero Capsicum, que permanece
sem uma revisão taxonômica. Outra relação intergenérica histórica envolve Cyphomandra
Mart. ex Sendtn., Lycopersicon Mill. e Solanum. Em 1994, Lynn Bohs publicou, na Flora
Neotropica (Bohs, 1994), a revisão de Cyphomandra. Um ano depois, Bohs (1995) transferiu
todas as espécies deste gênero para Solanum, tornando a taxonomia deste ainda mais
complexa. Nee (1999) aderiu a esta transferência e em sua obra dispôs as espécies de
Cyphomandra no subgênero Bassovia, seção Pachyphylla. Dois anos depois, Child e Lester
(2001) consideraram Cyphomandra como um gênero independente, incluindo nele também as
espécies tradicionalmente pertencentes à seção Cyphomandropsis do gênero Solanum. A
inclusão de Lycopersicon em Solanum foi proposta por Spooner et al.
(1993), com base em
dados da biologia molecular.
As relações intergenéricas e interespecíficas são igualmente importantes na complexa
taxonomia do gênero Cestrum L. A estreita afinidade morfológica deste gênero com Sessea
Ruiz et Pav., provocou discordâncias que culminaram na unificação destes táxons, sob o
nome Cestrum (Carvalho e Schnoor, 1993/1997), o que não foi aceito pelos demais
pesquisadores. Este gênero, tipicamente americano, tem espécies reconhecidas pelo valor
15
ornamental (C. diurnum L., C. nocturnum L., etc.), pelo emprego na medicina popular (C.
laevigatum Schltdl., C. sendtnerianum L., C. parqui L’Herit., etc.) ou por serem responsáveis
por intoxicações e morte de animais (C. intermedium Sendtn., C. laevigatum Schltdl., C.
parqui L’Hér., etc.). O Brasil é considerado o segundo maior centro de diversidade de
espécies, embora a falta de revisão comprometa a identidade de muitas delas.
O terceiro aspecto relevante, especialmente do ponto de vista conservacionista, está
relacionado à pequena representação de alguns táxons nos herbários locais, indicando que são
pouco coletados por ocorrerem em ambientes restritos ou em locais de difícil acesso ou então,
por estarem em possível extinção devido à destruição de seus habitates. Este caso pode ser
exemplificado por quatro gêneros, Dyssochroma Miers, Grabowskia Schltdl., Lycianthes
(Dunal) Hassl. e Solandra Sw. Os gêneros Dyssochroma e Solandra, são representados por
hemiepífitos primários, com flores grandes e vistosas. Dyssochroma é um pequeno gênero,
com duas espécies, que ocorrem exclusivamente no sul e sudeste do Brasil (Hunziker 1977,
2001). Solandra é um pequeno gênero neotropical, representado por espécies reconhecidas
pelo seu aspecto ornamental e pelo papel que exercem como plantas alucinógenas (Schultes,
1979). Este gênero foi investigado por Bernardello e Hunziker (1987), numa sinopse que
resultou em informações sobre dez espécies. Lycianthes tem distribuição cosmopolita e
abrange cerca de 150 espécies (Nee, 1986; Benítez de Rojas e D’Arcy, 1997; Hunziker,
2001). Trabalhos importantes para a taxonomia deste gênero na América do Sul foram feitos
por Barboza e Hunziker (1992), para as espécies argentinas e por Benítez de Rojas e D’Arcy
(1997), com enfoque nas espécies venezuelanas. O quarto gênero, Grabowskia, é constituído
por quatro espécies (Hunziker, 2001), de hábito lenhoso e aspecto xeromórfico, comum em
plantas que crescem em ambientes áridos e semi-áridos (Bernardello e Hunziker; 1987;
Hunziker; 2001). O principal trabalho taxonômico referente a este gênero é o de Hunziker
(1997).
O objetivo deste trabalho é fornecer informações sobre os gêneros Acnistus, Athenaea,
Aureliana, Brunfelsia, Capsicum, Cestrum,
Dyssochroma, Grabowskia, Lycianthes, Solandra,
Solanum seção Pachyphylla e Vassobia, através de características úteis para a identificação
das espécies que ocorrem no Rio Grande do Sul, além de informações sobre fenologia,
distribuição no Estado, problemas nomenclaturais e outros comentários pertinentes. Outro
objetivo é o de revisar os herbários regionais, visando elaborar uma sinopse e uma chave para
a identificação dos gêneros encontrados no Estado. Os resultados obtidos visam contribuir
com a elaboração de uma flora da família Solanaceae no Rio Grande do Sul.
16
17
MATERIAL E MÉTODOS
A consulta aos trabalhos clássicos, taxonômicos ou florísticos, norteou a etapa de
identificação e caracterização das espécies. Na etapa de reconhecimento destas, foram
examinadas as coleções dos herbários regionais e feitas onze viagens, dentro dos limites
políticos do Rio Grande do Sul, para coleta de espécimes e observação de hábito, hábitat,
fenologia e distribuição. Foram analisadas as coleções de nove herbários indexados (HAS,
HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB), cujos acrônimos seguem
Holmgren e Holmgren (2006) e de três herbários não indexados até a data de consulta à base
de dados eletrônicos do Index Herbariorum [Herbário Balduíno Rambo (HERBARA - Museu
Regional do Alto Uruguai, Erechim), Herbário da Universidade de Caxias do Sul (HUCS -
Caxias do Sul) e Herbário Rogério Bueno (HUI - Departamento de Biologia e Química,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí)]. O material
coletado foi herborizado e, posteriormente, incorporado ao Herbário do Departamento de
Botânica (ICN), Instituto de Biociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A identificação das espécies foi feita através da comparação do material examinado
com as descrições originais e outras informações da literatura, ilustrações, exsicatas
identificadas por especialistas e fotografias de tipos. Todas as exsicatas encontradas nas
coleções dos herbários e também aquelas coletadas foram analisadas, das quais, apenas dez,
morfologicamente distintas e provenientes de diferentes regiões do Estado, foram
selecionadas para mensuração. Aspectos da morfologia, como variação e integridade do
material, foram os critérios usados para a escolha dos exemplares a serem mensurados. Este
critério não foi aplicado quando o número mínimo de dez exemplares não foi atingido,
ocasionando a mensuração de todos os exemplares procedentes do Estado. A descrição de
cada espécie obedece à seqüência da taxonomia tradicional, como hábito, folhas,
inflorescências, flores e frutos. A terminologia morfológica adotada encontra-se em Radford
et al. (1974), Font Quer (1977), Hickey (1974), Mentz et al. (2000) e Stearn (2000). As
abreviaturas das obras originais seguem as normas contidas em Stafleu e Cowan (1976) e a
grafia dos nomes dos autores de gêneros e espécies está de acordo com Brummitt e Powell
(1992). Os gêneros e as espécies citadas estão listados em ordem alfabética, seguidos das
citações da obra original. As chaves analíticas foram elaboradas utilizando-se caracteres
reprodutivos e vegetativos. As estampas que ilustram os aspectos morfológicos
macroscópicos de cada espécie foram elaboradas a partir de cópias xerográficas ou fotografias
de exsicatas, ou também de fotografias de exemplares vivos. Os detalhes foram obtidos com o
18
do uso de microscópio estereoscópico, com câmara clara acoplada. Os tricomas foram
raspados de diferentes partes dos órgãos vegetativos e reprodutivos, sendo as lâminas
montadas em gelatina glicerinada. As ilustrações dos tricomas foram feitas com auxílio de
microscópio óptico, com câmara clara acoplada. Os dados das etiquetas das exsicatas
possibilitaram as inferências sobre a fenologia das espécies e a confecção dos mapas de
distribuição geográfica destas no Estado. Os itens acima foram complementados, quando
necessário, por informações da literatura. Os mapas foram elaborados com o programa
TABWIN 3.2. As regiões fisiográficas mencionadas estão de acordo com Fortes (1959). O
material examinado está separado em duas listagens. Na primeira delas consta, em ordem
alfabética de município, o material oriundo do Rio Grande do Sul. Abaixo desta, o material
examinado pertencente a outros locais, está listado, em ordem alfabética de estados e
municípios.
Os resultados deste trabalho estão organizados em oito capítulos, correspondendo cada
um a um artigo. Para o primeiro capítulo foram reunidas informações obtidas no
desenvolvimento dos sete demais capítulos e outras oriundas do conhecimento pessoal dos
autores do capítulo, além de informações da literatura. O primeiro capítulo está dividido em
duas partes. Para a primeira parte, além da revisão bibliográfica, foram consultados os acervos
dos herbários regionais, em busca dos gêneros registrados como ocorrentes no Rio Grande do
Sul. Após a análise do material, foi elaborada uma chave analítica para todos os gêneros,
nativos ou introduzidos. A segunda parte consta de uma sinopse taxonômica, com os gêneros
organizados em subfamílias, tribos e subtribos, de acordo com a proposta de Hunziker (2001),
dispostos em ordem alfabética. A diagnose genérica foi feita a partir das características das
espécies que ocorrem no Estado. Duas alterações ao sistema de Hunziker (2001), propostas
por outros autores, foram aceitas, Calibrachoa, desmembrada de Petunia (Stehmann, 1999) e
Cyphomandra, incluída em Solanum (Bohs, 1995). Informações sobre distribuição geográfica
e referências úteis para a identificação das espécies foram acrescentadas.
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Capítulo 1
Sinopse taxonômica e chave para a identificação dos gêneros de Solanaceae ocorrentes
no Rio Grande do Sul, Brasil
Edson Luís de Carvalho Soares
Márcia Vignoli-Silva
Lilian Auler Mentz
RESUMO – O conhecimento e a importância da família Solanaceae decorrem da relação de
suas espécies com as mais diversas atividades humanas em diferentes épocas e sociedades. A
identificação de seus táxons, no entanto, está restrita a uma pequena parcela de especialistas.
O estímulo para a realização deste trabalho veio da necessidade de compilar os dados já
existentes, oriundos de revisões taxonômicas de gêneros ou de trabalhos florísticos locais,
visando à elaboração de uma flora. A revisão bibliográfica e a consulta às coleções de doze
herbários regionais possibilitaram a elaboração de uma sinopse com descrições e comentários
sobre gêneros e táxons supragenéricos, além de uma chave para a identificação dos gêneros
ocorrentes no Rio Grande do Sul. A família Solanaceae está representada no Estado por três
subfamílias, doze tribos e 27 gêneros. Destes, 22 apresentam espécies nativas, enquanto cinco
estão representados exclusivamente por espécies introduzidas. O número total de espécies é
de 140, sendo que 114 são nativas e 26 são introduzidas (assilvestrados ou cultivados).
Palavras-chave: Solanaceae, flora, Rio Grande do Sul, Brasil.
ABSTRACT – (Synopsis and analytical key for the genera of the Solanaceae family
present in Rio Grande do Sul, Brazil). The knowledge and importance on the Solanaceae
family is related to the most diverse human being activities at different times and societies.
The identification of its taxa, however, is restricted to a small parcel of specialists. We were
stimulated to do this work by compiling the already existing data of taxonomic revisions and
local floras, aiming to elaborate a future Rio Grande do Sul state flora. The bibliographical
revision and the research at twelve regional herbaria make possible the elaboration of this
20
synopsis, with descriptions and commentaries of all genera presented in the State, and also
with a taxonomic key for genera identification. The Solanaceae family is represented in the
State by three subfamilies, twelve tribes and 27 genera. Of these, 22 present native and some
introduced species, while five are represented exclusively by introduced species. The total
number of species is 140, with 114 of them native and about 26 introduced (adventitious or
cultivated).
Key words: Solanaceae, flora, Rio Grande do Sul, Brazil.
INTRODUÇÃO
A família Solanaceae possui 96 gêneros, organizados em seis subfamílias, Solanoideae
Schltdl., Cestroideae Schltdl., Juanulloideae (Hunz.) Hunz., Salpiglossoideae (Benth.) Hunz.,
Schizanthoideae (Miers) Hunz. e Anthocercidoideae (G.Don) Tétényi (Hunziker, 2001).
Segundo Hunziker (2001), no Brasil há representantes das três primeiras subfamílias,
totalizando 31 gêneros e cerca de 500 espécies nativas e cerca de seis gêneros com espécies
consideradas introduzidas, cultivadas ou assilvestradas. A maior riqueza é atribuída ao gênero
Solanum, cujo número estimado de espécies nativas deve chegar a 300 (Mentz, comunicação
pessoal). As obras mais relevantes sobre as Solanáceas brasileiras, escritas no século XIX, são
de Vellozo (1829-1831), Sendtner (1846) e Dunal (1852). Contribuições taxonômicas de
importância também foram dadas, mais tarde, por Bitter (1912a-f; 1913a-g; 1914a-b; 1917;
1919a-b; 1920; 1922a-b), Witasek (1910), Morton (1944) e Smith e Downs (1964).
Alguns gêneros já receberam tratamento monográfico por especialistas brasileiros. Os
gêneros Melananthus, Metternichia, Protoschwenckia e Schwenckia foram revisados por
Carvalho (1966a, 1986, 1966b, 1978, respectivamente), enquanto Petunia e Calibrachoa
foram estudados por Stehmann (1999). Outras contribuições também foram feitas por
pesquisadores argentinos. Os gêneros Aureliana e Lycium, por exemplo, foram investigados,
respectivamente, por Hunziker e Barboza (1991) e Bernardello (1986). Neste contexto,
também merecem destaque outros pesquisadores estrangeiros que trabalharam com gêneros
de distribuição mais ampla na América do Sul. Este é o caso de Bohs (1994), responsável pela
monografia do gênero Cyphomandra e de T.C.Plowman, cuja monografia do gênero
Brunfelsia foi publicada, postumamente, por S.Knapp (Plowman, 1998). Alguns táxons
21
conhecimento da família no Brasil (Augusto e Edésio, 1943; Rambo, 1961; Angely, 1965 e
1970; Cabrera, 1965 e 1979; Smith e Downs, 1966; Morton, 1976; Carvalho, 1985, 1997a e
1997b; Mentz e Stehmann, 1990; Barbará e Carvalho, 1996; Aguiar et al., 1998; Carvalho et
al., 2001; Mentz e Oliveira, 2004).
Os trabalhos de D’Arcy (1979 e 1991) e de Hunziker (1979), com uma visão geral da
família para o mundo e para a América do Sul, respectivamente, foram pioneiros em reunir
informações sobre os diferentes gêneros e suas classificações supragenéricas, baseadas no
conhecimento da época. Armando Hunziker, considerado como o mais importante solanólogo
sul-americano, e sem dúvida, até o momento, o que mais contribuiu para o conhecimento da
família na América do Sul, publicou uma obra em que reuniu informações sobre os 92
gêneros aceitos por ele, com uma proposta de classificação em subfamílias, tribos e subtribos,
baseada em caracteres morfológicos, embriológicos, anatômicos e em resultados de análises
fitoquímicas (Hunziker, 2001). Nos últimos anos, com o avanço do conhecimento em biologia
molecular, diversos artigos foram publicados, reformulando os sistemas propostos e
justificando a junção de diversos gêneros (por exemplo, Spooner et al., 1993; Olmstead et al.,
1999), alterando, em parte, as proposições de Hunziker.
A identidade dos táxons e a contribuição qualitativa e quantitativa das solanáceas na
flora do Rio Grande do Sul são metas claramente observadas a partir da obra de Rambo
(1961). Em um estudo preliminar sobre a família Solanaceae no Estado, Rambo (1961)
mencionou a ocorrência de quatorze gêneros e 78 espécies. Os estudos florísticos ou
taxonômicos mais recentes, com ênfase nos táxons ocorrentes no Rio Grande do Sul,
contemplaram gêneros ou grupos de gêneros de diferentes subfamílias. O gênero Solanum, o
maior e mais complexo gênero da família, foi investigado por Mentz e Oliveira (2004), num
estudo abrangendo a região sul do Brasil. Stehmann (1989) abordou o gênero Petunia (sensu
lato) no Rio Grande do Sul, e mais tarde (Stehmann, 1999) revisou os limites e a
circunscrição dos gêneros Petunia e Calibrachoa, usando ferramentas morfológicas,
citológicas e palinológicas. Informações sobre outros gêneros, filogeneticamente relacionados
à Petunia e Calibrachoa, também foram levantadas para Nierembergia e Nicotiana (Vignoli-
Silva, 2004) e Bouchetia (Vignoli-Silva e Mentz, 2005), que foram investigados com ênfase
nas espécies ocorrentes no Estado.
O objetivo deste trabalho é fornecer subsídios para a identificação dos gêneros de
Solanaceae que ocorrem no Rio Grande do Sul, visando contribuir com informações de cunho
florístico e taxonômico, para um melhor conhecimento da flora do Estado.
22
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho está organizado em duas partes complementares. Na primeira parte,
correspondente à chave de identificação dos gêneros presentes no Rio Grande do Sul, além da
revisão bibliográfica, foram consultados os acervos dos herbários regionais em busca dos
gêneros registrados. Foram consultadas as coleções de nove herbários indexados (HAS,
HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB), cujos acrônimos seguem
Holmgren e Holmgren (2005) e de três herbários não indexados até a data da consulta à base
de dados eletrônicos do Index Herbariorum [Herbário Balduíno Rambo (HERBARA - Museu
Regional do Alto Uruguai, Erechim), Herbário da Universidade de Caxias do Sul (HUCS -
Caxias do Sul) e Herbário Rogério Bueno (HUI - Departamento de Biologia e Química,
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí)]. Além disso,
foram feitas onze viagens de coleta nas diferentes regiões fisiográficas do Rio Grande do Sul,
a fim de observar as espécies na natureza, visando encontrar caracteres úteis para a separação
dos gêneros. Os espécimes coletados foram herborizados e posteriormente depositados no
Herbário do Departamento de Botânica (ICN), Instituto de Biociências, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. A chave apresentada foi elaborada com dados morfológicos
qualitativos e quantitativos, que foram complementados, quando necessário, por informações
da literatura. A segunda parte, correspondente à sinopse dos gêneros, consistiu em reunir as
observações realizadas com o material de herbário e aquelas realizadas a campo, com as
informações publicadas ou oriundas de comunicação pessoal, sobre os gêneros e espécies
confirmados para o Rio Grande do Sul. A sinopse taxonômica apresenta os gêneros
organizados em subfamílias, tribos e subtribos. Os táxons supragenéricos apresentados
correspondem àqueles propostos por Hunziker (2001) e estão dispostos em ordem alfabética.
Com exceção de Calibrachoa, que foi desmembrada de Petunia (Stehmann, 1999), os demais
gêneros constam em Hunziker (2001). Já Cyphomandra e Lycopersicon, considerados como
gêneros válidos pelo último autor, foram incluídos em Solanum, de acordo com a posição de
Bohs (1995) e Spooner et al. (1993), respectivamente. As novas propostas de classificação de
subfamílias, tribos e subtribos, baseadas na biologia molecular, foram mencionadas com base
em Olmstead et al. (1999). A sucinta diagnose genérica foi feita a partir das características das
espécies que ocorrem no Rio Grande do Sul. As descrições foram padronizadas, sendo que
para cada gênero foram salientadas as características exclusivas. Também são apresentadas
informações sobre distribuição geográfica e referências úteis para a identificação das espécies
de cada gênero. As regiões fisiográficas citadas estão de acordo com Fortes (1959). A grafia
23
dos nomes dos autores foi baseada em Brummitt e Powell (1992). As referências a Kissmann
e Groth (2000), Lorenzi e Souza (1995, 1999, 2001) e Souza e Lorenzi (2005) foram citadas
em virtude das fotografias que ilustram algumas espécies.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A família Solanaceae está representada no Rio Grande do Sul por três subfamílias,
doze tribos e 27 gêneros. Destes, 22 apresentam espécies nativas, enquanto cinco são
representados exclusivamente por espécies introduzidas. Os gêneros Acnistus Schott,
Athenaea Sendtn., Aureliana Sendtn., Bouchetia Dunal, Brunfelsia L., Calibrachoa La Llave
et Lex., Capsicum L., Cestrum L., Dyssochroma Miers, Grabowskia Schltdl., Lycianthes
(Dunal) Hassl., Melananthus Walp., Nicotiana L., Nierembergia Ruiz et Pav., Petunia Juss.,
Physalis L., Salpichroa Miers, Schwenckia L., Sessea Ruiz et Pav., Solandra Sw., Solanum L.
(incluindo Cyphomandra Sendtn. e Lycopersicon Mill.) e Vassobia Rusby têm representantes
nativos. Espécies dos gêneros Browalia L. e Streptosolen Miers são exclusivamente
cultivadas, enquanto que espécies dos gêneros Brugmansia Pers., Datura L. e Nicandra
Adans. são assilvestradas ou esporadicamente também cultivadas.
Solanaceae Juss.
Plantas herbáceas, hemiepífitas, arbustivas ou arbóreas, inermes ou armadas. Folhas
simples, inteiras ou pinatissectas, helicoidais, rosetadas ou pseudoverticiladas, pecioladas ou
sésseis, sem estípulas. Inflorescências cimosas, uni ou plurifloras, pedunculadas ou não.
Flores pentâmeras, diclamídeas, heteroclamídeas, monoclinas, pediceladas ou sésseis. Cálice
pentâmero, gamossépalo, acrescente ou não após a antese. Corola pentâmera, gamopétala,
actinomorfa ou zigomorfa. Androceu tetrâmero ou pentâmero, estames epipétalos e
alternipétalos; anteras com deiscência longitudinal, poricida ou poricida e tardiamente
longitudinal. Gineceu gamocarpelar; ovário súpero, freqüentemente bicarpelar; carpelos
orientados obliquamente em relação ao eixo da flor; rudimentos seminais geralmente
numerosos; disco nectarífero presente ou não. Fruto baga, cápsula ou mais raramente baga
drupácea.
24
Chave para identificação dos gêneros de Solanaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul.
1. Androceu com dois estames e três estaminódios ou androceu com quatro estames, sem
estaminódios.
2. Corola com cinco lobos trilobulados, sendo cada um dos lóbulos medianos estreito e
alongado, semelhante a um apêndice.
3. Estames 2, com três estaminódios reduzidos aos longos filetes; cápsula bilocular
plurisseminada (6-70 sementes), valvas lisas; sementes com comprimento inferior a 1 mm
..............................................................................................................................Schwenckia
3’. Estames 4, didínamos, sem estaminódios; cápsula unilocular unisseminada; valvas
rostradas e rugosas; semente com comprimento igual ou superior a 1 mm ......Melananthus
2’. Corola com cinco lobos indivisos, sem expansões laminares semelhantes a apêndices.
4. Androceu didínamo, anteras monotecas, pares de estames com anteras iguais; estilete
com superfície lisa, não corrugada; fruto parcial ou totalmente incluso no cálice acrescente
................................................................................................................................Brunfelsia
4’. Androceu didínamo, anteras ditecas, par superior de estames com teca rudimentar
presente ou ausente; estilete corrugado; fruto não incluso no cálice.
5. Ervas de até 1 m de altura; corola azul a violeta, hipocrateriforme, ventricosa, com
tubo não contorcido; estilete corrugado em toda a sua extensão; nectário pouco evidente;
pares de estames adnatos até acima da metade superior do tubo da corola ........Browallia
5’. Arbustos de 1 a 2 m de altura; corola amarelo-alaranjada, infundibuliforme, não
ventricosa, com tubo contorcido; estilete corrugado apenas na sua metade distal;
nectário proeminente; um par de estames adnato até a metade inferior e outro até a
metade superior do tubo da corola ..................................................................Streptosolen
1’. Androceu com quatro estames e um estaminódio ou androceu com cinco estames.
6. Anteras com deiscência poricida apical, podendo abrir-se tardiamente em fendas laterais,
livres entre si ou coniventes, ou anteras com deiscência longitudinal introrsa, conatas entre
si através de tricomas entrelaçados, liberando os grãos de pólen por um único poro apical.
7. Cálice cupuliforme, com dez apêndices lineares subapicais, resultantes do
prolongamento das nervuras ................................................................................ Lycianthes
7’. Cálice não cupuliforme, com cinco lacínias evidentes........................................Solanum
6’. Anteras com deiscência longitudinal, livres ou coniventes.
8. Cálice florífero com comprimento superior a 3 cm.
9. Flores com lobos corolinos de ápice obtuso ou arredondado; epífitas lenhosas
vigorosas ou arbustos escandentes.
25
10. Corola ciatiforme com estrias vinosas, longitudinais e internas; cálice florífero
cilíndrico na metade basal e anguloso na metade apical, sem dobras evidentes na
exsicata; anteras elipsóides; ovário tetralocular; estigma discóide-capitado, não
decurrente ......................................................................................................... Solandra
10’. Corola infundibuliforme sem estrias vinosas; cálice florífero anguloso em toda a
sua extensão, pentagonal em secção transversal, plicado na exsicata; anteras lineares;
ovário bilocular; estigma clavado, decurrente ...........................................Dyssochroma
9’.Flores com lobos corolinos de ápice acuminado ou caudado; ervas, arbustos eretos ou
arvoretas.
11. Ervas anuais ou subarbustos; flores eretas; cálice frutífero circunciso, anelar e
reflexo no fruto; ovário bilocular, tetralocular pelo menos na porção inferior; fruto
cápsula espinhosa ou tuberculada .........................................................................Datura
11’. Arbustos ou arvoretas; flores pêndulas; cálice frutífero não-circunciso, nem anelar
e nem reflexo no fruto, mais freqüentemente ausente; ovário bilocular; fruto baga
.......................................................................................................................Brugmansia
8’. Cálice florífero com comprimento inferior a 3 cm.
12. Plantas armadas.
13.. Corola infundibuliforme; porção basal dos filetes com tricomas simples
.......................................................................................................................Grabowskia
13’. Corola rotado-campanulada; filetes glabros ..............................................Vassobia
12’. Plantas inermes.
14. Corola com a porção gamopétala sempre menor que a porção dialipétala.
15. Corola branca, com máculas basais vinosas; cálice florífero quase inteiramente
dialissépalo, porção gamossépala curta ou inconspícua; cálice frutífero acrescente,
envolvendo totalmente o fruto .......................................................................Athenaea
15’. Corola branca, com máculas basais verdes; cálice florífero com um setor
gamossépalo basal bem evidente; cálice frutífero não acrescente, não envolvendo o
fruto ..............................................................................................................Aureliana
14’. Corola com a porção gamopétala igual ou maior que a porção dialipétala.
16. Cálice frutífero acrescente e inflado, envolvendo totalmente o fruto num
invólucro membranáceo.
17. Sépalas auriculadas e sagitadas na base; corola campanulada, branca a lilás,
sem máculas; presença de um entrenó entre o cálice e a corola; filetes geniculados
na base; gineceu tri, tetra ou pentalocular; fruto ereto ...............................Nicandra
26
17’. Sépalas não auriculadas e nem sagitadas na base; corola rotado-campanulada,
amarela ou branca, com ou sem máculas vinosas ou esverdeadas; ausência de um
entrenó entre o cálice e a corola; filetes não geniculados; gineceu bilocular; fruto
pêndulo .........................................................................................................Physalis
16’. Cálice frutífero pouco ou não acrescente, não inflado.
18. Cálice com borda truncada, com ou sem cinco apêndices subapicais resultantes
do prolongamento das nervuras; corola rotada, branca, com ou sem máculas
esverdeadas ................................................................................................Capsicum
18’. Cálice com borda formada por cinco lacínias bem evidentes; corola com
outras formas.
19. Corola urceolada; disco nectarífero vermelho; flores solitárias, raramente aos
pares ......................................................................................................Salpichroa
19’. Corola não urceolada; disco nectarífero com outras cores, exceto vermelho;
flores solitárias, fasciculadas ou em outro tipo de inflorescência.
20. Flores sésseis, subsésseis ou pediceladas, articuladas.
21. Fruto baga, sementes um pouco mais longas do que largas, não aladas
..............................................................................................................Cestrum
21’. Fruto cápsula, sementes muito mais longas do que largas, aladas
.................................................................................................................Sessea
20’. Flores pediceladas, pedicelos não articulados.
22. Arbustos ou arvoretas, com flores em fascículos glomeruliformes; fruto
baga .....................................................................................................Acnistus
22’. Ervas ou subarbustos, com flores solitárias ou em outros tipos de
inflorescências; fruto capsular.
23. Flores associadas a um par de hipsófilos foliáceos, opostos.
24. Corola com prefloração conduplicada, com as duas pétalas inferiores
fechadas sobre as três superiores; plantas subarbustivas ou arbustivas,
com flores cujo diâmetro do limbo corolino é superior a 1 cm ou
raramente herbáceas, com flores cujo diâmetro do limbo corolino é
inferior a 1 cm ........................................................................ Calibrachoa
24’. Corola com prefloração imbricada; plantas herbáceas, com flores
cujo diâmetro do limbo corolino é superior a 1 cm de diâmetro ...Petunia
23’. Flores associadas a um único hipsófilo foliáceo.
27
25. Prefloração contorcido-conduplicada ou conduplicada; anteras
dorsifixas; plantas herbáceas ou subarbustivas, com folhas basais
dispostas em roseta e as demais folhas com filotaxia helicoidal, ou
plantas arbustivas ou arborescentes, folhas com filotaxia helicoidal
.................................................................................................. ...Nicotiana
25’. Prefloração imbricada ou imbricado-conduplicada; anteras
ventrifixas; plantas herbáceas ou subarbustivas, folhas com filotaxia
helicoidal.
26. Tubo corolino amplo; prefloração imbricada; quatro estames mais
um estaminódio, adnatos apenas na porção basal do tubo da corola;
disco nectarífero presente ........................................................Bouchetia
26’. Tubo corolino cilíndrico, filiforme; prefloração imbricado-
conduplicada; cinco estames, adnatos até a altura da fauce corolina;
disco nectarífero ausente ...................................................Nierembergia
Sinopse taxonômica da família Solanaceae no Rio Grande do Sul.
A família Solanaceae está representada no Estado por três subfamílias, Cestroideae,
com cinco tribos e doze gêneros, Juanulloideae, com uma tribo e um gênero e Solanoideae,
com seis tribos e quinze gêneros. A caracterização de cada subfamília é complexa e teórica e
está baseada, segundo Hunziker (2001), principalmente na curvatura do embrião, prefloração
e em dados quimiotaxonômicos.
Sufamília Cestroideae
Tribo Browallieae
Os dois gêneros que compõem esta tribo, Browallia L. e Streptosolen Miers,
compartilham características peculiares, tais como corola zigomorfa, androceu didínamo,
anteras ditecas, assimetria das anteras do par superior de estames, estilete corrugado, porção
estigmática com duas expansões membranáceas laterais e fruto capsular, não incluso no
cálice. A distinção entre as espécies destes dois gêneros pode ser feita pelo hábito, coloração e
forma da corola e disposição dos estames. Hábito herbáceo, corola azul a violeta,
hipocrateriforme, não contorcida, ventricosa na porção distal, estames adnatos até a porção
superior do tubo da corola e estilete totalmente corrugado caracterizam o gênero Browallia.
Streptosolen apresenta hábito arbustivo, corola amarelo-alaranjada, infundibuliforme, não
ventricosa, contorcida, estames adnatos em diferentes alturas na porção inferior e superior do
28
tubo corolino e estilete parcialmente corrugado. A sistemática molecular confirma as relações
filogenéticas destes dois gêneros (Olmstead et al., 1999), sem provocar mudanças em suas
posições taxonômicas.
Browallia L., Sp. Pl. 2: 631. 1753. Espécie-tipo: Browallia americana L.
Ervas, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples e glandulares. Folhas simples,
helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada a oblongo-lanceolada, de margem inteira e
consistência membranácea. Inflorescências racemiformes, plurifloras, pedunculadas,
terminais. Flores zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice tubuloso-campanulado, lacínias
conspícuas. Corola azul a violeta, hipocrateriforme, com tubo cilíndrico reto, não contorcido,
ventricoso no ápice; limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala.
Prefloração reciprocativa. Estames didínamos, arranjados em dois pares adnatos até acima da
metade superior do tubo da corola; filetes achatados, cobertos de tricomas; anteras basifixas,
aparentemente monotecas (uma das tecas vestigial) no par superior de estames e ditecas no
par inferior, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide, coberto de
tricomas, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero presente, pouco
evidente; estilete cilíndrico, inteiramente corrugado, curvo no ápice; superfície estigmática
alargada e bipartida. Cápsula ovóide, envolta parcialmente pelo cálice frutífero. Sementes
poliédricas.
Este gênero tem seis espécies distribuídas do sul do Arizona, México, América Central
e Antilhas, chegando até a região andina da Bolívia (Hunziker, 2001). No Rio Grande do Sul
ocorre uma espécie, Browallia americana L., cultivada como planta ornamental.
Referências: Lorenzi e Souza (1995, 1999, 2001); Hunziker (2001).
Streptosolen Miers, Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 2, 5 (27): 207-208. 1850. Espécie-tipo:
Streptosolen jamesonii (Benth.) Miers
Arbustos, inermes; ramos com tricomas simples e glandulares. Folhas simples,
helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada, de margem inteira e consistência membranácea.
Inflorescências corimbiformes, plurifloras, curto-pedunculadas, terminais. Flores zigomorfas,
monoclinas, pediceladas. Cálice tubuloso, lacínias conspícuas. Corola amarelo-alaranjada,
infundibuliforme, com tubo cilíndrico reto, contorcido, não ventricoso no ápice, externamente
coberto de tricomas; limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala.
Prefloração imbricado-conduplicada. Estames didínamos, arranjados em dois pares, um
adnato apenas até a porção inferior do tubo da corola e o outro até a sua porção superior;
29
filetes cilíndricos, cobertos de tricomas; anteras basifixas, aparentemente monotecas (uma das
tecas vestigial) no par superior de estames e ditecas no par inferior, deiscência longitudinal;
estaminódios ausentes. Ovário ovóide, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco
nectarífero presente, proeminente; estilete cilíndrico, corrugado na porção distal, curvo no
ápice; superfície estigmática alargada e bipartida. Cápsula ovóide, envolta parcialmente pelo
cálice frutífero. Sementes poliédricas, alongadas.
Streptosolen jamesonii (Benth.) Miers é o único representante deste gênero
monoespecífico, sendo encontrado como espécie nativa na região do Equador, Peru e
possivelmente sul da Colômbia (Hunziker, 2001). No Rio Grande do Sul e outras regiões do
Brasil é cultivada como planta ornamental.
Referências: Lorenzi e Souza (1995, 1999, 2001); Hunziker (2001).
Tribo Cestreae
Compreende três gêneros, Cestrum, Sessea e Vestia, dos quais apenas os dois
primeiros têm representantes no Rio Grande do Sul. Estes gêneros compartilham semelhanças
morfológicas, tais como porte arbustivo ou arbóreo, flores sempre articuladas na base, corola
tubulosa, androceu com cinco estames inclusos no tubo, anteras dorsifixas, nectário anelar e
frutos paucisseminados. Diferem entre si pelo tipo de fruto e por particularidades nas
sementes. As espécies do gênero Cestrum têm sementes angulosas, não aladas, alojadas no
interior de bagas carnosas, enquanto que as espécies de Sessea possuem sementes
comprimidas, aladas, contidas em cápsulas lenhosas. Olmstead et al. (1999) conservam-nos
em Cestreae (subfamília Cestroideae) e acrescentam mais um gênero à tribo, Metternichia
Mik., que passa então a ter quatro gêneros.
Cestrum L., Sp. Pl. 1: 191. 1753. Espécie-tipo: Cestrum nocturnum L.
Subarbustos, arbustos ou árvores, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples ou
dendríticos. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica, estreito-elíptica,
ovalada, oblonga, oblanceolada ou lanceolada, de margem inteira e consistência membranácea
a cartácea ou coriácea. Inflorescências cimosas, plurifloras, pedunculadas, terminais, axilares
ou uma combinação de ambas. Flores actinomorfas, monoclinas, sésseis ou pediceladas,
articuladas. Cálice tubuloso, anguloso ou não, lacínias conspícuas. Corola creme, branco-
esverdeada, esverdeada, amarelo-esverdeada, amarela, às vezes externamente arroxeada,
tubulosa, com tubo cilíndrico, ampliado no terço superior e constricto no ápice; limbo
pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração valvado-
30
induplicada levemente contorta. Estames cinco, homo ou heterodínamos, adnatos a diferentes
porções da metade superior do tubo corolino; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência
longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide ou cônico, bilocular, com inúmeros
rudimentos seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete cilíndrico; estigma
capitado ou discóide. Baga ovóide. Sementes angulosas, apenas um pouco mais longas do que
largas, não aladas.
Estima-se que Cestrum tenha de 150 a 200 espécies, distribuídas nas regiões tropicais
e subtropicais da América. Na América do Sul, a região andina (Bolívia, Peru até o norte da
Argentina) é a mais rica em espécies, com cerca de 100, seguida pelo Brasil, com cerca de 50
(Hunziker, 2001; Nee, 2001). No Rio Grande do Sul foram confirmadas cinco espécies
nativas, Cestrum bracteatum Link et Otto, C. euanthes Schltdl., C. intermedium Sendtn., C.
parqui L’Hér. e C. strigilatum Ruiz et Pav. A espécie conhecida como dama-da-noite,
Cestrum nocturnum L., é componente da flora introduzida no Estado.
Referências: Guaranha (1981); Hunziker (2001); Souza e Lorenzi (2005).
Sessea Ruiz et Pav., Fl. Peruv. Prodr. 21. tab. 33. 1794. Espécie-tipo: Sessea
stipulata Ruiz et Pav.
Subarbustos, arbustos ou árvores, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples,
dendríticos e glandulares. Folhas simples, helicoidais, sésseis ou curto-pecioladas; lâmina
foliar elíptica, lanceolada ou ovalada, de margem inteira, plana ou levemente revoluta e
consistência membranácea. Inflorescências racemiformes, plurifloras, pedunculadas, axilares
ou terminais, ou uma combinação de ambas. Flores actinomorfas, monoclinas, sésseis ou
pediceladas, articuladas. Cálice tubuloso, anguloso ou não, lacínias conspícuas. Corola
esverdeada, tubulosa, com tubo cilíndrico, levemente ventricoso no ápice; limbo pentalobado,
lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração valvado-induplicada
levemente contorta. Estames cinco, homodínamos, adnatos até a porção mediana do tubo
corolino; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário
ovóide ou cônico, bilocular, rudimentos seminais pouco numerosos; disco nectarífero
presente, conspícuo; estilete cilíndrico; estigma capitado. Cápsula bivalvar. Sementes
comprimidas, muito mais longas do que largas, aladas.
Gênero com cerca de 27 espécies na América do Sul e uma espécie no Haiti. O maior
número de espécies habita a região andina, da Colômbia à Bolívia (Hunziker, 2001). No
Brasil ocorrem três espécies, Sessea brasiliensis Toledo, S. regnellii Taub. e S. vestioides
(Schltdl.) Hunz., das quais apenas as duas últimas são elementos da flora nativa do Estado.
31
Sessea regnellii foi coletada até o momento apenas no município de Marcelino Ramos (região
fisiográfica do Alto Uruguai) e Sessea vestioides nos municípios de Giruá (região fisiográfica
do Alto Uruguai) e Ijuí (região fisiográfica do Planalto Médio).
Referências: Hunziker (2001); Soares e Mentz (manuscrito inédito).
Tribo Francisceae
Brunfelsia é o único gênero desta tribo monotípica. Apresenta características
peculiares, tais como corola hipocrateriforme, zigomorfa, com tubo ventricoso no ápice,
limbo com cinco lobos inteiros, androceu didínamo, anteras monotecas e gineceu com estilete
curvo no ápice. As relações filogenéticas, apontadas por Olmstead et al. (1999), mostram as
afinidades de Brunfelsia com os gêneros Bouchetia, Calibrachoa, Nierembergia e Petunia,
reunindo estes gêneros em uma subfamília distinta, Petunioideae.
Brunfelsia L., Sp. Pl. 1: 191. 1753. Espécie-tipo: Brunfelsia americana L.
Arbustos ou arvoretas, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples e/ou
glandulares. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica, oblanceolada ou
obovalada, de margem inteira e consistência membranácea a subcoriácea. Inflorescências
cimosas, uni ou plurifloras, sésseis ou pedunculadas, terminais, raro subterminais. Flores
levemente zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice tubuloso ou campanulado, anguloso
ou não, lacínias conspícuas. Corola violácea, branca na senescência, hipocrateriforme, com
tubo cilíndrico reto nas porções mediana e basal, e levemente curvo e ventricoso no ápice;
limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração
imbricada. Estames didínamos, adnatos até a porção superior do tubo, cada par em uma altura
diferente; par superior levemente exserto, par inferior incluso no tubo; filetes curvos; anteras
medifixas, monotecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário cônico,
bilocular, com poucos rudimentos seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete
cilíndrico, curvo no ápice; estigma bilobado. Cápsula globosa, envolta parcial ou totalmente
pelo cálice frutífero acrescente. Sementes oblongas ou ovóides, pouco angulosas.
Segundo Plowman (1998), o gênero Brunfelsia apresenta três seções. A seção
Brunfelsia está restrita às Antilhas. Representantes da seção Guianenses ocorrem no norte da
América do Sul, especialmente na região da Bacia Amazônica. A seção Francisceae tem a
maioria de seus representantes distribuídos na América do Sul, embora alguns ocorram na
América Central. No Rio Grande do Sul foram confirmadas três espécies nativas, Brunfelsia
australis Benth., B. cuneifolia J.A.Schmidt e B. pilosa Plowman, freqüentemente
32
comercializadas e cultivadas como plantas ornamentais. Brunfelsia uniflora (Pohl) D.Don e B.
pauciflora (Cham. et Schltdl.) Benth. ocorrem no Estado somente sob cultivo. Todas as
espécies mencionadas pertencem à seção Francisceae.
Referências: Plowman (1998); Hunziker (2001).
Tribo Nicotianeae
A tribo Nicotianeae compreende um número estimado de 151 espécies, organizadas
em oito gêneros, segundo Hunziker (2001), ou nove, considerando-se a autonomia de
Calibrachoa, como proposto por Stehmann (1999). No Rio Grande do Sul ocorrem cinco
gêneros, pertencentes a duas subtribos (Stehmann, 1999; Vignoli-Silva, 2004). Olmstead et al.
(1999), baseados em dados da biologia molecular, propõem a separação destes cinco gêneros
de Cestroideae, transferindo Nicotiana para a subfamília Nicotianoideae e os gêneros
Bouchetia e Nierembergia para a subfamília Petunioideae, junto com Calibrachoa e Petunia.
Subtribo Nicotianinae
Compreende quatro gêneros, três deles representados no Rio Grande do Sul.
Compartilham similaridades morfológicas, tais como anteras dorsifixas. Em Nicotiana as
flores são associadas a um único hipsófilo foliáceo, enquanto que em Calibrachoa e Petunia
as mesmas são associadas a um par de hipsófilos foliáceos opostos. Estes dois últimos
gêneros diferem pela prefloração conduplicada em Calibrachoa e imbricada em Petunia.
Calibrachoa La Llave et Lex., Nov. Veg. Descr. 2: 3. 1825. Espécie tipo: Calibrachoa
procumbens La Llave et Lex.
Subarbustos ou pequenos arbustos, raramente ervas, inermes. Ramos glabros ou com
tricomas simples e glandulares. Folhas simples, helicoidais, solitárias ou fasciculadas, sésseis
ou subsésseis; lâmina foliar linear, elíptica, oblonga, obovalada ou ovalada, de margem inteira
e consistência membranácea, cartácea ou subcarnosa. Inflorescências plurifloras,
pedunculadas, terminais, com um par de hipsófilos foliáceos associados a cada flor. Flores
zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice campanulado, lacínias conspícuas, fendidas até a
metade ou até dois terços do comprimento total do cálice. Corola magenta, purpúrea, violácea,
branca ou rosada, geralmente com tubo interiormente amarelo, infundibuliforme ou tubuloso-
infundibuliforme, com tubo subcilíndrico ou aos poucos ampliado em direção ao ápice; limbo
pentalobado, lobos inteiros, mais curtos do que a porção gamopétala. Prefloração
conduplicada, com as duas pétalas inferiores fechadas sobre as três superiores. Estames cinco,
33
heterodínamos, com dois maiores, dois medianos e um menor, adnatos até a fauce da corola;
anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal látero-ventral; estaminódios ausentes.
Ovário cônico, obcônico, oblongo, ovóide ou globoso, bilocular, com inúmeros rudimentos
seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete filiforme, com ápice levemente
curvado ou fortemente recurvado; estigma inteiro ou lobado. Cápsula globosa, elipsóide ou
ovóide, envolta total ou parcialmente pelo cálice frutífero. Sementes elipsóides, globoso-
elipsóides, esferóides ou reniformes.
Este gênero é tipicamente sul-americano e é constituído por cerca de 24 espécies, das
quais Calibrachoa cordifolia Stehmann e L.Aguiar, C. excellens (R.E.Fr.) Wijsman, C.
heterophylla (Sendtn.) Wijsman, C. humilis (R.E.Fr.) Stehmann e Semir, C. linoides (Sendtn.)
Wijsman, C. missionica Stehmann e Semir, C. ovalifolia (Miers) Stehmann e Semir, C.
parviflora (Juss.) Wijsman, C. sellowiana (Sendtn.) Wijsman e C. thymifolia (A.St.-Hil.)
Stehmann e Semir ocorrem no Rio Grande do Sul (Stehmann, 1999). Calibrachoa cordifolia é
restrita a região central do Rio Grande do Sul, tendo sido coletada apenas na Reserva
Biológica do Ibicuí-Mirim, município de Santa Maria (região fisiográfica da Depressão
Central). Calibrachoa missionica foi coletada apenas nos municípios de Giruá e Santo Ângelo
(região fisiográfica das Missões), ocorrendo ainda no Paraguai e Argentina, e C. thymifolia foi
coletada unicamente em Uruguaiana (região fisiográfica da Campanha), ocorrendo também no
Uruguai e Argentina (Stehmann, 1999). Todas as espécies do gênero são muito ornamentais,
podendo ser utilizadas como tal.
Referências: Stehmann (1999).
Nicotiana L., Sp. Pl. 1: 180-181. 1753. Espécie tipo: Nicotiana tabacum L.
Ervas, subarbustos ou arbustos, raramente arvoretas, inermes; ramos em regra com
tricomas simples e glandulares. Folhas simples, helicoidais, sésseis ou pecioladas, em regra
formando roseta basal; lâmina foliar ovalada, oblanceolada, obovalada, elíptica ou lanceolada,
de margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências plurifloras, pedunculadas,
terminais, com um hipsófilo foliáceo associado a cada flor. Flores actinomorfas ou
ligeiramente zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice tubuloso, campanulado,
cupuliforme ou ovalado, lacínias conspícuas. Corola branca, branco-esverdeada, branco–
rosada, creme, esverdeada, rosada, magenta, roxa ou amarela, infundibuliforme, tubular ou
hipocrateriforme, com tubo cilíndrico reto ou levemente curvo, por vezes ventricoso no ápice;
limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos ou do mesmo tamanho da porção gamopétala.
Prefloração contorcido-conduplicada ou conduplicada. Estames cinco, homo ou
34
heterodínamos, inseridos em diferentes alturas no tubo da corola, filetes retos ou curvados,
geniculados na base ou não; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios
ausentes. Ovário ovóide, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero
presente, conspícuo; estilete filiforme; estigma capitado. Cápsula ovóide, envolta
parcialmente pelo cálice frutífero. Sementes rotundo-elípticas, oblongo-elípticas ou
reniformes.
O gênero Nicotiana é constituído por 67 espécies, das quais 47 são americanas, 18
australianas, uma espécie ocorre na Namíbia (sudoeste da África), e outra na Melanésia (Ilhas
do Pacífico). Das espécies americanas, 37 ocorrem na América do Sul (Goodspeed, 1954;
Hunziker, 1979, 2001). No Rio Grande do Sul ocorrem seis espécies nativas, Nicotiana alata
Link et Otto, N. bonariensis Lehm., N. forgetiana Hemsl., N. langsdorffii Weinm., N.
longiflora Cav. e N. mutabilis Stehmann e Semir, uma espécie ruderal ou cultivada, N. glauca
Graham e uma espécie cultivada, N. tabacum L. (Vignoli-Silva, 2004). A espécie com
ocorrência mais restrita é N. mutabilis, apenas coletada nos municípios de Itati, Morrinhos do
Sul e Barra do Ouro, na região de transição entre as regiões fisiográficas do Litoral, Encosta
Inferior do Nordeste e Campos de Cima da Serra (Stehmann et al., 2002; Vignoli-Silva,
2004). Espécies do gênero são referidas como ornamentais ou tóxicas e algumas são fonte de
substâncias inseticidas. Já Nicotiana tabacum é amplamente conhecida por sua importância
econômica, como fonte de matéria-prima para a indústria do fumo, por suas propriedades
estimulantes e por ser muito utilizada em investigações científicas, nas áreas de farmácia,
fisiologia, virologia e plantas transgênicas (Goodspeed, 1954; Hawkes, 1999; Hunziker,
2001).
Referências: Goodspeed (1954); Lorenzi e Souza (1995, 1999, 2001); Hunziker
(2001); Vignoli-Silva (2004); Souza e Lorenzi (2005).
Petunia Juss., Ann. Mus. Natl. Hist. Nat. 11: 215. 1802. Espécie tipo: Petunia
nyctaginiflora Juss.
Ervas, inermes. Ramos glabrescentes ou com tricomas simples e glandulares. Folhas
simples, helicoidais ou subrosuladas, sésseis ou subsésseis; lâmina foliar elíptica, ovalada,
obovalada ou cordiforme, de margem inteira e consistência membranácea ou subcarnosa.
Inflorescências plurifloras, pedunculadas, terminais, com um par de hipsófilos foliáceos
associados a cada flor. Flores actinomorfas ou zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice
campanulado, lacínias conspícuas, fendidas até próximo à base, ou menos. Corola branca,
magenta, purpúrea ou vermelha, hipocrateriforme, campanulada ou infundibuliforme, tubo
35
subcilíndrico ou aos poucos ampliado em direção ao ápice; limbo pentalobado, lobos inteiros,
mais curtos ou do mesmo tamanho do que a porção gamopétala. Prefloração imbricada.
Estames cinco, heterodínamos, com dois maiores, dois medianos e um menor ou dois pares
maiores subiguais e um estame menor, adnatos até a metade inferior do tubo da corola;
anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide ou
obcônico, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero presente,
conspícuo; estilete filiforme; estigma discóide ou capitado, inteiro ou levemente lobado,
sulcado dorso-ventralmente. Cápsula globosa, elipsóide ou ovóide, envolta parcialmente pelo
cálice frutífero. Sementes elipsóides ou esferóides, às vezes angulosas ou poliédricas.
Este gênero é tipicamente sul-americano, constituído por onze espécies, das quais
Petunia altiplana T. Ando et Hashim., P. axillaris (Lam.) Britton, Sterns et Poggenb., P.
exserta Stehmann, P. integrifolia (Hook.) Schinz et Thell. e P. secreta Stehmann et Semir
ocorrem no Rio Grande do Sul. Petunia exserta e P. secreta constituem endemismos no
Estado, registrados apenas em formações areníticas do município de Caçapava do Sul (região
fisiográfica da Serra do Sudeste). A primeira foi coletada em um local denominado Guaritas e
a segunda em um local denominado Pedra do Segredo (Stehmann, 1999). Todas as espécies
do gênero são extremamente ornamentais. Os híbridos, originalmente resultantes do
cruzamento entre Petunia axillaris e Petunia integrifolia, são cultivados e comercializados em
quase todo o mundo.
Referências: Stehmann (1999).
Subtribo Nierembergiinae
Compreende dois gêneros, ambos representados no Rio Grande do Sul, que
compartilham similaridades morfológicas, tais como hábito herbáceo ou arbustivo,
prefloração imbricada ou imbricado-conduplicada e anteras ventrifixas. Em Bouchetia a
corola é campanulado-infundibuliforme, os quatro estames são adnatos apenas na porção
basal do tubo e o disco nectarífero está presente. Já em Nierembergia a corola é
hipocrateriforme, os cinco estames são adnatos inteiramente ao tubo e o nectário está ausente.
Bouchetia Dunal in DC., Prodr. 13 (1): 589. 1852. Espécie-tipo: Bouchetia erecta
Dunal
Subarbustos, inermes; ramos com tricomas simples e glandulares. Folhas simples,
helicoidais, sésseis; lâmina foliar elíptica a orbicular na porção basal, sendo as demais
elípticas ou lanceoladas, de margem inteira e consistência membranácea. Flores solitárias,
36
axilares, ligeiramente zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice campanulado, lacínias
conspícuas. Corola branca ou creme, infundibuliforme; limbo pentalobado, lobos inteiros,
mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração imbricada. Estames quatro e um
estaminódio (este raramente ausente ou raramente cinco estames férteis), didínamos quando
quatro, adnatos na metade inferior do tubo da corola; anteras ventrifixas, ditecas, com
deiscência longitudinal. Ovário ovalado, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco
nectarífero presente, conspícuo; estilete filiforme; estigma bilobado. Cápsula ovóide, envolta
parcialmente pelo cálice frutífero. Sementes poliédricas, irregulares.
Este gênero está representado por apenas três espécies, distribuídas exclusivamente
nas Américas (Morton, 1944; Hunziker e Subils, 1983; Hunziker, 2001). Bouchetia erecta
Dunal, ocorre na América do Norte e Guatemala, B. arniatera Robinson, é endêmica do
Mexico e B. anomala (Miers) Britton et Rusby é a única espécie encontrada na região sul do
Brasil, na região limítrofe com a Argentina e Uruguai, ocorrendo também nestes países e no
Paraguai (Morton, 1944; Hunziker e Subils, 1983; Hunziker, 2001; Vignoli-Silva e Mentz,
2005). No Rio Grande do Sul foi coletada em Alegrete, Barra do Quaraí, Santana do
Livramento, São Gabriel, Uruguaiana (região fisiográfica da Campanha) e Itaqui, Santo
Ângelo, São Borja e São Luís Gonzaga (região fisiográfica das Missões).
Referências: Hunziker e Subils (1983); Hunziker (2001); Vignoli-Silva e Mentz
(2005).
Nierembergia Ruiz et Pav., Fl. Peruv. Prodr. 23. 1794. Espécie-tipo: Nierembergia
repens Ruiz et Pav.
Ervas ou arbustos, inermes; ramos com tricomas simples e glandulares. Folhas
simples, solitárias ou fasciculadas, sésseis ou pecioladas; lâmina foliar linear, lanceolada,
ovalada, oblanceolada, espatulada ou orbicular, de margem inteira e consistência
membranácea. Inflorescências uni ou plurifloras, então em cimas laxas. Flores monoclinas,
actinomorfas ou ligeiramente zigomorfas, pediceladas. Cálice infundibuliforme ou
campanulado, lacínias conspícuas. Corola branca, branco-violácea ou lilás, hipocrateriforme,
com tubo cilíndrico, reto e muito fino; limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a
porção gamopétala, com elaióforos na face interna e ao redor da boca do tubo. Prefloração
imbricado-conduplicada. Estames cinco, heterodínamos, adnatos até a fauce da corola, filetes
retos ou sigmóides, com a porção basal coberta por elaióforos; anteras ventrifixas, ditecas, de
deiscência longitudinal, envolvendo o estigma; estaminódios ausentes. Ovário bilocular, com
inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero ausente; estilete filiforme; estigma semilunar
37
ou capitado. Cápsula elíptica, envolta parcialmente pelo cálice frutífero. Sementes poliédricas
ou trígonas.
Nierembergia é um gênero exclusivamente americano, com vinte espécies na América
do Sul e uma no México. No Estado ocorrem Nierembergia linariifolia Graham, N. micrantha
Cabrera, N. pinifolia Miers, N. riograndensis Hunz. et A.A.Cocucci e N. scoparia Sendtn.
Nierembergia pinifolia foi coletada apenas em um ponto no Estado, no município de Santana
do Livramento (região fisiográfica da Campanha), ocorrendo também na Argentina e Uruguai
(Vignoli-Silva, 2004). Algumas espécies são economicamente importantes, sendo cultivadas
como ornamentais (como N. linariifolia Graham). Duas espécies, N. riograndensis (sob o
nome de N. veitchii Hook.) e N. linariifolia (sob o nome de N. hippomanica Miers), são
referidas como tóxicas, por apresentarem substâncias consideradas letais para animais,
consistindo em grave problema econômico para a agropecuária riograndense (Riet-Correa et
al., 1993; Tokarnia et al., 2000). A biologia floral de Nierembergia é considerada única na
família, pois as flores de suas espécies têm elaióforos que secretam óleos não voláteis,
utilizados pelos visitantes (Cocucci, 1991).
Referências: Millán (1941); Cocucci e Hunziker (1993); Hunziker (2001); Vignoli-
Silva (2004).
Tribo Schwenckieae
Compreende quatro gêneros, dos quais apenas dois, Schwenckia e Melananthus,
ocorrem no Rio Grande do Sul. A corola tubulosa, com um limbo dividido em cinco lobos
trilobulados é um atributo peculiar a estes dois gêneros. O lóbulo mediano é estreito e
alongado, bem evidente. Os lóbulos laterais de cada lobo fundem-se aos lóbulos laterais dos
lobos contíguos. Na prática é possível diferenciá-los pelo tamanho e coloração das flores,
aspecto da superfície da cápsula e quantidade e forma das sementes. Flores amarelo-
esverdeadas de até 30 mm de comprimento, com tubo da corola curvo e cápsulas biloculares
plurisseminadas, com valvas lisas e sementes poliédricas com menos de 1 mm de
comprimento ocorrem em Schwenckia. Em Melananthus as flores têm coloração violácea e
alcançam até 5 mm de comprimento. O tubo é reto, as cápsulas são uniloculares,
unisseminadas, com valvas rostradas e rugosas. As sementes são ovóides, com mais de 1 mm
de comprimento. Na proposta de Olmstead et. al (1999), estes dois gêneros estão
provisoriamente subordinados à subfamília Schwenckioideae e mostram afinidades
filogenéticas com o gênero Protoschwenckia.
38
Melananthus Walp., Bot. Zeitung (Berlin) 8 (44): 788-789. 1850. Espécie-tipo:
Melananthus dipyrenoides Walp.
Ervas, inermes; ramos glabros. Folhas simples, helicoidais, sésseis ou subsésseis;
lâmina foliar linear, de margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências
espiciformes, plurifloras, pedunculadas, terminais. Flores levemente zigomorfas, monoclinas,
curto-pediceladas. Cálice campanulado; lacínias conspícuas. Corola violácea, tubulosa, tubo
cilíndrico reto; limbo pentalobado, lobos trilobulados, mais curtos que a porção gamopétala, o
lobo mediano parecendo um apêndice. Prefloração valvado-induplicada. Estames didínamos,
adnatos apenas na base do tubo corolino; anteras ventrifixas, ditecas, deiscência longitudinal;
estaminódios ausentes. Ovário ovóide, unilocular, com um único rudimento seminal; disco
nectarífero presente, conspícuo; estilete cilíndrico; estigma capitado. Cápsula unilocular,
ovóide, rostrada, envolta parcialmente pelo cálice frutífero; valvas rostradas e rugosas.
Semente única, ovóide.
Gênero de distribuição tropical e subtropical, da América Central à América do Sul
(Hunziker, 2001). Suas cinco espécies ocorrem no Brasil, sendo que Melananthus multiflorus
Carvalho é uma espécie de ocorrência provável no Rio Grande do Sul, cuja única coleta
conhecida é de A. Saint-Hilaire e corresponde ao tipo.
Referências: Carvalho (1966a); Hunziker (2001).
Schwenckia L., Gen. Pl. ed. 6: 567 (577). 1764. Espécie-tipo: Schwenckia americana
L.
Ervas, inermes; ramos com tricomas simples e glandulares ou glabrescentes. Folhas
simples, helicoidais, sésseis a pecioladas; lâmina foliar linear-lanceolada, oblongo-lanceolada
ou ovalada, de margem inteira a irregularmente crenada e consistência membranácea a
cartácea. Inflorescências racemiformes, plurifloras, pedunculadas, axilares ou terminais.
Flores levemente zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice campanulado, lacínias
conspícuas. Corola amarelo-esverdeada, tubulosa, tubo cilíndrico curvo; limbo pentalobado,
lobos trilobulados, mais curtos que a porção gamopétala, o lobo mediano parecendo um
apêndice. Prefloração valvado-conduplicada. Estames dois, homodínamos, adnatos apenas na
base do tubo corolino; três estaminódios reduzidos a longos filetes; anteras ventrifixas,
ditecas, deiscência longitudinal. Ovário ovóide, bilocular, com inúmeros rudimentos
seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete cilíndrico; estigma capitado. Cápsula
bilocular, subglobosa a ovóide, envolta parcialmente pelo cálice frutífero; valvas lisas.
Sementes muitas, poliédricas.
39
Gênero de distribuição tropical e subtropical, da América Central à América do Sul
(Hunziker, 2001). No Brasil ocorrem 16 espécies (Carvalho, 1978), das quais apenas
Schwenckia curviflora Benth. ocorre como espécie nativa no Rio Grande do Sul, tendo sido
coletada nos municípios de Cachoeirinha (região fisiográfica da Depressão Central), Osório e
Rio Grande (região fisiográfica do Litoral), e São Leopoldo (região fisiográfica da Encosta
Inferior do Nordeste).
Referências: Carvalho (1978); Hunziker (2001).
Subfamília Juanulloideae
Tribo Juanulloeae
Única tribo da subfamília, formada por plantas de hábito geralmente epifítico.
Compreende nove gêneros neotropicais, dos quais apenas Dyssochroma está representado no
Rio Grande do Sul, por uma única espécie. Na proposta de Olmstead et al. (1999), todos os
gêneros desta tribo pertencem à subfamíla Solanoideae e estão subordinados à subtribo
Juanulloinae, da tribo Solandreae, onde tradicionalmente está inserida a outra espécie epifítica
que ocorre no Estado, pertencente ao gênero Solandra. Dyssochroma e Solandra
compartilham o hábito, diferindo principalmente na forma da corola, infundibuliforme na
primeira e ciatiforme na segunda.
Dyssochroma Miers, Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 2, 4 (22): 250. 1849. Espécie-tipo:
Dyssochroma viridiflorum (Sims) Miers
Epífitas lenhosas, inermes; ramos glabros. Folhas simples, helicoidais ou
pseudoverticiladas, pecioladas; lâmina foliar elíptica ou ovalada, de margem inteira e
consistência coriácea. Flores solitárias, axilares ou terminais, actinomorfas, monoclinas,
pediceladas. Cálice aparentemente dialissépalo, tubuloso, anguloso em toda a sua extensão,
pentagonal em secção transversal, plicado na exsicata; lacínias lanceoladas ou ovaladas.
Corola amarelada, amarelo-esverdeada ou branco-esverdeada, infundibuliforme, tubo
cilíndrico curto; limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala,
acuminados e revolutos no ápice. Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos, adnatos
apenas na base do tubo corolino; anteras basifixas, ditecas, deiscência longitudinal;
estaminódios ausentes. Ovário cônico, bilocular, com muitos rudimentos seminais; disco
nectarífero presente, conspícuo; estilete cilíndrico; estigma clavado, decurrente ao longo da
40
porção distal do estilete. Baga ovóide, plurisseminada; cálice persistente, fendido. Sementes
alongadas.
As duas espécies do gênero são nativas no Brasil. Dyssochroma viridiflorum (Sims)
Miers ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo (Hunziker, 2001). Dyssochroma
longipes (Sendtn.) Miers, espécie nativa na flora do Rio Grande do Sul, também ocorre em
São Paulo, Paraná e Santa Catarina. No Estado, foi coletada nos municípios de Arroio do Sal,
Capão da Canoa, Morrinhos do Sul, Torres e Três Cachoeiras (região fisiográfica do Litoral).
Ocorre principalmente como epífita sobre espécies de Ficus, Myrcia e Luehea, no interior da
Mata Atlântica.
Referências: Hunziker (2001).
Subfamília Solanoideae
Tribo Datureae
É formada por dois gêneros, que compartilham características como flores vistosas,
com corola de prefloração contorcido-conduplicada e lobos com ápice acuminado ou
caudado. É possível diferenciá-los pelo hábito, posição das flores nos ramos, cálice frutífero e
tipo de fruto. No gênero Datura as plantas são herbáceas ou subarbustivas de vida curta e as
flores eretas, o fruto é capsular, espinhoso ou tuberculado, com cálice frutífero circunciso e
reflexo. As espécies do gênero Brugmansia são plantas arbustivas ou arborescentes com flores
pêndulas, os frutos são bagas inermes, providas ou não de remanescentes do cálice florífero.
Os resultados de Olmstead et al. (1999) não alteram a posição taxonômica destes dois
gêneros, que continuam, portanto, subordinados à tribo Datureae (subfamília Solanoideae).
Brugmansia Pers., Syn. Pl. 1: 216. 1805. Espécie-tipo: Brugmansia candida Pers.
Arbustos ou arvoretas, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples e glandulares.
Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada a ovalado-elíptica, de margem
inteira a sinuado-repanda e consistência membranácea. Flores solitárias, extra-axilares,
pêndulas, actinomorfas, monoclinas, pedunculadas. Cálice gamossépalo, tubuloso, não
anguloso, lacínias desiguais, nem sempre conspícuas. Corola branca, branco-amarelada,
amarela ou rosada, infundibuliforme, simples, tubo cilíndrico reto; limbo pentalobado, lobos
inteiros, mais curtos que a porção gamopétala, longo-cuspidados no ápice. Prefloração
contorcido-conduplicada. Estames cinco, homodínamos, adnatos até a porção mediana do
tubo corolino; anteras basifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes.
41
Ovário cônico, bilocular, com muitos rudimentos seminais; disco nectarífero presente, anelar;
estilete cilíndrico, terminal; estigma levemente clavado. Baga elíptica a fusiforme, não
ornamentada, plurisseminada; cálice não acrescente no fruto, mais freqüentemente caduco.
Sementes sub-reniformes.
As seis espécies do gênero são originárias da região andina da América do Sul
(Hunziker, 2001). Atualmente elas podem ser encontradas em diversos países, cultivadas ou
assilvestradas. No Rio Grande do Sul é freqüente a ocorrência de Brugmansia suaveolens
(Willd.) Bercht. et Presl., principalmente em ambientes mais úmidos.
Referências: Plowman (1981); Lorenzi e Souza (1995, 1999, 2001); Kissmann e Groth
(2000); Hunziker (2001).
Datura L., Sp. Pl. 1: 179. 1753. Espécie-tipo: Datura stramonium L.
Ervas anuais ou subarbustos de vida curta, inermes; ramos glabros ou com tricomas
simples e glandulares. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada ou
ovalado-lanceolada, de margem inteira a sinuado-dentada e consistência membranácea. Flores
solitárias, axilares na bifurcação dos ramos, eretas, actinomorfas, monoclinas, curto-
pedunculadas. Cálice gamossépalo, tubuloso, anguloso, lacínias conspícuas. Corola branca ou
vinosa, infundibuliforme, às vezes duplicada, tubo cilíndrico reto; limbo pentalobado, lobos
inteiros, mais curtos que a porção gamopétala, cuspidados no ápice. Prefloração contorcido-
conduplicada. Estames cinco, homodínamos, adnatos apenas na base do tubo corolino; anteras
basifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário cônico, tetralocular
pela formação de um falso septo, com muitos rudimentos seminais; disco nectarífero presente,
invaginante; estilete cilíndrico, invaginante; estigma bilobado. Cápsula ovóide, elíptica ou
globosa, geralmente ornamentada com projeções espinescentes ou tuberculadas, de deiscência
septífraga, plurisseminada; cálice persistente, circunciso, anelar e reflexo no fruto. Sementes
reniformes a sub-reniformes.
As onze espécies do gênero são originárias do sudoeste dos Estados Unidos e do
México. No Brasil são encontradas algumas espécies introduzidas, cultivadas ou
assilvestradas. No Rio Grande do Sul existem registros da presença de D. ferox L., Datura
metel L. e D. stramonium L.
Referências: Avery et al. (1959); Kissmann e Groth (2000); Hunziker (2001).
42
Tribo Jaboroseae
Esta tribo é formada por três gêneros, dos quais apenas Salpichroa conta com um
representante no Estado. A tribo se caracteriza por apresentar flores actinomorfas, com cinco
estames, cujos filetes são inclinados em direção ao eixo da flor. Segundo Barboza e Hunziker
(1987) e Hunziker (2001), duas espécies de Jaborosa também ocorrem no Brasil, mas o
material citado não é claro quanto às localidades de coleta. As duas espécies mencionadas,
Jaborosa integrifolia Lam. e J. runcinata Lam., ocorrem, segundo Hunziker (2001), nas
bacias dos rios Paraná e Uruguai. Na revisão dos herbários do Rio Grande do Sul não foi
encontrado nenhum material correspondente a este gênero. Algumas alterações são propostas
por Olmstead et al. (1999), que transferem o gênero Salpichroa para a subtribo Salpichroinae,
da tribo Physaleae, enquanto que o gênero Jaborosa permancece na tribo Jaboroseae.
Salpichroa Miers, London J. Bot. 4: 321. 1845. Espécie-tipo: Salpichroa glandulosa
(Hook.) Miers
Subarbustos rizomatosos, prostrados ou apoiantes, inermes; ramos estriados,
herbáceos, glabros ou com tricomas simples. Folhas simples, em regra geminadas, helicoidais,
pecioladas; lâmina foliar ovalada, de margem inteira e consistência membranácea.
Inflorescências unifloras, raro bifloras, pêndulas, sésseis, axilares. Flores actinomorfas,
monoclinas, pediceladas. Cálice campanulado; lacínias estreitas, fendidas até quase a base.
Corola branca, urceolada, pentalobada, lobos inteiros, muito mais curtos que a porção
gamopétala, porção distal reflexa. Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos, adnatos
até o terço superior da corola; anteras coniventes, dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal;
estaminódios ausentes. Ovário cônico, bilocular, com poucos rudimentos seminais; disco
nectarífero presente, vermelho, conspícuo; estilete terminal; estigma discóide. Baga ovóide;
cálice frutífero persistente, não-acrescente. Sementes reniformes, comprimidas, cobertas de
tricomas.
O gênero está representado por quinze espécies, originárias principalmente da região
andina da América do Sul (Hunziker, 2001). A espécie presente no Estado, Salpichroa
origanifolia (Lam.) Baill., é uma exceção, já que sua distribuição foge ao padrão do gênero,
ocorrendo na Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e no sul do Brasil (Santa Catarina e Rio
Grande do Sul).
Referências: Guaranha (1985); Hunziker (2001); Souza e Lorenzi (2005).
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Tribo Lycieae
Esta tribo é formada por três gêneros, Grabowskia Schltdl., Lycium L. e Phrodus
Miers. Apenas Grabowskia conta com um representante no Estado. O gênero Lycium L., está
representado no Brasil por duas ou três espécies (Bernardello, 1986). Uma delas, Lycium
glomeratum Sendtn., tem como material tipo uma coleta de Sellow, onde consta “In Brasilia
meridionali ad fluvium Rio Negro, leg. Sellow (K, W, foto Field 2470)”. O Rio Negro nasce
no Rio Grande do Sul, no município de Bagé e cruza o Uruguai, de nordeste a sudoeste. A
ocorrência desta espécie no Estado não pôde ser confirmada por novas coletas e é possível
que o local exato da coleta de Sellow tenha sido mais ao sul, já no Uruguai. O gênero Phrodus
é monotípico e sua única espécie, P. microphyllus (Miers) Miers, constitui um endemismo
chileno. A proposta de Olmstead. et al. (1999) não modificada a tribo Lycieae .
Grabowskia Schltdl., Linnaea 7: 71. 1832. Espécie-tipo: Grabowskia boerhaviifolia
(L.f.) Schltdl.
Arbustos armados; ramos glabros ou com tricomas simples. Folhas simples,
helicoidais e pseudoverticiladas, pecioladas; lâmina foliar obovalada, de margem inteira e
consistência subcoriácea. Inflorescências fasciculadas, plurifloras, sobre braquiblastos curtos,
axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice cupuliforme, lacínias
triangulares, cada lacínia com uma projeção sepalóide voltada para o centro da flor. Corola
branco-amarelada ou branco-esverdeada, infundibuliforme, pentalobada, lobos inteiros, mais
curtos que a porção gamopétala. Porção interna do tubo coberta de tricomas evidentes.
Prefloração imbricada. Estames cinco, homodínamos, adnatos apenas na base do tubo da
corola; filetes cobertos de tricomas simples na metade inferior; anteras dorsifixas, ditecas,
deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide, bilocular, tetralocular na
porção apical, rudimentos seminais pouco numerosos; disco nectarífero presente,
proeminente; estilete levemente obsubulado; estigma discóide. Baga drupácea, globosa, cálice
frutífero não-acrescente. Sementes alongadas.
Gênero com um número estimado de quatro espécies, concentradas na Argentina e
territórios adjacentes. Grabowskia boerhaviifolia (L.f.) Schltdl. é a única espécie com uma
distribuição ampla, desde o México até a Argentina, porém nunca coletada no Brasil. No Rio
Grande do Sul foi encontrada apenas uma coleta de G. duplicata Arn., datada do final da
primeira metade do século XX, não existindo outras mais recentes nos herbários revisados. Os
dados da etiqueta indicam que a planta foi coletada em “bosque ribeirinho do Rio Uruguay,
Alto Uruguay, R.G.Sul” em 1942, por Irmão Augusto.
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Referências: Hunziker (1997 e 2001).
Tribo Nicandreae
Nicandra é o único gênero desta tribo monotípica. Apresenta como principais
características cálice com sépalas sagitadas na base, filetes geniculados e gineceu tri, tetra ou
pentalocular. Um caráter raro na família e presente na única espécie é um entre-nó visível
entre o cálice e a corola. Nenhuma mudança é proposta pela sistemática molecular em relação
á posição deste gênero. No trabalho de Olmstead et al. (1999), cogita-se a inclusão do gênero
Exodeconus (tribo Solaneae, subtribo Whiteringinae, segundo Hunziker, 2001) nesta tribo.
Nicandra Adans., Fam. Plant. 2: 219. 1763. Espécie-tipo: Nicandra physalodes (L.)
Gaertn.
Subarbustos, inermes; ramos fistulosos, angulosos, glabrescentes ou com tricomas
simples ou glandulares. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica a oval,
de margem sinuosa a denteada e consistência membranácea. Inflorescências unifloras,
axilares ou extra-axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice campanulado,
anguloso, lacínias auriculadas e sagitadas na base, conspícuas; entre-nó entre o cálice e a
corola evidente. Corola branca a lilás, campanulada; limbo pentalobado, lobos inteiros, muito
mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração imbricado-plicada. Estames cinco,
homodínamos, adnatos apenas na base do tubo da corola; filetes geniculados na base, anteras
basifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário cônico-ovóide, tri,
tetra ou pentalocular, plurisseminado; disco nectarífero presente, hipógino, conspícuo; estilete
cilíndrico; estigma tri a pentalobado. Baga globosa, ereta, plurisseminada, envolta pelo cálice
frutífero inflado. Sementes subdiscóides.
Gênero monotípico, cuja espécie, Nicandra physalodes (L.) Gaertn., é originária da
região andina da América do Sul, sendo atualmente cultivada em diferentes países. Ocorre no
Rio Grande do Sul como ruderal ou cultivada pela beleza de suas flores.
Referências: Kissmann e Groth (2000); Hunziker (2001).
Tribo Solandreae
Solandra é o único gênero desta tribo monotípica, formada por plantas lenhosas de
hábito arbustivo ou epifítico. O ovário é aprofundado no receptáculo e tetralocular. O gênero
tem aproximadamente dez espécies e está representado por uma única espécie no Estado.
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Solandra Swartz, Kongl. Vetensk. Acad. Nya Handl. 8: 302, tab. XI. 1787. Espécie-
tipo: Solandra grandiflora Sw.
Epífitas lenhosas, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples. Folhas simples,
helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica ou ovalada, de margem inteira e consistência
membranácea ou subcoriácea. Flores solitárias, terminais, zigomorfas, monoclinas,
pediceladas. Cálice tubuloso, cilíndrico na metade basal e anguloso na metade apical, sem
dobras evidentes na exsicata, lacínias conspícuas. Corola branco-esverdeada, amarelo-
esverdeada ou amarela na maturação, amarelada quando fenecida, sempre com estrias vinosas
longitudinais e internas, ciatiforme, tubo cilíndrico na porção basal e expandido na porção
apical; limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala, arredondados
ou ondulados no ápice, revolutos. Prefloração imbricada. Estames cinco, homodínamos,
adnatos até a porção mediana do tubo da corola, em seu ponto de expansão; anteras
elipsóides, basifixas, ditecas, de deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário
cônico, tetralocular, com muitos rudimentos seminais; disco nectarífero presente, conspícuo;
estilete cilíndrico; estigma discóide-capitado. Baga cônica, plurisseminada; cálice persistente,
fendido. Sementes comprimidas, discóides.
Este gênero possui cerca de dez espécies, desde o México (provável centro de
diversidade), ilhas do Caribe, Peru, Bolívia até o Brasil (Hunziker, 2001). Três destas
espécies, Solandra grandiflora Sw., S. longiflora Tussac e S. maxima (Sessé et Mociño) P.S.
Green são cultivadas como ornamentais. Solandra grandiflora, a espécie do gênero com a
distribuição mais austral, ocorre em estado nativo no Rio Grande do Sul, na forma epifítica.
Os exemplares disponíveis foram coletados em Dom Pedro de Alcântara e Torres (região
fisiográfica do Litoral).
Referências: Bernardello e Hunziker (1987); Hunziker (2001); Souza e Lorenzi
(2005).
Tribo Solaneae
Esta é a maior e melhor estudada tribo da subfamília. Abrange um número estimado
de 1531 espécies, organizadas em cinco subtribos, com 32 gêneros, segundo Hunziker (2001),
ou 30, devido à inclusão de Cyphomandra e Lycopersicon em Solanum (Bohs, 1995; Spooner
et al., 1993, respectivamente). No Rio Grande do Sul ocorrem oito gêneros, pertencentes a
quatro subtribos. Os resultados obtidos por Olmstead et al. (1999), baseados na biologia
molecular, são discutidos em cada subtribo.
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Subtribo Capsicinae
Compreende nove gêneros, com similaridades morfológicas observadas
principalmente nas inflorescências, androceu e gineceu. A característica marcante é a
presença de filetes glabros, com um par de apêndices na base de cada um, formando em
conjunto uma estrutura proeminente na base da corola, visível principalmente no material
fresco. Além disso, as flores estão arranjadas em fascículos paucifloros, sésseis, ou sobre
braquiblastos curtos e, não raro, observa-se heterostilia em flores de um mesmo indivíduo. No
Rio Grande do Sul ocorrem quatro gêneros, Aureliana, Athenaea, Capsicum e Vassobia.
Vassobia difere dos demais gêneros por apresentar espinhos caulinares, corola creme, lilás ou
roxa, sem máculas na base das pétalas. As espécies dos demais gêneros são inermes e a corola
é branca, com máculas na base das pétalas. Aureliana e Athenaea apresentam lobos da corola
alongados, mais compridos que a porção gamopétala e lacínias do cálice deltóides. Diferem
entre si pela coloração das máculas da corola, verdes em Aureliana e vinosas em Athenaea,
pelo cálice florífero, nitidamente gamossépalo em Aureliana e praticamente dialissépalo em
Athenaea, e pelo cálice frutífero, efêmero ou persistente em Aureliana e acrescente em
Athenaea. Capsicum difere de ambos por ter corola com lobos deltóides, iguais ou mais curtos
que a porção gamopétala, e um cálice com borda truncada ou com cinco apêndices filiformes.
A sistemática molecular propõe um novo arranjo para estes gêneros. As relações filogenéticas
de Capsicum e Lycianthes são demonstradas pelos cladogramas de Olmstead et al. (1999),
que os subordinam à tribo Capsiceae (subfamília Solanoideae). Estes autores arranjam os
outros três gêneros em duas diferentes subtribos da complexa e diversa tribo Physaleae
(subfamília Solanoideae). Aureliana e Athenaea, ao lado de outros oito gêneros, são dispostos
na subtribo Whitaninae. O gênero Vassobia é agrupado com Acnistus e outros três gêneros na
subtribo Iochrominae.
Athenaea Sendtn. in Mart., Fl. Bras. 10 (6): 133. 1846. Espécie-tipo: Athenaea picta
(Mart.) Sendtn.
Arbustos inermes; ramos com tricomas simples e glandulares. Folhas simples,
helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica ou ovalada, de margem inteira e consistência
membranácea. Inflorescências fasciculadas, plurif
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evidentes; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário
ovóide, bilocular, com rudimentos seminais numerosos; disco nectarífero presente, conspícuo;
estilete levemente obsubulado; estigma subgloboso. Baga ovóide; cálice frutífero fortemente
acrescente, envolvendo o fruto. Sementes discóides.
As sete espécies conhecidas deste gênero são encontradas no sul e sudeste do Brasil
(Barboza e Hunziker, 1989). Athenaea picta (Mart.) Sendtn., reconhecidamente a espécie com
as maiores flores e com a mais ampla distribuição do gênero, está presente na flora nativa sul-
riograndense. Há dois registros desta espécie, um deles oriundo de Marcelino Ramos (região
fisiográfica do Alto Uruguai) e outro de Barracão (região fisiográfica dos Campos de Cima da
Serra).
Referências: Barboza e Hunziker (1989); Hunziker (2001); Souza e Lorenzi (2005).
Aureliana Sendtn. in Mart., Fl. Bras. 10 (6): 138. 1846. Espécie-tipo: Aureliana
velutina Sendtn.
Arbustos ou arvoretas, inermes; ramos com tricomas simples e glandulares. Folhas
simples, helicoidais, pecioladas ou subsésseis; lâmina foliar lanceolada, oblanceolada ou
elíptica, de margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, uni ou
plurifloras, sésseis, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice
campanulado, lacínias deltóides, medianamente fendidas. Corola branca, com máculas basais
verdes, rotada, pentalobada, lobos inteiros, mais compridos que a porção gamopétala.
Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos, adnatos apenas na base da corola; par de
apêndices laterais na base de cada filete bem evidentes; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência
longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide, bilocular, com inúmeros rudimentos
seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete levemente obsubulado; estigma
subgloboso. Baga globosa ou ovóide; cálice frutífero persistente, não-acrescente. Sementes
discóides.
Gênero representado por cinco espécies, com distribuição no Brasil, desde a Bahia ao
Rio Grande do Sul, além de Bolívia, Paraguai e nordeste da Argentina. No Rio Grande do Sul
ocorrem duas espécies nativas, Aureliana fasciculata var. tomentella (Sendtn.) Barboza e
Hunz. e Aureliana wettsteiniana (Witasek) Hunz. e Barboza.
Referências: Hunziker e Barboza (1990); Hunziker (2001); Souza e Lorenzi (2005).
48
Capsicum L., Sp. Pl. 1: 188-189. 1753. Espécie-tipo: Capsicum annuum L.
Subarbustos ou arbustos, inermes; ramos glabros ou glabrescentes, com tricomas
simples. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada, lanceolada ou elíptica,
de margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, uni ou
plurifloras, sésseis, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice
campanulado, de borda truncada, com ou sem cinco apêndices subapicais filiformes,
resultantes do prolongamento das nervuras das sépalas. Corola branca, com ou sem máculas
esverdeadas, rotada, pentalobada, lobos inteiros, iguais ou mais curtos que a porção
gamopétala. Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos, adnatos a porção basal da
corola; par de apêndices laterais na base de cada filete bem evidentes; anteras dorsifixas,
ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário elipsóide ou globoso,
bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero presente, evidente; estilete
levemente obsubulado; estigma capitado. Baga globosa ou ovóide; cálice frutífero persistente,
não-acrescente. Sementes discóides.
Gênero cuja distribuição abrange a região sul do México até a Argentina. Apresenta
cerca de vinte espécies e cinco variedades (Hunziker, 2001). Dois táxons nativos são
encontrados no Estado, C. baccatum L. var. baccatum e C. flexuosum Sendtn. Outros quatro
táxons, C. annuum L. var. annuum, C. annuum var. frutescens (L.) Kuntze, C. annuum var.
glabriusculum (Dunal) D’Arcy e C. chinense Jacq., são amplamente cultivados no mundo e,
embora sem registros de herbários, espera-se que também ocorram no Estado.
Referências: Hunziker (1950, 1969, 1971, 1998, 2001); Eshbaugh (1968, 1970, 1980);
Bianchetti (1996).
Vassobia Rusby, Bull. New York Bot. Gard. 4: 422. 1907. Espécie-tipo: Vassobia
dichotoma (Rusby) Bitter
Arbustos ou árvores, armados; ramos glabros ou com tricomas simples. Folhas
simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada ou elíptica, de margem inteira ou
levemente irregular e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, plurifloras,
sésseis ou sobre braquiblastos curtos, axilares ou terminais. Flores actinomorfas, monoclinas,
pediceladas. Cálice campanulado, lacínias progressivamente irregulares com o
desenvolvimento. Corola branca a rosada ou violácea, rotado-campanulada, pentalobada,
lobos inteiros, iguais ou mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração valvar. Estames
cinco, homodínamos, adnatos apenas na porção basal da corola; par de apêndices laterais na
base de cada filete bem evidentes; anteras basifixas, ditecas, deiscência longitudinal;
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estaminódios ausentes. Ovário ovóide, levemente piriforme, bilocular, tetralocular na porção
basal, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero presente, proeminente; estilete
cilíndrico, reto; estigma levemente bilobado. Baga globosa, cálice frutífero não acrescente.
Sementes discóides.
Gênero com duas espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais da América
do Sul. Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz., a espécie com a distribuição mais ampla, está
presente na flora nativa do Rio Grande do Sul, sendo mais comumente encontrada em
ambientes antropizados.
Referências: Hunziker (1977, 1984, 2001).
Subtribo Physalinae
Esta subtribo é formada por quatro gêneros, dos quais apenas o gênero Physalis tem
espécies no Brasil. Os demais gêneros ocorrem da América do Norte até o extremo norte da
América do Sul. A característica dominante no grupo é o cálice frutífero acrescente e quase
sempre inflado, envolvendo o fruto. O caráter cálice frutífero acrescente e inflado também é
observado na tribo Nicandreae. No entanto, nos representantes da subtribo Physalinae, as
sépalas não são sagitadas na base como em Nicandra (tribo Nicandreae). Além disto, este
último gênero se caracteriza pelo gineceu tetra ou pentacarpelar, enquanto que os
representantes da subtribo Physalinae têm gineceu bicarpelar. A biologia molecular sugere
modificações na organização dos gêneros desta subtribo. Olmstead et al. (1999) propuseram
uma tribo distinta, Physaleae, onde estão organizadas quatro subtribos. Em uma delas,
Physalinae, está o gênero Physalis e outros sete gêneros.
Physalis L., Sp. Pl. 1: 182-184. 1753. Espécie-tipo: Physalis alkekengi L.
Ervas anuais ou perenes, ramificadas, inermes; plantas pubescentes a glabrescentes,
com tricomas simples, glandulares ou dendríticos. Folhas simples, helicoidais, pecioladas,
freqüentemente geminadas; lâmina foliar elíptica, oval ou deltóide, de margem inteira ou
denteada e consistência membranácea. Inflorescências unifloras, sésseis, axilares. Flores
actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice campanulado, anguloso ou não, com as
nervuras principais evidentes; lacínias conspícuas, não auriculadas e nem sagitadas na base.
Corola amarela ou branca, com ou sem máculas vinosas ou esverdeadas, campanulado-rotada;
limbo pentalobado, lobos inteiros, muito mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração
contorto-plicada. Estames cinco, homodínamos, inseridos na base do tubo corolino;
estaminódios ausentes; filetes retos; anteras amarelas ou azuis, basifixas, ditecas, deiscência
50
longitudinal. Ovário cônico-ovóide, bilocular, plurisseminado; disco nectarífero presente,
conspícuo; estilete cilíndrico; estigma capitado ou clavado. Baga globosa, plurisseminada,
pêndula, envolta pelo cálice frutífero inflado. Sementes reniformes.
O gênero Physalis tem seu centro de diversidade no México, onde dois terços das
cerca de doze espécies são endêmicas. No Rio Grande do Sul ocorrem três espécies, Physalis
angulata L., P. pubescens L. e Physalis viscosa L, as duas primeiras mais freqüentemente em
ambientes antropizados.
Referências: Kissmann e Groth (2000); Hunziker (2001); Soares et al. (2005).
Subtribo Solaninae
Metade das cerca de 2300 espécies conhecidas da família Solanaceae pertence a esta
subtribo, que, segundo Hunziker (2001), agrupa seis gêneros: Solanum L., Cyphomandra
Sendtn., Lycopersicon Miller, Lycianthes (Dunal) Hassl., Triguera Cav. e Normania Lowe.
No entanto, estudos baseados em biologia molecular, indicam que as espécies de
Cyphomandra e Lycopersicon fazem parte de Solanum (Bohs, 1995; Spooner et al., 1993,
respectivamente), assim como Normania Lowe e Triguera Cav. (Bohs e Olmstead, 2001).
Portanto esta subtribo atualmente conta com apenas dois gêneros, Solanum L. e Lycianthes
(Dunal) Hassl. Estes são gêneros presentes no Rio Grande do Sul, sendo que o primeiro tem
cálice com cinco lacínias, enquanto que no segundo o cálice apresenta dez apêndices
subapicais. Ambos compartilham filetes dos estames soldados na base em um anel aderido à
porção basal do tubo da corola e a ausência de nectário junto ao gineceu. Uma outra proposta
(Olmstead et al., 1999) altera a circunscrição desta subtribo, retirando Lycianthes,
transferindo-o para junto de Capsicum, na tribo Capsiceae.
Lycianthes (Dunal) Hassl., Annuaire Conserv. Jard. Bot. Genève 20: 180. 1917.
Espécie-tipo: Lycianthes lycioides (L.) Hassl.
Arbustos apoiantes, inermes; ramos tri ou tetra angulosos, cobertos de tricomas
simples e dendríticos. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada, de
margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, plurifloras, sésseis
ou curto-pedunculadas, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice
cupuliforme, com dez apêndices subapicais, resultantes do prolongamento das nervuras.
Corola violácea, rotada, pentalobada, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala.
Prefloração valvar. Estames cinco, heterodínamos, de duas alturas diferentes, adnatos apenas
na porção basal da corola; par de apêndices laterais na base de cada filete bem evidentes;
51
anteras basifixas, ditecas, deiscência poricida; estaminódios ausentes. Ovário levemente
ovóide, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero ausente; estilete
cilíndrico; obsubulado, curvo na porção distal, estigma discóide. Baga globosa; cálice
frutífero persistente, não acrescente. Sementes discóides.
Gênero com 150 a 200 espécies, que habitam diferentes regiões do mundo.
Aproximadamente metade das espécies ocorre na América do Sul, enquanto as demais se
distribuem igualmente entre a América Central e a Ásia (Hunziker, 2001). Uma espécie do
gênero, Lycianthes rantonnei (Carrière) Bitter é elemento nativo na flora sul-riograndense,
ocorrendo apenas no Parque Estadual do Turvo (região fisiográfica do Alto Uruguai).
Referências: Barboza e Hunziker (1992); Hunziker (2001).
Solanum L., Sp. Pl. 1: 184. 1753. Espécie-tipo: Solanum nigrum L.
Árvores, arbustos ou ervas, prostradas ou eretas, às vezes escandentes ou epífitas ou
ainda macrófitas aquáticas; plantas inermes ou armadas; ramos glabros ou cobertos de
tricomas simples, dendríticos, estrelados, peltados, paleáceos ou glandulares. Folhas simples,
helicoidais ou dísticas, sésseis ou pecioladas, solitárias ou geminadas, então de tamanhos
desiguais; lâmina foliar inteira ou pinatissecta, parecendo composta, lanceolada, elíptica,
ovalada, obovada, cordada ou de outras formas, de margem inteira, sinuosa, lobada ou
dentada, e de consistência geralmente membranácea. Inflorescências cimosas, plurifloras,
sésseis ou pedunculadas, pseudoterminais, axilares ou extra-axilares ou ainda opostas às
folhas. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas; pedicelos articulados ou não. Cálice
campanulado, pentalobado, raro com borda aparentemente truncada. Corola branca, azul,
violácea ou raramente amarela, rotada ou estrelado-rotada, com um tubo extremamente curto
ou campanulada, pentalobada, lobos mais curtos ou mais longos que a porção gamopétala, às
vezes com abundante tecido interpetalar. Prefloração valvar. Estames cinco, isodínamos ou
heterodínamos, então de duas alturas diferentes; filetes adnatos próximo à porção basal da
corola e entre si na base, formando um anel. Anteras ditecas, oblongas e curtas ou estreitadas
na porção apical e longas, livres entre si, coniventes ou raramente conatas através de tricomas
existentes na face adaxial, formando um tubo; deiscência poricida, tardiamente lateral ou
longitudinal; quando anteras conatas, a liberação dos grãos de pólen ocorre por um único poro
apical; conetivo evidente ou não; estaminódios ausentes. Ovário globoso ou ovóide, bilocular,
com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero ausente; estilete cilíndrico; estigma em
regra pouco evidente, estreito e cilíndrico, ou evidente, então capitado, clavado ou dilatado.
52
Baga globosa, elipsóide, ovóide-apiculada ou fusiforme; cálice frutífero persistente,
geralmente não acrescente. Sementes elipsóides, orbiculares ou subreniformes, aladas ou não.
Este é o mais rico gênero da família, com um número estimado de espécies entre 1250
e 2000 (Nee, 1999; Knapp, 2002, respectivamente), que ocorrem em todos os continentes,
sendo que o maior número ocorre no continente americano (cerca de 950, segundo Nee,
1999). Devido ao grande número de espécies, existem diferentes propostas de organização
infragenérica. Nee (1999) sugere a divisão do gênero em três subgêneros, Bassovia, Solanum
e Leptostemonum. O subgênero Bassovia está representado no Rio Grande do Sul por duas
seções, Pachyphylla e Cyphomandropsis. A primeira delas abrange três espécies nativas e
uma introduzida que estavam circunscritas a Cyphomandra (Soares, 2006) e a segunda agrupa
quatro espécies inermes e com anteras atenuadas na porção distal (Mentz, 1998). O subgênero
Solanum, representado no Estado por 34 espécies nativas e cinco introduzidas, caracteriza-se
por apresentar plantas inermes e com anteras oblongas ou raramente estreitadas na porção
apical (Solanum lycopersicum L., introduzida) e o subgênero Leptostemonum, representado
por 19 espécies nativas e quatro introduzidas, é caracterizado por espécies armadas e com
anteras estreitadas na porção distal (Mentz, 1998). Diferentes autores discutem a posição das
espécies de Lycopersicon Mill. (por exemplo, Spooner et al., 1993; Nee, 1999; Hunziker,
2001), sendo que os dados moleculares sugerem sua inserção em Solanum (Spooner et al.,
1993). Segundo Nee (1999), o cone formado pelas anteras nas espécies antes consideradas em
Lycopersicon, com um único poro apical, parece mimetizar cada poro das anteras em Solanum
subgênero Leptostemonum, onde estão agrupadas espécies cujas flores também apresentam
anteras atenuadas no ápice. No entanto, as demais características as colocam no subgênero
Solanum (Nee, 1999), seção Petota.
Referências: Bohs (1994, 1995, 2001); Mentz (1998); Hunziker (2001); Knapp (2002);
Mentz e Oliveira (2004).
Subtribo Witheringinae
Compreende nove gêneros, dos quais apenas Acnistus Schott ocorre no Estado.
Acnistus é um gênero monotípico, que segundo Olmstead et al. (1999) deve ser agrupado com
Vassobia e mais três gêneros sul-americanos, na subtribo Iochrominae, da tribo Physaleae.
53
Acnistus Schott, Wiener Z. Kunst, 143: 1180. 1829. Espécie-tipo: Acnistus
arborescens (L.) Schltdl.
Arbustos ou arvoretas, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples. Folhas
simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica, de margem inteira e consistência
membranácea. Inflorescências fasciculado-glomeruliformes, sésseis ou curto-pedunculadas,
plurifloras ou raramente unifloras, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas.
Cálice campanulado, lacínias deltóides com ápice obtuso, pouco evidentes. Corola branco-
esverdeada ou creme, infundibuliforme, pentalobada, lobos inteiros, mais curtos que a porção
gamopétala. Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos, adnatos até a metade da
corola; anteras oblongas, dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes.
Ovário ovóide, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero presente,
conspícuo; estilete obsubulado; estigma discóide-capitado. Baga globosa; cálice frutífero não
acrescente. Sementes subreniformes.
A espécie-tipo deste gênero, Acnistus arborescens (L.) Schltdl., distribui-se desde o
sul do México, alcançando o sul do Brasil (Hunziker, 2001). No Rio Grande do Sul há poucos
registros de sua ocorrência: Porto Alegre e Guaíba (região fisiográfica da Depressão Central),
São Leopoldo (região fisiográfica da Encosta Inferior do Nordeste) e Tapes (região
fisiográfica da Encosta do Sudeste). Os exemplares coletados em Porto Alegre e São
Leopoldo ocorrem em ambiente urbano e, por isso, aparentemente são cultivados.
Referências: Guaranha (1984); Hunziker (1982, 2001); Souza e Lorenzi (2005).
CONCLUSÕES
A família Solanaceae está representada no Rio Grande do Sul por três subfamílias,
doze tribos e 27 gêneros. Destes, 22 apresentam espécies nativas, dois são representados por
espécies exclusivamente cultivadas, e três têm espécies assilvestradas ou esporadicamente
também cultivadas. Dos 22 gêneros representados por espécies nativas, cinco também contam
com uma ou mais espécies introduzidas, cultivadas por seu valor alimentício ou ornamental
(Brunfelsia, Capsicum, Cestrum, Nicotiana e Solanum). O número total de espécies é de 140,
sendo que 114 são nativas e cerca de 26 são introduzidas (ruderais ou cultivadas). Os gêneros
de Solanaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul podem ser distinguidos combinando
caracteres vegetativos e reprodutivos. A diversidade de espécies comprova a supremacia de
Solanum, visto que, cerca da metade das espécies nativas pertencem a este gênero, enquanto
as demais correspondem à soma dos representantes dos outros gêneros. Os gêneros Athenaea,
54
Dyssochroma, Grabowskia, Lycianthes, Melananthus, Schwenckia, Sessea e Solandra estão
representados por espécies raramente coletadas.
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60
61
Capítulo 2
O gênero Brunfelsia L. (Solanaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil
Edson Luís de Carvalho Soares
Lilian Auler Mentz
RESUMO – O gênero Brunfelsia L. (Solanaceae) pertence a uma tribo monotípica,
Francisceae, da subfamília Cestroideae. Apresenta caracteres peculiares e constantes que
permitem diferenciá-lo facilmente de outros gêneros da família, mas que dificultam a
identificação de suas espécies. Este trabalho teve por objetivo investigar a existência de
espécies nativas do gênero Brunfelsia na flora do Rio Grande do Sul e desenvolver meios para
identificá-las. Foram encontradas três espécies nativas no Estado, B. australis Benth., B.
cuneifolia J.A. Schmidt e B. pilosa Plowman, e outras duas, B. uniflora (Pohl) D.Don e B.
pauciflora (Cham. et Schltdl.) Benth., introduzidas através do cultivo. Para cada espécie
nativa são elaboradas descrições, ilustrações e mapas de ocorrência, bem como considerações
sobre hábitat e fenologia.
Palavras-chave: Solanaceae, Brunfelsia, flora, Rio Grande do Sul.
ABSTRACT – (The genus Brunfelsia L. (Solanaceae) in Rio Grande do Sul, Brazil). The
Brunfelsia L. (Solanaceae) genus is represented by three native species in the flora of Rio
Grande do Sul, Brazil, B. australis Benth., B. cuneifolia J.A. Schmidt and B. pilosa Plowman.
Two other species, B. uniflora (Pohl) D.Don and B. pauciflora (Cham. et Schltdl.) Benth. are
also found, as cultivated. The genus belongs to the monotypic tribe Francisceae of the
Cestroideae subfamily and its morphological characters are distinct. An analytical key is
presented, aiming to identify the cited species. For the native species, we present descriptions,
illustrations and occurrence maps, and also habitat and phenologic information.
Key words: Solanaceae, Brunfelsia, flora, Rio Grande do Sul.
INTRODUÇÃO
O gênero Brunfelsia L. compreende as espécies conhecidas popularmente por manacá,
manacá-açu, manacá-da-serra (Pio Corrêa, 1974; Backes e Nardino, 2003), manacá-de-cheiro
ou primavera (Longhi, 1995). Manacá ou manacán é um termo da língua Tupi, que faz alusão
à menina mais bela da tribo e que foi aplicado pelos indígenas às espécies de Brunfelsia,
62
referindo-se a elas como as mais belas flores da floresta (Plowman, 1977). As espécies deste
gênero, nativas ou introduzidas, são apreciadas pelo seu aspecto ornamental e constam em
catálogos de jardinagem (Lorenzi e Souza, 1995, 1999 e 2001). Ao florescerem, exibem o
efeito inconfundível da variação cromática de suas flores, que vai do violáceo ao branco no
mesmo indivíduo, contrastando com o verde de sua folhagem. Esta é a coloração floral
própria das espécies que pertencem a uma das três seções do gênero, a seção Franciscea. O
aroma das flores, embora pouco pronunciado ou ausente nas espécies silvestres, é exalado
com maior vigor ao anoitecer. O uso destas plantas, porém, não está associado apenas ao seu
potencial ornamental. Além de antiga, é vasta a aplicação de espécies deste gênero na
etnomedicina dos povos americanos, especialmente da região Amazônica. De acordo com
Schultes (1979), há registros do uso de espécies de Brunfelsia como antidiarréico (B.
americana L.), anti-reumático (B. chiricaspi Plowman, B. uniflora (Pohl) D.Don e B.
guianenses Benth.), anti-sifilítico (B. guianenses e B. uniflora), depurativo (B. guianenses),
diurético (B. uniflora), emético (B. uniflora), vermífugo (B. mire Monach.), purgativo (B.
uniflora), entre outros. Brunfelsia uniflora também consta da primeira edição da Farmacopéia
Brasileira (FBRAS, 1929).
O gênero Brunfelsia foi monografado por Timothy Plowman, um botânico americano
que enfocou a etnobotânica e a sistemática destas plantas em sua tese de doutorado. A morte
precoce de Plowman, em 1989 aos 44 anos, no entanto, impediu-o de ver sua obra publicada.
Sandra Knapp, consciente da relevância do trabalho de Plowman, compilou os dados de sua
tese e de outros manuscritos do autor e publicou postumamente a revisão do gênero
Brunfelsia (Plowman, 1998).
Além da revisão do gênero, abordagens florísticas (Augusto e Edésio, 1943; Augusto,
1946; Rambo, 1961; Angely 1965, 1970; Smith e Downs, 1966; Cabrera, 1983; Gentry e
D’Arcy, 1986; Nee; 1993; Barbará e Carvalho, 1996; Carvalho, 1997; Aguiar et al., 1998;
Romanutti e Hunziker, 2001) ou taxonômicas (Monachino, 1953; Plowman 1979, 1981;
Hunziker e Subils, 1986) forneceram informações que complementam ou corroboram a
distribuição, a variação morfológica e a circunscrição do gênero.
Em sua revisão, Plowman (1998) subordinou Brunfelsia à tribo Salpiglossideae e
ressaltou as similaridades desta tribo, tais como zigomorfia e a prefloração imbricada da
corola, androceu tetrâmero e fruto capsular, com representantes de Scrophulariaceae. Schmidt
(1862), na Flora Brasiliensis
de Martius, incluiu a tribo Salpiglossideae em Scrophulariaceae,
na qual foram subordinados os gêneros Brunfelsia, Browallia e Schwenckia. Um histórico
completo sobre a trajetória taxonômica de Brunfelsia é descrito por Plowman (1998). A
63
maioria dos autores, no entanto, não teve dúvidas quanto à posição de Brunfelsia na família
Solanaceae. Hunziker (2001) segregou o gênero Brunfelsia a uma tribo monotípica,
Francisceae, da subfamília Cestroideae. As relações genéricas de Brunfelsia, apontadas por
Plowman (1998), são mais estreitas com os gêneros Browallia e Streptosolen. No entanto,
estudos recentes, baseados em biologia molecular, cogitam o desmembramento de
Cestroideae em mais de uma subfamília, dada à fragilidade de suas relações filogenéticas
(Olmstead et al., 1999). Análises filogenéticas, baseadas em dados moleculares, apontaram as
afinidades de Brunfelsia com o gênero Petunia Juss. (Olmstead e Palmer, 1992), sendo que
Olmstead et al. (1999) propuseram a segregação de ambos na subfamília Petunioideae.
O presente estudo visa contribuir para a identificação das espécies de Brunfelsia que
ocorrem no Rio Grande do Sul, através de uma chave analítica contemplando as espécies
nativas e introduzidas, além de descrições e ilustrações dos táxons nativos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas onze viagens de coleta a diferentes regiões do estado e analisadas as
coleções dos herbários HAS, HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB
(cujos acrônimos seguem Holmgren e Holmgren, 2006), além dos herbários HERBARA,
HUCS e HUI (não indexados). As descrições das espécies obedecem à seqüência da
taxonomia tradicional. A terminologia adotada encontra-se em Radford et al. (1974), Font
Quer (1977), Hickey (1974), Mentz et al. (2000) e Stearn (2000). A grafia dos nomes dos
autores de gêneros e espécies está de acordo com Brummitt e Powell (1992) e as regiões
fisiográficas mencionadas de acordo com Fortes (1959). As estampas que ilustram os aspectos
morfológicos foram obtidas através de cópias xerográficas de exsicatas e de fotografias de
espécimes vivos, as quais foram utilizadas como modelo para as ilustrações finais. As
ilustrações dos detalhes foram obtidas com o uso de microscópio estereoscópico e
microscópio óptico, com câmara clara acoplada. Os mapas foram elaborados com o programa
TABWIN 3.2 e o material examinado está citado em ordem alfabética de estados e
municípios. Foram visitadas quatro floriculturas no município de Porto Alegre, visando
identificar as espécies comercializadas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Rio Grande do Sul ocorrem três espécies nativas de Brunfelsia, B. australis Benth.,
B. cuneifolia J.A.Schmidt e B. pilosa Plowman, e outras duas, B. uniflora (Pohl) D.Don e B.
pauciflora (Cham. et Schltdl.) Benth., encontradas sob cultivo.
64
Chave para identificação das espécies de Brunfelsia L. ocorrentes no Rio Grande do Sul.
1. Inflorescências pedunculadas, unifloras; pedúnculos persistentes ...................... *B. uniflora
1'. Inflorescências sésseis, unifloras ou plurifloras.
2. Pedicelos floríferos com comprimento superior a 1 cm ............................... *B. pauciflora
2'. Pedicelos floríferos com comprimento inferior a 1 cm.
3. Cálice florífero campanulado, glabro; frutos envoltos pelo cálice acrescente até próximo
à metade ..............................................................................................................B. australis
3'. Cálice florífero tubuloso, com tricomas simples e/ou glandulares; frutos envoltos pelo
cálice acrescente até próximo ao ápice.
4. Inflorescências com duas a quatro flores, raramente uma; cálice florífero anguloso,
em materiais frescos, pouco inflado, com dobras longitudinais conspícuas (cálice
plicado) entre as sépalas, em materiais herborizados ....................................B. cuneifolia
4’.Inflorescências unifloras, raramente com duas flores; cálice florífero não anguloso,
inflado, sem dobras entre as sépalas, em materiais herborizados ........................ B. pilosa
* espécies encontradas sob cultivo no Estado.
Brunfelsia L., Sp. Pl. 1: 191. 1753. Lectotipo: Brunfelsia americana L.
Arbustos ou arvoretas, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples e/ou
glandulares. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica, oblanceolada ou
obovalada, de margem inteira e consistência membranácea a subcoriácea. Inflorescências
cimosas, uni ou plurifloras, sésseis ou pedunculadas, terminais, raro subterminais. Flores
levemente zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice tubuloso ou campanulado, anguloso
ou não, lacínias conspícuas. Corola violácea, branca na senescência, hipocrateriforme, com
tubo cilíndrico reto nas porções mediana e basal, e levemente curvo e ventricoso no ápice;
limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração
imbricada. Estames didínamos, arranjados em dois pares, adnatos até a porção superior do
tubo, cada par em uma altura diferente; par superior levemente exserto, par inferior incluso no
tubo; filetes curvos; anteras medifixas, monotecas, deiscência longitudinal; estaminódios
ausentes. Ovário cônico, bilocular, com poucos rudimentos seminais; disco nectarífero
65
presente, conspícuo; estilete cilíndrico, curvo no ápice; estigma bilobado. Cápsula globosa,
envolta parcial ou totalmente pelo cálice frutífero. Sementes oblongas ou ovóides, pouco
angulosas.
Brunfelsia australis Benth., Prodr. 10: 200. 1846.
Figuras 1 e 4a.
Arbustos ou arvoretas com até 4 m de altura. Folhas de consistência membranácea à
subcoriácea; lâmina foliar com 0,8-7,6 cm de comprimento e 0,5-4,6 cm de largura,
obovalada, de ápice obtuso, arredondado, raramente acuminado, agudo ou retuso e base
decurrente ou cuneada; superfície adaxial glabra ou com tricomas simples ou glandulares,
esparsamente distribuídos sobre a nervura principal, superfície abaxial glabra; pecíolo de 0,2-
0,8 cm de comprimento, glabro, raramente com tricomas simples ou glandulares.
Inflorescências terminais e subterminais, sésseis, com 2-5 flores pediceladas; pedicelos de
0,4-1,3 cm de comprimento, glabros, raramente com tricomas glandulares. Cálice
campanulado, mais ou menos inflado, com 0,65-1,20 cm de comprimento e 0,4-0,9 cm de
diâmetro, glabro ou mais raramente com tricomas glandulares, uniformemente distribuídos ou
restritos à região de transição com o pedicelo; lacínias com 0,3-0,5 cm de comprimento e 0,2-
0,5 cm de largura. Tubo corolino com 2,5-2,8 cm de comprimento e 0,2-0,3 cm de diâmetro
na porção basal e 0,4-0,5 cm de diâmetro na região apical; cada lobo com 0,8-1,5 cm de
comprimento e 1,2-1,9 cm de largura; limbo corolino com 2,9-4,5 cm de diâmetro. Par
superior de estames com 0,4-0,5 cm de comprimento, par inferior com 0,2-0,4 cm de
comprimento. Ovário com 0,20-0,25 cm de altura e 0,15-0,20 cm de diâmetro; estilete com
1,9-2,5 cm de comprimento, estigma com 0,5-1,0 cm de comprimento. Cápsula com 1,0-2,2
cm de altura e 1,0-2,2 cm de diâmetro, envolvida pelo cálice frutífero apenas na porção basal.
Cálice frutífero glabro. Sementes elipsóides, com 0,4-0,6 cm de comprimento e 0,3-0,4 cm de
diâmetro.
Ocorrência e hábitat: No Brasil, ocorre nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul e também no Paraguai, Argentina e Uruguai (Plowman, 1998). Está
presente em oito das onze regiões fisiográficas do Estado: Alto Uruguai, Depressão Central,
Encosta Inferior do Nordeste, Encosta Superior do Nordeste, Encosta do Sudeste, Litoral,
Missões e Planalto Médio. Habita preferencialmente o interior e clareiras de matas de
66
diferentes formações florestais, chegando a formar populações pouco adensadas, que
dominam a fisionomia do subosque.
Aspectos fenológicos: A floração inicia em agosto e estende-se até dezembro, com maior
intensidade registrada nos meses de setembro e outubro. A frutificação compreende o período
de dezembro a maio.
Comentários: Brunfelsia autralis assemelha-se morfologicamente a B. uniflora e B. pilosa.
No entanto, diferencia-se destas por apresentar folhas obovaladas, geralmente com ápice
arredondado ou obtuso, inflorescências raramente unifloras e um cálice florífero
campanulado, uniformemente glabro. Aguiar et al. (1998) citam B. pauciflora para a Reserva
Biológica de Ibicuí-Mirim, Santa Maria (RS), como uma nova ocorrência para o Rio Grande
do Sul. O material de N.Silveira 12924, oriundo desta reserva, pertence a B. australis. Apesar
das folhas grandes, o cálice frutífero em início de desenvolvimento é campanulado e glabro.
Um exemplar cultivado em um terreno particular, observado na Rua Honório Silveira Dias,
em Porto Alegre, dentro de terreno particular, alcançou cerca de 8 metros de altura.
Informações adicionais: Esta é a espécie do gênero mais comercializada pelas floriculturas
no Rio Grande do Sul, o que justifica a sua vasta ocorrência em jardins particulares e
canteiros públicos.
Material examinado. BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Ajuricaba, 21/X/1989, fl., R.Müller s.n° (HUI
1034); Arroio do Tigre, Barragem Itaúba, 12/IV/1978, fr., O.Bueno et al. 594 (HAS 5796); Alegrete, cultivada
na praça Getúlio Vargas, arbusto ornamental, fruto imaturo, 17/V/1980, fr., J.Mattos 21829 (HAS 85176);
Augusto Pestana, Pestana prope Ijuí, in silva, 17/IX/1953, fl., Pivetta 941 (PACA 59101); Canoas, na mata,
20/X/1933, fl., Irmão Augusto s.n° (ICN 19112); Cachoeira do Sul, cultivada no jardim da fazenda São Carlos,
24/IX/1987, fl., N.Silveira e J.Mattos 6664 (HAS 85116); Caxias do Sul, Ana Rech, Bacia do Faxinal, na orla
da mata, 20/VIII/1998, fl., A.Kegler 55 (HUCS 12809); Cerro Largo, prope São Luís, in silva, VIII/1944, fl.,
E.Friderichs s.n° (PACA 26782); Derrubadas, Parque Estadual do Turvo, estrada para Porto Garcia, no mato,
ca. 2 m alt., flores brancas, 17/X/1989, fl., N.Silveira 9448 (HAS 85160); Giruá, Granja Sodal, X/1963, est.,
K.Hagelund 1204 (ICN); id., Granja Sodal, X/1963, est., K.Hagelund 1228 (ICN); id., Granja Sodal, 1964, fl.,
K.Hagelund 2586 (ICN); id., Granja Sodal, 1964, fl., K.Hagelund 2587 (ICN); id., Granja Sodal, 29/IV/1965, fr.,
K.Hagelund 3581 (ICN); id., Granja Sodal, 26/IX/1965, fl., K.Hagelund 3874 (ICN); id., Granja Sodal,
XII/1966, fr., K.Hagelund 4805 (ICN); Ijuí, na mata ciliar da foz do Rio Ijuí, no mato, ca. 4 m alt., 10/XII/1986,
fl., M.Bassan et al. 545 (HAS 85156); id., nas margens do Arroio Barreiro, em local inundável em época de
cheia, ca. 8 m alt., flores verdes, 10/XII/1986, fl., M.Bassan e F.Benetti 563 (HAS 85159); id., no Arroio
Barreiro, no mato, arvoreta, frutos verdes, 08/V/1987, fr., M.Bassan et. al. 1104 (HAS 85173); id., na
propriedade do Sr. Mânica, na borda da mata ciliar, arvoreta com frutos verdes, 09/V/1987, fr., M.Bassan e
A.Benetti 831 (HAS 85178); Jaguari, Balneário Fernando Schilling, no interior de mata subtropical secundária,
arbusto 2 m alt., pétalas recém murchas, 14/II/1990, fl., D.Falkenberg 5335 (ICN 118327); Maçambará,
Reserva Biológica São Donato, arbusto na mata, frutos verdes, 20/III/2002, fr., R.Senna 395 (HAS 42507); id.,
Reserva Biológica São Donato, arbusto na mata, flores brancas e flores roxas, 20/III/2002, fl., R.Senna 399
(HAS 42506); Montenegro, Kappesberg prope Montenegro, in silva, 20/X/1949, fl., A.Sehnem 3914 (PACA
50525); Nova Santa Rita, Quinta São José, arvoredo cultivado ao longo da estrada, solo (sedimentos arenosos),
67
arvoreta 2 m alt., DAP 3 cm, flor nova roxa, mudando depois para branca, fruto imaturo verde, 15/IX/1997, fl.,
A.Knob 5324 (SALLE 324); Pelotas, cultivada na praça Cel. Pedro Osório, 22/V/1978, est., J.Mattos et N.
Mattos 18982 (HAS); Pirapó, II/1989, fr., R.Záchia 33 (ICN 90947); Porto Alegre, Vila Manresa prope Porto
Alegre, culta, 16/X/1931, fl., B.Rambo 321 (PACA 321); id., Vila Manresa prope Porto Alegre, in horto,
X/1944, fl., B.Rambo 27236 (PACA 27236); id., Vila Manresa prope Porto Alegre, in horto culta, 12/IX/1945,
fl., B.Rambo 29147 (PACA 29147); id., culta et in RGS indigena, 26/X/1947, fl., B.Rambo 27236 (ICN 16108);
id., Vila Manresa prope Porto Alegre, culta, 29/IX/1949, fl., B.Rambo 37819 (PACA 37819); id., Vila Manresa
prope Porto Alegre, in horto, 19/X/1949, fl., B.Rambo 43990 (PACA 43990); id., culta, 1950, fl., G.Leal s.n°
(PACA 51291); id.,Vila Manresa prope Porto Alegre, in horto culta, 22/X/1955, fl., B.Rambo 57256 (PACA
68
inflado, plicado no material herborizado, com 1,3-1,7 cm de comprimento e 0,5-0,8 cm de
diâmetro, com tricomas simples ou mais raramente glandulares, uniformemente distribuídos
ou mais concentrados na região de transição com o pedicelo; lacínias com 0,2-0,6 cm de
comprimento e 0,2-0,5 cm de largura. Tubo corolino com 1,9-2,9 cm de comprimento e 0,2-
0,3 cm de diâmetro na porção basal e 0,25-0,40 cm de diâmetro na região apical; cada lobo
com 0,7-1,8 cm de comprimento e 1,2-1,8 cm de largura; limbo corolino com 2,8-4,5 cm de
diâmetro. Par superior de estames com 0,4-0,7 cm de comprimento, par inferior com 0,2-0,6
cm de comprimento. Ovário com 0,2 cm de altura e aproximadamente 0,1 cm de diâmetro;
estilete com 1,9-2,2 cm de comprimento, estigma com cerca de 0,1 cm. Cápsula com 1,0-1,5
cm de altura e 1,2 cm de diâmetro, envolvida totalmente pelo cálice frutífero. Cálice frutífero
com denso indumento de tricomas simples. Sementes elipsóides, com 0,50 cm de
comprimento e 0,25 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Ocorre no Brasil, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul (Plowman, 1998). Para o Estado há registros de sua ocorrência para três
das onze regiões fisiográficas: Encosta Superior do Nordeste, Campos de Cima da Serra e
Planalto Médio. Habita o interior de matas, tendo sido encontrada somente na floresta
ombrófila mista, às vezes em simpatria com Brunfelsia pilosa. Geralmente forma populações
grandes que dominam a fisionomia do subosque.
Aspectos fenológicos: A floração inicia em setembro e estende-se até dezembro, com maior
intensidade registrada nos meses de outubro e novembro. O período de frutificação parece
ocorrer de dezembro a março.
Comentários: Brunfelsia cuneifolia difere das outras espécies nativas por apresentar o cálice
florífero visivelmente anguloso no material fresco e plicado no material herborizado.
Informações adicionais: Está espécie não foi encontrada nas floriculturas visitadas, mas
também é cultivada como planta ornamental. Os exemplares cultivados provavelmente foram
adquiridos através do transplante de mudas do ambiente de origem para quintais ou jardins
particulares.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Bom Jesus, Fazenda do Cilho, interior da mata,
1050 m.s.m., 23/XI/2002, fl., R.Wasum 1628 (HUCS 19838); Casca, rodovia Casca - Porto Alegre, na borda da
mata, arbusto ca. 80 cm alt., fl. branco-lilacinas a arroxeadas, 30/X/1989, fl., J.Mattos e N.Silveira 31443 (HAS
69
85158); Caxias do Sul, Criúva, 780 m.s.m., na mata primária, 03/XI/2003, fl., A.Kegler 1614, (HUCS 22303);
id., Fazenda Martins, na orla da mata, 13/XI/1999, fl., F.Soares s.nº (HUCS 14345); Esmeralda, Estação
Ecológica de Aracuri, arbusto ca. 2m alt., no interior de mata com araucária, 11/X/1988, fl., J.A.Jarenkow 975
(PACA 72389); id., Estação Ecológica de Aracuri, 19/IX/1982, fl., J.A.Jarenkow s.nº (ICN 87584); id., Estação
Ecológica de Aracuri, em interior de mata de araucária, arbusto ca. 4 m alt., 12/X/1982, fl., J.A.Jarenkow 38
(ICN 59115); id., Pinhal da Serra, planalto dissecado do Rio Pelotas, num capão, arbusto, 13/IX/1997, fl., N.R.
Bastos s.n° (PACA 84930); id., Estação Ecológica de Aracuri, interior de mata, 900 m.s.m., arvoreta com flores
róseas, 05/X/1985, fl., F.A.Silva F. 597 (ICN 87043); id., erva ca. 50 cm alt., pouco freqüente, fruto verde, cálice
piloso envolvendo o fruto, folha lisa na parte dorsal e pilosa na ventral, 27/XI/1983, fr., G.Hiltl 1494 (HAS
18230); Farroupilha, in silva, 10/X/1957, fl., O.Camargo 1908 (PACA 62213); id., in silva, 15/X/1957, fl.,
O.Camargo 2123 (PACA 62516); Jaquirana, a 31 km da RS 020, 5 km da sede de Jaquirana, subosque de mata
com araucária, baixada úmida, 28°57’27.8”S/ 50°19”54.9”W, arvoreta ca. 5,5 m alt., flores lilases e brancas,
03/XI/2005, fl., E.Soares 163 (ICN); id., a 31 km da RS 020, 5 km da sede de Jaquirana, subosque de mata com
araucária, baixada úmida, 28°57’27.8”S/ 50°19”54.9”W, arvoreta ca. 6 m alt., flores lilases e brancas,
03/XI/2005, fl., E.Soares 164 (ICN); Muitos Capões, BR 285, km 157, mata em frente à antena de celular, silos
e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, arbusto ca. 2,2 m alt., população formando um subosque
contínuo, flores lilases e brancas, 03/XI/2005, fl., E.Soares 169 (ICN); id., BR 285, km 157, mata em frente à
antena de celular, silos e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, arbusto ca. 1,80 m alt., população
formando um subosque contínuo com B. pilosa, flores lilases e brancas, 03/XI/2005, fl., E.Soares 170 (ICN); id.,
BR 285, km 157, mata em frente à antena de celular, silos e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W,
arbusto ca. 2m alt., população formando um subosque contínuo com B. pilosa, flores lilases e brancas,
03/XI/2005, fl., E.Soares 171 (ICN); id., BR 285, km 157, mata em frente à antena de celular, silos e Adubos
Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, arbusto cerca de 1,80m de alt., população formando um subosque
contínuo com B. pilosa, flores lilases e brancas, 03/XI/2005, fl., E.Soares 174 (ICN); São Francisco de Paula,
FLONA A3, em borda de mata, 3 m alt., 16/XII/1997, fr., R.Zaremba s.n° (HASU 11942; PACA 85309); id.,
estrada de chão para José Velho, interior de mata, arbusto ca. de 2,3 m alt., flores brancas,
29°27’34.0”S/50°38’13.2”W, 654 m.s.m, 02/XI/2005, fl., E.Soares 150 (ICN); id., Inst. Nac. do Pinho, pequena
árvore dentro do mato, flores brancas e roxas, 15/X/1959, fl., L.Baptista s.nº (ICN 2225); Sertão, RS 135, km
28, mata à beira da estrada, arbusto ca. 2 m alt., flores roxo-claras e brancas, 05/XI/2005, fl., E.Soares 198
(ICN); Vacaria, Fazenda da Ronda, in araucarieto aperto, 30/XII/1946, fr., B.Rambo 34639 (PACA 34639); id.,
Passo do Socorro prope Vacaria, in araucarieto, 26/XII/1951, est., B.Rambo 51400 (PACA 51400); id., estrada
para Lagoa Vermelha, BR 285, km 33, arbusto ca 3 m alt., flor lilás claro e algumas roxas, com perfume
agradável, numerosa e dispersa, no mato, 30/X/1985, fl., S.Martins 538 (HAS 21342); id., Refugiado, interior de
mata com araucária, 21/X/1998, fl., J.Mauhs s.nº (PACA 85178); id. Refugiado, Capão do Boqueirão, interior de
mata com araucária, 19/III/1998, fr., J.Mauhs s.nº (PACA 85157); Vila Maria, próximo à Cascata do Porongo,
arbusto ca. 1,5 m alt., 28/IX/2005, est., E.Soares 138 (ICN).
Material adicional examinado: BRASIL. SANTA CATARINA: Campos Novos, Capão, 1000 m.s.m.,
arvoreta 4 m alt., flor anil, 12/IX/1963, fl., Reitz e Klein 16158 (ICN 4336); Lages, in araucarieto, 25/XII/1956,
fl., J.Mattos s.nº (PACA 61144); São Joaquim, na beira do Rio São Mateus com o Rio Cava-tudo, arbusto ca.
1,8 m alt., 24/I/1957, est., J.Mattos 4716a (HAS 85157).
Brunfelsia pilosa Plowman, Bot. Mus. Leafl. 24 (2): 42. 1974.
Figuras 3 e 4c.
Arbusto de até 3,0 m de altura. Folhas de consistência variável; lâmina foliar com 1,2-
8,5 cm de comprimento e 0,6-3,0 cm de largura, elíptica, oblanceolada ou obovalada, de ápice
acuminado e base cuneada; superfícies adaxial e abaxial glabras ou com tricomas simples,
esparsamente distribuídos sobre a nervura principal; pecíolo de 0,1-0,3 cm de comprimento,
glabro nas folhas adultas ou com um ralo indumento de tricomas simples nas folhas jovens.
Inflorescência terminais, sésseis, unifloras e pediceladas; pedicelos de 0,2-0,3 cm de
70
comprimento, glabros ou com tricomas simples, esparsos. Cálice tubuloso-ventricoso, inflado,
parecendo campanulado na exsicata, sem dobras entre as sépalas no material herborizado,
com 1,3-1,9 cm de comprimento e 0,55-1,20 cm de largura, com denso ou esparso indumento
de tricomas simples e longos; lacínias de 0,3- 0,8 cm de comprimento e 0,2-0,5 cm de largura.
Tubo corolino com 2,2-3,5 cm de comprimento e 0,15-0,30 cm de diâmetro na porção basal e
0,3-0,5 cm de diâmetro na região apical; cada lobo com 1,0-1,9 cm de comprimento e 1,0-2,5
cm de largura; limbo corolino com 3,1–5,5 cm de diâmetro. Par superior de estames com 0,4-
0,5 cm de comprimento, par inferior com cerca de 0,3 cm de comprimento. Ovário com 0,2
cm de altura e 0,1-0,2 cm de diâmetro; estilete com 2,2-2,9 cm de comprimento, estigma com
cerca de 0,1 cm. Cápsula com 1,0-1,5 cm de altura e 1,2 cm de diâmetro, envolvida
totalmente pelo cálice frutífero. Cálice frutífero coberto de tricomas simples e longos.
Sementes elipsóides, com 0,5 cm de comprimento e 0,25 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: No Brasil, ocorre nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul e também no Paraguai e Argentina (Plowman, 1998). No Estado há
71
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL. Arroio dos Ratos, Fazenda Faxinal, 28/X/1982, fl.,
K.Hagelund 14145 (ICN); id., Fazenda Faxinal, 08/III/1982, fr., K.Hagelund 13856 (ICN); id., sub-bosque,
flores arroxeadas, XII/1996, fl., J.Prates s.n° (ICN 115177); (Augusto Pestana), Pestana prope Ijuí, in silva,
27/IX/1953, fl., Pivetta 940 (PACA); id., Pestana prope Ijuí, in silva, 27/IX/1953, fl., Pivetta 940 (PACA
59099); Bento Gonçalves, mato da VFRGS, 29/XI/1980, fl., G.Pedralli 107 (ICN 49362); Caxias do Sul, na
mata, 780 m.s.m., 11/XI/1999, fl., A.Kegler 365 (HUCS 14619); Erechim, R. Gladstone – O. Morsica, no
campo limpo, 19/X/1993, fl., A.Butzke et al. s.nº (HUCS 11018); Esteio, prope Porto Alegre, in silva campestri,
08/XI/1949, fl., B.Rambo 44295 (PACA 44295); Giruá, Granja Sodal, X/1963, fl., K.Hagelund 1165 (ICN);
Gravataí, Santa Tecla, arbusto 3 m alt., relativamente próximo à residência (cultivado?), 26/X/1982, fl.,
J.Jarenkow 40 (ICN 59117); Machadinho, balsa do Virgílio, arbusto, “manacá” (nome popular), 23/X/2000, fl.,
J.Spanholi s.n° (HAS 39102); id., balsa do Virgílio, arbusto, “manacá” (nome popular), 31/X/2000, fl.,
J.Spanholi s.n° (HAS 39093); Maquiné, Est. Exp. Fitotécnica de Osório, floresta secundária, mais ou menos 50
anos, árvore 5m alt.; 30/IV/1994, est., L.Sevegnani s.n° (ICN 103913); Montenegro, Buttemberg prope
Montenegro, in silva, 13/XI/1950, fl., B.Rambo 49144 (PACA 49144); id., Buttemberg prope Montenegro, em
mata virgem, arbusto ca. 5 m alt., 13/XI/1950, fl., B.Rambo s.nº (ICN 3374); Muitos Capões, BR 285, km 157,
mata em frente à antena de celular, silos e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, população formando
um subosque contínuo com B. cuneifolia, arbusto ca. de 1,6 m alt., flores lilases escuras, 03/XI/2005, fl.,
E.Soares 172 (ICN); id., BR 285, km 157, mata em frente à antena de celular, silos e Adubos Coxilha,
28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, população formando um subosque contínuo com B. cuneifolia, arbusto ca. 1,5 m
alt., flores lilases escuras, 03/XI/2005, fl., E.Soares 173 (ICN); id., BR 285, km 157, mata em frente à antena de
celular, silos e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, população formando um subosque contínuo com
B. cuneifolia, arbusto ca. 1,4 m alt., flores lilases escuras, 03/XI/2005, fl., E.Soares 175 (ICN); id., BR 285, km
157, mata em frente à antena de celular, silos e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, população
formando um subosque contínuo com B. cuneifolia, arbusto ca. de 1,4 m alt., flores lilases escuras, 03/XI/2005,
fl., E.Soares 176 (ICN); id., BR 285, km 157, mata em frente à antena de celular, silos e Adubos Coxilha,
28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, população formando um subosque contínuo com B. cuneifolia, arbusto ca. de 1,5
m alt., flores lilases escuras, 03/XI/2005, fl., E.Soares 177 (ICN); id., BR 285, km 157, mata em frente à antena
de celular, silos e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, população formando um subosque contínuo
com B. cuneifolia, arbusto ca. 1,6 m alt., flores lilases escuras, 03/XI/2005, fl., E.Soares 178 (ICN); id., BR 285,
km 157, mata em frente à antena de celular, silos e Adubos Coxilha, 28°19’27.4”S/51°11’42.4”W, população
formando um subosque contínuo com B. cuneifolia, arbusto ca 1,5 m alt., flores lilases escuras, 03/XI/2005, fl.,
E.Soares 179 (ICN); Montenegro, Butterberg prope Montenegro, em mata virgem, arbusto até 5 m, “primavera,
manacá” (nomes populares), 13/XI/1950, fl., B.Rambo 49144 (ICN);id., Kappesberg prope Montenegro, in silva
primaeva, 15/III/1945, fl., E.Friderichs s.n° (PACA 29950); Osório, Terra de Areia, interior de mata pluvial,
arbusto ca. 2 m alt., cálice verde, corola esbranquiçada a arroxeada, flores aromáticas, 20/X/1979, fl., J.Waechter
e L.Baptista 1426 (ICN 46529); Palmeira das Missões, chapada, mato, 06/X/1975, fl., K.Hagelund (ICN);
Pareci Novo, Pareci prope Montenegro, in horto, 1944, fl., E.Henz s.n° (PACA 29652); id., Pareci prope
Montenegro, in horto, 14/X/1945, fl., E.Henz s.n° (PACA 26578); Pinhal Grande, Limeira, propriedade de
Arlindo Posser, interior de mata, arbusto apoiante, ca. 80 cm alt., flores roxas e lilases, cálice inflado,
12/XI/2005, fl., E.Soares 206 (ICN); Porto Alegre, Morro Santana, in silva, 02/XI/1949, fl., B.Rambo 44222
(PACA 44222); Porto Xavier, ao leste da Coopercana em mata que segue o rio, 03/XI/2003, fl., J.Adanski et al.
s.n° (HUI 4619); Sananduva, RS 126, km 99, 27°53’20.0”S/51°49’22.6”W, beira da mata, subarbusto cerca de
80 cm de alt., flores roxas, 04/XI/2005, fl., E. Soares 190 (ICN); id., RS 126, km 99,
27°53’20.0”S/51°49’22.6”W, beira da mata, subarbusto cerca de 50 cm de alt., flores roxas, 04/XI/2005, fl.,
E.Soares 191 (ICN); Santa Bárbara do Sul, pinhal, ca. 40 km NE de Cruz Alta, margem de mato, arbusto 1 m
alt., corola roxa 5 P 4/10, 02/X/1971, fl., J.Lindeman, B.Irgang e J.Valls s.n° (ICN 8233); Santa Rita, prope
Farroupilha, in araucarieto, 29/I/1949, fl., B.Rambo 40311 (PACA 40311); Santa Rosa, 15/X/1966, fl.,
K.Hagelund 4613 (ICN); São João do Polêsine, Pesquisa Etnobotânica em S. João do Polêsine, 06/IV/2000, fl.,
R.Záchia et al. 5195 (SMDB 8499); id., Pesquisa Etnobotânica em S. João do Polêsine, 06/IV/2000, fl., R.Záchia
et al. 3414 (SMDB 8501); id., Pesquisa Etnobotânica em S. João do Polêsine, 03/XII/2000, est., R.Záchia et al.
4805 (SMDB 8503); São Leopoldo, in silva campestri, 1907, fl., F.Theisen s.n° (PACA 7823); id., in silva
primavera, 17/09/1946, fl., E.Henz s.n° (PACA 35305); id., culta, 1947, fl., A.Spies s.n° (PACA 37044);
Sapucaia do Sul, prope São Leopoldo, in silvula campestri, 28/XI/1948, fl., B.Rambo 38406 (PACA 38406);
id., prope São Leopoldo, in silva, 10/IX/1948, fl., B.Rambo 37954 (PACA 37954); Sertão, RS 135, km 28, mata
à beira da estrada, arbusto ca. 2m alt., flores roxo-escuro e roxo-claras, cálice infado, 05/XI/2005, fl., E.Soares
199 (ICN); id., RS 135, km 28, mata à beira da estrada, arbusto ca. 2 m alt., flores roxo-escuro e roxo-claras,
cálice inflado, 05/XI/2005, fl., E.Soares 200 (ICN); Veranópolis, na estrada para a Linha República, no mato,
arvoreta ca. 0.8 m alt., flores lilases (escura e claras), ornamental, 15/XI/1983, est., N.Silveira 685 (HAS 85174).
72
Material adicional examinado: BRASIL. SANTA CATARINA: Curitibanos, M. Alegre, “manacá”, no mato,
ca. 1,5 m alt., 25/II/1960, fr., J.Mattos 7665 (HAS 85177).
CONCLUSÕES
O gênero Brunfelsia está representado no Rio Grande do Sul por três espécies nativas,
B. australis, B. cuneifolia e B. pilosa, que ocorrem em ambientes silvestres, especialmente no
interior e bordas de matas. Além disso, são freqüentemente cultivadas em locais públicos e
particulares, como plantas ornamentais. A distinção das três espécies nativas está baseada
fundamentalmente no número de flores por inflorescência, na forma e indumento do cálice e
na relação do comprimento deste com o tubo da corola. Embora pouco preciso, o emprego da
morfologia foliar também pode ser útil, se associado à morfologia floral. Brunfelsia australis
e B. cuneifolia apresentam, geralmente, inflorescências com mais de uma flor, contrastando
com a condição comumente uniflora das inflorescências de B. pilosa. O cálice tubuloso e
anguloso de B. cuneifolia distingue esta espécie de B. australis e B. pilosa, que apresentam
cálices campanulado e tubuloso-ventricoso, respectivamente. O cálice de B. australis é glabro,
enquanto que o cálice de B. pilosa apresenta tricomas simples, longos e esparsos e o de B.
cuneifoliam tricomas simples ou tricomas simples e glandulares, abundantes. Sob cultivo,
também foram constatadas Brunfelsia pauciflora e B. uniflora.
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75
Figura 1. Brunfelsia australis Benth. - (a) aspecto geral; (b) corola em vista frontal; (c) tubo
corolino e cálice florífero; (d) gineceu (todos de M.Krügel s.n° - HUI); (e) fruto e cálice
frutífero (M.Bassan et al.1104).
76
77
Figura 2. Brunfelsia cuneifolia J.A. Schmidt - (a) aspecto geral; (b) corola em vista frontal;
(c) tubo corolino e cálice florífero; (d) gineceu (todos de E.Soares 163); (e) fruto e cálice
frutífero (G.Hiltl 1494); (f) tricoma foliar, simples, pluricelular, unisseriado (E.Soares 169).
78
79
Figura 3. Brunfelsia pilosa Plowman - (a) aspecto geral; (b) corola em vista frontal; (c) tubo
corolino e cálice florífero; (d) gineceu (todos de E.Soares 177); (e) fruto e cálice frutífero
(K.Hagelund 13856); (f) tricomas simples, pluricelulares, unisseriados, presentes no cálice
florífero (E.Soares 177).
80
81
a
b
c
Figura 4. Mapas de ocorrência de Brunfelsia australis Benth. (a), Brunfelsia cuneifolia
J.A.Schmidt (b) e Brunfelsia pilosa Plowman (c) no Rio Grande do Sul, Brasil.
82
83
Capítulo 3
O gênero Cestrum L. (Solanaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil.
Edson Luís de Carvalho Soares
Márcia Vignoli-Silva
Lilian Auler Mentz
RESUMO – O gênero Cestrum L. (Solanaceae) é um gênero tipicamente americano,
pertencente à tribo Cestreae, subfamília Cestroideae. A necessidade de reconhecer e
identificar as espécies de Cestrum ocorrentes na flora do Rio Grande do Sul motivou a
realização deste trabalho. Os dados obtidos em um estudo preliminar sobre as espécies do
gênero no Estado foram atualizados e complementados com a ampliação do número de
espécimes examinados. Cestrum bracteatum Link et Otto, C. euanthes Schltdl., C.
intermedium Sendtn., C. parqui L'Hér. e C. strigilatum Ruiz et Pav. são os representantes
nativos deste gênero no Estado. Cestrum nocturnum L. é a espécie do gênero introduzida pelo
cultivo. Além de uma chave analítica, são fornecidas descrições, ilustrações e mapas de
ocorrência das espécies nativas.
Palavras-chave: Solanaceae, Cestrum, flora, Rio Grande do Sul.
ABSTRACT – (The genus Cestrum L. (Solanaceae) in Rio Grande do Sul, Brazil).
Cestrum L. (Solanaceae) is a typical American genus, and belongs to the tribe Cestreae of the
subfamily Cestroideae. This work is due to the necessity to recognize and identify the species
of the flora of Rio Grande do Sul state. With the data that already exist about the genus in the
State, we intended actualize and review a larger number of exsicatae. The following native
species were found, Cestrum bracteatum Link et Otto, C. euanthes Schltdl., C. intermedium
Sendtn., C. parqui L'Hér. and C. strigilatum Ruiz et Pav. Cestrum nocturnum L. is the only
introduced species, found in cultivations. An analytical key for the species is provided. For
each one of the native species we provided descriptions, illustrations and maps of geographic
occurrence, and also habitat and phenologic information.
Key words: Solanaceae, Cestrum, flora, Rio Grande do Sul.
84
INTRODUÇÃO
A tribo Cestreae G.Don, da família Solanaceae, está subordinada à subfamília
Cestroideae Schltdl. (Hunziker, 2001) e é composta por três gêneros, Cestrum L., Sessea Ruiz
et Pav. e Vestia Willd. Destes, apenas os dois primeiros ocorrem no Rio Grande do Sul. O
gênero Cestrum é um gênero tipicamente americano e está distribuído tanto em regiões
tropicais quanto em zonas subtropicais da América do Sul e do Norte (Francey, (1934-1936 e
1936-1938; Hunziker, 2001; Nee, 2001). A região andina da Bolívia, Peru e norte da
Argentina é considerada a maior em diversidade específica, onde ocorrem cerca de 100
espécies, seguida pelo Brasil, com aproximadamente 50 espécies (Hunziker, 2001; Nee,
2001). No Brasil, a maior diversidade de espécies e endemismos está localizada em dois
biomas ameaçados pelo desmatamento, a Mata Atlântica e o Cerrado (Nee, comunicação
pessoal). Algumas espécies são cultivadas como ornamentais (C. nocturnum L., C. diurnum
L., etc.), utilizadas na medicina popular (C. sendtnerianum L., C. laevigatum Schltdl., C.
parqui L’Herit., etc.) ou referidas como tóxicas para animais (C. intermedium Sendtn., C.
laevigatum Schltdl., C. parqui L’Hér., etc.), sendo atualmente alvo de estudos químicos e
farmacológicos (Riet-Correa et al., 1993; Hawkes, 1999; Tokarnia et al., 2000; Hunziker,
2001). Apesar de ser considerado o segundo maior gênero da família, não há uma revisão das
espécies brasileiras de Cestrum e a identidade de muitas delas permanece duvidosa. As
relações intergenéricas, a estabilidade morfológica interespecífica e a variação morfológica
intraespecífica comprometem a identificação dos táxons e a avaliação da magnitude do
gênero, gerando opiniões divergentes quanto ao número de espécies e questionamentos sobre
a circunscrição do gênero. Francey (1934-1936; 1936-1938) aceitou 257 espécies, Hunziker
(1979) citou 250 e mais tarde reavaliou este número e estimou 150 a 200 (Hunziker, 2001) e
D’Arcy (1979 e 1991) referiu um número de 175. Segundo Nee (comunicação pessoal), o
número estimado de espécies para o gênero
85
1934-1936 e 1936-1938; Hunziker, 2001; Nee, 2001) aceitaram a autonomia de Cestrum e
Sessea, enquanto Carvalho e Schnoor (1993/1997) preferiram reuni-los em Cestrum,
manifestando a insuficiência e a inconsistência dos caracteres propostos para diferenciá-los.
Esta junção não é aceita pelos autores que têm trabalhado ultimamente com este gênero
(Benítez de Rojas e D’Arcy, 1998; Romanutti e Hunziker, 1998; Nee, 2001). No entanto,
Sendtner (1846), na Flora Brasiliensis, incluiu uma espécie de Sessea dentro de Cestrum
(Cestrum vestioides Schltdl.). Junto às inferências sobre a filogenia da família Solanaceae,
baseada em dados moleculares, também emergem alterações taxonômicas. Por exemplo,
Olmstead et al. (1999) propuseram a inclusão de mais um gênero na tribo Cestreae,
Metternichia, retirado da tribo Metternichieae. Muitas das informações disponíveis na
literatura são oriundas de trabalhos florísticos de diferentes países americanos. Os trabalhos
florísticos realizados no Rio Grande do Sul (Augusto e Edésio, 1943; Augusto, 1946; Rambo,
1961; Teodoro Luís, 1961; Guaranha, 1981a,b), em outros estados brasileiros (Angely, 1965;
Smith e Downs, 1966; Aranha, 1976; Barbará e Carvalho, 1996; Carvalho et. al., 1996;
Carvalho, 1997; Lima e Guedes-Bruni, 1997; Silva et al., 2003) ou em outros países (Cabrera,
1965, 1979, 1983; Lombardo, 1983; Nee, 1986; Romanutti e Hunziker, 1998) fornecem
informações sobre a ocorrência e distribuição das espécies. Merecem destaque também as
abordagens florístico-taxonômicas feitas por Benítez de Rojas e D’Arcy (1998) com Cestrum
e Sessea na Venezuela e as de Scolnick (1954), com ênfase nas espécies ocorrentes na
Argentina, Chile e Uruguai. Atualmente o gênero Cestrum vem sendo estudado por M. Nee,
do The New York Botanical Garden, Carmem Benítez de Rojas, da Universidad Central de
Venezuela e Márcia Vignoli-Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
O objetivo deste trabalho é o de revisar e complementar as informações já existentes
sobre o gênero no Estado.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas onze viagens de coleta a diferentes regiões do estado e analisadas as
coleções dos herbários HAS, HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB
(cujos acrônimos seguem Holmgren e Holmgren, 2006), além dos herbários HERBARA,
HUCS e HUI (não indexados). As descrições das espécies obedecem à seqüência da
taxonomia tradicional. A terminologia adotada encontra-se em Radford et al. (1974), Font
Quer (1977), Hickey (1974), Mentz et al. (2000) e Stearn (2000). A grafia dos nomes dos
86
autores de gêneros e espécies está de acordo com Brummitt e Powell (1992) e as regiões
fisiográficas mencionadas de acordo com Fortes (1959). As estampas que ilustram os aspectos
morfológicos foram obtidas através de fotografias de exsicatas e de espécimes vivos. As
ilustrações dos detalhes foram obtidas com o uso de microscópio estereoscópico e
microscópio óptico, com câmara clara acoplada. Os mapas foram elaborados com o programa
TABWIN 3.2, e o material examinado está citado em ordem alfabética de estados e
municípios.
RESULTADOS
O gênero Cestrum está representado no Estado por cinco espécies nativas, C.
bracteatum Link et Otto, C. euanthes Schltdl., C. intermedium Sendtn., C. parqui L’Hér. e C.
strigilatum Ruiz et Pav., e também por uma espécie cultivada como ornamental. Esta é
Cestrum nocturnum L., que não é a mais ornamental no gênero, mas sim a espécie com a
fragrância mais intensa e penetrante. Esta é considerada extremamente daninha no México,
América Central, oeste da Índia e norte da América do Sul (Nee, comunicação pessoal).
Cestrum L., Sp. Pl. 1: 191. 1753. Espécie-tipo: Cestrum nocturnum L.
Subarbustos, arbustos ou árvores, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples ou
dendrítico-estrelados. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica, estreito-
elíptica, ovalada, oblonga, oblanceolada ou lanceolada, de margem inteira e consistência
membranácea a cartácea ou coriácea; pseudoestípulas presentes ou ausentes. Inflorescências
cimosas, plurifloras, pedunculadas, terminais, axilares ou uma combinação de ambas. Flores
actinomorfas, monoclinas, sésseis ou pediceladas, articuladas. Cálice tubuloso, anguloso ou
não, lacínias conspícuas. Corola tubulosa, com tubo cilíndrico, ampliado no terço superior e
constricto no ápice; limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala.
Prefloração valvado-induplicada, levemente contorta. Estames 5, homo ou heterodínamos,
adnatos a diferentes porções da metade superior do tubo corolino; anteras dorsifixas, ditecas,
de deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide ou cônico, bilocular, com
inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete cilíndrico;
87
estigma capitado ou discóide. Baga ovóide. Sementes angulosas, apenas um pouco mais
longas do que largas, não-aladas.
Chave para identificação das espécies nativas de Cestrum no Rio Grande do Sul
1. Ramos e folhas cobertos por tricomas dendrítico-estrelados ............................C. strigilatum
1’.Ramos e folhas glabros ou com tricomas simples.
2. Flores protegidas por hipsófilos foliáceos, grandes e vistosos, com mais de 1 cm de
comprimento, persistentes ............................................................................ .... C. bracteatum
2’.Flores com hipsófilos pequenos, com menos de 0,5 cm de comprimento, freqüentemente
caducos.
3. Folhas com 10 ou mais pares de nervuras secundárias, nervuras bem evidentes;
pseudoestípulas contorcidas .........................................................................C. intermedium
3’. Folhas com menos de 8 pares de nervuras secundárias, nervuras pouco evidentes;
pseudoestípulas não contorcidas
4. Inflorescências com todas as flores sésseis; pseudoestípulas não adpressas
............................................................................................................................. C. parqui
4’.Inflorescências com flores pediceladas ou com algumas aparentemente sésseis;
pseudoestípulas adpressas ...............................................................................C. euanthes
Cestrum bracteatum Link et Otto, Icon. Pl. Rar. 1: 11, t. 6. 1828.
Figuras 5 e 10a.
Arbustos ou arvoretas de até 3 m de altura. Lâmina foliar com 3,50-17,90 cm de
comprimento e 1,20-4,80 cm de largura, elíptica, estreito-elíptica, largo-elíptica, lanceolada,
oblanceolada ou oblonga, com ápice agudo ou acuminado, raramente mucronado e base
aguda, cuneada ou decurrente; superfícies adaxial e abaxial glabras, com tricomas simples
presentes apenas nos primórdios foliares; pecíolo com 0,20-1,50 cm de comprimento, glabro;
pseudoestípulas curto-pecioladas, reflexas. Inflorescências com 2-9 flores, sésseis ou
levemente pediceladas, pedicelos com 0,05-0,10 cm de comprimento, glabros. Cálice com
0,30-0,40 cm de altura e 0,18-0,20 cm de diâmetro, glabro ou com tricomas simples no ápice
das lacínias; lacínias 0,30-0,50 cm de comprimento e 0,08-0,10 cm de largura. Corola branco-
esverdeada ou creme; tubo corolino com 2,20-3,15 cm de comprimento, 0,10-0,20 cm de
diâmetro basal e 0,30-0,40 cm de diâmetro apical; fauce com 0,10-0,20 cm de comprimento;
88
lobos com 0,40-0,65 cm de comprimento e 0,20-0,35 cm de largura. Estames adnatos até o
terço superior do tubo, porção livre dos filetes com 0,40-0,65 cm de comprimento, glabra ou
com tricomas simples na base, porção adnata inteiramente coberta por tricomas simples;
anteras com 0,05 cm de altura e 0,03 cm de diâmetro. Ovário elipsóide ou globoso, com 0,05-
0,10 cm de altura e 0,05-0,01 cm de diâmetro; estilete com 2,05-2,90 cm de comprimento;
estigma capitado, com 0,05-0,10 cm de altura. Baga ovóide, violácea a negra na maturação,
com 0,90-1,20 cm de altura e 0,50-1,00 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Esta espécie ocorre no Brasil, de Minas Gerais ao Rio Grande do Sul
(Aranha, 1976). No Rio Grande do Sul ocorre principalmente na região fisiográfica do
Litoral, havendo mais duas coletas que fogem ao padrão de distribuição conhecido da espécie.
Uma delas, da região fisiográfica do Alto Uruguai (Erechim) e a outra na região limítrofe com
os Campos de Cima da Serra (Machadinho). Ocorre no interior e em beira de mata.
Aspectos fenológicos: Espécimes floridos foram encontrados de maio a outubro e frutificados
de setembro a março.
Comentários: Esta espécie tem como característica distintiva a presença de hipsófilos
foliáceos em inflorescências pedunculadas, os quais são proeminentes e tardiamente decíduos,
com coloração mais clara do que os nomófilos. Ao secarem, estes hipsófilos adquirem uma
coloração quase amarelada. Na etiqueta de coleta de Sobral et al. 9167 há uma menção de que
as flores são aromáticas. Outros dois nomes, Cestrum amictum Schltdl. e C. stipulatum Vell.,
devem ser considerados como sinônimos de C. bracteatum. As descrições originais não são
consistentes, e a ocorrência de três táxons distintos no sul do Brasil com a característica dos
hipsófilos foliáceos avantajados necessita de mais investigação. Schlechtendal descreveu C.
amictum, separando-a de C. bracteatum pelo fato de a primeira ser glabra. No entanto, o
caráter densidade do indumento é variável e é uma característica intraespecífica comum em
Solanaceae. A descrição de Vellozo para C. stipulatum é extremamente curta e Dunal (1852)
já chamou a atenção para sua semelhança com C. bracteatum. Por este motivo, acreditamos
que todos estes nomes correspondam a uma única espécie, sendo o nome mais antigo C.
bracteatum Link et Otto, que deve ser o nome válido para este táxon.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Caraá, vegetação de margem, arbusto, 04/X/2000,
fl., DRPR s.n° (HASU 15603); Dom Pedro de Alcântara, mata do Luís Baptista, 10/IX/1986, fl., P.Brack s.
(ICN 67281); id., mata de L.Baptista em interior de mata, corola verde-amarelada; 14/IX/1986, fl., P.Brack s.n°
(ICN 67297); id., mato da Cova Funda, 11/X/1998, fl., M.G.Rossoni s.n° (ICN 118810); id., mato da Cova
Funda, 4/VI/1999, fl., M.G.Rossoni s.n° (ICN 118827); id., mato da Cova Funda, 22/V/1999, fl., M.G.Rossoni
89
s.n° (ICN 118825); id., região de mata ombrófila densa, em beira de mata, arbusto ca. 2 m alt., flores brancas
aromáticas, IX/2000, fl., M.Sobral et al. 9167 (ICN 123080); Erechim, Parque Malinowski, em interior de mato,
28/IX/1993, fl., A.Butzke s.n° (HERBARA 7154); Itati, subida da Serra do Pinto, arvoreta 1,5 m alt.,
27/X/1974, fl., M.L.Porto et al. 1032 (ICN 26349); Machadinho, Linha Santa Catarina, 22/II/2001, fr.,
P.Giekelür s.n° (HAS 39807); Osório, Morro Osório, capoeira ao lado de arvoretas, solo (decomposição do
basalto), arbusto ca. 1,4 m alt., freqüência ocasional., flor bege-esverdeada, 29/IX/1999, fl., A.Knob e
S.Bordignon 6114 (SALLE 1114); Torres, Posto da Colônia, no mato, flores e frutos maduros, 21/IX/1975,
fl./fr., O.Camargo s.n° (HAS 82072); id., Colônia São Pedro, 20/I/1977, fr., K.Hagelund 10902 (ICN 127660);
id., mato do Cedro, 5 km a oeste de Torres, arvoreta 3 m, frutos maduros preto-arroxeados, 27/III/1976; fr., O.
Camargo s.n° (HAS 85256); id., Colônia São Pedro, 29/I/1977, fr., K.Hagelund 10896 (HAS 85202); id.,
06/IX/1977, fl./fr., K.Hagelund 11540a (ICN 127779); id., mato do Sr. Felisberto, 24/IX/1977, fl., M.Fleig 725
(ICN 51533); id., Colônia São Pedro, 5/I/1978, fr., K.Hagelund 12212 (ICN 127782); id., Faxinal, arbusto de
interior de mato, frutos verdes, brácteas verde-claras, 15/III/1978, fr., J.Waechter e J.Mariath 771 (ICN 40934);
id., Faxinal, beira de mata paludosa, arbusto ca. 1,5 m alt., 18/VIII/1979, fl., J.Waechter 1313 (ICN 45474); id.,
Colônia São Pedro, 11/VI/1984, fl., K.Hagelund 15234 (ICN 127768); id., Colônia São Pedro, 09/XII/1984, fr.,
K.Hagelund 15436 (ICN 127772); id., Cova Funda, margem da BR 101, flores verdes, 26/IX/1985, fl., R.Frosi
431 (HAS 85402); id., Itapeva, na restinga, 1,5 m alt., 04/IX/1986, fl., N.Silveira et al. 4423 (HAS 85257); id.,
Colônia São Pedro, 06/X/1986, fl., K.Hagelund 16064 (ICN 1276934); id., estrada ligando BR 101 a São Pedro,
arbusto em interior de mata, flores verde-amareladas, 24/IX/1995, fl., J.Stehmann et al. 1646 (ICN 119295).
Material adicional examinado: BRASIL. PARANÁ: Morretes, Véu da Noiva, arbusto 2 m, flor creme
esverdeada, mata, 15/II/1986, fl., J.Silva 46 (HAS 85350); SANTA CATARINA: Florianópolis, Morro da
Lagoa (= Padre Doutor), Ilha de S. Catarina, 350 m.s.m., em beira e interior de mata atlântica secundária, arbusto
1,5 m alt., flor perfumada (odor adocicado), corola branco-amarelada, 16/IX/1989, fl., D.Falkenberg 4923 (ICN
98178).
Cestrum euanthes Schltdl., Linnaea 7: 60. 1832.
Figuras 6 e 10b.
Subarbustos ou arbustos de até 2,0 m de altura, raro mais. Lâmina foliar com 0,60-
8,40 cm de comprimento e 0,40-3,70 cm de largura, elíptica, largo-elíptica ou ovalada, com
ápice agudo, obtuso ou arredondado e base decurrente; superfícies adaxial e abaxial glabras;
pecíolo com 0,10-1,20 cm de comprimento, glabro ou com tricomas simples; pseudoestípulas
pecioladas, não contorcidas, adpressas. Inflorescências com 2-11 flores, pediceladas,
pedicelos com 0,50-2,80 cm de comprimento, glabros ou com tricomas simples. Cálice com
0,25-0,50 cm de altura e 0,15-0,25 cm de diâmetro, glabro ou com tricomas simples; lacínias
com 0,05-0,10 cm de comprimento e 0,05-0,15 cm de largura. Corola esverdeada, amarelo-
esverdeada ou amarela, às vezes levemente arroxeada no tubo e nas extremidades dos lobos;
tubo corolino com 1,10-1,60 cm de comprimento, 0,10-0,20 cm de diâmetro basal e 0,25-0,45
cm de diâmetro apical; fauce com 0,10-0,20 cm de comprimento; lobos com 0,30-0,70 cm de
comprimento e 0,20-0,35 cm de largura. Estames adnatos até próximo à metade do tubo,
porção livre dos filetes com 0,40-0,60 cm de comprimento, com tricomas simples apenas na
base, porção adnata inteiramente coberta por tricomas simples; anteras com 0,05-0,10 cm de
altura e 0,03-0,05 cm de diâmetro. Ovário globoso ou ovóide, com 0,08-0,20 cm de altura e
0,08-0,12 cm de diâmetro; estilete com 1,00-1,40 cm de comprimento; estigma capitado, com
90
0,05 cm de altura. Baga ovóide, violácea a negra na maturação, com 0,40-0,80 cm de altura e
0,20-0,60 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Esta espécie ocorre no Paraguai, Argentina, Uruguai (Romanutti e
Hunziker, 1998) e no sul do Brasil. No Rio Grande do Sul ocorre em todas as regiões
fisiográficas, nos mais variados ambientes, desde secos até úmidos, geralmente em locais
iluminados, sendo uma das espécies de mais ampla distribuição no Estado.
Aspectos fenológicos: O material examinado indica floração no período de março a
novembro, parecendo ser mais intensa nos meses de novembro e março. A frutificação foi
observada nos meses de setembro a dezembro e em março.
Comentários: O nome Cestrum euanthes é bastante controverso. A espécie foi descrita por
Schlechtendal (Linnaea 7: 60. 1832), na mesma obra em que o autor descreveu C.
corymbosum (Linnaea 7: 57. 1832). Francey (1934-1936 e 1936-1938), ao monografar o
gênero, considerou estes dois nomes como pertencentes a táxons distintos. Mais tarde, Smith
e Downs (1966), Aranha (1976), Cabrera (1979) e Guaranha (1981a) reuniram os dois nomes,
aceitando como válido o nome C. corymbosum. Romanutti e Hunziker (1998), analisando o
material visto por Cabrera, sob o nome de C. corymbosum, discordaram deste, aceitando
como válido, para o material da Argentina, o nome C. euanthes. As características que
distinguem as duas espécies, mencionadas por Francey (1934-1936 e 1936-1938), parecem ser
válidas também para o material coletado no Rio Grande do Sul. Cestrum euanthes tem a
corola esverdeada, amarelo-esverdeada ou amarela, às vezes levemente arroxeada no tubo e
nas extremidades dos lobos, os lobos corolinos lanceolados, com 3 a 7 mm de comprimento e
inflorescência com até 11 flores. Cestrum corymbosum tem a corola alaranjada, os lobos
corolinos deltóides, com até 3 mm de comprimento e inflorescência com mais de 12 flores.
Portanto, o material coletado no Rio Grande do Sul corresponde ao descrito para C. euanthes.
Os materiais já vistos e coletados em Santa Catarina correspondem tanto a C. euanthes quanto
a C. corymbosum. Os nomes populares mencionados nas etiquetas de coleta são coerana,
coerana-amarela e quina-do-mato.
Material examinado. BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Arroio dos Ratos, Fazenda Faxinal, 26/XI/1971,
fl., K.Hagelund 9752 (ICN 127775); id., Fazenda Faxinal, 28/IX/1973, fl., K.Hagelund 7126 (ICN 127664); id.,
Fazenda Faxinal, 17/VII/1978, fl., K.Hagelund 12398 (ICN 127783); id., Fazenda Faxinal, 7/X/1978, fl.,
K.Hagelund 12508 (ICN 127780); id., Fazenda Faxinal, 3/IX/1979, fl., K.Hagelund 12916 (ICN 127777); Bento
Gonçalves, in dumetosis, 06/X/1975, fl., O.Camargo 1920 (PACA 62034); Bom Jesus, 3 km antes da Fazenda
Carauno, 2/X/1993, fl., L.A.Mentz s.n° (ICN 103015); Caçapava do Sul, estrada velha Caçapava-Bagé, arbusto,
91
24/IX/1984, fl., J.R.Stehmann 259 (ICN); id., km 32 da rodovia pra Bagé, arbusto ca. 1,5 m alt., flores verde-
amareladas, 18/X/1984, fl., J.Mattos e N.Silveira 26169 (HAS 85211); (Camaquã), 13 km N do Rio Camaquã,
no Passo dos Marinheiros, no vale dum riacho, arbustinho 50 cm, corola amarelada, 10/X/1972, fl.,
J.C.Lindeman, B.E.Irgang, J.F.M.Valls s.n° (ICN 20638); Camaquã, arbusto, em borda de estrada, de 50 a 100
cm de altura, flores amarelas, coletada na margem da BR 116, a cerca de 20 km ao norte de Camaquã,
16/VIII/1988, fl., J.A.Jarenkow 903 (ICN 115945, PACA 70311, PEL 10184); Campo Bom, ca. 2 km da cidade,
na capoeira, arbusto, frutos quase maduros, X/1983, fr., J.Mattos 24303 (HAS 85407); Canguçu, rodovia
Canguçu-Camaquã, numa capoeirinha, arbusto com frutos imaturos, fr., J.Mattos e N.Mattos 30046 (HAS
85405); Caxias do Sul, São Jorge – Criúva, 780 m.s.m, na orla do barranco, no campo, 03/IX/1998, fl., A.Kegler
37 (HUCS 12770); id., próximo à rua, 31/X/1991, fr., M.Viana et al. s.n° (HUCS 8213); Cerro Largo, prope
São Luís, in campestribus dumetosis, IX/1944, fl., E.Friederichs s.n° (PACA 26733); Encruzilhada do Sul,
Estação Experimental, capoeira, arbusto, 15/IX/1977, fl., J.Mattos 18185 (HAS 85214); id., Passo do
Branquilho, matinha ciliar, arbusto, frutos quase maduros, 16/XI/1978, fr., J.Mattos et al. 19948 (HAS 82078);
Erechim, IBDF, em beira de mato, 02/IX/1993, fl., A.Butzke et al. s.n° (HUCS 11584); Farroupilha, Est. Exp.
Fruticultura, no campo seco e arbustivo, 04/X/1957, fl., 04/X/1957, fl., B.Rambo s.n° (HAS 82076); Esteio,
prope
92
(HAS 13484); Santa Maria, Chácara Geraldino Oliveira, 24/IX/1935, fl., G.Rau s.n° (SMDB 90); id., “coerana”
(nome popular), 01/VIII/1937, fl., G.Rau s.n° (SMDB 268); id., Passo Verde, às margens do Rio Vacacaí, mata
ciliar, 1 m alt., botões florais, 09/VII/1978, fl., O.Camargo 5705 (HAS 85356); id., Estação Experimental de
Silvicultura, num capão, arbusto, 05/X/1978, fl., J,Mattos et al. 18970 (HAS 82082); Santana do Livramento,
capoeirão em beira de estrada, “coerana” (nome popular), 14/X/1974, fl., S.M.Callegari 164 (HAS 959); São
Borja, capão de mato, 1º. Distrito, erva com flores verde-claro, coerana (nome popular), 8/IX/1991, fl.,
R.A.Záchia 456 (ICN 93433); São Francisco de Paula, Itaimbezinho prope São Francisco de Paula, ad rivum in
dumetosis, 05/XI/1951, fl., B.Rambo 51359 (PACA 51359); id., no campo, arbusto, 26/X/1957, fl., J.Mattos s.n°
(HAS 82077); São Leopoldo, ad silvam campestris, 1907, fl., F.Theisen s.n° (PACA 7834); id., in campestribus
dumetosis, 1907, fl., F.Theisen s.n° (PACA 25198); id., in campestribus dumetosis, 15/VII/1946, fl., C.Ritter
s.n° (PACA 33429); id., Rio dos Sinos prope São Leopoldo, in campestribus dumetosis, 10/XII/1948, fr.,
B.Rambo 38692 (PACA 38692); id., Portão propeo Leopoldo, in campestribus dumetosis, 30/IX/1949, fl.,
B.Rambo (PACA 43526); id., Barreto Vianna prope São Leopoldo, in campestribus dumetosis, 24/X/1949,
fl./fr., B.Rambo 44070 (PACA 44070); id., ad montem Sapucaia prope São Leopoldo, 07/IX/1950, fl., B.Rambo
48718 (PACA 48718); (São Sebastião do Caí), ad flumen Caí inferius prope Porto Alegre, in dumetosis
campestribus, 12/X/1949, fl., B.Rambo 43867 (PACA 43867); São Sepé, arbusto freqüente na orla da mata da
região, em capoeiras, 25/IX/1980, fl., Adelino s.n° (SMDB 1824); Sapucaia do Sul, Sapucaia propeo
Leopoldo, in silvula campestri, 08/VII/1948, fl., B.Rambo 37374 (PACA 37374); id., perto do Morro Sapucaia,
beira de capão, 7/IX/1950, fl., B.Rambo 48718 (ICN 16159); Triunfo, Bom Jardim, 30/VIII/1977, fl.,
I.Ungaretti 546 (HAS 5034); id., 06/IX/1977, fl., I.Ungaretti 585 (HAS 5093); id., Usina Termoelétrica Jacuí,
arbusto, pouco numeroso e disperso, flores verde-claras, 25/VII/1986, fl., M.Neves 702 (HAS 22072); Vacaria,
Fazenda da Ronda prope Vacaria, in dumetosis campestribus, 03/XII/19946, fr., B.Rambo 34647 (PACA
34647); Viamão, Passo do Vigário, capoeira, arbusto, 1954, fr., J.Mattos s.n° (HAS 82083); id., Parque La Salle,
na beira de matinha com o campo, solo (decomposição granítica), arvoreta ca. 3 m alt., DAP 2 cm, freqüência
ocasional, flor esverdeada, 19/IV/1997, fl., A.Knob 5253 (SALLE 253).
Cestrum intermedium Sendtn., in Mart., Fl. Bras., 10: 221. 1846.
Figuras 7 e 10c.
Arbustos a árvores de até 9 m de altura. Lâmina foliar com 2,20-15,00 cm de
comprimento e 0,70-3,60 cm de largura, lanceolada, oblonga ou oblanceolada, com ápice
agudo, atenuado ou acuminado e base atenuada ou decurrente; superfícies adaxial e abaxial
glabras; pecíolo com 0,20-1,40 cm de comprimento, glabro, raramente com tricomas simples;
pseudoestípulas pecioladas, contorcidas, não adpressas. Inflorescências com 3-7 flores,
pediceladas, pedicelos com 0,05-0,10 cm de comprimento, glabros ou com tufos de tricomas
simples na base. Cálice com 0,20-0,30 cm de altura e 0,15-0,20 cm de diâmetro, glabro ou
mais raramente com tricomas simples; lacínias irregulares com até 0,05 cm de comprimento e
0,05-0,10 cm de largura. Corola creme ou amarelo-esverdeada, às vezes externamente
arroxeada; tubo corolino com 1,50-1,70 cm de comprimento, 0,10-0,18 cm de diâmetro basal
e 0,22-0,30 cm de diâmetro apical; fauce com 0,10-0,20 cm de comprimento; lobos com 0,28-
0,42 cm de comprimento e 0,18-0,20 cm de largura. Estames adnatos até o terço superior do
tubo, porção livre dos filetes com 0,40-0,50 cm de comprimento, glabra ou com tricomas
simples na base, porção adnata glabra; anteras com 0,07-0,08 cm de altura e 0,03-0,04 cm de
diâmetro. Ovário ovóide ou oblongo, com 0,10-0,15 cm de altura e 0,05-0,12 cm de diâmetro;
estilete com 1,20-1,55 cm de comprimento; estigma capitado, com 0,05-0,10 cm de altura.
93
Baga ovóide, violácea a negra na maturação, com 0,60-1,20 cm de altura e 0,40-0,70 cm de
diâmetro.
Ocorrência e hábitat: ocorre no Paraguai e no Brasil, de Minas Gerais até o Rio Grande do
Sul (Aranha, 1976). No Estado foi coletada nas regiões fisiográficas do Litoral, Encosta
Inferior do Nordeste, Planalto Médio e Depressão Central. É uma espécie que ocorre tanto no
interior quanto na borda de matas e também em locais antropizados.
Aspectos fenológicos: as coletas indicam floração de março até maio e também em dezembro
e a frutificação de abril a junho, agosto, dezembro e janeiro.
Comentários: Scolnik (1954) coloca esta espécie como um sinônimo de C. euanthes Schltdl.,
discordando dos demais autores que trabalharam com o gênero. As duas espécies diferem pela
morfologia das folhas, das pseudoestípulas e do cálice. Esta é uma das espécies do gênero
responsáveis por lesões hepáticas no gado bovino, acarretando danos à economia do Estado
(Riet-Correa et al., 1993; Tokarnia et al., 2000).
Material examinado. BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Bento Gonçalves, na rodovia Faria Lemos –
Guaporé, árvore, frutos maduros negros, ca. 8 m altura, 19/VI/1984, fr., J.Mattos 25786 e N.Model (HAS
85204); (Canela), Caracol, 8 km de Canela, morro este, estradinha em derrubada, sobre muro da porteira, árvore
5 cm diâmetro, 5 m altura, corola roxa, 4/I/1973, fr., P.Pelizzaro et al., s.n° (ICN 22020); id., Caracol, 8 km N de
Canela, colina W do arroio morro este, beira E do parque, fruto roxo, quase preto, 5/I/1973, fr., M.L.Porto et al.,
s.n° (ICN 22061); (Caxias do Sul), S. Valentino prope Caxias, in dumetosis secundaris, 5/I/1941, est., B.Rambo
3844 (PACA 3844); Caxias do Sul, quarta légua, Galópolis, na orla da mata, 780 m, 10/III/1999, fl., A.Kegler
218 (HUCS 13607); Dois Irmãos, perto da beira da mata, solo (decomposição do basalto), arvoreta 8 m alt.,
DAP 19 cm, freqüência ocasional, fruto imaturo verde, 31/VII/1998, fl./fr., A.Knob e Célia 5648 (SALLE 648);
Farroupilha, Parque dos Pinheiros, capoeira-do-mato (nome popular), arbusto com ca. 2,5 m de altura até 4 m,
com frutos verdes, 30/V/1978, estéril, L.Aguiar et al. (HAS 5993); Gramado, Gramado dos Loureiros,
7/XII/1974, fr., L.R.Baptista, B.Irgang et al. s.n° (ICN 26850); Maquiné (mun. Osório), 12/IV/1976, fl.,
L.G.Amaral s.n° (ICN 31113); id., Estação Experimental Fitotécnica (Osório-Maquiné), capoeira, arbusto,
7/V/1976, fl., L.Amaral s.n° (HAS 85200); id., Estação Experimental Fitotécnica (Osório-Maquiné), com flores,
12/IV/1976, fl., L.Amaral s.n° (HAS 85201); id., Estação Experimental (Osório-Maquiné), numa capoeira,
arbusto, frutos quase maduros, 12/XII/1978, fl., J.Mattos 20312 (HAS 85215); id., Estação Experimental
Fitotécnica de Osório, floresta secundária, mais ou menos 50 anos, árvore 8 m alt., 4/VIII/1993, fr., L.Sevegnani
s.n° (ICN 103911, PACA 73819); Montenegro, Linha Santa Rita, arbor in silva, 400 m.s.m., 15/III/1950, fl.,
A.Sehnem 4433A (PACA 50615, HUCS 1899); id., Buttenberg prope Montenegro, in dumetosis secundaris,
22/V/1950, fr., B.Rambo 47137 (PACA 47137); (Morrinhos do Sul), Morrinhos – Torres, beira de estrada,
25/III/1977, fl., V.Citadini 176 (ICN 33338); Porto Alegre, Montserrat, in campestribus dumetosis, 1943, fl.,
K.Emrich s.n° (PACA 11312); (Rio Grande), Estação Ecológica do Taim, arbusto no interior da mata úmida
(mata em frente a sede), 13/XII/1986, fr., F.A.Silva F. 743 (ICN 116287); São Francisco de Paula, José Velho,
na orla de mata, S 29º 18’ 51” W 50º 44’ 05”, 27/XII/1999, fr., R.Wasum 396 (HUCS 14751); id., José Velho,
árvore em beira de estrada, 750 ms.m., 14/IV/2002, fl., R.Wasum 1461 (HUCS 19073); (São Pedro do Sul),
entre São Pedro e Santa Maria, RS 3, km 185, beira da estrada, arbusto de 1,5 m, baga preta, 20/XII/1972, fr.,
J.C.Lindeman, A.Pott et al., s.n° (ICN 21177); (São Sebastião do Caí), Alto Feliz prope Caí, in dumetosis
secundaris, 5/III/1933, fl., B.Rambo 320 (PACA 320); (São Sepé), entre São Sepé e Restinga Seca, 15/III/1978,
fl., J.Vascocellos s.n° (ICN 43011 e 43012); Sapiranga, Picada Verão, arbusto em borda de mato, 29/IV/1984,
fl./fr., Batista, Pilz e Henn s.n° (ICN 66019); Taquara, in silvula secundaria, 13/III/1950, fl. jovem, B.Rambo
46257 (PACA 46257); id., vegetação secundária, ao lado de cerca, ambiente bem iluminado, solo (decomposição
do basalto), arvoreta 4,5 m alt., DAP 18 cm, freqüência ocasional, 21/III/2001, fl., A.Knob e S.Bordignon 6736
94
(SALLE 1736); id., Batingueira, beira de mata junto a um córrego, solo (decomposição do basalto), arvoreta 3,5
m alt., flor esverdeada, 29/III/2005, fl., A.Knob e S.Bordignon 7649 (SALLE 2649); Torres, parte oeste da
Lagoa Jacaré, na margem do mato, arvoreta 4 m, frutos imaturos, 25/IV/1976, fr., O.R.Camargo s.n° (HAS
82071); id., Colônia São Pedro, 19/IV/1977, fl., K.Hagelund s.n° (ICN 127701); id., Colônia São Pedro,
19/IV/1977, fl./fr., K.Hagelund 11841 (ICN 127786); id., Morro Azul, arbusto em beira de mato, flores amarelo-
esverdeadas, 1/IV/1978, fl., Waechter 802 (ICN 40946); id., na estrada para a Lagoa do Jacaré, ca. 4 m alt.,
frutos imaturos verdes, 14/VI/1984, fr., N.Silveira 1427 e N.Madel (HAS 85354); id., Boa União, arbusto em
borda de mata, flores amarelo-esverdeadas, 27/III/1990, fl., J.A.Jarenkow e J.L.Waechter 1668 (ICN 118243);
id., Perdida, arvoreta ca. 6 m alt., em borda de mata atlântica de encosta, flores verde-amareladas, 10/IV/1992,
fl., J.A.Jarenkow 2107 (ICN 111784, PEL 13855); Três Coroas, Batingueira, ao lado da estrada, solo
(decomposição do basalto), arvoreta 5 m alt., flores amarelo-esverdeadas, freqüência ocasional, 04/IV/2000, fl.,
A.Knob e S.Bordignon 6412 (SALLE 1412); (Tupanciretã), Jarí prope Tupanciretan, in silvula campestri,
26/I/1942, est., B.Rambo 9193 (PACA 9193).
Cestrum parqui L'Hér., Stirp. Nov. 4: 73, tab. 36. 1788.
Figuras 8 e 10d.
Arbustos de até 1,5 m de altura. Lâmina foliar com 1,20-8,00 cm de comprimento e
0,40-2,35 cm de largura, elíptica, com ápice agudo e base decurrente; superfícies adaxial e
abaxial glabras; pecíolo com 0,10-0,20 cm de comprimento, glabro; pseudoestípulas
pecioladas, foliáceas. Inflorescências com 7-12 flores, sésseis. Cálice com 0,55-0,60 cm de
altura e 0,20-0,35 cm de diâmetro, com tricomas simples; lacínias triangulares, com 0,12-0,15
cm de comprimento e 0,10-0,20 cm de largura. Corola amarela ou amarelo-esverdeada; tubo
corolino com 1,25-1,60 cm de comprimento, 0,15 cm de diâmetro basal e 0,30-0,40 cm de
diâmetro apical; fauce com 0,10-0,20 cm de comprimento; lobos com 0,20-0,30 cm de
comprimento e 0,20-0,35 cm de largura. Estames adnatos até a metade do tubo, porção livre
dos filetes com 0,55-0,70 cm de comprimento, glabra ou com tricomas simples na base,
porção adnata inteiramente coberta por tricomas simples; anteras com 0,10 cm de altura e
0,05 cm de diâmetro. Ovário obovóide, com 0,15-0,20 cm de altura e 0,10-0,15 cm de
diâmetro; estilete com 1,15-1,65 cm de comprimento; estigma capitado, com 0,05 cm de
altura. Baga ovóide, negra na maturação, com 0,50-0,75 cm de altura e 0,35-0,50 cm de
diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Ocorre na Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai (Barboza e
Romanutti, 1996-1999) e no Brasil. No Rio Grande do Sul foi coletada nas regiões
fisiográficas da Depressão Central, Serra do Sudeste, Campanha e Missões. É uma espécie de
campo, ocorrendo também em beira de estradas.
Aspectos fenológicos: As poucas coletas vistas estavam floridas de novembro a janeiro, e
também em maio e julho. Material com frutos está registrado apenas para janeiro.
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Comentários: Esta espécie também é referida por causar lesões hepáticas no gado bovino,
acarretando danos à economia do Estado (Riet-Correa et al., 1993; Tokarnia et al., 2000). O
único nome popular registrado nas etiquetas de coleta é coerana.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Itaqui, BR 472, km 519, 500 m após a ponte do
Rio Ibicuí, de Uruguaiana para Itaqui, 13/I/2002, fl., M.Vignoli-Silva e L.A.Mentz 39 (ICN 129082); Lavras do
Sul, Rincão do Inferno, campo, flores amarelas, 19/V/1990, fl., B. Irgang s.n° (ICN); Quaraí, Fazenda do Jarau
prope Quaraí, in dumetosis campestribus, I/1945, fl., B.Rambo 26129 (PACA 26129); id., viaduto da VFRGS,
freqüente à beira da estrada, 15/XI/1991, fl., A.Filho et al. s.n° (SMDB 4469); Santa Maria, suspeita de ser a
causa da morte de bovinos no local de coleta, V/1990, fl., S.Barros s.n° (ICN); Santana do Livramento, em
estrada secundária á direita, a 35 km de Santana do Livramento para Quarai, subarbusto ca de 1,1 m alt., flores
amarelas, frutos escuros, 12/I/2002, fl./fr., M.Vignoli-Silva e L.A.Mentz 29 (ICN 129072); Uruguaiana, estrada
para Quaraí, “coerana”(nome popular), 20/VII/1976, fl., M.Fleig 48 (ICN 40417); id., ponte sobre o Rio Ibicuí,
divisa com Itaqui, arbusto 1,5 m alt., em beira de estrada, flores amarelo-esverdeadas, 13/XI/1984, fl., M.Sobral
3279 (ICN 63399).
Cestrum strigilatum Ruiz et Pav., Fl. Peruv. 2: 29, tab. 156. 1799.
Figuras 9 e 10e.
Arbustos ou árvores de até 8 m de altura. Lâmina foliar com 2,50-15,10 cm de
comprimento e 0,80-7,10 cm de largura, elíptica, ovalada ou lanceolada, com ápice agudo,
obtuso ou arredondado e base obtusa ou arredondada, raramente aguda ou assimétrica;
superfície adaxial glabra ou com tricomas dendrítico-estrelados, superfície abaxial coberta por
tricomas dendrítico-estrelados; pecíolo com 0,10-1,40 cm de comprimento, coberto por
tricomas dendrítico-estrelados; pseudoestípulas ausentes. Inflorescências com 3-7 flores,
sésseis ou levemente pediceladas, pedicelos com 0,10-0,15 cm de comprimento, com tricomas
dendrítico-estrelados. Cálice com 0,50-0,90 cm de altura e 0,20-0,40 cm de diâmetro, com
tricomas dendrítico-estrelados; lacínias 0,10-0,20 cm de comprimento e 0,10-0,20 cm de
largura. Corola branco-esverdeada ou creme; tubo corolino com 1,20-2,00 cm de
comprimento, 0,10-0,15 cm de diâmetro basal e 0,20-0,35 cm de diâmetro apical; fauce com
0,10-0,20 cm de comprimento; lobos com 0,20-0,70 cm de comprimento e 0,10-0,30 cm de
largura. Estames adnatos até o quarto superior do tubo, porção livre dos filetes com 0,07-0,15
cm de comprimento, glabra, porção adnata glabra; anteras com 0,05-0,08 cm de altura e 0,03-
0,04 cm de diâmetro. Ovário globoso ou cônico, com 0,05-0,15 cm de altura e 0,05-0,15 cm
de diâmetro; estilete com 1,15-1,70 cm de comprimento; estigma capitado, com 0,05-0,10 cm
de altura. Baga ovóide, violácea a negra na maturação, com 1,00-1,20 cm de altura e 0,50-
0,80 cm de diâmetro.
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Ocorrência e hábitat: Ocorre desde a Costa Rica e Panamá, Venezuela, Colômbia, Equador,
Peru, Bolívia, Paraguai, noroeste e nordeste da Argentina e no Brasil (Nee, 2001). No Rio
Grande do Sul foi coletada em todas as regiões fisiográficas. Ocorre em todas as formações
vegetais e também como ruderal, sendo uma das espécies de mais ampla distribuição no
Estado.
Aspectos fenológicos: As coletas indicam floração e frutificação durante todo o ano.
Comentários: Rambo (1961) e Guaranha (1981a) mencionaram este táxon sob o nome de C.
calycinum Willd. Smith & Downs (1966) citaram C. strigilatum e C. calycinum para Santa
Catarina, como táxons distintos, distinguindo-os pela disposição das flores ao longo do eixo
da inflorescência. A sinonímia está bem estabelecida, sendo mencionada na literatura por
diversos autores (D´Arcy, 1973; Cabrera, 1983; Carvalho et al., 1996; Aguiar et al., 1998). Os
tricomas ramificados que compõem o indumento de todas as partes aéreas desta espécie são o
principal caráter para sua distinção, dando um aspecto amarelado bem marcante no material
herborizado, observado principalmente na face abaxial das folhas e nos ramos. O nome
popular coerana foi mencionado em algumas etiquetas de coleta.
Material examinado. BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Alvorada, estrada Gravataí-Viamão, 24/VII/1975,
fl., E.M.Aguiar s.n° (HAS 802); Caaró, propeo Luiz, in campestribus dumetosis, 24/XI/1952, fl., B.Rambo
53457 (PACA 53457); Arroio do Sal, Balneário Rondinha Velha, 21/IV/1990, fl., M.Rossoni 431 (ICN 93346);
Arroio dos Ratos, Fazenda Faxinal, 28/V/1980, fl., K.Hagelund 13374 (ICN 127771); id., Fazenda Faxinal,
15/IX/1982, fl., K.Hagelund 13963 (ICN 127776); Barracão, encosta do Rio Forquilha, 15/II/2000, fr., T.Strehl
3041 (PACA 85568); id., Barra do Rio Marmeleiro, arbusto, 17/V/2000, fr., J.Spanholi s.n° (HAS 37802);
Caçapava do Sul, 24/VIII/1974, fl., K.Hagelund 8071 (ICN 127688); id., 24/VIII/1974, fl., K.Hagelund 8078
(ICN 127689); id., na saída para Bagé, numa capoeira, arbusto com cerca de 80 cm de altura, 15/X/1979, fr.,
J.Mattos, N.Mattos e N.Silveira 19389 (HAS); id., próximo do posto da fonte, na rodovia Porto Alegre-Rosário,
numa capoeira, arbusto com ca. de 2 m de altura, 07/X/1987, fr., J.Mattos e N.Mattos 31532 (HAS 85334); id.,
na rodovia para Porto Alegre, numa capoeira, arbusto, 29/V/1988, fr., J.Mattos e N.Mattos 22064 (HAS);
Camaquã, Chácara do Padre, 11/IX/1984, fr., Batista-Moura s.n° (ICN 66003); Canoas, à beira da estrada
Tabaí-Canoas, arbusto, fl. amareladas, 28/VIII/1985, fl., J.Stehmann s.n° (ICN 66272); id., Morretes, Fazenda
Trigo Velho, na beira de mato, frutos maduros, 27/VI/1986, fr., N.Silveira 3568 (HAS); Capão da Canoa,
caminho para Curumim, em beira de estrada, 25/V/1996, fl., R.Wasum s.n° (HUCS 12116); Caxias do Sul, São
Virgílio, arbusto, flores brancas esverdeadas, beira de mato, 18/VIII/1974, fl., S.M.Calegari e F.V.Jacques 75
(HAS 641); id., N. Srª. Lurdes, na mata secundária, a 780 m.s.m., 07/XI/2002, fr., A.Kegler 1549 (HUCS
21752); Cerro Largo, prope São Luís, in silva secundaris, VIII/1944, fl., E.Friederichs s.n° (PACA 26692); id.,
prope São Luís, in dumetosis secundaris, 20/XI/1952, est., B.Rambo 53062 (PACA 53062); Charqueadas, no
Capão da Roça, quase no perímetro suburbano, arbusto com cerca de 1,2 m de altura, 29/IX/1986, fr., J.Mattos et
N.Mattos 30008 (HAS); Derrubadas, Parque do Turvo, capoeira jovem, arbusto de 1,5 m, cálice e corola de
fora amarela esverdeada, 10 Y 8/6, lobos da corola brancos de dentro, 31/X/1971, fl., J.Lindemann s.n° (ICN
8915); id., Parque Estadual do Turvo, no Porto Garcia, numa capoeirinha, arbusto, 13/I/1977, fr., J.Mattos e
N.Mattos 16634 (HAS 85406); id., Parque Florestal do Turvo, estrada Salto do Yucumã, flores verdes,
10/VII/1981, fr., J.Goergem (ICN 49954); id., Parque Estadual do Turvo, VII/1981, fr., M.Sobral s.n° (ICN
88909); Dom Pedro de Alcântara, mato da Cova Funda, 22/V/1999, fl., M.G.Rossoni s.n° (ICN 118824);
Encruzilhada do Sul, 23/IX/1985, fr., B.Irgang s.n° (ICN 67651); Entre Ijuís, em beira de asfalto, flores
brancas com linhas lilases, anteras amarelas, estigma verde, fl./fr., M.Vignoli-Silva e L.A.Mentz 162 (ICN
129845); Esteio, prope São Leopoldo, in silvula campestri, 18/V/1948, fl., B.Rambo 41727 (PACA 41627); id.,
prope Porto Alegre, in silvula campestri, 08/XI/1949, fl., B.Rambo 44284 (PACA 44284); Farroupilha, Linha
97
Jacinto, no vale do Rio das Antas, 23/IX/1958, fl., O.Camargo 3407 (PACA 66440); Flores da Cunha, em orla
de capoeira, 30/X/1989, fr., L.Scur 108 (HUCS 16306); Giruá, Granja Sodal, 10/X/1962, fl., K.Hagelund 112
(ICN 127696); id., Granja Sodal, 19/I/1963, fr., K.Hagelund 111 (ICN 127666); id., Granja Sodal, 1°/III/1963,
fr., K.Hagelund 109 (ICN 127673); id., Granja Sodal, 30/V/1963, fr., K.Hagelund 110 (ICN 127695); id., Granja
Sodal, 1°/IX/1963, fl., K.Hagelund 938 (ICN 127675); id., Granja Sodal, X/1963, fl., K.Hagelund 1207 (ICN
127672); id., Granja Sodal, III/1964, fl., K.Hagelund 2138 (ICN 127697); id., Granja Sodal, 11/VIII/1967, fl.,
K.Hagelund 5379 (ICN 127667); id., Fazenda Sta. Ana, 17/XI/1974, fl./fr., A.Ferreira 691 (ICN 28963); id.,
prope Santa Rosa, 17/VII/1979, fl., K.Hagelund 12890 (ICN 127778); Gravataí, Itacolomi, no interior de mata,
24/V/1975, fl., D.Wilhelm Filho s.n° (ICN 28764); id., morro Morungava exemplar com flores verde-claro,
05/V/1975, fl., Z.Rosa et J.Menegheti (HAS 1819); id., Morro do Leão, arbusto coletado em beira de mato,
06/VI/1978, fl., L.Aguiar et al. s. n. (HAS 8331); id., estrada Oscar Marcelino Cardoso, próximo à Faz. Renato
Johan, Banhado Grande, coletado na margem da estrada, com frutos roxos, 19/V/1983, fl., Abruzzi 818 (HAS
18760); Ijuí, cerca de 5 km a oeste de Ijuí, numa capoeira, arbusto, 28/IV/1981, est., J.Mattos e N.Mattos 23930
(HAS); Iraí, cerca de 3 km da saída para Planalto, na beira de estrada, numa picada, 10/XI/1983, est., J.Mattos,
N.Mattos e J.Vasconcelos 25456 (HAS); Lavras do Sul, Mina Volta Grande, arbusto 1,5 m alt., em resto de
mata à beira de estrada, flores brancas, 05/X/1984, fl., M.Sobral 3097 (ICN 61782); Machadinho, barragem
Machadinho, coerana, 20/VI/1984, fr., E.Zanin s.n° (HERBARA 188); Marcelino Ramos, arbusto com ca. de 2
m de alt., em borda de mata, na barranca do Rio Uruguai, flores verdosas, corola pilosa externamente,
02/IV/1988, fl., J.Jarenkow 830 (ICN 120010, PACA 69491); Maximiliano de Almeida, à 10 km para
Marcelino Ramos, 26/X/1988, fl., L.A.Mentz e A.Hagemann s.n° (ICN); id., foz do Rio Forquilha, arbusto,
coerana, 19/VII/2000, fl., C.Lutkemeier s.n° (HAS 37301); Montenegro, est. Azevedo prope Montenegro, in
silvula campestri, 05/IX/1949, fl., B.Rambo 43270 (PACA 43270); id., Pólo Petroquímico, área do Pontal,
24/V/1977, fl., I.Ungaretti 302 (HAS 4542); id., na mata Chaleira Preta, 22/IX/1977, fr., T.Buselato 108 (HAS
9428); id., no Pólo Petroquímico, mata da Fazenda Chaleira Preta, 27/IX/1977, fr., I.Ungaretti 724 (HAS 5386);
Nova Palma, Caemborá, arbusto em capoeirão, 23/III/1981, fr., Adelino s.n° (SMDB 1974); Nova Petrópolis,
prope Caí, in dumetosis secundaris, I/1943, fr., B.Rambo 11278 (PACA 11278); Nova Santa Rita, Quinta São
José, campo entre a estrada e a cerca, solo (sedimento arenoso), arbusto 2 m alt., freqüência ocasional, flor
verde-amarelada, 02/08/1998, fl., A.Knob 5524 (SALLE 524); Osório, in dumetosis secundaris, 24/XI/1949, fl.,
B.Rambo 44576 (PACA 44576); id., Maquiné, na Estação Experimental Fitotécnica, numa capoeira, arbusto,
15/V/1981, fl., J.Mattos 23250 (HAS); (Parecí Novo), prope Montenegro, in silvula campestri, fruto
semievoluto, 1944, fr., E.Henz s.n° (PACA 27524); id., prope Montenegro, in silvula campestri, 1944, fl.,
E.Henz s.n° (PACA 27608); id., prope Montenegro,
ad silvam in dumetosis, 31/X/1945, fl., E.Henz (PACA
32606); id., prope Montenegro, ad silvam in dumetosis, 10/XII/1945, fl., A.Strieder (PACA 32992); id., prope
Montenegro, ad silvam primaevam in dumetosis, 14/I/1949, fl., B.Rambo 39777 (PACA 39777); id., prope
Montenegro, in silvula campestri, 07/VII/1954, fr., B.Rambo (PACA 42425); Pelotas, in dumetosis, 08/VI/1954,
fl., Sacco 153 (PACA 64075); id., cascata, alt. 400 m, mato, arbusto, 18/06/1968, Z.Ceroni e B.Irgang s.n° (ICN
4961); Portão, no campo, arbusto, 28/V/1986, est., R.Wasum s.n° (HUCS 1842); Porto Alegre, capoeira,
V/1923, fl., sem coletor (ICN 44710); id., caapoeira, V/1924, fl., sem coletor (ICN 44635); id., Vila Luciana,
20/VIII/1942, fr., Irmão Augusto s.n° (ICN 19128); id., Vila Manresa, prope Porto Alegre, in campestribus
dumetosis, VI/1945, fl., B.Rambo 30127 (PACA 30127); id., Vila Manresa prope Porto Alegre, in silvula
campestri, 12/XII/1945, fl., B.Rambo 32825 (PACA 32825); id., Vila Manresa prope Porto Alegre, in silvula
campestri, 05/VII/1948, fl., B.Rambo 37432 (PACA 37432); id., Morro Sta. Teresa, in silvula campestri,
29/IV/1949, fl., B.Rambo 41321 (PACA 41321); id., Morro do Osso, in silvula campestri, 15/V/1949, fl.,
B.Rambo 41515 (PACA 41515); id., Vila Manresa prope Porto Alegre, beira do capão, 31/VII/1950, fl.,
B.Rambo 48680 (ICN 16158); id., Vila Manresa prope Porto Alegre, in silvula campestri, 26/III/1951, fl.,
B.Rambo 50257 (PACA 50257); id., Teresópolis, beira de mata, frutos azuis, flores esverdeadas, 05/VI/1968, fl.,
B.Irgang 398 (ICN 5334); id., Morro do Coco, 25 km ao sul de Porto Alegre, arbusto de 2 m, corola creme, beira
do matinho, sem data, J.Lindeman s.n° (ICN 24048); id., Morro Tapera , acesso pela estrada Juca Batista,
arbusto de pequeno porte, de 1,5 m alt., com botões verdes, 200 m.s.m, pouco numeroso, disperso, na beira de
estrada não mexida, na encosta, em solo granítico, 08/V/1979, fl., Z.Soares 89 (HAS); id., Morro São Pedro, lado
oeste, acesso pelo Jockey Clube, flor esverdeada, fruto verde, pouco numeroso e disperso, em beira de estrada,
na encosta, solo granito, 19/VI/1979, fr., L.Martau e L.Aguiar 82 (HAS 9724); id., Morro Santana, lado sudoeste
do morro, arbusto em beira de mato, na encosta, solo granito, 29/IV/1980, fl., L.Martau et L.Aguiar 301 (HAS
11691); id., Morro Santana, flores esverdeadas, 10/V/1980, fl., I.Mendes (HAS 9624); id., Morro Santana,
arbusto, flor esbranquiçada, numeroso, em beira de mato, relevo no topo, solo granito, 20/V/1980, fl., L.Martau
et L.Aguiar 415 (HAS); id., arbusto em borda de mato, flores amarelo-pálidas, 18/V/1985, fl., J.Stehmann s.n°
(ICN 111073); id., na parte baixa do Morro Santana, na beira do mato, flores brancas, frutos imaturos,
12/V/1987, fr., N.Silveira 5531 (HAS); id., Morro Santana, frutos amadurecidos lilases, 02/VI/1987, fl./fr.,
N.Silveira 12583 (HAS 81194); id., na parte baixa do Morro Santana, 2,5 m de altura, flores cremes, 09/VI/1987,
fl., N.Silveira 4788 (HAS 85213); id., na parte baixa do Morro Santana, na beira de mato, 23/VI/1987, fr.,
N.Silveira 5652 (HAS); id., Morro da Polícia, arbusto, numeroso, disperso, flor branco-esverdeado, em beira de
mato, na encosta, solo granito, 03/VI/1980, fr., L.Aguiar et L.Martau 475 (HAS 12216); id., Lami, num
98
vassoural, pequeno arbusto, 28/III/1983, fr., J.Mattos, J.Guaranha e J.Vasconcelos 25887 (HAS); id., arbusto em
beira de mato, 28/III/1983, fl., P.Brack 090 (HAS 68227); id., Campus do Vale (UFRGS), viveiro II, invasora de
solos cultivados ou orla de mata, luz difusa à direita, arbusto de folhas pilosas e flores creme, 02/VI/1989, fl.,
V.F.Nunes 447 (HAS 70470); Porto Mauá, 01/X/1967, fr., K.Hagelund 54574 (ICN 127668); Porto Xavier,
entre os lagos 1 e 2 da Coopescana, 03/IX/2003, fl., J.Adanski s.n° (HUI 4575); Rio Grande, 23 km Sul da Est.
Ec. do Taim, capão oeste da estrada, 05/XII/1983, fr., A.Rego s.n° (ICN 92698); id., Est. Ecol. do Taim, arbusto
de flores esverdeadas em mata arenosa seca, limite sul da estação, 13/XII/1986, fl., F.Silva 9732 (ICN 116284);
Rosário do Sul, arbusto, 29/IX/1984, fr., B.Irgang s.n° (ICN (92653); São Borja, 12/II/1974, fr., K.Hagelund
7960 (ICN 127687); São Francisco de Assis, na rodovia para Santiago, num campestre no alto da serrinha,
arbusto com cerca de 1,5 m., 03/IX/1986, est., J.Mattos 30881 (HAS); São Leopoldo, in silvula campestri, 1907,
fr., F.Theisen s.n° (PACA 7826); id., in silvula campestri, 1907, fl., F.Theisen s.n° (PACA 25086); id., in silvula
campestri, 16/V/1933, fl., B.Rambo 319 (PACA 319); id., in silvula campestri, 25/VII/1946, fl., C.Ritter s.n°
(PACA 33473); id., Steinkopf prope São Leopoldo, in silvula campestri, 28/VI/1949, fl., B.Rambo 42291
(PACA 42291); id., São Leopoldo-Santa Tecla, 22/II/1976, fr., L.Arzivenco s.n° (ICN 44337); id., novo
Campus, na beira do lago, arbusto 2 m de altura, flor e fruto esverdeados, 28/V/1991, fl., Marchioretto 02
(PACA 87033); id., Mata do Campus da Unisinos, arbusto com 3 m, 02/X/2002, fl., C.Luz s.n° (ICN 124868);
São Lourenço do Sul, ruínas de São Lourenço, 22/IX/1973, fl., K.Hagelund 6849 (ICN 127763); id., Fazenda
Ouro Verde, borda de mato, floresta estacional semidecídua, arbusto, muitos tricomas na face inferior da folha,
13/VIII/2003, est., Steffler s.n (HASU 16487); São Sepé, num capão de mato, arbusto com cerca de 1,7 m de
altura, 01/IX/1986, fr., J.Mattos et N.Mattos 29860 (HAS); São Vendelino, arbusto em orla da estrada, a 650 m,
13/VII/2004, fl., R.Wasum 2154 (HUCS 23750); Santa Cristina do Pinhal, coletada no campo, 09/IX/2002,
est., S.Bordignon s.n° (ICN 129227); Santa Maria, Linha da Serra, coerana, 10/III/1948, fl., G.Rau s.n° (SMDB
500); id., Linha da Serra, coerana, 12/X/1948, fr., B.Rambo s.n° (SMDB 511); id., na Estação Experimental de
Silvicultura, na borda de mato de eucaliptos, frutos verdes e maduros, 08/X/1985, fr., E.Albuquerque et
M.Bassan 19 (HAS); id., Jardim Botânico, 16/IX/1986, fr., S.Villanova s.n° (SMDB 2736); id., Garganta do
Diabo, 2 m de altura, 09/VI/1987, fl., R.Soares, N.Silveira e M.Bassan 10 (HAS); id., Boca do Monte, beira de
mato, 16/VII/1989, fl., T.Canto s.n° (SMDB 3043); id., Campus UFSM, atrás do Centro de Educação Física,
24/XI/1993, fr., E.Silva s.n° (SMDB 5093); id., Perau Velho, 20/X/1995, fr., R.Bortoluzzi s.n° (SMDB 5935);
id., Distrito de São Valentin, Campo de Instrução do Exército de Santa Maria, 03/IX/2002, fl., M.Krügel s.n°
(HUI 4055, 4060); id., Distrito de São Valentin, Campo de Instrução do Exército de Santa Maria, 16/X/2002, fl.,
M.Krügel s.n° (HUI 4061); Santana do Livramento, Cerro da Vigia a 10 km de Santana, numa capoeira,
arbusto delgado, com cerca de 2 m de altura, em lugar sombreado, frutos maduros arroxeados, 16/III/1978, fr.,
J.Mattos 18544 (HAS); Santa Rosa, Campinas prope Santa Rosa in silvula secundaria, II/1950, fl., A.Spies s.n°
(PACA 47391); id., 29/XII/1965, fl., K.Hagelund 4075 (ICN 127674); id., margem de mato 13 km SE de Santa
Rosa, arbusto de 2 m, botão floral amarelo, 10 Y 8/6, 02/XI/1971, fl., J.C.Lindeman, B.E.Irgang e J.F.M.Valls
s.n° (ICN 8978); id., mata pluvial, 29/II/1976, fr., K.Hagelund 10059 (ICN 127690); id., mata pluvial,
29/II/1976, fr., K.Hagelund 10063 (ICN 127677); Santiago, rodovia Jaguari-Santiago, 4 km antes do trevo para
Santiago, na beira da estrada capão às margens de umrrego, flores brancas, 08/VIII/1984, fl., J.Vasconcellos,
L.Beltrão e R.Frosi 146 (HAS); Santo Ângelo, ad silva campestrem, 18/II/1941, fl., B.Rambo 6654 (PACA
6654); id., árvore em fruto, 3 m, cor 10 B 2”/2, 03/II/1971, est., M.Porto e P.Oliveira s.n° (ICN 9641); id.,
Granja Piratini, 15/II/1973, fl., K.Hagelund 6823(ICN 127762); id., Granja Piratini, 02/IX/1973, fr., K.Hagelund
7030 (ICN 127700); id., Granja Piratini, beira de mata 3, 08/IX/1973, fl., K.Hagelund 69063 (ICN 127671); id.,
Granja Piratini, 19/IX/1973, fl., K.Hagelund 6912 (ICN 127669); id., Granja Piratini, 22/IX/1973, fl.,
K.Hagelund 6843 (ICN 127661); id., Granja Piratini, 04/X/1973, fl., K.Hagelund 7094 (ICN 127670); id.,
Granja Piratini, 25/II/1975, fl., K.Hagelund 9030 (ICN 127663); id., Granja Piratini, 25/II/1975, fl., K.Hagelund
9032 (ICN 127665); Santo Antônio da Patrulha, arbusto em mata de encosta, 31/V/2001, fl., De Marchi 50
(HASU 13073); Sapiranga, Picada Verão, 29/IV/1984, fl., Batista s.n° (ICN 66008); id., Picada Verão, frutos
roxos, arvoreta de 4 m em interior de mata, folhas com cheiro desagradável, 24/III/1990, fr., J.Larocca s.n
(HASU 2753); (Sapucaia do Sul), Sapucaia prope São Leopoldo, in silvula campestri, 08/VII/1948, fl.,
B.Rambo 37371 (PACA 37371); Tabaí, 06/X/1973, fr., K.Hagelund 6949 (ICN 127698); Tapes, na base da
mata do cerro (Projeto PROBIO), 28/I/2003, fr., M.Abruzzi 4449 (HAS 41103); id., na Bela Vista, arbusto com
cerca de 1,5 m de altura, 12/VI/1984, fl., R.Frosi e R.Model 128 (HAS); Taquari, ad silvum, 08/XII/1957, fl.,
Camargo 2752 (PACA 61628); id., moist grassland in low área, with yuccoid Eryngium, c. 36 Km E of
Venancio Aires, elev. c. 75m, 29° 41 S, 51° 50’ W, common shrub 1.5-2 m high; fls. white, very fragrant,
06/XII/1986, fl., G.Webster 25953 (ICN 89298); Tenente Portela, no Parque Estadual do Turvo, estrada para o
Porto Garcia, na beira do mato, 31/V/1990, fr., N.Silveira 9066 (HAS 44406); id., no Parque Estadual do Turvo,
na mata, arbusto, 11/I/1977, fl., J.Mattos e N.Mattos 16434 (HAS); id., no Parque Estadual do Turvo, junto ao
Rio Uruguai, em Porto Garcia, numa capoeira, arbusto com cerca de 2 m de altura, frutos maduros roxo-escuros,
27/III/1980, fr., J.Mattos, N.Mattos e H.Rosa 21497 (HAS); id., no Parque Estadual do Turvo, na orla da mata, à
beira do Rio Uruguai, arbusto com frutos imaturos, 25/III/1980, fr., J.Mattos, N.Mattos e H. Rosa 21353 (HAS);
id., Parque Estadual do Turvo, 22/III/1988, fr., N.Silveira 8772 (HAS 44405); Torres, Parque de Torres, baixada
S atrás dunas prim., serie 5.12, 10/VII/1972, fr., L.Baptista e M.Lorscheitter s.n° (ICN 28125); id., 03/I/1973,
99
fl., K.Hagelund 6944 (ICN 127699); id., Itapeva, 22/I/1974, fl., K.Hagelund 7705 (ICN 127681); id., no Morro
Azul, 25/V/1979, fr., Waechter 1241 (HAS 13511); id., no Morro Azul, 25/V/1979, fl., Waechter 1242 (HAS
13512); id., 01/I/1977, fl., K.Hagelund 10978 (ICN 127662); id., perto de Torres, numa capoeira, arbusto com
cerca de 1 m de altura, 03/IX/1979, fr., J.Mattos e N.Mattos 20840 (HAS); id., Porto Fagundes, arvoreta de uns 4
m no mato, 14/VI/1984, fl., N.Silveira, R.Frosi e N.Model 1342 (HAS); id., no morro da Itapeva, próximo à
praia, arvoreta com cerca de 2m de altura, 15/VI/1984, fl., N.Silveira, R.Frosi e N.Model 1490 (HAS); id.,
Arroio do Sal, frutos imaturos, 23/IX/1985, est. N. Silveira, R.Frosi e N.Model 3530; id., próximo à lagoa do
Jacaré, frutos maduros negros, 24/IX/1985, fr., R.Frosi, N.Silveira e N.Model 497 (HAS); id., beira do
Mampituba, perto da Praia Grande, 03/I/1986, fl., K.Hagelund 15765 (ICN 127770); id., Morro das Cabritas,
12/XII/1986, fr., J.Guaranha 142 (HAS); id., em Itapeva, na restinga, beira de mato, 16/I/1987, fr., N.Silveira
4183 (HAS); id., Rondinha Velha, num capão distante cerca de 400 m do mar, no mato á beira do lago, flores
brancas perfumadas, 2 m de altura, 27/X/1987, fl., C.Mondin et V.Manfroi 247 (HAS); Tramandaí, arbusto em
interior de mata, folhas discolores esverdeadas, aromáticas, 03/III/1985, fl/fr., J.Stehmann 565 (ICN 63556); id.,
rua Fernando Noronha 1755, em jardim, espontânea, lenhosa, arvoreta, 20/III/1993, fl., A.Ferreira 867 (ICN
96863); Triunfo, Pólo Carboquímico, fruto roxo, 28/IV/1981, fr., L.Martau et L.Aguiar s.n° (HAS 13521);
Venâncio Aires, próximo ao trevo de acesso à cidade, no mato, arbusto de 1,8 m de altura, 20/VII/1988, fl.,
N.Silveira 6798 (HAS 85351); Veranópolis, na Estação Experimental Fitotécnica, numa capoeira, arbusto cerca
de 1,2 m de altura, 04/XI/1982, est., J.Mattos e N.Mattos 17 (HAS); Viamão, prope Porto Alegre, in silvula
campestri, 17/IV/1950, fl., B.Rambo 46900 (PACA 46900); id., Passo do Vigário, numa capoeirinha, 1954, fr.,
Mattos 841 (HAS); id., Schünewald, arbusto, na sombra, 18/V/1968, fl., B.Irgang 368 (ICN 4863); id., km 25
Viamão-Cidreira, 27/IV/1976, fl./fr., L.Arzivenco s.n° (ICN 50262); id., Itapuã, Morro Araçá, arvoreta de cerca
de 4 m de altura, pouco numerosa, agrupada, com flor e fruto verde, com folhas discolores, encontrada na beira
do mato, no vale, em solo granítico, 16/X/1979, fl./fr., Z.Soares 134 (HAS 10334); id., Morro do Côco, arbusto,
flor branca, em beira de mato, relevo na encosta, solo granito, 13/V/1980, fl., L.Aguiar et L.Martau 367 (HAS
11841); id., Morro do Côco, arbusto de beira de mato com flores ainda em botão, 13/V/1980, fl., S.Martins 194
(HAS 11852); id., localidade de Morro Grande, floresta de restinga arenosa, interior da mata, 11/I/1999, est.,
S.Muller 53 (ICN 114866).
Material adicional examinado: BRASIL. SANTA CATARINA: Celso Ramos, arbusto, coerana, 09/II/2001,
fr., J.Spanholi s.n° (HAS 39450); Itapiranga, in dumetosis secundaris, 06/II/1951, fr., B.Rambo 49884 (PACA
49884); Piratuba, lote 56, área abrangida pela UHE Machadinho, arbusto, coerana, 25/V/2000, fr., L.Kem s.n°
(HAS 37789); id., lote 81-82, área abrangida pela UHE Machadinho, arbusto, coerana, fruto roxo, 09/V/2000,
fr., M.L.Abruzzi 3392 (HAS 37911); id., lote 58, 10/V/2000, fr., T.Strehl 3128 (ICN 119805); São João do Sul,
29/X/1982, fl., K.Hagelund 14375 (ICN 127692); id., 29/XII/1982, fl., K.Hagelund s.n° (ICN 127787);
Sombrio, prope Araranguá, in dumetosis, 05/II/1946, est., B.Rambo 31594 (PACA 31594). ARGENTINA:
Província de Corrientes, dep. Ituzaingó, Ea. Santa Rita, 56 °4 W, 27 °3S. ayo próximo al casco, interior de
bosque em galeria, 0,8 a 1m de alt. Flores blanco-amarillentas, fragrantes, 04/III/1987, fl., A.Krapovickas,
C.L.Cristóbal, S.Cáceres, S.G.Tressens y C.Zamudio 41118 (HAS 29109); Província de Corrientes, dep.
Ituzaingó, Ea. Santa Rita, 56 °4 W, 27 °3S, isleta de selva con urunday próxima al rio Paraná, borde de selva,
flores blanco-verdosas, frutos morados, 05/III/1987, fl., A.Krapovickas, C.L.Cristóbal, S.Cáceres, S.G.Tressens
y C.Zamudio 41179 (HAS 29111).
CONCLUSÕES
A atualização do conhecimento sobre o gênero Cestrum para o estado do Rio Grande
do Sul é importante para que os diferentes levantamentos florísticos realizados no Estado
possam utilizar nomenclatura atualizada. No trabalho preliminar de Guaranha (1981a) foram
mencionados os seguintes táxons: C. amictum Schltdl., C. calycinum Willd., C. corymbosum
Schltdl., C. intermedium Sendtn., C. nocturnum L. e C. parqui L´Hèr. Dois destes nomes
foram tratados de outra forma neste trabalho, já que Cestrum amictum, no nosso entender,
corresponde a um dos sinônimos de C. bracteatum e C. calycinum Willd. já foi anteriormente
sinonimizado com C. strigilatum por D´Arcy (1973). Cestrum corymbosum, mencionado por
100
Guaranha (1981a) como presente no Estado, é uma espécie que não foi observada no material
examinado. Os espécimes registrados para o Rio Grande do Sul correspondem a C. euanthes.
As duas espécies com mais ampla distribuição são C. euanthes e C. strigilatum, que foram
registradas em todas as regiões fisiográficas do Estado. A maioria das espécies ocorre em
beira de mata, mais raramente no interior de mata, sendo que C. parqui parece ser a espécie
encontrada mais freqüentemente nas formações campestres.
REFERÊNCIAS
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103
Figura 5. Cestrum bracteatum Link et Otto - (a) aspecto geral; (b) flor e hipsófilo em vista
lateral; (c) corola aberta; (d) gineceu (todos de J.Waechter 1313); (e) fruto e cálice frutífero
(O.Camargo s.n° - HAS); (f) tricoma estaminal, simples, pluricelular, unisseriado (R.Frosi
431).
104
105
Figura 6. Cestrum euanthes Schltdl.- (a) aspecto geral; (b) flor e hipsófilo, em vista lateral;
(c) corola aberta; (d) gineceu (todos de A.Silva 01); (e) fruto e cálice frutífero (Rambo 557);
(f) tricomas estaminais, simples, pluricelulares, unisseriados (A.Silva 01).
106
107
Figura 7. Cestrum intermedium Sendtn. - (a) aspecto geral; (b) flor e hipsófilo em vista
lateral; (c) corola aberta; (d) gineceu (todos de E.Soares 76); (e) fruto e cálice frutífero
(Wasum 396); (f) tricomas estaminais, simples, pluricelulares, unisseriados (E.Soares 76).
108
109
Figura 8. Cestrum parqui L’Hér. - (a) aspecto geral; (b) flor e hipsófilo em vista lateral; (c)
corola aberta; (d) gineceu (todos de M.Vignoli-Silva e L.Mentz 39); (e) fruto e cálice frutífero
(M.Vignoli-Silva e L.Mentz 29); (f) tricomas estaminais, simples, pluricelulares, unisseriados
(M.Fleig 48).
110
111
Figura 9. Cestrum strigilatum Ruiz et Pav. - (a) aspecto geral; (b) flor e hipsófilos em vista
lateral; (c) corola aberta; (d) gineceu (todos D.Wilhelm Júnior s.n° - ICN); (e) fruto e cálice
frutífero (E.Albuquerque e M.Bassan 19); (f) tricoma foliar, dendrítico (D.Wilhelm Júnior
s.n° - ICN).
112
113
a b
c d
e
Figura 10. Mapas de ocorrência de Cestrum bracteatum Link et Otto (a), Cestrum euanthes
Schltdl. (b), Cestrum intermedium Sendtn. (c), Cestrum parqui L’Hér. (d) e Cestrum
strigilatum Ruiz et Pav. (e) no Rio Grande do Sul, Brasil.
114
115
Capítulo 4
Os gêneros Acnistus Schott e Vassobia Rusby (Solanaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil
Edson Luís de Carvalho Soares
Lilian Auler Mentz
RESUMO – Os gêneros Acnistus Schott e Vassobia Rusby pertencem a duas subtribos
distintas, Witheringinae e Capsicinae, respectivamente, que estão subordinadas à tribo
Solaneae (subfamília Solanoideae, família Solanaceae). O gênero Acnistus é monotípico e a
espécie-tipo, Acnistus arborescens (L.) Schltdl., tem escassos registros na flora do Rio Grande
do Sul. O gênero Vassobia compreende duas espécies e uma delas, Vassobia breviflora
(Sendtn.) Hunz., está amplamente distribuída no Estado. Estas espécies e seus respectivos
gêneros já estiveram taxonomicamente interligadas no passado. Para cada uma delas são
fornecidas descrições, ilustrações e mapas de distribuição, além de informações referentes ao
hábitat e fenologia.
Palavras-chave: Solanaceae, Acnistus arborescens, Vassobia breviflora, flora, Rio Grande do
Sul.
ABSTRACT – (Acnistus Schott and Vassobia Rusby (Solanaceae) in Rio Grande do Sul,
Brazil). Acnistus Schott and Vassobia Rusby (Solanoideae, Solanaceae), belong to two
different subtribes of Solaneae, Witheringinae and Capsicinae, respectively. Acnistus is a
monotypic genus, and its only species, Acnistus arborescens (L.) Schltdl., was rarely collected
in Rio Grande do Sul state. Vassobia has two species and one of them, Vassobia breviflora
(Sendtn.) Hunz., is widely distributed in the State. These two species and their genera were
traditionally known in the past under the name of Acnistus. For each one we provide
descriptions, illustrations and maps of geographic occurrence, and also habitat and phenology
information.
Key words: Solanaceae, Acnistus arborescens, Vassobia breviflora, flora, Rio Grande do Sul.
116
INTRODUÇÃO
Acnistus arborescens (L.) Schltdl. e Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. são espécies
com históricos taxonômicos complexos, dada a diversidade de nomes genéricos e epítetos
específicos empregados para designá-las. Os acertos e os equívocos cometidos na
classificação destes táxons representam, sobretudo, tentativas na consolidação de suas
circunscrições e no entendimento de suas relações. Muitas obras, com abordagens florísticas
ou taxonômicas, publicadas no século passado, mencionam estas duas espécies com nomes
diferentes daqueles aqui apresentados. Estes nomes constam na sinonímia destas espécies e
merecem menção devido à relevância das obras nas quais estão contidos. Na obra de Sleumer
(1950), o táxon Dunalia arborescens (L.) Sleumer corresponde a Acnistus arborescens e é
atualmente um sinônimo deste último nome. Para Vassobia breviflora, dois nomes são mais
freqüentes na literatura: Acnistus breviflorus Sendtn. (Sendtner, 1846; Dunal, 1852; Augusto e
Edésio, 1943; Augusto, 1946; Smith e Downs, 1966; Guaranha, 1984) e Dunalia breviflora
(Sendtn.) Sleumer (Sleumer, 1950; Rambo, 1961; Angely, 1965). Outros trabalhos (Cabrera,
1979; Hunziker, 1979; Barbará e Carvalho, 1996; Carvalho et al. 1996 e 2001; Carvalho
1997; Lima e Guedes-Bruni, 1997a e 1997b), da mesma forma que o trabalho aqui
apresentado, estão em concordância com as sinopses taxonômicas de Acnistus (Hunziker,
1982) e Vassobia (Hunziker, 1984).
Na sua última proposta de sistematização da família Solanaceae, Hunziker (2001)
posicionou Acnistus Schott e Vassobia Rusby na subfamília Solanoideae, tribo Solaneae,
porém, em subtribos distintas, Witheringinae e Capsicinae, respectivamente. Ele caracterizou
Capsicinae, sobretudo, pela presença de um par de apêndices laterais na base de cada filete,
formando em conjunto uma coroa proeminente. Dos nove gêneros que compõem a subtribo,
Vassobia e outros três, Aureliana Sendtn., Athenaea Sendtn. e Capsicum L. ocorrem no Rio
Grande do Sul (Soares, 2006).
Vassobia difere dos outros três por apresentar espinhos caulinares,
corola
branca a rosada ou violácea, sem máculas na base das pétalas. As espécies dos demais
gêneros são inermes e a corola é branca, com máculas na base das pétalas.
A subtribo Witheringinae
é a menos especializada da tribo Solaneae e apresenta filetes livres entre si e sem projeções
basais. Dos nove gêneros que compõem esta subtribo, Acnistus é o único representado no
Estado (Soares, 2006).
A posição provisória de Vassobia e Acnistus, proposta por Olmstead et al. (1999), com
base na análise de genes do DNA plastidial, subordina estes dois gêneros à subtribo
Iochromineae, tribo Physaleae. Este trabalho tem o mérito de segregá-los sob os mesmos
táxons supragenéricos, separando Vassobia de outros, como Athenaea, Aureliana e Capsicum.
117
Os dados moleculares reforçam as afinidades destes gêneros, sugerindo que autores mais
antigos não estavam totalmente equivocados ao aproximá-los, ora subordinando suas espécies
sob um mesmo nome genérico, ora tratando estas mesmas espécies em gêneros autônomos
estreitamente relacionados.
Armando T. Hunziker, almejando conhecer as espécies e os limites genéricos de
Capsicum, realizou uma sinopse do gênero Vassobia, propondo duas seções, Vassobia e
Eriolarynx, compostas por duas espécies cada uma (Hunziker, 1984). As diferenças
mencionadas por ele, para distinguir as seções, foram fundamentadas em aspectos da
morfologia floral, como indumento da corola, relação de comprimento entre anteras e filetes e
morfologia do cálice frutífero. Os representantes da seção Vassobia, segundo o autor,
possuem corola internamente glabra, porção livre dos filetes menor ou ligeiramente maior que
as anteras e cálice frutífero pouco ou nada acrescente. Por sua vez, os representantes da seção
Eriolarynx, apresentam um denso anel de tricomas inseridos na corola à altura da região basal
dos estames, filetes duas a três vezes mais compridos que as anteras e cálice frutífero
acrescente. Dois anos mais tarde, uma nova espécie de Vassobia, pertencente à seção
Eriolarynx, foi descrita por Hunziker (1986), para a Argentina. A possibilidade de elevar esta
seção à hierarquia genérica havia sido cogitada por Hunziker (1984) e se concretizou seis
anos depois. Entre as novidades taxonômicas para a tribo Solaneae, Hunziker (2000)
apresentou a diagnose e outras informações pertinentes ao gênero Eriolarynx, formado por
três espécies da Argentina e Bolívia. Portanto, o gênero Vassobia ficou restrito a apenas duas
espécies: Vassobia dichotoma (Rusby) Bitter, da Bolívia e Vassobia breviflora (Sendtn.)
Hunz., de distribuição geográfica mais ampla na América do Sul. Esta última espécie
apresenta uma vasta sinonímia, envolvendo sete nomes genéricos. Destes, o gênero Acnistus é
o que compreende o maior número de epítetos específicos. A delimitação de Acnistus
começou a ser delineada satisfatoriamente a partir da reabilitação do gênero Vassobia,
subtraindo de Acnistus três de suas espécies (Hunziker, 1977). Dois anos depois, Hunziker
(1979) mencionou duas espécies para Acnistus, sendo uma delas, Acnistus confertiflorus
Miers, recombinada posteriormente para o gênero Iochroma Benth. Com a revisão, Acnistus
passou a ser um gênero monotípico (Hunziker 1982 e 2001).
Guaranha (1984), ao desenvolver estudos sobre a flora do Rio Grande do Sul, publicou
os dois táxons aqui focalizados sob o nome de Acnistus. Por isto, o presente estudo visa
complementar e atualizar aquele trabalho (Guaranha, 1984), fornecendo mais subsídios para a
correta identificação e distinção de Acnistus arborescens e Vassobia breviflora. Além das
118
descrições e ilustrações, são fornecidas informações morfológicas, fenológicas e ecológicas
sobre cada táxon e mapas que mostram sua distribuição no Estado.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas onze viagens de coleta a diferentes regiões do estado e analisadas as
coleções dos herbários HAS, HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB
(cujos acrônimos seguem Holmgren e Holmgren, 2006), além dos herbários HERBARA,
HUCS e HUI (não indexados). As descrições das espécies obedecem à seqüência da
taxonomia tradicional. A terminologia adotada encontra-se em Radford et al. (1974), Font
Quer (1977), Hickey (1974), Mentz et al. (2000) e Stearn (2000). A grafia dos nomes dos
autores de gêneros e espécies está de acordo com Brummitt e Powell (1992) e as regiões
fisiográficas mencionadas de acordo com Fortes (1959). As estampas que ilustram os aspectos
morfológicos foram obtidas através de cópias xerográficas de exsicatas e de fotografias de
espécimes vivos, as quais foram utilizadas como modelo para as ilustrações finais. Os mapas
foram elaborados com o programa TABWIN 3.2 e o material examinado está citado em
ordem alfabética de municípios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Acnistus arborescens e Vassobia breviflora são duas espécies morfologicamente
distintas. A presença de espinhos caulinares em Vassobia breviflora e a ausência destes em
Acnistus arborescens constituem o principal caráter vegetativo para diferenciá-las. O tamanho
das folhas, como critério taxonômico, na prática, compromete a identificação, por haver
exemplares arbóreos de Vassobia breviflora que desenvolvem folhas tão grandes quanto
aquelas de Acnistus arborescens. O número e densidade de flores por inflorescência e a forma
e a coloração da corola também auxiliam a distinção dos táxons. Acnistus arborescens
apresenta flores reunidas em fascículos congestos, plurifloros, cujo aspecto geral pode ser
definido como glomeruliforme. Em Vassobia breviflora as flores estão reunidas em fascículos
laxos, paucifloros. A corola nas flores de Acnistus arborescens é infundibuliforme e exibe
uma coloração branco-esverdeada ou creme. Em Vassobia breviflora a corola é rotado-
campanulada e sua variação cromática, dependendo do indivíduo e do estágio de
desenvolvimento floral, compreende diferentes tons de branco a rosado ou violáceo.
119
Acnistus Schott, Wiener Z. Kunst, 143: 1180. 1829. Espécie-tipo: Acnistus arborescens
(L.) Schltdl.
Arbustos ou arvoretas, inermes; ramos glabros ou com tricomas simples. Folhas
simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica, de margem inteira e consistência
membranácea. Inflorescências fasciculado-glomeruliformes, sésseis ou curto-pedunculadas,
plurifloras ou raramente unifloras, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas.
Cálice campanulado, lacínias deltóides com ápice obtuso, pouco evidentes. Corola
infundibuliforme, pentalobada, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala.
Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos, adnatos até a metade da corola; anteras
oblongas, dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide,
bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete
obsubulado; estigma discóide-capitado. Baga globosa, amarelada ou alaranjada na maturação;
cálice frutífero não acrescente. Sementes subreniformes.
Acnistus arborescens (L.) Schltdl., Linnaea 7: 67-68. 1832.
Figuras 11 e 13a.
Arbustos ou árvores de 2-6 m de altura, inermes. Lâmina foliar com 2,5-25,0 cm de
comprimento e 1,4-7,9 cm de largura, elíptica ou obovalada, de ápice agudo e base cuneada
ou decurrente; superfície adaxial com tricomas simples abundantes na nervura principal das
folhas adultas e uniformemente distribuídos nas folhas jovens; superfície abaxial com
tricomas simples uniformemente distribuídos; pecíolo de 0,4-3,0 cm de comprimento,
revestido por tricomas simples. Inflorescências com 3-32 flores pediceladas; pedicelos de 0,5-
2,0 cm de comprimento, revestidos por tricomas simples. Cálice com 0,2-0,3 cm de
comprimento e 0,25-0,35 cm de diâmetro, glabro ou com tricomas simples; lacínias com 0,05-
0,15 cm de comprimento e 0,1-0,2 cm de largura. Corola branco-esverdeada ou creme; porção
gamopétala com 0,65-0,70 cm de comprimento, 0,20-0,25 cm de diâmetro basal e 0,50-0,55
cm de diâmetro apical; lobos com 0,3-0,4 cm de comprimento e 0,20-0,25 cm de largura.
Estames levemente exsertos, filetes de 0,4-0,5 cm de comprimento e anteras com 0,2 cm de
altura e 0,1 cm de diâmetro. Ovário ovóide, com 0,20-0,25 cm de altura e 0,1-0,2 cm de
diâmetro; estilete com 0,7-1,0 cm de comprimento; estigma discóide-capitado. Baga globosa,
amarela ou alaranjada na maturação, com até 1 cm de diâmetro.
120
Ocorrência e hábitat: Esta espécie ocorre no sul do México, América Central, Antilhas e
América do Sul (Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Brasil), habitando bordas e clareiras
de florestas, entre o nível do mar e 2000 m de altitude (Hunziker, 1982). No Brasil sua
distribuição é mais oriental, abrangendo o Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No Rio Grande do Sul há poucos
registros desta espécie, para as regiões fisiográficas da Depressão Central, Encosta Inferior do
Nordeste e Encosta do Sudeste. Os exemplares coletados em Porto Alegre e São Leopoldo
ocorrem em ambiente urbano e, por isso, aparentemente são cultivados.
Aspectos fenológicos: Os espécimes examinados, exclusivamente floridos, foram coletados
em fevereiro, agosto, outubro, novembro. Espécimes com flores e frutos imaturos foram
coletados no final de novembro. No material examinado existe a citação de frutos maduros em
março (Matzenbacher 168, ICN).
Comentários: A fragrância atribuída às suas flores, mencionadas na literatura (Hunziker,
1982; Guaranha, 1984) e na etiqueta de pelo menos um dos materiais examinados
(N.I.Matzenbacher 168, ICN), não foi detectada no único exemplar vivo observado, o que nos
leva a inferir que este pode não ser um caráter constante.
Informações adicionais: No Brasil são comuns as denominações populares “fruta-de-sabiá”,
“mariana” e “marianeira”. A numerosa lista de nomes populares, mencionada por Hunziker
(1984) para os diferentes países da América, é justificada pela sua vasta distribuição
geográfica. A palatabilidade dos frutos da espécie é variável, dependendo das condições
ambientais (Hunziker, 1984). Esta espécie foi apontada por Cocucci, (1999) como melitófila,
o que é confirmado pelas informações da coleta de Matzenbacher 168 (ICN).
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Guaíba, Fazenda São Maximiano, Br 116, km 307,
árvore ca. 6 m alt., flores amareladas, 07/II/2006, fl., L.F.Lima 300 (ICN); id., Fazenda São Maximiano, Br 116,
km 307, no meio do maricazal, na beira da sanga, arbusto ca. 3 m alt., flores amareladas, 07/II/2006, fl.,
L.F.Lima 301 (ICN); Porto Alegre, Rua Esporte Clube, Vila Floresta, árvore sem espinhos, bagas amarelas
muito saborosas, flores brancas de perfume intenso, muito visitadas por Apis mellifera, 27/III/1975, fl./fr.,
N.I.Matzenbacher 168 (ICN 29346); id., Ponta Grossa, arbusto ca. 2,5-3 m alt., flores esverdeadas, frutos
imaturos verdes, 27/XI/2004, fl./fr., E.Soares et al. 40 (ICN); São Leopoldo, Col. Cristo Rei, arbustum 3 m ad
lacum, 18/X/1973, fl., A.Steffen 13817 (PACA 85006); id., Col. Cristo Rei, arbusto ca. 4 m alt., VII/2003, fl.,
C.Mondin 2968 (HASU 15978); Tapes, BR 116, ca. de 10 km passando da entrada de Tapes em direção à
Camaquã, arbusto ca. 3,5 m alt., próximo a pequeno capão, flores brancas, 30/IX/1990, fl., J.A.Jarenkow 1715
(PEL 12036); Viamão, Morro do Coco, na beira do caminho, sob árvores, solo (decomposição granítica),
121
“esporão-de-galo-falso” (nome popular), arbusto 3,5 m alt., flor branca no exterior e verde no interior (quando
novas), 14/I/1998, fl., A.Knob 5496 (SALLE 496).
Material adicional examinado: BRASIL. MINAS GERAIS: Coronel Pacheco, Estação Experimental do
Café, arbusto, 20/IX/1940, fl., E.P.Heringer 319 (HAS 85081); PARANÁ: Antonina, Porto das Moças, arbusto
3 m alt., em restingas e clareiras, flor creme pálido, lacínios da corola internamente creme-esverdeados,
25/IX/1985, fl., G.Hatschbach 49846 (HAS 85080); RIO DE JANEIRO: Itaguaí, margem de arroio, flores
creme-claro, 21/IX/1958, fl./fr., G.Pabst 4565 (PEL 6559); SÃO PAULO: Miracatú, num vassoural, 0,7 m alt.,
flores brancas, 28/IX/1961, fl., J.Mattos 9133 (HAS 85097); Piracicaba, planta com presença de abelhas,
11/I/1989, fl., L.M.Schiavon s.n° (PEL 21189); Ubatuba, VIII/1992, fl., M.Sobral 7516 (ICN).
Vassobia Rusby, Bull. New York Bot. Gard. 4: 422. 1907. Espécie-tipo: Vassobia
dichotoma (Rusby) Bitter
Arbustos ou árvores, armadas; ramos glabros ou com tricomas simples. Folhas
simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada ou elíptica, de margem inteira ou
levemente irregular e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, plurifloras,
sésseis ou sobre braquiblastos curtos, axilares ou terminais. Flores actinomorfas, monoclinas,
pediceladas. Cálice campanulado, lacínias progressivamente irregulares com o
desenvolvimento. Corola rotado-campanulada, pentalobada, lobos inteiros, iguais ou mais
curtos que a porção gamopétala. Prefloração valvar. Estames 5, homodínamos, adnatos apenas
na porção basal da corola; par de apêndices laterais na base de cada filete bem evidentes;
anteras basifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide,
levemente piriforme, bilocular, tetralocular na porção basal, com inúmeros rudimentos
seminais; disco nectarífero presente, proeminente; estilete cilíndrico, reto; estigma discóide-
capitado. Baga globosa, alaranjada ou vermelha na maturação; cálice frutífero não acrescente.
Sementes discóides.
Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz., Kurtziana 10: 23. 1977.
Fig. 12 e 13b
Arbustos ou mais raramente árvores de 1-5 m de altura, armados. Folhas
membranáceas, lâmina foliar com 1,6-15,5 cm de comprimento e 0,6-6,5 cm de largura,
ovalada, oblanceolada ou elíptica, de ápice agudo, obtuso ou acuminado e base decurrente ou
cuneada; superfície adaxial glabra ou com tricomas simples, esparsamente distribuídos,
superfície abaxial com tricomas simples restritos às axilas ou a toda a extensão da nervura
122
principal, ou distribuídos de forma regular em toda a superfície; pecíolo de 0,4-2,6 cm de
comprimento, glabro ou revestido de tricomas simples. Inflorescências com 3-18 flores
pediceladas; pedicelos de 0,3-3,5 cm de comprimento, engrossados progressivamente em
direção ao ápice, glabros ou dotados de tricomas simples, distribuídos esparsamente ao longo
do eixo. Cálice com 0,3-0,4 cm de comprimento e 0,2-0,4 cm de diâmetro, glabro ou com
tricomas simples; lacínias com 0,1-0,2 cm de comprimento e 0,15-0,20 cm de largura. Corola
branca a rosada ou violácea, imaculada, com tonalidades progressivamente mais claras após a
antese. Porção gamopétala da corola com 0,50-0,65 cm de comprimento, 0,2-0,3 cm de
diâmetro basal e 0,5-1,2 cm de diâmetro apical; lobos com 0,3-0,5 cm de comprimento e 0,25-
0,50 cm de largura. Estames adnatos ao tubo corolino apenas na porção basal da corola; filetes
com 0,20-0,35 cm de comprimento; anteras com 0,2-0,3 cm de altura e 0,1-0,2 cm de
diâmetro. Ovário ovóide ou globoso, com 0,1-0,2 cm de altura e 0,1-0,2 cm de diâmetro;
estilete com 0,55-0,90 cm de comprimento, estigma discóide-capitado. Baga globosa,
vermelha na maturação, com até 1,2 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Esta espécie ocorre na Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil.
No Brasil há registros em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul
(Hunziker, 1984). Para este último Estado foram examinados exemplares de todas as regiões
fisiográficas, a saber: Alto Uruguai, Campanha, Campos de Cima da Serra, Depressão
Central, Encosta do Sudeste, Encosta Inferior do Nordeste, Encosta Superior do Nordeste,
Litoral, Missões, Planalto Médio e Serra do Sudeste. Habita principalmente bordas de matas,
capoeiras e margens de rodovias, onde freqüentemente assume uma forma mais arbustiva. A
ampla distribuição da espécie no Estado também foi observada com outras espécies de
Solanaceae, como por exemplo, Solanum. americanum Mill., S. commersonii Dunal, S.
guaraniticum A.St.-Hil., S. laxum Spreng. (Mentz e Oliveira, 2004) e Nicotiana bonariensis
Lehm. (Vignoli-Silva, 2004).
Aspectos fenológicos: Os espécimes examinados, exclusivamente floridos, foram coletados
em praticamente todos os meses do ano, excetuando-se julho e agosto. O período de floração
123
Comentários: Quando herborizados, os exemplares desta espécie podem ser confundidos
com Capsicum flexuosum Sendtn., especialmente aqueles oriundos das matas da região
fisiográfica dos Campos de Cima da Serra. Para materiais herborizados, é imprescindível
observar a presença ou ausência de espinhos caulinares, a densidade de flores e frutos por
fascículo e a forma do cálice florífero ou frutífero. As características vegetativas e
reprodutivas dos materiais vivos não deixam dúvidas quanto à identidade dos táxons. Os
espécimes de Capsicum flexuosum são arbustos ou subarbustos inermes. As inflorescências
são fasciculadas, com uma, raramente duas ou três flores. Além disso, as flores em Capsicum
flexuosum têm corola rotada com máculas esverdeadas e cálice com ápice truncado, que se
mantém dessa forma no fruto. Os espécimes de Vassobia breviflora são arbustos ou árvores
armadas, com inflorescências fasciculadas e plurifloras. As flores têm corola campanulada,
de coloração branca a rosada ou violácea e o cálice tem lacínias deltóides, que adquirem
formas progressivamente irregulares no fruto. Para a flora do Rio Grande do Sul, o nome
Dunalia breviflora, atribuído por Rambo (1961) para esta espécie, foi pouco utilizado.
Rambo, possivelmente, tenha sido influenciado pelo trabalho de Sleumer (1950) para a
Argentina. As demais publicações sobre a flora do Estado, tanto florísticas quanto
taxonômicas, seguiram Smith & Downs (1966), cujo trabalho para a Flora de Santa Catarina
foi sempre o mais utilizado na identificação e nomenclatura das espécies de Solanaceae de
todo o sul do Brasil.
Informações adicionais: Os seguintes nomes populares foram mencionados nas etiquetas de
alguns exemplares: “esporão-de-galo”, “espinho-de-porco” e “espinho-de-pomba”. Estes
nomes estão provavelmente relacionados aos espinhos caulinares característicos da espécie.
Outros dois nomes populares, “espinho-de-mangueira” (Oliveira, 2001) e “baga-de-jacu”
(Backes e Nardino, 2003) também são atribuídos a esta espécie. Segundo Oliveira (2001) esta
espécie é melitófila, sendo polinizada principalmente por fêmeas de uma espécie de abelha
pertencente ao gênero Perditomorpha.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Agudo, Cerro Agudo, em beira de mata, arbusto 2-
3 m alt., flores roxas, IX/1985, fl., M.Sobral et al. 4309 (ICN 66956); Amaral Ferrador, em beira de mata, flor
lilás, esporão-de-galo (nome popular), 08/X/1977, fl., M.L.Abruzzi 142 (ICN 35557); Bagé, na rodovia
Caçapava do Sul - Bagé, num vassoural, arbusto, 30/IX/1982, est., J.Mattos 25639 (HAS 85099); id., Casa de
Pedra, 03/XI/1989, fl., M.G.Rossoni 236 (ICN 87449); id., Casa de Pedra, 14/XII/1989, fl., M.G.Rossoni 308
(ICN 87450); id., Casa de Pedra, beira de estrada, 14/XII/1989, fl./fr., M.R.Ritter 522 (ICN 92475); Barracão,
encosta do Rio Uruguai, antiga balsa, arbusto, 06/VI/2000, fr., J.Spanholi s.n° (PACA 85660); Caçapava do
Sul, V/1983, fl./fr., M.Sobral 3899 (ICN 88826); Camaquã, Capela Velha, próximo a Amaral Ferrador, beira de
mato, 08/X/1977, fl., S.Miotto s.n° (ICN 51532); id., Galpão, 12/IX/1984, fl., Batista-Moura s.n° (ICN 66002);
id., Pacheca, mata arenosa, arbusto ca. 2 m alt., flores lilases, 09/X/1999, fl., C.Mondin e A.Iob 1888 (HASU
124
109338); Canela, Parque Estadual do Caracol, 8 km norte de Canela, árvore ca. 3 m alt., 27/XII/1972, fr.,
J.C.Lindeman et al. s.n° (ICN 21717); id., Parque Estadual do Caracol, 8 km norte de Canela, 27/XII/1972, fr.,
J.C.Lindeman et al. s.n° (ICN 28471); id., Parque Estadual do Caracol, 8 km norte de Canela, 02/I/1973, est.,
J.C.Lindeman et al. s.n ° (ICN 28472); id., Caracol, 8 km norte de Canela, erva ca. 40 cm alt., 03/I/1973, est.,
A.M.Girardi et al. s.n° (ICN 22009); id., Parque Estadual do Caracol, trans. 32.12, 04/I/1973, est., M.L.Porto et
al. s.n° (ICN 28449); id., Vila Suzana, no mato, flores lilases, 06/X/1974, est., J.Thomé s.n° (HAS 866); id., Vila
Suzana, junto à casa “Ara Porã”, flores roxas, frutos verdes, 20/X/1974, fl./fr., J.W.Thomé s.n° (HAS 1002); id.,
Vila Suzana, pátio da casa “Ara Porã”, frutos maduros laranja-vivo, 22/XII/1974, fr., J.W.Thomé s.n° (HAS
1165); id., Arroio Müller (600 m.s.m), Linha São Paulo/Canastra, mata ripária, margem esquerda do Arroio
Müller, afluente da margem esquerda do Rio Santa Maria, 29°23´34´´ S, 50°41´32´´ W, 21/IX/1988, fl.,
A.Daniel s.n° (ICN 92333); id., estrada para a Ferradura, arbusto, 18/XII/1995, fr., L.A.Mentz e M.Sobral 205
(ICN 111702); Canoas, Morretes, Fazenda Trigo Velho, na borda de um capão, com frutos, 22/XI/1981, fr.,
N.Silveira 107 (HAS 85094); id., Morretes, na Fazenda Trigo Velho, na beira do mato, frutos imaturos,
26/XI/1984, est., N.Silveira 1625 (HAS 85083); Capão do Leão, Jazida da Silveira, beira da encosta pedregosa,
solo argilo-arenoso, arbusto ca. 1,60 m alt., corola lilás, anteras brancas, frutos imaturos verdes e maduros
vermelhos, esporão-de-galo (nome popular), 15/IV/1999, fl./ fr., F.A.Beduhn et al. 10 (PEL 20740);
Charqueadas, Capão da Roça, quase no perímetro urbano, arbusto na borda do capão, 20/IX/1986, est., J.Mattos
30253 (HAS 85101); Cristal, Parque Bento Gonçalves, próximo ao Rio Camaquã, arbusto, beira de mato,
17/X/1991, est., N.Silveira 10508 (HAS 43991); Derrubadas, Parque Estadual do Turvo, na estrada para Porto
Garcia, arbusto na beira de mato, 18/X/1989, fl., N.Silveira 8465 (HAS 66878); Dois Irmãos, arvoreta ca. 3 m
alt., frutos alaranjados, numerosa, dispersa, em beira de mata, 27/XII/1983, fr., O.Bueno 3714 (HAS 19170);
Garibaldi, arredores da cidade, na margem do mato, 29/X/1957, est., O.Camargo s.n° (HAS 85108); General
Câmara, Santo Amaro, III/1996, est., A.Carneiro 114 (ICN 112966); Giruá, Granja Sodal, X/1963, fl.,
K.Hagelund 1225 (ICN); id., Granja Sodal, filetes concrescidos na base do tubo corolino, anteras basifixas,
12/XI/1966, fl., K. Hagelund 4747 (ICN); id., Granja Sodal, 26/XI/1966, est., K.Hagelund 4942 (ICN); id.,
Granja Sodal, 01/X/1967, K.Hagelund 5521 (ICN); id., arvoreta de flores levemente arroxeadas, 17/XI/1974, fr.,
A.G.Ferreira 690 (ICN 28962); id., para Santa Rosa, 02/XII/1974, fr., K.Hagelund 8307 (ICN); Gravataí, Morro
Morungava, acesso anterior à ponte, rio Morungava à esquerda da RS 020 no sentido Gravataí - Taquara, arbusto
com flor lilás e manchas brancas, 28/III/1979, fl., Z.Rosa et al. s.n° (HAS 9141); Guaíba, na Estação
Experimental Agronômica da UFRGS, arbusto ca. 2 m alt., fruto alaranjado, 24/I/1985, fr., N.Silveira 2526
(HAS 85090); Igrejinha, quase na divisa com Três Coroas, numa capoeira degradada, frutos maduros
alaranjados, 12/XII/1978, fl., J.Mattos 19125 (HAS 85086); Ijuí, na rodovia Santo Ângelo/Ijuí, na borda de
mato, arbusto com cerca de 2 m de alt., 02/X/1981, fl., J.Mattos 22702 (HAS 85093); id., margens do Arroio
Barreiro, beira do mato, frutos maduros vermelhos e imaturos verdes, 10/XII/1986, fr., M.H.Bassan 567 (HAS
85103); id., Bairro Elizabeth, 10/X/1999, fl., G.C.Coelho 461 (HUI 2049); Itaara, beira da estrada que leva à
reserva, em solo pedregoso, 03/X/1989, fl., M.L.Abruzzi 1880 (HAS 27496); Machadinho, Linha Coqueiro,
arbusto, 08/XI/2000, fr., C.Lutkmeier s.n° (ICN 120652); id., Linha Polo, 09/IV/2001, fr., R.Molina s.n° (HAS
39598); id., Linha Polo, 11/IV/2001, fr., R.Molina s.n° (HAS 39608); Maquiné, Estação Experimental, arbusto,
numa capoeira, 29/XI/1977, est., J.Mattos 17236 (HAS 85088); id., a 6 km de Barra do Ouro, numa picada,
próximo ao Rio Maquiné, frutos maduros alaranjados e imaturos verdes, 22/XI/1985, fr., J.Mattos e M.H.Bassan
29366 (HAS 85417); id., na mata, arbusto espinhoso, 02/XII/1986, fr., J.Mattos 30323 (HAS 85102); id., Est.
Exp. Fitotécnica de Osório, floresta secundária, mais ou menos 50 anos, arbusto ca. 1,5 m alt., 12/X/1993, fr.,
L.Sevegnani s.n° (ICN 103908); id., Est. Exp. Fitotécnica de Osório, em mata secundária, ca. 1,5 m alt.,
12/X/1993, fl., L.Sevegnani s.n° (PACA 73817); id., Est. Exp. Fitotécnica de Osório, floresta secundária, mais
ou menos 50 anos, arbusto ca. 1 m alt., 12/X/1993, fl., L.Sevegnani s.n° (ICN 103907); Marcelino Ramos, beira
de estrada e de mato, pouco numeroso e disperso, 25/III/1987, fl., M.Neves 929 (HAS 22803); id., arbusto ca. 2
m alt., flores violáceas, frutos verdes imaturos, 23/IX/1987, fl., J.A.Jarenkow 727 (ICN 120005); Maximiliano
de Almeida
125
R.Záchia 641 (HAS 78344); Porto Alegre, arbusto, 23/IX/1945, fl./fr., Schultz 411 (ICN 411); id., em direção à
Petrópolis, mato ralo, 16/X/1947, fl., A.Schultz 575 (ICN 575); id., Morro da Polícia, arbusto, flores arroxeadas,
02/X/1969, est., A.Schultz et al. s.n° (ICN 7074); id., Parque Farroupilha, arbusto de folhas verdes veludosas,
verde-claras, flores roxo-amareladas, perfumadas, 15/IX/1972, fl., Z.Soares e L.Aguiar s.n° (HAS 64); id.,
Parque de Desportos de Porto Alegre, 31/X/1974, est., L.Arzivenco s.n° (ICN 42263); id., Parque Farroupilha,
fruto maduro alaranjado, flores roxas, espinhos nos galhos mais velhos, 19/XI/1974, fr., L.Aguiar e Z.Soares s.n°
(HAS 1120); id., Reserva Biológica do Lami, flores amareladas com os bordos lilás claro, 29/X/1975, fl.,
L.Aguiar et al. s.n° (HAS 3256); id., Vila dos Comerciários, 19/IV/1976, fl., L.Arzivenco s.n° (ICN 42147); id.,
Lami, flores lilases, 10/IX/1977, fl., S.Miotto 511 (ICN 41241); id., Jardim Botânico da FZB, arbusto ereto com
aprox. 1 m de alt., com flor amarela clara, pouco numerosa e dispersa em subosque, 28/IX/1981, fr., O.Bueno
3110 (HAS 13447); id., UFRGS, Campus do Vale, talude entre os blocos III e IV, arbusto com espinhos, flores
roxas, espontânea em solos degradados, 22/VIII/1988, fl., V.F.Nunes 21 (HAS 68562); id., Campus do Vale –
UFRGS, esquina entre o estacionamento e o acesso para o Geociências, em campo sujo, arbusto 1,5-2,5 m alt.,
espinhoso, flores brancas com lilás, 16/IX/1988, fl., V.F.Nunes 132 (HAS 68716); id., Campus do Vale –
UFRGS, Projeto Peróxidos, 06/III/1990, est., L.A.Mentz e Schenkel 481 (ICN 94409); id., Morro do Osso,
arbusto, beira de mato, espinho-de-porco (nome popular), 19/X/1990, fl./fr., M.Haussen e V.F.Nunes s.n°
(HASU 1506); id., arbusto 2-3 m alt., cultivado no Parque Farroupilha, flores roxo-claras, XII/2001, fl.,
M.Sobral e al. 9438 (ICN 123665); Rio Pardo, Rincão Dell’Rei, arbusto, beira de mato, frutos imaturos,
26/IV/1988, fr., N.Silveira 8037 (HAS 8037); Riozinho, árvore com frutos verdes e alaranjados, pouco
numerosa, em beira de estrada, relevo no topo, 18/XII/1979, fr., O.Bueno 2043 (HAS 10791); id., beira de mato,
05/I/1994, fr., L.A.Mentz s.n° (ICN 101872); Rolante, Linha São Judas Tadeu, cascata Tobogan, mata ripária,
margem direita do Arroio Chuvisqueiro, 29°35´ S, 50°26´W, 14/X/1987, fr., A.Daniel s.n° (ICN 92279); id.,
cascata Tobogan, Linha São Judas Tadeu, mata ripária, margem direita do Arroio Chuvisqueiro, 4/X/1987, fr.,
A.Daniel s.n° (PACA 70421); Santa Cruz do Sul, Campus da FISC, 04/IX/1984, fl., Batista s.n° (ICN 66007);
Santa Maria, Chácara Neumayer, 22/X/1935, fl./fr., G.Rau s.n° (SMDB 97); id., Chácara do Link, Morro do
Link, 08/XI/1979, est., F.M.S.Vianna (SMDB 177); id., Campus UFSM, esporão-de-galo, espinho-de-pomba
(nomes populares), 06/IV/1981, fr., Ralf s.n° (SMDB 2098); id., 01/XII/1983, fr., K.Hagelund 14691 (ICN); id.,
Boca do Monte, Estação Experimental de Silvicultura, na beira de mato de eucaliptos, flores lilazes, botões
florais, 08/X/1985, fl., M.Bassan 15 (HAS 85091); id., Garganta do Diabo, frutos laranja e os imaturos verdes,
flores arroxeadas internamente, ca. de 2 m de altura, 09/IV/1987, est., M.Bassan 799 (HAS 85104); id., Campus
UFSM, atrás do prédio 13, 12/XI/1993, fr., E.M.A.Silva s.n° (SMDB 5243); id., Campus UFSM, estrada para o
biotério (Est. 8), 12/XI/1993, fl., E.M.A.Silva s.n° (SMDB 5786); id., Campus UFSM, atrás do CCS (Est. 12),
04/X/1994, fl., E.M.A.Silva s.n° (SMDB 5724); id., Campus UFSM, atrás do CEFD (Est. 7), 24/XI/1994, fr.,
E.M.A.Silva s.n° (SMDB 5823); id., Campus UFSM, em frente ao restaurante universitário (Est. 13),
08/IX/1994, est., E.M.A.Silva s.n° (SMDB 5765); id., Perau Velho, 20/X/1995, fl., A.A.Filho e R.L.Bortoluzzi
s.n° (SMDB 5934); id., São Geraldo, arbusto com flores cor de carne, ca. 1,5 m alt., no campo, borda de mato,
28/X/1998, fr., R.Záchia e A.Oliveira 3024 (SMDB 7218); id., Campestre do Menino Deus, área de encosta
próxima ao limite com o município de Itaara, local utilizado para pastoreio, planta com ca. 3 m alt., corola lilás,
03/XI/2000, fl., A.D.Oliveira s.n° (ICN 120902); id., Campestre do Menino Deus, área de encosta próxima ao
limite com o município de Itaara, local utilizado para pastoreio, planta ca. 1,4 m alt., corola lilás, 03/XI/2000, fl.,
A.D.Oliveira s.n° (ICN 120903); id., Campestre do Menino Deus, área de encosta próxima ao limite com o
município de Itaara, local utilizado para pastoreio, planta com ca. 2 m alt., corola lilás, 11/XII/2000, fl./fr.,
A.D.Oliveira s.n° (ICN 120905); id., Campestre do Menino Deus, área de encosta próxima ao limite com o
município de Itaara, local utilizado para pastoreio, planta com ca. 1,9 m alt., corola lilás, 21/XI/2000, fl.,
A.D.Oliveira s.n° (ICN 120904); id., CISM, 27/II/2003, fl./fr., M.Krügel s.n° (HUI 4097); Santo Ângelo, 11 km
de Santo Ângelo – Giruá, árvore ca. 2 m alt., 03/II/1971, fl./fr., M.L.Porto e P.L.Oliveira s.n° (ICN 9646); id.,
18/XII/1973, fr., K.Hagelund 7685 (ICN); id., lado esquerdo do Rio Ijuí, 14/XII/1976, fr., K.Hagelund 10747
(ICN); Santo Antônio da Patrulha, Catanduva Grande, terceiro distrito, margem do mato, frutos imaturos, 2 m
alt., s.d., fr., O.R.Camargo 5283 (HAS 85100); São Borja, BR 287, a 13 km do trevo de São Borja para
Santiago, flores violáceas, 13/I/2002, fr., M.Vignoli-Silva e L.A.Mentz 43 (ICN 129086); São Francisco de
Assis, na serrinha, frutos maduros alaranjados, 09/XII/1982, fl./fr., J.Mattos 23981 (HAS 85098); São Francisco
de Paula, Aratinga, Serra do Pinto, arbusto ca. de 2 m alt., flores brancas, 13/III/1983, fl., J.R.Stehmann e
M.Sobral 96 (ICN 63770); id., RS 235, junto ao Mirante, arbusto ca. 3 m alt., numeroso e disperso, flores roxas
com o dorso branco-amarelado, 14/X/1988, fl., O.Bueno 5536 (HAS 24806); id., FLONA, junto à sede, arbusto
ca. 3 m alt., à beira da mata, frutos maduros alaranjados, 17/XII/1998, fr., C.Mondin et. al. 1684 (HASU 7137);
São Martinho, próximo à Durasnal, 07/XI/1990, fr., N.Silveira 7814 (HAS 29739); São Sepé, 24/XI/1974, fr.,
K.Hagelund 8405 (ICN); id., rodovia São Sepé - Porto Alegre, numa capoeira, arbusto ca. de 2 m alt., flores
arroxeadas, 05/X/1978, fl., J.Mattos 20276 (HAS 85095); Sapiranga, Picada Verão, área desmatada, beira de
trilha, arbusto ca. 1,5 m alt., 10/X/1988, fl., J.Larocca s.n° (HASU 155); id., Picada Verão, 22/X/2000, fl.,
Ivanice
et al. s.n° (HASU 10807); id., Picada Verão, arvoreta 3 m alt. junto a um riachinho próximo à casa,
126
corola branca, 11/X/1990, fl., J.Larocca s.n° (HASU 2729); id., Picada Verão, junto ao arroio, próximo aos
paredões, beira de mata, corola branca, sobre esta planta encontrei o molusco Odontomus sp. (Bulimulidae),
02/X/1990, fl., J.Larocca s.n° (HASU 2726); Tapes, no butiazal, arbusto, flores lilases fracas, 27/IX/1975, fl., J.
L.Waechter 145 (HAS 3780); id., num mato próximo à Lagoa dos Patos, flores roxas, 07/XI/1975, fl., Z.Soares e
L.Aguiar s.n° (HAS 3296); id., km 10, BR 111, 08/X/1977, fl., M.Fleig 749 (ICN 35967); Triunfo, Pólo
Petroquímico, em mata ciliar do Arroio Passo Raso, “espinho-de-porco e esporão-de-galo” (nomes populares),
07/VI/1977, est., I.Ungaretti 370 (HAS 4623); id., Pólo Petroquímico, 28/VI/1977, fl., I.Ungaretti 395 (HAS
4659); Vacaria, quase na divisa para o vale do Rio Pelotas, no campo sujo, quase na borda de um capão,
arbusto, 11/I/1978, est., J.Mattos 18279 (HAS 85087); Veranópolis, Estação Experimental Fitotécnica, numa
capoeira rala, arbusto espinhoso, 27/VI/1985, fr., J.Mattos 26927 (HAS 85085); id., no vale do Rio das Antas, na
borda de mato, arvoreta espinhosa, florindo, 27/IX/1985, fl., J.Mattos 28582 (HAS 85089); Viamão, Passo do
Vigário, numa capoeira, arbusto, XII/1954, fr., J.Mattos 1740 (HAS 85079); id., Estação Experimental.
Fitotécnica, 07/IV/1986, fl./fr., L.Mentz e N.Bianchi s.n° (ICN); id., parada 57, estrada Viamão-PoA, arbusto
muito procurado por insetos, 23/XII/1986, fl./fr., J.Guaranha 193 (HAS 85092).
Material adicional examinado: BRASIL. PARANÁ: Colombo, CNPF, “esporão-de-galo” (nome popular),
29/XI/1978, fr., O.Souza 11 (HAS 85078); SANTA CATARINA: São Joaquim, Invernadinha, numa capoeira,
arbustos de flores rosa-claro, 28/X/1961, fl., J.Mattos 10493 (HAS 85077); Zortéa, arbusto, “esporão-de-galo”
(nome popular), 20/II/2001, fl./fr., E.Fenski s.n° (HAS 39493).
CONCLUSÕES
As diferenças morfológicas observadas em Acnistus arborescens e Vassobia
breviflora, quanto à presença ou ausência de espinhos caulinares, ao número de flores nas
inflorescências, a forma e coloração da corola, permitem distinguir as duas espécies. As
análises taxonômicas e nomenclaturais de Hunziker (1982, 1984) não deixam dúvidas quanto
à autonomia destes táxons. Acnistus arborescens têm uma ocorrência mais restrita no Rio
Grande do Sul, estando representado em quatro pontos, pertencentes a três regiões
fisiográficas, Depressão Central, Encosta Inferior do Nordeste e Encosta do Sudeste. Vassobia
breviflora está presente em todas as regiões fisiográficas do Estado.
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Dissertação de Mestrado. 148f.
129
Figura 11. Acnistus arborescens (L.) Schltdl. - (a) aspecto geral; (b) aspecto da
inflorescência; (c) corola aberta; (d) gineceu; (e) fruto; (f) tricoma foliar simples, pluricelular,
unisseriado (todos de E.Soares et al. 40).
130
131
Figura 12. Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. - (a) aspecto geral; (b) corola aberta; (c)
gineceu (E.Silva s.n°- SMDB); (d) fruto (L.Mentz e M.Sobral 205); (e) tricomas foliares
simples, pluricelulares, unisseriados (E.Silva s.n°- SMDB).
132
133
a
b
Figura 13. Mapas de ocorrência de Acnistus arborescens (L.) Schltdl. (a) e Vassobia
breviflora (Sendtn.) Hunz. (b) no Rio Grande do Sul, Brasil.
134
135
Capítulo 5
Os gêneros Athenaea Sendtn., Aureliana Sendtn. e Capsicum L. (Solanaceae)
no Rio Grande do Sul, Brasil
Edson Luís de Carvalho Soares
Lilian Auler Mentz
RESUMO – Os gêneros Athenaea Sendtn., Aureliana Sendtn. e Capsicum L. pertencem à
subfamília Solanoideae (Solanaceae) e estão subor
136
and Aureliana wettsteiniana (Witasek) Hunz. et Barboza, while Capsicum is represented by
Capsicum baccatum L. var. baccatum and Capsicum flexuosum Sendtn. Athenaea picta
Sendtn. is the only species of the genus in the State, and it is a new register to our flora. The
analytical keys provide the identification of the genera from the subtribe Capsicinae and also
to the species of Aureliana and Capsicum. Moreover, descriptions, illustrations and maps of
occurrence of all species are supplied. Observation about habitat and phenology are also
related.
Key words: Solanaceae, Athenaea, Aureliana, Capsicum, flora, Rio Grande do Sul.
INTRODUÇÃO
Em sua última proposta de sistematização da família Solanaceae, Hunziker (2001)
mencionou a subtribo Capsicinae, subordinada à tribo Solaneae, subfamília Solanoideae. Ele
caracterizou esta subtribo, sobretudo, pela presença de um par de apêndices laterais na base de
cada filete, formando em conjunto uma coroa proeminente. Dos nove gêneros subordinados à
tribo, apenas Athenaea Sendtn., Aureliana Sendtn., Capsicum L. e Vassobia Rusby ocorrem
no Rio Grande do Sul (Soares, 2006), e dos quais apenas os três primeiros serão objeto deste
trabalho. Os representantes mais conhecidos desta subtribo, as pimentas e os pimentões,
pertencem ao gênero Capsicum. Quando os navegadores portugueses e espanhóis chegaram às
Américas, estas plantas já faziam parte do cotidiano dos nativos. Esta, entre outras tantas
descobertas, foi levada ao velho mundo e conquistou, cinco séculos mais tarde, o domínio do
comércio de especiarias (Reifschneider, 2000).
Um dos trabalhos pioneiros, envolvendo a complexa taxonomia deste grupo, é o de
Otto Sendtner para a Flora Brasiliensis de Martius. Nesta obra, Sendtner (1846) reconhece
onze espécies de Capsicum e apresenta dois novos gêneros, Athenaea e Aureliana, com oito e
cinco espécies, respectivamente. Os autores posteriores a Sendtner (1846), no entanto, não
acataram sua proposta. A frágil circunscrição genérica inerente à estreita relação destes
gêneros motivou confusões e controvérsias que resultaram em inúmeras sinonimizações.
Históricos taxonômicos mais detalhados, que corroboram este fato, foram apresentados por
Barboza e Hunziker (1989), na revisão de Athenaea
, e Hunziker e Barboza (1990), na revisão
de Aureliana. Barboza e Hunziker (1989) manifestaram a dificuldade de encontrar outro
caráter diferencial, que não a acrescência do cálice no gênero Athenaea, para diferenciá-lo de
Aureliana. Hunziker e Barboza (1990) compararam Aureliana e Capsicum, ressaltando as
diferenças observadas principalmente no hábito, ausência ou presença de lacínias no cálice,
137
comprimento dos lobos corolinos e aspectos químicos e citológicos do fruto. Naquela revisão
também consta uma chave analítica envolvendo os gêneros já mencionados e outros da tribo
Solaneae, como Solanum L., Witheringia L’Her. e Brachistus Miers. Apesar da inexistência
de uma revisão taxonômica do gênero Capsicum, muitos trabalhos de cunho florístico (Smith
e Downs, 1966; Cabrera, 1983; Nee, 1986; Carvalho, 1985 e 1997; Andreata et al., 1997;
Lima e Guedes-Bruni, 1997; Aguiar et al. 1998) ou taxonômico (Smith e Heiser, 1951;
Eshbaugh, 1968, 1970 e 1980; Bianchetti, 1996) contribuíram para o reconhecimento de suas
espécies. Armando T. Hunziker foi, sem dúvida, o pesquisador contemporâneo que buscou
com maior veemência, o esclarecimento dos limites genéricos de Capsicum e gêneros afins
(Hunziker, 1950, 1961, 1969 a e b, 1971, 1998). O número total de espécies do gênero
Capsicum, no entanto, permanece sob investigação, tendo Hunziker (1979) mencionado cerca
de 25 e Eshbaugh (1980) 27 espécies. Mais tarde, Hunziker (2001) reduziu o número para
aproximadamente 20 espécies. Todavia, todos foram unânimes no reconhecimento de cinco
táxons domesticados. As inferências sobre a posição taxonômica destes gêneros, à luz das
ferramentas da biologia molecular, são distintas e ao mesmo tempo complementares àquelas
baseadas em morfologia, anatomia e química. Os cladogramas resultantes dos estudos
moleculares de Olmstead e Palmer (1992) apontaram as afinidades de Capsicum com o
gênero Lycianthes. Olmstead et al. (1999) confirmaram as relações filogenéticas destes dois
gêneros, subordinando-os à tribo Capsiceae, subfamília Solanoideae. Os gêneros Aureliana e
Athenaea, segundo Olmstead et al. (1999) constituem, ao lado de outros oito gêneros, a
subtribo Whitaninae, subordinada à complexa e diversa tribo Physalieae da subfamília
Solanoideae.
O presente estudo visa fornecer subsídios para a identificação dos táxons dos gêneros
Aureliana, Athenaea e Capsicum que ocorrem no Rio Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas onze viagens de coleta a diferentes regiões do estado e analisadas as
coleções dos herbários HAS, HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB
(cujos acrônimos seguem Holmgren e Holmgren, 2006), além dos herbários HERBARA,
HUCS e HUI (não indexados). As descrições das espécies obedecem à seqüência da
taxonomia tradicional. A terminologia adotada encontra-se em Radford et al. (1974), Font
Quer (1977), Hickey (1974), Mentz
et al. (2000) e Stearn (2000). A grafia dos nomes dos
autores de gêneros e espécies está de acordo com Brummitt e Powell (1992) e as regiões
138
fisiográficas mencionadas de acordo com Fortes (1959). Foram elaboradas três chaves
analíticas. A primeira chave remete aos gêneros da subtribo Capsicinae representados no Rio
Grande do Sul. A segunda e terceira chaves remetem para as espécies dos gêneros Aureliana e
Capsicum, respectivamente. As estampas que ilustram os aspectos morfológicos foram
obtidas através de cópias xerográficas de exsicatas e de fotografias de espécimes vivos, as
quais foram utilizadas como modelo para as ilustrações finais. Os mapas foram elaborados
com o programa TABWIN 3.2 e o material examinado está citado em ordem alfabética de
municípios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A subtribo Capsicinae está representada no Rio Grande do Sul por quatro gêneros. O
gênero Aureliana está representado por Aureliana fasciculata var. tomentella (Sendtn.)
Barboza e Hunz. e Aureliana wettsteiniana (Witasek) Hunz. e Barboza, enquanto que o
gênero Capsicum está representado por Capsicum baccatum L. var. baccatum e Capsicum
flexuosum Sendtn. O gênero Athenaea conta com uma única espécie nativa, Athenaea picta
Sendtn. O gênero Vassobia também está representado por uma espécie e será tratado em outro
artigo (Soares, 2006).
Chave para identificação dos gêneros da Tribo Solaneae, subtribo Capsicinae ocorrentes
no Rio Grande do Sul.
1. Plantas armadas, flores com corola rotado-campanulada .........................................Vassobia
1’. Plantas inermes, flores com corola rotada.
2. Corola com a porção gamopétala igual ou maior que a porção dialipétala; cálice indiviso
ou truncado, com ou sem cinco apêndices cilíndricos resultantes do prolongamento das
nervuras .....................................................................................................................Capsicum
2’. Corola com a porção gamopétala sempre menor que a porção dialipétala; cálice com
cinco lacínias deltóides bem evidentes.
3. Corola com máculas vinosas na base; cálice florífero praticamente dialissépalo, porção
gamossépala curta ou inconspícua; cálice frutífero acrescente, não inflado, envolvendo
totalmente o fruto ................................................................................................... Athenaea
3’. Corola com máculas verdes na base; cálice florífero com uma porção gamossépalo
basal bem evidente; cálice frutífero não acrescente ...............................................Aureliana
139
Athenaea Sendtn., in Mart., Fl. Bras. 10 (6): 133. 1846. Espécie-tipo: Athenaea picta
(Mart.) Sendtn.
Arbustos inermes; ramos com tricomas simples e glandulares. Folhas simples,
helicoidais, pecioladas; lâmina foliar elíptica ou ovalada, de margem inteira e consistência
membranácea. Inflorescências fasciculadas, plurifloras, sésseis, axilares. Flores actinomorfas,
monoclinas, pediceladas. Cálice campanulado, lacínias deltóides, profundamente fendidas.
Corola rotada, pentalobada, lobos inteiros, mais compridos que a porção gamopétala.
Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos, adnatos na porção basal da corola; par de
apêndices laterais na base de cada filete bem evidentes; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência
longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário ovóide, bilocular, com rudimentos seminais
numerosos; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete levemente obsubulado; estigma
subgloboso. Baga ovóide; cálice frutífero fortemente acrescente, envolvendo o fruto.
Sementes discóides.
Athenaea picta (Mart.) Sendtn., in Mart., Fl. Bras. 10 (6): 133. 1846.
Figuras 14 e 19a.
Arbustos com 0,8-2 m de altura, inermes. Lâmina foliar com 3,5-18,0 cm de
comprimento e 2,5-13,0 cm de largura, obovalada ou elíptica, de ápice acuminado ou obtuso e
base decurrente, cuneada nas folhas jovens; superfícies adaxial e abaxial dotada de tricomas
simples e glandulares, distribuídos uniformemente ou pouco mais abundantes sobre as
nervuras; pecíolo de 1,0-6,5 cm de comprimento, revestido de tricomas simples e glandulares.
Inflorescências com 1-4 flores, raramente unifloras; pedicelos com até 1,2 cm de
comprimento, levemente engrossados na porção distal, dotados de tricomas simples e
glandulares. Cálice com 0,7-0,9 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, revestido por
tricomas simples; lacínias com 0,7 cm de comprimento e 0,3 cm de largura. Corola branca,
com máculas basais vinosas em cada uma das pétalas. Porção gamopétala com 0,25 cm de
comprimento; lobos com 0,4-0,7 cm de comprimento e 0,18-0,30 cm de largura. Porção livre
dos filetes com 0,20-0,38 cm de comprimento, anteras com 0,12-0,20 cm de altura e 0,08-0,10
cm de diâmetro. Ovário ovóide, com 0,10-0,18 cm de altura e 0,10-0,15 cm de diâmetro;
140
estilete com 0,1-0,5 cm de comprimento. Baga ovóide, com 0,8-2,0 cm de altura e 0,5 a 1 cm
de diâmetro, acompanhada do cálice acrescente, com até 2 cm de comprimento.
Ocorrência e hábitat: Ocorre nas regiões Sudeste (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de
Janeiro e São Paulo) e Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) do Brasil (Barboza e
Hunziker, 1989). No Estado há dois registros de sua ocorrência, um deles em Marcelino
Ramos (região fisiográfica do Alto Uruguai) e outro em Barracão (região fisiográfica dos
Campos de Cima da Serra). Habita ambientes florestais úmidos e sombreados da Floresta
Ombrófila Mista e Floresta Estacional do Alto Uruguai. A presença desta espécie corresponde
a uma citação nova para a flora do Estado.
Aspectos fenológicos: Os dois exemplares examinados foram coletados com flores e frutos
em desenvolvimento no mês de dezembro.
Comentários: Apresenta ramos, folhas e flores dotados de tricomas glandulares, o que a torna
viscosa ao toque. O exemplar J.A.Jarenkow 3855 tem em sua etiqueta uma observação sobre a
coloração escura das anteras. Esta característica não é mencionada na literatura, mas merece
referência pela possibilidade de ser empregado como um caráter taxonômico, embora a
coloração das anteras, a exemplo do que ocorre em algumas espécies de Physalis L., não se
mantenha em materiais herborizados. A posição ereta dos frutos foi cogitada no exame da
exsicata J.A.Jarenkow 3855. Os registros fotográficos do outro exemplar examinado mostram
frutos eretos sustentados por pedúnculos longos. Este caráter precisa ser observado em mais
exemplares, para que seja julgada sua importância taxonômica. A presença de máculas
vinosas nas pétalas, no entanto, é um bom caráter para diferenciar esta espécie de outras
pertencentes a gêneros afins. Rambo (1961) mencionou quatro coletas de Athenaea para o
Estado. Este material está no herbário PACA e corresponde a Solanum fusiforme L.B.Sm. e
Downs.
Informações adicionais: Segundo Barboza e Hunziker (1989), é comum observar heterostilia
em flores desta espécie. Eles afirmam que este fenômeno está intimamente associado ao
tamanho da corola. Este fenômeno também foi observado em Aureliana wettsteiniana
(Witasek) Hunz. e Barboza, aparentemente sem qualquer relação com o tamanho da corola.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Barracão, 02/XII/2005, fl., J.A.Jarenkow s.n°
(ICN); Marcelino Ramos, Pinhalzinho, estrada para Maximiliano de Almeida, ca. 5 km, arbusto de 0,8-2 m alt.,
141
em subosque de mata secundária na transição Mata do Alto Uruguai/Mata com araucária, flores com cálice
verde, corola branca com máculas vinosas na base, estames com anteras negras, pistilo verde, frutos em
desenvolvimento, verdes, 26/XII/1998, fl./fr., J.A.Jarenkow 3855 (ICN).
Aureliana Sendtn., in Mart., Fl. Bras. 10 (6): 138. 1846. Espécie-tipo: Aureliana velutina
Sendtn.
Arbustos ou arvoretas, inermes; ramos com tricomas simples e glandulares. Folhas
simples, helicoidais, pecioladas ou subsésseis; lâmina foliar lanceolada, oblanceolada ou
elíptica, de margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, uni ou
plurifloras, sésseis, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice
campanulado, lacínias deltóides, medianamente fendidas. Corola rotada, pentalobada, lobos
inteiros, mais compridos que a porção gamopétala. Prefloração valvar. Estames cinco,
homodínamos, adnatos apenas na base da corola; par de apêndices laterais na base de cada
filete bem evidentes; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios
ausentes. Ovário ovóide, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero
presente, conspícuo; estilete levemente obsubulado; estigma subgloboso. Baga globosa ou
ovóide; cálice frutífero persistente, não-acrescente. Sementes discóides.
Chave para identificação das espécies do gênero Aureliana no Rio Grande do Sul.
1. Pecíolos com tricomas antrorsos ou patentes; frutos ovóides ....................... A. wettsteiniana
1’.Pecíolos com tricomas sinuosos, ligeiramente adpressos; frutos globosos .............................
.......................................................................................................A. fasciculata var. tomentella
Aureliana fasciculata var. tomentella (Sendtn.) Barboza et Hunz., Darwiniana 30 (1-4):
103. 1990.
Figuras 15 e 19b.
Arbustos ou arvoretas de 1,5-4 m de altura, inermes. Lâmina foliar com 1,2-13,6 cm
de comprimento e 0,7-4,5 cm de largura, oblanceolada ou elíptica, de ápice agudo, raramente
acuminado e base decurrente, às vezes cuneada; superfície adaxial glabra ou glabrescente,
dotada de tricomas simples, principalmente sobre as nervuras; superfície abaxial revestida de
142
tricomas simples, uniformemente distribuídos ou um pouco mais abundantes sobre as
nervuras; pecíolo de 0,5-1,3 cm de comprimento, revestido por tricomas simples, sinuosos e
adpressos. Inflorescências com 3 a 5 flores pediceladas; pedicelos de 0,7-1,5 cm de
comprimento, levemente engrossados na porção distal, dotados de tricomas simples. Cálice
com 0,15-0,20 cm de altura e 0,2-0,3 cm de diâmetro, glabro ou revestido por tricomas
simples; lacínias com 0,05 cm de comprimento e 0,10-0,15 cm de largura. Corola branca, com
máculas basais verdes em cada uma das pétalas. Porção gamopétala com 0,2 cm de
comprimento; cada lobo com 0,9 cm de comprimento e 0,3 cm de largura. Porção livre dos
filetes com 0,2 cm de comprimento; anteras com 0,15-0,20 cm de altura e 0,15 cm de
diâmetro. Ovário ovóide, com 0,15 cm de altura e 0,15 cm de diâmetro; estilete com 0,35-0,40
cm de comprimento. Baga globosa, com 1,5 cm de altura e 1,0 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: No Brasil, ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e também na Argentina e Paraguai
(Hunziker e Barboza, 1990). No Estado há registros para as regiões fisiográficas do Alto
Uruguai, Depressão Central, Encosta Superior do Nordeste e Missões. Cresce em orla de
mata, sob a sombra ou em capoeiras, estando então mais exposta à radiação solar.
Aspectos fenológicos: O período de floração ocorre de dezembro a abril, sendo mais intenso
em março. A frutificação ocorre de abril a julho.
Comentários: Os ramos angulosos, mencionado por Hunziker e Barboza (1990), não foram
constatados nos exemplares examinados. Esta característica, portanto, deve ser usada com
cautela. Exemplares arbustivos podem ser confundidos com espécimes de Capsicum
flexuosum Sendtn., que crescem no interior de matas com araucária, principalmente devido ao
indumento das folhas. Para diferenciá-los, além da relação entre as porções gamopétala e
dialipétala da corola é necessário observar o cálice. Nesta espécie o cálice tem cinco lacínias
evidentes, enquanto em C. flexuosum o cálice tem o bordo truncado ou indiviso. Smith e
Downs (1966), na Flora Ilustrada de Santa Catarina, utilizam o nome Capsicum lucidum
(Moric.) Kuntze, para este táxon.
Informações adicionais: O nome desta variedade é uma nova combinação, proposta por
Hunziker e Barboza (1990) e que se diferencia da variedade típica pela densidade do
indumento dos ramos e das folhas. A variedade típica é glabrescente enquanto esta é
143
pubescente. Hunziker e Barboza (1990) mencionam no material examinado de Aureliana
fasciculata (Vellozo) Sendtn. var. fasciculata uma coleta para o Rio Grande do Sul, sem
especificar o município. Esta exsicata foi examinada, correspondendo à Aureliana fasciculata
var. tomentella. Portanto, a presença da variedade típica no Estado, é questionável.
Material examinado. BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Caxias do Sul, Forqueta, em orla de mata terciária,
780 m.s.m., 28/I/2003, fl., A.Kegler 1551 (HUCS 21750); Derrubadas, Parque Estadual do Turvo, próximo do
Porto Garcia, numa capoeira, arbusto, 27/III/1980, fl., J.Mattos et al. 21491 (HAS 85520); id., Parque Estadual
do Turvo, Campina, na mata, arbusto, 27/III/1980, fl., J.Mattos et al. 21542 (HAS 85511); Parque Estadual do
Turvo, árvore ca. 4 m alt., em beira de mato, frutos verdes, VII/1981, fr., P.Brack et al. s.n° (ICN 50992); id.
(Tenente Portela), Parque Estadual do Turvo, região de mata subtropical, arbusto 1-2 m alt., em interior de mata,
flores verde-claras com estrias ou pontos arroxeados, III/1990, fl., M.Sobral et al. 6169 (ICN 90308);
Farroupilha, na orla da capoeira, 750 m.s.m, 18/XII/1999, fl./fr., A.Kegler 460 (HUCS 14789); Nonoai, ad
flumen Uruguay, in silva primaeva, III/1945, fl., B.Rambo 28316 (PACA 28316); Santa Rita, prope
Farroupilha, in silva, 18/V/1957, fr., O.Camargo 1453 (PACA 60836); Santo Ângelo, 05/XII/1974, fr.,
K.Hagelund 8427 (ICN); Veranópolis, Estação Experimental Fitotécnica, numa capoeira, flores com pétalas
brancas e base verde, 08/IV/1980, fl., J.Mattos e N.Mattos 22158 (HAS 85361); Sarandi, Parque Estadual de
Rondinha, à beira da trilha no interior de um capoeiral, arbusto 1,5 m alt., flores brancas com máculas basais
esverdeadas, 29/X/2004, fl., E.Soares (ICN).
Material adicional examinado. BRASIL. PARANÁ: Guarapuava, km 46 na rodovia para Ponta Grossa, na
mata, arbusto, 30/XI/1984, fl., J.Mattos 26482 (HAS 85383); SANTA CATARINA: Itapiranga, prope flumen
Uruguay, in silva primaeva, 15/II/1934, fr., B.Rambo 1182 (PACA 1182); id., ad flumen Uruguay, in silva
primaeva, 18/II/1934, fl., B.Rambo 1790 (PACA 1790); id., prope Uruguay, in silva caedua, 17/I/1953, fl.,
B.Rambo 53691 (PACA 53691).
Aureliana wettsteiniana (Witasek) Hunz. et Barboza, Darwiniana 30 (1-4): 107. 1990.
Figuras 16 e 19c.
Arbustos ou arvoretas de 1,5-4 m de altura, inermes. Lâmina foliar com 0,8-12,6 cm
de comprimento e 0,4-4,5 cm de largura, lanceolada, oblanceolada ou elíptica, de ápice agudo,
acuminado, raramente obtuso e base decurrente, cuneada nas folhas jovens; superfície adaxial
dotada de tricomas simples abundantes sobre as nervuras, adpressos e dispersos nas regiões
internervais, superfície abaxial com tricomas simples uniforme e densamente distribuídos ou
pouco mais abundantes sobre a nervura central; pecíolo de 0,2-1,3 cm de comprimento,
revestido de tricomas simples, antrorsos. Inflorescências com 2-5 flores, raramente solitárias;
pedicelos de 0,5-1,5 cm de comprimento, levemente engrossados na porção distal, dotados de
tricomas simples antrorsos. Cálice com 0,12-0,20 cm de comprimento e 0,3-0,5 cm de
diâmetro, revestido por tricomas simples; lacínias com 0,05-0,10 cm de comprimento e 0,05-
0,18 cm de largura. Corola branca, com máculas basais verdes em cada uma das pétalas.
Porção gamopétala com 0,28-0,30 cm de comprimento; lobos com 0,4-0,7 cm de
comprimento e 0,18-0,30 cm de largura. Porção livre dos filetes com 0,20-0,38 cm de
comprimento, anteras com 0,12-0,20 cm de altura e 0,08-0,10 cm de diâmetro. Ovário ovóide,
144
com 0,10-0,18 cm de altura e 0,10-0,15 cm de diâmetro; estilete com 0,1-0,5 cm de
comprimento. Baga ovóide, com 0,8 a 2,0 cm de altura e 0,5 a 1,0 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Ocorre no Brasil, nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul (Hunziker e Barboza, 1990). No Estado foi registrada nas regiões
fisiográficas do Litoral, Campos de Cima da Serra e Encosta Inferior do Nordeste. Cresce em
florestas com altitudes entre 40 e 1100 metros, onde habita locais sombreados com umidade
constante, principalmente beira de cursos d’água.
Aspectos fenológicos: O período de floração inicia em dezembro e estende-se até abril. De
fevereiro a abril é possível observar indivíduos com flores e frutos.
Comentários: Esta espécie apresenta ramos com porções mais engrossadas na altura dos nós.
Quando herborizadas, estas porções geralmente murcham e tornam-se mais delgadas que as
outras regiões do ramo. Outro aspecto importante da morfologia da espécie é a presença de
ramos com folhas dísticas, que lembram espécies de Annonaceae. Como os ramos são
geralmente folhosos e planos e os pedicelos estão sempre voltados para baixo, a visualização
das flores é praticamente impossível se o exemplar estiver abaixo da linha da visão. Em Smith
e Downs (1966) a descrição e as informações de Capsicum villosum Sendtn. pertencem a esta
espécie. Capsicum villosum é uma espécie válida e, portanto, não constitui um sinônimo de A.
wettsteiniana.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Canela, Caracol prope Canela, in araucarieto,
18/III/1954, fl., K.Emrich s.n° (PACA 54248); id., Vila Suzana, 16/IX/1979, fr., J.W.Thomé s.n° (HAS 10855);
id., próximo ao Parque do Caracol, arbusto 2 m. alt., flores brancas com manchas verdes, frutos esverdeados,
1/III/2005, fl./fr., E.Soares e L.F.Lima 74 (ICN); Caraá, Varzinha, depois da ponte de concreto sobre o Rio dos
Sinos, subarbusto, ca. 70 cm alt., na orla da mata úmida, 12/IV/2005, fl., E.Soares et al, 90 (ICN); id., Varzinha,
próximo a ponte sobre o Rio dos Sinos, 12/IV/2005, fl., E.Soares et al. 92 (ICN); Gramado, prope Canela, in
araucarieto, 20/III/1950, fl., B.Rambo 46387 (PACA 46387); Igrejinha, a 10 km da cidade, numa capoeira,
arbusto, 30/III/1982, fl., J.Mattos e N.Silveira 24120 (HAS 85384); Morrinhos do Sul, Morro do Forno, região
de mata Atlântica, na subida da trilha Morro do Forno - Josafá, 100-150 m.s.m, arbusto 2m alt., em interior de
mata junto ao arroio, flores brancas sem odor pronunciado; frutos imaturos, XII/1995, fl./fr., M.Sobral e
J.Jarenkow 8027 (ICN); Nova Petrópolis prope Caí, in silva primaeva, 13/VI/1949, fr., B.Rambo 41975 (PACA
41975); São Francisco de Paula, Fazenda Englert prope São Francisco de Paula, in araucarieto, 01/I/1954, fl.,
B.Rambo 54733 (PACA 54733); id., Fazenda Englert prope São Francisco de Paula, in araucarieto, 08/I/1941,
fl., B.Rambo 4471 (PACA 4471); id., Serra do Faxinal prope São Francisco de Paula, in silvula nebulari,
14/II/1946, B.Rambo 32106 (PACA 32106); id., Potreiro Novo, Tainhas, 500 m.s.m., herba ad viam per silvam,
23/II/1978, fl., A.Sehnem s.n° (PACA 85001); id., 07/IV/1987, fl., K.Hagelund 16143 (ICN); id., 07/IV/1987,
fl., K.Hagelund 16215 (ICN 131895); id., 07/IV/1987, fl., K.Hagelund 16218 (ICN); id., Carapina, em beira de
mata, 950 m.s.m, 21/II/1987, fl., M.Poloni et al. s.n° (HUCS 2495); id., estrada para José Velho, ao lado de
ponte sobre o arroio, 18/IV/1995, fr., L.A.Mentz e M.Sobral 167 (ICN 122902); id., Carapina, na beira da
estrada, 800 m.s.m, 27/II/2000, fl./fr., R.Wasum 476 (HUCS 15923); id., leito da estrada abandonada, solo
(decomposição do basalto), arbusto ca. 1,3 m alt., freqüência ocasional, flor branca, estames amarelos,
145
08/III/2000, fl., A.Knob e S.Bordignon 6328 (SALLE 1328); id., Aratinga, mata na beira da estrada, solo
(decomposição do basalto), arvoreta arbustiva ca. 3,5 m alt., DAP 4 cm, freqüência ocasional, flor branca e no
centro verde, fruto imaturo verde, cônico, 26/IV/2001, fl./fr., A.Knob e S.Bordignon 6787 (SALLE 1787); id.,
mata de encosta, 670 m.s.m, margem sombria e úmida da estrada, solo (decomposição do basalto), arbusto ca.
1,8 m alt., freqüente, flores brancas, anteras amarelas, fruto imaturo verde, apiculado, 14/V/2003, fl./fr., A.Knob
e S.Bordignon 7453 (SALLE 2453).
Material adicional examinado: BRASIL. PARANÁ: s.l., in dumetosis, 28/IV/1946, fl./fr., G.Hatschbach s.n°
(PACA 33627); SANTA CATARINA: s.l., Serra do Faxinal, prope Biguaçú, in silva primaeva, 20/VII/1951,
fr., B.Rambo 50373 (PACA 50373); Florianópolis, Morro Costa da Lagoa, 200 m.s.m, mata em beira de regato,
arbusto 3 m alt., flores brancas, 16/III/1967, fl., Klein e Souza 7316 (PACA 67550); Luís Alves, estrada Vila do
Salto a Maximo a 2,7 km da estrada Itajaí-Luís Alves, beira de mata em encosta, solo arenoso com material
húmico, relevo ondulado, 110 m.s.m., arbusto 1,5m alt., flores brancas com guias nectaríferas verde-claras,
26/IV/1985, fl., Lleras et al. 1991 (ICN 83367); Praia Grande, descendo a Serra do Itaimbezinho a Praia
Grande a 13 km do restaurante do IBDF (Parque Nacional dos Aparados da Serra), borda de mata primária em
encosta, solo raso pedregoso húmico, relevo montanhoso, 630 m.s.m, arbusto 1.5m alt., flores brancas com guias
nectaríferas verde-claras, 24/IV/1985, fr., Lleras et al. 1986 (ICN 83366); Presidente Nereu, 23 km da
bifurcação da estrada Lontra-Presidente Nereu com a BR 470, mata secundária consorciada com Cyathea, solo
húmico-arenoso, topo de serra, 900 m.s.m, arbusto 2 m alt., flores brancas com guias nectaríferas verdes,
26/IV/1985, fr., Lleras et al. 2008 (ICN 83370); id., km 1,5 da estrada para Sabiá, solo argiloso-arenoso húmico
com muita pedra, relevo acidentado, 710 m.s.m., arbusto 2,5 m alt., 27/IV/1985, fr., Lleras et al. 2018 (ICN
83372); Trombudo Central, na entrada da cidade, estrada SC 426, 330 m.s.m, 27°17’54,4” S, 49°47’23,8”W,
árvore 3 m alt., flores brancas com manchas verdes no interior, frutos imaturos ovóides, 25/XI/2003, fl./fr.,
L.Mentz et al. 276 (ICN 132729); Urubicí, peraus da Serra do Corvo Branco, na mata, subarbusto ca. 70 cm alt.,
23/X/1981, est., J.Mattos 22748 (HAS 85359); id., Serro do Corvo Branco, II/1996, fl., M.Sobral e J.A.Jarenkow
8051 (ICN); Vidal Ramos, Sabiá, 750 m.s.m., arbusto 3m alt., flores brancas, 07/III/1958, fl., Reitz e Klein 6594
(ICN 4343).
Capsicum L., Sp. Pl. 1: 188-189. 1753. Espécie-tipo: Capsicum annuum L.
Subarbustos ou arbustos, inermes; ramos glabros ou glabrescentes, com tricomas
simples. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada, lanceolada ou elíptica,
de margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, uni ou
plurifloras, sésseis, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice
campanulado, de borda truncada, com ou sem cinco apêndices filiformes, resultantes do
prolongamento das nervuras das sépalas. Corola rotada, pentalobada, lobos inteiros, iguais ou
mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração valvar. Estames cinco, homodínamos,
adnatos a porção basal da corola; par de apêndices laterais na base de cada filete bem
evidentes; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário
elipsóide ou globoso, bilocular, com inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero
presente, evidente; estilete levemente obsubulado; estigma capitado. Baga globosa ou ovóide;
cálice frutífero persistente, não-acrescente. Sementes discóides.
Observações: As espécies nativas de Capsicum ocorrentes no Rio Grande do Sul apresentam
corola predominantemente branca, com máculas amarelo-esverdeadas ou esverdeadas. As
146
espécies introduzidas pelo cultivo incluem variedades de Capsicum annuum L., além de
Capsicum chinense Jacq., e Capsicum pubescens Ruiz et Pav. (Bianchetti, comunicação
pessoal). Estas espécies possuem flores inteiramente brancas, branco-esverdeadas,
esverdeadas ou violáceas, sem máculas na região basal de cada pétala.
Chave para identificação das espécies nativas de Capsicum ocorrentes no Rio Grande do
Sul.
1. Cálice truncado com cinco apêndices subapicais; frutos ovóides, eretos ................................
.............................................................................................. Capsicum baccatum var. baccatum
1’.Cálice truncado sem apêndices subapicais; frutos globosos, pêndulos .. Capsicum flexuosum
Capsicum baccatum L. var. baccatum
Mantissa Plantarum 1: 47. 1767. Taxon 17: 51-52.
Figuras 17 e 19d.
Arbustos de até 1,5 m de altura, inermes. Folhas membranáceas, lâmina foliar com
0,7-6 cm de comprimento e 0,3-3,4 cm de largura, ovalada, de ápice atenuado, raramente
acuminado ou agudo, base decurrente, às vezes aparentando ser arredondada; superfície
adaxial dotada de tricomas simples, uniforme e esparsamente distribuídos, superfície abaxial
com tricomas simples de distribuição irregular, geralmente mais abundantes sobre as nervuras
na metade basal da folha do que nas regiões internervais, margens e nervuras da metade
superior da folha; pecíolo de 0,2-2,8 cm de comprimento, pubescentes na face adaxial e
glabros ou glabrescentes na face abaxial, sempre com tricomas simples. Inflorescências
unifloras, flores pediceladas; pedicelos de 0,7-2,2 cm de comprimento, levemente
engrossados na porção distal, dotados de tricomas simples. Cálice com 0,1-0,2 cm de
comprimento e 0,12-0,25 cm de diâmetro, revestido por tricomas simples; apêndices com
0,02-0,10 cm de comprimento. Corola branca, com máculas basais amarelo-esverdeadas em
cada uma das pétalas. Setor gamopétalo com 0,2-0,4 cm de comprimento; cada lobo com
0,12-0,30 cm de comprimento e 0,2-0,4 cm de largura. Porção livre dos filetes com 0,12-0,28
147
cm de comprimento, anteras com 0,10-0,18 cm de altura e 0,10 cm de largura. Ovário ovóide,
com 0,10-0,20 cm de altura e 0,12-0,15 cm de diâmetro; estilete com 0,28-0,42 cm de
148
alterados, sem, contudo, apresentarem diferenças morfológicas em relação às populações
silvestres das quais tiveram origem (Reifschneider, 2000).
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: (Augusto Pestana), Pestana, in dumetosis,
18/XI/1953, fr., Pivetta 948 (PACA 59056); Erechim, flores amarelas, 14/IV/1985, fl., E.Loureiro s.n°
(HERBARA 367); Gravataí, in summo Monte Itacolumí prope Gravataí, in silvula umbrosa, 11/I/1950, fl.,
B.Rambo 45303 (PACA 45303); id., Morro Morungava, ace
149
patentes sobre as nervuras e formando tufos nas axilas da nervura principal; pecíolo de 0,15-
1,20 cm de comprimento, glabro ou com tricomas simples. Inflorescências axilares,
fasciculadas, raramente unifloras, com 2-5 flores pediceladas; pedicelos de 0,6-2,2 cm de
comprimento, levemente engrossados na porção distal, glabros ou dotados de tricomas
simples, antrorsos. Cálice com 0,1-0,2 cm de comprimento e 0,15-0,30 cm de diâmetro,
glabro ou revestido por tricomas simples, principalmente sobre as nervuras; apêndices
ausentes. Corola branca, com máculas basais amarelo-esverdeadas em cada uma das pétalas.
Porção gamopétala com 0,3-0,4 cm de comprimento; cada lobo com 0,2-0,3 cm de
comprimento e 0,2-0,6 cm de largura. Porção livre dos filetes com 0,15-0,35 cm de
comprimento, anteras de 0,15-0,25 cm de altura e 0,10 cm de largura. Ovário globoso, com
0,12-0,20 cm de altura e 0,10-0,20 cm de diâmetro; estilete com 0,4-0,6 cm de comprimento.
Baga globosa, vermelha ou alaranjada na maturidade, pungente, com 0,8-1,0 cm de altura e
0,7-1,0 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: No Brasil ocorre nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Também há registros de sua ocorrência
no Paraguai (Bianchetti, 1996). As coletas do Estado pertencem às regiões fisiográficas do
Alto Uruguai, Campos de Cima da Serra, Depressão Central, Encosta Inferior do Nordeste,
Encosta Superior do Nordeste, Litoral, Missões, Planalto Médio e Serra do Sudeste. Cresce
em locais úmidos e sombreados de orlas e clareiras de matas, sendo também freqüente em
capoeiras.
Aspectos fenológicos: Exemplares floridos examinados foram coletados em todos os meses
do ano, exceto em julho. O período mais intenso de floração começa em setembro e estende-
se até março. A frutificação também ocorre ao longo do ano inteiro, mas parece ser mais
intensa de outubro a abril.
Comentários: Alguns exemplares desta espécie também exibem microfilia, e da mesma
forma que em C. baccatum var. baccatum, este fenômeno parece ser uma resposta a injúrias
mecânicas ou então pode estar relacionado à senescência da planta. A variação morfológica
desta espécie pode prejudicar sua correta identificação. O tamanho e o indumento de folhas e
o tamanho e a quantidade de flores e frutos é bastante variável. O cálice indiviso e o fruto
globoso, vermelho ou alaranjado e pêndulo são caracteres importantes para sua identificação.
A presença de tufos de tricomas simples nas axilas das nervuras da face abaxial da folha foi
150
observada em todos os espécimes, exceto em dois exemplares (K.Hagelund 7007 e 9394), em
que toda a superfície abaxial está repleta de tricomas. Rambo (1961) cita esta espécie sob o
nome de Capsicum schottianum Sendtn.
Informações adicionais: O nome popular pimenta-braba foi mencionado na coleta de Abruzzi
576.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Alto Feliz, prope Caí, in silva primaeva,
05/III/1933, est., B.Rambo 331 (PACA 331); Agudo, Cerro Agudo, XII/1985, fr., M.Sobral 14505 (ICN 88054);
Arroio do Tigre, Barragem de Itaúba, 12/IV/1978, fl., O. Bueno et al. 628 (HAS 5834); id., Barragem de Itaúba,
13/IV/1978, fr., O.Bueno et al. 598 (HAS 5791); Bento Gonçalves, mato da VFRGS, 10/XI/1980, fl., G.Pedralli
87 (ICN 49379); Bom Princípio, estrada para Feliz a 400 m da ponte do Rio Caí, km 22 da RS 122, capoeira na
margem da mata, solo arenoso-argiloso, relevo ondulado, 70 m.s.m., arbusto 1,5 m alt., corola internamente
branca, anel basal verde-amarelado, guias nectaríferas verdes em cada pétala com franjas centrais esbranquiçadas
externamente branca com guias de néctar transparentes, cálice verde-amarelado, 22/IV/1985, fl., Lleras et al.
1981 (ICN 83365); Cambará do Sul, Faxinalzinho, arbusto de frutos avermelhados de gosto muito picante e
ardência oral, 17/IV/1988, fr., P.Brack 284 (HAS 68125); Candelária
151
J.Vasconcellos 107 (HAS 85416); id., Est. Exp. Fitotécnica de Osório, em mata secundária, arbusto ca. 1m alt.,
12/X/1993, fl., L.Sevegnani s.n° (ICN 103907); Montenegro, Morro Mariquinhas prope Montenegro, in silva
rupestris, 27/VI/1933, fl./fr., B.Rambo 634 (PACA 634); id., Kappesberg prope Montenegro, in silvula
secundaria, 02/X/1945, fr., B.Rambo 32925 (PACA 32925); id., Zimmersberg prope Montenegro, in silva
campestri, 15/X/1945, fl./fr., E.Henz s.n° (PACA 32709); id., Kappesberg prope Montenegro, in silva
secundaria, 21/XII/1945, fr., B.Rambo 2257 (PACA 2257); id., Kappesberg prope Montenegro, in incultis,
20/XII/1946, fl., B.Rambo 35786 (PACA 35786); id., Badensertal prope Montenegro, 08/IX/1949, fl., A.Sehnem
3898 (PACA 47819); id., Linha Júlio de Castilhos, herba ad viam, 08/IX/1949, fl., A.Sehnem s.n° (PACA
82093); id., Linha Bonita, in dumetosis, 19/X/1949, fl./fr., A.Sehnem s.n° (HUCS 1775); id., Butterberg prope
Montenegro, in silva, 22/V/1950, fl., B.Rambo 47120 (PACA 47120); Morrinhos do Sul, Morro do Forno,
região de mata Atlântica, na subida da trilha Morro do Forno-Josafá, 500-600 m.s.m, arbusto 2,5 m alt., em
interior de mata, flores creme, frutos imaturos, XII/1995, fr., M.Sobral e J.A.Jarenkow 8021 (ICN); Nonoai, ad
flumen Uruguay, in silvula campestri umbrosa, III/1945, fl./fr., B.Rambo 28317 (PACA 28317); Nova Prata,
perto da cascata, numa capoeira, arbusto ca. 2 m alt., 14/II/1985, fl./fr., J.Mattos 30416 (HAS 85378); Novo
Hamburgo, ad montem Ferrabraz prope N. Hamburgo, in silva, 12/I/1949, fl., B.Rambo 39963 (PACA 39963);
id., Schwabenschneis prope Novo Hamburgo, in silva primaeva, 23/VI/1949, fr., B.Rambo 42101 (PACA
42101); id., Schwabenschneis prope Novo Hamburgo, in silva primaeva aperta, 25/VI/1949, fl., B.Rambo 42160
(PACA 42160); id., Schwabenschneis prope Novo Hamburgo, in silva primaeva aperta, 25/VI/1949, est.,
B.Rambo 42165 (PACA 42165); id., Schwabenschneis prope Novo Hamburgo, in silva primaeva aperta,
12/VIII/1949, fl., B.Rambo 42911 (PACA 42911); id., Schwabenschneis prope Novo Hamburgo, in silva
primaeva aperta, 22/VIII/1949, fl., B.Rambo 43008 (PACA 43008); id., Schwabenschneis prope Novo
Hamburgo, in silva primaeva aperta, 22/VIII/1949, est., B.Rambo 43018 (PACA 43018); id., ad montem
Ferrabraz
prope Novo Hamburgo, in dumetosis secundaris, 02/IX/1949, fl., B.Rambo 43200 (PACA 43200); id.,
in silva primaeva aperta, 02/IX/1949, fl., B.Rambo 43238 (PACA 43238); Osório, Morro Grande prope Osório,
in silva primaeva, 10/I/1952, fl., B.Rambo 51797 (PACA 51797); Paraíso do Sul, Poço Verde, mata secundária,
subosque perto de um caminho, solo (decomposição do basalto), arbusto ca. 2,2 m alt., freqüência ocasional,
flores brancas, anteras amarelas, frutos imaturos verdes, maduros alaranjados, 24/XI/1999, fl./fr., A.Knob e
S.Bordignon 6220 (SALLE 1220); id., ao lado de um caminho na mata, solo (decomposição do basalto), arbusto
1,3 m alt., flores brancas, estames amarelos, freqüência ocasional, 16/XII/1998, fr., A.Knob e S.Bordignon 5836
(SALLE 836); Pareci Novo, Pareci prope Montenegro, in silva, 1944, fl., E.Henz s.n° (PACA 26575); id.,
Pareci prope Montenegro, in silva primaeva, 1944, est., E.Henz s.n° (PACA 26608); id., Pareci prope
Montenegro, in silvula secundaria, 11/XI/1945, fl., E.Henz s.n° (PACA 32788); id., Pareci prope Montenegro,
in silva secundaria, 18/VII/1949, fr., B.Rambo 42581 (PACA 42581); Pareci prope Montenegro, in silvula
secundaria, 26/XI/1950, fl./fr., B.Rambo 49214 (PACA 49214); Porto Mauá, tecas não coladas entre si, abrindo
com fendas de todo o comprimento das tecas, conetivo longo, corola rotácea, 01/X/1967, fl., K.Hagelund 5459
(ICN); id., herbácea ou semi-arbustiva ca. 1 m alt., anteras livres entre si, tecas abertas por fendas laterais,
01/X/1967, fl., K.Hagelund 5470 (ICN); id., 01/X/1975, fl., K.Hagelund 9394 (ICN); Riozinho, estrada para
Barra do Ouro, ao lado da estrada e mata, solo (decomposição do basalto), arbusto simples e ereto, 2 m alt., flor
branca com manchas verdes, 07/VI/2005, fl., A.Knob e S.Bordignon 7669 (SALLE 2669); Rolante, Areia,
capoeira, barranco ao lado da estrada, arbusto ca. 1,3 m alt., freqüência ocasional, “joá-manso” (nome popular),
planta viva com aspecto geral ou partes levemente arroxeadas, 23/X/2001, fl., A.Knob e S.Bordignon 6878
(SALLE 1878); Salvador do Sul, Colégio Santo Inácio, mato de Pinus com subosque arbustivo, arvoreta,
08/X/1993, fl., A.Backes et al. s.n° (HASU 10162); São Francisco de Paula, in araucarieto, 18/XII/1949, fl.,
B.Rambo 44827 (PACA 44827); id., a 40 km de Ana Reck, frutos imaturos verdes, 04/II/1986, fl./fr., J.Mattos et
al. 29200 (HAS 85725); id., Carapina, 950 m.s.m., arbusto, 21/II/1987, fl., V.Wasum et al. s.n° (HUCS 2494);
id., Carapina, 950 m.s.m., arbusto na mata, 21/II/1987, fr., V.Wasum et al. s.n° (HUCS 2531); id., Josafá, erva
1m alt., frutos maduros vermelhos, IV/1994, fr., M.Sobral 2989 (ICN); id., estrada para José Velho, ao lado de
ponte sobre o arroio, 18/IV/1995, fr., L.A.Mentz e M.Sobral 166 (ICN 122934); id., José Velho, na orla da mata,
26/XI/2000, fr., R.Wasum 783 (HUCS 17496); São Jerônimo, Pólo Carboquímico, 28/IV/1981, fl., L.Martau
s.n° (HAS 13519); id., Pólo Carboquímico, Porto do Conde, capão próximo à Fazenda do Conde, pimenta-braba
(nome popular), arbusto 1 m alt., com flores brancas, 30/III/1982, fl., M.L.Abruzzi 576 (HAS 14157); São
Miguel das Missões, 17/VII/1966, est., K.Hagelund 4413 (ICN); (São Sebastião do Caí), Caí,
Bohnental prope
Caí, ad silvam primaevam, 04/I/1941, est., B.Rambo 3811 (PACA 3811); Santa Rita, prope Farroupilha, in
araucarieto, 07/II/1950, fl., B.Rambo 45758 (PACA 45758); Sarandi, km 135 da BR 386, 300 m ao sul da
Patrulha Rodoviária, em margem de resto de mata, área com gado, latossolo vermelho, relevo ondulado, 550
m.s.m., arbusto ca. 1,7 m alt., 21/IV/1985, est., Lleras et al. 1975 (ICN 83363); Seberi, km 76 da BR 386, 42 km
ao sul de Frederico Westphalen, resto de mata à beira da estrada nas margens, latossolo vermelho, relevo
ondulado, 500 m.s.m, arbusto 1,5 m alt., 21/IV/1985, est., Lleras et al. 1973A (ICN 83601); id., km 76 da BR
386, 42 km ao sul de Frederico Westphalen, resto de mata à beira da estrada nas margens, latossolo vermelho,
relevo ondulado, 500 m.s.m., arbusto 2 m alt., 21/IV/1985, est., Lleras et al. 1974 (ICN 83362); Taquara,
152
Rochedo, 30/III/1959, fl./fr., Smith s.n° (ICN 1995); Vacaria, Fazenda da Ronda prope Vacaria, in silvula
campestri, 30/XII/1946, fl., B.Rambo 34642 (PACA 34642); Veranópolis, perímetro urbano, flores brancas,
23/XII/1983, fl., N.Silveira 823 (HAS 85517).
Material adicional examinado: BRASIL. PARANÁ: Foz do Iguaçu, Parque Nacional de Iguaçu, km 20 da
estrada do parque, borda de mata primária, área de domínio da estrada, latossolo roxo muito escuro, relevo
plano, 160 m.s.m, arbusto 1,5 m alt., corola internamente branca, anel basal verde-amarelado, guias nectaríferas
verdes em cada pétala com franjas centrais esbranquiçadas, externamente branca com guias de néctar
transparentes, cálice verde-amarelado, 18/IV/1985, fr., Lleras et al. 1947 (ICN 83357); id., Parque Nacional de
Iguaçu, km 23 da estrada do parque, borda de mata primária, área de domínio da estrada, latossolo roxo muito
escuro, relevo plano, 160 m.s.m, arbusto 3,2 m alt., corola internamente branca, anel basal verde-amarelado,
guias nectaríferas verdes em cada pétala com franjas centrais esbranquiçadas, externamente branca com guias de
néctar transparentes, cálice verde-amarelado, 18/IV/1985, fr., Lleras et al. 1953 (ICN 83358); Guarapuava,
Fazenda Palmeirinha, BR 466, 6 km do desvio para Pitanga vindo de Guarapuava, 25°19’14,5”S, 51°33’05,2”W,
1010 m.s.m, arbusto ca. 1,6 m alt., escassa em subosque junto a campo de cultivo de milho, 28/XI/2003, fr.,
L.A.Mentz et al. 290 (ICN 132743); SANTA CATARINA: Bom Retiro, Riozinho, 1000 m.s.m, campo, arbusto
1 m alt., flores amarelas, 24/XII/1948, fl., R.Reitz 2776 (PACA 55618); Curitibanos, sob a ponte do Rio
Marombas, BR 470 de Curitibanos para Campos Novos (a 20 km do desvio para Curitibanos, e a 5 km antes do
desvio para Marombas), 850 m.s.m., abundante no lado esquerdo da ponte, erva ca. 80 cm alt., corola branca
com manchas esverdeadas, 25/XI/2003, fl., L.A.Mentz 278 et al. (ICN 132731); Florianópolis, Morro da Costa
da Lagoa, Ilha de Santa Catarina, 490 m.s.m, mata, arbusto 3 m alt., flor branco-esverdeada, 18/XII/1968, fl.,
R.M.Klein 8050 (ICN ); Itapiranga, ad flumen Uruguay, in silva primaeva, 15/II/1934, fl., B.Rambo 1176
(PACA 1176); id., ad flumen Uruguay, in silva, 06/II/1951, fl., B.Rambo 49898 (PACA 49898); id., ad flumen
Uruguay, in silva primaeva, 17/I/1953, fl., B.Rambo 53720 (PACA 53720); id., in silva, 07/X/1957, fl.,
B.Rambo 61185 (PACA 61185); id., in silva, 07/X/1957, fl., B.Rambo 61246 (PACA 61246); Lages, in incultis,
25/XII/1956, fl., J.Mattos s.n° (PACA 61147); id., Morro do Tributo, 26/XII/1956, fl., B.Rambo s.n° (HAS
85385); São Joaquim, Fundinho, na mata, arbusto 1 m alt., VII/1963, fl., J.Mattos 11200 (HAS 85380); São
Miguel do Oeste, estrada Paraíso - São Miguel do Oeste 2 km ao sul de Paraíso, resto de floresta úmida,
latossolo vermelho-escuro, relevo ondulado, 450 m.s.m, arbusto 1,5 m alt., corola internamente branca, anel
basal verde-amarelado, guias nectaríferas verdes em cada pétala com franjas centrais esbranquiçadas,
externamente branca com guias de néctar transparentes, cálice verde-amarelado, 20/IV/1985, fr., Lleras et al.
1957 (ICN 83359); SÃO PAULO: Monteiro Lobato, rodovia SP 50, 19 km ao norte de Monteiro Lobato, grota
úmida na margem da estrada, área de parada, solo franco-arenoso sobre rocha, relevo acidentado, 960 m.s.m,
arbusto 2 m alt., corola internamente na metade superior das pétalas e margens brancas, conectadas com área
interlobular, base do limbo branca, guias nectaríferas basalmente verde-amareladas, tornando-se marrom-
arroxeadas no ápice, 30/IV/1985, fr., Lleras et al. 2036 (ICN 83376); id., rodovia SP 50, 19 km ao norte de
Monteiro Lobato, grota úmida na margem da estrada, área de parada, solo franco-arenoso sobre rocha, relevo
acidentado, 960 m.s.m, arbusto 3 m alt., corola internamente na metade superior das pétalas e margens brancas,
conectadas com área interlobular, base do limbo branca, guias nectaríferas basalmente verde-amareladas,
tornando-se marrom-arroxeadas no ápice, 30/IV/1985, fr., Lleras et al. 2037 (ICN 83377).
CONCLUSÕES
Os gêneros Athenaea Sendtn., Aureliana Sendtn. e Capsicum L., juntamente com
Vassobia Rusby, são os representantes da subtribo Capsicinae (tribo Solaneae) no Rio Grande
do Sul. Os três primeiros diferem de Vassobia pela ausência de espinhos caulinares e a
presença de uma corola branca, com máculas na base das pétalas. Aureliana e Athenaea
apresentam lobos da corola alongados, mais compridos que a porção gamopétala e as lacínias
do cálice são deltóides. Diferem entre si pela coloração das máculas da corola, verdes em
Aureliana e vinosas em Athenaea, pelo cálice florífero, nitidamente gamossépalo em
Aureliana e praticamente dialissépalo em Athenaea, e pelo cálice frutífero, efêmero ou
persistente em Aureliana e acrescente em Athenaea. Capsicum difere de ambos por ter corola
153
com lobos deltóides, iguais ou mais curtos que a porção gamopétala, e um cálice indiviso ou
truncado, com ou sem cinco apêndices filiformes. Athenaea picta é uma citação nova para a
flora do Rio Grande do Sul.
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STEARN, W.T. 2000. Botanical Latin. 4ed. Portland: Timber Press. 546p.
155
Figura 14. Athenaea picta (Mart.) Sendtn. - (a) aspecto geral; (b) corola aberta; (c) gineceu
e cálice florífero; (d) fruto e cálice frutífero; (e) tricoma foliar, glandular, com cabeça
pluricelular (todos de J.A.Jarenkow 3855).
157
Figura 15. Aureliana fasciculata var. tomentella (Sendtn.) Barboza e Hunz. - (a) aspecto
geral; (b) corola aberta; (c) gineceu (todos de E.Soares 35); (d) fruto e cálice frutífero
(O.Camargo 1453); (e) tricomas foliares, simples, pluricelulares, unisseriados (E.Soares 35).
158
159
Figura 16. Aureliana wettsteiniana (Witasek) Hunz. e Barboza. - (a) aspecto geral; (b)
corola aberta; (c) gineceu e cálice florífero; (d) fruto e cálice frutífero; (e) tricomas foliares,
simples, pluricelulares, unisseriados (todos de E.Soares 92).
160
161
Figura 17. Capsicum baccatum L. var. baccatum - (a) aspecto geral; (b) corola aberta; (c)
gineceu; (d) fruto e cálice frutífero; (e) tricomas foliares simples, pluricelulares, unisseriados
(todos de K.Hagelund 14917).
162
163
Figura 18. Capsicum flexuosum Sendtn. - (a) aspecto geral; (b) corola aberta; (c) gineceu
(L.Martau s.n° - HAS); (d) fruto e cálice frutífero (M.Sobral 2989); (e) tricomas foliares
simples, pluricelulares, unisseriados (L.Martau s.n° - HAS).
164
165
a b
c d
e
Figura 19. Mapas de ocorrência de Athenaea picta (Mart.) Sendtn. (a), Aureliana fasciculata
var. tomentella (Sendtn.) Barboza e Hunz. (b), Aureliana wettsteiniana (Witasek) Hunz. e
Barboza (c), Capsicum baccatum L. var. baccatum (d) e Capsicum flexuosum Sendtn. (e) no
Rio Grande do Sul, Brasil.
166
167
Capítulo 6
As espécies de Solanum subgênero Bassovia seção Pachyphylla (= Cyphomandra Mart. ex
Sendtn./ Solanaceae) no Rio Grande do Sul, Brasil
Edson Luís de Carvalho Soares
Lilian Auler Mentz
RESUMO – Estudos sobre a filogenia da família Solanaceae, baseados em biologia
molecular, propõem a inclusão do gênero Cyphomandra Mart. ex Sendtn. em Solanum L. As
espécies de Cyphomandra são tratadas neste trabalho como membros do gênero Solanum,
subgênero Bassovia seção Pachyphylla. Este estudo foi motivado pela necessidade de
reconhecer e identificar as espécies desta seção, na flora do Rio Grande do Sul, confrontando
informações da literatura com os registros dos herbários locais. No Estado ocorrem três
espécies nativas, Solanum corymbiflorum (Sendtn.) Bohs, Solanum diploconos (Mart.) Bohs e
Solanum sciadostylis (Sendtn.) Bohs, e uma espécie introduzida, Solanum betaceum Cav. Para
as espécies nativas são fornecidas descrições, ilustrações e locais de ocorrência no Estado,
além de informações sobre hábitat, fenologia e outras informações pertinentes.
Palavras-chave: Solanaceae, Solanum, Bassovia, Pachyphylla, flora, Rio Grande do Sul.
ABSTRACT – (Solanum subgenus Bassovia section Pachyphylla (= Cyphomandra Mart.
ex Sendtn.), Solanaceae, in Rio Grande do Sul, Brazil). Studies of Solanaceae phylogeny,
based on molecular biology, consider the inclusion of Cyphomandra Mart. ex Sendtn. in
Solanum L. Therefore, the Cyphomandra species are now treated as Solanum members, in
subgenus Bassovia section Pachyphylla. This study was motivated by the necessity to
recognize and identify the species from the flora of the Rio Grande do Sul state, collecting
literature information and local herbaria registers. Three native species occur in the State,
Solanum corymbiflorum (Sendtn.) Bohs, Solanum diploconos (Mart.) Bohs and Solanum
sciadostylis (Sendtn.) Bohs, and also a introduced species, Solanum betaceum Cav. For the
native species we provide descriptions, illustrations, habitat, phenology and distribution
information.
Key words: Solanaceae, Solanum, Bassovia, Pachyphylla, flora, Rio Grande do Sul.
168
INTRODUÇÃO
As espécies consideradas como pertencentes à Cyphomandra Mart. ex Sendtn. são
neotropicais, e ocorrem do México ao norte da Argentina, sul e sudeste do Brasil, habitando
clareiras e bordas de formações florestais ou ambientes antropizados. Em 1994, Lynn Bohs
publicou, na Flora Neotropica (Bohs, 1994), sua revisão para o gênero Cyphomandra, na qual
foram mencionadas 35 espécies. Abundantes na América Central e oeste da América do Sul,
têm outro provável centro de diversidade no sudeste brasileiro. A circunscrição de
Cyphomandra e suas relações intergenéricas sempre foram discutidas, dada a sua estreita
relação com os gêneros Solanum L. e Lycopersicon L. Bohs (1989, 1990, 1994) usou como
argumentos para diferenciar este gênero dos demais, as anteras com conetivos espessados e
proeminentes e o tamanho incomparavelmente grande dos cromossomos de Cyphomandra. A
principal evidência morfológica, portanto, são os conetivos proeminentes e glandulosos, que,
segundo Sazima et al. (1993) e Cocucci (1996), funcionam como osmóforos, cuja secreção
volátil serve de recompensa aos machos de abelhas silvestres (Tribo Euglossini: gêneros
Eulaema Lepeletier, Eufriesea Cockerell e Euglossa Latreille). Além de Cyphomandra,
Lycopersicon e Solanum, outros três gêneros, Lycianthes, Normania e Triguera apresentam
anteras poricidas. Na sua última proposta de classificação da família Solanaceae, Hunziker
(2001) subordinou estes gêneros à subtribo Solanineae, tribo Solaneae, subfamília
Solanoideae. Além das anteras com deiscência poricida, este autor acrescenta outras
características a esta subtribo, tais como a presença de um anel (conspícuo ou não) entre os
filetes e adnato à porção basal da corola e a ausência de disco nectarífero. As relações
filogenéticas destes gêneros, no entanto, baseadas principalmente em aspectos morfológicos,
não foram satisfatoriamente elucidadas até o momento.
Os avanços recentes da sistemática molecular agregam novas ferramentas à
morfologia tradicional para inferências sobre a filogenia. Muitos dos estudos moleculares
publicados na década passada (Olmstead e Palmer, 1992; Spooner et al., 1993; Olmstead e
Palmer, 1997; Bohs e Olmstead, 1997 e 1999; Olmstead et al., 1999), com enfoque em
Solanum e gêneros relacionados, permitiram que posições, aparentemente consolidadas a
respeito da taxonomia do grupo, fossem reavaliadas. Impactos importantes foram gerados
pelas transferências das espécies de Lycopersicon (Spooner et al
., 1993) e Cyphomandra
(Bohs, 1995a,b) para o gênero Solanum. Mais tarde, o mesmo ocorreu com as espécies de
Normania e Triguera (Bohs e Olmstead, 2001). Estas propostas não foram aceitas de imediato
169
e muitos as contestaram, por discordarem dos princípios nas quais estavam fundamentadas.
As duas primeiras propostas foram exaustivamente criticadas. As principais críticas vieram de
Hunziker (2001), que enfatizou a autonomia dos gêneros Cyphomandra, Lycopersicon e
Solanum. O caso de Cyphomandra, no entanto, merece uma atenção especial. Hunziker
(2001) ressaltou que Cyphomandra e Solanum diferem quanto à morfologia dos conetivos,
tamanho dos cromossomos e padrão de ramificação. Este último caráter, como já havia sido
mencionado por Bohs (1989), deve ser usado com cautela, devido à enorme variação
morfológica na família.
Com a sistemática molecular emergiram novos conhecimentos sobre as questões
filogenéticas, que implicaram, inevitavelmente, em mudanças na classificação e na
nomenclatura dos táxons. A taxonomia de Solanum, diante das atuais circunstâncias, tornou-
se mais complexa. Concordando parcialmente com as modificações propostas pela biologia
molecular na taxonomia de Solanum, Nee (1999) aderiu à transferência dos táxons de
Cyphomandra para Solanum, estabelecida por Bohs (1995a), dispondo-os no subgênero
Bassovia, seção Pachyphylla. No entanto, preferiu manter a autonomia do gênero
Lycopersicon (Nee, 1999). Opinião contrária à de Nee (1999) foi demonstrada por Child e
Lester (2001), na apresentação de sua sinopse do gênero Solanum para o mundo. Estes autores
consideraram Cyphomandra como um gênero independente, mas incluíram nele as espécies
tradicionalmente pertencentes à seção Cyphomandropsis do gênero Solanum. Já as espécies
de Lycopersicon foram tratadas como pertencentes à seção Lycopersicon do subgênero
Potatoe do gênero Solanum. Mentz (1998) e Mentz e Oliveira (2004), ao investigarem as
espécies de Solanum da Região Sul do Brasil, postergaram a opinião de Bohs (1995a),
preferindo aguardar um consenso entre os taxonomistas. A classificação infragenérica
apresentada em Mentz (1998), considerando apenas dois subgêneros para Solanum
(subgêneros Solanum e Leptostemonum), não confere com aquela proposta por Nee (1999),
que divide o gênero em três subgêneros (subgêneros Bassovia, Solanum e Leptostemonum). O
caráter inerme fez com que Mentz (1998) subordinasse a seção Cyphomandropsis ao
subgênero Solanum. Conforme Nee (1999), a seção Cyphomandropsis e mais outras três
seções, Pachyphylla, Allophylla e Pteroidea pertencem ao subgênero Bassovia. A seção
Pachyphylla abriga as espécies anteriormente aceitas como pertencentes ao gênero
Cyphomandra. As duas últimas não estão representadas no Rio Grande do Sul.
Este trabalho representa, portanto, um acréscimo ao conhecimento das espécies do
gênero Solanum no Rio Grande do Sul. Além da caracterização dos subgêneros, são
170
fornecidas descrições, ilustrações, chaves de identificação e mapas de distribuição das
espécies do gênero Solanum, subgênero Bassovia, seção Pachyphylla.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas onze viagens de coleta a diferentes regiões do estado e analisadas as
coleções dos herbários HAS, HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB
(cujos acrônimos seguem Holmgren e Holmgren, 2006), além dos herbários HERBARA,
HUCS e HUI (não indexados). As descrições das espécies obedecem à seqüência da
taxonomia tradicional. A terminologia adotada encontra-se em Radford et al. (1974), Font
Quer (1977), Hickey (1974), Mentz et al. (2000) e Stearn (2000). A grafia dos nomes dos
autores de gêneros e espécies está de acordo com Brummitt e Powell (1992) e as regiões
fisiográficas mencionadas de acordo com Fortes (1959). Foram elaboradas duas chaves
analíticas. A primeira chave remete aos subgêneros do gênero Solanum representados no Rio
Grande do Sul e às seções do subgênero Bassovia. A segunda chave remete para as espécies
da seção Pachyphylla, deste subgênero. As estampas que ilustram os aspectos morfológicos
foram obtidas através de cópias xerográficas de exsicatas e de fotografias de espécimes vivos,
as quais foram utilizadas como modelo para as ilustrações finais. Os mapas foram elaborados
com o programa TABWIN 3.2 e o material examinado está citado em ordem alfabética de
estados e municípios. A classificação supragenérica adotada neste trabalho corresponde
àquela proposta por Hunziker (2001). A circunscrição infragenérica adotada corresponde à
proposta de Nee (1999).
RESULTADOS
A circunscrição do gênero Solanum, adotada neste trabalho, altera superficialmente o
número e a posição das espécies nos subgêneros, mencionadas por Mentz (1998) para o Rio
Grande do Sul. Os três subgêneros atualmente aceitos (Nee, 1999), estão representados na
flora do Estado. O número de espécies nativas nos subgêneros Solanum e Leptostemonum é de
34 e 19, respectivamente. O subgênero Bassovia está representado no Estado por duas seções,
Cyphomandropsis, com quatro espécies nativas e Pachyphylla, com três espécies nativas e
uma introduzida pelo cultivo.
171
Chave de identificação dos subgêneros do gênero Solanum e das seções do subgênero
Bassovia presentes no Rio Grande do Sul.
1. Plantas armadas ........................................................................... subgênero. Leptostemonum
1’.Plantas inermes.
2.Anteras nitidamente oblongas, sem conetivo alargado e glanduloso .....subgênero Solanum
2’.Anteras distalmente afiladas ou quase oblongas, então com conetivo alargado e
glanduloso ................................................................................................subgênero. Bassovia
3. Anteras distalmente afiladas, sem conetivo alargado e glanduloso ...................................
.......................................................................subgênero Bassovia, seção Cyphomandropsis
3’. Anteras pouco afiladas ou quase oblongas, sempre com conetivo alargado e glanduloso
bem evidente ........................................................... subgênero Bassovia seção Pachyphylla
Solanum L., subgênero Bassovia (Aubl.) Bitter, seção Pachyphylla Dunal
Lectotipo: Cyphomandra betacea (Cav.) Sendtn.
= Cyphomandra Mart. ex Sendtn., Flora 28 (11): 162. 1845.
Arbustos ou arvoretas; inermes; ramos cobertos de tricomas simples, dendríticos e
glandulares. Folhas simples, pecioladas, alternas; lâmina foliar de margem inteira ou lobada,
de consistência membranácea. Inflorescências terminais do tipo cima escorpióide, ramificadas
ou não, pêndulas; flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas, pedicelos articulados. Cálice
pentâmero; lacínias triangulares. Corola estrelado-rotada, rotada ou campanulada;
pentalobada. Prefloração valvar. Estames 5, adnatos próximo à base da corola; anteras
ventrifixas, elipsóides ou oblongas, de deiscência poricida, com conetivo expandido,
glanduloso, evidente na porção dorsal. Ovário cônico ou ovóide, bilocular, com inúmeros
rudimentos seminais; disco nectarífero ausente; estilete cilíndrico, reto ou dilatado na porção
distal, próxima à região estigmática. Baga globosa ou elipsóide, pêndula; cálice frutífero
persistente, não acrescente. Sementes achatadas e reniformes.
172
Chave para identificação das espécies de Solanum, subgênero Bassovia, seção
Pachyphylla ocorrentes no Rio Grande do Sul.
1.Estilete obcônico, dilatado na porção distal; estigma côncavo com duas glândulas apicais;
corola campanulada; anteras oblongas, deiscência voltada para a face abaxial.
2.Plantas pubescentes; estilete e ovário coberto de tricomas simples e glandulares; frutos
com ápice agudo .................................................................................................S. sciadostylis
2’.Plantas glabras ou glabrescentes; estilete e ovário glabros; frutos com ápice obtuso
............. .................................................................................................................S.diploconos
1’.Estilete cilíndrico, não dilatado distalmente; estigma truncado ou clavado, desprovido de
glândulas apicais; corola estrelado-rotada ou rotada; anteras atenuadas, deiscência voltada
para a face adaxial.
3.Frutos pubescentes, verdes na maturação ..................................................S. corymbiflorum
3’.Frutos glabros, alaranjados ou avermelhados na maturação ......................... S. betaceum *
* Solanum betaceum Cav. (= Cyphomandra betacea (Cav.) Sendtn.) ocorre no Estado como
planta cultivada, devido aos seus frutos comestíveis. É conhecida popularmente como
“tomate-de-árvore”, “melancia-de-árvore” e “tomate-francês”.
Solanum corymbiflorum (Sendtn.) Bohs, Taxon 44 (4): 584. 1995.
= Cyphomandra corymbiflora Sendtn., Flora 28: 174. tab. 8, fig. 1-4. 1845.
Figuras 20 e 23a.
Arbustos ou arvoretas de 0,8-1,5 m de altura, inermes. Lâmina foliar inteira, de
consistência membranácea, com 2,4-24,8 cm de comprimento e 1,6-17,9 cm de largura,
ovalada, de ápice acuminado e base cordada; superfície adaxial com tricomas simples
distribuídos de forma uniforme na lâmina ou mais abundantes sobre as nervuras e tricomas
glandulares geralmente mais abundantes nas regiões internervais; superfície abaxial, revestida
apenas por tricomas simples, ou por tricomas simples e glandulares ou mais raramente por
tricomas simples, dendríticos e glandulares; pecíolo de 1,4-14,3 cm de comprimento, com
tricomas simples e glandulares ou mais raramente, tricomas simples, dendríticos e
glandulares. Inflorescências ramificadas, flores pediceladas; pedúnculos de 2,1-10,0 cm de
comprimento, ráquis em número de 2 a 5, com 1-16 cm de comprimento; pedicelos de 0,3-3,1
173
cm de comprimento. Pedúnculo, ráquis e pedicelos com tricomas simples e glandulares.
Cálice rotado, com diâmetro de 1,0-1,5 cm, revestido por tricomas simples e glandulares nas
faces adaxial e abaxial ou apenas na abaxial; lacínias com 0,2-1,1 cm de comprimento e 0,15-
0,40 cm de largura. Corola rotada, de coloração branca ou em diferentes tonalidades de lilás;
glabra na face adaxial e com tricomas simples e glandulares na face abaxial; lobos com 0,8-
2,0 cm de comprimento e 0,20-1,05 cm de largura. Filetes com 0,10-0,15 cm de comprimento;
anteras atenuadas, de 0,4-0,8 cm de altura, diâmetro basal de 0,15-0,30 cm e diâmetro apical
de 0,1-0,2 cm, com deiscência voltada para cima ou para a face adaxial. Ovário ovóide, de
0,2-0,4 cm de altura e 0,15-0,3 cm de diâmetro, revestido de tricomas simples e glandulares;
estilete cilíndrico com 0,5-0,8 cm de comprimento, dotado de tricomas simples apenas na
porção basal; estigma clavado ou truncado. Fruto elipsóide à globoso, agudo, obtuso ou
arredondado no ápice, com até 6,5 cm de altura e até 3 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Ocorre nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(Brasil) e também na Argentina (Bohs, 1994). No Estado há registros para oito das onze
regiões fisiográficas. Não há registros para as regiões da Campanha, Encosta do Sudeste e
Serra do Sudeste. Esta espécie habita orlas e clareiras de matas de diferentes formações
florestais. A freqüente presença nas margens das estradas, beira de lavouras e capoeirais,
geralmente em locais sombreados e úmidos, assinalam seu comportamento ruderal.
Aspectos fenológicos: Exemplares floridos foram registrados ao longo de todos os meses do
ano, embora o período de floração mais intenso pareça ocorrer do final de agosto a dezembro.
O período de frutificação é mais intenso de novembro a janeiro.
Comentários: Os nomes Cyphomandra macrophylla, C. kleinii, C. mortoniana e C. patrum,
que constam em Smith e Downs (1964, 1966) como pertencentes a diferentes táxons, foram
considerados sinônimos de C. corymbiflora por Bohs (1994). Os dois primeiros foram
mencionados como sinônimos de C. corymbiflora Sendtn. subespécie corymbiflora, e os dois
últimos foram tratados como sinônimos de C. corymbiflora subespécie mortoniana (L.B.Sm.
et Downs) Bohs. A distinção das subespécies, segundo Bohs (1994) é feita, basicamente, pelo
comprimento do pedúnculo e tamanho da corola. A delimitação das subespécies, na prática, é
difícil, e, conforme Bohs (1994), C. corymbiflora subespécie mortoniana pode representar
apenas uma variante morfológica com flores grandes, sem mérito algum de reconhecimento
taxonômico. No material examinado foram encontrados diferentes tamanhos de pedúnculo e
174
corola, que não puderam ser incluídos em uma ou outra subespécie, justificando, pelo menos
para o Estado, a existência de um único táxon. Em 1995, a mesma autora (Bohs, 1995a)
sinonimizou estes nomes com Solanum corymbiflorum.
Informações adicionais: A espécie é conhecida popularmente como “baga-de-veado”.
Material examinado. BRASIL: RIO GRANDE DO SUL: Barracão, Parque Estadual Espigão Alto, arbusto,
flores lilases-violáceas, 24/X/1985, fl. J.Stehmann 721 (ICN 64300); Bento Gonçalves, barranco no basalto
entre Bento Gonçalves e Rio das Antas, corola roxa, de fora 5 P 5/6 e dentro 5 P 4/10, anteras amarelas 2Y 8/8,
01/X/1971, est., J.C.Lindeman et al. s.n° (HAS 5013); id., in dumetosis, 06/X/1957, est., Camargo 1937 (PACA
62069); Bom Jesus, Passo da Guarda prope Bom Jesus, in araucarieto, 15/I/1952, fr., B.Rambo 51898 (PACA
51898); Cambará do Sul, prope São Francisco de Paula, in araucarieto aperto, II/1948, est., B.Rambo 36101
(PACA 36101); id., perto de Oswaldo Kroeff, flores azuladas, 19/XII/1969, fl./fr., A.Ferreira e B.Irgang s.n°
(ICN 7361); id., ponte Restinga, beira de mato, arbusto, fruto verde-rajado, 09/I/1979, fr., O.Bueno 1141 (HAS
9006); id., 5 Km da sede, na rodovia para São Francisco de Paula, na mata, frutos imaturos, de cor verde rajados
de verde-escuro, 27/III/1981, fr., J.Mattos e N.Mattos 22372 (HAS 85246); id., rodovia para São Francisco de
Paula, na mata de regeneração, ca. 2 m alt., 18/III/1983, est., N.Silveira e R.Frosi 606 (HAS 85184); id., início
da descida do “cânion”, arbusto ca. 1,5 m alt., flores amarelas, XII/1983, fl./fr., J.Stehmann s.n° (ICN); id., à
beira do Arroio Faxinalzinho, 1,5 m alt., corola amarela, XII/1984, fl./fr., J.Stehmann s.n° (ICN); id., rodovia
para São Francisco de Paula, na mata rala, 20/XII/1984, fl., J.Mattos 27223 (HAS 85250); id., em direção a São
José dos Ausentes, em matas de araucária, flores lilases, 27/XI/1988, fl., M.Ritter s.n° (HUI 1037); id., Serra do
Faxinal, arbusto ca. 1,5 m alt., flor azul, 18/VII/1990, fl., N.Silveira (HAS 81879); Canela, Caracol prope
Canela, in araucarieto aperto, 12/III/1945, fl., K.Emrich s.n° (PACA 28768); id., Morro Pelado, mato,
“mangericão-brabo” (nome popular), 25/XI/1968, fl., A.Schultz 5771 (ICN 5771); id., Chácara Mentz,
27/IV/1969, fr., A.Schultz et al. 5872 (ICN 5872); id., Parque Estadual do Caracol, 8 Km N de Canela, abaixo da
cachoeira, no vale, erva 1,3 m alt., na roça, corola roxa, 28/XII/1972, est., J.C.Lindeman et al. s.n°(ICN 21792);
id., Parque Estadual do Caracol, 8 Km N de Canela, 03/I/1973, est., M.Porto et al. s.n° (ICN 21936); id., Vila
Suzana, arbusto no mato, flores lilases, 29/IX/1974, fl., J.W.Thomé s.n° (HAS 808); id., Vila Suzana, casa Ana
Porã, flores lilases, planta com pêlos no pecíolo e caule, folhas com poucos pêlos, somente na parte dorsal,
15/VI/1976, fl., J.W.Thomé s.n° (HAS 4069); Carazinho, beira de mato, 27/XII/1943, fr., Irmão Augusto s.
(ICN 19140); Caxias do Sul, Vila Oliva prope Caxias, in araucarieto aperto, 07/I/1946, fr., B.Rambo 31117
(PACA 31117); id., Vila Oliva prope Caxias, in araucarieto aperto, 16/I/1946, fr., B.Rambo 34197 (PACA
34197); id., Galópolis prope Caxias, in dumetosis secundaris, 08/IX/1948, fl., B.Rambo 37544 (PACA 37544);
id., Vila Oliva prope Caxias, in dumetosis
175
arbusto ca. 80 cm alt., folhas grandes e pegajosas, 25/IX/1987, fl., A.Butzke s.n° (HERBARA 2662); id., IBDF,
em beira de mata, 780 m.s.m., 09/VII/1993, fl., A.Butzke et al. s.n° (HUCS 11046); Esmeralda, Estação
Ecológica de Aracuri, interior de mata com pinheiro, arbusto ca. 1,2 m alt., X/1982, fl., J.Stehmann 247 (ICN
112483); Farroupilha, in araucarieto, 28/IX/1956, fl., O.Camargo 772 (PACA 59594); id., Centro de Lazer e
Recreação Santa Rita, em subosque de baixada úmida, arbusto ca. 1 m alt., botões florais roxos, 12/IX/1978, fl.,
O.Bueno 1021 (HAS 8681); id., Centro de Lazer e Recreação Santa Rita, flores lilases, 13/XI/1978, fr., B.Irgang
s.n° (HAS 8951); Faxinal do Soturno, Cerro Comprido (29°32’S, 53°34’W), beira de lavoura, no topo do cerro,
arbusto 1-1,5 m alt., flores brancas, azul-claras ou azul-arroxeadas, frutos imaturos, rajados, folhas com odor
desagradável quando amassadas, IX/1988, fl./fr., M.Sobral 5954 (ICN 85103); Fontoura Xavier, BR 382, km
273, coletadas em subosque de araucária, arbusto com flores roxas viscosas, tingindo a pele, fruto verde-rajado,
pouco numerosa, 19/XI/1984, fl./fr., O.Bueno et al. 3822 (HAS 19773); Flores da Cunha, Otávio Rocha,
arbusto em interior de mata, 19/X/1985, fl., R.Wasum et al. s.n° (HUCS 1184); Garibaldi, in dumetosis,
29/X/1957, fl., O.Camargo 2324 (PACA 62738); Giruá, Granja Sodal, 14/IX/1963, fl., K.Hagelund 882 (ICN);
id., Granja Sodal, 14/IX/1963, fl., K.Hagelund 893 (ICN); Guaíba, Horto florestal Cascata, beira de mata,
03/V/1990, fl./fr., J.Larocca s.n° (HASU 2584); Gramado, mato, “mangericão-brabo”(nome popular), flores
azuis, folhas esquentadas são usadas para curar feridas inflamadas, 14/XI/1947, fl., A.Schultz 606 (ICN 606);
Irai, Irai – Rodeio Bonito, arbusto ca. 2 m alt., flores lilases, frutos verdes listrados, 23/IX/1986, fl./fr., A.Benetti
e M.Bassan 609 (HAS 85251); Jaquirana, RS 439, capoeira com gado, perto da estrada, solo (decomposição do
basalto), arbusto 1,1 m, freqüência rara, flor roxa, 15/XI/2000, fl., A.Knob e S.Bordignon 6572 (SALLE 1572);
Lagoa dos Barros, beira de estrada, flores roxas, 16/XI/1970, fr., M.Porto e B.Irgang s.n° (HAS 1426); Lagoa
Vermelha, na saída para Passo Fundo, numa capoeirinha, arbusto, 14/XI/1978, fl., J.Mattos 20487 (HAS
85249); Maquiné, vale, terreno roçado, arbusto com flores lilases, 14/IX/1970, fl., A.Schultz 7797 (ICN 7797);
Maximiliano de Almeida, a 10 Km de Marcelino Ramos, 26/X/1988, fl., L.Mentz e A.Hageman s.n° (ICN); id.,
arbusto, “baga-de-veado” (nome popular), 20/X/2000, est., C.Lutkemeier s.n° (HAS 39272); id., foz do Rio
Forquilha, erva, “baga-de-veado” (nome popular), 20/VIII/2000, fl., C.Lutkemeier s.n° (HAS 37269);
Montenegro, Mariquinhas prope Montenegro, in silvula rupestri, 26/VII/1933, est., B.Rambo 1166 (PACA
1166); id., Kappesberg prope Montenegro, in dumetosis secundaris, 21/XII/1935, fl., B.Rambo 2248 (PACA
2248); id., Kappesberg prope Montenegro, in dumetosis secundaris, 14/IV/1945, fl., E.Friederichs s.n° (PACA
29933); id., Kappesberg prope Montenegro, in dumetosis secundaris, 29/VIII/1945, fl., E.Friederichs s.n°
(PACA 29868); id., São Salvador, 600 m.s.m., herba in dumeto, 30/IX/1946, fl., A.Sehnem s.n° (PACA 85007);
id., Kappesberg prope
Montenegro, in silva campestri, 20/XII/1946, fl., B.Rambo 35680 (PACA 35680); id.,
Kappesberg prope Montenegro, in dumetosis secundaris, 11/IX/1949, fl., B.Rambo 43388 (PACA 43388);
Nonoai, ad flumen Uruguay, ad silvam primaevam, III/1945, fl., B.Rambo 28349 (PACA 28349); Nova
Petrópolis, mata da serra, 03/I/1940, est., Irmão Edésio s.n° (ICN 19138); id., Nove Colônias, beira de estrada,
arbusto ca. 1,5 m alt., 27/VIII/1983, fl., M.Sobral 2164 (ICN); Nova Prata, São Jorge, na rodovia para Nova
Prata, arbusto ca. 40 cm alt., inflorescência nova, boes lilases, 17/IX/1987, est., N.Silveira e N.Mattos 5808
(HAS 85191); Osório, Barra do Ouro, num vassoural, subarbusto, frutos quase maduros, 20/XII/1984, fr.,
J.Mattos e N.Model 26406 (HAS 85198); id., Serra do Pinto, pouco numerosa, dispersa, beira de estrada não
mexida, encosta, fruto verde-claro rajado com verde mais escuro, 29/XI/1988, fr., O.Bueno 5738 (HAS 24960);
Palmeira das Missões, X/1957, fl., K.Hagelund 126 (ICN); id., chapada, mato, 06/X/1975, fl., K.Hagelund 9370
(ICN); Pareci Novo, Pareci prope Montenegro, in silvula secundaria, 18/VII/1949, fl., B.Rambo 42614 (PACA
42614); Passo Fundo, in silva, I/1949, est., M. Sacco 18 (PACA 63825); id., Cabanha Butiá, IX/1992, est.,
B.Severo et al. s.n° (RSPF 4893); Rolante, frutos-de-lobo ou baga-de-veado (nomes populares), 19/X/1979, fr.,
S.Corso s.n° (ICN 46654); Salvador do Sul, prope Montenegro, 600 m.s.m., herba in agro relicto, 12/IX/197,
fl., A.Sehnem s.n° (PACA 85008); São Francisco de Paula, Fazenda Englert prope São Francisco de Paula, in
araucarieto aperto, 08/II/1941, fl., B.Rambo 4582 (PACA 4582); id., Fazenda Englert prope São Francisco de
Paula, in araucarieto, 02/I/1955, fr., B.Rambo 56285 (PACA 56285); id., descida da Serra do Pinto, 03/XI/1958,
fl., A.Schultz 1950 (ICN 1950); id., Serra do Pinto, 1,5 Km acima da fronteira Osório - São Francisco de Paula,
arvoreta ca. 4 m alt., ramos horizontais, folhas até 27/22 cm, cálice lilás (5 P 7/6), corola roxa (5 P 4/12), anteras
amarelas (5 Y 9/10) com conetivo laranja (2 Y 8/10), 13/XI/1972, fl., J.C.Lindeman et al. s.n° (HAS 4984); id.,
perto da Vila do Ouro, na subida da Serra geral, numa capoeira, arbusto, flores lilases, 27/IX/1978, est., J.Mattos
et al. 20059 (HAS 85179); id., estrada para Canela, perto da encruzilhada, na mata, arbusto ca. 2 m alt., frutos
verdes rajados, 13/XII/1978, fr., J.Mattos et al. 19110 (HAS 85188); id., arbusto em interior de mato,
27/IV/1985, J. R. Stehmann 616 (ICN); id., em campo, XII/1985, fr., J.Stehmann e B.Irgang s.n° (ICN 66573);
id., a 12 km de Jaquirana na estrada em direção à Bom Jesus, arbusto ca. 1,5 m alt., flores de cor púrpura a roxa,
18/XI/1986, fl., M.L.Abruzzi 1194 (HAS 22702); id., na RS 235 no sentido Canela - São Francisco, beira de
estrada não mexida, arbusto ca. 80 cm alt., flor roxa e branco, folhas grandes verde-escuras e cacho de flores
roxas, 14/X/1988, fl., O.Bueno 5518 (HAS 24778); id., a 6 Km da saída de São Francisco em direção a Taquara,
em beira de estrada e de mata, flor roxa, pouco numerosa e dispersa, 29/XI/1988, fl., M.Neves 1160 (HAS
29017); id., FLONA, ambiente degradado, beira de estrada, arbusto ca. 2m alt., flores roxas, anteras amarelas
176
vistosas, 26/II/1992, fl., J.Mauhs s.n° (HASU 2445); id., FLONA, mata de araucária degradada, arbusto de flores
roxas, 28/X/1993, fl., J.Mauhs s.n° (HASU 6324); id., FLONA, capoeira, beira de mata, 850 m.s.m., 29/X/1994,
fl., R.Wasum et al. s.n° (HUCS 10302); id., Aratinga, 24/IX/1995, fl., J.Larocca e R.Balbueno 95033 (ICN
111218); id., Aratinga, 02/XI/1995, fr., J.Larocca e R.Balbueno 95044 (ICN 111209); id., paradouro da estrada
para Taquara, 18/XII/1995, fl./fr., L.Mentz e M.Sobral 214 (ICN); id., Querência da Amizade, mata de araucária,
subosque de mata mexida, solo (decomposição do basalto), arbusto até 3 m alt., freqüência ocasional, flor lilás,
28/X/1998, fl., A.Knob e S.Bordignon 5712 (SALLE 712); id., em beira de estrada, RS 235, 800 m.s.m.,
03/X/1999, fl., R.Wasum 164 (HUCS 14377); id., José Velho, 750 m.s.m., orla da mata, 21/I/2001, fr., R.Wasum
908 (HUCS 17723); id., 21 km do desvio da RS 020 (passando Tainhas) para Josafá, 29°22’15” S,
50°04’12,6”W, 910 m.s.m., abundante ao longo do caminho, flor lilás, 23/XI/2003, fl., L.Mentz et al. 270 (ICN
132723); id., FLONA, em borda de mata, arbusto com flores lilases, “baga-de-veado” (nome popular),
02/X/2004, fl., L.Milanesi s.n° (ICN 137914); São José do Herval, Dois Irmãos, estrada para Cascata, arbustos
de folhas pilosas, flores roxas, 09/X/1988, fl., V.F.Nunes 188 (HAS 69107); São José do Ouro, 03/VI/1991, fl.,
M.Giacometti s.n° (HERBARA 5264); São José do Inhacorá, na beira da roça com capoeira, solo
(decomposição do basalto), arbusto 1,2 m alt., freqüência ocasional, fruto imaturo, fundo amarelo-claro com
estrias verdes, s./data, fr., A.Knob 5143 (SALLE 143); São Marcos, Km 138 da rodovia Porto Alegre - Vacaria,
arbusto ca. 80 cm alt., 13/XI/1978, fl., J.Mattos 20339 (HAS 85193); Sananduva, “melancia-de-veado, baga-de-
veado” (nomes populares), uso popular para pressão alta, feridas e hemorróidas, 27/IX/1988, fl., A.Marmentini
s.n° (ICN); Santa Cruz do Sul, beira de lavoura, arbusto 1-1,5 m, flores roxas ou roxo-claras, frutos imaturos,
folhas com odor nauseante quando amassadas, IX/1986, fl./fr., M.Sobral et al. 5153 (ICN 69810); Santa Maria,
XII/1987, fl., S.Eisinger s.n° (SMDB 2785); Santa Rita, prope Farroupilha, in dumetosis secundaris, 28/I/1949,
fr., B.Rambo 40242 (PACA 40242); Santo Ângelo, Granja Piratiní, 02/IX/1973, fl., K.Hagelund 7020 (ICN);
id., Granja Piratini, 30/VIII/1973, fl., K.Hagelund 7034 (ICN); id., interior de mato, arbusto ca. 1,2 m alt., flores
lilases, 17/IX/1985, fl., J.R.Stehmann 655 (ICN 63798); Santo Augusto, Estação Experimental Fitotécnica,
numa capoeira velha, 08/XI/1983, fl., J.Mattos et al. 24534 (HAS 85190); id., Estação Experimental Fitotécnica,
beira de caminho, em mata primária, 08/XI/1983, est., J.Mattos et al. 25066 (HAS 85196); (São Sebastião do
Caí), Beckersberg prope Caí, in dumetosis, 04/I/1941, est., B.Rambo 3761 (PACA 3761); Soledade, XII/1986,
fl./fr., M.Sobral 5251 (ICN 86107); Taquara, mata sobre morro, perto da beira da mata, solo (decomposição do
basalto), erva robusta ca. 2 m alt., DAP 1,5 cm, freqüência rara, frutos imaturos com listras mais claras,
21/III/2001, fr., A.Knob e S.Bordignon 6735 (SALLE 1735); Tenente Portela, na saída da cidade em direção à
Palmital, resto de mata e vegetação alterada, 02/XI/1993, fr., L.Mentz 45 (ICN 101798); Terra de Areia, 1980,
D.Falkemberg s.n° (ICN); Vacaria
, Fazenda da Ronda prope Vacaria, in araucarieto aperto, 30/XII/1946, est.,
B.Rambo 34633 (PACA 34633); Venâncio Aires, 13/XI/1975, fl., M.L.Porto 1675 (ICN 30157); Veranópolis,
no vale do Rio das Antas, na beira do mato, arbusto, 07/IX/1985, fl., J.Mattos e M.H.Bassan 28598 (HAS
85192); id., IPAGRO, 26/VI/1992, fl., L.Mentz s.n° (ICN); Município não identificado, estrada para Loreto-
Forqueta, mata de beira de estrada, 26/VIII/1984, fl., I.Guerra et al. s.n° (HUCS 275); Município não
identificado, cabeceira do Rio das Antas, pinhal degradado, corola roxa 5 P 7/6, anteras amarelas, 04/XII/1971,
est., J.C. s.n° (HAS 5624).
Material adicional examinado: BRASIL. PARA: Clevelândia, capão, arbusto 1,80 m alt., flor lilás, fruto
esférico, 26/X/1969, fl./fr., G.Hatschbach 22693 (HUCS 6386); SANTA CATARINA: Celso Ramos, Vista
Alegre, 21/IX/2002, fl., C.Röhnj e N.Silveira 179 (HERBARA 277); Bom Jardim da Serra, perto da divisa
com o RS, na mata, arbusto, frutos imaturos, 29/XI/1977, fr., J.Mattos e N.Mattos 18025 (HAS 85180); id., Serra
da Mocinha, arbusto ca. 1,6 m alt., flores lilases, frutos imaturos, 12/XI/1987, fr., J.Meyer et al.185 (HAS
85194); id., Serra do Rio do Rastro, 01/X/1993, fl., L.Mentz 27 (ICN 101802); Campos Novos, a 100 m da
ponte para Curutibanos, submata com araucária, 03/XI/1993, fl., L.Mentz 49 (ICN 101795); Curitibanos,
embaixo da ponte do rio Marombas, na BR 470, de Curitibanos para Campos Novos, 850 m.s.m., 25/XI/2003,
fl., L.A.Mentz et al. 279 (ICN 132732); Lages, Espigão, no mato, 25/XII/1956, est., J.Mattos s.n° (HAS 85199);
id., Espigão, no mato, 25/XII/1956, est., J.Mattos 4644 (HAS 85248); id., Piurras, na capoeira, 17/II/1958, fr.,
J.Mattos s.n° (HAS 85219); Itapiranga, in silva, 07/X/1957, fl., B.Rambo 61187 (PACA 61187); Iraní, no Km
177
J.Mattos s.n° (HAS 85181); Urubici, Vacas Gordas, em beira de mata, 12/XII/1995, fl., L.A.Mentz e M.Sobral
189 (ICN).
Solanum diploconos (Mart.) Bohs, Taxon 44 (4): 584. 1995.
= Cyphomandra diploconos (Mart.) Sendtn., Flora 28: 169. tab. 3, fig. 1-6. 1845.
Figuras 21 e 23b.
Arbustos ou arvoretas de até 4 m de altura, inermes. Folhas membranáceas à coriáceas,
lâminas foliares inteiras, ovaladas, com 3,8-11,2 cm de comprimento e 1,9-5,0 cm de largura,
ápice acuminado e base levemente cordada; lâminas foliares lobadas ou partidas, de contorno
ovalado, com 12,0-27,4 cm de comprimento e 9,0-21,0 cm de largura, base levemente
cordada; superfícies adaxial e abaxial com tricomas glandulares curtos, esparsamente
distribuídos sobre as nervuras; pecíolo de 0,8-3,3 cm de comprimento, provido de tricomas
glandulares. Inflorescências não-ramificadas, flores pediceladas; pedúnculos de 4,1-4,5 cm,
ráquis única, com 2,5-4,3 cm de comprimento; pedicelos de 0,8-2,0 cm de comprimento.
Pedúnculo, ráquis e pedicelos glabros ou glabrescentes, neste caso, com tricomas simples e
glandulares, irregularmente distribuídos. Cálice rotado, com 1 cm de diâmetro, glabro na face
adaxial e glabro ou revestido de tricomas simples e glandulares esparsos na face abaxial;
lacínias com 0,25-0,4 cm de comprimento e 0,3 cm de largura. Corola campanulada, com
coloração em diferentes tonalidades de roxo, passando a amarelo-esverdeado, glabra na face
adaxial e com raros tricomas simples e glandulares na face abaxial; lobos com 1,0-1,1 cm de
comprimento e 0,4 cm de largura. Filetes com 0,15 cm de comprimento; anteras oblongas
com 0,5 cm de altura, diâmetro basal de 0,2 cm e diâmetro apical de 0,2 cm, com deiscência
voltada para a face abaxial. Ovário cônico, com 0,3 cm de altura e 0,20 cm de diâmetro,
glabro; estilete obcônico, com 0,5 cm de comprimento, glabro; estigma côncavo, com um par
de glândulas apicais. Fruto elipsóide, obtuso no ápice, com até 3 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Ocorre no Brasil, nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Bohs, 1994). Habita clareiras e orlas de
mata das Florestas Ombrófila Densa e Mista entre 50 e 1000 metros de altitude. No Estado há
um ponto de coleta indefinido na região fisiográfica dos Campos de Cima da Serra e três
pontos de coleta na região do Litoral.
178
Aspectos fenológicos: Bohs (1994) menciona picos de floração de outubro a janeiro e de
frutificação de janeiro a julho. No Estado, as poucas coletas encontradas, indicam floração em
dezembro e frutificação em dezembro e maio, devendo, portanto, existir um período maior de
floração.
Comentários: Smith e Downs (1964, 1966) tratam esta espécie sob o nome de Cyphomandra
fragrans (Hook.) Sendtn.. Este nome foi sinonimizado por Bohs (1994) com C. diploconos, e
posteriormente (Bohs, 1995a) com Solanum diploconos.
Informações adicionais: O dimorfismo foliar é bastante freqüente nesta espécie e pode ser
observado na exsicata de Luis Baptista s.n° (ICN 34090). Esta característica também pode ser
observada em Solanum sciadostylis. Além de folhas inteiras, distribuídas regularmente em
todo o indivíduo, este exemplar apresenta folhas lobadas ou partidas, maiores que as demais
folhas, situadas próximas à base do caule.
Material examinado. BRASIL: RIO GRANDE DO SUL: São José do Ausentes, estrada Serra da Rocinha –
Timbé do Sul, arvoreta, frutos amarelos, 21/V/2002, fr., R.M.Senna 229 (HAS 40406); Torres, residência do Sr.
Clemêncio, arvoreta em capoeira, 04/XII/1976, est., L.Baptista s.n° (ICN 33872); id., estrada Itapeva,
04/XII/1976, fr., L.Baptista et al. s.n° (ICN 34090); id., Perdida, 350 m.s.m., arvoreta ca. 4 m alt., em borda de
mata da encosta atlântica, flores com cálice verde, corola violácea, estames violáceos, estilete e estigma verdes,
05/XII/1992, fl., J.Jarenkow 2225 (ICN 120011).
Material adicional examinado. BRASIL. PARANÁ: Curitiba, Parque Iguaçu, mata de araucária, arbusto 1,20
m alt., botões roxos, flor aberta acastanhada ou castanho-esverdeada, 21/XI/1988, fl., R.Kummrow et al. 3095
(HUCS 7757); SANTA CATARINA: Blumenau, Fazenda Faxinal, beira de mata, próximo ao Rio Garcia,
arbusto ca. 2,5 m alt., alguns pequenos pêlos simples ou glandulosos, 13/XI/1986, fl., D.Falkenberg 3839 (ICN
98008); Brusque, mata do Hoffmann, 50 m.s.m., arbusto 2 m alt., 22/I/1952, est., R.Klein 255 (PACA 58207);
Lauro Müller, Serra do Rio do Rastro, na mata, arbusto ca. 2 m alt., frutos maduros amarelos, 01/V/1978, fr.,
J.Mattos e N.Mattos 18693 (HAS 85185); Presidente Nereu, Km 15 da estrada para Sabiá, beira de mata, solo
argilo-arenoso húmico com muita pedra, terreno acidentado, árvore 4 m alt., frutos amarelos, 27/IV/1985, fr.,
Lleras et al. 2019 (ICN 83373).
Solanum sciadostylis (Sendtn.) Bohs, Taxon 44 (4): 586. 1995.
= Cyphomandra sciadostylis Sendtn., Flora 28: 170. tab. 4, fig. 1-10. 1845.
Figuras 22 e 23c.
Arbustos de até 2 m de altura, inermes. Folhas membranáceas, lâminas foliares
inteiras, ovaladas, com 2,2-13,2 cm de comprimento e 1,6-7,1 cm de largura, ápice acuminado
e base cordada; lâminas foliares irregularmente lobadas ou partidas, de contorno ovalado, com
9,0-13,2 cm de comprimento e 6,5-9,0 cm de largura, base levemente cordada; superfícies
179
adaxial e abaxial com tricomas simples e glandulares; pecíolo de 0,5-5,0 cm de comprimento,
provido de tricomas simples e glandulares. Inflorescências não-ramificadas, flores
pediceladas; pedúnculos de 1,8-6,0 cm, ráquis única, com 1,4-6,0 cm de comprimento;
pedicelos de 0,4-2,5 cm de comprimento. Pedúnculo, ráquis e pedicelos com tricomas simples
e glandulares. Cálice rotado, com 0,8-1,5 cm de diâmetro, glabro ou glabrescente na face
adaxial e revestido de tricomas simples e glandulares na face abaxial; lacínias com 0,30-0,85
cm de comprimento e 0,2-0,3 cm de largura. Corola campanulada, com coloração em
diferentes tonalidades de roxo, passando a lilás e finalmente branca, glabra na face adaxial e
com tricomas simples e glandulares na face abaxial; lobos com 0,8-1,3 cm de comprimento e
0,4-0,55 cm de largura. Filetes com 0,1 cm de comprimento; anteras oblongas, com 0,5-0,6
cm de altura, diâmetro basal de 0,15-0,20 cm e diâmetro apical de 0,15-0,20 cm, com
deiscência voltada para a face abaxial. Ovário ovóide, com 0,3-0,4 cm de altura e 0,20-0,25
cm de diâmetro, revestido de tricomas simples e glandulares; estilete obcônico, com 0,40-0,55
cm de comprimento, provido de tricomas simples ou tricomas simples e glandulares; estigma
côncavo, com um par de glândulas apicais evidentes. Fruto elipsóide ou globoso, agudo no
ápice, com 2,0-3,5 cm de altura e 0,7-2,0 cm de largura.
Ocorrência e habitat: Esta espécie ocorre no Brasil, nos estados de Minas Gerais, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e também no Paraguai e na Argentina (Bohs,
1994). Esta é a primeira citação da ocorrência da espécie no Rio Grande do Sul. No Estado
foram coletados espécimes na região limítrofe entre as regiões fisiográficas do Planalto Médio
e Missões. Ocorre em bordas de mata da Floresta Ombrófila Mista, e, da mesma forma que S.
corymbiflorum, comporta-se como ruderal, sendo freqüente em margens de estradas e
plantações, em locais abertos ou sombreados.
Aspectos fenológicos: Os registros de herbário sugerem um período de floração mais intenso
no mês de novembro. A presença de botões florais e flores fenecidas em alguns indivíduos e a
presença apenas de frutos imaturos em outros foi registrada em dezembro. A frutificação,
portanto, parece iniciar em dezembro e prolongar-se até março.
Comentários: Smith e Downs (1964, 1966) tratam esta espécie sob o nome de Cyphomandra
reitzii L.B.Sm. e Downs, que foi sinonimizado por Bohs (1994) com C. sciadostylis.
Posteriormente, Bohs (1995a) transferiu este nome para Solanum sciadostylis.
180
Informações adicionais: As exsicatas disponíveis estavam equivocadamente identificadas
como C. corymbiflora, talvez pela semelhança da forma das folhas e frutos e pela presença e
distribuição dos tricomas. As diferenças, no entanto, são facilmente detectáveis,
principalmente no tamanho das folhas, maiores em S. corymbiflorum, na inflorescência,
ramificada em S. corymbiflorum e não ramificada em S. sciadostylis, na orientação da
deiscência das anteras, adaxial em S. corymbiflorum e abaxial em S. sciadostylis e na forma
do estilete, cilíndrico em S. corymbiflorum e obcônico em S. siadostylis. Da mesma forma que
em S. diploconos, esta espécie também apresenta dimorfismo foliar. No exemplar Soares 48
foram observadas folhas inteiras, distribuídas regularmente em todo o indivíduo e folhas
profundamente lobadas ou partidas, maiores que as demais, situadas próximas à base do
caule.
Material examinado. BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Augusto Pestana, Pestana prope Ijuí, in silvula,
14/XI/1953, fl., Pivetta 957 (PACA 59080); Ijuí, beira de capão, 12/XI/1974, fl., L.Arzivenco s.n° (ICN 45413);
Santo Ângelo, Granja Piratiní, 10/III/1970, fr., K.Hagelund 5846 (ICN); id., Granja Piratiní, 24/XI/1973, fl.,
K.Hagelund 7466 (ICN); id., Parque Municipal, terreno abandonado, arbusto ca. 1,5 m alt., botões florais e flores
jovens roxas, flores envelhecidas esbranquiçadas, 10/XII/2004, fl./fr. imaturos, E.Soares 48 (ICN); Tapera,
entre Tapera e Espumoso, RS 332, arbusto, ca. 80 cm alt., flores roxas, 11/XII/2004, fl., E. Soares 49 (ICN).
Material adicional examinado. BRASIL. PARA: Candoí, em estrada paralela à BR 373, 4 km adiante dos
silos São Rafael, 25°35’32,3”S, 52°03’30,3”W, 890 m.s.m., arbusto ca. 2 m alt., corola lilás forte, esbranquiçada
na pós-antese, 28/XI/2003, fl., L.A.Mentz et al. 295 (ICN 132748); Piraí-mirim, in dumetosis, 31/XI/1946, fl.,
G. Hatschbach 511 (PACA 35935).
CONCLUSÃO
No Rio Grande do Sul, a seção Pachyphylla do subgênero Bassovia do gênero
Solanum está representada por três espécies nativas e uma espécie introduzida. Solanum
corymbiflorum é a espécie nativa com distribuição mais ampla no Estado, estando ausente
apenas nas regiões fisiográficas da Campanha, Encosta do Sudeste e Serra do Sudeste.
Solanum diploconos e Solanum sciadostylis têm poucos registros de herbário e seus pontos de
ocorrência são mais restritos. A primeira espécie está representada por quatro exemplares, um
deles coletado aparentemente na região fisiográfica dos Campos de Cima da Serra e os demais
na região fisiográfica do Litoral. A segunda espécie conta com sete exemplares coletados
numa área de transição entre as regiões fisiográficas do Planalto Médio e Missões e a sua
presença constitui uma citação de ocorrência nova para o Estado.
181
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183
Figura 20. Solanum corymbiflorum (Sendtn.) Bohs - (a) aspecto geral; (b) estame em vista
ventral, lateral e dorsal; (c) gineceu e cálice florífero (todos de K.Hagelund 7020); (d) fruto e
cálice frutífero (Rambo 3117); (e) tricoma foliar, simples, pluricelular, unisseriado, tricoma
foliar dendrítico e tricoma foliar glandular, com cabeça pluricelular (K.Hagelund 7020).
184
185
Figura 21. Solanum diploconos (Mart.) Bohs - (a) aspecto geral; (b) folha da base do caule;
(c) estame em vista ventral, lateral e dorsal; (d) gineceu e cálice florífero; (e) fruto e cálice
frutífero; (f) tricomas foliares, simples, pluricelulares, unisseriados e tricoma foliar glandular,
com cabeça pluricelular (J.Jarenkow 2225, R.M Senna 229, L.Baptista s.n° - ICN).
186
187
Figura 22. Solanum sciadostylis (Sendtn.) Bohs - (a) aspecto geral; (b) folha da base do
caule; (c) estame em vista ventral, lateral e dorsal; (d) gineceu e cálice florífero; (e) fruto e
cálice frutífero; (e) tricomas foliares simples, pluricelulares, unisseriados e tricoma foliar,
glandular, com cabeça pluricelular (todos de E.Soares 49).
188
189
a
b
c
Figura 23. Mapas de ocorrência de Solanum corymbiflorum (Sendtn.) Bohs (a), Solanum
diploconos (Mart.) Bohs (b) e Solanum sciadostylis (Sendtn.) Bohs (c) no Rio Grande do Sul,
Brasil.
190
191
Capítulo 7
Os gêneros Dyssochroma Miers e Solandra Sw. (Solanaceae) no Rio Grande do Sul,
Brasil
Edson Luís de Carvalho Soares
Lilian Auler Mentz
RESUMO – Os gêneros Dyssochroma Miers e Solandra Sw. pertencem a subfamílias
distintas, Juonulloideae e Solanoideae (Solanaceae), respectivamente. Os dois gêneros
compreendem espécies lenhosas e epifíticas, com flores vistosas. O gênero Dyssochroma
pertence à tribo Juanulloeae e está representado por uma única espécie na flora do Rio Grande
do Sul, Dyssochroma longipes (Sendtn.) Miers. O gênero Solandra pertence à tribo
Solandreae e também conta com apenas uma espécie no Estado, Solandra grandiflora Sw. As
duas espécies ocorrem apenas na região da Mata Atlântica. Para cada uma delas são
fornecidas descrições, ilustrações e mapas de ocorrência, além de informações referentes ao
hábitat e fenologia.
Palavras-chave: Solanaceae, Dyssochroma longipes, Solandra grandiflora, epífitos, flora,
Rio Grande do Sul.
ABSTRACT – (Dyssochroma Miers and Solandra Sw. (Solanaceae) in Rio Grande do
Sul, Brazil). Dyssochroma Miers and Solandra Sw. belong to different subfamilies of the
Solanaceae, Juonulloideae and Solanoideae, respectively. Both are woody and epiphytic
lianas, with showy flowers. The genus Dyssochroma belongs to the tribe Juanulloeae and is
represented by a single species, Dyssochroma longipes (Sendtn.) Miers, in the flora of the Rio
Grande do Sul state. The genus Solandra belongs to the tribe Solandreae and also is
represented by one species, Solandra grandiflora Sw. Both species occur only in the Atlantic
Forest. We present descriptions, illustrations, maps of occurrence and commentaries about
habitat and phenology.
Key words: Solanaceae, Dyssochroma longipes, Solandra grandiflora, epiphytic plants, flora,
Rio Grande do Sul.
192
INTRODUÇÃO
O epifitismo pode ser definido como uma relação simbiótica que envolve um contato
íntimo entre a espécie dependente (epífito) e a espécie hospedeira (forófito), sem relações
nutricionais entre ambas (Waechter, 1992). Na família Solanaceae, as espécies epifíticas são
plantas lenhosas e apresentam flores grandes e vistosas, geralmente polinizadas por morcegos.
Estas características, segundo Hunziker (1977), fizeram com que várias espécies epifíticas
fossem indiscriminadamente colocadas sob o gênero Markea Rich., tornando-o heterogêneo e
artificial. A delimitação deste gênero foi retomada por Hunziker (1977), ao propor a
reabilitação de dois outros gêneros, Dyssochroma Miers e Merinthopodium J.Donn.Sm.
Dyssochroma possui duas espécies exclusivamente brasileiras, D. longipes (Sendtn.) Miers e
D. viridiflorum (Sims) Miers, que ocorrem na Mata Atlântica, do sudeste ao sul do Brasil
(Hunziker 1977, 2001). Estas espécies haviam sido mencionadas por Sendtner (1846) como
membros do gênero Solandra Sw. e foram, três anos depois, recombinadas por Miers, para
Dyssochroma. Apesar de serem morfologicamente distintos, Dyssochroma e Solandra
apresentam uma relação taxonômica registrada numa obra importante, a Flora Brasiliensis de
Martius. Solandra é um pequeno gênero neotropical, com dez espécies, que ocorrem no
México (provável centro de diversidade), ilhas do Caribe, Peru, Bolívia e Brasil (Bernardello
e Hunziker, 1987; Hunziker, 2001). Três destas espécies, Solandra grandiflora Sw., S.
longiflora Tussac e S. maxima (Sessé et Mociño) P.S. Green são cultivadas como ornamentais
(Hunziker, 2001). Além de seu aspecto ornamental, atribuído às flores, os representantes deste
gênero têm um importante valor etnobotânico. Algumas de suas espécies estão entre as
principais plantas alucinógenas empregadas em rituais sagrados de indígenas mexicanos
(Schultes, 1979; Bernardello e Hunziker, 1987).
Os gêneros Dyssochroma e Solandra, segundo Hunziker (2001), pertencem a duas
subfamílias distintas, Juanulloideae e Solanoideae, respectivamente. O primeiro faz parte da
tribo Juanulloeae, que é composta por nove gêneros. O segundo está subordinado a tribo
Solandreae. Na proposta de Olmstead et al. (1999), Dyssochroma e Solandra estão colocadas
em Solanoideae. Estes autores subordinam estes gêneros à mesma tribo, Solandreae, mas a
subtribos distintas, Juanulloinae e Solandrinae, respectivamente.
O objetivo deste trabalho é o de apresentar as espécies epifíticas de Dyssochroma e
Solandra presentes no Rio Grande do Sul, fornecendo subsídios para sua correta
identificação. Além das descrições e ilustrações, são fornecidas informações fenológicas
sobre cada táxon e mapas que mostram sua ocorrência no Estado.
193
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas onze viagens de coleta a diferentes regiões do estado e analisadas as
coleções dos herbários HAS, HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB
(cujos acrônimos seguem Holmgren e Holmgren, 2006), além dos herbários HERBARA,
HUCS e HUI (não indexados). As descrições das espécies obedecem à seqüência da
taxonomia tradicional. A terminologia adotada encontra-se em Radford et al. (1974), Font
Quer (1977), Hickey (1974) e Stearn (2000). A grafia dos nomes dos autores de gêneros e
espécies está de acordo com Brummitt e Powell (1992) e as regiões fisiográficas mencionadas
de acordo com Fortes (1959). As estampas que ilustram os aspectos morfológicos foram
obtidas através de cópias xerográficas de exsicatas e de fotografias de espécimes vivos, as
quais foram utilizadas como modelo para as ilustrações finais. Os mapas foram elaborados
com o programa TABWIN 3.2 e o material examinado está citado em ordem alfabética de
municípios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dyssochroma longipes e Solandra grandiflora são duas espécies epifíticas, arbustivas,
que habitam ambientes úmidos de remanescentes de Mata Atlântica no Estado. São duas
espécies que pertencem à categoria ecológica de hemiepífitos primários, os quais, segundo
Waechter (1992), têm como características o hábito lenhoso (arbóreo ou arbustivo) e as
longas raízes geotrópicas. Embora lenhosos, não causam, aparentemente, maiores prejuízos ao
forófito. Suas raízes geotrópicas são pendentes ou adpressas aos ramos e fustes dos forófitos
e, por esse motivo, são freqüentemente confundidos com lianas. Além do hábito, estas
espécies compartilham a presença de flores grandes e vistosas. As diferenças mais
significativas são observadas na morfologia floral. Em Dysssochroma longipes, as flores têm
corola infundibuliforme, desprovida de estrias longitudinais internas e o cálice florífero é
profundamente fendido. O estigma é clavado e decurrente sobre o estilete e as anteras são
lineares. Em Solandra grandiflora as flores têm corola ciatiforme, sempre com estrias vinosas
longitudinas internas. O cálice florífero é fendido somente na porção superior, anguloso na
metade apical em materiais frescos, e plicado somente próximo ao ápice em materiais
herborizados. O estigma é discóide-capitado e as anteras são elipsóides.
194
Dyssochroma Miers, Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 2, 4 (22): 250. 1849. Espécie-tipo:
Dyssochroma viridiflorum (Sims) Miers
Epífitas lenhosas, inermes; ramos glabros. Folhas simples, helicoidais ou
pseudoverticiladas, pecioladas; lâmina elíptica ou ovalada, de margem inteira e consistência
coriácea. Flores solitárias, axilares ou terminais, actinomorfas, monoclinas, pediceladas.
Cálice aparentemente dialissépalo, tubuloso, anguloso em toda a sua extensão, pentagonal em
secção transversal, plicado na exsicata; lacínias lanceoladas ou ovaladas. Corola
infundibuliforme, tubo cilíndrico curto; limbo pentalobado, lobos inteiros, mais curtos que a
porção gamopétala, acuminados e revolutos no ápice. Prefloração valvar. Estames 5,
homodínamos, adnatos apenas na base do tubo corolino; anteras lineares, basifixas, ditecas, de
deiscência longitudinal; estaminódios ausentes. Ovário cônico, bilocular, com muitos
rudimentos seminais; disco nectarífero presente, conspícuo; estilete cilíndrico; estigma
clavado, decurrente ao longo da porção distal do estilete. Baga ovóide, plurisseminada; cálice
persistente, fendido. Sementes alongadas.
Dyssochroma longipes (Sendtn.) Miers, Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 2, 4: 252. 1849.
Figuras 24 e 26a.
Epífitas lenhosas, de até 2,5 m de altura. Lâmina foliar com 5,3-20,0 cm de
comprimento e 2,3-8,0 cm de largura, elíptica, obovalada ou oblanceolada, de ápice agudo ou
acuminado e base decurrente; superfícies abaxial e adaxial glabras; pecíolo de 1-2 cm de
comprimento, glabro. Flores solitárias, pediceladas; pedicelos de 1,5-5,0 cm de comprimento,
glabros. Cálice com 2,5-4,5 cm de comprimento e 1,0-3,2 cm de diâmetro, glabro; lacínias
com 3,0-4,0 cm de comprimento e 1,5-3,2 cm de largura. Corola amarelada, amarelo-
esverdeada ou branco-esverdeada; porção gamopétala com 8,5-10 cm de comprimento, 0,7-
1,2 cm de diâmetro basal e 6,5-8,0 cm de diâmetro apical; lobos com 1,5-2,0 cm de
comprimento e 2,3-3,0 cm de largura. Estames levemente exsertos, filetes de 5,0-5,3 cm de
comprimento e anteras com 1,5-1,8 cm de altura e 0,2 cm de diâmetro. Ovário ovóide, com
0,55 cm de altura e 0,3 cm de diâmetro; estilete com 10,5 cm de comprimento; estigma
clavado. Frutos ovóides, amarelados na maturação.
195
Ocorrência e hábitat: Ocorre em São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Hunziker 1977, 2001),
e Rio Grande do Sul. No Estado, foi coletada nos municípios de Arroio do Sal, Capão da
Canoa, Morrinhos do Sul, Torres e Três Cachoeiras, sendo uma espécie exclusiva da região
fisiográfica do Litoral. No Estado parece ocorrer sempre sobre plantas, mas em Santa Catarina
esta espécie já foi observada sobre rochas (Bresolin 861, ICN e Mentz, comunicação pessoal,
observação feita no mu-ta no mus ex1r2pé5mtarina 0o17s301 Td[(observaàr.g3)48(ab m)icípios é5ÀÐ515Cc, PW 5>u.8(ab m)ic.os C0w -19 no mus exb12.47 09 nSg-.cos m27 0 MoradoW.72118adoW.5sj -1adoW.5sjk2t/pécie 6 Me(u)-53adob8robg2si81 foi4s exb12.xb14ecfm[(51 )TjECAal,
196
Solandra Sw., Kongl. Vetensk. Acad. Nya Handl. 8: 302. tab. XI. 1787. Espécie-
tipo: Solandra grandiflora Sw.
Epífitas lenhosas, ramos glabros. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina
elíptica ou ovalada, de margem inteira e consistência membranácea ou subcoriácea. Flores
solitárias, terminais, zigomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice tubuloso, cilíndrico na
metade basal e anguloso na metade apical, sem dobras evidentes na
197
Ocorrência e hábitat: Bernardello e Hunziker (1987), na revisão do gênero Solandra,
ressaltam que esta é a espécie com a mais ampla distribuição, e a que tem a ocorrência mais
austral, desde as Antilhas, Panamá, Venezuela, chegando até o estado de Santa Catarina, no
Brasil. No entanto, dois exemplares da espécie foram encontrados em remanescentes da Mata
Atlântica no Rio Grande do Sul, nos municípios de Dom Pedro de Alcântara e Torres, na
região fisiográfica do Litoral. Os coletores observaram que a espécie ocorre como epífita
sobre batinga (Eugenia spp.), açoita-cavalo (Luehea divaricata Mart.) e figueira (Ficus
organensis Miq.). Esta é a primeira citação de ocorrência da espécie no Estado.
Aspectos fenológicos: Exemplares floridos foram coletados ou observados em janeiro.
Exemplares com frutos não foram observados, mas foram coletadas sementes oriundas de
frutos em decomposição.
Comentários: A visualização e a coleta de material provido de folhas e flores é dificultada
devido à altura dos forófitos em que estas plantas se estabelecem. Da mesma forma que
Dyssochroma longipes, ocorre em um ambiente restrito e constantemente sujeito às atividades
humanas, devendo constar na lista de espécies ameaçadas de extinção no Estado.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Dom Pedro de Alcântara, mata do Prof. Luís
Baptista, epífita arbustiva sobre Ficus organensis, botões florais branco-esverdeados, cálice verde com lacínias
desiguais, flores fenecidas com corola amarela e estrias longitudinais violáceas, fl., 17/I/2006, E.Soares 232
(ICN); Torres, São Jacó, hemiepífito primário sobre batinga; a ca. 8 m de altura (também sobre Ficus
organensis e Luehea divaricata), cálice verde, corola internamente com estrias violáceas (quando fenecida
amarelada), 12/I/1994, fl., J.Waechter 2630 (PEL 13748).
CONCLUSÃO
Dyssochroma longipes e Solandra grandiflora são hemiepífitos primários, que
ocorrem em remanescentes da Mata Atlântica, na região fisiográfica do Litoral. Elas crescem
sobre outras espécies lenhosas sem apresentar especificidade de substrato (forófito). Diferem
entre si em vários aspectos da morfologia floral, como forma do cálice, corola, anteras e
estigma. Dyssochroma longipes já havia sido mencionada por Waechter (1992), em seu
estudo sobre o epifitismo vascular na planície costeira do Rio Grande do Sul. As informações
sobre a ocorrência do gênero Solandra no Estado foram fornecida pelos botânicos Luís Rios
de Moura Baptista, João André Jarenkow e Jorge Waechter, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, e confirmadas posteriormente com a revisão e identificação de espécimes nos
198
herbários. A ocorrência de Solandra grandiflora constitui, portanto, uma nova citação para o
Estado. Os registros destas duas espécies são raros, tendo sido encontradas exsicatas apenas
em quatro dos doze herbários consultados. A documentação da ocorrência das duas espécies é
importante, para que estudos mais avançados possam ser feitos, contemplando sua biologia,
aplicada ao entendimento e preservação do bioma Mata Atlântica.
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Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal de São Carlos. Tese de
Doutorado, 163f.
199
Figura 24. Dyssochroma longipes (Sendtn.) Miers - aspecto geral (L.Baptista e
M.L.Baptista s.n° - ICN).
200
201
Figura 25. Solandra grandiflora Sw. - aspecto geral (J.L.Waechter 2630).
202
203
a
b
Figura 26. Mapas de ocorrência de Dyssochroma longipes (Sendtn.) Miers (a) e Solandra
grandiflora Sw. (b) no Rio Grande do Sul, Brasil.
204
205
Capítulo 8
Os gêneros Grabowskia Schltdl. e Lycianthes (Dunal) Hassl. (Solanaceae) no Rio Grande
do Sul, Brasil
Edson Luís de Carvalho Soares
Lilian Auler Mentz
RESUMO – Os gêneros Grabowskia Schltdl. e Lycianthes (Dunal) Hassl. pertencem a duas
subtribos distintas, Lycieae e Solaneae, respectivamente, que estão subordinadas à subfamília
Solanoideae (Solanaceae). Para cada um destes gêneros há apenas um registro de coleta no
Rio Grande do Sul. Grabowskia duplicata Arn. e Lycianthes rantonnei (Carrière) Bitter são
espécies raras na flora do Estado e possivelmente em extinção. Para cada uma delas são
fornecidas descrições, ilustrações e comentários.
Palavras-chave: Solanaceae, Grabowskia duplicata, Lycianthes rantonnei, flora, Rio Grande
do Sul.
ABSTRACT – (Grabowskia Schltdl. and Lycianthes (Dunal) Hassl. (Solanaceae) in Rio
Grande do Sul, Brazil). Grabowskia Schltdl. and Lycianthes (Dunal) Hassl. belong to
different tribes, Lycieae and Solaneae, respectively, subordinated to the subfamily
Solanoideae (Solanaceae). There is only one species registered to each genus in the Rio
Grande do Sul flora, that are Grabowskia duplicata Arn. and Lycianthes rantonnei (Carrière)
Bitter. They are rare and possibly endangered species in the flora of the State. We present
descriptions, illustrations and some commentaries.
Key words: Solanaceae, Grabowskia duplicata, Lycianthes rantonnei, flora, Rio Grande do
Sul.
206
INTRODUÇÃO
A escassez de registros nos herbários compromete a elaboração de floras regionais, ao
mesmo tempo em que indica a ocorrência de algumas espécies em locais restritos ou de difícil
acesso ou ainda a destruição do hábitat e sua possível extinção. Esta situação é observada com
os gêneros Grabowskia Schltdl. e Lycianthes (Dunal) Hassl. no Rio Grande do Sul., sendo
cada um deles representado por apenas um registro de herbário. A presença de Lycianthes
rantonnei (Carrière) Bitter na flora do Rio Grande do Sul foi mencionada por Barboza e
Hunziker (1992), na revisão do gênero Lycianthes para a Argentina. Rambo (1961), citou este
táxon, sob o nome de Solanum rantonnetti Carrière ex Lescuy (mais corretamente Solanum
rantonnei Carrière), para Santa Catarina, no município de Itapiranga, ressaltando que a
espécie não foi coletada, até a data da sua publicação, na outra margem do rio Uruguai. A
ocorrência de Grabowskia duplicata Arn. foi citada por Augusto (1946) para a flora do Rio
Grande do Sul, incluindo uma boa ilustração. Ela foi citada também por Cabrera (1979) para o
sul do Brasil. Mais tarde, revisando as espécies do gênero para a Argentina, Hunziker (1997)
referiu a ocorrência de Grabowskia duplicata para o Estado. Além destes, outros trabalhos
que contemplam a flora da Argentina fornecem descrições e ilustrações úteis para o
reconhecimento desta espécie (Cabrera 1965, 1979). Para Lycianthes merecem destaque os
trabalhos de Benítez de Rojas e D’Arcy (1997), com enfoque nas espécies venezuelanas, e de
Barboza e Hunziker (1992) para as espécies argentinas. Outras informações importantes sobre
estes gêneros são encontradas em abordagens que envolvem a taxonomia da família
(Hunziker 1979, 2001).
Grabowskia e Lycianthes pertencem a duas tribos distintas da subfamília Solanoideae,
Lycieae e Solaneae, respectivamente. Grabowskia é um pequeno gênero americano,
constituído por quatro espécies e compartilha com os outros dois gêneros da tribo, Lycium L.
e Phrodus Miers, o hábito lenhoso e o aspecto xeromórfico, comum em plantas que crescem
em ambientes áridos e semi-áridos (Bernardello e Hunziker; 1987; Hunziker; 2001). Três
espécies de Grabowskia ocorrem na Argentina ou territórios adjacentes, enquanto
Grabowskia boerhaviifolia (L.f) Schltdl. tem distribuição mais ampla, do México à Argentina.
O gênero Lycianthes, segundo Hunziker (2001), pertence à tribo Solaneae, subtribo
Solanineae, e compartilha com Lycopersicon Miller, Normania Lowe, Solanum L. e Triguera
Cav. a presença de um anel (conspícuo ou não) entre os filetes, adnato à porção basal da
207
corola, anteras com deiscência poricida e ausência de disco nectarífero. As espécies deste
gênero habitam a região neotropical e o sudeste Asiático. Grupos distintos de espécies
ocupam o México e a América Central, sendo que a maior diversidade do gênero é encontrada
na região andina da Venezuela, Colômbia e Peru. O número estimado de espécies de
Lycianthes é de 150 (Nee, 1986; Benítez de Rojas; 1997; Hunziker; 2001), mas espécies
novas continuam sendo descritas, principalmente para o México (Dean, 1998; Rodríguez e
Vargas, 2002).
As relações morfológicas e taxonômicas de Grabowskia e Lycianthes com outros
membros de suas tribos são mais estreitas com os gêneros Lycium e Solanum,
respectivamente. As diferenças entre Grabowskia e Lycium envolvem a morfologia do ovário,
completamente bilocular em Lycium e tetralocular na porção superior em Grabowskia, e dos
frutos, baga em Lycium e drupa em Grabowskia (Hunziker, 2001). Os resultados obtidos por
Olmstead et al. (1999), através da biologia molecular, corroboram a delimitação da tribo
Lycieae proposta por Hunziker (1977). Já o gênero Lycianthes esteve historicamente
relacionado à Solanum, devido às similaridades na morfologia das flores (principalmente o
fato das anteras serem poricidas) e frutos. No entanto, ao avaliar a morfologia do cálice de
Lycianthes, D’Arcy (1986) concluiu que este caráter pode justificar a sua autonomia genérica.
Além disso, este autor ressaltou que a morfologia do cálice de Lycianthes é semelhante àquela
observada em espécies de Capsicum L. Os cladogramas resultantes dos estudos moleculares
de Olmstead e Palmer (1992) apontaram as relações filogenéticas de Lycianthes com o gênero
Capsicum, e foram confirmadas por Olmstead et al. (1999), que subordinaram estes gêneros à
tribo Capsiceae, da subfamília Solanoideae.
Este trabalho tem por objetivo avaliar as informações da literatura e das raras coletas e
fornecer subsídios para o reconhecimento de Grabowskia duplicata e Lycianthes rantonnei.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram realizadas onze viagens de coleta a diferentes regiões do estado e analisadas as
coleções dos herbários HAS, HASU, HURG, ICN, MPUC, PACA, PEL, SALLE e SMDB
(cujos acrônimos seguem Holmgren e Holmgren, 2006), além dos herbários HERBARA,
HUCS e HUI (não indexados). As descrições das espécies obedecem à seqüência da
taxonomia tradicional. Alguns detalhes das descrições foram retirados da literatura, pela falta
208
de um maior número de coletas. A terminologia adotada encontra-se em Radford et al. (1974),
Font Quer (1977), Hickey (1974), Mentz et al. (2000) e Stearn (2000). A grafia dos nomes
dos autores de gêneros e espécies está de acordo com Brummitt e Powell (1992) e as regiões
fisiográficas mencionadas de acordo com Fortes (1959). As estampas que ilustram os aspectos
morfológicos foram obtidas através de cópias xerográficas de exsicatas e de fotografias de
espécimes vivos, as quais foram utilizadas como modelo para as ilustrações finais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Grabowskia Schltdl., Linnaea 7: 71. 1832.
Espécie-tipo: Grabowskia boerhaviifolia (L.f.) Schltdl.
Arbustos armados; ramos glabros ou com tricomas simples. Folhas simples,
helicoidais e pseudoverticiladas, pecioladas; lâmina foliar obovalada, de margem inteira e
consistência subcoriácea. Inflorescências fasciculadas, plurifloras, sobre braquiblastos curtos,
axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice cupuliforme, lacínias
triangulares, cada lacínia com uma projeção sepalóide voltada para o centro da flor. Corola
infundibuliforme, pentalobada, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala. Porção
interna do tubo coberta de tricomas evidentes. Prefloração imbricada. Estames 5,
homodínamos, adnatos apenas na base do tubo da corola; filetes cobertos de tricomas simples
na metade inferior; anteras dorsifixas, ditecas, deiscência longitudinal; estaminódios ausentes.
Ovário ovóide, bilocular, tetralocular na porção apical, rudimentos seminais pouco
numerosos; disco nectarífero presente, proeminente; estilete levemente obsubulado; estigma
discóide. Baga drupácea, globosa, cálice frutífero não-acrescente. Sementes alongadas.
Grabowskia duplicata Arn., Linnaea 11: 485. 1837.
Figura 27.
Arbustos armados, de até 1,5 m de altura. Lâmina foliar com 0,50-2,00 cm de
comprimento e 0,24-0,80 cm de largura, obovalada, de ápice agudo e base decurrente;
209
superfícies adaxial e abaxial glabras; pecíolo de 0,40-3,00 cm de comprimento, revestido por
tricomas simples. Inflorescências com 1-3 flores pediceladas; pedicelos de 0,10-0,50 cm de
comprimento, glabro. Cálice com 0,20 cm de comprimento e 0,20 cm de diâmetro, glabro;
lacínias com 0,10 cm comprimento e 0,10 cm de largura. Corola branco-esverdeada ou creme;
porção gamopétala com 0,50 cm de comprimento e 0,20 cm de diâmetro; lobos com 0,30 cm
de comprimento e 0,25 cm de largura. Estames exsertos, filetes de 0,30 cm de comprimento,
revestido, anteras com 0,15 cm de altura e 0,10 cm de diâmetro. Ovário ovóide, com 0,10 cm
de altura e 0,05 cm de diâmetro; estilete com 0,40 cm de comprimento. Baga com 0,35 cm de
altura e 0,35 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Ocorre no Paraguai, Argentina, Uruguai e Brasil (Hunziker, 1997). No
Rio Grande do Sul, o único ponto de coleta desta espécie não especifica o município,
deixando dúvidas inclusive sobre sua ocorrência no Estado. A espécie, segundo Hunziker
(1997), é tipicamente chaquenha. No entanto, este mesmo autor deve ter visto o material
depositado no Herbário ICN, já que, em seu artigo, menciona a ocorrência da espécie no
Estado.
Comentários: No Rio Grande do Sul foi encontrada apenas uma coleta, datada do final da
primeira metade do século XX, não existindo outras mais recentes nos herbários revisados. Os
dados da etiqueta indicam que a planta foi coletada em “bosque ribeirinho do Rio Uruguay,
Alto Uruguay, R.G.Sul” em 1942, por Irmão Augusto. Não é possível afirmar que a região
fisiográfica da coleta tenha sido a do Alto Uruguai, porque na etiqueta também constam as
seguintes informações: “Uruguay, margem do R. Uruguay e outros”.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: sem município, bosque ribeirinho do Rio Uruguay,
Alto Uruguay, arbusto de 1-1,5 m de altura, 20/X/1942, fl./fr., Irmão Augusto s.n° (ICN 19095).
Lycianthes (Dunal) Hassl., Annuaire Conserv. Jard. Bot. Genève 20: 180. 1917.
Espécie-tipo: Lycianthes lycioides (L.) Hassl.
Arbustos apoiantes, inermes; ramos, tri ou tetra angulosos, cobertos de tricomas
simples e dendríticos. Folhas simples, helicoidais, pecioladas; lâmina foliar ovalada, de
margem inteira e consistência membranácea. Inflorescências fasciculadas, plurifloras, sésseis
210
ou curto-pedunculadas, axilares. Flores actinomorfas, monoclinas, pediceladas. Cálice
cupuliforme, com 10 apêndices subapicais, resultantes do prolongamento das nervuras. Corola
rotada, pentalobada, lobos inteiros, mais curtos que a porção gamopétala. Prefloração valvar.
Estames 5, heterodínamos, de duas alturas diferentes, adnatos apenas na região basal da
corola; par de apêndices laterais na base de cada filete bem evidentes; anteras basifixas,
ditecas, deiscência poricida; estaminódios ausentes. Ovário levemente ovóide, bilocular, com
inúmeros rudimentos seminais; disco nectarífero ausente; estilete cilíndrico, obsubulado,
curvo na porção distal; estigma discóide. Baga globosa; cálice frutífero persistente, não
acrescente. Sementes discóides.
Lycianthes rantonnei (Carrière) Bitter, Die Gattung Lycianthes 332-333, 298-299, f. 1.
1999.
Figura 28.
Arbustos com até 2 m de altura, inermes. Lâmina foliar com 1,20-15,60 cm de
comprimento e 0,60-15,60 cm de largura, de ápice agudo, obtuso, em algumas folhas
arredondado e base cuneada ou levemente decurrente; superfície adaxial com tricomas
simples e superfície abaxial com tricomas dendríticos; pecíolo de 0,60-1,80 cm de
comprimento, revestido por tricomas dendríticos. Inflorescências com 4-5 flores pediceladas;
pedicelos de 0,60-1,20 cm de comprimento, revestidos por tricomas dendríticos. Cálice com
0,70 cm de comprimento e 0,50 cm de diâmetro, com tricomas dendríticos; apêndices com
0,40 cm de comprimento. Corola violácea; porção gamopétala com 1 cm de comprimento,
cada lobo com 0,50 cm de comprimento e 1,30 cm de largura. Estames heterodínamos, um par
com filetes de 0,10 cm de comprimento e três estames com filetes de 0,20 cm de
comprimento; anteras com 0,35-0,40 cm de altura e 0,20 cm de diâmetro. Ovário ovóide, com
0,20 cm de altura e 0,20 cm de diâmetro; estilete com 0,50 cm de comprimento. Baga globosa
com 0,75-0,80 cm de altura e 0,70 cm de diâmetro.
Ocorrência e hábitat: Ocorre no Paraguai, Argentina e sul do Brasil. Também há registros
desta espécie na Bolívia (Barboza e Hunziker, 1992). No Rio Grande do Sul, o único ponto de
coleta foi o Parque Florestal do Turvo, no município de Derrubadas (região fisiográfica do
Alto Uruguai).
211
Comentários: Barboza e Hunziker (1992) mencionam a presença de tricomas na base dos
filetes. Esta característica, no entanto, não foi observada no exemplar examinado.
Material examinado: BRASIL. RIO GRANDE DO SUL: Derrubadas, Parque Florestal do Turvo, ca. 5 km
na estrada para o Salto, ca. 2 m alt., flor roxa, 12/I/1982, fl./fr., J.Mattos 22963 (HAS 85415).
CONCLUSÕES
Lycianthes rantonnei é uma espécie de presença confirmada no Rio Grande do Sul.
Como a exsicata foi coletada dentro de uma unidade de conservação, é possível que, com uma
busca mais acurada, esta espécie seja novamente encontrada. Já para Grabowskia duplicata,
pela precariedade das informações da etiqueta de coleta, não é possível afirmar o mesmo. A
região fisiográfica do Alto Uruguai e talvez as regiões das Missões e Campanha, ao longo da
costa do Rio Uruguai, deveriam ser mais visitadas, possibilitando uma confirmação da
ocorrência desta espécie no Estado.
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213
Figura 27. Grabowskia duplicata Arn. - (a) aspecto geral; (b) botão floral; (c) corola aberta;
(d) gineceu e cálice florífero; (e) fruto e cálice frutífero (todos de Irmão Augusto s.n° - ICN).
214
215
Figura 28. Lycianthes rantonnei (Carrière) Bitter - (a) aspecto geral; (b) corola aberta; (c)
cálice florífero; (d) gineceu; (e) fruto e cálice frutífero; (f) tricoma dendrítico do cálice (todos
de J.Mattos 22963).
216
217
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A investigação florístico-taxonômica dos doze gêneros tratados neste trabalho resultou
na confirmação de 22 espécies nativas.
Para a subfamília Cestroideae foram estudados dois gêneros e confirmadas oito
espécies nativas, três delas pertencentes à Brunfelsia L. e cinco pertencentes ao gênero
Cestrum L. O gênero Brunfelsia está representado por B. australis Benth., B. cuneifolia J.A.
Schmidt e B. pilosa Plowman, além de B. uniflora (Pohl) D.Don e B. pauciflora (Cham. et
Schltdl.) Benth., introduzidas através do cultivo. Para o gênero Cestrum constatou-se a
presença de C. bracteatum Link et Otto, C. euanthes Schltdl., C. intermedium Sendtn., C.
parqui L'Hér. e C. strigilatum Ruiz et Pav., e de uma espécie introduzida, Cestrum nocturnum
L. Os resultados obtidos para o gênero Cestrum estão de acordo com os apresentados por
Guaranha (1981), com atualizações nomenclaturais.
A subfamília Juanulloideae conta com uma única espécie no Estado, Dyssochroma
longipes, que ocorre na Mata Atlântica, como um arbusto epifítico.
Para a subfamília Solanoideae foram estudados oito gêneros, além da seção
Pachyphylla do gênero Solanum. Duas espécies, tradicionalmente incluídas em Acnistus
Schott na literatura, mas pertencentes a gêneros diferentes, Acnistus arborescens (L.) Schltdl.,
com escassos registros e Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz., amplamente distribuída no
Estado, podem ser identificadas por características bem evidentes. Outros gêneros,
relacionados à Vassobia, também estão representados no Estado. Para o gênero Aureliana
Sendtn. constatou-se a presença de A. fasciculata var. tomentella (Sendtn.) Barboza e Hunz. e
A. wettsteiniana (Witasek) Hunz. e Barboza, para Capsicum L. a presença de C. baccatum L.
var. baccatum e C. flexuosum Sendtn. e para Athenaea
Sendtn. apenas uma espécie nativa, A.
picta Sendtn., que constitui um novo registro para a flora sul-riograndense. Também é uma
citação de nova ocorrência, Solanum sciadostylis (Sendtn.) Bohs, da seção Pachyphylla do
gênero Solanum L. Outros membros nativos desta seção são Solanum corymbiflorum
(Sendtn.) Bohs e Solanum diploconos (Mart.) Bohs. Uma espécie introduzida, Solanum
betaceum Cav., está presente no Estado. O gênero Solandra Sw. está representado por uma
única espécie, Solandra grandiflora Sw., arbusto epifítico restrito à Mata Atlântica, que
também constitui um novo registro para a flora sul-riograndense. Os gêneros Grabowskia
Schltdl. e Lycianthes (Dunal) Hassl. contam cada um com apenas um registro de coleta no
Estado, sendo suas espécies, Grabowskia duplicata Arn. e Lycianthes rantonnei (Carrière)
218
Bitter, raras e possivelmente em extinção. Para Grabowskia duplicata é necessária uma maior
investigação, buscando comprovar sua presença através de coletas mais atuais.
As dificuldades de coleta, devido principalmente à falta de recursos, é um dos
problemas enfrentados nos estudos em taxonomia e florística. Dos 22 táxons aqui
apresentados, 17 foram vistos na natureza.
A compilação dos dados desta investigação florística e os estudos realizados com os
diferentes gêneros permitem afirmar que a família Solanaceae está representada no estado do
Rio Grande do Sul por três subfamílias, doze tribos e 27 gêneros. Destes, 22 apresentam
espécies nativas, enquanto cinco estão representados exclusivamente por espécies
introduzidas. O número estimado de espécies é de 140, sendo que 114 são nativos e 26 são
introduzidos, assilvestrados ou cultivados.
219
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