Download PDF
ads:
RICARDO NISHIMORI
A
A
V
V
A
A
L
L
I
I
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
D
D
O
O
E
E
S
S
T
T
A
A
D
D
O
O
N
N
U
U
T
T
R
R
I
I
C
C
I
I
O
O
N
N
A
A
L
L
D
D
O
O
M
M
I
I
C
C
R
R
O
O
N
N
U
U
T
T
R
R
I
I
E
E
N
N
T
T
E
E
F
F
E
E
R
R
R
R
O
O
E
E
M
M
A
A
T
T
L
L
E
E
T
T
A
A
S
S
F
F
E
E
M
M
I
I
N
N
I
I
N
N
A
A
S
S
ORIENTADORA: PROFª.DRª. MARIA JACIRA SILVA SIMÕES
ARARAQUARA- SP
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
RICARDO NISHIMORI
A
A
V
V
A
A
L
L
I
I
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
D
D
O
O
E
E
S
S
T
T
A
A
D
D
O
O
N
N
U
U
T
T
R
R
I
I
C
C
I
I
O
O
N
N
A
A
L
L
D
D
O
O
M
M
I
I
C
C
R
R
O
O
N
N
U
U
T
T
R
R
I
I
E
E
N
N
T
T
E
E
F
F
E
E
R
R
R
R
O
O
E
E
M
M
A
A
T
T
L
L
E
E
T
T
A
A
S
S
F
F
E
E
M
M
I
I
N
N
I
I
N
N
A
A
S
S
ORIENTADORA: PROF.ª DRª. Maria Jacira Silva Simões
Araraquara
2008
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Alimentos e Nutrição da
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da
UNESP/Araraquara, para obtenção do grau
de Mestre em Alimentos e Nutrição – Área
de Ciências Nutricionais.
ads:
Ficha Catalográfica
Elaborada Pelo Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação
Faculdade de Ciências Farmacêuticas
UNESP – Campus de Araraquara
CAPES: 50700006
Nishimori, Ricardo
N724a Avaliação do estado nutricional do micronutriente ferro em atletas
femininas. / Ricardo Nishimori – Araraquara, 2008.
98 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista.
“Júlio de Mesquita Filho”. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. Programa de Pós
Graduação em Alimentos e Nutrição
Orientador: Maria Jacira Silva Simões
. 1.Avaliação nutricional. 2.Ferro. 3.Atletas – Deficiência de ferro.
4.Futebol feminino. I.Simões, Maria Jacira Silva, orient. II. Título.
CDD: 616.39
DEDICATÓRIA
A minha família, meu pai Getulio, minha mãe Verônica, minha irmã
Giullia, que sempre me apoiaram de todas as formas, desde o início desta
jornada acadêmica, me dando incentivo e toda infra-estrutura necessária para
cada passo desse caminho.
À minha namorada Carolina, Carol, que esteve presente nos momentos
difíceis e sempre me apoiou, orientou e teve paciência durante a realização
dessa jornada.
AGRADECIMENTOS
A Deus, sempre presente nos caminhos que decidimos percorrer.
Agradeço aos meus pais e a minha irmã, que sempre me deram apoio
desde o início dessa longa caminhada na carreira acadêmica.
À minha namorada Carolina, Carol, que esteve presente sempre ao meu
lado, me incentivando, ouvindo e apoiando a todo tempo.
A professora Dr. Maria Jacira Silva Simões pela orientação precisa
eficiente e pela paciência demonstrada durante toda essa jornada.
Ao professor Dr. Cassiano Merussi Neiva pelo apoio, incentivo, e
orientação dada desde o final da graduação, onde me demonstrou os
caminhos da pesquisa, até o presente momento no mestrado.
À Antonio Sergio Valladão e a todos os funcionários da Clínica São
Lucas que foram peças fundamentais neste trabalho, dedicando parte de
seu tempo na coleta de sangue das atletas, análises laboratoriais e
laudos.
Ao vitorioso técnico do Botucatu Futebol Clube, Edson Jesus Castro e
seu auxiliar técnico, Luis Carlos Freitas, que sempre deixaram as portas
abertas, para a realização deste trabalho, demonstrando sempre
paciência, atenção e profissionalismo.
A todas as atletas do Botucatu Futebol Clube, pela cooperação,
paciência, e dedicação durante o período de coleta de dados.
A todas as atletas da equipe de Araraquara de Futebol Feminino, pela
atenção e seriedade apresentada durante o período de pesquisa.
À Prof. Dr. Juliana Campos, que esteve presente nos momentos mais
difíceis, esclarecendo dúvidas, tendo paciência e auxiliando na
estatística deste trabalho.
Aos Amigos Matheus, Frank, Hermes, Pablo e meu primo Chú, pelos
momentos de psicólogos, orientadores e amigos, além de todo apoio
durante todo esse degrau acadêmico.
A todos os alunos da pós-graduação que estiveram presentes nesses
vários anos de mestrado, onde pude esclarecer dúvidas, desabafar,
receber apoio e conhecer grandes colegas e amigos.
Aos amigos de pós-graduação especificamente os que participaram
mais intensamente nesse período: Erica, Larrissa, Lílian, Edelan,
Mauricio, Josi, Alessandra, Caio e Julio.
À Professora Dra. Aureluce Demonte pela paciência, atenção, carisma e
ensinamentos transmitidos durante toda pós-graduação.
Ao Prof. Dr. João Bosco, pela atenção e segurança que transmitiu
durante toda a realização deste trabalho.
Ao prof. Prof. Dr. Adalberto Farache Filho, pela atenção e apoio dado na
realização dos estágios necessários.
À toda secção de pós-graduação, Claudia Lúcia Molina, Sônia Ornellas
e Laura Rosim, pelo atendimento, apoio e amizade demonstrada.
À todos funcionários da biblioteca pela atenção e auxílio dispensado.
Às responsáveis pelo andamento dos trabalhos da Comissão de Ética,
da FCFAR/UNESP que sempre me atenderam com muita paciência e
atenção.
À CAPES pela bolsa concedida.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional de ferro de 38
jogadoras profissionais de futebol feminino, com idade superior a 21 anos.
Foram analisados: ingestão energética, fibras, macro e micronutrientes (cálcio,
zinco e ferro, vitaminas A e C) e avaliados segundo as recomendações da
“Dietary Reference Intakes” (DRI, 2000; 2001) e da “American Dietetic
Association” (ADA, 2000). Para obtenção dos dados foram utilizados os
métodos de registro alimentar de três dias e o questionário de freqüência
alimentar. O perfil antropométrico foi caracterizado por meio das medidas do
peso corporal, altura, dobras cutâneas e uso de fórmulas específicas para
determinação dos percentuais de gordura corporal e massa magra. O estado
nutricional do micromineral ferro foi avaliado por meio de parâmetros
bioquímicos. O perfil antropométrico das atletas apresentou valor médio de
porcentagem de gordura corporal, abaixo do encontrado em outros trabalhos.
Os valores do IMC estavam dentro das recomendações da “Food and
Agriculture Organization of the United Nations” (FAO, 2003). A média de
ingestão de proteínas e lipídeos foi adequada as recomendações da ADA
(2000). Porém a ingestão energética e de carboidratos foi abaixo da
recomendada para 92,11% e 71,05% das atletas, respectivamente. Da mesma
forma, a ingestão de fibras foi adequada para apenas 5,26% das atletas. A
meta de ingestão de vitamina A e C foi alcançada por 23,68% e 31,58% das
atletas, respectivamente. Apenas, 10,53% das atletas apresentaram ingestão
certamente adequada para o mineral cálcio. A porcentagem de atletas que
alcançou a meta de ingestão de zinco foi maior, 63,16% de adequação.
Enquanto somente 10,53% alcançaram a meta de ingestão para o mineral
ferro. Porém, nas análises bioquímicas e hematológicas, apenas duas (5,26%)
atletas apresentaram deficiência de ferro, sendo, uma com depleção dos
estoques de ferro e outra com anemia ferropriva. Dessa forma, é possível
concluir que os exames bioquímicos mostraram reduzido número de atletas
com deficiência de ferro. Porém, a ingestão do mineral ferro e dos micros e
macronutrientes que auxiliam a absorção de ferro não atingiram a meta de
ingestão recomendada para maioria das atletas. Esses dados sugerem que as
atletas avaliadas que apresentaram uma ingestão inadequada de ferro, mesmo
com os parâmetros de ferro adequados bioquimicamente, necessitam de um
acompanhamento nutricional para evitar uma possível deficiência de ferro em
longo prazo.
ABSTRACT
The objective of this study was evaluate the nutritional status for the iron
nutrient of the 38 professional female soccer player, aged over 21 years. The
following procedures were carried out: the energy ingestion adequacy, fiber,
macro and micronutrients (calcium, zinc, iron, vitamin A, vitamin C) were
analyzed and verified using the Dietary Reference Intakes (DRI, 2000; 2001)
and American Dietetic Association (ADA, 2000), through the methods a 3-day
food record and Frequency Questionnaire; the anthropometrical profile was
characterized, through body weight, height, skin fold caliper testing and by
using specific formulas in order to determine percent body fat and fat free mass;
and the iron nutritional status was evaluated via biochemical parameters.
The anthropometrical profile of athletes showed an average percentage of body
fat, lower than found in other works. And the values of BMI within the
recommendations of the FAO (2003). The average intake of proteins and lipids
was appropriate the recommendations of the ADA (2000). But the energy and
carbohydrates intake was below the recommended for 92.11% and 71,05% of
the athletes, respectively. Just as, the intake of fiber was certainly appropriate
for only 5.26% of the athletes. The 23.68% and 31.58% of the athletes achieved
the goal of intake of A and C vitamin. Only 10.53% of the athletes had ingested
certainly appropriate for the mineral calcium. The percentage of athletes who
reached their target was higher intake of zinc, 63.16%. While few players,
10.53%, reached their target for the mineral iron intake. But, in hematological
and biochemical analysis, only two (5.26%) athletes have iron deficiency. One
of them, with depleted stocks of iron, and another one with Iron Deficiency
Anemia. Thus, it is possible to conclude that the biochemical tests showed
reduced number of athletes with disabilities of iron. But, the intake of the
mineral iron and micro and macronutrients that enhancers the absorption of
iron, not achieved the goals of intake recommended in most athletes. These
data suggest that evaluated the athletes who had an inadequate intake of iron,
even with the parameters of iron adequate biochemical, need a nutritional
education to prevent a possible deficiency of iron on long term.
Relação de abreviatura e siglas utilizadas
A
Meta de ingestão alcançada
ADA
American Dietetic Association
AI
Ingestão adequada
CNS
Conselho Nacional de Saúde
CTLF
Capacidade total de ligação de ferro
CV
Coeficiente de variação
EAR
Necessidade média estimada
fl
Fentolitros
FS
Ferritina sérica
HB
Hemoglobina
IA
Ingestão adequada
IER
Ingestão energética recomendada
II
Ingestão inadequada
INAGG
International Nutritional Anemia Consultive Group
IND
Ingestão indeterminada
NA
Meta de ingestão não alcançada
PEL
Protoporfirina eritrocitária livre
RDA
Ingestão dietética recomendada
ST
Saturação de transferrina
UL
Nível máximo tolerável
VCM
Volume corpuscular médio
Relação de Tabelas
1. Medidas de resumo das medições antropométricas realizada nas atletas.
Araraquara, SP. 2006........................................................................................51
2. Medidas de resumo da ingestão de nutrientes realizada pelas atletas.
Araraquara, SP. 2006........................................................................................52
3. Distribuição das freqüências (n(%)) das atletas, segundo consumo de
macronutrientes classificados como ingestão adequada (IA) ou ingestão
inadequada (II). Araraquara, SP. 2006..............................................................53
4. Distribuição das freqüências (n(%)) das atletas, segundo o consumo de
micronutrientes, classificados como ingestão adequada (IA) ou ingestão
indeterminada (IND). Araraquara, SP. 2006.....................................................54
5. Distribuição das freqüências (n(%)) das atletas, segundo o consumo de
micronutrientes (Vitamina A e C, Ferro e Zinco) classificados como meta de
ingestão alcançada (A) ou meta de ingestão não alcançada (NA). Araraquara,
SP. 2006...........................................................................................................54
6. Medidas das Atletas segundo o resumo dos parâmetros bioquímicos do
sangue (CTLF: Capacidade total de ligação do ferro; FS: Ferritina sérica; ST:
Saturação de transferrina; VCM: Volume corpuscular médio; HB: Hemoglobina)
Araraquara, SP. 2006.......................................................................................55
Relação de figuras
1. Distribuição de freqüência (n) das atletas segundo o estado nutricional de
ferro. Araraquara, 2006......................................................................................56
Relação de quadros
1. Caracterização nutricional de deficiência de ferro de acordo com a Dietary
Reference Intakes (DRI, 2001)..........................................................................36
Relação de anexos
1. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido..............................................89
2. Registro Alimentar 24 horas.........................................................................91
3. Questionário de Freqüência Alimentar e Padrão Alimentar..........................92
4. Valores de referência utilizados para avaliação nutricional das atletas.........96
5. Parecer do Comitê de ética e pesquisa FCFAR/ UNESP.............................98
SUMÁRIO
1. Introdução..........................................................................................................
15
1.1 Função, transporte, armazenamento e absorção de ferro....................
15
1.2 Causa da deficiência mineral de ferro em atletas................................. 22
1.3 Avaliação dietética da ingestão de ferro em atletas............................. 27
1.4 Avaliação bioquímica do estado nutricional de ferro em atletas...........
35
1.5 Conseqüências do estado nutricional de ferro deficiente para o atleta
41
2. Objetivos............................................................................................................
43
2.1 Objetivo geral........................................................................................
43
2.2 Objetivos específicos............................................................................
43
3. Casuística e método..........................................................................................
43
3.1 Avaliação do estado de treinamento.....................................................
45
3.2 Avaliação nutricional.............................................................................
45
3.2.1 Registro alimentar de 24 horas...............................................
46
3.2.2 Questionário de freqüência alimentar.....................................
46
3.3 Avaliação antropométrica.....................................................................
47
3.4 Determinações bioquímicas..................................................................
48
3.4.1 Coleta de sangue....................................................................
48
3.42 Parâmetros laboratoriais analisados........................................
48
3.5 Análise estatística dos resultados.........................................................
49
4. Resultados.........................................................................................................
51
5. Discussão..........................................................................................................
57
5.1 Valores antropométricos.......................................................................
57
5.2 Distribuição percentual de macronutrientes..........................................
59
5.3 Ingestão energética..............................................................................
61
5.4 Fibras....................................................................................................
63
5.5 Proteínas...............................................................................................
64
5.6 Micronutrientes.....................................................................................
65
6. Conclusão..........................................................................................................
73
7. Referências bibliográficas................................................................................. 74
Anexos.................................................................................................................. 89
1. INTRODUÇÃO
Em 1860 o ferro foi o primeiro mineral a ser considerado um nutriente
essencial e desde então, continua sendo pesquisado, tornando-se o mineral
mais estudado e descrito da historia. É classificado como um micromineral
essencial, devido à necessidade diária ser menor que 100mg/dia. Está
presente em praticamente todos os seres vivos, apresentando várias funções
biológicas. A depleção dos estoques de ferro é um dos grandes problemas de
saúde pública no mundo, podendo levar a uma deficiência funcional de ferro e,
até mesmo, a uma anemia ferropriva. Em atletas essas deficiências também
têm aparecido com grande freqüência, em varias modalidade esportivas. Além
dos problemas de saúde, a deficiência de ferro acaba prejudicando o
desempenho dos atletas. Nesse caso, uma freqüente medição do estado
nutricional de ferro é recomendada, principalmente nas atletas do sexo
feminino (GERMANO, 2002).
1.1 FUNÇÃO, ARMAZENAMENTO, TRANSPORTE E ABSORÇÃO DE
FERRO
As funções apresentadas pelo mineral ferro têm relação direta com sua
capacidade química de participar de reações de oxidação e redução. Devido a
essas características, apresenta alta reatividade com oxigênio, que pode
produzir elementos que interagem de forma destrutiva com as membranas
celulares e com o DNA (GERMANO, 2002).
A hemoglobina, proteína globular presente nas hemácias, transporta
oxigênio para os tecidos e, após a passagem dessas células pelos pulmões, a
porção heme que contém ferro se liga ao oxigênio. No caminho de volta ainda
nos tecidos o heme se liga ao dióxido de carbono em outro ponto ativo para
liberá-lo também, nos pulmões. Já a mioglobina que contém heme serve como
um reservatório de oxigênio nos músculos, fixando o oxigênio, nas fibras
musculares esqueléticas e cardíacas (DRI, 2001; GERMANO, 2002).
Durante a atividade física para a produção de ATP dentro da
mitocôndria, são necessárias muitas enzimas que contém ferro. O citocromo é
uma enzima heme envolvida com o processo de respiração celular, sendo
responsável pelo transporte de elétrons e pelo armazenamento de energia
através da oxidação e redução de ferro. Desta forma apresenta funções
essenciais, no metabolismo aeróbico (BEARD, 1996; GERMANO, 2002).
O ferro também é um nutriente essencial para o crescimento de
microorganismos, esses muitas vezes, prejudiciais à saúde do homem, porém,
ao mesmo tempo tem uma função importante, na composição de enzimas e
imunoproteínas que agem na destruição de organismos infecciosos. Nesse
caso, as proteínas transferrina e lactoferrina auxiliam nesse processo por negar
ferro aos microorganismos que o necessitam. Sendo assim, o ferro acaba se
tornando essencial para um funcionamento adequado do sistema imunológico
(DRI, 2001; GERMANO, 2002).
A função cognitiva parece estar também ligada ao mineral ferro, sendo
necessário para síntese de neurotransmissores e provavelmente, da mielina.
Foram também encontradas diferenças no desempenho acadêmico,
competência sensoriomotora, atenção e aprendizado (BEARD et al., 1993;
POLLITT et al.,1976).
Além disso, o ferro apresenta funções nutricionais no organismo. No
caso da vitamina A sua presença influência a síntese de betacaroteno,
existindo uma forte correlação entre o retinol sérico, a concentração de ferritina
e o ferro sérico (BLOEN et al., 1989; GERMANO, 2002).
As várias funções do ferro, no corpo humano acabam exigindo uma
concentração considerável desse mineral. Os valores aproximados são de 40
mg/kg de peso corpóreo, em homens, sendo distribuído em três
compartimentos: ferro funcional, ferro de estoque e sistema de transporte de
ferro. O ferro funcional é a quantidade do mineral presente na hemoglobina,
mioglobina e enzimas. Já o ferro de estoque ou ferro armazenado, compreende
a ferritina (proteína hidrossolúvel rica em ferro) e a hemossiderina (pigmento
ferroso), enquanto que o sistema de transporte de ferro, que é onde se
encontra a transferrina (proteína de transporte no sangue), apresenta-se como
uma interface entre os compartimentos anteriores (BRITISH NUTRITION
FOUNDATION, 1995; ROSADO, appud in TEIXEIRA NETO, 2003;
WESSLING-RENISCK, 2000).
A maior parte do ferro encontra-se na hemoglobina, cerca de 60%,
outros 15% estão presentes na ferritina e o restante, encontra se nas enzimas
e outros componentes que têm ferro em sua composição. A conservação e
recuperação de ferro no organismo são de aproximadamente 90%; os outros
10%, são excretados pela bile. Assim, esses 10% excretados, devem ser
compensados pela alimentação diária para evitar uma deficiência desse
mineral (BEARD et al., 1993; DRI, 2001; GERMANO, 2002).
Na alimentação o ferro pode ser encontrado de duas formas químicas,
ferro heme e o ferro não heme. O primeiro é encontrado na hemoglobina,
mioglobina e algumas enzimas, sendo predominante, em alimentos de origem
animal. Já o ferro não heme, é localizado nas enzimas que contém essa forma
mineral (ferritina) e, principalmente, em alimentos de origem vegetal. A
absorção desses dois tipos de ferro ocorre de forma diferente, ocasionando
valores de absorção distintos. O ferro heme tem absorção através da borda em
escova dos enterócitos (células de absorção intestinal). Após sua entrada no
enterócito, especificamente no citosol, sofre ação de enzimas que retiram o
ferro ferroso da estrutura heme, neste caso, do anel de ferroporfirina. Esse
ferro livre é ligado a apoferritina para formar a ferritina. A ferritina tem a função
de estocar o ferro dentro da célula, além de transportar o ferro da borda em
escova até a membrana basolateral. Ao chegar nessa membrana, existe um
mecanismo de transporte ativo onde os íons ferro são levados para o sangue.
Esse mecanismo de transporte ativo é o mesmo utilizado pelo ferro não-heme,
nesse caso, o início de sua entrada pela borda em escova, ocorre por meio de
uma absorção de ferro iônico, onde existe um gradiente de concentração que
torna possível ocorrer uma difusão facilitada para o interior do enterócito. Após
sua entrada no citosol, forma um complexo com a apoferritina, seguindo o
mesmo mecanismo do ferro heme (BEARD et al., 1996; GERMANO, 2002).
A absorção de ferro não heme, sofre influência direta do local, no
intestino delgado, em que o quimo se encontra. Com o movimento no sentido
do duodeno para o intestino grosso, as secreções duodenais e pancreáticas
aumentam o pH para sete, nesse ponto, a maioria do ferro férrico acaba sendo
precipitado, com exceção do ferro que já esteja quelado. Já o ferro ferroso é
mais solúvel em pH sete, tornando-se disponível durante todo restante do
intestino delgado (BEARD et al., 1996; GERMANO, 2002; MARTINI, 2002).
O ferro heme não sofre influência do aumento do pH do sistema
digestivo assim a absorção é mais alta, sendo de 15 a 30% em indivíduos com
reservas de ferro normal e de 35 a 50% quando existe deficiência. Além disso,
o ferro heme sofre pouca influência da combinação de alimentos da dieta, o
que não ocorre com o ferro não heme, que tem absorção influenciada por
vários fatores. Sua absorção varia de 0 a 10% (BEARD et al., 1996;
GERMANO, 2002).
As formas que o organismo regula a absorção de ferro variam. A
saturação de transferrina é um dos mecanismos que interferem nessa
regulação. Neste caso, a quantidade de ferro ligada a transferrina, informa aos
enterócitos qual o estado nutricional de ferro no indivíduo, regulando a
quantidade de ferro absorvida. Já a hemoglobina e ferritina têm menor
influência sobre a capacidade de absorção
(BEARD et al., 1996; GERMANO,
2002).
Os fatores regulatórios da absorção de ferro influenciam diretamente a
biodisponibilidade de ferro, se considerar que a biodisponibilidade é definida
como a fração do mineral, capaz de ser absorvida pelo trato gastrintestinal,
armazenada e incorporada ao organismo (COZZOLINO, 1997; GERMANO,
2002).
Existem vários tipos de fatores e interações dietéticas que interferem na
biodisponibilidade do ferro. O estado nutricional em que o organismo se
encontra, seja de deficiência mineral ou alguma variação devido a patologias,
pode aumentar a absorção de ferro. Nesse caso, quando o organismo
apresenta deficiência, essa absorção é aumentada e do contrário, quando
existe excesso de ferro, ela acaba sendo inibida (DE ANGELIS,1999;
GERMANO, 2002).
A quantidade de secreções (pancreáticas, bile, e suco gástrico) tem
influência direta na biodisponibilidade do ferro não heme, criando ambientes
favoráveis ou não, para maior absorção, alterando o pH do local de absorção.
Esse mecanismo pode também contribuir para o aumento das perdas minerais.
Outro fator relevante é a forma com que o ferro se apresenta no estado de
oxidação e solubilidade (DE ANGELIS,1999; GERMANO, 2002).
Os fatores dietéticos têm influência na biodisponibilidade dos minerais,
sendo mais acentuada no ferro. Os nutrientes, muitas vezes, disputam o
mesmo sítio absortivo, ou ainda alteram o ambiente de absorção de forma
positiva ou negativa. O próprio ferro pode ser um componente dietético que
pode inibir ou aumentar a biodisponibilidade para ele mesmo. Quando a dieta
apresenta alta ingestão de ferro sua absorção acaba sendo diminuída e, no
caso contrário, quando há baixa ingestão, essa absorção tende a aumentar.
(BRITISH NUTRITION FOUNDATION, 1995; LYNCH, 1997).
As proteínas e aminoácidos presentes em alimentos de origem animal
aumentam a absorção de ferro heme e não heme. No caso do ferro heme, a
ligação do ferro a estrutura heme, favorece uma melhor absorção, enquanto
que o ferro não heme tem sua absorção melhorada na presença de proteínas.
Porém o mecanismo desse processo ainda necessita ser esclarecido (DRI,
2001; YOUNG et al., 1990).
A vitamina A é outro nutriente que também auxilia na absorção de ferro.
Como demonstram alguns estudos epidemiológicos a combinação de vitamina
A e ferro suplementado mostrou-se mais eficiente que a ingestão de ferro
isolado. Os mecanismos que agem neste processo ainda são desconhecidos.
Outros fatores, como a presença de ácidos orgânicos e uma dieta com o pH
relativamente alto, também facilitam a absorção de ferro no organismo (AMINE
et al., 1970; BLOEN et al., 1989; DRI, 2001; SUHARNO et al., 1993; WOLDE-
GEBRIEL et al., 1993).
O fosfato de zinco, além do próprio zinco, diminui a absorção de ferro
quando utilizado na forma de suplemento alimentar devido ao mesmo local de
absorção, ocorrendo uma competição pelo sítio absortivo entre os dois
nutrientes (DRI, 2001; FUNG et al., 1997; GUNSHIN et al., 1997).
O cálcio, além de utilizar o mesmo sítio absortivo, tende a inibir a
absorção de ferro heme e não heme, agindo na formação de ácido fítico,
substância que inibe a absorção de ferro (BRITISH NUTRITION
FOUNDATION, 1995; DRI, 2001).
Já a vitamina C favorece a absorção de ferro, com a manutenção do
ferro não heme solúvel em pH intestinal, além de proteger a ferritina de
enzimas lisossômicas que interferem na bi odisponibilidade. Além disso, quando
ocorre deficiência dessa vitamina, ocorre acumulo de ferro na forma de
hemossiderina. Os fitatos, presentes principalmente em leguminosas, grãos e
em alimentos rico em fibras e os taninos, presentes principalmente em chás,
formam complexos que impedem a absorção eficiente do ferro; no caso dos
taninos essa absorção pode cair de 10,4% para 3,3%. Os polifenóis, que se
ligam ao ferro, agem insolubilizando o mesmo e também inibindo a absorção
(BRITISH NUTRITION FOUNDATION, 1995; GUYTON & HALL, 1997).
Apesar de toda informação e dos muitos avanços e descobertas que
ocorreram nas pesquisas relacionadas ao metabolismo e deficiência de ferro,
desde 1860, até os dias atuais, a anemia por deficiência de ferro e a deficiência
nutricional de ferro ainda são encontradas muito facilmente na população
atingindo, principalmente, bebês com menos de dois anos de idade, meninas
adolescentes, mulheres grávidas, idosos, e atletas de varias modalidades
esportivas (SANDSTED & LOFGREN, 2000).
1.2 CAUSAS DA DEFICIÊNCIA MINERAL DE FERRO EM ATLETAS
O interesse voltado às pesquisas de avaliação do estado nutricional de
ferro em atletas, vai além do fato da anemia por deficiência de ferro ser um
problema de saúde pública mundial. Nos atletas existe uma perda de
desempenho físico devido a vários fatores, sendo um dos principais a
diminuição da capacidade do organismo em transportar oxigênio aos tecidos
(CELSING & EKBLOM, 1986; CELSING et al., 1988; DRI, 2001).
Os atletas, principalmente os que praticam atividades com predomínio
do sistema energético aeróbico, têm respostas fisiológicas ao treinamento que
acabam alterando alguns parâmetros, de forma a sugerir a existência de
anemia por deficiência de ferro. Isso ocorre com os níveis séricos de
hemoglobina, sendo esta o principal parâmetro utilizado para a caracterização
de anemia no individuo
(GUYTON & HALL, 1997; RANDY EICHNER, 1996).
Comparando com a população em geral, parte dos atletas pode
apresentar concentrações de hemoglobina levemente baixas, mesmo sem
apresentar deficiência de ferro ou sintomas clínicos característicos. Esse
fenômeno leva o nome de pseudoanemia dilucional, ou ainda, segundo alguns
autores, anemia do esportista, (nome atualmente em desuso). Na realidade, o
atleta não apresenta uma anemia verdadeira, com diminuição do numero de
hemácias e sim um aumento do volume do plasma, sendo esta uma adaptação
fisiológica em resposta ao treinamento (BEARD & TOBIN, 2000; MANORE &
THOMPSON, 2000).
Durante o treinamento, o volume plasmático tende a diminuir de 10 a
20%. Isso ocorre por ação de vários mecanismos e, a maior pressão sob os
capilares, ao serem comprimido pelos músculos é um deles. Outro mecanismo
é o aumento de metabólitos, como o ácido lático, tornando a pressão osmótica
positiva para os músculos e retirando água do plasma. A maioria do líquido
expelido, na forma de suor também é, proveniente do plasma. Assim, o
organismo encontra-se em hemoconcentração, liberando aldosterona e renina,
para reter sal e água e albumina que auxilia no aumento da pressão osmótica
no plasma. Desta forma, o organismo compensa a perda de volume
plasmático. O exercício físico, nesse caso, ocasiona uma hemodiluição no
atleta, aumentando o volume plasmático, em média 10%, nas 24 horas após a
atividade física (BEARD & TOBIN, 2000; FAINTUCH, 1992; NUVIALA et al.,
1999).
Pesquisas apontam que o exercício além de provocar hemodiluição
também estimula a eritropoiese, sendo esta, regulada pela quantidade de
oxigênio sanguíneo. Esse mecanismo porém é independente do responsável
pela hemodiluição e, dessa forma, na maioria das atletas, as respostas
causadas pelo mecanismo de hemodiluição são mais imediatas que as
relacionadas com a eritropoiese, ocasionando a pseudoanemia
(CONVERTINO, 1991; GREEN et al., 1991; LANDAHL et al., 2005).
Essa hemodiluição faz com que os níveis séricos de hematócrito
(volume de hemácias obtido através de centrifugação de sangue) do atleta
cheguem a aproximadamente 55% de hemácias durante o treinamento,
enquanto que em repouso esse valor pode chegar a 40%, ocorrendo a
pseudoanemia dilucional. O valor considerado normal para adulto é de 45%
(PAIVA et al., 2000; SANDSTED & LOFGREN, 2000).
Essa diluição também ocorre com as concentrações de hemoglobina
que têm valores médios de 14g/dL para homens e 12g/dL para mulheres e
apresenta variações entre 13,0 g/dL a 13,5 g/dL e 11,5 g/dL e 11 g/dL
respectivamente, quando avaliados esportistas e atletas de elite (RANDY
EICHNER, 1996).
No entanto, a hemodiluição, não é o único elemento que pode causar
alteração nos parâmetros bioquímicos dos atletas. Em alguns casos, existe a
deficiência de ferro, o que explica a baixa quantidade de hemoglobina. A
anemia causada por deficiência de ferro, é encontrada com freqüência em
atletas de varias modalidades esportivas. Por esse motivo, é necessário avaliar
o estado nutricional de ferro, em atletas para se obter uma avaliação correta da
causa das alterações bioquímicas (RANDY EICHNER, 1996; SARDINHA,
2002).
O estado nutricional de ferro é uma função da quantidade e
biodisponibilidade do ferro dietético e da extensão de suas perdas. Vários
fatores podem ser considerados como facilitadores para o aparecimento dessa
deficiência mineral que coloca em risco o desempenho e a saúde dos atletas
(CABRAL, 2004; SARDINHA, 2002).
Um dos fatores a ser considerado, é a hemólise por trauma, um
fenômeno que ocorre quando células sanguíneas se rompem, durante um
exercício físico intenso, com a presença ou não, de impacto. Essa hemólise é
justificada por alguns autores por vários mecanismos decorrentes do esforço: o
impacto físico, a isquemia renal, a desidratação, o aumento da temperatura
corporal e as lesões de tecidos moles. Desta forma, a hemólise não é apenas
relacionada a esportes de impacto, como corrida, futebol e judô, como mostram
alguns trabalhos, mas também em atletas de natação (CIANFLOCCO, 1995;
RANDY EICHNER, 2002).
Essa hemólise normalmente é suave, e raramente esgota a
haptoglobina, proteína responsável pela formação de um complexo que evita a
perda de sangue pela urina. Essa ligação hemoglobina–haptoglobina, atua na
reciclagem do ferro liberado na hemólise (RANDY EICHNER, 1996; SMITH et
al., 1999).
Em alguns casos, a hemólise pode ser benéfica para os atletas. Em
trabalho com ciclistas, realizado por Smith et al. (1999), os autores concluíram
que a hemólise elimina as hemácias mais velhas, que apresentam maior
rigidez, e estimula a produção de novas células vermelhas que passam com
maior facilidade pela microcirculação.
Outro fator relevante para o aparecimento de deficiência de ferro no
atleta, é a perda de ferro pelo trato gastrintestinal. Estudos com atletas que
apresentavam deficiência de ferro e praticavam corridas de longa distância,
utilizaram um marcador biológico de ferro radioativo para determinar as perdas
de ferro. Baseado nisso, concluíram que as perdas de ferro por essa via, eram
de 1 a 2 mg/dia, enquanto que em dias de competição, esses valores
aumentaram para 5 a 6 mg/dia (NACHTIGALL et al., 1996; NIELSEN &
NACHTIGALL , 1998; SARDINHA, 2002).
Em alguns casos, o sangramento tem como origem a gastrite, outros por
colite isquêmica (causando no atleta, diarréia sanguinolenta e cólica). As
causas desse quadro são, severa desidratação e desvio da corrente sanguínea
do intestino para os músculos. Randy Eichner (2002) relata que as atletas
femininas participantes do Ironman® tiveram de ser submetidas à intervenção
cirúrgica, para remoção do cólon devido à colite isquêmica severa (SARDINHA,
2002).
O suor é outro fator que pode ser considerado, segundo estudo
realizado por Seiler et al. (1989). No exercício moderado, a perda de suor é de
aproximadamente três litros, sendo que de 1 a 2 mg de ferro, podem estar
presentes na secreção. Porém Nachtigall et al. (1996) verificaram em
corredores que o ferro excretado pelas glândulas sudoríparas e pelos rins, não
apresentava risco para deficiência mineral, e ressaltaram que a determinação
do mineral no suor, é de difícil interpretação pois o material analisado é muito
suscetível à contaminação do meio e a descamação cutânea.
Nas mulheres em idade fértil existe outro fator que pode influenciar o
aparecimento de um estado nutricional inadequado de ferro que é a
menstruação. A perda de sangue, varia de 30 a 100 mL, e pode ocasionar uma
relação inversa, entre os níveis de ferritina e o fluxo menstrual (HALLBERG et
al., 1966).
De todos os fatores acima mencionados, a dieta inadequada, quanto à
ingestão de ferro é o principal componente para o aparecimento de um estado
nutricional inadequado de ferro, em atletas. Dietas com ingestão de ferro
abaixo da recomendada pelas “Dietary Refence Intakes” (DRI, 2001), são as
maiores causas de deficiência de ferro, em atletas, ocorrendo um desequilíbrio
entre a excreção de ferro e a reposição do mineral (CABRAL, 2004; RANDY
EICHNER, 2002; SARDINHA 2002).
Alguns fatores dietéticos além da própria falta de ferro na dieta, facilitam
o balanço negativo de ferro, nas refeições. A baixa ingestão calórica, (muitas
vezes devido a regime alimentar hipocalórico) dificulta a ingestão de
quantidade recomendada de ferro. A pequena ingestão de carne vermelha,
pescado e aves na dieta diminui consideravelmente a ingestão de ferro heme,
mais biodisponível. Em atletas vegetarianos essas características se tornam
ainda mais acentuadas. A ingestão excessiva de chá durante as refeições,
devido à presença de taninos, também inibe a absorção de ferro (GERMANO,
2002; RANDY EICHNER, 1996).
Dessa forma, devido ao elevado numero de fatores nutricionais que
atrapalham a absorção de ferro e pelas situações de maior perda mineral que o
atleta se expõe durante a prática esportiva intensa, muitos autores sugerem o
monitoramento do estado nutricional de ferro. Para isso, podem ser utilizadas
basicamente duas formas de análise: avaliação nutricional e avaliação
bioquímica
(GERMANO, 2002; RANDY EICHNER, 1996; 2002).
1.3 AVALIAÇÃO DIETÉTICA DA INGESTÃO DE FERRO EM ATLETAS
Devido a grande importância do tema, o levantamento dietético de uma
população é o primeiro parâmetro a ser considerado para avaliar o estado
nutricional, determinando de forma quantitativa e qualitativa o consumo
alimentar (DRI, 2000).
Ao avaliar a ingestão de nutrientes é necessário inicialmente,
estabelecer a ingestão habitual do indivíduo em estudo, em seguida, compará-
la com as necessidades deste mesmo indivíduo. Necessidade é definida como
o menor valor de ingestão continuada do nutriente que irá manter um grau
definido de nutrição em um indivíduo, para um dado critério de adequação
nutricional. Dessa forma, conclui-se que não é possível determinar, com
acurácia, a verdadeira necessidade do nutriente em um determinado indivíduo,
nem o verdadeiro consumo habitual. Apesar disso, é possível avaliar, utilizando
métodos indiretos, se a ingestão de uma pessoa atinge as necessidades
recomendadas. Essa avaliação pode ser chamada de adequação aparente
(DRI, 2000; MARCHIONI et al., 2004).
Muitos trabalhos que objetivam descrever o estado nutricional do atleta,
abrangendo vários nutrientes ou apenas um nutriente específico, utilizam os
valores de necessidades diárias citados na DRI (2000) como referência para
determinar a prevalência de inadequação na dieta dos atletas (MULLINIX et al.,
2003; PASCHOAL & AMANCIO, 2004; SANZ, 1998).
A DRI pode ser definida como um conjunto de quatro valores de
referência de ingestão de nutrientes: EAR (necessidade média estimada); RDA
(ingestão dietética recomendada); AI (ingestão adequada) e UL (nível máximo
tolerável), que são usados para avaliação e planejamento de dietas. Esses
valores foram prescritos para indivíduos saudáveis e possuem recomendações
diferenciadas, segundo o gênero e estado de vida (DRI, 2000; 2001;
MARCHIONI et al., 2004).
A EAR é o valor médio de ingestão diária, estimada para atender às
necessidades de 50% de indivíduos saudáveis de um grupo, em determinado
estágio de vida e gênero. Nesse nível de ingestão, a outra metade do grupo
não tem suas necessidades atingidas. A EAR é baseada em um critério
específico de adequação e formulada a partir de uma revisão cuidadosa da
literatura. Para o cálculo foi considerado a redução do risco de doenças por
deficiência ou por excesso de determinado nutriente (DRI, 2000).
Aplica-se a EAR, juntamente com a estimativa da variabilidade da
necessidade do nutriente, para avaliar a dieta, tanto de indivíduos quanto de
grupos de indivíduos. Ela também é utilizada para calcular a RDA (DRI, 2000).
A RDA é considerada como meta de ingestão individual, sendo essa
uma quantidade do nutriente suficiente para atender à necessidade de
aproximadamente, 98% dos indivíduos com as mesmas características citadas
na EAR. É derivada matematicamente a partir da EAR e do desvio-padrão da
necessidade do nutriente, considerando a normalidade, na distribuição da
necessidade do nutriente. Assim a definição de RDA é: o valor correspondente
a dois desvios padrão acima da necessidade média (EAR): RDA = EAR +
2DP
necessidade
(DRI, 2000).
Já a AI, é o nível de ingestão diário, baseada em níveis de ingestão,
derivados experimentalmente ou por aproximações, dos valores médios de
ingestão do nutriente. É utilizada, quando não existe quantidade suficiente de
informações para estabelecer a necessidade média estimada do nutriente
(EAR), e conseqüentemente a RDA. Devido a suas características, a AI
apresenta limitações para utilização em avaliações de dieta (DRI, 2000;
MARCHIONI et al., 2004; SLATER et al., 2004).
O outro valor de referência proposto pela DRI é o UL. Esse é o mais alto
valor de ingestão habitual do nutriente, com alta probabilidade de ser tolerado
biologicamente, mas não é um nível recomendado de ingestão (MARCHIONI et
al., 2004; SLATER et al., 2004).
Esses quatro valores de referência, não devem ser utilizados
aleatoriamente, pois apresentam funções específicas, baseados nas
recomendações da própria DRI. Quando todos os valores estiverem
disponíveis, a RDA e a AI devem ser utilizadas na elaboração de planos
alimentares para indivíduos. Já a EAR e a UL, devem ser empregadas para
avaliação da adequação da ingestão nutricional de indivíduos. Em ambos os
casos, devem-se dar preferência, na utilização da RDA e EAR (MARCHIONI et
al., 2004; SANZ, 1998).
Não considerar a variação da ingestão de nutrientes devido à
variabilidade do consumo alimentar, pode levar à subestimação ou
superestimação da ingestão habitual. Dessa forma, é fundamental obter-se
uma estimativa da variabilidade do consumo intrapessoal, que é o componente
que explica a variação do consumo de alimentos do indivíduo, no dia a dia
(MARCHIONI et al., 2004).
Além disso, existe uma variação da necessidade entre os indivíduos,
mesmo sendo esses, pertencentes ao mesmo estágio de vida e gênero. Assim,
é importante levar-se em conta essa variabilidade, que é dada pelo coeficiente
de variação (CV) do nutriente. Para a maioria dos nutrientes, foi assumida uma
variação de 10%, com exceção da niacina, cujo CV foi estabelecido como 15%
(DRI, 2000; MARCHIONI et al., 2004).
De posse das informações necessárias: estimativas e variabilidade de
ingestão do nutriente, EAR e CV do nutriente, passa-se a calcular a adequação
aparente (DRI, 2000; MARCHIONI et al., 2004).
Para isso, desenvolveram-se abordagens estatísticas que permitem
estimar o grau de confiança com que a ingestão do nutriente alcança a
necessidade do indivíduo. Essa abordagem compara a diferença entre a
ingestão relatada (a melhor estimativa da ingestão habitual) e a EAR, AI, ou
ainda UL, e leva em conta, a variabilidade da necessidade e a variação
intrapessoal. São três as equações utilizadas, uma para cada recomendação.
A equação um é para o cálculo com EAR, a dois é para AI, e a três é para UL,
(equação 1, 2 e 3, respectivamente) (DRI, 2000; MARCHIONI et al., 2004).
Equação 1
_
Z= D/DPd= у - EAR
Vnec + (Vint/ n)
Onde:
__
у
: é a média de ingestão de n dias do nutriente pelo indivíduo.
EAR: é a melhor estimativa da necessidade do nutriente pelo indivíduo.
Vnec: é a variância da necessidade.
Vint: é a variância intrapessoal.
n: corresponde ao número de dias em que o indivíduo teve sua ingestão
avaliada.
Equação 2
_
z=
у
– AI____
dp
int
/ n
Onde:
__
у
: é a média de ingestão de n dias do nutriente pelo indivíduo.
AI: é o valor de referência estabelecido na impossibilidade de estabelecer a
EAR pelo indivíduo.
Dpint: é a o desvio-padrão intrapessoal, obtido em estudos populacionais.
n: corresponde ao número de dias em que o indivíduo teve sua ingestão
avaliada.
Equação 3
_
z=
у
– UL____
dp
int
/ n
Onde:
__
у
: é a média de ingestão de n dias do nutriente pelo indivíduo.
Dpint: é o desvio-padrão intrapessoal, obtido em estudos populacionais.
UL: é o valor de referência estabelecido como limite superior de ingestão do
nutriente que não causa efeitos adversos.
n: corresponde ao número de dias em que o indivíduo teve sua ingestão
avaliada.
Os resultados dessas equações é um escore-Z, por meio do qual se
determina a probabilidade da dieta estar adequada, ou seja, o grau de
confiança que a ingestão alcança as necessidades. Esse grau de confiança
pode ser prefixado pelo pesquisado, e varia de 70% a 98% . Dessa forma,
quando é possível utilizar esse método estatístico, a avaliação da ingestão
nutricional, em atletas pode ser realizada com menores erros e,
conseqüentemente, maior precisão (DRI, 2000; MARCHIONI et al., 2004).
Porém, existem situações onde essa abordagem estatística não é
apropriada. A primeira delas, é quando a ingestão diária observada na
população de referência, não é normal (simetricamente distribuída). Nesse
caso, o coeficiente de variação é maior que 60 %. Outra situação que limita a
utilização do método estatístico é quando a distribuição das necessidades
individuais dos nutrientes não é simétrica ou normal (MARCHIONI et al., 2004).
Alguns nutrientes que afetam a biodisponiblidade de ferro apresentam
características que se enquadram dentro das limitações citadas, como a
vitamina C e A. Neste caso, o CV é maior que 60%, o que limita a utilização
dos métodos estatísticos citados. Já os nutrientes zinco e ferro, apresentam
limitações devido à assimetria das necessidades individuais dos nutrientes. No
caso específico do ferro, isso se deve a perda de ferro decorrentes da
menstruação. Para esses nutrientes, a RDA é usada para avaliar se o
individuo atingiu a meta de ingestão, assumindo que uma ingestão habitual
acima da RDA, apresenta uma ingestão adequada (DRI, 2000).
Existem vários métodos indiretos para verificar a se a ingestão alimentar
habitual de um indivíduo atinge as necessidades recomendadas. Sabe-se que
não existe “melhor método” e sim o método mais adequado para determinada
situação. No caso dos atletas, devem se levar em consideração a ingestão de
líquidos isotônicos e suplementos alimentares, o que exige uma atenção
especial, durante a aplicação dos inquéritos alimentares (DRI, 2000; SLATER
et al., 2004).
Para estabelecer uma estimativa da ingestão diária dos nutrientes,
devem ser utilizados os métodos de inquérito alimentar, sendo os mais
indicados os registros alimentares e recordatório de 24 horas. A melhor
estimativa da ingestão do nutriente pelo indivíduo, é dada pela média de vários
dias de consumo dietético obtido pelos métodos citados. Os métodos como
história dietética e o questionário de freqüência alimentar, que utilizam listas
fechadas de alimentos, não são apropriados para esta finalidade. Porém,
podem ser utilizadas como complemento a outros métodos, mas não
isoladamente, quando o objetivo é a estimativa da ingestão diária de nutrientes
(DRI, 2001).
O recordatório 24 horas, é considerado o método mais utilizado no Brasil
e no mundo, consistindo em definir e quantificar todos os alimentos e bebidas,
ingeridas no período anterior a entrevista, podendo ser às 24 horas
precedentes ou o dia anterior. As principais vantagens desse método são: não
influenciar na dieta do individuo, baixo custo, rapidez de execução e a ampla
faixa etária para realização. Porém, depende da capacidade de memória do
indivíduo e de um entrevistador bem treinado. Além disso, pode existir
dificuldade para definir as porções ingeridas (DRI, 2000; SLATER et al., 2004).
O registro alimentar, com anotação do tamanho das porções, também
chamado de registro estimado, utiliza formulários especialmente desenhados,
onde todos os alimentos consumidos ao longo de um dia, e os ingeridos, no
caso dos atletas, durante uma sessão de treinamento (MARCHIONI et al.,
2004; SLATER et al., 2004).
A DRI recomenda a aplicação de três dias de registro, sendo utilizado
em dias alternados e abrangendo um final de semana. O objetivo desse tipo de
inquérito é determinar a ingestão atual do indivíduo. Nesse caso, o atleta
participante, deve registrar detalhadamente suas refeições, descrevendo o
modo de preparação, os ingredientes que as compõe e a marca do alimento.
Além de adição de condimentos, como sal e molhos e o tipo de bebida ingerida
regular, diet/light e isotônicos (MULLINIX et al., 2003; PASCHOAL &
AMANCIO, 2004; RIBEIRO & SOARES, 2002; SLATER et al. 2004).
As principais vantagens desse método são: o indivíduo anotar os
alimentos ingeridos no momento do consumo, não dependendo da capacidade
de memória e ser possível estimar a quantidade de sal ingerida. Porém,
existem algumas desvantagens para uma correta avaliação: a grande
dependência do entrevistado para estimar de forma corretamente as porções; e
as sobras dos alimentos, que são computadas como ingeridas (RIBEIRO &
SOARES, 2002; SLATER et al., 2004).
O registro alimentar, apresenta desvantagens como todos os inquéritos,
porém quando o objetivo é avaliar o estado nutricional de atletas, parece ser o
método mais equilibrado. Existindo inúmeros trabalhos que utilizam esse tipo
de método, devido ao fato do tempo restrito que os atletas profissionais
dispõem. O que dificulta a realização de entrevistas ou aplicação de
questionários extensos (HOFFMAN et al., 2002, RIBEIRO & SOARES, 2002).
1.4 AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DO ESTADO NUTRICIONAL DE FERRO EM
ATLETAS
Os estudos buscam avaliar nos atletas o estado nutricional de ferro e a
presença ou não de anemia. Pesquisas realizadas recentemente têm utilizado
os parâmetros propostos pela DRI para determinar os diferentes estágios de
deficiência de ferro. Sendo considerado um dos parâmetros de referência para
análise bioquímica do estado nutricional de atletas (COOK, 1982; DRI, 2001;
INACG, 1995).
Segundo a DRI (2001) a carência de ferro ocorre de forma gradual e
progressiva no organismo humano, podendo ser dividida em três estágios:
depleção dos estoques de ferro, deficiência precoce de ferro e anemia por
deficiência de ferro.
Quadro 1. Caracterização nutricional de deficiência de ferro de acordo com a
Dietary Reference Intakes (DRI, 2001).
Estágio da
deficiência
Parâmetro bioquímico Ponto de corte
Estoque depletado Hemossiderina na medula óssea
CTLF (capacidade total de ligação de
ferro)
Concentração de ferritina sérica
Ausente
>400µl/dL
<12 µg/L
Deficiência
precoce de ferro
Saturação de transferrina (ST)
Protoporfirina eritrocitária livre
Receptor de transferrina sérica
<16%
>70µl/dl Eritrócito
>8,5 mg/L
Anemia por
deficiência de ferro
Concentração de hemoglobina
VCM (volume corpuscular médio)
<13,0g/dL
(homem)
<12,0g/dL
(mulher)
<80 fl
Fonte: Dietary Reference Intakes for Iron- pp 9-9 Institute of Medicine, National
Academy, press Washington, D.C., 2001.
O primeiro estágio é a depleção de ferro, nesse caso os depósitos de
ferro são afetados, ocorrendo a depleção completa do mineral, aumentando a
vulnerabilidade do organismo ao balanço negativo de ferro na dieta, podendo
progredir até conseqüências mais graves onde afetem as funções básicas do
organismo. O segundo estágio, chamado deficiência precoce de ferro, é
referido como uma eritropoiese de ferro deficiente, onde ocorrem alterações
bioquímicas devido à insuficiência de ferro para a produção normal de
hemoglobina e outros compostos férricos. Já no terceiro estágio, encontra-se
diminuída as concentrações de hemoglobina no organismo, no caso a anemia
ferropriva. Ocorre assim alterações funcionais de maior gravidade, conforme os
níveis de hemoglobina no organismo (COOK et al., 1992; DRI, 2001; PAIVA et
al., 2000; SZARFARC et al., 1995; YIP & DALLMAN, 1997).
Esses parâmetros apresentados pela DRI, são as principais
avaliações utilizadas para identificar o estado nutricional de ferro do indivíduo.
Porém, nenhum deles pode ser utilizado isoladamente, para se concluir sobre o
estado nutricional do mesmo (COOK et al., 1992; PAIVA et al., 2000;
WORWOOD, 1995).
Considerado “padrão ouro” para o diagnóstico de ferro in “vitro”, a
determinação da hemossiderina na medula óssea, utiliza o método de
coloração de Perls, e identifica a ausência de ferro, na medula. Este é um
indicativo indiscutível para detectar a depleção de ferro. No entanto, é um
método invasivo não sendo apropriado para triagem de grande quantidade de
indivíduos (COOK et al., 1992; PAIVA et al., 2000; WORWOOD,1995).
Outro indicador utilizado é a capacidade total de ligação de ferro (CTLF),
quando seu valor é aumentado acima da faixa de normalidade de 45 e 70
µmol/L, que indica a existência de depleção de ferro. Quando existe algum
processo infeccioso, os valores da CTLF tendem a diminuir e, no caso de
coexistir a deficiência de ferro e infecção, esses valores podem acabar se
situando dentro da faixa de normalidade. Desse modo um processo infeccioso
pode ocultar uma depleção do estoque de ferro e o valor isolado desse
parâmetro não deve ser usado (PAIVA et al., 2000; SZARFARC et al., 1995).
A ferritina sérica é amplamente utilizada em estudos com indivíduos
fisicamente ativos e atletas em geral, sendo considerada uma medida
importante pois, apresenta alta correlação do sangue periférico analisado com
as reservas de ferro presente nos tecidos. A ferritina sérica, reflete os estoques
corporais de ferro, existindo uma relação de 8 a 10 mg estocados para cada
µg/L. O ponto de corte adotado pela DRI é <12µg/L, para mulheres; abaixo
desse valor a atleta já estaria com suas reservas corporais de ferro depletadas.
(PAIVA et al., 2000; SZARFARC et al., 1995).
Alguns autores adotam valores limites entre 12 µg/L e 20 µg/L de
ferritina e em alguns casos até 35 µg/L, essa variação parcial nos estoques de
ferro, já poderia estar comprometendo o desempenho do atleta, segundo esses
estudos. No entanto, não existe um consenso sobre esses valores, e a DRI
parece ser o referencial mais seguro ao utilizar o parâmetro de ferritina sérica
para avaliar o estado nutricional de ferro (ANDERSON, 1988; DRI, 2001;
GUERRA-SHINOHARA et al., 1998; PAIVA et al., 2000; TELFOFD et al.,
1992).
O ferro sérico em alguns trabalhos também foi utilizado, pois qualquer
declínio no ferro corporal é acompanhado do declínio desse indicador quando
as reservas estão esgotadas. Sua principal utilização, na definição do estado
nutricional do atleta é a relação feita com a CTLF que resulta na Saturação de
Transferrina (ST). Neste caso, este índice é utilizado para diferenciar a anemia
ferropriva da talassemia. Os valores considerados normais são acima de 16%
de saturação de transferrina, taxas inferiores, indicam ferro insuficiente para
produção de células vermelhas (COOK, 1982; COOK et al., 1992; PAIVA et al.,
2000; WORWOOD, 1995).
Outro parâmetro que mede o ferro disponível aos tecidos, é a
protoporfirina eritrocitária livre (PEL). A redução dos suprimentos de ferro para
dentro dos enterócitos, resulta em um aumento na concentração de
protoporfirina, no interior dessas células. Apesar dessa avaliação não ser muito
utilizada em níveis clínicos, é recomendada pela DRI. Seu ponto de corte para
deficiência de ferro é de 70µl/dL eritrócito (PAIVA et al., 2000).
Um parâmetro mais recente, se comparado com os métodos citados
anteriormente, é a medição dos receptores de transferrina sérica. Este
apresenta a vantagem de ser menos influenciado por inflamações no
organismo e tem boa correlação com outros parâmetros. No entanto, tem custo
financeiro elevado, o que torna muitas vezes inviável para grandes amostras.
Os valores de referência para normalidade são menores que 5,6 mg/L, acima
deste o indivíduo é considerado com deficiência precoce de ferro (COOK et al.,
1992; KOHGO et al., 1987).
Quando a deficiência de ferro se encontra no estágio final, ocorre um
decréscimo significativo da produção de hemoglobina, ocasionando a anemia
ferropriva. Os valores da hemoglobina são usados universalmente para definir
a presença de anemia. Esse parâmetro sofre influência de inúmeros fatores,
como estado nutricional do indivíduo, gestação, desidratação e atividade física.
Os pontos de corte citados pela Organização Mundial da Saúde e pela DRI,
são os mesmos. Sendo para homens, 13 g/dL e para mulheres, 12 g/dL. Para
atletas, esses valores devem ter atenção especial, pois quando utilizada a
hemoglobina como único parâmetro os valores de referência devem ser
alterados. Além disso, o tempo de descanso após o treinamento ou
competição, pode influenciar nos resultados dos exames. Esses cuidados são
necessários devido à hemodiluição, que pode ocorrer em função da prática do
exercício físico
(PAIVA et al., 2000; RANDY EICHNER, 1996; 2002), conforme
já comentado anteriormente no presente trabalho.
O volume corpuscular médio, que mede o tamanho médio dos eritrócitos
parece ser um indicador confiável da redução da síntese de hemoglobina, com
valores normais acima de 80 fentolitros (fl). Esse tipo de análise hematimétrica,
é utilizada para diagnosticar a carência de ferro após a manifestação de
anemia, uma vez que as alterações nas células vermelhas, ocorrem após a
diminuição da concentração de hemoglobina (DRI, 2001; PAIVA et al., 2000).
Seguindo a recomendação da DRI, a utilização dos parâmetros citados
anteriormente deve ocorrer de forma combinada para se obter um diagnóstico
preciso e sensível do estado nutricional de ferro do atleta ou da população
estudada. Dessa forma é possível minimizar as deficiências apresentadas por
cada um dos parâmetros (DRI, 2000; PAIVA et al., 2000).
Alguns autores sugerem a avaliação periódica dos parâmetros
bioquímicos relacionados com o ferro, principalmente em atletas femininas
visando, evitar uma possível queda de desempenho (FAINTUCH, 1992,
NUVIALA et al., 1999).
Essa importância dada às análises nutricionais e bioquímicas do estado
nutricional de ferro nos atletas, principalmente do sexo feminino, se deve à
queda do desempenho que a deficiência mineral de ferro pode causar a um
atleta de alto rendimento, comprometendo desde a sua performance nos
treinamentos e competições até a saúde.
1.5 CONSEQÜÊNCIAS DO ESTADO NUTRICIONAL DE FERRO
DEFICIÊNTE PARA O ATLETA
A depleção de ferro, estágio inicial da deficiência de ferro é uma das
deficiências mais prevalentes em atletas, principalmente em mulheres,
atingindo valores de 9 a 11%, dessa população (DRI, 2001; HAYMES &
CLAKSON, 1998; LOOKER et al., 1997).
Haymes & Clarkson (1998) e Manore & Thompson (2000), mostraram
que existe um impacto dessa depleção no desempenho dos atletas. Além
disso, ela pode provocar anemia por deficiência de ferro, onde o desempenho
será ainda mais comprometido.
A anemia por deficiência de ferro causa diminuição da capacidade
aeróbia, devido a hemoglobina insuficiente para o transporte de oxigênio aos
tecidos. Ocorre também a diminuição de mioglobina e de outras proteínas que
contém ferro no músculo esquelético que acabam ocasionando uma redução,
na capacidade de trabalho. Além da diminuição do metabolismo aeróbio e o
aumento da fadiga. (BEARD & TOBIN, 2000; RISSER et al., 1988).
Já a depleção dos estoques de ferro sem a presença de anemia, utiliza a
ferritina sérica como principal marcador. Quando a ferritina sérica é menor que
12 µg/L, representa depleção completa das reservas corporais, já entre 12 µg/L
e 20 µg/L, mostram as reservas em quantidade mínimas e acima de 20 µg/L,
reservas corporais adequadas (DAMASO, 2001).
Apesar dessas definições, Nielsen & Natchtigall (1998), encontraram
uma perda de desempenho com valores abaixo de 35 µg/L de ferritina. Neste
caso, foi sugerida a suplementação a esses atletas, para prevenir o surgimento
de anemia por deficiência de ferro e a manutenção do desempenho. Em outro
trabalho com suplementação de ferro foi mostrado, em homens, que o aumento
da ferritina plasmática, acima de 30 µg/L, estava associado com a melhora no
desempenho do sistema energético anaeróbio (TELFOFD et al., 1992).
Alguns trabalhos demonstram que a ferritina sérica < 20 µg/L, ocasiona
diminuição no desempenho e nas adaptações ao treinamento aeróbico. Além
da diminuição na eficiência de trabalho, em exercícios submáximos. Em função
do treinamento aeróbio, ocorre o aumento da atividade da enzima citocromo da
cadeia respiratória e aumento de outras enzimas dependentes de ferro. Assim
se existe a deficiência de ferro, as respostas ao treinamento acabam sendo
prejudicadas. Em testes anaeróbios na cadeira extensora, também foi
observado aumento da fadiga muscular, na presença de depleção de ferro
(BROWNLIE et al., 2002; BRUTSAERT et al., 2003; HINTON et al., 2000, ZHU
& HASS, 1998).
Utilizando os mesmos valores citados na DRI (2001), ferritina <12 µg/L,
alguns autores demonstraram, aumento da concentração de lactato, o que
acelera a fadiga por acidose metabólica, e ocasiona diminuição da capacidade
de trabalho, quando esses atletas apresentavam depleção completa de ferro.
Ocasionando também o aumento da vulnerabilidade do organismo ao balanço
negativo de ferro, expondo as possíveis alterações funcionais (DRI, 2001;
LUKASKI et al., 1991; NEW HOUSE & CLEMENT, 1995).
Apesar de alguns trabalhos citados anteriormente sugerirem a
suplementação de ferro para a prevenção da depleção de ferro e da anemia
ferropriva, essa prevenção, pode ocorrer utilizando apenas num treinamento
corretamente planejado, combinado com dieta balanceada
(SARDINHA, 2002;
CHATARD et al., 1999).
2.OBJETIVOS
2.1 GERAL
O objetivo deste estudo foi avaliar o estado nutricional do micronutriente
ferro de atletas adultas do sexo feminino, jogadoras de futebol, que treinavam
diariamente e participavam de competições semanais.
2.2 ESPECÍFICOS
Avaliar o estado de treinamento das atletas, quantificando e qualificando
o volume de treinamento semanal.
Determinar os dados antropométricos referentes ao peso, altura, índice
de massa corporal (IMC) e o percentual de gordura corporal das atletas
participantes.
Avaliar a ingestão dietética de macronutrientes, energia e fibras. Além
dos micronutrientes: vitamina A, vitamina C, cálcio, ferro e zinco das
jogadoras.
Determinar os parâmetros bioquímicos do sangue relacionados à
Ferritina Sérica (FS), Capacidade Total de Ligação do Ferro (CTLF),
Saturação de Transferrina (ST), Volume Corpuscular Médio (VCM) e
Hemoglobina (HB), das atletas.
3. CASUÍSTICA E MÉTODO
Trata-se de estudo transversal descritivo com delineamento amostral
não-probabilístico, realizado por conveniência do pesquisador.
Participaram do presente estudo, 38 jogadoras de futebol, adultas que
treinavam diariamente e participavam de competições semanais, pertencentes
a dois times participantes da fase final do campeonato paulista de 2006, nas
cidades de Araraquara e Botucatu do Estado de São Paulo. Todas as
voluntárias tinham idade superior a 21 anos, e a média de idade variou de 23 ±
3 anos, não faziam uso de suplementos alimentares e segundo as informações
das próprias atletas, o ciclo menstrual era considerado regular. Para
participação, deveriam ter autorização do técnico da equipe das respectivas
cidades.
Foram realizadas entrevistas individuais, explicando às jogadoras os
objetivos e procedimentos da pesquisa. No mesmo momento também foi
entregue as atletas que concordaram em participar, “o termo de consentimento
livre e esclarecido”. Toda pesquisa foi realizada seguindo as normas do Comitê
de Ética da Faculdade de Ciências Farmacêuticas-UNESP, que aprovou a
realização desse trabalho baseado nos aspectos da resolução 196/96
Conselho Nacional de Saúde (CNS).
Foram excluídas do estudo as atletas que durante a entrevista de
seleção e recrutamento, referiram ter alguma doença, ou utilizarem algum
medicamento, inclusive, os anticoncepcionais.
3.1 AVALIAÇÃO DO ESTADO DE TREINAMENTO
Por meio de entrevistas individuais realizadas junto ao técnico e
preparador físico das equipes participantes, foi possível determinar qual o
estado de treinamento das atletas, durante o período em que foi realizada a
coleta dos dados. Foram questionadas algumas características do treinamento
como: volume (freqüência e duração), densidade (carga e tempo de
recuperação) e intensidade. Além disso, foi solicitada a especificação do
objetivo de cada treinamento realizado. Esses dados em conjunto foram
utilizados para determinar e caracterizar o estado de treinamento das equipes.
3.2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Para o levantamento das informações sobre ingestão alimentar, foram
realizados três registros alimentares de 24 horas e um questionário de
freqüência alimentar, adaptados do “Dietary Assessment Resource Manual”
(THOMPSON & BYERS, 1994). Sabendo que todo método de determinação de
ingestão alimentar, apresentam pontos positivos e negativos e que não existe
método 100% isento de influências, buscou-se a metodologia que mais se
adequava à população estudada e aos objetivos da pesquisa (MARCHIONI et
al., 2004).
Todos os resultados foram comparados com as recomendações da DRI
(2000, 2001), com exceção da proporção de macronutrientes ingeridos pelas
atletas. Esses foram analisados de acordo com a ”Americam Dietetic
Association” (ADA, 2000).
A caracterização do estado nutricional das atletas foi realizada por meio
dos indicadores antropométricos de peso, altura, IMC e percentual de gordura
corporal, e por avaliações bioquímicas através dos parâmetros de ferritina
sérica, capacidade total de ligação do ferro, saturação de transferrina, volume
corpuscular médio e hemoglobina.
3.2.1 Registro alimentar de 24 horas
O registro alimentar de 24 horas, é realizado utilizando um formulário
especialmente desenhado, onde o participante da pesquisa anota todos os
alimentos consumidos ao longo de um dia.
A aplicação do registro foi durante três dias, sendo em dias alternados e
abrangendo um final de semana. Neste caso, a atleta participante, registrou
detalhadamente, o modo de preparação, os ingredientes que as compõem, e a
marca do alimento. Além de adição de condimentos, como sal, molhos e o tipo
de bebida ingerida, regular ou diet/light. As quantidades dos alimentos
consumidos foram estimadas em medidas caseiras. A partir desses dados
foram calculados a energia e os nutrientes consumidos com o software
“Programa de Apoio à Nutrição” ou “NutWin®”, da Escola Paulista de Medicina,
UNIFESP, São Paulo.
3.2.2 Questionário de Freqüência Alimentar
Por meio de um questionário semi-quantitativo adaptado do “Dietary
Assessment Resource Manual” (THOMPSON & BYERS, 1994), foi realizada
uma revisão retrospectiva da freqüência de ingestão usual com base numa lista
de diferentes alimentos e da freqüência de consumo por dia e semana. As
quantidades dos alimentos foram obtidas através da descrição de medidas
caseiras. Foram questionadas também quanto à utilização de algum
suplemento nutricional, a freqüência de utilização, o tipo de suplemento e a
marca comercial do mesmo.
3.3 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
Para avaliação antropométrica das participantes foram realizadas as
medidas de peso, altura e pregas cutâneas. As jogadoras foram pesadas e
medidas em um único momento do experimento. A pesagem foi realizada com
a atleta sem sapatos e com roupas leves, em balança digital da marca G-Tech,
modelo Flat-1. Com capacidade de 150 kg e precisão de 100g. A estatura foi
registrada em centímetros, com o auxilio de uma fita inelástica fixada em uma
parede lisa e sem rodapé a 100 cm do chão. As voluntárias foram orientadas a
seguir o plano Frankfurt, onde elas ficavam em pé, descalças, com os
calcanhares juntos, costas retas e os braços estendidos ao lado do corpo.
Esses dados obtidos foram comparados com os citados na literatura. Também
foi calculado o IMC e verificado o nível de adequação. (FAO, 2003).
As medidas de pregas cutâneas foram realizadas utilizando um
adipômetro científico da marca CESCORF® modelo Harpender. As medidas
foram tomadas de acordo com o protocolo Guedes (1985), composto por três
pregas: subescapular, suprailíaca e coxa. Com os cálculos específicos
padronizados e citados pelo autor para determinação da densidade corporal e
percentual de gordura, foram obtidos os valores de massa gorda e massa
magra das atletas participantes da pesquisa.
Equação Protocolo de Guedes:
DC = 1,1665-0,0706xlog10 (CX+SI+SB)
Fórmula de Siri (1962)
% de gordura = [(4,95/ DC) – 4,5] x 100
Onde: DC= densidade corporal
CX= coxa
SI= suprailíaca
SB= Subescapular
3.4 DETERMINAÇÕES BIOQUÍMICAS:
3.4.1 Coleta de Sangue
O sangue foi colhido pela manhã com os indivíduos em jejum de no
mínimo, 8 horas. E após um período de 24 horas sem a realização de alguma
atividade física. Foi coletada uma amostra de 15 mL de sangue de cada
participante, por meio de punção venosa a vácuo com tubos Vacutainer®. A
amostra sangüínea foi coletada a domicílio, sendo realizada por um profissional
experiente, seguindo todas as normas para manutenção da integridade e
saúde dos voluntários.
3.4.2 Parâmetros Laboratoriais Analisados
As análises bioquímicas seguiram as recomendações da DRI (2001),
para análise dos resultados e seleção dos parâmetros avaliados. Foram
analisados: a concentração de Hemoglobina e Volume Corpuscular Médio,
através do método Automatizado-Scatter Laser, aparelho Cobas Micros 45T,
ABX França. A Ferritina Sérica foi analisada usando o método ELISA (Enzyme-
linked immunosorbent assay) com o kit da Ranco Laboratories (EUA); o Ferro
Sérico foi determinado com o método de análise espectrofotometria
(BioSystens, Espanha). Já a Capacidade Total de Ligação do Ferro foi
analisada pelo método de colorimetria (Sigma Diagnostics, EUA). Para a
Saturação de Transferrina foi usado o método descrito pela International
Nutritional Anemia Consultive Group (INACG, 1985). Esse valor foi
determinado através da Divisão da Capacidade total de ligação de ferro pelo
Ferro Sérico. O Ferro Sérico foi avaliado pelo método de análise
espectrofotometria (BioSystens, Espanha).
As análises foram realizadas, no Laboratório de Análises Clínicas “São
Lucas”– Araraquara - SP.
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS
Os resultados numéricos obtidos das coletas foram submetidos a
tratamentos descritivos simples, tal como média e desvio padrão.
Para o consumo de nutrientes, parâmetros bioquímicos e antropometria
foram calculadas as medidas de resumo.
Com as medidas antropométricas foram calculadas somente as medidas
de resumo, visto que o objetivo dessas medidas era apenas caracterizar a
população estudada.
As atletas foram agrupadas, segundo a adequação nutricional, sendo
que cada nutriente recebia uma classificação de adequação nutricional,
baseada na DRI (2000). Apenas os valores para classificação da porcentagem
ingerida de macronutrientes foram baseados, na ADA (2000). Assim para
energia, proteínas em gramas e porcentagem ingerida de macronutrientes, as
atletas tiveram seu consumo de nutrientes classificado como ingestão
adequada (IA) ou ingestão inadequada (II). Para as fibras e cálcio, o consumo
de nutrientes das atletas foi classificado como ingestão adequada (IA) ou
ingestão indeterminada (IND). Ferro, zinco, vitamina A e vitamina C tiveram sua
ingestão de nutrientes classificada como meta de ingestão alcançada (A) ou
meta de ingestão não alcançada (NA).
Com relação aos parâmetros bioquímicos, as atletas foram classificadas
em presença de: Anemia Ferropriva, Deficiência funcional de ferro e Depleção
dos estoques de ferro e Normal.
Os dados foram apresentados em tabelas e gráficos.
4. RESULTADOS
O treinamento que as atletas participavam era similar nas duas equipes
participantes. Com freqüência de cinco vezes por semana com dois períodos
de treinamento por dia e com a mesma participação semanal, em jogos oficiais
referentes ao campeonato que estavam disputando. O padrão de treinamento
realizado por ambas as equipes, consistia em treinamento resistido três vezes
por semana e duas vezes por semana, um treinamento de manutenção do
condicionamento físico. Nos períodos restantes, ocorriam treinamentos
técnicos e jogos treino, distribuídos conforme a necessidade da equipe, a
critério do técnico e do preparador físico.
Na tabela 1 encontram-se distribuídas os resultados referentes as
Medidas de Resumo da avaliação antropométrica realizadas nas atletas com
suas respectivas unidades de medida.
Tabela 1. Medidas de Resumo das medições antropométricas realizadas nas
atletas. Araraquara, SP. 2006.
Nota-se que existe uma diferença considerável entre a altura mínima e a
máxima das jogadoras. O mesmo ocorreu com os valores do peso corporal. O
que veio a refletir nos valores do IMC. Outra medida com grande variação entre
o mínimo e máximo, foi o percentual de gordura corporal.
Medidas
antropométricas mínimo máximo média
desvio -
padrão
Altura (cm)
151,00 178,50 165,19 6,10
Peso (kg)
47,00 72,50 58,73 6,08
IMC (kg/m²)
18,53 24,53 21,51 1,87
% de gordura
corporal
9,50 28,86 18,61 4,58
A média dos valores encontrados foi utilizada para a caracterização das
atletas estudadas e para compará-las com outras pesquisas realizadas.
Na tabela 2 encontra-se a distribuição das Medidas de Resumo da
ingestão de nutrientes, realizadas pelas atletas com suas respectivas unidades
de medida.
Tabela 2. Medidas de Resumo da ingestão de nutrientes realizada pelas
atletas. Araraquara, SP. 2006.
Nutrientes mínimo máximo média desvio-padrão
% carboidrato
34,65 71,14 57,64 6,43
% proteína
5,11 33,72 17,57 6,21
% lipídio
13,12 35,42 25,06 5,84
Energia (kcal)
816,54 2777,07 1671,97 550,95
Fibras (g)
1,88 31,30 16,27 11,01
Proteína (g)
22,48 121,28 69,9 24,91
Vit. A (µg RAE)
37,25 881,26 324,14 257,06
Vit. C (mg)
4,92 188,41 54,75 47,58
Cálcio (mg)
134,98 1645,08 630,38 351,23
Ferro (mg)
5,05 19,86 11,68 3,88
Zinco (mg)
2,66 14,70 8,36 2,79
É possível notar que todos os valores máximos e mínimos,
apresentaram grande variação entre eles. Considerando que grande parte das
pesquisas apresentam os valores médios da ingestão de macronutrientes e
micronutrientes dos indivíduos avaliados, os valores médios encontrados no
presente estudo podem ser utilizados para uma comparação com as pesquisas
similares.
Na tabela 3 encontra-se a distribuição das freqüências (n(%)) das
atletas, segundo o consumo de macronutrientes, classificados como ingestão
adequada (IA) ou ingestão inadequada (II).
Tabela 3. Distribuição das freqüências (n(%)) das atletas segundo o consumo
de macronutrientes classificados como ingestão adequada (IA) ou ingestão
Tabela 4. Distribuição das freqüências (n(%)) das atletas, segundo o consumo
de micronutrientes, classificados como ingestão adequada (IA) ou ingestão
indeterminada (IND). Araraquara, SP. 2006.
n(%)
Nutrientes IA IND
Fibras
2 (5,26) 36(94,74)
Cálcio
4 (10,53) 34(89,47)
Observa-se que o numero de atletas com uma ingestão indetermina foi
superior ao de atletas que certamente atingiram a ingestão adequada do
nutriente. Essa característica foi comum nos dois nutrientes. Porém devido as
características de classificação propostas pela DRI o resultado torna-se não
conclusivo.
Na tabela 5 encontra-se a distribuição das freqüências (n(%)) das atletas
segundo o consumo de micronutrientes (Ferro, Zinco, Vitamina A e C),
classificados como meta de ingestão alcançada (A) ou não alcançada (NA)
Tabela 5. Distribuição das freqüências (n(%)) das atletas, segundo o consumo
de micronutrientes (Ferro, Zinco, Vitamina A e C), classificados como meta de
ingestão alcançada (A) ou meta de ingestão não alcançada (NA). Araraquara,
SP. 2006.
n(%)
Nutrientes A NA
Vitamina A
9 (23,68) 29(76,32)
Vitamina C
12(31,58) 26(68,42)
Ferro
4 (10,53) 34(89,47)
Zinco
24(63,16) 14(36,84)
Nota-se qu0 aaagestão foi alcançada em mais50% das
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Anemia
F e rro pri v a
D efici ên cia ferr o
f unc i o na l
D epl eção dos
est oques de
fe rro
No rm a l
Classificação
n
Figura 1. Distribuição de freqüência (n) das atletas segundo o estado
nutricional de ferro. Araraquara, 2006.
Nota-se que apenas duas atletas apresentaram deficiência de ferro.
Sendo uma, em estágio inicial de depleção dos estoques de ferro e outra, em
um estágio mais avançado de anemia ferropriva. As outras 36 atletas estavam
com os parâmetros bioquímicos e hematológicos, normais.
5.0 DISCUSSÃO
5.1 VALORES ANTROPOMÉTRICOS
No presente estudo, foi verificado que a altura média das atletas
avaliadas (165,19 cm) está muito próxima das atletas das seleções de futebol
feminino inglesa, e canadense, 166 cm e 164,8 cm, respectivamente. Também
apresentaram valores próximos às atletas pertencentes a liga norte americana
de futebol feminino, que possuíam altura média, de 165,8 cm. Apesar de existir
diferença nas idades entre as atletas avaliadas nesta pesquisa em relação as
norte americanas (19,7 anos), inglesas (25,4 anos) e canadenses (20,3 anos),
todas já se encontravam em idade adulta e no mesmo período de crescimento.
Conseqüentemente, o crescimento pode ser considerável desprezível (CLARK
et al., 2003; GUYTON & HALL, 1997; SANZ,1998).
Comparando o peso corporal médio das atletas avaliadas, 58,73 Kg,
com os valores médios das seleções inglesa e canadense, observa-se que
existe uma variação muito discreta, 0,9 Kg e 0,8 Kg, respectivamente. Assim o
peso corporal e altura das atletas avaliadas no presente estudo estão dentro
dos parâmetros encontrados em equipes de outros países (CLARK et al., 2003;
QUEIROGA et al., 2005; SANZ, 1998, FAO, 2003).
Conseqüentemente, o IMC também se encontra próximo dos valores de
referência. Os valores médios do IMC das atletas, do presente estudo foi de
21,51 kg/ m². Estando, portanto dentro das recomendações da FAO (2003),
assim como o IMC médio da seleção da inglesa, canadense e da liga norte
americana, 21,6 kg/m², 21,9 kg/m², 22,48 kg/m², respectivamente (CLARK et
al., 2003; SANZ,1998; FAO, 2003).
Porém, a utilização dos parâmetros de IMC, requer atenção, pois apesar
de recomendados pela FAO (2003) e ser considerado uma referência para
análise da composição corporal, é muito criticada, pelo fato de não diferenciar a
massa magra (massa corporal livre de gordura) da gordura corporal. Desta
forma, indivíduos com grande volume de massa magra, acabam se
enquadrando no mesmo grupo de indivíduos com sobrepeso ou obesidade
(McARDLE, et al. 2002).
A análise da porcentagem de gordura corporal é uma eficiente
ferramenta usada na avaliação do estado nutricional das atletas. E possibilita a
diferenciação estimada da massa magra e gordura corporal. Neste estudo, o
valor médio de percentual de gordura corporal foi de 18,61%, valor abaixo da
média encontrada em outros estudos. As atletas da seleção dinamarquesa
(24,7 anos) tinham 22,3% de gordura corporal. Enquanto que as jogadoras das
seleções inglesa e canadense apresentaram 21,1% e 19,7%, respectivamente
(CLARK et al., 2003; SANZ,1998).
Essa variação, na proporção média de massa magra e percentual de
gordura pode ser justificada pela qualidade e quantidade da dieta alimentar das
atletas. Essa também é uma justificativa para alta variação dos valores
percentuais de gordura corporal, mínimo (9,50%) e máximo (28,86%). Porém
outra variação que deve ser considerada nesse caso é a diferenciação da
função tática que cada atleta participante da pesquisa tinha dentro de sua
equipe (goleiro, zagueiro, laterais, meio campo e atacantes) (QUEIROGA et al.,
2005; McARDLE et al., 2002).
As atletas pesquisadas no presente estudo, tinham um percentual de
gordura corporal considerado aceitável para atletas profissionais, não indicando
risco nutricional de sobrepeso ou desnutrição. Da mesma forma, os valores de
peso e altura são similares a outras equipes profissionais. Assim, as atletas
apresentam um perfil antropométrico, compatível com a modalidade esportiva
que praticam e segundo os critérios da FAO (2003), apresentam IMC
considerado normal (QUEIROGA et al., 2005; McARDLE et al., 2002).
5.2 DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE MACRONUTRIENTES
Na caracterização das atletas em função do estado nutricional, a
proporção de macronutrientes ingeridos é um dos primeiros fatores a serem
analisados.
As jogadoras avaliadas apresentaram uma ingestão calórica proveniente
de 57,64% de carboidratos, 17,57% de proteínas e 25,06 % de lipídios. Dentre
esses valores, a ingestão de carboidratos e de proteínas se encontravam
inadequados segundo as recomendações da ADA (2000), (60% a 70% de
carboidratos, 10 a 15% de proteínas e menos de 30% de lipídeos).
Mullinix et al. (2003) avaliaram a seleção norte americana de futebol
feminino e encontraram uma ingestão percentual média de carboidratos,
proteína e gorduras de 55%, 15% e 30%, respectivamente. Já Clark (2003),
verificou que as atletas da liga norte americana de futebol feminino
apresentavam os valores médios de 57% de carboidratos, 13% de proteínas e
31% de lipídios.
Utilizando os parâmetros de referência da ADA (2000), todos os valores
médios de ingestão de carboidratos e lipídios encontrados nas pesquisas
citadas, apresentavam-se também fora das recomendações.
Comparando as atletas avaliadas no presente estudo com as atletas
norte americanas, a proporção de ingestão de proteína foi maior, enquanto a
ingestão de lipídios foi menor. Já para ingestão de carboidrato foi obtido valor
próximo ao dos estudos citados.
Ao analisar qualitativamente e individualmente cada atleta deste estudo,
usando como referência a ADA (2000), verificou-se que 71,05%, ingeriram
proporções inadequadas de carboidratos. Outras 5,26% e 21,05%
apresentaram ingestão inadequada de proteínas e de lipídios, respectivamente.
No caso das proteínas foram observadas, apenas ingestões deficitárias, ao
contrário dos carboidratos e lipídios que algumas atletas também apresentaram
ingestão superior aos limites recomendados.
Apesar de poucas atletas apresentarem ingestão inadequada de
proteínas e lipídios, essas situações requerem atenção, da mesma forma que
para as atletas com ingestão inadequada de carboidratos (ADA, 2000).
A baixa ingestão de carboidrato, além de prejudicar o desempenho
anaeróbio, em situações extremas pode contribuir para uma perda de massa
muscular. Assim essa ingestão desequilibrada por longos períodos pode
prejudicar o desempenho e até mesmo a saúde da atleta (GUYTON & HALL,
1997; SHARMA & DIXTT, 1985; McARDLE et al., 2002).
Já a ingestão de carboidrato acima das recomendações propostas pode
dificultar a ingestão correta de outros macronutrientes, da mesma forma que
uma ingestão elevada de lipídios. Em ambos os casos, podem ocorrer uma
redução da ingestão de proteínas o que será prejudicial para absorção de ferro
(ADA, 2000; DRI, 2000; GERMANO, 2002)
No caso da porcentagem de ingestão de proteínas, pode existir prejuízo
na formação e manutenção de massa muscular e interferência negativa, na
absorção de ferro, pois algumas proteínas facilitam a absorção de ferro heme e
não heme. Além disso, o ferro heme que é melhor absorvido, está presente em
alimentos considerados fonte de proteínas de origem animal. Já uma ingestão
elevada de proteínas, pode alterar a ingestão correta de outros macronutrientes
e conseqüentemente o desempenho do atleta (ADA, 2000; DRI, 2001;
McARDLE et al., 2002; SHARMA & DIXTT, 1985).
Em longo prazo, um percentual de ingestão inadequada de lipídios pode
levar as atletas a apresentar prejuízo, na produção hormonal e deficiência de
vitaminas lipossolúveis, o que causaria também a diminuição de desempenho
físico (ADA,2000; DRI, 2001; SHARMA & DIXTT, 1985; McARDLE et al., 2002).
5.3 INGESTÃO ENERGÉTICA
A ingestão energética das jogadoras de futebol feminino avaliadas foi de
1671 kcal/dia em média, com grande variação entre os valores mínimos e
máximos. Em parte, isso se deve as diferenças antropométricas existentes
entre as atletas, pois a maior quantidade de massa muscular ocasiona
aumento do metabolismo, e assim maior necessidade energética. Além disso, a
ingestão energética inadequada contribuiu para acentuar essa variação, pois
analisando qualitativamente os resultados, verifica-se que apenas três atletas,
ou 7,89%, atingiram a recomendação energética da DRI (2000).
Essas recomendações têm como base o tempo e a intensidade de
atividade física diária. No estudo presente, as atletas foram classificadas como
fisicamente muito ativas, baseando-se na densidade de treinamento descrita
pela comissão técnica das equipes as quais competiam. Após essa
classificação, o peso corporal das atletas foi incorporado aos cálculos para
obter o valor do gasto energético diário. A DRI (2000) recomenda considerar
uma variação de até 199 kcal/dia, para verificar a adequação da ingestão
energética.
Comparando os valores médios encontrados com os citados por Mullinix
et al. (2003), que encontraram uma ingestão energética de 2015 kcal,
observou-se que a ingestão energética das atletas foi superior a das atletas
aqui avaliadas. Já Clark et al.(2003) encontraram valores próximos, com
ingestão energética de 1865 kcal. Em ambas as pesquisas, as metodologias
adotadas foram similares, três dias do registro de 24 horas ou recordatório 24
horas.
Mesmo considerando que o gasto energético e a ingestão energética
das atletas do presente estudo estão próximos das apresentadas em pesquisas
com atletas profissionais de alto nível competitivo, é necessário verificar com
atenção o déficit energético encontrado, na comparação segundo as
recomendações da DRI (2000). Pois esse pode levar a uma acentuada
diminuição do desempenho, em treinamento e competição, além de problemas
decorrentes da dificuldade de ingestão e absorção correta de micronutrientes,
como por exemplo do mineral ferro (GUYTON & HALL, 1997; SHARMA &
DIXTT, 1985; McARDLE et al., 2002).
No caso específico do ferro, a baixa ingestão energética, interfere na
quantidade de ferro ingerida, na dieta e na absorção do micromineral no
organismo. No primeiro caso, isso se deve ao pequeno volume e diversidade
alimentar encontrada na dieta, enquanto a absorção de ferro é prejudicada pela
falta de energia disponível para o mecanismo de transporte ativo do enterócito
para a corrente sanguínea (GERMANO, 2002; GUYTON & HALL, 1997;
McARDLE et al., 2002).
Além da ingestão energética, as proteínas e as fibras também
influenciam na absorção do mineral ferro, assim como alguns micronutientes
(GERMANO, 2002).
5.4 FIBRAS
O valor médio de fibras ingerido pelas atletas, foi de 16,27 gramas, valor
próximo ao apresentado em estudo de Mullinix (2003), 17,7 g, e superior ao
encontrado por Clark (2003), 13,3 g. Comparando com os resultados das
jogadoras da seleção nacional de voleibol grega, os valores de ingestão
também foram superiores, neste caso a ingestão média foi de 13,7 g
(PAPADOPOULOU et al., 2002). Essa variação pode ter ocorrido devido a
variação intrapessoal e o padrão alimentar de cada região (DRI, 2000;
McARDLE et al., 2002).
Encontrou-se também uma grande variação ao analisar os valores
máximos (31,3 g) e mínimos (1,88 g) encontrados para a ingestão de fibras.
Isso se deve, em parte, a grande dificuldade do consumo adequado de fibras,
visto que, atualmente existe grande disponibilidade de alimentos de baixa
quantidade de fibras e desequilibrados nutricionalmente (DRI, 2000).
Verificando os valores qualitativamente, apenas duas atletas, ou 5,26%
atingiram o escorre Z predeterminado. As demais, não atingiram a meta de
ingestão adequada de 25 gramas de fibras diárias. Essa baixa ingestão de
fibras acarreta prejuízos, na formação do bolo fecal e no funcionamento
adequado do sistema digestivo, o que pode prejudicar a absorção do mineral
ferro. No entanto, uma alta ingestão de fibras, também prejudica a absorção de
ferro, pois a maioria dos alimentos ricos em fibras (legumes e grãos) apresenta
grande quantidade de fitatos, este por sua vez, dificulta a absorção de ferro,
não heme (DRI, 2000; HURRELL et al.,1992). Na presente pesquisa, nenhuma
das atletas apresentou ingestão de fibras superior a UL.
5.5 PROTEÍNAS
A ingestão de proteína, em valores absolutos, com a unidade em
gramas, teve uma ingestão média de 69,9 gramas, esse valor foi acima do
encontrado por Clark et al. (2003), 58,8 g, e abaixo do encontrado por Mullinix
et al. (2003), 79,0 g, ambos em estudos realizados com jogadoras de futebol
feminino.
Ao analisar individualmente cada atleta, baseado na recomendação da
DRI (2000) de 0,8g de proteína por quilograma de peso corpóreo (0,8 g/kg),
verificou-se que a maior parte das jogadoras atingiu a meta de ingestão a ser
alcançada (78,95%). As outras 21,05% das atletas não alcançam a meta de
ingestão. Nesse caso também não é possível afirmar que as atletas estão com
a ingestão inadequada, pois a única alternativa de análise é a RDA como ponto
de corte, o que não possibilita essa afirmação.
Essa ingestão adequada de proteínas por grande parte das atletas,
facilita a absorção do mineral ferro, pois a maior parte do ferro heme, está
presente em alimentos fonte de proteínas de origem animal. Além disso, as
proteínas, em geral (vegetal e animal) facilitam a absorção de ferro não heme,
sendo o aminoácido cisteína um dos maiores facilitadores (DRI, 2000).
5.6 MICROUTRIENTES
A avaliação da ingestão de micronutrientes, mostrou que a vitamina A e
a vitamina C apresentaram uma ingestão média de 324,14 µgRAE e 54,75 mg,
respectivamente. A variação entre os valores máximo e mínimo de 881,26µg
RAE e 37,25 µg RAE para a vitamina A, e 4,92 mg e 188,41 mg para vitamina
C, deveu-se a grande disponibilidade de alimentos fonte de vitamina A ou
provitamina A e vitamina C. Dessa forma, quanto maior a ingestão energética,
provavelmente as ingestões dessas vitaminas também serão maiores (BOOTH
et al., 1992).
Mesmo com ampla quantidade de alimentos fonte de vitamina A ou
provitamina A e vitamina C, a quantidade de indivíduos que atingiram a meta
de ingestão de vitamina A foi de 23,68%, e vitamina C, 31,58%. Esses
indivíduos que não atingiram a meta de ingestão podem estar ingerindo
quantidade menor que a recomendada. Assim como forma de precaução, é
recomendada uma maior atenção para a ingestão dos nutrientes considerados
fonte dessas vitaminas. Visando evitar problemas relacionados à
hipovitaminose A e C, e problemas de absorção de ferro. Ambos são
micronutrientes facilitadores da absorção de ferro não heme e desempenham
papel importante, no metabolismo de ferro. Basicamente, a vitamina C mantém
a forma de quelato solúvel do ferro, no intestino delgado e auxilia na redução
de ferro férrico para ferroso, melhor absorvido. E a vitamina A, tem importante
função na liberação e distribuição do ferro armazenado para o organismo. Além
disso, inibe a ação de fitatos e polifenóis que impedem a absorção de ferro,
não heme (LAYRISSE et al., 1997; MACPHAIL, 2001; STUIJVENBERG et al.,
1997).
As médias de ingestão de zinco e cálcio foram de 8,36 mg e 630 mg,
respectivamente. Observou-se uma interferência da ingestão calórica das
atletas sobre a variação dos valores mínimos e máximos de zinco e cálcio.
Os resultados encontrados por Clark et al. (2003) foram de ingestão de
cálcio superior (695 mg) enquanto a de zinco foi inferior (5,1 mg). Já os
resultados encontrados por Mullinix et al. (2003) foram superiores, com
ingestões de cálcio (887 mg) e zinco (9,5 mg).
Qualitativamente, 63,16% das atletas alcançaram a meta de ingestão de
8 mg de zinco, baseada na RDA como ponto de corte. As demais atletas, não
atingiram a meta de ingestão, podendo assim estar com ingestão inadequada.
Sardinha (2002), ao avaliar atletas femininas de pólo aquático, verificou
uma ingestão adequada de zinco em 50% das atletas. Nadadores avaliados
por Paschoal & Amancio (2004), tiveram uma ingestão adequada ainda maior,
87,5%. E, atletas de futebol feminino avaliadas por Clark et al. (2003) tinham
uma ingestão média, abaixo dos recomendados pela DRI (2001).
Os valores encontrados para a ingestão de zinco estão próximos aos
encontrados em outras pesquisas, com exceção do trabalho de Clark et al.
(2003). Assim a ingestão individual das atletas, em sua maioria se encontra
dentro das recomendações. Mas, é necessária atenção nutricional para as
atletas que apresentaram ingestão inadequada. Pois, o zinco apresenta
inúmeras funções bioquímicas, sendo componente de varias enzimas,
apresentando papel importante no sistema imunológico (DRI, 2000).
Uma maior ingestão calórica, provavelmente seria suficiente para
adequar a ingestão de zinco, podendo também enfatizar a ingestão de
alimentos classificados como fonte. Mesmo considerando que o zinco interfere
negativamente, na absorção de ferro, sua ingestão deve ser adequada para
assegurar a manutenção das funções desse mineral. Recomenda-se, para
atletas com deficiência de ferro, apenas evitar o consumo de grande
quantidade de alimentos fonte de ferro e zinco numa mesma refeição, evitando
a disputa pelo mesmo sítio absortivo (ROSSANDER-HULTEN et al.,1991;
SARDINHA, 2002).
Já a ingestão de cálcio foi adequada para 10,53 % das atletas, as
demais, tiveram sua ingestão, indeterminada. Nesse caso somente é possível
concluir que as demais atletas, não atingiram as recomendações de ingestão
diária de cálcio. Estudo realizado por Paschoal & Amancio (2004) encontrou
50% dos nadadores avaliados com uma ingestão adequada de cálcio (DRI,
2000).
A ingestão inadequada de cálcio pode causar problemas, na
manutenção da estrutura de ossos, dentes e alterações,no funcionamento do
sistema nervoso e contração muscular. O cálcio, da mesma forma que o zinco,
disputa o mesmo sítio absortivo do ferro, porém uma ingestão adequada deve
ocorrer para manutenção das funções específicas do cálcio (DRI, 2000;
ROSSANDER-HULTEN et al., 1991).
Nesta pesquisa os nutrientes cálcio e zinco, não foram ingeridos acima
do limite superior tolerado (UL), recomendado pela DRI (2000).
A ingestão média do mineral ferro foi de 11,68 mg valor próximo do
observado por Clark et al. (2003), 12,02 mg e abaixo do valor encontrado por
Mullinix et al. (2003), 16,0 mg. Em outras modalidades esportivas como
voleibol, estudo mostrou que as atletas apresentaram uma ingestão de ferro
ainda mais baixa, 7,9 mg, em média (PADOPOULOU et al., 2002).
A grande variação entre o valor máximo e mínimo, se justifica da mesma
forma que para outros minerais, devido à ampla variação da ingestão
energética entre as atletas.
Das 38 atletas avaliadas, apenas quatro alcançaram a meta de ingestão
estabelecida pela RDA. As demais não atingiram a meta de ingestão e,
conseqüentemente, a ingestão de ferro está fora das ingestões estimadas para
esses indivíduos. No entanto, não é possível concluir que as atletas não
atingiram suas necessidades diárias, devido à utilização da RDA, como ponto
de corte.
Paschoal e Amancio (2005) verificaram que todos os nadadores
avaliados apresentavam ingestão acima da RDA, porém utilizavam suplemento
vitamínico. A maioria das jogadoras de futebol feminino avaliadas por Clark
(2003), apresentaram uma meta de ingestão, não alcançada. Sardinha (2002)
encontrou nas atletas de pólo aquático feminino, apenas 25% com ingestão
adequada.
Comparando o presente trabalho com as pesquisas citadas é possível
perceber que a ingestão de ferro inadequada é um problema comum em várias
modalidades esportivas, com exceção daquelas em que há grande consumo de
suplementos alimentares por parte das atletas.
Essa ingestão inadequada de ferro pode levar em longo prazo a uma
deficiência mineral e também prejudicar a capacidade de trabalho das atletas,
conseqüentemente o desempenho físico, aeróbio e anaeróbio. Além de
problemas relacionados à saúde, como o sistema imunológico debilitado (DRI,
2001; BEARD & TOBIN, 2000).
Se considerarmos que a ingestão dos nutrientes que facilitam absorção
de ferro, como Vitamina C e A, também apresentaram pequena parcela de
ingestão entre as atletas, esse quadro apresenta elementos que nos sugerem
poder evoluir para uma deficiência de ferro (DRI, 2000).
Apesar da maioria das atletas não atingir a meta de ingestão
recomendada, isso não refletiu, nos exames hematológicos e bioquímicos
realizados. A maioria das atletas (94,7%) apresentou estado nutricional de ferro
normal e somente duas atletas apresentaram taxas do mineral, em quantidade
deficiente. Uma delas apresentou depleção dos estoques de ferro, o que
significa que estava com uma deficiência inicial de ferro, onde apenas seus
estoques de ferro, principalmente na forma de ferritina foram depletados para
valores abaixo de 12µg/L. Neste caso, poderá ocorrer uma queda de
desempenho da atleta, devido diminuição da força muscular e da capacidade
de resposta ao treinamento. Além do aumento do acúmulo de lactato
(BROWNLIE et al., 2002; BRUTSAERT et al., 2003; HINTON et al., 2000; ZHU
& HASS, 1998).
A outra atleta com estado nutricional de ferro deficiente, apresentou uma
deficiência mais severa, anemia ferropriva. Foi Identificada através da análise
de hemoglobina que demonstrou deficiência de células vermelhas. Para
confirmar se a anemia era causada por deficiência de ferro, foram analisados a
ferritina, VCM, ST. Todos os valores estavam abaixo dos valores
recomendados.
A anemia pode causar na atleta, uma acentuada perda da capacidade
aeróbica, além da diminuição, no tempo da fadiga. Além disso, durante o jogo,
o desempenho do atleta tem grande dependência da capacidade aeróbia, pois
a distância percorrida durante ao jogo de futebol, pode ser efetuada com maior
eficiência (BALIKIAN JUNIOR et al., 2002; BEARD & TOBIN, 2000;
HELGERUD et al., 2001; RISSER et al., 1988).
Landahl et al. (2005) avaliaram os parâmetros bioquímicos de ferro da
seleção nacional de futebol feminino, composta por 28 jogadoras. E
observaram que, 25% apresentavam anemia e 27% depleção dos estoques de
ferro. Neste caso, a incidência das jogadoras com deficiência de ferro foi maior
que a das atletas do presente estudo. Resultado semelhante foi observado por
Dubnov & Constantini (2004), que ao avaliarem 37 jogadoras profissionais de
basquete feminino, verificaram que 15% eram portadoras de anemia ferropriva,
e 20% com depleção dos estoques de ferro.
Ribeiro e Soares (2002) ao avaliarem os parâmetros bioquímicos de
ferro em atletas de ginástica olímpica dos estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, não encontraram nenhuma atleta com estado nutricional de ferro
deficiente.
Apesar da grande variação dos valores mínimos e máximos das análises
bioquímicas e hematológicas encontradas no presente estudo, todos os valores
estavam dentro dos valores recomendados. Com exceção dos valores mínimos
encontrados abaixo das recomendações, que corresponderam a dos dois
casos de deficiência de ferro.
Os valores hematológicos observados nas atletas foram em parte,
maiores que os encontrados por Gropper et al. (2006), que avaliando jogadoras
de futebol feminino, encontraram a ferritina sérica, com uma média 27,0µg/L e
a saturação de transferrina, 22,14%. Os valores de hemoglobina e CTLF foram
maiores, 15,2g/dl e 332µg/dL, respectivamente.
Em trabalho realizado por Schumacher et al. (2001) com praticantes de
vários esportes com predomínio do mesmo sistema energético, classificado
como sistema energético misto (aeróbio e anaeróbio), verificaram que a
concentração média de ferritina era de 83,1µg/L, e a hemoglobina apresentou
valores de 15,9g/dL. Ambos os valores, foram maiores que os encontrados nas
atletas avaliadas nesta pesquisa. Essa variação, possivelmente se deve a
maior intensidade e volume de treinamento das atletas citadas no estudo.
Apesar dos parâmetros hematológicos e bioquímicos demonstrarem que
o estado nutricional de ferro das atletas estava adequado, é necessária maior
atenção para a dieta alimentar. A ingestão calórica aumentada, além de
eliminar o déficit calórico, também auxiliaria no aumento de ingestão de
vitaminas e minerais. Conseqüentemente, a ingestão de ferro e outros
nutrientes que auxiliam a absorção de ferro (vitamina A, vitamina C) seriam
melhorados. Além da maior ingestão dos alimentos fonte dos nutrientes em
déficit na dieta.
O zinco e principalmente o cálcio, necessitam estar mais presentes na
dieta das atletas avaliadas, porém com certa atenção, não devendo exceder os
limites de ingestão e não colocar grande quantidade de alimentos fonte desses
minerais e de ferro na mesma refeição, uma vez que a biodisponiblidade de
ferro, poderá ser prejudicada. As fibras se encontraram na mesma situação, é
necessário um aumento de ingestão, porém, com cautela.
As evidencias encontradas neste estudo também sugerem o atleta
praticante de uma modalidade esportiva, com elevado numero de fatores que
levam a perda do micromineral ferro, apresente um mecanismo compensatório,
que torne mais eficiente a absorção de ferro, ou ainda limite suas perdas
minerais.
As variações encontradas entre os trabalhos citados e os dados
coletados podem ser justificadas em parte, pelas limitações dos métodos
utilizados. O método para se avaliar a adequação aparente da ingestão de
nutrientes pelo indivíduo, tem as mesmas fontes de erro dos dados dietéticos:
como, subestimação ou superestimação do consumo alimentar, erros de
memória, acurácia das tabelas de composição de alimentos, erros na escolha
das medidas caseiras utilizadas, entre outros. Além dessas limitações de
ordem dietética, as análises bioquímicas e hematológicas devem ser avaliadas
com algumas ressalvas, pois o período menstrual que a atleta se encontrava,
poderia alterar alguns parâmetros bioquímicos, principalmente ST e CTLF, ou
ainda a FS. Por questões de disponibilidade, as atletas, não foram
questionadas sobre o período menstrual.
6. CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos no presente estudo concluiu-se que:
A população estudada apresentou medidas antropométricas e valores
nutricionais dos macronutrientes, proteínas e lipídeos, considerados
saudáveis e compatíveis com a modalidade esportiva que praticam.
A ingestão adequada do macronutriente carboidrato foi encontrada em
apenas 28.95% das atletas.
A proporção média dos nutrientes avaliados foi similar a de outros
resultados obtidos em estudos desenvolvidos com atletas de alto nível
competitivo de futebol feminino.
Apenas, 10,53% das atletas atingiram a meta de ingestão adequada
para o mineral ferro.
A ingestão de ferro abaixo da meta de ingestão, não refletiu nos
parâmetros bioquímicos e hematológicos avaliados individualmente.
A minoria das atletas apresentou ingestão adequada dos micronutrientes
que auxiliam na absorção de ferro.
Os nutrientes que dificultam a absorção de ferro também tiveram
ingestão abaixo da recomendada.
Finalmente pelos resultados obtidos sugere-se um acompanhamento
nutricional para as atletas que não atingiram a meta de ingestão
recomendada de micronutrientes ou apresentaram deficiência de ferro,
com o objetivo de obter uma ingestão alimentar mais equilibrada para
evitar uma possível deficiência nutricional a médio e longo prazo.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADA. AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. Position of American Dietetic
Association, Dietitians of Canada, and American College of Sports Medicine:
Nutrition and athletic performance. J. Am. Diet. Assoc., n. 100, p. 1543–56,
2000.
AMINE, E.K.; COREY, J.; HEGSTED, D.M.; HAYES, K.C. Comparative
hematology during deficiencies of iron and vitamin A in the tat. J. Nutr., v.100,
n. 9, p. 1033-1040, 1970.
ANDERSON, J.J.B. Nutrition and bone in physical active and sport. In:
Wolinsky, I. Nutrition in exercise and sport. Boca Raton Fl: CRC Press, 1988,
p. 219.
BALIKIAN JUNIOR, P.; LOURENÇÃO, A.; RIBEIRO, L. F.; FESTUCCIA, W.;
NEIVA, C.M. Consumo máximo de oxigênio e limiar anaeróbio de jogadores de
futebol: comparação entre as diferentes posições. Rev. Bras. Med. Esporte, v.
8, n. 2, p. 32-36, 2002.
BEARD, J.. L.; CONNOR, J.R.; JONES, B.C. Iron in the brain. Nutr. Rev., v. 54,
p. 157, 1993.
BEARD, J.L.; DAWSON, H.; PIÑERO, D.J. Iron metabolism: a comprehensive
review. Nutr. Rev., v. 54, n. 10, p.295-317, 1996.
BEARD, J.; TOBIN, B. Iron status and exercise. Am. J. Clin. Nutr., v. 72, p.
594 S-7S, 2000.
BLOEN, M.W.; WEDEL, M.; EGGER, R.J.; SPEEK, A.J.; SCHRIJVER, J.;
SAOWAKONTHASSCHREURS, W.H. Iron metabolism and vitamin a deficiency
in children in northeast thailand. Am. J. Clin. Nutr. v. 50, p. 332-338, 1989.
BRITISH NUTRITION FOUNDATION. Iron nutritional and physiological
significance. London: Champman & Hall, 1995. 186p.
BOOTH, S.L.; JOHNS, H.V. Natural food sources of vitamin A and provitamin A.
Food. Nutr. Bull. v. 14, n. 1, p. 6-19, 1992.
BROWNLIE, T.; UTERMONHLEN, V.; HILTON, P.S.; GIORDANO, C.; HAAS,
J.D. Marginal iron depletion without anemia reduces adaptation to physical
training in previously un trained women. Am. J. Clin. Nutr., v. 75, p. 734-742,
2002.
BRUTSAERT, T.D.; HERNADEZ-CORDERO, S.; RIVEIRA, J.; VIOLA, T.;
HUGHES, G.; HAAS, J.D. Iron supplementation improves progressive fatigue
resistance during dynamic knee extensor exercise in iron depleted, non anemic
women. Am. J. Clin. Nutr., v. 77, p. 441-448, 2003.
CABRAL, C.A.C. Diagnóstico do estado nutricional dos atletas da equipe
olímpica permanente de levantamento de peso do comitê olímpico
brasileiro (COB) 2004. 109p. (Dissertação de Mestrado em Ciências da
Nutrição) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa/MG, 2004.
CELSING, F..; BLONSTRAND, E.; WERNNER, B.; PIHLSDET, P.; EKBLOM, B.
Effects of iron deficiency on endurance and muscle enzyme activity in man.
Med. Sci. Sports Exerc., v. 18, p. 156-161, 1988.
CELSING F.; EKBLOM, B. Anemia causes a relative decrease in blood lactate
concentration during exercise. Eur. J. Appl. Physiol., v. 55, p. 74-78, 1986.
CHATARD, J.C.; MUJIKA, I.; GUY, C.; LACOUR, J.R. Anemia and iron
deficiency in athletes. Am. J. Sports Med., v. 27, n. 4, p. 229-40, 1999.
CIANFLOCCO, A.J. Micronutrients and exercise: antioxidants and minerals. J.
S. S. M., v. 11, p. 437-51, 1995.
CLARK, M.; REED, B.; CROUSE, S.F.; ARMSTRONG, R.B. Pre and post-
season dietary intake, body composition, and performance indices of NCAA
division I female soccer players. Int. J. Sport Nutr. Exerc. Metab., v. 13, p.
303-319, 2003.
CONVERTINO,V.A. Blood volume: its adaptation to endurance training. Med.
Sci. Sports Exerc., v.23, n. 12, p. 1338-48, 1991.
COOK, J.D. Clinical evaluation of iron deficiency. Semin Hematol., v.19, p.6-
18, 1982.
COOK, J.D.; BAYNERS, R.D.; SKIKNE, B.S. Iron deficiency and the
measurement of iron status. Nutr. Res. Ver., v. 5, p.189- 202, 1992.
COZZOLINO, S.M.F. Biodisponibilidade de minerais. Rev. Nutr., v. 10, n. 2, p.
87 - 98, 1997.
DAMASO, A. Nutrição e exercício na prevenção de doenças. Rio de Janeiro
- RJ: Medsi, 2001. 298-304 p.
DE ANGELIS, R.C. Fome oculta impacto para a população do Brasil. São
Paulo: Atheneu, 1999. 236 p.
DRI. NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES. Institute of Medicine. Food and
Nutrition Board. Dietary Reference intakes: applications in dietary
assessment. Washington, DC: National Academy Press, 2000. Disponível em:
http://nap.edu/. Acesso em: 05 jun. 2006.
DRI. NATIONAL ACADEMY OF SCIENCES. Institute of Medicine. Food and
Nutrition Board, Dietary Reference intakes: for Vitamin A, Vitamin K, Arsenic,
Boron, Chromium, Copper, Iodine, Iron, Manganese, Molybdenum, Nickel,
Silicon, Vanadium and Zinc. Washington, DC: National Academy Press, 2001.
Disponível em: http://nap.edu/ Acesso em: 05 jun. 2006.
DUBNOV, G.; CONSTANTINI, N. W. Prevalence of iron depletion and anemia
in top level basqueteball players. Int. J. Sport Nutr. Exerc. Metab., v. 14, p.
30-37, 2004.
FAINTUCH, J.J. Alterações hemat
GREEN, H.J.; SUTTON, J.R.; COATES, G. Response of red cell plasma
volume to prolonged training in humans. J. Appl. Physiol., v. 70, p. 1810-5,
1991.
GROOPER, S.S.; BLESSING, D.; DUNHAM, K.; BARKSDALE, J.M; Iron status
of female collegiate athletes involved in different sports. Biol. Trace Elem.
Res., v. 109, p. 1-13, 2006.
GUERRA-SHINOHARA, E.M.; PAIVA, R.P.; SANTOS, H.G.; SUMITA, N.M.;
MENDES, M.E.; NUNES, L.M. Determinação da Ferritina sérica por dois
métodos imunológicos automatizados. Rev. Bras. Anal. Clin., v. 30, n. 2, p.39-
40, 1998.
GUEDES, D.P. Estudo da gordura corporal através dos valores de
densidade corporal e da espessura de dobras cutâneas em universitários.
(Dissertação de mestrado) 1985. Santa Maria/ RS. Universidade Federal de
Santa Maria,1985.
GUNSHIN, H.; MACKENZIE, B.; BERGER, U.V.; GUNSHIN, Y.; ROMERO,
M.F.; BORON, W.F.; NUSS-BERGER, S.; GOLLAN, J.L.; HEDIGER, M.A.
Cloning and characterization of a mammalian próton-coupled metal-ion
transporter. Nature, v. 388, p. 482-488, 1997.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. 9 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 1997. p 378-445.
HALLBERG, L.; HOGDAHL, A.M.; NILSSON, L.; RYBO, G. Menstrual blood
loss and iron deficiency. Acta Med. Scand., v. 180, p. 639-50, 1966.
HAYMES, E.M; CLARKSON, P.M. Minerals and Trace Minerals. In: Berning
J.R., Steen SN. Nutrition for Sport and Exercise. Gaithersburg (MD): Aspen
Publishers, 1998. p. 77-107.
HELGERUD, J.; ENGEN, L.C.; WISLOFF, U.; HOFF, J. Aerobic endurance
training improves soccer performance. Med. Sci. Sports Exerc., v. 33, n. 11,
p.1925-31, 2001.
HINTON, P.S.; BROWNLINE, T.; GIORDANO, C.; HASS, J.D. Iron
supplementation improves endurance after training in iron-depleted, non anemic
women. J. Appl. Physiol. v. 88, p. 1103-11, 2000.
HOFFMAN, K.; BOEING, H.; DUFOUR, A.; VOLATIER, J.L.; TELMAN, J.;
VIRTAMEN, M. Estimating the distribution of usual dietary intake by short term
measures. Eur. J. Clin. Nutr., v. 56, n. 2, p. 52-63, 2002.
HURRELL, R.F.; JUILLERAT, M.A.; REDDY, M.B.; LYNCH, S.R.; DASSENKO
S.A.; COOK J.D. Soy Protein, Phytate and Iron Absorption in Humans. Am. J.
Clin. Nutr. v. 56, p. 573-578, 1992.
INACG, INTERNATIONAL NUTRITIONAL ANEMIA CONSULTIVE GROUP.
Measurement iron status. Washington ( D.C.); 1995.
KOHGO, Y.; NIITSU, Y.; KONDO, H.;, KATO, J.; TSHUSHIMA, N.; SASAKI, K.;
HIRAYAMA, M., NUMATA, T.; NISHISATO, T.; URUSHIZAKI, I. Serum
transferring receptor as a new index of erythropoiesis. Blood., v.6, p. 1955-8,
1987.
LANDAHL, G.; ADOLFSSON, P.; BORJESSON, M.; MANNHEIMER, C.;
RODJER, S.; Iron deficiency and anemia a common problem in female elite
soccer players. Int. J. Sport Nutr. Exerc. Metab., v. 15, p. 689-694, 2005.
LAYRISSE, M.; GARCÍA-CASAL, M.N.; SOLANO, L.; BARON, M.A.;
ARGUELLO, F.; LOVERA, D.; RAMIREZ, J.; LEETS, I.; TROPPER. E. The role
of vitamin A on the innhibitors of Nonheme iron absorbation: preliminary results.
J. Nutr. Biochem., v. 8, p. 61-67, 1997.
LOOKER, A.C.; DALLMAN, P.R.; CARROLL, M.D.; GUNTER E.W.; JOHNSON
C.L. Prevalence of iron deficiency in the united states. J.A.M.A., v. 227, p. 973-
976, 1997.
LUKASKI, H.C.; HALL, C.B; SIDERS, W.A. Altered metabolic response of iron-
deficient women during grade maximal exercise testing. Eur. J. Appl. Physiol.,
v. 63, p. 140, 1991.
LYNCH, S.R. Interaction of iron with other nutrients, Nutr., v. 55, p. 102-110,
1997.
MACPHAIL, A.P. Iron deficiency and redeveloping world. Arch. Latinoam.
Nutr., v. 51, n. 1, p. 2-6, 2001.
MANORE, M.M.; THOMPSON, J.L. Sport nutrition for health and
performance. Champion Ш: Human Kinetics, 2000.
MARTINI, F.C.C. Comparação da biodisponibilidade de ferro na presença
de vitamina A e beta-caroteno em alimentos e medicamentos. 2002. 113p.
(Dissertação de mestrado) - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,
Universidade de São Paulo, Piracicaba/ SP, 2002.
MARCHIONI, L.D.; SLATER, B.; FISBERG, R.M. Aplicações das Dietery
Reference Intakes na avaliação da ingestão de nutrientes para indivíduos. Rev.
Nut., v.17, n. 2, p. 207-216, 2004.
McARDLE, W. D.; KATCH, F.I.; KATCH, V.L. Fisiologia do Exercício:
Energia, Nutrição e Desempenho Humano, 5 °edição. Rio de Janeiro, Ed.
Guanabara Koogan S.A., 2002.
MULLINIX, M.C.; JONNALAGADDA, S.S.; ROSENBLOON, A.C.; THOMPSON,
W.R.; KICKLIGHTER, J.R. Dietary intake of female U.S. soccer player. Nutr.
Res., v. 23, p. 585-593, 2003.
NACHTIGALL, D.; NIELSEN, P.; FISHER, R.; ENDELHARDT, R.; GABBE, E.E.
Iron deficiency in distance runners. A reinvestigation using 59 ferrlabbeling and
non- invasive liver Iron quantification. Int. J. Sports Med., v. 17, p. 473-9, 1996.
NEW HOUSE, I. J.; CLEMENT, D.B. The efficacy of iron supplementation in
iron depleted women, In Kies CV, Driskell JA. Sports nutrition: minerals and
electrolytes. Boca Raton, Fl: CRC Press, v. 47,1995.
NIELSEN, P.; NACHTIGALL, D. Iron supplementation in athletes: current
recommendations. Sports Med., v. 26, n. 4, p. 207-16, 1998.
NUVIALA, R.J.M.; LAPIEZA, M.G.; BERNAL, E. Magnesium, zinc, and copper
status in women involved in different sports. Int. J. Sport Nutr., v. 9, p. 295-
309, 1999.
PAIVA, A.A.; RONDÓ, H.C.P.; GUERRA-SHINOHARA, E.M. Parâmetros para
avaliação do estado nutricional de ferro. Rev. Saúde Pública, v. 34, n. 4, p.
421-6, 2000.
PASCHOAL, V.C.P.; AMANCIO O.M.S. Nutricional status of brazilian
swimmers. Int. J. Sport Nutr. Exerc. Metab., v. 14, p. 81-94, 2004.
PAPADOPOULOU, S.K.; PAPADOPOULOU, S.D.; GALLOS G.K. Macro- and
micro-nutrient Intake of adolescent greek female volleyball players. Int. J. Sport
Nutr. Exerc. Metab. v. 12, p. 73-80, 2002.
POLLITT, E.; GREENFIELD, D.; LEIBEL, R.L.; Behavioral effects of iron
deficiency in among preschool in Cambridge, MA, Fed. Proc., v. 37, p. 487,
1976.
QUEIROGA M.R.; FERREIRA, S.A.; ROMAZINI, M. Perfil antropométrico de
atletas de futsal de alto nível competitivo conforme a função tática
desempenhada no jogo. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum.,v. 7,
n. 1, p. 30-34, 2005.
RANDY EICHNER, M.D. Anemia do Esportista: terminologia inadequada para
um fenômeno real. G.S.S.I., n. 8, 1996.
RANDY EICHNER, M.D. Anemia e formação de sangue (hematopoiése).
G.S.S.I., n. 3, 2002.
RIBEIRO, B.G.; SOARES, E.A. Avaliação do estado nutricional de atletas de
ginástica olímpica do Rio de Janeiro e São Paulo. Rev. Nutr., v. 15, n. 2, p.
181-191, 2002.
RISSER, W.L.; LEE, E.J.; POINDEXTER, H.B.W.; WEST, M.S.; PIVARNIK,
J.M.; RISSER, J.M.H.; HICKSON, J.F. Iron deficiency in female Athletes: its
prevalence and impact on performance. Med. Sci. Sports Exerc., v. 20, n. 2, p.
116-121, 1988.
ROSADO, G.P.; ROSADO, L.E.F.P.L. Minerais. In: TEIXEIRA NETO, F.
Nutrição Clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003, p. 50-64.
ROSSANDER-HULTEN, L.; BRUNE, M.; SANDSTRON, B.; LONNERDAL, B.;
HALLBERG, L. Competitive inhibition of iron absorption by manganese and zinc
in humans. Am. J. Clin. Nutr., v. 54, p. 152-156, 1991.
SANDSTED, H.H.; LOFGREN, P.A. Introduction symposium: dietary zinc and
iron-recent perspectives regarding growth and cognitive development. J. Nutr.,
v. 130, p. 345-346, 2000.
SANZ, J.R., Body composition and nutritional assessment in soccer. Int. J.
Sport Nut., v. 8, p. 113-123, 1998.
SARDINHA, F.A.A. Avaliação do estado nutricional em magnésio, ferro,
zinco e cobre de atletas de pólo aquático feminino em períodos de
treinamento pré- competitivo, de destreinamento e de treinamento de
manutenção. (2002). Tese de Doutorado em Ciências dos alimentos, São
Paulo (SP): Universidade de São Paulo, São Paulo/ SP, 2002.
SCHUMACHER, Y.O.; SCHMID, A.; GRATHWOHL, D.; BULTERMANN,D.;
BERG, A. Hematological indices and iron status in athletes of various sports
and performances. Med. Sci. Sports Exerc., v. 34, n. 5, p. 869-875, 2001.
SEILER, D.; NAGEL, D.; FRANZ, H. Effects of long-distance running on iron
metabolism and hematological parameters. Int. J. Sports Med., v. 10, p. 357-
62, 1989.
SHARMA, S.S.; DIXTT, N.K. Somatotype of athletes and theirs performance.
Int. J. Sports Med., v. 6, p. 161-162, 1985.
SLATER, B.; MARCHIONI, L.D.; FISBERG, R.M.. Estimando a prevalência da
ingestão inadequada de nutrientes. Rev. Saúde Pública, v.38, n. 4, p.599-605,
2004.
SMITH, J.A.; MARTIN, D.T.; TELFORD, R.D.; BALLAS, S.K. Greater
erythrocyte deformability in world-class endurance athletes. Am. J. Physiol., v.
45, n. 21, p. 2188-23, 1999.
STUIJVENBERG, M.E.; VANKRUGUER, M.; BADENHORST, C.J. Response to
an iron fortification program in relation to vitamin a status in 6-12-year-oldschool
children. Int. J. Food Sci. Nutr., v. 48, p. 41-49, 1997.
SUHARNO, D.; WEST, C.E.; MURILAL KARYADI D.; HAUTVAST, J.G.
Supplementation with vitamin a and iron for nutritional anaemia in pregnant
women in west java, Indonésia. Lancet, v. 342, p. 1325- 1328, 1993.
SZARFARC SC, STEFANINI MLR, LERNER BR. Anemia nutricional no Brasil.
Card. Nutr., v. 9, p. 5-24, 1995.
TELFOFD, R.D.; BUNNEY, C.J.; CATCHPOLE, W.R.; HAHN, A.G.; Plasma
ferritin concentration and physical work capacity in athletes, Int. J. Sport Nutr.,
v. 2 , p. 335-42, 1992.
THOMPSON, F.E.; BYERS, T. Dietary Assessment Resource Manual. J. Nutr.,
v.124, p. 2245S- 2317S, 1994.
ZHU, Y.I.; HASS, J.D. Altered metabolic response of iron-depleted non anemic
women during a 15-km time trial. J. Appl. Physiol., v. 84, p. 1768-75, 1998.
WESSLING-RENISCK, M. Iron transport. Annu. Rev. Nutr., v.20, p. 129-151,
2000.
WOLDE-GEBRIEL, Z.; WEST, C.E.; GEBRU, H.; TADESSE, A.S.; FISSEHA,
T.; GABRE, P.; ABOYE, C.; ARAYANA, G.; HAUTVAST, J.G. Interrelationship
between vitamin a, iodine and iron status in schoolchildren in shoal region,
central Ethiopia. Br. J. Nutr., v. 70, p. 593-607,1993.
WORWOOD M. IRON DEFICIENCY ANEMIA. in: DACIE SJV, LEWIS SM,
EDITORS. Practical Hematology. Hong Kong: Churchill Livingstone, v. 44, p.
437-44, 1995.
YIP,R.; DALLMAN, P.R. Hierro In Organización Panamericana de la Salud.
Internacional Life Sciences Institute. Conocimentos actuales sobre nutricíon 7
ed. Washington (DC), p. 565, 1997.
YOUNG, V. R.; MARCHINI J.S.; CORTIELLA J. Assessment of protein
nutritional status. J. Nutr., v. 120, p. 1496-1502, 1990.
ANEXOS
Anexo 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu ____________________________, RG ___________, Estado Civil ______,Idade ___anos, Residente
na _______________________,nº ___, Bairro _______, Cidade ___________, Telefone
______________
Declaro ter sido esclarecido sobre os seguintes pontos:
1. O trabalho tem por finalidade analis ar a quantidade de ferro presente no
sangue e na alimentação diária da atleta;
2. Ao participar desse trabalho estarei contribuindo para verificar se minha
ingestão diária de ferro esta de acordo com a recomendada, e se meu
organismo apresenta alguma deficiência desse mineral;
3. Terei que doar para a realização dessa pesquisa, o seguinte material
biológico: sangue, aproximadamente 15 mL, uma única vez durante
pesquisa;
4. A minha participação como voluntária deverá ter a duração de1(um) dia;
5. Que não corro nenhum risco ao participar dessa pesquisa e a coleta de
material causará desconforto mínimo, causado pela “picada” da agulha
utilizada para coleta de sangue;
6. Os materiais empregados na coleta serão descartáveis;
7. Não terei nenhuma despesa ao participar desse estudo;
8. Os procedimentos aos quais serei submetido não provocarão danos físicos
ou financeiros e por isso não haverá a necessidade de ser indenizado por
parte da equipe responsável por esse trabalho ou da Instituição
(FCF/UNESP) e segue as deliberações da resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS);
9. Meu nome será mantido em sigilo, assegurando assim a minha privacidade
e se desejar, deverei ser informado sobre os resultados dessa pesquisa;
10. Poderei me recusar a participar ou mesmo retirar meu consentimento a
qualquer momento da realização dessa pesquisa, sem nenhum prejuízo ou
penalização;
11. Qualquer dúvida ou solicitação de esclarecimentos poderei entrar em
contato com a equipe científica pelo telefone: (16) 3333-3255 ou (16)
81215991;
12. Para notificação de qualquer situaç ão, relacionada com a ética, que não
puder ser resolvida pelos pesquisadores deverei entrar em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas do
Câmpus de Araraquara da UNESP, pelo telefone (0XX16) 3301-6897.
Diante dos esclarecimentos prestados, concordo em participar, como
voluntária, do estudo: ”Avaliação do estado nutricional do micronutriente ferro
em atletas femininas”.
, de de 2006
Assinatura da Voluntária Assinatura do Pesquisador
Anexo 2
Registro Alimentar de 24 horas
Como foi as suas refeições na .......................... ? (Dia da semana)
Café da Manhã
ALIMENTO/ QUANTIDADE
Lanche da Manhã
Almoço
Lanche da Tarde
Jantar
Ceia
Anexo 3
Anexo 4
Valores de referência utilizados para avaliação nutricional das
atletas
Valores de referência recomendados pela DRI (2000; 2001), utilizados
na análise nutricional das atletas participantes desse estudo.
Ferro............................................................. RDA 18 mg
Cálcio .......................................................... AI 1000 mg z> 0,50= 70-98% adequação
Zinco ........................................................... RDA 8 mg
Carboidrato.................................................. EAR z> 0,50= 70-98% adequação
Vitamina A ................................................... RDA 2330 UI
Vitamina C.................................................... RDA 75 mg
Fibras........................................................... AI 25 g z> 0,50= 70-98% adequação
Proteína ....................................................... 0,80 g /kg
Ingestão energética recomendada (IER)..... IER= 354 - (6,91 x idade) + nível de
atividade física (1,45) x (9,36 x peso (kg))
+ (726 x altura(m))
Valores de referência recomendados pela ADA (2000), utilizados para
análise da ingestão percentual de macronutrientes das atletas desse estudo.
Porcentagem de Macronutrientes....................................60%-70% carboidratos/
10 -15% proteínas/
< 30% lipídeos
Valores de referência recomendados pela FAO (2003), utilizados para
análise do índice de massa corporal (IMC) das atletas desse estudo.
Baixo peso............................................................................. Abaixo de 18,5 kg/m²
Peso normal........................................................................... 18,5 - 24,9 kg/m²
Sobrepeso.............................................................................. 25,0 - 29,9 kg/m²
Obesidade Grau I................................................................... 30,0 - 34,9 kg/m²
Obesidade GrauII................................................................... 35,0 - 39,9 kg/m²
Obesidade Grau III................................................................. 40,0 e acima kg/m²
Anexo 5
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo