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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CASCA DE CAFÉ MELOSA ENSILADA NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
Autor: Paulo Levi de Oliveira Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Ivan Moreira
“Dissertação apresentada, como parte
das exigências para obtenção do título
de MESTRE EM ZOOTECNIA, no
Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual de
Maringá - Área de concentração
Produção Animal”
MARINGÁ
Estado do Paraná
março - 2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CASCA DE CAFÉ MELOSA ENSILADA NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
Autor: Paulo Levi de Oliveira Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Ivan Moreira
“Dissertação apresentada, como parte
das exigências para obtenção do título
de MESTRE EM ZOOTECNIA, no
Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia da Universidade Estadual de
Maringá - Área de Concentração
Produção Animal”
MARINGÁ
Estado do Paraná
março - 2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CASCA DE CAFÉ MELOSA ENSILADA NA
ALIMENTAÇÃO DE SUÍNOS
Autor: Paulo Levi de Oliveira Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Ivan Moreira
TITULAÇÃO: Mestre em Zootecnia – Área de Concentração Produção
Animal
APROVADA em 05 de março de 2008.
ii
“A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas
aquilo em que ele nos transforma”
John Ruskin (Londres,*1819 - †1900)
iii
Dedico este trabalho a todas as pessoas que são responsáveis por sua elaboração.
A Deus pela vida; por tudo.
A minha amada família:
Meus pais Paulo Neres Carvalho e Mariza de Oliveira Carvalho;
Minha irmã Paola Mahyra;
Minha querida avó Universina Carvalho Matos;
A minha namorada, amiga e companheira Silvana Teixeira;
A estas pessoas, os meus sinceros agradecimentos por todas as horas de compreensão,
paciência e motivação.
E todos os outros familiares e amigos que de forma direta ou indireta sempre
depositaram em mim imenso amor e grande confiança.
Amo muito todos vocês!
AGRADECIMENTOS
Durante a realização de qualquer caminhada sempre contamos com competência,
carinho, dedicação e amizade de inúmeras pessoas. Nesta que agora termina quero
agradecer a todos, em especial:
Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá e,
por todas as oportunidades que me foram proporcionadas;
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo
financiamento e concessão da bolsa de estudo, fundamental para a realização deste
estudo;
À empresa COCAMAR, pelo fornecimento do alimento necessário para condução deste
estudo;
À Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, pelos conhecimentos essenciais, os
quais foram os alicerces da minha formação acadêmica;
Ao meu orientador Profº Dr. Ivan Moreira e co-orientador Profº Dr.Antônio Cláudio
Furlan, pela dedicação e competência nos ensinamentos que culminarão para o êxito
desta empreitada. Profissionais que são exemplo de ética, os quais colaboraram de
forma direta no meu crescimento acadêmico;
Aos colegas do grupo de pesquisa: Angela Rocio Poveda Parra, Carina Scherer, Diovani
Paiano, Fábio Lima Mourinho, Gisele Cristina de Oliveira, Guilherme Augusto Dias
v
Gonçalves, Ilton S. Kuroda Junior, Leandro S. Perdigão, Lina Maria Peñuela Sierra,
Liliane Maria Piano, Marlon Girola, todos os bolsistas e estagiários pela atenção,
confiança, dedicação, não medindo esforços para ajudar na realização deste trabalho.
Aos funcionários do Setor de Suinocultura da Fazenda Experimental de Iguatemi.
Senhores Mauro dos Santos, Carlos José (Rulk) e João Salvalagio.
A todos os funcionários do Laboratório de Análise de Alimentos e Nutrição Animal
(LANA): Cleuza Volpato e Creuza de Azevedo, pelos momentos de amizade, paciência
e auxílio na execução das análises.
A todos meus grandes amigos de graduação e pós-graduação, em especial Ricardo
Kazama, Valter Harry Bumbieris Junior (Duda), Daniele Cristina da Silva, Sandra
Galbeiro, Patricia Cristina do Couto, Julio
BIOGRAFIA
PAULO LEVI DE OLIVEIRA CARVALHO, filho de Paulo Neres Carvalho e
Mariza de Oliveira Carvalho, nasceu em Campinas, Estado de São Paulo, no dia 05 de
novembro de 1981.
Cursou o ensino fundamental no CIEC – Centro Integrado de Educação de
Cassilândia e o ensino médio no Colégio Perpétuo Socorro, em Campo Grande/MS.
Em Julho de 2005, concluiu a graduação em Zootecnia, pela Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul, unidade de Aquidauana/MS.
Participou do Programa Apoio Técnico a Pesquisa/CNPq, na Universidade
Estadual de Maringá, no segundo semestre de 2005.
Em Fevereiro de 2006, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, em
nível de mestrado, área de concentração Produção Animal, na Universidade Estadual de
Maringá.
Submeteu-se, em Fevereiro de 2008, à banca para defesa da Dissertação de
Mestrado.
ÍNDICE
Página
LISTA DE TABELAS.......................................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... xi
RESUMO.............................................................................................................. xii
ABSTRACT.......................................................................................................... xiv
I – INTRODUÇÃO GERAL................................................................................. 1
1.1 Composição química e processamento da casca de café melosa........... 2
1.2 Casca de café melosa ensilada............................................................. 5
1.3. Efeito da fibra no trato digestivo dos suínos........................................ 6
Citação Bibliográfica................................................................................... 9
II – OBJETIVOS GERAIS................................................................................... 14
III - CASCA DE CAFÉ MELOSA ENSILADA NA ALIMENTAÇÃO DE
SUÍNOS NA FASE INICIAL...................................................................... 15
Resumo........................................................................................................ 15
Abstract........................................................................................................ 16
Introdução.................................................................................................... 17
Material e Métodos...................................................................................... 18
Resultados e Discussão................................................................................ 24
Conclusões................................................................................................... 32
Citação Bibliográfica................................................................................... 33
IV - CASCA DE CAFÉ MELOSA ENSILADA NA ALIMENTAÇÃO DE
SUÍNOS NA FASE DE CRESCIMENTO E TERMINAÇÃO................... 38
Resumo........................................................................................................ 38
Abstract........................................................................................................ 39
viii
Introdução.................................................................................................... 40
Material e Métodos...................................................................................... 41
Resultados e Discussão................................................................................ 48
Conclusões................................................................................................... 55
Citação Bibliográfica................................................................................... 56
V - CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 60
ix
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1 - Composição centesimal e química, granulometria e custos das
rações, contendo diferentes níveis de inclusão de casca de café
melosa ensilada (CCEn), para suínos na fase inicial......................
22
TABELA 2 - Composição química, energética e física da casca de café melosa
e da casca de café melosa ensilada................................................. 25
TABELA 3 - Percentagem e matéria mineral das frações das amostras do
subproduto casca de café melosa (na matéria natural)................... 26
TABELA 4 - Coeficientes de digestibilidade aparente (CD), Coeficiente de
metabolização (CM) e valores digestíveis de nutrientes da casca
de café melosa (CCM) e casca de café melosa ensilada (CCEn)
utilizadas na fase inicial................................................................. 29
TABELA 5 - Consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP),
conversão alimentar (CA), nitrogênio da uréia plasmática (NUP)
dos suínos na fase inicial, alimentados com níveis crescentes de
inclusão de casca de café melosa ensilada (CCEn) nas
rações.............................................................................................. 30
TABELA 6 - Custo do quilograma de ração, custo em ração por quilograma de
peso vivo ganho (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e
índice de custo (IC) de suínos na fase inicial, alimentados com
níveis crescentes de inclusão de casca de café melosa ensilada
(CCEn) nas rações.......................................................................... 32
TABELA 7 - Composição centesimal e química, granulometria e custos, das
rações contendo diferentes níveis de inclusão de casca de café
melosa ensilada (CCEn), para suínos na fase de crescimento........ 45
TABELA 8 -
Composição centesimal e química, granulometria e custos, das
rações contendo diferentes níveis de inclusão de casca de café
melosa ensilada (CCEn), para suínos na fase de terminação......... 46
x
TABELA 9 - Coeficientes de digestibilidade aparente (CD), Coeficiente de
metabolização (CM) e valores digestíveis de nutrientes da casca
de café melosa (CCM) e CCM ensilada (CCEn) utilizadas na
fase de crescimento e terminação................................................... 49
TABELA 10 - Consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP),
conversão alimentar (CA), e nitrogênio da uréia plasmática
(NUP) espessura de toucinho na P2 (ET- P2), profundidade de
lombo (PL) dos suínos na fase de crescimento e terminação
alimentados com níveis crescentes de inclusão de casca de café
melosa ensilada (CCEn) nas rações experimentais.....................
51
TABELA 11 - Efeito das dietas contendo níveis crescentes de casca de café
melosa ensilada sobre as características de carcaça de suínos em
terminação...................................................................................... 53
TABELA 12 - Custo do quilograma de ração, custo em ração por quilograma de
peso vivo ganho (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e
índice de custo (IC) de suínos nas fases de crescimento e
terminação, alimentados com níveis crescentes de inclusão de
casca de café melosa ensilada (CCEn) nas rações......................... 54
xi
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 - Estabilidade aeróbia de casca de café melosa ensilada...............
28
RESUMO
Quatro experimentos foram conduzidos para determinar o valor nutricional e
verificar o desempenho dos suínos nas fases inicial, crescimento e terminação
alimentados com rações contendo casca de café melosa ensilada (CCEn). No
Experimento I, foi conduzido um ensaio de digestibilidade utilizando 15 suínos
mestiços, machos castrados, com 20,78 ± 2,86 kg de peso vivo inicial, distribuídos em
delineamento inteiramente casualizado. Os alimentos estudados foram casca de café
melosa (CCM) e CCEn. De forma geral, o processo de ensilagem não melhorou a
digestibilidade da casca de café melosa. Os valores de ED, na matéria natural (MN),
obtidos para CCM e CCEn, foram 2.352 e 1.605 kcal/kg, respectivamente. No
Experimento II, foram utilizados 60 leitões (30 machos e 30 fêmeas) com peso vivo
inicial de 15,52 ± 2,29 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com
cinco tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade experimental. Os
tratamentos consistiram em cinco rações com níveis crescentes de inclusão (0, 4, 8, 12 e
16%) da CCEn. Não foi verificado efeito da inclusão de CCEn sobre o consumo diário
de ração, ganho diário de peso, conversão alimentar e nitrogênio da uréia. O estudo de
viabilidade econômica indicou a possibilidade de inclusão de CCEn até 4%. Conclui-se
que a casca de café melosa ensilada apresenta bom valor nutricional e pode ser utilizada
em até 16% na alimentação de leitões na fase de creche (15-30 kg) sem prejuízo no
desempenho, entretanto o uso econômico vai depender da relação de preços entre os
ingredientes. No Experimento III, foi conduzido um ensaio de digestibilidade utilizando
15 suínos mestiços, machos castrados, com 43,06 ± 4,12kg de peso vivo inicial,
distribuídos em delineamento inteiramente casualizado. Os alimentos estudados foram
CCM e CCEn. De forma geral, o processo de ensilagem não melhorou a digestibilidade
da casca de café melosa. Os valores de ED, na MN, obtidos para CCM e CCEn, foram
2.143 e 1.431 kcal/kg, respectivamente. No Experimento IV, foram utilizados 60 suínos
xiii
(30 machos e 30 fêmeas) com peso vivo inicial de 32,52 ± 3,21 kg na fase de
crescimento e 55 suínos, com peso inicial de 61,70 ± 3,29 kg, na fase de terminação,
distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos, seis
repetições e dois animais por unidade experimental. Os tratamentos consistiram em
cinco rações com níveis crescentes de inclusão (0, 4, 8, 12 e 16%) da CCEn. Para a fase
de crescimento não houve efeito dos níveis de inclusão da CCEn sobre as variáveis,
consumo diário de ração, ganho diário de peso, conversão alimentar e nitrogênio da
uréia plasmática. O estudo de viabilidade econômica indicou possibilidade de inclusão
de CCEn até 8%. Para a fase de terminação, a conversão alimentar melhorou com o
aumento dos níveis de inclusão da CCEn. O consumo diário de ração, ganho diário de
peso, nitrogênio da uréia plasmática e profundidade de lombo não diferiram entre os
níveis de inclusão da CCEn, no entanto a viabilidade econômica indicou possibilidade
de inclusão de CCEn até 8%. Houve efeito quadrático da CCEn sobre a espessura de
toucinho e marmoreio. O peso do estômago vazio aumentou de forma linear com a
inclusão da CCEn. Conclui-se que a casca de café melosa ensilada apresenta bom valor
nutricional e pode ser utilizada em até 16% na alimentação de suínos, na fase de
crescimento e terminação, sem prejudicar o desempenho além de produzir carcaças mais
magras, entretanto o uso econômico vai depender da relação de preços entre os
ingredientes.
Palavras-chave: alimentos alternativos, característica de carcaça, desempenho,
digestibilidade, subproduto
ABSTRACT
Four experiments were carried out to determine the nutritional value and to verify
the performance of starting, growing and finishing pigs fed with sticky coffee hull
silage (SCHS). In the Experiment I, a digestibility trial, was carried out using fifteen
cross breed barrow with initial body weight of 20.78 ± 2.86 kg in metabolism cages,
allotted in a completely randomized design. The evaluated feeds were sticky coffee hull
(SCH) and SCHS. In general, the process of ensilage did not improve the SCHS
digestibility. The values of DE, as fed basis, obtained for SCH and SCHS, were 2,352
and 1,605 kcal/kg, respectively. In the Experiment II, 60 piglets (30 barrows an 30
female) were used, initial body weight 15.52 ± 2.29 kg, allotted in a completely
randomized design, with five treatments, six replicates and two pigs per pen
(experimental unit). The treatments consisted of five diets with increasing levels (0, 4,
8, 12 and 16%) of SCHS. There were no effects of SCHS inclusion on daily fed intake,
daily weight gain, feed:gain ratio and plasma urea nitrogen. The study of economic
viability indicated the possibility of SCHS inclusion to 4%. It is concluded that SCHS
presents good nutritional value and can be included up to 16% in nursery piglets (15-30
kg) diets without impairing performance, however the feasibility of using SCHS, will
depend of feedstuffs prices.
In the Experiment III, a digestibility trial were carried out
using fifteen cross breed barrow with initial body weight of 43.06 ± 4.12 kg allotted in
metabolism cages, in a completely randomized design. The evaluated feeds were sticky
coffee hull (SCH) and SCHS. The ensilage process did not improve the digestibility of
SCHS. The values, as fed basis, of DE obtained for SCH and SCHS, were 2,143 and
1,431 kcal/kg, respectively. In the
Experiment IV, 60 pigs (30 male an 30 female) were
used, initial body weight of 32.52 ± 3.21 kg in growing phase and 55 pigs, with initial
body weight of 61.70 ± 3.29 kg, in finishing phase, allotted in a completely randomized
design with five treatment, six replicates and two pigs per pen (experimental unit). The
xv
treatments consisted of five diets with increasing levels (0, 4, 8, 12 and 16%) of SCHS.
In the growing phase there were no effect of inclusion levels of SCHS on daily fed
intake, daily weight gain, feed:gain ratio and plasma urea nitrogen. The study of
economic viability indicated the possibility of SCHS inclusion up to 8%. In the
finishing phase, the feed:gain ratio showed a improved with the increasing SCHS
inclusion levels. The daily fed intake, daily weight gain and plasma urea nitrogen and
loin depth did not differ between SCHS inclusion levels, however the economic
viability indicated the possibility of SCHS inclusion up to 8%. The results of carcass
traits indicated a quadratic effect on backfat thickness and marbling score of the
longissimus dorsi. There was a linear increasing on weight of empty stomach according
to the addition of SCHS on diets. These results suggest that SCHS presents good
nutritional value and can be included up to 16% in starting, growing and finishing pigs
diets, without impairing performance and carcass traits, however the feasibility of using
SCHS, will depend of feedstuffs prices.
Key Words: alternative feedstuffs, by-product, carcass characteristics, digestibility,
performance
I – INTRODUÇÃO GERAL
A suinocultura está entre as atividades mais tradicionais e antigas do setor
agropecuário. Dados do ANUALPEC (2007) mostram que o plantel brasileiro tem
aumentado significativamente sua participação na suinocultura mundial, possuindo
atualmente o quarto maior rebanho, estimado em 33,187 milhões de cabeças para 2007,
permanecendo atrás apenas da China (530,9), União Européia (152,1) e dos Estados
Unidos (61,8). Dados nacionais mostram que o estado de Santa Catarina possui o maior
rebanho de suínos com 6,625 milhões de cabeças, seguido por Rio Grande do Sul
(4,509) e Paraná (4,479).
De acordo com a ABIPECS (2007), nos últimos anos, a produção nacional de
carne suína teve aumento significativo, em 2006, atingindo os 2,869 milhões de
toneladas (162 mil toneladas a mais do que em 2005). Estes resultados são devido
algumas mudanças nos sistemas de produção, como os aprimoramentos da gestão das
granjas, do manejo, da alimentação e da sanidade dos plantéis.
Na suinocultura a alimentação representa o item de maior custo, surgindo
interesse contínuo na busca por alimentos alternativos que permitam minimizar os
gastos com a alimentação e, conseqüentemente, reduzir o custo de produção do suíno
(Oliveira et al., 2004). Em virtude das constantes alterações nos preços do milho e do
farelo de soja, principais componentes das rações para suínos, torna-se essencial o
conhecimento do valor nutricional destes alimentos alternativos para que possam ser
empregados como fonte de energia e proteína (Bastos et al., 2006).
Em função do Brasil ser o maior produtor mundial de café, existem amplas
possibilidades de utilização das diferentes partes resultantes do seu beneficiamento. É
fato que a cafeicultura é uma atividade que se destaca por produzir elevado volume de
resíduos, cuja utilização tem sido objeto de diversos estudos para o aproveitamento na
alimentação animal, sobretudo da casca de café (Ribeiro Filho, 1998). Por ser um
2
subproduto de baixo custo, pode viabilizar uma produção de carne suína mais
econômica.
Esta busca de ingredientes alternativos aumenta a demanda, conseqüentemente o
mercado passa a perder a vantagem diferencial que teriam pela falta ou aumento de
preço dos ingredientes tradicionais (soja e milho). Por isso, sempre que se considerar a
alternativa de ingredientes, o produtor deve estar atento a disponibilidade comercial,
qualidade e preços relativos aos ingredientes tradicionais, buscando a vantagem no
preço, sem desconsiderar a qualidade (Girotto et al., 2003).
1.1 Composição química e processamento da casca de café melosa
Dados da International Coffee Organization (2008) mostram que a produção
mundial de café na safra de 2006/07 está estimada em cerca de 125 milhões de sacas de
café beneficiado, com aumento significativo de 12% sobre o período anterior. De
acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Brasil é o principal
produtor de café no mercado mundial, com a produção nacional em 2007 de 33,740
milhões de sacas de café beneficiado. Deste total, 69,0% (23,477 milhões de sacas) são
da espécie arábica e 31,0% (10,263 milhões de sacas), são de robusta.
A produção de café brasileiro está concentrada em seis estados: Minas Gerais
(líder com 50,1% da produção total), Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia e
Paraná. Na região sul do país, destaca-se o Estado do Paraná com produção de 1,622
milhões de sacas de café beneficiado (CONAB, 2008).
O fruto de café é composto pelo grão ou endosperma (54%), o pergaminho ou
endocarpo (membrana que reveste o grão, 12%), capa mucilaginosa ou mesocárpo
(reveste externamente o pergaminho, 5%), a polpa ou esocárpio (29%) e a casca ou
epicárpio, que é a membrana externa que recobre todo o fruto do café. Assim, a partir de
1 kg de café cereja, com 34,5% de MS, obtém-se aproximadamente 191 g de grãos-de-
café seco, 100 g de MS de polpa, 17 g de MS de mucilagem e 41 g de MS de
pergaminho (Bressani et al., 1972).
Em geral, na cultura do café, os principais resíduos são polpa, casca, mucilagem e
água residual (Rojas et al., 2002). Em virtude da crescente preocupação com os
problemas ambientais, houve aumento do interesse sobre a destinação desses resíduos,
gerados do processamento agro-industrial do café (Ribeiro Filho, 1998).
3
Após a colheita, para tratamento das cerejas de café são utilizadas as vias úmidas
e secas, obtendo em cada processo diferente resíduos. Em países da América Central,
México, Colômbia, Quênia e África do Sul, o café (cereja) é preparado por via úmida,
sendo despolpado antes da secagem, resultando em resíduos formados por polpa e
mucilagem (Bartholo et al., 1989). Esse processo (despolpamento) é pouco expressivo
4
ração animal. No entanto, na literatura são encontrados poucos experimentos sobre a
utilização de casca de café na alimentação de suínos.
Dentre os trabalhos mais relevantes, Oliveira (1999) utilizando níveis de inclusão
crescente de casca de café (0, 5, 10 e 15%) em substituição ao milho, verificou redução
na digestibilidade e no desempenho dos suínos, concluindo que o nível viável
economicamente seria de até 5% de inclusão na ração. Oliveira (2001), utilizando casca
de café melosa na alimentação de suínos em terminação, observou que este subproduto
apresenta baixos valores de digestibilidade e que propicia redução no desempenho dos
animais. Em estudos semelhantes Poveda Parra et al. (2008) verificaram que casca de
café melosa pode ser incluída em até 5% na ração na fase de crescimento e 9,5% para
fase de terminação, sem redução no desempenho, sendo economicamente viável, além
de proporcionar carcaças mais magras.
Para o melhor aproveitamento da casca do café na alimentação animal, é
necessária a redução dos compostos antifisiológicos e antinutricionais, tais como a
cafeína, taninos e polifenóis. A existência destes compostos reduz a ingestão, a
digestibilidade das proteínas e a retenção do nitrogênio (Brand, 1999).
Os taninos são compostos fenólicos que comprometem a palatabilidade e
diminuem a digestibilidade dos alimentos. Nunes et al. (2001) afirmam que o tanino,
além de afetar o valor nutricional dos alimentos, formando complexos com proteínas,
íons metálicos divalentes, carboidratos e outras macromoléculas, também atua inibindo
a atividade de várias enzimas digestivas e provocando erosões das células epiteliais do
intestino, diminuindo a absorção dos nutrientes através da parede intestinal.
A cafeína é um alcalóide farmacologicamente ativo pertencente ao grupo das
metilxantinas. Segundo Graham (1978) a cafeína afeta a palatabilidade e possui efeito
no sistema nervoso central, os quais são as suas principais limitações para a alimentação
animal. Estudos de Oksbjerg & Sorensen (1995) verificaram que inclusão da mistura de
cafeína e efedrina na alimentação de suínos em terminação, reduziu a ingestão do
alimento, melhorou a conversão alimentar e proporcionou carcaça com mais músculo e
menos gordura.
Os problemas como o aumento da fibra e a presença dos fatores antinutricionais
na utilização dos subprodutos oriundos da cafeicultura são relatados desde década de 70
(Jarquín et al., 1974; Jarquín et al., 1977), os quais verificaram respostas negativas no
desempenho de suínos em crescimento alimentados com níveis polpa de café. No
entanto, algumas alternativas favorecem a redução dos teores de tanino e cafeína como:
5
a ação de fungos inoculados sobre a casca (Silva, 2005) e a detoxificação biológica da
cafeína e dos taninos (Brand, 1999) e o processo de ensilagem (Soccol et al., 1999).
1.2 Casca de café melosa ensilada
Na tentativa de melhorar o aproveitamento deste subproduto, o processo de
ensilagem é uma alternativa viável, pois além de constituir uma forma de
aproveitamento do material que seria desperdiçado, contribui para minimizar o impacto
ambiental causado pelo acúmulo destes resíduos. A ensilagem disponibiliza ao produtor
aproveitar e conservar resíduos agroindustriais, gerados em grandes quantidades em
determinadas regiões do Brasil e que apresentam alto potencial para uso na alimentação
animal (Santos et al., 2001).
Os principais objetivos do processo de ensilagem é aumentar a disponibilidade da
energia, evitar o desenvolvimento de micotoxinas, melhorar características de mistura
para facilitar a administração do alimento e melhorar o desempenho animal (Owens et
al. 1997). De forma geral, a ensilagem favorece uma maior disponibilidade de
nutrientes, por meio da quebra parcial da parede celular (Costa et al., 2001) evitando
assim transtornos digestíveis devido a presença dos fatores antinutricionais. Segundo
Eriksson (1991), a fermentação láctica que ocorre no processo de ensilagem, tem sido
utilizado há anos e representa uma alternativa importante para preservar materiais de
baixa qualidade, propiciando redução do pH, pela produção de ácidos orgânicos,
especialmente o ácido láctico, que inibe o crescimento de microrganismos indesejáveis
na biomassa fermentada. Jobim et al. (1997) sugerem que para que ocorra rápida
acidificação da massa ensilada é necessário, substrato adequado e população satisfatória
de microorganismo, principalmente de Lactobacillus.
Segundo Jobim & Branco (2002), a adição de inoculantes aos alimentos ensilados
permite a obtenção de um produto final de melhor qualidade. Entre os vários
inoculantes disponíveis, pode-se destacar o inoculante enzimático microbiano, que tem
mostrado ser eficiente na melhoria da qualidade nutricional das silagens. Conforme
Henderson (1993), o uso desse aditivo pode possibilitar o aumento da disponibilidade
de carboidrato solúvel como substrato para bactérias láticas e conseqüentemente abaixar
o pH, e também como método para aumentar a digestibilidade da matéria orgânica do
material ensilado. Em outra linha de pesquisa, a adição de casca de café na ensilagem de
materiais com alto teor de umidade, pode elevar o teor de matéria seca e promover
6
adequada capacidade de absorção, atuando como eficiente aditivo absorvente (Souza et
al., 2001; Quadros et al., 2003; Bernardino et al., 2005; Faria et al., 2007).
Considerando que é escassa a literatura a respeito da utilização de casca de café
melosa e ensilada para a alimentação de suínos, torna-se necessário maior
direcionamento das pesquisas científicas para avaliação do aproveitamento deste
subproduto na alimentação de suínos e seus efeitos sobre o desempenho destes animais.
1.3. Efeito da fibra no trato digestivo dos suínos
O principal problema quando se trata de fibra da dieta é que este termo refere-se a
grande quantidade de substâncias, incluindo purificadas, as semi-purificadas ou aquelas
derivadas da parede celular dos vegetais (Guillon & Champ, 2000). Por esta razão,
existem vários conceitos dentre estes de fibra dietética, que há décadas, estudiosos
relatam diversas definições para o termo. Trowell (1977) descreve a fibra dietética
como sendo os polissacarídeos, mais a lignina dos vegetais, que não podem ser
digeridos por enzimas digestivas dos mamíferos.
Em geral, o termo fibra é meramente nutricional e sua definição está relacionada
ao método empregado para sua determinação (Mertens, 1992). Segundo Bailey (1973),
o termo fibra bruta (FB) refere-se ao resíduo do material da planta após a extração ácida
e alcalina, inclui porções variáveis de polissacarídeos não-amiláceos (PNA’s), a fibra
em detergente neutro (FDN), refere-se a porção insolúvel dos PNA’s mais lignina, e
quanto a fibra em detergente ácido (FDA), refere-se a porção insolúvel de PNA’s,
compreendido na maior parte, por celulose e lignina. De acordo com Grieshop et al.
(2001) dentre os PNA’s os mais abundantes da parede celular são a celulose,
hemicelulose, pectinas e o menor grupo pertence aos frutanos, glucomananos,
galactomananos, cuja função é de polissacarídeos internos de reserva.
As propriedades físico-químicas da fibra variam consideravelmente, dependendo
de sua composição e estrutura. Algumas especificidades podem influenciar no seu
comportamento in vivo, como tamanho, solubilidade, viscosidade, hidratação, troca
catiônica e fermentabilidade da partícula (Potty, 1996; Sheeman, 1999). Alguns efeitos
da fibra no funcionamento do intestino delgado são detalhados por Varel & Yen (1997),
entre estes o rápido esvaziamento gástrico; biliar e de secreção pancreática; decréscimo
na absorção, em função da capacidade de retenção de água; mecanismo erosivo na
superfície da mucosa intestinal e redução na digestibilidade de nutrientes.
7
De acordo com Guillon & Champ (2000) o trânsito mais acelerado está associado
a diminuição do pH, aumentando a quantidade de substratos que chega ao cólon, bem
como, provoca aumento no volume fecal. Conforme Kempen (2001), estudos
demonstraram que em suínos alimentados com dieta (5,5% FDN) e dieta à base de
milho-farelo de soja (10% FDN) houve redução em até 35% da produção de resíduos.
Na fisiologia do trato gastrointestinal, o estômago e o intestino delgado de
mamíferos não produzem enzimas capazes de degradar a fibra dietética. No entanto, o
ceco e o cólon dos suínos apresentam características essenciais ao crescimento
bacteriano como: temperatura, ausência de oxigênio, pH, além de quantidade
consideráveis de nutrientes (Oliveira, 1999). Por esta razão, fibra pode ser degradada
pela atividade microbiana que produzem celulases, hemicelulases, pectidases e outras
enzimas (Varel & Yen,1997).
Na flora microbiana, duas espécies celulolíticas encontradas no rúmen,
Bacteroides succinogenes e Ruminococcus flavefaciens, são predominantes no intestino
grosso de suínos em crescimento (Varel et al., 1984a). Fato que fornece uma explicação
parcial sobre a forma, como quantidades significativas de fibras principalmente celulose
podem ser degradadas no intestino grosso de suínos (Varel, 1987). Esta habilidade dos
suínos em utilizar rações contendo fibra dietética está também relacionada ao maior
tamanho do trato gastrintestinal, em especial do intestino grosso Fato confirmado por
Noblet & Le Goff (2001) que observaram uma redução da digestibilidade da fibra em
animais jovens comparada aos animais adultos. Outras pesquisas Varel & Pond (1985)
confirmam que o aumento de 10% da flora cultivável, do número de bactérias
celulolíticas no intestino grosso de suínos, com uso de alimentação com alto teor de
fibra.
Parte da energia obtida dos alimentos fibrosos está disponível para suínos, como
ácidos graxos voláteis (AGV), produzidos no intestino grosso pela fermentação dos
carboidratos pelos microrganismos anaeróbicos (Pond, 1987). Os AGV são
considerados produtos finais da fermentação microbiana no intestino grosso, onde são
rapidamente absorvidos, entre estes incluem o acetato, proprionato e butírico, os gases
H
2,
CO
2,
CH
4
, uréia e calor e podem proporcionar de 5 a 30% das necessidades
energéticas de suínos em crescimento (Réral et al., 1987). O aumento do teor de AGV
no intestino grosso, em decorrência da fermentação da fibra dietética da ração contribui
para: o metabolismo energético dos suínos, especialmente para animais adultos; atua na
proliferação celular do epitélio intestinal com significativo aumento da produção de
8
muco protetor; altera a motilidade intestinal; estimula a liberação do muco intestinal;
eleva o fluxo sangüíneo do colo e eleva a taxa de renovação celular do epitélio (Von
Engeelhardt, 1989; Brunsgaard, 1998).
Em geral, a inclusão dos alimentos fibrosos nas rações de suínos pode provocar
aumento do consumo pela redução da densidade energética da ração e
conseqüentemente a necessidade de atender as exigências energéticas. Quando a fibra
excede 10 a 15% da ração, o consumo poderá ser prejudicado pelo volume excessivo ou
pela redução na palatabilidade (NRC, 1998).
Entre os entraves da utilização do resíduo do café descascado, o alto teor de fibra
é de destacar. As dietas fibrosas apresentam funções nutricionais diversas, de acordo
com a espécie em questão. Embora os animais não-ruminantes, como os suínos, digiram
e utilizem a fração fibrosa dos alimentos de forma diversa dos ruminantes, a fibra
dietética vem sendo considerada como fonte alternativa de energia na alimentação desta
espécie animal, principalmente para animais destinados ao abate nas fases de
crescimento-terminação. Nestas fases a adição de fibra dietética na alimentação permite
melhorar o controle dos padrões de carcaças, adequando o ganho de peso animal com
maior rendimento de carne magra (Gomes et al., 2007).
9
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II – OBJETIVOS GERAIS
A) Avaliar a composição química e energética da casca de café melosa ensilada
B) Verificar os efeitos da ensilagem sobre o valor nutricional da casca de café melosa.
C) Verificar quais os níveis máximos de inclusão da casca de café melosa ensilada nas
rações dos suínos nas diferentes fases de crescimento (15-90 kg) que propicie o melhor
desempenho, rendimento de carcaça e retorno econômico.
III - Casca de Café Melosa Ensilada na Alimentação de Suínos na Fase
Inicial
RESUMO – Dois experimentos foram conduzidos para determinar o valor
nutricional e verificar o desempenho de leitões na fase de inicial alimentados com
rações contendo casca de café melosa ensilada (CCEn). No Experimento I, foi
conduzido um ensaio de digestibilidade utilizando 15 suínos mestiços, machos
castrados, com 20,78 ± 2,86 kg de peso vivo inicial, distribuídos em delineamento
inteiramente casualizado. Os alimentos estudados foram casca de café melosa (CCM) e
CCEn. De forma geral, o processo de ensilagem não melhorou a digestibilidade da
casca de café melosa. Os valores de energia digestível (ED), na matéria natural (MN),
obtidos para CCM e CCEn, foram 2.352 e 1.605 kcal/kg, respectivamente. No
Experimento II, foram utilizados 60 leitões (30 machos e 30 fêmeas) com peso vivo
inicial de 15,52 ± 2,29 kg, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com
cinco tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade experimental. Os
tratamentos consistiram em cinco rações com níveis crescentes de inclusão (0, 4, 8, 12 e
16%) da CCEn. Não foi verificado efeito da inclusão de CCEn sobre o consumo diário
de ração, ganho diário de peso, conversão alimentar e nitrogênio da uréia plasmática. O
estudo de viabilidade econômica indicou a possibilidade de inclusão de CCEn até 4%.
Conclui-se que a casca de café melosa ensilada apresenta bom valor nutricional e pode
ser utilizada em até 16% na alimentação de leitões na fase de creche (15-30 kg), sem
prejuízo no desempenho, entretanto o uso econômico vai depender da relação de preços
entre os ingredientes.
Palavras-chave: alimentos alternativos, desempenho, digestibilidade, subproduto
III - Sticky Coffee Hull Silage on Starting Pigs Diets
ABSTRACT -
Two experiments were carried out to determine the nutritional
value and to verify performance of nursery piglets fed with sticky coffee hull silage
(SCHS). In the Experiment I, a digestibility trial were carried out using fifteen cross
breed barrow with initial body weight of 20.78 ± 2.86 kg in metabolism cages, allotted
in a completely randomized design. The evaluated feeds were sticky coffee hull (SCH)
and SCHS. In general, the process of ensilage did not improve the SCHS digestibility.
The values of DE, as fed basis, obtained for SCH and SCHS, were 2,352 and 1,605
kcal/kg, respectively. In the Experiment II, 60 piglets (30 barrows an 30 female) were
used, initial body weight 15.52 ± 2.29 kg, allotted in a completely randomized design
with five treatments, six replicates and two pigs per pen (experimental unit). The
treatments consisted of five diets with increasing levels (0, 4, 8, 12 and 16%) of SCHS.
There were no effects of SCHS inclusion on daily fed intake, daily weight gain,
feed:gain ratio and plasma urea nitrogen. The study of economic viability indicated the
possibility of SCHS inclusion up to 4%. It is concluded that SCHS presents good
nutritional value and can be included up to 16% in nursery piglets (15-30 kg) diets
without impairing performance, however the feasibility of using SCHS, will depend of
feedstuffs prices.
Key Words: alternative feedstuffs, by-product, digestibility, performance
17
Introdução
A alimentação representa o item de maior custo para suinocultura. Em função das
constantes oscilações dos preços dos ingredientes bases, como milho e farelo de soja, há
necessidade da busca e o conhecimento de valores nutricionais dos alimentos
alternativos que possam ser empregados na produção de suínos.
De acordo com dados da CONAB (2008) o Brasil é o principal produtor de café
no mercado mundial, com a produção nacional estimada em 33,740 milhões de sacas de
café beneficiado. Segundo Ribeiro Filho (1998), a cafeicultura caracteriza-se por
produzir elevado volume de resíduos, cuja utilização tem sido objeto de diversos
estudos para aproveitamento na alimentação animal, sobretudo da casca de café.
Para tratamento das cerejas de café são utilizadas as vias úmida e seca, obtendo
em cada processo diferentes resíduos. Em países da América Central, México,
Colômbia, Quênia e África do Sul, realizam o beneficiamento por via úmida, na qual há
separação das diferentes frações que compreendem a mucilagem e polpa como os
principais resíduos obtidos (Bartholo et al., 1989). No Brasil, 80% do café produzido é
proveniente do método de via seca, onde o fruto é seco na sua forma integral, resultando
em resíduos formados por casca e pergaminho (Soccol, 2000).
A produção da casca de café representa aproximadamente 50% da produção total
de café. Sendo a casca de café integral constituída pelo pergaminho ou endocarpo,
mucilagem ou mesocarpo e casca ou epicarpo. Do fruto de café é possível obter duas
frações distintas da casca, dependendo do tipo de grão colhido e do processamento: a
casca de café seca e a casca de café melosa. A casca de café seca é constituída
basicamente de pergaminho que corresponde a fração mais leve e rica em carboidratos
fibrosos (Teixeira, 1999; Vilela, 1999; Oliveira, 2001). A outra fração é constituída de
casca, mucilagem e pequenas quantidades de pergaminho, diferindo-se da polpa de café
por não haver sofrido fermentação (Vilela et al., 2001).
Devido a menor presença do pergaminho, a casca de café melosa apresenta
melhor composição química ressaltando maiores conteúdos de proteína bruta (PB) e
principalmente menores teores de fibra detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácido
(FDA). Por esta razão, esse subproduto destaca-se por ser mais passível de ser utilizado
na alimentação de suínos, devido ao seu menor teor de fibra (Oliveira et al., 2001).
Embora os animais não-ruminantes, como os suínos, utilizem a fração fibrosa dos
alimentos de forma diversa dos ruminantes, a fibra dietética vem sendo considerada
18
uma fonte alternativa de energia na alimentação desta espécie animal (Gomes et al.,
2006). No entanto, a habilidade do suíno em digerir fibra está relacionada com a idade e
o peso vivo do animal, conseqüentemente a digestibilidade da fibra é menor em animais
jovens em relação aos animais adultos (Noblet & Le Goff, 2001).
Na tentativa de melhorar o aproveitamento da casca de café melosa na
alimentação animal, a ensilagem torna-se uma alternativa. Este processo possivelmente
facilitaria o aproveitamento deste subproduto pelos animais, por meio da maior
disponibilidade de nutrientes, por propiciar quebra parcial da parede celular (Costa et
al., 2001); redução dos fatores antinutricionais como, tanino e cafeína, os quais estão
presentes na casca de café melosa e ocasionam transtornos digestíveis em
monogástricos, além de contribuir para minimizar o impacto ambiental causado pelo
acúmulo deste resíduo.
Em virtude da escassa informação científica sobre a utilização de casca de café
melosa seca e ensilada para a alimentação de suínos, torna-se necessária condução de
pesquisas científicas. Por esta razão, este trabalho foi conduzido com o objetivo de
avaliar o valor nutricional e os efeitos da inclusão da casca de café melosa ensilada
sobre o desempenho de suínos na fase inicial e viabilidade econômica.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Setor de Suinocultura da Fazenda Experimental de
Iguatemi (FEI), pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual
de Maringá (CCA/UEM), localizada no Estado do Paraná (23°21’S, 52°04’W, a uma
altitude de 564 metros).
A casca de café melosa (CCM) foi obtida na agroindústria COCAMAR
(Cooperativa Agroindustrial de Maringá). A casca de café foi moída em moinho tipo
faca-martelo, com peneira de diâmetro de 4 mm, pois estudo de Poveda Parra et al.
(2008) comprovou que a casca café melosa moída na granulometria maior (4 mm)
apresentou melhor coeficiente de digestibilidade que a casca moída em peneira de 2,5
mm para suínos na fase de crescimento.
Para a obtenção da casca de café melosa ensilada (CCEn) foi adicionado água
para elevar o teor da umidade para cerca de 30%. Houve também adição do inoculante
enzimo-bacteriano Bacto Silo Máster Tropical (Katec Agro-técnica) na água, para
favorecer o processo fermentativo. A ensilagem da casca de café foi realizada em
19
tambores plásticos de 70 litros, com tampa de fechamento hermético, sendo obtida a
densidade de 930 kg CCEn/m
3
. A silagem foi utilizada depois de no mínimo 30 dias de
fechamento dos tambores.
As composições químicas da CCM, CCEn, rações e fezes foram obtidas no
Laboratório de Análise de Alimentos e Nutrição Animal da Universidade Estadual de
Maringá (LANA-DZO/UEM). As análises de matéria seca, matéria orgânica, cinzas,
proteína bruta, fibra bruta, fibra detergente neutro, fibra detergente ácido, lignina,
celulose e extrato etéreo, foram realizadas conforme as metodologias descritas por Silva
& Queiroz (2002). A determinação da granulometria foi de acordo com a metodologia
proposta por Zanotto & Bellaver (1996). Os valores de energia bruta foram
determinados por meio de calorímetro adiabático (Parr Instrument Co. AC720),
segundo os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002).
Os teores de carboidratos totais (CHO) foram calculados segundo as equações
indicadas por Sniffen et al. (1992) em que CHO = 100- (%Proteína Bruta + %Extrato
Etéreo + Cinzas) e os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) pela fórmula CNF =
CHO – FDN.
Os níveis de cafeína foram determinados no Instituto de Tecnologia de Alimentos
(ITAL), seguindo a metodologia de Horwitz (2005) e os teores de tanino totais, obtidos
no Departamento de Farmácia da Universidade Estadual de Maringá. A análise de
aminograma da CCM foi realizada no Laborat
20
componentes das cascas de café. A CCM foi separada em quatro frações: casca,
pergaminho, grão-de-café e impurezas.
Experimento I – Ensaio de digestibilidade
Foi conduzido um ensaio de digestibilidade, durante o período de março a abril de
2006. Foram utilizados 15 suínos mestiços de linhagem comercial, machos castrados,
com 20,78 ± 2,86 kg de peso vivo inicial.
Os animais foram alojados individualmente em gaiolas de metabolismo
semelhantes as descritas por Pekas (1968), em sala com ambiente parcialmente
controlado. As temperaturas ambiente médias, apresentaram mínima de 22,3ºC e
máxima de 28,4ºC.
Os alimentos testados foram a CCM e CCEn que substituíram, com base na
matéria seca, 25% da ração referência, resultando em duas rações teste (RT). A ração
referência à base de milho e farelo de soja foi calculada para atender as exigências
indicadas no NRC (1998). A ração que continha silagem foi misturada diariamente.
A ração referência foi composta por milho (70,29%), farelo de soja (26,40%), sal
comum (0,50%), calcário (0,60%), fosfato bicálcico (1,58%) e suplemento vitamínico
mineral (0,63%).
O período experimental teve a duração de 16 dias (onze dias de adaptação e cinco
de coleta total de fezes e urina). O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado, com dois tratamentos, cinco repetições, e a unidade
experimental foi constituída por um suíno.
No período de coleta o fornecimento de ração foi calculado com base no peso
metabólico (kg
0,75
) de cada suíno e no consumo médio registrado no período de
adaptação. Os arraçoamentos foram realizados às 08h00min e às 16h00min.
As duas refeições foram divididas em: 55% do total na manhã e 45% à tarde
(proporção obtida tendo como base os consumos entre manhã e tarde do período de
adaptação). As rações foram umedecidas com aproximadamente 20% da ração
fornecida para evitar desperdícios, reduzir a pulverulência e melhor aceitabilidade da
ração pelo animal. Após cada refeição, a água foi fornecida no próprio comedouro na
proporção de 3 mL de água/g de ração, para evitar excesso de consumo de água e
comprometer o consumo da ração.
21
Com o objetivo de marcar o início e final do período de coleta total de fezes, foi
utilizado 3% de óxido de ferro (Fe
3
O
2
) como marcador fecal. As fezes foram coletadas
uma vez ao dia, acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas em freezer (-18ºC).
Posteriormente, o material foi homogeneizado e seco (aproximadamente 350 g), em
estufa de ventilação forçada (55°C), moída em moinho tipo faca (peneira de 1 mm). A
urina foi coletada em baldes de plástico, contendo 20 mL de HCl 1:1 para evitar a
proliferação bacteriana e possíveis perdas por volatilização.
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (CDMS), energia bruta
(CDEB), matéria orgânica (CDMO), proteína bruta (CDPB), fibra detergente neutro
(CDFDN), fibra detergente ácido (CDFDA), fibra bruta (CFB) e hemicelulose (CDH)
foram calculados, conforme Matterson et al. (1965).
Para avaliar diferenças entre os coeficientes de digestibilidade da CCM e CCEn,
os dados foram submetidos a análise de variância, utilizando o pacote estatístico SAEG
(UFV,1997), de acordo com o seguinte modelo estatístico: Y
ij
= μ + T
i
+ e
ij
em que: Y
ij
= coeficientes de digestibilidade do tratamento i, da repetição j; μ = constante associada
a todas as observações; T
i
= efeito do tipo do alimento i, sendo i = 1; 2 (1= CCM e 2 =
CCEn); e
ij
= erro aleatório associado a cada observação.
Experimento II – Experimento de desempenho utilizando casca de café ensilada
Foram utilizados 60 suínos mestiços de linhagem comercial, 30 machos castrados
e 30 fêmeas, com peso vivo inicial de 15,52 ± 2,29 e final de 32,52 ± 3,51 kg. O
experimento foi realizado no período de setembro a novembro de 2006. As temperaturas
mínima e máxima médias, registradas no período experimental, foram de 18,0 ± 2,4ºC e
29,0 ± 2,7ºC, respectivamente. As umidades relativas do ar médias do período
experimental, pela manhã e pela tarde, foram de 79,8 ± 12,4% e 55,7 ± 13,1%,
respectivamente.
Os suínos foram alojados em galpão da creche, de alvenaria, coberto com telhas
de fibrocimento, dispostas em três salas, cada uma possuindo dez baias, divididas por
um corredor central. As baias eram do tipo “suspensas”, com piso de plástico
parcialmente ripado, com comedouros semi-automáticos frontais e bebedouro tipo
“chupetas” na parte posterior. Cada baia possui 1,32 m
2
. As rações e a água foram
fornecidas à vontade durante todo o período experimental.
22
Os tratamentos consistiam de cinco rações com níveis crescentes de inclusão (0, 4,
8, 12 e 16%) da casca de café melosa ensilada. As rações à base de milho e farelo de
soja (Tabela 1) foram formuladas para atenderem ao recomendado pelo NRC (1998),
para suínos na fase inicial.
Tabela 1 - Composição centesimal e química, granulometria e custos das rações,
contendo diferentes níveis de inclusão de casca de café melosa ensilada
(CCEn), para suínos na fase inicial
Níveis de inclusão da CCEn, %
Itens, % 0
4 8 12 16
Milho 67,07 61,28 55,44 49,59 43,72
Casca de café melosa ensilada
- 4,00 8,00 12,00 16,00
Farelo de soja
29,88 30,25 30,61 30,98 31,36
Óleo de soja
- 1,43 2,92 4,41 5,90
Calcário 0,45 0,41 0,37 0,33 0,29
Fosfato bicálcico 1,53 1,56 1,59 1,62 1,64
Sal comum 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
Suplemento Vitaminas + Minerais
1
0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
Promotor de crescimento
2
0,05 0,05 0,05 0,05 0,05
L-Lisina HCL 0,11 0,10 0,10 0,10 0,10
DL-Metionina 0,01 0,02 0,02 0,03 0,04
Valores calculados
3
ou analisados
4
Energia digestível
3
, Kcal/kg 3,348 3,345 3,345 3,345 3,345
Proteína bruta
4
, % 20,15 21,24 20,58 22,20 21,87
Cálcio
4
, % 0,68 0,64 0,69 0,63 0,62
Fósforo total
4
, % 0,64 0,61 0,69 0,67 0,61
Fósforo disponível
3
, % 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55
Fibra detergente neutro
3
% 11,21 11,61 12,02 12,42 12,82
Fibra detergente ácido
3
% 4,29 4,78 5,27 5,76 6,24
Cafeína
3
, %
- 0,017 0,034 0,050 0,067
Taninos
3
, %
- 0,024 0,049 0,073 0,098
Diâmetro geométrico médio
4
517 511 594 606 667
Custo da ração
3
, R$/kg 0,553 0,591 0,631 0,670 0,710
1-
Suplemento vitamínico e mineral para suínos na fase inicial;
2-
Lincomicina;
3-
Calculados com base na
composição dos alimentos indicados por Rostagno et al. (2005) e/ou determinados;
4-
Analises feitas no
LANA da Universidade Estadual de Maringá.
23
Para os cálculos foram utilizados a composição química e energética da CCEn
obtida no experimento de digestibilidade (Tabela 2). Para os demais ingredientes, como
milho e farelo de soja, foram determinados os valores de PB, fósforo e cálcio. Os níveis
de ED foram os indicados por Rostagno et al. (2005).
Os leitões foram distribuídos em delineamento experimental inteiramente
casualizados, com 5 tratamentos e 6 repetições, sendo a unidade experimental
constituída de uma baia com dois animais do mesmo sexo.
Os animais foram pesados no início e no final do experimento, bem como o
consumo total de ração computado, com o que foi calculado o consumo diário de ração
(CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA) de cada unidade
experimental.
No início (baseline) e no final do período experimental, foram colhidas amostras
de sangue, em tubos com heparina (Cai et al., 1994), via veia cava cranial, para análise
do nitrogênio da uréia plasmática (NUP). Após as coletas, as amostras foram
centrifugadas (3.000 rpm por 15 minutos) para obtenção do plasma. Em seguida, 3mL
de plasma (em duplicata) foram transferidos para tubos tipo “ependorfes” que foram
devidamente identificados e armazenados em freezer (-18°C), para posteriores análises.
Os valores de NUP foram determinados pelo método de Marsh et al. (1965). Os
resultados de baseline obtidos no inicio do experimento foram utilizados como
covariável para análise do NUP final.
Para avaliar a viabilidade econômica da casca de café ensilada foram levantados
preços das matérias-primas no mercado e calculado o custo da ração por quilograma de
peso vivo ganho, segundo Bellaver et al. (1985) conforme descrito abaixo:
Yi (R$/kg) = Qi X Pi/ Gi, em que: Yi = custo da ração por kg de peso vivo ganho
no i-enésimo tratamento; Qi = quantidade de ração consumida no i-enésimo tratamento;
Pi = preço por kg da ração utilizada no i-enésimo tratamento; Gi = ganho de peso do i-
enésimo tratamento;
Foi calculado também o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o Índice de Custo
(IC), segundo metodologia proposta por Gomes et al. (1991).
IEE (%) = MCe/CTei X 100 e IC (%) = CTei/MCe
X 100 em que: MCe = menor
custo da ração por kg ganho observado entre os tratamentos; Ctei = custo do tratamento
i considerado.
24
Foram utilizados os preços dos insumos da região de Maringá/PR para calcular os
custos das rações experimentais. O milho (grão) custou R$ 0,42/kg, o farelo de soja R$
0,70/kg, o óleo de soja R$ 3,20/kg e a casca de café melosa ensilada R$ 0,33/kg.
Os resultados das diferentes variáveis estudadas foram submetidos a análise de
regressão polinomial de acordo com o seguinte modelo estatístico: Yij = μ + b1 (Ni –
N) + b2 (Ni – N) + eij, onde Yij = valor observado das variáveis estudadas, relativo a
cada individuo j, recebendo o nível i de casca de café ensilada; μ = constante geral; b1 =
coeficiente de regressão linear do nível de CCEn sobre a variável Y; b2 = coeficiente de
regressão quadrático do nível de CCEn sobre a variável Y; Ni = níveis de CCEn nas
rações, sendo i =0, 4, 8, 12 e 16%; N = nível médio de CCEn nas rações, eij = erro
aleatório associado a cada observação.
Para as variáveis que apresentaram efeito quadrático (P0,05) dos níveis de
CCEn, foi aplicado o modelo quadrático (derivação da equação quadrática), para se
definir qual o melhor nível de inclusão da CCEn. Para a comparação dos resultados da
ração testemunha (sem inclusão de CCEn) com cada um dos níveis de inclusão de casca
de café melosa ensilada, foi aplicado o teste de Dunnett (Sampaio, 1998). As análises
estatísticas foram efetuadas utilizando o pacote estatístico SAEG (UFV,1997).
Resultados e Discussão
Os valores referentes a composição física, química e energética da CCM e CCEn
são apresentados na Tabela 2. A CCM do presente estudo, apresentou valores superiores
aos encontrados por Oliveira (2001) e Fialho et al. (1998) para matéria seca (MS) (85,72
e 87,80% respectivamente), no entanto inferiores aos obtidos por Poveda Parra et al.
(2008) e Santos (2003) (93,51 e 89,8% respectivamente). Para os teores de proteína
bruta e extrato etéreo, a CCM apresentou valores inferiores aos descritos por Santos
(2003) (11,60 e 2,36 respectivamente) e Vilela (1999) (11,06 e 2,71% respectivamente).
A fração fibrosa da CCM apresentou valores superiores aos encontrados por Poveda
Parra et al. (2008), Santos (2003) e Oliveira (2001) para fibra bruta (FB) (18,16; 17,6 e
17,76%), FDN (35,58; 29,10 e 29,09) e FDA (28,34; 28,0 e 25,28 respectivamente).
Para os teores de cafeína e tanino na CCM, os valores obtidos foram inferiores aos
encontrados por Oliveira (2001) (0,6 e 1,96% respectivamente), por outro lado superior
ao teor de tanino (0,83%) descrito por Poveda Parra et al. (2008).
25
Tabela 2- Composição química, energética e física da casca de café melosa e da casca
de café melosa ensilada
Itens Casca de Café Melosa Casca de Café Ensilada
MS
a
MN
b
MS
a
MN
b
Matéria seca, % 100 88,80 100 67,48
Energia bruta, kcal/kg 4200 3730 4138 2792
Proteína bruta, % 9,79 8,69 10,02 6,76
Lisina, % 0,21 0,19 0,21 0,14
Metionina + Cistina, % 0,19 0,17 0,19 0,13
Cálcio, % 0,30 0,27 0,27 0,18
Fósforo total, % 0,11 0,10 0,15 0,10
Matéria mineral, % 6,42 5,70 6,79 4,58
Matéria orgânica % 93,58 83,10 93,21 62,90
Extrato etéreo, % 0,66 0,59 1,89 1,04
Fibra em detergente neutro, % 42,11 37,39 31,54 21,28
Fibra em detergente ácido, % 32,85 29,17 24,45 16,50
Fibra bruta, % 25,50 22,64 17,26 11,65
Carboidratos totais, % 83,13 73,82 82,54 55,70
Carboidratos não fibrosos, % 41,02 36,43 51,00 34,42
Celulose, % 25,21 22,39 18,32 12,36
Hemicelulose, % 9,26 8,22 7,08 4,78
Lignina, % 6,39 5,67 5,57 3,76
Cafeína, %
0,56 0,50 0,62 0,42
Taninos, %
1,19 1,06 0,90 0,61
pH - 4,51 - 4,32
DGM
c
, μm
- 1784 - 2062
a-
Matéria seca;
b-
Matéria natural;
c-
Diâmetro geométrico médio
Na composição química da casca de café melosa e casca de café melosa ensilada
(Tabela 2), pode-se verificar aumento no teor de extrato etéreo na CCEn, fato explicado
pela diluição dos nutrientes pelo processo de ensilagem, ocasionando maior
concentração do extrato etéreo no material ensilado. A ensilagem reduziu a porção
fibrosa da CCM, em aproximadamente: 25% FDN e FDA, 32% FB, 27% celulose, 23%
26
hemicelulose e 13% lignina (na MS), o que explica o aumento do teor de carboidratos
não fibrosos na CCEn.
O processo de ensilagem também proporcionou a redução de 54,37% de taninos
totais encontrados na CCM. Por outro lado, não alterou a percentagem de cafeína na
CCEn. Mitaru et al. (1984b) afirmam que no processo de ensilagem, na qual envolve a
adição de água e subseqüente incubação anaeróbica a 25ºC, ocorre remoção de até 97%
do tanino quimicamente detectável. No entanto, em outros estudos Tagliari et al. (2002)
adicionando cepas de Rhizopus delemar sobre casca de café seca submetida ao processo
de “Fermentação no Estado Sólido”, verificaram redução dos teores de tanino e de
cafeína em 86% e 58%, respectivamente.
Na análise microscópica verificou-se que casca de café representa quase
totalmente a porção do CCM (Tabela 3), observando a presença de pequena fração de
pergaminho. Conforme Oliveira (2001), esta característica é uma peculiaridade da CCM
comparada a casca de café seca, o que a torna mais adequada para alimentação de
suínos. O pergaminho é de natureza celulósica, representa aproximadamente 12% do
endocarpo do fruto de café, sua proporção em relação ao café beneficiado é de 25% e na
separação da casca integral representa em média 32,4% (Bressani et al. 1972; Bartholo
et al. 1989).
Tabela 3 – Percentagem e matéria mineral das frações das amostras do subproduto casca
de café melosa (na matéria natural)
Frações % Cinzas%
Casca de café 89,77 6,95
Pergaminho 4,53 3,58
Grãos-de-café 3,51 5,99
Impurezas 2,19 3,64
Nos parâmetros de caracterização da qualidade da CCEn, para o pH não houve
alteração entre as frações, superior, média e inferior dos tambores onde foi
confeccionada a silagem, indicando correta homogeneização do material no momento
da ensilagem. Os valores de pH da CCM e CCEn foram semelhantes aos encontrados
por Quadros et al. (2007) utilizando silagem de casca de soja moída, um subproduto
semelhante a casca de café. Considerando que o teor de MS da silagem foi elevado, o
pH encontrado foi adequado, no entanto Cherney & Cherney (2003), afirmam que para
27
silagens com alto teor de matéria seca, o pH não é um indicador adequado na qualidade
de fermentação.
O conhecimento do poder tamponante é outro critério simples para avaliar a
qualidade das silagens. Segundo Jobim et al. (2007) este parâmetro fornece informações
em relação a velocidade de abaixamento do pH, sendo que quanto maior a capacidade
tampão, maior quantidade de ácido láctico terá que ser produzida para que o pH atinja
níveis inibitórios a ação de microrganismos indesejáveis. Analisando o poder
tamponante da CCEn, observa-se que o material apresentou alta resistência ao
abaixamento do pH (37,48 e.mg de NaOH/100 g MS), sendo este valor inferior ao
observado por Tosi et al. (1975) de 22,63 eq.mg NaOH /100 g MS na silagem de milho,
espécie forrageira considerada de baixa capacidade tamponante. Segundo Jobim et al.
(2007) esse valor elevado pode ser devido ao poder tamponante depender basicamente
da composição química do alimento ensilado, principalmente o teor de proteína bruta,
íons inorgânicos (Ca, K, Na) e combinações de ácidos orgânicos e seus sais.
O conteúdo de amônia das silagens é expresso como percentagem de nitrogênio
amoniacal em relação ao nitrogênio total (N-NH3/NT). Para a CCEn foi encontrado o
valor de 0,35% de N-NH
3
/NT. Este valor é baixo indicando que a atividade de
microrganismo com ação proteolítica é reduzida em silagens com alto teor de MS, como
também em silagem de grãos úmido de milho que apresentam baixa concentração de N-
NH
3
/NT (Silva et al., 2005). Considerando os relatos de Ítavo et al. (2000) que indicam
acentuada proteólise a partir de 8% de N-NH
3
/NT, conclui-se que a casca de café
melosa ensilada não sofreu degradação excessiva da proteína no decorrer do processo de
ensilagem.
Na mensuração da estabilidade aeróbia, a CCEn manteve a temperatura média
(TºC silagem) menor do que a temperatura ambiente média (TºC Ambiente) na maior
parte do período de avaliação (Figura 1). Este comportamento evidencia que a CCEn
apresenta boa estabilidade aeróbia, com baixa velocidade de deterioração durante a
utilização.
Em geral, os parâmetros que caracterizam a qualidade da silagem como, pH,
capacidade tampão, nitrogênio amoniacal e estabilidade aeróbia para a CCEn
apresentaram valores adequados para a caracterização de uma boa silagem.
28
20,00
23,00
26,00
29,00
32,00
0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210
Tempo após abertura dos silos (h)
Te mp eratu ra (ºC
)
C s ila ge m C Amb ie nt e
Figura 1- Estabilidade aeróbia da casca de café melosa ensilada
Experimento I – Ensaio de Digestibilidade
De forma geral, a ensilagem não melhorou a digestibilidade da casca de café
melosa, sendo os valores dos coeficientes de digestibilidade da CCEn inferiores aos
encontrados para CCM (Tabela 4). Entretanto, constatou-se que o processo de
ensilagem não influenciou (P>0,05) os coeficientes de digestibilidade da MS, ED, MO,
PB e de metabolização da EB. Resultados similares foram obtidos por Quadros et al.
(2007) estudando casca de soja seca e ensilada, para suínos em crescimento não
encontrou diferença nos coeficientes digestibilidade, com exceção da PB.
Apesar de ter sido adicionado inoculante enzimo-bacteriano para melhor
aproveitamento da fração fibrosa da casca de café melosa e a ensilagem ter favorecido a
redução dos componentes fibrosos da CCM (Tabela 2) a digestibilidade dos
componentes fibrosos foram inferiores (P0,05) em relação a CCM (Tabela 4). A
redução da digestibilidade destes nutrientes na CCEn pode ser em função da
característica física e química do subproduto e alterações ocorridas durante a
fermentação (Evangelista & Lima, 2001) ou em virtude da adição do inoculante, o qual
29
provavelmente propiciou redução na qualidade da fibra. Rodrigues et al. (2001)
utilizando silagem de girassol inoculadas com bactérias ácido láticas, verificaram que a
adição do inoculante reduziu a digestibilidade da fibra bruta e da fibra em detergente
ácido, devido a mudanças no perfil de fermentação (maior produção de ácido lático e
menores perdas de carboidratos solúveis). Os autores mencionam que uma provável
redução nos teores de fibra poderia explicar a menor digestibilidade da fibra
remanescente.
Tabela 4- Coeficientes de digestibilidade aparente (CD), coeficiente de metabolização
(CM) e valores digestíveis de nutrientes da casca de café melosa (CCM) e
casca de café melosa ensilada (CCEn) utilizadas na fase inicial
1
Coeficientes de digestibilidade, % Casca de café melosa
Casca de café melosa
ensilada
CD da Matéria seca 62,64
a
59,91
a
CD da Energia bruta 63,06
a
57,49
a
CM da Energia bruta 58,60
a
52,99
a
CD da Matéria orgânica 67,87
a
59,91
a
CD da Proteína bruta 38,04
a
26,27
a
CD da Fibra em detergente neutro 50,64
a
36,14
b
CD da Fibra em detergente ácido 55,71
a
38,92
b
CD da Fibra bruta 59,07
a
32,65
b
CCM CCEn
Nutrientes digestíveis
MN
2
MS
3
MN
2
MS
3
Matéria seca digestível, % 40,43 - 55,63 -
Energia digestível, kcal/kg 2.352 2.649 1.605 2.378
Energia metabolizável, kcal/kg 2.186 2.461 1.479 2.192
Matéria orgânica digestível, % 56,40 63,51 37,78 55,99
Proteína digestível, % 3,31 3,72 1,77 2,63
FDN digestível, % 17,29 19,47 7,69 11,40
FDA digestível, % 16,67 18,78 6,87 10,18
Fibra bruta digestível, % 13,37 15,06 3,81 5,64
1-
Valores de CD com letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05).
2-
Matéria natural;
3-
Matéria seca.
Esta possível perda da qualidade da fibra pode explicar a redução de
aproximadamente 10% no valor da ED da casca de café ensilada comparado (na MS) a
não ensilada (Tabela 4). De forma geral, Pond et al. (1988) confirmam que existe
declínio da eficiência da utilização dos alimentos fibrosos em suínos alimentados com
30
dietas de alta fibra, podendo isso ser associado com o aumento da produção basal de
calor, reduzindo a digestibilidade da energia da dieta.
Os resultados obtidos com casca de café melosa ensilada e não ensilada (Tabela 4)
foram superiores aos encontrados por Mourinho (2006) e Kutschenko (2004) para
CDMS (58,75 e 48,51%), CDEB (53,23 e 44,47%) respectivamente, em estudos que
utilizaram casca de soja, material fibroso como a casca de café, na alimentação de
leitões. Entretanto, a CCEn apresentou valores similares aos obtidos por Mourinho
(2006) para CDFDN (36,48%) e CDFDA (43,44%) quando utilizou a inclusão de casca
de soja com adição de complexo enzimático (200 mg de CE/kg de ração) na dieta de
leitões.
Experimento II – Experimento de desempenho utilizando casca de café melosa ensilada
A análise de regressão não mostrou influência (P>0,05) de níveis de inclusão de
casca de café melosa ensilada sobre as variáveis, consumo diário de ração (CDR),
ganho diário de peso (GDP), conversão alimentar (CA) e nitrogênio da uréia plasmática
(NUP) dos leitões (Tabela 5).
Da mesma forma, o teste de Dunnett indicou não haver diferença (P>0,05) entre
cada nível de inclusão comparados com a ração referência. Esta resposta possivelmente
seja em função de as rações serem isonutritivas. À medida que aumentou a inclusão de
CCEn nas dietas experimentas, houve redução do milho e necessidade de adição
crescente de óleo de soja, para corrigir a deficiência energética da CCEn.
Tabela 5 – Consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP), conversão
alimentar (CA), nitrogênio da uréia plasmática (NUP) dos suínos na fase
inicial, alimentados com níveis crescentes de inclusão de casca de café
melosa ensilada (CCEn) nas rações
Níveis de inclusão da CCEn %
Itens 0 4 8 12 16 Média CV
1
Reg
2
Desempenho Inicial
CDR, kg 1,345 1,359 1,304 1,222 1,264 1,299 14,13 NS
GDP, kg 0,665 0,671 0,643 0,592 0,640 0,642 14,65 NS
CA 2,027 2,031 2,028 2,056 1,976 2,024 4,28 NS
NUP, mg/dL 12,12 11,48 10,93 11,72 11,83 11,62 11,36 NS
1-
Coeficiente de variação;
2-
Análise de regressão: NS= Não significativo;
31
A resposta por CDR era esperada, pois a adição do óleo de soja às dietas contendo
CCEn e redução do teor de tanino na CCEn proporcionado pelo processo de ensilagem,
são fatores que possivelmente favoreceram a melhor palatabilidade da ração.
A não alteração do CDR, GDP e CA, sugerem que a qualidade nutricional das
dietas foi mantida à medida que se elevou a inclusão da CCEn. A manutenção da
qualidade da proteína das dietas é sugerida pela igualdade (P>0,05) dos níveis de NUP,
já que este reflete o adequado fornecimento de aminoácidos em quantidade e qualidade
(Coma et al.,1995).
Estas repostas são diferentes dos estudos de Mourinho (2006), que utilizando
casca de soja, subproduto semelhante à casca de café, com adição de complexo
enzimático, verificou que a adição de 15% de casca de soja as dietas isoenergéticas de
leitões prejudicou o CDR e GDP.
Um outro fator que pode ter colaborado com esta resposta positiva (Tabela 5),
seria a redução do pH nas rações, em função dos níveis crescentes de inclusão da CCEn.
Segundo Jongbloed et al. (2000) a presença dos ácidos orgânicos produzidos no
processo de ensilagem favorecem a redução do pH do alimento no trato gastrintestinal,
resultando em maior dissociação dos compostos minerais da dieta, que proporciona a
formação de complexos minerais quelatados, melhora a sanidade do intestino dos
animais e reduz a taxa de esvaziamento gástrico. Holmes et al. (1974) mencionam que
este aumento na permanência do alimento no estômago, obtido pela acidez da silagem,
favoreceria as enzimas digestivas, como a amilase salivar, pepsina e lípase gástrica, por
agirem por maior tempo.
A análise econômica (Tabela 6) dos níveis de inclusão de CCEn nas dietas de
suínos na fase inicial indicou aumento linear (P0,05) do CR. O teste de Dunnett
indicou que os níveis de 8, 12 e 16% de inclusão de CCEn, resultaram em CR
superiores, comparados ao nível 0 e 4% de inclusão de CCEn. Esta resposta é reflexo da
relação de preços existentes entre os ingredientes (milho, farelo de soja, óleo de soja e a
CCEn), o que torna a CCEn viável economicamente até o nível de 4% em rações de
leitões (15-30kg).
A utilização de até 16% de CCEn em rações isoenergéticas, embora não
prejudique o desempenho dos leitões (15-30kg), elevou os custos com alimentação entre
14 e 25%, em comparação a ração sem CCEn. No entanto, em situação em que o preço
da CCEn seja mais favorável em relação aos demais ingredientes, principalmente milho
32
e óleo ou outra fonte energética disponível, poderia permitir maior inclusão, tornando a
ração mais econômica.
Tabela 6 – Custo do quilograma de ração, custo em ração por quilograma de peso vivo
ganho (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) de
suínos na fase inicial, alimentados com níveis crescentes de inclusão de
casca de café melosa ensilada (CCEn) nas rações
Níveis de inclusão da CCEn %
Itens 0 4 8 12 16 CV
1
Dun
3
Reg
2
Desempenho Inicial
Peso médio inicial, kg 15,61 15,52 15,39 15,58 15,52
- - -
Peso médio final, kg 33,68 33,29 32,30 31,21 32,41
- - -
Custo da ração 0,389 0,410 0,431 0,453 0,474
- - -
CR, R$/kg PV ganho 1,121 1,201 1,279* 1,378* 1,403*
4,26 0,01 L:0,01
IEE 100 93,36 87,61 81,36 79,89
- - -
IC 100 107,11 114,14 122,91 125,17 - -
-
1-
Coeficiente de variação;
2-
Análise de regressão: Efeito linear: CR = 1,12807 + 0,0185331X;
3-
Teste de
Dunnett; * Valor diferente (P>0,05) em relação ao nível 0% de inclusão.
Conclusões
O processo de ensilagem não favorece a melhoria da digestibilidade dos nutrientes
da casca de café melosa. Os valores de ED para casca de café melosa ensilada e não
ensilada são de 2.378 e 2.649 Kcal/kg de matéria seca, e 1.605 e 2.352 kcal/kg de
matéria natural, respectivamente.
Os resultados sugerem que é possível utilizar até 16% da casca de café melosa
ensilada nas dietas de leitões sem prejudicar o desempenho, entretanto a viabilidade
econômica de sua utilização vai depender da relação de preços entre os ingredientes,
especialmente milho e óleo de soja (ou outra fonte energética).
33
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IV - Casca de Café Melosa Ensilada na Alimentação de Suínos na Fase
de Crescimento e Terminação
RESUMO Dois experimentos foram conduzidos para determinar o valor
nutricional e verificar o desempenho e característica de carcaça de suínos, na fase de
crescimento e terminação, alimentados com rações contendo casca de café melosa
ensilada (CCEn). No Experimento III, foi conduzido um ensaio de digestibilidade
utilizando 15 suínos mestiços, machos castrados, com 43,06 ± 4,12kg de peso vivo
inicial, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado. Os alimentos estudados
foram casca de café melosa (CCM) e CCEn. De forma geral, o processo de ensilagem
não melhorou a digestibilidade da casca de café melosa. Os valores na matéria natural
(MN) da ED obtidos para CCM e CCEn, foram 2.143 e 1.431 kcal/kg, respectivamente.
No Experimento IV, foram utilizados 60 suínos (30 machos e 30 fêmeas) com peso vivo
inicial de 32,52 ± 3,21 kg na fase de crescimento e 55 suínos, com peso inicial de 61,70
± 3,29 kg, na fase de terminação, distribuídos em delineamento inteiramente
casualizado, com cinco tratamentos, seis repetições e dois animais por unidade
experimental. Os tratamentos consistiram em cinco rações com níveis crescentes de
inclusão (0, 4, 8, 12 e 16%) da CCEn. Na fase de crescimento não houve efeito dos
níveis de inclusão da CCEn sobre as variáveis, consumo diário de ração, ganho diário
de peso, conversão alimentar e nitrogênio da uréia plasmática. O estudo de viabilidade
econômica indicou possibilidade de inclusão de CCEn até 8%. Para a fase de
terminação, a conversão alimentar melhorou com o aumento dos níveis de inclusão da
CCEn. O consumo diário de ração, ganho diário de peso, nitrogênio da uréia plasmática
e profundidade de lombo não diferiram entre os níveis de inclusão da CCEn, no entanto
a viabilidade econômica indicou possibilidade de inclusão de CCEn até 8%. Houve
efeito quadrático da CCEn sobre a espessura de toucinho e marmoreio. O peso do
estômago vazio aumentou de forma linear com a inclusão da CCEn. Conclui-se que a
casca de café melosa ensilada apresenta bom valor nutricional e pode ser utilizada em
até 16% na alimentação de suínos na fase de crescimento e terminação sem prejudicar o
desempenho além de produzir carcaças mais magras, entretanto o uso econômico vai
depender da relação de preços entre os ingredientes.
Palavras-chave: alimentos alternativos, característica de carcaça, desempenho,
digestibilidade, subproduto
IV - Sticky Coffee Hull Silage in Growing and Finishing Pigs Diets
ABSTRACT
Two experiments were carried out to determine the nutritional
value and to verify performance and carcass traits of growing and finishing pigs fed
with sticky coffee hull silage (SCHS). In the Experiment III, a digestibility trial were
carried out using fifteen cross breed barrow with initial body weight of 43.06 ± 4.12 kg
in metabolism cages, allotted in a completely randomized design. The evaluated feeds
were sticky coffee hull (SCH) and SCHS. The ensilage process did not improve the
SCHS digestibility. The values, as fed basis, of DE obtained for SCH and SCHS, were
2,143 and 1,431 kcal/kg, respectively. In the Experiment IV, 60 pigs (30 barrows an 30
female) were used, initial body weight of 32.52 ± 3.21 kg in growing phase and 55 pigs,
with initial body weight of 61.70 ± 3.29 kg, in finishing phase, allotted in a completely
randomized design with five treatment, six replicates and two pigs per pen
(experimental unit). The treatments consisted of five diets with increasing levels (0, 4,
8, 12 and 16%) of SCHS. In the growing phase there were no effects of SCHS inclusion
levels on daily fed intake, daily weight gain, feed:gain ratio and plasma urea nitrogen.
The study of economic viability indicated the possibility of SCHS inclusion up to 8%.
In the finishing phase, the feed:gain ratio showed a improved with the increasing SCHS
inclusion levels. The daily fed intake, daily weight gain and plasma urea nitrogen and
loin depth did not differ between SCHS inclusion levels, however the economic
viability indicated the possibility of SCHS inclusion up to 8%. The results of carcass
traits indicated a quadratic effect on backfat thickness and marbling score of the
longissimus dorsi. There was a linear increasing on weight of empty stomach according
to adding SCHS on diets.
These results suggest that SCHS presents good nutritional
value and can be included up to 16% in starting and growing and finishing pigs diets
without impairing performance and carcass traits,
however the feasibility of using
SCHS, will depend of feedstuffs prices.
Key Words: alternative feedstuffs, by-product, carcass characteristics, digestibility,
performance
40
Introdução
A alimentação é o componente que tem maior participação nos custos da
produção de suínos. Por esta razão, há um grande interesse do mercado na busca de
ingredientes alternativos que possibilite bom desempenho produtivo, reprodutivo e
redução nos custos. No entanto, fatores como a disponibilidade comercial, qualidade e
preços relativos aos ingredientes tradicionais, são itens que podem influenciar na
escolha destes ingredientes alternativos.
Para alimentação de suínos o aproveitamento de resíduos depende basicamente
da composição química, valores de digestibilidade e da disponibilidade dos nutrientes
destes alimentos (Ferreira et al., 1997).
No Brasil, algumas produções agrícolas resultam em elevado volume de
subprodutos provenientes de beneficiamentos, como a casca de café, podendo estes
serem alternativas de uso na alimentação animal. De acordo, com dados da CONAB
(2008), o país é o principal produtor de café no mercado mundial, com produção
nacional estimada em 33,740milhões de sacas de café beneficiado.
No Brasil 80% do café produzido é proveniente do método de beneficiamento
por via seca, onde o fruto é seco na sua forma integral, resultando em resíduos formados
por casca e pergaminho (Soccol, 2000).
Segundo Vilela et al. (2001) a casca de café melosa é uma fração constituída do
epicarpo, mucilagem e apenas pequenas quantidades de pergaminho. Este resíduo pode
ser utilizado na alimentação de suínos, como estratégia na melhoria da qualidade de
carcaças para animais em terminação, em função de possibilitar restrição energética
(Oliveira, 2001).
Pelos resultados de análises bromatológicas de cultivares de café, verifica-se que a
casca de café melosa apresenta níveis maiores de proteína bruta e níveis menores de
FDN e FDA, quando comparada com os demais componentes da casca, o que resultaria
em melhor valor nutricional (Vilela et al., 2001). Em função da ausência do
pergaminho, um componente altamente fibroso, esse subproduto torna-se mais viável de
ser utilizado na alimentação de suínos (Oliveira et al., 2001).
Na literatura são encontradas poucas informações sobre a utilização de casca de
café melosa na alimentação de suínos. Estudos de Oliveira et al., (2001) e Poveda Parra
et al. (2008) sugerem que casca de café melosa pode ser incluída em até 5% em ração na
41
fase de crescimento e para fase de terminação Poveda Parra et al. (2008) afirma que até
9,5% de inclusão, não prejudica o desempenho e promove melhor qualidade da carcaça.
De acordo com Gomes et al. (2007) a fibra dietética vem sendo considerada uma
fonte alternativa de energia na alimentação de suínos, em crescimento-terminação
principalmente para animais destinados ao abate. Embora a fibra seja responsável pelo
decréscimo da digestibilidade da maioria dos componentes nutritivos, pode representar
alternativa de substituição ao milho permitindo adequado ganho de peso com bom
rendimento em carne magra, garantindo melhoria na qualidade da carcaça.
Na tentativa de melhor aproveitamento da casca do café na alimentação animal,
torna-se necessária a redução dos principais problemas que afetam a sua utilização. A
existência dos fatores antinutricionais, tais como a cafeína, taninos e polifenóis reduzem
a ingestão, a digestibilidade das proteínas e a retenção do nitrogênio (Brand, 1999). Por
estas razões, o processo de ensilagem é uma alternativa para melhoria do
aproveitamento e conservação de resíduos agroindustriais, disponíveis em grandes
quantidades em determinadas regiões do país (Santos et al., 2001). Nesse processo,
basicamente, os carboidratos solúveis são convertidos em ácidos orgânicos pela ação
dos microrganismos, que encontrando ambiente ideal proliferam e criam condições
adequadas a conservação (Pereira & Reis, 2001). Adicionalmente a utilização de
inoculantes aos alimentos ensilados, promove um produto final de melhor qualidade
(Jobim & Branco, 2002).
De forma geral, a ensilagem da casca de café melosa tem por finalidade promover
maior disponibilidade de nutrientes, redução dos fatores antinutricionais e minimizar o
impacto ambiental causado pelo volume elevado deste resíduo.
Em virtude das informações escassas a respeito do aproveitamento da casca de
café melosa na alimentação de suínos, este trabalho foi conduzido com o objetivo de
avaliar os efeitos da inclusão da casca de café ensilada nas rações de suínos, na fase de
crescimento e terminação, sobre o desempenho e melhoria na qualidade da carcaça, e
possível retorno econômico.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Setor de Suinocultura da Fazenda Experimental de
Iguatemi (FEI), pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual
42
de Maringá (CCA/UEM), localizada no Estado do Paraná (23°21’S, 52°04’W, a uma
altitude de 564 metros).
A casca de café melosa (CCM) foi obtida na agroindústria COCAMAR
(Cooperativa Agroindustrial). A casca de café foi moída em moinho tipo faca-martelo,
com peneira de diâmetro de 4 mm, pois estudo de Poveda Parra et al. (2008),
comprovaram que a casca café melosa moída na granulometria maior (4mm) apresenta
melhor coeficiente de digestibilidade que a casca moída em peneira de 2,5mm.
Para a obtenção da casca de café melosa ensilada (CCEn) foi adicionado água
para elevar o teor da umidade para cerca de 30%. Houve também adição do inoculante
enzimo-bacteriano Bacto Silo Máster Tropical (Katec Agro-técnica) na água, para
favorecer o processo fermentativo. A ensilagem da casca de café foi realizada em
tambores plásticos de 70 litros, com tampa de fechamento hermético, sendo obtida a
densidade de 930 kg CCEn/m
3
. A silagem foi utilizada depois de no mínimo 30 dias de
produzida.
As composições químicas das rações e fezes foram obtidas no Laboratório de
Análise de Alimentos e Nutrição Animal da Universidade Estadual de Maringá (LANA-
DZO/UEM), conforme as metodologias descritas por Silva & Queiroz (2002). As
análises de granulometria foram de acordo com a metodologia proposta por Zanotto &
Bellaver (1996). Os valores de energia bruta foram determinados por meio de
calorímetro adiabático (Parr Instrument Co. AC720), segundo os procedimentos
descritos por Silva & Queiroz (2002).
Os níveis de cafeína foram determinados no Instituto de Tecnologia de Alimentos
(ITAL), seguindo a metodologia de Horwitz (2005) e os teores de tanino totais, obtidos
no Departamento de Farmácia da Universidade Estadual de Maringá. A análise de
aminograma da CCM foi realizada no Laboratório da Degussa, utilizando aparelho de
HPLC.
Experimento III - Ensaio de Digestibilidade
Foi conduzido um ensaio de digestibilidade, durante o período de junho a julho de
2006, no qual foram utilizados 15 suínos mestiços de linhagem comercial, machos
castrados, com 43,06 ± 4,12kg de peso vivo inicial.
Os animais foram alojados individualmente em gaiolas de metabolismo
semelhantes às descritas por Pekas (1968), em sala com ambiente parcialmente
43
controlado. As temperaturas ambiente médias, apresentaram mínima de 18,0ºC e
máxima de 25,1ºC.
Os alimentos testados foram a CCM e CCEn que substituíram, com base na
matéria seca, 25% da ração referência, resultando em duas rações teste (RT). A ração-
referência à base de milho e farelo de soja foi calculada para atender as exigências
indicadas no NRC (1998). A ração que continha silagem foi misturada diariamente.
A ração referência foi composta por milho (72,90%), farelo de soja (24,45%), sal
comum (0,57%), calcário (0,64%), fosfato bicálcico (0,87%) e suplemento vitamínico
mineral (0,57%).
O período experimental teve a duração de 17 dias (doze dias de adaptação e cinco
de coleta total de fezes e urina). O delineamento experimental utilizado foi o
inteiramente casualizado, com dois tratamentos, cinco repetições, e a unidade
experimental foi constituída por um suíno.
No período de coleta, o fornecimento de ração foi calculado com base no peso
metabólico (kg
0,75
) de cada suíno sendo o consumo
44
Para avaliar diferenças entre os coeficientes de digestibilidade da CCM e CCEn,
os coeficientes foram submetidos à análise de variância, utilizando o pacote estatístico
SAEG (UFV,1997), de acordo com o seguinte modelo estatístico: Y
ij
= μ + T
i
+ e
ij
em
que: Y
ij
= = coeficientes de digestibilidade do tratamento i, da repetição j; μ = constante
associada a todas as observações; T
i
= efeito do tipo do alimento i, sendo i = 1; 2 (1=
CCM e 2 = CCEn); e
ij
= erro aleatório associado a cada observação.
Experimento IV – Experimento de desempenho utilizando casca de café ensilada
Foram utilizados 60 suínos mestiços de linhagem comercial, 30 machos castrados
e 30 fêmeas, com peso inicial de 32,52 ± 3,21 e final de 59,58 ± 4,01 kg na fase de
crescimento e 55 suínos, com peso inicial de 61,70 ± 3,29 e final de 90,27 ± 3,56 kg, na
fase de terminação.
Os experimentos de crescimento e terminação foram realizados nos períodos de
outubro de 2006 a janeiro de 2007. As temperaturas mínimas médias, registradas nos
períodos experimentais, foram de 19,6 ± 2,4ºC e 20,5 ± 1,5ºC e as máximas médias
foram de 30,6 ± 2,9ºC e 29,8 ± 2,9ºC, respectivamente. As umidades relativas do ar
médias, registradas nos períodos experimentais na fase de crescimento e terminação,
pela manhã foram de 78,5 ± 13,6% e 84,2 ± 11,0ºC e pela tarde foram de 51,7 ± 12,7%
e 65,7 ± 15,9%, respectivamente.
Os animais foram alojados em galpões de alvenaria, cobertos com telhas de
fibrocimento, divididos em duas alas, sendo cada uma composta por 10 baias (7,60 m
2
cada), separadas por um corredor central. Cada baia possuía bebedouros tipo chupeta no
fundo e comedouro semi-automático localizado na parte frontal, o que proporcionava
livre acesso a ração e água. As baias apresentavam ao fundo, uma lâmina d’água de ± 8
centímetros de profundidade, a qual era lavada e renovada a água duas vezes por
semana. As rações e a água foram fornecidas à vontade durante todo o período
experimental.
Os tratamentos consistiam de cinco rações com níveis crescentes de inclusão (0, 4,
8, 12 e 16%) da casca de café melosa ensilada. As rações à base de milho e farelo de
soja (Tabelas 7 e 8) foram formuladas para atenderem ao recomendado pelo NRC
(1998), para suínos (30 - 60 e 60-90 kg de peso vivo, respectivamente para a fase de
crescimento e terminação).
45
TABELA 7 - Composição centesimal e química, granulometria e custos, das rações
contendo diferentes níveis de inclusão de casca de café melosa ensilada
(CCEn), para suínos na fase de crescimento
Níveis de inclusão da CCEn, %
Itens 0
4 8 12 16
Fase de crescimento
Milho
72,34 66,28 60,20 54,06 47,98
Casca de café melosa ensilada
- 4,00 8,00 12,00 16,00
Farelo de soja
25,08 25,52 25,95 26,39 26,83
Óleo de soja
- 1,64 3,32 4,99 6,67
Calcário 0,39 0,34 0,30 0,26 0,22
Fosfato bicálcico 1,24 1,27 1,29 1,32 1,35
Sal comum 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
Suplemento Vitaminas +Minerais
1
0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
Promotor de crescimento
2
0,05 0,05 0,05 0,05 0,05
L-Lisina HCL 0,10 0,10 0,09 0,09 0,09
DL-Metionina - - - 0,04 0,01
Valores calculados
3
ou analisados
4
Energia digestível
3
, Kcal/kg 3.362 3.360 3.360 3.360 3.360
Proteína bruta
4
, % 19,36 19,30 19,44 19,55 19,90
Cálcio
4
, % 0,52 0,48 0,55 0,52 0,55
Fósforo total
4
, % 0,57 0,54 0,61 0,56 0,61
Fósforo disponível
3
, % 0,48 0,48 0,48 0,48 0,48
Fibra detergente neutro
3
% 10,96 11,37 11,79 12,20 12,61
Fibra detergente ácido
3
% 4,36 4,85 5,33 5,82 6,30
Cafeína
3
, %
- 0,017 0,034 0,050 0,067
Taninos
3
, %
- 0,024 0,049 0,073 0,098
46
Tabela 8 - Composição centesimal e química, granulometria e custos, das rações
contendo diferentes níveis de inclusão de casca de café melosa ensilada
(CCEn), para suínos na fase de terminação
Níveis de inclusão da CCEn, %
Itens 0
4 8 12 16
Fase de terminação
Milho 77,94 72,20 66,04 59,87 53,89
Casca de café melosa ensilada
- 4,00 8,00 12,00 16,00
Farelo de soja 19,99 20,33 20,83 21,34 21,65
Óleo de soja - 1,43 3,12 4,79 6,47
Calcário 0,37 0,34 0,30 0,26 0,22
Fosfato bicálcico 1,09 1,09 1,11 1,14 1,17
Sal comum 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
Suplemento Vitaminas + Minerais
1
0,15 0,15 0,15 0,15 0,15
Promotor de crescimento
2
0,05 0,05 0,05 0,05 0,05
L-Lisina HCL 0,01 0,01 - - -
Valores calculados
3
ou analisados
4
Energia digestível
3
, Kcal/kg 3.71 3.60 3.60 3.60 3.60
Proteína bruta
4
, % 16,53 17,03 18,05 17,68 17,79
Cálcio
4
, % 0,41 0,41 0,40 0,48 0,47
Fósforo total
4
, % 0,47 0,51 0,49 0,55 0,57
Fósforo disponível
3
, % 0,43 0,43 0,43 0,43 0,43
Fibra detergente neutro
3
% 12,44 12,79 13,15 13,50 13,85
Fibra detergente ácido
3
% 4,24 4,73 5,22 5,71 6,20
Cafeína
3
, %
- 0,017 0,034 0,050 0,067
Taninos
3
, %
- 0,024 0,049 0,073 0,098
Diâmetro geométrico médio
4
496 505 560 604 692
Custo da ração
3
, R$/kg 0,499 0,536 0,580 0,625 0,669
1-
Suplemento vitamínico e mineral para suínos na fase de terminação;
2-
Lincomicina;
3-
Calculados com
base na composição dos alimentos indicados por Rostagno et al. (2005) e/ou determinados;
4-
Analises
feitas no LANA da Universidade Estadual de Maringá.
Para os cálculos foram utilizados a composição química e energética da CCEn
obtida (Tabela 2). Para os demais ingredientes, como milho e farelo de soja, foram
determinados os valores de PB, fósforo e cálcio. Os níveis de ED foram os indicados
por Rostagno et al. (2005).
47
Os suínos foram distribuídos em delineamento experimental inteiramente
casualizados, com cinco tratamentos, seis repetições no crescimento e cinco na
terminação. A unidade experimental foi formada por baia com dois animais para a fase
de crescimento e terminação, no entanto cinco baias da fase de terminação foram
compostas por um animal/baia. Ao final da fase de crescimento os animais foram
redistribuídos nas unidades experimentais e tratamentos, para a fase de terminação.
Os animais foram pesados no início e no final do experimento, bem como o
consumo total de ração computado, com o que foi calculado o consumo diário de ração
(CDR), ganho diário de peso (GDP) e a conversão alimentar (CA) de cada unidade
experimental. Ao final da fase de terminação foram medidos a espessura de toucinho e
profundidade de lombo na posição P
2
, utilizando o aparelho Sono-Grader (Renco
®
).
No início (baseline) e no final do período experimental da fase de crescimento e
terminação, foram colhidas amostras de sangue (Cai et al., 1994), para posterior análise
do nitrogênio da uréia plasmática (NUP). Os valores de NUP foram determinados pelo
método de Marsh et al. (1965). Os resultados de baseline obtidos da coleta dos animais
no inicio do experimento foram utilizados como covariável para análise do NUP final.
Ao final da fase de terminação, foram abatidos 50 suínos (cinco machos e cinco
fêmeas) de cada tratamento. Os animais foram abatidos no abatedouro da Fazenda
Experimental de Iguatemi-FEI/UEM. As carcaças foram resfriadas (1-2ºC) por 24 h
para posteriormente serem submetidas a avaliação quantitativa, conforme o Método
Brasileiro de Classificação de Carcaça (ABCS, 1973). Para avaliação qualitativa da
carcaça foram retiradas amostras do Longissimus dorsi na região da 8ª e 10ª vértebras
para posterior mensuração de gordura intramuscular, ou seja, do marmoreio e perda de
água por gotejamento, conforme Bridi & Silva (2006). As áreas do Longissimus dorsi e
de gordura foram determinadas utilizando uma mesa digitalizadora e com o auxílio do
software Spring (1996).
Para avaliar a viabilidade econômica da casca de café ensilada foram levantados
preços das matérias-primas no mercado e calculado o custo da ração por quilograma de
peso vivo ganho, segundo Bellaver et al. (1985). Conforme descrito no experimento
anterior (fase inicial). Foi calculado também o Índice de Eficiência Econômica (IEE) e o
Índice de Custo (IC), segundo metodologia proposta por Gomes et al. (1991).
48
Foram utilizados os preços dos insumos da região de Maringá/PR para calcular os
custos das rações experimentais. O milho (grão) custou R$ 0,42/kg, o farelo de soja R$
0,70/kg, o óleo de soja R$ 3,20/kg e a casca de café melosa ensilada R$ 0,33/kg.
Os resultados das diferentes variáveis estudadas foram submetidos a análise de
regressão polinomial de acordo com o seguinte modelo estatístico: Yij = μ + b1 (Ni –
N) + b2 (Ni – N) + eij, onde Yij = valor observado das variáveis estudadas, relativo a
cada individuo j, recebendo o nível i de casca de café ensilada; μ = constante geral; b1 =
coeficiente de regressão linear do nível de CCEn sobre a variável Y; b2 = coeficiente de
regressão quadrático do nível de CCEn sobre a variável Y; Ni = níveis de CCEn nas
rações, sendo i =0, 4, 8, 12 e 16%; N = nível médio de CCEn nas rações, eij = erro
aleatório associado a cada observação.
Para as variáveis que apresentaram efeito quadrático (P0,05) dos níveis de
CCEn, foi aplicado o modelo quadrático (derivação da equação quadrática), para se
definir qual o melhor nível de inclusão da CCEn. Para a comparação dos resultados para
a ração testemunha (sem inclusão de CM4) com cada um dos níveis de inclusão de
casca de café melosa, foi utilizado o teste de Dunnett (Sampaio, 1998). As análises
estatísticas foram efetuadas utilizando o pacote estatístico SAEG (UFV,1997).
Resultados e Discussão
Experimento III - Ensaio de Digestibilidade
Os valores de coeficientes de digestibilidade e os nutrientes digestíveis da casca
de café melosa e casca de café melosa ensilada, nas fases de crescimento e terminação,
estão apresentados na Tabela 9.
Em geral, a ensilagem não favoreceu a digestibilidade da casca de café melosa,
sendo os valores dos coeficientes de digestibilidade da CCEn inferiores aos encontrados
para CCM. Entretanto, foi verificado que o processo de ensilagem não influenciou
(P>0,05) nos coeficientes de digestibilidade da MS, ED, MO e metabolização da EB.
A adição do inoculante enzimo-bacteriano não permitiu o melhor aproveitamento
da fração fibrosa da casca de café melosa, sendo a digestibilidade dos componentes
fibrosos e PB, inferiores (P0,05) em relação à CCM (Tabela 9). Provavelmente, a
característica do subproduto, alterações ocorridas durante a fermentação (Evangelista &
Lima, 2001) e a adição do inoculante, propiciaram redução na qualidade da fibra
49
(Rodrigues et al., 2001) resultando em menor digestibilidade dos nutrientes da fração
fibrosa da CCEn.
Tabela 9 - Coeficientes de digestibilidade aparente (CD), Coeficiente de metabolização
(CM) e valores digestíveis de nutrientes da casca de café melosa (CCM) e
CCM ensilada (CCEn) utilizadas na fase de crescimento e terminação
1
Coeficientes de digestibilidade,
%
Casca de café Melosa
Casca de café melosa
ensilada
CD da Matéria seca 60,13
a
55,02
a
CD da Energia bruta 56,90
a
49,87
a
CM da Energia bruta 54,43
a
47,30
a
CD da Matéria orgânica 61,28
a
54,02
a
CD da Proteína bruta 42,58
a
15,00
b
CD da Fibra em detergente
neutro
54,77
a
36,66
b
CD da Fibra em detergente ácido 58,35
a
39,01
b
CD da Fibra bruta 55,39
a
33,78
b
CCM CCEn
Nutrientes digestíveis
MN
2
MS
3
MN
2
MS
3
Matéria seca digestível, % 53,40 - 37,13 -
Energia digestível, kcal/kg 2.143 2.413 1.431 2.120
Energia metabolizável, kcal/kg 2.050 2.308 1.357 2.011
Matéria orgânica digestível, % 50,82 57,23 46,15 50,31
Proteína digestível, % 3,70 4,17 1,00 1,50
FDN digestível, % 18,88 21,26 7,98 11,83
FDA digestível, % 17,85 20,10 7,10 10,52
Fibra bruta digestível, % 11,11 12,51 3,55 5,26
1
Valores de CD com letras diferentes na mesma linha são diferentes (P<0,05);
2
Matéria natural;
3
Matéria
seca.
A redução de aproximadamente 12% no valor da ED da casca de café ensilada
comparado (na MS) a não ensilada possivelmente seja em função da perda da qualidade
da fibra. De forma geral, Pond et al. (1988) afirmam que ocorre declínio na eficiência
em suínos alimentados com dietas de alta fibra, reduzindo a digestibilidade da energia
da dieta. Segundo Fialho et al. (1998) alimentos como casca de café apresentam matéria
seca digestível e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta inferiores comparados
aos valores do milho (80%) e farelo de soja (90%), devido aos altos teores em fibra
bruta presentes na casca de café.
50
Kempen (2001) afirma que para cada 1% de fibra adicionada à dieta de suínos, a
digestibilidade de proteína, energia e matéria seca também diminui em pelo menos 1%.
Este decréscimo da digestibilidade da matéria seca poderia ser resultante da parcial
substituição de uma fonte de carboidrato altamente digestível (amido do milho) por
outra fonte de menor digestibilidade, rica em polissacarídeos não amiláceos (PNA), com
menor grau de fermentabilidade ou por meio do aumento do trânsito intestinal
reduzindo a fermentação dos carboidratos estruturais (Gomes et al., 2007). Para superar
estes problemas, torna-se necessário um período maior de adaptação para estabilidade
da digestibilidade aparente dos PNA (Longland et al., 1993).
A alimentação fibrosa para suínos ainda pode interferir no aumento da excreção
de nitrogênio metabólico e microbiano, redução da disponibilidade de nitrogênio e
outros nutrientes, e aumento da excreção de nitrogênio e outros nutrientes ligados ou
fisicamente protegidos da ação enzimática (Stanogias & Pearce, 1985a,b).
Os resultados da digestibilidade para casca de café melosa ensilada são inferiores
aos obtidos por Poveda Parra et al. (2008), Santos (2003); Fialho et al. (1998) e Ferreira
et al. (1997) para ED (2498; 2799; 2460 e 2843kcal/kg respectivamente) e CDPB
(45,68; 68,40; 53,80 e 65,54% respectivamente). Do mesmo modo, os valores
encontrados são inferiores de Santos (2003); Oliveira (2001) e Ferreira et al. (1997) para
MSD (65,5; 65,65 e 61,02% respectivamente) e EM (2684; 2684; 2320 e 2694 kcal/kg
respectivamente).
Experimento IV – Experimento de desempenho utilizando casca de café ensilada
Na fase de crescimento, não houve efeito (P>0,05) dos níveis de inclusão de casca
de café melosa ensilada sobre as variáveis CDR, GDP, CA e NUP (Tabela 10). O teste
de Dunnett não indicou diferença (P>0,05) entre os níveis de inclusão comparados com
a RT. Esta resposta provavelmente seja em função das rações serem isonutritivas, com
inclusão da CCEn nas dietas experimentais, houve necessidade de adição de óleo de
soja para corrigir a deficiência energética da CCEn.
O CDR apresentou resposta esperada em função da redução dos teores de taninos
totais proporcionado pelo processo de ensilagem na CCEn e a adição de óleo de soja as
dietas contendo CCEn para tornar a rações isoenergéticas, possivelmente estes fatores
favoreceram a melhor palatabilidade da ração. Estes resultados são diferentes dos
obtidos por Oliveira et al. (2001); Oliveira (2001); Poveda Parra et al (2008), que
utilizando casca de café para suínos em crescimento e terminação, verificaram redução
51
na CDR e GDP. Segundo os autores a maior quantidade de fibra na ração e a presença
de taninos e cafeína podem proporcionar sabor amargo, o qual influencia diretamente na
digestibilidade e palatabilidade.
Tabela 10 - Consumo diário de ração (CDR), ganho diário de peso (GDP), conversão
alimentar (CA), e nitrogênio da uréia plasmática (NUP), espessura de
toucinho na P2 (ET- P2) e profundidade de lombo (PL) dos suínos na fase
de crescimento e terminação alimentados com níveis crescentes de
inclusão de casca de café melosa ensilada (CCEn) nas rações
experimentais
Níveis de inclusão da CCEn %
Itens 0
1
4 8 12 16 Média CV
1
Reg
2
Crescimento
CDR, kg 1,919 1,834 1,831 1,742 1,703 1,806 14,38 NS
GDP, kg 0,823 0,744 0,775 0,764 0,738 0,769 9,81 NS
CA 2,340 2,456 2,361 2,274 2,312 2,349 9,19 NS
NUP, mg/dL 15,06 14,45 14,73 14,27 13,85 14,48 17,84 NS
Terminação
CDR, kg 2,466 2,479 2,352 2,403 2,266 2,393 7,78 NS
GDP, kg 0,811 0,808 0,778 0,831 0,803 0,806 9,23 NS
CA 3,050 3,071 3,033 2,903 2,836 2,979 6,79 L:0,03
ET – P2, mm 10,70 10,40 10,90 10,20 10,89 10,61 20,26 NS
PL, mm 55,90 54,80 55,10 52,80 54,11 54,55 9,72 NS
NUP, mg/dL 15,19 14,28 15,06 14,92 14,78 14,85 12,10 NS
1
Coeficiente de variação;
2
Análise de regressão: NS= Não significativo Fase de terminação, L= Efeito linear, CA=
3,1358 – 0,01490853X;
Para a fase de terminação, a variável conversão alimentar (CA) apresentou
resposta linear em relação aos níveis de inclusão da CCEn. Esta resposta possivelmente
foi influenciada pela crescente adição de óleo de soja nas rações experimentais à m edida
que aumentava o nível inclusão do alimento fibroso, suprindo deste modo, a deficiência
energética resultante da adição da CCEn e tornando as dietas isoenergéticas,
proporcionando desta maneira, melhora na CA entre os níveis crescente da CCEn.
A variável NUP também não teve efeito (P>0,05) dos níveis de inclusão de CCEn
na fase de crescimento e terminação (Tabela 10). Sugerindo que não houve perdas na
qualidade da proteína entre as rações experimentais, conseqüentemente não interferindo
no balanço de nitrogênio dos animais (Coma et al., 1995). Resultados semelhantes
foram obtidos por Poveda Parra et al. (2008) e Quadros (2006) utilizando casca de café
melosa e casca de soja para suínos nas fases de crescimento e terminação.
52
Com exceção da espessura de toucinho (ET) e marmoreio (MARM), nenhuma das
outras características de carcaça (Tabela 11) foram influenciadas pela adição da CCEn.
A ET e o MARM responderam de forma quadrática (P0,05) a inclusão da CCEn,
indicando que os níveis de 8,4 e 7,8% são os que resultam em menor ET e MARM,
respectivamente. Esta resposta pode ser explicada em virtude da CCEn, por ser alimento
fibroso com baixa energia, ter proporcionado redução no consumo de energia e
conseqüentemente influenciado as características de carcaças, refletindo em menor
quantidade de gordura nas carcaças, até 8,4% de inclusão de CCEn. Acima deste nível,
houve aumento da ET, provavelmente em função da elevada adição de óleo de soja (6%
na ração com 16% de CCEn). Segundo Gomes et al. (2007) a redução da gordura
corporal e aumento na quantidade de massa muscular resultam em melhoria da
qualidade de carcaça, muito embora seja comum estas características estarem associadas
ao menor ganho de peso corporal de suínos alimentados com dietas fibrosas.
Resultados obtidos nesse estudo são semelhantes aos encontrados por Oliveira
(2001) utilizando casca de café melosa em suínos em terminação que verificou uma
resposta quadrática na percentagem de gordura e na ET no ponto P2. Por outro lado,
Quadros (2006) e Pond et al. (1988) utilizando alimentos fibrosos como cascas de soja e
feno de alfafa respectivamente, obtiveram uma redução da ET.
Os pesos dos órgãos digestivos, tais como estômago vazio (PEV), intestino
delgado (PINTD) e intestino grosso (PINTG) foi observado efeito linear (P0,05) no
PEV em função do aumento de fibra das dietas, ocasionada pela crescente inclusão da
casca de café melosa ensilada.
Gomes et al. (2006) verificaram maior peso do trato gastrointestinal (TGI) e
estômago vazio em suínos, alimentados com dietas com adição de 8% FDN. Resultados
obtidos por outros autores (Pond et al., 1988; Pond & Varel, 1989) confirmam o efeito
da fibra sobre o peso dos órgãos digestivos, tais como fígado, rins, estômago vazio,
ceco e cólon, os quais foram maiores em suínos.
Estudos comprovam que níveis maiores de inclusão de fibra que o utilizado no
presente trabalho na alimentação de suínos, possivelmente proporcionaria um aumento
significativo na morfologia dos órgãos digestivos. Gomes et al. (2006) destacam que
alguns fatores podem interferir nos resultados, tais como: a qualidade da fibra
empregada, taxa de fermentação; concentração de fibra na dieta; e padrão racial dos
animais utilizados.
53
Tabela 11 – Efeito das dietas contendo níveis crescentes de casca de café melosa
ensilada sobre as características de carcaça de suínos em terminação
1
Níveis de CCEn, %
Itens 0 4 8 12 16 Média DP
a
RG
b
Característica de carcaça
PA, kg 87,49 88,11 87,89 87,33 87,34 87,64 ±4,36 NS
QJ, % 2,91 3,54 3,53 3,73 3,75 3,49 ±1,036 NS
PCQ, kg 73,27 73,54 73,33 73,65 72,93 73,34 ±3,950 NS
RCQ, % 83,73 83,44 83,45 83,85 83,48 83,59 ±1,165 NS
PCF, kg 70,53 70,94 70,74 70,79 70,37 70,68 ±3,869 NS
RCF, % 80,60 80,50 80,51 80,66 80,55 80,57 ±1,341 NS
QR, % 3,73 3,52 3,53 3,80 3,50 3,62 ±1,102 NS
RP, kg 32,49 32,22 32,74 32,35 30,84 32,15 ±1,492 NS
PP, kg 11,45 11,41 11,57 11,39 10,86 11,35 ±0,709 NS
ET, cm 2,70 2,31 2,45 2,27 2,63 2,47 ±0,366 Q:0,01
CC, cm 89,85 90,14 90,33 91,19 90,87 90,46 ±2,161 NS
AOL, cm
2
41,94 41,52 42,35 41,89 39,55 41,49 ±4,579 NS
PINTD, g 1,246 1,349 1,349 1,284 1,371 1,319 ±0,132 NS
PINTG g 1,073 1,064 1,205 1,042 1,091 1,095 ±0,143 NS
PEV, g 0,383 0,377 0,430 0,412 0,423 0,407 ±0,040 L:0,01
CMAGRA, kg 59,04 59,92 59,07 59,75 57,38 59,07 ±4,536 NS
PMAGRA, % 80,54 81,67 80,73 81,80 78,56 80,70 ±5,874 NS
C:G 0,43 0,36 0,42 0,36 0,40 0,40 ±0,142 NS
PGOT, % 1,62 2,20 2,76 2,22 2,34 2,23 ±1,52 NS
24:00pH 5,65 5,66 5,66 5,56 5,62 5,63 ±0,197 NS
MARM 2,25 1,95 1,75 1,55 2,06 1,91 ±0,626 Q:0,01
UNTO, kg 1,17 1,07 1,09 1,02 1,09 1,09 ±0,239 NS
1-
Peso de abate (PA), quebra pelo jejum (QJ), peso de carcaça quente (PCQ), rendimento de carcaça
quente (RCQ), peso de carcaça fria (PCF), rendimento de carcaça fria (RCF), quebra de rendimento (QR),
rendimento do pernil (RP), peso de pernil (PP), espessura de toucinho (ET), comprimento de carcaça
(CC), área de olho-de-lombo (AOL), peso do intestino delgado (PINTD), peso do intestino grosso
(PINTG), peso do estômago vazio (PEV), carne magra na carcaça (CMAGRA), porcentagem de carne
magra na carcaça (PMAGRA), relação carne:gordura (C:G), perdas por gotejamento (PGOT), pH,
marmoreio do longíssimus dorsi (MARM) e gordura abdominal (UNTO).
a-
Desvio padrão;
b-
RG =
Análise de regressão: NS= Não significativo, L= Efeito linear, PEV = 0,386232 + 0,0026344X; Q =
Efeito quadrático, ET= 2,67681 – 0,088012X + 0,00520290X
2.
, MARM= 2,29837 – 1,608804 X +
1,02554496 X
2
54
Resultados da análise econômica (Tabela 12) mostraram aumento linear (P0,05)
do CR, à medida que se aumenta os níveis de inclusão de CCEn nas dietas de suínos na
fase de crescimento e terminação. Para ambas as fases, o teste de Dunnett indicou que
os níveis 12 e 16% de inclusão de CCEn tiveram o CR superior, comparado aos níveis
0, 4, 8% de inclusão de CCEn, em função da elevada adição de óleo de soja na dieta.
Tabela 12- Custo do quilograma de ração, custo em ração por quilograma de peso vivo
ganho (CR), índice de eficiência econômica (IEE) e índice de custo (IC) de
suínos nas fases de crescimento e terminação, alimentados com níveis
crescentes de inclusão de casca de café melosa ensilada (CCEn) nas rações
Níveis de inclusão da CCEn %
Itens 0 4 8 12 16 CV
1
Dun
3
Reg
2
Crescimento
Peso médio inicial, kg 32,63 32,47 32,68 32,48 32,33
- - -
Peso médio final, kg 61,36 58,99 60,07 59,44 58,04
- - -
Custo da ração 0,502 0,514 0,526 0,541 0,552
- - -
CR, R$/kg PV ganho 1,240 1,403 1,452 1,506* 1,630*
10,52 0,01 L;0,01
IEE 100 88,07 85,06 82,04 75,79
- - -
IC 100 113,54 117,57 121,89 131,94 - - -
Terminação
Peso médio inicial, kg 62,15 62,11 62,55 60,75 60,93
- - -
Peso médio final, kg 91,12 91,30 90,84 90,53 87,55
- - -
Custo da ração
0,345 0,364 0,387 0,411 0,434
- - -
CR, R$/kg PV ganho
1,522 1,646 1,759 1,814* 1,973*
8,53 0,01 L:0,01
IEE
100 92,48 86,53 83,91 77,16
- - -
IC 100 108,13 115,56 119,18 129,61 - - -
1-
Coeficiente de variação;
2-
Análise de regressão: NS= Não significativo; Fase: de crescimento, Efeito
linear: CR = 1,26667 + 0,0223046X; Fase de terminação, Efeito linear: CR = 1,52891 + 0,0267412X; *
Valor diferente (P>0,05) em relação ao nível 0% de inclusão.
Embora a utilização da CCEn em níveis de até 16% e 8,4% não prejudique
respectivamente, o desempenho e as características de carcaça de suínos (30-90kg),
eleva os custos da alimentação de suínos entre 21 e 31% na fase de crescimento e 19 e
29% na terminação, comparado a ração sem CCEn. Entretanto, à medida que as relações
de preços dos ingredientes (milho, farelo de soja, óleo de soja e CCEn) sejam alteradas
em favor a CCEn, poderia ser economicamente interessante sua utilização.
55
Conclusões
O processo de ensilagem não melhora a digestibilidade dos nutrientes da casca de
café melosa para suínos em crescimento e terminação. Os valores de ED para casca de
café melosa ensilada e não ensilada são 2.120 e 2.413 Kcal/kg de matéria seca, e 1.413 e
2.143 kcal/kg de matéria natural, respectivamente.
Os resultados sugerem que é possível utilizar até 16% de silagem de casca de café
melosa nas dietas de suínos nas fases de crescimento e terminação sem prejudicar o
desempenho além de produzir carcaças mais magras. Entretanto a viabilidade
econômica de sua utilização vai depender da relação de preços entre os ingredientes,
notadamente milho e óleo de soja (ou outra fonte energética).
56
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V - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da ensilagem favorecer a redução de aproximadamente 50% dos taninos
totais presentes na casca de café melosa, o processo não melhora a digestibilidade dos
nutrientes para suínos nas fases de crescimento (15-90 kg), resultando em redução de
11% da ED em relação a não ensilada.
Os valores de ED e EM (kcal/kg), na matéria natural, da casca de café melosa
ensilada (CCEn) são 1.605, 1.479 para a fase inicial e 1.431, 1.357 para o crescimento-
terminação respectivamente.
Os resultados sugerem que a CCEn pode ser adicionada em até 16% nas dietas
dos suínos nas fases inicial, crescimento e terminação sem prejudicar o desempenho,
além de produzir carcaças mais magras.
A viabilidade econômica da utilização da CCEn na alimentação de suínos
dependerá da relação de preços entre os ingredientes energéticos, principalmente milho
e óleo/gordura.
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