[...] Foi uma agressão, uma coisa cruel com a comunidade que vinha se
estruturando, pensando internamente, como fazer as mudanças necessárias
em seus cursos, já traduzindo uma realidade do Pólo Petroquímico [de
Camaçari-BA] já com sua reestruturação, com seu modo de empregar
modificado, [...] então já havia internamente todo um movimento de
modificação dos cursos, atendendo toda aquela nova realidade e tinha
também um processo em curso que era a discussão do Projeto PL 1.603
que os deputados foram para dentro das escolas fazer audiências públicas.
No CEFET-BA aconteceu uma audiência pública. Então nós tínhamos uma
expectativa de ter um diálogo democrático. [...]. Aí veio a LDB, e em 1997,
nós fomos surpreendidos com o Decreto 2.208 e jogava por terra tudo que
tinha sido construído nas audiências públicas, o relator ficou sem nenhum
argumento para apresentar às comunidades e a partir daí foi um “rolo
compressor” em tudo que havia sido construído até então. [...]. Os pacotes
vieram de cima para baixo, um processo de imposição, que competência é
isso, habilidade é aquilo, então havia a confusão. [...]. Qual foi a grande
saída - Nada mudou! Você pega os planos e faz um estudo detalhado do
CEFET-BA, dos planos que foram produzidos, são os velhos objetivos,
alguns de taxonomia de Bloom, de seus modelos, e o pior ainda, as aulas
continuam exatamente iguais, e as avaliações, o modo de avaliar,
continuam essencialmente a mesma coisa. [...]. Então, pelo que foi
proposto, seria necessário uma completa revolução, tanto nas cabeças dos
dirigentes, dos professores, dos pedagogos e dos estudantes. [...]. Uma
reestruturação física para poder atender isso [...]. Um conhecimento mais
efetivo da trajetória acadêmica de cada um dos estudantes que estavam
submetidos aquilo ali e que não foi feito, completamente abandonado. [...].
Discussões tiveram, mas consistência nenhuma, até porque a própria
direção [do CEFET-BA], não sabia o que ela estava fazendo [...] Chegamos
até a algumas situações ridículas em momentos de diálogo institucional,
onde vinha alguém da equipe [ligada à direção na época], vinha e dizia: é
isso, isso e isso. E na seguida [em outra reunião], pessoa da mesma
equipe, dizia: não é isso, não é isso, não é isso. Então, havia uma
contradição, ou pior, um desentendimento institucional sobre o que fazer.
[...]. Não foi entendido pela comunidade do CEFET-BA e [...] a proposta
formulada do modelo de competência não foi compreendida e sequer
colocada em prática na maioria dos cursos do CEFET-BA
(COORDENADOR Y).
Ainda, outro coordenador percebeu assim a implantação da reforma:
Eu entrei em 1999, no CEFET-BA, e foi algo colocado sem preparar a
gente, muito em cima da hora, dois ou três meses depois, e tínhamos como
tarefa fazer um plano de curso de zzzz, nos moldes da reforma da 2.208.
Nós começamos a preparar sem ter completamente uma idéia bem
formulada, sem ter uma pessoa da área de educação que entendesse de
fato o que essa reforma estava propondo. A gente foi fazendo no
entendimento, da interpretação da lei, dos textos que a gente lia, mas num
trabalho muito árduo dos professores em tentar entender primeiro para
depois colocar em prática esse novo modelo. [...]. Depois nós erramos
várias vezes, porque a gente, às vezes, entendia uma coisa e não era. Era
outra. [...]. Colocava em semestre e não era semestral, tinha que ser
modular e de que forma colocar esse modular. [...]. O início foi bastante
complicado, porque a gente estava tentando aprender, entender o que a
reforma propunha. [...]. E a reforma trouxe todo esse modelo de
competências e habilidades que eu e vários colegas, pelo menos na época,
ninguém sabia do que se tratava, não tinha conhecimento algum e a gente