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Universidade de Brasília
Instituto de Ciências Biológicas
Pós-Graduação em Ecologia
BIOLOGIA E SUCESSO REPRODUTIVO DE SICALIS CITRINA PELZELN, 1870
(AVES: EMBERIZIDAE) NO DISTRITO FEDERAL
Daniel Tourem Gressler
Brasília – DF
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Daniel Tourem Gressler
BIOLOGIA E SUCESSO REPRODUTIVO DE SICALIS CITRINA PELZELN, 1870
(AVES: EMBERIZIDAE) NO DISTRITO FEDERAL
Dissertação apresentada como requisito parcial
para a obtenção do grau de Mestre em
Ecologia pela Universidade de Brasília.
Orientador: Miguel Ângelo Marini, Ph.D.
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Universidade de Brasília
Instituto de Ciências Biológicas
Pós-Graduação em Ecologia
Dissertação de Mestrado
DANIEL TOUREM GRESSLER
BIOLOGIA E SUCESSO REPRODUTIVO DE SICALIS CITRINA PELZELN, 1870
(AVES: EMBERIZIDAE) NO DISTRITO FEDERAL
Comissão Examinadora:
Prof. Dr. Miguel Â. Marini
Orientador
Universidade de Brasília
Profa. Dra. Celine de Melo
Membro Titular
Universidade Federal de Uberlândia
Dra. Mariana Cariello
Membro Titular
CNPq
Prof. Dr. Guarino Colli
Membro Suplente
Universidade de Brasília
ii
Foto da capa: macho adulto de
Sicalis citrina (Emberizidae).
© Arthur Grosset
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço e dedico este trabalho à minha mãe, Ligia T. M. Tourem, quem me apoiou
sempre e incondicionalmente, das mais diversas maneiras. Seu incentivo e apoio vão muito
além desta minha jornada em Brasília, desde os momentos mais antigos que posso lembrar, e
antes disso também!
Agradeço às minhas irmãs, Fabiane, Janine e Luciane, que sempre torceram por mim,
assim como meu pai, James Gressler. Ao meu tio Paim, que me levou ainda guri na minha
primeira caminhada para avistar passarinhos nas matas da fazenda. Agradeço também à prima
Zélia Maria Paim pelo incentivo.
Ao orientador Miguel Â. Marini, que tão bem me recebeu na chegada ao Planalto
Central e que tanto contribui e continuará contribuindo para a minha qualificação como
profissional.
Tenho muito a agradecer a Nadinni Sousa, minha companheira, colega e amiga, por
tudo aquilo em que me ajudou ao longo do mestrado e principalmente pela boa companhia.
Sou extremamente grato pela longa e sincera amizade, incentivo, apoio e motivação
dos meus amigos André, Ricardo, Mateus, Marcelo e Márcio. Valeu gurizada!
Aos colegas de laboratório, principalmente às amigas e colegas, Lilian T. Manica e
Luane R. Santos. Nossas discussões e trocas de idéia sobre os diversos temas das nossas
dissertações, disciplinas e coleta de dados no campo muito enriqueceram o curso.
Ao amigo e colega de profissão Diego Hofman pela ajuda durante alguns dias na
coleta de dados no campo. Valeu pelo DH 001 com três ovos!
Agradeço àqueles que contribuíram com a minha formação e me encorajaram a trocar
os Pampas pelo Cerrado, pelo menos por um tempo, em prol da minha qualificação. Obrigado
Marilise Krügel, Everton Behr e Sonia Cechin.
iv
À Joarez, Feliciano e José Adão, pela ajuda nas atividades de campo ainda no sul e
pelo interesse com as minhas atividades com os passarinhos, que de certa forma modificaram
seus pensamentos com relação aos animais. Isto sempre serviu de motivação.
À Celine de Melo e Mariana Cariello que aceitaram ser membros da banca
examinadora desta dissertação de mestrado e ao professor Guarino Colli, por ter aceitado o
convite de membro suplente.
À professora Carolyn Proença, à acadêmica Maria Rosa e à pós-graduanda Maria
Aucilene pela ajuda na identificação das plantas suporte.
À coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, pela prontidão em
resolver quaisquer problemas burocráticos.
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior) pela
concessão da bolsa de estudos.
À administração do Parque Nacional de Brasília, em especial à Diana, por toda a ajuda
e permissão para pesquisa no parque.
Agradeço, enfim, a todos os amigos e familiares que incentivaram, apoiaram e
acreditaram nesta empreitada.
v
ÍNDICE
RESUMO...................................................................................................................................1
ABSTRACT...............................................................................................................................2
INTRODUÇÃO GERAL..........................................................................................................3
ÁREA DE ESTUDO.................................................................................................................5
CAPÍTULO I - Biologia reprodutiva de Sicalis citrina (Aves: Emberizidae) no Parque
Nacional de Brasília, Distrito Federal.........................................................................................9
RESUMO.................................................................................................................................10
ABSTRACT.............................................................................................................................12
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
MÉTODOS.............................................................................................................................. 15
Área de estudo.................................................................................................................. 15
Determinação do habitat de reprodução ......................................................................... 15
Encontro dos ninhos......................................................................................................... 16
Determinação do período reprodutivo............................................................................. 17
Caracterização dos ninhos............................................................................................... 17
Caracterização dos ovos .................................................................................................. 18
Caracterização dos ninhegos ........................................................................................... 18
Determinação do período de incubação e de ninhegos ................................................... 19
Análises estatísticas.......................................................................................................... 20
RESULTADOS....................................................................................................................... 20
Determinação do habitat de reprodução ......................................................................... 20
Procura e monitoramento de ninhos................................................................................ 21
vi
Determinação do período reprodutivo............................................................................. 21
Caracterização dos ninhos............................................................................................... 23
Plantas suporte................................................................................................................. 24
Caracterização dos ovos .................................................................................................. 24
Caracterização dos ninhegos ........................................................................................... 27
Determinação do período de incubação e de ninhegos ................................................... 27
DISCUSSÃO........................................................................................................................... 28
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 34
CAPÍTULO II - Fatores que influenciam o sucesso dos ninhos de Sicalis citrina: Teste de
hipóteses através da modelagem de sobrevivência de ninhos.................................................. 35
RESUMO.................................................................................................................................36
ABSTRACT ............................................................................................................................ 38
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 39
MÉTODOS.............................................................................................................................. 41
Área de estudo.................................................................................................................. 41
Encontro dos ninhos......................................................................................................... 41
Determinação do destino do ninho................................................................................... 41
Predadores potenciais...................................................................................................... 42
Análises de sobrevivência dos ninhos no Programa MARK............................................ 42
RESULTADOS....................................................................................................................... 49
DISCUSSÃO........................................................................................................................... 54
Fatores que influenciam o sucesso dos ninhos................................................................. 56
CONCLUSÃO......................................................................................................................... 60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61
vii
ÍNDICE DE FIGURAS
ÁREA DE ESTUDO
Figura 1. Localização do Parque Nacional de Brasília no Distrito Federal, área em cinza no
mapa do Distrito Federal. A unidade de conservação localizada no centro do Bioma Cerrado
está aproximadamente a apenas 10 km da região central da cidade de Brasília, DF. (Mapa do
Bioma Cerrado obtido em: www.wwf.org.br e mapa do Distrito Federal obtido junto à
administração do parque, modificados pelo autor).....................................................................7
Figura 2. Localização das cascalheiras no interior do Parque Nacional de Brasília. (A)
Limites do Parque Nacional de Brasília (contorno em branco) e áreas onde se localizam as
cascalheiras amostradas (polígonos em vermelho). Áreas de cascalheira amostradas no
interior do parque, delimitadas pelos contornos em branco (B e C). (Fonte: Google
Earth)...........................................................................................................................................8
CAPÍTULO I - Biologia reprodutiva de Sicalis citrina (Aves: Emberizidae) no Parque
Nacional de Brasília, Distrito Federal
Figura 1. Desenho esquemático de ninho em secção vertical, indicando as medidas obtidas
para a descrição dos ninhos de Sicalis citrina no Parque Nacional de Brasília........................18
Figura 2. Vista geral de uma das cascalheiras do Parque Nacional de Brasília, evidenciando
os arbustos de pteridófitas (Dicranopteris flexuosa) e a grande parte do solo exposto (A).
viii
Fêmea de Sicalis citrina incubando em um ninho construído em pteridófitas (Dicranopteris
flexuosa), no Parque Nacional de Brasília, Distrito Federa (B)................................................22
Figura 3. Número de ninhos iniciados, com ovos, com ninhegos, total de ninhos ativos de
Sicalis citrina no Parque Nacional de Brasília, Distrito Federal, e precipitação acumulada
(mm) em cada período de 10 dias da estação reprodutiva de 2007..........................................23
Figura 4. Principais plantas utilizadas como suporte para a construção de ninhos por Sicalis
citrina, no Parque Nacional de Brasília, Distrito Federal (Poaceae – A, Miconia albicans – B
e Dicranopteris flexuosa – C). As setas indicam a localização dos ninhos..............................25
Figura 5. Detalhes dos ovos e ninhegos de Sicalis citrina no Parque Nacional de Brasília.
Ninho com três ovos (A), ninhego em início de desenvolvimento (B), com aproximadamente
dois dias de idade, e ninho com ninhegos de aproximadamente cinco dias de idade (C).........26
CAPÍTULO II - Fatores que influenciam o sucesso dos ninhos de Sicalis citrina: Teste de
hipóteses através da modelagem de sobrevivência de ninhos
Figura 1. Efeito da idade do ninho nas taxas sobrevivência diárias ao longo da estação
reprodutiva de ninhos de Sicalis citrina construídos em Dicranopteris flexuosa, Miconia
albicans e Poaceae. Taxas de sobrevivência diárias de ninhos com 1 dia (A) e com 25 dias de
idade (B)....................................................................................................................................52
Figura 2. Efeito da espécie de planta suporte (Poacae, Dicranopteris flexuosa e Miconia
albicans) na sobrevivência de ninhos precoces (A), intermediários (B) e tardios (C) ao longo
ix
do ciclo dos ninhos de Sicalis citrina, monitorados no Parque Nacional de Brasília, Distrito
Federal.......................................................................................................................................53
x
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO I - Biologia reprodutiva de Sicalis citrina (Aves: Emberizidae) no Parque
Nacional de Brasília, Distrito Federal
Tabela 1. Medidas das dimensões e altura em relação ao solo de 59 ninhos de Sicalis citrina
encontrados no Parque Nacional de Brasília durante a estação reprodutiva de 2007...............24
Tabela 2. Massa corporal (g) e medidas (mm) (média ± erro padrão) de ninhegos que
tentaram voar durante as checagens (n = 11), de ninhegos observados empoleirados na borda
do ninho (n = 4) e de indivíduos adultos capturados em redes de neblina (Miguel Â. Marini,
dados não publicados) (n = 11). Em parênteses a porcentagem em relação a indivíduos adultos
de cada parâmetro apresentado dos ninhegos...........................................................................28
CAPÍTULO II - Fatores que influenciam o sucesso dos ninhos de Sicalis citrina: Teste de
hipóteses através da modelagem de sobrevivência de ninhos
Tabela 1. Resultado das três etapas da seleção de modelos que explicam a variação das taxas
de sobrevivência diária dos ninhos de Sicalis citrina, no Parque Nacional de Brasília, Distrito
Federal.......................................................................................................................................51
Tabela 2. Probabilidade de sobrevivência de ninhos precoces, intermediários e tardios de
Sicalis citrina em relação à espécie de planta suporte. Porcentagens calculadas com base nas
taxas de sobrevivências diárias obtidas a partir da regressão logística do melhor modelo.......54
xi
ÍNDICES DE ANEXOS
ANEXO I. Aspectos reprodutivos de espécies de emberizídeos neotropicais e de zonas
temperadas (América do Norte). São apresentados o tipo de ninho, tamanho de ninhada,
padrão de coloração dos ovos com ou sem manchas, período de incubação (PI) e período de
permanência dos ninhegos no ninho (PN). (Lista de espécies em ordem
alfabética)..................................................................................................................................75
xii
1
RESUMO
O canário-rasteiro, Sicalis citrina (Emberizidae) é uma espécie com ampla distribuição
na América do Sul cuja biologia é fracamente conhecida. O primeiro capítulo deste trabalho
descreve detalhadamente diversos aspectos da biologia reprodutiva de S. citrina. No segundo
capítulo são testadas hipóteses ecológicas relacionadas à sobrevivência dos ninhos e são
estimadas as taxas de sobrevivência diária dos ninhos e o sucesso reprodutivo da espécie
através da modelagem da sobrevivência de ninhos. Entre os meses de janeiro e maio de 2007
foram realizados a procura e o monitoramento de ninhos em antigas áreas de mineração de
cascalho do Parque Nacional de Brasília, locais onde ocorre a nidificação da espécie. A
reprodução de S. citrina ocorre de dezembro a maio, bem após o início das chuvas,
concentrando-se nos meses de janeiro a março. A biologia reprodutiva de S. citrina é bastante
semelhante à dos demais emberizídeos neotropicais. O ninho é em forma de cesto aberto,
construído principalmente em arbustos de pteridófitas (Dicranopteris flexuosa), onde é
realizada a postura de dois ou três ovos. O período de incubação dura, em média, 12 dias e os
ninhegos permanecem no ninho, em média, por 13 dias. O sucesso reprodutivo aparente da
espécie e o sucesso estimado pelo método de Mayfield foram de 26 e 21%, respectivamente.
A taxa de sobrevivência diária estimada pelo método de Mayfield foi de 0,94. A
probabilidade de sucesso dos ninhos de S. citrina pode variar grandemente de acordo com a
planta suporte e com o período da estação reprodutiva. Ninhos construídos em pteridófitas no
final da estação reprodutiva possuem maior probabilidade de sucesso. A probabilidade de
sobrevivência dos ninhos diminui conforme o aumento da idade dos mesmos. A distância dos
sítios de nidificação em relação à borda do ambiente não afetou a sobrevivência dos ninhos.
Palavras-chave: Sicalis citrina, história de vida, sobrevivência de ninhos, Cerrado.
ABSTRACT
The Stripe-tailed Yellow-Finch Sicalis citrina (Emberizidae) is a poorly known
species with a wide range in South America. The first chapter of this study details its breeding
biology. In the second chapter ecological hypothesis on the factors that possibly affect nest
survival are tested. Estimates of daily survival rates and reproductive success are given as
well in the last chapter. Nest search and monitoring were conducted between January and
May 2007 and started after the beginning of raining season. Stripe-tailed Yellow-finches
breed in abandoned mining pits in the Brasília National Park from December to May, most
frequently from January to March. Its life history traits are quite similar to most Neotropical
Emberizidae passerines. Eggs, from two-three, are laid in an open cup nest built mainly in
Pteridophytae shrubs (Dicranopteris flexuosa). Incubation lasts 12 days and nestlings take 13
days to fledge. Nest apparent success was 26%. Daily survival rates and overall success using
Mayfield’s method were 0.94 and 21%, respectively. Overall nest survival probabilities varied
greatly as a function of substrate (plant species) and time of breeding season, being greater in
nests built in Pteridophytae late in the breeding season. Daily survival rates also decreases as
the nests get older. Edge effects did not influence nest survival.
Key-words: Stripe-tailed Yellow-finch, Sicalis citrina, life history traits, nest survival,
Brazilian savanna.
2
INTRODUÇÃO GERAL
As aves apresentam um ciclo de vida marcadamente uniforme em relação a outros
grupos de vertebrados. Entretanto, diversos aspectos da história de vida das aves, como tipo
de ninho, tamanho de ninhada e períodos de incubação são altamente variáveis entre as
espécies (BENNETT & OWENS 2002). Um conhecimento detalhado da biologia reprodutiva das
espécies pode contribuir para a compreensão da variação das características de história de
vida entre as espécies (A
UER et al. 2007). Porém, tais informações ainda são escassas quando
se trata de espécies de aves neotropicais (M
ARTIN 1996), principalmente quando comparadas
com o conhecimento existente acerca de espécies de zonas temperadas (SICK 1997, BENNETT
& OWENS 2002).
A predação de ninhos está entre os fatores que governam a evolução da história de
vida das aves (LIMA 1987, MARTIN 1992, 1993a; MARTIN & LI 1992). De maneira geral, a
perda de ninhos devido à predação é mais acentuada na região tropical e no hemisfério sul que
em regiões temperadas (WILLIS 1961, GILL 1989), podendo chegar a 90% (STUTCHBURY &
MORTON 2001). Entretanto, existem exemplos que contrariam o padrão assumido por muitos
ecólogos com relação à variação latitudinal nas taxas de predação, sendo necessária a
realização de mais estudos para explicar este padrão (M
ARTIN 1996). Um entendimento dos
fatores que afetam o sucesso reprodutivo das espécies é fundamental na elaboração de planos
de conservação e manejo adequados para as espécies.
A ornitologia no Brasil mostra-se ainda em grande parte em fase descritiva. O
conhecimento da história natural das aves brasileiras ainda carece de estudos, principalmente
de longo prazo e que contenham um tamanho amostral adequado. Alguns fatos comprovam
tal panorama. Recentemente, novas espécies foram descritas no Brasil e complexos de
espécies anteriormente tidas como espécies verdadeiras foram divididos em duas ou mais
3
espécies, à medida que estudos filogenéticos ou baseados em caracteres morfológicos e
padrão de vocalização foram realizados (ZIMMER et al. 2001, MAURÍCIO 2005, SILVEIRA et al.
2005, GONZAGA et al. 2007). Outro aspecto importante é o fato de espécies comuns e com
ampla distribuição geográfica no Brasil terem seus ninhos e biologia reprodutiva descritos
apenas recentemente (MEDEIROS & MARINI 2007, DUCA 2007, GRESSLER & MARINI, no
prelo).
O canário-rasteiro, Sicalis citrina, é uma espécie migratória que vive no cerrado aberto
e que forrageia no solo. Pouco se sabe a respeito de sua migração, constando na literatura
apenas que desaparece de algumas regiões, como Minas Gerais, durante alguns meses de
inverno (SICK 1997). Distingue-se facilmente de outras espécies do gênero Sicalis pela
presença de nódoas brancas nas retrizes externas (HILTY & BROWN 1986, NAROSKY &
YZURIETA 1987, SICK 1997). Os machos apresentam a cabeça amarelo-olivácea, com ampla
fronte amarela (NAROSKY & YZURIETA 1987). As fêmeas são menos amarelas, possuindo
dorso pardacento (SICK 1997). Possui ampla distribuição na América do Sul, podendo ser
encontrado em regiões montanhosas da Argentina à Colômbia, Venezuela, Suriname e
Guianas. No Brasil ocorre em regiões montanhosas de Roraima ao Paraná e de Mato Grosso a
São Paulo (SICK 1997; SILVEIRA & MÉNDEZ 1999). Duas subespécies podem ser encontradas
no Brasil, S. citrina citrina e S. citrina browni, a primeira ocorre no Cerrado do centro do
Brasil (S
ILVEIRA & MÉNDEZ 1999). Também conhecido como canário-rasteiro, canário-da-
pedreira ou canário-da-horta, S. citrina é facilmente encontrado no Parque Nacional de
Brasília (A
NTAS 1995).
O gênero Sicalis é representado por 12 espécies nas Américas (RIDGELY & TUDOR
1989), nenhuma destas ameaçadas de extinção a nível global (IUCN 2008). Entretanto, no
estado de Minas Gerais, S. flaveola se tornou uma espécie ameaçada em virtude da captura de
indivíduos para o tráfico de animais silvestres (MACHADO et al. 1998). Sicalis citrina é
4
considerada uma espécie provavelmente ameaçada de extinção no estado de São Paulo,
carecendo de dados para determinação conclusiva de seu estado de conservação (PROBIO/SP
1998).
Pássaros da família Emberizidae estão entre os mais procurados pelo tráfico de
animais silvestres no Brasil (SICK 1997, PEREIRA & BRITO 2005). Diante disto e da falta de
estudos na natureza, grande parte da informação existente sobre S. citrina é proveniente de
criadores de pássaros nativos, entretanto bastante simplificada e pontual, obtida a partir de
observações de espécimes em cativeiro. O ninho é conhecido por ilustrações artísticas (S
ILVA
E SILVA 2004, BUZZETTI & SILVA 2005) e a descrição foi baseada em um único exemplar,
carecendo de descrições mais detalhadas quanto às suas dimensões, material utilizado para a
construção e sítios de nidificação (VASCONCELOS et al. 2007).
Este estudo possui dois objetivos principais, apresentados em dois capítulos. O
primeiro capítulo tem como objetivo descrever detalhadamente diversos aspectos da biologia
reprodutiva do canário-rasteiro, Sicalis citrina citrina Pelzeln 1870 (Aves: Emberizidae). No
segundo capítulo são testadas hipóteses ecológicas acerca dos fatores que possivelmente
influenciam as taxas de sobrevivência diária dos ninhos e são estimadas as taxas de
sobrevivência diária dos ninhos e o sucesso reprodutivo através da modelagem de
sobrevivência de ninhos.
ÁREA DE ESTUDO
O Parque Nacional de Brasília (PNB, Figura 1), situado entre os paralelos 15º35’ a
15º45’S e meridianos 47º55’ a 48º55’N, abrange uma área superior a 40.000 ha, contendo
diversas fitofisionomias do Cerrado, matas ciliares e algumas áreas alteradas. O clima do
Cerrado é do tipo Tropical Chuvoso, caracterizado por verões chuvosos e invernos secos. O
5
parque está inserido no Bioma Cerrado, a maior área de savana tropical do mundo (SILVA E
BATES 2002), considerada um “hotspot” mundial de biodiversidade (MYERS et al. 2000).
Podem ser encontradas cerca de 840 espécies de aves no Bioma Cerrado (SILVA 1995), das
quais aproximadamente 30 são endêmicas (SILVA 1997). Na área do Parque Nacional de
Brasília foram registradas mais de 260 espécies (ANTAS 1995).
A criação do Parque Nacional de Brasília está intimamente relacionada com a
construção de Brasília, em 1961 (IBAMA/FUNATURA 1998). Durante o período de
construção de Brasília, e posteriormente, durante a construção da barragem Santa Maria, no
interior da unidade de conservação em 1969, diversas frentes de mineração de cascalho foram
abertas no PNB (Figura 2). A exploração destas áreas resultou em ambientes de solo exposto
que compreendem cerca de 180 ha da área do parque, distribuídos em 40 sítios dentro da
unidade de conservação (MARTINS et al. 2004). Tais áreas, decorridas quase quatro décadas
de sua formação, permanecem com quase nenhuma cobertura vegetal, apresentando substrato
exposto e sinais de erosão avançada (MARTINS et al. 2001). Algumas das espécies vegetais
presentes atualmente em tais áreas pertencem às famílias Poaceae, Asteraceae e
Melastomataceae (LEITE et al. 1994). Moitas de pteridófitas (Gleicheniaceae) são
visivelmente abundantes nas cascalheiras.
6
Figura 1. Localização do Parque Nacional de Brasília no Distrito Federal, área em cinza no
mapa do Distrito Federal. A unidade de conservação localizada no centro do Bioma Cerrado
está aproximadamente a apenas 10 km da região central da cidade de Brasília, DF. (Mapa do
Bioma Cerrado obtido em: www.wwf.org.br e mapa do Distrito Federal obtido junto à
administração do parque, modificados pelo autor).
7
Figura 2. Localização das cascalheiras no interior do Parque Nacional de Brasília. (A)
Limites do Parque Nacional de Brasília (contorno em branco) e áreas onde se localizam as
cascalheiras amostradas (polígonos em vermelho). Áreas de cascalheira amostradas no
interior do parque, delimitadas pelos contornos em branco (B e C). (Fonte: Google Earth)
8
9
CAPÍTULO I
BIOLOGIA REPRODUTIVA DE SICALIS CITRINA (AVES: EMBERIZIDAE) NO
PARQUE NACIONAL DE BRASÍLIA, DISTRITO FEDERAL
RESUMO
O canário-rasteiro, Sicalis citrina (Emberizidae), é uma espécie que habita o cerrado aberto,
regiões montanhosas e antropizadas, podendo ser encontrado desde a Argentina até as
Guianas. Diante da escassez de informações a respeito de sua biologia reprodutiva, este
capítulo tem como objetivo detalhar alguns aspectos da história de vida da espécie no Distrito
Federal. Foram realizados censos de amostragens por ponto fixo para determinar o habitat de
reprodução da espécie no Parque Nacional de Brasília (PNB), constatando-se que S. citrina
reproduz-se nas cascalheiras abandonadas do PNB. Nas áreas de cascalheira foi realizada
busca e monitoramento de ninhos de S. citrina entre janeiro e maio de 2007. O período
reprodutivo foi estimado como sendo desde o final de dezembro ao menos até a primeira
quinzena de maio, concentrando-se de janeiro a março. Foram encontrados 99 ninhos da
espécie, 73 dos quais foi possível determinar o destino. Os ninhos possuem formato de cesto
baixo, sustentados pela base e construídos com folhas de gramíneas. As medidas (média ±
erro padrão) foram 64,5 ± 1,3 mm (altura do ninho), 39,9 ± 0,8 mm (profundidade), 82,5 ± 1,2
mm (diâmetro externo) e 53,7 ± 0,4 mm (diâmetro interno). A maioria (62%) dos ninhos foi
construída em arbustos de pteridófitas (Dicranopteris flexuosa). As demais plantas utilizadas
além de pteridófitas foram Miconia albicans (22%), moitas de gramíneas (15%) e Baccharis
sp. (1%). A altura média em que os ninhos foram construídos foi de 30 cm em relação ao solo.
O tamanho da ninhada variou de dois a três ovos, com predominância de ninhadas de três
ovos. Os ovos são de formato ovóide e possuem cor de fundo azul-turquesa e machas marrons
concentradas no pólo rombo. A massa, o comprimento e a largura médios dos ovos (n = 103)
foram 1,56 ± 0,01 g, 17,5 ± 0,08 mm e 13,0 ± 0,04 mm, respectivamente. O período médio de
incubação foi estimado em 12 dias (11,8 ± 0,3; mínimo = 10; máximo = 13; n = 11) e o
período médio de permanência dos ninhegos no ninho foi estimado em 13 dias (12,8 ± 0,4;
10
mínimo = 11; máximo = 15; n = 9). Os ninhegos deixam o ninho com algumas partes do
corpo ainda descobertas. Durante a primeira semana após deixarem o ninho já é possível notar
as nódoas brancas na cauda que caracterizam a espécie.
Palavras-chave: Sicalis citrina, Emberizidae, biologia reprodutiva, Cerrado.
11
ABSTRACT
Stripe-tailed Yellow-finch Sicalis citrina inhabits open savannas, mountain slopes and
anthropized habitats from Argentina to Guyana’s. It can be distinguished from its congeners
by white spots under the tail feathers. This chapter reports on many aspects of its life history
traits since little is known about its breeding biology. Point count census were conducted to
determine the species breeding habitat in the Brasília National Park and verified that
abandoned mining pits are the habitat in which Stripe-tailed Yellow-finches breed. Nest
search was performed in abandoned mining pits from January to May 2007. The breeding
season occurred from December to May, with peak in January, February and March. Ninety
nine nests were found. From 73 of them we were able to safely assess their fate. Nests are
open cup shape supported from its base in the shrub. Nest measures (mean ± SD) were 64.5 ±
1.3 mm (nest height), 39.9 ± 0.8 mm (nest depth), 82.5 ± 1.2 mm (external diameter) e 53.7 ±
0.4 mm (internal diameter). Most nests (62%) were built on Pteridophytae shrubs
(Dicranopteris flexuosa). Nests were also found in Miconia albicans (22%), grass tussoc ks
(15%) and Baccharis sp. (1%). Mean nest height in relation to the ground level was 30 cm.
Clutch size was mainly three eggs, ranging from two to three ovoid eggs, turquoise
background speckled brown. Egg mass, length and width were (mean ± SD) 1.56 ± 0.01 g,
17.5 ± 0.08 mm and 13.0 ± 0.04 mm, respectively (n = 103). Incubation period was estimated
in (mean ± SD) 11.8 ± 0.3 days (minimum = 10; maximum = 13; n = 11) and the nestlings
fledge about 13 days old (12,8 ± 0,4; minimum = 11; maximum = 15; n = 9). White spots
under the tail feathers could be observed in the first week after fledglings left the nest.
Key-words: Sicalis citrina, Emberizidae, breeding biology, Cerrado.
12
INTRODUÇÃO
A reprodução é um momento crucial do ciclo de vida dos organismos (TOWNSEND et
al. 2006), diante do qual o equilíbrio entre demandas conflitantes de energia, tais como
sobrevivência e reprodução, torna-se um desafio para os indivíduos (RICKLEFS 1977,
BENNETT & OWENS 2002). Dessa forma, o processo reprodutivo geralmente afeta
negativamente a sobrevivência dos indivíduos reprodutores (RICKLEFS 2003). Espécies
migratórias enfrentam desafios maiores referentes aos gastos energéticos que espécies
residentes, pois além dos gastos com reprodução, necessitam repor suas reservas energéticas
para migração (MARTIN 1987).
O período reprodutivo das aves na região tropical é fortemente influenciado pelo
regime das chuvas e a influência deste na abundância de alimento (SKUTCH 1976, BOAG &
GRANT 1984, SICK 1997). A reprodução de aves granívoras depende da maturação de
sementes das quais se alimentam (SICK 1997), e de maneira geral ocorre bem após o início
das chuvas na região tropical (STUTCHBURY & MORTON 2001). Embora os trópicos sejam
considerados ambientes favoráveis à reprodução das espécies ao longo de todo o ano e, de
fato, algumas espécies tropicais sejam capazes de reproduzir praticamente durante o ano todo
(M
ARCONDES-MACHAD O 2002), muitas espécies mostram alta sazonalidade na reprodução
tanto no Bioma Cerrado (LOPES & MARINI 2005, FRANCISCO 2006, DUCA 2007, MEDEIROS &
M
ARINI 2007), quanto em outros biomas neotropicais (CRUZ & ANDREWS 1989, POULIN et al.
1992, MARINI & DURÃES 2001, AGUILAR & M ARINI 2007, AUER et al. 2007).
A construção do ninho, por sua vez, tem como objetivo criar condições adequadas
para a postura e a incubação e fornecer abrigo aos ninhegos durante seu crescimento e aos
adultos enquanto estes dispensam cuidados aos ninhegos (G
ILL 1989). As aves selecionam
seus locais de nidificação baseando-se em características dos locais que proporcionam maior
13
segurança contra predadores (LIEBEZEIT & GEORGE 2002) ou mesmo pela abundância de
alimento nas proximidades do sítio de nidificação (MARSHALL & COOPER 2004). A
composição vegetal dos habitats de nidificação, área no entorno dos sítios de nidificação,
pode influenciar a seleção destes e o sucesso dos ninhos (MARTIN & ROPER 1988, LUSK et al.
2003). De maneira geral, esta escolha é feita levando em consideração as características dos
locais de nidificação que contribuem para o sucesso do ninho (HANSELL 2000) e que
contribuem para a aptidão do casal reprodutor (LUSK et al. 2003).
Ninhos de emberizídeos variam consideravelmente quanto ao formato e substrato onde
são construídos. Ammodramus humeralis e Emberizoides herbicola possuem ninhos em forma
de cesto junto ao chão, entre gramíneas (AZPIROZ 2001, DI GIACOMO 2005). Arremon
taciturnus constrói ninho sob a camada de serapilheira em matas (SICK 1997). O ninho de
Tiaris fuliginosa é uma estrutura esférica com entrada lateral, construída na ramagem (SICK
1997). A perda de ninhos, principalmente devido à predação, pode ser o fator responsável pela
variação dos tipos de ninhos e sítios de nidificação, a qual pode ter surgido como estratégia
para minimizar os efeitos da perda de ninhos (MARTIN 1988, M ARTIN 1993A, MARINI et al.
1995), explicando parte das variações nas características da biologia reprodutiva das espécies
(AUER et al. 2007).
O tamanho da ninhada, além de variar entre as espécies, pode variar também em uma
única espécie. Tais variações ocorrem devido a diferenças herdadas pelos indivíduos, mas
também podem ocorrer em função da idade dos indivíduos e disponibilidade de alimento
(GILL 1989). A diferença no tamanho de ninhada é uma das mais marcantes características da
variação geográfica dos atributos da história de vida das aves (CARDILLO 2002). Nos trópicos
e em outras regiões no hemisfério sul, o tamanho de ninhada é geralmente menor que em
espécies relacionadas de regiões temperadas (M
ARTIN et al. 2000), sendo comum ninhadas de
dois ovos (S
KUTCH 1985).
14
Uma das principais hipóteses para explicar a redução do tamanho da ninhada de aves
tropicais é relacionada a maiores taxas de predação em ninhadas maiores. À medida que os
ninhegos se desenvolvem em ninhadas grandes, aumentam as chances de predação pela
atração de predadores proveniente do aumento das visitas dos adultos ao ninho (SKUTCH
1985). Altas taxas de predação de ninhos nos trópicos também podem levar a tamanhos
reduzidos de ninhada, reduzindo o esforço dos adultos em cada tentativa de nidificação e
possibilitando múltiplas tentativas durante uma estação reprodutiva (MARTIN 1995). A
duração do período reprodutivo pode também influenciar o tamanho das ninhadas (C
ASE
1978, R
ICKLEFS 1984, MARTIN & LI 1992).
Pouco se conhece acerca da biologia reprodutiva de Sicalis citrina. Diante da escassez
de informação sobre a espécie na literatura, o objetivo deste estudo é descrever diversos
aspectos de sua biologia reprodutiva. São apresentadas descrições detalhadas dos ninhos,
ovos, ninhegos, tamanho de ninhada, períodos de incubação e permanência dos ninhegos no
ninho, bem como detalhes dos locais de nidificação e período reprodutivo.
MÉTODOS
Área de estudo
Descrição nas páginas cinco e seis.
Determinação do habitat de reprodução
Para avaliar a preferência de habitat durante a reprodução por S. citrina no PNB foram
estabelecidos 24 pontos fixos de amostragem em paisagens abertas, abrangendo cinco
fitofisionomias do Cerrado. Foram determinadas áreas de campo sujo (n = 1), campo limpo (n
= 1), cerrado (n = 1), capim gordura (n = 1) e nas cascalheiras (n = 4). Em cada área foram
15
estabelecidos três pontos, distantes no mínimo 100 m uns dos outros e 50 m da borda do dado
ambiente, totalizando 24 pontos de amostragem. O estabelecimento de pontos de amostragem
em quatro áreas de cascalheiras teve como objetivo a certificação de que a ocupação por S.
citrina se dá de maneira uniforme nessas áreas. Todos os pontos foram amostrados três vezes
durante o mês de março de 2007, de forma aleatória em cada período pré-estabelecido da
manhã (entre 6 e 7, 7 e 8, e entre 8 e 9 horas). As observações tiveram duração de 15 minutos,
iniciando imediatamente após a chegada do observador ao ponto de observação. Todos os
indivíduos de S. citrina foram registrados. A abundância de S. citrina em cada ambiente foi
obtida pelo Índice Pontual de Abundância (IPA), calculado dividindo-se o número total de
contatos com indivíduos da espécie pelo número total de pontos amostrados.
Encontro dos ninhos
Para o encontro dos ninhos foi realizada procura ativa nos locais de provável
nidificação entre janeiro e maio de 2007. Além disto, ninhos foram encontrados seguindo-se
indivíduos adultos carregando material de construção de ninho, ou apresentando
comportamentos que indicassem a presença de ninhos nas proximidades, bem como adultos
realizando entrega de alimento aos ninhegos. Eventualmente adultos foram afugentados de
seus ninhos durante caminhadas, indicando sua localização. Os ninhos encontrados foram
georreferenciados com a utilização de aparelho de GPS e identificados individualmente. Fitas
coloridas contendo a identificação dos mesmos foram colocadas de forma padronizada a
aproximadamente 5 m na direção norte dos ninhos, a fim de facilitar sua posterior localização.
Os ninhos encontrados foram checados em intervalos regulares de três a quatro dias,
independente da fase em que se encontravam.
16
Determinação do período reprodutivo
Durante a primeira semana de coleta de dados, que começou no dia 16 de janeiro,
foram encontrados ninhos ativos com ovos e ninhos ativos com ninhegos. Os ninhegos nestes
ninhos foram medidos e posteriormente estes dados morfométricos foram utilizados para
estimar a idade dos ninhegos na data de encontro de tais ninhos. Uma vez conhecida a idade
dos ninhegos foi possível estimar a data de início destes ninhos subtraindo o período de
postura dos ovos, o período de incubação e a idade dos ninhegos da data de encontro dos
ninhos. Não foi possível acompanhar os ninhos da espécie até que ninhos ativos não fossem
mais encontrados, impedindo uma clara definição do final do período reprodutivo. Diante
disto estimou-se a data de saída dos ninhegos de ninhos encontrados ao fim do período de
coleta de dados para estimar o fim do período reprodutivo.
Caracterização dos ninhos
Após o encontro dos ninhos foram identificadas as plantas suporte e obtida a altura em
relação ao solo com uma trena. Os ninhos foram medidos quando encontrados no início do
período de incubação, evitando assim medir ninhos deformados pelo uso dos mesmos e pela
chuva. As dimensões dos ninhos foram obtidas com paquímetro digital com precisão de 0,1
mm. As medidas das dimensões dos ninhos foram a altura, a profundidade da câmara oológica
(borda do ninho até o centro do fundo) e os diâmetros externo e interno, conforme figura
abaixo (Figura 1). Exemplares das plantas suporte, após a identificação, foram depositados no
Herbário do Instituto de Biologia da Universidade de Brasília. Apenas um ninho foi coletado
após ter se tornado inativo e depositado na Coleção Ornitológica Marcelo Bagno, Instituto de
Ciências Biológicas, Universidade de Brasília.
17
Caracterização dos ovos
Foram obtidos o comprimento e o diâmetro dos ovos com um paquímetro digital com
precisão de 0,1 mm. A massa de ovos encontrados em estágio inicial de incubação (1 a 4
dias), ou seja, com aspecto translúcido ou com data de postura conhecida, foi obtida com um
dinamômetro de 10 g de capacidade, com precisão de 0,1 g. Aspectos morfológicos, cor e
formato, foram também observados, bem como o número de ovos de cada ninho, para estimar
o tamanho da ninhada. O tamanho da ninhada foi obtido a partir do número máximo de ovos
observados durante duas checagens consecutivas (Auer et al. 2007). Dois ovos foram
depositados na Coleção Ornitológica Marcelo Bagno, Instituto de Ciências Biológicas,
Universidade de Brasília, provenientes de um ninho abandonado.
Figura 1. Desenho esquemático de ninho em secção vertical, indicando as medidas obtidas
para a descrição dos ninhos de Sicalis citrina no Parque Nacional de Brasília.
Caracterização dos ninhegos
Todos os ninhegos foram medidos e pesados em cada checagem dos ninhos.
Marcações foram feitas nos tarsos dos ninhegos com caneta marcadora atóxica para
possibilitar a identificação de cada ninhego na checagem subseqüente. Medidas da asa, cauda,
18
tarso e bico (borda anterior da narina até a ponta do bico) foram obtidas utilizando paquímetro
digital com precisão de 0,1 mm. A massa corporal dos ninhegos foi obtida com dinamômetros
de 10 ou 50 g, com precisão de 0,1 e 0,5 g, respectivamente. Dados de indivíduos adultos
utilizados para comparação foram obtidos de dados de anilhamento realizados na Estação
Ecológica de Águas Emendadas, Distrito Federal. (MIGUEL Â. MARINI, dados não
publicados).
Determinação do período de incubação e de ninhegos
Para a determinação do período de incubação foram utilizados dados provenientes de
ninhos que foram encontrados em estágio de construção, ou de ninhos encontrados com
postura incompleta. O período de incubação foi estimado como sendo o compreendido entre a
postura do último ovo e a eclosão dos ninhegos, tendo com base nas observações realizadas
durante o estudo, que a eclosão ocorre de maneira sincrônica e a postura ocorre em dias
consecutivos. Para a estimativa do período de permanência dos ninhegos no ninho, foi
considerado o período compreendido entre a eclosão dos ovos e a saída do primeiro ninhego
do ninho. Foram considerados ninhos encontrados em fase de incubação e cujo destino tenha
sido o sucesso (n = 9), ou seja, onde pelo menos um dos ninhegos sobreviveu até deixar o
ninho. Os períodos foram estimados a partir de observações com intervalos regulares de três a
quatro dias, de forma que em muitos casos a data de checagem não corresponde à data exata
de postura, eclosão ou de saída dos ninhegos dos ninhos. Diante disto, para determinar o
período de incubação em ninhos cuja data de eclosão não era conhecida, o período foi
estimado utilizando como parâmetro os dados morfométricos dos ninhegos, determinando
assim a idade em dias dos mesmos e conseqüentemente a data de eclosão. Fazendo uso do
mesmo conjunto de dados e utilizando o protocolo de M
AYFIELD (1961, 1975), que assume o
19
intervalo médio entre as checagens quando a data exata é desconhecida, foi possível estimar o
período de permanência de ninhegos no ninho.
Dados de 95 ninhos foram utilizados nas descrições, incluindo em alguns casos dados
de ninhos que não estiveram ativos durante o monitoramento. Para a descrição das
características dos ninhos foram utilizadas as medidas referentes a 59 ninhos e para
dos ninhos, que foi realizada exclusivamente nas cascalheiras (Figura 2A), uma vez que
nenhum indivíduo da espécie foi observado em áreas de campos naturais e alterados do PNB.
Procura e monitoramento de ninhos
Os ninhos de S. citrina mostraram-se fáceis de serem localizados através da procura
ativa nos possíveis locais de nidificação, visto que grande parte das cascalheiras é
caracterizada por solo exposto, sendo possível investigar quase todos os arbustos em algumas
áreas. Foram encontrados 99 ninhos de S. citrina nas cascalheiras do PNB, dos quais 21
ninhos não apresentaram atividade após o encontro.
Determinação do período reprodutivo
O período reprodutivo foi estimado como sendo no mínimo desde o final do mês de
dezembro até ao menos a primeira quinzena do mês de maio. O início do ninho mais precoce
foi estimado como tendo ocorrido no dia 28 de dezembro e o ninho mais tardio, assumindo o
sucesso como destino, tornou-se inativo em 28 de maio. A estação reprodutiva, com base em
tais estimativas, durou no mínimo 152 dias. Houve um maior número de ninhos de S. citrina
sendo iniciados nos meses de janeiro e fevereiro. A reprodução da espécie se estendeu até
abril e maio, entretanto com um número menor de ninhos ativos a partir da segunda dezena de
março (Figura 3).
21
Figura 2. Vista geral de uma das cascalheiras do Parque Nacional de Brasília, evidenciando
os arbustos de pteridófitas (Dicranopteris flexuosa) e a grande parte do solo exposto (A).
Fêmea de Sicalis citrina incubando em um ninho construído em pteridófitas (Dicranopteris
flexuosa), no Parque Nacional de Brasília, Distrito Federa (B).
22
Figura 3. Número de ninhos iniciados, com ovos, com ninhegos, total de ninhos ativos de
Sicalis citrina no Parque Nacional de Brasília, Distrito Federal, e precipitação acumulada
(mm) em cada período de 10 dias da estação reprodutiva de 2007.
Caracterização dos ninhos
Os ninhos são confeccionados com folhas de gramíneas formando uma estrutura em
forma de cesto ou tigela espessa, sustentado pela base na planta suporte (Figura 2B). As
laterais e a base são construídas com folhas relativamente largas de gramíneas e internamente
são revestidos com finos talos de gramíneas. Foram encontrados em alturas que variaram de
nove a 62 cm em relação ao nível do solo (Tabela 1). Suas dimensões variaram
principalmente com relação à altura do ninho e ao diâmetro externo (Tabela 1). Os ninhos
possuem comprimento maior que a altura, característica que juntamente com a forma e com a
maneira pela qual estes são sustentados na planta suporte implica na classificação dos ninhos
como cesto baixo/base, conforme proposto por SIMON & PACHECO (2005).
23
Tabela 1. Medidas das dimensões e altura em relação ao solo de 59 ninhos de Sicalis citrina
encontrados no Parque Nacional de Brasília durante a estação reprodutiva de 2007.
Variáveis Média Erro padrão Mínimo Máximo
Altura em relação ao solo (m) 0,30 0,02 0,09 0,62
Altura do ninho (mm) 64,5 1,3 41,4 96,5
Profundidade do ninho (mm) 39,9 0,8 30,7 76,1
Diâmetro externo (mm) 82,5 1,2 61,0 100,5
Diâmetro interno (mm) 53,7 0,4 48,9 61,1
Plantas suporte
Foram identificadas as plantas suporte de 92 ninhos de S. citrina no PNB. Houve
maior utilização da pteridófita Dicranopteris flexuosa (Gleicheniaceae) como planta suporte
para construção dos ninhos (62% dos ninhos). As plantas utilizadas além de pteridófitas (n =
57) (Figura 4C) foram Miconia albicans (Melastomataceae; n = 20) (Figura 4B), moitas de
gramíneas (Poaceae; n = 14) (Figura 4A) e Baccharis sp. (Asteraceae; n = 1). A preferência
de Pteridophyta como substrato para construção dos ninhos por S. citrina foi significativa
quando comparada com as demais espécies agrupadas (χ
2
= 5,26; p = 0,022).
Caracterização dos ovos
Os ovos são de formato ovóide com cor de fundo azul-turquesa e manchas marrons
concentradas na porção sub-terminal do pólo rombo (Figura 5A). A massa, o comprimento e a
largura média dos ovos (n = 103) foram 1,56 ± 0,01 g, 17,5 ± 0,08 mm e 13,0 ± 0,04 mm,
respectivamente. O tamanho da ninhada, obtido de 68 ninhos, variou de três ovos (68%, n =
46) a dois ovos (32%, n = 22). A predominância de ninhadas de três ovos foi significativa (χ
2
= 8,47, p = 0,004).
24
Figura 4. Principais plantas utilizadas como suporte para a construção de ninhos por Sicalis
citrina, no Parque Nacional de Brasília, Distrito Federal. (Poaceae – A, Miconia albicans – B
e Dicranopteris flexuosa – C).
25
Figura 5. Detalhes dos ovos e ninhegos de Sicalis citrina no Parque Nacional de Brasília.
Ninho com três ovos (A), ninhego em início de desenvolvimento (B), com aproximadamente
dois dias de idade, e ninho com ninhegos de aproximadamente cinco dias de idade (C).
26
Caracterização dos ninhegos
Os ninhegos eclodem com os olhos fechados e corpo coberto por penugens de cor
cinza claro e pele de coloração clara (Figura 5B). À medida que se desenvolvem, o interior da
boca torna-se avermelhado e a coloração da pele escurece, bem como as penugens (Figura
5C). Deixam os ninhos com algumas regiões aptérilas, como o ventre, ainda descobertas.
Após deixarem o ninho são capazes de se deslocar pelo chão através de vôos curtos, embora
de forma debilitada, sendo alimentados pelos adultos no chão. Durante a primeira semana de
vida fora do ninho é possível observar as nódoas brancas nas retrizes externas dos filhotes.
As medidas morfométricas dos ninhegos apresentaram diferentes porcentagens em
relação a medidas de indivíduos adultos. Dos parâmetros morfométricos analisados, a
comprimento da cauda ao sair do ninho é o que apresenta menor valor em relação ao das aves
adultas. O tamanho do tarso dos ninhegos quanto estes deixam o ninho é semelhante ao
comprimento do tarso de indivíduos adultos. Medidas morfométricas e massa corporal de
ninhegos que tentaram voar durante as checagens em função da aproximação do observador e
de ninhegos observados empoleirados na borda do ninho (idade estimada de 12 a 14 dias) são
relacionados na tabela abaixo e comparados com a massa corporal e dados morfométricos de
indivíduos adultos (Tabela 2).
Determinação do período de incubação e de ninhegos
Com base nas observações realizadas foi possível determinar que a postura dos ovos
ocorre em dias consecutivos e que os ninhegos eclodem no mesmo dia, caracterizando
incubação sincrônica, que se inicia quando é realizada a postura do último ovo. A incubação é
feita pela fêmea, tendo em vista que em todas as checagens dos ninhos em que um adulto foi
observado incubando ou aquecendo ninhegos em início de desenvolvimento, este era sempre
uma fêmea. O período médio de incubação foi estimado em 12 dias (11,8 ± 0,3; mínimo = 10;
27
máximo = 13; n = 11) e o período médio de permanência dos ninhegos no ninho em 13 dias
(12,8 ± 0,4; mínimo = 11; máximo = 15; n = 9).
Tabela 2. Massa corporal (g) e medidas (mm) (média ± erro padrão) de ninhegos que
tentaram voar durante as checagens (n = 11), de ninhegos observados empoleirados na borda
do ninho (n = 4) e de indivíduos adultos capturados em redes de neblina (Miguel Â. Marini,
dados não publicados) (n = 11). Em parênteses a porcentagem em relação a indivíduos adultos
de cada parâmetro apresentado dos ninhegos.
Parâmetros
Ninhegos empoleirados na
borda do ninho
Ninhegos que tentaram sair
do ninho Adultos
Massa (g) 10,1 ± 0,3 (83,5%) 11,9 ± 0,5 (98,4%) 12,1 ± 0,2
Asa (mm) 40,0 ± 0,8 (64,2%) 40,4 ± 0,7 (64,8%) 62,3 ± 0,7
Cauda (mm) 12,4 ± 1,45 (25,1%) 12,0 ± 0,7 (24,3%) 49,4 ± 1,1
Tarso (mm) 15,3 ± 0,1 (97,8%) 15,5 ± 0,1 (99,0%) 15,6 ± 0,6
Narina (mm) 4,2 ± 0,05 (62,3%) 4,2 ± 0,1 (62,3%) 6,7 ± 0,1
DISCUSSÃO
O censo por pontos fixos de amostragem indicou uma forte preferência de S. citrina
pelas áreas de cascalheiras no PNB, onde ocorre a reprodução da espécie. Foram registrados
em outras ocasiões indivíduos de S. citrina em áreas próximas a habitações e em terrenos
íngremes em áreas alteradas no Distrito Federal. Estas áreas caracterizavam-se por possuírem
porções de solo exposto, tanto pela presença de pequenos afloramentos de rocha, quanto em
decorrência de atividades humanas no uso da terra. De acordo com a literatura, S. citrina é
uma espécie que habita áreas abertas do Cerrado (ANTAS 1995, SICK 1997, BAGNO 1998,
28
TUBELIS & CAVALCANTI 2001, Miguel Â. Marini, dados não publicados), incluindo áreas
montanhosas e antrópicas (HILTY & BROW N 1986, SILVA & ALEIXO 1996, SICK 1997, MELO-
JÚNIOR et al. 2001, VALADÃO et al. 2006). Estas observações, somadas aos resultados da
amostragem por pontos fixos, estão de acordo com estudo feito no Paraná, onde o campo
rupestre, representado por pequenos afloramentos de rocha, foi o único habitat onde S. citrina
foi registrada (STRAUBE et al. 2005). A espécie parece encontrar nas cascalheiras do PNB
ambiente correspondente ao campo rupestre onde se reproduz no estado de Minas Gerais
(V
ASCONCELOS et al. 2007) e Paraná (STRAUBE et al. 2005).
De acordo com observações de campo, acredita-se que apenas a área do ninho é
defendida, enquanto as áreas de forrageamento são compartilhadas, assim como em Volatinia
jacarina (C
ARVALHO et al. 2007). Adicionalmente, em algumas ocasiões os casais de S.
citrina foram observados alçando longos vôos a partir de seus locais de nidificação, em
direção às áreas de campos. Fornece suporte a tal suposição o fato de as áreas de cascalheiras
possuírem solo exposto na sua maior parte, impossibilitando a existência de oferta de
sementes nas proximidades do ninho.
O período reprodutivo de S. citrina assemelha-se ao de outras duas espécies de
emberizídeos estudadas no Cerrado. Volatinia jacarina e Sporophila caerulescens se
reproduzem de novembro a abril e de dezembro a maio, respectivamente (A
NTAS &
CAVALCANTI 1988, FRANCISCO 2006, AGUILAR et al., 2008). Durante este estudo também foi
constatada a reprodução de Sporophila plumbea, S. nigricollis, S. bouvreuil, V. jacarina, Z.
capensis e A. humeralis. A reprodução destas espécies juntamente com S. citrina dá suporte à
relação da disponibilidade de alimento (sementes) e a reprodução das espécies granívoras no
Cerrado.
Sicalis citrina, a exemplo de grande parte dos membros de sua família, é
essencialmente granívora, portanto, sua reprodução depende da maturação de sementes de
29
gramíneas, que por sua vez depende do regime de chuvas. O período reprodutivo de S. citrina
neste estudo concentrou-se principalmente nos meses de janeiro e fevereiro, estendendo-se até
maio (Figura 3). O início dos ciclos reprodutivos anuais de muitas gramíneas encontradas em
áreas de cerrado no Distrito Federal, ou coincide com o período das chuvas, ou se inicia do
meio para o final da estação chuvosa, sendo a dispersão das sementes realizada durante a
estação seca (ALMEIDA 1995). Dentre as gramíneas do primeiro grupo encontram-se as do
gênero Panicum e entre as do segundo grupo, as do gênero Aristida. Espécies de gramíneas
dos gêneros Panicum e Aristida estão entre as mais consumidas por aves granívoras na
América do Sul, América do Norte e África (SCHLUTER & REPARSKY 1991). Portanto, no
período que S. citrina nidifica, as sementes de muitas gramíneas já estão maduras ou mesmo
fazendo parte do estoque de sementes do solo, onde S. citrina forrageia. A reprodução de
algumas espécies granívoras, como Geospiza spp., é relacionada ao regime das chuvas, que
por sua vez está relacionado diretamente à abundância de sementes (BOAG & GRANT 1984).
Por outro lado, a abundância de ninhos ao longo das estação reprodutiva não está relacionada
a quantidade de chuva ao longo da estação (Figura 3). O padrão encontrado na abundância de
ninhos poderia ser explicado pelo fato de S. citrina ser uma espécie migratória. Em espécies
migratórias há a necessidade do estabelecimento de territórios e formação de pares antes da
nidificação e a necessidade de realizar a migração após a reprodução. Estes dois fatores
poderiam explicar o maior número de ninhos da espécie no meio da estação reprodutiva.
A reprodução de S. citrina é sazonal, a exemplo de outros passeriformes migratórios e
residentes que nidificam no centro-sul do Brasil, entretanto, separa-se temporalmente de
espécies não granívoras. A reprodução de espécies residentes no centro-sul do Brasil
concentra-se nos meses de outubro a dezembro, estando relacionada com o período das
chuvas na região (M
ARINI & DURÃE S 2001), período no qual há maior disponibilidade de
insetos (K
ARR 1976). No Distrito Federal, Neothraupis fasciata (Thraupidae) reproduz-se de
30
agosto a dezembro (DUCA 2007), Suiriri suiriri e Suiriri islerorum (Tyrannidae) reproduzem-
se de setembro a dezembro e de junho a dezembro, respectivamente (LOPES & MARINI 2005) e
Elaenia chiriquensis (Tyrannidae) reproduz-se de setembro a dezembro (MEDEIROS &
MARINI 2007).
O ninho de S. citrina apresenta formato típico dos ninhos da maioria dos emberizídeos
neotropicais (ver Anexo I). São ninhos em sua maioria abertos e em forma de tigela rasa, ou
simplesmente cesto baixo, conforme nomenclatura proposta por SIMON & PACHECO (2005).
Algumas espécies constroem cestos ralos, como Sporophila spp. (S
ICK 1997) enquanto outras
constroem cestos espessos, como Porphyrospiza caerulescens (L
IMA & BUZZETTI 2006) e
Zonotrichia capensis (DE LA PEÑA1996, 1987). Os ninhos de S. citrina do PNB são
construídos com paredes espessas (ver ilustrações em SILVA E SILVA 2004, BUZZETTI &
SILVA 2005 e VASCONCELOS et al. 2007).
O gênero Sicalis apresenta grande variação quanto às características de história de
vida. Uma das maiores diferenças é ilustrada pelo sítio de nidificação. Todas as espécies do
gênero das quais foram obtidos dados na literatura referentes à biologia reprodutiva
constroem ninhos em forma de cesto baixo. Entretanto a maioria destas espécies nidifica em
ocos, ninhos fechados abandonados de outras espécies ou em buracos em barrancos (ver
Anexo I). A exceção ao padrão exposto é apresentada por Sicalis luteola, que constrói ninhos
espessos em forma de cestos baixos, semi-expostos ou ocultos junto à base de moitas de
gramíneas (EULER 1900, VON IHERING 1900, DE LA PEÑA 1987, 1996). O ninho de S. citrina
aparece como uma exceção com relação ao grau de encobrimento dos ninhos, pois é
relativamente exposto, afixado em arbustos de pequeno porte.
A maioria dos ninhos de S. citrina foi encontrada em arbustos de pteridófitas,
(Dicranopteris flexuosa). Conforme apresentado no Capítulo 2, as taxas de sobrevivência
diária dos ninhos são maiores nas samambaias que nas demais plantas suporte, o que pode
31
influenciar a escolha de tais plantas por S. citrina. Entretanto, a predominância de ninhos em
pteridófitas pode se dar pela visível prevalência de tais plantas nas cascalheiras do PNB (obs.
pess.). O ninho encontrado por VASCONCELOS et al. (2007) encontrava-se em uma moita de
gramínea, próximo à base, grupo de plantas também utilizadas pela espécie neste estudo.
Muitos fatores podem estar envolvidos na escolha das plantas suporte, como a densidade de
arbustos na área do ninho, a altura do arbusto e o grau de ocultamento do ninho que a planta é
capaz de oferecer (MARTIN & ROPER 1988, MARTIN 1993a,b, MARTIN 1995, HOWLETT &
S
TUTCHBURY 1996).
As espécies do gênero Sicalis apresentam padrão variado de coloração dos ovos. Os
ovos de S. citrina se encaixam no padrão esperado para espécies que constroem ninhos
abertos, possuindo manchas espalhadas pela superfície (S
KUTCH 1976, GILL 1989). No
entanto, se assemelham aos de espécies congenéricas que nidificam em cavidades. Os ovos de
S. flaveola, S. olivascens e S. uropygialis apresentam manchas (RAMO & BUSTO 1984, DE LA
PEÑA 1987, 1996, MARCONDES-MACHADO 2002), enquanto os de S. lutea são brancos e
desprovidos de manchas (DE LA PEÑA 1987). Ovos de aves que nidificam em cavidades, onde
não há necessidade de camuflagem destes, geralmente são imaculados (GILL 1989). Dessa
forma os ovos de S. flaveola, S. olivascens e S. uropuygialis são exceções ao padrão geral de
coloração, uma vez que seus ninhos são construídos em ocos, buracos ou ninhos fechados de
outras espécies, como Phacellodomus spp., Coryphistera alaudina, Furnarius rufus
(Furnariidae) e Veniliornis mixtus (Picidae) (RAMO & BUSTO 1984, DE LA PA 1987,
LINDELL 1996, MARCONDES-MACHADO 2002, DI GIACOMO 2005).
O tamanho de ninhada apresentado por S. citrina, de dois a três ovos, é característico
de emberízideos neotropicais que realizam a postura em média de três ovos, com tamanhos de
ninhada que variam de um a cinco ovos (ver Anexo I). A revisão da literatura corrobora
MARTIN et al. (2000) no que diz respeito a tamanhos de ninhada maiores em espécies de
32
zonas temperadas com relação a espécies relacionadas na região Neotropical. A maioria das
espécies da família Emberizidae de regiões temperadas faz a postura de três a cinco ovos
(média = 4 ovos). Espécies do gênero Sicalis (ver Anexo I) que apresentam tamanhos de
ninhada maior que S. citrina nidificam em cavidades, onde ninhadas maiores são esperadas
(SLAGSVOLD 1982).
Os ninhegos de S. citrina são típicos de aves altriciais, que geralmente eclodem de
olhos fechados e desprovidos de penas, totalmente dependentes dos cuidados dos adultos
(W
INKLER 2001). Os ninhegos se assemelham aos ninhegos de S. flaveola, descritos
detalhadamente por M
ARCONDES-MACHADO (2002). Na primeira semana após deixarem o
ninho, os ninhegos já apresentam nas retrizes externas as nódoas brancas, característica
diagnóstica da espécie (HILTY & BROWN 1986, SICK 1997). O comprimento semelhante ao dos
adultos da asa e do tarso dos ninhegos ao deixarem do ninho se justifica pelas necessidade de
realizar deslocamentos no solo durante os primeiros dias de vida fora do ninho, ajudando a
escapar de predadores.
O período de incubação de S. citrina se encontra dentro dos limites de variação da
incubação dos membros da família Emberizidae. De acordo com a revisão da literatura, este
período varia de 11 a 16 dias em emberizídeos da América do Sul (ver Anexo I; RAMO &
BUSTO 1984, DE LA PEÑA 1996, MARCONDES-MACHADO 2002, MEZQUIDA 2003, DI GIACOMO
2005, FRANCISCO 2006, AUER et al. 2007) e de 10 a 14 em emberizídeos da América do Norte
(H
ARRISON 1975). A duração da incubação de S. citrina, 12 dias, é a mesma estimada para S.
flaveola (MARCONDES-MACHADO 2002).
Os ninhegos de S. citrina permanecem menos tempo no ninho que o congênere S.
flaveola. Em S. flaveola o período de permanência dos ninhegos no ninho varia de 15 a 23
dias, com média de 19 dias (M
ARCONDES-MACHADO 2002). O período menor de permanência
dos ninhegos no ninho, que em S. citrina variou de 11 a 15 dias (média = 13 dias), pode ser
33
explicado pelo fato de a espécie construir ninhos abertos, onde períodos menores de
exposição a predadores poderiam ter sido selecionados pela pressão de predação (WINKLER
2001). As taxas de predação de ninhos durante as fases de incubação e ninhego são menores
em ninhos fechados que em ninhos abertos, como do tipo cesto baixo de S. citrina (ONIKI
1979, MASON 1985, MARTIN & LI 1992).
CONCLUSÃO
Este estudo contribui para o conhecimento da ecologia das espécies granívoras
migratórias que realizam a reprodução no Bioma Cerrado e que são tão pouco estudadas no
Brasil. A biologia reprodutiva de S. citrina apresenta características típicas da família
Emberizidae. O conhecimento obtido com este estudo coloca Sicalis citrina, como uma
excelente opção de estudo em pesquisas futuras, que visem testar hipóteses ecológico-
evolutivas dos atributos da história de vida, ocupação de habitat, seleção sexual e
investimento parental. Trata-se de uma espécie que apresenta variação natural no tamanho da
ninhada, possui dicromatismo sexual, execução de display pelos machos e cujos ninhos são
encontrados com relativa facilidade no habitat de reprodução da espécie. Aspectos
relacionados ao padrão de migração da espécie necessitam ser elucidados para um maior
entendimento de sua ecologia.
34
35
CAPÍTULO II
FATORES QUE INFLUENCIAM O SUCESSO DOS NINHOS DE SICALIS CITRINA:
TESTE DE HIPÓTESES ATRAVÉS DA MODELAGEM DE SOBREVIVÊNCIA DE
NINHOS
RESUMO
A reprodução do canário-rasteiro, Sicalis citrina, ocorre entre dezembro e maio no
Parque Nacional de Brasília, em áreas abandonadas de mineração de cascalho (vide Capítulo
I). O objetivo deste capítulo é testar hipóteses ecológicas acerca dos fatores que afetam a
sobrevivência dos ninhos de S. citrina, e apresentar estimativas do sucesso aparente e sucesso
de Mayfield dos ninhos utilizando modelagem de sobrevivência dos ninhos no programa
MARK. Houve procura ativa por ninhos da espécie nas cascalheiras do Parque Nacional de
Brasília e subseqüente monitoramento dos mesmos entre janeiro e maio de 2007. Foram
encontrados 99 ninhos, sendo que de 73 ninhos os destinos foram seguramente estimados.
Apenas 60 puderam ser incluídos nas análises de sobrevivência diária. A predação foi a
principal causa do insucesso dos 73 ninhos (66%). Seis ninhos foram abandonados (8%) e 19
produziram filhotes (26%). O sucesso de Mayfield dos ninhos de S. citrina foi de 21%, com
taxas diárias de sobrevivência de 0,94. A sobrevivência dos ninhos aumenta conforme avança
a estação reprodutiva, ao contrário do que acontece com muitas aves em ambientes sazonais,
rejeitando a hipótese de diminuição do sucesso reprodutivo ao longo da estação. Os ninhos de
S. citrina são mais sujeitos à predação conforme se tornam mais velhos, dando suporte à
hipótese de que os crescentes odores, ruídos e visitas dos pais aos ninhos podem chamar mais
a atenção de predadores. A hipótese de que ninhos construídos nas plantas mais abundantes
do habitat de reprodução são mais seguras contra predadoras recebeu suporte, pois a
probabilidade de sobrevivência dos ninhos construídos em pteridófitas é maior que nas
demais plantas suporte. A distância na qual os ninhos de S. citrina são construídos em relação
à borda das cascalheiras não influenciou as taxas de sobrevivência diária, rejeitando a
hipótese de que ninhos mais próximos da borda estariam sujeitos a maiores taxas de predação
que ninhos no interior.
36
Palavras-chave: Sicalis citrina, predação de ninhos, sucesso reprodutivo, taxas de
sobrevivência diária, Cerrado.
37
ABSTRACT
From December to May Stripe-tailed Yellow-finch Sicalis citrina breeds in the
abandoned borrow pits at Brasília National Park (see Chapter I). The objective of this chapter
is to test ecological factors possibly affecting Stripe-tailed Yellow-finch nest survival as well
as to estimate its apparent and Mayfield reproductive success. Nest search and nest
monitoring occurred from January to May 2007. Ninety nine nests were found, but the fate of
only 73 nests could be safely estimated. Additionally only 60 nests could be used in the
program MARK for nest survival modeling. Predation was the main cause of nest failure, for
which were attributed 66% of nest fates. Six nests (8%) were abandoned and 19 nests (26%)
produced young. Mayfield’s success was 21%, calculated upon daily survival rates of 0.94.
Nest survival probabilities increased towards the end of the breeding season, rejecting the
hypothesis that nests initiated later on the breeding season are subject to lower success than
those initiated earlier, as occurs in many species breeding in seasonal environments. Nests
predation risk increased with nest age, giving support to Skutch’s prediction that nest
predators attention is attracted with increasing noise, odors and parents visits to the nest. The
potential-prey hypothesis was supported as well, since the nests built in the most abundant
shrub were safer than the others. No edge effect was detected, rejecting the hypothesis that
nests closer to the edge of the habitat would suffer higher levels of nest predation.
Key-words: Sicalis citrina, nest predation, reproductive success, daily survival rates, Brazilian
savanna.
38
INTRODUÇÃO
A principal causa do insucesso de ninhos de aves é a predação (RICKLEFS 1969, GILL
1989, ONIKI 1979, MARTIN 1995, HOWLETT & STUTCHBURY 1996, ZANETTE & JENKINS
2000). Algumas exceções surgem em ambientes peculiares como áreas pantanosas, onde a
maior parte do insucesso dos ninhos pode resultar de alagamentos (GJEDRUM et al. 2005,
WALKER et al. 2005). Altas taxas de parasitismo de ninhos por Molothrus spp. (Icteridae)
também podem ser responsáveis pela maior parte do insucesso de ninhos (revisão em M
ARTIN
1993b, F
AUTH 2000).
A hipótese de que as taxas de predação de ninhos são maiores em regiões tropicais é
aceita por vários autores (SKUTCH 1949, WILLIS 1961, RICKLEFS 1969, GILL 1989, ROBINSON
et al. 2000). Entretanto, este padrão vem sendo questionado, pois grande parte dos estudos
que encontraram altas taxas de predação de ninhos nas regiões tropicais foi realizada em
ambientes perturbados (MARTIN 1996). Como nas regiões temperadas, maiores taxas de
predação de ninhos são encontradas em ambientes impactados pelo homem (WILCOVE 1985,
ROBINSON et al. 1995). O mesmo efeito que a perturbação antrópica exerce sobre a
sobrevivência dos ninhos nas regiões temperadas poderia existir nas regiões tropicais
(M
ARTIN 1996).
O sucesso reprodutivo das aves tende a diminuir ao longo da estação reprodutiva pela
influência de fatores como redução do tamanho de ninhada e menores taxas de eclosão de
ovos (H
OCHACHKA 1990) e pela separação temporal na reprodução de indivíduos experientes
e inexperientes (VERHULST et al. 1995). A probabilidade de sobrevivência de um ninho,
segundo SKUTCH (1949), diminui à medida que o ninho se torna mais velho, devido às visitas
mais freqüentes dos pais ao ninho, em resposta às crescentes demandas alimentares da prole,
39
ao aumento dos ruídos e dos odores dos ninhegos no ninho, o que aumenta a probabilidade de
atrair predadores.
Muitos fatores podem estar relacionados com a probabilidade de sobrevivência dos
ninhos, como características físicas dos ninhos (MØLLER 1987), características dos sítios de
nidificação e do habitat nas proximidades do ninho (MARTIN & ROPER 1988, MARTIN & LI
1992, MARTIN 1993a, LUSK et al. 2003) e a altura em que os ninhos são construídos
(RICKLEFS 1969, MØLLER 1987, MARTIN 1993b, HOWLETT & STUTCHBURY 1996). A
detectabilidade de um ninho, e conseqüentemente sua probabilidade de sucesso, é relacionada
ao substrato onde este é construído (MARTIN 1993b, HOWLETT & STUTCHBURY 1996), sendo
um dos principais determinantes do sucesso dos ninhos (MARTIN 1995). MARTIN (1993a)
sugere, através de uma hipótese conhecida como presa-potencial (potencial-prey hypothesis),
que ninhos localizados em arbustos de espécies que são abundantes nas proximidades do
ninho são mais seguros contra predadores em função da maior disponibilidade de potenciais
locais para construção dos ninhos, dessa maneira reduzindo a eficiência dos predadores em
encontrá-los.
Uma das principais maneiras pela qual a sobrevivência de um ninho é influenciada
pela escolha do sítio de nidificação é relacionada à distância do ninho em relação à borda do
ambiente. Muitos estudos demonstraram que as taxas de predação na borda de ambientes
florestais são maiores que no interior dos mesmos, tanto na zona temperada (G
ATES & GYSEL
1978, W
ILCOVE 1985, PATON 1994, MARINI et al. 1995), quanto na região Neotropical (GIBBS
1991, TABARELLI & MANTOVANI 1997). Maiores taxas de predação na borda dos ambientes se
devem ao aumento na abundância de predadores de ninhos nesses locais (GATES & GYSEL
1978, KARR 1982).
O primeiro objetivo deste estudo foi testar hipóteses sobre fatores que afetam a
sobrevivência de ninhos de Sicalis citrina. Utilizando a modelagem de sobrevivência de
40
ninhos no programa MARK, foram testadas as seguintes hipóteses: a) o sucesso dos ninhos
varia ao longo da estação reprodutiva; b) a predação aumenta com o aumento da idade do
ninho; c) a escolha do substrato influencia a sobrevivência dos ninhos; d) ninhos mais
distantes da borda do ambiente são mais seguros contra predadores. O segundo objetivo foi
estimar as taxas de sobrevivência diária e o sucesso reprodutivo de S. citrina no Parque
Nacional de Brasília.
MÉTODOS
Área de estudo
Descrição nas páginas cinco e seis.
Encontro dos ninhos
A procura dos ninhos foi realizada através de procura ativa em todos os locais de
provável nidificação em antigas cascalheiras no Parque Nacional de Brasília durante a estação
reprodutiva de 2007. Indivíduos adultos carregando material de construção de ninho no bico,
realizando entrega de alimento e apresentando comportamento que indicasse a presença de
ninho foram seguidos. Alguns ninhos foram encontrados no momento em que as fêmeas eram
afugentadas pelo observador durante caminhadas aleatórias na área de estudo. A coleta de
dados foi feita entre 16 de janeiro e 30 de abril de 2007. Detalhes a respeito dos locais de
procura, marcação, identificação e m onitoramento dos ninhos são dados no Capítulo 1.
Determinação do destino do ninho
O destino dos ninhos foi definido como predado quando todos os ovos ou ninhegos
desapareciam do ninho antes do período mínimo necessário para eclosão ou saída dos
41
ninhegos ter decorrido ou quando sinais evidentes de predação foram observados nos ovos e
nos ninhegos. Ninhos foram considerados abandonados quando ovos permaneceram no ninho
além do período estimado de incubação e quando filhotes mortos eram encontrados nos
ninhos sem sinais de predação. O sucesso de um ninho foi assumido quando pelo menos um
dos ninhegos voou e quando um ninho foi encontrado intacto após tempo suficiente para a
saída dos ninhegos ter decorrido, independente de o ninho ter sofrido predação parcial na fase
de incubação ou na fase de ninhego.
Predadores potenciais
Aves comuns no Parque Nacional de Brasília, como Cyanocorax cristatelus
(Corvidae), além de Neothraupis fasciata e Cypsnagra hirundinacea (Thraupidae) estão entre
os passeriformes predadores de ninhos abertos, os quais podem ser responsáveis por uma
grande parcela de predação de ninhos (SICK 1997, FRANÇA 2005, FRANÇA et al., em
preparação). Entre as aves não-passeriformes potenciais predadoras de ninhos de S. citrina
encontrados na área de estudo estão Caracara plancus (Falconidae), Athene cunicularia
(Strigidae), Crotophaga ani, Guira guira (Cuculidae), Nystalus chacuru (Bucconidae) e
Ramphastos toco (Ramphastidae) (SICK 1997, FRANÇA et al., em preparação). Mamíferos, tais
como Didelphis albiventris, cães ferais (Canis familiaris), pequenos roedores, entre outros,
possivelmente predam ninhos de S. citrina, bem como serpentes e lagartos (F
RANÇA 2005).
Análises de sobrevivência dos ninhos no Programa MARK
A modelagem das taxas de sobrevivência diária (TSDs) dos ninhos foi feita no
Programa MARK (W
HITE & BURNHAM 1999), utilizando o modelo de sobrevivência de
ninhos disponível no programa. A análise de sobrevivência de ninhos no programa MARK
permite que as TSDs sejam calculadas elaborando-se modelos detalhados que incorporam
42
variáveis ecológicas e consideram variações temporais nas TSDs. Estas características
configuram-se como vantagens em relação ao método proposto por MAYFIELD (1961, 1975),
que considera TSDs constantes ao longo da estação reprodutiva (DISNMORE et al. 2002). O
primeiro passo para realizar a análise de sobrevivência de ninhos no programa MARK é
converter as datas do calendário em dias correspondentes aos dias do período de estudo.
Dessa forma, o dia 16 de janeiro corresponde ao dia 1 da estação, dia em que o primeiro ninho
ativo foi encontrado, e o dia 30 de abril corresponde ao dia 105, última checagem de ninhos
realizada.
A modelagem da sobrevivência de ninhos no Programa MARK requer que cinco
premissas sejam cumpridas (DINSMORE 2002, DINSMORE & DINSMORE 2007):
1) A idade dos ninhos na data de encontro seja determinada corretamente;
2) O destino dos ninhos seja determinado seguramente;
3) O encontro e subseqüente monitoramento dos ninhos não afetem a sobrevivência
dos mesmos;
4) Os destinos dos ninhos sejam independentes;
5) Exista homogeneidade das taxas de sobrevivência diária.
A idade dos ninhos na data de encontro, a partir da qual é determinada a data de início
dos ninhos, foi obtida diretamente quando os ninhos encontrados estavam em fase de postura.
Em ninhos encontrados durante a fase de incubação onde houve a eclosão de um ou mais
ninhegos, foram feitas contagens de trás para diante a partir da data de eclosão. Em ninhos
encontrados na fase de ninhego foram utilizados dados das medidas morfométricas dos
ninhegos como parâmetros para o cálculo da idade de eclosão e conseqüentemente a idade do
ninho foi obtida. Os procedimentos acima foram baseados em informações fornecidas
anteriormente (vide Capítulo 1). O período médio de incubação e o período mínimo de
43
permanência dos ninhegos no ninho são de 12 e 11 dias, respectivamente. A postura ocorre
em dias consecutivos e a incubação tem início no dia da postura do último ovo.
De 11 ninhos encontrados e predados durante a fase de incubação, não foi possível a
determinação da data de início dos ninhos. A não utilização de tais ni
2). Procurou-se monitorar os ninhos e realizar a medição dos ninhos, ovos e ninhegos de
maneira breve e silenciosa, procurando permanecer junto aos ninhos pelo menor tempo
possível. Evitou-se realizar medições quando predadores potenciais como C. plancus
encontravam-se nas proximidades (Premissa 3). A premissa de que os destinos dos ninhos são
independentes é violada apenas quando se trata de espécies que nidificam em colônias
(DINSMORE & DINSMORE 2007), portanto não se aplica à espécie deste estudo, uma vez que os
ninhos encontravam-se dispersos na área de estudo, não apresentando padrão agrupado
(Premissa 4). Assumindo-se que os fatores que influenciam as taxas de sobrevivência diária
dos ninhos são comuns e afetam de maneira homogênea os ninhos analisados, foi preservada a
premissa de homogeneidade das taxas de sobrevivência diária (Premissa 5).
Foi utilizada a função de ligação seno quando as TSDs foram consideradas constantes
ao longo da estação. A função de ligação logit (logit function) foi utilizada quando as taxas
consideradas variaram ao longo da estação (DINSMORE et al. 2002, ROTELLA et al. 2004,
ROTELLA 2007, WILSON et al. 2007), pois converte as TSDs para o intervalo (0 a 1). A
seleção dos modelos foi feita através do Critério de Informação de Akaike corrigido para
amostras pequenas (AICc; BURNHAM & ANDERSON 2002). Os modelos candidatos foram
ranqueados em relação ao melhor modelo, com base nos valores de AICc. Modelos com
AICc 2 são considerados bons para explicar a variação do conjunto de dados (B
URNHAM
& ANDERSON 2002). Atualmente não há testes de aderência disponíveis para a análise de
sobrevivência diária realizada no Programa MARK (D
INSMORE & DINSMORE 2007). Diante
disto, se faz necessário que as premissas sejam cumpridas e que o tamanho amostral
represente confiavelmente a população amostral, considerando que o esforço de procura não
privilegie ninhos que sejam encontrados mais facilmente que outros (DINSMORE & DINSMORE
2007).
45
Para avaliar a importância relativa de uma variável foram somados os pesos de
Akaike dos modelos nos quais a variável em questão foi incluída. Adicionalmente, quando o
intervalo de confiança de 95% do valor do beta de uma variável incluiu o zero, esta variável
foi considerada fraca no modelo, não sendo responsável pela variação das TSDs (BURNHAM
& ANDERSON 2002).
Foram utilizados na análise de sobrevivência diária no programa MARK 60 ninhos
que tiveram sucesso ou foram predados. Ninhos abandonados (n = 4) não foram incluídos na
análise, pois não foi possível determinar seguramente a data de abandono (T
RAYLOR et al.
2004). Foram excluídos também ninhos encontrados e predados durante a fase de postura (n =
2), ninhos predados imediatamente após o encontro (n = 1), ninhos cujo intervalo entre a
última checagem enquanto ativo e a checagem que constatou a predação foi maior que sete
dias (n = 1) e um ninho construído em Baccharis sp. (Asteraceae). Um ninho encontrado com
ninhego com mais de 11 dias de idade (n = 1) também foi excluído pois a inclusão deste
forneceria superestimativas da probabilidade de sobrevivência diária, uma vez que ninhegos
são capazes de deixar o ninho com 11 dias de idade (Vide Capítulo I). A modelagem das
TSDs teve como objetivo avaliar a influência de variáveis ecológicas e padrões temporais no
sucesso dos ninhos que possivelmente afetam o sucesso reprodutivo de S. citrina. As
variáveis ecológicas e padrões temporais testados foram:
Padrões temporais dentro da estação reprodutiva: o sucesso reprodutivo das aves
pode variar ao longo da estação reprodutiva (N
ILSSON 1989, HOCHACHKA 1990). Para testar
tal hipótese foram usados modelos que permitem que as TSDs variem ao longo da estação
reprodutiva seguindo tendências linear e quadrática, além do modelo que considera TSDs
constantes, correspondente ao método de MAYFIELD (1961, 1975).
Idade do ninho: conforme S
KUTCH (1949), a probabilidade de predação pode aumentar
à medida que a idade do ninho avança. Os aumentos das taxas de entrega de alimento, dos
46
ruídos e do odor do ninho aumentam a probabilidade de detecção do ninho pelos predadores.
Espera-se, portanto, que as TSDs diminuam conforme a idade do ninho avança.
Altura do ninho: a altura a que um ninho é construído pode influenciar as taxas de
sobrevivência diária (RICKLEFS 1969, MØLLER 1987, MARTIN 1993b, HOWLETT &
STUTCHBURY 1996). A inclusão desta variável tem como objetivo avaliar se diferentes alturas
respondem por taxas de predação diferentes.
Plantas suporte: A hipótese sugerida por MARTIN (1993a), potencial-prey hypothesis,
prevê que as plantas mais utilizadas para construção dos ninhos são as mais abundantes no
habitat de reprodução, pois conferem mais segurança contra predadores. Diante disto, e da
preferência de S. citrina por pteridófitas (vide Capítulo I), espera-se maiores TSDs em ninhos
construídos em tais plantas.
Distância da borda do ambiente: O sucesso dos ninhos pode aumentar com o aumento
da distância do local de construção dos ninhos em relação à borda do ambiente (GATES &
GYSEL 1978, FILLIATER 1994, PATON 1994, MARINI et al. 1995). São, porta nto, esperadas
maiores TSDs em ninhos mais afastados da borda do ambiente.
Em sete ninhos a altura não foi obtida. Neste caso foram utilizadas as médias da altura
dos demais ninhos, uma vez que a base de dados do programa MARK não aceita células em
branco (C
OOCH & WHITE 2007, DINSMORE & DINSMORE 2007). Foi feita uma análise de
sobrevivência no programa MARK sem a inclusão dos ninhos dos quais não foi obtida a
altura e observou-se que a inclusão destes ninhos com a média da altura dos demais ninhos
não alterou a análise.
Seguindo uma abordagem hierárquica na elaboração dos modelos candidatos, a
modelagem foi realizada em três etapas (T
RAYLOR et al. 2004, DINSMORE & DINSMORE
2007). Na primeira etapa houve a avaliação do padrão temporal que melhor se ajusta aos
dados. Foram considerados modelos que consideram as TSDs constantes ao longo da estação
47
reprodutiva {constante}, modelo correspondente ao método de MAYFIELD (1961, 1975),
modelos que mostram uma tendência linear nas TDSs ao longo da estação {linear} e modelos
que mostram uma tendência quadrática nas TDSs ao longo da estação {quadrática}.
Foi constatada a autocorrelação entre a altura dos ninhos e a espécie de planta suporte
(F
2,57
= 6,37, p < 0,05). Para verificar a relação entre a altura e espécie de planta suporte foi
realizada uma ANOVA no programa Biostat 2.0 (AYRES & AYRES-JR. 2000). Os dados foram
transformados (ln) para satisfazer as premissas do teste. Para evitar o uso de duas variáveis
autocorrelacionadas, na segunda etapa foi verificada qual destas duas variáveis foi a mais
significativa na modelagem de sobrevivência de ninhos no programa MARK quando incluída
no melhor modelo temporal. Posteriormente, na terceira etapa, houve a inclusão das demais
variáveis ecológicas ao melhor modelo.
Como forma de possibilitar comparações com trabalhos realizados anteriormente ao
desenvolvimento dos procedimentos aqui utilizados, são fornecidos os valores do sucesso
reprodutivo aparente, porcentagem de ninhos que tiveram sucesso, e do sucesso reprodutivo
pela estimativa de MAYFIELD (1961, 1975). Foram utilizados para o cálculo do sucesso
aparente 73 ninhos, dos quais foi possível determinar seguramente o destino. O cálculo do
sucesso de Mayfield baseou-se nos 60 ninhos utilizados na análise de sobrevivência feita no
programa MARK.
A sobrevivência dos ninhos conforme Mayfield, que assume TSDs constantes ao
longo da estação, foi obtida elevando a TSD encontrada no modelo constante ao número de
dias necessários para completar o ciclo de um ninho (TSD
25
). A sobrevivência de um ninho
com TSDs que variam ao longo da estação foi calculada multiplicando-se as TSDs
encontradas para cada dia da estação (DINSMORE et al. 2002, TRAYLOR et al. 2004). Foram
utilizadas 25 TSDs, referentes a dois dias de postura, 12 dias de incubação e 11 dias de
permanência dos ninhegos no ninho, tempo mínimo de permanência de ninhegos no ninho.
48
O sucesso reprodutivo de ninhos que foram iniciados no dia 1, começo da estação
reprodutiva, no dia 41, cujo meio do período do ninho corresponde ao meio da estação, e no
dia 81, ninho cuja data de saída dos ninhegos corresponde ao último dia da estação
reprodutiva (ninhos precoces, intermediários e tardios, respectivamente), foi estimado através
da multiplicação das TSDs provenientes do melhor modelo candidato. O período de postura
utilizado, dois dias, refere-se a ninhadas de três ovos, mais freqüentes que ninhadas de dois
ovos (vide Capítulo 1).
RESULTADOS
A predação foi a principal causa do insucesso dos ninhos de S. citrina. Dos 73 ninhos
dos quais determinou-se seguramente o destino, 48 (66%) foram predados. Dos 54 ninhos que
não tiveram sucesso, seis (11%) foram abandonados e 48 (89%) sofreram predação antes de
completar seu ciclo. O sucesso aparente dos ninhos de S. citrina foi de 26% (19 de 73 ninhos).
Predações parciais foram incomuns, tendo ocorrido em apenas quatro ninhos. A probabilidade
de sobrevivência de um ninho calculada com base na TSD obtida do modelo {constante},
correspondente à estimativa do sucesso pelo método de Mayfield, foi de 21% dos 60 ninhos
considerados na análise. A TSD constante foi de 0,94.
Na primeira etapa foi constatado que a tendência linear teve melhor ajuste que as
tendências constante e quadrática, com AICc entre as tendências igual a 1,01 e 1,97 em
relação a tendência linear, respectivamente (Tabela 1). Na segunda etapa verificou-se que a
variável planta (espécie de planta suporte) apresentou melhor ajuste ao conjunto de dados que
a variável altura (Tabela 1). Na terceira etapa, todos os melhores modelos da análise, modelos
com AICc 2, incluíram a tendência linear do tempo ao longo da estação reprodutiva e a
variável idade do ninho (Tabela 1).
49
De acordo com os melhores modelos, as TSDs dos ninhos de S. citrina aumentam
conforme avança a estação reprodutiva e diminuem com a idade dos ninhos. A tendência
linear ao longo da estação reprodutiva apresentou alta importância relativa (0,99),
influenciando positivamente as TSDs (β
linear
= 0,02 em escala logit, EP = 0,01; 95% IC: 0,00;
0,03). A idade do ninho por sua vez influenciou negativamente as TSDs (β
idade
= -0,08 em
escala logit, EP = 0,02; 95% IC: -0,13; -0,03) e sua importância relativa foi de 0,95.
Ninhos construídos em pteridófitas (Dicranopteris flexuosa, Gleicheniaceae) possuem
maior probabilidade de sucesso (Tabela 2; Figura 1 e 2). O melhor modelo incluiu também a
variável planta suporte, além da tendência linear ao longo da estação e a idade do ninho, com
importância relativa de 0,48 (Tabela 1). A escolha de Miconia albicans (Melastomataceae) e
moitas de gramíneas (Poaceae) para a construção dos ninhos influenciou negativamente as
TSDs dos ninhos de S. citrina, entretanto explicaram pouco da variação no sucesso dos
ninhos, pois o intervalo de confiança de ambas inclui o zero (β
Miconia albicans
= -0,75 em escala
logit, EP = 0,40; 95% IC: -1,54; 0,04 e β
Poaceae
= -0.55 em escala logit, EP = 0,39; 95% IC: -
1,31; 0,20).
A equação de regressão logística do melhor modelo utilizada para o cálculo da
probabilidade de sucesso dos ninhos foi:
Logit (TSD) = – 3,27 – 0,08 (idade do ninho) + 0,02 (dia da estação) – 0,75 (Miconia) – 0,55
(Poaceae)
50
Tabela 1. Resultado das três etapas da seleção de modelos que explicam a variação das taxas
de sobrevivência diária dos ninhos de Sicalis citrina, no Parque Nacional de Brasília, Distrito
Federal.
Modelos AICc AICc Peso de AICc K
Primeira etapa
{linear} 223,59 0 0,51 2
{constante} 224,61 1,01 0,30 1
{quadrático} 225,57 1,97 0,19 3
Segunda etapa
{linear} 223,59 0 0,39 2
{linear + planta} 223,95 0,36 0,33 4
{linear + altura} 224,25 0,66 0,28 3
Terceira etapa
{linear + idade + planta} 216,97 0 0,36 5
{linear + idade} 217,16 0,19 0,33 3
{linear + idade + planta + borda} 218,88 1,92 0,14 6
{linear + idade + borda} 219,14 2,17 0,12 4
{linear} 223,59 6,63 0,01 2
{linear + planta} 223,95 6,98 0,01 4
{linear + borda} 225,59 8,63 0,00 3
{linear + planta + borda} 225,82 8,86 0,00 5
K = Número de parâmetros utilizados no modelo.
51
Figura 1. Efeito da idade do ninho nas taxas sobrevivência diárias ao longo da estação
reprodutiva de ninhos de Sicalis citrina construídos em Dicranopteris flexuosa, Miconia
albicans e Poaceae. Taxas de sobrevivência diárias de ninhos com 1 dia (A) e com 25 dias de
idade (B).
52
Figura 2. Efeito da espécie de planta suporte (Poacae, Dicranopteris flexuosa e Miconia
albicans) na sobrevivência de ninhos precoces (A), intermediários (B) e tardios (C) ao longo
do ciclo dos ninhos de Sicalis citrina, monitorados no Parque Nacional de Brasília, Distrito
Federal.
53
Tabela 2. Probabilidade de sobrevivência de ninhos precoces, intermediários e tardios de
Sicalis citrina em relação à espécie de planta suporte. Porcentagens calculadas com base nas
taxas de sobrevivências diárias obtidas a partir da regressão logística do melhor modelo.
Probabilidade de sobrevivência (%)
Período
Planta suporte Precoce Intermediário Tardio
Dicranopteris flexuosa
12 34 58
Poaceae 3 16 39
Miconia albicans
1 11 32
A distância do sítio de nidificação em relação à borda do ambiente não afeta
significativamente a sobrevivência dos ninhos. Apesar de incluída nos melhores modelos,
com AICc 2 (Tabela 1), o intervalo de confiança do beta desta variável incluiu o zero
(β
bordas
= 0,00 em escala logit, EP = 0,01; 95% IC: -0,01; 0,02). A importância relativa da
variável distância da borda foi 0,27.
DISCUSSÃO
A predação foi a principal causa do insucesso dos ninhos de S. citrina, responsável por
89% das perdas. Este resultado corrobora a maioria dos estudos nos mais variados grupos
taxonômicos de aves, em uma grande variedade de habitats, tanto na zona temperada quanto
na zona tropical. Em revisão apresentada por MARTIN (1993b), o insucesso dos ninhos da
maioria das espécies de passeriformes que nidificam em ambientes florestais, campos,
savanas e ambientes pantanosos na América do Norte é devido principalmente à predação,
assim como em muitos outros estudos na região temperada (e.g. HOWLETT & STUTCHBURY
1996, MARTIN & ROPER 1988 WALKER et al. 2005). Na região Neotropical a maior parte dos
54
ninhos também é perdida devido à predação (ONIKI 1979, RAMO & BUSTO 1984, ROBINSON et
al. 2000, AUER et al. 2007, DUCA 2007, CARVALHO et al. 2007).
O sucesso aparente dos ninhos de S. citrina, ou seja, a porcentagem dos ninhos que
produziram no mínimo um filhote, foi de 26%. Esta probabilidade de sucesso encontra-se
dentro da faixa de variação das probabilidades de sucesso encontradas em outros estudos
realizados no Distrito Federal com aves que apresentam ninhos abertos em forma de cesto, e
que iniciam a reprodução antes ou de forma concomitante com as chuvas. O sucesso
reprodutivo aparente de aves da família Tyrannidae foi estimada em 32% em Suiriri suiriri,
10% em Suiriri islerorum (LOPES & MARINI 2005) e 30% em Elaenia chiriquensis
(MEDEIROS & MARINI 2007). Em Neothraupis fasciata (Thraupidae) foram encontradas
probabilidades de sucesso aparente de 38,9% e 22,2%, em populações distintas, no Distrito
Federal (ALVES & CAVALCANTI 1990, DUCA 2007). A probabilidade de sucesso dos ninhos de
S. citrina foi apenas consideravelmente mais alta que o sucesso de S. islerorum, espécie cujo
baixo sucesso reprodutivo é preocupante do ponto de vista da conservação da espécie (LOPES
& MARINI 2005).
O sucesso aparente e o sucesso de Mayfield dos ninhos de S. citrina, 26% e 21%,
respectivamente, de maneira geral foram menores que o sucesso de outros emberizídeos no
Cerrado, apesar de poucos estudos terem sido realizados e estarem disponíveis para
comparação. Em Volatinia jacarina, que se reproduz de novembro a abril no Distrito Federal
(ANTAS & CAVALCANTI 1988), a probabilidade de sucesso aparente foi de 24%, sendo que
71% das perdas de ninhos foram causadas por predação, e o sucesso de MAYFIELD foi de 38%
(AGUILAR et al., 2008). Em Sporophila caerulescens, a probabilidade de sucesso de Mayfield
de 36% (FRANCISCO 2007).
O sucesso aparente e o sucesso de Mayfield dos ninhos de S. citrina foram me nore s
que os encontrados na maioria dos estudos realizados com emberizídeos que apresentam
55
ninhos abertos e fechados na região Neotropical. Na Amazônia foi encontrada uma média
geral de 29% de sucesso aparente de ninhos abertos de emberizídeos em ambientes florestais
e não florestais (ONIKI 1979). Na Argentina, probabilidades de sucesso de Mayfield em torno
de 29% em Buarremon torquatus (AUER et al. 2007) e de cerca de apenas 9% em Z. capensis
foram encontradas (MASON 1985). A probabilidade de sucesso de Mayfield em Arremon
flavirostris, que constrói ninhos fechados, foi estimada em 48% (AUER et al. 2007) e em 82%
em S. flaveola, que se reproduz em ninhos abandonados de F. rufus (MASON 1985). A
probabilidade de sucesso maior nestas espécies que em espécies que nidificam em ninhos
abertos é esperada, uma vez que espécies que apresentam ninhos fechados tendem a sofrer
menores taxas de predação (ONIKI 1979, MARTIN & LI 1992).
As taxas de predação de ninhos em S. citrina foram, de forma geral, menores que as
das espécies de Emberizidae de regiões temperadas. Uma revisão das taxas de predação de
ninhos de Emberizidae na América do Norte encontrou uma média nas porcentagens das taxas
de predação de 40,6%, variando de 19,6 a 78,6%, considerando ninhos de 13 espécies
(MARTIN 1993b). O sucesso aparente dos ninhos em Melospiza melodia foi de 49% (CHASE
2002). Em Zonotrichia querula, nenhum ninho foi perdido devido à predação, sendo que 85%
dos ninhos produziram filhotes (NORMENT 1993). Estes dados corroboram com a hipótese de
que taxas maiores de predação de ninhos são encontradas nos trópicos (W
ILLIS 1961,
RICKLEFS 1969, GILL 1989, ROBINSON et al. 2000).
Fatores que influenciam o sucesso dos ninhos
Todos os melhores modelos da análise de sobrevivência no programa MARK
incluíram o padrão linear do tempo e a idade dos ninhos. Estas variáveis foram as que mais
influenciaram a variação nas TSDs dos ninhos de S. citrina e estiveram presentes no melhor
modelo juntamente com a espécie de planta suporte. O modelo que incluiu todas as variáveis
56
teve menor suporte que o melhor modelo, entretanto com AICc 2. Tal modelo incluiu a
variável borda, porém o intervalo de confiança do beta desta variável demonstrou que esta
exerce pouca influência na variação das TSDs.
Ninhos de S. citrina têm maiores probabilidades de sobrevivência quanto mais tarde
na estação reprodutiva forem iniciados, contrariando a maior parte dos estudos (e.g.
HOCHACHKA 1990, VERHULST 1995). Em ambientes sazonais há uma tendência de que ninhos
tenham menores probabilidades de sobrevivência conforme a estação reprodutiva avança
(N
ILSSON 1989, HOCHACHKA 1990). Em M. melodia quanto mais tarde um ninho for iniciado,
menor a sua probabilidade de sobrevivência, em função de menores taxas de eclosão de ovos
ao final da estação reprodutiva (H
OCHACHKA 1990). Em outros estudos o mesmo padrão dos
ninhos de S. citrina foi encontrado. A probabilidade de sucesso dos ninhos de Spizella pusilla
(Emberizidae) aumenta ao longo da estação em função de menores taxas de parasitismo de
ninhos (BEST 1978). Em Lagopus lagopus (Phasianidae) o sucesso dos ninhos aumentou no
terço final da estação reprodutiva, possivelmente devido ao aumento na densidade da
vegetação e aumento na abundância de presas alternativas (WILSON et al. 2007). Maiores
probabilidades de sobrevivência dos ninhos de S. citrina ao longo da estação reprodutiva,
poderiam ser explicadas pela queda na abundância relativa de ninhos no habitat ao final da
estação, tornando o recurso escasso para os predadores. Sendo S. citrina uma espécie que
migra após a reprodução, é necessário que os juvenis estejam aptos a realizar a migração,
portanto, a nidificação tardia, apesar de maiores probabilidades de sobrevivência dos ninhos,
poderia ser contrabalançada pela sobrevivência dos indivíduos após a reprodução.
Os ninhos de S. citrina são mais sujeitos à predação à medida que se aproximam da
data de saída dos ninhegos. Este resultado corrobora a hipótese de SKUTCH (1949), que diz
respeito à maior probabilidade de predação de um ninho conforme este se torna mais velho,
em função do aumento das visitas dos pais e dos ruídos e odores que se intensificam conforme
57
aumenta a idade dos ninhegos. Similarmente, as taxas de predação de ovos foram menores
que as taxas de predação de ninhegos em Z. capensis e B. torquatus (AUER et al. 2007), em S.
luteola (MASON 1985) e em S. caerulescens (FRANCISCO 2006). Entretanto, V. jacarina
(AGUILAR et al. 2008) e Z. capensis (MASON 1985) apresentaram maior probabilidade de
sobrevivência no período de ninhego, rejeitando a hipótese de predação maior durante a fase
de ninhego.
A escolha dos sítios de nidificação por S. citrina afetou a sobrevivência dos ninhos.
Conforme apresentado anteriormente (vide Capítulo 1), houve preferência por Dicranopteris
flexuosa como planta suporte. Tais plantas são as mais abundantes no habitat de reprodução
da espécie no PNB e foram as que apresentaram maiores probabilidades de sucesso dos
ninhos. É provável que Dicranopteris flexuosa confira maior grau de ocultamento aos ninhos
de S. citrina que outras plantas, uma vez que diferentes substratos (plantas suporte) variam na
camuflagem que proporcionam ao ninho (MARTIN 1993b, HOWLETT & STUTCHBURY 1996).
O ocultamento dos ninhos foi significativamente maior em ninhos que produziram ninhegos
em C. guttatus na América do Norte em relação a ninhos predados (MARTIN & ROPER 1988).
O sucesso dos ninhos em tal estudo também foi influenciado pela presença de plantas
similares próximas ao sítio de nidificação (MARTIN & ROPER 1988). As maiores
probabilidades de sobrevivência dos ninhos de S. citrina construídos em Dicranopteris
flexuosa corroboram a hipótese de presa-potencial de M
ARTIN (1993a), que refere-se à maior
segurança contra predadores em ninhos construídos nas plantas mais abundantes do habitat de
nidificação.
A análise de sobrevivência de ninhos de S. citrina neste estudo não deu suporte à
hipótese de que maiores taxas de predação de ninhos seriam encontradas nas proximidades da
borda das cascalheiras, assim como verificado em muitos estudos realizados em ambientes
florestais (G
IBBS 1991, PATON 1994, MARINI et al. 1995, TABARELLI & MANTOVANI 1997).
58
Apesar da variação na distância dos ninhos em relação à borda das cascalheiras tenha sido
grande (30,5 ± 2,3 m; mínimo = 4; máximo = 75), não houve diferença substancial nas
probabilidades de sobrevivência dos ninhos.
Muitos autores atribuem as maiores taxas de predação de ninhos na borda dos
ambientes florestais ao aumento da abundância de predadores, tais como Corvidae (GATES &
GYSEL 1978, KARR 1982, WILCOVE 1985). Embora tratando-se de áreas relativamente abertas
(cerrados e campos naturais e cascalheiras de solo exposto), o mesmo padrão de ocorrência de
passeriformes predadores de ninhos encontrado em ambientes florestais era esperado na
transição cascalheira/áreas naturais do PNB. Predadores habituais de ninhos, como corvídeos
e outros passeriformes não foram registrados no interior das áreas de cascalheira, sendo
comuns na matriz de áreas naturais. Por outro lado, um dos principais potenciais predadores
de ninhos de S. citrina, A. cunicularia, defende territórios na região central de algumas
cascalheiras do PNB (obs. pess.) e C. plancus foi observado forrageando no interior das
cascalheiras (obs. pess.). A distância do interior das áreas de cascalheira até a borda destes
ambientes parece não apresentar um importante gradiente no uso de tais habitats por estes
potenciais predadores, o que poderia explicar a ausência de diferença nas taxas de predação
relacionadas à distância da borda. Em ambientes alterados, mamíferos como Didelphis sp.
podem também encontrar condições favoráveis, assim como lagartos em clareiras
recentemente formadas, conforme sugerem T
ABARELLI & MANTOVANI (1997). Alguns
estudos realizados no Brasil também não deram suporte a esta hipótese, sugerindo que
pequenos fragmentos de floresta não oferecem gradientes relevantes nas taxas de predação de
ninhos (M
ELO & MARINI 1997, DUCA et al. 2001).
59
CONCLUSÃO
As estimativas de sucesso aparente e sucesso de Mayfield dos ninhos de S. citrina
mostraram-se semelhantes às encontradas em outras espécies de emberizídeos neotropicais,
menores que as de membros da família encontrados em zonas temperadas e menores que
espécies que nidificam em ninhos fechados. Isto corrobora hipótese de que na região
Neotropical existem maiores taxas de predação e ninhos abertos estão mais sujeitos à
predação que ninhos fechados. Através da modelagem da sobrevivência dos ninhos de S.
citrina no programa MARK foi possível testar hipóteses e encontrar padrões com relação à
probabilidade de sucesso dos ninhos. Ninhos tardios apresentaram maiores taxas de
sobrevivência que ninhos precoces e intermediários, rejeitando a hipótese da redução da
sobrevivência dos ninhos ao longo da estação reprodutiva (NILSSON 1989, HOCHACHKA
1990). Este estudo também rejeitou a hipótese de que a probabilidade de sucesso aumenta
com o aumento da distância da borda do ambiente (GATES & GYSEL 1978, FILLIATER 1994,
PATON 1994, MARINI et al. 1995), considerando que a distância não influencia as taxas de
sobrevivência diária dos ninhos. A hipótese de SKUTCH (1949) foi corroborada, pois os ninhos
são mais sujeitos a predação conforme se tornam mais velhos. A hipótese de presa-potencial
(potencial-prey hypothesis) proposta por M
ARTIN (1993a) também teve suporte neste estudo,
uma vez que maiores probabilidades de sobrevivência foram encontradas nas plantas suporte
mais utilizadas por S. citrina para construção do ninhos.
60
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78.
73
ANEXO I. Aspectos reprodutivos de espécies de emberizídeos neotropicais e de zonas temperadas (América do Norte). São apresentados os
tipos de ninho, tamanho de ninhada, padrão de coloração dos ovos com ou sem manchas, período de incubação (PI) e período de permanência
dos ninhegos no ninho (PN). A lista de espécies está em ordem alfabética.
Espécie
Tipo de
ninho
Tamanho
de
ninhada
Ovos
(manchas)
Período
de
incubação
Período
de
ninhegos
Referências Observações
Emberizideos neotropicais
Ammodramus aurifrons
cesto 3 Sem - - 11 -
Ammodramus humeralis
(cesto) 2 a 4 Sem 12 10 a 11 3,5 ninho pode apresenta variação,
podendo ser globular
Arremon flavirostris
globular 2 a 3 Com - 13 5 -
Buarremon torquatus
cesto 2.1 - 15.8 12.8 1 -
Coryphospingus cucullatus
cesto baixo 2 a 3 Sem 12 a 13 12 a 13 3,5 -
Diuca diuca
cesto 3 a 4 Com 12 - 3,1 sobre ninhos abandonados
Donacospiza albifrons
cesto alto 2 a 3 Com 13 12 5 -
Emberizoides herbicola
cesto baixo 2 a 3 Com - 10 a 13 5 -
Emberizoides ypiranganus
cesto baixo 2 a 3 Com - 9 a 11 5 -
Embernagra platensis
cesto baixo 2 a 3 Com 15 13 3,5 -
Gubernatrix cristata
cesto alto 3 Com - - 3 -
Paroaria capitata
cesto baixo 3 a 4 Com 12 a 13 10 a 14 3,5 -
74
Paroaria coronata
cesto baixo 2 a 3 Com 12 a 13 11 a 15 3,5 -
Phrygilus atriceps
cesto baixo 3 a 4 Com - - 3 -
Phrygilus fruticeti
cesto baixo 2 Com - - 3 -
Phrygilus gayi
cesto baixo 3 a 4 Com - - 3 em paredes de casas
Phrygilus plebejus
cesto baixo 2 a 4 Com - - 3 -
Poospiza cinerea
cesto baixo 3 Com 14 15 4 -
Poospiza melanoleuca
cesto alto 2 a 3 Com 13 a 14 14 a 15 3.5 -
Poospiza nigrorufa
cesto baixo 3 Com 14 3,4 -
Saltatricula multicolor
cesto baixo 3 Com 13.8 - 3,12 -
Sicalis columbiana
- - - - - 8 ninhos no interior de ocos
Sicalis flaveola
(cesto baixo) 3 a 4 Com 13 11 a 16 3,5,12 ninhos fechados abandonados de
outras espécies, em ocos ou
recipientes quaisquer
Sicalis lebruni
- - - - - 9 ninhos em buracos
Sicalis lutea
(cesto baixo) 3 a 4 Sem - - 3 ninho em buracos em barrancos
Sicalis luteola
cesto baixo 4 a 5 Com - - 3,4 -
Sicalis olivascens
(cesto baixo) Com - - 3 -
Sicalis uropygialis
(cesto baixo) 4 Com - - 3 ninho em ocos
Sporophila americana
cesto baixo 2 a 3 Com - - 11 -
Sporophila caerulescens
cesto baixo 2 a 3 Com 12 3,4,5,6 -
Sporophila cinnamomea
cesto baixo 2 - - - 5 -
75
Sporophila collaris
cesto baixo 2 a 3 Com 12 a 13 9 a 12 3,5 -
Sporophila hypoxantha
cesto baixo 2 a 3 Com 11 a 12 9 a 10 5 -
Sporophila intermedia
cesto - Com - - 12 -
Sporophila lineola
cesto - - - - 3 -
Sporophila minuta
cesto - Com - - 12 -
Sporophila nigricollis
cesto baixo 1 a 2 Com - - 11 -
Sporophila ruficollis
cesto baixo 3 Com - - 3 -
Tiaris obscurus
cesto alto 3 a 4 Com - - 2,3 -
Volatinia jacarina
cesto baixo 1 a 3 Com 13 12 a 13 3,5,11 -
Zonotrichia capensis
cesto baixo 2 a 4 Com 11 a 13 10 a 14 1,3,4,5,10 -
Emberizídeos de regiões temperadas
Aimophila aestivalis
(globular) 3 a 5 Se m 13 a 14 - 7 ninho pode ser fechado ou carecer
de cobertura
Ammmodramus caudacutus
cesto baixo 3 a 5 Com 11 - 7 -
Ammodramus henslowii
cesto baixo 3 a 5 Com 11 - 7 -
Ammodramus leconteii
cesto baixo 4 Com - - 7 -
Ammodramus maritimus
cesto baixo 4 a 5 Com - - 7 -
Ammodramus savenarum
cesto baixo 4 a 5 Com 13 a 13 - 7 -
Chondestes grammacus
cesto baixo 4 a 5 Com 11 a 12 - 7 -
Junco hyemalis
cesto 4 a 5 Com 12 a 13 - 7 -
76
77
Melospiza georgiana
cesto baixo 4 a 5 Com 12 a 13 - 7 -
Melospiza lincolnii
cesto baixo 4 a 5 Com 13 - 7 -
Melospiza melodia
cesto baixo 3 a 5 Com 12 a 13 - 7 -
Passerculus sandwichensis
cesto baixo 4 a 5 Com 12 - 7 -
Pipilo erythrophthalmus
cesto 3 a 5 Com 12 a 13 - 7 -
Poocetes gramineus
cesto baixo 5 Com 12 a 13 - 7 -
Spizella pallida
cesto baixo 4 Com 10 a 11 - 7 -
Spizella passerina
cesto baixo 3 Com 11 a 14 - 7 -
Spizella pusilla
cesto baixo 3 a 4 Com 11 - 7 -
Zonotrichia albicollis
cesto baixo 3 a 5 Com 12 a 14 - 7 -
Referências: 1) AUER et al. 2007; 2) CONTINO 1968; 3) DE LA PEÑA 1987; 4) DE LA PEÑA 1996; 5) DI GIACOMO 2005; 6) FRANCISCO 2006; 7)
HARRISON 1975; 8) HERKLOTS apud. MARCONDES-MACHADO 2002; 9) anônimo; 10) MEZQUIDA 2003; 11) ONIKY E WILLIS 1984; 12) RAMO E
BUSTO 1984. Parênteses entre os tipos de ninhos remetem às observações.
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