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Estruturas das representações sociai s sobre ser enfermeiro: u m estudo com discentes d e enfermagem de instituições de educaçã o superior priv adas de Belo Horizonte
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Eulilian Dias de Freitas
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Belo Horizonte
-
MG
2008
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
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Eulilian Dias de Freitas
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Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado
da Escola de Enfermagem da Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em
Saúde e Enfermagem.
Área de concentração: Saúde e Enfermagem
Orientador: Prof. Dr. Jorge Gustavo Velásquez
Meléndez
Co-orientador: Prof. Dr. João Paulo Amaral
Haddad
Belo Horizonte
Escola de Enfermagem da UFMG
2008
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
1
Freitas, Eulilian Dias de.
F862a Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em
população rural, por meio da análise fatorial [manuscrito]. / - - Belo
Horizonte: 2008.
87 f., il., tab.
Orientador : Velásquez-Meléndez, Jorge Gustavo.
Co-orientador: João Paulo Amaral Haddad.
Área de concentração: Saúde e Enfermagem.
Linha de pesquisa : Prevenção e Controle de Agravos a
Saúde.
Dissertação (mestrado): Universidade Federal de Minas
Gerais,
Escola de Enfermagem.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
2
Este trabalho é vinculado ao Núcleo Interdisciplinar
de Estudos e Pesquisas em Epidemiologia (NIEPE) da
Escola de Enfermagem da UFMG.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
3
Universidade Federal de Minas Gerais
Escola de Enfermagem
Programa de Pós-Graduação
Dissertação intitulada “Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural,
por meio da análise fatorial”, de autoria da mestranda Eulilian Dias de Freitas, aprovada pela
banca examinadora constituída pelos seguintes professores:
______________________________________________________
Prof. Dr. Jorge Gustavo Velásquez Meléndez - Escola de Enfermagem/UFMG - Orientador
______________________________________________________
Prof. Dr. João Paulo Amaral Haddad - Depto de Medicina Veterinária Preventiva da UFMG - co-Orientador
______________________________________________________
Profª. Drª. Rosely Sichieri - Depto de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da UERJ
________________________________________________________
Profª. Drª. Sueli Aparecida Mingoti - Depto de Estatística do Instituto de Ciências Exatas da UFMG
_________________________________________________________
Profª. Drª. Cláudia Maria de Mattos Penna
Coordenadora, em exercício, do Programa de Pós-Graduação da Escola de Enfermagem da UFMG
Belo Horizonte, 14 de março de 2008
Av. Professor Alfredo Balena, 190 - Belo Horizonte, MG - 30130-100 - Brasil - tel.: (031) 3409-9859 - fax: (31) 3409-9860
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
4
Dedico este trabalho a meus pais, Euler
EulerEuler
Euler e Elenir
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Elenir,
a quem devo a vida e minha formação moral.
Meu reconhecimento e gratidão pela paciência, compreensão e
apoio constante nesta jornada de vida.
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
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À Deus
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Deus,
que esteve presente em cada momento de minha vida, obrigada por me conceder sabedoria, capacidade e
oportunidade de realizar este sonho.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
6
E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor,
nada seria.(...) O amor jamais acaba; mas havendo profecias,
serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
(...) Agora, pois, permanecem a fé, a esperança, o amor,
estes três; mas o maior destes é o amor.
I Coríntios, 13
I Coríntios, 13I Coríntios, 13
I Coríntios, 13-
--
-2, 8, 14
2, 8, 142, 8, 14
2, 8, 14
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
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RESUMO
FREITAS, E. D. de. Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população
rural, por meio da análise fatorial. 2008. 87 f. Dissertação (Mestrado em Saúde e
Enfermagem) - Escola de Enfermagem, Universidade Fedv94.8d1390.378(E)0.640026(s)-1.22997(c)3.74(o)-0.295585(l)-2.16558(aTI( )-400.383(F)5.67287.329 0 Td378(E)0.G.295585(eã9(.)-0.1465RI$I$ 196.4(r)2.80439(t)-2.16430.295585(i)-12.1703(v)-B40026(A)1.0]TJ-196.l-0.295585(s)-1.233.74(u)-4.33056(I$I$·2.805(e)3.7H.295580l)-2.164356(a)5585(e)3349(f)-7.20z95(,)-0.1-2.164356(a)n.74(i)-2.16439(f)-7.20ã9(.)--0.295585(r)3.7295585(r)8)-0.295585(.)9.85933( )-330.342(8)-0.295585(7)-0.729558187( )Tj1( )’(I)12D.295580l)9(m)]TJ287.3acq.295585(7)-u40026(s)-1.224( )-390.37(c)3.74(R40026(A)1.0]TJ-3(F)5.6712(i)-2.16436(d)-0.nI%i$I$$.37(c)3.74(349(f)-7.20n.74(i)-2.16439(f)-7.20r0.378(E)0390.378(d)-0d2.16435363-u40026(s)-1.z95(,)-0.1349(f)-7.20u40026(s)-1..37(c)3.74(95585(r)3.74(d)-4.33174(a)-0.295585(r)3.74n.74(i)-2.16c-6.2659(m)]TJ4(r)2.80439t-0.295585(s)-1.2312(c)(d)-4.33117(i)-2.195585(r)3.74n.74(i)-2.16h2(i)-2.16436(d)-00247(i5(,)-0.1349(f)-)3.74( )-400.383s)-1.2312(c)(d)-4.33117(i)-2.1952873(76f)-3·I$JI1.57564(n)-s)-1.2312(c)(d)-4.33167287.329 0í16558(aTI( )-400.3834( )-400.383r36(a)-0.295585(l)-2.11.57564(n)-s)-1.23025(c)3.74(X.295585(e0.295585(i)-12.19)3.7e)3.74( )-180.253(f)-7.20(F)5.67g( )-400.383r36(a)-0.2u40026(s)-1.p( )-400.383(F)5.6196..74(m)-239.0]TJ-196.n)-1.233.74(t-0.295585(s)-1.233.74(u)3(r)3.74(i)-11.239Td[(E)0.640026(n)-0.2(76f)-3·2.805(e)3.7$ 2439(94.7.20g180.2593-u40026(56(a)n.74(i)56(a)287.3)-6.2u)3.67 484-0.295585(r)3. 2439(f)-7.20o( )-400.383r36(a)(E)09(m)]TJ287.3)-6.2u scaEfa,
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
8
ABSTRACT
FREITAS, E. D. de. Cluster of cardiovascular risk factors in rural population using
factor analysis. 2008. 87 f. Thesis (Masters Degree in Healthy and Nursing) - Nursing
School, Minas Gerais Federal University, Belo Horizonte, 2008.
Ever since Reaven introduced the concept know as Syndrome X, the clustering of several
cardiovascular risk factors, such as: high blood pressure, dyslidaemia, excess of weight, and
insulin resistance, has been the subject of keen debate. Evidence suggests that more than one
physiologic process mediates the simultaneous development of these metabolic disorders,
each one producing a cluster of some metabolic markers. The factor analysis technique is used
to interpret these clusters of risk factors, reducing a set of original variables in sub-sets of new
latent variables, called as common factors, mutually not correlated. The objective of this study
was, using factor analysis, to define the clustering of anthropometric and metabolic variables
related to metabolic syndrome (MetS), by sex, in a Brazilian rural population.
Anthropometric, bioquimical, hemodynamic and body composition data was collected from
579 subjects aged 18-94 years living in two rural areas of Brazil. The factor analysis
technique was performed using the principal components analysis with varimax orthogonal
rotation. For men, factor 1 was represented by waist-to-hip-ratio (WHR), Body Mass Index
(BMI), VLDL and TG/HDL; in factor 2, the variables were WHR, systolic blood pressure
(SBP) and diastolic blood pressure (DBP); and factor 3, the variables were WHR, BMI,
glucose and IR (HOMA-IR) - theses factors together explained 66.61% of the total variance in
the data. For women, factor 1 was represented by WHR, VLDL and TG/HDL; factor 2
included WHR, SBP and DBP, and factor 3 include WHR, BMI, glucose and IR (HOMA-IR)
- together these factors explained 68.98% of the total variance in the data. This study reduced
a complex set of cardiovascular risk factor in 3 independent factors, each one reflecting a
different aspect of MetS. The WHR, a central obesity marker, was correlated with the 3
factors in both men and women. This finding corroborates with the hypothesis that at least 3
physiopathologics domains are linked to central obesity in the mechanisms of the MetS in the
population studied.
Key-words: metabolic syndrome x, factor analysis, rural population, obesity, cardiovascular
disease, risk factors.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 -
Diagrama de representação da análise fatorial em homens e
mulheres de comunidade rural brasileira...............................................
54
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
10
LISTA DE TABELAS
1 - Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo a WHO.................... 21
2 - Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo o EGIR…………… 22
3 - Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo o NCEP-ATPIII.......
23
4 - Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo a AACE/ACE..........
24
5 - Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo o IDF.......................
25
6 - Características demográficas e de estilo de vida da população estudada,
segundo o sexo................................................................................................
45
7 - Freqüências de alterações bioquímicas da população estudada......................
46
8 - Freqüência de hipertensão arterial na população em estudo..........................
47
9 - Freqüência de alterações de medidas antropométricas e de
composição corporal da população estudada..................................................
48
10 - Médias e desvios padrões das variáveis antropométricas, de composição
corporal e hemodinâmicas da população estudada.........................................
49
11 - Características bioquímicas da população estudada.......................................
50
12 - Freqüência de síndrome metabólica em população rural brasileira, de
acordo com três critérios diagnósticos............................................................
51
13 - Coeficientes de correlação dos componentes da síndrome metabólica,
por sexo...........................................................................................................
52
14 - Autovalores para a estimação de fatores comuns a serem retidos..................
52
15 - Análise fatorial dos componentes principais, após rotação varimax,
dos componentes da síndrome metabólica, por sexo......................................
53
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
11
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AACE - American Association of Clinical Endocrinologists
ACE - American College of Endocrinology
ADA - American Diabetes Association
AF - Análise Fatorial
AFCP - Análise Fatorial dos Componentes Principais
CC - Circunferência da Cintura
CQ - Circunferência do Quadril
DCV - Doenças Cardiovasculares
DM2 - Diabetes Mellitus Tipo 2
DP - Desvio Padrão
EGIR - European Group for the Study of Insulin Resistance
HDL-c - High-density Lipoprotein Cholesterol
HOMA-IR - Homeostasis Model Assessment - Insulin Resistance
IDF - International Diabetes Federation
IMC - Índice de Massa Corporal
JNC - Joint National Committee
KMO - Teste de Kaiser-Meyer-Olkin
LDL-c - Low-density Lipoprotein Cholesterol
NCEP-ATPIII - National Cholesterol Education Program - Adult Treatment III Panel
OR - Odds Ratio
PA - Pressão Arterial
PAD - Pressão Arterial Diastólica
PAS - Pressão Arterial Sistólica
PCR - Proteína C-reativa
RCQ - Razão Cintura-Quadril
RI - Resistência à Insulina
SBC - Sociedade Brasileira de Cardiologia
SBH - Sociedade Brasileira de Hipertensão
SM - Síndrome Metabólica
STATA - Statistical Software for Professional
TG - Triglicérides
TG/HDL-c - Razão Triglicérides/HDL-c
VLDL-c - Very Low-density Lipoprotein Cholesterol
WHO - World Health Organization
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................................14
1.1 Objetivos.......................................................................................................................................17
1.1.1 Objetivo geral...............................................................................................................................17
1.1.2 Objetivos específicos....................................................................................................................17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................................18
2.1 Transição epidemiológica, demográfica e nutricional..................................................................19
2.2 Síndrome metabólica....................................................................................................................20
2.2.1 Definições da síndrome metabólica..............................................................................................20
2.2.2 Epidemiologia da síndrome metabólica………...................................................................…….25
2.2.3 Síndrome metabólica e doenças cardiovasculares ………...................................................……28
2.2.4 Novas abordagens - análise fatorial..............................................................................................29
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS.....................................................................................................32
3.1 Tipo de estudo...............................................................................................................................33
3.2 Locais de estudo............................................................................................................................33
3.3 População estudada......................................................................................................................34
3.4 Coleta de dados.............................................................................................................................34
3.4.1 Variáveis demográficas.................................................................................................................35
3.4.2 Variáveis de estilo de vida............................................................................................................36
3.4.3 Medidas antropométricas e de composição corporal....................................................................37
3.4.4 Pressão arterial..............................................................................................................................38
3.4.5 Exames bioquímicos.....................................................................................................................38
3.4.6 Análise dos dados.........................................................................................................................39
3.5 Questões éticas..............................................................................................................................41
4 RESULTADOS..........................................................................................................................43
5 DISCUSSÃO.................................................................................................................................55
6 CONCLUSÕES...........................................................................................................................61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................64
APÊNDICES................................................................................................................................73
ANEXOS......................................................................................................................................81
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
14
1 INTRODUÇÃO
Desde a proposição do termo síndrome X, no final dos anos 80, por Reaven (1988), o
agrupamento de alguns fatores de risco cardiovasculares tem sido motivo de intensos debates
(KAHN et al., 2005). Estes fatores incluem distúrbios do metabolismo da glicose e insulina,
dislipidemia, hipertensão e obesidade - especialmente obesidade central. Ainda, segundo
Reaven (1988), a resistência à insulina (RI) e a hiperinsulinemia compensatória seriam a base
do agrupamento desses distúrbios metabólicos (hipótese do solo comum) e a síndrome X, um
importante fator de risco para a ocorrência de doenças cardiovasculares (DCV). Mais tarde,
essa síndrome recebeu outras denominações, como quarteto mortal (KAPLAN, 1989),
síndrome da resistência à insulina (DEFRONZO; FERRANNINI, 1991), síndrome metabólica
(SM) (ZIMMET, 1992) e síndrome dismetabólica (GROOP; ORHO-MELANDER, 2001),
sendo o penúltimo o termo o mais consensual.
O primeiro critério diagnóstico proposto para a SM foi a da World Health
Organization
1
(WHO) em 1998 (ALBERTI; ZIMMET, 1998). A partir daí, grupos como o
National Cholesterol Education Program - Adult Treatment III Panel
2
(NCEP-ATPIII, 2001),
European Group for the Study of Insulin Resistance (EGIR)
3
(BALKAU et al., 2002),
American Association of Clinical Endocrinologists / American College of Endocrinology
4
(AACE/ACE) (ACE, 2003) e International Diabetes Federation
5
(IDF) (ALBERTI et al.,
2005) instituíram critérios próprios para identificar a ocorrência dessa síndrome.
1
Organização Mundial de Saúde. (Tradução nossa).
2
Programa Nacional de Educação sobre o Colesterol - III Painel de Tratamento em Adultos. (Tradução
nossa).
3
Grupo Europeu para o Estudo de Resistência à Insulina. (Tradução nossa).
4
Associação Americana de Endocrinologistas Clínicos / Colégio Americano de Endocrinologia.
(Tradução nossa).
5
Federação Internacional de Diabetes. (Tradução nossa).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
15
Embora os critérios propostos apresentem algumas diferenças em relação à presença
dos componentes e em relação ao ponto de corte dos mesmos, todos eles incluem medidas de
RI ou intolerância à glicose, hipertensão arterial, dislipidemia e obesidade central. Alguns
estudos têm sugerido a inclusão de fatores de risco não-tradicionais, por exemplo, indicadores
de inflamação e índices fibrinolíticos, como componentes da SM (FORD, 2003;
HELIÖVAARA et al., 2005).
Muitos estudos têm sido publicados a respeito da SM; seu reconhecimento como fator
de risco para DCV aumentou o interesse em se conhecer não apenas suas causas, mas sua
distribuição nas populações. O Third National Health and Nutrition Examination Survey,
realizado nos Estados Unidos, sugere que cerca de 23,7% da população adulta americana seja
portadora da SM (FORD et al., 2002). Muitos estudos foram realizados em várias populações
encontrando prevalências de 6,0 a 70,3%, dependendo do grupo étnico, sexo, comorbidades
associadas, critério diagnóstico utilizado, entre outros fatores (CHAPIDZE et al., 2007;
MEIGS et al., 2003; MOEBUS et al., 2007).
Estudos apontam uma prevalência elevada não em áreas urbanas como também em
áreas rurais, tornando esse grupo um importante foco de estudo da SM. A prevalência
encontrada em uma comunidade rural mexicana foi 45,2%, o autor sugere que o motivo dessa
alta prevalência seja a incorporação de hábitos de vida urbana dessas populações, com maior
consumo de alimentos industrializados e menor nível de atividade física (ECHAVARRÍA-
PINTO et al., 2006). No Brasil, Oliveira et al. (2006), encontraram uma prevalência de 24,8%
em residentes do distrito rural de Cavunge, localizado no semi-árido baiano.
Há evidências de que exista mais de um processo fisiopatológico relacionado ao
desenvolvimento simultâneo de alterações metabólicas, cada um produzindo um padrão de
agrupamento de fatores de risco diferente (SNEHALATHA et al., 2000). Um método
estatístico, utilizado para interpretar esse agrupamento de fatores de risco, é a análise fatorial
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
16
(AF). Essa técnica é utilizada para agrupar um conjunto de variáveis originais em
subconjuntos de novas variáveis latentes (isto é, que não podem ser medidas diretamente),
chamados fatores, mutuamente não correlacionados (MINGOTI, 2005).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
17
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Definir, por meio da AF, os padrões de agrupamento das variáveis antropométricas e
metabólicas relacionadas à SM, de acordo com o sexo, em uma população rural brasileira.
1.1.2 Objetivos específicos
Caracterizar a população segundo variáveis antropométricas, bioquímicas,
hemodinâmicas, demográficas e de estilo de vida.
Testar as correlações entre as variáveis antropométricas e metabólicas relacionadas
à SM.
Propor um modelo de agrupamentos dos fatores de risco cardiovasculares
envolvidos na SM para o sexo masculino e feminino.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Transição epidemiológica, demográfica e nutricional
O Brasil e alguns países da América Latina têm experimentado, nos últimos 20 anos,
uma rápida transição demográfica, epidemiológica e nutricional (KAC; VELÁSQUEZ-
MELÉNDEZ, 2003). A estrutura etária da população brasileira vem se modificando desde a
década de 40, acentuou-se nos anos 70, sendo que a participação dos indivíduos com 60 anos
ou mais passou de 5,0 para 6,1% em 1980, chegando a 7,7% em 1991 (CARVALHO;
GARCIA, 2003). Aliado ao envelhecimento populacional e ao aumento da expectativa de
vida, os avanços na área da medicina e as mudanças no estilo de vida contribuíram para uma
modificação dos padrões de morbimortalidade dos países em desenvolvimento, favorecendo o
aumento das doenças crônicas (PINHEIRO et al., 2004) em detrimento das doenças infecto-
parasitárias, caracterizando assim a transição epidemiológica no Brasil.
Também a transição nutricional teve um importante papel no cenário brasileiro nos
últimos anos. Popkin et al. (1993) conceituam-na como um processo de modificações
seqüenciais no padrão de nutrição e consumo, que estão associadas às mudanças sócio-
demográficas, econômicas, e ao perfil de saúde das populações. O resultado dessas
modificações é a diminuição progressiva da desnutrição e no aumento da obesidade. Pode-se
dizer que o Brasil está em um nível médio de transição, porém de forma heterogênea por todo
seu território (PINHEIRO et al., 2004).
Dentre as modificações mais relevantes ocorridas em nosso país destacam-se: a
melhoria nas condições de saneamento e moradia; o acesso a serviços de atenção à saúde,
incluindo o avanço de sua tecnologia; a queda da taxa de fecundidade; a maior exposição a
determinados riscos ambientais; a preferência por alimentos refinados, ricos em gorduras, em
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
20
detrimento do consumo de frutas e hortaliças; o aumento do sedentarismo (BUSS, 2000;
MONTEIRO et al., 2000).
Essas alterações desempenham um importante papel no aparecimento de doenças
crônicas. Podemos citar como patologias mais prevalentes a hipertensão arterial, diabetes
mellitus tipo 2 (DM2), dislipidemias e obesidade central que são fatores reconhecidamente
relacionados ao aumento do risco cardiovascular (GODOY-MATOS, 2005). A ocorrência
simultânea de alguns desses fatores, com um quadro subjacente de RI, caracteriza a chamada
SM (POZZAN et al., 2004).
2.2 Síndrome metabólica
2.2.1 Definições da síndrome metabólica
World Health Organization
Com o objetivo de superar os problemas relacionados com a definição da SM, um
grupo de consultores da WHO, em 1998 (ALBERTI; ZIMMET, 1998), propôs o primeiro
critério diagnóstico para SM (TAB. 1) como uma definição que poderia ser modificada
quando mais dados estivessem disponíveis. Esse critério assume que a RI é a base e a
intolerância à glicose é a característica central dessa síndrome. E, ainda, o critério requer a
presença de pelo menos dois dos seguintes fatores: hipertensão arterial, obesidade central,
dislipidemia, triglicérides (TG) elevado ou baixo high-density lipoprotein cholesterol
6
(HDL-
c), microalbuminúria. Em 1999, essa definição foi revisada para atender a novos critérios
diagnósticos de hipertensão arterial, que passaram a ser adotados pela WHO (1999).
6
Lipoproteína de alta densidade colesterol. (Tradução nossa).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
21
TABELA 1
Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo a WHO
Resistência à insulina, definida por: Diabetes tipo 2, intolerância à glicose de jejum,
intolerância à glicose ou, para aqueles com níveis
normais de glicemia de jejum ( 110 mg/dl),
valores de clamp no primeiro quartil da distribuição
da população em estudo.
Pelo menos dois de:
Dislipidemia
TG > 150 mg/dl e/ou
HDL-c
Homens < 35 mg/dl
Mulheres < 39 mg/dl
PA 160/95 mmHg; 140/90 mmHg
1
Obesidade central
Homens RCQ > 0,90
Mulheres RCQ > 0,85 e/ou
IMC > 30 Kg/m
2
Microalbuminúria 20 g/min ou
Albumina/creatinina 30 mg/g
Fonte: WHO, 1999.
Nota: WHO - World Health Organization; TG - Triglicérides; HDL-c - High-density lipoprotein
cholesterol; PA - Pressão arterial; RCQ - Razão cintura-quadril; IMC - Índice de massa corporal.
1
A definição de 1998 usava o critério para hipertensão arterial de PA 160/95 mmHg; a
definição de 1999 usava o critério para hipertensão arterial de PA 140/90 mmHg.
European Group for the Study of Insulin Resistance
Também em 1999, o EGIR propôs a utilização de uma definição com parâmetros mais
simples e aplicáveis na prática clínica, sugerindo um critério diagnóstico para ser usado
apenas em pacientes não-diabéticos, devido à dificuldade em determinar a RI nos diabéticos
(TAB. 2). Esse grupo defende o uso dos níveis da insulinemia de jejum para estimar a RI e
intolerância à glicose de jejum como um substituto para a intolerância à glicose. Assim, o
EGIR modificou os critérios da WHO, excluindo os portadores de diabetes, sendo necessárias,
por outro lado, a comprovação da hiperinsulinemia e a medida da circunferência abdominal,
como avaliação da obesidade (ZIMMET et al., 2005).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
22
TABELA 2
Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo o EGIR
Resistência à insulina Definida como hiperinsulinemia - Quarto quartil dos
valores da insulinemia de jejum na população de
não-diabéticos
Pelo menos dois de:
Dislipidemia
TG 180 mg/dl e/ou
Tratamento dislipidemia ou
HDL-c < 40 mg/dl
Tratamento anti-hipertensivo ou
PA 140/90 mmHg
Obesidade central
Homens CC 94 cm
Mulheres CC 80 cm
Glicose de Jejum
110 mg/dl mg/dl
Fonte: BALKAU; CHARLES, 1999.
Nota: EGIR - European Group for the Study of Insulin Resistance; TG - Triglicérides; HDL-c - High-
density lipoprotein cholesterol; PA - Pressão arterial; CC - Circunferência da cintura.
National Cholesterol Education Program
Em 2001, nos Estados Unidos, um grupo de cardiologistas e endocrinologistas do
NCEP-ATPIII propuseram uma nova definição para SM (TAB. 3) diferindo da WHO
basicamente pelo fato de não ser necessária a evidência da resistência insulínica, nem da
medida da microalbuminúria, ressaltando, porém, a importância da presença da obesidade
abdominal. O principal propósito dessa definição foi facilitar o diagnóstico da SM na prática
clínica, e por isso não inclui medidas laboratoriais de RI. Segundo esse critério, um paciente é
portador de SM se estiverem presentes três ou mais fatores de risco dos cinco identificados
por esse grupo (NCEP-ATPIII, 2001).
O critério diagnóstico original definia a hiperglicemia como glicemia de jejum 110
mg/dl. Em 2005, esse critério foi revisto e passou a ser adotado o ponto de corte 100 mg/dl
para a glicemia de jejum (GRUNDY et al., 2005).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
23
TABELA 3
Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo o NCEP-ATPIII
Presença de três ou mais dos seguintes fatores de risco:
TG 150mg/dl
HDL-c
Homem < 40 mg/dl
Mulher < 50 mg/dl
PA 130/85 mmHg
Obesidade central
Homens CC 102 cm
Mulheres CC 88 cm
Glicose de Jejum
110 mg/dl/ 100mg/dl
1
Fonte: NCEP-ATPIII, 2001.
Nota: NCEP-ATPIII - National Cholesterol Education Program - Adult Treatment III Panel; TG -
Triglicérides; HDL-c - High-density lipoprotein cholesterol; PA - Pressão arterial; CC -
Circunferência da cintura.
1
A definição de 2001 usava o critério para hiperglicemia quando a glicemia de jejum era 110
mg/dl; a definição de 2005 usava o critério para hiperglicemia quando a glicemia de jejum era
100 mg/dl.
Pela praticidade e simplicidade, a definição do NCEP-ATPIII é amplamente aceita e
recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da ndrome Metabólica
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO - SBH et al., 2005).
American Association of Clinical Endocrinologists / American College of
Endocrinology
Em 2003, a AACE e o ACE ressaltaram novamente a importância da inclusão dos
testes de tolerância à glicose no diagnóstico (TAB. 4), assim, como a diferenciação do risco
de acordo com características específicas, tais como: IMC acima de 25 Kg/m
2
ou CC acima
de 100 cm em homens e acima de 87,5 cm em mulheres (para não-caucasianos considerar
limites 10 e 15% inferiores), estilo de vida sedentário, idade acima de 40 anos, etnia, história
familiar de DM2, hipertensão arterial, ou DCV, história de intolerância à glicose ou diabetes
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
24
gestacional, acanthosis nigricans, síndrome dos ovários policísticos e doença hepática não-
alcoólica (ACE, 2003).
TABELA 4
Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo a AACE/ACE
Presença de dois ou mais dos seguintes fatores de risco:
TG 150mg/dl
HDL-c
Homem < 40 mg/dl
Mulher < 50 mg/dl
PA 130/85 mmHg
Glicose de Jejum 110 - 125 mg/dl
Fonte: ACE, 2003.
Nota: AACE/ACE - American Association of Clinical Endocrinologists /
American College of Endocrinology; TG - Triglicérides; HDL-c -
High-density lipoprotein cholesterol; PA - Pressão arterial.
International Diabetes Federation
Por fim, em 2005, a IDF promoveu em Berlim, o First International Congress on
Prediabetes and the Metabolic Syndrome
7
, com a finalidade de unificar os critérios
diagnósticos existentes (ALBERTI et al., 2005). A recente definição da SM pela IDF (TAB.
5) considera a obesidade central, avaliada pela circunferência abdominal, um componente
essencial para o diagnóstico da SM, devido às fortes evidências de associação com a DCV e
com os outros componentes da SM, levando-se em conta a diferenciação do risco de acordo
com a etnia populacional (ALBERTI, 2005). Dessa forma, o diagnóstico poderia ser usado em
qualquer parte do mundo e comparações posteriores seriam padronizadas e,
conseqüentemente, mais adequadas.
7
I Congresso Internacional de Síndrome Metabólica e Pré-Diabetes. (Tradução nossa).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
25
TABELA 5
Critério diagnóstico da síndrome metabólica, segundo o IDF
Obesidade central
(se IMC 30 Kg/m
2
assume-se obesidade
central e CC não precisa ser medida)
Definida de acordo com CC específica por
etnia
1
Pelo menos dois de:
TG ou
Tratamento específico para essa
anormalidade lipídica
> 150 mg/dl
HDL-c ou
Homens < 40 mg/dl
Mulheres
Tratamento específico para essa
anormalidade lipídica
< 50 mg/dl
PA ou
Tratamento específico ou diagnóstico
prévio de hipertensão arterial
140/90 mmHg
Glicemia de jejum ou 100 mg/dl
Diagnóstico prévio de DM2
Fonte: ALBERTI et al., 2005.
Nota: IDF - International Diabetes Federation; IMC - Índice de massa corporal; CC - Circunferência
da cintura; TG - Triglicérides; HDL-c - High-density lipoprotein cholesterol; PA - Pressão
arterial, DM2 - Diabetes mellitus tipo 2.
1 - Europeus: 94 cm para homens e 80 cm para mulheres; Americanos: 102 cm para
homens e 88 cm para mulheres; Sul-asiáticos: 90 cm para homens e 80 cm para mulheres;
Chineses: 90 cm para homens e 80 cm para mulheres; Japoneses: 90 cm para homens e
80 cm para mulheres; Sul-americanos e central-americanos: usar ponto de corte para sul-
asiáticos; Africanos: usar ponto de corte dos europeus até que dados específicos estejam
disponíveis; População mediterrânea e árabe: usar ponto de corte dos europeus até que dados
específicos estejam disponíveis.
2.2.2 Epidemiologia da síndrome metabólica
Os dados de prevalência da SM na população são muito variáveis devido à falta de
padronização de conceitos mundialmente aceitos que estabeleçam a sua definição e a sua
correta caracterização.
O Third National Health and Nutrition Examination Survey dos Estados Unidos
sugere que cerca de 23,7% da população adulta americana seja portadora da SM. Sendo que a
prevalência aumenta de 6,7% entre os indivíduos de 20-29 anos para 43,5% em indivíduos de
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
26
60-69 anos (FORD et al., 2002). Kraja et al. (2005) estudaram a prevalência de SM, seguindo
os critérios do NCEP-ATPIII, em negros e brancos americanos que faziam parte do estudo
Hypertension Genetic Epidemiology Network, segundo esse estudo 34%, dos participantes
negros e 39% dos participantes brancos foram diagnosticados com SM.
A prevalência de SM em coreanos, se utilizado o diagnóstico do NCEP-ATPIII, foi
25,5% em homens e 28,7% em mulheres. Esse estudo concluiu que fatores ambientais tais
como tabagismo, consumo de álcool e sedentarismo contribuem para a incidência de SM
(PAEK et al., 2006). Outro estudo realizado na população urbana da Coréia e que utilizou o
mesmo critério diagnóstico, encontrou uma prevalência de 16% em homens e 10,7% em
mulheres de 30-80 anos (OH et al., 2004).
Muitos estudos têm comparado as prevalências de SM de acordo com mais de um
critério diagnóstico. Um estudo realizado na Noruega comparou a ocorrência da SM de
acordo com a IDF e o NCEP-ATPIII e evidenciou uma prevalência de 29,6% e 25,9%,
respectivamente. Além disso, a prevalência de SM (segundo o IDF), no sexo masculino,
passou de 11% no grupo de 20-29 anos para 47,2% no grupo de 80-89; e, no sexo feminino
essa diferença foi de 9,2% para 64,4% (HILDRUM et al., 2007).
Zabetian et al. (2007) encontraram uma prevalência de SM em iranianos participantes
do Tehran Lipid and Glucose Study de 32,1% de acordo com o IDF; 33,2% de acordo com o
NCEP-ATPIII e 18,4% de acordo com a WHO.
No Brasil, um estudo realizado por Rosenbaum et al. (2005) comparou a prevalência
de SM em nipo-brasileiros de acordo com os critérios da WHO e NCEP-ATPIII. De acordo
com a WHO, 55,4% (IC 95% = 52,5-58,2%) dos participantes do estudo tinham SM,
enquanto pelo critério do NCEP-ATPIII, 47,4% (IC 95% = 44,6-50,0%).
A ocorrência de SM é especialmente relevante em pacientes que apresentam co-
morbidades tais como obesidade e DM2. A prevalência de SM em mulheres obesas de
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
27
Portugal, seguindo os critérios NCEP-ATPIII e IDF, foi, respectivamente, 66,4% e 70,3%.
Como era de se esperar, os critérios com preenchimento mais prevalente foram os relativos ao
perímetro da cintura (NCEP-ATPIII: 99,2%; IDF: 100,0%), seguidos pela PA (77,3%)
(CORREIA et al., 2006). Lu et al. (2006), estudando a SM em indivíduos diabéticos tipo 2,
elucidaram uma prevalência de 50% na população chinesa, seguindo os critérios propostos
pela IDF.
Alguns trabalhos têm demonstrado elevadas taxas de SM também em populações
rurais. Sugere-se que esse aumento seja o resultado da incorporação de hábitos de vida
urbana, que demandam menos gasto energético, nessas populações (PÉREZ-BRAVO et al.,
2001). Um estudo realizado em comunidade rural mexicana encontrou uma prevalência de
SM de 45,2% (48,4% em homens e 42,8% em mulheres), de acordo com o NCEP-ATPIII
(ECHAVARRÍA-PINTO et al., 2006).
Em uma área rural Andhra Pradesh, na Índia, a prevalência de SM, definida pelo
NCEP-ATPIII em adultos de 30 anos ou mais, foi 24,6%; sendo 28,6% em homens e 20,4%
em mulheres (p=0,03). Além disso, a prevalência foi crescente de acordo com idade
(p<0,001) (CHOW et al., 2007).
em áreas rurais no sudoeste da Austrália, utilizando-se o NCEP-ATPIII, a
prevalência encontrada foi de 27,1% em homens e 28,3% em mulheres; baseando-se na IDF, a
prevalência foi de 33,7% em homens e 30,1% em mulheres (JANUS et al., 2007).
Em um estudo realizado com moradores hipertensos de 35 anos ou mais, em duas
comunidades rurais de etnias diferentes da China, encontrou-se uma prevalência de SM de
33,9% (16,1% em homens e 47,8% em mulheres) na comunidade de etnia chinesa e 37,6%
(14,7% em homens e 55% em mulheres) na comunidade de etnia mongol. Em homens a
prevalência de SM não demonstrou diferenças entre as etnias, porém, entre as mulheres, a
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
28
prevalência foi significativamente maior entre as de etnia mongol (p<0,05) (ZHANG et al.,
2007).
Dados de prevalência da SM no Brasil são escassos. Oliveira et al. (2006) estudaram a
prevalência dessa síndrome no distrito rural de Cavunge - semi-árido baiano. A porcentagem
de indivíduos com SM, utilizando-se o NCEP-ATPIII, ajustada por idade, foi 24,8% (38,4%
em mulheres e 18,6% em homens). E, ainda, a prevalência foi significativamente maior entre
indivíduos com 45 anos ou mais (41,4% vs 15,9%; p<0,05).
2.2.3 Síndrome metabólica e doenças cardiovasculares
As propostas para a definição clínica da SM concordam que as DCV sejam a principal
conseqüência da síndrome (GRUNDY et al., 2004b; WILSON et al., 1998). A importância
conceitual da caracterização da SM é indicar se os fatores de risco para DCV ocorrem com
maior freqüência juntos que separados e se este cluster de fatores geralmente está relacionado
à hiperinsulinemia (REAVEN, 2002).
As DCV representam uma causa importante de morbidade e mortalidade em todo o
mundo, abrangendo aproximadamente 30,0% do total de óbitos da população mundial em
países ricos e pobres (BENSEÑHOR; LOTUFO, 2004). Estima-se que mais de 60 milhões de
norte-americanos possuam alguma forma de alteração cardiovascular e que 40% das mortes
resultem das patologias associadas (GRUNDY et al., 2004a). No Brasil, a mortalidade por
essas causas em 2004 foi de 32,5% atingindo a população em fase produtiva (BRASIL, 2006).
Apesar de toda discussão sobre as definições da SM, somente a WHO e a NCEP-
ATPIII foram validadas em estudos longitudinais que tinham por objetivo quantificar o risco
de eventos cardiovasculares em pacientes com SM (FORD, 2004; HUNT et al., 2004;
LAKKA et al., 2002; RUTTER et al., 2004).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
29
Utilizando o critério NCEP-ATPIII, um grupo de pesquisadores encontrou uma maior
associação entre DCV em portadores da SM que na população geral, sendo que os primeiros
tiveram de 1,5 a 2,0 o risco de desenvolverem DCV que os segundos, ajustando-se por idade e
fumo (MCNEILL et al., 2005).
Isomaa et al. (2001) realizaram um estudo longitudinal com participantes do estudo
Botnia na Finlândia e Suécia com o objetivo de verificar a prevalência de eventos
cardiovasculares em pacientes com e sem SM. Utilizaram o critério da WHO para o
diagnóstico e encontraram um risco três vezes maior em portadores da SM em desenvolver
uma DCV do que indivíduos sem a síndrome (p<0,01).
Bonora et al. (2003), também, encontraram maior incidência de DCV e aterosclerose
em pacientes com SM diagnosticados pela WHO (8,0 versus 3,0%, p=0,012; OR = 2,3,
p<0,01). Os autores ainda compararam os resultados obtidos através do critério da WHO com
o critério do NCEP-ATPIII e obtiveram conclusões semelhantes.
Um estudo longitudinal, realizado com amostra representativa da população americana
(MALIK et al., 2004), utilizou o critério NCEP-ATPIII para diagnosticar a SM e verificar a
ocorrência de eventos cardiovasculares. O risco de mortalidade por DCV em pacientes com
SM foi 1,82 vezes o risco daqueles sem a SM (IC 95% = 1,40 a 2,37).
2.2.4 Novas abordagens - análise fatorial
Mesmo diante de tantos esforços da comunidade científica, a definição bem como o
diagnóstico da SM ainda não é consensual; o que justifica a realização de estudos com
abordagens diferenciadas e novas perspectivas. Nesse contexto surge a possibilidade de se
trabalhar as variáveis antropométricas e metabólicas que fazem parte da SM, através da AF.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
30
A AF consiste em um número de técnicas estatísticas, entre elas AF exploratória e
confirmatória, cujo propósito é transformar um cenário complexo em dados mais simples e
fáceis de interpretar (KLINE, 2002). A AF exploratória, como o próprio nome diz, é
utilizada quando se deseja explorar os dados, revelar construtos ou dimensões. Um de seus
métodos de extração de fatores é o de componentes principais (análise fatorial dos
componentes principais - AFCP).
O primeiro passo para a realização dessa técnica é verificar o grau de associação entre
as variáveis de interesse através da matriz de correlação teórica. É desejável que a maioria das
variáveis sejam significativamente correlacionadas entre si, que o objetivo principal dessa
técnica é compreender como tais variáveis se agrupam e formam blocos, chamados de fatores
comuns, que representam domínios independentes em que as variáveis pertencentes a ele são
correlacionadas entre si e as variáveis latentes são não correlacionadas (MINGOTI, 2005).
O segundo passo é estimar a matriz dos loadings (cargas fatoriais), que representam o
grau de relacionamento linear entre a variável original e o fator comum; e escolher o número
de fatores independentes a serem retidos. A escolha do número de fatores a serem retidos, é
feita através da análise dos autovalores (eingenvalues) medida de quanto da variância total
das medidas realizadas pode ser explicada pelo fator (PEREIRA, 2001). Se o autovalor for
maior ou igual a um, isso significa que esse fator contribui, no mínimo, com a mesma
variância de uma única variável e, nesse caso, é retido no modelo. Por outro lado, se o
autovalor for menor que um significa que a variância que tal fator consegue explicar é menor
que o de uma única variável; dessa forma mantê-lo no modelo não faz sentido, pois, como
dito anteriormente, o objetivo é reduzir um número complexo de variáveis a uma menor
quantidade de fatores que expliquem uma proporção significativa dos dados.
Para efeitos de interpretação do modelo de AF, considera-se que quanto maior o valor
de um loading maior é a relação entre a variável e um determinado fator. Muitos estudos têm
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
31
utilizado pontos de corte maior ou igual a 0,30 (positivo ou negativo) para considerar que uma
variável aderiu a um fator (SNEHALATHA et al., 2000).
Na maioria das vezes a solução inicial não é de fácil interpretação; para resolver essa
questão, um método eficaz são as rotações, que podem ser ortogonais ou oblíquas. De maneira
geral, são preferíveis as rotações ortogonais, pois são capazes de preservar a orientação
original entre os fatores, mantendo-os perpendiculares após a rotação, em outras palavras,
mantêm-nos independentes. Os critérios de rotação ortogonal são: varimax, quartimax e
orthomax. O método varimax é o mais utilizado na prática porque, em geral, produz soluções
mais simples que os outros métodos.
Para a escolha do modelo final, outros parâmetros devem ser analisados como as
comunalidades, unicidades, teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e análise da matriz residual.
O primeiro artigo a utilizar a técnica de AF exploratória, para reduzir um número
maior de desordens relacionadas à SM a um número menor de fatores independentes, foi
publicado por Edwards et al. (1994). Nesse estudo foram obtidos três fatores que explicaram
65,8% da variância total dos dados. Desde então, muitos estudos semelhantes têm sido
conduzidos ao redor do mundo, levando-se em conta etnia (MEIGS et al., 2003), sexo (SHEN
et al., 2006), presença de co-morbidades (LAFORTUNA et al., 2007). Esses estudos têm
encontrado no mínimo dois fatores (MANNUCCI et al., 2006) e a grande maioria de três a
quatro fatores (HANLEY et al., 2004; SHMULEWITZ et al., 2001).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
32
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
33
3 CASUÍSTICA E MÉTODOS
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo epidemiológico, observacional, de delineamento transversal e
base populacional.
3.2 Locais de estudo
O estudo foi realizado em duas comunidades: Virgem das Graças, pertencente ao
município de Ponto dos Volantes e Caju, pertencente ao município de Jequitinhonha, ambas
localizadas no Vale do Jequitinhonha - Minas Gerais. Esses locais foram escolhidos porque
neles era desenvolvido um projeto interinstitucional mais amplo denominado “Fatores de
Risco Cardiovasculares e Doenças Crônico-Degenerativas em uma Comunidade Rural do
Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais”.
O Vale do Jequitinhonha está localizado ao nordeste do estado de Minas Gerais, a
aproximadamente 670 km da capital Belo Horizonte. A população total de Pontos dos
Volantes é de 10529 habitantes, sendo que 7469 vivem na zona rural. Em Jequitinhonha a
população total é de 22902, destes 6823 residem em zona rural (INSTITUTO BRASILEIRO
DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2000). O índice de desenvolvimento humano de Ponto
dos Volantes e Jequitinhonha é de 0,668 e 0,595, respectivamente (PROGRAMA DAS
NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2007), sendo considerado um dos
menores do estado.
As atividades econômicas da região estão concentradas no comércio local, a pecuária
de corte, a agricultura de subsistência com plantação e cultivo de mandioca, milho, feijão,
arroz e a fruticultura, principalmente o plantio de banana. Especificamente em Jequitinhonha,
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
34
plantações de coco anão, mangas e produção de cachaça (aguardente de cana), mel de
abelhas, dentre outras culturas. O garimpo e a mineração também são atividades realizadas
por algumas pessoas da região.
3.3 População estudada
Foram elegíveis para o estudo indivíduos com idade maior ou igual a 18 anos e que se
declararam moradores de Virgem das Graças ou Caju pelo menos dois anos. À época do
cadastramento, 272 famílias residiam nessas comunidades, totalizando 1216 indivíduos. Do
total de pessoas cadastradas, 522 eram menores de 18 anos, restando 694 indivíduos elegíveis
para o estudo. As perdas foram de 14,41% (100 pessoas), sendo que as causas foram mudança
para outras localidades fora da região (33), não permitir a coleta (14), não estavam no local na
época da coleta (47) e morte (6).
A amostra total foi de 594 indivíduos adultos, desse total, foram excluídas ainda as
mulheres grávidas (15), com isso, a amostra final para esse estudo se constituiu de 579
pessoas com idades entre 18 e 94 anos.
3.4 Coleta de dados
Os dados foram coletados durante os meses de novembro de 2004 a março de 2005.
Foi aplicado um questionário padronizado (APÊNDICE A) com perguntas relativas a aspectos
socioeconômicos, cor de pele, escolaridade, estilo de vida (fumo e consumo de bebidas
alcoólicas) e história obstétrica para as mulheres. Ao final da entrevista foi realizado um
exame clínico que consistiu na aferição de medidas antropométricas, aferição da PA e coleta
de sangue para a realização de exames bioquímicos.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
35
3.4.1 Variáveis demográficas
Idade
A idade foi obtida por meio da carteira de identidade e, quando o participante não
estava de posse desse documento, pediu-se que a informação desse dado fosse verbal.
Cor da pele
O entrevistador classificou a cor da pele do entrevistado em branca,
parda/mulata/morena/cabocla, negra, indígena, amarela/oriental, sendo os resultados
recategorizados em brancos e não brancos. Esta última categoria abrangia as pessoas de cores
parda/mulata/morena/cabocla, negra, indígena e amarela/oriental.
Estado marital
O entrevistador averiguou o estado civil dos indivíduos com base nas seguintes
categorias: casado, em união, solteiro, separado/divorciado, viúvo. Posteriormente, essa
variável foi classificada nas categorias com cônjuge e sem cônjuge. A primeira categoria
incluiu as pessoas casadas ou em união, e a segunda categoria contemplou os indivíduos
solteiros, separados/divorciados e viúvos.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
36
Escolaridade
O participante informou o último ano e série de estudo formal que havia completado e
o entrevistador calculou os anos de escolaridade daquele.
3.4.2 Variáveis de estilo de vida
Tabagismo
Os participantes foram indagados sobre o hábito de fumar, sendo os mesmos
classificados em não fumantes, fumantes e ex-fumantes. Foi questionado também sobre a
quantidade de cigarros fumados diariamente.
Consumo de bebida alcoólica
Os participantes responderam sobre o consumo das seguintes bebidas alcoólicas:
cerveja, cachaça, vinho, uísque e outras, sendo a freqüência de utilização classificada em:
diariamente, semanalmente, nunca ou quase nunca. Para efeito de análise, criou-se a variável
consumo de álcool que considerava o uso isolado ou associado das bebidas, unindo o
consumo diário e semanal na categoria sim e nunca ou quase nunca na categoria não.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
37
3.4.3 Medidas antropométricas e de composição corporal
Antropometristas treinados tomaram cada medida antropométrica três vezes, seguindo
recomendações padronizadas, sendo que a média foi considerada o valor definitivo
(LOHMAN et al., 1988).
O peso foi aferido por meio de uma balança digital (Modelo PL 150, Filizzola Ltda.,
Brasil) com aproximação de 0,1 kg, estando os participantes no centro da plataforma da
balança, na posição anatômica, vestidos com roupas leves e sem sapatos. A altura foi
mensurada, com aproximação de 0,1 cm, por meio de uma fita métrica inextensível a qual era
colocada em uma parede sem rodapé a uma distância de 50 cm do chão. Os indivíduos
ficavam de pé, descalços, olhando para frente, em posição de Frankfurt (arco orbital inferior
alinhado em um plano horizontal com o pavilhão auricular), com os pés juntos. O IMC foi
calculado de acordo com a fórmula:
IMC = peso (kg)/estatura (m)
2
A CC foi medida com uma fita métrica inelástica, posicionando-a no ponto médio
entre a última costela e a parte superior da crista ilíaca. A circunferência do quadril (CQ) foi
mensurada no local de maior proeminência da região glútea. A RCQ foi obtida a partir da
seguinte equação:
RCQ = circunferência da cintura/circunferência do quadril
A bioimpedância foi utilizada para a análise de composição corporal (BIA-Quantum 2,
RJL-systems, Estados Unidos), as medições foram feitas com o participante deitado em
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
38
posição ventral, com os braços separados do corpo, sem sapatos, sem meias e com roupas
leves. A determinação da porcentagem de gordura corporal, segundo o sexo, foi realizada
utilizando-se o programa do fabricante CIPRUS 1.2.
3.4.4 Pressão arterial
A aferição da PA foi realizada seguindo todos os procedimentos preconizados pelo VI
Relatório do Joint National Committee (JNC, 1997) e também citados na IV Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial (SBH, 2002), que define a forma correta de aferição
indireta desta medida hemodinâmica.
3.4.5 Exames bioquímicos
Amostras de sangue, de aproximadamente 5 ml, foram obtidas por meio de punção
venosa e distribuídas em alíquotas de acordo com as especificações técnicas para dosagem de
cada uma delas com o paciente em jejum de 12 horas. A coleta e centrifugação da amostra
sangüínea foram realizadas no local da pesquisa, posteriormente as amostras de soro e plasma
foram armazenadas em um congelador a -70º C.
As concentrações de glicose foram determinadas pelo método enzimático
colorimétrico utilizando-se o analisador COBAS MIRA PLUS (Roche Diagnostics, Suíça); a
glicemia de jejum foi caracterizada de acordo com as recomendações da American Diabetes
Association (ADA, 2004).
A concentração sangüínea da insulina e da p
roteína C-reativa
(PCR) foi determinada
pelo método imunométrico em fase sólida quimioluminescente usando-se o analisador
IMMULITE 2000 (EURO/DPC Ltda., Reino Unido). A RI foi avaliada pelo método
homeostasis model assessment (MATTHEWS et al., 1985) a partir da seguinte equação:
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
39
HOMA-IR = insulinemia de jejum (mU/l) x glicemia de jejum (mmol/l) ÷ 22,5
As concentrações do colesterol total, TG, foram determinadas pelo método enzimático
colorimétrico utilizando-se o analisador COBAS MIRA PLUS (Roche Diagnostics, Suíça). A
HDL-c foi medida após precipitação das frações de LDL-c e de VLDL-c pelo ácido
fosfotungstico e cloreto de magnésio. Níveis de LDL-c foram calculados por aplicação da
seguinte equação de Friedewald (FRIEDEWALD et al., 1972), uma vez que não havia valores
de TG > 400mg/dl, sendo ela:
LDL-c = colesterol total - (HDL-c + triglicérides/5)
A partir dos níveis de TG e HDL-c foi criada a razão TG/HDL-c, dividindo-se a
primeira pela segunda variável.
3.4.6 Análise dos dados
Os dados coletados foram analisados através do programa Statistical Software for
Professional (STATA), versão 9.0 e, para efeito de interpretação da análise descritiva, o limite
de erro tipo I foi de até 5% (p0,05). As características dos participantes foram descritas,
segundo o sexo, utilizando-se a média ± desvio padrão - exceto para as variáveis que foram
fortemente assimétricas em que foi utilizada a mediana (intervalo interquartílico) - e
porcentagem. Para comparar as diferenças entre as médias, medianas e freqüências, foram
utilizados os testes t-Student, Mann-Whitnney e Qui-quadrado, respectivamente.
Os critérios diagnósticos do EGIR, NCEP-ATPIII e IDF foram utilizados para definir
a freqüência de SM nos indivíduos estudados.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
40
Para as análises descritivas por meio de freqüências, a CC foi classificada em nível 1 -
aumentada ( 94 cm para homens e 80 cm para mulheres) ou nível 2 - substancialmente
aumentada ( 102 cm para homens e 88 cm para mulheres) e a RCQ foi classificada como
normal (< 1 para homens e < 0,85 para mulheres) ou elevada ( 1 para homens e 0,85 para
mulheres), de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (WHO,
1998). O IMC classificado seguindo-se os seguintes pontos de corte: < 18,5 baixo peso; 18,5-
24,9 eutrófico; 25,0-29,9 sobrepeso e 30,0 obesidade (WHO, 1995). Foram considerados
hipertensos os indivíduos com PAS 140 mmHg e/ou PAD 90 mmHg e/ou em uso de
medicação anti-hipertensiva (JNC, 1997; SBH, 2002). Com os resultados obtidos pelas
análises bioquímicas, as variáveis foram classificadas de acordo com critérios da III Diretrizes
Brasileiras sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose (
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA - SBC
, 2001): colesterol total > 200mg/dl (alto),
colesterol total < 200mg/dl (normal); LDL-c > 130mg/dl (alto), LDL-c < 130mg/dl (normal);
HDL-c > 40mg/dl (desejável), HDL-c < 40 mg/dl (baixo); TG > 150 (alto), TG < 150 mg/dl
(normal).
Os pontos de cortes estabelecidos para excesso de gordura corporal, aferido por meio
da bioimpedância, de acordo com o sexo foram: porcentagem de gordura corporal acima de
30% para as mulheres e acima de 20% para os homens (ALBERNATHY; BLACK, 1996).
Para PCR os valores foram categorizados de acordo com o Centers for Disease
Control and Prevention
16
e American Heart Association
17
da seguinte forma: menor que 1
mg/l, entre 1 e 3 mg/l e maior que 3 mg/l (PEARSON et al., 2003).
A AFCP foi realizada para determinar o agrupamento dos componentes da SM, para
verificar o grau de associação entre essas variáveis, a matriz de correlação foi utilizada. Em
16
Centro de Prevenção e Controle de Doenças.
(Tradução nossa).
17
Associação Americana do Coração. (Tradução nossa).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
41
concordância com muitos autores (FERRANNINI et al., 1991; PLADEVALL et al., 2006),
apenas fatores cujos autovalores foram maiores ou iguais a 1 foram retidos - que, se o fator
possui autovalor menor que 1, este contribui com uma variância menor que de uma variável
isolada.
A rotação varimax foi utilizada para facilitar a interpretação dos dados e obter
componentes independentes e loadings maiores ou iguais a 0,3 foram utilizados para
estabelecer a qual fator cada variável aderiu.
A escolha das variáveis foi baseada na matriz de correlação e nas comunalidades,
sempre tendo em vista manter variáveis que contemplassem todos os componentes da SM:
obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial e RI.
Foram realizado o teste de KMO, para verificar a adequação da amostra em relação à
realização da AFCP, sendo considerada adequada se maior ou igual a 0,5 (PEREIRA, 2001).
3.5 Questões éticas
Este estudo é parte do subprojeto denominado “Fatores de Risco Cardiovasculares e
Doenças Crônico-Degenerativas em uma Comunidade Rural do Vale do Jequitinhonha, Minas
Gerais”, e foi aprovado pelo Comide Ética e Pesquisa em Seres Humanos da Universidade
Federal de Minas Gerais, segundo parecer n. ETIC 144/04 (ANEXO A) e pelo Departamento
de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da Escola de Enfermagem da Universidade
Federal de Minas Gerais (ANEXO B).
O estudo está em acordo com os princípios éticos de não maleficência, beneficência,
justiça e autonomia contidas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,
1996).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
42
Todos os participantes foram informados sobre o objetivo da pesquisa e seus direitos
como participantes, além disso, eles assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido
(ANEXO C).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
43
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
44
4. RESULTADOS
A amostra compreendeu 579 indivíduos, sendo 291 (50,26%) do sexo masculino e 288
(49,74%) do sexo feminino. As características demográficas e de estilo de vida da população
estudada, segundo o sexo dos participantes do estudo, se encontram na TAB. 6. A idade
variou de 18 a 94 anos, sendo que sua distribuição não apresentou diferença significativa,
entre os sexos, em nenhuma faixa etária. Uma proporção de 75,30% dos indivíduos estudados
foi classificada como não branca (indivíduos que possuem cor de pele parda ou negra) e
69,40% do total de indivíduos viviam com cônjuge.
Em relação à escolaridade, não houve diferença significativa em nenhuma das
categorias, entre homens e mulheres. Em ambos os sexos, quase 80,0% da população possuía
menos de 5 anos de escolaridade, sendo que destes, 47,64% eram analfabetos.
O consumo de álcool e tabagismo foi significativamente diferente entre os sexos.
Observa-se que 42,60% dos homens e 17,40% das mulheres eram tabagistas (p<0,01) e
34,70% dos homens e 12,50% das mulheres consumiam algum tipo de bebida alcoólica à
época do estudo.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
45
TABELA 6
Características demográficas e de estilo de vida da população estudada, segundo o sexo
Sexo
Masculino Feminino
Total
Variáveis
n % n % n %
Faixa etária
(anos)
18-29 74 25,40 78 27,10 152 26,30
30-39 58 19,90 57 19,80 115 19,90
40-49 50 17,20 47 16,30 97 16,80
50-59 47 16,20 37 12,80 84 14,50
> 60 62 21,30 69 24,0 131 22,60
Cor de pele *
Branca 54 18,60 89 30,90 143 24,70
Não-branca 237 81,40 199 69,10 436 75,30
Estado marital
Com cônjuge 199 68,40 203 70,50 402 69,40
Sem cônjuge 92 31,60 85 29,50 177 30,60
Escolaridade
(anos)
0 114 39,20 98 34,0 212 36,60
1 a 4 118 40,50 115 39,90 233 40,20
5 59 20,30 75 26,10 134 23,20
Tabagismo *
Sim 124 42,60 50 17,40 174 30,0
Não 97 33,30 212 73,60 309 53,40
Ex-fumante 70 24,10 26 9,0 96 16,60
Consumo de álcool *
Sim 101 34,70 36 12,50 137 23,70
Não 190 65,30 252 87,50 442 76,30
Nota: * p<0,05 (Teste Qui-quadrado).
A TAB. 7 apresenta os resultados das dosagens bioquímicas, por sexo. Em relação aos
níveis de lipoproteínas, as mulheres tiveram maior freqüência de níveis elevados de colesterol
total (39,30% vs 32,80%), TG (17,80% vs 13,10%) e LDL-c (37,10% vs 32,10%), entretanto,
apenas a freqüência de valores de HDL-c abaixo dos níveis desejáveis, sendo
significativamente maior entre os homens (32,10% vs 22,20%; p<0,01).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
46
A glicemia de jejum esteve elevada em 12,10% do total de indivíduos, não havendo
diferença significante entre os sexos. Para os níveis da PCR, 187 pessoas apresentavam médio
risco para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares (1-3 mg/l), e 179, alto risco; tais
níveis não diferiram entre os sexos.
TABELA 7
Freqüências de alterações bioquímicas da população estudada
Sexo
Masculino Feminino
Total
Variáveis
n % n % n %
Colesterol total
(mg/dl)
< 200 180 67,20
167 60,70
347 63,90
> 200 88 32,80
108 39,30
196 36,10
Triglicérides
(mg/dl)
< 150 233 86,90
226 82,20
459 54,50
> 150 35 13,10
49 17,80
84 15,50
LDL-c
(mg/dl)
< 130 182 67,90
173 62,90
355 65,40
> 130 86 32,10
102 37,10
188 34,60
HDL-c
(mg/dl)
*
> 40 182 67,90
214 77,80
396 72,93
< 40 86 32,10
61 22,20
147 27,07
Glicemia de jejum
(mg/dl)
< 100 235 88,10
233 87,90
468 87,90
>100 32 11,90
32 12,10
64 12,10
PCR
(mg/l)
*
< 1 87 33,98
65 24,81
152 29,34
1-3 98 38,28
89 33,97
187 36,10
> 3 71 27,73
108 41,22
179 34,56
Nota: * p<0,05 (Teste Qui-quadrado).
LDC-c - Low-density lipoprotein cholesterol; HDL-c - High-density
lipoprotein cholesterol; PCR - Proteína C-reativa.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
47
A população estudada apresentou altas freqüências de hipertensão arterial (45,77%),
chegando a 48,26% no sexo feminino e a 43,30% no sexo masculino; no entanto, essa
diferença não foi significativa (TAB. 8).
TABELA 8
Freqüência de hipertensão arterial na população em estudo
Sexo
Masculino Feminino Total
Variáveis
n % n % n %
Hipertensão arterial
(mmHg)
Sim 126 43,30 139 48,26 265 45,77
Não 165 56,70 149 51,74 314 54,23
As medidas antropométricas e de composição corporal revelaram que as mulheres
apresentam maior proporção de excesso de peso (TAB. 9). Segundo o IMC, 23,80% da
amostra apresenta sobrepeso/obesidade (IMC > 25 kg/m
2
); sendo que 22,70% das mulheres e
12,70% do homens possuem sobrepeso (p<0,05) e 10,20% das mulheres e 2,0% dos homens
foram classificados como obesos (p<0,05).
Observa-se que 25,30% dos entrevistados possuem CC acima do desejável; sendo que
12,30% dos indivíduos foram classificados com risco aumentado para alterações metabólicas
(nível 1) e 13,0% com risco substancialmente elevado para alterações metabólicas (nível 2).
A RCQ esteve elevada em 130 mulheres (45,30%) e em apenas 11 homens (3,80%). A
porcentagem de gordura corporal aferida através da bioimpedância, revelou-se aumentada em
190 indivíduos; destes, 23 eram do sexo masculino (TAB. 9).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
48
TABELA 9
Freqüência de alterações de medidas antropométricas e de
composição corporal da população estudada
Sexo
Masculino Feminino
Total
Variáveis
n % n % n %
IMC
(kg/m
2
)*
Baixo Peso 22 7,60 26 9,10 48 8,30
Eutrófico 226 77,70 66 58,0 392 67,90
Sobrepeso 37 12,70 65 22,70 102 17,70
Obesidade 6 2,0 29 10,20 35 6,10
CC
(cm) *
Normal 271 93,45 160 55,80 431 74,70
Nível 1 13 4,48 58 20,20 71 12,30
Nível 2 6 2,07 69 24,0 75 13,0
RCQ
*
Normal 279 96,20 157 54,70 436 75,60
Elevada 11 3,80 130 45,30 141 24,40
Gordura corporal
(%)
*
Normal 264 92,0 118 41,40 382 66,78
Elevada 23 8,0 167 58,60 190 33,22
Nota: * p<0,05 (Teste Qui-quadrado).
IMC - Índice de massa corporal: baixo peso (< 18,5 kg/m
2
), eutrofia (18,5 -
24,9 kg/m
2
), sobrepeso (25,0 - 29,9 kg/m
2
) e obesidade ( 30,0 kg/m
2
). CC
- Circunferência da cintura: normal (< 94,0 cm para homens e < 80,0 cm
para mulheres), nível 1 ( 94,0 - 101,9 cm para homens e 80,0 - 87,9 cm
para mulheres) e nível 2 ( 102,0 para homens e 88,0 cm para mulheres).
RCQ - Razão cintura-quadril: normal ( 1,0 para homens e 0,85 para
mulheres) e risco aumentado para doenças cardiovasculares (> 1,0 para
homens e > 0,85 para mulheres). Gordura corporal: normal ( 20,0% para
homens e 30,0% para mulheres) e elevada (> 20,0% para homens e >
30,0% para mulheres).
Vale destacar que todas as medidas antropométricas analisadas foram
significativamente maiores entre as mulheres. A freqüência de obesidade (IMC > 30,0 kg/m
2
)
foi, aproximadamente, 4 vezes maior em mulheres que em homens; a alteração da CC,
caracterizada como nível 2, e a RCQ foram mais de 10 vezes maiores no sexo feminino em
relação ao masculino. Além disso, a porcentagem de gordura corporal elevada foi
aproximadamente 8 vezes mais freqüente em mulheres que em homens.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
49
Foi realizada uma descrição das variáveis por meio da média / mediana e desvio
padrão / intervalo interquartílico, pois a AF tem como pressuposto que as variáveis sejam
contínuas, e por isso torna-se importante conhecer sua distribuição. A média de idade foi
44,45 anos, não havendo diferença significante entre os sexos. As médias de peso, altura e
RCQ foram maiores nos homens (p<0,001). Entretanto, as medidas de IMC, CQ e
porcentagem de gordura corporal foram mais elevadas nas mulheres (p<0,001). As médias de
PAS, PAD e CC foram semelhantes entre os sexos (TAB. 10).
TABELA 10
Médias e desvios padrões das variáveis antropométricas, de composição corporal
e hemodinâmicas da população estudada
Sexo
Masculino Feminino Total
Variáveis
n Média
DP n Média
DP n Média
DP p
Idade
(anos)
291 44,73 18,07 288 44,17 17,41 579 44,45 17,73 0,70
PAS
(mmHg)
291 136,57
24,11 288 139,10
29,58 579 137,83
26,98 0,26
PAD
(mmHg)
291 81,89 13,65 288 83,99 15,75 579 82,93 14,76 0,09
Peso
(Kg)
291 61,34 9,85 287 56,30 11,84 578 58,84 11,16 0,00
Altura
(cm)
291 166,34
7,00 286 153,58
6,35 577 160,02
9,24 0,00
IMC
(Kg/m
2
)
291 22,12 2,95 286 23,86 4,54 577 22,98 3,92 0,00
CC
(cm)
290 80,87 8,43 287 80,69 11,46 577 80,78 10,04 0,83
CQ
(cm)
290 90,92 6,13 287 94,38 8,50 577 92,64 7,60 0,00
RCQ
(cm)
290 0,89 0,06 287 0,85 0,08 577 0,87 0,07 0,00
Gordura corporal
(%)
287 13,62 4,31 285 32,42 8,58 572 22,99 11,60 0,00
Nota: DP - Desvio padrão; PAS - Pressão arterial sistólica; PAD - Pressão arterial diastólica; IMC -
Índice de massa corporal; CC - Circunferência da cintura; CQ - Circunferência do quadril; RCQ
- Razão cintura-quadril.
Os valores de média e desvio padrão (ou mediana e intervalo interquartílico) das
variáveis bioquímicas dos participantes são demonstrados na TAB. 11. Os valores de
colesterol total, TG, LDL-c, VLDL-c, TG/HDL-c insulinemia de jejum, HOMA-IR e PCR
foram maiores para o sexo feminino quando comparados ao sexo masculino. E ainda, os
níveis de HDL-c também foram significativamente mais elevados entre as mulheres.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
50
Tabela 11
Características bioquímicas da população estudada
Sexo
Masculino Feminino Total
Variáveis
n Média
DP n Média
DP n Média
DP p
Colesterol total 268 179,94
43,02 275 194,21
49,28 543 187,17
46,80 0,00
TG * 268 83,00 51,50 275 98,00 59,00 543 92,00 55,00 0,00
LDL-c 268 114,00
34,38 275 122,91
43,60 543 118,51
39,54 0,01
HDL-c 268 46,63 12,74 275 49,28 13,31 543 47,97 13,09 0,02
VLDL-c 268 19,30 10,16 275 21,99 12,24 543 20,66 11,33 0,01
TG/HDL-c 268 2,16 1,24 275 2,42 1,60 543 2,29 1,44 0,04
Glicemia 267 87,99 18,13 265 88,88 27,26 532 88,43 23,12 0,66
Insulinemia 249 3,33 3,37 264 5,01 6,25 513 4,19 5,13 0,00
HOMA-IR * 244 0,46 0,33 252 0,72 1,02 496 0,51 0,70 0,00
PCR * 256 1,64 2,54 262 2,39 3,67 518 2,02 3,3 0,00
Nota: *Mediana e intervalo-interquartílico (teste de Mann-Whitney).
DP - Desvio padrão; TG - Triglicérides; LDL-c - Low-density lipoprotein cholesterol; HDL-c -
High-density Lipoprotein Cholesterol; VLDL-c - Very low-density lipoprotein cholesterol;
TG/HDL-c - Razão TG HDL-c; HOMA-IR - Homeostasis model assesment - insulin resistance;
PCR - Proteína C-reativa.
A freqüência de SM variou de 6,09% a 28,46% dependendo do sexo e critério
diagnóstico utilizado. Independente do sexo, o IDF foi o diagnóstico que classificou maior
porcentagem de indivíduos positivos para a SM, seguido do NCEP-ATPIII e EGIR. De
acordo com as três definições, a freqüência de SM foi estatisticamente maior entre as
mulheres (TAB. 12).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
51
TABELA 12
Freqüência de síndrome metabólica em população rural brasileira, de acordo com
três critérios diagnósticos
Sexo
Definição Masculino Feminino Total
n % n % n %
NCEP-ATPIII*
Sim 16 6,27 62 23,22 78 14,94
Não 239 93,73 205 76,78 444 85,06
EGIR*
Sim 14 6,09 47 18,58 61 12,63
Não 216 93,91 206 81,42 422 87,37
IDF*
Sim 26 10,20 76 28,46 102 19,54
Não 229 89,80 191 71,54 420 80,46
Nota:
* p<0,05 (Teste Qui-quadrado).
NCEP-ATPIII - National Cholesterol Education Program - Adult
Treatment III Panel; EGIR - European Group for the Study of Insulin
Resistance; IDF - International Diabetes Federation.
A TAB. 13 apresenta a matriz de correlação dos parâmetros metabólicos medidos; as
diagonais superior e inferior se referem, respectivamente, aos resultados do sexo feminino e
masculino. Em ambos os sexos, a maioria das variáveis foram significativamente
correlacionadas entre si, o que viabiliza a realização da cnica de AF. Além disso, todas as
associações foram positivas, tanto para o sexo masculino quanto para o feminino. Entre os
homens, PAS não esteve associada à razão TG/HDL-c ao índice HOMA-IR, que, por sua vez,
não se associou à PAD. Já entre as mulheres, apenas o componente glicemia de jejum não
apresentou correlação com a razão TG/HDL-c e PAD.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
52
TABELA 13
Coeficientes de correlação dos componentes da síndrome metabólica, por sexo
Masculino
/ Feminino
RCQ
IMC
VLDL-c
TG/HDL-c
PAS
PAD
HOMA-IR
Glicemia
RCQ - 0,49** 0,40** 0,38** 0,39** 0,29** 0,20** 0,22**
IMC 0,44** - 0,22** 0,23** 0,18** 0,15** 0,20** 0,23**
VLDL-c 0,34** 0,33** - 0,92** 0,22** 0,15** 0,20** 0,13*
TG/HDL-c 0,30** 0,35** 0,80** - 0,18** 0,13** 0,15** 0,10
PAS 0,21** 0,10* 0,14* 0,09 - 0,76** 0,20** 0,16**
PAD 0,23** 0,18** 0,19** 0,14* 0,67** - 0,13* 0,08
HOMA-IR 0,21** 0,28** 0,25** 0,26** 0,03 0,04 - 0,16**
Glicemia 0,15**
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
53
e PAD; este fator foi denominado obesidade/hipertensão arterial e explicou 22,17% da
variância dos dados. Já o fator 3 foi composto de loadings positivos de RCQ, IMC, glicemia e
HOMA-IR; o terceiro fator foi nomeado obesidade/resistência à insulina e explicou 17,98%
da variância dos dados. Os resultados encontrados para as mulheres foram semelhantes aos
dos homens. No fator 1, as variáveis RCQ, VLDL-c e TG/HDL-c aderiram positivamente;
este fator, assim como nos homens, foi denominado obesidade/dislipidemia e explicou
25,62% da variância dos dados. O fator 2 recebeu o nome de obesidade/hipertensão arterial,
pois foi carregado positivamente por RCQ, PAS e PAD, a explicação da variância dos dados
deste fator foi 23,32%. Por fim, o fator 3 foi caracterizado por RCQ, IMC, glicemia de jejum
e HOMA-IR; este fator explicou 20,04% da variância dos dados e foi nomeado
obesidade/resistência à insulina .
TABELA 15
Análise fatorial dos componentes principais, após rotação varimax,
dos componentes da síndrome metabólica, por sexo
Masculino Feminino
Variável Fator 1
Fator 2
Fator 3
Fator 1
Fator 2
Fator 3
RCQ
0,44 0,31 0,38 0,35 0,33 0,58
IMC
0,49
0,09
0,46
0,15 0,08
0,75
VLDL-c
0,90
0,10 0,07
0,96
0,10 0,09
TG/HDL-c
0,90
0,03 0,09
0,97
0,07 0,07
PAS 0,03
0,90
0,05 0,13
0,92
0,13
PAD 0,12
0,89
0,02 0,05
0,94
0,02
Glicemia -0,02 0,20
0,71
-0,01 0,03
0,66
HOMA-IR 0,20 -0,09
0,75
0,13 0,14
0,48
% Variância Total 26,46 22,17 17,98 25,62 23,32 20,04
%Variância Acumulada 26,46 48,63 66,61 25,62 48,94 68,98
Nota: RCQ - Razão cintura-quadril; IMC - Índice de massa corporal; VLDL-c - Very low-
density lipoprotein cholesterol; TG/HDL-c - Razão TG HDL-c; PAS - Pressão arterial
sistólica; PAD - Pressão arterial diastólica; HOMA-IR - Homeostasis model assesment
- insulin resistance.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
54
A RCQ esteve associada positivamente a todos os três fatores retidos pela AF, tanto
em homens quanto em mulheres. o IMC aderiu aos fatores 1 e 3 no modelo encontrado
para os homens e apenas no fator 3, no modelo das mulheres (FIG. 1).
FIGURA 1
Diagrama de representação da análise fatorial em homens e mulheres
de comunidade rural brasileira
Nota: VLDL-c - Very low-density lipoprotein cholesterol; TG/HDL-c - Razão TG HDL-c;
IMC - Índice de massa corporal; RCQ - Razão cintura-quadril; PAS - Pressão arterial
sistólica; PAD - Pressão arterial diastólica; HOMA-IR - Homeostasis model assesment
- insulin resistance.
A adequação da amostra para o modelo de AF foi satisfatória, tanto para o sexo
masculino (KMO = 0,66), quanto para o sexo feminino (KMO = 0,62).
Masculino Feminino
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
55
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
56
5 DISCUSSÃO
A população estudada tem como características sócio-demográficas principais serem
predominantemente não brancas, viverem com cônjugue e possuírem baixa escolaridade. Os
dados de censo demográfico de 2000 demonstram que, no meio rural, 35,7% dos adultos têm
menos de um ano de estudo e, aproximadamente, 70% nem sequer completaram o antigo
primário (HOFFMANN; NEY, 2004), resultados estes muito próximos dos encontrados na
população estudada em que 76,80% dos indivíduos possuem 4 anos ou menos de
escolaridade.
Os achados deste estudo demonstram que tanto a SM quanto seus componentes,
isoladamente, são um grave problema de saúde pública, devido às altas proporções
observadas.
Independente do indicador utilizado, as mulheres apresentaram maior proporção de
obesidade que os homens. Analisando os resultados da Pesquisa Nacional de Saúde e
Nutrição, realizada em 1991, em que os índices de obesidade eram desprezíveis para os
homens (1,74%) e acometia 9% das mulheres da área rural brasileira (COITINHO et al.,
1991), observamos, em nossos resultados, um relevante aumento na proporção de indivíduos
com excesso de peso. Neste estudo, as mulheres apresentaram 3,86 vezes a freqüência de
sobrepeso/obesidade dos homens; e, ainda, a porcentagem de RCQ elevada nas mulheres foi
10 vezes maior à dos homens.
Outro estudo realizado no Brasil (MARINHO et al., 2003), em dois municípios do
interior de São Paulo, a obesidade foi mais prevalente entre as mulheres (23,4%) da área rural
do que entre os homens (5,8%). Além disso, nesse mesmo estudo, a prevalência do sobrepeso
e da obesidade foram maiores na área rural em relação à área urbana para ambos os sexos.
Janus et al. (2007), estudando o sobrepeso, obesidade e SM, em uma região rural da Austrália,
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
57
encontraram maior prevalência de obesidade, avaliada através do IMC > 30 kg/m
2
,
no grupo
feminino que no masculino (32,8% vs 27,0%). Assim, pode-se perceber que o excesso de
peso, antes considerado fenômeno preocupante apenas em áreas urbanas, atualmente acomete
também populações rurais, principalmente as mulheres.
No presente estudo, a AF foi utilizada para caracterizar o agrupamento dos
componentes da SM em homens e mulheres maiores de 18 anos, residentes em áreas rurais.
Com essa técnica estatística, oito fenótipos da SM foram reduzidos a três fatores
independentes, tanto para homens quanto para mulheres, que explicaram 66,61% e 68,98% da
variância desses dados, respectivamente.
Os padrões de agrupamento dessas variáveis foram semelhantes entre os sexos, exceto
pelo IMC que, no sexo masculino, aderiu ao fator obesidade/dislipidemia e ao fator
obesidade/resistência à insulina; e, nas mulheres, associou-se apenas ao fator
obesidade/resistência à insulina. Esses resultados sugerem que, nesta população, três domínios
fisiopatológicos distintos e independentes formam o agrupamento dos fenótipos da SM,
porém com um componente comum: a obesidade central, representada pela RCQ.
Recentemente, a ADA e o National Heart, Lung, and Blood Institute
18
passaram a
reconhecer três potenciais bases etiológicas para a SM (GRUNDY et al., 2004a). Além da RI
- antes considerada como fator exclusivo na etiologia desta síndrome - a obesidade e
distúrbios do tecido adiposo e uma variedade de fatores independentes que incluem moléculas
de origem hepática, vascular e imunológica passaram a ser consideradas importantes na
patogênese da SM. Esses mesmos autores reconheceram também a existência de uma grande
variedade de fatores contribuintes tais como idade, estado pró-inflamatório e mudanças
hormonais. A forte associação entre obesidade (especialmente abdominal) e os outros
18
Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue. (Tradução nossa).
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
58
distúrbios metabólicos, levaram o NCEP-ATPIII a definir SM essencialmente como um
agrupamento de complicações metabólicas da obesidade.
Os resultados deste estudo mostraram que, nos homens, tanto a obesidade central,
como também a obesidade global, estão associadas à dislipidemia e, nas mulheres, esta
associação ocorre apenas com obesidade central. Os valores dos loadings das medidas de
obesidade foram maiores nos homens, o que indica que a associação entre este componente e
dislipidemia foi mais forte no sexo masculino que no sexo feminino. Um estudo realizado na
população indiana, também encontrou uma associação entre IMC, RCQ e dislipidemia
(colesterol total e TG) no modelo de AF do sexo masculino, porém, entre as mulheres, não
houve associação entre esses componentes (SNEHALATHA et al., 2000).
A hipertensão arterial tem sido o componente mais controverso da SM (HAFFNER,
1993). A maioria dos trabalhos que realizou AF isolou a PAS e a PAD como um fator isolado
(MAISON et al., 2001). Um estudo realizado na população chinesa sugere a exclusão da
hipertensão arterial como componente da SM, pois, quando incluíram os níveis pressóricos na
análise, isolaram dois fatores e, ao retirarem essa variável obtiveram apenas um fator, o que
para eles, sugeriria que a SM possui um fator que seja sua base (ANDERSON et al., 2001).
No entanto, o presente estudo isolou um fator independente composto por obesidade e PA, em
ambos os sexos, o que indica que a obesidade central integra a hipertensão arterial à SM.
Esses resultados corroboram com os resultados obtidos Ang et al. (2005) que também
encontraram associação entre níveis pressóricos (PAS, PAD) e obesidade (IMC e RCQ).
Semelhante aos resultados de outro estudo (GRAY et al., 1998) a RI, medida através
do HOMA-IR, associou-se com a glicemia de jejum e obesidade em ambos os sexos. Destaca-
se que a obesidade global esteve mais fortemente associada à RI que a obesidade abdominal.
Ao contrário do que propõem alguns autores, nessa população, a RI parece não ser
condição principal do agrupamento dos componentes da SM, pois esta se aderiu a apenas um
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
59
fator. Autores que consideram a RI como fator mais importante que a obesidade na
patogênese da SM, argumentam que a RI, ou a hiperinsulinemia, seja a causa direta dos outros
fatores de risco metabólico (FERRANNINI et al., 1991). No entanto, deve-se ter cautela ao
identificar a RI como causa central da SM, que está intrinsecamente associada à obesidade.
A RI, hiperglicemia e obesidade (principalmente obesidade global, medida pelo IMC)
também estiveram correlacionadas na população masculina e feminina em estudo realizado no
sul da Índia (SNEHALATHA et al., 2000).
Alguns autores propõem a inclusão de marcadores inflamatórios, como PCR, por
exemplo, no diagnóstico na SM (SAKKINEN et al., 2000). Neste estudo, no entanto, a PCR
não fez parte do agrupamento dos componentes dessa síndrome, sendo excluído do modelo
por não aderir a nenhum fator e não preencher os parâmetros necessários para permanecer nas
análises. Estudos que realizaram AF, e incluíram mais de uma medida de inflamação,
obtiveram um fator isolado para estas variáveis.
Nesta população, medidas clínicas de uso rotineiro como RCQ, IMC, PA, dosagens de
insulinemia e glicemia de jejum explicam uma proporção relevante da variância total dos
dados; o que sugere, que estas medidas são suficientes para o diagnóstico da SM.
A AF exploratória tem sido alvo de críticas ao longo do tempo, alguns autores têm
afirmado categoricamente a necessidade de se utilizar a AF confirmatória, que esta realiza
teste hipótese e possui critérios mais rígidos de análise (PLADEVALL et al., 2006). A
importância da AF exploratória, contudo, reside na capacidade de gerar hipóteses (TANG et
al., 2005), que poderão ser confirmadas a posteriori, principalmente em populações nas quais
não se tem uma teoria formada e que ainda não foram estudadas - como é o caso da população
rural brasileira.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
60
Para verificar a consistência dos resultados encontrados, foram observadas as matrizes
residuais de cada modelo e realizadas análises semelhantes às apresentadas neste estudo, em
duas sub-amostras aleatórias (50,0%) desse próprio banco de dados (APÊNDICE B e C).
Até o nosso conhecimento, no Brasil não foram publicados estudos que utilizassem
essa técnica, seja em população rural ou urbana. Contudo, os resultados deste trabalho são
similares a estudos realizados em outras partes do mundo. Cabe ressaltar que a comparação
entre os resultados dos diferentes estudos que realizaram AF é limitada devido a diferenças na
composição da amostra quanto à cor de pele, sexo, idade, número de variáveis incluídas,
tamanhos da amostra, e o ponto de corte utilizado pelos pesquisadores.
Algumas limitações deste estudo devem ser reconhecidas. A população estudada pode
não ser considerada representativa da população brasileira devido a suas características
específicas. Entretanto, acreditamos que esses resultados refletem o agrupamento dos fatores
de risco cardiovasculares, que futuramente poderão ser utilizados como critério diagnóstico da
SM, em residentes de área rural, com as mesmas características raciais, educacionais e
econômicas.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
62
6 CONCLUSÕES
Neste estudo, a partir de uma amostra de residentes em duas áreas rurais brasileiras,
foi possível chegar a algumas conclusões:
Alterações hemodinâmicas, bioquímicas, antropométricas e de composição
corporal, comumente denominadas fatores de risco cardiovasculares, o muito
freqüentes na população estudada, sugerindo um processo de transição nutricional
e alterações no estilo de vida, com modificações no padrão alimentar, na
composição corporal e nos níveis de atividade física diária.
Este estudo reduziu um grupo complexo de fatores de risco cardiovasculares que
caracterizam a SM a três fatores independentes que representam domínios
fisiopatológicos distintos, resultados importantes no entendimento da patogênese
da SM em populações rurais.
Nos modelos de AF, foram retidos três fatores que explicaram 66,61% e 68,98%
da variância dos dados do sexo masculino e feminino, respectivamente. Tanto para
homens quanto para mulheres, o primeiro fator foi nomeado
obesidade/dislipidemia; o segundo, obesidade/hipertensão arterial e o terceiro,
obesidade/resistência à insulina.
Nesta população a obesidade abdominal é uma condição importante e decisiva no
agrupamento de variáveis relacionadas à SM, pois este componente se relacionou a
todos os fatores, tanto em homens quanto em mulheres.
Nossos resultados corroboram com a hipótese de que pelo menos três processos
fisiopatológicos atuam interligados à obesidade abdominal no agrupamento dos
fatores de risco cardiovasculares na população rural estudada, confirmando em
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
63
populações rurais do Brasil, resultados obtidos em populações urbanas e rurais de
outros países.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
64
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
65
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
73
T
TT
T
T
TT
T
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x
xx
x
x
xx
x
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á
á
áá
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
74
APÊNDICE A
Questionário aplicado na coleta de dados
(continua)
I. DADOS DEMOGRÁFICOS
Nº de casa:
Nº de ID: Data: / /
1 Nome completo:
2 Data de nascimento:
/ /
3
Idade (anos completos):
4 Sexo: [ ] 1. Masculino
[ ] 2. Feminino
5 Naturalidade (UF):
6 Cor (observação do
entrevistador)
[ ] 1. Branca [ ] 2. Parda/ mulata/ morena/ cabocla
[ ] 3. Negra [ ] 4. Indígena [ ] 5. Amarela/ oriental
II. SITUAÇÃO CONJUGAL
1 Qual o seu estado civil atual?
[ ] 1. Casado [ ] 2. em união
[ ] 3. Solteiro [ ] 4. Separado ou divorciado
[ ] 5. Viúvo [ ] 6. NA
2 Você alguma vez já esteve casada ou viveu com
alguém?
[ ] 1. Já foi casado ou já viveu em união
[ ] 2. Não [ ] 9. não se aplica
3 Em que ano você se casou ou começou a viver em
união?
III. ESCOLARIDADE
1 Você pode ler uma carta
ou jornal:
[ ] 1. Facilmente [ ] 2. Com dificuldade
[ ] 3. Não consegue ler
2 Qual foi a última série e o grau que você completou?
3 Número de anos de escolaridade (entrevistador)
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
75
APÊNDICE A
Questionário aplicado na coleta de dados
(continua)
IV. FUMO (acima de 15 anos)
1 Você fuma atualmente?
[ ] 1. Sim [ ] 2. Não siga
[ ] 3. Ex-fumante siga 5
2 Quantos cigarros fuma por dia?
3 Há quanto tempo você fuma?
4 Sempre fumou a mesma quantidade? [ ] 1. Sim [ ] 2. Não
[ ] 9. NA [ ] 8. Sem dado
5 Há quanto tempo que parou de fumar?
6 Quantos cigarros fumava por dia?
7 Durante quanto tempo você fumou?
V. FREQÜÊNCIA DE CONSUMO DE ÁLCOOL (acima de 15 anos)
FREQÜÊNCIA
BEBIDAS QUANTIDADE Todo dia Pelo menos 1
vez p. semana
Nunca ou
quase nunca
Cachaça Copo ( )
Cerveja Copo ( )
Vinho Dose ( )
Whisky Dose ( )
Outras dose ( )
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
76
APÊNDICE A
Questionário aplicado na coleta de dados
(conclusã
o)
VI. ANTROPOMETRIA
P. A sistólica
1 Data da coleta
/ /
2
P. A diastólica
Resistência 3 Peso medido (kg) 4
Reactância
5 Estatura (cm) 1
6 E. sentada(cm) 1
2
2
3
3
x
x
7 C. cintura (cm) 1
8 C. braço (cm) 1
2
2
3
3
x
x
9 C. quadril (cm) 1
10
Tricipital (mm) 1
2
2
3
3
x
x
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
77
APÊNDICE B
AMOSTRA 1 – 50,0%
Autovalores para a estimação de fatores comuns a serem retidos
Autovalores
Sexo Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7 Fator 8
Masculino 2,79 1,55 1,08 0,82 0,67 0,48 0,39 0,21
Feminino 3,05 1,47 1,29 0,82 0,64 0,36 0,29 0,07
Análise fatorial dos componentes principais, após rotação varimax, dos componentes
da síndrome metabólica, por sexo
Masculino Feminino
Variável
Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 1 Fator 2 Fator 3
RCQ
0,48 0,30 0,49 0,41 0,54 0,39
IMC
0,46
0,16
0,61
0,23
0,81
0,07
VLDL-c
0,91
0,05 0,07
0,96
0,08 0,14
TG/HDL-c
0,92
0,00 0,10
0,97
0,09 0,10
PAS -0,04
0,81
-0,01 0,15 0,08
0,89
PAD 0,12
0,86
0,06 0,11 0,02
0,91
Glicemia -0,04 0,24
0,61
-0,05
0,60
0,05
HOMA-IR 0,10 -0,15
0,78
0,03
0,76
0,00
% Variância Total 26,68 20,97 20,16 26,36 23,85 22,61
%Variância Acumulada 26,68 47,65 67,81 26,36 50,21 72,82
Teste de Kaiser-Meyer-Olkin
sexo masculino = 0,67
sexo feminino = 0,64
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
78
Matriz residual do modelo de análise fatorial masculino
Variável RCQ IMC VLDL-c TG/HDL-c PAS PAD GLICEMIA HOMA-IR
RCQ 0,00
IMC -0,02 0,00
VLDL-c -0,11 -0,11 0,00
TG/HDL-c -0,11 -0,07 -0,05 0,00
PAS -0,03 -0,03 0,02 0,03 0,00
PAD -0,07 0,00 0,00 -0,01 -0,18 0,00
GLICEMIA -0,14 -0,18 0,11 0,11 -0,07 -0,07 0,00
HOMA-IR -0,14 -0,13 0,06 0,02 0,11 0,08 -0,23 0,00
Matriz residual do modelo de análise fatorial feminino
Variável RCQ IMC VLDL-c TG/HDL-c PAS PAD GLICEMIA HOMA-IR
RCQ 0,00
IMC -0,01 0,00
VLDL-c -0,07 -0,04 0,00
TG/HDL-c -0,07 -0,03 -0,01 0,00
PAS -0,07 -0,03 0,01 0,02 0,00
PAD -0,07 0,03 0,01 0,01 -0,14 0,00
GLICEMIA -0,09 -0,21 0,08 0,05 0,03 -0,03 0,00
HOMA-IR -0,17 -0,12 0,03 0,04 0,04 0,04 -0,23 0,00
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
79
APÊNDICE C
AMOSTRA 2 – 50,0%
Autovalores para a estimação de fatores comuns a serem retidos
Autovalores
Sexo Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7 Fator 8
Masculino
3,01 1,39 1,15 0,94 0,58 0,49 0,26 0,18
Feminino
2,91 1,70 1,05 0,86 0,68 0,56 0,16 0,08
Análise fatorial dos componentes principais, após rotação varimax, dos
componentes da síndrome metabólica, por sexo
Masculino Feminino
Variável Fator 1 Fator 2 Fator 3 Fator 1 Fator 2 Fator 3
RCQ
0,77 0,35 0,72 0,36 0,32 0,80
IMC
0,62
-0,02
0,79
0,21 0,10
0,60
VLDL-c
0,63
0,19 -0,26
0,88
0,08 0,17
TG/HDL-c
0,77
0,08 0,03
0,89
-0,05 0,18
PAS 0,14
0,92
0,07 0,08
0,96
0,21
PAD 0,07
0,89
0,11 0,20
0,95
0,15
Glicemia 0,20
0,25 0,53
0,28 0,24
0,34
HOMA-IR 0,02 0,11
0,37
0,26 0,28
0,33
% Variância Total 25,22 23,66 20,54 27,36 26,53 16,97
%Variância Acumulada 25,22 48,88 69,42 27,36 53,89 70,86
Teste de Kaiser-Meyer-Olkin
sexo masculino = 0,65
sexo feminino = 0,63
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
80
Matriz residual do modelo de análise fatorial masculino
Variável RCQ IMC VLDL-c TG/HDL-c PAS PAD GLICEMIA HOMA-IR
RCQ 0,00
IMC -0,11 0,00
VLDL-c -0,14 -0,16 0,00
TG/HDL-c -0,11 -0,15 0,10 0,00
PAS -0,05 0,02 0,00 0,02 0,00
PAD -0,13 0,01 0,03 0,05 -0,11 0,00
GLICEMIA 0,18 0,18 -0,13 -0,18 -0,05 -0,12 0,00
HOMA-IR 0,12 0,05 -0,20 -0,17 0,01 0,02 -0,11 0,00
Matriz residual do modelo de análise fatorial feminino
Variável RCQ IMC VLDL-c TG/HDL-c PAS PAD GLICEMIA HOMA-IR
RCQ 0,00
IMC -0,26 0,00
VLDL-c -0,04 0,03 0,00
TG/HDL-c -0,03 0,02 0,00 0,00
PAS -0,01 0,00 0,04 0,04 0,00
PAD -0,04 0,04 0,05 0,08 0,00 0,00
GLICEMIA -0,05 -0,01 -0,04 -0,07 -0,15 -0,19 0,00
HOMA-IR -0,03 0,06 -0,13 -0,15 -0,11 -0,14 -0,03 0,00
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
81
T
TT
T
T
TT
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xx
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Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
82
ANEXO A
Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
83
ANEXO B
Aprovação do Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da
EEUFMG
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
84
ANEXO C
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Ministério da Saúde
Fundação Oswaldo Cruz
Centro de Pesquisas René Rachou
TERMO DE CONSENTIMENTO
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO, IMUNOLÓGICO E GENÉTICO EM
INFECÇÕES HELMÍNTICAS
ESTUDO SOBRE COMPOSIÇÃO CORPORAL E HIPERTENSÃO E SUA RELAÇÃO COM
AS DOENÇAS PARASITÁRIAS
A esquistossomose e as helmintoses intestinais (vermes) são doenças causadas por parasitas
que infectam as pessoas quando entram em contato com água contaminada, caminham sem sapato em
solos contaminados ou comem alimentos sem lavar. Estas doenças, se não tratadas, podem trazer
conseqüências sérias como o crescimento do fígado e do baço, além de alterações do estado
nutricional que pode ser avaliado através da composição corporal. Atualmente existem tratamentos
eficazes contra todas elas, por outro lado, as pessoas podem se infectar novamente com facilidade.
Você/seu filho(a) está sendo convidado a participar deste estudo porque reside em uma região
onde um grande número de pessoas estão infectadas com esquistossomose e outros vermes. farão
parte do trabalho aqueles que concordarem em participar.
PORQUE ESTE ESTUDO ESTÁ SENDO FEITO?
O objetivo deste estudo é verificar a importância de fatores genéticos, imunológicos e de
comportamento (uso de água, alimentos e contato com o solo) na esquistossomose e nas outras
verminoses. Será estudado como estes fatores podem interferir na aquisição das doenças, as
conseqüências para o organismo e quais as pessoas que tem mais chances de se infectarem. Este
estudo está sendo realizado porque pode auxiliar os pesquisadores e profissionais da área da saúde a
desenvolverem formas de tratamento mais eficazes ou maneiras de prevenir estas doenças no futuro.
Além disso, será avaliado o estado nutricional a partir de medições antropométricas e de
bioimpedância e, estimada a prevalência de desnutrição, sobrepeso, obesidade e hipertensão arterial.
Será verificado como se distribui a gordura corporal e sua relação com a presença de hipertensão
arterial e quais os fatores que podem interferir na aquisição da mesma e no desenvolvimento de
sobrepeso e obesidade.
O QUE SERÁ FEITO NESTE ESTUDO?
Caso você (ou seu filho) concordarem em participar deste estudo será pedido a você que
responda a entrevistas, que entregue material para exame de fezes e sangue, será realizado exame
físico e de ultra-som para as finalidades descritas abaixo:
Identificação de parentesco: os pesquisadores farão perguntas sobre seus parentes de sangue como
avós, pais, irmãos, irmãs e filhos.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
85
Comportamento sobre contato com água alimentos e solo: Será feito um questionário em sua casa
para conhecermos as fontes de água que você e sua família utilizam, as atividades de contato com água
e o uso de alimentos, como por exemplo, os vegetais. Observadores da própria comunidade
supervisionados pelos pesquisadores farão anotações de como vocês usam a água, quando e como
entram em contato com ela, se utilizam sapatos e se lavam bem os vegetais.
Exame físico: Será feito exame físico por médico do projeto de pesquisa e, caso alguma pessoa
apresente sinais ou sintomas decorrentes de aumento de algum órgão, sefeito um exame de ultra-
som por médico especialista para determinar o estágio de evolução da doença. È bom saber que a
ultra-sonografia é um procedimento simples e indolor e que não haverá nenhum custo para você ao
realizá-lo. A pressão arterial será medida três vezes.
Exame parasitológico de fezes: Será solicitado que sejam fornecidas 3 (três) amostras de fezes durante
3 dias consecutivos. Os pesquisadores fornecerão vasilhas e explicarão como a coleta deverá ser feita e
como serão recolhidas as amostras. Estas amostras serão examinadas para verificar a presença de
parasitas e, no caso de você ou seu filho(a) estarem contaminados por esquistossomose ou qualquer
outro verme, você será tratado adequadamente.
Coleta de sangue: Será coletado aproximadamente 60 mililitros de sangue de você e 30 mililitros de
seu filho(a) caso ele(a) tenha menos que 12 anos, utilizando agulha e seringa descartáveis. Este
material será usado em testes de laboratório para avaliação da resposta imune aos parasitas e outras
infecções tais como Hepatite. Caso você ou seu filho(a) forem identificados com Hepatite ou outra
infecção que possa estar sendo transmitida para outras pessoas da comunidade será feito
encaminhamento para tratamento e notificação à Secretaria de Saúde. Parte do sangue será usado no
estudo sobre fatores genéticos (hereditários) que podem estar relacionados com a esquistossomose e as
verminoses. Para realizar estes testes, os pesquisadores irão obter DNA das células do sangue que é o
responsável pelas características herdadas de seus pais e ancestrais e que são passadas para seus filhos.
Os pesquisadores usarão o DNA para identificar os genes que auxiliam a determinar se as pessoas são
resistentes ou susceptíveis a infecção para esquistossomose e os outros vermes.
Avaliação antropométrica e de bioimpedância: Serão feitas as medidas do peso, da altura, da estatura
assentada, das circunferências do braço, da cintura, do abdômen, do quadril e da prega do tríceps,
sendo cada uma delas realizada três vezes. A medida da bioimpedância será realizada uma vez e
consta da passagem de corrente elétrica de pequena intensidade pelo corpo.
Futuro: A cada ano, durante os próximos 3 a 5 anos, serão repetidos os exames de fezes e de sangue
além do exame físico e ultra-som. Será feito novo teste para resposta imune aos parasitas. Novo ultra-
som será realizado caso tenha sido feito anteriormente ou nos casos em que forem detectadas
alterações ao exame físico. Todos aqueles que forem positivos para Schistosoma mansoni e para as
outras verminoses serão tratados.
O QUE SERÁ FEITO NO CASO DE ESTAR COM ESQUISTOSSOMOSE OU INFECTADO
POR OUTRO PARASITA?
Todos os pacientes positivos para esquistossomose ou outro parasita serão tratados. Este
tratamento é gratuito e realizado de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde sendo
supervisionado por enfermeira treinada da Universidade Federal de Minas Gerais e por médico. Todos
os profissionais envolvidos no tratamento são treinados e capacitados para atender a quaisquer
problemas que possam vir a ocorrer em conseqüência do medicamento tais como tonteira, náusea ou
outro sintoma. Sabe-se que a medicação usada não possui efeitos colaterais sérios, entretanto, caso
haja alguma ocorrência maior, sefeita uma avaliação pelo médico e, se necessário, o paciente será
encaminhado ao hospital mais próximo.
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
86
QUAIS OS BENEFÍCIOS DESTE ESTUDO PARA A POPULAÇÃO?
Aos indivíduos que concordarem em participar deste estudo, será feito o tratamento gratuito
para esquistossomose e outros parasitas, além de exame clínico e ultra-som em casos de alterações nos
órgãos sem nenhum custo para o paciente. Caso haja necessidade, o paciente será encaminhado para
tratamento hospitalar. Esperamos que as informações obtidas com os dados deste trabalho possam
beneficiar outras populações em risco de adquirir esquistossomose no futuro. Os que não concordarem
também receberão o tratamento para todas as parasitoses encontradas nos exames de fezes.
O conhecimento do estado nutricional e da composição corporal é importante para o controle
de peso e para uma vida mais saudável. Além disso, a aferição da pressão arterial permite detectar
alterações de seus níveis, os quais são importantes indicadores de risco de doenças do coração. Os
participantes receberão orientações sobre como melhorar seu estilo de vida, incluindo atividades que
envolvem uma alimentação mais saudável, a realização de atividade física e a diminuição ou
eliminação de fatores nocivos ao organismo como o álcool e o fumo.
COMO SERÁ GARANTIDO O ANONIMATO DOS PARTICIPANTES?
Todas as informações obtidas são confidenciais e serão fornecidas nos casos exigidos por
lei. Cada indivíduo terá um número de identificação que será utilizado nas planilhas de fezes, sangue e
tratamento ao invés do nome. Algumas instituições como o Instituto Nacional de Saúde dos Estados
Unidos, Secretaria Municipal de Saúde, Comitê de Ética do Centro de Pesquisas René Rachou
FIOCRUZ podem verificar, sempre que for conveniente, os dados provenientes dos exames e
entrevistas para assegurar a qualidade do trabalho.
QUAIS OS CUSTOS PARA O PACIENTE?
Todos os procedimentos serão realizados gratuitamente. No caso de haver alguma
complicação ou problema para o paciente decorrente deste trabalho, os pesquisadores serão
responsáveis por encaminhá-lo a tratamento médico de emergência sem nenhum custo.
QUAIS SÃO MEUS DIREITOS COMO PARTICIPANTE DESTE ESTUDO?
??
?
A participação neste estudo é voluntária. Você ou seu filho(a) podem deixar o trabalho a
qualquer tempo sem que haja perda dos benefícios a que tem direito.
ESTOQUE DE SANGUE PARA FUTUROS ESTUDOS
O material genético (DNA) proveniente de sangue será guardado para testes de laboratório que
poderão ser feitos eventualmente. Antes destes testes serem realizados, deverão ser revistos e
aprovados pelo Institutional Review Board e Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. Você ou
seu filho(a) podem participar do estudo mesmo que não aceitarem que seja coletado sangue para o
trabalho.
Caso você ou seu filho(a) não aceite a coleta e guarda de sangue para futuros testes assine aqui:
____________________________________________________
Agrupamento de fatores de risco cardiovasculares em população rural, por meio da análise fatorial
87
Se precisar de maiores informações sobre o trabalho que está sendo realizado nesta
comunidade você deverá entrar em contato com o Dr. Rodrigo Corrêa de Oliveira no Centro de
Pesquisas René Rachou FIOCRUZ, Belo Horizonte, Brasil no telefone (0XX) 31 3349.7700. No
município, os contatos poderão ser feitos na Secretaria Municipal de Saúde em caso de necessidade de
informações adicionais ou de problemas de saúde que possam ocor r n85497393(o)-0.297393(8549(a)19.835( )238.342 0 Td[( )-11.0297393(e)-1)3ntoíoíd apdelís aas elíídm c
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