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DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE SECAGEM EM RAMA
NA PRODUÇÃO DE PALMILHAS PARA CALÇADOS
LUCIANO PESKE CERON
ENGENHEIRO QUÍMICO
DISSERTAÇÃO PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE
EM ENGENHARIA E TECNOLOGIA DE MATERIAIS.
Porto Alegre
Março, 2008
PUCRS
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
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Faculdade de Engenharia
Faculdade de Física
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PGETEMA
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DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE SECAGEM EM RAMA
NA PRODUÇÃO DE PALMILHAS PARA CALÇADOS
LUCIANO PESKE CERON
ENGENHEIRO QUÍMICO
ORIENTADORA: PROFª. DRª. SANDRA MARA OLIVEIRA EINLOFT
CO-ORIENTADOR: PROF. DR. MARCUS SEFERIN
Dissertação realizada no Programa de
Pós-Graduação em Engenharia e
Tecnologia de Materiais (PGETEMA) da
Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, como parte dos requisitos
para a obtenção do tulo de Mestre em
Engenharia e Tecnologia de Materiais.
Porto Alegre
Março, 2008
PUCRS
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
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“Quem quer melhorar a realidade deveria conhecê-la. Isso é Realismo”.
A realidade não somente consiste no que já existe,
mas também no que é possível.
Muitos erros são cometidos por se evitar um alvo,
ou pela determinação errada de alvos.
Os alvos não devem representar somente o que desejamos,
mas também o que é possível.
A economia global está seguindo as leis da competição: ganha o melhor.
Em caso de qualidade igual, ganha o concorrente com preço mais barato”.
Manfred Romme
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Dedico esta dissertação:
À Deus;
Aos meus pais, Lucindo Ceron e Helga Peske Ceron;
À minha filha, Luiza Baumbach Ceron;
E ao meu amor, Tárcia Rita Davoglio.
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Primeiramente, agradeço à minha família, meu pai Lucindo Ceron, minha
mãe Helga Peske Ceron, minha filha Luiza Baumbach Ceron, e em especial a
minha esposa Tárcia Rita Davoglio, que me incentivou e apoiou neste caminho e
que acima de tudo é uma grande amiga, agradeço a ela, também, por toda
compreensão e carinho.
Aos meus orientadores, Profª. Drª. Sandra Mara Oliveira Einloft e Prof. Dr.
Marcus Seferin, pela dedicação e incentivo nos diversos momentos na orientação
desta dissertação.
À Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia de Materiais, pela oportunidade de
realizar o curso de Pós-Graduação.
Aos funcionários do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e
Tecnologia de Materiais, pelo auxílio em necessidades durante o mestrado.
Aos diretores da empresa de componentes para calçados, Flávio, Irineu e
Marcos, onde foi desenvolvido o estudo, que acreditaram e investiram neste projeto
de pesquisa dentro da sua empresa. E a todos os funcionários e equipes de
campo, presentes nos trabalhos de inspeções e ensaios realizados.
Ao Engenheiro Químico Fausto Girola, Coordenador do Laboratório de
Controle de Qualidade do Centro Tecnológico do Calçado SENAI - Novo
Hamburgo, pela ajuda e coordenação nos ensaios laboratoriais em palmilhas para
calçados.
Por último, gostaria de estender os meus agradecimentos a todos àqueles
de uma forma ou de outra, com idéias e/ou criticas, ajudaram na montagem desta
dissertação.
A todos, os meus sinceros agradecimentos.
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EDICATÓRIA
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BREVIATURAS
......................................................................................12
RESUMO
...............................................................................................................13
ABSTRACT
..........................................................................................................14
1 INTRODUÇÃO
.................................................................................................15
2 OBJETIVOS
......................................................................................................17
2.1 Objetivos Específicos .................................................................................17
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
.........................................................................18
3.1 Calçado .........................................................................................................18
3.1.1 Evolução do Calçado ............................................................................19
3.1.2 Classificação do Calçado .....................................................................19
3.1.3 Componentes do Calçado ....................................................................20
3.1.4 Fabricação do Calçado .........................................................................22
3.2 Palmilha .........................................................................................................24
3.2.1 Fabricação da Palmilha ........................................................................26
3.2.1.1 Não-Tecido ..............................................................................27
3.2.1.2 Poli (Tereftalato de Etileno) .....................................................32
3.2.2 Secador Rama.......................................................................................33
6
3.2.3 Especificação de Palmilhas ..................................................................40
3.3 Secagem de Tecidos ....................................................................................41
3.3.1 Caracterização de Polímero .................................................................43
3.3.2 Taxa de Secagem ................................................................................44
3.3.3 Umidade de Equilíbrio ..........................................................................47
3.4 Método Simplex Modificado .........................................................................50
4 MATERIAIS E MÉTODOS
............................................................................53
4.1 Solução Impregnante ...................................................................................54
4.2 Geometria do Secador .................................................................................56
4.3 Estudo Térmico ............................................................................................56
4.4 Peso Base .....................................................................................................57
4.5 Espessura .....................................................................................................57
4.6 Teor de Umidade e Curvas de Secagem ....................................................58
4.7 Índice de Flexão ...........................................................................................58
4.8 Resistência à Tração e Alongamento na Ruptura (a seco) .......................60
4.9 Comportamento à Água – Adsorção e Dessorção ....................................62
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
................................................................64
5.1 PRIMEIRA PARTE .........................................................................................64
5.1.1 Estudo Térmico ....................................................................................64
5.1.2 Teor de Umidade ..................................................................................69
5.1.3 Peso Base e Espessura .......................................................................70
5.1.4 Curvas de Secagem .............................................................................70
5.2 SEGUNDA PARTE ........................................................................................73
5.2.1 Produção-Teste ....................................................................................73
5.3 TERCEIRA PARTE ........................................................................................77
5.3.1 Índice de Flexão ...................................................................................79
7
5.3.2 Resistência à Tração e Alongamento na Ruptura (a seco) ..................81
5.3.3 Comportamento à Água – Adsorção e Dessorção ...............................84
6 CONCLUSÕES
................................................................................................87
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
...........................................................89
ANEXOS
...............................................................................................................95
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Figura 3.1 - Partes do calçado . ................................................................................21
Figura 3.2 - Peças do calçado masculino e feminino ...............................................21
Figura 3.3 - Etapas de fabricação do calçado ..........................................................22
Figura 3.4 - Prensa hidráulica: (a) Balancim de ponte; (b) Balancim hidráulico . ......23
Figura 3.5 - Desenho de peça com chanfro . ............................................................23
Figura 3.6 - Palmilha simples . ..................................................................................24
Figura 3.7 - Palmilha emendada ..............................................................................25
Figura 3.8 - Palmilha emendada com reforço duplo .................................................25
Figura 3.9 - Planilha com encaixe para montagem interna ......................................25
Figura 3.10 - (a) Não-tecido; (b) Tecido . ..................................................................27
Figura 3.11 - Processo Spunbonded ........................................................................28
Figura 3.12 - Não-tecido agulhado de poliéster ........................................................30
Figura 3.13 - Aumento da resistência mecânica do material ....................................30
Figura 3.14 - Não-tecido agindo como receptáculo base de outros materiais ..........30
Figura 3.15 - Absorção de energia térmica no não-tecido ........................................31
Figura 3.16 - Acabamento em superfícies ................................................................31
Figura 3.17 - Processo de filtração em não-tecidos . ................................................31
Figura 3.18 - Principais partes do secador Rama . ...................................................34
Figura 3.19 - Rolo de não-tecido na entrada da Rama ............................................35
Figura 3.20 - Impregnação da manta de não-tecido em cocho . ...............................35
Figura 3.21 - (a) Foulard principal; (b) Foulard auxiliar . ...........................................36
Figura 3.22 - (a) Morcetes prendendo a manta; (b) Entrada da manta no secador...36
Figura 3.23 - Palmilha em bobina .............................................................................37
Figura 3.24 - (a) Queimador de gás; (b) Câmaras de secagem ...............................37
Figura 3.25 - Câmara de secagem ...........................................................................38
Figura 3.26 - Fluxo de energia nos injetores . ...........................................................39
Figura 3.27 - Damper aberto em 75% . .....................................................................39
Figura 3.28 - Evaporação da água dentro das câmaras do secador ........................40
Figura 3.29 - Diagrama do processo de secagem em tecido úmido . .......................41
Figura 3.30 - Diagrama de migração de umidade no interior de um tecido ..............41
Figura 3.31 - Representação esquemática do sistema de medição .........................42
9
Figura 3.32 - Curva temperatura versus tempo ........................................................43
Figura 3.33 - Curva do PET em DSC, identificando a Tg e Tm ................................44
Figura 3.34 - Curva de taxa de variação de umidade com o tempo de secagem .....45
Figura 3.35 - (a) Não-tecido agulhado seco; (b) Não-tecido agulhado úmido . .........47
Figura 3.36 - Isoterma de equilíbrio ..........................................................................48
Figura 3.37 - Isotermas de adsorção máxima para algumas fibras ..........................48
Figura 3.38 - Movimentos do simplex modificado ....................................................51
Figura 3.39 - Exemplo de otimização com duas variáveis de controle .....................52
Figura 4.1 - Tanque de dispersão com agitador mecânico .......................................55
Figura 4.2 - (a) Começo da dispersão; (b) Final viscoso da dispersão ....................55
Figura 4.3 - (a) Tanque batedeira; (b) Tanques de Mistura I e II da Rama ..............55
Figura 4.4 - Geometria de largura constante no túnel do secador . ..........................56
Figura 4.5 - Volante e indicador Siko . ......................................................................56
Figura 4.6 - Corte dos corpos de prova na amostra de palmilha ..............................59
Figura 4.7 - (a) Máquina de flexão; (b) Corpos de prova rompidos ..........................59
Figura 4.8 - Máquina de ensaio universal EMIC DL-200 ..........................................61
Figura 4.9 - (a) Corpo de prova preso; (b) Corpo de prova rompido ........................61
Figura 5.1 - Temperatura medida na superfície da manta de 110 g/m
2
....................65
Figura 5.2 - Temperatura medida na superfície da manta de 150 g/m
2
....................66
Figura 5.3 - Temperatura medida na superfície da manta de 200 g/m
2
....................67
Figura 5.4 - Representação do tempo de análise com massa constante .................70
Figura 5.5 - Curvas de secagem para gramaturas de 110, 150 e 200 g/m
2
.............71
Figura 5.6 - Gráfico com produção normal ...............................................................74
Figura 5.7 - Identificação das curvas de secagem certificadas no SENAI ...............78
Figura 5.8 - Gráfico de índice de flexão para 110, 150 e 200 g/m
2
...........................80
Figura 5.9 - Gráfico de tração para 110, 150 e 200 g/m
2
..........................................83
Figura 5.10 - Gráfico de alongamento para 110, 150 e 200 g/m
2
.............................83
Figura 5.11 - Gráfico de adsorção e dessorção para 110, 150 e 200 g/m
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Tabela 3.1 - Características físicas e químicas do PET ...........................................33
Tabela 3.2 - Especificação de controle da palmilha .................................................40
Tabela 3.3 - Valores máximos de umidade em tecidos ............................................49
Tabela 3.4 - Médias de umidade relativa em Porto Alegre e Campo Bom ...............50
Tabela 4.1 - Valores para índice de flexão ou número de ciclos ..............................60
Tabela 4.2 - Valores para resistência à tração e alongamento na ruptura, a seco....62
Tabela 4.3 - Valores para adsorção e dessorção .....................................................63
Tabela 5.1 - Resultados dos ajustes térmicos para 110g/m
2
....................................65
Tabela 5.2 - Resultados dos ajustes térmicos para 150 g/m
2
...................................66
Tabela 5.3 - Resultados dos ajustes térmicos para 200 g/m
2
...................................67
Tabela 5.4 - Faixas de operação da Rama para produção-teste .............................73
Tabela 5.5 - Acompanhamento da produção normal ...............................................74
Tabela 5.6 - Resultados da produção-teste com perfil avançado .............................75
Tabela 5.7 - Resultados da produção-teste com perfil econômico ...........................75
Tabela 5.8 - Resultados comparativos entre produção-teste e produção normal ....75
Tabela 5.9 - Resultados para a primavera ...............................................................76
Tabela 5.10 - Resultados para o verão ....................................................................76
Tabela 5.11 - Resultados de índice de flexão para 110 g/m
2
...................................79
Tabela 5.12 - Resultados de índice de flexão para 150 g/m
2
...................................79
Tabela 5.13 - Resultados de índice de flexão para 200 g/m
2
...................................80
Tabela 5.14 - Resultados de tração e alongamento para 110 g/m
2
..........................82
Tabela 5.15 - Resultados de tração e alongamento para 150 g/m
2
..........................82
Tabela 5.16 - Resultados de tração e alongamento para 200 g/m
2
..........................82
Tabela 5.17 - Resultados de adsorção e dessorção para 110 g/m
2
.........................84
Tabela 5.18 - Resultados de adsorção e dessorção para 150 g/m
2
.........................85
Tabela 5.19 - Resultados de adsorção e dessorção para 200 g/m
2
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Quadro 3.1 - Evolução do calçado ...........................................................................19
Quadro 3.2 - Componentes do calçado e suas funções ...........................................20
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ABICALÇADOS: Associação Brasileira das Indústrias de Calçados
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas
BS: Normas Britânicas
BVQI: Bureau Veritas Quality International
CLP: Controlador Lógico Programável
COTECAF: Conselho Técnico de Afins
CRQ: Conselho Regional de Química
CTCCA: Centro Tecnológico do Couro, Calçados e Afins
DIN: Deutsches Institut für Normung
DSC: Calorimetria Exploratória Diferencial
GLP: Gás Liquefeito de Petróleo
INMET: Instituto Nacional de Meteorologia
INMETRO: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO: International Organization for Standardization
MEKP: Peróxido de Etil-Metilcetona
PET: Poli (Tereftalato de Etileno)
PFI: Prüf und Forschungsinstitut Pirmasens
SATRA: Instituto de Normas Inglesas para Laboratório
SENAI: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SEOMA: Seção de Observação e Metereologia Aplicada
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CERON, Luciano Peske. Desenvolvimento do Processo de Secagem em Rama
na Produção de Palmilhas para Calçados. Porto Alegre. 2008. Dissertação,
Síntese e Processos em Materiais. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e
Tecnologia de Materiais, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO
GRANDE DO SUL.
A palmilha é um dos componentes mais importantes da indústria
calçadista, sendo considerada o “chassi” do calçado, pois, é sobre ela que o
calçado é montado. Este estudo do processo de secagem em Rama constitui-se
uma tentativa de reduzir os custos com GLP na produção de palmilhas, realizado
em uma indústria de componentes para calçados. Inicia com a origem e evolução
da história do calçado, levando a um dos componentes atuais da fabricação de
palmilhas, o não-tecido de poliéster. Aborda-se a impregnação de não-tecidos e os
recursos técnicos do secador Rama, no processo de fabricação. Foi desenvolvida
uma metodologia de controle da umidade em palmilha e estudo das curvas de
secagem, velocidade versus umidade, para os não-tecidos com gramaturas de 110,
150 e 200 g/m
2
. Nestas curvas, foram desenvolvidos perfis rmicos de produção,
sendo relevante um econômico, lento e de baixa temperatura, e outro avançado,
rápido e de alta temperatura. Utilizou-se o todo Simplex Modificado para corrigir
pontos nestes perfis, buscando a minimização e maximização da velocidade no
secador. As curvas de secagem foram usadas como modelos para produção,
levando a conclusão que o perfil térmico econômico minimiza em 19,4% o consumo
de GLP, uma economia de R$ 80.588,00/ano. O perfil térmico avançado, por sua
vez, encarece em 31,1% o consumo de GLP, representando um incremento de R$
128.941,00/ano. A certificação das curvas foi realizada no laboratório credenciado
do Centro Tecnológico do Calçado SENAI - Novo Hamburgo, que identificou como
melhor quantitativamente o perfil térmico econômico em zonas de baixa velocidade.
Este trabalho mostrou que o controle de processos é uma alternativa eficaz para o
controle dos custos.
Palavras-chave: Calçado; Palmilha; Não-Tecido; Secagem; Rama.
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CERON, Luciano Peske. Development Process drying in the production of Rama
insole for shoes. Porto Alegre. 2008. Dissertation, Synthesis on Materials and
Processes. Pos-Graduation Program in Materials Engineering and Technology,
PONTIFICAL CATHOLIC UNIVERSITY OF RIO GRANDE DO SUL.
The insole is one of the most important components of the shoe industry,
being considered the shoe’s chassis, once the shoe is assembled over it. This study
concerning the drying process in Rama consists of an attempt to reduce cut costs
with the use of LPG in the insole production, carried on in an industry of shoe
components. It has its beginning with the origin and evolution of the shoe history,
leading to one of the current components of the insole production: the non-fabric of
polyester. The subject of non-fabric impregnation and the technical resources of the
Rama dryer during the manufacturing process are approached. A methodology of
the insole humidity control was developed and a study of the drying curves was
made, with speed versus humidity, for the non-fabrics with basic weight varying
from 110, 150 to 220 g/sqm. In these curves production thermal profiles were
developed, being relevant an economic, slow and of low temperature one, and
another advanced, fast and of high temperature one. The Modified Simplex method
was used to correct points in these profiles, seeking to maximize and minimize the
speed of the dryer. The drying curves were used as models for the production,
leading to the conclusion that the economic thermal profile minimizes the
consumption of LPG in 19.4%, an economy of R$ 80,588.00/year. The advanced
thermal profile, on the other hand, raises the consumption of the LPG in 31.1%,
which represents an increase of R$ 128,941.00/year. The certification of curves was
accomplished in the credentialed laboratory of SENAI Shoe Technological Center in
Novo Hamburgo city, RS state, which identified as best in quantity the economic
thermal profile in zones of low speed. This academic paper demonstrated that the
performance control of processes is an efficient alternative to control costs.
Keywords: Shoe; Insole; Nonwoven; Drying process; Rama.
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Vivemos numa época de muitas mudanças, onde a competição se torna
cada vez mais agressiva entre os produtores de bens de transformação. Oferecer
produtos e serviços de forma otimizada e controlada tem se constituído no grande
objetivo das modernas organizações. O controle da eficiência operacional
apresenta-se como um importante instrumento para o alcance destes objetivos. Na
busca dessa eficiência, as empresas devem promover mudanças cuja amplitude
obedeça às novas exigências dos mercados consumidores; sendo assim, as
organizações que não se enquadrarem ou não estiverem dispostas a melhorias
continuas de processos, certamente não sobreviverão aos novos tempos.
O setor calçadista é muito dinâmico, caracterizado pela produção constante
de novos produtos. Neste contexto, está inserida a fabricação de palmilhas em base
de não-tecidos de poliéster, também conhecido por “nonwoven”, que possui uma
significativa participação no mercado global nesta linha de produtos. Os não-tecidos
formam o principal grupo de produtos têxteis utilizados na indústria calçadista,
juntamente com os tecidos e as malhas. O termo não-tecido foi utilizado pela
primeira vez em 1942, quando foram produzidas, nos Estados Unidos, as primeiras
centenas de metros deste tipo de material têxtil. Mas, somente nos últimos 35 anos
que os não-tecidos se destacaram realmente, tendo sua indústria apresentado um
dos maiores índices de crescimento neste período, devido o surgimento das fibras
sintéticas, como o poliéster (NIEWOHNER; KUNST, 1990).
A indústria brasileira de calçados é um setor importante da economia do país
por seu volume de produção, por sua expressiva participação na pauta de
exportações e pela sua capacidade de geração de empregos. Segundo dados de
2005, a indústria calçadista brasileira emprega, diretamente, cerca de 300 mil
pessoas e é responsável pela produção de, aproximadamente, 725 milhões de pares
de calçados por ano, sendo cerca de 190 milhões deles destinados à exportação,
16
para cerca de 70 países diferentes, o que gera um volume de divisas da ordem de
U$ 1,8 bilhão. O principal importador do calçado brasileiro são os Estados Unidos,
seguido pela Argentina, Reino Unido e Canadá (ABICALÇADOS, 2006).
No Brasil, o maior número de fábricas de calçados concentra-se na região
de Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul e em Franca, São Paulo. Nos
últimos 20 anos, incentivados por uma política exportadora, o setor tem alcançado
avanços para vencer os desafios da competição. Neste sentido, grandes
investimentos em tecnologia de ponta foram realizados, na expectativa de que o
segmento se tornasse suficientemente competitivo, objetivando com isso buscar a
redução de custos e perdas, com melhorias na qualidade. Deste modo, a engenharia
de processos vem promovendo a modernização do setor, empenhada na
padronização de conceitos, medidas e formas, etapas imprescindíveis para a
automação das fábricas. Processo este considerado irreversível por especialistas do
ramo (COSTA; PASSOS, 2004).
A presente dissertação foi desenvolvida com base na vivência e
acompanhamento dentro da indústria de componentes para calçados, localizada em
São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil, sendo identificada como empresa A,
visando manter o sigilo de informações técnicas.
O ingresso neste setor industrial evidenciou a grande preocupação existente
com o sigilo das informações, por parte das empresas, acerca dos processos e
procedimentos técnicos. A insuficiência de dados disponíveis sobre como melhor
produzir uma palmilha para calçados em máquina Rama, levou a constatação que
fatores técnicos de controles operacionais e de laboratório, não estavam definidos
na empresa, surgiu assim, a proposta do estudo aprofundado de melhorias no
processo de secagem, considerando que a pesquisa da performance de processos é
uma alternativa necessária para o controle de custos, visando à competitividade no
setor calçadista.
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O presente trabalho tem como objetivo principal desenvolver estudos no
processo de secagem na produção de palmilhas de não-tecidos de poliéster para
calçados, com variações cnicas em máquina de secagem Rama, visando à
minimização dos custos de produção com GLP.
Apresentar um plano de produção para o secador, com perfil rmico
avançado para períodos de altas produções e um perfil térmico econômico para
períodos de baixa produção. Determinar quantitativamente qual destes dois perfis é
o ideal.
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Desenvolver o processo de secagem de palmilhas, controlando as variáveis
de velocidade da esteira e temperatura no secador Rama, dentro da faixa de
teor de umidade permitido;
Implantar metodologia de controle laboratorial, que garanta a qualidade da
palmilha no processo de secagem;
Determinar as curvas de secagem na Rama (velocidade versus umidade),
com perfil térmico econômico e avançado, para os não-tecidos de poliéster
com gramaturas de 110, 150 e 200 g/m
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, usando o todo Simplex
Modificado para minimizar e maximizar a velocidade da esteira no secador;
Certificar os resultados pesquisados em laboratório externo credenciado, que
segue as normas para palmilhas. Identificar quantitativamente o melhor perfil
térmico para operação no secador Rama.
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O calçado tem, antes de tudo, a função de proteger os pés. O que
originalmente era apenas um elemento de proteção foi se tornando, com o passar
dos tempos, um objeto de moda, de prazer, de status e de evolução técnica. Na
busca da beleza, dos padrões ditados pela moda, o consumidor muitas vezes se
submete a verdadeiras torturas, usando calçados inadequados que desprezam as
regras básicas da fisiologia, da anatomia e da mecânica do pé. O segredo de um
bom calçado está em aliar moda, saúde e conforto, os quais dependem do processo
de fabricação e controles que foram submetidos previamente (MELLO, 2002).
O sapato que, na primeira vista, parece ser apenas uma série de pedaços de
couro, tecido e plástico, costurados ou colados uns aos outros, é muito mais que
isso. A forma como é concebido e produzido tem muito a ver com o conforto que
proporcionará ao cliente, com a sua beleza, como o preço pelo qual será vendido,
com a sua performance durante o uso e com a sua qualidade (SILVA, 2002).
quem diga que os sapatos são para os pés o que os pneus são para o
automóvel; devem se adequar ao “veículo”, ser de boa qualidade, se adaptar às
condições de uso (chuva, umidade, calor, situações adversas), ser mantidos em
perfeito estado e funcionamento e trocados imediatamente ao verificar-se que estão
de uma forma ou de outra, prejudicando o desempenho do carro (MORBACH, 2002).
O primeiro sistema de numeração de calçados foi criado na Inglaterra, em
1324, no reino de Eduardo II e se baseava na medida de um grão de cevada. Os
sistemas básicos, em uso em todo o mundo são: o sistema Francês, o Inglês, o
Americano e o Mondopoint. Mas cada um deles, dependendo do país, pode ter
variações locais, o que amplia consideravelmente o número de sistemas
efetivamente em uso (MANFIO, 1995).
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Os primeiros relatos da utilização do calçado estão representados em
pinturas magdalênias encontradas na Espanha, datadas de 12.000 anos a.C.,
mostram homens e mulheres com pedaços de pele ou couro animal enrolados nas
pernas e nos pés. Talvez estes fossem os primeiros modelos de botas da
humanidade. A evolução histórica de modelos e materiais usados nos calçados é
apresentada, resumidamente, no Quadro 3.1.
Quadro 3.1 - Evolução do calçado
Época Modelo / Material Local
12.000 a.C.
Pele, couro enrolado, bota Pintura na Espanha
2.500 a.C. Sandálias de madeira Egito
1.200 a.C.
Sandália de folha
Diversos modelos de tiras
Egito, Japão, Ásia, Peru
Europa, Roma Antiga
Século VIII
Tipo Polaina
Europa
Século XI-XII
Pigache ou Patin
Europa
Século XII-
XV
Polaina Europa
Século XV
Mo
cassim, Tamanco, Sandália
Europa
Século XV-XX Suecos, Tamancos de madeira Europa, Ásia, África, Coréia
Século XVI
Botas com salto no calcanhar
Europa
Século XVI-
XVII
Chopinas, Scarpins, Pantufes
Europa, Ásia
Fonte: MONTEIRO e MORAES. Ergonomia, design e conforto no calçado feminino. In: CONGRESSO
P&D DESIGN, 2., 1998, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: PUCRS, 1998. p. 845-852.
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Segundo Silva (2002), o calçado pode ser classificado de várias formas:
Quanto ao tipo de usuário: masculino, feminino e infantil;
Quanto ao tipo de cobertura: aberto ou fechado;
Quanto ao uso que se destinam: social, esportivo, segurança, trabalho, de
praia;
Quanto ao sistema de fabricação: colado, costurado, ensacado, blaqueado,
ponteado, injetado;
Quanto ao modelo: albert, bota, bota de cano longo, botina, botinha, broque,
chanel, chinelo, decorado, de enfiar, falso mocassim, grego, huarache, inglês,
luiz XV, mocassim, monk, mule, napolitano, sandália, sapatilha, tamanco,
tênis.
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O sapato é construído de uma parte superior, o cabedal, e de uma parte
inferior, o solado. Cada uma delas é composta de uma série de outros componentes
com funções bem específicas, conforme mostra o Quadro 3.2.
Quadro 3.2 - Componentes do calçado e suas funções
Componente Função
Acolchoamento Confortar o pé
Adesivos Juntar, unir os componentes entre si
Alma Sustentação da abóboda plantar ao caminhar
Biqueira Sustentar o arco do pé
Cabedal Cobrir e proteger a parte de cima dos pés
Cadarços Não permite que o calçado saia do pé
Contraforte Fixar calcanhar no calçado, dando firmeza ao caminhar
Costuras Juntar as peças e adornar o enfeite
Couraça Forma ao bico, para mantê-lo resistente e inalterado
Entresola Função estética ou amortecer melhor os impactos
Forro Reforçar e dar acabamento ao cabedal
Gáspea Proteger a parte superior do pé
IIhoses Reforçar furos onde passam cadarços
Lingüeta Proteger o peito do pé da fricção dos ilhoses
Linha Juntar as diversas partes do cabedal
Palmilha de Montagem Anteparar e compor o equilíbrio do pé
Palmilha Interna Melhor apresentação ao calçado
Papelão Anteparar o pé
Reforço da Palmilha Fixação firme do salto, evitar a deformação do calçado
Reforços Usados nos cabedais para reforçá-los
Salto Elevar o pé, equilíbrio para o calçado
Sola Proteger e evitar escorregamento
Tacão Proteger o salto do desgaste, absorver o impacto
Vira Acabamento do calçado
Fonte: SILVA, V. (Coord.). Literatura Técnica Básica em Calçados. Novo Hamburgo: CTCCA,
2002. v. 3: Estrutura Fabril - Modelagem de calçados e fabricação de calçados. p. 61-64.
21
As principais partes que constituem o calçado o mostradas nas Figuras
3.1 e 3.2. Outros elementos podem ser acrescentados, dependendo do modelo a ser
produzido ou das necessidades específicas do tipo de fabricação.
Figura 3.1
- Partes do calçado.
Fonte: SILVA (2002, p. 66)
Figura 3.2 - Peças do calçado masculino e feminino.
Fonte: SILVA (2002, p. 65)
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De acordo com Fensterseifer (1995), a indústria brasileira de calçados é
bastante homogênea ao que se refere à divisão do trabalho e apresenta uma
disposição mais ou menos comum, baseada na divisão em setores.
Inicialmente é importante saber que a fabricação de um calçado engloba de
100 a 130 operações, muitas delas manuais. As etapas do processo de fabricação
do calçado em suas linhas gerais, sem entrar nos detalhes técnicos, são mostradas
na Figura 3.3.
Figura 3.3
- Etapas de fabricação do calçado.
Inicia-se pela etapa de modelagem, que é um conjunto de etapas e
processos que começam na criação de um determinado modelo, através do
desenho. Esta é a função chamada “ateliês de modelagem”, onde a modelagem é
elaborada por modelistas de calçados. Pode-se dizer que a modelagem é a etapa da
criatividade na engenharia de um produto, chamado calçado.
Criado o modelo no papel, transforma-se este numa forma, um “duble”,
geralmente de madeira ou plástico. A finalidade da confecção do corpo de forma
consiste em passar para um plano regular, todas as dimensões que a forma
representa. A forma deve ser concebida levando em conta não apenas o volume do
estático, mas considerando também todas as alterações por que passa o ao
se locomover (SILVA, 2002).
O corte é a próxima etapa, onde a partir dos moldes, as diferentes peças
que compõem o cabedal são cortadas com ajuda de lâminas ou de navalhas, sendo
considerado o ponto de equilíbrio de uma empresa, pois, os desperdícios em
operações de corte e recorte, revertem em lucros ou prejuízos. É feito manualmente
utilizando facas e moldes de cartolina ou através de uma prensa hidráulica
denominada balancim de corte (Figura 3.4).
Limpeza
Chanfração
Modelo Forma Corte Costura
Montagem
Acabamento
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Expedição
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(a) (b)
Figura 3.4
- Prensa hidráulica: (a) Balancim de ponte; (b) Balancim hidráulico.
Fonte: SILVA (2002, p. 109)
Cortadas as peças, elas são encaminhadas para a chanfração, que é a
preparação do material para receber a costura, ou seja, a diminuição da espessura
dos cantos e bordas da peça, chamado de chanfro (Figura 3.5). Importante para a
firmeza da costura, aparência e conforto do calçado.
Figura 3.5
- Desenho de peça com chanfro.
Fonte: CTCCA e COTECAF (1986, p. 16)
A operação seguinte é a costura, união de peças, junção das partes que
constitui a estrutura básica da parte superior do calçado, chamado de cabedal. Este
setor comporta uma diversidade de atividades, desde a preparação até a costura.
A montagem, etapa seguinte, onde ocorrem operações diferentes, com
características próprias, sendo que algumas são fundamentais, como:
Fixar palmilha na forma e conformar contraforte;
Reativar couraça e montar bico e calcanhar;
Colar sola e prensar.
O acabamento do calçado é constituído de operações variadas, onde as
mais importantes são a escovação do cabedal, colocação de saltos, impressão da
numeração e colocação de cadarço.
A última etapa do processo de fabricação do calçado é a limpeza, antes da
colocação em caixas e envio para a expedição.
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A palmilha é um dos elementos mais importantes do calçado, pois,
representa a estrutura sobre a qual se alicerçam quase todas as partes que
constituem o modelo, e nesse sentido, pode-se até dizer que é uma peça “com
identidade própria”. Serve de elo de ligação entre as duas principais partes do
calçado, o cabedal e o solado (MYLIUS, 1993).
De acordo com Morbach (2002), a palmilha pode ser considerada o “chassi”
do calçado porque é sobre ela que o calçado é montado no moderno processo de
manufatura. É a base onde o cabedal é colado ou costurado, portanto, é a parte que
a sustentação estrutural principal do calçado. Sobre esta vai uma sobre-palmilha
que faz o contato com o pé. Normalmente, a palmilha propriamente dita nunca é
vista, está oculta sob a sobre-palmilha ou algum forro que faz contato com o pé.
A palmilha de montagem é uma reprodução da planta da forma, com
reforços na parte do calcanhar, tendo as seguintes finalidades:
Dar e manter estrutura ao calçado;
Fixar o cabedal na montagem do calçado;
Manter o formato da superfície da planta do pé.
Segundo Morbach (2002), as palmilhas de montagem variam de acordo com
o tipo de calçado e a construção utilizada, como segue abaixo:
Palmilha simples: feita de um único material, normalmente, flexível, como
não-tecido e celulose. Usado em artigos de salto baixo, como sapatilhas e artigos
esportivos (Figura 3.6).
Figura 3.6
- Palmilha simples.
Fonte: MORBACH (2002, p. 129)
Palmilha emendada: composta por um material para planta na região frontal e
um reforço anterior. A palmilha torna-se resistente, com menor custo, ao receber um
reforço de sustentação. Destinada para calçado de salto baixo a médio (Figura 3.7).
25
Figura 3.7 - Palmilha emendada.
Fonte: MORBACH (2002, p. 130)
Palmilha emendada com reforço duplo: composta por um material de planta
na região frontal, seguida de dois reforços na parte superior e inferior (Figura 3.8).
Figura 3.8
- Palmilha emendada com reforço duplo.
Fonte: MORBACH (2002, p. 132)
Palmilha com encaixe para montagem interna: os encaixes são feitos em
máquinas específicas de fresa, que servem para evitar a marcação da sola pelo
corte, devendo ter no mínimo o mesmo valor da espessura do cabedal. É usado em
calçados abertos, como sandálias com tiras (Figura 3.9).
Figura 3.9
- Planilha com encaixe para montagem interna.
Fonte: MORBACH (2002, p. 134)
Outros tipos de construções de palmilhas são citados a seguir:
Palmilha com acabamento;
26
Palmilha com encaixes para montagem externa;
Palmilha com entalhe;
Palmilha com esqueleto;
Palmilha com meia planta dupla e/ou biqueira;
Palmilha com perfuros internos;
Palmilha com reforço colado;
Palmilha encapada total ou com debrum e biqueira;
Palmilha inteira com reforço duplo;
Palmilha para o sistema ensacado;
Palmilha Goodyear – Welt;
Meia palmilha.
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A fabricação da palmilha de montagem baseia-se no processo de
impregnação de solução de látex de estireno-butadieno em manta de o-tecido de
poliéster, com posterior secagem e reticulação em secador Rama, seguido de
compactação do produto por meio de calandras. Depois disso, o produto obtido é
bobinado. Este método difundiu-se a partir de 1979 devido ao custo deste material
ser inferior ao da celulose, usado até então como base para palmilhas (KNORR-
VELHO; PUBLIO FILHO, 1996).
A impregnação é o processo produtivo em que se imerge um material
suporte em uma parte líquida ou pastosa, seguindo-se de aquecimento para
evaporação do veículo diluente, normalmente água. Dessa forma, é promovida a
reticulação do látex ou resina em não-tecido (REIS; TOCHTROP Jr., 2004).
A consolidação química total para mantas em emulsão aquosa, usando um
polímero sintético reticulável de estireno-butadieno, é o meio mais simples para
fabricação de produtos com não-tecidos, que permite a variação das características
de dureza, flexibilidade e resistência, variando a composição e porcentagem de
látex. Para reticulação da resina utiliza-se a secagem, onde o ar quente flui
passando pelo véu, retirando a umidade do não-tecido. Pressão e calor são usados
para remover a água da manta. A eficiência dos métodos é determinada pela
velocidade da esteira do secador, peso da manta e a composição da fibra
(REWALD, 2006).
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O não-tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou
manta de fibras ou filamentos, orientados direcionalmente ao acaso. Consolidados
por processo mecânico (fricção), químico (adesão), térmico (coesão) ou
combinações destes (PEREIRA, 2005). Basicamente, o não-tecido (Figura 3.10-a) é
um têxtil produzido sem um entrelaçamento ordenado e homogêneo dos fios, mas
sim com uma distribuição aleatória das fibras, diferente de um tecido (Figura 3.10-b)
em que o conjunto de fios é formado por ângulo próximo de 90º, em forma de lâmina
flexível (MORONI, 2005).
(a) (b)
Figura 3.10
- (a) Não-tecido; (b) Tecido.
Fonte: MORONI (2005, p. 5)
Segundo Rewald (2006), o não-tecido pode ser conhecido como nonwoven
(inglês), notejido (espanhol), tessuto nontessuto (italiano), nontissé (francês) e
vliesstoffe (alemão). A invenção de obtenção é conferida a Carta Britânica 114,
concedida a Bellford, em 1853, que revelou o uso de esteiras de transporte,
impregnação e secagem, para fabricação de mantas ou almofadas de algodão para
indústrias de estofados, colchões de mola, etc. Em 1930, iniciaram-se nos Estados
Unidos as primeiras experiências para fabricação do não-tecido de celulose
consolidado com látex. O avanço dos não-tecidos ocorreu em 1948 com a empresa
American Viscose, que agulhou véu de fibras sintéticas e desde 1949 a empresa
Freundenberg fabrica suas entretelas para confecção. Em 1960, aparecem as
primeiras patentes para a fabricação do não-tecido de filamento contínuo de
poliéster, através de fiação por fusão do PET, pelas empresas DuPont de Nemours
e Freudenberg.
28
Os processos de fabricação dos não-tecidos são mais rápidos e menos
trabalhosos do que para os tecidos, pois a fibra é convertida diretamente na manta,
não sendo necessária a construção do fio (REWALD, 2006). A maior parte dos não-
tecidos utilizados na indústria calçadista é composta predominantemente de fibras
de PET e produzida pelo processo “Spunbonded”, manta obtida por via fundida
(Figura 3.11). Este processo é utilizado pelos maiores produtores mundiais de fibras
têxteis (MORONI, 2005).
Figura 3.11 - Processo Spunbonded.
Fonte: MORONI (2005, p. 7)
Na Figura 3.11, o PET é alimentado para dentro da extrusora, na forma de
grãos, onde são fundidos e bombeados por uma bomba de vazão controlada, fluindo
29
o polímero aquecido através de finos orifícios de uma fieira. Nesta fase do processo,
os filamentos de PET obtidos se apresentam amorfos, com baixa orientação
molecular, baixa estabilidade dimensional, baixo dulo, baixa tenacidade e alto
alongamento residual. Continuando, os filamentos extrudados são resfriados em
uma zona de condicionamento de ar, ao mesmo tempo em que o puxados para
baixo e estirados por outro sistema de injeção de ar. Na estiragem é que os
fenômenos da orientação molecular, da cristalização e da relaxação das tensões
internas acontecem, dando a forma final da estrutura física da fibra (MENACHEN;
PRESTON, 1985). Após a fase de estiragem, o sistema desloca-se aleatoriamente
sobre uma esteira transportadora perfurada, posicionando os filamentos contínuos
de forma entrelaçada. A espessura desta manta é controlada pela velocidade da
esteira, sendo que a sua gramatura, neste tipo de processo, pode variar de 20 a 400
g/m². A massa molar média de aproximadamente 15.000 g/mol, para o PET, é
requerida para obter melhores propriedades das fibras têxteis. Peso molecular
menor fornece fibras de baixa resistência de empacotamento, peso molecular maior
fornece fibras duras para aplicação industrial (GIORDANO; CAMPOS, 2006). A
manta é então submetida a um processo de agulhagem, o qual tem a finalidade de
entrelaçar melhor as fibras de forma a proporcionar uma maior estabilidade
dimensional, além de aumentar a resistência à tração e diminuir sua espessura.
Após a agulhagem, a manta é colocada em bobinas, embalada e identificada,
estando pronta para as mais diversas aplicações (REWALD, 2006).
A manta de não-tecido agulhada 100% poliéster (Figura 3.12), utilizada
nesta dissertação é o da Bidim, do grupo inglês BBA-Fiberweb. Segundo a Bidim
(2000), a manta apresenta como principais características: ponto de fusão de 250ºC,
ponto de amolecimento entre 230-240ºC e alongamento à ruptura de 25%. Este
material possui grande resistência à ação de abrasão, micro-organismos e mofo,
soluções salinas, solventes orgânicos, oxidantes e redutores, bases e ácidos
orgânicos, fosfóricos, fluorídrico e oxálico. A manta apresenta uma grande
resistência à tração, o qual “induz de forma sensível” a um direcionamento das fibras
no sentido do comprimento do rolo, podendo, por isso, conferir maior resistência à
tração quando o carregamento é realizado nesse sentido.
30
Figura 3.12
- Não-tecido agulhado de poliéster.
Fonte: MORONI (2005, p.13)
Segundo a Bidim (2000), as propriedades dos não-tecidos de poliéster
possibilitam que este desempenhe nas aplicações, de forma isolada ou
simultaneamente as seguintes funções:
Reforço: Atuando no sentido de aumentar a resistência mecânica do material
que será produzido (Figura 3.13).
Figura 3.13
- Aumento da resistência mecânica do material.
Fonte: BIDIM (2000, p. 3)
Suporte: Quando o não-tecido age como receptáculo base para deposição de
materiais de reforço e impregnante (Figura 3.14).
Figura 3.14
- Não-tecido agindo como receptáculo base de outros materiais.
Fonte: BIDIM (2000, p. 3)
31
Absorção: Principalmente devido a sua alta porosidade, o não-tecido absorve
e atenua a energia térmica proveniente de processos de secagem (Figura 3.15).
Figura 3.15 - Absorção de energia térmica no não-tecido.
Fonte: BIDIM (2000, p. 3)
Acabamento: Em face da sua apresentação e facilidade em alterar as
características de sua superfície, o não-tecido possibilita excelente melhoria estética
dos produtos onde é aplicado (Figura 3.16).
Figura 3.16
- Acabamento em superfícies.
Fonte: BIDIM (2000, p. 3)
Filtração: Devido as suas características, o não-tecido permite a livre
passagem do fluído, com retenção eficiente dos sólidos, garantindo a separação
desejada dos materiais envolvidos (Figura 3.17).
Figura 3.17
- Processo de filtração em não-tecidos.
Fonte: BIDIM (2000, p. 3)
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Poliésteres são polímeros contendo ao menos um grupo ligante éster por
unidade de repetição (ROGERS; LONG, 2003). São materiais poliméricos
produzidos pela interação de álcoois com ácidos policarboxílicos ou ésteres. São
produzidos pela reação de esterificação ou transesterificação (MCMURRY, 2005).
A origem dos poliésteres remonta às primeiras décadas do século passado.
Em 1928 na Universidade de Harvard, o Dr. Wallace Carothers foi um dos primeiros
investigadores que desenvolveu os princípios de cadeia longa. Entre múltiplas
experiências e descobertas em 1941, os investigadores J.R. Whinfield e J.T.
Dickson, da “Calico Printers Association”, de Accrington (Lancashire, Reino Unido)
produziram e patentearam uma fibra de poliéster, à qual foi dado o nome Terylene. A
pesquisa da síntese do poliéster foi desenvolvida na Inglaterra, pelo grupo Imperial
Chemical Industrie (ICI). Em 1942 a DuPont comprou a patente inglesa, batizada por
Dracon®, com produção em massa em 1955 nos Estados Unidos (CHEREM, 2004).
Termoplásticos são aqueles que não sofrem alterações em sua estrutura
química durante o aquecimento até a sua fusão. Os termoplásticos, após serem
resfriados, podem ser novamente fundidos. O Poli (tereftalato de etileno), conhecido
por PET, é classificado como um termoplástico quando o analisadas suas
propriedades de solubilidade e fusibilidade (PEREIRA; MACHADO; SILVA, 2002).
As fibras de PET são elásticas e resistentes à tração e a fricção. São fáceis
de lavar e secam rapidamente. As modernas tecnologias nos segmentos de fiação,
tecelagem e acabamento, permitem que a fibra atenda perfeitamente a exigência de
sua aplicação nos o-tecidos. Essas características fazem do PET uma das mais
versáteis fibras têxteis sintéticas, podendo ser usado na fabricação de artigos para
vestuário, calçados e tecidos técnicos (ALVES, 2005). Em 1980, o consumo de raion
viscose foi superado pelo PET, consolidando desde então como a fibra mais usada
na fabricação de não-tecidos, principalmente devido ao baixo preço, propriedades
hidrófobas, resiliência e resistência (REWALD, 2006).
A fibra de PET adquire estabilidade dimensional permanente quando
submetido à alta temperatura. Deve-se efetuar a secagem à temperatura de 160ºC à
230ºC, durante 30 a 60 segundos, na largura desejada e conforme a gramatura pré-
definida (ALVES, 2005). A baixa temperatura de secagem propicia em tecidos de
PET baixa estabilidade dimensional, toque macio e volumoso e maior sensibilidade à
33
formação de rugas (quebraduras). Por outro lado, a alta temperatura de secagem
provoca elevada estabilidade dimensional, toque duro e fino e menor sensibilidade à
formação de rugas (ARAÚJO; CASTRO, 1984).
As características físicas e químicas do PET são mostradas na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Características físicas e químicas do PET
Características Condições e Valores
Peso específico 1.38 g/cm
3
Resistência à tração
1
2.4 – 4,5 cN/dtex
Alongamento 15 – 40%
Elasticidade após alongar 1% 98% (perda da elasticidade acima de 230ºC)
Absorção da umidade (Regain) 0,4 – 0,8%
Comportamento à chama Queima lentamente com odor aromático
Ponto de fusão 230 a 250ºC
Termofixação 150 a 220ºC
Transição vítrea 81ºC
Resistência à luz solar Muito elevada
Resistência ao mofo Resistente, dentro de seu equilíbrio de umidade
Resistência à traça Resistente
Resistência ao álcali
Boa resistência a álcalis fracos
Resiste moderadamente a álcalis fortes
Ação do suor Nenhum efeito sobre a resistência
Ação dos ácidos
Boa resistência aos ácidos concentrados frios e
aos ácidos diluídos
Ação de oxidantes e redutores Boa resistência
Ação dos solventes orgânicos Solúvel no nitrobenzol, metacresol e fenol.
Insolúvel nos álcalis, benzeno, dioxano,
dimetilformamida, solventes na lavagem a seco.
Ação aos raios ultravioleta Boa resistência
Aparência
Seção transversal esférica, cilíndrica, trilobal,
pentalobal ou côncava
Tingibilidade Tinge com corantes dispersos
Fonte: ALVES, M. L. (Org.) Manual Técnico do Poliéster. 1. ed., Americana: Vicunha, 2005, p. 28.;
RAUBER, M. P.; GONÇALVES, E. (Coord.). Literatura Técnica Básica em Calçados. Novo
Hamburgo: CTCCA, 2002. v. 1: Materiais - Couro e outros materiais de corte. p. 71.
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A Rama (Figura 3.18) é um secador com as funções de extrair água,
promover a cura da resina, padronizar dimensionalmente e dar acabamento ao
produto final. É constituído por um alargador que, através de garras acopladas a
________
1
Medida por unidade de área, sendo que na área têxtil é medida por unidade de título, representado
em centi-Newtos por decitex (cN/dtex).
34
correntes, trabalha numa determinada velocidade em trilhos junto à estrutura rígida
da máquina, tensionando o tecido no sentido transversal e fazendo o mesmo
atravessar a câmara de ar aquecido. A câmara é um longo caminho por onde passa
o tecido, normalmente dividida em vários campos. Nestes campos estão os
equipamentos que aquecem o ar de forma direta, utilizando queimadores a gás. Na
câmara existem ventiladores para insuflar o ar quente e seco, forçando a passagem
pelo tecido pelo princípio de convecção forçada, secando o tecido pelos dois lados
(CHEREM, 2004).
Figura 3.18
- Principais partes do secador Rama.
Fonte: TEXIMA (1999, p. 10)
1 – Rolo de tecido suporte
2 – Reservatório de solução impregnante (cocho)
3 – Foulard de impregnação
4 – Suporte de entrada da Rama
5 – Dispositivo para lubrificação dos elos e pinos da corrente
6 – Limpador de ourelas nos morcetes
7 – Entrada do secador Rama
8 – Pré-câmara do secador Rama
9 – Injetores de ar quente
10 – Exaustor geral
11 – Dispositivo para termofixação
12 – Exaustor de câmara
13 – Vaporizador
14 – Cortador de ourelas
15 – Metrador
16 – Palmilha em rolo
35
As principais partes e funções das diferentes partes do secador Rama são
descritos a seguir (TEXIMA, 1998):
a) Tecido em Rolos
O tecido suporte de não-tecido de poliéster é acondicionado em cavalete,
carro rolom (Figura 3.19), na entrada do secador Rama.
Figura 3.19
- Rolo de não-tecido na entrada da Rama.
b) Impregnação do Tecido
A solução impregnante é transferida do tanque de mistura I ou II, para o
cocho
2
(Figura 3.20), agindo como um receptáculo base para a deposição da resina
polimérica impregnante, onde a manta de não-tecido de poliéster é totalmente
imersa no banho de solução.
A impregnação compõe-se de três fases:
Imersão do véu no banho;
Absorção do líquido ligante pelas fibras;
Eliminação do excesso de ligante.
Figura 3.20 - Impregnação da manta de não-tecido em cocho.
________
2
Tanque aberto com a solução polimérica impregnante, com um cilindro de aço inoxidável no fundo.
36
c) Foulard
A eliminação do excesso de ligante é realizada por um processo mecânico
de hidroextração por foulard
3
. Tem o propósito de uma pré-secagem e amaciamento
obtidos por espremagem entre cilindros, sujeitos a uma determinada pressão, que
deve ser igual em toda a sua extensão, para assegurar uma distribuição homogênea
correta de tices na manta impregnada. Após a primeira espremagem, localizada
após o banho de impregnação (Figura 3.21-a) a manta passa pelo segundo conjunto
de espremedores auxiliares, antes do secador Rama (Figura 3.21-b).
(a) (b)
Figura 3.21
- (a) Foulard principal; (b) Foulard auxiliar.
d) Entrada do Secador
A manta impregnada após passar pelo foulard é fixada nas laterais da
corrente horizontal por um conjunto de morcetes
4
(Figura 3.22-a), seguindo por uma
esteira rolante com destino a entrada do secador Rama (Figura 3.22-b).
(a) (b)
Figura 3.22
- (a) Morcetes prendendo a manta; (b) Entrada da manta no secador.
________
3
Conjunto de cilindros de aço inoxidável.
4
Elos em aço 1060, com pinos de aço especial retificado, usado para prender a manta.
37
e) Saída do secador
A saída da manta na Rama é a fase do processo de compactação, onde se
promove o relaxamento mecânico do tecido, devido à perda de umidade do tecido
para o ambiente na câmara de secagem. Neste processo o tecido deve estar seco,
com baixos índices de umidade nas condições ideais da fibra de poliéster. Após sair
do túnel o tecido passa por um acerto de espessura em um novo conjunto de
foulard, sendo as laterais cortadas em cortador de ourelas devido ao desgaste
causado pelos morcetes no material, obtendo tiras como rejeito. O produto final,
palmilha, é relaxado e acomodado em forma de bobinas (Figura 3.23).
Figura 3.23
- Palmilha em bobina.
f) Queimador de Gás
O queimador de gás Wheishaupt (Figura 3.24-a), localizado nas laterais de
cada câmara de secagem (Figura 3.24-b), possui regulagem de velocidade dos jatos
de ar quente nos injetores inferiores e superiores. Cada um é independente e de
acionamento por sistema eletro-eletrônico, com motores de corrente alternada e
variação de velocidade por inversores de freqüência otimizados por CLP.
(a) (b)
Figura 3.24
- (a) Queimador de gás; (b) Câmaras de secagem.
38
g) Câmara de Secagem e Injetores
O secador possui 5 câmaras de secagem (Figura 3.25), com 6 metros por
câmara, com variações térmicas de controle cada uma, ajustados em painel de
controle. Cada câmara possui 16 injetores de ar quente (Figura 3.26), sendo 8
superiores e 8 inferiores e mais um conjunto de 2 motores e 2 rotores próprios.
Figura 3.25
- Câmara de secagem.
1 – Tecido
2 – Injetor superior
3 – Injetor inferior
4 – Painéis de isolação
5 – Filtros horizontais superior e inferior
6 – Queimador a gás GLP
7 – Setor de aquecimento
8 – Pistão pneumático para comandar dampers do by pass
9 – Dampers do by pass inferior
10 – Conduto de ar para injetor inferior
11 – Rotor
12 – Conduto de ar para injetor superior
13 – Motor
14 – Dampers do by pass superior
15 – Conjunto de alavanca e braços de acionamento do by pass
39
Figura 3.26
- Fluxo de energia nos injetores.
h) Damper
Uma das alternativas para economia de energia é a recirculação parcial do
ar quente que sai da secagem, sendo recirculado parcialmente para o exaustor de
câmara, com ajustes nas aberturas dos dampers (Figura 3.27), reduzindo assim a
necessidade de aquecer tanto o ar de secagem. Lambert, em 1991, trabalhou com
uma estratégia de recirculação de ar em secadores de tecidos, e concluiu que
poderia se alcançar uma melhoria de 8% na eficiência total no processo de
secagem, quando 75% do gás expelido fosse recirculado. Verificou que dampers
demasiadamente abertos elevam o consumo de energia, enquanto que dampers
demasiadamente fechados diminuem o rendimento de evaporação (BONTEMPI,
2004).
Figura 3.27
- Damper aberto em 75%.
40
A maior taxa de evaporação de água ocorre nas duas primeiras câmaras de
secagem. Por esta razão, que altas temperaturas de ar quente são mais importantes
nestas regiões com abertura total dos dampers, para levar a umidade retirada no
produto para fora do sistema, evitando a condensação. Nas câmaras seguintes os
dampers serão fechados gradualmente em valores próximos de 50% e 75%, devido
à diminuição gradual da quantidade de água no produto. Na última câmara o damper
deve estar praticamente fechado, para evitar a perda de energia térmica pela fenda
de saída do túnel do secador, mostrada na Figura 3.28 (TEXIMA, 1998).
Figura 3.28
- Evaporação da água dentro das câmaras do secador.
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As faixas de especificações de controle de qualidade em palmilha adotadas
pela empresa A, com mínimo e máximo, que serviram de referência para o estudo é
apresentada na Tabela 3.2.
Tabela 3.2 - Especificação de controle da palmilha
Gramatura Inicial (g/m
2
)
Peso Base (g/m
2
) Espessura (mm)
110 475 - 525 1,05 - 1,15
150 551 - 609 1,25 - 1,40
200 713 - 788 1,40 - 1,70
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Segundo Perry e Green (1998), o termo secagem aplica-se à transferência
de um líquido que está em um sólido úmido para uma fase gasosa não saturada. É
necessária uma fonte de calor para evaporar o líquido e um sorvedor de umidade
para remoção do vapor d’água, formado a partir da superfície do material seco
(Figura 3.29).
Figura 3.29
- Diagrama do processo de secagem em tecido úmido.
Fonte: BONTEMPI (2004, p. 8)
Conforme Bontempi (2004), a migração da água do interior de um tecido até
a superfície é analisada pelos mecanismos de transferência de massa, que indicará
a dificuldade de secagem dos materiais. Os mecanismos mais significantes que
representam a Figura 3.30 são:
A difusão da água líquida ocorre devido à existência de uma diferença
de concentração;
A difusão do vapor ocorre devido à diferença de pressão de vapor,
causado pelo gradiente de temperatura. O vapor também pode difundir por diferença
de concentração.
Figura 3.30
- Diagrama de migração de umidade no interior de um tecido.
Fonte: BONTEMPI (2004, p. 8)
42
Materiais termofixos ou termorrígidos são aqueles que pelo aquecimento ou
pela ação de resinas plásticas sofrem o processo de cura, tornando-se
permanentemente duro e gido. A impregnação de látex de estireno-butadieno em
não-tecidos de poliéster, pela ação do calor, provoca uma reação química de
reticulação, aglomerando as camadas em uma massa sólida e compacta (REWALD,
2006).
Em muitas áreas da engenharia química tem que lidar com a temperatura de
fixação de compostos em estruturas poliméricas. A complexidade do controle
térmico esta em determinar a cinética química que ocorre durante a cura. Kosar,
Gomzi e Antunovic (2005) estudaram o calor transferido por convecção do ar à
superfície do molde e do calor transferido por condução através da resina de
poliéster insaturado, para promover a cura de estireno, induzida pela decomposição
de um iniciador MEKP (peróxido de etil-metilcetona), realizada em uma câmara
aquecida fechada com temperatura constante (Figura 3.31). Mostraram um
complexo modelo matemático de cura, onde a taxa de calor constante contribuiu
para a cura da reação antecipadamente. Os períodos característicos das curvas de
temperatura versus tempo são mostrados na Figura 3.32, que seguem a equação de
Arrhenius, pois, com a elevação da temperatura do molde (100 para 110ºC),
aumentou a temperatura de cura (156ºC para 172ºC), diminuindo o tempo de reação
(11,0 para 9,5 min).
1. Molde com Resina
2. Termopar 1
3. Termostato (ar aquecido)
4. Termopar 2
5. Termopar 3
6. Bloco Terminal Isotérmico
7. Registrador de Dados
Figura 3.31 - Representação esquemática do sistema de medição.
Fonte: KOSAR, GOMZI e ANTUNOVIC (2005, p. 136)
43
Figura 3.32
- Curva temperatura versus tempo: (I) Período de indução - aquecimento;
(II) Período de reação - cura; (III) Período de relaxamento - estabilização.
Fonte: KOSAR, GOMZI e ANTUNOVIC (2005, p. 136)
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O emprego da energia térmica é muito comum na indústria têxtil, em
processos de secagem e transformação de materiais, o que pode mudar a estrutura
das moléculas nas fibras. O polímero termoplástico, sob o efeito da alta temperatura
rearranja a sua estrutura molecular criando novas áreas cristalinas ou amorfas,
portanto, a fibra e o tecido deste material assumem outras propriedades físicas e
químicas diferentes da inicial (CHEREM, 2004).
As propriedades térmicas mais importantes para as fibras termoplásticas são
o ponto de amolecimento e o ponto de fusão, a partir da qual a fibra começa a
amarelar e é preciso controlar que o tempo de exposição não seja demasiado, para
evitar amarelamentos significativos no tecido (SEBASTIÃO; CANEVAROLO, 2004).
A temperatura de transição vítrea, Tg, é um efeito rmico que pode ser
utilizado para a caracterização de materiais amorfos ou semicristalinos. A Tg é a
propriedade do material onde se obtêm a temperatura da passagem do estado vítreo
para um estado “maleável”, sem ocorrência de uma mudança estrutural. A parte
amorfa do material, onde as cadeias moleculares estão desordenadas, é a
44
responsável pela caracterização da temperatura de transição vítrea. Abaixo da Tg o
material não tem energia interna suficiente para permitir deslocamento de uma
cadeia, com relação à outra, por mudanças conformacionais. Portanto, quanto mais
cristalino for o material, menor será a representatividade da transição vítrea. A
temperatura de fusão cristalina, Tm, é a temperatura média na qual durante o
aquecimento de um polímero semicristalino, ocorre a destruição das regiões
cristalinas do material. Nesta temperatura a energia fornecida ao sistema é
suficiente para vencer as forças intermoleculares existentes no sistema polimérico
(PESSAN, 2004).
A Figura 3.33 mostra a caracterização do PET em DSC, identificando a Tg
em 81ºC e o Tm em 245ºC.
Figura 3.33 - Curva do PET em DSC, identificando a Tg e Tm.
Fonte: MANCINI (2006, p. 137)
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Conforme Foust (1982), na secagem de um tecido úmido, mediante uma
corrente de gás, a uma temperatura e a uma umidade fixa, resulta sempre um tipo
de comportamento padrão. Imediatamente depois do contato entre a amostra e o
meio secante, a temperatura do sólido ajusta-se até atingir o equilíbrio entre a
superfície e o seu meio exterior, período de indução, trecho A’B ou AB (Figura 3.34).
45
Figura 3.34
- Curva de taxa de variação de umidade com o tempo de secagem.
Fonte: OLIVEIRA Jr. (2003, p. 32)
A temperatura do sólido e a velocidade de secagem podem aumentar ou
diminuir para chegarem a essa condição de equilíbrio. Neste caso, a temperatura da
superfície do sólido é a temperatura de bulbo úmido da corrente gasosa. As
temperaturas no interior do sólido tendem a ser igual à temperatura de bulbo úmido
do gás, mas devido às defasagens entre a transferência de calor e massa isso não
acontece. Uma vez que a temperatura do sólido tenha atingido a temperatura de
bulbo úmido do gás, ela permanece constante; a taxa de água eliminada na unidade
de tempo é constante e este período da secagem é o período a taxa constante,
trecho BC (Figura 3.34).
Após o ponto C, a temperatura da superfície eleva-se e a taxa de secagem
cai rapidamente, neste período de taxa decrescente, trecho CD (Figura 3.34), pode
ser mais dilatado que o período de taxa constante, embora a remoção de umidade
possa ser muito menor. É também denominado de “primeiro período de taxa
decrescente”, a superfície fica paulatinamente mais pobre em líquido, pois, a
velocidade do movimento do líquido para a superfície é menor que a velocidade com
que a massa é transferida da superfície. No ponto D (Figura 3.34) não há, na
superfície, qualquer área saturada no líquido. O vapor, nos níveis mais internos da
amostra sólida, difunde-se para a parte da superfície que não está saturada e
46
continua a difundir-se para a corrente gasosa. Este mecanismo é muito lento em
comparação com a transferência convectiva que ocorre na superfície saturada.
Nos teores de umidade mais baixos que os do ponto D (Figura 3.34), toda a
evaporação ocorre a partir do interior do sólido. À medida que o teor de umidade
continua a cair, à distância a ser coberta na difusão do calor e da massa aumenta,
dificultando cada vez mais a migração de umidade, a que no limite, quando o
sólido chega à umidade de equilíbrio, Y
eq
(Figura 3.34), cessa a secagem. O teor de
umidade de equilíbrio é atingido quando a pressão de vapor sobre o sólido é igual à
pressão parcial do vapor na corrente gasosa. Este período é denominado “segundo
período de taxa decrescente”.
Han, Mai e Gu (1991) comprovaram o efeito significativo da intensidade da
vibração na taxa de secagem em leitos fluidizados. A velocidade do ar apresentou
pouca influência na taxa de secagem. O aumento na altura do leito acarretou em
diminuição da taxa de secagem e o aumento da temperatura do ar resultou em
aumento na taxa de secagem, diminuindo a consumo de energia. Estudos
posteriores realizados por Prado et al (2000), Yoshida e Menegalli (2000) chegaram
a mesma conclusão, quando fixaram a temperatura do ar e variaram a velocidade do
ar, verificaram que a velocidade do ar tem um pequeno efeito sobre as curvas de
secagem, quando comparada à temperatura do leito de secagem.
Gouveia (1999) desenvolveu curvas de secagem e concluiu que para um
mesmo tempo de processo, quanto maior for a temperatura do ar, maior a perda de
umidade do produto.
Urashima e Vidal (2002) estudaram o mecanismo de filtração de geotêxteis
em manta de não-tecido agulhado, principalmente os aspectos relativos à filtração
de partículas em suspensão. Para abordar o estudo do processo de carreamento e
retenção de partículas por simulação, foi necessário modelar a estrutura por
intermédio de análise de imagens, realizada por câmara de vídeo CCD acoplada a
um microscópio, com capacidade de ampliar 300 vezes (Figura 3.35). Os resultados
da distribuição granulométrica apresentaram o comportamento esperado: quanto
maior o diâmetro da fibra, maior a quantidade de líquido que passa. Em processos
de secagem de tecidos, deve-se avaliar o diâmetro e a gramatura das fibras como
uma característica física inicial dos não-tecidos, pois a variação da retenção de
umidade na sua estrutura interna influencia na taxa de secagem.
47
(a) (b)
Figura 3.35
- (a) Não-tecido agulhado seco; (b) Não-tecido agulhado úmido.
Fonte: URASHINA e VIDAL (2002, p. 1118)
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O teor de umidade de equilíbrio de um tecido é definido como sendo o teor
de umidade deste produto depois de exposto a um ambiente com condições de
temperatura, pressão e umidades relativas controladas, por um período de tempo
suficiente para que ocorra o equilíbrio. Portanto, o teor de umidade corresponde ao
equilíbrio entre as pressões de vapor da água no material e no ambiente. A umidade
de equilíbrio estabelece parâmetros, temperatura e umidade relativa, que
determinam a umidade em que o material pode ser seco ou, por exemplo,
armazenado de forma segura (MESQUITA; ANDRADE; CORRÊA, 2001).
Existem dois métodos clássicos na determinação do teor de umidade de
equilíbrio: o método estático e o método dinâmico. No método estático, a umidade
de equilíbrio entre o material e a atmosfera é atingida sem a movimentação do ar ou
do material. No método dinâmico, o ar ou o material, é movimentado mecanicamente
até que o equilíbrio seja atingido. A vantagem do método estático se deve à maior
facilidade de se obter as condições termodinâmicas constantes (BARROZO, 1995).
Se um tecido seco for posto em um ambiente com certa umidade relativa a
temperatura constante, esta fibra promoverá uma adsorção do vapor d’água do
ambiente até um valor de equilíbrio, característico para cada tipo de fibra. Se o valor
da umidade relativa do ambiente diminuir, ocorrerá uma dessorção do vapor d’água
da fibra de forma similar à adsorção (Figura 3.36). A diferença entre a dessorção e a
adsorção recebe o nome de histerese (BONTEMPI, 2004).
48
Figura 3.36
- Isoterma de equilíbrio.
Fonte: BONTEMPI (2004, p. 13)
O estudo do comportamento das fibras perante o vapor d’água deve ser
conhecido, pois, secagens excessivas podem causar a queima das fibras, tendo
como resultado o amarelamento dos tecidos e o custo energético elevado. A
capacidade máxima de adsorção de vapor d’água para algumas fibras é
apresentada na Figura 3.37, onde o poliéster atinge valores próximos a 1% de água
na sua composição têxtil, sem causar mancha de umidade nos tecidos (BONTEMPI,
2004).
Figura 3.37
- Isotermas de adsorção máxima para algumas fibras.
Fonte: BONTEMPI (2004, p. 13)
49
Quando o tecido é secado abaixo da umidade de equilíbrio, ocorrerá um
desperdício de energia térmica, pois este entra em equilíbrio ao ser retirado do
secador, isto é, adsorverá uma certa quantidade de água novamente (BARROZO,
1995). A Tabela 3.3 apresenta a variação percentual de água aceitável em alguns
tecidos em relação às umidades relativas do ar em 65% e 95%, onde os valores
para o poliéster variam de 0,3 a 0,8% de umidade interna em relação à massa seca
do tecido.
Tabela 3.3 - Valores máximos de umidade em tecidos
Umidade Relativa do Ar 65% 95%
Tipos de Tecidos Umidade no tecido % Umidade no tecido %
Acetato 6,5 14,0
Algodão 8,0 – 8,5 16,0
Cânhamo 10,0 30,0
Cupro 12,5 27,0
14,5 28,0
Linho 10,0 20,0
Poliamida 3,0 – 4,5 6,0 – 8,0
Poliéster 0,3 – 0,4 0,5 – 0,8
Seda 10,5 37,0
Viscose 11,5 – 12,5 30,0 – 40,0
Fonte: BONTEMPI, A. Eficiência Energética de Secadores Industriais: Análise e Propostas
Experimentais. Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica, Pontifícia Universidade Católica
do Paraná, Curitiba, 2004, p. 14.
O município de São Leopoldo, onde se realizou o estudo, está localizado na
região de encosta inferior do nordeste do Rio Grande do Sul, entre Porto Alegre e
Campo Bom. Está 26 metros acima do nível do mar, apresentando clima
mesotérmico subtropical com períodos temperados e 76% de umidade relativa
média do ar (HACKBART, 2006). A Tabela 3.4 apresenta as médias mensais de
umidade relativa do ar em Porto Alegre e Campo Bom, registradas em 2005 e 2006,
servindo como referência, em virtude de São Leopoldo não possuir uma Seção de
Observação e Metereologia Aplicada (SEOMA).
50
Tabela 3.4 - Médias de umidade relativa em Porto Alegre e Campo Bom
Umidade Relativa 2005 (%) 2006 (%)
Mês Porto Alegre Campo Bom Porto Alegre Campo Bom
Janeiro 68 69 74 76
Fevereiro 73 74 74 75
Março 73 77 72 73
Abril 83 87 76 81
Maio 83 86 81 84
Junho 84 89 83 85
Julho 78 82 80 83
Agosto 79 84 78 80
Setembro 78 82 74 78
Outubro 78 82 73 76
Novembro 67 72 72 74
Dezembro 66 69 71 72
Média 75,8 79,4 75,7 78,1
Fonte: REGISTROS CLIMATOLÓGICOS DE SUPERFÍCIE [SEOMA] INMET.Porto Alegre,2005-2006.
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É conveniente o uso de uma ferramenta de otimização empírica no estudo
da melhoria do desempenho da secagem de não-tecidos em Rama, tendo-se optado
pelo método simplex modificado.
O método simplex é de fácil implantação nos processos automatizados. Sua
aplicação é relativamente cil, rápida e permite localizar a região ótima com boa
margem de segurança, apesar de não fornecer informações claras com respeito ao
comportamento das variáveis (EIRAS; ANDRADE, 1996). Por outro lado, numa
otimização simplex podemos otimizar uma resposta de cada vez, passando para
uma etapa seguinte depois de conhecer a resposta da etapa imediatamente anterior.
Essa característica faz com que o emprego do método seja mais conveniente em
instrumentos de resposta rápida, como sistemas de fluxo. Além disso, o exige o
emprego de testes e significância, como os testes t e F, o que é uma vantagem
(NETO; SCARMINIO; BRUNS, 2003).
51
Um simplex é uma figura geométrica espacial em n dimensões, constituído
de n+1 pontos. Cada dimensão corresponde a uma variável a ser otimizada. Um
simplex em duas dimensões é um triângulo, em três dimensões é um tetraedro, com
quatro ou mais é um hiperpoliedro. A idéia de utilizar n+1 pontos por interação para
definir um algoritmo de busca direta é razoável, visto que n+1 pontos seriam
suficientes, por exemplo, para aproximar o gradiente da função objetivo por
diferenças finitas. A essência desses métodos está em substituir os vértices do
simplex, em geral o pior deles, ou seja, aquele que tem o valor menos desejado da
função objetivo. A maneira mais usual de fazê-lo é refletindo o ponto através do
centróide da face oposta (PEDROSO, 2005).
O algoritmo modificado de Nelder e Mead de 1965 é provavelmente o
método de busca direto mais utilizado. Ele permite alterar seu tamanho e sua forma,
com contração e expansão do simplex, além da reflexão e, conseqüentemente,
adaptar-se melhor à superfície de resposta (PEDROSO, 2005). Essa flexibilidade
possibilita uma determinação mais precisa do ponto ótimo, porque o simplex pode
encolher e esticar nas suas proximidades, resultando em um número menor de
ensaios e aproximando-se mais rapidamente da região de interesse (WALTERS,
1991). Os possíveis movimentos do simplex modificado são ilustrados na Figura
3.38. Outro exemplo de otimização, partindo-se de um simplex inicial, com duas
variáveis de controle é mostrado na Figura 3.39.
Figura 3.38
- Movimentos do simplex modificado: W = inicio; R = reflexão; E = expansão;
C+ = contração positiva; C– = contração negativa.
Fonte: GRABITECH (2007, p. 13)
52
Figura 3.39
- Exemplo de otimização com duas variáveis de controle.
Fonte: GRABITECH (2007, p. 12)
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A partir das necessidades de implantar a verificação das condições técnicas
para serem validadas e poderem ser comparadas com a literatura, foi adotada uma
metodologia levando em conta as necessidades da empresa A e a disponibilidade
de recursos oferecidos. O estudo foi desenvolvido com materiais de não-tecidos
agulhados de poliéster, com gramaturas de 110, 150 e 200 g/m
2
que foram
impregnados em látex de estireno-butadieno e secos em secador Rama. O ponto de
coleta das amostras foi no final do processo, antes da palmilha ser acomodada em
bobinas.
A primeira parte do trabalho constituiu-se no preparo da solução
impregnante, geometria do túnel de secagem e um estudo térmico sobre as
condições operacionais do secador, associando às aberturas dos dampers a uma
gramatura de material e perfil térmico. Utilizou-se o método Simplex Modificado,
como auxílio na tomada de decisão, para determinar os valores máximos e mínimos
para velocidade da esteira secadora, correlacionados aos teores de umidade
permitidos. Deste modo, obtiveram-se curvas de secagem da Rama com perfil
térmico econômico, usado em épocas de poucos pedidos comerciais, e de perfil
térmico avançado, utilizado em momentos de muitos pedidos comerciais. Os ensaios
de umidade, peso base e espessura foram realizados no laboratório de controle da
qualidade interno da empresa A. Neste período, foram coletados os resultados
mensais de produção de palmilha, consumo e custo de GLP.
Na segunda parte do estudo foi realizada a produção-teste por seis meses,
buscando a redução no consumo e custos com GLP. Utilizaram-se às curvas de
secagem como modelos de operação na Rama, sendo três meses em perfil rmico
avançado (velocidade máxima e temperatura alta) e outros três meses em perfil
térmico econômico (velocidade mínima e temperatura baixa). Os resultados obtidos
foram comparados com os dados mensais de produção.
54
A terceira parte do estudo demonstra as certificações das curvas de
secagem, dentro das normas para palmilhas, com ensaios de índice de flexão,
resistência à tração e alongamento na ruptura e comportamento à água. Foram
realizadas em laboratório de controle da qualidade externo, no Centro Tecnológico
do Calçado SENAI Novo Hamburgo, tendo as seguintes certificações e
reconhecimentos:
INMETRO, a partir de 1992, certificado CRL-0048, com base na
ABNT NBR ISO/IEC 17025 (Anexo A);
Rede Metrológica e de Ensaios do Rio Grande do Sul, a partir de
1993, certificado nº 0103, com base na ABNT NBR ISO/IEC 17025 (Anexo B);
NBR ISO 9001:2000 pelo BVQI, certificado nº 120505 (Anexo C);
CRQ 5ª Região, registro nº 3373.
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A consolidação química é a operação fechada da tecnologia dos não-
tecidos, pois, a sua complexidade explica o know-how das indústrias deste setor e
ao mesmo tempo constituem os segredos mais guardados neste negócio. O preparo
da dispersão polimérica é a atividade inicial, a qual determina as propriedades de
uso dos não-tecidos. Fazem parte da formulação os seguintes compostos: água,
amido de milho, amido de mandioca, carbonato de cálcio, hidróxido de amônio e
látex de estireno-butadieno com agente de cura.
O agente ligante, látex de estireno-butadieno, é o meio pelo qual os véus
são consolidados firmemente a fim de originar a manta não-tecida resinada. O
agente dispersante usado é a água e os demais produtos da formulação funcionam
como carga, com exceção do hidróxido de amônio que é um desinfetante.
O preparo da solução impregnante é feito em dois tanques diferentes. No
primeiro momento é realizada pela mistura dos compostos, sem a adição de látex
(Figura 4.2-a), em tanque de dispersão com agitador mecânico (Figura 4.1). O ponto
final de viragem é identificado pela viscosidade da solução (Figura 4.2-b). Após esta
é transferida por gravidade para o tanque batedeira (Figura 4.3-a), onde é colocado
o látex de estireno-butadieno, com auxílio de uma bomba. A solução polimérica
obtida depois da agitação é chamada de impregnante, que é transferida para o
tanque de mistura I ou II do secador Rama (Figura 4.3-b).
55
Figura 4.1 - Tanque de dispersão com agitador mecânico.
(a) (b)
Figura 4.2 - (a) Começo da dispersão; (b) Final viscoso da dispersão.
(a) (b)
Figura 4.3 - (a) Tanque batedeira; (b) Tanques de Mistura I e II da Rama.
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A geometria do túnel de secagem escolhida para o estudo foi a de largura
constante (Figura 4.4), pois, esta é utilizada como padrão pela empresa A. Um rolo
de não-tecido agulhado 100% PET possui 400 metros lineares de comprimento com
larguras de 1,0; 1,5 ou 2,0 metros. A largura de operação da máquina Rama é
ajustada através de um volante e um indicador Siko (Figura 4.5), que acionam os
motoredutores internos do secador, localizados em sete pontos: suporte de entrada,
cinco campos de secagem e suporte de saída.
Figura 4.4 - Geometria de largura constante no túnel do secador.
Fonte: TEXIMA (1998, p. 55)
Figura 4.5 - Volante e indicador Siko.
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O estudo térmico no interior do secador Rama buscou obter o máximo
aproveitamento da energia circulante no secador, minimizando a perda de energia
térmica, com ajustes nas aberturas dos dampers associada a um perfil térmico de
secagem. É pelo reciclo da energia térmica que se minimiza GLP.
Ajustaram-se as cinco câmaras de secagem para obter uma mesma
temperatura na superfície do tecido, devido ao pouco tempo de retenção do não-
57
tecido no secador, obedecendo ao principio de não danificar o produto, quanto ao
excesso de umidade ou queima da superfície do material.
As temperaturas nas câmaras de secagem foram ajustadas em display no
painel de controle da Rama. Para as medições das temperaturas na superfície da
manta, dentro de cada câmara do túnel no secador, utilizaram-se termopares do tipo
T, com erro de ± 0,75% (0 a 350ºC), inserido o mais próximo possível da superfície,
acoplado a um indicador digital de temperatura Agilent 34970A.
A metodologia adotada baseou-se na norma NBR 14610:2000 Indicador
de temperatura com sensor.
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Peso base é o procedimento de controle da gramatura do produto final, isto
é, a quantidade de massa de material têxtil por unidade de área.
Para realizar o ensaio foram cortados corpos-de-prova, com navalha, em
formato retangular, com dimensões de 30 x 25 cm, sendo medido em régua de
escala centesimal. Após, a amostra foi pesada em balança analítica Chyo MJ-3000,
com precisão de 0,0001 gramas. Como exemplo dos cálculos do procedimento,
podemos ilustrar:
Amostra retangular de 30 x 25 cm (área = 0,300 x 0,250 = 0,075 m
2
);
Massa da amostra retangular na balança = 15,000 g;
Peso Base = massa/área = 15,000 / 0,075 = 200,000 g/m
2
.
As especificações de peso base encontram-se na Tabela 3.2, anteriormente
apresentada.
A metodologia seguiu a NBR 12984/2000 Não-tecido Determinação da
massa por unidade de área.
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O ensaio da espessura representa a distância entre as superfícies superior e
inferior do material têxtil, medida pela distância vertical entre um plano de referência,
sobre o qual repousa o material e um plano paralelo sobre a palmilha. Para fazer a
medida da espessura utilizou-se um paquímetro digital Mitutoyo Digimatic CD-6 e
um espessímetro Mitutoyo 2046-08, ambos com precisão de 0,01 mm.
58
As especificações da espessura encontram-se na Tabela 3.2, anteriormente
apresentadas.
O procedimento seguiu as recomendações da norma NBR 13371/2005
Materiais têxteis – Determinação da espessura – Método de ensaio.
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Para a determinação do teor de umidade no produto, as amostras foram
coletadas e levadas rapidamente para o laboratório, de 30 a 60 segundos após a
coleta, a fim evitar a adsorção da umidade relativa do ar. Foram também pesadas
em balança analítica eletrônica Marte AL 500, com precisão de 0,0001 gramas e,
após, colocadas em estufa Biopar 580 AR, com precisão de 0,1ºC. O teor de
umidade foi determinado pelo método de massa constante em estufa a 105 ± 3ºC.
Pelo teor de umidade correlacionado com a velocidade da esteira do
secador levantaram-se as curvas de secagem para cada gramatura de material.
Ajustou-se os perfis térmicos possíveis, usando o software MultiSimplex® 2.1 Demo.
Esta ferramenta auxiliou a tomada de decisão, permitindo o melhor ‘passo-a-passo’
com o mínimo de experimentos realizados, a fim de acertar as faixas de velocidade
da esteira do secador. Esta velocidade foi controlada em relação a três variáveis de
produto: umidade, peso base e espessura.
A metodologia adotada baseia-se na norma NBR 8428 Condicionamento
de materiais têxteis para ensaio – Procedimento.
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Os resultados deste método fornecem um bom guia da qualidade geral das
palmilhas usadas em calçados, pois, medem a tensão máxima nas fibras no
momento da quebra. As palmilhas são flexionadas mecanicamente e repetitivamente
até ocorrer à ruptura. Do número de ciclos de flexões até a ruptura é calculado um
índice de flexão.
As amostras de palmilhas foram climatizadas por 24 horas, em uma
atmosfera de 23 ± 2ºC e 50 ± 5% de umidade relativa e, nestas mesmas condições,
foi conduzido o ensaio. As amostras foram
cortadas em vazador e prensa hidráulica
ATOM VS 918, formando um conjunto de quatro corpos de prova retangulares, 80
59
mm x 10 mm (Figura 4.6), com os 80 mm do lado paralelo à direção do corte na
máquina e um segundo conjunto de quatro retângulos similares na transversal.
Figura 4.6 - Corte dos corpos de prova na amostra de palmilha.
O aparelho para flexão, chamado de Máquina de Flexão de Palmilhas
Fibrosas SATRA STM 129 (Figura 4.7-a), possui um sistema de garras onde é fixada
a parte superior do corpo de prova. A outra parte do corpo de prova, parte inferior, é
presa em garra com peso de massa de 2 ± 0,01 kg. O ensaio foi realizado pela
oscilação mecânica de um eixo abaixo das garras, em um plano perpendicular ao
plano dos corpos de prova verticais, girando a 90 ± em cada lado da vertical, em
uma freqüência de 60 ± 10 ciclos por minuto. Na parte inferior, o peso foi suspenso
pela extremidade inferior do corpo de prova em movimentos verticais abaixo da linha
da dobra. Os contadores de flexões individuais para cada corpo de prova indicam o
número total de ciclos de flexão completados durante o ensaio, parando
automaticamente quando o corpo de prova rompe (Figura 4.7-b).
(a) (b)
Figura 4.7 - (a) Máquina de flexão; (b) Corpos de prova rompidos.
60
O cálculo do índice de flexão para cada direção principal é dado por:
(
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+
Χ
+
Χ
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(1)
Onde: X
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, X
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, X
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e X
4
são respectivamente os números dos ciclos de quebra.
Outra forma de classificar a palmilha, sem envolver o cálculo de log, é pela
média simples dos números de ciclos de quebra:
)
Χ
+
Χ
+
Χ
+
Χ
=
432
(
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4
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º CiclosN
(2)
A classificação da palmilha de não-tecido em calçados, pelo índice de flexão
ou pela média dos números de ciclos de quebra é apresentada na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Valores para índice de flexão ou número de ciclos
Classificação da Palmilha I.F. Nº Ciclos
Palmilha de alta qualidade ≥ 3,50 ≥ 3162
Palmilha de uso e preço médio 3,00 - 3,49 1000 - 3161
Palmilha de uso leve e não prolongado
2,50 - 2,99 316 - 999
Fonte: BOYEN, A. D. (Coord.). Literatura Técnica Básica em Calçados. Novo Hamburgo: CTCCA,
2002. v. 1: Controle de Qualidade: Calçados e Componentes. p. 64.
A metodologia adotada baseia-se nas normas:
BS 5131/1990 – Seção 4.2 – Índice de flexão de chapas de fibra;
SATRA PM 3 – Teste de resistência à flexão para chapas de fibra;
NBR 10455/2006 Climatização de materiais usados na fabricação
de calçados e correlatos.
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(
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)
)
O ensaio de determinação da resistência à tração e alongamento tem por
objetivo verificar a força máxima necessária para romper um corpo-de-prova do
material sob tração e, simultaneamente, verificar o seu alongamento no momento da
ruptura.
As amostras do material foram climatizadas por 24 horas, em uma atmosfera
de 23 ± 2ºC e 50 ± 5% de umidade relativa, antes do corte do corpo de prova e do
ensaio ser realizado. Foram cortados cinco corpos de prova na direção longitudinal e
cinco na direção transversal, com vazador de amostras e prensa hidráulica ATOM
VS 918, na dimensão de 100 mm x 20 mm.
61
O aparelho utilizado para realizar o teste foi uma Máquina de Ensaio
Universal EMIC DL-200 Computadorizada (Figura 4.8). Os gráficos e resultados
foram gerados pelo software programa Tesc versão 3.00. O equipamento possui
garra superior e inferior com distância ajustada de 200 ± 1 mm entre elas. O corpo
de prova foi preso entre as garras, ficando tão esticado quanto possível, sem
aplicação de uma pré-tensão (Figura 4.9-a). Aplicar uma velocidade de afastamento
vertical constante das garras de 100 mm/min e registrar a curva força (N) x
deformação específica (%) para cada corpo de prova. O teste finaliza com o
rompimento, no centro, do corpo de prova (Figura 4.9-b).
Figura 4.8 - Máquina de ensaio universal EMIC DL-200.
(a) (b)
Figura 4.9 - (a) Corpo de prova preso; (b) Corpo de prova rompido.
62
A fabricação de palmilha de montagem a base de não-tecido deve
apresentar para construção de segurança, os seguintes valores para o ensaio de
resistência à tração e alongamento na ruptura, a seco, apresentados na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 - Valores para resistência à tração e alongamento na ruptura, a seco
Testes Físicos Valor Indicado
Tração (N/2.000 mm
2
) ≥ 120
Força Máxima (N) Sem indicação
Alongamento na Força Máxima
5
(%) ≤ 10
Fonte: BOYEN, A. D. (Coord.). Literatura Técnica Básica em Calçados. Novo Hamburgo: CTCCA,
2002. v. 1: Controle de Qualidade: Calçados e Componentes. p. 63.
A metodologia usada obedeceu às normas:
BS 5131/1990 – Seção 4.5 – Resistência à tração de chapas de fibra;
SATRA PM 2 – Teste de tração para chapas de palmilhas;
NBR 13041/1993 Não-tecido Determinação da resistência à
tração e alongamento;
NBR 10455/2006 Climatização de materiais usados na fabricação
de calçados e correlatos.
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Adsorção de água é a capacidade de um material adsorver água na sua
estrutura e a dessorção é a capacidade de um material liberar evaporar a água por
ele adsorvida anteriormente. O ensaio foi realizado para observar o comportamento
ao suor em palmilhas.
As amostras do material foram climatizadas por 24 horas, em uma atmosfera
de 23 ± 2ºC e 50 ± 5% de umidade relativa, antes dos ensaios serem feitos. Para o
teste de adsorção de água foram cortados três corpos de prova, com navalha, na
dimensão de 100 mm x 100 mm, pesados em balança analítica eletrônica Sartorius
GMBH GOTTINGEN, com precisão de 0,0001 gramas. Então, foram imersos
completamente em água deionizada a 23 ± 2ºC, não tendo contato entre si, durante
8 horas. Após este período, retiraram-se os corpos de prova um a um, enxugou-se o
excesso de água com papel absorvente e pesou-se na balança.
________
5
O valor indicado (≤ 10%) para o teste de Alongamento na Força Máxima refere-se sobre o valor
registrado na Força Máxima (N).
63
Para verificar o teste de dessorção de água no material, os mesmos corpos
de provas, logo após a adsorção de água, foram colocados em repouso em um
suporte, em clima normal do laboratório por 16 horas, para ocorrer à evaporação da
água, anteriormente adsorvida.
O cálculo dos valores envolve as seguintes fórmulas:
Adsorção (%) = Peso Úmido - Peso Inicial x 100
Peso Inicial
Dessorção (%) = Peso Úmido - Peso Final_ x 100
Peso Úmido - Peso Inicial
Os valores recomendáveis para os ensaios de adsorção e dessorção em
palmilha de montagem a base de não-tecido, são apresentados na Tabela 4.3.
Tabela 4.3 - Valores para adsorção e dessorção
Ensaio Valor Indicado
Adsorção ≥ 35 %
Dessorção ≥ 40 %
Fonte: BOYEN, A. D. (Coord.). Literatura Técnica Básica em Calçados. Novo Hamburgo: CTCCA,
2002. v. 1: Controle de Qualidade: Calçados e Componentes. p. 63.
A metodologia seguiu as seguintes normas:
DIN 4843 – item 6.7 – Calçados de proteção;
PFI – Adsorção de água, aumento de volume, dessorção de água;
CTC SENAI S-004/ME:1993 – Comportamento à água;
NBR 10455/2006 – Climatização de materiais.
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o
O estudo térmico no interior do secador ajustou as temperaturas de
secagem em cada câmara de secagem, também chamada de campo, para obter um
perfil térmico linear com aproximadamente a mesma temperatura na superfície do
não-tecido. A resposta de controle esperada seria um perfil térmico decrescente de
ajuste manual nos displays do painel do secador.
As aberturas dos dampers foram ajustadas em cada campo, conforme a
literatura indicada pelo fabricante da Rama (TEXIMA, 1998). Nos dois primeiros
campos ajustou-se as aberturas dos dampers em 100%, devido ser essa uma região
de maior taxa de evaporação de água, retirada para o exaustor geral, sem
reaproveitamento da energia no meio circulante, encaminhada para a chaminé do
secador. A reutilização da energia poderia condensar a massa de água extraída,
ocasionando retorno de umidade. No terceiro campo, onde ocorre a reticulação, por
ser uma região intermediária com menor taxa de água, ajustou-se em 50% a
abertura do damper, sem variações, com reaproveitamento da energia térmica do
exaustor geral pela recirculação. No quarto e quinto campo trabalhou-se com
variações no fechamento dos dampers, por ser uma região de menor volatilidade de
água e mais de conformação do material, com reaproveitamento da energia térmica.
Os resultados dos ajustes térmicos para cada gramatura são mostrados nas
Tabelas 5.1, 5.2 e 5.3, que representa a dia de dez medições para cada perfil
térmico, com seu desvio padrão do valor médio, depois de ajustados linearmente
nos campos do secador. As Figuras x.1, x.2 e x.3, mostra a temperatura na
superfície da manta em cada campo do secador, conforme o perfil térmico ajustado.
65
Tabela 5.1 - Resultados dos ajustes térmicos para 110g/m
2
Perfil Térmico 1º Campo
2
º Campo
3º Campo 4º Campo
5º Campo
ºC Relação
Abertura
100%
Abertura
100%
Abertura
50%
Abertura
30%
Abertura
20%
220
Display 230,0 220,0 210,0 210,0
200,0
Medido 221,8 ± 0,8
221,1 ± 0,4
220,6 ± 0,3
219,6 ± 0,3
218,2 ± 0,6
210
Display 220,0 210,0 200,0 200,0
190,0
Medido 211,1 ± 0,7
210,9 ± 0,4
210,8 ± 0,3
210,1 ± 0,3
208,0 ± 0,5
200
Display 210,0 200,0 190,0 190,0
180,0
Medido 200,7 ± 0,8
200,3 ± 0,4
201,0 ± 0,2
200,2 ± 0,3
198,5 ± 0,5
190
Display 200,0 190,0 180,0 180,0
170,0
Medido 191,1 ± 0,8
190,4 ± 0,3
189,9 ± 0,2
189,1 ± 0,3
187,7 ± 0,6
180
Display 190,0 180,0 170,0 170,0
160,0
Medido 179,8 ± 0,8
180,0 ± 0,4
179,1 ± 0,2
178,7 ± 0,3
176,8 ± 0,6
110 g/m
2
170
180
190
200
210
220
230
1 2 3 4 5
Campos do Secador
Temperatura (ºC)
220 210 200 190 180
Figura 5.1
- Temperatura medida na superfície da manta de 110 g/m
2
.
66
Tabela 5.2 - Resultados dos ajustes térmicos para 150 g/m
2
Perfil Térmico 1º Campo
2
º Campo
3º Campo 4º Campo
5º Campo
ºC Relação
Abertura
100%
Abertura
100%
Abertura
50%
Abertura
30%
Abertura
20%
220
Display 230,0 220,0 210,0 210,0
200,0
Medido 221,6 ± 0,9
221,0 ± 0,4
221,7 ± 0,3
218,8 ± 0,3
217,1 ± 0,5
210
Display 220,0 210,0 200,0 200,0
190,0
Medido 209,8 ± 0,8
209,5 ± 0,4
209,2 ± 0,2
208,7 ± 0,3
207,2 ± 0,6
200
Display 210,0 200,0 190,0 190,0
180,0
Medido 199,7 ± 0,8
199,0 ± 0,4
198,6 ± 0,3
198,2 ± 0,3
197,1 ± 0,5
190
Display 200,0 190,0 180,0 180,0
170,0
Medido 189,6 ± 0,7
189,2 ± 0,4
188,5 ± 0,3
188,4 ± 0,3
187,0 ± 0,5
180
Display 190,0 180,0 170,0 170,0
160,0
Medido 179,2 ± 0,8
179,2 ± 0,4
177,6 ± 0,2
178,3 ± 0,2
175,6 ± 0,5
150 g/m
2
170
180
190
200
210
220
230
1 2 3 4 5
Campos do Secador
Temperatura (ºC)
220 210 200 190 180
Figura 5.2 -
Temperatura medida na superfície da manta de 150 g/m
2
.
67
Tabela 5.3 - Resultados dos ajustes térmicos para 200 g/m
2
Perfil Térmico 1º Campo
2
º Campo
3º Campo 4º Campo
5º Campo
ºC Relação
Abertura
100%
Abertura
100%
Abertura
50%
Abertura
25%
Abertura
15%
220
Display 230,0 220,0 210,0 210,0
200,0
Medido 220,9 ± 0,7
220,0 ± 0,4
219,8 ± 0,3
219,6 ± 0,3
218,2 ± 0,6
210
Display 220,0 210,0 200,0 200,0
190,0
Medido 209,6 ± 0,8
209,1 ± 0,4
208,7 ± 0,2
209,2 ± 0,2
208,4 ± 0,6
200
Display 210,0 200,0 190,0 190,0
180,0
Medido 199,2 ± 0,8
199,9 ± 0,4
198,2 ± 0,3
198,5 ± 0,3
198,3 ± 0,5
190
Display 200,0 190,0 180,0 180,0
170,0
Medido 189,1 ± 0,6
189,8 ± 0,4
190,6 ± 0,3
189,0 ± 0,2
188,1 ± 0,5
200 g/m
2
180
190
200
210
220
230
1 2 3 4 5
Campos do Secador
Temperatura (ºC)
220 210 200 190
Figura 5.3 - Temperatura medida na superfície da manta de 200 g/m
2
.
68
Nos dois primeiros campos do secador as relações entre as temperaturas
ajustadas em display e medida na superfície do tecido, mantiveram uma linearidade
de resultados para os três tipos de gramaturas. No primeiro campo verificou-se uma
elevação de aproximadamente 10ºC para as temperaturas ajustadas no display, em
comparação a medida no tecido. Este incremento de energia térmica foi necessário
devido esta ser uma região de entrada do túnel do secador, com perda térmica para
o ambiente externo, e também, devido à maior taxa de evaporação de água neste
campo inicial. no segundo campo, sem perda de energia rmica, as
temperaturas de display e medido foram praticamente iguais, com diminuição de
10ºC entre o primeiro e segundo campos, dentro do mesmo perfil térmico. Pode-se
dizer que a partir do segundo campo, conseguiu-se uma taxa de evaporação de
água constante, devido à igualdade entre a temperatura da superfície do tecido com
a temperatura de bulbo úmido do ar.
A partir do terceiro campo, devido ao reciclo e reaproveitamento da energia
com o fechamento dos dampers, conseguiu-se temperaturas medidas no tecido
maiores que as ajustadas em display. No terceiro e quarto campos verificou-se um
incremento linear de aproximadamente 10ºC e no quinto campo um aumento de
aproximadamente 20ºC.
No quinto campo do secador foi onde se encontrou a maior instabilidade nas
medições na superfície do tecido, com pequenos decréscimos na linearidade da
temperatura na superfície da manta, de 1 a 2ºC em comparação ao quarto campo.
Ocorreu por ser uma região de saída do secador, com começo do equilíbrio entre a
temperatura do material com o ambiente externo.
Devido à temperatura de secagem linear na superfície dos tecidos de 110,
150 e 200 g/m
2
, conseguiu-se nos campos um perfil térmico decrescente de ajuste
no display, em relação ao medido na superfície do tecido, com resultados de: +10ºC,
0ºC, -10ºC, -10ºC, -20ºC. Isso vai de encontro à teoria da evaporação de água em
tecidos, conforme estudado por Foust (1982), onde a maior taxa de evaporação
ocorre nos primeiros momentos de contato entre o tecido e o meio secante, com
posterior estabilização da taxa de secagem.
Para manta de alta gramatura, 200 g/m
2
, foi necessário o fechamento
progressivo do damper no quarto e quinto campos do secador. Constatou-se que
não-tecidos mais grossos, devido ao maior percentual de água retida entre as suas
fibras para evaporar, necessitam absorver maior quantidade de energia para realizar
69
o processo de secagem. Comprovou-se esta hipótese, pela elevação do perfil
térmico mínimo de 180ºC para 190ºC, pois, o não-tecido quando exposto a um perfil
térmico constante inferior a 190ºC, deixou a manta molhada na saída do secador.
Limitou-se a temperatura xima de secagem na Rama em 220ºC, visto
que, em testes com temperatura a 230ºC ocorreu amarelamento na superfície da
manta, alterando o aspecto visual do produto. Testes de teor de umidade foram
realizados nestas amostras, com teores entre zero a 0,05% de umidade interna, o
que caracterizou a possibilidade de princípio de fusão do material, devido aos baixos
valores de umidade do material.
5
5
.
.
1
1
.
.
2
2
T
T
e
e
o
o
r
r
d
d
e
e
U
U
m
m
i
i
d
d
a
a
d
d
e
e
A determinação do teor de umidade residual em palmilhas é um
procedimento fundamental para acompanhar e avaliar o processo de secagem em
secadores de tecidos. Internamente na empresa A esta avaliação não era efetiva,
pois não se realizava nenhum controle laboratorial, somente a visual sobre a
superfície das palmilhas, na busca de identificação de manchas de umidade.
Para a indústria o tempo é uma variável fundamental para o controle de
processos, que foi investigado na determinação do teor de umidade em palmilha,
pelo método direto em estufa, pesquisado em laboratório na empresa A com 60
amostras. Sendo 20 amostras com baixo percentual (0,05 a 0,30%), outras 20
amostras com percentual médio (0,30 a 0,80%) e 20 amostras com alto percentual
(0,80 a 2,00%). Os valores de referência adotados foram aqueles apresentados por
Bontempi (2004), com faixa aceitável para o poliéster de 0,30 a 0,80% de umidade
interna em relação à massa seca do tecido.
Os resultados, investigados por 24 horas, demonstraram que o tempo
máximo de análise é de 1 hora, até a obtenção de massa constante em estufa. Isto
caracterizou o ensaio como aceitável para controle de processos, por ser um tempo
de resposta curto. Internamente na empresa A, após esta determinação, passou a
ser implantada como rotina de controle do processo de secagem. A ilustração
representativa da pesquisa do tempo até obter massa constante é apresentada na
Figura 5.4.
70
0,0 0,3 0,6 0,8 1,0 6,0 12,0 18,0 24,0
Tempo de Análise (hs)
Umidade Final no Tecido (%)
Figura 5.4
- Representação do tempo de análise com massa constante.
5
5
.
.
1
1
.
.
3
3
P
P
e
e
s
s
o
o
B
B
a
a
s
s
e
e
e
e
E
E
s
s
p
p
e
e
s
s
s
s
u
u
r
r
a
a
Durante o desenvolvimento do estudo as variáveis do produto final, peso
base e espessura, não apresentaram variações fora das especificações
recomendadas na Tabela 3.2. Assim, estes dados não são apresentados, por não
terem causado influência no estudo.
5
5
.
.
1
1
.
.
4
4
C
C
u
u
r
r
v
v
a
a
s
s
d
d
e
e
S
S
e
e
c
c
a
a
g
g
e
e
m
m
O secador Rama funciona a pressão atmosférica pelo método estático.
Seguindo os estudos de Prado (2000), Yoshida e Menegalli (2000), que
verificaram que a velocidade do ar tem um efeito desprezível sobre as curvas de
secagem, fixou-se nos queimadores a velocidade do ar de secagem em 5 m
3
/h,
recomendado pela Texima (1998). Variaram-se as faixas de temperaturas do ar de
secagem, para cada gramatura, conforme estudo térmico desenvolvido com
temperaturas lineares na superfície da manta.
As curvas de secagem desenvolvidas no secador Rama, com as relações
de velocidade da esteira versus umidade na palmilha, são mostradas na Figura 5.5.
Cada ponto no gráfico representa uma média de três valores pesquisados. Os
valores recomendados por Bomtempi (2004), para umidade em palmilha de poliéster
situam-se entre as linhas tracejadas, com teores de 0,30 a 0,80% de umidade
interna em relação à massa seca do tecido.
71
110 g/m
2
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5 13,0 13,5 14,0
Velocidade da esteira (m/min)
Umidade (%)
180ºC 190ºC 200ºC 210ºC 220ºC
150 g/m
2
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5
Velocidade da esteira (m/min)
Umidade (%)
180ºC 190ºC 200ºC 210ºC 220ºC
200 g/m
2
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0
Velocidade da esteira (m/min)
Umidade (%)
190ºC 20C 210ºC 220ºC
Figura 5.5 - Curvas de secagem para gramaturas de 110, 150 e 200 g/m
2
.
72
A metodologia empregada na determinação das curvas de secagem
mostrou-se adequada, face à reprodutibilidade dos dados experimentais em todos
os ensaios realizados.
A velocidade da esteira e a temperatura do ar influenciaram de forma
significativa à secagem de palmilhas, facilmente observada na gramatura de 110
g/m
2
, onde as curvas de secagem sugerem uma taxa de secagem maior, devido à
menor retenção de umidade na palmilha. em tecidos de maior gramatura, 200
g/m
2
, foi necessária a elevação da temperatura mínima de secagem para 190ºC,
devido à maior adsorção de umidade nas suas fibras. Pode-se concluir que a taxa
de secagem é maior para tecidos de menor gramatura, obtendo uma maior
velocidade da esteira no secador. Da mesma forma podemos avaliar que varia a
taxa de cura do estireno-butadieno, onde o aumento da temperatura do secador
aumenta a velocidade de cura, com diminuição do tempo de reação de cura,
conforme estudos de Kosar, Gomzi e Antunovic (2005).
Todos os pontos nas curvas de secagem variaram em escalas múltiplas de
0,5 m/min na velocidade da esteira do secador. A única exceção foi na gramatura de
110 g/m
2
, onde o ponto de 9,3 m/min, foi determinado pela ajuda de uma ferramenta
de otimização empírica, pelo método simplex modificado. A necessidade deste ponto
é justificada pelo princípio de ter três pontos certificados por curva de pesquisa,
dentro da faixa recomendada pela literatura para produtos com poliéster, 0,30 a
0,80% de umidade, indicada por Bontempi (2004).
As curvas escolhidas para pesquisa e certificação foram as dos extremos em
cada gramatura, onde podemos verificar a minimização e maximização do consumo
em GLP. Portanto, resumindo os dados da Figura 5.5 por gramaturas em faixas de
velocidades para cada perfil térmico (Tabela 5.4), onde se identificaram às curvas
extremas de secagem com dois tipos de perfis: econômico (baixa velocidade e
temperatura) e avançado (alta velocidade e temperatura). Estes perfis térmicos de
secagem serviram de modelo para produção-teste na Rama, para investigação do
estudo.
73
Tabela 5.4 - Faixas de operação da Rama para produção-teste
Gramatura
(g/m
2
)
Perfil Térmico
(ºC)
Tipo de Perfil Velocidade
(m/min)
110 180 Econômico 8,5 - 9,3
190 9,0 - 9,5
200 9,5 - 10,0
210 10,5 - 11,0
220 Avançado 12,0 - 13,5
150 180 Econômico 8,0 - 9,5
190 8,5 - 10,0
200 9,0 - 11,0
210 9,5 - 11,0
220 Avançado 9,5 - 12,0
200 190 Econômico 6,0 - 7,0
200 6,5 - 7,5
210 6,5 - 7,5
220 Avançado 6,5 - 8,0
5
5
.
.
2
2
S
S
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G
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2
2
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o
-
-
T
T
e
e
s
s
t
t
e
e
A produção-teste investigou por seis meses o modelo proposto de curvas de
secagem na Rama, Figura 5.5, utilizando os perfis econômicos e avançados, com o
objetivo de minimizar do consumo de GLP.
O planejamento mensal da produção-teste, com a definição de qual perfil
utilizar, foi em função da urgência dos pedidos comerciais na empresa A. Foram
usadas as curvas de secagem com perfil térmico avançado (Tabela 5.4) como
padrão em momentos de muitos pedidos comerciais, devido a sua alta velocidade de
produção. Por outro lado, usou-se o perfil térmico econômico (Tabela 5.4) em
épocas de poucos pedidos comerciais, em função da sua baixa velocidade de
produção. Procurou-se, também, escalonar a produção com perfil rmico
econômico e avançado, em estações climáticas variadas, para observar a influência
da ação da umidade relativa do ar no processo de secagem. Desta forma
acompanharam-se mensalmente os efeitos climáticos no consumo de GLP.
74
Os dados coletados com produção normal, Tabela 5.5 e Figura 5.6, foi o
período quando não se utilizou a curva térmica como modelo de produção. Serviram
de referência para confrontar com os resultados da produção-teste.
Tabela 5.5 - Acompanhamento da produção normal
Mês/Ano Estação
Produção
(m
2
)
GLP
(kg)
GLP
(kg/m
2
)
out./2005 primavera 265.636 31.485 0,119
nov./2005 primavera 251.457 26.174 0,104
dez./2005 verão 134.374 15.810 0,118
jan./2006 verão 155.024 16.000 0,103
fev./2006 verão 178.251 16.761 0,094
mar./2006 outono 182.734 16.667 0,091
maio/2006 outono 170.463 16.307 0,096
jul./2006 inverno 201.127 18.999 0,094
out./2006 primavera 198.970 21.093 0,106
nov./2006 primavera 151.477 13.141 0,087
jan./2007 verão 184.159 20.475 0,111
Média - 188.516 19.356 0,103
Produção Normal
0,085
0,090
0,095
0,100
0,105
0,110
0,115
0,120
out nov dez jan fev mar maio jul out nov jan
GLP (kg/m
2
)
Média Mês
Figura 5.6 - Gráfico com produção normal.
Os resultados mensais da produção-teste, utilizando as curvas de secagem
com perfil térmico avançado e econômico, são apresentados na Tabela 5.6 e 5.7.
75
Tabela 5.6 - Resultados da produção-teste com perfil avançado
Mês/Ano Estação
Produção
(m
2
)
GLP
(kg)
GLP
(kg/m
2
)
abr./2006 outono 163.711 21.762 0,133
ago./2006 inverno 298.764 38.036 0,127
fev./2007 verão 180.068 26.858 0,149
Média - 214.181 28.885 0,135
Tabela 5.7 - Resultados da produção-teste com perfil econômico
Mês/Ano Estação
Produção
(m
2
)
GLP
(kg)
GLP
(kg/m
2
)
jun./2006 inverno 172.298 14.891 0,086
set./2006 primavera 182.970 14.472 0,079
dez./2006 verão 129.417 10.988 0,085
Média - 161.562 13.450 0,083
Analisando as médias das produções-teste, Tabelas 5.6 e 5.7, contra a
média da produção normal, Tabela 5.5, comprovou-se a vantagem econômica de se
produzir com perfil térmico econômico, com redução de 19,4% no consumo de GLP.
Considerando o preço atual do GLP em R$ 1,81 por kg e estimando a
produção de palmilha pela média da produção normal, Tabela 5.5, a economia com
GLP em um ano de produção, utilizando o perfil econômico, seria de R$ 80.588,00.
Por outro lado, se usarmos o perfil avançado tem um acréscimo financeiro de R$
128.941,00. Os resultados de avaliação comparativa da produção-teste contra a
produção normal são apresentados na Tabela 5.8.
Tabela 5.8 - Resultados comparativos entre produção-teste e produção normal
Produção Palmilha
(m
2
/ano)
GLP
(kg/m
2
)
GLP
(kg/ano)
GLP
(R$/ano)
Avaliação
(R$/ano)
Avaliação
(%)
Normal 2.226.192
0,103 229.298 415.029 - -
Avançado 2.226.192
0,135 300.536 543.970 + 128.941 + 31,1
Econômico
2.226.192
0,083 184.774 334.441 - 80.588 - 19,4
76
Analisando a produção nas estações da primavera e verão, mostradas
respectivamente nas Tabelas 5.9 e 5.10, observou-se que as médias para consumo
de GLP seguem uma tendência nestas estações, que está correlacionada com a
média da umidade relativa em São Leopoldo
6
. Na primavera obteve-se uma média
de 0,105 kg de GLP por m
2
de produção, com 76,7% de umidade relativa do ar.
no verão conseguiu-se uma média de 0,100 kg de GLP por m
2
de produção, com
72,1% de umidade relativa do ar. Inferiu-se, portanto, a influência da ação da
umidade relativa do ar no processo de secagem, havendo a necessidade de tempos
maiores para aquecer e manter estável a temperatura do secador em períodos de
maior umidade relativa do ar, que acarretou um custo de 5% na produção com GLP.
Tabela 5.9 - Resultados para a primavera
Primavera
GLP
(kg/m
2
)
Média U.R. (S.L.)
(%)
out./2005 0,119 80,0
nov./2005 0,104 69,5
jun./2006 0,086 84,0
ago./2006 0,127 79,0
out./2006 0,106 74,5
nov./2006 0,087 73,0
Média 0,105 76,7
Tabela 5.10 - Resultados para o verão
Verão GLP
(kg/m
2
)
Média U.R. (S.L.)
(%)
dez./2005
0,118 67,5
jan./2006 0,103 75,0
fev./2006 0,094 74,5
dez./2006
0,085 71,5
Média 0,100 72,1
________
6
As médias de Porto Alegre e Campo Bom, Tabela 3.4 (SEOMA), serviram de dados para calcular a
média da umidade relativa em São Leopoldo (S.L.), mostrada nas Tabelas 5.9 e 5.10.
77
5
5
.
.
3
3
T
T
E
E
R
R
C
C
E
E
I
I
R
R
A
A
P
P
A
A
R
R
T
T
E
E
As amostras das curvas de secagem desenvolvidas em produção-teste no
secador Rama foram analisadas no Centro Tecnológico do Calçado SENAI Novo
Hamburgo, para determinar qual dos dois perfis térmicos, econômico ou avançado, é
o ideal qualitativamente.
Os ensaios realizados nas amostras foram índice de flexão, resistência à
tração, alongamento na ruptura, adsorção e dessorção. Indicados pela área técnica
do SENAI, por serem os ensaios mais representativos para palmilhas.
Devido aos altos custos da certificação das curvas térmicas para todos os
pontos, utilizou-se o princípio de ter três pontos analisados em cada perfil térmico. A
Figura 5.7 demonstra as amostras identificadas por numeração, utilizadas na
pesquisa, que foram coletadas durante a produção-teste e enviadas para análise no
SENAI.
Os pontos escolhidos para análise em cada curva rmica obedeceram à
proximidade com o mínimo e o máximo, dentro da faixa para teor de umidade
permitida, entre 0,30 a 0,80%, indicada por Bontempi (2004), e mais outro ponto
intermediário da curva. A exceção foi na gramatura de 110 g/m
2
, onde alguns pontos
(1, 4, 5 e 8) fora da variação de umidade permitida, foram analisados para fins
comparativos de qualidade.
A variabilidade do percentual de umidade obtida, para cada ponto, é
demonstrada em traços verticais sobre cada ponto.
78
110 g/m
2
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5 13,0 13,5 14,0
Velocidade da esteira (m/min)
Umidade (%)
180ºC 220ºC
150 g/m
2
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 10,5 11,0 11,5 12,0 12,5
Velocidade da esteira (m/min)
Umidade (%)
180ºC 220ºC
200 g/m
2
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0
Velocidade da esteira (m/min)
Umidade (%)
190ºC 220ºC
Figura 5.7 - Identificação das curvas de secagem certificadas no SENAI.
2
1
5
8
3
4
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
6
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79
5
5
.
.
3
3
.
.
1
1
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Í
n
n
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d
i
i
c
c
e
e
d
d
e
e
F
F
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l
e
e
x
x
ã
ã
o
o
Os resultados do ensaio de índice de flexão, apresentados nas Tabelas
5.11, 5.12, 5.13 e na Figura 5.8, demonstraram grande influência no estudo de
secagem em Rama, devido à grande variedade de informações de qualidade
obtidas. Cada resultado representa a média de quatro amostras realizadas, com seu
desvio padrão do valor médio.
Tabela 5.11 - Resultados de índice de flexão para 110 g/m
2
Direção Paralela
7
Direção Perpendicular
8
Amostra Nº ciclos I. F. Nº ciclos I. F.
1 590 ± 6 2,8 ± 0,2 253 ± 6 2,4 ± 0,2
2 1.289 ± 11 3,1 ± 0,3 623 ± 7 2,8 ± 0,2
3 1.053 ± 5 3,0 ± 0,2 679 ± 7 2,8 ± 0,2
4 413 ± 7 2,6 ± 0,2 230 ± 5 2,4 ± 0,2
5 276 ± 4 2,4 ± 0,2 31 ± 2 1,9 ± 0,1
6 622 ± 9 2,8 ± 0,2 339 ± 6 2,6 ± 0,2
7 556 ± 6 2,7 ± 0,2 321 ± 5 2,5 ± 0,2
8 241 ± 3 2,4 ± 0,1 40 ± 2 1,6 ± 0,1
Tabela 5.12 - Resultados de índice de flexão para 150 g/m
2
Direção Paralela
Direção Perpendicular
Amostra Nº ciclos I. F. Nº ciclos I. F.
9 5.261 ± 19 3,7 ± 0,3 3.513 ± 9 2,7 ± 0,2
10 4.602 ± 9 3,7 ± 0,2 3.400 ± 8 3,5 ± 0,2
11 3.994 ± 12 3,6 ± 0,3 1.029 ± 5 3,0 ± 0,2
12 1.586 ± 7 3,2 ± 0,2 1.007 ± 5 3,0 ± 0,2
13 1.063 ± 6 3,0 ± 0,2 670 ± 6 2,8 ± 0,2
14 870 ± 5 2,9 ± 0,2 547 ± 5 2,7 ± 0,2
________
7
Direção paralela ao maior comprimento da amostra (longitudinal).
8
Direção perpendicular ao menor comprimento da amostra (transversal).
80
Tabela 5.13 - Resultados de índice de flexão para 200 g/m
2
Direção Paralela
Direção Perpendicular
Amostra Nº ciclos I. F. Nº ciclos I. F.
15 18.162 ± 21 4,3 ± 0,3 5.775 ± 20 3,8 ± 0,3
16 18.043 ± 22 4,3 ± 0,3 10.892 ± 22 4,0 ± 0,3
17 10.556 ± 25 4,0 ± 0,3 4.967 ± 11 3,7 ± 0,3
18 7.006 ± 18 3,8 ± 0,3 3.087 ± 13 3,5 ± 0,3
19 6.305 ± 17 3,8 ± 0,3 3.002 ± 12 3,5 ± 0,3
20 2.925 ± 10 3,5 ± 0,2 982 ± 7 3,0 ± 0,3
110 g/m
2
-
150 g/m
2
-
200 g/m
2
2,2
2,4
2,6
2,8
3,0
3,2
3,4
3,6
3,8
4,0
4,2
4,4
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Amostra
Índice de Flexão (Longitudinal)
Figura 5.8 - Gráfico de índice de flexão para 110, 150 e 200 g/m
2
.
81
Pode-se observar no ensaio de índice de flexão que o mero de ciclos
apresentados na direção longitudinal são superiores aos da direção transversal, em
alguns casos em até três vezes. Conclusão similar chegou Costa (2004) ao
pesquisar a orientação das fibras no véu de não-tecidos. O estudo deste autor teve
significância por determinar a flexão e ruptura do véu nas diferentes direções, onde
as fibras depositadas na direção longitudinal apresentam uma relação de resistência
até cinco vezes maior que a disposição transversal. O processo de fabricação da
manta, conforme informou o próprio fabricante, justifica este efeito, pois, o
direcionamento das fibras é “induzido de forma sensível” no sentido do comprimento
do rolo (longitudinal), podendo conferir maior qualidade de flexão e resistência ao
material. Outra possibilidade é decorrente do efeito de tensão dos morcetes no
tecido, para alargar o não-tecido no sentido da largura (transversal) na entrada do
túnel do secador. Esta ação estica e abre o enovelamento das fibras, diminuindo a
resistência de flexão.
Observou-se que nos perfis econômicos das três gramaturas, nas zonas
com baixos teores de umidade e mínima velocidade, pontos 2, 9 e 15, apresentaram
os maiores valores no índice de flexão, obtendo produtos com melhor qualidade
técnica, conforme a literatura recomenda (Tabela 4.1). Os pontos 1 e 5 (secos em
excesso) e os pontos 4 e 8 (com excesso de umidade) apresentaram índices de
flexão abaixo do recomendado. Confirmou-se a faixa de umidade entre 0,30 e 0,80%
para produtos de poliéster, recomendada por Bontempi (2004), onde os valores de
índice de flexão apresentaram os melhores resultados.
Produtos com maior gramatura tiveram os valores de índice de flexão
significativamente aumentados.
5
5
.
.
3
3
.
.
2
2
R
R
e
e
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u
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r
a
a
(
(
a
a
s
s
e
e
c
c
o
o
)
)
Os ensaios de resistência à tração e alongamento na ruptura foram
realizados cinco vezes para cada direção. Apresentam-se os resultados médios com
seu desvio padrão nas Tabelas 5.14, 5.15, 5.16 e Figuras 5.9 e 5.10.
A incerteza de medição nos ensaios de força máxima de tração é de ± 0,4
N/2.000 mm
2
e no alongamento máximo é de ± 0,2%.
O corpo de prova utilizado no teste teve uma dimensão inicial de 100 x 20
mm. Portanto, com uma área de 2.000 mm
2
.
82
Tabela 5.14 - Resultados de tração e alongamento para 110 g/m
2
Direção Paralela (A) Direção Perpendicular (B)
Amostra
Tração Alongamento Tração Alongamento
( N/2.000 mm
2
) ( % ) ( N/2.000 mm
2
) ( % )
1 136 ± 2 24 ± 2 98 ± 3 24 ± 2
2 245 ± 4 29 ± 3 171 ± 3 27 ± 2
3 192 ± 3 27 ± 3 151 ± 3 25 ± 2
4 134 ± 2 24 ± 2 89 ± 3 22 ± 1
5 89 ± 3 23 ± 3 48 ± 2 16 ± 1
6 141 ± 3 28 ± 3 129 ± 3 20 ± 2
7 129 ± 3 24 ± 2 118 ± 2 19 ± 2
8 82 ± 3 26 ± 2 52 ± 3 26 ± 2
Tabela 5.15 - Resultados de tração e alongamento para 150 g/m
2
Direção Paralela (A) Direção Perpendicular (B)
Amostra
Tração Alongamento Tração Alongamento
( N/2.000 mm
2
) ( % ) ( N/2.000 mm
2
) ( % )
9 132 ± 2 27 ± 2 122 ± 2 26 ± 2
10 388 ± 4 41 ± 2 167 ± 3 32 ± 2
11 360 ± 3 27 ± 1 133 ± 2 24 ± 2
12 185 ± 3 32 ± 2 130 ± 3 27 ± 2
13 202 ± 3 26 ± 2 137 ± 2 22 ± 2
14 181 ± 2 23 ± 2 154 ± 3 23 ± 2
Tabela 5.16 - Resultados de tração e alongamento para 200 g/m
2
Direção Paralela (A) Direção Perpendicular (B)
Amostra
Tração Alongamento Tração Alongamento
( N/2.000 mm
2
) ( % ) ( N/2.000 mm
2
) ( % )
15 354 ± 3 39 ± 2 238 ± 3 39 ± 1
16 255 ± 4 49 ± 3 165 ± 2 40 ± 2
17 232 ± 3 38 ± 1 221 ± 3 26 ± 2
18 263 ± 3 36 ± 2 164 ± 2 30 ± 1
19 256 ± 3 29 ± 2 202 ± 3 28 ± 2
20 179 ± 3 28 ± 2 135 ± 3 23 ± 2
83
40
80
120
160
200
240
280
320
360
400
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Amostra
Tração (N/2.000 mm
2
)
Paralela Perpendicular
Figura 5.9 - Gráfico de tração para 110, 150 e 200 g/m
2
.
15
20
25
30
35
40
45
50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Amostra
Alongamento (%)
Paralela Perpendicular
Figura 5.10 - Gráfico de alongamento para 110, 150 e 200 g/m
2
.
84
Como esperado, no ensaio de tração foi reproduzida a situação verificada
no índice de flexão, onde as fibras depositadas na direção paralela (longitudinal) são
cerca de 50% maior que a disposição perpendicular (transversal). Esta situação
pode ser explicada pelos mesmos motivos, devido ao processo de fabricação da
manta ou pelo efeito de tensão dos morcetes no tecido.
Para uma mesma gramatura os resultados de tração e alongamento
mostraram-se praticamente lineares, dentro de cada perfil. Por sua vez, o perfil
econômico apresentou um pequeno acréscimo nos resultados de tração e
alongamento em relação ao perfil avançado.
Com a elevação da gramatura do não-tecido, constatou-se maiores valores
de tração e alongamento, obtendo produtos mais rígidos.
Nos pontos 1, 4, 5 e 8 os resultados de tração e alongamento apresentaram
valores fora da faixa recomendada pela literatura, que confirmam os efeitos
excessivos de umidade e secagem em tecidos de poliéster, conforme vistos por
Bontempi (2004).
5
5
.
.
3
3
.
.
3
3
C
C
o
o
m
m
p
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o
o
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m
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e
D
D
e
e
s
s
s
s
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o
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ç
ã
ã
o
o
Os resultados dos ensaios de adsorção e dessorção que analisam o
comportamento ao suor em palmilhas, são apresentados nas Tabelas 5.17, 5.18,
5.19 e na Figura 5.11. Cada resultado representa a média de três amostras
realizadas com o seu respectivo desvio padrão.
Tabela 5.17 - Resultados de adsorção e dessorção para 110 g/m
2
Amostra Adsorção ( % ) Dessorção ( % )
1 95 ± 1 100 ± 1
2 71 ± 2 100 ± 1
3 98 ± 1 97 ± 1
4 69 ± 2 101 ± 1
5 88 ± 3 98 ± 1
6 79 ± 1 100 ± 1
7 87 ± 2 98 ± 2
8 93 ± 2 99 ± 3
85
Tabela 5.18 - Resultados de adsorção e dessorção para 150 g/m
2
Amostra Adsorção ( % ) Dessorção ( % )
9 175 ± 4 100 ± 2
10 104 ± 1 98 ± 2
11 143 ± 3 100 ± 1
12 87 ± 1 100 ± 1
13 117 ± 2 100 ± 1
14 100 ± 1 100 ± 2
Tabela 5.19 - Resultados de adsorção e dessorção para 200 g/m
2
Amostra Adsorção ( % ) Dessorção ( % )
15 64 ± 3 99 ± 2
16 139 ± 1 98 ± 2
17 121 ± 3 100 ± 1
18 98 ± 1 100 ± 1
19 91 ± 2 99 ± 1
20 157 ± 1 100 ± 2
60
70
80
90
100
110
120
130
140
150
160
170
180
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Amostra
%
Adsorção Dessorção
Figura 5.11 - Gráfico de adsorção e dessorção para 110, 150 e 200 g/m
2
.
86
A homogeneidade dos resultados de dessorção, próximos a 100%,
demonstra que ocorreu a dessorção do vapor d’água da palmilha de forma similar à
adsorção. Portanto, não ocorreu histerese.
Os resultados de adsorção e dessorção ficaram dentro dos valores previstos
para palmilhas, conforme recomenda a literatura (Tabela 4.3). Confirmando que as
modernas tecnologias nos segmentos de fiação e tecelagem, permitem que a fibra
atenda perfeitamente as exigências de sua aplicação nos não-tecidos.
Verificou-se que a secagem excessiva, nos pontos 1 e 5, não alteram o
comportamento ao suor em palmilhas. O que caracteriza a versatilidade da fibra
têxtil sintética de poliéster.
Conclui-se que a extração de água na Rama ocorreu segundo as
orientações da Texima (1998). Nos campos 1 e 2 do secador, primeiro período,
ocorreu indução - aquecimento. Nos campos 3 e 4, segundo período, apresentou
reação - cura. No campo 5, terceiro período, evidenciou relaxamento - estabilização
da massa sólida.
87
6
6
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
Os resultados deste estudo permitiram a implementação da metodologia de
controle laboratorial no processo de secagem na empresa A. Assim, o controle do
teor de umidade em palmilha, no final da Rama, ajustou-se aos padrões de
qualidade indicados pela literatura para produtos de PET.
Em termos de redução de custos de produção com GLP, utilizando-se as
curvas de secagem como modelo operacional, os resultados obtidos foram
considerados excelentes. Constatou-se a vantagem de se realizar a secagem em
perfil rmico econômico, o qual minimizou em 19,4% o consumo de GLP, uma
economia estimada em R$ 80.588,00/ano. a produção com perfil térmico
avançado aumentou em 31,1% o consumo de GLP, gerando um acréscimo
financeiro de R$ 128.941,00/ano.
Os ensaios de índice de flexão, tração e alongamento demonstraram que
quantitativamente é recomendável o uso de curvas de secagem com perfil térmico
econômico, em zonas próximas a 0,30% de umidade e baixa velocidade da esteira,
por apresentarem melhores resultados físico-químicos no produto. Os resultados
com perfil rmico econômico são de qualidade superior comparados com o perfil
térmico avançado.
Foram testadas amostras fora da faixa de umidade recomendada pela
literatura, onde os ensaios de índice de flexão, tração e alongamento, comprovaram
a veracidade dos teores de umidade permitidos para produtos de PET.
Observou-se a influência da ação da umidade relativa do ar no processo de
secagem, havendo a necessidade de tempos maiores para aquecer e manter
estável a temperatura do secador em períodos de maior umidade relativa do ar.
Desta forma, a umidade de equilíbrio é que determina o teor mínimo de umidade que
o material pode atingir dentro das condições operacionais estabelecidas, sendo de
fundamental importância na modelagem do processo de secagem.
88
Sugestões para trabalhos futuros:
Este estudo evidenciou a necessidade de uma melhor avaliação
quanto à elevação de temperatura na Rama acima de 220ºC, devido ao
amarelamento que ocorreu na superfície da manta a 230ºC, necessitando de testes
para confirmar o princípio de fusão no material;
Repetir o estudo da influência da ação da umidade relativa do ar no
processo de secagem em Rama, em todas as estações do ano (verão, outono,
inverno e primavera);
Desenvolver tecnologia para o reaproveitamento de resíduos têxteis,
provenientes da industrial calçadista, minimizando o impacto ambiental. Pois,
aproximadamente 20% da produção de palmilhas são perdidas no corte em
balancim, produzindo um volume considerável de material enviado para aterro.
89
7
7
R
R
E
E
F
F
E
E
R
R
Ê
Ê
N
N
C
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A
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G
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R
Á
Á
F
F
I
I
C
C
A
A
S
S
ABICALÇADOS. Desenvolvido pela Associação Brasileira das Indústrias de
Calçados. Disponível em: <http://www.abicalcados.com.br>. Acesso em: 10 set.
2006.
ALVES, M. L. (Org.) Manual Técnico do Poliéster. 1. ed., Americana: Vicunha,
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ARAÚJO, M.; CASTRO, E. M. M. Manual de Engenharia Têxtil. v. 2, Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.
BARROZO, M. A. S. Transferência de calor e massa entre o ar e sementes de
soja em leito deslizante e escoamentos cruzados. 1995, 163 p. Tese (Doutorado
em Engenharia Química)–Departamento de Engenharia Química, Universidade
Federal de São Carlos, São Carlos, 1995.
BIDIM. Cátologo de Aplicações Industriais: Bidim. [São Paulo], 2000. 8 p.
BONTEMPI, A. Eficiência Energética de Secadores Industriais: Análise e
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ANEXO B - Certificação do SENAI pela Associação Rede de Metrologia e
Ensaios do Rio Grande do Sul
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ANEXO C - Certificação do SENAI, Norma ISO 9001:2000, pela BVQI
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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