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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
FACULDADE DE VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
Carlos Gabriel Almeida Dias
CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DURANTE A CÓPULA, GESTAÇÃO, PÓS-
PARTO E ESTUDO DAS RELAÇÕES MATERNO-FILIAIS EM GATOS
DOMÉSTICOS (Felis silvestris catus) MANTIDOS EM GATIL EXPERIMENTAL SOB
FOTOPERÍODO EQUATORIAL NATURAL.
FORTALEZA - CEARÁ
Dezembro, 2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ
CARLOS GABRIEL ALMEIDA DIAS
CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DURANTE A CÓPULA,
GESTAÇÃO, PÓS-PARTO E ESTUDO DAS RELAÇÕES MATERNO-
FILIAIS EM GATOS DOMÉSTICOS (Felis silvestris catus) MANTIDOS
EM GATIL EXPERIMENTAL SOB FOTOPERÍODO EQUATORIAL
NATURAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências Veterinárias da Faculdade de Veterinária da
Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para
a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias.
Área: Reprodução e Sanidade Animal
Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva.
FORTALEZA – CEARÁ
Dezembro, 2006
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D541 c Dias, Carlos Gabriel Almeida
Características reprodutivas durante a cópula, gestação, pós-
parto e estudo das relações materno-filiais em gatos
domésticos (Felis silvestris catus) mantidos em gatil
experimental sob fotoperíodo equatorial natural (Brasil)./
Carlos Gabriel Almeida Dias
102 p
Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva.
Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias) -
Universidade Estadual do Ceará, Faculdade de Veterinária.
1. Características reprodutivas, 2. gestação, 3. pós-parto, 4.
relações materno-filiais. I. Universidade Estadual do Ceará,
Faculdade de Veterinária.
CDD: 636.089
CARLOS GABRIEL ALMEIDA DIAS
CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS DURANTE A CÓPULA, GESTAÇÃO, PÓS-
PARTO E ESTUDO DAS RELAÇÕES MATERNO-FILIAIS EM GATOS DOMÉSTICOS
(Felis silvestris catus) MANTIDOS EM GATIL EXPERIMENTAL SOB FOTOPERÍODO
EQUATORIAL NATURAL
Aprovada em: 13/12/2006 Conceito obtido: _________________
Nota obtida: _________________
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva
Presidente da Banca Examinadora
_______________________________________
Prof. Dr. Airton Alencar de Araújo
Membro da Banca Examinadora
_______________________________________
Prof. Dr. Marcos Renato Franzosi Mattos
Membro da Banca Examinadora
_______________________________________
Prof. Dr. Ricardo Toniolli
Membro suplente da Banca Examinadora
_______________________________________
Profa. Dra. Rita de Cássia Soares Cardoso
Membro suplente da Banca Examinadora
DEDICATÓRIA
A todas as mães, todas.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, por alcançar mais esta vitória, por me consolar nas horas de desespero ou
aflição.
À minha querida família por todo apoio, compreensão e paciência fazendo-me
esquecer da distância que nos separa.
À minha orientadora Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva pela oportunidade
de realizar o sonho da pós-graduação. Por ser a imagem a seguir. Muitíssimo obrigado.
Ao meu co-orientador, Prof. Dr. Airton Alencar de Araújo. Obrigado pelo incentivo
constante.
Aos professores doutores Marcos Renato Franzosi Mattos, Ricardo Toniolli e Rita
de Cássia Soares Cardoso pela participação na banca.
Ao Prof. Dr. Cláudio Cabral Campello pela valiosa ajuda na análise estatística.
À minha amada amiga Ticiana Franco Pereira da Silva, minha mãe científica. Todos
os obrigados ainda serão poucos.
À Henna Roberta Quinto, minha amada amiga. Sem você eu não teria feito
absolutamente nada.
À minha amiga Ana Kelen Felipe Lima, de quem recebi o primeiro abraço. Muito
obrigado.
Ao meu amigo Iran Áquila Maciel.
A todos os membros do Laboratório de Reprodução de Carnívoros.
Ao querido companheiro Enio Gustavo S. Martins. Obrigado por estar sempre ao
meu lado.
À FUNCAP pelo apoio financeiro na forma de bolsa durante todo o mestrado.
A todos os funcionários do PPGCV por toda a ajuda prestada durante este e outros
períodos.
RESUMO
Avaliaram-se os parâmetros reprodutivos relacionados à gestação e pós-parto de gatas
domésticas, submetidas ao fotoperíodo equatorial natural. Para tanto, foram utilizados 32
gatos (25 fêmeas e sete machos) adultos, sem raça definida provenientes do gatil experimental
da UECE. O tempo médio de intromissão peniana foi de 10,07 ± 17,10 segundos e o intervalo
de tempo para uma nova aceitação de 13,41 ± 9,74 minutos. Registrou-se que 86,83% das
cópulas seguiram-se de rolamento, 75,63% comportamento de bufar e 74,79% bater
direcionados ao macho, 61,06% de lambedura da área genital e 32,49% de outras regiões do
corpo, excluindo-se a área genital, 16,25% de prurido da região cervical dorsal, 4,48% o
exibiram sinais pós-coito e após uma cópula (0,28%) não houve exibição de sinais pós-coito.
Dos 15 diestros gestacionais, em apenas um (6,66%) foram observados sinais que
caracterizavam a aceitação de monta e cobertura no intervalo. Em 20%, a ocorrência do
comportamento deu-se no 3º intervalo; em 40%,foi observado comportamento de aceitação de
monta e cobertura no 4º intervalo, sendo 20% na semana que precedeu o parto e em 40% dos
diestros não foi observado comportamento de monta e aceitação. A taxa de gestação foi de
75%. Três gatas reabsorveram as ampolas gestacionais, perfazendo uma taxa de parição de
64,29%. A prolificidade média foi de 4,82 ± 1,24 filhotes, com uma proporção macho:fêmea
de 1:1 e 7,32% de natimorto. O tempo médio de anestro pós-parto em gatas que tiveram seus
filhotes desmamados com 35 e 45 dias foi de 54,5 ± 15,21 e 58,8 ± 12,02 dias,
respectivamente. O tempo médio dedicado à amamentação na primeira semana foi superior às
demais semanas, não diferindo entre a segunda e a terceira, e ambas, superiores à quarta
semana. As gatas inseridas na categoria de famílias com 1 a 3 filhotes amamentaram seus
filhotes menos do que aquelas com ninhadas de 4 e 5 filhotes e 6 e 7 filhotes ao longo das
quatro semanas. Foram realizadas 3.627 observações da mãe amamentando pelo menos um
dos filhotes ao longo de quatro semanas; onde, 63,69% amamentaram em decúbito lateral
com suas patas e corpo englobando totalmente os filhotes, 29,39%, rotacionando seu corpo
levemente para expor mais seus tetos, o que em 0,14% culminou na amamentação em
decúbito dorsal e em 6,78%, observou-se a e amamentando enquanto estava sentada. Ao
longo da 1ª, e semanas, gatas com ninhadas de 1 a 3 filhotes amamentaram seus filhotes
em semicírculo em uma freqüência maior do que as gatas com ninhadas de 4 a 7 filhotes, que
no mesmo período apresentaram uma freqüência de amamentação, rotacionando levemente o
seu corpo. Ao longo das quatro semanas, gatas com ninhadas de 1 a 3 filhotes dedicaram mais
tempo lambendo seus filhotes do que gatas com ninhadas de 4 a 7 filhotes. Os parâmetros
reprodutivos de gatas domésticas durante a gestação e lactação mantidas sob fotoperíodo
equatorial natural assemelham-se àqueles relatas na literatura para gatas domésticas. O
presente trabalho apresentou resultados estatisticamente comprovados no tocante à
distribuição de freqüência das categorias comportamentais que compõe o comportamento
materno-filial.
Palavras chave: Gatas domésticas; características reprodutivas; gestação, pós-parto, relações materno-filiais.
i
ABSTRACT
The objectives of this study were to assess the reproductive characteristics of domestic
queens under a natural equatorial photoperiod when submitted to natural mating. Twenty five
queens and 7 young tomcats of mixed breeds were used. The queens were considered in estrus
when neck grip, tail deflection and penile intromission attempt by the male were allowed after
mounting and submitted to two periods of matting along three days. All queens were weighed
from the first day of mating to the day preceding parturition. Abdominal ultrasound was
applied to the diagnosis of gestation. The length of postpartum anestrus was recorded.. The
weaning of the kittens was conducted at 35 (n = 8 queens) and 45 days (n = 6 queens) after
parturition. The post-coital signs observed was: 86.83% rolling, 75.63% blow, 74.79%
swiping at the male, 61.03% vulvar licking, 32.49% body licking and 16.25% pruritus on the
cervical dorsal area. In 4.76% of mattings post-coital signs was not observed. The average
duration of the estrus in queens submitted to mating was 7.27 ± 1.90 days. The average
weight of the queens when mating was 3053.94 ± 441.71 grams and the percentage of weight
gain throughout gestation was 30.90 ± 12.03%. The pregnancy rate was 75%. Three queens
reabsorbed the gestational vesicles during pregnancy, leading to a parturition rate of 64.29%.
The length of the pregnancy was 66.4 ± 1.40. The average duration of the postpartum
anestrus of kittens weaned with 35 and 45 days was 54.5 ± 15.21 and 58.8 ± 12.22 days,
respectively. No statistical difference was observed between the duration of the postpartum
anestrus in both groups (p > 0.05).The dedicated average time to breast-feeding in the first
week was superior to the too much weeks, not differing between second and third, and both,
superior to the fourth week. Good-looking the inserted ones in the category of families with 1
the 3 younglings had suckled its younglings of what less those with hatches of 4 and 5
younglings and 6 and 7 younglings throughout the four weeks. 3 had been carried through.627
comments of the mother suckling at least one of the younglings throughout four weeks;
where, 63.69% had total suckled in lateral decubitus with its legs and body englobando the
younglings, 29.39%, rotacionando its body lightly to display plus its ceilings, what in 0,14%
it culminated in breast-feeding in dorsal decubitus and 6,78%, it was observed mother
suckling while it was seated. Throughout 1ª, 3ª and weeks, good-looking with hatches of 1
the 3 younglings had suckled its younglings in semicircle in a bigger frequency of what good-
looking with hatches of 4 the 7 younglings, that in period had the same presented a breast-
feeding frequency, rotacionando lightly its body. Throughout the four weeks, good-looking
with hatches of 1 the 3 younglings had dedicated to more time licking its younglings of what
good-looking with hatches of 4 the 7 younglings. The reproductive domestic parameters
good-looking during the kept gestation and natural lactation under fotoperíodo equatorial
resemble those tell it in literature for good-looking domestic. The present work presented
statistical resulted proven in regards to the distribution of frequency of the mannering
categories that composes the behavior maternal-branch office.
Key words: Domestic cat; reproductive characteristics; pregnancy, post partum, materno-filiais relations.
LISTA DE FIGURAS
Pág.
Figura 1.
Gata amamentando seus filhotes fora do ninho (28º dia pós-parto).............. 38
Figura 2.
Gata amamentando dentro do ninho assumindo postura corpórea em
semicírculo (23º dia pós-parto)......................................................................
40
Figura 3.
Gata amamentando sentada dentro do ninho (8º dia).................................... 41
Figura 4.
Gata amamentando sentada no ninho (25º dia pós-parto)............................. 41
Figura 5.
Filhote fora do ninho (24º dia pós-parto)...................................................... 43
Figura 6.
Gata transportando um dos filhotes imobilizando o filhote por apreensão
na região cervical dorsal (28º dia pós-parto).................................................
45
Figura 7.
Gata isolada dos filhotes fora do ninho comendo (23º dia)........................... 45
Figura 8.
Gata isolada dos filhotes fora do ninho bebendo água (15º dia)................... 45
Figura 9.
Gata isolada fora do ninho inativa (9º dia pós-parto).................................... 46
Figura 10.
Gata isolada dentro do ninho e filhotes fora do ninho (26º dia pós-parto).... 46
Figura 11.
Gata realizando lambedura dentro do ninho direcionada ao corpo de um
filhote (28º dia pós-parto)..............................................................................
52
Gráfico 1.
Distribuição de freqüência das diferentes posturas de amamentação
exibidas pelas gatas ao longo de 28 dias de
observação.....................................................................................................
41
ii
LISTA DE TABELAS
Pág.
Tabela 1.
Tempo de intromissão peniana (segundos) e intervalo para nova
aceitação de cópula (minutos) em gatos domésticos..............................
35
Tabela 2.
Freqüência de ocorrência de sinais pós-cópula manifestados em gatas
domésticas (n = 20 gatas).......................................................................
35
Tabela 3.
Características reprodutivas de gatas domésticas que apresentaram
gestação..................................................................................................
36
Tabela 4.
Percentual de gatas gestantes com sinais de aceitação de monta e
cobertura durante os 3 períodos gestacionais avaliados........................
37
Tabela 5.
Tempo dedicado à amamentação, tempo amamentando dentro e fora
do ninho e tempo que os filhotes permaneceram fora do ninho ao
longo das quatro semanas de observação...............................................
37
Tabela 6.
Tempo médio dedicado à amamentação em gatas com ninhadas de 1 a
3 e 4 a 7 filhotes ao longo das quatro semanas de observação..............
39
Tabela 7.
Percentual de observação dos diferentes posicionamentos corpóreos
para amamentação exibidos pela gata doméstica...................................
42
Tabela 8.
Percentual de observação dos diferentes posicionamentos corpóreos
para amamentação exibidos pela gata doméstica dividas em duas
categorias de acordo com o número de filhotes por ninhada ao longo
das quatro semanas. SC=semi-círculo, LR=levemente rotacionada,
O= outras................................................................................................
43
Tabela 9.
Percentual de ocorrência da categoria comportamental “Gata isolada”
ao longo de quatro semanas de observação...........................................
44
Tabela 10.
Tempo médio de isolamento em gatas com ninhadas de 1 a 3 e 4 a 7
filhotes ao longo das quatro semanas de
observação..............................................................................................
46
Tabela 11.
Percentual das diferentes atividades executadas pela mãe quando
isolada fora do ninho ao longo das quatro semanas de observação
comportamental.....................................................................................
47
iii
Tabela 12.
Distribuição de freqüência para as categorias comportamentais mãe
em contato, mãe em contato dentro e fora do ninho...............................
48
Tabela 13.
Tempo médio em que as gatas mantiveram contato com pelo menos
um filhotes em ninhadas de 1 a 3 e 4 a 7 filhotes ao longo das quatro
semanas de observação..........................................................................
49
Tabela 14.
Percentual de ocorrência da categoria comportamental “Gata
lambendo os filhotes” ao longo de quatro semanas de observação........
50
Tabela 15.
Tempo médio em que a gata executou lambedura direcionada aos
filhotes com ninhadas de 1 a 3 e 4 a 7 filhotes ao longo das quatro
semanas de observação...........................................................................
51
Tabela 16.
Percentual dos locais onde a lambedura foi direcionada pela mãe ao
longo das quatro semanas de observação comportamental....................
52
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
Abreviatura Significado
% : Porcentagem
pg : Picograma
µL : Microlitros
FAVET : Faculdade de Veterinária
Fig. : Figura
no : Número
PPGCV : Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias
UECE : Universidade Estadual do Ceará
FUNCEME : Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
m
2
: Metro quadrado
ng : Nanograma
mL : Mililitros
o
C : Graus Celsius
® : Marca Registrada
mm : Milímetros
h : Horas
Ltda : Limitada
iv
SUMÁRIO
Pág.
1) INTRODUÇÃO........................................................................................................
01
2) REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 02
2.1) Fotoperído....................................................................................................
02
2.2) Ciclo estral e comportamento sexual...........................................................
03
2.3) Gestação.......................................................................................................
08
2.3.1) Implantação e desenvolvimento fetal.............................................. 09
2.3.2) Diagnóstico da gestação..................................................................
09
2.3.3) Diagnóstico hormonal....................................................................
09
2.3.4) Palpação..........................................................................................
10
2.3.5) Auscultação.....................................................................................
10
2.3.6) Exame radiográfico
..........................................................................
10
2.3.7) Exame ultrasonográsfico.................................................................
11
2.3.8) Tempo de gestação..........................................................................
11
2.3.9) Comportamento durante a gestação................................................
12
2.3.10) Prolificidade..................................................................................
13
2.4) Parto.............................................................................................................
14
2.4.1) Fases do parto............................................................................ 15
2.4.2) Fase I (Contração uterina e
dilatação da cervix)..............................
15
2.4.3) Fase II (Passagem do feto pelo canal do nascimento)....................
15
2.4.4) Fase III (Expulsão da placenta)....................................................... 15
2.5) Cuidado materno.........................................................................................
16
2.5.1) Controle neuroendócrino do comportamento materno...................
...
18
3) JUSTIFICATIVA................................................................
......................................
20
4) HIPÓTESES CIENTÍFICAS..............................
.......................................................
23
5) OBJETIVOS.......................................................................................
......................
25
6) MATERIAL E MÉTODOS...................
....................................................................
26
6.1) Local de Execução........
................................................................................
27
6.2) Animais Experimentais..
...............................................................................
27
v
6.3) Acompanhamento da ciclicidade e manejo de cobertura............................
27
6.4) Avaliação da gestação................................
...................................................
28
6.5) Avaliação da ocorrência de monta e cobertura durante a gestação.............
28
6.5) Avaliação dos parâmetros reprodutivos....................................................... 29
6.6) Anestro pós-parto...........................
...............................................................
29
6.7) Registro comportamental.............................................................................
29
6.8) Análise Estatística................
.........................................................................
32
7) RESULTADOS.....................................
....................................................................
34
8) DISCUSSÃO..............................
...............................................................................
53
9) CONCLUSÕES..
.......................................................................................................
65
10) PERSPECTIVA.........................
..............................................................................
66
11) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................
67
12) ANEXOS......................................................
...........................................................
76
1. INTRODUÇÃO
A popularidade do gato doméstico (Felis silvestris catus) como animal de estimação
vem aumentando e, em alguns países, o gato é considerado o animal mais criado nos
domicílios (SOUZA, 2000). FUNEZ (1998) afirmou que nas grandes capitais ocidentais, o
número de gatos superou o número de es. No Brasil, estima-se que aproximadamente 15
anos serão necessários para igualar a população de gatos com a canina (SOUZA, 2000). Isto
pode ser atribuído ao fato do gato requerer menos espaço e cuidados que a espécie canina
(CORRADA & GOBELLO, 2000), adaptando-se melhor a domicílios com espaço reduzido,
como apartamentos (BEAVER, 1992). O gato, além do seu valor afetivo, representa um
interessante modelo para estudo de uma série de patologias humanas e constitui um modelo
acessível para investigações na reprodução de felídeos silvestres devido as suas similaridades
filogenéticas (SANCHEZ & SILVA, 2002).
Com o advento de novas abordagens clinicas e cirúrgicas, fármacos e equipamentos, a
prática veterinária em pequenos animais tem se tornado bastante sofisticada. Essa prática é
fomentada, principalmente, pelo aumento da demanda oriunda dos crescentes proprietários de
pequenos animais. Um exemplo claro desta situação, é o aumento de cães e gatos que
recebem cuidados veterinários regularmente (SANCHEZ & SILVA, 2002).
Alguns aspectos do ciclo estral em felinos são únicos entre as espécies domésticas e,
em função da necessidade de melhor conhecer os parâmetros reprodutivos de gatas
domésticas criadas em fotoperíodo equatorial natural durante a gestação e lactação, bem como
as relações materno-filiais foi realizado o presente trabalho.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Fotoperíodo
A gata doméstica (Felis silvestris catus) é considerada uma fêmea fotoperiódica
positiva, sendo em condições naturais, poliéstrica sazonal em regiões próximas à linha dos
trópicos (MICHEL, 1993) e poliéstrica continua em regiões próximas à linha do equador
(JOHNSTON et al, 1996). Assim, a duração diária de horas luz, que é em função da
localização geográfica, é um importante fator no controle reprodutivo (HURNI, 1981;
CHRISTIANSEN, 1988; MIALOT, 1988; FELDMAN & NELSON, 1996). A atividade
sexual é iniciada com o aumento do número de horas luz por dia e a inatividade sexual ocorre
quando o número de horas decresce (POPE, 2000). HURNI (1981) relata que a duração da
fase reprodutiva de gatas domésticas, vivendo sob condições ambientais naturais, é
determinada pela latitude geográfica, e que pode existir também um efeito oriundo do clima
local. Na latitude de 20º ao norte do equador, existe uma diferença de cerca de 2 a 5 horas
entre o dia mais longo e o mais curto (HURNI, 1981). Na região próxima ao equador, existe
uma diferença de cerca de 2 minutos (HURNI, 1981). Tamanha diferença na latitude
geográfica pode ser preponderante nos aspectos reprodutivos de algumas espécies, incluindo-
se a gata doméstica. Assim, SILVA, em 2003, observou que gatas mantidas sob o fotoperíodo
equatorial natural na ausência de cópula apresentam sinais de comportamento sexual de forma
contínua durante o período chuvoso, totalizando seis meses de observação, demonstrando
ausência de interestro comportamental nesses animais, que alternavam períodos de aceitação e
não aceitação do macho.
Estudos realizados nos Estados Unidos mostraram que as gatas entram em anestro no
final do outono e início do inverno (SCHMIDT, 1986). VERHAGE et al. (1976) registraram
no hemisfério Norte, dois períodos de atividade sexual: de janeiro a março e de maio a junho.
Mesmo em locais onde há marcada variação de luminosidade ao longo do ano, a atividade
poliéstrica continua pode ser exibida por animais criados dentro de casa e submetidos à
iluminação artificial (SCHMIDT, 1986; CHRISTIANSEN, 1988). A sazonalidade também é
influenciada pela raça (SCHMIDT, 1986; MIALOT, 1988; POPE, 2000).
2.2. Ciclo estral e comportamento sexual
Com o passar dos anos, os gatos têm mantido estreita relação com as pessoas, com
acasalamentos seletivos de animais, destacando determinados padrões de cor e de
conformação física. Ao mesmo tempo, genes co-dependentes relacionados a outras
características, como comportamento reprodutivo e fisiologia, também podem ser
modificados. Isso significa que a variabilidade é uma característica comum em todas as fases
do comportamento sexual de fêmeas de Felis silvestris catus, mesmo entre animais de raças
puras (BEAVER, 2005).
O ciclo estral na gata doméstica é dividido em proestro, estro, interestro, metaestro,
diestro e anestro, e guarda muitas similaridades com outros mamíferos domésticos, salvo
algumas particularidades.
proestro é muito variável entre os indivíduos. Nessa fase, poderá ser observada mudança de
comportamento como vocalização, flexão lateral da cauda e elevação do trem posterior, com
exibição da vulva; patinar constante das patas posteriores, rolamento e diminuição da
hostilidade ao macho felino (BEAVER, 1992). A monta, ou ato do macho colocar-se sobre a
fêmea fixando-a com uma mordida na nuca pode ocorrer, porém a cópula será permitida
pela fêmea no momento do estro (SCHMIDT, 1986; SORRIBAS, 1995). Pode ser notado um
discreto aumento na atividade geral, que evolui para aumento do ato de esfregar o corpo
contra objetos, em especial com a cabeça e o pescoço, o que pode ser relatado pelo
proprietário da gata como um aumento da docilidade (BEAVER, 2005). O ato de esfregar o
queixo (região mentoniana) e a bochecha (região lateral da face) contra objetos e, inclusive,
no gato macho intensifica-se nas 36 horas após o início do proestro e, quando direcionado
para uma pessoa, pode estar mais associado com atividade sexual do que com marcação
(EWER, 1968). Comportamentos mais sociáveis são manifestados com mais freqüência pela
fêmea e ela torna-se mais propensa a interagir com um gato que ela conviva (DARDS,
1983). O ato de esfregar-se evolui para rolamento, tranqüilo ou violento, quase sempre
associada com ronronar, abertura e fechamento rítmico das falanges, contorção e estiramento
do corpo (MICHAEL, 1961 apud BEAVER, 2005; SUTIN et al., 1970 apud BEAVER,
2005). O agarramento do pescoço da gata e a monta podem fazer com que, de início, a fêmea
rasteje parcialmente e ande temporariamente (BEAVER, 2005). Ainda segundo a autora, as
investidas do macho durante o proestro podem desencadear agressividade da fêmea,
aumentando as interações mais violentas entre o macho e a fêmea que entre os outros gatos
adultos.
A fêmea começa a chamar pelo gato utilizando o “choro do cio”, tipo de vocalização
típica do proestro e do estro, caracterizada por um uivo monótono que dura até 3 minutos
(BEAVER, 2005). Segundo JEMMETT & EVANS (1977), cerca de 12% das fêmeas
eventualmente chamam de maneira continua, apesar desse comportamento ser mais prevalente
em fêmeas siamesas, e 14% das meas variam de forma considerável a freqüência do
chamado. Entretanto, algumas meas no estro aparentemente não chamam de modo algum
(DARDS, 1983). Esse choro é imitado pelo gato, respondido pela fêmea e novamente imitado
pelo gato (BEAVER, 2005). A fêmea pode borrifar urina (BEAVER, 1992), de modo que a
urina e a secreção sebácea liberada durante o ato de esfregar-se, parecem servir para atrair o
gato, sobretudo em áreas onde os gatos vivem bem próximos uns aos outros (EWER, 1968).
Em geral, o estro tem duração de cinco a sete dias (POPE, 2000), mas a duração desse
período é afetada pela estação do ano, pela raça e pela ocorrência ou não da ovulação
(CHRISTIANSEN, 1988; MIALOT, 1988).
A mudança de comportamento observada no proestro intensifica-se e é neste momento
que a gata permite a cópula, caracterizando, assim, o estro (SCHMIDT, 1986; SORRIBAS,
1995).
Quando a fêmea entra no estro, ocorre uma mudança dramática no comportamento,
não mais recusando agressivamente as tentativas do macho em montar sobre ela; em vez
disso, exibe uma lordose de rastejamento, com a porção ventral do tórax e o abdome tocando
o chão e o períneo elevado, de modo que os membros pélvicos se posicionam caudalmente ao
corpo e se estendem perpendicularmente ao chão (BEAVER, 2005). Essa posição de cópula
pode ser induzida pelo afago nas costas, na coxa ou no pescoço da gata, que desloca
lateralmente a cauda expondo a vulva que pode apresentar pequena quantidade de secreção
sanguinolenta na vulva (SUTIN & MICHAEL, 1970 apud BEAVER, 2005). A posição de
lordose é necessária para a penetração do pênis e pode ser estimulada pela abordagem do
macho durante a monta (BEAVER, 2005). Enquanto o gato realiza impulsos copulatórios, a
fêmea ajusta discretamente sua posição ao alternar os movimentos dos membros pélvicos
(BEAVER, 2005). Foi observado que gatas apresentam também tremor de cauda e de corpo
como manifestação de comportamento sexual, sinais esses que nunca haviam sido descritos
anteriormente (SILVA et al., 2006).
Durante o acasalamento, a expressão facial costuma ser marcante e semelhante àquela
observada em gatos agressivos e em alguns animais medrosos; além disso, as orelhas se
posicionam em sentido rostro-lateral (BEAVER, 2005). O rastejamento, o ato de esfregar-se,
vezes em 20 minutos, ou 10 vezes em uma hora (BEADLE, 1977). Sabe-se que as gatas
podem acasalar mais de 50 vezes durante um período de estro (HOUPT, 1997).
Uma fêmea no estro pode ser condicionada a assumir a postura de estro sempre que
for colocada em uma área de acasalamento, mesmo na ausência de um gato macho adulto
inteiro (MICHAEL & SCOTT, 1964 apud BEAVER, 2005).
A ovulação na gata requer o estímulo da pula ou outros estímulos vaginais
comparáveis com um swab (SCHMIDT, 1986; POPE, 2000). Ela ocorre em torno de 24 a 30
horas após a ocorrência do estímulo vaginal (MIALOT, 1988; POPE, 2000). Segundo
JOHNSTON et al. (1996), a ovulação ocorre 24 a 36 horas após o coito. Segundo alguns
autores, três cópulas por dia em intervalos de 3 horas, mostram-se suficientes para a indução
de ovulação, seja nos três primeiros (WILDT et al., 1981; SCHMIDT et al., 1983), ou
somente no terceiro dia de manifestação do comportamento estral (GRAHAM et al., 2000).
Após a monta, o comportamento da fêmea é tipicamente dramático, e à medida que o
gato começa a retirar o pênis, após a ejaculação, as pupilas da fêmea se dilatam rapidamente
(BEAVER, 2005). Logo depois disso, 53,8% das gatas manifestam choro copulatório, um tipo
de vocalização de guincho, um som agudo e penetrante (BEAVER, 2005). Também, 76,9%
das gatas atacam o macho de forma agressiva (ROOT et al., 1995). Para um gato familiar, a
fêmea pode ser menos agressiva ao manifestar a atitude de pós-coito (BEAVER, 2005).
Durante esta fase a gata rola pelo chão outra vez, se estira e lambe a vulva durante 1 a 7
minutos (LEIN & CONCANNON, 1982).
Os sinais de estro regridem de 24 a 48 horas após a cobertura, havendo encurtamento
da sua duração quanto mais cedo tiver sido realizada a cobertura (CHRISTIANSEN, 1988;
MIALOT, 1988).
Estros não ovulatórios, em geral repetem-se a cada 16 dias, sendo denominado de
interestro, o período entre um estro não ovulatório e um novo ciclo estral subseqüente, onde a
fêmea não exibe sinais físicos ou comportamentais de atividade sexual (VERSTEGEN, 1998).
O interestro corresponde a uma aparente quiescência ovariana e uterina, entretanto o ovário
está se preparando para um novo crescimento folicular e, subseqüentemente, novo ciclo estral
(VERSTEGEN, 1998). A duração desta fase é em média de oito a dez dias (MIALOT, 1988).
Havendo cobertura seguida de ovulação, o metaestro corresponderá ao período de
formação do corpo (SORRIBAS, 1995). Essa fase quase nunca dura mais de 24 horas e, em
geral, é incluída na faixa de variação do estro, pois todas as reações posturais permanecem e a
fêmea permite a monta, contudo rejeita o gato agressivamente apenas quando ele tenta
realizar a penetração (BEAVER, 2005). A luteinização e o desenvolvimento do corpo lúteo
são observados de 24 a 36 horas após a ovulação (CHATDARONG, 2001). Achados de
VERHAGE et al. (1976) mostram não ser possível detectar níveis de progesterona
plasmáticos em até 3 a 4 dias após a cópula.
A fase de luteal pode ser denominada de diestro, que quando seguida de gestação, tem
duração de 62 a 71 dias (BANKS, 1986). Na ocorrência de ovulação não seguida de gestação,
o diestro irá se apresentar como pseudogestação, durando de 40 a 45 dias (FELDMAN &
NELSON, 1996). Muitas vezes, intervalos entre estros prolongados são repetidos como
pseudogestação (POPE, 2000), que em gatas não é associada a alterações comportamentais ou
lactação (galactorréia) como em cadelas (CHATDARONG, 2001).
O anestro caracteriza-se como o período de inatividade sexual, onde os ovários estão
pequenos apresentando folículos em sua superfície de 0,5 mm de diâmetro em média
(CHRISTIANSEN, 1988). Neste período, também não é observado evidências de atividade
uterina e ovariana (MINOVICH, 2003). Durante este período, a fêmea rejeita a aproximação
do macho, batendo com as garras e repelindo-o quando esse tenta efetuar a mordida na nuca
(SCHMIDT, 1986; MINOVICH, 2003). Caso aceite o gato com relativa indiferença, ela curva
sua coluna vertebral quando montada e cobre o períneo firmemente com a cauda, quase se
sentando, em vez de se posicionar em lordose, comum durante o estro (BEAVER, 2005). O
mesmo comportamento é exibido pelas gatinhas pre-púberes, com peso acima de 1,5 kg,
quando montadas por um macho. Gatinhas com peso inferior a 1 kg permanecem passivas ao
agarramento do pescoço porque tal atitude se assemelha ao agarramento da mãe para
transportar a cria (MICHAEL, 1961 apud BEAVER, 2005). A fêmea em anestro também
exibe comportamentos agressivos na tentativa de liberta-se de uma monta indesejada
(BEAVER, 2005). Sinais olfativos oriundos da região vulvar aparentemente são repulsivos a
alguns gatos, que se afastam após cheirar o períneo da gata (MICHAEL, 1961 apud
BEAVER, 2005).
Em luminosidade constante, uma gata pode ficar gestante, repetidas vezes durante a
maior parte do ano; assim, o período de anestro tende a não ocorrer (CHRISTIANSEN, 1988;
FELDMAN & NELSON, 1996).
Deve-se diferenciar o anestro fisiológico do patológico (MINOVICH, 2003). O
anestro fisiológico pode ocorrer pela diminuição do fotoperíodo. O anestro fisiológico
lactacional ocorre no pós-parto, onde um novo estro ocorre em aproximadamente 10 dias após
o desmame (TSUTSUI & STANBENFELDT, 1993). Entretanto, em alguns casos, o estro
pode ser exibido por fêmeas em lactação, podendo, também, ser seguida de fertilização
(VERSTEGEN et al., 1993). Segundo TSUTSUI & STABENFELDT, (1993), o tamanho da
ninhada, ou seja, o estímulo realizado sobre os mamilos é um fator determinante para o
retorno à atividade sexual após o parto. A lactação pós-parto tende a suprimir os ciclos estrais
normais, e a gestação é de ocorrência rara (FELDMAN & NELSON, 1996).
Durante a lactação, elevações cíclicas do estradiol sérico foram relatadas, mesmo
quando não é observado comportamento sexual (WILDT et al., 1992). Segundo FELDMAN
& NELSON (1996), um aumento bito nas concentrações plasmáticas de estrógenos podem
ocasionar sinais de estro e a cobertura pode ser observada antes ou logo após o parto. Após o
desmame, o retorno ao estro leva 4 semanas em média (2 a 8 semanas) (CONCANNON &
LEIN, 1983). Segundo JEMMET & EVANS (1977), o anestro pós-parto dura em média 8
semanas, variando de 1 a 21 semanas.
Se os filhotes são removidos da gata com 3 dias de vida, o comportamento de estro
pode começar tão logo quanto 6 a 8 dias (CONCANNON & LEIN, 1983). Gatas podem
retornar a apresentar estro uma semana após o aborto de uma ninhada (FELDMAN &
NELSON, 1996).
2.3. Gestação
Os animais domésticos o vivíparos e completam seu desenvolvimento embrionário,
posteriormente, fetal, no interior do útero. Este período de desenvolvimento intra-uterino é
chamado prenhez ou gestação e está relacionado, em primeiro lugar, com a nutrição do feto
em desenvolvimento e com as adaptações maternas dirigidas a essa finalidade (JAINUDEEN
& HAFEZ, 2004). Denomina-se gestação o tempo compreendido entre o momento da
fecundação e o parto. Portanto, entende-se como tal, o período entre uma cobertura fértil até
término da gestação, o parto (SORRIBAS, 1995; FELDMAN & NELSON, 1996). Em
ambiente de laboratório, a taxa de prenhez é de 73,9%, quando se utiliza material de gatas
férteis; porém, com o risco de reabsorção, a taxa de parição é relativamente é relativamente
menor (65,2%) (ROOT et al, 1995). Portanto, de modo geral, as fêmeas não controladas estão
sempre prenhez, lactantes ou sob ambas as condições, exceto, possivelmente, no final do
outono, onde sua fisiologia se ajusta a tais situações (BEAVER, 2005).
2.3.1. Implantação e desenvolvimento fetal
Após a ovulação, os oócitos permanecem nos ovidutos por três a quatro dias, local
onde ocorre a fertilização (FELDMAN & NELSON, 1996). Quatro a cinco dias após a
fertilização, os zigotos migram para os cornos uterinos e a implantação ocorre
aproximadamente 15 dias após o coito (FELDMAN & NELSON, 1996). Durante os primeiros
dias, o embrião encontra-se livre no oviduto e no útero, e nutre-se das reservas próprias
armazenadas em seu citoplasma e os nutrientes que pode extrair do “leite uterino” produzido
pelas glândulas uterinas através do estímulo da progesterona (SORRIBAS, 1995).
Segundo FELDMAN & NELSON (1996), o estágios fetal é reconhecido após o
desenvolvimento de características espécies específicas. O autor ainda refere que o estágio
fetal em gatas domésticas é alcançado por volta da quarta semana de gestação.
2.4. Diagnóstico de gestação
2.4.1. Diagnóstico hormonal
Numerosos estudos têm demonstrado poucas diferenças entre as concentrações séricas
de progesterona na gestação e pseudogestação em cadelas. Portanto, a mensuração da
progesterona sérica não pode ser usada para diagnóstico de gestação (FELDMAN &
NELSON, 1996). JOHNSTON et al. (2001) sugerem que um alto potencial de obtenção de
diagnóstico gestacional falso positivo em gatas pode ser devido a coberturas não férteis ou
após ovulação espontânea. Nestes casos, sendo observadas as concentrações ricas de
progesterona excedendo 5 ng/ml (JOHNSTON et al., 2001). As concentrações plasmáticas de
relaxina aumentam a partir de 20 a 30 dias após a cópula. Segundo VERSTEGEN (1988), a
relaxina é o único hormônio específico da gestação em gatas e cadelas. Estão disponíveis,
atualmente, kit comerciais para diagnóstico de gestação através de detecção de relaxina sérica
para cadelas (CONCANNON & VERSTEGEN, 2004).
2.4.2. Palpação abdominal
O diagnóstico clínico da gestação em gatas domésticas poderá ser feito através de
palpação abdominal a partir do 15º (JOHNSTON et al., 2001) ao 17º dia de gestação
(FELDMAN & NELSON, 1996), quando estruturas discretas, firmes e esféricas, no útero
podem ser detectadas. Segundo MIALOT (1988), a palpação deve ser suave e feita sem
brusquidão, o que permite apreciar o aspecto de conjunto das paredes uterinas, membranas
placentárias, fetos e líquido amniótico que os envolve. Essas estruturas podem ser palpadas
até por volta do 2dia de gestação, perfazendo essa semana o período ideal para realização
do diagnóstico gestacional por palpação abdominal (FELDMAN & NELSON, 1996).
Segundo JOHNSTON et al. (2001), seqüelas adversas para a gestação causadas pela palpação
do útero através do abdômen não foram descritas em gatos.
2.4.3. Auscultação
Os ruídos cardíacos fetais podem ser perceptíveis nos 15 últimos dias de gestação e
são caracterizados por uma freqüência elevada: 180 a 240 batimentos por minuto. A região de
auscultação se situa posterior à cicatriz umbilical e, principalmente, ao lado do par de tetos
abdominais (MIALOT, 1988).
2.4.4. Exame radiográfico
O diagnóstico radiográfico é possível à medida que modificações suficientemente
importantes apareçam e permitem a obtenção de imagens característica da calcificação do
esqueleto fetal (MIALOT, 1988). O diagnostico radiográfico é possível após o 38º dia de
gestação. Porém, resultados consistentes são obtidos após o 43º dia (FELDMAN & NELSON,
1996). Um aumento do útero antes da observação da calcificação é um achado inespecífico
em gatos que pode ser confundido com piometra, hidrometra, ou outras causas de aumento
uterino (FELDMAN & NELSON, 1996). JOHNSTON et al. (2001), referem que devido aos
riscos potenciais da exposição à radiação ao desenvolvimento fetal, o exame radiográfico do
abdômen de gatas gestantes não deve ser realizado antes do 40º dia de gestação.
2.4.5. Exame ultra-sonográfico
A ultra-sonografia é um exame superior ao exame radiográfico para visualização das
estruturas internas do útero, como conteúdos intra-luminais e paredes uterinas (FERRETTI,
2000) e permite um diagnóstico de gestação numa época em que a interpretação dos exames
radiográficos e a palpação trans-abdominal dos fetos são difíceis (MIALOT, 1995). A ultra-
sonografia trans-abdominal é a modalidade preferencial, segundo JOHSTON et al. (2001),
para a detecção e monitoramento da gestação felina, visto que este exame possibilita detectar
a viabilidade fetal, a qual o é detectada através da palpação e radiografia e oferece mais
segurança para o desenvolvimento fetal do que a radio exposição oriunda do exame
radiográfico.
A primeira detecção dos batimentos cardíacos fetais pela ultra-sonografia é possível
por volta de 16 a 25 dias após a cobertura, com fetos exibindo uma freqüência cardíaca média
estável ao longo de toda a gestação de 228 ± 35,5 batimentos por minuto (VERSTEGEN et
al., 1993). Esses mesmos autores referem que a morfologia fetal pode ser detectável após o
26º dia de gestação. Foi demonstrado que a ultra-sonografia tem se mostrado pouco acurada
para determinar a prolificidade, com a inacurácia aumentando à medida que o número de fetos
aumenta (DAVIDSON et al., 1986 apud JOHNSTON et al., 2001).
2.5. Tempo de gestação
O período de gestação na gata doméstica varia de 60 a 68 dias, com valor médio entre
65 e 66 dias (BEAVER, 2005). Segundo FELDMAN & NELSON (1996), a duração da
gestação é de 56 a 69 dias. É descrito um tempo de gestação de 66 dias, variando de 64 a 69
dias (LEIN & CONCANNON, 1982; JOHNSTON et al., 2001). Há ainda, relatos de gestação
durante 63 a 66 dias, registradas após uma cobertura fértil (PRESCOTT, 1973). relatos de
períodos gestacionais na gata domésticas de 52 a 71 dias; no entanto, os nascimentos antes de
60 dias de gestação devem ser considerados prematuros porque com freqüência são
acompanhados por uma taxa anormalmente maior de natimortos e de morto neonatal precoce
(SCOTT & LLOYD-JACOB, 1955 apud BEAVER, 2005; PRESCOTT,1973).
A duração da gestação é mais uniforme (63 a 66 dias) quando registrada a partir do
primeiro aumento sérico da concentração de progesterona (FELDMAN & NELSON, 1996). A
variação na duração do intervalo do coito-parto é explicada pelos coitos incapazes de induzir
a ovulação (FELDMAN & NELSON, 1996).
2.6. Comportamento durante a gestação
Segundo KUSTRITZ (2005), as gatas domésticas não exibem qualquer
comportamento específico durante a gestação. Contudo, BEAVER em 2005, relata que
durante o ultimo terço de gestação ocorrem mudanças comportamentais evidentes, embora
algumas mãe tenham inicialmente demonstrado docilidade. Com a evolução gestacional, o
útero aumentado pressiona o estomago, levando a fêmea a diminuir o volume de alimento
ingerido, a freqüência de ingestão e tornando-se menos ativa (KUSTRITZ, 2005). Também,
pode haver discreto aumento dos mamilos (BEAVER, 2005).
O aumento relativamente súbito nas concentrações plasmáticas de estrógeno próximo
do final da gestação pode produzir mudanças no comportamento da gata, com isso o
comportamento de estro pode ser identificado antes ou logo após o parto (FELDMAN &
NELSON, 1996). Cerca de 10% das gatas prenhez exibem comportamento de estro e
apresenta uma mancha na vagina, típica de estro, no decurso da terceira a sexta semana de
prenhez, possivelmente da secreção de estrógeno pela placenta (SCOTT, 1955 apud
BEAVER, 2005; BEACH, 1965 apud BEAVER, 2005). O acasalamento neste período pode
resultar em gestação de um número excessivo de fetos (HUNT, 1919 apud BEAVER, 2005;
STEIN, 1975 apud BEAVER, 2005). TSUTSUI & STABENFELDT (1993), observaram que
gatas prenhez apresentando sinais de comportamento sexual e receptividade não tiveram
elevação do estradiol sérico, assim não ocorrendo o pico de hormônio luteinizante. Nessas
gatas foi observado comportamento pós-cópula semelhante à de um ciclo estral normal,
deixando sugerir que estros durante a gestação ocorrem sem a participação de folículos em
crescimento no ovário.
Segundo KUSTRITZ (2005), gatas prenhez começam a exibir comportamento de
ninho cerca de uma semana antes do parto, procurando uma área isolada (BEAVER, 1992),
escura e seca onde possa permanecer relativamente tranqüila (BEAVER, 2005). Esse local
deve incluir de preferência, elementos de proteção e material de cama macia (BEAVER,
2005). A mãe pode escolher um único esconderijo para a ninhada ou, caso pertença a um
grupo, pode compartilhar um ninho comum (MACDONALD et al., 1987 apud BEAVER,
2005). A escolha do local pode estar relaciona ao grau de proteção disponível ou a
proximidade com fontes de alimento para a mãe e seus gatinhos quando estiveram mais
velhos (BEAVER, 2005). Segundo FELDMAN (1993), a escolha pode ser influenciada pela
interação social. Essa seleção precoce do local do ninho propicia tempo necessário para que o
local absorva o odor da fêmea, de modo que ela possa relaxar em um ambiente familiar, que
parece possuir função semelhante ao espalhamento de urina no ambiente pelo gato macho
inteiro (BEAVER, 2005).
O grau de preferência de reclusão exibido pela fêmea durante o parto é altamente
individual, com algumas procurando a companhia de pessoas e podem, por fim, escolher a
cama do proprietário como o local do parto (BEAVER, 2005). As gatas criadas com várias
outras fêmeas, com parentesco ou não, podem utilizar um ninho comum (FELDMAN, 1993).
Durante o período que precede o parto a mãe costuma passar grande parte do tempo se
auto-higienizando com lambeduras em especial nas regiões mamárias e peri-anais, talvez por
causa do aumento da sensibilidade cutânea nessas regiões (SCHNEIRLA et al., 1963).
Segundo BEAVER (2005), a gata pode se tornar mais irritável ou mais defensiva. Com o
parto eminente, a gata torna-se cada vez mais inquieta, escavando o chão ou material do
interior do ninho e simula uma postura de defecação sem defecar (BEAVER, 2005). Pode
haver vocalização de chamamento, em especial por gatas siamesas; algumas gatas ficam
muito ansiosas, quase frenéticas (FOX, 1974).
2.7. Prolificidade
Embora se acredite que haja influencia da ninhada sobre o tamanho da gestação
(SILVA et al., 2001), ROOT et al. (1995) observaram baixa correlação (R=0,40) entre esse
dois parâmetros. Parece não existir influencia racial na duração da gestação (JEMMETT &
EVANS, 1977). Em condições naturais gatas podem produzir duas a três ninhadas
(SCHDMIT, 1986; POPE, 2000), de um a nove filhotes por ano (JEMMETT & EVANS,
1977; BEAVER, 1992; ROTT et al., 1995), com a média entre a três a cinco filhotes por
ninhada, sendo a proporção macho:fêmea entre 1:1 a 4:3 (BEAVER, 1992). Ainda segundo
BEAVER (1992), dos gatinhos nascidos vivos entre 72 a 87% estarão vivos no momento do
desmame. A maioria das ninhadas é resultante de coberturas em três dias consecutivos,
entretanto o tamanho da ninhada não é afetado pelo mero de dias que a gata é coberta
(PRESCOTT, 1973).
2.8. Parto
O trabalho de parto é o processo fisiológico pelo qual o útero prenhe elimina o feto e a
placenta do organismo materno (JAINUDEEN & HAFEZ, 2004).
O parto é iniciado pelo feto completado por uma complexa interação de fatores
endócrinos, neuronais e mecânicos, porém suas atuações precisas e inter-relações não são
totalmente conhecidas (JAINUDEEN & HAFEZ, 2004).
O declínio na temperatura retal normalmente precede o nascimento dos filhotes por
pelo menos 12 horas (FELDMAN & NELSON, 1996). Tal declínio, descrito em cadelas, não
foi relatado em gatas (JOHNSON, 1994). Portanto a temperatura retal não é um indicador
confiável do inicio do parto em gatas (FELDMAN & NELSON, 1996). A maior parte das
gatas recusa-se a alimentar-se 24 a 48 horas antes do parto (JOHNSON, 1994).
Segundo BEAVER (2005), a maior incidência dos partos ocorre durante a noite em
locais isolados.
2.8.1. Fases do parto
O parto é dividido em três fases: FASE I (contração uterina e dilatação da cérvice),
FASE II (passagem dos fetos pelo canal do nascimento) e FASE III (passagem da placenta
pelo canal do nascimento - JOHNSON, 1994; NELSON & FELDMAN, 1996; KUSTRITZ,
2005). Sendo a gata uma fêmea multípara, as fases normalmente associadas ao parto são
repetidas várias vezes (BEAVER, 2005).
FASE I (contração uterina e dilatação da cérvice)
O primeiro estágio do trabalho de parto pode persistir por duas a 24 horas (NELSON
&FELDMAN, 1996). KUSTRITZ (2005) sugere que esta fase pode durar por volta de 12
horas em cadelas e gatas em parto normal e JOHNSON em 1994, descreve um período de
contração e dilatação de seis a 12 horas na gata doméstica. Esta fase é caracterizada por
recolhimento, desconforto, anorexia, apreensão, arquejamento, tremor, vômito ocasional e
comportamento de ninho (FELDMAN & NELSON, 1996). KUSTRITZ (2005) descreve que
esta fase representa um longo período, no qual a cérvice está se dilatando. O primeiro estágio
do parto corresponde ao período em que as contrações uterinas sincrônicas levam à completa
dilatação cervical. Ocorrem segundo FELDMAN & NELSON (1996), contrações ativas das
fibras musculares longitudinais e circulares da parede do útero. Entretanto, não são obvias
nesta fase (JOHNSON, 1994). Durante esta fase, as gatas desprendem uma grande parte do
tempo executando auto-lambedura e em seus recém-natos (BEAVER, 2005).
FASE II (passagem do feto pelo canal do nascimento)
Esta fase é caracterizada pela completa dilatação da rvice uterina e a
passagem dos fetos pelo canal do nascimento para a expulsão (JOHNSON, 1994). Ainda
segundo a autora, a distensão cervical causa na cadela “urgência para expulsar”, levando a
fêmea a contrair voluntariamente sua musculatura abdominal e, neste momento, as contrações
se tornam visíveis externamente. Os fetos geralmente nascem com o saco amniótico integro, o
qual é rompido através de mordidas. No entanto, a saco amniótico poderá ser rompido durante
a passagem pelo canal do nascimento (BEAVER, 2005). Os recém natos são vigorosamente
lambidos pela mãe (KUSTRITZ, 2005). E, ainda segundo a autora, as gatas seccionam o
cordão umbilical e resgatam os filhotes para próximo delas. O ato de mastigar e esgarçar o
cordão umbilical permite evitar hemorragias profusas e fatais através dos vasos umbilicais
(BEAVER, 1992). Em uma prevalência, o tempo médio de parto foi de 16 horas, variando de
4 a 42 horas (JOHNSTON et al., 2001).
FASE III (passagem da placenta pelo canal do nascimento)
A terceira fase do parto é caracterizada pela passagem da placenta pelo canal
do nascimento (BEAVER, 1992). Frequentemente, os estágios II e III ocorrem
simultaneamente (KUSTRITZ, 2005), com a gata expelindo um ou dois recém-natos, depois
passam pelo canal do nascimento as placentas, e em seguida outros recém-natos, depois
passam pelo canal do nascimento as placentas, e em seguida outros recém natos (FELDMAN
& NELSON, 1996). Comumente, os recém natos de cadelas o expelidos juntamente com
suas respectivas placentas ou de 5 a 15 minutos após o nascimento (JOHNSTON et al
cobertas, apesar dos sinais de estro e aceitação de cobertura. Os autores sugerem que o
comportamento de estro durante a gestação pode ocorrer sem crescimento folicular no ovário.
A relaxina, um importante hormônio peptídeo para o relaxamento dos tecidos fibrosos
de conexão que circundam a pélvis antes do parto, é produzido pela unidade feto-placental em
gatos (TSUTSUI et al., 1993). A relaxina é inicialmente detectada por volta do 25º dia de
gestação; aumenta rapidamente, alcançando platô entre o 30º ao 35º dia, declinando
lentamente entre 10 a 15 dias antes do parto (STEWARDT & STABENFELDT, 1985 apud
JOHNSTON et al., 2001).
As concentrações plasmáticas de prolactina, oriunda da pituitária, aumentam por volta
do 35º de gestação na gata, o platô é alcançado por volta do 5dia, e diminui subitamente
antes do parto, aumentando em seguida (JOHNSTON et al., 2001). A prolactina é importante
para o desenvolvimento das glândulas mamárias, evidente por volta de 24 a 48 horas antes do
parto, para a lactação.
Uma importante descoberta na fisiologia reprodutiva foi a demonstração, na década de
60, que a hipofisectomia em fetos ovinos, abolia o inicio do parto (JAINUDEEN &HAFEZ,
2004). É sugerido que as inter-relações hormonais sejam similares durante o parto em muitas
espécies (FELDMAN & NELSON, 1996). Tanto fatores fetais como maternos contribuem
para o inicio do parto normal (JOHNSTON et al., 2001).
O aumento na liberação de hormônio liberador de corticotropina fetal próximo ao
parto estimula a liberação de hormônio adrenocorticotrópico fetal e subsequentemente
liberação de cortisol, que são ambos, hormônios importantes para o inicio do parto
(JOHNSTON et al., 2001). Ainda segundo os autores, a responsividade aumentada da
pituitária e adrenal fetal durante o termino da gestação são necessárias para o parto normal.
Um aumento plasmático pré-parto de 12,14-dihydro-15-ceto-prostaglandina F2
, o mais
importante metabólito da prostaglandina F2 , foi observado em cadelas (CONCANNON et
al., 1988 apud JOHNSTON et al., 2001). O aumento no 12,14-dihydro-15-ceto-
prostaglandina F2 pode refletir o aumento na síntese e liberação de prostaglandina pelo útero
gravídico, talvez em resposta ao aumento na secreção do cortisol fetal (JOHNSTON et al.,
2001). A prostaglandina pode estimular as contrações uterinas diretamente, ou pode entrar na
circulação materna e estimula a liberação de ocitocina a partir da glândula pituitária
(JOHNSTON et al., 2001). A administração de progesterona exógena, impedindo o
decréscimo das concentrações plasmáticas de progesterona, impede o inicio do trabalho de
parto, prolongando a gestação (CONCANNON et al., 1977 apud JOHNSTON et al., 2001),
caracterizando o papel desse decréscimo no mecanismo que desencadeia o parto.
2.10. Cuidado materno
Todos os membros da família Felidae o conhecidos por utilizarem ninhos durante o
período de lactação e como acontecem com muitos carnívoros, os recém-natos desses animais
nascem em um estado de franca dependência de suas mães (FELDMAN, 1993). A
característica marcante do período puerperal do gato doméstico é ter uma ninhada
extremamente dependente, com recém-natos exibindo movimentos imprecisos e lentos, olhos
e pavilhões auriculares ainda não abertos (SCHNEIRLA et al., 1963) e incapazes de
regularem a temperatura corpórea (FELDMAN, 1993), necessitando das mães para serem
aquecidos, alimentados e terem sua urina e fezes excretadas (SCHNEIRLA et al., 1963;
ROBINSON, 1992). Segundo FELDMAN (1993), aque a ninhada se torne desenvolvida e
independente, é crucial que eles sejam mantidos protegidos de predadores e outros intrusos, e
que eles recebam cuidado assíduo de suas mães. O comportamento dos animais tem
importante papel na reprodução, afetando tanto o sucesso do acasalamento quanto a
sobrevivência da prole (HAFEZ, 2004). Ainda segundo o autor, padrões comportamentais
estão associados à corte e cópula, ao nascimento, ao cuidado materno e as tentativas de
amamentação do filhote recém-nascido (HAFEZ, 2004). Segundo BEAVER (1992), o padrão
social mais importante exibido pela gata é o comportamento materno e pode ser caracterizado
por auto-lambedura exagerada e lambedura dos indivíduos da ninhada, rodear, amamentar,
resgatar os filhotes para próximo de si, permanecer junto da ninhada e retorno para o ninho
(SCHNEIRLA et al., 1963; BEAVER, 1992). O cuidado materno consiste em uma variedade
de atividades direcionada aos recém-natos pela mãe e representam a aceitação para
desprender o seu tempo, energia e recursos para manter e proteger sua prole (STOOKEY,
1997). ROSENBLATT et al. (1985), definiu o comportamento materno como qualquer
comportamento que a fêmea exiba em relação à prole. Esta definição funcional é adequada
por muitos propósitos, permitindo acrescentar continuamente neste padrão qualquer elemento
comportamental que venha a ser registrado como sendo direcionado a ninhada
(ROSENBLATT et al., 1985).
O início da formação dos laços materno-filiais tem sido tradicionalmente, considerada
como ocorrendo após o parto. Contudo, admite-se que as comunicações entre a mãe e o feto
possam ocorrer durante a gestação (ROSENBLATT et al., 1985). Segundo ROSENBLATT &
LEHRMAN (1963), estudos revelam que o inicio verdadeiro ocorra cerca de 24 horas antes
do parto. Segundo KUSTRITZ (2005), as gatas domésticas não exibem qualquer
comportamento específico durante a gestação. E, ainda, segundo a autora, com, com a
evolução gestacional, o útero aumentado pressiona o estômago, levando a fêmea a diminuir o
volume de alimento, freqüência de ingestão e tornando-se menos ativa. Segundo KUSTRITZ
(2005), gatas prenhes começam a exibir comportamento de ninho cerca de uma semana antes
do parto, preferindo áreas isoladas (BEAVER, 1992). A escolha antecipada do local do parto
permite que a área seja impregnada com os odores da fêmea. Durante este período, a gata
dispensa longos períodos executando auto cuidado, particularmente das regiões mamárias e
perianais. À medida que o parto se torna eminente, a gata se torna inquieta, cavando o chão ou
material presente no interior do ninho, assumindo uma postura de defecação (BEAVER,
1992). Durante o nascimento, a gata remove o saco amniótico, mastiga o cordão umbilical e
lambe os filhotes, limpando-os, o que também estimula seus movimentos respiratórios.
Somente então, conduz os neonatos em direção a sua glândula mamária. Nos primeiros dias
após o parto, a gata parida permanece quase que continuamente com os neonatos, raramente
ficando mais de duas horas longe da ninhada (BEAVER, 1992; VOITH, 1980). Ainda
segundo a autora, este período é utilizado para a alimentação e realização de exercícios. Após
dois dias, essas pausas tendem a se tornar mais freqüente (BEAVER, 1992). No retorno ao
ninho, ela se posiciona próximo ao grupo de recém-natos e desperta aqueles que estão
dormindo, lambendo-os vigorosamente, então ela deita-se ao redor dos filhotes e logo em
seguida os filhotes iniciam a sucção dos tetos (SCHNEIRLA et al., 1963). Para amamentação
sua ninhada a gata apresenta-se em decúbito lateral com suas patas e corpo englobando
totalmente os filhotes e ainda poderá rotacionar seu corpo para expor ainda mais seus tetos
(BEAVER, 1992). A direção da lambedura inicialmente ajuda a orientar os filhotes, ainda
com as pálpebras cerradas, a região mamária (BEAVER, 1992). Ao lamber a cria é
estabelecido o contato maternal com o neonato e o ato de mamar ajuda no estabelecimento do
instinto e ligação maternal (ROBINSON, 1992).
Durante a primeira semana, cerca de 90% do tempo da gata é dedicado aos filhotes,
com aproximadamente 70% do tempo empregado em amamenta-los (SCHNEIRLA et al.,
1963). Por volta da semana, seu tempo com os filhotes diminui para 16% (SCHNEIRLA et
al., 1963). Os filhotes ficam a maior parte do tempo em contato uns com os outros e/ou a mãe
nas primeiras 3 semanas, o tempo de contato diminui para 85% ao longo das demais semanas
(RHEINGOLD & ECKERMAN, 1971 apud BEAVER, 1992). A relação de cuidados
maternos com seus filhotes se modifica com o tempo (BEAVER, 1992). Ainda segundo a
autora, durante as primeiras 4 semanas ela inicia e estimula o interesse da ninhada na
amamentação. SCHNEIRLA et al. (1963), sugere que as interações no tocante ao inicio da
amamentação se modificam ao longo das primeiras semanas. O autor divide a organização
que envolve a amamentação em três fases. Inicialmente a gata estimula e inicia a
amamentação, por volta do 20º dia após o parto é possível observar que a amamentação é
iniciada tanto pela mãe como pelo filhote, e após o 30º dia, o inicio da amamentação depende
somente do filhote (SCHNEIRLA et al., 1963).
2.11. Controle neuro-endócrino do comportamento materno
Ao longo dos séculos, a ligação entre uma e e seu filhote recém nascido tem sido
considerada um processo natural e, é esperado que a mãe cuide e alimente sua prole.
Entretanto, o processo pelo qual a mãe e seu filhote desenvolvem uma relação tão próxima
não é claramente entendido. O modelo animal mais frequentemente utilizado para estudos
envolvendo comportamento materno têm sido o rato de laboratório (HRDY & CARTER,
1998). Ainda segundo os autores, uma rata de laboratório virgem ao ser confrontada com
filhotes da sua mesma espécie tende a ignorá-los. Ela pode exibir medo ou canibalizar os
filhotes. Somente após ser introduzida na presença de filhotes, repetidas vezes ao longo de
vários dias, a rata virgem pode ser condicionada a tolerar, cuidando através de lambedura,
curvando-se a fim de protegê-los e resgatando-os quando se afastam do ninho. No entanto,
uma rata gestante responde em poucos minutos a presença de filhotes, mesmo antes de parir
seus próprios filhotes (HRDY & CARTER, 1998).
O comportamento materno parece ser influenciado por condições hormonais que
existem durante a gestação, mas estímulos sensoriais provenientes dos recém-natos são
também importantes no seu inicio e manutenção (ROSENBLATT & LEHRMAN, 1963).
Segundo alguns autores (WANG et al., 1995; STOOKEY, 1997: HRDY & CARTER, 1998),
em modelos animais, o surgimento do comportamento materno direcionado aos filhotes não é
um evento espontâneo, requerendo especialmente indução hormonal. A exposição aos
hormônios esteróides, estrógenos e progesterona, durante a gestação sensibilizam o substrato
neural para as ações subseqüentes da ocitocina e prolactina, que agem no cérebro promovendo
o comportamento materno (HRDY & CARTER, 1998). WANG et al. (1995), observaram um
aumento na taxa de rejeição materna após a administração de um antagonista do receptor da
progesterona em camundongos durante a gestação. O inicio do comportamento materno
requer a resolução das tendências de medo-aversão de filhotes, baseado nas características
olfatórias, e atração para com eles e resposta ao estímulo do filhote que culmina no
comportamento materno. Em muitos animais esta resolução ocorre quase imediatamente, mas
em algumas outras, várias horas de contato com o filhote são necessárias para o
comportamento materno ser firmemente estabelecido (ROSENBLATT & LEHRMAN, 1963).
Segundo MALVEN (1993), são as mudanças nos níveis de progesterona e estrógeno que
desencadeiam o processo do nascimento, portanto, o perfil hormonal e especificamente o
hormônio ocitocina desencadeiam o comportamento materno.
Durante muito tempo acreditou-se que a ocitocina era responsável pelas contrações
uterinas e ejeção, mas ela também é a chave que estimula o comportamento materno
(STOOKEY, 1997). A ocitocina é liberada no bulbo olfatório do cérebro durante o parto
(KENDRICK et al., 1987). Sua presença no cérebro parece necessária para facilitar a
memória e reconhecimento da prole (LEVY et al, 1995). Sua presença no bulbo olfatório do
cérebro também ajuda a explicar o papel que o sentido do olfato exerce e a importância do
cheiro no reconhecimento e discriminação do bezerro pela vaca (STOOKEY, 1997). A
liberação de ocitocina é estimulada pela estimulação e afastamento (estiramento) da cérvice e
do canal do nascimento (KENDRICK et al, 1987). KENDRICK et al. (1992) através de um
manejo hormonal, que incluiu esponjas vaginais contendo dipropionato de estradiol e acetato
de medroxiprogesterona observou que nenhuma das ovelhas aceitou os cordeiros órfãos.
Entretanto, após a estimulação mecânica da vagina e cérvice, todas exibiram comportamento
direcionado aos cordeiros e ainda relata nenhuma diferença entre os pesos dos cordeiros
criadas por mães naturais ou adaptadas ao final de 14 a 16 semanas. Um achado interessante é
que fêmeas primíparas liberam menos ocitocina do que fêmeas multíparas (LEVY et al,
1995). Segundo STOOKEY (1997), dar a luz uma vez parece preparar o sistema e capacita a
liberação de grandes quantidades de ocitocina nos nascimentos subseqüentes. As novilhas
podem então ter a desvantagem em duas considerações; não são somente menos experientes
do que vacas, mas também tem menos quantidades de ocitocina liberadas no cérebro durante
o parto. Isto poderia explicar por que novilhas têm uma alta incidência do que cavas de
abandonar e rejeitar dos seus bezerros. Isto pode explicar também parcialmente porque
fêmeas submetidas à cesariana, portanto menos estimulação cervical, tem alta incidência de
negligência materna. Também, drogas analgésicas usadas durante uma cesariana, para
bloquear a dor, podem interferir com a liberação de ocitocina (LEVY et al, 1992). Não é certo
que uma injeção de ocitocina pode estimular adequadamente o comportamento materno desde
que níveis plasmáticos são rapidamente metabolizáveis e podem não elevar adequadamente os
níveis cerebrais.
Tamanho da ninhada, idade dos filhotes, quantidade de estresse externamente induzido
e outros fatores podem afetar a interação mãe-filhote. Existe um período de especial
vulnerabilidade para interrupção das inter-relações mãe-filhote logo após o parto que
corresponde, segundo ROSENBLATT & LEHRMAN (1963), ao período de transição da
hormonal para a não hormonal regulação do comportamento materno. Para muitos
comportamentos STOOKEY (1997) sugere que existe um elemento de aprendizado ou
experiência interagindo com alguma resposta inata. Mas em geral, os hormônios tendem a
iniciar e guiar muitos dos comportamentos maternos. Segundo STOOKEY (1997), os
hormônios que fazem as vacas serem receptivas ao recém nato e estabelecer uma ligação.
Embora, muitos dos resultados descritos na literatura são oriundos de experimentações
realizadas principalmente, com camundongos, coelhos, pequenos e grandes ruminantes, é
possível que os princípios do controle neuro-hormonal do comportamento materno possam ser
extrapolados para a espécie felina.
3. JUSTIFICATIVA
No Brasil, há alguns relatos sobre atividade sexual de gatas domésticas (TEBET et al.,
1997; SILVA et al., 2001) e também em fêmeas de pequenos felídeos selvagens (MOREIRA
et al., 2000 e 2001). No entanto, grande parte dos relatos trata-se de estudos realizados com
gatas domésticas que vivem em zonas temperadas ou mantidas sob fotoperíodo artificial em
condições experimentais. os estudos sobre os parâmetros reprodutivos de gatas domésticas
criadas em fotoperíodo equatorial natural são escassos, havendo somente um relato sobre
comportamento sexual de gatas não submetidas à cobertura (SILVA, 2003), o qual descreve a
inexistência do interestro comportamental. Assim, pouco se sabe sobre os parâmetros
reprodutivos de gatas sem raça definida em condições de fotoperíodo equatorial natural.
Muitos estudos foram realizados comparando modelos animais com representantes
selvagens da mesma espécie e, sugere que o comportamento materno o foi
substancialmente alterado por essas condições de vida mais restritivas (ROSENBLATT et al.,
1985), o que torna o presente estudo relevante para as populações naturais não somente da
espécie estudada, mas também para populações que ainda não foram submetidas a estudos
laboratoriais.
A vida humana está cada vez mais ligada à progressiva urbanização, com isso, os
animais domésticos têm sido mantidos sob varias condições, as quais algumas vezes diferem
grandemente dos seus ambientes naturais ou semi-naturais (OLIVEIRA, 2002). Os gatos,
cada vez mais, estão sendo mantidos em ambientes fechados, confinados em casas e
apartamentos com pouco ou nenhum acesso ao ambiente externo, o que pode resultar em
problemas físicos e distúrbios comportamentais (MERTENS & SCHAR, 1988). Com o
aumento da popularidade e sua criação comercial, tornou-se crescente a necessidade de um
maior entendimento do comportamento reprodutivo desta espécie.
O gato doméstico, das trinta e sete espécies de felídeos, é o único que não se encontra
em vias de extinção (IUCN, 2006), tornando-se um importante modelo experimental para
estudos em felídeos selvagens.
O comportamento materno de gatas domésticas foi abordado por vários autores
(SCHNEIRLA et al., 1963; BEAVER, 1992; ROBINSON, 1992; FELDMAN, 1993) nas
últimas décadas. Inúmeras revisões para divulgação, e ainda mais comumente publicações
populares estão disponíveis. Vale ressaltar os relatos de SCHNEIRLA et al. (1963), que
descrevem os resultados das observações de gatas paridas e seus filhotes mantidos sob
condições que se assemelham àquelas encontradas na primavera em latitude norte. Contudo,
as publicações científicas limitam-se ao apresentarem somente a definição e a descrição do
comportamento, possuindo poucos relatos de observações experimentais e resultados
estatisticamente interpretados.
O presente trabalho vislumbrou a maior compreensão dos parâmetros e
comportamentos reprodutivos de gatas domésticas, o que pode colaborar para a melhoria de
resultados nos programas de reprodução de felídeos em cativeiro submetidos a condições
climáticas semelhantes.
4. HIPÓTESES CIENTÍFICAS
Gatas domésticas sem raça definida mantidas em ambiente experimental sob
fotoperíodo equatorial natural, apresentam algumas características reprodutivas diferindo
daquelas descritas em outros fotoperíodos.
5. OBJETIVOS
5.1. Objetivo geral
Avaliar os parâmetros reprodutivos relacionados à gestação e lactação e, apresentar
um estudo das relações materno-filiais de gatas domésticas (Felis silvestris catus) submetidas
ao fotoperíodo equatorial natural.
5.2. Objetivos específicos
O presente trabalho visou avaliar:
Peso médio da gata no primeiro dia de cobertura;
Tempo de intromissão peniana;
Intervalo de tempo para aceitação de uma nova intromissão peniana;
Duração média do estro com cobertura;
Freqüência de ocorrência dos sinais pós-coito;
Duração da gestação;
Percentual de gatas que manifestaram sinais de aceitação de monta e cobertura durante
a gestação;
Taxa de gestação, taxa de parição, taxa de reabsorção, prolificidade e proporção de
sexo dos filhotes nascidos;
Percentual de ganho de peso da mãe ao longo da gestação;
Taxa de mortalidade neonatal;
Duração do anestro pós-parto;
Freqüência de ocorrência das categorias comportamentais que compõe o
comportamento mateno-filial.
6. MATERIAL E MÉTODOS
6.1. Local de Execução
O experimento foi realizado no gatil experimental do Laboratório de Reprodução de
Carnívoros do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias da Universidade
Estadual do Ceará, localizado na cidade de Fortaleza (3º 44’de latitude sul e 38º 34’de
longitude oeste). Essa localidade possui clima Equatorial Semi-Úmido, aproximadamente 12h
de luz/dia; 27,2 °C de temperatura média mensal; precipitação de 117,2 mm de chuva/mês e
70,5% de umidade relativa do ar (FUNCEME, 2005).
6.2. Animais Experimentais
Foram utilizados 25 gatas, com peso variando de 2,30 a 3,93 Kg e 7 gatos adultos
jovens, com peso variando de 3,09 Kg a 4,10 Kg, sem raça definida e inteiros, mantidos em
gaiolas individuais medindo 1x1 m
2
forradas com jornais e localizadas em gatil parcialmente
coberto para que recebessem luz natural e assim, fossem submetidos ao fotoperíodo e clima
regional. Não foram realizadas atividades durante a noite para evitar utilização de luz artificial
e, conseqüentemente, interferência no fotoperíodo natural. Os animais foram alimentados com
ração comercial de manutenção para gatos adultos (Kitekat- Éffem®) e água à vontade. A
partir do 35º dia de gestação até o desmame, as gatas foram alimentadas com ração comercial
para filhotes (Whiskas Gatito- Éffem®). Três semanas antes do parto, as gaiolas das fêmeas
gestantes foram providas de uma caixa plástica forrada com papel, a fim de oferecer maior
conforto à mãe e seus filhotes.
6.3. Acompanhamento da ciclicidade e manejo de coberturas
O acompanhamento da ciclicidade foi realizado através da detecção dos sinais de
aceitação de monta e cobertura na presença do macho uma vez ao dia. Gatas exibindo
arqueamento dos membros anteriores e elevação da região posterior (lordose), lateralização da
cauda e patinar com os membros posteriores (LEIN et al., 1982) ao longo de dois dias, foram
consideradas em estro, permitindo-se a monta e cobertura a partir do segundo dia de aceitação
de monta e cobertura. Foram realizadas 28 coberturas, divididas em dois períodos ao longo de
três dias. O cortejo sofreu intervenção do manipulador para garantir o mínimo de quatro
cópulas por período. Foi registrado, através de um cronômetro, o tempo de intromissão
peniana. Vale ressaltar que no presente trabalho, devido à dificuldade de visualização do pênis
durante a cobertura, o tempo de intromissão peniana foi determinado a partir do início da
6.6. Avaliação dos parâmetros reprodutivos
O tempo de gestação foi definido como o número de dias a partir do 1º dia de
cobertura ao dia do parto. A taxa de gestação foi determinada como o número de gatas que
tiveram diagnóstico positivo de gestação à primeira ultra-sonografia pelo total de meas
cobertas. A taxa de reabsorção foi determinada como o número de gatas, nas quais foi
determinada a perda gestacional sobre o total de animais diagnosticados gestantes e taxa de
parição sendo, o número de gatas que levaram a gestação a termo sobre o número total de
fêmeas cobertas.
6.7. Anestro pós-parto
Cerca de 48h após a parição, as gatas foram submetidas à detecção de sinais de estro a
cada 24 h na presença do macho, para caracterização de período de anestro pós-parto, no
entanto a cópula não foi permitida, impedindo-se a intromissão peniana manualmente. Foi
definido como anestro pós-parto o intervalo, em dias, entre o parto e o dia de pelo menos
dois dias de observação de sinais de aceitação de monta e cobertura após o parto. O desmame
dos filhotes foi realizado 35 (n=8 gatas) e 45 dias (n=6 gatas) após o parto. As fêmeas foram
impedidas do contato visual com seus filhotes após o desmame embora estivessem no mesmo
gatil experimental.
6.8. Registro comportamental
Foram realizados 4 períodos de observações diárias de 15 minutos para todas as gatas
paridas e seus filhotes (n=16 famílias) em um período que se iniciou 24 horas após o parto e
que se seguiu ao longo de 28 dias. As atividades comportamentais exibidas pelas gatas paridas
e seus filhotes foram registradas por observação presencial em etogramas preenchidos
manualmente pelos observadores localizados a frente das gaiolas dos animais. As informações
foram registradas em fichas contendo as categorias comportamentais a serem observadas. No
presente trabalho, delineou-se um etograma contendo categorias a partir de elementos
comportamentais descritos na literatura (SCHNEIRLA et al., 1963; CHIANG et al., 2002;
BEAVER, 2005), que ao serem reunidos, definem o padrão comportamental materno filial.
Mãe amamentando
A gata parida em posição de amamentação com pelo menos um filhote exibindo
sucção do teto.
Local onde foi observada a amamentação
Gata amamentando pelo menos um filhote dentro ou fora do ninho.
Postura para amamentação
Postura corpórea assumida pela gata para amamentar os filhotes.
Semicírculo
Exposição da região mamária, assumindo uma posição lateral, com as patas e corpo
confinando completamente os filhotes.
Levemente rotacionada
Ligeira rotação no eixo longitudinal do corpo da mãe para expor ainda mais a região
mamária.
Decúbito dorsal
Gata assumindo uma postura corpórea para amamentação em decúbito dorsal expondo
completamente a região mamária.
Decúbito ventral
Gata assumindo uma postura corpórea para amamentação em decúbito ventral
impedindo o acesso do filhote na sua região mamária.
Sentada
Gata amamentando sentada pelo menos um filhote.
Mãe isolada
Gata parida sem contato corpóreo com nenhum filhote exceto a cauda.
Local onde foi observado o isolamento da mãe
Gata parida isolada dentro ou fora do ninho.
Atividade executada pela mãe quando isolada fora do ninho
Comendo
Gata isolada fora do ninho comendo.
Bebendo
Gata isolada fora do ninho ingerindo água.
Eliminado
Gata isolada fora do ninho defecando e/ou urinando.
Exercitando-se
Gata isolada fora do ninho espreguiçando o corpo, apoiando-se nas grades ou rolando
o corpo no assoalho da gaiola.
Inativa
Gata isolada fora do ninho não realizando nenhuma atividade ou dormindo.
Mãe em contato
Gata em contato com alguma parte do corpo de pelo menos um filhote, exceto a cauda,
sem amamentar ou lamber.
Local onde foi observada a gata parida em contato com o filhote
Mãe em contato dentro ou fora do ninho.
Lambendo
Gata passando a língua em qualquer parte do corpo de um filhote.
Local onde ocorreu a lambedura
Lambedura de qualquer parte do corpo do filhote dentro ou fora do ninho. A
localização da lambedura foi definida a partir da localização do filhote. Gatas localizadas ao
redor do ninho lambendo seus filhotes localizados no interior do ninho, representavam
lambedura ocorrendo dentro do ninho.
Lambedura do corpo do filhote
Gata lambendo qualquer parte do corpo do filhote exceto a região genital.
Lambedura da região ano-genital
A gata lambe a região ano-genital do filhote exclusivamente.
Auto-lambedura
A gata lambe o próprio corpo.
Filhote fora do ninho
Pelo menos um filhote localizado fora do ninho.
Transportando os filhotes
Fêmea transportando o filhote através da apreensão da região cervical dorsal/lateral do
filhote.
Direção na qual a gata transporta o filhote
A mãe transportando um filhote de dentro para fora ou de fora para dentro do ninho.
6.9. Análise Estatística
Os resultados de tempo de intromissão peniana (segundos), intervalo para uma nova
intromissão (minutos), peso das gatas (gramas), tempo de estro com cobertura (dias), tempo
de gestação (dias), prolificidade e tempo de anestro pós-parto (dias) foram expressos sob a
forma de média e desvio padrão. A freqüência de ocorrência das reações pós-coito, ocorrência
de estro durante a gestação, taxa de gestação, taxa de parição e taxa de reabsorção, foram
registrados e avaliados segundo a sua freqüência de ocorrência. A duração do anestro pós-
parto com desmame aos 35 dias e aos 45 dias após o parto foram comparados utilizando-se o
teste t-Student (p < 0,05).
Cada família foi observada 12 vezes ao dia para determinação da freqüência de
ocorrência das categorias comportamentais. O número de vezes em que a categoria foi
observada foi multiplicado por 100 e dividido por 12 para obtenção da freqüência percentual
observada. Os resultados estão apresentados sob a forma de distribuição de freqüência e
foram comparados através do teste Qui-quadrado (p < 0,05).
7. RESULTADOS
Em 357 cópulas, foi registrado um tempo médio de intromissão peniana e em 338, foi
registrado o intervalo de tempo para uma nova aceitação (tabela 1). A partir de 357 cópulas
observadas, foi registrada a freqüência de ocorrência dos sinais pós-cópula (tabela 2).
Tabela 1
A duração média do estro das gatas submetidas à cobertura foi de 7,27 ± 1,90 dias (5 a
11, n=11). Duas gatas que foram submetidas ao manejo de cobertura e não emprenharam
apresentaram intervalo entre estros de 65 e 75 dias, respectivamente. O peso médio das gatas
na cobertura foi de 3.053,94 ± 441,71 gramas (2.298 a 3.930, n=16), o percentual de ganho de
peso ao longo da gestação foi de 30,90 ± 12,03% (n=16) e, ainda, 12 gatas tiveram um ganho
de peso médio, verificado 24 horas após o parto, em torno de 429,50 ± 207,58, variando de
107 a 821. Os parâmetros reprodutivos de gatas domésticas submetidas ao fotoperíodo
equatorial natural durante a gestação e pós-parto estão descritos na tabela 3.
Tabela 3: Características reprodutivas de gatas domésticas que apresentaram gestação.
CARACTERÍSTICAS VALORES
Taxa de gestação 75% (21/28)
Taxa de perda embrionária 10,71% (3/28)
Taxa de parição 64,29 (18/28)
Tempo de gestação 66,4 ± 1,40 dias (64-69, n=16)
Prolificidade (18 gestações) 4,82 ± 1,24 filhotes/ninhada (n=17)
Natimorto 7,32% (6/82)
Proporção macho:fêmea 1:1 (n=82)
Três gatas reabsorveram as ampolas gestacionais ao longo da gestação, perfazendo
uma taxa de parição de 64,29% (18/28). Todas as gatas pariram seus filhotes naturalmente,
não requerendo intervenção cirúrgica. Em um parto, foram realizadas manobras de ligadura
de cordão umbilical e retirada dos restos placentários do ninho. O percentual de gatas
gestantes que apresentaram sinais de aceitação de monta e cobertura ao longo da gestação está
descrito na tabela 4. Dos 15 anestros lactacionais que foram observados, em apenas um foram
observados sinas de monta e aceitação antes do desmame dos filhotes (6,25%). A duração
média de anestro pós-parto em gatas que tiveram seus filhotes desmamados com 35 e 45 dias
de nascidos foram de 54,5±15,21 (n=8) e 58,8±12,22 (n=6) dias, respectivamente. Não foi
observada diferença estatística na duração do anestro pós-parto entre os dois grupos (p >
0,05). Uma gata apresentou sinais de doença antes do término do período de lactação
estabelecido, impossibilitando a caracterização do anestro pós-parto nesta gata.
Tabela 4: Percentual de gatas gestantes com sinais de aceitação de monta e cobertura durante
os três períodos gestacionais avaliados.
N° de diestros
observados
Percentual de gatas gestantes com sinais de aceitação de monta e
cobertura durante a gestação
1° período
(1° ao 15° dia)
2° período
(16° ao 30° dia)
3° período
(31° ao 45° dia)
4° período
(46° ao parto)
15 * 6,67% (1/15) 20% (3/15) 40% (6/15)
* Não foi realizado detecção de sinais de aceitação de monta e cobertura neste período.
As distribuições de freqüência das categorias comportamentais amamentando,
amamentando dentro e fora do ninho, e filhotes fora do ninho ao longo das 4 semanas de
observação, estão descritas na tabela 5. O tempo médio dedicado à amamentação na primeira
semana é superior às demais semanas, não diferindo estatisticamente entre a segunda e a
terceira, e ambas, superiores à quarta semana.
Tabela 5: Tempo dedicado à amamentação, tempo amamentando dentro e fora do ninho e
tempo que os filhotes permaneceram fora do ninho ao longo das quatro semanas de
observação.
Tempos
(%)
1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana
Dedicado à
amamentação
72,77
a
63,54
b
62,80
b
47,40
c
Amamentando
dentro do ninho
98,57
b
99,77
a
98,10
b
89,62
c
Amamentando
fora do ninho
1,43
b
0,23
c
1,90
b
10,38
a
Filhotes fora do
ninho
2,25
c
1,95
c
6,22
b
37,86
a
Letras minúsculas diferentes na mesma linha representam diferença estatística (p<0,05).
Ainda na tabela 5, foram obtidos, a partir do tempo dedicado à amamentação, os
percentuais em que o comportamento foi executado dentro e fora do ninho (Figura 1) ao longo
das quatro semanas de observação.
Figura 1. Gata amamentando
seus filhotes fora do ninho (28º
dia pós-parto).
No presente trabalho, o tempo médio dedicado à amamentação de acordo com o
número de filhotes por ninhada, ao longo das quatro semanas de observação é descrito na
tabela 6. As gatas inseridas na categoria de famílias com 1 a 3 filhotes amamentam seus
filhotes menos do que aquelas com ninhadas de 4 e 7 filhotes durante as quatro primeiras
semanas após o nascimento.
O tempo dedicado à amamentação diminui entre a primeira e a segunda semana em
todas as famílias e permanece constante ao longo das duas semanas seguintes.
Tabela 6: Tempo médio dedicado à amamentação em gatas com ninhadas de 1 a 3 e 4 a 7
filhotes ao longo das quatro semanas de observação.
Tempo dedicado à
amamentação
(%)
1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana
Gatas com ninhadas de 1 a 3
filhotes
67,69
bA
60,51
bB
63,09
bAB
58,78
bB
Gatas com ninhadas de 4 e 7
filhotes
76,59
aA
70,10
aB
69,44
aB
68,71
aB
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05).
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
Foram realizadas 3627 observações da mãe amamentando pelo menos um dos filhotes
ao longo de quatro semanas (Gráfico 1); onde, 63,69% (2310/3627) amamentaram em
decúbito lateral com suas patas e corpo englobando totalmente os filhotes (Figura 2), 29,39%
(1066/3627) rotacionaram seu corpo levemente para expor ainda mais seus tetos, o que em
0,14% (5/3627) culminou na amamentação em decúbito dorsal e em 6,78% (246/3627)
observou-se a mãe amamentando enquanto estava sentada (Figura 3 e 4).
Figura 2. Gata amamentando
dentro do ninho assumindo
postura corpórea em semicírculo
(23º dia pós-parto).
Para propiciar confiabilidade à avaliação estatística para comparação das médias que
representam as diferentes posturas exibidas pela gata durante a amamentação ao longo das
Percentual de observação das
diferentes posturas de amamentação
(n=3627)
63,68%
29,39%
0,14%
6,78%
Semi círculo Levemente Rotacionada
Decubito dorsal Sentada
Gráfico 1. Distribuição de freqüência das diferentes posturas de amamentação exibidas pelas
gatas ao longo de vinte e oito dias de observação.
Figura 3. Gata amamentando
sentada dentro do ninho (8º dia
pós-parto).
Figura 4. Gata amamentando
sentada no ninho (25º dia pós-
parto).
Tabela 7: Percentual de observação dos diferentes posicionamentos corpóreos para
amamentação exibidos pela gata doméstica.
Posicionamentos corpóreos para amamentação
Semana
Semicírculo Levemente
Rotacionada
Outras* Total
69,81
aA
26,45
bB
3,74
cC
1017
66,07
bA
28,43
baB
5,51
bcC
890
60,14
bcA
31,94ª
B
7,93
bC
883
57,47
cA
31,30
aB
11,23
aC
837
Letras minúsculas diferentes nas mesmas colunas denotam diferença estatística (p<0,05).
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
* Categoria OUTRAS reúne postura decúbito dorsal e sentada.
Na tabela 8, nota-se que, ao longo da 1ª, e semana, gatas com ninhadas de 1 a 3
filhotes amamentam seus filhotes em semicírculo em uma freqüência maior do que as gatas
com ninhadas de 4 a 7 filhotes, que no mesmo período apresentaram uma freqüência de
amamentação rotacionando levemente o seu corpo maior.
Tabela 8. Percentual de observação dos diferentes posicionamentos corpóreos para
amamentação exibidos pela gata doméstica dividas em duas categorias de acordo com o
número de filhotes por ninhada ao longo das quatro semanas. SC= semi-círculo, LR=
levemente rotacionada, O= outras.
Semanas
T*
SC LR O SC LR O SC LR O SC LR O
1-3
(%)
77,39
a
15,97
b
6,63
a
63,66
a
28,88
a
7,45
a
70,32
a
20,49
b
9,19
a
67,60
a
20,28
b
12,11
a
4-7
(%)
65,72
b
32,27
a
1,97
b
66,42
a
29,03
a
4,54
a
54,56
b
39,24
a
6,54
a
59,42
b
40,39
a
9,19
a
* Tempo dedicado à amamentação em gatas com ninhadas de.1-3 ou 4-7 filhotes
Letras minúsculas na mesma coluna denotam denotam diferença estatística (p<0,05).
Os valores que representam o tempo médio de permanência dos filhotes fora do ninho
(Figura 5) não diferem estatisticamente entre a primeira e a segunda semana, aumentando ao
longo da terceira e quarta semana, que diferiram estatisticamente entre si (Tabela 5).
Figura 5. Filhote fora do ninho (24º dia
pós-parto).
No presente trabalho, observou-se um percentual de 0,30%, 0,22% e 0,07% na
ocorrência do transporte de filhotes pela mãe para dentro do ninho durante o período de
observação na primeira, segunda e terceira semana, respectivamente. Não sendo observado ao
longo das três primeiras semanas transporte de dentro para fora do ninho. Na quarta semana,
observou-se uma freqüência de ocorrência das categorias comportamentais gatas
transportando seus filhotes de dentro para fora e de fora para dentro do ninho (Figura 6) de
0,45% e 0,60% do tempo de observação, respectivamente.
Tabela 9. Percentual de ocorrência da categoria comportamental “Gata isolada” ao longo de
quatro semanas de observação.
Tempo isolada dos filhotes (%) Semanas
Dentro do ninho Fora do ninho Total
6,84
bB
86,34
cA
28,27
b
2,44
cB
97,56
aA
30,50
b
5,53
bB
94,47
cA
30,95
b
20,21
aB
79,79
bA
36,09ª
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05)
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
De 16 gatas, apenas 2 permaneceram no ninho durante todo o tempo de observação no
primeiro dia. No primeiro dia as gatas ficaram em média 23,21% do tempo de observação fora
do ninho; sendo 16,7% comendo (Figura 7), 6,5% bebendo (Figura 8), 0,6% eliminando e
7,7% inativa (Figura 9). Entretanto, não foi observada a ocorrência da categoria exercitando-
se. O tempo médio em que as gatas permaneceram isoladas (Figura 10) não diferiu nas 3
primeiras semanas e aumentou na quarta semana (Tabela 9) e, estando ao longo das quatro
semanas, a maior parte do tempo isolada fora do ninho.
Figura 6. Gata transportando um dos
filhotes imobilizando o filhote por
apreensão na região cervical dorsal (28º
dia pós-parto).
Na tabela 10, foi observado que gatas que possuem ninhadas de 1 a 3 filhotes
permanecem isoladas mais tempo do que àquelas com ninhadas de 4 a 7 filhotes ao longo das
4 semanas de observação.
Os tempos médios de isolamento em gatas com ninhadas de 1 a 3 filhotes mantiveram-
se constantes nas três primeiras semanas, aumentando somente na semana. Em gatas com
ninhadas de 4 a 7 filhotes esse tempo manteve-se constante a a segunda semana,
aumentando a partir da 3ª semana, onde observou-se a média semelhante a 4ª semana.
Figura 7. Gata isolada dos filhotes fora
do ninho comendo (23º dia).
Figura 8. Gata isolada dos filhotes fora do
ninho bebendo água (15º dia).
Tabela 10. Tempo médio de isolamento em gatas com ninhadas de 1 a 3 e 4 a 7 filhotes ao
longo das quatro semanas de observação.
Tempo de
isolamento em
gatas com
ninhadas de
1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana
1 a 3 filhotes
(%)
32,14
aB
33,53
aB
31,74
aB
38,54
aA
4 a 7 filhotes
(%)
22,47
bB
23,41
bB
26,06
bA
28,74
bA
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05).
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
Os percentuais das diferentes atividades executadas pelas gatas foram registrados na
tabela 11. No presente trabalho, notou-se que na primeira semana o tempo médio em que as
gatas permaneceram inativas apresentou-se estatisticamente inferior as médias obtidas nas três
semanas seguintes, que se mantiveram constantes. O percentual de tempo que foi observado
as gatas comendo ração manteve-se constante durante as três primeiras semanas, todas
estatisticamente superiores à média observada na quarta semana.
Figura 9. Gata isolada fora do ninho
inativa (9º dia pós-parto).
Figura 10. Gata isolada dentro do ninho e
filhotes fora do ninho (26º dia pós-parto).
Tabela 11: Percentual das diferentes atividades executadas pela mãe quando isolada fora do
ninho ao longo das quatro semanas de observação comportamental.
Semanas
Inativa
Comendo
Bebendo
Eliminando
Exercitando
30,11
b
45,68ª
20,84ª
2,32ª
1,05ª
37,62
ª
39,73ª
19,77ª
1,15
ab
1,73ª
39,46ª
40,81ª
18,18ª
0,58
b
0,97ª
38,69ª
37,38
b
21,31
a
0,75
b
1,87ª
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05).
O tempo médio que foi observado as gatas ingerindo água e exercitando-se se
mantiveram constante ao longo das quatro semanas. Foi observada uma diminuição na
freqüência de ocorrência da categoria comportamental eliminando a partir da segunda semana
e manteve-se constante ao longo da terceira e quarta semana.
Tabela 12: Distribuição de freqüência para as categorias comportamentais mãe em contato,
mãe em contato dentro e fora do ninho.
(%) 1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana
Mãe em contato
com pelo menos
um filhote
26,41
c
29,84
b
25,59
c
37,95ª
Mãe em contato
dentro do ninho
98,87
a
97,01
a
97,67
a
80
b
Mãe em contato
dentro do ninho
1,13
b
2,99
b
2,32
b
20
a
Letras minúsculas diferindo entre si na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
A distribuição de freqüência para as categorias mãe em contato, mãe em contato
dentro e fora do ninho está descritas na tabela 12.
A média que representa a freqüência de ocorrência da categoria mãe em contato com
pelo menos um filhote na primeira semana apresenta-se semelhante àquela registrada na
terceira semana, e ambas, inferiores a segunda. Sendo a média da quarta semana superior a
todas as semanas (Tabela 13).
As mães que pertenciam ao grupo de gatas com ninhadas de 1 a 3 filhotes mantiveram
contato com pelo menos um filhotes em uma freqüência superior àquelas no grupo de gatas
com ninhadas de 4 a 7 filhotes nas 4 semanas de observação (Tabela 13).
Tabela 13. Tempo médio em que as gatas mantiveram contato com pelo menos um filhotes
em ninhadas de 1 a 3 e 4 a 7 filhotes ao longo das quatro semanas de observação.
Categoria “Mãe
em contato”
com ninhadas
de (%)
1ª semana
2ª semana
3ª semana
4ª semana
1 a 3 filhotes
32,14
aB
36,90
aB
32,94
aB
42,41
aA
4 a 7 filhotes
21,43
bC
25,92
bB
23,54
bB
32,99
bA
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05).
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
Gatas com ninhadas de 1 a 3 filhotes exibem uma distribuição de freqüência média
para a categoria mãe em contato estatisticamente semelhante ao longo das três primeiras
semanas, aumentando na quarta semana. Àquelas que possuem ninhadas com 4 a 7 filhotes
apresentaram uma dia quanto a execução do mesmo comportamento estatisticamente
menor do que as quatros semanas, sendo a segunda e a terceira semana semelhantes e a quarta
semana superior as demais.
O percentual de tempo que foi observado a gata lambendo seu filhote na primeira
semana apresentou-se estatisticamente semelhante à média obtida na segunda semana. Notou-
se, então, uma diminuição da execução desse comportamento na terceira semana que se
assemelha com a média da quarta semana de observação (Tabela 14).
A freqüência obtida para a categoria lambendo os filhotes no interior do ninho (Figura
11) apresentou-se semelhante àquela obtida na segunda, diminuindo ao longo da terceira e
quarta semana. Os resultados obtidos para a lambendo os filhotes fora do ninho apresentam-se
semelhantes entre a primeira e a segunda, aumentando na terceira e quarta semana,
respectivamente (Tabela 14).
A partir do percentual de tempo que foi registrado a gata lambendo os seus filhotes,
notou-se que durante as 4 semanas as gatas lamberam seus filhotes em uma freqüência
estatisticamente maior no interior do ninho do que fora dele (Tabela 14).
Tabela 14. Percentual de ocorrência da categoria comportamental “Gata lambendo os
filhotes” ao longo de quatro semanas de observação.
Tempo lambendo os filhotes (%)
Semanas
Total Dentro do ninho Fora do ninho
28,87
a
98,97
aA
1,03
cB
29,36
a
98,65
aA
1,35
cB
24,13
b
94,41
bA
5,59
bB
22,38
b
76,24
cA
23,76
aB
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05)
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
Na tabela 15, nota-se que ao longo das quatro semanas gatas com ninhadas de 1 a 3
filhotes dedicam mais tempo lambendo seus filhotes do que gatas com ninhadas de 4 a 7
filhotes.
Gatas com ninhadas menores possuem médias semelhantes quanto ao tempo de
lambedura nas três primeiras semanas, diminuindo apenas na quarta semana. Nas gatas que
possuem ninhadas maiores, o tempo dedicado à lambedura dos filhotes mantém-se constante
nas duas primeiras semanas, diminuindo e mantendo-se semelhante durante a terceira e quarta
semana.
Tabela 15. Tempo médio em que a gata executou lambedura direcionada aos filhotes com
ninhadas de 1 a 3 e 4 a 7 filhotes ao longo das quatro semanas de observação.
Tempo
lambendo os
filhotes em
gatas com
ninhadas de
(%)
1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana
1 a 3 filhotes
34,52
a
A
33,33
a
A
30,95
a
A
23,81
a
B
4 a 7 filhotes
24,87
b
A
25,66
b
A
20,24
b
B
16,33
b
B
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05).
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
Figura 11. Gata realizando
lambedura dentro do ninho
direcionada ao corpo de um
filhote (28º dia pós-parto).
Tabela 16. Percentual dos locais onde a lambedura foi direcionada pela mãe ao longo das
quatro semanas de observação comportamental.
Semanas Auto-
lambedura
Ninho Corpo Ano-genital
19,72
a
0,67ª 25,97
ªA
18,67
ªB
13,41
b
0,71ª 26,43
ªA
17,94
aB
10,32
bc
0,63ª 21,67
bA
13,33
bB
8,81
c
0,40
a
17,94
cA
9,13
cB
Letras minúsculas diferentes na mesma coluna denotam diferença estatística (p<0,05).
Letras maiúsculas diferentes na mesma linha denotam diferença estatística (p<0,05).
Na tabela 16 estão descritos as freqüências médias que foram observadas o tempo de
lambedura executada pela mãe e direcionada para diferentes locais ao longo das quatro
semanas de observação. Notou-se que a auto-lambedura diminuiu ao longo das quatro
semanas. O tempo dio que foi observado a lambedura do ninho manteve-se constante,
embora com freqüência pequena. A lambedura tanto do corpo quanto da região ano genital do
filhote manteve-se constante nas duas primeiras semanas de observação diminuindo
semelhantemente ao longo das próximas duas semanas. No entanto, a freqüência em que foi
observada a lambedura do corpo do filhote manteve-se estatisticamente superior a lambedura
da região ano-genital ao longo das quatro semanas de observação.
8. DISCUSSÃO
A cópula na espécie felina consiste na monta na fêmea pelo macho, posicionamento do
gato e ereção do pênis, intromissão, ejaculação, desmonta e reação pós-coito exibida pela
fêmea (LEIN et al., 1982). O tempo médio de intromissão peniana apresentou-se semelhante
aos dados de ROOT et al. (1995), onde se registrou um tempo médio de intromissão peniana e
ejaculação pelo macho variando de 3 a 30 segundos (n = 120). Segundo CONCANNON &
LEIN (1983), o gato realiza várias tentativas antes de a intromissão peniana ser observada, o
que leva somente 1 a 4 segundos. No presente trabalho o tempo para permissão de uma nova
cópula foi determinada pelo momento de uma nova intromissão peniana, diferindo de ROOT
et al. (1995) que avaliaram a partir da remonta do macho na fêmea receptiva (7,5 minutos,
variando de 5 a 90 minutos). No entanto, o intervalo para uma nova aceitação de monta e
cobertura sofreu influência do manipulador em algumas cópulas para garantir o mínimo de 4
cópulas por período de cobertura. A reação pós-coito exibida pela fêmea é uma seqüência de
comportamentos que ocorre imediatamente após o coito e incluem vocalização, bater no
macho, lamber a vulva e patinar com os membros posteriores e rolar freneticamente (LEIN et
al, 1982). Diferente do que foi observado por ROOT et al (1995), onde todas as gatas
avaliadas exibiram reação pós-coito, algumas cópulas não foram seguidas dos elementos
comportamentais que caracterizam a reação pós-coito, o que pode ser justificado pela
insuficiência do coito em desencadear os mecanismos neuro-endócrinos que levam à ovulação
após uma das cópulas (0,28%). Nas outras 16 cópulas (4,48%), onde também não foi
observada reação pós-coito, os sinais podem ter sido inibidos pela contenção do macho. Foi
observado neste trabalho que 32,49% das cópulas foram seguidas de lambedura de outras
partes do corpo, excluindo-se a área genital e 16,25% de prurido da região cervical dorsal,
possivelmente justificado pela sensibilização de receptores localizados em regiões além da
região genital e contenção promovida pelo macho ao morder tal região, respectivamente.
O manejo de cobertura escolhido neste estudo visou garantir que uma quantidade de
espermatozóides viáveis estivesse no trato reprodutivo da fêmea no momento da ovulação.
Ainda segundo SCHMIDT (1986), gatos machos saudáveis podem copular três vezes ao dia
ao longo de quatro a cinco dias sem uma mudança notável na concentração espermática.
A duração do estro descrito para gatas não cobertas é em média 7,4 ± 3,7 dias,
variando de 2 a 19 dias (SHILLE et al., 1979). ROOT et al. (1995) descreveram uma duração
média de estro com cobertura de 4,4 ± 1,6 dias, que não diferiu estatisticamente da duração de
estro sem cobertura. No presente trabalho foi observado um tempo de estro em um intervalo
de normalidade descrito na literatura.
A taxa de gestação e prolificidade obtidos neste presente trabalho apresentam-se
dentro dos limites descritos na literatura (LEIN & CONCANNON, 1983; ROOT et al, 1995;
JOHNSON et al, 2001). Sete coberturas não foram seguidas de diagnóstico de gestação,
perfazendo uma taxa de gestação de 75% (21/28). Gatas naturalmente em estro respondem ao
estímulo repetitivo da cópula, ovulando aproximadamente 86 a 88% dos folículos maduros
(SCHMIDT, 1986). Ainda segundo o autor, uma média de 5,6 folículos por gata produz em
média 4,9 corpos lúteos por gato, indicando que perdas no início são relacionadas a falhas em
alguns folículos em responderem ao estímulo copulatório para liberação de hormônio
luteinizante. Além disso, de todos os corpos lúteos detectados, aproximadamente 67% dos
oócitos ovulados resultam em gatinhos. Não é conhecido se estas perdas são nos estágios pré-
ou pós-implantação do desenvolvimento, mas os dados sugerem uma redução natural do
número de corpos lúteos e de embriões que assegurariam um bom desenvolvimento
embrionário, fetal e posterior nascimento de um número de filhotes adequado para a gata
(SCHMIDT, 1986). Ainda segundo SCHMIDT (1986), o número de estímulos copulatórios
tem maior preponderância na proporção de ovulações das gatas do que um dia específico em
que a cobertura ocorra. Quando gatas são cobertas três vezes em um intervalo de 4 horas ao
longo dos três primeiros dias de estro, a ovulação ocorre por volta do terceiro ou quarto dia de
estro (SCHMIDT, 1986).Duas gatas cobertas e que foram diagnosticadas não gestantes foram
acompanhadas quanto à ciclicidade através de detecções diárias de aceitação de monta e
cobertura para registro de tempo de retorno ao estro e retornaram ao estro em 65 e 73 dias,
respectivamente, o que pode sugerir que nessas gatas a ovulação ocorreu. A confirmação da
ovulação somente seria possível através de uma laparotomia para visualização dos corpos
lúteos nos ovários ou através da dosagem de progesterona rica. Após a confirmação da
gestação, três gatas reabsorveram as ampolas gestacionais, totalizando uma taxa de parição de
64,29% (18/28). Embora todas as gatas estivessem clinicamente normais, deve-se ressaltar a
incidência de consangüinidade, defeitos fetais letais, estresse e hipoluteinismo como causas de
perda gestacional (MINOVICH, 2003).
O presente estudo limitou-se a registrar a taxa de gestação, reabsorção e parição, não
investigando as possíveis causas da infertilidade observada após alguns manejos de cobertura.
O tempo médio de gestação encontra-se dentro da média descrita na literatura (LEIN &
CONCANNON, 1983; JOHNSTON et al, 2001). Segundo FELDMAN & NELSON (1996), a
duração da gestação, na gata doméstica, é de 56 a 69 dias. Em uma colônia de gatos, o tempo
médio de gestação foi de 66 dias (LEIN & CONCANNON, 1983). O tempo de gestação é
variável na gata doméstica devido ao período relativamente longo de estro e a incerteza de
quando um apropriado número de cópulas deve ser realizado para estimular a liberação de
hormônio luteinizante (HL) e subseqüente ovulação em um período de estro (ROOT et al,
1995; FELDMAN & NELSON, 1996). A duração da gestação é mais uniforme (63 a 66 dias)
quando registrada a partir do primeiro aumento sérico da concentração de progesterona (P4).
O percentual médio de ganho de peso das gatas durante a gestação obtido neste
trabalho assemelha-se àquele descrito por MUNDAY & DAVIDSON (1993), onde 64 gatas
apresentaram um ganho de peso médio de 25 ± 13%. O ganho de peso durante a gestação na
gata está relacionado com o aumento do peso fetal, anexos e líquidos intra-uterinos.
Entretanto, no presente estudo, o ganho de peso verificado 24 horas após o parto em 12 gatas
sugere que o percentual médio de ganho de peso ao longo da gestação também é um reflexo
do ganho de massa corpórea materna.
Segundo JOHNSTON et al. (2001), gatas podem demonstrar comportamento de
aceitação de monta e cobertura durante a gestação. A ocorrência de sinais de aceitação de
monta e cobertura durante as duas últimas semanas de gestação observados neste trabalho
pode ser justificada pelo aumento nas concentrações de estrógeno próximo do término do
diestro gestacional (FELDMAN &NELSON, 1996; CORRADA & GOBELLO, 2000).
Períodos de crescimento e regressão folicular têm sido observados continuamente mesmo
durante a fase luteal na gata (WILDT et al., 1981). Entretanto, foi relatado que gatas gestantes
que demonstraram sinais de estro não têm um aumento de estradiol ou demonstraram um
surgimento de hormônio luteinizante se cobertas apesar do comportamento de estro normal e
cópula, sugerindo que o comportamento de estro durante a gestação pode ocorrer sem
crescimento folicular no ovário (TSUTSUI & STABENFELDT, 1993). Não existem
antecedentes a respeitos da origem do estradiol durante a gestação tardia em gatas, existindo a
possibilidade de que a fonte seja placentária e/ou fetal, assim como em outras espécies
(SANCHEZ & SILVA, 2002). A ocorrência de sinais de aceitação de monta e cobetura
durante os demais intervalos da gestação observados neste trabalho podem ser justificadas por
uma sensibilidade exacerbada a baixas concentrações plasmáticas de estradiol ou influência
de efeito ambientais, onde outras gatas mantidas no mesmo gatil encontravam-se em estro.
Em condições naturais, gatas podem produzir duas a três ninhadas (SCHIMIDT, 1986;
POPE, 2000) de um a nove filhotes por ano (JEMMET & EVANS, 1977; BEAVER, 1992;
ROOT et al, 1995), com uma média entre 3 a 5 filhotes por ninhada, sendo a proporção
macho:fêmea variando entre 1:1 a 4:3 (BEAVER, 1992) e 1:1 (ROOT et al, 1995). Os
resultados obtidos no presente trabalho demonstram-se semelhantes àqueles supracitados.
Após a lactação normal e desmame, o retorno ao estro leva em média 4 semanas,
variando de 2 a 8 semanas (FELDMAN & NELSON, 1996). Se os gatinhos são removidos da
gata aos três dias de idade, o comportamento estral pode ser observado por volta de 6 a 8 dias
após (CONCANNON & LEIN, 1983). Segundo FELDMAN & NELSON (1996), gatas
podem exibir sinais de estro cerca de uma semana após abortarem uma ninhada. Durante as
primeiras 24 horas após o parto, a gata pode não deixar o ninho para comer, beber, defecar, ou
urinar (VOITH, 1980). Após 7 a 8 dias ela irá se afastar dos seus filhotes por intervalos mais
longos, e pode exibir sinais de estro, ser coberta, e conceber (JOHNSTON et al., 2001).
Durante a lactação, elevações cíclicas na concentração sérica de estradiol foram descritas,
mesmo quando o comportamento sexual não foi observado (WILDT et al., 1982). Vários
relatos existentes sobre tempo de retorno ao estro após o parto estão disponíveis, incluindo
ocorrência de estro e cobertura apesar da amamentação dos filhotes (SCOTT & LLOYD-
JACOB, 1955 apud JEMMETT & EVANS, 1977; JEMMETT & EVANS, 1977). Neste
trabalho, as gatas permaneceram continuamente com os filhotes ao longo de todo o período de
amamentação, ausentando-se apenas para as seções de detecção de sinais de aceitação de
monta e cobertura frente ao macho. Os dados obtidos acerca do tempo de anestro pós-parto
sugerem que fatores inerentes à presença constante dos filhotes, estresse do confinamento ou
detrimento constitucional poderiam influenciar no retardo do retorno ao estro, que apenas
uma gata (1/14) apresentou sinais de aceitação de monta e cobertura em um dia ao longo da
amamentação.
O estudo dos repertórios comportamentais e observações da história natural são
importantes para um melhor entendimento da biologia e ecologia dos organismos (ALCOCK,
1997), contribuindo para a reconstrução da história evolutiva dos mesmos (MINEO et al.,
2003). Os etogramas ou repertórios comportamentais são representações tabulares da
qualificação e quantificação dos comportamentos exibidos por uma espécie, compondo uma
lista dos atos comportamentais, acompanhada de descrições quando necessário (DEL-
CLARO, 2002).
Embora o objetivo do presente trabalho tenha sido registrar a freqüência de ocorrência
das categorias comportamentais estabelecidas previamente no etograma, não foi observado
nenhum outro elemento comportamental sendo executado pela mãe e direcionado ao filhote
que pudesse ser acrescido ao padrão comportamental descrito na literatura. ROSENBLATT et
al. (1985) sugerem que qualquer comportamento que a fêmea exiba em relação à prole pode
ser incluído na definição de comportamento materno, o que permite acrescentar
continuamente neste padrão qualquer elemento comportamental que venha a ser registrado
como sendo direcionado à ninhada.
Entre os mamíferos, a sucção é um dos primeiros reflexos específicos que é observado
nos recém-nascidos logo após o parto; sendo uma reação maior aos estímulos táteis, termais e
outros, originados do contato com a mãe, representando a base da ligação entre eles
(ROSENBLATT & ARONSON, 1958).
A diminuição observada entre os tempos médios dedicados à amamentação durante as
quatro semanas é compatível com o esperado, culminando com o desmame dos filhotes ao
longo das próximas semanas. Segundo SCHNEIRLA et al. (1963), durante a primeira
semana, cerca de 90% do tempo da gata é dedicado aos filhotes, com aproximadamente 70%
do tempo empregado em amamenta-los. No entanto, vale a pena ressaltar que, no presente
trabalho, as gatas foram confinadas com os seus filhotes, sendo separados por apenas um
curto período de tempo, durante a limpeza das gaiolas ou quando submetidas ao
acompanhamento de ciclicidade, o que pode ter influenciado o tempo de amamentação, já que
gatas de vida livre não permanecem continuamente com seus filhotes ao longo do período
lactacional.
A observação de uma gata amamentando seus filhotes no primeiro dia pode ter sido
causada pela eventual parição fora do ninho e conseqüente permanência no mesmo local,
influenciada por uma provável segurança gerada pelo confinamento. No segundo dia, os
filhotes estavam sendo amamentados no interior do ninho. A presença de fezes/urina no
interior da gaiola pode ter sido um incentivo para a recolocação dos filhotes no interior do
ninho, o que sugere que embora não tenha utilizado o ninho inicialmente, ela optou por
transportar seus filhotes para dentro ao invés de usá-lo para eliminar sua excreta. Nenhuma
outra gata foi observada amamentando seus filhotes fora do ninho até o 14º dia após o parto,
onde uma gata amamentou seus filhotes 16,6% do tempo de observação, influenciando a
média da freqüência de observação da categoria amamentando fora do ninho na segunda
semana. Ao longo das três semanas seguintes notou-se um aumento do percentual de
amamentação fora do ninho e diminuição do mesmo comportamento no interior do ninho
progressivamente.
Dados descritos por SCHNEIRLA et al. (1963), a partir da observação de três gatas
com ninhadas de número de filhotes diferentes, afirmam que na primeira semana as gatas
apresentam percentuais de dedicação à amamentação inerentes ao número de filhotes da
ninhada, diferença que não foi relata pelos autores ao longo das semanas seguintes. No
presente trabalho o mero de filhotes parece ser um fator preponderante no percentual de
tempo dedicado a amamentação dos filhotes ao longo das quatro semanas de observação. O
tempo dedicado à amamentação diminui entre a primeira e a segunda semana em todas as
famílias e permanece constante ao longo das duas semanas seguintes. Vale ressaltar que ao
longo das 4 semanas notou-se que, nos intervalos entre as observações, gatas que possuíam
um filhote pareciam amamenta-lo mais desproporcionalmente, isto é, períodos curtos de
amamentação em intervalos reduzidos quando comparadas com gatas de outras ninhadas.
A proporção maior da posição em semicírculo representa a postura padrão de
amamentação em gatas domésticas e, sendo a segunda postura mais frequentemente
observada, uma variação da primeira. Ainda, como sendo uma variação da primeira, em cinco
amamentações, as gatas rotacionaram seu corpo de modo a assumirem uma postura em
decúbito dorsal.
A postura em semicírculo sugere uma postura de proteção da ninhada, à medida que os
filhotes se tornam mais independentes, utilizando simultaneamente outras fontes de
alimentação (Por exemplo, ração seca disponível na gaiola), a mãe poderia diluir a preferência
para essa postura. Por outro lado, o aumento do peso e tamanho dos filhotes poderia
influenciar na preferência pela postura levemente rotacionada para expor ainda mais a sua
região mamária.
Mesmo apresentando médias estatisticamente semelhantes na segunda semana para
ambos os posicionamentos, pode-se sugerir que o número de filhotes parece, também,
influenciar na posição corpórea para a amamentação.
A freqüência de amamentação na posição sentada aumenta gradativamente ao longo
das quatro semanas. Foi observado que na primeira e segunda semana, as gatas estavam
amamentando e se sentavam para sair do ninho; no entanto permaneceram um curto período
nesta posição antes de sair. Na terceira e quarta semana observou-se que as gatas eram
abordadas pelos filhotes enquanto estavam sentadas e após um período amamentando nesta
posição, deitavam-se para amamentar os filhotes fosse dentro ou fora do ninho. Porém, na
quarta semana aumentou a observação de gatas que após serem abordadas pelo(s) filhote(s),
amamentavam por um breve período de tempo e em seguida interrompiam a interação
afastando-se dos filhotes. Estas observações, além de representarem a mudança nas interações
no tocante ao desencadeamento da amamentação (ROSENBLATT et al., 1959; BEAVER,
1992), denotam o inicio do processo de desmame dos filhotes, que neste caso parece ser
determinado pela mãe. Não foi observada a ocorrência da postura corpórea em decúbito
ventral ao longo das quatro semanas de observação.
Além da influência da amamentação fora do ninho, observado em duas gatas ao longo
da primeira e segunda semana na média obtida para o tempo de permanência dos filhotes fora
do ninho, registrou-se a ocorrência de queda acidental do ninho durante a movimentação dos
indivíduos da família após a entrada da mãe no ninho e, ainda, a queda do filhote para fora do
ninho devido à saída da fêmea durante a sucção do teto. Quando o gatinho cai acidentalmente
ou é levado para fora do ninho ainda sugando o teto, tem a oportunidade de melhorar sua
orientação local através da aprendizagem (ROSENBLATT et al., 1963) e, embora nasçam em
um estado de franca dependência de suas mães (ROBINSON, 1992; FELDMAN, 1993), são
guiados através dos odores impregnados no ninho (ROSENBLATT et al., 1969). Ainda
segundo os autores, o odor que orienta os filhotes para o retorno não visual para o ninho,
baseia-se na ocupação inicial do local pela gata durante a gestação e secreções oriundas do
parto.
Os filhotes que se encontravam fora do ninho na primeira semana e na semana
foram observados durante o período estabelecido, e quando demonstravam que ativamente
investiam no retorno para o ninho, eram ajudados pelos observadores. Os filhotes na sua
totalidade investiram no retorno ao ninho com agilidade e rapidez inerentes ao estado de
desenvolvimento no momento. Quando a mãe posiciona-se em semicírculo ao redor dos
filhotes; eles param de vocalizar e se movimentar e, a presença de odores impregnados no
ninho pela fêmea também exercem o mesmo poder sobre eles (SCHNEIRLA et al., 1963), o
que foi observado durante a limpeza das gaiolas e retirada dos filhotes do ninho para serem
pesados. Ao serem recolocados no ninho logo nos primeiros dias, mesmo que a mãe não
estivesse no local, muitos gatinhos acalmavam-se ao serem recolocados no interior do ninho.
Vale ressaltar que todas as vezes que foram observados filhotes não sendo amamentando e
fora do ninho na primeira e na segunda semana, não foi observado o resgate dos mesmos
pelas mães.
Na tabela 1, nota-se um aumento significativo na categoria filhote fora do ninho na
terceira e quarta semana. Os filhotes, neste período, foram observados explorando a gaiola,
escalando as grades, brincando com objetos e materiais utilizados para forrar a gaiola e o
ninho, uns com os outros e com a mãe.
A presença dos filhotes fora do ninho na terceira e na quarta semana aumentou a
chance da amamentação ocorrer no momento em que a gata apresentava-se isolada fora do
ninho, e embora, não sendo proposto na metodologia estabelecida, foi observado claramente
que na terceira e na quarta semana os filhotes, gradativamente, investiam ativamente em
direção aos tetos da mãe, o que caracteriza uma mudança na dinâmica do desencadeamento da
amamentação. Embora BEAVER (1992), tenha sugerido que durante as primeiras 4 semanas
a mãe inicia e estimula o interesse da ninhada na amamentação, ROSENBLATT et al. (1959)
divide a organização que envolve a amamentação em três fases. Inicialmente a mãe estimula e
inicia a amamentação, por volta do 20º dia, é possível observar que a amamentação é iniciada
tanto pela mãe como pelo filhote, e após o 30º dia, o início da amamentação depende somente
dos filhotes (ROSENBLATT et al., 1959).
Segundo BEAVER (1992), quando gatinhos encontram-se afastados do ninho
geralmente são resgatados pela gata, que os transporta de volta para o ninho segurando-os na
boca pela região cervical dorsal. Ainda segundo a autora, o resgate dos filhotes provavelmente
é iniciado pela vocalização gerada pelo desconforto dos filhotes em uma certa intensidade
mínima.
Não se sabe se a gata pode diferenciar os indivíduos através da vocalização de
desconforto ou se a resposta é generalizada (SCHNEIRLA et al., 1963). Foi observado, neste
trabalho que as gatas manifestaram variados graus de agitação durante a vocalização dos
filhotes de outras gatas causada pela manipulação para pesagem e limpeza das gaiolas.
Embora não tendo sido estabelecido na metodologia, tais descrições confirmam o que foi
descrito por BEAVER (1992), que sugere que a manifestação de incomodo nas gatas paridas
durante a vocalização de desconforto de outros filhotes parece comprovar que a resposta aos
estímulos oriundos da vocalização de desconforto de filhotes parece ser generalizada.
As gatas foram observadas transportando os filhotes nas duas direções e ao longo de
todo o espaço disponível na gaiola. Segundo BEADLE (1977 apud BEAVER, 1992), é
comum observar gatas transportando seus filhotes algumas vezes durante a terceira e a quarta
semana após o parto. Segundo SCHNEIRLA et al. (1963), a maior tendência para realizar
esse comportamento entre 25º e 3dia após o nascimento dos filhotes parece estar associada
a um período de maior suscetibilidade aos efeitos do ambiente.
O tempo de permanecia isolada fora do ninho aumentou na segunda semana devido a
permanecia dos filhotes constantemente no ninho, à medida que os filhotes se tornam mais
ágeis e seguem suas mães para interagirem e/ou iniciarem a amamentação, o tempo médio no
qual se observou a mãe isolada fora do ninho diminui e, aumenta embora menor do que as
médias anteriormente encontradas. O aumento do tempo em que a gata foi observada isolada
dentro do ninho aumentou nas duas ultimas semanas de observação devido aumento da
permanência dos filhotes fora do ninho.
Gatas com ninhadas menores parecem amamentar seus filhotes mais
desproporcionalmente e aparentam inibir, numa freqüência menor, as iniciativas de
amamentação oriunda dos filhotes. Notadamente ninhadas com apenas um filhotes
permanecem mais tempo interagindo, seja durante a amamentação ou brincando. Foi
observado que as duas gatas que se mantiveram com ninhadas com apenas um filhotes
brincavam ativamente com ele, o que não foi observado nas outras ninhadas maiores.
Nos primeiros dias após o parto, a gata parida permanece quase que continuamente
com os neonatos, raramente ficando mais de duas horas longe da ninhada (BEAVER, 1992;
VOITH, 1980). Ainda segundo a autora, este período é utilizado para a alimentação e
realização de exercícios. Após dois dias, essas pausas tendem a se tornar mais freqüente
(BEAVER, 1992).
A diminuição do tempo ingerido ração, na quarta semana, pode estar relacionada com
o aumento da freqüência de observação dos filhotes alimentando-se da ração seca disponível
nas gaiolas.
A tentativa de evitar a presença de fezes na gaiola devido ao confinamento pode ter
influenciado a diminuição do tempo em que a gata foi observada eliminando a partir da
segunda semana.
Os filhotes ficam a maior parte do tempo em contato uns com outros e/ou a mãe nas
primeiras 3 semanas, o tempo de contato diminui para 85% ao longo das demais semanas
(RHEINGOLD & ECKERMAN, 1971 apud BEAVER, 1992). Os autores parecem sugerir
que o percentual por eles descrito representa o contato devido a atividades executadas entre a
mãe e seu (s) filhote (s). No presente trabalho buscou-se observar o tempo de contato sem a
execução de atividade específica entre a mãe e seus filhotes. As gatas, neste trabalho,
apresentaram médias quanto à freqüência de permanecia com os filhotes sem executarem
nenhuma atividade específica menor do que aqueles descritos na literatura. A freqüência da
categoria Mãe em contato” aumenta na segunda semana o que pode ser justificada pela
diminuição da freqüência de amamentação no mesmo período, diminuindo na semana
devido à permanência maior dos filhotes fora do ninho e aumento na quarta semana. O
aumento do tamanho dos filhotes pode aumentar a possibilidade do contato entre a mãe e seus
filhotes no período que ambos estejam dormindo.
Notadamente na primeira semana e eventualmente na segunda, observou-se que ao
retornarem ao ninho as mães posicionam-se próximo ao ninho e despertam os gatinhos que
estão dormindo, lambendo-os vigorosamente, amamentando-os em seguida, o que foi descrito
por SCHNEIRLA et al. (1963). A direção da lambedura inicialmente ajuda a orientar os
filhotes, ainda com as pálpebras cerradas, a região mamária (BEAVER, 1992). Ao lamber a
cria é estabelecido o contato maternal com o neonato e o ato de mamar ajuda no
estabelecimento do instinto e ligação maternal (ROBINSON, 1992). As gatas, inicialmente
lambem-se freqüentemente e, também o chão, onde os fluídos do nascimento foram
depositados juntamente com os recém natos (DEAG et al., 1988 apud HOUPT, 2000). A
lambedura segundo HOUPT (2000), parece estar associada a três importantes funções: Secar
os filhotes, estimular seus movimentos respiratórios e guia-los para a região mamária. E
ainda, segundo o autor, por volta dos primeiros 14 dias à lambedura proporciona o estímulo
para a micção e defecação que neste período não ocorre espontaneamente.
A semelhança entre os percentuais de tempo em que a lambedura ocorreu na primeira
e na segunda semana seja dentro ou fora do ninho assemelham-se entre si pode estar
relacionado com a permanência constante dos gatinhos no interior do ninho neste período
observacional.
À medida que aumentou o tempo de permanência dos filhotes fora do ninho ao longo
da terceira e quarta semana, notou-se um aumento e diminuição do tempo lambendo fora e
dentro do ninho, respectivamente.
Segundo HOUPT (2000), o sinal mais óbvio do comportamento materno é a
lambedura dos filhotes e, a partir dos resultados obtidos neste presente trabalho parece estar
relacionado ao número de filhotes na ninhada.
Pode-se notar que ninhadas que possuem menos filhotes, que segundo SCHNEIRLA
et al. (1963), poderia ser representativo de pouca motivação maternal, demonstraram poucos
indícios de diminuição de lambedura direcionada aos filhotes, o que poderia ser interpretado
como pouca motivação para evitá-los, no mesmo período que gatas que possuem maior
número de filhotes demonstraram diminuição do tempo de lambedura.
À medida que o período pós-parto avança, o desmame vai sendo estabelecido tomando
por base a mudança na relação comportamental da mãe e dos filhotes (SCHNEIRLA et al.,
1963). O desmame é um processo gradativo que resulta na inacessibilidade da gata e do
aumento da habilidade dos filhotes em caçar (BEAVER, 2005). Segundo BEADLE (1977), há
uma correlação inversa entre o tamanho da ninhada e o tempo que a fêmea permite à
amamentação. Ninhadas menores mamam por mais tempo (BEAVER, 2005).
À medida que os filhotes crescem, o padrão de amamentação que foi desenvolvido no
período neonatal, sofre modificações refletindo o progresso do desenvolvimento das
habilidades perceptuais, processos motores e organização motivacional. Essas mudanças são
os produtos das interações/estimulações recíprocas que levam por um lado, ao desmame e o
funcionamento independente dos filhotes e, por outro lado, para o gradual declínio do
comportamento materno da fêmea direcionado a sua ninhada (ROSENBLATT et al., 1959).
Segundo SCHNEIRLA et al. (1963), as mudanças neuro hormonais fornecem para a
fêmea, fatores básicos para o estabelecimento do vinculo materno. As mudanças reprodutivas,
como contrações e expulsão de fetos, e suas sequelas, como liberação de fluidos, associados
ao estímulo oriundo dos filhotes, em um estado de franca dependência, fornecem a base para
o surgimento de um padrão especializado de ajuste mútuo no qual a fêmea, obviamente, é o
agente ativo primário (SCHNEIRLA et al., 1963).
9. CONCLUSÕES
Os parâmetros reprodutivos avaliados relacionados à gestação e à lactação em gatas
mantidas em fotoperíodo equatorial natural mostraram-se similares aos descritos
anteriormente na literatura para gatas mantidas em condições fotoperiódicas naturalmente
diferentes ou artificialmente semelhantes ao do presente trabalho.
10. PERSPECTIVAS
Diante dos resultados obtidos, faz-se necessária a comparação entre períodos de estro
com e sem cobertura, possibilitando esclarecer a influência da ovulação no tempo de estro em
gatas domésticas mantidas sob o fotoperíodo equatorial natural.
A partir da observação de comportamento diferenciado exibido pela fêmea diante de
cada macho, sugere-se realizar um estudo do comportamento de namoro e preferência por
parceiros de gatos domésticos em ambientes experimentais sob fotoperíodo equatorial natural,
facilitando o manejo de cobertura desses animais.
Avaliar o intervalo de tempo médio entre a monta e a intromissão peniana para a
maior caracterização do comportamento de cópula desta espécie.
Avaliar a eficiência de diferentes protocolos de cobertura e suas influencias sobre os
parâmetros reprodutivos de gatas domésticas.
Avaliar o tempo de anestro com diferentes tempos de desmame e, a partir de um
manejo, no qual à gata seria permitido ausentar-se dos filhotes por períodos semelhantes
àqueles em ambiente sem confinamento. O que poderia esclarecer a influencia da presença
dos filhotes ou estresse do confinamento no tempo de retorno ao estro.
Embora a distribuição de freqüência das categorias comportamentais seja uma
representação do padrão comportamental exibido por uma espécie. Sugere-se a avaliação da
organização dos elementos comportamentais que compõem o padrão comportamental,
possibilitando o entendimento do contexto em que o evento comportamental está inserido.
Comparar os resultados do estudo das relações materno-filiais obtidas neste presente
trabalho e realizado frente ao observador (observação presencial), com àqueles a partir de
observação do comportamento da espécie através do registro por filmagem. O que
possibilitaria entender a influência da presença do observador na execução do
comportamento.
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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12. ANEXOS
Artigo submetido ao periódico Animal Reproduction
Reproductive characteristics of domestic queens during copulation, gestation and
postpartum, under a natural equatorial photoperiod
C.G.A. DIAS1*; L.D.M. SILVA1; H.R. QUINTO1; I.A. MACIEL1; T.F.P. SILVA1
1-Laboratory of Carnivore Reproduction - Veterinary School/UECE, Paranjana Ave. 1700,
Itaperi, Fortaleza-Ceará, 60715-100, Brazil,
*cgabrielvet@hotmail.com
Phone: +55 85 31019860, Fax: +55 85 31019840
Article type: Applied Research
Abstract
The objectives of this study were to assess the reproductive characteristics of domestic
queens under a natural equatorial photoperiod when submitted to natural mating. Twenty five
queens and 7 young tomcats of mixed breeds were used.
The queens were considered in estrus
when neck grip, tail deflection and penile intromission attempt by the male were allowed after
mounting and submitted to two periods of matting along three days. All queens were weighed
from the first day of mating to the day preceding parturition. Abdominal ultrasound was
applied to the diagnosis of gestation. The length of postpartum anestrus was recorded.. The
weaning of the kittens was conducted at 35 (n = 8 queens) and 45 days (n = 6 queens) after
parturition. The post-coital signs observed was: 86.83% rolling, 75.63% blow, 74.79%
swiping at the male, 61.03% vulvar licking, 32.49% body licking and 16.25% pruritus on the
cervical dorsal area. In 4.76% of mattings post-coital signs was not observed. The average
duration of the estrus in queens submitted to mating was 7.27 ± 1.90 days. The average
weight of the queens when mating was 3053.94 ± 441.71 grams and the percentage of weight
gain throughout gestation was 30.90 ± 12.03%. The pregnancy rate was 75%. Three queens
reabsorbed the gestational vesicles during pregnancy, leading to a parturition rate of 64.29%.
The length of the pregnancy was 66.4 ± 1.40. The average duration of the postpartum
anestrus of kittens weaned with 35 and 45 days was 54.5 ± 15.21 and 58.8 ± 12.22 days,
respectively. No statistical difference was observed between the duration of the postpartum
anestrus in both groups (p > 0.05). In conclusion, the reproductive characteristics of domestic
queens during copulation, gestation and postpartum, under a natural equatorial photoperiod is
similar to the others reports described in the literature.
1. Introduction
The domestic cat (Felis silvestris catus) is a long-day breeder. Under natural
conditions, it is seasonally polyestrous in areas close to the tropics (Michel, 1993) and
continually polyestrous in areas close to the Equator (Johnston et al, 1996). Thus, the day
length, which depends on the geographical location, is an important factor in reproduction
control (Hurni, 1981; Christiansen, 1988; Mialot, 1988; Feldman and Nelson, 1996). The
sexual activity begins with the increase in the number of hours of light in each day and it ends
with the decrease in the hours of light (Pope, 2000). Hurni (1981) states that the duration of
the reproductive activity of domestic queens living under natural environment conditions is
determined by the geographical latitude, and that there can also be some influence from the
local climate. In latitude 20º north of the equator, there is a difference of approximately 2 to 5
hours between the longest and the shortest days while close to the equator, this difference is of
just about 2 minutes Hurni (1981). This contrast in geographical latitudes can be preponderant
for reproduction aspects in some species, including the domestic cat. Accordingly, Silva
(2003) observed that the cats kept under a natural equatorial photoperiod, if not bred, showed
continual signs of sexual activity throughout the rainy season (6 months observation period).
This author reported an absence of interestrous behavior and an alternation between receptive
and unreceptive periods. Furthermore, the queens also showed a
photoperiod; domestic cats are also a good experimental model for studies in wild felids. The
objectives of this study were to assess the sexual behavior of domestic queens under a natural
equatorial photoperiod when submitted to natural mating, and to determine the pregnancy
rate, the parturition rate, the length of gestation, the rate of weight gain during pregnancy, the
litter sizes, the litter male:female ratio and the duration of the anestrus period following
postpartum.
2.Material and methods
2.1.Location
The study was conducted at the experimental cattery of the Carnivore Reproduction
Laboratory from the Graduation Program in Veterinary Sciences at Universidade Estadual do
Ceará, located in the city of Fortaleza (3º 44S and 38° 34’ W). This city has a semi-humid
equatorial climate, approximately 12h of light/day; an average monthly temperature of 27.2
°C; a monthly rainfall of 117.2 mm and a relative air humidity of 70.5% (Funceme, 2005).
2.2.Experimental Animals
Twenty five were used weighing 2.30 to 3.93 kg and 7 young tomcats weighing 3.09
to 4.10 kg, of mixed breeds, and kept in individual cages in a partially roofed cattery. This
allowed the animals to be exposed to natural light, thus being submitted to the local climate
and photoperiod. No activities were conducted during the night as to avoid the use of artificial
light and, consequently, the interference in the natural photoperiod. The animals were fed a
commercial adult maintenance cat food (Kitekat adults- Éffem
®
) and they received water ad
libidum. From the 35
th
day of gestation to weaning, the queens were fed a commercial kittens
cat food (Whiskas kittens - Éffem
®
) and the queens were provided with a plastic box filled
with paper shavings in order to offer a more comfortable environment for the dam and her
litter.
2.3.Follow-up of the estrous cycles and the management of mating
The follow-up of the estrous cycles was performed by a daily observation of signs of
sexual receptivity and mating in the presence of a male.
The queens were placed individually
with a tomcat and were considered in estrus when seen for two days in a crouch position,
lifting their rumps (lordosis), deflecting their tails to one side, treading with their paws and
allowed neck grip and penile intromission attempts by the male after mounting (Lein et al.,
1982; Silva et al, 2006). Mounting and copulating was permitted from the second to the fourth
day of the sexually receptive period. A total of 28 coverings took place, divided into two
periods along these three days. The handler intervened in the courtship to ensure a minimum
of four copulations in each period. The duration of the intromission was registered by means
of a stopwatch. It is important to notice that in this study, due to the difficulty in visualizing
the penis during copulation, the duration of the intromission was determined from the onset of
the vocalization exhibited at the moment of the pelvic thrusts by the male to the loud cry that
precedes the separation. The time interval for a new intromission was determined by means of
the intromission records. The frequency in which post-coital behavior elements occurred was
observed and recorded. In order to assess the duration of the estrus after mating, 11 queens
that had been serviced were observed daily for signs of sexual receptivity. All queens were
weighed from the first day of mating to the day preceding parturition, using an electronic
precision scale (MEA-06100®, Plenna Utilidades Ltda, São Paulo/SP).
2.4.Gestation assessment
All queens were submitted to an abdominal ultrasound examination from the 15
th
day
after the first mating, for the diagnosis of gestation and, in the second half of gestation, for the
assessment of the fetal status.
2.5. Assessment of a sexually receptive period and mating during pregnancy
Among the 18 pregnant queens, 15 were randomly selected for observation of signs of
sexual receptivity and mating during gestation. The diestrus was divided into four intervals of
15 days. The first interval started on the first day of mating, up to the 15
th
day of gestation; the
2
nd
interval from the 16
th
to the 30
th
, the 3
rd
interval from the 31
st
to the 45
th
and 4
th
interval
from the 46
th
to the day of parturition. The queens were submitted to the presence of a male,
every 24 hours, in the 2
nd
, 3
rd
and 4
th
, for the detection of signs of sexual receptivity and
mating. The observation of behavior such as: lordosis, treading with the paws, deflecting the
tail to one side and allowing mounting and intromission were considered characteristics of a
sexual receptiveness during gestation.
2.6. Evaluation of Reproduction Parameters
The length of the pregnancy was defined as the number of days from the 1
st
day of
mating to the day of parturition. The pregnancy rate was determined by the number of queens
diagnosed as pregnant in the first ultrasound examination divided by the total of queens that
mated; the rate of reabsorption was determined by the number of queens in which a
gestational loss was observed divided by the total of pregnant queens, and the parturition rate
was determined by the number of pregnancies that went to term divided by the total number
of queens that mated.
2.7. Postpartum anestrus
In order to characterize the postpartum anestrus period, approximately 48 hours after
parturition the queens were submitted to observation for signs of estrus, being placed, every
24 hours, in the presence of a male. Mating was not allowed by manually avoiding
intromission. The postpartum anestrus was defined in days, as the interval between parturition
and the 1
st
of at least two days of sexually receptive behavior and mating. The weaning of the
kittens was conducted at 35 (n = 8 queens) and 45 days (n = 6 queens) after parturition. After
weaning, the dams were kept away from visual contact with their kittens, although still in the
same experimental cattery.
2.8. Statistical Analysis
The results of the duration of the intromission (seconds), of the interval between
intromissions (minuts), of the weight of the queens (grams), of the duration of the estrus with
mating (days), of the length of gestation (days), of the litter sizes and of the length of the
postpartum anestrus (days), were expressed as mean and standard deviation. The frequency of
post-coital reactions, the observation of estrus during gestation, the pregnancy rate, the
parturition rate, and the rate of reabsorption, were recorded and evaluated according to
occurrence. The duration of the postpartum anestrus with weaning at 35 days (n = 8) and 45
days (n = 6) after parturition was compared by means of the t-Student test (p < 0.05).
3. Results
In 357 copulations, we recorded the average duration of intromission and, in 338, the
interval between intromissions (Table 1). From those 357 copulations, the frequency of post-
coital signs was also registered (Table 2).
Table 1: Time of penile intromissions (segunds) and intervalo to a new intromission
(minutes) in domestic cats.
OBSERVATIONS TIME
Time of penile intromission
(n = 357 copulations)
10,07 ± 17,10 seconds
(0,94 – 20,28 seconds)
Interval to a new intromission
(n = 338 copulations)
13,41 ± 9,74 minutes
(1 – 50 minutes)
Table 2: The frequency of post-coital signs in domestic cats (n = 20 female)
PÓS-COITAL SIGNS FREQUENCY
Rolling 86,83% (310/357)
blow 75,63% (270/357)
Swiping at the male 74,79% (267/357)
Licking the vulva 61,06% (218/357)
Licking the body 32,49% (116/357)
Pruritus on the cervical dorsal area
16,25% (58/357)
No post-coital signs* 4,48% (16/357)
No post-coital signs 0,28% (1/357)
* inhibited by the restraint of the male.
The average duration of the estrus in queens submitted to mating was 7.27 ± 1.90 days
(5 to 11, n=11). Two of the queens submitted to mating did not get pregnant and had an
interval between estruses of 65 and 75 days, respectively. The average weight of the queens
when mating was 3053.94 ± 441.71 grams (2298 to 3930, n=16); the percentage of weight
gain throughout gestation was 30.90 ± 12.03% (n=16) and, 12 queens had an average weight
gain, measured 24 hours after parturition, of approximately 429.50 ± 207.58, ranging from
107 to 821. The reproduction parameters of domestic cats submitted to a natural equatorial
photoperiod during gestation and postpartum are described in Table 3.
Table 3: The reproduction parameters of domestic cats submitted to a natural equatorial
photoperiod during gestation and postpartum.
.
PARAMETERS VALUES
Pregnancy rate 75% (21/28)
Reabsorbtion rate 10,71% (3/28)
Parturition rate 64,29 (18/28)
Duration of the pregnancy 66,4 ± 1,40 days (64-69, n=16)
Litter size (17 pregnancies) 4,82 ± 1,24 (n=17)
Stillbirth rate 7,32% (6/82)
Sex ratio (Male:female) 1:1 (n=82)
Three queens reabsorbed the gestational vesicles during pregnancy, leading to a
parturition rate of 64.29% (18/28). All cats had normal deliveries, not requiring a surgical
intervention. In one delivery, the umbilical cords had to be ligated and the afterbirths had to
be removed from the nest. The percentage of pregnant queens that displayed signs of sexual
receptiveness and mating is described in Table 4. From the 15 observed lactational anestrus,
only one was accompanied by signs of sexual receptiveness and mating before the kittens
were weaned (6.25%). The average duration of the postpartum anestrus of queens that had
their kittens weaned with 35 and 45 days was 54.5 ± 15.21 (n=8) and 58.8 ± 12.22 (n=6) days,
respectively. No statistical difference was observed between the duration of the postpartum
anestrus in both groups (p > 0.05). One queen showed signs of disease before the end of the
established lactation period, rendering the characterization of the postpartum anestrus for this
animal, impossible.
Table 4: The percentage of pregnant queens that displayed signs of sexual receptiveness
and mating.
Number of
pregnant
queens
observed
Percentage of pregnant queens that displayed signs of sexual
receptiveness and mating.
1st interval
(1st to 15th
day)
2nd interval
(16th to 30th
day)
3rd interval
(31st to 45th
day)
4th interval
(46th to the
day of
parturition)
15 * 6,67% (1/15)
20% (3/15) 40% (6/15)
* The queens were not submitted to the detection of signs of sexual receptivity and mating
during the 1
st
interval.
4. Discussion
Copulation in feline species consists of mounting the male on the female, positioning
and penile erection, intromission, ejaculation and dismounting, followed by a post-coital
reaction exhibited by the female (Lein et al., 1982). The average duration intromission was
similar to that observed by Root et al. (1995), which ranged from 3 to 30 seconds (n = 120).
According to Concannon and Lein (1983), the tomcat performs many attempts before
introducing the penis, which takes only 1 to 4 seconds. In this study, the time for the female to
allow another copulation was determined by the interval between intromissions, differing
from Root et al. (1995) who calculated that interval considering the moment in which the
male remounted the receptive female (7.5 minutes, ranging from 5 to 90 minutes). However,
the interval for a new compliance for mounting in some breedings, was influenced by the
handler to ensure a minimum of 4 copulations per mounting period. The post-coital reaction
exhibited by the female is a sequence of behaviors that happen soon after copulation, and
include vocalizing, swiping at the male, licking the vulva and treading with the hind paws and
rolling frenetically. Differently from the observations by Root et al. (1995), where all queens
exhibited a post-coital reaction, in this study some matings were not accompanied by the
behavioral elements which characterize the post-coital reaction. In one mating the post-coital
reaction was not observed (0.28%). This could be justified by the lack of stimuli from the
coitus to unfold the neuroendocrine mechanisms which lead to ovulation after mating. In the
other 16 copulations (4.48%) where a post-coital reaction was also not observed, the signs
may have been inhibited by the restraint of the male. We observed that 32.49% of copulations
were followed by licking of other body parts (excluding genitals), maybe due to a
sensitization of receptors located in these other areas; and 16.25% of copulations were
followed by pruritus on the cervical dorsal area, possibly as a result of the immobilization
provided by the male by biting the queens neck.
The mating management chosen for this study aimed at ensuring that a great number
of viable spermatozoa reached the female’s reproductive tract at the time of ovulation.
Nevertheless, according to Schmidt (1986), healthy tomcats can copulate three times per day
for four to five days without a noticeable change in sperm concentration.
The duration of the estrus described for queens that had not yet mated was, in average
7.4 ± 37 days, ranging from 2 to 19 days (Shille et al., 1979). Root et al. (1995) described an
average duration of estrus with mating of 4.4 ± 1.6 days, which was not statistically different
from the duration of the estrus without mating. In this study, the duration of estrus was within
the normal range described in literature.
The pregnancy rate and the litter sizes observed in this study were within the limits
described in literature (Prescott, 1973; Lein and Concannon, 1983; Root et al, 1995; Johnson
et al, 1996). Seven breedings were not followed by a positive diagnosis of gestation, leading
to a pregnancy rate of 75% (21/28). Queens naturally in estrus respond to the repetitive
stimuli of copulation by ovulating approximately 86 to 88% of mature follicles (Schmidt,
1986). Still, according to these author, an average of 5.6 follicles per cat produce an average
of 4.9 corpora lutea, indicating that losses at the beginning are related to the failure of some
follicles in responding to the luteinizing hormone released due to the stimuli from copulation.
Furthermore, of all the detected corpora lutea, approximately 67% of the ovulated oocytes
result in kittens. It is unknown whether these losses happen in stages before or after
implantation, but data suggests that there is natural reduction in the number of corpora lutea
and of embryos which would ensure an adequate embryonic and fetal development and, after
the birth, an adequate number of kittens for the queen. Still according to Schmidt (1986), the
number of copulatory stimuli has a greater preponderance over the proportion of ovulations in
cats than a specific day in which the copulating occurs. When the queens mate three times in a
4 hours period for the first 3 days of the estrus, their ovulation will occur around the third or
fourth day of the estrus (Schmidt, 1986). Two queens that mated and were diagnosed as non-
pregnant had their cyclical activity assessed by daily detections of sexual receptiveness for
mounting and copulating. This was made in order to determine the interval between estruses,
which was of 65 and 75 days respectively, suggesting that ovulation probably did occur in
these animals. The confirmation of the occurrence of an ovulation would only be possible by
performing a laparotomy to visualize the corpora lutea in the ovaries or by measuring serum
progesterone. After the pregnancy confirmation, three queens reabsorbed their gestational
vesicles, totalizing a parturition rate of 64.29% (18/28). Although all queens were clinically
normal, we must highlight the incidence of inbreeding, of lethal fetal abnormalities, of stress
and of luteinization failures as causes for gestational loss (Minovich, 2003). This study was
limited to registering the pregnancy, reabsorbtion, and parturition rates. It did not aim at
investigating possible causes for the infertility observed after the management of some
breedings.
The average duration of the pregnancies is within the figures described in literature
(Lein and Concannon, 1983; Johnston et al, 1996; Prescott, 1973). According to Feldman and
Nelson (1996), the duration of the pregnancy in the domestic cat, ranges between 56 to 69
days. In a colony, the average gestation period of the queens was of 66 days (Lein and
Concannon, 1983). Others describe 63 to 69 days (Johnston et al, 1996; Nelis, 1997 e
Prescott, 1973). The duration of the pregnancy in domestic cats is so variable mainly because
of the relatively long duration of the estruses and because of the uncertainty of the number of
matings required to stimulate the release of the luteinizing hormone and subsequent ovulation
during estrus (Root et al, 1995; Feldman and Nelson, 1996). The duration of pregnancy is
more uniform (63 to 66 days) when registered from the first increase in the serum
concentration of progesterone.
The queen’s average percentage of weight gain along the gestation period, in this
study, is similar to that described by Munday and Davidson (1993), where 64 queens had an
average weight gain of 25 ± 13%. The weight gain occurring during gestation in the cat is
related to the increase in the weight of the fetuses, number of fetus, placenta, volume of
allantoics and amniotics fluids and annexes. However, in this study, the weight gain observed
24 hours after delivery in 12 cats suggests that the average weight gain occurring during
gestation could be a result from the maternal increase in body mass.
According to Johnston et al. (2001), queens can demonstrate signs of a sexually
receptive behavior and mating during gestation. The presence of signs of sexual receptiveness
during the two last weeks of gestation, as observed in this study, can be justified by the
increase in estrogen concentrations near the end of the pregnancy diestrus (Feldman and
Nelson, 1996; Corrada and Gobello, 2000). Periods of follicular growth and regression have
been observed continually even during the luteal phase in the cat (Wildt et al., 1981).
However, it has been reported that pregnant queens exhibiting signs of estrus did not have an
increase in estradiol and did not release luteinizing hormone if bred, in spite of their estrous
behavior and mating. This suggests that the estrous behavior can happen during pregnancy
without a follicular growth in the ovaries (Tsutsui and Stabenfeldt, 1993). There are no
reports on the origin of estradiol during the late gestation of cats, but it is possible that its
source is the placenta and/or the fetuses, as in other species (Sanchez and Silva, 2002). The
presence of signs of a sexually receptive behavior and mating during other intervals of the
gestation, observed in this study, can be justified by an exacerbated sensitivity to low plasma
concentrations of estradiol or by the influence of environmental factors, such as the presence
of other queens kept in the same cattery, in estrus.
In natural conditions, queens may produce annually two to three litters (Schimidt,
1986; Pope, 2000) of one to nine kittens per year (Jemmet and Evans, 1977; Beaver, 1992;
Root et al, 1995), with an average of 3 to 5 kittens per litter, and a male:female ratio ranging
between 1:1 to 4:3 (Beaver, 1992) and 1:1 (Root et al., 1995). The results obtained with this
study demonstrate similar results to those just mentioned.
After a normal lactation and weaning, the return to estrus takes 4 weeks in average,
ranging between 2 to 8 weeks (Feldman and Nelson, 1996; Little, 2005). If the kittens are
removed from the queen at three days, the estrous behavior may be observed 6 to 8 days later
(Concannon and Lein, 1983). According to Feldman and Nelson (1996), queens may exhibit
signs of estrus approximately one week after aborting a litter. On the first 24 hours after the
delivery, the queen does not leave the nest to eat, to drink, to defecate or to urinate (Voith,
1980). After 7 to 8 days, she will leave her litter for longer periods of time, and may exhibit
signs of estrus, mate and conceive (Johnston et al., 2001). During lactation, cyclical increases
in serum levels of estradiol have been described, even if a sexual behavior is not observed
(Wildt et al., 1982). There are many reports on the time to return to estrus after delivery, some
including even the presence of estrus and mating despite the lactation of kittens (Scott &
Lloyd-Jacob, 1955 apud Jemmett and Evans, 1977). In this study, the queens were
continuously with their kittens during all of the lactation period, being absent only for the
sections where the sexual receptiveness and mating were assessed. The data gathered on the
duration of the postpartum anestrus suggest that factors inherent to the constant presence of
the kittens, the stress of confinement or constitutional damage could influence the delay in the
return to estrus, as only one cat (1/14) exhibited signs of being sexually receptive to the male,
and that was in only one day of the lactating period. In conclusion, the reproductive
characteristics of domestic queens during copulation, gestation and postpartum, under a
natural equatorial photoperiod is similar to the others reports described in the literature.
5. Acknowledgements
The authors thank Funcap (CGAD, HRQ, IAM, TFPS) and CNPq (LDMS) for the grants and
financial support and Funceme for the meteorology data used in the experiment.
6. List of abbreviations used
Kg: kilos
°C: Celsius degree
mm: millimeter
SP: São Paulo
h: hour
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