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LUCIANE CORRÊA FERREIRA
A COMPREENSÃO DA METÁFORA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Doutorado em Letras
Porto Alegre, março de 2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS
ESTUDOS DA LINGUAGEM
A COMPREENSÃO DA METÁFORA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
LUCIANE CORRÊA FERREIRA
Orientadora: Drª. Luciene Juliano Simões
Orientador associado: Dr. Raymond W. Gibbs Jr.
University of California, Santa Cruz
Tese de Doutorado, apresentada como requisito
parcial para a obtenção do título de Doutor pelo
Programa de Pós-Graduação em Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre, março de 2007
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AGRADECIMENTOS
Muitas pessoas colaboraram para que este trabalho fosse realizado. A todas essas
pessoas o meu agradecimento especial:
-aos meus pais, pelo apoio emocional e financeiro;
- a minha orientadora, Luciene Simões, pelo incentivo e por apontar caminhos;
-ao meu co-orientador, Raymond Gibbs, pelos ensinamentos e pela amizade;
- à Maity Siqueira, colega que primeiro me apresentou a obra de Lakoff e Johnson e
que muito contribuiu para a realização deste estudo;
- à CAPES, por ter me possibilitado o período de estudos na UCSC;
- à Rove Chishman (PG-UNISINOS), pela contribuição nas discussões sobre a
pesquisa em lingüística de corpus;
- aos estatísticos do NAE/ UFRGS, especialmente à Prof. Drª Jandira Fachel a ao
estatístico Manoel Silveira e à Gustavo Rohenkohl (Psicologia/ PUCRS), pelo último
tratamento estatístico dos dados;
-as minhas colegas/ meus colegas da UNISINOS pelo apoio e pela ajuda na coleta;
- à Simone Assumpção, amiga e colega que cuidadosamente revisou esta tese;
- à Miriam Benicio, amiga que formatou a tese;
- a colegas que participaram ativamente com indicação de bibliografia e sugestões:
Tony Sardinha (LAEL-PUCSP), Márcia Zimmer (PG-UCPEL); Paula Lenz Lima (UECE);
Zoltán Kövecses (Universidade de Budapest) e Josalba Vieria (UFSC);
- aos meus colegas das seguintes instituições que auxiliaram na coleta de dados no
Brasil: UFRGS, UNIRITTER e FARGS;
- a minha irmã, Viviane;
- à Woutje Swets, que me acolheu em sua família e criou um ambiente propício ao
trabalho em Santa Cruz, CA;
- aos meus colegas americanos pelo apoio e auxílio na pesquisa na Universidade da
Califórnia em Santa Cruz: Julia Lonergan e Marcus Perlman;
- amigos que estiveram ao meu lado em momentos bons e ruins durante esse percurso:
Lene e Uli Kaup, Cris Sutil, Alessandra Caramori, Jaque e Wallace (Santa Cruz, CA), Sara e
Simon Drew, Juliane (CA) e Márcia Schmalz.
- aos alunos que participaram com interesse da pesquisa.
Gostaria de agradecer também o apoio institucional do PROPG e da coordenação do
Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS.
RESUMO
Este estudo aborda a compreensão da metáfora por aprendizes de língua estrangeira
(LE) à luz da Teoria da Metáfora Conceptual. As dez metáforas utilizadas no estudo foram
selecionadas a partir do inventário de metáforas conceptuais apresentado por Lakoff e
Johnson (1980, 1999), assim como pelo inventário de metáforas conceptuais primárias
proposto por Grady (1997a). Buscamos investigar que tipo de conhecimento os aprendizes
utilizam ao tentar compreender a metáfora em LE. Para isso, examinamos como eles
compreendem (GIBBS, 1994) metáforas lingüísticas sem e com o contexto. Estudamos a
compreensão de cinco metáforas lingüísitcas novas (LAKOFF e TURNER, 1989) e de cinco
convencionais e apresentamos dados experimentais para sustentar a hipótese de que os
aprendizes acessam conhecimento conceptual ao processar uma metáfora lingüística na língua
estrangeira, assim como na ngua materna. A fim de verificar tal hipótese, comparamos a
compreensão de dez expressões metafóricas por leitores de língua estrangeira e falantes
nativos de inglês. Os aprendizes de LE responderam a parte de leitura de um teste de
proficiência (TOEIC) e dois questionários de múltipla escolha que continham as dez
metáforas lingüísticas. Uma das opções do teste de múltipla escolha está relacionada à
metáfora conceptual correspondente. Os falantes nativos de inglês responderam três
questionários que objetivaram investigar as intuições dos sujeitos referentes ao quão comum
(1) e freqüente (2) são tais metáforas lingüísticas, assim como as suas intuições sobre o
possível uso (3) de tais expressões. O principal objetivo aqui foi estudar o grau de
convencionalidade das dez expressões metafóricas. A amostra foi composta por 221
estudantes universitários brasileiros e 16 estudantes universitários norte-americanos.
Posteriormente, tais dados foram comparados aos resultados de um estudo que examinou as
mesmas metáforas utilizando metodologia da lingüística de corpus. Os resultados do estudo
utilizando a ferramenta WebCorp indicam que as dez expressões metafóricas são metáforas
novas e apontam que o processo de compreensão, tanto na língua estrangeira como na língua
materna, é fortemente influenciado pela corporeidade (GIBBS, 2006). A utilização de
metodologia da lingüística de corpus como uma ferramenta auxiliar na elaboração de
instrumentos de coleta de dados para pesquisa psicolingüística é considerada como a grande
contribuição do presente estudo para a área.
ABSTRACT
The present study concerns the understanding of metaphors by foreign language
learners. Ten linguistic metaphors were selected based on the conceptual metaphor inventory
presented by Lakoff and Johnson (1980, 1999) and the primary metaphor inventory proposed
by Grady (1997a). In relation to the difficulties linguistic metaphors represent for text
comprehension by non-native speakers (NNS), we have investigated the type of knowledge
employed by readers attempting to understand a linguistic metaphor in a foreign language.
We have thereby examined the ways in which foreign language readers comprehend linguistic
metaphors (GIBBS, 1994), firstly without using the context and secondly using the context.
The comprehension of five novel (LAKOFF e TURNER, 1989) and five conventional
metaphorical expressions has been studied, and we present experimental data to support the
hypothesis that readers access conceptual knowledge when processing a linguistic metaphor
in a foreign language in a similar way that they would do in their mother language. In order to
achieve this goal, we have compared the comprehension of ten metaphorical expressions by
foreign language readers and English native speakers. The foreign language learners answered
a reading proficiency test (TOEIC) and two multiple choice questionnaires which contained
the ten linguistic metaphors. One of the answer options was related to the corresponding
conceptual metaphor. The English native speakers answered three questionnaires which aimed
to investigate participants’ intuitions concerning the commonality (1) and frequency (2) of
these metaphorical expressions, as well as their possible usage (3) of them. Our main goal
here was to examine the degree of conventionality of those ten metaphorical expressions. The
sample comprised 221 Brazilian undergraduate students and 16 US-American undergraduate
students. We have also compared those data to the results of a study which examined the same
metaphors using corpus linguistics methodology. The results of the comparison between the
two experimental studies and the results of the WebCorp research have demonstrated that
participants’ intuitions on linguistic data are not always a reliable source of information since
participants considered some of the novel metaphorical expressions as being in frequent use.
The results of the study using the tool WebCorp indicated that the ten metaphorical
expressions are novel metaphors and the results have highlighted that the comprehension
process in both native and foreign language is strongly influenced by embodied cognition
(Gibbs, 2006). The main contribution of the present study is in the introduction of corpus
linguistics methodology as a tool for the design of data collection questionnaires for
psycholinguistic research.
SUMÁRIO
Página
AGRADECIMENTOS I
RESUMO II
ABSTRACT IV
LISTA DE QUADROS V
LISTA DE TABELAS VI
LISTA DE FIGURAS VII
INTRODUÇÃO 15
1 LINGÜÍSTICA COGNITIVA 23
1.1 Metáfora no pensamento 29
1.2 Metáfora: uma abordagem cognitiva 30
1.2.1 Como se compreende linguagem figurada? 30
1.2.2 A Metáfora Conceptual 32
1.2.3 A Metonímia Conceptual 38
1.2.4 A noção de corporeidade 40
1.2.5 Ambigüidade e polissemia 42
1.3 Tipos de metáforas 44
1.4 Esquemas de imagens 47
1.4.1 O Princípio da Invariância 49
1.5 Metáforas Primárias 50
1.6 Abordagens cognitivas sobre a compreensão da metáfora na
aprendizagem de Segunda Língua (L2)/ Língua Estrangeira (LE) 52
1.7 Considerações finais 61
2 METODOLOGIA 63
2.1 Hipóteses e perguntas de pesquisa 63
2.2 Método 64
2.2.1 Tipo de pesquisa 64
2.2.2 Delineamento 64
2.2.3 Definição operacional das variáveis 65
2.2.3.1 Cálculo da amostra 65
2.2.3.2 Seleção da amostra 66
2.2.3.3 Procedimentos utilizados na amostragem com aprendizes de LE 66
2.3 Instrumentos de coleta de dados 67
2.3.1 Pesquisa piloto 67
2.3.2 Refinamento dos instrumentos a partir da aplicação do piloto 68
2.3.3 Entrevistas com falantes nativos do inglês 68
2.4 Testes 68
2.5 Instrumentos 70
2.5.1 Histórico dos instrumentos 70
2.5.1.1 Piloto 1 70
2.5.2 Seleção das metáforas para o novo instrumento 73
2.5.3 Piloto 5 83
2.5.3.1 Metáforas selecionadas para a pesquisa empírica 86
2.6 Procedimento do estudo quantitativo com aprendizes de LE 89
2.6.1 Levantamento e computação dos dados obtidos na amostragem 89
2.7 Levantamentos auxiliares 90
2.7.1 Investigação do grau de convencionalidade: pesquisa empírica
com falantes nativos 90
2.7.2 Procedimentos utilizados na amostragem com falantes nativos
de língua inglesa 91
2.7.3 Hipóteses preditivas do estudo com falantes nativos do inglês 91
2.8 Comparando evidência psicolingüística com dos de pesquisa de
corpus 93
2.8.1 Considerações sobre pesquisa psicolingüística 93
2.8.2 Motivações para o uso da lingüística de corpus na pesquisa
psicolingüística 94
2.8.3 A lingüística de corpus no estudo da Metáfora Conceptual com
aprendizes de LE 95
2.8.4 Considerações sobre a lingüística de corpus 96
2.8.5 Utilizando a Web como corpus 98
2.8.6 Por que usar a lingüística de corpus no estudo da Metáfora
Conceptual? 100
2.8.6.1 Webidence 101
2.9 Considerações finais 102
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 104
3 Resultados do estudo empírico com aprendizes de LE 104
3.1 Correlação para nível de proficiência em leitura 109
3.1.1 Comparação entre variáveis 109
3.1.1.1 Nível de proficiência em leitura em LE em metáforas sem e
com contexto 109
3.1.1.2 Nível de proficiência em leitura em LE e conhecimento
do léxico 110
3.1.1.3 Metáforas sem e com contexto 110
3.1.1.4 Metáforas sem contexto e conhecimento do léxico 111
3.1.1.5 Metáforas com contexto e conhecimento do léxico 111
3.1.1.6 Resultados dos acertos por metáforas nos dois instrumentos 112
3.2 Resultados da pesquisa feita com falantes nativos de inglês na UCSC 117
3.3 Considerações sobre os resultados dos dois estudos empíricos 120
3.4 Resultados e discussão da pesquisa de corpus 122
3.4.1 Resultados e discussão da pesquisa com a ferramenta Google 122
3.4.2 Resultados e discussão da pesquisa com o WebCorp 124
3.5 Discussão geral dos resultados 127
CONCLUSÃO 139
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 144
ANEXO 1 - Questionário do estudo empírico com aprendizes de LE 152
ANEXO 2 - Dados finais da amostragem 160
ANEXO 3 - Questionário do estudo empírico com falantes nativos
de inglês 166
ANEXO 4 Piloto 7 169
Piloto 6 175
ANEXO 5 – Piloto 5c 177
ANEXO 6 - Piloto 5 182
ANEXO 7 - Piloto 3 188
ANEXO 8 - Piloto 2 192
ANEXO 9 – Piloto 1 199
ANEXO 10 – Webidence 203
ANEXO 11 - Entrevistas com falantes nativos de inglês no Brasil 214
LISTA DE QUADROS
Página
QUADRO 1 – MP: PREJUDICAR É CAUSAR DANO FÍSICO 112
QUADRO 2 – MC: MAIS É PARA CIMA 112
QUADRO 3 – MP: MEIOS SÃO CAMINHOS 112
QUADRO 4 – MP: MAU É ESCURO 113
QUADRO 5 – MP: CIRCUNSTÃNCIAS SÃO TEMPO 113
QUADRO 6 – MP: MUDANÇA É MOVIMENTO 113
QUADRO 7 – MC: O CORPO É UM CONTÊINER 114
QUADRO 8 – MP: IMPORTANTE É CENTRAL 114
QUADRO 9 – MP: EXISTÊNCIA É VISIBILIDDE 114
QUADRO 10 – MP: MOMENTOS NO TEMPO SÃO OBJETOS EM
MOVIMENTO AO LONGO DE UM CAMINHO 115
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1 – Escore de leitura do TOEIC 67
TABELA 2 – Escore de leitura adaptado do TOEIC 67
TABELA 3 – Grau de compreensão das metáforas 69
TABELA 4 – Instrumento 1 – sem contexto 82
TABELA 5 – Instrumento 2 – com contexto 83
TABELA 6 – Estatísticas descritivas gerais 102
TABELA 7 – Descritiva geral 104
TABELA 8 – Comparação do nº de acertos por nível de proficiência 105
TABELA 9 – Grupos 106
TABELA 10 – Diferença entre grupos 106
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 - O papel da variável contexto por nível de proficiência 104
FIGURA 2 - Comparação léxico x nº de acertos por nível de proficiência 105
FIGURA 3 - Julgamento dos participantes sobre o nível de compreensão para
cada expressão 115
FIGURA 4 - Resultado do julgamento sobre a intuição dos participantes
sobre o quão comum é cada expressão 117
FIGURA 5 - Resultado do julgamento sobre a intuição dos participantes
sobre se eles já usaram tal expressão alguma vez na fala 118
FIGURA 6 - Expressões metafóricas pesquisadas (x) e freqüência de ocorrência (y) 120
FIGURA 7 - Ocorrências WebCorp 125
INTRODUÇÃO
O dicionário Aurélio define a metáfora como um tropo que consiste na transferência
de uma palavra para um âmbito semântico que não é o do objeto que ela designa, e que se
fundamenta numa relação de semelhança subentendida entre o sentido próprio e o figurado;
translação, citando como exemplos ‘raposa’ para referir uma pessoa astuta e ‘primavera da
vida’ para designar a juventude. Segundo o dicionário Oxford, a palavra ‘metáfora’ vem do
grego metaphorá e significa ‘transferir’. A definição apresentada pelo dicionário é de que
metáfora é uma figura de linguagem em que uma palavra ou frase é aplicada a algo para o
qual não é aplicada literalmente. Enfim, uma coisa é vista como símbolo de outra.
O presente trabalho é um estudo sobre a metáfora que se insere na lingüística cognitiva
e adota uma perspectiva experiencialista. O experiencialismo encara o significado como uma
questão de compreensão humana, e uma teoria do significado como uma questão de como
compreendemos as coisas. Não se trata de uma questão de como alguns indivíduos
compreendem algo. O experiencialismo está mais preocupado em entender como um
indivíduo, como parte de uma comunidade lingüística e de uma cultura, compreende o
mundo. A abordagem experiencialista tenta caracterizar o significado em termos da natureza e
experiência dos organismos que pensam. O experiencialismo postula que a estrutura
conceptual é significativa porque ela é corporificada, isto é, a estrutura conceptual emerge de,
e está relacionada a nossas experiências corpóreas pré-conceptuais (LAKOFF, 1987). Isso
significa dizer que tentar entender a natureza corpórea da cognição humana envolve a procura
por conexões possíveis entre mente-corpo e linguagem-corpo.
Essa concepção de compreensão se alin(i)-2.16558(o)-10.3201516558(r)2.80561(e5(i)-2.16558(c)3.)2.80439(a)-6.2659( )-0.146571(l)-2.16436(i)-2.16436(n)-0o9.71032(ü)-0.295585(í)-2.16436(s)-1.2312(t)-2.16436(i)-2.164ocognitn icoi ia
críticas (MURPHY, 1997; HASER, 2005), devido a sua ênfase na linguagem e nas intuições
individuais dos lingüistas, Gibbs (2006) considera as evidências da lingüística cognitiva como
sendo a principal fundamentação teórica e empírica na demonstração da importância da
corporeidade para a cognição humana.
Para a lingüística cognitiva, a linguagem não obedece o dualismo cartesiano que
separa corpo/ mente, nem a linguagem é um módulo separado da cognição, mas reflete
aspectos importantes do sistema conceptual humano, que é motivado pela nossa cognição
corpórea (GIIBS, 2006). Além disso, padrões sistemáticos de estrutura e comportamento
lingüístico não são arbitrários, mas são motivados por padrões recorrentes de experiência
corpórea que refletem as nossas interações perceptuais, ações corpóreas e manipulações de
objetos (JOHNSON, 1987). Esses padrões são gestalts experienciais, conhecidas como
esquemas de imagens que derivam de nossas interações enquanto manipulamos objetos ou
nos orientamos no espaço e no tempo. Alguns exemplos dessas estruturas esquemáticas são
CONTÊINER, EQUILÍBRIO, FONTE-CAMINHO-META, CAMINHO, CICLO,
ATRAÇÃO, CENTRO-PERIFERIA e CORRELAÇÃO. Coisas que pensamos como sendo
físicas são geralmente algo que normalmente conceptualizamos em termos de nossa
experiência corpórea (LAKOFF e TURNER, 1989). Conceitos como partida, viagens ou frio
são entendidos convencionalmente e inconscientemente por estarem ligados a nossas
experiências corpóreas e sociais.
Se olharmos ao redor, encontraremos centenas de exemplos de como a linguagem
figurada é onipresente em nossa vida. Veja-se a seguinte notícia intitulada “Como a Aids nos
transformou” (How Aids changed us), publicada recentemente no jornal San Francisco
Chronicle:
“Mesmo depois que a onda devastadora de morte por AIDS diminuiu na comunidade
gay de São Francisco, os efeitos poderosos da AIDS ainda têm um forte impacto sobre
os homens daqui.
Milhões de dólares foram despejados em pesquisa e os esforços para prevenção
reduziram o número de diagnósticos e mortes nos EUA com o passar dos anos.” (SFC,
19.11.2006)
1
1
Even after the devastating wave of death from AIDS subsided in San Francisco's gay community,
powerful effects of AIDS still impact men here.
Millions of dollars poured into research and prevention efforts have reduced the number of diagnoses
and deaths in the United States over the years. (SFC, 19.11.2006)
A imagem de ‘uma onda devastadora’ com as suas conseqüências fatais para o entorno
está relacionada ao conceito abstrato de morte. A fim de expressar que um número
significativo de pessoas morreu e que os efeitos da AIDS são imprevisíveis, para
mencionar algumas das inferências possíveis, foi utilizada a metáfora lingüística ´uma onda
devastadora’. Logo em seguida, no mesmo artigo, o conceito concreto ‘dinheiro’ é
relacionado à imagem de um líquido que é ‘despejado em’ algo. O particípio metafórico
‘despejado em’ introduz o esquema de imagens CONTÊINER relacionado com ‘pesquisa’,
levando à conclusão de que uma grande quantidade de dinheiro é investida nesse tipo de
pesquisa. Nos dois casos, o autor fez uso de expressões metafóricas convencionais, a fim de
acionar alguns efeitos contextuais extras.
Agora vamos analisar uma declaração extraída da gina de economia de um jornal
local:
“Acreditamos que o Brasil tem condições de crescer no futuro. Mas vai ter de atacar as
reformas, é preciso investir mais em infra-estrutura. Este momento vai chegar.” (Zero
Hora, 14 de janeiro de 2007)
Esse trecho apresenta algumas Metáforas Conceptuais. Em primeiro lugar, verifica-se
o fenômeno da PERSONIFICAÇÃO, por meio do qual o país ‘Brasil’ adquire traços de
agente, capaz de crescer e tomar uma atitude, como ‘atacar algo’. Depois, quando o enunciado
menciona atacar as reformas’, ele lança mão de expressões que referem o seu conhecimento
concreto sobre táticas de guerra, como ‘atacar’, a fim de conceptualizar a competição que
ocorre na economia. Portanto, esse enunciado metafórico é a realização lingüística da
Metáfora Conceptual COMPETIÇÃO É GUERRA
2
. Por último, na expressão ‘Este momento
vai chegar’, tem-se a conceptualização do tempo como um objeto em movimento na direção
do observador, que é estático. A Metáfora Conceptual que motiva esta metáfora lingüística é
TEMPO É UM OBJETO EM MOVIMENTO.
Esses dois exemplos, retirados de jornais de circulação diária, revelam como a
metáfora está presente na linguagem cotidiana. Agora vejamos um exemplo de metáfora
convencional que aparece no poema de Martha Medeiros (1999: 19):
2
Fonte: Conceptual Metaphor Home Page http://cogsci.berkeley.edu/lakoff/MetaphorHome.html, acessada em
26.01.2007.
o caminho é este
tem pedra, tem sol
tem bandido, mocinho
tem você amando
tem você sozinho
é só escolher
ou vai, ou fica.
fui.
Martha Medeiros emprega aqui a Metáfora Conceptual AMOR É UMA VIAGEM
(LAKOFF e JOHNSON, 1980) em que o domínio conceptual mais concreto VIAGEM é
usado para que possamos compreender o domínio conceptual abstrato AMOR (Ver a
discussão na seção 1.3). Então, sob a perspectiva da Teoria da Metáfora Conceptual a
compreensão ocorre por meio de mapeamentos entre diferentes domínios da nossa
experiência, isto é, do domínio experiencial VIAGEM para o domínio experiencial AMOR.
No caso específico desse poema, Martha Medeiros retoma um mapeamento estruturado
sistematicamente e bastante rico em que os amantes correspondem a viajantes que tomam um
‘caminho’ sem destino certo. A ‘viagem’ corresponde aos acontecimentos no relacionamento,
e a ‘chegada’ corresponde aos objetivos de um relacionamento amoroso. As ‘pedras’ no
caminho correspondem a problemas no relacionamento, e o ‘sol’ corresponde a momentos
felizes da relação. Enfim, essa Metáfora Conceptual é recorrente na linguagem poética.
Apesar do fato de que todo escritor, assim como todo falante, emprega linguagem
figurada a fim de ativar vários efeitos contextuais no seu blico (SPERBER e WILSON,
1995), existe pouca pesquisa empírica realizada na tentativa de descrever como se vai da
Metáfora Conceptual para a metáfora lingüística, assim como por que certas inferências estão
relacionadas a uma expressão metafórica, mas não a outras. Contribuir para uma melhor
compreensão de tais questões é um dos objetivos a que se propõe o presente estudo.
O principal objetivo do presente trabalho é o estudo da compreensão da metáfora por
adultos monolíngües, falantes de Português Brasileiro e aprendizes de inglês como língua
estrangeira em um contexto universitário. Dado que a metáfora é um fenômeno da linguagem
cotidiana e considerando que a sua compreensão, focalizando as especificidades da língua
estrangeira, ainda é um assunto pouco explorado, este estudo pretende investigar a
compreensão por parte de aprendizes adultos de expressões metafóricas, primeiro sem a
presença do contexto e, depois, utilizando um pequeno contexto.
Com a publicação da obra Metaphors we live by em 1980, Lakoff e Johnson lançam as
bases para uma nova teoria da metáfora, cuja tese central é a de que a metáfora é essencial e
onipresente na linguagem e no pensamento. Outra idéia importante apresentada nessa teoria é
a de que a razão tem uma base corpórea e experiencial. Conforme essa proposta, mais do que
um dispositivo lingüístico, a metáfora é um importante instrumento da cognição, que é
ativado automaticamente quando se trata de definir um conceito abstrato. A partir daí, abre-se
caminho para uma nova área de investigação, sob a perspectiva da lingüística cognitiva, que
propõe uma Teoria Contemporânea da Metáfora (LAKOFF, 1993), visando a explicar porque
as pessoas falam usando metáforas, isto é, segundo essa proposta as pessoas não usam
linguagem metafórica com objetivos retóricos, mas sim porque o ser humano é capaz de
conceptualizar objetos, eventos e as suas experiências utilizando metáforas.
No quadro teórico da lingüística cognitiva, as metáforas são definidas como
mapeamentos que fazem uma correspondência sistemática do domínio-fonte para o domínio-
alvo. No caso de estarmos viajando e pensarmos em como chegar a algum lugar, os domínios
poderão variar, por exemplo, pelos complexos contextuais incluindo [ESTRADA], [RUA],
[CIDADE], [CALÇADA], [VEÍCULO] e [TRÁFEGO] (TENG, 2006: 70). Por outro lado,
um conceito como trilha provavelmente ficará de fora. Cabe notar que o conceito de domínio
pode ser compreendido em um contexto de conhecimento que é pressuposto e que está
atuando quando as pessoas conceituam as suas experiências (CROFT, 1993). Nesse sentido, o
que constitui um domínio pode tanto ser experiencial como conceptual.
Os mapeamentos entre domínios são assimétricos, pois ocorrem em uma única
direção, isto é, do domínio-fonte para o domínio-alvo, partindo de um domínio sensório-
motor (fonte) para um domínio de experiência subjetiva (alvo). A fim de estudar a
compreensão da metáfora por aprendizes de língua estrangeira, será analisada a compreensão
de conceitos abstratos, por exemplo os sentimentos de raiva, perigo e traição em termos de
conceitos mais facilmente apreendidos pelos sentidos, como a sensação de calor e o sentido da
visão. A criação dos instrumentos de compreensão e a análise dos resultados foram feitos à
luz da Teoria da Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson (1980) e da Teoria das Metáforas
Primárias de Grady (1997a).
A partir do final dos anos 80, houve um incremento de pesquisas empíricas realizadas
por psicólogos cognitivos, freqüentemente associados a lingüistas cognitivos, que têm a
preocupação de investigar os processos de interpretação da metáfora. Cabe citar, nessa área, a
grande contribuição do trabalho do ProRaymond Gibbs Jr., da Universidade da Califórnia,
Santa Cruz (UCSC), nos Estados Unidos. Gibbs (1994, 2006) apresenta evidências empíricas
a fim de investigar como o modo como falamos sobre a nossa experiência está estreitamente
relacionado com a maneira como conceptualizamos figurativamente as nossas vidas. Por isso,
a metáfora aqui é vista como conceptual e, portanto, desempenha um papel central no estudo e
na compreensão da linguagem e do pensamento.
Apesar da existência de vários trabalhos sobre a compreensão da metáfora, poucos
estudos se ocupam especificamente da compreensão de metáforas em língua estrangeira.
BOERS (1999), CHARTERIS-BLACK (2000, 2003), LITTLEMORE (2001, 2003) e
PIQUER-PIRIZ (2004) vêm realizando estudos interlingüísticos sob uma perspectiva da
compreensão da metáfora por aprendizes de inglês como língua estrangeira/ segunda língua.
Apesar desses autores conduzirem estudos sistemáticos sobre a compreensão da
metáfora em língua estrangeira à luz da lingüística cognitiva, ainda não há dados de estudos
empíricos disponíveis fazendo o mesmo tipo de abordagem sob uma perspectiva do português
brasileiro. É justamente essa lacuna que a presente pesquisa pretende suprir, de modo que
possamos ampliar o espectro interlingüístico da teoria.
As figuras de linguagem têm recebido crescente atenção e sido objeto de estudo em
várias áreas, como filosofia, lingüística e psicologia. Na lingüística, temos, no Brasil, os
estudos de Siqueira (2004) e Lima (1999), que são estudos psicolingüísticos considerados
precursores do presente trabalho; o estudo de Schmalz (2004) sobre os classificadores no
chinês e os estudos de Leme (2003), Zanotto (1998) e Vieira (1999), sendo esses três últimos
professores ligados ao GEIM (Grupo de Estudos da Indeterminação e da Metáfora).
Em relação a estudos psicolingüísticos sobre a compreensão da metáfora no Brasil, é
preciso mencionar o estudo precursor de Siqueira (2004), que investigou a aquisição de
metáforas primárias por crianças falantes nativas de português brasileiro e crianças falantes
nativas de inglês americano, a fim de analisar similaridades e diferenças existentes na
compreensão de metáforas primárias (GRADY, 1997a) nessas duas línguas. Lima (1999) fez
um estudo descritivo da compreensão de metáforas de emoções por falantes adultos de
português brasileiro e inglês norte-americano.
O presente trabalho justifica-se tendo em vista os seguintes aspectos:
- a importância do estudo da metáfora enquanto fenômeno da linguagem e do
pensamento amplamente debatido por teóricos de várias áreas;
- o estudo das metáforas sob a perspectiva da aquisição de língua estrangeira,
contribuindo para uma investigação acerca da interface entre o desenvolvimento
lingüístico e o cognitivo;
- a abordagem de um tipo específico de uso da linguagem, inserindo-se na linha de
pesquisa Estudos da Linguagem, que faz parte do Curso de Pós-Graduação em Letras
desta Universidade.
O objetivo geral que norteia esta pesquisa é apresentar dados experimentais para
corroborar a hipótese de que a compreensão da metáfora baseia-se na experiência corpórea do
leitor e que esse leitor acessa o conhecimento conceptual fundamentado nessa experiência
(corporeidade) quando busca acessar o sentido de uma metáfora lingüística na língua
estrangeira. Como o funcionamento sensório-motor e a sua interação com o aparato cognitivo
são os mesmos em todos os seres humanos e culturas, o caráter universal de tais experiências
corpóreas faz com que as metáforas conceptuais primárias também sejam universalmente
aplicáveis (GRADY, 1997a), sendo objetivo desse trabalho também buscar evidências para a
universalidade da compreensão da Metáfora Conceptual.
A partir do objetivo geral formulado acima, foram formulados também objetivos
específicos, a saber:
Investigar se os leitores de língua estrangeira conseguem compreender metáforas
conceptuais que estruturam conceitos abstratos em termos do corpo humano sem a
utilização do contexto;
Comparar a compreensão de diferentes expressões metafóricas por aprendizes de língua
inglesa pertencentes a quatro níveis distintos de proficiência lingüística (Pré-
Intermediário, Intermediário, Intermediário-superior e Avançado), a fim de buscar
evidências para uma evolução na aquisição de língua estrangeira;
Examinar os julgamentos dos leitores, falantes nativos de inglês, sobre a compreensão das
expressões metafóricas estudadas e relacionar tais dados com os dados dos aprendizes,
falantes não-nativos, a fim de apresentar evidências interlingüísticas sobre o papel da
Metáfora Conceptual na compreensão.
Quanto à organização da tese, o capítulo 1 apresenta a disciplina lingüística cognitiva,
faz uma introdução à Teoria da Metáfora Conceptual (TMC) e insere a TMC na discussão
sobre a metáfora em língua estrangeira, que é o enfoque do presente trabalho, por meio da
seção intitulada ‘Abordagens cognitivas sobre a compreensão da metáfora na aprendizagem
de Segunda Língua (L2)/ Língua Estrangeira (LE)’. No capítulo 1, são também tratados outros
aspectos importantes para uma abordagem cognitiva da linguagem, como a compreensão de
linguagem figurada, ambigüidade e polissemia, assim como as críticas à teoria. O capítulo 2
apresenta o método utilizado para a pesquisa empírica, os instrumentos de coleta de dados e
os levantamentos auxiliares da pesquisa, como o estudo empírico feito com falantes nativos
de inglês na Universidade da Califórnia, em Santa Cruz (UCSC), e a pesquisa utilizando
metodologia da lingüística de corpus. No capítulo 3, estão os resultados obtidos por meio das
análises estatísticas e a discussão dos resultados.
CAPÍTULO 1
1 A LINGÜÍSTICA COGNITIVA
A lingüística cognitiva caracteriza-se por uma ênfase no estudo das relações entre a
linguagem e outras faculdades cognitivas, como, por exemplo, o pensamento, a memória, a
percepção e a inteligência. Neste quadro, a psicologia, a neurociência e a inteligência artificial
apresentam-se como candidatos naturais a estabelecer um diálogo com uma lingüística de
referencial cognitivista. É em função dessa possibilidade de interface entre abordagens
lingüísticas de referencial cognitivista com os estudos da psicologia cognitiva que, nesta tese,
será privilegiada a teoria de tradição cognitivista sobre metáfora de Lakoff
3
e Johnson
(1980,1999).
A lingüística cognitiva é uma abordagem do estudo da linguagem que surgiu no final
dos anos 70, impulsionada pela discussão sobre a questão semântica que se instaurou entre os
gerativistas. Pode-se afirmar que o gerativismo serviu como ponto de partida para o
desenvolvimento de três correntes importantes na área da semântica (FELTES, 1992): a de
Jackendoff (1983, 1992), a de Fodor (1983) e a de Lakoff (1987). Tendo em vista que o
presente estudo investiga a compreensão da metáfora sob a perspectiva da Teoria da Metáfora
Conceptual, utilizando metodologia da psicologia cognitiva, gostaríamos de destacar que a
semântica conceptual proposta por Jackendoff (1992) também tem os seus fundamentos na
psicologia cognitiva. Entretanto, a semântica conceptual é uma teoria mentalista, que postula
que o significado é “uma espécie de entidade mental” (CHISHMAN, 1995: 8), distinguindo-
se, por sua vez, da concepção de significado corpóreo com base experiencial proposta pela
semântica experiencialista de Lakoff (1987) e adotada na lingüística cognitiva. Segundo
Jackendoff (no prelo), os significados de construções, como todas as categorias humanas, tem
um caráter de semelhança de família
4
, que se espera que norteie também a semântica
3
Um panorama do percurso teórico de Lakoff da lingüística gerativa até o estabelecimento do paradigma
experiencialista e dos fundamentos da lingüistica cognitiva foi apresentado por Feltes (1992).
4
Conceito proposto por Wittgenstein (2000), a semelhança de família norteia a categorização de conceitos.
conceptual. Jackendoff coloca que tal resultado na semântica conceptual “é um ponto de
concordância com a lingüística cognitiva (LAKOFF, 1987; LANGACKER, 1987) e uma
divergência radical da tradição lógica (no prelo: 19)”.
A maior parte dos estudos em lingüística cognitiva tem como enfoque a semântica,
mas também pesquisa que se debruça sobre a sintaxe e a morfologia, assim como também
pesquisa em lingüística cognitiva cujo enfoque é a aquisição da linguagem. Inicialmente, a
teoria gerativa proclamou que a diversidade gramatical das línguas é superficial e que as
línguas começam a ser mais parecidas à medida que conhecemos suas estruturas mais
profundas. Portanto, nesse paradigma é na estrutura profunda que encontraremos os universais
lingüísticos, ao passo que a gramática cognitiva postula que a estrutura gramatical é quase
inteiramente aberta. A forma gramatical oferece os meios convencionais para a estruturação e
a simbolização do conteúdo semântico. Os universais gramaticais devem ser limitados e
flexíveis para fazer frente à variabilidade encontrada. Certas propriedades do modelo, por
exemplo as noções de esquematização e protótipos, são compatíveis com a afirmação das
tendências universais (LANGACKER, 1987), isto é, um grau maior de prototipicalidade
significa uma probabilidade maior de que uma estrutura será introduzida nas convenções de
uma dada língua. Entretanto, a gramática cognitiva se apóia em fundações conceptuais
diferentes e, devido a essa característica, ela difere de outros quadros teóricos.
Croft e Cruse (2004) declaram haver três grandes hipóteses que esboçam uma
abordagem cognitiva da linguagem:
a linguagem não é uma faculdade cognitiva autônoma;
gramática é conceptualização;
o conhecimento da linguagem emerge do uso da linguagem.
A primeira hipótese se opõe à da gramática gerativa de que a linguagem é uma
faculdade cognitiva autônoma isolada das habilidades cognitivas não-lingüísticas. Os
gerativistas encaram a metáfora, cujo estudo está bastante relacionado com a lingüística
cognitiva, como um desvio da linguagem corrente que pertence ao domínio da retórica ou da
pragmática. Entretanto, de acordo com a abordagem cognitiva, a mente é corpórea e os
conceitos ganham o seu significado por meio do cérebro e da experiência corpórea (LAKOFF
e JOHNSON, 1999). Nessa perspectiva, o sistema metafórico não é arbitrário, mas motivado
pela corporeidade. A noção de aspecto, que caracteriza a forma como estruturamos eventos,
emerge do nosso funcionamento sensório-motor (FELDMAN e NARAYANAN, 2004), assim
como a maioria dos conceitos abstratos estruturados por metáforas, tais como o tempo, causa
ou emoções baseiam-se na nossa experiência corpórea. Conceitos diretamente corporificados
constituem-se a partir de conceitos de nível básico (ROSCH, 1978), conceitos motivados por
relações espaciais, por ações do corpo, assim como a partir da estrutura geral de ações e
eventos, cores e outros. Conceitos abstratos surgem por meio de projeções metafóricas a partir
de conceitos mais diretamente relacionados à experiência corpórea, tais como conceitos
ligados à percepção e ao funcionamento sensório-motor. Lakoff e Johnson afirmam que a
segunda geração das Ciências Cognitivas precisa de uma filosofia corpórea “consistente com
as suas descobertas sobre a corporeidade da mente, o inconsciente cognitivo, e o pensamento
metafórico” (1999: 496). A suposição principal aqui é que o conhecimento lingüístico está
fundamentado na estrutura conceptual. De acordo com o paradigma cognitivista, a habilidade
para a linguagem apóia-se nos mesmos princípios cognitivos gerais que também operam em
outros domínios cognitivos (LAKOFF, 1993). Além disso, a estrutura lingüística depende da
conceptualização que se constitui baseada nas experiências e interações com o mundo
exterior.
Segundo a lingüística cognitiva não só a representação semântica, mas também a
representação sintática, morfológica e fonológica são basicamente conceptuais, à medida que
todos esses processos estão relacionados com a mente humana (CROFT e CRUSE, 2004), e
os lingüistas cognitivos buscam evidências convergentes de pesquisa empírica. Muitos
resultados de pesquisa em lingüística cognitiva colecionaram evidências suficientes que
comprovam que os conceitos e o pensamento metafórico baseiam-se na experiência corpórea,
como por exemplo os estudos de Gibbs (2006) sobre a relação entre a simulação de
movimento e a compreensão de enunciados metafóricos.
Os processos cognitivos que governam o uso da linguagem são vistos pelos lingüistas
cognitivos como guiados pelos mesmos princípios gerais que governam outras habilidades
cognitivas. Portanto, as mesmas habilidades cognitivas que utilizamos ao falar e compreender
a linguagem não são muito distintas daquelas habilidades que utilizamos para outras tarefas,
como o raciocínio ou uma atividade motora. Isso implica que as habilidades cognitivas gerais
requeridas para produzir a linguagem não são únicas, embora a linguagem seja uma
habilidade cognitiva especial humana. Tal posição freqüentemente é encarada como uma
negação do inatismo, isto é, uma capacidade humana inata para a linguagem, postulada pelo
gerativismo de Chomsky (2000), mas Croft e Cruse (ibid) argumentam que não é o caso. Essa
posição somente nega que haja um módulo especial no cérebro (FODOR, 1983) responsável
pela capacidade da linguagem. Certamente, a capacidade humana para a linguagem é inata,
assim como outras habilidades cognitivas humanas gerais.
A segunda hipótese baseia-se na afirmação de Langacker de que ‘gramática é
categorização’(1987). Essa hipótese não aceita que a estrutura conceptual possa ser reduzida à
correpondência das condições-de-verdade com o mundo. Modelos psicológicos de
categorização (ROSCH, 1978), tais como protótipos e modelos de estrutura categorial,
refletem uma grande influência da análise de categoria semântica e gramatical na lingüística
cognitiva. Haser (2005) crê que conceitos de nível básico variam de cultura para cultura e
de pessoa para pessoa porque a compreensão pré-conceptual é mediada pelos conceitos que os
falantes têm ao seu dispor na sua cultura. Embora haja alguns fatores culturais que certamente
influenciam a compreensão de conceitos de vel básico, ao nosso ver o estudo de Rosch
(ibid) apresenta evidências convincentes de que os princípios que determinam as estruturas de
nível básico têm validade universal, e Lakoff (1987) assume essas evidências. Haser apóia a
sua crítica no argumento de que um falante individual pode escolher diferentes veis como
básicos em diferentes contextos e que a imagem formada ao ver um gato poderia, dependendo
dos interesses atuais do falante, ser de um gato comum, ou de um gato siamês. Haser acusa
Lakoff e Johnson (1980, 1999) de apresentarem uma teoria do significado e da verdade que
falha em explicar como os falantes chegam a esses significados como, por exemplo, quanto às
diferenças entre os conceitos labrador, dog e pet.
Mais uma vez, Haser culpa a semântica experiencialista por não capturar essas
diferenças de significado e parece não reconhecer a abordagem de Rosch (1978) em termos de
categorias superordenadas e subordinadas. A autora coloca que “apelar para estruturas
significativas subjacentes pode ser, no máximo, parte de uma “explicação causal” das pré-
condições psico-físicas do significado” (2005:141), contudo não explicaria a natureza do
significado em si. A autora também coloca que o problema real da Teoria da Metáfora
Conceptual de Lakoff e Johnson reside na interface entre a linguagem e o pensamento,
acrescentando que o maior desafio para eles será demonstrar que o uso de expressões
lingüísticas com um domínio-fonte comum refletem a presença de uma metáfora conceptual.
Certamente este é um dos maiores problemas da teoria e tem sido objeto de atenção de alguns
estudos em lingüística cognitiva (SEMINO et al., 2004; KEYSAR et al., 2000;
PRAGGLEJAZZ, 2007). A terceira hipótese da lingüística cognitiva é de que o conhecimento
lingüístico resulta do uso da linguagem, isto é, o nosso conhecimento sobre categorias e
estruturas em semântica, sintaxe, morfologia e fonologia seria um produto da nossa cognição
acionado durante o uso da linguagem, resultante da nossa ação no mundo (GIIBS, 2006).
Lakoff (1990) afirma que a lingüística cognitiva adere a dois compromissos
específicos: o compromisso com a generalização, que investiga os princípios gerais que regem
a linguagem, e o compromisso cognitivo, um compromisso de tornar as suas descrições sobre
a linguagem consistentes com o que é conhecido sobre a cognição humana. Tal fato explica
porque os estudos sobre a metáfora estão ligados ao estudo da polissemia, assim como a
aspectos mais gerais da cognição como, por exemplo, a categorização. Sendo um domínio da
cognição humana, a linguagem está relacionada a outros domínios e reflete a interrelação de
aspectos psicológicos, culturais e sociais. A linguagem não é um sistema de signos arbitrários;
as suas estruturas estão relacionadas e são motivadas pelo conhecimento conceptual e pela
experiência corpórea (GIBBS, 2006). As unidades lingüísticas são categorizadas e formam
redes baseadas em protótipos que envolvem a metáfora e a metonímia (YU, 1998). A pesquisa
sobre a metáfora busca caminhos para explicar como a metáfora está alicerçada na cognição e
busca também relacionar tais hipóteses acerca da cognição corpórea, metafórica com o intuito
de descrevê-la e explicá-la na linguagem (STEEN e GIBBS, 1999).
Entretanto, como Steen e Gibbs apontam, os lingüistas cognitivos às vezes têm
posições ambíguas sobre as implicações das suas análises lingüísticas da metáfora conceptual.
Eles argumentam que uma teoria cognitiva da metáfora não oferece uma descrição geral que
corresponda à realidade do falante/ ouvinte individual quando ele pensa metaforicamente ou
compreende expressões lingüísticas motivadas por metáforas conceptuais. Falantes/ ouvintes
comuns usualmente lidam com representações parciais de conceitos metafóricos
compartilhados lingüística e culturalmente. Os autores ainda comentam que é possível que
cada falante individual possua uma representação parcial do que a lingüística denomina uma
metáfora conceptual rica e complexa. Eles também consideram possível que as pessoas talvez
tenham somente algumas metáforas para um domínio conceptual particular, por exemplo
AMOR É UMA VIAGEM, mas não AMOR É ALIMENTO ou AMOR É MÁGICA.
Steen e Gibbs (1999) propõem que tal variação dentro de uma comunidade talvez
possa influenciar o julgamento do falante sobre se uma expressão é nova (LAKOFF e
TURNER, 1989) ou convencional, fácil ou difícil, apropriada ou não, etc. É possível que
metáforas conceptuais previamente armazenadas não sejam sempre acionadas quando as
pessoas compreendem expressões metafóricas. Contudo, os lingüistas cognitivos ainda não
apresentaram uma descrição completa do que ocorre quando compreendemos a metáfora. Os
autores também avisam que “os lingüistas cognitivos deveriam ter o cuidado de não assumir
imediatamente que os resultados do seu exame sistemático da linguagem implica
necessariamente que cada pessoa irá ter todas as metáforas conceptuais expostas por meio de
análise lingüística” (1999:4). Alguns psicólogos cognitivos criticam o fato de se tentar tirar
conclusões sobre o sistema conceptual humano partindo de dados coletados (MURPHY,
1997), por meio dos quais se elabora uma análise sistemática de padrões lingüísticos. Além
disso, os críticos dos métodos adotados na linguísitca cognitiva colocam que uma grande
variabilidade nos resultados da introspecção de pessoas sobre os seus processos mentais, o
que torna conclusões tiradas de intuições lingüísticas uma fonte não muito confiável
(KEYSAR et al, 2000). Tal fato tem levado lingüistas cognitivos a usarem métodos mais
objetivos em situações controladas, como a medição dos tempos de leitura no caso dos
psicólogos (GENTNER, 2005), e o uso de metodologia de lingüística de corpus no caso dos
lingüistas (DEIGNAN, 2005), embora o exame da relação entre dados lingüísticos e o
funcionamento sensório-motor dos sujeitos (e.g. CIENKI, 2005; GIBBS, 2006) represente
uma metodologia de estudo mais confiável para analisar as relações entre as intuições e a sua
base corpórea e experiencial. A seguir dicutiremos algumas críticas apresentadas pela filósofa
Haser (2005).
Haser contrapõe que os argumentos de Lakoff e Johnson “não constituem uma
contribuição genuína para a filosofia” (ibid:5). Principalmente, Haser ressalta que a
abordagem da metáfora conceptual de Lakoff e Johnson não explica como armazenamos o
número infinito de outras metáforas que se pode postular quando se aplica a proposta deles a
metáforas lingüísticas. Enfim, Haser apresenta muitas críticas consistentes à obra de Lakoff e
Johnson. Entretanto, ela propõe uma solução baseada na análise de metáforas e metonímias
relacionadas a expressões lingüísticas – e não à metáfora e à metonímia conceptual. Apesar da
abordagem cognitiva ainda não ter oferecido respostas consistentes a muitas questões cruciais,
como por exemplo como ocorrem os mapeamentos metafóricos, a análise de metáforas
lingüísticas proposta por Haser não representa uma alternativa à abordagem de Lakoff e
Johnson, nem propõe um novo caminho para os estudos da metáfora e para a lingüística
cognitiva. Uma das principais objeções de Haser aos pressupostos filosóficos de Lakoff e
Johnson é de que eles não definem ‘significado’. Porém, segundo a abordagem
experiencialista, o conceito de ‘verdade’ e, portanto, também o de ‘significado’ são sempre
relativos ao sistema conceptual que é definido, em grande parte, por metáforas.
Como aparece nas críticas de Haser (2005) à Teoria da Metáfora Conceptual, assim
como em outros estudos que abordam problemas metodológicos da teoria, por exemplo
Semino et al. (2004) e Keysar et al. (2000), um dos maiores desafios da lingüística cognitiva é
elucidar qual é o caminho percorrido da metáfora conceptual até se chegar à metáfora
lingüística, isto é, fornecer uma descrição geral de como a compreensão ocorre no quadro da
teoria, mas também esclarecer quais metáforas conceptuais são acessadas ao tentar
compreender um domínio abstrato específico e, principalmente, por que optamos por um
grupo particular de metáforas conceptuais e não por outro. Enfim, os estudiosos da metáfora
estão comprometidos em solucionar tais questões que constituem uma lacuna da teoria (Ver
PRAGGLEJAZZ, 2007).
A seguir será discutido o objeto do presente estudo, a metáfora no pensamento.
1.1 Metáfora no pensamento
Desde a Antigüidade, a metáfora tem fornecido a filósofos e especialistas em retórica
subsídios para uma reflexão sobre a linguagem. Aristóteles (2000) considera a metáfora como
um tipo de linguagem nobre e elevada que emprega termos raros. Segundo a visão clássica, a
metáfora seria um tropo, uma figura de linguagem, um desvio da norma que refere outro
significado que não o literal com um objetivo estético. Mahon (1999) aponta que os
estudiosos da metáfora assumem erroneamente que Aristóteles não valorizava a metáfora e
acreditava que ela era um mero ornamento na linguagem. Mahon também coloca que
Aristóteles adota uma posição acerca da onipresença da metáfora na conversa e escrita que
apóia visões atuais sobre a onipresença da metáfora no discurso cotidiano e na mídia
impressa (ibid: 69). também afirmações em que Aristóteles atribui o uso de metáforas ao
gênio, como podemos inferir com base na seguinte citação: […] a facilidade com a metáfora
é, de longe, o ponto mais importante. isso é um sinal de habilidade natural, e algo que
nunca se pode aprender com os outros: porque o uso bem sucedido de metáforas implica a
percepção de similaridades (ARISTOTLE, 1987: 57).
Nas palavras de Haliwell (ARISTOTLE, ibid), a formulação de Aristóteles contém um
reconhecimento de que a metáfora é simultaneamente uma característica estilística e cognitiva
da linguagem e pode comunicar pensamentos que talvez não sejam facilmente traduzíveis em
linguagem comum. Então, segundo esse ponto de vista, Aristóteles teria reconhecido o valor
cognitivo da metáfora na linguagem. Outro autor que vislumbrou o papel da metáfora na
linguagem e no pensamento é Reddy, considerado o precursor dessa nova fase do
cognitivismo que se iniciou com a publicação da obra Metaphors we live by (Metáforas da
Vida Cotidiana em Português) de Lakoff e Johnson em 1980.
Reddy (1979/ 2000) faz uma reflexão sobre a metáfora como um fenômeno central
para a cognição humana. Em seu artigo The conduit metaphor, o autor faz uma análise de
como se conceptualiza metaforicamente o conceito de comunicação em língua inglesa. Ao
dissecar a metalinguagem utilizada para descrever os atos e as falhas da comunicação, conclui
que a linguagem funciona como um cano que transfere corporeamente os pensamentos de
uma pessoa para outra; na fala e na escrita, as pessoas inserem seus pensamentos e
sentimentos nas palavras; as palavras conduzem pensamentos e sentimentos de uma pessoa
para outra; e as pessoas extraem novamente das palavras os pensamentos quando ouvem e
lêem. Tal discussão propõe uma reflexão importante acerca da natureza do uso da linguagem.
Como o autor coloca, a metáfora é uma questão do pensamento e, como tal, não deve ficar
restrita à discussão literária, mas sim ocupar um lugar central no estudo da compreensão
humana, como veremos na seção a seguir.
1.2 Metáfora: uma abordagem cognitiva
1.2.1 Como se compreende linguagem figurada?
Freqüentemente a linguagem figurada é definida como se opondo à linguagem literal,
portanto temos que começar definindo linguagem literal. Quando falamos cachorros são
animais” (GLUCKSBERG, 2001) e assumimos que o seu significado literal é relativamente
independente de contexto, verdadeiro e livre de ambigüidades, pressupomos que essa sentença
significa literalmente que cachorros pertencem à categoria de animais “caninos em oposição
aos felinos”, mantendo o mesmo significado independentemente das circunstâncias em que é
utilizado. Uma interpretação não-literal, derivada do contexto em que essa expressão foi
enunciada, poderia significar que a capacidade de raciocínio dos cachorros é limitada se
comparada à dos humanos, mas também poderia significar que cachorros podem latir devido
ao fato de serem animais -e não humanos. Na verdade, não limite para o número de
implicaturas possíveis (GRICE, 1975/ 1982) que podem ser ativadas por uma simples
expressão figurada. Muitos outros aspectos do enunciado talvez tenham sido levados em conta
para a sua interpretação, tais como as intenções do falante naquele contexto específico e o
conhecimento mútuo e crenças compartilhadas com o seu interlocutor (CLARK, 1996). Após
analisar possibilidades de interpretação que o significado literal e o não-literal colocam, serão
discutidas a seguir algumas abordagens importantes para a compreensão de linguagem
figurada.
De acordo com a visão pragmática tradicional, significados não literais são gerados
somente quando o significado literal não é suficiente. Então uma interpretação metafórica é
derivada porque o leitor/ interlocutor reconhece que a sentença violou uma das máximas
conversacionais (GRICE, ibid), a máxima de QUALIDADE “Trate de fazer uma contribuição
que seja verdadeira” e recorre, pois, a uma interpretação não-literal (GRICE, ibid:87). Visões
alternativas de compreensão de linguagem não-literal, como a Teoria da Relevância
(SPERBER e WILSON, 1995), postulam que a interpretação figurada se derivada
pragmaticamente como resultado de uma relação de custo-benefício baseada em efeitos
contextuais e na sua relevância, sem ter que passar pelo processo longo e custoso de primeiro
derivar uma interpretação literal.
O estudo da metáfora sob a perspectiva da lingüística cognitiva representa, assim
como a Teoria da Relevância, uma alternativa à visão pragmática tradicional, pois também
postula que o significado não-literal é entendido diretamente, isto é, sem se derivar primeiro
uma interpretação literal, e propõe que as metáforas refletem mapeamentos conceptuais
subjacentes (LAKOFF e JOHNSON, 1980) por meio dos quais os falantes conceptualizam
um domínio abstrato do seu conhecimento (domínio-alvo) em termos de um domínio mais
concreto (domínio-fonte). Evidências lingüísticas revelam que muitos aspectos do uso e
estrutura da linguagem estão muito relacionados com o sistema conceptual do indivíduo e que
grande parte da nossa cognição é constituída por metáforas, metonímias, ironia e outros tipos
de linguagem figurada. Além disso, o uso figurativo da linguagem é uma boa prova de como a
maneira por meio da qual falamos sobre as nossas experiências reflete a forma como
conceptualizamos figurativamente as nossas vidas, como quando usamos sarcasmo ou
jocosidade a fim de refletir figurativamente sobre as rotinas do cotidiano, por exemplo ao
falar sobre eventos inusitados (GIBBS, 2000) como os acontecimentos de 11 de setembro.
Glucksberg (2001) sugere que o significado metafórico é apreendido sempre que
esteja disponível. Isso implica que os ouvintes/ leitores não podem ignorar as metáforas,
mesmo quando o significado literal faz sentido no contexto discursivo. O autor apresenta
resultados de estudos experimentais demostrando que, quando as metáforas vieram após
enunciados que eram (opção 1) literais ou (opção 2) figurados, as pessoas levaram mais tempo
para julgá-los literalmente falsos após a opção 1, sugerindo que as metáforas foram
compreendidas de forma rápida e automática. De acordo com um “efeito metafórico de
interferência”, parece que interpretações metafóricas são geradas sempre que estejam
disponíveis, independentemente de fazerem sentido no contexto ou não. Em outro estudo,
mostrou-se aos sujeitos combinações nome-nome e questionou-se sua interpretação. Por
exemplo, a palavra composta advogado tubarão (shark lawyer, em inglês) pode significar
metaforicamente um advogado predador, mas também pode significar literalmente um
advogado que protege espécies ameaçadas. Os participantes escolheram predominantemente
interpretações metafóricas do que literais. Tais resultados apontam que as pessoas irão buscar
significados metafóricos, mesmo quando tais resultados não forem a única alternativa e
mesmo quando os resultados estiverem representados implicitamente. Esses resultados
também fornecem alguma evidência de como instâncias distintas da nossa experiência diária
moldam o nosso pensamento de uma forma metafórica e como esse pensamento metafórico
emerge na maneira como nos expressamos lingüisticamente. Tal concepção será aprofundada
a seguir por meio da discussão da Teoria da Metáfora Conceptual.
1.2.2 A Metáfora Conceptual
Com a publicação da obra Metaphors We Live By em 1980, Lakoff e Johnson lançam
as bases para uma teoria cognitiva da metáfora. A tese central dessa obra é de que a metáfora
é essencial e onipresente na linguagem e no pensamento. Outra idéia importante defendida
por essa teoria é a de que a cognição tem uma base corpórea e experiencial, o que Gibbs
(2006) chama de corporeidade, que se torna explícita quando os autores escrevem:
Nosso sistema conceptual ordinário, em termos do qual não pensamos mas
também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza.Os conceitos
que governam nosso pensamento não são meras questões do intelecto. Eles
governam também a nossa atividade cotidiana nos detalhes mais triviais. Eles
estruturam o que percebemos, a maneira como nos comportamos no mundo e
o modo como nos relacionamos com outras pessoas. Tal sistema conceptual
desempenha, portanto, um papel central na definição de nossa realidade
cotidiana. (LAKOFF e JOHNSON, 1980/ 2002: 208)
A proposta de relacionar a razão à metáfora não é nova, entretanto são Lakoff e
Johnson que colocam a metáfora como uma questão central para a cognição humana. À
medida que eles postulam que o pensamento humano é amplamente metafórico, e que o
sistema conceptual humano é estruturado e definido por meio de metáforas, a metáfora passa
a ser uma forma de conceptualização. A Teoria da Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson
está estreitamente associada à lingüística cognitiva que, segundo Yu (1999), postula que a
linguagem natural é um produto da mente humana, baseada nos mesmos princípios que
operam em outros domínios cognitivos. Como parte da cognição humana, a linguagem está
intimamente relacionada com outros domínios cognitivos. Sendo assim, a estrutura da
linguagem depende - e desempenha um forte papel - na conceptualização, que por sua vez é
influenciada pela nossa experiência pessoal com o mundo exterior.
Lakoff e Johnson propõem um mapeamento sistemático entre dois conceitos: o
domínio-fonte, que é uma fonte de inferências, e o domínio-alvo, ao qual as inferências se
aplicam. “A essência de uma metáfora é compreender e experienciar uma coisa em termos de
outra(1980:47). Por exemplo, entendemos a metáfora conceptual AMOR É UMA VIAGEM
porque temos um conhecimento sistematicamente organizado sobre o domínio conceptual
VIAGEM, no qual nos apoiamos para compreender o domínio conceptual AMOR. Portanto, a
metáfora conceptual é chamada assim porque ela conceptualiza algo, nesse caso o amor. Os
autores representam as metáforas conceptuais por meio de um mapeamento estruturado
sistematicamente, destacando-as em letra maiúscula: DOMÍNIO-ALVO É DOMÍNIO-
FONTE. O mapeamento ocorre assim:
VIAGEM AMOR
DF DA
Compreendemos e experienciamos o amor em termos de viagem, pois, quando
amamos, seguimos algumas rotinas e conceptualizamos sistematicamente o amor em termos
de viagem. Usamos a nossa experiência cotidiana com viagens para conceptualizar o amor em
termos de trajetória, partida, despedida e chegada. Por exemplo, utilizamos as seguintes
metáforas lingüísticas:
(2) Decidimos tomar caminhos distintos, pois a nossa relação acabou;
(3) Nosso casamento está indo de mal a pior;
(4) O casamento dela afundou.
Tais exemplos evidenciam a conceptualização do amor em termos de uma viagem, em
que os amantes são os viajantes, o relacionamento é a estrada ou caminho a ser percorrido e
também pode ser o veículo (ver exemplo 4). Lakoff e Johnson (1980) fazem uma distinção
importante entre metáfora conceptual e metáfora lingüística. A metáfora conceptual refere
noções abstratas tais como (1) MAIS É PARA CIMA e (2) AMOR É UMA VIAGEM,
enquanto que a metáfora lingüística remete às expressões lingüísticas que representam tais
noções, como, no caso de (1), A inflação está subindo e, no caso de (2), O nosso namoro não
vai dar em lugar nenhum. É importante observar que, no quadro dessa teoria, a natureza da
metáfora é conceptual e não lingüística. Porém, expressões metafóricas, também chamadas de
metáforas lingüísticas, são realizações lingüísticas da metáfora conceptual. Então, quando
mencionamos só a palavra ‘metáfora’, estamos referindo a Metáfora Conceptual.
Haser (2005) aponta que Lakoff (1987) oferece uma teoria da significação que fala
sobre como itens lingüísticos podem ter um ou outro significado, mas que falha em explicar
como se chega a certos conceitos, que é um aspecto central de uma teoria da verdade que o
experiencialismo se propõe a apresentar. A partir de uma perspectiva da lingüística cognitiva,
Lakoff e Johnson (1980, 1999) oferecem uma descrição de como mapeamos significados
entre domínios e de como derivamos os significados de tais conceitos a partir dos
mapeamentos. Contudo, Haser assinala que explicar os mapeamentos de um conceito abstrato
para o seu significado fonte concreto não explica porque o termo em questão desenvolveu
esse significado abstrato particular dentre uma ampla variedade de outros significados
possíveis. Essa crítica procede, embora haja teóricos experiencialistas que apresentem uma
descrição detalhada de como se constrói significado conceptual, como Grady (1997a) e
Kovecses (2000, 2002). A crítica de Haser se reflete no trabalho de lingüistas cognitivos
como Keysar et al. (2000) e Semino et al. (2004).
Tendo como ponto de partida um corpus de conversas sobre câncer, Semino et al.
(2004) discutem problemas metodológicos encontrados ao identificar e analisar metáforas.
Partindo de uma discussão sobre como as metáforas são usualmente analisadas dentro do
paradigma cognitivista, Semino et al. apresentam alguns exemplos que levantam problemas
sob diferentes pontos da teoria e demonstram como diferentes decisões no processo de análise
teriam conduzido a conclusões extremamente distintas sobre a maneira como o câncer parece
ser construído metaforicamente nos dados. Os autores apresentam duas possibilidades
diferentes de percursos analíticos para a mesma metáfora, dependendo da escolha do domínio-
Semino et al. (2004) apontaram que tanto os vulcões quanto certos tipos de animais
podem ser associados literalmente com o estado (temporário) de estar adormecido. Os
problemas relacionados a estes exemplos dizem respeito a que metáforas conceptuais estão
envolvidas, que metáforas conceptuais talvez sejam convencionais, e exatamente como o
câncer em si é conceptualizado. Nas hipóteses que os autores levantaram sobre metáforas
conceptuais convencionais subjacentes, se a conceptualização de câncer como cavalo,
derivada do exemplo com ‘galopante’ (‘galop away’), está relacionada com a leitura de
ANIMAL da metáfora ‘adormecido’, então eles identificam uma metáfora superordenada
convencional CÂNCER É ANIMAL com o submapeamento CÂNCER É CAVALO e
CÂNCER É UM ANIMAL HIBERNANDO. No entanto, se relacionamos a conceptualização
de câncer como um vulcão, do exemplo com erupção’ com o exemplo com a leitura de
VULCÃO da metáfora ‘adormecido’, então há evidências para a existência da metáfora
conceptual CÂNCER É VULCÃO.
Semino et al. (ibid) chegam a afirmar que o exemplo ‘adormecidopode acionar os
dois mapeamentos simultaneamente, isto é, CÂNCER É ANIMAL e CÂNCER É VULCÃO.
Eles também destacaram o fato de que, embora essas expressões lingüísticas particulares
apareçam repetidamente nos seus dados, o corpus não contém nenhuma referência direta a
cavalos ou a vulcões com relação a câncer. Outro aspecto que se deve considerar é o fato de
que ‘galopar embora’, ‘entrar em erupção e adormecido’ são todas expressões polissêmicas,
revelando o tipo de polissemia que Lakoff (1993:205) sugeriu como uma evidência para a
“existência de um sistema de metáforas convencionais” em inglês. Como exemplos de
extensões metafóricas convencionais temos inflação galopante (inflation galloping away), a
erupção de espinhas (na pele) [spots erupting (on the skin)], e emoções ficando adormecidas
(emotions becoming dormant). Isso é uma prova de que esses conceitos são
convencionalmente mapeados em outros domínios, além dos domínios com os quais o seu
significado literal é associado.
Semino et al. concluiram que “decisões sobre exatamente que conceitos são referidos
por certas expressões lingüísticas e se certos conceitos se referem literalmente ou não a outros
conceitos não é uma questão que esteja clara” (2004:1280). Eles argumentam que decisões
diferentes sobre qual é o domínio-fonte podem conduzir a domínios-alvo distintos, o que por
sua vez pode levar a diferenças dramáticas nas conclusões sobre como o câncer é
convencionalmente conceptualizado nos dados investigados. Portanto, a crítica de Haser
(2005) quanto a esse aspecto é válida, e a busca de respostas para esse problema da teoria
constitui um desafio para lingüistas cognitivos e psicolingüistas.
Diferentemente de Semino et al., Keysar et al. (2000) rejeitam a abordagem dos
mapeamentos conceptuais. Os autores argumentam, assim como Haser (ibid), que as
expressões convencionais podem ser entendidas diretamente, sem acessar mapeamentos
conceptuais subjacentes. Partindo de tal suposição, os autores abordam a questão de se os
indivíduos utilizam mapeamentos conceptuais quando compreendem expressões que Lakoff e
Johnson (1980) afirmam refletirem tais metáforas conceptuais. A fim de abordar tal questão
teórica, Keysar et al. desenvolveram um teste para o uso de mapeamentos conceptuais
empregando os exemplos de metáforas convencionais apresentados por Lakoff and Johnson
(ibid), que, segundo esses autores, motivaram metáforas conceptuais. A hipótese de Keysar et
al. é de que, se os mapeamentos são acessados pelos leitores enquanto eles lêem os exemplos
de Lakoff e Johnson, então tais mapeamentos também deveriam estar acessíveis para facilitar
o uso de outras expressões que eventualmente requerem os mesmos mapeamentos metafóricos
como, por exemplo, metáforas novas. Isso não é uma idéia nova; Lakoff e Turner (1989) já
haviam afirmado que a compreensão de metáforas novas deve-se à extensão de mapeamentos
metafóricos convencionais. Keysar et al. (2000) argumentam que, se expressões
convencionalizadas somente facilitam o uso de outras expressões convencionais associadas,
somente um conjunto de expressões lingüísticas altamente relacionadas poderia justificar a
sua compreensão por meio de associação. Entretanto, há alguns problemas com esse estudo:
Todos os mapeamentos, isto é, as histórias com uma sugestão implícita de
mapeamentos conceptuais, assim como as histórias com um mapeamento explícito,
foram apresentadas aos sujeitos ao mesmo tempo, o que provavelmente interferiu nos
resultados;
Quando os autores verificaram a condição de não-mapeamento, os sujeitos foram
instruídos sobre a Teoria da Metáfora Conceptual e a sua relação com as metáforas
lingüísticas, e então foi solicitado que avaliassem os contextos em que não havia
mapeamento e nem contextos implícitos. Obviamente, os resultados desse teste
também dependem da maneira como os sujeitos foram instruídos, o que pode ter
influenciado os resultados. Além disso, do ponto de vista metacognitivo, essa tarefa
exigiu muito dos participantes, especialmente porque solicitou-se aos sujeitos que
descrevessem a conexão que eles perceberam entre a história e o respectivo conteúdo
de imagem. Tal demanda metacognitiva também pode ter interferido nos resultados;
Os testes do experimento 2, desenvolvido para investigar se os contextos com
metáforas novas ou não-convencionais realmente instanciam mapeamentos
conceptuais, exigiram bastante capacidade metalingüística dos participantes. Esses
receberam uma história implícita lado-a-lado com uma nova com as frases
correspondentes sublinhadas. Os participantes foram solicitados a julgar qual história
descrevia o tema de forma mais convencional para então julgar o grau de
convencionalidade de cada história apresentada em uma escala de 1-6. Além disso, a
fim de distinguir o grau de convencionalidade (metáfora nova ou convencional) do
grau de especificidade, também foi solicitado aos participantes que julgassem a
especificidade das expressões do teste.
Entretanto, a seqüência de tarefas, que requer uma alta capacidade metalingüística,
provavelmente sobrecarregou os participantes e pode ter interferido nos resultados. Keysar et
al. (2000) admitem que, mesmo se os participantes não conseguem referir o mapeamento
explicitamente, eles ainda podem ter-se baseado no mapeamento conceptual durante a
compreensão (ibid: 583). Resumindo, Keysar et al. arrolam questões interessantes, como a
afirmação de que uma metáfora completamente nova talvez requeira diferentes tipos de
trabalho inferencial do que quando se trata de uma metáfora convencional. Contudo, os
autores não apresentam nenhuma proposta de como esse raciocínio inferencial
5
ocorre. Além
disso, os instrumentos de coleta de dados utilizados nos experimentos recém discutidos
apresentam problemas que certamente interferiram nos resultados do estudo. Também parece
que experimentos baseados somente na intuição dos sujeitos acerca do seu conhecimento
lingüístico não oferecem evidência suficiente para corroborar a Teoria da Metáfora
Conceptual, como observa Gibbs (1994) (Ver seção 2.8 sobre uso de metodologia da
lingüística de corpus).
Ao falar sobre essa questão, Haser (2005) retoma a constatação de Murphy (1997) de
que é impossível demonstrar a existência da metáfora conceptual com base em evidência
puramente lingüística. Novamente, Haser desconsidera pesquisas existentes (cf. GIBBS 1994,
2006; CIENKI, 2005) que apresentam evidências psicolingüísticas baseadas em gestos e
movimento, além de dados lingüísticos, a fim de corroborar a Teoria da Metáfora Conceptual.
5
GIBBS e FERREIRA estão com uma pesquisa em andamento cujo objetivo é examinar o papel do
conhecimento conceptual em derivar certas inferências, assim como descobrir em que medida a metáfora
lingüística implica a inferência. Busca-se investigar se os falantes também utilizam inferências relacionadas, i.e.
inferências que m a mesma metáfora conceptual subjacente, quando usam a metáfora lingüística
correspondente, assim como se os falantes implicam inferências que não estejam o próximas, i.e. inferências
que tenham uma metáfora conceptual com o mesmo domínio-alvo, mas um domínio-fonte diferente. Busca-se
apresentar alguma evidência das intuições sistemáticas dos falantes sobre o significado metafórico e como tais
intuições são motivadas pelo conhecimento conceptual e pela experiência corpórea (GIBBS, 2006).
Principalmente, Haser repete, ao longo de seu livro, a mesma crítica de que Lakoff e Johnson
(1980, 1999) não explicam como a fórmula “compreender X em termos de Y” pode ser
entendida, deixando de fora, por sua vez, resultados empíricos que corroboram a teoria. Ao
discutir a base experiencial de metáforas conceptuais como MAIS É PARA CIMA, Haser
nega a possibilidade de compreender MAIS em termos de PARA CIMA devido ao fato de
que, segundo ela, compreendemos a metáfora MAIS É PARA CIMA baseados em um
conceito que existe independentemente MAIS – e não por meio da correlação entre domínios.
Parece-me que essa explicação não contribui em nada para aprofundar a discussão,
principalmente o seu objetivo parece ser excluir qualquer relação experiencial na base da
conceptualização da metáfora. Haser recorre novamente à visão tradicional de metáfora
partindo do significado literal. Ela chega a afirmar que é irrelevante se um conceito novo
engloba o significado literal e o metafórico devido à transferência metafórica, ou está restrito
ao último, isto é, segundo a autora, em nenhum caso podemos afirmar que o novo conceito
seja “metafórico”. Entretanto, um aspecto interessante levantado por Haser é a possibilidade
de que “pessoas distintas talvez acessem metáforas conceptuais distintas para a mesma
expressão metafórica (2005:201). Tal questão permanece não resolvida por Lakoff e
Johnson (1999) porque eles não descrevem como ocorre o mapeamento conceptual do
domínio-fonte para o domínio-alvo. Lakoff (1993) apresenta, por meio do Princípio da
Invariância (Ver seção 1.4.1), um esquema genérico que possibilita mapear diversos eventos.
Portanto, Haser está certa ao afirmar que Lakoff e Johnson (1980, 1999) não elucidaram o
processo de interpretação da metáfora de forma que pudesse especificar como os falantes
chegam à interpretação adequada da expressão metafórica.
1.2.3 A Metonímia Conceptual
Agora a discussão terá como enfoque outra instância de uso da linguagem. Serão
examinados alguns exemplos de metonímia. Segundo a definição do dicionário Aurélio
6
, a
metonímia é uma relação envolvendo substituição. Sobretudo, a metonímia relaciona
entidades para formar um significado novo, complexo, como será mostrado no exemplo a
seguir:
6
Tropo que consiste em designar um objeto por palavra designativa doutro objeto que tem com o primeiro uma
relação de causa e efeito (trabalho, por obra), de continente e conteúdo (copo, por bebida), lugar e produto
(porto, por vinho do Porto), matéria e objeto (bronze, por estatueta de bronze), abstrato e concreto (bandeira,
por pátria), autor e obra (um Camões, por um livro de Camões), a parte pelo todo (asa, por avião), etc. [Sin.:
transnominação. Cf. sinédoque.]
(1) Jerome Bettis ficou prensado entre a defesa do Seattle e um bloqueador do seu
próprio time [...]
7
. (tradução nossa, Santa Cruz Sentinel, 02.06.2006)
Nesse exemplo, a metonímia PARTE POR PARTE é construída na interação entre as
relações, nesse caso específico a maneira como o jogador ficou ‘prensado’ entre os jogadores
dos dois times envolvidos na relação. Em inglês, elementos recategorizadas como relações
aparecem como verbos derivados (to beautify) ou sem um morfema derivacional, como
conversões (to tiptoe) (RADDEN e KÖVECSES, 1999). 'Prensado’ é um caso do último tipo.
A metonímia é vista aqui como um fenômeno conceptual que, como a metáfora, a ironia e
outras formas de uso figurado, baseia-se na nossa experiência cotidiana e reflete a nossa
maneira cotidiana de raciocinar.
Evidências para a natureza conceptual da metonímia podem ser constatadas na
sistematicidade das expressões convencionalizadas na língua, como revela o exemplo
fornecido por Lakoff and Johnson (1980) ‘Ela é um rostinho bonito’, por meio do qual
fazemos algumas suposições sobre a pessoa que se baseiam somente no seu rosto. A
metonímia FACE PELA PESSOA conceptualiza o nosso raciocínio diário sobre as pessoas e
reflete um modelo cultural no qual a foto de um rosto inclui a pessoa na categoria dos seres
humanos. Lakoff (1987) observou que, em um modelo metonímico conceptual, um membro
de uma categoria pode representar a categoria inteira, e isso pode gerar efeitos prototípicos.
Radden e Kovecses definem metonímia como “um processo cognitivo em que uma entidade
conceptual, o veículo, possibilita o acesso mental a outra entidade conceptual, o alvo, dentro
do mesmo Modelo Cognitivo Idealizado” (1999:21).
Outra objeção de Haser à TMC é que o quadro teórico proposto por Lakoff e Johnson
e “nenhum dos critérios sugeridos pela lingüística cognitiva oferece meios completamente
satisfatórios para separar metáforas típicas de metonímias típicas” (2005:15). Haser retoma
visões tradicionais de linguagem figurada que encaram o significado figurado como um
desvio da norma, derivado de uma primeira interpretação literal (e.g. GRICE, 1975). A autora
parece não compreender as definições de metáfora e metonímia em termos de domínios
quando reclama que “não está sempre claro o que deve contar como domínio-fonte e alvo”
(ibid: 29).
Portanto, enquanto na metáfora um domínio conceptual é compreendido em termos de
outro, na metonímia somente um domínio conceptual e o mapeamento ocorre entre duas
7
Jerome Bettis gets sandwiched between a Seattle defender and a blocker from his own team during rare action
Sunday.
entidades ou eventos dentro do mesmo domínio conceptual, refletindo não uma relação
parte-todo, mas também uma relação ocorrência por tipo (GIBBS, 1999). Um exemplo do
Português Brasileiro é 'Paulo é pé quente’ em que ‘pé quente’ simboliza a pessoa que tem boa
sorte. A seguir abordaremos o que são Modelos Cognitivos Idealizados (ICMs em inglês).
Radden e Kövecses (1999) crêem que a noção de ‘Modelos Cognitivos Idealizados’
(ICMs) de Lakoff (1987), que não inclui o conhecimento enciclopédico das pessoas sobre
um certo domínio, mas também os modelos culturais em que as pessoas se inserem, talvez
definam melhor os processos metonímicos. Isso talvez se deva ao fato de que os ICMs
englobem tudo o que é conceptualizado. A metonímia utiliza relações estereotípicas, ou
idealizadas, dentro de um ICM. Por exemplo, a expressão the key to the kingdom (a chave
para o reino), talvez evoque eventos ou entidades tipicamente associadas ao objeto key
(chave), como 'acesso livre', e o lugar kingdom (reino) evoque características como 'rico,
seguro ou lugar isolado'. Uma questão empírica interessante sob a perspectiva da lingüística
cognitiva seria investigar que tipo de relações são estabelecidas quando derivamos
significados metonímicos, assim como por que alguns elementos dos ICMs são selecionados
e não outros. Por exemplo, no caso de ‘pé quente’, por que os brasileiros escolhem o ‘pé’
como parte do corpo relacionada com ‘trazer boa sorte’ –e não outra parte do corpo? O que
‘pé’ mapeia? Portanto, quais são as motivações para esse mapeamento conceptual específico?
Sob a perspectiva da lingüística cognitiva, todas essas questões são importantes e devem ser
consideradas na tentativa de explicar como se compreende linguagem figurada. A seguir, será
discutida a polissemia que motiva muitas metáforas e metonímias.
A seguir será discutido o conceito de corporeidade e a base experiencial que motiva o
significado metafórico.
1.2.4 A noção de corporeidade (embodiment)
O presente trabalho pretende apresentar evidências, baseadas nos resultados das
pesquisas empíricas realizadas, de que a compreensão da metáfora baseia-se na experiência
corpórea do leitor quando processa uma metáfora lingüística também na ngua estrangeira.
Como foi visto anteriormente, a metáfora é uma maneira de compreender um conceito em
termos de outro na qual ocorre uma transferência de conhecimento entre domínios no leitor/
falante, assim como também no autor (ou naquela pessoa com a qual nos comunicamos). A
compreensão da metáfora exige uma interpretação não-literal do enunciado que vai além do
processamento lexical e sintático, à medida que requer que o leitor (ou ouvinte) do enunciado
saiba algo sobre as crenças e intenções do falante (SPERBER e WILSON, 1995; CLARK,
1996) e use tal conhecimento para gerar uma interpretação não-literal. Um argumento
importante da corporeidade é de que a força comunicativa e o poder de expressão da
linguagem metafórica resultam, em parte, das sensações e emoções que os indivíduos
experienciam quando o seu corpo está em ação no mundo (GIBBS, 2006).
De acordo com a visão experiencialista (LAKOFF, 1987), o significado é definido em
termos da nossa experiência corpórea, isto é, a nossa experiência corpórea no e com o mundo
define a esfera do que é significativo para nós e determina a nossa maneira de compreender o
mundo. O experiencialismo atribui um papel central à experiência corpórea na constituição do
significado, na compreensão e no raciocínio. Portanto, o presente estudo assume um
compromisso metodológico na investigação de relações sistemáticas entre estruturas
lingüísticas e conceptuais, alinhando-se assim com o ‘compromisso cognitivista’ proposto por
Lakoff (1993).
Na mesma linha do experiencialismo na filosofia, a Teoria Contemporânea da
Metáfora (LAKOFF, ibid) postula que o sistema conceptual humano é, em grande parte,
metafórico na proporção que contém mapeamentos de inferências de domínios mais concretos
para domínios mais abstratos. Tais mapeamentos não são arbitrários, mas sim motivados por
nossa natureza corpórea, sensório-motora, isto é, como nossos corpos funcionam e interagem
no mundo.
Segundo Siqueira (2004), outra propriedade das metáforas, nessa abordagem – relativa
à noção de sistematicidade – é a sua capacidade de chamar a atenção para alguns aspectos dos
conceitos envolvidos e, ao mesmo tempo, esconder aspectos inconsistentes. Aspectos
inconsistentes, aqui, são aspectos de um dos conceitos envolvidos que, mesmo não podendo
ser estendidos, permanecem coerentes com a metáfora. Tendo, ainda, a metáfora (2)
Decidimos tomar caminhos distintos, pois a nossa relação acabou como exemplo, seriam
considerados inconsistentes com essa metáfora algumas características do amor, tais como: o
custo do amor, o tempo de duração do amor, entre outras. Assim, “quando um conceito é
estruturado por uma metáfora, significa que ele é parcialmente estruturado e pode ser
entendido de algumas maneiras, mas não de outras” (LAKOFF e JOHNSON, 1980: 13).
Evidências apresentadas por estudiosos da metáfora (GIBBS, 1994, 2006; SIQUEIRA, 2004;
LIMA, 1999) trazem à luz como a experiência sensório-motora, isto é, o nosso corpo em ação
no mundo, motiva o pensamento e a linguagem metafórica.
Na próxima seção, será discutido como a polissemia pode motivar também o
significado metafórico.
1.2.5 Ambigüidade e Polissemia
Enquanto a homonímia define uma palavra que tem a mesma representação fonológica
e significados lingüísticos muito distintos, a polissemia refere palavras com um significado
nuclear e relacionado. Por exemplo, em inglês a palavra ring’ tanto designa o verbo ligar,
como também designa o anel redondo que as pessoas usam no dedo. Os dois sentidos não são
relacionados e representam um exemplo de ambigüidade lexical, enquanto palavras
polissêmicas têm um sentido similar e quase indistinguível, como talk em inglês, que segundo
o dicionário Merriam-Webster pode significar
8
1. (v) enunciar, 2. (v) discutir, 3. (v)
convencer, 4. (v) falar. Certamente, um sentido é mais prototípico, isto é, mais representativo
do que outros sentidos (LAKOFF, 1987), embora esses estejam sistematicamente
relacionados.
A polissemia constitui um dos tópicos principais de interesse da lingüística cognitiva,
devido ao fato de muitos sentidos polissêmicos serem motivados por metáforas ou
metonímias. Um caso de polissemia no Português Brasileiro é ‘orelha’ que pode significar 1.
(n) parte do corpo, 2. (n) apêndice de certos objetos semelhante à orelha, 3. (n) aba em um
livro, 4. (n) aquilo que se escreve na orelha do livro, para citar algumas das 11 definições
apresentadas no Dicionário Aurélio. Não é uma mera coincidência que ‘orelha’ signifique
tanto a parte superior dobrada de uma gina, como também a aba de uma xícara, que
ambos têm uma forma que remete ao formato de uma orelha. Um mapeamento convencional
dentro do sistema conceptual de conceitos de partes do corpo para esses objetos distintos pode
explicar esses casos de polissemia e revelar como esses significados metafóricos são
motivados por nossa experiência corpórea. Ao enunciar ‘A bola está vindo na minha direção’,
o falante pode querer designar o sentido literal 1. a bola que as pessoas usam para jogar
futebol, mas ele/ ela pode também estar referindo, metaforicamente a 2. uma pessoa que é
obesa e está caminhando na sua direção. Contudo, como o ouvinte chega ao segundo sentido
pretendido? Será que os ouvintes acessam a informação contextual e lexical em um processo
top-down e bottom-up a fim de desambigüar o significado de um enunciado? Será que o leitor
acessa primeiro o significado lexical ou contextual, ou ambos simultaneamente?
A seguir serão abordados alguns estudos que tratam de tais questões a partir de uma
perspectiva psicolingüística. Serão discutidas algumas pesquisas relevantes sobre acesso
8
transitive verb 1 : to deliver or express in speech : UTTER; 2 : to make the subject of conversation or
discourse : DISCUSS <talk business>; 3 : to influence, affect, or cause by talking <talked them into going>; 4 :
to use (a language) for conversing or communicating :
SPEAK; intransitive verb: 1 a : to express or exchange
ideas by means of spoken words b : to convey information or communicate in any way (as with signs or sounds)
<can make a trumpet talk> <make the computer talk to the printer>; 2 : to use speech : SPEAK; 3 a : to speak
idly : PRATE b : GOSSIP c : to reveal secret or confidential information; 4 : to give a talk : LECTURE
lexical, representação da polissemia e compreensão do sentido circunstancial, em inglês nonce
sense. Swinney e Cutler (1979) classificam a seleção do sentido de itens lexicais ambíguos
como um processo de decisão pós-acesso que não é afetado imediatamente pelo contexto
semântico. Enquanto Swinney e Cutler descrevem a compreensão de palavras ambíguas por
meio do acesso lexical como bottom-up, Clark (1983) propõe um parser intencional que atua
top-down como um procedimento geral para computar usos indiretos da linguagem.
Clark argumenta que expressões contextuais que dependem de coordenação a cada
momento entre o falante e o ouvinte são usadas para dizer algo que não poderia ser expresso
de outra forma. Um parser tradicional, que funciona com base na suposição de seleção do
sentido, irá falhar em desambigüar o sentido circunstancial, isto é, uma expressão que tem um
sentido para a ocasião em que é usada, devido ao fato da paráfrase literal da expressão
contextual não poder reproduzir todas as implicaturas fracas (SPERBER e WILSON, 1995),
ativadas por essa expressão contextual. Clark aponta que o ‘modelo pós-decisão’ está fadado
a falhar com expressões contextuais porque, quando o modelo encontra um sentido
circunstancial, como ‘cachorro’ no enunciado "Estou chegando perto de poder assistir filmes
com censura para menores de 13 anos," disse Yount, “um cachorro que mora em São
Francisco e vai fazer 12 anos em dezembro" (San Francisco Chronicle, 02/29/2006) em que
‘cachorro’ refere aquelas pessoas nascidas no ano do cachorro de acordo com a tradição do
zodíaco chinês , as regras lexicais irão gerar um grande número de sentidos possíveis, e o
modelo terá que selecionar, entre os sentidos possíveis para o nome ‘cachorro’, o mais
adequado para aquele contexto
9
específico.
Uma questão que Clark coloca é como parsers intencionais podem funcionar tendo
como ponto de partida os significados pretendidos pelo falante. Possivelmente, o quadro
teórico da Teoria da Relevância (SPERBER e WILSON, 1995) possa fornecer uma boa
descrição de como selecionar o sentido mais relevante, isto é, aquele que causa o maior
impacto – e tem, portanto, maiores efeitos contextuais-, mas também é o sentido que demanda
o menor esforço cognitivo para ser processado. Outra questão pertinente é como se
representam esses sentidos. Será que os sentidos polissêmicos são representados
separadamente, ou será que possuem um núcleo de sentido? Klein e Murphy (2001)
apresentam resultados que revelam que palavras polissêmicas têm representações separadas
9
No presente estudo, o contexto é definido a partir da Semântica Cognitiva e tem uma abrangência bem ampla.
Ele engloba tanto o contexto situacional e discursivo, como também a percepção do leitor, o seu funcionamento
sensório-motor, assim como a ação do seu corpo no mundo. Desse modo, tal visão é compatível com a Teoria da
Relevância, proposta por Sperber e Wilson (1995), que inclui os contextos possíveis de serem acessados pelo
leitor (e pelo autor do texto).
para cada sentido. Na visão desses autores, se as palavras polissêmicas apresentarem um
sentido nuclear, ele é mínimo. Os autores tentam apresentar uma abordagem do sentido
nuclear mais consistente com os seus resultados, que está fundamentada em construções
temporárias de sentidos das palavras, segundo as quais, quando uma palavra como paper
aparece em um contexto específico, um sentido apropriado ao contexto e mais detalhado
é construído na representação da sentença. Uma vez que alguém interpretou papercomo
uma publicação diária de notícias, a próxima vez que a mesma palavra aparecer no mesmo
contexto, o mesmo sentido será facilmente lembrado. A coibição de um sentido diferente pode
ser explicada com base na Teoria da Relevância de Sperber e Wilson (1986/1995), segundo a
qual somente o sentido mais relevante, isto é o sentido capaz de alcançar o maior número de
efeitos contextuais naquele contexto específico será derivado; por motivos de economia o
outro sentido – aquele menos relevante no contexto – será descartado.
Uma teoria psicolíngüística da compreensão deveria levar em conta o fato de que expressões
com um sentido específico, que é dependente do contexto, estão por toda a parte. Common ground
(CLARK, 1996), isto é, o conjunto de crenças e suposições mútuas dos interlocutores envolvidos na
comunicação, desempenha um papel importante em resolver a ambigüidade e em identificar o
significado pretendido das palavras polissêmicas. Uma questão empírica importante para a pesquisa
psicolingüística é tentar descrever como o parser intencional proposto por Clark (1983) poderia
funcionar e buscar evidência do papel do common ground (piso comum) em compreender o
significado pretendido pelo falante por meio de um experimento online.
Os diferentes tipos de metáforas serão tratados na próxima seção.
1.3 Tipos de metáforas
Quanto aos diferentes tipos de metáforas, Lakoff e Johnson (1980) as classificam em
metáforas estruturais, orientacionais e ontológicas. As metáforas estruturais são aquelas em
que um conceito é estruturado metaforicamente em termos de outro, como no exemplo (2). As
metáforas orientacionais, por sua vez, são aquelas em que todo um sistema de conceitos é
organizado a partir de outro sistema. Esse segundo tipo de metáfora origina-se,
principalmente, da orientação espacial que os indivíduos desenvolvem a partir da observação
do funcionamento do seu próprio corpo e do ambiente em que vivem. As metáforas que
relacionam sensações e orientações espaciais (do tipo para cima e para baixo, por exemplo)
ou orientações temporais seriam casos típicos de metáforas orientacionais, conforme se
exemplificado a seguir:
(8) O significado está bem ali na frase.
(9) Nossa amizade está engatinhando.
(10) Os preços estão altos.
As metáforas orientacionais também possuem uma sistematicidade e uma coerência
interna na relação das metáforas entre si do mesmo modo que as metáforas estruturais.
São muitas as possibilidades de orientação física e espacial que geram metáforas desse tipo e
a escolha de uma metáfora e não de outra deve-se, em parte, a uma tentativa de coerência em
relação ao sistema como um todo. Nessa perspectiva, enquanto os conceitos relacionados a
sentimentos agradáveis em geral são associados às orientações espaciais para o alto e para
frente e às orientações temporais para o futuro, sentimentos desagradáveis ou negativos são
associados às orientações para trás, para baixo e para o passado. Os autores salientam que tais
orientações não são arbitrárias, pois emergem diretamente das experiências físicas e culturais
das pessoas.
Por último, as metáforas ontológicas a exemplo das metáforas orientacionais têm
sua base na experiência física das pessoas. A diferença entre elas é que, enquanto nessas a
representação dos conceitos ocorre em termos de direções espaço-temporais, naquelas a
representação dos conceitos se em função de uma delimitação física da natureza ou dos
objetos. Lakoff e Johnson assumem uma orientação ego-centrada nessas metáforas, quando
dizem que as pessoas delimitam artificialmente idéias, eventos e emoções, representando-
as à imagem do ser humano: seres separados do resto do mundo por uma superfície.
Evidências lingüísticas de metáforas ontológicas são, por exemplo, o fato de que “caímos
doentes” e “andamos para a frente”. Seguem-se alguns exemplos de metáforas ontológicas:
(11) A bicicleta está fora da nossa vista.
(12) Ele está explodindo de raiva.
As palavras ‘fora’ e ‘explodindo’, nesses casos, são compreendidas pelos autores
como metafóricas, pois o entendimento de um campo visual e de um estado psicológico,
respectivamente, em termos de um objeto delimitado, um contêiner de onde é possível
entrar ou sair. As expressões (11) e (12) são motivadas pelas seguintes metáforas conceptuais:
(11a) O CAMPO VISUAL É UM CONTÊINER
(12a) O CORPO É UM CONTÊINER
Como foi visto anteriormente, os objetos ou conceitos descritos são geralmente
chamados de alvo e os conceitos comparativos, usados para descrever o alvo, são chamados
de fonte por Lakoff e Johnson (1980). Na metáfora (12a), por exemplo, CORPO seria o
conceito-alvo e CONTÊINER, o conceito-fonte.
Segundo a Teoria da Metáfora Conceptual, a principal razão para conceituar uma coisa
em termos de outra é facilitar a compreensão de conceitos abstratos e/ou complexos. Portanto,
domínios conceptuais complexos e abstratos, tais como o amor ou estados emocionais, como
a raiva, seriam melhor entendidos em termos de domínios mais concretos, mais delimitados
ou mais acessíveis para as pessoas, como uma viagem ou contêiners. A correlação entre a
fonte e o alvo sugerida por Lakoff e Johnson é a similaridade experienciada entre esses dois
conceitos.
Como “a essência da metáfora é entender e experienciar algo em termos de outra
coisa” (LAKOFF e JOHNSON, 1980:5), segue-se que, ao conceituar o alvo como a fonte, os
dois vão parecer de algum modo similares. Então, uma metáfora cria similaridades
experienciais entre a fonte e o alvo. Por exemplo, o caso da metáfora conceptual AMOR É
UMA VIAGEM (LAKOFF e JOHNSON, ibid) envolve a compreensão de um domínio de
experiência mais abstrato, que é amor, em termos de um domínio muito diferente e mais
concreto de experiência, que é viagem. Existe um mapeamento bem delineado segundo o qual
entidades no domínio amor (por exemplo, os amantes, os seus objetivos comuns, a relação
amorosa) correspondem sistematicamente a entidades no domínio viagem (por exemplo, o
viajante, o meio de transporte, o destino da viagem). Mesmo que ao falar não estejamos
conscientes disso, nem possamos identificar por que os exemplos arrolados são metafóricos, a
sistematicidade dessas expressões revela um padrão fixo de correspondências ontológicas
entre domínios conceptuais.
Também pode-se falar em tipos de metáforas em termos de convencionais ou novas
(KÖVECSES, 2002). Metáforas consideradas ‘convencionais’ são aquelas bem estabelecidas
e enraizadas na língua. Segundo Kövecses (ibid), tanto a metáfora conceptual como a
lingüística podem ser mais ou menos convencionais. São exemplos de metáforas conceptuais
convencionais DISCUSSÃO É GUERRA, O AMOR É UMA VIAGEM, IDÉIAS SÃO
ALIMENTO. muitos falantes criativos que podem inventar uma extensão inovadora a
partir de uma metáfora conceptual convencional, e tal habilidade não está restrita somente à
linguagem poética. Uma prova disso são os exemplos de metáforas criativas utilizadas no
estudo empírico (Ver seção 2.5.3.1), extraídos de jornais que geralmente refletem a linguagem
cotidiana.
Uma das principais objeções de Haser à abordagem de Lakoff e Johnson é o fato de
que eles consideram as metáforas convencionais como “metáforas ‘cheias’(2005: 94).
Seguindo a posição objetivista de que “todo o significado é literal”, Haser argumenta que as
metáforas convencionais dominam a nossa linguagem cotidiana, adquirindo um significado
específico e se tornaram parte da linguagem literal, o que os filósofos objetivistas denominam
de ‘metáforas mortas’. Ela também assinala que Lakoff e Johnson não definem os critérios
que julgam essenciais para a sua definição de metaforicidade. Tal crítica parece desmedida, já
que Lakoff and Johnson (1980) oferecem uma abordagem cognitiva das suas definições de
metaforicidade, baseada nos mapeamentos conceptuais. Haser argumenta que a maioria das
interpretações de metáforas de Lakoff e Johnson (ibid) são fixas e, portanto, perderam a sua
metaforicidade. Se considerarmos que mapeamentos conceptuais seguem uma certa
sistematicidade, o nosso argumento contra a crítica de Haser é de que os mapeamentos são
sistemáticos – e não construídos ao acaso. Portanto, o argumento de Haser não é convincente.
Vejamos um pouco sobre a motivação para tal sistematicidade na discussão sobre esquemas
de imagens.
1.4 Esquemas de imagens
Pesquisas em lingüística cognitiva (LAKOFF, 1987; GIBBS e COLSTON, 1995)
apresentam evidências de que muito da cognição humana não está representado em termos de
informação proposicional e sentencial, mas é estruturado por vários padrões de nossa
percepção, experiência sensório-motora e manipulação de objetos. Tais padrões são gestalts
experienciais chamadas de ‘esquemas de imagens’ que resultam de nosso funcionamento
sensório-motor quando manipulamos objetos e quando nos movimentamos procurando
orientação espacial e temporal, enfim quando direcionamos nosso foco perceptual. Esquemas
de imagens são de natureza não-proposicional e atuam como estruturas que organizam a
experiência no nível da percepção e do movimento do corpo. Segundo Lakoff (1987), os
esquemas de imagem têm estrutura interna e servem como base corpórea para muitos
conceitos abstratos que são metafóricos.
Gibbs et al. (2004) afirmam que o conhecimento experiencial sobre ‘líquido aquecido
em um contêiner’, que corresponde à metáfora conceptual RAIVA É UM QUIDO
AQUECIDO EM UM CONTÊINER (LAKOFF, 1987) e cuja realização lingüística poderia
ser, por exemplo, a metáfora ‘Ana estava a ponto de explodir’, baseia-se somente na
observação da água fervendo numa panela. Contudo, a primeira forma pela qual as pessoas
adquirem tal conhecimento sobre o domínio-fonte é por meio da sua própria experiência com
DESTINOS, motivada por uma correlação estrutural baseada na nossa experiência cotidiana
de ir de um lugar para outro, para atingir um propósito, o nosso destino. Outros esquemas de
imagens incluem o esquema PARA CIMA-PARA BAIXO (UP-DOWN), o esquema PARA
FRENTE-PARA TRÁS e o esquema ORDEM LINEAR. Lakoff destaca que
os esquemas de imagens fornecem evidência especialmente importante para o
postulado de que o raciocínio abstrato é uma questão de duas coisas: (a) o
raciocínio é baseado na experiência corpórea e (b) em projeções metafóricas
de domínios concretos para abstratos. (1987:275)
Lakoff (1987) propõe que tais esquemas de imagens que estruturam nossa experiência
de espaço também estruturam nossos conceitos em domínios abstratos. Por exemplo,
categorias são compreendidas em termos de esquemas de CONTÊINERS, estruturas
hierárquicas em termos dos esquemas PARTE-TODO E PARA CIMA-PARA BAIXO,
estruturas relacionais em termos de esquemas de CORRELAÇÕES (LINKS), estruturas
radiais de categorias em termos do esquema CENTRO-PERIFERIA, e assim por diante. A
partir da observação desses esquemas de imagens, Lakoff formulou o Princípio da
Invariância, apresentado a seguir.
1.4.1 O Princípio da Invariância
parte da gramática das línguas naturais. Segundo Siqueira (2004), os esquemas de imagem
não se limitam a propriedades visuais, mas representam uma base, ou um esquema de
estrutura genérica, a partir do qual diversos eventos podem ser mapeados. A seguir serão
abordadas metáforas motivadas por experiências perceptuais muito básicas dos seres
humanos, as metáforas primárias.
1.5 Metáforas primárias
Nem todas as metáforas conceptuais apresentam o mesmo tipo de correlação
experiencial (GIBBS et al., 2004). Ao examinarmos alguns exemplos, parece que as
diferentes correlações experienciais entre as metáforas conceptuais podem ser explicadas pela
natureza diferenciada dessas metáforas. Assim, podemos correlacionar facilmente o aumento
em unidades ou volume com o aumento do nível dos objetos na metáfora orientacional MAIS
É PARA CIMA. No caso da metáfora conceptual DESEJAR É TER FOME, a fome parece
estar muito relacionada com o aumento do desejo (LIMA, 1999). Grady (1997b) faz uma
crítica à Teoria da Metáfora Conceptual porque a Teoria não explicaria por que alguns
mapeamentos do domínio-fonte para o domínio-alvo não ocorrem. Por exemplo, podemos
dizer “A teoria proposta por ele é sólida”, cuja metáfora conceptual é TEORIAS SÃO
EDIFÍCIOS, mas tendo como motivação a mesma metáfora conceptual, não podemos dizer
“A teoria não tem janelas”. Grady (1997b) sugere que a existência de uma correlação forte na
experiência corpórea cotidiana motiva a criação de metáforas primárias, que seriam o nível
mais básico, que serve de base motivadora para os mapeamentos metafóricos que permeiam o
nosso pensamento.
Grady (1997a) denomina de “experiência subjetiva de eventos básicos” o produto
cognitivo resultante da combinação do aparato cognitivo de que dispomos com os tipos de
eventos que normalmente ocorrem em nossa experiência. A experiência subjetiva de um
evento básico, que inclui o aspecto perceptual e a nossa resposta a esse aspecto, são o que
Grady chama de “cena primária”. Cenas primárias caracterizam-se por
uma relação estreita entre a circunstância física e a resposta cognitiva. São
elementos universais da experiência humana, definidos por mecanismos e
habilidades cognitivas básicas que estão correlacionados de uma forma
saliente por meio de uma interação com o mundo com um objetivo
determinado. (1997a:24)
Uma característica fundamental das cenas primárias é a correlação entre diferentes
níveis de experiência, por exemplo, a correlação de proximidade espacial com intimidade
emocional ou a associação da experiência emocional com o calor humano, gerados pela
proximidade que vivenciamos desde que somos gerados. Grady (1997a) propõe que metáforas
primárias envolvem uma ligação entre conceitos distintos que surgem de cenas primárias e
suas correlações. Segundo esse autor, os conceitos fonte de metáforas primárias têm um
conteúdo relacionado à percepção física ou à sensação. Por exemplo, quando abraçamos
alguém ou - estamos próximos de alguém que está se escondendo em uma brincadeira de
criança, ‘estamos quentes’. Essa expressão metafórica é a realização lingüística de uma
metáfora conceptual, PROXIMIDADE É CALOR, que, no caso, é primária e foi motivada por
uma experiência muito básica para todos os seres humanos desde que nascemos, que é o calor
do corpo materno experienciado por meio da proximidade quando estamos no colo. Os pares
experienciais que compõem as cenas primárias são chamados de ‘subcenas’ por Grady que,
neste caso, são a proximidade física e a sensação de calor.
Ao discutir Grady, Haser (2005) aponta que, tanto Grady (1997a) como Lakoff e
Johnson (1999), não oferecem razões convincentes para que as metáforas conceptuais que
subjazem as expressões metafóricas sejam rotuladas de ‘primárias’, em vez de ‘associações’
ou ‘correlações experienciais’. Haser acredita que apelar para associações e conexões entre
redes neurais basta como motivação, sem a necessidade de haver metáforas conceptuais ou
primárias que expliquem a motivação de tais expressões metafóricas, embora acredite que
associações e conexões neurais não se qualifiquem como metáforas. Como foi mencionado
anteriormente, Haser propõe que o sentido figurado de uma expressão pode ser motivado pelo
significado literal dessa palavra e talvez algumas expressões metafóricas análogas pré-
existentes.
Na próxima seção, será tratada a relação de abordagens cognitivas, como a Teoria da
Metáfora Conceptual, com a compreensão da metáfora na aprendizagem de segunda língua/
língua estrangeira.
1.6 Abordagens cognitivas sobre a compreensão da metáfora na aprendizagem de
Segunda Língua (L2)/ Língua Estrangeira (LE)
10
O estudo da linguagem figurada tem despertado interesse crescente na área de
lingüística aplicada. Isso talvez se deva à constatação de que fenômenos como a metáfora, a
ironia e as expressões idiomáticas ocorrem com grande freqüência em situações cotidianas de
uso da linguagem. Outro fator motivador para o interesse da lingüística aplicada pelo estudo
de tais fenômenos talvez seja o desafio que o ensino de tais instâncias de uso da linguagem
representa para o professor de língua estrangeira e/ ou segunda língua.
Enquanto os pesquisadores de aquisição de segunda ngua (L2) interessados no
desenvolvimento de gramáticas estão interessados na dimensão lingüística da aprendizagem
da L2, pesquisadores de aquisição de segunda língua cognitivistas preocupam-se em
compreender como o cérebro humano processa e aprende informação nova. O enfoque deles é
principalmente no aprendiz como indivíduo. Diferentemente dos teóricos da Gramática
Universal que retiram as suas hipóteses do estudo de sistemas lingüísticos (MITCHELL e
MYLES, 2004), as hipóteses dos teóricos cognitivistas que lidam com aprendizagem de
segunda língua vêm das áreas de psicologia e lingüística cognitiva. Eles estão interessados em
investigar a aquisição de habilidades procedurais complexas, como os aprendizes acessam o
conhecimento lingüístico em tempo real, ou as estratégias que os aprendizes empregam na
compreensão, por exemplo. O uso de técnicas de neuroimagem, como a tomografia de
emissão de positrons (TEP) e a ressonância magnética funcional (RMf) que medem as
alterações no fluxo sangüíneo ou nos veis de oxigenação do cérebro devido a mudanças na
atividade neuronal, buscando localizar as estruturas cerebrais ativas durante tarefas cognitivas
específicas, também abriu caminho para a investigação do processamento de informação
semântico-conceptual não lingüística e o link para a sua ativação em regiões temporais e
temporo-parietais, assim como também para o estudo do processamento do contexto durante a
leitura (RODRIGUES, 2004).
Para alguns lingüistas, a linguagem é um módulo separado na mente (FODOR, 1983),
enquanto que para outros a linguagem é compreendida por meio da utilização de mecanismos
cognitivos gerais. Há também pesquisadores cognitivistas que crêem que um módulo
específico para a linguagem na aquisição da língua materna (L1), enquanto que a
aprendizagem de uma segunda língua baseia-se em mecanismos cognitivos gerais. Outros
10
Não será adotada a distinção feita por Krashen (1982), entre os termos ‘aquisição’ e ‘aprendizagem’. Contudo,
adota-se a distinção entre língua estrangeira (LE), no caso desse estudo o inglês aprendido em um contexto
instrucional formal, e segunda língua (L2), i.e. quando o aprendiz está imerso no ambiente onde se fala a
segunda língua – e não a sua língua materna.
estudiosos defendem que, mesmo na aquisição da língua materna, alguns aspectos são inatos,
enquanto que outros aspectos não o são.
Mitchell and Myles (2004) dividem as abordagens cognitivas em dois grupos:
Abordagens de processamento, que estudam como aprendizes de segunda língua
processam a informação lingüística ao longo do tempo. O seu foco de estudo também
inclui a dimensão computacional do aprendizado de línguas;
Abordagens construcionistas que compartilham uma visão fundamentada no uso
para o desenvolvimento da linguagem baseado em necessidades comunicativas; tais
abordagens não propõem a existência de um dispositivo de aquisição inato e
específico da linguagem. Elas incluem abordagens como o conexionismo, o
construtivismo e o funcionalismo.
A revisão de Sanz (2005) sobre a pesquisa em aquisição de segunda língua (a partir
daqui L2) arrola algumas das preocupações dos estudiosos de aquisição de L2, tais como
identificar universais na aquisição de segunda língua por adultos e também tentar explicar as
diferenças individuais no processo de aquisição de uma segunda língua. É senso comum entre
os pesquisadores que os aprendizes de L2 seguem o mesmo caminho no processo de aquisição
independentemente da sua língua materna (L1), atitude e contexto de aquisição, assim como o
fato de que os aprendizes apresentam variações individuais na maneira como eles passam
pelos diversos estágios de aprendizagem. A autora atribui o sucesso na aprendizagem de L2,
por um lado, à interação entre mecanismos internos de processamento e diferenças individuais
e, por outro lado, a fatores externos, como a qualidade e quantidade de input. Ela chama a
atenção para o fato de que aprendizes adultos de L2/ LE têm que tirar o máximo de seus
recursos cognitivos a fim de compensar as limitações relacionadas à natureza do input,
geralmente mais pobre em qualidade e quantidade do que o input de L1. Sanz crê que um
entendimento dos processos de L2 contribui para uma melhor compreensão da cognição
humana, embora admita que as motivações para a pesquisa sobre L2 por adultos também são
as suas aplicações práticas, como fornecer informação para professores de L2/ LE e
administradores envolvidos em políticas da linguagem.
Sanz (2005) menciona duas abordagens principais sobre a aquisição de segunda
língua:
Gerativismo, relacionada à teoria da lingüística gerativa (WHITE, 2003);
Nativismo geral ou abordagens de processamento da informação baseadas na
psicologia.
Embora a contribuição do gerativismo de Chomsky (2000) para o avanço da
compreensão da aquisição de L2 e do entendimento da mente humana não possa ser negada, o
gerativismo considerou a aquisição da linguagem isoladamente e concentrou seu enfoque na
explicação de fatores internos, desconsiderando fatores externos, tais como o contexto do
ambiente do aprendiz. As duas abordagens mencionadas buscam explicar o que se aprende
(regras e representações, associações) e como se aprende. A diferença entre a classificação
nos estudos mencionados anteriormente é o fato de que Sanz (2005) nem mesmo menciona
outras linhas de pesquisa em L2 cujo escopo, hipóteses e métodos concentram-se, por
exemplo, na análise da conversa (cf. MARKEE, 2002), ou abordagens cognitivas da L2,
como a pesquisa de Charteris-Black (2000) ou Littlemore (2003), no âmbito da lingüística
cognitiva. O objetivo do nativismo é investigar características do input, como freqüência e
complexidade, e fatores que intervém no seu processamento (estratégias e atenção). Esse tipo
de pesquisa chama a atenção para fatores internos e externos na aquisição da linguagem e é de
natureza interativa. (SANZ, 2005).
O presente estudo adota uma abordagem cognitiva da aprendizagem de língua
estrangeira e reconhece a importância da interação do aprendiz com o ambiente e do contexto
social em que ele se insere na construção da corporeidade. Devido ao fato desse estudo se
inserir na lingüística cognitiva, estamos interessados em revisar alguns conceitos importantes
relacionados à abordagem construcionista/ nativista geral, como aprendizagem e
desenvolvimento da linguagem. Segundo a visão construcionista, a aprendizagem é encarada
como uma análise de padrões no input lingüístico, e o desenvolvimento da linguagem é visto
como resultando dos bilhões de associações criadas durante o uso da linguagem. Muitos
pesquisadores nessa abordagem afirmam que a aquisição da língua materna ocorre quando as
crianças aprendem padrões freqüentes (chunks) extraídos do que elas ouvem ao seu redor e
fazem generalizações mais abstratas. Existem evidências de que os chunks são comuns nos
primeiros estágios da aquisição de segunda língua e que os aprendizes os analisam e
incorporam a sua linguagem. Ellis (2003) também argumenta que esse processo de chunking,
isto é, a trajetória partindo de padrões de palavras não analisados para generalizações
abstratas, são centrais para a aquisição de segunda língua.
Mitchell e Myles afirmam que no momento a trajetória de aprendizagem de segunda
língua percorrida pelos aprendizes não está bem explicada nem pelo conexionismo, nem pelas
abordagens cognitivas. Não concordo com tais conclusões e vejo as propostas de descrição de
mecanismos cognitivos atuantes na aprendizagem de segunda língua/ língua estrangeira
apresentadas por pesquisadores conexionistas como bastante promissoras (cf. MOTA e
ZIMMER, 2005). Além do mais, assim como os lingüistas cognitivos, “os investigadores
conexionistas acreditam que os estudos detalhados de alguns fenômenos específicos devem
buscar a compreensão dos princípios gerais da cognição” (MOTA e ZIMMER, 2005:167) e,
nesse sentido, o conexionismo emerge como uma proposta complementar que se alia ao
projeto de investigação da lingüística cognitiva. A lingüística cognitiva tem se desenvolvido
rapidamente nas últimas duas décadas e alguns estudos importantes, realizados por
lingüistas cognitivos, cujo enfoque é a descrição e compreensão de fenômenos relacionados à
aprendizagem de L2 e LE, como os estudos de Niemeier (2005), Charteris-Black (2003),
Littlemore (2001b, 2003), Piquer Piriz (2004), e Kecskes (2001), entre outros. No Brasil,
destaca-se o trabalho desenvolvido por Heliana Mello (MELLO e DUTRA, 2000) na
Universidade Federal de Minas Gerais.
11
Retomando a discussão anterior, a discordância entre as teorias começa com a
natureza do sistema computacional: enquanto os gerativistas propõem que esse sistema é um
conjunto hierárquico de regras, os conexionistas caracterizam o sistema como um conjunto de
associações neuronais, enquanto que os lingüistas cognitivos argumentam que a compreensão
ocorre por meio de um mapeamento conceptual entre domínios. Como foi visto
anteriormente, a lingüística cognitiva vê a linguagem como interagindo com outras faculdades
mentais, como percepção, visão, memória e habilidades sensório-motoras (GIBBS, 2006;
CIENKI, 2005), e não como um módulo independente em nossa mente. Esses mecanismos
gerais são responsáveis por toda a aprendizagem, e não somente pela aprendizagem da
linguagem. A aquisição é acionada pelo insumo lingüístico e ocorre por meio da interação e
da experiência com o ambiente ao redor do aprendiz. Enquanto o gerativismo parte de uma
definição básica do que constitui conhecimento lingüístico, isto é, um léxico mental com
informação sobre propriedades de palavras e um sistema computacional que combina palavras
para produzir e interpretar a linguagem, lingüistas cognitivos questionam a existência de um
léxico mental e afirmam que tudo se baseia no contexto pragmático. A seguir, serão revisadas
algumas contribuições da lingüística cognitiva para a pesquisa sobre aquisição de língua
estrangeira e segunda língua.
11
Veja-se o site do grupo de estudos em Lingüística Cognitiva da UFMG
<http://www.letras.ufmg.br/incognito/>
A lingüística cognitiva reconhece a existência de certos universais lingüísticos que
resultam de processos cognitivos humanos gerais, mas também ênfase a aspectos não-
universais relacionados à percepção da linguagem no seu ambiente. Sendo uma teoria baseada
no uso, a lingüística cognitiva aplicada tem como foco a linguagem em uso, isto é, ampara-se
em metodologias distintas, como por exemplo a pesquisa de corpus (DEIGNAN, 2005;
BERBER SARDINHA, no prelo) e análise discursiva (CAMERON, 2003; FERLING, 2005).
Alguns dos principais tópicos de pequisa em lingüística cognitiva são a metáfora, a
categorização, a polissemia e a prototipicalidade. Esses tópicos de pesquisa abrangem não
o léxico, mas também a gramática, assim como a relação entre linguagem e cultura
(KÖVECSES, 2005) e são considerados como pertinentes a princípios gerais de organização
cognitiva relacionados não somente com a linguagem, mas também com outras áreas da
cognição (NIEMEIER, 2005).
A principal preocupação da lingüística cognitiva aplicada é destacar para os
aprendizes a motivação por trás de fenômenos lingüísticos (KÖVECSES e SZABO, 1996;
CHARTERIS-BLACK, 2003), auxiliando-os a compreender como a linguagem funciona. O
interesse principal de Niemeier (2005), ao trabalhar com metáforas na sala de aula de língua
estrangeira, introduzindo o conceito de metáforas conceptuais, tem sido despertar a
consciência dos aprendizes para diferenças interculturais, assim como auxiliar a compreender
os princípios que estruturam a linguagem e o pensamento. Ao trabalhar com metáforas, a
autora espera levar os aprendizes a desenvolverem uma nova perspectiva sobre a linguagem.
Niemeier argumenta que a consciência dos aprendizes sobre o background metonímico do
significado de expressões como red tape (procedimento burocrático) or blue movie (filme
pronográfico) ajudará a compreender tais expressões. Certamente, conhecer a motivação
metafórica de tais expressões ajuda os aprendizes a lembrar o significado devido a sua
saliência (GIORA, 1997). A crença de que a compreensão da motivação metonímica ajuda na
compreensão de metáforas e expressões idiomáticas já é idéia corrente nos escritos de alguns
lingüistas cognitivos e pode ser constatada na descrição de Sweetser (1990) da motivação
metonímica da metáfora conceptual SABER É CONHECER nas línguas indo-européias,
assim como na explicação (GIBBS e O’BRIEN, 1990) para a motivação metonímica de kick
the bucket.
Littlemore (2001b), por sua vez, aborda o papel que a inteligência pode desempenhar
no sucesso do aprendizado da linguagem. Partindo da teoria de Gardner (1983) sobre
inteligências múltiplas, segundo a qual as pessoas diferem em termos de oito tipos de
inteligência, que são visual, verbal, matemática, cinestésica, interpessoal, intrapessoal,
naturalística e rítmica, Littlemore argumenta que há um nono tipo de inteligência que também
pode ter um efeito na aprendizagem da linguagem, que ela chama de ‘inteligência metafórica’.
Contudo, a autora não apresenta evidências suficientes a fim de sustentar tal hipótese de que
há uma ‘inteligência metafórica’. Uma contribuição relevante do estudo de Littlemore é
destacar o fato de que indivíduos apresentam diferenças no estilo de pensar com referência à
compreensão de linguagem figurada. Enquanto algumas pessoas possuem um estilo de pensar
mais ‘literal’, outras parecem ter mais facilidade para fazer analogias metafóricas.
Aparentemente, segundo Littlemore há uma relação entre construir analogias soltas, que
envolvem a comparação de tipos distintos de informação e requerem mais imaginação para as
similaridades a serem reconhecidas, e apresentar inteligência metafórica.
Littlemore também argumenta que pensadores divergentes, isto é, pessoas que
conseguem resolver problemas que exigem muitas respostas possíveis e cuja ênfase está na
quantidade, variedade e originalidade das respostas, têm uma probabilidade maior de
apresentar inteligência metafórica. Ela argumenta que a inteligência metafórica
provavelmente também afeta o uso por parte do aprendiz de estratégias de comunicação
(TARONE, 1983), isto é, a tentativa do aprendiz de superar lacunas no sistema lingüístico a
fim de comunicar um conteúdo significativo. Esse é o caso, por exemplo, quando os
aprendizes usam a estratégia de ‘cunhagem’ de palavras e paráfrase. A ‘cunhagem’ de
palavras é uma estratégia relacionada à extensão metafórica, isto é, “quando os falantes usam
as palavras disponíveis de forma original ou inovadora, a fim de expressar os conceitos que
eles querem expressar” (LITTLEMORE, 2001b:5). A utilização de processos metafóricos por
falantes não-nativos, ao usarem palavras conhecidas a fim de descrever conceitos para os
quais desconhecem o léxico, é uma das principais estratégias usadas por crianças pequenas
quando aprendem a ngua materna. Littlemore aponta que as inovações lexicais, feitas por
crianças na sua língua materna, são semelhantes às estratégias de ‘cunhagem’ de palavras
adotadas por aprendizes de segunda língua quando tentam encontrar soluções para lacunas de
conhecimento na L2. Paráfrases freqüentemente envolvem analogia metafórica que pode
resultar em imagens impactantes, como a descrição na verdade, foi usado um símile feita
por estudantes de segunda língua de um cavalo marinho como sendo um animal marinho
com uma galinha na cabeça’ ou ‘um animal marinho cuja cabeça é como um punk’.
Littlemore conclui que, ao usar tais estratégias, aprendizes de L2/ LE dotados de inteligência
metafórica podem usar os seus recursos lingüísticos a fim de expressar muito mais conceitos,
sendo capazes de aumentar a fluência e o sucesso comunicativo.
Os argumentos de Littlemore basicamente destacam a habilidade cognitiva das pessoas
em compreender linguagem metafórica. Entretanto, um mecanismo especial para explicar
como a nossa mente corpórea (GIBBS, 1994) lida com o significado metafórico não constitui
nenhuma novidade, embora o esforço da autora em descrever como aprendizes de segunda
língua derivam significados metafóricos por meio da ‘cunhagem’ de palavras e paráfrases
sejam o maior mérito do estudo apresentado.
Em outro estudo com alunos de inglês para negócios, Littlemore (2003) investigou
como o uso de imagens relacionadas à metáfora poderia auxiliar os alunos a compreender o
significado de expressões metafóricas. Littlemore usa o termo ‘competência metafórica’ para
referir a habilidade dos aprendizes de segunda língua para interpretar metáforas novas na
língua estrangeira. A autora afirma que as interpretações errôneas das expressões metafóricas
normalmente surgem quando os interlocutores, aprendizes de L2, atribuem conotações
diferentes das pretendidas pelo falante ao domínio-fonte da metáfora. Segundo a autora, os
alunos tendem a perceber pistas contextuais que estejam mais próximas das suas expectativas
culturais. O estudo discutido a seguir tem em comum com o presente trabalho o fato dos
dados terem sido coletados em sala de aula de língua estrangeira, e não de segunda língua.
Piquer-Piriz (2004) analisou a habilidade de pequenos aprendizes espanhóis de inglês
como língua estrangeira (a partir de agora, ILE) em transferir o sentido literal de uma palavra
para o seu sentido metafórico. Os dois objetivos principais do estudo foram (1) explorar se
jovens aprendizes espanhóis de ILE (5, 7, 9 e 11 anos) conseguem identificar extensões
semânticas de itens lexicais nucleares em inglês, e (2) analisar que tipo de raciocínio está
envolvido no reconhecimento pelas crianças desses sentidos figurados. O estudo revelou que
os jovens aprendizes espanhóis de ILE (5, 7, 9 e 11 anos) conseguem identificar diferentes
extensões semânticas dos lexemas HAND, MOUTH e HEAD em inglês, cujo significado
prototípico eles conheciam das suas aulas de inglês. Segundo o autor, a sua habilidade em
raciocinar figurativamente desempenha um papel na identificação e explanação verbal das
extensões semânticas apresentadas a eles, dado que mais de 50% das crianças conseguiram
identificar usos figurados nos três estudos. Os resultados apontaram que a capacidade
analógica e a transferência de conhecimento de um domínio concreto para um domínio
abstrato opera com formas lingüísticas em uma segunda língua a partir, no mínimo, da idade
de cinco anos. A motivação semântica para extensões figurativas parece desempenhar um
papel importante na sua compreensão por crianças. A explicação das crianças sobre os
diferentes usos figurados revela que a corporeidade é bastante saliente para eles,
especialmente para os de idade entre 5 e 7 anos.
As seguintes conclusões para ILE resultaram desse estudo:
Pode-se auxiliar as crianças a operacionalizar um léxico limitado, provendo-as com a
oportunidade de estender significados raciocinando figurativamente;
As crianças recorrem a duas estratégias principais quando tentam compreender
linguagem figurada: raciocínio analógico e identificação interlingual:
Jovens aprendizes são fortemente influenciados pelo contexto imediato e por suas
experiências pessoais.
Os resultados apontaram que mesmo aprendizes muito jovens são dotados da
capacidade de compreender uma coisa em termos de outra, e essa habilidade também está
disponível na língua estrangeira. Outra conclusão importante é que não um aparecimento
repentino da capacidade para compreender a linguagem figurada em uma certa idade.
Fomentar a capacidade figurativa durante todo o processo de aprendizagem talvez tenha
conseqüências positivas no sentido de auxiliar os aprendizes a raciocinar figurativamente na
segunda língua em todas as idades.
Outro autor que apontou implicações pedagógicas da pesquisa sobre a metáfora
conceptual com aprendizes de segunda língua é Charteris-Black (2000, 2003). O estudo de
Charteris-Black (2000) baseou-se em pesquisa utilizando metodologia da lingüística de
corpus e revelou as implicações da Teoria da Metáfora Conceptual para uma abordagem de
ensino do léxico baseada no conteúdo para estudantes de economia que são aprendizes de
inglês com propósitos específicos. O autor aponta que aulas de vocabulário que ensinem
metáforas de economia para estudantes da área podem incrementar a compreensão de
conceitos centrais para os estudantes. Charteris-Black sugere que conhecer as metáforas por
meio das quais conceitos impessoais são estruturados parece uma contribuição valiosa à
abordagens de Inglês para Propósitos Específicos baseadas em conteúdo(2000:164).
Charteris-Black (2003) sugere em seu estudo que a identificação das similaridades e
diferenças lingüísticas e conceptuais nas expressões figuradas permite prever os tipos de
dificuldades que alunos malaios, aprendizes de inglês, terão na aquisição de linguagem
figurada em língua inglesa. Charteris-Black concluiu que os exemplos de linguagem figurada
que tinham uma forma lingüística e uma base conceptual equivalente na língua materna e na
língua estrangeira (LE) foram mais facilmente compreendidos, enquanto que os exemplos que
causaram maior dificuldade de compreensão foram os que tinham uma metáfora lingüística
equivalente, mas uma metáfora conceptual diferente. Os exemplos que apresentavam uma
realização lingüística e uma metáfora conceptual diferente também foram difíceis quando
refletiam comportamentos específicos da cultura, como gestos. Contudo, outros fatores que
influenciaram o grau de dificuldade na manipulação de linguagem figurada na língua
estrangeira foram a freqüência das exposições às instâncias de linguagem figurada, assim
como a estratégia de transferência intralingual, que pode gerar confusão entre diferentes
metáforas na língua estrangeira.
Kecskes (2001) avaliou a validade da ‘hipótese da saliência gradual’ (GIORA, 1997)
na aquisição de segunda língua a partir de um estudo interlingüístico conduzido com 30
falantes nativos de inglês (NS) e 51 falantes não-nativos de inglês (NNS). Os NNS estudaram
inglês como ngua estrangeira em seu país natal por pelo menos quatro anos e passaram de
seis meses a dois anos em um país de língua inglesa. O objetivo do estudo foi investigar o uso
de enunciados e implicaturas relacionados à situação por falantes não-nativos de inglês.
Kecskes propõe que o uso apropriado de enunciados e implicaturas relacionados à situação na
fala sinaliza fluência conceptual. Enunciados e implicaturas relacionados à situação são
unidades pragmáticas convencionais cuja ocorrência está ligada a situações comunicativas
standard e a aquisição dessas unidades em uma L2 exige o conhecimento do background
sócio-cultural da língua alvo. Kecskes ressalta que “as funções pragmáticas geralmente não
estão codificadas nessas unidades lingüísticas, por isso enunciados e implicaturas
relacionados à situação freqüentemente recebem a sua ‘carga’ da situação em que são usados”
(ibid, 253). Foi constatado que geralmente o significado mais saliente é o significado
figurado. A hipótese foi de que a saliência é um fenômeno sócio-cultural baseado em
estruturas de conhecimento específicas da língua e cultura e depende de fluência conceptual
na língua alvo. Nessa perspectiva, Charteris-Black argumenta que ensinar a língua é, ao
menos em parte, ensinar o arcabouço conceptual do sujeito (2000: 150). Entretanto, para que
o aprendiz tenha um domínio dessa fluência conceptual, como por exemplo o conhecimento
sobre as metáforas conceptuais mais frequëntemente utilizadas pelos falantes na língua alvo,
tal conhecimento também deve ser mediado na sala de aula de LE, como propõe Niemeier
(2005).
O autor defende que, geralmente, a linguagem dos falantes não-nativos não é idiomática o
suficiente porque (1) os tipos de situações interculturais variam; e (2) falantes não-nativos não
têm acesso a ‘conceptualizações convencionalizadas’. Quando se aprende uma segunda
língua, os aprendizes têm que aprender as formas daquela língua em particular, assim como as
estruturas conceptuais associadas com aquela forma. Kecskes (2001) concluiu que os falantes
não-nativos dificilmente conseguem aplicar o princípio da saliência na língua alvo. O nível
baixo de fluência conceptual na L2 leva os aprendizes a se basearem mais em signos
lingüísticos do que em conceptualizações durante o processamento da L2. No estudo
realizado, os falantes o-nativos mapearam expressões da língua-alvo em conceptualizações
da língua materna (L1), o que freqüentemente os levou a uma interpretação equivocada das
expressões. Enquanto falantes de L1 usaram o princípio da saliência para processar
significados figurados sem acessar o significado literal, falantes adultos de L2 geralmente
acessaram primeiro o significado literal. Tal resultado coincide com os dados de Siqueira e
Zimmer (2001), que constataram que uma das estratégias mais freqüentes empregadas por
falantes não-nativos na compreensão de metáforas criativas é primeiro fazer a interpretação
literal do enunciado.
O estudo de Kecskes revelou que pistas contextuais parecem ter prioridade sobre a
saliência no processamento de L2. Falantes não-nativos baseiam-se no contexto lingüístico, e
o autor afirma que isso é uma conseqüência direta da interpretação composicional de palavras
e expressões na língua alvo.
1.7 Considerações finais
Esse capítulo apresentou a Teoria da Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson (1980)
e a Teoria das Metáforas Primárias de Grady (1997a), que constituem o pilar teórico dessa
tese. Também apresentou e discutiu vários conceitos relevantes para a pesquisa, como a noção
de corporeidade (GIBBS, 2006), a base que fundamenta toda a discussão teórica do conceito
de corporeidade, que é a visão experiencialista proposta por Lakoff e Johnson (1980, 1999), e
por fim inseriu toda a discussão no tópico de pesquisa da autora do presente estudo, que é a
metáfora em língua estrangeira. Nessa seção, deu-se destaque para as principais linhas de
pesquisa em aquisição de segunda língua/língua estrangeira. Já que o presente estudo situa-se
na área de lingüística cognitiva com ênfase na compreensão da metáfora em língua
estrangeira, tentei esboçar as principais contribuições da lingüística cognitiva para a pesquisa
em aquisição de segunda língua/ língua estrangeira.
Os lingüistas cognitivos empregam diferentes métodos emprestados principalmente da
lingüística e da psicologia, mas também da neurociência. Os principais tópicos de pesquisa da
lingüística cognitiva são a metáfora e a metonímia, a polissemia, a categorização e a
prototipicalidade. A fim de investigar tais fenômenos, a lingüística cognitiva baseia-se
principalmente em análise de dados lingüísticos e psicolingüísticos. Foram revisados
diferentes estudos em lingüística cognitiva com o objetivo de apresentar um panorama do que
está sendo desenvolvido atualmente na área.
A proposta de uma lingüística cognitiva aplicada de Niemeier (2005) focaliza
aplicações para a sala de aula e uma relação forte entre Teoria da Metáfora Conceptual e
cultura. Littlemore (2001b) argumenta a favor de uma ‘inteligência metafórica’ e descreve
como os aprendizes de segunda língua derivam o significado metafórico por meio da
‘cunhagem’ de palavras e da paráfrase, enquanto o estudo de Piquer-Piriz (2004) analisa a
habilidade de jovens aprendizes espanhóis de inglês como língua estrangeira em transferir do
sentido literal para o figurado de uma palavra. A autora concluiu que jovens aprendizes são
dotados da capacidade de compreender uma coisa em termos de outra desde os cinco anos de
idade, e que eles também dispõem de tal habilidade na segunda língua. Piquer-Piriz também
ressaltou que fomentar a compreensão de linguagem figurada durante todo o processo de
aprendizagem talvez tenha efeitos positivos, ao incentivar os aprendizes a pensar
figurativamente na língua estrangeira em todas as idades. Tal conclusão tem implicações
diretas para o estudo da compreensão da metáfora em LE apresentado a seguir.
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA
Este capítulo visa a relatar os procedimentos empregados na realização do
experimento para investigar a compreensão da metáfora em língua inglesa. Para isso, serão
arrolados os objetivos do estudo, as hipóteses, a definição das variáveis e o delineamento do
estudo, o tipo de pesquisa feita, o cálculo da amos
1. Existe um padrão universal na estruturação de conceitos abstratos que facilita a
compreensão de metáforas em língua estrangeira, segundo o qual o leitor é capaz de
compreender metáforas lingüísticas independentemente do contexto;
2. A ocorrência de metáforas conceptuais semelhantes na língua estrangeira e em português
promove a compreensão da metáfora pelo leitor brasileiro, mesmo quando a realização
lingüística em português não coincidir com a metáfora lingüística na língua estrangeira;
3. Existe um padrão evolutivo na compreensão das diferentes metáforas conceptuais em
língua estrangeira.
2.2 Método
2.2.1 Tipo de pesquisa
Este estudo constituiu-se de uma pesquisa de campo, interlingüística, que pretendeu
investigar a compreensão de metáforas em língua estrangeira, mais precisamente na língua
inglesa. Os dados dos aprendizes de língua estrangeira foram coletados entre adultos
monolíngües, falantes de português brasileiro e aprendizes de língua inglesa de ambos os
sexos, cursando a graduação (Letras, Comércio Exterior, Engenharia Elétrica, Ciências da
Computação, Desenvolvimento de Jogos e Entretenimento Digital e Segurança em Tecnologia
da Informação.
A amostra consistiu de 221 adultos em diferentes estágios de aprendizagem da língua
inglesa. Os sujeitos foram emparelhados quanto ao sexo, escolaridade e nível de proficiência
da língua estrangeira (pré-intermediário, intermediário, intermediário-superior e avançado).
Os dados foram coletados entre os meses de abril e junho de 2005 em quatro Universidades,
localizadas em Porto Alegre e na grande Porto Alegre.
2.2.2 Delineamento
A duas primeiras variáveis
12
(nível de proficiência e contexto) são independentes e
foram manipuladas. A primeira variável independente refere-se ao nível de proficiência
obtido no teste de leitura TOEIC (Test of English for International Communication): pré-
12
O delineamento da pesquisa, a formulação dos instrumentos, o cálculo da amostra e a análise estatística dos
dados tiveram o assessoramento dos professores do Núcleo de Assessoria Estatística (NAE) do Departamento de
Estatística do Instituto de Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
intermediário, intermediário, intermediário-superior e avançado. A segunda variável
independente refere-se à utilização (Instrumento 2) ou não do contexto (Instrumento 1) nos
instrumentos de pesquisa.
As variáveis intervenientes são o conhecimento do léxico que compõe as metáforas
lingüísticas dos instrumentos 1 e 2, que foi medido através de uma tarefa pertinente a
vocabulário. A outra variável interveniente é o tipo de metáfora conceptual (novas ou
convencionais) utilizada na formulação das questões dos Instrumentos 1 e 2 (Ver item
2.5.3.1).
2.2.3 Definição operacional das variáveis
As variáveis independentes intersujeitos são:
1) nível de proficiência (pré-intermediário; intermediário; intermediário-superior e
avançado);
2) utilização do contexto: com e sem contexto.
As variáveis intervenientes são:
1) Léxico: compreensão independente do léxico;
2) Metáfora: novas ou convencionais
2.2.3.1 Cálculo da amostra
O tamanho da amostra dos instrumentos aplicados nos aprendizes de língua inglesa foi
definido com base nos dados do último estudo piloto (Piloto 7), rodado na segunda quinzena
de novembro de 2004. Considerando as variáveis independentes utilização do contexto (duas:
sem e com contexto), nível de proficiência (quatro) e as variáveis intervenientes léxico,
medida por meio de um teste do léxico (Ver anexo1), e tipo de metáfora (dois: nova ou
convencional), foi feita uma análise descritiva por meio de testes de comparação de grupos,
testes de correlação (Pearson), testes de análise de variância ANOVA, teste de freqüência e
um teste não-paramétrico (Teste de Kruskal-Wallis).
O tamanho da amostra (n=60) para cada grupo permite estimar a proporção de acertos
no grupo com uma margem de erro não superior a 12% a mais ou a menos, com
confiabilidade de 95%. O tamanho total da amostra (n= 221) permite estimar a proporção de
acertos de todos os indivíduos com erro não maior que 6,6% a mais ou a menos, com
confiabilidade de 95%
13
.
2.2.3.2 Seleção da amostra
A fim de se chegar ao número de sujeitos que integraram a amostra, houve
inicialmente um processo de seleção dela. Os seguintes critérios foram considerados para a
escolha dos participantes:
a) todos os sujeitos deveriam ser falantes nativos do português;
b) todos os sujeitos assinariam o Consentimento Informado;
c) todos os participantes, independentemente da universidade ou disciplinas de inglês
cursadas, fariam um teste de nivelamento (TOEIC), a fim de se verificar em que
nível de aprendizagem da língua inglesa se encontravam.
A seleção da amostra foi feita com um número aproximado de 350 sujeitos. O número
final da amostra 221 participantes deveu-se ao fato de que muitos dos sujeitos que se
submeteram ao teste de nivelamento não estavam presentes por ocasião da aplicação dos
instrumentos contendo as metáforas, que foram aplicados em dias diferentes. Além disso,
decidiu-se por excluir do estudo participantes que obtiveram um escore que os nivelou abaixo
do nível pré-intermediário.
2.2.3.3 Procedimentos utilizados na amostragem com aprendizes de língua inglesa
Foram utilizados os seguintes procedimentos:
a) Entrevista por escrito com todos os participantes, a fim de selecionar aqueles cujas
informações estivessem em conformidade com os requisitos da pesquisa, adaptada de Zimmer
(2004);
b) Teste de nivelamento em leitura, com todos os sujeitos, para estabelecer o nível
de proficiência em leitura da língua inglesa em que se encontravam os alunos. O teste de
nivelamento utilizado foi a parte de leitura do TOEIC (Test of English for International
Communication), um instrumento validado. A versão utilizada pela pesquisadora consistiu
de 100 questões de diferentes tipos sobre leitura copiadas e entregues aos alunos,
13
Segundo cálculo elaborado pela Profª Drª Elsa Mundstock do NAE-UFRGS.
juntamente com uma grade de respostas. Os alunos levaram, em média, 75 minutos para
completar o teste. Esse instrumento foi aplicado pela própria pesquisadora, em grupos que
variaram de 10 a 40 sujeitos, dependendo do número de alunos presentes nas aulas de língua
inglesa na data marcada para a coleta.
Além dos procedimentos acima, a metodologia combinou os seguintes instrumentos:
(1) um teste do léxico que compõe as metáforas lingüísticas;
(2) um teste de múltipla escolha contendo as metáforas sem o contexto;
(3) um teste cognitivo distrator para fins de pausa;
(4) um teste de múltipla escolha contendo as mesmas metáforas do Instrumento 2 com
um pequeno contexto.
2.3 Instrumentos de coleta de dados
2.3.1 Pesquisa piloto
A metodologia do presente projeto baseou-se no estudo da compreensão de metáforas
novas e convencionais, sem e com contexto, por leitores de língua estrangeira, realizado no
ano de 2004. O estudo piloto envolveu 78 estudantes universitários que responderam a dois
instrumentos de pesquisa: o primeiro elaborado com a finalidade de verificar a compreensão
de metáforas sem o contexto e o segundo para testar a compreensão das mesmas metáforas
com o contexto. Os sujeitos do estudo foram estudantes brasileiros, participantes de cursos de
leitura em língua inglesa oferecidos como parte dos cursos de graduação em Engenharia,
Ciências da Computação e Comércio Exterior de uma universidade localizada na grande Porto
Alegre. Teve-se o cuidado de excluir esses 78 sujeitos do estudo realizado em 2005.
Os dois testes foram desenvolvidos com o objetivo de testar a compreensão de
metáforas novas, isto é, metáforas não convencionalizadas, e metáforas convencionais sem e
com o contexto, consistindo das expressões metafóricas (Ver os instrumentos no Anexo 1)
que correspondem às dez metáforas conceptuais do estudo. Os textos foram extraídos de
edições online de jornais em língua inglesa. Um dos critérios para selecionar as metáforas é
que sua tradução literal fosse diferente em português, mas a metáfora conceptual deveria ser a
mesma em inglês e em português.
2.3.2 Refinamento dos instrumentos a partir da aplicação do piloto
Foi feito um pareamento das sentenças que compõem as alternativas de resposta nos
Instrumentos 1 e 2, que são iguais quanto aos seguintes aspectos
14
:
1) quanto à classe gramatical das palavras que formam a sentença;
2) quanto ao tamanho das frases;
3) quanto ao tamanho (número de sílabas) das palavras.
Na medida do possível, buscou-se obter uma semelhança nas alternativas para esses
três itens. Contudo, isso nem sempre foi possível e, quando havia o risco do pareamento das
frases acarretar uma alteração no sentido da mesma, optou-se por não interferir no sentido da
sentença.
2.3.3 Entrevistas com falantes nativos do inglês
A fim de validar os instrumentos de pesquisa, foram entrevistados seis falantes nativos
do inglês com diferente background
Na próxima etapa, os estudantes receberam um teste do léxico, cujo objetivo é
verificar se eles conheciam as palavras que compõem as metáforas. A seguir, os sujeitos
responderam os dois instrumentos contendo as metáforas lingüísticas sem (Instrumento 1) e
com o contexto (Instrumento2). A tarefa de escolha múltipla contendo 40 itens (4 x 10) foi
formada por pequenos excertos contextualizados retirados de sites da imprensa em língua
inglesa. As dez metáforas foram classificadas em dois grupos distintos, segundo o seu nível
de compreensão (nível fácil + médio de dificuldade). Essa classificação foi definida baseada
nos resultados do primeiro piloto, aplicado em 20 sujeitos.
A divisão em níveis baseou-se no Can Do Guide Reading Tables do TOEIC
15
. Os
critérios da divisão aparecem na Tabela 1 a seguir:
Tabela 1 - Escore de Leitura do TOEIC (Total = 100 questões)
Escore Nível de Proficiência em Leitura Código
430 – 495 Avançado A
355 – 425 Intermediário-superior (Upper Intermediate) U
230 – 350 Intermediário I
105 – 225 Pré-Intermediário PI
5 – 100 Básico B
Fez-se uma adaptação proporcional dos escores da Tabela 1 para valores de 1 a 100. A
adaptação resultou em uma nova tabela que foi utilizada para a avaliação dos participantes do
teste de proficiência em leitura, aplicado na primeira fase de coleta de dados com os
aprendizes de inglês como LE. Veja-se a adaptação na Tabela 2 a seguir:
Tabela 2 - Escore de Leitura adaptado do TOEIC (Total = 100 pontos)
Escore Nível de Proficiência em Leitura Código
87 – 100 Avançado A
73 – 86 Intermediário-superior (Upper Intermediate) U
53 – 72 Intermediário I
33 – 52 Pré-Intermediário PI
32 Básico B
15
Fornecido pelo Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano (ICBNA) em 2003 e cedido por Márcia Zimmer
O resultado de cada participante no teste de proficiência em leitura do TOEIC está
indicado no item nível de leitura do Anexo 2, que apresenta os dados finais da amostragem.
2.5 Instrumentos
O instrumento de compreensão de expressões metafóricas utilizado nesta pesquisa foi
elaborado a partir do instrumento já utilizado na pesquisa piloto e é composto pelas metáforas
lingüísticas em inglês, listadas no item 2.5.3.1 (O instrumento está no Anexo 1). À medida
que se obtinham os resultados, os instrumentos eram alterados, culminando com a versão
final, que resultou no piloto 5 aplicado em 58 sujeitos no mês de novembro de 2004.
2.5.1 Histórico dos instrumentos
2.5.1.1 Piloto 1
O primeiro instrumento que compõe o Piloto 1 (Ver Anexo 9) foi desenvolvido com o
intuito de estudar a compreensão das metáforas em textos técnicos em língua inglesa. Tomou-
se o cuidado de excluir os sujeitos que participaram do estudo piloto da pesquisa empírica
realizada com aprendizes de LE em 2005. A metodologia do estudo piloto combinou: (1) um
teste de leitura para ser completado com uma paráfrase da metáfora em itálico; (2) um teste de
compreensão de múltipla escolha. Dois instrumentos foram desenvolvidos para a coleta de
dados, sendo o primeiro constituído por metáforas que aparecem em frases
descontextualizadas, e o segundo por uma tarefa de leitura contextualizada. Desenvolveu-se
uma tarefa de escolha múltipla contendo 32 itens (4 x 8) e formada por pequenos excertos
contextualizados retirados de revistas técnicas. Os itens de múltipla escolha foram planejados
conforme o seguinte modelo, segundo Charteris-Black (2003): uma paráfrase correta, um
distrator, um segundo distrator e uma opçãonão sei’, randomizados no Instrumento 2.
Solicitou-se que os alunos marcassem tal opção se realmente não soubessem, a fim de
diminuir a influência do acaso. Um dos distratores está relacionado ao significado literal.
O instrumento contém as oito metáforas listadas abaixo (as metáforas e metonímias
conceptuais estão em parênteses):
1. I was at the edge of my limit. (O CORPO É UM CONTÊINER)
2. The person you want to crash. (MENTE É UM OBJETO QUEBRADIÇO)
3. In case the plane takes off. (AÇÃO É UMA FORÇA AUTO-IMPULSIONADA)
4. The worm is causing infections. (CONTROLADOR PELO CONTROLADO)
5. The system has gone amok. (MUDANÇA É MOVIMENTO e/ou
PERSONIFICAÇÃO)
6. The program hijacked Brandon´s browser. (PERSONIFICAÇÃO - PROGRAMA É
UM ADVERSÁRIO)
7. The variants exist in the wild. (EXISTÊNCIA É A LOCALIZAÇÃO AQUI)
8. Most places bump up
mesmo desempenho dos alunos sem conhecimento especializado. Já quando as metáforas
aparecem inseridas em um texto, como no Instrumento 2, há uma diferença significativa entre
os grupos que favoreceu a compreensão dos leitores com conhecimento especializado.
A fim de comparar se havia uma diferença significativa entre os resultados dos
Instrumentos 1 e 2 nos grupos 1 e 2, aplicou-se o Teste Não-Paramétrico de Wilcoxon, que
mostrou que uma diferença significativa (Z=-2,48; p=0,10) entre o Instrumento 1 e o
Instrumento 2 para o Grupo 1. Também há uma diferença significativa entre o Instrumento 1 e
2 para o Grupo 2 (Z=-2,81; p=0,002). Portanto, tanto no grupo com conhecimento não-
especializado como no grupo com conhecimento especializado houve uma diferença
significativa entre os dois instrumentos que revela uma evidência do papel do contexto na
compreensão do significado metafórico.
Com base na análise das respostas dos leitores de ambos os grupos no Instrumento 1,
na análise qualitativa visamos a identificar que estratégias foram mais usadas pelos leitores na
compreensão das metáforas e que papel a experiência corpórea desempenhou nesse processo.
Buscamos verificar se as suas respostas vislumbram uma identificação do significado
metafórico em inglês, e da respectiva metáfora conceptual, com a identificação da metáfora
conceptual na língua materna.
As respostas do Grupo 1, para o item 1 do Instrumento 1, apontam para a identificação
de uma metáfora similar na língua materna, cuja metáfora conceptual O CORPO É UM
CONTÊINER pode ter sido acessada. Expressões metafóricas como (1) acima do meu limite,
(2) no meu limite máximo, (6) no extremo do meu limite, (8) no ápice do meu limite podem
ter sido associadas com o item 1 pelo participante a partir da compreensão do significado
metafórico em inglês.
A compreensão do item 2 isoladamente (The person you want to crash) foi
problemática, possivelmente devido ao significado polissêmico de crash (n. estrondo,
barulho; v. bater, chocar, cair), tanto no Instrumento 1 como no Instrumento 2. Somente três
de dez sujeitos do Grupo 1 (30%) associaram take off, metáfora orientacional que aparece no
item 3, com o significado relacionado com a metáfora primária AÇÃO É UMA FORÇA
AUTO-IMPULSIONADA. No Grupo 2, foram quatro sujeitos, sendo que dois sujeitos
identificaram o significado da partícula adverbial off com desligar, que é to turn off em
inglês).
Quatro de dez sujeitos (40%) identificaram worm (item 4) como um tipo de vírus no
grupo com conhecimento especializado, enquanto seis (60%) sujeitos entenderam worm como
verme, ou seja, fizeram uma interpretação literal da metáfora especializada. Novamente os
resultados confirmam os estudos de Siqueira e Zimmer (2001), que constataram que as duas
estratégias mais utilizadas por aprendizes no processamento de metáforas convencionais
foram responder a partir do contexto e a utilização das metáforas da língua materna.
Somente um sujeito do grupo com conhecimento especializado conseguiu acessar
parcialmente o significado de to go amok, presente no item 5 (The system has gone amok.).
Isso se deveu provavelmente a um problema de desconhecimento do léxico, pois vários
alunos afirmaram desconhecer tal expressão. Com relação ao item 6, ocorreu um fenômeno
semelhante: os dez sujeitos do grupo 1 e cinco sujeitos do Grupo 2 tiveram dificuldade com o
léxico por não conhecerem a palavra hijack. Com o item 7, tanto no Grupo 1 como no 2
ocorreu confusão quanto à identificação do significado de wild, sendo que poucos sujeitos
conseguiram relacionar com algo conhecido, no caso o significado literal de wild (selvagem).
O item 8 apresentou a metáfora conceptual orientacional MAIS É PARA CIMA. Parece
que os sujeitos de ambos os grupos facilmente identificaram o significado de up e o
relacionaram com PARA CIMA (dez sujeitos do Grupo 1 e nove do Grupo 2 conheciam o
significado de bump up, talvez porque no exemplo aparecia a palavra price). Porém acredita-
se que MAIS É PARA CIMA seja facilmente associado com up, em função de
experienciarmos essa metáfora desde muito cedo devido ao nosso funcionamento sensório-
motor e retomarmos tal experiência quando entramos em contato com as realizações
lingüísticas de verbos preposicionados como get up e stand up nas primeiras aulas de inglês.
Os dados da análise qualitativa evidenciam o papel da experiência corpórea na compreensão
do significado metafórico somente em duas das oito metáforas utilizadas no estudo. Um fator
que interferiu na compreensão de algumas das metáforas foi o desconhecimento do item
lexical que compunha a metáfora.
Por fim, optou-se por não utilizar textos técnicos na elaboração do instrumento, pois
concluiu-se que o tipo de metáfora conceptual mais comum em textos da área de informática,
por exemplo, são as metáforas ontológicas de personificação, isto é, aquelas em que os
objetos físicos são concebidos como pessoas. A freqüência desse tipo de metáfora nos textos
especializados acabaria limitando o estudo. A partir dessa conclusão, partiu-se para a
elaboração de um novo instrumento.
2.5.2 Seleção das metáforas para o novo instrumento
A seguir foi feito um inventário de expressões metafóricas, que serviu de base para o
piloto 2 (Anexo 8), que foi aplicado em três voluntários, a fim de se fazer uma seleção de
metáforas para o próximo instrumento.
Dentre as expressões metafóricas listadas abaixo, alguns itens foram descartados por
serem considerados muito específicos, por exemplo, a metáfora (1) é nova e ainda pouco
usada em inglês, (2) é uma metáfora específica da área de informática e economia.
Algumas metáforas foram descartadas porque a análise sob a perspectiva da Teoria da
Metáfora Conceptual não foi considerada satisfatória ou porque julgou-se que seria difícil
para um aprendiz dengua estrangeira acessar o significado metafórico, porém algumas
metáforas desse inventário foram selecionadas para a elaboração do Piloto 5.
1. It is clear Noonan is not about to let the bumpget in the way of her customers looking
great and feeling sexy.
Metáfora conceptual: CONDIÇÃO É FORMA (GRADY, 1997a)
Motivação: A correlação entre a condição de um objeto e a sua integridade física aparente,
incluindo a sua forma.
2. Yet since the bubble burst, battle-scarred veterans who remain in the research game have
received renewed recognition. [...] Substituting the burst of the tech bubble in 2000 [...] (IHT:
18)
Metáfora conceptual: UM EVENTO É O MOVIMENTO DE UM OBJETO(GRADY, 1997a)
Motivação: A correlação entre perceber um movimento e estar consciente de uma mudança no
estado do mundo a nossa volta.
3. Professional caddies come from all walks of life. (IHT: 19)
* Aqui há duas possibilidades de analise, mas (b) é melhor fundamentada na teoria.
a) Metáfora conceptual: A VIDA É UMA VIAGEM (LAKOFF e JOHNSON, 1980)
b) Metáfora conceptual: MEIOS SÃO CAMINHO (GRADY, 1997a )
Motivação: A correlação uma tomada de decisão orientada para um objetivo e o confronto
com caminhos alternativos.
4. In towns big and small across the country, couples and family members on opposite sides
of the political fence(1) are struggling(2) to maintain amicable relationships.
(1) Metáfora conceptual: CONCORDÂNCIA/ SOLIDARIEDADE É ESTAR DO MESMO
LADO (GRADY, 1997a: 297)
Motivação: A correlação entre concordar com crenças compartilhadas com pessoas e estar
fisicamente próxima delas.
(2) Metáfora conceptual: DIFICULDADES SÃO OPONENTES (GRADY, 1997a:291)
Motivação: A correlação entre sentimentos de tensão e desconforto e de esforço físico.
5. "The temperature went from boiling to subzero after I did something to get people to
support my candidate," Mr. McAllister said. (NYT)
Metáfora conceptual: INTENSIDADE DE EMOÇÕES É CALOR (GRADY, 1997a: 295, cf.
Kövecses 1990)
Motivação: A correlação entre temperatura da pele e agitação e/ ou a correlação entre o
aquecimento de objetos e a agitação que experienciamos ao tocá-los/ estar próximo deles.
6. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry
wolves wandering back and forth in front of you, taking your measure. This is where the Bush
administration wants you to see yourself, in an ad titled Wolves (US users only) running in
battleground states.
Metáfora conceptual: BOM É CLARO/ MAU É ESCURO (GRADY, 1997a:292)
Motivação: A correlação entre claridade e segurança, escuridão e perigo.
7. At 12:05 a.m., as Clarke was pumping fresh trains into the lines, Larry Taylor, 41, a
security guard at an office building on Columbus Circle was riding the longest one, the A
train, which runs 31 miles from the top of Manhattan through Brooklyn and Queens and then
across Jamaica Bay.
Metáfora: A SOCIEDADE É UM CORPO (cf. http://ls.berkeley.edu/ugis/cogsci/)
8. On the final hill (1) of this roller-coaster campaign (2), Kerry has been relaxed and playful
yet workmanlike and focused, visibly weary and hopelessly superstitious.
(1) Metáfora conceptual: UMA SITUAÇÃO É UMA LOCALIZAÇÃO (GRADY,
1997a:284)
Motivação: A associação entre a nossa localização e as circunstâncias que nos afetam.
9. Crocodilians are also think tanks, and will engage in sophisticated behavior that leaves
most reptiles in the cold.
Metáfora conceptual: THE BODY IS A CONTAINER (LAKOFF e JOHNSON, 1980)
10. Trying to describe a day in the subway is a little like trying to take a snapshot of the wind.
Metáfora conceptual: EXISTÊNCIA É VISIBILIDADE (GRADY, 1997a:284)
11.The career is in the toilet.
Metáfora conceptual: CIRCUNSTÂNCIAS SÃO FLUIDO (GRADY, 1997a:288)
Motivação: A correlação entre o que está próximo de nós fisicamente e o nosso estado de
espírito (ver CIRCUNSTÂNCIAS SÃO O QUE ESTÁ PRÓXIMO)
12. 'It is all about getting a pound of flesh from human beings. Businesses are all about profit
and people feel much more stressed because of that. Years ago, most big organisations would
have a social club, a football team, a pipe band. But that has all stopped. It is just work, work,
work and no play.'
Metáfora: PREJUDICAR É CAUSAR DANO FÍSICO (GRADY, 1997a:295)
Motivação: A correlação entre dano físico e resposta afetiva _ infelicidade, e assim por diante.
13. The fluidity of our approach creates solidity around the world.
Metáfora: CIRCUNSTÂNCIAS SÃO FLUÍDO (GRADY, 1997a:288)
Motivação: A correlação entre o que está próximo de nós fisicamente e o nosso estado de
espírito (ver CIRCUNSTÂNCIAS SÃO O QUE ESTÁ PRÓXIMO)
14. Financial restructuring, without the bitter aftertaste. (The Economist, 29.03. 2003)
Metáfora: ATRAENTE É SABOROSO (GRADY, 1997a:292)
Motivação: A correlação entre a nossa avaliação do sabor e o nosso estado de desejo.
15. People don´t always see accidents coming. But their cars will. (The Economist, 29.03.
2003)
Metáfora: EVENTOS SÃO AÇÕES, FENÔMENOS INANIMADOS SÃO AGENTES
HUMANOS (GRADY, 1997a:288)
Motivação: A correlação entre eventos observáveis em nosso ambiente e a presença de
agentes humanos.
16. It pays to have the right connections. (The Economist, 29.03. 2003)
Metáfora: EVENTOS SÃO AÇÕES, FENÔMENOS INANIMADOS SÃO AGENTES
HUMANOS (GRADY, 1997a:288)
Motivação: A correlação entre ações orientadas para um objetivo e a interação com outras
pessoas.
A partir da análise do piloto 2, selecionamos, então, oito metáforas conceptuais.
Seguem-se alguns comentários justificando as escolhas. Cabe citar que algumas expressões
metafóricas do piloto 1 foram mantidas por serem consideradas menos específicas.
As expressões metafóricas que aparecem nos itens 4, 5, 6 e 12 acima foram
consideradas interessantes sob a perspectiva de análise da Teoria da Metáfora Conceptual e,
portanto, selecionadas para compor o próximo instrumento. A metáfora on opposite sides of
the political fence foi utilizada na pesquisa piloto 2 e 5, mas acabou sendo descartada porque
a paráfrase literal é muito semelhante em português.
Com exceção de bump up, os outros exemplos são de metáforas criativas. Essas
últimas são exemplos de metáforas lingüísticas não convencionais, metáforas lingüísticas
novas cuja metáfora conceptual é convencional e está apresentada em letras maiúsculas. A
opção feita por metáforas primárias (GRADY, 1997a), e pelas metáforas conceptuais
apresentadas anteriormente, deve-se à estreita correlação existente com uma motivação física
e corpórea, ou seja, com sua base fortemente experiencial. A seguir aparecem listadas as
metáforas selecionadas do site do International Herald Tribune e da revista PCWorld.
1. “Racing is a kind of DNA to Honda.” (IHT: 25)
Metáfora conceptual: ESSENCIAL É INTERNO
Motivação: A correlação entre características internas de objetos e suas propriedades
essenciais. (GRADY, 1997a:281)
Esta metáfora está relacionada com a metáfora primária IMPORTANTE É CENTRAL
(cf. SWEETSER, 1995), cuja motivação é o fato de que estar em uma posição central permite
acesso máximo para controlar o efeito causal em objetos à volta. Ela estabelece a relação
entre a importância de características internas (X externas) de objetos.
2. “Drucker has clawed its way back to the table over the past seven years”. (IHT: 15)
Metáfora conceptual: ATINGIR UM PROPÓSITO É CHEGAR A UM DESTINO
Motivação: A correlação entre alcançar um objetivo e se deslocar em uma localização
espacial. (GRADY, 1997a:286)
Contexto: “Still, it has emerged the victor in an old-fashioned game of musical chairs to be
one of the last two French manufactures along with Maison J. Gatti, the No. 2 maker of
the familiar hand-woven bistro chairs that adorn the best sidewalks of Paris [...].Drucker has
clawed its way back to the table over the past seven years”.
3. “Some (analysts) are blown out of the water by poor investment ideas or squeezed out in
Wall Street mergers”. (IHT: 19)
Metáfora conceptual: EFEITOS SÃO OBJETOS QUE EMERGEM DE CAUSAS
Motivação: Esta metáfora está relacionada à metáfora primária CAUSAS SÃO FONTES e
provavelmente também à metáfora primária TORNAR-SE PERCEPTÍVEL É EMERGIR.
Também está relacionada à associação entre estrutura interna e natureza essencial: efeitos
resultam da natureza essencial (interna) de objetos (GRADY, 1997a: 290).
4. Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by some
measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of Hollinger and
Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea”. (IHT: 19)
Metáfora conceptual: CIRCUNSTÂNCIAS SÃO TEMPO
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
5. “[...] the Intesa settlement will lead to a landslide of others”. (IHT: 15)
Metáfora: UM EVENTO É O MOVIMENTO DE UM OBJETO (correlacionada com
MUDANÇA É MOVIMENTO)
Motivação: A correlação existente entre a nossa localização e como nos sentimos e/ ou a
correlação entre perceber um movimento e estar consciente da mudança no estado (world-
state) que nos cerca. (GRADY, 1997a: 286)
Contexto: “[...] The following day, Parmalat sued Bank of America, seeking to recover $10
billion in damages. Nobody seems to be saying yet that the Intesa settlement will lead to a
landslide of others”. (IHT: 15)
6. “Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris don´t often explode onto
the radar (1) and disppear two months later in quick rotation (2)”. (IHT, 10.09.2004:14)
Metáfora conceptual (1): EXISTENCE IS VISIBILITY
Metáfora conceptual (2): MOMENTOS NO TEMPO SÃO OBJETOS EM MOVIMENTO
AO LONGO DE UM CAMINHO (“Moving-time”)
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
7. “She was trading the keys to the kingdom”. (IHT, 10.09.2004:15)
Metáfora conceptual: MEIOS SÃO CAMINHOS
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
8. “The variants exist in the wild”. (IHT: 13)
Metáfora conceptual: EXISTÊNCIA É LOCALIZAÇÃO AQUI
Motivação: A correlação entre a nossa consciência de objetos (i.e. o conhecimento da sua
existência) e a sua presença na nossa vizinhança (GRADY, 1997a: 284)
9. “I was at the edge of my limit”. (PCWorld)
Metáfora conceptual: O CORPO É UM CONTÊINER (LAKOFF e JOHNSON, 1980).
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
10. “It plans to dramatically raise the storage limit given to its free e-mail users while at the
same time bumping its premium subscribes up to a "virtually unlimited" capacity”. (IHT: 15)
Metáfora conceptual: MAIS É PARA CIMA (LAKOFF e JOHNSON, 1980: 71)
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
Deu-se prosseguimento a mais uma seleção de expressões metafóricas por meio do
exame de sites de jornais. Cabe lembrar que um dos critérios para a seleção das metáforas foi
que as metáforas lingüísticas fossem diferentes em português. A seguir tem-se uma lista das
expressões metafóricas com um julgamento do grau de dificuldade baseado nos resultados do
piloto 5 e em discussões (a observação sobre o grau de dificuldade aparece à direita em letras
maiúsculas).
Depois que o instrumento estava pronto, a ordem das questões foi alterada para que
houvesse diferença entre os instrumentos 1 e 2 e os itens foram randomizados (Piloto 5c no
Anexo 5), a fim de evitar que os sujeitos tentassem lembrar a opção marcada no instrumento
1, que ambos os instrumentos foram aplicados em seqüência. Algumas expressões
metafóricas foram mantidas, depois do refinamento do piloto 5, que é a versão final do
instrumento (Anexo 6).
1. I was at the edge of my limit. FÁCIL
Motivação: A correlação entre concordar com crenças compartilhadas com pessoas e estar
fisicamente próxima delas.
Metáfora (5): DIFICULDADES SÃO OPONENTES (GRADY, 1997a: 291)
Motivação: A correlação entre sentimentos de tensão e desconforto e de esforço físico.
6. "The temperature went from boiling to subzero after I did something to get people to
support my candidate," Mr. McAllister said. (The New York Times) FÁCIL
Metáfora: INTENSIDADE DE EMOÇÕES É CALOR (GRADY, 1997a: 295, cf. Kövecses
1990)
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
7. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry
wolves wandering back and forth in front of you, taking your measure. (The Guardian)
Metáfora: BOM É CLARO/ MAU É ESCURO (GRADY, 1997a:292) FÁCIL
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
8.The career is in the toilet. IHT:14 FÁCIL
Metáfora: CIRCUNSTÂNCIAS SÃO FLUÍDO (GRADY, 1997a:288)
Motivação: a correlação entre o nosso ambiente físico e o nosso estado mental, etc.
9. 'It is all about getting a pound of flesh from human beings. (The Guardian) MÉDIO
Metáfora: PREJUDICAR É CAUSAR DANO FÍSICO (GRADY, 1997a:295)
Motivação: A correlação entre dano físico e resposta afetiva infelicidade, e assim por
diante.
10. Financial restructuring, without the bitter aftertaste. DIFÍCIL
Metáfora: ATRAENTE É SABOROSO (GRADY, 1997a:292)
Motivação: A correlação entre a nossa avaliação do sabor e o nosso desejo.
11. Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by some
measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of Hollinger and
Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea. (IHT: 19)
Metáfora: CIRCUNSTÂNCIAS SÃO TEMPO MÉDIO
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
12. One of Lagerfeld´s other haunts, the Café de Flore, is another example of a well-
frequented location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion elite and
stay there. (IHT: 14) MÉDIO
Metáfora: IMPORTANTE É CENTRAL (GRADY, 1997a: 295, cf. SWEETSER, 1995)
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
13. She was trading the keys to the kingdom. MÉDIO
Metáfora: MEIOS SÃO CAMINHOS
Motivação (Veja-se seção 2.5.3.1 a seguir)
14. Trying to describe a day in the subway is a little like trying to take a snapshot of the wind.
Metáfora: EXISTÊNCIA É VISIBILIDADE (GRADY, 1997a:284)
Motivação: A correlação entre a nossa consciência de objetos (i.e. conhecimento da sua
existência) e a sua presença dentro do nosso campo de visão. DIFÍCIL
As metáforas lingüísticas cuja compreensão do léxico foi considerada difícil foram
descartadas, que o objeto de estudo do presente trabalho é a compreensão da metáfora por
parte de aprendizes de nível pré-intermediário, intermediário, intermediário-superior e
avançado.
2.5.3 Piloto 5
Depois de aplicado o piloto 5 (Veja-se Anexo 6) em 58 sujeitos, emparelhamos as
respostas utilizando os mesmos critérios, pois observou-se que havia disparidades entre os
itens. Por exemplo, algumas questões apresentavam uma alternativa com uma metáfora
lingüística correspondente em português, mas não foi possível encontrar metáforas
lingüísticas equivalentes para todas as expressões metafóricas selecionadas, o que foi
considerado um problema, pois os instrumentos têm que apresentar as alternativas do mesmo
tipo. Optou-se, então, por oferecer como alternativas uma paráfrase literal e a tradução literal
da metáfora (Ver Piloto 5c no Anexo 5).
Na Tabela 4 a seguir, tem-se os resultados da aplicação do piloto 5:
Tabela 4 – Instrumento 1 – sem contexto - resultados da aplicação do piloto 5
INSTRUMENTO 1 ACERTOS = 54 sujeitos
1.(a) levar vantagem prejudicando os outros 28
(b) dar uma mordida 0
(c) emagrecer perdendo algumas libras 1
(d) Não sei 25
2. (a) dissidentes 3
(b) com posições políticas distintas 26
(c) em lados opostos da cerca política 24
(d) Não sei 1
3. (a) as chaves para o reino 30
(b) o acesso para o caminho da mina 12
(c) a falência 5
(d) Não sei 7
4. (a) uma floresta com lobos mansos 5
(b) o perigo 37
(c) a segurança 2
(d) Não sei 10
5. (a) desastre 36
(b) batida 1
(c) ventania 7
(d) Não sei 10
6. (a) do gelado para o fervendo 9
(b) estabilizou 9
(c) esfriou 33
(d) Não sei 3
7. (a) atingindo o meu limite 46
(b) caindo for a 3
(c) batendo na borda 1
(d) Não sei 4
8. (a) esgueirar-se nos corações 13
(b) conquistar um lugar importante 24
(c) escalar um degrau 3
(d) Não sei 13
9. (a) explodem no radar 14
(b) brotam do nada 22
(c) desaparecem 12
(d) Não sei 6
10. (a) numa rotação rápida 18
(b) num vai e vem 18
(c) rapidamente 16
(d) Não sei 2
Tabela 5 – Instrumento 2 – com contexto -resultados da aplicação do piloto 5
Instrumento 2 - Seleção das metáforas em contexto. ACERTOS = 58
1. (a) batendo na borda 2
(b) caindo for a 2
(c) atingindo o meu limite 51
(d) Não sei 3
2. (a) brotam do nada 31
(b) explodem no radar 9
(c) desaparecem 1
(d) Não sei 6
3. (a) numa rotação rápida 13
(b) rapidamente 33
(c) num vai e vem 7
(d) Não sei 4
4. (a) com posições políticas distintas 35
(b) dissidentes 3
(c) em lados opostos da cerca política 12
(d) Não sei 4
5. (a) o acesso para o caminho da mina 20
(b) as chaves para o reino 15
(c) a falência 20
(d) Não sei 2
6. (a) escalar um degrau 6
(b) conquistar um lugar importante 37
(c) esgueirar-se nos corações 6
(d) Não sei 9
7. (a) estabilizou 10
(b) do gelado para o fervendo 8
(c) esfriou 35
(d) Não sei 5
8. (a) o perigo 33
(b) a segurança 5
(c) uma floresta com lobos mansos 7
(d) Não sei 11
9. (a) ventania 8
(b) batida 2
(c) desastre 32
(d) Não sei 14
10. (a) emagrecer perdendo algumas libras 9
(b) levar vantagem prejudicando os outros 30
(c) dar uma mordida 2
(d) Não sei 17
A partir dos resultados do piloto 5, foi elaborado o piloto 5c (Anexo 5). Por fim,
concluiu-se que o distrator contendo a tradução literal como alternativa teria que ser
descartado, porque haveria duas opções corretas: uma paráfrase literal e a tradução literal da
metáfora, que em vários casos eram muito próximas ou iguais. Se compararmos as
alternativas (b) e (c) do item 2, não muita diferença entre (b) com posições políticas
distintas e (c) em lados opostos da cerca política. Os resultados apontam para um problema
do instrumento, cuja falta de clareza das opções confundiu os leitores, que 26 sujeitos
marcaram a opção (b) e 24 marcaram a opção (c).
A partir desta alteração, acrescentou-se uma expressão metafórica nova (piloto 6
Anexo 4) que depois foi descartada porque concluiu-se que tal expressão era muito específica,
surgindo, então, a versão final dos instrumentos. A ordem de apresentação dos anexos inicia
pela versão final, aplicada de abril a junho de 2005, até o primeiro piloto, aplicado em agosto
de 2004.
2.5.3.1 Metáforas selecionadas para a pesquisa empírica
Nesta seção serão apresentadas as dez metáforas conceptuais escolhidas para o
presente estudo. Duas delas foram extraídas do inventário apresentado por Lakoff e Johnson
(1980) e as outras oito foram retiradas da tese de Grady (1997a) e são, portanto, metáforas
primárias. Primeiro, a metáfora é nomeada em português; a seguir distingue-se o componente
sensório-motor do componente subjetivo e, por último, são descritas as experiências que, por
hipótese, geraram a metáfora, bem como é fornecido o exemplo, utilizado na pesquisa, da
realização lingüística na língua estrangeira envolvida no estudo, o inglês. O instrumento
contendo o contexto está no Anexo 1.
1. Metáfora lingüística: "A hundred megabytes is absolutely fantastic because I was bumping
at the edge of my limit ".
(PCWorld)
Metáfora conceptual: O CORPO É UM CONTÊINER
Julgamento subjetivo: raiva, estresse
Domínio sensório-motor: orientação dentro-fora
Motivação: “Trata-se de uma metáfora ontológica, que é o tipo de metáfora que usamos para
conceptualizar eventos, ações e estados. Nesse caso, conceptualizamos estados como
recipientes. Sob esta perspectiva, somos seres físicos, demarcados e separados do resto do
mundo pela superfície de nossa pele, e cada ser humano é um recipiente com uma superfície
demarcadora e uma orientação dentro-fora” (LAKOFF e JOHNSON, 1980: 85).
2. Metáfora lingüística: Yahoo says that it plans to dramatically raise the storage limit given
to its free e-mail users while at the same time bumping its premium subscribers up to a
"virtually unlimited" capacity.”
Metáfora conceptual: MAIS É PARA CIMA
Julgamento subjetivo: aumento, elevação
Domínio sensório-motor: orientação corporal
Motivação: “Se acrescentarmos uma quantidade de uma substância ou de objetos físicos em
um recipiente ou pilha, o nível sobe. Trata-se de uma metáfora orientacional. Tal orientação
surge do fato de termos um corpo que funciona da maneira que ele funciona no nosso
ambiente físico. As metáforas de espacialização estão enraizadas na nossa experiência física e
cultural e não são construídas ao acaso” (LAKOFF e JOHNSON, 1980: 71).
3. Metáfora lingüística: “[…], the Café de Flore, is another example of a well-frequented
location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion elite and stay there”.
(IHT, 10.09.2004:14)
Metáfora primária: IMPORTANTE É CENTRAL
Julgamento subjetivo: importância
Domínio sensório-motor: localização, posição
Experiência primária: “Estar em uma posição central permite acesso máximo para controlar
efeito causal em objetos à volta. Importância de características internas (X externas) de
objetos” (GRADY, 1997a: 295, cf. SWEETSER, 1995).
4. Metáfora lingüística: "The temperature went from boiling to subzero after I did something
to get people to support my candidate,’ Mr. McAllister said.”
(The New York Times)
Metáfora primária: MUDANÇA É MOVIMENTO
Julgamento subjetivo: percepção do movimento e estar consciente da mudança ao nosso redor
Domínio sensório-motor: movimento
Experiência primária: “A correlação entre a nossa localização e como nos sentimos”
(GRADY, 1997a: 286)
5. Metáfora lingüística: “You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack
of vicious, hungry wolves wandering back and forth in front of you, taking your measure”.
(The Guardian)
Metáfora primária: BOM É CLARO/ MAU É ESCURO
Julgamento subjetivo: maldade, perigo
Domínio sensório-motor: visão
Experiência primária: “A correlação entre claridade e segurança, escuridão e perigo”
(GRADY, 1997a:292).
6. Metáfora lingüística: “It is all about getting a pound of flesh from human beings.
Businesses are all about profit and people feel much more stressed because of that.”
(The
Guardian)
Metáfora primária: PREJUDICAR É CAUSAR DANO FÍSICO
Julgamento subjetivo: desvantagem
Domínio sensório-motor: sensação física de perda
Experiência primária: “A correlação entre dano físico e resposta afetiva __ infelicidade, e
assim por diante” (GRADY, 1997a:295).
7. Metáfora lingüística: “Likewise, the most recent season of corporate financial
manipulations, which by some measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests
storms the likes of Hollinger and Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea.”
(IHT, 10.09.2004: 19)
Metáfora primária: CIRCUNSTÂNCIAS SÃO TEMPO
Julgamento subjetivo: emoções, satisfação, tragédia
Domínio sensório-motor: sensação física
Experiência primária: “A correlação entre as condições do tempo e o nosso estado afetivo ou
nossa situação” (GRADY, 1997a: 290).
8. Metáfora lingüística: “Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris
don´t often explode onto the radar and disppear two months later in quick rotation”.
(IHT,
10.09.2004: 14)
Metáfora primária: EXISTÊNCIA É VISIBILIDADE
Julgamento subjetivo: consciência, percepção
Domínio sensório-motor: visão
Experiência primária: “A correlação entre a nossa consciência dos objetos (isto é, o
conhecimento da sua existência) e a sua presença dentro do nosso campo de visão” (GRADY,
ibid:.284).
9. Metáfora lingüística: “Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris
don´t often explode onto the radar and disppear two months later in quick rotation”
(IHT,
10.09.2004: 14)
Metáfora primária: MOMENTOS NO TEMPO SÃO OBJETOS EM MOVIMENTO AO
LONGO DE UM CAMINHO (“Moving-time”)
Julgamento subjetivo: deslocamento
Domínio sensório-motor: percepção do movimento
Experiência primária: A correlação entre a percepção do movimento e a consciência que o
world-state mudou entre um momento e outro (GRADY, ibid:287).
10. Metáfora lingüística: “She was trading the keys to the kingdom”.
(IHT, 10.09.2004: 16)
Metáfora primária: MEIOS SÃO CAMINHOS
Julgamento subjetivo: optar, decidir
Domínio sensório-motor: orientação corporal
Experiência primária: A correlação entre a tomada de decisão orientada para um objetivo e
confrontar-se com caminhos alternativos (GRADY, ibid:.286).
2.6 Procedimento do estudo quantitativo com aprendizes de língua estrangeira
Após obter a aprovação para a realização da pesquisa com sujeitos humanos junto ao
Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS, foram contatados os coordenadores dos cursos de
Letras que viabilizaram o contato com os professores responsáveis pelas disciplinas de inglês
como língua estrangeira, tanto no curso de Letras como em outros cursos.
2.6.1 Levantamento e computação dos dados obtidos na amostragem
As entrevistas foram utilizadas para levantamento de dados relativos à idade, grau de
instrução dos participantes, tempo de estudo e freqüência de exposição à língua inglesa,
utilizados nas estatísticas gerais. Os dados relativos ao teste de nivelamento foram
levantados por meio de uma máscara de correção.
Os resultados dos testes a que se submeteram os participantes, bem como outras
informações coletadas na entrevista durante a fase de amostragem, encontram-se no quadro
intitulado “Dados gerais obtidos na amostragem”, que está no Anexo 2. Na primeira coluna
desse quadro, constam os dados relativos à idade dos sujeitos; na segunda coluna, o período
de tempo durante o qual eles estudaram a ngua inglesa; na terceira coluna, a freqüência de
exposição à língua; na quarta coluna, a vivência no exterior; por fim, a quinta coluna
apresenta o nível de proficiência em leitura dos participantes da pesquisa, de acordo com os
resultados do teste (TOIEC) de nivelamento. Obtiveram-se 60 sujeitos de nível pré-
intermediário, 79 de nível intermediário, 62 de nível intermediário-superior e 20 sujeitos de
nível avançado. Manteve-se o grupo menor de participantes do nível avançado, que é
possível fazer uma boa análise estatística com grupos não balanceados.
A seguir serão apresentados os levantamentos auxiliares da pesquisa, como o estudo
empírico feito com falantes nativos de inglês na Universidade da Califórnia, Santa Cruz, e o
estudo utilizando metodologia da lingüística de corpus.
2.7 Levantamentos auxiliares
2.7.1 Investigação sobre o grau de convencionalidade: pesquisa empírica com falantes
nativos de inglês
Tendo como ponto de partida o teste de convencionalidade desenvolvido por Siqueira
(2004), investigou-se, por meio de uma segunda pesquisa empírica, o grau de
convencionalidade das expressões metafóricas utilizadas nos instrumentos 1 e 2 por meio de
três questionários distintos (ver instrumentos no Anexo 3). A amostra do questionário
aplicado aos falantes nativos de língua inglesa foi composta por 16 estudantes da graduação
em Psicologia da Universidade da Califórnia, Santa Cruz (UCSC). Esses dados foram
coletados entre maio e junho de 2006. O tamanho da amostra (n=16) que respondeu os
questionários foi determinado pelo co-orientador do presente estudo na UCSC, Prof.
Raymond Gibbs.
O objetivo que motivou esta coleta de dados foi investigar o grau de
convencionalidade em inglês das dez expressões metafóricas usadas nos dois questionários,
respondidos por 221 aprendizes brasileiros de inglês como língua estrangeira, que um dos
objetivos da pesquisa empírica com aprendizes de LE é investigar a sua compreensão de
metáforas novas. A nossa hipótese é de que a metáfora conceptual é acessada durante a
compreensão de metáforas lingüísticas novas e convencionais, tanto por falantes nativos de
inglês como por aprendizes brasileiros de inglês como língua estrangeira (veja-se a discussão
apresentada anteriormente sobre os testes aplicados em aprendizes de língua estrangeira,
falantes não-nativos, no Brasil).
Pretendemos investigar as intuições dos participantes, falantes nativos de inglês, sobre
as dez expressões metafóricas, solicitando o seu julgamento sobre o quão bem eles
compreenderam o que cada expressão significa, o quão comum são tais expressões e qual a
possibilidade dos participantes alguma vez usarem tais expressões na fala. Entendemos que
perguntar aos participantes as suas intuições sobre o uso e o seu julgamento sobre o quão
comum são tais expressões nos fornece evidências sobre o quanto eles entendem cada
expressão. Solicitamos aos participantes que avaliassem as respostas em uma escala de 1 a 7
(escala Likert
16
). Na seqüência estão as expressões testadas:
1) To get a pound of flesh from human beings.
2) To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited capacity.
3) To trade the keys to the kingdom.
4) You are in the middle of a dark forest.
5) …the most recent season of corporate financial manipulations has as its latests storms.
6) The temperature went from boiling to subzero.
7) I was at the edge of my limit.
8) It has managed to sneak into their hearts.
9) It exploded onto the radar.
10) It disappeared later in quick rotation.
2.7.2 Procedimentos utilizados na amostragem com falantes nativos de língua inglesa
A metodologia combinou os seguintes instrumentos:
(1) questionário para julgar se compreenderam o que os enunciados significam,
marcando de 1 (péssimo) até 7 (muito bem);
(2) questionário para avaliar cada item sobre o quão comum é cada expressão, partindo
da menos comum (1 = não é muito comum) até a mais comum (7 = muito comum);
(3) questionário em que os participantes julgaram a freqüência de uso de cada
expressão na fala de 1 (não freqüente) até 7 (muito freqüente).
2.7.3 Hipóteses preditivas acerca do estudo com falantes nativos do inglês
Essas hipóteses preditivas são parcialmente baseadas em dados de entrevistas feitas
com seis falantes nativos da língua inglesa no Brasil em 2005, assim como também são
16
Likert é um tipo de escala de resposta psicométrica freqüentemente usada em questionários, e é a mais
amplamente usada em enquetes. Por meio dessa escala, os participantes especificam o seu nível de concordância
com uma afirmação.
baseadas na análise dos resultados dos questionários, contendo as metáforas, aplicados em
aprendizes brasileiros de inglês como língua estrangeira também no Brasil em 2005.
Essas expressões, segundo as intuições da pesquisadora, são mais dependentes de
contexto para a sua interpretação:
(3) To trade the keys to the kingdom.
(4) You are in the middle of a dark forest.
(5) …the most recent season of corporate financial manipulations has as its latests
storms.
Supõe-se que são expressões cujo significado literal pode interferir na interpretação
metafórica:
(4) You are in the middle of a dark forest.
(6) The temperature went from boiling to subzero.
Nossa hipótese foi de que o significado técnico das expressões (2) e (5) não deve
interferir na compreensão dos enunciados metafóricos:
(2) To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited capacity.
(5) …the most recent season of corporate financial manipulations has as its latests
storms.
Metáforas novas provavelmente serão julgadas como expressões menos comuns:
(1) To get a pound of flesh from human beings.
(3) To trade the keys to the kingdom.
(9) It exploded onto the radar.
(10) It disappeared later in quick rotation.
Metáforas consideradas mais comuns na entrevista com falantes nativos no Brasil
provavelmente seriam julgadas como mais prováveis de serem usadas na fala:
(2) To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited capacity.
(7) I was at the edge of my limit.
(8) It has managed to sneak into their hearts.
A seguir será apresentada a pesquisa feita com as dez metáforas lingüísticas utilizando
metodologia da lingüística de corpus.
2.8 Comparando evidência psicolingüística com dados de pesquisa de corpus
2.8.1 Considerações sobre a pesquisa psicolingüística
A psicolingüística, o estudo psicológico dos mecanismos mentais e processos que
constituem a base da nossa habilidade ao usar a linguagem, pode dar uma grande contribuição
para a investigação da compreensão da linguagem. O entendimento do que a nossa mente
consegue fazer é um tipo de evidência, contudo podemos agregar mais evidências por meio da
verificação empírica de tais fenômenos. A psicolingüística geralmente é dividida no estudo da
aquisição e produção (fala e escrita), assim como da compreensão da linguagem (audição e
leitura), postulando modelos na busca de evidências a fim de esclarecer os processos mentais
que modela (GARNHAM, 1994). Esses processos mentais que são o foco de interesse dos
estudos psicolingüísticos são, em sua grande maioria, processos inconscientes que ocorrem
online. Por exemplo, quando lemos um texto, há uma quantidade enorme de atividades
mentais complexas que estão ocorrendo na nossa mente.
A pesquisa psicolingüística pode utilizar métodos indiretos, como a medição do tempo
de leitura, empregado ao usar ou produzir linguagem para se acessar os processos cognitivos
dos participantes, ou métodos diretos, por meio dos quais os participantes são solicitados a
completar um texto ou a parafrasear um enunciado. Nos estudos sobre a compreensão da
metáfora, os métodos diretos empregam cnicas por meio das quais se solicitam aos
participantes, desconhecedores da hipótese testada, que imaginem expressões, as leiam em um
determinado período de tempo, imaginem as suas implicações, ou façam julgamentos sobre as
metáforas. Esses métodos da psicologia cognitiva ajudam a inferir processos online
envolvidos na compreensão (GIBBS, 2003). O principal objetivo do presente estudo é
investigar como os indivíduos compreendem metáforas lingüísticas. Para isso, investigou-se o
julgamento do grau de convencionalidade e familiaridade das expressões para os
participantes.
A convencionalidade é uma propriedade dos mapeamentos entre domínios
conceptuais, mas também pode ser uma propriedade das expressões lingüísticas. As metáforas
são convencionais quando estão fortemente estabelecidas em uma comunidade (KÖVECSES,
2002). A familiaridade é, segundo Siqueira e Zimmer (2006), uma propriedade das expressões
metafóricas e expressa a freqüência de uma dada manifestação lingüística. A familiaridade é
relativa ao conhecimento, por parte de um indivíduo ou um grupo de indivíduos, de
determinada expressão.
O nosso raciocínio e a nossa compreensão baseiam-se no nosso sistema conceptual,
que é estruturado por metáforas conceptuais (LAKOFF e JOHNSON, 1980). Metáforas
conceptuais são o mapeamento de aspectos de um domínio de experiência, o domínio-fonte,
em termos de aspectos não-metafóricos de um outro domínio, o domínio-alvo. Depois que se
aprende um esquema, ele torna-se convencionalizado e é usado automaticamente, e cada vez
que alguém o usa, sua validade é reforçada. O principal objetivo do experimento
psicolingüístico feito com os falantes nativos de língua inglesa é medir o grau de
convencionalidade (LAKOFF e TURNER, 1989) e, por meio da investigação do grau de
convencionalidade, analisar também o grau de familiaridade das dez expressões metafóricas
estudadas. Uma metáfora nova é uma extensão de uma metáfora convencional que inclui
elementos que não foram mapeados de outra forma, como quando usamos ele recebeu um
bilhetinho azul com base na metáfora conceptual A VIDA É UM JOGO. Metáforas
convencionais também dependem do nosso conhecimento convencional, isto é, a fim de
compreender A VIDA É UMA VIAGEM, primeiro é preciso que se compreenda o domínio-
fonte concreto VIAGEM. Portanto, a nossa compreensão do conceito ‘vida’ baseia-se no
nosso conhecimento sobre viagens. Entender a vida como uma viagem significa estar apto a
estabelecer a relação, consciente ou inconsciente, entre o viajante e a pessoa vivendo a sua
vida, entre a estrada do percurso da viagem e a ‘trajetória’ da vida, assim como estabelecer
um paralelo entre o ponto de partida e a hora do nascimento. Lakoff e Turner (1989) apontam
que parte do poder da metáfora conceptual é justamente a sua habilidade em criar estrutura
que auxilia a nossa compreensão da vida. A vida não precisa ser vista como tendo um
caminho, destino final ou metas, embora tal estruturação da nossa compreensão do conceito
vida derive da estrutura do nosso conhecimento experiencial sobre viagens. É importante
notar que cinco das dez expressões metafóricas estudadas na presente pesquisa são metáforas
lingüísticas convencionais e cinco, metáforas lingüísticas novas. As dez expressões são
metáforas conceptuais convencionais, como veremos na discussão a seguir.
2.8.2 Motivações para o uso da lingüística de corpus na pesquisa psicolingüística
Os pesquisadores tendem a gerar mais metáforas novas do que convencionais quando
criam exemplos. Alguns pesquisadores na tradição cognitivista usaram dados gerados
intuitivamente, isto é, eles criaram exemplos, como é o caso de Lakoff e Johnson, Kovecses e
Grady. Porém, como Deignan (2005) assinala, uma discrepância entre as expressões que
um pesquisador tenta produzir como lexicalizações típicas e o número de ocorrências de uma
dada expressão em um corpus. O mesmo ocorre quando os dados são obtidos, isto é, quando
os participantes respondem a um questionário ou a uma entrevista. Os participantes seguem
uma tendência em responder usando um símile A = B, por exemplo Uma mulher é como um
violino e também acabam criando metáforas lingüísticas novas. Tendo em vista o ônus de se
utilizarem exemplos criados pelo pesquisador na formulação dos instrumentos, as expressões
metafóricas que compõem os instrumentos de coleta de dados do presente estudo foram
selecionadas a partir de edições de jornais online. Um corpus é uma coleção de textos quando
considerados como um objeto de estudo lingüístico ou literário (KILGARIFF e
GREFFENSTETTE, 2003: 334). Assim, temos a garantia de que os exemplos de metáforas
apresentados aos participantes correspondem a dados reais da ngua. Como vimos no
Capítulo 1, muito do debate sobre se as metáforas do pensamento desempenham um papel na
compreensão de metáforas lingüísticas está centrado na metodologia (KEYSAR et al, 2000;
SEMINO, 2004; BOERS, 1999; CHARTERIS-BLACK, 2000) para examinar os dados
lingüísticos.
2.8.3 A lingüística de corpus no estudo da Metáfora Conceptual com aprendizes de LE
Charteris-Black argumenta que ensinar a língua é, ao menos em parte, ensinar o
arcabouço conceptual do sujeito (2000: 150). A sua pesquisa visa a revelar as implicações da
Teoria da Metáfora Conceptual para uma abordagem baseada no conteúdo para o ensino do
léxico a alunos da disciplina de Inglês para Propósitos Específicos, da área de economia.
Charteris-Black fez um estudo de corpus a fim de comparar a freqüência relativa de palavras
motivadas metaforicamente, selecionadas de um corpus da revista The Economist, com
algumas palavras selecionadas da seção geral de revistas do corpus Bank of English, que é o
maior corpus online disponível em língua inglesa. O autor ilustra como o economista é
apresentado no corpus como um médico que pode ter um papel ativo e exercer influência em
eventos na área econômica. Ele também demonstra como o uso de certas metáforas animadas
no corpus vem a implicar um certo potencial para o controle, enquanto o uso de metáforas
inanimadas implica a falta de controle.
Outro autor que também se dedica ao estudo de metáforas conceptuais em um corpus,
no caso de textos de economia, é Boers (1999). Boers (1999) utilizou a análise de corpus em
seu estudo sobre metáforas da área da saúde em textos sócio-econômicos. Ele contou
sistematicamente o número de metáforas lingüísticas derivadas do domínio-fonte da saúde nos
editoriais semanais da revista The Economist comparando as edições de um período de dez
anos. Essa análise obteve um total de 1.137.000 palavras. Boers constatou que a base corpórea
da metáfora motivou a produção de metáforas lingüísticas com o domínio-fonte SAÚDE
principalmente nos meses de inverno, isto é, quando a saúde é um tópico mais recorrente
devido às doenças de inverno. Tal resultado foi tomado como um indício do papel da
motivação por meio da nossa experiência corpórea, a corporeidade (GIBBS, 2006), na
compreensão de enunciados metafóricos. Boers destaca que a adoção de um princípio de
freqüência na análise de corpus não reflete necessariamente as intuições do falante individual.
Ele aponta que a análise da freqüência de ocorrência pode ser tomada como um dado válido
somente com respeito a tendências na comunidade lingüística. Boers chama a atenção
principalmente para o fato de que a pesquisa baseada em dados de corpus não representa
evidência do que realmente ocorre na mente do falante individual. Finalmente, ele adverte
para a necessidade de pesquisa experimental que complemente a pesquisa baseada em corpus.
O resultado do estudo da freqüência de ocorrência de Boers reforça a nossa crença de que a
lingüística de corpus é uma ferramenta metodológica valiosa que deve ser agregada à pesquisa
psicolingüística. Algumas das razões que justificam tal crença serão arroladas a seguir.
2.8.4 Considerações sobre a lingüística de corpus
Nas palavras de Berber Sardinha:
a Lingüística de Corpus é a área da lingüística que se ocupa da coleta e
exploração de corpora, ou conjunto de dados lingüísticos textuais, em
formato legível por computador, que foram coletados criteriosamente com o
propósito de servirem para a pesquisa de uma língua ou variedade lingüística.
Como tal, dedica-se à exploração da linguagem através de evidências
empíricas, extraídas por meio de computador. (2000:325)
Uma pesquisa baseada em corpus nos possibilita detectar mais rapidamente padrões de
uso da linguagem do que o uso da intuição ou o estudo de textos isolados, à medida que
palavras ou expressões são recuperadas automaticamente do corpus e classificadas. Deignan
(2005) argumenta que uma abordagem da lingüística de corpus pode dar uma contribuição
substancial para a nossa compreensão da metáfora. Estudos que utilizam métodos empíricos
para explorar os dados de metáfora em linguagem em uso (BOERS, 1999; CHARTERIS-
BLACK, 2000) revelam que a linguagem metafórica usada em contextos naturais é muito
diferente da linguagem encontrada em dados sobre metáfora coletados através da introspecção
(BERBER SARDINHA, no prelo). Por isso, acredita-se que a utilização de metodologia da
lingüística de corpus pode contribuir para uma análise menos subjetiva das expressões
metafóricas. O objetivo principal no presente estudo será contrastar a evidência empírica que
se tem em mãos, resultante do estudo psicolingüístico, com evidências baseadas na pesquisa
de corpus. Pretende-se destacar a utilização de metodologia da lingüística de corpus como um
recurso para apoio à pesquisa empírica em psicolingüística. A seguir, será apresentada uma
breve introdução à lingüística de corpus e seestabelecida a sua relação com os estudos
sobre a metáfora conceptual.
A lingüística de corpus, assim como a Teoria da Metáfora Conceptual, surgiu somente
nos anos 80, por depender de capacidades de memórias de computadores enormes e de altas
velocidades de processamento. Uma abordagem baseada na lingüística de corpus aplicada ao
estudo de expressões metafóricas em inglês tem a sua base na lexicografia. Os lexicógrafos
estão interessados em investigar dados lingüísticos que ocorrem naturalmente e o seu trabalho
baseia-se em um corpus computadorizado enorme que é uma coleção de textos retirados de
diferentes fontes e armazenados no computador. A lingüística de corpus está interessada em
padrões lingüísticos típicos. No caso dos estudos sobre a metáfora, o principal foco de
interesse da lingüística de corpus é a metáfora convencional (DEIGNAN, 2005). Embora os
corpora talvez sejam limitados, eles fornecem dados que ocorrem naturalmente, enquanto que
a alternativa seriam dados derivados das intuições dos próprios falantes, ou dados elicitados
dos participantes, metodologia de coleta empregada nos estudos da psicologia cognitiva,
usada na primeira parte do presente estudo apresentado a seguir. Para a pesquisa de corpus
apresentada aqui, partiu-se de dez metáforas lingüísticas selecionadas de jornais em língua
inglesa
17
que compõem o instrumento psicolingüístico. Cinco das dez expressões usadas
foram classificadas no presente estudo como metáforas lingüísticas convencionais e cinco
foram consideradas metáforas lingüísticas novas. Todas são metáforas conceptuais
convencionais. Contudo, segundo Siqueira e Zimmer (2006), metáforas conceptuais
convencionais podem gerar metáforas lingüísticas familiares ou não familiares. A intuição
informada do pesquisador e a Teoria da Metáfora Conceptual formaram a base para esta
pesquisa.
Um corpus grande o suficiente para pesquisa lingüística pode possuir dezenas de
milhões de palavras, dependendo do que se pretende pesquisar. Muitos corpora grandes,
17
A utilização de textos selecionados de várias sessões, tais como moda, esportes e política, de jornais em língua
inglesa como o The New York Times, International Herald Tribune (inglês norte-amricano) e The Guardian
(inglês britânico) justifica-se tendo em vista que o objetivo do presente estudo é a compreensão da metáfora no
quadro da Teoria da Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson (1980), baseada principalmente na análise de
metáforas da vida cotidiana.
como por exemplo o British National Corpus (BNC) e o COBUILD, tentam representar a
linguagem que cada adulto falante nativo usa todos os dias. A Web, considerada um corpus
aberto, não-especializado, é uma compilação de uma ampla variedade de fontes faladas e
escritas de gêneros diferentes. O seu tamanho permite generalizações sobre a linguagem como
um todo. A Web é revolucionária (KILGARIFF e GREFFENSTETTE, 2003) e oferece aos
pesquisadores de todas as áreas a oportunidade de acesso a uma ampla variedade de tipos de
linguagem. A Web tem um tamanho estimado de 10 a 20 bilhões de páginas indexáveis
(GULLI e SIGNORINI, 2005). Para ser indexável, uma página deve permitir acesso público
irrestrito, e outra página de acesso público deve direcionar para essa página com uma etiqueta
HTML stardard (FLETCHER, 2005). Um corpus desse tamanho requer um programa de
software para processar os dados. O termo ‘Web corpus’ é usado aqui para designar o corpo
de documentos disponíveis livremente online que podem ser acessados diretamente como um
corpus. Fletcher (ibid) adota a definição de ‘Web como corpus’ e utiliza a metáfora ‘caça
(hunting) para a ação de procurar diretamente informação específica na Web com a mediação
de uma ferramenta de busca. Neste estudo, escolheu-se a Web como banco de dados para a
seleção das metáforas utilizadas nesse estudo e o Google como a ferramenta de busca para
checar o número de ocorrência das metáforas.
2.8.5 Utilizando a Web como corpus
A vantagem de usar a Web como corpus, e não um corpus como o COBUILD ou o
BNC, é que, para procurar expressões de uso inovador, como é o caso de metáforas novas,
assim como palavras raras, freqüentemente não se encontram evidências em um corpus
fechado. Um exemplo disso é a busca contrastiva da expressão deep breath (em Português,
respirar fundo) realizada por Kilgarriff e Grefenstette (2003). Enquanto que, no BNC, tal
expressão obteve 732 ocorrências para 100 milhões de palavras em 1998, na primavera de
2003, a mesma expressão apareceu em 868.631 páginas (a expressão talvez tenha aparecido
mais de uma vez em cada gina). Os pesquisadores necessitam de grandes fontes de dados e
crêem que modelos probabilísticos de linguagem baseados em grandes quantidades de dados,
mesmo que os dados apresentem ‘ruído’, ainda são melhores do que aqueles baseados em
estimativas que partem de um conjunto de dados menores e ‘limpos’, como é o caso de um
corpus fechado como o BNC. Escolheu-se o Google para a pesquisa na Web porque essa
ferramenta apresenta o número de ocorrências com os resultados no canto superior da página,
o que facilita a visualização. Para a pesquisa das expressões metafóricas, utilizamos alguns
filtros disponíveis em ‘pesquisa avançada’ que permitem refinar a busca se definirmos o
número de resultados a ser apresentado e escrevermos a expressão exata, assim como a língua
da busca (inglês).
Embora alguns pesquisadores argumentem que a Web não é representativa como fonte
de dados para a pesquisa lingüística, Kilgarriff e Grefenstette (2003) assinalam que nem a
Web, nem outros corpora são representativos. Os pesquisadores normalmente aceitam o nome
do corpus como um rótulo para o tipo de texto que o corpus contém. Um dos problemas dos
textos da Web é que eles são produzidos sem muita preocupação com correção, isto é, a Web
é considerada um corpus com ‘ruído’. Outro problema é o fato das ferramentas de busca (por
exemplo, Google, Yahoo, Askjeeves) apresentarem somente um pequeno contexto para cada
ocorrência (o Google fornece um fragmento de cerca de dez palavras), assim como o fato dos
resultados da busca que apresentam a expressão pesquisada em títulos e manchetes irem para
o início da lista. As estatísticas de ocorrência das expressões pesquisadas não apresentam um
alto grau de confiabilidade; por exemplo, quando há uma pequena alteração no texto, a
mesma expressão pode aparecer em várias ocorrências dentro da mesma busca, o que
representa um problema para o pesquisador que precise registrar o número de ocorrências de
determinada expressão.
Uma vantagem de usar pesquisa de corpus é que se tem acesso a uma quantidade de
dados lingüísticos que nenhuma memória humana é capaz de guardar. Entretanto, insights
sobre linguagem originados a partir de corpus, uma vez obtidos, freqüentemente parecem
conhecidos ao pesquisador, pois confirmam informação que é parte do conhecimento
lingüístico do falante competente. Tais insights talvez sejam considerados óbvios pelos
pesquisadores; entretanto, eles podem ser difíceis de acessar usando somente a intuição. Um
importante argumento contrário ao uso restrito de conhecimento intuitivo dos lingüistas como
fonte de informação é o fato de que os pesquisadores de corpus e os lexicógrafos
freqüentemente encontram usos não previstos de vocábulos (DEIGNAN, 2005). Evidência da
lingüística de corpus aponta que os falantes têm dificuldades para descrever o conhecimento
lingüístico fora de contexto, por exemplo. Fatos óbvios sobre o uso da metáfora, que porém
passam despercebidos, apontam para o caminho da consulta de grandes corpora a fim de
investigar metáforas lingüísticas. Os resultados do estudo de concordâncias para muitas
palavras em lingüística de corpus demonstram que a freqüência de ocorrência dos sentidos
metafóricos talvez seja maior do que a freqüência de ocorrência de sentidos não-metafóricos,
embora os últimos sejam primários sob uma pespectiva psicológica (DEIGNAN, 1999). O
registro do número de ocorrências de cada expressão metafórica em toda a Web é relevante
para se estabelecer uma comparação baseada na realidade de uso da língua, como os
resultados da pesquisa de corpus da Web, e dados obtidos dos falantes, que consistem aqui
nos resultados do experimento psicolingüístico. Tendo em vista o objetivo de estabelecer essa
comparação, a pesquisa empírica apresentada aqui utiliza metodologia da psicologia cognitiva
(GIBBS, 1994) e da lingüística de corpus (BERBER SARDINHA, 2004; DEIGNAN, 2005).
2.8.6 Por que usar a lingüística de corpus no estudo da Metáfora Conceptual?
Houve várias motivações para o uso de metodologia da lingüística de corpus a fim de
investigar se as expressões metafóricas usadas no estudo são de uso realmente freqüente.
Como o contato com o trabalho de Deignan (1999, 2005) e Sardinha (2004) revelou, a
lingüística de corpus é o estudo de uma coleção de textos eletrônicos com o objetivo empírico
de se observar fatos sobre a língua difíceis de serem observados através de um método
manual. Porém, o desenvolvimento de corpora tem um alto custo e apresenta a desvantagem
de que os corpora estão fixados em um ponto no tempo. Portanto, os corpora não fornecem
acesso à informação atualizada sobre o uso da linguagem ou sobre mudanças que estão em
andamento (KEHOE e RENOUF, 2002). Sardinha
18
havia recomendado o uso da Web como
corpus para essa pesquisa. Outra motivação foi o fato de que a Web é uma fonte enorme de
dados sobre a linguagem que está disponível gratuitamente. A partir dessa constatação,
iniciou-se a procura pela ferramenta mais adequada para a realização da pesquisa.
Tagnin
19
sugeriu o uso da ferramenta WebCorp, que faz as buscas utilizando a Web
como corpus. Iniciou-se a pesquisa utilizando essa ferramenta e posteriormente, inspirada no
trabalho de Moraes (2005), foi feita uma opção pelo uso da Pesquisa Avançada do Google. O
uso do Google para esse tipo de pesquisa apresenta a desvantagem de que tal ferramenta não é
específica para a pesquisa lingüística. Um dos problemas do seu uso para esse tipo de
pesquisa é o fato de que o resultado de uma busca no Google baixa um grande número de
documentos, porém não otimiza a sua relevância para os objetivos do pesquisador
(FLETCHER, 2001).
A direção dos estudos em lingüística de corpus geralmente parte da palavra para o
significado. Como Deignan (1999) assinala, no caso da metáfora, às vezes os padrões podem
ser traçados partindo de evidência lingüística para uma possível metáfora conceptual
subjacente. Entretanto, não é possível trabalhar na outra direção, isto é, partindo da metáfora
conceptual para a evidência lingüística, basicamente porque o computador não consegue
inferir o significado do falante. Embora a lingüística de corpus e os corpora disponíveis na
18
Comunicação pessoal.
19
Comunicação pessoal.
Web
20
ofereçam uma ferramenta poderosa para observação na pesquisa sobre a metáfora, a
intuição informada ainda é necessária para que se possa decidir se uma citação é mesmo
metafórica, assim como também para julgar se uma determinada metáfora lingüística é a
realização de uma metáfora conceptual. Como será discutido a seguir, as intuições dos
falantes acerca do grau de convencionalidade e da ocorrência das dez expressões metafóricas
não coincidem necessariamente com os resultados da pesquisa utilizando metodologia da
lingüística de corpus.
2.8.6.1 Webidence
A comparação entre os dados baseados nas intuições dos participantes e os dados
baseados na pesquisa realizada na Web para as dez expressões metafóricas mostrou-se
bastante reveladora. Os resultados da pesquisa de corpus feita na Web reforçam o argumento
de que tais dados revelam bastante sobre a realidade do uso da ngua. Não se tratam de
exemplos idealizados que não ocorrem nunca ou ocorrem raramente em linguagem natural.
Os resultados da pesquisa na Web também mostram como somente as intuições do falante não
são uma fonte confiável no estudo da metáfora em linguagem em uso.
Fletcher (2005) clama por um padrão de Webidence para guiar a seleção e
documentação de recursos online para a pesquisa lingüística. Como limitações das
ferramentas de busca, o autor aponta que o número de ocorrências registrado por uma
ferramenta de busca é somente uma indicação geral. Tais números não podem comprovar o
grau de ocorrência de uma dada expressão. Também existe uma variação nos resultados para
uma mesma pesquisa. Um único documento poderá aparecer repetido em várias páginas
multiplicando o número de ocorrências.
Um dos problemas de uma pesquisa utilizando Web corpora é o fato de que é comum
para um documento ter mais de uma URL, isto é, Uniform Resource Locator, que possibilita a
localização e o acesso de informação na Web, ou ser ‘refletido’ em vários sites. Outro aspecto
destacado por Fletcher sobre o uso de Web corpora para pesquisa lingüística é a questão da
dificuldade de verificabilidade por outros pesquisadores. A mesma pesquisa no mesmo site de
busca pode dar resultados diferentes se a fizermos em outro horário e até mesmo se voltarmos
a fazer um pouco depois na mesma sessão. Se estamos contando o número de ocorrências de
uso, a pesquisa deverá ser refeita por várias semanas. As páginas da Web que contêm a
20
A utilização da Web para uma pesquisa sobre ocorrências de ‘uso’ justifica-se no presente estudo tendo em
evidência na qual a análise está fundamentada devem ser salvas. Pelos motivos mencionados
anteriormente, refizemos a pesquisa na Web algumas vezes (Anexo 10).
Por outro lado, como uma fonte lingüística que se auto-renova, a Web apresenta um
tom de novidade impossível de ser alcançado por corpora fixos, como o BNC por exemplo,
pois usos emergentes e questões atuais normalmente estão bem representados em textos
online (FLETCHER, 2004). Uma outra vantagem da utilização da Web como corpus em vez
de um corpus fechado como o BNC, por exemplo, é o fato do Web corpus ser mais atualizado
e conter, entre outras, palavras que referem conceitos sobre Internet e Tecnologia de
Informação, enquanto que os textos do BNC foram, na sua maioria, escritos antes da metade
dos anos 90 e estão, portanto, desatualizados nessas áreas de rápida evolução.
Além disso, os dados da Web são mais variados e Fletcher (2005) constatou que
nenhuma das 5000 palavras mais comuns no BNC estão faltando no Web corpus, embora o
oposto não ocorra. Fletcher destacou como pontos a favor do Google o fato dessa ferramenta
de busca listar os resultados de acordo com a popularidade do link, fazendo com que os links
relevantes apareçam no topo dos resultados de busca, assim como o fato de que os resultados
úteis apareçam já na primeira tentativa para os usuários que buscam uma forma base, como
substantivos, por exemplo.
2.9 Considerações finais
Nesse capítulo, foi apresentada a metodologia de investigação utilizada na busca de
dados experimentais para sustentar a hipótese de que os leitores acessam o conhecimento
conceptual ao processar uma metáfora lingüística na língua estrangeira, assim como na língua
materna. A fim de comprovar tal hipótese, será comparada a seguir a compreensão de dez
diferentes expressões metafóricas por leitores de língua estrangeira e falantes nativos de
inglês. A amostra foi composta por 221 estudantes universitários brasileiros e 16 estudantes
universitários norte-americanos. Tais dados também serão comparados aos resultados de um
estudo que examinou as mesmas metáforas usando metodologia da lingüística de corpus. Os
resultados da comparação entre os dois estudos experimentais e os resultados da pesquisa
utilizando o WebCorp demonstram como as intuições dos participantes sobre os dados
lingüísticos nem sempre são uma fonte confiável de informação à medida que os participantes
consideraram algumas das expressões metafóricas novas como sendo comuns. Os resultados
apontam que o processo de compreensão, tanto na língua estrangeira como na língua materna,
é fortemente influenciado pela corporeidade (GIBBS, 2006). Como veremos, a utilização de
metodologia da lingüística de corpus como uma ferramenta auxiliar na elaboração de
instrumentos de coleta de dados para pesquisa psicolingüística é considerada como a grande
contribuição do presente estudo para a área.
CAPÍTULO 3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
3 Resultados do estudo empírico com aprendizes de língua estrangeira
Tendo em vista que o principal objetivo deste estudo é investigar a compreensão de
metáforas em língua estrangeira por falantes monolíngües de Português Brasileiro, aprendizes
de língua inglesa, com diferentes níveis de proficiência em leitura, examinando o papel do
contexto e do conhecimento prévio do léxico na compreensão de expressões metafóricas,
foram essas as variáveis nível de proficiência em leitura, contexto, conhecimento do léxico
e tipo de metáfora – escolhidas para conduzir a análise estatística.
Na Tabela 6 abaixo, são apresentadas algumas estatísticas descritivas gerais referentes
aos dados dos participantes da pesquisa:
Tabela 6 – Estatísticas descritivas gerais – aprendizes de LE
Variável Sujeitos (N)
Mínimo Máximo Média Desvio Padrão
Idade 221 16 anos 67 anos 24,9 anos
Tempo de estudo 221 0,5 ano 25 anos 8,5 anos
Acertos TOEIC
(T = 100)
221 36 pontos 95 pontos 65,0 pontos 16,7
Acertos Instrumento 1
(T = 10)
221 1 10 7,4 1,6
Acertos Instrumento 2
(T = 10)
221 2 10 7,6 1,8
Léxico
(T = 73)
220 30 73 60,0 6,8
Conforme se lê na Tabela 6, a média de idade dos participantes foi de 24,9 anos e do
tempo de estudo da língua inglesa foi de 8,5 anos. Antes da aplicação do questionário sobre os
dados pessoais dos participantes, esses foram alertados para incluírem também na contagem
do tempo de estudo da LE os anos que eles tiveram inglês na escola, cursos livres, além do
tempo de estudo na Universidade. Os participantes também marcaram no questionário o
tempo de vivência no exterior, quando foi o caso (Ver Anexo 2). A média geral de acertos no
TOEIC foi de 65 pontos (Total = 100 pontos), i.e. a média dos participantes apresentou um
nível de conhecimento intermediário da língua inglesa. A média de acertos no instrumento
que testou o conhecimento do léxico revela que os participantes apresentaram um
conhecimento razoável do léxico que compõe as expressões metafóricas utilizadas no estudo,
pois a média foi de 60 sobre o total de 73 pontos.
Considerando a média do número total de acertos do instrumento 1, que contém as
metáforas sem o contexto, que foi 7,4, e comparando-a com o número total de acertos do
instrumento 2 contendo as metáforas com o contexto, que é 7,6, conclui-se que o contexto não
incrementou muito a compreensão das metáforas envolvidas no estudo, já que a diferença
registrada entre o instrumento sem o contexto e o com o contexto é de somente 0,2 pontos.
Tal dado revela que os leitores participantes do estudo lançaram mão de outros recursos,
como por exemplo a sua experiência corpórea, na busca da compreensão dos enunciados
metafóricos. A seguir, serão comentados os resultados dos testes por nível de proficiência.
Buscou-se acessar a compreensão das metáforas através do desempenho dos sujeitos
nos testes de compreensão (Ver Anexo 1) desenvolvidos pela autora. Os resultados de ambos
os testes foram verificados através de análises de variância (ANOVA). Foi considerado um
nível de significância de p < 0,05 em todas as análises estatísticas. Uma estatística descritiva
geral (teste de freqüência), englobando os 221 sujeitos da pesquisa, será apresentada na tabela
7 a seguir:
Tabela 7 – Descritiva geral.
LEXICO (Total = 73); ACERTOS1 (Total = 10); ACERTOS2 (Total = 10).
NÍVEL VARIÁVEL MÉDIA DESVIO PADRÃO
PI LEXICO 53,8 7,3
ACERTOS1 6,6 1,8
ACERTOS2 6,5 2,0
I LEXICO 60,2 4,6
ACERTOS1 7,6 1,4
ACERTOS2 7,9 1,6
U LEXICO 64,3 4,6
ACERTOS1 7,7 1,4
ACERTOS2 8,1 1,3
A LEXICO 64,5 3,2
ACERTOS1 8,4 1,8
ACERTOS2 8,4 1,2
Os dados apresentados na Tabela 7 confirmam que a diferença de acertos entre os
diferentes níveis de proficiência é mínima, sendo a maior diferença registrada entre os níveis
pré-intermediário e intermediário de proficiência. Também cabe destacar a diferença dos
resultados entre os instrumentos 1 e 2 para o nível Intermediário-Superior, o único nível em
que o contexto desempenhou um papel significativo. Tal resultado pode ser melhor
visualizado na Figura 1 a seguir.
A Figura 1 representa os valores da Tabela 7 para a variável contexto.
CONTEXTO
0
5
10
PI I U A
PROFICIÊNCIA EM LEITURA
ACERTOS
Acertos 1
Acertos 2
Figura 1 – O papel da variável contexto por nível de proficiência
Na Figura 1, pode-se visualizar a pouca relevância da variável contexto na
compreensão da metáfora para todos os veis de proficiência. O único nível em que essa
variável é significativa é nos resultados para o nível Intermediário-Superior que aparece mais
destacado. A seguir veremos a comparação entre os níveis para a variável léxico.
Figura 2 – Comparação léxico x nº de acertos por nível de proficiência
A mesma comparação entre os níveis para a variável léxico aparece novamente na
Tabela 9 que apresenta os resultados da aplicação do teste estatístico para comparação entre
grupos, tendo o léxico como variável interveniente. A Figura 2 destaca a variação entre os
níveis PI, I e IS/A para a variável léxico.
O teste Tukey para a verificação da análise de variância, aplicado nos resultados dos
instrumentos contendo as metáforas sem o contexto (Instrumento 1 ver Anexo 1), aponta
que existe uma grande variabilidade entre o número de acertos do grupo Pré-Intermediário
(PI) e dos demais níveis, como demonstram os seguintes resultados:
Tabela 8 – Comparação nº de acertos por nível de proficiência
Nível de Proficiência em Leitura Nº de sujeitos 1 2
PI 60 6,6
I 79 7,6
U 62 7,7
A 20 8,4
No caso de acertos no Instrumento 2, ou seja, o instrumento contendo as metáforas em
um pequeno contexto, aplicou-se um teste não-paramétrico, o teste de Kruskal-Wallis. Tal
teste foi aplicado porque foi verificada uma variablidade muito grande entre os grupos nos
resultados dos Instrumentos 2, e o teste paramétrico ANOVA exige algumas condições que
0
10
20
30
40
50
60
70
LEXICO ACERTOS1 ACERTOS2
PI I U A
não foram atendidas para a sua realização. Por isto, neste caso, foi utilizado o teste de
Kruskal-Wallis, para detectar diferenças entre os níveis PI, I e U/A.
Tem-se a seguir a representação gráfica dos resultados da variabilidade entre os grupos
para a variável contexto (Instrumento 2):
Tabela 9 – GRUPOS
Instrumento 2 – Variável contexto
PI
I
U
A
B
a
a
a
Os grupos seguidos da mesma letra não diferem significativamente em média, ao nível
de 5%. Portanto, não existe diferença entre os grupos designados pela mesma letra do ponto
de vista estatístico, sendo o nível de acertos quase idêntico. Conclui-se que uma diferença
significativa entre os resultados do grupo de nível pré-intermediário e os demais para a
variável metáfora com contexto, como havia sido comentado anteriormente. Portanto, os
dados aqui apresentados podem ser tomados como evidência de que, a partir do nível
intermediário, o aprendiz de língua estrangeira lança mão do seu conhecimento conceptual,
assim como aciona o seu conhecimento pragmático-cognitivo, para inferir o significado
metafórico do enunciado.
Também pelo motivo citado anteriormente, o mesmo teste não-paramétrico (Kruskal-
Wallis) foi aplicado para a variável interveniente léxico. Eis aqui a representação gráfica dos
resultados da variabilidade entre os grupos para a variável léxico (Ver Anexo 1 Tarefa de
Vocabulário):
Tabela 10 – Diferença entre grupos
Variável lexico
PI
I
U
A
a
b
c
c
Existe uma diferença significativa entre os resultados do grupo de vel pré-
intermediário (a), do nível intermediário (b) e dos demais [intermediário-superior, (c);
avançado, (c)] para a variável léxico. Tal diferença assinala a ocorrência de um avanço
significativo na aquisição do léxico ao longo dos três níveis de proficiência em leitura que
serviram de variáveis para o presente estudo (PI, I e IS), embora não tenha havido avanço do
nível IS para o nível A.
Na seqüência serão apresentados os resultados da análise de correlação por nível de
proficiência em leitura.
3.1 Verificação por nível de proficiência em leitura
A verificação feita por nível de proficiência em leitura apontou alguns dados que serão
apresentados a seguir, em relação à significância do contexto na compreensão das expressões
metafóricas, medida através do teste de leitura (Instrumento 1 e 2). Análises de variância
(ANOVA) demonstraram que essa variável tem um efeito significativo na compreensão das
metáforas utilizadas na pesquisa somente nos sujeitos de nível intermediário-superior (Upper).
Também verificou-se uma correlação positiva (p < 0,05) entre a média de acertos no
Instrumento 1 (metáforas sem o contexto) e o conhecimento do léxico, medido pela tarefa de
vocabulário que testou o lconhecimento dos sujeitos sobre o léxico que compunha as
metáforas, para esse grupo de participantes com nível intermediário superior. Tal dado é um
forte indício de que mesmo os participantes menos proficientes, como é o caso dos
participantes de vel Pré-Intermediário e Intermediário, utilizaram o seu conhecimento
conceptual na compreensão das expressões metafóricas estudadas.
A análise de variância (ANOVA) revelou também a existência de uma correlação
positiva, p < 0,05, entre a compreensão das metáforas sem o contexto (Instrumento 1) e a
compreensão das metáforas com um pequeno contexto (Instrumento 2) para os sujeitos de
nível pré-intermediário (PI). A seguir serão descritos os resultados dos testes de comparação
entre variáveis.
3.1.1 Comparação entre variáveis
3.1.1.1 Nível de proficiência em leitura em LE e metáforas sem e com o contexto
Uma análise de correlação de Pearson com um nível de significância p < 0,05
demonstra que existe uma correlação positiva entre o nível de proficiência em leitura em
língua inglesa, medido por meio do TOEIC, e os acertos para todos os veis (PI, I, IS, A),
tanto no instrumento contendo as metáforas sem o contexto (Instrumento 1) como no
instrumento contendo as metáforas com o contexto (Instrumento 2). Tal correlação não
garante que este leitor de LE possua o domínio de um nível limiar
21
que facilite a inferência
do vocabulário (SCARAMUCCI, 1997) para a construção do sentido do texto.
3.1.1.2 Nível de proficiência em leitura em LE e conhecimento do léxico
Por meio do mesmo teste (Pearson), verificou-se que há uma forte correlação, com um
nível de significância p< 0,05, entre o conhecimento prévio do léxico que compõe as
metáforas e o escore da prova de proficiência em leitura (TOEIC) feita pelos participantes da
pesquisa. Tal dado corrresponde as nossas expectativas, à medida que o conhecimento prévio
do léxico parece ter atuado como um facilitador na leitura, embora Scaramucci (1995) tenha
concluído que, mesmo que uma competência lexical bem desenvolvida represente uma
condição para a interpretação pragmática, ou para a negociação de sentidos que ocorre na
leitura, ela não é suficiente.
3.1.1.3 Metáforas sem contexto e com contexto
Uma análise de correlação de Pearson com um nível de significância p< 0,05 indica
que existe uma correlação positiva entre o número de acertos no instrumento contendo as
metáforas sem o contexto e no instrumento contendo as metáforas em contexto nos diferentes
níveis. Tal dado parece apontar que o leitor acessa o conhecimento conceptual para fazer a
interpretação da expressão metafórica, que a variável léxico está positivamente
correlacionada com os acertos no instrumento contendo as metáforas sem o contexto. Por
conseguinte, podemos pressupor que o leitor domina o léxico que compõe as metáforas e
consegue acessar a metáfora conceptual sem se apoiar no contexto, mas sim apoiando-se na
corporeidade (GIBBS, 2006) para compreender o significado metafórico, pois houve um alto
índice de acertos, na opção do instrumento diretamente associada à metáfora conceptual
subjacente. Por exemplo, no caso de the temperature went from boiling to subzero, observou-
se que um grande número de sujeitos marcou, mesmo no instrumento sem o contexto, a opção
“a situação mudou pido” relacionada com a Metáfora Primária MUDANÇA É
MOVIMENTO.
Um alto número de acertos no instrumento 2 (com o contexto) leva a crer que o
participante utilizou pistas contextuais para inferir a indeterminação das expressões
metafóricas do texto, i.e. um alto índice de acertos no instrumento 2 leva a crer que o
21
Significa aqui “um teto de conhecimento lingüístico (language ceiling) ou nível mínimo de conhecimento
lingüístico necessário para a compreensão” (Scaramucci, 1997: 238).
conhecimento pragmático-cognitivo do leitor forneceu fortes subsídios para a compreensão da
metáfora lingüística no texto, enquanto que um número alto de acertos no instrumento 1
os demais grupos. Isso indica que parece ser a partir do nível intermediário que o aprendiz de
língua estrangeira compreende melhor as expressões metafóricas. É possível que o aprendiz
de língua estrangeira com um conhecimento Pré-Intermediário tenha observado
incongruências de sentido ao interpretar enunciados metafóricos, à medida que utiliza a sua
experiência corpórea para inferir o significado metafórico. Contudo, verificou-se um
incremento significativo na compreensão da metáfora a partir do nível intermediário. Tal
resultado é uma informação relevante para a compreensão do processo de aquisição semântica
no quadro de Aquisição de Língua Estrangeira.
3.1.1.6 Resultado dos acertos por metáfora nos dois instrumentos
A fim de se realizar uma análise dos acertos das metáforas individualmente, foi
selecionada uma população de aproximadamente 50% da amostra de 221 sujeitos. Verificou-
se por meio de um teste de comparação (Teste T) que não existe diferença entre essa amostra
(N = 118) e o total da amostra selecionada (N = 221), já que os resultados não apontaram uma
diferença estatisticamente significativa (p> 0,05). Escolheu-se aleatoriamente 118
participantes dentre os quatro níveis de proficiência (PI, I, IS e A), a fim de examinar a
distribuição do número de acertos por metáfora, comparando os resultados da metáfora sem o
contexto com o resultado da metáfora inserida em um contexto.
A mesma média de acertos (7,4 para acertos no instrumento 1 e 7,6 para acertos no
instrumento 2) para a amostra de 118 participantes indica que a amostra selecionada replica o
resultado (Ver Tabela 6) com 221 participantes e comprova a representatividade da amostra
com 118 sujeitos. Cabe lembrar que uma opção do instrumento corresponde à metáfora
conceptual subjacente à metáfora lingüística, enquanto que as outras duas opções são
distratores e a opção (d) é a opção “não sei”.
Amostra N = 118 sujeitos
(1) It is all about getting a pound of flesh from them.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) levar vantagem prejudicando
os outros
93
(a) ganhar algumas moedas de
alguém
17
-
(b) levar vantagem prejudicando
os outros
71
(c) ganhar algumas moedas de
alguém
7
(c)
dar uma mordida em um
bolinho
18
(d) não sei
18
(d) não sei
12
Quadro 1 – MP: PREJUDICAR É CAUSAR DANO FÍSICO
A opção correta levar vantagem prejudicando os outros tem como metáfora
primária subjacente PREJUDICAR É CAUSAR DANO FÍSICO.
(2) Somebody plans to bump it up.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) aumentar
33
(a) estourar
11
(b) gerar
13
(b) aumentar
66
(c) estourar
44
(c)
gerar
37
(d) não sei
28
(d) não sei
4
Quadro 2 – MC: MAIS É PARA CIMA.
A opção correta aumentar tem como metáfora conceptual subjacente MAIS É PARA
CIMA.
(3) Somebody was trading the keys to the kingdom.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) a derrota
10
(a) o segredo
54
(b) o segredo
91
(b) o pedido
26
(c) o pedido
4
(c)
a derrota
31
(d) Não sei
13
(d) Não sei
7
Quadro 3 – MP: MEIOS SÃO CAMINHOS.
A opção correta o segredo tem como metáfora primária subjacente MEIOS SÃO
CAMINHOS.
(4) You are in the middle of a dark forest.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) o prazer
-
(a) a segurança
30
(b) a segurança
-
(b) o perigo
75
(c) o perigo
116
(c)
o prazer
4
(d) Não sei
2
(d) Não sei
9
Quadro 4 – MP: MAU É ESCURO
A opção correta o perigo tem como metáfora primária subjacente MAU É ESCURO.
(5) It has as its latests storms the likes of the companies.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) agitações
79
(a) soluções
3
(b) exemplos
7
(b) exemplos
102
(c) soluções
9
(c)
agitações
5
(d) Não sei
23
(d) Não sei
8
Quadro 5 – MP: CIRCUNSTÂNCIAS SÃO TEMPO
A opção correta agitações tem como metáfora primária subjacente
CIRCUNSTÂNCIAS SÃO TEMPO
(6) The temperature went from boiling to subzero.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) a situação ficou boa
1
(a) a situação mudou rápido
98
(b) a situação se estabilizou
7
(b) a situação ficou boa
4
(c) a situação mudou rápido
103
(c)
a situação se estabilizou
10
(d) Não sei
7
(d) Não sei
6
Quadro 6 – MP: MUDANÇA É MOVIMENTO
A opção correta a situação mudou rápido tem como metáfora primária subjacente
MUDANÇA É MOVIMENTO.
(7) I was at the edge of my limit.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) atingindo a tolerância
máxima
115
(a) obtendo a velocidade máxima
6
(b) ficando ocupado
1
(b) ficando ocupado
39
(c) obtendo a velocidade
máxima
1
(c)
atingindo a tolerância máxima
68
(d) Não sei
1
(d) Não sei
5
Quadro 7 – MC: O CORPO É UM CONTÊINER
A opção correta atingindo a tolerância máxima tem como metáfora conceptual
subjacente O CORPO É UM CONTÊINER.
(8) Somebody has managed to sneak into their hearts.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) implorar pela atenção
14
(a) chegar a um degrau no alto
10
(b) conquistar um lugar
importante
75
(b) conquistar um lugar
importante
74
(c) chegar a um degrau no alto
5
(c)
implorar pela atenção
28
(d) Não sei
24
(d) Não sei
6
Quadro 8 – MP: IMPORTANTE É CENTRAL
A opção correta conquistar um lugar importante tem como metáfora primária
subjacente IMPORTANTE É CENTRAL.
(9) It doesn´t often explode onto the radar.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) vão se acumulando
8
(a) começam a desaparecer
12
(b) aparecem de repente
70
(b) vão se acumulando
26
(c) começam a desaparecer
11
(c)
aparecem de repente
69
(d) Não sei
29
(d) Não sei
11
Quadro 9 – MP: EXISTÊNCIA É VISIBILIDADE
A opção correta aparecem de repente tem como metáfora primária subjacente
EXISTÊNCIA É VISIBILIDADE.
(10) It disappeared two months later in quick rotation.
Instrumento sem o contexto
Acertos
p sujeito
Instrumento com o contexto
Acertos
p sujeito
(a) num evento
3
(a) rapidamente
101
(b) aos poucos
2
(b) aos poucos
6
(c) rapidamente
109
(c)
num evento
9
(d) Não sei
4
(d) Não sei
2
Quadro 10 MP: MOMENTOS NO TEMPO SÃO OBJETOS EM MOVIMENTO AO
LONGO DE UM CAMINHO
A opção correta rapidamente tem como metáfora primária subjacente MOMENTOS
NO TEMPO SÃO OBJETOS EM MOVIMENTO AO LONGO DE UM CAMINHO.
O levantamento do número de acertos por metáfora e por instrumento aponta que o
contexto teve um papel relevante na compreensão somente das metáforas (2) Somebody plans
to bump it up e (5) It has as its latests storms the likes of the companies. Cabe ressaltar que a
análise quantitativa havia apontado que o contexto desempenhou um papel significativo no
nível Intermediário-Superior, isto é, o papel do contexto não é significativo para a
compreensão da metáfora para os demais níveis analisados. Houve um número bastante alto
de acertos no instrumento contendo as metáforas sem o contexto para as metáforas (1) It is all
about getting a pound of flesh from them, (3) Somebody was trading the keys to the kingdom,
(4) You are in the middle of a dark forest, (6) The temperature went from boiling to subzero e
(7) I was at the edge of my limit. No caso das metáforas (4) You are in the middle of a dark
forest, (7) I was at the edge of my limit e (10) It disappeared two months later in quick
rotation, pode ser que o fato da metáfora lingüística em português coincidir com a metáfora
lingüística em inglês tenha influenciado os resultados. Todavia, não temos como avaliar se
esse foi o caso.
3.2 Resultados da pesquisa com falantes nativos de inglês na UCSC
Os valores médios de 1 a 7, que revelam o julgamento dos participantes sobre o quão
bem eles compreenderam o que os enunciados significam, serão apresentados na Figura a
seguir.
Figura 3 - Julgamento dos participantes sobre o nível de compreensão para cada expressão
Segundo a hipótese preditiva, a falta de um contexto deveria ser uma barreira para a
compreensão das expressões (3) To trade the keys to the kingdom, (4) You are in the middle of
a dark forest and (5) …the most recent season of corporate financial manipulations has as its
latests storms, dado que a dificuldade para a compreensão de tal expressão apareceu nas
entrevistas com os falantes nativos de inglês no Brasil (Anexo 11). Quando inquiridos sobre o
motivo da dificuldade de compreensão, os FNs apontaram a falta de referências contextuais
para subsidiar a interpretação do texto. Na verdade, os participantes aparentemente
experienciaram a expressão (5) …the most recent season of corporate financial manipulations
has as its latests storms (3,8 sobre 7) como mais difícil de entender do que as expressões (3)
To trade the keys to the kingdom (4,9 sobre 7) e (4) You are in the middle of a dark forest (5,7
sobre 7). Não há como confirmar a predição de que o significado literal das expressões (4)
You are in the middle of a dark forest e (6) The temperature went from boiling to subzero
Q1 COMPREENSÃO
3,5
3,7
4,9
5,7
3,8
6,7 6,7
6,4
5,6
4,3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
QUESTÕES
metáforas convencionais. Entretanto, os participantes somente avaliaram a expressão
metafórica (10) como sendo menos comum.
Figura 4 - Resultado do julgamento sobre a intuição dos participantes sobre o quão
comum é cada expressão
A hipótese preditiva com relação ao questionário 3 havia sido de que metáforas como
(2) To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited capacity, (7) I was at the
edge of my limit e (8) It has managed to sneak into their hearts seriam julgadas como tendo
uma maior probabilidade de serem ditas. Contudo, os participantes somente julgaram as
expressões (7) I was at the edge of my limit (5,0 sobre 7) e (8) It has managed to sneak into
their hearts (4,4 sobre 7) como com maior probabilidade de serem ditas. Esses resultados
também contrariam parcialmente a predição. O gráfico da Figura 5 revela que, segundo as
intuições dos falantes, somente as expressões (6) The temperature went from boiling to
subzero (julgada com 4,6), (7) I was at the edge of my limit (julgada com 5), (8) It has
managed to sneak into their hearts (julgada com 4,4), and (9) It exploded onto the radar
(julgada com 3,9) apresentam uma probabilidade maior de serem ditas.
Q2 CONVENCIONALIDADE
4
4,2
3,6
5,6
4,6
6,2
6,4 6,4
6,8
3,6
0
1
2
3
4
5
6
7
8
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
METÁFORAS
OCORRÊNCIAS GOOGLE
Figura 5 - Resultado do julgamento sobre a intuição dos participantes sobre se eles
usaram tal expressão alguma vez na fala
3.3 Considerações sobre os resultados dos dois estudos empíricos
Os dados resultantes das duas pesquisas empíricas apresentam evidências que
confirmam a hipótese da universalidade da compreensão da metáfora e do papel da
corporeidade na compreensão de enunciados metafóricos. Uma análise das respostas para o
instrumento sem o contexto no estudo empírico com aprendizes de LE (cf. seção 3.1.1.6)
revelou um alto índice de acertos nas seguintes expressões metafóricas:
(1) To get a pound of
flesh from human beings, (3) To trade the keys to the kingdom, (4)
You are in the middle of a dark
forest, (6) The temperature went from boiling to subzero e (7) I was at the edge of my limit.
Tal resultado coincide com o julgamento sobre a compreensão das mesmas expressões
metafóricas emitido pelos falantes nativos de inglês (Ver seção 3.3) que, em uma escala de 1 a
7, em que 7 corresponde a compreender muito bem a expressão, avaliaram (4) You are in the
middle of a dark forest com 5,7; (6) The temperature went from boiling to subzero com 6,7 e
(7) I was at the edge of my limit também com 6,7. Enfim, a coincidência de tais resultados
representa uma evidência a corroborar a hipótese da universalidade da metáfora sob uma
perspectiva interlingüística. A seguir, veremos como tais resultados podem ser contrastados
Q3 USO
1,6
2,1
3,2
3,8
2,4
4,6
5
4,4
3,9
2,3
0
1
2
3
4
5
6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
QUESTÕES
VALORES 1 - 7
com dados resultantes da análise das mesmas expressões metafóricas sob a perspectiva da
lingüística de corpus.
3.4 Resultados e discussão da pesquisa de corpus
3.4.1 Resultados e discussão da pesquisa com a ferramenta Google
Deignan assinala que qualquer sentido de uma palavra encontrado menos de uma vez
a cada mil citações da palavra pode ser considerado um uso inovador ou raro, […] (2005:
40). Por conseguinte, podemos concluir que a pesquisa de corpora na Web aponta que as dez
expressões utilizadas no presente estudo são todas metáforas lingüísticas novas, pois o maior
número de concordâncias gerado com o WebCorp foi 99 (Ver discussão no item 3.4.2 e os
resultados apresentados na Figura 7 a seguir). Para Deignan, metáforas novas, i.e. extensões
de metáforas convencionais (LAKOFF e TURNER, 1989), não são interessantes para a
lingüística de corpus porque elas não são típicas e raramente aparecem nos dados. A Figura 6
apresenta os resultados da primeira pesquisa de corpus, realizada com a ferramenta de busca
Google no primeiro semestre de 2006.
Resultados Frequencia Web
18
3
0
3
6
1
15
6
1
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
metaphorical expressions
frequency of ocurrence
Results #1
Figura 6 - Expressões metafóricas pesquisadas (x) e freqüência de ocorrência (y)
A expressão metafórica mais familiar de acordo com a intuição dos participantes é (7)
I was at the edge of my limit. Os resultados da pesquisa de corpus feita com a ferramenta de
busca Google apontaram que as intuições dos falantes estão certas. Encontramos 15
ocorrências na nossa busca no Google. A expressão (7) I was at the edge of my limit foi a
segunda mais freqüente da nossa lista. O julgamento dos participantes de que a expressão
metafórica (1) To get a pound of flesh from human beings não é muito familiar corresponde à
realidade, embora tal expressão seja a ocorrência mais comum (18 resultados na pesquisa com
o Google) das dez expressões metafóricas estudadas. Por outro lado, considerando o
argumento de Deignan de que qualquer sentido de uma palavra encontrado menos de uma vez
a cada mil citações da palavra pode ser considerado um uso inovador ou raro, podemos
considerar tal expressão metafórica como de uso raro.
A expressão (3) To trade the keys to the kingdom não gerou nenhuma concordância na
pesquisa com o Google, enquanto que os participantes acreditam que essa expressão tenha
uma ocorrência média (3,6 no questionário 2). Isso aconteceu também com a expressão (10) It
disappeared later in quick rotation, que não gerou nenhuma concordância na pesquisa com o
Google, porém foi julgada pelos participantes com 2,9 no questionário 2, que perguntou o
quão comum era tal expressão.
A expressão (6) The temperature went from boiling to subzero não é freqüente
segundo a pesquisa com o Google (somente 1 concordância). Entretanto, os participantes
elegeram essa expressão metafórica nova como uma das mais fáceis de compreender
juntamente com a expressão (7) I was at the edge of my limit (julgada com 6,7, cf. Figura 1).
Esta expressão foi julgada como a segunda mais familiar com 5,2 e também foi considerada a
segunda expressão com maior probabilidade de ser usada. A expressão (9) It exploded onto
the radar é um caso semelhante a (6) The temperature went from boiling to subzero. O seu
número de ocorrências na Web é baixo (1 concordância no Google); entretanto, os
participantes acreditam que esta seja uma expressão metafórica bastante familiar com uma
probabilidade de uso acima da média (julgada com 3,9 sobre 7). Tal julgamento por parte dos
falantes nativos de inglês justifica-se pela forte motivação dessa metáfora conceptual a partir
da experiência corpórea de movimento (GIBBS, 2006).
A expressão (2) To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited capacity
não é uma expressão freqüente de acordo com o Google (três concordâncias). Nesse caso, as
intuições dos participantes coincidem com os dados (2,8 foi a média dos julgamentos). Os
participantes entendem a expressão (julgaram-na com 3,7, cf. Figura 1), mas afirmam que
preferem não usá-la quando questionados sobre a possibilidade de usarem tal expressão na
fala (julgamento de 2,1, cf. Figura 3).
A expressão (4) You are in the middle of a dark forest apresenta um problema que, na
verdade, resultou de uma falha quando da seleção das expressões para compor o primeiro
questionário usado com os aprendizes de inglês como língua estrangeira no estudo sobre a
metáfora realizado no Brasil. Tanto a expressão (4) You are in the middle of a dark forest,
como a expressão (6) The temperature went from boiling to subzero têm um significado literal
que provavelmente interferiu na sua interpretação metafórica. Em uma busca somente para
dark forest, obtiveram-se 36,000,000 resultados. Contudo, se buscarmos o enunciado
metafórico completo, como apresentado anteriormente, somente encontraremos três
concordâncias no Google. A expressão (5) …the most recent season of corporate financial
manipulations has as its latests storms apresentou seis concordâncias no Google. Segundo a
intuição dos participantes, esta não é uma expressão comum, pois recebeu pontuação de 3,3
sobre 7. Os participantes normalmente não utilizam essa expressão (julgada com 2,4 sobre 7);
eles também julgam que não a entendem muito bem (3,8). Eis aqui outra falha na seleção das
metáforas incluídas nos instrumentos de pesquisa. Caso se dispusesse de tal informação antes
de compor os questionários, essa expressão deveria ter sido descartada.
A expressão (8) It has managed to sneak into their hearts obteve seis concordâncias
na pesquisa com o Google. Trata-se portanto de uma metáfora nova. Contudo, foi considerada
uma expressão comum pelos participantes (5 sobre 7). Os participantes compreendem bem
essa expressão (6,4) e declararam que usualmente a usam na fala (julgada com 4,4). Nesse
caso portanto os dados resultantes do julgamento baseado na intuição do falante não
coincidem com os dados da realidade de uso da língua apontados como resultado da pesquisa
no Google.
A partir dos resultados da pesquisa no Google, verificou-se que todas as expressões
metafóricas utilizadas no estudo são metáforas lingüísticas novas. havia sido concluído,
com base em uma análise das mesmas expressões realizada anteriormente (cf. seção 2.5.3.1),
que as metáforas conceptuais subjacentes às dez expressões são metáforas convencionais. Os
resultados desta pesquisa não foram considerados satisfatórios devido à inadequação da
ferramenta Google para a extração de dados lingüísticos da Web
23
. A pesquisa foi refeita
utilizando o WebCorp em setembro de 2006.
3.4.2 Resultados e discussão da pesquisa com a ferramenta WebCorp
Acabou-se optando por usar o WebCorp
24
, que é uma ferramenta que apresenta
exemplos de uso da linguagem extraídos da Web em uma forma adequada para análise
lingüística, em vez da ferramenta Google, de uso largo, utilizada na pesquisa preliminar. O
motivo principal de tal escolha é o fato das ferramentas de busca existentes não disporem de
ferramentas específicas para a análise lingüística, como o concordanciador e o gerador de
listas de palavras e freqüência. Quando o usuário faz a busca de um termo, aparece a URL das
páginas correspondentes àquele termo, talvez com uma pequena descrição ou extrato de cada
23
Por sugestão de Chishman (comunicação pessoal).
24
O WebCorp foi criado e é operado e mantido pela Escola Superior de Inglês da Universidade da Inglaterra
Central, Birmingham.
página. Entretanto, tal extrato não apresenta um formato adequado para análise lingüística,
nem apresenta todas as palavras ou instâncias da palavra ou frase de cada página. Para se
obter um conjunto de exemplos de uma palavra ou expressão em contexto, o pesquisador
deverá fazer a busca e então entrar em cada uma das páginas do resultado da busca
individualmente e localizar o contexto na página, uma tarefa que demanda tempo.
O WebCorp foi desenvolvido para operar s p e erp d .16436(a)35(p)-06.670683(o)]TJ254.07 05585(t)-2.16436(r)3.74(l)-2.16558(m)-2.45995(e)3.74(n)-5(c)3.74(i)-2.16436(a)3.d d bua653(o)-0.29558 luap2312(a)3.74244(d)-0.2936436(i)-2.16276(ü)-0.29v436(i)-2.16e uia
(5) …the most recent season of corporate financial manipulations has as its latests storms.
O WebCorp acessou 5 páginas na Web para ‘storms in the economy’ e foram geradas 5
concordâncias (13.09.2006), todas sendo usos metafóricos.
(6) The temperature went from boiling to subzero.
O WebCorp acessou 1 página na Web e foi gerada somente uma concordância (13.09.2006)
apresentando um uso metafórico.
(7) I was at the edge of my limit.
O WebCorp acessou 14 páginas na Web para ‘edge of my limit’ e gerou doze concordâncias
(13.09.2006), todas metáforas.
(8) It has managed to sneak into their hearts.
O WebCorp acessou 7 páginas na Web e gerou 7 concordâncias (13.09.2006), todas usos
metafóricos.
(9) It exploded onto the radar.
O WebCorp acessou 6 páginas na Web e gerou 6 concordâncias (13.09.2006), todas usos
metafóricos.
(10) It disappeared later in quick rotation.
O WebCorp acessou 54 páginas na Web e gerou 33 concordâncias (13.09.2006), sendo 8 de
uso metafórico.
Figura 7 - Ocorrências WebCorp
Os resultados da pesquisa utilizando o WebCorp corroboraram os resultados da
pesquisa feita utilizando a ferramenta Google e apontam que as dez metáforas utilizadas no
presente estudo são metáforas lingüísticas novas, e não cinco metáforas convencionais e cinco
metáforas novas conforme o planejado quando da elaboração do instrumento de coleta de
dados. A especificidade da ferramenta para a pesquisa lingüística permitiu que houvesse um
incremento no número de concordâncias em sete das dez metáforas estudadas. O Web Corp
também facilitou a análise do contexto das expressões estudadas para a investigação da
natureza do uso empregado, i.e. uso metafórico ou uso literal. A investigação no WebCorp
possibilitou constatar que as expressões metafóricas estudadas (1) To get a pound of flesh
from human beings; (2) To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited capacity;
(3) To trade the keys to the kingdom; (5) the most recent season of corporate financial
manipulations has as its latests storms; (7) I was at the edge of my limit; (8) It has managed
to sneak into their hearts; (9) It exploded onto the radar, possuem uso predominantemente
metafórico (Ver Figura 7, na qual aparece a distinção entre uso metafórico e uso literal por
metáfora).
3.5 Discussão geral dos resultados
Ao compararmos os resultados dos dois estudos psicolingüísticos com os resultados da
pesquisa utilizando metodologia da lingüística de corpus, podemos constatar como as
intuições dos falantes sobre linguagem diferem dos dados acerca da linguagem obtidos por
OCORRÊNCIAS WEBCORP
56
7
20
9
5 1
12
7 6 8
2
0
3
90
0
0
0
0
0
22
0
20
40
60
80
100
120
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
METÁFORAS
NR DE OCORRÊNCIAS
METAFÓRICO LITERAL
meio da pesquisa na Web. Enquanto que no estudo empírico com aprendizes de LE, a
expressão (4) You are in the middle of a dark forest obteve, no instrumento sem o contexto,
um alto índice de acertos para a opção associada com o seu significado metafórico, e os
falantes nativos de inglês consideraram tal expressão como de fácil compreensão
(Questionário 1), atribuindo-lhe um julgamento de 5,7 em uma escala de 1 a 7, a pesquisa na
Web, utilizando a ferramenta WebCorp, teve como resultado 99 concordâncias, das quais
somente nove eram usos metafóricos. Cabe ressaltar que os resultados da pesquisa com o
WebCorp estão mais diretamente relacionados com os resultados do questionário 2,
respondido pelos falantes nativos de inglês, que avaliou o julgamento desses sujeitos sobre o
quão comum era cada expressão. Os falantes de inglês julgaram tal expressão com 5,6,
resultado que aponta que eles consideram tal expressão como bastante comum.
as expressões (6) The temperature went from boiling to subzero e (7) I was at the
edge of my limit, cujos julgamentos dos aprendizes de LE, que obtiveram 103 acertos para (6)
(sobre uma amostra de 118 participantes) no instrumento sem o contexto e 115 acertos para
(7) sob as mesmas condições, se aproximam à medida que podemos considerar tais
expressões como tendo um alto índice de acertos dos julgamentos dos falantes nativos de
inglês, que julgaram a expressão (6) com 6,2 (sobre 7) e a expressão (7) com 6,4 no
Questionário 2 sobre o quão comum é cada expressão. As mesmas metáforas obtiveram
resultados bastante distintos na pesquisa empírica e na pesquisa com o WebCorp. A expressão
(6) The temperature went from boiling to subzero gerou somente uma concordância no
WebCorp, que foi um uso metafórico, e a expressão (7) I was at the edge of my limit gerou
doze concordâncias, todas de usos metafóricos.
Os resultados da pesquisa de corpus na Web, utilizando primeiramente a ferramenta de
busca Google e, por último, a ferramenta para extração de dados lingüísticos, WebCorp,
revelaram que as dez metáforas lingüísticas utilizadas no estudo são metáforas novas que
apresentam um número de concordâncias baixo, segundo o parâmetro estabelecido por
Deignan (2005) de que qualquer sentido de uma palavra encontrado menos de uma vez a cada
mil citações da palavra pode ser considerado um uso raro. A expressão que registrou um
maior número de ocorrências com sentido metafórico na pesquisa com o WebCorp foi (1) To
get a pound of flesh from human beings que apareceu 58 vezes, sendo que 56 ocorrências
eram usos metafóricos. Cabe ressaltar que, segundo o julgamento dos falantes nativos de
inglês, o seu grau de compreensão de tal expressão é médio (julgada com 3,5 sobre 7). os
resultados dos testes com os aprendizes de LE revelam que 93 sujeitos dos 118 que compõem
a amostra relacionaram essa metáfora com a metáfora conceptual subjacente PREJUDICAR É
CAUSAR DANO FÍSICO no instrumento sem o contexto. O contexto não auxiliou na
compreensão dessa metáfora lingüística. Pelo contrário, os aprendizes de LE marcaram mais
distratores (Ver seção 3.1.1.6) depois de lerem o contexto. Segundo os falantes nativos de
inglês, tal expressão é razoavelmente comum (julgada com 4 sobre 7) e essa também é a
expressão que eles menos usariam na fala (1,6 sobre 7). Esse julgamento confere com o fato
da metáfora ser nova, segundo os resultados da pesquisa com a ferramenta de pesquisa
lingüística WebCorp. Tal dado aponta uma falha no delineamento do estudo psicolingüístico,
que um dos objetivos do estudo empírico com aprendizes de LE era testar cinco metáforas
lingüísticas novas e cinco metáforas lingüísticas convencionais, e todas as metáforas incluídas
no estudo são metáforas novas.
Pode-se afirmar que os aprendizes de LE que participaram da pesquisa possuem uma
‘competência metafórica (LITTLEMORE, 2003) que lhes permite interpretar metáforas
novas na língua estrangeira. Algumas das interpretações equivocadas de expressões
metafóricas no estudo com os aprendizes de inglês ocorreram, como sugere Littlemore (ibid),
quando o aprendiz de LE atribuiu um outro sentido do que o pretendido pelo autor ao
domínio-fonte da metáfora. Se observarmos a amostra com os resultados do número de
acertos por metáfora (seção 3.1.1.6) para as metáforas (2) Somebody plans to bump it up e (5)
It has as its latests storms the likes of the companies do instrumento 1, o instrumento sem o
contexto, 44 participantes (de uma amostra de 118 participantes) marcaram a opção (c)
estourar, cujo domínio-fonte é CONTÊINER, enquanto que somente 33 participantes
marcaram a opção (a) aumentar, cujo domínio-fonte é PARA CIMA e corresponde à Metáfora
Conceptual subjacente à expressão metafórica da questão. No caso de (5), os aprendizes de
LE chegaram a marcar majoritariamente a opção correpondente à Metáfora Conceptual (79 de
118 informantes), mas o contexto (no instrumento 2, somente 5 informantes marcaram a
mesma opção) acabou interferindo na compreensão da metáfora.
Enfim, a hipótese 1, de que existe um padrão universal na conceptualização de alguns
conceitos abstratos que facilita a compreensão da metáfora na LE, pode ser corroborada no
primeiro estudo empírico, tendo em vista os resultados de acertos totais sem o contexto (Ver
seção 3) e o número de acertos por metáfora (seção 3.1.1.6). Já a hipótese 2, de que a
ocorrência de Metáforas Conceptuais semelhantes na LE e na língua portuguesa promove a
compreensão da metáfora pelo leitor brasileiro, não pode ser confirmada para todas as
metáforas lingüísticas que compõem os instrumentos. Uma análise das respostas para o
instrumento sem o contexto revelou um alto índice de acertos nas seguintes expressões
metafóricas (Ver seção 3.1.1.6): (1) It is all about getting a pound of flesh from them; (3)
Somebody was trading the keys to the kingdom; (4) You are in the middle of a dark forest; (6)
The temperature went from boiling to subzero e (7) I was at the edge of my limit. Cabe
lembrar aqui a observação de Gibbs et al. (2004) de que nem todas as metáforas conceptuais
apresentam o mesmo tipo de correlação experiencial e, se examinados os exemplos (1), (3),
(4), (6) e (7), os dados apontam que as correlações experienciais entre as metáforas
conceptuais, explicadas pela natureza diferenciada dessas metáforas, i.e. o fato de possuírem
diferentes domínios-fonte por exemplo no caso de (4) o domínio-fonte ESCURO, no caso de
(6) o domínio-fonte MOVIMENTO e no caso de (7) o domínio-fonte CONTÊINER,
influenciaram os resultados dos testes de compreensão com os aprendizes de LE. Tal
fenômeno, com respeito às diferenças existentes na compreensão de metáforas conceptuais, já
havia sido verificado por Siqueira (2004) no estudo comparativo sobre a compreensão de oito
metáforas primárias com falantes nativos de inglês americano e de português brasileiro.
Certamente tal fenômeno se reflete nos resultados do teste de compreensão com os aprendizes
de LE. Cabe a ressalva de que temos que considerar eventuais interferências dos próprios
instrumentos de coleta de dados (Ver discussão na seção 3.5), assim como particularidades
das línguas analisadas que também podem ter contribuído para os resultados.
Teria sido pertinente controlar também o domínio-fonte dos distratores, o que não foi
feito para todas as questões. Talvez o fato de se ter usado pronomes a fim de emparelhar os
itens do questionário tenha interferido na compreensão da metáfora (2) Somebody plans to
bump it up por falantes nativos de inglês, que avaliaram o seu grau de compreensão como
médio (3,7 obre 7). Os falantes nativos consideram essa expressão razoavelmente comum
(4,2) e julgam que não a usam muito na fala (2,1). Parece que a dificuldade de compreensão
da expressão por parte dos aprendizes de LE está diretamente relacionada com a dificuldade
de compreensão da expressão também pelos falantes nativos da língua inglesa. A mesma
expressão apresentou somente sete concordâncias com usos metafóricos das nove
concordâncias geradas pelo WebCorp. Portanto, podemos concluir que os falantes nativos de
inglês usam pouco a expressão (2) e, conseqüentemente, essa é uma expressão metafórica
rara, embora este possa ser um dos motivos pelo qual os falantes de inglês não a
compreendem bem e não a usam. Tal fato pode se refletir na aprendizagem dessa metáfora
pelos alunos de língua estrangeira. Em termos mais gerais, estamos falando de um efeito
‘cascata’ do uso e da compreensão em língua materna na compreensão em língua estrangeira.
No caso das metáforas (4) You are in the middle of a dark forest, (7) I was at the edge
of my limit, (9) It doesn’t often explode onto the radar e (10) It disappeared two months later
in quick rotation pode ser que o fato da metáfora lingüística em português coincidir com a
metáfora lingüística em inglês tenha influenciado os resultados. Não temos como avaliar se
foi esse o caso. A fim de fazer tal julgamento, precisaríamos realizar um estudo qualitativo
com essas metáforas. Contudo, as Metáforas Conceptuais subjacentes a essas quatro
metáforas lingüísticas estão relacionadas a experiências corpóreas facilmente perceptíveis
pelos sentidos, como a visão e a sensação de raiva; portanto, o alto índice de acertos dessas
metáforas sem que o leitor tenha acessado o contexto podem ser tomadas como uma evidência
da corporeidade.
No levantamento do número de acertos por metáfora, feito com uma amostra de 118
participantes (Ver seção 3.1.1.6), o contexto desempenhou alguma diferença somente na
compreensão das seguintes metáforas: (2) Somebody plans to bump it up e (5) It has as its
latests storms the likes of the companies. No caso das metáforas (2) e (5), provavelmente o
contexto forneceu pistas para que o aprendiz atribuísse referência aos pronomes somebody e it
e, nesse sentido, o contexto certamente auxiliou na compreensão, ainda que, como discutimos
anteriormente, no caso de (5), os resultados revelem que o contexto confundiu o aprendiz de
LE na compreensão do enunciado metafórico. É possível também que a sintaxe mais
complicada da expressão (5) tenha sido um fator adicional que interferiu na compreensão do
sentido figurado.
Os resultados apontam uma facilitação da compreensão da metáfora pelo leitor
brasileiro quando houver Metáforas Conceptuais semelhantes na língua estrangeira e em
português, mesmo quando a realização lingüística em português não coincidir com a metáfora
lingüística na língua estrangeira. Tal hipótese não pôde ser confirmada para todas as
metáforas lingüísticas que compõem os instrumentos, pois houve dois casos com baixo
número de acertos [Ver seção 3.1.1.6 para resultados das metáforas (2) e (5)]. No caso de (2)
e (5), provavelmente o desconhecimento do léxico associado ao fato da metáfora lingüística
ser diferente em português, incrementou a dificuldade de compreensão por parte dos
aprendizes de LE, que um exame parcial dos resultados do teste do léxico (Anexo 1)
possibilitou constatar um alto índice de erros para as expressões bump up e storms. Nos
demais itens em que a metáfora lingüística e a metáfora conceptual são similares em
português e inglês, como é o caso das expressões (4) You are in the middle of a dark forest,
(6) The temperature went from boiling to subzero, (7) I was at the edge of my limit, (9) It
doesn’t often explode onto the radar e (10) It disappeared two months later in quick rotation,
foi verificado um maior número de acertos no instrumento sem o contexto. No caso da
expressão (10), o fato de quick fazer parte da expressão deve ter atuado como facilitador da
expressão metafórica in quick rotation.
No caso de (4) e (6), tratam-se de duas metáforas lingüísticas novas, cujo significado
literal é o mesmo em português, fato que também pode ter interferido nos resultados, ainda
que somente (4) You are in the middle of a dark forest possa ser usado como metáfora
lingüística em português, tanto que a opção correta apresentada no teste de múltipla escolha
nos dois instrumentos é ‘o perigo’ que refere o domínio-alvo MAU da metáfora conceptual
subjacente a essa expressão metafórica, que é MAU É ESCURO. Quanto à expressão
metafórica (6) The temperature went from boiling to subzero, o leitor pode fazer uma tradução
literal para o português e tentar inferir o que o autor quis dizer em inglês, mas teríamos que
utilizar outra expressão metafórica para referir a idéia de mudança brusca, relacionada à
Metáfora Primária MUDANÇA É MOVIMENTO que a metáfora em inglês sugere. Essas
conclusões acerca dos resultados do número de acertos para as expressões (4), (6), (7), (9) e
(10) estão de acordo com a constatação de Charteris-Black (2003) de que exemplos de
linguagem figurada que tem uma forma lingüística e uma base conceptual semelhante na
língua materna e na língua estrangeira são facilmente compreendidos.
A expressão (5) It has as its latests storms the likes of the companies apresentou
alguns problemas que se refletiram no baixo resultado do número de acertos para o
instrumento sem o contexto (Instrumento 1). Um exame parcial dos resultados do teste do
léxico possibilitou constatar que os aprendizes identificaram storm
25
com o seu significado
literal mais freqüente, que é ‘tempestade’
26
, desconsiderando o significado ‘agitações’, que
aparece como a definição 2 para o verbete na edição online do dicionário Merriam-Webster.
À medida que a opção ‘tempestade’ não foi apresentada como distrator, os aprendizes de LE
marcaram em grande número a opção ‘não sei’ e os demais distratores no instrumento sem o
contexto. No instrumento com o contexto, observou-se uma característica que pode ser
também um indicador de problemas em virtude da seleção dessa metáfora para compor os
instrumentos. O contexto acabou por confundir os aprendizes de LE (Ver seção 3.1.1.6) e o
número de acertos para a opção com a metáfora conceptual subjacente caiu de 79 (para uma
amostra de 118 participantes) para cinco. 102 participantes optaram pelo distrator.
Com relação às expressões (8) It has managed to sneak into their hearts, (9) It doesn’t
often explode onto the radar e (10) It disappeared two months later in quick rotation, o
número de acertos no instrumento com o contexto também migrou da opção ‘Não sei’ para os
itens distratores. Comparando os resultados do estudo com os aprendizes de LE com os dados
da pesquisa com os falantes nativos de inglês, cabe destacar que esta expressão (9) foi julgada
25
Cf. Merriam-Webster online, acesso em 29.01.2007.
26
Segundo a ordem de definições que aparece na edição eletrônica do dicionário Merriam-Webster.
como de fácil compreensão (5,6), bastante comum (julgada com 6,8 no questionário 2) e
como tendo um uso médio na fala (3,9).
No caso das três expressões (8), (9) e (10), a diferença entre os resultados dos testes
sem e com contexto é mínima. A julgar pelos resultados da amostra (109 aprendizes
expressão metafórica (8) como de fácil compreensão (julgada com 6,4), comum (também 6,4)
e razoavelmente usada na fala (4,4). Tais julgamentos revelam como a intuição dos falantes
sobre o uso da linguagem pode ser refutada por dados oriundos da Web, que a expressão
(8) Somebody has managed to sneak into their hearts gerou somente sete concordâncias e é,
como vimos, uma metáfora nova de uso raro.
Um fato relevante observado na comparação dos dados dos três estudos é que as
metáforas para as quais os aprendizes selecionaram em grande número a opção ‘não sei’ são
as mesmas que os falantes nativos de inglês avaliaram como tendo uma probabilidade menor
de serem usadas na fala. Enfim, todas as metáforas são de uso raro, como foi verificado por
meio da pesquisa utilizando o WebCorp.
A comparação dos resultados dos estudos experimentais com os resultados do estudo
que utilizou metodologia da lingüística de corpus revelou que nem sempre a intuição dos
falantes acerca do seu conhecimento lingüístico coincide com a realidade dos dados da língua,
nesse caso dados sobre a língua escrita. Isso fica evidente no julgamento da expressão (7) I
was at the edge of my limit, considerada pelos participantes, falantes nativos de inglês, como a
segunda expressão mais comum da lista de metáforas (6,4 sobre 7) e julgada como tendo uma
maior probabilidade de ser dita (5 sobre 7), mas que é uma expressão de uso raro, segundo
revelam os resultados da pesquisa utilizando o WebCorp, que gerou somente doze
concordâncias para tal expressão, todas usos metafóricos.
A constatação de que as dez expressões metafóricas que compõem os instrumentos de
coleta de dados são metáforas novas leva a crer que o aprendiz de língua estrangeira, tendo
um domínio parcial do léxico que compõe as metáforas e, principalmente, a partir do nível de
proficiência intermediário, faz uso das metáforas conceptuais que estruturam o seu
pensamento – e não do contexto – para compreender as expressões metafóricas do estudo. Tal
constatação confirma a hipótese 1 do presente estudo de que existe um padrão universal na
estruturação de conceitos abstratos que facilita a compreensão de metáforas em língua
estrangeira segundo o qual o leitor consegue compreender metáforas lingüísticas
independentemente do contexto. Os dados apontam nessa direção e, como constatou-se a
partir do estudo realizado com os falantes nativos de inglês na UCSC, mesmo quando
inquirimos os falantes acerca das suas intuições sobre o que compreenderam, temos que
considerar os julgamentos emitidos pelos participantes com uma certa cautela, pois elementos
subjetivos podem interferir nesse julgamento. A utilização de metodologia da lingüística de
corpus como uma ferramenta de apoio para a pesquisa psicolingüística representa uma
tentativa de descartar esse componente subjetivo que pode interferir nos resultados.
Partindo da pesquisa de corpus feita por Semino et al. (2004), algumas questões
importantes relacionadas ao presente estudo podem ser levantadas, por exemplo o quanto se
deve confiar nas intuições das pessoas acerca do significado metafórico? Outra questão
pertinente é como a intuição das pessoas difere de como as palavras são realmente
empregadas no discurso (nesse caso, no discurso escrito). Nesse sentido, a pesquisa de
Deignan (2005), utilizando metodologia da lingüística de corpus, oferece um novo caminho
para estudiosos da metáfora. Além disso, incorporar metodologia da lingüística de corpus na
pesquisa psicolingüística pode ajudar a evitar alguns problemas que ocorreram no
desenvolvimento do presente estudo, como a inclusão de metáforas raras nos instrumentos de
coleta de dados quando se pretendia também examinar a compreensão de metáforas
convencionais.
Um dos maiores desafios, ao se desenhar um instrumento psicolingüístico, é a
quantidade de aspectos que devem ser considerados. A confiabilidade dos resultados refletirá
o grau de sucesso do pesquisador ao controlar todos os aspectos necessários. Aspectos como
extensão dos itens e número de sílabas, emparelhamento dos itens da questão de múltipla
escolha, além de questões teóricas específicas relacionadas à Teoria da Metáfora Conceptual
tiveram de ser controlados. Portanto, falhas no desenho do experimento psicolingüístico
podem levar a problemas na verificação da hipótese estudada.
Um problema que os dois estudos empíricos têm em comum é o fato de que tanto o
questionário respondido pelos aprendizes de língua estrangeira, como o questionário
respondido pelos falantes nativos de inglês não estarem paralelos o suficiente quanto à
extensão dos enunciados e aos tipos de metáforas. As metáforas selecionadas para compor os
questionários são de tipos diferentes, i.e. uma metáfora ontológica, uma metáfora
orientacional e metáforas primárias com diferentes motivações tais como relações atemporais
(IMPORTANTE É CENTRAL, EXISTÊNCIA É VISIBILIDADE), relações sociais
(INTENSIDADE DE EMOÇÕES É CALOR), estrutura de ação (MUDANÇA É
MOVIMENTO), avaliação (BOM É CLARO/ MAU É ESCURO), relações afetivas
(PREJUDICAR É CAUSAR DANO FÍSICO), estruturas de eventos (CIRCUNSTÂNCIAS
SÃO TEMPO, MEIOS SÃO CAMINHOS) e tempo (MOMENTOS NO TEMPO SÃO
OBJETOS EM MOVIMENTO AO LONGO DE UM CAMINHO).
Como se pode perceber, cada metáfora do estudo está relacionada a diferentes
domínios experienciais, como visão (ESCURO), tato (CALOR), tempo (TEMPO EM
MOVIMENTO), orientação (PARA CIMA) e funcionamento sensório-motor (CONTÊINER).
Tal fato já explicita a dificuldade em quantificar e estabelecer comparações entre experiências
tão distintas, embora haja um aspecto sob o qual quase todas as metáforas podem ser
consideradas do mesmo tipo, que é o fato de oito delas serem primárias. Como vimos no
estudo realizado com metodologia da lingüística de corpus, todas as metáforas do estudo são
metáforas novas, i.e. metáforas criativas de uso raro ou inovador.
A discussão dos problemas encontrados no presente estudo será ilustrada com alguns
exemplos observados nos questionários. Será discutido o enunciado que aparece na questão 3
do questionário, que é (3) She was trading the keys to the kingdom. Kovecses
28
observou que
a metáfora conceptual identificada (MEIOS SÃO CAMINHOS) aponta a maneira como as
pessoas fazem alguma coisa, e o fato de ela/ ele estar negociando o acesso à informação
confidencial não implicaria necessariamente o modo como ela/ ele faz algo. Tal julgamento é
discutível, pois a maneira como a pessoa em questão passou as informações adiante foi
mediando um negócio ilícito que, no caso, é referido por meio da metáfora the keys to the
kingdom. Gibbs destacou que keysaqui é uma metonímia que representa o acesso e, por
conseguinte, o enunciado é uma metonímia conceptual, e não uma metáfora conceptual. Gibbs
(1999) chama a atenção para o fato de que pesquisadores, às vezes, falham em fazer a
distinção entre esses diferentes tropos na busca por metáforas, embora haja diferenças cruciais
entre metáfora e metonímia. Enquanto que na metáfora dois domínios conceptuais, e um é
compreendido em termos de outro, a metonímia envolve somente um domínio conceptual em
que o mapeamento ou a conexão entre duas coisas ocorre dentro do mesmo domínio
conceptual (GIBBS, 1994).
O fato de se ter incluído o enunciado (4) You are in the middle of a dark forest pode
ter agregado problemas aos instrumentos de coleta de dados. Essa expressão possui um
significado literal que pode ter interferido na compreensão da metáfora pelo leitor, à medida
que os leitores precisarão de um contexto a fim de derivar o significado metafórico.
Provavelmente a interferência do significado literal foi o motivo pelo qual os participantes do
estudo empírico, realizado com falantes nativos de inglês na UCSC (Ver seção 3.2), julgaram
que compreendem bem esse enunciado, marcando 5,7 em uma escala de 1 a 7 (muito bem),
embora também deva-se considerar que tal metáfora primária, relacionada a uma experiência
tão facilmente perceptível pelos nossos sentidos, como é o caso da visão (perceber o escuro),
tenha tido um papel decisivo no alto índice de acertos dessa questão, tanto no instrumento
com aprendizes de inglês (Ver seção 3.1.1.6) como no caso dos falantes nativos de inglês
(seção 3.2).
28
Correspondência pessoal
Uma questão para a qual os estudiosos da metáfora ainda não apresentaram uma
resposta é o problema de uma metáfora lingüística poder ter motivações conceituais distintas.
O enunciado metafórico que aparece na questão 6 do Instrumento 1 (Ver Anexo 1) ilustra um
dos maiores problemas da Teoria da Metáfora Conceptual, como foi discutido por Semino et
al. (2004), que é o fato de que pode haver mais de uma motivação conceptual para o
enunciado (6) The temperature went from boiling to subzero. Semino et al. (2004) apontam as
dificuldades com as quais pesquisadores da metáfora se defrontaram ao identificar duas
metáforas conceptuais diferentes, que poderiam ter motivado uma expressão metafórica em
um corpus de conversas sobre câncer.
No presente estudo, deparou-se com o mesmo problema. O significado do enunciado
(6) The temperature went from boiling to subzero refere uma mudança brusca. Contudo, essa
mudança ocorre na temperatura. A metáfora conceptual que motivou o enunciado poderia ser
MUDANÇA É MOVIMENTO, mas também poderia ser INTENSIDADE DE EMOÇÕES É
CALOR. Segundo Grady (1997a), MUDANÇA É MOVIMENTO estabelece a correlação
entre a percepção do movimento e estar ciente de uma mudança no estado das coisas no
mundo a nossa volta, enquanto INTENSIDADE DE EMOÇÕES É CALOR correlaciona
temperatura da pele e agitação, i.e. a correlação entre o calor dos objetos e a agitação que
eles provocam em nós quando os tocamos/ estamos próximos deles (GRADY, 1997a: 295)”.
A dificuldade na identificação da metáfora conceptual foi contornada no desenvolvimento do
questionário, tendo em vista que o domínio fonte MOVIMENTO foi incluído na formulação
das alternativas para o teste de múltipla escolha, que foi a opção a situação mudou rápido’
(Ver teste no Anexo 1). Contudo, tal opção não refere a metáfora conceptual INTENSIDADE
DE EMOÇÕES É CALOR, mas somente a metáfora MUDANÇA É MOVIMENTO. É
interessante observar como os aprendizes identificaram essa metáfora lingüística com a
Metáfora Primária MUDANÇA É MOVIMENTO, que obteve 103 acertos para uma amostra
de 118 participantes.
Conforme o mesmo tipo de problema na definição da metáfora conceptual
apresentado na discussão da questão 6, a questão 8 do instrumento 1 apresenta o enunciado
(8) It has managed to sneak into their hearts. Kovecses
29
sugeriu que se tratava de uma
metáfora com o domínio-alvo AMOR, e não uma metáfora com o domínio-alvo
IMPORTÂNCIA. Algo como ‘para Y amar X é para X estar no coração de Y’. Entretanto, no
enunciado metafórico (8) It has managed to sneak into their hearts, heart parece referir aqui
29
Comunicação pessoal
um lugar importante e não uma emoção. Gibbs
30
apontou que aqui heart é uma metonímia
que está para emoções. Contudo, Gibbs também mencionou que heart poderia ser um
contêiner, então heart pode ser classificado como um lugar, e IMPORTANTE É CENTRAL
seria a metáfora conceptual que motiva tal enunciado.
Outro problema dos questionários é o fato de que, em cinco das dez questões, a
metáfora conceptual é a mesma em Português Brasileiro (PB) e em Inglês e a metáfora
lingüística é diferente em PB, a língua materna dos aprendizes que participaram do primeiro
estudo empírico, enquanto que nas outras cinco questões a tradução literal da metáfora
lingüística é semelhante à metáfora lingüística em PB e em inglês, fator que certamente
facilitou a compreensão dessas questões por parte dos participantes aprendizes de inglês como
língua estrangeira. Tal aspecto deveria ter sido levado em consideração, e deveria-se ter
buscado uma uniformidade quando os enunciados metafóricos foram selecionados para o
estudo.
um dos questionários aplicados no estudo empírico com falantes nativos de inglês
apresentou um problema na formulação de uma das questões que pode ter causado desvios
nos resultados. O problema foi que se solicitou o julgamento dos participantes sobre qual a
possibilidade deles alguma vez usarem tais expressões na fala. Primeiro, o escopo do presente
estudo não é a compreensão da metáfora na linguagem oral, mas sim o estudo da
compreensão de enunciados metafóricos, tendo como ponto de partida enunciados
metafóricos extraídos da imprensa escrita. A fim de verificar as ocorrências de uso na escrita,
fez-se a busca na Web utilizando a ferramenta de pesquisa lingüística WebCorp. Então, o
participante pode não usar a expressão na fala, mas compreendê-la quando lê, ou a usa na
escrita.
Foram discutidos aqui os principais resultados da presente tese.
30
Comunicação pessoal
CONCLUSÃO
Langsam werde ich.
Peter Handke
O presente trabalho investigou a compreensão da metáfora por aprendizes adultos de
inglês como ngua estrangeira em um contexto universitário sob a perspectiva da Teoria da
Metáfora Conceptual de Lakoff e Johnson (1980). Os participantes do estudo foram falantes
de Português Brasileiro, com quatro níveis distintos de proficiência em leitura na língua
inglesa (Pré-Intermediário, Intermediário, Intermediário-Superior e Avançado), e dezesseis
falantes monolíngües de língua inglesa, que participaram do segundo estudo empírico, a fim
de controlar o grau de convencionalidade e familiaridade das metáforas lingüísticas que
aparecem nos instrumentos de coleta de dados. Além disso, foi feito um terceiro estudo
utilizando metodologia da lingüística de corpus por meio da ferramenta de pesquisa
lingüística WebCorp com o objetivo de verificar as concordâncias das expressões metafóricas
na Web, assim como o número de ocorrências com uso metafórico.
Os instrumentos para a coleta de dados com os aprendizes brasileiros foram
elaborados especialmente para esta pesquisa, incluindo diferentes tipos de metáforas
conceptuais (LAKOFF e JOHNSON, 1980; GRADY, 1997a), cuja compreensão por meio da
associação da metáfora lingüística com a metáfora conceptual subjacente estava sendo
testada. Os três questionários aplicados no segundo estudo empírico feito com falantes nativos
de inglês foram elaborados sob a supervisão do Prof. Raymond Gibbs da Universidade da
Califórnia, Santa Cruz. O primeiro questionário testou o grau de compreensão das expressões
metafóricas pelos falantes nativos de inglês, o segundo testou o julgamento dos falantes
nativos sobre o quão comum são tais metáforas lingüísticas e o terceiro questionário testou o
julgamento dos falantes nativos de inglês sobre se eles usam tal expressão na fala.
A pesquisa buscou responder às três hipóteses de trabalho. Primeiro, se a compreensão
da metáfora baseia-se na experiência corpórea (corporeidade) do leitor e se esse leitor,
aprendiz de LE, acessa o conhecimento conceptual fundamentado nessa experiência, quando
busca acessar o significado de uma metáfora lingüística na língua estrangeira. A hipótese 1 é
de que o mesmo padrão operante na compreensão de linguagem metafórica na língua materna
também está operando quando o aprendiz lê a expressão metafórica na língua estrangeira.
A primeira hipótese diz respeito à possibilidade de existência de um padrão universal
na estruturação de conceitos abstratos que facilita a compreensão de metáforas em língua
estrangeira, segundo o qual o leitor é capaz de compreender metáforas lingüísticas
independentemente do contexto. Quanto aos resultados do primeiro estudo empírico, feito
com aprendizes de inglês no Brasil, existe uma correlação positiva entre o número de acertos
no instrumento contendo as metáforas sem o contexto e o número de acertos no instrumento
contendo as metáforas em contexto para os diferentes níveis. Os dados também apontam uma
correlação positiva com um nível de significância (p< 0,05) entre o número de acertos no
instrumento contendo as metáforas sem o contexto e no instrumento que testava o
conhecimento prévio do léxico, para todos os níveis de proficiência. Por conseguinte,
podemos supor que o leitor domina razoavelmente o léxico que compõe as metáforas -a média
de acertos do léxico foi de 60,0 sobre 73,0 (Ver Tabela 6)- e consegue acessar a metáfora
conceptual sem se apoiar no contexto, pois houve um alto índice de acertos, na opção do
instrumento sem o contexto (Instrumento 1 do Anexo 1) diretamente associada à metáfora
conceptual subjacente. Evidentemente tal correlação não garante que esse leitor de LE possua
o domínio de um nível limiar que facilite a inferência do vocabulário (SCARAMUCCI, 1997)
para a construção do sentido do texto, embora, no caso do presente estudo, os resultados do
teste do léxico apontem que os participantes tinham um bom domínio do léxico, indicado pela
média (Ver Tabela 7 com as estatísticas descritivas gerais).
Somente um estudo mais aprofundado das inferências relacionadas com cada metáfora
conceptual (cf. SEMINO, 2004) possibilitará dispor de maiores evidências sobre como o
leitor acessa a metáfora conceptual ao ler expressões metafóricas na ngua estrangeira.
31
Entretanto, podemos inferir que o leitor domina parcialmente o léxico que compõe as
metáforas e consegue acessar a metáfora conceptual sem acessar o contexto, mas sim
apoiando-se na sua experiência corpórea (GIBBS, 2006) para compreender o significado
metafórico, já que se registrou um alto índice de acertos na opção do instrumento de coleta de
dados diretamente associada à Metáfora Conceptual subjacente à respectiva metáfora
lingüística.
31
Gibbs e Ferreira estão com um estudo em andamento que busca verificar se os participantes possuem intuições
precisas acerca das distinções entre os tipos de inferências e a sua relação com a expressão metafórica.
Os dados resultantes da pesquisa empírica representam evidências que corroboram a
hipótese de que existe um padrão universal na estruturação de conceitos abstratos qumacilita
au compreensão de metá7oras em línguau estrangeira, segundo o qual o leitor é capaz d4(m)-2.462u
compreender metáforas lingüísticas independentemente do contexto, pois a variável cntetou
(C), conforme os dados, não exerceu uma in7luência significativa na compreensã dasu
expressões metafóricas nesse estudo, exceto no nível intermediário-superior (Uppe-
Intermediate). Tal resultado contradiz as conclusões do estudo de Kecskes (2001) qumreeou
que pistas contextuais parecem ter prioridade sobre a saliência no processamento dmL2 (Ver
discussão na seção 1.6), i.e. segundo Kecskes os 7alantes não-nativos, como é o caso dos
aprendizes de LE na presente tese, aseiam-se no co ntexto lingüístico para a compreensã de
L2. Como vimos, tal resultado de Kecskes o pode ser generalizado. Seria reeante
investigar por que o contexto só influenciou a compreensão no nível Upper-Intermediate
É interessante notar que nas entrevistas para validação dos instruentos de cleade
dados com os falantes nativos de inglês no Brasil (Ver seção 2.3.3), três dos entreistaosu
haviam apontado dificuldades para compreender a expressão (5) he most recent season of
corporate financial manipulations has as its latests storms, mesmo lendo-a com o cnteto.
Quando questionados sobre o motivo das dificuldaes de compreensão, um dos entreistaos
atribuiu a referência a nomes de empresas e a faos econômicos desconhecidos, i.e pista
contextuais desconhecidas pelo leitor de origem australiana. Tal dificuldade também aparec
nos resultados dos testes com os alantes nativos d e inglês (Ver seção 3.2), pois a epresã
(5) …the most recent season of corporate financial manipulations has as its latests storms 7oi
julgada com 3,8 (sobre 7) no questionário sobre a compreensão (Questionário 1).
Contrastando esses resultados com os da pesquisa c m o WebCorp, podemos constatar qu4(m)-2.462uta
expressão é pouco usada e só gerou 5 concordâncias com uso meta7órico. Portato, seu
tivéssemosuutilizado o WmbCorp para examinar a 7reqüência de ocrrência dessa expresã,
certamente auexpressão (5) teria sido excluída dos instrumentos. Há 7ortes evidências dequ4(m)-2.462uo
significado técnico das expressões (2) Sommbody plans to bump it up e (5) …he most rect
season of corporate financial manipulations has as its latests storms 7oi um 7ator aicional
que interferiu na compreensão do significado mea7órico das duas expressões. Enim, tas
resultados não corroboram, portanto, a hipótese 2 de que a ocorrência de meá7ora
conceptuais semelhantes na LE e em português promove a compreensão da metá7orapeo
leitor brasileiro, mesmo quando a metá7ora lingüística 7or diferente na LE, como éo caso
dessas duas expressões.
A comparação dos resultados do estudo sobre a compreensão das metáforas feito com
falantes nativos de inglês (Veja seção 3.2),0.295585(.)-0.146.295187())2.80439f0.99941 0 0 1 120.48 746187())2.8043946571(2)-0.29574(e)3.7585(o)-10.3015( )-40..459585(o)-11765( )-40..45146571(2)-0.295185( )-40..451(c)-6.26567(o)-0.295585146571(2)-0.29518(m)-2.4599.225(i)-2.16558(n)-0.295u.295585(.)-0.146.29518u-0.295585(s)-1.2312(ã)0.146.295180.225(n)-0.295
Um fator que teve sérias implicações para os resultados da pesquisa foi a constatação
de que as expressões metafóricas utilizadas nos instrumentos de coleta de dados são metáforas
novas, i.e. metáforas criativas de uso raro. Embora tenha sido realizado um estudo empírico
com falantes nativos de inglês para se examinar o grau de convencionalidade e familiaridade
das dez expressões metafóricas utilizadas nos instrumentos, os resultados apontaram que,
segundo a intuição dos participantes, tais expressões são comuns (os informantes julgaram as
dez expressões com valores de 3,6 a 6,8 numa escalaes es de u p r7955as esepr d39(u)-0.2955v-2.46239( )-210.271(q-0.295585()-1.22997( )-210.272(ug(a)3.74244(r)2.80439(i)-2.16436(d.74(s)-118755585(t)-2.1643-40.1702(a9)-2.)244(,)-10.1525( )250]TJ-257.792 -20.64 Td[(s)-1.22997(e)3.74(g)9.71093(u)-0.294974(n)-0.2v)-0.295-0.295585( )-40.1714(d)-0.v)-0.295saâ(g)]TJtra-0.295585( )-40.1714(d)-0.v aloum m ltad iDf0.956J-244.706(i )-15037-0.146571(8)(l)-2.1-0..29558(r)2.80439(o)n888aaroor i,umenare utrrmaoenas uti(t)-2.16436(a)3.74244()-2.16436(-2.16436(d4(n)-0.2955i)-2.16436(d)-0.293142(a)3.74244(d69439()346(s)-11.238 -20.64 Td)-0.147792( )-90.2009(m)-2.4599550]TJ-250.2285(a)3.22997(é)3.74(r)2.8056110)-0.795585(a)3.74(s)-1.2312( )(a)3.74122(t)-2.16558(i)-2.16558(10)-0.795585(a)3.74(s)-1.2312( )3.74(r)2.8056110 a -2.45920439(a)]TJ210.85(a)36834.824 0 Td[(t)-2.16436(r)2.80439(u)-0.295585(m)-2560.1832(f)2.8056(a)3.74(d)-010s 585(a)3.74( )-60.182(p)-0.295585(e)3.74(s)-1.2312(q)-0.295585(u)-0.29558182(p)-0.295585.295585(s)-1.21643-0.146571(8)6436(i)-2.1643.231267.1184(a)3.74(l)--3.74(r)-7.20( )-40.1702(-)-0.6()-0( )-50.1761(e)3.74(x)-10.3(a)]TJ250.228 0 Td[( )-90.19d85(e)3.74(s)-1 u(-)-0.6(51(m)-2.45995(a)3.74(n)-0.29s)-1.2312(,)--2.1643695(i)-2.164361u585(e)3.74(s)-1.22997( )-150.2 eco4()-2.16436(-)3.74244(010)-0.6()-0ad67.1184244(,)-10.158 -20.64 Td m
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2. http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
3.http://blogs.guardian.co.uk/news/archives/us_elections/2004/10/if_wolves_could_sue.html#
more
4. International Herald Tribune, October 9-10, 2004, p.19
5. http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html
6. International Herald Tribune, October 9-10, 2004, p.85
7. International Herald Tribune, October 9-10, 2004, p.14
8. International Herald Tribune, October 9-10, 2004, p.15
9. International Herald Tribune, October 9-10, 2004, p.15
10. http://www.findarticles.com/p/articles/mi_m0BEK/is_4_11/ai_100572260
New York Times
http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html?ex=1149652800een=7a7ab297b
611df58eei=5070
11. The Economist, 29.03.2003
Anexo 1 – QUESTIONÁRIO ESTUDO EMPÍRICO COM APRENDIZES DE LE
CONSENTIMENTO INFORMADO
Por favor, leia o parágrafo a seguir e assine na linha abaixo, indicando que você entende a
natureza desta pesquisa e que você consente em participar da mesma.
Sua participação neste estudo é voluntária.
Nesta pesquisa, você irá realizar seis tipos de tarefas. A primeira consiste em uma medição
de proficiência da língua inglesa, a segunda de uma tarefa com o vocabulário que aparece nas
frases, a terceira, a quarta e a quinta consistirão da leitura de dez expressões descontextualizadas e
contextualizadas em língua inglesa. A quarta será uma tarefa de conteúdo o relacionado à língua
inglesa para fins de pausa. O objetivo desse estudo é analisar a compreensão em leitura em língua
estrangeira por aprendizes falantes do português brasileiro. Vale salientar, ainda, que este não é um
teste de inteligência, mas sim um instrumento de avaliação de determinadas estratégias que
aprendizes do inglês desenvolvem durante o processo de aprendizagem dessa língua. Além disso, o
estudo não envolve risco nenhum. Todos os resultados coletados durante sua participação serão
codificados com um número de identificação, ou seja, seu nome não será divulgado.
Eu li e compreendi a informação acima a respeito desta pesquisa e concordo em participar,
assim como autorizo a reprodução das minhas respostas a esses instrumentos com a condição de
ser mantida a não-identificação de autoria.
___________________________ _______________________________ __________
Nome Assinatura Data
ENTREVISTA
Por favor, responda às seguintes questões:
a) Idade: ___________ Sexo: __________
b) Grau de escolaridade: ( ) 2o grau ( ) 3o grau incompleto ( ) 3o grau completo
( ) pós-graduação
c) Sua língua materna (ou seja, todas as línguas que você falava antes dos seis anos de idade):
__________________________________________________
d) Você fala outras línguas além do inglês?__________ Quais?______________________
e) Com que idade você começou a estudar inglês? ___________________
f) Se você fosse somar todos os períodos em que estudou a língua inglesa, qual seria o tempo total de
estudo formal (escola, cursinho, intercâmbio, etc.) da língua inglesa?_____ ano(s) e ____________
mês(es).
g) Você teve um tempo de permanência em algum país de língua inglesa superior a 15 dias?
___________ Qual?____________ Por quanto tempo?____________________
h) Com que freqüência você lê inglês?
1) diariamente ( ) 2) freqüentemente ( ) 3) só em aula 4) raramente ( )
Muito obrigada pela sua participação!
TAREFA DE VOCABULÁRIO
Classifique a resposta correta de acordo a seguinte escala de 1 a 3. Marque com um X.
Se você marcar 3, dê a sua interpretação.
1. Nunca vi essa(s) expressão (s) antes.
2. Essa(s) expressão(ões) existe(m), mas não sei o que quer(em) dizer
3. Conheço essa(s) expressão(ões). Eu sei o que quer(em) dizer.
sneak into 1 2 3 Se 3, significa:________________________
heart 1 2 3 Se 3, significa:________________________
boil 1 2 3 Se 3, significa:________________________
subzero 1 2 3 Se 3, significa:________________________
dark 1 2 3 Se 3, significa:________________________
forest 1 2 3 Se 3, significa:________________________
night 1 2 3 Se 3, significa:________________________
closing in 1 2 3 Se 3, significa:________________________
pack 1 2 3 Se 3, significa:________________________
vicious 1 2 3 Se 3, significa:________________________
hungry 1 2 3 Se 3, significa:________________________
wolves 1 2 3 Se 3, significa:________________________
get a pound 1 2 3 Se 3, significa:________________________
flesh 1 2 3 Se 3, significa:________________________
human beings 1 2 3 Se 3, significa:________________________
storms 1 2 3 Se 3, significa:________________________
explode onto 1 2 3 Se 3, significa:________________________
radar 1 2 3 Se 3, significa:________________________
quick 1 2 3 Se 3, significa:________________________
rotation 1 2 3 Se 3, significa:________________________
at the edge 1 2 3 Se 3, significa:________________________
bumping up to 1 2 3 Se 3, significa:________________________
keys 1 2 3 Se 3, significa:________________________
kingdom 1 2 3 Se 3, significa:________________________
INSTRUMENTO 1 Nome:__________________________
I - O que o autor quis dizer usando a expressão em itálico? Marque a alternativa que
melhor corresponde ao sentido da expressão.
1. It is all about getting a pound of flesh from them.
getting a pound of flesh from human beings significa aqui:
(a) levar vantagem prejudicando os outros
(b) dar uma mordida em um bolinho
(c) ganhar algumas moedas de alguém
(d) Não sei
2. Somebody plans to bump it up.
bump up to significa aqui:
(a) aumentar
(b) gerar
(c) estourar
(d) Não sei
3. Somebody was trading the keys to the kingdom.
the keys to the kingdom significa aqui:
(a) a derrota
(b) o segredo
(c) o pedido
(d) Não sei
4. You are in the middle of a dark forest.
dark forest significa aqui:
(a) o prazer
(b) a segurança
(c) o perigo
(d) Não sei
5. It has as its latests storms the likes of the companies.
Storms significa aqui:
(a) agitações
(b) exemplos
(c) soluções
(d) Não sei
6. The temperature went from boiling to subzero.
The temperature went from boiling to subzero significa aqui:
(a) a situação ficou boa
(b) a situação se estabilizou
(c) a situação mudou rápido
(d) Não sei
7. I was at the edge of my limit.
at the edge of my limit significa aqui:
(a) atingindo a tolerância máxima
(b) ficando ocupado
(c) obtendo a velocidade máxima
(d) Não sei
8. Somebody has managed to sneak into their hearts.
sneak into the hearts significa aqui:
(a) implorar pela atenção
(b) conquistar um lugar importante
(c) chegar a um degrau no alto
(d) Não sei
9. It doesn´t often explode onto the radar.
explode onto the radar significa aqui:
(a) vão se acumulando
(b) aparecem de repente
(c) começam a desaparecer
(d) Não sei
10. It disappeared two months later in quick rotation.
in quick rotation significa aqui:
(a) num evento
(b) aos poucos
(c) rapidamente
(d) Não sei
Nome:__________________________
Instrumento 2 - O que o autor quis dizer usando a expressão em itálico? Marque a
alternativa que melhor corresponde ao sentido da expressão.
1 - Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by
some measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of
Hollinger and Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea. Only a
forecaster blind to the extension of well established trends would blithely project a
marketplace equivalent of endless and uninterrupted sunshine.
(Int. Herald Tribune, 9-
10,2004: 19)
Storms significa aqui:
(a) soluções
(b) exemplos
(c) agitações
(d) Não sei
2. So does that mean there´s nowhere new to go? No, it just means that there aren´t
many new places. Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris
don´t often explode onto the radar and disappear two months later in quick rotation.
Guesdon from the Hotel Costes hazards a guess that “Oh, maybe it´s a Latin thing.
Maybe something opens every six months but not that many.”
(Int. Herald Tribune, 9-
10,2004: 14)
explode onto the radar significa aqui:
(a) começam a desaparecer
(b) vão se acumulando
(c) aparecem de repente
(d) Não sei
3. Not to be outdone by Googles´recent bold e-mail offering, yahoo says that it plans
to dramatically raise the storage limit given to its free e-mail users while at the same
time bumping its premium subscribers up to a "virtually unlimited" capacity.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
bumping up to significa aqui:
(a) estourar
(b) aumentar
(c) gerar
(d) Não sei
4. The career of Druyun, once the most powerful woman in the U.S. Air Force, of
course, is over. Last week, she was sentenced to nine months in prison for having
steered billions of dollars in air force contracts for four critical weapons systems to
Boeing and for having overpaid the company as well. [...] “This is just awful,” said
Richard Aboullafia, [...].”She was trading the keys to the kingdom.”
(Int. Herald Tribune,
9-10,2004: 16)
the keys to the kingdom significa aqui:
(a) o segredo
(b) o pedido
(c) a derrota
(d) Não sei
5. One of Lagerfeld´s other haunts, the Café de Flore, is another example of a well-
frequented location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion
elite and stay there. That elite knows that sitting inside the café, not on the terrasse,
is the best place to see the people you really need to see.
(Int. Herald Tribune, 9-10,2004:
14)
sneak into the hearts significa aqui:
(a) chegar a um degrau no alto
(b) conquistar um lugar importante
(c) implorar pela atenção
(d) Não sei
6.. But then the fantasized ideal began to crack. When Mr. McAllister went to a
casting call for a commercial for the left-leaning group MoveOn.org and got a part,
his girlfriend was dismayed. "Having a spirited debate is one thing, but being part of a
political machine that opposes her candidate is another," he said.She broke their next
date, and soon the relationship ended. "The temperature went from boiling to
subzero after I did something to get people to support my candidate," Mr. McAllister
said.For most couples with differing political views, constant fighting is no way to live.
http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html
The temperature went from boiling to subzero significa aqui:
(a) a situação mudou rápido
(b) a situação ficou boa
(c) a situação se estabilizou
(d) Não sei
7. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious,
hungry wolves wandering back and forth in front of you, taking your measure. This is
where the Bush administration wants you to see yourself, in an ad titled Wolves (US
users only) running in battleground states. [...] But it’s not Kerry’s campaign that
seems most offended by the crass attack. It’s the wolves. The International Wolf
Centre in Minnesota claims the ad amounts to a character slur on wolf populations,
which have been under threat for some time now.
http://blogs.guardian.co.uk/news/archives/us_elections/2004/10/if_wolves_could_sue.html#more
dark forest significa aqui:
(a) a segurança
(b) o perigo
(c) o prazer
(d) Não sei
8. London resident Rob Cave uses Yahoo´s free service for his main e-mail account
and says that he is very happy about the extra space.
"A hundred megabytes is absolutely fantastic because I was bumping at the edge of
my limit and there´s a lot of e-mail I don´t want to download," he says.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
at the edge of my limit significa aqui:
(a) obtendo a velocidade máxima
(b) ficando ocupado
(c) atingindo a tolerância máxima
(d) Não sei
9. 'It is all about getting a pound of flesh from human beings. Businesses are all
about profit and people feel much more stressed because of that. Years ago, most
big organisations would have a social club, a football team, a pipe band. But that has
all stopped. It is just work, work, work and no play.'
http://society.guardian.co.uk/mentalhealth/story/0,8150,1340852,00.html
getting a pound of flesh from human beings significa aqui:
(a) ganhar algumas moedas de alguém
(b) levar vantagem prejudicando os outros
(c) dar uma mordida em um bolinho
(d) Não sei
10. So does that mean there´s nowhere new to go? No, it just means that there
aren´t many new places. Unlike cities like New York and London, hot new places in
Paris don´t often explode onto the radar and disappear two months later in quick
rotation. Guesdon from the Hotel Costes hazards a guess that “Oh, maybe it´s a
Latin thing. Maybe something opens every six months but not that many.”
(Int. Herald
Tribune, 9-10,2004: 14)
in quick rotation significa aqui:
(a) rapidamente
(b) aos poucos
(c) num evento
(d) Não sei
Anexo 2 – DADOS FINAIS DA AMOSTRAGEM
Suj
eito
Ida
de
Temp
o de
estudo
Exposição Vivência Acertos
TOEIC
Reading
%
Nível leitura
acerto
Instr.1
acerto
Instr.2
Tarefa
de
vocabulá
rio
015 23 4 1 N 81 U 8 10 67
016 20 5,5 2 N 79 U 10 5 59
017 20 9,5 2 N 72 I 7 9 56
019 26 15 2 N 61 I 8 8 55
023 20 6 2 N 80 U 7 9 56
025 21 6 3 N 71 I 7 10 58
106 24 10 2 N 57 I 8 9 66
107 27 5,5 3 N 84 U 10 10 66
109 21 7 2 N 62 I 8 9 59
110 36 10 1 N 85 U 10 10 63
112 21 6 3 N 56 I 6 7 60
114 25 10 2 N 60 I 8 10 64
117 24 8 2 N 64 I 7 5 58
118 20 7 2 N 72 I 9 8 51
119 21 8 3 N 66 I 8 9 54
120 21 13 2 N 67 I 7 7 63
121 21 8 1 N 66 I 8 9 57
125 18 10,5 1 N 84 U 9 10 67
127 20 9 2 N 82 U 8 9 63
128 19 9 2 N 69 I 8 8 69
132 19 8 3 N 83 U 8 9 63
134 23 5 2 N 56 I 5 8 61
135 23 4 2 N 57 I 8 7 64
136 23 7 3 N 51 PI 8 7 62
137 23 2 2 N 75 U 6 7 65
138 22 10 2 N 59 I 5 9 60
139 20 7 2 N 78 U 9 8 70
140 23 4 2 N 82 U 10 10 71
141 21 8 3 N 76 U 9 9 73
143 23 10 3 N 64 I 8 9 61
144 20 9 2 N 69 I 8 7 60
145 21 6 3 N 79 U 5 10 56
146 29 15 2 N 77 U 8 8 64
147 19 8 3 N 79 U 9 9 65
148 31 3,5 3 N 77 U 7 10 67
150 23 11 2 N 84 U 7 7 58
156 28 10 1 S 2
meses
84 U 7 7 66
157 25 16 1 N 85 U 9 10 72
161 23 12 2 N 85 U 8 7 63
162 24 9 2 N 82 U 9 7 68
163 25 15 1 S 20 dias 85 U 9 9 68
165 21 9 3 N 80 U 8 8 66
166 26 8 1 N 63 I 9 10 57
167 20 12 2 N 74 U 9 7 66
168 22 2,5 1 N 76 U 8 9 56
169 20 8 2 N 79 U 8 8 69
170 24 11 2 N 68 I 7 9 73
172 20 7 2 N 84 U 8 8 66
174 22 8 2 N 77 U 6 9 69
176 24 14 1 N 60 I 8 8 54
180 20 6 2 N 82 U 6 8 60
181 22 7 1 N 84 U 8 6 65
182 27 5 2 N 14 dias 84 U 8 8 70
183 33 7 3 N 65 I 9 7 59
184 22 7 2 N 69 I 9 8 59
185 21 11 1 S 1 mês 82 U 7 8 70
186 25 15 2 N 67 I 6 10 64
190 38 2 3 N 69 I 5 10 63
191 22 5 1 N 58 I 6 8 64
192 25 9 2 N 70 I 8 9 64
220 22 3 3 N 47 PI 5 8 50
229 20 8 2 N 41 PI 5 3 65
230 29 1,5 4 N 43 PI 5 3 57
231 19 7 2 N 48 PI 8 7 54
232 20 11 1 N 51 PI 6 3 54
233 18 6 1 N 64 I 5 8 59
234 50 3 2 N 50 PI 7 7 61
235 31 7,5 3 N 66 I 6 9 65
236 43 2 3 N 72 I 7 9 56
237 30 6 2 S 4 m 71 I 6 7 56
238 16 6,5 2 N 84 U 9 5 69
271 19 5 2 N 64 I 9 8 66
272 22 4 2 N 70 I 9 10 60
282 18 3,5 1 N 72 I 8 9 65
291 20 3 1 N 66 I 9 10 69
292 20 2,5 2 N 55 I 8 8 55
293 18 7 1 N 54 I 8 2 58
295 26 0,5 3 N 37 PI 6 4 55
297 23 3 2 N 46 PI 9 10 56
298 21 7 3 N 53 I 8 9 61
299 18 7,5 1 N 47 PI 9 10 57
300 21 3,5 1 N 41 PI 8 6 59
303 19 5 2 N 73 U 9 10 67
322 17 7 2 N 44 PI 4 5 55
002 18 0,5 1 N 45 PI 7 7 64
005 18 8 2 N 58 I 7 8 58
006 25 9 1 N 55 I 6 3 54
007 30 6 1 N 46 PI. 9 9 64
009 17 1 4 N 36 PI 6 6 50
013 23 7 1 N 83 U 8 8 63
014 17 7 1 N 77 U 9 9 66
026 22 4 2 N 37 PI 5 5 54
028 21 10 2 N 49 PI 6 7 41
030 28 7 3 N 43 PI 5 4 42
031 23 4 3 N 36 PI 7 8 59
032 21 10 2 N 40 PI 7 7 45
033 20 3 2 N 36 PI 6 8 52
035 18 7 2 N 38 PI 8 4 52
037 35 10 2 N 75 U 9 6 66
039 19 7,5 1 N 55 I 9 9 62
042 21 6 3 N 36 PI 9 9 41
043 22 7 2 N 38 PI 6 3 55
044 24 1,5 1 S 1a 4m 75 U 5 6 59
045 22 5 3 N 45 PI 9 9 51
046 20 10 2 N 53 I 8 4 55
049 23 4 1 N 63 I 8 9 57
050 22 8 4 N 55 I 8 7 54
051 21 4,5 3 N 47 PI 8 10 54
068 23 9 1 S-13 m 84 U 9 9 66
069 31 19 1 N 73 U 5 7 58
072 42 25 1 S 1 m 86 U 9 7 68
073 26 15 1 S 1 m 81 U 7 9 68
083 23 10 2 N 70 I 7 9 60
084 28 8 4 N 47 PI 7 7 62
085 23 12 2 N 68 I 8 8 61
086 28 2 2 N 43 PI 8 7 61
087 19 6 2 N 70 I 8 10 54
088 19 6 2 N 50 PI 9 8 51
090 19 2,5 2 N 38 PI 6 7 53
091 19 9 3 N 38 PI 1 7 40
092 22 9 2 N 39 PI 8 5 53
093 20 6 2 S 4 m 54 I 7 7 62
094 21 9 1 N 67 I 7 7 52
095 24 3,5 2 N 41 PI 4 3 46
195 35 6 1 S- 3 a 85 U 7 8 63
196 26 16 4 S- 1 a 59 I 6 8 61
197 30 19 2 N 60 I 7 8 60
199 22 9 1 S-2 m 82 U 9 8 68
200 27 14 1 S-10 m 85 U 3 8 64
201 24 7 3 S-3 m 78 U 5 5 56
223 27 13 2 N 70 I 5 5 61
226 31 5 2 N 46 PI 5 7 67
202 35 14 1 S- 1 m 81 U 8 9 62
203 24 7 1 N 82 U 8 7 65
204 37 20 1 N 76 U 7 8 65
205 24 13 1 N 79 U 7 9 64
207 48 13 1 S - 3 a 85 U 8 8 69
211 34 9 2 N 53 I 6 8 57
212 25 12 2 N 81 U 7 9 62
214 43 7 3 N 63 I 9 7 66
215 26 8 2 S - 1 m 84 U 6 6 58
216 33 8 2 N 58 I 4 4 60
217 22 7 2 N 49 PI 5 6 57
218 25 9 2 N 69 I 5 6 50
261 23 4 2 N 54 I 6 8 63
262 31 14 2 N 40 PI 8 6 58
264 25 6 2 S - 1 m 62 I 9 8 63
267 23 12 2 N 63 I 9 8 57
268 28 17 2 N 42 PI 7 10 61
269 19 5 3 N 42 PI 8 8 51
285 67 16 2 S – 1
mês
65 I 10 8 66
286 24 5 2 N 67 I 8 5 63
287 40 10 2 N 66 I 9 9 59
289 28 10,5 2 N 70 I 10 7 69
336 25 7 2 N 82 U 9 9 63
337 38 4 1 S - 1 mês 71 I 9 8 71
339 35 3 3 N 60 I 7 7 61
340 33 22 2 N 44 PI 5 6 30
342 20 5 2 N-15 dias 49 PI 5 8 56
343 20 7 3 N 43 PI 3 8 64
344 21 10 1 N 73 U 5 7 69
345 19 5 2 N 53 I 8 9 54
346 30 5 2 N 41 PI 9 9 56
348 20 11 1 N 66 I 9 6 62
053 20 2 2 N 39 PI 9 8 51
055 31 4 3 N 42 PI 7 9 63
060 21 4 3 N 38 PI 7 5 42
061 23 17 1 N 53 I 8 9 62
065 25 3,5 1 N 42 PI 5 8 54
308 27 5 1 N 69 I 10 7 65
310 18 4 2 N 77 U 8 9 66
311 19 9 1 N 81 U 9 9 66
239 27 12,5 2 N 47 PI 8 6 57
240 29 5 2 N 44 PI 6 7 59
241 24 0,5 3 N 44 PI 5 3 42
242 18 6,5 2 N 54 I 9 9 56
243 27 8 3 N 40 PI 6 3 55
244 20 6 2 N 56 I 9 9 63
245 24 5 3 N 48 PI 7 8 58
313 24 5 2 N 42 PI 8 6 56
314 19 6 3 N 40 PI 4 5 49
320 26 4 2 N 47 PI 3 4 47
315 24 5 3 N 40 PI 7 4 54
316 32 3 3 S 1,5 a 43 PI 9 9 61
317 24 7 1 N 44 PI 6 8 48
318 38 8 3 N 51 PI 8 8 53
319 41 6 1 S 1 m 64 I 8 8 58
350 25 6 3 N 48 PI 7 4 48
077 38 2 2 N 60 I 7 8 58
078 22 10 2 N 68 I 9 9 61
079 21 6 1 N 74 U 7 7 55
080 21 11 1 N 71 I 7 7 52
081 26 7 1 N 69 I 10 7 61
082 40 25 1 N 84 U 8 8 56
248 24 11 1 N 63 I 7 5 62
258 27 16 3 N 71 U 7 9 54
259 25 10 1 S 0,5 a 85 U 7 8 61
326 23 10 1 N 68 I 7 7 60
328 24 17 1 N 60 I 8 10 61
334 59 8 2 S 1 m 75 U 7 9 66
Anexo 3 - QUESTIONÁRIO DO ESTUDO EMPÍRICO COM FALANTES NATIVOS
DE INGLÊS - UCSC
Please rate each item on a 1 to 7 scale to answer if you understand what those utterances
mean from (1=not at all) well to (7= very) well. Write down the number reflecting this (1-7) in
the column on the right of the sentences.
1 ---------- 2 ----------- 3 ------------ 4 ----------- 5 ---------- 6 ----------- 7
| | |
Not at all well very
well well
HOW WELL DO YOU UNDERSTAND WHAT EACH EXPRESSION
MEANS?
Rate from
1 to 7
1)
To get a pound of flesh from human beings
.
2)
To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited
capacity.
3)
To trade the keys to the kingdom.
4)
You are in the middle of a dark forest.
5) …
the most recent season of corporate financial manipulations has
as its latests storms.
6)
The temperature went from boiling to subzero
7)
I was at the edge of my limit.
8) It
has managed to sneak into their hearts.
9) It
exploded onto the radar
10) It disappeared later in quick rotation.
Please rate each item on a 1 to 7 scale of how common each expression is: from the least
(1=not at all) common to the most (7= very) common. Write down the number reflecting this
(1-7) in the column on the right of the sentences.
1 ---------- 2 ----------- 3 ------------ 4 ----------- 5 ---------- 6 ----------- 7
| | |
Not at all common very
common common
HOW COMMON ARE THESE EXPRESSIONS?
Rate from
1 to 7
1)
To get a pound of flesh from human beings
.
2)
To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited
capacity.
3)
To trade the keys to the kingdom.
4)
You are in the middle of a dark forest.
5) …
the most recent season of corporate financial manipulations has
as its latests storms.
6)
The temperature went from boiling to subzero
7)
I was at the edge of my limit.
8) It
has managed to sneak into their hearts.
9) It
exploded onto the radar
10) It disappeared later in quick rotation.
Please rate each item on a 1 to 7 scale of how frequent each expression is: from (1)
infrequently to (7= very) frequently. Write down the number reflecting this (1-7) in the column
on the right of the sentences.
1 ---------- 2 ----------- 3 ------------ 4 ----------- 5 ---------- 6 ----------- 7
| | |
infrequently frequently very
frequently
HOW LIKELY ARE YOU TO EVER SAY EACH EXPRESSION?
Rate from
1 to 7
1)
To get a pound of flesh from human beings
.
2)
To bump its premium subscribers up to a virtually unlimited
capacity.
3)
To trade the keys to the kingdom.
4)
You are in the middle of a dark forest.
5) …
the most recent season of corporate financial manipulations has
as its latests storms.
6)
The temperature went from boiling to subzero
7)
I was at the edge of my limit.
8) It
has managed to sneak into their hearts.
9) It
exploded onto the radar
10) It disappeared later in quick rotation.
Anexo 4
-
Piloto 7
TESTE DO LÉXICO (Adaptado de Scaramucci, 1995)
Classifique a resposta correta de acordo a seguinte escala de 1 a 3. Marque com um X.
1. Nunca vi essa(s) palavra (s) antes.
2. Essa(s) palavra(s) existe(m), mas não sei o que quer(em) dizer
3. Conheço essa(s) palavra(s). Eu sei o que quer(em) dizer.
sneak into 1 2 3
heart 1 2 3
boil 1 2 3
subzero 1 2 3
dark 1 2 3
forest 1 2 3
night 1 2 3
closing in 1 2 3
pack 1 2 3
vicious 1 2 3
hungry 1 2 3
wolves 1 2 3
get a pound 1 2 3
flesh 1 2 3
human beings 1 2 3
storms 1 2 3
explode onto 1 2 3
radar 1 2 3
quick 1 2 3
rotation 1 2 3
at the edge 1 2 3
bumping up to 1 2 3
keys 1 2 3
kingdom 1 2 3
INSTRUMENTO 1 Nome:__________________________
I - O que o autor quis dizer usando a metáfora em itálico? Marque a alternativa correta.
1. It is all about getting a pound of flesh from human beings.
getting a pound of flesh from human beings significa aqui:
(a) levar vantagem prejudicando os outros
(b) dar uma mordida
(c) ganhar algumas libras de alguém
(d) Não sei
2. X plans to bump its premium subscribers up to a "virtually unlimited" capacity.
bump up to significa aqui:
(a) aumentar até
(b) gerar até
(c) derrubar
(d) Não sei
3. She was trading the keys to the kingdom.
the keys to the kingdom significa aqui:
(a) o poder
(b) o acesso para a fonte de dinheiro
(c) a falência
(d) Não sei
4. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry
wolves wandering back and forth in front of you.
dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves significa aqui:
(a) um lugar agradável
(b) o perigo
(c) a segurança
(d) Não sei
5. [...], the most recent season of corporate financial manipulations, [...] has as its latests
storms the likes of X and Y in North America and Z in South Korea.
Storms significa aqui:
(a) desastres
(b) batidas
(c) tornados
(d) Não sei
6. The temperature went from boiling to subzero after I did something.
The temperature went from boiling to subzero significa aqui:
(a) o clima ficou fervendo
(b) o clima estabilizou
(c) o clima piorou
(d) Não sei
7. I was at the edge of my limit.
at the edge of my limit significa aqui:
(a) atingindo a minha capacidade máxima
(b) congestionado
(c) batendo na borda
(d) Não sei
8. The location has managed to sneak into the hearts of the elite.
sneak into the hearts significa aqui:
(a) impor-se
(b) conquistar um lugar importante
(c) escalar um degrau
(d) Não sei
9/ 10. New places in Paris don´t often suddenly explode onto the radar (9) and disppear
two months later in quick rotation (10).
explode onto the radar (9) significa aqui:
(a) surgem
(b) aparecem de repente
(c) desaparecem
(d) Não sei
in quick rotation (10) significa aqui:
(a) num evento
(b) num vai e vem
(c) rapidamente
(d) Não sei
Nome:__________________________
Instrumento 2 - O que o autor quis dizer usando a metáfora em itálico? Marque a
alternativa correta.
1 - Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by some
measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of Hollinger
and Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea. Only a forecaster blind to
the extension of well established trends would blithely project a marketplace equivalent
of endless and uninterrupted sunshine. (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 19)
Storms significa aqui:
(a) tornados
(b) batidas
(c) desastres
(d) Não sei
2/ 3. So does that mean there´s nowhere new to go? No, it just means that there aren´t
many new places. Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris don´t
often suddenly explode onto the radar (2) and disppear two months later in quick rotation
(3). Guesdon from the Hotel Costes hazards a guess that “Oh, maybe it´s a Latin thing.
Maybe something opens every six months but not that many.” (Int. Herald Tribune, 9-
10,2004: 14)
explode onto the radar (2) significa aqui:
(a) desaparecem
(b) surgem
(c) aparecem de repente
(d) Não sei
in quick rotation (3) significa aqui:
(a) rapidamente
(b) num vai e vem
(c) num evento
(d) Não sei
4. Not to be outdone by Googles´recent bold e-mail offering, yahoo says that it plans to
dramatically raise the storage limit given to its free e-mail users while at the same time
bumping its premium subscribers up to a "virtually unlimited" capacity.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
bumping up to significa aqui:
(a) derrubar
(b) aumentar até
(c) gerar
(d) Não sei
5. The career of Druyun, once the most powerful woman in the U.S. Air Force, of course,
is over. Last week, she was sentenced to nine months in prison for having steered
billions of dollars in air force contracts for four critical weapons systems to Boeing and for
having overpaid the company as well. [...] “This is just awful,” said Richard Aboullafia,
[...].”She was trading the keys to the kingdom.” (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 16)
the keys to the kingdom significa aqui:
(a) o acesso para a fonte de dinheiro
(b) a falência
(c) o poder
(d) Não sei
6. One of Lagerfeld´s other haunts, the Café de Flore, is another example of a well-
frequented location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion elite
and stay there. That elite knows that sitting inside the café, not on the terrasse, is the
best place to see the people you really need to see. (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 14)
sneak into the hearts significa aqui:
(a) escalar um degrau
(b) conquistar um lugar importante
(c) impor-se
(d) Não sei
7. But then the fantasized ideal began to crack. When Mr. McAllister went to a casting
call for a commercial for the left-leaning group MoveOn.org and got a part, his girlfriend
was dismayed. "Having a spirited debate is one thing, but being part of a political
machine that opposes her candidate is another," he said.She broke their next date, and
soon the relationship ended. "The temperature went from boiling to subzero after I did
something to get people to support my candidate," Mr. McAllister said.For most couples
with differing political views, constant fighting is no way to live.
http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html
The temperature went from boiling to subzero significa aqui:
(a) o clima piorou
(b) o clima ficou fervendo
(c) o clima estabilizou
(d) Não sei
8. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry
wolves wandering back and forth in front of you, taking your measure. This is where the
Bush administration wants you to see yourself, in an ad This is where the Bush
administration wants you to see yourself, in an ad titled Wolves (US users only) running
in battleground states. [...] But it’s not Kerry’s campaign that seems most offended by the
crass attack. It’s the wolves. The International Wolf Centre in Minnesota claims the ad
amounts to a character slur on wolf populations, which have been under threat for some
time now.
http://blogs.guardian.co.uk/news/archives/us_elections/2004/10/if_wolves_could_sue.ht
ml#more
dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves significa aqui:
(a) a segurança
(b) o perigo
(c) um lugar agradável
(d) Não sei
9. London resident Rob Cave uses Yahoo´s free service for his main e-mail account and
says that he is very happy about the extra space.
"A hundred megabytes is absolutely fantastic because I was bumping at the edge of my
limit and there´s a lot of e-mail I don´t want to download," he says.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
at the edge of my limit significa aqui:
(a) batendo na borda
(b) congestionado
(c) atingindo a minha capacidade máxima
(d) Não sei
10. 'It is all about getting a pound of flesh from human beings. Businesses are all about
profit and people feel much more stressed because of that. Years ago, most big
organisations would have a social club, a football team, a pipe band. But that has all
stopped. It is just work, work, work and no play.'
http://society.guardian.co.uk/mentalhealth/story/0,8150,1340852,00.html
getting a pound of flesh from human beings significa aqui:
(a) ganhar algumas libras de alguém
(b) levar vantagem prejudicando os outros
(c) dar uma mordida
(d) Não sei
Piloto 6
10. TAM, Brazil's No. 2 airline, has fared better at keeping debt down, but fuel and
operational costs are soaring while travel--and the value of Brazil's currency--are down.
For Brazilian carriers, as well as airlines around the globe, the specter of a war in Iraq
also bodes ill. Fighting in the 1991 Gulf War lasted just more than a month but caused
international air travel to drop 40%. U.S. carrier East ern Airlines, which operated from
Miami, died during the six months it took to turn the trend around.
Other Latin American carriers, most notably Colombia's Aces and Avianca, have jumped
on the merger bandwagon. But the VarigTam effort would be the most monumental to
date, creating a monster carrier with a fleet of more than 200 jets and annual revenues
exceeding $4 billion.
http://www.findarticles.com/p/articles/mi_m0BEK/is_4_11/ai_100572260
have jumped on the merger bandwagon significa aqui:
(a)
(b)
(c) aderiu à fusão
(d) Não sei
ANEXO 5 -
Piloto 5c
INSTRUMENTO 1 Nome:__________________________
I - O que o autor quis dizer usando a metáfora em itálico? Marque a alternativa correta.
2. It is all about getting a pound of flesh from human beings. (The Guardian)
getting a pound of flesh from human beings significa aqui:
(a) levar vantagem prejudicando os outros
(b) dar uma mordida
(c) obter algumas libras de carne humana
(d) Não sei
2. In towns big and small across the country, couples and family members on opposite sides of
the political fence are struggling to maintain amicable relationships. (The New York Times)
on opposite sides of the political fence significa aqui:
(a) dissidentes
(b) com posições políticas distintas
(c) em lados opostos da cerca
(d) Não sei
3. She was trading the keys to the kingdom. (IHT, 10.09.2004: 16)
the keys to the kingdom significa aqui:
(a) as chaves para o reino
(b) o acesso para a fonte de dinheiro
(c) a falência
(d) Não sei
4. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves
wandering back and forth in front of you. (The Guardian)
dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves significa aqui:
(a) uma floresta escura com lobos famintos
(b) o perigo
(c) a segurança
(d) Não sei
5. [...], the most recent season of corporate financial manipulations, [...] has as its latests storms
the likes of Hollinger and Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea. (IHT,
10.09.2004: 19)
Storm significa aqui:
(a) desastre
(b) batida
(c) tempestade
(d) Não sei
6. The temperature went from boiling to subzero after I did something. (The New York Times)
from boiling to subzero significa aqui:
(a) do fervendo para o gelado
(b) estabilizou
(c) piorou
(d) Não sei
7. I was at the edge of my limit. (PCWorld)
at the edge of my limit significa aqui:
(a) atingindo a minha capacidade máxima
(b) caindo fora
(c) batendo na borda
(d) Não sei
8. The location has managed to sneak into the hearts of the elite. (IHT, 10.09.2004:14)
sneak into the hearts significa aqui:
(a) esgueirar-se nos corações
(b) conquistar um lugar importante
(c) escalar um degrau
(d) Não sei
9/ 10. New places in Paris don´t often suddenly explode onto the radar (9) and disppear two
months later in quick rotation (10). (IHT, 10.09.2004: 14)
explode onto the radar (9) significa aqui:
(a) surgem no radar
(b) aparecem de repente
(c) desaparecem
(d) Não sei
in quick rotation (10) significa aqui:
(a) numa rotação rápida
(b) num vai e vem
(c) rapidamente
(d) Não sei
Nome:__________________________
Instrumento 2 - O que o autor quis dizer usando a metáfora em itálico? Marque a alternativa
correta.
1 - Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by some
measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of Hollinger and
Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea. Only a forecaster blind to the extension
of well established trends would blithely project a marketplace equivalent of endless and
uninterrupted sunshine. (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 19)
Storm significa aqui:
(a) tempestade
(b) batida
(c) desastre
(d) Não sei
2/ 3. So does that mean there´s nowhere new to go? No, it just means that there aren´t many
new places. Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris don´t often suddenly
explode onto the radar (2) and disppear two months later in quick rotation (3). Guesdon from the
Hotel Costes hazards a guess that “Oh, maybe it´s a Latin thing. Maybe something opens every
six months but not that many.” (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 14)
explode onto the radar (2) significa aqui:
(a) brotam do nada
(b) surgem no radar
(c) desaparecem
(d) Não sei
in quick rotation (3) significa aqui:
(a) numa rotação rápida
(b) rapidamente
(c) num vai e vem
(d) Não sei
4. In towns big and small across the country, couples and family members on opposite
sides of the political fence are struggling to maintain amicable relationships.
The Mentons imagined how the evening might play out: one gloating and the other
sulking as the returns came in, and their guests caught in the middle or perhaps on the
receiving end of one of Mr. Menton's political lectures. "Somebody will say, `What do you
think?' and I'll launch into a diatribe," he said. "I can't be silenced, and I can't be
convinced." http://www.nytimes.com/pages/fashion/index.html
on opposite sides of the political fence significa aqui:
(a) com posições políticas distintas
(b) dissidentes
(c) em lados opostos da cerca
(d) Não sei
5. The career of Druyun, once the most powerful woman in the U.S. Air Force, of course, is over.
Last week, she was sentenced to nine months in prison for having steered billions of dollars in air
force contracts for four critical weapons systems to Boeing and for having overpaid the company
as well. [...] “This is just awful,” said Richard Aboullafia, [...].”She was trading the keys to the
kingdom.” (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 16)
the keys to the kingdom significa aqui:
(a) o acesso para a fonte de dinheiro
(b) as chaves para o reino
(c) a falência
(d) Não sei
6. One of Lagerfeld´s other haunts, the Café de Flore, is another example of a well-frequented
location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion elite and stay there. That
elite knows that sitting inside the café, not on the terrasse, is the best place to see the people you
really need to see. (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 14)
sneak into the hearts significa aqui:
(a) escalar um degrau
(b) conquistar um lugar importante
(c) esgueirar-se nos corações
(d) Não sei
7. But then the fantasized ideal began to crack. When Mr. McAllister went to a casting
call for a commercial for the left-leaning group MoveOn.org and got a part, his girlfriend
was dismayed. "Having a spirited debate is one thing, but being part of a political
machine that opposes her candidate is another," he said.She broke their next date, and
soon the relationship ended. "The temperature went from boiling to subzero after I did
something to get people to support my candidate," Mr. McAllister said.For most couples
with differing political views, constant fighting is no way to live.
http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html
(a) obter algumas libras de carne humana
(b) levar vantagem prejudicando os outros
(c) dar uma mordida
(d) Não sei
Anexo 6 - Piloto 5
INSTRUMENTO 1 Nome:__________________________
I – Marque o significado da metáfora em itálico.
1. I was at the edge of my limit.
at the edge of my limit significa aqui metaforicamente:
(a) alcançando o meu limite
(b) caindo fora
(c) batendo na borda
(d) Não sei
2/ 3. New places in Paris don´t often suddenly explode onto the radar (2) and disppear two
months later in quick rotation (3).
explode onto the radar (2) significa aqui metaforicamente:
(a) explodem no radar
(b) brotam do nada
(c) desaparecem
(d) Não sei
in quick rotation (3) significa aqui metaforicamente:
(a) numa rotação rápida
(b) num vai e vem
(c) rapidamente
(d) Não sei
4. In towns big and small across the country, couples and family members on opposite sides of
the political fence are struggling to maintain amicable relationships.
on opposite sides of the political fence significa aqui metaforicamente:
(a) dissidentes
(b) com posições políticas distintas
(c) em lados opostos da cerca política
(d) Não sei
5. She was trading the keys to the kingdom.
the keys to the kingdom significa aqui metaforicamente:
(a) as chaves para o reino
(b) o acesso para o caminho da mina
(c) a falência
(d) Não sei
6. The location has managed to sneak into the hearts of the elite.
sneak into the hearts significa aqui metaforicamente:
(a) esgueirar-se nos corações
(b) conquistar um lugar no coração
(c) escalar um degrau
(d) Não sei
7. The temperature went from boiling to subzero after I did something.
from boiling to subzero significa aqui metaforicamente:
(a) do gelado para o fervendo
(b) relaxou
(c) esfriou
(d) Não sei
8. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves
wandering back and forth in front of you. This is where the Bush administration wants you to see
yourself in an ad.
dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves significa aqui metaforicamente:
(a) uma floresta sem perigos com lobos mansos
(b) vote na oposição e veja o país entrar num período de trevas
(c) vote em Bush e sinta-se em perigo
(d) Não sei
9. [...], the most recent season of corporate financial manipulations, [...] has as its latests storms
the likes of Hollinger and Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea.
Storm significa aqui metaforicamente:
(a) desastre
(b) batida
(c) ventania
(d) Não sei
10. It is all about getting a pound of flesh from human beings.
getting a pound of flesh from human beings significa aqui metaforicamente:
(a) levar vantagem prejudicando os outros
(b) dar uma mordida
(c) emagrecer perdendo algumas libras
(d) Não sei
Nome:__________________________
Instrumento 2 - Seleção das metáforas em contexto.
1 - London resident Rob Cave uses Yahoo´s free service for his main e-mail account and says
that he is very happy about the extra space.
"A hundred megabytes is absolutely fantastic because I was bumping at the edge of my limit and
there´s a lot of e-mesi of g m.iv
(b) num vai e vem
(c) rapidamente
(d) Não sei
4. In towns big and small across the country, couples and family members on opposite
sides of the political fence are struggling to maintain amicable relationships.
The Mentons imagined how the evening might play out: one gloating and the other
sulking as the returns came in, and their guests caught in the middle or perhaps on the
receiving end of one of Mr. Menton's political lectures. "Somebody will say, `What do you
think?' and I'll launch into a diatribe," he said. "I can't be silenced, and I can't be
convinced." http://www.nytimes.com/pages/fashion/index.html
on opposite sides of the political fence significa aqui metaforicamente:
(a) dissidentes
(b) com posições políticas distintas
(c) em lados opostos da cerca política
(d) Não sei
5. The career of Druyun, once the most powerful woman in the U.S. Air Force, of course, is over.
Last week, she was sentenced to nine months in prison for having steered billions of dollars in air
force contracts for four critical weapons systems to Boeing and for having overpaid the company
as well. [...] “This is just awful,” said Richard Aboullafia, [...].”She was trading the keys to the
kingdom.” (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 16)
the keys to the kingdom significa aqui metaforicamente:
(a) as chaves para o reino
(b) o acesso para o caminho da mina
(c) a falência
(d) Não sei
6. One of Lagerfeld´s other haunts, the Café de Flore, is another example of a well-frequented
location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion elite and stay there. That
elite knows that sitting inside the café, not on the terrasse, is the best place to see the people you
really need to see. (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 14)
sneak into the hearts significa aqui metaforicamente:
(a) esgueirar-se nos corações
(b) conquistar um lugar no coração
(c) escalar um degrau
(d) Não sei
7. But then the fantasized ideal began to crack. When Mr. McAllister went to a casting
call for a commercial for the left-leaning group MoveOn.org and got a part, his girlfriend
was dismayed. "Having a spirited debate is one thing, but being part of a political
machine that opposes her candidate is another," he said.She broke their next date, and
soon the relationship ended. "The temperature went from boiling to subzero after I did
something to get people to support my candidate," Mr. McAllister said.For most couples
with differing political views, constant fighting is no way to live.
http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html
from boiling to subzero significa aqui metaforicamente:
(a) do gelado para o fervendo
(b) relaxou
(c) esfriou
(d) Não sei
8. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves
wandering back and forth in front of you, taking your measure. This is where the Bush
administration wants you to see yourself, in an ad This is where the Bush administration wants
you to see yourself, in an ad titled Wolves (US users only) running in battleground states. [...] But
it’s not Kerry’s campaign that seems most offended by the crass attack. It’s the wolves. The
International Wolf Centre in Minnesota claims the ad amounts to a character slur on wolf
populations, which have been under threat for some time now.
http://blogs.guardian.co.uk/news/archives/us_elections/2004/10/if_wolves_could_sue.html#more
dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves significa aqui metaforicamente:
(a) uma floresta sem perigos com lobos mansos
(b) vote na oposição e veja o país entrar num período de trevas
(c) vote em Bush e sinta-se em perigo
(d) Não sei
9. Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by some
measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of Hollinger and
Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea. Only a forecaster blind to the extension
of well established trends would blithely project a marketplace equivalent of endless and
uninterrupted sunshine. (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 19)
Storm significa aqui metaforicamente:
(a) desastre
(b) batida
(c) ventania
(d) Não sei
10. 'It is all about getting a pound of flesh from human beings. Businesses are all about profit and
people feel much more stressed because of that. Years ago, most big organisations would have a
social club, a football team, a pipe band. But that has all stopped. It is just work, work, work and
no play.'
http://society.guardian.co.uk/mentalhealth/story/0,8150,1340852,00.html
getting a pound of flesh from human beings significa aqui metaforicamente:
(a) levar vantagem prejudicando os outros
(b) dar uma mordida
(c) emagrecer perdendo algumas libras
(d) Não sei
Anexo 7 - Piloto 3
INSTRUMENTO 1 Nome:__________________________
I - Explique as seguintes expressões em itálico com as suas palavras.
2. I was at the edge of my limit.
_______________________________________________________________
2/ 3. New places in Paris don´t often explode onto the radar (3) and disppear two months later in
quick rotation (4).
(2)_____________________________________________________________
(3)_____________________________________________________________
4/ 5 In towns big and small across the country, couples and family members on opposite sides of
the political fence(4) are struggling(5) to maintain amicable relationships.
(4)_____________________________________________________________
(5)_____________________________________________________________
6. She was trading the keys to the kingdom.
_______________________________________________________________
7. The location has managed to sneak into the hearts of the elite.
_______________________________________________________________
8. The temperature went from boiling to subzero after I did something.
_______________________________________________________________
9. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves
wandering back and forth in front of you, taking your measure.
_______________________________________________________________
10. Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by some
measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of Hollinger and
Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea. (IHT
_______________________________________________________________
Nome:__________________________
Instrumento 2 - Seleção das metáforas em contexto.
1 - London resident Rob Cave uses Yahoo´s free service for his main e-mail account and says
that he is very happy about the extra space.
"A hundred megabytes is absolutely fantastic because I was bumping at the edge of my limit and
there´s a lot of e-mail I don´t want to download," he says.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
bumping at the edge of my limit significa aqui metaforicamente:
(a) alcançando o meu limite
(b) caindo fora
(c) batendo na borda
(d) Não sei
2/ 3. Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris don´t often explode onto the
radar (2) and disppear two months later in quick rotation (3). (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 25)
explode onto the radar (2) significa aqui metaforicamente:
(a) explodem no radar
(b) saem do nada
(c) desaparecem
(d) Não sei
in quick rotation (3) significa aqui metaforicamente:
(a) numa rotação rápida
(b) num vai e vem
(c) rapidamente
(d) Não sei
4/ 5. In towns big and small across the country, couples and family members on opposite
sides of the political fence(4) are struggling(5) to maintain amicable relationships.
The Mentons imagined how the evening might play out: one gloating and the other
sulking as the returns came in, and their guests caught in the middle or perhaps on the
receiving end of one of Mr. Menton's political lectures. "Somebody will say, `What do you
think?' and I'll launch into a diatribe," he said. "I can't be silenced, and I can't be
convinced." http://www.nytimes.com/pages/fashion/index.html
on opposite sides of the political fence(4) significa aqui metaforicamente:
(a) dissidentes
(b) com posições políticas distintas
(c) em lados opostos da cerca política
(d) Não sei
struggling(5) significa aqui metaforicamente:
(a) lutando
(b) tentando
(c) incentivando
(d) Não sei
6. The career of Druyun, once the most powerful woman in the U.S. Air Force, of course, is over.
Last week, she was sentenced to nine months in prison for having steered billions of dollars in air
force contracts for four critical weapons systems to Boeing and for having overpaid the company
as well. [...] “This is just awful,” said Richard Aboullafia, [...].”She was trading the keys to the
kingdom.” (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 16)
the keys to the kingdom significa aqui metaforicamente:
(a) o acesso para o reino
(b) as chaves para o paraíso
(c) o processo
(d) Não sei
7. One of Lagerfeld´s other haunts, the Café de Flore, is another example of a well-frequented
location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion elite and stay there. (Int.
Herald Tribune, 9-10,2004: 15)
sneak into the hearts significa aqui metaforicamente:
(a) esgueirar-se nos corações
(b) conquistar um lugar no coração
(c) escalar um degrau
(d) Não sei
8. But then the fantasized ideal began to crack. When Mr. McAllister went to a casting
call for a commercial for the left-leaning group MoveOn.org and got a part, his girlfriend
was dismayed. "Having a spirited debate is one thing, but being part of a political
machine that opposes her candidate is another," he said.She broke their next date, and
soon the relationship ended. "The temperature went from boiling to subzero after I did
something to get people to support my candidate," Mr. McAllister said.For most couples
with differing political views, constant fighting is no way to live.
http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html
from boiling to subzero significa aqui metaforicamente:
(a) do gelado para o mais gelado
(b) relaxou
(c) caiu
(d) Não sei
9. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves
wandering back and forth in front of you, taking your measure. This is where the Bush
administration wants you to see yourself, in an ad titled Wolves (US users only) running in
battleground states. [...] But it’s not Kerry’s campaign that seems most offended by the crass
attack. It’s the wolves. The International Wolf Centre in Minnesota claims the ad amounts to a
character slur on wolf populations, which have been under threat for some time now.
http://blogs.guardian.co.uk/news/archives/us_elections/2004/10/if_wolves_could_sue.html#more
dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves significa aqui metaforicamente:
(a) entre na floresta escura com lobos famintos
(b) vote na oposição e veja o país ser destruído por terroristas
(c) vote em Bush e entre em lugares escuros
(d) Não sei
10. Likewise, the most recent season of corporate financial manipulations, which by some
measures blew in with Enron back in 2001, has as its latests storms the likes of Hollinger and
Fannie Mae in North America and Hynix in South Korea.
Storm significa aqui metaforicamente:
(a) um desastre
(b) uma torrente
(c) um componente
(d) Não sei
Anexo 8 – Piloto 2
INSTRUMENTO 1 Nome:__________________________
I - Explique as seguintes expressões em itálico com as suas palavras.
3. I was at the edge of my limit.
_______________________________________________________________
2. Racing is a kind of DNA to Honda.
_______________________________________________________________
3/ 4. New places in Paris don´t often explode onto the radar (3) and disppear two months later in
quick rotation (4).
(3)_____________________________________________________________
(4)_____________________________________________________________
5. The Intesa settlement will lead to a landslide of others.
_______________________________________________________________
6. She was trading the keys to the kingdom.
_______________________________________________________________
7. The location has managed to sneak into the hearts of the elite.
_______________________________________________________________
8/9 Couples and family members on opposite sides of the political fence(8) are
struggling(9) to maintain amicable relationships.
(8)___________________________________________________________________
(9) ____________________________________________________________________
10. The temperature went from boiling to subzero after I did something.
_______________________________________________________________
11. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves
wandering back and forth in front of you, taking your measure.
_______________________________________________________________
12. Trying to describe a day in the subway is a little like trying to take a snapshot of the wind.
_______________________________________________________________
13. The career is in the toilet.
_______________________________________________________________
14. It is all about getting a pound of flesh from human beings.
_______________________________________________________________
15. Financial restructuring, without the bitter aftertaste.
_______________________________________________________________
16. People don´t always see accidents coming. But their cars will.
_______________________________________________________________
17. Most places bump up the price if they know you are a tourist.
_______________________________________________________________
Nome:__________________________
Instrumento 2 - Seleção das metáforas em contexto.
1 - London resident Rob Cave uses Yahoo´s free service for his main e-mail account and says
that he is very happy about the extra space.
"A hundred megabytes is absolutely fantastic because I was bumping at the edge of my limit and
there´s a lot of e-mail I don´t want to download," he says.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
bumping at the edge of my limit significa aqui metaforicamente:
(a) alcançando o meu limite
(b) caindo fora
(c) batendo na borda
(d) Não sei
2. “Racing is a kind of DNA to Honda,”Schoichi Tanaka, president of Hond´s racing division,
Honda Racing Development, said in an interview Friday. “There are two reasons we participate in
this pinnacle of motor sport: One is training the engineers, and the second is to enhance the
brand image of Honda. [...]” (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 25)
DNA significa aqui metaforicamente:
(a) um componente
(b) um distúrbio
(c) algo essencial
(d) Não sei
3/ 4. Unlike cities like New York and London, hot new places in Paris don´t often explode onto the
radar (3) and disppear two months later in quick rotation (4). (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 25)
explode onto the radar (3) significa aqui metaforicamente:
(a) explodem no radar
(b) saem do nada
(c) desaparecem
(d) Não sei
in quick rotation (4) significa aqui metaforicamente:
(a) numa rotação rápida
(b) num vai e vem
(c) rapidamente
(d) Não sei
5. [...] The following day, Parmalat sued Bank of America, seeking to recover $10 billion in
damages. Nobody seems to be saying yet that the Intesa settlement will lead to a landslide of
others. (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 15)
Landslide significa aqui metaforicamente:
(a) um acontecimento
(b) uma torrente
(c) um componente
(d) Não sei
6. The career of Druyun, once the most powerful woman in the U.S. Air Force, of course, is over.
Last week, she was sentenced to nine months in prison for having steered billions of dollars in air
force contracts for four critical weapons systems to Boeing and for having overpaid the company
as well. [...] “This is just awful,” said Richard Aboullafia, [...].”She was trading the keys to the
kingdom.” (Int. Herald Tribune, 9-10,2004: 16)
the keys to the kingdom significa aqui metaforicamente:
(a) o acesso para o reino
(b) as chaves para o paraíso
(c) o processo
(d) Não sei
7. One of Lagerfeld´s other haunts, the Café de Flore, is another example of a well-frequented
location that has managed to sneak into the hearts of the Paris fashion elite and stay there. (Int.
Herald Tribune, 9-10,2004: 15)
sneak into the hearts significa aqui metaforicamente:
(a) esgueirar-se nos corações
(b) conquistar um lugar no coração
(c) escalar um degrau
(d) Não sei
8/9 In towns big and small across the country, couples and family members on opposite
sides of the political fence(8) are struggling(9) to maintain amicable relationships.
The Mentons imagined how the evening might play out: one gloating and the other
sulking as the returns came in, and their guests caught in the middle or perhaps on the
receiving end of one of Mr. Menton's political lectures. "Somebody will say, `What do you
think?' and I'll launch into a diatribe," he said. "I can't be silenced, and I can't be
convinced." http://www.nytimes.com/pages/fashion/index.html
on opposite sides of the political fence(8) significa aqui metaforicamente:
(a) dissidentes
(b) com posições políticas distintas
(c) em lados opostos da cerca política
(d) Não sei
struggling(9) significa aqui metaforicamente:
(a) lutando
(b) tentando
(c) incentivando
(d) Não sei
10. But then the fantasized ideal began to crack. When Mr. McAllister went to a casting
call for a commercial for the left-leaning group MoveOn.org and got a part, his girlfriend
was dismayed. "Having a spirited debate is one thing, but being part of a political
machine that opposes her candidate is another," he said.She broke their next date, and
soon the relationship ended. "The temperature went from boiling to subzero after I did
something to get people to support my candidate," Mr. McAllister said.For most couples
with differing political views, constant fighting is no way to live.
http://www.nytimes.com/2004/10/31/fashion/31COUP.html
from boiling to subzero significa aqui metaforicamente:
(a) do gelado para o mais gelado
(b) relaxou
(c) caiu
(d) Não sei
11. You are in the middle of a dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves
wandering back and forth in front of you, taking your measure. This is where the Bush
administration wants you to see yourself, in an ad titled Wolves (US users only) running in
battleground states. [...] But it’s not Kerry’s campaign that seems most offended by the crass
attack. It’s the wolves. The International Wolf Centre in Minnesota claims the ad amounts to a
character slur on wolf populations, which have been under threat for some time now.
http://blogs.guardian.co.uk/news/archives/us_elections/2004/10/if_wolves_could_sue.html#more
dark forest, night closing in, with a pack of vicious, hungry wolves significa aqui metaforicamente:
(a) entre na floresta escura com lobos famintos
(b) vote na oposição e veja o país ser destruído por terroristas
(c) vote em Bush e entre em lugares escuros
(d) Não sei
12. Trying to describe a day in the subway is a little like trying to take a snapshot of the wind. It's
everywhere and nowhere in particular. You can feel it and hear it yet chase in vain to capture the
essence of the life lived along 700 miles, or 1,100 kilometers, of track inside 468 stations, where
New Yorkers have done everything they've done on the streets above and more.
http://www.iht.com/articles/2004/10/28/news/trsub.html
take a snapshot of the wind significa aqui metaforicamente:
(a) ser onipresente
(b) ser impossível
(c) ser desaconselhável
(d) Não sei
13. But in the world of aging rock stars, words like reinvention mean one thing: The career is in
the toilet, and a manager somewhere has started making noises about headline-grabbing stunts
like religious conversion or tell-all books. In Lee's case, the final results of the transformation are
unclear: After all, he is perhaps better known not as the drummer for a band that had hits like
"Smokin' in the Boys Room" but as the kind of celebrity society requires to satisfy its own
obsession.
http://www.iht.com/articles/2004/10/28/features/lee.html
in the toilet significa aqui metaforicamente:
(a) molhado
(b) em baixa
(c) a fundo
(d) Não sei
14. 'It is all about getting a pound of flesh from human beings. Businesses are all about profit and
people feel much more stressed because of that. Years ago, most big organisations would have a
social club, a football team, a pipe band. But that has all stopped. It is just work, work, work and
no play.'
http://society.guardian.co.uk/mentalhealth/story/0,8150,1340852,00.html
getting a pound of flesh from human beings significa aqui metaforicamente:
(a) levar vantagem
(b) dar uma mordida
(c) trabalho duro
(d) Não sei
15. Financial restructuring, without the bitter aftertaste. Financial restructuring can be hard to
swallow for everyone involved. Innovative solutions must be crafted so that, whenever possible,
all parties are comfortable with the arrangement. BM LLP has the legal knowledge and
experience to resolve these troubled investments worldwide and ensure that important business
relationships don´t sour.
The Economist, March 29th 2003
without the bitter aftertaste significa aqui metaforicamente:
(a) sem prejudicar os outros
(b) sem veneno no final
(c) sem vantagens
(d) Não sei
16. People don´t always see accidents coming. But their cars will. ‘Accidents will happen’, as the
saying goes. Especially when people aren´t concentrating. In fact, innatentiveness is one of the
most frequent causes of mishaps, both at home ando n the road. Which is why we´re developing
cars that can actually recognize obstacles independently. The car will then alert the driver to a
potential hazard and help to avoid it.
The Economist, March 29th 2003
see accidents coming significa aqui metaforicamente:
(a) enxergam a longo prazo
(b) prevêem acontecimentos
(c) vêem acidentes
(d) Não sei
17. Not to be outdone by Googles´recent bold e-mail offering, yahoo says that it plans to
dramatically raise the storage limit given to its free e-mail users while at the same time bumping
its premium subscribes up to a "virtually unlimited" capacity.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
bumping up to significa aqui:
(a) aumentando até
(b) gerando
(c) batendo em até
(d) Não sei
Anexo 9 - Piloto 1
I - Explique as seguintes expressões grifadas com as suas palavras.
1.I was at the edge of my limit.
_______________________________________________________________
2.The person you want to crash.
_______________________________________________________________
3.In case the plane takes off.
_______________________________________________________________
4. The worm has infected the system.
_______________________________________________________________
5. The system has gone amok.
_______________________________________________________________
6. The program hijacked Brandon´s browser.
_______________________________________________________________
7. The variants exist in the wild.
_______________________________________________________________
8. Most places bump up the price if they know you are a tourist.
_______________________________________________________________
I - Seleção das metáforas em contexto
Exemplo 1 -
London resident Rob Cave uses Yahoo´s free service for his main e-mail account and
says that he is very happy about the extra space.
"A hundred megabytes is absolutely fantastic because I was bumping at the edge of my
limit and there´s a lot of e-mail I don´t want to download," he says.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
bumping at the edge of my limit significa aqui:
(a) alcançando o meu limite
(b) caindo fora
(c) batendo na borda
(d) Não sei
Example 2 -
[...] Another example is a smurf attack. What happens is a computer will send ping
messages with a fake return address to a broadcast address. The broadcast address will
reply with many times more pings, all of which go to the fake return address, the person
you want to crash. For instance, if I ping 192.168.1.255 on my network I´ll get three
replies for every ping, that´s 3 times more data then I sent out!
http://petertodd.ca/articles/dos_attacks.php
the person you want to crash significa aqui:
(a) a pessoa em que você quer bater
(b) o computador da pessoa que você quer invadir
(c) a pessoa que você quer que caia
(d) Não sei
Example 3 -
Though it has the 64-bit Itanium server chip, CPU powerhouse Intel has conspicuously
not announced a 64-bit desktop chip. (Unlike AMD´s and Apple´s chips, Itanium can run
32-bit apps only under slower software emulation.) But there are rumors that Intel has
ready a 32- and 64-bit-capable CPU, code-named Yamhill, in case 64-bit desktop
computing takes off.
To take advantage of 64-bit chips, you need a 64-bit-capable operating system, apps,
and hardware drivers. They won´t emerge anytime soon.
http://www.pcworld.com/news/article/0,aid,111771,00.asp
takes off significa aqui:
(a) sair de linha
(b) tirar
(c) decolar
(d) Não sei
Example 4 -
Microsoft has pulled the windowsUpdate.com Internet address in an effort to thwart an
attack on its systems by computers infected with the Blaster worm, the company says.
Blaster, also known as the DCOM or Lovsan worm, spread quickly this week, infecting as
many as 1 million computers, according to some estimates.
www.pcworld.com
August 15,2003
worm significa aqui:
(a) sistema operacional
(b) programa
(c) vírus
(d) Não sei
Exemplo 5 e 6
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
By the time he checked his registry, the Trojan had installed dozens of programs that
replaced the default Web page with its own, and loaded its own IP addresses in his
favorite places, short cuts and safe zones. When he tried to erase the programs and
reboot the machine, the virus reinstalled.
This program is a perfect example of spyware gone amok. It installed itself by taking
advantage of a vulnerability in Internet Explorer 4.x and 5.x that lets an unsigned applet
to create and use ActiveX controls. Then it hijacked Brandon's
browser, a term called "Web-jacking." But it could have been worse. Some variants
evoke dialers to call up 1-900 numbers if the victim is using telephone dialup for Internet
access.
Source:
http://www.pcworld.com/news/article/0,aid,114440,00.asp
January 26, 2004
spyware gone amok (linha 5) significa aqui:
(a) spyware em ação
(b) spyware fora de controle
(c) spyware estourado
(d) Não sei
Web-jacking (linha 8) significa aqui:
(a) seqüestro do navegador
(b) seqüestro de jaqueta
(c) caça na web
(d) Não sei
Exemplo 7
1
2
3
Anti-spyware vendor PestPatrol reports staggering growth over the past few months of
the virus that Symantec dubbed Trojan.Norio. And at least 24 variants of the virus now
exist in the wild, according to the anti-spyware site Spywareinfo.com.
Source:
http://www.pcworld.com/news/article/0,aid,114440,00.asp
January 26, 2004
24 variants of the virus now exist in the wild (linha 3) significa aqui...
(a) estão no mundo selvagem
(b) não existem
(c) estão circulando na web
(d) Não sei
Exemplo 8 -
Not to be outdone by Googles´recent bold e-mail offering, yahoo says that it plans to
dramatically raise the storage limit given to its free e-mail users while at the same time
bumping its premium subscribes up to a "virtually unlimited" capacity.
http://www.pcworld.com/resource/printable/article/0,aid,116139,00.asp
bumping up to significa aqui:
(a) aumentando até
(b) gerando
(c) batendo em até
(d) Não sei
Anexo 10 – WEBIDENCE
WebCorp output for search term “get a pound of
flesh”
Producing output...
http://www.bulmash.com/01-30-97.html
Document Dated: 2005/10/10 06:47:47 (server header)
Plain Text Word List 609 tokens, 376 types
paying off your behind, you get a pound of flesh. One day you open the
http://www.sptimes.com/2003/02/14/Pasco/Menicola_has_proved_s.shtml
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 1010 tokens, 552 types
the complaint. Guttman's attempt to get a pound of flesh as retribution is just as
http://www.nypost.com/business/hank_pulls_rank_business_paul_tharp.htm
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 636 tokens, 395 types
Greenberg told his lawyers to get a pound of flesh from scores of AIG workers
http://news.bbc.co.uk/1/hi/northern_ireland/1168458.stm
Document Dated: 2001/02/13 17:09:29 (metatag)
Plain Text Word List 1135 tokens, 517 types
was to go in and get a pound of flesh, but some other men ran
http://ems.gmnews.com/news/2006/0329/Letters/
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 982 tokens, 519 types
times the kings could only get a pound of flesh, but here and now the
http://www1.france-jeunes.net/paroles-pig-riot.religion.rightousness-38769.htm
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 843 tokens, 383 types
get caught + sought Get ripped get a pound of flesh get around Get signed get
http://allfreeessays.com/student/The_Merchant_of_Venice.html
Document Dated: 2006/06/01 01:47:31 (server header)
Plain Text Word List 2042 tokens, 696 types
which stated that Antonio will get a pound of flesh cut off his body if
http://www.fatwallet.com/forums/arcmessageview.php?catid=24&threadid=523843
Document Dated: 2006/09/13 23:15:08 (server header)
Plain Text Word List 2352 tokens, 596 types
sharp lawyer is going to get a pound of flesh out of Dell for all
http://www.choydesign.com/about/news3.htm
Document Dated: 2005/11/06 23:35:26 (server header)
Plain Text Word List 2756 tokens, 1087 types
Choy, "he didn't try to get a pound of flesh out of me. He just
http://referaty.atlas.sk/prakticke-pomocky/anglictina/10427/
Document Dated: 2006/09/13 23:15:29 (server header)
Plain Text Word List 1045 tokens, 658 types
back a date, Shylock will get a pound of flesh from Antonio`s body. Ships
http://thinkprogress.org/2006/04/01/defense-of-terrorists/
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 24565 tokens, 4920 types
hand how it feels to get a pound of flesh bit off of ya. they’ve
http://www.unde-uedn.com/english/locals/local-1_regconf_sep03.shtml
Document Dated: 2005/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 2979 tokens, 1225 types
a PSSRB precedence or to get a pound of flesh. The member decides if they
http://209.157.64.201/focus/f-news/1476771/posts
Document Dated: 2003/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 2797 tokens, 821 types
they've been waiting for, to get a pound of flesh from President Bush. 32 posted
http://www.hackwriters.com/IsraeliSummer.htm
Document Dated: 2006/07/21 18:46:11 (server header)
Plain Text Word List 1108 tokens, 605 types
Syria thinks it's going to get a pound of flesh for being unceremoniously booted out
http://www.austinchronicle.com/gyrobase/Issue/column?oid=oid%3A244684
Document Dated: 2006/07/18 22:24:00 (server header)
Plain Text Word List 671 tokens, 391 types
on Real can't help you
get a pound of flesh from either of those celebs
http://www.voy.com/89402/1.html
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 487 tokens, 255 types
or anyone else looking to get a pound of flesh from her. Either way, they
anyone else >looking to get a pound of flesh from her. Either way, >
http://www.sulekha.com/blogs/blogdisplay.aspx?cid=36258
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 404 tokens, 250 types
flesh. Merchant of Venice didn’t get a pound of flesh. Merchant of Venice couldn’t get
http://jadedandcrabby.blogspot.com/
Document Dated: 2006/08/21 22:08:30 (server header)
Plain Text Word List 4039 tokens, 1279 types
if Hallmark or Teleflora didn't get a pound of flesh from you or your loved
http://www.sdcitybeat.com/article.php?id=1582
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 3553 tokens, 1250 types
corporations seizing their chance to get a pound of flesh from the workers.” The
http://www.frankolsonproject.org/Articles/GQ.html
Document Dated: 2005/08/04 22:15:01 (server header)
Plain Text Word List 5741 tokens, 1963 types
we can hurt them and get a pound of flesh.”' Assistance for the plaintiffs
http://pinkofeministhellcat.typepad.com/pinko_feminist_hellcat/2005/07/wanted_a_better.html
Document Dated: 2005/01/01 00:00:00 (url)
Plain Text Word List 3649 tokens, 1787 types
what purpose? Just to somehow get a pound of flesh out of the Bush administration
http://www.iht.com/articles/1998/01/14/socc.t.php
Document Dated: 1998/01/14 00:00:00 (metatag)
Plain Text Word List 1198 tokens, 592 types
clubs where the pressures to get a pound of flesh, to hurry them back to
http://www.ripoffreport.com/reports/ripoff180504.htm
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 912 tokens, 515 types
times (costing HP money) to get a pound of flesh. I am returning the printer
http://yogo.wordpress.com/2006/08/11/might-be-easier-to-get-a-pound-of-flesh/
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (url)
Plain Text Word List 253 tokens, 193 types
2006 Might be easier to get a pound of flesh Filed under: sports stuff , real
http://www.joelderfner.com/blog/2003/05/i_have_now_added_my.html
Document Dated: 2006/08/12 08:49:47 (server header)
Plain Text Word List 870 tokens, 447 types
see that the way to get a pound of flesh without spilling any blood would
http://www.karltimmerman.com/R121704.html
Document Dated: 2005/07/22 17:07:07 (server header)
Plain Text Word List 1014 tokens, 495 types
client's mode: helping your client get a pound of flesh, is not, never has been
http://recalldavidemerson.com/comment?page=8
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 6972 tokens, 1811 types
I will make sure I get a pound of flesh from Stephen Harper. Further, there
http://www.spannerfilms.net/?lid=806
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 6720 tokens, 1317 types
out of it, going to get a pound of flesh out of the government, I
http://www.parl.gc.ca/35/2/parlbus/chambus/house/debates/036_96-04-30/036PB1E.html
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 8794 tokens, 1902 types
department, the auditor has to get a pound of flesh. The member's concept that those
http://blogs.msdn.com/sandyk/archive/2006/07/24/676811.aspx
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (url)
Plain Text Word List 1822 tokens, 788 types
to—even their complaints weren’t to get a pound of flesh, but rather to share their
http://forums.galbijim.com/index.php?showtopic=1190
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 665 tokens, 352 types
prob to go back and
get a pound of flesh. -- My Art Gallery
http://www.hreoc.gov.au/bth/additional_resources/sjreport_98/append1.html
Document Dated: 2003/12/09 15:00:00 (server header)
Plain Text Word List 3307 tokens, 1164 types
Day as a chance to get a pound of flesh or beat non-Indigenous people up
http://www.syvum.com/contrib/stories/sm/1/e10p2.html
Document Dated: 2006/08/31 23:55:19 (server header)
Plain Text Word List 1816 tokens, 650 types
water. Why should not someone get a pound of flesh from you for something he
http://www.battersbox.ca/article.php?story=20050207103833999
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 8677 tokens, 2140 types
scope of the rules to get a pound of flesh of Barry Bonds and only
scope of the rules to get a pound of flesh of Barry Bonds and only
http://mayorsam.blogspot.com/2006/01/alger-defeats-wal-mart_16.html
Document Dated: 2006/09/10 17:30:07 (server header)
Plain Text Word List 5892 tokens, 1789 types
be done and decided to get a "pound of flesh" out of Wal-Mart in a
http://www.libertyhaven.com/politicsandcurrentevents/taxesandtaxation/irsnowforever.shtml
Document Dated: 2005/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 2555 tokens, 1032 types
it as a chance to get a pound of flesh from an innocent taxpayer. IRS
http://boards.lp.findlaw.com/cgi-bin/W[email protected]POxA8H%5[email protected]/1071
Document Dated: 2006/09/13 21:05:37 (server header)
Plain Text Word List 1494 tokens, 600 types
you seek, in order to get a pound of flesh you may have to pony
you seek, in order to get a pound of flesh you may have to pony
http://www.cincypost.com/2001/oct/31/reax2103101.html
Document Dated: 2005/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 1214 tokens, 662 types
politically motivated witch hunt to get a pound of flesh from Blaine Jorg at any
http://www.captainsquartersblog.com/mt/mt-comments.cgi?entry_id=6086
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 3808 tokens, 1374 types
trust leak, George intends to get a pound of flesh as well. Who still thinks
http://wordpress.com/tag/sports-stuff/
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 897 tokens, 340 types
blog Might be easier to get a pound of flesh The President of the International
http://www.nbufront.org/html/MastersMuseums/FAQSheet.html
Document Dated: 2003/03/03 12:01:00 (server header)
Plain Text Word List 921 tokens, 462 types
the wrist" for what others get a "pound of flesh" taken. As for the quirk
http://boards.fool.co.uk/Message.asp?mid=10161976
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 365 tokens, 269 types
The banks & CC companies will get a pound of flesh from somewhere, and if not
http://www.cs.rochester.edu/~gildea/PropBank/Sort/U/use.html
Document Dated: 2003/11/18 22:58:28 (server header)
Plain Text Word List 5614 tokens, 1582 types
two men ] [ ARG2-PRP *-1 to get a pound of flesh from Sony ] . use.01 sub-ARG1
http://en.wikipedia.org/wiki/User_talk:Curps/archive13
Document Dated: 2006/09/05 16:14:14 (server header)
Plain Text Word List 8085 tokens, 2022 types
better things to do than get a pound of flesh for you. I think if
http://www.hackwriters.com/catholics.htm
Document Dated: 2005/04/18 13:34:49 (server header)
Plain Text Word List 1175 tokens, 624 types
rights to perform ceremonies, or get a pound of flesh for people diddling your kids
http://www.smh.com.au/articles/2003/07/01/1056825379087.html
Document Dated: 2003/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 965 tokens, 545 types
Lucky sailors get a pound of flesh served with their drinks. It's
http://mayorsam.blogspot.com/2006/09/ncs-win-first-battle-of-revolution-of.html
Document Dated: 2006/09/10 17:22:57 (server header)
Plain Text Word List 2185 tokens, 1070 types
and then find ways to
get a pound of flesh from the neighborhood councils without
http://majordomo.clarkson.edu/archives/confchem/200305/msg00084.html
Document Dated: 2004/07/20 15:24:57 (server header)
Plain Text Word List 389 tokens, 225 types
people who are determined to get a pound of flesh even though they had no
http://www.cato-at-liberty.org/author/chris-edwards
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 4712 tokens, 1906 types
all? Why should Uncle Sam get a pound of flesh every time American businesses do
http://www.boardmember.com/issues/archive.pl?article_id=12220
Document Dated: 2003/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 1676 tokens, 737 types
turn down more money to get a pound of flesh from the directors? Maybe in
http://blog.myspace.com/fridayschildband
Document Dated: 2006/09/12 00:00:00 (author specified)
Plain Text Word List 11076 tokens, 3134 types
seeing. Everyone is looking to get a pound of flesh. There seems to be a
http://www.haxxxor.com/gfiles/ccbill.html
Document Dated: 2004/08/20 06:15:42 (server header)
Plain Text Word List 601 tokens, 332 types
in processing fees (yeah, they get a pound of flesh, but when you have no
http://www.antiwar.com/malic/m062801.html
Document Dated: 2005/01/24 08:09:00 (server header)
Plain Text Word List 2438 tokens, 1131 types
United States is determined to get a pound of flesh for every penny of it
http://www.majon.com/W3/alljokes97.html
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 140777 tokens, 15970 types
MDT 1997 : how do you get a pound of flesh out of a fly? \n
http://www.sportnetwork.net/main/s379/st91144.htm
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 2962 tokens, 1207 types
Barca went all-out to to
get a pound of flesh and UEFA COULDN´T turn them
Sort Options
Alphabetise concordance lines on :
Left
Position:
1
Case Sensitive? :
Sort
Sort by Date:
ascending
Sort
Statistics
Using the Google search engine WebCorp accessed 75 web pages, 7 of which returned errors.
58 concordances were generated.
Output produced 13/9/2006 7:16 P.M.
WebCorp © 1999-2005 Research and Development Unit for English Studies
Please review the Terms of Use.
Google Copyright©2005 Google
WebCorp output for search term “bump users up”
Producing output...
http://wordpress.org/support/topic/52912
Document Dated: 2912/01/01 00:00:00 (url)
Plain Text Word List 226 tokens, 148 types
read there I'd have to bump users up to level four before they
http://www.zeropaid.com/news/1615/Share+2+Share%3F
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 800 tokens, 485 types
trading" where I have to bump users up my own uploading queue in
http://www.scorched3d.co.uk/phpBB2/viewtopic.php?t=2835
Document Dated: 2001/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 758 tokens, 353 types
the admin area, to automatically bump users up from usergroupA to usergroupB after
http://www.fpga-faq.com/archives/48025.html
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 5739 tokens, 1174 types
the effect is to simply
bump users up a FPGA size. We routinely
http://www.intranetroadmap.com/security.cfm
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 601 tokens, 268 types
there a central DB to bump users up against? Is it LDAP compliant
http://www.thefeaturearchives.com/topic/Operators/Sprint_Jumps_On_The_Friendly_Bandwagon.html
Document Dated: 2005/07/19 19:29:29 (server header)
Plain Text Word List 233 tokens, 163 types
onerous per-minute overage charges, they'd bump users up to the next pricing tier
http://www.ratemyhost.com/forum/archive/index.php/t-173.html
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 108 tokens, 89 types
for ideas and ways to bump users up and make this board more
Sort Options
Alphabetise concordance lines on :
Left
Position:
1
Case Sensitive? :
Sort
Sort by Date:
ascending
Sort
Statistics
Using the Google search engine WebCorp accessed 9 web pages, 0 of which returned errors.
7 concordances were generated.
Output produced 13/9/2006 7:22 P.M.
WebCorp output for search term “trade the keys”
Producing output...
http://bend.craigslist.org/swp/196977745.html
Document Dated: 2006/08/21 20:35:04 (server header)
Plain Text Word List 158 tokens, 104 types
house 12/29-1/2, will trade the keys home for those dates, or
http://ffxi.allakhazam.com/db/quests.html?fquest=215
Document Dated: 2013/09/07 00:00:00 (author specified)
Plain Text Word List 7910 tokens, 2094 types
BIG PROBLEM. I too cannot trade the keys with Guddal, i speak but
from the same guy you trade the keys to. 5. Yes there is
http://www.sysopt.com/forum/archive/index.php/t-83169.html
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 522 tokens, 317 types
with the Feds. They can trade the keys to the secret files stored
http://whateverachel.blogspot.com/2004_06_01_whateverachel_archive.html
Document Dated: 2005/11/01 02:04:15 (server header)
Plain Text Word List 15904 tokens, 2974 types
it in the van. I trade the keys to the Honda that I
http://blogs.edmunds.com/.ee91e6c
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 1032 tokens, 547 types
wheel, I couldn't wait to trade the keys in. Why? The first reason
http://www.slotcardbbs.com/cgi-bin/scb/scb.pl?noframes;read=16128
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 212 tokens, 108 types
06 1:40 a.m. I will trade the keys below for others in the
http://ffvault.ign.com/screenshots/?ss=137
Document Dated: 2006/01/01 00:00:00 (copyright)
Plain Text Word List 1249 tokens, 655 types
palbora....mines. Then you can trade the keys for an airship pass to
http://www.smalltownmisfit.com/archives/653
Document Dated: Unknown
Plain Text Word List 1134 tokens, 542 types
got 50 keys. You can trade the keys for $10,000 or what’s
http://www.scc.rutgers.edu/serbian_digest/232/t232-6.htm
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lucky to be able to trade the keys to my house in Sarajevo
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house 12/29-1/2, will
trade the keys home for those dates, or
http://forums.diabloii.net/showthread.php?t=422336
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means that you will not trade the keys you find, but instead cube
http://www.hardwaregeeks.com/board/showthread.php?p=328883
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use a key... you can't trade the keys off. Best thing is to
http://www.infoceptor.com/forums/showthread.php?t=1339081
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anyone know if you can trade the keys? Cuse I want to go
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all yours, just need to trade the keys!!! I had soo much fun
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wheel, I couldn't wait to trade the keys in. Why? http://blogref0 G0 gq8.3z10.6134(y)2g8.8 342.44 Tm[(t)0.1 0.632813 rg709 3361. 2838.67 523 6 e64ETQ0.617188 0.617188 0.632813 rg709 6234.67 3780 265ref0.675781 0.66265ref0.675781 03 0265ref 2 2 ref709 3372.67 2 2 ref711 3372.67 37265ref0.675781 3 0.9375 0.886719 rg4487 3372.67 2265ref0.675781 0.662646 0.601563 rg4487 6244.67 2 2 ref709 6235.672646 0.601563 rg4488 0.632813 rg709 6234.67 3780 264 ref0.675781 0.660156 0.601563 rg709 6233.6264 ref0.67578103 026475 0.886719 rg709 623264 ref0.6757819 623264 ref0.675781487 3361.67 2 2 ref4487 3361.67 2 2 ref0 gq8.33333 0 0 8.33333 0 3 cm BT/R13 9.96 Tf0.999386 0 0 1 538.68 573.2 Tm( )TjETQ0 0 1 RG0 0 1 rgq8.33333 0 0 8.33333 0L23(u)1.4422(s)-6.335b(y)2g8.8(m)-22.9471(/)0.7210[( )-1072.23-11.3345(I)0.721094(i)5(l)-7. oer368.48 Tm[an't
http://fallbackbelmont.blogspot.com/2005/10/long-war.html
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Does the last peasant alive trade the keys to the silo for a
http://developers.slashdot.org/article.pl?sid=04/08/22/0037256
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per task, and if nessecary trade the keys temporarily for a whole second
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Do you still want to trade the keys?
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was more then excited to trade the keys of the Sebring for my
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Anexo 11 – Entrevistas com falantes nativos de inglês no Brasil
Peter, Australiano
3. It is all about getting a pound of flesh from them.
P É uma expressão convencional. Pegar alguma coisa sem dar importância ao
sentimento dos outros. The image is of somebody cutting it away (literally). They
simply cut a flesh of you and they don´t care. [a imagem é de alguém cortando algo
fora (literalmente). Eles simplesmente cortam um pedaço de carne de você e nem se
preocupam]
2. Somebody plans to bump them up.
P- Expressão convencional. Subir para uma posição mais alta na empresa.
3. She was trading the keys to the kingdom.
P- Expressão não convencional. Imagem da rainha like the Queen is giving the keys
to the country for whatever she receives. The keys to the city. Key means ownership.
The keys to the city would be for the whole kingdom. She is like selling the kingdom.
[como a rainha está dando as chaves do país para qualquer coisa que ela receba.
As chaves para a cidade. Chave significa propriedade. As chaves da cidade seriam
para todo o reino. Ela está assim vendendo o reino]
4. You are in the middle of a dark forest.
P- Expressão literal, mas pode ter sentido figurado. Perdido, com medo. You are in a
situation you feel lost [você está numa situação em que você se sente perdido].
5. It has as its latests storms the likes of the companies X and Y.
P- Faz sentido se se sabe o que é X e Y. Something in turmoil, a bad situation and it
is unpredictable, a bad period [algo em turbulência, uma situação ruim e
imprevisível, um período ruim].
6. The temperature went from boiling to subzero.
P- The image is from hot boiling water to eskimos, freezing cold, snow, ice. Boiling, it
was very good. The relationship went cold. Not even taking, not even recognizing
that you exist. Boiling is anger. [a imagem é de água fervendo para esquimós,
gelado, neve, gelo. Fervendo, estava muito bom. O relacionamento esfriou. Nem
mesmo tomando conhecimento, nem mesmo reconhecendo que você existe.
Fervendo é raiva.]
7. I was at the edge of my limit.
P- Cliff means patience, understanding, aguentar. Standing at the edge of a cliff with
nowhere else to go. When you are at the edge you can´t take any more. That´s when
you walk away or explode. Edge is like the line, when you cross that line, that´s it.
When you are at the edge you are OK, next step you explode. One more thing
would tip you over the edge. [Penhasco significa paciência, compreensão, aguentar.
Ficar em à beira de um abismo sem nenhum outro lugar para ir. Quando você
está no limite, você não suporta mais. É quando você vai embora ou explode. À
beira é como uma linha, quando você cruza essa linha, explode. Quando você está
na beira, você está OK, próximo passo você explode. Uma coisa a mais
empurraria você à beira do abismo.]
8. It has managed to sneak into their hearts.
P- Something nice, loving, caring, something settled, warm, soft, it´s something that
come slowly, quietly. Trailer de filmes. A trailer shown at the Australian movies. This
film will sneak into your heart You come to like it a lot because it is the deepest place.
[Algo legal, delicado, carinhoso, algo seguro, quente, macio, é algo que chega
devagar. Trailer de filmes. Um trailer mostrado nos cinemas australianos. O filme vai
penetrar no seu coração. Você acaba gostando muito porque é o lugar mais
profundo]
9. It doesn´t often explode onto the radar.
P- In the blink of an eye. The image is the radar and next second it comes from
.392.5159( )-2.16558(w)-8.43088(i)-4.33056(e)5..33056(r)2.805(o61)5.67474(.)-28]TJ/R13 12 Tf1549.4692 Td[( )-2.2.266(s)-3.39556(o)u4.33117(c)9.71032(o)-4.33117(s)-0.295585(s)-0.295585(a)-4.33117( )-172.266(s)2.805(o61)5.67474(.)p4.33117(e)-4.33117(x)-4.33117(t)-2.16558(o)11.8759(n)-4.33117(t)-4.33117(.)-2.16558( )-28]TJ/R294 12 Tf112.7 -40 Td[(w)-3.39556(d)9.71032(p)-4.33117(l)1.87122(o)-4.33117(d)]T67474(e)-4.33117( )-122.265()=u ca o, adar  er oue ad oe.
T - Um pouco difícil de entender. Coisa negativa, tipo de negócio em que a pessoa
(ou a organização) que tem mais poder está (sic) capaz de fazer uma coisa cruel.
Imagem de sangue, de violência, mas como é metafora, tem sentido figurativo - não
violência corporal, mas um "violência" econômica, ou
emocional, por exemplo... deixar alguém sem recursos, ou até sentindo como um
pobre bicho (cortado em pedaços - a frase sugere algo do canibal, de
antropofagia.) O que tem mais poder pode - como se fosse o seu direito - ferir,
machucar, punir alguém... mas de uma maneira exagerada, sinistra (porém talvez
completamente legal). Penso no contexto original de Shakespeare, em que "a pound
of flesh" tem um sentido anti-semítico, a imagem de um negociante que não tem
coração. Mas a parte "It is all about..."
tá um pouco esquisita... hmmm... sugere que alguém que, por exemplo, emprestou
dinheiro, não quer o dinheiro de volta, nem o lucro, mas gosta mais de punir, de
causar sofrimento como o seu direito neste negócio.
2. Somebody plans to bump them up.
T - Alguém que tem poder ou uma certa autoridade, pode melhorar a situação
destas pessoas. "up" sugere este sentido positivo, mas fora do contexto, fico um
pouco em dúvida. Colocar alguém numa situação melhor (como mudar o
assento de um passageiro para a primeira classe do avião, ou dar uma nota de 9 em
vez de 8 para uma turma) ou, talvez, ajudar alguém que está esperando, assim não
vai ter que esperar tanto, que agora a coisa vai acontecer com mais rapidez, menos
fila.
3. She was trading the keys to the kingdom.
T- Coisa negativa, metáfora de um portão, chave. Não sei o que ela fez, mas vai ser
um erro enorme. Um segredo, ou informação, que não deve ser divulgado (sic).
trading the keys sugere que ela recebeu uma coisa, mas perdeu muita coisa... o
resultado não foi justo, foi até perigoso. Sugere a burrice dela. Que a pessoa (talvez
desesperada) vai colocar tudo que ela tem em perigo, dando todo o poder para uma
pessoa (ou organização) que vai fazer alguma coisa mal (sic). O erro dela pode
prejudicar os outros também. A frase sugere que um segredo importante foi
divulgado, e o kingdom (pode ser uma nação, ou pode ser simplesemente a vida, ou
o trabalho/sucesso, de uma pessoa só, que agora está em perigo), está vulnerável.
4. You are in the middle of a dark forest.
T - Tem perigo, uma falta de recursos, falta de um caminho prá me ajudar. Sombras,
mistério, e eu estou sozinho. A situação é uma prova.
Momento difícil, de confusão, de perigo, de agonia... agora você vai ver se eu sou
uma pessoa que tem força, ou fé. (eu também vou descobrir)
5. It has as its latests storms the likes of X and Y in North America.
T - Difícil de entender. Estou imaginando um mapa de meteorologia, mas não sei
como usar a metáfora storms pode significar "problemas" mas "It has as
its latest storms" é uma frase muito esquista, já me confundiu. Não tenho nenhuma
ideia o que é "it" - então fico até mais confundido (sic)."Problemas," mas não entendi
bem.
6. The temperature went from boiling to subzero.
T- Gelo - alguma coisa esfriou, sentido negativo. Às vezes "boiling" significa muita
raiva, mas aqui não. "subzero" sugere que alguém não gostou da
coisa que a pessoa fez, então posso imaginar um momento erótico, que o amante
falou ou fez alguma coisa, mas errou... "boiling" então sugere "bem
quente"... mas esfriou.
7. I was at the edge of my limit.
T - A imagem é de um precipício. O sentido é claro. Quase não aguenta mais, não
suporta mais, a tua paciência quase acabou... um momento de stress, tem
vontade de xingar, ou de terminar algo (mas ainda resiste a este impulso).
É também possível que você quase fracassou, mas não desistiu ou talvez esperou e
ficou calmo, e sobreviveu.
8. It has managed to sneak into their hearts.
T - Normalmente "it" não aparece neste contexto. Nem no começo nem no fim.
Deve ser: "He managed to sneak into their hearts." "sneak" é como invadir, mas de
uma maneira sutil, que um ser humano (ou um animal de estimação) pode fazer,
entrando no coração de uma pessoa. Ganhar o amor ou a simpatia de uma pessoa
(ou pessoas) que no começo resistiu, mas no fim, se
entregou.
9. It doesn´t often explode onto the radar.
T - muito esquisito, não entendi. "He/she exploded on the scene" é mais comum.
"it" e "often" e "radar" complicam muito o sentido, e fico sem entender.
10. It disappeared two months later in quick rotation.
T - . "in quick rotation" também não entendo neste contexto. Talvez ficar famoso, de
repente, mas normalmente é "explode on the scene" ou "appear on the radar".Também não
entendi. "Quick rotation" normalmente sugere um sistema - mas algo que "explode" não
combina com a ideia de "rotation" (um vai-e-vem, ou trocar de partes). Fico sem entender.
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