Download PDF
ads:
Universidade de Brasília
Departamento de Biologia Celular
Pós Graduação em Biologia Molecular
Expressão de Cyanovirin-N, um Microbicida Anti-
HIV, em plantas
Dissertação de mestrado apresentada à
banca examinadora do Programa de
Pós-Graduação em Biologia Molecular
da Universidade de Brasília (UnB).
Luisa de Moraes Madeira
Orientador: Elíbio Leopoldo Rech Filho, PhD
Co-orientador: Cristiano Lacorte, PhD
Brasília
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Dedicatória
i
Dedico este trabalho às mulheres e crianças da África Subsaariana, que são as
principais vítimas da epidemia da AIDS no mundo. Que ele venha a ter algum
significado para essas vidas no futuro.
ads:
Agradecimentos
ii
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais, Maria Ormy e Eduardo, por serem os responsáveis pela minha
educação, por todo amor e carinho, pelo companheirismo e amizade. Por serem a minha base
nas horas mais difíceis e por sorrirem comigo nos momentos felizes, pela admiração e apoio e
pelo crédito que sempre tiveram em mim. Amo muito vocês.
Ao meu irmão, Felipe, pela amizade e apoio.
A toda minha família, de Vitória e de Porto Alegre, pela amizade, pela força e por estarem
sempre torcendo por mim.
Ao meu orientador, Dr. Elíbio Rech, pela oportunidade de trabalhar em um grupo de tamanha
importância e por ter me presenteado com o projeto desta dissertação. Pelos ensinamentos,
pelos conselhos, pelo apoio e incentivo, por acreditar em mim e pelo entusiasmo.
Ao meu co-orientador, Dr. Cristiano Lacorte, por todo o acompanhamento e direcionamento,
pelas discussões, pelas idéias, pelas conversas, pela amizade, pelo estímulo e por me ajudar
com a dissertação lá do Laos, quando devia estar passeando.
Ao Dr. Francisco Aragão, por ter sido meu primeiro orientador e por ter me recebido no
mundo da biologia molecular. Por participar da minha banca de qualificação e por todos os
ensinamentos, conselhos sempre disponíveis, idéias e discussões sobre resultados.
Ao Dr. Julian Ma, do St. George´s University of London, pela cooperação, por ter me
recebido em seu laboratório e me ensinado técnicas valiosas para realização deste trabalho.
Ao Dr. Giovanni Vianna por toda a disponibilidade de ajuda com experimentos, pelas dicas,
pelos planejamentos do projeto e pela amizade.
Ao Dr. Bergmann Morais Ribeiro, por participar da minha banca de qualificação e contribuir
com comentários valiosos.
Aos técnicos de laboratório Luís, pelos experimentos de biobalística, Warley, pelo cuidado
com as plantas, e Elsa, pela amizade e pela organização, que tornaram o laboratório um lugar
melhor de se trabalhar.
A todos os amigos do Laboratório de Transferência de Genes, em especial a Paula, a Natália,
o Nicolau e o Gustavo, pela amizade e pelos momentos de alegria no laboratório, pela ajuda
com experimentos e pelas dicas. E também Emanuel, Sharon, Maria Laine, Kenny, Andréa,
Bárbara, Aisy, Érica, Thaís, Sérgio, Fábio, Welcimar, Hugo, Angélica, Lívia, Daniela,
Agradecimentos
iii
Gabriela, Aline, Nayche, Cristina, Renata, Raquel e André, por fazerem do laboratório um
lugar tão agradável.
Às minhas amigas da Biologia, Larissa, Betúlia e Nadinni, por toda a amizade ao longo
desses anos, pela força e estímulo nos momentos difíceis e pelas alegrias dos momentos de
diversão.
Aos Drs. Marcelo de Macedo Brígido e Luciano Paulino da Silva e à Dra. Andrea Queiroz
Maranhão por aceitarem o convite para participação na minha banca examinadora.
À Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia por prover o local e materiais para realização
deste trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Molecular da Universidade de Brasília pela
oportunidade de fazer o mestrado.
Ao CNPq pela bolsa de estudos.
Resumo
iv
Resumo
O Vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um vírus envelopado e as proteínas do
seu envelope, em especial a gp120, controlam os eventos necessários para a sua entrada em
células suscetíveis. A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é a manifestação
clínica da infecção por HIV. Apesar dos esforços globais de combate à AIDS, o número de
portadores de HIV no mundo continua crescendo. O contato heterossexual é a principal forma
de transmissão e tem acarretado no aumento alarmante do número de mulheres infectadas. Os
microbicidas são medicações antimicrobianas capazes de prevenir a transmissão do HIV
quando aplicadas na vagina ou reto antes da relação sexual, e surgiram como uma ferramenta
adicional de combate à AIDS direcionada às mulheres. Cyanovirin-N (CV-N) é uma proteína
candidata à microbicida capaz de inativar várias linhagens do HIV se ligando
irreversivelmente à gp120 viral. A produção de CV-N, assim como de qualquer microbicida,
para ser economicamente viável e suprir a demanda mundial deve ser alcançada em níveis
muito altos. Dessa forma, plantas geneticamente modificadas oferecem um sistema adequado
para a produção de CV-N. Neste trabalho, plantas de soja transgênicas para a expressão de
CV-N sob o controle do promotor da β-conglicinina α` foram produzidas e a análise das
sementes R
1
mostrou que CV-N está acumulando a 6% do total de proteínas solúveis da
semente, um nível significativamente alto quando comparado a outros trabalhos semelhantes.
Adicionalmente, foi testado o sistema de expressão transiente de CV-N e CV-N mutada
(Asn30Gln/Pro51Gly) em folhas de Nicotiana benthamiana, com três diferentes tipos de
endereçamento celular. Os resultados demonstraram que todas as construções produziram
CV-N capaz de se ligar à gp120, com níveis de expressão de aproximadamente 0,1%, sendo
assim bastante inferiores aos observados em soja. Este trabalho é um exemplo das vantagens
de produção de proteínas recombinantes em sementes quando comparada a folhas.
Abstract
v
Abstract
The Human immunodeficiency virus (HIV) is covered by an envelope from which
proteins, specially the gp120, control its entering into susceptible cells. The HIV infection
results in the Acquired Immunodeficiency Syndrome (AIDS), and in spite of the global
efforts against its pandemic, the number of people with HIV increases every year.
Heterosexual intercourse is currently the main way of transmission, which implicates on the
growing number of infected women. Topical microbicides are products that can be applied to
the vagina or rectum prior to intercourse to prevent the sexual transmission of HIV, and
emerged as an additional tool directed for women to prevent AIDS. Cyanovirin-N (CV-N) is
a microbicide candidate that can inactivate a wide range of HIV strains by binding
irreversibly to gp120. Production of CV-N, or any microbicide, needs to be at extremely high
levels to supply the demand, and genetically modified plants offer a suitable system.
Transgenic soybean plants to express CV-N in seeds under the control of β-conglicinin
α`promoter were produced. Analyses of R
1
seeds showed that CV-N is expressed at 6% of
total soluble seed protein, which is considerable high when compared to other similar
publications. Additionally, transient expression of CV-N and mutated CV-N
(Asn30Gln/Pro51Gly) in Nicotiana benthamiana leaves was tested with three different
sorting signals. All tested constructions produced CV-N capable of binding to gp120,
although the expression levels were about 0,1%. This work illustrates the advantage of
producing recombinant proteins in seeds rather than in leaves.
Lista de Figuras
vi
Lista de Figuras
Figura 1. Representação esquemática do vírus HIV.
Figura 2. Ilustração esquemática dos passos para entrada do HIV na célula CD4
+
. A gp120
se liga primeiro ao CD4 e depois ao co-receptor quimiocina, o que permite então que a gp41
promova a fusão do envelope viral à membrana celular.
Figura 3. Processo de transformação de plantas por Agrobacterium. As proteínas de
virulência VIR processam o T-DNA do plasmídeo Ti, produzindo uma fita-T. Após a ligação
da bactéria à célula da planta, a fita-T e diversas proteínas VIR são transferidas para a planta
atravé s de um cana l de tra nsporte . Dentro da cé lula, as proteínas VIR se associam à fita-T
formando o complexo-T, o qual vai para o núcleo e promove a integração do T-DNA ao
genoma da planta.
Figura 4. Representação esquemática do cassete de expressão utilizado para transformação
de soja.
Figura 5. Representação esquemática da seqüência sintetizada, CVNPSV.
Figura 6. Representação esquemática das clonagens realizadas na construção dos vetores
para agroinfiltração. A seqüência CVNPSV foi clonada no vetor pCam35SNos digerido com
as enzimas NcoI e SacI, resultando no vetor pCamCVNPSV (a), o qual foi então digerido
com as enzimas SalI e SacI (b), para que as outras seqüências amplificadas por PCR
pudessem ser clonadas para obtenção dos vetores finais (c). Para simplificação, as seqüências
mutadas não estão representadas em c, mas também foram utilizadas.
Figura 7. Representação esquemática da recombinação utilizada para a construção do vetor
para expressão em E. coli, pDESTCVNm.
Figura 8. A. Membrana revelada com NBT/BCIP do Western blot dos extratos protéicos de
bactéria BL21 DE3 expressando CV-N e GFP. 1) marcador Kaleidoscope
TM
(Bio-Rad); 2,3,4
e 5) extratos protéicos após 0, 2, 3 e 4 horas, respectivamente, de indução com IPTG; 8)
extrato protéico lisado após 2 horas de indução; 9) extrato protéico lisado após 4 horas de
indução; 10) extrato protéico contendo GFP. B. Gel utilizado no Western blot após a
transferência para a membrana de nitrocelulose, corado com Coomassie blue.
Figura 9. Resultado do PCR das plantas de soja bombardeadas. 1) marcador 1kb ladder; 2)
branco; 3) controle negativo; 4) controle positivo; 5 a 20) amostras de folhas.
Figura 10. Resultado do PCR das sementes βCongICVN R
1.
a) Primeiro PCR realizado com
10 sementes de cada planta-mãe. b) Segundo PCR realizado em mais algumas sementes de 5
plantas-mãe. Cada planta-mãe está indicada por chaves e os números das sementes estão
indicados nas figuras. B: amostra em branco; C+: controle positivo (resultado da
amplificação do plasmídeo pET30bCVN).
Figura 11. Ligação dos extratos protéicos de sementes transgênicas à gp120 medida por
ELISA. Como controle positivo foi utilizada CV-N recombinante purificada de E. coli, na
concentração inicial de 125 ng/ml.
Lista de Figuras
vii
Figura 12. Ligação dos extratos protéicos de sementes da planta 10 à gp120 medida por
ELISA (sobrenadante e pellet dos extratos protéicos).
Figura 13. Ligação dos extratos protéicos de sementes da planta 10 à gp120 medida por
ELISA (sobrenadante e pellet dos extratos protéicos).
Figura 14. Ligação do extrato protéico da semente 10/17 à gp120 medida por ELISA. Os
resultados estão representados em gráfico de dispersão (esquerda), e de colunas (direita).
Figura 15. Western blot dos extratos totais de sementes βCongICVN. 1) CV-N purificada
produzida em E. coli; 2) Semente não transformada; 3) Semente 10/11; 4) Semente 10/13, 5)
Semente 10/17, 6) Semente 10/22 e 7) Semente 10/25.
Figura 16. Ligação dos extratos de folhas de N. benthamiana agroinfiltradas à gp120 medida
por ELISA.
Figura 17. Ligação dos extratos de folhas de N. benthamiana agroinfiltradas à gp120 medida
por ELISA. A concentração inicial dos extratos é de 0,2 µg/µl, e do controle positivo, de 125
ng/ml.
Figura 18. Western blot dos extratos totais de folhas agroinfiltradas de N. benthamiana. 1)
CV-N purificada produzida em E. coli.; 2) Extrato de folha não-infiltrada; 3) Extrato de folha
infiltrada com a construção pCamCVN; 4) Extrato de folha infiltrada com a construção
pCamCVNm; 5) Extrato de folha infiltrada com a construção pCamCVNKdel; 6) Extrato de
folha infiltrada com a construção pCamCVNmKdel; 7) Extrato de folha infiltrada com a
construção pCamCVNPSV; 8) Extrato de folha infiltrada com a construção
pCamCVNmPSV.
Lista de Tabelas
viii
Lista de tabelas
Tabela 1. Análise de segregação de 8 plantas transgênicas da geração R
1
.
Tabela 2. Percentagem de CV-N nos extratos de proteínas totais de folhas agroinfiltradas
com Agrobacterium contendo as construções especificadas.
Índice Geral
ix
Índice Geral
Agradecimentos ......................................................................................................................... ii
Resumo ..................................................................................................................................... iv
Abstract ...................................................................................................................................... v
Lista de Figuras ......................................................................................................................... vi
Lista de tabelas ....................................................................................................................... viii
1. Introdução .......................................................................................................................... 1
1.1. O vírus HIV e a epidemia da AIDS ............................................................................. 1
1.2. Cyanovirin-N como um microbicida ........................................................................... 4
1.3. Plantas como biorreatores ........................................................................................... 8
1.3.1. Espécies de plantas utilizadas .............................................................................. 8
1.3.2. Tipos de transformação ...................................................................................... 10
2. Justificativas ..................................................................................................................... 15
3. Objetivos .......................................................................................................................... 15
4. Materiais e Métodos ......................................................................................................... 16
4.1. Construção dos vetores de expressão ........................................................................ 16
4.1.1. Vetor para expressão em soja ............................................................................ 16
4.1.2. Vetores para expressão em N. benthamiana ...................................................... 16
4.1.3. Vetor para expressão em E. coli ........................................................................ 19
4.2. Expressão de CV-N em E. coli e Western blot ......................................................... 20
4.3. Transformação de soja .............................................................................................. 21
4.3.1. Bombardeamento dos explantes de soja ............................................................ 21
4.3.2. Análises por PCR das plantas regeneradas ........................................................ 22
4.3.3. Análise da progênie por PCR ............................................................................. 23
4.3.4. Análise da progênie por Western Blot ............................................................... 23
4.3.5. Análise da ligação dos extratos de sementes à gp120 por Enzyme Linked
Immuno Sorbent Assay (ELISA) ...................................................................................... 24
4.4. Transformação transiente de folhas de N. benthamiana ........................................... 24
4.4.1. Transformação de células de A. tumefasciens .................................................... 24
4.4.2. Preparação da suspensão bacteriana e agroinfiltração ....................................... 25
4.4.3. Detecção da expressão de GFP por microscopia de fluorescência .................... 25
4.4.4. Análise da ligação à gp120 de CV-N produzido em N. benthamiana por ELISA
25
4.4.5. Análise da expressão de CV-N em N. benthamiana por Western blot .............. 26
5. Resultados ........................................................................................................................ 27
5.1. Expressão de CV-N em E.coli ................................................................................... 27
5.2. Expressão de CV-N em soja ...................................................................................... 28
5.2.1. PCR das plantas de soja transformadas ............................................................. 28
5.2.2. PCR das sementes βCongICVN ........................................................................ 28
5.2.3. ELISA gp120 das sementes βCongICVN .......................................................... 30
5.2.4. Western blot das sementes βCongICVN ........................................................... 32
5.3. Expressão transiente de CV-N em folhas de N. benthamiana .................................. 33
5.3.1. ELISA gp120 das folhas agroinfiltradas ............................................................ 33
5.3.2. Western blot das folhas agroinfiltradas.............................................................. 34
6. Discussão ......................................................................................................................... 36
7. Conclusões e Perspectivas ............................................................................................... 4. 33
Introdução
1
1. Introdução
1.1. O vírus HIV e a epidemia da AIDS
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é um vírus envelopado e as proteínas do
seu envelope controlam os eventos necessários para a sua entrada em células suscetíveis,
sendo assim responsáveis pelo tropismo viral. O complexo de proteínas do envelope do HIV
é inicialmente produzido como o precursor gp160, o qual é extensivamente glicosilado e
proteoliticamente clivado em duas subunidades por uma convertase celular (The gender and
the development group, 2004; Chan e Kim, 1998). Da clivagem resultam uma subunidade de
superfície (gp120) e uma subunidade transmembrânica (gp41) (Chan e Kim, 1998). Um
trímero de gp120 então associa-se não-covalentemente a um trímero de gp41 na superfície do
vírion (figura 1), formando a estrutura responsável
para sua entrada na célula hospedeira (Poignard et
al., 2001). Para isso, a gp120 deve se ligar à
proteína de superfície CD4 das células-T CD4
+
ou
macrófagos ou à proteína DC-SIGN das células
dendríticas (DCs) (Balzarini e Van Damme, 2007.
A ligação da gp120 ao CD4 faz com que ela sofra
alterações conformacionais que promovem sua
ligação a receptores quimiocina específicos (CCR5
nos macrófagos, e CXCR4 nas células T) (Chan e
Kim, 1998; Greene e Peterlin, 2002). Subseqüentemente, a gp41 altera-se
conformacionalmente provocando a fusão do envelope viral à membrana celular, o que
resulta na liberação do vírion no citoplasma (figura 2) (Chan e Kim, 1998).
Figura 1. Representação esquemática do vírus
HIV. Fonte: http://www.web-
books.com/eLibrary/Medicine/Infectious/AID
S_HIV.htm
Figura 2. Ilustração esquemática dos
passos para entrada do HIV na célula
CD4
+
. A gp120 se liga primeir o ao CD4 e
depois ao co-receptor quimiocina, o que
permite então que a gp41 promova a fusão
do envelope viral à membrana celular.
Fonte:
http://www.aidsreagent.org /program_info.
cfm.
Introdução
2
A ligação da gp120 ao DC-SIGN é de alta afinidade, no entanto, não provoca as
alterações conformacionais necessárias para a fusão do vírus com a célula dendrítica, mas faz
com que as partículas virais ligadas sejam internalizadas para um compartimento ácido, e
então apresentadas na superfície celular após a maturação e a migração das células
dendríticas para os nódulos linfáticos, onde elas encontram as células T (Kwon et al., 2002).
Dessa forma, as células dendríticas agem na dispersão da infecção viral das superfícies
mucosas para os órgãos linfáticos (Greene e Peterlin, 2002).
As células de Langerhans (LCs) são um subtipo de células dendríticas, que não
expressam DC-SIGN, mas Langerinas, às quais a gp120 do HIV também é capaz de se ligar
(de Witte et al., 2007). Estas células estão presentes na epiderme e na maioria das mucosas
epiteliais, como os tecidos ectocervicais, da vagina e do prepúcio, enquanto as células DC-
SIGN
+
residem na camada subepitelial (de Witte et al., 2007). Dessa forma, as LCs são as
primeiras células às quais o HIV se liga quando atinge a muc osa epitelial, e por algum tempo,
assumiu-se que elas mediavam o espalhamento do HIV pelo corpo após a transmissão sexual,
assim com as DCs, só que mais precocemente na infecção (Kawamura et al., 2005; Schwartz,
2007). No entanto, foi recentemente demonstrado que a captura do vírus pela Langerina
promove sua internalização para os grânulos de Birbeck das LCs e subseqüente degradação
(de Witte et al., 2007). Os autores concluíram então que, ao invés de mediar a infecção do
HIV, as LCs funcionam como uma barreira natural ao vírus.
As proteínas do envelope também podem promover a fusão de células infectadas com
células vizinhas não-infectadas, um fenômeno de nominado formação de sincício, o que pode
ser observado em cultura de células (Chan e Kim, 1998) e é um dos primeiros sinais da
infecção por HIV in vitro.
Possíveis fontes de infecção de HIV por contato sexual são partículas virais livres e
células linfóides infectadas presentes no sêmen, nas secreções cervicovaginais, sangue ou
outros fluidos resultantes de trauma físico ou infecções genitais (Stone, 2002). Após a
exposição sexual ao HIV, o vírus pode entrar pelo epitélio estratifutr]]TJ-25.6tcecçelas
células da camada únutr do epitélio col unar cervical (Balzarini e Van Da mme, 2007)
atingindo a lâmina própria e estabelecendo a infecção.
Uma vez dentro da célula, o vírus dá inicio ao seu ciclo de replicação, podendo seguir
dois caminhos diferentes:cçermanecer latente com o seu genoma integrado ao genoma do
hospedeiro,tcecçrosseguir com a transcrição de seu genoma para a produção de novos vírions.
A segunda opção resulta na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), pois destrói
Introdução
3
grande parte das células linfóides do hospedeiro deixando-o imunologicamente suscetível a
infecções oportunistas, que podem então levá-lo a morte.
Um esforço global tem sido aplicado para a diminuição da epidemia da AIDS,
incluindo o aumento do acesso a tratamentos efetivos e programas de prevenção. No entanto,
o número de portadores de HIV continua a crescer, assim como o número de óbitos em razão
da AIDS. Em 2006, um total de 39,5 milhões de pessoas eram portadoras do vírus da AIDS,
um número 2,6 milhões maior que em 2004 (UNAIDS/WHO, 2006). Já em 2007, foram
registradas 33,2 milhões de pessoas infectadas pelo HIV, um número 16% menor que em
2006 (UNAIDS/WHO, 2007). Entretanto as diferenças entre as estimativas publicadas em
2006 e 2007 resultam muito mais dos refinamentos da metodologia aplicada para a
estimação, do que da diminuição da pandemia (UNAIDS/WHO, 2007). Todos os dias mais
de 6800 pessoas são infectadas pelo HIV no mundo e mais de 5700 morrem de AIDS,
principalmente devido ao acesso inadequado à prevenção da doença e aos tratamentos
disponíveis (UNAIDS/WHO, 2007).
É na África Subsaariana que está o epicentro da pandemia, com a AIDS sendo a
principal causa de morte. Mais de dois terços dos adultos (68%) e quase 90% das crianças
infectados com HIV estão na África Subsaariana. O núme ro estimado de mortes causadas
pela AIDS no mundo em 2007 foi de 2,1 milhões, das quais 76% ocorreram nessa região
(UNAIDS/WHO, 2007).
A relação heterossexual continua a ser o principal modo de transmissão do vírus,
sendo responsável por 85% de todas as infecções por HIV no mundo (Simon et al., 2006).
Esse tipo de transmissão é particularmente preocupante devido ao número crescente de
mulheres com AIDS, o que tem implicações adicionais na transmissão mãe-filho, e
conseqüentemente, no número de crianças infectadas (Quinn e Overbaugh, 2005).
Em 2007 foram estimadas 15,4 milhões de mulheres vivendo com HIV no mundo, 1,6
milhões a mais do que em 2001 (UNAIDS/WHO, 2006). Em 2006, 49% dos infectados eram
mulheres, hoje são 50% (UNAIDS/WHO, 2006; UNAIDS/WHO, 2007). Esse fenômeno tem
sido denominado “feminização da pandemia do HIV” e reflete a vulnerabilidade biológica e
social da mulher ao vírus da AIDS (The gender and the development group, 2004). A
vulnerabilidade biológica está relacionada a alterações hormonais que têm efeito no
afinamento da mucosa vaginal devido ao estágio reprodutivo e/ou ao uso de contraceptivos
hormonais (Quinn e Overbaugh, 2005). A vulnerabilidade social envolve a submissão sexual
da mulher, o que ainda ocorre em várias regiões do mundo, principalmente na África
Introdução
4
Subsaariana, onde 61% dos adultos vivendo com HIV são mulheres (UNAIDS/WHO, 2007).
Nesta região, mulheres jovens na idade de 15 a 24 anos têm três vezes mais chances de
contrair o vírus do que homens da mesma idade (Quinn e Overbaugh, 2005).
Mesmo que o uso apropriado de preservativos represente uma alta taxa de proteção
(80-90%) contra a transmissão do HIV, muitas mulheres não estão em posição de persuadir
seus parceiros a usá-los. Nesse contexto, o desenvolvimento de tecnologias que coloquem a
prevenção da AIDS nas mãos das mulheres é crucial (Lancet Editorial, 2007).
1.2. Cyanovirin-N como um microbicida
Medicações vaginais contendo o espermicida surfactante nonoxynol-9 têm sido
usadas por mais de 50 anos para reduzir o risco de uma gravidez não-desejada (Stone, 2002).
A demonstração de que o nonoxynol-9, além de destruir o esperma, podia também destruir o
HIV, forneceu o estímulo inicial para a pesquisa dos microbicidas – medicações
antimicrobianas capazes de prevenir a transmissão do HIV e de outras doenças sexualmente
transmissíveis quando aplicadas na vagina ou reto antes da relação sexual (Stone, 2002). É
importante ressaltar que a maioria dos agentes microbicidas mais promissores não são
microbicidas no sentido literal, isto é, não matam microorganismos, ma s bloqueiam a
infecção.
O desenvolvimento de um microbicida efetivo contra o HIV é de especial interesse
devido ao aspecto pandêmico da doença e a dificuldade de se desenvolver uma vacina efetiva
contra o HIV, principalmente porque o vírus tem alta mutabilidade (Lancet Editorial, 2007).
No momento não existem vacinas em vista que sejam capazes de induzir imunidade
esterilizadora e de proteger contra a infecção (Lederman et al., 2006). Maiores expectativas
se baseiam em vacinas capazes apenas de atenuar a replicação do vírus em pessoas
“imunizadas” (Lederman et al., 2006). De acordo com Lederman e colegas (2006), um
microbicida bem-sucedido diminuiria o aume nto da epidemia, principalmente entre as
mulheres, enquanto uma vacina efetiva não é encontrada. Diferentemente do preservativo
sexual, os microbicidas não criarão uma barreira física ao contato íntimo, sendo mais aceitos
por homens e mulheres. Além disso, as mulheres poderão aplicá-lo anteriormente à relação
sexual, sem a necessidade do consentimento do parceiro.
Atualmente existem diversos candidatos a microbicidas que já foram testados ou em
modelos de explantes cervicais ou em modelos de desafio vaginal contra SHIV em macacos,
Introdução
5
ou já estão em fases de testes clínicos. Eles podem ser inespecíficos, moderadamente
específicos e altamente específicos.
Entre os inespecíficos estão os detergentes, que destroem a me mbrana do vírus
(Nonoxynol-9 - falhou nos testes clínicos; Savvy da Cellegy Pharmaceuticals, testes clínicos
descontinuados na fase III em 2006) e os diminuidores de pH, uma vez que o vírus é
inativado em pH menor que 4,5 (BufferGel, da ReProtect – fase III de testes clínicos)
(Balzarini e Van Damme, 2007; Lederman et al., 2006).
Os moderadamente específicos englobam uma variedade de polímeros aniônicos, que
se ligam ao envelope viral por meio das cargas negativas e bloqueiam a entrada do vírus nas
células hospedeiras (Balzarini e Van Damme, 2007). Entre eles estão o Ushercell (sulfato de
celulose), da CONRAD, que teve os testes de fase III descontinuados em 2007 após a
verificação de que a sua utilização aumentou discretamente a susceptibilidade das mulheres
ao HIV; o carrageenan (polissacarídeo ligado a galactose), utilizado na composição do gel
Carraguard, do Population Council, que falhou nos testes clínicos no início de 2008; e o
PRO-2000, polímero sintético de sulfonato de naftaleno, da Indevus Pharmaceuticals, que
continua em fase III de testes clínicos (Balzarini e Van Damme, 2007; Klasse et al., 2008;
Sanderson, 2008).
Os microbicidas altamente específicos podem ter como alvo qualquer um dos passos
que leve a incorporação do genoma viral nas células hospedeiras como um DNA pró-viral
(adsorção ou fusão, transcrição reversa e integração) (Balzarini e Van Damme, 2007). Entre
os inibidores da transcrição reversa, o Tenofovir, da CONRAD, composto de um nucleosídeo
terminador da transcrição reversa, encontra-se em fase II de testes clínicos (Klasse et al.,
2008). Os inibidores de fusão ou entrada especificamente impedem o vírus de entrar nas
células, eles são particularmente atrativos porque inibem a infecção no primeiro passo. Cada
estágio do processo de fusão pode ser bloqueado por compostos específicos que se ligam às
proteínas Env ou aos receptores celulares (Klasse et al., 2008). Os glicanos ricos em manose
das proteínas do envelope do HIV são alvo de várias lectinas com atividade anti-HIV, assim
como do anticorpo monoclonal humano 2G12, que neutraliza várias linhagens do vírus
(Klasse et al., 2008).
A mais conhecida entre essas lectinas é Cyanovirin-N (CV-N), que foi descoberta e
isolada a partir de um extrato da alga azul Nostoc ellipsosporum pertencente ao U.S. National
Cancer Institute´s Natural Products Repository, em um programa de prospecção de moléculas
com atividade anti-HIV (Boyd et al., 1997; Lederman et al., 2006). CV-N é uma proteína de
Introdução
6
11 kDa capaz de inativar irreversivelmente uma grande variedade de HIVs, além de prevenir
a fusão e a transmissão do vírus entre células infectadas e não-infectadas (Boyd et al., 1997).
Ela age se ligando com alta afinidade aos oligossacarídeos ricos em manose da glicoproteína
de envelope gp120, interferindo nas interações essenciais para a fusão e entrada do vírus nas
células suscetíveis (Shenoy et al., 2001).
Além de suas propriedades antivirais, CV-N apresenta alta estabilidade. Mesmo fora
de solução de tamponação, a proteína é capaz de resistir a ciclos de congelamento e
derretimento e a dissolução em solventes orgânicos, como CH
3
CN, MeOH e dimetil
sulfóxido (Shenoy et al., 2001). Nem o tratamento de CV-N com alta concentração de sal
(8M HCl guanidina), detergente (SDS 0,5%), solução de H
2
O
2
0,5% ou alta temperatura
(água fervente por 15 minutos) provoca perda significante de sua atividade (Boyd et al.,
1997). A baixa toxicidade da proteína também foi constatada por meio da incubação com
células controle não-infectadas (Boyd et al., 1997).
As propriedades físicas e antivirais de CV-N revelam uma proteína com grande
potencial para o desenvolvimento de um microbicida tópico para prevenir a transmissão do
HIV. Tsai et al. (2004; 2003) demonstraram a eficácia in vivo de CV-N formulado como um
gel e usado como um microbicida tópico vaginal ou retal, expondo macacas (Macaca
fascicularis) tratadas com o microbicida ao vírus quimérico SHIV89.6P (Simian
immunodeficiency virus com envelope de HIV). Adicionalmente, os mes mos autores
mostraram que CV-N bloqueia a infecção de HIV-1
Ba-L
em explantes ectocervicais humanos.
A dificuldade de se produzir uma vacina contra o vírus da AIDS resulta da alta
mutabilidade do mesmo, por ser um vírus de RNA. Dessa forma, a utilização de qualquer
medicamento contra o HIV, incluindo os microbicidas, pode resultar no surgimento de
variedades resistentes do vírus, e assim, na falha do medicamento.
Estudos da mutabilidade do vírus sob pressão seletiva de CV-N mostraram que o vírus
eliminou oligossacarídeos N-ligados da gp120 por meio de mutações nos sítios de
glicosilação, ficando assim resistentes a CV-N (Hu et al., 2007; Witvrouw et al., 2005). No
entanto os oligossacarídeos presentes na gp120, que representam 50% do total de sua massa,
têm sido vistos como barreiras que escondem os epítopos altamente imunogênicos da gp120,
e dessa forma são utilizados como estratégia de evasão do sistema imune do hospedeiro, uma
vez que os oligossacarídeos são pouco imunogênicos (Karlsson Hedestam et al., 2008;
Kwong et al., 2002; Kwong et al., 1998; Wyatt et al., 1998; Wyatt e Sodroski, 1998).
Portanto é de se esperar que a perda dos oligossacarídeos da gp120 resulte em uma maior
Introdução
7
vulnerabilidade do vírus à neutralização mediada por anticorpos do hospedeiro. E foi
exatamente isso que Hu e colaboradores (2007) observaram após a geração de linhagens de
HIV-1 resistentes a CV-N. Os autores demonstraram que o HIV mutante resistente a CV-N
ficou mais suscetível a imunoglobulinas e ao soro de pacientes de HIV. Esse fato soma mais
uma vantagem para a utilização de microbicidas que têm como alvo as glicoproteínas do
envelope viral.
A possibilidade de produção de CV-N recombinante com atividade biológica foi
inicialmente demonstrada por Boyd et al. (1997), com a expressão em Escherichia coli. Mais
tarde, vários sistemas de expressão em procariotos foram testados, incluindo a expressão em
E. coli (Colleluori et al., 2005; Mori et al., 2002; Mori et al., 1998), na superfície da bactéria
comensal Streptococcus gordonii (Giomarelli et al., 2002), assim como nas linhagens de
Lactobacillus colonizadoras da mucosa vaginal (Liu et al., 2006; Pusch et al., 2005). O
primeiro sistema eucariótico usado para a expressão de CV-N foi Pichia pastoris (Mori et al.,
2002). Por meio deste sistema de expressão, os autores verificaram que CV-N foi glicosilada
na posição Asn30, perdendo assim a capacidade de se ligar à gp120. Por esse motivo, foram
produzidos mutantes nos quais foram substituídas a Asn30 para remover o sítio de N-
glicosilação, assim como a Prolina na posição 51 para impedir a dimerização por mal-
dobramento mediado por prolina (Mori et al., 2002). Segundo Barrientos et al. (2004), a
substituição da Prolina51 estabiliza CV-N em sua for ma monomérica, mas a dimerização não
compromete a atividade antiviral da proteína.
De acordo com Shattock e Moore (2003), a quantidade de proteína necessária para a
produção de um gel microbicida em quantidades suficientes para suprir a demanda mundial é
muito além da capacidade de qualquer sistema de cultura celular atualmente disponível.
Apenas plantas geneticamente modificadas, cultivadas em uma área de no mínimo 5000
acres, poderiam suprir tais necessidades (Shattock e Moore, 2003). Nesse contexto, Sexton et
al. (2006), num trabalho pioneiro, produziram plantas transgênicas de fumo expressando o
mutante Asn30Gln/Pro51Gly de CV-N na concentração de 0,85% de proteína solúvel total.
Este e o único estudo da expressão de CV-N em plantas disponível na literatura.
Introdução
8
1.3. Plantas como biorreatores
As plantas sempre foram uma importante fonte de várias moléculas com propriedades
medicinais e nutritivas para o homem, mas apenas nas duas ultimas décadas se tornou
possível a sua utilização para a produção de proteínas recombinantes.
Tradicionalmente, a produção de proteínas recombinantes se baseia na utilização de
fermentadores microbianos ou de linhagens de células de mamíferos, mas esses sistemas
apresentam grandes desvantagens, como elevados custos, capacidade limitada e perigo de
contaminação por patógenos (Fischer et al., 2004). Por outro lado, as plantas apresentam
pequeno perigo de contaminação, custos reduzidos e grande capacidade de produção, mesmo
quando há a necessidade de confinamento em casas de vegetação (Ma et al., 2005). Estima-se
que proteínas recombinantes podem ser produzidas em plantas por 2 a 10% do custo da
fermentação microbiana e 0,1% do custo da cultura de células de mamíferos (Giddings et al.,
2000).
A primeira proteína recombinante de interesse farmacêutico a ser produzida em planta
transgênica, foi o hormônio do crescimento humano em tabaco, em 1986 (Barta et al., 1986).
Hoje, diversas proteínas produzidas em plantas já estão sendo comercializadas, como
anticorpos, fatores sangüíneos, citocinas, fatores de crescimento, hormônios, enzimas e
vacinas, o que demonstra a viabilidade desse sistema de expr essão e a capacidade de produzir
moléculas heterólogas corretamente montadas (Twyma n et al., 2005).
Um dos principais determinantes da viabilidade comercial de uma molécula produzida
em plantas é o alcance de adequadas taxas de produção, o que depende da espécie da planta,
da construção do cassete de expressão e do tipo de transformação aplicado (Twyman et al.,
2003).
1.3.1. Espécies de plantas utilizadas
O fumo (Nicotiana tabacum) tem uma longa história como sistema bem-sucedido de
expressão de moléculas recombinantes, e, por esse motivo, sempre foi um forte candidato
quando o objetivo é produção comercial (Fischer et al., 2004; Twyman et al., 2003). Esse fato
se deve à tecnologia bem estabelecida de transferência e expressão de genes, alta produção de
biomassa, potencial de aumento da massa devido à produção de sementes férteis e
Introdução
9
disponibilidade de infra-estrutura de processamento em larga escala (Ma et al., 2003;
Twyman et al., 2003).
Algumas desvantagens estão relacionadas com a alta concentração de alcalóides; no
entanto, existem cultivares com baixa produção de alcalóides que podem ser utilizadas para a
produção de proteínas de interesse farmacêutico (Twyman et al., 2003). Outra desvantagem é
a instabilidade do produto recombinante produzido em folhas, que apresenta um ambiente
celular com alta concentração de água. Isso significa que o tecido deve ser congelado ou
liofilizado para o transporte (Fischer et al., 2004; Ma et al., 2003; Twyman et al., 2003). Em
contraste, a expressão de proteínas recombinantes em sementes como a soja (Glycine max),
feijão (Phaseolus vulgaris) e milho (Zea mayz), permite o armazenamento a longo prazo, pois
apresentam o ambiente bioquímico apropriado para o acúmulo estável de proteínas (Ma et al.,
2003). Tem sido demonstrado que anticorpos produzidos em sementes permanecem estáveis
por pelo menos três anos à temperatura ambiente sem perda de atividade detectável (Stoger et
al., 2000).
Diferentes tipos de culturas têm sido investigados para a produção de proteínas em
sementes, como cereais (arroz, trigo e milho) e legumes (ervilha e soja) (Hood et al., 2002;
Ma et al., 2003; Stoger et al., 2002). Sementes de arroz (Oryza sativa) já foram demonstradas
como o melhor sistema de expressão para um anticorpo de cadeia única quando comparados
com fumo, trigo ( Triticum aestivum) e ervilha (Pisum sativum), apresentando as maiores
concentrações do recombinante por unidade de biomassa, muito embora o fumo tenha
Introdução
10
de 1 a 2% (Moravec et al., 2007). Apesar disso e do domínio das técnicas de transformação
de soja, demonstrado pela produção de diversas linhagens transgênicas resistentes a
herbicidas e pragas, essa cultura quase não tem sido explorada para a produção de
biofarmacêuticos. No entanto, em duas recentes publicações, a semente de soja foi utilizada
como um eficiente sistema de expressão para a produção destas moléculas. No primeiro, o
fator de crescimento do fibroblasto (bFGF), acumulou em 2,3% do total de proteína da
semente, utilizando-se o promotor e o peptídeo-sinal da glicinina (Ding et al., 2006). E, mais
recentemente, a semente de soja foi utilizada para a produção da toxina termo-lábil de
Escherichia coli enterotoxicogênica (LTB), acumulando em 2,4% do total de proteínas da
semente (Moravec et al., 2007). Para isso, também foi utilizado o promotor da glicinina, com
o peptídeo sinal da quitinase e a seqüência de retenção no retículo endoplasmástico C-
terminal, KDEL. Outros trabalhos também demonstram a viabilidade da soja para a produção
de proteínas recombinantes, como o anticorpo monoclonal contra a herpes genital (Zeitlin et
al., 1998) e a fitase de Aspergillus (Denbow et al., 1998).
A planta de soja apresenta diversas vantagens para a produção de moléculas de
interesse farmacêutico quando comparada a outras culturas, como a de milho. Primeiramente,
ela é uma planta autógama, e a freqüência de polinização cruzada não ultrapassa 1%, uma vez
que o seu grão de pólen alcança a distância de apenas 6,5 metros (Abud et al., 2003; Abud et
al., 2007). Isso implica no baixo risco de contaminação de culturas não-transgênicas por
pólen de culturas transgênicas. O milho, por sua vez, é uma planta alógama e como sua
polinização é feita pelo vento, o pólen atinge distâncias superiores a 500 metros (Iowa State
University, 1993). Outra vantagem da soja é a sua capacidade de simbiose com bactérias
fixadoras de nitrogênio, como Rhizobium e Bradyrhizobium, por meio de seu sistema
radicular (de Castro et al., 1993). Essa característica diminui os custos da cultura de soja uma
vez que quase não há necessidade de utilização de fertilizantes nitrogenados. Além disso, por
ser extremamente sensível ao fotoperíodo, o número de ramos e folhas, e, conseqüentemente,
o de vagens, pode ser bastante aumentado em casa de vegetação em condições de fotoperíodo
prolongado (Kantolic e Slafer, 2007).
1.3.2. Tipos de transformação
A maioria dos biofarmacêuticos recomb inantes derivados de plantas foram
produzidos por transformação nuclear e regeneração das linhagens transgênicas, seguidas de
Introdução
11
extração e purificação da proteína recombinante (Fischer et al., 2004). A transformação
nuclear acarreta na integração do gene heterólogo no genoma da planta e na transmissão do
mesmo para a progênie, o que caracteriza uma expressão estável (Lacorte, 2006; Sharma et
al., 2005). Esse tipo de expressão também pode ser alcançado por meio da transformação de
cloroplastos, que apresenta algumas vantagens quando comparada à transformação nuclear, e
tem demonstrado marcantes níveis de expressão em trabalhos recentes (Fernandez-San
Millan et al., 2003; Molina et al., 2004; Staub et al., 2000; Tregoning et al., 2003).
Os principais métodos utilizados para a transformação estável de plantas são a
transformação mediada por Agrobacterium, a qual utiliza o mecanismo natural de
transferência de genes para plantas de Agrobacterium tumefasciens, e o bombardeamento de
partículas, no qual microprojéteis cobertos de DNA são acelerados sobre o tecido vegetal
(Brasileiro e Carneiro, 1998; Rech et al., 2008).
A base molecular da transformação genética de plantas por Agrobacterium reside na
transferência para a planta de uma região de um plasmídeo indutor de tumor (Ti) (Gelvin,
2003). Essa região é denominada T-DNA e é definida por seqüências de borda, de 25 pb,
onde atuam endonucleases produzidas pela região vir do plasmídeo Ti (Gelvin, 2003; Yadav
et al., 1982). O processamento do T-DNA e a sua transferência da bactéria para o genoma da
célula da planta hospedeira resultam em grande parte da atividade dos produtos dos genes de
virulência (vir) contidos no plasmídeo Ti (Gelvin, 2003; Gelvin, 2005), os quais têm
expressão ótima sob pH ácido e na presença de indutores fenólicos, como acetoseringona,
que são liberados por ferimentos do tecido vegetal (Hansen e Wright, 1999). O T-DNA é
manipulado para conter os genes de seleção e os genes de interesse, e então o plasmídeo Ti é
inserido em A. tumefasciens e utilizado para transformação de plantas (Hansen e Wright,
1999). A figura 3 ilustra o processo de transferência do T-DNA da bactéria para o genoma da
célula vegetal.
Introdução
12
Os protocolos de transformação estável de plantas por Agrobacterium geralmente
envolvem a co-cultura da bactéria contendo o plasmídeo Ti recombinante com pedaços do
tecido vegetal in vitro (e.g. pedaços de folha estéreis, cotilédones, segmentos do caule,
culturas de suspensão de células e sementes germinando), e posterior regeneração do tecido
em meio de seleção (Hansen e Wright, 1999). A transformação por esse método depende da
integração do T-DNA ao genoma das células vegetais. As células transformadas são
selecionadas e se multiplicam, podendo se diferenciar e dar origem à planta transgênica. Na
maioria das células infectadas, as cópias de T-DNA não são integradas e permanecem no
núcleo por um curto período de tempo antes de serem degradadas pela maquinaria de defesa
do hospedeiro, podendo ser transcritas, o que leva à expressão transiente dos genes do T-
DNA (Kapila et al., 1997).
Baseado nesse fenômeno, foi desenvolvido um sistema de transformação transiente
denominado “Agrobacterium tumefasciens transient assay” (ATTA), no qual uma suspensão
de Agrobacterium contendo um vetor é infiltrada em folhas intactas de uma planta por meio
de uma seringa ou vácuo. Toda a parte aérea da planta pode ser infiltrada e o tecido pode ser
coletado para análise após 3-6 dias (Lacorte, 2006). Por meio desse método, um grande
número de células é transformado podendo expressar o gene de interesse, o que o faz viável
para a produção de proteínas recombinantes em pequena ou média escala. Além disso, devido
à vantagem de ser extremamente rápido comparado à produção de plantas transgênicas, esse
sistema é geralmente utilizado para a verificação da funcionalidade de cassetes de expressão
assim como para a validação funcional de proteínas recombinantes (Fischer et al., 2004;
Figura 3. Processo de transformação de
plantas por Agrobacterium. As proteínas de
virulência VIR processam o T-DNA do
plasmídeo Ti, produzindo uma fita-T. Após
a ligação da bactéria à célula da planta, a
fita-T e diversas proteínas VIR são
transferidas para a planta através de um
canal de transporte. Dentro da célula, as
proteínas VIR se associam à fita-T
formando o complexo-T, o qual vai para o
núcleo e promove a integração do T-DNA
ao genoma da planta. Fo nt e: Gel vi n , 20 0 5
.
Introdução
13
Lacorte, 2006). No entanto, o alto nível de expressão é alcançado apenas por um curto
período de tempo.
Em 2001 foi sugerido que o silenciamento gênico pós-transcricional (PTGS) poderia
ser um dos fatores responsáveis pela queda de expressão dos transgenes (Johansen e
Carrington, 2001), e mais tarde, o PTGS foi confirmado como o principal responsável pela
limitação da eficiência de ATTA (Voinnet et al., 2003). Em plantas, esse mecanismo opera
como um sistema imune adaptativo contra vírus (Ratcliff et al., 1999; Voinnet, 2001); e como
estratégia de contra-ataque, os vírus evoluíram para suprimir vários passos desse mecanismo
(Kasschau e Carrington, 1998; Voinnet, 2001; Voinnet, 2005; Voinnet et al., 1999).
Por meio da co-expressão de proteínas recombinantes com proteínas virais com
potencial atividade de supressão de silenciamento, Voinnet e colaboradores (2003)
observaram que a proteína p19 do Tomato bushy stunt virus foi o mais efetivo, aumentando
os níveis de expressão em mais de 50 vezes, seguido do HcPro, do Potato virus Y. Assim, a
utilização dessas proteínas representa uma importante ferramenta para o aumento da
eficiência do ATTA.
Outra tecnologia emergente de expressão transiente se baseia na utilização de vírus de
plantas como vetores de transformação (Fischer et al., 2004). Esse mecanismo é bastante
semelhante ao ATTA, com a diferença de que uma suspensão de Agrobacterium carregando
T-DNAs que codificam replicons virais contendo o gene heterólogo é usada para a infiltração
das folhas. A bactéria assume as funções da infecção primária das células vegetais e fornece
as condições para que o replicon viral seja traduzido para a geração de partículas virais, que
podem então se mover célula a célula espalhando-se sistemicamente, amplificando os níveis
de expressão da proteína de interesse (Gleba et al., 2005). Segundo Gleba e colaboradores
(2005), esse sistema pode ser utilizado para a produção de proteínas recombinantes em escala
industrial se for utilizado um aparato de infiltração a vácuo de alta eficiência que possa ser
aplicado em plantas inteiras.
O método de transformação mediada por Agrobacterium é utilizado mais comumente
para espécies dicotiledôneas, como tabaco, alfafa, ervilha, tomate e batata, embora possa
também ser utilizado para espécies monocotiledôneas para as quais a tecnologia foi otimizada
(Ma et al., 2003; Sharma et al., 2005). A transformação por bombardeamento de partículas é
menos dependente do genótipo, e, portanto, é o método mais comum para a transformação de
cereais como arroz, trigo e milho, bem como soja e outras leguminosas (Aragão et al., 2000;
Rech et al., 2008). Este é também o método utilizado para a transformação de plastídeos, uma
Introdução
14
vez que o T-DNA de Agrobacterium é direcionado exclusivamente ao núcleo, sendo assim
inadequado para a transferência de genes para o genoma do cloroplasto (Gelvin, 2003).
O processo de biobalística é baseado na aceleração de microprojéteis, de 0,2 a 4
micrômetros de diâmetro, recobertos por seqüências especificas de DNA, a u ma velocidade
final de 1500 km/h, promovida por gás hélio sob alta pressão, sobre os explantes ou células
em suspensão. Os microprojéteis ultrapassam a parede e a me mbrana celulares e penetram na
célula de maneira não-letal. Então se dissociam do DNA pela ação citosólica e são integrados
ao genoma vegetal por recombinação homóloga (Sanford et al., 1987). Assim, a
transformação genética da planta bombardeada ocorre em dois estágios: transferência do
DNA para dentro da célula e sua integração ao genoma. A integração é muito menos eficiente
do que a transferência do DNA, e conseqüentemente, apenas algumas células que recebem o
DNA são efetivamente transformadas (Altpeter et al., 2005). Dessa forma é necessária a
utilização de um gene de seleção para que apenas as células transformadas se regenerem em
uma nova planta.
No protocolo de transformação de soja descrito por Rech e colaboradores (2008), o
bombardeamento das micropartículas é direcionado para o meristema apical exposto de eixos
embrionários de sementes. Utiliza-se como gene de seleção o ahas, isolado de Arabidopsis
thaliana, o qual codifica para uma forma mutada da enzima ácido-aceto-hidróxi sintase, que é
essencial para os primeiros passos da síntese dos aminoácidos isoleucina, leucina e valina
(Sathasivan et al., 1991). Essa enzima, em sua forma nativa, é inibida pela ação do herbicida
Imazapyr
®
, levando o tecido vegetal à morte. Mas a enzima codificada pelo gene ahas é
tolerante a esta ação, o que faz com que as células transformadas permaneçam ilesas.
Neste trabalho foram aplicadas tanto a técnica de biobalistica para a transformação
estável de soja, como a ATTA para transformação transiente de folhas de Nicotiana
benthamiana.
Justificativas e Objetivos
15
2. Justificativas
Os índices crescentes da epidemia da AIDS, principalmente entre mulheres,
ocasionados em sua maioria pelo contato heterossexual, exigem que medidas urgentes sejam
tomadas para a prevenção da infecção por HIV. Os microbicidas representam uma ferramenta
adicional no combate a AIDS, com a vantagem de poderem ser utilizados pelas mulheres
como preventivos. No entanto, a demanda mundial por um creme microbicida exige um
volume de produção e custeio que somente podem ser alcançados com a utilização de um
sistema baseado na expressão heteróloga em plantas.
CV-N é uma proteína que tem se mostrado efetiva como um microbicida e sua
expressão em plantas é possível, como já foi demonstrado. Porém, espera-se alcançar maiores
taxas de expressão do que foi alcançado até o momento, para que sua produção seja capaz de
suprir a demanda a custos reduzidos.
Esse trabalho constitui parte de um acordo entre a Embrapa, a BioSyn e o NIH, US,
para a produção de microbicidas em plantas.
3. Objetivos
O objetivo deste trabalho é expressar a proteína CV-N recombinante em plantas por
meio de dois diferentes sistemas:
1. Produção de CV-N em sementes de soja (Glycine max
) transgênicas
Pretende-se expressar CV-N em sementes de soja, por meio da utilização do promotor
semente-específico do gene da β-conglicinina, subunidade α e do peptídeo sinal da
subunidade β, o qual direciona para os corpos protéicos.
2. Expressão transiente de CV-N em folhas de Nicotiana benthamiana
Pretende-se avaliar a expressão de CV-N mutante (Asn30Gln/Pro51Gly) e nativa sob
o controle do promotor 35S do vírus do mosaico da couve-flor (35S CaMV) em construções
que direcionam para diferentes compartimentos sub-celulares (i.e. citoplasma, retículo
endoplasmático, vacúolo e apoplasto) através de ATTA, utilizando-se vetores binários e
vetores virais baseados no Potato virus X (PVX).
Materiais e Métodos
16
4. Materiais e Métodos
4.1. Construção dos vetores de expressão
4.1.1. Vetor para expressão em soja
O fragmento de 306 pb referente à região codificante de CV-N foi amplificado pela
Reação da Polimerase em Cadeia (PCR) a partir dos primers SoyCVNHind
(5’AAAGCTTCTTGGTAAATTCTCCC3’), o qual adicionou um sítio de restrição HindIII à
extremidade 5’ da fragmento, e SoyCVNEco (5’AGAATTCTTATTCGTATTTCAGG3’), o
qual adicionou um sítio de EcoRI à extremidade 3’da fragmento. Foi usado como molde o
vetor pET30b-CVN (BioSyn). A seqüência resultante foi subseqüentemente clonada nos
sítios EcoRI e HindIII do vetor pβCongI, o qual é resultado da clonagem do promotor da
subunidade α da β-conglicinina de soja seguido do peptídeo sinal completo da subunidade β
da β-conglicinina de soja e do terminador 35S de CaMV nos sítios de restrição XhoI e
BamHI do vetor pUC 19. O vetor resultante foi denominado pβCongICVN (figura 4).
Cassete betaCong1CV N
1703 bp
CVN
Promotor Beta-Cong
T 35S
PS
Bam
HI (1699
)
Eco
RI (1464)
Hin
dIII (1152)
Xho
I (2)
Figura 4. Representação esquemática do cassete de expressão utilizado para transformação de soja.
4.1.2. Vetores para expressão em N. benthamiana
A seqüência referente ao peptídeo sinal da cadeia leve Kappa do anticorpo de
camundongo CEA66-E3, seguida da seqüência codificante de CV-N e da seqüência PSV
[sinal C-terminal da faseolina de Phaseolus vulgaris capaz de direcionar proteínas para o
vacúolo de folhas sementes, em conjunto com um peptídeo sinal N-terminal (Frigerio et al.,
2001)] foram sintetizadas pela companhia DNA 2.0 (Califórnia, EUA) (figura 5).
Materiais e Métodos
17
CVNPSV
400 bp
CVN
Kappa
PSV
Nco
I (2)
Sac
I (400)
Figura 5. Representação esquemática da seqüência sintetizada, CVNPSV.
O primer Sal-CVN-5’(5’ggTGTCGACTCCCAGCTTGGTAAATTCT 3’) em
conjunto com os primers CVN-SacI-3’(5’ggGAGCTCTATTCGTATTTCAGGGTACC3’),
CVN-KDEL-SacI-3’(5’ggGAGCTCTAGAGTTCATCCTTTTCGTATTTCAGGGTACC3’)
e CVN-PSV-SacI-3’ (’ggGAGCTCTAATAAACAAAAGCTTCGTATTTCAGGGTACC 3’)
foram utilizados para a amplificação das seqüências de CV-N e CV-N mutada (CV-Nm)
seguidas, respectivamente, de um sítio de SacI, de uma seqüência de retenção no retículo
endoplasmático KDEL e um sítio de SacI, e de uma seqüência PSV e um sítio de SacI. Foram
usados como molde para o PCR, o vetor pET30b-CVN e o vetor pUCCVNm (sintetizado
pela Epoch Biolabs, Sugar Land, EUA), para CV-N e CV-Nm, respectivamente.
Posteriormente, os fragmentos obtidos foram clonados no vetor pGEM T-Easy® (Invitrogen)
e digeridos com SalI e SacI.
O cassete de expressão do vetor pBI426 (Datla et al., 1991) foi clonado nos sítios de
HindIII e EcoRI do vetor pCambia
TM
1300, resultando no vetor pCam35STNos. Esse vetor foi
digerido com as enzimas de restrição NcoI e SacI, liberando as seqüências gus e nptII (figura
3). Então, a seqüência CVNPSV foi clonada nos sítios de NcoI e SacI do vetor
pCam35STNos digerido, gerando o vetor pCamCVNPSV. Esse vetor foi digerido com as
enzimas SalI e SacI, onde então foram clonadas todas as seqüências amplificadas conforme
descrito anteriormente, gerando assim os vetores finais pCamCVN e pCamCVNm (para
direcionar para o apoplasto), pCamCVNKdel e pCamCVNmKdel (para direcionamento para
o RE) e pCamCVNPSV e pCamCVNmPSV (para direcionamento para o vacúolo) (figura 6).
Para controle positivo da agroinfiltração foi utilizado o vetor pCambiaSGFP, o qual é
resultado da clonagem de um cassete de expressão de sGFP (Chiu et al., 1996) (promotor 35S
CaMV – seqüência codificante para GFP – tNOS) no pCambia
TM
2300. Além disso, foi
utilizado o vetor pBINp19, o qual contém um cassete de expressão com o inibidor de
silenciamento p19 (Voinnet et al., 2003), para co-infiltração com os outros vetores, de forma
a evitar a inibição da expressão induzida por silenciamento gênico.
Materiais e Métodos
18
a.
b.
pCamCVNPSV
10252 bp
hygromycin (R)
LacZ alpha
kanamycin (R)
pBR322 bom
pVS1 sta
T-Border (right)
T-Border (left)
CVN
CaMV35S polyA
35Sd CaMV
CaMV35S promoter
pBR322 ori
pVS1 rep
NOS T
Kappa
EcoRI
NcoI
SacI
SalI
c.
Figura 6. Representação esquemática das clonagens realizadas na construção dos vetores para agroinfiltração. A
seqüência CVNPSV foi clonada no vetor pCam35SNos digerido com as enzimas NcoI e SacI, resultando no
vetor pCamCVNPSV (a), o qual foi então digerido com as enzima s SalI e SacI (b), para que as outras
seqüências amplificadas por PCR pudessem ser clonadas para obtenção dos vetores finais (c). Para
simplificação, as seqüências mutadas não estão representadas em c, mas também foram utilizadas.
CVN
Kappa
PSV
Nco
I (2)
Sac
I (400)
CVN
323 bp
CVN
Sac
I (323
)
Sal
I (2)
CVNKdel
336 bp
CVN
KDEL
Sac
I (336
)
Sal
I (3)
CVNPSV
336 bp
CVN
PSV
Sac
I (336
)
Sal
I (3)
Materiais e Métodos
19
Foram construídos ainda vetores virais baseados no PVX (Lacorte, 2006), de forma a
obter maiores níveis de expressão transiente em folhas de N. benthamiana. Para isso, os
vetores pCamCVNm, pCamCVNmKdel e pCamCVNmPSV foram digeridos com NcoI e
SacI, e os fragmentos resultantes (Kappa-CVNm; Kappa-CVNm-Kdel; Kappa-CVNm-PSV)
foram clonados no vetor pDONCVNm digerido com NcoI e SacI. Os três vetores resultantes
foram então recombinados com o vetor PVX-GW [vetor PVX com sistema de recombinação
Gateway
TM
(Lacorte, 2006)], para obtenção dos vetores finais PVXCVNm, PVXCVNmKdel
e PVXCVNmPSV.
O sistema Gateway®, da Invitrogen, se baseia nas propriedades de recombinação
sítio-específica do bacteriófago lambda, que leva à integração de seu DNA ao cromossomo
da E.coli. Nesse sistema são utilizadas as seqüências de recombinação att e as enzimas que
promovem a recombinação (i.e. mix de enzimas Clonase
TM
). A recombinação do Lambda
ocorre entre seqüências específicas denominadas attachment (att): attB no cromossomo da E.
coli e attP no cromossomo lambda. As proteínas de recombinação se ligam às duas
seqüências, alinham-nas, trocam as fitas de DNA, clivam-nas e religam-nas, dando origem às
seqüências attL e attR. A recombinação também pode ocorrer entre as seqüências attL e attR
para dar origem a attB e attP. No entanto as enzimas envolvidas são diferentes.
4.1.3. Vetor para expressão em E. coli
Foi construído um vetor para expressão de CV-Nm e m E.coli para a produção de
anticorpos policlonais anti-CVN em coelho para serem utilizados em experime ntos de
Western blot e ELISA.
O vetor pUCCVNm artificialmente sintetizado, contém as seqüências attB1 e attB2
necessárias para a recombinação pelo sistema Gateway
®
com as seqüências attP1 e attP2 dos
vetores pDONR
TM
(Invitrogen). Para a recombinação foi utilizado o pDONR
TM
207 e o mix
de enzimas Clonase
TM
PB (Invitrogen), e o vetor resultante foi denominado pDONCVNm
(figura 7). A recombinação das seqüências attB co m attP resulta nas seqüências attL, as quais
puderam então ser recombinadas com as seqüências attR do vetor de expressão em E. coli
pDEST
TM
17, utilizando-se o mix de enzimas Clonase
TM
LR (Invitrogen). O vetor resultante
foi denominado pDestCVN (figura 7).
Materiais e Métodos
20
pDONCVNm
3708 bp
Gm(R)
attL1
attL2
CVNm
pDONR™207 forward primer
pDONR™207 reverse prime
Pc promoter
rrnB T1 transcription terminator
rrnB T2 transcription terminator
pDESTCVNm
5037 bp
Amp(R)
ROP
6xHis
initiation ATG
attB1
attB2
CVNm
T7 primer
T7 reverse primer
bla promoterT7 promoter
RBS
pBR322 origin
T7 transcription terminator
Figura 7. Representação esquemática da recombinação utilizada para a construção do vetor para expressão em
E. coli, pDESTCVNm.
4.2. Expressão de CV-N em E. coli e Western blot
Células BL21 (DE3) pLys-S competentes foram transformadas com o plasmídeo
pDESTCVNm por choque térmico, conforme Chung et al. (1989). Uma colônia recombinante
foi inoculada em meio LB e cultivada à 37º C com agitação de 150 rpm até atingir a OD
600
de
aproximadamente 0.7, e então adicionou-se IPTG para a concentração final de 1 mM para
induzir a expressão de CV-N. A cultura permaneceu a 37º C e agitação de 150 rpm por 4
horas. Alíquotas de 1 ml foram retiradas após 0, 2, 3 e 4 horas da indução, centrifugadas por
1 minuto a 20000g, e o pellet resultante foi resuspendido em 100 µl de PBS (Tampão fosfato
de sódio 50 mM; NaCl 10 mM), dos quais 10 µl foram utilizados para eletroforese em SDS-
PAGE 12% e Western blot. Após duas horas, metade da cultura foi retirada e submetida à lise
para produção do extrato protéico da cultura bacteriana, conforme o protocolo The
pDEST17
6354 bp
Amp(R)
ccdB
Cm(R)
ROP
6xHis
initiation ATG
T7 primer
T7 reverse primer
bla promoter
T7 promoter
RBS
pBR322 origin
T7 transcription terminato
attR1
attR2
Recombina
ç
ão
Materiais e Métodos
21
QIAexpressionist
TM
, (QIAGEN, Alemanha), e após 4 horas o mesmo foi feito com o restante
da cultura. Os extratos protéicos resultantes (10 µl) foram submetidos à eletroforese em SDS-
PAGE 12%. Para controle positivo, também foram submetidos à eletroforese 10 µl de um
extrato protéico de bactéria expressando GFP com cauda de histidina (His-Tag).
Após a eletroforese em SDS-PAGE 12%, as proteínas do gel de poliacrilamida foram
transferidas eletricamente para uma me mbrana de nitrocelulose Hybond
TM
ECL
TM
por meio
de um Trans-Blot® SD Semi-Dry Transfer Cell (Bio-Rad Laboratories, Inc.) e a membrana
foi então bloqueada por 16 horas a 4º C em PBS contendo 0,1% de Tween 20 e 5% de leite
desnatado (PBST). Após a transferência, o gel foi corado em Coomassie blue [metanol 45%
(v/v); acido acetico 10% (v/v); azul-coomassie R250 0,25% (p/v)]. Após o bloqueio, a
membrana foi incubada por 2 horas em PBST contendo anticorpo policlonal anti-HisTag
diluído 5000 vezes e então lavada três vezes de 5 minutos com PBST. A membrana foi
incubada por mais duas horas em PBST contendo anticorpo anti-mouse conjugado à fosfatase
alcalina diluído 2500 vezes e lavada novamente por três vezes de 10 minutos. A revelação da
membrana foi feita em tampão fosfatase alcalina (200 μL de NaCl 5 M; 1 mL de Tris 3 M,
pH 9,5; 50 μL de MgCl2 1 M) acrescido dos substratos cromogênicos NBT, 50 mg/mL (Nitro
blue tetrazolium em dime til formamida 70%), e BCIP 25, mg/mL (5-bromo-4-cloro-3-
indolilfosfato em dimetil formamida 70%).
Após a confirmação da expressão de CV-N em E. coli foi feita outra eletroforese em
SDS-PAGE com extratos protéicos de bactéria. O gel de poliacrilamida foi corado em
Coomassie blue e a banda correspondente a CV-N foi cortada do gel, macerada em nitrogênio
líquido a ressuspendida em PBS. A solução resultante foi então misturada na proporção 3:1
com Adjuvante de Freund completo (Sigma, St. Louis) e injetada em coelho para a produção
de soro policlonal anti-CV-N.
4.3. Transformação de soja
4.3.1. Bombardeamento dos explantes de soja
Foram realizados cinco experimentos, em cada um dos quais, aproximadamente 144
sementes da cultivar brasileira de soja BR-16 foram esterilizadas conforme o protocolo
descrito por Aragão et al. (2000). Os eixos embrionários foram isolados das sementes e o
meristema apical foi exposto por meio da remoção das folhas primárias. Os eixos foram então
posicionados em placas de cultura de cinco centímetros de diâmetro contendo 12 mL de meio
Materiais e Métodos
22
BM (Aragão et al., 2000) com as regiões apicais direcionadas para cima. O bombardeamento
foi realizado com o vetor pβCongICVN, juntamente com o vetor pAC 321
TM
(proporção 1:1),
que contém o gene ahas, conforme descrito em Rech et al. (2008).
Imediatamente após o bombardeamento, a multi-brotação dos explantes foi induzido
pela completa imersão em meio de indução [meio MS (Murashige e Skoog, 1962)
suplementado com 22,2 µM de benzylaminopurina, 3% de sacarose, 0,6% de ágar, pH 5,7]
em placas de 10 cm de diâmetro, nas quais foram incubados no escuro por 16 horas à 28
o
C.
Depois, os mesmos foram transferidos para frascos (baby food jars) contendo 20 mL de meio
de seleção (meio MS, 3% de sacarose, 500 nM de imazapyr, 0,7% de ágar e pH 5,7) e
cultivados à 28º C com fotoperíodo de 16 horas com intensidade luminosa de 50 µmols m
-2
s
-
1
.
Os explantes que atingiram um alongamento de 4-5 cm após um período aproximado
de 3 semanas foram transferidos individualmente para copos plásticos contendo solo:
vermiculita (1:1) fertilizada e autoclavada. Os copos foram cobertos com saco plástico,
selados com uma liga de borracha e mantidos em casa de vegetação. As ligas de borracha
foram retiradas após uma semana, os sacos plásticos foram retirados após duas semanas.
Neste estágio, o DNA genômico das plantas foi extraído e submetido à análise de PCR para a
verificação da presença do transgene.
As plantas positivas segundo a análise de PCR, ao atingirem aproximadamente 10 cm
de altura, foram transferidas para vasos contendo 5 dm
3
de solo autoclavado para desenvolver
sementes.
4.3.2. Análises por PCR das plantas regeneradas
Para a análise de PCR das plantas transformadas, o DNA foi isolado de discos de
folhas de acordo com (Doyle e Doyle, 1987) com CTAB 2X. Cada reação de PCR foi feita
em alíquotas de 25µl contendo 2 mM de MgCl
2
, 160 µM de cada dNTP, 200 nM de cada
primer, 2 U de Taq polimerase (Invitrogen) e por volta de 20 ng de DNA genômi co. Como
controle negativo foi utilizado o DNA de uma planta não-transgênica, e como controle
positivo foi utilizado o plasmídeo pET30b. Os primers SoyCVNHind e SoyCVNEco foram
utilizados para amplificar a seqüência de 306 pb referente à região codificante de CV-N. O
PCR foi realizado em um termociclador MJ Research programado da seguinte forma: 2
minutos a 94º C para desnaturação, 34 ciclos de 94º C por 30 segundos, 60º C por 1 minuto
para anelamento dos primers e 68º C por 30 segundos para amplificação do fragmento, e um
Materiais e Métodos
23
ciclo final de 10 min a 68º C. As reações foram então submetidas a eletroforese em gel de
agarose 1% com brom eto de etídeo e visualizadas sob luz UV.
4.3.3. Análise da progênie por PCR
O DNA das sementes foi isolado de um pequeno pedaço de um dos cotilédones
conforme (Doyle e Doyle, 1987) com CTAB 2X. Aproximadamente 10 sementes de cada
planta-mãe foram analisadas. As reações de PCR foram realizadas conforme item anterior.
Análises de qui-quadrado (χ
2
) foram realizadas para determinar se a taxa de segregação
observada era consistente com a taxa Mendeliana na geração R
1
.
4.3.4. Análise da progênie por Western Blot
O extrato de proteínas totais de sementes transgênicas confirmadas por PCR foi
preparado da seguinte forma: um pedaço de um cotilédone da semente foi macerado em
nitrogênio líquido, pesado e dissolvido em tampão de extração [50 mM de NaH
2
PO
4,
20 mM
de NaCl, 2 mM de PMSF (fluoreto de fenilmetilsulfonil) e 10 mM de DTT (ditiotreitol)] na
proporção de 3 µl para cada mg, vortexado por alguns segundos para homogeinizar e
centrifugado a 13000 rpm à 4º C por 10 minutos; o sobrenadante foi transferido para um tubo
novo e o pellet foi ressuspendido na mesma quantidade de tampão de extração inicial. Os
extratos (sobrenadante e pellet) foram quantificados pelo método Bradford (Bradford, 1976) e
depois mantidos em freezer -80º C.
Dez microgramas de cada extrato, incluindo uma semente selvagem como controle
negativo, foram submetidos à eletroforese em gel SDS-PAGE 15%. Como controle positivo,
foram utilizados de 50 a 200 ng de CV-N purificada produzida em E. coli (NIH, EUA). A
transferência para membrana de nitrocelulose, o bloqueio e a hibridização com os anticorpos
foram feitas de acordo com o item 4.2. Como anticorpo primário, foi utilizado o anti-CVN
policlonal produzido em coelho (NIH, EUA) na concentração de 1:1000, e como anticorpo
secundário, goat anti-rabbit IgG-AP-conjugated (BioRad), na concentração de 1:2500. A
revelação dos blots foi feita com o substrato quimioluminescente CSPD® (Applied
Biosystems), conforme instruções do fabricante, em filmes fotográficos Kodak BioMax
RAR® (Kodak).
Materiais e Métodos
24
4.3.5. Análise da ligação dos extratos de sementes à gp120 por Enzyme
Linked Immuno Sorbent Assay (ELISA)
A habilidade da CV-N produzida nas sementes de soja de se ligar à gp120 de HIV-1
foi testada por meio de uma ELISA convencional, conforme Boyd et al. (1997). Cem
nanogramas de gp120 recombinante (HIV-1
IIIB
; EVA607, MRC Centralised Facility for
AIDS Reagents, Potters Bar, UK) foram adicionadas a cada poço de uma placa de 96 poços
(Nunc Maxisorp Immuno
TM
plates, Rochester, USA) e incubados à 37º C por 2 horas. Após
a lavagem com PBS adicionado de Tween 0,1% e bloqueio com PBS adicionado de BSA
2.5%, diluições seriadas de 2 vezes dos extratos de proteína de sementes foram adicionadas
ao longo da placa, e como controle positivo foi utilizada CV-N purificada produzida em E.
coli (NIH, EUA) na concentração inicial de 125 ng/mL. A CV-N ligada à gp120 foi
detectado com soro policlonal anti-CV-N diluído 1000 vezes. Como anticorpo secundário, foi
utilizado o goat anti-rabbit IgG-HRP-conjugated (Santa Cruz Biotechnology). O substrato
3’,5,5’-Tetramethylbenzidine dihydrochloride (TMB) (Sigma, St. Louis, MO) foi adicionado
e a absorbância lida a 450 nm.
4.4. Transformação transiente de folhas de N. benthamiana
4.4.1. Transformação de células de A. tumefasciens
Células competentes de A. tumefasciens, linhagem LBA4404, foram transformadas
por eletroporação com os plasmídeos pCamCVN, pCamCVNm, pCamCVNKdel,
pCamCVNmKdel, pCamCVNPSV, pCamCVNmPSV e pBINp19 conforme o Manual de
Transformação Genética de Plantas (Brasileiro e Carneiro, 1998). A linhagem de A.
tumefasciens PMP90 foi transformada com o vetor pCambiaSGFP e a linhagem PMP90
pSoup, com os vetores PVXCVNm, PVXCVNmKdel e PVXCVNmPSV sob as mesmas
condições. As células transformadas foram selecionadas em placas de Petri em meio LB
contendo antibióticos específicos. As colônias transformadas foram cultivadas em 3 mL de
meio LB por aproximadamente 16 horas à 28º C antes de serem utilizadas para a
agroinfiltração.
Materiais e Métodos
25
4.4.2. Preparação da suspensão bacteriana e agroinfiltração
As culturas bacterianas obtidas conforme item 4.4.1 foram centrifugadas por 1 minuto
a 5000 rpm para a separação das células do meio de cultura. Os pellets resultantes foram
então ressuspendidos em meio de infiltração [10 mM de MgSO
4
; 10 mM de ácido
morpholineethanesulfônico (MES), pH 5.6 e 150 µM de acetoseringona]. A suspensão
contendo o plasmídeo pBINp19 foi misturada na proporção de 1:2 a cada uma das suspensões
contendo os outros plasmídeos. As suspensões finais foram ajustadas para a OD
600
de 0,7.
Plantas de N. benthamiana com 4 semanas de idade (estágio de 4 folhas) foram
utilizadas. As folhas foram infiltradas no lado abaxial com as suspensões bacterianas por
meio de seringas de 2 mL sem agulha. Para cada construção foi infiltrada uma planta. As
plantas inoculadas foram mantidas em casa de vegetação por 3 dias até a análise de
expressão.
4.4.3. Detecção da expressão de GFP por microscopia de fluorescência
Com o objetivo de avaliar a eficiência do experimento de agroinfiltração, discos
foliares de aproximadamente 10 mm de diâmetro foram coletados das plantas infiltradas com
Agrobacterium contendo a construção pCambiaSGFP para análise da expressão de GFP no
microscópio de fluorescência. A fluorescência de GFP foi detectada por meio da excitação
com luz azul, com comprimento de onda de 488 nm, e emissão através de um filtro de
barreira de 505-530 nm.
4.4.4. Análise da ligação à gp120 de CV-N produzido em N. benthamiana
por ELISA
As folhas de N. benthamiana infiltradas foram maceradas em nitrogênio líquido,
pesadas e dissolvidas em tampão PBS na razão de 2 µl para 1 mg do macerado. A suspensão
foi centrifugada a 14000 rpm à 4º C por 10 minutos e o sobrenadante transferido para um
tubo novo. Os extratos foram quantificados pelo método de Bradford e então mantidos em
freezer -80º C até a realização das análises. Os extratos foram analisados por ELISA
conforme o item 4.3.5. As amostras não foram diluídas para aplicação no primeiro poço.
Materiais e Métodos
26
4.4.5. Análise da expressão de CV-N em N. benthamiana por Western
blot
O Western blot foi realizado conforme item 4.3.4. Extratos das folhas infiltradas com
Agrobacterium contendo as construções pCamCVN, pCamCVNm, pCamCVNKdel,
pCamCVNmKdel, pCamCVNPSV, pCamCVNmPSV e um controle negativo (folha não-
infiltrada) foram liofilizados e ressuspendidos em 15 µl de H
2
0 destilada e misturadas a 5 µl
de tampão de amostra 4X para aplicação no gel SDS-PAGE 15%. Para controle positivo
foram utilizados 150 ng de CV-N produzida em E. coli.
Resultados
27
5. Resultados
5.1. Expressão de CV-N em E.coli
A expressão de CV-N em E. coli foi detectada por Western blot, por meio de um
anticorpo anti-HisTag. Tanto o GFP, usado como controle positivo, como CV-N foram
detectados nos tamanhos esperados de ~25 kDa e 12 kDa, respectivamente. A expressão de
CV-N se mostrou mais acentuada após 4 horas da indução com IPTG. Ocorreu a formação de
dímeros de CV-N, evidenciados pela banda de aproximadamente 25 kDa (figura 8A).
O gel usado para a o Western blot foi corado com Coomassie blue após a
transferência, mostrando grande quantidade de proteína remanescente (figura 8B). As bandas
correspondentes à CV-N foram cortadas do gel e utilizadas para a produção de anticorpo em
coelho.
A.
B.
Figura 8. A. Membrana revelada com NBT/BCIP do Western blot dos extratos protéicos de bactéria BL21 DE3
expressando CV-N e GFP. 1) marcador Kaleidoscope
TM
(Bio-Rad); 2,3,4 e 5) extratos protéicos após 0, 2, 3 e 4
horas, respectivamente, de indução com IPTG; 8) extrato protéico lisado após 2 horas de indução; 9) extrato
protéico lisado após 4 horas de
indução; 10) extrato protéico contendo GFP. B. Gel utilizado no Western blot
após a transferência para a membrana de nitrocelulose, corado com Coomassie blue.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
CV-
N
GFP
7.6 kDa
18.4 kDa
32.5 kDa
Resultados
28
5.2. Expressão de CV-N em soja
5.2.1. PCR das plantas de soja transformadas
A presença do transgene cv-n nas plantas de soja regeneradas após o bombardeamento
com o vetor pβCongICVN foi detectada por PCR utilizando-se os primers SoyCVNHind e
SoyCVNEco. Do total de plantas analisadas, 8 plantas apresentaram o transgene (amostras 5,
7 a 10, 15, 18 e 20 - figura 9).
Figura 9. Resultado do PCR das plantas de soja bombardeadas. 1) marcador 1kb ladder; 2) branco; 3) controle
negativo; 4) controle positivo ; 5 a 20) amostras de folhas.
5.2.2. PCR das sementes βCongICVN
A progênie das 8 plantas transgênicas foi analisada para a presença do transgene cv-n
por PCR. Inicialmente, 10 sementes de cada planta-mãe foram analisadas (exceto planta 6,
das quais somente 6 sementes foram analisadas) . O resultado revelou que eram positivas três
sementes da planta 1, uma semente da planta 3, quatro sementes da planta 4, uma semente da
planta 5, uma semente da planta 6, duas sementes da planta 10 (figura 10a) e nenhuma
semente das plantas 12 e 14 (dados não mostrados). Como poucas sementes deram resultado
positivo, mais sementes da plantas 3, 5, 10, 12 e 14 foram analisadas, o que revelou então que
eram positivas uma semente em nove da planta 3, oito sementes em dez da planta 5, sete
sementes em sete da planta 10, duas sementes em onze da planta 12 e dez sementes em dez
da planta 14 (figura 10b). Considerando os resultados dos dois PCRs, foram feitas análises de
χ
2
para verificar as probabilidades de estar ocorrendo segregação mendeliana na progênie
(tabela 1).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
100
p
b
1 kb
500
p
b
Resultados
29
Tabela 1. Análise de segregação de 8 plantas transgênicas da geração R
1
.
Linhagens R
0
Geração R
1
χ
2
P
b
Positivas Negativas
1
2 8 14,8 0,01
3
2 17 40,5 0,00
4
6 4 0,9 27,33
5
9 11 8,9 0,19
6
1 5 9,5 0,10
10
9 8 3,9 3,57
12
2 17 40,5 0,00
14
8 10 8,2 0,28
a
Dados baseados na análise por PCR do gene cv-n
b
P é a probabilidade em porcentagem de a taxa observada refletir a segregação esperada
de 3:1
a.
b.
Figura 10. Resultado do PCR das sementes βCongICVN R
1.
a) Primeiro PCR realizado com 10 sementes de
cada planta-mãe. b) Segundo PCR realizado em mais algumas se mentes de 5 plantas-mãe. Cada planta-mãe está
indicada por chaves e os números das sementes estão indicados nas figuras. B: amostra em branco; C+: controle
positivo (resultado da amplificação do plasmídeo pET30bCVN).
10
5
6
1
34
3
5
10 12
14
B C+ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17 18 19 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
11 12 13 14 15 16 17 B C+ 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
11 12 13 14 15 16 17 18
Resultados
30
5.2.3. ELISA gp120 das sementes βCongICVN
A capacidade de CV-N produzida em sementes de soja de se ligar à gp120 viral foi
testada por ELISA.
O primeiro experimento foi feito com as doze sementes positivas analisadas no
primeiro PCR e teve caráter qualitativo (a concentração de proteína dos extratos não foi
determinada). Os extratos de cada semente (sobrenadante e pellet) foram diluídos 10 vezes
para aplicação no primeiro poço, a partir do qual foram feitas diluições seriadas de 2X ao
longo da placa. Apenas duas sementes apresentaram um sinal maior que o controle negativo
(10/4 e 10/7), sendo as duas da mesma planta-mãe (figura 11).
Figura 11. Ligação dos extratos protéicos de sementes transgênicas à gp120 medida por ELISA. Co mo controle
positivo foi utilizada CV-N reco mbinante purificada de E. coli, na concentração inicial de 125 ng/ml.
Tendo em vista que apenas sementes da planta 10 apresentaram sinal na ELISA, as
outras sete sementes PCR-positivas da planta 10 foram analisadas. Os extratos foram diluídos
5 vezes para a aplicação no primeiro poço. Quatro sementes (10/11, 10/12, 10/13 e 10/17)
apresentaram sinal maior ou igual ao controle positivo e não foi observado acúmulo
diferencial considerável entre os extratos do sobrenadante e do pellet (figura 12).
Figura 12. Ligação dos extratos protéicos de sementes da planta 10 à gp120 medida por ELISA (sobrenadante e
pellet dos extratos protéicos).
Resultados
31
As dez sementes PCR-positivas da planta 14 foram também analisadas, mas nenhuma
apresentou sinal maior que o controle negativo (dados não mostrados). Posteriormente, mais
16 sementes da planta 10 foram analisadas por ELISA sem que tivessem sido analisadas por
PCR antes. Os extratos foram diluídos 50 vezes para aplicação no primeiro poço. Seis
apresentaram sinal maior que o controle negativo, sendo duas com sinal elevado,
relativamente ao controle (10/22 e 10/25) (figura 13).
Figura 13. Ligação dos extratos protéicos de sementes da planta 10 à gp120 medida por ELISA (sobrenadante e
pellet dos extratos protéicos).
Por fim, foi feito um experimento quantitativo com a amostra da semente 10/17 para
estimar a percentagem de CV-N em relação à quantidade de proteínas solúveis totais da
semente. Para isto, o extrato do sobrenadante foi aplicado no primeiro poço na concentração
de 2 ng/µl. A partir da equação da reta do controle positivo, foi calculada a quantidade de
aproximadamente 0,12 ng/µl de CV-N no extrato, o que equivale a ~6% das proteínas
solúveis totais (figura 14).
Resultados
32
Figura 14. Ligação do extrato protéico da semente 10/17 à gp120 medida por ELISA. Os resultados estão
representados em gráfico de dispersão (esquerda), e de colunas (direita).
5.2.4. Western blot das sementes βCongICVN
A expressão de CV-N nas sementes de soja foi detectada por Western blot dos
extratos de proteínas totais por meio de um anticorpo policlonal anti-CVN produzido em
coelho. Foram analisadas as sementes que apresentaram o maior sinal no teste ELISA. Dez
microgramas de cada extrato, incluindo o controle negativo, foram aplicados no gel. Todas
apresentaram a banda de 11 kDa correspondente a CV-N, e bandas com maiores pesos
moleculares, provavelmente resultantes da oligomerização de CV-N, pois não foram
observadas no extrato da semente selvagem (figura 15). Como controle positivo foram
utilizados 100 ng de CV-N recombinante purificada de E. coli. A banda de aproximadamente
22 kDa observada no controle positivo, se refere ao dímero de CV-N.
Figura 15. Western blot dos extratos totais de sementes βCongICVN . 1) CV-N purif icada pro duzid a em E. coli;
2) Semente não transformada; 3) Semente 10/11; 4) Semente 10/13, 5) Semente 10/17, 6) Semente 10/22 e 7)
Semente 10/25.
1 2 3 4 5 6 7
75 kDa
37
15
10
25
20
Resultados
33
5.3. Expressão transiente de CV-N em folhas de N. benthamiana
5.3.1. ELISA gp120 das folhas agroinfiltradas
Inicialmente, foi feita uma ELISA com caráter qualitativo. Foram analisados extratos
de folhas agroinfiltradas com todas as construções do item 4.1.2, e estes não foram diluídos
para aplicação no primeiro poço. Como controle negativo foi utilizado um extrato de folhas
não-infiltradas e como controle positivo, CV-N recombinante purificada de E. coli na
concentração inicial de 125 ng/ml (figura 16).
Após a verificação de que todas as construções são capazes de produzir CV-N que se
liga à gp120, foi feito um experimento quantitativo com o objetivo de comparar as
construções e verificar se havia diferença de expressão e acúmulo de CV-N entre os vetores
binários testados e os vetores virais. Três dias após a infiltração das plantas, os extratos foram
preparados e quantificados pelo método de Bradford, e diluídos para a concentração de 0,2
µg/µl para análise por ELISA gp120. A partir da equação da reta das absorbâncias obtidas
para o controle positivo, e dos valores obtidos para os extratos (figura 17) foi estimada a
concentração de CV-N nos extratos (tabela 2).
Figura 16. Ligação dos extratos de folhas de N. benthamiana agroinfiltradas à gp120 medida por ELISA.
Resultados
34
Figura 17. Ligação dos extratos de folhas de N. benthamiana agroinfiltradas à gp120 medida por ELISA. A
concentração inicial dos ex tratos é de 0,2 µg/µl, e do controle positivo, de 125 ng/ml.
Tabela 2. Percentag em de CV-N nos extratos de proteínas totais d e folhas agroinfiltradas com as construções
especificadas.
Absorbância (450 nm) [CVN] ng/ml [CVN] ng/µl %CVN
CVN
0,278 20,3 0,0203 0,06
CVNm
0,405 33 0,033 0,09
CVNKdel
0,427 35,2 0,0352 0,10
CVNmKdel
0,397 32,2 0,0322 0,09
CVNPSV
0,398 32,3 0,0323 0,09
CVNmPSV
0,344 26,9 0,0269 0,08
PVXCVNmKdel
0,422 34,7 0,0347 0,10
5.3.2. Western blot das folhas agroinfiltradas
Após a verificação da expressão de CV-N em folhas pela ELISA gp120, foi feito um
western blot para confirmar o tamanho da proteína expressa e verificar o padrão das bandas.
Como o nível de expressão observado por meio da ELISA gp120 foi muito baixo, as amostras
foram concentradas por meio de liofilização. Cem microlitros de cada extrato, inclusive do
controle negativo, foram utilizados, de forma que aproximadamente 200 µg de proteína
pudessem ser aplicadas no gel. O resultado mostra que foi possível detectar CV-N do
tamanho esperado em todos os extratos (figura 18). É possível observar uma banda fraca no
controle negativo (folha não transformada), que provavelmente se refere à ligação
inespecífica do anticorpo com proteínas da folha, uma vez que na ELISA gp120 o controle
negativo não apresentou nenhuma diferença de sinal em relação ao branco (amostra sem
extrato). Ou ainda é possível que tenha vazado um pouco da amostra de proteína dos poços
adjacentes. As amostras aplicadas eram muito viscosas, devido à grande concentração de
Resultados
35
proteínas, dificultando em alguns casos a aplicação nos poços. A grande concentração de
proteínas também é a explicação provável para o padrão um pouco distorcido das bandas.
Figura 18. Western blot dos extratos totais de fo lhas agroinfiltradas de N. benthamiana. 1) CV-N purificada
produzida em E. coli.; 2) Extrato de folha não-infiltrada; 3) Extrato d e folha infiltrada com a con strução
pCamCVN; 4) Extrato de folha infiltrada com a construção pCamCVNm; 5) Extrato de folha infiltrada co m a
construção pCamCVNKdel; 6) Extrato de folha infiltr ada com a construção pCamCVNmKdel; 7) Extrato de
folha infiltrada com a construção pCamCVNPSV; 8) Extrato de folha infiltrad a com a construção
pCamCVNmPSV
.
1 2 3 4 5 6 7 8
75 kDa
37
15
10
25
20
Discussão
36
6. Discussão
A procura por sistemas de expressão de proteínas com alta eficiência e custos
reduzidos tem voltado a atenção de cientistas e de indústrias para o uso de plantas como uma
opção viável. A utilização de plantas como biorreatores vem sendo ilustrada por diversos
produtos recombinantes já em fase de testes clínicos (Gleba et al., 2005). Existem diversas
vantagens oferecidas pelas plantas para a produção de proteínas recombinantes como o
potencial para alta capacidade de produção a um custo reduzido e a ausência de patógenos
capazes de infectar o homem ou animais e que poderiam contaminar o produto final. Além
disso, as plantas são capazes de processamento pós-traducional, o que permite a produção de
proteínas glicosiladas (Horn et al., 2004).
Para a produção de CV-N, uma proteína candidata a microbicida cuja finalidade seria
compor um gel vaginal anti-HIV para prevenção da AIDS, uma enorme quantidade de
proteína seria necessária, a qual, segundo, Shattock e Moore (2003), só poderia ser produzida
em plantas transgênicas. Desta forma, a grande capacidade de produção a custos reduzidos
foi a característica pela qual foi escolhido esse sistema.
Levando em consideração as vantagens e desvantagens da produção de proteínas
recombinantes em folhas e em sementes, foi proposta neste trabalho a utilização de ambos os
sistemas para a produção de CV-N. Como em folhas o direcionamento da proteína pode ser
crucial para a estabilidade e conseqüente acúmulo da mesma, foram elaboradas três
estratégias: direcionamento para o RE, por ser um ambiente rico em chaperonas, porém pobre
em proteases (Bruyns et al., 1996; Fischer et al., 2004); para o apoplasto, do qual a
purificação é bastante simples se bons níveis de acúmulo são alcançados (Sexton et al.,
2006); e para o vacúolo, para verificar o comportamento de CV-N sob pH ácido. Já que o
objetivo era a comparação de diferentes construções, foi escolhido o sistema de expressão
transiente em folhas de N. benthamiana por agroinfiltração. Para transformação estável de
soja, foi utilizada uma única construção com o peptídeo sinal da β-conglicinina α’ para
direcionar para os corpos protéicos de sementes, local considerado ideal para o acúmulo de
proteínas.
O sistema de expressão de proteínas recombinantes em E. coli é relativamente rápido
e já foi utilizado para a produção de CV-N em diversos trabalhos (Colleluori et al., 2005;
Mori et al., 2002; Mori et al., 1998). Por esse motivo, ele foi escolhido para expressão de CV-
N para produção de soro policlonal anti-CV-N em coelho. A expressão foi bem-sucedida,
Discussão
37
como demonstrado nas figuras 5 e 6, mas o soro obtido após a imunização do coelho
apresentou baixa especificidade.
Para a expressão em sementes de soja, foi utilizado o gene cv-n em sua forma nativa,
isto é, sem mutação, fusionado ao peptídeo-sinal da β-conglicinina α’, sob o controle
transcricional do promotor semente-específico da β-conglicinina, com o objetivo de acumular
CV-N nos corpos protéicos da semente. A planta de soja foi escolhida por apresentar diversas
vantagens em relação a outros cereais, como o milho, por exemplo. De acordo com Abud et
al. (2003), a disseminação do pólen da soja não ultrapassa 6,5 metros, e portanto apresenta
baixo risco de polinização cruzada entre plantas transgênicas e não-transgênicas, diminuindo
assim as possibilidades de fluxo gênico, o que representa uma vantagem em termos de
biosegurança. Em contraste, o pólen do milho alcança distâncias superiores a 500 metros,
uma vez que a polinização é feita pelo vento (Iowa State University, 1993). Porém, por
questões de biosegurança, como opção inicial, a produção de plantas transgênicas
expressando proteínas de interesse farmacêutico ficará restrita a casas de vegetação. E nesse
ponto a soja apresenta mais uma vantagem em relação ao milho: ela se desenvolve muito bem
em casa de vegetação e a produção de sementes pode chegar a 1000 sementes por planta com
o aumento do fotoperíodo.
Após 5 experimentos de bombardeamento de embriões de soja (com 144
embriões/experimento), 8 plantas regeneradas foram confirmadas por PCR como sendo
transgênicas para o gene cv-n. Aproximadamente 20 sementes de cada planta foram testadas,
e após a análise das taxas observadas por teste de qui-quadrado constatou-se que nenhuma
planta apresentou probabilidade alta de estar segregando na taxa mendeliana, de 3:1. No
entanto, o padrão de integração do transgene e a possibilidade de as plantas transgênicas
serem quimeras, principalmente quando se utiliza métodos diretos de transformação, implica
que a análise da segregação pode ser bastante complexa (Aragão et al., 1996). Os dados
obtidos pela analise por PCR, portanto, não são suficientes para confirmação da taxa de
segregação. Uma análise mais detalhada deve levar em consideração a posição das vagens na
planta R
0
, ao invés de considerar uma amostragem de todas as sementes, devido à
possibilidade de as plantas serem quimeras. Também é importante que sejam feitas análises
de Southern blot do DNA genômico das plantas e das sementes para determinação do número
de cópias do transgene. A identificação de genótipos com baixo número de cópias e padrões
de herança mais simples é importante por questões de biosegurança, porque, de modo geral,
Discussão
38
apresentam níveis de expressão mais estáveis ao longo de sucessivas gerações (Sharma et al.,
2005).
As análises das sementes R
1
por Western blot e ELISA gp120 demonstraram a
expressão bem-sucedida, apenas em uma linhagem transgênica aparentemente, do total de
oito obtidas. Esse fato pode ser explicado pelo local de integração do transgene nos diferentes
eventos de transformação, além de silenciamento ocasionado por aberrações do transgene
integrado. De acordo com Kohli e colaboradores (2003), a posição de integração e a estrutura
do lócus do transgene podem variar consideravelmente entre transformantes independentes, e
cada um desses fatores pode ter um forte efeito no nível e na estabilidade da expressão do
transgene. Quando uma ou múltiplas copias são integradas em um lócus localizado dentro ou
próximo de uma área hipermetilada do genoma, por exemplo, o transgene pode sofrer
silenciamento transcricional (Vaucheret et al., 1998). Mehlo et al. (2000), investigando sete
linhagens de milho transgênico com múltiplas cópias, encontraram uma forma de rearranjo
do transgene em pelo menos uma cópia em todas as linhagens. Eles concluíram que pequenos
rearranjos não-detectáveis devem ser muito comuns e podem ser responsáveis pela perda da
expressão de transgenes aparentemente intactos. Além disso, RNAs aberrantes originados
desses transgenes recombinados poderiam contribuir para o silenciamento de transgenes
intactos (Mehlo et al., 2000).
Segundo Kohli et al. (2003), a utilização de plasmídeos inteiros no bombardeamento
resulta na inevitável integração do esqueleto do vetor junto com o transgene de interesse, o
que inclui seqüências procarióticas para resistência a antibióticos. Foi demonstrado que tais
seqüências fornecem sítios de recombinação que estimulam rearranjos do transgene (Kohli et
al., 1999). Conforme Fu et al. (2000), a utilização de “cassetes mínimos”, contendo apenas o
gene de interesse (promotor, região codificadora e terminador), resulta no aumento de loci
transgênicos estruturalmente intactos e em menor número de cópias, e, conseqüentemente,
em uma maior estabilidade da expressão.
Levando em consideração que foram utilizados dois plasmídeos inteiros para o
bombardeamento das plantas de soja, a baixa percentagem de transformantes expressando a
molécula de interesse poderia ser explicada pelos fenômenos acima descritos, e a utilização
de “cassetes mínimos” poderia solucionar esse problema. De qualquer forma, uma única
linhagem expressando CV-N pode ser considerada suficiente para a análise preliminar da
expressão de CV-N em soja, desde que o transgene seja transmitido para as próximas
Discussão
39
gerações. A grande variação no nível de expressão também indica que níveis ainda maiores
podem ser obtidos.
Sementes da linhagem 10 apresentaram acúmulo de CV-N, segundo as análises de
ELISA gp120 e Western blot, indicando que a construção utilizada foi eficiente para a
expressão semente-específica da proteína de interesse. Como foi utilizado o peptídeo sinal da
β-conglicinina, é provável que CV-N esteja acumulando nos corpos protéicos das sementes.
Ensaios imunocitoquímicos das sementes poderão confirmar a localização sub-celular de CV-
N.
Os resultados dos testes ELISA gp120 da geração R
1
da linhagem 10 indicaram que
nem todas as sementes transgênicas apresentam o mesmo nível de expressão de CV-N. Um
alto número de cópias do transgene na planta 10 pode ser a causa desse fenômeno. Uma vez
que as cópias, se não inseridas no mesmo lócus, estariam segregando na progênie, o que
resultaria na expressão diferencial de CV-N nas sementes R
1
.
De acordo com as análises preliminares, o nível de expressão de algumas sementes R
1
é de ~6%, o que é bastante alto quando comparado a outros trabalhos recentes de expressão
de biofármacos em sementes de soja [e.g. 2,3% em Ding et al. (2006) e 2,4% em Moravec at
al. (2007)], e muito superiores aos níveis abaixo de 1%, considerados típicos para expressão
de proteínas em plantas (Hood et al., 2002). Interessantemente, como a quantificação foi feita
por meio da ELISA gp120, o resultado obtido fornece a percentagem de CV-N
biologicamente ativo (pois a atividade antiviral da proteína está diretamente relacionada com
a sua capacidade de se ligar à gp120), e não somente a percentagem de CV-N expresso na
semente. Esse resultado é em parte surpreendente, porque de acordo com Mori et al. (2002),
CV-N possui um sitio de N-glicosilação na Asn30, que quando glicosilada, perde a
capacidade de ligação à gp120, conforme demonstrado pela expressão em P. pastoris e pela
glicosilação in vitro. Como foi utilizado um peptídeo-sinal, que transporta a proteína para o
RE, local onde são adicionados os N-glicanos, era de se esperar que a CV-N expressa fosse
inativa. Entretanto isso não ocorreu, gerando assim duas hipóteses: i) de que o sítio de
glicosilação não é reconhecido pelas células da semente ou ii) a glicosilação de semente é
estruturalmente diferente de P. pastoris ao ponto de não inativar a proteína. A análise de
western corrobora a primeira hipótese, conforme discutido a seguir.
Com a análise dos extratos protéicos das sementes ELISA-positivas por Western blot,
foi confirmada a presença de CV-N no tamanho de ~11 kDa, que corresponde ao tamanho
correto para a proteína em sua forma monomérica e não-glicosilada. No entanto é também
Discussão
40
possível observar a presença de uma banda de aproximadamente 13 kDa, imediatamente
acima da banda correspondente ao monômero de CV-N (figura 13). O tamanho de ~13kDa
para a proteína N-glicosilada estaria de acordo com o observado por Mori e colegas (2002),
de que a massa da proteína aumenta em aproximadamente 3 kDa quando glicosilada. Outra
hipótese para a presença desta banda seria uma porção de CV-N ainda não processada pelo
RE, ou seja, com o peptídeo sinal não-clivado. Todavia o tamanho esperado seria de
aproximadamente 18 kDa (já que a previsão da massa molecular do peptídeo sinal é de 7
kDa), e portanto tal hipótese pode ser descartada. Dessa forma pretende-se verificar a
composição desta banda por meio de espectrometria de massa.
No Western blot, é possível ainda verificar a presença de bandas de tamanhos maiores
do que o esperado para o monômero ou mesmo para o dímero de CV-N (figura 13), o que
sugere que está ocorrendo a oligomerização da proteína ou a interação entre CV-N e alguma
proteína da semente, já que as mesmas não são detectadas no controle negativo e, portanto,
não se trata de interação não-específica entre o anticorpo anti-CVN e proteínas da semente.
Segundo Barrientos et al. (2004), a dimerização da proteína não compromete a sua atividade,
mas nada se sabe sobre a oligomerização da mesma. Como não há na literatura informação
sobre a oligomerização de CVN, é provável que as bandas maiores correspondam à interação
de uma proteína da semente com CV-N. Tal observação estaria de acordo com os achados de
Shenoy et al. (2001), de que CV-N se liga com alta afinidade tanto ao monômero quanto ao
tetrâmero da aglutinina de soja, por meio do oligossacarídeo Man-9 desta proteína. Análises
de espectrometria de massa poderão esclarecer melhor a composição dessas bandas. Com
relação à funcionalidade das mesmas, isto é, se elas têm ou não a capacidade de se ligar à
gp120, pode-se fazer um Western blot a partir de um gel não-desnaturante, utilizando gp120
para hibridização primária e um anti-gp120 conjugado a peroxidase ou fosfatase alcalina para
detecção.
A expressão transiente de CV-N em folhas de N. benthamiana teve como objetivo
principal a comparação entre três diferentes tipos de endereçamento celular (RE, apoplasto e
vacúolo), de forma a comparar o local de maior acúmulo da proteína. Além disso, a fim de
verificar se ocorre ou não a glicosilação de CV-N, e se esse fato interfere na ligação ao
gp120, foram utilizadas construções tanto com a forma nativa, quanto com a forma mutada,
Asn30Gln/Pro51Gly.
As análises de folhas agroinfiltradas por teste ELISA preliminares mostraram que
todas as construções estavam produzindo CV-N capaz de se ligar à gp120, isto é, não houve
Discussão
41
diferença significativa entre CV-N nativa e mutada, indicando que a primeira não estava
sendo glicosilada, ou que a glicosilação não era capaz de interferir na ligação da proteína
recombinante à gp120. Assim como os resultados obtidos com a semente, esse fato foi
surpreendente, pois era esperado que a forma nativa resultante das três construções (i.e. RE,
vacúolo e apoplasto) fosse glicosilada, já que nos três casos, CV-N passaria pelo RE.
Subseqüentemente foi feita uma ELISA gp120 para quantificar CV-N expressa em
folhas com cada uma das construções e verificar se havia diferença considerável entre elas. O
resultado mostrou que a expressão foi realmente baixa, entre 0,06 e 0,1% TSP (tabela 1) para
todas as construções. Devido a esse fato, não foi possível uma quantificação precisa, o que
prejudicou a comparação entre elas.
Com o objetivo de confirmar o tamanho de CV-N produzida em folhas, foi realizado
o Western blot dos extratos totais. Tendo em vista a quantificação de CV-N nas folhas por
ELISA gp120, decidiu-se liofilizar o extrato de forma a possibilitar a detecção de CV-N por
Western blot. Por isso, foram liofilizados 100 µl de cada extrato (aproximadamente 200 µg
de proteína total) para aplicação no gel. O resultado do Western revelou uma banda do
tamanho esperado para CV-N, de ~11 kDa, para todas as construções, e não foram detectadas
outras bandas que sugerissem a formação de dímeros ou oligômeros de CV-N, nem a
glicosilação da mesma. Entretanto esses fenômenos não podem ser descartados uma vez que
a expressão é baixa e tais moléculas poderiam estar presentes a níveis indetectáveis.
O silenciamento pós-transcricional poderia ser um dos motivos para a baixa expressão
observada. No entanto, como foi utilizado o supressor de silenciamento p19, era esperado que
tal efeito fosse bastante amenizado produzindo bons níveis de expressão. Além disso, como a
expressão de CV-N foi descrita em fumo alcançando o nível de 0,85% TSP (Sexton et al.,
2006), pretendia-se obter níveis maiores equivalentes a esse, principalmente utilizando-se o
PVX como replicon.
Uma possível explicação para esse resultado é a condição das plantas agroinfiltradas.
Devido, provavelmente, a uma mudança do substrato normalmente utilizado, as plantas
apresentaram algumas alterações, como clorose e desenvolvimento precoce das flores. Dessa
forma, é razoável afirmar que a expressão foi baixa devido ao estado fisiológico das plantas.
Plantas inoculadas com Agrobacterium contendo a construção com GFP também
apresentaram baixa fluorescência, da mesma forma que plantas agroinfiltradas com PVX,
também contendo o gene da GFP. Os resultados aqui descritos, portanto, são insuficientes
Discussão
42
para fazer uma comparação mais precisa entre as construções. Novos experimentos devem
ser realizados a fim de atingir os objetivos desse trabalho.
Apesar do nível de transcrição das diferentes construções não ter sido avaliado,
provavelmente a CV-N produzida em folhas é rapidamente degradada, não permitindo seu
acúmulo e inviabilizando este sistema como uma alternativa para a produção de CV-N. O uso
de proteínas de fusão que estabilizem CV-N nas células da folha pode ser uma alternativa
para o seu maio acúmulo (Lacorte et al., 2007).
Mesmo que a expressão em folhas de N. benthamiana tenha sido deficiente devido às
condições das plantas, já é possível fazer uma comparação preliminar entre a expressão em
folhas e em sementes. A expressão em semente chegou a 6% TSP, enquanto que o observado
para folhas foi de 0,1%, portanto, cerca de 60 vezes menor. Em Sexton et al. (2005), CV-N
foi expressa na taxa de 0,85% TSP em tabaco, que equivale a sete vezes menos que os
valores obtidos em sementes de soja. Essa diferença reflete, provavelmente, a maior
estabilidade do ambiente da semente quando comparado ao da folha. As células da folha são
abundantes em água, sendo favoráveis à ação de proteases, enquanto que, em sementes, as
proteínas ficam protegidas da degradação proteolítica (Fischer et al., 2004; Ma et al., 2003;
Twyman et al., 2003). Isso implica em que as folhas devem ser processadas imediatamente
após a colheita para a purificação da proteína recombinante, enquanto que as sementes podem
ser armazenadas por um longo período, desconectando assim os processos de expressão e
purificação (Gleba et al., 2005). De acordo com Larrick e Thomas (2001), sementes
transgênicas expressando enzimas ou anticorpos podem ser armazenadas por até três anos à
temperatura ambiente, e por pelo menos três anos sob refrigeração, sem que haja perda da
atividade enzimática ou capacidade de ligação das proteínas recombinantes. Essa propriedade
das sementes é ilustrada no trabalho de da Cunha (2008), onde foram detectadas proteínas
recombinantes estáveis em sementes de soja transgênicas armazenadas há seis anos.
Uma importante questão que ainda precisa ser respondida é sobre a purificação de
CV-N. Esta etapa é crucial para a conclusão sobre a viabilidade de sua produção em plantas a
baixos custos, que é o objetivo em longo prazo deste trabalho.
Conclusões
43
7. Conclusões e Perspectivas
O uso de plantas como biorreatores apresenta algumas vantagens em relação a
sistemas convencionais de produção de proteínas heterólogas. O custo reduzido e a
capacidade de aumento da produção são alguns destes fatores que fazem este sistema
particularmente atrativo. No entanto, algumas limitações ainda precisam ser contornadas
para que este sistema venha a ser viabilizado para a produção de qualquer proteína.
Este trabalho mostrou que a produção de CV-N funcional em sementes de soja é
possível. A expressão transiente em folhas de N. benthamiana demonstrou que esse sistema
ainda precisa ser aprimorado. Para que a viabilidade da produção de CV-N seja confirmada,
são necessários ensaios de inativação viral in vitro com a proteína recombinante. A etapa de
purificação também é de grande importância para essa confirmação. Para que os custos de
produção do microbicida em sementes sejam reduzidos, as etapas de purificação devem ser
simples, e há indícios de que isso ocorra com a extração de CV-N, uma vez que a proteína
apresenta grande estabilidade. Além disso, análises da segregação das cópias do transgene ao
longo das gerações também são de grande importância, uma vez que se pretende obter uma
linhagem homozigota para utilização comercial. Com a obtenção da linhagem homozigota, é
possível então a produção de grandes quantidades de sementes expressando CV-N, que pode
ser purificada e utilizada para testes clínicos. É importante ressaltar que CV-N ainda não foi
submetida a testes clínicos, e sua produção em sementes de soja pode viabilizar esse
processo, uma vez que as etapas de purificação estejam bem estabelecidas.
Desta forma, para que o uso de uma molécula como CV-N venha a ser viável, é
importante que sejam considerados, além dos aspectos técnicos abordados em parte neste
trabalho, os aspectos farmacológicos e testes clínicos. Este processo pode ser extremamente
caro e demorado. No caso especifico de CV-N, como a finalidade é que a proteína venha a
ser utilizada como constituinte de um gel de uso tópico, é provável que o processo de
liberação seja relativamente mais simples, se houver sucesso nos testes clínicos. Isso é
particularmente esperado devido à urgência de se fazer disponível um agente capaz de
contribuir para a contenção da epidemia de AIDS, principalmente na África.
Referências Bibliográficas
44
8. Referências Bibliográficas
Abud, S., Souza, P.I.M., Moreira, C.T., Andrade, S.R.M., Ulbrich, A.V., Vianna, G.R., Rech,
E.L. e Aragão, F.J.L. (2003) Dispersão de pólen em soja transgênica na região do
Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 38.
Abud, S., Souza, P.I.M., Vianna, G.R., Leonardez, E., Moreira, C.T., Faleiro, F.G., Júnior,
J.N., Monteiro, P.M.F.O., Rech, E.L. e Aragão, F.J.L. (2007) Gene flow from
transgenic to nontransgenic soybean plants in the Cerrado region of Brazil. Genetic
Molecular Research, 6, 345-352.
Altpeter, F., Baisakh, N., Beachy, R., Bock, R., Capell, T., Christou, P., Daniell, H., Datta,
K., Datta, S., Dix, P.J., Fauquet, C., Huang, N., Kohli, A., Mooibroek, H., Nicholson,
L., Nguyen, T.T., Nugent, G., Raemakers, K., Romano, A., Somers, D.A., Stoger, E.,
Taylor, N. e Visser, R. (2005) Particle bombardment and the genetic enhancement of
crops: myths and realities. Molecular Breeding, 15, 305-327.
Aragão, F.J.L., Barros, L.M.G., Brasileiro, A.C.M., Ribeiro, S.G., Smith, F.D., Sanford, J.C.,
Faria, J.C. e Rech, E.L. (1996) Inheritance of foreign genes in transgenic bean
(Phaseolus vulgaris L.) co-transformed via particle bombardment. Theor Appl Genet
93, 142-150.
Aragão, F.J.L., Sarokin, L., Vianna, G.R. e Rech, E.L. (2000) Selection of transgenic
meristematic cells utilizing a herbicidal molecule results in the recovery of fertile
transgenic soybean [Glycine max (L.) Merril] plants at a high frequency. Theor Appl
Genet, 101, 1–6.
Balzarini, J. e Van Damme, L. (2007) Microbicide drug candidates to prevent HIV infection.
Lancet, 369, 787-797.
Barta, A., Sommergruber, K., Thompson, D., Hartmuth, K., Matzke, M.A. e Matzke, A.J.M.
(1986) The expression of a nopaline synthase - human growth hormone chimaeric
gene in transformed tobacco and sunflower callus tissue. Plant Molecular Biology, 6,
347-357.
Barrientos, L.G., Lasala, F., Delgado, R., Sanchez, A. e Gronenborn, A.M. (2004) Flipping
the switch from monomeric to dimeric CV-N has little effect on antiviral activity.
Structure, 12, 1799-1807.
Boyd, M.R., Gustafson, K.R., McMahon, J.B., Shoemaker, R.H., O'Keefe, B.R., Mori, T.,
Gulakowski, R.J., Wu, L., Rivera, M.I., Laurencot, C.M., Currens, M.J., Cardellina,
J.H., Buckheit, R.W., Jr., Nara, P.L., Pannell, L.K., Sowder, R.C., e Henderson, L.E.
(1997) Discovery of cyanovirin-N, a novel human immunodeficiency virus-
Referências Bibliográficas
45
inactivating protein that binds viral surface envelope glycoprotein gp120: potential
applications to microbicide development. Antimicrob Agents Chemother, 41, 1521-
1530.
Bradford, M.M. (1976) A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram
quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Anal Biochem, 72,
248-254.
Brasileiro, A.C.M. e Carneiro, V.T.C. (1998) Manual de transformação genética de plantas.
Embrapa-SPI/Embrapa-Cenargen, Brasília.
Bruyns, A.-M., De Jaeger, G., De Neve, M., De Wilde, C., Van Montagu, M. e Depicker, A.
(1996) Bacterial and plant-produced scFv proteins have similar antigen-binding
properties. FEBS Letters, 386, 5-10.
Chan, D.C. e Kim, P.S. (1998) HIV entry and its inhibition. Cell, 93, 681-684.
Chiu, W., Niwa, Y., Zeng, W., Hirano, T., Kobayashi, H. e Sheen, J. (1996) Engineered GFP
as a vital reporter in plants. Curr Biol, 6, 325-330.
Chung, C.T., Niemela, S.L. e Miller, R.H. (1989) One-step preparation of competent
Escherichia coli: transformation and storage of bacterial cells in the same solution.
Proc Natl Acad Sci U S A, 86, 2172-2175.
Clough, R.C., Pappu, K., Thompson, K., Beifuss, K., Lane, J., Delaney, D.E., Harkey, R.,
Drees, C., Howard, J.A. e Hood, E.E. (2006) Manganese peroxidase from the white-
rot fungus Phanerochaete chrysosporium is enzymatically active and accumulates to
high levels in transgenic maize seed. Plant Biotechnol J, 4, 53-62.
Colleluori, D.M., Tien, D., Kang, F., Pagliei, T., Kuss, R., McCormick, T., Watson, K.,
McFadden, K., Chaiken, I., Buckheit, R.W., Jr. e Romano, J.W. (2005) Expression,
purification, and characterization of recombinant cyanovirin-N for vaginal anti-HIV
microbicide development. Protein Expr Purif, 39, 229-236.
da Cunha, N.B. (2008) Expressão de Cinco Diferentes Proteínas de Interesse Farmacológico
em Sementes Transgênicas de Snc(11.7w(P3 -1.32 ja [GlycJ. PappuickTw[x L[(daMerril)]evelopm)8.4(ent. )2 TD/TT6 1 Tf148.55 0 03925 TD0CiênciTraGenôms Traee Farmac5.58-62. )Tj-26.36 -1.320001 T(Pogbac(FEBS Letters)66)Tj/TT2 1 Tf1 0 TD0.0002 . Un0.8rsManTc0atóls TansgBrasc(F1229-/TT6 1 Tf14.915 0 TD0.000(íli98 Brasíli98 Vol. MeshigdRomp. TD.aginal an30175. )Tj-14.775 -1.325 TD0 Tc0 Tw( )T330.0002 T003an, IS., DeckTw[m Pappuerlindlom)9Tw[Pelc0.c0.it, R.W)87mSelv funguraj, Ghtson87nc2 Twrin8(p TwbetwH. beta-glucuroniit, R.f)T7
Referências Bibliográficas
46
de Castro, O.M., de Prado, H., Sevedo, A.C.R. e Cardoso, E.J.B.N. (1993) Avaliação da
atividade de microrganismos do solo em diferentes sistemas de manejo de soja.
Scientia Agricola, 50, 212-219.
de Witte, L., Nabatov, A., Pion, M., Fluitsma, D., de Jong, M.A.W.P., de Gruijl, T., Piguet,
V., van Kooyk, Y. e Geijtenbeek, T.B.H. (2007) Langerin is a natural barrier to HIV-1
transmission by Langerhans cells. Nat Med, 13, 367-371.
Denbow, D.M., Grabau, E.A., Lacy, G.H., Kornegay, E.T., Russell, D.R. e Umbeck, P.F.
(1998) Soybeans transformed with a fungal phytase gene improve phosphorus
availability for broilers. Poult Sci, 77, 878-881.
Ding, S.H., Huang, L.Y., Wang, Y.D., Sun, H.C. e Xiang, Z.H. (2006) High-level expression
of basic fibroblast growth factor in transgenic soybean seeds and characterization of
its biological activity. Biotechnol Lett, 28, 869-875.
Doyle, J.J. e Doyle, J.L. (1987) Rapid DNA isolation procedure from small quantities of fresh
leaf tissues. Phytochemical Bulletin, 19, 11-15.
Editorial. (2007) Newer approaches to HIV prevention. Lancet, 369, 615.
Fernandez-San Millan, A., Mingo-Castel, A., Miller, M. e Daniell, H. (2003) A chloroplast
transgenic approach to hyper-express and purify Human Serum Albumin, a protein
highly susceptible to proteolytic degradation. Plant Biotechnol J, 1, 71-79.
Fischer, R., Stoger, E., Schillberg, S., Christou, P. e Twyman, R.M. (2004) Plant-based
production of biopharmaceuticals. Curr Opin Plant Biol, 7, 152-158.
Frigerio, L., Foresti, O., Felipe, D.H., Neuhaus, J.-M. e Vitale, A. (2001) The C-terminal
tetrapeptide of phaseolin is sufficient to target green fluorescent protein to the
vacuole. Journal of Plant Physiology, 158, 499-503.
Fu, X., Duc, L.T., Fontana, S., Bong, B.B., Tinjuangjun, P., Sudhakar, D., Twyman, R.M.,
Christou, P. e Kohli, A. (2000) Linear transgene constructs lacking vector backbone
sequences generate low-copy-number transgenic plants with simple integration
patterns. Transgenic Res, 9, 11-19.
Gelvin, S.B. (2003) Agrobacterium-mediated plant transformation: the biology behind the
"gene-jockeying" tool. Microbiol Mol Biol Rev, 67, 16-37, table of contents.
Gelvin, S.B. (2005) Agricultural biotechnology: Gene exchange by design. Nature, 433, 583-
584.
Referências Bibliográficas
47
Giddings, G., Allison, G., Brooks, D. e Carter, A. (2000) Transgenic plants as factories for
biopharmaceuticals. Nature Biotechnol, 18, 1151-1155.
Giomarelli, B., Provvedi, R., Meacci, F., Maggi, T., Medaglini, D., Pozzi, G., Mori, T.,
McMahon, J.B., Gardella, R. e Boyd, M.R. (2002) The microbicide cyanovirin-N
expressed on the surface of commensal bacterium Streptococcus gordonii captures
HIV-1. Aids, 16, 1351-1356.
Gleba, Y., Klimyuk, V. e Marillonnet, S. (2005) Magnifection--a new platform for expressing
recombinant vaccines in plants. Vaccine, 23, 2042-2048.
Greene, W.C. e Peterlin, B.M. (2002) Charting HIV's remarkable voyage through the cell:
Basic science as a passport to future therapy. Nat Med, 8, 673-680.
Hansen, G. e Wright, M.S. (1999) Recent advances in the transformation of plants. Trends
Plant Sci, 4, 226-231.
Hood, E.E., Woodard, S.L. e Horn, M.E. (2002) Monoclonal antibody manufacturing in
transgenic plants--myths and realities. Curr Opin Biotechnol, 13, 630-635.
Hood, E.E., Kusnadi, A., Nikolov, Z. e Howard, J.A. (1999) Molecular farming of industrial
proteins from transgenic maize. Adv Exp Med Biol, 464, 127-147.
Horn, M.E., Woodard, S.L. e Howard, J.A. (6 1 Tf17/TT42D0.000328D0.2197 4.  Twm1999) Mole9celaarm: systeayustrial
Referências Bibliográficas
48
Karlsson Hedestam, G.B., Fouchier, R.A., Phogat, S., Burton, D.R., Sodroski, J. e Wyatt,
R.T. (2008) The challenges of eliciting neutralizing antibodies to HIV-1 and to
influenza virus. Nat Rev Microbiol, 6, 143-155.
Kasschau, K.D. e Carrington, J.C. (1998) A counterdefensive strategy of plant viruses:
suppression of posttranscriptional gene silencing. Cell, 95, 461-470.
Kawamura, T., Kurtz, S.E., Blauvelt, A. e Shimada, S. (2005) The role of Langerhans cells in
the sexual transmission of HIV. Journal of Dermatological Science, 40, 147-155.
Klasse, P.J., Shattock, R. e Moore, J.P. (2008) Antiretroviral Drug-Based Microbicides to
Prevent HIV-1 Sexual Transmission. Vol. 59, pp. 455-471.
Kohli, A., Griffiths, S., Palacios, N., Twyman, R.M., Vain, P., Laurie, D.A. e Christou, P.
(1999) Molecular characterization of transforming plasmid rearrangements in
transgenic rice reveals a recombination hotspot in the CaMV 35S promoter and
confirms the predominance of microhomology mediated recombination. Plant J, 17,
591-601.
Kohli, A., Twyman, R.M., Abranches, R., Wegel, E., Stoger, E. e Christou, P. (2003)
Transgene integration, organization and interaction in plants. Plant Mol Biol, 52, 247-
258.
Krishnan, H.B. (2000) Biochemistry and molecular biology of soybean seed storage proteins.
Journal of New Seeds, 2, 1-25.
Kusnadi, A.R., Hood, E.E., Witcher, D.R., Howard, J.A. e Nikolov, Z.L. (1998) Production
and purification of two recombinant proteins from transgenic corn. Biotechnol Prog,
14, 149-155.
Kwon, D.S., Gregorio, G., Bitton, N., Hendrickson, W.A. e Littman, D.R. (2002) DC-SIGN-
mediated internalization of HIV is required for trans-enhancement of T cell infection.
Immunity, 16, 135-144.
Kwong, P.D., Doyle, M.L., Casper, D.J., Cicala, C., Leavitt, S.A., Majeed, S., Steenbeke,
T.D., Venturi, M., Chaiken, I., Fung, M., Katinger, H., Parren, P.W., Robinson, J.,
Van Ryk, D., Wang, L., Burton, D.R., Freire, E., Wyatt, R., Sodroski, J.,
Hendrickson, W.A. e Arthos, J. (2002) HIV-1 evades antibody-mediated
neutralization through conformational masking of receptor-binding sites. Nature, 420,
678-682.
Referências Bibliográficas
49
Kwong, P.D., Wyatt, R., Robinson, J., Sweet, R.W., Sodroski, J. e Hendrickson, W.A. (1998)
Structure of an HIV gp120 envelope glycoprotein in complex with the CD4 receptor
and a neutralizing human antibody. Nature, 393, 648-659.
Lacorte, C. (2006) Improving and assenssing viral vectors for recombinant protein production
in plants. . Wageningen University, Wageningen, Vol. PhD, p. 120.
Lacorte, C., Ribeiro, S.G., Lohuis, D., Goldbach, R. e Prins, M. (2007) The nucleoprotein of
Tomato spotted wilt virus as protein tag for easy purification and enhanced production
of recombinant proteins in plants. Protein Expression and Purification, 55, 17-22.
Larrick, J.W. e Thomas, D.W. (2001) Producing proteins in transgenic plants and animals.
Current Opinion in Biotechnology, 12, 411-418.
Lederman, M.M., Offord, R.E. e Hartley, O. (2006) Microbicides and other topical strategies
to prevent vaginal transmission of HIV. Nat Rev Immunol, 6, 371-382.
Liu, X., Lagenaur, L.A., Simpson, D.A., Essenmacher, K.P., Frazier-Parker, C.L., Liu, Y.,
Tsai, D., Rao, S.S., Hamer, D.H., Parks, T.P., Lee, P.P. e Xu, Q. (2006) Engineered
vaginal lactobacillus strain for mucosal delivery of the human immunodeficiency
virus inhibitor cyanovirin-N. Antimicrob Agents Chemother, 50, 3250-3259.
Ma, J.K., Barros, E., Bock, R., Christou, P., Dale, P.J., Dix, P.J., Fischer, R., Irwin, J.,
Mahoney, R., Pezzotti, M., Schillberg, S., Sparrow, P., Stoger, E. e Twyman, R.M.
(2005) Molecular farming for new drugs and vaccines. Current perspectives on the
production of pharmaceuticals in transgenic plants. EMBO Rep, 6, 593-599.
Ma, J.K., Drake, P.M. e Christou, P. (2003) The production of recombinant pharmaceutical
proteins in plants. Nat Rev Genet, 4, 794-805.
Mehlo, L., Mazithulela, G., Twyman, R.M., Boulton, M.I., Davies, J.W. e Christou, P. (2000)
Structural analysis of transgene rearrangements and effects on expression in
transgenic maize plants generated by particle bombardment. Maydica, 45, 277-287.
Molina, A., Hervas-Stubbs, S., Daniell, H., Mingo-Castel, A.M. e Veramendi, J. (2004) High-
yield expression of a viral peptide animal vaccine in transgenic tobacco chloroplasts.
Plant Biotechnol J, 2, 141-153.
Moravec, T., Schmidt, M.A., Herman, E.M. e Woodford-Thomas, T. (2007) Production of
Escherichia coli heat labile toxin (LT) B subunit in soybean seed and analysis of its
immunogenicity as an oral vaccine. Vaccine, 25, 1647-1657.
Referências Bibliográficas
50
Mori, T., Barrientos, L.G., Han, Z., Gronenborn, A.M., Turpin, J.A. e Boyd, M.R. (2002)
Functional homologs of cyanovirin-N amenable to mass production in prokaryotic
and eukaryotic hosts. Protein Expr Purif, 26, 42-49.
Mori, T., Gustafson, K.R., Pannell, L.K., Shoemaker, R.H., Wu, L., McMahon, J.B. e Boyd,
M.R. (1998) Recombinant production of cyanovirin-N, a potent human
immunodeficiency virus-inactivating protein derived from a cultured cyanobacterium.
Protein Expr Purif, 12, 151-158.
Murashige, T. e Skoog, F. (1962) A revised medium for rapid growth and bioassays with
tobacco tissue cultures Physiologia Plantarum 15, 473-497.
Poignard, P., Saphire, E.O., Parren, P.W.H.I. e Burton, D.R. (2001) GP120: Biologic Aspects
of Structural Features. Vol. 19, pp. 253-274.
Pusch, O., Boden, D., Hannify, S., Lee, F., Tucker, L.D., Boyd, M.R., Wells, J.M. e
Ramratnam, B. (2005) Bioengineering lactic acid bacteria to secrete the HIV-1
virucide cyanovirin. J Acquir Immune Defic Syndr, 40, 512-520.
Quinn, T.C. e Overbaugh, J. (2005) HIV/AIDS in women: an expanding epidemic. Science,
308, 1582-1583.
Rademacher, T., Sack, M., Arcalis, E., Stadlmann, J., Balzer, S., Altmann, F., Quendler, H.,
Stiegler, G., Kunert, R., Fischer, R. e Stoger, E. (2008) Recombinant antibody 2G12
produced in maize endosperm efficiently neutralizes HIV-1 and contains
predominantly single-GlcNAc N-glycans. Plant Biotechnology Journal, 6, 189-201.
Ratcliff, F.G., MacFarlane, S.A. e Baulcombe, D.C. (1999) Gene silencing without DNA.
rna-mediated cross-protection between viruses. Plant Cell, 11, 1207-1216.
Rech, E., Vianna, G.R. e Aragão, F.J.L. (2008) High-efficiency transformation by biolistics
of soybean, common bean and cotton transgenic plants. Nature Protocols, 3, 410-418.
Sanderson, K. (2008) Anti-HIV gel trial fails. News@Nature, Vol. 19 de Fevereiro.
Sanford, J.C., Klein, T.M., Wolf, E.D. e Allen, N. (1987) Delivery of Substances Into Cells
and Tissues Using a Particle Bombardment Process. Taylor & Amp; Francis, Vol. 5,
pp. 27 - 37.
Sathasivan, K., Haughn, G.W. e Murai, N. (1991) Molecular Basis of Imidazolinone
Herbicide Resistance in Arabidopsis thaliana var Columbia. Plant Physiol, 97, 1044-
1050.
Referências Bibliográficas
51
Schwartz, O. (2007) Langerhans cells lap up HIV-1. Nat Med, 13, 245-246.
Sexton, A., Drake, P.M., Mahmood, N., Harman, S.J., Shattock, R.J. e Ma, J.K. (2006)
Transgenic plant production of Cyanovirin-N, an HIV microbicide. Faseb J, 20, 356-
358.
Sharma, K.K., Bhatnagar-mathur, P. e Thorpe, T.A. (2005) Genetic transformation
technology: Status and problems. In Vitro Cell Dev Biol - Plant, 41, 102–112.
Shattock, R.J. e Moore, J.P. (2003) Inhibiting sexual transmission of HIV-1 infection. Nat
Rev Microbiol, 1, 25-34.
Sexton, A., Drake, P.M., Mahmood, N., Harman, S.J., Shattock, R.J. e Ma, J.K. (2006)
Transgenic plant production of Cyanovirin-N, an HIV microbicide. Faseb J, 20, 356-
358.
Shenoy, S.R., O'Keefe, B.R., Bolmstedt, A.J., Cartner, L.K. e Boyd, M.R. (2001) Selective
interactions of the human immunodeficiency virus-inactivating protein cyanovirin-N
with high-mannose oligosaccharides on gp120 and other glycoproteins. J Pharmacol
Exp Ther, 297, 704-710.
Simon, V., Ho, D.D. e Abdool Karim, Q. (2006) HIV/AIDS epidemiology, pathogenesis,
prevention, and treatment. Lancet, 368, 489-504.
Staub, J.M., Garcia, B., Graves, J., Hajdukiewicz, P.T., Hunter, P., Nehra, N., Paradkar, V.,
Schlittler, M., Carroll, J.A., Spatola, L., Ward, D., Ye, G. e Russell, D.A. (2000)
High-yield production of a human therapeutic protein in tobacco chloroplasts. Nat
Biotechnol, 18, 333-338.
Stoger, E., Sack, M., Perrin, Y., Vaquero, C., Torres, E., Twyman, R.M., Christou, P. e
Fischer, R. (2002) Practical considerations for pharmaceutical antibody production in
different crop systems. Molecular Breeding, 9, 149-158.
Stoger, E., Vaquero, C., Torres, E., Sack, M., Nicholson, L., Drossard, J., Williams, S., Keen,
D., Perrin, Y., Christou, P. e Fischer, R. (2000) Cereal crops as viable production and
storage systems for pharmaceutical scFv antibodies. Plant Mol Biol, 42, 583-590.
Stone, A. (2002) Microbicides: a new approach to preventing HIV and other sexually
transmitted infections. Nat Rev Drug Discov, 1, 977-985.
Streatfield, S.J. (2006) Mucosa
Referências Bibliográficas
52
The Gender and Development Group [Poverty Reduction and Economic Management
(PREM)] (2004). Integrating Gender Issues into HIV/AIDS Programs. World Bank,
Washington, DC.
Tregoning, J.S., Nixon, P., Kuroda, H., Svab, Z., Clare, S., Bowe, F., Fairweather, N.,
Ytterberg, J., van Wijk, K.J., Dougan, G. e Maliga, P. (2003) Expression of tetanus
toxin Fragment C in tobacco chloroplasts. Nucleic Acids Res, 31, 1174-1179.
Tsai, C.C., Emau, P., Jiang, Y., Agy, M.B., Shattock, R.J., Schmidt, A., Morton, W.R.,
Gustafson, K.R. e Boyd, M.R. (2004) Cyanovirin-N inhibits AIDS virus infections in
vaginal transmission models. AIDS Res Hum Retroviruses, 20, 11-18.
Tsai, C.C., Emau, P., Jiang, Y., Tian, B., Morton, W.R., Gustafson, K.R. e Boyd, M.R.
(2003) Cyanovirin-N gel as a topical microbicide prevents rectal transmission of
SHIV89.6P in macaques. AIDS Res Hum Retroviruses, 19, 535-541.
Twyman, R.M., Schillberg, S. e Fischer, R. (2005) Transgenic plants in the
biopharmaceutical market. Expert Opin Emerg Drugs, 10, 185-218.
Twyman, R.M., Stoger, E., Schillberg, S., Christou, P. e Fischer, R. (2003) Molecular
farming in plants: host systems and expression technology. Trends Biotechnol, 21,
570-578.
UNAIDS/WHO. (2006) 2006 report on the global AIDS epidemic: a UNAIDS 10th
anniversary special edition. Genebra.
UNAIDS/WHO. (2007) AIDS Epidemic Update. Genebra.
Vaucheret, H., Beclin, C., Elmayan, T., Feuerbach, F., Godon, C., Morel, J.-B., Mourrain, P.,
Palauqui, J.-C. e Vernhettes, S. (1998) Transgene-induced gene silencing in plants.
Vol. 16, pp. 651-659.
Voinnet, O. (2001) RNA silencing as a plant immune system against viruses. Trends Genet,
17, 449-459.
Voinnet, O. (2005) Induction and suppression of RNA silencing: insights from viral
infections. Nat Rev Genet, 6, 206-220.
Voinnet, O., Pinto, Y.M. e Baulcombe, D.C. (1999) Suppression of gene silencing: a general
strategy used by diverse DNA and RNA viruses of plants. Proc Natl Acad Sci U S A,
96, 14147-14152.
Referências Bibliográficas
53
Voinnet, O., Rivas, S., Mestre, P. e Baulcombe, D. (2003) An enhanced transient expression
system in plants based on suppression of gene silencing by the p19 protein of tomato
bushy stunt virus. Plant J, 33, 949-956.
Witvrouw, M., Fikkert, V., Hantson, A., Pannecouque, C., O'Keefe B, R., McMahon, J.,
Stamatatos, L., de Clercq, E. e Bolmstedt, A. (2005) Resistance of human
immunodeficiency virus type 1 to the high-mannose binding agents cyanovirin N and
concanavalin A. J Virol, 79, 7777-7784.
Wyatt, R., Kwong, P.D., Desjardins, E., Sweet, R.W., Robinson, J., Hendrickson, W.A. e
Sodroski, J.G. (1998) The antigenic structure of the HIV gp120 envelope
glycoprotein. Nature, 393, 705-711.
Wyatt, R. e Sodroski, J. (1998) The HIV-1 envelope glycoproteins: fusogens, antigens, and
immunogens. Science, 280, 1884-1888.
Yadav, N.S., Vanderleyden, J., Bennett, D.R., Barnes, W.M. e Chilton, M.D. (1982) Short
direct repeats flank the T-DNA on a nopaline Ti plasmid. Proc Natl Acad Sci U S A,
79, 6322-6326.
Zeitlin, L., Olmsted, S.S., Moench, T.R., Co, M.S., Martinell, B.J., Paradkar, V.M., Russell,
D.R., Queen, C., Cone, R.A. e Whaley, K.J. (1998) A humanized monoclonal
antibody produced in transgenic plants for immunoprotection of the vagina against
genital herpes. Nat Biotechnol, 16, 1361-1364.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo