____________________________________________________Revisão de Literatura
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A reparação do endotélio corneano é limitada e se dá por migração e
hipertrofia de células remanescentes em substituição à perda de células
endoteliais, com pouca contribuição de mitoses celulares (MURPHY et al.,
1984, HOPPENREIJS et al., 1996, RODRIGUES, 2004, PIGATTO et al., 2006).
Durante as fases iniciais da reparação, ocorrem alterações dos parâmetros
morfométricos das células, por aumento no seu tamanho (polimegatismo) e
perda da forma hexagonal homogênea (pleomorfismo). Uma vez recoberta a
área lesada, decorrem transformações e rearranjos celulares. A diminuição na
densidade das células vem acompanhada de um incremento no grau de
pleomorfismo, sendo acentuado o aumento de tamanho e a perda do formato
hexagonal (LAING, 1976, BLATT et al., 1979, BAROODY et al., 1987,
CARLSON et al., 1988). Em um endotélio com maior grau de pleomorfismo e
polimegatismo, as intercorrências advindas de traumas cirúrgicos passam a ser
mais significativas (RAO et al., 1982).
Vários fatores podem afetar o endotélio durante a facoemulsificação, tais
como: trauma mecânico direto pela incisão; turbulência dos fluidos e
fragmentos do cristalino; bolhas de ar; toque inadvertido no endotélio pelo
instrumental ou lente intra-ocular; energia ultra-sônica direta ou indiretamente
pela formação de radicais livres; e efeitos da solução de irrigação utilizada
(DAVIS e LINDSTROM, 2000, BEHNDIG e LUNDBERG, 2002, KIM et al.,
2002, KISS et al., 2003). Essas lesões resultam em edema transitório com
conseqüente aumento da espessura corneana, causado pela diminuição da
função endotelial que ocorre em graus variáveis e, por vezes, subclínicos
(BEHNDIG e LUNDBERG, 2002, AUGUSTIN e DICK, 2004). Neste sentido, os
materiais viscoelásticos assumem um papel fundamental na segurança e
eficácia da cirurgia de catarata, facilitando a execução do procedimento pela
manutenção do espaço dentro do segmento anterior durante a capsulorrexis e
implante da lente intra-ocular, acentuando a midríase pupilar e protegendo o
endotélio do trauma cirúrgico (MILLER e COLVARD, 1999, TETZ et al., 2001).
As substâncias viscoelásticas utilizadas em cirurgias intra-oculares são
baseadas em três componentes, a hidroxipropilmetilcelulose, o hialuronato de
sódio e o sulfato de condroitina, diferindo na sua concentração e no fabricante.
Elas possuem quatro propriedades: viscosidade; pseudoplasticidade;