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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO CUIDADOS CLÍNICOS EM SAÚDE
Adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão arterial e
complicações associadas: espaço
para o cuidado clínico de
enfermagem
RITA NEUMA DANTAS CAVALCANTE DE ABREU
Fortaleza – Ceará
2007
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2
RITA NEUMA DANTAS CAVALCANTE DE ABREU
Adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão arterial e complicações associadas:
espaço para o cuidado clínico de enfermagem
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Curso
de Mestrado Acadêmico Cuidados Clínicos em Saúde
(CMACCLIS) da Universidade Estadual do Ceará
(UECE), como requisito parcial para obtenção do título
de mestre.
Área de Concentração: Enfermagem
ORIENTADORA: Prof
ª
Drª Thereza Maria Magalhães Moreira
Fortaleza – Ceará
2007
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RITA NEUMA DANTAS CAVALCANTE DE ABREU
Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Curso de Mestrado Acadêmico
Cuidados Clínicos em Saúde (CMACCLIS) da Universidade Estadual do Ceará (UECE),
como requisito parcial para obtenção do título de mestre.
Adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão arterial e complicações associadas:
espaço para o cuidado clínico de enfermagem
Aprovada em: 21
/12/2007
Conceito obtido: Satisfatório
BANCA EXAMINADORA
Profª. Drª Thereza Maria Magalhães Moreira
Universidade Estadual do Ceará – UECE
Orientadora
Profª Drª Maria Salete Bessa Jorge
Universidade Estadual do Ceará (UECE)
1ª Examinadora
Profª Drª Francisca Elisângela Teixeira Lima
Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
2ª Examinadora
Profª Drª Luiza Jane Eyre de Souza Vieira
Universidade de Fortaleza (UNIFOR)
Suplente
4
A pesquisa contou com recursos da Fundação
Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FUNCAP) por meio de bolsa de mestrado, no
período de julho de 2006 a janeiro de 2008.
5
Agradecimentos
A Deus, pois sem ele nada é possível;
À minha família, com especial gratidão ao meu pai Vicente Abreu e à minha mãe Idezite,
por me haver encorajado, inúmeras vezes, através do orgulho e da confiança de me ver
vitoriosa;
À Profª Drª Thereza Maria Magalhães Moreira, orientadora deste trabalho, a quem serei
sempre grata por todos os ensinamentos, pela paciência, confiança, incentivo e orientações
e, acima de tudo, pela sua amizade e disponibilidade que tornaram este estudo possível;
Ao meu esposo, Gilvan, pela força e incentivo para a realização e conclusão deste curso;
À minha linda filha, Giovanninha, por ver a mamãe quase sempre ao computador.
A todas as pessoas portadoras de hipertensão arterial, que fizeram com que este trabalho
fosse possível.
Aos docentes do mestrado, Doutoras Ana Virgínia Fialho, Ana Ruth, Célia Freitas,
Consuelo Aires, Lúcia de Fátima, Lucilane Sales, Maria Salete Jorge, Marluce Assis,
Thereza Moreira, Silvânia Patrocínio, Veraci Queiroz e Doutores Andréa Caprara, Maia
Pinto, por todos os ensinamentos.
Ao Professor Paulo César de Almeida, por contribuir na análise estatística dos dados;
À Profª Drª. Luiza Jane Eyre, pela amizade e incentivo ao longo de minha caminhada;
Às profas. Dras. Maria Salete, Francista Elisângela e Luiza Jane Eyre pelas valiosas
contribuições.
Aos meus colegas do mestrado Ana Larissa Machado, Ana Lúcia, Caroline, Karla Moreira,
Juliana Oliveira, Edilma, Julieta, Luciana Rocha e Michel pelo apoio e estímulo.
A secretária do curso, Rafaela, e ao funcionário da UECE, Sr. Cirilo.
Aos funcionários do Serviço de Atendimento Médico Estatístico (SAME) do Centro
Integrado de Diabetes e Hipertensão do Ceará, e, em especial, ao Carlos, por sua ajuda
constante na identificação dos pacientes portadores de complicações.
Aos enfermeiros de serviço, pelos esclarecimentos e estímulo.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente para este trabalho, minha gratidão.
6
“E sabemos que todas as coisas contribuem
juntamente para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu
propósito”
(Romanos 8: 28)
“Quem está contente com entendimentos sobre as
coisas do jeito como se nos apresentam, não formulará
hipóteses, não buscará respostas, não reinventará
conhecimentos, não criará grandes coisas: somente os
existencialmente angustiados e ansiosos, feliz ou
infelizmente, o levados a ser deste modo criativos e
poderão ser verdadeiramente cientistas”
(TURATO, 2003)
7
Sumário
LISTA DE ABREVIATURAS......................................................................................
8
LISTA DE TABELAS, QUADROS E GRÁFICOS................................................... 9
RESUMO........................................................................................................................
10
ABSTRACT....................................................................................................................
11
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 12
2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 17
3. CONSIDERAÇÕES SOBRE HIPERTENSÃO ARTERIAL............................... 19
3.1 Conceito, diagnóstico e fatores de risco.................................................................
20
3.2 Tratamento anti-hipertensivo..................................................................................
23
3.3 A adesão ao tratamento anti-hipertensivo...............................................................
26
4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 29
4.1 Natureza do Estudo.................................................................................................
30
4.2 Caracterização da instituição..................................................................................
30
4.3 População Alvo.......................................................................................................
31
4.4 Procedimentos e instrumentos para coleta de dados...............................................
32
4.5 Análise dos Dados..................................................................................................
33
4.6 Aspectos Éticos da Pesquisa...................................................................................
34
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................ 35
REFLEXÃO SOBRE O CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM NO
FAVORECIMENTO DA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-
HIPERTENSIVO........................................
69
6. CONCLUSÕES......................................................................................................... 73
8
Lista de Abreviaturas
HA: Hipertensão arterial
CA: Circunferência Abdominal
DM: Diabetes Mellitus
ICC: Insuficiência cardíaca congestiva
IAM: infarto agudo do miocárdio
HVE: Hipertrofia ventricular esquerda
DAC: Doença arterial coronariana
AVC: Acidente vascular cerebral
DIC: Doença isquêmica cardíaca
IECA: inibidores da enzima conversora da angiotensina
PA: pressão arterial
9
Lista de Tabelas, Quadros e Gráficos
Tabelas
Tabela 1
Doença cardiovascular preexistente e risco de eventos futuros.....................
15
Tabela 2
Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no
consultório......................................................................................................
20
Quadros
Quadro 1
Participante do estudo segundo as características sócio-demográficas,
Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007........................................................
36
Quadro 2
Participantes do estudo segundo as características clínicas, Centro de
Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.........................................................................
41
Quadro 3
Participantes do estudo segundo adesão ao tratamento não medicamentoso,
Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007........................................................
47
Quadro 4
Participantes do estudo segundo adesão ao tratamento medicamentoso,
Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007........................................................
60
Quadro 5
Participantes do estudo segundo os elementos dificultadores e facilitadores
na adesão ao tratamento, Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007................
64
Gráficos
Gráfico 1
Participantes do estudo segundo hábitos alimentares (colesterol e frutas) e
prática regular de exercício físico antes e após a ocorrência de
complicações associadas à hipertensão arterial, Centro de Saúde X,
Fortaleza-CE, 2007........................................................................................
55
Gráfico 2
Participantes do estudo segundo uso de fumo e álcool antes e após a
ocorrência de complicações associadas à hipertensão arterial, Centro de
Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.........................................................................
56
Gráfico 3
Distribuição dos participantes segundo a convergência da tomada
medicamentosa com a prescrição médica, Centro de Saúde X, Fortaleza-
CE, 2007.........................................................................................................
58
10
Resumo
ABREU, R.N.D.C. Adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão arterial e
complicações associadas: espaço para o cuidado clínico de enfermagem. 2007. 93f.
Dissertação (Mestrado Acadêmico Cuidados Clínicos em Saúde) Pró-reitoria de Pesquisa
e Pós-graduação. Universidade Estadual do Ceará. 2007.
A pesquisa tem como objetivo avaliar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo em pessoas
com hipertensão e complicações associadas acompanhados em um centro de referência em
Fortaleza-Ceará. Trata-se de um estudo descritivo, de natureza quantitativa, realizado com
79 pessoas. Foi utilizado um formulário contendo questões relativas às características
sóciodemográficas, clínicas,
cumprimento do tratamento não-farmacológico e
farmacológico por essas pessoas e elementos intervenientes na sua adesão terapêutica. Os
resultados demonstraram predominância do sexo masculino (67,1%); idade igual ou
superior a 60 anos (64,1%); cor branca (77,2%) e 69,2% de aposentados ou pensionistas.
Cerca de 43 (57,3%) cursaram até o ensino fundamental; 67,7% das pessoas recebiam <1|-
|2 salários; 81% eram católicos; 67,1% eram formalmente casados ou viviam em união
consensual e 48,1% tiveram de 3 a 5 filhos. Do total, 78,5% residiam com 3 a 6 pessoas e
86,1% moravam na capital. Referente às características clínicas, temos que 55,7% pessoas
referiram tempo de diagnóstico da hipertensão entre 1|-|10 anos; 27 (34,2%) referiram
descobrir a doença por ocasião de suas complicações. Dentre as complicações associadas à
hipertensão encontradas, houve predominância do acidente vascular cerebral (38); e Infarto
do miocárdio (22). A maioria (87,3%) havia se submetido a internações hospitalares e
tinha história familiar de hipertensão (72,2%), diabetes (44,3%), acidente vascular cerebral
(35,4%) e infarto agudo do miocárdio (30,4%). Apenas 19 pacientes apresentaram cifras
pressóricas controladas. Quanto à adesão ao tratamento não medicamentoso, 53 (78%)
pessoas se encontravam com sobrepeso ou obesidade e 43 (61,4%) apresentavam a
circunferência abdominal aumentada. Do total, 93,7% não acrescentavam sal à refeição.
Cerca de 57% eram sedentários e 51,3% julgavam se estressar com facilidade. Dentre os 79
participantes, 6,4% das pessoas declararam o uso atual de fumo e 17,7% afirmaram uso
atual de bebidas alcoólicas. O tratamento farmacológico foi indicado para todas as pessoas
com hipertensão arterial no estudo, sendo que em 40 pessoas a tomada medicamentosa
atual foi convergente com a prescrição médica, embora 46 (58,2%) pessoas haviam
interrompido a tomada medicamentosa pelo menos uma vez. Foram identificadas
dificuldades no seguimento do tratamento da hipertensão arterial relacionadas ao paciente
(19=24,1%), à medicação (28=35,4%), ao tratamento não medicamentoso (25=31,6%) e
institucionais (35=44,3%). Cerca de 82,3% recebiam ajuda da família no seguimento ao
tratamento anti-hipertensivo. O estudo permitiu concluir que a não adesão ao tratamento
ainda representa um grande desafio aos profissionais de saúde e pacientes, fazendo com que
o desenvolvimento de complicações em pessoas com hipertensão arterial seja uma
realidade com repercussões negativas na vida dos acometidos e em todo o sistema de saúde.
UNITERMOS: Hipertensão, cooperação do paciente, enfermagem
11
Abstract
ABREU, Rita Neuma Dantas Cavalcante de. Compliance to the people’s with arterial
hypertension and associated complications treatment: space for clinical Nursing care.
2007. 93 f. Dissertation (Master's degree in Health Clinical Cares) - Research and Masters
Degree Pro-Rectory. State University of Ceará. 2007.
The research has as objective to evaluate the adhesion to the antihypertensive treatment in
people with hypertension and associated complications followed in a center of reference in
Fortaleza-Ceara. It is a descriptive study, with a quantitative nature, carried through with 79
people. It was used a form with questions about the social, demographic, clinical
characteristics, use of treatment without medicines and pharmacological treatment for these
people and elements in its therapeutic adhesion. The results had demonstrated
predominance of the masculine sex (67.1%); age equal or superior to 60 years (64.1%);
white color (77.2%) and 69.2% of retired or pensioners. About 43 (57.3%) had basic
education; 67.7% of the people received < 1|-|2 wages; 81% were catholic; 67.1% were
formally married or lived in a consensual union and 48.1% had between 3 or 5 children. Of
the total, 78.5% inhabited with 3 to 6 people and 86.1% lived in the capital. About the
clinical characteristics, we have that 55.7% of people had related their time of diagnosis of
the hypertension between 1|-|10 years; 27 (34.2%) had related to discover the illness for
occasion of its complications. Amongst the complications found associated to the
hypertension, it had predominance of the cerebral vascular accident (38); and Infarction of
the myocardium (22). The majority (87.3%) already had been submitted to the hospital
internments and had familiar history of hypertension (72.2%), diabetes (44.3%), acute
cerebral vascular accident (35.4%) and infarction of the myocardium (30.4%). Only 19
people had presented controlled pressure ciphers. About the adhesion to the treatment
without medicines, 53 (78%) people were overweight or with obesity and 43 (61.4%)
presented the abdominal circumference increased. Of the total, 93.7% did not add salt to the
meal. About 57% were sedentary and 51.3% judged themselves easily stressed. Amongst
the 79 participants, 6.4% of the people had declared the current tobacco use and 17.7% had
affirmed current alcoholic beverage use. The pharmacological treatment was indicated for
all the people with arterial hypertension in the study, having been that in 40 people the
current medicine taking was convergent with the medical prescription, even so 46 (58.2%)
people already had interrupted the medicine taking at least a time. Difficulties in the
pursuing of the treatment of the arterial hypertension had been identified related to the
patient (19=24.1%), to the medication (28=35.4%), the treatment without medicines
(25=31.6%) and institutional (35=44.3%). About 82,3% received aid from the family in the
pursuing to the antihypertensive treatment. The analysis of the data still allowed to infer
that the participants felt the desire to know more on its conditions of health, we just need to
see some questionings presented. The study allowed to conclude that the adhesion to the
treatment still does not represent a great challenge to the professionals of health and
patients, making with that the development of complications in people with arterial
hypertension is a reality with negative repercussions in the life of these people and in all the
health system.
Key Words: Hypertension, cooperation of the patient, nursing.
12
1. INTRODUÇÃO
13
1. Introdução
Um grande desafio aos profissionais de saúde no terceiro milênio é o cuidado a
pessoas com doenças crônicas. Esse desafio é intrínseco à enfermagem devido sua ação
direta e contínua de cuidado aos pacientes.
Dentre as doenças crônicas, as cardiovasculares são responsáveis por 18 milhões de
mortes anualmente no mundo, sendo as isquemias cardíacas e as doenças cerebrovasculares
responsáveis por dois terços destes óbitos e por, aproximadamente, 22% dos 55 milhões de
óbitos por todas as causas (BRASIL, 2004).
No Brasil, em 2003, cerca de 27,4% dos óbitos foram decorrentes de doenças
cardiovasculares, sendo este percentual elevado para 37%, quando excluídos os óbitos por
causas mal definidas e a violência. Cabe destacar que o acidente vascular cerebral é a
principal causa de morte em todas as regiões brasileiras (DBHA, 2006).
No Ceará, segundo os dados apresentados pela Secretaria da Saúde do Estado
(SESA, 2004), as doenças do aparelho circulatório contribuem com grande magnitude para
a mortalidade, ocupando o primeiro lugar como causa de óbito.
Nesse contexto, merece destaque a hipertensão arterial (HA), prevalente em 20% da
população adulta brasileira (maior ou igual a 20 anos) e responsável por 25% dos casos de
isquemias cardíacas e por 40% dos acidentes vasculares cerebrais (BRASIL, 2001;
BRASIL, 2004). Desse modo, a doença hipertensiva tem se constituído num dos mais
graves problemas de saúde pública.
Para que haja a redução da morbidade e mortalidade associada aos riscos
cardiovasculares das pessoas com hipertensão, torna-se indispensável a adesão ao
tratamento anti-hipertensivo. Assim, as medidas não farmacológicas e os medicamentos
utilizados no tratamento da doença devem permitir a redução das cifras pressóricas e
igualmente das complicações associadas à doença.
Adesão, do latim adhaesione, significa, etimologicamente, junção, união, aprovação,
acordo, manifestação de solidariedade, apoio; pressupõe relação e vínculo. Adesão ao
tratamento é um processo multifatorial, que se estrutura em uma parceria entre quem cuida
14
e quem é cuidado; diz respeito à freqüência, à constância e à perseverança na relação com o
cuidado na busca da saúde (SILVEIRA e RIBEIRO, 2005). Para as autoras, adesão ao
tratamento inclui fatores terapêuticos e educativos relacionados aos pacientes, envolvendo
aspectos ligados ao reconhecimento e à aceitação de suas condições de saúde, à adaptação
ativa a estas condições, à identificação de fatores de risco no estilo de vida, ao cultivo de
hábitos e atitudes promotores de qualidade de vida e ao desenvolvimento da consciência
para o autocuidado.
Pierin, Strelec e Mion Júnior (2004) caracterizam a adesão ao tratamento como um
processo comportamental complexo, influenciado pelo meio ambiente, profissionais de
saúde e cuidados de assistência médica.
Apesar das evidências de que o tratamento anti-hipertensivo é eficaz em diminuir a
morbimortalidade cardiovascular, os percentuais de controle de pressão arterial são baixos,
em razão da pouca adesão ao tratamento. As Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
(2006) apontam controle de 20% a 40% e acrescentam que a taxa de abandono, grau mais
elevado da falta de adesão, cresce com o tempo de terapêutica.
Estudo realizado com 401 portadores de HA que se encontravam sem tratamento
anti-hipertensivo pelo menos 60 dias mostrou que, no retorno ao consultório, apenas
24,4% das pessoas tinham a pressão arterial sistólica normal e somente 22,5%
apresentavam a diastólica em níveis desejáveis (ANDRADE et al, 2002).
Outro estudo recente com 622 pessoas com HA atendidas em um ambulatório de
referência demonstrou que, aproximadamente, 47,2% dos 161 homens e 42,3% das 461
mulheres apresentavam complicações da doença, sobretudo, hipertrofia ventricular
esquerda, insuficiência renal e acidente vascular cerebral (NOBLAT et al., 2004).
Desse modo, ficam claras as conseqüências advindas da hipertensão arterial não
controlada para o organismo. Como relatado, a hipertensão é identificada como um dos
fatores de risco mais importantes na cardiopatia coronariana e nos acidentes vasculares
cerebrais; além disso, pode determinar insuficiência cardíaca congestiva, cardiopatia
hipertensiva, dissecção da aorta e insuficiência renal, sendo que os efeitos prejudiciais da
pressão sanguínea aumentam continuamente à medida que a pressão se eleva (ROBBINS,
COTRAN e KUMAR, 2005; RIBEIRO e LOTUFO, 2005; FUCHS, 2006).
15
Ribeiro e Lotufo (2005) colocam que o encontro de doença cardiovascular em uma
pessoa portadora de HA constitui-se um importante preditor de risco futuro de eventos. Os
autores apresentam o percentual de risco a cada ano de acordo com a doença cardiovascular
(Tabela 1).
Tabela 1 – Doença cardiovascular preexistente e risco de eventos futuros
Doença cardiovascular Evento em risco Valor do risco a cada ano
ICC Óbito 10%
AVC AVC 3 a 5%
IAM ou angina instável DIC 4%
ICC – Insuficiência cardíaca congestiva AVC – Acidente vascular cerebral
IAM – Infarto agudo do miocárdio DIC - Doença isquêmica cardíaca
Torna-se, então, indispensável direcionarmos nosso olhar para as pessoas com
complicações associadas à HA, devido a necessidade e urgência em controlar seus níveis
pressóricos, sendo este controle possível somente com a adesão ao tratamento por estas
pessoas.
O interesse em estudar o tema surgiu durante as experiências vivenciadas como
enfermeira assistencial da unidade de emergência de um hospital no interior do Estado do
Ceará. Observamos que as pessoas portadoras de HA chegavam à referida unidade com os
níveis pressóricos elevados e, quando questionadas sobre a adesão ao tratamento anti-
hipertensivo, muitas vezes, referiam não segui-la, conforme recomendado pelos
profissionais de saúde que os atendiam.
Em 2005, ao ingressar no primeiro curso de especialização em enfermagem clínica
de Fortaleza, desenvolvido pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), tivemos a
oportunidade de realizar uma monografia sobre o tema (ABREU e MOREIRA, 2007), que
investigou os conteúdos abordados nas pesquisas da enfermagem brasileira sobre
hipertensão e constatamos que os estudos, em sua maior parte, abordavam a adesão ao
tratamento da HA. Começamos, também, a participar das reuniões do grupo de pesquisa
“Políticas, Saberes e Práticas em Saúde Coletiva”, onde esta temática tem sido bastante
enfocada.
16
Com o ingresso no Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde da UECE
em 2006, desenvolvemos estudos sobre a temática, que foram apresentados em eventos
17
2. OBJETIVOS
18
2. Objetivos
Geral
Avaliar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo em pessoas com hipertensão e
complicações associadas acompanhados em um centro de referência em Fortaleza-Ceará.
Específicos
Descrever as características
sócio-demográficas e clínicas das pessoas com
hipertensão arterial e complicações associadas;
Averiguar a adesão dessas pessoas ao tratamento não medicamentoso recomendado
pelas V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006);
Verificar a interferência das complicações associadas à HA na adesão ao tratamento
não medicamentoso pelos participantes do estudo;
Averiguar a adesão ao tratamento farmacológico anti-hipertensivo indicado para
essas pessoas;
Identificar os fatores dificultadores/facilitadores na adesão ao tratamento anti-
hipertensivo;
Desenvolver reflexões sobre o cuidado clínico de enfermagem a pessoas portadoras
de hipertensão e complicações associadas a partir dos resultados obtidos.
19
3. CONSIDERAÇÕES SOBRE
HIPERTENO ARTERIAL
20
3. Considerações sobre hipertensão arterial
3.1 Conceito, diagnóstico e fatores de risco
A HA é conceituada como uma condição multifatorial e pode ter as seguintes
causas: Atividade aumentada do sistema nervoso simpático ligada à disfunção do sistema
nervoso autônomo; reabsorção renal aumentada de sódio, cloreto e água relacionada com
uma variação genética na maneira pela qual os rins manuseiam o sódio; atividade
aumentada do sistema renina-angiotensina-aldosterona, resultando em expansão do volume
do líquido extracelular e resistência vascular sistêmica aumentada; vasodilatação diminuída
das arteríolas relacionada com a disfunção do endotélio vascular; resistência à ação da
insulina, que pode ser um fator comum ligando a hipertensão, diabetes melito do tipo 2,
hipertrigliceridemia, obesidade e intolerância à glicose (SMELTZER e BARE, 2005).
Nas V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006), aceita-se como normal
para adultos maiores de 18 anos, cifras inferiores a 85 mmHg de pressão diastólica e
inferiores a 130 mmHg de sistólica. A Tabela 2 apresenta a classificação diagnóstica da
hipertensão em indivíduos maiores de 18 anos.
Tabela 2 – Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório.
Classificação Pressão sistólica
(mmHg)
Pressão diastólica
(mmHg)
Ótimo <120 <80
Normal <130 <85
Limítrofe 130-139 85-89
Hipertensão estágio 1 140-159 90-99
Hipertensão estágio 2 160-179 100-109
Hipertensão estágio 3 >180 >110
Hipertensão sistólica
isolada
>140 <90
Quando as pressões sistólica e diastólica situarem-se em categorias diferentes, a maior deve
ser utilizada para classificação da pressão arterial.
Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006.
A aferição da PA deve ser obrigatoriamente realizada em toda avaliação clínica, em
pessoas de ambos os sexos, por médicos de todas as especialidades, enfermeiros e pelos
21
demais profissionais de saúde, devidamente treinados. Porém, alguns estudos apontam o
desconhecimento dos profissionais quanto ao procedimento de verificação da PA e sugerem
que esta não tem sido aferida conforme o preconizado (LIMA, ARAÚJO e MOREIRA,
2000; RABELLO, PIERIN e MION JÚNIOR, 2004). Para que os profissionais de saúde,
particularmente os enfermeiros, possam realizar a aferição da PA de forma adequada é
fundamental o uso de técnica padronizada e equipamento calibrado.
Sabendo-se que a verificação da PA é o elemento-chave para o estabelecimento do
diagnóstico da hipertensão e, conseqüentemente, para que o tratamento seja iniciado
precocemente, evitando-se as complicações da doença, torna-se essencial o aprimoramento
da equipe multiprofissional quanto à execução do procedimento.
Faz-se necessário ressaltar que a delimitação do diagnóstico de hipertensão a partir
das cifras pressóricas é arbitrária, sendo fundamental a identificação e determinação dessa
síndrome, considerando níveis pressóricos, fatores de risco, lesões em órgãos-alvos e co-
morbidades associadas, visando prevenir equívocos ou danos às pessoas, pela instauração
desnecessária de um tratamento ou por sua ausência nos casos em que seria devido (DBHA,
2006).
Os fatores de risco para a HA são, por vezes, classificados em constitucionais, que
não podem ser alterados (idade, sexo, raça, cor, história familiar) e, fatores ambientais ou
de estilo de vida, que podem ser alterados (dieta desbalanceada; tabagismo; consumo
elevado de álcool; Diabetes Mellitus (DM); obesidade; vida sedentária e estresse
emocional). A atuação da enfermagem sobre os fatores de risco passíveis de modificação é
importante para evitar a evolução da hipertensão arterial e/ou de suas complicações.
Dentre os fatores de risco para HA que podem ser modificados, têm-se dieta rica em
colesterol, gordura saturada e calorias (DBHA, 2006).
Outro fator predisponente para a HA é o sedentarismo, que além de aumentar a
incidência da doença, pode contribuir para o aumento do peso corporal. O excesso de massa
corporal pode ser responsável por 20% a 30% dos casos de HA (DBHA, 2006).
O estresse tem sido apontado, juntamente com o consumo de sal na dieta, como
importante fator ambiental no desenvolvimento da hipertensão em indivíduos
geneticamente predispostos. O estresse pode ser físico e/ou mental. Fatores às vezes
22
considerados causadores de estresse para um indivíduo podem não ser para outro, e isso de
certa forma dificulta a investigação clínica em humanos em relação a estresse e hipertensão
(ALMEIDA e LOPES, 2007).
O tabagismo, também considerado um fator de risco para a hipertensão arterial,
aumenta a probabilidade de eventos cardiovasculares. Segundo Guyton e Hall (2006), as
23
3.2 Tratamento anti-hipertensivo
O tratamento para o controle da HA tem como objetivo primordial a redução da
morbidade e da mortalidade cardiovasculares do portador de hipertensão, aumentadas em
decorrência dos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes (DBHA, 2006). Para o
tratamento da doença são utilizadas tanto medidas não-medicamentosas isoladas, como
associadas à adoção de fármacos anti-hipertensivos.
O tratamento não farmacológico consiste na modificação do estilo de vida do
paciente. Inclui hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebida alcoólica,
abandono do tabagismo, combate ao sedentarismo, gerenciamento do estresse e suspensão
de drogas hipertensivas.
A dieta deve conter baixo teor de gordura, principalmente polisaturadas, baixo teor
de colesterol e sódio e elevado teor de potássio e fibras. A redução na ingestão de sódio é
uma das medidas de maior impacto na prevenção da HA, pois se associa à menor elevação
anual da pressão arterial e promove queda pressórica proporcional à diminuição do teor de
sódio, sendo recomendado ingerir a6g de sal/dia que equivale a quatro colheres de café
(4g) rasas de sal adicionadas aos alimentos, que contêm 2g de sal (DBHA, 2006).
Os indivíduos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de
emagrecimento com restrição de ingestão calórica e aumento de atividade física. Os
programas de exercícios físicos para a prevenção primária ou secundária de doenças
cardiovasculares devem contar com atividades aeróbias dinâmicas, tais como natação,
ciclismo, corridas leves e caminhadas rápidas (DBHA, 2006).
Para controle do estresse, técnicas de relaxamento e de aconselhamento pessoal
podem ser úteis. Deve-se implementar estratégias que levem o paciente fumante a
abandonar o tabagismo e, para os consumidores de álcool, sugere-se que o consumo não
ultrapasse 30g/dia de etanol para homens e 15g/dia para mulheres ou indivíduos de baixo
peso (DBHA, 2006).
As drogas que podem promover elevação nos valores da pressão arterial devem ser
evitadas ou interrompidas de imediato (PIERIN, STRELEC e MION JÚNIOR, 2004).
24
Durante a realização da consulta de enfermagem a pessoa com HA, o enfermeiro
deve orientá-lo quanto à importância da adoção desses hábitos saudáveis de vida para obter
o controle satisfatório da PA. Caso este controle não seja alcançado, o tratamento
farmacológico seinstituído. No entanto, vale ressaltar que, o uso de medicamentos não
dispensa as mudanças no estilo de vida.
25
Os vasodilatadores relaxam a musculatura lisa das arteríolas, diminuindo, assim, a
resistência vascular sistêmica. A diminuição da resistência arterial e da PA média
desencadeia respostas compensatórias, que são mediadas por barorreceptores e pelo sistema
nervoso simpático, bem como renina, angiotensina e aldosterona. Essas respostas
compensatórias opõem-se ao efeito anti-hipertensivo do vasodilatador. Dessa forma, os
vasodilatadores atuam melhor em associação com outras drogas anti-hipertensivas que se
opõem às respostas cardiovasculares compensatórias. A essa classe de drogas pertencem os
vasodilatadores orais, hidralazina e minoxidil, utilizados na terapia ambulatorial a longo
prazo da hipertensão; os vasodilatadores parenterais, nitroprussiato de sódio, diazóxido e
fenoldopam são utilizados no tratamento das emergências hipertensivas (KATZUNG,
2006).
Os bloqueadores dos canais de cálcio além de seus efeitos antianginosos e
antiarrítmicos, também dilatam as arteríolas periféricas e reduzem a PA. O mecanismo de
ação na HA consiste na inibição do influxo de cálcio nas células musculares arteriais. O
verapamil, o diltiazem e o grupo da diidropiridina (anlodipina, felodipina, isradipina,
nicardipina, nifedipina e nisoldipina) são todos igualmente eficazes para reduzir a PA
(KATZUNG, 2006).
Quanto aos inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), estes agem
fundamentalmente pela inibição da enzima conversora, bloqueando a transformação da
angiotensina I em II no sangue e nos tecidos. O captopril foi o primeiro inibidor da
conversão da angiotensina utilizado. Na atualidade, são amplamente utilizados diversos
IECA, incluindo enalapril, lisinopril, ramipril, perindopril e trandolapril, cada um dos quais
difere na sua duração de ação e distribuição tecidual (RANG et al., 2004).
Outros fármacos, eficazes no tratamento da HA, são os bloqueadores do receptor
AT1, pois antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico de seus
receptores AT1 (DBHA, 2006). A experiência com antagonistas AT1 é mais restrita do que
com os IECA. Para as pessoas com hipertensão, nos quais está indicado um IECA, mas que
não podem tolerá-lo, em virtude da ocorrência de tosse seca, os antagonistas AT1 mostram-
se úteis (RANG et al., 2004).
26
Em relação aos antagonistas da endotelina deve se recordar, em primeiro lugar, que
há três tipos de endotelinas (a um- a mais potente, - a dois e a três) e há principalmente dois
tipos de receptores - os receptores A (ETA) e os receptores B (ETB). Os receptores A
existem nas células musculares lisas vasculares os receptores B nestas e no endotélio. Os
receptores A têm alta especificidade para a endotelina 1 e os receptores B têm afinidade
semelhante para as três endotelinas . Aos bloqueadores destes receptores o que interessa é
27
macro, parte dos prejuízos está diretamente relacionada à morbidade, à mortalidade, às
incapacidades e à invalidez conseqüentes das complicações preponderantes da hipertensão.
Para Pierin et al., (2004), existem diferentes níveis de adesão. No nível mais elevado
estão os aderentes propriamente ditos, aqueles que seguem totalmente o tratamento, e no
lado oposto classificam-se os desistentes, aqueles que abandonam o tratamento. No grupo
dos não-aderentes estão os pacientes persistentes, que até comparecem às consultas, porém
não seguem o tratamento.
Entende-se que a adesão ao tratamento anti-hipertensivo pode ser influenciada por
três grupos de fatores: os relativos ao próprio paciente, como as variáveis cio-
demográficas, os conhecimentos e crenças que as pessoas têm sobre a doença e o
tratamento e o apoio da família; os relacionados à terapêutica farmacológica e não-
farmacológica; e os fatores relacionados ao sistema de saúde (ARAÚJO, 2004).
No que se refere aos fatores relacionados à terapêutica farmacológica e não-
farmacológica, a adesão ao tratamento da HA torna-se ainda mais difícil por ser esta uma
doença crônica, o que requer tratamento por toda a vida e necessita da mudança de estilo de
vida pelos seus portadores.
Moreira, Araújo e Pagliuca (2001) referem que o maior desafio para a pessoa com
HA é conviver com a cronicidade da doença, o que se associa com sentimentos de tristeza,
raiva, agressividade e hostilidade e, esses sentimentos advêm muito do seu
desconhecimento sobre a doença e tratamento.
Deve-se considerar, ainda, que muitas vezes a doença é assintomática (SMELTZER
e BARE, 2005), fazendo com que a pessoa não sinta a necessidade de realizar o tratamento
já que não está apresentando sintomas.
Quanto ao tratamento farmacológico, a associação medicamentosa, regimes de
doses freqüentes, custos e efeitos colaterais de algumas drogas, contribuem para a não
adesão. Strelec, Pierin e Mion Júnior (2003) encontraram em um estudo que as pessoas com
PA não controlada tiveram número significativamente mais elevado de drogas prescritas
em relação aos controlados.
28
Os fatores relacionados ao sistema de saúde, segundo Araújo (2004), merecem ser
analisados em profundidade, pois a satisfação da pessoa com o atendimento é fator
primordial para sua adesão à terapêutica recomendada.
Estudo realizado por Moreira e Araújo (2002) com o objetivo de descrever as
relações interpessoais de portadores de HA com não adesão ao tratamento e profissionais
de saúde demonstrou que a necessidade de manutenção de um vínculo afetivo foi
manifestada pelo pacientes no momento em que requerem continuidade do atendimento por
um mesmo profissional. Ou seja, necessidade da continuidade da interação estabelecida,
requisito básico para a adesão ao tratamento da HA.
A identificação de qualquer uma dessas barreiras e de outras que poderão aparecer
nesse estudo ao tratamento da pessoa com HA e complicações associadas permitirão que os
enfermeiros planejem intervenções para eliminar esses problemas e melhorar a adesão ao
tratamento.
29
4. MATERIAL E MÉTODOS
30
4 Material e Métodos
4.1 Natureza do Estudo
Estudo do tipo descritivo, transversal, de natureza quantitativa. Segundo Polit e
Hungler (2004), a pesquisa descritiva baseia-se na descrição de fenômenos relativos à
profissão, baseados em observação, descrição e classificação dos fenômenos observados,
podendo dividir-se em pesquisa bibliográfica e de campo. A última, busca a descrição dos
fenômenos em cenários naturais, examinando as práticas, comportamentos e atitudes das
pessoas ou grupos em ação na vida real. Portanto, neste estudo foram investigados os
comportamentos das pessoas com HA e complicações associadas referentes à adesão ao
tratamento anti-hipertensivo.
4.2 Caracterização da instituição
O estudo foi realizado em um Centro Integrado para atendimento de Diabetes
mellitus (DM) e Hipertensão arterial da Secretaria de Saúde do estado do Ceará. Este
Centro foi criado em abril de 1988 no intuito de favorecer a educação em saúde e controle
da hipertensão e diabetes, priorizando: atendimento no nível secundário a seus pacientes;
desenvolvimento de pesquisas relacionadas à epidemiologia, educação e assistência;
capacitação de recursos humanos do nível de atenção primária de saúde e educação
continuada com vistas a uma convivência consciente e saudável com a doença. Hoje, a
instituição, é modelo nacional tendo sido referência de criação de outras unidades no Brasil
(Bahia) e tem participado de todas as discussões junto ao Ministério da Saúde no que se
refere ao Diabetes e a Hipertensão (SESA, 2004).
A instituição dispõe de uma equipe multidisciplinar de profissionais especializados,
como enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, odontólogos, nutricionistas, assistentes sociais,
psicólogos, que atuam no atendimento aos portadores de HA e DM. Nela são desenvolvidas
ações que visam estabelecer o controle dos níveis pressóricos e o atendimento globalizado
ao cliente, desde a entrevista com a assistente social às consultas de enfermagem, médica,
odontológica e nutricional, além de dispensar a maioria dos medicamentos prescritos.
31
No local funciona ainda o “leito-dia”, destinado às pessoas que chegam com grande
descontrole pressórico e/ou glicêmico ao centro de atendimento e precisam ficar algum
tempo sob cuidados de enfermagem, após receberem medicamentos hipotensores. É
importante ressaltar que o serviço de enfermagem é composto apenas por enfermeiros.
Entende-se ser adequada a realização do estudo na referida instituição por constituir
uma unidade de referência secundária no atendimento da pessoa com HA e, dentre os
critérios de encaminhamento para as unidades de referência secundária ou terciária,
estabelecidos pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), encontram-se: pacientes com
Insuficiência Cardíaca Congestiva; HA resistente ou grave; AVE prévio com déficit
sensitivo e ou motor e Infarto agudo do miocárdio prévio.
4.3 População Alvo
A população do estudo foi constituída de 81 pessoas de ambos os sexos, portadores
de HA e complicações associadas, de acordo com o diagnóstico médico, e atendidas na
instituição entre os meses de abril a julho de 2007, período da coleta de dados do estudo.
Conforme explicitado anteriormente, tomamos como complicações associadas à
HA, a hipertrofia ventricular, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, doença arterial
coronariana e o acidente vascular cerebral segundo preconizado pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 2001).
Dentre a população, foram incluídos no estudo as pessoas maiores de 18 anos,
conscientes, orientadas, que aceitaram participar espontaneamente do estudo, que estavam
sendo acompanhadas pela unidade de saúde no período da pesquisa e tenham sido
submetidas a tratamento anti-hipertensivo pelo 60 dias, para que se tivesse condição de
avaliar sua adesão terapêutica.
Foram excluídas da pesquisa as pessoas com diabetes mellitus concomitante à HA,
dado que no estudo de Falcão (2007), realizado na mesma instituição, representou 95,2%
dos casos. Tal exclusão é explicada por acreditar que a associação com o diabetes poderia
gerar respostas diferenciadas de adesão nas pessoas com HA e, ainda, pela intenção da
pesquisadora de investigar a associação direta entre HA, o desenvolvimento de
32
complicações e a adesão terapêutica. Foram excluídas também aquelas que não
apresentaram condições de responder ao formulário.
Durante o período de coleta de dados, 79 pessoas se enquadraram nos critérios de
inclusão estabelecidos, pois, do total de 81, uma não aceitou participar do estudo e outra
apresentava disartria, devido seqüela de AVC, impossibilitando sua participação.
4.4 Procedimentos e instrumentos para coleta de dados
Ao chegar à unidade de saúde, o cliente se dirigia ao serviço de atendimento médico
estatístico (SAME), entregava a sua carteira de usuário do serviço e, posteriormente o seu
prontuário era encaminhado ao profissional que o atenderia. Foi realizada, durante o
período de coleta dos dados, a identificação das pessoas agendadas que apresentavam HA e
complicações associadas mediante a leitura de seu prontuário no SAME. Apos a
identificação das pessoas, deu-se a aplicação de um instrumento do tipo formulário
(APÊNDICE A) junto ao participante do estudo, antes ou após a consulta com o
profissional de saúde.
O formulário constou de características sóciodemográficas (idade, sexo, cor,
ocupação, escolaridade, renda familiar, religião, estado civil, número de filhos e de pessoas
no domicílio) e clínicas
das pessoas (tempo e forma de descoberta da HA, doenças
associadas à HA, número e motivos das internações, história familiar); dados referentes ao
cumprimento do tratamento não-farmacológico por essas pessoas, baseando-se nas medidas
de controle da doença recomendadas pelas V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial
(2006); tratamento farmacológico, e listou os elementos dificultadores para a adesão ao
tratamento, baseados nos resultados do estudo de Sarquis et al. (1998). Foram também
obtidos os valores das medidas objetivas da PA, peso, altura e circunferência abdominal
(CA).
As medidas antropométricas foram realizadas de forma padronizada pela
pesquisadora. A medida da CA foi realizada com fita métrica inextensível, no ponto médio
entre a crista ilíaca anterior superior e a última costela. Uma CA <80 cm, 80 cm a 88 cm e
>
88 cm para as mulheres e <94 cm, 94 cm a 102 cm e >102 para os homens foi classificada
33
em adequada, aumentada e muito aumentada, respectivamente (DBHA, 2006). O estado
nutricional foi avaliado usando-se o cálculo de IMC (divisão do peso em Kg pelo quadrado
da altura em metros). Os valores do IMC foram classificados em: normal (18,5-24,9Kg/m
2
),
sobrepeso (25-29,9 Kg/m
2
), obeso classe I (30-34,9 Kg/m
2
) obeso classe II (35-39,9 Kg/m
2
)
e obeso classe III (>
40 Kg/m
2
).
Do total de 79 pessoas, foi calculado o IMC e realizada a medida da CA em 68 e 70
delas, respectivamente. A verificação dessas variáveis em todos os participantes do estudo
não foi possível devido aos seguintes fatores: dificuldade em subir na balança das pessoas
com hemiplegia ou hemiparesia; idosos em cadeiras de rodas; portadores de hiperuricemia,
apresentando dor nas articulações, entre outras situações que impossibilitaram o registro de
suas medidas.
A pressão arterial dos participantes foi registrada no dia da coleta de dados e
categorizada em Ótima, Normal, Limítrofe, HA Estágios 1, 2 e 3, e Hipertensão sistólica
Isolada, de acordo com a classificação utilizada pelas diretrizes
(DBHA, 2006).
Para avaliar a adesão ao tratamento farmacológico, foi solicitada a última receita
para investigação da prescrição médica e sua comparação com a afirmação do participante
do estudo. No caso do tratamento não farmacológico e demais variáveis foram consideradas
as informações fornecidas pelos participantes.
4.5 Análise dos dados
A entrada dos dados foi realizada usando-se a planilha eletrônica Excel 2003 for
Windows, sendo que estes dados foram posteriormente submetidos à análise estatística por
meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 13.0).
Os dados foram analisados estatisticamente tomando por base as variáveis de
interesse para o estudo, e organizados em quadros e gráficos, sendo sua discussão realizada
por meio da utilização de literatura pertinente.
34
4.6 Aspectos éticos da pesquisa
Os princípios éticos foram seguidos em todas as fases do estudo, em consonância
com o que preconiza a Resolução 196 de 1996 (BRASIL, 1996). Ao longo da pesquisa,
consideramos os pressupostos da bioética, configurados em sua resolução: autonomia, não-
maleficência, beneficência e justiça.
Os participantes do estudo foram orientados sobre o anonimato, natureza, objetivos
e benefícios da pesquisa. Além disso, assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido para o estudo (APÊNDICE B), podendo retirar sua anuência no momento que o
desejassem. Para a pessoa que não sabia ler e escrever, foi realizada a leitura do
consentimento livre e esclarecido para o entrevistado e para uma testemunha, sendo aposta
a digital do participante no termo.
O estudo foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Estadual do Ceará (UECE), tendo sido protocolado e aprovado sob o N.7017965-4
(ANEXO A). A autorização para a coleta de dados na instituição ocorreu mediante o
encaminhamento de ofício, juntamente com o projeto de pesquisa à diretoria.
35
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
36
5. Apresentação e Análise dos Resultados
Vejamos a seguir os dados referentes às características sociodemográficas das 79
pessoas, descrevendo, com base na literatura, sua interferência na adesão ao tratamento.
QUADRO 1: Participantes do estudo segundo características cio-demográficas, Centro
de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.
Características N % Média
Desvio padrão
1 Faixa Etária (N=78)
37|-|49
50|-|59
60|-|69
70|-|79
80|-|90
10
18
22
21
7
12,8
23,1
28,2
26,9
9,0
Média:
64,13
DP: 11,815
2 Sexo (N=79)
Feminino
Masculino
26
53
32,9
67,1
3 Cor (N=79)
Branca
Não-Branca
61
18
77,2
22,8
4 Ocupação (N=78)
Aposentado/ Pensionista
Auxílio doença
Desempregado
Doméstica
Trabalhadores do comércio
54
3
6
2
13
69,2
3,8
7,7
2,6
16,7
5 Escolaridade (N=75)
Até Alfabetizado
Ensino Fundamental (Incompleto ou Completo)
Ensino Médio e >
13
30
32
17,3
40,0
42,7
6 Renda familiar (N=68)
Até 1
1-|2
2-|8
25
21
22
36,8
30,9
32,4
7 Religião (N=79)
Católico
Não-católico
64
15
81,0
19,0
8 Estado Civil (N=79)
Solteiro (a)/Viúvo (a)/Divorciado (a)
Casado (a)/ União consensual
26
53
32,9
67,1
9 Nº filhos (N=79)
0 a 2
3 a 5
> 5
26
38
15
33,0
48,1
19,0
Média:
3,82
DP: 2,97
10 Nº de pessoas no domicílio (N=79)
1 a 2
3 a 6
7 a 14
13
62
4
16,5
78,5
5,1
Média:
3,99
DP: 1,84
11 Procedência (N=79)
Fortaleza
Interior
Região Metropolitana
68
9
2
86,1
11,4
2,5
Total de participantes N=79
37
A idade das pessoas variou de 37 a 90 anos. No entanto, a maior parte (64,1%) dos
38
LEITE, 2005; SANTOS et al, 2005; NOBLAT et al., 2004), neste estudo os homens
representaram 67,1% dos participantes.
Estudo realizado por Muniz Filha (2007) em Fortaleza/CE, avaliando pacientes
hospitalizados que apresentavam complicações associadas à HA, identificou que 53,3%
pertenciam ao sexo masculino.
Conforme explicitado, a pressão arterial eleva-se com a idade, independente do
sexo, porém a interação entre idade e sexo gera diferenças nas taxas de prevalência. A
hipertensão arterial atinge mais freqüentemente o homem até os 50 anos e, após esta idade,
a prevalência na mulher aumenta, possivelmente pela redução da atividade estrogênica, o
que aumenta a morbi-mortalidade por doença cardiovascular (FUCHS, 2006; DBHA,
2006).
Considerando ter a maioria dos participantes acima de 50 anos, esperava-se um
coeficiente masculino próximo do feminino, mas não tão superior. No entanto, é importante
lembrar que, neste estudo, os dados referem-se a pessoas com complicações associadas à
HA, que provavelmente convivem com a doença rios anos, mesmo sem saber.
Dessa forma, estas faixas etárias devem ser menores por ocasião da descoberta da
hipertensão arterial. Oigman (2004) ainda explica que as complicações da HA são mais
precoces e extensas no homem do que na mulher.
Sabe-se também que a procura pelos serviços de saúde é menor entre os homens e,
nas ações estratégicas mínimas de atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS), um
dos enfoques prioritários é a atenção à saúde da mulher, dificultando a detecção precoce de
várias doenças, inclusive da hipertensão arterial e prevenção de suas complicações na
população masculina.
Em relação à cor da pele
, do total de participantes, 61 (77,2%) eram brancos,
segundo observação da pesquisadora. Nas investigações de Strelec, Pierin e Mion Júnior
(2003) e de Andrade et al., (2002), realizados com clientela portadora de HA, também
foram encontradas dados similares aos do presente estudo.
As ocupações
dos participantes do estudo foram agrupadas conforme a
Classificação Brasileira de Ocupações (CBO-1991). Os (as) aposentados (as)/pensionistas
39
foram representados por 54 (69,2%) das pessoas. A segunda categoria com maior número
de pessoas foi a de ocupação do comércio, que representou 16,7% dos pesquisados.
Sabe-se que as doenças cardiovasculares, além de serem as principais responsáveis
por óbitos no Brasil, representam um enorme ônus financeiro para o país. O Sistema Único
de Saúde (SUS) gasta anualmente 500 milhões de reais com doenças cardiovasculares e a
hipertensão arterial, por ser considerada um dos principais fatores de risco de morbidade e
mortalidade cardiovascular, também possui altos custos sociais, sendo responsável por
cerca de 40% dos casos de aposentadoria precoce e de absenteísmo no trabalho em nosso
meio (BRASIL, 2004).
A ocupação poderá influenciar a adesão ao tratamento, pois a consulta acontece no
período diurno, podendo coincidir com o horário de trabalho do paciente. Assim, a presença
de aposentados e pensionistas neste estudo poderá favorecer a adesão, devido à maior
disponibilidade de dedicação ao tratamento. Pesquisa sobre o autocuidado após um ano de
revascularização do miocárdio verificou forte relação entre aposentadoria e práticas de
autocuidado (LIMA, 2002).
Sobre a
escolaridade dos participantes, 43 (57,3%) cursaram até o ensino
fundamental. O grau de instrução vem sendo considerado um dos fatores determinantes da
adesão terapêutica. Estudo de Moreira (2003) com pacientes classificados como não
aderentes ao tratamento anti-hipertensivo identificou baixo nível de escolaridade, pois
86,3% dos participantes tinham cursado, no máximo, até o ensino fundamental incompleto.
Guedes et al, (2005) explicam que deficiências na formação escolar podem
dificultar a assimilação de orientações dispensadas pelos profissionais de saúde e
influenciar na percepção da gravidade da doença, levando à aquisição de informações
incompletas sobre aspectos necessários para manter ou melhorar seu bem-estar.
A renda familiar teve uma variação entre <1|-|8 salários mínimos. No entanto, a
maioria das pessoas recebia <1|-|2 salários, representando 67,7% do total. A baixa renda
familiar apresentada pelos sujeitos do estudo demonstra limitada capacidade de aquisição
dos recursos necessários para o tratamento, como, por exemplo, os medicamentos não
disponibilizados na rede pública, alimentação recomendada, dinheiro para ir ao serviço de
saúde, podendo, dessa forma, dificultar a adesão ao tratamento. Esse aspecto foi bastante
40
ressaltado pelos participantes deste estudo, como veremos no item sobre fatores
dificultadores da adesão ao tratamento.
Investigação com portadores de hipertensão na cidade de São Paulo evidenciou que
maiores níveis tensionais no seguimento destas pessoas se relacionaram com idade acima
de 60 anos, além de baixa escolaridade, baixa renda e mais de cinco anos de hipertensão
(PIERIN et al, 2001).
Quanto à religião, 64 eram católicos, correspondendo a 81% do total, o que era
esperado, por se tratar o Brasil de um país de maioria católica. A religião é uma variável
que atua na subjetividade, nos valores morais e no poder maior ou menor de aceitação das
coisas, inclusive da enfermidade e de seu tratamento (GOMES e OLINDA, 2005).
Sobre o estado civil, 53 (67,1%) das 79 pessoas eram formalmente casadas ou
viviam em união consensual. Observa-se ainda a presença de solteiros, viúvos e divorciados
26 (32,9%). O fato da maioria (67,1%) dos participantes ter um companheiro(a) poderá
favorecer a adesão ao regime terapêutico. No estudo de Moreira (1999), o cônjuge foi a
pessoa mais referida como incentivadora do tratamento.
Quanto ao número de filhos relatados pelas pessoas investigadas, 48,1% tiveram de
3 a 5 filhos. Moreira (1999) acrescenta que além da participação do cônjuge no
favorecimento do tratamento, também bastante relevância o auxílio que os filhos ou
qualquer outro membro familiar podem fornecer ao doente, devendo este ser requisitado
como um membro chave de apoio no tratamento e a conseqüente prevenção de
complicações.
O mero de pessoas que residem com o participante apresentou variação de 1 a
14 pessoas, com média de 3,99, sendo o maior percentual de 3 a 6 pessoas (78,5%). Este
dado é também encontrado em um estudo realizado em clientela com diagnóstico de crise
hipertensiva em Fortaleza/CE, relatando maior variação, de 1 a 17 pessoas (SOUZA, 2006).
No que diz respeito à procedência, 68 (86,1%) das pessoas residem na capital,
enquanto 11 (13,9%) moram em outros municípios cearenses.
As características clínicas dos participantes serão descritas no Quadro 2.
41
QUADRO 2: Participantes do estudo segundo características clínicas, Centro de Saúde X,
Fortaleza-CE, 2007.
Características N % Média
Desvio padrão
1 Tempo (em anos) descoberta da HA (N=79)
1|-| 10
11|-|20
21|-|30
>30
Não lembram
44
15
12
4
4
55,7
18,9
15,2
5,1
5,1
Média:
13,35
DP: 10,203
2 Como descobriu ser hipertenso (N=79)
Por ocasião da complicação
Ao apresentar sinais e sintomas da HA e/ou complicação
Verificou PA na farmácia ou em uma consulta
Exames médicos do trabalho/habilitação para dirigir
Durante a Gravidez
Outros
Não lembram
27
10
10
2
3
1
26
34,2
12,6
12,6
2,6
3,8
1,3
32,9
3 Doenças associadas (N=79)
Acidente vascular cerebral
Infarto agudo do miocárdio
Doença arterial coronariana
Revascularização cardíaca
Hipertrofia ventricular esquerda
Insuficiência cardíaca congestiva
Outras
38
22
21
18
11
4
20
4 Internações anteriores (N=79)
Sim
Não
69
10
87,3
12,7
5 Nº de internações (N=69)
<2
3|-|5
6|-|10
46
19
4
58,2
24
5,1
Média:
2,33
DP: 1,972
6 Motivo das internações (N=69)
Complicações/Sinais e sintomas das complicações da HA
Alterações na PA
Revascularização/angioplastia
Outras cirurgias/Parto
Exames (cateterismo)
Outros
45
15
17
15
4
19
7 História Familiar (N=79)
Hipertensão arterial (N=79)
Sim
Não
Não sabe referir
Familiar acometido (N=57)
Pai e/ou Mãe
Irmãos
Tios/ Sobrinhos
Filhos
Avós
Diabetes Mellitus (N=79)
Sim
Não
Não sabe referir
Familiar acometido (N=35)
Pai e/ou Mãe
Irmãos
Tios
Filhos
57
14
8
57
36
6
2
1
35
38
6
19
18
4
1
72,2
17,7
10,1
44,3
48,1
7,6
42
Infarto agudo do miocárdio (N=79)
Sim
Não
Não sabe Referir
Familiar acometido (N=24)
Pai e/ou Mãe
Irmãos
Avós
Tios
Acidente vascular cerebral (N=79)
Sim
Não
Não sabe Referir
Familiar acometido (N=28)
Pai e/ou Mãe
Irmãos
Primo/Sobrinho
24
42
13
16
10
3
1
28
45
6
18
14
2
30,4
53,2
16,5
35,4
57,0
7,6
8 Classificação da Pressão Arterial (N=76)
Ótima
Normal
Limítrofe
HA Estágio 1
HA Estágio 2
HA Estágio 3
Hipertensão sistólica Isolada
4
8
7
19
20
9
9
5,2
10,5
9,2
25,0
26,3
11,9
11,9
9 Tempo (em anos) de acompanhamento no serviço (N=75)
Até 2
2-|4
4-|8
8-|10
10-|17
9
15
27
10
14
12,0
20,0
36,0
13,3
18,7
Média:
6,7816
DP: 3,94
Total de participantes N=79
Quanto ao tempo de descoberta da HA, o quadro 2 mostra que, 44 (55,7%)
pessoas referiram tempo de diagnóstico da hipertensão entre 1|-|10 anos. Dado similar a
este foi encontrado no estudo de Noblat et al., (2004), quando 27,1% dos portadores de
hipertensão sabiam ser hipertensos menos de um ano; 50,4% entre um e dez anos, e
22,5% há mais de dez anos.
A investigação do tempo de descoberta da hipertensão é importante, pois pode ter
relação com a adesão ao tratamento. Estudo com 401 pacientes não aderentes ao tratamento
identificou que, quanto maior o tempo de duração da HA, maior foi o percentual de
abandono do tratamento (ANDRADE et al, 2002). Este fato também foi observado no
estudo de Santos et al, (2005).
Os resultados demonstram que 27 (34,2%) pessoas referiram ter descoberto a HA
por ocasião das complicações, ou em dez (12,6%) por meio de sinais e sintomas
característicos da doença hipertensiva (tontura, cefaléia, cansaço, falta de ar, mal estar,
43
entre outros) que os levaram a procurar atendimento em algum serviço de saúde. Assim,
observamos que, em grande parte dos casos, a HA foi descoberta em fase muito avançada.
É importante destacar que em dez (12,6%) pessoas a doença foi descoberta ao
verificar a pressão arterial na farmácia ou em uma consulta com profissional por estar
apresentando outro problema de saúde, havendo também situações em que essa descoberta
se deu por conta da gravidez (3=3,8%) e à procura de emprego (2=2,6%). Outras 26
(32,9%) não lembravam como descobriram ter hipertensão.
Isso mostra que não existe um comportamento preventivo em relação à doença nos
indivíduos que participaram do estudo, o que segundo Moreira (1999), reflete uma posição
muito comum na sociedade. A autora chama a atenção para a elevada importância das
campanhas educativas voltadas à população e mesmo aos profissionais de saúde, enfocando
a detecção precoce e a prevenção da hipertensão, ressaltando a extrema importância da
atualização dos profissionais, pois, estando eles à frente das campanhas, é necessário que
passem a ver a hipertensão como uma doença grave, incurável, mas passível de controle e
que deve ser detectada o quanto antes, visando diminuir seus conseqüentes danos.
Salienta-se, ainda, que o diagnóstico de hipertensão depende da verificação da
pressão arterial, e não dos sintomas relatados pela pessoa, pois a doença se apresenta
habitualmente assintomática, até que a lesão de órgãos-alvo seja iminente ou já tenha
ocorrido (KATZUNG, 2006), o que levanta a necessidade de verificação da pressão arterial
como um procedimento básico a ser adotado antes de qualquer atendimento de saúde, o que
serviria como mecanismo de busca ativa de casos.
Neste estudo, todas as pessoas apresentavam complicações associadas à
hipertensão, e elas são assim distribuídas: 38 sofreram acidente vascular cerebral; 22
tinham diagnóstico médico de infarto do miocárdio; seguido de 21 com diagnóstico de
doença arterial coronariana; 11 com hipertrofia ventricular esquerda e 18 que haviam se
submetido à cirurgia de revascularização cardíaca.
Convém ressaltar que o registro dessa variável se baseou no diagnóstico médico
presente no prontuário, não se excluindo a possibilidade de casos não diagnosticados ou
não registrados por este profissional.
A HA compromete o cérebro precocemente e de modo progressivo. Estima-se que
44
80% de todos os tipos de AVC sejam devidos à hipertensão arterial. A doença
cerebrovascular evidente constitui uma indicação de tratamento anti-hipertensivo. Após a
fase aguda da doença, os hipertensos devem ser mantidos com níveis de pressão arterial a
140x90 mmHg (RIBEIRO e LOTUFO, 2005).
A cardiopatia coronariana com angina ou infarto do miocárdio é outra conseqüência
comum da hipertensão. Fatores que diretamente ligam a hipertensão à doença arterial
coronária incluem um efeito lesivo direto da pressão sanguínea elevada nas artérias
coronárias, modificando o endotélio e propiciando o início e a progressão da aterosclerose.
Os pacientes hipertensos com doença coronariana possuem risco elevado de morbidade e
mortalidade cardiovascular. Dessa forma, torna-se importante a redução das cifras
pressóricas e controle integral dos diferentes fatores de risco cardiovasculares (FEITOSA,
FEITOSA FILHO, CARVALHO, 2002; RIBEIRO e LOTUFO, 2005).
A HA pode produzir ainda alterações estruturais no ventrículo esquerdo (hipertrofia
ventricular esquerda ou remodelamento ventricular esquerdo com dilatação), com ou sem
isquemia coronária (aterosclerose coronariana), contribuindo para o desenvolvimento de
insuficiência cardíaca (IC) com função sistólica preservada ou não (DBHA, 2006).
Na insuficiência cardíaca, o coração é incapaz de bombear o sangue em uma taxa
proporcional às necessidades dos tecidos metabolizantes ou é capaz disso apenas em uma
pressão de enchimento elevada. A IC é uma condição comum e freqüentemente recorrente
com mau prognóstico (ROBBINS, COTRAN e KUMAR, 2005). O controle dos níveis
elevados da PA com modificações de estilo de vida e uso de medicamentos anti-
hipertensivos melhora a função miocárdica, previne e reduz a insuficiência cardíaca e a
mortalidade cardiovascular (RIBEIRO e LOTUFO, 2005).
Outras doenças registradas nos prontuários dos participantes foram:
hipotireoidismo; nefropatias; hipertensão ocular; aumento do átrio esquerdo e disfunção
diastólica do ventrículo esquerdo; insuficiência aórtica discreta; doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC); hiperuricemia, artrite reumatóide, deformidades articulares;
mal de Parkinson; artrose; hérnia de hiato; epilepsia; uso de marcapasso cardíaco; dilatação
da aorta; insuficiência coronariana; refluxo mitral; nefroesclerose hipertensiva, pielonefrite,
entre outras.
45
Ressalta-se que o número total de 134 doenças associadas à HA revela a
sobreposição de doenças em uma mesma pessoa, uma vez que o total de participantes é de
79 sujeitos. Tal dado configura uma situação ainda mais complexa (múltipla associação de
enfermidades) e que representa maior risco de morte aos sujeitos.
Referente ao número e motivo das internações relatados pelos participantes,
constatou-se que 69 (87,3%) haviam se submetido a internações hospitalares e, quando
questionados quanto ao número de internações anteriores, detectou-se uma variação entre
1|-|10 internações, porém 46 pessoas referiram até duas hospitalizações.
Quanto aos motivos apontados para suas internações destacam-se a ocorrência de
complicações cardio-cérebrovasculares ou a presença de sinais e sintomas das
complicações em 45 pessoas, além de revascularização cardíaca/angioplastia e alterações
na pressão arterial citadas por 17 e 15 pessoas, respectivamente.
A HA e suas complicações são responsáveis por alta freqüência de internações,
ocasionando altos custos hospitalares, econômicos e sociais no país (DBHA, 2006). No
Brasil, as doenças cardiovasculares foram a primeira causa de hospitalização no setor
público entre 1996 e 1999 para as pessoas com idade entre 40 e 59 anos (17%) e entre
aquelas com 60 ou mais anos (29%) (BRASIL, 2004).
Estudo realizado com clientela portadora de doenças cardiovasculares atendida em
um hospital de referência para essas enfermidades encontrou que 60% dos pacientes
haviam se submetido à internação anterior em decorrência da doença arterial, evidenciando-
se a possibilidade de falta de adesão ao tratamento, pois, mesmo em usos do tratamento
farmacológico instituído, os pacientes apresentaram complicações graves que culminaram
em internações em um centro coronariano (MUNIZ FILHA, 2007).
Quanto aos antecedentes familiares, 57 (72,2%) pessoas tinham história de HA, 35
(44,3%) afirmaram ter pessoas na família com DM; cerca de 24 (30,4%) apresentavam
história familiar de infarto do miocárdio e 28 (35,4%) de acidente vascular cerebral.
Ressalta-se que a maioria dos participantes do estudo informou mais de um caso de
antecedentes patológicos na família, sendo os pais e os irmãos os familiares mais
acometidos por essas enfermidades.
46
Resultados semelhantes aos do presente estudo foram encontrados na pesquisa de
Santos e Silva (2006), quando 75% dos participantes referiram história familiar de HA,
49% de infarto agudo do miocárdio e 48% de acidente vascular cerebral.
Sabe-se que o fator hereditário exerce influência no surgimento das doenças
cardiovasculares e de outras enfermidades. Cabe destacar a HA que tem hereditariedade
estimada em cerca de 30% (KATZUNG, 2006) e o diabetes mellitus tipo 2 que tem também
forte componente hereditário (BRASIL, 2001). Assim, o conhecimento de antecedentes
familiares deveria ter despertado os participantes do estudo para o cuidado preventivo com
a saúde.
Outra variável interessante do nosso estudo é quanto aos níveis pressóricos
verificados no dia da coleta de dados. Os sujeitos apresentaram uma variação entre 100 até
210 mmHg para a pressão sistólica, e 50 a 140 mmHg para a diastólica. Neste estudo, ao
analisarmos os valores dos níveis pressóricos, conforme classificação das V Diretrizes
(2006), verificamos que apenas 19 pessoas apresentaram cifras pressóricas controladas
(ótima, normal e limítrofe). Estes dados são bastante preocupantes, uma vez que se trata de
pessoas em acompanhamento nesta unidade de referência muito tempo (68% deles há
cinco anos ou mais), além disso, já apresentam complicações associadas à hipertensão.
O controle inadequado da pressão arterial é freqüentemente observado nas pesquisas
com pessoas hipertensas (STRETEC, PIERIN e MION JÚNIOR, 2003; MOREIRA, 2003;
FALCÃO, 2007). A relação entre a pressão arterial e o risco de eventos cardiovasculares é
contínua, graduada, consistente e independente de outros fatores de risco. Quanto maior a o
valor da pressão arterial, maior é a chance de um infarto agudo do miocárdio, insuficiência
cardíaca, acidente vascular cerebral e doença renal (RIBEIRO e LOTUFO, 2005; FUCHS,
2006). As Diretrizes (2006) acrescentam que a mortalidade por doença cardiovascular
aumenta progressivamente com a elevação da PA, a partir de 115/75 mmHg.
Diante destes dados, é de suma importância que os profissionais de saúde,
particularmente o enfermeiro, possam destacar que o controle dos valores pressóricos
traduz expressiva redução na morbimortalidade, aumentando a expectativa de vida dos
indivíduos. Para tanto, o seguimento do tratamento não medicamentoso e farmacológico é
essencial.
47
QUADRO 3: Participantes do estudo segundo adesão ao tratamento não medicamentoso,
Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.
VARIÁVEIS N %
1. CONTROLE DE PESO
IMC Kg/m
2
(N=68)
Baixo peso
Peso saudável
Sobrepeso
Obeso grau I
Obeso grau II
Obeso grau III
Circunferência Abdominal (N=70)
Normal
Aumentada
Muito aumentada
1
14
38
11
4
-
9
18
43
1,4
20,6
55,9
16,2
5,9
-
12,9
25,7
61,4
2. REDUÇÃO DO CONSUMO DE SAL
Usa saleiro na mesa
(N=79)
Sim
Não
Adiciona sal (N=79)
Sim
Não
Às vezes
Consumo de fontes industrializadas de sal (N=79)
Sim
Não
Às vezes
5
74
1
74
4
15
57
7
6,3
93,7
1,3
93,7
5,1
19,0
72,2
8,9
3. PADRÃO ALIMENTAR
Consumo de frituras (N=79)
Sim
Não
Às vezes
Uso de produtos lácteos (N=79)
Integrais
Desnatados
Não consome
Consumo de Café (N=76)
Sim
Não
Freqüência do uso de café (N=53)
1|-|2
>2
20
29
30
42
26
11
57
19
42
11
25,3
36,7
38,0
53,2
32,9
13,9
75,0
25,0
55,2
14,4
4. PRÁTICA REGULAR DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
Realiza exercício (N=79)
Sim
Não
Motivo para não realização de atividade física (N=45)
Distúrbios musculoesqueléticos ou reumáticos
Dor/edema de MMII
Desmotivação/ausência de companhia/gosta de ficar em casa
Gera “dor no peito” ou taquicardia ao realizar exercícios
Não tem tempo
Seqüela de AVC (Hemiparesia, hemiplegia)
Ignorado
Outros
34
45
7
7
6
4
4
3
8
6
43
57
8,8
8,8
7,6
5,1
5,1
3,8
10,1
7,6
5. CONTROLE DO ESTRESSE PSICOEMOCIONAL
Estresse com Facilidade (N=78)
Sim
Não
Atividades de lazer (N=79)
Sim
40
38
34
51,3
48,7
43,0
48
Não
Interrupção do sono (N=79)
Sim
Não
Horas de sono/dia (N=77)
8 horas
< 8 horas
> 8 horas
Satisfação ao despertar (N=79)
Descansado
Cansado
Uso de medicamento (N=79)
Sim
Não
Medicamento utilizado (N=19)
Ansiolíticos-benzodiazepínicos
Antidepressivos
45
55
24
20
46
11
60
19
19
60
16
3
57,0
69,6
30,4
26,0
59,7
14,3
75,9
24,1
24,1
75,9
20,3
3,8
6. ABANDONO DO TABAGISMO
Uso atual de fumo (N=79)
-Nunca
-Sim
Número de cigarros/dia (N=5)
1|-|2
>2
Masca Fumo
-Ex-fumante
Número de cigarros/dia (N=37)
<
5
6|-|10
20
>20
Tempo anterior (anos) de tabagismo (N=40)
1|-|10
11|-|20
21|-|30
31|-|40
41 ou mais
30
5
2
2
1
44
8
5
13
11
6
12
9
7
6
37,9
6,4
2,6
2,6
1,3
55,7
10,1
6,3
16,4
13,9
7,6
15,1
11,3
8,8
7,6
7. MODERAÇÃO NO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
Uso atual de Álcool
-Nunca
-Sim
Tipo de bebida (N=14)
Cerveja
Uísque
Vinho
Aguardente
Cerveja e uísque
Cerveja e vinho
-Uso anterior de Álcool
Tipo de bebida
(N=41)
Cerveja
Aguardente
Uísque
Vinho
Vodka
Outra
Tempo anterior (anos) do consumo de álcool (N=36)
<
10
11|-|20
21 ou mais
24
14
6
1
2
3
1
1
41
30
24
13
4
8
9
4
8
24
30,4
17,7
51,9
5,1
10,1
30,4
Total de participantes N=79
49
A avaliação dos participantes quanto ao tratamento não-medicamentoso baseou-se
nas medidas de controle da doença recomendadas pelas V Diretrizes Brasileiras de
Hipertensão Arterial (2006) e contemplou os seguintes aspectos: controle do peso; redução
do consumo de sal; padrão alimentar; prática regular de exercícios físicos; controle do
estresse psicoemocional; abandono do tabagismo e moderação no consumo de bebidas
alcoólicas.
Em relação ao controle de peso, o cálculo do IMC permitiu identificar que uma
(1,4%) pessoa apresentou baixo peso e apenas 14 (20,6%) apresentaram peso normal,
enquanto 38 (55,9%) estavam com sobrepeso, 11 (16,2%) pessoas estavam na classe obeso
I e quatro (5,9%) na classe de obeso II.
Assim, 53 (78%) pessoas encontravam-se em sobrepeso ou obesidade. Estes dados
são preocupantes, tendo em vista o papel da obesidade como promotora de elevação dos
níveis pressóricos e aumento do risco de co-morbidade (ALMEIDA e LOPES, 2007;
BRASIL, 2001). Em contrapartida, está bem reconhecido que a diminuição de 5% a 10%
do peso corporal inicial já traz benefícios na redução da pressão arterial (DBHA, 2006).
Recomenda-se a manutenção do peso ideal com índice de massa corporal inferior a
25 Kg/m
2
, pelo aumento da atividade física e dieta hipocalórica (DBHA, 2006). O
estabelecimento de um peso corpóreo ideal favorece o controle de outras doenças
associadas como o diabetes.
Tratando-se, ainda, do controle de peso, foi avaliada a circunferência abdominal
(CA) de 70 pessoas. Destes, apenas nove (12,9%) tinham a CA normal (<80 para as
mulheres, e menor que 94 cm para os homens), enquanto 18 (25,7%) e 43 (61,4%)
apresentavam a CA aumentada ou muito aumentada, respectivamente.
O excesso de peso associado ao acúmulo de gordura na região mesentérica,
obesidade denominada do tipo central, visceral ou androgênica está associado a maior risco
de doença aterosclerótica. Além disso, no geral, os indivíduos com este tipo de obesidade
apresentam dislipidemia, resistência a insulina e hipertensão arterial sistêmica, condições
que, em conjunto, caracterizam a síndrome metabólica (IV DBDislipidemia, 2007). Esta
síndrome é uma condição de caráter progressivo que pode aumentar a mortalidade geral em
1,5 vez e a cardiovascular em 2,5 a três vezes (DBHA, 2006).
50
A medida da circunferência abdominal é um procedimento simples, de baixo custo,
fácil aplicabilidade e representa um importante marcador para a HA. Jardim et al (2007)
defendem que a adoção da medida da CA como rotina em todos os atendimentos de saúde
poderá favorecer atitudes preventivas precoces nos casos em que valores discrepantes
sejam encontrados. Além disto, o conhecimento da CA poderá ser também fator primordial
para um melhor controle de fatores de risco, inclusive evitando o aparecimento da HA e
facilitando o seu controle nas situações em que já estiver estabelecida.
Quanto à redução do consumo de sal, cinco (6,3%) pessoas, responderam que
utilizam saleiro de mesa, e a maioria, compreendendo 74 (93,7%) pessoas, não
acrescentava sal à refeição. O consumo de fontes industrializadas de sal como: molhos
prontos, sopas em pó, embutidos, conservas, enlatados, congelados, defumados e salgados
de pacote foi referido por 15 (19%) pessoas, outras sete (8,9%) disseram às vezes consumir,
51
leite e queijo. Entretanto, dessas 68 pessoas, 42 (53,2%) disseram consumir produtos
lácteos integrais, enquanto 26 (32,9%) usavam os desnatados.
Quanto ao consumo de frituras, constatou-se referência ao fato de às vezes
consumirem em 30 (38%) pessoas. No entanto, existem 29 (36,7%) indivíduos que
negaram seu consumo. É necessário, portanto, alertar as pessoas para o fato de evitar
frituras em geral e não cozinhar com margarinas ou creme vegetal (BRASIL, 2001).
Os dados referentes ao consumo de frutas serão apresentados posteriormente no
gráfico 1.
Referente ao consumo de café, 57 (75%) referiram seu uso. Desses, 42 ingeriam
café com freqüência de uma a duas vezes ao dia. A ingestão de cafeína pode elevar de
forma aguda a pressão arterial. No entanto, a ingestão crônica não tem associação
consistente com a hipertensão arterial (RIBEIRO e LOTUFO, 2005).
Na avaliação de prática regular de exercícios físicos
, identificou-se que 45 (57%)
dos 79 entrevistados eram sedentários e apenas 34 (43%) praticavam exercícios
regularmente. As dificuldades individuais para realizar o exercício físico foram a presença
de distúrbios músculoesqueléticos e reumáticos (fraturas; artrite reumatóide); ocorrência de
dor e edema em membros inferiores ao realizar exercícios; desmotivação; não ter tempo
para a prática de atividade física; ocorrência de “dor no peito” ou taquicardia durante a sua
realização, presença de seqüela de AVC (hemiplegia ou hemiparesia) além de outros
motivos apresentados pelos participantes.
Sabe-se que o sedentarismo representa fator de risco para a hipertensão e doenças
cardiovasculares. Guimarães (2006) explica que em normotensos, o risco de desenvolver
HA é 20 a 50% mais elevado nos sedentários do que nos fisicamente ativos. Um outro
aspecto importante é que a inatividade física está diretamente associada à obesidade. Por
outro lado, Lopes e Barreto Filho (2006) afirmam que a prática de exercícios físicos
aeróbicos auxilia de forma expressiva no controle de peso e também resulta na redução da
pressão arterial, além de proporcionar queda do VLDL-colesterol, aumento do HDL-
colesterol e, em alguns casos, na redução do LDL-colesterol.
Uma vez que muitos dos participantes do estudo eram sedentários há necessidade de
recomendar a realização de pelo menos 30 minutos de atividades sicas moderadas de
52
forma contínua ou acumulada em pelo menos cinco dias da semana. No entanto, antes de
iniciarem programas de exercício físico, os hipertensos devem ser submetidos à avaliação
clínica especializada (DBHA, 2006).
Buscando identificar o controle do estresse psicoemocional
, a maioria dos sujeitos
do estudo 40 (51,3%) julgou se estressar com facilidade; contra 38 (48,7%) que referiram
dificilmente se estressar.
Os estudos sobre a fisiopatologia da HA evidenciaram que o estresse possui, pela
sua ação simpatomedular e pituitária-adrenocortical, o poder de aumentar a PA em resposta
a estímulos psicológicos (OLIVEIRA JÚNIOR, 2000). Porém outras variáveis (fatores
genéticos, dieta, exercício físico, peso, entre outros) podem influenciar no aparecimento da
HA. A persistência desse estresse e os mecanismos de enfrentamento para essa condição no
indivíduo é que irão ser determinantes da relação entre estresse e hipertensão (LIPP e
ROCHA, 1994).
Foram avaliados também os fatores que podem favorecer o estresse nestas pessoas,
quando detectou-se baixo número de horas de sono, pois cerca de 46 (59,7%) dormiam
menos de oito horas por dia e ainda, 55 (69,6%) referiram vários despertares durante o
sono. Entretando, 60 (75,9%) consideram-se descansados ao despertar.
Salienta-se que a maioria das pessoas com HA, que participou do estudo, era idoso.
Com freqüência, os distúrbios do sono vão acontecendo na medida em que a idade avança.
Os estágios 3 e 4 do ciclo do sono são aqueles em que o sono é mais profundo, sendo difícil
o despertar. Esses níveis ocorrem com menor freqüência na fase mais tardia da vida.
predominância de muitos despertares breves no sono das pessoas mais idosas (SMELTZER
e BARE, 2005), podendo ser considerado como fator estressante.
Buscando identificar as estratégias de redução do estresse, as pessoas foram
questionadas quanto à execução de atividades de lazer, quando constatou-se que 45 (57%)
não as desenvolviam. O uso de fármacos ansiolíticos, hipnóticos e antidepressivos esteve
presente em 19 (24,1%) dos sujeitos da pesquisa.
Os ansiolíticos são utilizados primariamente para aliviar a ansiedade e tensão
emocional. O diazepam, bromazepam e lorazepam foram os ansiolíticos usados pelos
pacientes. Estes benzodiazepínicos são depressores seletivos do Sistema Nervosos Central
53
(SNC), seus efeitos variam desde um efeito ansiolítico e até a indução do sono, sem
interferir excessivamente com as outras funções cerebrais. Já os hipnóticos são usados
primariamente para induzir ao sono (PLANETA, SOUZA e DeLUCIA, 2004). O hipnótico
flurazepam foi utilizado pelos participantes.
Os antidepressivos mencionados pelos participantes do estudo foram a amitriptilina
e fluoxetina. Esses fármacos têm um efeito comprovado de elevação do humor depressivo,
porém sem interferir significativamente com o humor normal (PLANETA, SOUZA e
DeLUCIA, 2004).
O abandono do tabagismo é condição essencial para reduzir o risco
cardiovascular. O risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros
fumados e à profundidade da inalação (DBHA, 2006). Merece comentário à parte a
correlação funesta entre o tabagismo e a mortalidade por câncer de pulmão.
Nesse aspecto, um dado positivo levantado na população estudada é que 30 (37,9%)
pessoas disseram nunca ter usado fumo e somente cinco (6,4%) pessoas declararam o uso
atual da substância. Desses, dois fumavam de 1 a 2 cigarros ao dia, outros dois fumavam
mais de 2 cigarros diariamente, sendo que o máximo são 15 cigarros/dia e um referiu
mascar fumo.
Entretanto, destaca-se o grande percentual de ex-fumantes (44), representando
55,7% das pessoas. Do total de ex-fumantes, 24 consumiam 20 ou mais cigarros
diariamente e, 34 referiram tempo de tabagismo igual ou maior a 11 anos. Isto pode estar
relacionado ao fato dos participantes, em sua maioria, serem do sexo masculino e,
geralmente terem hábitos tabagistas. Além disso, as pessoas que participaram deste estudo,
pertencem a uma época em que o uso de tabaco era considerado elegante.
De acordo com Ribeiro e Lotufo (2005), entre os fumantes, o risco de morte por
doença cardiovascular em paciente masculino, com idade superior a 65 anos, é duas vezes
maior do que em um indivíduo em condições semelhantes, não fumante. No entanto, ainda
segundo estes autores, os bendad .5Z ofunprntmasii3.28277.581.88108(e)1.96325(-6.99843( )-140.635(o)(a)1.96513(i)0.4455( )-130.354(du)-13.9969(m)7.0069( ))-3.71192(e)1.96137(si)-20.1181(g)16.846 -58.3968(e)1.96137(v)-3.4.0432(i).71662(r)-6.0.354(d-1.63761(t)0.440461(u)-.0.354(df(g)16.846)-1.63761( )-3.71568(e)1.96137u)-.0.354(d(a)1.96419( )3.28192(t)0.440461)1.96419(r)-6.23798( )-5.0.354(dd)-3.71568(o)-1.63761(u)-3.7156oa drdt
54
saúde devem ajudar os pacientes que não conseguiram seguir essa recomendação,
discutindo os benefícios da interrupção do uso de fumo. É necessário também ajuda aos que
pararam de fumar, com o intuito de se manterem abstinente, além da proteção aos não-
fumantes.
Em relação à moderação no consumo de bebidas alcoólicas, a maioria dos
participantes estava seguindo essa recomendação. Do total de 79 pessoas, 24 (30,4%)
disseram que nunca ingeriram bebida alcoólica e 41 (51,9%) pararam de beber. Ainda
assim, 14 (17,7%) afirmaram uso atual de bebidas alcoólicas, entre estes a bebida mais
ingerida era a cerveja. Referente ao volume de bebida consumida, houve uma variação
grande, que dependeu do tipo de bebida ingerida. Entretanto, a maioria referiu ingerir
pequenas quantidades.
Dentre as pessoas que abandonaram o uso de álcool, 24 referiram tempo de
consumo igual ou maior há 21 anos. O tipo de bebida mais utilizada por estas pessoas era a
cerveja (30) e o aguardente (24).
O uso excessivo de álcool está associado a um aumento do risco de acidente
vascular encefálico (DBHA, 2006; ALMEIDA e LOPES, 2007). Além disto, é interessante
destacar que o consumo de álcool também tem sido freqüentemente apontado como causa
de interrupção do tratamento farmacológico (ANDRADE et al., 2002; RIBEIRO e
LOTUFO, 2005).
Recomenda-se limitar o consumo de bebidas alcoólicas a, no máximo, 30 g/dia de
etanol para os homens e 15 g/dia para as mulheres ou indivíduos de baixo peso. Aos
pacientes que não se enquadrarem nesses limites de consumo, sugere-se o abandono
(DBHA, 2006).
A fim de avaliar a interferência do desenvolvimento de complicações nos hábitos
alimentares, prática de atividade física, uso de álcool e fumo pelos participantes do estudo,
os gráficos 1 e 2 apresentam o comparativo da adoção desses hábitos antes e após a
ocorrência de complicações.
55
Gráfico 1: Participantes do estudo segundo hábitos alimentares (colesterol e frutas) e prática
de exercício físico antes e após a ocorrência de complicações associadas à
hipertensão arterial, Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.
56
Já em relação a realização de exercícios após a ocorrência das complicações, ou seja
atualmente, 34 (43%) pessoas afirmaram tal prática. Entre esses, 24 realizam caminhadas.
Outras atividades como fisioterapia, hidroginástica e realização de bicicleta em casa foram
citadas por nove pessoas, além de uma que faz caminhada e ciclismo. A freqüência de
realização de exercícios por semana também foi abordado: dez pessoas relataram realizar
até três vezes por semana e 24, de quatro a sete vezes/semana. Quanto ao tempo de
exercício/dia, três pessoas referiram tempo menor que 30 minutos, enquanto 31 utilizavam
30 ou mais minutos.
Na avaliação do uso de álcool e fumo, os participantes foram questionados quanto
ao tempo de descoberta das complicações, para sua posterior comparação com o tempo de
abandono do tabagismo e etilismo. Os dados de todos os participantes foram condensados
no gráfico 2.
Gráfico 2: Participantes do estudo segundo uso de fumo e álcool antes e após a ocorrência
de complicações associadas à hipertensão arterial, Centro de Saúde X, Fortaleza-
CE, 2007.
57
interromperam esse consumo após um período da ocorrência. Outras quatro pessoas,
embora tivessem informado abandono do etilismo, não lembravam há quanto tempo tinham
tido complicação.
Referente ao tabagismo, 30 (37,9%) pessoas referiram nunca ter fumado e cinco
(6,4%) afirmaram uso atual de fumo. Dos 44 (55,7%) participantes que referiram abandono
do uso de fumo, 24 o fizeram antes da ocorrência de complicação; houve coincidência de
tempo entre abandono do tabagismo e a ocorrência de complicação em sete pessoas. Outros
três participantes abandonaram o hábito de fumar até um ano após a ocorrência das
complicações. Em dez pessoas não foi possível comparar a presença do hábito de fumar
antes e após as complicações, pois seis não sabiam quanto tempo tinha abandonado o
hábito e, outras quatro não lembravam o tempo de descoberta das complicações.
Percebe-se, mediante os dados apresentados no gráfico 1, que a partir da ocorrência
de complicações houve modificações favoráveis na vida dos participantes do presente
estudo como a diminuição do consumo de alimentos fontes de colesterol e/ou gorduras e o
aumento do número de pessoas que referiu o consumo de frutas. Detectou-se também
aumento no número de pessoas que realizam exercícios na atualidade, além da elevação do
número de sessões semanais e do tempo gasto em cada sessão.
no gráfico 2, observa-se que a ocorrência de complicações associadas à HA
interferiu principalmente no hábito de ingerir bebidas alcoólicas, pois, do total de 79
participantes do estudo, 25 (31,6%) aboliram este hábito por ocasião da complicação ou
após um período de sua ocorrência.
Castro e Car (2000) em seu estudo sobre as possíveis mudanças na dinâmica da vida
de hipertensos após o início do tratamento da doença encontraram que o agravamento das
complicações da hipertensão arterial levou doentes a dar mais importância ao tratamento
medicamentoso, dietético e à diminuição do tabagismo e do etilismo.
Sousa (2004) explica que o comportamento em saúde é conseqüência da presença
das motivações, porém o que acontece no diagnóstico da HA é a ausência do fator
motivador, pois a inexistência de sintomas é constante. E a presença desses, quando
acontece, já é indicadora de complicações e agravos mais sérios da doença. Dessa forma, a
58
autora considera que os sintomas de doenças, a ameaça à vida ou o medo de incapacitações
podem funcionar como motivadores.
Corroborando com esse pensamento, Moreira (1999) afirma que, em geral, é mais
fácil que as pessoas sigam o tratamento nos estágios avançados da doença, nos quais,
decorrentes das lesões orgânicas, é apresentada uma série de sintomas.
É importante relembrar que 34,2% dos participantes do estudo descobriram ser
hipertensos por ocasião das complicações e em 12,6% essa descoberta aconteceu devido à
presença de sintomatologia provavelmente decorrente de complicações da doença. Assim, o
início do tratamento da HA coincidiu, em muitos casos, com a descoberta de complicações
e presença de sintomas, além disso, essas pessoas começaram a ser atendidas em serviço de
saúde para o tratamento da HA e suas complicações, o que podeter contribuído para a
adoção de hábitos de vida mais saudáveis.
No que concerne ao tratamento farmacológico, este foi indicado para todas as
pessoas com complicações associadas à hipertensão arterial no estudo.
Com o intuito de avaliar a adesão a essa modalidade do tratamento procurou-se
inicialmente comparar o número de comprimidos prescritos com o relatado pelos
participantes. Assim, 68 pessoas foram avaliadas em relação a este item, por terem
apresentado a última prescrição médica no momento da entrevista. Com a prescrição em
mãos, a pesquisadora falava o nome do fármaco e pedia-se ao participante para dizer o
número de comprimidos tomados diariamente.
Gráfico 3: Participantes do estudo segundo a convergência da tomada medicamentosa com a
prescrição médica, Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.
40
28
Convergent e
Div er gent e
O gráfico 3 mostra que 40 (58,8%), dos 68 participantes avaliados, apresentaram a
tomada medicamentosa convergente com a prescrição feita pelo médico, ou seja, os
59
medicamentos e o número de comprimidos relatados pelos pacientes eram semelhantes aos
prescritos, enquanto 28 (41,3%) deles, relataram número de comprimidos tomados
diferente do que foi prescrito.
É importante destacar que ao avaliarmos a adesão medicamentosa, encontramos
também que muitas pessoas referiram uso dos medicamentos prescritos, porém fora do
horário recomendado.
Ora, o baixo índice de adesão à terapêutica vem sendo comprovado por vários
estudos (ANDRADE et al, 2002; FALCÃO, 2007). A adesão ao tratamento farmacológico
de longa duração da HA é considerada, aproximadamente de 50% apenas (ANDRADE et
al, 2002). Estudo realizado com pessoas portadoras de HA encontrou 67,7% dos
participantes que, de alguma forma, não estavam seguindo corretamente o tratamento
farmacológico (ABREU et al, 2007).
A novidade do nosso estudo impera no fato de serem os participantes portadores de
hipertensão que desenvolveram complicações sérias a ela associada. Dessa forma, os
dados apresentados merecem a atenção de todos os profissionais de saúde, pois apesar
dessas pessoas serem acompanhados em serviço de referência para essas enfermidades,
consideramos alto o percentual de 41,3% de tomada medicamentosa irregular.
A respeito da investigação da adesão ao tratamento farmacológico, os participantes
do estudo foram ainda questionados sobre a ocorrência de interrupção do uso de
medicamentos; tempo de abandono; quais medicamentos foram deixados de tomar e o
motivo de não tomá-los. Os resultados estão expostos no quadro 4.
60
QUADRO 4:Participantes do estudo segundo adesão ao tratamento medicamentoso,
Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.
Variável N %
1 Interrompeu a tomada medicamentosa alguma vez (N=79)
Sim
Não
46
33
58,2
41,8
2 Tempo (em dias) de interrupção do uso de medicamentos (N=46)
<
7
8|-|15
16|-|30
31|-|120
365
Não lembra
24
4
9
5
2
2
30,3
5,1
11,3
6,3
2,6
2,6
3 Motivo de interrupção (N=46)
Sem dinheiro para comprá-los ou ir ao serviço recebê-los
Falta de medicamentos em casa antes da consulta marcada
Falta de medicamentos no local do estudo
Ausência de sintomas/achava que estava curado/ A PA estava normal
Esquecimento
Presença de efeitos colaterais (taquicardia/dor no peito/cefaléia/ dormência)
Saber o que pode acontecer com a PA/saber se consegue ficar sem os
medicamentos
Medo de misturar medicamentos com álcool/chá de alho
Ordem médica
Outros
Não lembra
12
8
7
5
4
4
4
2
2
3
1
15,1
10,1
8,8
6,3
5,1
5,1
5,1
2,6
2,6
3,7
1,3
4 Medicamento ( N=46)
Diuréticos
Inibidores adrenérgicos
Bloqueadores dos canais de cálcio
Inibidores da ECA
Outros
tiazídicos
de alça
poupadores de potássio
de ação central
betabloqueadores
Alfa e betabloqueadores
diidropiridinas
Antiplaquetários
Nitratos e derivados
Hipolipemiantes
Cardiotônicos
Hormônio tireoideano
Antiúlceroso
Outros
Não lembra
10
1
3
5
4
2
8
13
8
6
4
1
1
2
1
6
Total de participantes N=79
Os resultados apresentados no quadro 4 mostram que 46 (58,2%) pessoas haviam
também interrompido o uso de medicamentos alguma vez. Destes, 24 (30,3%) o fizeram
por um período menor ou igual a sete dias, seguido de 13 (16,4%) pessoas com interrupção
medicamentosa entre 8|-|30 dias, enquanto sete (8,9%) deixaram de usar medicamentos por
61
um período igual ou maior que 31 dias. Outros dois (2,6%) participantes referiram não
lembrar o tempo de interrupção do tratamento.
Ao questionar sobre os medicamentos deixados de ingerir pelos participantes, no
grupo de anti-hipertensivos encontrou-se principalmente diuréticos (14) e os inibidores da
enzima conversora de angiotensina (13).
Os diuréticos são eficazes no tratamento da HA e na redução dos eventos
cardiovasculares e da mortalidade. Como anti-hipertensivos, são preferidos os diuréticos
tiazídicos e similares em baixas doses. Os diuréticos de alça são mais utilizados para os
casos de hipertensão associada à insuficiência renal e cardíaca com retenção de volume. Os
poupadores de potássio são geralmente associados a tiazídicos e diuréticos de alça, sendo
útil na prevenção e tratamento de hipopotassemia (DBHA, 2006; BRASIL, 2001).
Os inibidores da ECA têm também ação importante na redução da morbidade e
mortalidade cardiovascular. A utilização desses fármacos para a redução mais rápida e mais
acentuada da hipertrofia ventricular esquerda tem sido amplamente defendida (DBHA,
2006). Além de serem úteis em pessoas com insuficiência cardíaca, infarto agudo do
miocárdio, em especial quando apresentam diminuição da fração de ejeção, pessoas de alto
risco para doença arterosclerótica e na prevenção secundária do acidente vascular cerebral
(KATZUNG, 2006).
O uso de outros fármacos também havia sido interrompido pelos participantes,
com destaque para o antiplaquetário ácido acetilsalicílico, nitratos e derivados e
hipolipemiantes.
Existem evidências de que, para hipertensos com pressão arterial controlada, a
associação de ácido acetilsalicílico em baixas doses diminui a ocorrência de complicações
cardiovasculares, desde que não haja contra-indicação (DBHA, 2006).
Os nitratos são relaxantes da musculatura lisa de artérias e veias, por isso são
denominados de nitrovasodilatadores. Através da vasodilatação, os nitratos reduzem o
retorno venoso e diminuem a pressão arterial; esses dois efeitos reduzem o estresse de
parede e, conseqüentemente, o consumo de oxigênio. A administração de nitrato de ação
prolongada é ocasionalmente eficaz na abolição de episódios de angina variante, além de
62
serem adjuvantes no tratamento do infarto do miocárdio e da insuficiência cardíaca
(KATZUNG, 2006).
Os hipolipemiantes devem ser empregados sempre que não houver efeito
satisfatório medidas não farmacológicas relacionadas à mudança do estilo de vida ou
impossibilidade de aguardar seus efeitos por prioridade clínica. As estatinas reduzem a
mortalidade cardiovascular e a incidência de eventos isquêmicos coronários agudos,
necessidade de revascularização do miocárdio e AVC. Entretanto, o efeito terapêutico
desses fármacos só será mantido com doses diárias, não devendo, portanto, ser suspenso ou
usado em dias alternados, salvo haja efeito colateral ou contra-indicação clínica. (IV
DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS, 2007).
Quanto aos motivos de interrupção da terapêutica, 12 (15,1%) referiram condições
financeiras desfavoráveis para comprar medicamentos ou ir ao serviço de saúde recebê-los,
oito (10,1%) mencionaram a falta de medicamentos em casa antes da consulta e sete (8,8%)
a falta de medicamentos na instituição onde este estudo foi realizado.
A irregularidade do tratamento medicamentoso anti-hipertensivo, relacionada à falta
de condições financeiras para adquirir o medicamento, quando esse está em falta no serviço
de saúde também foi encontrado nos estudos de Falcão (2007); Santos et al (2005);
Sanchez, Pierin e Mion Júnior (2004) e Castro e Car (1999).
Em Fortaleza, os resultados de Falcão (2007) mostram que 42,8% dos portadores de
HA negaram o uso de todos os medicamentos e alegaram diversos motivos: não ter
condições de comprar os medicamentos quando estes faltam na instituição; por achar que
não é preciso; por esquecer, entre outros.
Considerando que os participantes do presente estudo apresentam complicações
associadas à HA, o que requer utilização de esquemas complexos de medicamentos, estes
achados revelam a necessidade de implementação de política de facilitação do acesso aos
medicamentos utilizados em seu tratamento, reduzindo, assim, o número de hospitalizações
decorrentes da falta de medicamentos ambulatoriais.
As diretrizes para o controle da hipertensão arterial (2006) enfatizam a necessidade
em estimular o Sistema Único de Saúde (SUS) no sentido de garantir o fornecimento
63
contínuo de medicamentos de pelo menos quatro dos grupos de anti-hipertensivos, devido o
caráter crônico da hipertensão arterial.
Vemos também que a redução dos sintomas da doença e a normalização da pressão
arterial com uso de medicamentos referida por cinco (6,3%) pessoas deste estudo serviram
de estímulo para interromper o uso de medicamentos. Outras cinco (6,3%) pessoas
decidiram interromper a tomada medicamentosa para saber o que poderia acontecer com os
níveis pressóricos ou saber se conseguiriam controlar a pressão arterial sem tomar os
medicamentos indicados.
Fica clara, então, a necessidade de esclarecer aos pacientes que embora o tratamento
anti-hipertensivo seja eficaz em diminuir os níveis pressóricos, além de favorecer o
desaparecimento de sintomas, este não leva à cura. Com efeito, o benefício da redução da
PA consiste em prevenir a ocorrência de novos eventos cardio-cérebrovasculares, sendo
este um enfoque que deve estar presente nas orientações em grupos ou nas consultas
individuais.
Os participantes do estudo referiram ainda como causas para a interrupção do
tratamento farmacológico, a presença de efeitos colaterais (4=5,1%); esquecimento
(4=5,1%); seguindo-se do medo de misturar medicamentos com álcool ou chá de alho e seis
(7,6%) deram outras respostas.
Andrade et al. (2002), em seu estudo com 401 pessoas com hipertensão atendidas
em um ambulatório de referência em Salvador, encontrou semelhantes razões para não
adesão ao tratamento: normalização da PA, efeitos colaterais das medicações, esquecimento
do uso da medicação; custo da medicação e medo de associar as medicações anti-
hipertensivas ao uso de álcool.
Diante das justificativas apontadas pelos participantes para o uso irregular de
medicamentos, considera-se essencial que, a cada consulta de acompanhamento, o
enfermeiro investigue os fatores que podem levar ao abandono do uso dos fármacos
prescritos, além de estimular o paciente a fazer perguntas sobre os diversos aspectos do
tratamento anti-hipertensivo e reforce a necessidade da tomada regular dos medicamentos
anti-hipertensivos.
64
QUADRO 5: Participantes do estudo segundo os elementos dificultadores e facilitadores
na adesão ao tratamento, Centro de Saúde X, Fortaleza-CE, 2007.
Variável N
Paciente (N= 19)
Esquecimento
Falta de suporte familiar
Desconhecimento sobre a doença
Outros
14
1
1
3
Tratamento não medicamentoso
(N= 25)
Fazer dieta
Realização de atividade física
Baixo recurso financeiro para comprar alimentos
Controle de peso corpóreo
Redução ou abandono do consumo de álcool
Controle da ansiedade-estresse
12
9
6
5
2
4
Tratamento medicamentoso (N=28
)
custo elevado
número elevado de medicamentos
tratamento prolongado
efeitos colaterais
horários da medicação são inadequados
mudança de medicamento
pouca eficácia das drogas
21
4
3
2
2
1
1
1 Fatores
dificultadores
Institucionais
(N=35)
Falta de alguns medicamentos na farmácia da unid. de saúde
Distância até o serviço de saúde
Demora no atendimento
Custo social do tratamento
Horário do atendimento do serviço
Outros
18
6
6
4
2
5
Recebe cuidados da família (N=79)
Sim
Não
65
14
2 Fatores
facilitadores
Cuidados recebidos (N=65)
Alimentação
Ir ao serviço de saúde
Uso de medicamentos
Carinho
Não deixá-lo sozinho
Lazer (passear)
Dar dinheiro
Cuidar de objetos pessoais
Estimular a realização de atividades físicas
Incentivar o abandono do álcool
Evitar estressá-lo
Outros
Ignorado
34
30
9
3
3
3
2
8
2
1
1
4
7
Total de participantes N=79
Foram identificados fatores dificultadores na adesão ao tratamento da hipertensão
arterial relacionados ao paciente, ao tratamento não medicamentoso, ao medicamentoso e
fatores institucionais.
65
Os fatores relacionados ao paciente foram referidos por 19 (24,1%) pessoas. Dessas
14 disseram que o esquecimento pode dificultar a sua adesão terapêutica. Os demais fatores
pessoais considerados como dificultadores do tratamento anti-hipertensivo foram falta de
suporte familiar e desconhecimento sobre a doença. Na categoria “outros” foram incluídos:
não ter tempo para ir ao serviço de saúde e a dificuldade para locomoção, devido seqüela de
AVC.
No que concerne ao tratamento não medicamentoso, 25 (31,6%) dos 79
participantes apontaram fatores que dificultam a sua adesão terapêutica. Dentre os aspectos
citados temos: dificuldade em seguir a dieta recomendada, realização de exercício físico,
controlar peso corpóreo, redução ou abandono do consumo de álcool e controle do estresse.
A literatura é unânime ao colocar que o sucesso do tratamento da HA e de suas
complicações é absolutamente impossível sem que primariamente se consiga o mesmo
sucesso na mudança do estilo de vida, o que tradicionalmente é chamado de tratamento não
medicamentoso (PIERIN et al, 2004; GUIMARÃES, 2006).
Entretanto, sabe-se que mudar hábitos de vida muito antigos requer grande
envolvimento e determinação por parte dos pacientes, principalmente no caso da realização
da dieta, compreendida pelos participantes desde estudo como recomendação difícil de ser
seguida, visto que, segundo Guimarães (2006), modificações no estilo de alimentar-se
implicam, na maioria das vezes, uma quebra de mecanismos sociais em que o prazer está
fortemente associado à comida.
Também foi citado o baixo recurso financeiro para comprar alimentos
recomendados, uma vez que, conforme descrito, a clientela atendida possui baixo poder
aquisitivo. Assim, reforça-se que o plano alimentar além de considerar preferências
pessoais, deve ser adequado ao nível socioeconômico do portador de hipertensão arterial.
Os fatores dificultadores na adesão ao tratamento medicamentoso foram citados por
28 (35,4%) pessoas. Dentre os fatores relatados, mais uma vez, depara-se com o destaque
para o custo dos medicamentos.
Sarquis et al. (1998) explicam que o custo dos medicamentos anti-hipertensivos
parece ser um impeditivo mais freqüente à terapia efetiva. As autoras acrescentam que os
pacientes com problemas para custear a medicação em geral são de nível sócio-econômico
66
não privilegiado e parecem ter maior morbidade e maior freqüência de acidentes vasculares
cerebrais, problemas cardíacos e pior estado de saúde do que aqueles sem problemas
financeiros.
Foram identificados ainda os seguintes aspectos: número elevado de medicamentos
prescritos; tratamento prolongado; presença de efeitos colaterais com o uso de
medicamentos; horários inadequados da tomada de comprimidos, além da pouca eficácia
das drogas e mudança freqüente de medicamentos.
Percebe-se, então, que alguns desses fatores foram motivos para interrupção
terapêutica pelos participantes do estudo, conforme apresentamos no quadro 4.
Um aspecto interessante foi que mesmo utilizando muitos comprimidos
diariamente, o mero de comprimidos como fator complicador foi referido por apenas
quatro pessoas, indo de encontro aos resultados encontrados nos estudos de Abreu et al.
(2007) e Strelec, Pierin e Mion Júnior (2003).
Com vistas a favorecer a adesão ao tratamento medicamentoso pelas pessoas com
HA, estudiosos na área (FUCHS, 2006; DBHA, 2006; SARQUIS et al., 1998) defendem
prescrição de medicamentos com menos efeitos colaterais, de baixo custo, administração
em menor número possível de tomadas e determinação dos horários de medicação de modo
que se atrele ao dia a dia da vida diária da pessoa portadora de hipertensão arterial.
Os fatores institucionais foram referidos por 35 (44,3%) pessoas. A falta de
medicamentos no local do estudo apresentou-se novamente em destaque pelos
participantes. Outro fator dificultador do tratamento citado por seis pessoas, foi a distância
entre a moradia e este serviço de saúde. Este foi referido principalmente pelos indivíduos
que residiam no interior do estado.
Vemos também o problema gerado pela demora e horários de atendimento, fato
também observado nos estudos de Falcão (2007) e Moreira (1999) realizados na mesma
instituição. Moreira (1999) considera que o atraso do profissional, assim como o número
excessivo de clientes para cada profissional com conseqüente demora no atendimento
podem gerar uma situação desconfortante e inibidora ao cliente. Tal demora pode passar a
idéia de descaso em relação ao cliente e/ou ao tratamento, o que é muito negativo no
momento de se conseguir maior adesão terapêutica.
67
Na categoria outros”, englobam-se o aprazamento entre as consultas; mudança de
médico; distribuição de número menor de medicamentos do que o necessário; dinheiro do
transporte para ir ao serviço de saúde.
Castro e Car (1999) ao investigar os recursos facilitadores no tratamento das
pessoas com hipertensão constatou que a totalidade da clientela apontou o recebimento
gratuito de medicamentos da instituição e a maioria citou que a facilidade de marcar
consultas, a proximidade do serviço e o fornecimento de vale transporte pelo serviço
ajudariam no seguimento do tratamento.
É importante ressaltar que na instituição onde o estudo foi realizado, o agendamento
dos retornos é realizado logo após o atendimento do cliente, talvez por esse fato, a
dificuldade em marcar consulta com o profissional não foi relatada.
Acredita-se que o conhecimento dos fatores que dificultam o seguimento dessas
pessoas ao tratamento possibilita aos profissionais de saúde o desenvolvimento de
estratégias direcionadas a sua correção, melhorando a adesão e propiciando um melhor
controle dos níveis pressóricos.
Moreira (2007) refere que melhorar a adesão ao tratamento da hipertensão é um dos
grandes desafios enfrentados na atualidade pelos profissionais e serviços de saúde em
decorrência da longa duração terapêutica e da limitação que a doença traz ao estilo de vida
de seu portador e dos demais membros que compõem seu núcleo familiar. Assim,
considera-se também imprescindível a presença familiar no acompanhamento do paciente
com HA, encorajando-o a aderir ao tratamento.
Sobre esse aspecto, do total de 79 participantes do presente estudo, 65 (82,3%)
68
O apoio familiar no acompanhamento das consultas e seguimento ambulatorial foi
mencionado por 30 participantes. Esse cuidado foi observado por nós durante a aplicação
do formulário, pois principalmente aquelas pessoas com seqüela de AVC, idosos em
cadeira de rodas e os que haviam sofrido infarto do miocárdio, encontravam-se
acompanhados por familiar.
O envolvimento familiar nos esquemas terapêuticos medicamentosos foi referido
por nove pessoas, essas informaram que as pessoas da família são importantes para lembrar
o horário da tomada medicamentosa. A família ainda participa do tratamento anti-
hipertensivo dos participantes estimulando a realização de atividade física e incentivando o
abandono do álcool, além de evitar estressá-lo.
Cuidados recebidos da família como cuidar de objetos pessoais, dar carinho, não
deixá-lo sozinho, participar das atividades de lazer, entre outros também foram lembrados
pelos participantes.
Vemos, então, que é possível utilizar a família do membro portador de HA no
sentido de melhorar a adesão ao tratamento, pois devido a sua proximidade, poderá
participar ativamente no tratamento, desde o estímulo as modificações nos hábitos
alimentares, uso regular de medicamentos, acompanhamento às consultas até participação
nas atividades de lazer e oferecimento de carinho ao doente.
69
Reflexão sobre o cuidado clínico de enfermagem no
favorecimento da adesão ao tratamento anti-hipertensivo
O desenvolvimento da consulta de enfermagem a pessoas com hipertensão arterial
na instituição do estudo foi possível por meio da supervisão de discentes do semestre do
curso de graduação em enfermagem da UECE na disciplina estágio docência do Mestrado
Acadêmico Cuidados Clínicos em Saúde. Na ocasião, percebeu-se que a consulta de
enfermagem era realizada apenas a pessoas com diabetes, portadoras ou não de hipertensão
arterial e durante a consulta de primeira vez ao cliente hipertenso.
Após essa primeira consulta, a pessoa portadora apenas de HA somente seria foco
da assistência de enfermagem, se os seus níveis pressóricos fossem detectados elevados
durante as consultas médicas, quando seria encaminhado ao leito-dia.
Durante a coleta de dados, percebeu-se ainda que muitas pessoas que aguardavam a
consulta médica não sabiam seu peso e circunferência abdominal e, quando se falava que
precisavam verificar tais medidas, eles ficavam ansiosos para saber seus valores.
Aconteceu também de estarmos realizando a entrevista e o médico faltar e as
pessoas irem à farmácia receber medicamentos, sem avaliação da PA, controle de peso,
glicemia, uso regular de medicamentos, realização da dieta dentre outros aspectos que
devem ser contemplados na consulta de enfermagem e médica.
O fato das pessoas com hipertensão não serem atendidas regularmente pela equipe
multiprofissional, especificamente pela enfermagem, nos preocupa por ser um centro de
referência secundário para essa enfermidade, onde os critérios de encaminhamento já são
indicativos de que aquelas pessoas necessitam de atendimento diferenciado, têm-se como
exemplo, os participantes do presente estudo, que além de portadores de uma doença tão
grave como a hipertensão arterial, já desenvolveram complicações a ela associadas.
A literatura é unânime ao colocar que no tratamento da pessoa com hipertensão, a
abordagem multidisciplinar é imprescindível na obtenção da adesão satisfatória (PIERIN,
STRELEC e MION JÚNIOR, 2004; DBHA, 2006; RIBEIRO e LOTUFO, 2005;
MOREIRA, 1999; SOUZA et al, 2005).
70
As Diretrizes (2006) defendem que a hipertensão, por ser uma doença multifatorial,
envolvendo orientações voltadas para vários objetivos, exige diferentes abordagens e a
formação de uma equipe multiprofissional proporcionará essa ação diferenciada, ampliando
o sucesso do controle da hipertensão e dos demais fatores de risco cardiovasculares.
Ora, trabalhar em equipe multiprofissional pressupõe o reconhecimento que o
paciente é um complexo sistema psíquico e somático e que uma pessoa não poderá
atender a todas as suas necessidades. A equipe não somente proporciona melhores cuidados
ao paciente, como também oferece melhores condições de trabalho para todos (SOUZA e
JARDIM, 1994).
Estudos também confirmam a importância da multidisciplinaridade no tratamento
da hipertensão arterial. Uma pesquisa (CARVALHO et al., 2007) identificou que a
intervenção multidisciplinar foi eficiente em tratar pacientes hipertensos, reduzindo os
níveis pressóricos para valores normais após um ano de intervenção por enfermeiros,
médicos, nutricionista, psicólogos, educadores físicos e fisioterapeuta.
A atuação do enfermeiro está bem estabelecida dentro da equipe multidisciplinar.
Este profissional além de atuar como educador em saúde no trabalho com grupos de
pessoas com hipertensão, seus familiares e com a comunidade, é responsável em
desenvolver a consulta de enfermagem, sendo esta privativa do enfermeiro.
A consulta de enfermagem utiliza componentes do método científico para
identificar situações de saúde/doença, prescrever e implementar medidas de enfermagem
que contribuam para promoção, prevenção, proteção da saúde, recuperação e reabilitação
do indivíduo, família e comunidade.
Na consulta a pessoa portadora de HA, o enfermeiro deverá realizar a aferição da
pressão arterial; medida de altura e peso, medida da circunferência da cintura e quadril e
cálculo do índice de massa corporal; investigar sobre fatores de risco e hábitos de vida;
orientação sobre a doença, o uso regular de medicamentos prescritos e orientações sobre
hábitos de vida pessoais e familiares (DBHA, 2006; RIBEIRO e LOTUFO, 2005).
O sucesso do tratamento somente será alcançado, quando tais aspectos forem
contemplados também na visão multiprofissional e interdisciplinar, considerando
71
características pessoais, potencialidades e contexto de vida, tornando o usuário participante
ativo no seu cuidado.
Nesse contexto, o conhecimento do paciente acerca da doença hipertensiva deve ser
considerado e valorizado pelos profissionais de saúde durante as consultas (PIERIN,
STRELEC e MION JÚNIOR, 2004; MOREIRA, 1999). Em nosso estudo observamos que
os pacientes apresentavam conhecimento pontual sobre as complicações. As pessoas que
sofrem de insuficiência cardíaca e tiveram infarto identificaram a doença pelos seus sinais e
sintomas, provavelmente pelas manifestações apresentadas no momento da ocorrência da
complicação.
Nossos resultados, nesse sentido, condizem com os de Peres, Magna e Viana
(2003), pois as autoras concluíram que, embora grande parte dos pacientes deva ter
recebido algum tipo de orientação dos profissionais de saúde, supõe-se que as orientações
oferecidas não foram efetivamente absorvidas ou compreendidas, atentando para a
importância de explicações claras sobre os diversos aspectos da doença hipertensiva.
Segundo Moreira (1999), o desconhecimento da doença pode dificultar muito o
seguimento do tratamento, sendo clara a importância do profissional de saúde na facilitação
de conhecimento de sua patologia e do tratamento respectivo com vistas ao aumento dos
índices de adesão ao tratamento. Machado, Stipp e Leite (2005) acrescentam que, durante
as consultas de enfermagem, deve-se identificar as necessidades afetadas, como o déficit de
conhecimento em relação à doença e ao programa de tratamento, além de alertar quanto a
importância da adesão ao tratamento.
Ao final do preenchimento do formulário, ao perguntarmos se os participantes
tinham alguma dúvida, muitos foram os questionamentos lançados, tais como:
O que é pressão alta? Ter raiva aumenta a pressão? Como foi que
peguei a hipertensão? A hipertensão tem cura? Por que sinto
tontura? O que pode causar a hipertensão e o infarto? Qual é o
objetivo do tratamento?Há possibilidade de ficar bom com o
tratamento? O que eu posso comer? Qual é o horário da
alimentação? Porque a minha pressão nunca fica normal? Porque
quando eu chego aqui a minha pressão fica elevada? Será que o
remédio serve para alguma coisa?Eu vou tomar os medicamentos até
eu morrer? Por que os medicamentos não diminuem a minha
pressão? Os medicamentos causam impotência sexual?Qual deve ser
o intervalo das consultas? O que é AVC? Porque ocorre o AVC?
Existe a possibilidade de ficar bom do AVC? Posso ter novamente
72
AVC? A convulsão é conseqüência da falta de remédio ou é devido o
sal? Se eu chegar a ter o terceiro AVC, é fatal? Existe cirurgia para
curar o AVC? Se eu não tivesse parado de tomar os medicamentos,
tinha ocorrido o AVC? O que pode ser feito para prevenir o AVC?
Porque eu sinto dor no peito e formigamento nas os? O que é
infarto?
A diversidade de questionamentos apresentados indica que as pessoas portadoras de
hipertensão arterial necessitam de explicações detalhadas acerca da etiologia da hipertensão
arterial, de seu tratamento, complicações, bem como de conhecimento a respeito das
medidas preventivas. Nesse contexto, a educação em saúde tem papel fundamental por
representar um recurso valioso na abordagem a pessoa com hipertensão.
Este pensamento é corroborado por Souza (2004), quando enfatiza que os princípios
e técnicas da educação deveriam ser considerados em toda abordagem como o indivíduo
portador de doenças crônicas, objetivando-se auxiliá-lo no enfrentamento das mudanças
necessárias e também para instrumentalizar melhor o profissional de saúde.
O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar, tem papel de destaque no
processo educativo das pessoas com hipertensão arterial. Santos e Silva (2002) dizem que
através das estratégias educativas, o enfermeiro busca a adaptação do cliente hipertenso à
doença, à prevenção de complicações, à aderência ao tratamento, enfim, torná-lo agente do
autocuidado e multiplicador das suas ações junto à família e à comunidade.
Vale ressaltar que todos os questionamentos feitos pelos participantes foram
respondidos por nós.
Vale destacar, ainda, que o cuidado clínico de enfermagem desenvolvido durante as
consultas poderia favorecer o esclarecimento de tais dúvidas e, assim, aumentar a adesão
dessa clientela ao tratamento, prevenindo novas complicações.
Sugere-se, portanto, o repensar da implementação do acompanhamento de
enfermagem a esses pacientes, cujo seguimento atual é desenvolvido quase exclusivamente
por médicos, excetuando-se os atendimentos no leito-dia.
73
6. CONCLUSÕES
74
6. Conclusões
Em nossa pesquisa obtivemos um perfil diferenciado da adesão ao tratamento anti-
hipertensivo, ao direcionarmos o estudo para uma população portadora de complicações
associadas à HA, o que é um dado importante para os programas de prevenção secundária
da doença. No tocante aos objetivos do estudo, temos que:
Sobre as características sócio-demográficas dos 79 participantes do estudo, os
resultados demonstraram predominância do sexo masculino (67,1%); idade igual ou
superior a 60 anos (64,1%); de cor branca (77,2%) e 69,2% eram aposentados ou
pensionistas; 57,3% das pessoas cursaram até o ensino fundamental; a maioria (67,7%)
recebia <1|-|2 salários nimos; 81% eram católicos; 67,1% eram formalmente casados ou
viviam em união consensual; 48,1% tiveram de 3 a 5 filhos; 78,5% dos participantes
residiam com 3 a 6 pessoas e, 86,1% das pessoas moravam na capital. Assim, percebemos
que algumas dessas características não favorecem a adesão terapêutica anti-hipertensiva
como é o caso da baixa escolaridade e baixa renda familiar apresentada.
No que diz respeito às características clínicas,
constatamos cerca de 55,7% pessoas
que referiram tempo de diagnóstico da hipertensão entre 1|-|10 anos; esse diagnóstico se
deu em 46,8% dos casos por ocasião das complicações da HA ou devido a presença de
sintomatologia, ou seja, não se evidenciou comportamento preventivo em relação à doença.
Encontramos também que as pessoas apresentavam outras doenças, além da HA e suas
complicações; 87,3% haviam se submetido a internações hospitalares anteriores e,
grande parte dos participantes, referiu ter ao menos um parente portador de hipertensão
arterial ou de doenças a ela relacionadas. Destacamos que, mesmo em acompanhamento em
unidade de referência secundária, a falta de controle adequado da pressão arterial foi
encontrada em 57 (75,1%) dos participantes.
Quanto à adesão ao tratamento não medicamentoso, observamos que muitas
pessoas ainda não conseguiram incorporar medidas adequados, uma vez que, 53 (78%) dos
participantes encontravam-se em sobrepeso ou obesidade; 43 (61,4%) apresentavam a CA
muito aumentada; 15 (19%) afirmaram consumo de fontes industrializadas de sal e, 75%
faziam uso de café. Vale destacar que a prática de exercícios físicos regulares não era
efetuada pela maioria (57%) dos participantes; 51,3% julgaram se estressar com facilidade;
75
além de 6,4% das pessoas que declararam o uso atual de fumo e, 17,7% afirmaram uso
atual de bebidas alcoólicas.
Ao avaliarmos se o desenvolvimento de complicações interferiu nos hábitos de
vida dos participantes do estudo, percebemos que embora houvessem ocorrido mudanças
favoráveis como a diminuição do consumo de alimentos fontes de colesterol e/ou gorduras,
aumento do consumo de frutas, aumento no número de pessoas que realizavam exercícios
na atualidade e principalmente interrupção no hábito de ingerir bebidas alcoólicas, muitos
participantes, mesmo já tendo desenvolvido complicações associadas à HA, apresentaram
dificuldades na mudança desses hábitos.
O tratamento medicamentoso foi indicado para todos os participantes, a análise
dos resultados referente à adesão a essa modalidade do tratamento mostrou que em 40
(58,8%) pessoas a tomada medicamentosa atual era convergente com a prescrição médica,
enquanto 28 (41,3%) deles, relataram número de comprimidos tomados diferente do que foi
prescrito. Outro aspecto a ser ressaltado em relação a adesão ao tratamento medicamentoso
é que 58,2% dos 79 participantes entrevistados haviam interrompido a tomada
medicamentosa alguma vez. Considerando que os participantes do presente são portadores
de complicações associadas à HA e necessitam de tomada medicamentosa regular, os dados
apontam a necessidade de esclarecimento a essas pessoas quanto a adesão a proposta
terapêutica recomendada como forma de controlar a doença.
Os resultados apontaram elementos dificultadores
no seguimento do tratamento da
hipertensão arterial relacionadas ao paciente (19=24,1%), ao tratamento medicamentoso
(28=35,4%), ao tratamento não medicamentoso (25=31,6%) e institucionais (35=44,3%). A
participação da família foi considerada elemento facilitador do tratamento, pois 65
(82,3%) recebiam ajuda familiar no seguimento do tratamento da doença hipertensiva e
suas complicações.
A análise dos dados permitiu ainda inferir que os participantes sentiam o desejo de
conhecer mais sobre suas condições de saúde, haja vista os vários questionamentos
apresentados.
Por fim, resta-nos comentar que ao vermos as pessoas em cadeiras de rodas e com
dificuldade para falar devido seqüela de AVC, além da perda de emprego e da dependência
76
de outras pessoas, percebemos que o desenvolvimento de complicações em pessoas com
HA repercute negativamente na vida dos acometidos e em todo o sistema de saúde,
fazendo-nos perguntar: o que poderia ter sido feito para evitar tudo isso?
Ao final do estudo, diante de todos os dados apresentados nesta pesquisa, nos quais
fica constatado um baixo índice de adesão à terapêutica por pessoas com hipertensão que
têm complicações decorrentes da doença, surge um novo questionamento: o que pode ser
feito para melhorar a adesão ao tratamento dessas pessoas e a sua qualidade de vida? Como
prevenir que novas complicações e até a morte aconteçam em decorrência desses
comportamentos não salutares?
A nós, torna-se clara a necessidade de políticas de saúde que invistam na detecção
precoce e acompanhamento adequado da hipertensão arterial, além de ações educativas que
possibilitem a participação ativa dessas pessoas na discussão da necessidade de adesão ao
tratamento e na adequabilidade de tal prática a seu cotidiano.
Para tais ações, é fundamental a participação das equipes multiprofissionais que
atuam nos serviços de saúde. Nesse aspecto, conforme já relatado, a instituição em estudo é
composta por equipe multiprofissional, porém a atuação de alguns integrantes da equipe,
especificamente da enfermagem, é restrita as pessoas portadoras de diabetes, indo de
encontro ao recomendado pelas diretrizes brasileiras de hipertensão arterial e dos
programas estabelecidos pelo Ministério da Saúde para o acompanhamento da doença.
Considerando a importância da atuação do enfermeiro na equipe multiprofissional
frente ao cuidado do portador de hipertensão arterial, esperamos que o estudo redirecione a
visão dos profissionais para valorização do trabalho em equipe no atendimento a essa
clientela, visto que muitos apresentam complicações sérias, que, se não tratadas e
acompanhadas adequadamente, poderão culminar com a ocorrência de outras
complicações, por vezes mais incapacitantes e até fatais. Ao propormos a atuação da equipe
consideramos a lógica do trabalho integrado, em detrimento da atuação isolada de “cada
profissional em sua sala”.
É valido acrescentar que durante o período de coleta dos dados encontramos
algumas dificuldades, tais como: ausência de monitoramento contínuo dos pacientes
atendidos no serviço; diagnósticos não claros ou disseminados em locais diversos no
77
prontuário; anotações incompletas, imprecisas ou incompreensíveis, dentre outros.
Percebemos, ainda, que muitas informações importantes não são registradas pelos
profissionais de saúde, dificultando o acompanhamento da adesão ao tratamento dos
pacientes.
Para ter acesso aos pacientes a pesquisadora permaneceu continuamente todos os
dias da semana e turnos de atendimento na unidade, consultando cada um dos prontuários a
serem atendidos em consultório, identificando se o paciente era portador de hipertensão e
complicações associadas (critério de inclusão no estudo), e se tinha diabetes associada
(critério de exclusão).
Mas, ante tantas dificuldades apresentadas, é importante destacar que os
profissionais do serviço contribuíram muito para a realização do estudo. Ressaltamos ainda
que a nossa interação com os profissionais da instituição em estudo, especialmente com os
enfermeiros, resultou no convite para participarmos das reuniões do grupo de educação e
estudo do referido serviço. Além disso, temos elaborado e apresentado pesquisas em
eventos científicos locais em co-autoria como os profissionais de saúde que atuam. Esses
profissionais também terão acesso aos dados da pesquisa, pois será entregue cópia desse
estudo à direção da instituição e os resultados deverão ser publicados para maior
conhecimento de outros profissionais que cuidam das pessoas com complicações associadas
à hipertensão arterial.
Mais uma vez enfatizamos a necessidade de um cuidar holístico pela equipe
multiprofissional em ações interdisciplinares para alcançar a tão almejada adesão ao
tratamento anti-hipertensivo das pessoas com hipertensão e complicações associadas.
78
7. REFERÊNCIAS
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84
60. SOUSA, A.L.L. Educando a pessoa hipertensa. In: PIERIN, A.M.G. Hipertensão
Arterial: uma proposta para o cuidar. São Paulo: Manole, 2004.
61. SOUZA, A.C.C.
Crise hipertensiva:
Análise dos casos atendidos na emergência de um
hospital municipal de Fortaleza-Caerá, 2006.
Dissertação (Mestrado Acadêmico Cuidados
Clínicos em Saúde) Centro de Ciências da Saúde. Universidade Estadual do Ceará. Área
de concentração: enfermagem. 2006.
62. SOUZA, A.L.L.; JARDIM, P.C.B.V. A enfermagem e o paciente hipertenso em uma
abordagem multiprofissional relato de experiência. Ver. Latino-Am. Enfermagem v.2,
n.1. Ribeirão Preto Jan. 1994.
63. SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Enfermagem médico-cirúrgica. 10 ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
64. STRELEC, M.A.A.M.; PIERIN, A.M.G.; MION JÚNIOR, D.; A influência do
conhecimento sobre a doença e a atitude frente à tomada dos remédios no controle da
hipertensão arterial. Arq Bras Cardiol, v. 81, n. 4, p.343-348. 2003.
65. IV DIRETRIZ BRASILEIRA SOBRE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DE
ATEROSCLEROSE. Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia. Arq Bras Cardiol vol.88, Sup.I, abril. 2007.
85
APÊNDICES
86
APÊNDICE A
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Data do preenchimento do formulário: / /2007
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:
Nome: _____________________________________________ Prontuário:_______________
Endereço: ___________________________________________ Fone: ___________________
1 Data adm. no CIDH:
2 Procedência:
3 Data de Nascimento:
4 Sexo: 1( ) F 2 ( ) M
5 Escolaridade:
6 Religião:
7 Cor: 1 ( ) Branca 2 ( ) Não-branca
8 Ocupação:
9 Renda Familiar:
10E.Civil:
1 ( ) solteiro(a) 2 ( ) casado (a) 3 ( ) união consensual 4 ( ) viúvo (a) 5 ( )divorciado
11 Nº filhos:
12 Número de pessoas no domicílio:
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS
13 Tempo de descoberta da hipertensão arterial:
14 Como descobriu ser hipertenso:
15 Doenças associadas: 1 ( )AVC 2 ( ) ICC 3 ( )DAC 4 ( )IAM 5 ( )HVE 6 ( )Revasc. 7 ( )HVE
8( )outra Qual:__________________
16 Tempo de descoberta das complicações:
17 Nº de internações:
18 Motivo das internações:
19
Valores da Pressão Arterial
PA: 1 PAS_____ 2 PAD_____mmHg
Existe casos na família de:
20
Hipertensão arterial sistêmica
1( ) sim 2( ) não 3( ) não sabe referir
21
Quem?_______________________________
22
Diabetes mellitus
1( ) sim 2 ( ) não 3( ) não sabe referir
23
Quem? ___________
24 Infarto agudo do miocárdio
1( ) sim 2 ( ) não 3 ( )não sabe referir
25 Quem?
26 Acidente vascular cerebral
1( ) sim 2( )não 3( ) não sabe referir
27 Quem?
ADESÃO AO TRATAMENTO O MEDICAMENTOSO ANTES E APÓS A OCORRÊNCIA DAS
COMPLICAÇÕES
CONTROLE DE PESO
Altura:_________ A²: ___________
Peso:
28 IMC
29 CA:
87
PADRÃO ALIMENTAR
30 Como era a sua alimentação antes e após a ocorrência das complicações?
Alimentação antes da ocorrência de complicações
associadas
Alimentação após a ocorrência de complicações
associadas
Café da manhã
Lanche:
Almoço:
Lanche da tarde:
Jantar:
Café da manhã
Lanche:
Almoço:
Lanche da tarde:
Jantar:
31
Uso de saleiro na mesa?
1 ( ) sim 2 ( ) não
32
Adiciona sal aos alimentos no momento da ingestão?
1 ( ) sim 2 ( ) não 3 ( ) às vezes
33 Consome fontes industrializadas de sal como: molhos prontos, sopas em pó, embutidos, conservas,
enlatados, congelados, defumados e salgados de pacote tipo snacks?
1 ( ) sim 2 ( ) não 3 ( ) às vezes
34 Consome frituras?
1 ( ) sim 2 ( ) não 3 ( ) às vezes
35 Uso de Café
1 ( ) sim Freqüência do uso de café .:__________
2 ( ) não
PRÁTICA REGULAR DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
36 Prática de exercício físico:
1 ( ) sim
2 ( ) não
37 Motivo para não realização de atividade física:
Antes das complicações Após das complicações
38 Freqüência 1( ) 1-3 vezes/sem 2 ( ) 4 -7 vezes/sem 1( ) 1-3 vezes/sem 2 ( ) 4-7 vezes/sem
39Tempo exercício 1 ( ) < 30 min 2 ( ) > 30min 1 ( ) < 30 min 2 ( ) > 30min
40 Tipo de exercício 1( )Caminhada 2( )Natação 3( )Ciclismo
4( )Dança ( ) 5( )Outras
1( )Caminhada 2( )Natação
3( )Ciclismo 4 ( )Dança 5Outras ( )
CONTROLE DO ESTRESSE
41 Estresse com facilidade
1 ( ) sim 2 ( ) não
42 Realiza atividades de lazer: 1( ) sim 2 ( ) não
43 Interrupção do sono: 1( ) sim 2 ( ) não
44 Quantas horas de sono: 1( ) < 8 horas 2( ) 8 horas 3( ) > 8 horas
45 Satisfação ao acordar: 1 ( ) cansado 2 ( ) descansado
46 uso de medicamento para dormir: 1( ) não 2( )sim
47 qual é o medicamento?_____________________________________
ABANDONO DO TABAGISMO
48 Uso de fumo:
1 ( ) Nunca
2 ( ) sim quant. __________________
3 ( ) Ex-fumante quant. ______parou há:_____anos Tempo de tabagismo______anos
MODERAÇÃO DO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS
88
49 Uso de álcool:
1 ( ) Nunca
2 ( ) sim volume: _________ Tipo de bebida___________________
3 Uso anterior de álcool parou há:____________ Tempo de consumo:________anos
Tipo de bebida:______________________
ADESÃO AO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
50 Última prescrição médica
TURNO MEDICAMENTO
PRESCRITO
MAN TARDE NOITE
51 Quais são os medicamentos que usa para PA e como o sr(a) está tomando? Em que horários?
TURNO MEDICAMENTO
RELATADO
MAN TARDE NOITE
52 Já parou de tomar os comprimidos alguma vez?1 ( ) sim 2 ( ) não
53 Quantos dias o senhor(a) ficou sem tomar os comprimidos?__________________
54 Qual o motivo?___________________________________________________________________
55 Qual foi o medicamento?__________________________________________________________
FATORES QUE INTERFEREM NA ADESÃO AO TRATAMENTO ANTI-HIPERTENSIVO
a
56 Qual(is) os fatores que podem dificultar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo?
Fatores relacionados ao pacient
e
1 ( ) Estruturais-idade
2 ( )educacionais
3 ( )Aspectos culturais, crença, hábitos de vida
4 ( )Desconhecimento sobre a doença
5 ( ) Esquecimento
6 ( ) Suporte familiar
7 ( )Outros Quais: ________________________
Fatores relacionados ao tratamento medicamentoso
1 ( ) dose
2 ( ) número de medicamentos
3 ( ) efeitos colaterais
4 ( ) tratamento prolongado
5 ( )custo
6 ( )mudança de medicamento/descontinuidade
7 ( ) eficácia das drogas
8 ( ) horários da medicação
9 ( ) melhoria dos sintomas após a terapia
10 ( )outros Quais: ________________________
a
Baseado no instrumento de Sarquis et al (1998).
89
Fatores relacionados ao tratamento não medicamentoso
1 ( ) Controle de peso corpóreo
2 ( ) Fazer dieta
3 ( ) Diminuir o sal da dieta
4 ( ) Abandono do fumo
5 ( ) Realização de atividade física
6 ( )Redução ou abandono do consumo de álcool
7 ( )Controle da ansiedade-estresse
8 ( )Baixo recurso financeiro
9 ( )Ouros Quais: ________________________
Fatores institucionais
1 ( ) relacionamento com a equipe de saúde
2 ( ) Marcar consulta médica
3 ( ) Distância até o serviço de saúde
4 ( ) Horário do atendimento do serviço de saúde
5 ( ) Demora no atendimento do serviço de saúde
6 ( ) custo social do tratamento
7 ( ) Falta de alguns medicamentos na farmácia da unid. de saúde
8 ( )Outros Quais:________________________
ENVOLVIMENTO FAMILIAR NO TRATAMENTO
57 Recebe ajuda da família no seguimento ao tratamento?
1( ) não 2( ) sim
58 Cuidado recebido:
CONHECIMENTO SOBRE A DOENÇA
59 O (a) senhor(a) tem alguma dúvida sobre a hipertensão arterial?
1 ( ) sim 2 ( ) não
60 Qual?____________________________________________________________________
90
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO
Meu nome é Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu, aluna do Curso de Mestrado
Acadêmico Cuidados Clínicos em Saúde da Universidade Estadual do Ceará e estou
desenvolvendo uma pesquisa intitulada: Análise da adesão ao tratamento de pessoas com
hipertensão arterial e complicações associadas: espaço para o cuidado clínico de
enfermagem. Com a mesma pretendo: Identificar as características sócio-demográficas e
clínicas das
pessoas com hipertensão arterial e complicações associadas; Averiguar a
adesão dessas pessoas ao tratamento não medicamentoso recomendado pelas V Diretrizes
Brasileiras de Hipertensão Arterial (2006); Verificar se o desenvolvimento de complicações
associadas à HA interferiu na adesão ao tratamento não medicamentoso pelos participantes
do estudo; Averiguar a adesão ao tratamento farmacológico anti-hipertensivo indicado para
essas pessoas; Identificar os elementos dificultadores/facilitadores na adesão ao tratamento
anti-hipertensivo. Assim, gostaria de contar com a sua participação, permitindo que lhe
entreviste. Informamos que a pesquisa não traz riscos à sua saúde e que você tem o direito e
a liberdade de negar-se a participar do estudo ou desistir de participar, mesmo após a
aplicação do formulário, se assim o desejar, sem nenhum prejuízo moral, físico ou social e
sem que isso lhe acarrete qualquer prejuízo financeiro e/ou em seu tratamento e
acompanhamento. Os dados coletados serão divulgados. No entanto, é garantido o sigilo
sobre sua identidade ou sobre qualquer informação que possa identificá-lo. Para maiores
esclarecimentos estarei disponível no seguinte endereço: Avenida Paranjana, 1700. Bairro
Itapery; telefone: (85) 96246423
Certa de contar com sua colaboração, agradeço antecipadamente.
__________________________________________________________
Assinatura da pesquisadora
Tendo sido informado sobre a pesquisa: Análise da adesão ao tratamento de pessoas com
hipertensão arterial e complicações associadas: espaço para o cuidado clínico de
enfermagem, concordo em participar da mesma.
Fortaleza-Ceará, _______ de ______________ de 200____.
Nome ______________________________________________________
Assinatura _______________________________ ou polegar direito
APÊNDICE C
OFÍCIO DE SOLICITAÇÃO PARA COLETA DE DADOS NA INSTITUÃO
Eu, Rita Neuma Dantas Cavalcante de Abreu, RG 99010337554, discente do Curso de
Mestrado Acadêmico em Cuidados Clínicos em Saúde da Universidade Estadual do Ceará,
responsável pela pesquisa Análise da adesão ao tratamento de pessoas com hipertensão arterial e
complicações associadas, e tendo como orientadora a Professora Drª. Thereza Maria Magalhães
Moreira, solicito a esta instituição de saúde a permissão para realizar a minha coleta de dados nos
meses de abril a julho de 2007.
Fortaleza, ______de__________________ de 2007
______________________________________
Assinatura da discente
92
ANEXOS
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