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Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Departamento de Química
Programa de Pós-Graduação em Química
“Estrutura e reatividade de complexos de íons metálicos
com flavonols, antocianinas e antocianidinas”
Andréia Alves de Lima
Tese apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, como parte das
exigências para a obtenção do título de Doutor em
Ciências, Área: Química
RIBEIRÃO PRETO -SP
2007
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2
Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Departamento de Química
Programa de Pós-Graduação em Química
“Estrutura e reatividade de complexos de íons metálicos
com flavonols, antocianinas e antocianidinas”
Andréia Alves de Lima
Orientador: Prof.Dr.Wagner Ferraresi De Giovani
Tese apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo, como parte das
exigências para a obtenção do título de Doutor em
Ciências, Área: Química
RIBEIRÃO PRETO -SP
2007
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FICHA CATALOGRÁFICA
Lima, Andréia Alves de
Estrutura e reatividade de complexos de íons metálicos com
flavonols, antocianinas e antocianidinas. Ribeirão Preto, 2007.
189 p. : il. ; 30cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP Área de
concentração: Química
Orientador: De Giovani, Wagner Ferraresi.
1.Química Inorgânica. 2. Flavonóides. 3. Atividade
Antioxidante. 4. Complexos metálicos.
4
Se as coisas são inatingíveis ... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Mário Quintana
5
Dedico esta tese aos m eus amados pais Antônio C arlos e Ana Nery pelo apoio
incondicional, impr escindível para transpor todas as difi culdades encontradas
pelo caminho, pela paciência e gr ande amizade, amor e carinho com que sempr e
me ouviram, e sensatez com que sempre me ajudar am.
Às minhas ir mãs: Adriana, Alessandr a e Anelis e pelo amor, pelo ca rinho e pela
compreensão.
A Nina que há cinco anos nos b rinda com sua pr esença, deixand o nossas vidas
muito mais harmoniosas e feli zes.
A vocês minha eterna gratidão e o meu amor.
6
“Ao Marcelo por estar ao meu lado
em todos os momentos, pela dedicação, amor
e
compreensão e principalmente incentivo durante
todos estes anos.”
7
AGRADECIMENTOS
“Concedei-me
Senhor,
a
Serenidade
necessár ia para aceitar as coisas
que eu não posso m odificar;
Coragem
para modificar aqu elas que posso e
Sabedoria
para disti nguir umas das outras”
Agradeço primeir amente a DEUS, que sempre m e ajudou e nunc a me desamparou,
que está presente, na al egria ou na tristeza, fazendo da derrot a uma vitória, da
fraqueza uma força.
8
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Wagner Ferraresi de Giovani, pela sua orientação e auxílio na
elaboração desta tese.
Ao Prof. Dr. Glaico Chiericato Junior, por sempre estar disposto a ajudar, em
todos os momentos.
Ao Prof. Dr. Sérgio Emanuel Galembeck, pelos cálculos teóricos, gentilmente
realizados em seu laboratório.
Aos Prof. Dr.Zanatta e Prof
a
. Dr
a
. Kátia Jorge pela disponibilidade de seus
equipamentos.
Ao Prof. Dr. Herenilton Paulino de Oliveira, pelas contribuições na
qualificação.
Ao pessoal da secretaria do Departamento de Química, Isabel, Lâmia,
Emerson, André e Maria, pela atenção e pela prontidão com que sempre me
receberam quando necessitei de esclarecimento.
Aos funcionários deste Departamento: Lousane, Djalma, Virgínia, Vera e a
todos que de alguma forma contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho.
Ao pessoal da secretaria da Pós-graduação: Inês, Denise, Sônia e César
sempre prestativos.
Ao pessoal do laboratório, Amanda, Dora, Eduardo, Karina, Leandro, Lúcia,
Mara, Tahuana e Ulisses, pela agradável convivência, pelas discussões e pelos
“bate-papos”, que certamente tornaram este período muito mais divertido e
agradável.
9
Aos que passaram pelo laboratório e certamente deixaram muitas saudades,
Adriana, Ana Paula, Eliana e Fernandinho.
Ao Renato, pela ajuda dispensada nos cálculos teóricos. Obrigada pela
paciência.
Aos amigos Adriana, Andréa, Luciano, Fabiana, Fábio, Mirela e em especial à
minha grande amiga Stella, por todos estes anos de convivência pelos quais
passamos tanto no mestrado quanto no doutorado, em que dividimos não somente o
apartamento, como tamm nossas incertezas, tantos surtos de tristeza, aflições;
felicidade, euforia, conquistas e alegrias. Obrigada por você estar sempre presente!
À Cris e Mariana, pelas preciosas discussões.
À FAPESP (Processo 02/13832-0), pela bolsa concedida para a realização
deste trabalho.
Há muito mais a quem agradecer... A todos aqueles que, embora não citados,
me presentearam-me com seus inestimáveis apoios em distintos momentos e por
suas presenças afetivas em inesquecíveis períodos, o meu reconhecido e carinhoso
muito obrigada!
i
RESUMO
Trabalhos recentes revelam o enorme potencial para a saúde humana de uma
das mais importantes classes de compostos fenólicos, os flavonóides, antioxidantes
estes que são encontrados em muitos dos alimentos que tradicionalmente
incorporam a dieta humana como frutas, vegetais, sumos e cereais. Estes
compostos são antioxidantes com grande capacidade doadora de elétrons; podendo
atuar como desativadores do oxigênio atmosférico e espécies extremamente
reativas.
O conhecimento da estrutura destes compostos, a influência de fatores como
o pH, a temperatura e a presença de íons metálicos, assumem importância
fundamental no estudo da atividade antioxidante, e mais especificamente em relação
às antocianinas, no estudo da estabilidade, visando seu possível uso em alimentos.
Neste trabalho, foi descrita a preparação de complexos entre os flavonols
(miricetina, fisetina), antocianidinas (delfinidina e cianidina) e antocianina (cianidina-
3-G) com os íons metálicos: Al(III), Fe(II), Ni(II), Zn(II) e Cu(II).
Os resultados obtidos mostraram a fundamental importância do grupo catecol
ou pirogalol na obtenção dos complexos.
Os flavonóides coordenados foram mais efetivos “removedores” de radicais
livres do que os na forma livre.
As estruturas otimizadas das antocianidinas e dos respectivos complexos com
Al(III) e Zn(II) foram obtidas utilizando a teoria do funcional de densidade com o
modelo B3LYP/6-31+G(d,p). Com a finalidade de comparação de resultados entre os
complexos com os íons Al(III) e Zn(II), um potencial efetivo de caroço (ECP –
Effective Core Potential) foi utilizado
ii
De acordo com os cálculos realizados, duas possíveis conformações para as
antocianidinas (cianidina, delfinidina e pelargonidina) foram obtidas, sendo que as
estruturas planares são energeticamente mais estáveis do que as não planares,
além disso, a formação de complexos, especialmente com Al(III) provocou algumas
alterações nas geometrias de equilíbrio destes compostos.
iii
ABSTRACT
Recent researches have shown the enormous importance of flavonoids to the
human health, especially because of their antioxidant activities. These phenolic
compounds are found in many common foods that are part of the human diet as
fruits, vegetables and cereals. Flavonoids have high electron donor such ability,
acting as deactivators of atmospheric oxygen and highly active species.
The antioxidant activity of flavonoids depends on their structure, pH,
temperature and the presence of metal ions.
In this work we describe the preparation of metal ion complexes (Al(III), Fe(II),
Ni(II), Zn(II), Cu(II)) with the flavonols myricetin and fisetin; with the anthocyanins
cyanidin-3-G; with the anthocyanidins delphinidin and cyanidin.
The complexes were characterized by elemental analysis; molar conductivities
IR and UV-Vis spectra, TG and DTA analyses; and cyclic and differencial pulse
voltammetries.
Results showed that the catechol and pyrogallol groups are very important for
the formation of the complexes. The complexed flavonoids have higher antioxidant
activities than the free ligands. The optimized structures of the anthocyanidins and
their Al(III) and Zn(II) complexes were obtained by using the density functional theory
using the B3LYP/6-31+G(d,p) model. The data for Al (III) and Zn (II) complexes were
compared by using an ECP- Effective core potential. The data revealed that the
planar structures of the anthocyanidins are energetically more stable than the non-
planar ones. The formation of the metal ion complexes, specially those with Al (III),
induced some changes in the equilibrium geometry of the compounds.
iv
ÍNDICE
I.Introdução...............................................................................................................
1
I.1-Polifenóis........................................................................................................
1
I.1.1-Flavan-3-ols.............................................................................................
4
I.1.2-Flavonols.................................................................................................
7
I.1.3-Flavanonas..............................................................................................
10
I.1.4-Flavonas..................................................................................................
12
I.1.5-Isoflavonas..............................................................................................
13
I.1.6-Antocianinas............................................................................................
16
I.1.7-Copigmentação das Antocianinas...........................................................
22
I.2-Flavonóides e suas respostas biológicas.......................................................
........................................
25
II.Objetivos................................................................................................................
29
III.Parte Experimental...............................................................................................
31
III.1-Materias........................................................................................................
31
III.2-Técnicas de Análise e Caracterização..........................................................
33
III.2.1-Análise Elementar.................................................................................
33
III.2.2-Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho...................
33
III.2.3-Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta-Visível...........
34
III.2.4-Voltametria Cíclica ...............................................................................
34
III.2.5-Condutância Molar................................................................................
34
III.2.6-Termogravimetria (TG) e Análise Térmica Diferencial (DTA)...............
34
III.2.7-Espectroscopia Raman.........................................................................
35
III.2.8-RMN
1
H ................................................................................................
35
III.3-Métodos Experimentais................................................................................
36
III.3.1-Método de Job e Razão Molar..............................................................
36
III.2.2-Propriedades antioxidantes dos compostos (Método do DPPH)..........
36
III.2.3-Determinação do Parâmetro EC
50
.........................................................
37
III.2.4-Estudo da interação entre o ácido ascórbico e as antocianinas e
antocianidinas .................................................................................................
38
III.4-Métodos Computacionais.............................................................................
39
III.4.I-Otimização da Geometria (Geometria de equilíbrio)..............................
41
III.4.2-Cargas atômicas de Mulliken................................................................
40
III.4.3-Cargas atômicas GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor)................
42
v
III.4.4-HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity)…………………..… 43
IV.Resultados e Discussão....................................................................................... 46
IV.1-Determinação das Estequiometrias e Preparação dos Complexos.............
46
IV.2-Espectros de Absorção na Região do UV-Visível........................................
62
IV.3-Análise Elementar........................................................................................ 76
IV.4-Comportamento das antocianinas e antocianidinas em meio aquoso em
função do pH........................................................................................................
77
IV.5-Espectros de Absorção na Região do Infravermelho...................................
83
IV.6-Espectroscopia Raman................................................................................
87
IV.7-Medidas de Condutividade Elétrica dos Complexos....................................
89
IV.8-Análise Termogravimétrica (TGA-DTA)........................................................
90
IV.9-Voltametria Cíclica........................................................................................
92
IV.10- Espectroscopia de RMN
1
H.......................................................................
114
IV.11-Estruturas Propostas Para os Complexos..................................................
115
IV.12- Determinação do Parâmetro EC
50
.............................................................
117
IV.13. Estudo da Interação ácido ascórbico com as antocianinas e
antocianidinas......................................................................................................
120
IV.14. Estabilidade em Tampão acetato pH = 5,43..............................................
123
IV.15.Otimização da geometria, análise energética, distâncias e ângulos de
ligação, ângulo de torsão, cargas atômicas.........................................................
125
IV.16-Harmonic Oscillator Model of Aromaticity (HOMA)......................................... 149
V. Conclusões...........................................................................................................
152
VI. Referências......................................................................................................... 154
vi
ÍNDICE DE FIGURAS E ESQUEMAS
Figura 1. Estruturas de importantes subclasses dos flavonóides.............................
3
Figura 2. Estruturas dos principais flavanols............................................................
.
6
Figura 3. Estruturas dos principais flavonols............................................................
8
Figura 4. Figura 4. Descrição taxonômica e quantitativa das flavanonas contidas
em pomelos (grapefruit), limões e limas do gênero cítrico.......................................
11
Figura 5. Estruturas das principais flavanonas.........................................................
11
Figura 6. Estruturas das principais flavonas.............................................................
13
Figura 7. Estruturas das principais isoflavonas........................................................ 14
Figura 8. (a) Estrutura do cátion 2-fenilbenzopirílio, (b) antocianinas...................... 16
Figura 9. Antocianidinas comumente encontradas em flores...................................
18
Figura 10. Possíveis mudanças estruturais das antocianinas em meio aquoso em
função do pH.............................................................................................................
19
Figura 11. Variação de coloração da pelargonidina em função do pH..................... 20
Figura 12. Modelo para copigmentação intramolecular............................................
23
Figura 13. Copigmentação intermolecular (1:1) entre apigenidina e quercetina-5’-
ácido sulfônico..........................................................................................................
23
Figura 14. Peroxidação lipídica.................................................................................
28
Figura 15. Estruturas dos compostos propostos neste trabalho..............................
29
Figura 16. Primeira etapa do mecanismo da reação de abstração de hidrogênio
do antioxidante pelo radical livre estável DPPH
......................................................
37
Figura 17. Curva de calibração para DPPH..............................................................
38
Figura 18. Representação do diedro 6’-1’-2-3 na estrutura dos flavonóides,
representando a planaridade do anel B com o plano molecular..............................
40
Figura 19. Estrutura da quercetina e localização das bandas referentes aos
sistemas Benzoil e Cinamoil.....................................................................................
46
Figura 20. Espectros de UV-Vis correspondentes a formação do complexo entre
miricetina e Cu(II) em metanol. Os números nos espectros indicam a fração
molar fração da miricetina (
Χ
miricetina
), C
Cu(II)
e C
miricetina
= 0,05 mmol.L
-1
....................
47
Figura 21. Variação da absorbância em 440 nm em função da fração molar da
miricetina...................................................................................................................
48
Figura 22. Espectros de UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre a
miricetina e Al(III) em metanol, C
miricetina
= 0,032 mmol.L
-1
........................................
49
Figura 23. Variação da absorbância em 447 nm. A concentração da miricetina foi
mantida constante C
miricetina
= 0,032 mmol.L
-1
...........................................................
50
vii
Figura 24. Espectros de UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre a
fisetina e Al(III) em metanol, C
fisetina
= 0,025 mmol.L
-1
..............................................
51
Figura 25. Variação da absorbância em 453 nm. A concentração da fisetina foi
mantida constante C
fisetina
= 0,025 mmol.L
-1
..............................................................
51
Figura 26. Mecanismo proposto para a complexação da quercetina/Al(III)...............
52
Figura 27. Estruturas dos flavonóides: (a) miricetina; (b) fisetina.............................
53
Figura 28. Figura 28. Espectros UV-Vis correpondentes a formação do complexo
entre cianidina e Al(III) em metanol. Os números nos espectros indicam a fração
molar da cianidina (
Χ
cianidina
), C
Al(III)
e C
cianidina
= 0,05 mmol.L
-1
..................................
54
Figura 29. Variação da absorbância em 573 nm em função da fração molar da
cianidina....................................................................................................................
54
Figura 30. Figura 30. Espectros UV-Vis correpondentes a formação do complexo
entre a cianidina e Al(III) em metanol, durante 50 minutos......................................
55
Figura 31. Gráfico das medidas de absorbância (573 nm) em função do tempo
para a complexação entre a cianidina e Al(III)..........................................................
56
Figura 32. Variação da absorbância em 573 nm para a cianidina. A concentração
da cianidina foi mantida constante em C = 0,04 mmol.L
-1
........................................
56
Figura 33. Figura 33. Variação da absorbância em 583 e 574 nm para: (a)
delfinidina; (b) cianidina-3-G. A concentração das antocianidinas foi mantida
constante em C = 0,04 mmol.L
-1
...............................................................................
57
Figura 34. Espectros de UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre
cianidina e Fe(II) em metanol...................................................................................
58
Figura 35. Variação da absorbância em 654 nm. A concentração da cianidina foi
mantida constante C
cianidina
= 0,025 mmol.L
-1
............................................................
59
Figura 36. Espectros de UV-Vis correpondentes a tentativa de complexação
entre cianidina e Cu(II) em metanol. Os números nos espectros indicam a fração
molar
Χ
cianidina
............................................................................................................
60
Figura 37. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina e da interação com
Al(III) em metanol, C
pelargonidina
0,02 mmol.L
-1
, C
Al(III)
= 2,0 mmol.L
-1
..........................
61
Figura 38. Espectros de -0.05792-0.11526320.115971(e)-104.328(f)-11.6423(u)-0.115971()556l93(u.11597(o)-0.115971( )-127.5(U).8131(o))-4.97439(-)-2.98695(V)6.613l93(u.11597(e)-0.115971( )-127.5(d)-0.1111597(m)-12.7596(-0.115971(t))-0.115971(e)11.4698(l)1.86967(a)-0.115971(r)-2.98695(g)-0.11597111597.115971(n)]TJ257.4012.7596()1.86967(d)-0.115971(i)1.86967(n)-0.115971(a)-0.115564(-)-2.15971(a)G-11.6423(93(u.11597(a)-0.115971( )-111597(me)-0.115971( )-127.5(d)-0.11.11597()1.86967(d)-0.115971(i-0.115971( )-278.114(t)-n)11.4698(t)-11.6423(r)-2.98695(a)-0.115971(ç)1.8131(ã)-0.115971(o)11.11597.)278.001]TJ-249.233 -11.88 Td[(c)-9.77264(a)112.7596(e)11.4698(t)-00.115971(ou0.115971( )-57.9853(í)112.7596(e))1.87109(a)-0.115971(nç)1.8131(ã)-0.112.7596(e)-0.115971( )-57.9853(e)0.115564(i)4.3439( )-11.6437(m)-12.7537(9.77264(t)-0.0579853(a0.115971(n)-0.115971(o)-0.115971(l)1.87109[(,)-11.853( )-0.0579853(C)722]TJ/R12 6.54237.882.9.56 0 0 1 )-13.706942.64 Tm[(p)4.670[(c)-14.5729((l)19.847(a)-13.7069(r)2.20298(g)-13.7069(o)-1.670[(n)-13.7069(i)1.46716(d)-13.7069(i)-13.7063 1 397.92 23)-13.7069( 1 301.44 G6.84 Tm[(-)20.5806(1)]TJ/R12 10.3772 T2f0-)28056 0 0e)23.0555(m.08 Tm[( )-0.056571(=08 Tm[( )-0.0579853(0)11.4698(,)-1115971(2)-0.115971(5)11.4698( )-0.57.9853()-1.17385(m)-.7596(o)-0.115971(l)13.4554(.)-11.6423(L)556]TJ/R12 6.542.1118828(I)056 0 0 1 247.2 396.84 Tm[(-)20.5806(1)]TJ/R12 10.3772 Tf0.-)28056 0 0,)11.5292(e)23.0555(m)-1.6423( )-0.056571(C)721.999]TJ/R12 6.5425971282.9.56 0 0 1 246.48 569.76 Tm[(A)5.4065(l)1.46716(()2.20298(I)2.33758(I)2.3375Tm[(-)20.5806(1)]TJ/R12 10.37793.882-)28056 0 0e)23.0555(m.08 Tm[( )-0.056571(=-127.501(3)-=)16.2981( )-11.6437(0)-0.115971(,)-)-0.115971(5)11.4698( )-0.57.9853()-115971(n)-0.2533712ol.L
-1
viii
Figura 42. Espectros de absorção UV-Vis da delfinidina e de seus respectivos
complexos, em metanol, (a) e (c) = C
delfinidina
= 0,05 mmol.L
-1
, C
Al(IIII)
= 0,05
mmol.L
-1
, Fe
(II)
= 0,05 mmol.L
-1
, *C
delfinidina
= 0,025 mmol.L
-1
e C
Al(III)
= 0,025
mmol.L
-1
; (b), (d) e (e) = C
delfinidina
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Cu(II)
= 10,0 mmol.L
-1
, C
Ni(II)
=
4,0 mmol.L
-1
e C
Zn(II)
= 4,0 mmol.L
-1
.........................................................................
70
Figura 43. Espectros de absorção UV-Vis da cianidina e de seus respectivos
complexos, em metanol, (a) e (c) =.C
cianidina
= 0,05 mmol.L
-1
, C
Al(IIII)
= 0,05 mmol.L
-
1
, Fe
(II)
= 0,05 mmol.L
-1
, *C
cianidina
= 0,025 mmol.L
-1
e C
Al(III)
= 0,025 mmol.L
-1
; (b),
(d) e (e) = C
cianidina
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Cu(II)
= 10,0 mmol.L
-1
, C
Ni(II)
= 2,0 mmol.L
-1
e
C
Zn(II)
= 10,0 mmol.L
-1
...............................................................................................
71
Figura 44. (a) Mudança de coloração observada na interação entre a cianidina-3-
G os íons metálicos. Espectros de absorção UV-Vis da cianidina-3-G e de seus
respectivos complexos, em metanol, (b) e (d) = C
cianidina-3-G
= 0,05 mmol.L
-1
, C
Al(IIII)
= 0,05 mmol.L
-1
, Fe
(II)
= 0,05 mmol.L
-1
, *C
cianidina-3-G
= 0,025 mmol.L
-1
e C
Al(III)
=
0,025 mmol.L
-1
; (c), (e), (f) = C
cianidina-3-G
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Cu(II)
= 10,0 mmol.L
-1
,
C
Ni(II)
= 2,0 mmol.L
-1
e C
Zn(II)
= 2,0 mmol.L
-1
..............................................................
72
Figura 45. (a) Espectros UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre
delfinidina e Cu(II) em metanol, durante aproximadamente 30 minutos. (b)
Gráfico das medidas de absorbância (548 nm) em função do tempo para a
interação entre a delfinidina e Cu(II).........................................................................
73
Figura 46. Estrutura proposta para a complexação entre Malvina e Ferro(III)......... 74
Figura 47. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina-3-G e da interação
com Al(III), Cu(II) e Fe(II) em metanol, C
pelargonidina-3-G
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Al(III), Cu(II),
Fe(II)
= 10,0 mmol.L
-1
...................................................................................................
75
Figura 48. Espectros UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da
delfinidina (a) e (b) em função da variação de pH....................................................
79
Figura 49. Espectros UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da
cianidina (a) e (b) e cianidina-3-G (c) e (d) em função da variação de pH...............
80
Figura 50. Espectros de UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais
da pelargonidina (a) e (b) e pelargonidina-3-G (c) e (d) em função da variação de
pH.............................................................................................................................
81
Figura 52. Espectros de absorção na região do Infravermelho da fisetina e seus
respectivos complexos..............................................................................................
86
Figura 53. Espectros de absorção na região do infravermelho da delfinidina e do
complexo com Al(III).................................................................................................
87
Figura 54. Espectro Raman: metanol, cianidina (0,05 mmol.L
-
1
), cianidina
(0,05 mmol.L
-1
) + Al(III) (10,0 mmol.L
-1
)....................................................................
88
Figura 55. Micrografia das amostras de: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III);
magnificação de 500 vezes. Espectros Raman das amostras de: (c) delfinidina,
(d) delfinidina/Al(III)...................................................................................................
89
Figura 56.
Curvas TG e DTA para o complexo: (a) Fisetina/Zn(II) e (b)
Fisetina/Cu(II) em atmosfera de ar sintético, velocidade de 20°C/min.....................
91
ix
Figura 57. Voltamogramas cíclicos da miricetina e seus respectivos complexos
em metanol, 1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio, 50 mV.s
-1
..........................
95
Esquema 1. Representação da relação atividade antioxidante e oxidação
eletroquímica para os flavonóides............................................................................
92
Figura 58. Voltamogramas cíclicos da fisetina e seus respectivos complexos em
metanol, 1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio, 50 mV.s
-1
................................
96
Figura 59. Fatores essenciais para elevada atividade antioxidante......................... 97
Figura 60. Voltamogramas Cíclicos da miricetina 0,5 mmol.L
-
1
em tampão
McIlvaine, ν = 50 mV.s
-1
:...........................................................................................
98
Figura 61. Variação de Epa da miricetina em função do pH.................................... 98
Figura 62. Voltamogramas Cíclicos da fisetina 0,5 mmol.L
-1
em tampão
McIlvaine, ν= 50 mV.s
-1
:............................................................................................
99
Figura 63. Variação de Epa da fisetina em função do pH........................................ 99
Figura 64. Voltamogramas cíclicos: (a) delfinidina, (b) cianidina, (c) pelargonidina,
(d) cianidina-3-G e (e) pelargonidina-3-G em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio, 100 mV.s
-1
.................................................................................
101
Figura 65. (a) Voltamogramas clicos da delfinidina em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio..............................
103
Figura 66. (a) Voltamogramas clicos da cianidina em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio..............................
104
Figura 67. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio..............................
105
Figura 68. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio..............................
106
Figura 69. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina-3-G em várias
velocidades de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial, ν = 10 mV.s
-1
,
(c) Gráfico de I
pa
vs ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio...
108
Figura 70. (a) Voltamogramas cíclicos da delfinidina 0,1 mmol.L
-1
em tampão
McIlvaine, ν = 100 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da delfinidina em função do pH......
109
Figura 71. (a) e (b) Voltamogramas de pulso diferencial da cianidina 0,1 mmol.L
-
1
em tampão McIlvaine, ν = 10 mV.s
-1
, (c) Variação de E
pa
da cianidina em função
do pH. ......................................................................................................................
110
Figura 72. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina 0,1 mmol.L
-
1
em tampão
McIlvaine, ν = 50 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da pelargonidina em função do pH...
111
x
Figura 73. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G 0,1 mmol.L
-
1
em tampão
McIlvaine, ν = 100 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da cianidina-3-G em função do pH,
(c) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G em várias velocidades de varredura,
tampão McIlvaine, pH = 6,94, (d) Gráfico de I
pa
vs ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
,
McIlvaine, pH = 6,94.................................................................................................
112
Figura 74. (a) Voltamogramas Cíclicos da pelargonidina-3-G 0,01 mmol.L
-
1
em
tampão McIlvaine, ν = 100 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da pelargonidina-3-G em
função do pH.............................................................................................................
113
Figura 75. Espectros de RMN H
1
da cianidina (a) e do complexo contendo o íon
Al(III) (b) em CD
3
OD.................................................................................................
114
Figura 76. Estruturas dos complexos contendo miricetina como ligante..................
116
Figura 77. Estruturas dos complexos contendo fisetina como ligante......................
116
Figura 78. Estrutura proposta para os complexos contendo cianidina como
ligante.......................................................................................................................
116
Figura 79. Diminuição da absorbância em 515 nm de uma solução de DPPH
(59,55 µmol.L
-1
) em metanol na presença da delfinidina..........................................
117
Figura 80. (a) Variação da absorbância em 515 nm da solução de DPPH
(59,55
µmol.L
-1
) em função do tempo na presença da delfinidina. (b) Diminuição da
concentração do radical DPPH
em função da concentração usada para a
delfinidina. Determinação do valor de EC
50
para a delfinidina..................................
118
Figura 81. Valores de EC
50
(µmol.L
-
1
) para as antocianinas e antocianidinas,
livres e coordenadas.................................................................................................
120
Esquema 2. Possível explicação para o efeito sinérgico entre as antocianinas e o
ácido ascórbico.........................................................................................................
121
Figura 82. Variação de absorbância com o tempo para a) cianidina (525 nm) b)
cianidina/Al(III) (550 nm)...........................................................................................
123
Figura 83. Gráficos da variação de absorbância com o tempo para a cianidina,
cianidina/Al(III), delfinidina, delfinidina/Al(III), pelargonidina e pelargonidina-3-G....
124
Figura 84. Conformações da delfinidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)
hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.......................
126
Figura 85. Conformações da cianidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)
hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.......................
126
Figura 86. Conformações da pelargonidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p);
(a) hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.................
128
Figura 87. Geometria de equilíbrio: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c)
pelargonidina no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-31+G(d,p)...................................
131
Figura 88. Geometrias de equilíbrio: (a) delfinidina/Al(III), (b) delfinidina/Zn(II), (c)
cianidina/Al(III) e (d) cianidina/Zn(II) no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-
31+G(d,p), com uso do ECP para os metais............................................................
132
Figura 89. Superposição estrutural: (a) cianidina/Al(III); (b) delfinidina/(III). = 6-
31+G(d,p) e = ECP para Al(III) e 6-31+G(d,p) para C, H e O...............................
134
xi
Figura 90. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c)
pelargonidina (distâncias dadas em Ǻ).....................................................................
136
Figura 91. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III), (c)
delfinidina/Zn(II) (distâncias dadas em Ǻ)................................................................
137
Figura 92. Geometrias de equilíbrio da: (a) cianidina, (b) cianidina/Al(III), (c)
cianidina/Zn(II) (distâncias dadas em Ǻ)...................................................................
139
xii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Parâmetros estruturais do índice HOMA para sistemas
heteroaromáticos......................................................................................................
45
Tabela 2. Dados do UV-Vis para a miricetina e fisetina e seus respectivos
complexos com Al(III), Cu(II), Fe(II), Ni(II) e Zn(II) ..................................................
67
Tabela 3. Dados do UV-Vis para os ligantes e complexos com miricetina e
fisetina.......................................................................................................................
76
Tabela 4. Dados de microanálise dos complexos com miricetina e fisetina.............
76
Tabela 5. Dados de Infravermelho (cm
-1
) para os
ligantes e respectivos
complexos.................................................................................................................
84
Tabela 6. Valores de condutâncias molares dos complexos....................................
90
Tabela 7. Dados termogravimétricos dos complexos com fisetina como ligantes... 92
Tabela 8. Potenciais de oxidação dos ligantes e complexos (vs Ag/AgCl, ν = 50
mV.s
-1
)......................................................................................................................
94
Tabela 9. Potenciais de oxidação para as antocianinas e antocianidinas os
ligantes (vs Ag/AgCl, ν = 100 mV.s
-1
) ......................................................................
102
Tabela 10. Dados de
1
H
, da cianidina e do complexo alumínio/Al(III) em
CD
3
OD, δ (ppm)........................................................................................................
115
Tabela 11. Valores das capacidades antioxidantes dos compostos isolados e na
mistura antocianina-ácido ascórbico.........................................................................
122
Tabela 12. Energia eletrônica (E), energia do ponto zero (ZPE), energia
eletrônica corrigida pela ZPE (E+ZPE), energias relativas (E+ZPE) e energia de
complexação (E
complex
)..............................................................................................
129
Tabela 13. Propriedades moleculares para a delfinidina, delfinidina/Al(III) e
delfinidina/Zn(II)........................................................................................................
130
Tabela 14. Propriedades moleculares para a cianidina, cianidina/Al(III),
cianidina/Zn(II) e pelargonidina.................................................................................
130
Tabela 15. Distâncias interatômicas (em Å) para a delfinidina, delfinidina/Al(III)
delfinidina/Zn(II)........................................................................................................
140
Tabela 16. Distâncias interatômicas (em Å) para a cianidina, cianidina/Al(III) e
cianidina/Zn(II)..........................................................................................................
141
Tabela 17. Distâncias interatômicas (em Å) para a pelargonidina, obtidas no nível
B3LYP/6-31+G(d,p)..................................................................................................
142
Tabela 18. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da
delfinidina, delfinidina/Al(III), e delfinidina/Zn(II).......................................................
143
Tabela 19. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da
cianidina, cianidina/Al(III), cianidina/Zn(II) e pelargonidina......................................
144
xiii
Tabela 20. Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a delfinidina,
delfinidina/Zn(II) e delfinidina/Al(IIII).........................................................................
146
Tabela 21. Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a cianidina, cianidina/Zn(II)
e Cianidina/Al(III)......................................................................................................
147
Tabela 22. Cargas atômicas (Mulliken) na molécula de pelargonidina, no vácuo,
obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p)........................................................................
148
Tabela 23. HOMA, EN e GEO para o anel C da delfinidina e respectivos
complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e
Zn(II) e pelargonidina................................................................................................
150
Tabela 24. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o
anel C da delfinidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e
respectivos complexos com Al(III) e Zn(II) e pelargonidina......................................
150
Tabela 25. HOMA, EN e GEO para os anéis A e B da da delfinidina e respectivos
complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e
Zn(II) e pelargonidina................................................................................................
151
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
LDL – Lipoproteína de Baixa Densidade
SOD – Superóxido Dismutase
ε – Absortividade Molar
DFT – Teoria do Funcional de Densidade
ECP – Potencial Efetivo de Caroço
Cianidina-3-G – Cianidina-3-Glicosídeo
Pelargonidina-3-G – Pelargonidina-3-Glicosídeo
(DPPH
) – 1,1-Difenil-2-Picril-Hidrazil
TG – Termogravimetria
DTA – Análise Térmica Diferencial
λ
max
– Comprimento de Onda de Absorção Eletrônica Máxima
RMN – Ressonância Magnética Nuclear
HPLC – Cromatografia Líquida de Alto Desempenho
HOMO – Orbital Molecular Ocupado de Mais Alta Energia
LUMO – Orbital Molecular Vazio de Mais Baixa Energia
RMS – Root Mean Square
INTRO DUÇÃO
1
I. INTRODUÇÃO
I.1-POLIFENÓIS
Uma ampla variedade de substâncias constitui os compostos designados
polifenólicos, ou simplesmente polifenóis que estão presentes na natureza,
encontrados em frutos, vegetais, sementes, flores e cascas e que possuem como
característica principal a presença de múltiplos grupos funcionais do tipo fenol.
Os compostos fenólicos são responsáveis por diversas funções, tais como a
coloração das folhas e frutas, não menos importantes também, atraindo ou repelindo
os insetos, e protegendo plantas de herbívoros.
Polifenóis o estruturas formadas por mais de um anel aromático, que
apresentam pelo menos um grupo hidroxila ligado em cada anel. Baseado em sua
estrutura química, os polifenóis podem ser divididos em pelo menos dez classes
diferentes, sendo que as principais o: os flavonóides, taninos e ácidos fenólicos e
derivados
[1]
.
Ácidos fenólicos, flavonóides, estilbenos, e lignanas o os mais abundantes
polifenóis encontrados em plantas, sendo que, os flavonóides e ácidos fenólicos
contribuem em 60% e 30%, respectivamente, em uma dieta de polifenóis
[2]
.
Os polifenóis podem ser subdivididos em diferentes subclasses de acordo
com o grau de hidroxilação, saturação, oxidação e das ligações entre os anéis B e C,
dentre as quais podemos destacar as flavonas, flavonols, flavan-3-ols ou flavanols,
isoflavonas, flavanonas, proantocianidina e antocianidinas. A Figura 1 mostra as
principais subclasses dos flavonóides e suas respectivas estruturas.
INTRO DUÇÃO
2
Nos últimos anos estes compostos têm motivado vários estudos, pois foram
relacionados a vários tipos de benefício à saúde, variando desde a prevenção da
cárie
[3,4]
à diminuição do risco de se desenvolver qualquer tipo de câncer
[2,5]
. Muito
se tem dito a respeito da funcionalidade dos polifenóis que apresentam
características anticarcinogênicas, antiaterogênicas (previne obstruções arteriais),
antitrombóticas, antimicrobianas, vasodilatadora, analgésica e antioxidantes.
Numerosos estudos sugeriram que o conteúdo fitoquímico e a correspondente
atividade antioxidante de frutas e legumes levam estes compostos a atuarem como
protetores contra doenças crônicas e degenerativas
[6,7]
. Plantas específicas, com
combinações fenólicas e extratos de frutas que apresentam atividade antioxidante
foram reportados na inibição de mutagênese e carcinogênese
[8,9]
.
INTRO DUÇÃO
3
Epicatequina
(Flavan-3-ol)
Naringenina
(Flavanona)
Miricetina
(Flavonol)
Apigenina
(Flavona)
Genisteína
(Isoflavona)
Delfinidina
(Antocianidina)
Figura 1. Estruturas de importantes subclasses dos flavonóides.
INTRO DUÇÃO
4
I.1.1-Flavan-3-ols
Flavan-3-ols também são conhecidos como flavanols ou catequinas. Dentre
os principais representantes destes compostos estão: a (−)-epigalocatequina-3-
galato (EGCG), a (−)-epigalocatequina, a (−)-epicatequina-3-galato, a (−)-
epicatequina, a (+)-galocatequina, e a (+)-catequina (Figura 2).
Enquanto outros flavonóides ocorrem, nos alimentos, na forma de glicosídeos,
os flavanols são encontrados na sua forma livre.
São encontrados em muitos vegetais, notavelmente em chás, vinhos tintos e
maçãs. As concentrações de catequinas são particularmente altas em favas, uvas,
morangos e damascos; epicatequinas estão presentes em altas concentrações em
maçãs, amoras, chocolates e pêras.
No vinho branco a catequina e a epigalocatequina são os compostos fenólicos
majoritários, pois estão presentes em maiores quantidades no extrato da casca da
uva branca, no tinto a catequina e o ácido gálico são os compostos fenólicos em
maior abundância. Independentemente do vinho, a predominância desses
compostos pode sofrer alterações de acordo com a procedência e o tipo da uva
[10]
.
Os galatos e galocatequinas são encontrados quase que exclusivamente em
chás, especialmente no chá verde. O c verde é uma infusão de folhas apenas
secas, enquanto que o chá preto provém de folhas processadas. No processamento,
as catequinas das folhas sofrem oxidação, o que é muito importante para o
desenvolvimento de cor e sabor da bebida. A oxidação é enzimática, realizada pela
ação da polifenoloxidase presente nos vacúolos das células. Para que ocorra a
liberação da enzima destes vacúolos, as folhas secas devem ser trituradas e
deixadas expostas ao oxigênio do ar
[11]
. Anteriormente acreditava-se que o processo
INTRO DUÇÃO
5
era fermentativo e, por este motivo, é ainda conhecido como “fermentação” para a
produção do chá preto.
Calcular as quantidades diárias de catequinas ingeridas é especialmente mais
difícil se comparado aos outros flavonóides. Isto se deve à faixa de concentrações, e
também às formas de catequinas o-galatos serem bastante difundidas,
complicando assim a estimativa da ingestão diária. Este fato pode levar a um
consumo adicional de fontes de catequinas. A situação é mais evidente nos galatos
e galocatequinas, porque são quase exclusivos no chá verde
[12]
. No cpreto está
dificuldade também é descrita, já que neste o processo de “fermentação” origem
a uma variedade de oligômeros estruturalmente diferentes. No entanto, as quantias
de catequinas monoméricas restantes podem ser prontamente calculadas
[13]
. As
catequinas são moléculas biologicamente ativas, que possuem um vasto leque de
efeitos in vitro, dentre os quais destacam-se os possíveis mecanismos de ação
contra o câncer, em todas as etapas do desenvolvimento da doença
[14]
.
Testes realizados em humanos com catequinas, indicaram um aumento da
capacidade antioxidante do plasma, diminuição das concentrações lipoperóxidos no
plasma e aumento da resistência da LDL (lipoproteína de baixa densidade) a
oxidação
[13]
.
INTRO DUÇÃO
6
(+)-Catequina
(-)-Epicatequina
(-)-Epigalocatequina galato
(-)-Epicatequina galato
(-)-Epigalocatequina
R =
Figura 2. Estruturas dos principais flavanols.
INTRO DUÇÃO
7
I.1.2-Flavonols
Dentre os compostos pertencentes a esta subclasse de polifenóis, destacam-
se o kaempferol, a miricetina e a quercetina (Figura 3), principal representante dos
flavonols e encontrada em altas concentrações em cebolas, maçãs, chás, brócolis,
vinhos tintos e Ginkgo biloba.
Flavonols são metabólitos secundários nas plantas e estão presentes em
níveis variados em frutas habitualmente consumidas. Nos tecidos das plantas os
flavonols são encontrados ligados a açúcares, principalmente glicose, ramnose e
rutinose. A quercetina é encontrada nas frutas na sua forma glicosídica, conhecida
como rutina.
Estes compostos são amplamente estudados, porém, seu teor na dieta é
geralmente bastante baixo. A ingestão diária de flavonols foi estimada em
aproximadamente 20 –35 mg/d
[15-17]
.
INTRO DUÇÃO
8
Miricetina Quercetina
Kaempferol
Figura 3. Estruturas dos principais flavonols.
A quercetina, principal flavonol em muitos alimentos, influencia alguns
marcadores de carcinogêneses e tem pequeno efeito em biomarcadores para
atividade antioxidante de plasma in vivo, embora alguns estudos não tenham
mostrado este efeito
[13]
. Comparado com os efeitos deste polifenol in vitro, os efeitos
in vivo, embora significativos, são mais limitados. As razões para isto são:
falta de validade em biomarcadores ou marcadores biológicos (moléculas que
podem ser medidas experimentalmente e indicam a ocorrência de um determinado
processo em um organismo) in vivo, especialmente na área de carcinogêneses;
– falta de estudos de longo prazo;
falta de entendimento ou consideração da biodisponibilidade nos estudos in vitro,
que subseqüentemente são usados para o projeto de experiências in vivo.
INTRO DUÇÃO
9
Williamson e Manach
[13]
observaram alguns resultados importantes em
estudos in vivo com a quercetina. Vários efeitos positivos foram obtidos utilizando-se
Ginkgo biloba como fonte de quercetina, mas estes podem ser atribuídos também
aos terpenóides que são componentes destes extratos. Outros estudos mostraram
efeitos em biomarcadores antioxidantes, tal como, aumento da capacidade
antioxidante do plasma, função renal alterada, sintomas de prostatites melhorados e
resistência melhorada à oxidação da LDL (pois protegem a LDL contra oxidação,
prevenindo as lesões ateroscleróticas). No entanto, estudos que não mostram
nenhum efeito nestes biomarcadores. Apesar da falta de evidências em relação aos
efeitos positivos da quercetina in vivo, em seres humanos, numerosos estudos
promissores
[18-20]
das propriedades da quercetina in vitro. A discrepância aparente
entre estudos in vitro e in vivo pode ser atribuída parcialmente à absorção e ao
metabolismo
[13]
.
Deparar-se com um quadro pleno da absorção e metabolismo dos flavonols é
essencial para poder detectar e quantificar todos os metabólitos importantes no
plasma e na urina, e isto implica na utilização de uma metodologia analítica
apropriada e a utilização de técnicas avançadas.
Geralmente, a quercetina não é encontrada no plasma na sua forma livre e
sim comumente conjugada com glicuronídeos e sulfatos
[21]
.
Embora as informações sobre as propriedades destes conjugados in vitro
sejam bastante limitadas, pode-se concluir que estes compostos apresentam
propriedades quantitativas diferentes e são biologicamente menos ativos quando
comparado com a forma não conjugada
[22,23]
.
Estes conjugados não estão disponíveis comercialmente, o que dificulta sua
análise direta. Deste modo, em estudos iniciais com a quercetina, os derivados que
INTRO DUÇÃO
10
se acumulavam nas amostras de plasma e urina, eram tratados com ácidos ou
enzimas glicuronidase/sulfatase para liberar estes conjugados e assim efetuar a
análise quantitativa por HPLC
[24,25]
. Mais recentemente, o uso de HPLC-MS
2[26]
mostrou resultados promissores na análise destes conjugados, sem a utilização de
tratamentos prévios com ácidos ou enzimas.
Por se tratar de uma área de estudo recente, apesar dos inúmeros trabalhos
descritos em literatura, um maior número de pesquisas sobre o mecanismo biológico
destas substâncias torna-se necessário para determinar seus efeitos benéficos com
mais exatidão.
I.1.3-Flavanonas
As Flavanonas são comumente encontradas em frutos cítricos e representam
um grupo menor em relação aos outros flavonóides. Como componentes desta
classe destacam-se a hesperetina (limão, lima e tangerina) e naringenina (grapefruit,
também conhecida como pomelo). Estes compostos são encontrados em
concentrações mais altas nas cascas das frutas do que propriamente em seu interior
ou no suco. A Figura 4 mostra a descrição taxonômica e quantitativa das flavanonas
contidas em pomelos (grapefruit), limões e limas do gênero cítrico.
INTRO DUÇÃO
11
CITRUS
Grapefruit
X paradisi
Marsh, Thompson
Red Blush, Ruby Red
Limão
Limon
Eureka, Indian
Lisbon, Splendor
Lima
Aurantiifolia
Indian, Key
Mexica, West Indian
Flavanona
30 mg aglicona / 100 g
Moderada Flavanona
26 mg aglicona / 100 g
Flavanona
17 mg aglicona / 100 g
Nome comum
Nome da espécie
variedade
Figura 4. Descrição taxonômica e quantitativa das flavanonas contidas em pomelos
(grapefruit), limões e limas do gênero cítrico
[27]
.
Diversos estudos realizados em animais e humanos apontam que ambas as
formas de hesperidina e naringina (glicosídeos), são provavelmente hidrolisadas por
colônias de bactérias na parte distal do intestino e no cólon às suas agliconas livres,
hesperetina e naringenina (Figura 5) respectivamente, sendo absorvidas no sistema
circulatório como glicuronídeos e sulfatos conjugados
[28,29]
.
Naringenina Naringina
Hesperetina Hesperidina
Figura 5. Estruturas das principais flavanonas.
INTRO DUÇÃO
12
As agliconas também foram degradadas a simples fenóis e ácidos fenólicos
através da quebra do anel C por enzimas da microflora intestinal em humanos e
animais
[30]
.
Em hamsters com hipercolesterolemia, a combinação de um extrato rico em
flavanona e ácido ascórbico diminuiu a quantidade de lipídeos e outros fatores
relacionados com a aterosclerose
[31]
. em ratos com câncer de cólon induzido, a
utilização de hesperidina foi apontada como um fator na diminuição da incidência de
tumores
[32]
.
No trabalho descrito por Kanaze et al
[33]
, o primeiro a avaliar os parâmetros
farmacocinéticos no plasma e urina das agliconas hesperetina e naringenina, foi
observado em seres humanos, que a velocidade de absorção da destes compostos
foi bastante rápida, após uma única administração oral de formulações de
dispersões lidas, do que em estudo prévio
[34]
, após a administração oral de seus
glicosídeos, hesperidina e naringenina, puros ou na forma de sucos cítricos.
I.1.4-Flavonas
Flavonas são compostos menos comuns do que os flavonols em frutas e
legumes. As flavonas são formadas principalmente por glicosídeos de luteolina e
apigenina (Figura 6). Dentre os compostos fenólicos, os mais característicos nos
grãos de cereais são as flavonas, como a luteolina
[35]
.
O suco de frutas cítricas contém quantidades mínimas de flavonas relevantes,
ao contrário, a casca, contém uma concentração 20 vezes maior da substância
[36]
.
As flavonas mais comumente encontradas em frutas cítricas são as polimetoxiladas:
tangeretina, nobiletina, e sinensetina (até 6.5 g/L de óleo essencial de tangerina)
[37]
.
INTRO DUÇÃO
13
Luteolina Apigenina
Figura 6. Estruturas das principais flavonas.
I.1.5-Isoflavona
Dentre as várias subclasses de flavonóides, as isoflavonas destacam-se por
serem as mais estudadas, com um vasto número de artigos publicados.
As isoflavonas podem ocorrer em diversas formas moleculares: malonil e
beta-glicosídeos, que são encontradas naturalmente nos grãos e na farinha de soja.
Quando a soja in natura é submetida a processamentos, onde sejam utilizadas altas
temperaturas e pressão, elas são convertidas nas formas acetil e estas, nas formas
glicosídicas
[38]
. Os processos fermentativos podem converter os glicosídeos em
agliconas correspondentes, devido ao aumento na atividade da enzima beta-
glicosidade
[39]
.
Três tipos de isoflavonas destacam-se: a genisteína, a daidzeína e a gliciteína
(Figura 7) e suas respectivas formas glicosiladas, a genistina e a glicitina
[40]
.
INTRO DUÇÃO
14
Figura 7. Estruturas das principais isoflavonas.
Estes compostos o conhecidos também como fitoestrógenos por
apresentarem semelhança estrutural com os hormônios estrogênicos, encontrados
em maior concentração nas mulheres. Embora não sejam esteróides, eles têm
grupos hidroxilas nas posições 7 e 4', correspondendo a uma configuração análoga
àquelas observadas na molécula de estradiol. Esta característica confere
propriedade pseudo-hormonal a estes compostos, inclusive a habilidade de ligar-se
a receptores de estrogênio. Esta particularidade tem despertando a atenção de
muitos pesquisadores para suas propriedades fisiológicas, na reposição
hormonal
[41,42]
.
O consumo de soja e derivados tem sido associado à redução do risco de
doenças crônicas
[43,44]
. As isoflavonas, compostos fenólicos encontrados na soja,
estão envolvidas em atividade anticarcinogênica, redução da perda de massa óssea
e diminuição do colesterol sérico
[45-47]
. A presença e a concentração das isoflavonas
Genisteína Daidzeína
Gliciteína
INTRO DUÇÃO
15
nos produtos à base de soja dependem das condições de processamento,
principalmente a temperatura de tratamento do material. Produtos não-fermentados
têm concentrações de isoflavonas duas a três vezes maiores que os fermentados,
entretanto, a distribuição dos constituintes difere nestes dois grupos: produtos
fermentados apresentam predominantemente agliconas enquanto os não-
fermentados apresentam maiores concentrações de beta-glicosídeos
[48,49]
.
Estudos recentes comprovam que a administração de isoflavonas purificadas
produz efeitos biológicos menos significativos na redução do risco de doenças, do
que aqueles produzidos pelo consumo de isoflavonas e proteínas da soja
[50]
.
Atualmente, preconiza-se que a ingestão de 25 g de proteínas de soja associados à
cerca de 30-50 mg de isoflavonas diariamente, são capazes de reduzir o colesterol
sérico
[51]
.
Em geral as populações ocidentais consomem níveis baixos de isoflavonas
porque poucas comidas típicas da dieta ocidental incluem a proteína de soja ou
outros alimentos nos quais as isoflavonas estão associadas. A ingestão média diária
de isoflavonas na população ocidental é desprezível (<1 mg/d)
[52]
e a falta destes
compostos é vista como uma explicação para a disparidade nas taxas de incidência
de doença entre as populações ocidentais e asiáticas.
Estimativas mais recentes das quantias de alimentos a base de soja
consumidas no Japão indicam um influxo de 11–40 mg/d (reportados como
agliconas equivalentes para padronizar doses entre comidas diferentes) em
adultos
[53]
.
INTRO DUÇÃO
16
I.1.6-Antocianinas
As Antocianinas são conhecidas como o maior e mais importante grupo de
pigmentos solúveis em água encontrado na natureza
[54-56]
. São responsáveis pela
maioria dos azuis e vermelhos das flores e frutos. Soluções destes compostos in
vitro, a valores de pH existentes nos vacúolos, são geralmente incolores
[57]
.
A palavra antocianina derivou de duas palavras gregas: anthos, que significa
flor, e kyanos, que significa azul, revelando sua importante característica como um
corante natural
[58]
.
As antocianinas são sais derivados do cátion flavílio, 2-fenilbenzopirílio
(Figura 8), que é formado por um sistema de dezesseis átomos, quinze carbonos e
um oxigênio, todos com hibridização sp
2
. Isto significa que dezesseis orbitais
moleculares deslocalizados, dos quais oito são ligantes e oito são antiligantes. Dos
dezessete elétrons π, um elétron ocuparia um orbital antiligante, sendo facilmente
removido, originando a forma catiônica.
a b
Figura 8. (a) Estrutura do cátion 2-fenilbenzopirílio, (b) antocianinas.
As formas de antocianinas diferem entre si pelo número de grupos hidroxílicos
e/ou metoxílicos presentes na aglicona, pela natureza, número e posição dos
açúcares e de ácidos alifáticos ou aromáticos ligados à molécula de úcar, o que
confere grande diversidade a esse grupo de substâncias
[59]
.
O
A
B
C
+
2
3
'
4'
2'
5'
6'
3
4
5
6
7
8
O
OR
3
OR
4
H
O
+
R
1
O
H
R
2
INTRO DUÇÃO
17
Entre as antocianidinas (agliconas), as mais comuns nos alimentos
[60]
são:
pelargonidina, cianidina, delfinidina, peonidina, malvidina e petunidina (Figura 9).
As antocianinas livres são raramente encontradas em plantas, ocorrendo
comumente na forma glicosilada com úcares que estabilizam a molécula. A
glicosilação pode ocorrer em várias posições, sendo observada com maior
freqüência na posição 3. Os açúcares mais freqüentemente ligados as
antocianidinas são a glicose, a arabinose, a galactose, a ramnose e a xilose. Em
menor intensidade são encontrados di e trissacarídeos
[61]
. Em muitos casos os
resíduos de açúcar são acilados pelos ácidos p-cumárico, cafeíco, ferrúlico,
malônico, p-hidroxibenzóico, oxálico, málico, succínico ou acético
[62]
.
INTRO DUÇÃO
18
Delfinidina
Peonidina
Cianidina
Petunidina
Pelargonidina
Malvidina
Figura 9. Antocianidinas comumente encontradas em flores.
Dependendo do grau de acidez ou alcalinidade, as antocianinas adotam
diferentes estruturas químicas em meio aquoso. Cada uma dessas estruturas
INTRO DUÇÃO
19
apresenta absorção característica na região do espectro visível
[63]
. Em meio ácido e
temperatura de 25
o
C quatro estruturas coexistem em equilíbrio: o cátion flavílio, a
base quinoidal, a chalcona e a hemiacetal. Entretanto, somente o cátion flavílio e a
base quinoidal apresentam coloração, a chalcona e o hemiacetal são formas
incolores (Figuras 10 e 11).
-β-D-Glc
-β-D-Glc
-β-D-Glc
base quinoidal
- H
+
+ H
+
formas coloridas
cátion flavílio
- H
2
O / + H
+
+ H
2
O / - H
+
-β-D-Glc
-β-D-Glc
cis-chalcona
trans-chalcona
-β-D-Glc
OH
formas menos coloridas
(pH 1-3)
(pH 4-5)
hemiacetal
(pH 6-7)
Figura 10. Possíveis mudanças estruturais das antocianinas em meio aquoso em
função do pH.
INTRO DUÇÃO
20
pH
Figura 11. Variação de coloração da pelargonidina em função do pH.
Entre as inúmeras funções destes compostos, uma das mais importantes é a
de agir como atraentes de insetos e pássaros, com o objetivo de polinizar e
dispersar as sementes, sendo assim um dos responsáveis pela grande interação
entre plantas e animais
[64]
. Outra função consiste na sua atividade inibidora sobre o
crescimento de larvas de alguns insetos.
O uso de extratos antociânicos como corantes naturais desperta amplo
interesse, entretanto, este uso é bastante limitado em decorrência da grande
instabilidade desses compostos a vários fatores, dentre os quais destacam-se a luz
e a temperatura de congelamento.
Os resultados de uma pesquisa, reportados por Manach et al
[65]
, mostraram a
biodisponibilidade de antocianinas em seres humanos. Doses únicas de 150 mg a 2
g de antocianinas foram administradas a voluntários, em forma de extratos de
amoras, sendo que após alguns minutos estas estavam na corrente sanguínea.
Depois de ingeridas, as concentrações de antocianinas medidas no plasma foram
baixas, no entanto o tempo médio para alcançar a concentração máxima foi de 1,5 h
para plasma e 2,5 h para urina, tempos estes, muito mais curtos do que os
encontrados para os outros flavonóides. A maioria dos estudos revelou excreções
INTRO DUÇÃO
21
urinárias relativamente baixas em relação a outros flavonóides, embora Lapidot et
al
[66]
e Felgines et al
[67]
tenham observado níveis mais altos de excreção de
antocianinas após o consumo de vinho tinto ou morango. Destaca-se que as
antocianinas foram rapidamente absorvidas e eliminadas, no entanto esta aparente
absorção foi ineficiente.
Embora a biodisponibilidade de antocianinas pareça baixa, duas razões
principais podem ter sido subestimadas, isto é, algum metabólito importante talvez
tenha sido ignorado ou os métodos usados necessitem ser otimizados para a análise
dos metabólitos das antocianinas. As diferentes formas químicas das antocianinas
estão presentes em equilíbrio, dependendo do pH. Na maioria dos estudos, a
quantificação foi feita por detecção ultravioleta-visível, por conversão completa de
todas as formas químicas de antocianinas à forma de cátion flavílio colorido, com
acidificação. No entanto, é possível que algumas formas existentes em pH neutro
não sejam convertidas na forma de flavílio, devido a algumas reações químicas com
outros componentes do plasma ou urina, por exemplo. O principal questionamento
em diversos artigos, são as importantes diferenças no metabolismo das antocianinas
quando comparadas a outros polifenóis. Enquanto os outros flavonóides são
geralmente recuperados no plasma e urina como sulfato, metil ou ácido glicurônico
conjugados, com nenhum ou somente traços de suas formas intactas, para as
antocianinas, os glicosídeos inalterados foram o único metabólito identificado na
maioria de estudos.
INTRO DUÇÃO
22
I.1.7-Copigmentação das Antocianinas
Na natureza, moléculas de antocianinas estão freqüentemente associadas à
moléculas incolores (copigmentos) que exercem efeitos determinantes sobre a cor
dos vegetais. Na faixa de pH ligeiramente ácida para neutra, em que se enquadra
grande parte dos vegetais, as antocianinas apresentam-se incolores. Entretanto, as
antocianinas encontram-se sempre associadas às partes coloridas das plantas
indicando que fatores físico-químicos incomuns devem estabilizá-las naturalmente.
Um desses fatores pode ser a presença de compostos chamados copigmentos, seg1( )-137.689(n9(f)-9.7856618(,)0.874347( )-74609(s)11.617674713(t)0.87304( )278]TJ-273.960221(e( )-63.0792(c)-0.95892(u)1.74609 )-4461.7176(a)1.747399(-)2.544(e)1.74739(v12.4048(í)-9)1.74739(t)0.873046ó9)1.74739(q)1.74609(u(e)1.74739(s)-0.95892( )-52.420 )-457.451(t)0.873046ã9o-1.74739( )-9.873046(i)-1.83327(a)1.746609(n)-8.91262(i)8.82674(n)-8.91262â(d)-8.91262(e)12.40(n)-8.91262(n)1.74609(s)-0.9602289(h)1.74609,(t)-9.78436(r4461.78(m)-9.03752ln)-8.91262(n)(e)12.4048(-9.03752ln)-8.91262ós m89(h)1.74609,(t)-9.78436(r4461.78(m)-0.874347(o)1.74869(n)-8.91262na)1.7461.784de.03752(á(n)-8.91262(i)8.82674(n)-8.91262(c)-0.960221(o)12.4048(h)1.74609,(.74739(1( )-457.4509(a)-8.91001( )-105.713(p)-8.91262(a)1.746021(o)12.4048(p)1.74609(i784.134( )-148.348n)12.4048(a)1.743.96â)-20.4431( )8(,)0.874347( )-74ce)1.74739(go1( )]TJ-308.39 -25.9,)-2.79219(m)-9.03752(61.784d27(é)1.74739(c)-0.95892(s)-0.95892(,)0.873046( )-874739(d)1.747399(s)-0.960221( )-84.3953()1.74609(i)-1.8332u)0.873046(r)-8.0786((i)-1.83327(s)-0.9589os)-0.95892( )-52.42092(o)1.7460d9)1.74739(e9)1.74739(o)1glés , e21(o)12.4048(h)112.404( )-116.371(q)1.74609(1( )-105.713(,)0.87434js)-0.959323(.)-9.784(q)1.74609(3 0 Td[(e)1)-148.348pmlnecraéa#259 0 044180521282([cr)235d[(6)15.1.2478g].86652(a)1.74739( )84()-14.0722(#2724739784. 0 cm .T/R2(a41.74739( )-.125991.6211 BT/R2(a)1.74739( )u)-74604( )(é)1.74739A)12.4048(t(e)1.74869((g)1.74739(m)-)1.7473p( )-874739(d)95892(g)-)1.7473(e)12.4048( )-1275892(i)-1.83327(a)1.7486(e)1.74739(çg)1.74739(ãu)1.74739(e)12.4061( )1.74869( )-12758921(e)12.4061e-8.91262(n)( )-137.689(e)1.74609(f)74609(s)-11.6189(e(,)0.87434(s)-0.95892(s)1.6189(e)-8.91262()1)-148.348pomee846 0 Td[(8(d)-8.91262(e)12.402(à)1.74609(s)-0.9607(o)1.74869(s)-0.957618(,0.4431(a)12.4074(na(m)-9.037ln)-8.91262(e)o)1.74262(e)12.40a)1.74609(q)1oceendbia3(.)-9.784(q)o.qe-
INTRO DUÇÃO
23
dos cromóforos. Estas interações são provavelmente forças fracas, ou seja,
interações hidrofóbicas
[71]
.
Figura 12. Modelo para copigmentação intramolecular
[72]
.
Na copigmentação intermolecular das antocianinas (Figura 13) com
compostos incolores, fenólicos ou não, predominam, provavelmente, forças de Van
der Waals e efeitos hidrofóbicos em meio aquoso, como resultado do
“empilhamento” entre a molécula de antocianina e o copigmento
[70]
.
Fig. 13. Copigmentação intermolecular (1:1) entre apigenidina e quercetina-5’-ácido
sulfônico
[73]
.
Com referência às soluções originais de antocianinas, os espectros de
soluções copigmentadas normalmente exibem uma mudança na absorção máxima
INTRO DUÇÃO
24
do UV-Visível em direção a comprimentos de onda maiores (efeito batocrômico)
juntamente com um aumento de absortividade molar (efeito hipercrômico). A
intensidade destes efeitos depende de muitos fatores tais como, pH, temperatura,
natureza da antocianina e do copigmento e a relação molar copigmento/pigmento.
O efeito hipercrômico não ocorre devido ao aumento do coeficiente de
absorção, mas ao aumento da concentração de moléculas coloridas. O efeito
batocrômico pode ser explicado pela redução local na polaridade do cromóforo
flavílio, causado pelo envolvimento desse com o copigmento mediante associações
hidrofóbicas
[74]
. O complexo pigmento-copigmento formado depende da
concentração de ambos os compostos. Elevando-se a concentração desses, o efeito
hipercrômico e o deslocamento batocrômico no comprimento de onda de máxima
absorção também aumentam
[72]
.
Nos estudos realizados por Gris et al
[75]
, utilizando-se ácido cafêico, observou-
se um aumento no comprimento de onda máximo de absorção (efeito batocrômico) e
na absorbância (efeito hipercrômico) nos espectros de absorção de antocianinas em
pH 3,0 e 4,0, caracterizando uma reação de copigmentação intermolecular. O ácido
cafêico conferiu maior estabilidade às soluções de antocianinas sob as condições de
armazenamento avaliadas, proporcionando assim um aumento de 6673 h ao t
1/2
das
antocianinas.
INTRO DUÇÃO
25
I.2-FLAVONÓIDES E SUAS RESPOSTAS BIOLÓGICAS
Uma das características dos flavonóides que menos desperta divergências é
a sua função antioxidante, que consiste na remoção de radicais livres de diversos
tipos. Muitos trabalhos recentemente descritos
[76-78]
demonstram que os flavonóides
têm diferentes capacidades de fazer a limpeza dos radicais livres que "escapam" dos
mecanismos de proteção celular (enzimas como a SOD, catalase e vitaminas A, C e
E), funcionando também como agentes preventivos aos danos oxidativos tal como a
proteção contra espécies que atacam as membranas celulares causando a
peroxidação lipídica
[78,79]
(Figura 14), o que acarreta o aumento da permeabilidade
celular com a entrada do cálcio, a saída do citocromo c e das mitocôndrias e
ativação da esfingomielinase, todos processos que ativam as proteínas sinalizadoras
de morte celular.
Os flavonóides são antioxidantes em virtude do número e do arranjo dos seus
grupos hidroxilas fenólicas ligados a sua estrutura
[55]
. A atividade removedora de
radicais livres dos flavonóides consiste na doação de hidrogênios fenólicos
[80,81]
. A
presença de grupos doadores de elétrons nas posições orto e para do sítio envolvido
na doação do átomo de hidrogênio, aumenta a atividade antioxidante do flavonóide
através de um efeito indutivo
[82]
. Embora a atividade de vários antioxidantes dependa
de inúmeros fatores, a estabilidade ou a reatividade do radical antioxidante primário,
formado após a perda do átomo de hidrogênio, é sem dúvida o mais importante.
Sendo assim, a deslocalização do elétron desemparelhado na molécula do
composto em questão é determinante neste processo. Dentre os demais fatores que
regulam a atividade antioxidante dos flavonóides destaca-se a grande variação da
natureza e do número de grupos substituintes ligados diretamente na estrutura do
INTRO DUÇÃO
26
composto; como foi demonstrado que a presença de grupos volumosos nas
proximidades de grupos hidroxilas pode influenciar a atividade antioxidante do
composto devido a efeitos de ordem estérea
[82]
.
Na literatura, dois mecanismos principais nos quais os antioxidantes exercem
seu papel protetor são extensamente estudados. O primeiro envolve a transferência
de um átomo de hidrogênio; o radical livre R
remove um átomo de hidrogênio do
antioxidante (ArOH) de acordo com a equação abaixo:
R
+ ArOH RH + ArO
(1)
O segundo se estabelece através do mecanismo de transferência de um
elétron; o antioxidante pode doar um elétron para o radical livre (Equação 2):
R
+ ArOH R
-
+ ArOH
+
(2)
Os radicais que surgem de ambas as reações (ArO
e ArOH
+
) devem ser
estáveis para prevenir ou retardar as reações radicalares em cadeia.
Outro mecanismo, não tão estudado como os anteriores, é baseado na
habilidade de alguns destes compostos em quelar íons de metais de transição
(especialmente ferro e cobre), formando complexos estáveis.
Os íons Fe(II) e Cu(I) são conhecidos por induzir o estresse oxidativo em
sistemas biológicos atuando como catalisadores na síntese de radicais livres
(reações de Fenton, Equação 3). Os íons metálicos o considerados essenciais à
vida e estão envolvidos em muitos processos fisiológicos, no entanto, quando se
acumulam no corpo por rias razões podem induzir o estresse oxidativo
[83]
. No
nosso organismo, os metais de transição mais importantes para a ocorrência dessa
INTRO DUÇÃO
27
reação são Cu(I) e Fe(II). Nesse sistema, a importância do ferro é mais pronunciada
devido a sua maior biodisponibilidade, pois na maior parte do tempo ele encontra-se
complexado com proteínas de transporte (ex. transferrina), e armazenamento (ex.
ferritina e hemosiderina). A coordenação dos flavonóides com íons metálicos, na
maioria das vezes, resulta na formação de complexos insolúveis, portanto
indisponíveis para atuarem na reação de Fenton, e com atividade antioxidante
superior a do respectivo flavonóide livre
[84-86]
.
De fato, durante a Reação de Fenton, radicais hidroxila o produzidos
através do peróxido de hidrogênio na presença de um metal de baixo estado de
oxidação:
H
2
O
2
+ M
n+
HO
-
+ HO
+ M
(n + 1)+
(3)
A química de Fenton pode ocorrer em neurônios dopaminérgicos do tecido
nervoso, no qual normalmente o catabolismo da dopamina produz alguma
quantidade de peróxido de hidrogênio
[87]
. A acumulação de radicais livres nestes
neurônios pode ser reconhecida como o principal agente etiológico da doença de
Parkinson. As combinações metal-quelato removem os metais e podem alterar seu
potencial redox, tornando-os inativos
[87]
.
INTRO DUÇÃO
28
Figura 14. Peroxidação lipídica.
OBJETIVOS
29
II.OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho foi preparar e caracterizar complexos de íons
metálicos Al(III), Cu(II), Fe(II), Ni(II) e Zn(II) com flavonóides, mais especificamente,
flavonols, antocianinas e antocianidinas (Figura 15) e realizar um estudo
comparativo da atividade antioxidante destes flavonóides e respectivos complexos,
utilizando-se o método do radical livre estável DPPH
.
Delfinidina
Cianidina
Pelargonidina
Cianidina-3-G Pelargonidina-3-G
Miricetina Fisetina
Figura 15. Estruturas dos compostos propostos neste trabalho.
O
OH
OH
HO
OH
OH
OH
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
O
OH
OH
HO
O
O
H
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
O
OH
OH
HO
O
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
O
O
OH
HO
O
OH
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
O
CH
2
OH
OH
OH
OH
O
O
OH
HO
O
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
O
CH
2
OH
OH
OH
OH
O
OH
HO
O
O
H
O
H
1
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
O
OH
OH
HO
O
O
H
OH
OH
1
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
OBJETIVOS
30
Estes estudos foram complementados através de métod
PARTE EXPERIMEN TAL
31
III.PARTE EXPERIMENTAL
III.1-MATERIAIS
Os reagentes utilizados foram:
– Cianidina (Extrasynthese)
– Delfinidina (Extrasynthese)
– Pelargonidina (Extrasynthese)
– Cianidina-3-G (Extrasynthese)
– Pelargonidina-3-G (Extrasynthese)
– Miricetina (Extrasynthese)
– Fisetina (Extrasynthese)
– Metanol grau HPLC (Mallinckrodt)
– Cloreto de cobre (II) dihidratado (Mallinckrodt)
– Cloreto de alumínio (III) hexahidratado (Mallinckrodt)
– Cloreto de zinco (II) (Mallinckrodt)
– Cloreto de ferro (II) (Mallinckrodt) ou sulfato de ferro (II) heptahidratado
– Cloreto de níquel (II) hexahidratado (Aldrich)
– Perclorato de lítio (Aldrich)
– 1,1-Difenil-2-Picril-Hidrazil (DPPH
) (Aldrich)
– Ácido cítrico (Acros Organics)
– Hidrogeno fosfato de sódio (Aldrich)
– Ácido ascórbico (Aldrich)
– Ácido bórico (Merck)
– Ácido fosfórico (Synth)
PARTE EXPERIMEN TAL
32
Su õ– ( -0.730469t )-9.78966a ã
PARTE EXPERIMEN TAL
33
Solução tampão Britton-Robinson
[90]
: x mL de hidróxido de sódio 0,2 mol.L
-1
(NaOH)
adicionado a 100 mL de solução estoque de ácido acético (0,04 mol.L
-1
), ácido
fosfórico (0,04 mol.L
-1
) e ácido bórico (0,04 mol.L
-1
)
pH
NaOH
0,20 mol.L
-1
(x mL)
1,81 0,00
8,09 60,00
8,65 65,00
9,57 75,00
III.2-TÉCNICAS DE ANÁLISE E CARACTERIZAÇÃO
III.2.1-Análise Elementar
A análise elementar dos elementos carbono e hidrogênio dos compostos
preparados foi realizada em um equipamento de ANÁLISE ELEMENTAR CARLO
ERBA EA111 do Instituto de Química/USP – São Paulo.
Os resultados mostrados representam a média aritmética de uma análise em
duplicata.
III.2.2-Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho
Os espectros obtidos para os complexos de miricetina e fisetina foram
realizados em um espectrômetro SPECTRUM RX / FTIR SYSTEM, utilizando-se 4
varreduras com resolução de 4 cm
-1
, abrangendo a faixa de 400–4000 cm
-1
,
em
pastilhas de KBr. Uma pequena quantidade da amostra é triturada utilizando-se um
almofariz de ágata juntamente com brometo de potássio (KBr). Pastilhas desta
mistura foram obtidas utilizando-se um pastilhador com 12.0 mm de diâmetro e uma
pressão da ordem de 1.0x10
7
Pa.
PARTE EXPERIMEN TAL
34
III.2.3-Espectroscopia de Absorção na Região do Ultravioleta-Visível
As medidas de absorção na região do ultravioleta-visível foram efetuadas no
espectrofotômetro HEWLET PACKARD modelo 8453, na faixa de 190-900 nm, com
abertura de fenda de 0,2 nm, em cubetas de quartzo de caminho óptico igual a 1 cm.
III.2.4-Voltametria Cíclica
Os voltamogramas cíclicos foram obtidos em um potenciostato da EG & G-
PAR modelo 273 A, utilizando uma célula eletroquímica de vidro com capacidade
para 10 mL, eletrodo de referência Ag/AgCl, fio de platina como eletrodo auxiliar e
como eletrodo de trabalho carbono vítreo.
III.2.5-Condutância Molar
Os experimentos para determinação das condutâncias molares dos
complexos foram realizados em temperatura ambiente em solução de metanol (1
mmol.L
-1
), usando um condutívimetro DSS-11A da Metrohm.
III.2.6-Termogravimetria (TG) e Análise Térmica Diferencial (DTA)
As curvas termogravimétricas e de análise térmica diferencial foram obtidas
através do dulo de análise térmica simultâneo, em um equipamento SDT 2960,
TA Instruments.
Os termopares para a amostra e referência são de Pt Pt/Rh 13%, com
sensibilidade de balança de 0,1 µg e precisão 1%, capacidade de peso de 200 mg
(350 mg incluindo os cadinhos), sensibilidade T (DTA) de 0,001
o
C.
PARTE EXPERIMEN TAL
35
As curvas foram obtidas com massa de amostra em torno de 5 mg, em
atmosfera dinâmica de ar sintético, em razões de aquecimento de 20
o
C min
-1
.
III.2.7-Espectroscopia Raman
Os espectros foram obtidos em um equipamento de micro-Raman Renishaw
RM2000, laser de He/Ne (632.8nm), área aproximada do spot 1micron-quadrado
(magnificação de 500 vezes e em um espectrômetro RAMAN de baixa resolução
(Raman System, Inc), com LASER diodo operando no infravermelho próximo (785
nm), detector do tipo CCD de 2048 elementos e interface gráfica desenvolvida em
ambiente MATLAB.
III.2.8-RMN
1
H
Os espectros de RMN
1
H foram obtidos utilizando-se um espectrômetro
Bruker DRX 400 MHz 9.4 T, em soluções tendo CD
3
OD como solvente.
PARTE EXPERIMEN TAL
36
III.3-MÉTODOS EXPERIMENTAIS
III.3.1-Métodos de Job
[91]
e Razão Molar
[92]
Para a determinação das estequiometrias dos complexos utilizou-se dois
métodos diferentes.
O “Método de Job” foi implementado mantendo-se constante a soma das
concentrações do ligante C
ligante
e do íon metálico C
metal
, enquanto a proporção
metal/ligante foi metodicamente variada. Os valores de absorbância medidos foram
utilizados na construção de gráficos, em função da fração molar do ligante; os
valores máximos mostrados nas curvas indicam as estequiometrias dos complexos.
Para o “Método da Razão Molar”, a concentração do ligante (flavonóide) foi
mantida constante, enquanto que a concentração do metal foi sistematicamente
variada. Através da construção de um gráfico de absorbância em função da razão
molar de uma das espécies, observa-se a variação de absorbância até a razão molar
correspondente a estequiometria do complexo a ser atingida; verifica-se uma
mudança de inclinação da curva após a razão estequiométrica ter sido alcançada.
Portanto a intersecção das duas retas permite determinar a razão molar
correspondente a estequiometria.
III.3.2-Propriedades antioxidantes dos compostos (Método do DPPH)
As propriedades antioxidantes dos compostos foram estudadas utilizando-se
o método do radical DPPH
, de acordo com os procedimentos descritos na
literatura
[93-96]
. O radical livre estável 1,1-difenil-2-picril-hidrazil (DPPH
) (Figura 16) é
o reagente mais utilizado para determinar as propriedades antioxidantes dos
flavonóides. O mecanismo da reação consiste na abstração de um átomo de
PARTE EXPERIMEN TAL
37
hidrogênio do antioxidante, resultando na formação de difenilpicrilhidrazina e um
radical fenoxila (formado a partir do flavonóide). A reação envolve uma mudança de
coloração do violeta para o amarelo sendo facilmente acompanhada pela medida da
diminuição da absorbância da solução do radical DPPH
em 515 nm.
Figura 16. Primeira etapa do mecanismo da reação de abstração de hidrogênio
do antioxidante pelo radical livre estável DPPH
.
III.3.3-Determinação do Parâmetro EC
50
Uma alíquota (0,1 mL) de uma solução contendo diferentes concentrações
finais (1,0; 2,0; 4,0; 6,0; 8,0; 10, 15 e 20 µmol.L
-1
) dos compostos, em metanol, foi
adicionada a 3,9 mL de uma solução, em metanol, de DPPH
59,55 µmol.L
-1
(concentração na mistura final). A diminuição na absorbância do radical DPPH
em
515 nm, foi acompanhada até atingir o estado estacionário. A temperatura da cela foi
mantida em 25°C durante todo o procedimento.
A concentração inicial exata do radical DPPH
foi calculada utilizando uma
curva de calibração, cuja equação foi determinada pela regressão linear
demonstrada na Figura 17.
O
2
N
O
2
N
NO
2
OH
N N
N N
H
O
2
N
O
2
N
NO
2
+
+
O
DPPH
DPPHH
violeta
amarelo
PARTE EXPERIMEN TAL
38
3,00x10
-5
4,50x10
-5
6,00x10
-5
7,50x10
-5
9,00x10
-5
1,05x10
-4
0,4
0,6
0,8
1,0
Linear Regression for Data1_E:
Y = A + B * X
Parameter Value Error
--------------------------------------------------
A -0.01824 0.00614
B 10034.9258791.77463
--------------------------------------------------
R SD N P
--------------------------------------------------
0.99975 0.0054 8 <0.0001
------------------------------------------------------------
Absorbância
Concentração mol.L
-1
Figura 17. Curva de calibração para DPPH.
Para cada concentração de antioxidante testada, a porcentagem de DPPH
contida no estado estacionário foi calculada da seguinte forma:
% DPPH
remanescente = [DPPH
]
T
/[DPPH
]
T=0
(4)
onde T é o tempo decorrido utilizado no experimento.
Gráficos dos valores obtidos, utilizando a Equação 4, em função da
concentração dos compostos, forneceram as concentrações necessárias para
diminuir em 50% as concentrações iniciais do radical DPPH
(EC
50
).
III.3.4-Estudo da interação entre o ácido ascórbico e as antocianinas e
antocianidinas
A interação dos compostos antioxidantes foi avaliada por meio de
comparação da soma dos valores individuais dos compostos testados na inibição do
radical DPPH
(valor calculado = inibição antocianina + inibição do ácido ascórbico)
PARTE EXPERIMEN TAL
39
com o valor obtido com a mistura dos compostos (valor obtido = inibição da mistura
antocianina-ácido ascórbico). Para tal estudo utilizou-se concentrações iguais dos
componentes na mistura e concentração do radical DPPH
de 0,98 mmol.L
-1
.
III.4-MÉTODOS COMPUTACIONAIS
As otimizações das geometrias de todos subsistemas e complexos foram
realizadas no programa GAUSSIAN 98
[97]
utilizando a teoria do funcional de
densidade com o funcional híbrido B3LYP
[98-100]
e o conjunto de funções de base 08141(a)1.74840.447583()0 5P-8.0786(o)383()0 5P183()0 5P+2.2302(i)G0.955 03saaur om m gugsi Noaucc m5naauc c ltemcelli memiloumestedl o umIP[915.10856915.10856927.35436(9) 78]TJ/R12 11.28 Tf0.998085 0 0 1 352.16 −240953µ[([),..78566(u)−15.4205(µ)q.74739(λ)u2.4061(ε)1.74739(s)−18.420192δci λ oνcrαλrλçõεs α λλiλoitε os oλç
PARTE EXPERIMEN TAL
40
A geometria de equilíbrio é aquela obtida através da minimização de energia
eletrônica e de repulsão internuclear do sistema molecular sob estudo quando da
variação das coordenadas atômicas. A este processo de procura da geometria de
equilíbrio dá-se o nome de otimização. Observa-se geralmente que, quanto mais
avançado o nível de cálculo empregado, maior a concordância alcançada entre os
valores das geometrias de equilíbrio e experimentais
[108]
.
A partir das geometrias otimizadas da cianidina, delfinidina e pelargonidina,
pode-se determinar as características estruturais desses compostos tais como:
distâncias e ângulos de ligação, ângulos de torsão (diedro 6’-1’-2-3, ver Figura 18), o
qual reflete a planaridade da molécula e os momentos de dipolo dos compostos. As
principais alterações nas geometrias de equilíbrio da cianidina e delfinidina,
decorrentes da complexação com o cátion Al(III), foram observadas pela
comparação das características estruturais dessas duas antocianidinas antes e
depois da ligação com o metal.
O
OOH
HO
OH
OH
OH
Torsão
6'
1'
2
3
Figura 18. Representação do diedro 6’-1’-2-3 na estrutura dos flavonóides,
representando a planaridade do anel B com o plano molecular.
III.4.2-Cargas atômicas de Mulliken
A química, durante sua história, sempre procurou maneiras de explicar
qualitativa e quantitativamente os fenômenos da natureza através de modelos.
Assim, no decorrer destes estudos, a simplicidade foi e continua sendo uma das
PARTE EXPERIMEN TAL
41
características mais desejadas dos modelos. Dessa forma, os modelos de cargas
pontuais desempenham um papel de suma importância na representação da
distribuição de cargas de sistemas moleculares. Estes procuram resumir toda a
informação referente aos núcleos e à nuvem eletrônica molecular através de
quantidades definidas como cargas atômicas, as quais são centradas nos núcleos.
Apesar de ser um tratamento aproximado, o modelo permite uma análise
rápida e bastante simples de diversos problemas comuns na química, dentre os
quais destacam-se:
1) Estudo de efeitos de substituintes na previsão de grandezas como acidez e
basicidade de compostos;
2) Previsão de fatores determinantes de reações químicas como entalpias de
formação, energias de ativação e interações com sítios ativos;
3) Estudos de correlação entre estrutura química e atividade biológica;
4) Racionalização de características importantes em estudos biológicos como a
capacidade da formação de ligações de hidrogênio;
5) Estudos de correlações entre cargas e eletronegatividades;
6) Reprodução dos momentos de dipolos.
Neste contexto, os modelos de carga tentam representar de maneira
simplificada a informação que normalmente pode ser obtida através da análise da
distribuição de densidade eletrônica de uma molécula, a qual torna-se extremamente
complicada dependendo do sistema estudado. Entretanto estas cargas não são
observáveis, ou seja, não podem ser obtidas diretamente da função de onda, pois
não existe operador próprio para representar esta propriedade. Assim surgiram
diversos modelos teóricos de cargas atômicas (Mulliken, CHELPG, Bader (AIM),
entre outros) e não parece existir um consenso no meio cientifico sobre qual destes
PARTE EXPERIMEN TAL
42
modelos seria o mais adequado, uma vez que algumas propriedades podem ser
representadas por um tipo de carga específico, enquanto que as outras não.
O modelo de cargas atômicas de Mulliken
[109,110]
é um esquema de partição,
baseado no uso das matrizes densidade e de recobrimento, para distribuir os
elétrons de uma entidade molecular de algum modo fracionário entre suas várias
partes (átomos, ligações, orbitais, etc.). Como outros esquemas de partição da
densidade eletrônica em moléculas, o método de cargas atômicas de Mulliken é
arbitrário e, além disso, é fortemente dependente do conjunto de bases
empregado
[109]
. Isto significa que as cargas de Mulliken não convergem para um
valor definitivo em relação ao avanço na sofisticação do nível de cálculo empregado.
III.4.3-Cargas atômicas GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor)
As cargas GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor)
[111]
são obtidas pelos
tensores atômicos polares os quais se relacionam com as intensidades das bandas
no espectro infravermelho. O Tensor Atômico Polar (APT: Atomic Polar Tensor) para
um átomo é definido como:
=
zyx
zyx
zyx
zzz
yyy
xxx
µµµ
µµµ
µµµ
V(APT) (5)
A matriz é dependente no sistema de coordenadas, porém, o mesmo não
acontece com sua diagonal. Cioslowski propôs a definição das cargas atômicas
PARTE EXPERIMEN TAL
43
como sendo 1/3 do traço do APT, (Equação 5). Estas foram denominadas de cargas
GAPT (Generalized Atomic Polar Tensor) demonstrada na Equação 6
[112]
.
))((
3
1
)GAPT(Q
A
APTVTr=
(6)
III.4.4-HOMA (Harmonic Oscillator Model of Aromaticity)
O método HOMA
[113,114]
é um índice para medida de aromaticidade, que utiliza
os comprimentos de ligação entre átomos situados em um anel como critério para
avaliação da variação da aromaticidade. Esse índice apresenta como diferencial o
fato de que ao invés de utilizar comprimentos (ou ordens de ligação) de ligações
médios, são empregados os conceitos de comprimento de ligação ótimo (R
opt
):
=
=
n
i
iopt
RR
n
HOMA
1
2
)(1
α
(7)
na qual “né o número de ligações contidas na somatória e
α
é uma constante
empírica escolhida para fornecer HOMA = 0 para estruturas hipotéticas de Kekulé de
sistemas aromáticos (com comprimentos de ligações C-C como no polieno acíclico
1,3-butadieno) e HOMA = 1 para o sistema com todas as ligações iguais ao valor do
R
opt
. Os comprimentos de ligação individuais são descritos por “R
i
”. O valor de R
opt
é
definido como o comprimento de ligação C-C para o qual a energia é mínima
(estimada pelo uso do potencial harmônico), ao se considerar a compressão do
comprimento de uma ligação dupla e a expansão do comprimento de uma ligação
simples no 1,3-butadieno.
Este modelo permite separar dois termos que descrevem diferentes
contribuições para o decréscimo da aromaticidade: (i) devido ao aumento ou
redução do comprimento de ligação frente ao comprimento de ligação médio (o
PARTE EXPERIMEN TAL
44
termo denominado EN) e (ii) devido à alternância dos comprimentos de ligação, ou a
localização das ligações simples e duplas (o termo denominado GEO), como
observado nas equações abaixo:
GEOENRR
n
RRRR
n
HOMA
n
i
iavavopt
n
i
iopt
=
+==
==
1)()(1)(1
1
22
1
2
α
α
α
(8)
na qual “R
av
” é o comprimento de ligação médio
=
==
=
=
==
=
n
i
iav
R
n
R
1
1
e:
<
<<
<
>
>>
>
=
==
=
=
==
=
optav
optav
avopt
RR
RR
fRRfEN
:1
:1
;)(
2
α
αα
α
(9)
=
=
n
i
iav
RR
n
GEO
1
2
)(
α
(10)
O desenvolvimento da Equação 8 não pode ser aplicado diretamente para
sistemas heterocíclicos aromáticos
[113]
. Nesses casos, uma modificação adicional do
índice HOMA deve ser realizada
[113,114]
. As ligações com heteroátomos o
representadas pelos números de ligação de Pauling (n):
)ln()1()( ncRnR
=
==
=
(11)
Então “n” é calculado pelo uso do modelo de comprimento de ligação para
simples ou duplas ligações, R(1) e R(2), respectivamente:
c
nRR
n
)()1(
exp
=
==
=
(12)
Conseqüentemente, os números de ligação são convertidos em ligações “C-C
virtuais” com o uso da fórmula:
)ln(1702.0467.1)( nnr
=
==
=
(13)
PARTE EXPERIMEN TAL
45
Finalmente, os valores de “r(n)” da Equação 13 podem ser aplicados na
Equação 8 para obtenção do índice HOMA e seus componentes EN e GEO. Na
Tabela abaixo estão expostos os parâmetros estruturais do índice HOMA para
sistemas heteroaromáticos
[113,114]
.
Tabela 1. Parâmetros estruturais do índice HOMA para sistemas heteroaromáticos
Ligação R(1) R(2) R
opt
α
c n
opt
CC 1,467 1,349 1,388 257,7 0,1702
1,590
CN 1,467 1,269 1,334 93,52 0,2828
1,589
CO 1,367 1,217 1,265 157,38
0,2164
1,602
CP 1,814 1,640 1,698 118,91
0,2510
1,587
CS 1,807 1,611 1,677 94,09 0,2828
1,584
NN 1,420 1,254 1,309 130,33
0,2395
1,590
NO 1,415 1,164 1,248 57,21 0,3621
1,586
III.5-PREPARAÇÃO DOS COMPLEXOS
Os complexos com os flavonóides miricetina e fisetina foram preparados pela
dissolução do flavonóide e do sal contendo o íon metálico, em uma quantidade
mínima de metanol, utilizando-se quantidades correspondentes as estequiometrias
determinadas. Uma pequena quantidade de água gelada foi adicionada até o
aparecimento de um sólido, que foi separado por filtração e em seguida lavado com
uma mistura 1:3 etanol/água e posteriormente com água
[115]
. O produto foi mantido
sob vácuo por aproximadamente 48 horas. Os rendimentos para as preparações
foram de 60-80% em média.
Para as antocianidinas e antocianinas, os complexos foram obtidos pela
dissolução destes compostos e do respectivo sal do íon metálico, em metanol.
Vale ressaltar que para se atingir as concentrações desejadas, as soluções
foram preparadas por diluições precisas de soluções estoques, recém-preparadas,
de antocianinas e antocianidinas.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
46
IV.RESULTADOS E DISCUSSÃO
IV.1-DETERMINAÇÃO DAS ESTEQUIOMETRIAS E PREPARAÇÃO DOS
COMPLEXOS
As estequiometrias dos complexos foram estimadas utilizando-se o método
de Job
[91]
, que consiste em variar a concentração dos componentes flavonóide e
metal mantendo-se constante o número total de moléculas presentes na solução e/
ou da razão molar
[92]
como mostrado nas Figuras 20 à 25.
Os espectros de absorção na região do UV-Visível dos flavonóides
normalmente apresentam dois conjuntos de bandas que são atribuídos às diferentes
partes dos anéis aromáticos
[115,116]
O primeiro conjunto (Banda I) em 350-385 nm
corresponde ao sistema denominado Cinamoil-Anel B e o segundo (Banda II), em
250-280 nm corresponde ao sistema denominado Benzoil-Anel A, conforme
representado na Figura 19 para a quercetina.
O
OH
OH
HO
O
OH
OH
2'
3
3'
4'
5
7
A
B
5'
6'
8
6
C
Benzoil
Banda II
Cinamoil
Banda I
Figura 19. Estrutura da quercetina e localização das bandas referentes aos sistemas
Benzoil e Cinamoil.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
47
Pode-se observar que com a coordenação as bandas denominadas Bandas II
(250-280 nm) apresentam um mínimo deslocamento de 0-15 nm, enquanto que as
bandas denominadas I (350-385 nm) apresentam mudanças bastante expressivas
quando comparadas aos flavonóides livres. A coloração destes ligantes não
apresentou mudanças significativas, e sim uma mudança de tonalidade, variando do
amarelo pálido para o amarelo escuro.
O espectro de absorção da miricetina em metanol, variando-se as
concentrações de Cu(II), é mostrado na Figura 20. A miricetina apresenta uma
banda (banda I) em 374 nm, que após a adição de Cu(II) diminui sua intensidade.
Este decréscimo é acompanhado do aparecimento de uma nova banda em 439 nm
atribuída à formação do complexo miricetina/Cu(II).
A Figura 21 mostra o gráfico obtido para o método da variação contínua (Job),
resultando em uma relação de 1:1 miricetina:Cu(II).
200 300 400 500 600
0,0
0,5
1,0
1,5
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
48
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
Absorbância
Fração molar da Miricetina
Figura 21. Variação da absorbância em 439 nm em função da fração molar da
miricetina.
Para a complexação entre miricetina e Al(III) (Figura 22), optou-se pelo
método da razão molar, onde a concentração de uma das espécies foi mantida
constante, enquanto a concentração da outra foi sistematicamente variada.
Algumas mudanças importantes foram observadas em relação ao espectro
obtido utilizando-se Al(III), como a presença de duas bandas referentes à formação
de complexos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
49
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Miricetina/Al(III)
447
434
374
Figura 22. Espectros de UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre a
miricetina e Al(III) em metanol, C
miricetina
= 0,032 mmol.L
-1
.
As mudanças espectrais foram acompanhadas pela adição de Al(III) e
demonstraram uma diminuição de intensidade na banda em 374 nm e um aumento
na banda em 434 nm com a quantidade de metal adicionada. A Figura 22 mostra a
presença de dois pontos isosbésticos. Para a razão Al(III):miricetina menor do que
0,5 temos o primeiro ponto isosbéstico, observado em 395 nm e indicativo de que
duas espécies estão em equilíbrio na formação do primeiro complexo.
O segundo ponto isosbéstico é observado em 430 nm, acompanhado pelo
aumento de uma nova banda em 447 nm, característico da formação de um
segundo complexo. A Figura 23 mostra a variação da absorbância em função da
razão molar para a formação do segundo complexo, indicando uma razão 2:1
Al(III):miricetina.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
50
Nota-se também que os dois processos de complexação ocorrem
consecutivamente e implicam em dois sítios de ligação. A presença do flavonóide na
sua forma livre não é observada na formação do segundo complexo, indicando que
esta segunda complexação somente é iniciada quando as moléculas da miricetina
estão envolvidas na formação do primeiro complexo.
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Absorbância
Fração molar Al(III)/Miricetina
Figura 23. Variação da absorbância em 447 nm. A concentração da miricetina foi
mantida constante C
miricetina
= 0,032 mmol.L
-1
.
Para a complexação entre fisetina e Al(III) utilizou-se também o método da
Razão Molar e os resultados são mostrados na Figura 24.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
51
200 300 400 500 600
0,0
0,2
0,4
0,6
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
52
Nota-se que, semelhantes aos espectros da miricetina, neste caso também
dois pontos isosbésticos são observados, sugerindo a formação de dois complexos
em solução.
Na Figura 25 observa-se o gráfico da variação da absorbância em 453 nm,
indicando uma estequiometria de 2:1 Al(III):fisetina.
Cornard e Merlin
[117]
sugerem um mecanismo para a formação dos dois
complexos mostrado, na Figura 26, utilizando-se a quercetina. A primeira posição
ocupada pelo Al(III) é a 3-hidroxil-4-oxo, resultando na obtenção do complexo I.
Figura 26. Mecanismo proposto para a complexação quercetina/Al(III)
[117]
.
Devido ao importante impedimento estérico provocado pela primeira
complexação e também por uma forte ligação de hidrogênio intramolecular entre o
OH na posição 5 e o grupo carbonila (4-oxo), a posição 5-hidroxil-4-oxo é bastante
desfavorecida para a formação do segundo sítio de coordenação,
conseqüentemente, o complexo II apresenta o Al(III) ocupando a posição 3’,4’-
hidroxil. Estas observações também são válidas para a miricetina. Entretanto, para a
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
53
fisetina existem apenas duas possibilidades de sítios de coordenação: 3-hidroxil-4-
oxo e 3’,4’-hidroxil, já que este composto não possui hidroxila na posição 5 como
pode ser observado na Figura 27.
a
b
O
OH
OH
HO
O
OH
OH
OH
1
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
O
OH
HO
O
OH
O
H
1
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
Figura 27. Estruturas dos flavonóides: (a) miricetina; (b) fisetina.
Como os complexos obtidos para os flavonóides miricetina e fisetina foram
isolados, para a preparação dos mesmos utilizou-se uma quantidade referente a 2:1
metal:ligante, evitando a formação de complexos com outras estequiometrias.
Para as antocianidinas e antocianinas os conjuntos de bandas que são
atribuídos às diferentes partes dos anéis aromáticos correspondem à: Banda II: 270-
280 nm e Banda I 465-560 nm.
Observa-se na Figura 28 para a interação entre a cianidina e Al(III), que com
a formação do complexo, a Banda II não apresenta deslocamento e sim apenas um
decréscimo de intensidade, enquanto que a Banda I é deslocada de 537 nm para
573 nm. Monitorando-se as bandas de absorção do complexo cianidina/Al(III) em
573 nm em função da fração molar da cianidina obteve-se através do método de Job
a estequiometria da complexação representada na Figura 29.
Ao contrário do que foi observado para a miricetina e fisetina, em relação às
antocianinas a formação dos complexos envolve uma mudança expressiva na
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
54
coloração deste compostos que passam de uma tonalidade avermelhada ou rósea
para um azul bastante intenso
[117,118]
.
200 300 400 500 600 700
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
55
Outra particularidade observada foi o tempo necessário para a formação dos
complexos, que diferente do que foi notado com a miricetina e fisetina, que ocorrem
quase que imediatamente, para as antocianinas alguns minutos são necessários até
a formação dos complexos.
A cinética de complexação entre a cianidina e Al(III) foi monitorada em 573
nm de 30 em 30 segundos durante aproximadamente 1 hora até atingir o estado
estacionário, como demonstrado nas Figuras 30 e 31.
A Figura 31 indica que o tempo necessário para a formação do complexo foi
de aproximadamente 10 minutos, sendo que após este período sua absorção
tornou-se inalterada.
Figura 30. Espectros UV-Vis correpondentes a formação do complexo entre a
cianidina e Al(III) em metanol, durante 50 minutos.
Utilizando-se o método da razão molar para a cianidina e Al(III) os valores
obtidos foram os mesmos observados para o método de Job. Os resultados são
mostrados na Figura 32.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
56
0 10 20 30 40 50 60
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Absorbância
Tempo (min)
Cianidina/Al(III)
Figura 31. Gráfico das medidas de absorbância (573 nm) em função do tempo para
a complexação entre a cianidina e Al(III).
0 1 2 3 4 5 6
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1
573 nm
Absorbância
Fração molar Al(III)/Cianidina
Figura 32. Variação da absorbância em 573 nm para a cianidina. A concentração da
cianidina foi mantida constante em C = 0,04 mmol.L
-1
.
O método da razão molar também foi utilizado na obtenção da estequiometria
de complexação das outras antocianinas e os resultados para a delfinidina e
cianidina-3-G com o íon Al(III) são mostrados na Figura 33. A concentração dos
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
57
ligantes foi mantida constante em 0,04 mmol.L
-1
, enquanto que a concentração do
metal foi sistematicamente variada.
a
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
583 nm
Absorbância
Fração molar Al(III)/Delfinidina
b
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1
574 nm
Absorbância
Fração molar Al(III)/Cianidina-3-G
Figura 33. Variação da absorbância em 583 e 574 nm para: (a) delfinidina; (b)
cianidina-3-G. A concentração das antocianinas foi mantida constante em C = 0,04
mmol.L
-1
.
A formação do complexo utilizando-se o íon Fe(II) é mostrada na Figura 34, e
a banda referente ao ligante livre (Banda I), localizada em 537 nm, apresenta um
deslocamento significativamente maior quando comparado ao complexo com Al(III),
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
58
obtendo um valor de 654 nm na presença de Fe(II). A Banda denominada II
apresentou alterações análogas às obtidas utilizando-se Al(III).
O gráfico da razão molar do Fe:cianidina é mostrado na Figura 35 e indica
uma estequiometria de 1:1.
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
59
0 1 2 3 4 5
0,00
0,03
0,06
0,09
0,12
Absorbância
Fração molar Fe(II)/Cianidina
1
Figura 35. Variação da absorbância em 654 nm. A concentração da cianidina foi
mantida constante C
cianidina
= 0,025 mmol.L
-1
.
Para a delfinidina e cianidina-3-G em presença de Fe(II), os resultados
obtidos foram semelhantes aos descritos para a formação do complexo
cianidina/Fe(II), indicando uma estequiometria 1:1.
Com os íons Ni(II) e Zn(II), a utilização de excesso foi necessária para que
ocorresse a formação de complexo, o que impossibilitou uma análise mais precisa
através dos métodos da razão molar ou Job.
A interação entre a cianidina e Cu(II) é mostrada na Figura 36, e diferente dos
resultados obtidos utilizando-se Al(III), Zn(II), Fe(II) e Ni(II), não observa-se o
aparecimento da banda referente ao complexo e sim um decréscimo constante da
banda da cianidina, que proporcionou uma perda total da coloração da solução após
poucos minutos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
60
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
61
Os espectros obtidos com a perlargonidina (Figura 37) e a pelargonidina-3-G
(Figura 38), cujo anel B apresenta apenas uma hidroxila, indicam que o ocorre a
complexação, pois nenhuma mudança espectral importante foi observada, mesmo
utilizando-se um excesso de Al(III). Estes resultados demonstram a fundamental
importância dos grupos catecol ou pirogalol na formação de complexos de íons
metálicos.
Este fato também é um indicativo de que se os íons metálicos provocassem
oxidação do ligante como proposto por Jungbluth et al
[119]
, utilizando-se quercetina e
os íons Cu(II) e Fe(III), mudanças espectrais deveriam ser observadas. Assim
podemos concluir que mudanças espectrais somente são observadas quando
complexação com o centro metálico.
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Pelargonidina
Pelargonidina/Al(III)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Figura 37. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina e da interação com Al(III)
em metanol, C
pelargonidina
0,02 mmol.L
-1
, C
Al(III)
= 2,0 mmol.L
-1
.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
62
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
Pelargonidina-3-G
Pelargonidina-3-G/Al(III)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Figura 38. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina-3-G e da interação com
alumínio em metanol, C
pelargonidina-3-G
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Al(III)
= 10,0 mmol.L
-1
.
IV.2-ESPECTROS DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO UV-VISÍVEL
A Figura 39 mostra os espectros de absorção na região do UV-Vis dos sais
dos íons metálicos relatados neste estudo, utilizando-se metanol como solvente.
Os espectros de absorção na região do UV-Vis dos flavonóides como relatado
anteriormente apresentam dois conjuntos de bandas que são atribuídos às
diferentes partes dos anéis aromáticos denominadas de Banda I (350-385 nm) e
(Banda II) (250-280 nm). Para os ligantes miricetina e fisetina (Figuras 40 e 41),
estes dois conjuntos de bandas de absorção são correspondentes às transições
π→π
*
(Banda II e Banda I).
A interação com os íons metálicos implica em alterações nestas bandas,
sobretudo na Banda I destes compostos.
Mudanças importantes foram observadas nos espectros de absorção na
região do UV-Vis dos flavonóides quando acrescidos dos íons metálicos. Estes
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
63
resultados estão demonstrados na Figuras 40 e 41 para a miricetina e fisetina e seus
respectivos complexos .
Os espectros mostram evidências de coordenação através do aparecimento
de novas bandas de absorção para a região de maior comprimento de onda
(deslocamento batocrômico), além de provocar uma diminuição na intensidade de
absorção dessas bandas (efeito hipocrômico), exceto para o complexo
miricetina/Al(III). Nas bandas entre 200-280 nm observa-se um aumento de
intensidade após a formação dos complexos.
Nos estudos realizados por Cornard et al
[120]
através de métodos
computacionais utilizando-se a 3’,4’-dihidroxiflavona, foi observado que os cálculos
reproduziam o deslocamento batocrômico da Banda I observada na interação com
Al(III). Apesar destes cálculos não indicarem mudanças significativas nas estruturas
moleculares e eletrônicas entre a 3’,4’-dihidroxiflavona livre e a 3’,4’-
dihidroxiflavona/Al(III), o espectro de absorção do UV-Vis destes compostos o
bastante distintos.
Segundo Cornard et al
[120]
estas observações podem facilmente ser
explicadas pelo fato que as transições correspondentes a Banda I nos dois
compostos apresentam origens totalmente diferentes. Para a molécula livre, a banda
localizada em 342 nm corresponde principalmente à transição HOMO–LUMO, com
um significante caráter
π
π
*
, e que a banda do complexo localizada em 384 nm no
espectro é devido a uma transição envolvendo diferente níveis de energia, e
notavelmente, uma destas transições sugere a participação dos orbitais do átomo de
Al para o nível excitado. Então, de fato, não é realmente apenas um deslocamento
da Banda I que é observado no espectro do complexo, mas sim uma nova banda
atribuída à transferência de carga do sistema
π
para o metal.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
64
Portanto, para os complexos a presença de uma nova banda na região de
370-450 nm pode ser atribuída a banda de transferência de carga do ligante para o
metal
[121,122]
.
Para os complexos de quel e ferro foram observadas bandas de menor
intensidade e localizadas em uma região de menor energia que podem ser
atribuídas a bandas de transições d-d
[115]
. Para os complexos de cobre estas bandas
só podem ser visualizadas a uma concentração bastante elevada do complexo.
Apesar de não contribuírem significantemente para elucidação das estruturas
dos complexos, os espectros de absorção na região do UV-Vis são um importante
instrumento para evidenciar a formação dos mesmos, através dos deslocamentos
observados nas bandas de absorção dos ligantes, ou mesmo através do
aparecimento de novas bandas.
A Tabela 2 apresenta os valores das bandas de absorção dos ligantes e dos
complexos e os respectivos coeficientes de absortividade molar (
ε
).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
65
Figura 39. Espectros de absorção UV-Vis dos sais metálicos, C
Al(III), Fe(II), Cu(II), Zn(II), Ni(II)
= 0,05 mmol.L
-1
em metanol.
200 300 400 500
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
CuCl
2
.2H
2
O
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
FeCl
2
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0,0
0,1
0,2
AlCl
3
.6H
2
O
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
ZnCl
2
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600
0,0
0,1
0,2
0,3
NiCl
2
.6H
2
O
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
66
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Miricetina
Miricetina/Cu(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
374
444
Figura 40. Espectros de absorção UV-Vis da miricetina e de seus respectivos complexos,
em metanol, C = 0,05 mmol.L
-1
(Miricetina/Ni(II), C = 0,025 mmol.L
-1
).
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
67
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Fisetina
Fisetina/Cu(II)
414
365
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Figura 41. Espectros de absorção UV-Vis da fisetina e de seus respectivos
complexos, em metanol, C = 0,05 mmol.L
-1
(Fisetina/Zn(II), C = 0,1 mmol.L
-1
).
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Fisetina
Fisetina/Fe(II)
405
365
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600 700
800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Fisetina
Fisetina/Al(III)
448
365
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
300 400 500 600 700
800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Fisetina
Fisetina/Ni(II)
517
398
365
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Fisetina
Fisetina/Zn(II)
378
365
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
68
Tabela 2.
Dados do UV-Vis para a miricetina e fisetina e seus respectivos
complexos com Al(III), Cu(II), Fe(II), Ni(II) e Zn(II)
Compostos
λ
λλ
λ
máx
,
nm
ε
εε
ε
,
mol
-1
.cm
-1
.L
Miricetina
Miricetina/Al(III)
Miricetina/Cu(II)
Miricetina/Fe(II)
Miricetina/Ni(II)
Miricetina/Zn(II)
Fisetina
Fisetina/Al(III)
Fisetina/Cu(II)
Fisetina/Fe(II)
Fisetina/Ni(II)
Fisetina/Zn(II)
254, 298, 374
269, 447
264, 444
236, 429, 541
257, 378, 438
268, 429
251, 320, 365
279, 323, 448
268, 414
257, 269, 323, 405
256, 274, 320, 398, 517
257, 317, 378
16366, 6419, 17712
21050, 20880
21590, 13400
15728, 10980, 3574
11804, 9168, 5744
42308, 16402
13231, 10318, 19174
9586, 4834, 15800
13926, 15059
15306, 15176, 11072, 16933
20270, 21420, 15742, 19681, 7924
12648, 8592, 15628
Para as antocianinas, como mencionado anteriormente, o conjunto de bandas
denominado Banda I é localizado em uma região de maior comprimento de onda
(465-560 nm) quando comparado aos flavonóides miricetina e fisetina. Enquanto que
o conjunto denominado Banda II é limitado entre 270-280 nm.
A formação do complexo foi evidenciada através da mudança de coloração
que foi alterada do vermelho para azul bastante intenso e a banda referente ao
ligante na forma livre, localizada em 537 nm para a cianidina, apresenta um
deslocamento de aproximadamente 50 nm, como pode ser mostrado nas Figuras 42
a 44.
A complexação entre as antocianinas e os íons metálicos foi realizada em
metanol devido a uma maior estabilidade do complexo formado, quando comparado
aos resultados obtidos em meio aquoso; o metanol tem uma constante dielétrica
mais baixa que a água, acarretando assim uma atração eletrostática maior entre as
entidades de cargas opostas.
Deste modo a complexação metal-antocianina em metanol é muito forte, pois
é governada por uma
driving force
(força motriz) de forças puramente
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
69
eletrostáticas, entre um íon altamente carregado positivamente e uma forma colorida
(antocianina) rica em elétrons
[118,123]
.
Dos raros artigos
[123-127]
em literatura que descrevem a complexação entre
antocianinas e íons metálicos, todos se baseiam na espectroscopia UV-Vis para
efetivamente comprovar este fato.
Os espectros dos complexos mostram evidências de coordenação através do
deslocamento das bandas denominadas I, para a região de maior comprimento de
onda (deslocamento batocrômico). No caso do Al(III) também um efeito
hipercrômico bastante pronunciado, como pode ser observado nas Figuras 42(a),
43(a) e 44(b).
A mudança de coloração da cianidina-3-G em presença dos íons Al(III), Cu(II),
Fe(II), Zn(II) e Ni(II) pode ser observada na Figura 44(a).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
70
a
b c
c
d
Figura 42. Espectros de absorção UV-Vis da delfinidina e de seus respectivos
complexos, em metanol, (a) e (c) = C
delfinidina
= 0,05 mmol.L
-1
, C
Al(IIII)
= 0,05 mmol.L
-1
,
Fe
(II)
= 0,05 mmol.L
-1
, *C
delfinidina
= 0,025 mmol.L
-1
e C
Al(III)
= 0,025 mmol.L
-1
; (b), (d) e
(e) = C
delfinidina
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Cu(II)
= 10,0 mmol.L
-1
, C
Ni(II)
= 4,0 mmol.L
-1
e C
Zn(II)
=
4,0 mmol.L
-1
.
400 450 500 550 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Delfinidina
Delfinidina/Cu(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Delfinidina
Delfinidina/Zn(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
548
566
200 400 600 800 1000
0,0
0,5
1,0
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
71
a
b c
d
e
Figura 43. Espectros de absorção UV-Vis da cianidina e de seus respectivos
complexos, em metanol, (a) e (c) = C
cianidina
= 0,05 mmol.L
-1
, C
Al(IIII)
= 0,05 mmol.L
-1
,
Fe
(II)
= 0,05 mmol.L
-1
, *C
cianidina
= 0,025 mmol.L
-1
e C
Al(III)
= 0,025 mmol.L
-1
; (b), (d) e
(e) = C
cianidina
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Cu(II)
= 10,0 mmol.L
-1
, C
Ni(II)
= 2,0 mmol.L
-1
e C
Zn(II)
=
10,0 mmol.L
-1
.
400 450 500 550 600 650
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Cianidina
Cianidina/Cu(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
72
a b
c d
e
f
Figura 44. (a) Mudança de coloração observada na interação entre a cianidina-3-G
os íons metálicos. Espectros de absorção UV-Vis da cianidina-3-G e de seus
respectivos complexos, em metanol, (b) e (d) = C
cianidina-3-G
= 0,05 mmol.L
-1
, C
Al(IIII)
=
0,05 mmol.L
-1
, Fe
(II)
= 0,05 mmol.L
-1
, *C
cianidina-3-G
= 0,025 mmol.L
-1
e C
Al(III)
= 0,025
mmol.L
-1
; (c), (e), (f) = C
cianidina-3-G
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Cu(II)
= 10,0 mmol.L
-1
, C
Ni(II)
=
2,0 mmol.L
-1
e C
Zn(II)
= 2,0 mmol.L
-1
.
400 450 500 550 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Cianidina-3-G
Cianidina-3-G/Cu(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
200 400 600 800 1000
0,0
0,5
1,0
1,5
Cianidina-3-G
Cianidina-3-G/Ni(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
529
608
200 400 600 800 1000
0,0
0,5
1,0
Cianidina-3-G
Cianidina-3-G/Ni(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
529
591
400 600 800 1000
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
*
Cianidina-3-G
Cianidina-3-G/Al(III)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
529
574
400 600 800 1000
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Cianidina-3-G
Cianidina-3-G/Fe(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
529
544
Cianidina-
3
-
glu.
(I)
(I) +
Al(III)
(I) +
Cu(II)
(I) +
Fe(II)
(I) +
Ni(II)
(I) +
Zn(II)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
74
Figura 46. Estrutura proposta para a complexação entre Malvina e Ferro(III)
[128]
.
Os resultados obtidos na a interação entre os íons metálicos com a
pelargonidina e a pelargonidina-3-G (Figura 47) não apresentaram sinais de
complexação, confirmando a fundamental presença do grupo catecol na formação
de complexos metálicos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
75
Figura 47. Espectros de absorção UV-Vis da pelargonidina-3-G e da interação com
Al(III), Cu(II) e Fe(II) em metanol, C
pelargonidina-3-G
= 0,02 mmol.L
-1
, C
Al(III), Cu(II), Fe(II)
=
10,0 mmol.L
-1
.
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
Pelargonidina-3-G
Pelargonidina-3-G/Al(III)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
450 500 550 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Pelargonidina-3-G
Pelargonidina-3-G/Fe(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
400 450 500 550 600 650
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Pelargonidina-3-G
Pelargonidina-3-G/Cu(II)
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
76
A Tabela 3 apresenta os valores de
λ
máx,
(nm) dos ligantes e dos respectivos
complexos em metanol.
Tabela 3.
Dados do UV-Vis para delfinidina, cianidina e cianidina-3-G e respectivos
complexos com Al(III), Fe(II), Zn(II) e Ni(II)
Compostos
λ
λλ
λ
máx
,
nm
ε
εε
ε
,
mol
-1
.cm
-1
.L
Delfinidina 548 20918
Delfinidina/Al(III) 583 34460
Delfinidina/Fe(II)
564 9422
Delfinidina/Ni(II)
Delfinidina/Zn(II)
Cianidina
616
566
537
14292
15572
19480
Cianidina/Al(III)
573 35920
Cianidina/Fe(II)
543 13356
Cianidina/Ni(II)
Cianidina/Zn(II)
Cianidina-3-G
597
586
529
19284
27832
18302
Cianidina-3-G/Al(III)
574 37526
Cianidina-3-G/Fe(II)
Cianidina-3-G/Ni(II)
Cianidina-3-G/Zn(II)
544
608
591
10882
30000
16840
IV.3-ANÁLISE ELEMENTAR
Os valores das análises elementares são mostrados na Tabela 4 para os
complexos contendo miricetina e fisetina.
Tabela 4. Dados de microanálise dos complexos com miricetina e fisetina
Complexos
C (%)
Exp/Calc.
H (%)
Exp/Calc.
Fisetina
[Cu
2
C
15
H
16
O
10
]Cl
2
31,75/32,49
2,92/2,89
[Fe
2
C
15
H
24
O
14
]Cl
2
30,28/29,48 3,98/3,93
[Al
2
C
15
H
24
O
14
]Cl
4
29,85/28,81 3,95/3,85
[Zn
2
C
15
H
16
O
10
]Cl
2
31,25/32,27 3,02/2,87
[Ni
2
C
15
H
16
O
10
]Cl
2
31,26/33,06 3,12/2,94
Miricetina
[Cu
2
C
15
H
16
O
12
]Cl
2
30,62/30,71 2,67/2,73
[Fe
2
C
15
H
24
O
16
]Cl
2
27,32/28,01 3,67/3,73
[Al
2
C
15
H
24
O
16
]Cl
4
26,32/27,44 3,52/3,66
[Zn
2
C
15
H
16
O
12
]Cl
2
29,43/30,51 2,68/2,71
[Ni
2
C
15
H
16
O
12
]Cl
2
32,20/31,23 2,81/2,77
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
77
IV.4-COMPORTAMENTO DAS ANTOCIANINAS E ANTOCIANIDINAS EM
MEIO AQUOSO EM FUNÇÃO DO PH
As antocianinas e antocianidinas existem em fase aquosa como uma mistura
de 4 espécies moleculares
[129,130]
; a concentração de cada uma delas depende do
pH do meio. Em soluções em que o pH varia de 1 a 3, o cátion flavílio é a espécie
dominante responsável pela coloração vermelha; em valores de pH de 4 a 5, as
espécies principais são a chalcona e o hemiacetal, formas geralmente menos
coloridas, e de 6 a 7, a forma predominante é a base quinoidal, cuja coloração varia
do azul ao violeta (Figura 10).
Mudanças nos valores de pH exercem influência fundamental na capacidade
antioxidante destes compostos
[131]
. Esta influência na capacidade antioxidante é
especialmente relevante do ponto de vista biológico quando se compara a variação
de pH nas diferentes partes ou fluídos do organismo, como estômago, pH = 1,
intestino delgado, pH = 5,3, saliva, pH = 6,8, intestino grosso, pH = 8 e sangue pH =
7,4.
As mudanças de coloração nas antocianinas e antocianidinas foram
observadas em estudos realizados em meio aquoso em função do pH e são
mostradas nas Figuras 48 a 50.
Os resultados apresentados indicam que os valores de máximos de absorção
de todos os compostos sofrem um deslocamento batocrômico, seguido de um
aumento nos valores de pH. Essas diferenças entre os espectros implicam em
transformações estruturais resultando em mudanças de cor. Estas transformações
estão relacionadas à conversão do cátion flavílio em uma mistura de formas
tautoméricas de base quinoidal resultantes da desprotonação dos grupos OH nas
posições 4’,5 ou 7, e também devido à hidratação do cátion flavílio, dando origem à
forma hemiacetal. Após a abertura do anel pirílio, a forma hemiacetal encontra-se
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
78
em equilíbrio tautomérico com a espécie chalcona, que existe em solução como
isômeros
cis
e
trans
. A
trans
-chalcona absorve entre 320 nm e 350 nm, enquanto
que o máximo de absorção da forma
cis
encontra-se em torno de 300 nm, pois sua
conformação não é planar
[132]
. A diferenciação de ambos isômeros feita através de
absorção eletrônica é dificultada pela sobreposição espectral das espécies.
Nos espectros apresentados na Figuras 48 a 50 referentes as antocianidinas
e antocianidinas, observa-se que o cátion flavílio predomina em meios fortemente
ácidos (pH 1-3). A perda mais acentuada da coloração ocorre em meios menos
ácidos (pH 4-5), devido à hidratação destes compostos, originando as formas
hemiacetal (incolor) e chalcona (amarelo pálido). Para valores de pH acima de 5, o
espectro apresenta uma nova aparência, mudando a faixa de absorção para
comprimentos de ondas maiores, atribuídos à formação da base quinoidal.
Nas antocianinas, a presença do açúcar na posição C-3 (Figuras 49 e 50)
infere mudanças na faixa de absorção destes compostos. Observa-se um
deslocamento hipsocrômico para todas as variações de pH, juntamente com uma
pronunciada diminuição da intensidade de absorção para valores em meio básico.
As diferenças na quantidade de substituintes OH no anel B das antocianidinas
alteram o espectro de absorção para estes compostos. O aumento da hidroxilação
contribui para um deslocamento batocrômico do
λ
max
em meio ácido
.
( pelargonidina,
λ
max =
503 nm; cianidina,
λ
max =
513 nm; delfinidina,
λ
max =
520 nm). Para as
antocianinas o efeito dos substituintes OH também foi observado (pelargonidina-3-G,
λ
max =
495 nm; cianidina-3-G,
λ
max =
508 nm).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
79
Figura 48. Espectros UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da
delfinidina (a) e (b) em função da variação de pH.
a
b
pH
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Delfinidina
520
548
pH = 0
578
pH = 7,5
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0,0
0,5
1,0
1,5
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Delfinidina
pH = 8
593
610
pH = 9
613
pH = 10
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
80
a
b
c
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Cianidina-3-G
571
508
pH
pH = 9
d
Figura 49. Espectros UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da
cianidina (a) e (b) e cianidina-3-G (c) e (d) em função da variação de pH.
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
545
513
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Cianidina
pH
pH = 0
pH 6,5
200 300 400 500 600 700 800 900 1000
0,0
0,5
1,0
1,5
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
81
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Pelargonidina-3-G
495
pH = 0
pH
Figura 50. Espectros de UV-Vis correspondentes às várias mudanças estruturais da
pelargonidina (a) e (b) e pelargonidina-3-G (c) e (d) em função da variação de pH.
a
b
c
d
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Pelargonidina
503
531
547
pH
pH = 0
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,5
1,0
1,5
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Pelargonidina
597
537
pH = 10
pH
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Absorbância
Comprimento de onda (nm)
Pelargonidina-3-G
556
pH
pH = 11
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
82
Poucos trabalhos
[133,134]
propõem valores de p
K
a para as antocianinas, dentre
os quais relatam valores de 3,87 para delfinidina-3,5-DG, 4,25 para a malvidina-3-G
entre outros. Entretanto, estes valores não são atribuídos a uma forma específica
das muitas que podem existir em solução aquosa. Esta característica das
antocianinas denota uma dificuldade para se determinar experimentalmente o p
K
a
específico das etapas de desprotonação destes compostos, com exceção do
primeiro, p
K
a
1
, referente à desprotonação do cátion flavílio.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
83
IV.5-ESPECTROS DE ABSORÇÃO NA REGIÃO DO INFRAVERMELHO
Os espectros de absorção na região do IV para os complexos são mostrados
nas Figuras 51 e 52. As principais bandas para os ligantes e seus complexos, bem
como suas respectivas atribuições o apresentadas na Tabela 5. Através da
comparação entre os espectros dos ligantes e dos complexos pode-se obter
informações significantes sobre os sítios de coordenação.
Os espectros de absorção na região do Infravermelho dos complexos
apresentaram bandas características correspondentes aos flavonóides coordenados,
sendo que a principal, referente à freqüência de estiramento da ligação
ν
(C
=
O) da
carbonila livre, é observada em aproximadamente 1660 cm
-1
; quando coordenada
este valor apresenta, em média, um decréscimo de 36 cm
-1
. Estes resultados
sugerem que um dos sítios de coordenação seja através do oxigênio da carbonila do
anel C.
Observa-se também a presença de uma banda larga referente à freqüência
ν
(O–H) entre 3050 a 3600 cm
-1
, para os ligantes esta banda é devido à presença de
interações de hidrogênio (responsáveis pela estabilização da molécula do
flavonóide), já nos complexos indica a presença de água em suas estruturas
[115,116]
.
Nos complexos nota-se a presença de novas bandas na região de 550-650
cm
-1
, atribuídas a freqüência
ν
(M-O)
[135]
.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
84
Tabela 5. Dados de Infravermelho (cm
-1
) para os ligantes e respectivos
complexos
Compostos
ν
νν
ν
(C=O)
ν
νν
ν
(O-H)
ν
νν
ν
(M-O)
Miricetina 1663 3425-3286
Miricetina/Cu(II)
1631 3534-3188 629
Miricetina/Fe(II) 1643 3549-3198 611
Miricetina/Al(III) 1630 3548-2864 628
Miricetina/Zn(II) 1609 3593-3369 644
Miricetina/Ni(II) 1621 3560-2979 642
Fisetina
Fisetina/Cu(II)
1613
1580
3552-3234
3557-3181
615
Fisetina/Fe(II) 1597 3546-3104 595
Fisetina/Al(II) 1591 3536-2808 566
Fisetina/Zn(II) 1593 3587-3105 595
Fisetina/Ni(II) 1582 3523-3332 615
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
85
3500 3000 2500 2000 1500 1000
80
85
90
95
100
Miricetina
Transmitância (%)
Número de onda (cm
-1
)
1663
Figura 51. Espectros de absorção na região do Infravermelho
da miricetina e
seus respectivos complexos.
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
629
1631
Miricetina/Cu(II)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
611
1643
Miricetina/Fe(II)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
628
1630
Miricetina/Al(III)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
644
1609
Miricetina/Zn(II)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1621
Miricetina/Ni(II)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
86
Figura 52. Espectros de absorção na região do Infravermelho da fisetina e seus
respectivos complexos.
Espectros da delfinidina e seu respectivo complexo com Al(III) foram obtidos
adicionando-se uma pequena quantidade do composto (solução 1,0 mol.L
-1
em
metanol) em uma janela de KBr. O solvente foi evaporado lentamente, e após esta
evaporação a janela de KBr com o composto foi mantido sob vácuo por 24 horas. Os
espectros são mostrados na Figura 53.
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Fisetina/Fe(II)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
1597
595
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Fisetina/Al(III)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
566
1591
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Fisetina/Zn(II)
Transmitância %
Número de onda (cm
-1
)
1593
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
87
A primeira análise do espectro mostra que a delfinidina apresenta bandas
largas entre 3500-3000 cm
-1
e que com a complexação ocorre um aumento de
intensidade bastante pronunciado nestas bandas.
A banda localizada em 1643 cm
-1
sofre um decréscimo de aproximadamente
18 cm
-1
e também um aumento de intensidade. A complexação também promove
uma mudança na banda em 1340 cm
-1
, que é significativamente reduzida em
intensidade devido à desprotonação dos grupos 3’,4’-OH.
Figura 53. Espectros de absorção na região do infravermelho da delfinidina e do
complexo com Al(III).
IV.6-E SPECTROSCOPIA RAMAN
A espectroscopia Raman poderia ser utilizada para evidenciar a formação de
complexo. No entanto as bandas do solvente metanol encobrem as possíveis
bandas correspondentes à interação entre o oxigênio e o metal, na região de 1500-
1600 cm
-1
(Figura 54).
3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Transmitância %
Numero de onda (cm
-1
)
Delfinidina
Delfinidina/Al(III)
1643
1625
1340
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
88
2500 2000 1500 1000 500 0
Cianidina/Al(III)
Cianidina
Metanol
Intensidade
Numéro de onda (cm
-1
)
Figura 54. Espectro Raman:
metanol,
cianidina (0,05 mmol.L
-1
),
cianidina
(0,05 mmol.L
-1
) + Al(III) (10,0 mmol.L
-1
).
Micrografias bem como os espectros Raman, utilizando-se o aparelho micro-
Raman Renishaw RM2000, na região de 200 a 2000 cm
-1
, da delfinidina e
delfinidina/Al(III) são apresentados na Figura 55. Algumas modificações são
consideradas evidências para a formação do complexo, sendo que a mais
pronunciada são as bandas na região de 1500-1650 cm
-1
. A banda em 1533 cm
-1
,
atribuída ao estiramento da ligação
ν
(C
=
O)
[117,120,122]
, é característica da interação
entre o oxigênio do ligante e o íon Al(III).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
89
a
b
c
d
Figura 55. Micrografia das amostras de: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III);
magnificação de 500 vezes. Espectros Raman das amostras de: (c) delfinidina, (d)
delfinidina/Al(III).
IV.7-MEDIDAS DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DOS COMPLEXOS
Os valores das condutâncias molares para os complexos, em metanol (1
mmol.L
-1
do complexo) são mostrados na Tabela 6.
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
100000
150000
200000
250000
300000
Intensidade (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
Delfinidina
500 750 1000 1250 1500 1750
25000
50000
75000
Intensidade (u.a.)
Número de onda (cm
-1
)
Delfinidina/Al(III)
1533
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
90
Tabela 6.
Valores de condutâncias molares dos complexos
Complexos
Λ
M
(
-1
.cm
2
.
mol
-1
)
Tipos de
eletrólitos
[136]
Miricetina/Cu(II)
199 1:2
Miricetina/Fe(II) 205 1:2
Miricetina/Al(III) 459 1:4
Miricetina/Zn(II) 212 1:2
Miricetina/Ni(II) 220 1:2
Fisetina/Cu(II) 217 1:2
Fisetina/Fe(II) 240 1:2
Fisetina/Al(III) 515 1:4
Fisetina/Zn(II) 202 1:2
Fisetina/Ni(II) 195 1:2
Geary
[136]
estabeleceu faixas de referências aceitáveis para os tipos de
eletrólitos mais comuns em vários solventes, mas segundo ele, quando se faz um
estudo da condutância eletrolítica de complexos, as medidas em solução não trazem
muitas informações sobre o comportamento do complexo no estado sólido, pois não
se pode garantir que a estrutura permaneça a mesma.
Com base neste trabalho podemos observar que os valores de
Λ
M
para os
compostos contendo Cu(II), Fe(II), Zn(II) e Ni(II), sugerem que eles se comportam
como eletrólito 1:2, já para os compostos com Al(III), o comportamento é de eletrólito
1:4.
IV.8-ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TGA-DTA)
As curvas termogravimétricas dos complexos de Zn(II) e Cu(II) com o ligante
fisetina (Figura 56) permitiram evidenciar os intervalos de decomposição dos
compostos preparados indicando a perda de moléculas de água presentes na
estrutura dos complexos, a decomposição dos resíduos orgânicos e a formação dos
respectivos óxidos.
O primeiro processo corresponde à perda de moléculas de água presentes na
estrutura dos complexos (Processo Endotérmico) e o segundo é referente à
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
91
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
-200
0
200
400
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
20
40
60
80
100
DTA
Temperatura (
o
C)
Fisetina/Cu(II)
Massa (%)
Temperatura (
o
C)
decomposição dos compostos na qual resulta na formação de seus correspondentes
óxidos metálicos (Processo Exotérmico).
Os dados termogravimétricos dos complexos são mostrados na Tabela 7.
a
b
Figura 56. Curvas TG e DTA para o complexo: (a) Fisetina/Zn(II) e (b) Fisetina/Cu(II)
em atmosfera de ar sintético, velocidade de 20
°
C/min.
0 200 400 600 800 1000
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
0 200 400 600 800 1000
20
40
60
80
100
DTA
Temperatura (
o
C)
Fisetina/Zn(II)
Massa (%)
Temperatura (
o
C)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
92
Tabela 7. Dados termogravimétricos dos complexos com fisetina como ligantes
Compostos
P.2221.341ocesso de perda de
H
2
O
P.2221.341ocesso Endotérmico
P.2221.341erda de Massa (%)
P.2221.349ocesso de
decomposição
P.2221.349ocesso Eotérmico
P.2221.349erda de Massa (%)
Resíduo da
Decomposiçã
o
Fisetina/Cu(II)
11,29 70,01 uO
Fisetina/Fe(II)
22,60 77,84 FeO
Fisetina/A.2221.341l(III)
21,22 86,51 A.2221.349l
2
O
3
Fisetina/Zn(II)
11,62 79,92 ZnO
Fisetina/Ni(II) 12,25 75,53 NiO
IV.9-VOLTAMETRIA CÍLIA
A.2221.341 voltametria cíclica tem sido usada para avaliar o “poder antioxidante” de
compostos naturais que apresentam tal atividade baseada na doação de átomos de
hidrogênio
[1 3 7 ,13 8 ]
. Observa-se no Equema 1 que nas duas reações a et apa
fundamental é a quebra da ligação O-H.
E.2221.341squema 1. Representação da relação atividade antioxidante e oxidação
eletoquímica para os flavonóides.
(
p
e
r
d
a
d
e
e
l
é
t
r
o
n
s
)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
93
O poder antioxidante total dos compostos é avaliado através da combinação
de dois parâmetros. O primeiro é o potencial de oxidação, o qual reflete a habilidade
de uma espécie redutora para doar elétrons. O segundo é a intensidade da corrente,
que reflete a concentração da(s) espécie(s) envolvida(s). Cada substância possui
seu potencial de oxidação específico e, quanto menor for este valor, maior sesua
habilidade em atuar como agente redutor. Portanto, compostos que apresentam
baixo potencial de oxidação podem ser considerados bons antioxidantes.
Vários trabalhos
[119,139-142]
recentes relatam o uso da voltametria cíclica na
avaliação da atividade antioxidante de flavonóides. Voltamogramas cíclicos de
polifenóis exibem um ou mais picos de oxidação, que são identificados por
comparação com dados obtidos para as simples flavonas. O primeiro pico de
oxidação (pH = 7,0) compreendido em aproximadamente 300 mV corresponde ao
grupamento 3’,4’-dihidroxil (grupo catecol) do anel B e o segundo obtido em 600 mV
referente ao grupo OH da posição 3 do anel C.
A partir dos voltamogramas cíclicos dos compostos (Figuras 57 e 58), pôde-
se observar a presença de dois picos de oxidação nos compostos contendo os
ligantes miricetina e fisetina. Os dados eletroquímicos dos compostos são
apresentados na Tabela 8.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
94
Tabela 8. Potenciais de oxidação dos ligantes e complexos (vs Ag/AgCl,
ν
=
50 mV.s
-1
)
E
1/2
= (Ep
a
+ Ep
C
/2)
Compostos Epa
1
(mV) Epa
2
(mV)
Miricetina
444
878
Miricetina/Cu(II)
425
845
Miricetina/Fe(II)
414
853
Miricetina/Al(III)
431
856
Miricetina/Zn(II)
419
843
Miricetina/Ni(II)
831
Fisetina
581 900
Fisetina/Cu(II)
571 889
Fisetina/Fe(II)
581 888
Fisetina/Al(III)
579 811
Fisetina/Zn(II)
581 900
Fisetina/Ni(II)
1021
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
95
Figura 57. Voltamogramas cíclicos da miricetina e seus respectivos complexos em
metanol, 1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio, 50 mV.s
-1
.
200 400 600 800 1000 1200
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Miricetina
Miricetina/Al(III)
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
200 400 600 800 1000 1200
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Miricetina
Miricetina/Fe(II)
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
200 400 600 800 1000 1200
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Miricetina
Miricetina/Zn(II)
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Miricetina
Miricetina/Ni(II)
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
Miricetina
Miricetina/Cu(II)
I (µA)
E vs Ag/AgCl (mV)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
96
Figura 58. Voltamogramas cíclicos da fisetina e seus respectivos complexos em
metanol, 1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio, 50 mV.s
-1
.
0 200 400 600 800 1000 1200
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
97
Em relação aos flavonóides livres, os dados eletroquímicos confirmam a
importância de alguns fatores demonstrados na Figura 59:
1
o
Presença do grupo pirogalol (3’,4’,5’–OH)
2
o
Presença do grupo catecol (3’,4’–OH)
3
o
A coexistência da dupla ligação entre C(2)
=
C(3)
em conjugação com o grupo 4-
oxo e o grupo 3-OH.
Figura 59. Fatores essenciais para elevada atividade antioxidante.
Portanto, pode-se considerar que a atividade antioxidante dos flavonóides
estudados segue a ordem: Miricetina
>
Fisetina.
Em relação aos complexos estudados, os dados eletroquímicos mostraram
que existe em alguns casos uma diminuição considerável nos potenciais de
oxidação dos flavonóides quando os mesmos encontram-se coordenados. Este fato
é consistente com um mecanismo de oxidação dos flavonóides que resulta na
formação de um intermediário radicalar. A presença do íon metálico coordenado ao
flavonóide contribui para a estabilização do radical gerado, diminuindo dessa forma
o potencial aplicado para oxidar o flavonóide.
Foi realizado um estudo para avaliar, através da técnica de voltametria cíclica,
a atividade antioxidante dos flavonóides em função do pH. Pode-se observar através
das Figuras 60 e 61 que o potencial de oxidação dos flavonóides diminui com o
aumento do pH, provocando um aumento da atividade antioxidante, isto é, sua
O
OH
OH
H
O
O
OH
OH
OH
1
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
98
capacidade de seqüestrar/captar radicais livres. Para valores maiores que 8,05 não
ocorreram mudanças no valor do potencial de oxidação com o pH.
Figura 60. Voltamogramas Cíclicos da miricetina 0,5 mmol.L
-1
em tampão McIlvaine,
ν
= 50 mV.s
-1
:
Figura 61. Variação de Epa da miricetina em função do pH.
Observa-se nas Figuras 61 e 63, uma relação linear entre o potencial de
oxidação e o pH, com valores de coeficientes angulares -0,076 e - 0,065 V/pH
respectivamente, semelhantes ao obtido por Filipiak
[140]
, 0,073 V/pH, para a
quercetina na forma livre.
0 100 200 300 400 500 600 700
-10
-5
0
5
10
15
20
2,21
3,15
4,24
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
-200 0 200 400 600
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
5,35
6,19
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
2 3 4 5 6 7
0
100
200
300
400
500
Miricetina
E
pa
vs Ag/AgCl (mV)
pH
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
99
Figura 62. Voltamogramas Cíclicos da fisetina 0,5 mmol.L
-1
em tampão McIlvaine,
ν
= 50 mV.s
-1
:
2 3 4 5 6 7
100
200
300
400
500
Fisetina
E
pa
vs Ag/AgCl (mV)
pH
Figura 63. Variação de Epa da fisetina em função do pH.
Para as antocianinas e antocianidinas um comportamento voltamétrico
bastante peculiar foi observado. Os voltamogramas cíclicos dos compostos (Figura
64), indicaram a presença de vários picos de oxidação (processos irreversíveis),
mais notadamente nos compostos delfinidina, cianidina e cianidina-3-G. Os dados
eletroquímicos dos compostos são apresentados na Tabela 9.
Van Acker
[143]
relata a importância das antocianidinas e seu baixo potencial de
oxidação, sendo causado provavelmente por sua estrutura característica, isto é a
presença de O
+
no anel C.
Cabe destacar alguns fatores, como a importância da presença do grupo
pirogalol (3’,4’,5’–OH) (Figura 64a), característico da delfinidina, que confere a este
-200 0 200 400 600
-4
-2
0
2
4
6
8
2,21
3,15
4,24
I (µA)
E vs Ag/AgCl (mV)
-200 0 200 400 600
-4
-2
0
2
4
6
8
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
100
composto uma maior atividade antioxidante; a presença do grupo catecol (3’,4’–OH)
(Figura 64b) atribui uma maior atividade antioxidante a cianidina quando comparado
a pelargonidina que apresenta apenas uma hidroxila no anel B.
Em relação aos compostos miricetina e delfinidina, observa-se a importância
da coexistência da dupla ligação entre C(2)
=
C(3)
em conjugação com o grupo 4-oxo
e o grupo 3-OH frente à atividade antioxidade, sendo que a miricetina apresentou
uma melhor atividade antioxidade em relação a delfinidina.
A presença do úcar na posição 3 diminui a atividade antioxidante
[144]
, isto
pode ser observado quando comparados os voltamogramas 64(b) e 64(d); 64(c) e
64(e).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
101
a b
c
d e
Figura 64. Voltamogramas cícli
cos: (a) delfinidina, (b) cianidina, (c) pelargonidina, (d)
cianidina-3-G e (e) pelargonidina-3-G em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de
Lítio, 100 mV.s
-1
.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-10
0
10
20
30
40
Pelargonidina-3-G
I (µA)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-10
-5
0
5
10
15
20
25
Pelargonidina
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-10
-5
0
5
10
15
20
25
Delfinidina
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-5
0
5
10
15
20
25
Cianidina
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-5
0
5
10
15
20
Cianidina-3-G
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
102
Tabela 9. Potenciais de oxidação para as antocianinas e antocianidinas os ligantes
(vs Ag/AgCl,
ν
= 100 mV.s
-1
)
Compostos Epa
1
(mV) Epa
2
(mV) Epa
3
(mV) Epa
4
(mV)
Delfinidina
Cianidina
Pelargonidina
Cianidina-3-G
Pelargonidina-3-G
519
564
598
678
948
608
646
773
844
940
1108
1084
1121
1115
1086
Observa-se que a corrente do pico anódico (I
pa
) aumenta linearmente com a
raiz quadrada da velocidade de varredura
ν
1/2
, para todos os ligantes, indicando ser
um processo controlado por difusão
[145,146]
. Paralelamente foi utilizada a técnica de
voltametria de pulso diferencial, onde se observa uma melhor definição dos picos de
oxidação
[147]
. Os resultados obtidos são mostrados nas Figuras 65 a 69.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
103
a
b c
Figura 65. (a) Voltamogramas clicos da delfinidina em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial,
ν
= 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs
ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio.
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
5
10
15
20
Delfinidina
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-20
-10
0
10
20
30
40
50
Delfinidina
50
100
150
200
300
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
O
OH
OH
HO
OH
OH
OH
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
6 8 10 12 14 16 18
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Delfinidina
I
pa
(
µ
A)
ν
1/2
(mVs
-1
)
1/2
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
104
a
b c
Figura 66. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial,
ν
= 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs
ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio.
200 400 600 800 1000 1200
0
2
4
6
8
10
12
14
16
I (
µ
A)
Cianidina
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
105
a
b c
Figura 67. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial,
ν
= 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs
ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio.
200 400 600 800 1000 1200 1400
5
10
15
20
Pelargonidina
I (µA)
E vs Ag/AgCl (mV)
4 6 8 10 12 14 16 18
0
5
10
15
20
25
30
Pelargonidina
I
pa
(
µ
A)
ν
1/2
(mVs
-1
)
1/2
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-30
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
106
a
b c
Figura 68. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G em várias velocidades de
varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial,
ν
= 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs
ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio.
O
O
OH
HO
O
OH
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
O
CH
2
OH
OH
OH
OH
400 500 600 700 800 900 1000
1
2
3
4
5
6
7
8
Cianidina-3-G
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
4 6 8 10 12 14
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Cianidina-3-G
I (
µ
A)
ν
1/2
(mVs
-1
)
1/2
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-5
0
5
10
15
20
25
30
Cianidina-3-G
25 mV.s
-1
50 mV.s
-1
100 mV.s
-1
150 mV.s
-1
200 mV.s
-1
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
107
a
b c
Figura 69. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina-3-G em várias velocidades
de varredura, (b) Voltamograma de pulso diferencial,
ν
= 10 mV.s
-1
, (c) Gráfico de I
pa
vs
ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
, 0,1 mol.L
-1
Perclorato de Lítio.
Com o uso da técnica de voltametria cíclica observou-se, que uma relação
linear entre o potencial de oxidação dos ligantes e o aumento do pH (Figuras 70 a
74).
A dependência do pH demonstra que a habilidade de seqüestrar/captar
radicais livres é aumentada após a desprotonação. Isto sugere que a doação de
elétrons é o mecanismo dominante da ação antioxidante depois da
desprotonação
[146]
. Na desprotonação a capacidade de captar radicais livres
600 800 1000 1200 1400
0
2
4
6
8
10
12
Pelargonidina-3-glicosídeo
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
-20
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
Pelargonidina-3-G
25
50
100
150
200
300
500
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
O
O
OH
HO
O
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
O
CH
2
OH
OH
OH
OH
4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
0
5
10
15
20
25
30
35
Pelargonidina-3-G
I
pa
(
µ
A)
ν
1/2
(mV.s
-1
)
1/2
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
108
aumenta porque a doação de elétrons e não de prótons, se torna mais fácil. Isto
sugere que a doação de elétrons pode ser mais importante para a atividade
antioxidante em pH fisiológico.
Os voltamogramas cíclicos da cianidina não apresentaram nitidez nos
processos de oxido-redução, isto pode ser explicado pela baixa solubilidade deste
ligante em meio aquoso, por isto optou-se pela técnica de voltametria de pulso
diferencial, no qual os picos se mostraram nítidos, Figura 71(a). Na Figura 71(b)
nota-se que para valores de pH maiores que 7,5 o ocorrem mudanças nos valores
de potencial de oxidação.
Observa-se nas Figuras 70(b), 71(c), 72(b), 73(b) e 74(b) uma relação linear
entre o potencial de oxidação e o pH, com valores de coeficientes angulares - 0,062,
- 0,059, - 0,067, - 0,053 e - 0,063 V/pH, semelhantes ao valor obtido por Ignjatovic et
al
[147]
para a oxidação da malvina.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
109
a
b
Figura 70. (a) Voltamogramas clicos da delfinidina 0,1 mmol.L
-1
em tampão
McIlvaine,
ν
= 100 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da delfinidina em função do pH.
2 3 4 5 6 7 8 9 10
0
100
200
300
400
500
Delfinidina
E
pa
vs Ag/AgCl (mV)
pH
-400 -200 0 200 400 600 800 1000 1200
-10
-5
0
5
10
15
20
Delfinidina
2,20
5,86
8,09
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
110
a b
c
Figura 71. (a) e (b) Voltamogramas de pulso diferencial da cianidina 0,1 mmol.L
-1
em
tampão McIlvaine,
ν
= 10 mV.s
-1
, (c) Variação de E
pa
da cianidina em função do pH.
-200 0 200 400 600 800
5
10
15
Cianidina
2,20
2,98
3,89
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
2 3 4 5 6 7 8 9 10
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
200
Cianidina
E
pa
vc Ag/AgCl (mV)
pH
-400 -200 0 200 400 600 800
2
4
6
8
10
12
Cianidina
4,84
6,94
8,09
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
111
a
b
Figura 72. (a) Voltamogramas cíclicos da pelargonidina 0,1 mmol.L
-1
em tampão
McIlvaine,
ν
= 50 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da pelargonidina em função do pH.
A cianidina-3-G foi o ligante que apresentou ondas bem nítidas com a
variação do pH; o gráfico da corrente do pico anódico (I
pa
) vs raiz quadrada da
0 200 400 600 800 1000 1200
-2
0
2
4
6
8
10
Pelargonidina
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
112
velocidade de varredura (
ν
1/2
), em pH = 6,94 [Figuras 73(c) e 73(d)] indica um
processo controlado por difusão
[145,146]
.
a b
c
d
Figura 73. (a) Voltamogramas cíclicos da cianidina-3-G 0,1 mmol.L
-1
em tampão
McIlvaine,
ν
= 100 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da cianidina-3-G em função do pH, (c)
Voltamogramas clicos da cianidina-3-G em várias velocidades de varredura,
tampão McIlvaine, pH = 6,94, (d) Gráfico de I
pa
vs
ν
1/2
em metanol, 0,1 mmol.L
-1
,
McIlvaine, pH = 6,94.
-400 -200 0 200 400 600 800 1000
-10
-5
0
5
10
15
20
2,20
4,84
5,86
6,94
Cianidina-3-G
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
2 3 4 5 6 7 8 9 10
200
300
400
500
Cianidina-3-G
E
pa
vc Ag/AgCl (mV)
pH
-400 -200 0 200 400
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
113
a
b
Figura 74. (a) Voltamogramas Cíclicos da pelargonidina-3-G 0,01 mmol.L
-1
em
tampão McIlvaine,
ν
= 100 mV.s
-1
, (b) Variação de E
pa
da pelargonidina-3-G em
função do pH.
2 3 4 5 6 7 8 9 10
400
500
600
700
800
900
Pelargonidina-3-G
E
pa
vs Ag/AgCl (mV)
pH
0 200 400 600 800 1000 1200
-10
-5
0
5
10
15
20
Pelargonidina-3-G
2,20
2,98
I (
µ
A)
E vs Ag/AgCl (mV)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
114
IV.10- ESPECTROSCOPIA DE RMN
1
H
O espectro de RMN
1
H, em CD
3
OD do complexo cianidina/Al(III) apresentou
pronunciadas alterações em relação ao espectro da cianidina livre, como mostrado
na Figura 75.
a
b
Figura 75. Espectros de RMN H
1
da cianidina (a) e do complexo contendo o íon
Al(III) (b) em CD
3
OD.
(ppm)
6.46.87.27.68.08.48.8
Cianidina livre
O
OH
OH
HO
O
H
O
H
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
+
4
6’
2’
5’
8 6
(ppm)
6.66.87.07.27.47.67.88.08.28.4
4
6’
2’
5’
8
6
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
115
O espectro do complexo indica que todos os prótons encontram-se
deslocados para valores de
δ
menores, em conseqüência da interação do íon
metálico (ácido de Lewis) com o ligante, com exceção do próton na posição 6’, que
desloca-se para valores de
δ
maiores; comportamento semelhante foi observado por
Dangles
[148]
com a antocianidina 3’,4’,7-trihidroxi-3-metoxiflavílio. Os valores dos
deslocamentos para a cianidina e para o complexo com Al(III) estão apresentados
na Tabela 10.
Tabela 10. Dados de
1
H
, da cianidina e do complexo cianidina/Al(III)
em CD
3
OD,
δ
(ppm)
Multiplicidades e constantes de acoplamento
J
, em Hz;
valores entre parênteses
IV.11-ESTRUTURAS PROPOSTAS PARA OS COMPLEXOS
Baseado nos resultados obtidos pôde-se propor estruturas para os complexos
(Figura 76 e 77). Aqueles contendo as antocianinas, a possibilidade de coordenação
se restringe ao anel B destes compostos, através do grupo catecol ou pirogalol,
como observado para a cianidina (Figura 78).
δ
1
H
Cianidina Cianidina/Al(III)
8,56 (s, 4-H) 8,18 (d; 9 Hz; 4’-H)
8,22 (d; 8,7 Hz; 2’-H) 7,78 (s; 2’-H)
8,11 (s; 6’-H) 8,44 (s, 6’-H)
7,01 (d; 8,7 Hz; 5’-H) 6,80 (d; 9,25 Hz; 5’-H)
6,86 (s; 8-H) 6,74 (s; 8-H)
6,61 (s, 6-H) 6,51 (s, 6-H)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
116
Figura 76. Estruturas dos complexos contendo miricetina como ligante.
Figura 77. Estruturas dos complexos contendo fisetina como ligante.
Figura 78. Estrutura proposta para os complexos contendo cianidina como
ligante.
Cl
y
OHO
O
OH
O
1
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
O
M(H
2
O)
x
M(H
2
O)
x
M = Cu(II), Fe(II), Al(III), Zn(II) e Ni(II)
x = 2 para Cu(II), Zn(II) e Ni(II)
x = 4 para Fe(II) e Al(III)
y = 2 para Cu(II), Fe(II), Zn(II) e Ni(II)
y = 4 para Al(III)
M = Cu(II), Fe(II), Al(III), Zn(II) e Ni(II)
x = 2 para Cu(II), Zn(II) e Ni(II)
x = 4 para Fe(II) e Al(III)
y = 2 para Cu(II), Fe(II), Zn(II) e Ni(II)
y = 4 para Al(III)
Cl
y
O
OH
HO
O
OH
OH
1
1'
2
2'
3
3'
4
4'
5
5'
6
6'
7
8
O
M(H
2
O)
x
M(H
2
O)
x
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
117
IV.12- DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO EC
50
A concentração necessária do antioxidante para diminuir (ou remover) em
50% a concentração do radical DPPH
(EC
50
) é o parâmetro mais usado para avaliar
o “poder” antioxidante de um composto. Quanto menor o valor de EC
50
, maior se
seu “poder” (ou atividade) antioxidante. As propriedades antioxidantes dos flavonols,
das antocianinas e antocianidinas livres e respectivamente coordenadas foram
avaliadas usando o método do radical livre DPPH
. A reação de transferência de
átomos de H do composto antioxidante para o radical DPPH
foi acompanhada pela
diminuição da absorbância da mistura em 515 nm. A Figura 79 apresenta a
diminuição da absorbância do radical DPPH
na presença da delfinidina
em 515 nm.
Figura 79. Diminuição da absorbância em 515 nm de uma solução de DPPH
(59,55
µ
mol.L
-1
) em metanol na presença da delfinidina.
515 nm
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
118
A Figura 80 mostra a diminuição da absorbância em 515 nm da mistura
delfinidina e DPPH em função do tempo. A partir destes dados pôde-se obter os
valores para o parâmetro EC
50
.
a
b
Figura 80. (a) Variação da absorbância em 515 nm da solução de DPPH
(59,55
µ
mol.L
-1
) em
função do tempo na presença da delfinidina. (b) Diminuição da concentração do radical
DPPH
em função da concentração usada para a delfinidina. Determinação do valor de EC
50
para a delfinidina.
Vários estudos relatados
[129,149,150]
demonstraram que os flavonóides atuam
como “removedores de radicais livres” através da transferência de H e que, essa
atividade depende de suas propriedades estruturais. Dentre as quais destacam-se :
1
o
Presença do grupo pirogalol (3’,4’,5’–OH)
2
o
Presença do grupo catecol (3’,4’–OH)
3
o
Presença de glicosídeo
4º Presença da ligação dupla 2-3 em conjugação com a função 4-oxo no anel C
Entre as antocianinas livres, os resultados mostrados na Figura 81
confirmaram a grande atividade da delfinidina (EC
50
= 3,74) seguida pela cianidina
(EC
50
= 4,85), pelargonidina (EC
50
= 5,25), cianidina-3-G (EC
50
= 7,29) e
0 1 2 3 4 5 6
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
Absorbância
Tempo (min)
1 mmol.L
-1
2 mmol.L
-1
4 mmol.L
-1
6 mmol.L
-1
8 mmol.L
-1
10 mmol.L
-1
15 mmol.L
-1
20 mmol.L
-1
0 5 10 15 20 25 30 35 40
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
EC
50
Delfinidina
DPPH Removido (%)
Concentração do Antioxidante (
µ
mol.L
-1
)
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
119
pelargonidina-3-gli (EC
50
= 10,97). O impedimento estéreo causado pela presença
do glicosídeo na posição 3 destes dois últimos compostos, bem como os efeitos
sacadores de elétrons desse substituinte são responsáveis pela grande diferença
nos valores de EC
50
obtidos em relação aos demais compostos estudados. Os
resultados de EC
50
confirmaram a relação entre a atividade antioxidante das
antocianinas livres com os valores de Epa obtidos no estudo eletroquímico desses
compostos (quanto menores os valores de EC
50
e de Epa, maior a atividade para o
antioxidante).
Destaca-se a importância da dupla conjugada com a função 4-oxo,
responsável pela maior atividade dos flavonols em relação às antocianinas;
miricetina (EC
50
= 2,98), delfinidina (EC
50
= 3,74).
A presença do íon metálico coordenado aumenta a estabilidade do radical
gerado proveniente do complexo inicial. O íon Al(III) foi o responsável pela maior
atividade dos flavonóides; tal fato pode ser atribuido à presença de orbitais p vazios
(considerados bons receptores de elétrons) nesse íon, enquanto que os demais íons
interagem com o ligante
via
orbitais d.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
120
3,74
2,34
2,78
4,85
3,55
3,87
5,25
7,29
5,54
6,27
10,97
4,21
3,44
3,87
2,98
2,18
2,45
0 2 4 6 8 10 12
Delfinidina
Delfinidina/Al(III)
Delfinidina/Fe(II)
Cianidina
Cianidina/Al(III)
Cianidina/Fe(II)
Pelargonidina
Cianidina-3-G
Cianidina-3-G/Al(III)
Cianidina-3-G/Fe(II)
Pelargonidina-3-G
Fisetina
Fisetina/Al(III)
Fisetina/Fe(II)
Miricetina
Miricetina/Al(III)
Miricetina/Fe(II)
Figura 81. Valores de EC
50
(
µ
mol.L
-1
) para as os flavonols, antocianinas e
antocianidinas livres e coordenadas.
IV.13. ESTUDO DA INTERAÇÃO ÁCIDO ASCÓRBICO COM AS
ANTOCIANINAS E ANTOCIANIDINAS
A reação simultânea de vários compostos antioxidantes com o radical DPPH
pode alterar uma série de fatores que influenciam na atividade antioxidante de cada
um deles em separado. Assim, a atividade antioxidante dos compostos combinados
pode ser maior ou menor que a soma dos efeitos de cada um deles, podendo-se ter:
1)
Efeito aditivo:
efeito final se equivale à soma dos efeitos de cada um dos
compostos envolvidos.
2)
Efeito sinérgico:
efeito final é maior que a soma dos efeitos de cada um dos
compostos envolvidos.
3)
Efeito potencializador:
o efeito de um composto é aumentado quando em
combinação com outro composto.
4)
Efeito antagônico:
o efeito de um composto é diminuído, inativado ou eliminado
quando se combina com outro composto.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
121
Trabalhos recentes
[151,152]
mostraram que em certas combinações de
compostos que apresentam atividade antioxidante (principalmente os vinhos), os
resultados da capacidade antioxidante observada para a mistura muitas vezes
superam os valores esperados, baseando-se nos valores individuais dos seus
componentes (efeito sinérgico). Também tem sido demonstrado que alguns
compostos “protegem” ou até mesmo regeneram outros compostos antioxidantes
[153]
(Exemplo: vitamina E e vitamina C).
Os resultados obtidos (Tabela 11) mostraram que as misturas equimolares
antocianinas-ácido ascórbico apresentaram efeito sinérgico, ou seja, a capacidade
antioxidante obtida (valor obtido) para a mistura é maior do que a soma das
capacidades antioxidantes dos compostos isolados (valor calculado).
Tais fatos podem ser explicados de acordo com o seguinte mecanismo
(Esquema 2):
(1)
os flavonóides agem como antioxidantes primários, reagindo
diretamente com o radical DPPH
e produzindo os radicais fenoxila;
(2)
os radicais
fenoxilas produzidos reagem com o ácido ascórbico regenerando os flavonóides
iniciais;
(3)
os radicais fenoxilas produzidos também podem reagir entre si formando
dímeros, fragmentos e outros produtos oxidados.
Para as misturas equimolares a etapa 2 prevalece sobre a etapa 3.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
122
Tabela 11. Valores das capacidades antioxidantes dos compostos isolados e na
mistura antocianina-ácido ascórbico.
Compostos % Inibição do
composto
(16
µ
mol.L
-1
)
% Inibição da mistura composto +
ácido ascórbico.
Ambos 16
µ
mol.L
-1
Obtido (Calculado)
Delfinidina 55,15 95,00 (80,47)
Cianidina
45,87 93,00 (71,19)
Pelargonidina 35,19 89,00 (60,51)
Cianidina-3-gli 30,87 89,15 (56,19)
Pelargonidina-3-G 22,78 79,48 (48,10)
ácido ascórbico 25,32 ____
Obs.: [DPPH
] = 98
µ
mmol.L
-1
Valor obtido = inibição da mistura antocianina-ácido ascórbico,
Valor calculado = inibição antocianina + inibição do ácido ascórbico
% Inibição = 100 – (S/C).100, onde S = absorbância da amostra e C =
absorbância da solução do radical DPPH
Esquema 2. Possível explicação para o efeito sinérgico entre as antocianinas e o
ácido ascórbico.
DPPH
DPPH-H
Antocianina-O
ácido ascórbico-O
ácido ascórbico-OH
Produtos oxidados, fragmentados e dímeros
(1)
(2)
(3)
Antocianina-OH
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
123
IV.14. ESTABILIDADE EM TAMPÃO ACETATO PH = 5,43
O comportamento da estabilidade da cianidina e do complexo com Al(III), em
função do tempo e da temperatura, é mostrado nas Figuras 82 e 83. Em meios
ligeiramente ácidos a cianidina perde a coloração, tornando-se incolor em poucos
segundos, já com íons Al(III), formam uma estrutura quinoidal mais estável aos
efeitos do pH, da luz e da temperatura, com alteração na cor do pigmento para azul,
A Figura 83 evidencia que há uma melhora, em várias temperaturas, na
estabilidade do complexo cianidina/Al(III) em relação ao ligante na forma livre.
a b
Figura 82. Variação de absorbância com o tempo para: (a) cianidina (525 nm), (b)
cianidina/Al(III) (550 nm).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
124
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
125
IV.15.OTIMIZAÇÃO DA GEOMETRIA, ANÁLISE ENERGÉTICA,
DISTÂNCIAS E ÂNGULOS DE LIGAÇÃO, ÂNGULO DE TORSÃO, CARGAS
ATÔMICAS
Os cálculos de otimização da geometria com o modelo B3LYP/6-31+G(d,p)
forneceram, inicialmente, duas possíveis conformações para as antocianidinas
(cianidina, delfinidina e pelargonidina), conforme demonstrado nas Figuras 84, 85 e
86 (a) com a hidroxila ligada ao C(5) e o anel B fora do plano molecular; (b) com
hidroxila ligada ao C(5) e o anel B no plano molecular.
As energias relativas,
(E+ZPE) (Tabela 12), obtidas pela diferença da
energia eletrônica entre as duas conformações, indicam que as estruturas planares
(Figuras 84b, 85b e 86b) são energeticamente mais estáveis do que as não planares
(Figuras 84a, 85a e 86a). A estabilização energética é da ordem de 5,39 kcal/mol
para a cianidina e delfinidina e de 5,58 kcal/mol para a pelargonidina. Desta forma,
os resultados discutidos para as antocianidinas livres, assim como a complexação
com o Al(III) e Zn(II), foram realizados considerando apenas as conformações
planares.
Resultados obtidos em trabalho realizado por Woodford
[155]
, utilizando o
modelo B3LYP/6-31G(d), indicaram que o anel B da cianidina, delfinidina e
pelargonidina encontra-se 2,19, 3,75 e 1,82 graus (ângulo torsional) fora do plano
molecular, respectivamente. Ressalta-se que o conjunto de funções de base
utilizado por Woodford inclui apenas funções de polarização “d” para os átomos
diferentes de hidrogênio (átomos pesados) e não inclui funções difusas. Por outro
lado, o conjunto de funções de base 6-31+G(d,p), utilizado nos cálculos
apresentados neste trabalho, incluem funções de polarização “d para os átomos
pesados e “p” para os átomos de hidrogênio. Adicionalmente, funções difusas foram
acrescentadas aos átomos pesados. Funções de base de valência permitem que os
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
126
orbitais mudem de tamanho, mas não de forma. Funções de base polarizadas
removem essa limitação pela adição de orbitais com momento angular superior ao
requerido para a descrição de cada átomo no estado fundamental. Já as funções
difusas nos átomos pesados são um conjunto de funções do tipo “s” e “p” que
decaem muito lentamente, podendo descrever assim o comportamento eletrônico
em uma região do espaço mais afastada dos núcleos.
Delfinidina: hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular
a
Delfinidina planar
b
Figura 84. Conformações da delfinidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)
hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
127
Cianidina: hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular
a
Cianidina planar
b
Figura 85. Conformações da cianidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)
hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
128
Pelargonidina: hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular
a
Pelargonidina planar
b
Figura 86. Conformações da pelargonidina, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p); (a)
hidroxila ligada ao C(5) e anel B fora do plano molecular; (b) planar.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
129
As energias de complexação (ou de ligação,
complex
E
), em kcal/mol,
apresentadas na Tabela 12 foram obtidas pela equação no nível B3LYP/6-31+G(d,p)
(14):
))]}(()([))(/({, IIIAlEinaantocianidEIIIAlinaantocianidEE
complex
+
×
=
51627
(14)
na qual 627,51 é o valor de 1 Hartree em kcal/mol,
))(/( IIIAlinaantocianidE
,
)( inaantocianidE
e
))(( IIIAlE
são, respectivamente, as energias do complexo, da
antocianidina e do cátion Al(III) corrigidas pela ZPE. Os valores das
complex
E
demonstram a grande estabilidade da ligação metal-ligante, sendo a ligação do
cátion metálico com a cianidina um pouco mais estável (1,54 kcal/mol) do que a
observada com a delfinidina.
Tabela 12.
Energia eletrônica (E), energia do ponto zero (ZPE), energia eletrônica
corrigida pela ZPE (E+ZPE), energias relativas
(E+ZPE) e energia de complexação
(E
complex
)
(a),(b)
Composto E (Hartree)
ZPE
(Hartree)
E+ZPE
(Hartree)
(E+ZPE)
(kcal/mol)
E
complex
(Kcal/mol)
Al(III) -240,387380 0,0 -240,387380
Delfinidina NP
-1104,604192 0,240430
-1104,363762 5,39
Delfinidina P -1104,613630 0,241271
-1104,372359 0,0
Delfinidina/Al(III) P -1345,495974 0,219779
-1345,276195 -324,08
Cianidina NP
-1029,377693 0,236666
-1029,141027 5,39
Cianidina P -1029,387102 0,237483
-1029,149620 0,0
Cianidina/Al(III) P -1270,271532 0,215620
-1270,055913 -325,62
Pelargonidina NP
-954,151376 0,232527
-953,918849 5,58
Pelargonidina P -954,160855 0,233106
-953,927749 0,0
(a)
NP = conformação não planar; P = conformação planar.
(b)
Não foi possível obter as E
complex
considerando os cálculos realizados com o ECP para o metal e 6-
31+G(d,p) para os demais átomos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
130
As Tabelas 13 e 14 mostram os valores de algumas propriedades
moleculares da delfinidina e cianidina, de seus respectivos complexos com Al(III) e
Zn(II), e da pelargonidina.
Tabela 13.
Propriedades moleculares para a delfinidina, delfinidina/Al(III) e
delfinidina/Zn(II)
Propriedades Delfinidina
(a)
Delfinidina/
Al(III)
(a)
Delfinidina/
Al(III)
(b)
Delfinidina/
Zn(II)
(b)
Estequiometria C
15
H
11
O
7
C
15
H
9
AlO
7
C
15
H
9
AlO
7
C
15
H
9
ZnO
7
Grupo de Ponto C
1
C
1
C
1
C
1
N
°
de elétrons
α
78 83 78 78
N
°
de elétrons
β
78 83 78 78
Carga +1 +2 +2 +1
Multiplicidade 1 1 1 1
Ângulo de torsão
(diedro 6’-1’-2-3, em
graus)
0,0 10,3 9,8
0,0
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
Tabela 14.
Propriedades moleculares para a cianidina, cianidina/Al(III),
cianidina/Zn(II) e pelargonidina
Propriedades Cianidina
(a)
Cianidina/
Al(III)
(a)
Cianidina/
Al(III)
(b)
Cianidina/
Zn(II)
(b)
Pelargonidina
(a)
Estequiometria C
15
H
11
O
6
C
15
H
9
AlO
6
C
15
H
9
AlO
6
C
15
H
9
ZnO
6
C
15
H
11
O
5
Grupo de Ponto C
1
C
1
C
1
C
1
C
1
N
°
de elétrons
α
74 79 74 74 70
N
°
de elétrons
β
74 79 74 74 70
Carga +1 +2 +2 +1 +1
Multiplicidade 1 1 1 1 1
Ângulo de torsão
(diedro 6’-1’-2-3,
em graus)
0,0 10,9 10,4 0,0 0,0
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
As Figuras 87 e 88 apresentam as geometrias de equilíbrio da delfinidina,
cianidina e pelargonidina no vácuo, obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p) e de seus
respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), no vácuo, no nível B3LYP/6-31+G(d,p)
com uso do ECP para os metais. A numeração atribuída aos átomos das moléculas
é arbitrária e comumente utilizada para estas estruturas.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
131
a
b
c
Figura 87. Geometria de equilíbrio: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c) pelargonidina
no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-31+G(d,p).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
132
a
b
c
d
Figura 88. Geometrias de equilíbrio: (a) delfinidina/Al(III), (b) delfinidina/Zn(II), (c)
cianidina/Al(III) e (d) cianidina/Zn(II) no vácuo, obtida no nível B3LYP/6-31+G(d,p),
com uso do ECP para os metais.
O ângulo diedro 6’-1’-2-3 (Tabelas 13 e 14) observado para as moléculas de
delfinidina, cianidina e pelargonidina mostrou que essas estruturas são
completamente planares. Entretanto, a ligação da delfinidina e da cianidina com o
Al(III) provoca uma torsão nesse ângulo diedro, fazendo com que o anel B fique
cerca de 10º fora do plano molecular.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
133
Diferentemente do que foi observado para os complexos com Al(III), a
substituição pelo Zn(II) não provoca alteração no ângulo diedro destas moléculas,
desta forma, observa-se a permanência da planaridade.
Uma análise de superposição estrutural entre as geometrias de equilíbrio da
delfinidina/Al(III) e cianidina/Al(III) obtidas com as funções de base 6-31+G(d,p) e
com o uso do ECP para o Al(III) e Zn(II), utilizando-se o programa TINKER
4.2
[156,157]
, indicou uma grande similaridade estrutural entre as mesmas, conforme
Figura 89 e valores de RMS. Desta maneira, as discussões das alterações
provocadas pela complexação com Al(III) na cianidina e delfinidina independem do
modelo computacional utilizado. Para finalidade de comparação com os complexos
com Zn(II), as observações a respeito das alterações geométricas foram realizadas
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
134
a
RMS = 0.013
b
RMS = 0.013
Figura 89. Superposição estrutural: (a) cianidina/Al(III); (b) delfinidina/(III). = 6-
31+G(d,p) e = ECP para Al(III) e 6-31+G(d,p) para C, H e O.
Os comprimentos de ligação e as distâncias interatômicas para as estruturas
otimizadas das antocianidinas e dos respectivos complexos com alumínio e zinco
estão apresentadas nas Tabelas 15 a 17 e nas Figuras 90 a 92.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
135
Comparando as geometrias de equilíbrio da delfinidina e da cianidina (Figuras
90(a) e 90(b), observa-se que a substituição do átomo de hidrogênio ligado ao C(5’)
do anel B da cianidina por um grupo hidroxila, obtendo-se a delfinidina, provoca uma
aumento no comprimento de ligação C(2’)-C(3’) de 0,004
Ǻ
nesta última. Variações
opostas são observadas para C(1’)-C(2’). Para a molécula de delfinidina, a qual
possui três grupos hidroxilas ligadas ao anel B, o valor do comprimento de ligação
C(1’)-C(2’) é de 1,418
Ǻ
, enquanto que para a cianidina este valor é de 1,421
Ǻ
e
para a pelargonidina, molécula que apresenta apenas um grupo hidroxila no anel B,
este valor aumenta para 1,425
Ǻ
. Na cianidina o comprimento de ligação C(3’)-C(4’)
é de 1,417
Ǻ
, enquanto que para a delfinidina e pelargonidina é de 1,409
Ǻ
e 1,410
Ǻ
, respectivamente.
Resultados semelhantes são observados para o comprimento de ligação
C(5’)-C(6’). Para a delfinidina e pelargonidina o valor do comprimento desta ligação é
de 1,384
Ǻ
, sendo 0,004
Ǻ
maior na cianidina.
O comprimento de ligação C(4’)-C(5’) denota variações opostas às de
C(5’)-C(6’), com a delfinidina e pelargonidina apresentando valores de 1,405
Ǻ
e
1,406
Ǻ
, respectivamente, enquanto que para a cianidina o comprimento desta
ligação é de 1,396
Ǻ
.
Não foram observadas diferenças significativas nos comprimentos de ligação
que constituem os anéis A e C destas moléculas.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
136
a
b
c
Figura 90. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) cianidina e (c)
pelargonidina (distâncias dadas em
Ǻ
).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
137
a
b
c
Figura 91. Geometrias de equilíbrio da: (a) delfinidina, (b) delfinidina/Al(III), (c)
delfinidina/Zn(II) (distâncias dadas em
Ǻ
).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
138
a
b
c
Figura 92. Geometrias de equilíbrio da: (a) cianidina, (b) cianidina/Al(III), (c)
cianidina/Zn(II) (distâncias dadas em
Ǻ
).
A complexação com Al(III) produz algumas mudanças nos comprimentos de
ligações como pode ser observado nas Tabelas 15 e 16. A modificação mais
pronunciada entretanto, está relacionada aos comprimentos de ligações de C(3’)-
C(4’), que variaram de 1,409 Å na delfinidina para 1,471 Å na delfinidina/Al(III), e de
1,417 Å na cianidina para 1,474 Å na cianidina/Al(III). Dessa forma, nota-se um
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
139
alongamento de aproximadamente 0,060 Å dessa ligação em relação as
antocianidinas na sua forma livre.
Outras alterações são observadas com a presença de Al(III), como o
comprimento da ligação que une o anel B aos anéis A e C, C(2)-C(1’). Observa-se
um aumento de 0,015 Å para a delfinidina/Al(IIII) e de 0,011 Å para a cianidina/Al(III)
nestas ligações em relação ao ligante na sua forma livre.
A complexação com Zn(II) não provocou modificações nos comprimentos de
ligação que constituem os anéis A e C da delfinidina e cianidina. Para esses cátions,
ressalta-se ainda que as variações mais importantes estão nos comprimentos de
ligação C(3’)-C(4’), C(3’)-O(3’) e C(4’)-O(4’) que formam o anel B. Observa-se um
aumento no comprimento destas ligações de 0,015
Ǻ
, 0,027
Ǻ
e 0,013
Ǻ
respectivamente para a delfinidina/Zn(II). Analogamente, são observadas variações
nos comprimentos de ligação destas ligações para a cianidina/Zn(II).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
140
Tabela 15. Distâncias interatômicas (em Å) para a delfinidina, delfinidina/Al(III)
delfinidina/Zn(II)
Ligação
Delfinidina
(a)
Delfinidina
/Al(III)
(b)
Delfinidina
/Zn(II)
(b)
O(1)-C(2) 1,351 1,357 1,351
C(2)-C(3) 1,421 1,407 1,422
C(3)-O(3) 1,360 1,343 1,359
O(3)-H(3) 0,968 0,970 0,968
C(3)-C(4) 1,386 1,414 1,386
C(4)-H(4) 1,087 1,088 1,087
C(4)-C(4a) 1,405 1,380 1,405
C(4a)-C(8ª) 1,413 1,435 1,413
C(4a)-C(5) 1,430 1,449 1,430
C(5)-O(5) 1,352 1,338 1,352
O(5)-H(5) 0,968 0,970 0,968
C(5)-C(6) 1,379 1,373 1,380
C(6)-H(6) 1,085 1,085 1,085
C(6)-C(7) 1,416 1,424 1,416
C(7)-O(7) 1,345 1,326 1,345
O(7)-H(7) 0,968 0,971 0,968
C(7)-C(8) 1,398 1,411 1,399
C(8)-H(8) 1,084 1,084 1,084
C(8)-C(8a) 1,389 1,378 1,389
C(8a)-O(1) 1,358 1,353 1,358
C(2)-C(1’) 1,442 1,457 1,442
C(1’)-C(2’) 1,418 1,411 1,425
C(2’)-H(2’) 1,081 1,081 1,081
C(2’)-C(3’) 1,385 1,388 1,375
C(3’)-O(3’) 1,353 1,313 1,380
O(3’)-H(3’) 0,970
O(3’)-Al 1,865
O(3’)-Zn 1,401
C(3’)-C(4’) 1,409 1,471 1,424
C(4’)-O(4’) 1,347 1,281 1,360
O(4’)-H(4’) 0,972
O(4’)-Al 1,923
O(4’)-Zn 1,411
C(4’)-C(5’) 1,405 1,445 1,401
C(5’)-O(5’) 1,367 1,333 1,354
O(5’)-H(5’) 0,967 0,970 0,967
C(5’)-C(6’) 1,384 1,378 1,394
O(4’)-H(4’) 0,972
C(6’)-H(6’) 1,080 1,081 1,080
C(6’)-C(1’) 1,422 1,422 1,422
H(6’)-O(3) 2,105 2,100 2,090
H(4)-O(5) 2,492 2,447 2,491
C(6’)-H(6’) 1,080 1,081 1,080
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
141
Tabela 16.
Distâncias interatômicas (em Å) para a cianidina, cianidina/Al(III) e
cianidina/Zn(II)
Ligação Cianidina
(a)
Cianidina
/Al(III)
(b)
Cianidina
/Zn(II)
(b)
O(1)-C(2) 1,350 1,357 1,351
C(2)-C(3) 1,420 1,408 1,422
C(3)-O(3) 1,358 1,342 1,357
O(3)-H(3) 0,968 0,970 0,968
C(3)-C(4) 1,387 1,414 1,386
C(4)-H(4) 1,087 1,088 1,087
C(4)-C(4a) 1,404 1,381 1,405
C(4a)-C(8a) 1,413 1,434 1,413
C(4a)-C(5) 1,430 1,450 1,430
C(5)-O(5) 1,352 1,338 1,352
O(5)-H(5) 0,968 0,971 0,968
C(5)-C(6) 1,379 1,373 1,380
C(6)-H(6) 1,085 1,085 1,085
C(6)-C(7) 1,416 1,423 1,416
C(7)-O(7) 1,345 1,325 1,345
O(7)-H(7) 0,968 0,971 0,968
C(7)-C(8) 1,398 1,412 1,399
C(8)-H(8) 1,084 1,084 1,084
C(8)-C(8a) 1,389 1,378 1,389
C(8a)-O(1) 1,358 1,354 1,359
C(2)-C(1’) 1,443 1,454 1,442
C(1’)-C(2’) 1,421 1,401 1,429
C(2’)-H(2’) 1,082 1,082 1,082
C(2’)-C(3’) 1,381 1,399 1,372
C(3’)-O(3’) 1,353 1,307 1,380
O(3’)-H(3’) 0,970
O(3’)-Al 1,876
O(3’)-Zn 1,400
O(4’)-Al 1,896
O(4’)-Zn 1,412
C(3’)-C(4’) 1,417 1,474 1,431
C(4’)-O(4’) 1,353 1,294 1,362
O(4’)-H(4’) 0,968
C(4’)-C(5’) 1,396 1,417 1,390
C(5’)-H(5’) 1,086 1,085 1,084
C(5’)-C(6’) 1,388 1,371 1,393
C(6’)-H(6’) 1,078 1,080 1,079
C(6’)-C(1’) 1,418 1,458 1,422
H(6’)-O(3) 2,115 2,113 2,101
H(4)-O(5) 2,490 2,446 2,491
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
142
Tabela 17.
Distâncias interatômicas (em Å) para a pelargonidina, obtidas no nível
B3LYP/6-31+G(d,p)
Ligação Pelargonidina
O(1)-C(2) 1,351
C(2)-C(3) 1,422
C(3)-O(3) 1,358
O(3)-H(3) 0,968
C(3)-C(4) 1,385
C(4)-H(4) 1,087
C(4)-C(4a) 1,405
C(4a)-C(8a) 1,412
C(4a)-C(5) 1,430
C(5)-O(5) 1,352
O(5)-H(5) 0,968
C(5)-C(6) 1,379
C(6)-H(6) 1,085
C(6)-C(7) 1,415
C(7)-O(7) 1,345
O(7)-H(7) 0,968
C(7)-C(8) 1,399
C(8)-H(8) 1,084
C(8)-C(8a) 1,389
C(8a)-O(1) 1,359
C(2)-C(1’) 1,440
C(1’)-C(2’) 1,425
C(2’)-H(2’) 1,082
C(2’)-C(3’) 1,377
C(3’)-H(3’) 1,084
C(3’)-C(4’) 1,410
C(4’)-O(4’) 1,343
O(4’)-H(4’) 0,969
C(4’)-C(5’) 1,406
C(5’)-H(5’) 1,086
C(5’)-C(6’) 1,384
C(6’)-H(6’) 1,079
C(6)-C(1’) 1,421
H(6’)-O(3) 2,113
(4)-O(5) 2,491
Os principais ângulos de ligação obtidos para as moléculas estão
apresentados nas Tabela 18 e 19.
Os ângulos de ligação das moléculas de delfinidina, cianidina e pelargonidina
praticamente não demonstram diferenças significativas. O ângulo de ligação C(6’)-
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
143
C(1’)-C(2’) diminui ligeiramente de acordo com o decréscimo da hidroxilação do anel
B destas moléculas.
A presença de Al(III) provocou modificações bastante significativas nos
ângulos de ligação C(4’)-C(3’)-O(3’) da delfinidina e da cianidina, sendo observada
uma diminuição de aproximadamente 7
°
nos complexos em relação a estas
moléculas na sua forma livre. Resultados semelhantes foram obtidos na presença de
Zn(II).
Tabela 18. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da delfinidina,
delfinidina/Al(III), e delfinidina/Zn(II)
Ângulo Delfinidina
(a)
Delfinidina/
Al(III)
(b)
Delfinidina/
Zn
(b)
O(1)-C(2)-C(3) 116,9 117,7 116,8
C(2)-C(3)-C(4) 119,7 119,3 119,7
C(3)-C(4)-C(4a) 121,4 121,2 121,4
C(4)-C(4a)-C(8a) 117,9 118,4 117,9
C(4a)-C(8a)-O(1) 118,5 118,2 118,6
C(8a)-O(1)-C(2) 125,5 125,3 125,6
C(4a)-C(5)-C(6) 120,1 119,7 120,1
C(5)-C(6)-C(7) 120,0 120,0 120,0
C(6)-C(7)-C(8) 121,8 122,4 121,8
C(7)-C(8)-C(8a) 117,1 117,1 117,7
C(8)-C(8a)-C(4a) 123,5 123,0 123,5
C(8a)-C(4a)-C(5) 117,5 117,9 117,5
C(6’)-C(1’)-C(2’) 119,4 121,3 119,8
C(1’)-C(2’)-C(3’) 120,6 118,6 118,1
C(2’)-C(3’)-C(4’) 119,7 120,6 121,9
C(3’)-C(4’)-C(5’) 120,1 119,7 120,4
C(4’)-C(5’)-C(6’) 120,9 118,1 118,2
C(5’)-C(6’)-C(1’) 119,4 121,5 121,5
C(4’)-C(3’)-O(3’) 120,7 113,2 112,6
C(3’)-C(4’)-O(4’) 117,5 115,7 114,1
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
144
Tabela 19. Principais ângulos interatômicos (em graus) nas moléculas da cianidina,
cianidina/Al(III), cianidina/Zn(II) e pelargonidina
Ângulo Cianidina
(a)
Cianidina
/Al(III)
(b)
Cianidina
/Zn(II)
(b)
Pelargonidina
(a)
O(1)-C(2)-C(3) 117,0 117,8 116,9 117,0
C(2)-C(3)-C(4) 119,7 119,3 119,7 119,7
C(3)-C(4)-C(4a) 121,4 121,1 121,4 121,4
C(4)-C(4a)-C(8a) 117,9 118,5 117,9 117,9
C(4a)-C(8a)-O(1) 118,5 118,2 118,5 118,6
C(8a)-O(1)-C(2) 125,5 125,1 125,6 125,5
C(4a)-C(5)-C(6) 120,1 119,7 120,1 120,2
C(5)-C(6)-C(7) 120,0 119,9 120,0 120,0
C(6)-C(7)-C(8) 121,8 122,4 121,7 121,7
C(7)-C(8)-C(8a) 117,0 117,1 117,1 117,1
C(8)-C(8a)-C(4a) 123,5 123,0 123,5 123,5
C(8a)-C(4a)-C(5) 117,5 117,9 117,5 117,5
C(6’)-C(1’)-C(2’) 118,7 119,9 119,4 117,8
C(1’)-C(2’)-C(3’) 120,9 118,8 118,7 121,4
C(2’)-C(3’)-C(4’) 119,5 120,5 121,2 119,8
C(3’)-C(4’)-C(5’) 120,3 119,8 120,7 119,9
C(4’)-C(5’)-C(6’) 120,4 118,4 118,5 120,2
C(5’)-C(6’)-C(1’) 120,2 122,3 121,5 120,9
C(4’)-C(3’)-O(3’) 121,0 114,1 113,0
C(3’)-C(4’)-O(4’) 114,8 114,6 113,4 116,8
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
Vários métodos foram propostos para a comparação das cargas atômicas
com grandezas determinadas experimentalmente ou computacionalmente. Wiberg e
Rablen
[158]
compararam os momentos de dipolo e potenciais eletrostáticos
moleculares calculados por cargas atômicas com aqueles obtidos por métodos SCF
(Self-Consistent Field). Nesse trabalho também foi analisada a capacidade das
cargas atômicas de reproduzir variações de eletronegatividade. Os momentos de
dipolo para compostos heterocíclicos foram calculados a partir das cargas obtidas
por vários métodos e comparados com aqueles determinados
experimentalmente
[159]
. Sigfridsson e Ryde
[160]
compararam os momentos de
multipolo calculados a partir de cargas atômicas derivadas do potencial eletrostático
(
µ
cargas
) com os valores derivados diretamente da função de onda (
µ
eigen
).
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
145
Posteriormente, o “Simple Potential Model” sugerido por Sieghban foi proposto como
critério para a qualidade de cargas atômicas parciais
[161]
. Um conjunto de cargas
atômicas pode ser considerado satisfatório se reproduzir os momentos de dipolo, o
potencial eletrostático molecular, a densidade eletrônica e a eletronegatividade
relativa dos vários átomos
[162]
. Apesar destes esforços, não se pode determinar
precisamente um critério para escolha de cargas atômicas.
As cargas atômicas obtidas pelos métodos de Mulliken e GAPT estão
apresentadas nas Tabelas 20 a 22. Considerando as cargas de Mulliken, foram
observadas algumas variações nas cargas atômicas das antocianidinas após a
complexação, que o significativamente mais pronunciadas para os carbonos C(1’)
e C(2) da delfinidina.
Os resultados obtidos demonstraram valores semelhantes de cargas GAPT
para os carbonos C(2), C(5), C(7), e C(4’) na delfinidina, cianidina e pelargonidina.
As alterações nas cargas GAPT após a complexação foram bem menos
intensas, e em alguns aspectos distintas, das observadas nas de Mulliken. Para os
complexos de cianidina/Al(III) e delfinidina/(III) os carbonos C(5) e C(7) apresentam
modificações, com um aumento pronunciado da carga positiva em relação ao ligante
livre. As cargas atômicas do O(4’), C(5’) e (4’) também foram significantemente na
presença de Al(III).
Diferentemente do que foi observado no complexo de Al(III), os carbonos C(5)
e C(7), na presença de Zn(II), praticamente não sofreram alterações nos valores de
suas cargas atômicas.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
146
Tabela 20.
Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a delfinidina, delfinidina/Zn(II) e
delfinidina/Al(IIII)
Delfinidina
(a)
Delfinidina/Zn(II)
(b)
Delfinidina/Al(III)
(b)
(Mulliken) (GAPT) (Mulliken) (GAPT) (Mulliken) (GAPT)
1 O -0,346 -0,371 -0,335 -0,374 -0,314 -0,344
2 C 1,379 1,129 0,352 1,146 0,954 -0,185
3 C -0,336 -0,230 -0,303 -0,240 -0,237 0,136
4 C -0,499 0,681 -0,277 0,680 -0,469 0,596
5 C 0,297 1,083 0,146 1,092 -0,349 1,224
6 C 0,177 -0,316 0,248 -0,316 0,556 -0,290
7 C -0,045 0,990 0,100 0,986 -0,346 1,465
8 C -0,185 -0,534 -0,188 -0,533 -0,316 -0,834
8a C 0,285 0,321 0,268 0,317 0,733 0,330
4a C 0,093 -0,511 0,083 -0,509 0,093 -0,360
1’ C 0,357 -0,628 0,851 -0,652 0,766 0,738
2’ C -0,483 0,062 -0,206 0,082 0,559 -0,408
3’ C -0,077 0,277 -0,270 0,142 -0,820 0,254
4’ C 0,635 0,945 0,602 0,886 0,724 -0,080
5’ C 0,083 0,350 0,294 0,382 -0,073 1,052
6’ C -0,196 0,140 -0,193 0,156 -0,184 -0,428
3 O -0,573 -0,614 -0,549 -0,614 -0,505 -0,544
3 H 0,409 0,309 0,404 0,310 0,424 0,408
5 O -0,551 -0,810 -0,549 -0,814 -0,503 -0,924
5 H 0,393 0,356 0,400 0,358 0,421 0,425
7 O -0,495 -0,917 -0,477 -0,916 -0,404 -0,967
7 H 0,379 0,324 0,376 0,323 0,397 0,338
3’ O -0,526 -0,717 -0,218 -0,746 -0,496 -0,063
3’ H 0,402 0,358
4’ O -0,564 -1,138 -0,239 -1,148 -0,450 0,235
4’ H 0,419 0,416
5’ O -0,592 -0,769 -0,508 -0,737 -0,422 -0,817
5’ H 0,392 0,332 0,378 0,319 0,400 0,370
4 H 0,168 0,108 0,178 0,109 0,202 0,131
6 H 0,147 0,090 0,158 0,089 0,189 0,124
8 H 0,152 0,083 0,152 0,082 0,172 0,087
2’ H 0,155 0,094 0,159 0,095 0,179 0,092
6’ H 0,144 0,106 0,144 0,105 0,168 0,095
Al 0,950 0,147
Zn 0,017 0,938
1,000 1,000
1,000 1,000 2,000 2,000
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
147
Tabela 21. Cargas atômicas (Mulliken e GAPT) para a cianidina, cianidina/Zn(II) e
Cianidina/Al(III)
Cianidina
(a)
Cianidina/Zn(II)
(b)
Cianidina/Al(III)
(b)
(Mulliken) (GAPT)
(Mulliken) (GAPT)
(Mulliken) (GAPT)
1 O -0,352
-0,351 -0,335 -0,355 -0,317 -0,370
2 C 0,842 1,102 0,442 1,127 0,855 -0,187
3 C -0,480
-0,210 -0,118 -0,219 0,311 0,195
4 C -0,154
0,663 -0,342 0,660 -0,878 0,586
5 C 0,231 1,071 0,210 1,076 -0,267 1,232
6 C 0,227 -0,316 0,155 -0,315 0,537 -0,295
7 C -0,033
0,993 -0,014 0,986 -0,370 1,514
8 C -0,185
-0,531 -0,176 -0,530 0,038 -0,850
8a C 0,287 0,318 0,265 0,313 0,533 0,326
4a C 0,084 -0,497 0,082 -0,493 0,093 -0,380
1’ C 0,523 -0,662 0,672 -0,704 0,391 0,345
2’ C -0,276
0,077 -0,284 0,117 0,446 -0,310
3’ C 0,196 0,232 0,143 0,096 -0,475 0,260
4’ C 0,163 1,001 0,297 0,950 0,162 0,052
5’ C -0,185
-0,285 -0,144 -0,300 0,031 0,167
6’ C -0,103
0,286 -0,114 0,324 -0,081 -0,040
3 O -0,577
-0,616 -0,559 -0,618 -0,515 -0,561
3 H 0,409 0,313 0,406 0,314 0,423 0,423
5 O -0,567
-0,807 -0,546 -0,810 -0,502 -0,934
5 H 0,403 0,357 0,400 0,357 0,421 0,427
7 O -0,495
-0,913 -0,480 -0,910 -0,414 -0,963
7 H 0,379 0,324 0,378 0,323 0,397 0,338
3’ O -0,530
-0,721 -0,267 -0,764 -0,485 -0,011
3’ H 0,401 0,361
4’ O -0,556
-1,111 -0,275 -1,144 -0,477 0,193
4’ H 0,395 0,387
5’ H 0,173 0,049 0,173 0,082 0,208 0,113
4 H 0,156 0,109 0,175 0,109 0,203 0,134
6 H 0,152 0,089 0,159 0,089 0,189 0,126
8 H 0,157 0,083 0,152 0,082 0,172 0,085
2’ H 0,146 0,092 0,160 0,091 0,185 0,094
6’ H 0,168 0,112 0,173 0,113 0,199 0,103
Al 0,988 0,188
Zn 0,213 0,949
1,000 1,000 1,000 1,000 2,000 2,000
(a)
6-31+G(d,p).
(b)
ECP para metal e 6-31+G(d,p) para os demais átomos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
148
Tabela 22.
Cargas atômicas (Mulliken) na molécula de pelargonidina, no vácuo,
obtidas no nível B3LYP/6-31+G(d,p)
Pelargonidina
(Mulliken) (GAPT)
1 O -0,348 -0,372
2 C 0,452 1,141
3 C -0,436 -0,215
4 C -0,418 0,665
5 C -0,462 1,070
6 C 0,633 -0,318
7 C -0,512 0,989
8 C -0,320 -0,529
8a C 0,868 0,325
4a C 0,072 -0,502
1’ C 1,597 -0,782
2’ C -0,582 0,300
3’ C 0,061 -0,428
4’ C -0,228 1,128
5’ C 0,089 -0,384
6’ C -0,115 0,400
3 O -0,562 -0,620
3 H 0,411 0,312
5 O -0,543 -0,804
5 H 0,404 0,355
7 O -0,466 -0,913
7 H 0,379 0,325
3’ H 0,167 0,0785
4’ O -0,458 -1,109
4’ H 0,377 0,375
5’ H 0,142 0,047
4 H 0,172 0,109
6 H 0,157 0,090
8 H 0,148 0,081
2’ H 0,151 0,078
6’ H 0,172 0,110
1,000 1,000
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
149
IV.16-HARMONIC OSCILLATOR MODEL OF AROMATICITY (HOMA)
A aromaticidade dos compostos foi calculada utilizando dados estruturais
(com uso do ECP para metais) através do índice HOMA. Esse índice foi calculado de
duas formas: (i) transformando as ligações C-O em C-C virtuais (Tabela 23) e (ii)
com a separação do anel C em duas partes (uma considerando apenas as ligações
C-C e outra apenas com as ligações C-O, Tabela 24). Foram descritas as diferentes
contribuições para o decréscimo da aromaticidade: (i) devido à variação do
comprimento de ligação com relação ao Ropt (o termo denominado EN) e (ii) devido
à alternância dos comprimentos de ligação (o termo denominado GEO).
O índice HOMA (Tabelas 23 a 25) para os anéis A, B e, sobretudo C, dos
compostos demonstra que estes são menos aromáticos do que o benzeno (HOMA =
0,9742)
[163]
e que o cátion pirílio (HOMA = 0,7362)
[163]
. Os resultados (Tabela 23)
permitem verificar que os termos EN e GEO contribuem diferentemente para a perda
aromaticidade do anel C, e que o termo que mais contribui para o decréscimo da
aromaticidade está relacionado com a alternância dos comprimentos de ligação
(GEO). A contribuição do termo EN é praticamente o dobro da observada para o
termo GEO.
A divisão do anel C em duas partes (Tabela 24) indica que o índice HOMA da
parte heterocíclica é negativo. A principal contribuição para o decréscimo da
aromaticidade é decorrente dos longos comprimentos das ligações C-O em relação
ao comprimento ótimo dessa ligação (1,265 Å, Tabela 1), ou seja, do termo EN.
Analogamente, para a parte homocíclica (ligações C-C, Tabela 24) observa-se que o
termo EN apresenta contribuição superior ao termo GEO. Entretanto, nos complexos
com Al(III), verifica-se uma maior proximidade entre os valores destes dois termos, o
que provavelmente deve ser atribuído à perda de planaridade destes complexos.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
150
Tabela 23. HOMA, EN e GEO para o anel C da delfinidina e respectivos complexos
com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II) e
pelargonidina
Composto HOMA EN GEO
Benzeno 0,9742 0,0257 0,0
Delfinidina 0,5022 0,3197 0,1781
Delfinidina/Al(III) 0,4420 0,3564 0,2017
Delfinidina/Zn(II) 0,5110 0,3109 0,1781
Cianidina 0,5110 0,3143 0,1747
Cianidina/Al(IIII) 0,4403 0,3621 0,1976
Cianidina/Zn(II) 0,4944 0,3251 0,1804
Pelargonidina 0,4963 0,3191 0,1846
Tabela 24. Contribuição das diferentes ligações para HOMA, EN e GEO para o anel
C da delfinidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos
complexos com Al(III) e Zn(II) e pelargonidina
Contribuição C–C Contribuição C–O
Composto
HOMA
HOMA
EN GEO HOMA EN GEO
Delfinidina 0,4929 0,8707
0,0858 0,0435
-0,2626 1,2606
0,1781
Delfinidina/Al(III)
0,4327 0,7867
0,1136 0,0996
-0,2754 1,2748
0,0006
Delfinidina/Zn(II)
0,5020 0,8664
0,0882 0,0454
-0,2266 1,1912
0,0354
Cianidina 0,5018 0,8772
0,0835 0,0393
-0,2491 1,2466
0,0025
Cianidina/Al(IIII) 0,4310 0,7912
0,1164 0,0924
-0,2983 1,2890
0,0003
Cianidina/Zn(II) 0,4852 0,8664
0,0882 0,0454
-0,2773 1,2748
0,0025
Pelargonidina 0,4870 0,8692
0,0834 0,0473
-0,2773 1,2748
0,0025
O índice HOMA (Tabela 25) para os anéis A e B da cianidina, delfinidina e
pelargonidina é inferior ao calculado para o benzeno. Entretanto, ambos os anéis
demonstram uma aromaticidade maior do que a observada para o naftaleno
(HOMA= 0,7526)
[163]
. Adicionalmente, o aumento do número de hidroxilas no anel B
leva a um acréscimo na aromaticidade do mesmo (Tabela 25), sendo este mais
pronunciado quando se compara o índice HOMA da cianidina e delfinidina com a
pelargonidina.
Diferentemente do Zn(II), a complexação com o Al(III) conduz a uma
diminuição acentuada na aromaticidade do anel A. Em todos os casos, as
contribuições dos termos EN e GEO são próximas.
RESULTA DOS E DISCUSSÃO
151
Considerando o anel B (Tabela 25), verifica-se que a diminuição da
aromaticidade tanto para os complexos com Zn(II) quanto para os com Al(III),
embora a complexação com este último tenha provocado decréscimos de
aromaticidade significantemente mais acentuados. Novamente, os termos
relacionados com o aumento (EN) e com a alternância dos comprimentos de ligação
(GEO) contribuíram de modo similar para a menor aromaticidade do anel B nos
complexos (relativamente às antocianidinas não complexadas).
Tabela 25. HOMA, EN e GEO para os anéis A e B da da delfinidina e respectivos
complexos com Al(III) e Zn(II), cianidina e respectivos complexos com Al(III) e Zn(II)
e pelargonidina
HOMA EN GEO HOMA
EN GEO
Compostos
Anel A Anel B
Delfinidina 0,8559
0,0673
0,0767
0,8793
0,0646
0,0561
Delfinidina/Al(III)
0,6530
0,1443
0,2027
0,4123
0,3067
0,2809
Delfinidina/Zn(II)
0,8557
0,0701
0,0741
0,8198
0,0914
0,0888
Cianidina 0,8559
0,0673
0,0767
0,8736
0,0619
0,0645
Cianidina/Al(IIII) 0,6569
0,1632
0,1798
0,4109
0,2639
0,3252
Cianidina/Zn(II) 0,8557
0,0741
0,0702
0,7865
0,1285
0,0850
Pelargonidina 0,8595
0,0660
0,0746
0,8538
0,0646
0,0815
CONCLUSÕES
152
V. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos neste trabalho evidenciaram a ocorrência de
complexação entre os íons metálicos Al(III), Fe(II), Zn(II), Ni(II) e Cu(II) e os
flavonóides miricetina, fisetina, delfinidina, cianidina e cianidina-3-G.
Os dados espectrais mostraram a fundamental importância dos grupos catecol ou
pirogalol para a complexação; pelargonidina e pelargonidina-3-G não possuem estes
grupos e nenhuma evidência de complexação foi observada com estes compostos.
A reatividade das antocianinas em solução é bastante complexa, sendo muito
instáveis a mudanças de pH, luz e temperatura. Na presença dos íons Al(III), Fe(II),
Zn(II) e Ni(II), estes flavonóides apresentaram um aumento de estabilidade.
Pode-se ressaltar a maior estabilidade da cianidina/Al(III) em relação a
delfinidina/Al(III); os valores obtidos de
complex
E
evidenciam a grande estabilidade da
ligação metal-ligante, sendo a ligação do cátion metálico com a cianidina um pouco
mais estável do que a observada com a delfinidina.
Além disso, os estudos mostraram que a quantidade de hidroxilas no anel B
tem influência direta na atividade antioxidante destes compostos livres e
coordenados.
A coexistência da dupla ligação entre C2
=
C3
em conjugação com o grupo 4-
oxo e o grupo 3-OH também influenciaram a atividade antioxidade: os flavónoides
miricetina e fisetina apresentaram melhor atividade antioxidade em relação às
antocianinas que não apresentam esta ligação
A presença do açúcar na posição 3 das antocianinas contribuiu para um
decréscimo da atividade antioxidante, que pode ser atribuído ao impedimento estéro
causado pela presença do glicosídeo.
CONCLUSÕES
153
Cálculos quânticos apontaram que as estruturas planares da delfinidina,
cianidina e pelargonidina são energeticamente mais estáveis do que as não
planares. A complexação com Al(III) e Zn(II) produz algumas mudanças nos
comprimentos da ligações; as modificações mais pronunciadas estão nos
comprimentos de ligação C(3’)-C(4’), C(3’)-O(3’) e C(4’)-O(4’) que formam o anel B
destes compostos.
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