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consagração da sociedade pós-moderna, volátil e fragmentada. Neste sentido, pode
ser esclarecedora a colocação de Straw (2005, p. 475), no artigo Communities and
Scenes in Popular Music onde a cultura da dance music
É aquela na qual a diversidade espacial é perpetuamente retrabalhada
como uma seqüência temporal. Em um nível, a dance music é altamente
policêntrica, nisto é caracterizada pela existência simultânea de um grande
número de estilos locais ou regionais – música techno de Detroit, estilo bass
de Miami, o swingbeat de Los Angeles e etc. Outros centros regionais –
como Nova Iorque ou Londres – serão relevantes, menos como lugares
(para o) surgimento de estilos que podem ser chamados como nativos, do
que por ocupar posições de centralidade como espaços de retrabalho e
transformação de estilos originários de outros lugares. A cultura da dance
music é caracterizada por dois tipos de direcionalidade: um no qual a
atividade musical local se desenha local dentro da produção de estilo
musical de um ou mais produtores ou sons nativos, e outro que articula
estes estilos em outro lugar, dentro de centros e processos de mudanças
monitorados de perto pela comunidade internacional da dance music como
um todo. Um efeito deste tipo de movimento é que coexistindo no interior da
dance music os estilos regionais e locais estão quase sempre em diferentes
estágios dentro dos ciclos de influência de nascimento e declínio da dance
music. Uma confortável, estável diversidade internacional, pode ser
raramente observada.
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A dinâmica característica da dance music e das raves, transterritorial,
diversificada e de constantes releituras atravessa a década de 90 até os dias de
hoje, com suas diversas adaptações e influências. E pode-se dizer que há uma
relação entre as cenas musicais e os espaços urbanos. De acordo com Freire Filho
e Fernandes (2006, p. 31):
Um exemplo disso é a possibilidade de integrantes de cenas como a de São
Paulo se congregarem a cenas como a de Manchester, na Inglaterra, sem
que seja necessariamente uma modificação radical dos ideais estético-
ideológicos desenvolvidos na cidade de origem. A escola, a rádio, os clubes
noturnos – espaços modelados pelo lugar que ocupam na metrópole
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Tradução de: “Is one in wich spatial diversity is perpetually reworked as temporal sequence. At one
level, dance music culture is highly polycentric, in that it is characterized by the simultaneous
existence of large numbers of local or regional styles – Detroit `techno´ music, Miami `bass´ styles,
Los Angeles ´swingbeat´, etc. Other regional centers – like New York or London – will be significant,
less as places [for the] emergence of styles one could call indigenous, than because they occupy
positions of centrality as sites for the reworking and transformation of styles originating elsewhere.
Dance music culture is characterized by two sorts of directionality: one wich draws local music
activity into the production styles of one or more dominant, indigenous producers or sounds; and
another wich articulates these styles elsewhere, into centres and processes of change monitored
closely by the international dance community as a whole. One effect of this sorts of movement is
that coexisting regional and local styles within dance music are almost always at different stages
within their cycles of rising and declining influence. A comfortable, stable international diversity may
rarely be observed.”