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A Igreja Católica não demorou muito para se pronunciar em
relação aos ataques do jornal “A Gazeta de Uberaba”; para isso, o
Bispo Dom Cláudio enviou uma carta ao Senhor Tobias Rosa, diretor do
periódico, na qual podemos observar a arrogância do clero católico e o
total desinteresse pela situação dos menos favorecidos da sociedade
local:
Paço de São Vicente de Paulo em Goyaz, 17 de
setembro de 1889.
Sr. Tobias Rosa.
Tem esta por fim de declarar à Umce, que desta data
em diante não quero mais receber a “ Gazeta de
Uberaba”, nem como assignante, nem sob qualquer
outro título. Sou Bispo Catholico Romano; não
posso, nen quero favorecer a jornal algum, inimigo
da Igreja, que chega do ponto de caluniar, de
desrespeitar, dos mais leviano do mesmo Leão XIII,
estimado, considerado por herejes, até pelos mesmo
muçulmanos. A “Gazeta”só respeita aquelles, que
estão dispostos à responder a seus artigos por meio
de capangas com força bastante para mimosear seus
redatores com chicotadas, pauladas ou mesmo com
chumbo; quero pois, não a recebendo mais, deichar-
lhe maior liberdade de cumprir sua triste e odiosa
missão: de insultar, de caluniar, de ridicularisar
todos aqueles que merecem respeito, gratidão, e
amor por suas virtudes, por seus serviços prestados,
por sua dedicação sem limites. [...] Cada dia dou
menos importância á tudo, quanto se chama jornal;
tanto receio tenho artigos dos jornais, que pedi com
instancia a meus amigos do Rio, de Uberaba, de
Goyaz, que nunca respondessem a artigo algum,
embora nesses artigos os redatores do jornais me
pintassem mais feio do que o diabo. Nem a Deus
peço vingança, ele muito bem sabe o que deve
fazer. Como Pai e Pastor imploro a infinita
misericórdia do mesmo Deus em favor de todos os
meus filhos, e particularmente em favor daqueles,
que procedem como inimigos meus. Para castigo dos
redactores da Gazeta, basta ela mesma. Citarei um
só exemplo: a história do senhor Dr. João Caetano a
respeito de questões religiosas de 1881, para cá
melhor a conhece Vmce, do que eu. Hoje que mais
desmoralisa, flagela esse pobre moço? É a Gazeta.
Quanto ás obras que, por espírito de caridade em
cumprimento de meus deveres e não por capricho,
tenho em preendido em favor dos católicos desta