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EDISON BARIANI JUNIOR
GUERREIRO RAMOS E A
REDENÇÃO SOCIOLÓGICA:
CAPITALISMO E SOCIOLOGIA
NO BRASIL
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EDISON BARIANI JUNIOR
GUERREIRO RAMOS E A
REDENÇÃO SOCIOLÓGICA:
CAPITALISMO E SOCIOLOGIA
NO BRASIL
Tese apresentada ao Programa de s-Graduação em
Sociologia da Faculdade de Ciências e Letras da
Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita
Filho”, Campus Araraquara, para obtenção do título de
Doutor em Sociologia.
Orientador: Prof. Dr. José Antonio Segatto.
ARARAQUARA
2008
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DADOS CURRICULARES
EDISON BARIANI JUNIOR
NASCIMENTO 07/02/1970 - São Paulo-SP
FILIAÇÃO Edison Bariani
Antonia Rodrigues Bariani
1
ii
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AGRADECIMENTOS
Todo trabalho intelectual é coletivo. Seria injusto de minha parte
nomear, dentre tantas pessoas, algumas em detrimento de outras.
Este trabalho foi realizado com o apoio da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
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“A vida intelectual é uma possessão.
Guerreiro Ramos
Partindo do princípio fundamental do pensamento dialético – isto é,
do princípio de que o conhecimento dos fatos empíricos permanece abstrato e
superficial enquanto ele não foi concretizado por sua integração ao único conjunto
que permite ultrapassar o fenômeno parcial e abstrato para chegar a sua essência
concreta, e, implicitamente, para chegar à sua significação – não cremos que o
pensamento e a obra de um autor possam ser compreendidos por si mesmo se
permanecermos no plano dos escritos e mesmo no plano das leituras e das
influências. O pensamento é apenas um aspecto parcial de uma realidade menos
abstrata: o homem vivo e inteiro. Este, por sua vez, é apenas um dos elementos do
conjunto que é o grupo social. Uma idéia, uma obra só recebe sua verdadeira
significa
7
RESUMO
A trajetória de Guerreiro Ramos a relação tensa e dinâmica de vida e
obra é uma contribuição no sentido de trazer ao debate intelectual uma
percepção de certos dilemas da sociologia no Brasil e propiciar subsídios na
tentativa de compreender a situação brasileira; as formulações, temas, ênfases e
equívocos do autor são, em certa medida, reflexos dos problemas que suscitaram
tais esforços, bem como sua obra uma radical tentativa de criação de um
pensamento nacional autêntico que, para ele, redimiria os pecados da miséria
brasileira e de sua cortesã, a sociologia alienada da realidade nacional. Tal
empenho imbrica-se em sua obra e no contexto histórico-social com os
anseios de construção de um capitalismo nacional e autônomo de certa classe
média, e teria na própria elaboração de uma sociologia nacional um dos seus
principais instrumentos de remissão. Os esforços de Guerreiro Ramos foram
envidados no sentido da redenção sociológica da sociologia e sociedade
brasileiras, estigmatizadas segundo ele por um pecado original: a
transplantação/importação de idéias. Mas poderia a sociologia não impulsionar
o desenvolvimento nacional como salvar-se por meio de si mesma?
PALAVRAS-CHAVE: Guerreiro Ramos. Sociologia no Brasil. Capitalismo.
Nacionalismo. Desenvolvimento.
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ABSTRACT
The trajectory of Guerreiro Ramos the tense and dynamic relation of
life and work is a contribution in the direction to bring to the intellectual debate
a perception of certain dilemmas of sociology in Brazil and to propitiate subsidies
in the attempt to understand the Brazilian situation; the formularizations, subjects,
emphases and mistakes of the author are, in certain measure, consequences of the
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627.3298 Tm (–)Tj/F2 12 Tf1 0)Tj1 130.8 521.0098 Tm (r)Tj1 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (n)1j1 0)Tj1 130.8 600.6898 Tm (d6Tj 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (i64j1 0)Tj1 130.8 600.6898 Tm (n)3j1 0)Tj1 130.8 521.0098 Tm (377j21 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (h83j1 0)Tj1 130.8 574.2898 Tm (392j1 0)Tj1 130.8 521.0098 Tm (u)8j1 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (401j21 0)Tj1 130.8 521.0098 Tm (405j1 0)Tj1 130.8 574.2898 Tm (t)9j1 0)Tj1 130.8 574.2898 Tm (4)5j1 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (r)Tj1 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (4)Tj1 0)Tj1 130.8 574.2898 Tm (n)Tj92 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (a)3j1 0)Tj1 130.8 547.6098 Tm (e)Tj/F2 1p)Tj1 0)Tj1 130.8 -47.6098 Tm (e)Tj/F2 1p40j1 0)Tj1 130.8 521.0098 Tm (445j 0)Tj1 130.8 521.0098 Tm (o)1j1 0)Tj1 130.8 627.3298 Tm (c)Tj1 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (459j1 0)Tj1 130.8 600.6898 Tm (a)Tj1 0)Tj1 130.8 600.6898 Tm (l)2f1 0)Tj1 130.8 627.3298 Tm (c77j1 0)Tj1 130.8 521.0098 Tm (o)3j1 0)Tj1 130.8 547.6498 Tm (e)Tj1 0)Tj1 130.8 574.2898 Tm (t)Tj1 0)Tj1 130.8 574.2898 Tm (e9Tj2970)Tj1 130.8 x21.0098 Tm (s)Tj1 0)Tj1 130.8 574.2098 Tm (e)Tj/F2 12 Tf1 g)Tj0 504.72 600.6898 Tm (–)Tj/F2 122Tj1 g)Tj0 504.72 600.6898 Tm (w29j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (i)2j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (t)Tj31 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (h)Tj1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (t4Tj1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (h55j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (e)Tj1 g)Tj0 504.72 627.3298 Tm (1)Tj1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (e)Tj1g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (a81j1 g)Tj0 504.72 627.3298 Tm (r)1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (n92 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (i)5j11 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (20Tj1 g)Tj0 504.72 g47.6498 Tm (207j11 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (o)5j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (o22j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (f29j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (235j g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (o41j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (247j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (o51 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (u)Tj6 g)Tj0 504.72 627.3298 Tm (o59j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (u65j1 g)Tj0 504.72 600.6898 Tm (c70j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (t)Tj31 g)Tj0 504.72 627.3298 Tm (i)Tj g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (o83j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (2)3j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (o9Tj1 g)Tj0 504.72 627.3098 Tm (r)7j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (r)Tj1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (323j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (r28j31 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (332j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (i)5j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (o)1j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (3)Tj1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (r5Tj1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (l60 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (r65j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (371j1 g)Tj0 504.72 600.6898 Tm (d81j6 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (i84j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (n).9297g)Tj0 504.72 600.6898 Tm (d96j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (401 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (p08 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (413j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (n19j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (425j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (e)Tj1g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (n)Tj1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (l)Tj1 g)Tj0 504.72 627.3298 Tm (c)Tj1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (45Tj8 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (p61j1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (463j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (l67j1 g)Tj0 504.72 521.0098 Tm (473j1 g)Tj0 504.72 600.6898 Tm (l)Tj1 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (479j1 g)Tj0 504.72 574.2898 Tm (s)Tj31 g)Tj0 504.72 547.6498 Tm (m97j1 g)Tj0 504.72 627.3298 Tm (o)Tj1 g)Tj0 504.72 627.3098 Tm (e)Tj/F2 12 Tf1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (a1Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (e21j1 g61j1 491.28 21.0098 Tm (a825j1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (t)9j11 g61j1 491.28 600.6898 Tm (a)Tj41g61j1 491.28 547.6498 Tm (i)7j1 g61j1 491.28 600.6898 Tm (n)9j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (m)8f1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (i61 g61j1 491.28 521.0098 Tm (d68 g61j1 491.28 521.0098 Tm (d)Tj1 g61j1 491.28 600.6898 Tm (l77j1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (e)Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (a)Tj1 g61j1 491.28 600.6898 Tm (l)Tj1 g61j1 491.28 600.6898 Tm (t)Tj1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (o07j11 g61j1 491.28 521.0098 Tm (o11j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (d)Tj1g61j1 491.28 600.6898 Tm (t2Tj31 g61j1 491.28 600.6898 Tm (i)Tj1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (t)Tj1 g61j1 491.28 600.6898 Tm (252j1 g61j1 491.28 574.2898 Tm (o)Tj1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (u65j2 g61j1 491.28 600.6898 Tm (26Tj1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (t80j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (a)6j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (a)1j6 g61j1 491.28 v21.0098 Tm (a)7j1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (e)Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (311 g61j1 491.28 547.6498 Tm (323j76 g61j1 491.28 547.6498 Tm (n)Tj1 g61j1 491.28 600.6898 Tm (i3Tj11 g61j1 491.28 547.6498 Tm (e4Tj41g61j1 491.28 574.2898 Tm (a)Tj1 g61j1 491.28 21.0098 Tm (a354j1 g61j1 491.28 574.2898 Tm (r)Tj1 g61j1 491.28 574.2898 Tm (a66j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (e72j1 g61j1 491.28 21.0098 Tm (a382j31 g61j1 491.28 547.6498 Tm (e)7j6 g61j1 491.28 574.2898 Tm (l).9297g61j1 491.28 521.0098 Tm (31 g61j1 491.28 547.6498 Tm (b01j76 g61j1 491.28 574.2898 Tm (,)8 g61j1 491.28 21.0098 Tm (al)2j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (41Tj1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (l2Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (4)Tj1 g61j1 491.28 574.2898 Tm (,30j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (n)1j1 g61j1 491.28 574.2898 Tm (,4Tj1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (f57j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (46Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (e)4j1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (b)Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (48Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (486j1 g61j1 491.28 574.2898 Tm (,)Tj1 g61j1 491.28 547.6498 Tm (e9Tj1 g61j1 491.28 521.0098 Tm (s)Tj297g61j1 491.28 547.6098 Tm (e)Tj/F2 12 Tf1 i)5j1 194.4 521.0098 Tm (s1Tj1 i)5j1 194.4 547.6498 Tm (o)1j1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (a)Tj1g)5j1 194.4 547.6498 Tm (i)0j1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (o)Tj31 g)5j1 194.4 600.6898 Tm (l39j1g)5j1 194.4 574.2898 Tm (o)Tj1 i)5j1 194.4 g47.6498 Tm (151j1 g)5j1 194.4 627.3298 Tm (1)3j1g)5j1 194.4 574.2898 Tm (o69j1 g)5j1 194.4 521.0098 Tm (n)5j1g)5j1 194.4 547.6498 Tm (e)6j1 g)5j1 194.4 574.2898 Tm (o)Tj1 g)5j1 194.4 521.0098 Tm (f)Tj1g)5j1 194.4 547.6498 Tm (a)Tj1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (20Tj21 i)5j1 194.4 521.0098 Tm (d)Tj1 g)5j1 194.4 574.2898 Tm (m)8j1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (a)Tj1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (2)7j6 g)5j1 194.4 521.0098 Tm (m)Tj1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (25Tj1 g)5j1 194.4 521.0098 Tm (m58j1 g)5j1 194.4 521.0098 Tm (s63j1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (267j11 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (r)1j1g)5j1 194.4 521.0098 Tm (u77j1 g)5j1 194.4 574.2898 Tm (m8Tj31 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (d91j1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (2)7j6 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (n01j1g)5j1 194.4 547.6498 Tm (s)1j76 g)5j1 194.4 574.2898 Tm (318 g)5j1 194.4 521.0098 Tm (n)Tj6 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (u)Tj1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (e)Tj2 g)5j1 194.4 574.2898 Tm (34Tj31 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (i)9j1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (s5Tj1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (s5Tj1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (i6Tj92 g)5j1 194.4 574.2898 Tm (368j1 g)5j1 194.4 547.6498 Tm (n)3j92 g)5j1 194.4 .27.3298 Tm (h83j1 g)5j1 194.4 98 Tm 12 TL(l).9297g)5j1 194.4 521.0098 Tm (u)6j1 g)5j1 194.4 574.2898 Tm (407j1 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9
SUMÁRIO
Resumo................................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO................................................................................................... 10
I - TRINCHEIRAS.............................................................................................. 16
1. DASP, administração, política e modernização................................................ 20
2. O arsenal em construção................................................................................... 49
3. Grupo de Itatiaia, IBESP e os Cadernos de Nosso Tempo............................... 56
4. ISEB: fábrica de controvérsias.......................................................................... 72
II - ÀS ARMAS: A CRÍTICA CONFLAGRADA........................................... 90
1. O ‘problema’ do negro e a sociologia do preconceito...................................... 92
2. A sociologia crítica e a crítica da sociologia................................................... 107
3. A redução sociológica..................................................................................... 131
4. Uma batalha: Guerreiro Ramos versus Florestan Fernandes.......................... 148
III - A ARTE DA GUERRA............................................................................. 167
1. Povo, desenvolvimento e industrialização...................................................... 169
2. A revolão brasileira.................................................................................... 183
3. Nacionalismo: ideologia revolucionária e ciência.......................................... 191
4. Crise do poder, instituições e representação................................................... 202
5. A crítica em combate...................................................................................... 224
6. Programa, estratégia e tática na revolução brasileira ..................................... 239
IV - A UTOPIA DESARMADA ...................................................................... 245
V - O SABER (RE)VELADO .......................................................................... 262
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ 289
Anexos ............................................................................................................... 318
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10
Introdução
“Sociologia sem práxis é non-sens.
Guerreiro Ramos
Na sociologia brasileira, Alberto Guerreiro Ramos (1915-1982) ocupa
uma posição particular: baiano de Santo Amaro da Purificação, sociólogo, poeta,
ensaísta, professor, pesquisador, deputado federal (PTB da Guanabara), militante
do movimento negro, nacionalista, integralista (na juventude), técnico em
administração do DASP (Departamento de Administração do Serviço Público),
integrante do Grupo de Itatiaia, IBESP (Instituto Brasileiro de Economia,
Sociologia e Política), ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), docente
na EBAP (Escola Brasileira de Administração Pública) da Fundação Getúlio
Vargas, na Universidade do Sul da Califórnia e na Universidade Federal de Santa
Catarina. Autor de muitas vivências e influências, erudito, engajado, polemista
feroz, defendeu febrilmente suas posições e posicionou-se incontinenti; produtor
de uma obra de temas diversos, influências várias, originalidade e contundência,
foi uma espécie de consciência incômoda da sociologia brasileira.
1
Crítico voraz da subserviência às idéias “importadas”, do descaso com o
público e do descompromisso com o país, angariou tantos desafetos quanto pôde
acumular, polemizou duramente com outras figuras de vulto na sociologia
brasileira (Florestan Fernandes, Luiz Costa Pinto, Emilio Willems, Roger Bastide,
para citar alguns)
2
e tentou retomar o que acreditava ser a herança da linhagem
1
Sobre os dados biográficos do autor, foram consultados, sobretudo, Oliveira, L. (1995), Soares
(1993), Matta (1983) e Nascimento, A. (2003a). Ver também cronologia da vida e obra do autor,
anexo A desta.
2
Um balanço preliminar dessas discussões, já o ensaiamos em Bariani (2003a).
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11
crítica do pensamento social no Brasil: Silvio Romero, Euclides da Cunha,
Alberto Torres, Oliveira Vianna...
Participante de alguns dos mais influentes círculos da inteligência
brasileira no período 1943-1964 (DASP, Assessoria de Vargas, IBESP, ISEB),
3
engajou-se na potica brasileira empunhando as bandeiras do nacionalismo, da
autonomia, da industrialização, do desenvolvimento, e batendo-se em defesa da
publicização do Estado, da construção da nação e da sociedade civil tarefas do
povo com o norte da intelligentzia.
No pós-1964, derrotado politicamente e alijado de uma carreira
universitária no Brasil, exilou-se nos EUA, onde veio a obter o sonhado
reconhecimento acadêmico e passou a ocupar-se com a crítica da modernidade, da
razão instrumental, da visão unilateral sobre a existência humana e da concepção
teleológica ingênua da história.
Com Guerreiro Ramos que sonhou um dia com uma sociologia
nacional e um capitalismo autônomo no Brasil – a sociologia brasileira teve um de
seus críticos menos complacentes, mais ácidos e o mais intransigentemente
apaixonado; suaaa
a
12
Andrade (1972, p. 41) definiu a sociologia como “a arte de salvar rapidamente o
Brasil e, também, singularmente, de uma atitude redentora, que pretendia
(re)fundar a sociologia (e a nação) em novas bases, agora redimida(s) de seus
pecados originais.
No intuito de situar o pensamento do autor, o período da história
br
13
parâmetros de interpretação legítimos dentro da formação social e seus
condicionantes ideológicos. Obviamente, esse contexto esboçado não pretende um
completo cerceamento das circunstâncias sociais de inserção da problemática, já
que relega embora não desconheça os condicionantes mais amplos de
historicidade e sua força de permanência. Esta lacuna, cremos estar amenizada
pela consideração do período (1930-1982), além disso, neste caso, a amplitude
por si talvez não seja uma virtude, pois se as idéias têm um enraizamento
histórico-social, a profundidade e formas de expansão dessas raízes certamente
escapam à nossa completa percepção, vez que se confundem com a própria
história humana e t
14
se suas ‘soluções’, por vezes, detiveram-se no malogro, seus questionamentos
continuam vivos e conseqüentes.
6
Nesse aspecto, no plano potico, alguns – como
José Murilo de Carvalho (2003c, p. 6) já o revisitam com base numa espécie de
ardil da história, notando a volta à atual cena potica nacional de suas
conce
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c
15
insuficiente no sentido de não pretender domar completamente ou exaurir a rica
trajetória de um indivíduo e suas idéias (e condicionantes) na incompletude e
precariedade de uma armação teórico-conceitual, um contexto imediato e a
simples diluição num determinado grupo social, pois intentamos não reduzir a
significação de uma experiência intelectual (e existencial) a uma construção
lógica encravada num recorte espaço-temporal. Tanto as iias quanto a vida
serão sempre maiores que o texto e o contexto, bem como intangíveis à nossa
capacidade de explicá-los teórica e cabalmente.
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16
I - Trincheiras
“Não pertenço a instituições, não tenho fidelidade a
coisas sociais; tudo o que é social, para mim, é
instrumento. Eu não sou nada, estou sempre à
procura de alguma coisa que não é materializada em
instituição, em linha de conduta. Ninguém pode
confiar em mim em termos de sociabilidade, de
institucionalidade, porque isso não é para mim, não
são funções para mim. O meu negócio é outro.”
Guerreiro Ramos
Mesmo avesso ao engajamento institucional, Guerreiro Ramos esteve por
vezes ligado a instituições que influenciaram sua trajetória. Cursou Ciências
Sociais na Faculdade Nacional de Filosofia, e Direito na Faculdade de Direito
(ambas da então Universidade do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro), formando-
se, respectivamente, em 1942 e 1943. Recém-egresso da Universidade, esforçava-
se em estabelecer relações entre o instrumental trico que possuía e as
circunstâncias da sociedade em que vivia, tateando a realidade brasileira e
procurando desafios e respostas às inquietações (muitas delas existenciais) que o
acompanhavam – e algumas o acompanhariam por toda sua vida.
8
8
Paradoxalmente, sua passagem pela Universidade (ainda em fase de criação no Brasil naquele
momento) não parece ter deixado marcas indeléveis em sua formação intelectual
17
Preterido na carreira universitária, entrou em profunda crise existencial.
9
Necessitando manter-se, passou a lecionar por indicação de San Tiago Dantas –
no De
r
18
simultaneamente, com a criação da Escola Brasileira de Administração Pública
(EBAP) da Fundação Getúlio Vargas (em 1952), tornou-se professor dessa,
mantendo com a instituição estreita relação que duraria longos anos. Engajou-se,
assim, diretamente na potica ao integrar a mencionada Assessoria de Vargas e
posteriormente o Grupo de Itatiaia, IBESP (Instituto Brasileiro de Economia,
Sociologia e Potica) e ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros), todavia,
continuou afastado da Universidade, vindo a ter propriamente uma carreira
acadêmica no exílio, nos EUA.
12
O pertencimento a tais instituições (Departamento Nacional da Criança
Assessoria de Vargas, Fundação Getúlio Vargas e, mormente, DASP, Grupo de
Itatiaia, IBESP, ISEB) e as circunstâncias que o envolvem m relevância
contextual (mesmo limitada e momentânea) na análise da trajetória do autor.
Tomada como lócus e processo social
19
em definitivo nem autonomia social, nem prerrogativa na explicação sociológica
(FERNANDES, 1991, p.171-2).
13
Possuir uma dinâmica própria, desfrutar de uma
posição diferenciada no interior da sociedade, ter ritmos e rumos o ajustados
automaticamente ao movimento do todo, em suma, exceder uma simples
engrenagem do sistema não a torna (a instituão) soberana ou sequer
independente. P
i
20
sociais pre
21
da complexidade social do país, questões como: a efetivação da administração, a
trs
à8 718.28 1 478.m (a)Tj1 0 0 1 434 0 0 0 1 118.8 1 478.m (a)Tj10.88 691.6498 Tm.2898 Tm (v)Tj7.92 718Tm (v)Tjm (,)Tj1 0 0 1 16.68 7Tm (v)Tjm (j/F2 12 Tf11718Tm (v)Tjj1 0 0 1 156 02.38 Tm (v)Tjj1 0 0 1 208.09.38 Tm (v)Tjj1 0 0 1 213.6 778 Tm (v)Tj 0 0 1 234.96 00402.Tm (v)Tjj1 0 0 1 208206402.Tm (v)Tj)Tj10 0 1 234.96 72898 Tm (v)Tj 0 0 1 234.96 751 0 0 1 434 0 0 0 1 1182201 478.m (a)Tje
22
fisiologismo, na promiscuidade entre o público e o privado, na corrupção, na
exclusão. Um terreno nada fértil para o empreendimento, ainda assim, o DASP
acumulou forças, resistiu e manobrou até onde pôde. Suas ações foram marcadas
pelas dificuldades de viabilização inerentes e seu percurso por tensões e
contradições que se acumulavam devido ao atrito entre o caráter de suas funções
(racionais-legais) e a cultura potica e sociabilidade (patrimonialista) na qual se
inseria. Seus dilemas são, de certo modo, os dilemas de toda modernização no
Brasil, que o avanço do capitalismo não somente não dirimiu como também
potencializou.
Previsto no artigo 67 da Constituição Federal de 10 de novembro de 1937
e criado no início do Estado Novo pelo Decreto-lei nº 579, de 30 de julho de 1938
(BRASIL, 1938), o DASP tinha amplas atribuições como órgão de consultoria,
seleção, planejamento e fiscalização (ver anexo A).
17
Em sua criação (e posterior
desempenho), consta a procura por um modelo de gestão que propiciasse
racionalidade e excelência produtiva com rigor técnico, impessoalidade e
autonomia; as inflncias tricas dessa engrenagem seriam buscadas segundo
Wahrlich (1983, passim) – em Francisco Campos (e sua primazia na confecção da
Constituição de 1937), Max Weber, Henri Fayol, Luther Halsey Gulick, Frederick
17
No seu período inicial, de maior influência (1938-1945), o DASP teve como presidente Luiz
Simões Lopes (1903-1994), que exerceu diversos cargos na administração pública, entre os quais:
Oficial de Gabinete da Secretaria da Presidência da República (1930-1937), Presidente do
Conselho Federal do Serviço Público Civil (1937-1938), Presidente da Comissão de Orçamento
Geral do Ministério da Fazenda (1939-1945), Presidente da Comissão de Orçamento da República
(1940-1945), Presidente da Comissão de Estudos e Projetos Administrativos no Governo Juscelino
Kubitschek (1956-1961), membro do Conselho de Administração do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico (1956), membro e presidente do Conselho de Cooperação Técnica
da Aliança para o Progresso CONTAP (1965-1969), membro da comissão de peritos para
estudar o Programa de Administração Pública da Organização das Nações Unidas (1966),
Presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (1969-1979). Foi também fundador (em 1944) da
Fundação Getúlio Vargas, a qual presidiu até 1992 (HISTÓRICO DOS PRESIDENTES DA FGV,
2006). Simões Lopes também será um dos responsáveis pela acolhida de Guerreiro Ramos na
Fundação Getúlio Vargas, quando da cassação e proscrição do sociólogo pelo regime militar, em
1965.
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23
Winslow Taylor e, sobretudo, em William F. Willoughby. Entre as idéias
principais da teoria da administração de Willoughby, estão: 1) a consideração dos
princípios da administração como passíveis de aplicação universal, 2) a separação
entre potica e administração e 3) a menção a um departamento de administração
geral como óro de apoio direto e imediato ao chefe do Executivo. Tais
elaborações eram particularmente congruentes com a pretendida armação político-
institucional brasileira naquele momento.
18
No intento de romper os estreitos limites dados pela organização do
Estado (e da máquina administrativa) que moldados pelos interesses
predominantes na Primeira República, minimizavam em muito o escopo e
intensidade das manobras poticas e de gestão por parte do poder central –, o
Estado Novo cria o DASP visando modernizar o setor estatal, imprimir novos
ritmos e rumos à dinâmica potico-administrativa e arrastar consigo a frágil
sociedade civil.
A situação brasileira, descrita como de completa debilidade (ou
mesmo ausência) de sociedade civil (COUTINHO, 2000, p. 21), não favorecia a
ebulão de demandas sociais legítimas, o que havia de efetivamente organizado
como já havia afirmado Tobias Barreto (MENESES, 1962, p. 103) – era o Estado,
um Estado configurado pelos estreitos interesses da classe dominante, sob as
hostes dos seus cios, as burguesias dos países centrais. Hegemônico, um
18
Quem primeiro mencionou tal teoria do departamento de administração geral no Brasil teria sido
Gustavo Capanema (outro importante personagem do Estado Novo) em fins de 1935
(WAHRLICH, 1982, p. 282). Caberia investigar em que medida certo caldo de cultura positivista e
castilhista heranças presentes na formação de Vargas teriam influenciado nessa construção
institucional, em razão do caráter autoritário e da pretensão (um tanto seletiva) dessas doutrinas em
submeter a política institucional ao crivo ‘científico (BARRETTO, 1989; CURSO DE
INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO POLITICO BRASILEIRO, 1982).
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24
liberalismo oligárquico dominava a cena potica e restringia não só a participação
das outras classes nos assuntos de Estado, como também a própria autonomia
relativa (possível) desse em relação à limitação dos anseios excessivamente
particulares que exigiam as benesses do mando. Estado e classe dominante
praticamente se confundiam, se identificavam em larga medida, inviabilizando a
organização e atuação estatal de modo mais amplo, racional e moderno. Nos
níveis operacionais da máquina administrativa, predominava um funcionalismo
público que havia sido descrito como o grande asilo das fortunas desbaratadas
da escravidão” (NABUCO, 2000, p. 106), inchado, um tanto incompetente e
perd
25
localistas”. Nessa nova disposição, o DASP foi um órgão que funcionando
como órgão de inovação e modernização administrativa, liderando a efetiva
organização do aparato público-estatal e atuando como centro irradiador de
influências renovadoras tornou-se peça estratégica de um sistema racionalizador
no âmbito do Poder Executivo Federal (NOGUEIRA, 1998, p. 94). Desdobrava-se
ainda nos estados por meios dos “daspinhos” (departamentos estaduais) que, sob
controle federal, funcionavam como uma espécie de legislativo estadual e corpo
supervisor para o Interventor no Estado e o Ministério da Justiça, submetendo
também os prefeitos municipais ao seu jugo (SOUZA, Maria, 1976, p. 96). Daí
a
26
mérito e pela competência, instaurando concursos e carreiras, superando o
favoritismo e estendendo as oportunidades de emprego. A classe média que surgia
será a grande beneficiária desse processo (IGLÉSIAS, 1993, p. 254-5).
Assim, as mudanças legitimavam-se não apenas pelos anseios de
modernização, eficiência e cuidado administrativo, mas também por abrir brechas
institucionais à participação (técnico-potica) embora em cargos de menor
poder decirio e à ascensão social de uma classe média instruída e desejosa de
oportunidades.
19
Segundo Luiz Werneck Vianna (1997, p. 184), o DASP “trará o
taylorismo, a racionalização do trabalho, a ideologia do produtivismo, este nosso
bizarro americanismo forjado pelo Estado”.
Todavia, possuidor de imensos poderes, o órgão (hipertrofiado) usurpava
funções, monopolizava decisões e desconsiderava as rotinas institucionais de
representação, considerando-se imune às pressões clientesticas. Com isso, entre
outros expedientes, o Estado Novo tentava ‘dobrar os joelhos das oligarquias,
20
especialmente algumas ainda relutantes e que se apoiavam no clientelismo (ainda
incrustado na máquina estatal) como tipo de dinâmica decisória:
21
ao criar um
rígido setor téc
27
político, uma vez que as decisões poticas estavam nas mãos do Governo Federal
e da ditadura que o controlava e algumas vezes apenas nas mãos de Vargas. As
questões não podiam mais passar por cima ou pelas frestas da rede administrativa,
deviam antes ser tratadas tecnicamente e, como Vargas detinha o controle
estratégico do direcionamento das decisões técnicas, teriam de passar pela
negociação política com o poder central racionalidade técnica e astúcia potica
imbricavam-se nessa rede.
Obviamente, essa arquitetura não era tão sólida e infalível quanto talvez
possa parecer, ainda assim, tal estrutura associada a outras estratégias de
repressão, cooptação, convincia e aproximação
22
garantiu quase uma década
de poder a um Estado reformador, que fez incisões em questões prementes e
alterou as bases sociais de um país moldado em relações privatistas e
clientelísticas, o que não é pouco.
23
O planejamento na moi
28
Não obstante, dentro das escolhas históricas possíveis, a habilidade de Vargas e
do grupo no poder foi invulgar.
25
Contudo, o privatismo ainda possuía profundas raízes e, superada uma
conjuntura negativa, voltou à carga cobrando a hegemonia perdida. Com a queda
de Vargas em 1945 e o fortalecimento de outra vertente burguesa de extração
mais liberal, as funções do DASP foram drasticamente reduzidas, limitando-o a
um órgão de eu
29
fim do Estado Novo produziram na administração federal. Uma outra concepção
(auto-intitulada “democrática”) vigia, a partir de então, no órgão esvaziado em
muitas de suas funções administrativas e como vetor d
r
30
talento político que deram amplos poderes a Vargas e uma liberdade de
manobra poucas vezes consegu
31
inventado? Deliberar para a modernidade ou modernizar numa expressão cara a
essa geração – a realidade nacional.
Numa das formulações a respeito dessa contenda Wanderley Guilherme
dos Santos (1978, p. 93 et seq.)
30
distingue entre o liberalismo doutrinário,
configurado por “[...] sucessivas facções de políticos e de analistas que, desde
meados do século XIX, sustentavam a crença de que a reforma potico-
institucional no Brasil, como em qualquer lugar, seguir-se-ia naturalmente à
formulação e execução de regras legais adequadas”, citando como exemplos
Tavares Bastos e, talvez”, Assis Brasil e Rui Barbosa, tendo mais tarde a UDN
como herdeira; e o autoritarismo instrumental, compartilhado pelos que criam
que as sociedades não apresentam uma forma natural de desenvolvimento daí
o papel do Estado na determinação desses rumos e “[...] que o exercício
autoritário do poder é a maneira mais rápida de se conseguir edificar uma
sociedade liberal, após o que o caráter autoritário do Estado pode ser questionado
e abolido”, contar-se-iam entre esses Francisco Campos, Azevedo Amaral e
Oliveira Vianna, não fortuitamente artífices do Estado Novo e mantenedores (em
parte) de uma herança que Guerreiro Ramos reivindicaria para si como sendo a
corrente mais lúcida quanto ao entendimento da realidade brasileira. Entretanto,
Guerreiro não a assumirá cabalmente: virá mais tarde (nos anos 1950) a alardear o
nascimento do povo e tecer críticas ao elitismo das posições dessa corrente;
insurgir-se-á contra esses antigos axiomas que persistiam em perpetuar – por meio
dessas duas correntes principais do pensamento social brasileiro suas
30
Um pre8 Tm (i)Tj1 03j/F2 12 Tf1 02Tm (8 Tm (i)T 340.28 91.6498 Tm (r)Tj1 0 0 1 164.28 91.6498 Tm (s)Tj1 0 0 66.88 91.6498 Tm (o)Tj1 0 0 1 41228 91.6498 Tm (r)Tj1 0 0 1 179.28 91.6498 Tm (d)Tj1 0 0 1 424.88 91.6498 Tm (e)Tj1 0 0 8 248.28 91.6498 Tm (s)Tj1 0 0 1 492.28 91.6498 Tm (s)Tj1 0 0 16424.88 91.6498 Tm (e)Tj1 0 020303j/F2 12 Tf1 m (t)Tj1 0 0 1 206/F2 12 Tf1 m (i)Tj1 0 0 0 179.28 91.6498 Tm (p)Tj1 0 0 1 424.88 91.6498 Tm (o)Tj1 0 0 12138.24 91.6498 Tm (d)Tj1 0 0 27179.28 91.6498 Tm (e)Tj1 0 0 14492.28 91.6498 Tm (a)Tj1 0 0 1 449.28 91.6498 Tm (n)Tj1 0 0 1 424.88 91.6498 Tm (á)Tj1 0 0 48146.88 91.6498 Tm (l)Tj1 0 0 5103j/F2 12 Tf1 m (i)Tj1 0 0 14.8.28 91.6498 Tm (s)Tj1 0 0 1 238.24 91.6498 Tm (e)Tj1 0 0 15127.44 91.6498 Tm (é)Tj1 0 0 72248.28 91.6498 TO351)Tj1 0 0 7 489.88 91.6498 Tm (l)Tj1 0 0 8 162./F2 12 Tf1 m (i)Tj1 0 0 8 495/F2 12 Tf1 m (v)Tj1 0 0 90248.28 91.6498 Tm (e)Tj1 0 0 1 144./F2 12 Tf1 m (i)Tj1 0 0 97489.88 91.6498 Tm (r)Tj1 0 0 1 151.2 91.6498 Tm (a)Tj1 0 0 1 348.28 91.6498 Tm (V)Tj1 0 0315489.88 91.6498 Tm (i)Tj1 0 0 1 318..2 91.6498 Tm (a)Tj1 0 0 1 323.28 91.6498 Tm (n)Tj1 0 0 1 328.28 91.6498 Tm (n)Tj1 0 0 3 303..2 91.6498 Tm (a)Tj1 0 0 4 340.28 91.6498 Tm (()Tj1 0 0 1 343.28 91.6498 Tá
32
influências, a saber: que a modernização no Brasil seria possível pelo alto e
pela força, da lei ou do autoritarismo.
Naquela conjuntura dos anos 1940, todavia, a ambiência teórico-
conceitual estava calcada nesse verdadeiro cabo-de-guerra entre as correntes
referidas (mesmo alguns setores da intelectualidade de esquerda postavam-se
entre os marcos da disputa), que se defrontavam, seja confundindo democracia
com liberalismo, seja apelando ao Estado demiurgo. Em comum, apenas a crença
no moderno, na necessidade de desenvolvimento do capitalismo como forma de
superar a miséria nacional e toda sua pesada herança arcaica.
Nesses embates entre tradicionalismo e racionalização, burocracia e
cla
33
engendrando a particular constituição que a administração e a burocracia tiveram
no Brasil.
31
Não se tratava, portanto, apenas do uso clientelístico das formas de
gestão, nem simplesmente da instrumentalização política por parte do poder
central num contexto ditatorial, mas de como a institucionalização do moderno se
construiu num país no qual uma herança de privatismo, exclusão e autoritarismo
assombra o donio blico.
Os desafios desse processo colocavam-se, também, para Guerreiro
Ramos. Como entender – em que
34
Revista do Serviço Público (ligada ao órgão), muitas vezes resenhando livros.
Apesar do formato restrito e dos estreitos limites para o raciocínio trico, fez
daquele espaço editorial um campo para aprendizado e exercício de reflexão
sistemática.
Em “A divisão do trabalho social”, resenha crítica sobre o livro de E.
Durkheim,
32
lê-se um comentário respeitoso, atento à contribuição fundamental à
sociologia e, sobretudo, às possibilidades do planejamento como forma de
intervenção social, sobretudo na administração.
33
Preocupado com a erosão da
ordem social, alerta para a planificação e o papel dos sociólogos como forma
de contenção dos desequilíbrios, controle social e conseqüente garantia de
convivência social democrática, bem como para a importância da ilustração da
elite, o esclarecimento dos dirigentes e a função de uma intelligentzia no Brasil.
Uma sociedade de que estão ausentes as forças de integração espontânea
dos indivíduos e dos grupos, só poderá m
35
Hayek; problematizando o tema, propõe um estudo mais acurado da planificação e
prudentemente aponta que deva ser tomada como [...] uma questão em debate,
cuja solução ainda não está suficientemente amadurecida e, portanto, de não
condená-la ou aplaudi-la em bloco, pois a adesão a certo enunciado científico não
pode ser fundada em tendências emocionais” (RAMOS, 1946c, p. 163). Adverte
que, com a ascensão dos monopólios, a competição não mais regularia as relações
sociais: “estamos vivendo numa sociedade planificada [...] O que nos interessa
é saber agora que espécie de planificação é necessário realizar, tendo-se em vista
as necessidades da democracia”. Diante disso, os pontos de vista possíveis seriam
o cap
“3m (o)Tj1 0 0 2.56 0098 Tm (“3m (o)Tj88 532.0498 Tm ( Tm (r)Tj1 0 0 1 170.6 498.(d)Tj1 0 0 1 1 238.32 61179.68 505.6498 Tm 38.32 61179.68 505.6498 Tm 38V6 558.6898 Tm (e)Tj1 0 0 12Tm (c)Tj1 0 0 68 532.0498 Tm ( Tm (r)Tj11 0 0 170.6 498.(d)Tj1 0 0 1 17 0 0 170.6 498.(d3298 Tm (c)Tj800 0 170.6 498.(d0098 Tm (c)Tj1 0 0 170.6 498.(d9698 Tm (u)Tj1 0 0 170.6 498.(d)Tj1 0 0 1 19961179.68 505.64980498 Tm (p)Tj0 0 0 170.6 498.(d6498 Tm (i)Tj090 0 1 131.04 479.498 Tm (a)Tj11 0 0 9.68 505.64980498 Tm (p)Tj17j88 532.0498 Tm ( Tm (r)Tj1 00 1 170.6 498.(d)Tj1 0 0 1 1 0 0 1 125.76 479.0498 Tm (d)Tj188 Tm (e)Tj1 0 03298 Tm (n)Tj1 00 170.6 498.(d6498 Tm (i)Tj5361179.68 505.64983298 Tm (n)Tj50 0 1 125.76 479.6498 Tm (o)Tj688 Tm (e)Tj1 0 06898 Tm (m)Tj748 Tm (e)Tj1 0 00098 Tm (t)Tj198 Tm (e)Tj1 0 0498 Tm (a)Tj1 0 0 1 125.76 479.6898 Tm (o)Tj1F2 12 532.0498 Tm ( Tm (r)Tj9 0 0 170.6 498.(d)Tj1 0 0 1 1970 68 532.0498 Tm 11.9698 Tm (()Tj0 0 0 170.6 498.(d3298 Tm (c)Tj1 0 68 532.0498 Tm 0098 Tm (n)Tj180 0 170.6 498.(d6498 Tm (s)Tj242 12 532.0498 Tm 0498 Tm (e)Tj1 0 0 170.6 498.(d3698 Tm (ã)T48 Tm (e)Tj1 0 00498 Tm (s)Tj100 0 170.6 498.(d0498 Tm (e)Tj4 0 0 170.6 498.(dv498 Tm (e)Tj40 0 1 125.76 479.0098 Tm (d)Tj10 0 1 170.6 498.(d0498 Tm (u)Tj1 00 1 170.6 498.(d0098 Tm (r)Tj7 00 1 170.6 498.(d8 Tm (r)Tj1 0 961179.68 505.64983298 Tm (m)Tj1 0 0 1 125.76 479.3698 Tm (ã)940 0 170.6 498.(d498 Tm (o)Tj/000 0 170.6 498.(d498 Tm (s)Tj10 0 0 1 142.56 0098498 Tm (z)Tj1 0 0 1 125.76 479.3698 Tm (ã1 0 68 532.0498 Tm 1379698 Tm (n)Tj1 0.32 61179.68 505.6498 Tm 38.1 0 0 532.0498 Tm ( Tm (r)Tj1 0 0 1 142.56 0098498 Tm (z)Tj133j88 532.0498 Tm 0498 Tm (v)Tj420 0 1 142.56 0098498 Tm (s)Tj1 88 Tm (e)Tj1 0 00498 Tm (e)Tj160 0 170.6 498.(d79.0098 Tm (o)Tj2 12 170.6 498.(d[098 Tm (o)Tj2 60 0 170.6 498.(d898 Tm (])Tj160 0 1 125.76 479.898 Tm (])Tj1720 0 1 142.56 0098898 Tm (])Tj17Tj88 532.0498 Tm 6898 Tm (O)Tj8 0 0 170.6 498.(d8 Tm (r)Tj1 48 00 170.6 498.(d0498 Tm (t)Tj1j1 0 532.0498 Tm ( Tm (r)Tj9 0 0 1 142.56 009838.3698 Tm (o)Tj/F20 170.6 498.(d0098 479.0098 Tm (“)Tj1 0 1 07.44 638.3698 Tm (p)TjTj10 1 07.44 638. 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Tm 38V6 558.6 0 0 01 07.44 638.698 Tm (e)Tj1 0 0 1 07.44 638.( Tm (r)Tj7 0 0 1 07.44 638.6498 Tm (n)Tj1410 1 07.44 638.6498 Tm (e)Tj 0 0 1 07.44 638.6498 Tm (n)Tj)Tj0 11 07.44 638.h498 Tm (n)Tj)T70 11 07.44 638.6498 Tm (s)Tj1 0 0 1 07.44 638.3698 Tm (ã)141 0 1 07.44 638.6498 Tm (o)Tj180 0 1 07.44 638.5.3298 Tm (l)Tj1 0 0 11 07.44 638.0498 Tm (a)Tj328 0 1 07.44 638.6498 Tm (s)Tj1 0 0 1 07.44 638.6498 Tm (n)Tj)1 0 0 1 07.44 638.6498 Tm (m)Tj1 004 11 07.44 638.0498 Tm (l)Tj10 0 1 1 07.44 638.0498 Tm (a)Tj31 0 0 1 07.44 638.6498 Tm (m)Tj68 0 1 07.44 638.6498 Tm (o)Tj10 1 07.44 638.6498 Tm (m)Tj770 0 1 07.44 638.6498 Tm (t)Tj8 004 11 07.44 638.6898 Tm (a)Tj10 0 1 1 07.44 638.3698 Tm (n)Tj1 01 01 07.44 638.498 Tm (a)Tj1 80 0 11 07.44 638.0498 Tm (r)Tj14 11 07.44 638.0498 Tm (l)Tj4201 1 07.44 638.3698 Tm (n)Tj1 0 0 1 07.44 638.3698 Tm (d)Tj1 0 0 1 07.44 638.0098 Tm (n)Tj1 00 01 07.44 638.698 Tm (e)Tj1 0 0 01 07.44 638.698 Tm (e)Tj51/F211 07.44 638.6898 Tm (e)Tj2 611791 07.44 638.6498 Tm (a)Tj63/F211 07.44 638.3298 Tm (r)Tj1 1 07.44 638.6498 Tm (o)Tj1 0 0 1 07.44 638.6498 Tm (s)Tj1 0 0 1 07.44 638.6498 Tm (o)Tj1 0 0 1 07.44 638.6898 Tm (e)Tj8 01 01 07.44 638.6498 Tm (s)Tj87j88 1 07.44 638.9698 Tm (t)Tj10 0 1 07.44 638.698 Tm (u)Tj/F2 1211 07.44 638.3298 479.0098 Tm (“)Tj1 0 1 0 .88 585.3298 Tm (o)Tj1 0 0 1 0 .88 585.3298 Tm (,)Tj1 0 0 1 0 .88 585.( Tm (r)Tj11 0 0 11 0 .88 585.3298 Tm (,)Tj1 0 0 11 0 .88 585.6498 Tm (e)Tj10 0 1 0 .88 585.( Tm (r)Tj11 0 0 1 0 .88 585.0098 Tm (l)Tj1 00 11 0 .88 585.9698 Tm (f)Tj1 0 0 11 0 .88 585.3298 Tm (,)Tj5 0 0 11 0 .88 585. 12Tm (c)Tj1 0 0 0 11 0 .88 585.3298 Tm (o)Tj69611791 0 .88 585.0098 Tm (l)Tj1 0 0 91 0 .88 585.9698 Tm (d)Tj1 01 01 0 .88 585.( Tm (r)Tj1880 0 1 0 .88 585.0498 Tm (e)Tj140 0 1 0 .88 585.)Tj1 0 0 1 199640 11 0 .88 585.0498 Tm (a)Tj1 0 0 11 0 .88 585.6498 Tm (i)Tj1j0 11 0 .88 585.0098 Tm (l)Tj17j88 1 0 .88 585.6498 Tm (e)Tj1 0 0 01 0 .88 585.( Tm (r)Tj1 08 11 0 .88 585.9698 Tm (f)Tj1 0 0 11 0 .88 585.0098 505.6498 Tm (i)Tj3j1 011 0 .88 585.0498 Tm (a)Tj40 11 0 .88 585.3298 Tm (,)Tj1 01 0 1 0 .88 585.3298 Tm (o)Tj1 0 0 11 0 .88 585.0098 8V6 558.611 011 0 .88 585.698 Tm (e)Tj16 0 0 91 0 .88 585.6898 Tm (a)Tj1800 11 0 .88 585.0098 Tm (n)Tj1 0 0 11 0 .88 585.498 Tm (a)Tj1 08 11 0 .88 585.9698 Tm (c)Tj1 028011 0 .88 585.698 Tm (e)Tj)Tj1 0 1 0 .88 585.3298 Tm (o)Tj)T71 0 1 0 .88 585.0098 Tm (n)Tj1 0 0 11 0 .88 585.0498 Tm (l)Tj1 0 0 11 0 .88 585.9698 Tm (f)Tj32 00 11 0 .88 585.6498 Tm (,)Tj1 0 0 1 0 .88 585.3298 Tm (o)Tj)1 0 0 1 0 .88 585.0498 Tm (e)Tj1 0 0 1 0 .88 585.3298 Tm (ã)Tj190 0 11 0 .88 585.85.3298 Tm (o)Tj1 0 0 11 0 .88 585.6498 Tm (,)Tj6408 11 0 .88 585.0498 Tm (l)Tj7001 01 0 .88 585.6498 Tm (s)Tj1601 01 0 .88 585.0498 Tm (e)Tj10 11 0 .88 585.6498 Tm (,)Tj9 0 0 1 0 .88 585.0498 Tm (e)Tj 0 11 0 .88 585.6498 Tm (o)Tj9961 01 0 .88 585.0498 Tm (e)Tj1 0 0 11 0 .88 585.6498 Tm (,)Tj1 0 11791 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585.3698 Tm (ã)7707689960.72 585.6898 Tm (a)Tj1307689960.72 585.3698 Tm (n)Tj136 9960.72 585.3698 Tm (n)Tj1j1 09960.72 585.3698 Tm (ã1 0 0 9960.72 585.098 Tm (á)4072 129960.72 585.0498 Tm (r)Tj120 0 9960.72 585.2898 Tm (o)Tj180 0 9960.72 585.9698 Tm (d)Tj42 01 9960.72 585.61.9698 Tm (()T42 0 0 9960.72 585.898 Tm (])Tj1370 0 9960.72 585.6898 Tm (q)Tj1 0 0 9960.72 585.6498 Tm (a)Tj510 0 9960.72 585.0498 Tm (e)Tj160 0 9960.72 585.498 Tm (i)Tj1 0 0 9960.72 585.6498 Tm (u)Tj1 0 0 9960.72 585.6898 Tm (e)Tj1 06 9960.72 585.)Tj1 0 0 1 41 0 0 9960.72 585.)Tj1 0 0 1 41 0 0 9960.72 585.498 Tm (a)Tj1 000 9960.72 585.3698 Tm (d)Tj)Tj1 09960.72 585.2898 Tm (o)Tj/F2 129960.72 585.)Tj1 505.6498 Tm (i)Tj)Tj1 07230.32 558.6898 Tm (u)Tj1 0 0 7230.32 558.3298 Tm (e)Tj1 0 0 7230.32 558.3298 Tm (,)Tj120 0 7230.32 558.79.0098 Tm (o)Tj3 0 0 7230.32 558.[098 Tm (o)Tj1 0 0 7230.32 558..098 Tm (o)Tj1 0 0 7230.32 558..098 Tm (o)Tj1 0 10 7230.32 558..098 Tm (o)Tj1500 0 7230.32 558.]098 Tm (o)Tj15 0 0 7230.32 558.( Tm (r)Tj11 0 0 7230.32 558.6498 Tm (d)Tj10 7230.32 558.6498 Tm (t)Tj1 076 7230.32 558.( Tm (r)Tj11 0 0 7230.32 558.6898 Tm (s)Tj1 61177230.32 558.6498 Tm (d)Tj970 0 7230.32 558.3298 Tm (e)Tj11 0 0 7230.32 558.0498 Tm (a)Tj1 0 0 7230.32 558.6498 Tm (d)Tj1j10 7230.32 558.6498 Tm (t)Tj1 0 0 7230.32 558.498 Tm (a)Tj11 00 17230.32 558.0498 Tm (i)Tj240 0 7230.32 558.498 Tm (a)Tj110 7230.32 558.6498 Tm (i)Tj330 0 7230.32 558.3698 Tm (e)Tj1 00 7230.32 558.75.8 Tm (ã)Tj440 0 7230.32 558.75.298 Tm (l)Tj1j90 687230.32 558.6898 Tm (s)Tj1 0 0 7230.32 558.0498 Tm (i)Tj6 076 7230.32 558.0498 Tm (n)Tj1 0 0 7230.32 558.698 Tm (e)Tj1 3 10 7230.32 558.3698 Tm (o)Tj190 687230.32 558.498 Tm (a)Tj1 20 0 7230.32 558.6898 Tm (o)Tj1 0 0 7230.32 558.( Tm (r)Tj9 0 0 7230.32 558.0498 Tm (n)Tj30 0 0 7230.32 558.3698 Tm (o)Tj3050 0 7230.32 558.498 Tm (é)Tj1076 7230.32 558.6898 Tm (a)Tj)T 0 0 7230.32 558.6498 Tm (,)Tj1 00 7230.32 558.3698 Tm (e)Tj1000 7230.32 558.6498 Tm (i)Tj3460 0 7230.32 558.698 Tm (a)Tj1 0 0 7230.32 558.2898 Tm (a)Tj1 00 7230.32 558.0098 Tm (r)Tj171 07230.32 558.6498 Tm (t)Tj1 0 0 7230.32 558.498 Tm (a)Tj1601 7230.32 558.6898 Tm (o)Tj3810 0 7230.32 558.( Tm (r)Tj38 0 0 7230.32 558.0498 Tm (l)Tj1 030 7230.32 558.0498 Tm (l)Tj400030 7230.32 558.)Tj1 0 0 1 4Tf1 7230.32 558.2898 Tm (o)Tj10 0 7230.32 558.3298 Tm (g)Tj1 0 0 7230.32 558.9698 Tm (,)Tj1 0 0 7230.32 558.3298 Tm (g)Tj2 0 0 7230.32 558.0498 Tm (v)Tj410 0 7230.32 558.498 Tm (o)Tj/F 0 0 7230.32 558.3698 Tm (n)Tj160 0 7230.32 558.3698 Tm (í)T0030 7230.32 558.498 Tm (i)Tj1 f1 7230.32 558.6898 Tm (t)Tj110 687230.32 558.6498 Tm (e)Tj170 687230.32 558.11.9698 Tm (n)TjTj1 0 7230.32 558.6898 Tm (t)Tj1 TL(7230.32 558.9698 Tm (,)Tj140 0 7230.32 558.498 Tm (a)Tj4970 0 7230.32 558.)Tj1 0 0 1 /F20 7230.32 558.6898 505.6498 Tm (i)Tj)Tj1 0460 .16 505.6498 Tm (e)Tj1 0 0 460 .16 505.3298 Tm (,)Tj1 0 0 460 .16 505.05.6498 Tm (v)Tj1 0 0 460 .16 505.6498 Tm (e)Tj10 0 460 .16 505.6498 Tm (e)TjF2 12460 .16 505.0098 Tm (l)Tj1 0 0 460 .16 505.5.6498 Tm 38.32 0 0 460 .16 505.3298 Tm (,)Tj1 0 0 460 .16 505.0498 Tm (a)Tj 70 0 460 .16 505.2898 Tm (m)Tj120 0 460 .16 505.)Tj1 0 0 1 17j6 460 .16 505.3298 Tm (e)Tj1 0 0 460 .16 505.0098 Tm (n)Tj162460 .16 505.0098 Tm (l)Tj920 0 460 .16 505.6498 Tm (e)Tj1 0 0 460 .16 505.05.6898 Tm (n)Tj030 0 460 .16 505.0498 Tm (a)Tj1 084 460 .16 505.0098 Tm (n)Tj1 0 0 460 .16 505.)Tj1 0 0 1 1 0 460 .16 505.6898 Tm (a)Tj310 0 460 .16 505.498 Tm (e)Tj1 70 68460 .16 505.0098 Tm (n)Tj1 0 0 460 .16 505.098 Tm (á)Tj3084 460 .16 505.3298 Tm (n)Tj55084 460 .16 505.0498 Tm (i)TjTj/F2460 .16 505.3298 Tm (n)Tj6 0 0 460 .16 505.0498 Tm (a)Tj6 0 0 460 .16 505.098 Tm (á)T7 0 0 460 .16 505.9698 Tm (m)Tj1800 460 .16 505.6898 Tm (o)Tj1 0 0 460 .16 505.3298 Tm (a)Tj116 460 .16 505.3698 Tm (o)Tj170 68460 .16 505.9698 Tm (n)Tj136 460 .16 505.898 Tm (e)Tj1 60 0 460 .16 505.6898 Tm (o)TjTj1 0460 .16 505.)Tj1 0 0 1 1 0 0 460 .16 505.6898 Tm (a)Tj1 0 0 460 .16 505.b898 505.6498 Tm (i)Tj1 0 0 460 .16 505.6498 Tm (n)Tj)1 0 0 460 .16 505.6898 Tm (o)TjT1 004 460 .16 505.3698 Tm (o)Tj10 0 1460 .16 505.0498 Tm (a)Tj31 0 0 460 .16 505.9698 Tm (m)Tj68 0 460 .16 505.098 Tm (á)3 0 460 .16 505.6498 Tm (m)Tj770 0 460 .16 505.6498 Tm (e)Tj8 004 460 .16 505.6498 Tm (e)Tj10 0 1460 .16 505.6498 Tm (m)Tj1 01 460 .16 505.6898 Tm (a)Tj1 0 0 460 .16 505.898 Tm (e)Tj1201 460 .16 505.6898 Tm (a)Tj11 0 0 460 .16 505.3698 Tm (o)Tj2 0 0 460 .16 505.9698 Tm (n)Tj133j 0 460 .16 505.3298 Tm (i)Tj1 0 0 460 .16 505.6898 Tm (e)Tj4 0 0 460 .16 505.6898 Tm (a)Tj158 0 460 .16 505.3298 Tm (s)Tj1j/F2460 .16 505.6898 Tm (e)Tj7 0 0 460 .16 505.6898 Tm (t)Tj1 0 0 460 .16 505.6498 Tm (s)Tj8 01 460 .16 505.6498 Tm (e)Tj1 0 0460 .16 505.3298 Tm (s)TjTj1 0460 .16 505.6498 Tm (e)Tj/F2 12460 .16 505.6498 505.6498 Tm (i)Tj)Tj1 01j/.04 479.0098 Tm (a)Tj1 0 0 1j/.04 479.098 Tm (j)Tj1 0 0 1j/.04 479.5.6498 Tm 38.31 0 0 1j/.04 479.( Tm (r)Tj1181 01j/.04 479.0498 Tm (e)Tj141 01j/.04 479.0498 Tm (a)Tj1 0 0 1j/.04 479.3698 Tm (p)Tj1 0 0 1j/.04 479.5.6498 Tm 38.3510 0 1j/.04 479.05.0498 Tm (a)Tj 0 0 1j/.04 479. 12Tm (c)Tj1 0j1 01j/.04 479.698 Tm (u)Tj1 0 3201j/.04 479.0098 Tm (a)Tj1 0 0 1j/.04 479.0098 Tm (n)Tj1 0 0 1j/.04 479.6498 Tm (a)Tj1 1j/.04 479.0098 Tm (a)Tj12 1j/.04 479.3698 Tm (p)Tj970 0 1j/.04 479.0098 Tm (a)Tj030 0 1j/.04 479.6498 Tm (a)Tj1 00 1j/.04 479.3298 Tm (a)Tj160 0 1j/.04 479. 12Tm (c)Tj122000 1j/.04 479.9698 Tm (n)Tj1 03201j/.04 479.6898 Tm (a)Tj390 0 1j/.04 479.0098 Tm (a)Tj1 0 0 1j/.04 479.698 Tm (u)Tj1 0 0 1j/.04 479.6498 Tm (o)Tj60 0 1j/.04 479.3298 Tm (ó)Tj401j/.04 479.0498 Tm (a)Tj1 0 0 1j/.04 479.9698 Tm (m)Tj150 0 1j/.04 479.6498 Tm (r)Tj1 0 0 1j/.04 479.0098 Tm (t)Tj170 0 1j/.04 479.6498 Tm (e)Tj 30 0 1j/.04 479.098 Tm (m)Tj1 0 5601j/.04 479.0498 Tm (a)Tj1 60 0 1j/.04 479.3698 Tm (p)Tj1 0 0 1j/.04 479.098 Tm (m)Tj1 01 01j/.04 479.498 Tm (o)Tj1 0 0 1j/.04 479.( Tm (r)Tj1 0 0 1j/.04 479.0498 Tm (a)Tj13403201j/.04 479.0498 Tm (e)Tj1001 01j/.04 479.( Tm (r)Tj430 0 1j/.04 479.0498 Tm (e)Tj190 0 1j/.04 479.0498 Tm (a)Tj1530 0 1j/.04 479.3698 Tm (c)Tj1 0 681j/.04 479.6898 Tm (i)Tj160 0 1j/.04 479.0098 Tm (r)Tj73 0 1j/.04 479.0098 Tm (t)Tj37 0 0 1j/.04 479.6498 Tm (e)Tj140 0 1j/.04 479.3698 Tm (p)Tj9 0 0 1j/.04 479.298 Tm (a)Tj1 961 1j/.04 479.098 Tm (m)Tj4Tf10 1j/.04 479.0098 Tm (t)Tj4Tj1 01j/.04 479.6498 Tm (a)Tj1 0 0 1j/.04 479.6498 Tm (p)Tj10 1j/.04 479.5.6498 Tm 38.2 040 1j/.04 479.6498 Tm (e)Tj133j881j/.04 479.6498 Tm (p)Tj430 0 1j/.04 479.0098 Tm (t)Tj190 0 1j/.04 479.698 Tm (u)Tj45 0 0 1j/.04 479.0498 Tm (e)Tj190 0 1j/.04 479.3298 Tm (r)Tj14401j/.04 479.6498 Tm (p)Tj7 0 0 1j/.04 479.0550098 Tm (d)Tj190 0 1j/.04 479.3698 Tm (o)Tj1 0 0 1j/.04 479.698 Tm (u)Tj4910 0 1j/.04 479.0098 Tm (a)Tj4970 0 1j/.04 479.)Tj1 0 0 1 /F23201j/.04 479.1 264.72 505.6498 Tm (.)Tj)Tj1 01 0 .04 479.19698 Tm (R)Tj1140 0 1 0 .04 479.9698 Tm (A)Tj1 0 0 1 0 .04 479.698 Tm (d)Tj11 0 0 1 0 .04 479.9698 Tm (O)TjF2 00 1 0 .04 479.6898 Tm (q)Tj1 0 0 1 0 .04 479.S898 Tm (q)Tj1 040 1 0 .04 479.3298 Tm (c)Tj1 0 0 1 0 .04 479.8 Tm (s)Tj1 07 0 0 1 0 .04 479.9698 Tm (4)Tj1 0 0 1 0 .04 479.4698 Tm (4)Tj160 0 1 0 .04 479.9698 Tm (3)Tj920 0 1 0 .04 479.0098 Tm (a)Tj1 0 0 1 0 .04 479.3298 Tm (c)Tj1 030 1 0 .04 479.3298 Tm (e)Tj114030 1 0 .04 479.498 Tm (D)Tj/240 0 1 0 .04 479.8 Tm (s)Tj1 1 0 0 1 0 .04 479.9698 Tm (3)Tj1 0 0 1 0 .04 479.4698 Tm (4)TjTj11 01 0 .04 479.1)698 Tm (4)TjTj60 0 1 0 .04 479.69.2 611. 0 019498 Tm (i)Tj490 0 1 0 5.72 585 0 01949L.9698 Tm ())T1 0 0 1 0 5.72 585(54.72 505.6498 Tm (.)TjT7 030 1 0 .04 479.649L.D898 Tm (o)Tj1 1 0 .04 479.6498 Tm (r)Tj170 0 1 0 .04 479.0498 Tm (i)Tj910 0 585(54.72 50560.72 5i)Tj910 0 585(54.72 50565960.72 585.0491 0 .04 479.0498 Tm (i)T1 0 .04 479.649L.D898 Tm (o)479.0498 Tm (i2 50565960.72 81 0 .98 Tm (o)47a)Tj63/F211 07.5960.72 81 0498 Tm (éTm (,)Tj9 0 0 )Tj9 0 0 )Tj930 .04 479.649L.D05.6498 Tm (i)Tj)Tj1 0 352.04 479.0498 Tm 506.6498 Tm (i)Tj)Tj1 0 60 .04 479.S898 Tm (e)Tj1 0 0 166/F211 07.5960.72(d)Tj1 0 0 1 304 479.S898 Tm (ã)77076899/.0498 Tm (o)479.0498 Tm (i2 50815.72 5 07.5960.72(d)Tj1 0 0 1 8754.72 50560.72 5ie)Tj1 0 0 1 402.4.72 50560.72 5i(,)Tj1 0 11791 /.0498 Tm (o)479.0498 Tm (i2 5460 .1698 Tm (o)479.(a)Tj11 0 0 469.4.72 50560.72 5i(O)TjF2 00 4145.92 5 07.5960.72(d)Tj1 0 0 1451.2 .72 81 0 .98 Tm (o)47a)Tj457.44.72 81 0 .98 Tm (o)47a)Tj457.44.72 81 0 .98(á)Tj1 0 0 2 .04 479.69.2 611i)Tj1 f1 7238/F211 07.5960.72(s)Tj1 0 0 1 15.72 5 07.5960.729.0098 Tm (“)Tj1 0 7230.32 479.0498 Tm 506.6498 Tm (i)Tj)Tj1 01j/.04 5 07.5960.72(d)Tj8 Tm (.)Tj)Tj1 01 0 .04 172.0498 Tm (l)Tj4201 1 01423.36 172.0498 Tm m 38.31 0 0 1j06 172.0498 Tm (b)Tj1 0 0 1 1/.04 172.0498 Tm (e)Tj10 0 4601/.04 172.0498 Tm (s)Tj1 0 0 1 14 .04 172.0498 Tm (u)Tj1 0 0 1143.28 172.0498 Tm (s)Tj1 0 0 1 07.44 172.0498 Tm (e)Tj1 0 0 1 10 .16 172.0498 Tm (b)Tj1 0 0 1 50 .88 172.0498 Tm (ã)Tj440 0  166.56 172.0498 Tm ((o)Tj3 0 0 76.D89172.0498 Tm u)Tj1 0 3201j/516 172.0498 Tm (R)Tj1140 0 1182.16 172.0498 Tm (e)Tj840 0 1 0 .88 172.0498 Tm (a)Tj1 1j/.0 .88 172.0498 Tm o)Tj1 0 0 1 1j/.049172.0498 Tm u)Tj1 0 3207230.32 172.0498 Tm (e)Tj1 0 0 11 0 516 172.0498 Tm (u)Tj1 0 0 990 .88 172.0498 Tm (Tj1 1 0 0 1166.56 172.0498 Tm r)Tj1 00 1 170..04 172.0498 Tm (s)Tj1 0 0 11 0 44 172.0498 Tm (e)Tj1 0 0 1 125686 172.0498 Tm (b)Tj1 0 0 19960916 172.0498 Tm (4)TjTj60 0 1 2 .88 172.0498 Tm (a)Tj1 0 0 1j0 .04 172.0498 Tm u)Tj1 0 32070 5.72 172.0498 Tm o)Tj1 0 0 1 1 0784 172.0498 Tm u)Tj8 Tm (.)TjT7 030 1 2 .88 172.0498 Tm Tm (o)Tj3 0 0  28672 172.0498 Tm (o)Tj1 0 0 71j/.04 172.0498 Tm D)Tj/240 0 180 44 172.0498 Tm D)Tj/240 0 187..04 172.0498 Tm D)Tj/240 0 1230.32 172.0498 Tm ])Tj/240 0 1277.44 172.0498 Tm (r)Tj73 0 1j037.44 172.0498 Tm a)Tj1 961 1j123.28 172.0498 Tm (d)Tj1 0 0 1 327.16 172.0498 Tm (b)Tj1 0 0 11j/.04 172.0498 Tm (r)Tj73 0 1j30 .88 172.0498 Tm r)Tj1 0 0 1j0 .04 172.0498 Tm u)Tj1 0 320460 432 172.0498 Tm (e)Tj1 0 0 1 352.04 172.0498 Tm a)Tj1 0 0 723/.04 172.0498 Tm (e)Tj10 0 4460 .04 172.0498 Tm (ã)7707689630.32 172.0498 Tm (e)Tj1 0 0 1 79.68 172.0498 Tm (s)Tj1 0 0 1 558.28 172.0498 Tm Tm (n)TjTj1 0 1j/.04 172.0498 Tm (e)Tj8 004 4644 172.0498 Tm (e)Tj1 0 0 1460 .04 172.0498 Tm (s)Tj1 0 0 1397..88 172.0498 Tm 0 1 4Tf1 7231/.049172.0498 Tm o
36
bases favoráveis a este ou aquele grupo do que um intento de liberar as suas
forças genuínas reprimidas.” (RAMOS, 1946c, p. 165).
Naquele momento, incorpora-se ao pensamento de Guerreiro Ramos um
ponto de vista culturalista e a concepção de fases (faseológica),
36
Mannheim
tornava-se uma influência poderosa sobre o autor (como o será para toda sua
geração); outrossim, a planificação (democrática) surge como uma alternativa ao
fascismo, comunismo e neoliberalismo, e orientada para a interpretação da
sociedade brasileira conforme suas particularidades, donde começa a aflorar a
preocupação com a assimilação do conhecimento vindo ‘do exterior’. Seria assim
necessário postular a questão da planificação e mudança social “de um modo não
ideológico, isto é, em termos da estrutura fu
t
37
Por meio de uma leitura perspicaz de Weber, Guerreiro Ramos desperta
teoricamente para a teoria da organização, o estudo da burocracia e da
administração, além de extrair dali subsídios metodológicos. Todavia, a prudência
weberiana no trato da sociologia como forma de ação, contra o “normativismo”,
parece não ter afetado o ímpeto do jovem Guerreiro, inebriado pelas
possibilidades de intervenção social.
38
Ele não se deixa levar por uma possível leitura antimarxista da obra, não
intentando uma inversão do materialismo histórico, atenta sim para a amplitude e
o não-determinismo metodológico da obra de Weber. A leitura é permeada por
certa reverência que revela mais que uma admiração intelectual, Guerreiro Ramos
identifica ali uma posição teórica que vinha ao encontro das suas concepções
espiritualistas. Sua interpretação norteia-se além do culturalismo por certo
existencialismo (refletido na leitura de Weber), que se sobrepõe à anterior
proximidade do sociólogo brasileiro com o espiritualismo cristão da revista
L’Esprit e o neotomismo de Jacques Maritain.
Esta concepção [de Weber] de ciência é eminentemente anti-socrática. O
conceito socrático de ciência supunha uma relação conatural entre o
indivíduo e o universo. A ciência, segundo Sócrates, está infusa no homem e
este a adquire desenvolvendo-a dentro de si como um embrião se desenvolve
no seio materno. A concepção típico-ideal da ciência é o reverso do
socratismo. O espírito humano e o mundo são inconversíveis. O homem está
ilhado e nenhuma garantia possui de que a sua ciência seja uma expressão
verdadeira do que o mundo é em si mesmo. Assim sendo, importa menos
conhecer a forma ou substância do universo do que conhecer como podemos
dominá-lo ou conjurar a sua irracionalidade. A concepção típico ideal da
ciência exprime o desespero da consciência humana diante do fracasso da
explicação religiosa ou mágica das forças do mundo histórico. Ela é
repre
aee
38
radicalmente minados pelo trabalho corrosivo da razão (RAMOS, 1946a, p.
132).
Inspirado por Weber, opõe o sagrado ao profano e o encantamento do
mundo à razão, termos que embasarão poucos anos depois sua análise sobre a
relação entre o tradicional e o moderno, objeto de sua tese sobre a organização
racional do trabalho (RAMOS, 1950).
Apesar das lições de Durkheim, a inflncia de Mannheim e o
encantamento com Weber, as preferências de Guerreiro Ramos não se refreavam;
em outro artigo
39
ele demonstra apreço pela pesquisa empírica, pela técnica dos
surveys e pela sociologia estadunidense, representada pela Escola de Chicago e
seu mais ilustre arauto no Brasil à época, Donald Pierson.
Um aspecto que tem sido negligenciado no Brasil, na formação dos
especialistas nos vários ramos das ciências sociais, é o treinamento dos
mesmos, no emprego dos métodos e no manejo das técnicas de pesquisa. A
não ser a rara exceção da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo,
onde o Prof. Donald Pierson mantém um curso de pesquisa social, não
sabemos nenhuma outra entidade universitária em que se considere a
pesquisa social como uma disciplina autônoma.
Um dos maiores serviços prestados ao desenvolvimento dos estudos
sociais, no Brasil, pelo Sr. Donald Pierson é, precisamente, o de ter
difundido, entre nós, um sistema de referências para o estudo de pesquisa
social. (RAMOS, 1947, p. 147).
40
Ao optar por visões sociológicas totalizadoras, Guerreiro Ramos,
conhecedor de um leque de referências teóricas sistematizantes, ressentia-se de
um instrumental mais leve, de técnicas de pesquisa e questionários que o
capacitassem a abordar mais diretamente dados quantitativos e situações
39
“A pesquisa e os surveys sociais”, publicado na Revista do Serviço Público, em mar./abr.
1947.
40
Donald Pierson, então professor da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, ofereceu
um curso no Rio d
a
39
empíricas que agora por força de suas ocupações profissionais –
41
se prestavam
à sua análise, uma vez que tin
40
conseqüência de um longo processo de secularização, no transcurso do qual
apareceu, tardiamente na civilização ocidental, uma atitude laica do espírito
humano, em face da natureza e da sociedade” (RAMOS, 1950, p. 8-9); nesse
texto, discorre sobre o conceito de trabalho na civilização ocidental, taylorismo,
fordismo e o percurso da administração até a contemporânea sociologia do
trabalho.
43
O e
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41
histórico-social, dependente do alcance de determinado estágio evolutivo de
superação do privatismo:
Na administração pública, a racionalização é, antes, uma fase da evolução do
Estado que uma tecnologia propriamente dita. Ela surge, sob a forma do que
Max Weber chamou burocracia, naqueles tipos de Estado em que, sob
influência do constitucionalismo, se afirma o predomínio da função pública
sobre a feudalidade e a soberania territorial, ou seja, do interesse universal
sobre o interesse particular. (RAMOS, 1950, p. 113).
Tal processo histórico avançaria segundo a formulação tipológica
weberiana, na qual os tipos de dominação ‘sucedem-se’ mais ou menos
‘progressivamente’, denotando o advento da racionalidade e da dessacralização do
mundo, isto posto, para assentar-se, a organização racional-legal haveria de
solapa
42
Pautado pela transformação histórica, o avanço desse tipo de organização
dependeria de uma análise social que identificasse e tornasse possível a superação
de resistências à mudança entrincheiradas em mentalidades, formas culturais,
hábitos cristalizados pelo tradicionalismo etc., substituindo-os por formas
modernas, congruentes com a efetivação da nova ordem.
A racionalização assume algumas peculiaridades na esfera da
administração pública. ela é uma questão eminentemente sociológica,
antes de ser de qualquer outra natureza.
A racionalização na esfera da administração pública não se converte em
mera aplicação do saber técnico na organização de atividades. É,
principalmente, um processo de transformação do aparato estatal, que se
opera a custa da diminuição (e até anulação) da eficácia da tradição, ou
melhor, que implica a substituição de ‘folkways’ por ‘technicways’.
(RAMOS, 1950, p. 12).
44
Assim, haveria uma tendência de intensificação do processo de
racionalização, mas não progressiva e implacavelmente de modo a eliminar o
passado e fazer tábua rasa da sociedade e
43
No caso brasileiro, a herança de privatismo para Guerreiro Ramos
ainda impedia a consolidação da racionalidade administrativa:
No Brasil, a racionalização da administração pública defronta-se com
sérios obstáculos, principalmente oriundos de sua formação histórica. Pode
afirmar-se, mesmo, que a sua introdução em nossa quina corre por conta
daquele idealismo utópico, característico das elites brasileiras e extensamente
estudado por Oliveira Vianna.
A verdade é que a estrutura social e política do país ainda não apresenta
até hoje condições capazes de tornar plenamente efetivo, em nossa
administração pública, um sistema racionalizado.
Uma tradição de patrimonialismo permeia o Estado brasileiro que, a
recentemente, se pulverizava socialmente em ‘organismos monocelulares’,
clãs parentais, clãs feudais, clãs eleitorais, de puro direito privado e carecia
daquela unidade orgânica e compacta a que se referia von Stein. (RAMOS,
1950, p. 24).
45
Em auxílio às abrangentes formulações teóricas das quais se servia,
Guerreiro Ramos lança mão de autores nacionais para dar conta da peculiaridade
da sociedade brasileira e viabilizar a crítica ao patrimonialismo em sua
caracterização local. Utiliza-se de Gilberto Freyre e sua crítica ao mandonismo, de
Nestor Duarte e a análise da ordem privada e, principalmente, Oliveira Vianna e
sua crítica da organização clânica e do familiarismo. Vianna ainda lhe fornecerá
subsídios para a crítica da importação de idéias por parte de uma classe dirigente
considerada alheia à realidade brasileira (o idealismo das elites) (RAMOS, 1950,
p. 124-5).
46
45
Lorenz von Stein, teórico social e historiador do séc. XIX, um dos fundadores da sociologia
alemã, influenciado por Hegel e sistematicamente lido por Marx e Engels, posteriormente
retomado por H. Freyer e H. Marcuse; elaborou uma interpretação dialética da história na qual a
idéia básica era segundo Marcuse o antagonismo entre Estado e Sociedade. Ver Marcuse
(197
ddc
44
A administração pública no Brasil, nesse contexto, não teria ultrapassado
o estágio patrimonialista”, uma vez que a pressão do privatismo e do
familiarismo perturbaria a estrutura governamental, legando à administração
pública “[...], o caráter a que [Edward] Sapir chamaria ‘espúrio’, visto nela não se
integram perfeitamente os processos burocráticos. Registra-se, pois, dentro de
nossa administração pública, um verdadeiro conflito cultural, como já lembrara o
sociólogo brasileiro Elio Willems.” (RAMOS, 1950, p. 128-9).
Por suas incumbências e seu caráter precursor, o DASP, nesse contexto,
estaria no ‘olho do furacão’, assim como a burocracia que o compunha – inclusive
o próprio Guerreiro Ramos.
Este conflito cultural retrata-se com maior agudeza naquilo que se poderá
chamar ‘processo do DASP’, órgão pioneiro da implantação da
racionalização na administração federal, cujo destino vem sendo ultimamente
discutido pela opinião pública e assume as proporções de um caso de
consciência do país. Tal ‘processo’ não deixa de ser dramático, pois muitos o
sentem no espírito e na carne. (RAMOS, 1950, p. 130).
Mesmo saindo em defesa do departamento, não poupa críticas à
importação de modelos em dissonância com a situação específica do país e cita,
como exemplo negativo, a influência de Willoughby (também uma das mais
presentes no DASP) na instituição do Conselho Federal do Serviço Público Civil
(em 1936) com características de órgão de administração geral, embora pondere
que, naquelas circunstâncias, representaria algum progresso.
A Lei nº 284 [de 28 de outubro de 1936] repre
45
Guerreiro Ramos também defende o DASP contra o assédio que sofria
por parte da oposição liberal, porta-voz das resistências privatistas à
modernização administrativa. “O que resta a dizer é que, no presente momento, a
evolução da racionalização da administração, no Brasil, está perturbada pela
reorganização potica que se vem operando desde 29 de outubro de 1945”
[deposição de Vargas e fim do Estado Novo] (RAMOS, 1950, p. 134).
A defesa dos privilégios, do privatismo, seria tamm reivindicação de
organizações políticas partidárias, que não primariam pela coerência
“ideológica”, antes, representariam interesses específicos que se aglutinariam
para conquistas particulares, assediando o Estado em busca de acesso a benesses.
Este privatismo’, até o momento crônico na vida brasileira, exprime-se, na
esfera política sob a forma de partidos de patronagem, isto é, partidos sem
unidade ideológica, meras agremiações ou ajuntamentos de gânglios que,
interferindo na administração pública, retardam, quando não paralisam de
todo, o processo de sua burocratização. (RAMOS, 1950, p. 125).
48
O advento da modernização capitalista como processo de racionalização
é tomado então por Guerreiro Ramos como processo eminentemente cultural,
enfrentamento entre o privatismo e a racionalização, entre a burocratização e o
patrimonialismo (entendidos como tipos ideais), consistindo em um “conflito
cultural”, no qual a administração pública defrontar-se-ia com o tradicionalismo e
suas vicissitudes arraigadas; o Estado seria naquele momento o agente
defensor do público e portador do moderno, capaz de dissolver os embaraços
postos por esse tradicionalismo.
Mudanças que cortaram de uma noite para o dia, ‘a golpes de decretos’, tradições de trabalho cuja
validade não foi argüida, discutida, ponderada, como era imprescindível. Sacrificou-se tudo a
novíssimas técnicas importadas, sem se refletir que elas de nada valeriam sem as suas premissas
comunirias. Mas em nome delas, subvertemos estruturas burocráticas, que vinham se formando
lentamente, que, portanto, vinham sofrendo os testes da vida ou de uma experiência até
multissecular”.
48
Oliveira Vianna (1987) também define os partidos políticos como ajuntamentos “ganglionares”.
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46
Assim, naquele período, particularmente no Estado Novo, os intelectuais
aproximaram-se do Estado e mantiveram com ele uma relação tão íntima quanto
complexa, predominando uma visão desse como bastião da modernidade.
A ideologia de Estado que se consolida neste momento tem como um dos
seus pilares a idéia de que o Estado é mais moderno que a sociedade. Ele é a
sua razão e consciência, impedindo-o de se dilacerar nos seus pequenos
conflitos de interesse e assim obstaculizar a constituição da vontade nacional.
(VIANNA, L., 1985, p. 40).
Ao reeditar de modo um tanto mais sofisticado análises anteriores,
mormente de Alberto Torres, Guerreiro Ramos releva a condição do Estado como
grande baluarte da modernização, único agente capaz de se sobrepor aos
interesses privatistas da sociedade civil. No entanto, tal concepção do Estado de
um lado identifica-o à administração pública e esvazia-o de sua condição potica,
assim como em Alberto Torres (BARIANI, 2007), de outro, elide a participação
dos grupos sociais no processo de mudança. No entender de Guerreiro, não havia
ainda um “povo”, uma estrutura de classes formada, uma sociedade civil
organizada e tampouco um grupo social coeso e apto a subsidiar a mudança
necessária; os grupos sociais existentes se reuniam em torno do achaque aos
bens públicos e na defesa de privilégios. Uma elite dirigente mesmo em seus
despreparo, ‘idealismo’ e alheamento para com a realidade brasileira aparece
como dignitária do progresso, sob os auspícios dos quadros técnico-científicos da
burocracia pública, então cientes de sua função pública e da tarefa de impor a
racionalidade. Esses quadros adquiriam ares de uma intelligentzia de Estado
(BARIANI, 2003b) e o DASP era um ambiente procuo para tal.
49
49
Entretanto, em tese, os quadros técnico-científicos alojados no Estado poderiam, na ausência de
grupos-sujeitos competentes e mesmo do povo como encarnação da nação, indicar formas e nortes
para a tomada de decisões e, quem sabe, formular projetos políticos? Ou ainda, o exercício
continuado das formas de organização administrativa poderia, ao final, proceder mudanças
estruturais? Poderia a burocracia investir-se de interesses políticos próprios e/ou desempenhar
funções absolutamente autônomas, tecendo assim um projeto próprio de modernização? Guerreiro
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47
Eminentemente políticas, as “elites” mostravam-se para Guerreiro
Ramos aquém das necessidades, despreparadas para a tarefa de modernizar o
país, caberia então a essa intelligentzia ligada ao setor estatal esclarecer as elites e
fazer agir o gigante (o Estado) – acordado em 1930 e posto em marcha em 1937
no sentido de organizar a nação (recomendação deixada pela geração
imediatamente anterior) e modernizar o país. Era uma tarefa que, ao final,
afigurava-se muito mais da inteligência, de missão intelectual, que propriamente
política; muito mais de salvação que de negociação, de construção que de arranjo
e rotinização. Nessa concepção e num contexto de “sociedade em transição”
misturavam-se os papéis da burocracia e da intelectualidade, do técnico-científico
e do ‘ideólogo’, as tarefas da administração pública e o projeto potico de Estado,
indicando co
t098 Tm (p)Tj1 97.28 425.7298 425.7298 Tm (n)Tj1 0 0 1 120 162 425.7298 190.8 452.3698 Tm (a)Tj1 0 3298 Tm (n)Tj1 0 0 1 495.6 585.3298 Tm (.08 543)Tj83.84 452.3698 Tm 28 425.7298 Tm Tm (í)Tj1 0 Tm (e)Tj1 0 0 10 1 114 425.7298 Tm (n)Tj1 08u83.84 452.3698 Tm 28 425.7
48
irracionalista da embrioria sociedade civil, seus interesses e seus vícios,
deixando ao Estado a tarefa primordial.
Essa perspectiva tinha como vértice social a classe média que emergia da
profission
s
49
No DASP, o autor inteirou-se da problemática brasileira e sua
complexidade, atentou para o fato de que a transplantação de instituições,
condutas e formas de organização dos países de capitalismo central não seriam
funcionais na realidade brasileira; por outro lado, não seria possível simplesmente
relegar os instrumentos e experiências daqueles países, precisamente residia o
dilema: alcançar a modernidade por meios próprios e, no entanto, utilizar-se dos
meios possíveis; ser outro sem deixar de ser si mesmo, articular o particular e o
geral, o estrutural e o funcional. não era possível simplesmente refazer a
trajetória dos países desenvolvidos, o Brasil não poderia galgar os mesmos
degraus que aqueles países, haveria de trilhar seu próprio caminho rumo à
modernização, todavia, conforme sua condição particular. Para enfrentar os
desafios dessa condição, seria preciso forjar instrumentos teóricos próprios,
adequados ao entendimento da realidade brasileira, aparelhar a sociologia
consciência dessa realidade – para dar conta da complexidade da situação.
2. O arsenal em construção
Nesse período de incrementação de temas e problemas
50
mais lidos por me (s)Tj1 0 0 19222 (o)Tj1 0 0 1 1970.8 718.2898 241Tj1 0 0 1 159.36 718.2898 247Tj1 0 0 1 159.64 718.2898 T61.8saddosiodse (s)Tj1 0 0 192395(o)Tj1 0 0 1 197t.8 718.2898 39 (m)Tj1 0 0 1 218.36 718.2898 413(a)Tj1 0 0 1 125d36 718.2898 419(a)Tj1 0 0 1 125.64 718.2898 433.4lsssdss
51
até à revelia dos interesses particulares presentes na sociedade civil.
Precariamente, essa tradição nomeada por Guerreiro Ramos como a linhagem
crítica” do pensamento social brasileiro pode ser assim esboçada: Visconde do
Uruguai (Paulino José Soares de Souza), Silvio Romero, Euclides da Cunha,
Alberto Torres, Oliveira Vianna...
55
Todavia, se a visão do Brasil que emanava desses autores contemplava
uma ânsia de síntese, o aspecto rarefeito e mais ou menos dedutivo que as embasa
lentamente se tornava claro para Guerreiro Ramos; a partir de então, busca na
sociologia acadêmica e profissionalizada que nascia elementos empíricos e mais
cuidadosamente coletados, daí a crescente menção a autores como Emílio
Willems, Fernando de Azevedo, Florestan Fernandes - abundam citações de obras
desses autores, bem como de Donald Pierson e Roger Bastide. Nesse aspecto,
Guerreiro também colabora com a revista Sociologia editada pela Escola Livre
de Sociologia e Potica de São Paulo e considerada a primeira revista
eminentemente acadêmica das ciências sociais no Brasil.
56
Em dois trabalhos dessa época (publicados naquela revista) nota-se a
influência temática e na abordagem da sociologia ‘norte-americana’ e da
55
Nessa linhagem “crítica Guerreiro Ramos - por vezes - acrescentará, mais adiante, João
Ribeiro. Quanto a outros autores, nota-se que a presença de Gilberto Freyre na obra de Guerreiro
Ramos - nesse período - é devida à crítica ao privatismo e mandonismo, e o às considerações
sobre o negro; como esse, a maioria dos autores, inclusive os da linhagem mencionada, será
censurada pela visão racista ou pelo menos não lúcida desse tema. Nota-se tamm que os autores
cronologicamente mais próximos que também se situam na continuidade dessa herança,
principalmente os ‘teóricos do Estado Novo e do ‘autoritarismo’ (instrumental ou não), não
marcam presença em sua obra (exceto Oliveira Vianna), tais como: Azevedo Amaral, Francisco
Campos, Almir Andrade, entre outros. Apesar também da admiração de Guerreiro e a influência
sofrida de Jacques Maritain e do pensamento cristão tomista, autores cristãos brasileiros próximos
dessa tendência também não são mencionados: Tristão de Ataíde (Alceu Amoroso Lima), Jackson
de Figueiredo, Jônatas Serrano, etc. - mais tarde, Guerreiro Ramos (1961) analisará criticamente
esses últimos num ensaio nomeado “A ideologia da ordem”.
56
Posteriormente, promoverá um acerto de contas com essa sociologia, condenando-lhes a
excessiva ocupação com “minudências” da vida social (Emilio Willems), a “ideologia
profissional” de sociólogo e a forma de conceber a sociologia (Florestan Fernandes).
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52
ecologia humana (principalmente da Escola de Chicago) no tratamento de
fenômenos como a pobreza, a medicina popular e a mortalidade infantil, vistos
como frutos da ambiência.
57
O pauperismo o é apenas uma condição econômica. É também uma
condição cultural e psicológica. Ao baixo poder aquisitivo das massas
corresponde um repertório de costumes, tradições e atitudes. A pobreza é
uma condição econômica e cultural e um estado de espírito. Ambos
(condição e estado) têm a sua inércia, oferecem resistência à mudança.
Quando se diz que os altos coeficientes de mortalidade infantil se
correlacionam com o baixo poder aquisitivo, o se diz tudo. Para maior
precisão seria necessário mencionar que eles se correlacionam com a ‘cultura
de folk’, característica da pobreza. (RAMOS, 1951b, p. 252).
O problema da
p
d
d
dO
b
d
d
a
b
53
Na verdade, as instituições administrativas não têm nenhum poder mágico ou
imanente de resolver os problemas. Elas rendem em função umas das
outras e do meio nacional onde atuam. É inócuo transplantá-las de um país
para outro de condições radicalmente diferentes. (RAMOS, 1951a, p. 40).
[...] nenhuma instituição burocrática, nenhum esquema de organização tem
qualidades imanentes. Sua eficácia depende das estruturas sociais e
econômicas onde se encaixam [...] Certas instituições, uma vez
transplantadas, não encontram na sociedade receptora elementos fixadores ou
condições que possibilitem o rendimento que elas apresentam nas sociedades
doadoras. Muitas vezes são reinterpretadas, a fim de exercerem alguma
função na nova estrutura social. (RAMOS, 1951a, p. 2-3).
Problemas como o da mortalidade infantil, o pauperismo, as deficiências
de saúde e outros seriam agravados por tal disfunção, uma vez que as formas de
combate utilizadas teriam como vício do deslocamento contextual a ineficiência
(ou inconseqüência) de resultados. Daí a pretensão do autor em analisar as
políticas blicas e realizar estudo de caso da administração federal, pois os
e
s
54
O arsenal trico guerreiriano ressentia-se de um aparelhamento para
enfrentar as questões numa plataforma superior, basicamente de um método que o
habilitasse a se desvencilhar do cipoal de referências cruzadas, de conceitos
simbolicamente retorcidos quanto aos seus referenciais. vislumbrava no
horizonte teórico as implicações dessa orientação metodológica, ainda que a
percebesse também a partir de um legado estrangeiro e confundisse o
equacionamento teórico da questão com a construção de uma sociologia
aplicada.
60
Quando importamos sistemas legais ou instituições burocráticas de outros
países, procedemos, de certa forma, como os nativos do Taiti [que enterraram
ferramentas esperando que dali nascessem casas prontas]. Esperamos que
eles aqui realizem os mesmos efeitos de lá, sem atentarmos para as diferenças
estruturais entre a sociedade brasileira e as sociedades que procuramos
imitar.
O reconhecimento de que a eficácia das instituições não lhes é inerente,
mas depende das estruturas nas quais elas se integram está suscitando o
desenvolvimento de uma Sociologia e de uma Antropologia aplicadas. Os
ingleses, por exemplo, estão pondo ambas em uso na administração de suas
colônias na África. (RAMOS, 1951a, p. 2).
Em breve, despertaria para o fato de que os problemas e o modo como os
propunha implicarem uma vultosa tarefa, que de forma alguma se resumiria à
construção de u
55
mas ainda fazia uso de um instrumental nos moldes de um complexo quebra-
cabeça, pois a heterogeneidade social (e teórica) era um desafio a vencer.
O Brasil é um mosaico de culturas, observou R. Lynn Smith. O gradient
que Robert Redfield e outros sociólogos registraram no México pode ser
observado no Brasil, assinalam-se numerosos graus culturais, desde a
‘civilização’ até a chamada ‘cultura de folk’. (RAMOS, 1951a, p. 21).
Essas culturas diferenciadas, esse complexo cultural, comportaria diversas
visões de mundo Weltanschauung na acepção mannheimiana que habitariam
uma mesma fase, na qual coexistiriam diferentes tempos históricos, configurando
uma “contemporaneidade do não-coetâneo” (RAMOS, 1951a, p. 41).
62
A heterogeneidade sincrônica e diacrônica do complexo cultural
brasileiro identificada pelo autor trazia consigo o desafio à compreensão teórica e
a sedução do ecletismo para dar conta de realidade tão ímpar; era preciso entender
a sociedade brasileira, requisito para transformá-la, mas o arsenal teórico
disponível havia sido forjado para (e por) outras sociedades, significativamente
diferentes. Naquele início dos anos 1950, ao abordar a sociedade brasileira com
base na transplantação, na forma reflexa e não-autêntica da vida social, pairava
para Guerreiro Ramos sempre a percepção de algo de insuficiente: para o
entendimento do país, para pleitear as tarefas da organização da nação, para
instrumentalizar o conhecimento e direcioná-lo à prática da transformação e,
assim, para aplacar sua voracidade intelectual e ânsia de engajamento. Buscará
então as armas necessárias também num duplo movimento: puxando o ‘fio da
história e resgatando as tentativas anteriores de construção de uma teoria crítica
imbricada à realidade brasileira, bem como empreendendo uma dura crítica da
sociologia no Brasil.
62
O conceito de contemporaneidade do não-coetâneo, tomado a Wilhem Pinder, que será
largamente utilizado pelo autor (e também terá uso comum entre os isebianos) no sentido de
indicar a coexistência de diferentes tempos histórico-sociais numa mesma sociedade.
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56
3. Grupo de Itatiaia, IBESP e os Cadernos de Nosso
Tempo
Envolvido diretamente com a potica nacional ao ingressar na Assessoria
de Vargas, Guerreiro Ramos, a partir de 1952, participou do Grupo de Itatiaia
que, em suas palavras, teria sido formado “com o objetivo de entender o governo
brasileiro” (OLIVEIRA, L., 1995, p. 148). Também foi um dos fundadores do
IBESP e do ISEB. Para ele, o IBESP foi um encontro de estudiosos”, já o ISEB
teria sido feito em suas palavras à sua “revelia”, “praticamente, pelo
Jaguaribe; foi ele quem fez tudo... Do IBESP eu gostava, participei, mas o ISEB, é
aquela coisa... Objetivamente eu não entendo” (OLIVEIRA, L., 1995, p. 154).
No IBESP, Guerreiro Ramos publicou nos Cadernos de Nosso Tempo
(editados pelo instituto) os artigos: “Padrão de vida do proletariado de São Paulo”
(Cadernos... 1), “O problema do negro na sociologia brasileira ( 2), “A
ideologia da Jeunesse Dorée (nº 4) e “O inconsciente sociológico ( 5).
63
Se
em “Padrão de vida do proletariado de São Paulo” sonda as condições de vivência
dessa classe, em “A ideologia da Je
e
e
57
sociologia no Brasil: esquema de uma história das idéias (1953), Cartilha
brasileira do aprendiz de sociólogo: projeto a uma sociologia nacional (1954),
Esforços de teorização da realidade brasileira politicamente orientados de 1870 a
nossos dias” (nos ANAIS DO I CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA,
editados em 1955) e Sociologia de la mortalidad infantil (publicado no México,
em 1955).
64
O Grupo de Itatiaia embrião do IBESP e do ISEB
65
teve início a
partir de agosto de 1952, no Parque Nacional de Itatiaia (entre RJ e SP), em local
cedido pelo Ministério da Agricultura (cujo Ministro era João Cleophas), quando
começou a se reunir ocasionalmente um grupo de intelectuais ‘paulistas e
‘cariocas’, sendo alguns católicos, antigos integralistas, conservadores e outros de
posições mais à esquerda. Vargas, que estimulava a Cepal (então Comissão
Econômica para a América Latina, depois também para o Caribe), segundo
D’Araújo (1992), teria discretamente incentivado as reuniões em Itatiaia.
64
A produção individual do autor – no período no qual esteve ligado ao Grupo de Itatiaia, IBESP e
ISEB será analisada adiante; neste capítulo, limitar-nos-emos à produção coletiva da instituição
(IBESP) e às análises críticas sobre a produção (de Guerreiro Ramos e dos autores em geral) na
instituição (ISEB). Se no DASP (e no Departamento Nacional da Criança) a iniciante produção do
autor estava diretamente relacionada aos temas e problemas envolvidos na rotina institucional e
mesmo profissional, nas outras instituições (Grupo de Itatiaia, Assessoria de Vargas, IBESP e
ISEB), embora haja relações entre os temas propostos e a produção do autor, tal relação não é o
direta, é antes mediada pelo caráter das instituições: de estudos e abertura de temas, não focado em
relativamente estreito leque de temas, nem no desempenho de uma função (profissional) restrita
e/ou baseado na eficiência organizacional, mas de estudos, (livre) exercício intelectual de análises
e intervenção social. O autor também, mais maduro e cuja obra se complexificava, tende a
incrementar o inventário temático-analítico e declinar das questões excessivamente pontuais e
localizadas. Todavia, isso não inviabiliza a análise baseada nas instituições como ambiente de
produção intelectual, requer sim maior cuidado na confecção de nexos causais, seja entre o autor (e
obra) e a instituição, seja entre a instituição e a sociedade na qual es inserida. Obviamente, sem
perder de vista a relação mais determinante da trajetória do autor com a sociedade brasileira
em seu contexto histórico.
65
Para Helio Jaguaribe (1979d, p. 94; 2005, p. 31), o início de tudo teria sido o grupo da “5ª
página”, que em 1949 mantivera no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, aos domingos, o
equivalente a um suplemento cultural, no qual se discutiam os problemas do país. Participaram do
grupo Israel Klabin, Oscar Lorenzo Fernandez, Jorge Serpa Filho, Candido Mendes de Almeida e
o próprio Jaguaribe – tamm coordenador. O proprietário e diretor do jornal era Elmano Cardim,
e Augusto Frederico Schmidt, o responsável pela viabilização do espaço editorial.
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58
A tônica dos debates, inicialmente, era a discussão teórica por parte de
estudiosos, que tinham em comum certa configuração intelectual, influências de
alguns autores e um desejo de impulsionar um pensamento genuinamente
brasileiro.
Embora o grupo se consolide no Rio de Janeiro (e ali finque raízes), nos
primórdios, intelectuais ‘paulistas’ – sobretudo ligados ao IBF (Instituto Brasileiro
de Filosofia) e à Revista Brasileira de Filosofia participaram do começo das
discussões em Itatiaia.
66
Os ‘paulistas’ Roland Corbisier, Ângelo Simões de
Arruda, Almeida Salles, Paulo Edmur de Souza Queiroz, Jo Luiz de Almeida
Nogueira Porto, Miguel Reale
67
e também um professor italiano chamado Luigi
Bagolini – eram liderados por Vicente Ferreira da Silva (filósofo cujos seminários
eram muito conhecidos na cidade de São Paulo) que, como outros pensadores,
guardava certo distanciamento da institucionalização e do ensino filofico
ministrado na Uni
– 140.88 372.693.04 399.3298 Tm (i)TjTm (a)Tj1 0 0 0 1 227.76 Tm (a 12 Tf(f)Tj14 1 355.44 6910 0 1 227.76 Tm (a 12 0 0 1 4 1 355.44 6910 0 1 227Tm (r)T 12 0 0 6 (i)Tj1 0 0 1 1 301.2 532.04872.6898 Tm (r)Tj1 0 0 1 256.32 372.6898 Tm (r)Tj1 0 0 1 267.84 772.6898 Tm (o)TjTj1 0 0 1 198 611.898 Tm (o)Tj1 0 0 1 371.52 32 422.6898 Tm (o)Tj1 0 0 1 293.76 479.0898 Tm (o)Tj1 0 0 1 323.52 585.31 227.76 Tm (a 12 0 0 1 44 585.31 227.76 Tm 1 0 0 1 317.04 1 (i)Tj/F2 12 Tf1 0 0 1 318.72 472.6898 Tm (d)Tj1 0 0 1 156.24 399.3298 Tm (o)Tj1 0 0 1 382.32 4399.3298 Tm (a)Tj1 0 0 1 187.94 479.898 Tm (o)TjTj1 0 0 1 192 589.0898 Tm (o)Tj1 0 0 1 323.526385.31 227.76 Tm 1 0 0 310.56 532.0498 Tm 7585.31 227.76 Tm 1 0 0 1 310.56 532.0498 Tm 8399.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 256.38 539.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 390.48 399.32 (a)Tj1 0 0 0 1 227.76 6 611i)Tj/F2 12 Tf1 0 0 1 123.36 531 471.84 392 4521 0 0 1 478.322 355.44 6910 0 1 1 0 0 1 451.682672.6898 Tm (i)Tj1 0 0 1 421.92 585.31 227.76 Tm Tj1 0 0 1 432 331 471.84 392 4521 0 0 1 473.283m (a 12 Tf(f)Tj11 0 0 1 475.2 55 505.6898 Tm (o)Tj1 0 0 1 371.52 34506898 Tm (d)Tj1 0 0 1 156.24 585.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 390.48 425.71 227.76 Tm 1 0 0 1 317.04 532.01 227.76 Tm Tj1 0 0 1 4327872.6898 Tm (n)Tj1 0 0 1 471.12 599.32 (a)Tj1 0 01 0 0 1 451.689199.32 (a)Tj1 0 01 0 0 1 414.48 50 532.0898 Tm (i)Tj1 0 0 1 421.929m (a 12 Tf(f)Tj11 0 0 1 497.52 4355.44 6910 0 1 1 0 0 1 504.72 425.7298 Tm (,)T 585m (d)Tj1 0 0 1 157.2 505.6T 585m (d)Tj1 0 0 1 140.88 558.6T 585m (d)Tj1 0 0 1 118.8 452.3T 585m (d)Tj1 0 0 1 131.52 052.3T 585m (d)Tj1 0 0 1 124.8 425.7T 585m (d)Tj1 0 0 1 137.76 425.7T 585m (d)Tj1 0 0 1 140.64 53446T 585m (d)Tj1 0 0 1 118.85539.32 585m (d)Tj1 0 0 1 382.324 5847T 585m (d)Tj1 0 0 1 137.766331 47 585m (d)Tj1 0 0 1 164.4 625.7T 585m (d)Tj1 0 0 1 178.32 399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 140.64 532.02 585m (d)Tj1 0 0 1 140.649 140.8 585m (d)Tj1 0 0 1 461.76 62 372.6 585m (d)Tj1 0 0 1 131.56 691.6T 585m (d)Tj1 0 0 1 124.6 692.3T 585m (d)Tj1 0 0 1 211.44 399.3 585m (d)Tj1 0 0 1 118.2 399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 350.644 558.2 585m (d)Tj4 1 355.44 69100847T 585m (d)Tj1 0 0 1 137.710 1 47 585m (d)Tj1 0 0 1 205.9241 1 47 585m (d)Tj1 0 0 1 211.444599.32 585m (d)Tj4 1 355.44 691 399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 255.36 m (,)T 585m (d)Tj1 0 0 1 1 255.36 699.32 585m (d)Tj1 0 0 1 140.64 391.6T 585m (d)Tj1 0 0 1 255.36 537825.7T 585m (d)Tj1 0 0 1 279.6 547 585m (d)Tj1 0 0 1 211.44 718.22 585m (d)Tj1 0 0 1 140.649399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 140.62 425.7T 585m (d)Tj10 0 1 474.72 56 399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 305.28 399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 140.621691.6T 585m (d)Tj1 00 0 1 30154.16 479.0098 Tm 8 695.7T 397.9219 Tf1 0 0 1 223.2 537.56988 479.0T 397.9219 T1 0 0 1 493.68 773.24984 691.T 585m (d)Tj1 0 0 1 0 0 1 310.56 532.0498 Tm 4232 585m (d)Tj1 0 0 1 305.285m (,)T 585m (d)Tj1 0 0 1 305.285699.32 585m (d)Tj1 0 0 1 327.126099.32 585m (d)Tj1 0 0 1 360.96 37T 585m (d)Tj1 0 0 1 279.2 558.6T 585m (d)Tj1 0 0 1 374.88 432.02 585m (d)Tj1 0 0 1 305.289425.7T 585m (d)Tjj 0 0 1 305.289318.22 585m (d)Tj1 0 0 1 376.8 925.7T 585m (d)Tj1 0 0 1 402.48 33446T 585m (d)Tj1 0 0 1 118.4 472.02 585m (d)Tj1 0 0 1 413.52 239.32 585m (d)Tj 0 1 227.76 6 53446T 585m (d)Tj1 0 0 1 205.942399.3 585m (d)Tj1 0 0 1 118.82672.68 585m (d)Tj1 0 0 1 279.2 425.72 585m (d)Tj1 0 0 1 305.28 452.36 585m (d)Tj1 0 0 1 131.58 398.22 585m (d)Tj1 0 0 1 448.08 032.02 585m (d)Tj1 0 0 1 305.26 718.T 585m (d)Tj1 0 0 1 124.4 479.0T 585m (d)Tj1 0 0 1 439.27m (,)T 585m (d)Tj1 0 0 1 473.28 6847T 585m (d)Tj1 0 0 1 478.32 399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 473.28 425.2 585m (d)Tj4 1 355.44 694 372.6 585m (d)Tj1 0 0 1 496.56 399.32 585m (d)Tj1 0 0 1 502.8 452.3698 Tm (s)4 665Tm (m)Tj1 0 0 1 344.8 399.32 665Tm (m)Tj1 0 0 1 119.52 318.22 665Tm (m)Tj1 0 0 1 128.16 052.3T 665Tm (m)TjJ 0 0 1 128.16 452.32 665Tm (m)Tj1 0 0 1 119.524m (s)4 665Tm (m)Tj1 0 0 1 371.52 34 479.02 665Tm (m)Tj1 0 0 1 119.52 425.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 362.11 425.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 128.166725.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 116.88 691.62 665Tm (m)Tj1 0 0 1 355.68 614.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 362.119.3298 665Tm (m)Tj1 0 0 1 119.529425.7T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 140.649979.02 665Tm (m)Tj1 0 0 1 199.44 535.02 665Tm (m)Tj1 0 0 1 205.92 536s)4 665Tm (m)Tj1( 0 0 1 205.92 425.74 665Tm (m)Tj1 0 0 1 344.26 15.74 665Tm (m)Tj5.3298 Tm (–532. 665Tm (m)Tj1 0 0 1 119.52 428.72 665Tm (m)Tjf 0 0 1 119.52 514.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 234.72 66727T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 140.60498 TmT 665Tm (m)Tj1 0 0 1 140.604928.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 244.8 652.3T 665Tm (m)Tj5.3298 Tm (–38 TmT 665Tm (m)Tj1 0 0 1 213.12698 TmT 665Tm (m)Tj1 0 0 1 140.60 718.24 665Tm (m)Tj1 0 0 1 344.28052.3T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 280.08 425.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 205.92 505.62 665Tm (m)Tj1 0 0 1 131.569472.68 665Tm (m)Tj1 0 0 1 244.2 425.62 665Tm (m)Tj1 0 0 1 350.64 0736s)4 665Tm (m)Tj1 0 0 1 256.381336s)4 665Tm (m)Tj1 0 0 1 318.72 252.3T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 371.52 392725.7T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 332.4 399.3 665Tm (m)Tj1 0 0 1 280.08 6639.3 665Tm (m)Tj1 0 0 1 336.24 799.3 665Tm (m)Tj1 0 0 1 482.88 38 396s)4 665Tm (m)Tj1 0 0 1 140.624872.68 665Tm (m)Tj1 0 0 1 244.2 479.0T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 332.4 665.08 665Tm (m)Tj1 0 0 1 244.266639.3 665Tm (m)Tj1 0 0 1 374.4 272.68 665Tm (m)Tj1 0 0 1 279.2813298 665Tm (m)Tj1 0 0 1 379.2 725.7T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 386.4 325.7T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 393.84 479.0T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 124.409.3 665Tm (m)Tj1 0 0 1 280.08 42298 665Tm (m)Tj1 0 0 1 451.681125.7T 665Tm (m)Tj1 0 0 1 412.08 399.32 665Tm (m)Tj1 0 0 1 421.92 0.3 665Tm (m)Tj1 0 0 1 374.05.6563T 665Tm (m)Tj1 041 0 0 1 374.05928.72 665Tm (m)Tj1 0 0 1 219.84 532.0498 Tm 4 585.8 47929219 Tf1 0 0 1 223.2 537.56984 372.68 47929219 T(93.2 ET Tm (s)8 392m (d4 395.7425.7re037.56rgf03gBT0 1 2479.052.8 452.3698 Tm (s)8 61 Tm (o)T479.052.1 223.2 537.56982 505.78 61 Tm (o)T1 0 0 1 22052781.24 372.6898 T425.66 5082 12 Tf052781.2 0 1 236.64 532.6 055636 5082 12 Tf1 0 0 1 186.72 331 4 496.56 399.3.T 665Tm (m)Tj10 0 1 186.72 331 8 Tm (– 140.88 372.6.88 558.6T 585m (d26 140.88 3721 0 0 1 397.558.6T 585m (d26 0 1 397.5581 0 0 1 397.Tm (u)Tj1 0 0 10581 0 0 1 390 1 371.52 34 479.02 665Tm (m).44 505.6498 Tm (e)Tj1)T1 0 0 1 229425.7T3.44 399.3298 Tm (1)T1 062 (u)Tj1 0 0 103T 665Tm (m)T31 132.24 399.3276 Tm 1 0 0 330 0 1 219.84 532.0498 Tm 4 576 Tm 1 0 0 335 397.558.6T 585m1)T1 062 (u)Tj158.6898 Tm (a6T 585m1)T1 062.0098 Tm (d)Tj1 0 0 1 1 0 0 1 256.56 558.6898 Tm (s) (s)4 665Tm (1 0 0 1 475.2 Tj1 0 0 1 119.5 12 Tf1 0 0 1 18)Tj1 0 0 1 1 1 439.27m (,P)Tj1 0 0 2.8 399.3298 Tm (Tf1 0 F5.2 585m (d)Tj4 576 Tm 1 07T 585 F5.2 585m (d)Tj54.8 558.6898 Tm (F5.2 585m (d)Tj54.8 558.68920 1 4525.2 585m (d)Tj543425.7298 Tm (o)T1 0 0 1 397.558.65 452.3698 Tm (i)Tj1 0 0 1 395.44 86.48 532.04 0 0 1 390.48 (o)Tj1 0 0 1 350.64 425.7298 Tm8)Tj1 0 0 60098 Tm (m)Tj11.04 388 3721 0 0 1 397.560098 Tm (m)Tj1168.32 0 1 397.5600s)Tj1 0 0 1 270.48 0 0 1 18)Tj1 0 0 1 1 1 472 1 07T 585 F5.2 5c)Tj1 0 0 1 275.84 532.0498 Tm 4 576 Tm 1 0 532.0 07T 585 F5.2 5i)Tj1 0 0 1 2821 0 0 1 397.5600(m)Tj1 0 0 1 13.52 0 1 350.64 425.7298 Tm8)Tj3.76 0 1 350.64 42p)Tj1 0 0 1 307158.6898 Tm (a6T 585m4 532.6 055636 5082 12 Tf98 Tm (d)Tj1 0 -585m4 532.6 055636 5082 12 T44.8 0 0 1 18)Tj1 0 0 1 1 1 317.2 0 1 350.64 42l)Tj1 0 0 1 31m 1 07T 585 F5.2 5s
59
Os outros participantes (‘cariocas’) eram Oscar Lorenzo Fern
60
Em 1953, cristalizada sua vocação de estudos dos problemas brasileiros,
o grupo remanescente das reuniões em Itatiaia cria o IBESP (Instituto Brasileiro
de Economia, Sociologia e Potica) e passa a editar os textos das discussões sob o
nome de Cadernos de Nosso Tempo publicados entre 1953 e 1956, totalizando
cinco volumes que vieram a marcar época. Colaboraram nos Cadernos: Alberto
Guerreiro Ramos, ndido Mendes de Almeida, Carlos Luís Andrade, Ewaldo
Correia Lima, Fábio Breves, Heitor Lima Rocha, Helio Jaguaribe, Hermes Lima,
Ignácio Rangel, João Paulo de Almeida Magalhães, Jo Ribeiro de Lira, Jorge
Abelardo Ramos, Moacyr Félix de Oliveira e Oscar Lorenzo Fernandez
(SCHWARTZMAN, 1979). Tinha início uma forma de interpretação (e
engajamento) ainda inédita no Brasil. “A importância do IBESP e dos Cadernos
[de Nosso Tempo] é que eles contêm, no nascedouro, toda a ideologia do
nacionalismo, que ganharia força cada vez maior no país nos anos subseqüentes, e
serviriam de ponto de partida para a constituição do Instituto Superior de Estudos
Brasileiros [ISEB]” (SCHWARTZMAN, 1979, p. 3).
O IBESP (diferentemente do ISEB), mesmo não sendo composto de
modo homogêneo e seus encontros extemporâneos, mantinha certa organicidade
nas análises e produções, derivada das discussões conjuntas e prévias dos textos
publicados, o que torna possível uma análise sistemática de suas formulações.
Os trabalhos publicados nos Cadernos de Nosso Tempo geralmente não
contêm citações e/ou preocupações acadêmicas, o textos de construção e síntese
que denotam a preocupação essencial dos autores: influir decisivamente na
realu1 0 00 00 0 0 1 445.2 7I1606476 (1 0 0 00 00 0 0 1 445 1 1220 1 256.20 1 256.32 23911.44 160.0498 Tm (r)Tj1 0 0 76 (u)Tj1 0 0 1 1220 1 25670 1 286 (u)Tj1 0 8 Tm (e)Tj1 080 1 114.96 133.4098 Tm (a)Tj1 0 0 1 10.24 133.4098 Tm (a)Tj1 0 0 1 11 445.2 7I1606476 (1 0 0 00 0 1 114.96 133.4098 Tm (a)Tj1 0 0 1 423911.44 160.0498 Tm (r)Tj99 1 286 (u)Tj1 0 98 Tm (d)Tj1 04 1 11 445.2 7I1608 Tm (p)Tj1 08 21 423911.44 160.8 Tm (S)Tj1 0 0 2 23911.44 160.8 Tm (e)Tj1 020 1 193911.44 160.98 Tm (r)Tj1 0 0 0 76 (u)Tj1 0 8 Tm (a)Tj1 0 0 1 21 445.2 7I1606476 (1 0 0 0 1 20 21 445.2 7I1608 Tm (l)Tj1 0 0 1 286 (u)Tj1 0 8 Tm (e)Tj1 0 0 12193911.44 160.98 Tm (r)Tj1 64 1 11 445.2 7I160m (õ)Tj1 0 011 445.2 7I1608 Tm (u)Tj1 00 0 1 86 (u)Tj1 0 98 Tm (d)Tj1 0 1 86 (u)Tj1 0 8 Tm (e)Tj1 00 0 1 26 (u)Tj1 0 98 Tm (d)Tj10 0 0 1 445 1 1220 1 256.20 1 0 0 1 29 445.2 7I1608 Tm (l)Tj1 3 1 86 (u)Tj1 0 8 Tm (o)Tj1 016.32 23911.44 160.8 Tm (l)Tj1 0 2.32 23911.44 160.8 Tm (M)Tj1 0 721 423911.44 160.8 Tm (l)Tj1 03 21 423911.44 160.98 Tm (n)Tj1 0 0 186 (u)Tj1 0 8 Tm (e)Tj1 0 0 1 386 (u)Tj1 0 8 Tm (s)Tj1 052 1 193911.44 160.Tm (õ)Tj1 00 1 286 (u)Tj1 0 8 Tm (e)Tj1 062 1 86 (u)Tj1 0 98 Tm (o)Tj1 0 193911.44 160.8 Tm (s)Tj1 0 0 70 1 286 (u)Tj1 0 8 Tm (N)Tj1 0 0 1 166 (u)Tj1 0 98 Tm (s)Tj1 06 1 386 (u)Tj1 0 8 Tm (s)Tj1 0 0 1 213911.44 160.8 Tm (S)Tj1 0 0 1 86 (u)Tj1 0 98 Tm (a)Tj1 0 0 1 86 (u)Tj1 0 98 Tm (o)Tj10 0 1 286 (u)Tj1 0 98 Tm (u)Tj1 08 1 193911.44 160.8 Tm (r)Tj1 0 40 0 0 1 445 1 1228 Tm (f)Tj1 0 00 0 0 1 445 1 1228 Tm (o)Tj1 0 0 1 40 1 445 1 1228 Tm (f)Tj1 0500 1 26 (u)Tj1 0 8 Tm (r)Tj1 0 60 1 26 (u)Tj1 0 98 Tm (d)Tj1 01 1 29 445.2 7I1608 Tm (e)Tj1 060 1 166 (u)Tj1 0 8 Tm (o)Tj1 0 2.32 23911.44 160.8 Tm (M)Tj1 0 0 29 445.2 7I1608 Tm (a)Tj1 0 0 1 11 445.2 7I1606476 (1 0 0 04 0 1 114.96 133.4098 Tm (e)Tj1 0 1 86 (u)Tj1 0 98 Tm (o)Tj15 0 1 0 1 445 1 1228 Tm (n)Tj1 0 0 1 502.32 160.0 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 0 0 1 10 0 1 266.3698 Tm (m)Tj1 0 0 1 40 0 1 266.3698 Tm (a)Tj1 0 0 240 0 1 266.3698 Tm (c)Tj1 0 0 0 40 0 1 266.36998 Tm (s)Tj1 00 1 2 0 1 266.3698 Tm (a)Tj1 02 293.2 0 1 266.3698 Tm (a)Tj1 0 0 1 4 0 1 266.3698 Tm (m)Tj1 0 0 1 4 0 1 266.3698 Tm (I)Tj1 0660 1 4 0 1 266.3690498 Tm (r)Tj1 0440 0 1 266.36998 Tm (s)Tj1 75 1 40 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 080 4840 0 1 266.3698 Tm (c)Tj1 0 0 1 1 0 1 266.3698 Tm (a)Tj1 0 0 1 11 0 1 266.3698 Tm (s)Tj1 093 1 40 0 1 266.3698 Tm (r)Tj1 0 0 1 28 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 1 200.0 0 1 266.36998 Tm (s)Tj108 21 1 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 01921 1 0 1 266.369m (õ)Tj1 0 4160.0 0 1 266.369n Tm (n)Tj1 0 0 1 502. 0 0 1 2 0 1 266.36998 Tm (r)Tj1 00 1 21 0 1 266.369m (õ)Tj1 030 1 26 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 0 1 21 0 1 266.369m (õ)Tj1 05 131.7 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 06 160.0 0 1 266.3698 Tm (o)Tj1 0 60440 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 0 446.8 0 1 266.369m (])Tj1 0 0 70 1 4 0 1 266.3698 Tm (u)Tj1 0 7 1 26 0 1 266.3698 Tm (s)Tj1 0 3131.7 0 1 266.3698 Tm (o)Tj1 0 0 1 0 0 1 266.3698 Tm (r)Tj1 0 0 31.7 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 0 3 1 10 0 1 266.3690098 Tm (m)Tj19 1 10 0 1 266.3698 Tm (m)Tj1 0 0 1 40 0 1 266.3698 Tm (O)Tj1 0 0 1 0 0 1 266.36998 Tm (a)Tj1 0 030 1 40 0 1 266.36998 Tm (o)Tj1 35 1 26 0 1 266.3698 Tm (s)Tj1 0 0 1 4 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 043 1 40 0 1 266.3698 Tm ))Tj1 0 0 1 336.720 1 28 0 1 266.369- Tm ))Tj1 0 0 1 336.751.7 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 0 0 1 30 0 1 266.3698 Tm (m)Tj1 0 0 1 3 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 070200.0 0 1 266.3698 Tm (t)Tj1 0 3 240 0 1 266.3698 Tm (p)Tj1 0 8 1 11 0 1 266.3698 Tm (:)Tj1 0 166.5 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 0860440 0 1 266.3698 Tm (s)Tj1 09 21 42 0 1 266.3698 Tm (p)Tj1 0 0 4840 0 1 266.3698 Tm (T)Tj1 0 0 1 49 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 0 0 1 40 0 1 266.3698 Tm (m)Tj1 0 0 20.0 0 1 266.369n Tm (r)Tj1 0 0 31.7 0 1 266.3698 Tm (f)Tj1 0 1 20.0 0 1 266.3698 Tm (r)Tj1 0 0440 0 1 266.3698 Tm (v)Tj1 0 0 1 26 0 1 266.3698 Tm (i)Tj1 0 0 1 0 0 1 266.3698 Tm (o)Tj1 055 1 49 0 1 266.3698 Tm (r)Tj1 001 1 29 0 1 266.3698 Tm (f)Tj1 01 40 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 0 2.840 0 1 266.3698 Tm (c)Tj1 475 1 40 0 1 266.3698 Tm (u)Tj1 0 0 0 0 1 0 0 1 266.3698 Tç)Tj1 0 0 16 1 21 0 1 266.3698 Tm (t)Tj1 0 0 00.0 0 1 266.3698 Tm (e)Tj1 0 0 0 40 0 1 266.36998 TmET)Tj1 rg
61
geopolítica, a condição do negro (cf. RAMOS, 1979), etc. Nos textos, concebidos
individual ou coletivamente (e sempre discutidos), os autores abordam questões
urgentes da sociedade brasileira naquela cada de 1950 e, mais que
diagnosticar, por vezes, apontam formas de equacionar os problemas.
Embora mantivessem um caráter engajado e não-acadêmico, alguns
textos hoje lançados à margem trazem interessantes contribuições tricas a
questões que viriam à berlinda nos anos posteriores. Em O que é ademarismo”
publicado nos Cadernos... nº 2 (jan./jun. 1954) Helio Jaguaribe enfrenta o então
fenômeno potico (e social) do “ademarismo”, que à época surgia como uma
esfinge na potica brasileira;
72
na tentativa de desvendá-lo, empreende uma
análise do populismo um dos grandes temas a partir do final dos anos 1950 no
Brasil e na América Latina fortemente influenciada por um pragmatismo
político e pelo pensamento de Ortega y Gasset (1933), no que refere à alise do
comportamento político das massas:
O populismo, de que o ademarismo é a expressão brasileira, constitui a
manifestação política das massas que persistiram como tais, por o terem
seus membros logrado atingir a consciência e o sentimento de classe e por
tender a se generalizar, como protótipo da comunidade, o tipo psicossocial do
homem-massa. (JAGUARIBE, 1979b, p. 26).
Também são de Jaguaribe (1979a; 1979c) as análises baseadas na
identificação de certo patrimonialismo presente na sociedade brasileira e na
definição do Estado republicano brasileiro como Estado cartorial, isto é, como
condicionado pela solução de continuidade da ‘necessidade’ devido ao
clientelismo potico-eleitoral e à dependência do consenso tácito – de prover com
empregos públicos a classe média, inchando a burocracia civil e militar e legando
72
Tal perplexidade derivava dentre outros motivos das características do fenômeno, que
incluía tanto um enraizamento oligárquico e autoritário quanto um significativo apelo popular, a
ponto de a candidatura de Ademar de Barros ter o apoio de setores de esquerda.
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62
aos particulares o cumprimento de funções administrativas que seriam blicas.
Tal análise viria a pontuar alguns dos primeiros usos do conceitual weberiano nas
interpretações sobre a promiscuidade entre o público e o privado no Brasil,
73
bem
como da caracterização da classe média como grupo (em sua maioria) “alienado”
e “moralista”, de tendência conservadora e de opções poticas pautadas pela
vigência de valores tanto “idealistas” quanto hipócritas, vindo a servir aos
desígnios de um setor reacionário da burguesia. O udenismo em geral e o
fenômeno do lacerdismo em particular viriam a relevar tal preocupação.
Todavia, a preocupação central dos autores ibespianos era acerca das
possibilidades e formas de alcançar o desenvolvimento, pensado como a
transformação qualitativa essencial e geral que poderia redimir a miséria
brasileira, num processo que, de modo expresso, compreenderia os mais variados
aspectos (econômico, potico, cultural, etc.), já que não deveria simplesmente
“ser concebido como empreendimento industrial e comercial” (LIMA, Hermes,
1979,
63
grupo social” (INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E
POLÍTICA, 1979, p. 239). Assim, uma ideologia consistiria, essencialmente, “na
formulação de uma pauta de valores e de sua articulação num projeto social
dotado de eficácia histórica”, tal caráter só poderia ser comprovado a posteriori,
todavia, a priori, poder-se-ia “determinar, formalmente, as condições de que se
devem revestir os valores e seu projeto de realização para que uma ideologia logre
eficácia histórica” (JAGUARIBE, 1979a, p. 148).
Conforme sua adequação em relação às condições sociais e às
exigências históricas – a ideologia seria “autêntica” ou não, autenticidade essa que
como é também sugerido por Jaguaribe revelar-se-ia post festum, com a
verificação de sua eficácia depois de consumadas as experiências do período:
As oões poticas são sempre relativas e, por mais objetivos e válidos que
sejam os métodos empregados para se chegar a elas, escapam à possibilidade
de julgamento em termos de estrita verdade ou erro. Neste campo, não
verdades; decisões. Estas serão racionais ou arbitrárias, autênticas ou
inautênticas, representativas ou não. O que importa, por isso mesmo, é
empreender o esforço de esclarecimento necessário para assegurar a validade
das decisões. (INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA
E POLÍTICA, 1979, p. 171).
Sendo assim...
Não se pode aprisionar a História em fórmulas. Não para os problemas
hist
e
64
predominava em muito o aspecto econômico, esfumando os outros aspectos como
colaterais ou simplesmente efeitos daquele.
As dificuldades do desenvolvimento, necessariamente, levavam à
conceituação das deficiências, das fragilidades na formação histórica brasileira,
daí a interpretação da condição do Brasil como país moldado pelo colonialismo,
semicolonialismo e subdesenvolvimento:
O colonialismo, mais do que uma situação política, é uma situação
econômico-social, caracterizada pela dependência de uma determinada
comunidade a comunidade colonial para com outra comunidade a
metropolitana ou para com outros países econômico-socialmente
autônomos. Nesse sentido econômico-social, que não implica
necessariamente a dependência política, as duas principais características do
co
i
c
65
condição perduraria até os primeiros decênios do séc. XX quando, a partir dos
acontecimentos de 1930 e da 2ª Guerra Mundial, passaria ao subdesenvolvimento.
esse é definido como “um fenômeno econômico-social de caráter global, cuja
explicação se tem de encontrar na análise histórico-sistemática do processo
econômico-social de cada país (INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA,
SOCIOLOGIA E POLÍTICA, 1979, p. 173, grifos nossos), sendo
subdesenvolvidas as economias [...] que, por deficiência de seus fatores de
produção, especialmente por falta de capital, não disponham, por conta própria, da
possibilidade de dar aos seus fatores, em regime de pleno emprego, a máxima
utilização permitida pela técnica existente, num momento dado” (INSTITUTO
BRASILEIRO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E POLÍTICA, 1979, p. 176-7).
Assim, mesmo havendo preocupação com uma definição ampla e
profunda do subdesenvolvimento, bem como a respeito da particularidade da
relação e situação de cada país para com o processo global,
77
predomina uma
definição de caráter estritamente ecomico, relegando a clarificação dos laços
particulares da situação brasileira e incorrendo numa explicação genérica da
relação, aplivel praticamente a qualquer caso.
No que diz respeito à posição brasileira na geopolítica, pleiteavam os
ibespianos uma posição de eqüidistância e neutralidade com relação à polarização
EUA-União Soviética, neutralidade essa firme mas sem isolamento, uma vez que
o país não teria cacife potico para bancar uma posição radicalmente
77
Esta será no início dos anos 1960 uma das preocupações centrais do trabalho de Cardoso e
Falleto (1975): definir a situação específica de cada país com relação à dependência e ao
subdesenvolvimento, não os englobando numa mesma posição, ou seja, proceder à análise
concreta da situação concreta.
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66
independente, sendo tático e prudente aguardar o fortalecimento de uma terceira
posição que se consolidava em outros países então chamados “não-alinhados”.
78
Analogamente, havia uma análise das classes sociais e suas relações,
visando identificar os interesses, horizontes de ação e prováveis arranjos poticos
que poderiam viabili
a8 Tm (c)Tj1 0 0 1 200.64 611.j1 0 0 1 162 665.0098 TmTm (q)Tj1 0 0 1 611.9698 Tm (l)Tj1 0 0 1 2162 611.9698 Tm7 611.9698 Tm (l)Tj1 0 0 172 611.9698 Tm7 6.0098 j1 0 0 172 611.9698 Tm7 6 638Tm (l)Tj1 0 0 1 2162 611.699698 Tm (l)Tj1 0Tj1 0 0 1 290716 638Tm (l)Tj1 0jj1 0 0 1 29078698 Tm (i)Tj1 01 0 0 1 291.36 88 638Tm (i)Tj1 0j1 0 0 1 240..96 691Tm (l)Tj1 0Tj1 0 0 1 29099Tm (qj1 0 0 1 345.05Tm (qTj1 0 0 1 330.96 691Tm (l)Tj1 0j1 0 0 1 345..36 71Tm (qTj1 0 0 1 330284.56 Tm (qTj1 0 0 1 339334 611.9698 Tm (i)7)Tj1 0 0 1 358698 Tm (i)Tj1 0Tj1 0 0 1 3174 611.9698 Tm (d)T(v)Tj1 0 0 1 548 638Tm (l)Tj1 0Tj1 0 0 1 297.2 41.9698 Tm (a8 Tm (c)Tj1 0 3596 638Tm (l)Tj1 0(v)Tj1 0 0 1 65Tm (qTj1 0 0 1 328.96 6651.9698 Tm7 64.08298 Tm (i)Tj1 01 0 0 1 291.33.84Tm (qTj1 0 0 1 317896 638Tm (l)Tj1 0Tj1 0 0 1 324934 611.9698 Tm (i)23)Tj1 0 0 1 412 611.9698 Tm (i).1 0 0 1 415.980 1 162 665.0098 1 0 0 1 173.252 7 611.9698 Tm (i)j1 0 0 1 503.208298 Tm (i)Tj1 0j1 0 0 1 458.2Tm (qj1 0 0 1 3454328298 Tm (i)Tj1 01 0 0 1 451.6884Tm (qq1 0 0 1 451.689Tm (q1 0 0 1 471.6 75Tm (qTj1 0 0 1 334696 691Tm (l)Tj1 0Tj1 0 0 1 481.36 71Tm (qj1 0 0 1 448.7698 Tm7 611.9698 TTj1 0 0 1 489.611.9698 Tm (i)TjTj1 0 0 1 478876 6387 611.9698 TTj1 0 0 1 48992 638Tm (l)Tj1 0j1 0 0 1 458.908 665Tm (l)Tj1 0Tj1 0 0 1 321 0 0 187 611.9698 TTj1 m (u)Tj1 0 0 1 122.88 61585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 204.1 0 1 585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 130.6 63585 0 Tm (r)T 0 1 195.12 61.8 718585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 13040 0 1585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 2064 0 1 585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 179520 1 585 0 Tm (r)T1 0 0 1 191.52507.28585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 188.552 63585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 175.52 63585 0 Tm (r)Ti)T20 0 1 192 611.96 61585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 179.611.9585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 204.820 1 585 0 Tm (r)T1 0 0 1 196.8 65 718585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 210.40 0 1585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 182972 66585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 217.12 66585 0 Tm (r)Ti)6Tj1 0 0 1 371.7691 585 0 Tm (r)T 0 1 2162 611.15 0 1585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 20.84 665585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 204.6 665585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 2102280 1 585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 243.166 61585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 260.4811.9585 0 Tm (r)T 638.585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 21026 638585 0 Tm (r)T 0 1 2162 611.6 7 61585 0 Tm (r)Txj1 0 0 1 290737 61585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 20.707.28585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 277.96 69585 0 Tm (r)T89 665585 0 Tm (r)T23)Tj1 0 0 1 088.4 585 0 Tm (r)Ti)TTj1 0 0 1 312127.28585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 345.187.28585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 330284585 0 Tm (r)T.76 61585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 357.36 1 585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 33942691 585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 328456 63585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 357.51 0 1585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 345.57 0 1585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 373.32 63585 0 Tm (r)T4.27.28585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 384.74585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 31783638.585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 3248 7 61585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 38494 665585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 417.6 61585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 260410 0 1585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 345419 718585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 503.26 63585 0 Tm (r)Tf1 0 0 1 503.260 1 585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 503.20.4 585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 204434 61585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 357440 1 585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 34544 0 1 585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 472.78.4 585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 458.638.4 585 0 Tm (r)T1 0 0 1 480.4847.28585 0 Tm (r)T1 0 0 1 480.4894585 0 Tm (r)TTj1 0 0 1 31921938.585 0 Tm (r)T(e)Tj1 0 0 1 412996 69585 0 Tm (r)T(t)Tj1 0 0 1 94 63585 0 Tm (r)Tj1 0 0 1 503.0 638.585 0 Tm (r)T698 Tm (v)Tj1 0 0 1585 0 Tm (r)TTj1 m (u)Tj1 0 0 1 122.88 615.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 148..4 6115.06 Tm (n)T1 0 0 1 164.8826 635.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 188.25 7185.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 142.52 635.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 148..72 695.06 Tm (n)T1 0 0 1 170.4 .44 695.06 Tm (n)T1 0 0 1 164.88.72 695.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 162 62 695.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 130.2 6915.06 Tm (n)T 0 1 195.12 61.68 635.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 186 5.045.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 17981.045.06 Tm (n)T(e)20 0 1 192 611862 695.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 214.22 695.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 204.287.285.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 182.16 695.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 210211.045.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 235..96 95.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 132280.285.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 2363495.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 210239 7185.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 204.4 6385.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 182478.4 5.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 132524 635.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 23659 6655.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 2102644 695.06 Tm (n)TTm (c)Tj1 0 0686385.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 18271 6655.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 277762 695.06 Tm (n)T85.6 5.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 13291 0 15.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 243.996 635.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 148.05 635.06 Tm (n)T23)Tj1 0 0 1 1285.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 18314 6115.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 339.6 .285.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 333.945.06 Tm (n)TTm (c)Tj1 0 .76 615.06 Tm (n)T 0 1 323.28 7136 615.06 Tm (n)T1 0 0 1 327.361 355.5.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 23 5486115.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 33960 .285.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 3396 6385.06 Tm (n)T1 0 0 1 327.36.96 35.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 148.766385.06 Tm (n)T1 0 0 1 327.36.84 715.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 23 894 715.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 381.9 6385.06 Tm (n)T1 0 0 1 480.404 6385.06 Tm (n)T41715.06 Tm (n)Tq1 0 0 1 451.62085.06 Tm (n)T1 0 0 1 327.3.25.06 Tm (n)T1 0 0 1 164.84.8 7185.06 Tm (n)T: 0 0 1 164.84.98.4 5.06 Tm (n)T(ã)Tjm (s)Tj1 0 0 1 44344 6915.06 Tm (n)T1 0 0 1 173.25 611.95.06 Tm (n)T1 0 0 1 170.45.2 .285.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 184652 635.06 Tm (n)T 0 1 323.28 748 7185.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 184.12 665.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 2359.84 665.06 Tm (n)TTj1 0 0 1 489.185.06 Tm (n)TTm 0 0 635.06 Tm (n)Tj1 0 0 1 2351 0 635.06 Tm (n)T498 Tm (o)Tj1 0 0 1 123.12 69576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 1951 0 1 576 08 Tm (o)xj1 0 0 1 29121 665576 08 Tm (o)j1 0 0 1 148..52 66576 08 Tm (o)j1 0 0 1 188..88 71576 08 Tm (o)ã)Tj1 0 0 148 66576 08 Tm (o)j1 0 0 1 204.39 665576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 142.44 69576 08 Tm (o)Tm (o)Tj1 0 0 1 .72 69576 08 Tm (o)Tm Tj1 0 0 1 156566576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 130.72 71576 08 Tm (o) 0 1 195.12 61.44 69576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 142872 69576 08 Tm (o)1 0 0 1 170.4 8 638576 08 Tm (o)xj1 0 0 1 29190638576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 206.3 665576 08 Tm (o)j1 0 0 1 136.980 1 576 08 Tm (o)j1 0 0 1 240. 0 63576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 14211.638576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 20.15 0 1576 08 Tm (o) 0 1 195.12 6.68 66576 08 Tm (o)611.9698 Tm7 6 10.6576 08 Tm (o)j1 0 0 1 1882338 71576 08 Tm (o)ã)Tj1 0 0.166 66576 08 Tm (o)j1 0 0 1 204241 665576 08 Tm (o)j1 0 0 1 260.481 66576 08 Tm (o)m (l)Tj1 0 0 580.28576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 236 66576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 290742 71576 08 Tm (o) 0 1 195.12 66 88 69576 08 Tm (o)1 0 0 1 291.36 .0098576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 236942 69576 08 Tm (o)23)Tj1 0 0 1 000098576 08 Tm (o)Tj1 0 0 1 33905 63576 08 Tm (o)611.9698 Tm7 4.96 63576 08 Tm 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67
exerce” (INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONO
68
Não se trataria assim de implementar programas utópicos”, mas de
esclarecer os trabalhadores a respeito de seus “verdadeiros interesses”, isto é, o
socialismo não seria uma bandeira adequada ao momento histórico; o
desenvolvimento, obviamente entendido como desenvolvimento capitalista, sim
seria imperativo.
A classe média
80
tenderia a reivindicar “facilidades de consumo” e
persistiria no parasitismo burocrático”, engalfinhando-se na disputa de empregos
públicos; consideraria os problemas sociais e econômicos em termos idealistas e
moralistas, beneficiando com suas posições a burguesia mercantil e as
oligarquias que se apoiariam “na opinião pública pequeno-burguesa e nas Forças
Armadas, para prolongar, em seu benefício, o subdesenvolvimento e o
semicolonialismo; por outro lado, caberia “aos quadros técnicos e
administrativos e aos intelectuais da classe média a tarefa de desmascarar essa
mistificação” (INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA, SOCIOLOGIA E
POLÍTICA, 1979, p. 242-3). Promover a superação do subdesenvolvimento e da
política de clientela seria tarefa dentre essa classe média para uma parcela
ilustrada, de formação técnica ou intelectual e desvinculada do parasitismo de
interesses.
Nesse quadro, a relação de auxílio econômico-social do Estado para com
a classe média era vista como clientelismo e cartorialismo; para com o
p
m
69
Ao ana
70
Segundo um analista, o IBESP evoluiu “de um mero grupo de estudos
para um grupo intelectual com projeto político próprio (SCHWARTZMAN,
1979, p. 4) e contribuiu originalmente para a sedimentação de várias iias-força
que marcariam indelevelmente o ambiente potico e intelectual brasileiro:
[...] o IBESP foi responsável por uma rie de ingredientes que teriam uma
presença duradoura no ambiente político brasileiro: o desenvolvimento de
uma ideologia nacionalista que se pretendia de esquerda, em contraposição
aos nacionalismos conservadores do pré-guerra; a difusão das idéias de uma
‘terceira-posição’ tanto em relação aos dois blocos liderados pelos Estados
Unidos e União Soviética quanto em relação aos pensamentos marxista e
liberal clássico; uma visão interessada a respeito do que ocorria nos novos
países da África e Ásia; a introdução do pensamento existencialista entre a
intelectualidade brasileira; e, acima de tudo, uma visão muito particular e
ambiciosa do papel da ideologia e dos intelectuais na condução do futuro
político do país. (SCHWARTZMAN, 1979, p. 5-6).
81
E sua originalidade radical estaria na forma de atuação intelectual:
O que ao IBESP sua característica inovadora na história do pensamento
político brasileiro é que, pela primeira vez, um grupo intelectual se propõe a
assumir uma liderança política nacional por seus próprios meios. Neste
sentido, o IBESP é radicalmente novo. Ele se diferencia dos pensadores
políticos do passado que acreditavam que seriam suas idéias, se corretamente
aplicadas fossem elas liberais, católicas ou conservadoras –, que iriam
transformar a sociedade. E se diferencia, também, dos pensadores de
influência marxista, que se alinhavam, física e intelectualmente, com um
setor da sociedade que, acreditavam, viria um dia a liderá-la, ou seja, a classe
operária. Para os primeiros, as idéias políticas fariam tudo; para os segundos,
elas podiam pouco. Para o IBESP, eram os intelectuais, mais do que suas
idéias ou partidos, que poderiam, um dia, tomar o destino do país em suas
mãos. (SCHWARTZMAN, 1979, p. 4).
Mesmo conhecido como a ante-sala do ISEB, o IBESP não é o passado
necessário do ISEB, talvez mesmo o ISEB não seja a realização ‘natural’ do
intento ibespiano: apesar dos componentes, das influências e das análises que
perduraram, o Grupo de Itatiaia e o IBESP têm uma história própria, abordagens
diferenciadas e, sobretudo, uma inserção original no contexto brasileiro. Na
‘transição’ para o ISEB permaneceram nomes como Helio Jaguaribec
71
Guerreiro Ramos, etc., e manteve-se a influência da análise econômica da
CEPAL, da aplicação do existencialismo à realidade social, a posição de
engajamento... Todavia, a forma como se organizava e as funções às quais
aspirava mudaram.
O IBESP procurou congregar intelectuais e constituir-se como uma
intelligentzia, acentuando a posição mannheimiana da intersticialidade, da
flutuação social dessa camada socialmente ‘desvinculada’ embora não ausente
das relações de classe (cf. MANNHEIM, 1972; 1974) –, funcionando menos
como um ator político de posição determinada e mais como ator ‘ilustrado’, de
posições calei
72
sociedade brasileira, problemas e eventuais possibilidades de superação. Esse
projeto, exposto basicamente nos Cadernos de Nosso Tempo, prescreveu boa parte
da agenda potica-intelectual e fixou marcos para a interpretação teórica
mormente em chave nacionalista daquele período em diante. A busca de uma
visão totalizante e descompromissada nos termos de uma desvinculação em
relação aos interesses imediatos de classes sociais – levou os artífices do projeto, e
Guerreiro Ramos em particular, à tentativa de se qualificarem no papel de uma
intelligentzia, ainda muito próxima do Estado, mas agora também em busca de
lastros na sociedade civil, da qual ela ainda duvidava da aptidão potica e
organizativa, mas menos da efetividade.
4. ISEB: fábrica de controvérsias
Em 1955, é fundado o ISEB (Instituto Superior de Estudos Brasileiros),
Guerreiro Ramos – um dos fundadores e Diretor do Departamento de Sociologia –
integra-o até 1958, quando rompe com Helio Jaguaribe e deixa o instituto.
Durante sua estadia, o sociólogo promoveu cursos regulares e proferiu várias
conferências, produzindo também significativa parte de sua obra, principalmente:
Condições sociais do poder nacional (1957), Ideologias e segurança nacional
(1957), Introdução crítica à sociologia brasileira (1957) e A redução sociológica
(1958).
82
82
Condições sociais do poder nacional e Ideologias e segurança nacional seriam incluídas – logo
após – em O p
m
73
O ISEB nasceu e morreu em circunstâncias curiosas, em momentos
confusos, por meio de decretos assinados por figuras inexpressivas da potica
brasileira exercendo provisoriamente o poder: foi criado em 1955, por um decreto
do Governo interino de Ca Filho, e extinto em 13 abril de 1964, por decreto de
Ranieri Mazzili (Presidente provirio).
83
No início, o instituto congregava em seus conselhos Curador e
Consuló
74
comentaristas a distinguir
75
ISEB: o estreitamento do grupo de participantes, as disputas internas, o
controverso apoio à candidatura presidencial do Mal. Lott, a polêmica em torno
do livro de Helio Jaguaribe (Nacionalismo na atualidade brasileira, 1958), as
críticas de Guerreiro Ramos a Jaguaribe e a Álvaro Vieira Pinto,
84
a pressão da
UNE no sentido de um alinhamento ideológico, o boicote orçamentário,
85
as
diferenças entre o nacionalismo dos antigos isebianos e o esquerdismo dos novos,
entre outros.
Não obstante, os conflitos não se limitam à convincia interna, os
analistas e comentaristas que se debruçaram sobre o ISEB travaram (e travam)
severas batalhas; de fábrica de ideologias, órgão oficial (ou oficioso) de Governo
84
Quando da publicação do referido livro de Jaguaribe, Guerreiro Ramos teceu críticas ao
“entreguismo”, “oportunismo” e às ligações daquele como o grande capital; numa dessas críticas,
publicada segundo cremos sob o pseudônimo de X. X. X., na Revista Brasiliense, afirma: “O
Sr. Jaguaribe também conclama a burguesia brasileira a promover o desenvolvimento econômico e
social do Brasil, assumindo a liderança das classes sociais. Mas para isso, seria necessário que
houvesse uma burguesia brasileira, no sentido sociológico da palavra, consciente, unida e
independente, a ‘classe para si’, como dizia Marx. Ora, é sabido que isso infelizmente não
acontece ainda entre nós. Se tomarmos o conceito de burguesia, no sentido estritamente
econômico, como composto de industriais e comerciantes, principalmente, ninguém desconhece
que a indústria brasileira está minada por indústrias estrangeiras, de países imperialistas, que
visam nos manter sob o domínio colonial, ou de subdesenvolvimento. Além das indústrias, em
outros setores de atividades existem interesses estrangeiros entre nós como veremos adiante. E os
representantes destes interesses estrangeiros, quando o dominam, influem no Parlamento, na
Imprensa, nas Entidades de Classe [...] A função do nacionalismo brasileiro, na etapa histórica
atual, consiste em dar consciência à burguesia, em uni-la, em libertá-la dos liames e da influência
estrangeira” (X.X.X., 1959, p. 40). Segundo Nelson Werneck Sodré (1978a; 1992) haveria
também elementos de luta pelo poder na instituição e questões pessoais na disputa; Helio
Jaguaribe (1979d, p. 96; 2005), parte na questão, argumenta que Guerreiro Ramos queria tomar o
controle do instituto e transfor-lo em instrumento de “militante proselitismo”; Guerreiro
Ramos não deixou exposição pública dos motivos do ocorrido. Em decorrência da crise, ambos
deixaram o ISEB. Já a crítica às elaborações de Álvaro Vieira Pinto, veremos adiante, estão em “A
filosofia do guerreiro sem senso de humor” (RAMOS, 1963, p. 193-216) nesse período
Guerreiro Ramos, ao contrário de Vieira Pinto, já não era mais membro do ISEB.
85
Quando da preparação do Orçamento da União para 1961 (em 1960), ainda no Governo JK, a
rubrica “ISEB teria sido excluída do orçamento do Ministério da Educação, segundo Nelson
Werneck Sodré (1992, p. 194), pelo deputado Tarso Dutra, deixando o instituto na penúria
financeira.
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76
(JK) a bastião da esquerda nacionalista e revolucionária, muito foi dito a respeito
dele.
86
Em livro pioneiro e já notório sobre o assunto, Caio Navarro de
TOLEDO (1982) desconstrói ideologicamente o discurso do que chamou “fábrica
de ideologias”. Em sua visão, a produção isebiana, além da falta de rigor teórico,
confundiria ciência e ideologia, e esposaria uma posição não-democrática, na qual
o elitismo e tecnocracia da intelligentzia, pretendendo tutelar as classes
dominadas, hipotecariam apoio a uma suposta burguesia nacional,
87
levando a um
equivocado projeto de desenvolvimento, que não seria equivalente como criam
os isebianos à autonomia e liberação nacionais; seria ainda a ideologia isebiana
de inspiração intelectualista e de classe média. Mais tarde, o mesmo autor
caracterizará o instituto como “aparelho ideológico de Estado”, embora não na
acepção althusseriana (TOLEDO, 1986) e, analisando-lhe a influência marxista,
localizará um “marxismo indigenista” nas formulações dos autores (TOLEDO,
1998). Em texto recente (“ISEB: ideologia e política na conjuntura do Golpe de
1964”), ao ocupar-se mais do ‘último ISEB’ (1959-1964) e opô-lo ao IPES
(Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais), o autor salienta que, apesar dos
equívocos poticos e ideológicos, o ISEB deve ser lembrado como uma
86
A maioria dos autores advertimos – embora não deixe claro, debruça-se sobre o ISEB em seu
‘momento nacional-desenvolvimentista’ (entre 1955 e 1958) e extrapola o diagnóstico para todo o
período. Parece-nos ainda controvertida a questão de se referir a uma ‘ideologia isebiana’, ou
mesmo um ‘pensamento isebiano’: a pluralidade de autores e as diferenças teóricas entre eles
(muitas vezes relegadas ao mesmo ‘saco de gatos’) e os diferentes momentos do instituto
desafiam análises que, eventualmente, o respeitem tais matizes. Para um posicionamento a
respeito, ver Dante Moreira Leite (1969, p. 319): “[...] embora seja até certo ponto incorreto falar
numa ideologia do ISEB pois alguns cientistas que com ele colaboraram nem sempre aceitaram
os mesmos esquemas de pensamento – parece possível delimitar os seus objetivos básicos”; já para
Jorge Miglioli (2005, p. 64), “O ISEB não seguia uma linhagem trica única”.
87
Conceito não consistente, segundo Toledo, pois também não haveria da parte dos isebianos uma
teoria rigorosa das classes sociais. Já Virgilio Roma de Oliveira Filho (1999) localiza na produção
de alguns isebianos (Helio Jaguaribe e Nelson Werneck Sodré) uma coerente e plausível análise
das classes sociais, bem como uma conseqüente posição política progressista que daria conta dos
desafios do momento histórico.
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77
instituição cujos intelectuais se comprometeram com a defesa de causas
progressistas e de caráter democrático” (TOLEDO, 2005, p. 162-3).
Ao radicalizar certo posicionamento presente em Toledo, Maria Sylvia
de Carvalho Franco (CHA e FRANCO, 1985, p. 153-4), em tom bem menos
prudente (e um tanto genérico), avalia que os isebianos teriam sustentado a
consciência burguesa em sua autojustificação”, a saber:
[...] a razão instrumental em suas variantes de técnica, de ciência social,
política científica; a visão da história como movimento natural percorrendo o
caminho que necessariamente leva à epifania e uma classe salvadora; a
instalação de um todo harmonioso unificado pelo bem comum e
eqüitativamente atravessado pelo progresso e pela justiça (FRANCO, 1985,
p. 154).
O que produziria “miragens” cristalizadas no jargão científico ou
fil
m
78
Carvalho Franco, discorda da alega 0 0 1 236.88 718.2898 Tm ( 0 0 1 23898 Tm (g)Tj1 0 a)Tj1 0 0 1 26698 Tm (c)Tj1 0  (c)Tj1 0 298 Tm (a)Tj1 0 0 q1 0 328 Tm (a)Tj1 0 0 u1 0 388 Tm (a)Tj1 0 0 j1 0 49 Tm (g)Tj1 0 0 0 0 1 26558 Tm (a)Tj1 0 0 1 215.28 718.3658 Tm (l)Tj1 0 0 j1 0 98 Tm (r)Tj1 0 0 1 215.28 718.389812m (c)Tj1 0 0 1 220.56 718.388 Tm (a)Tj1 0 0 r 220.56 718.384718.2898 Ti 220.56 718.388 Tm (i)Tj1 0 0 t 220.56 718.391 Tm (g)Tj1 0 0 0 0 1 26978 Tm (a)Tj1 0 0 1 215.28 718.498 g
79
identificaria a superorganização dos setores conservadores, “antinacionais” (a
burguesia agrário-mercantil, a classe média parasitária etc.), os quais
controlariam o Congresso Nacional e outros pontos estratégicos na estrutura de
poder. Os isebianos, assim, teriam inserido uma problemática da organização dos
débeis setores “progressistas” e afirmado o imperativo de uma ampla aliança
entre esses setores e o Poder Executivo. O uso do conceito de obscurecimento
pelos críticos do ISEB estaria associado a certa incapacidade de compreender
que o mundo real da política impõe alianças e barganhas, explícitas ou tácitas, as
quais sempre se refletem na linguagem trica”, e tal equívoco teria levado esses
críticos a diagnosticar como ilegítima a atuação do ISEB, quando este propunha
encontrar e definir um terreno de aliança potica (LAMOUNIER, 1978, p. 157-
8).
Em contrapartida às críticas de Bovar Lamounier quanto às deficiências
na construção de uma análise das instituições e da representação, e às de Caio
Navarro de Toledo quanto à análise das classes, Vanilda Paiva (1986, p. 155)
estabelece conexões entre as elaborações filosóficas do ISEB, a análise das
classes sociais e uma estratégia potica “lúcida” em relação ao arcabouço
institucional.
89
Para ela, os isebianos teriam proposto a tarefa de “iluminar o
c
80
fundamento era uma frente nacional pelo desenvolvimento formada por
diversas classes que se reconciliavam exatamente atras da aquisição da
‘consciência crítica’ que as permitiria entender a realidade, captar suas
exigências, seus limites faseológicos’, aceitar e promover a mudança
comandada pela razão e pela prática do diálogo permitido e estimulados
pelas práticas políticas características da liberal-democracia. (PAIVA, 1986,
p. 155).
Aflui e daí o acréscimo de um novo elemento às análises a
importância da educação como instrumento transformador; se “publicações,
cursos seminários, poderiam ser os instrumentos para atingir as classes
dominantes e a classe dia”, outros instrumentos seriam igualmente perseguidos
para atingir as massas, que a “educação destas era de grande importância
dentro da estratégia isebiana, porque seu voto era essencial para a realização de
suas propostas política e ecomico-social”, daí a ênfase na conscientização e
organização ideológica dessas massas (PAIVA, 1986, p. 137-8).
90
De modo peculiar, Jorge Miglioli (2005, p. 69) toca num tema pouco
cuidado: “Nenhum professor do ISEB se interessou em defender a idéia de um
Estado democrático nesse processo [“de transformação econômica, social e
política da sociedade brasileira”]. A democracia foi um tema quase ausente no
período, o só entre os isebianos.
91
Por seu turno, Octávio Ianni (1985) identifica no modelo de
desenvolvimento capitalista isebiano da fase inicial, a saber, de “ideologia do
desenvolvimentismo –, calcado principalmente no pensamento de Helio
Jaguaribe, as seguintes características: 1) uma compreensão dualista da sociedade
brasileira; 2) a proposta de um Estado funcional” para o desenvolvimento; 3) a
direção de tal Estado, conforme uma ideologia do desenvolvimento, pelas “elites
90
Em sentido contrário, Vale (2006) critica os isebianos pelo desdém com relação à educação.
91
Uma possível exceção é a preocupação com esse debate por parte do PCB, na Declaração de
Março de 1958 (KONDER, 1980; SEGATTO, 1981, 1995, 2003).
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81
esclarecidas e deliberantes” (mormente empresários industriais e intelectuais); 4)
omissão do papel das classes sociais, salvo o que corresponderia à burguesia
empresarial ou industrial; e 5) a necessidade de um Estado autoritário para a
realização do projeto. Ou seja, uma forma de modernização conservadora para o
avanço do ciclo da revolução burguesa no Brasil.
À procura da resposta às análises que pecavam pelas deficiências
contextuais, Luiz Carlos de Oliveira Marinho (1986, p. 165) estuda o ISEB no
seu “contexto histórico”, isto é, analisando os governos de Vargas (1951-1954),
de Kubitschek, Jânio e Jango; conclui que “o ISEB, apesar de sustentado pelo
Estado, não permaneceu encastelado em si mesmo”, nunca teria sido uma “usina”
ideológica instalada no centro do poder e manipuladora, teria sim uma postura
ideológica” que seria “permeável às manifestações não do Estado, mas de
qualquer grupo politicamente ativo no interior da sociedade brasileira”,
permeabilidade que possibilitaria “rever e mudar o perfil dos próprios
alinhamentos políticos em função dos novos rumos tomados pelo Brasil”.
92
De outro lado, eximindo os isebianos da condição de conselheiros de
Juscelino Kubitschek,
ss
82
de um ‘saber técnico’, justamente por isso os isebaianos não teriam sido
intelectuais influentes num Governo (JK) orientado para o desenvolvimentismo e
o necessariamente para o nacionalismo.
Daniel Pécaut (1990, p. 110) tenta elucidar a relão ISEB-Estado
sem, entretanto, negligenciar que, tendo momentos diferentes, conseqüentemente
dever-se-ia diferenciar os posicionamentos políticos nas várias ‘fases’ do instituto
e suas nuanças. O primeiro ISEB prolongou a tradição de 1930. O intelectual
fala a partir da posição do poder, enquanto intérprete da modernização. Nesse
papel, aproxima-se de outras elites modernizadoras, militares, tecnocratas, etc.”
(PÉCAUT, 1990, p. 38). Todavia, ao final, alinhar-se-ia à esquerda.
Reconstruindo o contexto, Pécaut apela à memória dos críticos para lembrar que a
ideologia nacional que os isebianos propunham estaria em consonância com o
nacionalismo largamente difundido na opinião blica, que tais posições estariam
presas às cisões que dividiriam tanto as elites como as classes médias brasileiras
e, por fim, que os isebianos teriam se engajado à esquerda à medida que se
acentuariam as tensões poticas, e estariam indiscutivelmente ao lado das forças
progressistas, sendo assim percebidos tanto por seus aliados quanto por seus
adversários. “Durante o governo Goulart, os isebianos alinharam-se ao lado das
outras organizações que, desde o PCB até a Ação Popular, lutavam pelas
reformas de base. Esquecer esses dados, como fazem com freqüência os críticos
de 1980, leva a desvalorizar o alcance dos temas da ruptura e da racionalidade”
(PÉCAUT, 1990, p. 124).
Sobr
r
a
83
integração Brasil-Imperialismo e difusor de uma “ideologia conciliante e
ineficaz”, que tenderia a imitar, a curto prazo, os males que a fizeram nascer,
males do gigantismo industrial e burocrático”. Em contrário, Helio Jaguaribe
(1979d, p. 109) assevera o fato do ISEB ter sido uma intelligentzia contestatária
do Brasil primário-exportador e representativo de uma coligação de setores
progressistas, orientados para o desenvolvimento econômico-social e a afirmação
autonomizante do nacionalismo”.
Ao reivindicar a herança isebiana, Luiz Carlos Bresser-Pereira (2004)
o deixa de apontar que o ISEB superestimou a capacidade do setor moderno da
economia em absorver mão-de-obra do setor marginalizado, não deu a devida
importância à elevação do nível de vida e capacidade empresarial dos setores
marginalizados ou excluídos do desenvolvimento, subestimou as táticas do
imperialismo para impor poticas econômicas aproveitando-se da fragilidade dos
países endividados externamente e da falta de consciência nacional de suas elites,
e, finalmente, o se deu conta de que não bastaria acumular capital e agregar
progresso
o
84
porém de modo respeitoso à análise de Caio Navarro de Toledo. Para Sodré,
Mota – “o travesti impune” – representaria o “serviçal da reação”, mas apresentar-
se-ia como adversário dela, conduta reconhecida pela farsa de apresentar-se
sempre como inimigo e, todavia combater “não a reação e seus valores” e sim “a
oposição à reação e os que a comem e nela militam, com todas as dificuldades
dificuldades que correspondem, simetricamente, às facilidades com que o
travesti desempenha as suas tarefas”. Também seria Mota, nas palavras de Sodré,
representante do rebotalho universitário que se formou no pós-1964, que
primaria pelo carreirismo e pela mútua protão à sombra do poder, de que
seria exemplar a “máfia docente” que teria se formado em São Paulo.
Por fim, Paulo Freyre identificou no ISEB um marco, uma nova forma
de ver o Brasil, que teria i
85
dirigidas a grande parte das forças consideradas progressistas (e estendida mesmo
à esquerda mais contestadora) no período. A crítica, em geral, elegeu o instituto
como ‘bode expiatório’, porém, as trevas de 1964 caíram sobre todos e em muito
sobre o ISEB, que se tornou vítima e culpado.
94
Segundo Schwartzman (1979, p. 6): O ISEB foi, essencialmente, uma
tentativa de levar à frente os ideais do IBESP. Daí sua marca e daí, em última
análise, o seu fracasso”. Certamente o ISEB foi uma das formas (possíveis) de
desenvo
a
86
construir a nação a partir deste ou diagnosticar de modo socialmente desvinculado
as aspirações nacionais de alcance do moderno.
Ao indicar a existência de uma estrutura de classes e a emergência de
decorrentes reivindicações, o ISEB avoca para si a posição de organizador dessa
emergente sociedade civil, da qual se arvora em representante. Representação esta
que (1) não passa pela delegação (ocasional) de poderes, mas pela interpretação
dos interesses profundos (‘objetivos’) dos diversos grupos sociais e o
equacionamento do interesse ‘geral’; 2) funciona de modo a mediar a relação
dessa sociedade civil (seus interesses e reivindicações) com o Estado; 3) elege o
Estado baseado na representação legítima de interesses para efetivar o
interesse ‘geral’. Daí – em alusão aos críticos que ressaltam a omissão na reflexão
sobre a representação potica e seus mecanismos fica claro que, embora
houvesse reconhecimento por parte do ISEB da importância da representação, o
primordial dessa representação não era o aspecto institucional: a ‘verdadeira
representação se dava pela identificação (em ambos sentidos) dos anseios sociais
e sua representação “ideológica”.
96
Também a negligência’ quanto à questão da democ
87
representação política, que o acesso ao Estado estaria garantido pela ‘correta’
identificação do interesse geral. Esse interesse geral era o desenvolvimento,
entendido como processo capitalista autônomo e nacional.
Ao identificar o interesse geral que não é necessariamente comum às
distintas classes sociais – o ISEB persistia no papel de intelligentzia (agora não no
sentido mannheimiano) e procurava formular os termos da efetivação racional dos
anse
a
88
político central num contexto de mediação ideológica e não institucional? Como
pensar a nação (e o nacional) como comunidade num contexto de afluência de
interesses antagônicos? Como postular o desenvolvimento do capitalismo em
termos nacionais e autônomos e num contexto imperialista! se os sujeitos
sociais não se apresentavam obstinadamente para reivindicar a hegemonia do
processo? Como implementar um projeto hegemônico a partir de uma direção
postiça, vez que as tarefas seriam eminentemente burguesas? E, no limite, poderia
uma intelligentzia ainda que em sua pretensão de vanguarda ser portadora de
um projeto hegemônico?
Essa intelectualidade, em sua ânsia de universalidade, representava – no
limite interesses que advinham de determinada verticidade social.
A ausência de um “povo caracteriza o passado brasileiro, no momento
em que os intelectuais do ISEB escrevem, afirma-se a existência de uma
sociedade civil que não possui ainda a devida expressão política. Ao se
coloca.
89
A potica (e sua racionalidade própria) mostrava-se sempre presente nas
questões, permeava todo o corpo social, transbordava para além dos marcos de
contenção de uma luta entre razão e anti-razão; o Estado (e a administração)
então campeão da racionalidade já lhe parecia mais uma arena que
propriamente um combatente, uma arena a ser ocupada por agentes poticos
temerários em domar o gigante e sujeitá-lo aos seus interesses. Situar-se e
combater era um imperativo da práxis, afinal, a mudança, a modernização, o
desenvolvimento, não eram exclusivamente tarefas da elite potica e da
intelligentzia, pois afloravam grupos minimamente coesos na sociedade civil.
Para Guerreiro, se os sujeitos desse processo ainda estariam se qualificando,
quanto às armas, a principal delas ele já empunhara: a sociologia.
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90
II - Às armas: a crítica conflagrada
“A sociologia é ciência por fazer.”
Guerreiro Ramos
No início dos anos 1950, a produção sociológica de Guerreiro Ramos
adquiriu alguma maturidade, produziu nessa década uma série de livros, dentre os
principais: O processo da sociologia no Brasil (1953), Cartilha brasileira do
aprendiz de sociólogo (1954), Introdução crítica à sociologia brasileira (1957), A
redução sociológica (1958) e O problema nacional do Brasil (publicado em 1960,
mas cujos textos foram todos produzidos na década de 1950).
Nesse período, também se envolveu em algumas polêmicas com Costa
Pinto, Roger Bastide e Florestan Fernandes. Com Costa Pinto, sobre a questão do
negro e o preconceito, havia certo ressentimento como combustível; com Roger
Bastide, foi algo ‘amigável’, talvez o único pelo qual Guerreiro mantivesse certo
respeito intelectual, tanto que ademais o cuidado de Bastide na argumentação
o se dispôs a atacá-lo; já com Florestan Fernandes a contenda tomou proporções
importantes, não tanto devido à notoriedade ou inflexão, e sim pelos termos e a
agenda que puseram em questão terem marcado época e influenciado os rumos da
sociologia no Brasil.
Todos esses empreendimentos no sentido de produzir material crítico e
de debate convergiam com a atitude de Guerreiro Ramos de promover uma ampla
revisão da produção so
91
sentido, mas como instrumento de autoconsciência social e, logo, de
a
92
sujeito do conhecimento via-se, concomitantemente, reduzido a um ‘objeto de
estudo.
Não obstante os estatutos das ciências humanas e as pretensas
imbricações teórico-metodológicas entre sujeito e objeto, punha-se para Guerreiro
Ramos um dilema exasperante: a própria sociologia que o guindou a certa
condição de classe, emprestando-lhe prestígio intelectual, agora, ameaçava postá-
lo na passiva condição de ‘objeto’ de reflexão inclusive alheia.
1. O ‘problema’ do negro e a sociologia do preconceito
Ao abordar a questão do negro no Brasil,
u
93
Haveria uma inadequação no uso de conceitos como raça”,
aculturação” e “mudança social”, pois, suporiam um “quietismo da sociedade
brasileira, uma visão estática logo conservadora que desconsideraria as
conseqüentes atualizações. O olhar dos antropólogos/sociólogos brasileiros estaria
eivado de um estranhamento que reporia o objeto como algo exótico, à maneira
dos estrange
94
propósito antes de transformar a condição humana do negro na sociedade
brasileira do que descrever ou interpretar os aspectos pitorescos e
particularíssimos da situação da gente de cor” (RAMOS, 1979, p. 42).
[...] marcos desta evolução foram os trabalhos do africano Chico Rei que, em
Minas Gerais, no princípio do século XVIII, organizou um movimento para
alforriar negros escravos; as confrarias, os fundos de emancipação, as caixas
de empréstimo, irmandades e juntas, instituições que recolhiam contribuições
de homens de cor destinadas à compra de cartas de alforria; as insurreições
de negros muçulmanos no Estado da Bahia; os chamados quilombos [...] o
movimento abolicionista em que sobressaíram Luiz da Gama e José do
Patrocínio, intelectuais negros, e outras iniciativas e associações como o
Clube do Cupim em Recife, as Frentes Negras de São Paulo e da Bahia.
(RAMOS, 1979, p. 65, grifos do autor).
Os teóricos mais próximos dessa posição seriam dois intelectuais
brasileiros (brancos): Joaquim Nabuco e Álvaro Bomilcar.
101
Na delimitação das correntes, é evidente a valorização positiva por
parte do autor das interpretações que supõe considerar a especificidade da
sociedade brasileira e o uso de um instrumental teórico adequado e, maior ainda,
das que atribuem ao negro um papel ativo no processo de libertação, elevando-o à
condição de sujeito social e potico.
102
No transcorrer da análise também aflora uma característica de
Guerreiro Ramos: sua crítica ácida e mordaz, que não poupava os adversários de
ironias e de um humor cortante. Destilou seu veneno contra Luiz Costa Pinto,
101
Nabuco é lembrado principalmente por O abolicionismo (escrito em 1883) e sua formulação a
respeito do “mandato da raça negra”, Bomilcar pela organização de um movimento social e
político que pretendia liquidar a discriminação contra o negro, e por sua obra O preconceito de
raça no Brasil (1916), na qual defende a criação de uma sociologia brasileira para esclarecer
cientificamente a questão. Álvaro Bomilcar (1874-1957) cearense, formado em direito, militar e
funcionário público, católico militante
-
95
Florestan Fernandes, Álvaro Vieira Pinto, Arthur Ramos etc.; tratando da questão
do negro, fez uma de suas vítimas: Nina Rodrigues.
Nina Rodrigues é, no plano da ciência social, uma nulidade [...] Não
exemplo no seu tempo, de tanta basbaquice e ingenuidade. Sua apologia do
branco nem maliciosa é [...] É sincera, o que o torna ainda mais insignificante
se se pretende considerá-lo sociólogo ou antropólogo. Há notícia de que ele
foi um homem bom, um professor digno e criterioso, mas os seus amigos,
pretendendo fazê-lo passar à história como cientista, fizeram-lhe verdadeira
maldade, pois a sua obra, neste particular, é um monumento de asneiras [...] a
melhor homenagem que se pode prestar às qualidades do cidadão comum
Nina Rodrigues é fazer silêncio a respeito de sua obra. (RAMOS, 1979, p.
54).
Durante sua trajetória, Guerreiro Ramos promoveu uma particularíssima
fusão de erudição, preocupação metodológica, engajamento e humor cáustico,
valorizando o estilo e o efeito sem sacrificar a profundidade e sacrificando os
adversários, talvez mesmo a ética, para manter a blague.
Embora nutrisse uma crítica admiração pela corrente autonomista,
identificava-se com a terceira corrente, cujo amadurecimento se corporificava
segundo ele no trabalho do TEN (Teatro Experimental do Negro).
103
No TEN,
Guerreiro Ramos ajudou a fundar (em 1949) o Museu do Ne
t
96
Liderado por Abdias Nascimento, o TEN representava (segundo
Guerre
g
97
estadunidense), Guerreiro Ramos anunciou algumas ‘teses’ sobre a situação do
negro, a saber:
106
1) o problema do negro não é uniforme no Brasil, varia
conforme a região, meio (rural ou urbano) e classe social, haveria assim uma
psicologia diferencial do negro brasileiro”; 2) A expressão “preconceito racial”
o deveria ser usada no caso brasileiro, pois haveria preconceito racial em
relação a quase todos os estrangeiros, o correto seria referir-se a preconceito ou
discriminação de cor”
107
; 3) não haveria no Brasil linha de casta, o homem de cor
(negro) assimilaria os padrões de cultura da classe dominante e, quando o faria,
seria tratado de maneira “frontal (em relações sociais horizontais), embora
houvesse certa tendência do homem branco a evitar relações frontais com negros
em “situações ornamentais ou de acepção estética (diplomacia, salões elegantes,
casamentos, Escolas Militares etc.)”; 4) o homem de cor das classes inferiores
manifestaria forte ressentimento contra o homem de cor de elevada categoria
social, o que deveria ser depurado por “métodos de sociologia psicodinâmica”; 5)
o homem de cor brasileiro não seria um “híbrido cultural, um ambivalente,
hesitante entre duas heranças”, e sim prestaria lealdade à cultura da classe
dominante, sendo assim, ele próprio consideraria “pitorescos” os traços das
culturas africanas; 6) já o mestiço brasileiro ver-se-ia da perspectiva do branco,
tendendo a disfarçar as marcas raciais; 7) o que se entenderia por cultura negra no
106
Publicada como “Contactos raciais no Brasil”, em Quilombo n° 1, p. 8, dez. 1948.
107
O autor assinala a incorreção do termo “preconceito racial” quando relacionado à condição do
negro no Brasil, paradoxalmente, ele ao menos até a metade dos anos 1950 refere-se a
“contatos raciais”, “relações de raça”, democracia racial”, etc. Embora passe a partir dali a
evitar tais termos, provavelmente referia-se à sua crença momentânea no fato de haver uma
questão “racial” (no sentido de como era interpretada por outrem) e mesmo relações de raça no
Brasil, quando compreendesse outras ‘raças’ presentes na sociedade br
a
98
Brasil, para “desespero dos sociólogos e antropólogos”, existiria ao nível do
exótico, sendo instrumentalizada por “mulatos ladinos numa espécie de indústria
turística do pitoresco”; 8) o mestiço brasileiro seria um “ansioso (conforme a
definição de Max Scheler), para ele ser mais, valer mais’ em comparação com
outros seria mais importante que sua condição objetiva; 9) o padrão estético da
população brasileira seria o branco, os negros e os mulatos prefeririam casar-se
com pessoas mais claras (RAMOS, 2003c, p. 26).
108
Na esteira dessas conclusões, ele organiza no Instituto Nacional do Negro
inspirado nas idéias do médico e sociólogo austríaco Jacob L. Moreno, criador
da sociometria o Seminário de Grupoterapia (RAMOS, 2003a, 2003f), visando
por meio do psicodrama (RAMOS, 2003d) e do sociodrama (RAMOS, 2003e)
promover a catarse” dos componentes patológicos do comportamento de brancos
e negros, purgar os indivíduos de conservas culturais” que propiciariam o
preconceito e exorcizar a “heteronomia das condutas, aparelhando-os à
socialização de modo horizontal e à aceitação das diferenças sociais.
Tais componentes “patológicos” estariam socialmente difusos e, logo,
presentes também no comportamento dos indivíduos cientificamente treinados
(sociólogos e antropólogos) para estudar a questão da discriminação e do
preconceito. Sugere Guerreiro Ramos que os estudiosos deveriam se afastar dos
falsos problemas e tematizar as “verdadeiras” questões, vez que algo seria o
“negro-tema” e, outro, distinto, o negro-vida”:
O negro-tema é uma coisa examinada
99
versão definitiva, pois é hoje o que não era ontem e será amanhã o que não é
hoje. (RAMOS, 1957b, p. 171).
Ao inverter o ângulo de abordagem da questão, Guerreiro Ramos
assevera que o ‘problema’ do negro no Brasil da forma como estava posto
seria, na verdade, uma manifestação da “patologia social do branco
brasileiro”,
109
isto é, uma persistente desvalorização social e estética do negro,
elaborada por uma minoria de “‘brancos’ letrados”, que proviria do tempo em que
os negros estavam numa condição social expressamente inferior; a permanência
dessa mentalidade num outro contexto, desse anacronismo que relegaria as
mudanças na sociedade e desfiguraria o tipo ‘normal’ denotaria tal patologia. O
preconceito de cor seria assim, praticamente, um fenômeno residual, cuja
influência seria ainda sentida mesmo depois de ultrapassadas determinadas
relações anteriormente presentes na estrutura social e, mais ainda, na maioria dos
estudos, o preconceito seria não somente objeto, mas também elemento das
análises: o estudioso despreparado negligenciaria o real motivo do preconceito e,
o bastasse, reiteraria o pprio preconceito.
Superar definitivamente essa situação, mormente para o analista que se
defrontasse com o problema, passaria pelo procedimento fenomenológico de
praticar “um ato de suspensão da brancura”, a fim de mostrar a precariedade dessa
concepção de ‘branco’ e por em relevo a “alienação estética do negro” numa
sociedade miscigenada e europeizada como a brasileira (RAMOS, 1957b, p. 194).
Em termos de sociabilidade, passaria também pela afirmação da negritude;
parodiando Nietzsche, assevera:
109
Paraenee
100
A negritude não é um fermento de ódio. Não é um cisma. É uma
subjetividade. Uma vivência. Um elemento passional que se acha inserido
nas categorias clássicas da sociedade brasileira e que as enriquece de
substância humana. Humana, demasiadamente humana é a cultura brasileira,
por isto que, sem desintegrar-se, absorve as idiossincrasias espirituais, as
mais variadas. E até compõe com elas a sua vocação ecumênica, a sua índole
compreensiva e tolerante. A cultura brasileira é, assim, essencialmente
católica, no sentido de que nada do que é humano lhe é estranho. (RAMOS,
2003b, p. 117).
110
Cumpriria ao indivíduo (e também ao estudioso) negro assumir essa
subjetividade, afirmar o niger sum, isto é, a consciência de que:
Sou negro, identifico como meu o corpo em que o meu eu está inserido,
atribuo a sua cor a suscetibilidade de ser valorizada esteticamente e considero
a minha condição étnica com um dos suportes do meu orgulho pessoal eis
toda uma propedêutica sociológica, todo um ponto de partida para a
elaboração de uma hermenêutica da situação do negro no Brasil. (RAMOS,
1979, p. 62).
111
Guerreiro Ramos e o TEN também postulavam uma “democracia racial”
para o país, entretanto, o simplesmente como fato existente, dado da realidade
brasileira, mas sobretudo como reivindicação, como projeto de integração
nacional. “O Brasil deve assumir no mundo a liderança da política de democracia
racial. Porque é o único país do orbe que oferece uma solução satisfatória do
problema racial” (RAMOS, 2003b, p. 117). E mais: o Brasil é uma comunidade
nacional onde têm vigência os mais avançados padrões de democracia racial,
apesar da sobrevincia, entre nós, de alguns restos de discriminação” (RAMOS,
1957b, p. 201).
112
110
Publicado originalmente em Quilombo 10, p. 11, jun./jul. 1950 (“Apresentação da
negritude”).
111
Influenciada pelas lutas nacionais dos africanos mormente contra a colonização francesa a
afirmação do negro por meio da negritude, do orgulho da diferença como negatividade, como
“racismo anti-racista”, havia sido feita por Sartre (1960), mormente em seu Orfeu negro, para
ele, a negritude “é o ser-no-mundo do negro”, a consciência de si do negro, que dialética e
momentaneamente negaria o outro para afirmar-se. Cabe mencionar que uma das primeiras
traduções do texto (em resumo) de Sartre foi elaborada por Ironides Rodrigues nas páginas do n° 5
do jornal Quilombo, em 1950 (SARTRE, 2003).
112
Uma análise da gênese do termo “democracia racial” está em Guimarães (2002). Afirma
curiosamente esse autor que, embora a expressão seja atribuída a Gilberto Freyre, teria tido
origem num relato de Roger Bastide que, juntamente com Florestan Fernandes, daria saída às
críticas sobre a concepção. Freyre teria se referido raras vezes à “democracia social” e “étnica”
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101
Guerreiro Ramos, utilizando-se dessa perspectiva, busca repor a questão
do preconceito em novas bases:
[...] o problema do negro no Brasil é essencialmente psicológico e
secundariamente econômico. Explico-me. Desde que se define o negro como
um ingrediente normal da população do país, como povo brasileiro, carece de
significação falar de um problema do negro puramente econômico, destacado
do problema geral das classes desfavorecidas e do pauperismo. O negro é
povo, no Brasil. Não é um componente estranho de nossa demografia. Ao
contrário, é a sua mais importante matriz demográfica. E este fato tem de ser
erigido à categoria de valor, como o exige a nossa dignidade e o nosso
orgulho de povo independente. O negro no Brasil não é anedota, é um
parâmetro da realidade nacional. A condição do negro no Brasil é
sociologicamente problemática em decorrência da alienão estética do
próprio negro e da hipercorreção estética do branco brasileiro, ávido de
identificação com o europeu [...]
À luz da sociologia científica, a sociologia do negro no Brasil é, ela
mesma, um problema, um engano a desfazer o que poderá ser
c
102
culturais, no sentido antropológico, são particulares e dependentes da fase de
desenvolvimento econômico do Brasil. A mudança faseológica de nossa estrutura
automaticamente solucionará tais problemas” (RAMOS, 1979, p. 41, grifos
nossos). Ou seja, os problemas “psicológicos” são, em última instância, expressão
de dada fase cultural (e seus aspectos econômicos, sociais e poticos) em que o
país se encontraria. A influência dos países centrais levaria à submissão cultural e
estética que propiciaria a promoção de valores estéticos estranhos à realidade
nacional, importados, daí superfetação do ‘branco’ e a depreciação e alienação do
negro. Ora, ta
103
Costa Pinto e Guerreiro Ramos, na mesma década de 1950, promoveram
uma polêmica em livros e em artigos na imprensa carioca sobre a referida
‘questão do negro’.
114
Um balanço dessa querela foi feito por Marcos Chor Maio
(1996, p. 10), segundo o qual, “a agenda potica de Guerreiro seria composta
pelos seguintes tópicos: a afirmação da singularidade dos negros com a
eliminação dos recalques advindos do passado, ascensão social e econômica e
constituição de uma intelligentzia”. Costa Pinto, criticando Guerreiro Ramos e
o TEN, diagnosticava segundo Maio (1996, p. 15) que a modernização
capitalista gerava um processo de diferenciação interna entre os negros, com o
surgimento de uma pequena classe média, constituída de intelectuais, formando
assim uma elite negra”, que nas palavras de Costa Pinto buscava “se
identificar com os padrões de comportamento das classes dominantes”, sendo uma
“legítima expressão da pequena burguesia intelectualizada e pigmentada” (apud
MAIO, 1996, p. 15).
115
Se para Guerreiro (e o TEN) havia uma “patologia social do ‘branco’
brasileiro” e uma “ideologia da brancura”, para Costa Pinto...
[...] do mesmo modo que se pode aqui mais uma vez repetir que não há um
problema do negro – pois o problema é o branco que tem sobre o negro falsas
idéias e age de acordo com essas idéias falsas também se poderia dizer,
(RAMOS, 1979, p. 61, nota 19), sem maiores explicações provavelmente se referia a Lutas de
família no Brasil, publicado em livro por Costa Pinto em 1946 e que seria uma pia de um
original francês, talvez do livro de Jacques Lambert (professor de C. Pinto) La vengeance privée et
les fondements du droit public international). Guerreiro ainda fustiga: Os estudos sobre o negro
no Brasil sob o patrocínio da Unesco foram realizados dentro do melhor pado técnico, com
exceção do que se refere ao negro no Rio de Janeiro que foi confiado a Luiz Aguiar da Costa
Pinto, cidadão sem qualificações morais e científicas. Este carreirista, doublé de sociólogo
(RAMOS, 1957b, p. 154, nota 19). Os ataques explícitos da parte de Guerreiro e implícitos da
parte de Costa Pinto suceder-se-ão, um dos motivos, aparentemente, seria a perda (por parte de
Guerreiro) da Cadeira de Sociologia na Universidade do Brasil para o outro (BARIANI, 2003a).
114
Também naquele período do final dos anos 1940 até o final da década de 1950, Costa Pinto
polemizou com Emilio Willems e Florestan Fernandes, tecendo duras críticas à sociologia
“acadêmica” – para uma consideração preliminar do debate ver Bariani (2003a).
115
Os trechos de autoria de Luiz de Aguiar Costa Pinto aqui citados e provenientes do trabalho
de Maio (1996) são de O negro no Rio de Janeiro: relações de raças numa sociedade em
mudança (1953).
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104
inversamente que a idéia da negritude não é negra é branca, é o reflexo
invertido, na cabeça de negros, da idéia que os brancos fazem sobre ele, é o
resultado da tomada de consciência (também em termos falsos, diga-se de
passagem) da resistência que o branco faz à ascensão social do negro. É, em
suma, um racismo às avessas. (Costa Pinto apud MAIO, 1996, p. 16).
À alise existencial-psicológica (de fundo social-culturalista) e à
intelligentzia negra elitizada, intelectualizada e sedenta de aceitação social por
parte da elite brasileira Costa Pinto opõe a mudança social e o potencial
transformador do negro proletário, portador de uma consciência e atitude
d
105
até meados dos anos 1950, não fortuitamente, quando ingressa na Assessoria de
Vargas, na Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio
Vargas, no Grupo de Itatiaia, IBESP e ISEB. Assim, no final dos anos 1950, a
questão do negro não será mais objeto de sistemática atenção por parte do autor.
Ao menos pessoalmente, Guerreiro Ramos comprovava suas teses: se a
afirmação da negritude resgatou sua auto-estima, sua autoconfiança e capacidade
de assunção de seu “destino social”, de outro modo, ao ver-se aceito e “adestrado
na c
106
Daí a lacuna em seu entendimento da questão: não era suficiente se
aceitar como negro e se habilitar na cultura dominante” para ser aceito pela elite
brasileira, foi preciso que ele se sentisse aceito pela elite nas condições ditadas
por ela para esquivar-se do preconceito; nessas condições, a áurea da negritude
tornava-se a benção do branqueamento: podia aceitar-se como negro, pois
desfrutava de uma posição ‘de branco’.
Ao definir de modo original segundo Santos, J., (1995) “o negro
como lugar”, Guerreiro Ramos não atentou devidamente para a aversão
(dissimulada) da elite brasileira ao ‘trânsfuga de cor’ e ao fato de essa elite indicar
claramente qual deveria ser esse lugar, mais ainda, de indicar que os ritos de
passagem compreendiam necessariamente a abdicação da negritude, o
‘descoloramento’. Ser precariamente aceito ou tolerado implicava
‘reconhecer-se como soci
i
-n
e
107
negro de classe média o atentava para a sutileza do preconceito e cria que sua
posição de classe, status e aparelha
n
108
As alienações do pensamento brasileiro tornaram-se muito tidas. são
o tema esotérico das conversas discretas de muitos intelectuais patrícios. Vão
tornar-se um tema exotérico das tribunas, do livro e do jornal.
Mas, enquanto tal difusão não se registra, sabe Deus como é incômodo
pensar em voz alta. Melhor, eu sei, seria escrever um estudo sobre colocação
de pronomes... (RAMOS, 1953, p. 5-6, grifos nossos).
Em tom resignado e confessional, Guerreiro Ramos argumentava sobre a
sua impossibilidade de isenção quando se tratava da árdua tarefa de rever
criticamente a evolução e o estágio naquele início de anos 1950 da sociologia
no Brasil, temática que vaticinava logo dominaria a pauta das ciências sociais
no país. Apercebendo-se da dificuldade do empreendimento, desculpava-se
antecipadamente pelo modo acre com que, mais que o texto, a tarefa se impunha.
O inadi
.
109
entorno social.
120
Ensaiava também os primeiros esboços de uma dialética da
mudança social, influenciada pelo empirismo de Gurvitch e pelo culturalismo
seja sociológico (H. Heller, H. Freyer, P. Sorokin e também K. Mannheim), seja
filofico (Berdiaev, Danilesvki, Spengler, Toynbee) –, bem como revisava os
passos de Silvio Romero, Euclides da Cunha, Alberto Torres e Oliveira Vianna.
Em O processo da sociologia no Brasil (de 1953) e na primeira parte de
Introdução crítica à sociologia brasileira (“Crítica da sociologia brasileira”,
escrita em 1954), alegando que o momento o exigia, lança-se à polêmica tomada
como ‘método’ daí a necessidade de “provocar a polêmica, pois por meio dela é
possível liquidar as moedas falsas que ainda circulam entre nós, com o seu valor
discutível” (RAMOS, 1957b, p. 31). a segunda parte de Introdução...,
constituída pela notória (à época) “Cartilha brasileira do aprendiz de sociólogo”
(escrita também em 1954), tem como subtítulo Prefácio a uma sociologia
nacional”, indicando seu intento de superar a fase de combate de reavaliação
crítica da produção sociológica e avançar para a proposição de novos rumos, a
saber, encerrar a fase polêmica e iniciar a construção propriamente dita de uma
sociologia nacional processo que culminará em A redução sociológica (de
1958).
121
Afirmava que, com a emergência no Brasil de condições para a
efetivação do desenvolvimento nacional, era mister que a sociologia se pusesse na
ordem do dia. Se parodiarmos certo hegelianismo ‘trocado em miúdos’ da época,
podemos afirmar que: se o real é o atual, a sociologia deveria atualizar-se para sua
realização.
120
Em seus termos: “não se trata rigorosamente de uma renascença. É, antes, um nascimento
(1957b, p. 29), porém, as palavras o traem que não se pode fazer crítica do que ainda não
nasceu.
121
Introdução crítica à sociologia brasileira, finalizado em 1956 e publicado no ano seguinte,
reúne textos desse interregno 1954-1956.
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110
O processo de crítica sistemática da produção sociológica brasileira – por
parte de Guerreiro Ramos tem como pano de fundo suas interpretações a
respeito da estrutura e dinâmica da sociedade brasileira. Entendia ele que
transformações econômicas em curso indicavam (e exigiam) mudanças na
dinâmica da sociedade política
122
e, logo, nas relações sociais; isto é, a sociedade
econômica condicionava a sociedade potica que, por seu turno, deveria acusar
determinada atualização das representações e condutas. A “estrutura atual”
impunha uma nova práxis.
Guerreiro Ramos tomando um marxismo de segunda-mão indica
111
Nesses termos, a sociedade brasileira seria afligida como reflexo
imperfeito da civilização que (desafortunadamente) nos acometeu, espaço sem
história de idéias sem raízes, transplantada, perdida numa maldição platônica na
qual as idéias seriam reverberações precárias das verdadeiras criações. No
entanto, a fase cultural que agora esta sociedade adentrava tornaria possível
segundo Guerreiro Ramos alcançar certa mobilidade de ação e, em última
instância, a autoconsciência social do país, tornando-se uma nação na plenitude do
termo, pois até então para Guerreiro – como para Euclides da Cunha (1975), em À
m
r
112
Na análise da sociedade brasileira, ao combinar nesse momento o
culturalismo com elementos marxistas (relações de produção, forças produtivas,
relações interestruturais de predominância material, relações de classe, etc.), o
autor concluía pela infância dessas relações, diminuindo-lhes a centralidade
teórica; voltava-se então para certo hegelianismo (um tanto ingênuo, chegando a
resvalar no platonismo) para entender as modificações estruturais que intuía com
argúcia. Eis um traço marcante da personalidade intelectual do autor: se por vezes
lhe falta sofisticação e fineza de análise quando se trata de elucidar inter-relações
econômico-sociais e estabelecer as devidas mediações, seu senso de oportunidade
e intuição (aliados à sua verve), contorna obstáculos que seriam demais íngremes
para seu instrumental teórico. Na falta da chave exata, usa o martelo com precisão
demolidora.
12
c
113
sociologia ancorada em genuínas experiências cognitivas e não a partir de
catoe
114
Em busca do significado autêntico da cultura, o autor encaminha-se para
um uso mais intenso dos conceitos existenciais, que acusa ainda um incompleto
domínio desse arsenal. Agregando outros elementos, procura puxar os fios dessa
meada. Uma tentativa de saída desse labirinto insinua-se na referência que faz ao
conceito elaborado por Edward Sapir (apud RAMOS, 1957b, p. 152, grifos
nossos):
A cultura autêntica não é necessariamente alta ou baixa, é apenas
inerentemente harmoniosa, equilibrada, a si mesmo satisfatória. É a
expressão de uma atitude ricamente variada e, entretanto, de certo modo,
unificada e consistente em face da vida, uma atitude que vê o significado de
qualquer elemento de civilização em sua relação com todos os outros. É,
falando de modo ideal, uma cultura em que nada deixa espiritualmente de ter
sentido, em que nenhuma parte importante do funcionamento geral traz, em
si, senso de frustração, de esforço mal dirigido ou hostil. Não é um híbrido
espiritual de elementos contraditórios de compartimentos estanques de
consciência que evitam participar de uma síntese harmoniosa.
Guerreiro Ramos requisitava agora para sua obra uma tessitura
dialética”, que privilegiava o aspecto dinâmico, mutável e inacabado da
sociedade em detrimento das contradições, isto é, a mudança socia
115
Numa sociologia crítica e atual segundo aponta – a dialética deveria ser
posta nos seguintes termos:
a) não admite o primado sistemático de nenhum critério operatório de
dialetização, nem tampouco se admite como um monismo determinista
dialético; b) não admite a conclusão do processo histórico-dialético, nem sabe
de antemão aonde conduz este processo; c) dialetiza as relações entre a teoria
e a prática. (RAMOS, 1957b, p. 210).
Tal dialética, aplicada à análise de uma sociedade em rápida mutação e
por conseqüência refletida na sociologia que produzia –, alimenta certa
confusão/sobreposição de conceitos. Se as transformações da estrutura social
teriam como elementos a constituição das classes sociais e sua procura de rumos,
no entanto, quando o autor trata da questão da alienação que acometeria o grupo
dominante e os sociólogos como porta-vozes desse grupo ou mesmo como
grupo culturalmente dominante, e aqui um outro imbróglio utiliza o conceito
de elite”, desviando a questão de uma perspectiva de classe para uma questão de
prestígio/privilégio potico-cultural, de um contexto de luta de classes para uma
polarização social elite-povo que, ao fundo, não deixava de ter uma significação
ética. “No Brasil, o ho
o
116
camadas populares e as camadas cultas” (RAMOS, 1953, p. 34) distanciamento
social que Silvio Romero, analogamente, havia nomeado como “disparate”.
129
O que se passa é que naquele momento Guerreiro Ramos – como de resto
boa parte dos sociólogos brasileiros de então, que se digladiavam em problemas
sobre feudalismo, capitalismo, classes, estamentos, castas, etc. não identificava
coesão e maturidade nas classes sociais e, numa solução precária, opta pela
oposição povo versus elite, na ânsia de refletir uma situação de grande
distanciamento sócio-cultural entre grupos.
130
Esse amálgama teórico do autor,
que procurava um caminho crítico aglutinando instrumentos de análise de
situações conflitivas sociais e existenciais, essa busca de uma base ontológica,
mostrava-se ali frágil e apresentava rachaduras algumas dessas ‘soluções
virão em A redução sociológica (de 1958). Como exemplo, pode-se notar que o
uso indiscriminado do conceito de elite desloca a análise para uma incômoda
indiferenciação entre elite potica e cultural, termos que apesar das
desigualdades da sociedade brasileira o são idênticos, daí um lapso apenas
para escorregar para a identificação entre condução política e Intelincia”, entre
dirigentes e ilustrados (ou intelectuais). Pois aí o equívoco vem sob encomenda:
nada mais próprio dos intelectuais brasileiros, e particularmente dessa corrente
129
Posteriormente, utilizará o termo alienação como negligência dos esforços de
autodeterminação, comportamento estranho à realidade brasileira, de alheamento definição de
cunho existencial que mante (RAMOS, 1957b, p. 22).
130
Assinale-se que se fazia sentir na sua obra a influência de Ortega y Gasset (1933) e a
caracterização por parte desse da polarização elite-massas, entretanto, logo depois, até fustigado
pela conjuntura política, esboçará um panorama da atuação das classes, o que ocorrerá
principalmente a partir de O problema nacional do Brasil (1959).
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117
que Guerreiro Ramos tanto prezava como herança, que o projeto de condução da
nação por uma elite esclarecida.
131
Num percurso comum a vários intelectuais brasileiros, ao detectar a
incapacidade do povo em tomar nas mãos os destinos do país, procede à crítica do
comportamento das elites; segue assim os passos de Alberto Torres e Oliveira
Vianna, condena nessas elites a “exemplaridade” como estratégia social e a
tentativa de alteração da realidade social por meio das ‘boas’ idéias e instituições,
da correção do receituário antes que de adequação das formulações. Todavia, para
Guerreiro Ramos,
Oliveira Vianna viu aqui meia verdade; não a verdade toda. Isto porque
aquela conduta inquinada de idealista-utópica foi, muitas vezes, menos
decorrência de uma imitação voluntária do que um expediente pragmático a
que tiveram imperativamente de recorrer a fim de racionalizar ou justificar
interesses e reivindicações de grupos e facções atrelados a tendências nem
sempre ilegítimas da sociedade nacional. (RAMOS, 1957b, p. 52).
Mais que simples arremedo, a transplantação de iias (e instituições)
corresponde agora e isso marca um avanço em relação à anterior conceituação
do termo a estratégias de afirmação e mesmo de justificação de interesses. O
que resvala agora para a perigosa questão das idéias, sua instrumentalização e seu
lugar – e suas muitas armadilhas.
No diagnóstico de Guerreiro Ramos, dar-se-ia uma falência da elite
cultural (e dentre ela os sociólogos), identificada com a elite em geral, moldada
sob os males da transplantação, já que...
Acontece muitas vezes que, por uma diminuição ou um falecimento da
capacidade criadora das elites, as sociedades entram num processo de
desintegração ou de hibridização pelo uso e consumo extensivos de produtos
culturais exógenos.
No Brasil, os indivíduos que um dia vão constituir as camadas cultas
sofrem, nos educandários que freqüentam, uma castração sistemática dos
131
Eis que n
118
membros intelectuais, que se entorpecem no exemplarismo cultural ou se
obnubilam na aprendizagem de atitudes heteronômicas. (RAMOS, 1953,
p.M
119
aspectos econômicos e poticos subjacentes a tais formas de sociabilidade? Por
que a elite estava sujeita à influência da transplantação (e conseqüente alienação)
e o povo imune? Pelo contato com a cultura importada? E o povo, não estaria
também sujeito à ‘contaminação’ por algo ainda mais degradado: a cultura
trazida azeda e agora regurgitada pela elite?
Em O processo da sociologia no Brasil (1953), o autor passou em revista
ou passou a ferros, melhor dizendo o pensamento sociológico brasileiro desde
a segunda metade do século XIX (estariam seus começos?); para tanto, armou-
se de um método que W. G. dos Santos (1978) chamou (um tanto
impropriamente) “ideológico” logo depois explicitado e definido por Guerreiro
Ramos como de “crítica objetiva da ideologia”, que pleiteava capacitar o crítico
a...
[..] ser capaz de enxergar o significado indireto ou implícito do produto
intelectual, ou ser capaz de surpreender as verdadeiras ‘forças motrizes’ que
‘movem’ o produtor; é em suma, ser apto a ver a estreita vi
v
120
de certos equívocos pontuais, estaria sempre em busca da compreensão da
realidade brasileira, para tanto, utilizando instrumentos teóricos não
imediatamente importados; seus principais autores seriam Silvio Romero,
Euclides da Cunha, Alberto Torres e Oliveira Vianna;
135
2) uma segunda corrente em alguns momentos nomeada alienada” a qual se
submeteria acriticamente aos ditames dos centros culturais dominantes, utilizando
idéias e teorias de imediata importação para interpretar a realidade brasileira; seria
formada por Tobias Barreto (embora com desagravo devido aos acertos deste em
alguns pontos, como o caráter amorfo do povo),
136
Pontes de Miranda, Tristão de
Ataíde, Pinto Ferreira e Mário Lins. Um sub-ramo chamado “consular”, pois
representaria episódio da expansão dos países centrais dessa corrente seria
formado por Nina Rodrigues, Gilberto Freyre e Artur Ramos e, assim como os
cronistas estrangeiros que aqui estiveram, ressaltaria uma visão exótica, anedótica,
exntrica do país.
Haveria, no entanto, em situação peculiar (e positiva), o “caso de São
Paulo”, corporificado principalmente na obra de Fernando de Azevedo e na
Escola Livre de Sociologia e Potica, sendo o primeiro elogiado pelo seu
empenho em angariar o prestígio universitário à sociologia, livrando-a do
diletantismo insigne e insignificante dos auto-intitulados “sociólogos”, e a
segunda por ser a única escola que teria aliado a técnica e a prática à teoria
135
Viria a acrescentar tam
121
sociológica. Referência também a Florestan Fernandes como promissor
antropólogo e talvez “nosso primeiro clássico”, todavia, curiosamente, Guerreiro
Ramos não cita a Universidade de São Paulo, que já apresentava alguma produção
mencionável.
137
De todo modo, São Paulo é lembrado pelo êxito na
institucionalização do ensino e pesquisa em sociologia, fruto segundo Guerreiro
– de um projeto com
122
financeiros) e os efeitos talvez entpicos dessa “aculturação” do índio.
139
Guerreiro Ramos pouco se refere à questão do índio, quando o faz transparece
sempre algum desdém em relação ao “atraso cultural” em termos de organização
dos nativos; quando, por exemplo, aborda a colonização no Brasil, afirma que,
contrariamente aos espanhóis, que encontraram “povos” no México e no Peru,
aqui os portugueses se defrontaram apenas com utilizando a expressão de
Danilevski um “material etnográfico”, uma “espécie de matéria inorgânica”
(RAMOS, 1957b, p. 86).
Quanto aos autores da corrente crítica citados, se Silvio Romero para
Guerreiro Ramos merece o título de “fundador da sociologia pragmática” no
Brasil, tem lugar de maior destaque Alberto Torres, por ele considerado assim
como por Oliveira Vianna (1930) não fundador da corrente autêntica, mas
também o personagem-ápice do pensamento sociológico no Brasil (RAM
123
(RAMOS, 1953, p. 36).
141
Analogamente, considerava o Movimento Modernista
de 1922 como indicativo de uma ânsia de liberação da atividade literária” que se
estendeu às artes e arquitetura em geral (RAMOS, 1953, p. 36), entretanto, mais
tarde (já no início da década de 1980), afirma que teria sido em grande parte “uma
nova moda” (RAMOS, 1957b, p. 32), que apesar de inovador em relação às
circunstâncias agrárias do país de então e relevância dos temas nacionais, teria
importado idéias e paradigmas ocidentais decadentes e sucumbido ao imobilismo
re
124
investidos” (RAMOS, 1957b, p. 122). De modo sumaríssimo, o colonialismo
cultural torna-se apanágio da elite informada pela sociologia alienada.
A questão sociológica vai ultrapassando a disputa teórica e erigindo-se
em luta potico-ideológica aberta vide as várias polêmicas na qual o autor se
envolverá (BARIANI, 2003a). A ironia do autor prenuncia o primeiro ato da
tragédia do capitalismo nacional autônomo, se faltam os termos exatos, já se
percebem os argumentos da disputa nacionalismo versus entreguismo:
persistindo [os sociólogos consulares, não críticos] em suas posturas superadas,
dão-me a impressão melancólica de atores que continuam no palco representando
uma peça serôdia sem perceberem que o pano desceu e o público se
retirou... (RAMOS, 1957b, p. 122). Ironia hoje amarga, pois lembra mais o
contexto das pregações nacionalistas e revolucionárias no pós-1964.
Ao promover a crítica da inatualidade e da alienação da sociologia
praticada no Brasil e propor uma sociologia crítica, compromissada e
profundamente imbricada com a realidade social sobre a qual se debruçava ou
melhor, arregaçava as mangas –, Guerreiro Ramos insinuava suas convicções e
adiantava aspectos do projeto que compartilhará. No seu entender, tal sociologia
poderia ser nacional. Investe então contra as “ilusões” dos sociólogos,
assinalando que “o ideal dos sociólogos é a sociologia universal’”, ou seja,
“nacionalmente descomprometida, uma sociologia tanto quanto possível
aproximada, quanto ao grau de abstração, da sica ou da matemática” (RAMOS,
1953, p. 7
sr
125
Sociologicamente, tal processo seria explicável do seguinte modo: “o ideal da
sociologia universal nos países deres do pensamento sociológico é, assim, um
sintoma de etnocentrismo. Nos países culturalmente coloniais, é uma superfetação
compensatória do complexo de inferioridade de certos elementos de elite”
(RAMOS, 1953, p. 9).
Todavia, legitima a preocupação universalista no terreno das
possibilidades, e acrescenta:
[...] cabe ao sociólogo o direito de proceder a um ato de na inteligência e
acreditar na possibilidade da sociologia universal. O fato é que em todos os
sistemas sociológicos criados até agora se flagrancia o impacto de
continncias espaço-temporais. Foram imperativos práticos que suscitaram
o aparecimento da sociologia e são ainda estes imperativos que estimulam,
atualmente, o seu desenvolvimento, nos vários países. Imperativos práticos
peculiares a cada um desses países. Daí que em cada país se registra uma
direção e uma problemática específicas do pensamento sociológico
(RAMOS, 1953, p. 8, grifos nossos).
Tal imperativo prático tomava corpo num projeto que se esboçava – de
tornar a sociologia instrumento de organização nacional e conhecimento
socialmente disseminado, acessível ao saber comum para orientá-lo politicamente.
Segundo Guerreiro Ramos, em todos os países nos quais a sociologia alcançou
determinado desenvolvimento “depois de um período inicial em que é apresentada
ao público esclarecido por divulgadores, passa a integrar-se eficazmente em sua
superestrutura institucional, passa a ser utilizada como instrumento de construção
nacional” (RAMOS, 1953, p. 9, grifos nossos). Ao decifrar a realidade nacional, a
sociologia serviria ao conhecimento e à emancipação, “porque todas as soluções
são efetivas na medida em que forem peculiares. É a busca da autenticidade, a
liquidação das heteronomias que manietam o país, que constitui hoje, o programa
por excelência da sociologia no Brasil” (RAMOS, 1953, p. 32-3, grifos nossos).
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126
Ao atacar as teorizações sobre o “caráter nacional”,
142
o temperamento
do cidadão brasileiro (iia elaborada pelas elites, segundo ele), assevera que “a
história da sociologia no Brasil é, em larga margem, uma crônica de livros, ou de
cadernos de deveres colegiais (RAMOS, 1957b, p. 211). Caberia à sociologia
erigir-se em saber criador:
A tarefa iminente da sociologia no Brasil [...] é aplicar-se na denúncia
destas e de outras alienações vigentes em nosso meio, é aplicar-se na criação
das molduras, informá-las em comportamentos automáticos generalizados.
O problema da organização da sociedade brasileira [...] [é]
primacialmente o problema da forma mesma que esta sociedade deve
assumir, forma que, no caso do Brasil, tem de ser obra de criação
sociológica.
A pesquisa desta forma é o tema número um da sociologia no Brasil.
(RAMOS, 1953, p. 40-1, grifos nossos).
O Brasil deveria ser reinventad
127
circunstância em que vive. A sociologia se diferencia nacionalmente quanto
aos temas e aos problemas do que trata. (RAMOS, 1957b, p. 25).
143
Existiriam, porém, os perigos do ufanismo nacional, daí as críticas a
Oliveira Vianna e também à xenofobia, identificada em autores que seriam
intuitivos em relação às mudanças em curso, mas pouco cuidadosos
intelectualmente para abordar a quea
128
Não tardou, entretanto, a contestação: a publicação do livro O processo
da sociologia no Brasil (em 1953) suscitou um escrito de Roger Bastide
146
-
“Carta aberta a Guerreiro Ramos” na revista Anhembi. Precavido, Bastide
imprime um tom pessoal, quase íntimo e propõe uma “amivel palestra”,
afirmando:
Somos obrigados a aceitar o seu ponto de partida. A ciência não é, como
outrora se julgava, totalmente desligada dos sábios que a estudam e, como
esses cientistas pertencem a nações ou a classes sociais diferentes, as
condições nacionais ou econômicas acabam por refletir-se até no
conhecimento que pretende ser objetivo.
[...] isto posto, é preciso fazer três observações. Em primeiro lugar, que tais
condições que pesam sobre a pesquisa são mais econômicas que nacionais. É
mais ‘fácil’ falar de uma sociologia burguesa que de uma sociologia inglesa,
ou italiana, por exemplo. E isto já abre o caminho para a constituição de uma
teoria sociológica válida mais universalmente, através de toda burguesia ou
de todo proletariado [...] em segundo lugar, a ciência tende assumir a forma
de uma atividade coletiva, em que todo país contribui com a sua quota, em
que uma pesquisa coma na Alemanha, continua na Rússia e termina, por
exemplo, nos Estados Unidos, sem se preocupar com as fronteiras que
separam as pátrias; [...] por fim e sobretudo, deverá essa verificação da
sociologia do conhecimento ser erigida em valorização? O fato deverá ser
transformado em direito? E, a pretexto de que as condições nacionais ou
econômicas intervêm, será preciso concluir que o devemos trabalhar senão
pragmaticamente
u
129
valorativos, que descredenciariam a sociologia como ciência e a rebaixariam à
ideologia.
[...] não há uma ciência de importação e uma ciência nacional. A sociologia é
uma ciência universal ou que se esforça por encontrar um sistema de
conceitos universais, desligados de qualquer contexto afetivo ou político [...]
devemos esforçar-nos para passar [...] à situação do homem no ‘universo da
ciência’, que é o único autônomo. (BASTIDE, 1953, p. 522).
O sociólogo brasileiro no entender de Bastide deveria servir-se dos
métodos e conceitos vindos do exterior para o desenvolvimento da ciência, pois se
a alienação é um defeito [...] é o nacionalista que está alienado, e é a gratuidade
que nos liberta”. Nesse aspecto, um tipo de estudo objetivo deveria então se
pautar pela generalidade, buscando tornar-se acessível a todas as culturas pois...
[...] o que caracteriza o trabalho científico sobre o negro brasileiro não se
explicar fatos como o candomblé ou o batuque através de conceitos de uma
ciência universal, atras de categorias que não são válidas para o negro
somente, mas também para o branco e para todos os homens, qualquer que
seja a cor da sua pele? Levar o individual ao geral, situar os fatos brasileiros
no conjunto dos fatos sociológicos já estabelecidos: é o mesmo que dizer que
a ciência mata o pitoresco. É a sua [de Guerreiro Ramos] sociologia
particularista que se arriscaria a atirar-nos no anedótico, não a nossa.
(BASTIDE, 1953, p. 525).
Com base nas elaborações de Guerreiro Ramos que buscaria aplicar
o absolutamente os todos importados, mas aplicá-los adequadamente à
realidade brasileira o sociólogo francês responde estar “de pleno acordo”,
entretanto, para en
r
7
1c
8
ft
s
e (f)j1 0 0 1 158.88 434.1298 Tm (e)Tj1 0 0 1 158.88 275.2498 Tm (t)(n)Tj1 0 0 1 8 492.2098 Tm (s)Tj1 0 0 1 149.52 275.2498 Tm3Tj1 0 0 1 149.53.36 445.1698 Tm 2ed
130
partido ou da própria classe com os da nação, ela seria mais prejudicial do
que útil ao Brasil. (BASTIDE, 1953, p. 526).
E finaliza: “a sociologia será internacional, como a sica, ou não existirá.
Será desinteressada antes de tudo ou não terá aplicação prática. Seu admirador
devotado – Roger Bastide” (BASTIDE, 1953, p. 528).
147
Bastide levantava argumentos no sentido de defender uma sociologia
u
131
fatos dos valores): essa era a forma para Bastide. Somente o universo da ciência
seria autônomo, mas qual seria tal universo? Algo paralelo à vida, valores,
sentimentos, interesses, posições políticas? Se concordava com Guerreiro
Ramos em não importar absolutamente métodos ‘exteriores’, de imediato
criticava-o por negligenciar a classificação da sociologia em trica e aplicada. E
era justamente a
m
132
da visão de mundo (em termos mannheimianos) compartilhada pelos sujeitos e
cotejada com o contexto no qual atuavam. No caso da sociologia brasileira,
mesmo a corrente crítica a mais avançada para ele em termos de interpretação
da realidade nacional e que refletiria a consciência possível do período
149
tropeçaria nas limitações dadas pelas circunstâncias históricas, que não
favorecere
133
relevando o conceito (central) de redução sociológica que acrescenta ele em
prefácio à 2ª edição, escrito em 1963 – teria como sentidos básicos:
1) redução como método de assimilação crítica da produção sociológica
estrangeira [...] 2) redução como atitude parentética, isto é, como
adestramento cultural do indivíduo, que o habilita a transcender, no limite do
possível, os condicionamentos circunstanciais que conspiram contra a sua
expressão livre e autônoma [...] 3) redução como superação da sociologia nos
termos institucionais e universitários em que se encontra. (RAMOS, 1996, p.
11).
Conforme comentário do autor, expresso em esquema posterior
(RAMOS, 1989, p. XVI-XVII), o primeiro sentido teria sido desenvolvido nos
seus trabalhos dos anos 1950 máxime em O processo da sociologia no Brasil
(de 1953), Cartilha brasileira do aprendiz de sociólogo (de 1954), Introdução
crítica à sociologia brasileira (publicada em 1957) e A redução sociológica (de
1958) e o segundo estaria presente, sobretudo, em Mito e verdade da revolução
brasileira (de 1963); A nova ciência das organizações (escrito em 1972/3, e
publicado somente em 1982) ocupar-se-ia do terceiro sentido. Todavia, tais
s
(s)Tj/F2 12 Tf 655.6498 Tm (m)
134
A preocupação do autor naquele momento estava centrada na
assimilação crítica do conhecimento produzido no ‘exterior e no
desenvolvimento da produção teórica brasileira, assim, dirigia-se aos intelectuais
(“a habilitar o estudioso”), particularmente os sociólogos, aos quais vinha se
referindo em alguns de seus escritos como “Cartilha brasileira do aprendiz de
sociólogo”, “Meditações para os sociólogos em flor” e “Para uma sociologia em
mangas de camisa” (RAMOS, 1957b). O público alvo do autor era certa elite
cultural, mormente a intelligentzia nacional, pois essa lhe parecia ainda o ator
político privilegiado. As considerações a respeito de uma sociologia e da
redução sociológica como instrumento crítico ao alcance dos leigos’, do
homem comum, do povo, como saber de salvação e daí a crítica à sociologia
como saber esotérico virão mais tarde, nos anos 1960, a peça central desta
posição é o prefácio à 2ª edição de A redução sociológica (escrito em 1963,
revisto em 1964 e publicado na edição, em 1965), máxime as críticas a
Florestan Fernandes.
A configuração da audiência fica clara quando o autor escolhe os
interlocutores e os adversários:
[...] as ciências sociais, na forma que assumiram nos meios acadêmicos
oficiais, são, em grande parte, uma ideologia da dominação [“de uma minoria
de empresários capitalistas europeus que constituem o centro dominante do
Ocidente e do mundo”], na medida em que dificultam a compreensão global
do processo histórico-social e distraem a atenção dos estudiosos para
aspectos fragmentários desse processo. (RAMOS, 1996, p. 159).
Guerreiro Ramos delimita o campo de batalha, bem como sua tri
lct
eoia
e
135
constituiriam em dado período um aspecto integrado numa totalidade de
sentido”, e sendo tributárias da “cosmovisão” de cada período histórico, não se
poderiam pretender permanentemente lidas (RAMOS, 1996, p. 160, grifos
nossos).
Como método atitude (científica e social) e também forma de
posicionamento ontológico a redução sociológica teria, segundo descrição do
autor, as seguintes características:
1) É atitude metódica [...] 2) Não admite a existência na realidade social de
objetos sem pressupostos [...] 3) Postula a noção de mundo [...] 4) É
perspectivist)d
136
entretanto, submetendo o conhecimento “importado” à lei do caráter subsidiário
da produção científica estrangeira, só assim lhe seria possível utilizar-se da razão
sociológica, isto é, “uma referência básica, a partir da qual tudo o que acontece
em determinado momento de uma sociedade adquire o seu exato sentido
(RAMOS, 1996, p. 29).
Na fundamentação teórica da redução repousa a noção de que a realidade
social em sua complexidade seria tecida por entes em sistemática conexão de
sentido, não sendo gratuitos os fatos da vida social, mas “referidos uns aos outros
por um vínculo de significação” (RAMOS, 1996, p. 72).
152
Inferia daí a categoria
m
r
137
visão de mundo, entretanto, longe de ser uma “pura construção intelectual”,
deslocada da concretude das relações sociais, teria suportes sociais “de massa”.
153
O pensar – logo o pensare
n
n
138
medida de suas necessidades, expurgando, por exemplo, a transcendentalidade do
sujeito (eu) em Husserl – substituindo-a pela determinação social e atenuando a
dimensão existencial e ontologicamente dada que conceitos como ser-no-mundo e
mundo adquirem em Heidegger, alterando-os no sentido de uma abordagem
sociológica que privilegia as condições efetivas de vivência e sociabilidade
histórico-social de restrita temporalidade, utilizando para tanto certas
determinações do conceito de mundo elaborado por Mannheim. também, em
certa medida, influência de Dilthey (e sua filosofia da vida) nessa construção
especialmente quanto ao conceito de mundo.
156
No entanto, Guerreiro Ramos nega que sua redução sociológica seja uma
fenomenologia do social, uma ciência eidética no sentido husserliano do
social,
157
já que seu objetivo não seria conhecer o modo de ser do social e sim
estabelecer, por meio do universal, uma perspectiva particular a partir da qual
conforme o imperativo de conhecer e a necessidade social de realização de seu
projeto de existência histórica uma comunidade, entendida aqui como nação, a
“mais eminente forma contemporânea de existência histórica”, poderia servir-se
156
Nessa construção, a já comentada influência de Hegel, cuja herança e de “seus continuadores
revolucionários” ele próprio admite (RAMOS, 1957b, p. 213), aflui mais como um elemento
geral de formação cultural que um autor diretamente citado em suas formulações. Talvez certa
concepção dialética da existência e possibilidades de autoconsciência histórica, bem como o
privilégio do conceito de totalidade, sejam devedores de Hegel. Quanto a Karl Jaspers, sua
influência não é algo seminal, deve-se mais à característica de egono de autores ‘maiores’ (Kant,
Weber, Kierkegaard, Heidegger) e à notoriedade de suas análises do mundo contemporâneo que
propriamente ao peso de sua construção conceitual.
157
Em artigos publicados naquele ano de 1958, na revista Estudos Sociais (n° 3/4), Benedito
Nunes (1996) concorda com a afirmação de Guerreiro Ramos e salienta os aspectos críticos e
reflexivos da redução; Jacob Gorender (1996) discorda e na redução a simples transposição
do método de Husserl. Todavia, Teotônio Júnior (1958, p. 194), em resenha febril publicada no
mesmo ano, na Revista Brasiliense, aproxima Guerre
139
da experiência de outras comunidades (RAMOS, 1996, p. 50). Desse modo, a
redução operaria em dois níveis básicos: 1) para ultrapassar a aparência imediata
dos objetos no mundo e, 2) assimilar criticamente a produção teórica estrangeira,
subsidiando uma razão sociológica que, assemelhada à razão vital de Ortega y
Gasset e à razão histórica de W. Dilthey, serviria como referência básica, a partir
da qual o ocorrido em uma sociedade encontra um sentido apropriado e essa
sociedade adquire sua personalização histórica (RAMOS, 1996, p. 129).
Subjacente a essa oportunidade histórica, estaria a análise de que a
emergência de uma nova fase tornaria possível uma consciência crítica devido aos
imperativos do desenvolvimento e as condições sociais estruturais concomitantes,
máxime a industrialização e seus efeitos principais (urbanização e melhoria dos
hábitos populares de consumo), que possibilitaria na presença de um
conhecimento rigoroso o afloramento de uma sociologia autêntica, emergindo
como produto orgânico e histórico de uma cultura (nos termos de FREYER,
1944), uma sociologia nacional.
Assinala Guerreiro Ramos que a sociologia (como ciência) seria
universalo
140
historicamente localizado, donde derivaria uma perspectiva própria, peculiar;
seria, portanto, o “caráter necessariamente particular de que se revestem os pontos
de vista dos sociólogos, tanto quanto sejam significativa e funcionalmente
adequados aos problemas da nação em que vivem” (RAMOS, 1996, p. 126) que
caracterizaria como nacionais as sociologias. Assim, toda sociologia autêntica
seria nacional. A sociologia como algo universal se realizaria na sociologia
nacional, uma construção dialética peculiar de Guerreiro Ramos, segundo a qual o
universal (como totalidade) ‘preexistiria’ ao particular, o que não significa que sua
sociologia seja simplesmen
141
adquire, sob o arsenal existencialista, peso ontológico; ontologia um tanto
capenga, vez que ela na colônia se impõe de modo ‘imperfeito’, determinando o
ser social quase que unilateralmente pois os fatores internos não se impõem em
momento algum aos externos e conforme pressupostos imediatamente
econômicos dos quais derivam também imediatamente formas culturais. Se na
colônia tudo é colonial, também o é a ontologia, manca e superficial,
‘subdesenvolvida’.
A redução sociológica e a proposta de uma sociologia nacional refletiam
num plano teórico-metodológico as vicissitudes da interpretação nacionalista da
sociedade brasileira num contexto de dominação imperialista e de um projeto
de capitalismo nacional e autônomo. O colonialismo cultural – conforme disposto
aqui guarda inegáveis similaridades com as análises do atraso e do
subdesenvolvimento; a dominação econômica encontra na cultura seu
espelhamento quase que ‘natural’, ambas são frutos da mesma visão de mundo
que, naquele momento, tinha na ‘produção isebiana’ uma fortaleza e, na obra de
Guerreiro Ramos, a principal formulação.
O efeito de prestígio”, o mau hábito das elites de importar tanto idéias
quanto mercadorias industrializadas (ou simplesmente ‘de luxo’), condenado
so
t
142
de maior uso tecnológico e agregação de valor, encontra sua correlação na
redução sociológica e suas propostas de valorização da realidade nacional e
privilégio da peculiaridade para ‘uso próprio como matéria-prima de uma
produção sociológica de ‘capital’ intensivo, tecnologicamente aparelhada e não
como simples enteléquias configuradas no diletantismo, nostálgico e rerico,
dos beletristas sociais. Alberto Torres, muito prezado por Guerreiro Ramos, é
daí em diante também criticado por advogar uma “vocação agrícola” do país,
quando o imperativo prático deveria ser o desenvolvimento tecnológico.
161
As vantagens comparativas da “vocação agrícola” eram vistas agora
como “desvantagens reiterativas” (FURTADO, 1975, 1983) –, elemento de
ocorrência da desigualdade (em desfavor dos países periféricos) dos termos
internacionais de troca. A ordem era substituir a importação de bens acabados
nos quais se incluiriam os métodos, teorias e conceitos pela importação de
tecnologia que, devidamente assimilada e aplicada (daí um dos usos da redução),
capacitaria-nos à produção de bens finais, em larga escala, com técnica apurada e
gerando produtos genuinamente nacionais não é fortuita a comparação que faz
Guerreiro Ramos entre a depuração de idéias e de minérios. A industrialização
aparece assim como o processo por excelência do desenvolvimento ou, revertendo
a ironia guerreiriana, como o ‘abridor de latas’ do desenvolvimento. Talvez
mesmo anseia Guerreiro Ramos fosse possível iniciar uma exportação de
nossas idéias como bens finais, o que o leva a imediatamente reivindicar
mercados para tais produtos:
161
À época, tais termos eram considerados contraditórios, pois o setor rural era identificado com o
atraso, ao passo que o urbano-industrial significaria o moderno; dualidade que, sem uma
conseqüente análise de classes, mostrou-se insuficiente como explicação para o ‘atraso dos países
periféricos.
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143
Articulando o seu pensamento com a prática social, o sociólogo, que
deixou de ser mentalmente colonizado, passa de consumidor passivo de
idéias importadas a instrumentador e até mesmo a produtor de novas idéias
destinadas à exportação. Provavelmente, em breve, será despertada a atenção
dos estudiosos para o fato de que temos, hoje, no Brasil, uma teoria
sociológica geral mais penetrante e avançada do que a norte-americana,
capaz inclusive de envolvê-la e explicá-la. (RAMOS, 1996, p. 126).
As fronteiras entre o cientista e o representante comercial naqueles
anos, melhor seria caixeiro viajante’ - diluem-se sob a ação corrosiva do
engajamento temerário e afoito. A intrincada construção teórica da redução
sociológica, com todos seus ‘porquês’ e ‘senões’ historicistas, culturalistas e
existenciais perde muito de seu gume no afã de produzir resultados imediatos o
que não a inviabiliza teo
144
brasileira naquela conjuntura. Pretendia, segundo ele próprio, fundar (antes que
refundar) a sociologia brasileira, agora nacional, desprezando embora suas
referências a uma “corrente crítica da sociologia brasileira” (Silvio Romero,
Euclides da Cunha, Alberto Torres, etc.) o desmintam – o então existente, fazendo
quase que tabula rasa de uma incipiente (porém promissora) cultura e tradição,
uma vez que o resultado dessa colheita seria irrisório e a ação daninha do
colonialismo cultural teria inviabilizado várias safras e gerações
s
145
esclarecendo as elites e poupando as classes dominantes mormente a burguesia
industrial – de um exame mais rigoroso de sua condição, atuação e perspectivas.
O intelectual (e o sociólogo), mesmo com um olho na rua, ainda se
comportava como demiurgo, guardando para si uma tarefa hercúlea: Nesses
países periféricos, a sociedade não está fundada segundo critérios próprios, é algo
a fundar, e, por isso, a assunção, o engajamento, abre, para o intelectual, um
hori
146
Somente no início dos anos 1960, após sua experiência isebiana, num
contexto de maior conflituosidade potica e lutas de classe, Guerreiro Ramos
diagnosticará a emergência do povo como novo e privilegiado ator no cenário
político, a partir daí a transformação da realidade social não será apanágio da elite
cultural reformada, do intelectual, do sociólogo. Em 1963, no prefácio à 2ª edição
d’A redução..., afirma:
A sociologia não é especialização, ofício profissional, senão na fase da
evolução histórica em que nos encontramos, em que ainda perduram as
barreiras sociais que vedam o acesso da maioria dos indivíduos ao saber. A
vocação da sociologia é resgatar o homem ao homem, permitir-lhe ingresso
num plano de existência autoconsciente. É, no mais autêntico sentido da
palavra, tornar-se um saber de salvação. (RAMOS, 1996, p. 10-1, grifos
nossos).
164
E, retomando a questão por novo ângulo, conforme outro significado da
redução (intentado em Mito e verdade da revolução brasileira, de 1963), alega
que a sociologia teria como vício de origem o comprometimento com a ordem
burguesa daí, segundo ele, os sociólogos evitarem o tema da revolão e
deveria, entretanto, como “crítica da organização”,
165
ter como objetivo submeter
do ISEB, do MCP (Movimento de Cultura Popular) com Paulo Freire autor para o qual as
formulações de Guerreiro Ramos, mormente a redução sociológica, tiveram grande influência
(PAIVA, 1986) –, do MEB (Movimento de Educação de Base) por iniciativa da Igreja progressista
e militante, artistas, intelectuais, jovens idealistas, etc. (PÉCAUT, 1989).
164
O termo também foi usado por Helio Jaguaribe (1979a) num sentido cristão de saber revelado,
Augusto Comte havia usado a expressão (SIMON, 19[?], p. 274), entretanto, Max Scheler
(1986, p. 52) parece ser a fonte do conceito, pois em 1925 se referia “[...] ao devir do mundo e
ao devir intemporal do próprio princípio supremo ao seu modo de ser e existência, que atingem a
‘determinação’ do seu próprio devir somente no nosso saber humano ou em qualquer saber
possível, ou pelo menos atingem algo sem o que não poderiam alcançar esta determinação.
Chamemos esse saber, que tem por fim a divindade [...] saber de salvação ou de redenção [...]
que o nosso núcleo pessoal busca conquistar a participação no próprio ser e no princípio supremo
das coisas, respectivamente onde esta participação lhe é concedida pelo próprio princípio supremo;
ou então: é o saber onde o princípio supremo das coisas, enquanto se ‘sabe a si mesmo e sabe’ o
mundo em nós e por nós, alcança ele próprio seu objetivo intemporal, como ensinavam primeiro
Spinoza, depois Hegel e Eduard Von Hartmann; ele consegue uma espécie de unificação consigo
mesmo, a libertação de uma ‘tensão’ e de uma ‘oposição originária’ que nele residiam”.
165
O conceito de organização tem duplo significado na obra do autor, de início utiliza o conceito
do mesmo modo que Alberto Torres (1982a), com o significado de estruturação racional da
sociedade, mais tarde, usa também o termo de modo aproximado ao da sociologia contemporânea
embora sem abolir uso da primeira forma acrescentando certo cunho libertário no sentido de
identificar a organização com o domínio rreo (por vezes burocrático) da vida social, mormente
por meio das rotinas, sejam elas institucionais ou simplesmente cotidianas. Neste último sentido,
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147
a existência social à reflexão, fundamentar-se na atitude parentética”,
166
a saber,
submeter à crítica incessante as condições sociais dadas e o próprio conhecimento
que se quer hábil para fazê-lo. Assim, assumindo seu caráter de “saber de
salvação”, a sociologia possibilitaria também aos leigos um posicionamento
crítico no mundo, capacitando à interpretação da realidade da existência,
promo
eTj1 0 0 1 456.2j1 0 0 .32 1 0 0 1 436.2j1 0 0 .32 t
148
recusa/aceitação das idéias importadas’ nem pela assepsia da herança cultural,
ainda que suspeita de contágio. O nacional não pode se estabelecer por depuração,
muito menos por promulgação.
4. Uma batalha: Guerreiro Ramos versus Florestan
Fernandes
A cont
d7Tj1 0 0 1 181.2 608.3698 Tm (2)Tj10 0 1 190.56 1 120 665.0(u)T3j1 0 0 1 181.2 549.8098 Tm 23
g
149
logo se fizeram sentir, embora às vezes, de modo obtuso. Guerreiro Ramos reagiu
em artigos publicados no Diário de Notícias (do Rio de Janeiro) e teve apoio de
alguns dentre eles Nelson Werneck Sodré seu futuro colega no IBESP
(Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Potica) e ISEB (Instituto
Superior de Estudos Brasileiros).
Não obstante, por que algumas recomendações apreciadas em um
congresso e derrotadas em votação! repercutiram tanto? Basicamente porque
o eram simples menções e sim um ‘projeto’, um modo de encarar a sociologia e
o país.
Guerreiro Ramos prosseguiu na defesa de suas posições e na Cartilha
brasileira do aprendiz de sociólogo, publicada em 1954, voltou à carga,
argumentando em favor de cada item.
168
O autor iniciava sua proposta criticando a
transplantação literal de medidas adotadas em países plenamente desenvolvidos”
e o uso (e abuso) do arsenal teórico máxime conceitual elaborado nos países
dominantes. A sociologia brasileira segundo Guerreiro Ramos ao fazer uso
indiscriminado daquele, tornar-se-ia uma “sociologia consular” e “enlatada”
(RAMOS, 1957b, p. 78-80.).
Para Guerreiro Ramos, a realidade nacional seria irredutível em sua
especificidade, produto do desenvolvimento hisrico-social determinado que
engendraria seus próprios problemas e, logo, demandaria um instrumental teórico
apre
150
fazer uso sociológico da sociologia” (RAMOS, 1957b, p. 90) e recair na
alienação.
No que se refere ao futuro da sociologia como ciência, preocupava-lhe a
viabilidade das pesquisas nas condições ecomico-sociais do Brasil, seria mister:
adequar as pesquisas às disponibilidades da renda nacional” (item 3 da proposta),
aos recursos econômicos e de pessoal técnico e ao nível cultural “genérico” da
população (item 7). Na ausência de pleno desenvolvimento, haveria de coadunar
as possibilidades de investigação à capacidade de investimento, tendo como
parâmetros a disposição cultural e as prioridades de investigação. Primaz seria
então a “formulação de interpretações genéricas dos aspectos global e parciais das
estruturas nacionais e regionais” (item 4), que contribuiriam decisivamente para
promover o conhecimento da estrutura social, capacitando a implementação de
políticas de caráter planificador que melhor nos conduziriam à industrialização e
ao desenvolvimento, pois estaria “a melhoria das condições de vida das
populações [...] condicionada ao desenvolvimen
i
151
Oliveira Vianna, Azevedo Amaral, Caio Prado Jr.), seja iluminando aspectos
parciais relevantes da realidade brasileira, tais como Geografia da fome (de Josué
de Castro) e A vida privada e a organização política nacional (de Nestor Duarte)
(RAMOS, 1957b, p. 106-7).
169
Ademais, essas pesquisas sobre “minudências”
implicitamente contribuiriam para a persistência de estilos de comportamento de
cará
á
1 0 0 1 132.953 611.3298 Tm (j1 0 0 1 157.22 665098 Tm (d)Tj1 0 0 1 116.6 6388 Tm (7)Tj1 0 0 1 247.168 665j1 0 0 1 136.70 585.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 140.96 691 1 428.88 611.972 718.3298 Tm (j1 0 0 1 157.72 611.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 125.88)Tj1 0 0 8j1 0 0 1 125.9)Tj1 0 0 8j1 0 0 1 278.091.649698 Tm 0 1 278.05 691.3298 Tm (j1 0 0 1 210.12 611.3298 Tm (r)Tf1 0 0 1 210.16 611.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 1252211.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 219.28 6651 0 0 1 236.4 20 0 1 428.88 611j1 0 0 1 207.32 665)Tj1 0 0 8j1 0 0 1 125244 665r
1 0 0 1 132..24 
a7
j1 0 0 1 315.89 665j1 0 0 1 381.24 638
152
matéria.
170
Sob o ponto de vista de Guerreiro Ramos, o ensino da sociologia na
escola seria não uma simples forma de vulgarização de informações, mas um
modo de difundir uma consciência crítica dos problemas nacionais e promover
certa emancipação em relação ao colonialismo cultural; seria um outro front de
combate aos males da transplantação, referida agora ao cotidiano, ao senso
comum, à percepção da realidade brasileira que possuíam os não-especialistas, o
nascente “povo”. A sociologia (mesmo como disciplina escolar) serviria a um
propósito libertário e conscientizador, um saber que suprimiria a ingenuidade
alienada (ANAIS DO I
m
153
entre recomendações que mereciam maior atenção e acolhida favorável”
(FERNANDES, 1977, p. 67).
173
O sentido da crítica dirige-se ao caráter do trabalho científico e seus
vínculos, Florestan censura a “falácia” que seria:
[...] considerar impositivas as obrigações do sociólogo em relação ao sistema
de interesses e de valores da nação a que deve lealdade, e, ao mesmo tempo,
ne
m
154
O padrão do trabalho científico o poderia ser decorrente do estágio de
desenvolvimento da estrutura social e sim dos critérios de explicação científica
na sociologia”, as exigências não se deveriam pautar pelos recursos disponíveis e
pelo “nível cultural genérico das populações”, em vez disso, mesmo consideradas
as dificuldades da investigação científica num país como o Brasil, dever-se-ia
levar em conta os padrões mais rigorosos, para tanto, caberia uma estratégia que
contemplasse:
1) a seleção de problemas relevantes para a análise sociológica, quase sempre
perturbada pelo impacto de influências extracientíficas; 2) a capacidade de
promover a necessária adequação de noções e categorias abstratas,
construídas pelos sociólogos através da observação e da interpretação de
fenômenos similares em países que reproduzem, de forma mais completa, o
mesmo tipo de ordem social. (FERNANDES, 1977, p. 70).
No que se refere à questão da implantação do ensino regular de
sociologia na escola, Florestan Fernandes em comunicação no I Congresso
Brasileiro de Sociologia, realizado em São Paulo (em 1954) mostrava-se um
tanto tico em relação às possibilidades de êxito do ensino da disciplina dentro
do sistema educacional brasileiro de então; seriam necessárias mudanças para
viabilizar o empreendimento, porém, se assim o fosse dirigido, poderia “contribuir
para preparar as gerações novas para manipular técnicas racionais de tratamento
dos problemas econômicos, políticos, administrativos e sociais, as quais dentro de
pouco tempo, presumivelmente, terão de ser exploradas em larga escala no país
(ANAIS DO I CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 1955, p. 105).
174
174
Denominava-se a comunicação “O ensino da sociologia na escola secundária brasileira”.
Prossegue Florestan: “A difusão dos conhecimentos sociológicos pode ter importância para o
ulterior desenvolvimento da sociologia. Mas, o que entra em linha de conta, no raciocínio dos
especialistas, não é esse aspecto pragmático. Salienta-se, ao contrário, que a transmissão de
conhecimentos sociológicos se liga à necessidade de ampliar a esfera dos ajustamentos e controles
sociais conscientes, na presente fase de transição das sociedades ocidentais para novas técnicas de
organização do comportamento humano. As implicações desse ponto de vista foram condensadas
por Mannheim sob a epígrafe do costume às ciências sociais e formuladas de uma maneira
vigorosa, com as seguintes palavras: Enquanto o costume e a tradição operam, a ciência social é
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155
Guerreiro Ramos, presente ao congresso quando dos debates,
175
de modo
diverso, também mostrava certo ceticismo e objetou que, mesmo sendo ideal o
ensino de sociologia, a sociedade brasileira não estaria aparelhada para tal, que
persistia na sociologia uma visão alienada da realidade do país, ocupando-se de
problemas efetivos em outros países; além disso, a falta de profissionais
especializados para a docência dificultaria um ensino satisfatório (ANAIS DO I
CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, 1955, p. 319-20). Florestan
redargüiu que uma formulação adequada dos problemas da sociedade não poderia
garantir uma autoconsciência racional da realidade brasileira, ao que Guerreiro
Ramos respon1 327. 1 359.28 505.6498Tm (r)(o)Tj1 0 0 1 176. 327. 1 359.29
156
Guerreiro e veladas de Florestan por vezes, não sejam imediatamente
identificáveis.
176
Ao reeditar A redução sociológica (em 1965) Guerreiro Ramos
escreve um outro prefácio no qual defendendo-se das críticas do autor em “O
padrão de trabalho científico dos sociólogos brasileiros” argumenta que
Florestan Fernandes:
1) confunde a ciência sociológica em bito com a ciência sociológica em
ato.[
177
] O autor o ultrapassou a área informacional da sociologia. Por isso,
o trabalho em pauta reflete uma ideologia de professor de sociologia, antes
que atitude científica de caráter sociológico diante da realidade;
2) a crítica em apreço ilustra como algo mais do que a informação e a
erudição, é necessário para habilitar ao estudioso a fazer uso sociológico dos
conhecimentos sociológicos ou, em outras palavras, para a prática da redução
sociológica;
3) pressupõe a referida crítica falsa noção das relações entre teoria e prática
no domínio do trabalho
157
procuraria garantir uma pureza do trabalho sociológico e livrá-lo de “deformações
‘filosóficas’”,
179
tornando a sociologia uma “disciplina de escoteiros”, já que os
critérios da ciência não poderiam ser “livrescos ou institucionais”, mas teriam “de
ser procurados na estreita relação entre teoria e prática”, tal pureza seria
manifestação de um “solipsismo sociológico [que] atende interesses
extracientíficos da burocracia parasitária, gerada pela prematura
institucionalização do ensino da sociologia”; o “bovarismo consistiria em
extremar a distância entre o mundo dos sociólogos e dos ‘leigos’, ao ponto de
considerá-los cindidos”, levando à radical distinção entre “cientistas e leigos” e
fazendo da sociologia um proselitismo, quando a vocação desta seria tornar-se um
“saber vulgarizado” (RAMOS, 1996, p. 26-9). Para Guerreiro Ramos, a sociologia
deveria destituir-se de qualquer caráter elitista e constituir-se em uma forma de
consciência, sobretudo de autoconsciência social, requisito para a superação dos
limites que impediriam o desenvolvimento.
Por sua vez, num trabalho publicado em 1968 (Sociedade de classes e
subdesenvolvimento), Florestan Fernandes volta à carga contra Guerreiro Ramos e
afirma que o equívoco central das considerações deste se localizaria na própria
concepção de sociologia que, ao pleitear um vínculo estrito com dada sociedade e
uma irredutível especificidade histórico-social, acreditaria “que a própria natureza
dos problemas sociológicos, a serem investigados, exige recursos conceptuais
metodológicos e teóricos específicos e exclusivos”, posição que converteria “o
sociólogo em ideólogo e leva-o a igg
158
ela seria, no fundo, a fonte de falsos problemas e de explicações mistificadoras”
(FERNANDES, 1972b, p. 16). Observa, ao final, que mesmo considerando-se a
sociologia um produto orgânico de uma cultura como de certo modo Hans
Freyer o fez seria possível extrapolar e construir métodos e técnicas de uso
universal. Desse modo, Florestan salva uma herança que também lhe seria própria
e cerra fogo em Guerreiro Ramos (FERNANDES, 1972b, p. 17, grifos do autor).
Naquele mesmo mencionado prefácio da edição de A redução
sociológica, Guerreiro Ramos (1996, p. 29) chama a atenção para alterações no
trabalho de Florestan:
[...] o escrito [de Florestan Fernandes, “O padrão de trabalho científico dos
sociólogos brasileiros”] ainda tem muito de esoterismo, mas ao terminá-lo o
autor escreve ginas que nos inspiram a convicção de que o professor
paulista está em processo de autocrítica. Diz ele [Florestan Fernandes]: ‘o
sociólogo, como homem da sociedade de seu tempo, não pode omitir-se
diante do dever de por os conhecimentos sociológicos a serviço das
tendências de reconstrução social’ (A sociologia..., p. 39). Quem conhece os
escritos do professor paulista se dará conta de que essa frase é, nele,
indicativa de uma revolução interior. O Sr. Florestan Fernandes escreve
sobre a sociologia militante. Temos a esperança de que se torne, em breve,
um sociólogo militante. então se elimina sua resistência à redução
sociológica.
Guerreiro Ramos refere-se ao texto “A sociologia como afirmação”
publicado inicialmente na Revista Brasileira de Ciências Sociais (em 1962) e
reeditado em A sociologia numa era de revolução social, também em 1962 e
com perspicácia percebe o acento mannheimiano que adquire a produção do
sociólogo paulista, a ponto de vaticinar um desfecho militante à sociologia deste.
Ironicamente, é Guerreiro Ramos quem primeiro vislumbra o sociólogo e
militante que Florestan Fernandes viria a se tornar.
Na visão dos comentadores que em geral resumem-se ao primeiro
round da disputa o debate entre os dois sociólogos teria diversos significados e
motivações: ISEB versus USP, São Paulo versus Rio de Janeiro, ‘sociologia
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159
carioca’ versus ‘sociologia paulista’, mertonianos versus mannheimianos, etc.
180
Todos esses recortes guardam algo de verossímil e especulativo, todos podem
acrescentar algo à compreensão daquele momento de efusão intelectual e das
trajetórias dos autores, entretanto, considerando-se a amplitude da discussão entre
eles e a originalidade dos contendores, é equívoco tanto resumi-los à condição de
figurantes quanto alçá-los à posição de encarnação de tais debates.
181
Sempre polêmico,
182
Guerreiro Ramos perseguia obsessivamente o
enraizamento da sociologia na realidade brasileira, importava torná-la um saber
genuinamente comprometido com o país e sua peculiaridade; a transplantação de
conceitos e teorias seria assim um entrave, pois propagaria um ‘saber’
desvinculado de seu objeto, desenredado das relações sociais específicas de
determinada sociedade. Cumpria efetivar uma sociologia compromissada com o
país em sua realidade nacional e, logo, com as necessidades de transformação
desta, daí suas tarefas como instrumento de conscientização e intervenção no
sentido do desenvolvimento (e da industrialização), bem como a integração de
populações marginalizadas na vida nacional: “indígenas” e “afro-americanas”.
A pesquisa sociológica para Guerreiro Ramos deveria se coadunar
com tal realidade também no sentido de se adequar às possibilidades (de recursos
180
Cabem aqui algumas advertências. Quando da divulgação das teses iniciais de Guerreiro
Ramos, em 1954, o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) ainda não existia só viria a
ser fundado em 1955. A existência de uma ‘escola paulista de sociologia’ donde derivaria uma
‘sociologia paulista’ – é peremptoriamente negada por Florestan Fernandes (1977, p. 140). Quanto
ao significado do debate, alguns chegam a abordar o enfrentamento entre Florestan Fernandes e
Guerreiro Ramos como uma disputa entre, respectivamente, a ciência e a política, o conhecimento
e a intervenção, o saber e a ideologia, o rigor e a volúpia, etc., recortes estes muito presentes,
direta ou indiretamente, em rios autores malgrado o evidente equívoco na abordagem da
questão.
181
Algumas análises da contenda estão em Arruda (1989), Ortiz (1990), Oliveira, L. (1995), Cohn
(1995) e Vianna, L. (1997). Um balanço dessas análises está esboçado em Bariani (2003a).
182
O estigma de “polêmico como bem o qualificou Soares (1993) é marca indelével de
Guerreiro, coincidentemente, até mesmo no nome: polêmico, do grego polemikós, significa
“guerreiro”. Ver Holanda (1986).
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160
técnicos, humanos e mesmo de certo nível cultural genérico”); métodos,
objetivos (e objetos) teriam de estar sintonizados com a interpretação e aplicação
desse saber (de modo integral, totalizante) como autoconsciência e
autodeterminação da nação daí a prioridade aos estudos gerais e evitar os de
caso. A sociologia deveria relegar seu caráter “profissional”, “esotérico e postar-
se ao alcance da população (dos ‘leigos’), reunir numa práxis ampliada uma forma
de explicação racional e efetivamente transformadora, conseqüente com os
valores e aspirações nacionais. Assim, o ensino escolar de sociologia, a despeito
desta ainda não ter se depurado da alienação em relação à realidade do país e
ainda não possuir profissionais capazes, seria uma forma de tornar acessível esse
saber ao senso
e
161
atualização da mentalidade em preparação para o progresso social, não como
consciência social dos efetivos problemas do país, pois uma formulação adequada
– logo, científica – não garantiria autoconsciência social.
Defrontavam-se duas sociologias: uma que se pretendia um sa
s
e
162
De um lado, Florestan Fernandes e uma visão advinda do centro nacional
de maior desenvolvimento do capitalismo e fulcro da modernização burguesa
calcada na transformação voraz e vontade de fazer tabula rasa das circunstâncias
e das conseqüências de uma pesada herança;
185
certo ‘bandeirismo (paulista)
que abominava o passado inmodo que lembrava suas raízes e débitos com o
“Antigo Regime”. Trazia por certo um desconforto com o status quo, mas cria
inicialmente no estabelecimento da ordem social competitiva e na organicidade
da sociedade, que traria no seu bojo a democracia e o desenvolvimento. Com o
tempo e o atraso dos fatos acrescentou certa dose de intervenção social, seja
como engenharia social, como incremento político dos rituais institucionais e
como formação educacional dos indivíduos. Preocupada com o ‘lugar’ que lhe
seria destinado na infalível estrutura mundial, orientava-se pelas funções que lhe
cabiam na engrenagem inviolável, o Ocidente próximo não seria somente donde
emanavam as necessárias influências de nossa formação, seria também o
horizonte possível de nossa existência. A ciência era caracterizada como o código
supremo que, adquirido, guindar-nos-ia à maioridade. Imitar os mestres era
elevar-se ao conhecimento, e a sociologia em tenra idade era o fruto mais
viçoso, porém verde, dessa colheita.
186
185
Escravista, patrimonialista, antimoderna ou, para alguns, “ibérica”.
186
Florestan Fernandes é um dos iniciadores – assim como Donald Pierson (1972) – dessa posição
de crítica à ‘sociologia’, às idéias sociais dos não-sociólogos; distinguia “três épocas de
desenvolvimento da reflexão sociológica na sociedade brasileira”: a primeira em que a sociologia
“é explorada como um recurso parcial e uma perspectiva dependente de interpretação”, a segunda
caracterizada “pelo uso do pensamento racional como forma de consciência e de explicação das
condições histórico-sociais de existência na sociedade brasileira”, e a terceira singularizada “pela
preocupação dominante de subordinar o labor intelectual, no estudo dos fenômenos sociais, aos
padrões de trabalho científico sistemático trecho do artigo “Desenvolvimento histórico-social
da sociologia no Brasil”, publicado inicialmente nas revistas Sociologicus (v. 6, n°.2, 1956) e
Anhembi (v. 7, n° 75 e 76, fev./mar. 1957), e posteriormente em A etnologia e a sociologia no
Brasil (cap. IV, 1958) e em A sociologia no Brasil (cap. 2, 1977), aqui utilizamo-nos de
FERNANDES (1958, p. 190). Tal posição, que remotamente lembra a classificação de A. Comte
das fases intelectuais (teológica, metafísica e positiva) pelas quais a civilização havia passado, é
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163
O terreno de atuação era sem vida a sociedade civil e seus interesses,
todavia, o que era tão moderno, burguês e racional subitamente se reencontra com
o passado hostil, a história não se movia infalivelmente adiante; o arcaico, o
escuso, autoritário e irracional voltavam à cena pelas mãos da mesma burguesia –
e com anuência ou complacência de grande parte de sua “ilustração”. Restava
então (a partir dos anos 1970) a revolta, o clamor pelo anjo vingador da revolução,
que varreria do país a miséria que atormentava o mundo dos ‘de baixo’ e a mente
dos ‘atraiçoados’. A ciência e a sociologia em particular era agora arte dos
mandarins, engodo dos refinados magos da ilusão espiritual, memória
desagradável da crença no progresso e na democracia social com a qual os ‘de
cima’ haviam permitido sonhar, apenas sonhar.
De outro lado (Guerreiro Ramos), uma visão apaixonada de seu espaço
vital, de seu lugar no mundo, como fonte o do que era, mas do que lhe seria
permitido ser, vez que ali brotavam as aspirações algo românticas, seo frente
ao mundo ao menos perante os céticos. Haveria um passado, de opressão colonial,
sobre o qual seria possível fundar uma nova sociedade, construir um futuro do
qual poderia se orgulhar. A dinâmica mundial lhe parecia um tanto opressora, mas
haveria um lugar reservado para ser essencialmente brasileiro. A sociologia seria a
consciência – e a crença desse ser e a promessa de poder mais, muito mais; uma
sociologia, ou melhor, a sociologia: construída com instrumentos próprios,
refuncionalizados às vezes, mas definitivamente própria, nacional, única, adaptada
aos seres únicos em sua existência peculiar. Ela nos redimiria e realizaria a
precursora de uma forma de análise que, radicalizada, tornou-se hegemônica na ‘sociologia
paulista’, principalmente uspiana, cujo principal fruto é Ideologia da Cultura Brasileira (1933-
1974), de Carlos Guilherme MOTA (1980), no qual critica os “explicadores” do Brasil e localiza a
fundação da ciência social conforme padrões científicos, o-ideológicos na trajetória da USP
e da ‘escola paulista’. Posições semelhantes estão em Ianni (1989c), Ortiz (2001) e Miceli
(1989b).
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164
promessa da modernidade, pelas os do povo iluminado pela intelligentzia e sob
os auspícios do Estado. Irrealizada a promessa, restou (a partido dos anos 1970) a
melancolia e o amaldiçoar de toda modernidade (RAMOS, 1989).
De certo modo, ilustravam os autores um contraste que não deve ser
exacerbado entre São Paulo e o Rio de Janeiro, seus distintos ambientes e
formas (econômicas, culturais, poticas), institucionalização e constituição
universitária, acadêmica e intelectual; dois ‘microcosmos’ que cada qual a seu
modo enfrentaram os obstáculos da construção da sociologia brasileira e forjaram
diferentes soluções para implementar e operacionalizar tal conhecimento.
Essa controvérsia teve como persona
165
eleitos deputados: dois inconformistas, radicais cada qual a seu modo. A
sociologia para eles era muito mais que uma disciplina, a ela dedicaram suas
vidas, mas ambos os projetos ‘fracassaram’: nem autonomia, nem revolução, nem
paixão, nem sociologia nacional, o que os sucedeu foi a tecnologia de controle
social como profissionalização do saber, nem como intervenção racional e
rebeldia potica, nem como forma por excelência de autoconsciência social, e sim
como ocupação universitária e modo de inserção institucional.
A sociologia brasileira (para Guerreiro Ramos) ou a sociologia no Brasil
(Florestan Fernandes), em busca de um passado e em fuga para o futuro,
188
viveu
com Florestan Fernandes e Guerreiro Ramos o seu momento ‘heróico’, quando as
oportunidades surgiam poucas e promissoras e a competição, embora dura,
o congregava grandes contingentes de postulantes; plebeus, saíram ‘de baixo e
ascenderam socialmente devido ao prestígio social que gozavam os intelectuais
numa conjuntura de consolidação da classe trabalhadora, embates dessa com a
burguesia e ascensão de setores intermediários.
Florestan,
189
orgulhoso de sua origem plebéia lumpemproletária,
segundo ele (FERNANDES, 1977) –, ascendeu à classe média e procurou sempre
manter um vínculo com os ‘de baixo’, com as classes subalternas, ainda que tal
v
166
para manter certa independência de espírito e paz de consciência; seu
revolucionarismo, além da solidariedade com os oprimidos, é também de revolta e
reação ao destino que teve, amado e admirado por aqueles que deveria combater,
pela classe dominante. Guerreiro Ramos, mulato, rejeitado pela Universidade
brasileira, politicamente incompreendido (e sentindo-se perseguido), buscou
aceitação; sua opção pelo nacionalismo é também um modo de buscar a
integração (na comunidade imaginada) e autonomia (como assenhoreamento do
destino) que não desfrutava socialmente, encarna assim os ideais da classe média
e sua busca por segurança e independência, crê nesses ideais como somente um
convertido poderia crer, pois já conhecia e ainda se sentia ameaçado pelas agruras
da vida dos ‘de baixo’.
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167
III - A arte da guerra
“A maior humilhação que pode sofrer um intelectual
consiste em se surpreender abaixo das virtualidades de
seu tempo e de sua circunstância. Sou revolucionário por
orgulho. Por uma questão de ética, de ética intelectual. A
vocação da inteligência é a verdade. Se a vida intelectual
tem de ser um experimento da verdade, no Brasil de hoje
é compelida a tornar-se revolucionária.
A verdade do Brasil de hoje é a revolução.
Guerreiro Ramos (1961, p. 15).
Por acreditar estar vivendo momento crucial da história do país,
Guerreiro Ramos ao final dos anos 1950 lançou-se obstinado ao
enfrentamento com o que cria serem os pungentes problemas do Brasil. Nem por
isso abandonou a reflexão teórico-metodológica sobre a sociologia, ao contrário,
aprofundou suas inquietações e s à prova a capacidade da sociologia como
saber urgente, instrumento de entendimento e capacitação para agir interessava-
lhe coroá-la como práxis.
O problema nacional do Brasil livro do autor publicado em 1960 –
190
é
um marco dessa atitude, seu título é uma clara alusão ao livro de Alberto Torres
(O problem
l
168
(1982, p. 105), que em seu livro afirmava: esta obra não é uma obra de educação:
é uma obra de direção potica. Nenhum povo tem a educação necessária para
dirigir seus interesses gerais”.
Nesse processo, Guerreiro Ramos põe em curso uma revisão dos
argumentos de certa herança teórica que lhe era cara, reafirma o papel da
sociologia como organizadora social e principia por pensar tal organização agora
em outro sentido: de baixo para cima, relegando o elitismo daquela herança.
Ícone daquela tradição, Alberto Torres configura-se como interlocutor
privilegiado dessa revisão crítica. Guerreiro Ramos entendia que a solão do
problema organizacional do Brasil não poderia mais ser concebida como iniciativa
individual de um pensador ou de uma elite, mas fruto da experiência e
participação ativa dos grupos sociais. Se em 1957, com Introdução crítica à
sociologia brasileira (RAMOS, 1957b, p. 32), já reprovava Torres por advogar a
“vocação agrícola” do país, por o entender o condicionamento econômico da
gênese da nação e pretender formá-la a partir do alto (com a tutela do povo pelas
elites nacionalistas), em 1960, com O problema nacional brasileiro (RAMO
169
classes e se fortalecia um novo sujeito: o povo. Não competiria mais do mesmo
modo organizar a nação à revelia do povo, era preciso dar-lhe voz e educá-lo
para exercer a soberania.
1. Povo, desenvolvimento e industrialização
O caminho de Guerreiro Ramos para uma ação mais efetiva foi também
uma ida ao povo, o “nascimento do povo” parecia-lhe uma novidade radical, que
constituiria a principal transformação em curso na realidade brasileira e daria
novos rumos à história do país. O povo é a categoria cardinal da história
contemporânea do Brasil” (RAMOS, 1960, p. 229, grifos nossos).
Embora houvesse corroborado o diagnóstico de Alberto Torres, de Silvio
Romero, Tobias Barreto, Euclides da Cunha, Gilberto Amado e outros, a respeito
da inexistência ou a incipiência do povo no Brasil, vislumbrava agora a ascensão
das massas como elemento ativo, sujeito político autônomo. O povo surge então
como protagonista eminente do processo potico”, pois “na história
contemporânea do Brasil, exerce a fuão de dirigente por excelência do processo
histórico-social. De elemento subsidiário, passou à categoria de agente principal
dos a
170
complexificação da estrutura social, estando desde então vocacionado a
revolucionar o panorama potico brasileiro (RAMOS, 1960, p. 228).
Um tardio aparecimento do povo como categoria central da dinâmica
sociopotica dever-se-ia a que, na “fase capitalista” do desenvolvimento
econômico-social, os povos só se constituiriam com a estruturação de um mercado
interno (“seu substrato material”), tornando-se assim conjunto de pessoas
integradas num mercado próprio o que exatamente teria faltado ao Brasil no
passado para que pudesse ter verdadeiramente um povo (RAMOS, 1960, p. 228).
O economicismo da assertiva de Guerreiro Ramos reitera um problema
re
98.4 505.8 1 478 Tm (a)Tj/F2505.6498 Tm (98.42.08 718.2898 Tm (a)Tj/F2 121 427.2 532.048 T9.0098 Tm (e)Tj698 Tm (e)Tj1 0 0 1 502.0.481 0 0 1 110.88 479.0098 Tm 0 0 1 502.0.487.44 505.6498 498 T)Tj698 Tm (e1 0 0 1 167.52 611.9298 T)Tj698 2 12 Tf1 0 0 1 291.84 558.9690(e)Tj698 1 180.96 638.3498 T
171
conceitos de desenvolvimento, industrialização, povo). Tal ocorrência não deve
ser atribuída simplesmente ao ecletismo mal-concatenado ou às deficiências
lógicas do autor; equívoco razoavelmente comum, é sinal dos tempos em que
em parte devido à inflncia da economia e do marxismo vulgar o aspecto
econômico era tido como alicerce das proposições científicas da sociologia.
O aparecimento do povo segundo o autor traria consigo importantes
conseqüências, pois lhe atribuía os seguintes “princípios” básicos:
1) O povo é o principal empresário do processo econômico brasileiro. Pelo
seu trabalho, criam-se as riquezas, combinam-se os fatores e se os
transformam em bens e serviços. Exerce o principal papel na realização das
at
ca
172
classes –, parece haver no conceito guerreiriano um viés de subalternidade na
constituição do povo, a presença de elementos de classe média, intelectuais e até
empresários dar-se-ia num setor particular e nitidamente contrastante no interior
de um grupamento superior (vanguarda) e, mesmo assim, como presença
individual e não como categoria, camada ou classe; o empresariado enquanto
classe social (assim como outros grupos) não seria parte integrante do povo, mas –
no limite haveria elementos desse grupo que se afinariam politicamente (ou
cujos ‘projetos’ convergiriam) com os anseios populares. Embora Guerreiro
Ramos assinale que o povo ultrapassa o “âmbito exclusivo de toda classe”, afirma
também que é composto por trabalhadores e elementos oriundos de outras
classes e categorias” (grifos nossos), indivíduos (e não propriamente parcelas ou
frações de grupos sociais) que teriam originalmente suas raízes em outras classes,
mas que se reconheceriam na luta do povo.
192
A entrada em cena do povo lançaria as bases da nação que, para
Guerreiro Ramos, como...
[...] unidade histórica dotada de sentido ou como campo inteligível, nada
mais é do que a forma particular de uma configuração espaço-temporal que
surge onde quer que um agrupamento humano se alce da existência bruta à
existência significativa, da condição puramente natural à condição histórica,
de um modo de ser inferior a outro superior. (RAMOS, 1960, p. 29, grifos
nossos).
O efetivar dessa elevação da supressão da situação colonial, de
dependência e destituição da circunstância de “proletariado externo do mundo
ocidental (termo tomado a Arnold Toynbee) não seria uma ocasião ‘natural e
sim uma busca, uma opção, uma escolha de caráter axiológico” (RAMOS, 1960,
192
Carvalho (2003c) ainda faz referência à presença de camponeses na constituição do povo,
termo que aparece rarame
173
p. 30), que possibilitaria um destino histórico independente (“não reflexo”), assim
1822 é a data da independência de um território e não de uma nação (RAMOS,
1957b, p. 86).
193
Como parte dessa busca pela maioridade, seria imperativo incrementar a
produção e o mercado interno, reverter o sentido do circuito econômico (de
externo para interno) e desencadear o processo de autonomização do capitalismo
brasileiro, isto é, ocasionar “uma promoção mediante a qual as regiões e nações
passam de uma estrutura a outra superior” (RAMOS, 1996, p. 140), ou seja,
provocar o desenvolvimento, entendido como:
[...] elevação da produtividade dos fatores (notadamente mão-de-obra)
disponíveis num sistema econômico, seja por meio da divisão social
do trabalho (especialização de funções), seja mediante a substituição
da energia muscular pela energia mecânica. (RAMOS, 1996, p. 113).
Não seria o desenvolvimento, entretanto, processo estritamente
econômico, s
ms
174
perseguido se mobilizados com “capacidade potica” por meio de um projeto
n
o
175
na1 0 0 1 488.642.94 718.2898 Tm ca1 0 0 1 488.67.464 718.2898 Tm ia1 0 0 1 488. 30394 718.2898 Tm oa1 0 0 1 488. 6.88 718.2898 Tm(n)Tj1 0 0 1 42.564 718.2898 Tm (a1 0 0 1 488.48.088 718.2898 Tmla1 0 0 1 488.51.94 718.2898 Tm ;a1 0 0 1 488.580.88 718.2898 Tm ca1 0 0 1 488.64.164 718.2898 Tm oa1 0 0 1 488.730.8 718.2898 Tm(n)Tj1 0 0 1 76.164 718.2898 Tm tn)Tj1 0 0 1 79.764 718.2898 Tm un
176
povo. Desenvolver o país significaria também ‘democratizá-lo’, ainda que o
Estado persistisse como uma espécie de ‘tutor’ do processo.
195
Ao diagnosticar a situação do país na conjuntura mundial e estabelecer
comparações com outros países, Guerreiro Ramos deduz que todo
desenvolvimento se realiza necessariamente pela industrialização (RAMOS,
1960, p. 113, grifos do autor) e endossa tal caminho. Alavanca do
desenvolvimento, a industrialização seria processo modernizador por excelência:
incrementaria a produção, propiciaria ganho tecnológico, autonomia de consumo
e potencialização de fatores. Não obstante as realizações em termos de avanço das
forças produtivas, atualizaria também as relações de produção, gerando
conseqüências na consciência coletiva:
A industrialização deve ser entendida como categoria sociológica. Em tal
acepção é um processo civilizatório, que se propaga por todos os setores da
atividade econômica e não apenas pelo setor restrito do que normalmente se
cha
177
Em relação à questão agrária, o autor é lacônico ao afirmar que o
desenvolvimento e a industrialização poderiam ao espraiar seus efeitos
transformar a vida do homem do campo; medidas como organização de
comunidades, educação sanitária, assistência social e outras desse gênero seriam
inócuas, já que partiriam de princípios equivocados, como o que pressuporia que a
sociedade rural fosse um “sistema fechado”. A melhoria da qualidade de vida no
campo dever-se-ia primeiramente à transformação tecnológica e, por
conseqüência, ao incremento da produtividade do trabalho rural, assim, caberia
rever a questão da fixação do homem no campo”; esse migraria para as cidades
o apenas por voluntarismo, mas porque não conseguiria integração econômica
na estrutura regional. Tal êxodo, aliás, não seria um mal em si, e sim um dos
efeitos inevitáveis do desenvolvimento econômico: a transferência de mão-de-
obra do setor primário para o secundário e terciário os países desenvolvidos
seriam prova disso (RAMOS, 1957b, p. 110).
Guerreiro Ramos nutria certa aversão ao Brasil rural e suas
contingências, que identificava com o atraso e o reacionarismo, ao passo que o
urbano seria em regra o moderno e progressista. Não deixou, entretanto, a
partir de 1962, de defender uma reforma agrária no Brasil; em seu panfleto de
campanha para deputado federal propunha a realização dessa reforma por meio da
emancipação dos camponeses” e resolvendo “os dois problemas meos da
agricultura brasileira”, a saber, a superprodução de café e de outros produtos de
exportação e a “escassez e carestia dos produtos de amplo consumo popular,
especialmente gêneros alimentícios” (apud AZEVEDO, 2006, p. 229). Em sua
atuação parlamentar (em 1963), discursou algumas vezes em favor da reforma
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178
agrária, alegando necessidades estruturais de resolução da questão para alavancar
o desenvolvimento, mormente em sua etapa de industrialização.
Quando da defesa – pelo autor – de uma reforma agrária (sem especificá-
la), fê-la sempre em termos gerais e circunstâncias fugazes (panfleto de campanha
e discurso parlamentar), em seus livros não grandes referências à questão
agrária e tampouco defesa da reforma agrária nos termos de uma divisão de terras
e fixação do homem no campo como objetivos ‘em si’. Ao que parece, enquanto
parte da questão agrária, a reforma seria para ele uma forma de eliminar alguns
obstáculos ao desenvolvimento econômico e seu carro-chefe, a industrialização;
possivelmente, tomava a realização da reforma agrária como modo de diversificar
e aumentar a produção rural de bens (alimentícios em particular) por parte dos
trabalhadores rurais, o que lhes possibilitaria meios de sobrevivência digna e certa
autonomia (ao fundo política) para se libertarem do jugo da dependência em
relação aos latifundiários, desse modo, forneceriam no mercado interno matéria
prima à indústria e meios de subsistência ao proletariado, baixando os custos de
produção e proporcionando melhores condições de vida também aos trabalhadores
ur
179
campo para as cidades, ainda hoje é uma importante referência dinâmica da
economia brasileira” (RAMOS, 1957b, p. 44).
Um problema en
1
180
Sul” do país, de R. Nurske para elucidar o “efeito demonstração” (concebido
inicialmente por J. S. Due
e
e
181
correspondência entre os dois planos de
182
capitalismo central (mormente França e Inglaterra), os autores brasileiros em
sua maioria tendiam a perceber a superação de tal impasse dualista como o
avanço (mais ou menos inexorável) do processo de absorção (ou solapamento) do
setor arcaico pelo novo o que, obviamente, mostrou-se mais tarde como algo
ingênuo.
200
Na visão de Gue
183
arbitrava entre desenvolvimento e aperfeiçoamento das instituições, ampliação
da
184
brasileira, chamou revolução:
202
revolução brasileira” que, em suma, seria
“nacional”
203
; não nacional no sentido que lhe foi atribuído por alguns comunistas
e socialistas (como etapa do desenvolvimento do capitalismo e para a revolução
socialista), ou como ascensão de uma burguesia local ao poder, ou processo de
expansão democrática, ou mesmo afirmação do interesse interno apenas, mas
nacional como a revolução brasileira poderia sê-lo. A revolução nacional não
seria “brasileira” porque aqui se desenrolaria, seria nacional justamente por ser
brasileira, por ser fundada na originalidade do país, enraizada nesta realidade.
204
Analisando a questão em A crise do poder no Brasil
205
, assevera:
Cria
a373.92Tm (í)Tj1 05.6498 Tm (a.0098 Tm (c)T0498 Tm (a)Tj1.6898 Tm (i)Tj1 9.28 50Tj1 0 0 1 330 1 264.48 505400Tj1 0 0 1 330 1 264.48 50546498 Tj1 0 0 1 330 1 247.68 532.498 Tj1 0 0 1 330 1 292.32 50553898 Tm (i)Tj1 0 0 1 259.2 505.68j1 05.6498 Tm (a0 1 247.68 532650Tj1 0 0 1 330 1 244.8 505.66498 Tm (r)Tj1 0 0 1 205.92 48076498 05.6498 Tm (a373.92Tm (í7498 Tm (a)Tj1 0 0 1 275.04 61183298 05.6498 Tm (a0 1 247.68 5329498 Tm (i)Tj1 0 0 1 259.2 505.97898 Tm 10.0781 T 0 1 381.84 50506498 Tj1 0 0 1 330 1 307.92 558.6898 05.6498 Tm (a373.92Tm (ë16898 m (a)Tj1.6898 Tm (i)Tj1 5.3298 Tj1 0 0 1 330 1 300.24 50510498 Tj1 0 0 1 330 1 323.04 691.4898 m (a)Tj1.6890 1 322.56 558.98 50Tj1 0 0 1 338 Tm (i)Tj1 530498 Tj1 0 0 1 330 1 292.32 50339898 Tm 10.0781 T 0 1 340.32 505.0498 05.6498 Tm (a0 1 247.68 53349898 05.6498 Tm (a0 1 346.32 50554498 Tj1 0 0 1 330 1 353.76 691.7898 Tm 10.0781 T 0 0 1 323.76 6116208 505.6498 Tm (a.6 1 323.76 61166498 Tj1 0 0 1 330 1 377.04 611.3298 Tj1 0 0 1 338 Tm (i)Tj1 578498 05.6498 Tm (a0 1 340.32 505828 50Tj1 0 0 1 330 1 309.12 63886898 Tj1 0 0 1 330 1 419.28 551.9698 Tj1 0 0 1 330 1 377.04 61195298 Tj1 0 0 1 330 1 371.76 6119.08 505.6498 Tm (a0 1 400.32 505.18 50Tj1 0 0 1 330 1 409.2 585.36898 Tm 10.0781 T 0 1 411.6 532.0498 Tm (i)Tj1 0 0 1 439.44 50516498 Tm (r)Tj1 0 0 1 477.84 532.3298 Tm 10.0781 T 0 1 411.6 532..9698 Tj1 0 0 1 330 1 307.92 558.2898 Tj1 0 0 1 330 1 377.04 615.00 50Tj1 0 0 1 330 1 409.2 585..6498 05.6498 Tm (a0 1 340.32 50446498 Tm (r)Tj1 0 0 1 457.44 53246498 Tm (r)Tj1 0 0 1 450 638.369498 Tm (a)Tj1 0 0 0 1 430.08 58559698 Tj1 0 0 1 33 0 0 1 435.36 585.6898 05.6498 Tm (a0 1 340.32 50471298 05.6498 Tm (a0 1 247.68 5340498 Tm 10.0781 T 0 1 411.6 532.89698 Tj1 0 0 1 330 1 462.24 58585298 Tj1 0 0 1 330 1 489.6 691.6.08 505.6498 Tm (a0 1 496.56 638.2698 Tj1 0 0 1 330 1 496.32 585.8498 05.6498 Tm (a0 1 503.04 611.6898 Tm (r)Tj1 0 l 1 503.04 611.6898 Tm (r)Tj1 0 7.9219 Tff1 0 0 1 195.84 480.6898 T6498)Tj/F2 F 1 201.84 505.64195.6498)Tj/F2 373.92Tm (í.6898 T6498)Tj/F2 0 1 293.52 5326898 T6498)Tj/F2 0 1 217.68 665.0498 .6498)Tj/F2 373.92Tm (í.6898 .6498)Tj/F2 0 1 229.92 638.0498 06498)Tj/F2 0 1 205.92 48028498 06498)Tj/F2 0 1 208.8 480.30498 .6498)Tj/F2 373.92Tm (í9698 06498)Tj/F2 0 1 205.92 4803898 T6498)Tj/F2 0 1 264.48 50540498 T6498)Tj/F2 m.9219 Tff1 0 0 1 195.84 485.3208 06498)Tj/F2 -.9219 Tff1 0 0 1 195.84 485.498 06498)Tj/F2 8 Tm (i)Tj1 958498 06498)Tj/F2 0 1 264.48 505.7498 T6498)Tj/F2 373.92Tm (í73698 06498)Tj/F2 8 Tm (i)Tj1 986498 06498)Tj/F2 8 Tm 9 Tff1 0 0 1 195.84 485.6498 06498)Tj/F2 0 1 284.16 638.0498 T6498)Tj/F2 0 1 267.84 58596898 T6498)Tj/F2 j 1 267.84 5859698 06498
185
Nessa revolução, inédita defrontar-se-iam nação e antinação,
206
que
representariam respectivamente as forças sociais engajadas na luta entre
libertar-se do caráter reflexo da vivência história brasileira, apoderar-se dos seus
instrumentos decirios e destino potico e, de outro lado, pretender manter o
estado de coisas no sentido de perpetuar o alheamento do país em relação às suas
possibilidades de autonomia; ou, como Guerreiro Ramos (1960, p. 85, grifos
nossos) dinamicamente definiu: O aspecto fundamental da problemática do
nosso país consiste em aguda tensão entre forças centrípetas e forças centrífugas
nele atuantes”.
Todavia, quais seriam a forma e o sentido dessa revolução?
A revolução nacional, esclareça-se logo, não está necessariamente associada
aos eventos dramáticos que constituem o cortejo habitual das insurreições e
quarteladas. Tecnicamente, e nesse sentido é que usamos a expressão,
consiste na mudança qualitativa que se opera numa coletividade humana,
quando passa de uma fase hisd
186
condições objetivas (e também subjetivas, veremos), o país ainda não estaria apto
a almejar o socialismo.
207
Quais seriam então os sujeitos da revolução e como se apresentariam?
Os autores isebianos, por vezes, foram criticados por não proceder
sistemática e profundamente uma análise das classes sociais no Brasil, não
obstante outros poucos autores o terem feito seriamente, há sem vida nas
concepções dos isebianos e havia no IBESP análises relativamente
detalhadas a respeito da configuração das classes sociais no Brasil e suas posições
no espectro de luta.
208
Se havia dado anteriormente indicativos quanto a essa questão
(RAMOS, 1957b), Guerreiro Ramos explicitamente o faz em O problema
nacional do Brasil. Haveria afirma – uma peculiaridade brasileira na questão da
gênese das classes sociais, a saber, a aliança entre os grandes proprietários rurais e
os comerciantes; se na Europa existiria uma contradição entre eles, no Brasil – no
qual vigoraria o latifúndio, que internamente lembraria de modo remoto uma
forma de enfeudação e externamente uma empresa comercial moderna (numa
óbvia aplicação da lei da dualidade como definida por Ignácio Rangel) muitas
vezes teriam encarnado o mesmo personagem. Essa composição social teria
emancipado a colônia, dado ao país uma organização nacional e continuaria uma
sólida expressão consciente de interesses.
209
207
Guerreiro Ramos admitia que nas formações sociais capitalistas e o caso brasileiro não seria
diferente subsistiriam (de modo residual) formações pré-capitalistas (RAMOS, 1996, p. 143).
Nem por isso as considerava como feudais.
208
Uma análise desse aspecto nos autores Helio Jaguaribe e Nelson Werneck Sodré está em
Oliveira Filho (1999).
209
Para uma comparação com Florestan Fernandes em A revolução burguesa no Brasil (1974) –
vejamos: “Na verdade, várias burguesias (ou ilhas burguesas), que se formaram em torno da
plantação e das cidades, mais se justapõem do que se fundem, e o comércio vem a ser o seu ponto
de encontro e a área dentro da qual definem seus interesses comuns” (FERNANDES, 1987, p.
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187
Com o desenrolar desse processo, parte significativa da burguesia
industrial no Brasil teria se formado em estreita relação com os próprios
latifundiários e comerciantes, configurando uma relação de “ambigüidade
dialética” antes que de contradição (RAMOS, 1957b). Assim, com o avanço
(tardio) da revolução industrial, quando as burguesias dos países centrais se
teriam lançado à conquista do setor industrial nos países periféricos, teria havido
uma diminuição das oportunidades e um arrefecimento dos ânimos dessa
burguesia industrial nativa (brasileira), que passaria então a ser assediada para a
colaboração técnica e financeira com aquelas burguesias, nublando sua
consciência social (e nacional) e intimidando-a como classe empreendedora.
Paradoxalmente, Guerreiro Ramos nutria certas esperanças quanto ao
desempenho econômico da burguesia mormente a industrial
210
e, no entanto,
duvidava da disposição e capacidade potica dessa classe para dirigir o processo
histórico:
Um grande papel, no quadro que delineamos, é reservado aos setores do
meio empresarial. Embora incluam a agricultura e o comércio, é à indústria
que, na fase atual do processo brasileiro, cabe liderar as reivindicações do
nosso nascente capitalismo. A revolução brasileira em marcha em nossos
dias é eminentemente uma revolução burguesa, de que está resultando nova
classe de empresários, distinta daquela que, até cerca de 1930, era dominante
no Brasil, a classe dos fazendeiros. Esta classe nova não apresenta, contudo,
204). Há entre os autores uma aproximação quanto ao diagnóstico do caráter conciliador na
gênese da relação entre as classes e também um paralelo analítico entre os termos “composição de
interesses” (em Guerreiro Ramos) e “pado compósito de dominação” (Florestan Fernandes).
210
Não é fortuito que o autor não se refira sistematicamente a uma “burguesia nacional” – uma das
raras menções é quando aborda o Estado Novo como “uma ditadura da híbrida burguesia
nacional” (RAMOS, 1957b, p. 49, grifos nossos) –, mas sempre a tarefas “nacionais” que
deveriam constar da agenda burguesa, cuja responsabilidade acabava recaindo sobre a mencionada
“burguesia industrial”, identificada com os anseios de desenvolvimento, industrialização e
proteção à economia nacional por pretensamente ter interesses (profundos, objetivos) conflituosos
com os da indústria estrangeira e dos setores ligados à agricultura e ao comércio (cuja orientação
econômica seria, em jargão cepalino, ‘para fora’): “No nível da burguesia, aguçam-se os conflitos
de interesse entre o setor agrário tradicional e o industrial inovador, este último à diferença do que
ocorria nas décadas anteriores, agora suficientemente expressivo como força econômica e,
portanto, apto a fazer valer esta força em termos de poder” (RAMOS, 1960, p. 33). Haveria assim
uma posição política nacional, mas não necessariamente uma classe burguesa ontologicamente
nacional.
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188
em sua conduta global, um mínimo de coerência, quanto aos objetivos que
persegue. (RAMOS, 1960, p. 215, grifos nossos).
Entretanto...
Tudo parece mostrar que, no Brasil, não se está formando uma burguesia
capaz de ter iniciativa de uma revolução nacional. Ao contrário do que se
registrou no Ocidente Europeu e nos Estados Unidos, nossa burguesia não
está apta para levar a efeito esse cometimento. É antes o povo que conduzirá
a revolução nacional brasileira. (RAMOS, 1960, p. 237, grifos nossos).
Com um importante papel potico reservado para si, essa burguesia
(industrial), todavia, não o exerceria; seu caráter vacilante quanto às suas
tarefas históricas” também geraria um impasse na resolução do processo
político brasileiro, que o autor chamou de “situação dramática”.
[...] há, hoje, no
189
de interesses entre todas as classes, a burguesia ver-se-ia em competição pelos
mesmos papéis históricos que os trabalhadores, intimidando-se por receio de
perder terreno nas vantagens materiais que desfrutava.
211
o proletariado rural,
apesar dos avanços sociais e em termos de consciência coletiva, ainda seria por
vezes instrumentalizado pelos interesses poticos dos setores capitalistas mais
atrasados, funcionando como contrapeso às lutas trabalhistas urbanas.
Distanciando-se de grande parte das análises da época, o autor menciona um
proletariado rural e não um campesinato,
212
o que deixa entrever que não
compartilhava das concepções que identificavam uma formação feudal (passada
ou existente de modo residual) no Brasil. O latifúndio, ainda dominante na
estrutura agrária, guardaria semelhanças, no seu aspecto ‘interno’, mas não seria
definitivamente uma instituição feudal (RAMOS, 1960, p. 237-8).
Quanto à classe média, “escie de vanguarda de todos os movimentos
revolucionários durante a fase colonial” (1500-1822), também de modo peculiar
no Brasil, não se teria formado no incremento de funções técnicas e qualificadas
do sistema produtivo, em geral, seria de extração v
190
dessa ter mantido continuamente estreitas relações com o povo, um outro setor
(moderno) da classe média, que estaria se formando em razão das qualificações
técnicas engendradas pela industrialização, tenderia a aliar-se ao povo e efetuar
papel relevante na vanguarda das lutas sociais (RAMOS, 1960, p. 239, grifos
nossos).
213
A revolução brasileira, ao que tudo indica, seria para o autor prerrogativa
do povo, sujeito social de inquestionável aptidão para a tarefa, formado
basicamente pelos trabalhadores (proletariado urbano/rural) e contando também
com “elementos” (indivíduos) progressistas provenientes de outras classes,
compondo uma frente com os setores (avançados) de c
191
conceitual ou análise sistemática da democracia e sua condição na sociedade
brasileira. Depreende-se que seria subsidiária (e também impulsionadora) do
desenvolvimento (aunomo e nacional), bem como teria como ingredientes: a
ausência de preconceito de cor, relativa igualdade social em termos ausência de
grandes disparidades ecomicas (níveis de renda) e de status social (tratamento
eqüitativo), expansão da sociedade potica, garantias de participação e
representação, manutenção de rotinas de decisão e circulação no poder, e
exercício da soberania nacional para ele seria implausível conceber como
democrática uma sociedade que estivesse refém de injunções externas. Definida
em termos substantivos, a democracia consistiria numa ordem social que
propiciasse soberania, cidadania, relativa igualdade (inclusive de tratamento),
condições dignas de sobrevincia material e ‘livre’ exercício potico.
3. Nacionalismo: ideologia revolucionária e ciência
O nacionalismo é apresentando pelo autor como a forma autêntica
naquela fase histórica de vivenciar a realidade brasileira. Como, entretanto, o
autor define conceitual e metodologicamente a realidade brasileira? Obviamente,
se a tomasse como era de seu feitio como algo dinâmico, relacional, histórico
e em constante mutação, não poderia ser definida de modo simplesmente
descritivo; por outro lado, defini-la formalmente seria cair na própria armadilha
para a qual alertava: dissipar a especificidade complexa que justificaria a
necessidade do conceito.
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192
O esforço de Guerreiro Ramos (1960, p. 85) principia por considerar “a
realidade brasileira como fenômeno total, na acepção de Mauss, isto é, com um
todo cujos caracteres se apresentam, não no conjunto, como em cada uma de
suas partes, variando apenas de escala, de uma para outra”.
214
Ao investigar os fatos da vida social afirma ele dever-se-ia ter em
vista que “a coleta de fatos não tem sentido se não for orientada pelo ponto de
vista da totalidade, por um a priori (RAMOS, 1960, p. 82, grifos nossos), pois
os caracteres impressos nas variadas partes adquiririam sentido quando
relacionados ao todo; sem a noção anterior do todo, as diferentes partes seriam
esvaziadas do sentido completo que conteriam em gérmen, nas palavras do autor,
em escala”. Assim, afirma que “a teoria global de uma sociedade é o requisito
prévio para a compreensão de suas partes” (RAMOS, 1960, p. 83).
Precipita-se então na contramão da posição hegemônica na sociologia
brasileira do período (e daí em diante), que afirma a necessidade de estudos
empíricos (particulares) como subsídios para uma análise mais generalizadora da
sociedade brasileira, compondo o todo por meio de um mosaico de partes
relativamente avulsas. A posição guerreiriana tida em suas propostas
apresentadas ao II Congresso Latino-Americano de Sociologia (1953) pleiteia
uma dialética entre as partes (e entre estas e o todo), cujo princípio se funda em
tomar as próprias partes como emanações do todo; tais unidades não teriam
primariamente conteúdo/forma autônomos, isolados em si, sua própria
existência parcial acusaria a influência da totalidade, que teria posição
214
Embora – na ocasião – mencione somente Marcel Mauss, Guerreiro Ramos busca fundamentar
tal concepção também na sociologia de orientação fenomenológica (Jules Monerot, Georges
Gurvitch, etc.), bem como nas anteriores elaborações monográficas organicistas de F. Le Play
(filtrado pelas influência de Silvio Romero e Oliveira Vianna) para o qual o corpo social
(tomado como organismo) teria, inscritos em suas ‘células’, os caracteres gerais da sociedade
(RODRÍGUEZ, 2006).
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193
preponderante. Desse modo, a dialética não avançaria simplesmente do particular
ao gera
 1 898 Tm (p)Tj898 Tm (l)Tj1 0 0 1 40.88 6(p)Tj898 Tm (l)Tj1 0 0 1 408.501 174.24 718.288 Tm 0 0 1 174.24 718.289.8401 0 0 1 164.98 m 0i1 0 0 1 164.96 Tm 01 218.4 718.28998 Tmr
194
raça, seja o clima, ou outra condição geográfica, seja a economia, seja a cultura,
seja a alma ou o caráter nacional, ou de outro qualquer fato (RAMOS, 1960, p.
83).
216
Apr
195
1) dualidade: a coexistência inevitável numa mesma fase cultural de diferentes
tempos históricos e conseqüentemente de diferentes formas de existência
numa mesma realidade;
2) heteronomia: incapacidade de induzir critérios da realidade nacional,
submetendo-se a um processo mimético de adesão a valores e condutas de centros
culturais e tecnológicos de maior prestígio;
3) alienação: antônimo de autodeterminação, fenômeno pelo qual a sociedade é
“induzida a ver-se conforme uma ótica que o lhe é própria, modelando-se
conforme uma imagem de que não é o sujeito”;
4) amorfismo: falta de formas que organizem a vivência social, que lhe dêem
antecedentes e conseqüentes”, evoluindo assim a sociedade não “pela mediação
de forma a forma, mas por improvisos, em que tudo começa sem antecedentes”;
5) inautenticidade: existência social falsificada ou perdida em mera aparência,
que o reflete a apropriação pelo sujeito do próprio ser social (RAMOS, 1960, p.
88-97).
A apreensão da realidade brasileira estaria condicionada pelo
nacionalismo, de conteúdo “revolucionário”, cuja ideologia mobilizaria para a
revolução brasileira. Todavia, como se caracterizaria o próprio nacionalismo?
O nacionalismo é a ideologia dos povos que, na presente época, lutam por
libertar-se da condição colonial Eles adquiriram a consciência de sua restrita
capacidade autodeterminativa e pretendem exercê-la em plenitude. Mas a
capacidade autodeterminativa, ou a soberania, não é atributo inato, dom da
natureza, nem se obtém à maneira de dádiva de um poder munificente. A
efetiva soberania é atributo histórico adquirido pelas coletividades, mediante
luta, audácia e iniciativa. (RAMOS, 1960, p. 225).
E mais: O nacionalismo é mais do que amor à terra e a lealdade aos
símbolos que a representam. É tudo isso e o projeto de elevar uma comunidade à
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196
apropriação total de si mesma, isto é, de torná-la o que a filosofia da existência
chama um ‘ser para si’” (RAMOS, 1960, p. 32).
218
Como projeto político, o nacionalismo seria a idéia-força que poderia
conduzir os povos periféricos alijados de sua soberania a alcançar a
maioridade potica, ecomica, social e cultural; afirmando sua nacionalidade
elevar-se-iam à condição de arbitrarem os próprios destinos e postarem-se
interna
a
197
1) naci
198
de axiomas com salvaguarda científica; as ideologias não poderiam segundo
Guerreiro Ramos – ser formuladas cientificamente:
[...] a ciência se define por um esforço de transcender a ideologia, embora se
admita seu insuperável condicionamento histórico-social. Portanto, elaborar
ou defender uma ideologia é confessar um propósito mistificador [...] a
defesa de uma ideologia não é bem tarefa do homem de ciência como tal. É
tarefa do homem de partido. A tarefa do homem de ciência é formular a
teoria. (RAMOS, 1963, p. 210).
A ideologia emergiria como aspiração social e não como algo tramado,
teria como função a mobilização potica, e sua efetividade frente aos desafios
históricos poderia ser avaliada após os acontecimentos post festum, como
gostava o autor de se expressar. Não seria, portanto, tarefa do sociólogo (enquanto
cientista) formular ideologias, até porque, segundo Guerreiro Ramos (alfinetando
o ISEB após sua saída), “ideólogo que se preza não é professor de ideologia
nacionalista” (RAMOS, 1963, p. 210).
Nunca houve, na história da inteligência, quem quer que seja minimamente
categorizado para o trato das coisas do saber, que concebesse a idéia de
formular uma ideologia. as ideologias mortas podem ser narradas. As
ideologias vivas, como o nacionalismo em nossa terra, o inenarráveis como
sistema. (RAMOS, 1963, p. 209).
Essa forma de conceber a ideologia é comum também a Helio Jaguaribe,
e caudatária das posições de
199
No entanto, se Guerreiro Ramos recusava-se a dar um conteúdo
dogmático ao nacionalismo ou identificar ciência e ideologia, acabava por
considerá-lo uma ciência: ciência do ponto-de-vista dos povos proletários”
(RAMOS, 1960, p. 254).
É fácil compreender que, mais do que os povos desenvolvidos, os atuais
povos periricos são portadores do ponto-de-vista da comunidade humana
univer
a9Tj1 0 0 1 217.92 613.6498 Tm (3)Tj1 0 0 1 217.92 638.3698 Tm (3)Tj1 0 0 1 217.92 638.3698 Tm 24
c
200
circunstâncias, perspectivas e mesmo anseios dos sujeitos; por seu turno, a
ideologia transfigura-se em visão de mundo e condiciona a perspectiva
cognoscente, mobilizando aspirações sociais e atitudes poticas. De forma
análoga (e irônica), a afirmação de certo privilégio cognoscente por parte da
classe proletária”, mormente na época de inflncia
201
existe povo” e “a cultura nacional não se elabora à maneira de peripécia de
intelectuais [...] É essencialmente produzida pelo povo e subsidiariamente pelos
intelectuais, que realizam tarefa por excelência estilizadora” (RAMOS, 1960, p.
243). A existência do povo possibilitaria tal realização, pois a transformação
qualitativa da produção cultural não seria uma questão de caráter estético, mas
eminentemente potica: Somente quando se modificar o modo de sua articulação
à história universal poderá ser transformado o caráter de sua cultura [do Brasil]”
(RAMOS, 1960, p. 242).
Explicitamente, que transformação marcaria a cabal existência de uma
cultura nacional? Em quê isso mu
202
O nacionalismo na obra de Guerreiro Ramos insinua-se como
ideologia e ciência, politicamente revolucionário e pragmático, perspectiva sócio-
histórica e posicionamento ético, forma de autonomia e de engajamento, cultura
autêntica e ponto de vista, consciência popular e missão intelectual... Tais
paradoxos, muito presentes no pensamento nacional daqueles anos de 1950 (e do
autor em particular), podem ser sintetizados na pretensa função atribuída pelo
autor de, organicamente, ser aquele nacionalismo instrumento de consolidação
do capitalismo e, ao mesmo tempo, afirmação de um destino histórico autônomo,
os quais, para Guerreiro Ramos, seriam processos convergentes, sinérgicos. Tal
posicionamento, imediatamente plausível, configurará uma armadilha para as
esquerdas no pré-1964.
4. Crise do poder, instituições e representação
Com apenas 15 anos de existência de eleições livres e competição
política a República (1945 1964)
219
, no entender de Guerreiro Ramos, já
acusava uma séria crise, não econômica e social, mas sobretudo uma crise do
poder.
Nas considerações de Guerreiro inspirado em Hermann Heller
220
o
poder se concretizaria em termos “antagônicos”, não existindo poder onde não
houvesse oposição aos que o exercem, e implicaria uma relação em permanente
mudança entre: 1) uma minoria que o exerce; 2) os que o apóiam; e 3) os que se
219
Tal designação, tomamos a Carone (1985).
220
Hermann Heller (1891-1933), jurista e teórico político austro-alemão, ativo na ala não-marxista
do Partido Social-Democrata Alemão (SPD) durante a República de Weimar, formulou as bases
teóricas para as relações da social-democracia com o Estado e o nacionalismo, sua principal obra,
escrita em 1934, é Teoria do Estado (HELLER, 1947).
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203
lhe oem embora o reconham e consintam no seu mandato (RAMOS, 1961,
p. 22-3). Tal conjunto de camadas forma o que o autor chama de sociedade
política.
221
No Brasil, a sociedade potica avaliava Guerreiro Ramos teria sido
extremamente restrita e o círculo de dirigentes, mais ainda, entretanto, desde as
primeiras eleições presidenciais no final do séc. XIX ela viria regularmente
crescendo de forma proporcional e absoluta, incorporando maiores contingentes e
participação
222
.
Avaliava também o autor que um dos principais grupos sociais no
combate pela expansão da sociedade potica teria sido a classe média que, desde
o séc. XIX, apresentar-se-ia à frente de alguns dos movimentos reivindicatórios
mais avançados, como: o folhetim Opinião Liberal (em 1866), o Manifesto do
Partido Republicano (1870), a Sociedade Positivista (1878) e a Proclamação da
221
Embora não haja uma definição mais rigorosa do conceito por parte do autor, depreende-se que
fariam parte da sociedade política somente os indivíduos e grupos contemplados
institucionalmente com a possibilidade de exercer efetiva participação política nos rituais
decirios (como eleitores, postulantes, mandatários, etc.). Em termos dinâmicos, observa ainda
que: “Quando a terceira camada [da oposição que legitima o poder] nega esse reconhecimento e
consentimento [à minoria que exerce o poder] surge uma situação revolucionária” (RAMOS, 1961,
p. 23).
222
Se na República Velha para Carone (1973) a
204
República (1889) a q98 Tm ())Tj/11(ú)Tj1 0 02898 Tm (()T1 165.12 718.2 (()0 02898 Tm ((.1 718.2 ((t0 02898 Tm ((Tm (a)Tj1 0 0 1 2118.8 718.289261m (a)Tj1 0 0 1 1r18.8 718.28926Tm (l)Tj1 0 0 1 145.44 718.289268m (b)Tj1 0 0 1 18 Tm (()T1 1679.6b)Tj1 0 0 1 18 Tm (()T1 168Tm (a)Tj1 0 0 1 1)0 02898 Tm (.01 718.2 ((ç0 02898 Tm ( Tm5(b)Tj1 0 0 1 18 Tm (()T1 169TL(R)Tj1 0 0 1 d Tm (()T1 130F2 12 Tf1 0 0 1 o Tm (()T1 13162 12 Tf1 0 0 1 214.8 718.289322m (c)Tj1 0 0 1 1o Tm (()T1 133Tm (e)Tj1 0 0 1 124.08 718.28934Tm (p)Tj1 0 0 1 1o Tm (()T1 134(ú)Tj1 0 0 1 1d Tm (()T1 1352m (c)Tj1 0 0 1 1e Tm (()T1 135712 718.2 ((r18.8 718.289361m (l)Tj1 0 0 1 1,18.8 718.289370ú)Tj1 0 0 1 1m18.8 718.28937m (()Tj1 0 0 1 o Tm (()T1 138Tm682)Tj1 0 0 1 1m18.8 718.28939F2 12 Tf1 0 0 1 e Tm (()T1 1400ú)Tj1 0 0 1 1n Tm (()T1 1406m (c)Tj1 0 0 1 1t Tm (()T1 1409m682)Tj1 0 0 1 1214.8 718.2894/F2962)Tj1 0 0 1 1n Tm (()T1 1420m (0) Tf1 0 0 1 e Tm (()T1 1426b
205
1) em 1960, significativa parcela do eleitorado não votou partidariamente,
mas segundo a sua própria decisão;
2) a diluição do significado social dos grandes partidos [...] nossos três
grandes partidos [PSD, PTB e UDN
224
], não controlam mais a situação
política do País;
3) as proporções da vitória eleitoral do Sr. Jânio Quadros lhe conferiram
considerável quantum de poder específico em relação às forças que
lançaram a sua candidatura. (RAMOS, 1961, p. 35-6).
225
Se – para Guerreiro Ramos – na potica externa Jânio teria encaminhado
iniciativas interessantes, como certo neutralismo e a abertura das relações
exteriores, que teriam respaldo potico nos anseios do povo, internamente,
desdenharia dos apoios institucionais que seriam cruciais para a sustentação de
seu governo e possibilidades de realização.
226
224
Respectivamente, Partido Social Democrático, Partido Trabalhista Brasileiro e União
Democrática Nacional.
225
Demagogo, personalista e moralista, nutrindo certo desprezo pelas instituições, Jânio teve uma
carreira política singular e meteórica: elegeu-se vereador (suplente) na cidade de São Paulo em
1947, deputado estadual do Estado de São Paulo em 1950, Prefeito de São Paulo em 1953,
Governador do Estado de São Paulo em 1954 (PSB/PTN), deputado federal em 1958 (PTB do
Paraná) e Presidente da República em 1960 pela legenda do PDC, com o apoio da UDN, PTN, PS
e da Frente Democrática Gaúcha (PSD/UDN/PL) historicamente adversária do PTB e do PSD
getulista (BENEVIDES, 1981, p. 110). Ainda candidato a Presidente esnobou o apoio recebido,
inclusive chegando a renunciar em dezembro de 1959 à candidatura presidencial por terem ambos
partidos (PDC e UDN) o escolhido candidato assim como pelo Movimento Popular Jânio
Quadros (MPJQ) e pelo PTN em 1958 (HIPPOLITO, 1985, p. 176) –, mas indicando vices
diferentes (Milton Campos pela UDN e Fernando Ferrari pelo PDC), só reassumindo a candidatura
após os partidos anunciarem publicamente que nio não estava comprometido com nenhum dos
dois partidos (SKIDMORE, 1976, p. 235); contou ainda com a força dos comitês Jan-Jan nio
para Presidente e Jango para Vice-Presidente –, uma vez que as eleições eram desvinculadas,
podendo-se votar em um candidato de uma chapa para Presidente e outro, de outra chapa, para
Vice mec
206
A efetivação das melhores potencialidades do Governo Jânio Quadros
depende de um dispositivo político-partirio que, por sua idoneidade
ideológica e, por isso mesmo, pelo seu poder de massa, seja capaz de dar ao
Sr. Jânio Quadros a base de que precisará para levar a efeito reformas de
grande envergadura, sem as quais a ordem no País só poderá ser mantida pela
força. (RAMOS, 1961, p. 95).
Ao confiar num certo cacife potico-eleitoral, nio não teria atentado
para a necessidade de se apoiar solidamente.
O maior erro que poderia perpetrar o Sr. nio Quadros consistiria em não
compreender o problema da representação política e social que o momento
brasileiro lhe apresenta e que lhe incumbe resolver [...] Não se governa
duradouramente sem suportes sociais organizados. (RAMOS, 1961, p. 100).
Estimulado pela conjuntura política que o teria levado ao poder, de ampla
vitória praticamente à revelia dos grandes partidos, Jânio Quadros postar-se-ia
como único mandatário legítimo, desconsiderando as instituições representativas e
dirigindo-se diretamente ao povo. Para entender tal quadro, Guerreiro Ramos
lançou mão do conceito de bonapartismo.
227
Tecnicamente, quando um Governo se põe acima da sociedade política,
considerando-se livre de vinculações partidárias, verifica-se o quadro do
bonapartismo. O bonapartismo suspende a força política das classes sociais e
as transforma por assim dizer em suplicantes diante do Estado. Então o povo,
partidariamente desorganizado, passa a ser aparente sustentáculo do poder. O
chefe bonapartista, por cima das classes, por cima dos partidos, busca o apoio
direto do povo. (RAMOS, 1961, p. 37, grifos do autor).
As análises de K. Marx (em O 18 brumário de Luís Bonaparte), fonte
teórica do conceito, embora fossem de donio do autor, não eram sua influência
imediata, e sim Robert Michels (mormente em Os partidos políticos).
228
como Bulgária, Hungria, Romênia, Iugoslávia e Albânia; revalidou passaportes para a União
Soviética, outros países do Leste europeu, China Tibete, Mongólia e Coréia do Norte, bem como
criou embaixadas em Dacar, Gana, Nigéria e outros países do ‘Terceiro Mundo’ (FERREIRA,
2006, p. 72; VIZENTINI, 2004).
227
No exame da situação brasileira desse período (1930-64), Guerreiro Ramos foi um dos
precursores das análises baseadas no bonapartismo, mais tarde tal abordagem se tornaria notória
nos trabalhos de, entre outros, Rui Mauro Marini e Francisco Weffort ainda que este último
empreenda uma abordagem desse tipo, mas não use o termo, “para evitar comparações históricas
entre distintas formações capitalistas”, preferindo referir-se a um “Estado de Compromisso que é
ao mesmo tempo um Estado de Massas (WEFORT, 1989, p. 70).
228
Michels definiu o bonapartismo como “a teoria da dominação individual baseada na vontade
coletiva e tendente a emancipar-se desta para tornar-se soberana [...] que encontra em seu passado
democrático um refúgio contra os perigos que o podem ameaçar em seu presente
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207
Assim, quando “o Sr. Jânio Quadros passou a colocar-se acima da
sociedade potica” (RAMOS, 1961, p. 37, grifos do autor), o bonapartismo teria
se tornado uma possibilidade (frágil, por sinal); sendo “fenômeno passageiro”, sua
ocorrência dependeria do comportamento das classes e do nível de reivindicação
que empreendessem, principalmente, na questão da inflação como “problema
político”, palco de disputas por participação na renda. Arriscando-se a uma
predição, Guerreiro Ramos afirma que: “As contradições entre o setor tradicional
e o de vanguarda de nossa economia chegaram hoje a tal agudeza que não é
possível o bonapartismo, ou seja, não é possível um Governo neutro, acima das
classes sociais” (RAMOS, 1961, p. 40).
E adverte:
Se o Governo pretende corrigir a inflação sem afetar os níveis de renda do
setor estacionário da economia, terá de recorrer à política de força, a um
regime ditatorial e, portanto, colocará os empresários de vanguarda e os
assalariados diante de um desa
r
208
radicalidade à conjuntura e, ao longo do tempo, inviabilizaria a existência de tal
estilo de governo. Sem apoio dos partidos e de outras instituições da sociedade
civil seria inócuo o apelo direto ao povo este, quando desorganizado
politicamente, seria apenas uma abstração.
A posição ‘olímpica’ do Governo Jânio seria assim o equilíbrio no gume
da navalha, ademais, não seria o pretenso gênio maquiavélico de Jânio que
propiciaria essa situação: “as veleidades bonapartistas do atual Governo não são
fortuitas. Explicam-na a perda de representatividade dos partidos, dos aparelhos
partidários” (RAMOS, 1961, p. 41). As pretensões do governante de elevar-se
único por sobre a sociedade potica dever-se-ia à fragilidade das outras
instituições, mediadoras entre o poder central e o povo.
Haveria assim uma forte incongruência entre o exercício do poder e a
realidade social do país, uma crise do poder, devido à falta de alicerces
institucionais que garantissem legitimidade e sustentação duradouras. À expansão
da sociedade potica e à emergência de novos sujeitos, não haveria uma
(proporcional) correspondência em termos de representatividade,
institucionalidade e consolidação de formas poticas mais avançadas.
229
Frente tais desafios, Guerreiro Ramos ocupou-se com o entendimento do
processo político brasileiro e a evolução das formas de organização e
procedimento na defesa de interesses e suas diferentes modalidades, às quais o
autor se refere como “tipos ideais’ de potica”; mesmo havendo uma evidente
sucessão entre elas, senão absoluta ao menos na predominância em dado
momento, não seriam rigorosamente realidades históricas”, podendo mesclar-se,
229
No início daqueles anos 1960 (em obras publicadas em 1963 e 1965, respect.), Jo Honório
Rodrigues fazia diagnóstico semelhante ao detectar um “divórcio entre Poder e Sociedade” como a
principal fonte de instabilidade política no Brasil (RODRIGUES, 1970, 1982).
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209
combinar-se com outras e/ou ocupar espaços restritos mais distantes ou menos
importantes (RAMOS, 1961, p. 49-62). Seriam elas:
1) política de clã: dominante no Brasil colonial, configurar-se-ia nos clãs (como
os definiu Oliveira Vianna), em comunidades com laços de parentesco e
dependência pessoal; o poder privado dominaria, não havendo nem mesmo noção
do que era o público; a autoridade do senhor territorial seria incontestável;
2) política de oligarquia: apareceria sob a forma de clã eleitoral (como também o
definiu Oliveirr
210
5) política ideológica: seria “exigência fundamental daquela fase do Brasil na
qual estar
211
ideológica e estabelecer uma coerente concepção militante a serviço de camadas
sociais definidas” (RAMOS, 1961, p. 57). Assinala Guerreiro que, historicamente:
O populismo é uma ideologia pequeno-burguesa que polariza a massa obreira
nos períodos iniciais da industrialização, em que as diferentes classes ainda
não se configuraram e apenas despontam, de maneira rudimentar. Em tais
condições, a debilidade relativa do incipiente sistema produtivo não permite
que as categorias dos trabalhadores tomem parte nas lutas políticas em
obediência a programas próprios ou diferenciados. Ao contrário, justapõem-
se num agregado sincrético, que pode ser considerado como o povo em
estado embrionário. Esses contingentes recém-egressos dos campos ainda não
dominaram o idioma ideológico. Seu escasso ou nulo enquadramento e treino
partidário, sua tímida consciência de direitos, eis o que os torna incapazes de
exercer influência pedagógica em seus líderes, os quais por isso mesmo, o
precisam ir além de um libertarismo superficial em suas maneiras e ação.
(RAMOS, 1961, p. 56-7).
231
As transformações pelas quais estaria passando o país de emergência
do povo, de um estilo de potica ideológica, de fortes e freqüentes demandas
sociais, de crise do poder inquietaram Guerreiro Ramos a ponto de refletir sobre
a estrutura institucional e verificar um desajuste, um descompasso com relação à
dinâmica sociopotica da sociedade brasileira; se havia algum tempo
diagnosticado o “disparate” termo tomado a Silvio Romero da transplantação
de idéias e instituições, depois a importação disfuncional de conceitos para o
contexto brasileiro, agora vislumbrava uma crise das instituições.
232
Dentre as instituições em crise, estaria o Estado brasileiro. Se de um lado
o autor mantinha evidente confiança no potencial racionalizador, planejador, do
231
No artigo “O que é ademarismo” – publicado nos Cadernos de Nosso Tempo 2, editado pelo
IBESP em 1954 Helio Jaguaribe (1979, p. 26) havia analisado o estilo de política do ex-
governador paulista Ademar de Barros (PSP) como “expressão brasileira do populismo”, visto que
se conferia o uso do conceito em outros países e circunstâncias, como na Rússia e, a partir dos
anoo
a
212
Estado como entidade superior e guardião da coisa pública, de outro, detectava em
determinadas práticas arraigadas o mau uso da máquina e deformações de gestão
no sentido de privilegiar interesses privados, setoriais e parasitários. Percebia que
grassava o clientelismo e o privatismo como formas de instrumentalização do
estatal em benefício de interesses particularistas; de igual modo, reprovava a
atuação do Estado como instrumento de amortização de conflitos, inchando a
máquina estatal com contratações acima das necessidades reais (em parte devido à
falta de ocupações no setor produtivo privado), empregando principalmente a
classe média tradicional (muitas vezes, sem preparo para desempenhar tais
funções) e fazendo funcionar assim um mecanismo de cooptação para dirimir
tensões resultantes da possível insatisfação social.
233
Também no Brasil a Universidade (e os órgãos oficiais para educação,
ciência e cultura) estaria assolada pela “cartorialização”, pelo “clientelismo na
distribuição de auxílios, de funções e cargos”, pelo privilégio a pessoas sem
qualificação ou capacidade reconhecida. O Brasil não teria “potica” com respeito
à ciência e à cultura; essa lacuna o se deveria ao Governo que se esforçaria
em formulá-la e sim à resistência e à inércia dos que, entrincheirados em seus
privilégios, comprometeriam o êxito das mudanças. Junte-se a isso a insistente
crítica que fazia ao mau uso dos recursos: em pesquisas alheias às reais demandas
233
Essa formulação aproxima-se muito da noção de “Estado cartorial”, confeccionada por Helio
Jaguaribe. Algo que as distingue é que, para Jaguaribe, esse mecanismo tinha como importante
função costurar o clientelismo que garantiria um saldo político-eleitoral aos dirigentes. Assim,
imediatamente, Jaguaribe estaria mais preocupado com o uso político da máquina estatal em
benefício de interesses arcaicos e mesquinhos, Guerreiro Ramos atribuía importância maior à
subversão da racionalidade administrativa do Estado – o que não significa que os aspectos político
e administrativo do Estado estariam separados, ou que os autores ignorassem essas e outras faces
da questão. Quanto à função do Estado na estratégia de cooptação das classes médias, ver ainda
Ramos (1960, passim; 1971, p. 65). Guerreiro Ramos chega a mencionar o conceito de
cartorialismo, ademais, percebe-se que embora razoavelmente implícito nesse, não mais por
parte do autor a referência ao conceito de patrimonialismo (apreendido de Max Weber), ao qual
fazia menção nos anos 1940.
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213
da sociedade brasileira e por “outras razões mais graves” as quais não declina
(RAMOS, 1960, p. 206).
234
Depreende-se que, para Guerreiro Ramos, a
comunidade universitária brasileira estaria também refugiada institucionalmente
num passado de elitismo, escolasticismo, impermeabilidade às legítimas
demandas sociais e auto-isenção de responsabilidades quanto ao seu papel.
Embora à época de crião recentíssima, para o autor, a Universidade brasileira
seria profundamente arcaica.
Nem todas as instituições eram reprovadas no crivo tão severo do autor,
havia uma que considerava sensível às novas tarefas e ao eco das ruas: o Exército,
que se conduziria “de maneira lógica”, pois...
[...] essa instituição, de raízes tão profundas no seio do povo, sai
invariavelmente de sua posição discreta, toda vez que a comunidade
brasileira, por incapacidade temporária das instituições civis, fica exposta a
um desvio em sua evolução. As peculiaridades sociais da formação do
Exército no curso de nossa história fizeram-no uma instituição diretamente
aberta às autênticas tenncias políticas da coletividade. A sensibilidade
política do Exército é uma virtude saudável da estrutura do País. Por isso o
grau de politização que o Exército atualmente manifesta dá a medida da crise
de desenquadramento institucional em que se encontra a opinião popular.
Essa crise poderá ser conjurada quando o Congresso coincidir
ideologicamente com o mandato que o instaurou e os partidos, o aparelho
sindical e demais instrumentos de expressão da vontade do povo se
penetrarem do novo sentido da evolução brasileira. (RAMOS, 1960, p. 24-
5).
235
234
no início dos anos 1950 atacava as pesquisas sobre “minudências da vida social”, clamava
pelo esforço em teorizações mais amplas (de “verdadeira importância para a realidade brasileira”)
e pelo uso escrupuloso dos investimentos em pesquisa (RAMOS, 1957b).
235
Lembremos que tais palavras frutos da conferência “Ideologias e Segurança nacional”,
proferida no ISEB em agosto de 1957 tinham como contexto recente a recusa de boa parte do
Exército em evitar a posse de Juscelino Kubitschek e a conseqüente garantia, por parte do Mal.
Lott, para que assumisse a Presidência, em testemunho de respeito ao pleito eleitoral; embora o
Marechal (em 1954) tivesse assinado manifesto pela deposição de Vargas. na Aeronáutica (e
também na Marinha), na qual a influência da UDN era grande também devido às duas
candidaturas presidenciais do Brigadeiro Eduardo Gomes pela legenda, havia certo apelo golpista.
Havia também, como fica claro no texto da conferência de Guerreiro, uma deliberada ação do
autor no sentido de influenciar ideologicamente os militares, buscando trazê-los para o campo do
nacionalismo como defesa do capitalismo autônomo: “No Brasil de hoje, o ponto de vista básico
da segurança nacional é o do capitalismo brasileiro. Incumbe-lhe participar da política geral que o
defenda contra a ação adversa de fatores internos e externos [...] se é inevitável que a segurança
nacional tenha uma ideologia, essa ideologia pode ser a da revolução industrial brasileira em
processo” (RAMOS, 1960, p. 61). Acrescente-se a isso o indelével costume político brasileiro
desde a República de fazer romarias aos quartéis e rapapés aos militares, ao qual certamente os
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214
A própria inquietação do Exército dever-se-ia à inaptidão das
instituições civis, ou seja, o ônus da crise deveria ser pago pelas instituições mais
‘abertas’ e/ou de caráter representativo e, se Guerreiro Ramos não clama pela
intervenção dos militares para dar ‘lisura’ e ‘organização aos procedimentos,
também não atribui a devida parcela de responsabilidade da crise aos militares
pel
215
novembro de 1937 [instauração do Estado Novo] teve muito do que
chamamos de revolução assumida. (RAMOS, 1963, p. 60).
O pensamento do autor nitidamente encampava a radicalização do
período, insinuava-se à esquerda e, nesse processo, também efetuava certa revisão
da história do Brasil, vislumbrando outras possibilidades do acontecer histórico.
236
As circunstâncias daquele presente efervescência potica, sindicalismo na
berlinda, peleguismo, constante disputa por hegemonia entre setores sindicais de
variadas orientações ideológicas, etc. levaram o autor a questionar a herança
sindical corporativa e estatizante e aventar uma outra evolução do movimento
sindical no Brasil, bem como as condições que propiciariam a efetivação da
autonomia sindical.
Destarte, quem mais intensamente recebeu críticas da parte de Guerreiro
Ramos foram, sem vida, os partidos políticos daí depreende-se também a
importância que atribuía a essa instituição (partido) como organizadora e
mediadora racional de conflitos e interesses. A crítica não se dirige a tais ou quais
parti
216
institucionais a serviço da circulação de elites. E não podiam ter sido outra coisa”
(RAMOS, 1950, p. 71).
Somava agora ele aos vícios de origem a profunda crise que assolava os
partidos naquela conjuntura, fato marcante da crise teria sido o pleito eleitoral
para Presidente da República (em 1960), no qual um candidato (Jânio Quadros)
teria sido eleito mantendo uma postura alheia aos partidos e mesmo
manifestando-se contra eles.
Num momento em que ponderava Guerreiro o país estaria
politicamente vertebrado” (RAMOS, 1961, p. 98) e o Congresso nunca teria tido
tanto poder no Brasil (RAMOS, 1961, p. 214), a crise mostrava-se-lhe como algo
extremamente sério. Vide o dramático diagnóstico que fazia:
Desarticulados das correntes de opinião e das categorias sociais,
descaracterizados perante o público, viciados no jogo de vantagens sem
verdadeiro alcance social, os partidos não foram capazes de apresentar os
termos da última su
217
mero rodízio de ocupantes eventuais das posições de mando, sem alteração
significativa do estatuto econômico e social. Hoje, entretanto, trata-se de
organizar uma sociedade funcional, em cujo Estado se afirma o poder das
camadas sociais na proporção do que contribuem para o enriquecimento da
nação. Suficientemente dotadas de consciência desse imperativo, as
diferentes categorias do eleitorado brasileiro não mais aceitam comandos
partidários munificentes. (RAMOS, 1961, p. 44).
A falta de1
218
aspecto, embora o autor não comente a radicalização potica do momento
estava fazendo surgir instintivamente’ nos partidos: a UDN reunia o grupo
reacionário da Banda de sica e o conservadorismo renovado da Bossa Nova; o
PSD tinha em seus quadros experimentados oligarcas e, como contestadores dos
antigos modos, a Ala Moça; no PTB, adesistas e pelegos coexistiam com o
reformismo do Grupo Compacto; e o PCB, com a turbulência causada pela
‘desestalinização’ e suas conseqüências (a partir das denúncias de Khrushev no
XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1956), punha em
pauta a questão democrática (Declaração de Março, 1958), entrava em ebulição
política e, em 1962, cindia-se dando origem ao PC do B, além disso, enfrentava
lutas internas ocasionadas pela divergência de projetos e estratégias que
amadureciam no interior do partido (SEGATTO, 1981). Não obstante, nasciam
grupos organizados que não se constituíam oficialmente como partidos: Polop
(Política Operária), AP (Ação Popular), Ligas Camponesas, etc., mas
funcionavam como tal.
Nítida, a fragilidade dos partidos na conjuntura daquele início dos anos
1960 ficava pat
219
formada por variados elementos e setores tradicionalmente identificados com o
conservadorismo e a reação, de outro, a FPN mais heterogênea ainda tinha em
seus quadros certa maioria de petebistas (29 membros), mas também
parlamentares da UDN (10), do PSD (12) e de outros partidos (9) PCR, PR,
PSP, PSB, PCB
239
- (DELGADO, 1989, p. 208).
Interna ou externamente, perpassando seus âmbitos ou extravasando-os,
os partidos na leitura de Guerreiro esvaziar-se-iam como vetores das forças
sociais em litígio, a polarização ideológica e as dificuldades em
expressar/representar os anseios poticos dos grupos sociais relegá-los-iam a certa
debilidade institucional, abrindo canais de contestação da ordem.
Tal situação nos reconduz ao suposto estratagema de Jânio (e o momento
bonapartista) e as advertências de Guerreiro Ramos: como poderia nio se apoiar
nas instituições de representação política, dentre as quais seriam privilegiados os
partidos, se esses se mostravam tão fragilizados? Mesmo assim lhe dariam
sustentação potica? Referida sustentação seria suficiente? Essa relação traria
prudência e conseqüência ao governante e renovação em termos de adequação
às demandas e expressão ideológica aos partidos? Ou ambos seriam reféns da
crise? Tais questões foram elididas na análise feita pelo autor.
A crise dos partidos, como não poderia deixar de ser, também teria
afetado segundo o próprio Guerreiro o partido (PTB) e a facção (Grupo
Compacto
9.92 186.6898 7m (a)Tj1 0 0 1 146.88 319.4098 Tm (i)Tj1 0 0 1 145.36 266.3698 93 (i)Tj1 0 0 1 147.92 479.0098 T9 (i)Tj1 0 0 1 148.72 425.7298 Tm (a)Tj1 0 0 1 146.96 266.3698 Tm (e)Tj1 0 0 1 148.32 293.0098 Tm (m)Tj1 0 0 1 148.16 293.0098 Tm (m)Tj1 0 0 1 135.12 425.7298 Tm (d)Tj1 0 0 1 148.72 425.7298 32 (C)Tj1 0 0 1 18.08 319.4098 3m (d)Tj1 0 0 1 148.72 425.7298 Tm (l)Tj1 0 0 1 146.96 266.3698 Tm (iTj1 0 0 1 147.44 213.0898 T6 (o)Tj1 0 0 1 165.84 319.4098 T2 (d)Tj1 0 0 1 148.72 425.7298 Tm (d)Tj1 0 0 1 1441.2 239.7298 7m (e)Tj1 0 0 1 143.84 505.6498 Tm (l)Tj1 0 0 1 14;.84 505.6498 T9 (iTj1 0 0 1 148.96 319.4098 Tm (c)Tj1 0 0 1 156.96 266.3698 9m (d)Tj1 0 0 1 145.36 239.7298 Tm/F2 (m)Tj1 0 0 1 14 378 425.7298 Tm (d)Tj1 0 0 1 1441.2 239.7298 Tm (s)Tj1 0 0 1 143.84 505.6498 Tm 48)Tj1 0 0 1 148.16 293.0098 Tm (d)Tj1 0 0 1 14 378 425.7298 Tm (t)Tj1 0 0 1 143.84 505.6498 Tm ()Tj1 0 0 1 135.12 425.7298 Tm Tj1 0 0 1 147.44 213.0898 Tm 12C)Tj1 0 0 1 18.08 319.4098 Tm 12 Tf1 0 0 1 11 366 479.0098 Tm 12C
x
u
ua
s
m
dm
220
males peculiares: teria pretensões a ser o legítimo representante dos trabalhadores,
mas ainda não estaria à altura do papel.
240
Na análise do autor o ciclo inicial do trabalhismo no Brasil teria se
esgotado, a presença da liderança paternalista de Jango seria algo nocivo e a
eleição de Almino Afonso assim como Guerreiro, membro do Grupo Compacto
do PTB e opositor interno àquela modalidade de atitude potica – para a liderança
da bancada no Congresso seria o indicativo do aumento das tensões internas.
241
Ao criticar as deficiências do partido, Guerreiro Ramos esboçou um
quadro do que chamou de doenças do trabalhismo”, a saber:
1) varguismo: culto de Vargas, resíduo emocional” que incitaria a crença popular
na bondade intrínseca do carismático der;
242
2) janguismo: “legado político do varguismo (Jango seria continuador de
Vargas), que pecaria por não renovar seus métodos, pois isso faria declinar sua
influência;
3) peleguismo: “subproduto do varguismo”, “irmão siamês do janguismo”,
consistiria na ação de sindicalistas burocratas que agiriam como conciliadores
entre trabalhadores e governo, impedindo a concretização de um movimento
obreiro forte e decidido, ainda que, sem ele, possivelmente as massas ainda
est
u
Br
i
221
4) expertismo: tentativa de fazer-se trico do partido “de cima para baixo”,
desrespeitando as experiências das lutas (RAMOS, 1961, p. 90-3).
Dentro do PTB, Guerreiro posicionava-se como uma espécie de ‘teórico
de tendência à esquerda do Grupo Compacto, cujos integrantes principais (em
sua maioria do Rio de Janeiro e da Guanabara) eram Sérgio Magalhães, Almino
Affonso, Luiz Fernando Bocaiúva Cunha, Fernando Santana, Armando
Temperani Pereira, Clidenor Freitas e Doutel de Andrade. O grupo lutava por uma
política “ideológica” contra o que identificavam como populismo” e exigia
uma pos
e
222
desenvolvimento independente da nação e a instauração no País de um Poder
a serviço exclusivo dos interesses da coletividade brasileira;
2) o PTB defende soluções brasileiras para os problemas brasileiros,
repudia diretivas estranhas à realidade nacional, o comando ideológico
externo das lutas sociais dos trabalhadores brasileiros, e o reconhece
validade objetiva no marxismo-leninismo, doutrina que, historicamente sob o
disfarce de ciência, tem sido instrumento de direção monopolística, em escala
mundial, de movimentos políticos e agitações de massa;
3) o PTB na defesa dos interesses das massas obreiras proclama a sua
vocação socialista, mas não admite nenhum figurino pré-fabricado de
socialismo, o qual só poderá vingar no Brasil, na medida em que for gerado
pelas condições particulares da história do nosso povo;
4) o PTB [...] conclama todas as forças populares à união, a fim de [...]
elegerem aos postos parlamentares candidatos autenticamente nacionalistas;
5) o PTB está aberto a alianças que, sem prejzo de seus princípios,
contribuam para a constituição de sólida frente popular contra os inimigos
das causas dos trabalhadores. (RAMOS, 1963, p. 217-8, grifos nossos).
Tal envolvimento levou-o a pleitear uma cadeira parlamentar.
245
Candidato a deputado federal pelo PTB da Guanabara (em 1962), não foi eleito
pela falta de aproximadamente 900 votos; tornado suplente, assumiu o mandato
em agosto de 1963 e atuou até 18 de abril de 1964, quando foi cassado pela
ditadura militar – seu nome foi incluído numa das primeiras listas de cassação.
Durante seu curtíssimo mandato teve intensa atuação parlamentar,
manifestando-se na grande maioria das sessões e apresentando vários projetos,
entre eles: sobre as patentes industriais no Brasil,
246
pela regulamentação do
245
Entre suas propostas de campanha – coligidas em panfleto – estavam: “por uma política externa
independente”, “por uma política interna independente”, “pela obrigatoriedade constitucional do
desenvolvimento programado”, “pelo compulsório reajustamento permanente dos salários ao custo
de vida (escala vel de salários)”, “pela maior participação dos trabalhadores na programação e
nos resultados do desenvolvimento”, “pela reforma agrária, pela emancipação econômica, social e
política dos camponeses e contra a prepotência e a usura dos latifundiários”, pela organização do
mercado nacional de capitais”, “pela nacionalização imediata das concessionárias estrangeiras de
serviços públicos”, “por leis eficientes contra os abusos do capital estrangeiro”, “pela
regulamentação imediata do direito de greve”, “por moradia digna ao alcance de todos”, “pelo
ensino gratuito em todos os veis”, “contra a corrupção e a incompetência”, pelos interesses da
Guanabara no plano federal” (apud AZEVEDO, 2006, p. 226-8). Azevedo (2006, p. 228) nota com
agudez que nas propostas não aparecia em destaque a ‘questão do negro’.
246
Guerreiro Ramos havia sido em 1960 delegado do Brasil à XVI Assembléia Geral das
Nações Unidas. Na ocasião, discursou e apresentou como projeto o texto “O papel das patentes na
transferência da tecnologia para países subdesenvolvidos”, que segundo ele viria a se
transformar na Resolução nº 1713 daquela assembléia. No documento, denuncia a ação no uso
das patentes dos monopólios e oligopólios que, adquirindo exclusividade de uso, não
industrializariam os produtos ou exigiriam condições injustas para dar licença à indústria nacional
para fazê-lo, prejudicando assim o desenvolvimento dessa (RAMOS, 1996, p. 247-54). Em outra
participação (em 1962) – segundo ele indicado por San Tiago Dantas, que o havia indicado nos
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223
exercício da profissão de técnico de administração
247
, reclassificação das carreiras
do s
224
uma posição nacionalista de esquerda e denunciou o “falso dilema” interno e
externo de uma escolha radical entre ‘esquerda’ e ‘direita’, “ianques” e
cubanos/chineses/soviéticos; criticou o PCB (como partido “burguês”), o
marxismo-leninismo e Carlos Lacerda;
250
e defendeu o socialismo. Às vésperas do
golpe a três de março de 1964 apelou para que as forças poticas nacionais
abandonassem as posições radicais e procurassem um denominador comum que as
conduzisse à solução dos problemas nacionais e, em 23 de março de 1964, fez
uma análise do “fenômeno Goulart”, afirmando que “os decretos baixados pelo
chefe do Executivo – quando do comício do dia 13 do corrente [março de 64] –
251
caracterizam a gestação da forma do movimento revolucionário brasileiro,
necessitando, agora, da reforma do poder, com a alteração radical de sua
composição” (DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E
REDAÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS, 1983,
225
idéias conforme instrumentos formalistas relacionados a cânones, pretendia uma
análise que considerasse as idéias, ações, os sujeitos, o contexto e as
intencionalidades envolvidas.
252
Adicionado o tempero – acre – de sua verve.
Elegeu o autor como interlocutores (e adversários) várias personalidades
e instituições, dentre as quais alguns ícones da esquerda: o ISEB, o PCB e o
marxismo-leninismo.
O ISEB segundo Guerreiro Ramos, em 1961, logo após sua saída
teria se tornado o Santo Ofício do nacionalismo e funcionaria como “agência
doutrinária”, cujos deres do antigo ‘aparelho nacionalista chegaram a propor
para o cargo de diretor um professor de lá que era revendedor da Ssse
c
226
do
227
Nas considerações do sociólogo, o PCB teria entre seus quadros
considerável parte da fina flor da inteligência brasileira” e, freqüentemente,
levaria a esquerda a reboque, pois seria a única organização partidária de esquerda
no Brasil com imprensa e quadros de militância organizados e disciplinados
(RAMOS, 1961, p. 106-7). Um excelente aliado na luta potica que, todavia,
quando na direção do processo político, efetuaria lances temerários como o
apoio à candidatura do Mal. Lott.
Guerreiro Ra
228
1961, p. 109). Ou seja, uma idéia importada, fora de contexto, logo, disfuncional
aos objetivos poticos.
Em Mito e verdade da revolução brasileira, de 1963,
257
livro no qual
pretende fazer a “crítica revolucionária da revolução brasileira” (RAMOS, 1963,
p. 9), investe decididamente contra a visão da esquerda particularmente contra o
que interpretava ser a visão predominante na potica do PCB do que seria a
revolução brasileira. Discute ali demoradamente a revolução, estratégia, tática,
limites, princípios, condições objetivas e subjetivas, etc., condenando o que
entendia por marxismo-leninismo: uma corruptela da filosofia, ideológico e
positivista, criação burocrática dos sucessores de Lênin e fruto do autoritarismo
bolchevista.
258
Acercou-se de autores como Trotski, Kautsky, Rosa Luxemburgo,
Lukács, Henri Lefebvre, Karl Korsch, G.
229
Pouco tempo antes, em artigo publicado na revista Estudos Sociais
(“Correntes sociológicas no Brasil”, 3-4, de set./dez. 1958), Jacob Gorender,
então militante do PCB, referia-se às análises do livro de Guerreiro Ramos (A
redução sociológica, 1958), afirmando que...
s comunistas, consideramos, e já o dissemos numa Declaração [de Março
de 1958] que esta contradição [nação x antinação, identificada por Guerreiro
Ramos] se tornou a principal, a dominante da sociedade brasileira, no atual
período de sua vida. Trata-se de uma contradição que polariza a nação em
desenvolvimento, com as suas forças progressistas e revolucionárias em
expansão (dentro de marcos capitalistas, únicos possíveis no momento), em
oposição ao imperialismo norte-americano e aos círculos econômicos e
sociais, que o apóiam internamente [...] O sr. Guerreiro Ramos chegou à
essência do processo histórico [...]. (GORENDER, 1996, p. 207-8).
259
Porém, para o crítico, Guerreiro Ramos o o teria feito “sem padecer de
estreiteza específica”. Gorender condena-lhe o “ecletismo e a recorrência às
filosofias “burguesas” (como a fenomenologia, o existencialismo) e a autores
como Husserl, Heidegger, Jaspers ee
230
fenomenologia, o existencialismo e o isebianismo do qual não se considerava
herdeiro
260
e não propriamente as formulações dele, Guerreiro. Esclareceu
então sua relação (e influências) com tais autores e filosofias, e acrescentou que
Gorender deveria ler mais detidamente seus livros (principalmente O problema
nacional do Brasil, A crise de poder no Brasil e Mito e verdade da revolução
brasileira, todos posteriores ao artigo de Gorender), nos quais encontraria as
referências ao ponto de vista proletário, à totalidade e à comunidade humana
universal. E, finalmente, contrariando os adeptos do “marxismo institucional”,
sentenciou que a questão não passaria mais por juras de ortodoxia, uma vez que:
Não somos nem marxistas, nem antimarxistas. Somos pós-marxistas” (RAMOS,
1996, p. 35).
Ainda que Guerreiro Ramos muito se concentrasse em cerrar fogo nas
posições da esquerda
231
brasileiro óbvio que nem todos os pensadores católicos de então
compartilhavam das idéias dessa estirpe –
261
formado por Jackson de Figueiredo,
Hamilton Nogueira, Alceu Amoroso Lima, Alcebíades Delamare, Durval de
Morais, Perilo Gomes, Pe. Assis Memória, Cardeal D. Jaime mara, Arcebispo
D. Helder Câmara, Gustavo Corção, Gladstone Chaves de Melo, Juarez vora,
Eduardo Gomes, Fernando Carneiro, Carlos Lacerda, Jo Artur Rios e outros,
que primariam pela defesa daquela ideologia.
Nota-se a menção a pessoas dedicadas integralmente ao ocio
intelectual, “homens de ação”, políticos, etc., indicando que Guerreiro Ramos não
considerava o pensamento social como algo contemplativo ou profissional, nem
media a validez do estatuto teórico pela condição canônica, erudita, rigorosa ou
sistemática, mas pela confecção de idéias que representassem uma perspectiva
socialmente significativa. Inspirado em Jacques Maritain,
262
que por sua vez
retomou a antiga noção escolástica de habitus, Guerreiro Ramos diferenciava
entre sociologia (e saber) em hábito e sociologia em ato. Assim, a sociologia em
ato já seria algo presente no Brasil, antes mesmo de sua institucionalização
acadêmica.
Na gênese daquela “ideologia da ordem”, estaria o integrismo, concepção
cujo excessivo compromisso temporal tenderia a identificar o catolicismo com a
defesa da organização econômica em voga e a “civilização ocidental”, aferrando-
se a isso como valores e distanciando-se das camadas populares sua expressão
261
Guerreiro Ramos fazia exceção por razões diversas aos padres Fernando Bastos de Ávila,
Henrique Vaz e Júlio Maria, e a Cândido Mendes de Almeida.
262
Maritain, autor francês cristão e neotomista, muito caro a Guerreiro Ramos, teve relativa
influência sobre os pensadores cristãos e católicos no Brasil, seja à direita ou algo menor à
esquerda (cristãs). Isso posto, as críticas de Guerreiro Ramos não deixam de ser um episódio da
luta por certa herança de Maritain. A respeito dos debates no Brasil e na América Latina em
torno das idéias políticas do filósofo francês, ver Chacon (1980).
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232
máxima seria o pensamento de Jackson de Figueiredo. Este, fundador do Centro
Dom Vital e da revista A Ordem, teria como influências os conservadores de
extração calica Joseph de Maistre, Louis de Bonald e Charles Maurras;
politicamente, seria um fervoroso conservador, defensor da ordem, do direito
divino, da monarquia e de uma teoria aristocrática e antipopular da sociedade. Na
sua concepção a potica teria um fundamento moral, daí considerar a revolução
como algo dialico, sua posição seria como ele próprio admitia
reacionária”. O integrismo católico de Jackson de Figueiredo e outros
263
teria dado origem intelectual ao integralismo como movimento ideológico.
a posterior intelectualidade católica no Brasil segundo Guerreiro
ainda não teria superado satisfatoriamente as posições de “ideologia da ordem”,
movendo-se ainda num anti-humanismo e num maniqueísmo potico, que
satanizaria a revolução e perceberia a potica como uma eterna luta entre o Bem e
o Mal; as questões sociais reduzir-se-iam a problemas morais cuja solução adviria
do esclarecimento dos espíritos ou da purgação dos erros dos culpados, e o
máximo ao qual chegariam esses intelectuais em termos de renovação seria o
reformismo, esboçado nas propostas de distrib
t
233
num grande Estado do Brasil (Rio de Janeiro) e na Guanabara, onde Carlos
Lacerda havia sido eleito governador.
em “A ideologia da Jeunesse Dorée’
265
outra “família” que
abominava a revolução é estudada, Guerreiro Ramos sonda ali os limites da visão
de mundo (inclusive os caracteres psicológicos) de alguns ‘bem-nascidos’ daí a
designação intelectuais que não teriam conhecido as agruras da dificuldade
material e que, pela sua condição, seriam “induzidos a um certo esteticismo
diante de si mesmos e da vida, tentando a perfeição interior pela auto-análise, pelo
esclarecimento, pelo exercício do domínio da vontade e, além disso, pela
concepção do homem e da sociedade em termos preponderantemente
psicológicos” (Rn
l
ll
234
Tais autores seriam: Alceu Amoroso Lima, Octávio de Faria e Afonso
Arinos de Melo Franco e, segundo Guerreiro Ramos, o sentido essencial de suas
obras poderia ser assim resumido: A estrutura econômica e social, na qual a
classe dirigente era constituída de grandes proprietários de terras, devia
conservar-se imutável, sendo imorais e satânicas as tendências que laboravam
por s
a
235
É nesse ensaio, O inconsciente sociológico”,
267
que Guerreiro em
contrapartida aqueles críticos analisa algumas das colaborações dessa “família”,
especificamente as de Martins de Almeida (em Brasil errado, de 1932), Virgínio
Santa Rosa (em O sentido do Tenentismo, de 1933) e Azevedo Amaral (O Brasil
na crise atual, de 1934, e A aventura política do Brasil, de 1935). Observa que
t
a
236
Ao encampar mais um debate e abrir polêmica contra os novos
‘sociólogos’ e ‘antropólogos’, Guerreiro Ramos procurava dar continuidade à sua
luta para retomar certa herança crítica do pensamento social no Brasil, afirmar
determinada visão do desenrolar s-1930 que valorizava positivamente o papel
do Estado e da classe dia contra as oligarquias, atacar posições liberais e
relevar o papel de uma deliberada intervenção racional como construtora
institucional, isto é, como forma superior de organização da vida social. E,
principalmente, defender o posicionamento e o compromisso político dos
intelectuais com a realidade brasileira.
Nesses ensaios, Guerreiro Ramos demonstra seu desapego a fórmulas e
certa amplitude na análise do pensamento social, mantém-se fiel a uma
abordagem crítica conforme determinada tensão contextual, considera a
permanência e influência das idéias nas posteriores construções intelectuais (em
“A ideologia da ordem”), a presença de caracteres psicológicos na formão de
uma particular visão de mundo (“A ideologia da Jeunesse Dorée’”) e a
importância de certa sensibilidade social ainda que formulada teoricamente de
modo precário ou excessivamente generalizador no tratamento de questões
submetidas ao saber sociológico.
cuja detecção trica é em muito devida a Marx: a contradição entre diferentes modos de
orga
237
Um papel destacado no processo social brasileiro é atribuído por
Guerreiro Ramos à atuação da inteligência brasileira, ou seja, do...
[...] conjunto de pessoas que têm exercido em vários papéis, um magistério
público orientado para interpretar e configurar o processo de formação do
país. Como em outros períodos, na década de 1930 fazem parte dela, ao lado
de escritores propriamente, como por exemplo: Oliveira Vianna, Azevedo
Amaral, Martins de Almeida, Alceu Amoroso Lima, Octávio de Faria, Plínio
Salgado, indivíduos como Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, João Neves de
Fontoura, Góis Monteiro, Luís Carlos Prestes, Juarez vora, Newton
Esv
238
compromisso dessa intelligentzia não poderia ser estético mas, naquele momento,
basicamente potico.
270
Guerreiro Ramos seguindo as lões de Mannheim afirma que a
intelligentzia teria como característica fundamental o “pensar independente”, o
esforço para libertar-se do ponto de vista de uma classe, aspirando a uma condição
de possibilidade de síntese; afirma, também, que o haveria posição imune ao
condicionamento social, entretanto, a consciência crítica militante alcançaria
“maior objetividade que o desserviço da auto-reflexão (RAMOS, 1961, p. 186),
uma vez que a perspectiva social localizada (pom de amplitude privilegiada)
seria mais efetiva que o livre-pensar’ ou a flutuação descompromissada,
inconscientemente caudatária de posições dadas (RAMOS, 1961, p. 186-7).
A aridez do terreno para a contestação seria outra particularidade do
processo social brasileiro, em sua relação com a atuação intelectual: Os
intelectuais de origem modesta raramente escapam ao processo cooptativo que, ou
os assimila inteiramente, ou os acomoda ao sistema social prevalecente. Por isso
jamais se formou no Brasil uma intelligentzia no sentido russo” (RAMOS, 1983a,
p.j
f
239
políticos,
271
persistindo em distraí-lo de suas tarefas. Entretanto, Guerreiro
Ramos vis
240
destituir de seu eixo as forças centrífugas, deslocar o centro decisório para o
âmago do país, elevar a nacionalidade à posição de elemento
aglutinador/conscientizador da vida social e relevar a realidade brasileira como
espaço vital da existência social plena e autêntica. Economicamente, efetivaria a
industrialização, promoveria o desenvolvimento e construiria as bases do
capitalismo no
241
unificar numa frente, a burguesia industrial e a massa dos trabalhadores”
(RAMOS, 1963, p. 60). E a8 Tm (e)Tj1 0 0 1 211.649e
242
Não obstante, Guerreiro Ramos afirmara que a polaridade fundamental
que definia o p
nt
243
seriam3564 718.2898 Tm (e)Tj1 0 0 1 48.088 718.2898 Tm(ne)Tj1 0 0 1 53.844 718.2898 Tm tee a re
244
Em meio ao que considerava volúpia ‘revolucionária’, inconseqüente,
Guerreiro Ramos pinta um lúcido retrato do Governo Jango em seus últimos dias
e apela à razão em meio ao destempero que vigeria:
274
A revolução brasileira será mistificada, se e enquanto os que pretendem
representá-la e servi-la não se desvencilharem de fetiches verbais. A
revolução brasileira hoje está diante do dilema: mito ou verdade. Aos otários
o mito. Façamos a revolução segundo a verdade da história nacional.
(RAMOS, 1963, p. 191).
Reeditava-se segundo Guerreiro o risco de tornar a revolução uma
jornada de otários. Mas quem seriam os otários de então? Os petardos tomavam a
direção do governo, dos demagogos, dos políticos ‘populistas’, de setores da
esquerda, do PCB, etc.
Podemos responder que [otários] são todos os que estão falando demais,
f
s
245
IV – A utopia desarmada
“A ciência social e, portanto, também a ciência administrativa
nada significam sem um engajamento com valores humanísticos.”
Guerreiro Ramos
Após o golpe de 1964, Guerreiro Ramos teve seu mandato de deputado
federal e os direitos poticos cassados.
276
Perseguido, foi abrigado por Luiz
Simões Lopes (ex-presidente do DASP), então presidente da Fundação Getúlio
Vargas, na qual com o financiamento de uma bolsa da Fundação Ford
trabalhou e escreveu Administração e estratégia do desenvolvimento: elementos
de uma sociologia especial da administração (publicado em 1966). Interrompido
seu envolvimento com a potica nacional, que se intensificava desde 1953
(quando trabalhou na Assessoria de Vargas), encontrou a proteção econômica e
institucional no lugar que o havia acolhido quando naqueles difíceis momentos
após sua saída da Universidade do Brasil (nos anos 1940) foi preterido na
carreira universitária, acusado de colaboração com o integralismo: na
administração pública. O tecnicismo e a proteção corporativa ressurgiam como
tábua de salvação para as tormentas da potica.
Imediatamente, é comoa
246
para sempre um filho malquisto.
277
Nele, Guerreiro Ramos esboça uma
sociologia especial da administração e volta-se para temas como burocracia,
estratégia, formalismo, etc.; o fosse a profundidade de abordagem de certos
temas, a erudição e o enciclopédico conhecimento do autor a respeito do tema,
poder-se-ia tomá-lo devido à forma do texto, à quantidade de autores
relacionados e o didatismo da argumentação como um manual. Não o é,
malgrado o desapreço do autor pela obra, é um livro que acerta algumas contas
com o passa
247
verdade, pode, e a história tem dado prova disso. Mas o seu papel
modernizante apresenta-se-lhe sempre como uma chance, um ‘acidente
estatístico da história, da conjuntura de poder. (RAMOS, 1966, p. 274).
Se a burocracia não desfruta de estatuto político que a capacite à
universalidade de empreendimento como portadora de um projeto, entretanto, em
determinadas conjunturas, poderia adquirir certa autonomia’ potica e motivão
que, nessas condições, seria direcionada num dado sentido. O resultado, porém,
seria nocivo:
Quando a buro
o
248
alguma vez, desempenhou funções modernizantes, são sempre ‘a posteriori’,
‘post festum’, e, por isso, têm escasso valor normativo ou estratégico. As normas
da autêntica estratégia administrativa são coetâneas às ações e ao desempenho
administrativo” (RAMOS, 1966, p. 299, grifos nossos).
As constatações anteriores não lastreariam ‘cientificamente’ uma
deliberada intervenção modernizadora, já que a experiência adquirida daqueles
fatos, em contextos determinados, poderia indicar o papel modernizador da
burocracia; antecipadamente, não haveria como detectá-lo. Ademais, o escopo das
ações da burocracia reduzir-se-ia a realizações circunstanciais e operacionais da
rotina administrativa, não de efetiva direção política tarefa, novamente, de
elites.
Se todo experimento sociopotico se consolida na prática e não
resultado a priori, os efeitos poderiam ser significativamente entendidos com a
efetivação, todo progressismo ou conservadorismo se definiria realmente na
ação num dado contexto (e numa certa perspectiva), nunca discursivamente, ‘em
abstrato’; todavia, seria ainda possível uma prospecção racional a respeito das
potencialidades e implicações dos projetos. A elaboração de Guerreiro Ramos
trata o somente da dificuldade de intelecção da eficácia da ação e do projeto,
mas também da incapacidade por parte da burocracia de indicar rumos
precisos e determinados aos processos modernizadores.
A burocracia estaria circunscrita ao âmbito da racionalidade (WEBER,
1982), dos negócios rotineiros do Estado (SCHÄFLLE apud MANNHEIM, 1972)
e alijada da esfera da criação, da política, do irracional (MANNHEIM, 1972).
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249
Na insegurança do período (pós-1964), com a perplexidade, a busca de
‘culpados’ pelo acontecido, o advento das previsões catastrofistas de estagnação
econômica e retrocesso potico (cf. FURTADO, 1979)
279
emergem para
Guerreiro Ramos as incertezas em relação ao regime, ao momento histórico (e à
própria vida do autor) e suas possibilidades; pelas frestas do incerto vem à tona o
desânimo com as forças poticas consideradas progressistas, com o potencial
transformador desses sujeitos poticos e até mesmo uma incômoda suspeita:
aquele regime s-1964 (e sua tecnocracia) que se instaurava (autoritário,
excludente e conservador), a posteriori, poderia mostrar-se modernizante; isto é,
o parecia seguro que as mudanças na sociedade brasileira teriam
necessariamente como herdeiras as forças progressistas, um outro tipo de
mudança que não a sonhada revolução brasileira poderia ser possível e o
capitalismo consolidar-se-ia no Brasil por outros meios que não o aunomo e
nacional como outros viriam a indicar em 1969 (CARDOSO; FALLETO,
1975).
Essa modernização configurar-se-ia mais tarde como o fôlego do regime
e a esfinge para a esquerda, modernização essa muito peculiar (conservadora, pelo
alto), mas que desafiava uma geração de intelectuais que se acostumou a pensar o
desenvolvimento e a modernização capitalista como processo relativamente
inexorável, evolutivo, e a face mais visível da democracia, cidadania e soberania.
Ilusão que o tempo se encarregaria de destruir.
Para Guerreiro Ramos, razão e modernização não eram convergentes.
O desenvolvimento mostrava suas outras faces (algumas perversas) e
contradições. A potica continuava uma amante infiel. Assim, devido à desilusão
279
Editado originalmente em 1967.
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250
do servidor com a impotência e o amesquinhamento privatista da burocracia, do
sociólogo com o descompromisso da Intelincia com o país, e do político com a
baixeza do jogo do poder Guerreiro Ramos exilar-se-á, distanciando-se da
pol
251
histórico-com
252
de conceitos operacionais do que de prescrições, esforçando-se no sentido de uma
estratégia da modernização (RAMOS, 1967, p. 39-42).
Empreende, assim, uma crítica das teorias que enfocam a mudança social
com base numa linearidade histórica pretendida por algumas teorias da
modernização, que identificariam o alcance da modernidade como o trilhar
determinado percurso que levaria à posição dos países “desenvolvidos”. Em
contrapartida, Guerreiro Ramos afirma o destino histórico aberto e próprio de
cada país, por meio de uma teoria que aborda a transformação como horizonte de
possibilidades (objetivas). A esperança na peculiaridade e na construção de rumos
históricos próprios não se alicerça mais no culturalismo de Danilevski, mas em
Weber e na leitura
t
i
e
e
e
e
e
253
Manifesta-se, então, a respeito da conturbada relação entre intelectuais e
Estado:
No Brasil e em outros países latino-americanos a extrema rigidez da
estrutura social, e sua capacidade para absorver os setores médios, precisa ser
considerada quando se tenta explicar a hipertrofia dos quadros burocráticos.
Tal hipertrofia é o resultado necesrio de certa cooptação inconsciente
exercida pelo sistema social brasileiro no sentido de acomodar aqueles que
porventura ameacem sua estabilidade, alienando-os completamente.
[...]
Aqueles bacharéis que o encontram emprego no setor privado da economia
exercem pressão sobre o governo na busca de ocupações e meios de
subsistência. O governo, em todos os níveis, é forçado a prover os serviços
públicos com pessoal além de suas reais necessidades, sacrificando então sua
eficiência, mas ao mesmo tempo evitando uma situação na qual as pressões
poderiam alcançar um ponto crítico. (RAMOS, 1971, p. 65).
281
O intelectual compromissado denunciava a cooptação não simplesmente
em defesa da integridade da Intelincia, nem pelo ponto de vista da sociedade
civil – numa eventual condenação à falta de independência ou à proximidade com
o Estado –, mas indignando-se com o clientelismo, o parasitismo exercido por
aqueles que buscavam colocações’. O vértice desse ponto de vista não é a função
do i
t
le Tf1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (c)Tj1 0 0 1 130.32 408.2098 Tm (t6Tj1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (u)8j1 0 0 1 130.32 434.6098 Tm (a)Tj1 00 0 1 127.2 381.5698 Tm (l)Tj1 00 0 1 127.2 408.2098 Tm (,)Tj1 0 0 1 130.32 1.5698 Tm (f)9)Tj 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (e9Tj1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (m0Tj1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (m)Tj1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (c)Tj1 0 0 1 130.32 567.0898 Tm (s)8 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (m3Tj1 0 0 1 116.88 354.9098 Tm (-)Tj/F2 124Tj1 0 0 1 127.2 381.5698 Tm (a)Tj10 0 1 130.32 381.5698 Tm (m)Tj1 0 0 1 116.88 354.9298 Tm (o)Tj1 0 0 1 116.88 533.7298 Tm (r)61 0 0 1 127.2 381.5698 Tm (a8Tj1 00 0 1 127.2 381.5698 Tm (l)Tj1 00 0 1 127.2 461.2498 Tm (i)7j1 00 0 1 127.2 408.2098 Tm (d9Tj1 00 0 1 127.2 434.6098 Tm (a)Tj1 00 0 1 127.2 408.2098 Tm (o)Tj1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (d)Tj10 0 1 116.88 354.9298 Tm (r)Tj1 00 0 1 127.2 487.8898 Tm (u)Tj1 0 0 1 116.88 354.9298 Tm (r40j10 0 1 130.32 381.5698 Tm (c4981 0 0 1 130.32 408.2098 Tm (i)9j1 0 0 1 127.2 544.7698 Tm (n)5j1 0 0 1 127.2 556.0498 Tm (i)8j1 0 0 1 130.32 556.0498 Tm (s)3j1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (31 0 0 1 116.88 354.9298 Tm (r78j1 0 0 1 130.32 533.7298 Tm (,)Tj1 0 0 1 130.32 567.0898 Tm (é)Tj1 0 0 1 116.88 533.7298 Tm (,97j1 0 0 1 116.88 408.2098 Tm (p)Tj1 00 0 1 127.2 434.6098 Tm (e)Tj1 0 0 1 116.88 533.7298 Tm (i)Tj1 00 0 1 127.2 434.6098 Tm (e1Tj1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (d24j1 0 0 1 130.32 622.2898 Tm (o)Tj1 00 0 1 127.2 408.2098 Tm (x)Tj1 00 0 1 127.2 434.6098 Tm (e)Tj1 00 0 1 127.2 381.5698 Tm (4)5j1 0 0 1 127.2 434.6098 Tm (m)4j1 0 0 1 130.32 408.2098 Tm (e)9j1 0 0 1 130.32 1.5698 Tm (f)n)Tj10 0 1 130.32 408.2098 Tm (46Tj1 0 0 1 116.88 556.0498 Tm (e)Tj1 0 0 1 116.88 533.7298 Tm (r)Tj1 00 0 1 127.2 434.6098 Tm (e8Tj1 0 0 1 127.2 354.9298 Tm (n)Tj1 0 0 1 130.32 1.5698 Tm (f)7)Tj1 0 0 1 130.32 381.5698 Tm (d)Tj1 00 0 1 127.2 434.6698 Tm (o)Tj/F2 12 Tf1 020 1 444.48 354.9298 Tm (o)0 020 1 444.48 p54.9298 Tm (o)6 020 1 444.48 r54.9298 Tm (o)9j1 020 1 444.48 381.5698 Tm (92981 020 1 444.48 p54.9298 Tm (o)Tj1 020 1 444.48 r54.9298 Tm (o)Tj1 020 1 444.48 354.9298 Tm (i)Tj1 020 1 444.48 354.9298 Tm (o)Tj 020 1 444.48 408.2098 Tm (E)Tj1 020 1 444.48 381.5698 Tm (s70j1 020 1 444.48 487.8898 Tm (t)Tj1 020 1 444.48 434.6098 Tm (a)Tj1 020 1 444.48 354.9298 Tm (d)Tj1020 1 444.48 354.9298 Tm (o)Tj1 020 1 444.48 544.7698 Tm (e)Tj1 020 1 444.48 381.5698 Tm (n)Tj1 020 1 444.48 589.1698 Tm (u)2j1 020 1 444.48 461.2498 Tm (a)Tj1 020 1 444.48 r54.9298 Tm (d)Tj1 020 1 444.48 461.2498 Tm (a3Tj1 020 1 444.48 381.5698 Tm (c)Tj1 020 1 444.48 354.9298 Tm (p)Tj1020 1 444.48 354.9298 Tm (c)Tj1 020 1 444.48 434.6098 Tm (n)1j1 020 1 444.48 381.5698 Tm (a)Tj51 020 1 444.48 381.5698 Tm (l5Tj1 020 1 444.48 354.9298 Tm (p62j1020 1 444.48 408.2098 Tm (d6Tj1 020 1 444.48 556.0498 Tm (a)4j1 020 1 444.48 487.8898 Tm (d)0j1 020 1 444.48 544.7698 Tm (e)Tj1 020 1 444.48 .34.6698 Tm (o)Tj/F2 12 Tf1 0)Tj 444.48 408.2098 Tm (E)Tj1 0)Tj 444.48 434.6098 Tm (m)Tj1 0)Tj 444.48 381.5698 Tm (b)Tj1 0)Tj 444.48 354.9298 Tm (o)Tj1 0)Tj 444.48 r54.9298 Tm (o81 0)Tj 444.48 381.5698 Tm (a)Tj1 0)Tj 444.48 G81.5698 Tm (n)Tj1 0)Tj 444.48 589.1698 Tm (u)0j1 0)Tj 444.48 533.7298 Tm (e)Tj76 0)Tj 444.48 r54.9298 Tm (h)Tj1 0)Tj 444.48 r54.9298 Tm (h)Tj1 0)Tj 444.48 533.7298 Tm (e)Tj1 0)Tj 444.48 354.9298 Tm (p)Tj1 0)Tj 444.48 r54.9298 Tm (h3Tj1 )Tj 444.48 354.9298 Tm (24Tj1 )Tj 444.48 R81.5698 Tm (l5Tj1 0)Tj 444.48 381.5698 Tm (s)Tj10)Tj 444.48 434.6098 Tm (d6Tj21 0)Tj 444.48 354.9298 Tm (v)Tj51 0)Tj 444.48 544.7698 Tm (s)Tj1 0)Tj 444.48 544.7698 Tm (s)9j1 )Tj 444.48 381.5698 Tm (,)Tj0)Tj 444.48 544.7698 Tm (e)Tj56 0
254
políticos latino-americanos parecem permitir melhor compreensão se
explicados em termos de, por exemplo, aspirantes ao poder, atores, do que
em termos de classes estratificadas. Da mesma forma, muito autores o por
suposto que os países latino-americanos são verdadeiras sociedades, ou,
em outras palavras, que em todo país latino-americano existe a dicotomia
Estado versus sociedade, tal como se verifica nos países cêntricos. (RAMOS,
1983b, p. 59, grifos do autor).
Antes central, a questão da transplantação também se modifica: os
acentos nacionais e poticos, de construção da nação e realidade existencial são
afastados, e passa a ser tratada conforme a adequação lógica e funcional a
contextos teóricos; o autor refere-se a transfencia de conceitos”, para “os casos
nos quais é pertinente e adequada a tentativa de examinar o problema segundo um
modelo tomado de empréstimo de uma situação diferente, porque ambos possuem
realmente características análogas”, e uso inadequado de conceitos”, para os
casos nos quais um modelo é tomado de empréstimo, sem observar a
indisponibilidade do uso (RAMOS, 1973, p. 6). Se a nação já não é uma categoria
central e estaria mesmo rapidamente se tornando inviável como categoria de
análise” (RAMOS, 1983b, p. 51), a transplantação no sentido anteriormente
atribuído, a saber, de deslocamento de iias para uma realidade nacional alheia, é
agora destituída de sentido. Para Guerreiro Ramos, frente à vigência de um
sistema único, “faz-se mister uma ciência social global” (RAMOS, 1983b, p. 51),
desse modo, soterra qualquer resquício de realização de uma sociologia nacional.
Um outro aspecto da transplantação, a importação de instituições e
condutas despregadas do devido contexto, aplicados conforme uma concepção
formal, passa a sera
m
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255
as várias facetas do fenômeno do formalismo no Brasil, que se configuraria em
estratégias: para lidar com o conflito social, de ascendência social conforme uma
mobilidade vertical, de construção da nação e de articulação da sociedade
periférica com o resto do mundo (RAMOS, 1971, p. 80); assim, o formalismo
(identificado nas relações e instituições sociais brasileiras) seria, em seu sentido
principal, não uma característica bizarra, nem um traço de patologia social nas
sociedades periféricas, mas uma reação “normal”, que refletiria a estratégia global
conforme a qual sociedades tentam emergir de seu atual estágio de
desenvolvimento. Isto posto, seria, nas sociedades periféricas, uma estratégia de
mudança social, imposta pelo caráter dual de suas formações históricas e pelo
modo particular como essas sociedades se articulam com o resto do mundo”
(RAMOS, 1971, p. 62).
O formalismo, que anteriormente ao nível nacional aparecia como
uma forma de alheamento, de inautenticidade, de importação de formas, desta
feita, num contexto de sistema mundial, torna-se uma legítima manobra
obviamente não plenamente consciente para lidar com as circunstâncias do
‘atraso’, isto é, da diferença (comparativa) de estágio de desenvolvimento no
in
256
alguns artigos (cf. RAMOS, 1982, 1984), mas sua peça principal é seu último
livro, escrito nos EUA e custosamente publicado no Canadá e no Brasil. Em
busca da superação da ciência social contemporânea, A nova ciência das
organizações livro esboçado desde 1973 e publicado em 1981 liga-se à
agenda de pesquisas norte-americana do período, todavia, se por um lado assume
seus temas e problemas, por outro contraria severamente a abordagem, as
referências teóricas e os argumentos mais aceitos pelo mainstream acadêmico.
284
Inicia a árdua tarefa apoiando-se raízes na distinção entre racionalidade
formal o
257
Guerreiro censura agora Weber e Mannheim amm
258
“método e técnica não são padrões de verdade e de adequado conhecimento
científico” (RAMOS, 1989, p. 42).
287
Empreende, assim, uma crítica generalizante, concluindo que “a despeito
de suas reivindicações isentas de conceitos de valor, a ciência social
contemporaneamente é normativa, à medida que, na teoria e na prática, nada mais
é do que um corpo de critérios de análise e planejamento de sistemas sociais
induzidos a partir de uma configuração histórica particular” (RAMOS, 1989, p.
195, grifos do autor), a saber, a de alguns poucos países do Ocidente e a trajetória
que eles tomaram. Guerreiro Ramos ainda respondia às críticas feitas à sociologia
que praticava apontando a falsa objetividade que os adversários cultuariam.
Adverte, então, que a deliberada distinção entre uma ciência social
baseada na razão instrumental ou na razão substantiva...
[...] não deveria ser considerada um exercício didático: propõe um dilema
existencial a quem quer que escolha ser um cientista social. Na verdade, em
geral, a opção por uma ou outral
259
está potencialmente apta a se transformar numa boa sociedade, se escolher se
despojar da visão linearista da história” (RAMOS, 1989, p. 196, grifo
9
260
pragmatismo e sentenciou que a história da cultura no Brasil seria ainda uma
sucessão de importações, seríamos mesmo a essa altura apenas consumidores de
ciência importada e estaríamos ao sabor dos ventos da última moda. Os
intelectuais no Brasil, em regra, estariam sempre sob o signo da cooptação, jamais
na história brasileira os intelectuais teriam se sentido excluídos, daí o fato
segundo ele de que também nunca teria havido uma verdadeira intelligentzia
contestadora no Brasil. Mais ainda, o próprio projeto de modernização no Brasil
deu-se sob o signo da decadência, como atrelamento do país à decadente
sociedade ocidental, a própria modernidade seria uma “ideologia da decadência”
(1983a). Em seu último artigo, escrito em 1982 (“Curtição ou reinvenção do
Brasil”), reclama da dificuldade em “distinguir entre aparência e realidade” no
Brasil, alerta para o aspecto “trágico da situação do país e reafirma que este
“nunca deixou de ser um país colonial” (RAMOS, 1986, p. 3).
290
Finalmente, em entrevista em 1982, pouco antes de sua morte, afirmou “é
preciso reinventar a civilização brasileira, em termos de elementos permanentes,
o de elementos modernos”, livrar-se do estigma da decadência que a
sociedade indus
261
Dilacerado entre a mágoa pelo não reconhecimento intelectual e
acadêmico e o aborto de suas convicções poticas de um lado, e o amor pelo país
de outro, ao final chegou ao limite de desabafar: “este país é uma merda!”.
291
Entretanto, reconsiderou....
Não nascemos no Brasil por deliberação. Mas isso não é escusa para
escolher o rumo da capitulação. Mais inteligente é aceitá-lo como destino e
com espírito de grandeza, posicionamento sem o qual seria impossível o
sucesso de qualquer tentativa de salvar o fenômeno brasileiro. (1983a, p.
547).
Frustrada a redenção restaria a resignação, um tanto indignada, mas
ainda a resignação.
291
Perguntado sobre qual o sentido de suas
262
V – O saber (re)velado
“Vivo dialeticamente.”
Guerreiro Ramos
Quando estudamos a polêmica entre Florestan Fernandes e Guerreiro
Ramos, procuramos caracterizar tal enfrentamento não apenas nos termos de uma
querela intelectual, interessava-nos a dimensão de projetos que adquiriram as
formulações dos autores, nesse rumo, ao final, impunha-se uma questão que veio
a se tornar hipótese deste trabalho, a saber:
A aspiração à construção de um saber social (e sociológico) original,
radicalmente enraizado nesta formação social é não somente contemporâneo
ou para
263
históricos e o horizonte de perspectivas dos sujeitos, já que – nas próprias palavras
do autor, que remetem a Lucien Goldmann “se não esperança de um
aprisionamento definitivo da realidade social, num sistema, sempre, em cada
época, um máximo de consciência possível da realidade, que se pode atingir”
(RAMOS, 1996, p. 183). Esse máximo de consciência possível
293
o denota aqui
uma exigência e sim um parâmetro, uma medida (litrofe) para lidar com a
temporalidade histórico-social e a consciência, pois a história não é um tribunal, e
analisar o pensamento social não é levar um sujeito intelectual ao banco dos réus,
ao altar ou ao panteão.
A primeira metade do século XX no Brasil marcou a formação do
proletariado e a ascensão da burguesia como classe dominante, embora alguns
entre eles Guerreiro Ramos criam que esta o fosse propriamente “dirigente”,
que não possuiria a representatividade ideológica e o pleno controle do
processo político.
294
1930 marca não o efetivo donio burguês, o
reconhecimento dos oponentes proletários e as preocupações com as tensões
geradas, marca também a ascensão de setores sociais intermedrios como sujeitos
políticos, circunstancialmente qualificados por suas posições relativamente
estratégicas para garantir alguma estabilidade no delicado equilíbrio na balança do
poder.
295
293
O conceito é entendido como uma ampla apreensão da situação social de grupo (classe social)
em termos de possibilidades (objetivas), num horizonte histórico de determinada estrutura social
(GOLDMAN, 1976a, 1976b, 1979).
294
Também Octavio Ianni (1986, p. 29) – referindo-se às características da revolução burguesa na
América Latina menciona uma “dominação sem hegemonia”. Diagnósticos que nos parecem
equivocados, pois essa modalidade de dominação exigia exatamente tal forma de articulação das
classes que, obviamente, custaria algum ‘quinhão do poder. A dominação burguesa o era
incompleta, não-dirigente, mas adequada ao seu papel no bloco histórico no poder; é, desse modo,
menos um alijamento do poder que um acordo tácito com outros grupos.
295
Daí, em parte, a promulgação das leis de proteção social e a criação de uma estrutura sindical
que, primordialmente, funcionava como amortecedor das lutas de classe, e que proporcionou
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264
A influência desses setores intermediários não provinha decisivamente da
pequena burguesia que, embora contando com um setor relativamente moderno e
destacados personagens poticos desde o séc. XIX, sempre foi economicamente
débil e pouco expressiva politicamente enquanto classe devido às
características do desenvolvimento do capitalismo no Brasil, dentre elas, a escassa
importância dos pequenos negócios (pequena produção e pequeno comércio) na
estrutura econômica, desde logo dominada pelos grandes negócios monopolistas e
oligopolistas (SAES, 1986, p. 449).
296
No geral, essa pequena burguesia
asseverava posições conservadoras, dada sua submissão ao padrão burguês de
dominação: excludente, elitista, anti-democrático e defensor ferrenho de uma
concepção da propriedade privada como forma de afirmação perante a sociedade
civil e o Estado, derivado da herança escravista e discriminatória calcada na
necessidade de renda (e propriedade) para efetiva participação política. Alguns
desses quadros pequep
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265
‘estamentais’, sua existência e experiência eram produto (ainda que recente) da
modernização – e das contradições desse processo. Nutria, sem dúvida, anseios de
ascensão social, mas as rígidas e ‘estamentais condições anteriores à emergência
do ‘mercado de oportunidades’ para tal mobilidade (compromissos com as classes
dominantes, clientelismo, fisiologismo, apadrinhamento, favorecimento), já não
eram tão férreas; adquirindo formas conjunturais e localizadas, tais relações
arcaicas estavam combinadas com outras mais modernas (impessoalidade,
competência, competição e demais relações advindas da racionalização e do
mercado de trabalho em formação). Se havia relações de dependência pessoal para
colocações profissionais, busca de melhoria de nível de vida e participação
política (localizadas), por outro lado, essas circunstâncias já não eram
determinantes quanto à sobrevincia social dos indivíduos pertencentes a essa
classe média. Não eram mais agregados, estavam configuradas algumas formas de
inserção tecnicamente qualificadas na produção social, além disso, emergia um
tipo de Estado que já se pautava por ainda incipientes padrões burocrático-
racionais e admitia (e ampliava) espaços públicos e oportunidades de emprego,
garantindo-lhes, assim, certa ‘autonomia’ e margem de manobra.
Possuía já essa classe média em seus primórdios um histórico de
posicionamento potico: seja nos fatos relacionados ao Tenentismo, ao
Movimento de 1930 e ao Estado Novo, seja na militância integralista ou
comunista. Agora, no início da segunda metade do séc. XX, tentava ganhar espaço
social e potico consignando apoio ao setor
t
s
266
interesses seriam locupletados com o pleno domínio por parte da burguesia
industrial n
267
derivaria também da ampliação da sociedade potica e, conseqüentemente, de
certa democratização das formas de decisão, o que tornava os proletários possíveis
aliados – se circunstanciais e tutelados – nessa jornada.
298
Os aliados potenciais seriam, assim, a burguesia industrial e o
proletariado de extração urbana; os trabalhadores do campo profissionalmente
desqualificados para novas formas de ocupação, alijados de uma educação
mínima, politicamente submetidos ou manipulados, negligenciados pela cobertura
e efetiva aplicação das leis trabalhistas e formas de proteção social não
ofereciam suficiente atrativo como aliados e, não bastasse, ainda pairavam
ameaçadores sobre a c
268
outras reivindicações de caráter mais geral, concepções e formas de intervenção
elitistas e hierárquicas: tratamento político diferenciado, favorecimento na
representação institucional, espaço na organização partidária elitizada, privilégio
de formão como quadros técnicos e burocráticos, e, até mesmo, reivindicar
primazia no assunção do papel de intelligentzia.
Heterogênea, permeada por contradições, pressionada por cima e por
baixo, a classe média oscilava politicamente às vezes de modo abrupto entre a
esquerda e a direita, reivindicando a distinção, a defesa de privilégios, a
representação e, por outro lado, a ampliação das oportunidades de participação
política e na distribuição da renda, abrindo espaço inadvertidamente também
para alguns setores subalternos. Não havia, então, dois campos poticos internos
claros, mas uma polarização volátil entre posições, conforme a conjuntura potica
e o peso potico das classes antagônicas (burguesia e proletariado); daí suas
variações de rumo avanços sociais e democratizantes, defesa de privilégios e
conservadorismo. Daí, também, sua aversão às posições poticas radicais ou
polarizadas que apontariam no sentido do esfacelamento de sua influência ou,
no limite, da ameaça à sua sobrevincia e suas atitudes de não apoiar
majoritária e resolutamente o socialismo nem a contra-revolução burguesa, nem
se unir decisivamente às classes subalternas (e aceitar a hegemonia do
proletariado no processo de contestação), e nem se juntar organicamente à reação
burguesa.
300
Externamente, também se via pressionada a tomar posições. Opunha-
se ao donio do capital ‘externo’ e à intromissão dos países centrais, mantinha
300
Embora boa parte das análises a respeito como certa a adesão da classe média a momentos
de reação burguesa, particularmente em 1964, tais condutas circunstanciais parecem, malgrado a
singularidade dos acontecimentos, terem sido mais motivadas pelo horror à transformação
profunda e ao radicalismo que as circunstâncias prometiam que propriamente uma opção pela
organização direitista e reacionária da sociedade brasileira. Haja visto o engajamento de
indivíduos da classe na luta contra a ditadura, desde a campanha armada até pela democracia.
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269
considerável distância do imperialismo e do comunismo, e comungava uma
pretensa terceira posição, em conformidade com sua auto-imagem no contexto
social do país e com a ponderação predominante na herança diplomática
brasileira: o neutralismo como recusa aos EUA e à URSS seria a forma de
expressar essa posição.
Uma das formas
270
dinâmica implicava mais na ‘salvação’ da classe média proteção contra os
inconciliáveis tormentos gerados pelo avanço do capitalismo monopolista mundial
quanto do internacionalismo proletário. Proteção não contra o inimigo externo, e
sim contra a insegurança da transformação abrangente que tais sujeitos (e
ideologias) externos representavam, haja vista o caráter mais propriamente
econômico que potico que, na maioria das vezes, assumiu este nacionalismo, ao
qual cumpria resguardar a sobrevivência em vez de intervir seriamente nos rumos
do país no cenário mundial, avançar preservando o modo de vida e sem desfazer-
se dos ‘atalhos’ poticos de efetivação de interesses (elitismo, favoritismo,
personal
271
fase (monopolista), abria possibilidades de mudança nas forças produtivas sem
necessariamente pôr de cabeça para baixo as relações de produção. Para a
temerosa classe média, era parte do sonho de incremento produtivo e estabilidade
social que poderia garantir sua sustentação econômica, melhoria de vida e
participação potica, desde que obstaculizada a voracidade do capital ‘externo’,
que supostamente ameaçaria a indústria nacional, as oportunidades dela
decorrentes e o conseqüente desenvolvimento capitalista nacional. Note-se que,
entre outros motivos, quando da percepção da viabilidade e compatibilidade do
desenvolvimento econômico capitalista no Brasil (e mesmo oferta de
oportunidades) sob a influência do capital internacional, o ânimo nacionalista
dessa classe média arrefeceu severamente daí a aprovação ao ‘milagre
econômico’ do início dos anos 1970 e a corrida às oportunidades de emprego na
indústria multinacional.
Também a massificação da oferta (a despeito da qualidade) de bens
sociais então escassos (educação, saúde, postos de trabalho, infra-estrutura
urbana), se por um lado favorecia diretamente tal classe média, por outro, infligia-
lhei
272
parcimônia estatal processo, por vezes, confundido com apelo liberal da classe
média. As poticas blicas e a assistência social (uma instituição ainda hoje
fundamental numa sociedade desigual e excludente) funcionavam em dupla mão:
como amortecedores de conflitos (e forma de cooptação) e instrumentos de
submissão potica; se fruídos pela classe média (conforme sua própria visão)
tornavam-se bens’, ‘direitos’ sociais, se tinham como beneficiários os ‘de
baixo’, os carentes, eram vistos como inspiradores de maus hábitos,
assistencialismo, dilapidação do dinheiro público com os inextirpáveis vícios do
caráter nacional, a preguiça e a mendicância.
303
O campo privilegiado de atuação desse nacionalismo não foi
seguramente a sociedade civil, o Estado é o lócus para onde se dirigiam os
interesses e estratégias nacionalistas. Essa classe média, após 1930, estreitou laços
com o Estado como forma de garantir posições e fazer valer sua intervenção
política, já que era no campo estatal que conseguia seja por meio de suas
funções técnicas e burocráticas, seja pelas rotinas legais ou pelo clientelismo
participar de decisões. Se pensou suas soluções a partir do Estado, não é devido
somente ao diagnóstico de entreguismo, do antinacionalismo que desposariam
outros setores da sociedade civil, que embasa tal argumento, o Estado era o
grande trunfo da sobrevivência potica e econômica, que deveria ser conquistado
para o êxito dessa classe média. Não era algo novo, tinha aí continuidade a
heraa de vários pensadores brasileiros que elaboraram projetos de cunho
303
Talvez uma característica desse nacionalismo de classe média, sensível nas manifestações do
senso comum e também protuberante nas elaborações teóricas (como em Guerreiro Ramos), é uma
paradoxal relação de apego e desdém para com as características nacionais, um orgulho quase
envergonhado de ser brasileiro, uma dúbia relação de carinho e desprezo
273
nacional emoldurando-os nas balizas do Estado ou mesmo a partir do Estado.
304
Este encarnava também, paradoxalmente, o bastião da luta republicana contra as
oligarquias, contra o clientelismo, pelos direitos sociais, etc. O Estado era ainda
paradoxalmente ator e arena privilegiados pelas forças da mudança, pela
intelligentzia, que via neste o poderoso gigante no qual, uma vez instalados no
alto de seus controles, podia-se dominar a liliputiana sociedade civil.
305
A nação era identificada com a soberania, a autonomia de decisões
governamentais e a internalização dessas decisões como prerrogativa do Estado;
menos com a cultura, a cidadania, o sentimento do povo como pertencente a uma
comunidade, e mais com a autodeterminação do Estado, sua soberania e
independência com relação aos outros Estados e, no limite, à própria sociedade
civil quando emergem interesses não coadunados com os rumos nacionais
delimitados, daí a demonização do “entreguismo e a confusão do ‘público com
o ‘nacional’.
Não obstante, diferentemente da concepção organizatória e construtivista
da nação que predominou do início até a metade do séc. XX, e teve no Estado
Novo seu ápice, agora nação e comunidade não eram simplesmente sinônimos,
havia delimitação entre os grupos sociais, o que levava a pensar a nação como
comunidade numa sociedade terreno também de conflitos, que
momentaneamente tomaram a forma de nacionalismo e entreguismo, “forças
centrípetas versus forças centrífugas”, “nação versus antinação (Guerreiro
304
“Aparece, assim, mais uma vez, a ambigüidade da ascensão nacionalista. A um tempo
política de Estado e movimento social, ela tende a se realizar num espaço fechado. Exatamente
como a atitude dos intelectuais cariocas, participando da primeira e organizando o segundo, que se
voltam para a sociedade, nem sempre distinguindo se a parte da sociedade em que baseiam suas
esperanças, não seria, na verdade, apenas a sombra projetada do Estado (PÉCAUT, 1990, p. 178).
305
Lilliputianos eram os habitantes de Lilliput, cidadãos de menos de 6 polegadas de altura, que
sentiam-se indefesos frente o ‘gigante’ Gulliver. Todos personagens do livro de Viagens de
Gulliver, escrito em 1726 por Jonathan Swift (1998).
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274
Ramos). Entretanto, a aceitação da existência de tais conflitos não significava
para aquele nacionalismo a aceitação da atualidade da luta de classes, a agenda
impunha formar a nação e depois pensar suas contradições internas. A
comunidade nacional deveria preceder a comunidade mundial, ainda que esta,
adiante e em última instância, fosse discursivamente posta como preponderante
(RAMOS, 1963).
A idéia de que esse na
275
imediato no contexto da “guerra fria”, etc., questões essenciais para a sociedade
brasileira e relegadas pela revolução burguesa com as quais bem ou mal,
decisivamente ou o este nacionalismo defrontou-se.
306
Por outro lado, pelos
seus erros de cálculo potico e insuficiência ideológica, o nacionalismo deslocou
algumas peças de resistência que poderiam ter feito diferente – senão inexistente
o 1964 e suas conseqüências.
307
Ao analisar as transformações do nacionalismo, mormente na Europa
entre 1870 e 1918, Eric Hobsbawn (1990, p. 152-3, grifos do autor) insuspeito
como nacionalista – concluiu:
Primeiro, que ainda sabemos muito pouco sobre o que significa a
consciência nacional para as massas das nacionalidades envolvidas [...] mas
antes disso, precisamos de um olhar frio e desmistificador dirigido à
terminologia e à ideologia que cerca a “questão nacional nesse período,
particularmente em sua variante nacionalista. Segundo, que a aquisição de
uma consciência nacional o pode ser separada da aquisição de outras
formas de consciência social e política nesse período: todas estão juntas.
Terceiro, que o desenvolvimento de uma consciência nacional (fora as
classol q
4
o
c
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276
com e/ou obscureceu a consciência de classe, não absolutamente disseminou
ingênua ou deliberadamente a confusão quanto à fidelidade devida à classe ou à
nação, ou à nação as expensas da classe. A grande maioria das críticas feitas a
autores e idéias nacionalistas desse período da história brasileira remete à
conciliação de classe, ao obscurecimento das contradições essenciais (de classe)
presentes na sociedade brasileira, à proximidade promíscua com o Estado, ao
papel doutrinário conciliador e protelatório, à subjugação das lutas sociais
(mormente a sindical), etc. que se identificar as raízes ideológicas desse
nacionalismo para entender que era crucial à classe média donde ele provinha
submeter as contradições de classe aos imperativos da ‘comunidade nacional’, que
fo
277
de interesses ou ainda, relevando os ‘erros históricos e políticos’ cometidos, que
saltam aos olhos quando se considera o contexto histórico’ da época, o que seria
algo conseqüente não fosse o fato de que tais ‘contextos históricos’ têm sempre
escassa verossimilhança, pois geralmente são frutos de idealizações de esquerda
ou de direita providencialmente convenientes para justificar situações
posteriores. O passado necessário para justificação da existência de um presente
indesejado.
É iminente que um projeto político radical e conseqüentemente articulado
com a realidade global projete – finalmente – a extrapolação dos marcos nacionais
para sua realização, mas não é certo que devam se separar desde o início e por
todo o percurso; tal objetivo (de uma comunidade mundial) não invalida as
conquistas sociais e poticas que se obtém nos marcos do âmbito nacional e por
me
278
nacional e autônomo, e, afora as veleidades desarrazoadas do projeto, não cabe
simplesmente condená-lo, vetá-lo, pois além de ter desenvolvido interessantes
aspectos de uma consciência nacional que forneceram subsídios para um avanço
político (econômico e social), forneceu também elementos e experiências para a
construção de formas mais elaboradas de consciência social e, no limite, de
consciência de classe, pois o nacionalismo trouxe consigo a afirmação de uma
identidade nacional acima das condições de cor, ‘raça’ e regionalismos, uma
noção de igualdade (baseada nesta identidade), uma sensibilidade social derivada
da preocupação com o desenvolvimento e a acomodação de conflitos internos,
uma idéia de cidadania contígua à sociabilidade numa comunidade de valores
(nacionais) e, também, uma idéia de povo como sujeito potico ainda que
resignado – que vinha ao encontro das aspirações políticas (primárias) das classes
subalternas. O problema do êxito ou fracasso do nacionalismo na sociedade
brasileira não é um ônus a ser pago, é uma construção interrompida. O problema
do quantum de incorporação ou não dessas conquistas à cultura potica
democrática e de esquerda não é de responsabilidade exclusiva do nacionalismo,
mas, sobretudo, do que o sucedeu.
310
As condições que deram vazão ao mito
311
do capitalismo autônomo,
nacional, também deram ensejo aos anseios de elaboração de um pensamento
social ‘genuinamente’ brasileiro, particularmente ao mito da sociologia nacional
como enraizamento histórico-social, autonomia do pensar, internalização do saber
310
Ficou obscurecido na história brasileira, mormente na história intelectual, o fato de que a
grande maioria dó Tm (.8498 Tm (o)Tj1 0 0 1 161.528 (ó Tm (.4(o)Tj1 0 0 1 438.48 213j1 (n)Tj11 0 0 1 123.6 146.8498 Tm (i)Tj1 0 0 1 128.84 213.0898 Tm (3 (o)Tj1 0 0 1 164 532.0498 Tm (e)0j1 0 0 1 128.84 399.3298 Tm (d)Tj1 0 0 1 18 ( 239.7298 Tm (e)Tj1 0 0 1 18 (8 346.0498 Tm (9)Tj1 0 0 1 141.2 186.6898 Tm (l)Tj11 0 0 1 141.2 372.6898 Tm (7)Tj1 0 0 1 149.52 146.8498 Tm363)0j1 0 0 1 128.84 186.6898 Tm (4)Tj1 0 0 1 18 ( 213.0898 Tm (a)Tj1 0 0 1 18 (8 213.0898 Tm 47.4(o)Tj1 0 0 1 2 399.3298 Tm (21 0 0 1 18 ( 213.0898 Tm 5n)Tj11 0 0 1 123.4 479.0098 Tm (8)Tj1 0 0 1 156.78 157.8898 Tm (3)Tj1 0 0 1 18 ( 505.6498 Tm (e)0j1 0 0 1 128.88 157.8898 Tm (a)Tj/F2 10.0 (u)6j11 0 0 1 123.- 157.8898 Tm (a)Tj/F2 10.0 (j1 0 0 1 18 ( 213.0898 Tm 79)Tj11 0 0 1 123.e 157.8898 Tm (a)Tj/F2 10.0 8i)Tj1 0 0 1 167.74 213.0898 Tm Tm (a)Tj/F2 10.0 (e)Tj1 0 0 1 18 (8 346.0498 Tm 12 Tfo)Tj1 0 0 1 2 399.3298 Tm (t)(21 0 0 1 18 ( 372.6898 Tm (r)Tj1 0 0 1 175.92 146.8498 Tm (o)Tj1 0 0 1 128.84 186.6898 Tm (d)Tj1 0 0 1 18 ( 399.3298 Tm 2e)0j1 0 0 1 128.84 213.0898 Tm (e)j1 0 0 1 175.98 157.8898 Tm 3j1 0 0 1 18 ( 239.7298 Tm365)0j1 0 0 1 128.88 157.8898 Tm (n)Tj1 0 0 1 167.74 239.7298 Tm ((i)Tj1 0 0 1 156.78 157.8898 Tm (s)1 0 0 1 18 ( 213.0898 Tm36b)Tj1 0 0 1 175.92 146.8498 Tm (o)Tj1 0 0 1 18 ( 239.7298 Tm374)j1 0 0 1 175.94 479.0098 Tm (3)Tj1 0 0 1 156.78 157.8898 Tm 86)6j11 0 0 1 123.2 157.8898 Tm 8m)Tj1 0 0 1 149.56 157.8898 Tm (a)Tj1 0 0 1 18 ( 266.3698 Tm 9i)Tj1 0 0 1 156.76 157.8898 Tm (1)Tj1 0 0 1 175.92 213.0898 Tm (4)Tj1 0 0 1 128.88 157.8898 Tm 11)Tj1 0 0 1 165.14 239.7298 Tm ( (c)Tj1 0 0 1 175.92 319.4098 Tm 2a)Tj1 0 0 1 153.88 239.7298 Tm (8)Tj1 0 0 1 18 ( 425.7298 Tm (1)Tj1 0 0 1 167.76 319.4098 Tm (s)Tj1 0 0 1 156.78 157.8898 Tm (z)Tj1 0 0 1 165.12 479.0098 Tm (6)Tj1 0 0 1 18 (e 157.8898 Tm (a)Tj/F2 10.04(c)Tj1 0 0 1 167.74 213.0898 Tm Tm (a)Tj/F2 10.04(b)Tj1 0 0 1 153.88 239.7298 Tm 6r)Tj1 0 0 1 175.96 239.7298 Tm (n)Tj1 0 0 1 156.78 157.8898 Tm 8u)6j11 0 0 1 123.8 319.4098 Tm (t)(21 0 0 1 18 (8 213.0898 Tm 90)Tj1 0 0 1 156.72 157.8898 Tm (n)Tj1 0 0 1 167.76 372.6898 Tm (3)Tj1 0 0 1 18 (8 157.8898 Tm (a)Tj/F2 10.0781 Tf1(u)T0 1 304.8 319.4098 Tm (g)Tj1(u)T0 1 304.6 186.6898 Tm (2 Tfo(u)T0 1 304.s 157.8898 Tm (a)Tj/F2 10.07(a)Tjo(u)T0 1 304.4 425.7298 Tm (i)Tj1(u)T0 1 304.6 505.6498 Tm ((1)Tj1(u)T0 1 304.6 5 Tm 6.4805 TL(,)Tj1(u)T0 1 304.6 186.6898 Tm (e)Tj1(u)T0 1 304.2 157.8898 Tm (m)Tj1(u)T0 1 304.2 146.8498 Tm (c)Tj1(u)T0 1 304.s 157.8498 Tm (7)Tj1(u)T0 1 304.6 293.0098 Tm (e)Tj1(u)T0 1 304.2 146.8498 Tm (o)Tj(u)T0 1 304.6 479.0098 Tm (d)8j1(u)T0 1 304.2 146.8498 Tm 7m)Tj1(u)T0 1 304.8 266.3698 Tm (4)Tj(u)T0 1 304.8 452.3698 Tm (l)Tj1(u)T0 1 304.4 425.7298 Tm (v)28o(u)T0 1 304.4 425.7298 Tm (i)Tj(u)T0 1 304.8 452.3698 Tm (o)Tj1(u)T0 1 304.2 157.8898 Tm (o)Tj1(u)T0 1 304.4 186.6898 Tm (e)j1(u)T0 1 304.4 399.3298 Tm (5)28o(u)T0 1 304.4 425.7298 Tm 17)Tj1(u)T0 1 304.4 239.7298 Tm (i)Tj(u)T0 1 304.8 452.3698 Tm (7)Tj1(u)T0 1 304.4 239.7298 Tm (q)Tj1(u)T0 1 304.6 293.0098 Tm (s)Tj1(u)T0 1 304.4 239.7298 Tm 45)28o(u)T0 1 304.2 213.0898 Tm (e)Tj1(u)T0 1 304.2 372.6898 Tm 57)Tj1(u)T0 1 304.8 239.7298 Tm 68)Tj(u)T0 1 304.8 213.0898 Tm (a)Tj(u)T0 1 304.4 425.7298 Tm (7.4(o(u)T0 1 304.6 186.6898 Tm284(o(u)T0 1 304.2 239.7298 Tm 8r)Tj1(u)T0 1 304.2 213.0898 Tm (,)Tj1(u)T0 1 304.8 213.0898 Tm (d)8j1(u)T0 1 304.2 399.3298 Tm (01(u)T0 1 304.8 266.3698 Tm (t)28o(u)T0 1 304.6 239.7298 Tm (9)8j1(u)T0 1 304.8 346.0498 Tm 14)Tj(u)T0 1 304.8 425.7298 Tm (r)Tj1(u)T0 1 304.2 399.3298 Tm 2d)8j1(u)T0 1 304.4 319.4098 Tm (o)Tjo(u)T0 1 304.6 239.7298 Tm 31)Tj1(u)T0 1 304.8 213.0898 Tm (i)Tj1(u)T0 1 304.8 372.6898 Tm365)0j1(u)T0 1 304.A 372.6898 Tm36v)28o(u)T0 1 304.8 425.7298 Tm (s)Tj1(u)T0 1 304.8 372.6898 Tm (7)Tj(u)T0 1 304.6 239.7298 Tm (1)Tj1(u)T0 1 304.8 372.6898 Tm 65)Tj1(u)T0 1 304.2 146.8498 Tm375)0j1(u)T0 1 304.8 452.3698 Tm (v)28o(u)T0 1 304.6 319.4098 Tm (1)Tj(u)T0 1 304.4 319.4098 Tm (x)Tj1(u)T0 1 304.4 319.4098 Tm (0)Tj1(u)T0 1 304.4 372.6898 Tm (t)28o(u)T0 1 304.8 239.7298 Tm (9)Tj(u)T0 1 304.8 266.3698 Tm ( (4)Tj1(u)T0 1 304.2 213.0898 Tm (t)Tj1(u)T0 1 304.8 452.3698 Tm (s)Tj1(u)T0 1 304.2 213.0898 Tm 20)Tj1(u)T0 1 304.2 399.3298 Tm (i)Tj1(u)T0 1 304.8 157.8898 Tm (7.4(o(u)T0 1 304.8 157.8898 Tm (a)Tj1(u)T0 1 304.2 319.4098 Tm (s)Tj1(u)T0 1 304.8 157.8898 Tm (z)Tj1(u)T0 1 304.8 239.7298 Tm1 0 41(u)T0 1 304.8 239.7298 Tm165)0j1(u)T0 1 304.6 213.0898 Tm (4)Tj1(u)T0 1 304.2 452.3698 Tm (i)Tj1(u)T0 1 304.8 425.7298 Tm (s)Tj1(u)T0 1 304.6 346.0498 Tm (80 41(u)T0 1 304.2 479.0098 Tm 87.4(o(u)T0 1 304.2 319.4098 Tm (9)8j1(u)T0 1 304.4 479.0098 Tm (3)Tj1(u)T0 1 304.2 239.7298 Tm (7)Tj1(u)T0 1 304.2 319.4098 Tm500)Tj1(u)T0 1 304.8 239.7298 Tm (3)28o(u)T0 1 304.6 239.8898 Tm (a)Tj/F2 10.0781 Tf1(i)7 1 226.56 266.3698 Tm (g)Tj1(i)7 1 226.54 399.3298 Tm (0)Tj1(i)7 1 226.58 319.4098 Tm (7)Tj1(i)7 1 226.58 319.4098 Tm 3e)Tj1(i)7 1 226.52 146.8498 Tm (,)Tj1(i)7 1 226.56 186.6898 Tm (z)Tj1(i)7 1 226.58 319.4098 Tm (6)Tj1(i)7 1 226.52 146.8498 Tm (m)Tj1(i)7 1 226.54 146.8498 Tm (0 41(i)7 1 226.52 146.8498 Tm (6)Tj1(i)7 1 226.56 146.8498 Tm (4)Tj1(i)7 1 226.58 319.4098 Tm (a)Tj1(i)7 1 226.52 213.0898 Tm (j1(i)7 1 226.54 186.6898 Tm 76 Tf1(i)7 1 226.52 157.8898 Tm (e)Tj1(i)7 1 226.56 346.0498 Tm ((d)Tj1(i)7 1 226.52 157.8898 Tm 95)Tj1(i)7 1 226.51.528 (ó Tm a)Tj1(i)7 1 226.56 266.3698 Tm 041(i)7 1 226.54 399.3298 Tm (o)Tj1(i)7 1 226.52 157.8898 Tm1 0 3j1(i)7 1 226.52 146.8498 Tm (u)Tj1(i)7 1 226.54 239.7298 Tm (a)Tj1(i)7 1 226.52 146.8498 Tm (m)481(i)7 1 226.52 213.0898 Tm233)Tj1(i)7 1 226.52 157.8898 Tm1(o)Tj1(i)7 1 226.51.528 (ó T (e)Tj1(i)7 1 226.51.528 (ó T (5)Tj1(i)7 1 226.52 146.8498 Tm 52)Tj1(i)7 1 226.56 319.4098 Tm (v)28o(i)7 1 226.58 319.4098 Tm (r)Tj1(i)7 1 226.56 186.6898 Tm (a)Tj1(i)7 1 226.58 186.6898 Tm (c)441(i)7 1 226.52 146.8498 Tm2Tj1(i)7 1 226.54 293.009gf0 gBT/F2 6.4805 Tf118)281 226.88 162.4498 Tm 6.4805 TL(3)Tj118)281 226.24 162.4498 Tm (1)Tj18)281 226.24 162.8898 Tm (a)Tj/F2 10.07(e)Tj1 0 0 1 50152 157.8898 E 319.4098 Tm (9)Tj1 0 0 1 50116 425.7298 Tm (5)Tj1 0 0 1 50114 399.3298 Tm (81 0 0 1 50118 372.6898 Tm (e)081 0 0 1 50116 425.7298 Tm 4a)Tj1 0 0 1 50112 425.7298 Tm (a)Tj1 0 0 1 50116 452.3698 Tm (i)041 0 0 1 50112 425.7298 Tm 65)0j1 0 0 1 50112 146.8498 Tm (7)Tj1 0 0 1 50112 146.8498 Tm 7r)Tj1 0 0 1 50116 425.7298 Tm (a)Tj1 0 0 1 50116 425.7298 Tm (u)41 0 0 1 50116 452.3698 Tm (d)Tj1 0 0 1 50114 157.8898 Tm (a)Tj1 0 0 1 50112 146.8498 Tm (v)Tj1 0 0 1 50116 372.6898 Tm (d)Tj1 0 0 1 50112 146.8498 Tm (e)6j1 0 0 1 50114 213.0898 Tm (Tj1 0 0 1 50116 186.6898 Tm (5)0j1 0 0 1 50112 146.8498 Tm (h)Tj1 0 0 1 50116 425.7298 Tm (r)Tj1 0 0 1 50116 157.8898 Tm (d)Tj1 0 0 1 50112 146.8498 Tm 42)Tj1 0 0 1 50118 186.6898 Tm (7)Tj1 0 0 1 50112 146.8498 Tm 5Tj1 0 0 1 50114 399.3298 Tm 55)Tj1 0 0 1 50112 213.0898 Tm (s)Tj1 0 0 1 50114 399.3298 Tm (r)Tj1 0 0 1 50116 452.3698 Tm (o)j1 0 0 1 50114 505.6498 Tm 70j1 0 0 1 50112 146.8498 Tm 74)Tj 0 0 1 50114 213.0898 Tm (8)Tj1 0 0 1 50118 186.6898 Tm (l)Tj1 0 0 1 50112 146.8498 Tm (,)Tj1 0 0 1 50118 239.7298 Tm (e)081 0 0 1 50118 319.4098 Tm 97
9
da
(p)Tj1 0 0 1 50112 146.8498 Tm (d)Tj1 0 0 1 50118 239.7298 Tm 2e
37
0
a
213.0898 Tm 541 0 0 1 50112 425.7298 Tm219 Tf1 0 0 1 50112 213.0898 Tm (o)Tj1 0 0 1 50118 213.0898 Tm343
t
279
e donio temático e metodológico sobre a produção teórica. Ambos os mitos
foram forjados pela irrupção de certo nacionalismo ligado à visão de mundo de
classe média no contexto de meados do séc. XX no Brasil, seus sonhos de
autonomia derivavam da volúpia em escapar do dilaceramento pelas
circunstâncias de polarização interna (burguesia versus proletariado) e externa
(países de capitalismo central versus bloco ‘socialista’). Tais anseios de
independência foram prejudicados pela impossibilidade dessa classe média de
elaborar
280
dominantes internos (e externos), antinacional e antidemocrático. O Golpe e o que
se segue é a consoli
s
281
de suas questões candentes, alinhada aos padrões e valores adquiridos dos centros
acadêmicos europeus e norte-americanos como forma de afirmação e conquista de
prestígio por contágio com o saber dominante. Não nos referimos aqui a um
‘simples’ resíduo elitista ou forma alienada de apreensão de iias, o que estava
em jogo eram as reais estratégias de legitimação ideológica por meio de idéias
aparentemente ‘fora do lugar’, todavia, funcionalmente inseridas para dar conta de
interesses localizados estes sim profundamente enraizados na sociedade
brasileira.
A aspiração à construção de um pensamento radicalmente enraizado nas
condições sociais da formação social que se constituiu no Brasil não é algo
insano, i
rrr
(a)Tjr
çr
282
Os projetos de capitalismo nacional autônomo e de sociologia nacional
no Brasil do séc. XX insurgiram-se contra a negatividade paralisante da
pretensamente implacável influência dos países de capitalismo central, o que se
desdobrava direita e à esquerda) como admiração, necessidade, domesticação,
subordinação ou revolta, condenão, alienação, etc. em suma, veneração e
rancor, ambas as faces do fascínio pelo dominador. Insurgiram-se também
insensatamente, já que procuraram soluções nacionais para questões
supranacionais e/ou afirmaram o exótico, o excêntrico ou o local como antagônico
à dominação ‘cosmopolita’ quando na verdade é mesmo o reflexo desta, a visão
alegórica e benevolente adquirida do próprio cosmopolitismo alienado (Gramsci),
abstrato (COUTINHO, 2000, p. 61). Dominação cultural e impostura como reação
são faces do mesmo fenômeno.
Todavia, se o capitalismo e a dominação burguesa aqui se consolidaram
em associação ao capital externo, também a sociologia no Brasil construiu-se em
profunda imbricação com as idéias e métodos ‘importados’ dos países centrais,
ambos fizeram-se de contradições, evoluíram em tensão e negação para com as
circunstâncias da qual surgiram, em atração e repulsão, colaboração e recusa,
realizaram-se deturpando-se – como todo processo político-social real.
Ainda assim, tais projetos nacionais não deixaram de ser exercícios de
afirmação positiva da autonomia dos periféricos, da insurgência dos satelitizados
contra a organização do capitalismo mundial, de momento histórico de negação
do processo de expansão e concentração do capital, de resistência cultural. Faltou
aqui, entretanto, distinguir dentre os grupos sociais na sociedade brasileira
aqueles que se solidarizavam, desejavam, sobreviviam e talvez até existiam
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283
devido à proximidade ou associação com o imperialismo, daqueles que não as
queriam ou,
922 691.6498 Tm 90
a
284
sempre impregnada em sua formão pela cultura ‘exterior’, ‘estrangeira em
favor de uma idealização, um purismo irrealista e conservador, que tem olhos
para o postiço, quando postiça (e miscigenada, precária, recente, rica e dinâmica)
é a própria realidade cultural que o circunda. O purista recusa-se a ver que:
[...] a vida cultural tem dinamismo próprio, de que a eventual originalidade,
bem como a falta dela, são elementos entre outros. A questão da cópia o é
falsa, desde que tratada pragmaticamente, de um ponto de vista estético e
político, e liberta da mitológica exigência da criação a partir do nada.
(SCHWARZ, 1987, p. 48).
Ao pensar a fundação de uma sociologia nacional à revelia das anteriores
elaborações sociológicas mesmo ensaísticas, dedutivistas, metodologicamente
frágeis produzidas no Brasil, Guerreiro Ramos abriu mão de uma (ainda que
incipiente) herança, uma tradição, embora não consolidada, mas que fornecia
indicativos para pensar a sociedade brasileira a partir de algumas atitudes e
marcos conceituais. Justamente ele, que identificava uma corrente crítica no
pensamento social brasileiro que procuraria se desvencilhar das armadilhas da
submissão intelectual e que reconhecia inclusive enfrentando duramente os
críticos as contribuições do “inconsciente sociológico”, das formas quase que
intuitivas d
285
originais da sociedade brasileira, a transplantação, o desenraizamento, a
heteronomia, etc.
313
Por meio de uma crítica às formas de organização e
pensamento, buscou a redenção sociológica da sociedade e sociologia brasileiras,
intentou reinterpretar a realidade brasileira conforme um arsenal teórico
engendrado pela experiência nacional (e nacionalista) e pela assimilação crítica
das idéias estrangeiras, e utilizar-se desse conhecimento para intervir
decisivamente nesta realidade, promovendo a autoconsciência nacional. Uma
sociologia da práxis que interpretaria seu entorno social trazendo à tona os
problemas cruciais de sua existência e, nesse processo, refazendo-se como saber
qualificado e autônomo, não submetido a determinações ‘exteriores’. Tal
sociologia de missão e salvação promoveria para ele a almejada redenção
(sociológica) e nos poria nas mãos nosso próprio destino. Mas poderia a
sociologia não salvar a sociedade brasileira como a si e por si mesma?
A sociologia mesmo imbuída de seu potencial de intervenção como
forma de
A
A
286
aspectos, não obstante a procura da totalidade) não pode ser tomado como
indelével marcha providencial dos fatos, mas apenas como devir, acontecer, cujas
s
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davidaiiiiodiioavivco
,aij,cj,o
287
engano, a saber, o de hipervalorização do saber científico numa sociedade
marcada pela exclusão cultural e o analfabetismo.
314
Entretanto, Guerreiro Ramos prestou grande serviço à sociologia
brasileira ao encurralá-la, ao exigir dela macular-se com as questões da sociedade
brasileira, ao cobrar compromisso político e não estético dos intelectuais, ao
cobrar-lhes projetos e perspectivas, bradar pela urgência do saber em consonância
com
288
segundo Lucia Lippi de Oliveira (1993, p. 8)
315
–, levou-o à condição de
consciência incômoda da sociologia brasil
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z z
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ATj1 0 0 1 372998 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 220984 598.5298 Tm (ATj1 0 0 1 295.44 598.5298 Tm (ATj1 0 0 1 292.52 718.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 183196 638.5298 Tm (u)lj1 0 0 1 191.04 1 0 03.12 38.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 337264 598.5298 Tm (u))Tj1 0 0 1 35364 598.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 359384 598.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 326428 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 387428 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 413568 598.5298 Tm (R Tf1 0 0 1 33648 598.5298 Tm (R)Tj1 0 0 1 35888 598.5298 Tm (RTj1 0 0 1 384704 598.5298 Tm (R)¢j1 0 0 1 384784 598.5298 Tm (R)Tj1 0 0 1 359.52 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 387908 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 370.08 638.36.16 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 443044 598.5298 Tm (u))Tj1 0 0 1 45112 38.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 459.12164 598.5298 Tm (u))Tj1 0 0 1 34284 598.5298 Tm (L)Tj1 0 0 1 476352 718.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 488.08 678.5298 Tm (E)Tj1 0 0 1 230.64 718.5298 Tm (u)lj1 0 0 1 230.98 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 445.88 598.5298 Tm (i)Tj1 0 0 1 451.88 678.5298 Tm (L)Tj1 0 0 1 476712 718.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 1871.6 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 484.04 598.5298 Tm (I)Tj1 0 0 1 426816 678.5298 Tm (z)Tj1 0 0 1 489.18 598.5298 Tm (i)Tj1 0 0 1 187944 598.5298 Tm (u)Tj1 0 0 1 484984 598.5298 Tm (R)Tj1 0 0 1 48 498 6798.5298 Tm (A)Tj10 0 1 164.88 625.1698 Tm (.88398 Tm (ATj1 0 0 1 140164 598.88398 Tm (ATj1 0 0 1 158224 598.88398 Tm (ATj1 0 0 1 16828 Tm (.88398 Tm (ATj1 0 0 1 14034 Tm (.88398 Tm (ATj1 0 0 1 164.88 625.1698 Tm (71288 Tm (L)Tj1 0 0 1 470.88 5971288 Tm (L))Tj1 0 0 1 117.6 59871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 125.04 59871288 Tm (L))Tj1 0 0 1 11.96 5971288 Tm (L))Tj1 0 0 1 140.4 59871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 125.48 5971288 Tm (L))Tj1 0 0 1 152.4 5971288 Tm (L))Tj1 0 0 1 160.8 59871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 143.48 63871288 Tm (L)(i)Tj1 0 0 1 .64659871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 174.84659871288 Tm (L)y25.04 (M)Tj9.08 63871288 Tm (L)D25.04 (M)Tj9.84 5971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 237144 5971288 Tm (L)(b)Tj1 0 0 1 208 63871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 220.56 63871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 215276763871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 262336 59871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 23041238.871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 149.848 5971288 Tm (L))Tj1 0 0 1 14592 67871288 Tm (L))Tj1 0 0 1 42668 5971288 Tm (L)125.04 (M)Tj9.84 63971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 372816763871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 230996 5971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 145.44563871288 Tm (L)(a)Tj1 0 0 1 7.2 67871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 2631848 5971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 322.96 5971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 2637.638.871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 35931238.871288 Tm (L))Tj1 0 0 1 36.08 67871288 Tm (L))Tj1 0 0 1 35432 67871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 310476 59871288 Tm (L))Tj1 0 0 1 36536 59871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 183568 5971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 4136.4 63971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 263716 59871288 Tm (L)Tj1 0 0 1 359764 5971288 Tm (L)Tj1 0 0 1 326896 5971288 Tm (L)
L
L
L
L
L
316
ROMERO, Sílvio. História da literatura brasileira: contribuições e estudos gerais
para o exato conhecimento da literatura brasileira. ed. organizada e prefaciada
por Nelson Romero. Rio de Janeiro: José Olympio, 1953. 5 v em 3. (Documentos
brasileiros, 24).
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(Obras com
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Paulo: Editora da USP, 1995. (Ponta, 4).
WILLIAMS, Raymond. Cultura. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
Revistas Pesquisadas
- Anhembi
- Cadernos da Hora Presente
- Civilização Brasileira
- Dados
- Debate e Crítica
- Estudos CEBRAP
- Estudos Sociais
- Novos Estudos CEBRAP
- Revista de Administração Pública
- Revista Brasileira de Ciências Sociais
- Revista Brasiliense
- Revista do Serviço Público
- Síntese de Cultura e Política
- Sociologia
- Sociology and Social Research (1966 – 1983)
- Temas Ciências Humanas
- Estudos de Sociologia
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318
ANEXO A – Cronologia
- 1915 nasce em 13 de setembro Alberto Guerreiro Ramos, em Santo Amaro
da Purificação, Bahia
- 1926 com 11 anos consegue o primeiro emprego numa farmácia como
lavador de frascos e passa depois a caixeiro
- 192? ingressa no Cogio da Bahia no qual faz o curso secundário, para
manter-se, ajuda a mãe e serve de professor particular aos colegas mais
abastados
- 1932 - colabora no jornal O Imparcial, de Salvador
- profere confencia sobre Rui Barbosa no Ginásio da Bahia, sua opinião
extremamente crítica quase o levou ao linchamento pela platéia,
fugindo com a ajuda de um professor
- 1933 - inicia militância no integralismo
- 1933(?) - é recrutado por mulo de Almeida para a administração de
Landulfo Alves (interventor na Bahia) como assistente na Secretaria da
Educa
319
- é nomeado técnico em administração do Departamento de
Administração do Serviço Público (DASP)
- 1943(?) - escreve sobre literatura latino-americana na revista Cultura Política,
editada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
- 1944 - publica vários trabalhos sobre sociologia e puericultura, dentre eles
Aspectos sociológicos da puericultura
- 1945 - inicia colaboração com resenhas (de cuja seção era o responsável) na
Revista do Serviço Público, do DASP
- 1947 - inicia colaboração em O Jornal, do Rio de Janeiro
- casa-se com Clélia Calasans de Paula
- inicia colaboração no jornal A Manhã, do Rio de Janeiro
- 1948 - inicia colaboração no jornal Quilombo e milincia no movimento negro
- 1949 - é admitido em concurso como técnico em administração do DASP
- publica, com Evaldo da Silva Garcia, Notícia sobre as pesquisas e os
estudos sociológicos no Brasil (1940-1949), um dos primeiros balanços
da produção sociológica brasileira
- organiza (com Abdias Nascimento e Edison Carneiro) a Conferência
Nacional do Negro
- ajuda a fundar e assume a diret
320
- 1954 - participa e intervém no I Congresso Brasil9.28 718.2898 718.2898 Tm (r)Tj8.2898 Tm (l9.28 7 0 0 1 6 (s)2898 Tm (o)Tj1 0 0 1 36 (s)2898 6718.2898 Tm (i)Tj6 (s)2898 6998)Tj1 0 0 1 230.12898 Tm (i)Tj4(s)718.2 718.2898 Tm4(e)06 (s)2898 Tm438.2898 Tm (l9.28 72898 Tm (i)Tj43e)Tj1 0 0 1 324.78.2898 Tm (r)44r
321
- profere conferência na Universidade de Nova Iorque
- 1972/1973 - é professor visitante nas universidades americanas Yale e
Wesleyan
- 1977 - publica artigo na revista americana Administration & Society
- 1981 - torna-se professor visitante na Universidade Federal de Santa C64.8 665.0098 T18 665.0098 Tm (-)Tj3in
322
ANEXO B Relação de obras consultadas de
Guerreiro Ramos
RAMOS, Alberto Guerreiro. Sentido da poesia contemporânea. Cadernos da
Hora Presente, São Paulo, p. 86-103, mai. 1939.
______. Nota sobre Jacinta Passos. Cadernos da Hora Presente, São Paulo, p.
149-50, jan. 1940.
______. Poemas cíclicos. Cadernos da Hora Presente, São Paulo, p. 110-112,
jul./ago. 1940.
______. A sociologia de Max Weber; sua importância para a teoria e a prática da
Administração. Revista do Serviço Público, Rio de Janeiro, v. 3, n. 2/3, p. 129-39,
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______.
9
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Rio de Janeiro: [s. n.], 1953.
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______. A crise do poder no Brasil: problemas da revolução nacional brasileira.
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326
ANEXO C – Legislação e atribuições do DASP
Legislação:
“A Lei n. 284, de 08. (8)Tj1 0 0 198 Tm (. (8)T9.84 634.0498798 Tm (. (8 0 1 211.92 6332498 Tm (e)Tj1 01 0 0 13.0498 Tm (0)Tj1 0)T9.84 634.0494.0498 Tm (8)Tj1 090 1 247.2 711.32498 Tm (8)Tj1 0 0 1 116.16 625.0498 Tm (2)Tj1 060 1 116.16 625.0498 Tm (8)Tj1 0 0 1 189.84 6267.68 Tm (i)Tj1 0 0 1 150.24 611.3728 Tm (n)Tj/F2 12 T276 711.3293728 Tm (n)Tj/F2 0 1 270.48 714.0298 Tm (e)Tj1 0t0 1 270.48 71440498 Tm (“)Tj 0 1 150.24 618.3298 Tm (e)Tj1 0t0 1 270.48 71910498 Tm (L)Tj1 0u0 1 270.48 7197.68 Tm (i)Tj1 0 0 1 150.24 630.3298 Tm (L)Tj1 0u0 1 270.48 731.0298 Tm (e)Tj1 0 0 1 317.76 712.0498 Tm (i)Tj1 0C0 1 331.68 711.0498 Tm (n)Tj/F2 0 1 317.76 71.04298 Tm (L)Tj1 0 12 T276 711.34.0498 Tm (n)Tj/F2s12 T276 711.340498 Tm (e)Tj1 0 0 1 142.32 61.32498 Tm (i)Tj1 0l0 1 142.32 61.56498 Tm (i)Tj1 0h0 1 368.4 711..028 Tm (n)Tj/F2 0 1 317.76 717.0498 Tm (n)Tj/F2F0 1 378.24 711.3728 Tm (n)Tj/F2 0 1 142.32 61498 Tm (d)Tj1 0 0 1 195.84 63908 Tm (n)Tj/F2 0 1 142.32 614.0298 Tm (e)Tj1 0 0 1 352.8 7119.0498 Tm (L)Tj1 0 0 1 147.36 64040498 Tm (“)Tjl0 1 142.32 641.3298 Tm (d)Tj1 0 0 1 195.84 64.64298 Tm (d)Tj1 0 0 1 449.52 714.098 Tm (d)Tj1 0 0 1 489.12 71.04498 Tm (i)Tj1 0 0 1 411.6 71141098 Tm (d)Tj1 0r0 1 411.6 711453298 Tm (d)Tj1 0v0 1 411.6 711513298 Tm (d)Tj1 0i0 1 411.6 711544298 Tm (d)Tj1 01 0 0 1 152.64 645.0498 Tm (d)Tj1 0 0 1 449.52 717.0498 Tm (“)TjP0 1 449.52 7177.68 Tm (i)Tj1 0.0 1 489.12 7113.68 Tm (i)Tj1 0b0 1 489.12 711.098 Tm (d)Tj1 0l0 1 142.32 641.3968 Tm (i)Tj1 0 0 1 150.24 649.3298 Tm (i)Tj1 0c0 1 150.24 65010498 Tm (L)Tj1 0o12 Tf1 0 0 1 110.88 634.0498 07.40)Tj1 0C0 1 331.68 71Tf07.40)Tj1 0 0 1 150.24 632.0498 07.40
327
a) o estudo pormenorizado das repartições, departamentos e estabelecimentos
públ
328
ANEXO D – Teses apresentadas por Guerreiro
Ramo
1 0 0 1 1681I77.12 67.04 92 Tm (1 0 0 1 1681I77.12 67.04 933Tm (1 0 0 1 1681C42.64 711.32986Tm (1 0 0 1 1681177.12 67.04 98 T1 1689.0096328 T6 (1 0 0 1 1681g27 Tm (1 0 0 1 1681487.44 711.3228Tj(1 0 0 1 1681268.08 711.329920 1 1689.00963387.84 711.32900 1689.00963387.84 711.32907Tm (1 0 0 1 1681177.12 67.04 32Tm (a)Tj1 0 0 1 L31.92 711.32984m (a)Tj1 0 0 1 151.92 689.00343Tm (1 0 0 1 1681347.28 711.32989Tm (1 0 0 1 1681480.72 711.32354.96 1689.00963364m (a)Tj1 0 0 1 219 Tf1 0 0 1 129.6 689.00998 Tm (a)Tj1 0 0 1 -19 Tf1 0 0 1 129.6 689.009981m (R)Tj1 0 0 1 151.92 689.00390Tm (1 0 0 1 1681167.04 689.0048 T 1 1689.00963475.2 711.329814.96 1689.00963487.44 711.3292 Tm (1 0 0 1 1681480.72 711.32927j(1 0 0 1 1681c34.16 711.3298 T 1 1689.00963151.92 689.00Tm .96 1689.00963454m (a)Tj1 0 0 1 219 T2 711.3298)Tj1 0 0 1 1681366.24 711.3298 1689.00963475.2f1 0 0 1 230.16 711.32989.00968 T.48 r3S42.64 711.32988Tm (68 T.48 r3177.12 67.04 988Tm (11.3298 Tm (s)Tj364m (a)Tj1 0 31917 1681480.72 7189.00998 Tm (a)T1177.12 67.04 988Tm (1989Tm (81167.04 689.098 Tm ((151.92 689.0034311480.72 711.324.7 1681480.72 719364Tm (5219 Tf1 0 0 1 15Tm (1 498.72 773.374.7 1681480.72 71)00968 T.42142.8 689.009(2)Tm 6198 81 134.823298 98 300968 T.42142.8 689.009(58 16198 81 134.11480.72 711.19848Tm 198 81 134.ª00968 T.42142.8 689.0098 Tm (198 81 134.-00968 T.42142.8 689.0093m 6198 81 134. Tm (N92 689.0096.7 1198 81 134. 558 Tm1198 81 134. 598 Tm1198 81 134. )Tj98 Tm 1198 81 134. l)Tj98 Tm1198 81 134. 52.88 711.329198 Tm 198 81 134.92.88 711.32918 0 1 198 81 134.õ2.88 711.3291898 T1 198 81 134.487.44 711.1 16198 81 134. 289.68 711.3202)Tm 6198 81 134.475.2f1 0 0 12981Tm 6198 81 134.481I77.12 67.04 3j1 0198 81 134. 289.68 711.3221 0198 81 134.1 306.48 711.3 Tm1198 81 134. 1268.08 711.32298 Tm1198 81 134. )Tj238 Tm 1198 81 134. b177.12 67.04 4 Tm 1198 81 134. 196.961 198 81 134.487.44 711.2520 1 198 81 134.475.2 711.3261Tm (198 81 134.1 299.76 711.3)Tj1 0198 81 134. 289.68 711.3276 0198 81 134. 289.68 711.328 056m1198 81 134. )Tj288 T6 198 81 134. s)Tj364m (a290Tm 1198 81 134. 398 Tm 198 81 134.81167.04 689.0008 T1 198 81 134.038 Tm1198 81 134. 81177.12 67.04128 T1 198 81 134.1 375.12 711.3 Tf1 1198 81 134. )Tj324.961 198 81 134.81177.12 67.04338 Tm1198 81 134. 1 408 711.3298398 Tm1198 81 134. 81347.28 711.3298 Tm 198 81 134.í00968 T.42142.8 689.003 98 1 198 81 134.81177.12 67.04538 Tm1198 81 134. 1 341.76 711.356m1198 81 134. 81177.12 67.04632Tm (198 81 134. 137 056m1198 81 134. 1 387.84 711.3298 Tm1198 81 134. 81480.72 711.3792Tm (198 81 134. 82 T6 198 81 134. 219 Tf1 0 0 856m1198 81 134. o00968 T.42142.8 689.00394 T6 198 81 134. -00968 T.42142.8 689.003)TTm 6198 81 134.404.7 1198 81 134. 475.2 711.32138 Tm1198 81 134. 1 341.76 711.4156m1198 81 134. 81480.72 711.322Tm 6198 81 134.41c34.16 711.32966 198 81 134. s)Tj364m (4298 Tm1198 81 134. 38 T6 198 81 134. 219 T2 711.3298 56m1198 81 134. )Tj4 981 198 81 134.81177.12 67.04532Tm (198 81 134. 75.2f1 0 0 1 632Tm (198 81 134. 1 341.76 711.468.961 198 81 134.v480.72 711.32948 T1 198 81 134.487.44 711.329827 1198 81 134. 475.2 711.32932Tm (198 81 134. 81177.12 67.0498827 1198 81 134. 487.44 711.50986Tm 198 81 134. 814808 T.42142.8 689.009(2)Tm 5298 41 134. 1 408 711.329116)Tm 5298 41 134. 81480.72 711.219 9615298 41 134. )Tj98 T 5298 41 134. 1 408 711.329132 9615298 41 134. )Tj39 T 5298 41 134. 4986Tm5298 41 134. t4Tj1 5298 41 134. 1 167.04 689.0020 5298 41 134. 620 1 5298 41 134. t6Tm .95298 41 134. 487.44 711.1718 Tm5298 41 134. 81177.12 67.047Tj1 5298 41 134. 75.2f1 0 0 1183j1 5298 41 134. )Tj95j1 5298 41 134. 487.44 711.2008 5298 41 134. 475.2 711.32158 Tm5298 41 134. v480.72 711.34 93 Tm5298 41 134. 3240 5298 41 134. 3 T 9615298 41 134. t238 56m5298 41 134. 1 167.04 689.22989m5298 41 134. 1 167.04 689.228)Tm 5298 41 134. 268.08 711.3298 Tm5298 41 134. s)Tj364m (a)40 1 5298 41 134. )Tj2708 T15298 41 134. 81177.12 67.03228Tj5298 41 134. 75.2f1 0 0 195298 41 134. 38589m5298 41 134. 92.88 711.329292)Tm 5298 41 134. õ2.88 711.32980.j1 5298 41 134. 487.44 711.3020 5298 41 134. 4128 T15298 41 134. 487.44 711.318827 5298 41 134. f)Tj3298 Tm5298 41 134. 487.44 711.32.j1 5298 41 134. 81480.72 711.339 9615298 41 134. 34m .95298 41 134. v398 Tm5298 41 134. 81347.28 711.3298 Tm5298 41 134. 45586j5298 41 134. 75.2f1 0 0 136186j5298 41 134. 487.44 711.3728 T15298 41 134. 4773 Tm5298 41 134. 52.88 711.3293833 Tm5298 41 134. 81347.28 711.3856m5298 41 134. 498)Tm 5298 41 134. 487.44 711.30Tm (e5298 41 134. 4088 T15298 41 134. 81480.72 711.4190Tm 5298 41 134. 81480.72 711.4160 5298 41 134. 52.88 711.3298220 5298 41 134. 81480.72 711.426 5298 41 134. 52.88 711.32983933Tm5298 41 134. 81480.72 711.4358 Tm5298 41 134. 81347.28 711.441j1 5298 41 134. 81177.12 67.045154.95298 41 134. 81177.12 67.045321 5298 41 134. 1 167.04 689.4620 1 5298 41 134. s)Tj364m (46j5298 41 134. 1c34.16 711.3272)Tm 5298 41 134. )Tj4773 Tm5298 41 134. 81177.12 67.0483j1 5298 41 134. 1 167.04 689.493.68 5298 41 134. 1c34.16 711.329933Tm5298 41 134. 81177.12 67.05090Tm 5298 41 134. .00968 T.42142.8 689.009(2)Tm 562 711.3298 81480.72 711.2292 Tm562 711.3298 487.44 711.129827 562 711.3298 g487.44 711.1228Tj562 711.3298 i487.44 711.1293 Tm562 711.3298 )Tj3589m562 711.3298 81177.12 67.04413 Tm562 711.3298 1 167.04 689.046)Tm 562 711.3298 i487.44 711.150 562 711.3298 5 15Tm562 711.3298 ,68 Tm 562 711.3298 6Tm .9562 711.3298 487.44 711.17189m562 711.3298 81177.12 67.04773 Tm562 711.3298 75.2f1 0 0 1183j Tm562 711.3298 )Tj9920 562 711.3298 75.2f1 0 0 119920 562 711.3298 487.44 711.2048Tj562 711.3298 289.68 711.32092 Tm562 711.3298 1 167.04 689.2143562 711.3298 s)Tj364m (a1989m562 711.3298 )Tj2258 Tm562 711.3298 81177.12 67.02298 Tm562 711.3298 289.68 711.32360 562 711.3298 487.44 711.2498 Tm562 711.3298 1952 Tm562 711.3298 h268.08 711.32912 Tm562 711.3298 Ñ268.08 711.329615Tm562 711.3298 v480.72 711.34623562 711.3298 1 280.8 711.32978 Tm562 711.3298 174 T6562 711.3298 1 167.04 689.2832Tm 562 711.3298 t2873 Tm562 711.3298 81480.72 711.2913 Tm562 711.3298 1 167.04 689.2927 Tm562 711.3298 81177.12 67.03020 562 711.3298 289.68 711.33298 Tm562 711.3298 1 408 711.32981920 562 711.3298 13163562 711.3298 81167.04 689.0998 Tm562 711.3298 81177.12 67.0398 Tm562 711.3298 t3298562 711.3298 81167.04 689.0328Tj562 711.3298 92.88 711.3293298 Tm562 711.3298 Ñ 498.72 773.3472 Tm562 711.3298 )Tj35.j1 562 711.3298 1369827 562 711.3298 63j1 562 711.3298 t3698 T1562 711.3298 1 280.8 711.33 T1562 711.3298 1 315.36 711.37Tm .9562 711.3298 81347.28 711.38189m562 711.3298 13883562 711.3298 75.2f1 0 0 139 15Tm562 711.3298 487.44 711.3032Tm 562 711.3298 475.2 711.3212 T6562 711.3298 1 341.76 711.41 .9562 711.3298 75.2f1 0 0 1 243562 711.3298 1c34.16 711.3298 449562 711.3298 75.2f1 0 0 1 33 449562 711.3298 388 Tm562 711.3298 81177.12 67.044.j1 562 711.3298 520 562 711.3298 75.2f1 0 0 1 580 562 711.3298 81366.24 711.3247 Tm562 711.3298 81480.72 711.468827 562 711.3298 73 Tm 562 711.3298 75.2f1 0 0 1 79 Tm 562 711.3298 1 167.04 689.494 T6562 711.3298 81177.12 67.04922 Tm562 711.3298 487.44 711.4 1 120562 711.3298 4758 T.42142.8 689.009(2)Tm 5328611.329891 408 711.329116)Tm 5328611.329891 167.04 689.0220 5328611.32989í0096.04 689.025 Tm 5328611.329893)5328611.32989487.44 711.1398 Tm5328611.32989498 Tm5328611.329891 408 711.3291298 Tm81480.72 711.4922 Tm562 711 711.329198 Tm 198 81 134.Ò9898 487.44 711.2Ò989291298 Tm81480.7276 711.468.961 198 81 1389í0096.04 689.025 Tm 531 13489í0096.04
329
- É francamente desaconselhável que o trabalho sociológico, direta ou
indiretamente, contribua para a persistência, nas nações latino-americanas, de
estilos de comportamento de caráter pré-letrado. Ao contrário, no que concerne às
populações indígenas ou afro-americanas, os sociólogos devem aplicar-se no
estudo e na proposição de mecanismos de integração social que apressem a
incorporação desses contingentes humanos na atual estrutura econômica e cultural
dos países latino-americanos;
- Na utilização da metodologia sociológica, os sociólogos devem ter em vista
que as exigências de precisão e refinamento decorrem do nível de
desenvolvimento das estruturas nacionais e regionais. Portanto, nos países latino-
americanos, os métodos e processos de pesquisa devem coadunar-se com os seus
recursos econômicos e de pessoal técnico e com o nível cultural genérico de suas
populações.”
Fonte: RAMOS, Alberto Guerreiro. Introdução crítica à sociologia brasileira.
Rio de Janeiro: Andes, 1957. p. 77-8.1
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